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 A AÇÃO HUMANA  ANÁLISE E COMPREENSÃO DO AGIR O MÉTODO DA FILOSOFIA FACE AOS DAS CIÊNCIAS A ciência é metódica, sistemática e rigorosa que pretende dar explicação racional e objetiva da realidade. É metódica porque: experimental; observação de factos e testá-los. É sistemática: Teoria sistemática É rigorosa: tudo aquilo que é investigado é testado. Esta explicação racional e objetiva precisa de ser rigorosa pois permite a previsão de fenómenos. Não pode falhar. É objetiva: 2+2=4 As ciências empíricas são ciências que utilizam o método experimental: F/Q A; Biologia; geologia; Psicologia. As ciências exatas ou formais são ciências que através de puro raciocínio sobre as ideias envolvidas chegam aos seus princípios e resultados, logo utilizam o método conceptual: Matemática/Geometria e Lógica. A filosofia utiliza o mesmo método das ciências formais, ambas utilizam o método conceptual. A diferença entre elas é o tipo de questões que colocam. O cientista pergunta “Como é que surgiu o Universo?”. O filósofo pergunta “Porque é que há o universo vez do nada?”. Este problema filosófico nunca poderia ser resolvido por nenhuma quantidade de testes e observações, pois não são acerca de nada de observável. Têm que se analisar as teorias e os argumentos de forma a verificar a sua solidez ou as suas falhas. Enquanto a matemática questiona-se sobre as relações e propriedades dos números, a filosofia pergunta o que é o número. Logo a filosofia coloca questões muito mais radicais. O que há de comum entre a filosofia e as ciências exatas é: um método de análise de conceitos, de decomposição das ideias nos seus elementos mais simples e da tentativa de compreender as relações e as implicações dessas ideias. A REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO ACONTECIMENTO, AÇÃO HUMANA, COMPORTAMENTOS O acontecimento é um evento puro ou natural que ocorre independentemente da vontade do sujeito. Os eventos puros são fenómenos naturais que não estão dependentes da iniciativa do sujeito, o sujeito é um mero recetor ou agido. Os eventos humanos são todos os movimentos físicos ou fisiológicos que podem ser observados mas dos quais não sabemos as intenções nem os motivos, não sabemos se são da iniciativa do sujeito ou se são efeitos da intervenção de outras causas da intervenção de outras causas, naturais ou humanas. Quando movemos o braço, os músculos contraem-se: isto é um acontecimento pois é um movimento observável fisiológico que acontece em todo o mundo. Há comportamentos voluntários conscientes, involuntários conscientes e involuntários inconscientes. No entanto só os comportamentos voluntários conscientes é que constituem uma ação. Comportamentos involuntários inconscientes: ressonar e sonhar (não o sabemos que estamos a fazer). Comportamentos involuntários conscientes: respirar, tremer

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Resumo de filosofia de 10º ano sobre a ação humana

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A AÇÃO HUMANA – ANÁLISE ECOMPREENSÃO DO AGIRO MÉTODO DA FILOSOFIA FACE AOS DAS CIÊNCIAS

A ciência é metódica, sistemática e rigorosa que pretende dar explicação racional e objetiva da realidade.

É metódica porque: experimental; observação de factos e testá-los.

É sistemática: Teoria sistemática

É rigorosa: tudo aquilo que é investigado é testado. Esta explicação racional e objetiva precisa de ser rigorosa pois

permite a previsão de fenómenos. Não pode falhar.

É objetiva: 2+2=4

As ciências empíricas são ciências que utilizam o método experimental: F/Q A; Biologia; geologia; Psicologia.

As ciências exatas ou formais são ciências que através de puro raciocínio sobre as ideias envolvidas chegam aos seus

princípios e resultados, logo utilizam o método conceptual: Matemática/Geometria e Lógica.

A filosofia utiliza o mesmo método das ciências formais, ambas utilizam o método conceptual. A diferença entre elas é

o tipo de questões que colocam.

O cientista pergunta “Como é que surgiu o Universo?”. O filósofo pergunta “Porque é que há o universo vez do nada?”.

Este problema filosófico nunca poderia ser resolvido por nenhuma quantidade de testes e observações, pois não são

acerca de nada de observável. Têm que se analisar as teorias e os argumentos de forma a verificar a sua solidez ou assuas falhas.

Enquanto a matemática questiona-se sobre as relações e propriedades dos números, a filosofia pergunta o que é o

número.

Logo a filosofia coloca questões muito mais radicais.

O que há de comum entre a filosofia e as ciências exatas é: um método de análise de conceitos, de decomposição das

ideias nos seus elementos mais simples e da tentativa de compreender as relações e as implicações dessas ideias.

A REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO

ACONTECIMENTO, AÇÃO HUMANA, COMPORTAMENTOS

O acontecimento é  um evento puro ou natural que ocorre independentemente da vontade do sujeito. Os eventos

puros  são fenómenos naturais que não estão dependentes da iniciativa do sujeito, o sujeito é um mero recetor ou

agido. Os eventos humanos são todos os movimentos físicos ou fisiológicos que podem ser observados mas dos quais

não sabemos as intenções nem os motivos, não sabemos se são da iniciativa do sujeito ou se são efeitos da intervenção

de outras causas da intervenção de outras causas, naturais ou humanas. Quando movemos o braço, os músculos

contraem-se: isto é um acontecimento pois é um movimento observável fisiológico que acontece em todo o mundo.

Há comportamentos voluntários conscientes, involuntários conscientes e involuntários inconscientes. No entanto só os

comportamentos voluntários conscientes é que constituem uma ação. Comportamentos involuntários inconscientes:ressonar e sonhar (não o sabemos que estamos a fazer). Comportamentos involuntários conscientes: respirar, tremer

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de frio, transpirar (são movimentos que o corpo realiza mecânica ou independentemente da vontade do sujeito, para

assegurar o seu equilíbrio interno, o ser vivo não pode simplesmente optar por não respirar pois não depende da sua

vontade, são atos do homem). Comportamentos voluntários e conscientes: ir à praia, estudar, acenar a um amigo,

emprestar um jogo.

INTENÇÃO, DESEJO, CRENÇA, FIM

A intenção é o objetivo da ação. A intenção permite avaliar a qualidade do ato. Ela guia e dirige a ação. A intenção

revela o sentido e a qual idade do ato. É o quê da ação. Responde à pergunta: “que quer fazer aquele que age?”. 

O desejo é um impulso para o preenchimento de uma falta. A crença é a comunicação que motiva o sujeito a agir num

determinado sentido, mas não estão verificadas criticamente.

O fim constitui uma meta que se quer alcançar. É o para quê da intenção.

As ações intencionais são originadas por desejos. Uma ação estratégica é uma ação que é realizada com vista a atingir

um fim. Uma ação básica é uma ação em que a pessoa faz direta i intencionalmente sem ter em vista outra ação

intencional. Uma ação não básica é uma ação que para ser realizada necessita de outras ações.

As intenções têm uma dimensão motivacional, enquanto que os desejos usam-se com frequência para cobrir as

motivações. Quando desejamos não estamos completamente decididos a tentar realizar o desejo mas as intenções sim.

Quando o agente acredita numa crença ele é mais motivado a cumprir a ação.

MOTIVO E PROJETO

O motivo é a razão invocada para tornar a ação intencional compreensível e racionalizável tanto para o agente como

para os outros. Ele é a justificação da ação, o porquê da ação.

O projeto constitui a meta que pretende atingir através deste propósito. O projeto acaba por ser aquilo que ativa e

motiva o ato intencional. Ele é o para quê da ação.

ETAPAS DO ATO VOLUNTÁRIO

1. 

Concepção – estabelecer uma meta

2. 

Deliberação – analisar as possibilidades que estão disponíveis para mim e avaliar as desvantagens e vantagens

delas (preparação do ato)

3.  Decisão – escolha de uma possibilidade. Na decisão a intenção já está afixada.

4. 

Execução – corresponde à concretização da escolha decidida

Quando uma ação é deliberada, ela é pensada e premeditada. Assim a deliberação é o processo de reflexão em que

antecede a decisão, ou seja, a escolha de alternativas possíveis em função de determinadas razões quer de ordemsensível (móbeis) ou de ordem racional (motivos). A deliberação será tanto mais difícil, duradoura e profunda quanto

mais a decisão for relevante para o sujeito. Deliberar implica que a inteligência, sob a influência da vontade, pondere as

alternativas e avalie as suas consequências no sentido que favoreça o sujeito.

A vontade é a faculdade do agir humano que é da ordem de reflexão e de execução do ato.

As razões de ordem sensível ou móbeis são desejos, emoções, paixões que impulsionam o sujeito a agir. As razões de

ordem racional ou motivos são razões de ordem racional que explicam a intenção do ato.

A decisão corresponde ao momento da escolha de uma das possibilidades de ação resolvendo o conflito da

deliberação.

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Algumas das nossas ações não são precedidas do processo deliberativo. Nas conversas, dizemos muitas coisas de

forma intencional de forma a atingir um determinidado objetivo, embora sem prensarmos nas consequências daquilo

que estamos a fazer. Deliberamos, após agirmos e por isso às vezes arrependemo-nos de não termos ficado calados.

Mas as acções humanas não deixam de o ser por não serem previamente ponderadas, elas continuam a ser

intencionais mesmo sem deliberação.

AGENTE

O agente é o autor da ação. Sendo o autor das ações e tendo-as realizado de uma forma voluntária, consciente e

intencional, pode, assim, ser responsabilizado pelos seus atos, isto é, tem de assumir as suas ações e responder por

elas. Mas responsabilizar o agente por uma ação, é prossupor que o agente é livre, isto é, que ele tem o poder de

escolher entre alternativas possíveis aquela que quer realizar sem ser constrangido ou coagido. Um sujeito é agente se

for livre e responsável, isto é, se escolher e assumir a sua escolha e só é responsabilizado se for livre. Não se pode

responsabilizar alguém pelo que faz se essa era a sua única alternativa.

ACRASIA

O comportamento acrático consiste em saber o que é melhor para mim mas fazer o que é pior para mim. Assim,

consistem em agir contra o meu melhor juízo, logo é um comportamento irracional. A curto prazo a ação acrática dá

mais prazer e satisfação, a longo prazo não dá, podendo dar arrependimento.

LIVRE ARBÍTRIO

O livre arbítrio corresponde a uma vontade livre e responsável de um agente racional. Assim o agente tem a

possibilidade de escolha e de autodeterminação, ou ao ato voluntário, autónomo e independente de qualquer

constrangimento e coação externa ou interna.

Mas não fazemos tudo aquilo que temos vontade de fazer porque há condicionantes que somos incapazes de

ultrapassar. Os nossos instintos são incontornáveis pois não os conseguimos controlar, nomeadamente o desejo de

satisfazer as motivações mais básicas. A sociedade e a cultura também agem externa e internamente sobre nós,

moldando-nos. Quem nos garante que um individuo, com um comportamento exemplar, não seria um criminoso se

tivesse crescido em condições sociais e económicas extremamente injustas e adversas?

Se considerarmos que as ações humanas são inevitáveis, porque definidas por forças externas e internas, então

teremos de negar a liberdade e a responsabilidade do agente.

O Problema do livre arbítrio consiste em tentar conciliar a liberdade humana com forças que a podem anular. Num

primeiro momento, no contexto da filosofia cristã, pretendia-se conciliar a liberdade humana com a ideia de um Deusque tudo governa. Recentemente, no contexto dos avanços da ciência moderna, pretende-se conciliar a liberdade

humana com a ideia segundo a qual tudo na natureza acontece por uma causa necessária.

DETERMINISMO

O determinismo é a doutrina filosófica segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa, ou seja, todos e cada um

dos fenómenos estão submetidos às leis naturais de carácter causal. Assim, todos os acontecimentos dependem

sucessiva e necessariamente das suas causas, de tal modo que um acontecimento pode ser simultaneamente efeito de

uma causa e causa de outro efeito. Não temos opção de escolha, logo é oposto ao livre arbítrio. Consequências:

negação da liberdade, ausência de responsabilidade. Assim a tese determinista defende uma total incompatibilidade

entre a liberdade humana e a causalidade natural, à qual todos e cada um dos fenómenos se submetem. Liberdade é

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negada –> Ações são inevitáveis  –> ninguém pode ser responsabilizado. A tese determinista considera possível prever,

com exatidão o efeito que se seguirá a determinada causa.

A causa é aquilo que faz o efeito ser o que é e que por si só não seria. O efeito é uma consequência, uma derivação

necessária da causa, tão dependente da causa que, se esta na atuasse, o efeito não aconteceria.

Se tudo o que fazemos é determinado por uma causa necessária, então, tudo o que fazemos é inevitável, assim

podemos sempre atribuir a culpa à causa que originou uma certa ação e que o ser humano não controla. O

determinismo radical defende o incompatibilismo entre a liberdade e o determinismo natural.

INDETERMINISMO

A tese do determinismo radical não se aplica em todos os fenómenos. Há acontecimentos no mundo quântico que

escapam à tentativa de os prever com rigor, a física quântica pode apenas atribuir-lhes um grau estatístico ou de

probabilidade (no euromilhões também é impossível prever a combinação correta).

A tese indeterminista considera impossível prever os efeitos que se seguirão às causas; apenas se poderão realizar

cálculos de probabilidade, estatísticas, uma vez que se introduz o conceito de aleatoriedade.

Assim não podemos prever com rigor como o homem vai agir, ele age e não é possível determinar o que o levou a agir.

Se é o acaso que conduz as ações humanas imprevisíveis, então elas não são o resultado do que o homem quer, logo as

ações também não são livres.

O indeterminismo baseia-se na física quântica, segundo a qual só se pode determinar estatisticamente o

comportamento de uma partícula, a tese indeterminista defende que as ações humanas são indeterminadas; elas

ocorrem aleatoriamente ou dependem do acaso e não da vontade do ser humano. Se as nossas ações forem mero fruto

do acaso então não há liberdade e o agente não é responsável.

Assim, quer se admita que as ações são determinadas, quer se admita que são indeterminadas, e, por isso,

imprevisíveis, não há espaço, nos dois casos, para a liberdade e para a responsabilidade. Assim ambos os argumentos

conduzem à mesma conclusão partindo de premissas diferentes.

COMPATIBILIDADE OU DETERMINISMO MODERADO.

A tese compatibilista aceita o determinismo no mundo natural mas defende que existe espaço para a liberdade e a

responsabilidades humanas. As vontades são livres se não forem constrangidas, isto é, se não forem forçadas, apesar

de serem também determinadas. Assim, o comportamento do ser humano é completamente determinado por forças

físicas que operam sobre o seu corpo mas é livre quando algumas forças estão ausentes; por exemplo, é livre quando

não é forçado a fazer alguma coisa porque alguém aponta uma arma ao agente, ou quando este não sofre de uma

compulsão psicológica. Assim, a vontade de levantar um braço é livre se não for forçada por ninguém e determinada

pelas forças físicas que operam sobre o braço. O compatibilismo defende que algumas das nossas ações são livre. São

determinadas (influenciadas por causas) mas não são constrangidas. Podemos fazer escolhas condicionadas.

LIBERTISMO

O libertismo é a corrente que defende, de modo mais radical, o livre arbítrio e a responsabilidade do ser humano. O

agente tem o poder de interferir no curso normal das coisas pela sua capacidade racional e deliberativa. O agente não

determinado: ele tem o poder de se autodeterminar. A mente não esta determinada, ela autodetermina-se, ela está

acima ou fora da causalidade do mundo natural. A mente do sujeito realiza verdadeiras escolhas livres,

autodeterminadas, não obedecendo a outras causas que não as impostas por si mesma.

A CRENÇA NA LIBERDADE E AS CONDICIONANTES DA AÇÃO HUMANA

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Normalmente nós temos a convicção forte de que poderíamos ter feito alguma coisa diferente ao que fizemos. A

liberdade humana é um facto da nossa experiencia. Esta crença é a condição sem a qual não poderíamos sequer falar

em ação intencional.

Todavia, a atmosfera de liberdade que respiramos não é absoluta, não podemos fazer tudo que queremos. Assim é

uma liberdade situada e condicionada, que se manifesta na capacidade de escolher uma de duas ou mais alternativaspossíveis. As condicionantes da ação humana, ao mesmo tempo que a limitam, também lhe abrem um horizonte de

possibilidades, assumindo-se deste modo, como condições do próprio agir.

Condicionantes físico-biológicas: todas as ações estão dependentes da nossa morfologia e fisiologia. As caraterísticas

que herdamos geneticamente limitam determinadas ações, mas possibilitam outas, condicionando o que podemos

fazer e como fazer. O corpo humano não tem asas: não pode voar. Não tem guelras: não pode respirar dentro de água.

Condicionantes psicológicas: as ações estão dependentes também da personalidade e do temperamento do seu

agente. Não podemos sentir alegria se não transitarmos de ano quando queríamos transitar.

Condicionantes histórico-culturais: a ação humana depende do ambiente social, cultural, cientifico, tecnológico e

histórico em que se desenrola. A ação é sempre situada e contextualizada. Ela acontece num determinado ambiente

historicamente marcado. Uma ditadura limita as ações dos indivíduos mas possibilita revoluções.