Resumo - Cullmann

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SEMINRIO TEOLGICO PRESBITERIANO7SEMINRIO TEOLGICO PRESBITERIANOREV. DENOEL NICODEMOS ELLERRua Joviano Naves, 301 Palmares Belo Horizonte MGCEP: 31155-710 Fone (31) 3426.9949DATA: 10 de maio de 2003AVALIAO:_______ALUNO: Gladson Pereira da Cunha TIPO DE TRABALHO: ResumoDISCIPLINA: Teologia Bblica IITURMA: 3 AnoTURNO: Matutino PROFESSOR(A): Rev. Jos Joo de Paula REFERNCIA BIBLIOGRFICA: Oscar Cullmann, A Cristologia do Novo Testamento. So Paulo: Editora Custom, 2002Cristologia do Novo Testamento considerada a obra prima de Oscar Cullmann. interessante a afirmao do Dr. Ricardo Quadros Gouva, que faz o prefcio edio em portugus, de que Cullmann um telogo cuja metodologia de trabalho faz com que ele parta das Escrituras para posterior elaborao do dogma, o que de fato percebemos no decorrer do captulo a ser resumido acerca do Filho do Homem.Para Cullmann o ttulo messinico Filho do Homem mais amplo do que qualquer outro ttulo que conferido a Jesus, por descrever a totalidade de sua obra, e tambm por ser o nico ttulo que o prprio Jesus toma para si. Apesar destas caractersticas, Cullmann parece lamentar que tal ttulo no tenha entrado para a histria da dogmtica crist como o principal ttulo messinico.Cullmann inicia este captulo tendo como ponto de partida a compreenso do ttulo Filho do Homem dentro do entendimento judaico. E mesmo dentro desta perspectiva ele tenta encontrar uma melhor ramificao desta idia. Seguindo sua metodologia, Cullmann faz uma anlise filolgica da expresso grega ui(o\j tou= a)nqrw/pou que corresponde ao aramaico )^f^$fn rfB ambas expresses se traduzem por Filho do Homem. Analisando a expresso aramaica Cullmann afirma que tal termo uma forma figurativa de dizer aquele que pertence espcie humana ou simplesmente homem. Cullmann se apoia em Daniel 7.13, onde a expresso Filho do Homem aparece pela primeira vez e na literatura judaica tardia para afirmar que esta expresso tem no judasmo a idia de um salvador escatolgico que deveria aparecer no fim dos tempos. Em Dn.7.13, Filho do Homem assume a idia do representante do povo santo. A questo posterior levantada pelo autor : como relacionar as idias do messias ser um homem e no um ser divino. A resposta o entendimento da existncia de uma identificao do homem celestial ideal com Ado, o primeiro homem.Houve algumas tentativa de conciliar os dois personagens. Entretanto o prprio judasmo nos d a resposta para este questionamento ao demonstrar que o homem fora criado perfeito sendo possuidor da imago Dei, que posteriormente foi perdida com a Queda. Logo, se faz necessrio que um homem celestial reconstrua a imago Dei destruda pela queda de Ado. Como ento conciliar o Filho do Homem e o primeiro Ado? Cullmann demonstra que judasmo recorreu a duas possibilidades: (a) o argumento do silncio i.e., omitia-se deliberadamente o registro da queda de Ado, como no houve queda o primeiro homem mantm a sua perfeio e; (b) a existncia de dois Ades este argumento proposto pelo judeu-helenista Flon dizia que existem dois relatos da criao em Gnesis, a primeira em Gn.1.27 e a segunda em Gn.2.7. Na primeira, Deus criou o homem a sua imagem e este o homem celestial e na segunda, Deus criou o Ado que nada tem de divino e, portanto, que estava sujeito a cair em pecado.No entanto, Oscar Cullmann admite a idia de que as passagens de Daniel, Enoque e do Apocalipse de afirmam a preexistncia do Filho do Homem escatolgico, contudo, a idia de encarnao estranha ao judasmo. Aps trabalhar o tema dentro da perspectiva judaica, o autor passar a enfocar a percepo que o prprio tem a respeito deste ttulo messinico. fato, e j comentamos, que o nico ttulo messinico do qual Jesus se apropriou foi justamente Filho do Homem - ui(o\j tou= a)nqrw/pou. Cullmann cita a obra de Lietzmann que afirma que Jesus ao usar a expresso ui(o\j tou= a)nqrw/pou ele simplesmente estava dizendo homem. Porm, tal afirmao no impede que Jesus use este ttulo afim de atribuir-lhe o papel de Salvador.Entretanto, Oscar Cullmann parece no aceitar totalmente a interpretao de Lietzmann. Deste modo, o autor toma como exemplo a passagem de Mc.2.27-28, onde ele admite parcialmente a idia de Lietzmann. Neste texto Jesus afirma que o sbado fora criado por causa do homem e no o contrrio. Cullmann entende que o termo aramaico )^f^$fn rfB usado no grego como anqrwpoj, no sentido nico defendido por Lietzmann. Todavia, o mesmo no ocorre no verso seguinte onde a expresso aramaica d lugar a expresso grega ui(o\j tou= a)nqrw/pou. Logo, podemos perceber, assim como entende Cullmann, que o evangelista Marcos fez uma diferenciao de termos e seus significados. Para Cullmann a possibilidade desta interpretao somente possvel neste texto de Marco e em Mt.12.31, sendo que nas demais vezes em que a expresso Filho do Homem aparece, ela se aplica exclusivamente a Jesus.Cullmann explora um detalhe sobre este ttulo. Ao utilizar este ttulo Jesus fez uma distino entre duas categorias: (a) a escatolgica que deveria ser realizada no futuro, a qual encontrada em Daniel e nos escritos judaicos tardios. Tal entendimento que o Filho do Homem o salvador escatolgico do seu povo, cuja mxima manifestao se d atravs do juzo aplicado por ele, que a sua funo essencial. (b) a terrestre que se manifestava na obra terrena. Esta segunda categoria se apresenta atravs da idia do Ebed Yahweh. Desta forma, segundo Cullmann, Jesus interrelaciona a obra expiatria do servo-sofredor ao juzo promulgado pelo filho do homem. Deste modo, Cullmann conclui que Jesus, ao usar o ttulo Filho do Homem, entendia que estava realizando a obra que cabia ao homem celestial, embora no tenha dado maiores informaes sobre a relao entre si mesmo e o primeiro homem.O autor j inicia esta parte dizendo que os evangelistas no tinham este entendimento sua f estava no ttulo Messias e no no Filho do Homem, o qual sempre aparece na boca de Jesus e no de uma forma indireta, isto , os discpulos falando em relao a ele. Prosseguindo em sua investigao sobre a pessoa do Filho do Homem, Cullmann procurou encontrar alguns indcios desta tradio dentro do cristianismo primitivo e de que modo este ensinamento foi transmitido nesta comunidade crist. O interesse de Cullmann definir se em algum grupo a cristologia do Filho do Homem encontrou apoio. Citando algumas informaes de Lohmeyer, o autor propes trs possveis grupos: (a) cristos-palestinos (galileus) que segundo Lohmeyer era um grupo em oposio aos cristos-de-Jerusalm. Porm, Cullmann reconhece a falta respaldo histrico e documental para sustentar tal opinio; (b) helenistas era uma espcie de sincretismo oriental helenstico, que segundo o autor deve ser levado em considerao no estudo das origens do cristianismo, aceitando at que este grupo fosse mais fiel do que os demais aos ensinamentos de Jesus. Mesmo com estas consideraes, Cullmann entende que eles no tinham muita relevncia no seio da igreja e os indcios sobre o assunto so poucos; (c) judeus esta terceira possibilidade no se trata do judasmo oficial, mas de certos crculos esotricos que estava margem da religio oficial. Tais crculos tinham contato com helenistas, sendo da mesma forma que o helenismo-cristo, um sincretismo entre o pensamento oriental-helenico e o judasmo. Para Cullmann bem possvel que Jesus tenha tido contado com alguma destas seitas. Contudo, Oscar Cullmann no determinou em qual destes grupos a cristologia do filho do homem se desenvolveu. A quarta parte deste captulo sobre o Filho do Homem, Cullmann procurou compreender a noo que o apstolo Paulo tinha sobre o Filho do Homem. Para o autor, Paulo quem possui a cristologia mais bem desenvolvida do cristianismo primitivo, contudo, no encontramos nos escritos paulinos a expresso Filho do Homem. De onde Cullmann conclui que Paulo apenas conhecida a noo judaica do primeiro homem que se refere a Ado. Outro elemento de grande valor que Cullmann apresenta sobre a cristologia e tambm sobre a teologia paulina o fato de ambas estarem mergulhados numa escatologia, em que Jesus, o segundo Ado, o ltimo Ado [o( e)/sxatoj )Ada\m, I Co 15.45], ou o Ado que h de vir [o( me/llwn, Rm 5.14], que apesar de no fazer uma direta aluso Daniel 7, existe a crena acerca da vinda de Cristo sobre as nuvens. Entretanto, Oscar Cullmann nos informa que a Paulo concentra a sua cristologia no homem celestial encarnado, que encontra-se numa relao importante com o ltimo homem.A cristologia paulina feita a partir das especulaes judaicas existentes, as quais j vimos, porm introduzindo um elemento distinto capaz de conciliar a identificao do Filho do Homem com Ado. Isto acontece, diz Cullmann, porque Paulo identifica o Filho do Homem como um homem histrico que viveu sobre a terra num momento histrico. Tal conceito lana por terra tudo o que fora dito anteriormente nos meios judaicos e gnsticos. Cullmann demonstra esta posio paulina pode ser encontrada em trs passagens: (a) I Co.15.45 O primeiro homem, Ado, foi feito alma vivente. O ltimo Ado, porm, esprito vivificante. Neste texto, Paulo define a existncia de duas pessoas distintas. Sendo que o primeiro homem no espiritual, enquanto o segundo o . Logo, a teoria de Flon j no tem fundamento e deve ser descartada, afirma Cullmann, mesmo que parea que Paulo sustente parte desta doutrina. No havia, ento, dois Ades, mas apenas um criado por Deus e que fora infiel no cumprimento de sua misso. J o homem celestial no pertence histria da criao, argumenta Cullmann, mas que posteriormente entra na histria atravs da encarnao. Outra distino, que segundo Cullmann, Paulo faz, que ao passo que o Ado infiel em sua misso, o que gera a morte, o homem espiritual vem justamente para reparar, corrigir, a falta do primeiro. Este reparador o Mediador, apresentado por Paulo em I Co 8.6 e Cl 1.15, sendo preexistente antes da criao. (b) Rm.5.12 Portanto, assim como por um s homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim tambm a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Nesta passagem, Paulo mais nitidamente demonstra a relao entre o Filho do Homem e Ado, a qual no est baseada numa relao pessoal, mas numa relao de misses, que representar a imagem de Deus. Cullmann entende que com estas palavras Paulo une as noes do Filho do Homem e do Ebed Yahweh, que resulta na concepo da necessidade do sofrimento por parte do Filho do Homem, algo que segundo o autor inteiramente novo. (c) Fl.2.5-11 Este trecho a ltima passagem analisada por Cullmann na tentativa de mostrar a perspectiva paulina sobre o Filho do Homem. interessante neste texto notar que um terceiro elemento agregado s noes de Filho do Homem e de Ebed Yahweh, que a idia do Kyrios. O que Paulo faz neste texto identificar o homem celestial com Ado e, ao mesmo tempo, com o Ebed Yahweh. Esta identificao com Ado feita atravs da anlise da palavra grega morfh que est relacionada ao termo hebraico tUm:D, que significam imagem. Tal palavra no evoca a natureza divina de Jesus, mas a imagem de Deus que ele representou desde o princpio, diz Cullmann. Desta forma, Jesus como a imagem perfeita de Deus est capacitado, pela obedincia, nos transformar sua imagem (II Co 3.18). Cullmann ainda demonstra que esta relao entre Ado e Jesus, o filho do homem, est no fato que Ado desejou ser como Deus, atendendo a voz da serpente (Gn.3.5), enquanto Jesus tornou-se um homem, incorporando humanidade decada. No torna-se homem Jesus assume a morfh douloj, assumindo assim todo o sofrimento que cabia, como dissemos anteriormente, ao Ebed Yahweh, afim de reparar a falta do primeiro Ado. Aqui retornamos ao inicio deste argumento, pois neste ponto Paulo insere a noo de Kyrios. Por sua obedincia, isto , por conta do seu sofrimento como Ebed Yahweh, Jesus exaltado a condio de Kyrios, palavra relacionada ao hebraico ynwd), que se refere a Deus o Pai. Oscar Cullmann compreende que o Pai conferiu a Jesus ao seu prprio nome com toda a sua soberania, sem dizer com isto que neste instante que Jesus se torna divino. passvel de nota que Cullmann aceita que este entendimento de Paulo o mesmo entendimento de Jesus, mas o que os demais escritores do Novo Testamento disseram a respeito do Filho do Homem. Este o prximo passo da anlise de Cullmann.Oscar Cullmann anteriormente considerou a posio dos sinpticos acerca do termo Filho do Homem e concluiu que eles fixam a sua cristologia na noo do Messias. Apesar dos escritores sinpticos considerarem a diferena ao traduzirem barnaah para o sentido cristolgico, Filho do Homem, ou para o sentido geral, homem; no h nenhum nada de mais substancioso por parte deste. Dos Sinpticos para Atos, Cullmann retorna tentativa de determinar a existncia de um grupo que teve certa contribuio para definio e elaborao da cristologia do Filho do Homem. Ele percebe que os helenistas desempenharam tal funo dentro da origem do cristianismo, algo que ele infere apenas de Atos e do Evangelho de Joo, segundo Cullmann, so os nicos que nos suspeitar tal importncia. Partindo da, Cullmann fixa-se no Quarto Evangelho que possui certo parentesco com o judasmo helnico. E numa avaliao do contedo teolgico referente a questo do Filho do Homem, encontramos a seguinte nfase: (a) Jo.3.13 incorporao humanidade decada e retorno ao cu, ou seja, a encarnao e a majestade do Filho do Homem, o Cristo encarnado e o Cristo glorificado; (b) Jo.1.51 ressalta-se o misso terrena de Jesus. a escada de Jac, no mais em lugar especfico, mais no prprio Jesus; (c) Jo.5.27 evoca-se a funo jurdica do Filho do Homem; (d) Jo.6.27 e 53 o Filho do Homem o Cristo glorificado no meio da igreja.A concepo de Filho do Homem, na anlise de Cullmann, parece ser um elemento de suma importncia dentro dos escritos joaninos. Tanto no Evangelho como no Apocalipse, havendo ocorrncia do termo e ligao com a temtica de cada obra.Por fim, Cullmann faz meno Epistola aos Hebreus, quando este faz referncia ao Sl.8.4-5 que o homem, que dele te lembres E o filho do homem (grifo nosso), que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glria e de honra o coroaste. Este salmo aplicado Jesus em relao aos anjos, demonstrando a sua superioridade em relao a eles. Contudo o comentrio de Cullmann sobre a pessoa do Filho do Homem em Hebreu muito resumida.Partindo para a concluso deste captulo, Cullmann trabalha a noo de Filho do Homem em Hegesipo, um judeu-cristo do segundo sculo, e em Irineu, bispo de Lyon, tambm do segundo sculo. Cullmann cita um trecho de uma de Hegesipo, na qual ele narra o martrio de Tiago, irmo de Jesus, quando ele, questionado sobre o Senhor, lhe atribuiu o ttulo de Filho do Homem. Apesar desta narrativa ser uma possvel prova de um entendimento posterior desta noo, Cullmann a considera uma tentativa de preservar a perspectiva judeu-crist deste ttulo, perspectiva de um cristianismo impregnado de resqucios de um judasmo esotrico como certas influncias ebionitas e, portanto, desprovida de todo o arcabouo trabalhado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento, o que no acontece com Irineu. Para Cullmann, Irineu o nico Pai da igreja que conseguiu captar o entendimento paulino acerca do Filho do Homem. Irineu, segundo o autor, entende que a obra de Jesus somente pode ser compreendida quando remontamos histria da criao, neste caso ele admite a preexistncia do Filho do Homem, que o segundo, o qual tem como funo, e aqui que ele comente alguns erros, realizar aquilo que Ado no realizou. De fato, o que Cullmann prope, como o entendimento de Paulo acerca misso do Homem, que a misso do Filho do Homem est diretamente ligada ao que Ado errou em fazer do que necessariamente completar, contudo, Cullmann aceita que Irineu captou a idia paulina. interessante a concluso de Oscar Cullmann. Para ele a verdade que este termo expressa foi deixada de lado e caiu no esquecimento, em detrimento de outros ttulos cristolgicos, no sendo levados em considerao as vrias vantagens deste ttulo, como por exemplo, o de ser o Filho do Homem a Imagem de Deus. Tal pensamento, o Imago Dei somente resgatado com Karl Barth, j em pleno sculo vinte. E por fim, ele afirma que se tivessem sido trabalhado cristologia sobre a perspectivo do Filho do Homem, quando da produo da dogmtica cristolgica, ou seja, a partir de Nicia, possivelmente a histria da controvrsia teria sido outra.