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Resumo de Direito Previdenciário: 1. A origem: Primariamente na família, entretanto a precariedade de algumas levou a necessidade de auxílio externo a qual foi incentivada pela Igreja (de forma tardia). O Estado só entrou no cenário no século XVII com a Lei dos Pobres. 2. A Lei dos Pobres: Durante o século XVI, a Inglaterra passou por um aumento populacional onde repercutiram em diversas cidades inglesas migrações de trabalhadores rurais para áreas urbanas a procura de trabalho, essas pessoas nem sempre eram absorvidas nos campos de trabalho e aumentava na Inglaterra o número de miseráveis que ficavam perambulando nas ruas inglesas gerando diversos problemas sociais. A Coroa inglesa junto com o parlamento inglês discutiu um projeto de lei que assistia essas pessoas, esse preceito legal foi conhecido como Lei dos Pobres em 1601, foi um projeto que aperfeiçoou outra norma legalística assistencialista de 1597, o parlamento inglês alcunhava religiosos para serem espécies de “inspetores dos pobres”, suas funções era de zelar pela instituição, tomar conta dos pobres, fazer que o descamisado aprenda a profissão, ensinar o ofício religioso para que o pobre camponês seja obediente e fiel ao sistema, manter a ordem nesses “asilos”, cuidar da alimentação e saúde desses desprovidos sociais, também recebiam a incumbência de procurar trabalhos remunerados para os carentes que não tinham ocupações, viviam nas ruas perambulando causando danos sociais as cidades inglesas. “A Lei dos Pobres foi criada em 1601, no final do reinado da Rainha Elizabeth. Assim como temos hoje, na época houve a necessidade da criação dessa lei, a partir de alguns fatores básicos que contribuíram para isso, dos quais, são: a. O aumento excessivo da população, b. O fato de a igreja pregar que era dever do Estado suprir as necessidades dos menos favorecidos e, c. Por ultimo um controle hegemônico perante a população.

Resumo de Direito Previdenciário Com Resumo Do Homem de Rua

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Resumo dos principais conceitos do direito previdenciário e da obra O Homem de Rua

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Resumo de Direito Previdenciário:

1. A origem:Primariamente na família, entretanto a precariedade de algumas levou a necessidade de auxílio externo a qual foi incentivada pela Igreja (de forma tardia). O Estado só entrou no cenário no século XVII com a Lei dos Pobres.

2. A Lei dos Pobres:Durante o século XVI, a Inglaterra passou por um aumento populacional onde repercutiram em diversas cidades inglesas migrações de trabalhadores rurais para áreas urbanas a procura de trabalho, essas pessoas nem sempre eram absorvidas nos campos de trabalho e aumentava na Inglaterra o número de miseráveis que ficavam perambulando nas ruas inglesas gerando diversos problemas sociais. A Coroa inglesa junto com o parlamento inglês discutiu um projeto de lei que assistia essas pessoas, esse preceito legal foi conhecido como Lei dos Pobres em 1601, foi um projeto que aperfeiçoou outra norma legalística assistencialista de 1597, o parlamento inglês alcunhava religiosos para serem espécies de “inspetores dos pobres”, suas funções era de zelar pela instituição, tomar conta dos pobres, fazer que o descamisado aprenda a profissão, ensinar o ofício religioso para que o pobre camponês seja obediente e fiel ao sistema, manter a ordem nesses “asilos”, cuidar da alimentação e saúde desses desprovidos sociais, também recebiam a incumbência de procurar trabalhos remunerados para os carentes que não tinham ocupações, viviam nas ruas perambulando causando danos sociais as cidades inglesas.“A Lei dos Pobres foi criada em 1601, no final do reinado da Rainha Elizabeth. Assim como temos hoje, na época houve a necessidade da criação dessa lei, a partir de alguns fatores básicos que contribuíram para isso, dos quais, são:a. O aumento excessivo da população,b. O fato de a igreja pregar que era dever do Estado suprir as necessidades dos

menos favorecidos e,c. Por ultimo um controle hegemônico perante a população.

Agora perceba a coincidência, a Lei dos Pobres consistia basicamente em: Um fundo monetário a todos que não tinham trabalho ou condição de sustentar seus filhos, mas tinha força o suficientes para trabalhar, assim, essas pessoas deveriam trabalhar para o Estado e para a igreja.

Marco inicial mundial – 1883 - Alemanha – Otto Von BismarckMarco inicial no Brasil - Lei Eloy Chaves – Lei nº. 4682/1923

Previdência Social em nível nacional – Caixa de Aposentadoria e Pensão dos empregados das empresas ferroviárias.

No Brasil temos como marco inicial da Previdência Social a lei Eloy Chaves em 1923 que determinava a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensão para os trabalhadores das empresas ferroviárias, contemplando-os com os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (hoje conhecida por aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte e assistência médica.

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Antes desta lei houve outras de caráter previdenciário, mas esta é considerada como marco inicial, tendo em vista o seu caráter nacional e também porque após a Lei Eloy Chaves surgiram várias outras Caixas de Aposentadoria e Pensão. Essas Caixas de Aposentadoria e Pensão eram organizadas pelas empresas.

Uniformização legislativa e unificação administrativa:

a. 1960: Uniformização da legislação previdenciária – (LOPS): Criou auxílio-reclusão, auxílio-funeral e auxílio-natalidade – abrangeu mais segurados: empregadores e profissionais liberais;

b. 1966: Decreto 72 – Unificação Administrativa – Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

3. Conceito:Rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo partes dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna.

Art. 194, caput/CF: Conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da Sociedade, destinadas a assegurar (segurar seria a terminologia mais adequada), os direitos à saúde, à previdência e à assistência social.

4. Finalidade/Objetivo:Uma melhor aplicação da Justiça através do desenvolvimento nacional impondo uma ação distributiva da riqueza nacional.

5. Segundo a OIT:A proteção que a sociedade oferece aos seus membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais que, de outra forma, derivam do desaparecimento ou em forte redução de sua subsistência, como consequência de enfermidade, maternidade, acidente de trabalho, ou enfermidade profissional, desemprego invalidez, velhice e também a proteção em forma de assistência média e ajuda às famílias com filhos. (Convenção 102/1952)O Brasil ratificou esta, através do Decreto Legislativo nº 269+98.

6. O tripé da seguridade social é formado por:a. Saúde: Dever do Estado, por meio de políticas públicas, sociais e

econômicas que visem à redução de doenças e outros agravos. Independe de contribuição e assegura atendimento pela rede pública de saúde (SUS); sendo vedado investimento em instituições privadas que visem lucro, segundo art. 199/CF.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco

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de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Segundo a EC 29, a destinação mínima de recursos deve ser:1. União: 5%;2. Estados e UF: 12%3. Municípios: 15%

b. Assistência Social: Independente de ação contributiva, é regida pela Lei 8.742/93, define seu caput.

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento à necessidades básicas.

Tem por objetivos:

1. A proteção da família;2. À maternidade;3. À infância;4. À adolescência e velhice;5. O amparo às crianças e adolescentes carentes;6. Promoção da integração do mercado de trabalho;7. Reabilitação e habilitação de pessoas portadoras de deficiência;8. Promoção de sua integração à vida comunitária’9. Garantia de 01 salário mínimo mensal, a título de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência ou a idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou pela família.

c. Previdência Social: Definida como seguro sui generis, é de filiação compulsória para os regimes básicos, além de coletivo e contributivo para a organização estatal. Pode igualmente ser de filiação voluntária para os que não exercem atividade remunerada.O conceito de difícil definição é ainda objeto de debate doutrinário.

Natureza jurídica: Não contratual, compulsória. Por tal, é indevida a aplicação do CDC, por inexistência de relação de consumo, mas sim proteção coercitiva do Estado, que utiliza para custeio desta várias fontes inclusive da contribuição do segurado.

Atua por meio de prestações previdenciárias, as quais podem ser benefícios, de natureza pecuniária, ou serviços (reabilitação profissional e serviço social). Os benefícios podem ser de natureza programada ou não, de acordo com a previsibilidade do evento determinante.

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PREVIDÊNCIASOCIAL

RGPS (art. 201/CF);RPPS (art. 40/CF)

Privado(art. 202/CF);

Aberto (EAPC)Fechado (EPPC)

Público:Fechado (EPPC)

Art. 40, §§ 14, 15 16/CF).

Princípios do Direito Previdenciário:

a. Do Princípio da Universalidade da Cobertura e do Atendimento: Possui duas dimensões: uma objetiva, qual seja, a universalidade da cobertura, referida a situações de necessidade, relacionadas com todas as contingências da vida, podendo ser compreendida como o elenco de prestações disponíveis; e outra subjetiva, relacionada com a universalidade do atendimento, e que diz respeito aos sujeitos protegidos, no sentido de que todas as pessoas são credoras de proteção social.

b. Do Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais: Em sintonia com o art. 7º, da Constituição, este princípio, desdobramento do princípio da igualdade, garante às populações urbanas e rurais cobertura para as mesmas contingências (uniformidade), as quais não serão necessariamente iguais, porém equivalentes, dependendo do tempo de contribuição, sexo, idade, entre outras variáveis (equivalência). Tal princípio veio corrigir a discriminação anteriormente feita ao rurícola, especialmente a partir da Lei n. 8.213/91, tanto que a denominação atribuída ao sistema por ela instituído é "Regime Geral de Previdência social".

c. Do Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços: A seletividade está ligada à escolha das prestações que serão feitas de acordo com as possibilidades econômico-financeiras do sistema da Seguridade Social. Já a distributividade relaciona-se com o ideal de justiça social, visto que o sistema visa à redução das desigualdades sociais e econômicas, mediante política de redistribuição de renda.

d. Da irredutibilidade dos benefícios: Tal princípio visa a assegurar que o valor nominal dos benefícios concedidos aos beneficiários da Previdência ou da Assistência Social seja preservado, tal como, paralelamente, é garantida a irredutibilidade dos vencimentos aos empregados e dos subsídios dos servidores públicos (arts. 7º, 37, XV, 95, III, CF/88, e 468, CLT). O mesmo está fortalecido no comando do § 4º, do art. 201, da Carta Política, o qual, todavia, remete o critério de reajustamento à lei ordinária. De forma que, caso esta "não adote métodos ou índices para se verificar a variação real da inflação, haverá perdas ao segurado, mas esse critério não poderá ser acoimado de inconstitucional". Esse tem sido o entendimento do STF.

Regimes básicos: Regimes complementares:

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7. Do benefício social: Lei 8743/93Pressupostos:

a. Idade mínima: 65 anos;b. Renda familiar per capta: Inferior a R$ 181,00 (1/4 do salário mínimo);c. Não filiação a previdência e não recebedor de qualquer benefício

previdenciário;

Intransferível, não gera direito à pensão por herdeiros ou sucessores, nem ao 13º salário anual.

8. Salário-Doença: Benefício assegurado ao trabalhador que, após cumprir carência (há exceções), de ficar incapaz ao trabalho (temporário/definitivo) em razão de enfermidade por mais de 15 dias consecutivos.

Exceções à carência: Comprovação por perícia médica (INSS)Tuberculose ativa;Hanseníase;Neoplasia maligna;Cegueira;Paralisia irreversível e incapacitante;

Cardiopatia grave;Mal de Parkinson;Espondiloartrose anquilosante;Nefrologia grave;

Doença de Paget;Osteire deformante (estágio avançado);SIDA;Contaminação por radiação (laudo médico).

Pagamento: É devido ao segurado a partir do 16º dia de afastamento, dentro ou fora da atividade profissional.

9. Da perda da qualidade de segurado: Ausência de contribuição por mais de 12 meses, entretanto quanto ao auxílio-doença. Para readquirir o direito deve-se pagar 1/3 da carência (corridos) da contribuição. Ou seja, o trabalhador deverá contribuir com mais 4 pagamentos que, somados aos anteriores totalizarão “novos 12” para ter acesso ao benefício.a. 12 meses sem contribuição após 12 contribuindo: Faz jus ao direito do benefício

no período não contributivo;b. 10 anos contribuindo ou +: Faz jus ao direito do benefício por até 2 anos pós

paralisação da contribuição;c. Para casos de seguro desemprego ou inscrição no SINE: Faz jus a mais 12 meses

do benefício.

Importante: A doença pré-existente não dá acesso ao benefício do auxílio-doença: A base está no fato desta ter o condão de gerar a lesão que daria direito ao benefício.

Da renovação: Através de exame médico periódico e participação no programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena da suspensão deste.

Início do pagamento:

a. 16º dia de afastamento aos empregados;b. a partir da data da incapacidade ou;c. a partir da data de entrada do requerimento junto à Previdência Social.

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FICHAMENTO DA OBRA: O HOMEN DE RUA

Marques, André Luiz. O homem de Rua: Aspectos jurídicos e sociais. São Paulo: Quartier Latin: 2008. 180 pag.

Introdução. A obra discorre sobre a situação de um idoso (67 anos) de nome Manoel Menezes da Silva, o qual, por determinação do Secretário de Assistência e Desenvolvimento Social foi internado no Hospital Psiquiátrico de São Paulo, sob alegação de insanidade. Entretanto, em matéria veiculado na FOLHA, Laura Capriglione, jornalista apresenta uma visão diferente da sociedade, crivada de testemunhos que apresentam Manoel como um cidadão pacífico e comedido contrariando a alegação do Secretário que afirmava que este “fedia a urina”. Sem informar se outro fora internado sob os mesmos pressupostos, o desconhecimento da existência de familiares impedia que as informações médicas fossem trazidas a público. O questionamento da medida de internação compulsória foi amplamente questionado pelo autor tendo cerceado direitos fundamentais garantidos constitucionalmente.

Capítulo 1. A temática da obra gira em torno da indagação sobre a falência (ou não!), da política pública no que tange aos direito humanos levantando questionamentos sobre causam que levam um cidadão à condição de morador de rua e da eficácia da ação pública sobre este numa abordagem imperativamente científica. Apresentado como tema pertinente a disciplina de Direito Previdenciário, tem seu liame atrelado aos Direitos Humanos visto o primeiro ser uma extensão positivada do segundo, historicamente falando. Os pressupostos da abordagem iniciam-se pelo viés da ajuda humanitária, onde o aprendizado (pela convivência) com os grupos analisados permitem um aprofundamento de situações fáticas que culminam numa melhor ajuste e aplicação de políticas públicas, sendo que a principal indagação repousa no que tange ao não funcionamento do programa protetivo do Estado no caso em óbice apresentando críticas e apresentando alternativas viáveis sem, entretanto subestimar as conquistas do sistema previdenciário pátrio. O capítulo encerra questionando a violação declarada de direitos do Homem de Rua, ferindo de pronto os direito humanos, por praticamente todo o arcabouço jurídico pátrio sem deixar de expor a viabilidade dos organismos criados que blindam o homem a tal submissão, numa proposta de agregar rumos à necessidade urgente de saneamento de uma situação que necessita claramente de um repensamento.

Capítulo 2. Conforme já discorrido na introdução, a internação de Manoel é objeto de estudo deste capítulo. Levada a público pela jornalista que, é amparada pela declaração de Elizabeth Arouca, diretora do Sindicato dos Psicólogos de SP que afirma ser objetivo do manicômio, desde sua fundação – eliminar os “detritos da civilização dentro de uma matriz higienista”, limpando das ruas os excluídos. O “habeas corpus”, medida cabível contra o abuso de poder no que tange ao cerceamento do direito de locomoção, amparado constitucionalmente em seu artigo 5º, LXVIII, e regulado pelos artigos 647 e 648 do CPP expondo que o senhor secretário, na condição de legítimo representante do Estado ultrapassou a intenção legislativa, dada a ação com base num pressuposto pessoal e particular denegrindo assim o uso da máquina pública e, fazendo do Estado um algoz ao invés de protetor dos direitos do cidadão. O MP, de forma ágil, em rápida diligência a instituição de pronto acompanhou a “alta do paciente” que após ser conduzido ao abrigo municipal, pouco tempo depois voltou ao

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endereço de origem. A promotoria, com base nos artigo 129 , I e II/CF abriu investigação a fim de apurar os fatos sendo intimado o sr. secretário a prestar declarações da internação involuntária sem a devida comunicação ao MP. A apuração, recheada de “estranhezas” denota pela confirmação da internação involuntária, consubstanciada por uma série de fatores erroneamente conduzidos e, para espanto do promotor da conversão em voluntária no Instituto Pinel, mediante assinatura do termo de consentimento por Manoel. Arquivado o inquérito pelo MP, tal medida referendou a ação do Estado, que não incorreu em ocasiões posteriores. Após sucessivas tentativas de instauração do inquérito, este, em março de 2006 manifestou frutífero passando a fase instrutória.

Capítulo 3. O artigo 203/CF manifesta os pressupostos para acolhimento à proteção social do Estado. Manoel faz jus à mesma, segundo inciso V do referido artigo. Por ser idoso (67 anos) e ter situação econômica indicativa a hipossuficiência sendo que, os recursos deverão ser custeados por meio do Orçamento de Seguridade Social, previsto no artigo 195/CF, somado à fontes de cunho estadual e municipal. A LOAS, Lei Orgânica da Assistência Social, influenciada por leis oriunda da Inglaterra e França previa o custeamento de 01 salário a título assistencial e, portanto, intransmissível aos que a ela se enquadrassem. Sistemas normativos que antecederam a lei 8.742/93 apresentaram a mudança de visão tanto legislativa quanto da sociedade pátria no que tange a qual em sua primeira tentativa de aprovação não logrou frutos, sendo vetada por Fernando Collor que seguia a linha neoliberal vigente no mundo ocidental. Assim, mesmo com a aprovação de leis como a “da pessoa portadora de deficiência”; da “lei orgânica de saúde”, somadas aos estatutos “da criança e do adolescente” e de iniciativas estatais como a criação do SUS, somente em abril de 91 com a aprovação do Programa de Renda de Garantia Mínima, recheada de alterações em sua proposta inicial serviu de marco jurídico para que o paradigma mudasse. Este princípio de mínimo existencial trouxe uma nova percepção ao país onde a indiferença e a bestialização das situações que incorrem a nosso povo não mais deveriam ser desprezadas. Assim, a regra matriz de incidência da LOAS apresenta-se por sua natureza jurídica, assistencial, onde os elementos materiais circundam inciialmente entre 67 anos de idade mínima (hoje 65 anos) carência econômica (1/4 do mínimo) e incapacitação para o trabalho. Aplicado somente aos residentes no país (elemento espacial) e revisto a cada 2 anos (elemento temporal). Tais pressupostos ainda carecem segundo o Judiciário de maior reflexão doutrinária em face da enormidade de decisões contraditórias. A crítica ao sistema previdenciário pátrio dá-se por fato deste atuar ainda num sistema de Estado Providência sendo que a Constituição impõe um caminhar muito além de prover isso ou aquilo quando debates sobre a descentralização do sistema bem como um controle melhor elaborado dos beneficiários (entidades e pessoas) trariam maior efetividade que a vigente. O viés trabalhista, por intermédio do contrato laboral determina quem “está apto” a usufruir do sistema previdenciário ou não no universo capitalista. Aflora a indagação quanto ao método de distribuição do benefício sem o detrimento da oportunidade (instrução e aperfeiçoamento) no mercado de trabalho. Este exemplo aponta o critério errôneo adotado pelo Estado onde a condição sine qua non não está mais amparado numa relação de direitos mas, migra para a da necessidade do cidadão, no qual absurdos servem de parâmetro para o ingresso (ou não!) nos programas ofertados. Em suma, ser portador de algo ou necessitado disto ou daquilo priva o brasileiro de ofertar melhorias reais às gerações futuras. Tal situação infla em situação de não-direito e não-política, onde currais e cartéis eleitoral são beneficiados

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pelos subsídios estatais em detrimento a uma melhor aplicabilidade. A carência e a pobreza servem não de alarme que algo está errado, mas sim para referendar uma meia sola numa situação que necessita não somente um novo calçado e sim uma nova postura no caminhar.

Estruturar de fato o Ministério da Assistência Social, referendando um Projeto-Brasil-Assistencial seria o primeiro passo para o quebra do paradigma vigente. Posteriormente, novos serviços de cobertura, abarcados num único sistema permitiriam a continuidade dos serviços de forma organizada, resultando numa eficiência mais tangível por meio de um pacto federativo, onde a vigilância de riscos e vulnerabilidade seriam atributos de um novo SUDPAS (Sistema Único Descentralizado e Participativo de Assistência Social). Comparada a construção de uma morada, o autor referencia cada etapa de adequação da nova visão, agora sob a ótica do amparo constitucional. Neste sentido, a vontade de Constituição manifestamente faz-se urgente, demonstrando uma nova postura ao tema debatido, libertando-se do prisma inconclusivo para uma presença forte, real e estruturada do Estado Brasileiro ao gerir tais políticas. Irromper com o modelo vigente, atrelado à noção residual de pobreza impede o acesso à cidadania de fato. Retornando ao caso analisado na obra, percebeu-se que Manoel tinha trabalhado por mais de 10 anos como rural situação esta que, somada ao período urbano (desde que provada) permitiria sua aposentadoria. Pelos princípios previdenciários (ver matéria) verifica-se que, ainda hoje bases de cálculo e critérios são diferenciadas ferindo de pronto o princípio da universalidade. No que tange ao ator principal da obra, houve uma evasão dupla do Estado ao negar-lhe o benefício da aposentadoria e por meio dos agentes sociais que deveriam pleitear por ele o benefício assistencial. Isso se dá por uma interpretação torpe de uma fração mínima da sociedade (poderosa) pela qual reflete o inquérito policial onde o senhor secretário figura como autor quando deveria por certo figurar em outro polo.

Capítulo 4. Ações estatais deram a partida para uma evolução gradativa da Assistência Social nacional. Em 2003 foi criado o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) cujo objetivo maior era o de estabelecer políticas de ação conjunta entre os 3 entes. Em 2004 foi criado o Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome visando a coordenação de boa parte dos programas assistenciais federais bem como regular/aprovar orçamentos de dos Serviços Sociais em âmbito nacional. Políticas de coronelismo e protecionismo foram coibidas por meio do Decreto 5.550/2005 universalizando as normas integrando as frentes do direito à renda, da segurança alimentar e da assistência social. Tais ações lamentavelmente não reduziram os vícios que persistem em manterem-se presentes nos anais administrativos. A prefeitura paulistana por meio da Lei 12.316/97 foi precursora na criação de leis visando a proteção dos moradores de rua buscando nas ONG’s convênios e parcerias para sua efetivação, as quais foram descartadas pelos agentes municipais no caso Manoel. Posteriormente, o Congresso Nacional por meio da Lei Complementar 111/2001 criou o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza reiterando a EC n. 31/2000. No que tange a proteção de garantias fundamentais, o “habeas data” (Lei 9.494/2007) e a Tutela Antecipada perante a Fazenda Pública garantem a Assistência Social a opção de impetrar por mandado de segurança ou Ação Civil pública a garantia/proteção de direitos (individuais/coletivos). A participação popular através de Fóruns e debates públicos foi decisiva para a criação do COMAS – conselho Municipal de Assistência Social paulistano em 1994. Tal imposição popular resultou na edição de decretos que culminaram no cumprimento por seu Conselho de todas as diretrizes estipuladas na LOAS. Lamentavelmente, a violação de direitos humanos no caso exposto pelo

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autor trás à tona a possibilidade do Brasil sofrer nova representação junto às Cortes Internacionais de Direitos Humanos, as quais resultam em pesadas sanções de ordem pecuniária como no caso Damião Ximenes. Tal disposto atenta para o falta de um estudo diferenciado equacionando o perfil do morador de rua brasileiro, o qual pode dar uma visão mais científica sobre o tema abordado. A título de exemplo, os recém-deslocados tentam a todo custo voltar a condição anterior motivados por uma não aceitação declarada da situação vigente os quais seriam objeto de programas de reintegração já conhecidos enquanto o esforço maior seria concentrado junto a andarilhos, mendigos e doentes mentais. Projetos da prefeitura de São Paulo concentram ações que servem de parâmetro para projetos em demais localidades. A inclusão social certamente está em uma de suas principais preocupações tendo em vista a criação de micro normas e programas de transferência de renda que, somados aos programas federais já existentes permitem uma composição de renda que provém uma “renda mínima” ao beneficiário. Já o benefício da prestação continuada tem amparo na CF/88, não contributivo e por isso, não gera aposentadoria ou pensão causa mortis. Financiado pelo FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social é operado pelo INSS é destinado a pessoas com 65 anos ou mais (com ou sem deficiência) com renda per capta inferior a 1/3 do mínimo e que comprovem não possuir meios de subsistência (Art. 20/LOAS), sendo revisto a cada 2 anos. A cerne de todos os programas criados: Bolsa Família, Renda Mínima e Renda Cidadã giram em torno de 3 parâmetros de interesse público. Erradicação de doenças por meio de campanhas de vacinação, manutenção de crianças nas escolas e minimizar o risco social das famílias. Apesar dos progressos conquistados pelas ações, o maior desafio está na ruptura com o pensamento vigente, onde a visão meramente macroeconômica deveria ser minimizada comparada ao princípio da solidariedade manifesto desde a Revolução Francesa.

Capítulo 5. O Direito Internacional apresenta o Brasil como uma das nações mais propensas a assinaturas de convenções e tratados quando a temática é sobre Direitos Humanos. No caso Manoel, os artigos 3, 9, 12, 13, I e III; XXIII, I e 3; XXV, I. Acrescem a este os artigos 1º, 5º e 7º da Carta Americana dos Direitos Humanos. Os artigos da CADH violados estão amparados pela mudança de postura das instituições que, deixaram de lado a ideia de higienização social expondo verticalmente o excesso praticado pelos agentes paulistanos. Embora a formalidade infra legis pontasse noutro sentido, a ação, descabida, é análoga ao caso Damião Ximenes em vários aspectos. Ressalta-se que deste resultou a primeira condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde o governo brasileiro reconheceu sua culpa parcial na morte de Damião. As semelhanças iniciam-se da situação de internação involuntária de doente mental, o que incorre em situação de reincidência para o país visto sua condenação já haver transitado em julgado. Entre os pedidos no caso Damião Ximenes encontravam-se: A punição dos infratores, a não repetição de maus tratos aos doentes mentais, o reconhecimento de culpa pelo governo brasileiro somada a indenização pecuniária. Esta decisão aponta a tendência diretiva de supervisão internacional à nação agregada ao Pacto de San José da Costa Rica em casos de violação de DH. Assim, jaz por reincidência tanto sob a guarda metropolitana como pelos agentes da assistência social paulistana e para o Estado Brasileiro as responsabilidades sobre Manoel em decurso das ações tomadas.

Capítulo 6. Os requisitos para representação na CIDH dependem inicialmente de filtragem pela Comissão Interamericana que investiga e/ou oferece parecer à Corte, além de intermediar acordos e representar as vítimas ou legitimados junto a esta. Atua como se fosse um MP

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internacional. Na fase de admissibilidade, a comissão verifica a legitimidade que varia de um indivíduo às ONG’s, os próprios Estados-membros e até a comissão interamericana. Para casos estatais, dependerá de reconhecimento prévio destes da competência da comissão para tanto. A inadmissibilidade será manifesta quando: Houver processo cujo mérito da questão já for objeto de análise em outro processo; a questão ter sido resolvida previamente pela comissão; a representação ser manifestamente infundada. Já a inadmissibilidade: Falta de outorga do vitimado para representação; Se o procedimento não resultar em solução efetiva; não houve esgotamento dos recursos jurídicos do Estado-membro. Por ex.: O caso de um indigente que, por carência econômica e de instrução desconhece os meios para buscar direitos violados. Na fase de exame (probatória) o Estado é comunicado para manifestar informações sobre os fatos fazendo uso de documentos. Quando a situação e de risco de morte, ou de impossibilidade de garantir a integridade física do vitimado, a Comissão solicita rápida resposta estatal por meio de medidas cautelares. Como meios de defesa, o Estado poderá fazer uso de argumentos processuais prévios (como esgotamento de recursos). Os acordos podem ser propostos em qualquer tempo, salvo quando do desaparecimento ou execuções ilegais ocorrem. Uma das grandes dificuldades da comissão está na falta de colaboração dos Estados cerceando suas ações. Por isso os fatos narrados contra o Estado tem presunção de veracidade relativa. Entretanto, depende de confirmação pela mesma comissão de que o DH violado está coberto pela CADH. Embora reconhecido pelo Brasil a Corte não possui poder de império para obrigar nossa ou qualquer outra nação a cumprir as determinações da sentença. Esta deve comunicar à Assembleia Geral da OEA que irá determinar as medidas necessárias a serem tomadas (ex.: sanções econômicas).

Capítulo 7. Dentre as possíveis causas levantadas pelo estudo para a exclusão social, no caso Manoel a condição de pária fica evidenciada em função das ações. Entretanto, o autor percebe a importância de uma classificação para melhor dirimir as ações governo/sociedade no que tange à assistência social. Assim, recém-deslocados, vacilantes, outsider’s, andarilhos, doentes mentais e mendigos são agora qualificados com base psicológica, onde a globalização tem influência determinante quanto ao aumento destes. Numa comparação entre policiais brasileiros e franceses, a pesquisa aponta o “preconceito” quanto aos vícios como álcool como sendo primordiais para uma vivência nas ruas, deixando a exclusão familiar em segundo plano.

Capítulo 8. O autor apresenta inicialmente o processo evolutivo histórico dos DH nas Constituições brasileiras expondo que, estas apenas reproduziam os modelos América/Europa. Apenas em 1988 a consagração formal ocorre. No caso estudado, esta foi violada desde os subempregos que Manoel trabalhou num processo paulatino que se agravava momento a momento. Levanta ainda, questionamentos quanto a Constituição programática e principiológica no que tange a generalização e banalização principiológica que culminam com a ausência do Estado em diversos setores imprescindíveis. Assim, num Estado de modernidade tardia paralisa numa juridicialização deste Estado, que para garantir um “mínimo existencial” depende de institutos processuais do que de uma Agenda Brasil.

Capítulo 9. O direito dos pobres visto pela esfera econômica deve migrar para a esfera solidária. Um vez não ocorrendo tal mudança, busca-se no Judiciário tal garantia.

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Capítulo 10. Aponta como visão econômica denegriu a condição humana permitindo que, o contrato de trabalho incorresse em pressuposto principal em detrimento a solidariedade e a garantia material de direitos. Apresenta o capitalismo como grande culpado para tal condição e, o consumismo como mantenedor desta situação. Isso gera uma barbárie dissimulada que somados à modernidade tardia, imperra a melhor distribuição de renda.