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RESUMO DE VIDA E ATUAÇÃO PASTORAL DO PASTOR HEINRICH EDUARD FALK Preliminar: O Pastor Heinrich Eduard Falk nasceu em 02.07.1842 em Reval (atual Tallinn) na Estônia. Formou-se professor no Seminário Alemão de Reval e trabalhou como tal num estabelecimento para órfãos e surdo-mudos. Ingressou na Casa Missionária de Barmen (Alemanha) em 1864 e recebeu a sua investidura em 16.08.1868 pelo Sínodo da Renânia. Em Barmen recebeu conhecimentos de medicina e odontologia com os quais pode socorrer muitas pessoas nas suas comunidades. Chegou à São Leopoldo em 21 de dezembro de 1868 I. Atuação Pastoral em Agudo – na época Santo Angelo O seu primeiro campo de trabalho foi na Comunidade de Agudo, a qual, na época se chamava Colônia Santo Angelo. Lá ele atuou no periodo de 20 de janeiro 1869 até 23 de setembro de 1871. O Pastor Dr. Borchardt trouxe de São Leopoldo o Pastor Falk como primeiro pastor efetivo desta Comunidade e o empossou em seu ofício em Agudo. É possível que isto já tenha ocorrido no natal de 1868. Estavam aos seus cuidados, além da Comunidade local, mais 3 comunidades entre elas Paraíso e Picada do Rio. Na Alemanha ficou a sua noiva Johanna Friederike Hahl. Ela era natural de Münchingen, na Bavária, onde nasceu em 6 de setembro

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RESUMO DE VIDA E ATUAÇÃO PASTORAL DO PASTOR HEINRICH EDUARD FALK

Preliminar:

O Pastor Heinrich Eduard Falk nasceu em 02.07.1842 em Reval (atual Tallinn) na Estônia.

Formou-se professor no Seminário Alemão de Reval e trabalhou como tal num

estabelecimento para órfãos e surdo-mudos. Ingressou na Casa Missionária de Barmen

(Alemanha) em 1864 e recebeu a sua investidura em 16.08.1868 pelo Sínodo da Renânia. Em

Barmen recebeu conhecimentos de medicina e odontologia com os quais pode socorrer

muitas pessoas nas suas comunidades.

Chegou à São Leopoldo em 21 de dezembro de 1868

I. Atuação Pastoral em Agudo – na época Santo Angelo

O seu primeiro campo de trabalho foi na Comunidade de Agudo, a qual, na época se

chamava Colônia Santo Angelo. Lá ele atuou no periodo de 20 de janeiro 1869 até 23 de

setembro de 1871.

O Pastor Dr. Borchardt trouxe de São Leopoldo o Pastor Falk como primeiro pastor efetivo

desta Comunidade e o empossou em seu ofício em Agudo. É possível que isto já tenha

ocorrido no natal de 1868. Estavam aos seus cuidados, além da Comunidade local, mais 3

comunidades entre elas Paraíso e Picada do Rio. Na Alemanha ficou a sua noiva Johanna

Friederike Hahl. Ela era natural de Münchingen, na Bavária, onde nasceu em 6 de setembro

de 1845. Depois de 1 ano ela veio ao Brasil para casar-se e, tal como Falk, nunca mais voltou

à sua pátria para rever seus familiares.

Conforme carta 03 de 28.03.1871 HEFalk foi buscar a noiva Johanna Friederike Hahl em Rio

Pardo. A distância de Agudo à Rio Pardo, assim escreve ele, era de 20 léguas ou 19 horas de

cavalo. Falk chegou num sábado à tarde, mas a noiva não estava no vapor. Ficou em Rio

Pardo até o sábado seguinte, mas de novo ela não chegou.

Então enviou um telegrama à Porto Alegre, onde a noiva estava hospedada na casa do

Pastor Kleingünther, dizendo que estava esperando por ela desde sábado à tarde em Rio

Pardo. Por causa das despesas com hospedagem decidiu ir até Santa Cruz do Sul hospedar-se

na casa do Pastor Bergfried. Depois de esperar 8 dias tomou uma carroça de volta à Rio

Pardo e chegou um dia atrasado, depois da chegada do vapor, mas finalmente com a noiva à

bordo.

Depois de acomodar toda a bagagem na carroça, puxada por 4 cavalos, voltaram para Santa

Cruz do Sul. Lá se casaram no dia 30 de janeiro de 1871, com celebração pelo Pastor

Bergfried, e ainda ficaram por lá 4 dias. A igreja e a casa pastoral estavam decoradas com

palmeiras, flores e guirlandas. Na recepção havia muita cerveja, vinho e até champanhe.

Na viagem de volta abasteceram-se com muita comida e vinho e chegaram em casa, em

Agudo, na noite da sexta-feira dia 3 de fevereiro de 1871.

Conforme carta 05 de Johanna, escrita aos seus pais e irmãos em 29.08.1871, os membros

eram “malvados e brigões e queriam que o seu pastor fizesse o que eles queriam, o que ele

não tolerava e eles, então, não pagavam o seu salário e também não faziam outros favores”.

Havia muita “tentação e brigas”, nas quais, Falk servia como mediador o que lhe trouxe

muito desgosto. A “Comunidade estava construída como um mercadinho, entre duas

tavernas, e era impossível dormir domingos de noite por causa das brigas, porque ali não há

baile sem briga”. Uma vez chegou a ser assaltado na igreja durante o sermão. Aborrecido

Falk fez as malas e deixou aquela comunidade em 8 dias.

Quando resolveram mudar para São Leopoldo a comunidade ficou surpresa, apesar de ter

levado “todo inverno para achar dinheiro e pagar nosso salário, permitiram que vivêssemos

em uma cabana com paredes cheias de frestas, onde soprava o vento com tanta força que

quase voávamos fora da cama, onde a chuva entrava pelo telhado por uma goteira

incessante: bem que eles poderiam ter terminado a casa, nem precisavam de dinheiro para

isso, só um pouco de boa vontade e mão de obra” (carta 05 de 29.08.1871).

Em carta (33) de 10.10.1871 dirigida pelo Pastor Falk ao colega Pastor Hunsche ele dizia: “O

que aconteceu conosco em Santo Ângelo tu, certamente, tomaste conhecimento através do

teu cunhado” e adiante na mesma carta: “Nos últimos tempos eu tive muitas despesas, -

além do que ainda tenho em haver da minha comunidade 176$000 em salários o que eu,

provavelmente, posso esquecer”.

Em visita à comunidade de

Agudo em 28 de janeiro de

2014, pude checar algumas

destas informações. Regina

Siegrid Brauer, do Instituto

Cultural Brasil Alemanha, filha

do Pastor Richard Rudolf

Brauer que foi Pastor em

Agudo por 57 anos, de 1937 à

1994, contou-me que também

o seu pai confirmava a

malvadeza de alguns

membros. Ela me contou que

quando iniciava o culto eles

sentavam sobre as mesas e começavam a fumar e dar risadas. A precária “casa pastoral” em

que morou o P. Falk e sua esposa não passava de um galpão cheio de frestas na parede e no

assoalho e que por elas, uma noite destas, inclusive, subiu uma cobra. Este galpão ficava no

local onde hoje está a secretaria da Comunidade (casa no centro da foto) que, por sua vez,

ocupa as dependência da ex-casa pastoral. A casa pastoral atual fica no lado direito, pouco

mais à frente. No início, os cultos se realizavam no moinho de August Pötter. O templo que

foi construído no período de atuação do bisavô ficava na frente da propriedade ao lado

(onde está a palmeira) que hoje pertence à família do Pastor Brauer. O templo atual se

localiza no alto da rua que fica em frente.

II. Atuação Pastoral em São Leopoldo

O Pastor Falk esteve em São Leopoldo por alguns meses, entre meados de 1871 e início de

1872. A sua esposa Johanna escreve que um dos motivos para a mudança para São Leopoldo

é que “estou para dar à luz o nosso primeiro filho... e na selva não há médico nem parteira”

(carta 05 de 29.08.1871). Inicialmente moraram com o Pastor Wegel, o qual, Falk substituiu

pelo período de 10 meses por motivo de doença. Em carta (33) datada de 10.10.1871 ele

escreve que “atualmente eu trabalho como professor e tenho o suficiente para fazer com 70

crianças”.

Heinrich Eduard Falk foi um dos fundadores do Sinodo Riograndense e está presente na foto

dos fundadores (o último da direita na terceira fileira), sendo o orador oficial no congresso

de sua fundação em 19.05.1896.

III. Atuação Pastoral em Santa Cruz do Sul

Em princípios do ano de 1872 o P. Falk assumiu a comunidade de Santa Cruz do Sul. Ali ele só

tinha um lugar de pregação, mas também lecionava durante a semana. Moravam “numa

casa muito confortável, com 5 quartos, cozinha, porão e varanda” (carta 07 de 09.10.1875).

Em carta (09) datada de 10.09.1877 Johanna escreve à sua irmã Marie e ao seu pai que “foi

muito difícil deixar a comunidade de Santa Cruz, pois, eles não queriam que partíssemos” e

adiante que “nós haviamos decidido que uma comunidade rural, quieta e na fazenda seria

ideal para nós”.

IV. Atuação Pastoral em Ferraz

No ano de 1873 Falk era pastor em Santa Cruz do Sul e, de lá, emergencialmente, atendia a

Comunidade de Ferraz para a qual se transferiu em 15 de junho de 1877. “A comunidade fez

a mudança chegando com carroças e cavalos” (carta 09 de 10.09.1877).

No tempo da vacância de Santa Cruz do Sul Falk atendeu a comunidade a partir de Ferraz

que “fica a umas 5 horas daqui por uma estrada mal-cuidada” – (carta 09)

Em carta de 20.07.1880 dirigida à cunhada Theresa a esposa do Pastor Falk escreve que “não

estamos mais no mesmo lugar, mas nos mudamos à Colônia Ferraz que fica algumas horas

mais distante”. Nesta Comunidade Falk serviu até o ano de 1886.

No dia 27 de janeiro de 2014, em visita à Ferraz que hoje faz parte do município de Vera

Cruz, encontrei-me com o sr. Armindo Schmidt que me forneceu informações preciosas e

fotografias históricas. Quando Falk assumiu esta comunidade já existia uma confortável casa

pastoral (vide foto

ao lado), construída

em 1865, a qual,

também servia como

escola e igreja. Esta

casa foi demolida em

1952. Os pais de

Armindo compraram

as portas internas

desta casa que

colocaram na casa

que construíram em

sua propriedade. Foi emocionante tocar e me fotografar diante desta porta (vide foto) pela

qual entraram e saíram meus bisavós. Conforme minha bisavó escreve, as portas,

originalmente, eram verdes. Armindo confirmou que foram repintadas de marrom por seus

pais.

Também já existia a primeira igreja, ainda sem torre, construída no ano de 1872. Na foto o

altar e o púlpito da igreja em que o P. Falk pregou durante 10 anos. Todas as paredes

internas tinham pinturas dos doze apóstolos. Lamentavelmente esta igreja foi demolida no

ano de 1973. Os sinos foram transferidos para a torre da igreja nova.

V. Atuação Pastoral em Vera Cruz – na época Vila Tereza

1. Período de Atuação: 1886 – 02.1890

Desde 1876 o P. Falk atendia, a partir de Santa Cruz do Sul e Ferraz, a Comunidade de Vila

Tereza que hoje se chama Vera Cruz para a qual se transferiu em 1886.

Johanna escreve ao irmão Fritz (Carta 16 de 05.12.1886): “Agora moramos na cidadezinha de

Vila Tereza. Meu marido tinha sido pastor desta Comunidade e de Ferraz, mas agora eles

cresceram tanto e é uma Comunidade tão grande que achamos melhor deixar a selva por

causa das crianças”.

Além da Comunidade local ele atendia Bom Jesus, Karlsruhe (hoje entrada Ferraz), Entre

Rios, Sitio, Rio Pardense e Trombudo. Conforme informação da secretária da Comunidade,

em 28 de janeiro de 2014 a casa pastoral antiga que não existe mais ficava atrás do cemitério

onde hoje há uma fumageira.

VI. Atuação Pastoral em Conventos

1. Período de Atuação: 1891 – 1899

a) Cf. carta 17 em 25.01.1891 já estavam em Conventos

b) Carta de 10.09.1891: “Este Natal será um de muita felicidade, pois teremos o privilégio de

ter os 9 filhos em casa ao mesmo tempo e te admirarias de ver o seu tamanho, todos mais

altos e fortes do que nós”. (Ernst havia voltado da Alemanha depois de 5 anos e meio

estudando no Johanneum em Gütersloh; Fritz com 19 anos morava em Porto Alegre...)

c) Foi um dos fundadores do Asylo Pella, atual Associação Beneficente Pella e Bethânia de

Taquari – RS em 1892. Inicialmente era um orfanato com o nome de Asylo Pella. Ele

preparou o terreno para tal empreendimento inserindo no diário “Koseritzsche Zeitung”, a

partir do ano de 1885, uma série de artigos.

VII. Atuação Pastoral em Feliz

1. Período de Atuação: 03.09.1899 – 1919

2. Johanna Friederike Falk faleceu no dia 03 de agosto de 1906

3. No dia 16 de agosto de 1918 Heinrich Eduard Falk comemorou seu jubileu de ouro como

pastor e entrou no gozo de sua aposentadoria.

4. Nos seus últimos cinco anos de vida viveu na casa de sua filha Johanna Klingbeil em Alto

Feliz.

5. Faleceu no dia 15 de julho de 1923 e foi enterrado no cemitério da Comunidade ao lado da

sua esposa.

6. Nas lápides constava a inscrição:

Hier ruht in Gott

Pfarrer Heinrich Eduard Falk

Geb. am 2. Juli 1842 in Reval

Gest. 15. Juli 1923

„Gedenket an eure Lehrer, die euch das Wort Gottes gesagt haben; ihr Ende schauet an euch

und folget ihrem Glauben nach“. Hebr. 13,7

Hier ruht in Gott

Frau Pfarrer Johanna Falk geb. Hahl

Geb. am 6. September 1845

Gest. am 3. August 1906

„Sei getreu bis an den Tod, so will ich dir die Krone des Lebens geben“. Offb. 2,10

Obs.: Por um descuido Mariana Mendonça Falk , esposa de Gastão Alexandre Falk, ao lavar a

sepultura com um produto químico acabou apagando a inscrição.