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DIREITO CIVIL IV 1 [email protected] 1. RESPONSABILIDADE CIVIL 1.1 DEVER JURÍDICO A consequência da pratica do ato ilícito, gera a OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO (que se resolve em perdas e danos). Qual é o principal objetivo da ordem jurídica?? R.: PROTEGER O LÍCITO E REPRIMIR O ILICITO. O que é Responsabilidade?? R.: É a obrigação que alguém tem, de assumir as consequências jurídicas de sua atividade. Obrigação essa, derivada em função da ocorrência de um fato jurídico lato sensu. A Responsabilidade civil encontra respaldo no ordenamento jurídico pelo principio da “proibição de ofender” – neminem ladere, de Ulpiano. Responsabilidade Civil Responsabilidade Penal Restauração do status quo ante Repressão pública Pagamento em dinheiro (interessado é o lesado) Penas restritivas, privativas e multa; 1.1.2. Conceito e Função Obrigar o causador do dano a repara-lo; Sentimento de justiça; Equilíbrio jurídico entre o agente e a vitima; Restabelecer o equilíbrio status quo ante;

Resumo Direito Civil IV

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Resumo aula Direito Civil; Responsabilidade.

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1. RESPONSABILIDADE CIVIL

1.1 DEVER JURÍDICO

A consequência da pratica do ato ilícito, gera a OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO (que se resolve em perdas e danos).

Qual é o principal objetivo da ordem jurídica??

R.: PROTEGER O LÍCITO E REPRIMIR O ILICITO.

O que é Responsabilidade??

R.: É a obrigação que alguém tem, de assumir as consequências jurídicas de sua atividade. Obrigação essa, derivada em função da ocorrência de um fato jurídico lato sensu.

A Responsabilidade civil encontra respaldo no ordenamento jurídico pelo principio da “proibição de ofender” – neminem ladere, de Ulpiano.

Responsabilidade Civil Responsabilidade Penal

Restauração do status quo ante Repressão pública

Pagamento em dinheiro (interessado é o lesado)

Penas restritivas, privativas e multa;

1.1.2. Conceito e Função

• Obrigar o causador do dano a repara-lo;

• Sentimento de justiça;

• Equilíbrio jurídico entre o agente e a vitima;

• Restabelecer o equilíbrio status quo ante;

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“Deriva da agressão ao interesse particular sujeitando ao

infrator o pagamento de uma compensação pecuniária a

vitima, caso não possa repor in natura o estado anterior de

coisas.” (Pablo Stolze)

1.2. ATOS ILICITOS

• É o fato GERADOR da responsabilidade.

• Elemento básico da responsabilidade é o fato do agente, um fato, dominável

ou controlável pela vontade, um comportamento da conduta humana, pois só

quando há fatos dessa índole, tem se o cabimento da ideia de ilicitude. O

requisito da culpa é a obrigação de reparar o dano.

• É a conduta humana violadora da ordem jurídica.

DANO + LESÃO = ATO ILICITO

ELEMENTOS:

• CONDUTA – sempre humana

• ANTIJURIDICIDADE – ação proibida pelas normas jurídicas

• IMPUTABILIDADE – responsabilidade do agente

• CULPA – elemento subjetivo – animus do agente. Abrange o Dolo e a

Culpa.

Dolo = vontade intencional;

Culpa = não há proposito deliberado; (negligência, imprudência, imperícia);

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Penal Civil

Conduta que se enquadra em um tipo de crime

Conduta que descumpre dever contratual* ou extracontratual**

*Contratual = quando ocorre o inadimplemento da obrigação, previsto no contrato. Norma violada foi anteriormente fixada pelas partes.

**Extracontratual = violação direta de uma norma legal.

1.3. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL

Art. 389. Não cumprida à obrigação, responde o devedor por perdas e danos,

mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente

estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o

dia em que executou o ato de que se devia abster.

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do

devedor.

Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a

quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos

contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções

previstas em lei.

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou

força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato

necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais

juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente

estabelecidos, e honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este

poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.

Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este

em mora.

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Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,

constitui de pleno direito em mora o devedor.

Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação

judicial ou extrajudicial.

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em

mora, desde que o praticou.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação,

embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes

ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano

sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade

pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas

em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao

devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da

sua efetivação.

Art. 401. Purga-se a mora:

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos

prejuízos decorrentes do dia da oferta;

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-

se aos efeitos da mora até a mesma data.

O que é responsabilidade contratual???

É quando preexiste um vinculo obrigacional, e o dever de indenizar é CONSEQUENCIA do inadimplemento.

• Acarreta a indenização por perdas e danos;

1.4. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,

excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,

pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito

reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de

remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as

circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do

indispensável para a remoção do perigo.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente

desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos

de outrem.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele

responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios

suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa,

não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele

dependem.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188,

não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo

que sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de

terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância

que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se

causou o dano (art. 188, inciso I).

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O dever de indenizar surge em virtude de LESÃO A DIREITO

OBJETIVO, sem que entre o ofensor e a vitima preexista qualquer relação

jurídica que o possibilite, também chamada de ilícito AQUILIANO.

1.5. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA

REQUISITOS:

a) CONDUTA CULPOSA (culpa simples* ou dolo) - AÇÃO/ OMISSÃO

b) DANO PATRIMONIAL OU EXTRAPATRIMONIAL – DANO

c) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA CULPOSA DO DEVEDOR E O DANO DO CREDOR – NEXO

d) CULPA

*Simples: Negligência, Imprudência, Imperícia;

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente

moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos. 186 e 187), causar dano a outrem,

fica obrigado a repará-lo.

1.6. RESPONSABILIDADE OBJETIVA

REQUISITOS

a) DANO PATRIMONIAL OU EXTRAPATRIMONIAL - DANO

b) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO DEVEDOR E O DANO DO CREDOR - NEXO

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• Fundada na Teoria do Risco

Toda atividade ou produto colocado em funcionamento gera um risco para os indivíduos, devendo assumir e responder pelos danos objetivos causados, independentemente de determinar se em cada caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência ou a um erro de conduta. Pode-se dizer a teoria do risco criado.

Art. 927

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.

2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A) CONDUTA HUMANA – positiva ou negativa

B) DANO OU PREJUÍZO

C) NEXO DE CAUSALIDADE *CULPA

2.1. CULPA

• Em sentido lato – compreendo o Dolo;

A culpa NÃO é elemento ESSENCIAL da responsabilidade civil.

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CLASSIFICAÇÃO:

a) Quanto a ORIGEM:

a.1) CONTRATUAL: ocorre nos casos de desrespeito a uma norma contratual ou a um dever anexo relacionado a boa fé objetiva.

a.2) AQUILIANA ( EXTRACONTRATUAL): é resultado de uma violação de um dever fundado em norma, do ordenamento jurídico ou de um abuso de direito;

b) Quanto a ATUAÇÃO DO AGENTE: b.1) IN COMITTENDO: está relacionada com a imprudência ou imperícia, ou seja, com uma ação ou comissão b.2) IN OMITTENDO: está relacionada a negligência, ou seja, a omissão.

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c) Quanto a PRESUNÇÃO:

c.1) IN VIGILANDO: é a quebra do dever legal de vigilância c.2) IN ELEGENDO: decorre da escolha ou eleição feita pela pessoa a ser responsabilizada c.3) IN CUSTODIENDO: a presunção da culpa decorre da falta de cuidado em se guardar uma coisa ou animal.

d) Quanto ao GRAU DE CULPA:

d.1) LATA OU GRAVE: há uma imprudência, imperícia, ou negligencia crassa (absurda). O efeito é o mesmo do dolo. O ofensor deverá pagar a indenização integral;

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

d.2) LEVE OU MEDIA: quando a conduta se desenvolve sem a atenção normal devida.

Art. 944

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre

a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,

equitativamente, a indenização.

d.3) LEVÍSSIMA: situação em que o fato só teria sido evitado mediante aplicação de cautelar extraordinárias ou de especial habilidade.

Art. 944

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre

a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,

equitativamente, a indenização.

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TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:

Pela qual o valor da indenização deve ser adequado as condutas dos

envolvidos, principalmente a conduta do agente ofensor.

2.2. DOLO

• Constitui uma violação intencional do dever jurídico com o objetivo de

prejudicar alguém.

• Trata-se de ação/omissão voluntária.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Havendo dolo = pagar indenização INTEGRAL.

CONDUTA HUMANA X ILICITUDE

• Para que haja a imposição do dever de indenizar a referida conduta humana,

com atuação lesiva deve ser contrária ao direito, ilícita ou antijurídica.

• Poderá existir dever de indenizar, mesmo quando o agente atua LICITAMENTE.

Ex.: tampinha da coca-cola; Indenização por desapropriação.

REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL

• Todo dano deve ser indenizável ainda que não seja possível retornar ao

status quo ante, pois se fixará uma quantia em dinheiro para compensar.

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1) VIOLAÇÃO DE UM INTERESSE JURIDICO (patrimonial ou extrapatrimonial)

2) CERTEZA DO DANO (perda da chance pode ser indenizada Ex.: cavalo de corrida)

3) SUBSISTENCIA DO DANO (dano já reparado = perde-se interesse da responsabilidade)

ESPECIES DE DANO

PATRIMONIAL (Material):

Lesão a bens e direitos economicamente apreciáveis do seu titular.

a) Emergentes: efetivo prejuízo experimentado pela vitima b) Lucros cessantes: aquilo que deixou de lucrar por força do dano;

EXTRAPATRIMONIAL (Moral):

Não possui conteúdo pecuniário;

Ex.: direitos da personalidade (vida, integridade física...)

DANO MORAL

Conceito:

• Consiste na lesão de direito cujo conteúdo não é pecuniário; é subjetivo.

Previsto não somente na C.F., como no C.C. e em outras legislações!

QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL:

DANO MATERIAL: recompor patrimônio lesado;

DANO MORAL: não existem critérios;

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Obs.: Não existe uma tabela com indenizações pré-fixadas. O critério utilizado é unicamente a subjetividade do juiz.

• Provada a existência de fato que normalmente ofende a pessoa em seu

âmago, presume-se o dano moral.

• Mede-se pela extensão do dano; circunstancias do caso; gravidade do dano;

situação do ofensor; condição do lesado; sancionamento do lesado.

VALOR DO DANO MORAL

• SÚMULA 409 STF:

“A PENSÃO, CORRESPONDENTE À INDENIZAÇÃO ORIUNDA DA RESPONSABILIDADE CIVIL, DEVE SER CALCULADA COM BASE NO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE AO TEMPO DA SENTENÇA E AJUSTAR-SE-Á ÀS VARIAÇÕES ULTERIORES.”

• Neste caso não cabe correção monetária.

3. CAUSAS EXCLUDENTES DE CAUSALIDADE

• Matérias de defesa para afastar o nexo de causalidade;

• Nexo causal = liame que une a conduta do agente (positiva ou negativa) ao dano.

CONDUTA + DANO = NEXO DE CAUSALIDADE

CAUSAS EXCLUDENTES

• São todas as circunstâncias que, por atacar um dos elementos ou

pressupostos gerais da responsabilidade civil, rompem o nexo causal e

terminam por impedir qualquer pretensão indenizatória (PABLO STOLZE

GAGLIANO e RODOLFO PAMPLONA FILHO)

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1) ESTADO DE NECESSIDADE

Artigo 188, inciso II, do CC:

“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

(...)

II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim

de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando

as circunstância o tornarem absolutamente necessário,não excedendo os

limites do indispensável para a remoção do perigo.”

Por mais que a lei o declare como um ato não ilícito isso não libera quem o pratica de reparar o prejuízo que causou

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

• É a agressão de um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele

que se pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as

circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação.

• Colidem interesses jurídicos;

• O agente poderá ser responsabilizado por excesso que venha a cometer;

• Pode atuar em nome próprio ou de terceiro;

• Ex.: carro que desvia criança para não atropelá-la e atinge muro da casa

causando danos materiais.

• Se o 3º atingido não for o causador da situação de perigo poderá exigir do agente que houvera atuado em estado de necessidade, cabendo a esta ação regressiva contra o verdadeiro culpado.

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2) LEGÍTIMA DEFESA

É a mesma do código penal;

• Situação atual ou iminente de injusta agressão, dirigida a si ou terceiro, que não é obrigado a suportar.

• Defesa PRÓPRIA ou de TERCEIRO.

• O EXCESSO deve ser reparado.

• Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, em legítima defesa, não pode o agente ser responsabilizado civilmente pelos danos provocados.

• Se terceira pessoa foi atingida (ou alguma coisa de valor), o agente deve reparar o dano, mas terá ação regressiva contra o agressor.

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

É cabível a possibilidade de legítima defesa putativa como modalidade excludente da responsabilidade civil?

Não, em virtude de ausência de previsão legal, bem como a finalidade

da reparação civil diversa da responsabilidade criminal.

No direito civil somente se admite a legítima defesa real.

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3) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

O agente causador do dano age amparado por um dispositivo de lei que permite

a ele realizar essa atividade.

Ex.: desmatamento controlado em área rural; boxe.

Artigo 188, inciso I, segunda parte, CC.

Abuso de direito – caracterização de abuso de direito (ocorre nas circunstâncias

em que o indivíduo acha que está agindo ou deixando de agir porque a lei ampara,

quando, na verdade, não existe esse amparo).

A teoria do abuso de direito tem origem no caso Clement Bayard, da França (o

indivíduo era vizinho de um aeroporto. Instalou em sua casa uma antena de 30

metros de altura que impedia os pousos e decolagens, sob alegação do direito de

propriedade).

4) CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR

Fundamento legal – artigo 393, parágrafo único, CC.

• Tanto o caso fortuito quanto a força maior serão considerados fatos necessários.

• São fatos determinantes cujos efeitos não são possíveis de evitar ou impedir.

• A doutrina diverge quanto à conceituação de um e de outro, no entanto, o CC não faz distinção e ela não é relevante.

5) FATO DE TERCEIRO

• Quando a causa do dano é exclusivamente caracterizada pela ação ou omissão voluntária e antijurídica de um terceiro.

• A exclusão da responsabilidade se dará porque o fato de terceiro se reveste de características semelhantes às do caso fortuito, sendo imprevisível e inevitável.

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• O ato ou fato de terceiro se diferencia do caso fortuito na medida em que naquele há como se identificar quem deu causa ao problema, o terceiro é identificado e individualizado.

6) CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA

• Quando o dano ocorreu em virtude de ação ou omissão voluntária e

antijurídica da própria vítima.

• Faz desaparecer a responsabilidade do agente. Pode-se afirmar que o

causador do dano não passa de mero instrumento do acidente.

– Ex.: a vítima é atropelada ao atravessar, embriagada, uma estrada de alta velocidade; o motorista, dirigindo com toda a cautela, vê-se surpreendido pelo ato da vítima que, pretendendo suicidar-se, atira-se sob as rodas do veículo.

• Há casos em que a culpa da vítima é apenas parcial, ou concorrente com a

do agente causador do dano. Nesses casos, existindo uma parcela de culpa

também do agente, haverá repartição de responsabilidades, de acordo com

o grau de culpa.

7) CLAÚSULA DE NÃO INDENIZAR

• Convenção pela qual as partes excluem o devedor de indenizar, em caso de

inadimplemento da obrigação (liberdade contratual).

• Na hipótese de inadimplemento absoluto, pode ser compreendida uma

cláusula de não indenizar. O mesmo para o inadimplemento relativo.

• Proibição: relações de consumo, em que há presunção de hipossuficiência

do consumidor (art. 25, CDC).

• Preservação de preceitos de ordem pública. Ainda que haja acordo de

vontades, não terá validade se visa afastar uma responsabilidade imposta

em atenção a interesse de ordem pública ou aos bons costumes.