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RESUMO DE PENAL PRIMEIRA PROVA 1. CRIMES FUNCIONAIS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os crimes contra a administração pública têm o objetivo de resguardar ou regular o funcionamento da administração pública. As condutas que afetam de forma mais grave este regular funcionamento da administração pública são tipificadas pelo direito penal. A administração pública, de acordo com art. 37 da CF, funciona baseada em cinco princípios, que norteiam o funcionamento da administração pública. “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)” LEGALIDADE: Só pode fazer aquilo que a lei autoriza previamente, ao contrário do Direito Penal, em que pode-se fazer tudo, desde que a lei não proíba. Enquanto que para a sociedade a legalidade é negativa, para a administração pública a legalidade é positiva, ou seja, ela só pode atuar se permitida por lei. Por isso, o estado só pode, por exemplo, cobrar um tributo se tiver um procedimento chamado "lançamento" do tributo, antes disso não é permitido. A lei é a "carta" para o estado atuar. IMPESSOALIDADE: A administração pública deve tratar todos atendendo ao princípio da isonomia (tratar os desiguais na medida de suas desigualdades). A administração pública não pode fazer concessões de uma pessoa em favor da outra, sem que haja motivo para isso. A administração pública não pode ser pessoalizada na pessoa do gestor, pois o gestor está gestor, não se pode confundir a gestão pública com a pessoa do gestor. Dessa forma, há duas vertentes da

Resumo de Penal IV

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Peculato e Corrupção

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RESUMO DE PENAL PRIMEIRA PROVA

1. CRIMES FUNCIONAIS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAOs crimes contra a administração pública têm o objetivo de resguardar ou regular o funcionamento da administração pública.As condutas que afetam de forma mais grave este regular funcionamento da administração pública são tipificadas pelo direito penal. A administração pública, de acordo com art. 37 da CF, funciona baseada em cinco princípios, que norteiam o funcionamento da administração pública.“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”

LEGALIDADE: Só pode fazer aquilo que a lei autoriza previamente, ao contrário do Direito Penal, em que pode-se fazer tudo, desde que a lei não proíba. Enquanto que para a sociedade a legalidade é negativa, para a administração pública a legalidade é positiva, ou seja, ela só pode atuar se permitida por lei. Por isso, o estado só pode, por exemplo, cobrar um tributo se tiver um procedimento chamado "lançamento" do tributo, antes disso não é permitido. A lei é a "carta" para o estado atuar.

IMPESSOALIDADE: A administração pública deve tratar todos atendendo ao princípio da isonomia (tratar os desiguais na medida de suas desigualdades). A administração pública não pode fazer concessões de uma pessoa em favor da outra, sem que haja motivo para isso. A administração pública não pode ser pessoalizada na pessoa do gestor, pois o gestor está gestor, não se pode confundir a gestão pública com a pessoa do gestor. Dessa forma, há duas vertentes da impessoalidade, uma que diz respeito ao tratamento do cidadão e outra que diz que a administração pública em si tem que ser impessoal, ou seja, a pessoa do gestor não deve se sobrepor a administração.

MORALIDADE: Deve haver uma atuação proba, nos limites da ética. Em algumas ocasiões a lei até autoriza a fazer algo, mas a moralidade impede que seja considerado correto tal ato. Ex: LAVA JATO - Nem sempre você pode deixar de contratar um parente numa licitação, pois as vezes essa pessoa possui a melhor empresa. O que não pode é colocar um laranja no lugar do parente, para este ganhar a licitação. Ou seja, por mais que esteja agindo com "base" na legalidade, pois aparentemente foi tudo dentro da lei, estará ferindo a moralidade.

EFICIÊNCIA: Também há duas vertentes. Otimizar os recursos, ou seja, deve-se fazer mais com menos. A outra vertente diz respeito a celeridade da resposta que a administração pública deve dar, tem que

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ser uma resposta célere, nada adianta que a administração dê uma resposta depois que o cidadão não precisa mais.

PUBLICIDADE: Os atos praticados pela administração pública, via de regra, têm que ser publicizado, a menos que exista uma justificativa para o sigilo momentâneo desses atos.Ex: Uma pessoa fazendo concurso público não pode querer ter acesso à reunião da banca examinadora.

Os crimes contra a administração pública se dividem em subcategorias: O primeiro grupo que será estudado será o grupo dos crimes funcionais contra a administração pública, que são aqueles praticados por funcionários públicos no exercício da função. Há duas coisas com o que devemos nos preocupar, a primeira coisa é “Quem é o funcionário público?” e a segunda coisa é se esse funcionário público pode praticar esse crime em conjunto com o particular, ou seja, o particular que atua junto com o funcionário público responde pelo mesmo crime que o funcionário público? Responde por outro crime ou por crime nenhum?

1.1. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS1) Duas correntes do Direito Administrativo: O Direito Administrativo usa a expressão Servidor Público. i) Corrente. Subjetiva: Só é funcionário público quem ter parcela de autoridade estatal, ou seja, acaba por restringir a partir do vinculo que o sujeito tem com a Administração Pública. ii) Corrente. Objetiva: Não importa o vinculo, mas a atividade realizada pelo sujeito. Verificar se a atividade é uma função pública ou não. Leva em consideração a atividade exercida. 1.1.1) Norma Penal Explicativa (NPE): Direito Penal: Essa dúvida de quem é ou não funcionário público traz uma insegurança jurídica. Por isso, o legislador penal traz a norma penal explicativa“Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”O próprio legislador, realizando interpretação autentica, define o conceito de funcionário público para fins penais. Desse modo, o legislador entendeu que, para proteger o LIMPE (Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e Eficácia), deveria, também, proteger não só o vínculo, mas também a função pública na Administração Pública. Ex: Mesário não tem vinculo com a Administração Pública, mas exerce função pública.1.2.1) Cargo:Menor esfera de atribuição dentro do poder público. Quem o exerce pode ser tanto o funcionário público efetivo (concursado), ou o funcionário público de livre nomeação e exoneração (cargo comissionado). Este possui vinculo mais precário com a Administração Pública do quê aquele.

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Ex: Ser professor da UFBA não é o seu cargo, mas sim, por exemplo, Professor Assistente 1.

1.2.1.1) Profissões: Servidores estatutários: Vinculo regido pelo estatuto do servidor público (lei 8112);Além deles, os magistrados em qualquer esfera do poder (Ex: Ministro do STF ou Juiz substituto).;Ainda, membros do MP; Membros da Advocacia Pública (Ex: Procurador do Estado, da Fazenda Nacional, AGU, etc); Membros da Defensoria Pública; Chefe do Executivo de todas as 3 esferas (Presidente, Governador, Prefeito); Todos que possuem cargo legislativo (Ex: deputado; senador); Policial civil;Militares - nos crimes comuns; Os notários e os agentes cartorários nos estados que não são privatizados (se for privatizado, continua sendo funcionário público, mas na função pública); Os diplomatas.

1.2.2) Emprego Público: São aqueles funcionários públicos regidos pela CLT. 1.2.3) Função Pública: Aqui a abrangência é maior. Aquele que exerce função de interesse coletivo e que seria realizada por agente público. Função executada pelo estado para a consecução do interesse público. Aqui entra aqueles que exercem função pública, independentemente de vinculo.

1.2.3.1) Profissões: Estagiários de órgão público; Despachante aduaneiro; Jurado; Mesário; Depositário judicial; Leiloeiro; Perito - que é convocado para fazer aquela determinada perícia, será o perito daquela situação (perito a doc);Serventuário de cartório privado; OBS: Médico de hospital privado conveniado do SUS: em determinados casos, o hospital particular tem uma cota mínima de atendimento pelo SUS. Para parcela da doutrina, o medico de hospital privado conveniado pelo SUS já tá enquadrado no caput, pois ele exerce função pública naquele contexto específico, sendo funcionário público, portanto. Outra parte da doutrina acredita que ele tá no §1º - funcionário público por equiparação. Se for seguida a posição dessa ultima, só em 2000 (ano de inclusão do §) o medico de hospital privado conveniado do SUS passa a ser considerado funcionário público, logo, apenas as condutas após esse tempo serão criminalizadas, pois a lei penal não retroage em maleficio do réu;Advogado dativo (advogado privado nomeado onde a Defensoria

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Pública não pode atuar ou em locais que não há Defensoria Pública): O STJ tem posições controvertidas em dois julgados, um que diz que é funcionário público e outro que não é, por estar exercendo apenas um encargo, prevalecendo mais o interesse privado, apesar de ser uma atividade que o Estado exerce. OBS!!: Ilana acha que é função pública, pois é função do estado que qualquer pessoa possa ter acesso a um defensor. Se equipara ao médico acima.

1.2.3.3) Função Pública vs Munus Público: Função Pública: Prevalece o interesse público.Munus Público: Prevalece o interesse privado, o encargo é conferido pelo poder público, mas o interesse é privado. Ex: Tutor ou curador do incapaz está resguardando o interesse privado do menor. Portanto, não é, para fins penais, funcionário público.Ex: O sujeito era advogado previdenciário e saiu um alvará. Este pegou o alvará e se apropriou do dinheiro da parte. Ele tá cometendo apropriação indébita (particular) ou peculato (público)?

1.2.3.4) Função Pública por Equiparação: “§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.”i) Entidade Paraestatal: São as empresas públicas stricto sensu, sociedades de economia mista e o Sistema S (SESC, SENAI, etc).

i.i) Empresa Pública: Pessoa Jurídica de direito privado constituída por lei para a execução de atividade típica do estado ou para a intervenção direta do estado na economia, com capital exclusivamente publico. (Direito Administrativo - o estado, via de regra, intervém indiretamente na economia [ex: PETROBRAS, Correios], salvo em setores estratégicos).

i.ii) Sociedade de Economia mista: Difere-se da empresa, porque ela tem capital misto, com o Estado sendo o acionista majoritário controlador (50+1), e constituída, exclusivamente, em forma de Sociedade Administrativa. (Ex: Banco do Brasil)

i.iii) Serviço Social Autônomo (Sistema S): São entidades que diferem-se das citadas acima. Possuem finalidade social (geralmente educação e tecnologia), sem fins lucrativos e, ainda, destinatárias de contribuições sociais. Ex: Funcionário da EMBASA é funcionário público.ii) Empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública: Pessoas que fazem parceria com o estado para exercer atividade pública que o estado não consegue exercer

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1.2.3.5) Não é funcionário público: Dirigente sindical; tutor e curador. Também não são funcionários públicos os funcionários das empresas concessionarias e permissionários do poder público.Ex: Funcionário da Coelba pede um refrigerante para fazer tal coisa para determinada pessoa não é corrupção.

2) Aumento de Pena: Para ocupante de cargo de chefia. Se justifica porque esse sujeito tem uma confiança acentuada nele depositada.“§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.”1.2. CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOSQuanto ao sujeito ativo o crime é próprio, só pode ser praticado pelo funcionário público. Admite-se, no entanto, coautoria e participação de particular. “Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares no crime.”Dessa forma, os particulares respondem como se funcionários públicos fossem. CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS: são aquelas condutas que só são

criminosas no contexto da administração pública.Ex: O art. 319. Se um funcionário da UNIFACS deixar de prestar algum serviço por preguiça, ele pode no máximo ser demitido, se for funcionário público responderá penalmente por prevaricação.Ex: Art. 312. Caso a conduta for praticada por particular, também haverá um crime tipificado no código. Mas existe um tipo penal especial que trata da conduta praticada por funcionário público.2. PECULATO2.1. BEM JURÍDICO RESGUARDADOO objetivo é resguardar o patrimônio da administração pública ou o patrimônio a serviço da administração pública.Protege-se o patrimônio público contra as atuações lesivas dos funcionários. “Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.Peculato culposo§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano.

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§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.Peculato mediante erro de outrem”.Se o particular, sozinho, pratica o delito não será peculato, mas se ele tiver em concurso com o funcionário público aí sim será peculato.Há seis modalidades de peculato.

2.2. PECULATO-APROPRIAÇÃO (ARTIGO 312 CAPUT)“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (...)”No Peculato Apropriação o funcionário público inverte o ânimus da posse de um bem que está a disposição deste. Crime descrito no caput.Passa a se considerar como se dono daquele bem ele fosse.PRIMEIRA SITUAÇÃO: Quando um sujeito vende ou aliena o bem a qualquer título.SEGUNDA SITUAÇÃO: Disposição do bem, ou seja, o sujeito passa a se dispor do bem como se dele fosse. Ex: Empresta o bem. Segundo a jurisprudência, nossos crimes funcionais não admite-se o princípio da insignificância, pois não se trata apenas do valor do bem mas também da lealdade.TERCEIRA SITUAÇÃO: Quando o sujeito se omite a devolver o bem. Tem que haver dolo, provar que não devolveu porque não quis e não porque esqueceuO peculato apropriação pressupõe que o funcionário tem a posse desvigiada do bem. Isso é importante, pois se o funcionário não tem posse desvigiada mas tem fácil acesso será caso de Peculato Furto.Hipótese exclusivamente dolosa, não se admite culpa.Modalidade especial da Apropriação Indébita (Crime Patrimonial).O crime está consumado no Peculato Apropriação quando o agente pratica ato incompatível com a qualidade de mero possuidor do bem da administração.Ex: Doação de livros para uma universidade pública. O Reitor da faculdade pega os livros e leva para a sua casa. Aqui, houve uma doação à universidade, que passou a ser dona do bem, mas o reitor não deixou o bem a cargo da coletividade. Praticou, ao se apropriar do bem público, crime de Peculato Apropriação. . Ex: Gerente do banco que pega o dinheiro do banco.2.3. PECULATO-DESVIO (ARTIGO 312 CAPUT)“(...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.”Quando um funcionário público altera a destinação do bem em proveito próprio ou alheio.Ex: Funcionário público contrata uma empregada doméstica como se fosse funcionária a serviço da administração pública.Ex: Caso do Mensalão. O agente público contrata, com determinada verba, uma empresa de publicidade com dispensa de licitação. O dinheiro não era

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para contrato de publicidade na realidade, pois era destinado para corromper parlamentares, com intuito de prevalecer os interesses partidários. Ex: Obras superfaturadas da administração pública. É pago contratos superfaturados e parte da verba pública vai para corrupção, desviando a verba.Ex: Parlamentar tem apartamento funcional. Ele começa a dar festas e mais festas nesse apartamento, o que não é permitido, pois trata-se de desvio da utilização do bem.No peculato desvio é como se houvesse uma fraude mais elaborada. Muda a finalidade da verba destinada para uma coisa aparentemente licita. Esta modalidade é mais difícil de ser descoberto do que a apropriação. O peculato desvio é consumado quando houver, de fato, a alteração do curso legal do objeto, que foi destinado para algo e acabou tendo seu curso alterado.Também não se admite o princípio da insignificância. Uma parte da doutrina, entretanto, defende que o peculato de uso de coisa infungível não é crime, assim como no furto de uso, desde que preencha os requisitos: i) devolver a coisa intacta e ii) a vitima não pode perceber.

2.4. PECULATO-FURTO (ARTIGO 312, § 1º)“§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”É o furto aplicado à administração pública.O sujeito tem fácil acesso ao bem, devido a condição de funcionário público.Concorrer para que seja subtraído também é peculato furto, mas é necessário que seja doloso.O peculato-furto é consumado quando há a retirada do bem da esfera de disponibilidade da vitima, que é a administração pública.Ex: Se o gerente do banco pegar o dinheiro do cofre e gastar, ele tá cometendo Peculato Apropriação, pois ele tem disponibilidade do cofre. Entretanto, se o porteiro, aproveitando do seu cargo, arromba o cofre e subtrai, como ele não tem disponibilidade sobre o cofre da agencia, estará cometendo Peculato Furto.Ex: O escriturário da Caixa Econômica Federal, movimentando a conta de um correntista (bem particular a disposição da administração pública) subtrai um valor. Estará cometendo Peculato Furto, pois ele não tem disponibilidade sobre as contas.

2.5. PECULATO CULPOSO (ARTIGO 312, §2º)§2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.No peculato furto o sujeito concorre dolosamente para o furto, nesse caso, o sujeito age com desídia e acaba concorrendo para o furto. Crime próprio.

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“Outrem” pode ser particular ou funcionário público.A reparação do dano, nessa modalidade apenas, extingue a punibilidade. É, literalmente, crime funcional próprio, pois não há correspondente entre os particulares, ou seja, só há na relação da administração pública.Ex: Gerente geral do Banco do Brasil tem a biometria do cofre. Nesse dia, especificamente, era aniversário de casamento dele. Ele esqueceu desta data e alguém o lembrou. Desesperado para comprar um presente, ele sai da agencia sem fechar o cofre. Um vigia, nesse dia, estava programando de subtrair bem do cofre, ao ver que o cofre estava aberto, pega o dinheiro todo. O gerente geral contribuiu, culposamente, para o Peculato Furto. No Peculato Culposo, o sujeito não está em conluio em vontade com o outro. Este foi negligente, imprudente ou agiu com imperícia, concorrendo culposamente para crime realizado por terceiro, que pode ser funcional, se for praticado por funcionário público, ou não.O Peculato Culposo está consumado quando há o outro crime, ou seja, é preciso que o desvio de cuidado contribua para a prática do crimeDIMINUIÇÃO DE PENA: “§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”Se no Peculato Culposo, por ter menos desvalor, o sujeito restituir o bem, ou seja, se reparar o dano causado à administração pública, haverá a extinção da punibilidade desse sujeito. Essa reparação do dano tem que ser antes da sentença irrecorrível, ou seja, antes do transito em julgado. Hipótese especial de arrependimento eficaz. Se restituir o bem posteriormente, sua pena será reduzida pela metade, nos termos do §3º.

2.6. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (ARTIGO 313)“Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”Ex: Ilana, professora substituta da UFBA recebeu dinheiro a mais. Foi notificada para devolver esse dinheiro. Caso ela não tivesse devolvido, seria consumado o crime de peculato mediante erro de outrem.O crime estará consumado caso, uma vez constatado o erro, o sujeito não restitui em momento oportuno.

2.7. PECULATO ELETRÔNICO (ARTIGOS 312-A E 313-B)Crime novo, introduzido no Código Penal em 2000.I Parte:“Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

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PRIMEIRA CONDUTA: O sujeito insere dados falsos no sistema da administração pública.SEGUNDA CONDUTA: Facilitar a inserção do dado falso. Ex: Ilana dá a senha a Bruno, que insere a informação falsa no sistema.TERCEIRA CONDUTA: Alterar indevidamente dados corretos. Ou seja, altera o dado que era correto, modificando por um dado falso.QUARTA CONDUTA: Excluir, indevidamente, dados corretos. Inserir (Diretamente): Dado falso; Alteração; Excluir. Facilitar (Indiretamente): Dado falso; Alteração; Exclusão.As outras modalidades de Peculato são crimes materiais e de dano, o patrimônio deve ter sido atingido. Nesse não é necessário que o funcionário tenha a vantagem indevida ou de criar dano. Dessa forma, trata-se de crime formal.A consumação ocorre com a mera exigência da vantagem indevida.Tendo em conta a proteção do funcionamento correto da administração, se o sujeito insere dados falsos para obter, por exemplo, finalidade sexual, ele cometerá Peculato Eletrônico? Sim, pois, precisa, apenas, ser uma vantagem indevida.II Parte:“Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.”Trata-se de crime de mera conduta, pois não se exige obtenção nenhuma de vantagem e nem ter finalidade. Se houver dano para a administração ou para particular, terá aumento de pena. O crime será consumado quando houver a conduta, ou seja, quando houver a modificação ou alteração do sistema, já que não depende de nada exterior.OBS: No art. 313-A o funcionário público é autorizado a mexer no sistema. No art. 313-B o funcionário público não tem acesso e nem autorização para mexer no sistema. Ainda que não tenha a intenção de vantagem será caracterizado o crime, a menos que seja culposo.

3. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS PÚBLICAS (ARTIGO 315)

“Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.”O crime se dá mais pela falta de regularidade. O gestor muda o endereço da verba pública para outro fim público, não autorizado por lei.A administração pública só pode agir quando autorizado por lei. O gestor público, para gastar o nosso dinheiro, tem que fazer uma lei orçamentária.

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Ocorrerá o crime de Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas quando o gestor desvia o gasto da verba pública para o próprio interesse público. Para fazer isso legalmente, ele tem que fazer, por meio de lei, uma dotação orçamentaria extra.Ex: Sujeito A tem 5% para educação. Nesse ano específico, houve aumento de casos de dengue. Esse sujeito pegou 0,1% e contratou uma agência de publicidade para fazer uma propaganda de combate a dengue. Aqui houve desvio para interesse público também, se configurando crime de Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas.Trata-se de crime funcional próprio, pois só existe no âmbito da administração pública.Este crime é consumado quando a verba é empregada, irregularmente, sem o procedimento legal.Crime doloso.

4. CORRUPÇÃO4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAISA corrupção não afeta apenas a economia nacional, mas sim toda a economia internacional.Só existe no Brasil, hoje, a corrupção criminalizada no setor público.

4.2. QUEBRA DA TEORIA MONISTA (CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA)O código penal divide a corrupção em duas, a ativa e a passiva. Este separou a incriminação em duas porque, via de regra, como adotamos a teoria monista, todo mundo que concorre com o crime, responde, na medida de sua responsabilidade, pelo mesmo crime. Aqui, o código penal quebrou a teoria monista, colocando um tipo especifico para o funcionário público que corrompe ou é corrompido, e um tipo especifico para o particular que corrompe e é corrompido. Fez isso para quebrar a necessidade de incriminação conjunta do particular com o funcionário público. Assim sendo, se pode ter a corrupção do funcionário público sem ter a do particular, vice-versa ou, ainda, ter as duas. Há essa separação, apesar da pena ser idêntica.4.3. DA CORRUPÇÃO PASSIVA“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”É próprio e admite coautoria e participação.Condutas incriminadas: Solicitar; Receber; e Aceitar Promessa.SOLICITAR: Quando o funcionário público pede ao particular numa situação de igualdade de condições. A iniciativa da corrupção é do funcionário, não necessariamente será bilateral.RECEBER: O funcionário recebe particular. Modalidade necessariamente bilateral. O sujeito, para ser particular, tem que estar numa posição de particular, ou seja, pode ser até um funcionário público.

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ACEITAR PROMESSA: No futuro, pode nem chegar a receber. Necessariamente bilateral. OBS: É um crime misto alternativo. Se tiver realizado as três condutas responderá ainda por só um crime de corrupção, em relação ao mesmo ato de corrupção.VANTAGEM INDEVIDA: Vantagem que o funcionário público não tem direito a receber. Vantagem não necessariamente econômica, pois não zela apenas pelo patrimônio e sim pelo bom funcionamento da administração pública. Pode ser direta ou indiretamente, para si ou para outrem. “Fora da função” acontece quando, por exemplo, o funcionário público está de licença ou ainda não assumiu o cargo.O crime está consumado apenas com o fato de solicitar, receber ou aceitar promessa. Não necessariamente a conduta prometida já deve ter sido cumprida, mas tem que está dentro da sua competência. Não se exige que o Ministério Público indique para qual ato de corrupção ele cedeu.Ex: Um representante farmacêutico vai em um hospital público e pergunta para o gerente do hospital se ele quer dar palestra nos EUA, e oferece tudo custeado pelo laboratório, desde que ele adote tal produto que o laboratório oferece. Essa vantagem indevida é paga em outras modalidades que não o

dinheiro vivo, nesse caso pagar a viagem aos EUA para esse sujeito. Ex: Máfia dos remédios em SP. O laboratório queria que determinado medicamento entrasse na lista do SUS. O medicamento era novo, mas era uma formulazinha que mudou do remédio antigo, que já tinha perdido a patente. O laboratório fez pressão para que o remédio entrasse na lista do SUS, fazendo com que os médicos passassem, rotineiramente, a indicar esses remédios, forçando as pessoas que necessitam do remédio. Foi investigado e o laboratório estava corrompendo os médicos. Ex: Se no exemplo anterior, estivéssemos falando de um hospital particular, poderíamos falar em estelionato, mas não em corrupção, pois seria entre particulares, faltando, assim, a figura do funcionário público.Ex: Uns amigos de Ilana chegaram para registrar, no cartório, determinada escritura de imóvel. Falando com o funcionário público, que estava conversando com a filha no telefone sobre IPVA. O funcionário público disse q demora um mês para o registro ficar pronto. Os amigos de Ilana estavam com urgência, disseram para o funcionário público que pagariam o IPVA da filha dele, desde que ele agilizasse sua situação. Essa vantagem foi para terceiro, a filha, mas não deixa de ser vantagem indevida.O funcionário público não precisa agir ilicitamente para ser corrupto.PRÓPRIA: Se corrompe a pretexto de praticar uma irregularidade na função.IMPRÓPRIA: A pretexto de praticar sua própria função. O funcionário público se vende para fazer algo que o particular tinha direito. Como por exemplo o caso, citado acima, do funcionário público do cartório.

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CORRUPÇÃO PASSIVA ANTECEDENTE: Antes da prática do ato o funcionário público recebe a vantagem indevida.CORRUÇÃO PASSIVA PRECEDENTE: Após a prática do ato, ele recebe a vantagem indevida. Se o funcionário público já fez a conduta e se vender depoiss, isso é crime? Sim! Ex: concedeu a liminar, depois vai cobrar a vantagem indevida.OBS: Corrupção Ativa Privilegiada (§2º): “§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”. Corrompe-se por camaradagem e não tem vantagem. Esta não se confunde com o crime de prevaricação (não faz ou faz algo por vontade própria, ninguém pediu).OBS.: Aumento de pena (§1º): “§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional”. No caso da corrupção "consumada", ou seja, quando o ato funcional se realiza. É a corrupção impropria ou própria, seja realizando ou não o ato, tá consumado o crime de corrupção. Mas, uma vez que o sujeito realize o ato funcional e este ato funcional seja contra lei, como na hipótese da corrupção passiva própria, a pena será aumentada em 1/3, pois o dano será maior. Além do sujeito se vender, fez algo que não deveria fazer ou deixou de fazer algo que deveria fazer, por isso a pena majora.O bem jurídico resguardado é a lealdade do funcionário público com o correto funcionamento da administração, impedindo a mercancia do cargo. O funcionário público corrupto nada mais é que aquele sujeito que "vende" o seu cargo, oferecendo uma ação ou omissão para o particular, recebendo pelo seu cargo, para trazer algum proveito para si ou para particular. Ao invés de se nortear pelo LIMPE (os cinco princípios da administração pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência), este acaba se vendendo para particulares. Por isso, evita-se, aqui, que o funcionário público venda a sua atividade.

4.4. DA CORRUPÇÃO ATIVACrime do particular. “Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 8 (oito) anos, e multa.Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.Contrabando ou descaminho A rt. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:Pena - reclusão, de um a quatro anos.

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§ 1º incorre na mesma pena quem pratica:a) navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;b) fato assimilado em lei especial a contrabando ou descaminho.§ 2º A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo.§ 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)”

CORRUPÇÃO ATIVA CORRUPÇÃO PASSIVA- SOLICITAR

OFERECER RECEBERPROMETER ACEITAR PROMESSA

OBS: Oferecer não necessariamente bilateral, pois, o particular pode oferecer e o funcionário público não aceitar. Prometer também não necessariamente bilateral, pois o particular pode prometer e o funcionário público não aceitar a promessa. Verbos (condutas incriminadas): Há duas espécies de condutas incriminadasi) Oferecer: Dá ideia de que a intenção criminosa partiu do particularii) Prometer: Não necessariamente a intenção criminosa originou-se do particular. Ele pode prometer sendo ativamente corrupto, onde o funcionário público aceita ou não a promessa, ou, ainda, pode prometer depois que o funcionário público solicita, aqui ele não teve a iniciativa criminosa. Não há, necessariamente, uma bilateralidade, pois o funcionário público pode não aceitar a promessa.

LACUNA NA LEI: Segundo a doutrina, há uma lacuna na lei por o dispositivo legal não ter o verbo ENTREGAR, que seria correspondente ao solicitar da corrupção passiva. Essa é a hipótese em que o funcionário público solicita o pagamento da vantagem indevida e o particular meramente entrega. Ou seja,

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se o particular entrega sem oferecer e sem prometer não será crime. Essa tese é bem dividida, na prática alguns juízes aceitam e outros não. Isso não quer dizer que não haverá denuncia, pois o Ministério Público recorrentemente tenta encaixar essa situação em OFERECER ou PROMETER. Ex: O carro tá apreendido e, então, o funcionário público pede 100 reais para liberar. O particular paga os 100 reais. Segundo uma parte da doutrina, essa conduta não é criminosa.A corrupção ativa ocorre necessariamente antes da prática do funcionário público. Corrupção ativa e tardia não é crime. Ex: O funcionário público já fez algo para Fernanda. Depois disso, Fernanda paga uma viagem para este funcionário público. No entanto, será corrupção passiva, pois o funcionário público está recebendo em razão de sua função.Sujeito Ativo: Esse sujeito pode ser o funcionário público fora dos exercícios de suas funções ou um particular. Ex: Genoino possuía um cargo público. Este corrompia alguns deputados da câmara para votarem a favor das propostas do seu partido, para que estas fossem aprovadas. Genoino respondeu por Corrupção Ativa, pois corrompeu funcionário público na condição de particular.Consumaçao: É um crime formal, se consumando com o simples oferecimento ou promessa. A corrupçãp ativa, da mesma forma que a corrupção passiva, se consuma antecipadamente, ou seja, o funcionário público não precisa realizar alguma conduta funcional ou aceitar aquele ato de corrupção proposto pelo particular. Cabe tentativa, porém, é difícil ser configurada. Ex: Tentativa de corrupção através de uma carta que não foi entregue.OBS: Não importa, na corrupção ativa, se a conduta do funcionário público infringe ou não o dever funcional, para fins de consumação. De modo que é crime tanto a corrupção ativa própria quanto a corrupção.ativa impropria. Pode ser própria ou imprópria, havendo aumento de pena no caso da corrupção ativa própria.4.5. LEI ANTICORRUPÇÃO (RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

DAS PESSOAS JURÍDICAS)A lei 12.846/13 dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.É uma lei administrativa, não criminal. Estabelece, basicamente, que a Pessoa Jurídica vai ser responsabilizada civilmente e administrativamente todas as vezes em que alguma Pessoa Física praticar um ato de corrupção no benefício ou interesse da Pessoa Jurídica. O alcance disso é gigantesco. O que a lei quer é, na verdade, desestimular as empresas a fazerem negócio com quem faz corrupção. Ex: Ilana tem uma empresa e, no máximo, precisa de umas autenticações do poder público. Para fazer isso, ela tem um despachante que faz esse tipo de coisa. Ilana pede para amanha essa certidão, para isso ela corrompe o

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funcionário do cartório. Descobre-se o ato do despachante, a Pessoa Jurídica vai ser responsabilizada, porque o despachante é terceirizado dela4.6. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CORRUPÇÃO NO SETOR

PRIVADONão se criminaliza a corrupção no setor privado. Ex: Guelta.