Resumo Do Livro Capital Fetiche

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resumo de alguns capitulos

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Pgina 447 segundo pargrafo

Esse esboo preliminar de dados sobre a formao universitria requer outros aprofundamentos atesta as tendncias de massificao de ensino superior e a desqualificao da universidade do Pas impulsionada pela sua privatizao. O que move esse processo a diretriz de tornar a educao uma mercadoria capitalista, reduzindo autonomia universitria, para captao de recursos de outras fontes, estimulando parcerias pblico- privado.Eles so indicativos da reforma universitria que vem sendo realizada, em silncio, no Pas, no decurso do processo de regulamentao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. So assim estabelecidas as bases para a disseminao de um projeto de universidade consoante as leis de mercado e critrios de avaliao em contraposio ao padro inspirado em moldes europeus.A autonomia das universidades federais proposta pelo MEC orienta-se no sentido de reduzir a participao financeira do Estado na manuteno da universidade pblica, a favor de sua crescente privatizao, institui-se contrato de desenvolvimento institucional, que materializa a transformao da Universidade Pblica em uma organizao social, coerente ao Plano de Reforma do Estado, do governo Cardoso.Aquele projeto, estimula contratos de prestao de servios, convnios com empresas, instituies e organismos governamentais, enquanto fontes de recursos para contratao e remunerao de pessoal. Cabe a cada universidade a responsabilidade de elaborar seu plano de carreira docente, criar e extinguir quadros e definir sua poltica salarial, atingindo a organizao sindical dos docentes e funcionrios. A expanso de financiamento pblico passa a ser condicionada ao cumprimento de metas estabelecidas nos referidos contratos de gesto. Concomitantemente, estimula-se o estreitamento de laos das universidades com o mundo empresarial -, no financiamento de pesquisas, laboratrios, bolsas de estudos, convnios para prestao de servios, entre outros, alm da venda servios a organismos governamentais. Tem-se a inverso da relao sujeito/objeto no ato mesmo da atividade da atividade cientfica, o que introduz, no interior da produo acadmica na esfera pblica, a alienao da atividade e do seu prprio produto para o prprio produtor. Por meio desses e de outros recursos, tem-se a transferncia para o mundo acadmico dos mesmos padres que regem a compra e venda de mercadorias, estimulando o individualismo e a competio entre os professores, ao mesmo tempo em que se encurtam caminhos na direo ao ensino pago.Em contrapartida a negao da autonomia do conhecimento, enquanto livre produo do saber. O seu fim deixa de ser a descoberta da verdade histrica, a busca do saber universal, passando a ser dominada pelo saber pragmtico e instrumental , operativo internacionalizado , produzido sob encomenda para que as coisas funcionem. Faz com que a universidade, em nome da internacionalidade, perca a sua universalidade.A universidade j foi incorporada como parte constituinte do Estado, que lhe imprime um carter pblico. A tenso se expressa agora ante a racionalidade tcnica que preside o saber e o teor instrumental assumido pela razo moderna, ao tornar imediata a relao entre tecnologia e sociedade , em detrimento de uma relao crtico-reflexiva, com suas necessrias implicaes ticas.Afirma-se no mais a alienao religiosa, mas o fetichismo da mercadoria, mantendo o princpio da heteronomia do conhecimento. O resultado a alienao da atividade que passa a ser determinada por quem encomenda o servio. A ao criadora do trabalho intelectual reduzida a executar uma rotina, cujo sentido e finalidade lhe escapam, destruindo uma das conquistas democrticas mais importantes da modernidade: a dimenso pblica da pesquisa, tanto em sua realizao, quanto em sua destinao. A concepo instrumental da autonomia encontra um clima favorvel no mbito da Reforma do Estado, transformando a instituio universitria em uma organizao social.As profundas alteraes nos padres tecnolgicos e gerenciais na produo e comercializao de bens e servios, estimulam o estreitamento de vnculos entre o ensino superior e o mercado de trabalho. Alm de centro de criao de cincia e tecnologia para a produo a universidade vem sendo impelida pelos governos a tornar-se um grande centro de qualificao de quadros tcnico-profissionais capaz de responder, a curto prazo, ao novo panorama ocupacional. Corre o risco a transformar-se em um centro de formao de mo-de-obra para as necessidades imediatas do mercado, mais sofisticado, mais eficiente e barato que qualquer departamento de treinamento das grandes corporaes empresariais, hoje denominadas de universidades corporativas. Resta ainda acentuar , como lembra Neves (1998), que os cursos que fornecem certificao intermediria tm um sentido de legitimao poltica, podendo representar mecanismo de busca de consenso ativo de parcela da populao at ento excluda do ensino superior.

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