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Unidade Executora Estadual do PRODETUR DE PERNAMBUCO ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUADALUPE Resumo Executivo Novembro, 2011 GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SECRETARIA DE TURISMO SETUR UNIDADE EXECUTORA ESTADUAL DO PRODETUR UEE/PE

Resumo executivo final

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ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUADALUPE

Resumo Executivo

Novembro, 2011

GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SECRETARIA DE TURISMO – SETUR

UNIDADE EXECUTORA ESTADUAL DO PRODETUR – UEE/PE

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FICHA TÉCNICA GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos Vice Governador: Joao Lira Neto

SECRETARIA DE TURISMO

Secretário: Alberto Feitosa Secretário Executivo de Turismo: Marconi Muzzio Diretor Geral do PRODETUR NE: Stélio de Coura Cuentro

Superintendente de Meio Ambiente do PRODETUR: Raul Baltazar Perrelli Valença

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Secretário: Sérgio Xavier Secretário Executivo de Meio Ambiente Hélvio Polito Lopes Filho

AGÊNCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE

Diretor Presidente: Hélio Gurgel Cavalcanti Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade: Maria Vileide Ataíde de Barros Lins Unidade de Gestão de Unidade de Conservação: Nahum Tabatchnik

Setor de Planejamento de Unidades de Conservação: Joselma Maria de Figueirôa Tassiane Novacosque

Setor de Administração de Unidades de Conservação: Samanta Della Bella Responsável pela APA de Guadalupe: João Batista de Oliveira Júnior

GEOSISTEMAS Engenharia e Planejamento Ltda

Coordenação Geral: Eng° Civil Roberto Lemos Muniz Eng° Civil Henrique Pinto Silva Arq. Elaine Fernanda de Souza

Coordenação Técnica: Engª Florestal Isabelle Meunier Coordenação de Articulação e Gestão: Arq. Telma Buarque

Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio Físico: Geol. Margareth Alheiros Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio Biológico: Biol. Andrea Pinto Silva

Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio Socioeconômico: Eng° Civil Bertrand Alencar Cobertura Vegetal: Engª Florestal Isabelle Meunier

Fauna/Estudos marinhos e coralinos: Biol. Andrea Pinto Silva Geologia, Geomorfologia, Hidrologia, Clima: Geol. Margareth Alheiros

Geog. Natalia Tavares Turismo e Ecoturismo: Geog. Vanice Selva

Turism. Clarisse Fraga Cartografia e Geoprocessamento: Engº Gustavo Sobral

Assessoria Jurídica: Adv. Fernanda Costa Processo Participativo e Educação Ambiental: Ass. Social Mª Socorro Cavalcanti

Psic. Janaina Gabriel Gomes

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APRESENTAÇÃO

O Plano de Manejo de uma Unidade de Conservação, segundo a Lei n° 9.985, de 18 de julho

de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, é

definido como o “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais

de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem

presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das

estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade.”

O Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental de Guadalupe – APA de Guadalupe – é

constituído por quatro Encartes, além de Relatórios de Oficinas e do Zoneamento Ambiental.

A produção de Encartes, complementares e com especificidade crescente, atende a lógica

processual que permeia a elaboração gradativa, participativa e multidisciplinar de Planos de

Manejo de Unidades de Conservação, ainda mais necessária quando envolve diferentes

atores sociais como aqueles que interagem em uma Área de Proteção Ambiental.

Este Resumo Executivo pretende sintetizar em um documento único, de acesso e leitura

fáceis, os principais aspectos abordados nesses Encartes e relatórios, de forma a dar uma

idéia geral do ambiente e das relações sócio-ambientais observadas no território da APA de

Guadalupe e os resultados obtidos na elaboração do seu Zoneamento Ambiental e propostas

de Programas de Ação.

Recife, novembro de 2011

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SUMÁRIO

1. CONTEXTO LEGAL E REGIONAL 5

1.1. AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) NO CONTEXTO DOS SISTEMAS

NACIONAL E ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 5

1.2. CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUADALUPE 6

2. APA DE GUADALUPE: ESPAÇO, PAISAGEM E TERRITÓRIO 9

2.1. PLANOS E PROGRAMAS REGIONAIS 16

2.2. ECOSSISTEMAS TERRESTRES 18

2.2.1. Os Fragmentos Florestais da Floresta Pluvial Atlântica 18

2.2.1.1. A Zona de Preservação da Vida Silvestre da APA de Guadalupe: O fragmento de

floresta atlântica protegido na Reserva Biológica de Saltinho 21

2.2.2. Restingas, Praias e Manguezais: O Complexo Costeiro-Estuarino da APA de

Guadalupe 23

2.2.3. Formações Savânicas 33

2.2.4. A Avifauna da APA de Guadalupe 33

2.3. ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS 37

2.3.1. Fauna Aquática 37

2.4. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE 39

2.5. DINÂMICA DO TURISMO NA APA DE GUADALUPE 40

Declaração de Significância da APA de Guadalupe 49

3. ZONEAMENTO DA APA DE GUADALUPE 51

3.1. ZONEAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: BASES CONCEITUAIS 51

3.2. ZONEAMENTO DA APA DE GUADALUPE: ANTECENDENTES 53

3.3. DEFINIÇÃO DAS ZONAS E SUBZONAS DA APA DE GUADALUPE 55

3.4. USOS INCENTIVADOS, TOLERADOS E PROIBIDOS NAS ZONAS E SUBZONAS DA APA

DE GUADALUPE 69

4. PROGRAMAS DE AÇÃO 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87

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1. CONTEXTO LEGAL E REGIONAL

1.1. AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) NO CONTEXTO DOS SISTEMAS NACIONAL E ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

A história da criação de áreas protegidas no Brasil inicia-se formalmente com o

Código Florestal de 1934, que estabeleceu o marco legal dos parques nacionais (Decreto

23.793, de 23 de janeiro de 1934), sendo criado o primeiro parque brasileiro em 1937

(Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro) e, logo a seguir, os Parques Nacionais da

Serra dos Órgãos, de Sete Quedas e do Iguaçu, em 1939 (RYLANDS; BRANDON, 2005). Os

parques nacionais brasileiros tiveram a clara inspiração no modelo americano, representado

pelo Parque Nacional de Yellowstone, criado em 1872 nos estados de Wyoming, Montana e

Idaho, nos Estados Unidos.

O idealizador das Áreas de Proteção Ambiental (APA) foi Dr. Paulo Nogueira Neto,

presidente da SEMA, pautando-se em modelos europeus de proteção de paisagens culturais.

Na sua concepção, as APA seriam instrumento adequado para proteção do entorno de

unidades de conservação de uso indireto (correspondentes as Unidades de Conservação de

Proteção Integral, de acordo com a nomenclatura em vigor). Tratava-se, portanto, da

primeira categoria de unidade de conservação de “uso direto” (hoje, compreendida como

“de Uso Sustentável”) que permitia a inclusão de áreas particulares, sem necessidade de

desapropriações. Essa condição, no entanto, ensejou uma série de indefinições jurídicas,

pois as restrições apresentadas em lei não poderiam ferir o direito de propriedade.

As Áreas de Proteção Ambiental foram criadas em todo Brasil e foram recepcionadas

pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), quando instituído pela Lei Nº

9985/2000, sendo definidos seus objetivos de manejo, voltados principalmente ao

desenvolvimento de atividades sustentáveis, à promoção de melhor qualidade de vida e ao

ordenamento da ocupação humana. Em 2009, com a aprovação da Lei Estadual Nº 13.787,

Pernambuco passou a contar formalmente com um Sistema Estadual de Unidades de

Conservação (SEUC), no qual se define, em conformidade com o SNUC:

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Art. 15. A Área de Proteção Ambiental – APA é uma área, em geral, extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas; tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica e os recursos hídricos, disciplinar o processo de ocupação do solo, preservar paisagens notáveis e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. § 1º A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas, privadas, ou ainda públicas e privadas. § 2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental. § 3º As condições para a realização de visitação pública nas áreas sobre domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. § 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para visitação pública, respeitando-se as definições do Plano de Manejo.

Uma das exigências fundamentais do SNUC e do SEUC está voltada para a gestão das

unidades de conservação e diz respeito à necessidade de um Plano de Manejo para cada

área protegida. O Plano de Manejo é considerado como o guia para a administração da área.

Esse plano deve ser elaborado no prazo de cinco anos, a partir da data da criação da

unidade.

1.2. CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUADALUPE

A APA de Guadalupe foi criada pelo Decreto Estadual Nº 19.635, de 13 de março de

1997. A APA está situada nos municípios de Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros,

com área de 44.799 ha (quarenta e quatro mil, setecentos e noventa e nove hectares). Desse

total, um trecho se encontra em área continental - 31.986 ha – e um outro trecho

adentrando em três milhas náuticas do Oceano Atlântico - 12.812 ha.

A criação da APA teve como objetivo “proteger e conservar os sistemas naturais

essenciais à biodiversidade, especialmente os recursos hídricos, visando a melhoria da

qualidade de vida da população local, a proteção dos ecossistemas e o desenvolvimento

sustentável” (art. 2º do Decreto Estadual Nº 19.635).

O art. 3º do Decreto mencionado determinou:

Art. 3º - Para a implantação e gestão da APA de Guadalupe serão adotadas as seguintes providências:

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I - elaboração do zoneamento ecológico-econômico e plano de gestão, os quais deverão ser concluídos dentro do prazo de 360 dias, contados a partir da data de publicação deste Decreto; II - definição, criação e implantação do sistema de gestão da área; III - divulgação das medidas previstas neste Decreto, objetivando o esclarecimento aos diversos segmentos envolvidos com a APA de Guadalupe e sua finalidades.

O Zoneamento da APA de Guadalupe foi estabelecido por meio do Decreto Estadual

Nº 21.135 de 1998 e seu Plano de Gestão elaborado no mesmo ano. A revisão do Plano de

Manejo e a Instalação do Conselho Gestor decorrem do Contrato 026/2009, firmado entre o

Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Turismo do Estado de Pernambuco-

SETUR, e a empresa Geosistemas Engenharia e Planejamento Ltda.

No início da década de 1990, governadores dos Estados nordestinos identificaram o

setor de turismo como uma das alternativas mais promissoras ao desenvolvimento

econômico da região. Nesse período, articulou-se a elaboração de um plano de ação efetivo

para gerar empregos e divisas, distribuir a renda nacional, promover a proteção ambiental,

fornecer subsídio às ações do setor privado no concernente ao planejamento e execução de

suas atividades e, por fim, diversificar a oferta turística, que se concentrava nas regiões Sul e

Sudeste.

Dessa forma, o Plano Nacional de Turismo emergiu como um instrumento de

desenvolvimento regional, pretendendo, entre outras ações, dotar o litoral do Nordeste da

infra-estrutura necessária para a implantação de pólos integrados de turismo. O

Prodetur/NE foi delineado como um programa global de investimentos múltiplos, cujo

objetivo era reforçar a capacidade da Região Nordeste em manter e expandir sua crescente

indústria turística, contribuindo assim para o desenvolvimento sócio-econômico regional.

Entre as propostas apresentadas pelos estados destacaram-se o Projeto Costa Dourada, em

Pernambuco e Alagoas, o Projeto Linha Verde, na Bahia, o Projeto Costa do Sol, na Paraíba, o

Projeto Orla, em Sergipe e o Projeto Rota do Sol no Rio Grande do Norte.

Pernambuco, na época, apresentou o Projeto Costa Dourada, situado em região

carente de investimentos privados e com demanda turística a ser criada, como principal

projeto para financiamento no Estado. Entretanto, após as modificações solicitadas em

função do custo elevado para implantação e dos sérios impactos ambientais que seriam

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causados, foi reduzida sua dimensão territorial, restringindo-o apenas à área do Centro

Turístico de Guadalupe.

O Centro Turístico de Guadalupe (CT Guadalupe) apresentava superfície total de

8.805 ha e 15,5 Km de litoral, que abrangia as praias de Barra de Sirinhaém, Guaiamum,

Gamela, Guadalupe, no município de Sirinhaém, e Carneiros, em Tamandaré, além de parte

do território do município de Rio Formoso.

Ao longo do processo de licenciamento do CT Guadalupe, em resposta às várias

exigências do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), foi criada a Área de Proteção Ambiental

(APA) de Guadalupe, no sentido de regular o uso do solo, tanto na área interna do CT

Guadalupe, quanto na área de influência indireta, abrangendo um território de 44.799

hectares.

Entretanto, o objetivo inicial do plano do CT Guadalupe, com fins de

desenvolvimento turístico, setorizando as zonas em áreas hoteleiras, de veraneio e

comerciais, não se concretizou pela dificuldade de captação de investimentos, pela iniciativa

privada, por falta de saneamento básico e abastecimento de água. O Plano de

Desenvolvimento Integrado Turismo Sustentável (PDITS) do Estado de Pernambuco, para o

PRODETUR/NE II, objetiva complementar e expandir as ações iniciadas pelo PRODETUR I,

integrando as iniciativas dos setores público e privado, especialmente no que se refere aos

investimentos geradores de ocupação produtiva e renda, e preparar e expandir os produtos

turísticos regionais, contribuindo para o desenvolvimento sócio-econômico e espacial.

Como externalidade positiva do processo, houve a criação da APA de Guadalupe e o

estabelecimento de seus instrumentos de gestão, entre os quais merece destaque o

presente Plano de Manejo.

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2. APA DE GUADALUPE: ESPAÇO, PAISAGEM E TERRITÓRIO

A APA de Guadalupe está localizada na porção meridional do litoral de Pernambuco,

inserida na Mesorregião da Mata Pernambucana, na Zona Costeira, e abrange parte dos

municípios (área continental e marítima) de Rio Formoso (50,7%), Tamandaré (59,5%),

Sirinhaém (16,4%) e Barreiros (9,7%). A área total da APA é de 44.799 ha, sendo 31.986 ha

(71,4 %) de área continental e 12.812 ha numa faixa de três milhas náuticas, perfazendo

28,6% de área marítima (Figura 1).

Figura 1. Localização da APA de Guadalupe, Pernambuco, Brasil

Trata-se de um espaço peculiar da Zona Costeira, com grande diversidade geológica,

geomorfológica, tectônica, hidrológica e marinha. Inicia-se a oeste com altos topográficos

irregulares do embasamento cristalino (Figura 2), passando para relevos mais rebaixados e

arredondados característicos do ambiente sedimentar e vulcânico predominante, onde se

incluem as formações Cabo, Algodoais e Ipojuca (Figura 3); cai, em direção a leste, para uma

planície costeira formada por terraços marinhos antigos em cotas mais elevadas (Figura 4)

que é finalmente recortada pela atual linha de costa, onde se encontra a praia atual e

manguezais nas áreas dominadas por marés (Figura 5).

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Figura 2. Aspecto de morro de rocha cristalina de contorno irregular, com matacões, na APA de Guadalupe, PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 3. Morros arredondados em rochas das Formações Cabo e Ipojuca. Foto: Geosistemas, 2010.

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Figura 4. Terraço Marinho Pleistocênico de posição elevada em relação à praia atual em Sirinhaém, PE. Fonte: Geosistemas, 2010.

Figura 5. Manguezal em área dominada por maré em Sirinhaém, PE. Foto: Geosistemas, 2010.

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Com relação à diversidade geotectônica, a área compreende o Maciço PE-AL,

formado por rochas graníticas do embasamento cristalino pré-cambriano, em contato de

falha com as Formações Cabo e Algodoais da Bacia do Cabo representadas por

conglomerados e arcósios formados durante a abertura do oceano Atlântico no Cretácio

Inferior, quando também se deu grande atividade vulcânica.

Ao longo da linha de costa, além dos Terraços Marinhos elevados, ocorrem em alguns

trechos afloramentos de rochas graníticas do embasamento cristalino e da Formação

Algodoais, formando falésias de praia (Figura 6), contribuindo desse modo para a

diversificação das feições e paisagens costeiras. São também encontrados recifes de arenito

(beach rocks), alguns capeados por corais, dispostos em linhas paralelas à costa, originados

por areias de praia cimentadas por carbonato de cálcio, que oferecem um substrato

importante ao desenvolvimento de alguns organismos marinhos.

Figura 6. Falésia de praia constituída pela Formação Algodoais, Sirinhaém, PE. Fonte: Geosistemas, 2010.

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Por estar inserida na Zona da Mata, a APA de Guadalupe apresenta um clima tropical

úmido, com chuvas mais concentradas nos meses de maio, junho e julho, tendo outubro,

novembro e dezembro como os mais secos, no período do verão. A precipitação média anual

é de 2.200mm e a temperatura média anual é de 25°C .

Em decorrência dessas características climáticas e da sua posição costeira, a APA

apresenta um sistema fluvial-estuarino exuberante, com recortes costeiros que atribuem

grande beleza cênica ao local.

O sistema hídrico é controlado por falhas e fraturas geológicas, determinando o

aspecto reticulado da rede hidrográfica com regime fluvial perene, embora apresentem

vazões médias reduzidas, intensificadas apenas nos períodos mais chuvosos.

Os solos da área, produto das rochas graníticas, sedimentares e vulcânicas, sob as

condições climáticas vigentes, são formados por latossolos (32,51%), argissolos amarelos e

vermelho amarelos (14,76%), gleissolos (10,13%), neossolos (6,8%) e solos de mangue

(5,53%).

A Área de Proteção Ambiental de Guadalupe se situa na região de Desenvolvimento

da Mata Sul (RD 10), integrada por 24 municípios (Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de

Maria, Catende, Chã Grande, Cortês, Escada, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial,

Palmares, Pombos, Primavera, Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, São

José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Vitória de Santo Antão e Xexéu). A Mata Sul

ocupa uma extensão de 5.208,6 Km2, com mais de 693 mil habitantes (8,2% da população de

Pernambuco) e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,626. Destacam-se como

atividades econômicas a indústria sucroalcooleira, o turismo e a hortifruticultura. Por outro

lado, a APA de Guadalupe sofre influência direta da Região Metropolitana, notadamente da

Microrregião de Suape (Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca), não só devido à proximidade

física, mas à abrangência dos programas e ações do Complexo Industrial Portuário de Suape.

A tradicional produção de cana-de-açúcar desde o início do processo de ocupação do

espaço regional da Zona da Mata pernambucana deixou suas marcas na degradação do

ambiente, especialmente pela devastação das formações originais da Mata Atlântica. Os

solos, considerados como inesgotáveis, foram utilizados sem técnicas de manejo adequadas

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e o cultivo de uma espécie única contribuiu para a diminuição da biodiversidade regional,

completando o quadro de desequilíbrio (SELVA; COUTINHO; FERREIRA, 2001). Como

escreveu Gilberto Freyre:

“O empobrecimento do solo, em tantos trechos do Nordeste, por efeito de erosão, não se pode atribuir aos rios, à sua ânsia de correr para o mar levando a gordura da terra, mas principalmente à monocultura. Devastando as matas e utilizando-se do terreno para uma cultura única, a monocultura deixava que as outras riquezas se dissolvessem na água, se perdessem nos rios.” (FREYRE, 1993 p.207).

Foi nesse contexto que a Zona da Mata de Pernambuco se firmou como região

produtora de cana-de-açúcar, mas também perdeu parte das suas riquezas naturais e

necessita diversificar a sua produção agrícola, industrial e de serviços, ao mesmo tempo em

que é reconhecida a necessidade de conservação dos recursos ambientais.

Do ponto de vista do turismo, a área de influência da APA de Guadalupe se amplia

considerando os fluxos turísticos do município de Ipojuca (Praias de Muro Alto e Porto de

Galinhas) e de Maragogi (Alagoas) para a área estuarina do rio Formoso e Praia de Carneiros,

em Tamandaré.

Assim a APA de Guadalupe é um lugar estratégico para a expansão da função turística

por estar situada entre dois “centros regionais turísticos” consolidados, Maragogi-Alagoas,

ao Sul, e Porto de Galinhas-Pernambuco, ao Norte, tendo recebido, nos últimos anos,

investimentos direcionados para infraestrutura local e turística e aumentado o fluxo

turístico, notadamente em Carneiros e estuário do Rio Formoso.

Quanto às atividades econômicas atuais, observa-se uma dinâmica regional nos

diferentes setores da economia. O setor primário responde através das atividades

agropecuárias, representadas pela produção de cana-de-açúcar integrada à indústria e, em

menor escala, pela produção de mandioca, feijão, frutas e hortaliças e pela pesca. O setor

secundário na região destaca-se com a indústria do açúcar e do álcool produzidos nas usinas

e pequenas indústrias de alimentos de abastecimento local nas áreas urbanas. O setor dos

serviços e comércio nas áreas urbanas é voltado ao atendimento local, com exceção do

centro urbano de Barreiros que atente a região, embora tenha sofrido um decréscimo

significativo com a recente cheia do rio Una.

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Os serviços regionais de transportes, bancos, hospitais e clínicas especiais são

pontuais nos centros urbanos e Barreiros é o município que se destaca na oferta destes

itens, embora não seja suficiente para a demanda local e da região. Já os serviços turísticos

de hospedagem, bebidas, alimentação e de lazer se concentram nas áreas litorâneas e, mais

especificamente, no município de Tamandaré, e, em menor escala, no litoral Sul de

Sirinhaém, com baixa representação em Rio Formoso.

Do ponto de vista da oferta de emprego regional, registra-se o aspecto da

sazonalidade quer seja no setor primário, que assenta as bases da economia regional na

agroindústria da cana-de-açúcar, que no período de entressafra (março/abril a

agosto/setembro) libera mão de obra com a paralisação das atividades produtivas das

usinas, quer seja no setor terciário, com redução do volume de vendas do comércio, reflexo

da paralisação das usinas e, no turismo, os períodos da baixa estação, refletindo-se no

fechamento de pousadas, hotéis, restaurantes e pequenos comércios.

A estrutura fundiária é caracterizada por grande concentração de terras, com

pequeno número de grandes estabelecimentos agropecuários de grandes dimensões. Essa

estrutura fundiária, ditada pela monocultura extensiva voltada para a exportação, é de difícil

modificação e certamente marcou as relações socioeconômicas e as formas de apropriação

e uso dos recursos naturais na zona açucareira, mas os projetos de assentamentos da

reforma agrária passaram a representar uma nova realidade em Pernambuco, notadamente

na Zona da Mata.

Os assentamentos rurais representam uma situação recente na questão agrária

brasileira. A partir de 1980 esse processo foi intensificado devido às fortes pressões sociais,

mas os resultados foram tímidos e incapazes de modificar a estrutura fundiária. Pesquisas

desenvolvidas na área, por outro lado, informam que a agricultura não se constituiu na

principal Foto de renda da maioria dos assentados entrevistados, que sobrevivem

majoritariamente da renda proporcionada pelo trabalho em usinas da região ou na cidade, e

de programas sociais.

Outra questão fundamental merece destaque: as terras desapropriadas e parceladas

continuam subordinadas à lógica das usinas de açúcar e álcool, tendo havido apenas uma

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recomposição dos arranjos territoriais e reestruturação na forma de exploração do

trabalhador rural. Sendo assim, a política de reforma agrária pouco tem contribuído para a

diversificação de culturas, sendo a cana-de-açúcar a cultura dominante nos assentamentos

que, bem ou mal, encontram mercado para esse produto junto às usinas locais.

2.1. PLANOS E PROGRAMAS REGIONAIS

Considerando os programas e projetos direcionados para a região e as oportunidades

que se delineiam para a área litorânea, destacam-se o direcionamento para o ordenamento

do turismo e o incentivo ao dinamismo econômico regional associado ao discurso da

sustentabilidade ambiental, através do Projeto Orla, do Programa de Desenvolvimento do

Turismo - Prodetur e o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata -

Promata.

O Projeto Orla, do Ministério do Meio Ambiente, foi concebido com o objetivo de

contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável, através da identificação e

discussão dos conflitos existentes e da elaboração e implementação de propostas e ações

coordenadas, com base na situação atual, que compatibilizem as políticas ambientais e

patrimoniais, no nível federal, estadual e municipal. Embora não esteja ainda estruturado e

em funcionamento, a implantação do Projeto Orla trará um impacto positivo na região uma

vez que, em cada município, deve ser criado um comitê gestor da orla local, que foque o

espaço e as ações definidas pelos planos de cada município. O Projeto Orla sugere que esse

Comitê seja composto por integrantes do grupo de gestores local e de outras instituições

integrantes dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, que discutem e buscam soluções

para os problemas e conflitos nos territórios municipais, havendo também um Conselho

Gestor Regional para discussões mais abrangentes, ao nível de região.

O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata - Promata, vem sendo

implantado na região desde 2004. O Promata teve como objetivo principal apoiar o

desenvolvimento sustentável da Zona da Mata Pernambucana através de três subprogramas

básicos: melhoramento de serviços básicos, gestão e proteção ambientais e apoio à

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diversificação econômica. No contexto do turismo, o objetivo do Promata é estimular o

“desenvolvimento do turismo integrado às atividades produtivas locais, à conservação

ambiental e à valorização do patrimônio cultural, de modo a promover a dinamização

econômica do território e agregar valor a sociedade local” no tocante aos aspectos sociais,

culturais e ambientais da região.

Este programa abrange toda a área da APA de Guadalupe com propostas de projetos

capazes de contribuir para a gestão de problemas e conflitos referentes à conservação dos

recursos ambientais por meio dos Planos de Investimento Municipal – PIM, definidos para

cada município. Mas a estratégia do Promata de atuar em diferentes frentes encontra

dificuldades, ora na estrutura organizacional dos municípios, ora nas dificuldades inerentes à

mobilização dos atores sociais participantes do programa, ou seja, população, administração

municipal, empresários locais e governo estadual, enquanto fomentador do programa, assim

como com relação à administração dos prazos de execução e financiamento das atividades.

Por sua vez, o Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo) se deu em duas

fases: Prodetur I e II. Os municípios de Sirinhaém, Rio Formoso e Tamandaré participaram do

Prodetur I, recebendo investimento de infraestrutura. As ações do Prodetur na região

podem trazer inúmeros aspectos positivos além da simples elevação do número de turistas e

aumento do número de hotéis. As obras de infraestrutura contribuem para a geração de

emprego e renda assim como representam um impacto positivo para a APA de Guadalupe,

melhorando as condições de saneamento ambiental, drenagem e ordenamento da orla.

Esse impacto positivo sobre a área da APA também se verifica com a elaboração dos

planos diretores municipais e com a revisão do Plano de Manejo da APA, ampliando as

possibilidades de conservação da área com a diversidade de instrumentos de gestão,

embora outros instrumentos, como o licenciamento ambiental, se façam necessários tendo

em vista a expansão de hotéis e venda de áreas de faixa de praia.

Vislumbra-se iminência de ocorrer um novo “boom” imobiliário, a exemplo do que

ocorreu na década de 80, com implantação de inúmeros empreendimentos hoteleiros

voltados para o segmento de lazer de “sol e praia”, os denominados “resorts”, a maioria

incentivados pelo financiamento público, atraídos pelas isenções fiscais, os baixos custos dos

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terrenos e da mão-de-obra, como ocorreu em Maragogi-AL e Porto de Galinhas-PE (SOUSA,

SELVA, 2009).

2.2. ECOSSISTEMAS TERRESTRES

As tipologias de vegetação encontradas na APA de Guadalupe correspondem aos

chamados ecossistemas atlânticos, com diferentes fisionomias que expressam os efeitos dos

solos, do relevo, da precipitação, da dinâmica costeira e história de uso. Como elemento

mais conspícuo do ambiente, a vegetação reflete essas influências e permite classificações

que sintetizam os principais aspectos dos ecossistemas. Nos diagnósticos elaborados como

subsídios para o Plano de Manejo da APA de Guadalupe, a vegetação natural terrestre foi

dividida em duas grandes unidades fitoecológicas: os fragmentos de floresta ombrófila, em

diferentes estágios sucessionais, e os ecossistemas do complexo costeiro-estuarino,

integrados por restingas, manguezais, praias e dunas. Além desses, constituindo o sistema

secundário de vegetação, descrevem-se ainda formações savânicas encontradas na área.

2.2.1. OS FRAGMENTOS FLORESTAIS DA FLORESTA PLUVIAL ATLÂNTICA

Desde o início do povoamento da Zona da Mata pernambucana, a monocultura da

cana-de-açúcar se desenvolveu às custas de grandes desmatamentos. Na evolução do

processo de produção do açúcar, a passagem dos engenhos bangüês às usinas, no final do

século XIX e início do XX, correspondeu a um avanço ainda mais intenso sobre as formações

florestais nativas, já que a maior capacidade de produção exigia maior fornecimento de

cana. Deste período data também o desenvolvimento do transporte ferroviário que não só

promoveu novos desmatamentos para dar lugar às ferrovias como exigiu o fornecimento de

madeira para dormentes e para a geração de energia.

Os tipos de vegetação florestal integrantes da Mata Atlântica na Zona Litoral-Mata de

Pernambuco apresentam-se como fragmentos pequenos e isolados, encontrando-se

remanescentes correspondentes às seguintes regiões fitoecológicas, sensu IBGE (1992):

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Floresta Ombrófila das Terras Baixas e Submontana e Floresta Estacional Semidecidual das

Terras Baixas e Submontana. Diferenciam-se as subclasses de formação Ombrófila e

Estacional em função do clima (relação pluviometria x temperatura) e da conseqüente

adaptação das plantas ao déficit hídrico dos solos. Já quanto à formação propriamente dita,

é determinada pelo tipo de ambiente (forma de relevo) (IBGE, 1992). Na Mata Sul, onde se

localizam os municípios de Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros, dominavam as

florestas ombrófilas, reduzidas a fragmentos em áreas de acesso mais difícil, onde a

topografia impediu o avanço da cana, além das formações pioneiras litorâneas.

Os fragmentos florestais encontrados resguardam o que resta de grande diversidade

arbórea original, típica das florestas ombrófilas e, mesmo a maioria deles se encontrando

em estágios inicial e médio de sucessão, essa diversidade é expressiva. Inúmeras espécies

arbóreas podem ser observadas como cupiúba (Tapirira guianensis), caboatã-de leite

(Thyrsodium schomburgkianum), murici (Byrsonima sericae), lacre (Vismia guianensis),

embiriba (Eschweilera ovata), angélica ou banana-de-papagaio (Himatanthus

phagedaenicus), sete-cascos (Pera glabrata), pau d’arco roxo (Tabebuia cf. avellanedae),

maçaranduba (Manilkara salzmanni), mamajuda (Sloanea obtusifolia), sapucaia (Lecythis

pisonis), sucupira (Bowdichia virgilliodes), bulandi-de leite (Symphonia globulifera),

bulandi-de-jaca (Richeria grandis), ingás (Inga sp), manipueira (Henriettea succosa),

praíba (Simarouba amara), mirindiba (Buchenavia capitata), amescla (Protium

hepthaphyllum), caboatã-de-rego (Cupania racemosa), cafezinho (Casearia sp), cocão

(Pogonophora schomburgkiana), leiteiro (Pouteria sp), oiti-de-morcego (Saccoglotis

mattogrossensis), visgueiro (Parkia pendula) entre muitas outras, quase sempre comuns em

levantamentos de formações secundárias da floresta atlântica da Mata Sul pernambucana.

As campanhas de campo realizadas para o diagnóstico foram feitas na Mata da Gia,

Mata do Porto e Mata de Carneiros (Figura 7). Os três fragmentos se apresentam como

Floresta Ombrófila das Terras Baixas, em estágio médio de sucessão, com visível

estratificação vertical, alturas médias entre 8 e 10m, observando-se indivíduos emergentes

com alturas superiores a 15m.

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Figura 7. Estratificação e árvores emergentes vistas da borda na Mata de Carneiros, Tamandaré - PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Essas matas têm em comum a localização, próxima ao litoral, e a ocorrência de

espécies também presentes em restingas. Nas bordas dessas matas, são frequentes pelo

menos duas espécies de muricis (Byrsonima spp), jenipapo (Genipa americana), lixeira

(Curatella americana), carrasco (Miconia albicans), sabiazeira branca (Miconia minutiflora),

purpuna (Myrcia silvativa), sete-cascos (Pera glabrata), lacre (Vismia guianensis). Pau-

pombo (Tapirira guianenesis) é comum tanto nas bordas quanto no interior dos fragmentos.

Na Mata de Carneiros, o ingá (Inga laurina) é a espécie mais comum nas bordas

baixas. Mirindiba (Buchenavia capitata) e sucupira (Bowdichia virgilioides) alcançam o

estrato superior, constituindo-se nas árvores dominantes nesse tipo de formação, onde

também foram reconhecidas: imbira vermelha (Xylopia sp), caboatã-de-leite (Thyrsodium

schomburgkianum), embiriba (Eschweilera ovata), orelha-de-burro (Clusia nemorosa), vara-

de-caju (Cordia sp), oiti-da-praia (Licania tomentosa), sapucarana (Lecythis sp), cauçu

(Coccoloba mollis), araçá (Psidium sp), leiteiro (Pouteria sp), amescla (Protium sp), angelim

(Andira nitida) e cocão (Pogonophora schomburgkiana).

A análise preliminar da distribuição de fragmentos indica algumas prioridades

importantes para a conservação na APA de Guadalupe. Sendo todos eles protegidos pela Lei

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Nº 11.428/2006, a Lei da Mata Atlântica, localizados, a maioria, na Zona de Amortecimento

da Reserva Biológica de Saltinho e apresentando, muito deles, a função de proteção dos

recursos hídricos, tem o corte e supressão da vegetação vedados pelo Artigo 11 da referida

Lei e devem se constituir prioridade para conservação, objeto de monitoramento especial.

Entre esses, identificaram-se algumas áreas especiais:

- Matas do Engenho São João e Canto Alegre: fragmentos de especial interesse para

a conservação do Rio Ilhetas.

- Mata do Engenho Duas Bocas, a oeste da APA, também associado à proteção dos

recursos hídricos e apresentando vegetação de floresta ombrófila submontana, pelas cotas

altidudinais encontradas, que deve ser particularmente estudada.

- Matas de Minguito, com alto potencial para se estabelecer a conectividade entre os

fragmentos e restauração ambiental de bordas internas, incluindo também áreas de floresta

submontana.

- Mata de Carneiros, em bom estado de conservação e com grande potencial para

uso em ecoturismo com interpretação da natureza ao longo de trilhas guiadas.

- Mata do Pau-Amarelo, reunindo os fragmentos nomeados como Mata do Engenho

Mamocabas, em bom estado de conservação, com conectividade natural com a Rebio de

Saltinho.

- Mata do Porto e da Gia, sujeitas a maiores ameaças, haja vista a localização

litorânea e as pressões constatadas.

2.2.1.1. A Zona de Preservação da Vida Silvestre da APA de Guadalupe: O fragmento de

floresta atlântica protegido na Reserva Biológica de Saltinho

Levantamentos realizados para elaboração do Plano de Manejo de Saltinho

apontaram a ocorrência de 325 espécies vegetais, pertencentes a 80 famílias botânicas e

205 gêneros. As leguminosas, de modo geral, se destacaram pela riqueza de espécies tanto

arbóreas quanto subarbustivas, ocupando diferentes nichos (dossel, bordas e áreas abertas),

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enquanto Melastomataceae e Rubiaceae foram particularmente encontradas em áreas de

sub-bosque das formações florestais.

Entre as espécies arbóreas encontradas destacaram-se cupiúba (Tapirira guianensis),

ingá de porco (Sclerolobium densiflorum), urucuba (Virola gardneri), visgueiro (Parkia

pendula), massaranduba (Manilkara salzmanni), bom-nome (Maytenus rigida), piquiá

(Aspidosperma limae), praíba (Simarouba amara), munguba (Eriotheca crenulaticalyx),

cabotã-de-leite (Thyrsodium schomburgkianum), sucupira (Bowdichia virgilioides), amesclas

(Protium spp.) e mirindiba (Buchenavia capitata) (IBAMA, 2003)1. Além dessas, espécies

exóticas introduzidas como mangueira (Mangifera indica) e jaqueira (Artocarpus integrifolia)

foram encontradas no interior da mata, sendo associadas à proximidade de antigas

habitações. Camaçari (Caraipa densifolia) foi especialmente abundante na regeneração

natural.

Destacam-se entre as espécies arbóreas listadas no estudo as presenças de Triplaris

gardneriana, Cupania revoluta, Helicostylis tomentosa, Clarisia racemosa, Brosimum

discolor, Siparuna guianensis, Stryphnodendron pulcherrimum, Plathymenia foliolosa,

Pithecolobium pedicelare, Enterolobium contortisiliquum, Guarea trichilioides, Pterocarpos

violaceus, Humiria floribunda, Erythroxylum pulcherrimum, Pera ferruginea, Caraipa

densifolia, Symphonia globulifera, Cordia trichotoma, Eriotheca gracilipes, Macoubea

guianensis, Aspidosperma discolor, Thyrsodium salzmannianum e Schefflera morototoni,

entre outras mais ou menos frequentes nos fragmentos florestais da Mata Sul

pernambucana.

As famílias Orchidaceae e Bromeliaceae tiveram baixa ocorrência, denotando o

caráter secundário da vegetação.

Trabalhos mais recentes como os de Teixeira (2009) e Alencar (2009) contribuem

para conhecer uma pouco mais sobre a diversidade e os processos ecológicos que se

estabelecem nesse que é um dos mais importantes fragmentos da floresta ombrófila

pernambucana. Nos estudos de Teixeira (2009), Tapirira guianensis (cupiúba ou pau-pombo)

apresentou-se como a espécie de maior densidade nas parcelas amostrais e entre as outras

1 Os nomes vulgares foram alterados para corresponder às denominações localmente conhecidas.

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mais abundantes é possível destacar Bowdichia virgilioides, Brosimum rubescens, Cupania

sp., Eschweilera ovata, Genipa americana, Helicostylis tomentosa, Henriettea succosa,

Lacistema pubescens, Miconia minutiflora, M. prasina, Pachira aquatica, Pogonophora

schomburgkiana, Protium giganteum, P. heptaphyllum, Schefflera morototoni, Simarouba

amara, Sloanea sp., Syzygium jambolanum, Tapirira guianensis, Thyrsodium spruceanum,

Virola gardneri e Xylopia frutescens.

Por sua vez, Alencar (2009) estudou a regeneração natural estabelecida nos plantios

de Eucalyptus e Pinus e, em ambas as situações foram encontrados índices de diversidade

expressivos, concluindo que não houve impedimento ao estabelecimento de espécies

nativas no sub-bosque dos plantios.

A Reserva Biológica de Saltinho se constitui em importante fonte de propágulo para

restauração das áreas próximas, local privilegiado para estudo da dinâmica e da

biodiversidade da floresta atlântica e fundamental exercício de gestão de áreas protegidas

em Pernambuco. A preservação das suas funções e atributos é fundamental para APA e para

toda Zona da Mata pernambucana.

2.2.2. RESTINGAS, PRAIAS E MANGUEZAIS: O COMPLEXO COSTEIRO-ESTUARINO DA APA DE

GUADALUPE

O termo restinga é polissêmico, ou seja, tem vários sentidos: pode designar diversos

tipos de depósitos litorâneos, como também outras feições costeiras, assim como também é

adotado para nomear diversos tipos de vegetação que recobrem essas planícies ou ainda o

sistema substrato-vegetação como um todo.

Como feição do relevo, o termo restinga é empregado como sinônimo de “planície

costeira” ou “planície litorânea” - planícies formadas por sedimentos terciários e

quaternários, depositados predominantemente em ambientes marinho, continental ou

transicional, freqüentemente associadas a desembocaduras de grandes rios e/ou

reentrâncias na linha de costa, e podem estar intercaladas por falésias e costões rochosos de

idade pré-cambriana, sobre os quais se assentam eventualmente seqüências sedimentares e

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vulcânicas acumuladas em bacias paleozóicas, mesozóicas e cenozóicas (Villwock, 1994

citado por SILVA, 1999 ).

Em Pernambuco, Andrade-Lima (1960) propôs uma classificação na qual a Zona do

Litoral seria integrada por uma grande diversidade de ecossistemas, como praias e dunas,

restingas, tabuleiros e manguezais (ANDRADE-LIMA, 1960). Assim, diferenciava os ambientes

das restingas, recobertos por matas ou campos, dos demais tipos de vegetação litorânea.

O IBGE (1992), no seu Manual Técnico da Vegetação Brasileira, classifica as restingas

e os manguezais como Formações Pioneiras (vegetação de primeira ocupação de caráter

edáfico, que ocupa terrenos rejuvenescidos pelas seguidas deposições de areias marinhas

nas praias e restingas, as aluviões fluviomarinhas nas embocaduras dos rios e os solos

ribeirinhos aluviais e lacustres). Como integrante dessa grande classe, nomeia de restinga a

vegetação com influência marinha, incluindo, na sua caracterização, a vegetação de praia,

dunas e do “pontal rochoso que deu origem à restinga”, cuja vegetação se diferenciaria das

“comunidades arenosas”.

Segundo CPRH (n.d.), a restinga mais bem preservada na área da APA de Guadalupe

é encontrada nas proximidades do Rio Ariquindá, apresentando fisionomia arbustiva

adensada e algumas árvores espaçadas, em especial, cajueiro (Anacardium occidentale) e

angelim-da-praia (Andira nitida), ressaltando-se também a frequência de lixeira (Curatella

americana), cipó-de-fogo (Tetracera breyniana) e murici (Byrsonima gardneriana).

Na restinga de Ariquindá domina o fruticeto, fisionomia arbustiva aberta, ocorrendo

agrupamentos arbustivos, formando eventualmente moitas, intercaladas por áreas abertas,

onde indivíduos arbóreos encontram-se esparsos e vegetação herbácea abundante. O

substrato é formado basicamente por areias quartzosas, desprovido de serrapilheira. O

estrato herbáceo é expressivo, constituído por espécies como: Chamaecrista ramosa,

Cuphea flava, Stigmaphyllom paralias e Borreria verticilata. Os arbustos mais frequentes

pertencem as espécies Byrsonima gardneriana, Byrsonima sericea, Eugenia perifolia, Psidium

guineensis e Tocoyena brasiliensis e Guapira pernambucensis. Os espécimes arbóreos

encontrados, chegando a 10 metros de altura, pertenceram as espécies Pera glabrata,

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Andira nitida, Manilkara salzmanii, Protium hepthaphyllum, Buchenavia capitata e Inga

capitata, todas intercaladas por arbustos e ervas.

Na mesma área do município de Tamandaré, Silva e colaboradores (2008) concluíram

que a restinga estudada está assentada sobre um terraço marinho pleistocênico, o qual não

recebeu, durante a sua formação, influência do Rio Ariquindá que passa ao lado da área. O

solo local foi classificado como Neossolo Quartzarênico Órtico, profundo e essencialmente

arenoso, com teor de areia superior a 90% ao longo de todo o perfil. No local foram

identificadas 104 espécies, distribuídas em 88 gêneros e 54 famílias, com maior riqueza da

família Myrtaceae.

A área apresentou três tipos fisionômicos distintos: campo aberto não inundável,

fruticeto aberto não inundável e floresta aberta não inundável. As espécies mais

representativas do campo não inundável foram Abildgaardia scirpoides, Borreria verticillata,

Cuphea flava e Cyperus hermaphroditus, enquanto no fruticeto aberto destacaram-se

Abarema cochliacarpos, Byrsonima gardneriana, Byrsonima sericea, Croton sellowii e

Stigmaphyllon paralias. As espécies mais representativas da floresta não inundável foram

Andira nitida, Manilkara salzmannii, Pera glabrata, Protium bahianum e Saccoglotis

mattogrossensis. Anacardium occidentale foi observado nas três fisionomias e Hancornia

speciosa, apenas no fruticeto. Não foram encontradas espécies endêmicas, mas espécies

que são oriundas de outros ambientes adjacentes ou até mais distantes, como por exemplo

Panicum laxum, Polygala violacea, Staelia virgata e Stemodia pratensis, que foram listadas

para ambientes como o cerrado (SILVA et al. 2008).

Os levantamentos de campo realizados indicaram a existência de um mosaico

vegetacional nessa área, formando um complexo que integra a franja de mangue às margens

do Rio Ariquindá e se estende por áreas com diferentes níveis de antropismo. No que parece

ser a transição entre a floresta ombrófila de terras baixas, representada pela Mata dos

Carneiros, e a restinga, encontra-se um denso estrato de ingá (Inga sp - Leguminosae

Mimosoideae) nas bordas, com coqueiros (Cocos nucifera L. - Arecaceae) dominando o

estrato superior, registrando-se a presença de imbaúba (Cecropia sp - Cecropiaceae), lacre

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(Vismia guianensis) e jenipapo (Genipa americana). Vê-se que se trata de sucessão

secundária recente, estabelecida sob coqueirais sem tratos culturais.

Área mais conservadas apresentam estrato arbóreo com massaranduba (Manilkara

salzmannii), caju (Anacardium occidentale), angelim (Andira sp), cupiúba (Tapirira

guianensis) e muita regeneração de lacre (Vismia guianensis). Nas proximidades da área

também estudada por Silva e colaboradores (2008), o manguezal se limita com uma

vegetação arbustiva bastante densa, cujo dossel não ultrapassa os 6,0 m de altura,

constituída de Simaba ferruginea, Ouratea sp, Byrsonima sp, Myrsine sp e Protium

brasiliense. O mangue-de-botão (Conocarpus erectus) viceja na linha de transição entre o

manguezal e a restinga (Figura 9).

Figura 8 – Ramo florido de Byrsonima sp, coletado nas restingas do Ariquindá, Tamadaré-PE. Material

depositado no Herbário Sérgio Tavares do Departamento de Ciência Florestal, UFRPE (Foto: Ângela

Miranda, outubro, 2010).

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Figura 9. Na linha de transição entre manguezal e restinga, às margens do Rio Ariquindá, Tamandaré

– PE, o mangue-de-botão caracteriza as áreas de mangue já assoreadas e a vegetação arbóreo-

arbustiva mais densa delimita a área não inundável. (Foto: Isabelle Meunier, outubro, 2010)

Nas áreas mais antropizadas, a vegetação é caracterizada pela presença de mangaba

(Hancornia speciosa), cajueiros e alguns exemplares remanescentes arbóreos de angelim

(Andira sp), enquanto o estrato subarbustivo-herbáceo é composto por espécies ruderais,

que evidenciam a história de uso da área, e espécies típicas de restinga. Foram encontradas

chumbinho (Lantana camara), Cuphea flava, Borreria verticillata, Urena lobata,

Chamaecrista flexuosa, Lagenocarpus cf. rigidus, típica de ambientes de restinga, Solanum

agrarium e Waltheria indica.

As “restingas do Ariquindá” apresentam elevado potencial paisagístico por

resguardarem características das paisagens litorâneas de Pernambuco, com espécies de

importância econômica e cultural para as populações locais, para alimentação e abrigo da

fauna silvestre e fornecedoras de sementes para programas de restauração ambiental. A

ocupação nessa área deve ser controlada, com manutenção de extensões significativas de

áreas livres com vegetação natural, principalmente às margens do rio, onde a área de

preservação permanente pode ter seus valores potencializados como área verde urbana,

com baixa intervenção.

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No município de Sirinhaém identificam-se fisionomias que integram elementos de

restinga e de apicum (ou salgado), onde foram registradas as espécies Dalbergia

ecastaphyllum, Humiria balsamifera, Miconia hirta, Miconia albicans, Coccoloba sp,

Chrysobalanus icaco, Guettarda platypoda e Tocoyena formosa.

Áreas alagáveis com vegetação herbácea e áreas de apicum (ou salgado) integram o

mosaico de feições costeiras e estuarinas, juntamente à restinga e aos manguezais do Rio do

Passos e Formoso. O termo apicum vem do tupi-guarani e significa “brejo de água salgada à

borda do mar ou coroa de areia feita pelo mar”, segundo informação não datada de Crepani

e Medeiros. A zona do apicum, segundo Bigarella citado por Scheaffer-Novelli (2006), faz

parte da sucessão natural do manguezal para outras comunidades vegetais, sendo resultado

da deposição de areias finas por ocasião da preamar, com elevado grau de salinidade. Ou

seja, o apicum integra o ecossistema manguezal e estabelece, muitas vezes, a zona de

transição com a restinga. Nesse trecho do município de Sirinhaém, essa complexidade pode

ser observada e as diversidades específica e ecossistêmica da área colocam-na como

prioridade para ações de proteção e desenvolvimento de pesquisa, já que a conservação e o

conhecimento dessa diversidade, bem como dos processos e relações funcionais, são

fundamentais para a garantia da oferta dos serviços ecossistêmicos.

Ao longo da área costeira de Guadalupe, com baixo grau de ocupação humana,

encontra-se outra expressão da vegetação litorânea incluída na definição mais genérica de

restinga. Trata-se de vegetação que recobre pequenas dunas formadas sobre as falésias, a

partir da areia retrabalhada pelo vento. Nesse local foram observadas Stigmaphyllon

paralias, Ouratea sp, Myrsine sp, Croton sellowii, Manilkara salzmannii, Remirea maritima

(Cyperaceae, típica de restinga), Periandra mediterranea, Byrsonima sp e Cereus

fernambucensis (Cactacaea). Foi encontrada uma única espécie de orquídea (Vanilla sp). O

local, além do valor biológico, apresenta grande beleza cênica e oportunidade de uso como

mirante (Figuras 10 e 11).

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Figura 10. Terraço marinho retrabalhado pelo vento entre Aver-o-mar e Guadalupe, em

Sirinhaém-PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 11. Cereus fernambucensis (cardo-da-praia) na vegetação costeira de Guadalupe. Foto:

Geosistemas, 2010.

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Ainda integrando a formação fitoecológica das restingas, a vegetação de praia se

evidencia em vários trechos da área costeira, com destaque para o estuário do Rio Ilhetas

onde herbáceas como Ipomoea pes-caprae, Mariscus maritima, Paspalum maritimun,

Sporolobus virginicus, Sophora tomentosa, Cuphea flava e Stigmaphylon paralias aparecem

sob os coqueirais.

Os coqueirais são o elemento mais marcante e estruturador da paisagem nessas

áreas antropizadas e, a despeito de se constituírem em monocultivos de espécie introduzida,

representam a expressão da paisagem cultural do litoral pernambucano (Figuras 12 e 13),

resguardam uma importante diversidade faunística, além de se constituírem em fonte de

renda para as populações locais.

Figura 12. Coqueirais de Guadalupe, em Sirinhaém – PE. Foto: Geosistemas, 2010.

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Figura 13. Coqueirais na Praia do Porto, Barreiros – PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Os manguezais ocupam, na APA de Guadalupe, extensas áreas que margeiam as

áreas estuarinas dos rios Sirinhaém, Ilhetas, Ariquindá, Formoso e dos Passos. Os

manguezais são ecossistemas costeiros tropicais, cuja cobertura vegetal altamente

especializada, com alta biomassa e baixa diversidade. Colonizam depósitos sedimentares

com elevada salinidade e altos teores de matéria orgânica.

Os bosques de mangue da APA de Guadalupe são constituídos pelas espécies que

ocorrem em Pernambuco: Rhizophora mangle (mangue-gaiteiro), Laguncularia racemosa

(mangue-branco), Avicennia schaueriana (mangue-preto) e Conocarpus erectus (mangue-de-

botão), essa encontrada nas áreas menos sujeitas a inundações. A presença da avenca-do-

mangue (Achrosticum sp) é algumas vezes observada, assim como de uma “borda” alterada,

com espécies exóticas regeneradas sub-espontaneamente, principalmente nas proximidades

de núcleos urbanos. As espécies exóticas mais associadas às bordas de mangue são

castanhola (Terminalia catappa) e leucena (Leucaena leucocephalla). Os bosques de mangue

da APA de Guadalupe estão em diferentes estágios de desenvolvimento e graus de

antropismo, com expressão máxima na zona estuarina do Rio Formoso, dos Passos e

Ariquindá e no estuário do lhetas-Mamocabas (Figuras 14 e 15).

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Figura 14. Bosque de mangue com predomínio de Rhizophora mangle no estuário do Rio Formoso – PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 15. Franja de mangue-gaiteiro às margens do Rio Ariquindá, Tamandaré – PE. Foto:

Geosistemas, 2010.

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Como é fartamente conhecido, a baixa diversidade vegetal não diminui a importância

dessas áreas que oferecem inúmeros serviços ambientais de extrema importância, seja para

a produtividade dos ecossistemas aquáticos, conservação da fauna silvestre, sustentação da

pesca e do extrativismo e proteção da costa, além de se constituir em paisagens de grande

beleza para a prática do turismo.

2.2.3. FORMAÇÕES SAVÂNICAS

Em certas áreas da APA de Guadalupe observa-se cobertura vegetal de porte

arbustivo, com fisionomia savânica que pode ser atribuída às intervenções antrópicas

passadas. Apresenta densidade variável com espécies pioneiras e, geralmente, dominância

de lixeira (Curatella americana) e cajueiros (Anacardium accidentale) de pequeno porte e

caule retorcido, e estrato herbáceo constituído por ervas ruderais, notadamente gramíneas

e ciperáceas, imprimindo o aspecto de savana.

A intervenção antrópica historicamente estabelecida e os episódios de queimadas,

intencionais ou acidentais, levaram a remoção da camada biologicamente ativa do solo,

impossibilitando o estabelecimento de regeneração natural expressiva. A ocorrência de

poucas espécies e o domínio da C. americana em algumas áreas parecem estar associados

ao dessecamento promovido pelo vento, nas encostas, e/ou a baixa fertilidade dos solos.

Essas áreas savanizadas, aparentemente de baixo valor biológico, devem ser priorizadas para

estudos sobre os fatores limitantes ao estabelecimento de vegetação mais densa e de maior

porte, e objeto de medidas de reabilitação e restauração.

2.2.4. A AVIFAUNA DA APA DE GUADALUPE

Na APA de Guadalupe estão catalogadas 187 espécies de aves, pertencentes a 39

famílias. Essas 187 espécies registradas, correspondem à cerca de 37% das aves listadas

para o estado de Pernambuco, que possui um total de 498 espécies registradas (Farias et al.

2000).

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Do total de espécies que ocorrem na área, dez são endêmicas da região, sendo elas

o periquito-rico (Brotogeris tirica), beija-flor-de-costas-violeta (Thalurania watertonii), beija-

flor-cinza (Aphanthocroa cirrhochloris), joão-bobo (Nystalus maculatus), chupa-dente-de-

máscara (Conopophaga melanops), fruxu (Neopelma pallescens), garrinchão-de-bico-grande

(Thryothorus longirostris), sangue-de-boi (Ramphocelus bresilius) e o pintor-verdadeiro

(Tangara fastuosa), este último, juntamente com o besouro-de-rabo-branco (Phaethornis

superciliosus), o tatac (Synallaxis infuscata) e o pintassilgo-do-nordeste (Carduelis yarellii)

encontram-se na lista das espécies ameaçadas que ocorrem no Brasil (COLLAR et al., 1994).

O gavião-carijó (Buteo magnirostris) pode ser observado em diversas áreas na APA

de Guadalupe, demonstrando que suas populações não são atingidas pelas atividades

humanas. Enquanto isso, o gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) ocorre nas

proximidades do rio Una, município de Barreiros, e é uma espécie ameaçada pela

contaminação das águas, de onde provêm seu principal alimento, uma espécie de molusco

conhecido vulgarmente como aruá (Pomacea).

Dentre as aves associadas a ambientes aquáticos, destaca-se a presença dos

Charadriidae (batuíra-de-bando Charadrius semipalmatus e batuíra-de-coleira Charadrius

collaris) e Scolopacidae (maçarico-branco Calidris alba e o maçarico-pintado Actitis

macularia).

A maior parte dos Columbidae (pombas e rolinhas), encontradas na APA, vive em

regiões campestres e são beneficiadas pelo desmatamento e expansão das culturas (Sick

1997), como a rolinha-caldo-de-feijão (Columbina talpacoti) e a fogo-apagou (Scardafella

squammata). As pombas de grande porte (Columba e Leptotila) são importantes na

alimentação da população local.

Os grandes frugívoros, como os das famílias Psittacidae (periquitos, jandaias),

Trogonidae (surucuás) e Ramphastidae (tucanos, araçaris), aves de dieta mais especializada,

estiveram representados por poucas espécies. Estas têm função extremamente importante,

uma vez que são dispersores de sementes, como as de Anonaceae, Sapotaceae,

Chrysobalanaceae, Lauraceae, entre outras (TABARELLI, 2000).

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Um número relativamente elevado (14) de beija-flores (Trochilidae) foi inventariado

na APA. Destaca-se a ocorrência do beija-flor-de-costas-violeta (Thalurania watertonii),

espécie endêmica da Mata Atlântica nordestina (Pernambuco, Alagoas e Sergipe).

Os Formicariidae (papa-formigas, chocas), aves insetívoras da família Passeriformes,

são especializados e sensíveis à fragmentação de habitats. Destaca-se Thamnophilus

aethiops distans, uma subespécie da choca-lisa (T. aethiops) da região amazônica, que

ocorre em florestas residuais de Pernambuco e Alagoas. São ainda registradas o papa-taoca

(Pyriglena leuconota) e o chupa-dente-de-máscara (Conopophaga melanops), este último

endêmico da Floresta Atlântica.

Na família Furnariidae, destaque especial para o tatac (Synallaxis infuscata), espécie

restrita às florestas montanas dos estados de Pernambuco e Alagoas, onde habita as bordas

emaranhadas e o sub-bosque denso (SICK, 1997) e está incluída no livro vermelho das

espécies ameaçadas (COLLAR et al., 1994).

Os Dendrocolaptidae, arapaçu-liso (Dendrocincla fuliginosa) e o arapaçu-de-bico-

amarelo (Xiphorhynchus guttatus) são excelentes bioindicadores para a região, uma vez que

são abundantes nas florestas tropicais, mas tem a população reduzida em matas

secundárias empobrecidas.

Tyrannidae é uma família bastante numerosa em espécies na APA de Guadalupe e é

representada por pássaros que ocupam todos os tipos de paisagem e todos os estratos da

mata. Alguns tiranídeos, como a lavadeira (Fluvicola nengeta) e o bem-te-vi (Pitangus

sulphuratus), têm suas populações favorecidas pela antropização, como observado nos

centros comerciais das cidades de Tamandaré e Barreiros. Já outros representantes da

família preferem o sub-bosque mais emaranhado das florestas, como a maria-de-olho-

branco (Hemitriccus zosterops) e o patinho (Platyrinchus mystaceus).

Entre os principais dispersores de sementes de espécies pioneiras estão os Pipridae.

Representados pela rendeira (Manacus manacus) e o fruxu (Neopelma pallescens). Este

último até recentemente considerado endêmico do Brasil, foi encontrado por Bates et al.

(1992) apud Sick (1997) na Bolívia.

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A andorinha-do-rio (Tachycineta albiventer) e andorinha-de-bando (Hirundo rustica),

esta última migratória do hemisfério norte, são bons indicadores de poluição (Sick 1997), e

sua presença na área indica boa qualidade da mesma.

A família Emberizidae destaca-se em número de espécies na APA de Guadalupe, com

representantes de suas seis sub-famílias. Dentre seus representantes encontram-se o

sangue-de-boi (Ramphocelus bresilius), endêmica do Brasil oriental, e o pintor-verdadeiro

(Tangara fastuosa), restrito ao litoral nordestino da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e

ameaçado devido à perseguição pelo comércio clandestino, o que é agravado pela sua

pequena área de distribuição (Sick 1997). Também nesta família estão as aves canoras que

sofrem pressão de captura por passarinheiros, como: o guriatã (Euphonia violacea), o

canário-da-terra (Sicalis flaveola), o tiziu (Volatinia jacarina), diversas espécies de

coleirinho, bigodinho, papa-capim (Sporophila spp) e o curió (Oryzoborus angolensis).

Outra espécie importante é o pintassilgo-do-nordeste (Carduellis yarrellii), apreciado

no comércio de aves silvestres, ameaçada, na categoria de vulnerável, pelo fato de ser

muito limitada sua área de ocorrência (Sick 1997).

Também estão presentes na área representantes da família Cathartidae, urubus-de-

cabeça-preta (Coragyps atratus) e urubus-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), grupo de

aves urbanas sensu lato, àquelas que ocorrem em outros ambientes além do urbano e são

beneficiados pelas alterações ambientais, obtendo aumento dos locais de nidificação e na

disponibilidade de alimento, diminuição do número de competidores e de predadores

potenciais (Argel-de-Oliveira, 1996), principalmente devido aos lixões das cidades de

Tamandaré e Barreiros, que propiciam alimento e abrigo. Ainda no grupo de aves sensu

lato, estão o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), o sebito (Coereba flaveola), a curruíra

(Troglodytes aedon), o sanhaço (Thraupis sayaca) e o tico-tico (Zonotrichia capensis).

A presença das espécies exóticas introduzidas pode ser observada nos centros

comerciais de Tamandaré e Barreiros e nas áreas de praia e coqueiral, sendo elas o pombo-

doméstico (Columba livia) e o pardal (Passer domesticus).

O registro das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, bem como a ocorrência

de espécies frugívoras, a exemplo das famílias Trogonidae (surucuás) e Ramphastidae

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(tucanos e araçaris), e também a presença de formicarídeos (papa-formigas, chocas), que

são excelentes bioindicadores, demonstram que os fragmentos da área da APA de

Guadalupe são de extrema importância na conservação da diversidade biológica da área.

2.3. ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

2.3.1. FAUNA AQUÁTICA

RECIFES

Os recifes constituem a base de uma comunidade marinha costeira complexa e de

grande valor ecológico, sendo um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo,

além de formar uma estrutura com funções ecológicas que suportam uma alta diversidade

de espécies. Embora restritos geograficamente aos mares tropicais e ocupando apenas 0,1%

da superfície terrestre, os recifes de corais têm grandes implicações globais para a

biodiversidade marinha (KOHN, 1997).

Os recifes de coral possuem grande importância como defesa costeira natural, além

de fonte alimentar e de renda, através do turismo, para as comunidades costeiras. Em

associação aos mangues, os recifes fornecem suporte para a manutenção da intensa

atividade pesqueira artesanal nas áreas costeiras.

O Brasil possui os únicos recifes de coral do oeste do Atlântico Sul, distribuídos ao

longo de sua costa (CASTRO; PIRES, 1999). Entre os recifes do Nordeste do Brasil, destaca-se

a área compreendida entre Tamandaré-PE e Paripueira-AL, região que compreende a APA de

Guadalupe, uma das poucas áreas onde se desenvolvem inúmeras espécies de corais, além

de apresentar fauna e flora bastante diversa. A fauna de coral dos recifes dessa região é

considerada mais rica do que ao norte do Brasil. Das 18 espécies de corais pétreos descritas

para a costa brasileira, nove espécies foram observadas nessa costa, permitindo a

construção de um ecossistema coralíneo bastante complexo (KEMPF, 1970; FERREIRA et al.,

1995). Os principais formadores de corais nessa região são as espécies Mussismilia harttii e

Montastrea cavernosa (MAIDA; FERREIRA, 1997).

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A fauna de corais da APA de Guadalupe está representada por 13 espécies,

distribuídas em 7 famílias. Destas, seis são consideradas endêmicas do Brasil, sendo cinco

espécies de corais escleratíneos e uma de hidrocoral.

CARCINOFAUNA

Os crustáceos são populares entre o público leigo por conterem espécies

economicamente importantes no pescado como camarões, caranguejos, lagostas e lagostins.

Por ser um grupo extremamente diverso, amplamente distribuído e abundante nos oceanos,

os crustáceos apresentam um importante papel ecológico nesse ecossistema. A variedade

de hábitos de vida do grupo reflete no seu papel na cadeia alimentar. Dentre os grupos de

crustáceos que ocorrem na área da APA de Guadalupe, destaca-se a ocorrência dos

Copepoda (41 espécies), Ostracoda (2 espécies), Cirripédia (2 espécies), Stomatopoda (6

espécies), Amphipoda (11 espécies), Isopoda (1 espécies), e Decapoda (146 espécies)

(COELHO; RAMOS-PORTO, 1995; SILVA, 2003).

ICTIOFAUNA

Para a região costeira da APA de Guadalupe e Tamandaré, são descritas 103 espécies

de peixes pertencentes a 43 famílias, ocorrendo nas áreas recifais, sendo as espécies

Stegastes fuscus e S. variabilis as mais abundantes (FERREIRA et al.1995; FERREIRA et al.,

2005).

Para a região estuarina inferior da praia de Carneiros (APA de Guadalupe) são

atualmente listadas 63 espécies distribuídas em 34 famílias, sendo Clupeidae a mais

abundante, seguida de Atherinopsidae e Gerreidae (MACÊDO, 2010). Paiva (2009) encontrou

78 espécies para toda a região de águas estuarinas rasas do Rio Formoso; um número

elevado quando comparado a outros estuários do Atlântico oeste tropical. Diversas espécies

de peixes tipicamente recifais, como os da família Acanthuridae, podem ser observados nas

regiões estuarinas. Isso ocorre em Tamandaré, devido à proximidade do estuário com as

áreas recifais e pela sua função ecológica de berçários costeiros para as fases jovens destas

espécies, oferecendo refúgio e alimentação (MACÊDO, 2010).

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2.4. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

A APA de Guadalupe abriga áreas prioritárias para conservação da biodiversidade,

considerando os diferentes grupos de seres vivos. A Tabela 1 foi organizada sintetizando

informações do Atlas da Biodiversidade de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2002), destacando

as áreas total ou parcialmente incluídas na APA de Guadalupe, classificadas quanto à

importância biológica.

Tabela 1. Importância biológica da APA de Guadalupe para a conservação de grupos de seres vivos,

segundo o Atlas da Biodiversidade de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2002)

Grupo Importância biológica

Vertebrados Extrema

Inverterbrados Extrema

Plantas Extrema (ReBio Saltinho e litoral de Tamandaré)

Insuficientemente conhecida (Mata de Tamandaré)

Algas Insuficientemente conhecida

Fungos e líquens Extrema (Litoral Sul)

Esse mesmo Atlas da Biodiversidade de Pernambuco aponta a ampliação das

Unidades de Conservação e conexão de remanescentes como medidas necessárias à toda

área da Mata Meridional. Como resultado nas análises, define, dentro dos limites da APA de

Guadalupe, três áreas prioritárias para conservação: Saltinho e a baía de Tamandaré, como

de extrema importância, e o restante da APA como de importância muito alta.

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2.5. DINÂMICA DO TURISMO NA APA DE GUADALUPE

O turismo na APA de Guadalupe resulta da expansão da função turística nas áreas

litorâneas, produto da busca pelo lazer por parte da população e da canalização de

investimentos públicos para a expansão da função turística em áreas litorâneas.

No conjunto dos quatro municípios contidos na APA, a área abriga paisagens naturais

representadas por praias de relevante beleza cênica – praia dos Carneiros, Mamucabinha,

Porto (Figura 16), Tamandaré, Campas, Guadalupe, Gamela (Figura 17)–, extensas barreiras

de recifes, grandes áreas de manguezais nas áreas estuarinas dos rios Ariquindá,

Ilhetas/Mamucabas, Rio Formoso, Passos, Lemenho e Sirinhaém (Figura 18) e fragmentos de

Mata Atlântica que representam um vasto potencial e atrativos para a atividade turística

(Quadro 1).

Do ponto de vista histórico-cultural, a APA oferece atrativos representados por

construções com arquitetura dos Séculos XVII e XVIII, como igrejas e comunidades

tradicionais de pescadores e quilombolas, além construções que remontam importantes

momentos históricos da colonização brasileira representado pelo Reduto do Cruzeiro e pelo

Forte Santo Inácio de Loyola (Figuras 19, 20 e 21).

Figura 16. Ilha do Coqueiro na Praia do Porto, entre Tamandaré e Barreiros - PE.

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Figura 17. Estuário dos Rios Formoso e Grande, entre Rio Formoso e Sirinhaém - PE. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 18. A extensa linha de praias nos municípios de Sirinhaém e Tamandaré é um dos maiores atrativos naturais da APA de Guadalupe. Foto: Geosistemas, 2010.

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Quadro 1. Oferta turística da Área de Proteção Ambiental - APA de Guadalupe

OFERTA TURÍSTICA

Natural

Praias

Porto, Mamucabas, Boca da Barra, Campas, Tamandaré, Buraco, Pontal do Lira, Dos Carneiros, Pedra, Guadalupe, Gamela e Barra de Sirinhaém.

Manguezais Áreas estuarinas dos rios Ariquindá, Ilhetas/Mamucabas, Rio Formoso, Passos, Lemenho, Sirinhaém

Recifes Extenso cordão em toda a faixa de praia com piscinas naturais

Cachoeiras Bulha D’Água

Rios, riachos, canais, lagos, lagoas, caldeirões e banhos

Rios Ilhetas, Mamucabas, Ariquindá, Formoso, Passos, Lemenho, Sirinhaém

Reservas Biológicas e outras Unidades de Conservação

Reserva Biológica de Santinho e APA Costa dos Corais

Mirantes Outeiro

Histórico-cultural

Igrejas seculares Igreja de São Pedro (Tamandaré), Matriz de São José e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Rio Formoso)

Fortes e Fortalezas Santo Inácio de Loyola (Tamandaré)

Ruínas Igreja de São José (Tamandaré), Forte do Rio Formoso

Sítios Históricos / Científicos Reduto (Rio Formoso)

Comunidades tradicionais Pescadores; Quilombola

Fonte: Adaptado do Inventário Turístico do Estado de Pernambuco. Empetur, 2008. Pesquisa direta, março, 2010.

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Figura 19. O Cruzeiro do Reduto, em Rio Formoso, marca importante batalha travada durante a ocupação holandesa em Pernambuco. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 20. Igreja de São Benedito, na Praia dos Carneiros, Tamandaré - PE. Foto: Geosistemas, 2010.

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Figura 21. Forte Santo Inácio de Loyola, em Tamandaré, - PE. (Foto Geosistemas, 2010).

Esse vasto potencial e atrativos turísticos possibilitaram o desenvolvimento de

práticas voltadas para formas de turismo como de sol e mar, náutico e ecológico, mas, sem a

devida atenção ao ordenamento da atividade e atenção à conservação dos recursos

ambientais.

A área da APA foi palco de investimentos do Prodetur/NE que objetivou promover,

em diferentes fases, o desenvolvimento do turismo na região Nordeste, a partir da

disponibilização de infra-estrutura de apoio ao turismo, priorizando ações que mantivessem

e expandissem a referida atividade, estimulando a participação da iniciativa privada, com a

conseqüente geração de ocupação produtiva e de renda.

Apesar das iniciativas do poder público no direcionamento da expansão da atividade

turística, o turismo em Pernambuco tem sido responsável pelo consumo, produção e

transformação das paisagens e dos espaços e, de suas condições socioeconômicas, com

destaque para as áreas naturais principalmente de praias.

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Por outro lado, mesmo com os investimentos do Prodetur, constata-se a ausência de

planejamento integrado e de ingerência das municipalidades na articulação de suas políticas

locais com o turismo, com a participação da população local, e com as políticas regionais e

nacionais configurando conflitos socioambientais de diferentes ordens e dimensões, os quais

são citados de forma recorrente nas atas dos CONDEMAS de Tamandaré e de Rio Formoso, o

que é confirmado por Selva e Coutinho (2009) ao analisarem os usos turísticos das paisagens

de ambientes costeiros, considerando os desafios para a gestão ambiental municipal.

Da mesma forma, apesar da existência de vários instrumentos de normatização e

regulamentação urbana e ambiental existentes na APA e específicos de cada município, o

turismo não atende os pré-requisitos necessários para a prática adequada em Unidade de

Conservação: ordenamento, capacidade de carga, conservação ambiental, interpretação

ambiental.

A especulação imobiliária, notadamente em Tamandaré, principalmente na faixa

litorânea, alcançou níveis preocupantes de usos das praias com construções irregulares de

casas de veraneio e de falta de infra-estrutura básica de abastecimento de água e de

esgotamento doméstico, acrescendo-se a inadequação da deposição final e tratamento dos

resíduos sólidos.

A expansão do turismo de veraneio e a instalação de equipamentos turísticos

promoveram, em Tamandaré, uma turistificação do território, onde turistas e visitantes

encontram lazer (LIMA; SELVA, 2005) e moradores locais enfrentam problemas e situações

conflitantes de uso do solo, de acessos, de superpopulação no período da alta estação e

inadequação de comportamento da população flutuante. Também se observa uma expansão

da construção de empreendimentos turísticos de grande porte e loteamentos nas áreas de

praia, principalmente em Carneiros, com desmembramentos contínuos das propriedades

que necessitam estar de acordo com o Plano Diretor Municipal sob pena de comprometer

áreas de restinga, com a retirada de vegetação e a consequente alteração do fluxo da água

no ambiente.

Quanto ao turismo de sol e mar, com a utilização das faixas de praia, observa-se que

esta se dá de forma inadequada com trechos onde a população residente ou veranista de

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Tamandaré e Sirinhaém não tem acesso a praia, como é o caso da praia dos Carneiros e de

Mamucabinhas ou, quando a maré está alta, a população é impedida de circular pela faixa

de praia em decorrência das construções irregulares que avançam na direção do mar para

ampliar o espaço de propriedade ou para se proteger da erosão marinha, como acontece em

Gamela e Tamandaré. Outro aspecto relevante é o tráfego indevido de veículos e animais na

faixa de praia principalmente em Mamucabinhas e Praia do Porto. Os trechos de praias de

Tamandaré, Carneiros, Gamela e Barra de Sirinhaém sofrem os efeitos da sazonalidade

causada pela atividade turística, pois em períodos de alta estação a capacidade de suas

praias é excedida com a entrada desenfreada de visitantes e veranistas, os quais deixam

resíduos sólidos no trecho, sendo frequente a presença de lixo espalhado na areia da praia e

no mar assim como a presença de vendedores ambulantes.

Na praia de Campas se observa uma significativa ocupação com quiosques sem

condições de higiene adequadas e acomodação de resíduos gerados, comprometendo o solo

com a infiltração de água com resíduos, sem o conhecimento da dimensão de algum tipo de

risco. Nesta praia, observa-se ainda a presença de corredores coralígenos, que são afetados

pela intensa visitação e mergulho nas piscinas naturais, bem como o trânsito livre de

embarcações de lazer náutico sobre os mesmos, provocando a degradação deste importante

ecossistema.

No trecho central da praia de Tamandaré, é visível o desconhecimento da

importância do patrimônio histórico representado pelo Forte Santo Inácio de Loyola, com o

uso da área que margeia o Forte por vendedores ambulantes e barracas de comerciantes,

sem ordenamento e condições adequadas de higiene, além de estacionamento de veículos e

periódicas instalações de palco para festividades, sem levar em conta que trata-se de área

protegida por lei municipal a qual deveria ter uso ordenado.

Na área estuarina do Rio Formoso é intenso o turismo náutico sem ordenamento e

que merece uma atenção especial pela importância que a área representa do ponto de vista

ecológico. Nas áreas do mar e do Rio Formoso, freqüentadas pelos banhistas, é comum o

tráfego de embarcações em alta velocidade, pondo em risco vidas humanas e

comprometendo a vida marinha, assim como também é frequente a ancoragem de

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embarcações sem qualquer preocupação com a conservação dos corais. Chega a ser caótico

o uso turístico desta área pelo número indiscriminado de embarcações e descontrole total

de visitantes.

Verificam-se, de um lado, condutas irregulares de navegação, onde jet-skis e

embarcações motorizadas navegam acima do limite de velocidade permitido e não mantêm

a distância apropriada dos banhistas e, de outro, um fluxo desordenado de pessoas nos mais

diversos tipos de embarcações como catamarãs, lanchas e barcos, que chegam a cada hora

lotados de turistas. Esses visitantes são procedentes de praias do litoral Sul como São José

da Coroa Grande, Tamandaré, Rio Formoso, Sirinhaém (no verão) e, com mais intensidade,

durante todos os meses do ano, de Recife e de Porto de Galinhas (Ipojuca), que aparece

como o maior emissor de visitantes da praia dos Carneiros.

Não há fiscalização permanente para que seja verificado o respeito às exigências da

Capitania dos Portos no que se refere às questões de segurança dos visitantes, do número

de pessoas por embarcação e de velocidade permitida. O tráfego intenso e rápido de

embarcações causa ondas, perturbando o ambiente aquático e gerando conflitos entre

pesca e fluxo de embarcações.

Apesar de haver uma tendência à organização dos barqueiros para se manterem no

local, é nítida a falta de controle dos usos das embarcações na área, o que gera conflitos

entre barqueiros e donos de pousadas e de restaurantes da praia dos Carneiros e barqueiros

e operadoras de turismo.

Quanto à estrutura de equipamentos turísticos existente observa-se uma maior

densidade da hotelaria e de outros serviços que trabalham juntos com o turismo

(restaurantes, lanchonetes e marinas) que se concentram no município de Tamandaré,

seguido de Sirinhaém e Rio Formoso e um número inexpressivo em Barreiros.

A maioria dos meios de hospedagem caracteriza-se por ser de pequeno porte,

inclusive de pousadas domiciliares; no entanto é possível deparar-se com empreendimentos

com maior número de apartamentos ou maiores áreas de lazer e recreação. Tamandaré se

destaca por possuir os maiores empreendimentos, seguindo-se Rio Formoso.

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Basicamente, dentre os gestores dos meios de hospedagem da APA não se observa

pessoal qualificado com curso de hotelaria. Nos meios de hospedagem não é comum a

prática de gestão ambiental quanto ao consumo de água, trato dos resíduos sólidos e os

funcionários não passam por processos de capacitação.

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DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA DA APA

Na APA de Guadalupe encontram-se amostras representativas dos ecossistemas

terrestres e marinhos de Pernambuco, que guardam expressiva biodiversidade e fornecem

importantes serviços ambientais, exigindo-se medidas efetivas para sua conservação, com

estratégias integradas de preservação e promoção do uso sustentável.

Os cordões de arrecifes, com sua flora e fauna associada, representam prioridade

para a conservação assim como o complexo costeiro-estuarino integrado pelos estuários do

Rio Formoso e zonas adjacentes, formadas pelos baixos cursos dos seus afluentes, e dos Rios

Ilhetas e Mamucabas, aliados às porções continentais de restingas, apicuns, praias e dunas,

constituem um conjunto único no litoral sul de Pernambuco, com grande potencial para o

turismo, lazer, educação ambiental e interpretação da natureza e manejo da atividade

extrativista tradicional.

O conjunto de fragmentos florestais existente na APA de Guadalupe é de enorme

importância para a conservação da Mata Atlântica de Pernambuco, constituindo-se em

oportunidade para a realização de estudos sobre biodiversidade e processos

ecológicos, oferta de propágulos para programas de restauração, além de qualificar a

paisagem e proteger os recursos hídricos.

Essa diversidade de ambientes e de paisagens terrestres e aquáticas de relevante

beleza cênica estimula a prática do turismo e do lazer, atraindo atividades turísticas, as quais

merecem uma atenção especial para que se desenvolvam práticas apoiadas nos princípios

da sustentabilidade. Além das paisagens naturais, destacam-se também os representativos

traços da cultura da cana de açúcar e de parte da história pernambucana registrada em

igrejas seculares, fortificação, ruínas e comunidades tradicionais de pescadores e

quilombolas.

Esses ambientes e paisagens de valor cênico conferem a APA de Guadalupe interesse

e significância para a atividade turística de sol e mar, na extensa área das praias dos

Carneiros, Mamucabinha, Porto, Tamandaré, Campas, Guadalupe, Gamela, com mar calmo e

de águas mornas, e turismo náutico nas áreas estuarinas dos rios Ariquindá,

Ilhetas/Mamucabas, Rio Formoso, Passos, Lemenho e Sirinhaém. Remanescentes da Mata

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Atlântica também se destacam como ambientes para desenvolvimento de trilhas ecológicas,

com potencial ainda a ser explorado.

As potencialidades e os atrativos da APA estimularam a instalação de equipamentos

turísticos como meios de hospedagem, restaurantes, piers que se encontram distribuídos

em Tamandaré, praias de Gamela e Guadalupe em Sirinhaém e, em menor escala, em Rio

Formoso.

Os principais agentes sociais envolvidos na APA de Guadalupe têm boa expectativa

em relação às ações desenvolvidas pela unidade e concordam com seus objetivos, cabendo

os Programas do Plano de Manejo potencializar e integrar as ações já empreendidas pelos

parceiros.

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3. ZONEAMENTO DA APA DE GUADALUPE

3.1. ZONEAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: BASES CONCEITUAIS

A definição precisa e eficiente das configurações territoriais das unidades de

conservação é uma das condições necessárias para sua efetivação. Não só os limites

precisam ser bem estabelecidos, georreferenciados e sinalizados, como é importante o

estabelecimento de zonas ambientais, resultado do processo de zoneamento ambiental.

O Zoneamento Ambiental é uma estratégia de gestão que permite, a partir dos

atributos ecológicos, das características socioambientais, dos usos atuais e seus conflitos e

dos objetivos da unidade, estabelecer áreas mais homogêneas para as quais se indica um

conjunto relativamente uniforme de medidas de proteção, normas restritivas e instrumentos

de incentivo.

Realizar o zoneamento de uma unidade de conservação é “organizar espacialmente

as áreas protegidas em parcelas, denominadas zonas, que demandam distintos graus de

proteção e intervenção” (MMA, 1996).

De acordo com a Lei Nº 9.985 de 2000, que estabelece o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação – SNUC (BRASIL, 2000), o zoneamento de uma Unidade de

Conservação é a “definição de setores ou zona em uma Unidade de Conservação com

objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as

condições para que todos os objetivos da UC possam ser alcançados de forma harmônica e

eficaz”. Com esse objetivo, destaca-se a importância da avaliação dos atributos mais

relevantes da unidade e suas dinâmicas, assim como a inclusão de elementos da dinâmica

político-social, como a participação da sociedade e a questão institucional, pois, como

destaca UNESCO (2003), “o espaço físico reflete não apenas os processos naturais, mas as

contradições da sociedade”, que condicionam as formas de apropriação e exploração desse

espaço e dos recursos ambientais, sendo, portanto, “uma instância social”.

A Resolução CONAMA Nº 10, de 14 de dezembro de 1988 define que o zoneamento

das Áreas de Proteção Ambiental “estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições

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locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrativistas, culturais e outras”.

Outras unidades de conservação existentes dentro da APA ou situações especiais de

proteção ambiental, administradas efetivamente pelo Poder Público, devem ser

consideradas como zonas de usos especiais, onde a administração da APA terá ação apenas

supletiva. Segundo a citada Resolução, as APAs deverão ter zonas de vida silvestre nas quais

será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais, constituídas por Zona de Preservação

de Vida Silvestre (reservas ecológicas e outras áreas com proteção legal equivalente) e Zona

de Conservação de Vida Silvestre, áreas nas quais “poderá ser admitido um uso moderado e

auto-sustentado da biota, regulado de modo a assegurar a manutenção dos ecossistemas

naturais”. Atividades agrícolas ou pecuárias porventura existentes nas APA devem, conforme

a citada Resolução, integrar uma zona de uso agropecuário.

De uma forma geral, vê-se que as zonas ambientais previstas buscam expressar

padrões territoriais, apresentando razoável uniformidade interna quanto às características

físico-bióticas e de uso e ocupação do solo. Essas unidades homogêneas têm por finalidade

proporcionar controle administrativo sobre sua ocupação, normas de uso, apropriação do

território e manejo dos recursos naturais.

Assim, pode-se concluir que processo de zoneamento de uma Área de Proteção

Ambiental visa à conservação de seus atributos socioambientais, o uso sustentável dos

recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida da população. O produto do

zoneamento deverá possibilitar:

- Agilidade do processo de licenciamento e a fiscalização

- Direcionamento da implantação de empreendimentos

- Orientação do público morador e usuário quanto à apropriação e uso dos

atributos naturais

- Estabelecimento de normas para uso e ocupação do solo.

As experiências acumuladas com as Áreas de Proteção Ambiental, onde

obrigatoriamente se convive com a propriedade privada, mostram que as decisões do

zoneamento e planejamento obedecem a uma dinâmica própria, exigindo que os níveis de

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restrições sejam estabelecidos de forma consensual durante o processo de planejamento,

vindo ao encontro dos valores e desejos da sociedade que integra a unidade.

3.2. ZONEAMENTO DA APA DE GUADALUPE: ANTECENDENTES

O decreto de criação da APA de Guadalupe, Decreto Estadual Nº 19.635 de 1997,

estabeleceu, em conformidade com o que já dispunha a Resolução CONAMA Nº 10 de 1988,

a necessidade de se proceder ao zoneamento ecológico-econômico da Unidade, indicando

diretrizes e normas de uso e ocupação. O Zoneamento da APA de Guadalupe foi

estabelecido por meio do Decreto Estadual Nº 21.135 de 1998, definindo cinco zonas com

suas respectivas localizações, metas ambientais e restrições de uso especificadas:

- Zona Marítima - faixa de 3 (três) milhas náuticas a partir das linhas médias das

marés, acompanhando a linha da costa, numa distância média de 5,4 km, onde se destacam

três linhas de arrecifes povoados de corais, únicos no mundo;

- Zona de Turismo, Veraneio e Lazer - situa-se predominantemente na planície

costeira, onde se encontram os manguezais, remanescentes de mata atlântica e restingas.

Submetida à forte pressão antrópica, têm como atividades predominantes a cultura do coco,

a pesca e o turismo, caracterizando-se como área de veraneio;

- Zona Rural Diversificada - apresenta uma tendência a pequenas propriedades

rurais, onde se desenvolve a policultura e/ou a pecuária, constituindo-se atualmente em

área de concentração de parcelamentos rurais;

- Zona Agrícola Diversificada - corresponde à área de grandes engenhos, tradicionais

na monocultura de cana-de-açúcar, destacando-se suas sedes e conjuntos arquitetônicos

históricos;

- Zona de Preservação da Vida Silvestre - corresponde à Reserva Biológica de

Saltinho, de administração federal localizada nos municípios de Tamandaré e Rio Formoso.

Criada em 1983 e com uma área de 548 ha, é um dos maiores remanescentes de Mata

Atlântica protegido em Pernambuco.

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A consecução das metas ambientais, evidentemente, depende não apenas de

proibições impostas por leis ou normas especificas, mas da condução de planos e programas

capazes de promoverem as atividades ditas incentivadas, constantes no referido decreto.

Assim, o zoneamento, além de diferenciar as restrições de uso, amparadas por lei, também

deve priorizar programas de ação que viabilizem o cumprimento das normas gerais e das

atividades a serem incentivadas.

Em 1999, o Decreto Estadual Nº 21.972 estabeleceu o Zoneamento Ecológico

Econômico Costeiro (ZEEC) do Litoral Sul, posteriormente, portanto, à aprovação do

zoneamento da APA de Guadalupe. O ZEEC recepcionou o zoneamento existente, incorporou

zonas, metas ambientais e restrições, mas trouxe algumas modificações que auferiram maior

coerência à definição e delimitação das Zonas.

Observou-se que o ZEEC propõe uma delimitação mais clara de zonas homogêneas

quanto às características e objetivos, incluindo a Área Agrícola Diversificada como integrante

de Zona Rural Diversificada e criando a Zona de Proteção Ambiental dos Complexos

Ambientais Estuarinos, que não mais integra a Zona de Turismo, Veraneio e Lazer. Embora

pareça apenas um detalhe formal do documento, essa separação denota a importância de se

tratar essas áreas diferentemente, valorizando muito mais suas características naturais do

que oportunidades de uso econômico.

A proposição do novo zoneamento foi elaborada a partir dos diagnósticos técnicos

realizados por meio de visitas de campo e consultas bibliográficas, da análise dos

instrumentos de zoneamento existentes (Decretos Nº 21.135 de 1998, da APA de

Guadalupe, e Nº 21.972 de 1999, do Litoral Sul de Pernambuco), assim como das

deliberações de reuniões técnicas com analistas ambientais do órgão gestor. Foram

consideradas as contribuições das Oficinas de Diagnóstico, realizadas em 20 de abril e 9 de

setembro de 2010, em Tamandaré, e das Oficinas de Zoneamento, em 09 de dezembro de

2010 e 18 de março de 2011, em Tamandaré e Rio Formoso, respectivamente. Análises

técnicas posteriores ajudaram a sistematizar e sintetizar as contribuições resultando no

Quadro Síntese do Zoneamento.

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3.3. DEFINIÇÃO DAS ZONAS E SUBZONAS DA APA DE GUADALUPE

Considerando a similaridade dos objetivos do Zoneamento Ecológico Econômico

Costeiro (ZEEC) do Litoral Sul com os da APA de Guadalupe e a vigência do Decreto Nº

21.972/1999 que o instituiu, com maior abrangência espacial do que o território da APA,

adotaram-se as zonas do ZEEC como zonas da APA, especificando-lhes objetivos, metas, usos

e restrições em função da natureza da Unidade de Conservação e estabelecendo novas

subzonas, não só para atender a necessidade de níveis mais rigorosos de restrições, mas

também para delimitar as áreas de Programas do Plano de Manejo.

Optou-se por manter a mesma nomenclatura adotada pelo ZEEC – Litoral Sul, não só

por avaliar que traduzem bem as principais características das áreas mas também para

facilitar o processo de licenciamento. Assim, a APA de Guadalupe é integrada pela Zona

Marítima, Zona de Turismo Veraneio e Lazer, Zona Rural Diversificada, Zona de Proteção

Estuarina e Ecossistemas Integrados e Zona de Preservação da Vida Silvestre (Quadro 2 /

Figura 22).

Para definição de normas mais específicas, definidas em função dos atributos e

objetivos de áreas específicas em cada zona, definiram-se subzonas as quais, além dos

objetivos gerais das zonas, se atribuíram objetivos específicos e, em função desses, normas

geralmente mais restritivas. A caracterização das zonas e subzonas em relação aos aspectos

ambientais, socioeconômicos e histórico-culturais, seus conflitos, principais tensores

ambientais e seus objetivos encontram-se descritos nas seções seguintes.

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Quadro 2. Zonas da APA de Guadalupe

ZONA ÁREA

CARACTERÍSTICAS GERAIS ha %

MARÍTIMA 12.409,20 28,2

É integrada pela área dos recifes areníticos e trecho da plataforma continental, em grande parte se sobrepondo à APA Costa dos Corais. Inclui área de proteção integral definida como Subzona de Uso especial.

TURISMO, VERANEIO E

LAZER 3.195,99 7,3

Abrange a área de maior intensidade ocupacional da APA de Guadalupe, incorporando o núcleo urbano de Tamandaré, inclusive a Praia dos Carneiros, loteamentos litorâneos de Sirinhaém e ainda parte de Rio Formoso.

RURAL DIVERSIFICADA

22.895,02 52,1

Integrada pela maior parte de zona rural da APA de Guadalupe, onde se desenvolvem atividades agropecuárias diversas juntamente ao predominante cultivo da cana-de-açúcar. Engloba também o núcleo urbano de Rio Formoso. Abriga numerosos fragmentos da floresta ombrófila e abrange todo entorno da Reserva Biológica de Saltinho.

PROTEÇÃO ESTUARINA E

ECOSSISTEMAS INTEGRADOS

4.791,35

10,9

É composta por suas subzonas, correspondentes aos dois estuários existentes na APA de Guadalupe: do Rio Formoso, incluindo seus afluentes no baixo curso, e dos rios Ilhetas e Mamucabas.

PRESERVAÇÃO DA VIDA

SILVESTRE 548,00 1,2

Está representada pela Reserva Biológica de Saltinho, sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade, conforme Decreto Federal Nº 88.744/1983.

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Figura 22. Zonas e Subzonas da APA de Guadalupe.

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ZONA MARÍTIMA

A Zona Marítima da APA de Guadalupe corresponde a faixa de mar desde a linha

média de maré até 3 milhas náuticas, incluindo as áreas de recifes areníticos e as ilhas de

Santo Aleixo e do Coqueiro. Destaca-se pela diversidade de vida marinha, incluindo espécies

de corais endêmicas do Brasil e rica ictiofauna, notadamente nos ambientes recifais (Figura

23). Apresenta grande atrativo para turismo náutico, principalmente em Barra de Sirinhaém,

Guadalupe, Carneiros, Campas, Tamandaré e ilha de Santo Aleixo.

Desenvolvem-se atividades pesqueiras comerciais, especialmente de peixes, polvo e

lagosta, e também pesca de subsistência (pesca costeira de pequeno alcance). A importância

da pesca no local ensejou a criação, em 1953, da Escola de Pesca de Tamandaré, que deu

lugar ao Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste (CEPENE).

Os principais tensores identificados nos diagnósticos para a elaboração do Plano de

Manejo foram o tráfego desordenado de embarcações e as ameaças à integridade e

biodiversidade dos ambientes recifais (Figura 24) Os objetivos dessa zona voltam-se,

portanto, a recuperação e conservação desses ambientes, à regulação e controle do tráfego

de embarcações e à conservação dos seus atrativos turísticos naturais e do seu potencial

pesqueiro.

Objetivos gerais da Zona Marítima:

-Conservação da biodiversidade marinha.

-Proteção aos ambientes recifais.

-Recuperação do estoque pesqueiro.

-Ordenamento das atividades turísticas e pesqueira.

-Excelente balneabilidade, constantemente monitorada.

-Educação e informação ambiental por meio de programas sistemáticos e

permanentes.

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Figura 23. Os recifes são os principais elementos a serem conservados na Zona Marítima da APA de Guadalupe. Foto: Geosistemas, 2010.

Figura 24. Os danos causados pelo pisoteio aos recifes são muito aumentados pela prática proibida de comércio nessas áreas.

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A Zona Marítima está dividida em três subzonas, com objetivos distintos: Subzona

dos Recifes, da Plataforma Continental e de Uso Especial. A Subzona dos Recifes estende-

se entre a da linha de costa até a isóbata de 30m em faixa aproximadamente paralela à

costa, com largura entre 900 a 2.700m. Apresenta maior fragilidade ambiental, observando-

se a morte de corais e a presença de espécies superdominantes como o ouriço (Echinometra

lucunter), indicadores da necessidade de medidas que promovam seu uso turístico

sustentável e estratégias que permitam a recuperação dos ambientes recifais. Nesta Zona

deverão ser delimitados setores, devidamente identificados por bóias, onde normas mais

restritivas em relação à pesca e à frequencia de turistas serão aplicadas em sistema de

rodízio, com ciclo mínimo de dois anos, período após o qual o órgão gestor, ouvido o

Conselho Gestor da APA, mediante avaliação de indicadores, decidirá pela permanência das

restrições nos mesmos locais, ampliação, redução ou mudança dos locais.

A Subzona de Uso Especial corresponde à área conhecida como “área fechada” da

APA Marinha Costa dos Corais, estabelecida pela instrução Normativa ICMBio Nº06/2008,

em local conhecido como Ilha da Barra, em frente às instalações do CEPENE. Voltada à

Proteção Integral da biota, a Subzona de Uso Especial é interditada à pesca e às atividades

turísticas e náuticas não autorizadas e tem como objetivo a preservação da vida marinha e o

monitoramento da recuperação do ambiente recifal, como resultado da iniciativa do

“fechamento”, em 1999.

A Subzona da Plataforma Continental é a terceira subzona a integrar a Zona

Marítima, onde ocasionalmente se observam recifes submersos, mais protegidos. Estende-

se até 3 milhas da linha média da preamar e lá se localiza a Ilha de Santo Aleixo, destino

frequente de passeios náuticos.

ZONA DE TURISMO, VERANEIO E LAZER

A Zona de Turismo, Veraneio e Lazer é integrada pela área urbana de Tamandaré,

incluindo a Praia dos Carneiros, parte da área rural de Rio Formoso, próximo à zona

estuarina e loteamentos litorâneos das praias de Guadalupe, Gamela, Guaiamum e Barra de

Sirinhaém, em Sirinhaém.

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Desenvolvem-se atividades de turismo de veraneio e turismo de sol e mar, nos

trechos de praia considerados entre os mais aprazíveis do litoral pernambucano e também

os mais disputados pelos empreendimentos turísticos e imobiliários.

Abriga edificações que integram o patrimônio histórico-cultural de Pernambuco,

como o Forte Santo Ignácio de Loyola (Forte de Tamandaré), as igrejas de São José de Botas

de Ouro, São Pedro e São Benedito, em Tamandaré, e a casa azulejada de Barra de

Sirinhaém.

Essa zona apresenta como ponto forte a visibilidade, em especial da Praia de

Carneiros. Entretanto, esse aspecto também se configura em problema, especialmente na

alta temporada, quando ocorrem diversos shows em Tamandaré, aumentando

consideravelmente o consumo de água, a produção de resíduos, o índice de furtos e roubos,

dentre outros impactos negativos, como a forte especulação imobiliária, em especial na área

de Carneiros. Em Tamandaré concentra-se a oferta de bares, restaurantes, pousadas, flats,

condomínio e marinas, conferindo à área uma média densidade de equipamentos turísticos.

Os principais problemas identificados nessa Zona foram relativos à falta de

saneamento ambiental (coleta e destinação de resíduos, drenagem, abastecimento de

água); dificuldade de acesso e sinalização deficiente; insegurança pública e uso desordenado

do território. Na área de Sirinhaém, destaca-se a presença de barracas sem condições

adequadas de higiene, disposição inadequada de resíduos, deficiência de controle urbano e

segurança e invasão da faixa de praia pelas construções. Avaliou-se que, de forma geral,

todos os problemas convergem para a falta de infraestrutura urbana, de instrumentos e de

ações eficazes de gestão pública.

Um dos aspectos problemáticos na Zona de Turismo, Veraneio e Lazer é sazonalidade

turística; por outro lado, observações indicam que, apesar do fluxo turístico ser mais intenso

no verão – dezembro, janeiro e fevereiro – há um fluxo diário de turistas na região, que se

reduz e se mantém nos demais meses do ano, garantido por empresas de turismo receptivo

de Recife e de Porto de Galinhas.

Conflitos são observados entre proprietários de terra e o poder público municipal

com relação ao acesso à praia dos Carneiros por moradores do município e visitantes, o qual

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é dificultado em função da existência de grandes propriedades privadas. Por outro lado,

apesar de ser um destino altamente valorizado, os atuais proprietários, que se encontram

organizados em associação, reclamam não haver providências efetivas do poder público

para promovê-la como área turística, principalmente no que se refere à segurança, limpeza e

controle urbano.

A Zona de Turismo, Veraneio e Lazer tem seus objetivos voltados à qualidade da vida

urbana, desenvolvimento sustentável do turismo e valorização da paisagem natural.

Objetivos gerais da Zona de Turismo, Veraneio e Lazer:

- Ocupação imobiliária ordenada, aliada à conservação ambiental.

- Atividades turísticas adequadas ambientalmente.

- Valorização da paisagem e do patrimônio histórico e cultural (material e imaterial).

- Controle ambiental realizado em parceria com municípios.

- Condução de Programas de Educação Ambiental continuada, de naturezas formal e

informal.

Três subzonas foram delimitadas nessa área, merecedoras de especial atenção e com

objetivos específicos particularizados: a Reserva Natural de Restinga de Tamandaré

(respeitando-se o nome adotado no Plano Diretor do município), os Terraços Marinhos de

Gamela e Guadalupe e a Praia dos Carneiros.

A Reserva Natural da Restinga de Tamandaré situa-se entre o rio Ariquindá e a Via

Litorânea de acesso a Praia de Carneiros, conforme delimitação do Plano Diretor de

Tamandaré vigente na aprovação deste zoneamento, onde deverá ser incentivada a criação

de Área Verde ou Unidade de Conservação Municipal. Reúne expressiva biodiversidade

vegetal e faunística, notadamente de aves. Seus objetivos específicos:

- Preservação da paisagem e da biodiversidade da restinga.

- Uso público controlado.

- Ecoturismo e práticas de educação e interpretação ambiental.

Os Terraços Marinhos de Gamela e Guadalupe apresentam-se em faixa de 30m a

80m do limite do terraço marinho ao interior, com fisionomia de restinga arbustiva

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estabelecida em terraços marinhos retrabalhados pelo vento, com elevado valor

paisagístico. Seus objetivos específicos são:

- Preservação e valorização da paisagem e

- Proteção ao relevo litorâneo.

A Praia dos Carneiros foi delimitada da linha média de preamar até o limite da Via

Litorânea (Via Contorno de Carneiros) e destaca-se pelos coqueirais como principais

elementos da paisagem cultural do litoral pernambucano. É um destino turístico cobiçado e

valorizado justamente pela baixa taxa de ocupação e aspecto dos antigos sítios de praia.

Incorpora a igreja de São Benedito como patrimônio histórico-cultural. Os objetivos

específicos da Subzona Praia dos Carneiros são:

- Conservação e valorização da paisagem litorânea.

- Garantia de acesso à praia aliada à prestação de serviços públicos de limpeza,

segurança e informações ambientais.

ZONA RURAL DIVERSIFICADA

A Zona Rural Diversificada da APA de Guadalupe estabelece-se sobre terreno

cristalino, a oeste da APA, reunindo as áreas com ocupação agrícola, tanto do agronegócio

quanto da pequena e média propriedade rural, incluídas as áreas de agricultura familiar em

assentamentos da reforma agrária, assim como o Núcleo Urbano de Rio Formoso. Dominam

as extensões contínuas de cana-de-açúcar, observando-se também cultivos de coqueiros e

outras fruteiras, agricultura familiar, seringueira e áreas de pasto.

Abrange numerosos fragmentos da floresta ombrófila, unidade fitoecológica

integrante da Mata Atlântica, e abrange todo entorno da Reserva Biológica de Saltinho.

Resguarda as nascentes, alto e médio cursos dos rios e riachos formadores da bacia GL4

(pequenos rios litorâneos). Apresenta vocação ao turismo rural, científico e ao ecoturismo,

além de abrigar locais de importância histórico-cultural como o Engenho Siqueira, onde se

encontra uma comunidade quilombola, e o Engenho Machado, atual Estrela do Norte.

Nessa Zona foi identificado como principal problema ambiental a fragmentação

florestal e perda de habitantes para as espécies da flora e fauna, resultado da hegemônica

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monocultura canavieira, que isola pequenos remanescentes de matas, e da prática de

desmatamento para produção de carvão vegetal e exploração da lenha, principalmente para

padarias da região. Os diagnósticos relataram ainda a ocorrência de caça de animais

silvestres e apontaram as queimadas como uma das causas da perda de biodiversidade,

ameaçando as áreas com remanescentes florestais. Essa prática é adotada pelo pequeno

agricultor, para preparo do terreno para plantio, e é também usual para colheita da cana.

Observou-se forte resistência por parte do setor empresarial para redução gradativa dessa

prática, alegando-se os tradicionais motivos para continuar adotando a queima da palha da

cana: dificuldade de mecanização e atendimento às necessidades do trabalhador.

Representantes do setor dizem tomar todos os cuidados requeridos para a queima

controlada, mas os resultados são questionados por outros atores sociais.

Além da queima como prática, mencionaram-se queimadas acidentais e criminosas,

mostrando ser o monitoramento e controle do fogo uma questão importante para a garantia

da integridade dos remanescentes florestais existentes.

Áreas de preservação permanente degradadas e incapazes de cumprir seu papel

ambiental foi outro dos problemas identificados. Iniciativas de usina da região foram bem

avaliadas, mas consideradas pontuais, havendo necessidade de se contar com programas

amplos de restauração ambiental das áreas marginais dos rios. Por outro lado, a extração de

areia, licenciada ou irregular, é um sério obstáculo ao sucesso dessas iniciativas, pois

degradam intensamente o ambiente. Esse problema foi apontado especificamente no Rio

Sirinhaém, atingindo suas margens e seu leito.

A contaminação dos solos e das águas por resíduos sólidos, efluentes domésticos,

agrícolas e industriais foi apontada como um dos problemas que comprometem a

biodiversidade local. O uso não controlado de fertilizantes e agrotóxicos foi avaliado como

resultado da falta de fiscalização e monitoramento das práticas adotadas pelo agronegócio e

da inexistência de assistência aos pequenos produtores.

A ausência programas de capacitação dos agricultores foi também identificada como

a causa de vários problemas relacionados ao uso inadequado do solo, degradação dos

ambientes ribeirinhos e desmatamentos em áreas de Mata Atlântica. Não há incentivos à

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adoção de práticas sustentáveis como agroecologia e sistemas agroflorestais, ou adoção de

medidas de conservação do solo e da água e de recuperação ambiental.

A adoção de modelos sustentáveis de produção, incluídas as práticas de ecoturismo,

foi considerada como fator gerador de emprego e renda, podendo melhorar o quadro de

pobreza local. Apesar de pontuais, há experiências com sistemas agroflorestais que podem

ser replicadas, e a possibilidade de formação de corredores ecológicos, exigindo-se, no

entanto, capacitação, incentivo, assistência técnica e fiscalização. A existência da APA e a

possibilidade de atrair parcerias, além das atividades já desenvolvidas de educação

ambiental são potencialidades importantes.

Objetivos gerais da Zona Rural Diversificada:

- Propriedades rurais adequadas ambientalmente.

- Solos e recursos hídricos conservados e livres de contaminação.

- Inexistência de desmatamento e queimadas em matas.

- Restauração ambiental das áreas de preservação permanente.

- Reservas legais averbadas, restauradas, conservadas e monitoradas.

- Fragmentos florestais mapeados, estudados e monitorados.

- Desenvolvimento de atividades de ecoturismo, turismo rural e turismo científico.

- Estabelecimento de corredores ecológicos entre fragmentos florestais.

- Controle da atividade mineradora e de práticas degradadoras do solo e do relevo.

- Fiscalização e controle ambiental integrados com extensão rural e defesa sanitária.

- Valorização do patrimônio histórico-cultural (material e imaterial).

- Condução de programas de educação ambiental continuada, formal e informal.

- Ampliação da área com cobertura florestal nativa, em 10 anos, dos atuais 4.182,01

ha para 6.163,62 ha, correspondentes a 20% da área rural da APA.

- Controle do uso do fogo para colheita e/ou preparo do terreno, com uso de aceiros

e estímulo a formação de brigadas contra incêndios.

- Redução do efeito de borda nos fragmentos florestais, com plantio de árvores de

espécies nativas ou exóticas não invasoras nas áreas limítrofes.

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- Adoção de práticas agropecuárias conservacionistas do solo e da água, nas áreas de

produção.

- Monitoramento da qualidade da água na rede fluvial.

- Adoção de sistemas agroflorestais e práticas agroecológicas, notadamente na

produção de alimentos, com agregação de valor socioambiental para comercialização junto

aos setores de serviços turísticos.

Não foram apontadas subzonas para essa zona, sendo os objetivos gerais válidos para

toda ela. É preciso observar que a quase totalidade da Zona de Amortecimento da Rebio de

Saltinho se encontra nessa subzona, exigindo maior rigor no que se refere a controle de

agrotóxicos, fogo, espécies invasoras e demais ameaças à integridade da Zona de

Preservação de Vida Silvestre.

ZONA DE PROTEÇÃO ESTUARINA E ECOSSISTEMAS INTEGRADOS

A Zona de Proteção Estuarina e Ecossistemas Integrados engloba complexos

ambientais integrados por fragmentos de floresta ombrófila de terras baixas, restingas,

praias e manguezais, inclusive áreas de apicuns ou salgados, característicos do litoral

pernambucano e em bom estado de conservação.

Nessa zona, foram inúmeros os relatos da presença de produtos químicos nos rios

provenientes das usinas a montante e das fazendas de camarão existentes no município de

Sirinhaém e Rio Formoso. Em relação às usinas, esse problema é configurado,

principalmente, pelo carreamento, para os cursos d’água, de restos de produtos químicos e

orgânicos, resultantes da utilização de agrotóxicos e do vinhoto como fertilizante no cultivo

da cana-de-açúcar. É agravado pela ausência de sistema de coleta e tratamento de esgotos

domésticos, e pelo lançamento de vinhoto nos cursos d’água, no período de beneficiamento

da cana. São problemas que devem ser tratados, portanto, com um controle mais rigoroso

nas Zonas Rural Diversificada e de Turismo, Veraneio e Lazer.

No tocante as fazendas de camarão, o problema é agravado pelo fato de tornar os

estuários da região suscetíveis a possível invasão por espécies exóticas, uma vez que a

espécie de camarão utilizada para cultivo pelas fazendas da região é exótica. Embora ainda

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não existam relatos na literatura da presença de tais espécies nos estuários da APA de

Guadalupe, foi relatado por participantes das oficinas que é comum ocorrerem aberturas

acidentais das comportas dos viveiros.

O turismo desordenado na região tem provocado alguns problemas ambientais,

principalmente devidos ao tráfego e ancoragem de embarcações, prejudicando as práticas

de pesca tradicional pela ocupação dos espaços de pesca por marinas e barcos de veranistas

e turistas.

As unidades fitoecológicas encontradas na Zona de Proteção Estuarina e

Ecossistemas Integrados têm proteção legal rigorosa, mas são necessárias ações mais

efetivas de fiscalização. Os objetivos gerais reafirmam a necessidade de preservar estrutura,

diversidade e extensão dos remanescentes dos ecossistemas naturais, garantir que os usos

do seu entorno sejam compatíveis com essa preservação e buscar o desenvolvimento

sustentável do turismo e do veraneio.

Objetivos gerais da Zona de Proteção Estuarina e Ecossistemas Integrados

-Ecossistemas naturais preservados.

-Atividades turísticas e pesqueiras controladas e monitoradas.

-Ocupação imobiliária regulada, aliada à conservação ambiental.

-Proteção aos corpos hídricos, inclusive como forma de evitar deposição de

sedimentos sobre os corais na Zona Marítima.

A Zona de Proteção Estuarina e Ecossistemas Integrados é formada por duas

subzonas. Na Subzona Estuarina do Rio Formoso incluem-se as áreas de mangues, apicuns e

faixas de restinga em Tamandaré, Rio Formoso e Sirinhaém, às margens do rio Formoso e

seus braços e afluentes: Goicana, dos Passos, Porto das Pedras, Lemenho e Ariquindá,

abrangendo ainda a Mata de Carneiros, em Tamandaré, e o promontório do Cruzeiro do

Reduto, em Rio Formoso. Destaca-se pela diversidade de ecossistemas, riqueza em espécies

da flora e fauna e grande beleza cênica, atributos ambientais e paisagísticos que a habilitam

a abrigar uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, incluindo trechos da bacia do

estuário, mangues e restinga, voltada à preservação de espécies marinhas. Os objetivos

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específicos das ações nessa subzona são o controle do tráfego de embarcações e a

restauração ambiental e qualificação turística do mirante do Reduto.

A Subzona do Complexo Ambiental Ilhetas-Mamucabas reúne mangues, restingas e

matas do estuário dos rios Ilhetas e Mamocabas, inclusive as matas da Gia e da Pedra do

Conde, com baixa taxa de ocupação e atividades turísticas de baixo impacto ambiental. A

atividade agrícola está presente em áreas de produção familiar, em assentamentos, e em

grandes fazendas de coqueiros. Os objetivos específicos são a manutenção de baixa

densidade de ocupação, o desenvolvimento do ecoturismo e turismo rural e a adoção de

práticas agrícolas de baixo impacto ambiental.

ZONA DE PRESERVAÇÃO DA VIDA SILVESTRE

Localizada no antigo Engenho Saltinho, nome do riacho ali existente de onde é

captada água para o abastecimento de Tamandaré, a Reserva Biológica de Saltinho foi assim

estabelecida em 1983, pelo decreto Federal Nº 88744. Abrange 548 ha, a maior parte em

Tamandaré, com uma pequena extensão no território de Rio Formoso. Sua vegetação é de

floresta ombrófila densa de terras baixas, com expressiva cobertura florestal e elevada

riqueza de flora e fauna. Sua gestão é responsabilidade do Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade.

Objetivos gerais da Zona de Preservação da Vida Silvestre:

- Contribuir para a conservação dos recifes costeiros da foz do rio Mamucabas, por

meio da conservação dos recursos hídricos.

- Proteger espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção da flora e fauna

nativas.

- Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade da Mata Atlântica

nordestina, ocorrente no Litoral Sul de Pernambuco.

- Propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas, estudos e monitoramento

ambiental dos recursos naturais na Unidade de Conservação.

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3.4.USOS INCENTIVADOS, TOLERADOS E PROIBIDOS NAS ZONAS E SUBZONAS DA APA DE

GUADALUPE

A consecução dos objetivos gerais e específicos enunciados para zonas e subzonas da

APA de Guadalupe depende da eficácia e da articulação de medidas de promoção e

incentivo com ações de controle e fiscalização, mediadas por ações de informação e

educação ambiental. Os usos e atividades incentivados devem ser objeto de Programas do

Plano de Manejo assim como podem integrar a pauta de projetos a serem acordados e

desenvolvidos com parcerias de órgãos e entidades governamentais e não governamentais.

Algumas das restrições apontadas são válidas para todas as zonas por serem

determinadas por leis federais ou estaduais, com vigência independente do zoneamento. É o

caso, por exemplo, da caça de espécimes da fauna, da destruição ou danos a florestas

consideradas de preservação permanente e dos danos diretos ou indiretos às Unidades de

Conservação, considerados crimes ambientais pela Lei Nº 9605/1998. Algumas proibições

expressas aqui, se bem que previstas em lei e com vigência bem mais ampla, foram

ressaltadas em zonas específicas como forma de relevar a importância de seu cumprimento

para o atendimento dos objetivos ali explicitados.

Na Zona Marítima objetiva-se impedir os danos diretos e indiretos aos recifes e coibir

a pesca predatória, além de regulamentar o uso do solo nas duas ilhas. A restrição de uso de

determinados petrechos de pesca na subzona dos recifes está fundamentada no impacto

causado, sendo dois deles (arpão, desde que não seja utilizado equipamento para

fornecimento de ar, e rede de espera) tolerados apenas para pescadores cadastrados em

suas Colônias (Quadro 3).

Na Subzona dos Recifes prevê-se a definição de Setores especiais de proteção da

vida marinha, delimitados posteriormente à publicação do plano de manejo da APA de

Guadalupe, a partir de reuniões de seu conselho consultivo, na qual terão prioridade de voz

os conselheiros diretamente afetados pelas atividades ali desenvolvidas.

O objetivo dos setores é garantir uma adequada recuperação da vida marinha,

compatibilizando-a com o turismo contemplativo no ambiente recifal e a pesca ordenada.

Como princípio norteador das estratégias propostas de restrição de pisoteio, navegação e

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pesca, entende-se que essas serão capazes, como provado em iniciativas semelhantes, de

aumentar a diversidade de espécies marinhas e o tamanho dos exemplares, o que

possibilitará incremento no potencial turístico e pesqueiro da área e permitirá mais

produtividade na atividade pesqueira, posto que os peixes ali protegidos circularão em áreas

abertas à pesca, melhorando o seu desempenho.

Os setores deverão ser demarcados com bóias e serão de dois tipos: a) de incentivo à

pesca artesanal e b) de incentivo ao turismo contemplativo

Nos setores de incentivo ao turismo contemplativo serão proibidas as formas de

pesca que sejam incompatíveis com essa atividade, notadamente a pesca com arpão e com

rede, por promover risco de acidentes e alterar o comportamento dos peixes.

Nos setores de incentivo à pesca artesanal serão restritas as atividades turísticas que

dificultem a atividade, notadamente a circulação de embarcações a motor, de passeio ou

turismo, o mergulho e a pesca recreativa.

A implementação dos setores de proteção à vida marinha será monitorada como

projeto piloto e após 24 meses averiguada a efetividade da ferramenta. Deverão ser

utilizadas áreas com notável potencial turístico e que possam ter a pesca restrita sem

comprometer o meio de vida de pescadores artesanais.

Os pescadores artesanais que reconhecidamente utilizem as áreas escolhidas para

compor os setores especiais terão prioridade na capacitação para melhor utilização da área,

frente as restrições impostas.

Serão planejadas e implementadas trilhas subaquáticas com diferentes níveis de

dificuldade e paisagens, bem como elaborados estudos de capacidade de suporte de cada

percurso e definidos locais para atracar embarcações fora da área dos corais.

Na Subzona de Uso Especial, as restrições de atividades pesqueiras e turísticas são

mais severas, com vistas a avaliar, em longo prazo, o impacto de iniciativa conduzida desde

abril de 1999 (Quadro 4).

Na Zona de Turismo, Veraneio e Lazer as restrições impostas pelo zoneamento visam

desestimular o aumento da densidade ocupacional e manter a paisagem natural, não só para

conservar a diversidade existente, mas também para resguardar os atributos que fazem essa

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zona um destino turístico valorizado do litoral sul de Pernambuco. As restrições mais severas

nas subzonas propostas visam à conservação da paisagem e a valorização dos atributos

turísticos (Quadros 5 e 6).

Na Zona Rural Diversificada, as prioridades de conservação voltaram-se aos

fragmentos florestais e aos recursos hídricos, impondo-se restrições que exigem fiscalização

e controle ambiental efetivos. Há, nessa zona, a necessidade de ações efetivas de

restauração ambiental, notadamente das áreas de preservação permanente e reservas legais

e é importante que os tensores ambientais que possam comprometer a integridade e/ou

recuperação dessas áreas sejam controlados. O uso do fogo como prática agrícola é

considerado tolerável, desde que cumpridas as exigências dispostas em normas próprias

para a queima controlada, exigindo-se aceiros aos quais se deverá dar a necessária

manutenção, de forma a evitar a queima acidental das áreas de mata e de preservação

permanente em recuperação, assim como minimizar o efeito danoso da fumaça e do calor

na fauna e flora local. Espécies exóticas podem ser cultivadas com fins comerciais desde que

precedido de estudo técnico e adoção de medidas preventivas contra invasão biológica

(Quadro 7).

A Zona de Proteção Ambiental Estuarina e Ecossistemas Integrados é que reúne

maior complexidade de ambientes, conjugando muitas características das demais e

recebendo delas forte influência. As restrições do Quadro 8 buscam preservar os

ecossistemas naturais, a biodiversidade e as atividades tradicionais, possibilitar a ocupação e

uso ordenados, potencializando os atributos que possibilitam a ecoturismo, o turismo rural e

o veraneio sustentável. Especial atenção foi dada à circulação de embarcações na área

estuarina do Rio Formoso e seus afluentes, haja vista os problemas de poluição hídrica e

sonora, solapamento de margens (notável às margens do rio Ariquindá), prejuízos à pesca

artesanal e risco à segurança de banhistas (Quadro 9).

O Quadro 10 sintetiza as atividades permitidas e proibidas na Reserva Biológica de

Saltinho, devendo ser consultado o seu Plano de Manejo (IBAMA, 2003).

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Quadro 3. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona Marítima da APA de Guadalupe.

ZONA MARÍTIMA

Objetivos gerais Usos e atividades

Incentivados Tolerados Proibidos - Conservação da biodiversidade marinha. - Proteção aos ambientes recifais. - Recuperação do estoque pesqueiro. - Ordenamento das atividades turísticas e pesqueira. - Excelente balneabilidade, constantemente monitorada. - Educação e informação ambiental por meio de programas sistemáticos e permanentes.

I. Adoção de instrumentos e meios de fiscalização adequados para o efetivo cumprimento das leis.

II. Sinalização preventiva e educativa.

III. Monitoramento ambiental e pesquisas aplicadas para avaliar a capacidade de suporte dos recifes.

IV. Ecoturismo marinho. V. Educação ambiental de

pescadores, barqueiros e turistas.

I. Pesca de arpão sem

fornecimento de ar apenas

quando realizada por

pescadores filiados às

Colônias de pescadores da

APA.

II. Pesca com rede de espera

apenas quando realizada por

pescadores filiados às

Colônias de pescadores da

APA.

III. Circulação de embarcações

autorizadas pelo canal de

navegação na área fechada

da ilha da Barra (Subzona de

Uso Especial)

I.Extração de corais, algas calcárias, substrato recifal, cascalho e areia.

II.Pesca com arpão ou bicheiro, com fornecimento de ar. III.Pesca submarina com arpão ou bicheiro sem fornecimento de

ar, por pessoas não cadastradas nas Colônias de Pescadores da APA.

IV. Uso de explosivos ou substâncias químicas que facilitem a pesca.

V. Pesca com rede de arrasto e de caceia nos recifes. VI. Coleta, comercialização e transporte de Hippocampus spp

(cavalo-marinho) assim como outros peixes e organismos de características ornamentais.

VII. Captura, comercialização e transporte do mero (Epinephelus

itajara) e tubarão-lixa (Ginglysmostoma cirratum). VIII. Preparo, comercialização e consumo de alimentos nos recifes.

IX. Comércio ambulante nos recifes. X. Ancoragem de embarcações e jet-skys nos recifes.

XI. Construção de qualquer natureza sobre os recifes. XII. Lançamento de resíduos e efluentes de qualquer natureza,

sem o tratamento adequado. XIII. Qualquer forma de ocupação do solo na Ilha do Coqueiro. XIV.Construção fixa ou equipamento permanente na faixa de

praia, medida a partir da linha máxima de preamar (33m em direção ao continente) e impermeabilização do solo em mais de 20% (vinte por centos) da área na Ilha de Santo Aleixo.

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Quadro 4. Objetivos e restrições adicionais nas subzonas da Zona Marítima da APA de Guadalupe.

Subzonas da Zona Marítima da APA de Guadalupe Subzona Objetivos específicos Restrições adicionais e incentivos especiais

dos Recifes

- Conservação da biodiversidade marinha - Turismo de mergulho contemplação ordenado e implementado - Tráfego de embarcações ordenado

Serão definidos setores especiais, onde o ordenamento da pesca artesanal e do turismo contemplativo receberá maior incentivo e planejamento.

de Uso Especial

- Preservação da biodiversidade marinha. - Restauração das condições ambientais dos recifes.

Proíbe-se: I. Pisoteio dos recifes

II. Atividade pesqueira com qualquer petrecho. III. Turismo náutico. IV. Circulações de barcos não autorizados pelo CEPENE.

Plataforma Continental

- Tráfego de embarcações ordenado Será estimulada a presença sistemática de agentes de fiscalização da Marinha, em atividades de natureza informativa e coercitiva.

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Quadro 5. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona de Turismo, Veraneio e Lazer da APA de Guadalupe.

ZONA DE TURISMO, VERANEIO E LAZER

Objetivos gerais Usos e atividades

Incentivados Tolerados Proibidos

- Ocupação imobiliária ordenada, aliada à conservação ambiental. - Atividades turísticas adequadas ambientalmente. - Valorização da paisagem e do patrimônio histórico e cultural. - Controle ambiental realizado em parceria com municípios. - Educação ambiental formal e informal, em programas permanentes.

I. Recuperação e preservação das áreas de restinga.

II. Criação de áreas verdes de uso púbico. III. Apoio direto à elaboração e/ou revisão dos

Planos Diretores municipais, com vistas à melhoria dos instrumentos de ordenamento da ocupação do solo urbano.

IV. Valorização das práticas de turismo sustentável e certificação ambiental de hotéis e pousadas.

V. Campanhas de coleta seletiva e destinação adequada, em projetos de reciclagem e compostagem de resíduos orgânicos.

VI. Preservação, valorização e utilização sustentável do patrimônio histórico e cultural como o Forte Santo Ignácio de Loyola, as Igrejas de São Pedro, São José de Botas e São Benedito, em Tamandaré.

VII. -Criação de passeios e trilhas para atrativos de turismo ecológico, tendo como guia a população residente, capacitada para esse fim.

VIII. Capacitação da mão-de-obra para o turismo ecológico.

IX. Educação ambiental informal e apoio à educação ambiental formal.

I. Parcelamentos de terrenos, desde que os lotes não sejam inferiores a 1000m2.

II. Empreendimentos turísticos/ hoteleiros desde que em observância as normas deste zoneamento quanto a ocupação do terreno, com projetos arquitetônicos integrados à paisagem e devidamente licenciados, com especiais cuidados em relação ao sistema de coleta e tratamento de esgotos, reuso da água, coleta e destinação de resíduos sólidos e manutenção de área verde.

I. Edificações definitivas ou qualquer forma de ocupação do solo que impeçam ou dificultem o acesso público às praias e ao mar, que deverá ser garantido a cada 250m.

II. Aterro de maceiós e manguezais. III. Danos ou supressão da vegetação

remanescente de mangues, restinga e floresta ombrófila, em qualquer estágio sucessional, a não ser em casos de utilidade pública ou interesse social, previstos em lei.

IV. Instalação de lixões e aterro, assim como disposição de lixo em locais inadequados.

V. Lançamento, nos cursos de água, de efluentes domésticos e industriais sem tratamento adequado.

VI. Exploração comercial de areia, argila e material rochoso.

VII. Construção fixa ou equipamento permanente na faixa de praia, medida a partir da linha máxima de preamar (33m em direção ao continente).

VIII. Circulação de veículos automotores na faixa de praia, exceto os de serviço público.

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Quadro 6. Objetivos e restrições adicionais nas subzonas da Zona de Turismo, Veraneio e Lazer da APA de Guadalupe.

Subzonas da Zona de Turismo Veraneio e Lazer

Subzonas

Objetivos específicos Restrições adicionais e incentivos especiais

Reserva Natural da Restinga de Tamandaré

- Preservação da paisagem e da biodiversidade da restinga. - Uso público controlado - Ecoturismo e práticas de educação ambiental.

I. Edificações, a não ser as necessárias à segurança, serviços e equipamentos básicos de lazer, não excedendo 5% da extensão de definida como área verde pública. II. Construções fixas ou equipamento permanente a menos de 100 m da margem do rio Ariquindá. III. Introdução de espécies vegetais não nativas para fins produtivos ou paisagísticos.

Terraços marinhos de Gamela e Guadalupe

- Preservação e valorização da paisagem. - Proteção ao relevo litorâneo.

I. Construções definitivas ou temporárias em faixa de 30 a 80 m em direção ao continente, contados a partir da borda do terraço. II. Introdução de espécies vegetais não nativas para fins produtivos ou paisagísticos.

Praia dos Carneiros

- Conservação e valorização da paisagem litorânea. - Garantia de acesso à praia aliada à prestação de serviços públicos de limpeza, segurança e informações ambientais.

I. Taxa de ocupação superior a 0,3, impermeabilização do lote superior a 35% e gabarito de construção superior a 3 pavimentos ou 12m. II. Corte de exemplares de coqueiros sem apresentação de Declaração de Corte e reposição por igual número de árvores justificadamente abatidas. III. Edificações de qualquer natureza, mesmo de caráter temporário, na faixa de 50m contados a partir da preamar máxima.

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Quadro 7. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona Rural Diversificada da APA de Guadalupe.

ZONA RURAL DIVERSIFICADA

Objetivos gerais Usos e atividades

Incentivados Tolerados Proibidos

- Propriedades rurais adequadas ambientalmente. - Solos e recursos hídricos conservados e livres de contaminação. - Restauração ambiental das áreas de preservação permanente. - Reservas legais averbadas, restauradas, conservadas e monitoradas. - Fragmentos florestais mapeados, estudados e monitorados. - Desenvolvimento de atividades de ecoturismo, turismo rural e turismo científico. - Estabelecimento de corredores ecológicos entre fragmentos florestais. - Controle da atividade mineradora e de práticas degradadoras do solo e do relevo. - Fiscalização e controle ambiental integrados com extensão rural e defesa sanitária. - Valorização do patrimônio histórico-cultural (material e imaterial).

I. Licenciamento ambiental das atividades agrícolas.

II. Demarcação, averbação e monitoramento do estado de conservação das reservas legais das propriedades rurais e projetos de assentamento.

III. Restauração ambiental das áreas de preservação permanente.

IV. Projetos de compensação ambiental com espécies nativas em áreas de assentamentos rurais.

V. Criação de unidades de conservação incluindo fragmentos florestais remanescentes.

VI. Estabelecimento de corredores ecológicos, melhorando a conectividade entre fragmentos.

VII. Controle biológico de pragas e doenças e cultivo com práticas de conservação do solo.

VIII. Produção agroecológica e comercialização local dos produtos agropecuários.

IX. Produção de sementes e mudas de espécies nativas.

X. Sistemas agroflorestais e silvicultura.

I. Queima da palha da cana para

colheita, desde que autorizada

como queima controlada, em

observância a legislação vigente, e

respeitado o que estabelece as

proibições V e VI deste quadro.

II. A introdução e cultivo, no território

da APA, de espécies vegetais e

animais comerciais exóticas não

invasoras mediante projeto técnico

detalhado, conforme regulamento

da CPRH.

III. Supressão de vegetação em

formações florestais da Mata

Atlântica em estágios inicial e médio

de regeneração apenas em caso de

utilidade pública e interesse social.

IV. Supressão de vegetação em

formações florestais da Mata

Atlântica em estágio avançado de

regeneração e de mangues apenas

em caso de utilidade pública.

I. Corte de árvores, supressão de vegetação e queimadas em fragmentos de Mata Atlântica.

II. Caça, captura e manutenção em cativeiro de espécies da fauna nativa.

III. Supressão da vegetação ou qualquer atividade que traga prejuízo à regeneração natural em áreas de preservação permanente e em áreas de estágio inicial de sucessão de Mata Atlântica.

IV. Cultivo em torno de áreas de vegetação natural sem faixa de proteção de 3,0m contra fogo acidental.

V. Uso do fogo para limpeza de terreno ou queima da palha da cana em locais limítrofes a área de preservação permanente e fragmentos florestais, sem aceiro de 8,0 m, que deve ser mantido limpo e não cultivado durante todo o ano.

VI. Uso do fogo para limpeza de terreno ou queima da palha da cana a menos de 50,0 m dos limites de Reserva Biológica de Saltinho, contados a partir do aceiro de 10,0 m, que deve ser mantido limpo e não cultivado durante todo o ano.

Continua ...

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Quadro 7. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona Rural Diversificada da APA de Guadalupe. (Continuação)

ZONA RURAL DIVERSIFICADA

Usos e atividades

Incentivados Tolerados Proibidos

-

XI. Culturas perenes em áreas com declividade

entre 25° e 45°.

XII. Plantios de espécies nativas com fins

conservacionista, ornamental ou extrativista.

XIII. Meliponicultura. XIV. Implantação de unidades de beneficiamento

de produtos agroecológicos e tradicionais. XV. Equipamentos de lazer e turismo,

especialmente rural e ecológico; XVI. Criação de áreas de interesse especial para

valorização do patrimônio histórico e cultural XVII. Monitoramento ambiental participativo e

informação ambiental. XVIII. Capacitação da mão-de-obra para o turismo

e atividades tradicionais do núcleo urbano de Rio Formoso.

XIX. Realocação de ocupações indevidas nas áreas de mangue em Rio Formoso.

XX. Atividades de recreação e turismo fluvial no Rio Formoso.

XXI. Pesquisa em restauração ambiental e diagnósticos da biodiversidade.

V. O uso de agroquímicos

em estrita observância

à legislação vigente,

condicionado a

apresentação prévia

de plano de utilização,

elaborado por técnicos

habilitados,

detalhando princípios

ativos, quantidades

aplicadas, medidas de

segurança, destino de

embalagens e demais

informações julgadas

necessárias à

segurança ambiental,

e de relatórios

semestrais, conforme

regulamento.

VII. Ocupação, mesmo que temporária, de áreas de preservação permanente.

VIII. Utilização de agrotóxicos com Classes I e II de potencial de periculosidade ambiental (PPA), definido conforme Portaria IBAMA Nº 84/1996, nas áreas de preservação permanente e nas definidas como prioritárias para formação de corredores ecológicos. Tais produtos poderão ser excepcionalmente autorizados para o combate de espécies invasoras em áreas de proteção à biodiversidade, conforme regulamento.

IX. Utilização de agrotóxicos das Classes I, II e III de toxidade, definidas na Lei Federal 7802/89 e Decreto 98816/1990, em faixa de 1,0 km (um quilômetro) contígua à Reserva Biológica Saltinho e às áreas de preservação permanente que margeiam os cursos d’água de sua Zona de Amortecimento dessa Reserva Biológica.

X. Lançamento, nos cursos de água e mananciais, de efluentes industriais, domésticos ou de outra natureza, sem tratamento adequado.

XI. Uso de explosivos ou substâncias químicas que facilitem a pesca nos corpos de água.

XII. Culturas de ciclo curto em encostas com declividade superior a 25° (vinte e cinco graus).

XIII. Instalação de lixões bem como deposição inadequada dos resíduos. XIV. Introdução de espécies exóticas animais e vegetais para fins comerciais

sem licença ambiental, concedida após avaliação de estudo ambiental

prévio, realizado de acordo com o termo de referência expedido pela

CPRH.

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Quadro 8. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona de Proteção Ambiental estuarina e ecossistemas integrados da APA de Guadalupe.

ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ESTUARINA E ECOSSISTEMAS INTEGRADOS

Objetivos gerais

Usos e atividades

Incentivados Tolerados Proibidos - Ecossistemas naturais preservados. - Atividades turísticas e pesqueiras controladas e monitoradas. - Ocupação imobiliária regulada, aliada à conservação ambiental. - Proteção aos corpos hídricos, inclusive como forma de evitar deposição de sedimentos sobre os corais na Zona Marítima.

I. Monitoramento dos recursos hídricos e biológicos estuarinos.

II. Maricultura (reprodução e engorda) com espécies nativas.

III. Meliponicultura e apicultura. IV. Uso de embarcação a vela e a

remo. V. Turismo cultural e ecológico.

VI. Criação e implantação de unidades de conservação abrangendo remanescentes de Mata Atlântica.

VII. Plantios de espécies nativas com fins conservacionista, ornamental ou extrativista.

VIII. Reflorestamento com espécies nativas, em encostas com declividade >25°, em áreas de nascentes e margens de rios.

IX. Preservação da faixa arenosa do rio Ilhetas.

X. Pesquisas científicas voltadas ao inventário da biodiversidade, aos estudos ecológicos e às estratégias de conservação e uso sustentável.

I. Extrativismo tradicional de moluscos

e crustáceos no manguezal.

II. Atividades eventuais de baixo

impacto ambiental em áreas de

preservação permanente.

III. Cultivo de fruteiras arbóreas

tradicionais, preferencialmente

nativas, em terrenos com inclinação

entre 25 e 45°.

IV. Pesca amadora esportiva, conforme

regulamenta a Portaria IBAMA Nº 4

de 19 de março de 2009.

V. Coleta de material biológico, em

conformidade com o disposto pelo

SISBio, regulamentado pela

Instrução Normativa IBAMA

Nº154/2007, sendo dada ciência à

APA, conforme regulamento.

I. Supressão de vegetação, queimadas e corte de árvores em áreas de restinga, manguezais e floresta ombrófila.

II. Caça, captura e manutenção em cativeiro de espécies da fauna nativa.

III. Aterro do manguezal, incluindo áreas de apicum e salgado.

IV. Pesca de tarrafa ou pesca subaquática realizada com ou sem o auxílio de embarcações, utilizando espingarda de mergulho ou arbalete, tridente ou petrechos similares.

V. Captura do caranguejo com redes. VI. Lançamento de produtos tóxicos no estuário.

VII. Instalação de salinas e viveiros no manguezal, apicuns e salgados.

VIII. Lançamento, no estuário, de efluentes urbanos ou industriais, sem tratamento adequado.

IX. Parcelamento para fins urbanos e ocupação com edificações em áreas permanente ou temporariamente alagadas.

X. Mineração, incluindo extração de areia. XI. Coleta, comercialização e transporte de Hippocampus

spp (cavalo-marinho) e outros peixes e organismos de

características ornamentais

XII. Uso de explosivos ou substâncias químicas que facilitem

a pesca nos corpos d’água.

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Quadro 9. Objetivos e restrições adicionais nas subzonas da Zona de Proteção Estuarina e Ecossistemas Integrados da APA de Guadalupe.

Subzonas da Zona de Proteção Estuarina e Ecossistemas Integrados

Subzona Objetivos específicos

Restrições adicionais

Estuarina do Rio Formoso

- Proteção integral aos ecossistemas da bacia do estuário, mangues e restingas. - Controle do tráfego de embarcações. - Restauração ambiental e qualificação turística do mirante do Reduto.

I. Edificações definitivas ou qualquer forma de ocupação do solo que impeça ou dificulte o acesso público ao rio e ao estuário, que deverá ser garantido a cada 250m.

II. Tráfego de embarcações comerciais não cadastradas. III. Tráfego de embarcações de esporte e/ou recreio e atividades correlatas não comerciais com potência superior a 450 Hp no largo do estuário, a jusante do píer de Mariassu; IV. Tráfego de embarcações de esporte e/ou recreio e atividades correlatas não comerciais com potência superior a 50 Hp a montante do píer de Mariassu. V. Velocidade de embarcações com motor, superior 30 nós no canal de navegação do Rio Formoso e de 3 nós a partir no limite de 200m da beira de praia.

Complexo Ambiental

Ilhetas-Mamucabas

- Baixa densidade de ocupação. - Desenvolvimento do ecoturismo e turismo rural. - Adoção de práticas agrícolas de baixo impacto ambiental.

I. Cultivo em torno dos fragmentos florestais sem faixa de proteção contra fogo acidental de 3,0m de largura. II. Uso do fogo para limpeza do terreno.

III. Cultivo de ciclo curto em encostas com declividade superior a 25° (vinte e cinco graus). IV. Parcelamento do solo com lotes inferiores a 1.000m

2.

V. Nas áreas edificáveis, taxa de ocupação superior a 0,2, impermeabilização do solo em mais de 30% da área do lote e gabarito superior a 2 pavimentos ou 8 metros.

VI. Construção fixa ou permanente, na faixa de restinga, de proteção da desembocadura dos rios Ilhetas e Mamucabas. Edificações definitivas ou qualquer forma de ocupação do solo que impeça ou dificulte o acesso público às praias, estabelecido a cada 250 m.

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Quadro 10. Usos e atividades incentivados, tolerados e proibidos na Zona de Preservação da Vida Silvestre – Reserva Biológica de Saltinho da APA de Guadalupe.

ZONA DE PRESERVAÇÃO DA VIDA SILVESTRE DA APA DE GUADALUPE – RESERVA BIOLÓGICA DE SALTINHO

Objetivos gerais Usos e Atividades

Incentivados Tolerados Proibidos - Contribuir para a conservação dos recifes costeiros da foz do rio Mamucabas, por meio da conservação dos recursos hídricos. - Proteger espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção da flora e fauna nativas. - Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade da Mata Atlântica nordestina, ocorrente no Litoral Sul de Pernambuco. - Propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas, estudos e monitoramento ambiental dos recursos naturais na Unidade de Conservação.

I. Pesquisa científica,

preferencialmente observacional,

de acordo com normas do ICMBio.

II. Diagnósticos de biodiversidade.

III. Educação ambiental e

interpretação da natureza.

Em conformidade com o estabelecido pela gestão da unidade.

De acordo com o que estabelece a Lei

Nº 9985/200 e Decreto Nº 4340/2002 e

o Plano de Manejo da Unidade, são

proibidos usos diretos que envolvam

coleta, corte e consumo dos recursos,

bem como qualquer forma de

intervenção que se contraponha aos

objetivos da Unidade de Conservação,

cabendo ao Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade

autorizar o desenvolvimento das

atividades permitidas.

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4. PROGRAMAS DE AÇÃO

O Encarte relativo aos Programas de Ação organiza um conjunto de linhas

programáticas, elencando subprogramas com respectivas atividades a serem realizadas para

alcançar os objetivos da APA, de acordo com estratégias estabelecidas. Os objetivos de cada

subprograma corresponderão a projetos a serem elaborados e conduzidos ao longo do

período previsto, de acordo as prioridades apontadas. Na sua formulação, foram

considerados os espaços institucionais, os mecanismos e os instrumentos legais já existentes

na área e as parcerias, existentes ou potenciais, que viabilizarão o sucesso das iniciativas.

É importante enfatizar que a execução dos programas do Plano de Manejo da APA de

Guadalupe não deve ser entendida como responsabilidade de um único órgão, mas sim

como resultado de ações integradas de diversos órgãos de governo e da sociedade civil,

catalisadas pelo Conselho Gestor e articuladas pela equipe técnica da APA de Guadalupe.

As ações propostas procuraram levar em consideração a necessidade de fortalecer o

sistema de gestão, possibilitar o monitoramento constante e a ampla divulgação de

informações ambientais, garantir a conservação e restauração dos recursos ambientais e

incentivar o desenvolvimento de práticas produtivas sustentáveis.

Foram definidos os critérios para o desenvolvimento dos programas, em função de

linhas estratégicas de duas naturezas: programas estruturadores, relativos ao próprio modus

operandi da gestão da APA de Guadalupe, relacionados às suas atribuições e competências,

e programas que objetivam desenvolver ações estratégicas, focadas nos objetivos da APA e

no equacionamento dos problemas identificados nos diagnósticos do Plano de Manejo.

Os programas propostos são:

Programas estruturadores:

- Administração e Gestão

- Comunicação e Educação Ambiental

- Monitoramento e Controle Ambiental

Programas de ações estratégicas:

- Apoio aos Sistemas Produtivos Sustentáveis

- Ordenamento e Valorização do Turismo Sustentável.

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- Recuperação e Conservação Ambiental

Para cada programa foram propostos subprogramas que reúnem atividades a serem

desenvolvidas, em horizonte de tempo definido, após discussões com a equipe técnica de

elaboração, a Unidade de Gestão de Unidades de Conservação/CPRH e a Gestão da APA de

Guadalupe.

A partir das linhas de ação, os participantes estabeleceram a relação das instituições

com potencial de envolvimento na gestão da APA, indicando o tipo de apoio potencial das

mesmas, definindo a prioridade de cada subprograma e seu período de implantação.

As avaliações realizadas pela equipe, o Zoneamento, a Oficina de Planejamento e as

reuniões com os técnicos da CPRH (Unidade de Gestão de Unidades de Conservação),

realizadas em junho e julho de 2011, indicaram o conjunto de temas em programas e

subprogramas de desenvolvimento apresentados no Quadro 11.

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Quadro 11. Programas e Subprogramas Propostos para a APA de Guadalupe

PROGRAMA Objetivos SUBPROGRAMA

Administração e Gestão

-Verificar e corrigir a execução das atividades programadas; -Contribuir para a programação de atividades de cada Plano Operativo Anual; -Fornecer uma visão global da implementação do Plano de Manejo como forma de dar satisfação à sociedade e permitir sua revisão; -Proporcionar o aporte financeiro necessário para promover a implementação das ações propostas no Plano de Manejo; -Criar sistema de trabalho que assegure planos de ação operativos e cooperativos entre as instituições que atuam na APA; -Promover a formação/atualização de membros do Conselho Gestor da APA e gestores municipais para o planejamento integrado da gestão ambiental articulando ações de diferentes secretarias municipais; -Instrumentalizar gestores municipais e membros do Conselho Gestor da APA para o uso adequado dos instrumentos de planejamento e gestão ambiental.

Acompanhamento do Plano de Manejo

Captação de Recursos Financeiros

Articulação Interinstitucional

Fortalecimento do Conselho Gestor e Municípios para a Gestão Ambiental

Comunicação e Educação Ambiental

-Estruturar e implementar as ações de comunicação e educação ambiental da APA de Guadalupe, com atividades formais e não formais, definindo diretrizes e meios para ampla informação sobre os objetivos da APA, seus principais valores ambientais e as formas de desenvolver o protagonismo ambiental dos residentes, empresários e veranistas; -Divulgar a identidade visual da APA; -Atualizar e implantar projeto gráfico para placas informativas e de orientação turística e ambiental.

Comunicação Social e Educação Ambiental

Comunicação Visual

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Quadro 11. Programas e Subprogramas Propostos para a APA de Guadalupe (Continuação)

PROGRAMA Objetivos SUBPROGRAMA

Monitoramento e Controle Ambiental

-Estabelecer o monitoramento da qualidade de água, observando-se os níveis aceitáveis de potabilidade e de outros usos, conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos; -Dotar a gestão da APA dos mecanismos e estratégias necessárias para atender casos de emergência ambiental como incêndios; -Definir estratégias para o adequado controle e fiscalização dos diversos tipos de usos, atividade e empreendimentos existentes e a serem implantados na APA de Guadalupe, visando o efetivo controle ambiental das atividades e suas decorrências, bem como o cumprimento da legislação pertinente, de forma integrada; -Proteger a biodiversidade marinha; -Promover a recuperação e a conservação dos recifes costeiros da APA de Guadalupe; -Estimular e normatizar atividades de recreação e turismo de baixo impacto ambiental; -Ordenar a pesca amadora; -Promover a pesquisa científica e estudos compatíveis com as características da área geralmente afetada por atividades antrópicas; -Contribuir para informação e educação ambiental.

Monitoramento da Qualidade da Água

Emergência ambiental em caso de incêndios

Fiscalização

Monitoramento dos Recifes

Apoio aos Sistemas Produtivos Sustentáveis

-Promover o desenvolvimento sustentável junto a pequenos produtores na APA de Guadalupe por meio da agroecologia e outras práticas de produção agropecuária de baixo impacto ambiental, buscando alternativas de transformação da produção com agregação de valores socioambientais e geração de renda; -Incentivar a pesca e o extrativismo em bases sustentáveis.

Apoio à Produção Sustentável

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Quadro 11. Programas e Subprogramas Propostos para a APA de Guadalupe (Continuação)

PROGRAMA Objetivos SUBPROGRAMA

Desenvolvimento de Turismo Sustentável na APA de Guadalupe

-Realizar ações de educação ambiental e patrimonial no intuito de promover o reconhecimento dos patrimônios naturais e culturais da região e consequentemente desenvolver uma consciência preservacionista desses bens na APA de Guadalupe; -Sensibilizar a comunidade, empresários e agentes turísticos sobre os impactos da atividade turística e como podem ser minimizados os fatores negativos e ampliados os efeitos positivos; -Sensibilizar a comunidade, empresários e agentes turísticos para a valorização e proteção do patrimônio natural e cultural, bem como promover uma reflexão sobre o papel da comunidade escolar diante do potencial turístico-cultural da cidade; -Sensibilizar a comunidade, empresários e agentes turísticos para a importância da preservação dos bens naturais e culturais para a sustentabilidade da atividade turística; -Promover a formação/atualização de gestores municipais e dos membros do conselho gestor da APA para o planejamento integrado do turismo e sua gestão na APA; -Capacitar técnicos municipais, membros do conselho gestor da APA e funcionários de instituições parceiras para atuarem na regulamentação do turismo, com base no zoneamento da APA e na realização de ações de sensibilização e informação ao visitante; -Incentivar a comunidade para o fortalecimento dos grupos culturais, estimulando para que se integrem ao Programa Cultura Viva (Ministério da Cultura), possibilitando a preservação do patrimônio imaterial; -Pesquisar e registrar a demanda turística no estuário do Rio Formoso e na praia de Tamandaré; -Ordenar o fluxo de embarcações e de turistas nos rios Formoso e Ariquindá, entorno dos recifes e na praia de Tamandaré;

Educação ambiental e patrimonial voltada para o turismo

Fortalecimento para a Gestão do Turismo

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Quadro 11. Programas e Subprogramas Propostos para a APA de Guadalupe (Continuação)

PROGRAMA Objetivos SUBPROGRAMA

Desenvolvimento de Turismo Sustentável na APA de Guadalupe

-Definir áreas de embarque, ancoragem e circulação de

embarcações;

-Monitorar o turismo no Complexo Estuarino do Rio Formoso e

Tamandaré;

-Fomentar a gestão ambiental na área hoteleira como estratégia

multiplicadora junto aos fornecedores, hóspedes, comunidades e

funcionários;

-Sensibilização dos equipamentos de hospedagem para a

responsabilidade e a postura quanto às práticas ambientais com

vistas à sustentabilidade da atividade turística na região e aos ganhos

operacionais e de mercado que podem ter a partir da adesão ao

programa;

-Integrar ações de gestão ambiental nos procedimentos gerenciais

comuns dos meios de hospedagem.

Educação ambiental e patrimonial voltada para o turismo

Fortalecimento para a Gestão do Turismo

Recuperação e Conservação ambiental

-Adotar medidas efetivas capazes de garantir a conservação dos -

ecossistemas remanescentes e o aumento das áreas protegidas,

aliadas a incentivo às práticas sustentáveis;

-Recuperar áreas degradadas por atividades impactantes ao

ambiente;

-Recompor as Áreas de Preservação Permanente, notadamente as

encostas declivosas e faixa mínima de 30 m ao longo de corpos

hídricos.

Recuperação Ambiental

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