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resumo_clarice_20-06

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RESUMO: O TEXTO POÉTICO O que caracteriza o texto poético:

I. O texto em verso não ocupa toda a extensão da linha, como o texto em prosa; é vertido para a linha seguinte sempre que completa um determinado modelo de ritmo, definido por rimas, métrica e alternância de sílabas fortes e fracas. (O texto poético tem, portanto, musicalidade; é uma música feita com palavras, motivo pelo qual deve ser lido oralmente.) Veja como se dá a marcação do ritmo no poema seguinte: RIMAS:

Rimas são sons iguais ou semelhantes no final das palavras (ver / doer). Servem para dar ritmo ao poema. Podem ser externas (no fim do verso: sente/contente) ou internas (no interior do verso: andar/

cuidar). O esquema rímico (ou de rimas) mostra com que regularidade as rimas se distribuem ao longo

do poema. No poema abaixo, o esquema é ABBA ABBA CDC DCD.

Amor é fogo que arde sem se ver; A É ferida que dói e não se sente; B É um contentamento descontente; B É dor que desatina sem doer; A É um não querer mais que bem querer; A É solitário andar por entre a gente; B É nunca contentar-se de contente; B É cuidar que se ganha em se perder; A É querer estar preso por vontADE; C É servir a quem vence, o vencedor; D É Ter com quem nos mata lealdADE. C Mas como causar pode seu favor D Nos corações humanos amizADE, C Se tão contrário a si é o mesmo Amor? D

( Camões)

Classificação das rimas: ���� quanto à posição que a rima ocupa ao longo do poema: ABBA – rimas interpoladas ou intercaladas AABB – rimas paralelas ou emparelhadas ABAB – cruzadas intercaladas ou alternadas ���� quanto à sílaba tônica: esdrúxulas – as palavras que rimam entre si são proparoxítonas: árvore – mármore

graves – as palavras são paroxítonas: recado – amado

agudas - as palavras são oxítonas: Raquel / Rapunzel

Quando os versos não apresentam rimas, são denominados versos brancos.

Itapetininga

Este poema é um soneto, ou seja, uma forma fixa de composição poética. É composto de duas estrofes de quatro versos (quartetos ou quadras) e duas estrofes de três versos (tercetos).

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MÉTRICA: Métrica é a medida dos versos que compõem o poema. É mais um mecanismo para dar ritmo ao poema. Para medir o verso é preciso fazer a escansão (ato de escandir, ou seja, fazer a contagem das sílabas poéticas. Como fazer a escansão do poema: ���� Dividir todo o verso em sílabas gramaticais. ���� Verificar qual é a sílaba tônica da última palavra do verso e desprezar as demais. ���� Quando uma palavra terminar com vogal e a seguinte também se iniciar com vogal, é possível que elas se unam, mas só nas seguintes condições: quando as duas vogais forem iguais (crase): fo / ssees / pe / ci / al ou quando as duas vogais forem diferentes e átonas (elisão): fo/ ssea/ ssim

Veja a escansão de uma estrofe do soneto de Camões:

É / um / não / que / rer / mais / que / bem / que / rer; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É / so / li / ta / rioan / dar / por / en / trea / gen /( te); 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É / nun / ca / con / ten / tar- / se / de / con / ten /(te); 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

É/ cui / dar / que / se / ga / nhaem / se / per / der; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Quando todos os versos do poema têm a mesma medida, diz-se que a métrica é perfeita, e os versos são isométricos.

Quando os versos têm número variado de sílabas poéticas são chamados de versos livres. Classificação dos versos quanto à métrica:

• monossílabos – uma sílaba • dissílabos – duas sílabas • trissílabos – três sílabas • tetrassílabos – quatro sílabas • pentassílabos ou redondilhos menores – cinco sílabas • hexassílabos – seis sílabas • heptassílabos ou redondilhos maiores – sete sílabas • octossílabos – oito sílabas • eneassílabos – nove sílabas • decasssílabos – dez sílabas • hendecassílabos – onze sílabas • dodecassílabos ou alexandrinos

– doze sílabas

A POSIÇÃO DA SÌLABA TÔNICA

Os versos abaixo, de Gonçalves Dias, são extremamente cadenciados, porque o autor alterna sons fracos e fortes, colocando a sílaba tônica sempre na mesma posição: na 2ª. e na 5ª. sílaba poética.

1 2 3 4 5

Sou bra - vo, sou for- (te) Sou fi- lho do Nor - (te) Meu can- to de Mor - (te) Gue- rrei- ros, ou- vi Sou fi- lho das sel- (vas) Nas sel- vas, cres- ci

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JOGOS SONOROS / AS FIGURAS DE SOM Também tem a função de dar ritmo ao poema.

● Repetição de palavras ● Assonância (repetição de vogais)

Ritmo A onda Mário Quintana Manuel Bandeira

a onda anda Na porta aonde anda

a varredeira varre o cisco a onda? varre o cisco a onda ainda

varre o cisco (...) ainda onda ● Onomatopéia (palavra que imita o som ● Aliteração (repetição de consoantes)

do ser ou objeto que ela representa) Sino de Belém, pelos que inda vêm! Rola a chuva Sino de Belém bate bem-bem-bem. Cecília Meireles

Arre Sino da Paixão, pelos que lá vão! que arrelia Sino da Paixão bate bão-bão-bão. o frio arrepia

a moça arredia. Sino do Bonfim, por que chora assim? Manuel Bandeira Na rua rola a roda... Arreda! (...)

● Trocadilho ou paronomásia: (palavras com sons semelhantes, mas com significados diferentes)

“Que a morte apressada seja tributo do entendimento, e a vida larga atributo da ignorância.” (Vieira)

“Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu erro quero que você ganhe que você me apanhe sou o seu bezerro gritando mamãe.” (Caetano Veloso)

“eu que passo, penso e peço.” (Sidney Miller) II. A função do texto poético é estética, ou seja, provocar o efeito do belo, como as demais formas de arte. Porém, a ele podem se associar funções secundárias, como por exemplo, a narrativa. Pode-se contar uma história, discutir uma idéia ou descrever um objeto em forma de poema.

III. A linguagem usada no texto poético é a conotativa, a figurada. Às palavras são atribuídos novos significados, não aqueles que fazem parte do dicionário. O poeta chega a esses novos significados fazendo uso de analogias, principalmente. Mas o que, exatamente, significa o termo “figura”? É quando o poeta cria uma forma concreta (=figura) para representar algo, até mesmo uma abstração. Linguagem denotativa:

O porquinho-da-índia possui uma alimentação bastante variada: ração, frutas, vegetais, verduras, capim, feno etc.

Se você consultar um dicionário e procurar o sentido da palavra porquinho-da-índia irá encontrar “cobaia”, “ animal mamífero da classe dos roedores”, “preá” etc. Foi exatamente com esse sentido que a palavra foi usada na frase anterior. Trata-se de linguagem denotativa, cuja função é

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referencial, ou seja, informativa. Nessa frase, as palavras foram todas empregadas em sentido literal, concreto.

Linguagem conotativa:

Ao poeta, cabe criar novos sentidos para as palavras. Quanto mais novo é o sentido que ele atribui a uma palavra, mais original é a sua poesia. No exemplo abaixo, o termo porquinho-da-índia

foi usado para representar a primeira namorada do eu-lírico (o “eu” que expressa os seus sentimentos no poema). O que pode haver em comum entre esse animalzinho e uma namorada? A namorada, assim como o bichinho de estimação, vivia fugindo do garoto, embora por motivos diferentes. A namorada, ainda insegura com o primeiro relacionamento amoroso, fugia das carícias do eu-lírico.

Porquinho-da-Índia Manuel Bandeira

Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . . — O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

ALGUMAS FIGURAS DE LINGUAGEM Metáfora: Comparação abreviada, baseada na semelhança existente entre dois termos.

“Meu coração é um balde despejado”. (Fernando Pessoa)

Comparação: Semelhança entre dois termos estabelecida por meio de um conectivo. A via-láctea se desenrolava Como um jorro de lágrimas ardentes (Olavo Bilac) Polissíndeto: Repetição excessiva de um conectivo.

“ E sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo e sob a gosma e sob o vômito (...)” (Carlos Drummond de Andrade)

Hipérbole: Afirmação exagerada. "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac).

Antítese: Oposição entre duas palavras ou idéias. “Os jardins têm vida e morte.” (Cecília Meireles)

Paradoxo: Idéias contraditórias (que se excluem mutuamente) "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;" (Camões)

Personificação ou prosopopéia: Atribuir características humanas a seres inanimadas. "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp)

Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)

Apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada). “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)