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RESUMOS

RESUMOS - cm-rpena.pt 2017.pdf · Investigadora do Centro de Estudos e das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI) da Universidade Aberta, no Grupo de Investigação em

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RESUMOS

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RESUMOS

Conferência de abertura

CAMILO E A SUA OBRA, IMPLICAÇÕES PATRIMONIAIS E OPERATIVAS DO SEU USO E

APROPRIAÇÃO: O CASO DOS ÚLTIMOS ROMANCES

Elias J. Torres Feijó (Universidade de Santiago de Compostela)

Resumo: Qual é, afinal, o mundo de Camilo? Ou qual Norte, o Minho, o Trás-os-Montes de Camilo? São estas,

por exemplo, perguntas que dizem respeito a usos e apropriações patrimoniais, potenciais ou de facto.

A obra de Camilo é relevante na história da cultura portuguesa, particularmente em determinados âmbitos

recetores e com determinadas obras. No quadro sistémico em que se insere, ela coloca também assuntos de

utilidade relativos à conceção e funcionalidade do texto literário, sobretudo quando a tensão com o Realismo se

intensifica. Ela informa igualmente de valores, formas de estar e ver o mundo, de diversos aspetos que se prendem

com a comunidade, a relação com o território, a paisagem, costumes, identidade, modos de ser e, em geral, do

entendimento do que é "(o) ser português". Usar e apropriar-se de Camilo e da sua obra e o modo em que isso

seja feito, o seu potencial patrimonial, portanto, precisa análise e explicação de processos; e, no modo em que a

comunidade que dele se apropria ou que o usa para determinados objetivos, tem implicações sociais e culturais

que pode ser oportuno determinar.

Breve Cv

Professor Titular (2000-) da Universidade de Santiago de Compostela, Doutor (1996) com a tese “Galiza em Portugal,

Portugal na Galiza através das revistas literárias” (1900–1936). Diretor do Grupo de Investigação GALABRA da USC

(www.grupogalabra.com GI-1811- USC; existem outros dous gurpos com o mesmo nome que fazem parte da Rede Galabra

nas Universidades do Minho e Federal de Goiás). As suas áreas de investigação e atividades profissionais incluem

planeamento da cultura, consultoria e assessoria culturais, desenvolvimento de empresas spin-off, investigações na literatura

e a cultura e literaturas e culturas em língua portuguesa. As suas especialidades são a metodologia de análise da cultura e da

literatura; narrativa e comunidades; práticas culturais; turismo e relações literárias e culturais entre a Galiza e Portugal e o

mundo de língua portuguesa. Igualmente, literatura portuguesa moderna e contemporânea.

Orientou 10 teses de doutorado até à data, já defendidas, todas com a máxima qualificação.

(últimos cinco anos) Leciona matérias relativas às literaturas e culturas de língua portuguesa e de estudos e investigações na

cultura.

Foi Vice-reitor da Universidade de Santiago de Compostela (2006-2009)

Presidente da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL) e diretor da revista Veredas (2008-2014)- Vice-presidente da

AIL (2014-)

Na atualidade, dirige o projeto: “Discursos, imagens e práticas culturais [de visitantes do Brasil, Espanha, Galiza e Portugal]

sobre Santiago de Compostela como meta dos Caminhos de Santiago”.

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Painel 1

- A receção de Alexandre Herculano no Dicionário Universal de Educação e Ensino | João Bartolomeu Rodrigues (UTAD) | [email protected] - A relação ambivalente de Camilo Castelo Branco com a Literatura Francesa | Dalila Milheiro (UAB-CEMRI/ULisboa-CLEPUL) | [email protected] - Camilo Castelo Branco e Arnaldo Gama: percursos, relações pessoais e ligações literárias | Aires Gomes Fernandes (UCoimbra)| [email protected] - Camilo, o «naturalista» | Sérgio Paulo Guimarães de Sousa (UMINHO) |[email protected]

A RECEÇÃO DE ALEXANDRE HERCULANO NO DICIONÁRIO UNIVERSAL DE EDUCAÇÃO

E ENSINO

João Bartolomeu Rodrigues

Resumo: Mais do que um dicionário, o Dicionário Universal de Educação e Ensino, dirigido por E. M. Campagne e

publicado em Portugal em 1873, assume a configuração de uma obra enciclopédica. Contém «o mais essencial da

sabedoria humana e toda a ciência quotidianamente aplicável em assumpto de educação, de instrução primária, [e

de] instrução secundária». Esta obra foi traduzida para português por Camilo Castelo Branco, contando com o

preenchimento das lacunas por parte do tradutor, particularmente com os acrescentos nos «artigos deficientes em

assuntos relativos a Portugal». Nesta comunicação propomo-nos fazer uma breve apresentação da obra,

destacando a receção que é feita à cultura portuguesa, transcrevendo e analisando, em particular, o artigo dedicado

a Alexandre Herculano.

Breve CV

professor Auxiliar da Escola de Ciências Humanas e Sociais, na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro). Nesta instituição foi membro do Conselho Pedagógico, membro da Assembleia e membro do Senado.

Atualmente, é membro do conselho de departamento de Letras Artes e Comunicação e membro integrado do

Centro de Estudos de Letras, da UTAD;

Sócio Fundador da Sociedade de Filosofia da Educação de Língua Portuguesa.

A principal área de investigação centra-se no âmbito das ciências da cultura, pese embora os seus interesses se

repartam por múltiplos campos, percorrendo de forma transversal as questões diretamente ligadas com a

educação, a História e Cultura Portuguesa.

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Membro do Conselho Editorial internacional da ERAS (European Review of Artistic Studies);

É Autor de uma extensa bibliografia, onde o seu nome figura como autor e coautor de alguns livros e múltiplos

artigos publicados em revistas nacionais e internacionais.

Fez parte da direção de vários cursos da UTAD, do 1º, 2º e 3º ciclos;

Orientou várias dissertações de Mestrado e de Doutoramento e acompanha de perto um pós-doutoramento.

Tem participado na organização de eventos internacionais, como festivais e múltiplos Congressos, circunscritos

no âmbito da cultura, da Educação e das artes.

A RELAÇÃO AMBIVALENTE DE CAMILO CASTELO BRANCO COM A LITERATURA

FRANCESA

Dalila Milheiro

Resumo: A nossa proposta de comunicação pretende evidenciar que as aproximações e as distanciações coexistem

na relação de Camilo Castelo Branco com a Literatura Francesa, sendo notórias as ambiguidades que fazem eco

na sua extensa obra literária. Se por um lado, a filiação com certos autores gauleses é explícita e denota admiração,

por outro lado, de forma provocatória e satírica, o escritor de Seide parodia a construção das “novelas modernas”

e a missão social da arte realista-naturalista construída sob molde afrancesado, como se verifica nas obras Eusébio

Macário e A Corja.

Através de um breve percurso ensaístico, ambicionamos, assim, demonstrar que a relação que Camilo Castelo

Branco estabelece com a Literatura Francesa traduz ambivalências várias que enriquecem os “estudos da receção”

e contribuem decisivamente para se celebrarem diálogos, representações e influências profícuas entre os dois

campos literários.

Breve CV

Doutoranda em Estudos Portugueses, Especialidade em Literatura e Cultura Portuguesas na Universidade Aberta.

Mestre em Estudos sobre as Mulheres e Ciências da Educação/Educação pela Universidade Aberta (2004).

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da

Universidade de Coimbra (1993). Formadora nas áreas e domínios das Didáticas Específicas (Português) e em

Educação e Multiculturalidade (12/07/2004). Investigadora do Centro de Estudos e das Migrações e das Relações

Interculturais (CEMRI) da Universidade Aberta, no Grupo de Investigação em Estudos sobre as Mulheres –

Género, Sociedade e Cultura, e no Grupo de Investigação 3 – Multiculturalismo e Lusofonia – do Centro de

Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

O último trabalho publicado foi o verbete sobre Ana Plácido para o Feminae – Dicionário Contemporâneo.

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CAMILO CASTELO BRANCO E ARNALDO GAMA: PERCURSOS, RELAÇÕES PESSOAIS E

LIGAÇÕES LITERÁRIAS

Aires Gomes Fernandes

Resumo: muitos são os pontos de ligação entre estes dois escritores de vivência contemporânea. Enumeremos,

desde logo, geografias comuns que serviram de mais prolongado amparo que de curta passagem, nomeadamente

o Porto e o Minho. E se estes dois vultos das nossas letras encontraram pouso por tais paragens também foi aí

que ganharam vida e se movimentaram as personagens e protagonistas da generalidade dos enredos da sua obra

ficcional. Com vidas e estabilidade familiar distintas, obra literária diferenciada e desigual projecção, não deixam,

no entanto, de ter pontos de contacto em termos literários e pessoais. São essas ligações e relações que aqui

abordaremos.

Breve CV

Investigador do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra. Licenciado em História

pela Universidade de Coimbra (1999), Mestre em História Medieval e do Renascimento, na área de Instituições

Eclesiásticas, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2004) e Doutor em História Medieval, pela

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a dissertação “Os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

no Norte de Portugal em Finais da Idade Média: dos alvores de trezentos à Congregação de Santa Cruz” (2012).

Entre as diversas áreas de estudo a que se tem dedicado encontra-se o romance histórico, nomeadamente, no séc.

XIX.

CAMILO, O «NATURALISTA»

Sérgio Paulo Guimarães de Sousa

Resumo: Centrando a minha atenção no último Camilo, para folhear o núcleo duro dos seus romances

(supostamente) naturalistas (Eusébio Macário e A Corja), procurarei neles recensear a declinação dos ambientes

rústicos enfaticamente ao serviço de uma sugestão animalesca das personagens.

Breve CV

Sérgio Paulo Guimarães de Sousa, doutorado em Literatura Portuguesa, com uma tese intitulada «Entre-Dois.

Desejo e Antigo Regime na Ficção Camiliana», defendida em 2006, é Professor de Literatura Portuguesa na

Universidade do Minho.

É investigador no CEHUM (Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho), no CIAC (Centro de

Investigação de Artes e Comunicação da Universidade do Algarve), no CELIS (Centre de Recherches sur les

Littératures et la Sociopoétique – Université Blaise Pascal/Maison des Sciences de L’Homme), no CRILUS

(Centre de Recherches Interdisciplinaires sur le Monde Lusophone – Université Paris Ouest-Nanterre La Défense)

e no CIERL (Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais da Universidade da Madeira).

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Lecionou cursos e seminários em diversas universidades estrangeiras (Universidade de São Paulo, Universidade

de Nanterre La Défense, Universidade de Trieste, Universidade de Copenhaga, Universidade de Bucareste,

Universidade de Masaryk), foi Professor convidado na Universidade Blaise Pascal (Clermont Ferrand) e

FLAD/Michael Teague Visiting Associate Professor na Brown University; e ainda Professor Visitante na University of

Massachusetts Dartmouth, titular da Cátedra “Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Endowed Chair in

Portuguese Studies”.

É autor, coautor ou editor de cerca de três dezenas de livros. Especificamente no campo dos estudos camilianos,

além de artigos publicados em revistas de crítica literária, é organizador ou coorganizador de diversos volumes

dedicados ao estudo do novelista: Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco (2010; com J. Cândido Martins);

Representações do Feminino em Camilo Castelo Branco (2014); Ficções do Mal em Camilo Castelo Branco (2016; com João

Paulo Braga). E é ainda responsável pela fixação de texto de várias narrativas camilianas: Livro de Consolação (2006),

Livro Negro de Padre Dinis (2007), História de uma Porta (2009), Memórias do Cárcere (2011), A Vida de José de Telhado

(2013); Anátema/Vingança (2016; com João Paulo Braga), Coração, Cabeça e Estômago/ Aventuras de Basílio Fernandes

Enxertado (2016; com João Paulo Braga); Beatriz de Vilalva (2016; com José Manuel Oliveira e João Paulo Braga).

Em 1997 foi-lhe atribuído o Prémio Júlio Brandão na categoria de Ensaio; e, antes disso, em 1995, o Prémio

Engenheiro António de Almeida.

NOTAS:

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Painel 2

- O espaço como trapaça narrativa: Camilo e Machado num encontro - Mónica Figueiredo (UFRJ/CNPq – Brasil) | [email protected]

- Na cozinha de Camilo: três casos de exogénese | Ana Sonsino (Universidade de Lisboa)| [email protected]

-Camilo e o mistério de Mr. Hume |José Augusto Maia Marques (ISMAI) l [email protected]

- O léxico em Anátema e Vulcões de Lama de Camilo Castelo Branco | José Barbosa Machado (UTAD) l [email protected]

O ESPAÇO COMO TRAPAÇA NARRATIVA: CAMILO E MACHADO NUM ENCONTRO

Mónica Figueiredo

Resumo: Partindo da assertiva que define a geografia como sendo a ciência que descreve a Terra - nela incluídos,

a existência daquilo e daqueles que a habitam - o presente trabalho propõe uma investigação comparativa da

concepção de espaço recriado pelas linhas ficcionais de Machado de Assis e de Camilo Castelo Branco.

Entendendo que, por muitas vezes, o termo realista foi utilizado de maneira demeritória quando usado para definir

aspectos da escrita dos dois autores, proponho que o adjetivo seja redimensionado, na tentativa de mostrar o

quanto a relação mantida pelos escritores com o espaço referencialmente histórico é importante, não só para se

compreender o universo ficcional criado pela genialidade de suas penas; bem como para entendermos o

espaço/tempo que historicamente abrigou a escrita dos criadores de Memórias Póstumas de Brás Cubas e de

Coração, cabeça, estômago.

Breve CV

Professora Associada de Literatura Portuguesa nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação da Faculdade de

Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisa

(CNPq). Pós-doutorado pela Universidade de Coimbra. Autora de No corpo, na casa e na cidade: as moradas da

ficção e De vencedores vencidos: Machado & Eça num encontro. Atualmente desenvolve pesquisa com Bolsa de

Estágio Sênior (CAPES) no Instituto Literatura Comparada Margarida Losa da Universidade do Porto.

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NA COZINHA DE CAMILO: TRÊS CASOS DE EXOGÉNESE

Ana Sonsino

Resumo: A exogénese é o processo pelo qual elementos provenientes de fontes exteriores ao texto que está a ser

redigido são nele integrados. Desde uma citação até uma obra inteira (uma paródia, por exemplo), todos nós já

fomos confrontados enquanto leitores com sinais exogenéticos mais ou menos evidentes que o escritor

transformou em elementos do seu próprio texto. Contudo, o rasto da maioria dos elementos exogenéticos tende

naturalmente a perder-se no devir do processo de génese. A arte de camuflar do autor, a existência de elementos

particularmente mimetizáveis e a passagem do tempo teriam sido mais do que suficientes para nunca suspeitarmos

sequer qual era a origem de alguns trechos d’A Espada de Alexandre, se não fosse pelo manuscrito conservado em

São Miguel de Seide. Hoje, convido-vos a entrarem comigo a espreitar na «cozinha» de Camilo para as descobrir.

Breve cv

Mestre em Crítica Textual pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 2015), é colaboradora do

projeto do Centro de Linguística da U.L. para a edição das obras de Camilo Castelo Branco (publicadas pela

Imprensa Nacional Casa da Moeda), coordenado por Ivo Casto. Colabora igualmente, no projeto Corpus de Textos

Antigos (http://alfclul.clul.ul.pt/teitok/cta/), onde participou na edição semi-diplomática do Livro dos Mártires

(Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1513), em breve disponível.

Como aluna do programa de doutoramento em Crítica Textual da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,

encontra-se ainda a trabalhar num projecto com textos antigos (S. XV e XVI).

CAMILO E O MISTÉRIO DE MR. HUME

José Augusto Maia Marques

Resumo: Nos Dispersos de Camilo compilados por Júlio Dias da Costa há um texto absolutamente surpreendente

que é escrito quase num ambiente típico de muitos dos contos de Edgar Allan Poe, embora neste caso numa

feição algo humorística. Intitula-se essa crónica, originalmente escrita para o jornal Aurora do Lima, «Mr. Hume

no Porto».

Desenvolvendo o caso, procurando identificar e seguir o rasto de Mr. Hume, envolvemonos numa série de

pequenos episódios que, em conjunto, formam uma interessante trama que envolve magia e espiritismo, para além

de figuras e cenários já bem nossos conhecidos, e tipicamente camilianos: brasileiros, o Teatro de S. João e a Maia.

E vamos a ver se resolvemos o mistério de Mr. Hume.

Breve CV

Antropólogo, historiador e ensaísta.

Investigador em Antropologia Cultural, História Local, História Cultural e Turismo Cultural.

Técnico Superior da Câmara Municipal da Maia

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Editor da Revista da Maia - Nova Série.

Vários livros e capítulos de livros e algumas dezenas de trabalhos publicados em revistas da especialidade, nacionais

e estrangeiras.

Investigador do CEDTUR/ISMAI

O LÉXICO EM ANÁTEMA E VULCÕES DE LAMA DE CAMILO CASTELO BRANCO

José Barbosa Machado

Resumo: Com este estudo pretendemos fazer o levantamento do léxico mais significativo do primeiro romance

de Camilo Castelo Branco, Anátema (1851), e do último, Vulcões de Lama (1886), e verificar se se mantém usos

linguísticos no âmbito lexical, ou se houve mudanças significativas. Entre um obra e outra medeiam 35 anos de

intensa atividade literária, com mais de cem obras escritas e publicadas. Debruçar-nos-emos sobretudo na

utilização dos substantivos, adjetivos, advérbios de modo e verbos, identificando o vocabulário comum às duas

novelas e verificando a variedade vocabular. Para o estudo, servir-nos-emos da Linguística Computacional.

Apresentaremos também alguns campos lexicais comuns às duas obras: religião, medicina, vestuário e literatura.

Breve cv

Professor Auxiliar com Agregação do Departamento de Letras, Artes e Comunicação da Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro (UTAD). É doutorado em Linguística Portuguesa pela UTAD (2002) e mestre em

Ensino da Língua e da Literatura Portuguesas pela Universidade do Minho (1996). Licenciou-se em Humanidades

pela Faculdade de Filosofia de Braga em 1992. Tem mais de 40 livros publicados e dezenas de artigos em revistas

nacionais e internacionais. Na UTAD, para além da lecionação, é investigador do Centro de Estudos em Letras,

tendo colaborado em diversos projetos de investigação. Publicou em 2015 o Dicionário dos Primeiros Livros Impressos

em Língua Portuguesa, em 4 volumes.

NOTAS:

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Painel 3

- Camilo Castelo Branco, cronista da Ásia portuguesa? | José Carvalho Vanzelli (USP – Brasil)| [email protected] - João de Araújo Correia, no rasto de camilo, entre 1978 a 1985 | Manuel Joaquim Martim de Freitas| [email protected] - O teatro em Camilo: um fresco da sociedade da época - Maria José Cunha (UTAD) | [email protected] - “Homens que são como lugares mal situados”: O caso de Alberto Moreira e Camilo - Henrique Pereira (UCP)| [email protected]

CAMILO CASTELO BRANCO, CRONISTA DA ÁSIA PORTUGUESA?

José Carvalho Vanzelli

Resumo: Apesar do século XIX ter sido um período de “redescoberta” do Oriente na literatura portuguesa,

Camilo Castelo Branco muito pouco ou nada é lembrado quando falamos de um orientalismo literário oitocentista.

Tal fato, chama-nos a atenção, pois, um autor tão plural como Camilo, que tratou em seus romances e em seus

textos não ficcionais de diversos temas concernentes à sociedade portuguesa e europeia de seu tempo, não deixaria

de abordar um assunto tão intrinsicamente ligado à História lusitana. E, de fato, não o deixou de fazer, retratando,

principalmente, as relações Portugal-Oriente da segunda metade do século XVI e primeira metade do século XVII.

Nesta apresentação intencionamos apresentar um estudo do texto “Tragédias da Índia”, presente no volume XVI

das Obras Completas (1993), debatendo como Camilo assume o papel de “cronista da Ásia Portuguesa” para ironizar

e ressignificar imagens, personagens e valores cristalizados pela História de Portugal.

JOÃO DE ARAÚJO CORREIA, NO RASTO DE CAMILO, ENTRE 1978 A 1985.

Manuel Joaquim Martins de Freitas

Resumo: João de Araújo Correia (JAC) desde muito jovem foi um apaixonado leitor de Camilo Castelo Branco.

Depois da leitura dos “Mistérios de Fafe”, a primeira que realizou, JAC não mais deixou de ler e apreciar Camilo.

Cedo se inscreveu J. de Araújo Correia no culto camiliano. Aqui e agora pretendemos salientar como o escritor da

Régua, no enunciado período, mostrou a sua admiração pel’ “O Torturado de Seide”. Debruçar-nos-emos sobre

as crónicas de JAC e do alter-ego Joaquim Pires, escritas, nesse período, à roda de Camilo, fruto de novas leituras,

de memórias e viagens. Serão objecto deste breve ensaio temas que levam à conclusão de que JAC “gostava de

Camilo, sem ser camilianista fanático”. Recordaremos de João de Araújo Correia: um texto onde enaltece a

tolerância de Camilo com os políticos; comentários não conhecidos sobre: Amor da Perdição, A Mulher Fatal,

Vulcões de Lama e Eusébio Macário. Por fim, analisaremos evocações que lhe mereceram lugares camilianos.

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Breve CV

Manuel Joaquim Martins de Freitas é natural de Sande, concelho de Lamego. É licenciado em Direito pela

Universidade de Coimbra, desde 1976, é advogado, no Peso da Régua, desde 1978. Está aposentado, mas continua

a exercer com autorização. Foi eleito Presidente da Delegação da Ordem dos Advogados da Régua, nos triénios:

1996 a 1998, 1999 a 2001 e 2002 a 2004. Organizou, moderou e participou em múltiplas Ações de Formação

Jurídica. Durante 15 anos, foi associado da Ex-Associação Cultural do Alto Douro, Régua, tendo, em sua

representação, organizado e intervindo em apresentação de livros, serões de leitura, palestras, colóquios, jogos

florais de poesia, conto e crónica, sessões comemorativas, exposições de pintura e de cerâmica. É Mestre em

Cultura Portuguesa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) desde 20/12/2010. Publicou em

2013: “João de Araújo Correia Cronista das Gentes do Douro” a sua dissertação de mestrado com ilustrações. Foi orador

em mais de doze Conferências sobre assuntos literários, históricos e biográficos. Participou em dezenas de

Encontros culturais. Está referenciado e colabora em livros, revistas e jornais. É filiado em Associações Culturais

e Humanitárias. Foi agraciado com uma Medalha em 2004 pelo Bastonário da Ordem dos Advogados. Venceu

em 2015 o Prémio Literário A. Lopes de Oliveira, patrocinado pela Câmara Municipal de Fafe, com o referido

livro “João de Araújo Correia - Cronista das Gentes do Douro”.

O TEATRO EM CAMILO: UM FRESCO DA SOCIEDADE DA ÉPOCA

Maria José Cunha

Resumo: Abordamos, neste artigo, Camilo Castelo Branco, génio da literatura portuguesa da segunda metade do

século XIX que, segundo a crítica, se situa claramente numa filiação romântica, mas que, tendo em conta a sua

obra, não pode ser considerado simplesmente como romântico. E se é certo que o romantismo está presente nele,

mesmo quando parece demonstrar insurgir-se contra ele e aderir ao realismo, o facto é que nunca aderiu a este

por completo. O autor, que soube adaptar a sua habilidade na prosa à dramaturgia, escreveu neste âmbito: dramas

históricos, dramas de atualidade ou sociais e comédias que muito denotam a capacidade do mesmo em fazer um

fresco da sociedade da sua época, em especial da aristocracia decadente e da burguesia frívola e endinheirada,

inclinada para a intriga e reflexões passionais. Com as suas peças, algumas das quais tiveram tanto êxito que ainda

hoje são representadas, Camilo questiona a sociedade oitocentista e terá contribuído para a formação de um teatro

politizado, no sentido em que a expressão de ideias, através do teatro, potencia a transformação social e

emancipadora das potencialidades humanas.

“HOMENS QUE SÃO COMO LUGARES MAL SITUADOS”: O CASO DE ALBERTO MOREIRA E

CAMILO.

Henrique Pereira

Ou como quem diz, “homens que são como a negação das estratégias”. Alberto Moreira, autor de vasta, inovadora

e credível bibliografia, indo sempre além da paráfrase, da apreciação subjetiva ou repetição serôdia, comprovado

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admirador de Camilo, autoridade no meio literário português dos anos 50-60 do século passado, é hoje, um nome

sem qualquer imagem associada.

A presente comunicação, no quadro da passagem dos 50 anos sobre a sua morte, tem em vista dois objetivos

principais: 1. relevar o labor de Alberto Moreira na historiografia literária portuguesa, de modo particular a sua

investigação em torno de Camilo; 2. configurar uma necessária e justa homenagem.

Breve CV

Professor na Universidade Católica Portuguesa, Escola das Artes [Porto]. Leciona, entre outras, Cultura

Portuguesa e Literatura Universal. Doutor em Cultura, é investigador do Centro de Literaturas e Culturas

Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, do Centro de Investigação em Ciência

e Tecnologia das Artes, e do Grupo de Estudos Literários e Culturais da Universidade de Aveiro; é membro do

Conselho Científico de revistas académicas e da Cátedra Poesia e Transcendência. Coordena o Projeto

Revisitar/Descobrir Guerra Junqueiro e o Gabinete de Estudos Cinema, Património e Memória. Autor de uma

vasta bibliografia, em especial no âmbito da cultura portuguesa, de que se destacam os trabalhos sobre Guerra

Junqueiro.

NOTAS:

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Painel 4

- Uma natureza deleitosa ou rude? Leituras ecocríticas da ficção camiliana | Maria do Carmo Mendes (UMINHO) | [email protected] -Camilo Castelo Branco crítico musical | Pedro Couto Soares| [email protected] - Camilo Castelo Branco e a espécie de auto-consciência cronotópica e genológica na sua obra | Maria do Carmo Castelo Branco Vilaça de Sequeira | [email protected] - Uma irreversível demolição íntima: o olhar de Manoel de Oliveira sobre Camilo Castelo Branco | Mariana Veiga Copertino F. da Silva | [email protected]

UMA NATUREZA DELEITOSA OU RUDE? LEITURAS ECOCRÍTICAS DA FICÇÃO CAMILIANA

Maria do Carmo Mendes

Resumo: Uma leitura atual da obra ficcional de Camilo Castelo Branco passa, em grande medida, pela

possibilidade de abordagens ecocríticas. Sendo a literatura um dos domínios fulcrais da Ecocrítica e revelando a

obra camiliana uma presença assídua de elementos naturais, esta comunicação tem como principais propósitos: 1)

Identificar e explicitar os conceitos de Natureza na obra de Camilo, destacando os seguintes textos: Novelas do

Minho, Amor de Perdição, Amor de Salvação e A Queda dum Anjo; 2) Explicitar os desafios ecocríticos que a obra de

Camilo suscita; 3) Identificar, através de uma abordagem ecocrítica e ecoética, a atualidade do pensamento e da

escrita camilianos.

Breve CV

Professora auxiliar e investigadora da Universidade do Minho. Vice-Presidente do Instituto de Letras e Ciências

Humanas (ILCH-UMinho) e Presidente do Conselho Pedagógico do ILCH. Especialista em Literatura Comparada

e em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea; tem publicado ensaios sobre escritores de língua

portuguesa (Agustina Bessa-Luís, José Saramago, Teolinda Gersão, Miguel Torga, Eça de Queiroz, Camilo

Pessanha, Camilo Castelo Branco, Padre António Vieira, Camões, Rui Knopfli, Arménio Vieira, Germano

Almeida e Mia Couto), sobre Ecocrítica, Literatura Fantástica e Policial e Receção da Cultura Clássica na Literatura

Portuguesa Contemporânea. As suas publicações mais recentes são os livros: Don Juan(ismo). O mito (2014).

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CAMILO CASTELO BRANCO CRÍTICO MUSICAL

Pedro Couto Soares (Instituto Politécnico de Lisboa)

Resumo: “E, se me pedem franqueza a respeito da tão falada ópera, direi, à fé de visconde, que dormi durante

alguns coros, e acordei algumas vezes para ouvir trechos da ópera que vou especializar”

Da extensa produção jornalística de Camilo, a crítica musical ocupa um lugar secundário, mas não deixa de merecer

uma leitura atenta por ser um multifacetado testemunho sobre a vida musical portuense centrada no Real Teatro

de S. João, e por algumas páginas de saborosa prosa camiliana. As referências musicais estão por vezes entremeadas

entre as várias “frioleiras” com que Camilo construía as suas crónicas mundanas publicadas em jornais do Porto

e na Aurora do Lima (1849-1859), mas com um assumido profissionalismo, Camilo pronuncia-se sobre o

comportamento do público, a qualidade da execução de cantores e músicos, a obra executada, o compositor ou a

encenação.

O humor cáustico e mordaz do jovem jornalista prenuncia já o estilo maduro do escritor e as crónicas assinadas

por Camilo, ou um dos seus pseudónimos (Anastácio das Lombrigas, Fouché, Saragoçano, Visconde de Qualquer

Coisa e João Júnior) oscilam entre o relato despojado, o mais hilariante sarcasmo, a modéstia de quem afirma ser

um leigo na matéria, ou a prosa escorreita de quem aparenta ser um melómano bem informado.

Breve CV

Pedro Couto Soares realizou os seus estudos musicais no Conservatório de Música do Porto (1982), no

Conservatório Sweelinck de Amesterdão (1983-87) e na Escola Superior de Artes Constantijn Huygens em Zwolle

(1988). Detentor de diplomas de solista em flauta de bisel e flauta transversal dedica-se sobretudo à música antiga

e contemporânea tendo colaborado com vários agrupamentos especializados com os quais tocou em numerosos

festivais em Portugal e no estrangeiro. Das várias gravações em que participou, destacam-se o CD “Diferencias”

de flauta de bisel solo e “Um Sarau na Corte” de flauta e pianoforte.

Em 2013 concluiu o doutoramento em Música na Universidade de Aveiro com uma tese sobre a Técnica

Alexander e a prática e ensino da flauta.

Ensinou no Conservatório de Música do Porto, Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Universidade

de Aveiro e Universidade de Évora. Atualmente é professor adjunto na Escola Superior de Música de Lisboa do

Instituto Politécnico de Lisboa, onde coordena a Área de Música Antiga e o Mestrado em Música e leciona Flauta

de Bisel, Música de Câmara e Didática da Música.

CAMILO CASTELO BRANCO E A ESPÉCIE DE AUTO-CONSCIÊNCIA CRONOTÓPICA E

GENOLÓGICA NA SUA OBRA

Maria do Carmo Castelo Branco Vilaça de Sequeira

Resumo: A tendência habitual (salvo raras e oportunas excepções, como as de Jacinto Prado Coelho, Aníbal Pinto

de Castro, ou Maria Alzira Seixo) de analisar Camilo, enquanto autobiógrafo, e, sequencialmente, como trágica

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persona, por parte dos que lhe traçam a biografia, faz esquecer uma parte importante da sua obra que se desenvolve,

muitas vezes, para além, ou no cruzamento da “história”.

Refiro-me à reflexão metatextual, nalguns casos semi-obscurecida no entrecho, noutros, porém, vindo à superfície,

sobretudo, em prefácios ou partes iniciais da novela. De facto, Camilo, talvez seja, no seu século, um dos primeiros

a rodear as acções ficcionais, de análises genológicas, ou de um subterrâneo desenho de narratologia, rodeando-

as de observações críticas, nomeadamente, iniciadas pela própria interrogação genológica, do que é um romance,

ou de como este se caracteriza enquanto género; outras, apelando à consciência crítica do leitor.

É, sobretudo, sobre estas questões que pretendemos desenvolver a nossa comunicação.

Breve CV

Professora Catedrática, aposentada, da Universidade Fernando Pessoa.

Licenciada em Filologia Românica, Mestre e Doutor com teses sobre Eça de Queirós, respectivamente, Prosas

Bárbaras, a Germinação da escrita queirosiana, pela Universidade do Porto, 1985, publicada nas Edições da universidade

Fernando Pessoa, e A Dimensão Fantástica na Obra de Eça de Queirós, 2000, publicada pela Editora Campo das Letras,

Porto.

Com vários trabalhos, sobre autores dos séculos XIX e XX, incluindo Camilo Castelo Branco, nomeadamente,

em 15 Dias de Febre – Autobiografia ou os Limites da Ficção, obra publicada pelas Edições Babel, Verbo, em 2011.

UMA IRREVERSÍVEL DEMOLIÇÃO ÍNTIMA: O OLHAR DE MANOEL DE OLIVEIRA SOBRE

CAMILO CASTELO BRANCO

Mariana Veiga Copertino F. da Silva

Resumo: Manoel de Oliveira, grande realizador português, é reconhecido frequentemente pela a relação que a sua

produção cinematográfica estabelece com as outras artes, principalmente com a literatura. Dentre as maiores

referências literárias do realizador português está Camilo Castelo Branco, por quem Oliveira teve sempre imenso

fascínio. Camilo é figura recorrente na obra oliveiriana, seja como texto-fonte para arrojadas releituras

cinematográficas, como é o caso de Amor de perdição(1978); seja como personagem dos filmes, como é o caso de

Velho do Restelo (2014). Diante disso, essa comunicação se propõe a observar o olhar singular que Manoel de

Oliveira tem sobre Camilo Castelo Branco, analisando, particularmente, o filme O dia do desespero (1992) que retrata

os últimos anos de vida do renomado escritor. A película é inspirada em cartas pessoais reveladoras de um caráter

pungente e torturado. Para tanto, Oliveira evoca a própria obra literária de Camilo, expressão maior desse caráter.

Breve CV

Mariana Veiga Copertino F. da Silva é bacharel e licenciada em letras pela Unesp FCL/Ar (Brasil) e mestre em

Estudos Literários pela mesma instituição, tendo desenvolvido a dissertação intitulada O cinema de Manoel de

Oliveira: um caso singular, na área de Relações intersemióticas. Doutoranda também pela Unesp FCL/Ar, a

pesquisadora desenvolve o projeto Entre o cinema e a literatura: a influência da ‘Presença’ na produção de Manoel

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de Oliveira, investigação realizada também enquanto bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, sob orientação

do Prof. Dr. António Preto. Mariana atua como professora de Língua Portuguesa e Literatura e como pesquisadora

na área de literatura, cinema e teatro, sendo membro efetiva do Grupo de Pesquisa em Dramaturgia e Cinema, da

Unesp e do Centro de Estudos Arnaldo Araújo, da ESAP.

NOTAS:

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Painel 5

- Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!: Camilo “de faca e alguidar” | Carlos Nogueira e Fernando Moreira l [email protected] - Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco: uma Retórica do Gosto| Eunice Neves | [email protected] - O cego de Landim, de Camilo Castelo Branco: transgressões e marginalidades | Rodrigo Valverde Denubila (UNESP/Brasil) |[email protected] - Camilo e a memória intertextual nas “Novelas do Minho” - José Cândido de Oliveira Martins (UCP) | [email protected]

MARIA! NÃO ME MATES, QUE SOU TUA MÃE!: CAMILO “DE FACA E ALGUIDAR”

Carlos Nogueira e Fernando Moreira

Resumo: A narrativa Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!, publicada por Camilo Castelo Branco, sob

anonimato, em 1848, tem seduzido até hoje ouvintes e leitores com formações e gostos muito distintos. Este texto,

uma das primeiras obras em prosa do autor de Amor de Perdição, surgiu em folheto de cordel, e o seu grande sucesso

pode avaliar-se pelas várias edições que teve logo entre 1848 e 1852. Nesta comunicação, procuraremos

compreender esta obra no contexto da produção literária de Camilo e da cultura portuguesa de meados do século

XIX.

Breve CV

Fernando Moreira é Professor Catedrático e Investigador Principal da Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro.Carlos Nogueira rege a Cátedra José Saramago da Universidade de Vigo.

CORAÇÃO, CABEÇA E ESTÔMAGO DE CAMILO CASTELO BRANCO: UMA RETÓRICA DO

GOSTO

Eunice Neves

Resumo: A tese apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto pretendeu estudar o romance

Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco, enquadrando-o na perspetiva retórica da fisiologia do

gosto. Em que medida Camilo Castelo Branco pretendeu associar uma intriga estruturada pelo sentido do paladar

a uma vasta reflexão sobre o gosto literário? Em que medida este romance se pode entender enquanto estratégia

persuasiva de um retrato social? A tese está dividida em três partes de acordo com a divisão da obra. Debruçámo-

nos sobre cada parte seguindo uma linha de leitura apoiada na simbologia: o Coração como núcleo da retórica

sentimental, a Cabeça como núcleo da retórica da razão, e o Estômago como núcleo de uma fisiologia do gosto

que ajuda a entender o sentimento da razão e a razão do sentimento. Cremos ter conseguido demonstrar, a

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intenção de Camilo em redigir com este romance uma reflexão sobre o género do romance e sobre o período

romântico, em termos pouco usuais no século XIX, e antes da Questão Coimbrã. As várias fases biográficas do

principal protagonista, Silvestre da Silva, formam as três fases de uma dialética essencial para a compreensão e

desconstrução do Romantismo, segundo Camilo Castelo Branco.

Breve CV

Eunice Neves, Professora Profissionalizada do Quadro de Nomeação Definitiva da Zona Pedagógica do Porto,

com Licenciatura em Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes (FLUP). É atualmente Doutoranda

do Curso de 3.º Ciclo em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos, igualmente na Faculdade de Letras da

Universidade do Porto. Colaboradora regular do Mundiario, Primer periódico global de análisis y opinión (online)

e do jornal Galicia Ártabra Digital (online), é Diretora Cultural da Revista The Values Club (online). Tem no seu

currículo variadas iniciativas na área do Ensino da Língua Portuguesa e Cidadania em contexto escolar.

O CEGO DE LANDIM, DE CAMILO CASTELO BRANCO: TRANSGRESSÕES E

MARGINALIDADES

Rodrigo Valverde Denubila

Resumo: O objetivo desta comunicação consiste em discutir como Camilo Castelo Branco, na novela O cego de

Landim, trabalha temas como as questões de gênero e de identidade sexual. Para tal, parte-se de figurações como

a de Narcisa do Bravo, personagem feminina que não tem identidade de gênero compatível com a de sexo

característica do século XIX. Valendo-se, essencialmente, dessa personagem e de sua trajetória, outras mulheres

do conjunto literário camiliano serão debatidas para, assim, identificarmos algumas condutas transgressoras. A

novela em estudo faz parte das Novelas do Minho, escritas entre 1875 e 1877.

Breve CV

Rodrigo Valverde Denubila é doutorando em Estudos Literários, na UNESP-Araraquara/Brasil. Possui

bacharelado em Comunicação Social e licenciatura plena em Letras. Desenvolve tese tendo como corpus a obra

da romancista portuguesa Agustina Bessa-Luís. Investiga a interseção entre literatura e História almejando

entender a construção do conhecimento valendo-se da relação entre memória (História), razão (Filosofia) e

imaginação (Literatura), bem como do romance como enciclopédia aberta. Atua nas áreas de literatura portuguesa

e literaturas africanas de língua portuguesa.

CAMILO E A MEMÓRIA INTERTEXTUAL NAS “NOVELAS DO MINHO”

José Cândido de Oliveira Martins

Resumo: Tal como em muitas outras obras, também nas narrativas das Novelas do Minho, obra-prima da arte de

narrar autor, através de diversas vozes narrativas, mas também pela boca de personagens, Camilo Castelo Branco

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convoca uma variada biblioteca intertextual. Neste texto, interrogamo-nos fundamentalmente sobre três aspectos

interligados: 1) a variedade do intertexto; 2) a tipologia do discurso intertextual; 3) a funcionalidade do intertexto.

Indissociável de um discurso interventivo e culto, a dimensão intertextual constitui uma dimensão singular da

escrita camiliana.

Breve CV

Professor Associado da Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais), na área da

Literatura Portuguesa e Teoria da Literatura. Investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos

(CEFH), unidade de I&D, reconhecida pela FCT. Tem colaborado com algumas universidades estrangeiras em

júris de teses, conferências e cursos intensivos (Univ. de São Paulo – USP; Univ. de Sorbonne – Paris IV, Univ.

de Extremadura, etc.).

Além de artigos em revistas da especialidade, tem publicados alguns livros: Teoria da Paródia Surrealista (1995, pref.

de Vítor Aguiar e Silva); Naufrágio de Sepúlveda. Texto e Intertexto (1997); Para uma leitura da poesia de Bocage (1999);

Fidelino de Figueiredo e a Crítica da Teoria Literária Positivista (2007, pref. de Vítor Aguiar e Silva). Ao nível da edição

literária, com fixação do texto, introdução crítica e notas, tem editado obras de Camilo Castelo Branco (Novelas do

Minho; Eusébio Macário / A Corja; O Morgado de Fafe em lisboa; O Morgado de Fafe Amoroso), António Feijó, Teófilo

Carneiro e Diogo Bernardes.

Co-organizou alguns volumes colectivos: Novos Horizontes das Humanidades (2006); Leituras do Desejo em Camilo Castelo

Branco (2010, com Sérgio G. Sousa); Estética e Ética em Sá de Miranda (2011, com Sérgio G. Sousa); Pensar a Literatura

no Séc. XXI (2011); Camões e os Contemporâneos (2012). Colaborou ainda em outras obras colectivas, por

exemplo: Biblos ((Enciclopédia); Dicionário de Luís de Camões; Rethinking Humanities: paths and challenges; Audaces et

Défigurations: lectures da la romancière portugaise Agustina Bessa-Luís; e Extrême(s): pratiques du contemporain dans les mondes

ibériques et latino-américains; Imagologías Ibéricas: construyendo la imagen del otro peninsular; Camilo Castelo Branco e Machado

de Assis em diálogo: para além do romantismo e do realismo.

NOTAS:

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