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RESUMOS COMUNICAÇÕES ORAIS E RELATOS DE EXPERIÊNCIAS 5º ENCONTRO DE DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA E CULTURA 24 A 26 DE ABRIL DE 2018 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

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RESUMOS

COMUNICAÇÕES ORAIS E RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

5º ENCONTRO DE DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA E CULTURA

24 A 26 DE ABRIL DE 2018

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

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5º ENCONTRO DE DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA E CULTURA

24 A 26 DE ABRIL DE 2018 | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

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- COMUNICAÇÕES ORAIS -

TERÇA-FEIRA, 24 DE ABRIL, DAS 13H30 ÀS 15H30

SESSÃO 1 | SALA DE REUNIÕES DO LABJOR ...................................................... p. 14

DEBATEDOR(A): VALQUIRIA BOTEGA DE LIMA E LAÍS MEDEIROS

• O discurso sobre o empoderamento feminino em Fearless Girl, de Rosana

Cristina Gimael

• Ideologia no discurso publicitário: os artifícios das enunciações discursivas em

tempos de crise política e ideológica das marcas Sérgio K, Habib’s e

#Vemprarua, de Camila Brunelli

• Mulher do Fim do Mundo – A constituição do sujeito feminino em Elza Soares,

Jesuane Salvador

• Movimento Antivacina: a memória funcionando no/pelo (per)curso dos sentidos

e dos sujeitos na sociedade e-urbana, Natiely Rallo Shimizu

• Memórias vestidas: um estudo sobre o silêncio das roupas e afetividade, Bruna

Raquel La Serra

SESSÃO 2 | SALA 15 DA ENGENHARIA BASICA ................................................... p. 21

DEBATEDOR(A): JOSÉ HORTA NUNES

• Direitos culturais, resistência e transbordamento da juventude estudantil que

protesta, de Cidarley Grecco Fernandes Coelho

• Youthquake: a formação identitária de movimentos sociais representados pelo

uso da hashtag em um cenário hipermodermo, de Jonathan Florentino da Silva

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• O discurso de ódio ao nordestino manifestado em redes sociais nas eleições de

2014, de Adriana Vilar de Menezes

• Comunicação na era pós-like: os recentes paradigmas do discurso digital, de

Lucas Pereira Guedes

• Exótico em discurso: sentidos de cidade no jornalismo, de Edilberto Vinícius

Brito Nascimento

SESSÃO 3 | SALA 16 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................. p. 29

DEBATEDOR(A): DAVI DE CODES

• Ideais de modernidade no cinema brasileiro de ficção científica (2003-2013), de

Maria Estela Silva Andrade

• Os diálogos presentes no filme “O Menino e o Mundo” com a Educação

Ambiental, de Gustavo Henrique Alves Silva, Carolina de Souza Oliveira e

Marina Battistetti Festozo

• A Educação Ambiental Crítica e o diálogo possibilitado pelo filme Wall-e, de

Pollyana Cristina Alves Cardoso, Paulo Antônio de Oliveira Temoteo e Antônio

Fernandes Nascimento Júnior

• Educação Ambiental Crítica e Cinema: Uma discussão a partir do filme Rio, de

Laise Vieira Gonçalves, Augusto Antonio de Paula e Antonio Fernandes

Nascimento Junior

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24 A 26 DE ABRIL DE 2018 | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

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TERÇA-FEIRA, 24 DE ABRIL, DAS 16H ÀS 18H

SESSÃO 4 | SALA 15 DA ENGENHARIA BÁSICA ................................................... p. 36

DEBATEDOR(A): MARTA KANASHIRO E SIMONE PALLONE DE FIGUEIREDO

• Contribuições ao estudo da gestão do conhecimento e da colaboração

universidade-empresa- governo: proposição conceitual e estudo de casos em

Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia no Brasil, de Suzana Xavier Ribeiro

e Marcelo Seido Nagano

• Difusão, comunicação e financiamento: uma análise da participação da Unicamp

no PROEXT, de Marília Cintra

• Comunicação científica em interface digital: avaliação da usabilidade do portal

de periódicos científicos da Unicamp, de Paula Corrêa Pereira

• (Re)pensando os big data: a crítica dos ECTS à noção instrumental dos dados,

de Guilherme Cavalcante Silva

• Complexidades tecnológicas e mediações hipermidiáticas: elaboração de um

texto por meio do reconhecimento de voz, de Felipe Parra

SESSÃO 5 | SALA 16 DA ENGENHARIA BÁSICA ................................................... p. 44

DEBATEDOR(A): SANDRO TONSO

• Um diálogo entre o curta-metragem Abuela Grillo e as questões ambientais,

éticas, políticas, sociais e culturais, de Camila Oliveira Lourenço, Julia Amorim

Monteiro e Antonio Fernandes Nascimento Junior

• Um diálogo entre o curta Águas de Romanza e as questões socioambientais, de

Paulo Antônio de Oliveira Temoteo, Andressa Aparecida Castro e Antonio

Fernandes Nascimento Junior

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• As semeadoras de florestas: os processos de comunicação das mulheres

coletoras da Rede de Sementes do Xingu, de Alessandra Schwantes Marimon

• Mulheres camponesas e seus quintais agroecológicos: diálogo de saberes em

defesa da vida, de Eliane Aparecida de Almeida Barros

• A coleção do Museu Universitário da PUC-Campinas e os saberes acumulados

entre grafismo, trançados e tramas, de Mariela Soares de Souza Dias

SESSÃO 6 | SALA 1 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 53

DEBATEDOR(A): DANIELA MANICA

• Ocupar e redigir: a ocupação e resistência nas redes sociais como ampliação da

luta por moradia e justiça social - o caso do MTST, de Francis Paula Correa

Duarte

• Nas ruas, redes e roçados: as TICs na comunicação popular da Marcha Mundial

das Mulheres (2012-2015), de Fabiana de Oliveira Benedito

• Redes digitais, infraestruturas e feminismos: um olhar sobre processos de

atualização de resistência em contexto de concentração de poder e controle na

Internet, de Débora Prado de Oliveira

QUARTA-FEIRA, 25 DE ABRIL, DAS 8H ÀS 10H

SESSÃO 7 | SALA 15 DA ENGENHARIA BÁSICA ................................................... p. 58

DEBATEDOR(A): MARCIA ROSA

• CULT, revista (d)e cultura em fluxo: transbordar papéis, telas e ideias para

resistir na Era Digital, de Beatriz Guimarães de Carvalho

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• Profissão Repórter: um novo modelo de reportagem na televisão?, de Joice

Aparecida dos Santos

• Comunicação e tecnologias nos anos 10 por André Dahmer, de Fernanda de

Alcântara Pestana Bazan

• A exibição de filmes documentários no Museu da Imagem e do Som de Campinas,

de Eduarda Wilhelm

SESSÃO 8 | SALA 16 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................. p. 65

DEBATEDOR(A): ÉRICA SPEGLICH

• O papel dos vlogs na divulgação científica: o caso do ScienceVlogs Brasil, de

Raphaela Velho

• Comunicação da ciência na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

Alagoas (Fapeal): análises possíveis, de Hiago Rocha

• Cultura matemática dos falantes e matemática na Wikipédia de um idioma:

possíveis relações, de Wilson Krugner Vicentim, João Alexandre Peschanski e

Éder Porto Ferreira Alves

• O gênero textual como elemento de divulgação científica, de Luana Macieira

Barbosa

• Ciência que atrai: o engajamento dos brasileiros em informações científicas, de

Tatiana Gladcheff Zanon Spina

SESSÃO 9 | SALA 1 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 73

DEBATEDOR(A): SEBASTIAN WIEDEMANN

• Diários de experimentações africanas: criação e divulgação com devires negros,

de Glauco Roberto da Silva

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• Invocação do totem baleia branca: transbordar a escrita acadêmica através da

reativação de um texto encantado, de Maria Carolina Scartezini Cruz

• Arte e ciência: a colaboração profícua do meio artístico na imagiologia médica,

de Filipe Rafael Vebber

• Cultura e técnica: tentativa de uma reflexão não autocrática, de Rafael Alves da

Silva

SESSÃO 10 | SALA 2 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................. p. 80

DEBATEDOR(A): VERA TOLEDO

• Planetários instalados no Brasil, de Marcelo Cavalcanti da Silveira e Marcus

Granato

• A divulgação científica e a inclusão social, de Camila Binhardi Natal e Marcia

Helena Alvim

• O museu e seus públicos: a percepção dos funcionários terceirizados sobre o

Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), de Wellington Ricardo Ribeiro

Pessanha

• Museu Florestal Octávio Vecchi: análise da atuação histórica em extensão e

avaliação do potencial futuro em divulgação científica, de Paulo Andreetto de

Muzio

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- RELATOS DE EXPERIÊNCIAS -

TERÇA-FEIRA, 24 DE ABRIL, DAS 13H30 ÀS 15H30

SESSÃO 1 | SALA 1 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 87

DEBATEDOR(A): JULIANA SANGION

• USP Analisa: um debate de qualidade nas ondas do rádio, de Thaís Pedroso

Cardoso, João Henrique Rafael Junior e Rosemeire Talamone

• Podcast Oxigênio: experimentações em busca de olhares interdisciplinares sobre

as ciências, de Sarah Azoubel Lima, Beatriz Guimarães de Carvalho, Maria

Letícia Bonatelli, Bruno de Sousa Moraes e Simone Pallone de Figueiredo

• Ciência Informativa - Uma experiência de divulgação científica, de Maria Letícia

Bonatelli, Patrícia Sanae Sujii, Nathália Moraes, Jaqueline Almeida, Thomaz

Offrede e Vinicius Borges

• Eis a Questão: as potencialidades do podcast na divulgação científica, de Laís

Cerqueira Fernandes, João Paulo Chiavegatto Campos Muniz e Lucas

Mascarenhas de Miranda

• Experiência pessoal na divulgação científica em jornais impressos do interior

paulista, de Adilson Roberto Gonçalves

SESSÃO 2 | SALA 2 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 96

DEBATEDOR(A): PAULA DRUMMOND

• UFU Ciência: experimentação com vídeos de divulgação científica veiculados na

internet, de Ana Beatriz Tuma, Geovane Souza Melo Júnior e Kleber Del Claro

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• Uniso Ciência: divulgação científica na universidade comunitária, de Guilherme

Profeta e Marcel Stefano Tavares Marques da Silva

• Como uma unidade de ensino e pesquisa da USP estreitou suas relações com a

mídia, favorecendo a divulgação científica?, de Denise Casatti e Neylor Fabiano

• Divulgação científica em Minas: conhecendo seus públicos, de Thayse Carvalho

Menezes e Valéria de Fátima Raimundo

• Observatório da Comunicação Pública da Ciência, de Thacyane Martinelli Maciel

e Yolanda de Freitas Assunção

SESSÃO 3 | SALA 3 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 104

DEBATEDOR(A): STELLA DE MELO SILVA

• Buracos Negros na Escola: Estratégias de Divulgação Científica através da

Banca da Ciência, de Emerson Ferreira Gomes, Alisson Matheus de Medeiros

Rangel e Gabriel Silva de Oliveira

• A importância das abelhas: Um estudo de caso, Thais Machado Candido e

Fátima Denise Peixoto Fernandes

• Oficina de jornalismo científico em projetos de pesquisa: aproximação com

alunos de ensino médio, de Cristiane Gonçalves de Pinho e Patrícia Aline dos

Santos

• A meteorologia trabalhada dentro da escola: uma abordagem para o professor e

para o aluno, de Nara Leme e Ana Fontenelle

• Cordéis Joseenses - da educação à resistência cidadã, de Paulo Roxo Barja e

Claudia Regina Lemes

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SESSÃO 4 | SALA 4 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 113

DEBATEDOR(A): ROBERTO TAKATA

• Educação e Divulgação Científica no CCES - Center for Computational

Engineering and Sciences/UNICAMP, de Vera Nisaka Solferini e Carolina Tiemi

Odashima

• Immuno Rush: utilizando games na difusão do conhecimento, de André Luiz de

Paula Moura, Juan Azevedo e Rita Tostes

• O processo de criação e os desafios da divulgação de um e-book sobre fontes

renováveis de energia e o setor elétrico brasileiro, de Gabrielle Adabo, Cristiane

Peres Bergamini e Sarah Costa Schmidt

• O Fim da holografia, de José Joaquín Lunazzi, Bruno Agrofoglio Ferreira,

Tatyana Stankevicius, Tábata Sayuri Calazans Ossaka e Wesley Andrade de

Souza

TERÇA-FEIRA, 24 DE ABRIL, DAS 16H ÀS 18H

SESSÃO 5 | SALA 2 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 120

DEBATEDOR(A): CELSO BODSTEIN

• A leitura de objetos de ciência e tecnologia: a experiência do Museu de

Astronomia e Ciências Afins, de Cláudia Penha dos Santos, Tânia Pereira

Dominici e Jair de Jesus Santos

• Arte e Ciência no Mundo da Lua: Divulgação Científica no Ambiente Escolar, de

Julia Carolina Camargo de Jezus, Dayane Santos de Gois e Emerson Ferreira

Gomes

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• HQ “histórias de vidro em quadrinhos”: utilizando os quadrinhos para a

divulgação científica, de Adriana Yumi Iwata e Karina Omuro Lupetti

• Exposições itinerantes como estratégia de divulgação do CeTICS – Centro de

Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular, de Monica Lopes Ferreira e

Adriana Mortara Almeida

• Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica: arte, ciência e inclusão, de Karina

Omuro Lupetti

SESSÃO 6 | SALA 3 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 128

DEBATEDOR(A): PEDRO CUNHA DE HOLANDA

• Desmistificando: entendendo o mundo dos microrganismos de forma lúdica e

atrativa, de Gabrielle de Lima Batistella, Heloisa Bressan Gonçalves e Emerson

Ferreira Gomes

• Experimentos de astronomia com materiais de baixo custo: Ensino por

investigação em espaços não formais através do projeto Banca da Ciência, de

Paulo Borges Viríssimo dos Santos, Carolina Jurgensen Gonçalves e Luis Paulo

de Carvalho Piassi

• A ação dos jogos lógicos na perspectiva da Companhia Paulista de Trens

Metropolitanos, de Anna Clara de Freitas Couto, Maria Aparecida Costa e Breno

Barros Elias

• PIBIC-EM como importante instrumento de divulgação científica entre jovens e

suas redes de contato, de Rosana Aparecida Rogeri e Aquiles Tescari Neto

• Ciência com Pipoca: unindo conhecimento e entretenimento, de João Henrique

Rafael Junior, Eduardo Vidal e Juan Azevedo

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SESSÃO 7 | SALA 4 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 137

DEBATEDOR(A): MARINA GOMES

• Mapeamento comunitário, sociedade e a comunicação de riscos e desastres:

relato da experiência no Centro Cultural e Recreativo Cristóvão Colombo em

Piracicaba, de Ayri Saraiva Rando e Cassiano Sampaio Descovi

• Extensão: Projeto, encontros e diálogos, de Fátima Denise Peixoto Fernandes,

Thais Machado Cândido e Isabelle Simões Lira

• Estratégias para ampliar os resultados e construir uma rede de comunicação em

prol do Pint of Science Brasil 2018, de Stefhanie Piovezan e Denise Casatti

• Ciência ao Bar: sarau de divulgação científica como potencializador de uma

cultura científica local, de Lucas Mascarenhas de Miranda e Gabriel Lopes

Garcia

QUARTA-FEIRA, 25 DE ABRIL, DAS 8H ÀS 10H

SESSÃO 8 | SALA 3 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 144

DEBATEDOR(A): CRISTIANE DIAS

• Onde estão os linguistas na divulgação científica?, de Thiago Oliveira da Motta

Sampaio

• Linguisticando na web: um relato de experiência sobre um canal de Linguística

no YouTube, de Marcos Felipe Martins de Sant Anna

• Entre redes e percursos: (des)orientações da pesquisa em Linguística Aplicada,

de Daniel dos Santos

• Fantástico Mundo Matemático: um canal no YouTube sobre divulgação

matemática, de José Régis Azevedo Varão Filho

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• Divulgação científica na interseção Ciência e Arte, de Felipe Conrado Fiani Felipe

de Sousa

SESSÃO 9 | SALA 4 DA ENGENHARIA BÁSICA .................................................... p. 152

DEBATEDOR(A): PATRÍCIA MARIUZZO

• Utilização da música para compreensão da história política do Brasil, de Clara

Sena Mata Oliveira, Augusto Antonio de Paula e Antonio Fernandes Nascimento

Junior

• Transbordar e reexistir: divulgação cultural em uma abordagem decolonial, de

Juliana Maria de Siqueira

• A arte teatral como instrumento de formação cidadã, de Yara Rosa Romanelli

Campos Gonçalves da Silva, Thales Vinícius Silva e Antonio Fernandes

Nascimento Junior

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RESUMOS - COMUNICAÇÕES ORAIS

SESSÃO 1 DEBATEDOR(A): VALQUIRIA BOTEGA DE LIMA

O discurso sobre o empoderamento feminino em Fearless Girl

Rosana Cristina Gimael1

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Dentre as transformações que a sociedade vem passando, principalmente no que diz respeito à equidade de gêneros, presenciamos a difusão do discurso sobre o empoderamento feminino na mídia, refletindo novas práticas na representatividade da mulher, especialmente em campanhas publicitárias, no caso deste estudo, o discurso do empoderamento econômico feminino, por meio da instalação da escultura em forma de estátua, a Fearless Girl, em Wall Street, Nova York. Pensando a publicidade como um veículo de comunicação e um meio divulgador da cultura - em que se reproduzem saberes e práticas -, repleto de significados, este estudo justifica-

se, no momento atual, por tornar imprescindível analisar como os dizeres e saberes se constroem e também se (re)significam na atualidade. Dessa forma, este trabalho objetiva investigar como esses discursos se desdobram em outras formulações e circulação de sentidos, em suas formações discursivas, e como são esses trajetos de sentidos. Para tanto, foram utilizados os procedimentos teóricos e metodológicos da

Análise de Discurso de linha francesa, por meio dos autores Eni P. Orlandi e Michel Pêcheux. Pensando também a cidade, no modo que ela inscreve os sujeitos e o sentido no mundo (ORLANDI) e o desafio de trabalhar a imagem enquanto discurso (PÊCHEUX), o corpus escolhido foi a estátua Fearless Girl, instalada em março de 2017 na praça de Wall Street, por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher. Estratégia de uma campanha publicitária para chamar a atenção para o poder de liderança das mulheres no mercado financeiro, a estátua provocou grande repercussão

no mundo todo, em diversas plataformas midiáticas. Os resultados deste estudo sinalizam uma (re)significação de sentidos por meio do simbólico, da materialidade da imagem de enfrentamento da “Garota sem Medo” - estátua medindo 1,30 m de altura-, diante da figura do touro em posição de ataque, o Charging Bull - escultura com 3,4

m de altura, ícone americano da agressividade do mercado financeiro e da prosperidade do capitalismo -, em um dos mais importantes centros financeiros do

1 E-mail: [email protected]

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planeta. Depreendemos com esta análise que os discursos veiculados se irrompem a partir das “redes de memória e dos trajetos sociais” (PÊCHEUX, 1997), provocando um “furo” enquanto acontecimento discursivo. Enunciações filiadas nas redes de memória que, dadas as condições sociais, históricas e políticas, se inscrevem com certos efeitos de sentido e não com outros. Na memória atualizada pelas Formações Discursivas (FDs), há a mulher empoderada em forma de criança, reforçando a ideia de feminilidade como sendo ingênua/inofensiva (Interdiscurso), em espaço evidenciado por relações de força e poder em suas Condições de Produção (CPs). A estátua em forma de menina, mãos na cintura, queixo erguido frente ao touro imenso, símbolo da riqueza e poder/força americanos, estabeleceu um diálogo com a primeira escultura e

toda a dinâmica criativa foi alterada. Fearless Girl foi inserida à luz do movimento feminista. Charging Bull, escultura instalada em 1989, diferente da ideia original do artista, a da dominação masculina, foi inserido em outra discussão que é a da equidade de gêneros. A repercussão da estátua provocou grandes embates por meio dos discursos de resistência femininos, dos discursos cristalizados no imaginário masculino, carregados de estereótipos contra o movimento feminista, contra a campanha publicitária e também discursos inflamados sobre a suposta violação dos direitos autorais artísticos relacionados ao autor da obra Charging Bull. Palavras-chave: Divulgação cultural. Publicidade na cidade. Análise de discurso. Empoderamento feminino. Fearless Girl.

Ideologia no discurso publicitário: os artifícios das enunciações discursivas em tempos de crise política e ideológica das marcas

Sérgio K, Habib’s e #Vemprarua.

Camila Brunelli2 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Este trabalho pretende examinar as formas de (re)construção e representação da linguagem do discurso publicitário privado com teor político. Para isto, pretende-se evidenciar aspectos subjetivos e suas novas associações, veiculadas

pela mídia nas redes sociais, na televisão e em vitrines, em recentes peças/cenas publicitárias durante o período eleitoral da campanha presidencial da então candidata Dilma Rousseff, a partir de março de 2010 e no processo de debate do impeachment até a sua aprovação no Senado Federal, em 12 de maio de 2016. Serão analisadas, na perspectiva da Análise do Discurso, três peças/cenas: a de vestuário masculino Sergio 2 E-mail: [email protected]

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K; a do gênero alimentício Habib’s e a de movimento social #Vemprarua. Considerando a mídia, o quarto poder formador da opinião pública e a influência da publicidade na vida das pessoas, estas marcas aproveitaram o momento político e escolheram se posicionar a favor do impeachment constituindo-se em reforço ideológico para vários setores da população. Refletir, portanto, sobre o reforço das marcas no discurso pró-impeachment, objeto desta pesquisa, faz-se necessário, para melhor entendimento do discurso publicitário e do uso sócio – cultural na formação da opinião pública. O objeto de estudo deste trabalho é a análise das dos discursos: da marca de vestuário masculino Sérgio K, com frases em vitrines e no seu produto; camisetas: “A culpa não é minha, eu votei no Aécio” e “In Moro, we trust”; a marca do gênero alimentício

Habib’s, que promoveu comercial comemorativo à queda do preço de seu produto, esfiha, em alusão a eventual “queda” (saída) da então presidenta, Dilma Rousseff, do poder durante a votação de aprovação para abertura do processo de impeachment e o #Vemprarua, movimento suprapartidário, ao apropriar-se das cores verde e amarela em sua marca e do uso das camisetas da seleção brasileira de futebol a cada protesto, denota descontentamento generalista dos cidadãos brasileiros: “Todo brasileiro é contrário ao governo atual, mesmo os que não estão nas ruas, neste protesto”. As peças/cenas a serem analisadas foram veiculadas no suporte digital da Internet - nos sites institucionais das marcas apresentadas, redes sociais, site de compartilhamento de vídeos o YouTube - e na televisão como cobertura jornalística e como formação discursiva publicitária/propaganda e, ainda nas vitrines no caso da marca Sérgio K. A metodologia deste trabalho é a Análise do Discurso da Linha Francesa. A Análise do

Discurso possuí também como dispositivo de análise, o silêncio. Silêncio este, que não

é a ausência de som, como a priori, fisicamente se suporia. É o de caráter constitutivo da linguagem, seja verbal ou não verbal. O referencial teórico que permeará toda pesquisa está ancorado nos dispositivos da análise do discurso relacionados ao silêncio, jogos de poder e ideologia e, nas teorias inerentes às Ciências da Comunicação e Publicidade - Teoria de Laswell, Propaganda Política, Conceito de Marca, Psicologia do Consumidor e Teoria Crítica de Frankfurt - que permitem recortar o discurso político e publicitário, quanto à sua inscrição histórica e sociolinguística. Os resultados esperados são: compreender o papel de construção das marcas e sua relação com as peças/cenas publicitárias privadas com discurso político/eleitoral; conhecimento das estratégias adotadas pelas organizações para a venda de seus produtos e/ou ideologias para reforçar suas marcas e aumentar vendas; estabelecer recomendações sobre a

ética no discurso publicitário com viés político, colaborando para a sistematização do modus operandi da profissão da comunicação social publicitária; explicitar a lacuna legal no discurso das peças/cenas abordadas junto aos agentes reguladores e a legislação; tornar visível e acessível à sociedade e à ciência o fenômeno discursivo político-publicitário, observado neste trabalho. A proposta pretende identificar lacunas no discurso da linguagem às massas, apontando para a necessidade inclusiva da publicidade e propaganda como recurso teórico de análise da comunicação.

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Palavras-chave: Comunicação Social. Discurso Publicitário e Político. Eleições Presidenciais. Impeachment. Cenas/peças publicitárias (Sérgio K, Habib’s e #Vemprarua).

Mulher do Fim do Mundo – A constituição do sujeito feminino em Elza Soares

Jesuane Salvador3

Universidade Estadual de Campinas RESUMO: O presente trabalho pretende traçar um paralelo entre a evolução expressiva, sonora e político-social do canto de Elza Soares - enquanto veículo enunciativo do discurso da mulher brasileira - e a reverberação ou silenciamento do sujeito feminino social, em sua dinâmica discursiva, através da música popular no País. Para tanto, pretende-se lançar um olhar para o período compreendido entre os programas de calouros da rádio da Tupi às ferramentas de difusão atuais - analisando este salto evolutivo midiático, do rádio à internet – em busca da investigação de mecanismos de constituição do sujeito feminino mediante enunciações cantadas. Desde sua aparição no programa de Ary Barroso, em 1953, e a célebre frase "Eu venho do planeta fome" ao lançamento de seu último disco, A mulher do fim do Mundo, Elza

personifica um canto repleto de significância, que extrapola e ao mesmo tempo dialoga com a técnica adotada e, sobretudo, intenciona a afirmação de um sujeito feminino na música brasileira, sendo ela um ícone para diferentes gerações. O que se objetiva é avaliar que há neste lugar de destaque mais do que a apreciação pelo caráter estético de seu canto, o que ocorre é a personificação de um discurso, materializado por uma

voz capaz de promover identidade. Do morro da Moça Bonita ao título de “Voz do Milênio”, concedido pela BBC, o trabalho investiga em que momentos o canto de Elza ratifica ou rompe padrões discursivos sociais reservados à mulher brasileira e à mulher negra, da década de 50 aos dias atuais. Intenciona-se pesquisar a construção e materialidade da voz cantada em Elza Soares evocando também aspectos singulares do lugar de sujeito da mulher negra no Brasil. Assim, o trabalho intenta investigar como Elza reflete, em sua história e no poder enunciativo de sua voz, aspectos que

evidenciam a identidade do provo brasileiro e, em especial, o discurso das minorias, de mulheres, negros, LGBTs e aqueles que, de alguma forma, veem emergir de seu “canto-grito”, o lugar de fala diante da opressão. Objetiva-se compreender a voz cantada como veículo de materialização de um discurso feminino silenciado, cuja enunciação fez-se possível através do canto. Para validar esta pesquisa, propõe-se a leitura de pesquisadores e especialistas no Feminismo Negro, na Análise de Discurso e no contexto histórico vivido pelo Brasil da década de 50 à contemporaneidade, dando

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especial atenção às reverberações da ditadura, além de cientistas da comunicação que tragam estudos sobre a construção de novas ferramentas de comunicação, que se correlacionem em aproximação ou afastamento da narrativa jornalística. São as principais linhas desta pesquisa: Voz, Feminismo Negro, Enunciação e Processos de Subjetivação. Assim pretende-se analisar a significância dos discursos presentes em tudo que, em Elza, fala: voz única, repertório, imagem, história, ativismo e resistência. Com isso objetiva-se mostrar também que à medida em que sua presença se firma na sociedade é possível concluir mudanças estruturais nos modos de subjetivação do feminino ao longo da história do Brasil. Com isso, dois objetivos principais são propostos: a) Evidenciar o poder enunciativo de seu canto, que constitui a presença do

sujeito feminino na canção. b) Traçar um paralelo entre a história de Elza, seu discurso político, étnico e social e o espaço reservado à mulher negra no Brasil, nos últimos 60 anos. Os referenciais teóricos que permearão a pesquisa se ancoram nos dispositivos da análise de discurso relacionados ao silêncio e aos processos de subjetivação, além de amparar-se nas teorias inerentes às epistemologias feministas e saberes subalternizados, integrando-se aos campos da comunicação e dos processos criativos e inclusivos em arte. Entre os autores pesquisados estarão Pedro de Souza e seu estudo sobre enunciações cantadas, Eni Orlandi e suas reflexões sobre o silenciamento, Angela Davis em suas análises sobre o Feminisno Negro, Gayatri Spivak e os estudos da subalternidade, além do aprofundamento de pesquisas e estudos de autores como Foucault, Collins e toda a produção de conteúdo histórico e contemporâneo que demonstre o impacto midiático de Elza Soares, da era do rádio ao advento das mídias

sociais. É importante salientar que para esta pesquisa lanço mão de minha própria

vivência enquanto cantora e filha de músicos, o que reflete a vivência do lugar de fala desta voz cantada, que se relaciona e, ao mesmo tempo, independe do cantor. Palavras-chave: Elza Soares, MPB, Voz, Enunciação, Feminismo Negro, Discurso, Sujeito.

Movimento Antivacina: a memória funcionando no/pelo (per)curso dos sentidos e dos sujeitos na sociedade e-urbana

Autora: Natiely Rallo Shimizu4

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O objetivo deste trabalho é, com base no método teórico-científico da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, produzir gestos de interpretação sobre o Movimento Antivacina a partir do acontecimento histórico da Revolta da Vacina, de 1904. O intuito é observar através das regularidades as reminiscências e reverberações

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de um fato antigo sobre o recente, identificando não só o quê do passado permanece, mas, também, o quê do presente se desloca e se ressignifica. Essa reflexão vai evocar alguns conceitos teóricos fundamentais como os de condições de produção (ORLANDI, 2002) e memória discursiva (PÊCHEUX, 2015; ORLANDI, 2002). Outra questão que se impõe é desenvolver proposições acerca da contemporaneidade dos movimentos sociais em rede - lugar no qual se inscreve o Movimento Antivacina - abordando suas características e configurações em uma perspectiva sociológica e discursiva (CASTELLS, 2017; DIAS, 2011). No que tange esta segunda abordagem torna-se basilar pensar a cidade enquanto meio material indissociável ao sujeito e ao corpo social, significando e sendo significada por eles/neles (ORLANDI, 2004). Ademais, o sujeito

contemporâneo está imerso no espaço digital e estabelece, assim, novas formas de se relacionar com o outro e o mundo. Isso tem efeito sobre suas práticas e, consequentemente, sobre o urbano. Nesse sentido, urge pensar, também, esse novo espaço chamado e-urbano, que nasce da sobreposição do espaço digital e urbano e produz efeito sobre a cidade, o sujeito e a sociedade (DIAS, 2011). Este trabalho é um recorte da pesquisa de mestrado que está em andamento, entretanto, permitiu construir reflexões bastante elucidativas de modo que ao pensar o Movimento Antivacina a partir da Revolta da Vacina de 1904 evidenciou-se que, embora as condições de produção sejam distintas, há o retorno de uma memória discursiva de “liberdade” e “direito”, com origem em ideais positivistas e de resistência à “obrigatoriedade” (lei) da vacina. Essas marcas discursivas são observadas nos dois momentos e jogam forte na formulação e circulação dos sentidos e na própria

(re)configuração do Movimento, pois ao evocar direitos fundamentais humanos - aos

quais se integra a liberdade - o Movimento faz exigências morais e éticas que excedem a ordem social e se deslocam para a ordem simbólica do que é cultural. Pode-se dizer, então, de acordo com Touraine (2006) e sem que isso interfira no sentido de “movimentos sociais”, que eles ganham contornos de “movimentos culturais”. A configuração contemporânea dos movimentos sociais em rede, a qual dá forma e constitui o Movimento Antivacina, se revelou singular neste trabalho porque atua como um mecanismo no processo de produção discursiva, ao mesmo tempo em que materializa as condições de produção sob as quais ele é constituído. Isso permite entender que o Movimento Antivacina tem funcionamento semelhante - incidindo na formulação dos discursos – ao que a “Liga contra a vacina obrigatória” teve em 1904, mas também se inscreve na atualidade como a própria “Revolta” através do ativismo

virtual que reverbera nas práticas sociais e nos movimentos da sociedade, sendo assim, simultaneamente, propulsor e ato encarnado. Nesse contexto, foi impossível não pensar a cidade durante esse percurso. Ela se inscreveu naturalmente nessas reflexões enquanto meio significante e significado por e nos sujeitos contemporâneos, por essas novas formas de relações de sentidos (relações sociais) - que investem os movimentos sociais em rede - e inaugura um espaço próprio de observação e análise, o e-urbano. Sujeitos que encontram no digital novas possibilidades de resistência e transbordam não “além-fronteiras”, mas em um espaço onde as fronteiras já não existem mais, pois

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a conectividade produz um novo modo de deslocamento, o da mobilidade rarefeita, que, segundo Dias (2016, p.159), “consiste em se mover sem sair do lugar, no fluxo das redes digitais. Estar aqui, ali e acolá, ao mesmo tempo. O corpo se desloca de um ponto para muitos, de forma instantânea [...]”. Entretanto, embora as fronteiras pelas quais transbordam os sujeitos estejam apagadas, suas práticas (atos) de resistência não deixam de se inscrever materialmente no espaço geográfico e físico das cidades, visto que a baixa taxa de cobertura vacinal pode trazer conseqüências reais graves para a saúde pública e para a sociedade.

Palavras-chave: Memória Discursiva. Movimento Antivacina. Revolta da Vacina.

Espaço Digital. e-urbano.

Memórias vestidas: um estudo sobre o silêncio das roupas e afetividade

Bruna Raquel La Serra5

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A proposta deste trabalho é analisar a roupa como linguagem, tomando a vestimenta como objeto de estudo e analisando suas intersecções com o gesto, o corpo e a memória e, a partir disso, analisando os indícios e pistas que revelam linguagens

afetivas. O ponto de partida pressupõe o fato de que as roupas estão em silêncio e (aparentemente) não podem falar. O questionamento surge ao pensar como se produz o discurso das mesmas e qual seriam seus sentidos latentes. “Os antropólogos e os historiadores nos dizem que as roupas têm três funções principais, que correspondem às necessidades da decoração, da proteção e do pudor” (FLUGEL, 2008). Porém uma quarta função merece ser destacada: a de significar e produzir memória. Dessa forma, este trabalho objetiva tomar as tramas tecidas e marcadas pela história individual de quem as usa e pensar em seu funcionamento como uma segunda pele de lembranças, atuando como medium, meio de transmissão de acontecimentos. Partindo da suposição de que as roupas estão em silêncio e por isso calam sentidos que irão ecoar nos sujeitos que vão usá-las, pode-se perceber que seu silêncio é a possibilidade de vir a ser do

outro e no outro. E é exatamente por essa presença física fantasmagórica que somos invadidos por múltiplos sentidos quando nos conectamos com uma roupa já usada. Somos tomados por uma rede de significações já postas (já dito) e podemos fazer com elas novos significados, uma vez que os sentidos não têm dono. Existe um diálogo silencioso nas tramas de uma roupa que passa diretamente pelos nossos sentidos físicos e suas capacidades sinestésicas. Visão, tato, audição e olfato nos estimulam e despertam uma significação particular. É o jogo da presença-ausente do corpo que a

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usou e permanece impresso ainda na roupa despida, onde o sentido silenciado pode a qualquer momento irromper. Há vestígios de história em uma roupa reapropriada que latejam para serem reinterpretados. Assim, não apenas os significados contidos na peça importam, mas as novas camadas de significação que as roupas receberão ao serem incorporadas por um novo uso. Podemos pensar assim numa biografia das roupas e nas roupas. Sem o corpo, a roupa parece esboçar uma ambiguidade: a confluência de sentidos impregnados em sua materialidade e ao mesmo tempo a incompletude da peça que se desfaz quando é assimilada por um novo dono. Seja qual for a situação de uma roupa, penhorada, descartada, herdada, emprestada, comprada de segunda mão, um legado com carga sentimental (desejada ou não), o anseio aqui é

pensar sobre seu processo de significação intrínseco. A roupa pode parecer calada, trancafiada em seu guarda-roupa, mas isto não significa que ela não é capaz de trazer resíduos de memória e discursos impregnados. Pode não falar, mas vale lembrar que, como diz Eni Orlandi em As formas do silêncio, “o fora da linguagem não é o nada, mas ainda sentido”. Através da Análise do Discurso foi possível desnudar essas questões sobre os sentidos da roupa em seu estado de latência, fora do eixo convencional dos estudos sobre Moda. Como sinaliza Orlandi “as palavras são múltiplas, mas os silêncios também o são”. É a partir desse pressuposto que podemos tomar as roupas como território do não-dito e observar sua relação com o dizível. Observar essa questão sob a ótica do silêncio significante, reduto do possível, do múltiplo, traz riqueza analítica para o tema da memória afetiva que as roupas carregam e possibilita pensar a roupa como biografia errante dos sujeitos em seu aspecto mais íntimo e poético.

Palavras-chave: Moda. Roupa. Memória. Silêncio. Análise de discurso.

SESSÃO 2 DEBATEDOR(A): LAÍS MEDEIROS

Direitos culturais, resistência e transbordamento da juventude estudantil que protesta

Cidarley Grecco Fernandes Coelho6

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Durante o ano de 2016, em diferentes estados do Brasil, diversas instituições de ensino foram ocupadas por jovens estudantes secundaristas que protestavam contra as medidas de reformas educacionais propostas pelo governo. Especificamente o estado do Paraná chegou ao número de quase mil instituições de Ensino Médio

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ocupadas pelos estudantes. Perguntas do tipo “O que significa estudante ocupar uma escola? Eles já não a ocupam diariamente? Como são tantos? Como se organizaram e se mobilizaram? Quem os apoia? Quais os motivos para ocupar uma escola? O que fazem numa escola ocupada?” ecoaram na sociedade, nas mídias tradicionais e nas redes sociais. Contudo, este fato não foi isolado. Ele rememora outros: as ocupações contrárias à reorganização escolar em São Paulo e às OS em Goiás, no ano de 2015; as ocupações das universidades paulistas em 2007; as ocupações durante o período da ditadura; e as mobilizações estudantis no Chile desde a década de 1990, chegando à chamada Revolução dos Pinguins. Memória que ecoa, em gestos e palavras. Em 2016, a palavra de ordem era “Ocupar e Resistir”. Ocuparam. Algumas escolas

permaneceram ocupadas por mais de 30 dias. Resistiram. Resistência que transbordou a escola, ruas e redes. Sujeitos e sentidos afetados pelo discurso das “ocupas”, como são chamadas as escolas ocupadas pelos próprios estudantes, que por sua vez afeta discursos outros. Transbordamento da causa. Ocupar, protestar, reivindicar, não se calar, fotografar, filmar, postar, curtir e comentar. A circulação de eventos acontecidos durante o período das ocupações de escolas nas redes sociais mostrou como os jovens se articulavam, como protestavam e o que reivindicavam. Mostrou como se organizavam por meio de atividades culturais que arrecadavam alimentos para a manutenção das ocupas e de oficinas culturais que substituíam o currículo tradicional da escola em aulas escolhidas e agendadas por eles em assembleias. Mostrou também que a linguagem, o conhecimento e as tecnologias estão em relação com os movimentos da sociedade e com o político. Assim, o que proponho neste trabalho é

uma discussão sobre alguns dos sentidos em circulação nas redes durante o

movimento de ocupação das escolas no estado do Paraná, pela perspectiva da Análise de Discurso, fundada por Michel Pêcheux na França e no Brasil por Eni Orlandi, compreendendo que os sentidos são constituídos, formulados e circulam na relação com a memória discursiva, o interdiscurso, produzindo efeitos de sentidos. Partindo de análises da divulgação de atividades culturais desenvolvidas durante o período de protestos nas escolas ocupadas e circulando nas redes, o dispositivo teórico e analítico será mobilizado com vistas à reflexão sobre sentidos da linguagem em sua opacidade. Nessa direção, interessa propor uma reflexão a partir da Declaração de Fribourg sobre os Direitos Culturais (2007), na relação com a posição desenvolvida por Touraine (1992; 2006), Meyer-Bisch (1993; 2009) e Orlandi (2008; 2011) para os sentidos de cultura e movimentos sociais/movimentos da sociedade (ORLANDI, 2011). Cultura

aqui sendo tomada como “uma construção do sujeito com e para sua socialização” (MEYER-BISCH, 2009). Considerando os três fatores da universalidade e os três polos de definição dos direitos culturais (MEYER-BISCH, 2009), acredito que o movimento estudantil, por meio da resistência, passa à construção de bens comuns e pelo orgulho de compartilhar, passando pelo que vou tratar como “transbordamento” e o que Meyer-Bisch (2009) traz como aumento das forças internas do sujeito e um reconhecimento. Por fim, interessa refletir até que ponto os movimentos de protestos que reivindicam direitos o fazem como um trabalho sobre capacidades onde os direitos

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podem tomar forma (MEYER-BISCH, 2009), como articulação entre direitos sociais, políticos, econômicos, culturais, morais (TOURAINE, 2006). O movimento de análise será sobre o conceito de cultura na relação com o de história, nos recortes discursivos das atividades culturais das ocupações estudantis, para poder ver de que modo “o processo de constituição daquilo que, enquanto produto, se apresenta como ‘cultura’, atestando assim o seu caráter ideológico” (ORLANDI, 2008, p. 89) para que seu uso indistinto não resulte em apagamento da história. Palavras-chave: Discurso. Juventude. Cultura. Movimentos da Sociedade.

Youthquake: a formação identitária de movimentos sociais representados pelo uso da hashtag em um cenário hipermodermo

Jonathan Florentino da Silva7

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O espaço-tempo digital tem a cada dia mais se tornado uma realidade de alto impacto social a ponto de usuários mais encarnados nas dinâmicas da internet não experimentarem separação entre o digital e o real. Tais constatações nos colocam às portas de discussões acerca de como esse real interage com as fronteiras de criação de

identidade e nos levam a (re)significar os padrões pelos quais usamos a linguagem para posicionamento e pertencimento. No que tange a identidade, é lícito afirmar que ferramentas como as hashtags permitem aos internautas a personalização e a exposição de suas ideias ao mesmo tempo que também acabam por refletir e reforçar crenças que estão exteriores à própria postagem. Ou seja, o indivíduo ao postar em

suas redes sociais fazendo uso de uma hashtag traz à tona a possibilidade de incluir-se no universo de postagens de mesmo teor e assunto e também passa a manifestar-se como uma voz ou um representante para a respectiva causa. Essa formulação permite ainda que os usuários interajam e encontrem perfis de outras pessoas que partilham da mesma posição ideológica e/ou pessoas que são avessas à causa e usam a hashtag como forma de crítica e protesto. Sobre isso, corroboro com os apontamentos de Hall (2011) ao explicitar que o conceito de identidade vem há certo tempo evoluindo do

pensamento individualista, de algo que poderia “nascer” com o indivíduo, para um processo então interacional que depende do outro e da cultura do outro para constituir-se. Isso posto, apresento este artigo que tem os seguintes objetivos: i) discutir a atuação da hashtag como formadora de representatividade e de resistência a partir de uma memória discursiva coletiva que se reproduz celeremente nas redes sociais, tendo escolhido para análise a hashtag #MariellePresente, difundida grandemente no mês de março de 2018; ii) atentar para o valor do conceito de

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youthquake, nova palavra em língua inglesa adicionada ao dicionário Oxford em 2017, que contribui no sentido de descrever traços identitários da atualidade das manifestações sociais principalmente de grupos minoritários representados por movimentos jovens. Esta pesquisa fez uso de dados coletados de duas formas: a) em notícias publicadas em veículos online; b) nas redes Twitter e Facebook, obtidos pelo próprio pesquisador e também enviados por internautas voluntários, tratando-se de uma análise documental. A discussão está calcada na exploração das noções de identidade trazidas por Bauman (2000) em um cenário descrito como hipermoderno por Lipovetsky (2004) de modo a colocar em pauta a cobrança de uma eficácia individual que interage de maneira conflituosa com as bases emocionais socialmente

esfaceladas. Nesse cenário, as hashtags, como apontam Nicolau e Rezende (2014), funcionam mais do que como mecanismo de centralizar assuntos e agrupar pessoas, mas conquistaram força e sentido e passaram a existir na vida offline. Esse recorte ainda resulta na reflexão de/sobre o perfil de um indivíduo efêmero e individualista que ainda se mantém em primeira pessoa, mas que agora enfrenta uma ruína ideológica frente a contextos diversificados de incerteza. A discussão toma forma ao passo que os resultados parciais apontam para uma configuração de como estamos caminhando como sociedade, o que marca as mídias digitais como mecanismos de justiça social em que a linguagem toma partido por definir novos modelos identitários. Palavras-chave: Hashtag. Youthquake. Identidade. Hipermodernidade.

O discurso de ódio ao nordestino manifestado em redes sociais nas eleições de 2014

Adriana Vilar de Menezes8

Universidade Estadual de Campinas RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de analisar as regularidades dos enunciados dirigidos aos nordestinos nas redes sociais, especialmente Twitter, na tentativa de ver como a língua está mobilizando certos funcionamentos e como se dá esta circulação. Para tanto, a proposta é estudar os efeitos de sentido dos enunciados no período

eleitoral de 2014 e compreender o funcionamento do pré-construído (PÊCHEUX, 1995) sobre esses efeitos. Sob a ótica da Análise do Discurso (AD), a pergunta que se formula é: como se estabiliza e quais os modos de funcionamento deste discurso? Para a compreensão desta discursividade que se materializou nas redes com enunciados de ódio, a fundamentação teórica metodológica utilizada será a da AD de linha francesa, principalmente nos trabalhos de Michel Pêcheux, Eni Pulcinelli Orlandi e Cristiane Dias. A partir de um recorte temporal de postagens - e seus respectivos comentários -

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com enunciados que contenham as palavras “Nordeste” e “nordestino”, no ano de 2014, serão analisadas as relações com o contexto histórico, social e ideológico presentes na produção do discurso, considerando a língua, os sujeitos e os sentidos, em suas formas incompletas, como define a própria AD. Entre as noções fundamentais a serem avaliadas estão: discurso, circulação, memória discursiva, discurso fundador, discurso digital, ideologia, sentido, interpretação, e outras. Este trabalho é, antes de tudo, uma forma de resistência à naturalização de extermínio, diante de enunciados que sugerem a morte e o extermínio dos nordestinos. As formações ideológicas e imaginárias que constituem este discurso da naturalização do extermínio se inserem na ordem socioeconômica do obstáculo ao desenvolvimento, tal como negros, índios e

judeus em outros momentos da história mundial. Para efeito de demonstração, seleciono aqui dois enunciados do Twitter: 1) Em 25/10/2014, do Rio de Janeiro, por Oliveira Mateus (DILMA SAPATÃO): “Esses nordestino fdp tem q morrer na seca mermo, povo escroto, mamando na teta do governo, td ignorante fdp” (ip. lit.); 2) Em 31/10/2014, por Patrícia Marmentini: “nordestinos, queridos, façam um favor para o pais, MORRAM” (ip. lit.). O discurso de ódio aos nordestinos, manifestado às vésperas ou imediatamente após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais de 2014 (com a definição da disputa entre Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores - PT, e Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB), portanto, ficou materializado nas redes sociais em formulações que evidenciam um domínio de memória comum, constituindo assim uma posição-sujeito definida. Na compreensão das formas históricas de assujeitamento na sociedade atual (DIAS, 2018), Cristiane

Dias afirma em seu mais recente trabalho, Análise do Discurso Digital: Sujeito, Espaço,

Memória e Arquivo (Campinas: Pontes, 2018), que o digital vem produzindo transformações na discursividade do mundo e como tem produzido “um desdobramento em noções de memória e autoria, a própria linguagem, mas também sujeito e espaço”. Tal como a metaforização é marca forte dos enunciados, é também pelo equívoco que os sentidos funcionam (DIAS, 2018). Ainda como afirma Dias, “é preciso compreender a exterioridade constitutiva do discurso digital, as relações e os meios de produção capitalista, os processos da constituição de sentidos e suas condições de produção, mas também a formulação e a circulação desse discurso”. Processos estes de constituição de sentidos sobre o Nordeste e o nordestino que são invenções de determinadas relações de poder e do saber (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2011). “O discurso da estereotipia é um discurso assertivo, repetitivo, é uma fala

arrogante, uma linguagem que leva à estabilidade acrítica, é fruto de uma voz segura e autossuficiente que se arroga o direito de dizer o que é o outro em poucas palavras”, traça Durval Muniz de Albuquerque Júnior em A invenção do Nordeste e outras artes (São Paulo: Cortez, 2011). O autor resume o seu trabalho com a seguinte definição: “O Nordeste é uma produção imagético-discursiva, gestada historicamente”. Palavras-chave: Discurso de ódio. Nordeste. Nordestino. Discurso digital. Eleições 2014.

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Comunicação na era pós-like: os recentes paradigmas do discurso digital

Lucas Pereira Guedes9

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

RESUMO: A seguinte proposta de trabalho tem como justificativa o pressuposto de que exista um período relativamente novo dentro da contemporaneidade e do mundo pós-moderno, que chamaremos de pós-like. Neste período, o discurso digital e quaisquer ações na internet que tenham como foco algum tipo de expressão (política, estética,

informativa) por meio de textos, fotos, vídeos, músicas ou notícias são valorizadas (e algumas vezes monetizadas) para além da transmissão-recepção, mas também por uma reação assumidamente positiva (o like). Ou seja, na era pós-like não basta apenas divulgar, mas é preciso ter a divulgação curtida, compartilhada, comentada. Neste sentido, propomos a apresentação (aprofundamento-sequência) de uma pesquisa realizada enquanto aluno especial na disciplina Estética da Comunicação, do programa de pós-graduação scritu sensu da Universidade de Brasília, em 2017, cujo foco é um estudo comparado da rede social Instagram e o livro A Câmara Clara: notas sobre fotografia, (BARTHES, 1980). Do ponto de vista comunicacional temos por objetivos discutir as formas como nós dialogamos por meio de imagens (selfies/autorretratos, etc.) e textos (prosa/poesia, etc.), qual o lugar do discurso na disseminação deste tipo

de conteúdo e quais seus desdobramentos a partir da tendência atual observada nos debates instaurados na internet: a da disputa pela razão, mesmo que seja baseada somente em opiniões ou sob a manutenção de uma perspectiva dicotômica da verdade, proporcionada sobretudo pelo poder de fala/escrita/exposição. Além disso, interessa-nos discutir os aspectos da mediação científico-tecnológica, uma vez que as constantes

mudanças que o avanço tecnológico e os processos de modernização da vida proporcionam às pessoas, a internet tem sido a protagonista mais presente e cada vez mais tem se tornado um objeto de pesquisa, de discussão e de julgamentos. O que une tais abordagens é a relação que se estabelece a partir de algumas contradições que surgem na sociedade da informação, como publicações orgânicas X pagas, financiamento público, (corte de) verbas destinadas a bolsistas no Brasil e outras, como aponta OLIVEIRA (2003), ao apresentar os quatro pontos a seguir, os quais cito

na dissertação de mestrado Webliteratura: novas formas de ler, escrever e interagir (UNICAMP, 2014). São elas: a dispersão e a efemeridade geradas a partir do excesso de informações, uma vez que é difícil ao consumidor absorver de maneira profunda o que recebe, valorizando apenas os aspectos principais da informação; b) possibilidades

de participação maior no circuito de produção de informação a partir das novas características dos suportes tecnológicos midiáticos, devido à facilidade dada ao consumidor de produzir e trocar informações baseada no avanço e aperfeiçoamento

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constante das novas tecnologias de mídia que permitem a ele interagir; c) possibilidades de constituição de redes de solidariedade e identidade sem fronteiras e controles, uma vez que o consumidor - na internet, por exemplo - procura outros consumidores que têm os mesmos ou parecidos gostos e interesses, formando assim, webcomunidades que os unem, independentemente de espaços geográficos e d) tendências a gerar comportamentos esquizoides ou substituir as relações pessoais físicas pelas relações virtuais, pois o “existir virtualmente” possibilita ao consumidor criar uma vitrine muitas vezes falsa daquilo que realmente é, já que é possível o anonimato. Além disso, a relação virtual tende a ser mais cômoda que a física. Sendo assim, numa pesquisa que se depara com contradições em um mundo em constante

movimento, sobretudo quando falamos de internet, optamos por uma análise que contempla: 1) a contextualização histórica dos meios de comunicação online, do discurso digital e de novos aparatos tecnológicos, necessária para introduzirmos as questões acima especificadas; 2) um panorama sobre a era pós-like, a partir da popularização das redes sociais mediadas pela internet; 3) uma análise dos conceitos de dissimulação e simulação (BAUDRILLARD, 1991) para discutirmos a presença online enquanto forma de existir no mundo virtual; 4) as consequências dos processos de hiperinformação, alienação e o fetichismo da tecnologia libertária (MORETZSOHN, 2017) e; 5) exploração das formas como o like atua e altera (se altera) a forma como nos comunicamos e divulgamos informação. Apesar de não haver conclusões exatas sobre a pesquisa iniciada, os caminhos indicam que o período pós-like é mais uma das atualizações da vida off-line, onde memes e GIFs misturam-se ao ativismo de classes

pela internet, mas também à autopromoção, ao debate político, aos nudes. A questão

agora é saber como definimos nossos critérios de avaliação do discurso digital e como nos tornarmos aptos para lidar com critérios de outros sobre nós. A fim de enriquecer o debate, pretendemos expor, como forma complementar aos resultados, alguns dados paralelos de análise de redes sociais colhidos a partir de relatórios desenvolvidos no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), em Brasília, instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações (MCTIC), onde atuo, desde o início de 2017, na área Divulgação Científica e Tecnológica, desenvolvendo metodologias de comunicação em diversos projetos. Palavras-chave: Discurso digital. Redes sociais. Pós-like.

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Exótico em discurso: sentidos de cidade no jornalismo

Edilberto Vinícius Brito Nascimento10

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A pesquisa, que se ampara nos dispositivos teórico-analíticos da Análise de Discurso, surge da questão: como o jornalismo de viagens (na constituição, formulação e circulação do des-conhecido) significa a cidade? E, nessa prática discursiva, pode o jornalismo — de outro ponto de vista, inscrito em um campo do conhecimento (PEREIRA JR., 2011; JANÉ, 2002; TRAQUINA, 2005, 2005b) como transparente ao

discurso e próximo à verdade, ao fato; ao que somos críticos — escapar aos efeitos de exotismo na significação dos espaços, dos sujeitos e da cultura do “outro” pela opacidade mesma do discurso? Até que ponto o jornalismo de viagens formula textos herméticos ou deixa brechas para outros sentidos possíveis na sua textualização?

Nesse discurso jornalístico, os lugares vêm já interpretados, pelo mecanismo da antecipação (ORLANDI, 2009), ou o dizer sobre eles se apresenta como um possível entre outros, possível como uma versão, como variança (ORLANDI, 1998, 2017)? Com os questionamentos, chegamos ao objetivo geral: analisar, então, como a cidade (ORLANDI, 2004) é significada nas formações discursivas do jornalismo de viagens, que permite uma “entrada ao desconhecido no conhecido” (RIVAS NIETO, 2006, p. 63, tradução nossa). Para isso, baseamo-nos em alguns funcionamentos de exotismo, que pode tanto ser compreendido como “a noção do Diferente; a percepção do diverso; a

compreensão de que algo não é em si mesmo” (SEGALEN, 2017, p. 17, tradução e grifo nossos) quanto pelo silenciamento do discurso histórico para se produzir “um discurso sobre a cultura. Como efeito desse apagamento, a cultura resulta em ‘exotismo’” (ORLANDI, 2008, p. 20-21). Esta análise se justifica já que as revistas de jornalismo de viagem podem colaborar, com frequência, segundo Mariano Jané (2002, p. 190), para um discurso exótico e paradisíaco dos “outros”. A mídia, no que lhe toca, “exerce um papel fundamental nesse processo por meio da folheteria ricamente ilustrada, das propagandas televisionadas e dos anúncios impressos. Cria-se um mundo metafórico”

(BARBOSA, 2001, p. 32). Para a pesquisa, a mídia impressa (em detrimento do digital, por exemplo) é escolhida porque acreditamos no poder que ela detém e nos efeitos que ela produz — apesar de o número de revistas impressas de viagem ter diminuído em uma década, segundo Caretta et. al. (2011, p. 2) — sobre o público e sobre uma fatia de

anunciantes. Tocando o corpus, ele ganha materialidade nas revistas “Qual Viagem” (Editora Qual), “Viagem e Turismo” (Editora Abril) e “Viaje Mais” (Editora Europa), limitando-se a uma reportagem de capa por mês em 2017, sendo a ordem escolhida por não haver repetição de reportagens nas três publicações. Ao todo, analisamos reportagens de 14 edições de revistas de viagem. Assim, “nada pode ser pensado sem a cidade como pano de fundo” (ORLANDI, 2004, p. 11), pois “no território urbano, o

10 E-mail: [email protected].

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corpo dos sujeitos e o corpo da cidade formam um, estando o corpo do sujeito atado ao corpo da cidade, de tal modo que o destino de um não se separa do destino do outro” (ORLANDI, 2004, p. 11). A entrada ao corpus pela cidade e não pelo país se dá uma vez que “uma nação, por outro lado, é uma entidade abstrata, enquanto que uma cidade tem dimensões, formas visíveis, sendo perceptível em primeira instância” (ORLANDI, 2004, p. 11). “A cidade tem uma dimensão simbólica; os monumentos, como também os vazios, praças e avenidas, simbolizam o cosmo, o mundo, a sociedade ou simplesmente o Estado” (LEFEBVRE, 2009, p. 70). A viagem e a cidade, nessa engrenagem, tampouco são dadas, senão construídas. As condições de produção são próprias ao fio do discurso, o qual, com elas e nelas, ganha corpo e tessitura. Os

sentidos, porém, se fiam na história, constroem-se sempre como uma interpretação, uma versão em meio às possibilidades não ditas ou não recordadas, efeito do político (divisão), na/pela ideologia. Palavras-chave: Exotismo. Análise de Discurso. Cidade. Jornalismo de viagens.

SESSÃO 3 DEBATEDOR(A): DAVI DE CODES

Ideais de modernidade no cinema brasileiro de ficção científica (2003-2013)

Maria Estela Silva Andrade11

Universidade de São Paulo

RESUMO: Muitas foram as alternâncias de projetos políticos implementados pelos grupos que detiveram o controle institucional da nação nesses pouco mais de 500 anos desde o início da colonização portuguesa, porém, algo resiste há séculos como um mantra nacional: a ideia de um país predestinado em ser a nação do futuro. A partir da década de 1950, com as políticas de industrialização dos governos federais de Vargas

e Kubitscheck, esse pensamento ganhou impulso, tendo atingindo seu auge no século XX, durante o período do “Milagre Brasileiro” na ditadura militar, para cair no ostracismo nas décadas de 1980 e 1990. No entanto, nos primeiros anos de governo petista, a melhora em indicadores econômicos e sociais, a presença marcante do Brasil em grandes eventos midiáticos e no cenário político internacional, e a figura de um líder carismático, ajudaram a reforçar o imaginário mitológico e o sentimento de que o Brasil era digno de um lugar entre os grandes. De acordo com Douglas Kellner

11 E-mail: [email protected]

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(2001), os discursos políticos, assim como toda a cultura da mídia, contribuem para estabelecer a hegemonia de certos grupos e visões por meio das representações. Sob esta perspectiva, como partes constituintes do espectro midiático, produções cinematográficas e literárias de ficção científica se tornam interessantes objetos de análise, pois, segundo o teórico dos Estudos Culturais, Fredric Jameson, este gênero possui uma maneira específica de operar, em que, no estabelecimento do desconhecido, desfamiliariza e reestrutura nossas experiências do presente, num processo de distração e deslocamento que nos faz olhar para nossas próprias condições atuais quando somos expostos a imagens do futuro, de realidades alternativas, ou até mesmo de outras formas de vida. Ademais, para a estudiosa da ficção científica latino-

americana M. Elizabeth Ginway (2005), as ligações do gênero com as áreas de ciência e tecnologia o fazem o veículo ideal para a percepção do impacto cultural do processo de modernização do Brasil. A partir destas concepções e com uma base metodológica composta pela semiótica de Greimas juntamente à análise fílmica, o presente trabalho tem por objetivo identificar as representações do mito do “país do futuro” e os ideais de modernidade presentes em filmes que compõem nossa cinematografia de ficção científica produzida entre os anos de 2003 e 2013 e analisar se a sétima arte refletiu a retomada do discurso da “grande nação brasileira” propagado pelo neodesenvolvimentismo do mesmo período. Para tal, partimos de questões sobre como o Brasil é retratado nos filmes de ficção científica do período; o que tais representações de sociedade e realidades alternativas nos dizem sobre o momento político vivido pelo país entre os anos de 2003 e 2013; se elas vocalizam algum descontentamento ou

aprovação a algum projeto específico; quais as particularidades da ficção científica

feita no Brasil e de que forma ela dialoga com a cultura local. Como este é um trabalho da área de Estudos Culturais, não nos concentramos numa decomposição profunda de obras específicas, nos sendo mais caro realizar uma análise panorâmica do cenário para identificarmos no período histórico determinado, tendências de temas e de representações dos ideais de modernidade e futuro. Dessa forma, nosso aparato teórico é composto por autores de diversas áreas (economia, política, cultura, cinema, semiótica, entre outras) que se propõem a pensar questões do Brasil contemporâneo, como André Singer e Pablo Ortellado e também por cânones como Alfredo Bosi e Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo; já, para as relações de tal contexto com a ficção científica, sob a ótica dos Estudos Culturais, nos referenciaremos em M. Elizabeth Ginway, Darko Suvin, Fredric Jameson e Douglas Kellner. A pesquisa em questão se

justifica pela importância existente, para a autonomia crítica da população, em elucidar estratégias midiáticas e discursivas utilizadas por certos grupos para trabalhar com representações no campo do simbólico e, assim, moldar indiretamente aspectos sociais e induzir seus participantes a ações específicas. Como resultado, esperamos revelar nas histórias que compõem o corpus, sentimentos e opiniões acerca do projeto ao qual o país foi exposto ao longo dos anos que fazem parte do recorte de seleção das obras.

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Palavras-chave: Ficção científica. Cinema. Brasil.

Os diálogos presentes no filme O Menino e o Mundo com a Educação Ambiental

Gustavo Henrique Alves Silva12

Carolina de Souza Oliveira13 Marina Battistetti Festozo14

Universidade Federal de Lavras

RESUMO: O filme O menino e o mundo é uma animação brasileira que retrata a realidade a partir da visão de uma criança. Por meio da apresentação de sua trajetória de vida, diversas críticas sociais são feitas no decorrer da história. Assim, o filme é um possível meio para discussões acerca da realidade brasileira. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo analisar o filme O menino e o mundo relacionando os diálogos presentes nele entre Educação Ambiental e divulgação científica. O cinema tem capacidade de impactar, sensibilizar, desenvolver a imaginação e a criatividade dos espectadores. Ainda, ele permite a compreensão de diversas realidades, a aproximação de demais culturas e o contato com visões diferentes sobre aspectos sociais (CABRERA, 2006). O cinema é um meio de socialização e de produção de

conhecimento. Ele permite ao telespectador fazer uma articulação entre os diversos âmbitos da sociedade. Assim, a partir do cinema é possível que o sujeito compreenda melhor sua realidade, sendo capaz de reelaborá-la (OLIVEIRA-SILVA, 2013). Ainda, o cinema tem papel importante na divulgação científica uma vez que ele tem capacidade de atingir um grande público e abordar a ciência de diversas formas. Tendo em vista

que o filme retrata questões da realidade social, a Educação Ambiental, a partir de um viés crítico, tem papel importante para a compreensão dessas questões abordadas. Ela possibilita uma visão holística do meio, fazendo uma relação entre os diversos âmbitos da sociedade com os conhecimentos científicos. A Educação Ambiental, assim, tem papel formador de transformação e emancipação dos sujeitos (LOUREIRO, TOZONI-REIS, 2007). Isso pode ser trabalhado analisando as relações com o ambiente que o filme aborda. Para a construção desse trabalho foi feita uma análise qualitativa de

cenas consideradas significativas para a discussão da Educação Ambiental. Algumas das cenas que podemos elencar na discussão da Educação Ambiental são as que mostram as condições precárias de trabalho em que os indivíduos estão submetidos. Isso fica claro no momento do filme em que todos os operários ao final de um dia de trabalho se enfileiram para que o patrão possa conferir a condição em que cada

12 [email protected] 13 [email protected] 14 [email protected]

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trabalhador se encontra e aqueles que não atendem as exigências são demitidos sem nenhum tipo de apoio ou direito garantidos pela empresa. As condições precárias de trabalho são características do sistema econômico vigente que coloca uma classe em situação social inferior à outra. Esses aspectos são impostos pelo sistema capitalista que é marcado pela exploração, visa o aumento da produtividade e reforça o individualismo (KUENZER, 1998). Também é mostrado o trabalho nas fábricas. Nelas o trabalho é repetitivo e alienado, se aproximando mais de um emprego que de um trabalho como forma do homem produzir e se colocar no mundo. O filme mostra como aos finais de semana o trabalho é interrompido e é então um momento de descanso e de lazer do trabalhador. Ainda relacionado à alienação, é possível perceber que ao

chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, o personagem vai assistir televisão e se depara com conteúdos superficiais, que não o fazem refletir sobre a realidade em que ele está inserido. Também fica claro no filme como as questões sociais, politicas, econômicas e culturais se relacionam e influenciam no meio ambiente. Por muito tempo o ambiente foi compreendido a partir de um âmbito naturalista, sem considerar a relação do mesmo com o homem, o que leva a uma visão conservacionista, preocupada com a conservação ambiental de maneira isolada e não com as questões sociais interligadas a isso (ADAMS, 2005). Por outro lado, há uma definição mais completa do que é meio ambiente, que relaciona os aspectos econômicos, sociais, culturais e permite que sejam feitas relações a partir de uma análise da dialética da relação com o ambiente e o ser humano. Dessa forma, há uma ligação entre as questões naturais e sociais que são definidos por um processo histórico

e cultural (REIGOTA, 1991). Assim, o filme se relaciona com a Educação Ambiental,

pois traz muitas críticas à realidade da nossa sociedade, em relação às desigualdades e injustiças sociais, à exploração do homem e dos recursos naturais. Palavras-chave: Divulgação científica. Cinema. Educação Ambiental.

A Educação Ambiental Crítica e o diálogo possibilitado pelo filme Wall-e

Pollyana Cristina Alves Cardoso 15

Paulo Antônio de Oliveira Temoteo 16

Antônio Fernandes Nascimento Júnior ³ Universidade Federal de Lavras

RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar e discutir os diálogos que o filme Wall-e (2008) possibilita para a compreensão da Teoria Marxista da Educação Ambiental

15 [email protected] 16 [email protected]

³ [email protected]

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Crítica. A animação é um importante meio que funciona como uma janela para a realidade, para que as pessoas possam enxergar, de maneira lúdica, as coisas que as cercam, para que desta forma reflitam sobre os problemas do cotidiano relacionados às suas práticas sociais. O cinema é a sétima manifestação artística, caracterizando-se pelas imagens em movimento com a utilização de técnicas e efeitos visuais. Mas o cinema não constitui, apenas, o movimento de imagens através de um projetor, ele envolve um complexo ritual de elementos e processos diferentes que englobam: a produção, distribuição, investimento, publicidade, o gosto, dentre várias outras relações sociais (BERNARDET, 1980). E, além de cativar a atenção das pessoas com sua linguagem estética, o cinema pode mobilizar, de maneira lúdica, assuntos

relevantes do cotidiano e para além dele. Contudo, o cinema constitui um processo social, e como tal possui influências políticas, ideológicas e econômicas, com isso, é necessária uma mediação, teoricamente embasada, para que ele possa ser um meio crítico e reflexivo de fato. Diante disso, a Teoria Marxista da Educação Ambiental Crítica possibilita que o indivíduo se identifique como parte integrante da natureza, de modo que ele seja capaz de perceber e valorizar a diversidade ambiental e sociocultural, para que assim os mesmos possam adotar posturas coerentes dentro de sua comunidade (LOUREIRO, TOZONI-REIS, 2005). Além disso, ela aponta para a necessidade de construir uma cidadania ativa, em que as pessoas participem dos processos de transformação social e constituam novos paradigmas que consolidem uma sociedade mais justa e ambientalmente saudável (CICONELLO, 2008). O longa-animado Wall-e, de 97 minutos, dirigido por Andrew Stanton, dos estúdios Disney e

Pixar, se passa em um futuro distópico em que o planeta Terra se encontra desabitado

por conta da deterioração extrema das condições ambientais as quais os humanos foram responsáveis, devido à exploração e consumo excessivo e a consequente produção de lixo, acometendo o lançamento de gases tóxicos na atmosfera, a contaminação do solo e dos recursos fluviais, impossibilitando a vida na Terra. Dessa maneira, o robô Wall-e, e outros semelhantes, ficaram responsáveis pela limpeza do planeta enquanto os humanos estão em uma espécie de cruzeiro espacial. Contudo, o plano de recuperação fracassa e Wall-e, último de seu modelo, continua a realizar seu trabalho, até que um dia surge de maneira inesperada uma nave com uma robô de outro modelo, que se chama EVA, a qual Wall-e se apaixona e o levará ao encontro do cruzeiro espacial, o que acarretará várias situações. Diante disso, pretende-se, por meio da Pesquisa Qualitativa, analisar o filme em questão. Tal pesquisa se preocupa

com o processo e com o cenário a qual se relacionará, se preocupando mais com o processo do que com o produto final, se diferindo assim da pesquisa quantitativa, pois o pesquisador pretende compreender como o problema se manifesta nas interações sociais (MINAYO et al. 2016). Nessa perspectiva, o filme foi analisado a partir de dois eixos, o primeiro diz respeito à questão do lixo, em que a história consiste em uma metáfora das consequências da produção excessiva dele na Terra pelos seres humanos. Deste modo, ele está alinhado à uma tendência da educação ambiental conservacionista que se atém, somente em questões conscientizadoras e

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comportamentais que visam individualizar as soluções, ou seja, a resolução dos problemas ambientais nessa tendência se dará por meio de ações individuais (ADAMS, 2005). Contudo, na Educação Ambiental Crítica, as soluções são coletivas dizendo respeito, principalmente ao sistema produtivo da sociedade atual. O segundo eixo, se refere à uma grande contradição que o filme apresenta, devido as questões sociais, econômicas e políticas não serem abordadas, dando a entender que elas se encontram resolvidas. Todavia, é válido ressaltar que, tanto as questões do excesso de lixo e o consumo exagerado, estão atreladas às questões sociais, econômicas, políticas e ideológicas, dentre outras. Tais questões sustentam o sistema capitalista de oposição entre classes que se mantêm a partir da exploração da classe trabalhadora pela classe

dominante (LEFF, 2001). Dessa forma, o filme, mesmo que apresentando uma distopia que se dá a partir de um problema real, resolve e ignora a questão da luta de classes, se mostrando, portanto, idealista. Assim, o filme é um importante meio para se debater as questões ambientais, a partir de suas potencialidades, mas também de suas deficiências, visando a formação de cidadãos críticos e reflexivos que atuem de maneira ativa na sociedade. Palavras-chave: Cinema. Educação Ambiental Crítica. Sociedade.

Educação Ambiental Crítica e Cinema: Uma discussão a partir do filme Rio

Laise Vieira Gonçalves17

Augusto Antonio de Paula18 Antonio Fernandes Nascimento Junior³

Universidade Federal de Lavras

RESUMO: É sabido que desde a Revolução Industrial o mundo tem sofrido com problemas ambientais por consequência de urbanizações desenfreadas, provocando mais desigualdades sociais, expulsando a população rural do campo para a cidade, a substituição de homens por máquinas, o desmatamento e as repressões. Pretende-se aqui, entender como o filme Rio pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem na

compreensão da realidade ambiental brasileira. O cinema de animação tem a capacidade de penetrar nas casas com certa velocidade, fazendo pensar sobre seu potencial pedagógico. Além disso, o aspecto cultural abordado pelos filmes pode influenciar de maneira significativa a forma como os alunos vão enxergar o mundo,

por isso, é preciso que o professor entenda seu papel no processo de mediação em sala de aula. A partir dessa mediação, o filme torna-se importante recurso pedagógico no 17 [email protected]. 18 [email protected]. 3 [email protected]

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processo de ensino, auxiliando na formação de sujeitos capazes de reconhecer a realidade e assim atuar nela de maneira ativa de modo a transformá-la. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo analisar os potenciais encontrados no filme Rio (2011) para a educação ambiental. O filme é dirigido por Carlos Saldanha e produzido por Chris Jenkins e Bruce Anderson e retrata as questões ambientais de maneira pouco crítica reforçando, dessa forma, uma visão conservacionista de ambiente. A história do filme Rio gira em torno de uma ararinha-azul, chamada Blue, que nasceu na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, e acaba sendo capturada na floresta e levada para a cidade de Moose Lake, Minnesota, nos Estados Unidos. Neste local ela foi criada e voltou ao Brasil por intermédio de um ornitólogo chamado Túlio. Blue é o último macho de sua espécie

e Túlio gostaria que acasalasse com uma fêmea que está no Rio de Janeiro a fim de contribuir com a preservação da espécie. O filme debate a ecologia, também considerada uma instituição social. Nesse caso, pode-se destacar a preservação e extinção de espécies e o cuidado com o meio ambiente, mas é preciso pensar em qual tendência de educação ambiental o filme se concentra, pois ao não abordar de maneira crítica o ambiente da cidade do Rio de Janeiro, o filme possibilita que não haja uma reflexão acerca das condições que levaram a tais situações. A animação mostra, ainda, um Brasil inclinado à alegria, apesar de suas mazelas sociais; também reduz a criminalidade do país à população que vive em favelas e apresenta a questão do tráfico de animais de maneira superficial, não discutindo as questões que envolvem o ‘mundo’ do crime. Esse recorte impede uma visão, em sua totalidade, das questões que envolvem o ambiente da cidade do Rio de Janeiro. Diante disso, uma análise mais social

do filme é necessária, pois só assim será possível utilizá-lo em uma perspectiva crítica

para o ensino de Educação Ambiental, uma vez que esta visão tem o papel de entender o ambiente em sua totalidade, ou seja, inclui as questões políticas, éticas, culturais e sociais que o envolvem e, assim, contribuir para o despertar de uma visão crítica das questões ambientais. Portanto, a Educação Ambiental, vista nesta perspectiva, deve estar presente e articulada com todos os níveis de educação brasileira, de modo que permita retratar a relação entre as pessoas e o ambiente por meio de uma crítica à ordem social vigente baseada no modo de produção capitalista o qual reproduz uma sociedade injusta, desigual e que não está preocupada com as questões sociais que permeia as questões ambientais. Palavras-chave: Cinema e Ensino. Educação Ambiental. Filme Rio.

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SESSÃO 4 DEBATEDOR(A): MARTA KANASHIRO E SIMONE PALLONE DE FIGUEIREDO

Contribuições ao estudo da gestão do conhecimento e da colaboração universidade-empresa-governo: proposição conceitual e estudo de

casos em Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia no Brasil

Suzana Xavier Ribeiro19

Marcelo Seido Nagano20 Universidade de São Paulo

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo investigar como a gestão do conhecimento

e a colaboração universidade-empresa-governo – incluindo as três hélices – se relacionam influenciando o desempenho das organizações. Como principal contribuição, foi proposto um modelo analítico que relaciona as teorias da Gestão do Conhecimento e da Tripla Hélice e as dimensões propostas (que são a estrutural, a relacional, a cognitiva e o contexto), considerando as particularidades do contexto brasileiro. O processo de gestão e criação de conhecimento deve ocorrer a partir da transformação do conhecimento tácito em explícito por meio de um processo de

interação dinâmica entre eles e que gera a criação de conhecimento organizacional. A conversão de conhecimento (modelo SECI) acontece em quadro modos: do conhecimento tácito para o tácito – socialização; do conhecimento tácito para o explícito – externalização; do conhecimento explícito para explícito – combinação; e do conhecimento explícito para o tácito – internalização (NONAKA; TAKEUCHI, 1995).

O conhecimento tácito é altamente pessoal e refere-se a habilidades técnicas, know-how, experiências, valores e a forma como percebemos o mundo, o que o torna difícil de ser formalizado e comunicado. Por sua vez, o explícito pode ser armazenado em documentos, manuais, banco de dados e outras mídias; por ser formal e sistemático, pode ser facilmente comunicado e compartilhado. O modelo da Tripla Hélice caracteriza-se pelas inter-relações entre universidade-empresa-governo (público e privado), considerando esse tipo de colaboração como fundamental para a criação de

um ambiente propício à inovação e à geração e à difusão do conhecimento fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. Essa teoria defende a interação efetiva entre as funções dessas três esferas por meio da criação de redes de comunicação e de difusão do conhecimento, bem como de um ambiente que estimule a inovação e, dessa forma, o desenvolvimento econômico e social (ETZKOWITZ, 2003; LEYDESDORFF; MEYER, 2006; ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000). No ambiente

19 E-mail: [email protected] 20 E-mail: [email protected]

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competitivo contemporâneo, a capacidade de as organizações criarem e utilizarem o conhecimento torna-se cada vez mais fundamental para a busca da vantagem competitiva sustentável, o que leva inclusive à busca de novas formas de arranjos interorganizacionais. A escolha do tema se justifica pela escassez de pesquisas empíricas que relacionem os tópicos de gestão do conhecimento e de colaboração universidade-empresa-governo de forma integrada com foco no contexto brasileiro, visando melhorar o processo de transferência de conhecimento e de tecnologia e contribuir para a inovação e para o desenvolvimento de nosso país. Os representantes desse tipo de colaboração selecionados para compor o estudo são Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). As evidências empíricas são baseadas em documentos

ou materiais (fontes secundárias) e em entrevistas semi-estruturadas (fontes primárias) feitas com os 12 coordenadores dos Institutos, seis representantes de empresas parceiras e três representantes do governo e agências de fomento. Como técnica qualitativa de análise de dados foi utilizada a análise de conteúdo categorial. Os principais resultados mostram que a estrutura organizacional (estrutural) influencia tanto o relacionamento entre os integrantes (relacional) quanto o fluxo de conhecimento (cognitiva), bem como os elementos relacionais (cultura colaborativa, confiança e liderança) facilitam o compartilhamento de conhecimento. Além disso, o contexto afeta essas três outras dimensões. A participação em um programa como o INCT permite criar um ba virtual (contexto organizacional dinâmico, interativo e compartilhado nos processos de criação, disseminação e utilização do conhecimento) que facilita a interação e a troca de conhecimento entre as esferas universidade,

empresa e governo, diminuindo a distância cognitiva. Essa colaboração permite criar

redes de comunicação e difusão de conhecimento estimulando a inovação e o desenvolvimento econômico e social. Como principais barreiras no processo de transferência de conhecimento são identificadas as diferenças culturais entre universidade e empresa, a burocracia e a realidade socioeconômica, e como facilitadores a presença de parques tecnológicos e incubadoras, a proximidade geográfica entre universidade e empresa e os incentivos governamentais. Palavras-chave: Gestão do conhecimento. Colaboração universidade-empresa-governo. Transferência de conhecimento e de tecnologia. Redes de comunicação.

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Difusão, comunicação e financiamento: uma análise da participação da Unicamp no PROEXT

Marília Cintra21

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O presente estudo trata do Programa de Extensão Universitária (PROEXT), instituído pelo Governo Federal a partir do decreto nº 6.495 de 30 de junho de 2008. O Programa tem sua origem a partir da articulação entre o Fórum de Pró-Reitores de Extensão (FORPROEX) e o Departamento de Políticas de Ensino Superior

(DEPES/SESu/MEC), tendo por objetivo apoiar e fomentar as ações de Extensão, sejam elas projetos ou programas que contribuam para o fortalecimento de políticas públicas, estes executados nas Instituições Públicas de Ensino Superior. Nesse sentido, tomamos como base os objetivos, bem como as diretrizes presentes no Plano Nacional de Extensão Universitária de 2012, o qual apresenta a Extensão Universitária como um espaço de formação e qualificação profissional que propicia o desenvolvimento social e o espírito crítico nas/nos estudantes, bem como a atuação profissional pautada na cidadania. Isto posto, objetivou-se analisar quantitativamente a participação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nas edições de seleção do PROEXT. Sendo assim, procurou-se mensurar o valor total de repasse para fomentar as ações de extensão desta universidade, bem como observar não apenas o seu índice de

aprovação, mas também sua distribuição por suas Faculdades e Institutos. Relacionou-se ainda os resultados obtidos acima com os estudos existentes relativos a Extensão Universitária, visando problematizar a noção de Trabalho Social Útil (MELLO NETO, 2001) e Comunicação (FREIRE,1983). A Extensão Universitária nesse aspecto se apresenta como um elemento que se localiza dentro de uma estrutura que por vezes é

vista como promotora da reprodução de uma lógica hegemônica, sendo assim, conforme apresentado por Mello (2002), ela é um espaço de resistência. Considerando que as atividades de extensão, assim como as demais linhas de atuação da Universidade - Ensino e Pesquisa -, necessitam de fomento para que suas atividades possam ser viáveis, compreendemos a importância de analisarmos as políticas públicas de fomento à Extensão Universitária de caráter federal, no caso especificamente ao PROEXT, visto a necessidade de mensurarmos os impactos deste

junto à referida universidade. No que se refere ao aparato teórico utilizou-se a obra Extensão ou Comunicação? de Paulo Freire (1983), uma vez que nesta o autor nos apresenta o debate sobre a Extensão Universitária, sustentando a crítica ao termo (extensão). Freire (1983) defendia que o termo não explicita, em suas possíveis

variações de análise, o “retorno” desta atividade, no sentido da chamada “via de mão dupla” entre a Universidade e a Comunidade. Freire (1983) sugere, ainda, a adesão ao termo “comunicação”, por compreender que este nos remete ao sentido mais dialógico

21 [email protected]

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no qual deveria estar centrada a prática extensionista. Neste aspecto, o professor Mello Neto (2002) salienta que “Extensão também é expressão de relações processuais, contudo não é essa relação em si mesma” (MELLO, 2002, p. 52). Isto posto, o autor inicia sua concepção acerca da Extensão Universitária com o que ele chama de “Trabalho Social Útil” (MELLO, 2002). A elaboração deste conceito se apresenta como base de sustentação para delimitar quais são as funções e objetivos da Extensão, visto que, dentro deste desenho, esta passa a possuir uma lógica de utilidade específica, que prevê uma relação permanente entre a universidade e a sociedade, relação esta que possui um caráter educativo, cultural e científico, porém comprometido com a construção de uma nova hegemonia. Diante disso, a escolha do desenho do estudo,

técnicas de coleta de dados e métodos de análise se direcionaram para compreender de forma inteligível as iniciativas propostas por esta universidade em pleitear a contemplação no conjunto das edições do PROEXT, configurando-se, assim, como um estudo de caráter quantitativo. A pesquisa documental permitiu identificar o perfil institucional da Extensão Universitária através da leitura das leis e decretos, atendo-se, principalmente, aos editais (2010, 2011, 2013, 2014, 2015 e 2016), bem como aos seus respectivos resultados publicados. Até o presente momento verificou-se a participação da Unicamp em todas as edições do PROEXT, tendo um total de 45 propostas submetidas, das quais 14 foram aprovadas e contempladas com recursos. No conjunto das propostas submetidas na modalidade “projeto”, tiveram 25% de aprovação, já na modalidade “programa”, obtiveram 44,4%. Verificou-se ainda que as propostas se concentram, em sua maioria, nas linhas de “Educação” e “Geração de

trabalho e renda por meio de empreendimentos econômicos solidários”, contemplando

respectivamente 24,4% e 17,1% das submissões. Averiguou-se a Faculdade de Educação e o Instituto de Economia como as unidades com os maiores índices de propostas submetidas, tendo respectivamente 15,6% e 11% do total. Por fim, verificou-se que o acumulado dos convênios firmados entre a Unicamp e o governo federal por meio do PROEXT em todas as suas edições somou a importância de R$1.496.178,56.

Palavras-chave: Comunicação. Extensão. Financiamento. PROEXT. Universidade.

Comunicação científica em interface digital: avaliação da usabilidade do portal de periódicos científicos da Unicamp

Paula Corrêa Pereira22

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: As universidades públicas são as instituições que mais de produzem pesquisa no país. A produção científica dessas instituições vem acompanhada de uma

22 E-mail:. [email protected]

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preocupação cada vez mais constante: a de divulgar o resultado de suas pesquisas com demais pesquisadores e também com a sociedade. O periódico cientifico é um dos produtos desenvolvidos pelas universidades para divulgar o resultado de pesquisas, ensaios, resenhas e artigos de revisão teórica acerca de um determinado assunto. O periódico científico eletrônico é um dos canais preferenciais por parte da comunidade científica por se tratar de um canal ágil, atualizado e com interação simultânea ao documento. Quando organizados em um único site da instituição, esse sistema é denominado “portal de periódicos científicos” e serve como agregador e índice, com o objetivo de ajudar os pesquisadores a encontrarem informações específicas acerca de autores, títulos e temas, disponibilizando informações para seus usuários com rapidez

e facilidade de busca e acesso. Do total de universidades públicas (estudais e federais) do país, 82% delas apresentam um portal de periódicos científicos; variando na forma como são estruturados e quanto aos demais serviços prestados nesses sistemas. A interação dos usuários com os portais se dá pelas interfaces digitais e estas devem prover uma boa usabilidade do sistema projetado. A usabilidade pode ser compreendida, entre outras formas, como um atributo de qualidade relacionado ao uso de algo, à rapidez com que usuários aprendem uma ação, à eficiência durante o uso, à capacidade de memorização deste uso, ao grau de compreensão de erros desses usuários e à qualidade da experiência de uso da mesma. Um dos principais autores mencionados neste estudo é Jakob Nielsen, um dos pioneiros nos estudos de usabilidade de interfaces digitais. A questão central que motiva este projeto é entender como a avaliação da usabilidade da interface de um portal de periódicos eletrônicos

científicos influencia a qualidade de acesso e recuperação de informações. Assim, este

trabalho se apresenta como um estudo de caso sobre a usabilidade do Portal de Periódicos Eletrônicos Científicos (PPEC) da Universidade Estadual de Campinas, inaugurado em dezembro de 2015. O objetivo principal deste projeto é avaliar a usabilidade da interface deste portal e os objetivos específicos são: mapear os problemas de usabilidade da interface deste sistema, propor soluções para melhoria do mesmo, sugerir um método de avaliação de usabilidade que possa ser aplicado a demais portais de periódicos científicos acadêmicos e identificar os serviços e ferramentas que devem ser oferecidos aos usuários de um portal de periódicos científicos. A avaliação da interface será avaliada por meio de um método empírico (Teste de Usabilidade com Pensar Alto), no qual os usuários representativos do sistema realizarão uma série de tarefas condizentes com suas necessidades de estudo ou

trabalho, narrando seus pensamentos em voz alta, enquanto o moderador toma nota de suas observações feitas durante a avaliação. Também será aplicado um método de inspeção - que não envolve usuários - denominado Avaliação Heurística, na qual o avaliador inspeciona o site com base em um conjunto de heurísticas ou princípios de um sistema Web a fim de detectar problemas de usabilidade na interface do usuário. A pesquisa é mista, pois na fase de compreensão do problema serão utilizados dados quantitativos fornecidos pelo Google Analytics e na avaliação da usabilidade, o método é qualitativo, visto que os dados serão analisados indutivamente pelos avaliadores.

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Espera-se que os resultados desta pesquisa apontem possíveis melhorias da interface do portal PPEC a fim de melhor satisfazer seus usuários. Em um aspecto mais amplo, este projeto visa contribuir para as discussões e metodologias aplicadas na avaliação de portais de periódicos eletrônicos científicos de outras instituições e assim colaborar para o avanço da área da comunicação científica. Palavras-chave: Portal de periódicos científicos. Interface. Usabilidade. Avaliação de usabilidade.

(Re)pensando os big data: a crítica dos ECTS à noção instrumental dos dados

Guilherme Cavalcante Silva23

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Esta pesquisa investiga, no contexto da emergência dos big data, uma certa insistência, por parte de teóricos que investigam os big data, de lidar com dados como instrumentos a serviço de um sujeito ou como uma força natural a ser controlada (PUSCHMANN; BURGESS, 2014). O uso do termo big data cresceu exponencialmente a partir do fim do século 20, se relacionando com questões que tangem a capacidade

de armazenamento e interpretação de dados por parte de cientistas da computação e engenheiros. Todavia, a partir da última década, os big data passaram a ocupar um papel abrangente, ao menos nos discursos de veículos midiáticos e publicações científicas, para além da área computacional, alcançando questões políticas, econômicas e sociais de primeiro plano. É comum neste caso se referir aos big data

como a instauração de uma nova era, capaz de romper com antigas molduras de pensamento, ética e crenças (KITCHIN, 2014). Nesta conjuntura, se percebe um regresso a uma certa fé na objetividade dos algoritmos e dos dados, como sendo capazes de apresentar fatos objetivos, de trazer à luz a realidade tal como é (BOYD; CRAWFORD, 2012). Com relação ao mito da neutralidade e a associação dos dados como sendo instrumentos inanimados, destituídos de materialidade e medialidade, argumenta-se, há uma crítica consolidada por parte dos teóricos dos Estudos em

Ciência, Tecnologia e Sociedade (ECTS), que, desde os anos 80, vêm rebatendo noções como estas no contexto das ciências (LATOUR, 2001; 2013; 2014) (LEMOS, 2013) (PICKERING, 1992). O objetivo deste trabalho é (re)apresentar as críticas por parte dos ECTS, desta vez sob o prisma da noção instrumental dos dados, bem como analisar

as implicações destas críticas para se pensar os big data na contemporaneidade. Esta análise, primeiramente, busca compreender as estruturas metodológicas e temas dominantes que perpassam os discursos sobre os big data, bem como a presença, em

23 [email protected]

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algumas das abordagens acerca destes, de tratativas que lidem com dados e algoritmos como sendo instrumentos neutros e formas objetivas de lidar com o real. Depois disso, procura apresentar as críticas dos teóricos dos ECTS à noção de neutralidade e instrumentalidade das coisas, atualizando as discussões e trazendo a problemática dos dados nas circunstâncias dos big data. Por fim, a pesquisa visa avaliar as implicações das críticas dos ECTS para se pensar a emergência dos big data. A pesquisa se justifica ante a escassez de trabalhos teóricos, especialmente no contexto brasileiro, acerca dos big data. Em todo o país, não existem ainda eventos acadêmicos voltados especificamente para a investigação dos big data, bem como publicações acadêmicas. Globalmente, existem apenas quatro revistas científicas [Big Data; Big Data Research;

Big Data & Society; Journal of Big Data] que propõem lidar de modo exclusivo com questões relacionadas aos big data, todas com menos de cinco anos de existência. Portanto, a pesquisa objetiva também colaborar com material bibliográfico que permita explorar os big data em relação a autores e tópicos ainda pouco explorados. Por ser uma pesquisa cuja natureza envolve a reflexão e análise de ideias e pressupostos teóricos, a estratégia metodológica para alcançar os objetivos propostos está baseada em revisão bibliográfica: [1] de artigos publicados nas publicações mencionadas acima e/ou de autores que apresentam uma visão geral sobre os big data, permitindo assim entender melhor as estruturas e discursos contidos na emergência dos big data (e.g. CRAWFORD et al., 2014; GITELMAN, 2013; JIN et al., 2015); [2] de autores dos ECTS, com foco em alguns de seus principais proponentes, como Bruno Latour e Andrew Pickering. Como a pesquisa está em fase inicial, se espera, ao seu

término, propor os ECTS como uma via importante para se pensar e questionar os big

data. Palavras-chave: Big Data. Estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Neutralidade. Dados. Noção instrumental.

Complexidades tecnológicas e mediações hipermidiáticas: elaboração de um texto por meio do reconhecimento de voz

Felipe Parra24

Universidade de Sorocaba

RESUMO: O presente texto apresenta uma leitura crítico-reflexiva a respeito do reconhecimento de voz utilizado como opção de interação com as tecnologias emergentes na contemporaneidade. Trata-se de um dispositivo tecnológico desenvolvido que procura tornar o acesso ao ciberespaço mais natural e/ou intuitivo para o ser humano. Dessa maneira, tenta-se verificar as atualizações nas formas de

24 [email protected]

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acesso ao ambiente digital a partir da referida inovação tecnológica. Em outras palavras, este artigo científico se concentra em tentar verificar a eficácia dessa forma alternativa de contato com os aparatos tecnológicos e o possível desenvolvimento de novas práticas socioculturais a partir desse vínculo. Sendo assim, elaboram-se conceitos sustentados por experiência e subjetividade com as tecnologias emergentes. Ao experienciar as novas formas de interação com o ambiente digital, adota-se uma postura propositiva de pesquisa-vida (MIRANDA, 2013), perante uma investigação científica. A ideia sugere um posicionamento crítico-reflexivo em que o/a pesquisador/a permite-se afetar pelo que estuda, ao revelar nuances presentes no cotidiano. Dessa maneira, se é pesquisador/a em período integral. Essa atitude fornece

uma visão privilegiada do cenário em questão: a do observador imerso no contexto em que estuda. Para aplicar essa lógica ao estudo, busca-se testar tal recurso tecnológico na tentativa de averiguar possíveis potencialidades e/ou dificuldades oferecidas por esses softwares. Em específico, tenta-se usar o reconhecimento de voz disponibilizado no smatrphone Iphone 5s para redigir este artigo científico sem o auxílio do teclado convencional. Justifica-se este estudo ao verificar a popularidade adquirida por essa solução tecnológica no cotidiano contemporâneo. Nota-se que, quanto mais os dispositivos móveis se adaptam ao corpo humano, mais as mensagens adquirem características visuais e sonoras. Nesse sentido, a comunicação digital baseia-se em textos curtos, gravações de áudio, fotos, gravuras e ícones. O percurso metodológico aqui está dividido em três etapas: observar, descrever e discutir, em uma abordagem qualitativa, respectivos sujeitos, objetos e contextos que envolvem a temática proposta.

Ao longo do trabalho, foram elencadas três categorias: complexidades tecnológicas e

interfaces, delineia ideias acerca dos componentes necessários para que a interação com as tecnologias emergentes seja possível e as interfaces que mediam tal contato; mediações hipermidiáticas, aborda questões socioculturais que permeiam o vínculo entre sujeito contemporâneo com as máquinas; noções sobre o reconhecimento de voz, descreve e discute as diferenças entre os termos comado de voz, reconhecimento de voz e compreensão de voz, a utilização da fala para elaborar este texto e as possíveis facilidades e/ou contratempos que aparecem ao longo desta atividade. Tais categorias discursivas utilizam os estudos contemporâneos (GARCIA, 2015; PARRA, 2016) como eixo teórico-metodológico. A proposta multidisciplinar sugerida desenvolve e relaciona ideias, noções, impressões e conceitos entre estudos culturais (BHABHA, 2013; EAGLETON, 2016; GUMBRECHT, 1999, 2010; MARTÍN-BARBERO, 2013) e tecnologias

emergentes (ASCOTT, 2010; LEÃO, 1999; MANDUCA, 2016, 2017; MARTINO, 2014; SIMON; GONÇALVES, 2010; VASSÃO, 2010). Eminentemente, os estudos contemporâneos se guiam pelas sensações obtidas por meio de impressões obtidas com experimentação. Esse processo visa destacar elementos quase imperceptíveis que aparecem do contato entre elementos humanos e tecnológicos. A utilização da percepção fornece ao(à) pesquisador(a) a oportunidade de pensar sobre como se estabelecem essas relações no cotidiano atual. Assim, busca-se suturar conceitos fracionados na tentativa de pontuar determinados princípios. Esses pensamentos

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interligados auxiliam a considerar aspectos encontrados no plano vivido, como diversidade cultural, cibercultura, conectividade, mobilidade, interação etc. As resultantes desta investigação científica mostram que a interface disponibilizada pelo smartphone Iphone 5s responde de forma dinâmica aos comandos de voz. Porém os resultados obtidos estão abaixo da expectativa devido ao fato de nomes próprios e sinais de pontuação nem sempre serem reconhecidos pelo sistema. Essa constatação inviabiliza a elaboração de um artigo científico por meio do programa. Talvez a carência de atualizações do reconhecimento de voz para a língua portuguesa seja o motivo da dificuldade em elaborar um texto formal nesse idioma.

Palavras-chave: Comunicação contemporânea. Cultura digital. Complexidades tecnológicas. Mediações hipermidiáticas. Reconhecimento de voz.

SESSÃO 5 DEBATEDOR(A): SANDRO TONSO

Um diálogo entre o curta-metragem Abuela Grillo e as questões ambientais, éticas, políticas, sociais e culturais

Camila Oliveira Lourenço25

Julia Amorim Monteiro26

Antonio Fernandes Nascimento Junior3

Universidade Federal de Lavras

RESUMO: O objetivo do trabalho é identificar o diálogo do curta-metragem Abuela Grillo com as questões ambientais, éticas, políticas, sociais e culturais. O curta foi produzido na Dinamarca por oito animadores bolivianos, lançado no ano de 2009, sob direção de Denis Chapon. Ele é baseado em uma lenda indígena, contada milenarmente pelo povo Ayoreo da Bolívia e aborda a história de uma avó representada por um grilo chamada Direjná. Ela era dona da água e por todo lugar que passava cantando com amor a água brotava. Certo dia, a avó cantou e fez inundar um rio, seus netos ficaram bravos e a agrediram. Ela então ficou triste e foi para a cidade. Lá ela foi enganada por

empresários que a exploram fazendo com que ela cantasse para engarrafar a água e vendê-la. Como ela não estava cantando na comunidade, ocorre uma seca que destrói as formas de subsistência da população indígena. O neto então foi à cidade em busca de água e encontrou sua avó sendo explorada, e por isso, voltou à comunidade em busca de ajuda para liberta-la. Dito isso, o trabalho se justifica por permitir a

25 [email protected] 26 [email protected] 3 [email protected]

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divulgação de aspectos que permeiam as questões ambientais e sua relação com a sociedade. Essa característica pode ser identificada por meio do curta-metragem que possibilita a compreensão do cinema como meio dialógico das questões ambientais, éticas, políticas, sociais e culturais, proporcionando aos indivíduos uma compreensão ampla da realidade em que estão inseridos. O cinema é um meio de comunicação que está imerso na indústria cultural e, por isso, na maioria das vezes, propaga ideologias que representam o sistema capitalista. Neste sentido, é necessário que se faça uma análise crítica e dialética dos recursos audiovisuais para que estes possam contribuir na politização dos indivíduos e na desmistificação das ideologias dominantes (KLAMMER E COLABORADORES, 2006). Além disso, é uma ferramenta que se

configura não só como produção humana, expressando crenças, valores e comportamentos éticos, mas também como elemento que faz parte da constituição humana e assim se torna importante na construção de indivíduos autônomos e atores sociais (LOUREIRO, 2008). Nesta perspectiva, Abuela Grillo nos permite identificar uma visão de sociedade que se difere da sociedade dominante, nos proporcionando uma reflexão sobre o sistema econômico em que estamos inseridos, a exploração humana que se define neste tipo de sistema, a desvalorização da cultura originária, a apropriação da natureza e os problemas ambientais acarretados. Para a análise dessa linguagem cinematográfica nos debruçamos sobre a metodologia de pesquisa qualitativa. É possível perceber no filme a mercantilização da natureza e há muito tempo a natureza se constituía como parte do ser humano (MARX, 1981), pois este vinha e pertencia à ela, porém a partir do momento que o homem passa a ser expulso de

seu território, com a apropriação de suas terras, a natureza passa a ser entendida como algo

exterior ao humano e dessa forma, a natureza torna-se passível de ser dominada e explorada.

Com isso, a água, antes disponível livremente para a sobrevivência da tribo, passa a ser comercializada de forma que os empresários exploram o recurso natural com intuito de obter cada vez mais lucro e assim à água se torna escassa para a população nativa. A mercantilização dos recursos naturais é uma característica presente no sistema econômico capitalista e a partir de elementos da animação é possível afirmar como este sistema gera consequências na vida da população menos favorecida economicamente. Pensando nesta questão, podemos perceber no curta-metragem que

a população indígena sobrevive por meio da agricultura e pecuária familiar, porém a falta de água na região dificultou a produção de alimentos, fazendo com que a população percebesse que o recurso que antes os pertencia, agora foi apropriado por

indivíduos que detinham o poder econômico. Assim, tomam consciência de que não necessitavam pagar pela água e lutam pelo seu direito. Isso pode ser identificado na cena em que a população se une para libertar a avó que, representa a presença do recurso na comunidade, e nos faz perceber a força do povo para com as causas sociais. Portanto, as diferenças de classes sociais presentes na animação levam ao surgimento de problemáticas ambientais que permitem aos personagens lutarem por seus interesses, e para que a luta pela apropriação do recurso natural seja efetiva é necessário considerar as questões sociais e culturais que permeiam o ambiente afim

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de que o indivíduo se reconheça como parte fundamental que compõe a natureza em que está inserido. Palavras-chave: Diálogo. Cinema. Curta-metragem. Povo Ayoreo. Cultura Indígena.

Um diálogo entre o curta Águas de Romanza e as questões socioambientais

Paulo Antônio de Oliveira Temoteo27

Andressa Aparecida Castro28 Antonio Fernandes Nascimento Junior29

Universidade Federal de Lavras

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar e discutir as potencialidades que o curta-metragem cearense Águas de Romanza (2002), baseado no conto homônimo de Eugênio Leandro, pode expressar em diferentes aspectos das práticas sociais que incluem a ciência, o ser humano e o meio ambiente na perspectiva da Marxista Educação Ambiental Crítica. Tal trabalho se justifica devido a importância de os sujeitos compreenderem seu contexto em diversos âmbitos para que eles possam ter práticas sociais autônomas (SAVIANI, 2012). Nesse sentido, o cinema vem a ser um meio para que se alcance tal autonomia. Este meio pode ser entendido, muitas vezes,

puramente como arte, mas ele diz respeito a um processo social que envolve vários sujeitos: artistas, investidores, distribuidores, dentre vários outros até finalmente chegar ao público este último, muitas vezes, selecionado (BERNARDET, 1980). Nessa perspectiva, o cinema, sendo fruto de relações sociais, expressará também as contradições dessas relações, estas se darão nos diversos âmbitos da sociedade civil como na cultura, política, economia, ciência e meio ambiente. Entendendo o meio ambiente a partir da Teoria Marxista da Educação Ambiental Crítica que não se resume ao sentido naturalista, mas como lugar onde o ser humano (re)constrói as condições

de sua existência (TOZONI-REIS, 2005). O curta de 15 minutos Águas de Romanza, dirigido por Glaucia Soares, Patrícia Baía conta a história de Romanza, uma menina de seis anos de idade do sertão nordestino que nunca viu a chuva, e sua avó idosa e doente que buscando realizar o sonho da criança de ver a chuva, contará com a ajuda de um

caixeiro viajante para realizar esse sonho de uma maneira inusitada. Nessa perspectiva, realizando uma análise qualitativa do curta metragem, que se propõe a compreender seus significados, sentidos, representações, intencionalidades (DEMO, 1998) - elencamos três aspectos de destaque do filme que se relacionam diretamente

27 [email protected] 28 [email protected] 29 [email protected]

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com o meio ambiente, de acordo com referencial teórico adotado. Tais aspectos são os tecnológicos, culturais e econômicos. O meio ambiente apresentado no curta, do ponto de vista natural, demonstra o sertão como um local de difícil manutenção de vida, o que também reflete nos desejos e aspirações dos personagens, como no sonho da criança de ver a chuva. Neste sentido, o ambiente assume um caráter crítico, seguindo a vertente da educação ambiental crítica, que é uma práxis social, a qual busca a transformação e emancipação do sujeito como um todo e não apenas de forma fragmentada (TOZONI-REIS, 2007). Esta abordagem será utilizada neste trabalho para compreender o sujeito e suas relações com a sociedade na qual está situado, juntamente com os aspectos tecnológicos, culturais e econômicos. A cultura pode ser

entendida como os conhecimentos, as crenças e as ideias de um povo (SANTOS, 1983). Podemos ver, desde o princípio, como a cultura permeia a vida dos personagens, seja pela religião, histórias contadas pela avó e pela linguagem dos mesmos. Os aspectos tecnológicos estão relacionados com o conhecimento que esse povo possui, o ambiente e o manejo do ambiente. No curta podemos ver dois tipos de tecnologia, o primeiro, rudimentar, se refere a semeadura realizada pelos familiares de Romanza, que se dá manualmente com a ajuda de animais e ferramentas básicas como um carrinho para abrir a terra. A segunda se refere a uma tecnologia de produção agrícola mais avançada que possibilita uma plantação em larga escala com a superação da necessidade chuvas para a irrigação, que se dá com o bombeamento da água. Assim, vemos que o meio ambiente está intimamente ligado a cultura, tecnologia e economia. Neste sentido, o curta nos permite levar algumas problematizações: Porque a família de Romanza não

tem acesso a tais tecnologias avançadas? Porque ela aparenta não possuir

conhecimento científico? Várias podem ser as respostas, mas a que diz respeito ao não domínio do poder econômico pela família de Romanza é o principal. Sem o capital não podem ter acesso a tecnologias, técnicas e todo o conhecimento científico que está aplicado a uma produção em larga escala. O atual modelo capitalista contribui para que a maioria das relações sociais se baseiem na forma de exploração, assim como no curta, pode-se perceber como é grande a desigualdade econômica em locais que são próximos (CHAUÍ, 1980). Nessa perspectiva, a compreensão do meio ambiente necessita ser entendida a partir da totalidade e não de maneira fragmentada, levando em conta os diversos aspectos tecnológicos, culturais, econômicos que permeiam as práticas sociais dos sujeitos (TREIN, 2012). Para tanto, a Educação Ambiental Crítica pode, a partir do cinema, promover diálogos que visem uma compreensão sistêmica e

crítica da realidade sendo o curta o Águas de Romanza um ótimo meio para tal. Palavras-chave: Educação Ambiental Crítica. Cinema. Meio Ambiente.

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As semeadoras de florestas: os processos de comunicação das mulheres coletoras da Rede de Sementes do Xingu

Alessandra Schwantes Marimon30

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Diante dos processos de colonização e desmatamento ocorridos ao longo dos anos no entorno do Território Indígena do Xingu (ISA, 2011), a Rede de Sementes do Xingu (RSX) surge da necessidade de desenvolver tecnologias de recuperação das áreas degradadas que pudessem ser adotadas pelo produtor rural e que aliassem redução de

custos, ganho ecológico e adaptação aos sistemas de produção (URZEDO et al., 2017). Assim foi criado um caminho para a semeadura direta, troca e comercialização de sementes de espécies nativas, transformando-se em uma fonte geradora de renda e uma maneira de valorizar as florestas. Em 10 anos de existência, a RSX já conta com mais de 400 coletores, entre indígenas, ribeirinhos, urbanos e agricultores familiares (RSX, 2017), distribuídos em 14 municípios da Bacia do Rio Xingu, nos estados de Mato Grosso e Pará, unidos em prol de conhecimentos locais, da conservação da biodiversidade, da qualidade de vida e do fortalecimento das relações sociais (URZEDO et al., 2017). A criação da rede foi pautada no conceito da “ética do cuidado”, em que a luta contra injustiças e a favor do desenvolvimento sustentável passa pela conquista de cada um em protagonizar sua emancipação (BOFF, 2005). O bem-estar é o resultado

desse processo no qual os êxitos supõem o crescimento pessoal, o fortalecimento das identidades comunitárias, de seus vínculos e da capacidade de responder aos desafios da inovação e do contato com diferentes grupos sociais (ABRAMOVAY, 2012). As mulheres coletoras detêm papel primordial nesse processo, atuando como as protagonistas de um trabalho ecológico que agrega famílias e comunidades, gera renda

e contribui para a formação de uma consciência ambiental, além de uma herança cultural a partir da preservação de conhecimentos. Nas comunidades indígenas elas compõem a totalidade dos coletores, participando tanto das etapas de planejamento quanto da liderança (URZEDO et al., 2017). O Movimento das Mulheres Yarang (MMY), do povo Ikpeng, é um dos grandes símbolos dessa resistência e do empoderamento feminino das coletoras do TIX e tem se destacado como uma iniciativa de sucesso. Também tem sido observado que onde as mulheres atuam como protagonistas na

produção, a renda tende a ser revertida para a família (ISA, 2017). Assim, pretendemos analisar de que forma os processos de Comunicação, Mobilização Social, Educação Ambiental e Educomunicação se entrelaçam nas vidas das mulheres coletoras da RSX, utilizando como base teorias próprias das Ciências Sociais. Pretendemos traçar um

perfil do universo de atuação das mulheres coletoras da RSX por meio dos diversos processos de participação, mobilização, transformação socioambiental e gestão entre elas e os demais atores. Além disso, a partir da contextualização do histórico, do perfil

30 E-mail: [email protected]

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e das ações da Rede, analisar as diversas ferramentas e estratégias de comunicação na produção e difusão dos conhecimentos, bem como nas relações sociais de cooperação, trabalho, gênero e conflitos. Apesar dos 10 anos de existência, as ações da Rede de Sementes do Xingu ainda permanecem pouco difundidas. Ao compreendermos parte do universo dessas mulheres, será possível divulgar e sugerir a adoção desses métodos a outras iniciativas, colaborando para uma luta de transformação socioambiental. Em uma sociedade dominada por homens e pela exploração desenfreada de recursos naturais, o papel das coletoras mostra-se relevante ao destacar a luta e a importância de seu trabalho e das relações de cooperação e de economia do cuidado. Apesar de serem maioria na coleta de sementes da rede, ainda não há nenhum estudo que aborde

as relações sociais dessas mulheres, muito menos partindo do âmbito dos processos de Comunicação. Assim, surge também a necessidade de inseri-las como protagonistas desses processos. Esse estudo tem ainda o potencial de dar voz, visibilidade e empoderamento às mulheres envolvidas, além de servir como instrumento para o compartilhamento e difusão de saberes. Um dos métodos que servirão de base é o Estudo de Caso, de caráter exploratório e descritivo. Ele é escolhido quando as questões “como” e “porquê” são inseridas, quando o investigador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco está nos fenômenos contemporâneos dentro do contexto da vida (YIN, 2010). Serão ouvidas 20 coletoras indígenas e 20 coletoras não-indígenas. ONGs, instituições, associações e coletores homens também serão entrevistados. As respostas serão organizadas em categorias e subcategorias, buscando compreender as características e estruturas que estão por trás das informações

disponibilizadas (BARDIN, 2011). A partir da aplicação dos métodos especificados,

pretendemos realizar uma pesquisa documental, que permitirá entender com clareza os temas relacionados à Comunicação das mulheres coletoras do TIX. Além disso, é esperado que a observação direta, a partir do acompanhamento de reuniões, oficinas e/ou da rotina de trabalho, contribua para uma maior conexão e vínculo com os atores, o que possibilitará uma melhor comunicação entre as partes envolvidas. Palavras-chave: Comunicação Ambiental. Educação Ambiental. Mobilização Social. Coletoras de Sementes. Empoderamento Feminino.

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Mulheres camponesas e seus quintais agroecológicos: diálogo de saberes em defesa da vida

Eliane Aparecida de Almeida Barros31

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Com foco na experiência do fortalecimento dos quintais produtivos agroecológicos, a pesquisa reflete sobre as práticas de produção e diálogo de saberes no Movimento de Mulheres Camponesas de Santa Catarina (MMC/SC). Com metodologias de base qualitativa, a pesquisa de campo consistiu em entrevistas em

profundidade com dirigentes do Movimento, observação participante em atividades junto à estadual de Santa Catarina e à articulação nacional (MMC Brasil), além de pesquisa documental (materiais produzidos pelo próprio Movimento, como revistas, folhetos, jornais, cartilhas etc.) e revisão bibliográfica. Com 35 anos de história, propostas e práticas emancipatórias, o MMC/SC traz reivindicações vinculadas tanto ao campo – direito e acesso à terra pela reforma agrária, a denúncia dos organismos geneticamente modificados (transgênicos), o resgate e a multiplicação de sementes crioulas, a soberania alimentar dos povos, a preservação da biodiversidade – como pautas historicamente trazidas pelo movimento feminista, como o fim da divisão sexual do trabalho, além do reconhecimento e valoração dos conhecimentos, do trabalho e renda gerada pelas mulheres. Como eixo central, o Movimento defende a

libertação das mulheres de qualquer tipo de opressão e discriminação, o que se concretiza nas lutas, na formação, na organização, e na implementação de experiências de resistência popular, nas quais as mulheres tenham autonomia e sejam protagonistas de sua história. Entre essas experiências, destacamos os quintais produtivos, defendidos pelo MMC/SC como uma prática de produção diversificada e

articulada ao projeto de agricultura camponesa, de base agroecológica e feminista, e que se concretiza em um pedaço de terra, normalmente próximo à casa, coordenado pela mulher, e que congrega horta, horto medicinal, jardins, estrutura para criação e reprodução de animais de pequeno porte, sistemas agroflorestais, cisterna para captação de água da chuva, processamento artesanal de derivados de leite, conservas, doces, sucos, confecção de artesanatos etc. Trata-se de um espaço de estudo e conhecimentos, pois faz-se necessário entender o solo, as plantas, saber a época certa

de plantar, acompanhar o desenvolvimento, a época de colher, bem como armazenar. Refletir sobre esses conhecimentos historicamente construídos pelas mulheres camponesas marcou o encontro dessa pesquisa com autoras(es) do campo das epistemologias feministas e do Sul (SHIVA, 1995, 2002; HARAWAY, 1995; HARDING,

1998; SARDENBERG, 2002; TAIT, 2014; GASPARETO, 2017; SANTOS, 2007). Apesar da invisibilidade, foi graças, sobretudo, a resistência das mulheres do campo, das águas e das florestas que foram preservadas toda uma biodiversidade de plantas e de raças

31 [email protected]

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crioulas de animais, além de conhecimentos sobre produção de alimentos saudáveis e de uso de plantas medicinais, fazendo com que esse patrimônio não se perdesse com o avanço do capitalismo no campo. Reflexão essa que vai ao encontro das propostas de Boaventura de Sousa Santos (2009) por uma “epistemologia do Sul” que supere a soberania epistêmica da ciência moderna e sua lógica dicotômica e excludente, e da valorização dos “conhecimentos situados” de Donna Haraway (1995), que reivindica a ciência como uma construção social e histórica, contingente e localizada, em oposição aos saberes universais. Na visão de Sousa (2009), essa superação seria possível no horizonte de uma “ecologia de saberes”, que parte do reconhecimento da diversidade epistemológica do mundo, promovendo o diálogo entre os diversos saberes. Haraway

(1995) defende que é preciso buscar a perspectiva desses pontos de vista que nunca podem ser conhecidos de antemão, e “que prometam alguma coisa extraordinária, isto é, conhecimento potente para a construção de mundos menos organizados por eixos de dominação. Olhar essas experiências coletivas contemporâneas do Sul nas suas potencialidades, como a do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), portanto, pode nos ajudar a ampliar as rotas do futuro (SOUSA, 2009). Palavras-chave: Movimento de Mulheres Camponesas. Agroecologia. Feminismo camponês.

A coleção do Museu Universitário da PUC-Campinas e os saberes acumulados entre grafismo, trançados e tramas

Mariela Soares de Souza Dias32 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A presente pesquisa tem por objetivo analisar, discutir e compreender os sentidos evidenciados pela cultura material indígena, salientando significativos aspectos de um elaborado sistema de linguagem. Calcada no viés da oralidade, a cultura indígena brasileira também evoca a representação de expressões corporais, bem como a técnica do grafismo em sua tradição. Para essa análise, selecionamos como objeto de pesquisa a coleção de etnologia incorporada ao acervo do Museu Universitário da PUC-Campinas. A demanda por estudos sobre a cultura material e

imaterial vem demonstrando temas potencialmente ricos, não somente para o debate e a reflexão dentro do meio acadêmico como também fora dele. Seja no meio social ou no âmbito íntimo do familiar, entre o público e o privado, estes objetos compreendem uma importante fonte de informação. Aqui destacamos o seu potencial imbricado pela imagem, o que envolve estética, técnica e linguagem. O crescente interesse por estudos vinculados à área museológica abrange preocupações como a análise do discurso (dos

32 [email protected]

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povos indígenas e sobre os povos indígenas). Essa corrente teórica embasará o debate acerca da memória, identidade e alteridade, importantes conceitos evocados nos museus, em particular nesta coleção que será objeto de estudo. Outra questão relevante percorre a prática do trabalho de campo desenvolvido por antropólogos, aliando o método etnográfico à descrição detalhada e às anotações gerais em elaborados diários de campo, além da coleta de materiais entre as etnias estudadas. A seleção de peças e a coleta de informações provenientes de expedições possibilitam a reflexão acerca da narrativa apresentada na formação de uma coleção. Este processo é organizado por inúmeras etapas. Mais precisamente, ao alcançar o status de objeto museal, é preciso compreender que o artefato encontra-se deslocado, fora do seu local

de origem, muitas vezes mediado pela interpretação de um sujeito fora da cultura de proveniência da peça. Pensar todas estas questões requer a leitura de referencial teórico, articulado com leituras sobre discussões conceituais propostas por estudiosos do tema, como Eni Orlandi, Bruno Latour, Eduardo Viveiros de Castro, Els Lagrou, Peter Burke e Ulpiano T. B. Meneses. Levando em consideração os cuidados destinados ao tratamento das peças museológicas, à luz da história cultural, propõe-se aqui uma pesquisa associada à interdisciplinaridade. A ciência e o conhecimento produzido por etnias indígenas precisam encontrar caminhos propícios para um diálogo concreto, aproximando o conhecimento tradicional aos vieses acadêmicos. Assim, perguntamos: é possível transmitir para o público o conhecimento tradicional do sistema de linguagem próprio da cultura indígena a partir do olhar do outro (o etnólogo que coleta, o museólogo que organiza e expõe)? Neste sentido, o museu cumpre essa

função? O que nos diz a coleção de etnologia da PUC-Campinas? Acreditamos que estas

peças do acervo, enquanto objeto de estudo, permitirão o acesso aos indícios de técnicas, saberes, histórias e o conhecimento indígena, que marginalizados pelo distanciamento na dinâmica da relação e interação entre o homem ocidental e o nativo, esteve fadado ao silêncio, à invisibilidade do outro. Todo um sistema de vida, representado pelo cotidiano, por hábitos alimentares, recursos medicinais, utensílios e equipamentos utilizados na caça e coleta podem recuperar um vasto e sofisticado conjunto de valores e saberes introduzidos na cultura indígena. Por fim, reforçamos a necessidade do aprofundamento nos estudos voltados para a presença e a produção de conhecimento dentro do universo da cultura indígena. Todavia, na medida em que a narrativa sobre os artefatos for sendo analisada, acreditamos que será possível recuperar dados sobre o modo de viver, as formas de expressão e o conjunto de crenças

enraizadas na relação espaço-temporal entre o homem e a natureza. Os museus compreendem um importante espaço para estudo e aprofundamento do conhecimento através da observação e estudo de suas coleções. Logo, compreendemos que o seu espaço não deve ser reduzido a simples locais de lazer e passatempo, o que limitaria demais todo o potencial educativo dos museus. Palavras-chave: Divulgação científica. Cultura indígena. Museu etnológico.

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SESSÃO 6 DEBATEDOR(A): DANIELA MANICA

Ocupar e redigir: a ocupação e resistência nas redes sociais como ampliação da luta por moradia e justiça social - o caso do MTST

Francis Paula Correa Duarte33

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST

RESUMO: É notório que os movimentos sociais são articulações da sociedade civil constituídas por segmentos da população que se reconhecem como portadores de direitos, mas que ainda não são efetivados na prática. Os movimentos de base popular

organizam-se em sua própria dinâmica de ação e se validam como forma de consolidação e legitimação social. São forças organizadas, conscientes e dispostas a lutar, artífices de primeira ordem para o processo transformação social devido à junção de fatores como liberdade consciência e união e atores sociais: pessoas, grupos religiosos, representações políticas e organizações para que mudanças possam vir a se concretizar. Assim, o processo de comunicação nesses movimentos tem por objetivo situar a questão do direito à comunicação enquanto dimensão dos direitos humanos. Faz-se necessária uma reflexão a respeito da comunicação construída neste universo

em seu processo educomunicativo, sobretudo, em bases freireanas, buscou-se que a comunicação popular e comunitária expressasse a rica diversidade de práticas para a ampliação do status da cidadania e rompendo padrões hegemônicos conservadores. O projeto objetivou discutir e ampliar a análise dos processos de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, como uma alternativa de visibilidade e dinamização de estratégias de elaboração escrita para o uso de redes sociais como Facebook e WhatsApp (rede social de mensagens). Almejou contribuir na ampliação do processo identitário e se mostrou relevante que, por meio das vivencias práticas das ações do movimento, foi reforçado o sujeito/militante como autor e ator de sua história social e indo além da ideia de mero repetidor de informações. Buscou-se potencializar a perspectiva da comunicação do movimento como fonte de consciência e transformação e, portanto, ir além dos “muros” de uma mídia hegemônica e

conservadora. O embasamento teórico foi pautado em perspectivas freireanas a respeito da educação e da comunicação comunitárias e associadas a autores como Manuel Castells em sua obra Redes de Indignação e Esperança. Castells (2000) enfatizou que as identidades (necessárias na articulação dos movimentos sociais) organizam significados e podem ser classificadas legitimadoras (introduzidas pelas instituições dominantes no intuito de manter a dominação), de resistência (criadas por

33 [email protected]

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atores que se sentem ameaçados pela estrutura de dominação, como por exemplo as gangues) e identidades de projeto (forjadas por atores para construir uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e transformar a estrutura social). Acrescentou-se, também, a necessidade da aproximação dos pressupostos básicos da educação libertadora em Paulo Freire aos da comunicação popular e comunitária e discutir sobre sua presença nos movimentos populares de forma a promover uma tentativa de democratização dos veículos e da cultura com o intuito de refletir sobre o ato de se libertar da condição de pensar com a cabeça das classes dominantes. Conforme relatado por Freire, numa de suas pesquisas, a fala de uma senhora que participava de um curso de alfabetização em Recife: “Quero aprender a

ler e a escrever para deixar de ser sombra dos outros” (Freire, 1981, p. 113). Essa senhora, mais tarde, percebeu que aprender a ler e a escrever, em si, não basta para que deixemos de ser sombra dos outros; é preciso muito mais. “Ler e escrever a palavra só nos fazem deixar de ser sombra dos outros quando, em relação dialética com a ‘leitura do mundo’, tem que ver com o que chamo de reescrita do mundo, com sua transformação” (Freire, 2000, p. 88). Nesse cenário, a comunicação popular, alternativa e comunitária – uma vez inserida em dinâmicas mais amplas de mobilização social – contribui para fomentar um processo de educação informal que favorece a conscientização, o desenvolvimento social e a ampliação da cidadania. Portanto, voltado para a transformação da realidade, pois contribui para a desalienação humana e para um novo conhecimento. Freire (1977, p. 67), diz que “não é possível compreender o pensamento fora de sua dupla função: cognoscitiva e

comunicativa”. Quanto à comunicação, para Freire, a coparticipação dos sujeitos do

ato de pensar se dá na comunicação. O objeto, por isso mesmo, não é a incidência terminativa do pensamento de um sujeito, mas o mediador da comunicação. “[...] O que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo [...]” (Freire, 1977, p. 66-67). Todo esse processo foi e é realizado por meio de formações coletivas em que tanto os formadores quanto os militantes realizam construções a partir das vivências nos acampamentos, a forma como informações são externadas para além das ocupações, a compreensão das possíveis manipulações das mídias tradicionais e a necessidade de rompimento para além do chamado “senso comum”. Destaca-se que esse processo de construção coletiva é constante assim como o nascimento de novas ocupações, chegada de novos acampados e as discussões sociais de nosso tempo e, portanto, os resultados mostram variações de acordo com as

particularidades dos grupos, embora apresentem aspectos positivos quanto ao uso e dinâmica das redes sociais para além da própria ocupação. Palavras-chave: MTST. Resistência. Comunicação. Redes Sociais.

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Nas ruas, redes e roçados: as TICs na comunicação popular da Marcha Mundial das Mulheres (2012-2015)

Fabiana de Oliveira Benedito34

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Este trabalho pretende investigar as práticas e formulações da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), no período que corresponde aos anos de 2012 a 2015, em relação à apropriação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para a construção da comunicação popular, a fim de compreender os mecanismos de

resistência das mulheres a um modelo de comunicação excludente e machista, tal qual temos no Brasil e na América Latina. Passadas quase cinco décadas desde que o feminismo, enquanto movimento político, assumiu o projeto de disputar a academia e a “política” de outro modo - apostando na teoria feminista e na crítica ao androcentrismo - os temas da comunicação e das TICs têm se revelado centrais para o conjunto de práticas feministas no Brasil e no mundo. Experiências plurais, difusas e até mesmo contraditórias evidenciam a necessidade de uma compreensão mais aberta e abrangente sobre o cenário. Se as feministas mais jovens, influenciadas pelo ciberfeminismo da década de 1990, acusam as feministas “tradicionais” de “tecnofóbicas” a partir de argumentos válidos, consideramos também que a prática “nas redes” assume parcialmente um grau de descolamento da mobilização “das ruas”

em alguns momentos históricos. A investigação que nos dispomos a fazer será realizada a partir de pesquisa bibliográfica, análise de conteúdo de ações da organização – dentre as quais está a participação da MMM na comunicação colaborativa da Cúpula dos Povos em 2012, o lançamento do novo blog da Marcha no mesmo ano, a formação do Coletivo de Comunicadoras da Marcha, criado durante o

9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, em 2013, a partir do que foi chamado de Convergência de Comunicação dos Movimentos Sociais, as 24 Horas de Solidariedade Feminista, realizadas em 2012 e 2015, e a 4º Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, realizada em 2015, além da observação do uso das redes digitais, tais como Facebook, Twitter, Youtube, Flickr e canal no Telegram - e entrevistas semiestruturadas com militantes desta organização, buscando correlacionar a crítica feminista às áreas centrais desta investigação: comunicação e

ciência e tecnologia - e as práticas da MMM. Como referências iniciais para este trabalho, utilizaremos as formulações sobre comunicação e comunicação popular de autoras como Aimée Montiel (2013), Cicilia Peruzzo (2002) e Raquel Paiva (2011); apontamentos sobre a era digital a partir de uma perspectiva de gênero, através do

trabalho de autoras como Diana Maffia (2013), Graciela Natansohn (2013), Ana de Miguel e Montserrat Boix (2013); e contribuições para crítica feminista à ciência e tecnologia, como as de Donna Haraway (1995), Sandra Harding (1993) e Cecilia

34 [email protected]

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Castaño (2005; 2010; 2011). Incorporaremos também a bibliografia sobre a Marcha Mundial das Mulheres e seu processo organizativo, entre elas, Renata Moreno (2016). A partir da conjunção entre estes saberes, esperamos conseguir apontar alguns desafios para a apropriação da ciência e tecnologia pelo movimento feminista e formular outras possibilidades para uma prática que possa integrar “redes, ruas e roçados”, como propõe um dos lemas da Marcha Mundial das Mulheres, na construção da comunicação popular e na luta feminista de maneira geral. Partimos da hipótese de que a apropriação das TICs é central para que este processo esteja integrado aos valores emancipatórios, em uma perspectiva feminista. “Nas ruas, redes e roçados” é uma síntese dos esforços realizados por este movimento para conectar a resistência

das mulheres e as alternativas protagonizadas por elas no enfrentamento à desigualdade. A realização do um pré-mapeamento do conteúdo a ser sistematizado e analisado para esta investigação nos mostra que este esforço, sobretudo as práticas referentes a ele, pode trazer contribuições fundamentais para pensar como a TICs estão inseridas neste projeto político e quais os desafios para que elas integrem, cada vez mais, a luta das mulheres. Palavras-chave: Feminismo. Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Marcha Mundial das Mulheres. Comunicação Popular.

Redes digitais, infraestruturas e feminismos: um olhar sobre processos de atualização de resistência em contexto de concentração

de poder e controle na Internet

Débora Prado de Oliveira35

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A expectativa de autonomia, descentralização e horizontalidade que marcou o início do debate sobre a Internet vem sendo confrontada por processos crescentes de concentração de poder e controle destinados a promover, prioritariamente, novas formas de monetização para a acumulação privada por grandes empresas e a vigilância por empresas e Estados, conforme vem demonstrando a literatura produzida no campo

acadêmico e ativista sobre o tema (GREENHALGH, 2014; HARAWAY, 1995; VICENTIN, 2016; STERLING, 2012; ZUBOFF, 2015). Essa expectativa foi confrontada ainda pela denúncia das desigualdades constituídas a partir de diferenças associadas aos corpos – sobretudo de gênero, raça e classe – que o legado teórico feminista (ALONSO, 2007; HARAWAY, 2003; NATANSOHN, 2013) ajuda a colocar em primeiro plano ao revelar a reprodução de padrões discriminatórios nas redes e apontar que os processos de controle e concentração de poder não irão impactar todas pessoas da mesma forma.

35 [email protected]

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Os trabalhos que analisam criticamente esses processos, porém, não buscam construir uma narrativa de determinismo tecnológico, mas sim compreender a emergência de novas formas de poder e apontar que serão necessárias também novas formas de análise e de ação política para resistência (HARAWAY, 1995). Nesse contexto, ao olhar para a atualização de formas de resistência, o objetivo deste trabalho é refletir sobre os sentidos mobilizados, as formulações e potências que emergem de articulações tecnopolíticas de coletivos de mulheres, pessoas não binárias, ciberfeministas e ciberativistas antirracistas em torno do debate sobre as infraestruturas pelas quais o imenso volume de dados digitais trafega globalmente e sua busca por alternativas a processos hegemônicos, em especial, pela constituição de redes autônomas e

comunitárias. Essa reflexão será construída a partir da união dos achados em pesquisa bibliográfica e documental e das experiências obtidas em pesquisa de campo realizada sob a perspectiva dos saberes localizados (HARAWAY, 1995), em que se busca identificar atuações políticas em contextos específicos, que produzem resistências e tensões múltiplas e complexas. Baseadas em paradigmas de abertura do design e de gestão coletiva para promover a conexão compartilhada à Internet ou constituir uma rede digital local, a constituição de redes autônomas e comunitárias vem sendo estimulada por diversas razões, como o desejo de busca por uma conexão à Internet em locais não cobertos e que não interessam economicamente às operadoras privadas e/ou a busca por autonomia e a possibilidade de constituição de um ambiente de rede local para trocas seguras entre a comunidade (VICENTIN, 2016). O impulso para a constituição de redes autônomas aparece na literatura mais conectado a movimentos

como o hacking, os movimentos de software livre, de mídia alternativa, de rádios

livres, de comunidades tradicionais e indígenas, quilombolas e de proteção do anonimato e da privacidade na rede (VICENTIN, 2017). Com o olhar feminista voltado ao debate sobre infraestruturas emergem também articulações tecnopolíticas de ativistas e coletivos de mulheres e pessoas não binárias, que já vinham historicamente se envolvendo com outras práticas de ciberativismo, em torno da agenda de redes autônomas e comunitárias, vistas como alternativa de resistência e de apropriação tecnológica. Esse envolvimento tem levado ao transbordamento de categorias e conceitos do campo feminista para o debate sobre tecnologias digitais e infraestruturas de rede – como o privilégio e predomínio masculino em algumas atividades ligadas à produção de tecnologias e, portanto, ao saber técnico; a denúncia de regimes de invisibilidade e da sua relação com a naturalização de desigualdades; a reivindicação

das noções de consentimento, autonomia e a demanda pelo reconhecimento da heterogeneidade de saberes e práticas. Para a atualização de resistências, a intersecção de agendas feministas e de infraestruturas autônomas traz um compromisso em compartilhar saberes e ampliar a apropriação tecnológica por grupos não hegemônicos. Ajuda ainda a delinear um desafio para o próprio campo ativista, no sentido de que não será possível fazer tecnologias livres e autônomas sem reconhecer e desmontar a hierarquização de vidas e corpos e os legados de estruturas colonialistas que contaminam nossos saberes e práticas.

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Palavras-chave: Internet. Redes digitais. Redes comunitárias. Ciberativismo. Feminismo.

SESSÃO 7 DEBATEDOR(A): MARCIA ROSA

CULT, revista (d)e cultura em fluxo: transbordar papéis, telas e

ideias para resistir na Era Digital

Beatriz Guimarães de Carvalho36

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Contrariando aqueles que prenunciam, há décadas, a morte do jornalismo impresso, Jenkins (2009, 2014) e Canclini (2015, 2016) defendem que os meios de comunicação tradicionais não estão sendo extintos pelos novos meios. Para eles, tradicional e novo coexistem, convergem e hibridizam-se. Exemplos disso são as revistas nativas impressas, criadas antes do boom digital, que hoje estão presentes tanto no papel como nas telas, condição mínima para resistirem no mercado editorial

contemporâneo. Nesse processo, surgem novos desafios e potencialidades que alteram a cadeia de produção e consumo dessas publicações de ponta a ponta: do modelo de negócio à circulação; da forma ao conteúdo; da escolha da pauta à construção do material, que agora é multimídia; e da composição da equipe editorial à interação com o leitor. Como uma revista – mídia marcada por textos longos, analíticos e perenes –

adequa-se a este cenário veloz e instantâneo? Como se sustenta numa época em que poucos estão dispostos a pagar para obter informação e conhecimento? É possível entrecruzar impresso e digital sem sacrificar a identidade e os valores de uma publicação já consolidada (BENETTI; STORCH, 2011)? No caminho até essas respostas, coloco em foco as revistas de cultura e, mais especificamente, a CULT – autoproclamada a mais longeva revista de cultura do Brasil (1997-atual) –, entendendo que essa categoria de publicações vivencia mudanças particulares na Era Digital,

principalmente devido à sua herança ensaística, reflexiva e combativa (CAMARGO, 2004), na vanguarda do pensamento crítico. Considero, também, o caráter independente – em termos editoriais e financeiros – que tem caminhado com as publicações culturais desde seus primórdios, visto que essas, muitas vezes, são frutos

de trabalhos coletivos, sem fins lucrativos, de artistas, escritores e intelectuais em geral (COHN, 2011). Assim, a partir do caso da CULT, busco compreender como se reconfigura e se hibridiza e como é produzida e sustentada uma revista de cultura,

36 E-mail: [email protected]

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nativa impressa, neste contexto da Era Digital. Procuro, ainda, observar se e como a identidade e os valores já consolidados pela revista modificam-se no decorrer desses processos, uma vez que a CULT anuncia-se como um espaço para o debate da cultura em sua complexidade e transversalidade – abrangendo arte, filosofia, política, literatura, ciências humanas e ativismos sociais –, trazendo longos artigos, reportagens, entrevistas e ensaios assinados por jornalistas e acadêmicos de diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido, questiono: revistas como a CULT são afetadas pela tendência à compactação e instantaneidade de conteúdos? Como manter aceso o interesse dos leitores e estimular que consumam uma revista de cultura de lenta digestão? De que maneira a CULT tem habitado os meios impresso e digital e como

esses interagem entre si? Observar essas camadas e dimensões pode contribuir para o entendimento dos processos de transformação do jornalismo de revista, do jornalismo cultural, do mercado de revistas e, por fim, das revistas de cultura na contemporaneidade, além de fornecer pistas sobre o futuro e a resistência dessas publicações. Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado em andamento. A pesquisa é qualitativa, ancorada nos Estudos Culturais (HALL, 2003), e se guia pelas estratégias de Estudo de Caso (YIN, 2003), adotando, para a coleta de materiais, técnicas de entrevistas em profundidade (DUARTE, 2005; MARCONI & LAKATOS, 2002), observação direta e participante (GIL, 2008; PERUZZO, 2005), e análise de conteúdo (BARDIN, 2011; FONSECA JÚNIOR, 2005). Tendo realizado entrevistas com os três editores de CULT – Daysi Bregantini, Welington Andrade e Amanda Massuela –, observação participante de uma reunião de pauta, observação direta de eventos no

Espaço Revista CULT – centro cultural mantido pela revista em São Paulo (SP) – e

análise preliminar dos conteúdos publicados por CULT entre 2010 e 2017, tanto em sua versão impressa como em seu portal e suas páginas em redes sociais, trago a este trabalho alguns resultados e considerações parciais. Verifico, por exemplo, que a revista atua em três frentes distintas: 1) meio impresso, com a publicação de edições mensais guiadas por um dossiê temático, além de entrevistas, reportagens, colunas e críticas literárias e teatrais que se preocupam em refletir o contemporâneo, mas não prendem-se a assuntos factuais; 2) meio digital, com alimentação diária do site e das redes sociais, incluindo notícias e artigos de opinião mais “quentes”, alinhados a acontecimentos e tendências do campo da cultura; e 3) encontros presenciais, abrangendo os debates, cursos e lançamentos de livros promovidos no Espaço Revista CULT e, ainda, congressos e simpósios organizados e co-organizados pela revista com

o objetivo de aumentar e fomentar seu público leitor. As três frentes operam em consonância e formam a identidade e a base de sustentação da CULT, que visa resistir – não apenas como veículo de comunicação, mas também como plataforma de profusão e disseminação da cultura e do pensamento crítico – perante as transformações e os desafios – econômicos, políticos, sociais – desta era. Palavras-chave: Jornalismo de revista. Revistas de cultura. Jornalismo cultural. Mercado editorial. Revista CULT.

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Profissão Repórter: um novo modelo de reportagem na televisão?

Joice Aparecida dos Santos37 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O programa televisivo Profissão Repórter da Rede Globo de Televisão, completou 10 anos (2006-2016), uma década de desafios, criatividade e inovação. Desde sua implantação, se propõe a apresentar um novo modelo de reportagem na TV, mostrando múltiplas facetas e ângulos da notícia, incluindo os bastidores. Dessa forma

possibilita ao telespectador uma visão mais ampla do conteúdo geral e do processo de produção e edição, exibindo, portanto, uma nova dinâmica de reportagem na TV aberta, que se distingue dos padrões tradicionais usuais. Os repórteres revelam suas emoções, como: medo, alegria, entusiasmo diante dos fatos, se deixam envolver com

os dramas das pessoas entrevistadas e em consequência disso, os telespectadores podem conhecer um lado delicado dos profissionais e se identificar com as histórias que são reportadas. Esta pesquisa, em andamento, examina o processo de produção, desde a pauta, apuração até a edição, observando suas características. Procura entender e refletir sobre a importância e valorização da reportagem na televisão para formação da opinião pública numa abordagem crítica e analítica. A metodologia utilizada é a da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011), numa perspectiva qualitativa e experimental. Recorre, ainda, ao Método Etnográfico, TRAVANCAS (2006) e MATEUS

(2015), para análise e prática de produção de pelo menos um programa e para acompanhar uma equipe de reportagem em ação. Além disso, também estão sendo feitas entrevistas com membros da equipe do programa, como idealizadores, diretores, produtores e repórteres. Inicialmente foi realizado um mapeamento geral dos 344 programas de 2006 a 2016 com o objetivo de identificar as diferentes temáticas apresentadas. Em seguida foram selecionados dez programas representativos de cada ano, com temas sociais diversos, nacionais e internacionais, incluindo o da estreia, por definir o tom editorial da proposta. Nesta pesquisa, será examinada a peculiar abordagem da reportagem na televisão pelo Programa Profissão Repórter, que difere em muitos aspectos, das tradicionais reportagens como nos jornalísticos televisivos: Globo Repórter e Fantástico, da Rede Globo; Domingo Espetacular e Câmera Record da Rede Record assim como do Conexão Repórter do SBT. A pesquisa inicial mostra que,

enquanto esses programas são pautados pela condução quase sempre de um único repórter, em função de um roteiro prévio, o Profissão Repórter conta com vários repórteres, alguns deles iniciantes, evidenciando não só a sua originalidade, mas também seu caráter educativo na formação desses jovens repórteres investigativos, sempre sob a orientação e o olhar atento do experiente jornalista Caco Barcellos. O programa é estruturado com a participação ativa dos envolvidos com o tema em debate

37 E-mail: [email protected]

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e em todo o processo de produção, com resultados singulares. Ter essa proposta como a principal filosofia e conduta de um programa é um desafio importante, que vai além de ouvir simplesmente o outro lado, como orientam os manuais de jornalismo. O Profissão Repórter foi idealizado pelos jornalistas Caco Barcellos e Marcel Souto Maior, que esteve na direção do programa até 2010. Desde então passou para a direção de Barcellos, que participa ativamente de todas as etapas de produção. O jornalístico tem espaço garantido na grade da emissora, sendo exibido semanalmente, às quartas-feiras, por volta das 23h30, com duração em média de 30 minutos. Para a edição de cada programa, a gravação bruta é de cerca de 25 horas. Nesta década, foram registradas sete mil horas de gravação, ou seja, nove meses de imagens brutas. Para a

realização dos programas, que não se limitaram a temas brasileiros, a equipe viajou para 41 países. Foram feitas grandes coberturas e uma característica do programa é de buscar pautas factuais, o que é comum nos telejornais diários, entretanto o Profissão Repórter sendo semanal procura ter esse perfil mais imediatista. O jornalista Caco Barcellos, repórter, apresentador e diretor, tem como lema apresentar a reportagem em seus diferentes enfoques, primando pelo estímulo permanente a novos desafios a sua equipe, seja pela curiosidade, apuração abrangente, sempre com o olhar e sensibilidade diante dos fatos. Palavras-chave: Comunicação. Jornalismo. Reportagem. Televisão. Profissão Repórter.

Comunicação e tecnologias nos anos 10 por André Dahmer

Fernanda de Alcântara Pestana Bazan38

Universidade de São Paulo

RESUMO: Este artigo propõe uma reflexão acerca dos resultados iniciais da pesquisa em andamento “As transformações de uma década nos traços de André Dahmer:

comunicação, tecnologias e relações sociais nos Anos 10”, desenvolvido entre os anos de 2017 e 2018 no Programa de Comunicação da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). O presente trabalho incide em expor uma breve explicação sobre os estudos em histórias em quadrinhos, seguida de conceitos e algumas das implicações

empíricas da metodologia aplicada na dissertação, que inclui a análise de conteúdo das tiras cômicas. A intenção é tencionar os resultados prévios da pesquisa frente a resistência dos desafios políticos, econômicos e sociais pelos quais a universidade passa hoje e entender como as histórias em quadrinhos podem ajudar na reflexão sobre tecnologia e cultura da sociedade contemporânea. Atualmente, o interesse pelos estudos em histórias em quadrinhos como meio de comunicação têm crescido

38 E-mail: [email protected]

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vertiginosamente por uma série de fatores, que dizem respeito desde o aumento na produção nacional, passando também à forma de distribuição e ao acesso fácil a diferentes autores proporcionado pelo advento da internet. Para se ter uma ideia, apenas na década de 2000, a Universidade de São Paulo registrou o dobro do número de dissertações e teses sobre o assunto em comparação ao período somado das décadas de 1970 e 1990. A escolha das tiras de André Dahmer, um dos primeiros a produzir webcomics no Brasil, vem de encontro à contribuição do autor no debate sobre a sociedade brasileira e à simplificação de narrativas que o autor constrói a respeito da realidade. Foi escolhido o livro Quadrinhos dos Anos 10 por ter um recorte mais social do que político ou, como o próprio autor define, “uma das séries com o tema mais

universal”. Com um conteúdo crítico ao sistema capitalista, o humor de Dahmer é considerado por muitos pesquisadores de quadrinhos como “ácido” e “niilista” por tratar de conflitos existenciais, normalmente tratados com humor negro. A hipótese da pesquisa consiste na ideia de que a série Quadrinhos dos Anos 10 é um produto legítimo para entender alguns acontecimentos desta década pela visão de André Dahmer, e para tanto foi preciso encontrar um recorte teórico que permitisse comprovar ou não a proposição. A partir daí, foi feita uma seleção destas tiras cômicas em grupos para que se analisasse o tema que mais representasse esta década no Brasil, assim se destacando a tecnologia e suas implicações no cotidiano. Adotou-se assim dois critérios para a categorização a ilustração e o texto, ou seja, a primeira poderia ser o desenho de um aparelho tecnológico como ferramenta de trabalho ou; o segundo o uso de palavras como “tecnologia” “computador” “celular” ou “internet”. Passada a

primeira parte de classificação das categorias, a segunda parte da metodologia consiste

na análise de conteúdo, ou seja, da mensagem usada por Dahmer com a finalidade de provocar comicidade à situação. Com a análise destas tiras, concluiu-se inicialmente que a chegada do século XXI trouxe novas perspectivas ao quadrinho nacional, proporcionadas por novos processos de divulgação e circulação de trabalhos que em décadas passadas não teriam a mesma receptividade e/ou apoio de grandes instituições. As histórias em quadrinhos também ganharam mais notoriedade no mundo acadêmico e relevância e, com elas, novos formatos de narrativos e de gênero começaram a ser trilhados. Com esta dinâmica própria do meio virtual, cresce a produção de trabalhos e a internet vira não somente uma plataforma criativa ou o objeto temático para alguns autores como Dahmer, mas também causa impacto nas formas de comunicação como um todo. Diante da incerteza dos rumos dos quadrinhos

na internet e a própria insegurança sobre o futuro da sociedade impactada pelas tiras cômicas, a série Quadrinhos dos Anos 10 de Dahmer apontam para um futuro de vazio existencial em seu conteúdo, mas ainda cômico para quem está disposto a rir das adversidades deste novo contexto. Apocalíptica ou não, é uma série que traz uma reflexão discutida amplamente em diversas áreas das ciências humanas e sociais. Palavras-chave: Trabalho. Histórias em Quadrinhos. André Dahmer. Tecnologia.

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A exibição de filmes documentários no Museu da Imagem e do Som de Campinas

Eduarda Wilhelm39

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: É claro o domínio dos cinemas de shoppings no cenário das salas de exibição de Campinas, onde funcionam atualmente sete complexos que totalizam 57 salas. Podemos apontar alguns complexos de cinema que possuem uma curadoria mais voltadas a filmes de nicho, não privilegiando apenas os blockbusters. No entanto, são

iniciativas esporádicas e que não contemplam efetivamente o gênero documentário, já que identificamos apenas três títulos do gênero exibidos nos multiplexes da cidade em 2017. Não existe uma sala de cinema comercial estruturada com o propósito de exibição de filmes de arte, sendo que o mais próximo disso são as iniciativas de exibição de filmes fora dos complexos cinematográficos. Diante desse cenário, temos como principal espaço de circulação do gênero documentário o circuito alternativo de exibição de Campinas, assim como mostras e festivais que ocorrem anualmente. A fim de delimitar a pesquisa, optamos por realizar o levantamento dos filmes documentários exibidos no Museu de Imagem e do Som de Campinas (MIS Campinas), o qual consideramos o principal espaço de exibição em Campinas fora do circuito comercial, pois possui frequentes exibições durante todo o ano. Para isso, fizemos o

levantamento dos documentários exibidos no ano de 2017, buscando identificar aspectos como o formato mais recorrente, nacionalidade, as temáticas abordadas, assim como suscitar a reflexão sobre o lugar do documentário no circuito de exibição de Campinas. Por meio de pesquisa no site e rede social do Museu, assim como artigos em sites de notícias do município, foram identificados 63 documentários exibidos no

último ano. Para definir as temáticas, utilizamos a mesma metodologia empregada pela pesquisadora Teresa Noll Trindade (2011) em sua dissertação sobre a produção do gênero documentário diante das salas de cinema comerciais. Ela categoriza as produções documentais contemporâneas em: questões de cunho social e/ou político; esporte, focando em personagens ou instituições; música e/ou personagens musicais; história de vida de desconhecidos ou personalidades diversas; temas cujo o foco não seja político-social, esporte ou música. O MIS Campinas funciona pela autogestão do

espaço público, onde a população se apropria desse aparato cultural e está livre para utilizar o espaço para exibição de filmes, propondo ciclos, curadorias e mostras de qualquer viés. A única exigência é o debate após as exibições. Sendo assim, é difícil mensurar e identificar como essa programação é escolhida, já que diversas pessoas são

responsáveis por ela. Apesar de alguns dos documentários exibidos serem produções maiores que chegaram a ser exibidos em salas comerciais, poucos entraram em cartaz em Campinas. A maior parte deles são títulos que só encontram um espaço para

39 [email protected]

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circulação em festivais e espaços culturais. Sendo assim, o MIS Campinas cumpre um papel de divulgador e incentivador desses trabalhos, impulsionando a produção também no âmbito local. Além das exibições do Circuito MIS Campinas, também ocorrem exibições de filmes vinculadas a cineclubes. As temáticas mais frequentes no MIS Campinas diferem do que se observa nos dados de público de documentários (longa-metragem) que entraram em cartaz nos cinemas, onde os títulos de maior público pertencem às temáticas música e esporte. Já as outras três temáticas com maior quantidade de filmes exibidas no MIS Campinas são as de menor número de espectadores no cinema comercial, mesmo sendo responsáveis pelas maiores quantidades de títulos lançados no período mencionado. O público de salas comerciais

por temática é, praticamente, um gráfico inverso ao de quantidade de filmes por tema do MIS Campinas. Sendo assim, podemos concluir que o MIS Campinas projeta documentários que não são bem aceitos nas salas de cinemas comerciais, como na tentativa de suprir essa lacuna da exibição. As temáticas dos documentários exibidos dialogam com os objetivos dos cineclubes e mostras que utilizam o espaço para promover reflexões e discussões a partir de temas que envolvem as questões políticas, econômicas, sociais e culturais da nossa sociedade. Nota-se a grande predominância do documentário contemporâneo nas exibições, sendo que praticamente todos os títulos exibidos são produções realizadas a partir dos anos 2000. Doze deles foram lançados em 2017, o que faz do MIS Campinas uma importante janela para lançamentos desses documentários, fazendo parte de um dos primeiros espaços públicos de exibição das produções, ou até mesmo a estreia. A produção brasileira, pelo

menos quanto ao gênero documentário, é privilegiada nas exibições. Há também a

inclusão de curtas-metragens na programação, sendo um grande aliado para que esse formato chegue ao público, juntamente com os festivais e internet, já que não chega ao circuito comercial. Vemos no MIS Campinas um importante espaço público de difusão e circulação de documentários e, principalmente, um local de reflexão acerca das temáticas apresentadas. Ao exibir títulos que praticamente não têm espaço no circuito comercial, ajuda a preencher essa lacuna na circulação. Outro aspecto fundamental da inclusão do documentário nos espaços alternativos de exibição, assim como em festivais, é incentivar a formação de espectadores para esse gênero e exercitar uma leitura crítica perante o cinema do real. Palavras-chave: Mercado. Exibição. Documentário.

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SESSÃO 8 DEBATEDOR(A): ÉRICA SPEGLICH

O papel dos vlogs na divulgação científica: o caso do ScienceVlogs Brasil

Raphaela M. Velho40

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A pesquisa científica no Brasil, apesar de ter melhorado em termos quantitativos nos últimos vinte anos, ainda deixa muito a desejar do ponto de vista da qualidade e da sua divulgação. Como um reflexo do processo de produção de conhecimento ter sido extremamente concentrado em regiões mais ricas e liderado por um número relativamente pequeno de pessoas, a divulgação da ciência para o grande público também ocorre de forma muito desigual no país, privilegiando audiências de regiões também economicamente importantes (MASSARANI & MOREIRA, 2015). Isso começa a mudar com a disseminação dos meios de comunicação em massa, como o rádio, textos científicos em jornais e revistas e a televisão. Com o advento da internet, cientistas, jornalistas científicos e outros divulgadores ganharam ferramentas (tais como sites, blogs e vlogs) para atingir parcelas maiores da população e poder

comunicar-se de forma mais horizontal com ela (BUCCHI & TRENCH, 2008). Este trabalho tem como objetivo principal investigar o projeto ScienceVlogs Brasil como um polo de divulgação científica na plataforma YouTube e como um selo de qualidade para os vídeos de ciência. Objetivos específicos deste trabalho incluem obter informações sobre o perfil demográfico, educacional e profissional dos divulgadores de ciência;

conhecer mais sobre as motivações dos membros do projeto para divulgar ciência no YouTube e sobre suas intenções de profissionalização na área da divulgação científica; analisar características do conteúdo e da forma de vídeos de ciência produzidos pelos divulgadores e indicar que tipos de vídeo têm mais potencial de alcançar grandes audiências; e compreender o funcionamento e a natureza do controle de qualidade exercido pelos membros do projeto sobre sua própria produção. A metodologia envolve um questionário e eventuais entrevistas com os divulgadores para responder às

primeiras perguntas, e análise de conteúdo de uma amostra dos vídeos para responder às últimas, inspirada em Morcillo et al (2016). Este trabalho é importante porque o conhecimento sobre o perfil e as motivações dos divulgadores de ciência atuando nas plataformas da Web 2.0, especialmente no YouTube, informa a área da sociologia da ciência e oferece insights sobre como cientistas, jornalistas, pesquisadores e professores, dentre outros profissionais se sentem ao atuar nas redes, e o que pode ser feito para estimular mais pessoas a participar de atividades de divulgação. O

40 E-mail: [email protected]

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conhecimento das estratégias de divulgação e características dos vídeos científicos contribui sobretudo para a área dos estudos de mídia e da comunicação científica, ao apontar tipos de conteúdo e formato com potencial de alcançar e engajar audiências maiores. Ambos os focos da pesquisa beneficiam divulgadores científicos de forma geral, dentro e fora da academia, sobretudo os que trabalham em ambientes digitais. Trabalhos brasileiros conjugando estes dois assuntos (e especialmente sobre o segundo) são raros, o que torna essa investigação mais significativa. Não dispomos de resultados parciais agora; no entanto, teremos dados já à disposição à data de apresentação deste trabalho no Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura (EDICC). De maneira geral, espera-se que os resultados nos informem sobre o perfil dos novos

divulgadores, sobre o que os inspira, e sobre quais as melhores estratégias, do ponto de vista da forma, do conteúdo e do controle de qualidade, para a divulgação de vídeos de ciência. Palavras-chave: Divulgação científica. Vlog. Youtube. Web 2.0.

Comunicação da ciência na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal): análises possíveis

Hiago Rocha41

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A pesquisa busca examinar os procedimentos adotados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), em relação aos processos comunicacionais de divulgação científica e da circulação social da ciência em projetos fomentados pela Fapeal, inclusive, com análise da assessoria de comunicação e recursos utilizados (revistas, boletins informativos, por exemplo). Aliado a esta proposição, procura-se, por meio deste trabalho, identificar a importância histórica da Fundação, ao longo de quase trinta anos de sua existência, diretamente relacionada à expressividade da pesquisa realizada no Estado de Alagoas e das contribuições da Fapeal para o fortalecimento das comunidades científicas das instituições alagoanas de ensino superior públicas e privadas. Com análises quantitativa e qualitativa –

baseadas em levantamento histórico-documental e interpretação desses elementos, além da proposição de entrevistas a importantes personagens que exerceram cargos estratégicos na Fapeal –, o trabalho tem como aporte teórico variada bibliografia inter-relacionada à comunicação pública da ciência, sociologia da ciência e políticas públicas. Com essa perspectiva, espera-se avaliar o papel da Fapeal referente à divulgação científica e à circulação social da ciência, de modo que seja possível apontar a relevância de uma Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP), especificamente em Alagoas.

41 [email protected]

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O estudo procura preencher uma lacuna, pois há escassez de estudos que focalizam a Fapeal na consolidação de uma cultura de Ciência, Tecnologia, e Inovação (CT&I). Este projeto surgiu a partir de provocações relacionadas à dimensão e potencial que Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), pontualmente a do Estado de Alagoas, a que se restringe o escopo desta pesquisa, exercem em suas atribuições institucionais com características distintamente regionais se comparadas a outros agentes de fomento à pesquisa com perfis mais integralizadores, aglutinadores – a exemplo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) ou mesmo ao Conselho Nacional Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –, que têm por finalidade a cobertura nacional para incentivo à pesquisa. Posto assim e partindo do pressuposto da ciência enquanto

atividade humana, esta pesquisa é um esforço para identificar a relevância da Fapeal em promover uma cultura científica, além do papel de agente de divulgação científica de projetos apoiados e financiados pela própria Fundação no Estado de Alagoas. Acreditamos que com esta pesquisa seja possível compilar elementos quantitativos e qualitativos capazes de incitar reflexões sobre a atuação da Fapeal, contribuindo no exercício crítico da administração pública de ciência e tecnologia, destacando que a Fapeal é anterior à criação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-Alagoas) e, portanto, analiticamente, de maior força e interesse para construção deste trabalho, a saber, a metodologia desta pesquisa se baseia em: ampla pesquisa bibliográfica por meio de livros e artigos nas áreas da Comunicação Pública, Sociologia e da Ciência, Jornalismo, Assessoria de Comunicação, Política Científica e Tecnológica, Midiatização e Processos Sociais; levantamento documental - feito uso de material

disponível no acervo da Fapeal, no site institucional, Acervo Público do Estado de

Alagoas e Assembleia Legislativa, por fim, entrevistas em que serão abordados roteiros específicos de entrevista para jornalista responsável pela equipe de assessoria de comunicação da Fapeal assim como para jornalistas que deixaram sua contribuição, bem como outro roteiro para atuais e ex-gestores (presidente e diretor científico) da Fapeal, pesquisadores (bolsistas e ex-bolsistas). Evidencia-se a análise de uma pesquisa teórica e exploratória com método qualitativo sustentado pelas observações documental e empírica com inclinação quantitativa, pois “embora não exista um padrão paradigmático a que pesquisas não quantitativas se ajustem, elas também dependem da observação, da coleta de dados, da análise dos dados coletados e de sua interpretação. Sem isso, a pesquisa fica sem chão” (SANTAELLA, 2002, p. 187). Por fim, adota-se uma reflexão sociológica com afinco em Latour (2001, 2012) e Bourdieu

(2004, 2011) – sobre a circulação social (modelo circulatório) da ciência e a existência de um poder simbólico na comunicação e nos campos sociais – que são aplicados ao objeto da pesquisa. Com os levantamentos de dados (análise quantitativa) e a interpretação deles (análise qualitativa) e em regime de complementariedade, espera-se aplicar o modelo circulatório de Latour (2001) para identificar como a Fapeal lida com divulgação e cultura científicas desenvolvidas e repercutidas em Alagoas – na expectativa de que esta pesquisa inquiete tanto os pesquisadores alagoanos, jornalistas alagoanos e sociedade. Espera-se detalhar a comunicação pública de C,T&I da Fapeal

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– e que seja capaz de promover uma cultura científica em Alagoas e mesmo se o modelo a ser descoberto nesta pesquisa atende a critérios de circulação social da ciência. Os resultados a serem obtidos quali e quantitativamente, por meio de relatórios de gestão, boletins, revistas de divulgação científica da Fapeal e produtos gerados tanto pela assessoria de comunicação como ação integrada de outros setores da FAP alagoana, poderão ajudar em um refinamento sobre a interpretação de metas, objetivos e perspectivas da Fapeal para gerar discussões que venham a somar, com avaliações críticas de políticas públicas de CT&I em Alagoas tanto pela sociedade civil quanto pela comunidade científica.

Palavras-chave: Cultura Científica. Circulação Social da Ciência. FAP. Fapeal.

Cultura matemática dos falantes e matemática na Wikipédia de um idioma: possíveis relações

Wilson Krugner Vicentim42

João Alexandre Peschanski43 Éder Porto Ferreira Alves44

Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática

RESUMO: A principal intenção deste estudo foi verificar se há uma relação e qual sua

intensidade entre a cultura matemática dos falantes de um idioma e a quantidade de informações sobre matemática na versão da Wikipédia nesta língua. A hipótese inicial era que se os países em que os falantes de um idioma vivem fossem bem avaliados em matemática pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), haveria mais e maiores artigos sobre matemática na versão da enciclopédia on-line naquela língua. No entanto, a correlação encontrada entre estas duas variáveis não se mostrou estatisticamente significante. Mesmo assim, foi possível encontrar ao longo da pesquisa tendências a princípio inesperadas quanto à adição de informações sobre matemática em uma Wikipédia. A enciclopédia on-line, além de ser a mais conhecida iniciativa wiki, reúne em suas muitas versões dezenas de milhões de verbetes e está

entre os dez sites mais acessados do mundo, sendo escrita de forma colaborativa, gratuitamente acessível e disponível em licença aberta. Além disto, tem-se tornado cada vez mais fácil acrescentar e melhorar conteúdo no interior do projeto. Um crescente número de autores tem se dedicado a examinar aspectos da Wikipédia, como os determinantes da qualidade, a divisão das tarefas, as motivações dos editores, a classificação das edições e seus usos em sala de aula. Contudo, poucos estudos se 42 [email protected] 43 [email protected] 44 [email protected]

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dedicaram a compreender como a enciclopédia on-line cresce e quais as possíveis relações entre seu desenvolvimento e outros processos sociais. Foi realizado um levantamento biográfico com o intuito de legitimar a associação entre as variáveis em estudo e os dados à disposição. Um indivíduo provido de razoável cultura matemática pode ler e entender os trabalhos de outros, coletar evidências, construir argumentos, raciocinar e se expressar na linguagem da disciplina. Portanto, sem a adequada formação em matemática, será difícil aumentar a quantidade de informações sobre o tema disponíveis na internet. Para medir a cultura matemática de um país, foram usados os dados do PISA 2015. A despeito das várias críticas já feitas à avaliação em questão (não respostas, traduções ruins, amostragem por idade e não por ano escolar,

etnocentrismo e normatividade, por exemplo), diversos autores consideram o PISA adequado em termos de conteúdo e forma de avaliação, contextualização de desempenhos, comparação entre países, construção de problemáticas de pesquisa, análise detalhada de variáveis. A obtenção de uma lista com artigos relacionados com a matemática poderia ocorrer de duas formas: com base nas categorias ou com base no WikiProjeto Matemática. O primeiro método foi descartado porque categorias maiores frequentemente abrangem categorias menores de forma arbitrária e, mesmo não indo tão longe nas ramificações, seriam inclusos verbetes não relacionados com a matemática. Dotado de uma curadoria humana consolidada e robusta, o WikiProjeto citado disponibiliza uma lista com artigos de matemática em inglês. A produção de uma lista com outras versões da Wikipédia em que existem correspondências dos verbetes do WikiProjeto Matemática em inglês poderia se dar de duas maneiras: pela

ferramenta de visualizações de um artigo por idioma (langviews) ou pela interface de

programação de aplicações (API) do Wikidata. A primeira opção foi rejeitada porque cita apenas versões em que o artigo havia sido visualizado em um determinado período. A despeito de problemas causados, por exemplo, pela presença de redirecionamentos em mais de um idioma e pela existência de verbetes aos quais nenhum outro artigo remete, o uso do API se mostrou adequado aos nossos propósitos. Os dados referentes ao PISA 2015 foram diretamente retirados do relatório oficial sobre a edição em questão da avaliação e incluiu apenas países em que a prova não havia sido aplicada apenas em uma cidade ou em um grupo de localidades não representativo de todo o país. As informações relativas às populações absolutas dos países analisados, suas línguas oficiais e a proporção de falantes de cada idioma em relação à população total foram extraídos do CIA World Factbook e os dados referentes

ao número de falantes em todo o mundo de cada idioma foram obtidos no portal Ethnologue.com da SIL International. As correlações entre as notas em matemática no PISA 2015 dos países falantes de um idioma e a quantidade de informações sobre o tema na Wikipédia desta língua são muito baixas. No entanto, verificamos que também são baixas as correlações entre o número de falantes de um idioma e o volume de informações sobre matemática nesta língua, o que permite concluir que há muitos usuários editando verbetes de matemática em uma versão que não é em sua língua materna, na maioria dos casos, a Wikipédia em inglês. Percebemos que esta versão,

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por sua vez, tem muitos usuários contribuindo com pouco em matemática, enquanto a grande maioria das outras Wikipédias tem poucos usuários contribuindo com muito na área em questão. Palavras-chave: Cultura matemática. Wikipédia. PISA. Educação.

O gênero textual como elemento de divulgação científica

Luana Macieira Barbosa45

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Em situações concretas de comunicação, as pessoas escolhem gêneros textuais que atendam a seus objetivos. Neste trabalho, para entender as especificidades

do discurso sobre ciência, foi considerada a transformação de textos pertencentes ao gênero artigo científico em textos pertencentes ao gênero matéria jornalística. Esta análise sobre os gêneros de divulgação científica fez parte da dissertação de mestrado Do pesquisador ao cidadão: o jornalismo científico como processo de recontextualização, em que caracterizei os principais elementos integrantes dos dois gêneros de divulgação científica considerados, levando em conta os contextos onde os gêneros discursivos são produzidos e transmitidos. Defini os aspectos constituintes dos gêneros textuais, tais como a esfera de produção e recepção, o estilo, a família, o

sistema e os fatores socioculturais, pois acredito que todos esses aspectos devem ser considerados em análises comparativas de textos que pertencem a gêneros distintos. Os gêneros textuais foram considerados como práticas sócio-históricas, ou seja, como modelos que guiam as pessoas e servem como referência para condutas em ambientes sociais, correspondendo a diferentes esferas da atividade e da comunicação humana. Os gêneros são formas socialmente aceitáveis e que se estabelecem com suas características específicas devido aos seus usos nas práticas sociais ao longo dos anos. Sendo assim, vi a necessidade de considerar o uso dos gêneros artigo científico e matéria jornalística não só em suas formas, mas também em suas funções, suportes e ambientes em que são utilizados, uma vez que eles ganham significado em seus usos como práticas sociais. A forma como os gêneros são utilizados permite que eles atuem como mecanismos de socialização, pois, para fazer parte de uma comunidade, é

necessário reconhecer os gêneros textuais que nela circulam. Deste modo, observei artigos científicos que foram produzidos por professores e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e matérias jornalísticas que foram publicadas no website da universidade (www.ufmg.br). O processo analítico teve, como suporte teórico-metodológico, o estudo dos gêneros, levando em conta teorias de Bahktin (2011), Rodrigues (2004), Grillo (2013) e Dell’isola (2007). Para entender as especificidades dos gêneros abordados, as famílias de gêneros foram consideradas 45 E-mail: [email protected]

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como grupos onde convergem textos que desempenham papéis e tarefas pré-estabelecidos, enquanto os sistemas de gêneros foram caracterizados como uma grande rede onde cada texto desempenha uma função específica. Considerei, também, o propósito comunicativo como categoria para a escolha dos gêneros que serão utilizados na divulgação científica. Este propósito, visto por muitos pesquisadores como critério relevante para o estudo dos gêneros, serve como delimitador e caracterizador dos gêneros tratados. Por fim, abordei os fatores socioculturais que envolvem a seleção dos gêneros textuais, pois o modo como os emissores dos textos de divulgação científica imaginam os leitores/receptores dos artigos/matérias jornalísticas age nas escolhas discursivas que são feitas durante o processo de troca

comunicativa. Tais definições são importantes para a compreensão do modo como os gêneros secundários (categoria onde se enquadram o artigo científico e a matéria jornalística) se influenciam mutualmente. Acredito que a escolha do gênero ideal para a divulgação dos diversos tipos de textos que falam sobre ciência é importante para que o conhecimento científico produzido pelas universidades e institutos de pesquisa brasileiros não fique restrito aos cientistas e pesquisadores que produzem tal conhecimento. Uma vez que uma sociedade bem informada sobre temas de ciência e tecnologia (C&T) tem mais autonomia para opinar e participar de decisões governamentais nessa esfera, entendo que a divulgação científica atua no desenvolvimento de uma cultura científica que dota os cidadãos de pensamento crítico sobre temas relacionados à ciência.

Palavras-chave: Divulgação científica. Jornalismo científico. Gênero textual. Artigo

científico. Matéria jornalística.

Ciência que atrai: o engajamento dos brasileiros em informações científicas

Tatiana Gladcheff Zanon Spina46

Universidade de São Paulo RESUMO: Em junho de 2015, o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), em

parceria com o, à época, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), realizou uma pesquisa sobre a Percepção Pública da Ciência (PPC). O objetivo foi medir o interesse, meios de acesso à informação e o comportamento dos brasileiros em relação à Ciência e Tecnologia (C&T). Os dados coletados mostraram que 61% dos brasileiros manifestam grande interesse em assuntos relacionados à C&T, 73% acreditam que a Ciência traga mais benefícios do que malefícios, e 89% demonstraram grande confiança em cientistas ou instituições de pesquisa. Por outro lado, os entrevistados

46 E-mail: [email protected]

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mostraram pouca informação em tais assuntos (94% não conseguiram se lembrar do nome de algum cientista brasileiro, e 88% não conseguiram citar uma instituição ou centro de pesquisa brasileiro), e baixo envolvimento em assuntos e atividades relacionados à C&T (apenas 29% visitaram uma biblioteca nos últimos 12 meses, e 12% visitaram um museu de C&T no mesmo período). Essa “contradição” motivou a realização de uma pesquisa de mestrado, feita entre os anos 2014-2016, na qual se trabalhou com a hipótese de que informações científicas, uma vez ligadas ao cotidiano do público não especialista, despertam expressivo engajamento do mesmo em assuntos dessa natureza. Para comprovar tal hipótese, foi feita uma análise quali-quantitativa de 2.441 notícias postadas no website de um instituto de pesquisa

brasileiro, postadas durante um período de quatro anos (2011-2015). A pesquisa em questão foi orientada pela seguinte pergunta: qual a efetividade de comunicação da ciência de um portal institucional de uma instituição de pesquisa? O objetivo geral da pesquisa foi analisar a efetividade comunicacional de uma ferramenta digital de uma instituição de pesquisa através do engajamento dos usuários, tendo sido escolhido como campo empírico o website do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), uma das Unidades de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de São Paulo (USP). Essa análise foi considerada relevante, visto que, na pesquisa do CGEE supracitada, verificou-se também que os meios mais utilizados na Internet para a obtenção de informações sobre C&T são sites de instituições de pesquisa (42,4%), ultrapassando jornais ou revistas (39,5%), Facebook (28,1%), Wikipedia (14,3%), blogs (14%), Google (4,3%), Twitter (2,9%) e YouTube (0,4%). O estudo, portanto, consistiu em

um estudo de caso, utilizando uma abordagem quali-quantitativa, em uma perspectiva

exploratória e descritiva em ambiente Web. Os resultados coletados foram discutidos tendo como base teórica diversos autores que trabalham com o tema divulgação científica, com destaque para aqueles que fazem parte do movimento de estudos Ciência, Tecnologia e Sociedade, que se ampara principalmente na defesa da participação democrática dos cidadãos nas tomadas de decisões, defendendo também a apresentação de uma ciência mais contextualizada, crítica e politizada, contribuindo para que os cidadãos lidem com os riscos e benefícios da C&T. Ao se fazer a análise quantitativa do site, que será o foco da discussão aqui apresentada, três principais aspectos foram levados em consideração: perfil (demográfico e geográfico) dos usuários, número de acessos e tempo de permanência dos usuários em cada uma das páginas das notícias analisadas. Para a coleta dos dados, foi utilizada a ferramenta

Google Analytics; para a classificação, o editor de planilhas Excel. Também para a classificação das notícias, utilizou-se a metodologia Análise de Conteúdo. As notícias foram divididas em oito diferentes categorias, a saber: notícias institucionais (68,62% do total), física do cotidiano (1,72% do total), cosmologia e astrofísica (0,49% do total), tecnologia, informática e engenharia dos materiais (3,56% do total), saúde e medicina (2,83% do total), utilidade pública (3,20% do total), oportunidades (17,53% do total) e outros (2,05% do total). No que se refere aos resultados, verificou-se que notícias classificadas como física do cotidiano tiveram um substancial número de

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acessos, muito acima da média geral calculada. Posteriormente, verificou-se que notícias das categorias saúde e medicina e oportunidades também obtiveram expressivo número de acessos. Visto que a média geral de acessos foi calculada em 120 visualizações por notícia, e que as notícias das categorias física do cotidiano e saúde e medicina tiveram um número de visualizações superior a mil, na maior parte dos casos extrapolando 10 mil visualizações, comprovou-se, com sucesso, a hipótese sugerida na pesquisa. Por outro lado, a análise também sugere que o acesso ao website é majoritariamente dos usuários internos ao IFSC/USP, mostrando que a efetividade comunicacional do website em questão ainda é insatisfatória quando o alvo é o público geral. A pesquisa, portanto, embora tenha comprovado a hipótese sugerida, reforça

que as ações de divulgação científica no Brasil precisam ser repensadas e, sobretudo, expandidas para que o público não especialista seja efetivamente alcançado. Tal possibilidade já vem sendo explorada, mas agora sob um diferente ângulo, na atual pesquisa de doutorado da autora. Palavras-chave: Divulgação científica. Percepção Pública da Ciência. Ciência do cotidiano.

SESSÃO 9 DEBATEDOR(A): SEBASTIAN WIEDEMANN

Diários de experimentações africanas: criação e divulgação com devires negros

Glauco Roberto da Silva47

Universidade Estadual de Campinas RESUMO: Este trabalho pretende apresentar pensamentos sobre algumas experimentações produzidas a partir de encontros entre África, alunos e professor em escolas de Limeira-SP. Para que isso fosse possível, buscamos maneiras outras de dizer

sobre determinadas contaminações e agitações moleculares na sala de aula, os devires-negros. Zona de vizinhança, moléculas em movimento, de dupla captura: professor-aluno-África e aluno-África-professor. A fim de dizer sobre essa vibração, buscamos na produção de Diários de experimentação, um processo criativo, que nos permitia pensar, sentir e divulgar a África de maneira que não fosse pré-determinadas. De início, esse diário não aceitava as ideias. Resistia à outra escrita. Queria tudo datado e linear, desejava uma lógica já pronta. Afinal, a maneira como esse material havia sido educado

47 E-mail: [email protected]

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era de forma sistemática. Em seu corpo-papel-páginas brancas, a linha do tempo estava sempre se arranjando em horas, dias, meses e anos. Apesar da relutância, percebeu a vontade acontecendo dentro dele. Vontade de ser outro. Era um desejo de entregar-se às rajadas de ventos africanos que, por vezes, em sala de aula, com seus alunos, redemoinham e tonteiam os arranjos de seu corpo e de sua escrita. Diante dessa pequena fresta de criações outras, algo surgia. Um movimento se iniciava, ele se aproveitava para começar a tecer as primeiras palavras, imagens e sons outros. Ainda havia certa linear. Queria o caos. Mas como? Ouviu de alguém, um desses ventos africanos, pegue a linha do horizonte com o suspiro, passe-a na agulha e costure nas águas do tempo variações infinitas de ser. Deixe a escrita fugir pelas linhas. Foi então

que, diante de seu corpo de papel em branco, ele viu uma linha vermelha passada no buraco de uma agulha. Por que não? Divagou. Começou. Furava, costurava, dava nó, passava de um lado, puxava de outro, fazia um trançado aqui, arrematava ali e pronto. Começou a construir em seu corpo uma lógica outra. Abria-se as outras experimentações. Seu diário de ventos soprados por linhas de horizontes infinitos começava. E então, os espaços preenchidos com datas programadas em seu corpo-papel-linear começavam lentamente a serem varridos. Modos outros de vida se desenrolavam, em linhas, pelos ventos da África. A linha do tempo começava a ser afogada. Diante daquela sugestão, o objeto se colocava a buscar maneiras de (des)fiar seus fios-escritas-papel-África. Era uma aposta. Podia não dar certo. Pensou. Mas, sentia muita vitalidade nessas primeiras criações com linhas. O que pode emaranhado? O que produz a linha desmedida em meus registros diários? Seu desejo agora era

escapar daquele tempo controlado. Começou a bordar seu tempo labiríntico, tempo

informal, plástico (PELBART, 2004). Foi assim que esse material surgiu, como uma potência criação. Com ele podíamos experimentar em palavras, imagens, sons e costuras, capturas moleculares quase imperceptíveis. Registrar os devires negros que nos rodeavam e resistiam timidamente pelos cantos sala de aula. Buscar neles, novas experiências do dizer, do fazer, do escrever e do criar que nos permitia escapar, por alguns minutos que fosse, de modelos já dados. Assim, pensamos a partir brechas possíveis, ou não, de serem abertas em modelos enrijecidos, referências de uma divulgação que se dá, muitas vezes, apenas, pelos livros didáticos, lugar onde as imagens, palavras e sons da África, se mostram já prontas. Resistimos. Desejamos encontrar com outros seres, outras coisas. Queríamos inventar. Por que não costuras e linhas. Quem sabe com elas, não nos deparávamos com uma vida, cuja percepção

está sempre a se guiar pelos cantos dos olhos. Um lugar onde os encantos dos gestos, das palavras, dos sorrisos, das imagens e dos sons se manifestam, por fezes, de formas imprecisas. Palavras chave: África, escola, experimentação e resistência.

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Invocação do totem baleia branca: transbordar a escrita acadêmica através da reativação de um texto encantado

Maria Carolina Scartezini Cruz48

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O que pode uma escrita que se produz no meio encantado de um ritual de invocação, buscando se entregar ao que a bruxa Deleuze reclama em seu manual de bruxaria nomeado Crítica e Clínica (1997) como uma linha de feitiçaria que foge ao sistema dominante (DELEUZE,1997)? Poderia essa escrita irromper e transbordar a

margem da palavra na feitura de um feitiço-artigo para dar o corpo a um devir-animal carregado da ancestralidade de um poderoso totem literário, primeiramente invocado pela bruxa Melville em seu perturbador encantamento Moby Dick? O presente trabalho de magia ousa se expor a esses enigmas, convocando como parceira de realização científico-mágica, além das duas bruxas anteriormente mencionadas, a feiticeira Isabelle Stengers, que nos conclama a trabalhar no meio envenenado da Ciência, procurando reativar uma possibilidade de realização científica (STENGERS, 2017) livre do paradigma que dividiu o mundo entre aquilo que pode ser considerado conhecimento científico e o que passou a ser (des)considerado como crença dos outros. Durante a escrita ritual, nos entregamos ao convívio com os materiais objetos de poder computador, papel, tecido, lápis grafite, jornais, pincéis, batedores para stencil,

algodão cru e tintas de base aquosa (como convém ao totem da invocação em questão) e nos envolvemos com as técnicas de pintura ritual transmitidas a nós pelas velhas bruxas aborígenes australianas especialistas no encantamento chamado dot painting, bastante eficiente na captação de imagens totêmicas. Também mergulhamos com frequência nos sons mágicos registrados no objeto de poder disco Txai, criado pela

bruxa Milton Nascimento com as bruxas originárias brasileiras e seres encantados de sua convivência, como os xapiris, a pesquisadora de canto-floresta Marlui Miranda e a bruxa compositora Caetano Veloso. No momento, encontramo-nos imersos nas imagens aquáticas resultantes da primeira parte da escrita ritual, na qual a baleia branca reivindicou sua (re)existência em meio à trama de tecido e tinta, se afirmando ela própria como parceira no feitiço de sua invocação. Olhos conhecendo o devir-mar, corações arrebentando na iminência da propagação de ondas engendradas numa

rabada catastrófica do peixe-totem – é provável que de golpes de cauda e mandíbulas seja feita a ruína do feitiço-artigo e o (des)encanto da sua escrita. Estamos todos, bruxas, baleia, computador e papel entregues ao risco do maremoto que colateralmente convocamos e das tempestades que podem chegar a nós no momento

em que o ritual for evocado no meio envenenado anteriormente referido. Aceitando a possibilidade de aniquilamento e seguindo com ela, a tornando também material na nossa escrita, esperamos que a aventura das ciências (STENGERS, 2017) a qual ora nos

48 [email protected]

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damos nos torne dignos de devir bruxa nessa escrita com o totem invocado, permitindo que a baleia branca nos atravesse o corpo-texto de modo a arrebentar com a força das Ondas (WIEDEMANN, 2015) por ela produzidas todas as embarcações do gênero texto acadêmico-baleeiro que estiverem no nosso entorno, armadas com seus arpões e lanças de normas letais contra a potência da escrita acadêmico-mágica. Caso sejamos bem sucedidos e possamos assim não apenas reativar a violência da baleia totêmica, mas mergulhar com ela, provar com ela do sangue do humano despedaçado, irromper com ela a superfície da escrita e sermos lançados por ela de volta a alguma ilha isolada mais ou menos hostil, de onde possamos ser resgatados pelas palavras mágicas das nossas bruxas-parceiras, nos tornaremos mais aptos a empreender novas expedições

à perigosa margem da palavra, onde é sabido pela comunidade bruxa-poética que o homem-texto se (des)encanta e se cala e os devires emergem como monstros fluidos, como sereias-cachalotes que se escrevem e se cantam no corpo de quem ousa mergulhar atrás delas. Palavras-chave: Reativar. Devir-bruxa. Devir-animal. Arte. Transbordamento.

Arte e ciência: a colaboração profícua do meio artístico na imagiologia médica

Filipe Rafael Vebber49 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A presente pesquisa tem como objetivo apresentar dados que confirmem o uso de diferentes linguagens artísticas pelas ciências exatas, biológicas e da saúde, com a finalidade de se evidenciar a mútua colaboração entre diferentes áreas do conhecimento. Inserida no contexto dos Estudos Visuais, vislumbra-se com essa proposta, uma perspectiva metodológica transdisciplinar, capaz de ampliar os limites epistemológicos dos saberes já instituídos. De modo contributivo, pode-se buscar relações entre as teorias do signo, a história, a sociologia, as teorias da percepção, a antropologia, e as poéticas da imagem e suas respectivas aplicações em campos

diversos. Com enfoque no uso de imagens na medicina, em específico na imagiologia médica da neurociência, pretende-se pôr em debate o modo através do qual a ciência médica faz usos diversos das habilidades e dos produtos imagéticos para cumprir com seus propósitos, seja para realizar um diagnóstico, seja para executar um procedimento cirúrgico, ou ainda, para se estudar o corpo humano com desígnios puramente científicos. Motivada pelos estudos de Carl Schoonover sobre a estrutura e funções cerebrais, nas quais o cientista mostra desde as primeiras concepções do órgão

49

[email protected]

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humano por meio de desenhos hipotéticos, até o recente mapeamento dos impulsos elétricos obtido através de tecnologia de ponta, esta investigação buscará criar relações entre os âmbitos científico, artístico e sociocultural que possibilitaram a profícua aliança entre arte e a ciência. Esse estudo, portanto, vislumbrará desde práticas realizadas em solo romano e alexandrino do Século I por Galeno de Pérgamo, passando pelas descrições impressas e ilustrações das dissecações humanas do período Renascentista de Andreas Vesalius e DaVinci, até chegar nos procedimentos altamente tecnológicos e computadorizados do Século XI. Não obstante, serão indicados outros casos nos quais a ciência influenciou a arte e vice-versa, como por exemplo, nas invenções científicas que permitiram a apropriação de procedimentos para criação de

imagens visuais dentro das artes, bem como experimentos artísticos que instigaram cientistas a criar equipamentos capazes de capturar, registrar ou produzir e transmitir imagens ao longo da História. Alguns teóricos defendem a ideia de que a ciência influencia diretamente a visão dos artistas, principalmente na contemporaneidade, quando muitos têm a noção equivocada de que “tudo é arte”. Arthur I. Miller em Colliding Worlds descreve como a ciência de ponta tem inspirado artistas da atualidade a pensar e a confeccionar suas obras, enquanto que, por outro lado, Siân Ede em Art and Science propõe que os insights artísticos são tão importantes em seus próprios termos quanto os da ciência são nos seus, e que se faz necessário acomodar ambas as formas de conhecimento. Nesse sentido, há também A Criação Científica, de Abraham Moles, que outorga como a criatividade, esse famigerado combustível da mente inventiva, se faz valer de métodos do processo criativo tanto do engenheiro, como do

físico, como também do artista, para citar alguns exemplos. Trata-se de uma pesquisa

com abordagem qualitativa, cujos objetivos são de natureza descritiva, e com procedimentos bibliográficos, visto que se pretende realizar um levantamento das referências teóricas já publicadas. Quanto à relevância do objetivo proposto, cumpre dizer que não foram encontrados resultados nos sistemas de buscas de teses e dissertações em plataforma diversas. Isso indicaria o pioneirismo dessa pesquisa no que tange à aproximação entre diferentes áreas do conhecimento que utilizam da produção de imagens para alcançar os seus objetivos, seja a criação de uma obra de Arte, seja no diagnóstico de um paciente pela Medicina, seja pela descoberta de alguma nova forma de vida na Biologia, ou ainda a exploração de regiões desconhecidas pela humanidade na Astronomia. De maneira similar ao modo como Eliane Strosberg indica no livro Art & Science, ou como Stephen Wilson mostra em Art + Science Now,

acredita-se que ambas, arte e ciência, traçam um caminho conjuntamente rumo à compreensão da natureza ao construir artifícios que auxiliam o ser humano a melhor vê-la. Assim, além de atestar a natureza estética, sensorial e provocativa da arte, espera-se, com essa investigação, realçar o caráter interdisciplinar dos projetos artísticos e do modo como a produção de imagens é aplicada no cotidiano para os mais diversos fins, principalmente como uma forma singular e eficaz de comunicação. Palavras-chave: Arte e ciência. Imagens científicas. Tecnoimagens.

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Cultura e técnica: tentativa de uma reflexão não autocrática

Rafael Alves da Silva50 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

Grupo CTeMe/IFCH - Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Neste 5º Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura, convidam-nos inicialmente a resistir e (re)existir frente a desafios políticos, econômicos e sociais. Ora, é preciso destacar que as propaladas crises ambiental, política e econômica, são expressões da crise de um certo modelo de desenvolvimento, crise no modo de habitar

a Terra, de conviver com os outros, humanos e não-humanos. Indo além, a apresentação do encontro chama por experiências e reflexões que transbordem as fronteiras entre instituições e sociedade, saberes, territórios, gerações, crenças e costumes. Animado por tal perspectiva, este trabalho objetiva por um lado perceber o

tipo de relação desenvolvida com a tecnologia nas sociedades industriais – o que também é expresso nos objetos técnicos existentes – e, por outro, pensar quais outros agenciamentos seriam possíveis e em que bases outras relações poderiam se desenvolver, propiciando inclusive outros tipos de máquinas. Tal reflexão justifica-se pelo exposto acima, pela urgência de diferentes relações com a técnica e o ambiente, outros modos de conhecer e compartilhar; toma por aparato teórico a obra de autores como Marx, em suas observações pouco divulgadas sobre a tecnologia, e Gilbert Simondon, conhecido como filósofo da técnica, mas também o modo de apropriação

tecnológica e compartilhamento de conhecimento de quilombolas, as tecnologias sensíveis de povos indígenas, a relação com a matéria presente em esculturas classificadas por arte naïve, em suma, o pensamento de povos tradicionais. A metodologia consiste no acompanhamento de certas experiências e na discussão destas e de atividades/obras realizadas nos campos da técnica, da produção e das artes – transbordando fronteiras –, em diálogo com a reflexão de autores que pensaram Ciência, Tecnologia e Cultura, bem como o discurso de engenheiros, quilombolas, indígenas e artistas autodidatas – transbordando os saberes. Gilbert Simondon, em sua

filosofia não autocrática da técnica, criticou o hilemorfismo, teoria aristotélica para a origem, que concebe a formação do indivíduo através da imposição de uma forma tida como ideal sobre uma matéria passiva. Para Simondon, é primeiro porque o homem, como portador da forma, domina a natureza, que ele pode dominar outros homens. Ao

refletir sobre o modo de existência dos objetos técnicos, o filósofo percebe que a própria concepção de trabalho ocidental reproduz situações de dominação decorrentes dessa cisão e dominação inicial sobre a natureza, da divisão entre trabalho manual e intelectual, saber sensível e científico, conflito entre cultura e técnica. Ainda que um “humanismo fácil” possa defender tal dominação para a libertação do humano, “é difícil libertar-se transferindo a escravidão a outros seres, sejam homens, animais ou

50 [email protected]

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máquinas” (Simondon, 1989). O conflito estabelecido entre Cultura e Técnica, a cisão entre conhecimento sensível e científico são explicitados neste estudo a partir da observação de certos processos produtivos. Enfocando trabalhos artísticos, discute-se como parte dos que se apresentam como arte e tecnologia, consistem nisso mesmo, mantendo terrenos distintos e usando a tecnologia de maneira utilitária, artista como senhor do aparato técnico, mestre da forma. Por outro lado, comentando realizações técnicas, como a ocupação da Lucas Aerospace, e a conversão de uma fábrica de armamentos em grupo de pesquisa e desenvolvimento de produtos “socialmente necessários” (Farocki, 1986), e artísticas como a ópera multimídia Amazônia (2010) e o filme Xapiri (2012), em que há articulação de tecnologias digitais com o dispositivo

xamânico yanomami, bem como obras associadas à arte naïve, busca-se pensar uma auto-atividade (Marx) ou atividade-técnica (Simondon), em que as relações do humano com a natureza, da forma com a matéria, da técnica com o mundo mágico, se dão de modo diferente da racionalidade ocidental. A partir da discussão de Simondon sobre a tecnoestética, enfatiza-se a intenção nas obras audiovisuais mencionadas de fazer ver, fazer sentir a natureza, o mundo, os espíritos. Já nas esculturas, temos um exemplo de como a arte naïve escapa aos cânones da razão ocidental porque do ponto de vista ontológico e epistemológico opera com outra lógica. Não veremos representações, mas seres anímicos presentificados, espíritos vivos “baixados” da dimensão virtual da realidade. Sua enorme carga inventiva nos alerta para outras possibilidades, outros modos de saber-fazer, de forma a contribuir para o entendimento de que o mundo comporta muitos mundos. Tais exemplos e contra-

exemplos aliados aos diálogos estabelecidos entre os diferentes modos de conhecer e

de saber-fazer, propiciam uma reflexão sobre as relações existentes e possíveis entre humanos e não humanos, entre Cultura e Técnica. Palavras-chave: Arte. Tecnologia. Tecnoestética. Cultura Científica. Povos Tradicionais.

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SESSÃO 10

DEBATEDOR(A): VERA TOLEDO

Planetários instalados no Brasil

Marcelo Cavalcanti da Silveira51 Marcus Granato52

Museu de Astronomia e Ciências afins

RESUMO: Este trabalho tem como proposta apresentar os resultados parciais de uma pesquisa sobre os planetários instalados no Brasil, que faz parte do projeto de pesquisa para mestrado Projetor de Estrelas Spacemaster: elementos para sua preservação e musealização, que vem sendo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) em convênio com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTIC). A pesquisa da dissertação de mestrado trata do projetor de estrelas Spacemaster, instalado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1972, sendo necessário contextualizar a realidade nacional, tanto histórica como a atual situação da oferta de sessões de planetário no país, na busca de elementos que justifiquem, ou

não, a preservação e uma possível musealização do Spacemaster de Porto Alegre. No recorte da pesquisa deste trabalho pretende-se identificar quantos e quais são os planetários em funcionamento atualmente no Brasil e discutir quais as suas contribuições para a divulgação e popularização da Astronomia e outras ciências. Um levantamento de fontes primárias mostrou que existem algumas listagens de

planetários no Brasil, desde a Wikipédia até uma existente numa dissertação do Mestrado Profissional em Ensino da Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), onde Resende (2017) identificou 132 planetários em atividade no país, até 2016. A partir desta lista geral dos planetários brasileiros, desenvolveu-se um estudo com a análise de outras listas existentes, como os cadastros da Associação Brasileira de Planetários (ABP) e da International Palnetarium Society (IPS) e a lista da Interactive World Planetariums

Database criada pela Association of French-Speaking Planetariums (APLF). Até o momento foram confirmados, através da comparação das diversas listagens, contatos telefônicos e e-mails, 150 planetários em operação. Apenas nos Estados de Tocantins e Rondônia não encontramos planetários. A distribuição dos planetários no território brasileiro é muito desigual. O maior número de instituições está nas regiões Sudeste e Sul. O Estado de São Paulo tem mais de 20% dos planetários do país, sendo alguns de

51 [email protected] 52 [email protected]

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grande porte, e o Rio de Janeiro conta com pelo menos 24 planetários, que correspondem a 16% do total, sendo 8 instalações fixas e 15 móveis. Os planetários opto-mecânicos que foram instalados no Brasil, depois de 1957, eram de alto custo e de difícil operação. Com o surgimento de planetários digitais, no final do século passado, o custo de instalação e operação foi reduzido de forma significativa, o que permite que um maior número de municípios e instituições possam adquirir e manter esses equipamentos. Estes dados são relevantes para a construção de um mapa da divulgação da Astronomia e outras ciências em planetários no país. Com eles podemos comparar as diversas datas de inauguração e locais. Criando uma tabela com a curva de instalação de planetários em nosso país, percebemos um aumento no número de

instituições após o ano 2000 e o surgimento de diversos planetários nas regiões Norte e Nordeste. Nota-se, também, um aumento da oferta de planetários digitais móveis, de pequeno porte, que permitem operação de baixo custo, podendo levar as atrações dos planetários a áreas distantes do território nacional. A partir da caracterização desses espaços de divulgação da ciência e com base nas definições de Museu determinadas pela legislação brasileira e pelo International Council of Museums (ICOM), será discutida e avaliada a possibilidade de sua classificação na categoria de Museus. Os dados que estão sendo levantados nesses espaços poderão ser úteis para a elaboração de políticas de divulgação da ciência que considerem os planetários, principalmente os ligados ao poder público, como ferramenta importante na popularização da Astronomia e outras ciências no Plano Nacional de Cultura, que deverá substituir o atual (2010-2020) a partir de 2021.

Palavras chave: Astronomia. Divulgação da Ciência. Museologia e Patrimônio. Planetário.

A divulgação científica e a inclusão social

Camila Binhardi Natal53

Marcia Helena Alvim54 Universidade Federal do ABC

RESUMO: Este trabalho objetiva analisar a divulgação científica a partir de sua dimensão inclusiva, com o intuito de estimular reflexões acerca de seu potencial enquanto instrumento de transformação social. A relevância desse tema justifica-se em virtude do importante papel que a divulgação científica pode desempenhar na atenuação de um dos mais estruturais aspectos da desigualdade social: a democratização do acesso à cultura e à educação de qualidade. Em geral, o contato que

53 [email protected]. 54 [email protected].

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a população costuma ter com a ciência limita-se ao período escolar, no âmbito da educação formal. Considerando-se o agravante de que, infelizmente, não raras vezes, o ensino na rede pública de educação básica é significativamente deficitário, afetado pela precariedade do sistema, a educação científica dos estudantes tende a estar aquém do recomendável. Essa situação pode comprometer, por consequência, não apenas a formação acadêmica, mas a consciência crítica e, em sentido amplo, a inclusão social e o pleno exercício da cidadania. Dado o exposto, nossa pesquisa parte da questão: como a divulgação científica pode contribuir, efetivamente, para a inclusão social? Serão desenvolvidas análises e reflexões teóricas acerca do tema, ilustradas por exemplos e fundamentadas por algumas de suas principais referências bibliográficas

na atualidade. A própria etimologia da expressão divulgação científica, sobretudo do primeiro vocábulo que a compõe, reitera a essência dessa tese. O substantivo divulgação originou-se do latim divulgatĭo,ōnis, com o significado de 'ação de espalhar, publicar, divulgar' ao público (vulgus). Pressupõe-se, portanto, que um dos principais propósitos da divulgação científica é o de tornar a ciência, a priori restrita à academia, acessível e compreensível ao público. Autores como Mendonça (2010, p. 3) endossam essa perspectiva, ao afirmar que “no caso da divulgação científica, como a própria etimologia da palavra divulgar sugere, trata-se de fazer chegar à população, de forma a um tempo rigorosa e simples, a dinâmica da ciência na vida cotidiana”. Assim, uma das lacunas que a divulgação científica pode ajudar a suprir é, justamente, um dos pilares da desigualdade social: o direito à cultura e à educação de qualidade, em geral inacessíveis, principalmente, à população mais vulnerável. De acordo com Moreira

(2006, p. 11), “Um dos aspectos da inclusão social é possibilitar que cada brasileiro

tenha a oportunidade de adquirir conhecimento básico sobre a ciência e seu funcionamento que lhe dê condições de entender o seu entorno (...) e de atuar politicamente com conhecimento de causa” (grifos nossos). Não por acaso, no antigo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia (DEPDI) integrava a estrutura da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS). A missão institucional a ele atribuída era a de “promover a inclusão social por meio de ações que melhorem a qualidade de vida, estimulem a geração de emprego e renda e conduzam a um desenvolvimento sustentável do país, tendo em vista a difusão do conhecimento” (grifos nossos). Em 2016, no entanto, o atual Governo Federal, ao fundir o MCTI com o Ministério das Comunicações, também fundiu a SECIS com outra Secretaria – a

Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento (SEPED), dando origem a uma nova pasta, denominada ‘Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento’. Dentro dela, há três departamentos, destinados a políticas e programas de ciências (1), desenvolvimento (2) e inclusão social (3). Pelo exposto, percebe-se que a nova Secretaria não prioriza a popularização e difusão da C&T em nenhum de seus departamentos (como o extinto DEPDI), tampouco a relaciona à inclusão social (como quando o DEPDI integrava a SECIS). A partir das pesquisas desenvolvidas neste trabalho, indicamos, como resultados parciais de nossa análise

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teórica, as seguintes considerações: o potencial educativo e inclusivo da divulgação científica, em sentido amplo – isto é, para além da educação formal – é evidente e, praticamente, consensual. Sua efetividade em larga escala, porém, depende de sua institucionalização, que viabilizaria o necessário apoio a iniciativas dessa natureza. Em 2015, o então Diretor do extinto DPDI afirmou que “Após onze anos da criação do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência, existe uma percepção coletiva de que hoje chegamos a um arcabouço de ações que constituem uma política nacional de divulgação de C&T”. (FALCÃO, 2015, p. 52). Apesar do referido ‘arcabouço de ações’, porém, o fato é que ainda não foi estabelecida uma política pública nacional para a área. Essa ausência de legislação oficial tende a comprometer a oferta de

oportunidades e a realização de ações de modo sistemático, regular e abrangente, visto que a maior parte das iniciativas limita-se às regiões Sul e Sudeste. De acordo com Massarani e Moreira (2012, p. 23-24), “ainda há um longo caminho até que possamos afirmar a existência de uma divulgação da C&T de qualidade e uma apropriação social adequada do conhecimento científico e tecnológico que abranja toda a sociedade brasileira. (...) Mas se inicia com os primeiros passos”. Palavras-chave: Divulgação científica. Acesso à educação. Inclusão social. Cidadania.

O museu e seus públicos: a percepção dos funcionários terceirizados sobre o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)

Wellington Ricardo Ribeiro Pessanha55

Universidade Federal Fluminense - UFF

RESUMO: Este trabalho é resultado do meu trabalho de conclusão de curso (TCC), finalizado em 2016, para obtenção do título de Bacharel em Antropologia e tem como objetivo analisar as representações que os funcionários terceirizados constroem sobre o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Ao longo da pesquisa busquei contrastar essas representações com as imagens oficiais da instituição. O grupo estudado é formado por colaboradores terceirizados que integram o quadro geral de funcionários de suas respectivas empresas e prestam serviços de diversas naturezas

ao museu. Assim, tais terceirizados podem ser também considerados como parte constituinte dos públicos do MAST. Essa pesquisa procura abordar a percepção que alguns desses funcionários terceirizados têm a respeito do discurso oficial produzido, disseminado e difundido pelo MAST em suas mais variadas nuances. A inexistência de

relações, inferioriza o indivíduo e a sua condição de anonimato permanece. Nesse sentido, esses funcionários terceirizados sofreram algum tipo de pressão, seja por meio da ausência de interação com as produções museológicas, seja pela carência da relação

55 [email protected]

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pessoal com a instituição. Minhas observações sobre esses deslocamentos me ofereceram dados importantes sobre o contexto onde os atores, os sujeitos aqui mencionados, tecem suas relações sociais, interagem e têm acesso aos diversos setores, sejam eles internos ou externos. Vale a pena salientar que a pesquisa transcorreu também dentro de um quadro comparativo sobre os discursos oficiais que o museu promove, enfatizando as motivações, os interesses que perpassam e gravitam em torno desses sujeitos. Ao discorrer sobre o conceito de museu e suas relações a partir da visão do setor terceirizado evidenciam-se os processos que envolvem a concepção de museu enquanto uma instituição pertencente à esfera pública tendo o seu setor educativo como mediador entre público e o acervo. Nem sempre os museus foram públicos, assim

como nem sempre existiram os setores educativos em museus, pelo menos da forma como o concebemos atualmente. A pesquisa utiliza a Etnografia como método para as observações das práticas de alguns desses agentes e tem como referencial teórico autores que ao defenderem a democratização das instituições culturais em geral, percebiam o museu como um meio de comunicação que deveria ser útil ao público. Entre os autores brasileiros a pesquisa utilizou Maria Esther Valente (2003), que aponta que estudar uma instituição como o museu é refletir sobre o processo de abertura das grandes coleções ao público, acrescentando que após a Segunda Guerra Mundial o museu passa a ser alvo de críticas severas, assumindo um novo papel. Eventos como o Seminário do Rio, ocorrido em 1958 e realizado pela Unesco, têm como um dos objetivos discutir e propor a ampliação do papel educativo nos museus. Nessa nova perspectiva, um modelo de museu que enfatizava o objeto pelo objeto é

substituído por outro que pensava o objeto enquanto revelador da organização social

e seus significados. Assim, é preciso reconhecer que o compromisso com o público foi se tornando crescente com o passar do tempo e hoje ocupa, se não a principal, uma das principais missões do museu enquanto instituição pública. A presente pesquisa não procurou resolver problemas ou apontar soluções para os problemas cotidianos no museu, mas alerta para a concepção do futuro Centro de Visitantes do MAST, deixando como sugestão a importância de avaliar os impactos da sua construção, refletindo se de fato ele cumprirá o seu propósito ou apenas ficará no campo do devir. Mais do que ter um espaço voltado especificamente para o visitante, é preciso acompanhar de perto os públicos da instituição, levando em consideração as diversas falas dos diversos públicos, incluindo a dos funcionários terceirizados. Ressaltamos que as entrevistas realizadas traçam um cenário normalmente não percebido por parte da instituição.

Penso que talvez essa seja uma das possíveis contribuições de meu trabalho. Palavras-chave: Museus. Museologia. Funcionários terceirizados. Pesquisa de público.

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Museu Florestal Octávio Vecchi: análise da atuação histórica em extensão e avaliação do potencial futuro em divulgação científica

Paulo Andreetto de Muzio56

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a atuação do Museu Florestal Octávio Vecchi em divulgação científica ao longo de sua história e, a partir desta análise, propor a readequação da expografia visando a potencialização do uso do espaço. Cientistas como Vogt (2011) e Beirão (2012) defendem que a divulgação

científica é imprescindível para o exercício da cidadania e para a participação popular em questões pertinentes à sociedade que tenham um embasamento científico. Os museus de ciências são fontes importantes de conhecimento e vêm contribuindo para a cultura científica, para a educação formal e não formal em ciências e, consequentemente, para a percepção pública do papel da Ciência, Tecnologia & Inovação no desenvolvimento científico e tecnológico do país (ROCHA & MARANDINO, 2017). São instituições que possuem acervos de relevância histórica e que contribuem para a criação da identidade de uma sociedade (BARROS, 1988). O Museu Florestal Octávio Vecchi está localizado em uma área natural protegida de São Paulo (SP) e é vinculado ao Instituto Florestal, órgão de pesquisa científica do Estado. Foi inaugurado no ano de 1931 e esteve ligado à Secretaria de Agricultura até 1987, quando passou a

integrar a Secretaria do Meio Ambiente. O espaço foi organizado com fins científicos, didáticos e culturais para demonstrar as possibilidades de aproveitamento racional das riquezas florestais, bem como fomentar o pensamento ambiental (da época). Desde o início o Museu Florestal foi uma instituição promotora de educação ambiental, ainda que a expressão tenha sido concebida apenas quarenta anos depois (PRIEDOLS, 2011).

Para analisar a atuação do Museu Florestal ao longo dos anos, é necessário compreender os contextos históricos e políticos relacionados às áreas da produção científica do Instituto Florestal. Devemos considerar fatores como a transição da população brasileira, que na década de 1960 era predominantemente rural e a partir da década de 1970 passa a ser de maioria urbana, ou o fortalecimento dos movimentos ambientalistas, influenciado por marcos como a Conferência de Estocolmo, em 1972, e a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992.

Considerando os contextos históricos e políticos nos quais o Museu Florestal esteve inserido durante sua existência e entendendo que outros nomes podem ter sido dados às atividades de divulgação das pesquisas científicas realizadas no espaço, em um primeiro momento propomos a simplificação da divulgação científica a um processo

de transferência de conhecimento. Por conseguinte, faz-se necessária a compreensão dos conceitos que remetem a esse processo de transferência de conhecimento nos diferentes campos (pesquisa científica, agricultura, meio ambiente). Deste modo, a

56 [email protected]

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primeira etapa desta pesquisa é a realização de revisão dos conceitos de divulgação científica, extensão rural e educação ambiental. O objetivo é buscar convergências e divergências entre eles. Também serão revisados os conceitos que remetem às diferentes gerações de museus de ciência. Após a construção deste aporte teórico será realizada a análise do acervo documental referente ao Museu com o objetivo de levantar as ações de divulgação científica realizadas no espaço desde sua criação, bem como as ferramentas tecnológicas utilizadas (cinema, fotografia, pinturas e outros suportes peculiares ao espaço). Serão analisados os relatórios da Seção Técnica do Museu Florestal, publicações referentes ao Museu Florestal nos relatórios anuais da Secretaria de Agricultura e no Diário Oficial do Estado de São Paulo, bem como notícias

em periódicos. Após compreensão das ferramentas (de cunho analógico) utilizadas para a transferência de conhecimento, serão avaliadas a possibilidades de convergência destas com as novas tecnologias, ou seja, a aplicabilidade em novas plataformas. Apesar do Museu Florestal ter sido criado originalmente com o objetivo de divulgar as pesquisas da instituição, partimos do pressuposto que o potencial de divulgação científica do espaço está subaproveitado. Será proposta a adequação da expografia, por meio da inserção de ferramentas tecnológicas contemporâneas digitais, como a implantação de QRCode para o uso de mobiles, tour virtual para acesso remoto, ou áudio descrição das obras. Como ainda há poucas publicações acadêmicas sobre o Museu Florestal Octávio Vecchi, será realizada pesquisa do tipo exploratória. A construção de um aporte teórico que avalie as convergências e divergências entre os conceitos e práticas de divulgação científica, extensão rural, educação ambiental

poderá subsidiar não apenas este estudo, mas outras pesquisas referentes ao Museu

Florestal, bem como a outros órgãos ou instituições análogas. Espera-se ainda, a partir da revisão conceitual e da análise do potencial do Museu Florestal para a divulgação científica, não apenas propor o uso de ferramentas tecnológicas adequadas para potencializar a atividade, mas realizar sua implementação. Um desdobramento futuro desta pesquisa será a avaliação da efetividade dessas ferramentas já implementadas. Palavras-chave: Museus de ciência. Educação ambiental. Meio ambiente.

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RESUMOS - RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

SESSÃO 1 DEBATEDOR(A): JULIANA SANGION

USP Analisa: um debate de qualidade nas ondas do rádio

Thaís Pedroso Cardoso57

João Henrique Rafael Junior58 Rosemeire Talamone59

Universidade de São Paulo

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados alcançados pelo USP Analisa, programa de entrevistas veiculado pela Rádio USP. A Rádio Educativa é considerada um dos principais instrumentos de extensão e também de divulgação científica nas universidades. Além de dar visibilidade à produção acadêmica e a diversas iniciativas desenvolvidas na instituição, ela consegue aproximar o meio universitário e o público leigo, por apresentar características intrínsecas como linguagem oral e acessível, instantaneidade, imediatismo e penetração. Em Ribeirão Preto, a Rádio USP Ribeirão Preto desempenha essa função desde 2004, quando foi

criada dentro dos objetivos de sua matriz em São Paulo, ou seja, oferecer uma

programação musical variada, “uma programação jornalística voltada à divulgação das atividades da Universidade e um espaço aberto para debates sobre temas de interesse da sociedade e para prestação de serviços”. Desenvolver instrumentos que permitam à população compreender e ter uma postura crítica diante dos acontecimentos também tem sido uma preocupação dentro da universidade. Por isso, criou-se em 2016 o USP Analisa, um programa destinado a debater e analisar temas de interesse da sociedade sob a perspectiva de docentes e pesquisadores de variadas instituições. Produzido pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP em parceria com o Serviço de Comunicação Social da USP Ribeirão Preto, o USP Analisa é veiculado na Rádio USP, em Ribeirão Preto, às sextas-feiras, às 12h. Com 30 minutos de duração, sem intervalos, dedica-se, a cada semana, a esmiuçar temas complexos, de importante

compreensão para a sociedade, e ainda apresentar pesquisas científicas sobre esses assuntos que ajudam a embasar o debate. Ao todo, já foram veiculadas 69 edições, 14 delas em 2016, 44 em 2017 e 11 em 2018. O programa pode ser considerado um importante instrumento de divulgação científica para a USP, pois dá visibilidade a temas de pesquisas desenvolvidas na universidade que influenciam o dia a dia da

57 [email protected] 58 [email protected] 59 [email protected]

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população, como mudanças climáticas, genética, meio ambiente, saúde mental, violência, entre outros. Devido ao apoio oferecido pelo IEA-RP na realização de diversas conferências, palestras e outros eventos no campus Ribeirão Preto da USP, tem sido possível levar ao programa personalidades de destaque na ciência nacional, como a coordenadora do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco, Mayana Zatz e a docente do Instituto de Biociências da USP Lygia Pereira da Veiga, e também debatedores de universidades internacionais, como o docente da Universidade do Quebec em Montreal Angelo Soares, o pesquisador da Universidade de Lisboa Carlos Barros e o docente da Rice University José Nelson Onuchic. Em 2018, pretende-se criar séries especiais para debater temas mais amplos, que podem se

estender por vários programas. Uma primeira experiência está sendo feita com o tema “Regiões Metropolitanas”, cujo objetivo é explicar à população o que o fato de uma cidade integrar uma região metropolitana muda no cotidiano dos cidadãos. O levantamento de informações, a produção dos roteiros e a seleção dos entrevistados conta com o apoio do docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP Erasmo José Gomes. A previsão é que os programas sejam veiculados a partir de maio. Em virtude da boa aceitação do programa pelo público interno e, principalmente, externo à universidade, desde março de 2017 o USP Analisa passou a ser veiculado também pela Rádio USP de São Paulo, às quartas-feiras, a partir das 21h. Neste ano, em março, o programa ganhou mais um horário de exibição em São Paulo, aos domingos, a partir das 11h30. Além da exibição em ambas as rádios, os áudios dos programas ficam disponíveis na íntegra na página

do Jornal da USP na internet. Em fevereiro, o USP Analisa também ganhou uma playlist

no canal do IEA-RP no YouTube, cujos vídeos já somam 284 visualizações. Com todas essas formas de divulgação, espera-se ampliar a gama de ouvintes do programa e aumentar a difusão dos temas abordados. Palavras-chave: Divulgação científica. Rádio educativa. USP Analisa.

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Podcast Oxigênio: experimentações em busca de olhares interdisciplinares sobre as ciências

Sarah Azoubel Lima60

Beatriz Guimarães de Carvalho61 Maria Letícia Bonatelli62

Bruno de Sousa Moraes63 Simone Pallone de Figueiredo64

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Oxigênio é um programa de web rádio e podcast de jornalismo e divulgação científica produzido por alunos de Pós-Graduação do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com coordenação da professora Simone Pallone e parceria da Rádio Unicamp. O programa foi criado em 2015, sendo que, em sua primeira fase, seguia o formato de revista de rádio, com cerca de 30 minutos de notícias, reportagens e entrevistas diversas sobre assuntos da ciência, tecnologia e cultura. Na metade de 2017, com a mudança da equipe responsável, houve uma reformulação para tornar o programa mais dinâmico e interessante para o público, levando em conta tendências de podcasts brasileiros e estrangeiros. Desde então, o Oxigênio alterna entre dois formatos: programa temático e giro de notícias. O primeiro reúne diferentes perspectivas e

tópicos relacionados a um mesmo assunto, contando com entrevistas de especialistas de variadas áreas do conhecimento. Já o segundo traz informações mais “quentes” do universo das ciências e da tecnologia, que são comentadas pela equipe e relacionadas com outros acontecimentos recentes. Para se ter ideia, no mês de março, foram produzidos dois programas nesses formatos: o Temático “E aí, Doutor?”, que visou

problematizar e discutir a autoridade médica e a relação estabelecida entre médico e paciente, contando com entrevistas com especialistas na área; e o Giro de Notícias “Pinguim que não acaba mais (e o pinguim que acabou)”, que tratou de um estudo que revelou uma supercolônia de pinguins na Antártida e da criação de quatro novas Unidades de Conservação Marinha no Brasil. Nesse novo formato, o programa também já tratou de assuntos como a literatura de ficção científica, o futuro dos transportes, a autoridade e a negação da ciência, entre outros. A produção de cada episódio é

colaborativa, encaminhada a partir de reuniões semanais. A construção se dá de acordo com as seguintes etapas: escolha da pauta; definição de tópicos a serem abordados; entrevistas com especialistas; gravação do programa; edição e divulgação nas redes sociais. O objetivo principal do Oxigênio é fazer divulgação e jornalismo científico de

60 E-mail: [email protected] 61 E-mail: [email protected] 62 E-mail: [email protected] 63 E-mail: [email protected] 64 E-mail: [email protected]

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forma clara, aprofundada e crítica, visando um público amplo interessado em ciência, tecnologia e cultura. Busca-se revelar interações entre diferentes áreas do conhecimento - de modo a romper fronteiras estabelecidas entre as chamadas “ciências duras” e humanidades -, observando a ciência e a tecnologia por meio de uma perspectiva histórica, social e cultural e entendendo a produção do conhecimento como um processo contínuo, em constante transformação (PASSOS, 2009). Além disso, o Oxigênio tem a intenção de funcionar como um espaço de experimentação para os alunos dos cursos de Mestrado em Divulgação Científica e Cultural e Especialização em Jornalismo Científico do Labjor, contribuindo para a formação profissional e acadêmica dos participantes. Desde a sua reformulação, o programa tem tido uma

presença mais consistente nas mídias sociais (Facebook, Twitter e Instagram), promovendo uma maior interação com seus ouvintes. O esforço de divulgação tem rendido frutos. Só em março de 2018 o Oxigênio obteve quatro vezes mais impressões no Twitter do que a média dos quatro meses anteriores, tendo, ainda, um crescimento de 20% no número de seguidores. O aumento do alcance do programa pode ser atribuído à implementação de um pacote promocional para divulgar cada episódio nas mídias sociais, que inclui levantamento de diferentes materiais, como vídeos, notícias, decretos, entre outros, relacionados aos temas do programa. Outra ação recente que pode ter contribuído para a ampliação da audiência é participação do Oxigênio na campanha “O Podcast é Delas 2018”, que promove e incentiva a participação feminina na mídia. Além disso, tem sido usada no Facebook a ferramenta de impulsionamento, sendo programada para atingir, durante dois ou três dias, um público formado por

homens e mulheres, de 18 a 65 anos, de diferentes estados como Mato Grosso, Paraná,

Rio Grande do Sul, Goiás, além de São Paulo (onde já está o maior público do Oxigênio). O resultado desses impulsionamentos tem sido o alcance de, em média, 402 pessoas a mais por postagem, sendo os vídeos responsáveis pelos maiores picos de visualização. No momento, a equipe do programa está estudando colaborações com outros podcasts, a reformulação do site, a implementação de novos formatos de episódios e a criação de roteiros cada vez melhores para engajar um público mais amplo. Os episódios do Oxigênio podem ser acessados no endereço http://oxigenio.comciencia.br e também através de agregadores de podcasts disponíveis para as plataformas móveis Android e Apple. Palavras-chave: Divulgação científica. Jornalismo científico. Podcasts. Oxigênio.

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Ciência Informativa - Uma experiência de divulgação científica

Maria Letícia Bonatelli65

Patrícia Sanae Sujii66 Nathália Moraes67

Jaqueline Almeida68 Thomaz Offrede69 Vinicius Borges70

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo

RESUMO: O projeto de divulgação científica chamado Ciência Informativa foi criado em setembro de 2014 por alunos de graduação e pós-graduação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo, e da Universidade Estadual de Campinas, juntamente com o Student Chapter USP Branch apoiado pela

Sociedade Americana de Microbiologia. O projeto consistiu na formulação e criação do Blog Ciência Informativa (www.cienciainformativa.com.br) que inicialmente focou em dois grandes objetivos: produzir conteúdo de divulgação científica com periodicidade semanal e oferecer a plataforma estabelecida para que estudantes de graduação, pós-graduação, professores e outros profissionais, que atuassem com pesquisa científica, pudessem utilizar o espaço para divulgar os resultados dos seus projetos. Até hoje, foram publicados mais de 250 textos de divulgação científica sendo que, deste número, 15 publicações foram de colaboradores externos. Além do conteúdo produzido em

português, os textos são traduzidos para o inglês com periodicidade quinzenal. Os temas abordados foram os mais variados, passando por diferentes áreas do conhecimento: biotecnologia, comunicação, meio ambiente, neurociência, saúde, entre outras. Desde novembro de 2015, quando começamos a utilizar a plataforma Google Analytics, tivemos mais de 62 mil acessos e, sem dúvidas, um dos assuntos mais acessados foi meio ambiente, envolvendo as publicações “Conhecendo o Rio Doce: História e Importância” (10,71% dos acessos) e “Como retirar materiais pesados do solo” (2,49% dos acessos). Mas é importante também citar os textos “Does your

language determine what you think” (1,66% dos acessos) e “Doping no esporte” (1,59% dos acessos) como bastante acessados, sendo que os outros textos receberam menos de 1,50% dos acessos. Os temas acessados mostram a importância da produção de conteúdo, em forma de texto, de boa qualidade para a divulgação científica, uma vez

que estes estão sempre disponíveis para serem consultados e são encontrados com uma simples busca de palavras nos buscadores online. Por exemplo, utilizando as 65 [email protected] 66 [email protected] 67 [email protected] 68 [email protected] 69 [email protected] 70 [email protected]

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palavras “Rio Doce História” no Google, o texto “Conhecendo o Rio Doce: História e Importância” aparece como a primeira sugestão de resposta, no formato Snippet em destaque, que é um formato em destaque da resposta à pergunta que foi feita no buscador. Esse fenômeno pode ser a causa ou o efeito de esse ser um dos textos mais acessados no blog. Como o objetivo central desse projeto é promover a divulgação científica de forma mais ampla possível, ampliamos os canais de divulgação. Em parceria com a WebRádio Unicamp, iniciamos a produção de conteúdo em podcast, no formato de pequenos spots de 1 a 2 minutos, falando sobre o texto de divulgação produzido naquela semana. A produção desse conteúdo teve início em agosto de 2017 e foram produzidos 27 spots. Mais recentemente, no mês de março de 2018, foi criada

a sessão Colunas, onde os textos produzidos têm um novo formato, mais autoral, permitindo uma abordagem inovadora na divulgação da ciência. A coluna produzida pela Maria Letícia Bonatelli chamada ‘Eu, cientista’ tem o formato semifictício, e conta a pesquisa científica do ponto de vista do cientista; já a coluna produzida pelo Vinícius Borges, chamada ‘A neurociência de quase tudo’, aborda como a neurociência permeia o nosso cotidiano. Finalmente, com o intuito de expandir as iniciativas realizadas através do blog, o projeto Ciência Informativa já realizou palestras e apresentações sobre divulgação científica em diferentes eventos pelo Brasil. A iniciativa mais importante, neste sentido, foi a realização, em 2017, de dois Workshops de Divulgação e Comunicação Científica, realizados na Universidade de Brasília e na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. A motivação para a formulação de um workshop sobre divulgação e comunicação científica foi justamente

a carência de aulas e/ou cursos sobre o assunto. O cientista é muito pouco estimulado

a pensar na forma como se comunica e, no entanto, esta é uma habilidade que precisa ser desenvolvida e o conhecimento de técnicas e teorias pode auxiliar nesse caminho. O público total que participou das duas edições do workshop foi de mais de 40 pessoas. O projeto Ciência Informativa conta, atualmente, com seis integrantes que trabalham de forma colaborativa e acreditam que a divulgação científica pode diminuir a distância entre conhecimento científico desenvolvido dentro da universidade e o público geral. Encurtar tal caminho ajudará na formação de uma sociedade mais informada e capaz de tomar melhores decisões acerca de seu futuro, uma vez que vivemos numa sociedade cada vez mais tecnológica e dependente dos avanços científicos, que acontecem cada vez mais num ritmo acelerado.

Palavras-chave: Divulgação científica. Blogs. Spots. Colunas. Inovação.

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Eis a Questão: as potencialidades do podcast na divulgação científica

Laís Cerqueira Fernandes71 Universidade Federal de Juiz de Fora

João Paulo Chiavegatto Campos Muniz72 Universidade Federal de Juiz de Fora

Lucas Mascarenhas de Miranda73 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Diminuir a distância entre a ciência e a sociedade é um desafio constante.

No contexto da universidade pública, entende-se que o esforço para promover um maior envolvimento entre esses dois âmbitos não reside em um único fronte: além de tornar públicas e acessíveis as informações sobre os avanços científicos e as mudanças que afetam diretamente a vida da população, é necessário evidenciar o próprio

processo de produção desses conhecimentos científicos; o esforço está voltado não apenas para detalhar como o mesmo acontece, mas também para humanizar a figura dos próprios pesquisadores. Para isso, considera-se como premente uma maior sensibilização a respeito da importância da ciência e a desmistificação da figura do cientista, a fim de romper com a ideia de que trabalhar com pesquisa é algo utópico ou inalcançável. É legítimo que esforços nesse sentido sejam incentivados e elaborados dentro de universidades, uma vez que estas atuam como centros de formação e difusão de conhecimento. Tendo este entendimento em mente, este artigo apresenta o relato

acerca da experiência com o projeto Eis a Questão, focando, especificamente, em nosso principal objeto: o podcast homônimo. Criado a partir de questionamentos semelhantes aos supracitados – da necessidade de tornar a ciência mais acessível e, especialmente, fornecer um conteúdo que ofereça a possibilidade de engajamento para jovens (tanto os que se preparam para ingressar no ensino superior, quanto os que já são universitários) –, o projeto Eis a Questão, realizado pela Coordenação de Divulgação Científica (inserida na Diretoria de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

Minas Gerais), tem como objetivo potencializar a comunicação da ciência através de quatro tipos de mídias: vídeo, animação, game e podcast. O presente trabalho foca nesse último devido ao envolvimento dos autores nas etapas de roteirização, apuração, entrevistas, locução, edição e divulgação dos episódios (tanto os disponíveis, quanto os

que se encontram em produção). O podcast é o escolhido como uma das mídias para disseminação de conteúdo devido à sua natureza única: filho híbrido do rádio e da internet, ele também se caracteriza como um campo profuso para análises como a proposta por este trabalho, sobre como estruturá-lo da forma mais efetiva e como utilizar os mecanismos disponíveis para a sua elaboração. Outro motivo da escolha do

71 [email protected]. 72 [email protected]. 73 [email protected].

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podcast é o fato do campo de estudo relativo a este objeto ainda ser pouco abordado na literatura acadêmica brasileira. Definido como o áudio disponibilizado através do processo de podcasting, que permite que seu público “assine” o conteúdo dos programas e receba atualizações automáticas dos novos episódios, à medida que são disponibilizados on-line e de forma completamente gratuita, o podcast é alcançável para todos que possuem acesso à internet, sem estar “preso” à uma grade de programação e sendo disponível para ser ouvido, pausado e acompanhado de acordo com a vontade pessoal de cada ouvinte. Estes fatores caracterizam essa mídia como de fácil acessibilidade, escolhida mediante a vontade do consumidor – além de sua narração (especialmente, em casos brasileiros, como é apontado neste trabalho)

investir em uma linguagem descomplicada, dedicada a promover uma proximidade junto aos ouvintes. O podcast, enfim, é um dos frutos de um novo tipo de mídia, baseada em consumidores mais engajados, empenhados não apenas em acompanhar os apresentadores e compartilhar seus programas, como também voltados para a produção de novos podcasts. Ao discutir as características e potencialidades desse tipo de mídia, especificamente em um âmbito de divulgação e acessibilidade da ciência, coloca-se diretamente em prática o conceito de divulgação científica proposta por Bueno (2009, p.162), que abarca a “utilização de recursos, técnicas, processos e produtos (veículos ou canais) para a veiculação de informações científicas, tecnológicas ou associadas à inovação ao público leigo”. No presente trabalho, então, é narrada a experiência de definição de conteúdo e de público do Eis a Questão, compreendendo que, para uma comunicação eficaz, é de importância primordial o

cuidado para lapidar uma interação bem-sucedida com seu público, que o motive não

somente a consumir o conteúdo, como compreendê-lo de forma satisfatória e engajar-se com o mesmo; algo que é um forte componente do podcast. Palavras-chave: Podcast. Divulgação científica. Cultura digital.

Experiência pessoal na divulgação científica em jornais impressos do interior paulista

Adilson Roberto Gonçalves74 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo fazer o relato de experiência pessoal na utilização de veículos impressos de comunicação para a divulgação crítica de ciência e tecnologia. Motivado pelo trabalho pioneiro de José Reis, procurei manter uma coluna de divulgação de ciência e tecnologia, incorporando temas de educação e meio

74 [email protected]

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ambiente, em jornais impressos nas cidades em que desenvolvi atividade profissional em pesquisa e educação superior. Em agosto de 2009, a proposta foi feita à editora do Jornal Guaypacaré, da cidade de Lorena (SP), localizada no Vale do Paraíba, que passava a receber um campus da Universidade de São Paulo (USP), com cursos de engenharia, incorporando a extinta Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil). Após a ressalva para se tratar prioritariamente de assuntos locais, dada a abrangência regional do jornal, a primeira coluna foi publicada em 22 de agosto de 2009 e mantida por mais de quatro anos, cujos 222 textos impressos foram incorporados no livro Transformações na Terra das Goiabeiras, editado pela Academia de Letras de Lorena e publicado em 2017 (352 p.). O Jornal Guaypacaré deixou de

circular em abril de 2014 e foi continuado no site O Lorenense (http://olorenense.com.br/author/adilson/) a partir de outubro daquele ano, mantido pela jornalista Graziela Staut, com atualização semanal até 2016 e, atualmente, com publicação quinzenal de artigos sobre ciência e tecnologia. O título dessa coluna é O Saber Acontece, ressaltando o dinamismo do conhecimento. Também foi feita a proposta de colunas para editorias de jornais impressos do interior paulista, com pronta aceitação no Jornal Cidade de Rio Claro, com publicação quinzenal vinculando a divulgação das atividades de C&T com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), e o jornal O Regional, de São Pedro (SP), com publicação mensal de uma coluna específica, intitulada O Engenho e Arte, inspirada nos primeiros versos de Os Lusíadas, e voltada a assuntos da agroindústria sucroalcooleira, com ênfase na biorrefinaria e bioenergia. O projeto quase homônimo Engenho e Arte foi desenvolvido na USP-Lorena com o

intuito de estimular a escrita não científica a alunos dos cursos de engenharia. Outros

veículos impressos são mais reticentes à publicação e a fazem de forma esporádica, como Correio Popular (Campinas) e Gazeta de Piracicaba. Veículos de grande circulação, como os que têm sede na capital paulista, ou seja, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, e o relançado Jornal do Brasil, refutam a publicação, apesar do editor deste último ter respondido a contato por e-mail dizendo-se interessado em publicar os textos de C&T. Há um público leitor do jornal impresso, mesmo quando não reproduzido em meio digital. O retorno pelas cartas dos leitores é mínimo, quando inexistente. Os editores desses veículos afirmam ser importante a parceria e primam por continuá-la, uma vez que são textos publicados sem pagamentos. Para ampliar a abrangência do público leitor, os artigos publicados são disponibilizados nas redes sociais Facebook e Twitter na forma de figura escaneada, o que aumenta o interesse

pelo clique na imagem e eventual leitura do conteúdo. Os comentários são, via de regra, favoráveis, com ênfase na concordância com as opiniões exaradas e estímulo para a manutenção dos textos. Por meio da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, artigos de opinião que são enviados são prontamente disponibilizados em sua página, com acesso às assessorias de imprensa de veículos impressos e eletrônicos de todo o país. Usando desse caminho, mas com textos não necessariamente com foco exclusivo em C&T, há publicação regular em veículos da Grande São Paulo, do Norte, Sul e Centro-Oeste do país, bem como no Jornal Cidade de Bauru e no Diário de Assis,

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localidades que possuem tradicionais campus da Unesp. A percepção, mais do que uma conclusão, é que existe a necessidade e o interesse dos leitores por assuntos de C&T e que o jornal impresso ainda é uma fonte importante de informação, mas a combinação de conteúdo aprofundado com visibilidade digital parece ser a melhor forma de se fazer a divulgação científica. Palavras-chave: Divulgação científica. Jornais impressos. Textos opinativos sobre C&T. Comunicação universitária. Redes sociais na divulgação de C&T.

SESSÃO 2 DEBATEDOR(A): PAULA DRUMMOND

UFU Ciência: experimentação com vídeos de divulgação científica veiculados na internet

Ana Beatriz Tuma75

Universidade de São Paulo Geovane Souza Melo Júnior76

Universidade Federal de Uberlândia

Kleber Del Claro77

Universidade Federal de Uberlândia

RESUMO: Em 2017, a Diretoria de Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (DIRPE/UFU) criou o projeto de extensão UFU Ciência tendo como um de seus objetivos a disseminação das pesquisas produzidas na Universidade por meio de vídeos para a internet, principalmente o Facebook. Para tanto, ao longo do ano, constituiu uma equipe formada por uma jornalista e estudantes de Jornalismo da UFU, além de contar com o apoio do diretor de pesquisa e de um técnico administrativo da Instituição. O processo de produção dos vídeos passa pelo levantamento de pautas sobre assuntos científicos que possam interessar à população, como, por exemplo, conforme aponta Burkett (1990), os com proximidade geográfica e com impacto. Feito

isso, faz-se uma pré-entrevista com o (s) pesquisador (es) para saber mais sobre o que ele (s) estuda (m) e dar algumas orientações sobre como funciona a gravação, já que muitos deles nunca tiveram contato com a divulgação científica. É importante ressaltar que são feitas entrevistas com pesquisadores de diferentes níveis de formação, isto é, desde o aluno de graduação até um professor universitário, para incentivar todos que

75 E-mail: [email protected]. 76 E-mail: [email protected]. 77 E-mail: [email protected].

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estão dentro da UFU a falarem sobre o que estão estudando. Posteriormente, há a gravação e edição do vídeo, que tem duração de cerca de 3 minutos, visando estimular seu consumo completo pelos internautas, já que se gasta pouco tempo assistindo-o. Sobre a gravação, um aspecto importante a se destacar é que a equipe busca ajudar os cientistas na tradução do linguajar técnico da área do conhecimento a que pertencem para um mais popular, em que todos possam entender, uma vez que estes estão mais acostumados a fazer comunicação científica, abordando um tema para seus pares. Já na edição, busca-se trazer várias imagens do assunto tratado para que ele fique mais ilustrativo. Os vídeos produzidos são veiculados na fanpage do UFU Ciência no Facebook, no YouTube e Blog do projeto de extensão. Tal projeto veio somar forças

com o trabalho que é realizado pela Diretoria de Comunicação Social (DIRCO) e pela Fundação Rádio e TV Universitária (Fundação RTU), pois sabe-se que o ponto de partida para incentivar a divulgação de Ciência e Tecnologia no Brasil, de maneira eficaz e contínua, de acordo com Oliveira (2010), são os institutos de pesquisa, as universidades, os órgãos governamentais e a comunidade científica. Isso porque, no processo básico de comunicação social, eles são os emissores das mensagens, já que são os detentores das informações primárias. Assim, torna-se evidente a necessidade de a Universidade Federal de Uberlândia investir fortemente na divulgação científica de suas pesquisas. Dentre os resultados do UFU Ciência, está o maior conhecimento, tanto por parte da comunidade científica quanto da população em geral, do que está sendo produzido dentro dos campi e da escola de educação básica da Instituição. Ademais, o curso de Jornalismo da UFU não conta com uma disciplina sobre Jornalismo

Científico e/ou Divulgação Científica. Há apenas uma disciplina denominada

Jornalismo Especializado em que se aprende um pouco sobre cada vertente do jornalismo. Por isso, o UFU Ciência torna-se lócus para que os estudantes que atuam nele possam aprender, teórica e praticamente, sobre esse específico campo da comunicação social e, quem sabe, ele possa despertar vocações para essa área de atuação. Por fim, é preciso mencionar que a equipe do projeto sempre experimenta na produção dos vídeos, incentivando o uso da criatividade, ferramenta que acredita ser essencial em divulgação científica. Prova de que o projeto colhe seus primeiros frutos são o reconhecimento por meio do primeiro lugar na categoria proposta empreendedora e de estar entre os finalistas na categoria audiovisual, junto com emissoras profissionais como a TV Globo, do Prêmio Regional de Jornalismo Orlei Moreira realizado em 2017 pela Universidade Federal de Uberlândia.

Palavras-chave: Divulgação científica. UFU Ciência. Vídeos.

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Uniso Ciência: divulgação científica na universidade comunitária

Guilherme Profeta78

Marcel Stefano Tavares Marques da Silva79 Universidade de Sorocaba

RESUMO: O Uniso Ciência é um projeto de divulgação científica da Universidade de Sorocaba, com foco em mídias offline e online, voltado inicialmente ao grande público de Sorocaba e região (fase 1), mas em processo de expansão para um veículo bilíngue, com abrangência tanto nacional quanto internacional (fase 2), por meio da distribuição

a universidades parceiras em todo o mundo. O projeto nasceu de uma percepção recorrente no meio acadêmico: programas de pós-graduação detêm conhecimento especializado, com aplicabilidades diretas e indiretas à vida cotidiana das comunidades, contudo estão disponíveis apenas a uma pequena parcela da população,

versada em jargões específicos e suficientemente creditada para frequentar ambientes acadêmicos restritos. O Uniso Ciência tem como objetivo contribuir para mudar essa percepção de que a pesquisa acadêmica é hermética, desassociada da vida real da comunidade. Para atingir esse objetivo, publica reportagens jornalísticas baseadas em dissertações e teses dos programas de pós-graduação da Uniso: Educação (Mestrado e Doutorado), Comunicação e Cultura (Mestrado), Ciências Farmacêuticas (Mestrado e Doutorado) e Processos Tecnológicos e Ambientais (Mestrado Profissional). As reportagens são redigidas por professores da casa, habilitados pelo Mestrado em

Divulgação Científica e Cultural (MDCC) do Instituto de Linguística da Universidade Estadual de Campinas, além de ser rigorosamente aprovadas pelos professores doutores responsáveis pelas pesquisas e pela pró-reitoria acadêmica da Uniso. O objetivo dos textos, que são publicados em um jornal impresso, do tipo tabloide, de oito páginas e em páginas online, é não apenas divulgar, mas repercutir, levando temas científicos à discussão pública e ressaltando a significância da ciência e da tecnologia para a vida do cidadão comum. A interdisciplinaridade e a aproximação das ciências e das artes são grandes norteadores, compreendidos como estratégias essenciais,

reproduzindo uma tendência internacional da divulgação de Ciência e Tecnologia (C&T). O material impresso, além de ser amplamente distribuído à comunidade, é também disponibilizado aos docentes e discentes nos dois campi da universidade, proporcionando a oportunidade de acesso a esse produto diferenciado. Acredita-se

que, com isso, a universidade comunitária está colaborando para a mudança de uma cultura regional, que não privilegia a leitura de produtos com temas das ciências. Dessa forma, a publicação procura garantir que o conhecimento até então “aprisionado” nas dissertações e teses que, muitas vezes, ficam paradas nas estantes da biblioteca da universidade, ganhe vida e volte a ser debatido tanto pela comunidade acadêmica quanto pelas comunidades das dezessete cidades por onde o Uniso Ciência é

[email protected] [email protected]

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distribuído. O projeto conta com um contrato anual de parceria com o jornal Cruzeiro do Sul, que prevê a publicação das reportagens em dois formatos distintos: 1) um tabloide trimestral, com tiragem de 3 mil exemplares, encartado nas edições impressas do jornal; 2) um espaço on-line no portal do jornal, onde as reportagens são disponibilizadas a cada edição e acrescidas de textos extras, disponíveis apenas no formato online. Até o presente momento, duas edições já foram encartadas no Cruzeiro do Sul e distribuídas à população. Contudo, há um repositório de reportagens, que está sendo mensalmente alimentado pelos redatores desde o segundo semestre de 2017. A fase 2 do projeto prevê a publicação semestral de um compêndio bilíngue (português-inglês), em formato de revista, compreendendo textos publicados até então nos

tabloides, textos selecionados do portal, textos inéditos e, possivelmente, conteúdo exclusivo. A impressão está prevista para a primeira quinzena de junho. Até o momento, os textos já foram traduzidos e já estão em fase de diagramação. Depois de impressos, os compêndios serão distribuídos para universidades e instituições de pesquisa no Brasil e no mundo. Além disso, o Uniso Ciência deve também ser ampliado para o formato de rádio. Um programa semanal de quinze minutos foi autorizado e deverá ser produzido muito em breve, com a produção das matérias sendo feita por uma aluna de graduação, supervisionadas pelos professores envolvidos no projeto Uniso Ciência e também pelo professor de rádio jornalismo da Universidade de Sorocaba. O programa será veiculado pelo canal http://radiouniso.com//, podendo ser ouvido por qualquer interessado em todo o mundo.

Palavras-chave: Divulgação científica. Extensão universitária. Jornalismo impresso.

Como uma unidade de ensino e pesquisa da USP estreitou suas relações com a mídia, favorecendo a divulgação científica?

Denise Casatti80

Neylor Fabiano81 Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP e Universidade Federal

de São Carlos Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP

RESUMO: O objetivo deste trabalho é compartilhar a experiência da assessoria de comunicação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), destacando os principais aspectos que influenciaram o aumento da presença do Instituto nos veículos de comunicação brasileiros, conforme pode ser verificado nos dados dos últimos seis

80 [email protected]. 81 [email protected].

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anos. Ressalta-se que, no contexto da gestão pública, a comunicação institucional assume um papel cada vez mais relevante na promoção da imagem das universidades junto à sociedade e também no fortalecimento das relações da comunidade interna. Por isso, o uso de estratégias adequadas de comunicação é essencial para que os objetivos de uma universidade pública sejam alcançados no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão. No caso da assessoria de comunicação do ICMC, a história começa em 2010, quando foi criada a Seção de Apoio Institucional, tornando o Instituto a primeira unidade do campus da USP, em São Carlos, a constituir uma assessoria de comunicação. Na ocasião, a presença do Instituto na mídia era escassa, não havia indicadores e os poucos contatos diretos da imprensa com os pesquisadores não eram

registrados e acompanhados. Diante desse cenário, o trabalho da Seção foi estruturado a fim de fortalecer o relacionamento com a imprensa e com o público interno. Entre as diversas estratégias adotadas podemos destacar: a) contratação de uma analista de comunicação com formação em jornalismo e perfil adequado para divulgação científica; b) valorização da divulgação científica, caracterizando a comunicação como uma atividade de extensão universitária, ou seja, como atividade-fim; c) transformação das coberturas de eventos e dos anúncios de premiações em reportagens com enfoque em temas e conceitos científicos, aproveitando a apuração para produzir reportagens de divulgação científica em vez de notas e matérias tradicionais; d) utilização de técnicas do jornalismo literário para a produção de reportagens e perfis; e) elaboração de projetos especiais em conjunto com a equipe de arte do Jornal da USP; f) conscientização do público interno sobre a relevância das

habilidades de comunicação e das iniciativas de divulgação científica, por meio de

palestras, eventos e cursos de extensão; g) mobilização do público interno, por meio do compartilhamento das publicações e dos resultados de mídia com alunos, professores e funcionários; h) atendimento eficaz e eficiente à imprensa, buscando sempre dar um feedback (positivo ou negativo) às demandas dos jornalistas, por meio do fornecimento de informações qualificadas; i) aproximação com assessorias de comunicação de outras instituições de ensino e pesquisa, a fim de possibilitar a replicação de conteúdos de interesse mútuo; j) utilização da estratégia de crossmedia, com adaptação do material produzido, em formato e linguagem, para as diversas mídias utilizadas pelo ICMC; k) captação de recursos e apoios externos por editais e parcerias, minimizando a dependência orçamentária (exemplos: Programa Por trás dos Controles, na Rádio UFSCar; festival de divulgação científica Pint of Science). Como

resultado, os professores do ICMC têm sido acionados constantemente pelos veículos de comunicação e o Instituto é reconhecido por possuir especialistas altamente qualificados, aptos para falar com propriedade a respeito de assuntos relacionados a computação, matemática e estatística. Anualmente, o ICMC produz, aproximadamente, 350 publicações por ano, contabilizando cerca de 250 solicitações de imprensa e mais de 1000 inserções em veículos de comunicação. Ao colocar o Instituto em evidência, a assessoria está contribuindo para dar maior visibilidade aos cursos, às pesquisas e às atividades de extensão do ICMC, aproximando o Instituto da

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sociedade. Além disso, por meio das reportagens de divulgação científica, alguns assuntos pouco destacados pela grande mídia – em especial os relacionados à pesquisa básica em matemática – têm ganhado destaque. Tais resultados vêm chamando a atenção da comunidade e de dirigentes de órgãos da USP, tornando o Instituto uma referência nessa área. Isso também possibilita a disseminação e replicação das boas práticas a fim de que os benefícios desse trabalho sejam estendidos a outras instituições. Palavras-chave: Comunicação institucional; Assessoria de imprensa; Inserção na mídia; Divulgação científica; Extensão universitária.

Divulgação científica em Minas: conhecendo seus públicos

Thayse Carvalho Menezes82

Valéria de Fátima Raimundo83 Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO: O Núcleo de Estudos de Recepção e Mediações em Comunicação Pública da Ciência (NERCOPC) é um grupo de pesquisa inscrito no CNPq e está instalado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Têm em sua equipe seis profissionais da área de Comunicação

Social que atuam como divulgadores e pesquisadores em divulgação científica. O objetivo do grupo é contribuir para ampliação e democratização do debate Ciência, Tecnologia e Sociedade, desenvolvendo estudos de recepção e mediações em comunicação pública da ciência. As pesquisas abordam as complexidades advindas de fatores culturais, políticos, históricos e sociais que afetam a inserção dos sujeitos nesse debate e se inscrevem na Linha Temática Estudos de Recepção e Comunicação Pública das Ciências, a qual aglutina estudos que visam a entender os processos de apropriação e mobilização pública das ciências e da tecnologia pela população em geral ou por

grupos populacionais e/ou profissionais específicos. Seu projeto em andamento Contribuições da comunicação para o debate sobre ciência e tecnologia: Um estudo de recepção em ações de divulgação científica, aprovado na chamada 07/2015 da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), tem como objetivo conhecer e

entender o público que acessa outros seis projetos de divulgação científica financiados pela mesma chamada. São eles: “Projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil (1822-2022)”, “Processos do Conhecer: Exposição temporária do Espaço do Conhecimento/UFMG” e a exposição “Sentidos do Nascer: Exposição interativa e itinerante/UFMG”, “Divulgação e popularização da ciência junto aos movimentos sociais do campo e professores da educação básica em Uberlândia/MG e Região”, da 82 [email protected] 83 [email protected]

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Universidade Federal de Uberlândia (UFU), “Do Cabana do Pai Tomás ao aglomerado da Serra: Conexões entre ciência, tecnologia e educação”, do Centro de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e “Ampliação das atividades de popularização da ciência e tecnologia”, da Fundação Ezequiel Dias (FUNED). Estes projetos apresentam-se em diversos formatos, como exposição itinerante, fixa, atuação junto às comunidades próximas ou direcionados à formação de professores da educação básica. É possível perceber que os projetos buscam atuar de forma a difundir conhecimentos específicos para grupos diversos, e para muitos deles não há um público específico como foco. Ainda assim, as atividades e ações não ocorrem em sentido único: percebe-se que há troca de saberes durante as mediações feitas pelos

monitores junto ao público. A comunicação, vista nesta perspectiva interacional, ou seja, como realização de trocas simbólicas, desloca o foco da relação linear, portanto redutora entre emissores e receptores, para uma abordagem relacional, na qual os interlocutores assumem o lugar de sujeitos (des) construindo sentidos (BRAGA, 2001). Ainda assim vê-se que a inserção dos públicos em processos de comunicação nas ações de divulgação científica é opaca e difusa. Sob o aspecto metodológico, o estudo de recepção e mediações em curso está estruturado na articulação entre as seguintes etapas: leitura e discussão de autores clássicos dos estudos de recepção e de divulgação científica, leitura e análise dos projetos aprovados - visando conhecer seus objetivos com o financiamento recebido, como novas instalações, materiais de divulgação e distribuição e contratação de bolsistas, entrevista com a coordenação do projeto - a fim de conhecer sua história e perspectivas de impacto -, entrevistas com o público

visitante ou participante - no caso de ações de longa duração em comunidades -

baseado em um roteiro de entrevistas com questões comuns e questões específicas referenciadas nas distinções dos projetos, produção de relatório com análise comparativa dos dados obtidos através do software NVivo. A opção por esses procedimentos de coleta de dados não começa com a análise do espaço da produção e da recepção para depois procurar entender suas imbricações. Ela começa a partir das mediações, isto é, dos lugares de onde surgem os fatores que “limitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural da [mídia]” (MARTÍN-BARBERO apud VASSALLO DE LOPES, 2014, p. 68). A atividade de Iniciação Científica compreende o acompanhamento do Ciência em Movimento, desenvolvido pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED). Este projeto consiste em levar às várias partes do estado dois caminhões com exposições sobre objetos de pesquisa da Fundação, especialmente

animais peçonhentos e parasitas. Espera-se que, ao final do projeto, previsto para julho de 2018, seja possível conhecer como se formam, suas origens e quem compõe os públicos destes projetos de divulgação científica. Palavras-chave: Comunicação pública da ciência, recepção e mediações, Ciência em Movimento

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Observatório da Comunicação Pública da Ciência

Thacyane Martinelli Maciel84 Yolanda de Freitas Assunção85

Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO: O Observatório da Comunicação Pública da Ciência é uma plataforma de acesso público que congrega diversas ações de divulgação e Comunicação Pública da Ciência. O projeto se destina a interessados na popularização da ciência, como profissionais da comunicação, professores - de vários níveis da educação, seja da rede

privada ou da rede pública -, estudantes de ensino médio e fundamental, pesquisadores e o público não acadêmico. É integrado ao Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Pensar a Educação, Pensar o Brasil – 1822/2022 (PEPB) FaE/UFMG. A proposta do Observatório é promover abordagens críticas e propositivas de ações de Divulgação e

Comunicação Pública da Ciência em vários espaços de discussão, em especial nos mais diversos dispositivos midiáticos, contribuindo com a reflexão crítica sobre a produção e Comunicação Pública da Ciência no país. Para isso são acompanhadas ações da sociedade civil, dos governos e de instituições na mobilização da opinião e da esfera públicas nas definições e implementações de políticas e destinação de recursos em Ciência e Tecnologia. O acompanhamento é feito através do monitoramento de tendências e debates mediante a cobertura da mídia convencional e digital, fazendo a análise e repercussão de indicadores sobre a divulgação científica. Com isso,

esperamos contribuir para a cultura científica, tornando acessíveis os resultados das pesquisas no âmbito aos públicos não especialistas e para a ampliação do debate crítico sobre Ciência e Tecnologia. Além de analisar e monitorar a terceiros, também produzimos material de divulgação científica periodicamente, produto que alimenta o blog do Observatório, com o intuito de aproximar o cidadão que não pertence à comunidade acadêmica dos acontecimentos científicos que, em sua maioria, ficam presos em um grande depósito do conhecimento, conhecido como Universidade. Para conseguir atingir esse público, saímos as ruas, fazemos perguntas, conversamos sobre

o que está acontecendo dentro das paredes da universidade e os convidamos a participar. Todo conteúdo gerado para o blog, alimenta também o Jornal Pensar a Educação em Pauta. O Jornal é uma das diversas ações do programa Pensar a Educação, Pensar o Brasil - 1822-2022. O programa foi criado na UFMG em 2007 e articula um

conjunto de ações na interface entre extensão, ensino, pesquisa e comunicação pública do conhecimento científico sobre educação, com o objetivo de propor reflexões e alternativas para a educação pública brasileira num diálogo permanente entre a universidade e todos os diversos atores da educação básica. Cumprindo a

84 [email protected]

85 [email protected]

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responsabilidade social da Universidade de ouvir e atender as demandas da comunidade através da produção e popularização do conhecimento, seu intuito é aproveitar o período que antecede a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil (por isso, suas datas de referência, 1822-2022) para propor projetos que estimulem a reflexão sobre a contribuição da Educação para a construção de um país justo e igualitário. Para tanto, entende que a Educação Pública é um direito social imprescindível para a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e de maior protagonismo no processo democrático. Nossa expectativa é a de contribuir para problematizar os sentidos da Independência por meio de um debate sistemático sobre o lugar da educação nos projetos de Brasil nos últimos dois séculos de nossa

história. O Projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil articula no momento uma rede de 12 instituições universitárias pelo Brasil, com sede na UFMG. Sua diretriz metodológica assenta-se na necessidade de uma integração entre a universidade e o ambiente que a circunda. Em nosso caso, isto se realiza por meio de suas diversas ações, com mobilização de tecnologias e midias diversas, sempre com o intuito de expandir o alcance das reflexões que promovemos, buscando aproximação e intercâmbio permanentes com a escola básica. Palavras-chave: Divulgação Científica. Cultura Científica. Ciência. Educação. Comunicação Pública da Ciência.

SESSÃO 3 DEBATEDOR(A): STELLA DE MELO SILVA

Buracos Negros na Escola: Estratégias de Divulgação Científica através da Banca da Ciência

Emerson Ferreira Gomes86

Alisson Matheus de Medeiros Rangel87 Gabriel Silva de Oliveira88

Banca da Ciência – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

– Câmpus Boituva

RESUMO: A Banca da Ciência é um projeto de difusão científica em espaços de educação formal e não formal resultado dos estudos realizado pelo grupo de pesquisas Interfaces e Núcleo Temático de Estudos e Recursos sobre a Fantasia nas Artes,

86 [email protected] 87 [email protected] 88 [email protected]

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Ciências, Educação e Sociedade (INTERFACES), com pesquisadores do Instituto Federal de São Paulo - IFSP Campus Boituva, dos campi Guarulhos e Diadema da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP). As ações da Banca da Ciência consistem em realizar a comunicação crítica da ciência, utilizando-se de experimentos lúdicos e elementos da cultura dos estudantes como canções, filmes, histórias em quadrinhos e obras literárias. Para efetuar tal comunicação crítica, nos embasamos nos referenciais socioculturais da educação (SNYDERS, 1988; VIGOTSKI, 2001; FREIRE, 2013) e dos estudos culturais (PIASSI, 2015). As atividades de extensão do projeto no campus do IFSP Boituva, ocorrem desde março de 2017, sendo a equipe

composta por professores que coordenam o projeto, estudantes do ensino médio integrado ao ensino técnico da instituição e graduandos do mesmo campus. As oficinas mediadas pelo grupo do IFSP Boituva acontecem mensalmente em uma escola municipal de Boituva, para um público de estudantes do ensino fundamental. Para orientar a preparação e a execução das oficinas nos valemos de categorias estabelecidas por de Paulo Freire (2013), na procura de temas geradores de interesse nos jovens, nos processos de interação sociocultural de Vigotski (2001), em que identifica a importância do trabalho em cooperação e nas hipóteses de Georges Snyders (1988) acerca da satisfação cultural, que aborda a importância da cultura jovem e das práticas culturais cotidianas na educação. A oficina em questão foi intitulada como: Entrando num Buraco Negro e foi ministrada para 25 estudantes de ensino fundamental, da faixa etária entre 12 e 14 anos, em sua maioria meninas (19

meninas e 6 meninos) e para duas professoras de ciências, em uma escola municipal

da cidade de Boituva/SP. Ao decorrer da aplicação foram demonstrados experimentos físicos relacionados a gravidade, como: a mecânica clássica da queda livre por meio da demonstração da queda de materiais com formatos diferentes, peso dos planetas com garrafas pet com quantidades distintas de água, demonstração do tecido do espaço-tempo, além de uma conversa sobre o tema buraco negro na cultura pop. O ensino de ciências tem um caminho laborioso e de extrema importância para a sociedade, buscamos neste trabalho, levar o ensino da ciência de forma mais interessante, por meio da difusão científica, fazendo com que os alunos buscassem saber mais sobre o assunto, envolvendo também as professoras presentes na atividade. e possibilitando que todos dessem suas opiniões sobre o tema abordado nessa atividade, criando assim um debate entre eles, o que os deixou entusiasmados com a oficina. Em virtude do que

foi mencionado podemos concluir que obras literárias, canções, filmes, séries e outros elementos da cultura de massa que contenham elementos científicos tem um grande potencial em difundir a ciência e ser uma saída muito eficiente no ensino em nossa contemporaneidade, cada um deles com a sua maneira distinta de inserir elementos da ciência que acabam instigando o consumidor a saber mais, e desta forma contribuindo com a alfabetização científica. Podendo mudar a realidade de locais que tenham um baixo escoamento de informações e novos métodos de ensino

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oportunizando o estabelecimento de novos projetos integradores que proporcionam o surgimento de novos pensadores e cientistas. Palavras-chave: Difusão científica. Astronomia. Oficinas. Buraco Negro.

A importância das abelhas: Um estudo de caso

Thais Machado Candido89

Fátima Denise Peixoto Fernandes90 Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO: O presente trabalho foi realizado no Horto Botânico do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, situado no bairro imperial de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro, uma Instituição de ensino e pesquisa. O espaço conta com uma área verde que abriga plantas nativas de várias regiões do país, além de plantas exóticas – originárias de outros países. Apresentamos um estudo de caso do trabalho de educação ambiental com a temática da polinização, desenvolvido pelo projeto de extensão da UFRJ Escolas na Trilha: Visitando Horto Botânico do Museu Nacional, voltado para alunos do ensino fundamental da rede pública da Cidade do Rio de Janeiro. Este projeto abre o horto ao público escolar, e utiliza sua área verde para

promover atividades de divulgação da ciência, com foco na educação ambiental. Segundo a lei 9.795/99, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil, ela deve estar presente em diferentes segmentos da educação, com a função de gerar conscientização em cada indivíduo sobre o meio. É função dos educadores e dos espaços de ciências e cultura investir em propostas que busquem a geração conhecimento e promoção da Educação Ambiental. Durante as visitas realizadas pelas escolas ao Horto Botânico, os alunos percorreram uma trilha interpretativa pela área verde, participam de oficinas e outras atividades para abordagem do tema da polinização. O projeto procura levar a esses alunos conhecimento sobre a “polinização” e a importância dos agentes polinizadores, através do tema, “Qual a importância das abelhas?”. O tema foi escolhido pela equipe responsável pelo projeto, tendo em vista a importância dos polinizadores e a preocupação mundial com a diminuição das

populações de abelhas, imprescindíveis na agricultura, pois garantem a diversidade e a produção de alimentos. A partir deste tema, buscamos contribuir na construção do conhecimento, e especialmente na sensibilização ambiental. A metodologia do trabalho foi a observação e análise das atividades realizadas e, principalmente, das respostas dos alunos a pergunta “Qual a importância das abelhas?” realizada no início e no fim da visita. Ao iniciarem a visita, os alunos respondem à pergunta citada anteriormente,

89 [email protected] 90 [email protected]

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e feito isto, caminham para área verde do Horto Botânico, onde participaram de uma trilha interpretativa mediada pelas bolsistas de extensão da UFRJ. São apresentadas variedades de plantas, algumas características morfológicas e históricas destes exemplares. Em seguida, de volta ao auditório, assistem ao vídeo Sem Abelha, Sem Alimento sobre a importância das abelhas na produção de alimentos. Em seguida, participam, de forma ativa, da oficina Lanche com as abelhas, que propõe a montagem de duas bandejas de lanche, uma com os alimentos que dependem diretamente das abelhas para a sua produção e outra com os alimentos que não dependem das abelhas. A finalidade dessa oficina é demonstrar a importância dos agentes polinizadores na composição de um lanche nutritivo e de maior variedade de produtos. Para finalizar a

visita e realizar a avaliação, é proposto aos alunos responder, novamente, à pergunta inicial “Qual a importância das abelhas?” em pequenos hexágonos de papel colorido. Os alunos também recebem canetas coloridas e pequenos enfeites em forma de flores, frutos e abelhas. As respostas preenchidas permitem a montagem de um painel, que forma uma espécie de colmeia, para ficar exposto na escola. As respostas dos alunos presas ao painel são fotografadas para posterior análise das informações. No final do ano de 2016, foi realizado um estudo de caso direcionado para a construção do trabalho de conclusão de curso de Ciências Biológicas de uma das bolsistas de extensão do projeto. Nesse estudo, tivemos como resultado da avaliação e análise das respostas dos alunos, dois momentos bem distintos. Os alunos da primeira escola cursavam o sétimo ano de escolaridade, onde a Botânica faz parte do conteúdo programático e demonstraram conhecimento prévio sobre a importância das abelhas. Boa parte dos

alunos conseguiu associar às abelhas a polinização e, após as atividades, apresentaram

enriquecimento do conhecimento previamente observado. Os alunos da segunda escola cursavam o sexto ano de escolaridade, e suas respostas iniciais foram mais restritas a produção do mel. Após as atividades, observou-se a ampliação do conhecimento sobre o tema. Os resultados obtidos com a análise das respostas dos alunos no início e no fim da visita, e das observações ao longo desta, levaram a concluir que após a intervenção do projeto ocorreu a sensibilização sobre o tema. Portanto, foi possível verificar que a atividade conseguiu levar os alunos a conhecer um pouco mais sobre a polinização e a importância das abelhas na sua vida cotidiana. Acreditamos ter despertado nos alunos a compreensão sobre o tema e contribuído na sua formação educativa e social.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Ensino Fundamental. Polinização. Divulgação da Ciência.

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Oficina de jornalismo científico em projetos de pesquisa: aproximação com alunos de ensino médio

Cristiane Gonçalves de Pinho91

Patrícia Aline dos Santos92 Conecta Ciência - educação e divulgação científica

RESUMO: Na missão de democratizar o acesso ao conhecimento e desenvolver a cultura científica, a divulgação atua para integrar os avanços da pesquisa, gerados em ambientes acadêmico e científico, ao cotidiano da sociedade (BUENO, 2010). Esse

trabalho deve envolver de forma estratégica: sociedades científicas, instituições de pesquisa, universidades, governo, cientistas, comunicadores, educadores e estudantes (MOREIRA, 2014). Iniciativas lideradas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), como a Semana Nacional de C&T, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, bem como o apoio à formação em divulgação científica (como a bolsa Mídia Ciência) e à publicação de artigos científicos (papers), além da criação de espaços e centros museológicos aliadas ao apoio da mídia tradicional on e offline (revistas, portais, rádio e TV) e de projetos digitais como podcasts, blogs, vlogs e os eventos e festivais de divulgação científica, como o Chopp com Ciência, Pint of Science e FameLab, ampliam o repertório da divulgação científica. Nesse sentido, diferentes possibilidades de ações de divulgação científica são

realizadas. Entretanto, os editais são sucintos na descrição do que chamam de programas estruturados para a difusão de conhecimento e dão ênfase, sobretudo, a atividades de educação científica como complemento à formação tradicional oferecida pelo sistema formal de ensino (fundamental e médio), como alternativa para treinar alunos e professores. Não há detalhes do que deve ser feito, tampouco dos resultados

esperados. Para atender a essas demandas, a Conecta Ciência desenvolve o planejamento e executa atividades de divulgação científica com a rede pública de ensino, para projetos institucionais de pesquisa. O case que usaremos para ilustrar uma dessas atividades e seus resultados é uma oficina de introdução ao jornalismo científico realizada pela Conecta Ciência como parte das ações do Projeto Imunologia nas Escolas liderado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Imunologia (iii-INCT). Os oito encontros semanais do projeto aconteceram entre 8 de agosto e 26

de setembro de 2017, com duas horas de duração cada, na sala base da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), reunindo 12 estudantes do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Fernão Dias Paes e dois profissionais ligados à Universidade de São Paulo. Cada encontro foi dividido em quatro partes: (1)

contextualização do tema do dia; (2) apresentação conceitual sobre questões do jornalismo e da ciência; (3) uma ou duas atividades práticas; (4)

91 [email protected] 92 [email protected]

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recomendações/comentários para a aula seguinte; e a maioria das atividades foram realizadas em grupos, formados à escolha dos alunos. Foram desenvolvidas habilidades de comunicação relacionadas à linguagem escrita e audiovisual e sobre temas de ciência com o objetivo de promover reflexão e debate sobre as inter-relações da ciência na sociedade contemporânea, bem como noções de construção do conhecimento científico, a profissão do cientista e o contexto da ciência brasileira. Os alunos participaram ativamente das atividades apresentando suas percepções, experiências, dúvidas ou comentários sobre os temas abordados. Tiveram, ainda, a oportunidade de experimentar diferentes papéis durante as oficinas (editor, fotógrafo, repórter, ilustrador, entre outras) além de noções sobre as etapas de produção (pauta,

seleção de fontes, checagem de informações e edição). Mais do que ensinar técnicas, o programa proporcionou a reflexão sobre assuntos da contemporaneidade como as mídias e a ciência contribuindo para a formação ampla e interdisciplinar dos estudantes e o desenvolvimento de habilidades de comunicação, organização para apresentação e defesa de ideias, poder de síntese, articulação para liderança de tarefas e propostas de soluções para os desafios impostos durante o projeto, responsabilidade e compromisso com a execução das atividades. Como resultado, foi produzido um jornal mural, de seis páginas, que foi afixado em murais da escola com: duas entrevistas com convidados (um cientista e um jornalista científico), um conjunto entrevistas curtas feitas entre os alunos, além de ilustrações, fotos e três textos informativos. A oficina partiu da ciência que está na rotina dos alunos e propôs discussões do tipo “qual a importância dessa notícia?”, “ela deve influenciar em

minhas escolhas futuras?”, “ela traz informações precisas?”, “que jornal ou veículo

está publicando o fato?”, “vou curtir essa notícia, compartilhar com alguém (influenciar)?”, entre outras perguntas como essas que, em diversos momentos, instigaram os alunos abrindo caminho para abordarmos as questões de ciência e sociedade. Palavras-chave: Divulgação científica. Jornalismo científico. Ensino médio.

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A meteorologia trabalhada dentro da escola: uma abordagem para o professor e para o aluno

Nara Leme93

Ana Fontenelle94 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Há nesse trabalho dois principais eixos de análise: um que une o professor e como este pode ter ferramentas para trabalhar a meteorologia dentro de sala de aula

e um segundo pilar que reflete sobre como o aluno perceberá o clima de sua região, uma vez que será apresentado às temáticas e poderá transbordar para seu dia a dia. A abordagem da geografia física muitas vezes está pautada em uma escala global (FURIM, 2012) colocando a escala local de análise do meio ambiente em um patamar abstrato para o aluno. Nesse sentido, trabalhar ainda na escola com o campo da ciência atmosférica, leva a crer que a ciência pode ser vivida e observada no cotidiano do aluno, mas para isso os professores precisarão da assistência e ferramentas para abordagem deste tema específico. Dentre os motivos que levam a crer que o ensino de meteorologia como forma de aproximar o indivíduo ao seu ambiente cotidiano, encontram-se nos seguintes pontos essenciais: (I) utilização de vivência cotidiana: as condições de tempo, previsão de tempo ou a exposição de eventos meteorológicos são conhecimentos científicos que envolvem conceitos de física que podem ser

extrapolados para o bem estar, segurança ou conforto da sociedade; (II) a análise da escala local: desenvolver a capacidade analítica é um aliado na identificação de situações de risco ou possíveis intempéries naturais (como chuvas muito fortes, ventanias, enchentes etc) pode resultar num fortalecimento da capacidade de autoproteção; (III) identificação de riscos em escala global: aproveitando das

abordagens já existentes dentro de sala de aula, nesse aspecto, não será pautado apenas em aquecimento global, mas também em como a poluição urbana interfere e como ela ocorre, saindo do senso comum. Por último, (IV) desenvolvimento do método científico: o método científico de observação do meio ambiente é a chance que o aluno terá de analisar à sua própria forma o meio em que vive. Este não será pautado apenas no método da meteorologia ou da geografia, mas pode ser extrapolado para campos da arquitetura, ciências sociais, física entre outros. Para que todas essas pautas sejam

alcançadas, o trabalho, que ainda está em andamento, visa utilizar como aparato teórico uma série de palestras e experimentações para os alunos, como a observação de nuvens, experiências científica dentro de sala de aula entre outros, enquanto para os professores será confeccionado uma cartilha de orientação, baseada na cartilha Meteorology: An Educator's Resource for Inquiry-Based Learning for Grades 5-9,

93 [email protected] 94 [email protected]

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produzida pela NASA mas ainda sem tradução para o português o que dificulta o acesso uma vez que a língua é uma barreira. As primeiras abordagens com os alunos já ocorreram em forma de questionário, os resultados preliminares indicaram uma grande dificuldade dos alunos em compreender a diferença entre tempo e clima – uma vez que tempo está pautada apenas pelo viés cronológico (horas, minutos e segundos), a dificuldade em saber quais são as estações do ano e em quais períodos ocorrem e, o que mais chamou a atenção, é referente ao medo do meio físico. Os medos pautados sobre o tempo e o clima muitas vezes são vagos e de difícil explicação, onde confunde-se eventos atmosféricos (como furacões e tornados) com eventos geológicos (terremotos e tsunamis) e boa parte relacionado a um cenário de caos e fim do mundo,

facilmente relacionável com filmes com pouca base científica e produções Hollywoodianas dos eventos. Palavras-chave: Meteorologia. Climatologia. Percepção Climática. Divulgação Científica.

Cordéis Joseenses - da educação à resistência cidadã

Paulo Roxo Barja95 Universidade do Vale do Paraíba

Claudia Regina Lemes96 Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

RESUMO: Há cerca de dez anos, iniciou-se em São José dos Campos, interior de São Paulo, a publicação dos Cordéis Joseenses, folhetos de cordel produzidos por Paulo Barja sobre temas diversos. Na época, uma das principais motivações para o início desta produção literária era suprir a carência local de folhetos de cordel voltados mais diretamente para crianças e adolescentes. No desenvolvimento do projeto, buscou-se

aliar a tradição da métrica e da forma (folhetos pequenos, curtos e de baixo custo) a uma linguagem acessível, de modo que os cordéis pudessem inclusive apresentar potencial para adoção como material paradidático no contexto urbano paulista (o projeto até hoje se encontra sediado em São José dos Campos, daí o nome Cordéis

Joseenses). Embora o autor esteja profissionalmente vinculado a uma instituição de ensino universitário, com o passar do tempo, parte da produção cordelística passou a ocorrer como fruto de oficinas realizadas em instituições de ensino diversas e envolvendo alunos dos diferentes níveis de ensino – Fundamental (primeiro e segundo ciclos), Médio e Superior. Desta forma, parte dos Cordéis Joseenses produzidos consiste

[email protected] 96 [email protected]

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em textos criados coletivamente ou inspirados por vivências criativas em grupo. Nestas, a criação coletiva sempre respeitou a espontaneidade – as oficinas de cordéis realizadas nunca apresentaram restrições quanto aos temas dos folhetos. Além das obras impressas, o projeto inclui também um blog, cuja apresentação informa (desde 2010) que os Cordéis Joseenses “tratam de histórias e temas diversos, como educação ambiental, política e saúde, incluindo adivinhas e fábulas para crianças de todas as idades”. Ao completar 10 anos de trajetória e cerca de 80 cordéis publicados, a grande maioria destes como produção independente (ou seja, com impressão viabilizada por financiamento próprio), fazemos aqui um balanço a respeito da evolução dos temas tratados por estas publicações ao longo do tempo. O objetivo é avaliar se houve uma

mudança de rumos na produção em relação à proposta inicial do projeto literário. Em termos metodológicos, como recorte para análise, adotamos aqui a classificação dos folhetos de cordel em três eixos e/ou dimensões: i) um eixo temático (no qual dividimos a investigação nos tópicos “ciência/educação”, “política/cidadania” e “outros”); ii) um eixo referente ao público-alvo (utilizando-se a divisão entre “infantojuvenil” e/ou “adulto”); e iii) um eixo de autoria (classificando-se cada folheto como produção individual ou coletiva). No eixo referente ao público alvo, para efeito estatístico, os cordéis voltados para o público em geral foram considerados tanto “infanto-juvenil” quanto “adulto”. A análise cronológica efetuada deixa clara a transformação do projeto ao longo do tempo; se, por um lado, a produção cordelística segue buscando atender tanto ao público infantojuvenil quanto ao público adulto (com crescimento do número de textos voltados a este último), por outro lado é inegável o

aumento da presença de um viés político nos textos, principalmente no período que se

inicia a partir da metade do ano de 2016 (época do impeachment de Dilma Rousseff). Esta mudança no percurso criativo (e temático) evidencia o caráter de resistência social e política da produção literária, uma vez que surge como reflexo (e consequência) da evolução histórica recente do país. De fato, o silenciamento e/ou postura acrítica da maior parte da mídia de massa a respeito de questões políticas (como a perda de direitos sociais e outras) tem impelido educadores e escritores à busca da ocupação de espaços (e formas) alternativos, para a produção de textos que estimulem o desenvolvimento de um pensamento crítico por parte de jovens e adultos. Deste modo, pode-se dizer que, hoje, um dos principais objetivos dos Cordéis Joseenses é colaborar para o fortalecimento da noção de cidadania e para uma conscientização política que se deseja independente da idade dos leitores.

Palavras-chave: Cidadania. Comunicação. Cultura. Literatura de cordel. Política.

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SESSÃO 4 DEBATEDOR(A): ROBERTO TAKATA

Educação e Divulgação Científica no CCES - Center for Computational Engineering and Sciences/UNICAMP

Vera Nisaka Solferini97

Carolina Tiemi Odashima98

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de relatar as experiências em educação e divulgação científica do Center for Computational Engineering and Sciences (CCES), contemplado pelo projeto CEPID-FAPESP. O CCES possui uma Coordenação de Educação e Difusão do Conhecimento (EDC) que visa integrar a universidade e a comunidade, incentivando o interesse pelas ciências e pela pesquisa científica. Há outras duas áreas em que os CEPIDs também atuam: Pesquisa e Transferência de Tecnologia. Ao longo dos últimos quatro anos, o CCES idealizou e desenvolveu diversos projetos, promovendo atividades educacionais para disseminação de conhecimento, destinadas à comunidade acadêmica, ao público geral não especialista em ciências e a estudantes e professores da Rede Pública de Ensino. As principais ações na área de

EDC do CCES foram: a aplicação de atividades educacionais em escolas da rede pública de Campinas (SP), a organização de feiras tecnológicas e científicas, o desenvolvimento de materiais de apoio ao ensino, o desenvolvimento de materiais paradidáticos, o desenvolvimento da área educativa do website www.escience.org.br, que apresenta conteúdos educativos, todos os materiais produzidos para as escolas além de artigos

de divulgação científica relacionados a publicações científicas de pesquisadores e docentes vinculados ao CCES. Com relação à comunidade acadêmica, a área de EDC do CCES atuou na organização de eventos educativos, como: Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – organizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Fim de Semana no Museu – organizado pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, workshops acadêmicos com periodicidade quinzenal, organizados por pesquisadores do CCES, transmitidos online a interessados e eventos

de divulgação de ciência, como o Pint of Science em 2017 (e, em breve, em 2018). As atividades desenvolvidas em escolas da rede pública de Campinas (SP) ocorrem no âmbito do Projeto ACES - Aprendizagem e Ciências nas Escolas, inicialmente com apoio da CAPES, na linha Observatório da Educação (OBEDUC); ocorrem desde 2014, com o objetivo de despertar o interesse pela investigação científica em jovens estudantes por meio de atividades práticas que construam uma base para a formação científica e

97 [email protected] 98 [email protected]

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tecnológica, ajudando-os a desenvolver habilidades importantes para a prática de investigação, como: testes de hipótese, solução de problemas e desenvolvimento de projetos. Até 2017, o projeto ACES foi aplicado em quatro escolas estaduais de Campinas (SP), a partir de contatos prévios e manifestação de interesse por parte da direção das escolas: Professor Luiz Gonzaga da Costa, Professor Luiz Galhardo, Júlio Mesquita e Professora Eunice Virgínia Ramos Navero. Sete professores dessas escolas participaram do projeto como bolsistas, bem como seis alunos de cursos de graduação da Unicamp que atuaram como monitores. Foram desenvolvidos quatro módulos temáticos na área de ciências: energia, engenharia e arquitetura, seres vivos e computação. Cada módulo possui um material de apoio impresso, constituído de uma

apostila para os alunos, contendo uma apresentação teórica sobre o assunto, atividades práticas para serem realizadas em sala de aula e um desafio final para ser apresentado na feira de ciências, e uma apostila para professores, contendo atividades extras e sugestões de abordagem do tema estudado; esse material foi desenvolvido pelos bolsistas do projeto, junto com a coordenação de EDC do CCES. Os professores participantes fizeram um minicurso de treinamento antes da aplicação de cada um dos módulos e receberam visitas semanais dos monitores, responsáveis por auxiliá-los em sala de aula na aplicação das atividades do módulo. Cada módulo teve a duração de um bimestre; ao término de dois módulos foram realizadas feiras de ciências para apresentação dos trabalhos e do desafio final. A primeira aconteceu no Museu Exploratório de Ciências da Unicamp e as demais foram realizadas no próprio ambiente escolar para permitir a participação direta de todos os alunos participantes

do projeto, além do compartilhamento dos trabalhos realizados com familiares e

outros estudantes e professores da escola. Ao final, alunos e professores recebem uma Declaração do CCES, documentando sua participação no projeto. O envolvimento e a motivação dos estudantes, segundo relatam os professores participantes, aumentou quanto ao maior interesse pelas aulas e por atividades de investigação do dia a dia no ambiente escolar e no empenho pela resolução de problemas de modo sistematizado, que confirmam o planejamento do CCES com a continuidade do projeto ACES. Palavras-chave: Divulgação científica. Ciências. Engenharia. Computação.

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Immuno Rush: utilizando games na difusão do conhecimento

André Luiz de Paula Moura99

Juan Azevedo100 Rita Tostes101

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

RESUMO: Pesquisas recentes têm constatado que atividades lúdicas por meio das tecnologias digitais com propostas criativas e emancipatórias estão se tornando cada vez mais, ferramentas auxiliares e importantes no processo de ensino e aprendizagem.

Associado ao contexto em que vivemos atualmente, caracterizado pelo rápido crescimento e popularização das Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs, em que podemos destacar o largo uso dos smartphones e aplicativos, os popularmente conhecidos APPs, a utilização de jogos no ensino de ciências e divulgação científica, demonstrou ser uma estratégia eficiente para a democratização do conhecimento e promoção de maior apropriação dos conceitos abordados, à medida que games oferecem um ambiente propício, divertido e estimulante à assimilação de conteúdos de forma espontânea, favorecendo o aprendizado voluntário e a aplicação dos conhecimento adquiridos. O Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) patrocinando pela Fapesp. Como indicado no

próprio nome, uma das funções principais do CRID é difundir o conhecimento produzido nas linhas de pesquisa que estuda as doenças inflamatórias. Pensando nisso e com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre a constituição e funcionamento do Sistema Imunológico, foi desenvolvido um jogo para dispositivos móveis, batizado de Immuno Rush, fruto de uma parceria entre o CRID e a empresa Manifesto Games.

Esse projeto surgiu quando observamos que grande parte do público alvo das atividades de cultura e extensão promovidas pelo CRID, consiste de jovens em idade escolar (ensinos fundamental e médio), que são grandes consumidores de aplicativos para dispositivos móveis, chegando a passar considerável quantidade de horas do seu dia em contato com estes. O trabalho de prospecção de modelos de games que pudesse servir de base para a simulação do funcionamento do Sistema Imunológico, nos levou a escolher a estrutura e mecanismo do jogo Tower Defense (Defesa da Torre). Nesse

modelo, os inimigos percorrem um caminho e, para evitar que cheguem ao final do trajeto, o jogador deve construir torres de defesa, equivalente ao que ocorre no sistema de defesa do organismo humano, quando sofre uma infecção. Em Immuno Rush o caminho percorrido é representado pelos órgãos do corpo humano como pele, coração

e pulmão, que ao sofrerem o ataque de diversos invasores inimigos, ou seja, as

99 [email protected] 100 [email protected] 101 [email protected]

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bactérias e vírus, devem ser defendidos pelo jogador, a fim de evitar que os microrganismos percorram o caminho completo e provoquem uma infecção. Para tanto, é preciso a construção de torres, representadas pelas células de defesa, como os linfócitos e macrófagos, presentes no Sistema Imunológico. Ao ter contato com a área de imunologia durante o jogo, espera-se que o jogador se sinta compelido a buscar espontaneamente mais informações e que nele desperte o interesse pelo o sistema de defesa do corpo humano e pela Biologia em geral. O jogo também estimula a mobilização de competências e habilidades voltadas ao raciocínio estratégico, que exigem do jogador o aprimoramento da sua capacidade de planejar, gerenciar recursos e tomar decisões de forma rápida. O que se buscou durante o desenvolvimento deste

trabalho foi produzir uma ferramenta educativa capaz de difundir o conhecimento sobre infecção e Sistema Imunológico de forma democrática e com o uso de aplicações tecnológicas atuais, a fim de engajar de forma prazerosa o público-alvo na busca pelos conteúdos envolvidos. O jogo foi lançado em dezembro de 2016 e já apresenta mais de 6.000 downloads na Google Play Store, além de contar com uma grande quantidade de resenhas positivas e incentivadoras desse gênero de proposta. Considera-se que iniciativas como esta possuem enorme potencial de ampliação da difusão do conhecimento, haja vista que aliam o engajamento de educadores e produtores de conhecimento em projetos inovadores com o uso da tecnologia, voltados para a produção de ferramentas lúdicas e estimulantes que possibilitam a transposição de saberes entre diferentes públicos, territórios e gerações, frente às dificuldades impostas para divulgação científica, tecnológica e cultura com que nos deparamos

atualmente.

Palavras-chave: Educação. Difusão. Imunologia. Inovação. Tecnologia.

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O processo de criação e os desafios da divulgação de um e-book sobre fontes renováveis de energia e o setor elétrico brasileiro

Gabrielle Adabo102

Cristiane Peres Bergamini103

Sarah Costa Schmidt104 International Energy Initiative – IEI Brasil

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: É essencial que seja dada à sociedade a oportunidade de acesso à aquisição do conhecimento, ainda que básico, sobre os assuntos da ciência para que, assim, a população possa vislumbrar o quanto a Ciência, a Tecnologia e a Inovação – (CT&I) estão presentes em sua vida. Tomando como base esse pensamento, foi elaborado, por uma jornalista Mestre em Divulgação Científica e Cultural, o livro Geração distribuída e eficiência energética: reflexões para o setor elétrico de hoje e do futuro, a partir de relatórios técnicos produzidos por sete pesquisadores da ONG International Energy Initiative (IEI Brasil), entre 2016 e 2017, integrantes do projeto de pesquisa intitulado Geração Distribuída, Eficiência Energética e o Consumidor Final: Propostas para a Realidade Brasileira. Nos relatórios, os autores estudaram a estrutura do setor elétrico brasileiro e a composição e a formação da tarifa de eletricidade, com a intenção de

buscar soluções para a utilização da eficiência energética e da geração distribuída (geração de eletricidade na própria residência ou no local de trabalho), de forma que elas beneficiem também o consumidor. No livro, inclusive, é feito um alerta, com base em pesquisas apresentadas nos relatórios citados: é necessário modificar as atuais regras que formam a tarifa de energia elétrica. Caso contrário, essas tarifas podem

aumentar, prejudicando os consumidores que não geram sua própria eletricidade ou que não se beneficiam da eficiência energética. Novos modelos de negócio para o setor também foram contemplados: a publicação estabelece um comparativo com as experiências realizadas em outros países. Para entender esse fenômeno, são abordados conceitos-chave, aspectos gerais sobre a geração distribuída e a eficiência energética e o que a regulação brasileira prevê sobre o tema. O livro também apresenta, em detalhes, o funcionamento do setor elétrico brasileiro e a formação tarifária no país,

além de experiências de outros países como possibilidades para o cenário brasileiro, que tragam benefícios ao consumidor. Disponibilizado em formato e-book gratuito, a publicação é voltada para consumidores em geral, ambientalistas, ONGs e pesquisadores interessados no tema. Sua linguagem clara e objetiva permite maior

familiaridade e aproximação do leitor com a temática da energia. Neste trabalho,

102 [email protected] 103 [email protected] 104 [email protected]

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pretende-se compartilhar duas experiências: o processo e as metodologias aplicados na elaboração deste livro, peça de divulgação científica; e a etapa de pós-produção, que se concentra no desafio de divulgar o material para os mais diversos perfis de consumidores de energia elétrica. Afinal, para que o livro cumpra o seu papel de multiplicador de conhecimento, ele precisa chegar até as pessoas. Desta forma, objetiva-se compartilhar os caminhos percorridos até que o livro ficasse pronto (etapa 1), que envolveu conversas com pesquisadores e muita pesquisa sobre os temas abordados; e seu processo de divulgação, que, como citado, está em andamento. Para este último, foi elaborada uma proposta de divulgação, criada por três jornalistas que atuam na área de comunicação da IEI Brasil, que estabelece quais os meios e os

processos digitais que podem contribuir com essa difusão, bem como formas de avaliar métricas e resultados. O plano de divulgação envolve a produção de conteúdo para site, mídias sociais, blogs, mídia impressa e assessoria de imprensa. Como forma de instigar a curiosidade do público, a estratégia é a utilização de trechos do livro, estabelecendo comparativos com o dia a dia da população, no intuito de mostrar como a energia impacta e está presente na vida cotidiana. O trabalho também busca caminhos para realizar uma avaliação e medição das ações de divulgação, com o objetivo de dimensionar o impacto que a produção possa ter, de fato, trazido para a vida das pessoas que tiveram contato com a publicação. Considera-se a possibilidade de realizar entrevistas estruturadas com alguns leitores do livro e, assim, apreender quais experiências o conteúdo trouxe para o seu dia a dia.

Palavras-chave: E-book, divulgação científica, setor elétrico brasileiro

O Fim da holografia

José Joaquín Lunazzi105

Bruno Agrofoglio Ferreira106 Tatyana Stankevicius107

Tábata Sayuri Calazans Ossaka108

Wesley Andrade de Souza109 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Como aparato teórico, a holografia foi criada logo na pós-guerra e gerou um Prêmio Nobel que ficou entre os dez mais destacados do século XX. E não foi porque

105 [email protected]

106 [email protected]

107 [email protected]

108 [email protected]

109 [email protected]

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ofereceu o caminho para a melhor técnica de imagens da humanidade senão porque sua teoria, envolvendo fenômenos profundos das ondas é, na prática, perfeita; algo raro nas chamadas Ciências Exatas. O que a fez famosa, porém, quatorze anos depois, foram as imagens tridimensionais perfeitas obtidas de objetos e até de pessoas. Sem que a grande maioria das pessoas as tenha visto, as imaginou por causa de um filme onde simulava-se uma cena em movimento aparecendo flutuante no ar, o “Guerra nas Estrelas” com a personagem da princesa Leia. Objetivos do trabalho são: Primeiro, traçar a trajetória histórica da holografia no Brasil, onde o primeiro holograma foi trazido nos anos 70, mas não é senão em 1981 que se tem a primeira exposição brasileira de holografia, realizada pela UNICAMP e com hologramas de confecção

própria. Podemos considerar esse como o evento mais antigo de extensão da UNICAMP, ou, agora, o de maior duração (37 anos) pois presente nos eventos amplos como a Universidade Aberta ao Público-UAP, hoje UPA. Antes de que terminasse no ano passado por total falta de apoio por parte das Pró-Reitorias que o sustentaram a partir deste século, quando era mais necessário ter alguns recursos, a holografia já tinha acabado no mundo. Ficou no mesmo século que surgiu, hoje não se vem hologramas em museus, não se tem para comprar, pouquíssimas pessoas os fazem e a mídia chama de hologramas a simples reflexos em vidros ou projeções em telas que passam despercebidas, e sempre como imagem 2D (bidimensional) válida apenas para quem não conhece os verdadeiros hologramas. Segundo: fazer um paralelo entre o declínio da holografia e da imagem tridimensional como técnicas populares de imagem e o da utilização da coleção única de hologramas do acervo pessoal de Lunazzi para um

evento de divulgação científica visto por miles de alunos de escolas públicas e também

por miles de pessoas, público geral, de qualquer idade. Nossa Justificativa: Qual é a finalidade da holografia? Para que serve? Quando perguntam, o Prof. Lunazzi responde: para fazer pensar. É essa a primeira utilidade, a respeito do público geral. Por meio de esse pensar podemos educar. Mostrar como estamos limitados a um mundo que podemos chamar de bidimensional, como o das telas de TV e os monitores de computador. A Metodologia: O evento tinha uma palestra de duas horas de duração apresentada pelo Prof. Lunazzi em um anfiteatro do campus, ou do Museu Dinâmico de Ciências de Campinas, e em algumas oportunidades em sala de escolas. Nela eram apresentados alguns experimentos que, junto com as interrogações que o professor fazia motivando a uma participação bem ampla. Os temas iam derivando da física para arqueologia, história, política, religião, sexo, astronomia, etc., e era comum no final

receber o aplauso vibrante da turma. No final, a turma era distribuída em quatro grupos monitorados para fazer, com suas próprias mãos em boa parte, experimentos de óptica geométrica e observação de um conjunto de seis hologramas, que incluía retratos de pessoas. Discussão e Resultados Finais: A holografia declinou por não ter sido uma fonte de lucro para a indústria. Mas não foi somente a holografia a declinar, a TV 3D também o foi, e hoje não é mais fabricada. Até o cinema 3D também parou de crescer. É mais um ciclo para essa técnica que teve origem logo após a invenção da fotografia. O motivo, neste caso, foi a total falta de inteligência dos fabricantes e

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investidores que acreditaram ser auto-suficientes e não procuraram uma boa assessoria a respeito. Entra nessa consideração como a mídia trata hoje dos assuntos de ciência no espaço cada vez menor em que são colocados e como uma grande quantidade de atividades culturais não científicas ocupam o espaço que correspondia à divulgação científica. A relação entre o real e o imaginário, entre o que pode ser considerado importante hoje em dia pelo cidadão comum e o que nós consideramos que deveria ser, mais próximo aos ícones do século passado, o grau de autoconfiança que um brasileiro pode sentir hoje, tudo isso constitui tema de debate para nossa apresentação no EDICC. A situação na UNICAMP? Bem, a UNICAMP é um reflexo da sociedade atual, e tem crescido desproporcionalmente à base de sustentação de suas

atividades de divulgação, o peso dela na cidade é menor que no século passado e a renovação de quadros traz consequências respeito da conservação de seu passado. Palavras-chave: Holografia. Divulgação Científica. Centralização do poder. Tecnologias de imagem do passado. Artes vs. Ciência.

SESSÃO 5 DEBATEDOR(A): CELSO BODSTEIN

A leitura de objetos de ciência e tecnologia: a experiência do Museu de Astronomia e Ciências Afins

Cláudia Penha dos Santos110

Tânia Pereira Dominici111 Jair de Jesus Santos112

Museu de Astronomia e Ciências Afins

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir a experiência de “leitura” de objetos científicos e tecnológicos (C&T) pertencentes ao acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTIC), desenvolvida durante o ano de 2017. O MAST possui uma coleção de cerca de 2500 objetos de valor histórico procedentes de diversas instituições de pesquisa do sistema nacional de C&T e fazer com que o público do

museu se relacione com sua coleção é um dos objetivos do museu. Por essa razão, abriu ao público a chamada Sala de Leitura de Objetos. Essa sala foi pensada como uma extensão da experiência com as tradicionais oficinas de leitura oferecidas pela instituição, nas quais o público é convidado a analisar, em um primeiro momento, um objeto do seu cotidiano e, em seguida, um instrumento científico do acervo do museu.

110 [email protected] 111 [email protected] 112 [email protected]

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Nas oficinas não é fornecida qualquer informação sobre o objeto aos participantes, pois o objetivo é estimular a capacidade de observação. O modelo de leitura utilizado na oficina do MAST foi desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa sobre a utilização dos objetos de C&T como fonte histórica, sendo o resultado da reflexão dos vários pesquisadores do projeto. Contudo, uma fonte de pesquisa fundamental foi o artigo de Ray Batchelor (1999), Not looking at the kettles. Esse autor dividiu o seu modelo de leitura em seis categorias de análise: a ideia ou invenção, o material de que é feito o objeto, a fabricação, o mercado, a arte e uso. Fundamental no modelo proposto por Batchelor é a importância da observação, de olhar para o objeto. Outra referência para a Sala de Leitura foi a série de eventos Conversas com objetos, coordenado pela

professora Dra. Claudia Mattos Avolese (Unicamp) e que tem ocorrido em vários locais do Brasil e do exterior. O objetivo é a promoção de conversas com diferentes tipos de objetos, aqui reconhecidos como agentes sociais. Foi possível estender a proposta para acervos de C&T buscando confrontar a materialidade de um instrumento científico com os diferentes discursos sobre o mesmo, além de discutir a construção de conhecimento a partir da análise da cultura material das ciências. Um fator motivacional para a seleção dos objetos a serem apresentados para o público, durante o primeiro ano da Sala de Leitura, foi o aniversário de 190 anos do Observatório Nacional (MCTIC/ON), que fez com que optássemos por utilizar a coleção procedente daquela instituição e sob a guarda do MAST como fonte para a escolha dos objetos que foram submetidos às sessões de leitura. Utilizando como referência a classificação da coleção por área de conhecimento (astronomia, cálculo e desenho, cosmografia e

geografia, medição do tempo, eletricidade e magnetismo, geodésia e topografia,

geofísica e oceanografia, mecânica, meteorologia, metrologia, navegação, ótica, termologia e química) escolhemos seis objetos para leitura. Durante cerca de 30 dias, cada um desses instrumentos científicos ficou em exposição na Sala de Leitura, espaço especialmente preparado para este fim na reserva técnica visitável, no primeiro andar do prédio sede do museu. O projeto expositivo foi pensado para dar destaque ao objeto, sendo coadjuvantes todos os demais elementos (vitrines, painéis, iluminação e textos). A proposta era que o público visitasse a sala, observasse o objeto e fizesse a sua própria análise orientado por um guia de leitura que foi disponibilizado em um painel. Os visitantes também foram convidados a registrar suas impressões por escrito. Neste trabalho vamos discutir a experiência da Sala de Leitura, desde a sua concepção museográfica, passando pelas resistências internas à proposta e até a análise das

respostas oferecidas pelos visitantes para a solicitação de registrar por escrito a leitura individual do objeto de C&T exibido. Os resultados da experiência reforçam as percepções iniciais acerca da dificuldade de “leitura” de um objeto de C&T tanto por parte do público do museu como dos especialistas convidados. Indicam, também, a necessidade de continuidade de experiências análogas que, em última instância, ajudam na compreensão da própria instituição museu e na discussão do que seria um objeto de museu.

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Palavras-chave: Museu de ciência e tecnologia. Objetos de C&T. Exposição.

Arte e ciência no mundo da Lua: divulgação científica no ambiente escolar

Julia Carolina Camargo de Jezus113

Dayane Santos de Gois114 Emerson Ferreira Gomes115

Banca da Ciência – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Câmpus Boituva/SP

RESUMO: Este trabalho investiga a divulgação da ciência, em um projeto de educação não-formal, a partir de fenômenos relacionados à lua utilizando estratégias lúdicas, a partir de produtos da cultura do estudante e da história da ciência. Os recursos utilizados nessa atividade de educação não-formal em ciências foram obras literárias, animações, experimentos de baixo custo e reflexões sobre o processo histórico da ciência. Para isto, nos valemos das hipóteses de Georges Snyders (1988), que reflete sobre a satisfação cultural no âmbito escolar e na teoria sociocultural de Vigotski (2001), que identifica aspectos de interação e aprendizagem entre os pares. A incorporação desses elementos socioculturais possibilitou reflexões no âmbito conceitual, epistemológico e sociopolítico relacionados à ciência e à tecnologia. As atividades de divulgação científica foram realizadas em uma escola pública, da cidade

de Boituva (SP), para adolescentes dos anos finais do ensino fundamental, em período contraturno ao de estudo na educação formal. A oficina foi dividida em três momentos: a representação da Lua nas artes e na cultura pop (através da exibição do curta-metragem em animação La Luna, produzido pela Pixar, em que é apresentada uma fantasia em que exploradores chegam até a Lua, modificam a fase do satélite através da “limpeza de estrelas cadentes”; da apresentação do conto A distância da Lua, de Italo Calvino, que narra uma ficção sobre o que aconteceria se a Lua fosse mais próxima da Terra; a animação japonesa, baseada no mangá One Punch Man, em que um personagem identifica os efeitos da gravidade na superfície lunar; a presença da Lua em histórias relacionadas à mitologia em torno do nosso satélite natural, como as lendas dos lobisomens e a deusa Artêmis; e a presença de lua em canções como Tendo

a Lua, dos Paralamas do Sucesso, e no álbum The Dark Side of the Moon, da banda inglesa Pink Floyd); a história da exploração espacial e a chegada à Lua (foram apresentados episódios de história da ciência, do período da corrida espacial do período que contempla o lançamento do satélite Sputnik à missão Apollo 11); e a atividade lúdica que contemplava os fenômenos relacionados às fases da Lua (nessa atividade, as estudantes e os estudantes construíram uma caixa que simulava as fases 113 [email protected]. 114 [email protected]. 115 [email protected].

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da Lua, a partir de materiais de baixo custo). Observamos, nessa atividade, alguns aspectos relacionados à satisfação dos estudantes em identificar fenômenos científicos em produtos de sua cultura primeira, como as animações apresentadas. Apesar desses produtos culturais apresentarem diversos equívocos conceituais, podemos identificar alguns fenômenos que são corretamente representados, como a presença de um campo gravitacional e a presença do vácuo na superfície lunar. Os participantes da atividade de divulgação científica demonstraram conhecimento prévio desses produtos culturais e dos fenômenos científicos apresentados. Nesse sentido, a apresentação dessas animações e do conto mediou uma aproximação da ciência com o cotidiano dos participantes da oficina. A reflexão histórica sobre o processo de exploração do espaço

e da Lua permitiu debater aspectos sociopolíticos relacionados à ciência e tecnologia. Por conta disso, foi possível identificar, na fala dos participantes da oficina, uma importante reflexão sobre o papel social da ciência, sua influência na economia, na sociedade e no meio ambiente. Um aspecto social do projeto foi, ainda, a participação massiva de meninas na oficina, já que o público e quem ministrou a oficina eram prioritariamente do gênero feminino, permitindo refletir sobre a igualdade de gêneros na ciência. A atividade lúdica possibilitou identificar aspectos de interação entre as (os) participantes, mediadas(os) pelas(os) ministrantes das oficinas. Por conta disso, a atividade teve aspectos de ludicidade e brincadeira, sob uma perspectiva sociocultural, em que as(os) pré-adolescentes demonstraram aspectos de satisfação cultural e empolgação com essas atividades.

Palavras-chave: Divulgação científica. Educação Não-Formal. Astronomia.

HQ Histórias de vidro em quadrinhos: utilizando os quadrinhos para a divulgação científica

Adriana Yumi Iwata116

Karina Omuro Lupetti117 Universidade Federal de São Carlos

RESUMO: As histórias em quadrinhos (HQs) são uma mídia de entretenimento

bastante conhecida mundialmente. As HQs são direcionadas a todos os públicos, se constituem em um material bastante acessível e podem abordar temas variados, incluindo temas relacionados à ciência, o que se torna uma ferramenta em potencial para a divulgação científica. Uma de suas principais características, a união de texto com a imagem, faz com que a informação cientifica fique mais clara pela utilização de desenhos, que podem ilustrar diagramas e explicações. Além disso, a informação científica se une à estrutura narrativa das histórias em quadrinhos, geralmente [email protected] [email protected]

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contadas pelos personagens, que se expressam por meio dos balões de falas e as cenas organizadas em quadros, o que proporciona uma explicação mais fluida e concisa. Sendo assim, uma HQ direcionada à divulgação científica pode motivar e aumentar o interesse do leitor em um assunto específico, corroborando com os objetivos da prática da divulgação científica. Com isso, o objetivo deste trabalho é apresentar uma série de histórias em quadrinhos chamada Histórias de vidro em quadrinhos e discutir seu potencial no que se refere à divulgação científica de assuntos relacionados aos vidros. A HQ foi desenvolvida em parceria com o CeRTEV - Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros contará ao todo com 5 números, sendo a sua produção iniciada em 2014 com 4 números produzidos até o momento. É possível ler o material na íntegra

no formato digital, pelo website www.vidro.ufscar.br e no formato impresso. A história versa sobre 3 personagens: o protagonista da história, Vinicius, um garoto alegre e curioso que adora jogar videogames; sua melhor amiga, Luísa, inteligente, que gosta de fazer perguntas e implicar com Vinicius; e por fim, Mateus, irmão mais velho de Vinicius, responsável pela explicação dos conteúdos científicos apresentados na história. Cada número da HQ se constitui em uma história fechada e aborda um tema diferente em cada número. O primeiro número apresenta definições sobre o vidro, sua descoberta e aplicações, já no segundo número o tema principal é a reciclagem do vidro e como é feita a produção em escala industrial de uma garrafa de vidro. O terceiro número aborda o tema fibra óptica, incluindo seu funcionamento e principais aplicações e o quarto número apresenta os biovidros, discutindo um pouco de sua descoberta, funcionamento e aplicações. Por fim, o quinto número abordará toda uma

era do vidro, sendo prevista a produção para 2018. A HQ já foi distribuída em eventos

relacionados à divulgação científica, como a 67ª reunião anual da SBPC em 2015 e no Circo da Ciência realizado na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar em 2016, para alunos do ensino fundamental e médio. Além de eventos, o material também foi distribuído em congressos da área de educação em química, como o Jalequim - Encontro Nacional de Jogos e Atividades Lúdicas no Ensino de Química em 2016, que compreende um público de alunos de graduação, pós-graduação e professores; e em palestras para uma disciplina de formação de professores realizada no CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP São Carlos, em 2017. A HQ também foi utilizada para promover oficinas relacionadas à produção de histórias em quadrinhos pelo público, em eventos da área de ciência-arte, como o XI Ciência em Cena (encontro de teatro e divulgação científica) realizado em 2017 e como parte de um projeto de

inclusão com pessoas com deficiência visual do Grupo Olhares, iniciado em 2017 e atualmente em andamento. Para este ano estão previstas mais atividades relacionadas com as HQs, dentre as quais estão uma oficina de produção de quadrinhos com alunos de escolas da rede pública de São Carlos e um minicurso de produção de HQs sobre Química durante o XIX ENEQ, Encontro Nacional de Ensino em Química. Palavras-chave: Divulgação científica. Histórias em Quadrinhos. Vidros.

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Exposições itinerantes como estratégia de divulgação do CeTICS – Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular

Monica Lopes Ferreira118

Adriana Mortara Almeida119 Instituto Butantan

RESUMO: A divulgação científica pode ser feita por meio de diversas mídias de acordo com os temas trabalhados, o público alvo e os recursos disponíveis (humanos,

materiais e financeiros). Os CEPIDs / FAPESP trabalhou no último ano com diversas mídias – exposições temporárias, filmes, materiais impressos – e aqui apresentaremos as exposições itinerantes realizadas. O principal objetivo dessas exposições é a ampliação dos públicos da divulgação das ações do CeTICS para além dos muros da instituição. Foram feitas três exposições com conteúdos e objetivos específicos. Antes da realização das exposições itinerantes, já tínhamos a experiência de exposições no Instituto Butantan. Em outubro de 2015 foram realizadas exposição e também ação educativa dedicadas à Plataforma Zebrafish durante a Virada Científica, com objetivo de apresentar esse modelo animal e suas vantagens para diferentes tipos de pesquisa (apresentado em EDICC 3). A exposição foi mantida durante um ano quando foi refeita a partir de avaliação junto ao público visitante do Instituto Butantan. Nessa nova

versão foram acrescentadas informações sobre as pesquisas desenvolvidas com zebrafish. Esta experiência deu suporte para a criação da exposição Plataforma Zebrafish: a construção de uma rede que foi montada inicialmente no Instituto da Pesca no Parque da Água Branca (SP) um dos participantes da Rede Zebrafish. A exposição apresenta o peixe como um modelo animal, informando as vantagens de seu uso e as

diversas linhas de pesquisas já existentes. A expografia faz lembrar em algumas partes um aquário e permite a montagem sem necessidade de suportes ou paredes. Um folder foi confeccionado para fazer parte da exposição e permitir que o visitante leve mais informações para casa. Depois do Instituto da Pesca (7 a 28 de abril de 2017) a exposição já passou pela Universidade Santo Amaro (6 a 31 de maio) e pelo Instituto Butantan (20 de junho a 30 de julho) na capital e também pelo Parque Vicentina Gomes em São José dos Campos (29 de outubro a 01 de novembro), totalizando mais de 6.000

visitantes. Em cada uma das montagens houve adaptações ao espaço e eventualmente acrescentados elementos, como aquários com os peixes. Nas respostas ao questionário de avaliação enviado por e-mail para os visitantes dos dois institutos foi possível verificar o alto grau de satisfação com a exposição, tanto em relação à expografia como

pelos conteúdos tratados. A exposição CeTICS sobre rodas foi elaborada para apresentar as principais pesquisas realizadas pelo Centro e suas contribuições, de

118 [email protected] 119 [email protected]

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forma simples e atraente. Com estrutura de madeira sobre rodas que lembram carrinhos que podem ser levados de um local a outro, a expografia utilizou cores e desenhos, além de modelos artísticos de animais. Os textos são curtos e simples. Um folder foi confeccionado com os mesmos textos e desenhos para que os visitantes levem para suas casas as informações. Exibida incialmente no Instituto Butantan (20 de junho a 30 de julho de 2017), a exposição percorreu em 2017, nove escolas (públicas e privadas) atingindo mais de 9.000 estudantes, professores e comunidades das escolas participantes. A terceira exposição A matemática do zebrafish foi criada em função da temática da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2017 – A matemática está em tudo. Montada em poucos módulos em madeira, a exposição oferece alguns jogos para

manipularem e um jogo online para que os visitantes entendam as operações matemáticas que são necessárias para o manejo e manutenção dos peixes. Montada no Instituto Butantan (22 de outubro a 5 de novembro) a exposição deverá percorrer outras instituições em 2018. O alcance das exposições ultrapassa 15.000 pessoas de diversas idades e interesses e permite a difusão dos temas tratados pelo CeTICS em espaços que são frequentados por públicos variados. Exposições nas quais os visitantes possam vivenciar e experimentar por meio da sua interpretação de desenhos, modelos de animais, textos, filmes e outros recursos são muito eficientes como forma de comunicação da ciência, como confirmam os resultados das avaliações realizadas. Palavras-chave: Divulgação científica. Exposições itinerantes. CeTICS.

Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica: arte, ciência e inclusão

Karina Omuro Lupetti120

Universidade Federal de São Carlos

RESUMO: Esse trabalho tem por objetivo apresentar uma iniciativa e resultados de um projeto de divulgação científica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica iniciou suas atividades em 2004, com a criação de um grupo teatral para divulgar a química. Inicialmente era formado apenas por alunos dos cursos de bacharelado e licenciatura em química, hoje, no entanto, não só integrantes de vários outros cursos como também outras artes dialogam no

Ouroboros. A tríade ensino-pesquisa-extensão faz da universidade um espaço onde são possíveis várias ações envolvendo a comunidade interna e externa. Enquanto Programa de Extensão da UFSCar, o Ouroboros já abarcou mais de 30 projetos atingindo, diretamente, mais de 200 pessoas voluntárias e bolsistas, e centenas de milhares indiretamente ao longo desses quase 15 anos de atividades ininterruptas, contando com peças teatrais, exposições, organização de eventos e atividades de

120 [email protected]

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pesquisa nos níveis de graduação, mestrado e doutorado. Dentre as ações de divulgação científica, a partir de 2009, o Núcleo iniciou trabalhos relacionados à inclusão, particularmente, de pessoas com diferentes graus de deficiência visual, possibilitando, por meio da arte, o acesso ao conhecimento científico, de química, matemática e biologia. Esse grupo atua, até hoje, no projeto denominado Olhares, fazendo parte de várias ações inclusivas além da ciência, como teatro, música e artes plásticas. A ludicidade das peças teatrais, as oficinas e minicursos em ambientes não-formais, bem como as disciplinas regulares semestrais em formato de ACIEPEs (Atividades Curriculares de Ensino, Pesquisa e Extensão) permitem que se crie um locus para pesquisa em divulgação científica, desenvolvendo linguagens adequadas

para o público indicado, desde a educação infantil ao estudante universitário, até o público geral que não está vinculado à nenhuma instituição de ensino. O processo colaborativo permeia a maioria das atividades, sendo dialogado da concepção até a execução, sempre com o grupo que está envolvido no projeto naquele período. A alta rotatividade dos participantes é algo que impulsiona novos projetos, mas que, ao mesmo tempo, causa um constante recomeço. Assim, o Ouroboros apresenta ações que variam de 3, 6 a 12 meses, sendo que algumas já perduram por vários anos, dependendo do foco, objeto de estudo, sendo o próprio Núcleo passível de ser pesquisado e observado enquanto espaço não-formal, informativo e, ao mesmo tempo, formativo para todos os agentes que participam das propostas. A partir de 2014, o Ouroboros iniciou uma profícua parceria com o CeRTEV (Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros), um dos CEPIDS da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (Fapesp) sediado na UFSCar, o que permitiu que vários projetos fossem

impulsionados e outros inovadores fossem iniciados, como o Sons Vítreos, um grupo de músicos profissionais e amadores que apresentam a arte e a ciência dos vidros por meio da música de instrumentos feitos de vidro e outros convencionais; e o Museu do Vidro, que está em fase de concepção e cuja consolidação permitirá uma mediação única no mundo envolvendo arte, experimentação e inclusão. A experiência somada nesses anos de divulgação científica permite sempre uma reflexão sobre as ações realizadas e uma troca de conhecimento entre pares que realizam ações semelhantes, bem como com profissionais de diferentes áreas que sempre contribuem nesse processo formativo. Assim, um dos eventos organizados anualmente pelo Ouroboros e outros grupos teatrais que também divulgam a ciência por meio do teatro, o Ciência em Cena, em sua décima primeira edição, reúne vários atores e cientistas para dialogar

por meio das artes cênicas, circenses e da música, a ciência e a cultura de norte a sul do Brasil, recebendo também importantes contribuições de Portugal e da Espanha. Apesar de ter sido pensado, inicialmente, como um momento pontual de diálogo com grupos mais experientes que o iniciante Ouroboros, hoje, o evento tornou-se também um ambiente para a pesquisa desse fazer teatral, gerando monografias, mestrados e doutorados na área de educação em ciências. Ao passar dos anos, e baseados em vários depoimentos de pessoas que já participaram como autores/atores ou público dos diferentes projetos conduzidos pelo Núcleo, percebe-se um impacto positivo e

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significativo pessoal e profissional. Motivação, superação e empatia são sentimentos que, juntamente com aprendizagem de conteúdos científicos, permitem evidenciar a importância de realização de projetos com uma tríade arte-ciência-inclusão, corroborando para o desenvolvimento de novas formas de divulgar e ensinar ciências. Palavras-chave: Deficiência visual. Ciência em Cena. Sons Vítreos.

SESSÃO 6

DEBATEDOR(A): PEDRO CUNHA DE HOLANDA

Desmistificando: entendendo o mundo dos microrganismos de forma lúdica e atrativa

Gabrielle de Lima Batistella121 Heloisa Bressan Gonçalves122

Emerson Ferreira Gomes123

Banca da Ciência- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo- Campus Boituva

RESUMO: Os microrganismos são seres minúsculos que começaram a ser estudados no século XVII, a partir da invenção do microscópio, pelo pesquisador Antoni van Leeuwenhoek. A partir

do aparecimento deste equipamento, esses organismos passaram a ser estudados mais profundamente e muitas informações já foram catalogadas. No entanto, os microrganismos continuam sendo um grande mistério para a população não-científica, existindo muitos conceitos equivocados sobre seus malefícios e doenças que estes causam, em detrimento de seus imensos benefícios. Com objetivo de repensar os conhecimentos prévios falsos do público jovem a respeito destes organismos foi realizada uma oficina de divulgação científica em uma escola municipal de Ensino Fundamental na cidade de Boituva. Nessa intervenção os estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo-Campus Boituva prepararam, previamente, experimentos relacionados ao tema e levaram para serem apresentados. Em um primeiro momento, os monitores fizeram uma introdução ao assunto, explicando o que são e diferenciando os principais grupos de microrganismos existentes, como vírus, bactérias, fungos e protozoários. Também foi amplamente explanada a importância destes organismos na vida das pessoas, desmitificando a ideia de que todos eles são

prejudiciais a saúde. Além da teoria, foram incluídos trechos de desenhos animados com essa temática, como, O incrível mundo de Gumball, Osmose Jones, e Castelo Rá-Tim-Bum. Na sequência, os jovens participantes da oficina foram convidados a acompanhar as

121 [email protected] 122 [email protected] 123 [email protected]

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demonstrações científicas. O primeiro experimento foi a comparação da decomposição de restos vegetais em solo estéril e fértil: foram coletados aproximadamente 1kg de terra da região superior do solo (dez centímetros), e colocados em uma caixa de plástico fechada, e em um outro recipiente idêntico, foi colocado o mesmo volume de terra, mas desta vez, a coleta foi realizada na parte inferior do solo (abaixo dos 20 centímetros superiores), garantindo a esterilidade deste. Em cada uma das caixas foram colocadas cascas de bananas, e, a cada dia, foram fotografadas, para que no final de quinze dias, pudessem ser percebidas as diferenças

nas decomposições de cada caixa. Devido a grande quantidade matéria orgânica de microrganismos do solo, a casca da banana que estava no pote com a terra fértil, se decompôs rapidamente e isso pode ser facilmente percebido pelos jovens. O experimento seguinte, consistiu em um cultivo de microrganismos em Placas de Petri, e foi feito com a mistura de ágar e água destilada, de acordo com as instruções do fabricante para o uso. Depois de solidificado em temperatura ambiente, as Placas de Petri foram expostas ao ar por 15 minutos e incubadas por alguns dias. Foi possível a visualização macroscópica de várias colônias de microrganismos, identificando-as como bactérias ou fungos. Na sequência, foi preparado

“microscópio à laser” utilizando uma gota suspensa de agua captada em lagoa, sendo esta perpassada por um feixe de laser comum. Tal fenômeno de refração possibilitou a ampliação

dos protozoários presentes na água, sendo estes facilmente visualizados na parede como anteparo. O último experimento preparado para essa intervenção foi a “garrafa fermentada”. Em cada uma das garrafas de plástico, foram colocadas a mesma quantidade de água morna e

fermento biológico, sendo cada uma diferenciada pela adição da mesma quantidade de açúcar ou farinha de trigo, logo os balões foram posicionados nos bocais dos frascos e colados com fita adesiva. Com a reação da água e açúcar, os fungos leveduriformes presentes no fermento produziram gás carbônico, que fez com que os balões começassem a encher, e a garrafa que

continha açúcar, acumulou mais gás quando comparada a garrafa contendo farinha de trigo,

e foi explicado aos participantes que os carboidratos de baixo peso molecular são mais disponíveis para a fermentação. E por fim, todos os participantes se reuniram para uma brincadeira educativa chamada Amoeba Evolution, em que todos os estudantes representavam

personagens e cada um deles passavam por fases de evolução dos animais, da ameba aos seres humanos. A cada disputa, o vencedor evoluía, e o perdedor era eliminado do jogo, tendo ao final, apenas um único ser humano. Através de análises dessa oficina, pode-se concluir que, apesar de os conceitos apresentados sobre os microrganismos serem básicos e simplificados, buscou-se desfazer os conhecimentos errôneos sobre o tema. Tanto os interventores, como os estudantes participantes da oficina puderam ter contato com os microrganismos e internalizar tais conhecimentos. Assim, a diversidade de ideias e maneiras dinâmicas e lúdicas de transmitir as experiências, provocam nos jovens, novas oportunidades de aprendizagem, compreendendo a importância dos microrganismos na natureza, além de entenderem que

apenas devido a sua existência é possível existir a vida de todos outros seres vivos

macroscópicos no Planeta e o infinito potencial para tecnologias inovadoras. Palavras-chave: Microrganismos. Experimentos. Divulgação Científica.

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Experimentos de astronomia com materiais de baixo custo: Ensino por investigação em espaços não formais através do projeto Banca

da Ciência

Paulo Borges Viríssimo dos Santos124

Carolina Jurgensen Gonçalves125

Luis Paulo de Carvalho Piassi 126

Escola de Artes, Ciências e Humanidades – Universidade de São Paulo

RESUMO: A Banca da Ciência é um projeto que consiste na realização de apresentações de experimentos científicos, confeccionados com materiais de baixo custo e de fácil acesso, onde o aspecto lúdico, como uso de jogos, recreações e recursos de entretenimentos são amplamente explorados. Segundo Piassi e Santos (2014), as estruturas foram projetadas para funcionarem como minicentros de ciências, tanto em escolas, eventos científicos, congressos, ou em espaços não formais de ensino. Baseando-se nas apresentações, e intervenções, da Banca da Ciência, este trabalho visa examinar os experimentos envolvendo astronomia confeccionado com materiais de baixo custo e apresentados pelo projeto. Segundo Carvalho (2012) a escola, durante muitos anos, teve a finalidade de fazer com que alunos da geração atual conhecessem o que foi historicamente produzido de maneira direta, ou seja, pela exposição do professor, sendo que os alunos simplesmente replicavam as experiências, decorando

fórmulas ou conteúdos. Essa passagem do conhecimento foi sendo modificado por dois fatores fundamentais, sendo que o primeiro foi devido ao aumento exponencial do conhecimento produzido, pois hoje é impossível que alguém tenha a capacidade de saber tudo, assim passou-se a privilegiar como o conhecimento era obtido, não esquecendo o conteúdo, mas diminuindo a quantidade destes. O segundo foram os

diversos trabalhos de epistemólogos e psicólogos, como Vigotsky e Piaget, mostrando como o conhecimento era construído (CARVALHO, 2012). Na Banca da Ciência os experimentos podem ser comparados a materiais didáticos, que segundo Carvalho (2012), precisa ser bem organizado e intrigante para buscar a atenção dos alunos, e de fácil manejo para que eles possam manipular e chegar a uma solução sem se cansarem. Podemos usar aqui um artefato demonstrado nas apresentações da Banca da ciência, que é a “Caixa das fases da Lua”, para demonstrarmos a importância de um bom

material didático no ensino por investigação. Este artefato consiste de uma pequena caixa quadrada, que pode ser de papelão ou madeira, contendo um furo em cada uma das laterais, pintada de preto por dentro e com uma bolinha de isopor pendurada na tampa, sendo que está representa a lua. Acima de um dos furos é posicionada uma 124 [email protected] 125 [email protected] 126 [email protected]

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lâmpada, representando o Sol, acionada por uma chave liga e desliga, posicionada por fora da caixa, e ligada a duas pilhas que alimentam a parte elétrica do modelo proposto. Olhando pelos furos é possível observar a simulação das 4 fases da lua. O público é induzido, através de perguntas e debates, a formular hipóteses que descrevam o fenômeno natural que estão observando, sem que conceitos científicos sejam citados pelos monitores. Indagações como: “O que vocês estão observando?”, ou “Vocês já viram algo na natureza que lembre o que vocês estão vendo?” levam o público a pensar nas fases da lua sem que os monitores tenham falado sobre o assunto. Outros modelos como o Sistema Solar em Escala, as Estações do Ano e Eclipse Solar também são apresentados para o público. Estes materiais didáticos permitem que o aluno possa

variar suas ações observando alterações correspondentes da reação do objeto tendo a oportunidade de estruturar regularidades. E isto não ocorre com o material didático que oferece poucas oportunidades para estruturação intelectual (CARVALHO, 2012). Segundo Sasseron (2015) a própria ideia de investigação, que é levada para sala de aula, tem a necessidade de se alterar, oferecendo condições para que os estudantes consigam resolver, ou buscar soluções causais entre variáveis para explicar o fenômeno que é o objeto de estudo. Esses métodos devem visar o desenvolvimento de ideias que possam culminar em leis e teorias, e também a construção de modelos. Assim o ensino por investigação extravasa o âmbito de uma metodologia de ensino única para um conteúdo, podendo ser utilizada em diversas aulas (SASSERON, 2015). Analisando as apresentações no projeto Banca da Ciência, observamos que a interação entre os modelos de astronomia propostos tende a despertar o interesse do público

pelo tema, demonstrando a eficácia do ensino por investigação.

Palavras-chave: Divulgação científica. Astronomia. Banca da Ciência.

A ação dos jogos lógicos na perspectiva da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

Anna Clara de Freitas Couto127

Maria Aparecida Costa128 Breno Barros Elias3

Universidade de São Paulo

RESUMO: Considerando o ambiente lúdico das apresentações da Banca da Ciência, projeto coordenado pelo Professor Luís Paulo de Carvalho Piassi da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, em algumas estações da

127 [email protected] 128 [email protected]

³ [email protected]

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Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), esse trabalho teve como objetivo a divulgação científica dos conceitos relacionados aos quebra-cabeças lógicos disponíveis no acervo do projeto. Dentro dessa perspectiva, o projeto Banca da Ciência, que possui intuito de popularizar a ciência, ao mesmo tempo em que permite envolvimento com o público tratando-se de assuntos interdisciplinares, pautado em atividades que privilegiem o lúdico e o diálogo (FREIRE 1983, 2013) utilizando materiais simples e de baixo custo. Fazendo uso da interação e incentivando a curiosidade como fator para tentar resolver as atividades propostas pelos diversos públicos. “O público que passa no local é convidado a brincar com os experimentos. Com uma conversa informal, procuramos divertir as pessoas com desafios lógicos,

reações químicas, robótica e astronáutica, física, astronomia, geociências, entre outros”, explica Ricardo Augusto Viana de Lacerda, integrante do projeto e especialista em desenvolvimento de recursos didáticos. (LEÃO, 2016). Um exemplo acessível de tais atividades são os jogos. Das aplicações inerentes ao jogo, pode-se citar o desenvolvimento cognitivo, estimulação da coordenação motora, do raciocínio lógico, do raciocínio matemático, identificação de formas entre outros. O jogo também pode ser usado com aplicações mais específicas como para identificação e aplicação de estratégias. A utilização dos jogos lógicos ajuda o desenvolvimento da criança para realizar algumas atividades, principalmente aquilo que ela não consegue fazer sozinha, com auxílio de um voluntário da banca a criança consegue concretizar aquele desenvolvimento potencial em algo concreto. O jogo pode ser usado como algo imaginário; esse ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança,

transformando uma condição imaginária em regras para o cotidiano dela. (Coelho,

2012). Organizando os jogos que possuímos nas bancadas de nossas apresentações itinerantes, convidamos os transeuntes a participar dos desafios lógicos. Alcançar o objetivo do jogo requer o uso da razão: estabelecer claramente um objetivo final, planejar um plano de resolução e executá-lo. Logo, o jogo também permite compreender, por exemplo, como os indivíduos desempenham de maneira diferente a atenção, assim como desenvolvem o cálculo de estratégias – e o tempo para que essas estratégias sejam elaboradas. Por fim, a flexibilidade cognitiva fica evidente, pois dentro de uma tentativa de resolução do jogo, embora movimentos bem-sucedidos possam ser escolhidos, estes podem não ser os mais indicados a levarem à concretização do objetivo do jogo. (COELHO 2014). Os visitantes tentaram solucionar os desafios apresentados, por vezes pedindo ajuda dos monitores da Banca da Ciência,

que, por meio de um diálogo contínuo, direcionavam a linha de pensamento em direção a resolução da situação. Nessa estratégia pedagógica, espera-se que o indivíduo, ao encontrar-se frente ao problema, relacione-se com ele, estabelecendo questionamentos e envolvendo-se em uma postura reflexiva. (ROSSO, TAGLIEBER, 1992). O objetivo não é explicar como funcionam os dispositivos ou como resolver seus desafios, mas, sim, ajudar o visitante a construir um raciocínio lógico, instigando-o por meio de perguntas como “Será que assim funciona?”, “Mudou algo com esse movimento?”, “O que deu errado dessa vez?”, direcionando e organizando os

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movimentos de modo que o próprio visitante construa, por si próprio, uma fórmula base para a realização do exercício de modo a finalizá-lo. O ambiente das diversas estações da CPTM onde as apresentações ocorrem nos fornece um público extremamente diversificado e heterogêneo das diversas faixas socioculturais e econômicas e diferentes idades, que não esperavam adquirir qualquer tipo de conhecimento científico ou ter entretenimento por suas passagens pelo sistema de transporte, parando e demorando-se por mais tempo do que dispunham, apenas pelo interesse e pela curiosidade gerada pelos monitores do projeto e os dispositivos apresentados. Concluímos que as aplicações desenvolvidas pela Banca da Ciência tem o intuito de disseminar o campo da Ciência de maneira que essa atividade estimule a

prática de resolução de problemas por tentativa e erro ou ações planejadas, além de incentivar a curiosidade do visitante quanto às atividades lógicas e gerar nele um interesse futuro pelo assunto. Palavras-chave: Divulgação científica. Banca da Ciência. Jogos lógicos.

PIBIC-EM como importante instrumento de divulgação científica entre jovens e suas redes de contato

Rosana Aparecida Rogeri129

Aquiles Tescari Neto130

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O objetivo deste trabalho é relatar, da perspectiva de divulgação do fazer científico em universidades brasileiras para as comunidades, a experiência desenvolvida, durante o segundo semestre de 2017, com três alunos do Ensino Médio da rede pública de ensino de Campinas, selecionados para o projeto A formação científica de alunos do Ensino Médio através da metodologia da Gramática Gerativa: posição do verbo e cartografia sintática do Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica do Ensino Médio da Unicamp (PIBIC-EM/CNPq), desenvolvido no IEL (Instituto de Estudos da Linguagem) sob coordenação do prof. Aquiles Tescari Neto. A proposta, integrada ao projeto de pesquisa do docente, intitulado Movimento do verbo e arquitetura da oração no português de Angola e no de Moçambique: uma

abordagem cartográfica, apoiado pela FAPESP na linha Apoio Regular (Processo 2016/20853-6), tem sido desenvolvida desde o segundo semestre de 2017 (primeiro semestre dos alunos no programa), e tem por objetivo principal introduzir os alunos à filosofia da ciência, através da epistemologia e metodologia científica de investigação

129 [email protected] 130 [email protected]

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em Gramática Gerativa, linha de pesquisa bastante alinhada, segundo Chomsky (1986), às Ciências Naturais. O projeto tem possibilitado, a iniciação dos alunos do EM às técnicas da investigação científica nos moldes da Sintaxe Formal, em consonância com a metodologia da vertente Cartográfica da Teoria de Princípios e Parâmetros (Cinque, 1999). Tomando como ponto de partida questões não resolvidas em Tescari Neto (2013), e, partindo de questões cruciais à cartografia das estruturas sintáticas, os alunos, com o auxílio da equipe de orientação (prof. Aquiles e Mestranda Rosana, autores do presente trabalho) identificaram a hipótese que nortearia a investigação: o “Tempo” interferiria no fenômeno do movimento do verbo finito. Os alunos foram apresentados a testes-diagnósticos da posição do verbo, de modo a verificarem a

hipótese inicial que, ao que tudo indica, se confirmou (Tescari Neto et al., 2018). Do ponto de vista da divulgação científica e das crenças/expectativas dos alunos, observamos, no decorrer dos encontros, uma mudança na constituição dos discursos dos sujeitos participantes em relação a como eram representados em suas falas seus papéis como “fazedores” de ciência, o papel do pesquisador nas universidades, o papel da ciência nas comunidades humanas e o papel do método científico no contexto dos conhecimentos mais gerais legitimados pelos distintos saberes das comunidades humanas. Observamos também o desenvolvimento de iniciativas por partes desses alunos que visavam a divulgar em suas redes (familiares e fraternas principalmente) o conhecimento que estavam construindo na universidade e constatamos a necessidade de inserir no espectro de discussões sobre o projeto PIBIC-EM o seu potencial como divulgador científico entre os jovens. Em vários momentos das

atividades semanais do PIBIC-EM, os estudantes apresentaram as retificações por eles

feitas em relação ao senso comum apresentado no discurso de amigos e familiares, a partir da legitimação de seus discursos por meio da autoridade científica conferida a eles pela universidade. Dessa forma, a partir da constatação (neste momento empírica) da importância que esse projeto adquiriu na divulgação do fazer científico no âmbito da comunidade em geral, por parte dos participantes desse projeto institucional, entende-se necessária a discussão – neste relato de experiência ancorado no que pode ser entendido como um jogo de imagens (Pêcheux, 1990) em relação à percepção da ciência, do senso comum e da divulgação do fazer científico, por parte desses estudantes – sobre os modos de melhor compreender o papel desempenhado pela divulgação científica no âmbito da proposta do projeto PIBIC-EM. A divulgação científica, apesar de certamente atravessar todos os norteadores do projeto, ainda não

figura como objetivos específicos deste programa institucional e, com base nas discussões desenvolvidas com os alunos, nota-se que existe um imaginário que permeia a legitimação da universidade e que os alunos integrantes desse projeto tomam para si o lugar de divulgadores da ciência. Entende-se, finalmente, que as discussões acerca das maneiras de se fazer divulgação científica também precisam ser discutidas nas proposições de projetos dessa natureza para que não se perca esse importante papel desempenhado pelos estudantes secundaristas que adentram a universidade para desenvolver projetos de pesquisas. Dito de outro modo, a

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universidade precisa se apropriar do espaço oferecido pelo programa PIBIC-EM também como lugar propício à resistência e transbordamento de saberes. Palavras-chave: Divulgação Científica. PIBIC-EM. Linguística Gerativa. Cartografia Sintática. Epistemologia da Ciência.

Ciência com Pipoca: unindo conhecimento e entretenimento

João Henrique Rafael Junior131

Eduardo Vidal132 Juan Azevedo133

Universidade de São Paulo

RESUMO: Uma das funções primordiais da universidade pública é a promoção e o desenvolvimento de projetos de Cultura e Extensão, que contemplem temáticas variadas e acessíveis a sociedade. No entanto, grande parte dessas ações ocorre dentro do próprio Campus e utiliza os recursos tradicionais do meio acadêmico, com apresentações formais, textos complexos, exemplos técnicos e jargões. Tal fato limita o impacto dessas atividades, pois, indiretamente, restringe o acesso ao público externo, principalmente os mais jovens, acostumados com a linguagem dinâmica e inovadora das mídias digitais e produções audiovisuais. Esse contexto impulsionou o

desenvolvimento do projeto Ciência com Pipoca, cuja ideia foi planejar e organizar um evento de difusão científica que utilizasse recursos da cultura cinematográfica, televisiva e web (histórias, cenas, personagens, imagens etc.) como base para ilustrar e demonstrar conteúdos científicos. Para diminuir a distância física e facilitar o contato

com o público jovem, a edição de estreia do evento ocorreu em uma sala tradicional de cinema no centro de Ribeirão Preto, o CineClube Cauim. A escolha do local foi pensada de modo a reforçar a identidade do evento junto a cidade, suprir as necessidades técnicas das apresentações e manter um espaço de convivência já consagrado e conhecido pelo público, a sala de cinema. O projeto surgiu com objetivos bem definidos: facilitar a transposição entre o conhecimento acadêmico e o público geral; desmistificar e elucidar importantes conceitos científicos; despertar e estimular o interesse do público mais jovem para a ciência; e instigar docentes e pesquisadores a

participarem e ampliarem suas ações no eixo da extensão universitária. O evento é uma realização do Instituto de Estudos Avançados da USP, Polo Ribeirão Preto (IEA-RP), Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (CRID-USP) e Centro de Terapia Celular (CTC-USP). A primeira edição contou com quatro sessões, divididas em dois dias de atividades, 12 e 13 de dezembro de 2016. As apresentações seguiram um padrão

131 [email protected] 132 [email protected] 133 [email protected]

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dinâmico e ágil, sendo compostas por uma hora de exposição e 30 minutos de interação com o público. No primeiro dia os pesquisadores utilizaram diversas situações do filme Divertidamente para explicar conceitos relacionados à neurociência, emoções e memórias. Na sessão seguinte, o professor fez uso de personagens dos filmes Exterminador do futuro, Eu, Robô, Metrópolis entre outros, para discorrer sobre robótica e inteligência artificial. No segundo dia houve apresentação sobre radiação, baseada em filmes de super-heróis e séries animadas, e outra que usou episódios da série Black Mirror para elucidar como as novas tecnologias afetam a sociedade. O evento somou mais de 300 participantes, a maioria jovens, que fizeram perguntas e interagiram com os pesquisadores. Os palestrantes também gostaram da experiência

e se colocaram à disposição para edições futuras. Registra-se que a proposta conseguiu atrair o interesse da imprensa local, sendo que os principais veículos da cidade publicaram notícias sobre o projeto. A segunda edição do Ciência com Pipoca foi realizada no ano seguinte, nos dias 20 e 21 de outubro de 2017, no Senac de Ribeirão Preto, e seguiu os moldes já estabelecidos. Durante dois dias foram realizadas quatro atividades, a primeira sessão debateu como o cinema retrata a ciência e o cientista; a segunda sessão citou diversas séries de ficção científica para explorar o tema da genômica; a terceira apresentação provocou uma reflexão sobre mídias sociais e comportamento; a última sessão fez uso de filmes como Matrix e Bladerunner para discutir neurociência e consciência. Neste mesmo ano, foi realizada uma sessão extra sobre robótica na cidade de São Carlos, promovida em parceria com o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC-USP). Os resultados da segunda edição

mantiveram os ótimos números, não só de público presente, mas de interação nas

mídias digitais (site, Facebook, Instagram), consolidação da marca na cidade e também procura de outras cidades da região para replicar o evento. Neste ano seguimos com a edição regular do Ciência com Pipoca, no segundo semestre, e firmamos uma parceria com a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto para realizarmos três sessões temáticas com filmes baseados em livros, no mês de maio, na tradicional Feira do Livro de Ribeirão Preto, que este ano está na 18ª edição e tem um publico estimado de 180 mil pessoas. Em paralelo, estamos estruturando o portal Ciência com Pipoca, que terá como objetivo reunir os conteúdos produzidos nas edições do evento e também funcionar como um repositório de análise, resenhas e indicações de filmes que abordem ou tenham conexão com temas científicos.

Palavras-chave: Difusão científica. Ciência. Cinema. Séries. Ambiente informal.

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SESSÃO 7 DEBATEDOR(A): MARINA GOMES

Mapeamento comunitário, sociedade e a comunicação de riscos e desastres: relato da experiência no Centro Cultural e Recreativo

Cristóvão Colombo em Piracicaba

Ayri Saraiva Rando134

Cassiano Sampaio Descovi135 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A relação entre ordenamento territorial, resiliência e Redução de Riscos de

Desastres (RRD) é reconhecida internacional e nacionalmente. O mapeamento comunitário de riscos é considerado relevante para elevar a resiliência do território e da comunidade correlata, e para planejar as ações de eliminação, redução ou transferência destes riscos. Tal mapa comunitário de riscos é uma representação das características de uma comunidade, das informações sobre as ameaças e vulnerabilidades, e dos recursos disponíveis que possam ser utilizados durante um evento desastroso (UNISDR BRASIL, 2017). O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de aplicação de um método em construção para elaboração destes mapas

comunitários vivenciada durante oficina realizada em outubro de 2017, no Centro Cultural e Recreativo Cristóvão Colombo (CCRCC), localizado na zona leste de Piracicaba, estado de São Paulo, cerca de dois quilômetros de distância do centro, em área bastante urbanizada, no bairro Morumbi e seu entorno. Outro objetivo é indicar relações dos resultados obtidos nesta oficina com aspectos socioculturais e de comunicação. O procedimento metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica e a aplicação de tal oficina com preenchimento, pelos participantes, de formulário apresentado por Ferrão (2017) durante oficina relativa a Mapas Comunitários executada pelo Grupo de Estudos sobre Ordenamento Territorial, Resiliência e Sustentabilidade (GEOTRES), em setembro de 2017, nas dependências da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (FEC/Unicamp). O público alvo da oficina foi a comunidade colombina, formada por

associados, colaboradores, diretores e conselheiros, e outros atores interessados no tema. O evento contou com a presença de dois participantes, um representante da Defesa Civil de Piracicaba e uma integrante da Associação dos Engenheiros Ambientais do Estado de São Paulo (AEAESP). Foram preenchidos dois formulários, um por participante, os quais geraram dois mapas de riscos do CCRCC, de acordo com a percepção dos participantes citados, portanto, o mapa de riscos é a sobreposição das

134 [email protected] 135 [email protected]

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informações de ambos os participantes, mas não pode ser chamado de mapa comunitário pela ausência de participação da respectiva comunidade, ou seja, é um mapa de riscos do clube em questão e do seu entorno, conforme a percepção dos participantes mencionados. A falta de participação comunitária é reflexo da baixa difusão e disseminação das temáticas ligadas à gestão de riscos de desastres na sociedade em geral, bem como do baixo nível de participação social e transparência pública no Brasil; da predominância da cultura do desastre, com ênfase na resposta ou reconstrução, e não da cultura da gestão dos riscos, com foco na prevenção, mitigação e preparação; dos obstáculos a serem superados para comunicação adequada de riscos e de desastres pelos meios midiáticos. Os resultados citados apontam os grandes

desafios existentes aos pesquisadores e docentes para ultrapassar as fronteiras universitárias nestas áreas de conhecimento e aos órgãos públicos competentes no processo de apoio à transformação da cultura do desastre para a cultura da gestão de riscos. Ressalta-se que a semana interna de prevenção de acidentes de trabalho pode ser o ambiente e o momento adequados para mobilização parcial da comunidade colombina e realização de outra oficina sobre mapeamento comunitário de riscos. O método em construção demonstrou-se útil para promover discussões direcionadas entre os participantes, no sentido de compreender melhor o seu território, suas características e capacidades, bem como os riscos de desastres existentes neste território e sua comunidade. Além disso, a elaboração do mapa comunitário em questão é uma ferramenta que auxilia no planejamento e ordenamento territorial, pois antecede os possíveis planos de contingência e os próprios planos de ações para

elevação da resiliência e RRD. O processo de elaboração do mapa comunitário

demonstrou-se útil também para mobilizar um ator chave local, que foi a Defesa Civil do município, além de poder ser usado como estratégia de aproximação e comunicação deste órgão com as comunidades, facilitando possíveis articulações com vistas à criação e funcionamento de Núcleos de Proteção e Defesa Civil, e para servir de instrumento permanente de gestão territorial a partir da elaboração periódica destes mapas dinâmicos. Por fim, conclui-se que a flexibilidade de adaptação do formulário, de acordo com a comunidade envolvida, apresenta-se como fundamental. Palavras-chave: Mapeamento de riscos. Mobilização comunitária. Cultura do desastre. Comunicação.

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Extensão: Projeto, encontros e diálogos

Fátima Denise Peixoto Fernandes136

Thais Machado Cândido137 Isabelle Simões Lira138

Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO: Este trabalho tem como proposta apresentar resultados de um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Embora reconhecendo a importância de resultados numéricos que descrevam o atendimento ao público

externo, esse trabalho não pretende apresentá-los. Nossa intenção é olhar para as interações dialógicas – uma das diretrizes da extensão – que um único projeto vem sendo capaz de proporcionar. São encontros que acontecem, ao longo do nosso caminho, e têm demonstrado ser de grande importância para todos os envolvidos,

notadamente para o público interno da instituição. A universidade se apóia nos processos indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão. A extensão tem o papel privilegiado de promover a interação da universidade com demais setores da sociedade. Em nossa experiência, percebemos que essa interação aconteceu dentro da própria instituição, para depois extrapolar seus muros. O local onde nosso projeto se desenvolve é uma bela área verde, com enorme vocação para atividades educativas ligadas ao meio ambiente. O Horto Botânico foi anexado ao Museu Nacional em 1896 e tinha como principal objetivo o estudo e ambientação de plantas para pesquisa

científica. Está localizado na Quinta da Boa Vista, um conhecido parque da cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde também está localizado o Museu Nacional. O Projeto de extensão nasceu do encontro de professores, biólogos, educadores e outros servidores da instituição que desejavam abrir esse espaço voltado à pesquisa científica, ao público, notadamente, público escolar. A sistematização das atividades nos levou a dialogar com vários setores do Museu Nacional e da universidade. O projeto foi submetido ao edital da Pró-Reitoria de Extensão e aceito. Escolas na trilha: Visitando o Horto Botânico do Museu Nacional teve sua primeira edição em 2014 e vem sendo renovado

anualmente. A cada edição, o projeto tem sido contemplado com duas bolsas de extensão para alunos de graduação da própria UFRJ. Bolsistas, majoritariamente, de cursos ligados às ciências biológicas participam de todas as etapas do projeto, estabelecendo contato com alunos de educação fundamental, com professores de todos

os níveis de educação e com pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. As atividades de extensão criam um elo entre o conhecimento teórico, adquirido na universidade, e a prática, fundamental na formação do aluno. A participação obrigatória no congresso de extensão da UFRJ motiva a participação em outros eventos acadêmicos, até mesmo fora do Rio de Janeiro, possibilitando ao estudante conhecer [email protected] [email protected] [email protected]

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outras instituições de ensino. Uma característica interessante no nosso projeto é que, de forma muito natural, começou a haver uma participação expressiva de alunos do Consórcio CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro) que coordena a graduação à distância de oito universidades públicas, incluindo a UFRJ. Até o momento, recebemos três estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas que desenvolveram trabalhos finais de curso sobre o projeto ou sobre temas afins. O projeto Escolas na Trilha: Visitando o Horto Botânico do Museu Nacional promove, fundamentalmente, o encontro entre a universidade e as escolas. A interação dialógica entre as universidades e as escolas de educação fundamental é incentivada pela legislação vigente no Brasil. No cotidiano, entretanto, os calendários escolares

desencontrados e os recursos escassos nas instituições fazem com que esses encontros não sejam muito frequentes. Como resultado do projeto, ainda podemos acrescentar o encontro dos servidores do Horto Botânico do Museu Nacional com a comunidade em algumas edições de dois grandes eventos de popularização e divulgação da ciência: aniversário do Museu Nacional e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Como não é aberto ao público espontâneo, o espaço é pouco conhecido dentro do próprio bairro, o Bairro Imperial de São Cristóvão. A extensão visa promover a interação entre a universidade e outros setores da sociedade, e acreditamos que deve ser bastante valorizada pelas políticas públicas. Consideramos importante, também, a interação que se estabelece dentro da própria instituição. O público interno também é bastante beneficiado com as relações dialógicas que se estabelecem a partir de cada projeto de extensão.

Palavras-chave: Extensão. Projeto de extensão. Interação dialógica.

Estratégias para ampliar os resultados e construir uma rede de comunicação em prol do Pint of Science Brasil 2018

Stefhanie Piovezan139

Denise Casatti140 Universidade Federal de São Carlos

Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar as ações de comunicação concebidas para a edição de 2018 do Pint of Science, festival de divulgação científica que ocorre simultaneamente em diversos países e que busca aproximar os cientistas da população em geral por meio de conversas em ambientes descontraídos, como bares e restaurantes. O evento será realizado nos dias 14, 15 e 16 de maio, com participação de 56 cidades brasileiras e estimativa de público de 50 mil pessoas, e construir 139 [email protected] 140 [email protected]

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estratégias colaborativas e adequadas frente a esse caráter geograficamente disperso e à participação de integrantes de diferentes instituições de ensino e pesquisa, com diversas formações, é um desafio. Partimos da experiência acumulada desde 2015, quando o festival foi trazido da Inglaterra pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e optamos por realizar várias ações: aproximação com os coordenadores locais e regionais, aproximação com os responsáveis pela comunicação do evento em cada um dos 56 municípios, definição das diretrizes de comunicação do festival e do cronograma conjunto de divulgação, realização de ações de divulgação conjuntas, produção de modelos diferentes de releases para as cidades participantes, elaboração de perfis de cientistas, follow-up e

clipping. Pouco mais de dois meses antes do evento, no início de março, o contato com os coordenadores, até então feito por e-mail e Slack, foi substituído por ligações telefônicas. Por meio das chamadas, foram sanadas dúvidas e foi reforçada a importância da ação de divulgação conjunta, seguindo um cronograma único, tendo em vista que nos anos anteriores essa estratégia contribuiu para aumentar o interesse da mídia e do público pelo evento. Também foram solicitados os contatos dos assessores de imprensa e/ou responsáveis pelas ações de comunicação do festival em cada cidade. Após essa fase de apresentação e contato, foram definidas e enviadas por e-mail as diretrizes de comunicação do evento, com o cronograma de divulgação. Na escolha das datas, foram considerados possíveis atrasos, uma vez que nem todas as localidades contam com o apoio de jornalistas e que nem todos os coordenadores estão familiarizados com a rotina da imprensa. Foi preciso considerar ainda a ocorrência de

feriados, que esvaziam as redações e impactam negativamente no resultado da

divulgação. Com isso, a proposta final de divulgação conjunta foi planejada considerando a elaboração dos seguintes textos: dois releases nacionais, com publicação no site e envio para um mailing com 17 mil jornalistas; dois modelos de releases locais para os coordenadores e assessores – um para as cidades que já realizaram o evento e outro para os novos municípios; perfis de cinco coordenadores regionais a serem publicados na semana anterior ao festival. Também foi estabelecido que, a partir do dia 16 de abril, com os modelos já em mãos, cada cidade poderia publicar seus próprios materiais. No primeiro release, foi destacada a abrangência do evento, que neste ano alcançará todas as regiões do país, e como se deu essa expansão, partindo de São Carlos, em 2015, para sete cidades em 2016 e 22 em 2017. Os releases locais e o segundo release nacional, por sua vez, foram concebidos para reforçar

destaques da programação e suas datas foram estipuladas de acordo com a previsão de definição do roteiro do festival em cada município. Já os perfis, que colocam em prática o que Warren Burkett caracteriza como “critério do interesse humano”, além de contribuírem com o objetivo do festival, foram estabelecidos como uma das estratégias de comunicação porque permitem manter o evento em pauta e oferecer diferentes opções de abordagem para os veículos, principalmente para aqueles que já divulgaram a programação. Para reforçar as ações, o follow-up foi realizado por e-mail, via telefone e conversas no WhatsApp, priorizando grandes veículos e sites e

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jornais das regiões Norte e Nordeste, em que o número de novas cidades participantes é maior. Para mensurar o trabalho, criou-se um clipping atualizado diariamente. Espera-se, com essas medidas, que a população tenha conhecimento do evento e compareça aos bate-papos que serão promovidos durante o Pint of Science, bem como que empresas e instituições se interessem por apoiar e/ou patrocinar o festival. Palavras-chave: Pint of Science. Divulgação científica. Assessoria de imprensa.

Ciência ao Bar: sarau de divulgação científica como potencializador de uma cultura científica local

Lucas Mascarenhas de Miranda141 Universidade Estadual de Campinas

Gabriel Lopes Garcia142 Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO: O Ciência ao Bar (doravante CaB) é um sarau de divulgação científica que é realizado na cidade de Juiz de Fora (MG), desde agosto de 2017, e que teve periodicidade quinzenal em sua primeira temporada (agosto a dezembro). A proposta do evento é levar professores e pesquisadores científicos para bares da cidade, a fim de conversarem com a população sobre pesquisas de assuntos variados e considerados

relevantes para a sociedade. Cada convidado apresenta seu tema, com uma linguagem mais coloquial e acessível a um público não especializado, durante 20 a 30 minutos, usando como único recurso a exposição oral; o tempo restante é destinado a perguntas e contribuições do público presente. Nada obstante os crescentes esforços dos divulgadores de ciência para popularizar o conhecimento científico, propondo discussões de e sobre ciência para um público amplo, boa parte desses empreendimentos são de caráter massivo e direcionados para revistas, jornais, blogs, e alguns também se aventuram nos campos do audiovisual e do podcast. O CaB busca suprir uma lacuna, visto que são poucas as iniciativas conhecidas e/ou divulgadas que promovam uma divulgação científica baseada no diálogo informal, na conversa em ambiente descontraído, na troca entre pesquisador e leigo. A proposta de ação é convidar os cientistas para se comunicarem além das salas de aula, dos laboratórios e

dos periódicos especializados, e levá-los ao bar, para interagir com a população. Existe também o festival internacional de divulgação científica Pint of Science, provavelmente o maior do gênero no mundo, que serviu de inspiração e modelo para a criação do CaB. O Pint of Science nasceu em Londres em 2013 e chegou ao Brasil em 2015 (na cidade de São Carlos - SP), e em 2018 acontecerá, simultaneamente, em 21 países, em mais de 280 cidades. O Brasil é o segundo país onde o festival ocorrerá no maior número de

141 [email protected] 142 [email protected]

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cidades: 56, ao todo (atrás apenas da Espanha, com 57 cidades). O grande impacto nacional do evento e seu crescimento de 2015 a 2018, porém, não é suficiente para a construção de uma cultura científica da população, tarefa que demanda atividades com maior frequência e de natureza variada. Destarte, iniciativas que permitam o contato direto e informal do público com os pesquisadores são necessárias e se configuram como potencialidades para reduzir a distância comunicativa entre a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, no que se refere à produção científica. Ademais, objetiva-se desconstruir a imagem de ciência como conhecimento inalcançável ao vulgo, cujo debate habitualmente fica restrito aos especialistas. Este relato de experiência visa: 1) apresentar um balanço da primeira temporada do projeto, que

realizou 10 edições com temas de áreas distintas e palestrantes com diferentes formações acadêmicas; 2) discutir o potencial desse tipo de evento para a efervescência da divulgação científica local, trabalhando com alguns indicadores de receptividade: da mídia da cidade (jornais impressos, sites noticiosos); da Universidade Federal de Juiz de Fora (professores, alunos, Diretoria de Imagem Institucional); de outras instituições de ensino superior e médio; dos donos do bar que sediou as 10 edições; 3) exemplificar uma ação concreta para as pessoas que já trabalham ou têm interesse em agir no campo da divulgação científica, de modo a incentivar atividades semelhantes em suas cidades; 4) enumerar alguns desafios na promoção deste tipo de evento: falta de recursos financeiros; falta de apoios no início do projeto; falta de pessoal para compor a equipe organizadora; a dificuldade de alguns professores para divulgar suas pesquisas de um modo não formal e que não seja para seus pares; 5) identificar os

critérios utilizados na seleção do bar, dos temas e dos pesquisadores; 6) apresentar as

funções desempenhadas na organização do CaB e a importância de cada uma delas (e.g., responsável pela comunicação do evento – mídia e redes sociais virtuais); 7) projetar perspectivas de aprimoramento e crescimento da ideia original, possíveis desenvolvimentos de outros projetos complementares e a ligação em rede de apoio mútuo com eventos culturais de outra natureza que também são promovidos na cidade. Palavras-chave: Divulgação científica; Cultura científica; Popularização da ciência.

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SESSÃO 8 DEBATEDOR(A): CRISTIANE DIAS

Onde estão os linguistas na divulgação científica?

Thiago Oliveira da Motta Sampaio143

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O que é Linguística? Tecnicamente podemos dizer que esta é a ciência da

linguagem, que possui o seu núcleo na pesquisa da estrutura fonológica, sintática e semântica da comunicação humana (linguagem), mas que também realiza suas interfaces com disciplinas como a Biologia (Biolinguística), Psicologia (Psicolinguística), Direito (Linguística Forense), Computação (Linguística Computacional), entre outras, cada uma com seu objetivo específico de desenvolvimento tecnológico e científico. Mas a resposta a essas perguntas são diversas a depender de quem são as pessoas questionadas. Três exemplos são extremamente comuns: (1) “Lingoquê!?” dirão os mais distantes da ciência da linguagem. (2) “É o que faz aqueles amigos do Lula que atrapalham o trabalho dos gramáticos e querem ensinar as criancinhas a falarem errado”, dirão os mais partidários que ‘descobriram’ a linguística no ano de 2011, quando o MEC adotou um

livro que considera as características sociolinguísticas dos alunos evitando o preconceito linguístico. (3) “São aqueles antievolucionistas que acham que os humanos são especiais e os outros animais não têm ‘linguagem’” dirão alguns biólogos. Aos dois últimos casos, os linguistas replicam de forma agressiva, como exemplificado por uma fala no Congresso Internacional da ABRALIN em Niterói/RJ, em 2017, no qual o

palestrante compara o caso de 2011 com a Revolta da Vacina, ou seja, algo que deve ser feito, mas que por desinformação, as pessoas não aceitam. O curioso dessa fala na ABRALIN é o que veio a acontecer em 2016, quando a Linguística vivenciou a criação de um ícone da cultura POP, através da personagem Louise Banks, e os linguistas não aproveitaram o momento. Eu gosto de comparar o impacto da protagonista de um dos filmes de ficção científica mais aclamados em 2016 com o de Indiana Jones para a Arqueologia, ou o Parque dos Dinossauros para a Paleontologia. A obra de Dennis

Villeneuve fez com que as pessoas que mal conheciam a disciplina se interessassem e procurassem compreendê-la a fundo, mas infelizmente, poucos linguistas brasileiros estavam dispostos a explicar ao público o trabalho da protagonista. Felizmente, o sucesso da obra fez com que outros pesquisadores se interessassem pelo tema e por

sua divulgação, tornando a linguística tema de podcasts, blogs e vídeos. Em podcasts podemos citar as discussões ocorridas no NerdCast e no Portal Deviante. No Youtube, em especial, podemos citar o caso dos canais Nerdologia e Ciência Todo Dia, o primeiro

143 [email protected]

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apresentado por um biólogo, o segundo por um físico, ambos com pelo menos três vídeos sobre linguagem. Até mesmo a Olimpíada Brasileira de Linguística, nascida no fatídico ano de 2011, foi idealizada e é organizada por um matemático. Enquanto isso, fora raras exceções, os linguistas seguem em sua torre de marfim. Ainda são raros os linguistas que se dedicam a divulgar o que fazem. Dentre eles o canal Enchendo Linguística no Youtube, apresentado por dois alunos cariocas que emocionaram os pesquisadores e a Associação Brasileira de Linguística, apesar de estar em um enorme hiato atualmente. Outra iniciativa interessante é o blog #Linguística, da rede de Blogs de Ciência da UNICAMP com posts dos alunos e professores do curso de Linguística da universidade e de alguns convidados. Tendo em vista o panorama apresentado, nessa

apresentação pretendo (i) explorar as experiências que tive com os mais diversos tipos de público e as interações com outros divulgadores da ciência em minhas participações no Pint of Science 2017, nos podcasts do Portal Deviante e na Rede de Blogs da Unicamp, (ii) exemplificar algumas ações pontuais dos raros linguistas que têm se dedicado à divulgação da área e (iii) demonstrar a esperança de que possamos influenciar outros linguistas e pesquisadores de outras áreas a também participarem de ações de divulgação.

Palavras-chave: Divulgação científica. Linguística. Youtube. Podcast. Olimpíadas de conhecimento.

Linguisticando na web: um relato de experiência sobre um canal de Linguística no YouTube

Marcos Felipe Martins de Sant Anna144 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: A apresentação tem como objetivo relatar e discutir estratégias e formas de atuar no campo da divulgação científica na internet, com foco específico na utilização do YouTube e na área da Linguística. O relato tem como base as experiências vividas pelo orador na construção de um canal de vídeos no YouTube – o Enchendo Linguística, ativo durante o ano de 2017. Idealizado e realizado por, além do orador do presente trabalho, Igor Costa, Carolina Tiecher, Clara Pontes e Marcelo Briggs, o canal produziu, ao longo de sete meses, diversos vídeos, de variados temas ligados à Linguística e, em conjunto com outras redes sociais, alcançou números que, ainda que tímidos comparados aos grandes canais de entretenimento

do Brasil, mostram um imenso potencial de tal plataforma de contribuir para iniciativas de popularização da ciência no país. Além dos indicadores numéricos (número de inscritos e seguidores no YouTube e outras redes sociais), a interação entre espectadores e realizadores, através de comentários e mensagens, aponta para as possibilidades que o ambiente virtual oferece de aproximação e diálogo entre o público geral e os produtores de conteúdo. No âmbito

da divulgação científica, portanto, é necessário que se ocupe esse espaço virtual, utilizando-o

144 [email protected]

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como ferramenta imprescindível para que os debates científicos alcancem um número cada vez maior de pessoas. O presente trabalho, então, busca debater e construir estratégias para uma melhor atuação nesse meio, relatando as dificuldades enfrentadas, os impactos na vida dos realizadores e, principalmente, na dos espectadores, o alcance obtido com o canal, formas de divulgação, abordagens, formatos, enfim, tudo aquilo que diz respeito a ações de vulgarização científica na internet. Serão levantadas experiências reais vividas pelos realizadores do canal, como questões sobre custos de produção (e alternativas a isso),

organização e planejamento das etapas de pesquisa, produção de roteiros e gravação dos vídeos, dificuldades e acertos na divulgação etc. Além dessa visão geral sobre as práticas de divulgação científica, a apresentação visa estabelecer um foco maior na área das ciências da linguagem, em especial a Linguística. Consideramos que a popularização dos debates e estudos na área da Linguística faz-se premente, uma vez que o que se observa no imaginário e nos discursos do público em geral são concepções deturpadas e, muitas vezes, preconceituosas sobre o trabalho do linguista e sobre o que é a própria Linguística. Diante desse quadro, a existência de um canal de divulgação das ideias científicas nessa área mostrou-se

extremamente relevante para um público mais amplo. Tal público revelou-se bastante heterogêneo – de estudantes de Letras em graduações por todo o Brasil a professores de Língua

Portuguesa, passando por pessoas sem nenhuma ligação concreta com a área, das mais diversas idades. Essa diversidade permitiu o surgimento de resultados muito interessantes em relação ao alcance das discussões propostas. Em termos um pouco mais concretos, pode-se

fazer alusão a mensagens de agradecimento, a entusiasmados comentários em nossas páginas no YouTube, Instragram e Facebook, à aproximação de estudantes de diferentes lugares do Brasil, ao uso dos vídeos, por parte de professores, em diversos ambientes de estudo (do ensino superior à educação básica), entre outras conquistas que, no âmbito de uma ciência ainda

muito pouco discutida no país, estimulam a realização de ações de divulgação. É

imprescindível, portanto, para aqueles que almejam que a sociedade enxergue a Linguística de maneira mais próxima ao que ela realmente propõe e faz, que novos meios de divulgação surjam, sempre construídos a partir de estudos sérios e cientificamente amparados.

Acreditamos que tal cenário se reflita também em diversas outras áreas do conhecimento científico e, por isso, tais debates se mostram extremamente importantes e produtivos. Palavras-chave: Divulgação científica. Linguística. Internet. Youtube. Redes sociais.

Entre redes e percursos: (des)orientações da pesquisa em Linguística Aplicada

Daniel dos Santos145

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: O objetivo principal deste texto é discutir de que maneira(s) a pesquisa em Linguística Aplicada, em sua maioria fundamentada no viés transdisciplinar (Cavalcanti, 2013), possibilita discussões acerca de uma quebra paradigmática de

145 [email protected]

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lugares pré-estabelecidos do sujeito-pesquisador e do sujeito-pesquisado. Dessa maneira, o recorte apresentado neste relato de experiência diz respeito à abertura de dados de um projeto de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (Unicamp), no qual intento (des)orientar panoramas positivistas que destacam a neutralidade e a inseparabilidade naturalizante para a constituição purista dos dados. De outra maneira, na perspectiva teórico-metodológica a qual me filio, indica-se a necessidade de transgredir espaços e posições fixas com o propósito de “compreender a vida social e outras alternativas sociais” (Moita Lopes: 2006: 104), criando espaços de (des)aprendizagens (Fabrício, 2006: 45). A fim de promover um pontapé inicial para essa proposta, criei um blog nomeado Entre redes e percursos, o

qual se responsabiliza por divulgar dados que fazem parte de uma etnografia virtual realizada em um grupo aberto de um site de rede social (Ellison et al., 2007). Este blog tem dois objetivos principais. O primeiro deles é concretizar uma proposta de pesquisa baseada na construção dialógica do conhecimento (Bakhtin, 2014). O segundo, por sua vez, é tornar-se um repositório de livre-acesso aos diários de campo da etnografia que é realizada no grupo do Facebook Ensinar português como segunda língua. Ainda que a pesquisa não dependa necessariamente do engajamento dos participantes do grupo em interações verbais ou não-verbais, trata-se de uma proposta que pretende dialogar com a disponibilização pública dos dados da pesquisa, na contramão do isolamento de tais participantes, oferecendo um espaço para discutir a ética no tratamento analítico de dados em Ciências Humanas, na(s) pesquisa(s) em Linguística Aplicada e (ou) da investigação científica como um todo. Assim, na tradição dos estudos antropológicos

de metodologia etnográfica, discutia-se de forma muito abrangente qual seria o local

do “pesquisador” no campo; ou campo aplicado (Signorini, 1998), quando tratamos da investigação em Linguística Aplicada. Tal discussão ganha novas tonalidades quando este percurso etnográfico passa a ingressar em redes virtuais (Hine, 2000). Portanto, novas constatações e possibilidades permitiram que olhássemos para tal metodologia não como um método a priori, como salienta Mariza Peirano (2014). Na rede, este percurso tende a ser refletido por um continuum, o qual posicionará o pesquisador de uma esfera mais lurker a um ponto mais insider (Polivanov, 2013: 64). Toda imersão é participante, mas esta investigação pretende estimular uma interação dialógica junto aos seus participantes. Iniciou-se através de uma observação menos participativa e teve, ao longo do período de realização (outubro/2017-março/2018), a disponibilização dos dados de pesquisa aos usuários da comunidade para que estes, se interessados,

pudessem comentar os dados etnografados pelo pesquisador, a fim de criar um ambiente no qual os sentidos e os sujeitos possam ser construídos em interações de responsabilidade ativa (Bakhtin, 2014). Para confrontar questões que homogeinizam comunidades online em torno de uma cultura única ou que pretendem fixar práticas sociais sob o aparato do determinismo tecnológico, me posicionarei em favor de uma visão que destaque os processos de tensão na construção de sentidos. Assim, na tentativa de proporcionar meios de inserir a proposta enunciativo-discursiva para além dos pressupostos teóricos teremos, na exposição dos dados aos participantes,

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modos de reformulação do percurso etnográfico que viabilizem um ethos discursivo menos hierárquico no modelo “pesquisador” → “pesquisado”. Desse modo, reiteramos as constatações que a pesquisa baseada na “etnografia pode (...) ser usada para desenvolver um sentido rico dos significados da tecnologia e das culturas que a possibilitam e são possibilitadas por ela” (Hine, 2000). Para tanto, é importante destacar/debater o status “participativo” na etnografia virtual. Ainda que alguns trabalhos considerem a pesquisa etnográfica virtual como um modo alternativo ao modus operandi tradicional da epistemologia científica, na relação estabelecida com a tradição etnográfica, prefiro não tratá-la desta maneira, dado que a visão alternativa poderia desvalorizar este formato. Portanto, podemos compreender que as interações

online são um retrato da cultura atual. Dito isso, concluímos que a etnografia contemporânea potencializa o seu campo de atuação quando dispõe de meios digitais eficientes na aproximação entre o pesquisador e os participantes da pesquisa, resultados de uma mudança tecnológica constante. De fato, o mundo virtual introduz novas modalidades de interação, novos atores (sociais e tecnológicos) e novas configurações. O blog, por sua vez, tenta sustentar tais posicionamentos teórico-metodológicos em torno da (des)orientação de uma tradição científica. Este direcionamento é, necessariamente, (in)disciplinar (Moita Lopes, 2006). Palavras-chave: Ensinar português como segunda língua. Linguística Aplicada. Etnografia virtual.

Fantástico Mundo Matemático: um canal no YouTube sobre divulgação matemática.

José Régis Azevedo Varão Filho146

Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: É senso comum que a matemática é fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Ou seja, por um lado parece haver uma aceitação plena pela sociedade de que a matemática é fundamental para o país. Por outro lado, paradoxalmente, há um desconhecimento sobre o que é a matemática. Mais distante

ainda é a percepção de que existe pesquisa matemática. Ou seja, a matemática não é apenas fórmulas escritas em livros que servem para resolver problemas descontextualizados. Quando comparada a outras ciências a matemática é ainda assim muito peculiar, em termos estritos a matemática não se encaixa como ciência. Formalmente o método científico não se aplica a matemática. Os resultados em matemática são expressos como teoremas e sua validade são as demonstrações. A pesquisa em matemática, de forma breve, pode ser vista como teoremas e

146 [email protected]

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demonstrações. E se isso é por um lado a força da matemática, pois a torna eterna, por outro lado a matemática torna-se cada vez um acúmulo de conteúdo que precisa do anterior e do anterior e esta mesma vantagem pode ter distanciado um pouco os matemáticos da divulgação científica. A educação formal desenvolveu o conteúdo matemático mais otimizado para sua apresentação como ferramenta. Ou seja o aluno aprende o conteúdo de forma lógica e voltada a aplicação de fórmula para se solucionar um problema. Como consequência, muito da motivação do porquê a teoria é como é se perde, o que pode causar estranheza e desencanto com a matemática. Para se ter uma ideia deste acúmulo, boa parte da geometria plana que se estuda hoje é conhecida há mais de dois mil anos atrás, compilada em Os Elementos de Euclides de Alexandria.

Um curso de cálculo na universidade apresenta um compilado de séculos em poucos meses. Uma vez que o aluno precisa aprender certas ferramentas o fato é que, dada a finitude da vida, uma quantidade muito grande de conteúdo deve ser compilada de maneira ótima para que o aluno aprenda a ferramenta. E neste sentido a divulgação matemática pode inclusive motivar esse aluno que precisa aprender um conteúdo tão denso. Com frequência a pesquisa em matemática, principalmente aquela designada como "matemática pura" exige um acúmulo tão grande de conhecimento matemático que acaba se distanciando tanto da realidade que a sua divulgação em geral torna-se um desafio quase hercúleo. Entretanto, o desafio da divulgação científica é justamente esse, o de pegar um conteúdo especializado e colocá-lo ao grande público. O divulgador de matemática pode contornar a tecnicidade de sua área expondo conceitos que permeiam a grande área de algum determinado tema. E se por um lado a pesquisa em

matemática exige tantos conceitos específico a história mostra que por mais que os

matemáticos com frequência vejam a matemática como uma busca intrínseca de beleza matemática e com frequência desprovida de aplicações, a realidade se impõe e diversas conexões surgem graças aos trabalhos matemáticos desenvolvidos que a priori não tinham intenção de conexão com a realidade. A história da matemática mostra a importância do desenvolvimento matemático tanto focado em aplicações imediatas, mas também como por essa busca intrínseca de beleza matemática e cujo o tempo sempre fornece conexões maravilhosas, com frequência muito depois da teoria ter sido criada. Quando comparada a outras ciências, pelo menos no Brasil, a matemática talvez seja a mais deficitária em termos de divulgadores científicos. E isso talvez esteja relacionado a esta forma peculiar de como a pesquisa em matemática se desenvolve. Como uma busca intrínseca de beleza matemática. A consequência é que os

matemáticos acabam por formação não se importando tanto em vender seu trabalho como algo aplicável. Uma consequência do distanciamento dos matemáticos da divulgação científica faz com que a divulgação matemática quando atinge os meios de comunicação costuma se dar em termos estereotipados, por exemplo, como se a matemática fosse a arte de fazer contas. Os exemplos costumam ser alguém indo em algum lugar e fazendo alguma conta, de preferência de cabeça. Seria mais apropriado pensar a matemática como a arte do pensar. Diante deste cenário já venho pensando em divulgação matemática há algum tempo e recentemente criei um canal de

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divulgação matemática no YouTube chamado Fantástico Mundo Matemático. Nesta apresentação pretendo expor essas considerações e a minha (curta) experiência na criação deste recente canal de divulgação matemática. Assim, pretendo debater o porquê de, na minha visão, a comunidade matemática ser um pouco relutante com relação a divulgação matemática e como tem sido a recepção da comunidade matemática com relação a este canal no YouTube. Palavras-chave: Divulgação científica. Matemática. YouTube.

Divulgação científica na interseção Ciência e Arte

Felipe Conrado Fiani Felipe de Sousa147

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

RESUMO: O YouTube tem se mostrado uma plataforma democrática para o estabelecimento de diversos canais de divulgação científica por tornar acessível ferramentas de produção que até pouco tempo mantinham-se exclusivas aos grandes produtores. O número de acessos destes canais autônomos mostra que o público nesta rede social busca por esse tipo de conteúdo; e a liberdade e o baixo custo de sua produção têm sido reconhecidos como principais aspectos positivos da plataforma. Contudo, a saturação de determinados tipos de conteúdos de divulgação científica e a

falta de rigor metodológico na pesquisa e elaboração de roteiros dificultam uma apreciação consciente dos espectadores e são vistos como desafios modernos da divulgação científica. Longe de responder completamente a estes desafios, alguns caminhos apontam que a pluralidade de conteúdos ligados a alguma pesquisa científica ou grupo/instituição de pesquisa podem garantir uma confiabilidade no material apresentado ao público sem ferir o princípio de autonomia dos produtores. Assim, este trabalho apresenta alguns resultados e desafios de uma iniciativa de elaboração de um canal com conteúdo na interseção Ciência e Arte. Ainda que correntemente preterida

no ambiente escolar, a relação entre ciência e arte tem se mostrado presente em diversos episódios da história: nos processos de extração de pigmentos vegetais utilizados por artistas, nos estudos da composição da luz por físicos e pintores, nas ilustrações de animais e plantas em pranchas de catalogação, nas diversas

representações de cientistas em pinturas e esculturas, nos estudos de anatomia, nos diversos conceitos científicos que serviram de inspiração para obras artísticas, nas técnicas fotográficas que se utilizam de leis da ótica, na literatura e seus romances recheados de temas científicos, na paleoarte, no cinema, etc. Todos estes podem vir a tornar-se temas de vídeos futuros. O trabalho cooperativo entre cientistas e artistas, portanto, sempre foi uma constante. Não raramente, alguns cientistas também eram

147 [email protected]

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artistas amadores ou profissionais e vice-versa. Contudo, contrariando as inúmeras demonstrações lastreadas pelo registro histórico, os estereótipos reforçados pela educação formal muitas vezes parecem reforçar uma visão polarizada entre as ciências e as artes. Ambas são comumente colocadas em esferas diferentes e isoladas, os cientistas racionais e metódicos; os artistas emotivos e criativos. Além disso, o ambiente escolar tem encontrado dificuldades para apresentar aos alunos esta importante relação, uma vez que o professor que reconhece a importância do tema pode sentir falta de exemplos reais de como iniciar esse debate em sala de aula. Além disso, os temas, ainda que abundantes, podem requerer situações específicas demais ou conteúdos que não estão no domínio de conhecimento do professor. O canal de

divulgação, assim, pode ser uma importante ferramenta nesta tarefa. O objetivo do canal é sempre utilizar algum tema artístico como gatilho para se discutir ciência; na elaboração dos roteiros são sempre utilizados livros e artigos científicos que compõem as pesquisas mais recentes sobre o assunto. Até o momento foram roteirizados, produzidos e lançados dois vídeos. O primeiro, intitulado Ciência e Arte #1 - O quadro de Lavoisier feito por Jacques-Louis David (1788), no qual é discutido o quadro do pintor Jacques-Louis David (1748 – 1825), retratando o químico francês Antoine Laurent Lavoisier (1743 - 1794) e sua esposa Marie Anne Lavoisier (1758 - 1836). Da análise do quadro é possível extrair diversas informações biográficas da vida do químico, além de compreender melhor sua carreira científica e os aspectos sociais, culturais e históricos que levaram a sua condenação pelo tribunal revolucionário. Além disso, o vídeo apresenta alguns dos principais aspectos do neoclassicismo, movimento

artístico em que Jacques-Louis David foi o maior expoente. O segundo vídeo, intitulado

Ciência e Arte #2 - Sherlock Holmes e a Ciência: Química, Dedução e Indução, é dedicado a relação do personagem ficcional Sherlock Holmes com a ciência, em especial com a química. Inicialmente, é demonstrado que o método investigativo utilizado pelo personagem pode ser bastante relacionado ao que historicamente ficou conhecido como método científico e as formas indutiva e dedutiva de pensar. Na sequência, são demonstra alguns trechos dos livros escritos por Arthur Conan Doyle (1859 -1930) que demonstram a estreita relação entre o detetive inglês e as ciências químicas. Com isso, são publicados no canal vídeos que discutam a ciência, e consequentemente seus conceitos, sua história, seus aspectos filosóficos, de uma forma atípica, que pode motivar e despertar o interesse das ciências àqueles telespectadores que tenham interesse em artes, e vice-versa. Muitos desafios foram encontrados no processo,

como: a definição de temas futuros; a elaboração dos roteiros de forma didática, clara e concisa; alguns aspectos técnicos, como a gravação, edição e divulgação etc. Contudo, o compartilhamento de experiências permite a elaboração de estratégias para a superação destes obstáculos de forma criativa e eficaz. Palavras-chave: Divulgação científica. Química. YouTube.

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SESSÃO 9

DEBATEDOR(A): PATRÍCIA MARIUZZO

Utilização da música para compreensão da história política do Brasil

Clara Sena Mata Oliveira148

Augusto Antonio de Paula149 Antonio Fernandes Nascimento Junior3

Universidade Federal de Lavras

RESUMO: Esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência do uso de músicas como meio de compreensão da história política brasileira. Tal momento ocorreu em um minicurso nomeado História política do Brasil, oferecido durante o I Congresso de Formação de professores da UFLA- CONFUFLA, na Universidade Federal de Lavras. O minicurso foi ministrado por bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Ciências Biológicas - Licenciatura. Este buscou aprimorar as relações político-pedagógicas de futuros docentes, para realizá-lo utilizou-se músicas e poemas, entretanto neste trabalho busca-se realizar somente a divulgação da música. Tais ferramentas relatam, através do eu lírico, aspectos sociopolíticos da história nacional. A comunicação humana vai além da linguagem.

Ocorre diálogo também na música, arte presente ou não na informalidade de acontecimentos corriqueiros. Direcionando a realização das práxis dialogadas com ações e decisões de modo sutil sem ênfase ou percepção nítida do posicionamento da obra (ARÚJO; PAZ, 2001). A história de um país é formada por características culturais, filosóficas, tomadas de decisões, entre outros fatores influentes para a identidade do

cidadão. Nesse sentido, a formação política torna-se essencial para a realização efetiva dos direitos e deveres do indivíduo. Alguns conceitos da filósofa Hanna Arendt relacionados ao poder político constroem a cidadania e por meio da igualdade, legalidade e publicidade alcançam a realização de ações. Assim, o acesso à informação juntamente ao entendimento do contexto político são mecanismos fundamentais para o entendimento do papel social dos indivíduos (RANGEL; PETRY, 2005). Partindo-se da significância da formação política os bolsistas utilizaram, no primeiro momento, a

música Até quando? do cantor Gabriel O pensador, para indagar pontos referentes à conjuntura política atual. Observou-se nessa música críticas à impossibilidade de condições suficientes para alcance de direitos dos indivíduos, mas também se observou a inatividade dos cidadãos atuais para reivindicar melhorias e transformações sociais.

Iniciado o momento com essa música, foi realizado um caminho regressivo na história facilitando o processo de entendimento da construção do sujeito a partir da trajetória, 148 [email protected] 149 [email protected] 3 [email protected]

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após esse período os participantes foram divididos em dois grupos, ouviu-se a música Vai passar de Chico Buarque e de Francis Hime, que se concentra em expressar a existência de uma ancestralidade, sofrida, criadora do samba e referência cultural. Além disso, é visível um senso comum cego diante a realidade social, que admira uma classe superior, sem perceber de sua comodidade e ainda, considera seu passado como uma “infeliz memória” sem perceber a importância do caráter cultural. Ainda, para abordar características do século XX, foram distribuídos para os grupos os poemas: Ode ao burguês (Manuel Bandeira), Analfabeto Político (Bertolt Brecht) e Menino de rua (Walmir do Carmo). Complementar ao uso dos recursos foi utilizado a música Opinião do Zé Keti, que expressa firme opinião em relação ao governo perante a tortura

da ditadura. Ainda o Hino à bandeira representa a recente nação brasileira, trazendo características de um país onde recém se instaura a república. Em um terceiro espaço os prelecionistas e ouvintes se juntaram para construir toda a história do país como um todo, levantadas questões da atualidade a discussão seguiu no debate do governo de 2018, outros anteriores e ainda acontecimentos muito significativos como a redemocratização, ditadura, república velha e instauração da república, mas também foi levantado pelos participantes aspectos do descobrimento do Brasil. Em seguida os integrantes do evento realizaram uma avaliação listando pontos positivos e a serem melhorados, tais tópicos foram utilizados para analisar os resultados deste trabalho. As falas na avaliação do minicurso credenciam a aprendizagem prazerosa e beneficiada com os recursos oferecidos e ainda remetem a importância do tema para o sujeito. Observa-se que a história política é fundamental para a realização do papel como

indivíduo logo justifica o seu real entendimento, que é mais relevado pelo fato de viver

em sociedade, resultando na tomada de decisões que integrem todo o coletivo. Nesse sentido a música proporciona uma forma atrativa, prazerosa e facilitadora do processo de entendimento, mas também ampliando a visão de mundo referente às artes e expressões culturais existentes, integrando-os aos saberes adquiridos por toda a sociedade. Ainda sim é estimulado o olhar crítico do indivíduo ao buscar entender os conceitos implícitos nas letras. Compreende-se também que os conceitos são apropriados pelos integrantes e direcionados para a prática social, tomada de decisões e realização de ações, reconstruindo uma história com propriedades de condições para compreensão de temas importantes como o discutido, de maneira mais fácil. Nessa direção além da construção da compreensão de política ocorre a possibilidade de ampliação da visão cultural existente. Observou-se o uso relevante da música como

ferramenta de compreensão de aspectos políticos na história, portanto é possível utilizá-las como instigação para uma consciência cidadã, incentivando os indivíduos a atividade social. Palavras-chave: Divulgação científica. Música. Formação política.

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Transbordar e reexistir: divulgação cultural em uma abordagem decolonial

Juliana Maria de Siqueira150

Coordenadoria de Ação Cultural – Prefeitura de Campinas

RESUMO: Ao longo de uma década e meia, um grupo de agentes culturais tem desenvolvido, no município de Campinas, um programa educativo que utiliza a linguagem audiovisual como mediador de processos destinados a promover o protagonismo cultural dos cidadãos. A Pedagogia da Imagem, realizada no Museu da

Imagem e do Som de Campinas, (re)lançou-se em 2003 com um diversificado leque de atividades, envolvendo formação de agentes educativos e comunitários, além de crianças e adolescentes, em oficinas populares de fotografia, vídeo, desenho de animação e história oral, e alcançou mais do que a apropriação das linguagens e tecnologias de comunicação pelos seus participantes. Ela se constituiu em um dispositivo de reconhecimento e visibilidade dos territórios culturais de Campinas, especialmente dos grupos e das matrizes historicamente silenciados e invisibilizados. No movimento de apropriação de linguagens, a Pedagogia da Imagem possibilitou a tais sujeitos coletivos realizar a “leitura de mundo”, “dizer a própria palavra”, mostrar a própria face e testemunhar com suas memórias – em primeira pessoa. Os produtos gerados nos processos educativos foram integrados, por mais de uma década, à

programação cultural e aos acervos do Museu da Imagem e do Som, contribuindo para transformar e pluralizar o perfil de suas coleções, até então muito marcadas por um viés oficial, profissional e restrito temática, temporal e geograficamente em torno dos processos de modernização da cidade. Por duas vezes (nos anos de 2009 e 2016), o programa recebeu o prêmio Darcy Ribeiro de Educação em Museus, concedido pelo

Instituto Brasileiro de Museus, além do Prêmio Victor Valla de Educação Popular em Saúde. Nesse sentido, entendemos que a experiência desenvolvida nesse programa aponta para possibilidades de abordar a divulgação cultural numa chave decolonial, isto é, que supere e inverta as tradicionais lógicas que reproduzem os padrões de poder/ saber/ ser instituídos pela modernidade/ colonialidade. Em primeiro lugar, ela integra a divulgação numa abordagem 360 graus, que parte da dimensão educativa – relativa às aprendizagens de linguagens e tecnologias, em sua constituição histórica e

estética; envolve a experimentação criativa – expressão da visão de mundo e dos modos de vida presentes nos territórios culturais; se concretiza na articulação de circuitos de fruição cultural – onde os produtos gerados reencontram a comunidade, estimulando o autorreconhecimento e as mediações simbólicas; e ciclicamente culmina

na preservação – alimentando a memória coletiva que possibilita novos ciclos de aprendizagem. Dessa maneira, a divulgação cultural é vista complexamente, não como o elo final de uma cadeia operatória da cultura, onde as distintas funções são

150 [email protected].

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socialmente fragmentadas e serializadas. Ao contrário, a divulgação está integrada aos ciclos de aprendizagem, produção e preservação cultural, na medida em que esses processos se desenrolam na e pela comunicação/ dialogia. Em segundo lugar, o caráter decolonial é dado pela capacidade de projetar as vozes e imagens historicamente subalternizadas, sem paternalismos ou populismos, entendendo que o município possui distintas matrizes culturais que se articulam desigualmente em termos de poder. Ao compartilhar os meios de produção de imagens e discursos em produtos culturais, o programa Pedagogia da Imagem não apenas abre espaço para o seu acolhimento no museu, mas põe em pauta a existência de processos outros de produção, comunicação e preservação cultural. Nesse sentido, aponta não apenas para

a necessidade de democratização da matriz hegemônica – uma matriz sociotécnica majoritariamente excludente, mas para a importância e a potência libertária do reconhecimento e interculturalização das matrizes de reexistência – as que permitem transformar os espaços além das linhas abissais em paisagens culturais, territórios vivos. Essas heterotopias, no enfrentamento às negações e violações de direitos, invertem os valores da hierarquia, da acumulação e da competição, produzindo a resiliência e as libertações possíveis por meio da horizontalidade, da partilha e da solidariedade. Palavras-chave: Ação cultural. Descolonização. Divulgação cultural. Interculturalidade.

A arte teatral como instrumento de formação cidadã

Yara Rosa Romanelli Campos Gonçalves da Silva151 Thales Vinícius Silva152

Antonio Fernandes Nascimento Junior153 Universidade Federal de Lavras

RESUMO: O objetivo do trabalho é analisar, através de um relato de experiência, o minicurso: Uma conversa sobre o teatro, produzido pelos bolsistas do Programa de Iniciação à Docência (PIBID) de Biologia da Universidade Federal de Lavras, na I Conferência de Formação de Professores e Professoras e discutir sobre a importância

do teatro como meio de expressão cultural e artística, através de discussões, ilustrações e apresentações teatrais. Através do manifesto da arte, em singular o teatro, já se pressupõe que este cumpre um papel de educar de forma direta e ampla e, através da sua utilização, favorece a educação e, consequentemente, a construção de cidadania. Assim o teatro atua como um instrumento de formação cidadã, tendo grande potencial

151 [email protected] 152 [email protected] 153 [email protected]

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para a disseminação da arte e da cultura. A arte possibilita a expressão de sentimentos, ideias e comportamentos, tendo suas matrizes na música, na dança, no teatro, na poesia, dentre outros. Porém, na atualidade, o acesso a esses meios de cultura esta cada vez mais raro e desconhecido pelo público, visto que a sociedade moderna está entrando cada vez mais em um itinerário repetitivo e controlado, e segundo (BARBOSA, 2008), quando se quer uma cultura potencializada para uma transformação social, o meio da arte está totalmente entrelaçado e relacionado com essa perspectiva já que cumpre o papel de dialogar e expor a realidade. A construção do minicurso se deu a partir de reuniões dos bolsistas do Pibid onde foram discutidas as propriedades do teatro como divulgador cultural, apropriando-se das suas

características. Teve início com uma apresentação coletiva de todos os presentes respondendo a três perguntas: “Quem sou?”, “De onde eu vim?”, “O que espero do minicurso?”. Isso serviu para estreitar os laços entre os participantes, importante fator na hora de entender a dinâmica do teatro. Os participantes refletiram também sobre a frase “o que é fazer teatro”, assim gerando discussões no sentido que a arte teatral não tem uma receita pronta. Foram também apresentados importantes nomes que trouxeram grandes contribuições, sendo estes Constantin Stanislavski, Bertold Brecht e Augusto Boal juntamente com algumas tendências e escolas teatrais como o Teatro do Absurdo, Teatro do Oprimido, O Corpo Lúcido dentre outros. Para que os presentes pudessem entender quais os objetivos dos atores dentro do trabalho teatral foram construídas concepções de que as ferramentas de trabalho do ator são, basicamente, o corpo, a imaginação e visão de mundo. Para facilitar a compreensão foram dados

vários exemplos de como essas ferramentas têm uma correlação entre elas e como elas

são substanciais no trabalho do ator. Em seguida foram apresentadas imagens dos elementos de teatro que consistiam em direção, cenário, iluminação, sonoplastia, figurino, maquiagem e elenco; dessa forma foi discutida a importância de cada um desses elementos numa peça teatral e como elas estão relacionadas com a construção dos personagens. Num momento final foi realizada uma mini oficina de teatro que todos participaram. Ao final do minicurso, os presentes escreveram os pontos positivos a serem melhorados do minicurso. Para analisar os resultados obtidos, foi utilizado o método de pesquisa qualitativo, uma metodologia que aborda a proximidade direta do pesquisador com o meio e a situação que está sendo estudada para assim compreender as mensagens, de modo que ocorra uma percepção de seus significados. Por meio do método de categorização das falas foram encontradas três categorias: “O minicurso

como transportador dos conceitos básicos do teatro e sua compreensão”, “Métodos dinâmicos e interativos no minicurso” e “O minicurso como abarcador de conceitos históricos e sua influência no meio social”. Na primeira, com frequência de 4 falas, os participantes observaram que o curso trouxe uma boa compreensão de conceitos básicos de teatro. Também com frequência 4, a segunda categoria consiste na valorização da utilização de métodos dinâmicos e interativos que observaram ao longo do minicurso, fazendo, assim, que o assunto tratado ficasse mais atrativo. Na terceira categoria houve 3 participantes que abordaram o minicurso como intuitivo para fazer

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5º ENCONTRO DE DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA E CULTURA

24 A 26 DE ABRIL DE 2018 | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

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conexões com o contexto histórico e o meio social, ligando os artistas que fizeram história na carreira teatral, e ajudaram na sua construção, entrando na conjuntura contextual propriamente dita. A capacidade de expressar uma realidade social a partir de instrumentos lúdicos faz do teatro uma importante ferramenta que trabalha a criticidade do individuo lapidando sua visão de mundo e construindo cidadania. O minicurso cumpriu o papel de abordar os conceitos do teatro de maneira interativa, trabalhando por meio dessas características sociais e históricas, ampliando a concepção dos participantes sobre essa arte e consequentemente sua visão da realidade alimentando seu interesse artístico.

Palavras-chave: Divulgação cultural. Cidadania. Teatro.