31
Unidade 2 A Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos 2.1 Estratificação social e poder político nas sociedades do Antigo Regime Durante o Antigo Regime a maior parte das sociedades europeias estavam organizadas como sociedades de ordens, isto é, como sociedades estratificadas em três grandes grupos sociais diferenciados segundo o nascimento, o prestigio da função e da sua condição económica. Os grupos assim formados designam-se estados ou ordens – eram três: o clero, a nobreza e o braço popular, denominado, Terceiro Estado (burguesia+povo). Ao entrarem na tradição, estas conceções foram-se impondo nas leis consuetudinárias (leis fundadas nos usos e costumes) e institucionalizaram-se nas leis escritas. A sociedade de ordens A sociedade de categorias ou de «ordens» caracterizava-se por uma estratificação de tipo legal ou jurídico que impôs aos indivíduos um conjunto de valores e comportamentos geralmente definidos para toda a vida. Assim eram diferenciados através: Do seu nascimento; Dos seus privilégios e deveres das ordens; Dos códigos de atuação pública de cada ordem; Das formas de tratamento, as honras, as dignidades, as condecorações e as pensões a que cada um tinha direito. A condição social era rigidamente definida. A mobilidade social foi muito rara. Em virtude das transformações económicas e culturais verificadas, os regimes sociais europeus passaram a consignar diversos processos de ascensão social – nomeadamente de nobilitação. Esta situação tornou cada vez mais heterogénea a constituição interna das ordens. A pluralidade de estratos sociais: os casos de França, Espanha e Portugal A sociedade de ordens do Antigo Regime assentava no 1

Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Unidade 2 A Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos

2.1 Estratificação social e poder político nas sociedades do Antigo Regime

Durante o Antigo Regime a maior parte das sociedades europeias estavam organizadas como sociedades de ordens, isto é, como sociedades estratificadas em três grandes grupos sociais diferenciados segundo o nascimento, o prestigio da função e da sua condição económica.Os grupos assim formados designam-se estados ou ordens – eram três: o clero, a nobreza e o braço popular, denominado, Terceiro Estado (burguesia+povo).Ao entrarem na tradição, estas conceções foram-se impondo nas leis consuetudinárias (leis fundadas nos usos e costumes) e institucionalizaram-se nas leis escritas.

A sociedade de ordensA sociedade de categorias ou de «ordens» caracterizava-se por uma estratificação de tipo legal ou jurídico que impôs aos indivíduos um conjunto de valores e comportamentos geralmente definidos para toda a vida. Assim eram diferenciados através:

Do seu nascimento; Dos seus privilégios e deveres das ordens; Dos códigos de atuação pública de cada ordem; Das formas de tratamento, as honras, as dignidades, as condecorações e as pensões a

que cada um tinha direito.A condição social era rigidamente definida.A mobilidade social foi muito rara. Em virtude das transformações económicas e culturais verificadas, os regimes sociais europeus passaram a consignar diversos processos de ascensão social – nomeadamente de nobilitação. Esta situação tornou cada vez mais heterogénea a constituição interna das ordens.

A pluralidade de estratos sociais: os casos de França, Espanha e PortugalA sociedade de ordens do Antigo Regime assentava no reconhecimento e aceitação do princípio da desigualdade natural dos súbditos perante o Estado e perante a comunidade.As pessoas encontravam-se inseridas em estratos dentro das ordens, os quais se distinguiam pelos nomes, pelo estatuto penal, pelas formas públicas de tratamento, pelos trajes e até pela maneira como deviam andar na rua.Os direitos específicos de cada pessoa ou grupo definiam-se como atributos especiais, designados privilégios.

Direito ou vantagem conferido a certa pessoa, grupo, classe ou ordem, que os demais não têm.

Nesta hierarquia, o primeiro lugar pertencia ao clero. O clero possuía foro (=leis) e tribunais privativos que julgavam apenas de acordo com o Direito Canónico; manteve o direito de imunidade e de asilo em todas a suas propriedades; estava isento do serviço militar e era uma “ordem” não tributária; cobrava das restantes ordens o dízimo eclesiástico e recebia numerosas outras dádivas e doações. O clero tinha altos cargos no ensino, na corte e na administração pública.

1

Page 2: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

O segundo lugar era ocupado pela nobreza e esta apresentava situações internas muito diversificadas:

A nobreza rural era fundiária e senhorial. A nobreza cortesã exercia cargos na corte. A nobreza de espada ocupava-se com o ofício das armas, investia nos negócios

mercantis e mercantilizava a produção das suas propriedades. A nobreza de sangue eram nobres de linhagem que tinham herdado a sua condição

social dos seus antepassados pelo nascimento, orgulhavam-se dos seus ancestrais e títulos honoríficos. A nobreza de toga era a categoria recém-nobilitada constituída por elementos do Terceiro Estado e baseava a sua ascensão no mérito e capacidades pessoais.

Com efeito, os nobres estavam isentos do pagamento de impostos ao Estado, continuavam a cobrar os direitos senhoriais aos camponeses das suas terras, mantinham em funcionamento o tribunal senhorial e eram preferidos para o desempenho dos mais altos cargos político-administrativos.

O Terceiro Estado: ordem não privilegiada

O último lugar na hierarquia social cabia ao Terceiro Estado que sustentava, com o seu trabalho, todo o edifício social. Era a ordem tributária por excelência.Era muito heterogéneo na sua composição.O Terceiro estado era uma ordem tributária que pagava impostos.O estrato maioritário era o dos camponeses, constituído por agricultores com terra própria, por muito rendeiros e foreiros em terras de nobres e eclesiásticos e por numeroso jornaleiros. Entre estes havia também alguns artesãos.O segundo estrato em termos numéricos era o da burguesia. No seio do Terceiro Estado, a burguesia mercantil e letrada ocupava, sem dúvida, o primeiro lugar em riqueza, importância de funções e prestígio social, rivalizando com as ordens privilegiadas, as quais pretendia ascender.

Pluralidade de comportamentos e valores

No quotidiano, nobres, clérigos, burgueses e populares distinguiam-se:

Pelos trajos; Pela maneira como se apresentavam em público; Pelas formas de saudação e tratamento; Pela maneira como conviviam uns com os outros.

A burguesia procurava por todos os meios de trabalho e mérito pessoal elevar-se acima da sua condição e ascender aos estratos superiores. A sua altitude de inconformismo foi fator determinante na evolução e transformação progressivas das sociedades do Antigo Regime.

2

Page 3: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A sociedade de ordens assente no privilégio e garantida pelo absolutismo régio de direito divino

A Europa estava longe de possuir uniformidade nos regimes políticos, assim, o regime dominante era o da monarquia de caráter absoluto (monarquia absoluta).Esta centralização foi favorecida por um conjunto de fatores:

O ressurgimento do mundo urbano e da economia mercantil; O desejo de ascensão da burguesia enriquecida; O desenvolvimento rural que influenciou decisivamente o pensamento jurídico e

politico; O crescimento económico e o alargamento geográfico impuseram a necessidade de

uma organização mais completa, unitária e permanente.Estes fatores conjugaram-se para valorizar a figura do rei junto das comunidades da época, fornecendo-lhe os necessários apoios sociais, económicos e jurídicos.Os reis absolutos exerceram o poder de forma: pessoal (não admitindo delegações); absoluta (não reconhecendo outro poder senão o dele) e única (não repartida ou partilhada com ninguém). A soberania régia era um legado divino, recebido diretamente pelos reis no dia da sua coroação, quando eram ungidos e sacralizados como imagens de Deus sobre a Terra.

O soberano absoluto detinha superiormente todos os poderes políticos:

Poder legislativo – só o rei podia promulgar ou revogar as leis; Poder judicial – o rei era o supremo juiz, aplicava a justiça. Poder executivo – do rei dependiam todas as decisões: possuía a chefia suprema do

exército, só ele podia declarar a guerra ou a paz, chefiava todas as instituições e órgãos e eram a ele devidos todos os impostos.

Resumindo, os poderes do rei e o poder do Estado identificavam-se um com o outro. (O Estado sou eu!)Os próprios teóricos do absolutismo lhe reconheciam alguns limites como:- As leis de Deus;- As leis da justiça natural dos homens (direito à propriedade, à justiça, à vida, à liberdade…);- As leis fundamentais de cada reino.

As monarquias ocidentais desta época foram de facto absolutas, pois os seus soberanos governavam sozinhos. Os monarcas absolutos fizeram questão de acentuar o cariz meramente consultivo dos conselhos de Estado, perderam o hábito de consultar as Cortes ou Estados Gerais e reforçaram o caráter temporário e amovível das delegações de poder.Legislar, nomear juízes, oficiais e funcionários, possuir tribunais, formar exércitos, lançar impostos, fazer a guerra ou a paz e cunhar moeda foram funções e direitos exclusivamente régios.

3

Page 4: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Os modelos estéticos de encenação do poder

A morada do rei – a corte – tornou-se o local mais importante de cada reino. Nela reuniam-se os órgãos político-consultivos e era frequentada pelos diplomatas, nacionais e estrangeiros, e pelas delegações e embaixadas de outros países.A centralização das funções e das decisões mais importantes da vida pública na corte fez dela um pólo de atracão para todos os que dependiam e colaboravam com o poder real ou nele procuravam favores e mercês. Foi assim que a corte se encheu de cortesão que, enfraquecia nos seus rendimentos fundiários e diminuída nas suas imunidades e privilégios, procurava junto do rei novas formas de aumentar a sua fortuna e condição.Os reis procuraram manter os nobres sob fiscalização e controlo diretos, contribuindo para a sua mais rápida disciplinização.A grandiosidade da corte deveria corresponder à grandiosidade do rei que ela albergava.

Sociedade e poder em Portugal: a afirmação do absolutismoA monarquia portuguesa conheceu também o regime absolutista que, em Portugal, o poder do rei absoluto foi considerado de origem divina e a autoridade régia sobrepunha-se a todos os outros órgãos governativos. «O rei é, no seu reino, por direito divino e humano, senhor da vida e da morte dos homens».Na construção do absolutismo em Portugal houve várias fases:

D.João I a D.João II (séc. XV – o rei assume-se como o pai dos súbditos); D. Manuel I a D.João V (séc. XVI ao séc. XVII – estabelecimento do poder pessoal dos

reis); D.José I e atuação do ministro Marquês de Pombal – a autoridade régia controla todos

os aspetos da vida pública;1820 – o absolutismo régio é extinto com a revolução liberal.

Preponderância da nobreza fundiária e mercantilizadaApós o período de renovação social caracterizaram-se por um reforço da posição socioeconómica das ordens privilegiadas (séc. XVI e XVII).Nobreza: ocupada os mais altos cargos administrativos e militares do reino e funções no império o que lhe proporcionava honras e mercês:- Afirmação dos fidalgos-mercadores (nobres com negócios lucrativos);- Concentração das terras nas mãos dos nobres (vínculos, comendas e morgadios).Clero: aumento do seu património fundiário.

A debilidade da burguesiaOutra das características da sociedade portuguesa foi a debilidade da burguesia enquanto grupo social autónomo.Fatores que ajudam a explicar esse fenómeno social:

O monopólio régio ultramarino que impossibilitou as iniciativas privadas; A ocupação pela nobreza do comércio colonial, que seria da burguesia;

4

Page 5: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A dependência em relação à nobreza, ocupava ainda os cargos políticos, administrativos e militares.

Séc. XVII – a viragem do comércio colonial do Índico para o Atlântico favoreceu a ascensão de alguma burguesia.

Consequências para o reino:

1. Permanência de uma mentalidade e valores tradicionais;2. Reforço do senhoralismo;3. Bloqueamento da economia interna;4. Estagnação das atividades produtivas do reino pela falta de investimento.

Criação do aparelho burocrático do Estado absoluto no século XVII

O aparelho burocrático do Estado era constituído por órgãos, sofrendo algumas reformas e esvaziamento e competências, durante o domínio filipino.Com a subida de D.João IV ao trono de Portugal – restauração da independência.Uma das primeiras preocupações do rei foi criar rapidamente novas instituições que legitimassem a sua autoridade.Foi, em 1640, criado o Conselho de Guerra: responsável pela gestão legistico-militar e jurisdicional e reorganizado o Conselho de Estado (conjunto de secretários de Estado e o rei) com a criação:

Do Conselho Ultramarino: recebia todas as cartas e despachos do Ultramar; cabia-lhe o provimento dos ofícios (justiça, guerra e fazenda), expedição de naus.

Da Junta de Três Estados: competia a administração e supervisão da recolha de impostos.

- Inicialmente criação de apenas uma secretária de Estado; posteriormente surge a secretária “das mercês e Expediente” e secretária “da Assinatura”.

O absolutismo joaninoO absolutismo joanino caracterizou-se não só pela grandeza e pelo fausto do rei e da corte, mas também pela reforma e/ou criação de instituições políticas e governativas.A política cultural de D.João V traduziu-se no desenvolvimento das letras, das ciências e das artes.

Grandeza e fausto do rei e da corteMarcada pela exploração do ouro brasileiro, a governação conheceu um desafogo financeiro que lhe possibilitou uma:- política de grandes obras (Palácio Convento de Mafra, Aquedutos de Águas livres, Basílica Patriarcal de Lisboa, Igreja das Necessidades, etc.) - apoio às artes e às ciências corte apoiando o teatro, ensino da música, financiamento a bibliotecas, criação da real Academia de Roma e outras instituições culturais, artísticas e religiosas.- vida fautosa da corte com festas, saraus e óperas.

5

Page 6: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Reformas políticas e governaçãoO absolutismo traduziu-se no fortalecimento do poder real e na expansão das áreas de influência do Estado, numa maior submissão da nobreza, na não convocação das cortes e pelo governo de três estados com maiores competências pelo rei.

A política cultural de D.João VA prosperidade económica e a paz foram determinantes para o desenvolvimento das letras, das ciências e das artes.As ideias de progresso e de Razão foram sendo introduzidas em Portugal pelos diplomatas portugueses que serviam nas cortes estrangeiras.A intensidade dos contactos internacionais resultou numa vida cultural bastante rica: em peças literárias barrocas, na produção de comédias, farsas e tragédias, a familiarização com a música e com a arte, em óperas e concertos.D.João V também se preocupou com o ensino da música, com o movimento científico mas apesar dos grandes progressos culturais verificados no período joanino, o grande salto que iria significar a introdução da cultura iluminista produziria os seus melhores resultados.

O barroco joaninoO barroco constituiu uma expressão artística adequada à imagem de grandeza e de magnificiência de D.João V. De facto, o barroco joanino, com os seus efeitos de riqueza e movimento, era uma arte de corte e de luxo, tendente a fascinar e a provocar a admiração dos seus súbditos.Grandiosas obras régias de arquitetura, como igrejas, conventos, palácios, solares foram construídos nesta época.Foi nos interiores que o barroco joanino se revelou mais original: nos trabalhos de talha dourada e azulejos e de outras artes decorativas, como a ourivesaria, o mobiliário…A decoração barroca distingue-se pela riqueza e abundância dos materiais empregues, pela magnificência das peças e por algum exagero ornamental.

O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Nos séc. XVII e XVIII, assiste-se a um reforço dos aparelhos dos estados, sejam estes monarquias absolutas ou sistemas parlamentares.Torna-se assim mais fácil implementar medidas abrangentes pois o sentido de pertença a uma comunidade nacional, começa a emparceirar-se com uma noção de lealdade do súbdito para com o seu soberano.Nesta época as politicas económicas nacionalistas e protecionistas como o mercantilismo desenvolveram-se.Só a partir do séc. XVII estas formas capitalistas atingem a sua maturidade, graças aos lucros do comércio nacional, ao incremento dado à produção manufatureira e ao eficiente controlo exercido pelos estados sobre essas atividades, fomentando as exportações e penalizando as importações, numa lógica mercantilista.

6

Page 7: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Princípios mercantilistas

O mercantilismo foi a doutrina económica vigente nos séculos XVI, XVII e XVIII que defendia que a riqueza de um país se media pela quantidade de metais preciosos acumulados e que, para conseguir essa acumulação se devia aumentar as exportações e limitar as importações, para que a balança comercial fosse positiva, ou seja, que os dividendos (lucros) do que se vendia ao estrangeiro fossem superiores aos gastos com os produtos adquiridos.

Meios para atingir os objetivos mercantilistas:

Balança comercial positiva ou superavitária, ou seja, que os dividendos (lucros) das exportações sejam superiores aos gastos com as importações.

Protecionismo económico que visa proteger a produção nacional limitando as importações, impondo quotas e taxas alfandegárias pesadas nas importações de produtos manufaturados e garantido subsídios e isenções fiscais às manufaturas nacionais, garantido que os seus produtos ficassem sempre mais baratos do que os estrangeiros.

Fomento da produção industrial. Regulamentação do comércio externo, proibição da exportação de matérias-

primas necessárias à produção nacional e de produtos necessários ao consumo externo.

A doutrina mercantilista

Com o triunfo dos nacionalismos e o reforço dos aparelhos burocráticos, os estados levam a cabo políticas que abrangem a totalidade dos territórios nacionais.A tendência geral é a proteção máxima das produções nacionais. Para melhor concretizar tal objetivo cria-se uma política de exclusivo colonial, em que só a respetiva metrópole tem o direito de negociar com as suas colónias.Tenta-se, assim impedir o desenvolvimento económico das nações concorrentes.

As províncias unidas são felizes na aplicação da política de conquista de territórios antes pertencentes às nações ibéricas.Instalados, os novos senhores, liderados por uma burguesia empreendedora, vão aplicar medicas comerciais inovadoras. Criam companhias monopolistas privadas (VOC e WIC) cotadas na bolsa de valores de Amesterdão.Estas companhias têm ainda um forte apoio estatal, o que lhes assegura o monopólio do comércio, ou seja, o exclusivo do comércio colonial, assim como, entre outras regalias, o direito a conquistar territórios e administrá-los.

O predomínio marítimo-comercial dos holandeses vai ser substituído pelo Inglês, que começa a ganhar preponderância a partir da primeira metade do século XVII.

7

Page 8: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A política económica de Colbert

O mercantilismo Francês foi implementado por Colbert (ministro de Luís XIV). A sua política económica concedeu o principal relevo ao desenvolvimento das manufaturas como meio de substituir as importações de produtos estrangeiros (da Holanda, Alemanha, Itália, etc) por produtos franceses.O colbertilismo salientou-se, ainda, pela criação de companhias monopolistas (associações económicas que tinham o direito exclusivo de comerciar numa dada área).

É durante a república de Cromwell (Chefe do governo Inglês), em 1651, que surgem os atos de navegação, que visam boicotar o comércio marítimo da Holanda para terminar com a dependência da Inglaterra relativamente a esta.

Medidas iniciadas por Cromwell:Oliver Cromwell encarnou uma faceta do mercantilismo mais flexível, porém, igualmente empenhada na supremacia da economia Nacional.

Atos de navegação (centraram-se na valorização da marinha e do setor comercial): Apenas podiam entrar em Inglaterra as mercadorias que fossem transportadas em barcos ingleses ou do país de origem; Só a marinha britânica podia transportar as mercadorias coloniais e a tripulação dos navios deveria ser constituída maioritariamente por ingleses.

Politica de expansão colonial (dirigida, em especial, às Antilhas e América do Norte).

Criação de grandes companhias de comércio (companhia da Índias Orientais Inglesas com poderes idênticos à holandesa).

O mercantilismo Inglês centrado no comércio e o mercantilismo Francês centrado nas manufaturas

O mercantilismo francês

Caracterizou-se, no setor manufatureiro, pelas seguintes medidas:

Criação de novas indústrias (às quais o estado concedia privilégios, tais como benefícios fiscais e subsídios);

Importação de técnicas (por exemplo, mandar curtir à maneira inglesa as peles de boi da França);

Criação das manufaturas reais (protegidas pela realeza, fabricavam, sobretudo, produtos de luxo para a corte);

Controlo da atividade industrial por inspetores do estado (que avaliavam, nomeadamente, a qualidade e os preços do trabalho realizado).

8

Page 9: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

O mercantilismo Inglês

Em Inglaterra, o mercantilismo, de feição comercial, distinguiu-se pelas seguintes medidas:

Publicação (1651-1663) dos atos de navegação: de acordo com estas leis, apenas podiam entrar em Inglaterra as mercadorias que fossem transportadas em barcos ingleses ou do país de origem; só a marinha britânica podia transportar as mercadorias coloniais e a tripulação dos navios deveria ser constituída, maioritariamente por Ingleses.

Politica de expansão comercial (dirigida em especial, às Antilhas e à América do norte).

Criação de grandes companhias de comércio, entre as quais a companhia das Índias Orientais Inglesa (a mais rica e poderosa das companhias monopolistas), que detinha o exclusivo do comércio com o Oriente e amplos poderes a nível da administração, defesa e justiça.

O protecionismo económico e o agudizar das tensões internacionais

Uma vez que todos os países seguidores do mercantilismo adotaram medidas de carácter protecionista (proibição da entrada de produtos estrangeiros através das leis pragmáticas, imposição de taxas alfandegárias à entrada de produtos do exterior, etc) registou-se, naturalmente, uma contração do comércio entre os países europeus.

Como alternativa, esses países comerciavam com as suas próprias colónias, num regime (também protecionista) de exclusivo colonial: cada um dos países de origem controlava a produção e os preços dos produtos coloniais, de maneira a garantir a obtenção de matérias-primas e de mercados de escoamento da manufaturas sem a interferência dos países rivais.

Consequentemente, a criação de um império colonial e comercial passou a figurar como prioridade dos estados Europeus. A prática do capitalismo comercial (procura de lucros no grande comércio) levou ao agudizar das tensões internacionais. Assim se explicam os vários episódios de rivalidade e mesmo de guerra entre Holandeses e Ingleses, entre Holandeses e Franceses e entre Franceses e Ingleses nos séculos XVII e XVIII. O ponto alto deste clima de tensão foi o desfecho da guerra dos sete anos que consagrou a supremacia da Inglaterra no comércio mundial.

As áreas coloniais disputadas pelos estados atlânticos

No séc. XVIII, os estados atlânticos abarcavam regiões muito ricas, por exemplo:

O império espanhol abarcava os territórios da América espanhola e filipinas; A Holanda, a província mais rica das Províncias Unidas, estendeu o seu poderio

até à Ásia (arquipélago indonésio e Ceilão), África (o Cabo) e continente americano (Guianas Holandesas);

9

Page 10: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A Inglaterra, graças à vitória na Guerra dos sete anos, ocupou as possessões francesas nas Índias, territórios na América (Canadá) e feitorias em África (Senegal);

O império francês ocupava territórios em África, no Oceano Índico (Madagáscar) e na Índia;

O império português retirava proventos do Brasil, das suas colónias em África (sobretudo Angola e Moçambique) e na Índia (Goa, Damão e Diu).

As inovações agrícolas e o sucesso económico Inglês

O sucesso da Inglaterra como potência dominante assenta em bases político-militares, sociais, mentais e económicas.A Inglaterra torna-se uma Monarquia constitucional e possibilita a entrada da burguesia nos círculos de poder pois esta tem um forte dinamismo económico.O nobre Inglês adaptou-se ao novo mundo do capitalismo comercial, dedicando-se aos negócios e modificando a forma como se produz nas suas terras, participando nas mudanças que ocorrem na agricultura inglesa.

No século XVIII, surge uma nova doutrina económica, o Fisiocratismo, que põe em evidência a importância da agricultura, considerando-a base económica das nações.

A agricultura inglesa passou por um processo de profunda renovação, continuando o desenvolvimento que vinha já de tempos anteriores.

As suas principais modificações foram:

Foi em Norfolk que se formou uma elite de proprietários rurais, os landlords, que experimentaram e desenvolveram importantes inovações de uma agricultura moderna, organizada e cimentada em grandes investimentos.

Intensificação do movimentos das enclosures: era a apropriação e o emparcelamento de terras comunais (como terrenos baldios e comunitários ou por ocupação pacifica ou violenta por parte dos nobres aos pequenos proprietários) que se destinavam à criação de gado lanígero em regime extensivo, para uma elevada qualidade de lã, para proteger as propriedades transformaram os campos abertos (open field) em campos fechados (enclosures), vedando-os.Esta nova técnica permitiu o apuramento das sementes e das raças de animais e o aperfeiçoamento das alfaias (semeadoras mecânicas), etc.

Estudo aprofundado da agronomia: faziam experiências com sementes e animais que selecionavam e desenvolveram teses que apresentavam à comunidade cientifica em feiras agrícolas e exposições.

Desenvolvimento de máquinas agrícolas: que introduziam nas suas explorações, aumentando os níveis de produtividade a baixo custo.

Novas áreas para a agricultura (aumento das áreas cultivadas): promoveram a drenagem de terras alargadas, arroteamento de florestas e enriquecimento de

10

Page 11: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

terras menos férteis com processos de adubagem, combatendo assim, o pousio e os terrenos baldios.

Sistema quadrienal de culturas: que permitiu a substituição do pousio pelo cultivo de plantas forrageiras para a alimentação de animais (trevo, leguminosas, etc), assim, a terra era integralmente aproveitada e havia uma articulação da agricultura com a criação de animais.

Valorizaram a criação de gado: que permitiu a produção de carne, lã e estrume para as terras.

Arrendamento a longo prazo: que fazia com que os arrendatários investissem em inovações técnicas e não usassem de forma intensiva os campos.

A revolução agrícola proporcionou:

Melhoria na qualidade e na quantidade da alimentação: maior resistência às doenças, uma vida mais prolongada, aumento da procura de bens de consumo o que originou um surto demográfico, pois a abundância e a criação de postos de trabalho, aumentaram a nupcialidade e consequentemente a natalidade.

Mão-de-obra disponível: o aumento da população originou também um aumento da mão-de-obra disponível, acentuando-se a migração da população para as cidades pois o campo não tinha capacidade de absorver toda esta mão-de-obra, assim houve a urbanização.Londres tornou-se a maior cidade da Europa.

Aumento da quantidade de lã: de que dependia a produção têxtil na fase de pré-arranque, proveniente de carneiros criados nas grandes pastagem vedadas.

Desenvolvimento de atividades mineiras e siderúrgicas: pela necessidade de utensílios agrícolas em ferro. Estas atividade proporcionaram o metal fundamental à construção das máquinas agrícolas e industriais.

Acumulação de capitais: disponíveis para investimentos no setor industrial, provenientes da comercialização dos produtos agrícolas.

Criação de um mercado nacional *: o aumento demográfico e a urbanização originaram a expansão do mercado interno onde os produtos e a mão-de-obra circulavam livremente.Eram facilitados pelos melhoramentos dos transportes * (construíram um complexo sistema de canais por onde expediam mercadorias pesadas e ampliaram a rede de estradas que macadamizaram, ou seja, que pavimentaram de forma a facilitar a circulação).

Alargamento do mercado externo: apesar das medidas mercantilistas os produtos ingleses impunham-se no continente Europeu pela excelente qualidade e baixo preço.Os maiores dividendos (lucros) vinham no entanto do comércio transoceânico: Comércio triangular – Inglaterra África (escravos) América (colónias) Inglaterra (com açúcar, tabaco, café, algodão, etc).No oriente quem dominava o comércio era a companhia das Índias Orientais:

11

Page 12: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

traziam sedas, especiarias, corantes, chá, porcelanas e panos de algodão indiano e controlavam as produções de açúcar, pimenta, açafrão, índigo, seda e algodão originados das colónias.Para além do comércio da Ásia e da Europa, os ingleses introduziram-se nos circuitos de mercados locais.Os Ingleses manipulavam os preços a seu favor e nos portos pagavam as importações com ouro, prata e, ópio e tecidos indianos.

O sistema finaceiro*: facilitava o desenvolvimento económico.Criaram-se a bolsa de valores de Londres, onde se cotaram as primeiras ações da companhia das índias orientais; a atividade bolsista que canalizava as poupanças particulares para o financiamento de empresas, alargando o mercado de capitais. Tudo isto originou a criação do Banco de Inglaterra, vocacionado para realizar operações no grande comércio (depósitos, transferências, desconto de letras - cheques e financiamentos).

O arranque industrial

As consequências da revolução agrícola deram origem a uma nova revolução, a revolução industrial que se iniciou no século XVIII e que possibilitou a democratização dos bens, tornando-os acessíveis a todos e acabando com as fomes. Porém, criam-se outros problemas, como o esgotamento de recursos e a poluição.

Setores de arranque da revolução industrial:

Setor têxtil algodoeiro: foi impulsionado pelo aumento da procura interna e externa e pela abundância de matérias-primas.

Setor metalúrgico: era o setor que forneciam máquinas e outros equipamentos, quer à indústria quer à agricultura.Foi a invenção da máquina a vapor de James Watt que provocou a rápida alteração nos modos de produção: da manufatura passou-se à maquinofatura. Esta máquina a vapor constituiu a primeira força de energia artificial da História e com ela foi possível mover todo o tipo de mecanismos.

Consequências da revolução indústrial:

Migração das populações dos campos para as cidades; Aumento da poluição (fumo da fábricas); Aparecimento de bairros pobres de habitação operária (bairros de lata); Aparecimento da burguesia industrial, um novo grupo que se elevava ate ao

topo da sociedade e do poder político; Desenvolvimento dos transportes: houve uma aceleração nos meios de

transportes o que fez aumentar a circulação de mercadorias, bens, serviços, noticias e pessoas.

A crise comercial de 1650-90 e Portugal

12

Page 13: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Em Portugal, nos finais do século XVII a economia portuguesa estava fragilizada devido:

À concorrência de franceses, Ingleses e Holandeses, que competiam com os Portugueses na produção de açúcar e tabaco, o que levou à diminuição dos lucros da rota do Cabo;

Ao aumento do preço dos escravos negros; À politica protecionista de Colbert em França, o que diminuiu as exportações

portugueses para França; À Crise Espanhola de 1670-80, as dificuldades económicas sentidas pela

Espanha ocupada em guerras quase permanentes na Europa e nos mares, refletem-se em Portugal através do constante aumento da carga fiscal e do ataque das potências inimigas de Espanha às costas Portuguesas e às possessões ultramarinas, o que provocou um descontentamento crescente contra o domínio Espanhol. Com a restauração de 1640, Portugal ganhou autonomia fiscal e financeira mas perdeu o acesso ao mercado imperial Espanhol e gastou dinheiro público na reparação das fortalezas da fronteira e em armamento e homens para lutar contra Espanha. Para ultrapassar as dificuldades diplomáticas, Portugal procurou aliar-se à Inglaterra. Resultando no casamento de Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, oferecendo como dote terras coloniais na índia;

Corrupção dos funcionários régios; Fraca competência mercantil do nobre mercador; Falta de mão-de-obra agrícola e industrial.

CRONOLOGIA DA CRISE

1650-1690: Crise comercial do séc. XVII, muitas fomes e propagação de pestes.

1672-1699: Leis pragmáticas contra o uso de produtos importados contra o uso de produtos de luxo importados no reinado de D.João II.

1699: Carregamento de ouro do Brasil que aumentou as importações pois aumentaram os meios de pagamento de Portugal.

1703: tratado de Methuen.

Medidas Mercantilistas tomadas por Portugal:

Duarte ribeiro propôs ao Rei uma medida que visava solucionar a crise:

Introdução da indústria manufatureira em Portugal.

Consequências dessa medida:

Diminuição do consumo de produtos e de moda estrangeiros; Criação de postos de emprego (combater a ociosidade); Aumento da população (devido às melhores condições de vida);

13

Page 14: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Aumento do rendimento nacional (lucro); Diminuição das importações e aumento das exportações.

No conselho da fazenda, o Conde da Ericeira tentou também dar a volta à delicada situação económica e política de Portugal, promovendo a implantação de manufaturas:

Criar uma fábrica de panos, dando benefícios fiscais e privilégios aos investidores;

Proibir a importação de panos grossos; Contratar artífices estrangeiros para o fabrico de chapéus, meias, sedas e fitas; Desenvolver o fabrico de vidro, papel e panos de linho; Proibir o uso de ouro e prata nos vestidos.

As medidas francesas em Portugal

As medidas mercantilistas, impostas por Colbert à França serviram de modelo para aplicar em Portugal:

Medidas francesas:

Criação de novas indústrias (às quais o estado concedia privilégios, tais como benefícios fiscais e subsídios);

Importação de técnicas (por exemplo, mandar curtir à maneira inglesa as peles de boi da França);

Criação das manufaturas reais (protegidas pela realeza, fabricavam, sobretudo, produtos de luxo para a corte);

Controlo da atividade industrial por inspetores do estado (que avaliavam, nomeadamente, a qualidade e os preços do trabalho realizado).

Medidas Portuguesas:

Introdução da indústria manufatureira em Portugal; Criar uma fábrica de panos, dando benefícios fiscais e privilégios aos

investidores; Proibir a importação de panos grossos; Contratar artífices estrangeiros para o fabrico de chapéus, meias, sedas e fitas; Desenvolver o fabrico de vidro, papel e panos de linho; Proibir o uso de ouro e prata nos vestidos.

Como podemos observar, os princípios e medidas base do mercantilismo estão presentes em ambos os países.

O retrocesso da indústria em Portugal

O surto manufatureiro foi travado por duas circunstâncias adversas: a assinatura do tratado de Methuen com Inglaterra e a descoberta de ouro no Brasil.

14

Page 15: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

O tratado Methuen

Em 1703, foi assinado o tratado de Methuen entre D.Pedro II de Portugal e a Rainha Ana de Inglaterra.

Teve apenas duas cláusulas:

Introdução em Portugal (em exclusivo) de têxteis Ingleses; Exportação do vinho Português para Inglaterra com uma redução nas tarifas

impostas aos vinhos que entravam na Inglaterra.

Porém também teve consequências, principalmente para Portugal:

Perda da produção têxtil portuguesa que se encontrava em processo de aperfeiçoamento;

Uso de terrenos adequados à produção de cereais para plantação de vinha, levanto ao aumento da importação dos cereais;

Défice da balança comercial; Aumento da dependência face à Inglaterra.

O ouro Brasileiro

No século XVII, a realização de expedições pelo interior do Brasil aumentou bastante com a crise vivida na economia açucareira. A concorrência do Açúcar produzido nas Antilhas e a falta de recursos da metrópole, incentivaram a realização de longas viagens à procura de riquezas que pudessem fazer face às dificuldades deste período da economia colonial.

A descoberta de ouro no Brasil provocou uma verdadeira corrida ao ouro, durante todo o século XVII (auge do ciclo do ouro).Brasileiros de todas as partes e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões ricas em ouro, procurando o enriquecimento rápido.A mão-de-obra utilizada era os escravos negros vindos de África.Esta descoberta, resolveu em poucos anos as dificuldades financeiras do estado português, permitindo que a dinastia de Bragança se prestigiasse a nível internacional, que as defesas fossem reforçadas e que o rei centralizasse mais o seu poder, pois agora possuía meios para”comprar” a alta Nobreza, cedendo-lhes mais tenças; e para impressionar o povo com construção de imensas obras públicas.Mas o ouro usado nestas situações era apenas uma pequena parte pois a maior percentagem destinava-se ao pagamento das importações, principalmente à Inglaterra.Assim, a política de fomento manufatureiro do Conde da Ericeira foi abandonada, preferindo-se gastar o ouro brasileiro que parecia não ter fim.

Principais impostos do ouro:

15

Page 16: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Quinto: 20% de toda a produção pertenceria ao rei português; Derrama: a colónia deveria arrecadar uma quota de aproximadamente 1.500kg

de ouro por ano e caso essa quota não fosse atingida, penhoravam-se os bens dos mineradores;

Capitação: imposto pago por cabeça, ou seja, para cada escravo que trabalhava nas minas era cobrado imposto sobre eles.

Verifica-se assim, que tanto o ouro do Brasil como o tratado de Methuen, contribuíram para agravar a dependência de Portugal face à Inglaterra.

A dependência da economia Portuguesa face à Inglaterra

Com a chegada do Ouro do Brasil e com a assinatura do tratado de Methuen, houve um agravamento da dependência de Portugal face à Inglaterra porque embora se exportasse vinhos portugueses para Inglaterra e isso favorecesse os grandes vinicultores, a exportação vinícola passou a fazer-se quase exclusivamente para a Inglaterra. Significa isto que qualquer oscilação na procura de vinhos portugueses nos mercados britânicos influenciaria de imediato os vinicultores portugueses que poderiam ficar sem mercado para exportarem os seus vinhos, ou seja, estavam dependentes dos ingleses.Porém Portugal estava também dependente de Inglaterra no que respeita às manufaturas, pois ficou decidido no tratado de Methuen que Portugal importaria em exclusivo os têxteis Ingleses.

Podemos assim concluir que o pouco que exportávamos era ultrapassado pelas nossas grandes importações ao estrangeiro, criando uma grande dependência face aos produtos Ingleses e da capacidade de escoamento das nossas exportações nos seus mercados.

A política económica Pombalina

Nos finais do reinado de D.João V são já eram visíveis os primeiros sinais de esgotamento do outro Brasileiro. No decorrer do reinado de seu filho D.José I e à medida que diminuíam os proventos da exportação mineira, o estado teve que procurar novas formas de rendimento.Parte do delineamento da recuperação económica com base nos princípios mercantilistas deveu-se ao Ministro Sebastião José de Carvalho e Mello (mas conhecido por Marquês de Pombal), que ficou conhecido pelas medidas de reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755.

Medidas económicas na indústria:

Concessão de privilégios (subsídios, isenção de impostos) às indústrias existente;

16

Page 17: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Criação de manufaturas Ada Covilhã e de Portalegre para desenvolver a indústria de lanifícios;

Introdução dos têxteis de algodão; Desenvolvimento da indústria do vidro da Marinha Grande; Fomento de vários setores da indústria (nomeadamente a fundição de ferro, a

cerâmica, a saboaria, a construção naval); Contratação de empresários estrangeiros e de mão-de-obra especializada, pois

não havia portugueses em número suficiente capazes de iniciar fábricas manufatureiras;

Publicação de leis pragmáticas com o objetivo de diminuir as importações; Reorganização da Real Fábrica da Seda (criada no reinado de D.João V e

reestruturada com operários e mestres de várias artes de origem Francesa).

Medidas comerciais para reduzir o défice da balança comercial:

Criação de companhias comerciais, idênticas às da Holanda e de Inglaterra com o objetivo de desenvolver o comércio colonial;

Criação de companhias monopolistas que avaliam os capitais privados nacionais aos do Estado (por exemplo: a companhia da Ásia, para o comércio do Oriente; a companhia do Grão-Pará e Maranhão, para o comércio com o Brasil; a companhia geral da Reais pescas do reino do Algarve; a companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada para a reorganização e controlo do comércio dos vinhos do Douro dependentes dos Ingleses);

Criação da Junta do Comércio, órgão que controlava a atividade comercial do reino.

Medidas Político-Financeiras:

Criação do Erário Régio: órgão de controlo dos dinheiros públicos (sistema financeiro) criado em 1761 pelo Marquês de Pombal. Centralizava os impostos, os direitos e as rendas reais (todas as funções da tesouraria do estado).Era presidido pelo Inspetor-Geral do tesouro, cargo que foi exercido pelo próprio marquês enquanto esteve no poder, e estava organizado em quatro repartições ou contadorias-gerais, com atribuições diferenciadas.O Erário Régio foi extinto em 1833 passando as suas funções para o tribunal do tesouro público.

Medidas político-sociais:

Limitação do poder da Alta-Nobreza, pois considerava que o excessivo poder era contrária ao interesse nacional;

Atribuição de estatuto Nobre aos grandes burgueses acionistas das companhias monopolistas, que eram mais empreendedores;

Fim da distinção entre Cristãos-velhos e Cristãos-novos; Promoveu a libertação dos filhos dos escravos na metrópole, concedendo-lhes

a concessão de terras em zonas de produção de arroz.

17

Page 18: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Medidas político-culturais:

Fundação da imprensa régia; Instituição do ensino do Português nas escolas médias; Expulsão dos jesuítas; Reformas do ensino com a introdução do estudo experimental, tornando-o

mais laico, prático e adaptado às novas realidades sociais; Instituição da aula do comércio, escola comercial para os filhos dos burgueses; Fundação do Real Colégio dos Nobres.

Consequências:

Saneamento fiscal e financeiro; Diminuição das importações; Balança comercial positiva entre 1796 e 1807; Promoção social da burguesia; Novo conceito de nobreza (virtudes em vez de nascimento); Maior mobilidade social.

Com a morte de D.José I, o Marquês caí em desgraça junto de D.Maria I, sendo afastado dos centros de decisão do poder e exilado nas suas terras de Pombal.A alta-nobreza e os jesuítas recuperam alguns privilégios que tinham.

No final do século XVIII e até às primeiras invasões francesas são condicionalismos favoráveis de prosperidade económica, assente em parte na produção manufatureira e agrícola metropolitana em parte no comércio entre as colónias e a metrópole.

A Inglaterra precisa de grandes quantidade de matérias-primas e algumas delas Portugal está em condições de fornecer. Para além disso, Portugal exporta grandes quantidades de frutos secos Algarvios, vinho, sal e conservas de peixe. Produtos coloniais como o algodão e o açúcar, vendem bem no mercado inglês, visto que o seu principal fornecedor, as suas ex-colónias estão em Guerra com a Inglaterra pela independência. As produções Brasileiras Portuguesas encontram-se em alta produtividade, necessitando de novo de mais mão-de-obra, assim o tráfico negreiro de África para o Brasil ganha nesta época um novo aumento.

As intensas trocas comerciais desta época, entre o Brasil, África e a metrópole são conhecidas com a designação de COMÉRCIO TRIÂNGULAR.A metrópole exportava para o Brasil e África têxteis e outros produtos indústrias e reexporta os mais variados produtos industriais Europeus.O Brasil fornecia o algodão e o açúcar, para além das madeiras exóticas.A África contribuía com a mão-de-obra, escravos para trabalharem nas plantações Brasileiras.

18

Page 19: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

Esta prosperidade comercial acabou quando a Inglaterra assinou a paz com os atuais EUA, e com eles retomou as trocas comerciais anteriores à independência, deixando de necessitar das matérias-primas de terceiros (Portuguesas).As invasões Francesas dão o golpe final a esta prosperidade ao destruírem muita da capacidade produtiva e comercial Portuguesa.

DEFINIÇÕES

Capitalismo Comercial: é uma forma de acumulação de capital que tem por base o comércio.

Protecionismo: Visa fomentar a indústria nacional através da concessão de subsídios e privilégios às manufaturas, protegendo-as da concorrência estrangeira através de taxas alfandegárias.

Mercantilismo: é uma política económica de defende que a riqueza de um país se mede pela quantidade de metais preciosos acumulados, devendo-se para tal, aumentar a exportação e reduzir a importação.

Balança comercial: refere-se ao saldo das importações e exportações de um país.

Exclusivo colonial: defende que as colónias estão obrigadas a comerciar apenas comas metrópoles.

Companhia Monopolista: pode comerciar numa dada região ou fabricar produtos exclusivos porque tem o apoio de particulares e do estado.

Comércio triangular: designa a rota estabelecida pelas metrópoles europeias, que levam têxteis, armas e bebidas para a África, onde as trocam por escravos que levam para a América, dais trazendo açúcar, algodão ou tabaco.

Tráfico Negreiro: refere-se ao comércio e transporte forçado de Negros Africanos para a América, como escravos, entre os séculos XVI e XIX.

Bandeirante: fazia parte de um grupo de Homens que explorava o interior do Sertão Brasileiro à procura de riquezas ou de indígenas para capturar.

Manufatura: é uma unidade de produção industrial da época pré-revolução industrial onde a maioria das operações de produção continuavam a ser efetuadas à mão.

Bolsa de valores: capta a poupanças de particulares que compram ações, permitindo redistribuir os lucros ou prejuízos por todos os investidores na proporção que investiram, incluindo as companhias.

Revolução industrial: designa uma série de modificações nas estruturas produtivas manufatureiras inglesas.

Módulo 4: unidade 4: A construção da modernidade Europeia

19

Page 20: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A filosofia das luzes: O iluminismoO iluminismo foi a corrente filosófica que se desenvolveu na Europa no século XVIII, corrente essa que afirmava o primado e a luz da razão (inteligência e esclarecimento) na construção do saber, do progresso contínuo da sociedades humanas e da técnica.O iluminismo valorizava o individuo pela sua capacidade racional. Os iluministas estavam convencidos que a razão humana era o motor do progresso e que conduziria ao aperfeiçoamento moral do Homem, das relações sociais, das formas de poder político e que promoveria a igualdade e a justiça. Ou seja, seria o meio para alcançar a felicidade.Os filósofos iluministas desenvolveram o pensamento, as ciências e as técnicas; promoveram o ensino e a educação dos homens; e exerceram críticas sociais, religiosas e políticas.

Os pontos-chave do pensamento iluministaO iluminismo acreditava na existência de um direito natural, ou seja, um conjunto de direitos próprios da natureza humana (este conjunto de leis naturais já havia sido definido por John Locke anteriormente).

Esses direitos eram:

A igualdade entre todos os homens;

A liberdade de todos os homens: em consequência da igualdade, nenhum homem tem uma autoridade natural sobre o seu semelhante, porém este direito natural não previa a abolição das diferenças sociais;

O direito à posse de bens: tendo em conta que o pensamento iluminista se identifica com os desejos da burguesia em ascensão;

O direito a um julgamento justo;

O direito à liberdade de consciência: a moral era entendida como natural e independente da crença religiosa.

O pensamento iluminista defendia que estes direitos eram universais e diziam respeito a todos os seres humanos, por isso estavam acima das leis de cada estado. Os estados deveriam usar o poder político para assegurar os direitos naturais do homem e garantir a sua felicidade.

O iluminismo defendia também o individualismo, isto é, cada individuo deveria ser valorizado independentemente dos grupos em que se integrasse.

O caracter revolucionário do iluminismoOs filósofos, influenciados pelos avanços da ciência, procuravam alcançar a verdade pelo uso da razão. Apesar desta filosofia parecer anti-religiosa, a verdade é que as suas raízes se radicam em parte na ideia cristã da dignidade do homem.Defende-se o valor da educação como forma de promover a capacidades humanas e

20

Page 21: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

de valorizar o individuo. John Locke provocou agitação ao propor uma nova forma de educação, defendendo a atitude empírica.Uma das grandes preocupações dos iluministas era a forma injusta como a sociedade se organizava, impedindo o desenvolvimento de indivíduos completos e dignos (instruídos, livres e iguais). Outra preocupação era a organização política da época.

Destacam-se os seguintes pensadores iluministas pela sua perspectiva revolucionária de encarar o Homem e a sociedade:

Jean Jaques Rosseau defendia a soberania do povo (poder politico). Era o povo que de livre vontade transferia o seu poder para os governantes, mediante um pacto ou contrato social. Consegue desta forma, respeitar a vontade da maioria sem perder a sua liberdade. Em troca, os governantes tinham de atuar com justiça, com o risco de serem depostos pelo povo se não cumprissem o acordado. Jean Jaques Rosseau escreveu a sua teoria no livro: “O contrato social”

Montesquieu como condenava a concentração do poder tirânico e absoluto (absolutismo), defendia a doutrina da separação dos poderes: o poder legislativo fazia as leis; o poder executivo mandava executar e velava pelo cumprimento das leis; o poder judicial julgava o cumprimento das leis.Só assim era garantida a liberdade dos cidadãos e evitava os abusos do poder,Montesquieu embora condenasse o absolutismo defendia o estabelecimento de uma Monarquia moderada e representativa.Defendeu os seus ideais na obra: “O espírito das leis”.

Voltaire defendia a tolerância religiosa (a fé dizia respeito a cada um) e a liberdade de consciência.A religião que criou o deísmo, rejeitava as outras religiões instituídas, originando muitas guerras sangrentas.A sua opinião está patente na obra: “Tratado sobre a tolerância”

Estas novas ideias puseram em evidência a falta de humanidade com que eram tratados os mais fracos. Condenaram práticas como a tortura, a execução e os trabalhos forçados. Todas elas foram censuradas.Desta forma, contribuíram para o desenvolvimento da fraternidade humana. Muitos países aboliram estas práticas e os ideais iluministas foram aplicados sob a forma de constituições políticas.

O iluminismo e a desagregação do Antigo regime e a construção da modernidade EuropeiaAs ideias iluministas contribuíram para acabar com o antigo regime pois:

21

Page 22: Resumos história 2ºTeste_11ºAno

A defesa do contrato social transforma o súbdito passivo e obediente em cidadão interventivo, deste modo e ao contrário do que acontecia no Antigo regime, o povo livre tinha chefes e não senhores;

A teoria da separação dos poderes acabou com o poder arbitrário exercido no antigo regime;

A ideia da tolerância religiosa conduziu à separação da igreja e do estado, presente nos regimes liberais;

A teoria do direito natural levou a que os iluministas condenassem todas as formas de desrespeito pelos direitos humanos (tortura, pena de morte, escravatura, …), contribuindo para alterar a legislação sobre a justiça em vários países.

O despotismo iluminado: a fusão do pensamento iluminista com os princípios do absolutismo régioO despotismo iluminado foi a forma de poder real praticada no século XVIII em várias regiões da Europa.O despotismo iluminado ou esclarecido, o rei tinha o poder absoluto, mas justificava a sua autoridade através do pensamento iluminista. O rei propunha-se a reorganizar o reino para o bem público e o progresso.Este regime permitiu, por um lado, o reforço do poder que os monarcas pretendiam e, por outro lado, a aplicação prática dos princípios iluministas desejada pelos filósofos.

22