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REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA DO AR CONDICIONADO, UMA PRÁTICA DE
SUSTENTABILIDADE NA ESCOLA MUNICIPAL MARIA RUFINA DE ALMEIDA,
MANAUS/AM
Francisco Geraldo dos Santos Araújo1, Alexandra Amaro de Lima2, Carlos Augusto da
Silva3
RESUMO
O mote do artigo destaca em que junho/2017 a julho/2018, experimentou-se um sistema
econômico e sustentável de captação de utilização da água proveniente do processo de
condensação dos condicionadores de ar em uma escola da rede municipal em Manaus/AM. O
sistema de capitação mostrou-se economicamente viável e baixo custo na elaboração de
sistema de coleta d’água. Haja vista, em que o momento atual no qual o país tem cada vez mais
vivenciado episódios de crises hídricas, o sistema é uma forma de preservação dos recursos
hídricos e socialmente correto, pois minimiza a proliferação de doenças causadas por
mosquitos, tais como: Dengue, Chikungunya e Zica.
Palavras chaves: condicionador de ar; reuso da água, práticas sustentáveis.
ABSTRACT
The motto of the article is that in June / 2017 to July / 2018, an economical and sustainable
system of capturing the use of water from the process of condensation of air conditioners in a
school of the municipal network in Manaus / AM was experimented. The capitation system was
economically viable and low cost in the elaboration of a water collection system. The current
situation in which the country is increasingly experiencing episodes of water crises, the system
is a way of preserving water resources and socially correct, since it minimizes the proliferation
of diseases caused by mosquitoes such as: Dengue , Chikungunya and Zica.
Keywords: air conditioner; reuse of water, sustainable practices.
1 Graduando em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Centro Universitário FAMETRO. E-mail:
[email protected] - Manaus/AM. 2 Professora Doutora da Coordenação do curso de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Centro
Universitário FAMETRO. E-mail: [email protected] - Manaus/AM. 3 Doutor em Sociedade e Cultura pela Universidade Federal do Amazonas – Manaus/AM. E-mail:
[email protected] - Manaus/AM.
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INTRODUÇÃO
Devido a sua extensão continental, o Brasil apresenta-se como o maior país da América
do Sul (AS) tanto em latitude como em longitude, o que lhe proporciona uma grande
diversidade de climas (AYOADE, 2007). Esta diversidade pode ser verificada através dos
extremos do clima no sul e norte do país, como por exemplo, o clima temperado chuvoso (Cfa)
no Rio Grande do Sul e tropical úmido/e monção na região norte (Af e Am) (KOPPEN, 2006).
Apesar disso, estudos como o desenvolvido pelo Intergovernamental Panel
on Cliulmate Change (IPCC) têm mostrado que desde a década de 70, a ação antrópica tem
modificado o clima e os regimes de precipitação no Brasil e no resto do planeta (IPCC, 2007),
como eventos extremos de secas/chuvas cada vez mais intensas, frequentes e longas.
As mudanças no clima no Brasil têm ocasionado mudanças no regime de chuva em
algumas regiões, ocasionando no Brasil sérios problemas de desabastecimento, um exemplo,
foram os últimos 10 anos os quais a falta de chuva tem castigado a região sudeste do país.
Além do desabastecimento dos principais mananciais responsáveis por abastecer cidades como
São Paulo e Minas Gerais, a falta de chuvas vem causando inúmeros impactos em diversos
setores da sociedade, agricultura e problemas de racionamento de energia elétrica na região
(COELHO et al., 2016). Isso fez com que a população procurasse meios alternativos e/ou
práticas sustentáveis no uso dos recursos hídricos.
Apesar do estado do Amazonas estar localizado na Bacia Hidrográfica e Floresta
Tropical do mundo, estes estão igualmente susceptíveis as mudanças do clima através da
savanização da floresta, como mostraram os resultados do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas (PBMC, 2014b). Como consequência dessas savanização, as simulações mostraram
que secas mais intensas na região Amazônica como a ocorrida em 2005 podem ser mais
frequentes na região (COX et al., 2008).
A água doce e potável é um recurso hídrico essencial à manutenção da vida. Além de
essencial à vida, ela também é primordial ao desenvolvimento de um país, pois ela é responsável
para a produção agroindustrial e ao equilíbrio dos ecossistemas. (RANGEL, 2012); Desta
forma, uma parcela da sociedade começa a se preocupar em desenvolver práticas mais
sustentáveis para a preservação e manutenção dos recursos hídricos. Dentre esse conjunto de
práticas positivas que tem como objetivo preservar o meio ambiente, o reuso de águas pluviais
e máquinas em geral como, por exemplo, de ar condicionado, ainda, o uso sustentável dos
recursos hídricos pode minimizar o uso e a poluição dos mananciais, além do uso de forma
racional das águas usadas para o abastecimento humano (BERNARDI, 2003).
3
O reuso da água acontecia com mais frequência na indústria e agricultura
(HESPANHOL, 2005), mas com o aumento das áreas urbanas, diminuição das reservas de
água potável e os últimos eventos secos na região sul/sudeste ocasionaram uma crise de
abastecimento. Em tempos em que a sociedade aponta os primeiros indícios para uma
consciência mais sustentável (HESPANHOL, 2005), paralelamente, a construção civil tem
evidenciado as vantagens de articular projetos mais sustentáveis, como por exemplo, uso de
energias renováveis, materiais ecológicos e em regiões de altos índices pluviométricos o
aproveitamento das águas pluviais. Apesar disso, os setores públicos que mais consomem água
potável para limpeza e manutenção de seus prédios, como as escolas e hospitais, devidos
muitas vezes à idade das construções e restrições orçamentárias não conseguem adaptar seus
prédios para captação e reaproveitamento de água.
A legislação mostra o uso de águas residuais, usa-se como parâmetro, a normativa nº.
13969/1997R, dentre elas: o uso local; irrigação dos jardins; lavagem de pisos e dos veículos;
descarga dos vasos sanitários; manutenção paisagística de lagos e canais com água; irrigação
de pastagens. Além disso, o recurso da água quanto ao uso, nas competências e adaptação em
nível federal, estadual e municipal.
O reaproveitamento (uso) da água consiste no uso de água residuária ou água de
qualidade inferior tratada ou não. Nesse sentido, pode-se dizer que, de acordo com o artigo 2º
da Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos –
CNRH possui as seguintes definições:
a) Água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações,
indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratadas ou não;
b) Reuso de água: utilização de água residuária;
c) Água de reuso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para
sua utilização nas modalidades pretendidas;
d) Reuso direto de água: uso planejado de água de reuso, conduzida ao local de
utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou
subterrâneos;
e) Produtor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
que produz água de reuso;
f) Distribuidor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que distribui água de reuso;
g) Usuário de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público.
4
A água de reuso é imprópria para o consumo, mas pode ser utilizada com diversos
propósitos, como, por exemplo, geração de energia, refrigeração de equipamentos, lavagem de
veículos etc. A prática do reuso permite que um volume maior de água permaneça disponível
para outras finalidades, garantindo seu uso racional e reduzindo a demanda de água sobre os
mananciais, uma vez que há substituição do uso de água potável por uma de qualidade inferior
(FETRANSPOR, 2012).
Segundo Bernardi (2003), a reutilização de águas residuárias, de uma maneira geral, e
das domésticas, de forma particular, promove as seguintes vantagens:
Propicia o uso sustentável dos recursos hídricos, como rios, lagos e lençóis freáticos;
Minimiza a poluição hídrica nos mananciais, pois haverá menos dejetos lançados;
Estimula o uso racional de águas de boa qualidade, uso estritamente para consumo;
Permite evitar a tendência de erosão do solo e controlar processos de desertificação,
por meio da irrigação e fertilização de cinturões verde;
Possibilita a economia de dispêndios com fertilizantes e matéria orgânica;
Provoca aumento da produtividade agrícola;
Gera aumento da produção de alimentos;
Permite maximizar a infraestrutura de abastecimento de água e tratamento de esgotos
pela utilização múltipla da água aduzida.
Em vista disso, a prática do reuso, dentre outros processos, é uma forma de amenizar e
renovar a água desperdiçada constantemente em nosso planeta. Apesar disso, alguns estudos
mostraram o potencial da geração de água por condicionadores de ar. A Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul identificou a quantidade de geração de água de
um condicionador de ar de 9.000 a 12.000 BTU do Tipo Hi Wall, de 600 m³/h de vazão, onde
se constatou que a cada hora de trabalho, os condicionadores geram 1 litro de água Barbosa e
Coelho (2016), desenvolveram dois sistemas de captação d’água dos aparelhos de ar-
condicionado, sendo um deles usado para captação e um sistema de rodízio das unidades
coletoras, onde os autores mostraram em 48 horas o sistema captava em torno de 2400 litros,
que podem ser usados para fins não potáveis.
Mota et al., (2011) implementaram um sistema de capitação de coleta de água
proveniente do gotejamento dos aparelhos de ar condicionado, em uma escola particular no
interior do Paraná, sendo a água coletada, usada para regar o jardim e limpeza interna e externa
da escola. Durante os anos de 2015 e 2016 Bolina et, al. (2017) analisaram alguns parâmetros
físico-químicos da água coletada dos condicionadores de ar na Universidade Federal de Goiás.
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Os resultados mostraram que a economia durante os anos analisados foi muito pequena, e as
análises químicas da água coletada mostraram que, mesmo sendo tratada, a água não pode ser
usada para consumo humano. Devido ao seu potencial em armazenar água, essa técnica pode
ser usada em qualquer região do país, independente dos índices pluviométricos.
No Brasil, nota-se também que no ramo da construção civil, em novos
empreendimentos, no projeto, já consta a canalização de agua condensada para ser utilizada
nas dependências do empreendimento, para uso em lavagens de calçadas, fachadas e
manutenção de jardins, além de evitar o acumulo da água proveniente da condensação,
evitando focos de proliferação de mosquitos transmissores de doenças; A saber, que em alguns
prédios da administração pública, Federal, Estadual e Municipal, esse sistema está implantado,
diminuindo em grande parte o desperdício de água tratada proveniente das concessionárias de
distribuição de água potável.
Assim, esse trabalho mostrará a implantação de um sistema de reutilização da água
condensada dos condicionadores de ar da Escola Municipal Maria Rufina de Almeida. Esse
sistema foi uma oportunidade de demonstrar que a captação e a estocagem das águas oriundas
dos condicionadores de ar pode ser uma forma sustentável de diminuir o consumo das águas
tratadas por concessionária na instituição, na lavagem de pátios, calçadas, irrigação de jardins
e na descarga de vaso sanitário, consequentemente na economia do valor da conta de água.
MATERIAL E MÉTODOS
O sistema de captação de água foi instalado na Escola Municipal Maria Rufina de
Almeida, localizada no município de Manaus/AM (Figura 1 e 2). A Instituição possui 30
condicionadores de ar do tipo gaveta com potência de 12.000 BTU’s, os quais não são todos
do mesmo fabricante, o que dificultou a contabilização do volume de água capitada. Assim,
foi necessário primeiramente verificar o volume gerado por cada marca de condicionadores de
ar.
Ar condicionado é definido como o processo de condicionamento de ar objetivando o
controle de sua temperatura, umidade, pureza e distribuição no sentido de proporcionar conforto
aos ocupantes do recinto condicionado (STOECKER & JONES, 1985).
O condicionador de ar é um aparelho que tem como objetivo tratar do ar de um
ambiente, proporcionando condições de temperatura e umidade ideais para o ser humano.
6
Projetado para proporcionar conforto térmico a um ambiente fechado e para ser instalado em
janelas, paredes, casas de máquinas, etc., compõe-se de um sistema de refrigeração e
desumidificação com circulação e filtragem do ar, podendo, ainda, Incluir renovação do ar e
aquecimento (GONÇALVES, 2005).
Antonovicz & Weber (2013) comentam que os condicionadores de ar são basicamente
uma geladeira sem seu gabinete. Ele usa a evaporação de um fluido refrigerante para fornecer
refrigeração. Os mecanismos do ciclo de refrigeração são os mesmos da geladeira e do ar
condicionado. O termo Fréon é genericamente usado para qualquer dos vários fluorcarbonos
não inflamáveis utilizados como refrigerantes e combustíveis nos aerossóis (Figura 1)
Figura 1: Funcionamento
Fonte: Antonovicz & Weber (2013)
Conforme demonstra a Figura 1, o compressor comprime o gás frio, fazendo com que
ele se tornem gás quente de alta pressão (em vermelho). Este gás quente corre através de um
trocador de calor para dissipar o calor e se condensa para o estado líquido. O líquido escoa
através de uma válvula de expansão e no processo ele vaporiza para se tornar gás frio de baixa
pressão (em azul). Este gás frio corre através de trocador de calor que permite que o gás absorva
calor e esfrie o ar de dentro do ambiente. Misturado com o fluido refrigerante, existe uma
pequena quantidade de um óleo de baixa densidade que tem por função lubrificação o
compressor junto com o processo (ANTONOVICZ & WEBER, 2013).
7
Os aparelhos de ar condicionado tipo gaveta também são conhecidos como modelo de
parede ou janeleiro. Essa linha de produto trabalha com baixas capacidades, sendo possível
encontrar no mercado modelos de baixa potência, de 7000 Btu/h, até os mais potentes, no
máximo a 30000 Btu/h (ANTONOVICZ & WEBER, 2013). Cabe salientar que esse tipo de ar
condicionado, todos os componentes fazem parte de um único equipamento compacto; Isto é,
os mecanismos que geram ruídos não são isolados, o som do funcionamento da máquina pode
ser ouvido no ambiente (STOECKER & JONES,1985).
Figura 2: Interior do ar condicionado tipo gaveta.
Fonte: Soares (2014)
A linha do ar condicionado tipo gaveta também é chamado de WRAC (Window Room
Air Conditioner) é projetados para atender ambientes residenciais, com acionamento mecânico
15 ou eletrônic, as versões frio (FR – somente frio) ou quente/frio (CR - Ciclo Reverso), 110 e
220V (SOARES, 2014). De acordo com Antonovicz & Weber (2013) o ar de gaveta apresenta
algumas vantagens: normalmente pode ser adquirido por um valor mais barato em relação às
outras linhas de condicionadores de ar (split, piso teto, etc), são mais compactos – a
condensadora, o compressor e a evaporadora são no mesmo gabinete – e são mais fáceis para
instalar. Ideais para ambientes pequenos ou para locais em que o nível de ruído não é um
problema, pois geram um maior nível de ruídos e sofrem algumas restrições nas instalações em
condomínios/edifícios pela estética da fachada. A vida útil do aparelho tipo gaveta pode variar
de 10 a 15 anos dependendo das condições do ambiente. Hoje alguns modelos, principalmente
com compressores rotativos, estão apresentando uma redução de até 25% no consumo de
energia elétrica.
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Para a implantação do projeto foram utilizados aproximadamente: 25 m de tubos
soldáveis de 25 mm, 60 m mangueira transparente de 20 mm, 40 conexões do tipo “T” com
entrada de 25 mm e saída de 20 mm, buchas S/7 e parafusos, 54 presilhas de paredes para
fixação dos tubos, cola plástica, cola quente, silicone. Além disso, foram usadas ferramentas
manuais tais como: furadeira, martelo, chaves de fenda e estrela, tesoura, estilete, escada dupla
(como mostra a Tabela 1). Apesar de o projeto ser totalmente financiado pelo autor, o mesmo
usou os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) obrigatórios, como capacete, cinto de
segurança, luvas e óculos.
Conforme mostram as Figuras 5 e 6, a instalação dos tubos os quais circulam toda a
água gotejada pelo condicionador de ar, foi realizada através fixadores de parede, e a
interligação dos T’s para recebimento da mangueira transparente responsável por ligar os
coletores de água dos condicionadores a rede de tubos.
Tabela 1: Lista dos materiais usados e o seu respectivo custo.
Itens Quantidade Valor
Unitário
Valor total
Tubo soldável PVC 25 mm 25 R$. 17,01 R$.
425,25
Mangueira transparente de ½
polegada(m)
60 R$. 1,50 R$. 90,00
Tês de 25 mm 40 R$. 1,66 R$.
66,40
Fixadores de parede para tubo de 25mm 54 R$. 1,50 R$.
81,00
Buchas e Parafusos S/7 120 R$. 2,50 R$.
180,00
Garrafas Pet, de 2,5 litros 50 R$.
0,50
R$.
25,00
Cola PVC 05 R$. 8,00 R$.
40,00
Cola quente (bastão) 15 R$. 1,00 R$.
15,00
CAP de 25 mm 20 R$. 0,80 R$.
16,00
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Tambor de 200 litros 01 R$. 100,00 R$.
100,00
Logística (Auxiliares, transporte,
refeição, ferramentas, EPI’s, etc)
01 R$. 1.000,00 R$.
1.000,00
Total 2.038,65
Fonte: Autores.
Após a instalação da rede de coleta, foi realizada a instalação dos coletores nos
condicionadores de ar. Essa fase é uma das mais complicadas, pois devido o equipamento estar
instalado em locais de difícil acesso, ou em áreas externo e altas, em torno de 10,00 metros
altura, como mostra as Figuras 7 e 8.
Figura 3: Escola Municipal Maria Rufina de
Almeida.
Foto: Autor, 2017.
Figura 4: Localização da Escola Municipal Maria
Rufina de Almeida.
Foto: Google Maps/2018.
Figura 5: Instalação da rede de coleta.
Foto: Autores, 2018.
Figura 6: Instalação da rede de coleta.
Foto: Autores, 2018.
10
Além das vantagens mencionadas anteriormente como, a economia e reuso de água, o
projeto foi realizado da forma mais sustentável possível, sendo os coletores fabricados com
garrafas pets. Foram usados somente coletores com capacidade de 2 (dois) litros, sendo suas
dimensões de 15,00 cm de altura, da borda da tampa, além disso, foi realizado um corte de
04,00 cm da parte oposta à tampa,
Figura 7: Instalação dos coletores.
Foto: Autores, 2018
.
Figura 8: Instalação de coletores.
Foto: Autores, 2018.
Figura 9: Fabricação dos coletores/medição
Foto: Autores, 2018.
Figura 10: Fabricação de coletores/marcação.
Foto: Autores, 2018.
11
Figura 11: Fabricação dos coletores/corte
Foto: Autores, 2018.
Figura 12: Fabricação dos coletores/finalizado.
Foto: Autores. 2018.
A interligação dos coletores com a rede de tubos foi realizada através de uma mangueira
transparente de 20 mm de diâmetro (Figuras 13 e 14). A conexão da mangueira com o coletor,
foi realizada através de uma abertura na tampa da garrafa pet, esta perfuração foi realizada com
o auxílio de uma furadeira com broca de 12,700 mm (1/2 polegada) diâmetro, após o furo foi
vedado com silicone e cola plástica, impedindo qualquer tipo de vazamento e desperdício da
água captada (Figuras 15 e 16).
Figura 13: Interligação através de mangueira.
Foto: Autor, 2018
Figura 14: Visão panorâmica da interligação na
rede.
Foto: Autor, 2018.
12
Figura 15: Abertura de furo para interligar
mangueira no coletor.
Foto: Autores, 2018
Figura 16: Vedação do furo já com a mangueira
instalada.
Foto: Autores, 2018.
Após o sistema estar totalmente interligado, foi realizada à mensuração final do sistema
para a efetiva quantidade de recurso hídrico gerado. Assim, foi utilizado um medidor fabricado
com garrafas pet de 02 litros, conforme mostram as Figuras 17 e 18. Finalmente, o sistema foi
totalmente interligado, e a coleta final do volume total de água coletada foi realizado em
bombonas/camburões de 200 Litros, que ficaram à disposição para o uso da instituição.
Figura 17: Medidor de quantidade de água gerado.
Foto: Autores, 2018.
Figura 18: Saída final do sistema de coleta pelo
sistema
Foto: Autores, 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O sistema de captação de água dos condensadores instalados na Escola Municipal Maria
Rufina de Almeida, além de ser sustentável apresentou resultados eficientes, os quais
mostraram que após, em funcionamento os derramamentos de água nas calçadas e pátios
chegaram a praticamente zero. A extinção das poças de água proveniente dos condicionadores
de ar diminuíram consideravelmente os pontos de proliferação de mosquitos de doenças como:
Dengue, Chikungunya e Zica, na área da escola.
13
Apesar dos resultados referentes à coleta ter mostrado um volume abaixo do esperado,
os quais foram obtidos através dos testes e estudos iniciais, ainda assim os volumes foram
satisfatórios. Nos testes realizados antes da implantação do sistema, o volume de água
condensada de um condicionador era em média de 01 litro de água no intervalo de 1 hora.
Assim para a quantidade de 30 condicionadores de ar, a captação de água esperada seria de 30
litros/hora. Ao mesmo tempo, a instituição mantém os aparelhos ligados durante 4 horas no
turno da manhã e 4 horas no da tarde, totalizando em 8 horas diárias a captação de 240
litros/dia.
Entretanto, após a instalação do sistema apresentou um déficit de eficiência de 45 % do
resultado desejado. Esse déficit foi devido à falta de manutenção e conservação dos
condicionadores de ar, em que estava há mais de um ano sem qualquer tipo de manutenção e
limpeza. Todavia o sistema ainda é um excelente meio de coleta de água, e consequentemente
uma forma de sustentabilidade, pois indiretamente preserva os recursos hídricos e diminuem a
proliferação de doenças advinda por mosquitos.
Ainda, é importante mostrar que a quantidade de água condensada depende não
somente das boas condições do equipamento, mas seu bom rendimento depende também das
condições climáticas e estação do ano, foi que mostraram os resultados de Ferreira e Tose
(2016), Bastos e Calmon (2013). Segundo os autores, em situações em que a região apresenta
valores de umidade relativa elevada, os condensadores tendem a gerar uma quantidade
considerável de água. Esses resultados mostraram que a estação seca e a estação chuvosa na
região norte influenciaram na produção da água gerada pelos condicionadores de ar, assim
como em Bastos e Calmon, (2013). Apesar disso, esse trabalho mostra apenas a implantação
do sistema, não realizando um estudo comparativo do rendimento conforme as estações secas
e chuvosas.
O sistema sustentável de captação de água dos condicionadores de ar implantado na
Escola Municipal Maria Rufina de Almeida, apresentou alguns problemas durante a instalação.
Pois, devido alguns condicionadores estar instalados em locais de difícil acesso, e, além disso,
instalação dos coletores só pode ser realizada em horários de funcionamento da escola, o que
impossibilitava o acesso às salas de aula. Adicionalmente, o desligamento da fonte de energia
dos condicionadores foi realizado manualmente, levando tempo de execução.
Com o sistema implantado, coletas foram realizadas durante quatro dias com objetivo de
observar as vazões obtidas e assim verificar se os valores coletados são semelhantes aos
observados durante os primeiros testes. O período de observação do sistema aconteceu de 06
a 10/08/2018 (como mostra a Tabela 2 abaixo). Observamos através da tabela 2 que, a
14
eficiência do sistema foi 45% abaixo do esperado, devido aos problemas de falta de
manutenção, além disso, 09 (nove) condicionadores de ar estavam desativados/defeito durante
o período.
Tabela 2: Comparação entre os valores esperados e obtidos pelo sistema no período de 06 e
10/08/2018.
Quantidade de
horas
Resultados
Esperados
Quantidade de
horas
Resultados
Obtidos
50 Horas/5 dias 1.500 Litros 50 Horas/5 dias 675 Litros
Fonte: Autores.
Apesar do déficit entre as vazões esperadas e obtidas (Tabela 2), são coletados pelo sistema
e utilizados mensalmente pela escola em torno de 2.700 litros de água (2,7 m³), isso mostra
uma grande economia dos recursos hídricos proveniente da rede pública de abastecimento.
Além do consumo total de água no período, verificou-se outras variáveis como a
temperatura, umidade relativa do ar e a quantidade de portas que foram abertas em cada sala
no horário das 15:00 as 19:00 (Tabela 3). Verificou-se que durante os horários de maior fluxo
de entrada e saída dos alunos, a quantidade de água produzida pelos condicionadores de ar foi
menor. Pois pelo princípio de funcionamento do equipamento quanto maior a quantidade de
abertura de portas mais ar quente entra no ambiente, aumentando assim, o funcionamento e a
produção de água do condensador, ao contrário dos resultados mostrados na Tabela 3. Esses
resultados mostraram que apesar das variáveis meteorológicas analisadas durante o período
(temperatura e umidade relativa) afetarem para mais/menos as medidas em outras regiões, os
resultados mostrados abaixo não foram afetados por essas variáveis durante as medidas.
Tabela 3: Análise da temperatura externa do ar, umidade relativa, quantidade de abertura das
portas e a água produzida entre as 15:00 e 19:00.
15
Fonte: Autores.
Paralelamente, verificou-se que os resultados obtidos nesse estudo são semelhantes aos
encontrados em Bolina et al, (2017), pois em ambos os sistemas de captação, foram instalados
na região norte, onde apresentam características climáticas semelhantes, o que poderia
influenciar nos resultados.
Além do consumo total de água no período, verificaram-se outras variáveis como a
temperatura, umidade relativa do ar e a quantidade de portas que foram abertas em cada sala
no horário das 15h às 19h (Tabela 3). Verificou-se que durante os horários de maior fluxo de
entrada e saída dos alunos, a quantidade de água produzida pelos condicionadores de ar foi
menor. Pois pelo princípio de funcionamento do equipamento quanto maior a quantidade de
abertura de portas mais ar quente entra no ambiente, aumentando assim, o funcionamento e a
produção de água do condensador, ao contrário dos resultados mostrados na Tabela 3. Esses
resultados mostraram que apesar das variáveis meteorológicas analisadas durante o período
(temperatura e umidade relativa) afetar para mais/menos as medidas em outras regiões, os
resultados mostrados abaixo não foram afetados por essas variáveis durante as medidas.
Horário Temperatura
Externa
Umidade
Relativa
Água Produzida Abertura de
Porta
15:00 -16:00 32º C 87% 948 ml 4
16:00 -
17:00
32º C 87% 1030 ml 4
17:00 –
18:00
32º C 87% 950 ml 7
18:00 –
19:00
31º C 70% 870 ml 6
Total 3798 ml ou 3,7
litros
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período de junho/2017 a julho/2018 foi implanto um sistema de captação de
água dos condicionadores de ar na Escola Municipal Maria Rufina de Almeida, localizada no
município de Manaus/AM. A captação da água dos condicionadores de ar funcionou
perfeitamente, apesar dos equipamentos não passarem por limpeza e manutenção
periodicamente. Apesar disso, os resultados foram satisfatórios induzindo a uma significativa
economia de água, para a instituição.
O sistema implantado na escola Municipal Maria Rufina de Almeida, mostrou-se
eficiente, sustentável e de baixo custo financeiro quanto a sua instalação e funcionamento, o
que permite sua viabilidade de implantar em outras escolas da rede pública. Além disso, o
sistema de captação de água dos condicionadores de ar trará a escola um rápido retorno
financeiro e ao mesmo tempo, uma economia imediata no consumo de água da concessionária
de água que abastece a região.
Uma das razões da implantação do sistema de captação é justamente a Educação
Ambiental, conscientizar a população sobre a necessidade da preservação dos recursos
hídricos, além da importância da prevenção de doenças causadas pelo acumulo de águas
residuais.
No período de implantação do sistema, apesar de trabalhar em horários que não havia
contatos com os alunos, houve necessidade de entrarmos em sala para solicitar que pudéssemos
mover os condicionadores de ar, e os professores prontamente autorizavam, e comumente
perguntavam do que se tratava do sistema que estávamos implantando, e a curiosidade dos
alunos era imensa, assim como dos educadores, e sempre que havia espaço no horário, dávamos
uma explicação sobre a importância do sistema de captação; Os Pais, também ficaram muitos
interessados em saber o funcionamento e acharam de suma importância, esse tipo de projeto,
pelo qual a Gestora, já iria indicar a outras unidades educacionais.
O projeto além de ser viável economicamente, mostrou-se bastante interessante a
comunidade, em termos de Educação Ambiental e sustentabilidade.
17
REFERÊNCIAS
AMBRIZZI, T. & ARAÚJO, M. PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Base
Científica das Mudanças Climáticas. Contribuição do Grupo de Trabalho 1 do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas ao Primeiro Relatório de Avaliação Nacional sobre
Mudanças Climáticas. Rio de Janeiro, Coppe/Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
ANTONOVICZ, Diego; WEBER, Rhuann Georgio Bueno. PMOC - Plano de Manutenção
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