48
2006 Encerra-se mais um ano de nossa administração à frente do Clube de Aeronáutica. Iniciamos esta jornada, há algum tempo, em um momento muito difícil e cheio de desafios. Houve ins- tantes muito penosos, quando a perspectiva da der- rota nos rondava continuamente e nos levava aos li- mites do desespero. O objetivo sempre foi o de preservar a integridade do nome da agremiação. Era uma questão de honra! Para essa luta, nos entregamos de corpo e alma, com a firme determinação de manter viva esta tradi- cional entidade, cujo valor e impor tância residem, mui- to mais, no seu nome e tradições do que no patrimô- nio, acervo ou benefícios de lazer que possa oferecer aos seus associados. Este é o ponto que desejo destacar para estimu- lar a adesão de novos associados ao nosso Clube, tendo em vista a importância de que se possa dispor, em âmbito nacional, de uma entidade que confira for- te representatividade social a nossa coletividade. Deste século em diante, nenhuma micro-socieda- de conseguirá sobreviver sem que disponha de uma voz coletiva uníssona para lutar pelos seus direitos, no âmbito da sociedade em que vive. É por isso que exorto a todos para trabalharem com afinco no sentido da ampliação do nosso Qua- dro Social. Oficiais da Aeronáutica, em todos os rincões do País, venham fortalecer o nosso grupo. JUNTOS, SE- REMOS FORTES. DIVIDIDOS, NOS SOBRARÃO SOMEN- TE AS MIGALHAS DO QUE JÁ FOI DISTRIBUÍDO! Quanto à situação atual da agremiação, é com es- pecial júbilo que proclamamos que o Clube de Aero- náutica está, finalmente, vivendo um bom momento. As três sedes – Social, Barra e Lacustre – estão crescendo e funcionam com normalidade, em todos os seus departamentos, e se encontram em plena atividade de modernização. As contas são superavi- tárias, incluindo razoável disponibilidade de aplica- ções financeiras. E o principal: seu patrimônio e a personalidade jurídica do nome CLUBE DE AERONÁUTICA, estão ple- namente preservados. Esta, a grande vitória! Cabe aqui o destaque do incondicional apoio que sempre recebemos dos colegas fardados, sem exceção. Os grandes artífices de tudo isto, entretanto, fo- ram os meus amigos de trabalho; dos vice-presiden- tes aos mais modestos funcionários. São todos uns heróis lutadores, que, na maioria das vezes, sacrifi- cam saúde e interesses particulares para ajudar a co- letividade a que pertencem. Muito obrigado! Sem a lealdade, a compreensão e a paciência de vocês, nada teria sido feito. A este final, com a alegria dos vencedores, todos, dirigentes e auxiliares do Clube de Aeronáutica, de- sejamos a cada um dos dignos componentes de nos- so Quadro Social e aos seus entes queridos, um Na- tal alegre, seguido por um Novo Ano pleno de saúde e realizações. Que Deus continue a nos beneficiar com suas bênçãos! 2007 Editorial Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Frota Presidente

rev 246 b - caer.org.brcaer.org.br/portal/phocadownload/.../revista259/revcaer259.pdf · 2006 Encerra-se mais um ano de nossa administração à frente do Clube de Aeronáutica. Iniciamos

  • Upload
    ngothuy

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

2006

Encerra-se mais um ano de nossa administraçãoà frente do Clube de Aeronáutica.

Iniciamos esta jornada, há algum tempo, em ummomento muito difícil e cheio de desafios. Houve ins-tantes muito penosos, quando a perspectiva da der-rota nos rondava continuamente e nos levava aos li-mites do desespero.

O objetivo sempre foi o de preservar a integridadedo nome da agremiação. Era uma questão de honra!

Para essa luta, nos entregamos de corpo e alma,com a firme determinação de manter viva esta tradi-cional entidade, cujo valor e importância residem, mui-to mais, no seu nome e tradições do que no patrimô-nio, acervo ou benefícios de lazer que possa ofereceraos seus associados.

Este é o ponto que desejo destacar para estimu-lar a adesão de novos associados ao nosso Clube,tendo em vista a importância de que se possa dispor,em âmbito nacional, de uma entidade que confira for-te representatividade social a nossa coletividade.

Deste século em diante, nenhuma micro-socieda-de conseguirá sobreviver sem que disponha de umavoz coletiva uníssona para lutar pelos seus direitos,no âmbito da sociedade em que vive.

É por isso que exorto a todos para trabalharemcom afinco no sentido da ampliação do nosso Qua-dro Social.

Oficiais da Aeronáutica, em todos os rincões doPaís, venham fortalecer o nosso grupo. JUNTOS, SE-REMOS FORTES. DIVIDIDOS, NOS SOBRARÃO SOMEN-TE AS MIGALHAS DO QUE JÁ FOI DISTRIBUÍDO!

Quanto à situação atual da agremiação, é com es-

pecial júbilo que proclamamos que o Clube de Aero-náutica está, finalmente, vivendo um bom momento.

As três sedes – Social, Barra e Lacustre – estãocrescendo e funcionam com normalidade, em todosos seus depar tamentos, e se encontram em plenaatividade de modernização. As contas são superavi-tárias, incluindo razoável disponibilidade de aplica-ções financeiras.

E o principal: seu patrimônio e a personalidadejurídica do nome CLUBE DE AERONÁUTICA, estão ple-namente preservados.

Esta, a grande vitória!Cabe aqui o destaque do incondicional apoio que

sempre recebemos dos colegas fardados, sem exceção.Os grandes artífices de tudo isto, entretanto, fo-

ram os meus amigos de trabalho; dos vice-presiden-tes aos mais modestos funcionários. São todos unsheróis lutadores, que, na maioria das vezes, sacrifi-cam saúde e interesses particulares para ajudar a co-letividade a que pertencem.

Muito obrigado! Sem a lealdade, a compreensãoe a paciência de vocês, nada teria sido feito.

A este final, com a alegria dos vencedores, todos,dirigentes e auxiliares do Clube de Aeronáutica, de-sejamos a cada um dos dignos componentes de nos-so Quadro Social e aos seus entes queridos, um Na-tal alegre, seguido por um Novo Ano pleno de saúdee realizações.

Que Deus continue a nos beneficiar com suasbênçãos!

2007

Editorial

Ten.-Brig.-do-Ar Ivan FrotaPresidente

2

aeronáuticaaeronáutica

ÍNDICE

[email protected]

Revista

259nov./dez. 2006

Editorial2006-2007Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Frota

1

Nota do EditorAraken Hipólito da Costa - Cel.-Av.

3

4Clube de AeronáuticaVitória, enfim!Ten.-Brig.-do-Ar Carlos de Almeida Baptista

MemóriaArmamento Aéreo BrasileiroAnterior a 1941 – MetralhadorasTen.-Brig.-do-Ar Fernando de Assis Martins Costa

10

PolíticaInternacional

Coréia do Norte: Pesadelo para os EUAManuel Cambeses Júnior - Cel.-Av.

24

Rótulos e MídiaTerrorismo/Terroristas: um EnsaioCarlos Arlindo Rondon - Cel.-Av.

26

Nossa HistóriaRecordando a Intentona Comunista

Carlos Ilich Santos Azambuja - Historiador

29

EnfoqueNekumeSamuel Schneider Netto - Cel.-Av.

30

MensagemAutoridade e Liberdade

Severo Hryniewicz - Professor de Filosofia da Faculdade João Paulo II

34

Fato RealImprevidência: AcidenteMaj.-Brig.-do-Ar Othon Chouin Monteiro

36

In MemoriamMeu Amigo Joel Miranda

Joaquim Dário d’Óliveira - Cel.-Av.

38

Medicina e SaúdeMau Hálito: uma Abordagem ObjetivaMaj.-Brig.-Méd. Dr. Ricardo Luiz G. Germano

40

RecordaçãoUm Conto de Natal

Ten.-Brig.-do-Ar Sergio Pedro Bambini

42

Poema doComportamentoJardim: o Regaço das FloresAnna Guasque - Escritora

44

HumorLambida de OnçaJonas Alves Corrêa - Cel.-Av.

47

ChargeIvo Batalha - Cel.-Av.

48

DepoimentoCastelo Branco e o

Pensamento Político BrasileiroBrig.-do-Ar Tarso Magnus da Cunha Frota

14

Em DebateO Triste Espetáculo da Estupidez

Luís Mauro- Cel.-Av.

16

HomenagemMemorial Fuzileiros Navais Mortos

em CombateA Redação

19

Fatos e GenteMissão SAR em SBAAAlex Augusto Mendes Corrêa - Cel.-Av.

20

Clube de AeronáuticaUma Noite de Esplendor

na Barra – Baile do Aviador

Comemoração da Semana da Asa– Sessão Solene

Diplomação do Curso deIntrodução à Filosofia Política

Grupos de Estudos

Vôo Cultural

6

Exemplos VividosTurma Agora Vai

Walter Miglorância Filho - Cel.-Int.

46

[email protected]

aeronáuticaaeronáuticaRevista

Expediente

nov./dez. 2006

Nota do EditorAraken Hipólito da Costa - Cel.-Av.

egundo o Dr. Francisco Martins de Souza, no seu Curso de Filosofia Política, osquatro pilares fundamentais da civilização ocidental são a lei mosaica, o Cristianismo,

o Direito Romano e o modelo familiar germânico.Reconhecidamente, a moral cristã provocou uma renovação na Humanidade. No Império

Romano, as leis civis permitiam o aborto, o infanticídio e a venda dos filhos. A mulher, nopaganismo, era vilipendiada pela poligamia, pelo adultério, pelo divórcio e pela prepotência domarido. O Cristianismo reformou esses costumes. Reconhecendo a dignidade da mulher, trans-formou-a em companheira e conselheira, destinada a compartilhar as responsabilidades do lar ea educação dos filhos. A moral cristã rejeitou o aborto, condenou o infanticídio e proibiu a vendade filhos, bem como declarou o matrimônio uno e indissolúvel, e enalteceu o valor da prole.

Conforme D. Estêvão Bettencour t, OSB, no opúsculo “Na História da Igreja: luzes esombras”, é possível observar o influxo do Cristianismo sobre a sociedade civil. A tiraniae o despotismo foram condenados, a autoridade foi reconhecida dentro dos justos limitese o homem aprendeu que é livre do destino, livre para viver segundo a sua consciência. OCristianismo também formulou os princípios de igualdade e fraternidade, e repudiou asdiscriminações baseadas em raça, sexo, prepotência, política e nacionalidade.

A organização familiar tem um valor preponderante na formação de uma sociedade.No pensamento de Silvio Romero está exposto que “uma sociedade vale pelo que vale nelaa família”. O autor apresenta a seguinte divisão: de um lado está a família par ticularista, deoutro, a família comunária. A par tir dessa divisão, é possível compreender questões deorganização social, política e econômica. As famílias par ticularistas, a exemplo dos povosdo nor te da Europa, teriam um maior senso de liberdade e, portanto, menos dependênciado grupo familiar quando seus componentes atingem a juventude e buscam a cidadania.Assim, tornam-se também menos dependentes dos governos e do próprio Estado. Deoutra par te, a sociedade de formação comunária, clânica, patriarcal, do velho tronco lati-no, é sempre dependente dos poderes do Estado.

Do exposto, constatamos a importância da moral cristã na constituição da família, afim de direcionar a sociedade.

O mundo moderno, marcado por pragmatismo, pelo relativismo, pelo materialismoe pela ausência de religiosidade, provoca a desagregação familiar e, sobretudo, a inver-são dos valores morais e éticos, permitindo o surgimento de ideologias como o nazismoe o comunismo, que foram responsáveis pelos maiores massacres de que se tem notíciana História da Humanidade.

Neste período da proximidade do Natal, nossos pensamentos se voltam para o nas-cimento de Jesus Cristo, “O Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1), quenos mostrou o caminho, a verdade e a vida. Uma reflexão sobre o significado do Natalpermite ordenar o sentido da vida, da família e, por conseguinte, da sociedade

As opiniões emitidas em entrevistas e em matérias assinadas es-tarão sujeitas a cortes, no todo ou em parte, a critério do ConselhoEditorial. As matérias são de inteira responsabilidade de seus auto-res, não representando, necessariamente, a opinião da revista. Asmatérias não serão devolvidas, mesmo que não publicadas.

Presidente:Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr da Frota

1º Vice-Presidente:Maj.-Brig.-do-Ar Márcio Callafange

2º Vice-Presidente:Brig.do-Ar Cezar de Barros Perlingeiro

3º Vice-Presidente:Brig.-Eng. Edison Martins

DEPARTAMENTOS:Jurídico:

Dr. Francisco Rodrigues da FonsecaSocial:

Ten.-Cel.-Int. José Pinto CabralCultural:

Cel.-Av. Araken Hipólito da CostaAdministrativo:

Cel. -Av. Nylson de Queiroz GardelFinanceiro:

Cel.-Int. Marco Antônio Pereira NogueiraPatrimonial:

Cap.-Adm. Ivan Alves MoreiraAerodesportivo:

Ten. -Cel.-Int. José Augusto Santana de OliveiraDesportivo:

Ten. -Cel. Odyr Eduardo Lapa CoutinhoBeneficente:

Cel.-Av. Nylson de Queiroz GardelAssessoria de Comunicação Social:Cel.-Av. Luís Mauro Ferreira Gomes

Assessoria de Informática:Cel.-Av. Luís Mauro Ferreira Gomes

SUPERINTENDÊNCIAS:Sede Social:

Brig.-do-Ar Cezar de Barros PerlingeiroSede da Barra da Tijuca:Brig.-Eng. Edison Martins

Sede Lacustre:1º Ten. Sebastião José Ferreira

Secretaria Geral:Cap.-Adm. Ivan Alves Moreira

CHICAER:Ten.-Brig.-do-Ar Ivan Moacyr da Frota

Endereço:Praça Marechal Âncora, 15 - Rio de Janeiro - RJ

CEP 20021-200 • Tel: (21) 2210-3212 • Fax: 2220-8444Expediente do CAER:

Dias: 3ª a 6ª feira • Horário: 9h às 12h e de 13h às 17hSede da Barra da Tijuca: (21) 3325-2681

Sede Lacustre: (24) 2662-1049

Revista do Clube de Aeronáutica:Tel./Fax: (21) 2220-3691

Diretor:Cel.-Av. Araken Hipólito da Costa

Jornalista Responsável:J. Marcos Montebello

Gerente de Produção Editorial e Design Gráfico:Rosana Guter Nogueira

Colaboração Editoração Eletrônica:Kátia Regina Fonseca

Produção Gráfica:Luiz Ludgerio Pereira da Silva

Revisão:Dirce Brízida

Secretária de Redação:Luciene Ribeiro

[email protected]

S

Presidente do Conselho DeliberativoTen.-Brig.-do Ar Carlos de Almeida Baptista

Presidente do Conselho FiscalBrig.-Int. Helio Gonçalves

Clube de Aeronáutica4

hega ao final o sofrido processode insolvência da nossa associação.

Cumpro o dever de dirigir-me aoQuadro Social para propagar o iníciode uma nova e próspera era para oClube de Aeronáutica.Apelo pela vol-ta dos que se afastaram; chamo a ofi-cialidade para integrar-se a esta enti-dade que entendo ser representativada classe. Não tenho dúvidas sobre oquanto se empenha o Comandante daAeronáutica, ontem, hoje e sempre, nadefesa dos nossos interesses – ativos,inativos ou pensionistas – junto àsautoridades superiores, especialmen-te junto ao Ministério da Defesa e aoPresidente da República. Se bastasseisso, no entanto, não precisariam osoperários e trabalhadores de sindica-tos, tampouco os variados segmen-tos sociais, de empregadores ou em-pregados, de suas entidades repre-sentativas de classe. Bastaria confiarno Ministério do Trabalho.

Não vejam, nesta comparação,qualquer idéia de que os Clubes Milita-res deverão ser encarados comosindicatos.Queira Deus a lei jamais opermita!

Somos gente diferente, no tecidosocial. Nenhum outro segmento juradefender valores – tão sofridos paranós – com o sacrifício da própria vida.

Cabe, especialmente, aos ClubesMilitares, pugnar pelo atendimentodos legítimos anseios de seus asso-ciados, realizando o que os Coman-dantes, por dificuldades naturais docargo, encontrem dificuldades emdeter; além do congraçamento social

e outras finalidades como descritasno Estatuto.

Confesso que ao assumir, pela pri-meira vez, a Presidência do ConselhoDeliberativo, logo após deixar o Coman-do da Aeronáutica, me enfrentei com apossibilidade de, a curto prazo, nossaassociação deixar de figurar entre os co-irmãos, Clubes Naval e Militar.

Angustiava-me, a cada mês, perce-ber que a estratégia adotada pela admi-nistração anterior não obtinha êxito.

Finalmente, elegemos, em março de2004, o Ten.-Brig. Ivan Moacir da Fro-ta, que viria a resgatar o Clube da difícilsituação em que se encontrava. Um pou-co mais de dois anos de intensa labuta!

Dirijo-me ao Quadro Social, nestaoportunidade, para agradecer em nomedo Conselho Deliberativo que presidi, apartir de 2003, pelo incansável traba-lho realizado, fruto do qual nos liber ta-mos do fantasma da liquidação judicial.

Ele costuma repartir o seu suces-so com muita gente, fruto de sua mo-déstia. Estou aqui para não deixar queo faça. Conheço-o desde 1949, inte-grante da primeira turma da EPCAR. Jáo testemunhei vencendo muitos desa-fios, tendo-o, até, chamado, carinho-samente, de Dom Quixote. Em algumasopor tunidades, como esta, tenho agi-do apenas como Sancho Pança, carre-gando a sua lança. Admito que repartaalguns louros com os integrantes dasua administração, em especial comsua valorosa assessoria jurídica.

Desde o primeiro momento, vi-otraumatizado, pela possibilidade de,pela primeira vez, não superar um obs-

Ten.-Brig.-do-Ar Carlosde Almeida Baptista

táculo, praticamente intransponível,colocado a sua frente. Jamais o vipronto a entregar os pontos. É a ca-racterística que norteou sempre a suaconduta, ao longo de tantos anos dededicação à Aeronáutica, desta vez aentidade congregadora da nossa ofi-cialidade.

Precisaria de muitas páginas destaRevista para fazer justiça ao nosso Pre-sidente, Brig. Frota. Vou deixar que osventos levem aos associados as notíci-as da sua atuação, resultando no mo-mento atual, em que o Clube, novamen-te, se projeta para um cenário altamentepromissor.

Admito ainda que o Presidente doClube de Aeronáutica reparta a glóriacom os funcionários que o sustentaram,com o atraso e até a eventual diminui-ção de seus salários, por amor ao Clu-be e pela confiança na sua férrea vonta-de de vencer.

Faço questão de registrar a perma-nente presença da sua esposa Eliene, tes-temunha do que talvez tenha sido a maisdifícil missão do seu marido guerreiro.

Parabéns, Brigadeiro Frota. Tendoresgatado a associação de situação tãoadversa, mantendo praticamente incó-lume o seu patrimônio e respeitando oseu nome, não terá dificuldades em im-plantar suas idéias, já gostosamente ar-ticuladas, para o futuro da Sede Sociale das sedes Campestre e Lacustre. Osassociados ficarão encantados com arealização dos planos que tem em men-te. Continue contando conosco, alémde conselheiros, sem mais, sincerosadmiradores

C

Vitória,

5Clube de Aeronáutica

ENFIM!

Clube de Aeronáutica6

ealizou-se, por iniciativa do IIICOMAR, no dia 21 de outubro de

2006, na Sede da Barra do Clube deAeronáutica, o Baile do Aviador, o qualutilizou, como tema, a frase de Santos-Dumont “O HOMEM HÁ DE VOAR”.

Com inspirada decoração, desde avia de acesso ao Clube, que contoucom balizamento caracterizando-secomo uma pista de pouso, até à supermontagem de uma importante estrutu-ra, com vários ambientes temáticos, re-por tava-se ao espírito da Aviação.

O Salão Nobre da Sede foi utilizadocomo um salão de estar, enquanto obaile propriamente dito foi realizado emoutra pista e num palco especialmentecriado no entorno do Salão, animadopela Orquestra Tupy.

Ao mesmo tempo, funcionava umadiscoteca, cujo som era controlado paranão interagir com o da orquestra.

No deck, havia “lounges”, algunssob umbrelones, com decoração e pe-tiscos nacionais e internacionais – Bahia,França e Japão.

O buffet do concessionário do Clu-be de Aeronáutica – Sabor & Festa – foido agrado do público presente, servin-do salgados, crepes e mini-comidinhas.

A recepção dos convidados foi aosom de violinos.

O ator Henri Lalli caracterizou San-tos-Dumont, no evento.

A programação iniciou-se com a lei-tura da Ordem do Dia, seguida do sorteiode duas passagens ida-e-volta a Paris.

Fogos de artifício iluminaram o céusobre a festa logo após o canto do Hinodo Aviador, à meia-noite.

O sucesso do Baile do Aviadorfoi total!

Um bistrô denominado 14-bis,com decoração francesa, serviu, apóso evento, café expresso acrescido decremes.

As damas receberam uma rosabranca na saída

R

Foto

s Pr

allo

n

Uma Noite de Esplendor na BarraBaile do Aviador

7Clube de Aeronáutica

m comemoração, não só à Semanada Asa, mas, também, ao Centená-

rio do 1º vôo do mais-pesado-que-o-ar, o 14-bis, de Santos-Dumont, foirealizada, no Salão Nobre – SalãoMarechal Ivo Borges, na Sede Socialdo Clube de Aeronáutica, no dia 20de outubro de 2006, às 20h, a SessãoSolene relativa a ambos os eventos cí-vicos.

Após a constituição da Mesa, oTenente-Brigadeiro Ivan Frota procedeuà Aber tura do notável acontecimento,proferindo uma breve explicação alusi-va ao evento.

O numeroso público presente, den-tre os quais, muitos oficiais-generais daAtiva e da Reserva e demais oficiais eassociados do CAER, perfilou-se paracantar o Hino Nacional Brasileiro.

Seguindo-se a esse Solene momen-to de civismo, o Coronel Aviador IvanJanvrot de Miranda expôs uma biografiado nosso mito e gênio Alberto Santos-

Dumont, concomitante com a exibiçãode DVD, em telão, sobre os vôos do in-ventor do avião, o Pai da Aviação.

No vibrante encerramento, comovinheta imprescindível, foi cantado, portodos, o Hino do Aviador

Foto

s Jo

cim

ar P

eque

noE

Comemoração da Semana da AsaSessão Solene

Clube de Aeronáutica8

Diplomação do Curso deDiplomação do Curso de

Curso Livre de Introdução à Filosofia Política, ministrado pelo Professor Dr. Francisco Mar tins de Souza, o qual temcontado com a seleta presença de oficiais-generais, demais oficiais das três Forças Armadas, civis e associados,

tendo sido iniciado em 1º de junho de 2006, encerrou o seu ciclo anual com um total de 27 aulas, em 30 de novembro de2006, com a diplomação de 18 alunos, que encerraram, brilhantemente o Curso que retornará no início de 2007.

Está prevista, ainda, a realização de outros Cursos, os quais abordarão os temas: História da Ar te, História daFilosofia e História da Música

este interregno do Curso, o Departa-mento Cultural constituiu dois Gru-

pos de Estudos para tratarem dos impor-tantes temas: 1) Reforma Política; e 2) So-berania Nacional e Força Aérea Brasileira.

No primeiro tema, o Brig. CarvalhoNetto (Coordenador do Grupo) definiuque o mesmo abordará as seguintesquestões: Financiamento Público deCampanhas; Votação Proporcional emLista Fechada; Proposta de Redução daCláusula de Barreiras; Federações Par-tidárias; Proibição de Coligações emEleições Proporcionais; Fidelidade Par-tidária; Verticalização nas Eleições Ma-joritárias; Parlamentarismo; Voto Distri-tal; e Voto Obrigatório.

Quanto ao segundo, o Brig. CunhaFrota (Coordenador do Grupo) definiu

que abordará: Concepções da Sobe-rania – Mundo Arcaico; Mundo Clássi-co; Mundo Medieval; Declaração de Vir-gínia; Revolução Francesa; DinâmicaBrasileira. Atualidade – Amazônia;Fronteiras; Índios; Plataforma Continen-tal; Petróleo, Gás e Biodiesel; Água Po-tável; Como entender a Soberania Pá-tria e Posição Militar.

Durante o período de dezembro de2006 a janeiro e fevereiro de 2007, osGrupos reunir-se-ão todas as quintas-feiras, das 10h às 14h.

Objetivos: Estudar temas do interesse na-

cional e da Família Aeronáutica, a fimde fundamentar o ideário do Clube deAeronáutica;

Proporcionar aos associados do

Clube de Aeronáutica e aos membrosde diversos segmentos da sociedade umaprofundamento contínuo na área doconhecimento, para aproveitar a expe-riência e o saber acumulados ao longoda vida;

Divulgar o ideário do Clube deAeronáutica na mídia, a fim de tornarpúblico o pensamento elaborado, comoresultado do estudo dirigido, e contri-buir para a integração e o desenvolvi-mento da sociedade brasileira.

Ao longo de 2007, serão entrevis-tadas diversas personalidades do Po-der Legislativo, para esclarecimentos arespeito dos assuntos em pauta.

Todos os associados do CAER po-derão par ticipar dessas reuniões dosGrupos de Estudos

Grupos de Estudos

O

N

9Clube de Aeronáutica

Introdução à Filosofia PolíticaIntrodução à Filosofia Política

Palestra proferida em 26 de outu-bro pelo eminente Membro da

Academia Brasileira de Filosofia e Pes-quisador associado do Instituto de Es-tudos Avançados da USP, FRANCISCOANTÔNIO DORIA proporcionou aospresentes no evento uma visão, não sópanorâmica, bem como, rica em deta-lhes sobre a vida e as obras do nossogênio Alber to Santos-Dumont.

Em abordagem filosófica, conse-guiu transmitir, com perfeição, a in-serção do nosso patrocínio no Pen-samento Científico muito além daspossibilidades existentes à época. Fu-turísticamente, Santos-Dumont mu-dou o tempo no qual poucos recur-sos ferramentais existiam, num céle-bre desenvolvimento, que redundouno tempo aeroespacial.

O Depar tamento Cultural resolveu

Almte. Antônio Carlos Amendoeira • Brig.-do-Ar Tarso Magnus da Cunha Frota • Cap.Fragata Walter Arnaud Mascarenhas • Ten.-Cel. (CD) Jesse Ribeiro da Silva • Cel.-Av.José Luiz Dias de Oliveira • Cel.-Av. LuisMauro Ferreira Gomes • Cel.-Av. LuizFernando Póvoas da Silva • Cel.-Av. Tacarijú

encerrar o ciclo de 2006, conside-rando que esta Palestra, tendo sido

Thomé de Paula Filho • Cel.-Ex. FredericoJosé Bergamo de Andrade • Cel.-Ex.Joselauro Justa de Almeida Simões • Cel.-Int. Celestino C. Wanderley Neto • Cel.-Dent.José A. de Castro • Cel. José Augusto Carneiro• Cel. Lourival de Castro Saraiva • Clarindodos Santos • CMG Newton Lemos de Azeredo

• Eduardo Weaver de V. Barros • FernandoBicudo • João Victorino • Lucy Castilho daSilva • Maj.-Brig.-do-Ar Umberto de C.Carvalho Netto • Maj.-Brig.-do-Ar LuizAntônio Cruz • Mirabeau de Seixas da CostaPorto • Ralph Miguel Zerkowski • Ten.-

Brig.-do-Ar Pedro Ivo Seixas

assunto de total interesse, fechou oano com “Chave de Ouro”

A Vôo CulturalVôo Cultural

Memória10

Metralhadora Lewis

METRALHADORAS

O

Ten.-Brig.-do-Ar Fernandode Assis Martins Costa

ArmamentoAéreo

Brasileiro

ArmamentoAéreo

BrasileiroAnterior a 1941Anterior a 1941

advento da utilização de aviões sobre as zonas de com-bate durante a Primeira Guerra Mundial, o próprio ins-tinto de defesa e a determinação no cumprimento dasmissões de observação do que ocorria no terreno ini-migo levaram à utilização de armas na luta aérea. Pri-meiramente, eram apenas rifles usados pelos obser-vadores na nacele traseira e, logo em seguida, com acolocação, de modo rudimentar, das armas automáti-cas usadas pelos exércitos de terra. Ao terminar o con-flito mundial já existiam sistemas de tiro frontal sin-cronizado, atirando através do plano da hélice e torrescom montagem de duas metralhadoras com visoresde tiro fazendo a compensação para o vento relativo.

No Brasil, a primeira aeronave armada com metra-lhadoras foi o hidroplano Curtiss HS-2L, adquirido pelaMarinha do Brasil, em 1918, armado com uma metra-lhadora Lewis numa nacele, na proa da aeronave. Essaarma, de fabricação inglesa, foi projetada nos EstadosUnidos por um oficial da US Army, mas fabricada naInglaterra a partir de 1914 pela firma Birmingham SmallArms Company Limited. Era alimentada por um tambor

com 97 cartuchos dispostos em duas camadas, tinha acadência de tiro de 550 tiros por minuto e alcance deapenas 1.700m. Para ser usada em aviões, o sistemade arrefecimento por água da versão terrestre foi retira-do. Apresentava uma inacreditável variedade de panese maus funcionamentos, além de seu grande peso –11,8kg. A empunhadura era na horizontal e o tambormontado sobre a arma. O calibre .303” era o padrão dasarmas automáticas terrestres e o cartucho tinha, comopeculiaridade, a forma cônica bem acentuada para faci-litar a extração dele, da câmera. Essa arma também es-tava instalada nos seguintes aviões da Marinha do Bra-sil: Curtiss F-5L, Farman F-51 e no avião Handley PageS.E. 5A. Nesse último, a arma estava numa instalaçãocuriosa: o montante Foster colocava a arma sobre oplano superior e era muito difícil seu remuniciamento,tendo o piloto de abaixar a arma, remuniciá-la e recolo-cá-la em posição de tiro. Isto em altitude, durante umconfronto e num avião de cabine aberta, era considera-do um esforço sobre-humano, obrigando o piloto,muitas vezes, a baixar o nível de vôo para poder reali-

11Memória

mentar a arma. Na Aviação Militar, os aviões Breguet 19A2/B2 tinham duas metralhadoras Lewis num suportepara uso na nacele traseira e outra no assoalho, paratiro para baixo e para trás. O avião Potez 25 T.O.E. tam-bém usava duas metralhadoras Lewis conjugadas numatorre, na nacele traseira do tipo T. O7, que compensava,com elásticos (“sandows”) de borracha, o peso da arma.

Outra metralhadora usada antes de 1941, no Bra-sil, foi a Vickers, também no calibre .303”. Estavainstalada nos aviões da Aviação Naval Ansaldo SVA-10 adquiridos em 1923 e, já sincronizadas e monta-das sobre a fuselagem, nos aviões Sopwith 7F.1“Snipe” e Fairey Gordon. Na Aviação do Exército,

estava montada como arma de tiro frontal nos aviõesBreguet A2/B2, SPAD 7 C1, Potez 25 A2, Wibault73C1, Caudron 140, Potez T.O.E., Avro 626 eNieuport Delage 72 C1. A metralhadora Vickers erauma evolução da metralhadora Maxim, produzida naInglaterra pela firma Vickers Sons and Maxim, posteri-ormente Vickers Armstrong e entrou em produção, em1916. Também era um arma pesada – 10kg – e a ca-dência de tiro era de 450 tiros por minuto. Apresenta-va muitos incidentes de tiro, mas era admirada porseus utilizadores. Com o uso do sincronizador hi-dráulico Constantinesco CC Fire Control, tornou-se omais letal dos armamentos aéreos da época.

A metralhadora Darne, de fabricaçãofrancesa, foi usada em vários aviões da Avi-ação Militar. Foi fabricada pela firma R. et P.Darne et Cie, Saint-Etienne, ou na Espanha,pela firma Unceta y Compania Guernica. Ti-nha alta cadência de fogo, até 1.500 tirospor minuto e, entre 1918 e 1931, o Brasilcomprou 150 dessas armas. Era uma das mais baratasarmas da época, custando, em 1931, apenas US$31.00,mas também uma das mais mal acabadas. Documentosdo Exército, de junho de 1927, citam a compra de 48armas para a Aviação, sendo 12 sincronizadas, a Fr. 7.600cada; 24 para torre, com suporte duplo e mais 12 paratiro ventral na fuselagem, essas últimas a Fr. 5.700 cada.Uma compra seguinte, em abril de 1931, foi de duasmetralhadoras sincronizadas a Fr. 9.700 cada e uma me-tralhadora ventral a Fr. 7.600. Podia ser alimentada porfitas de pano, fita de elos metálicos e por tambores demunição, estes com capacidade para 200 até 500 cartu-chos no calibre 7mm. Consta ter sido instalada nos se-guintes aviões da Aviação Militar: na nacele traseira dosPotez 25 A2 e T.O.E., nos Caudron C. 140, nos Amiot122 Bp 3 e nos Lioré et Olivier 25 Bn 4.

A metralhadora Breda, de origem italiana, estavainstalada em apenas uma única aeronave: o biplanotrimotor Caproni Ca 45, doado pelo Governo Italiano,

em 1920, à Aviação Militar e que tinha duas dessasarmas de calibre não identificado. Uma delas estavanuma pequena nacele na proa do avião e outra, numaplataforma elevada para o metralhador que, atrás danacele do piloto e voltado para trás, ficava totalmenteexposto ao vento. Usava carregadores metálicos. Se-gundo documento existente na Biblioteca Nacional,na época, a Breda fabricava sob licença a metralhado-ra Ravelli Modelo 1914, no calibre 6,5mm, refrigera-da a ar, adaptada de uma metralhadora terrestre refri-gerada a água. Essa metralhadora pesava cerca de9kg, tinha a cadência de fogo de 500 tiros por minutoe os cartuchos tinham de ser lubrificados ao entraremna câmara com óleo, que era armazenado em um de-pósito acima do cano.

Metralhadora Vickers

Metralhadora Darne

Metralhadora Breda

Memória12

Os aviões Focke Wulf 52B comprados pela Ma-rinha do Brasil, em 1938, eram armados com umametralhadora Rheinmettal MG 15 Borsig, de cali-bre 7,92mm no posto do bombardeador e, outra, emtorre aber ta na parte superior do avião. Os carrega-dores eram do tipo “sela”, de 75 cartuchos, que per-mitiam uma rápida troca deles com apenas uma dasmãos, havendo uma previsão de seis deles em cadaposição. As armas tinham a cadência de fogo de 750a 1.000 disparos por minuto. Uma curiosidade dasua munição traçante, totalmente importada da Ale-manha, era que o traço inicial era na cor verde até600m, passando para vermelho até ao final da traje-tória de 1.000m.

As metralhadoras americanas tiveram largo usoantes de 1941 na Aviação Militar brasileira. Foramencontrados registros de vários modelos e calibresque equiparam vasta gama de aeronaves. Os mode-los conhecidos são:

– Colt Browning calibre 7mmSobre essa designação genérica, existem mui-

tas referências à sua instalação em aviões brasilei-ros, mas sem confirmação em documentos do fabri-cante de que se tratava de um modelo específico nes-se calibre. Na compra dos aviões NA-72 pelo Minis-tério da Guerra, consta na fábrica North American opedido de armas nos calibres .30” e calibre 7mm.

– Colt Browning Light Aircraft Machine GunMG40, calibre 7mm

Há registro de seu uso nos aviões Boeing 256/267 (F4-B4), nos Corsair V-65 e nos Waco CTO. Exis-tiu no Brasil em dois modelos: o Fixo, para instala-ção nas asas, e o Flexível, para o Observador ouMetralhador. O Modelo Flexível tinha empunhadura

dupla e gatilho na mão. A Fixa podia ser sincroniza-da. Sua cadência de tiro era de 1.200 tiros por minu-to e pesava 9,07kg. Os elos metálicos e os cofres demunição foram fabricados no Brasil a partir de 1939e 1942, respectivamente.

– Colt Browning Aircraft Machine Gun M2,calibre .30”

Este modelo substituiu o Modelo MG40. Os avi-ões NA-46 da Aviação Naval tinham uma na asa di-reita, outra sincronizada no capô do avião, e umaFlexível na nacele traseira. Na Aviação Militar, foramusadas nos aviões Curtiss O-1E “Falcon”, uma fixa eduas em torre na nacele traseira; nos aviões WacoCSO e nos aviões Vultee V11GB-2, sendo duas nasasas, uma ventral e outra dorsal. Nos aviões NA-72eram três: uma em cada asa e outra na nacele trasei-ra. Tinha a cadência de tiro de 1.350 tiros por minu-to, podia ser alimentada pelos dois lados da arma,pesava cerca de 9,7kg e media um metro de compri-mento total.

– Colt Browning Aircraft Machine Gun MG53,calibre .50”

Nos aviões Vultee V11GB-2 adquiridos pelo Mi-nistério do Exército, em 1938, vieram as primeirasarmas aéreas desse calibre. A cadência de tiro eraentre 400 a 650 tiros por minuto, podendo receberum sincronizador elétrico. Seu peso completo era de23,4kg e tinha alimentação diferenciada conforme olado (“esquerdo” ou “direito”) da instalação.

Como informado anterior-mente, as armas eram instala-das fixas à estrutura dos avi-ões ou móveis em suas aber-turas, permitindo a um Obser-vador ou Metralhador execu-tar o tiro de defesa. Algumasdessas armas móveis conta-vam com um simples compen-sador de visada para o ventorelativo. Nas armas fixas à es-trutura, o uso de sincroniza-

Metralhadora Rheinmettal MG 15 Borsig

VisoresMetálicos

Metralhadora Colt Browning L. A. M. Gun MG40

13Memória

Metralhadora Colt Browning A. M. Gun MG53

dor permitiu que elas fossem colocadas bem à frentedo piloto, facilitando de muito o tiro em combateaéreo. Mas algumas aeronaves antigas tinham ar-mas fixas instaladas bem afastadas da fuselagemcomo nos aviões Handley Page S.E.2 que tinha aarma sobre o plano superior, Fairey Gordon, e oavião Stearman A-76 C3, cuja arma estava instala-da no lado direito da asa inferior, de modo a atira-rem por fora do plano da hélice.

Para a pontaria, pelos pilotos, existiam os viso-res metálicos, compostos de um escantilhão normal-mente mais próximo ao piloto e uma massa de miramontada sobre o capô do avião. Essa instalação eraa mais comum e duraram muitos anos até o surgi-mento dos visores tubulares (genericamente deno-minados “peep-sight”). O modelo Aldis usava umalente com o escantilhão gravado, permitindo avaliara distância do avião-alvo e apontar o avião para lá.Alguns tinham uma capa para a lente dianteira, afim de evitar seu embaçamento pelo óleo proveni-ente do motor. Foi instalado a partir do avião S.E.5A,em 1916, e daí em diante sofreu várias moderniza-ções, como a colocação de borracha macia na par-te posterior para proteção dos olhos do piloto e apossibilidade de ajuste longitudinal de dentro danacele. Os modelos C-3 Cretien que constam dasespecificações de várias aeronaves usadas no Bra-sil são variações do modelo Aldis original, comonos aviões Breguet 19 A2/B2, Potez 25 T.O.E.,Vought Corsair V-65B, Vought Corsair V-66B, BoeingF4B4 e Stearman A-76 C3.

Para as armas de defesa, a evolução passoudas simples montagens de uma arma sobre umpivô a torres comandadas manualmente com duasarmas e mais sofisticados sistemas de compensa-ção do peso da arma, por meio de tiras de elástico(“sandows”) como nos aviões Breguet 19 e Potez25 e T.O.E., que usaram a Torre T.O.7 e sistemasde pontaria com compensação na massa de mirapara o vento relativo, aumentando um pouco a preci-são do tiro aéreo. Existe o registro da compra de 18Torres T.O.7 na França, em 1939, pelo Ministério daGuerra do Brasil, no Établissment René Gobart,Paris, a Fr.2.950 cada uma.

A constante evolução da tecnologia levou, pos-teriormente, o armamento defensivo dos aviões a usa-rem torres com duas e até quatro metralhadoras, comacionamento elétrico e sistemas de pontaria óticos

realmente eficientes. Mas asequipagens que enfrentaramsituações reais de combateaéreo com os equipamentosaqui descritos deviam ser con-sideradas “tripulantes acimada média”, por enfrentarem osriscos do combate usando ar-mamento tão ineficiente pelospadrões modernos

Modelo Aldis

Torre T.O.7

14Depoimento

os dias atuais, em que as ativida-des institucionais são por demais

comentadas, não faltando aos brasilei-ros sérias preocupações com os cami-nhos da República, chegam à nossamemória palavras de Castelo Branco aum grupo de oficiais das Forças Arma-das, antes de sua investidura como Che-fe da Nação, fato que permite vislumbrar,no grande brasileiro um estadista, volta-do para princípios constitucionais, evi-denciando na sua personalidade carac-terísticas de uma vocação CASTRENSE-LIBERAL.

As estórias que se seguem deman-dam de afirmações do general, ao tempoem que comandou o IV Exército, e profe-riu suas palavras na Região Militar, emFortaleza, Ceará.

Como era tradicional, a oficialidadedas Forças Armadas foi convidada a as-sistir a uma palestra, no Quartel-General,dentro do Programa de Instrução Regio-nal. Em atenção ao convite, os oficiaisda FAB compareceram ao auditório, ondeo saudoso general foi o Conferencista.Já conhecíamos aspectos profissionais

Casteloe o Pensamento

Político Brasileiro

Brig.-do-ArTarso Magnus daCunha Frota

N

15Depoimento

da atuação de Castelo, que, em exercíci-os de “operação conjunta”, era semprepresente. Acompanhando as manobrasnos mínimos detalhes, discutia aquelesligados às Missões Aéreas com muitaprecisão, deixando atônitos aviadores edemais oficiais com sua elevada capaci-dade profissional, que na verdade, já ti-nha sido testada na Campanha da Itália,onde, como sabemos, fez parte do Esta-do-Maior da Força Expedicionária. O temada exposição oral a que iríamos assistirera o seguinte: DESTINAÇÃO CONSTI-TUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS.

No sumário que nos foi apresenta-do, ressaltavam-se dois itens:

DEFENDER AS INSTITUIÇÕES DE-MOCRÁTICAS e GARANTIR A APLICA-ÇÃO DA LEI.

Na pauta de sua apresentação, apósa introdução, Castelo deteve-se, por umperíodo relativamente grande, no trato daConstituição e da Democracia. Na expla-nação, podia-se observar um espírito li-beral, vinculado a princípios democráti-cos, afirmando sempre que: a Carta Mag-na era a “Bíblia Cívica da Nação”.

Fazendo referência aos artigos daConstituição de 1946 que interessavamàs Forças Armadas, comentou que cabiaao soldado brasileiro garantir o territó-rio, os Poderes, a Lei e a Ordem. Nãofaltou a Castelo uma análise filosófica daDemocracia, dissertando no campo doliberalismo, do Constitucionalismo, dafederação e da teoria geral do Estado commuita maestria. Nas suas assertivas nãofaltaram citações de Hobes, Tomás deAquino, Montesquieu, Rousseau, Ma-chado Paupério, Kennedy e outros. Cas-telo não tinha a preocupação com as de-finições léxicas e, como Orwell, afirmouque a linguagem política não era since-ra. Havia uma honestidade de propósi-tos com a aceitação dos fatos políticosreais, respaldados por uma linguagemclara, ordenada, correta e simples. Notodo, tomou-se evidente que Castelo eraum estudioso da Ciência Política.

Quase ao final da alocução, afirmouque a Democracia era o fator decisivo dapaz social, enfocando, ainda, que os Di-reitos Fundamentais do homem seriamos responsáveis pelo equilíbrio social epelo próprio funcionamento das institui-ções. No correr dos anos, guardei mi-nhas anotações das palavras de Casteloem 1963, pouco antes do Movimento de64. Sempre imaginei que essas posi-ções, postas a público numa fase que seapresentou muito conturbada, nos leva-ria a um raciocínio analítico no campo daHistória, que gostaríamos de aventar.

Assim, Castelo se somou a muitosoutros militares que se alinharam a umPensamento Político, buscando, com pa-triotismo e dignidade, ajudar na condu-ção institucional da vida da Nação. Talvezsoe estranho que soldados possam exer-cer um tipo de influência no todo políticoda nacionalidade. A modesta e opinativaconsideração que buscamos comentarnesta matéria traz a lume à permanente econtínua atividade dos nossos soldadosno correr da História, que, reconhecida-mente, se tornaram marcas incontestes navida pública da Nação.

Posto assim, há que se comentar oTenentismo, época marcante na décadade vinte, quando o idealismo de jovensoficiais possibilitou uma preocupaçãocom o mais “justo e democrático”. Paraos “meninos-tenentes”, a República, seafastava, cada vez mais, dos sonhos deRousseau, Montesquieu e da realidadedos “peregrinos”, na América do Norte.Urgia uma ação no Campo Político, nabusca do aperfeiçoamento da máquinapública. Nesse contexto, assistimos amovimentos de 30 e 32, que traziam, nasua essência, o espírito do Tenentismo.Castelo é um “tenentista típico”, fato estecomprovado na condução do Estado,como o primeiro presidente do PeríodoRevolucionário; não há que se negar aforte influência Castelista, dimensiona-da, também, pela Doutrina da EscolaSuperior de Guerra, sendo não só um

dos seus criadores, como também ogrande “Intelectual Castrense” da impor-tantíssima ESG, símbolo do “pensamen-to político” no período dos GovernosMilitares. Ouso afirmar, neste modestotrabalho “Castro-Político”, que a “Dinâ-mica Histórica do Pensamento PolíticoBrasileiro” começou a aflorar na Guerrado Paraguai, com a revolta dos coman-dantes das Unidades e oficiais de Esta-do-Maior, que regressaram da hostilida-de “‘republicanos convictos”, como épor demais comentado por grandes fi-guras da vida nacional, “in casu”, o Po-sitivista Coronel Benjamin Constant,Mestre e Líder na antiga Escola Militar daPraia Vermelha, onde, além de professore instrutor de Táticas, era um republica-no ardoroso, seguidor do Positivismo deAugusto Comte, tão em moda na intelec-tualidade e, peremptoriamente, no meiomilitar. A República de Deodoro e Floria-no nasceu nos sonhos dos Soldados,dos Positivistas, dos Republicanos e deuma modesta parcela de estudiosos“Rousseanos”, que sentiam a RevoluçãoFrancesa como uma verdade cívica, ne-cessária e importante na condução deum pensamento que se fazia imperiosoàs nações civilizadas. Considerandoesse enfoque, Castelo é a essência dosSONHOS REPUBLICANOS dos EXPEDI-CIONÁRIOS do PARAGUAI, da formaçãoPOSITIVISTA da PRAIA VERMELHA, dosIDEAIS TENENTISTAS da década de vin-te, dos REVOLUCIONÁRIOS de 30 e 32,da DERROCADA IMPOSTA ao GETULIS-MO, do MOVIMENTO de 64, da DOUTRI-NA ESG e, como GÊNESE final das idéi-as aqui desenvolvidas, a firmação quesempre aventamos:

O PENSAMENTO POLÍTICO BRASI-LEIRO faz parte, no âmbito do seu ca-lendário, da vida pública da Nação bra-sileira, podendo afirmar-se que oseventos aqui arrolados são o grandetestemunho da tese que defendemos.

É CASTRENSE A FORMAÇÃOPOLÍTICA DA NACIONALIDADE!

Em Debate16

O Triste Espetáculoeeleito o presidente, encerra-se,com este texto, a série de ar ti-gos, sobre os desmandos do

primeiro mandato petista, que inicieiem agosto de 2003.

Se fiz críticas duras, não foi pormotivação par tidária, uma vez que nãome identifico com nenhuma das cor-rentes políticas relevantes na atualconjuntura brasileira. Não sou co-munista nem socialista, tam-pouco comungo com osideais do neoliberalis-

mo. Menos ainda, par ticipo do acor-do existente entre essas ideologias,para nos escravizar por uma ditadurade esquerda, submissa aos grandescapitais internacionais.

Sou um brasileiro patriota que acre-dita em que nós, e somente nós, deve-

mos decidir o nosso destino e resolveros nossos problemas, e que não se ven-de à Rússia, à China, a Cuba, aos Esta-dos Unidos, ou a qualquer outra nação

Luís MauroCel.-Av.

R

17Em Debate

da Estupidezestrangeira, como não se vendeu, nopassado, à extinta União Soviética.

Também não aceito a globalização nostermos em que nos está sendo imposta.

Como bem pode ver o leitor, quempensa, sente e age assim foi comple-tamente isolado pelas forças domi-nantes e não vem tendo alternativaeleitoral, senão optar pelo menos pior,

como costumam dizer.Nestas últimas eleições,porém, a minha opção

pelo Alckmin foi muito facilitada, por-quanto, apesar de não termos convic-ções ideológicas absolutamente iguais,ele pertence a uma nova geração e, senão foi um revolucionário autêntico, pelomenos não foi terrorista nem falso exila-do. Além disso, trata-se de um políticoeducado, de discurso bastante equilibra-do, que se revelou, durante a campanha,muito bem preparado para o exercício docargo de Presidente.

Ao contrário, o outro candidato re-presentava a negação de tudo aquilo em

que eu creio.Não obstante, nunca

foi minha intençãomudar, com os

meus escritos, os votos favoráveis aLuiz Inácio da Silva, o Lula, cujos elei-tores sequer os entenderiam. O que euverdadeiramente pretendia era manteracesa a chama das pessoas ideologica-mente afins comigo, para que não sedeixassem abater, diante da evoluçãodesfavorável dos acontecimentos.

Penso haver falhado nesse intento,pois o desânimo entre as pessoas de bemque conheço aumentava, à medida que osinstitutos de pesquisa inflavam a vantagemdo candidato à reeleição, sem que eu asconseguisse convencer plenamente dasmanipulações dolosas dos dados. E o de-salento é o prenúncio da desistência. De-sistência da luta, desistência da vida.

Uma única coisa deveríamos teraprendido com os nossos oponentes. Aperseverança.

Eles não desistem nunca. Qualquerpessoa que tivesse um pouco de

dignidade que fosse, umavez flagrada nos escân-

dalos que envolve-

Escultura deRON MUECKMask II,77 x 118 x 85cm,2001-2

Em Debate18

ram esse Governo, teria renunciado ou,talvez, cometido o suicídio. Mas quemgosta tanto de se comparar a Getúlio Var-gas parece preferir imitá-lo, como dita-dor, a repeti-lo, como estadista.

Além de insistentes, eles se revela-ram muito convincentes, também. Assimfoi que conseguiram persuadir, por duasvezes, grande número de eleitores ingê-nuos. Assim foi que induziram a coor-denação de campanha do adversário apoupá-los, com a lorota de que o eleitornão queria sangue nem baixaria, e quembatesse ou apelasse perderia. Tambéma convenceram de que somente se deve-riam discutir os programas de Governo eapresentar as realizações dos candida-tos. Assuntos como corrupção, moral eética deveriam ficar de fora.

Mas eles mesmos não fizeram nadado que pregavam. Bateram, mentiram,praticaram todas as baixarias possíveis ediscutiram ética, sim. A ética fajuta doscorruptos. Vocês querem discutir ética?Pois vamos discutir ética! Nunca antesneste País, combateu-se tanto a corrup-ção! Ninguém tem moral para falar deética comigo! Lembram-se? Quantamentira, quanta baboseira, quanta dema-gogia barata!

O que estava em jogo não eram osprogramas de governo nem as obras quecada um fez no passado, mas as visõesideológicas dos dois candidatos. Erapreciso mostrar o perigo que um delesrepresentava. Era preciso desmontar essaimagem de salvador místico que os mar-queteiros criaram, e que o carisma pes-soal do presidente ajudou a manter.

Vencidas as eleições, e mesmo umpouco antes disso, os governistas jácomeçavam a ensinar o que a oposi-ção deveria fazer. Como sempre, cria-ram frases de efeito e a mídia se encar-

regou de transformá-las em verdadesabsolutas.

Vejam só estas pérolas repetidasà exaustão, com pequenas variações,por quase todos os integrantes datropa de choque do presidente: As-sistimos a um grande espetáculo dademocracia; O Brasil continua, é pre-ciso desarmar os ânimos; Não há es-paço para terceiro turno.

E há, ainda, as ameaças explícitasde convulsionar o País, caso a JustiçaEleitoral venha a identificar crime ou ví-cio na campanha da reeleição. Disso,eles entendem bem. Já convulsionaramo País antes e o farão outra vez, se o dei-xarmos.

Ora, voltemos à realidade! Que es-petáculo da democracia? O que vimosfoi o triste espetáculo da estupidez. Tris-te, como o espetacular crescimento dedois por cento ao ano.

Mas não faltará quem procure osmais variados, ultrapassados e vaziospretextos para aderir aos vencedores, emtroca das migalhas caídas ao chão dospoderosos de plantão. Assim, já come-çamos a ouvir, novamente, velhos bor-dões como: Não faremos oposição aoBrasil; Faremos uma oposição respon-sável; Não somos golpistas, daremosgovernabilidade aos eleitos.

Quanta bobagem! Desde quando,deve-se dar governabilidade a bandi-dos? E, desde quando, punir crimes elei-torais é golpe? Como bem disse o presi-dente do Tribunal Superior Eleitoral, aConstituição submete a todos.

Até quando, os eleitores brasileirosverão os políticos que mereceram seusvotos, mas perderam as eleições, aderi-rem, despudoradamente, àqueles con-tra os quais votaram? Realmente, é mui-ta falta de vergonha!

Enquanto isso continuar, permane-cerá essa salada ideológica temperadapelos interesses individuais, que somen-te serve aos corruptos e aos verdadeirosgolpistas.

Dar governabilidade é função de cor-religionários, ou de cúmplices, no casopresente.

Quando as autoridades governa-mentais são as primeiras a descumpriras Leis, são as primeiras a violentar aConstituição e são as primeiras a cor-romperem e a se corromperem, mais doque uma opção, é um dever da oposiçãoe de todos os cidadãos sérios, honestose patriotas usar todas as armas disponí-veis, para devolver o País à normalidadee resgatar a dignidade nacional.

Aos que aderiram ao inimigo poroportunismo ou por qualquer outro mo-tivo e, hoje, estão comemorando des-lumbrados, advirto-os de que, quandonão mais úteis forem, serão impiedosa-mente descartados, como sói acontecernesses casos. A prudência recomendaque não destruam o porto seguro ondepoderão atracar amanhã, depois de aba-tidos, para curar os ferimentos, no seiodos verdadeiros amigos.

Encerro, pois, essa série de artigoscom a convicção de que o Brasil tem jei-to, sim, mas é preciso, livrá-lo, antes, dogrupo de irresponsáveis que o queremdestruir a todo custo, para que os nos-sos filhos e os nossos netos possam,em liberdade, usufruir o legado maravi-lhoso que os nossos antepassados nosdeixaram.

Lembremo-nos, permanentemente,do juramento que, um dia, fizemos à Pá-tria e permaneçamos sempre unidos,atentos, prontos e decididos.

Só assim sobreviveremos e salvare-mos, mais uma vez, o País

19Homenagem

Memorial Fuzileiros Navais Mortos em

• Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves1808-1809 Conquista de Caiena1811 Ocupação da Banda Oriental (18*)1816 Guerra contra Artigas1817 Revolução Pernambucana

• Primeiro Reinado1822-1823 Guerras de Independência1824 Confederação do Equador1825-1828 Guerra da Cisplatina (819*)1828 Motim de Irlandeses e Alemães1831 Noite das Garrafadas (3*)

• Regência1831 Motins de 1831 contra a Regência Trina1832 Levantes de 1832 contra a Regência

Trina1832-1833 Repressão ao Comércio de Escravos1835-1840 Cabanagem (250*)1835-1845 Guerra dos Farrapos1837-1838 Sabinada

• Segundo Reinado1851 Guerra contra Oribe1852 Guerra contra Rosas (8*)1864-1865 Guerra contra Aguirre1864 Greve de Operários em Santos (17*)

• República1864-1870 Guerra do Paraguai (361*)1893-1895 Revolta da Armada (24*)1903 Conflito Peru x Colômbia (54*)1904 Revolta da Vacina1910 Revolta dos Marinheiros e Motim do

Batalhão Naval (26*)1922 Revolta do For te Copacabana – “18 do

Forte” (3*)1924 Rebelião do Exército e da Força Pública de

São Paulo1925-1927 Coluna Prestes1930 Revolução de 1930 (19*)1932 Revolução Constitucionalista de 1932(1*)1935 Intentona Comunista1938 Revolução Integralista (07*)1938-1945 Segunda Guerra Mundial (11*)1964 Revolução de 19641965-1966 Força Interamericana de Paz na República

Dominicana – FAIBRÁS1985 Operações de Segurança dos Portos1992 Operação ECO-921994-1995 Operação Rio1995-1997 Missão das Nações Unidas em Angola –

UNAVEM (1*)1999 Evacuação do Presidente do Paraguai1999 Operação Mandacaru2003 Operação Guanabara2004 Evacuação de Não-Combatentes no Haiti2004 Missão das Nações Unidas para

Estabilização do Haiti – MINUSTAH

(*) Mortos em combate comprovados.

Inaugurado em 12 de junho de 2006, no Pátio Almirante Maximiniano, na Forta-leza de São José, na Ilha das Cobras (Rio de Janeiro), o Memorial se constitui emjusta homenagem a todos os Fuzileiros que, heroicamente, tombaram em combate,na defesa da Pátria.

No local, à época do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, instalou-se, em1809, a Brigada Real da Marinha, origem do atual Corpo de Fuzileiros Navais. A datada constituição dessa Brigada remonta ao ano de 1808.

O Memorial foi concebido, portanto, em homenagem aos Fuzileiros que, desdeaquela data, têm dado a sua vida pelo ideal de um Brasil justo, unido, livre e soberano.Foram 1.622 Fuzileiros Navais mortos em combate.

O atual Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais é o Exmº Sr. Almi-rante-de-Esquadra Álvaro Augusto Dias Monteiro

COMBATEOs principais eventos em que houve aparticipação de Fuzileiros Navais foram:

Fatos e Gente20

Missão SAR

21Fatos e Gente

em SBAA

e dando assistência médica ao longo dos inúme-ros campos existentes na rota.

O padrão era chegar quase no pôr-do-sol e,após o reabastecimento e a preparação para opernoite da aeronave, a sempre cordial acolhidadas freiras.

Em seguida ao banho restaurador das ener-gias, um jantar, preparado com a melhor das igua-rias disponíveis, encerrava o dia. Esse era o pro-grama.

Não havendo hotéis na cidade, o patronatoadministrado por irmãs de caridade encarrega-se do apoio de pernoite e refeições.

Já era escuro, quando jantavam ele e o outrotenente. O médico fazia sua visita costumeira aalguns pacientes, administrando, dentro do pos-sível, o carro-chefe da enfermidade local, a ma-lária ou maleita, comum na região.

O Dr. estava atrasado, demorava a chegar, jácausando uma leve preocupação.

Ao final da refeição, surge nosso “Doc” acom-panhado de uma freira, ambos bastante nervosos.

Acontecera um acidente. Um garoto havia caídodebaixo de uma carroça e estava com fraturas e,possivelmente, hemorragia interna. Precisava deremoção imediata para um centro de maiores re-cursos provido de raio-X, sala cirúrgica etc.

Essa notícia foi terrível; estava “pintando” uma

Ajax Augusto Mendes CorrêaCel.-Av. Pelicano 75

sta estória foi contada por uma velhaáguia do CAN. É real, retrato de umaépoca não muito distante. Acredite...

Década de 60, pernoite em Conceição do Ara-guaia, duas tripulações, dois heróis do passadoali estacionados.

Um SA-16, Albatroz, “Sixteen”, do 2º/10º GAv– Busca e Salvamento, e o velho e confiável aviãode transporte, o Douglas C-47, do Correio AéreoNacional.

Terminado o jantar, única refeição decente dodia, estávamos reunidos nós, tripulantes do C-47,e ele, o piloto do Albatroz, após o café servidopelas irmãs. Entre uma conversa e outra, contou-nos o seguinte:

– Neste local, aqui mesmo, Conceição do Ara-guaia, SBAA – dizia ele, foi efetuada uma missãoSAR que não consta em relatórios ou estatísti-cas, em lugar algum.

À época, ele, tenente, comandava um C-47 doCOMTA, Comando de Transporte Aéreo, cuja tripu-lação era constituída de outro tenente-aviador maismoderno, um capitão médico e dois sargentos, um,o radiotelegrafista e, o outro, o mecânico.

Efetuava, a Linha do Correio Aéreo LPN-AR,referência ao Rio Araguaia, a se qual se iniciavano Galeão e terminava em São Luís do Maranhão,com pernoite em SBAA, quando possível, pousando

E

22Fatos e Gente

EVAM (evacuação aeromédica), pois o local nãodispunha de recurso algum.

Deveríamos consultar o COMTA, submetendoa ele nossa situação, que indicava um transladode emergência, missão SAR, no caso SVH (salva-mento de vida humana).

A regra do jogo era que quaisquer desvios,mudanças de rota, alternativas, até mesmo atra-sos, deveriam ser enviados, pelo comandante daaeronave, para a tática do COMTA, em SBGL, noRio de Janeiro.

Aquele Comando não iria autorizar uma de-colagem noturna, de campo não balizado, às es-curas, e o vôo ao nascer do sol, de acordo com oparecer médico, provavelmente seria fatal para opaciente. Não havia muito tempo para grandessoluções. Cada minuto perdido...

Consultando nosso tenente, apresentei a se-guinte situação:

– Até o COMTA autorizar, SE autorizar – lá,não estarão envolvidos emocionalmente comonós, o garoto já era.

O pedido teria de ser feito pelo radiotelegrafis-ta, abrir o avião, dar partida em um dos motores,enviar a mensagem, esperar a resposta...um poucocomplicado.

Só havia uma opção e, assim mesmo, nãoassegurava que aquela vida seria poupada. Per-gunto se ele “toparia” decolar imediatamente comdestino à Goiânia, à época com bons recursos paraatendimento de emergências médicas.

– Depois, no Rio, a gente se explica.Sem vacilar, responde afirmativamente. Peço

então que acione os sargentos, consultando-os nacondição de voluntários.

Estávamos com 600 galões, mais ou menosseis horas de autonomia 60m, um tempo estima-do de vôo para SBGO, na reta, em torno de três epouco, quatro horas, talvez. Combustível não se-ria o problema.

Aviso ao médico para que prepare o paciente,improvise uma maca e outros apetrechos, pois de-colaríamos em seguida, assim que ele desse o OK.

Comunico à freira superior a decisão; um cor-re-corre danado na escuridão; todos ajudam. Aochegar ao avião, já o encontrei pronto e no aguardodo doente. Os mecânicos, assim como eu imagi-nara, também aceitaram de imediato.

Brifim embaixo da asa, embarque do enfer-

mo, táxi lento até à cabeceira da pista. Era man-datório não levantar poeira; porque deveríamoster uma boa visibilidade durante a corrida.

Faróis ligados, decolagem curta, nível míni-mo para o destino, silêncio rádio absoluto. Opera-ção fantasma. E se tiver um mono na decolagem?Isso passava pela minha cabeça. E se o guri fale-cer? Bom, SE acontecer, a aeronave está leve epodemos fazer o pouso no escuro. Somos treina-dos Com sorte, e a sempre presente proteção di-vina, não haverá problema.

Após a decolagem, proa direta para o destino.Atendendo ao pedido do médico de voar baixo, ni-velamos no nível mínimo – fora de aerovia – ade-quado àquela região. Noite escura, ninguém falava.

O café, cortesia das irmãs, feito às pressas,foi esquecido, a garrafa térmica sumiu!

Goiânia foi escolhida, pois a Força Aérea eramuito conceituada no local, e éramos conhecidosnos hospitais da cidade, havia um bom relaciona-mento.

De tempos em tempos, nosso doutor pergun-tava se não podíamos andar mais rápido e, comoresposta, acrescentávamos mais uma polegadana potência. O paciente não estava bem.

Após quase quatro intermináveis horas de vôo,40, 30 minutos fora, é feito o primeiro contato,em VHF, com a rádio Goiânia,

A estação rádio ZWGO nos atende, acho até quemeio surpresa, pois havíamos passado nesse mes-mo dia indo para o interior e estávamos regressan-do à noite, fora do quadro horário. Estranho!

– FAB 200X, aqui rádio Goiânia, na sua escu-ta, 5 por 5.

A resposta soou como música em nossos ou-vidos.

Transmito a estimada, o tipo e a urgência damissão e peço que acione os hospitais da área, am-bulância, enfim tudo para um atendimento rápido.

Após o pouso, confirmo que nosso prestígioera mesmo bom: pela presença de duas ambulân-cias. Muita gente de branco. O médico, incansávelna manutenção do paciente durante aquele vôo,acompanha o paciente. Tem apenas meia hora pararegresso e nova decolagem. Havia pressa.

Um lanche rápido, outro para nosso doutordegustar a bordo e, no momento em que era en-cerrado o abastecimento, agora com 800 galões,chega nosso herói, dando conta que o rapaz esta-

23Fatos e Gente

va sendo preparado para ser operado, mas, infe-lizmente, seu estado era grave.

Livre direita, decolagem tranqüila, agora éuma pista iluminada.

Proa direta para SBAA, o silêncio rádio continua.Mais algumas horas e pouco, pousamos no

nascer do sol, quase no horário para a decola-gem prevista na ordem de missão do novo dia.

Um rápido café, muitas bênçãos, com agra-decimentos das freiras e de habitantes locais.Reiteramos nosso pedido de poucos comentáriossobre o assunto, barba feita (o comandante temque dar o exemplo), decolagem com destino aSão Luís para pernoite e, como sempre, váriospousos pelo caminho.

Como dizia Saint-Exupéry, a Linha não podeatrasar. Andando rapidinho íamos encaixar no qua-dro horário.

No regresso, o pernoite foi em Goiânia – San-ta Genoveva, esse é o nome do aeródromo.

Ao primeiro contato com o pessoal da ZW,fomos cientificados que o paciente estava bem,havia sido operado, escapara por um fio. Alegriageral a bordo. Após o pouso, nosso doutor foi aohospital e confirmou as boas novas.

Encontramo-nos no “Gato que Ri”, restaurantepeculiar, proprietário bonachão, ex-piloto da Pa-nair do Brasil, paredes decoradas com centenas

de assinaturas de tripulações em trânsito. Localde encontro de aviadores, civis e militares, quan-do em pernoite naquela cidade.

Assim termina a estória de nosso companheiro.Ah, uma pergunta:– E o garoto?O garoto, responde nosso narrador, deu alta,

curado, e a FAB o transportou de novo para cá. Éo guarda-campo que nos atendeu hoje.

Este relato, como disse, foi feito pelo pilotodo SA-16, o qual, por ocasião desse evento, játinha, na alma, o Espírito da Busca, “para queoutros possam viver”.

Resolvi divulgar essa estória, guardada nalembrança durante muitos anos, como uma sin-gela homenagem a todos os Pilotos da Busca, nopresente e no passado. Uma especial citação ameus companheiros do 2º/10º, à época, ainda,em Cumbica: o magistral ícone da Busca, o Capi-tão-Aviador João Celso D’Ávila Carvalho, o Capi-tão-Aviador Lupércio José Ferreira, o velho Lupa,e o Capitão-Intendente de Aeronáutica RobertoCâmara Lima Ypiranga dos Guaranys, incansávelhomem do PARASAR, infelizmente, já falecidos.

Aos que ainda permanecem neste planeta,independentemente de posto ou graduação, Pe-licanos e Pastores, nosso reconhecimento peloprivilégio de os ter conhecido

Política Internacional24

25Política Internacional

Coréia do Norte:Coréia do Norte:Pesadelo para os EUA

e um modo gradual, os Estados Unidos vãomaterializando os seus piores pesadelos. Umaguerra não necessária com o Iraque mobili-

zou 150.000 de seus soldados colocando-os em umverdadeiro beco sem saída. Também uma contendano Afeganistão os colocou na defensiva frente a umTalibã fortalecido.

Ao desestruturar o Iraque e conduzir os xiitas aopoder, acabaram transformando o Irã em uma grandepotência regional. A pretendida democratização doOriente Médio colocou o poder nas mãos do Hamas elegitimou o Hezbolá. Seu apoio incondicional a Israel,no que concerne às retaliações impostas ao Líbano,debilitou os seus tradicionais aliados árabes e contri-buiu para glorificar o Hezbolá. Fechando o círculo detrapalhadas, a Coréia do Norte terminou ocupandoum lugar especial nesse festim de torpezas.

O regime de Pyongyang tem-se caracterizado poruma verdadeira paranóia. Em face das atitudes hostisdo líder coreano Kim Jong ll e do catastrófico cenáriodesenhado, os Estados Unidos, um dos três paísesque não reconhecem a Coréia do Norte, e depois demeio século do fim da guerra com esse país, não con-seguiram firmar um tratado de paz. Assim sendo, acha-ram por bem estacionar 40.000 soldados na Coréiado Sul de modo a manter o equilíbrio de forças naregião. Faz-se mister destacar que a Coréia do Nortedispõe de dez mil peças de artilharia, altamente fortifi-cadas, apontando para Seul. Conseqüentemente, osvinte milhões de habitantes da capital sul-coreana sãoreféns de qualquer ação de retaliação por parte dosestadunidenses.

Em 1994, Pyongyang e Washington firmaram umacordo. Os norte-coreanos se comprometiam a sus-pender o enriquecimento do urânio, e os norte-ameri-canos obrigavam-se a prover dois reatores nucleares

para geração de energia elétrica. Ademais, ambos seobrigavam a normalizar suas relações diplomáticas.

Lamentavelmente, de lado a lado deixaram decumprir alguns tópicos do acordo. Quando, em 2002,o Governo dos EUA confrontou os norte-coreanos,pela continuação do enriquecimento de urânio, estesaludiram à falta de cumprimento de algumas cláusu-las, por parte dos estadunidenses. Entretanto, se com-prometeram a respeitar sua parte do trato se os EUAlhes dessem garantias de não atacá-los e de normali-zar as relações externas entre ambos os países.

Brandindo sua prepotência habitual, a adminis-tração Bush fechou qualquer possibilidade de solu-ção negociada entre as partes. Isso ocorreu no mes-mo ano em que Bush havia transformado a ação pre-ventiva no eixo central de sua doutrina militar e colo-cado a Coréia do Norte dentro do “eixo do mal”, defi-nindo uma estratégia implícita de “mudança de regi-me” para esse país.

Ameaçar com destruição o regime paranóico deKim Jong ll não é a melhor forma de encarar a fricçãogeopolítica, sobretudo quando se sabe que vinte mi-lhões de reféns sul-coreanos tornam inviável qual-quer tipo de ameaça. A isso se soma a mensagemextraída do Iraque, segundo a qual somente se invadeos que não possuem armas atômicas. Como era de sesupor, a Coréia do Norte dotou o seu arsenal bélicocom a temida bomba atômica. Aos EUA restou engolirsuas bravatas e as afirmativas de que não permitiriaque Pyongyang adquirisse armamento nuclear. En-quanto isso, o Irã observa o cão que ladra mas nãomorde e, o Japão e a Coréia do Sul sentem-se tenta-dos a se igualarem militarmente à Coréia do Norte.

Indubitavelmente, estão formados um grande im-bróglio geopolítico e uma hercúlea tarefa para a su-perpotência hegemônica tentar resolver

D Manuel CambesesJúniorCel.-Av.Membro do Centro de EstudosEstratégicos da EscolaSuperior de Guerra e doInstituto de Geografia eHistória Militar do Brasil

Nomnmomn26

TERRORISMO/TERRORISTAS

Um Ensaio Carlos Arlindo RondonCel.-Av.

ANISH KAPOOR

27Rótulos e Mídia

“O Unilateralismoexacerbado

é a célula ‘mater’do Fundamentalismo

extremado.”A expressão INCONFIDÊNCIA nos

traz de imediato à mente a figura deTiradentes e de toda a Conjuração Mi-neira do século XVIII, em Vila Rica.

O vocábulo INTENTONA virá sem-pre ligado à Revolução de 1935, pro-cedida por Luiz Carlos Prestes e seussectários comunistas.

A palavra HOLOCAUSTO passou a serparadigma de campo de concentraçãonazista, contendo corpos de judeus e nãojudeus, amontoados, pelas valas.

A dicção HIROSHIMA só nos fazlembrar da Bomba, a propalada “LittleBoy”, que de um só golpe ceifou seten-ta mil vidas.

O verbete TERRORISMO nos con-duz automática e subliminarmente aOsama Bin Laden, Talibã, Al-Qaeda,Hezbollah, Haganah, Jihad Islâmica,Hamas, e a outros expoentes do Fun-damentalismo.

A tudo isto, então, poderemos do-ravante classificar como sendo a:“Consagração do Termo”.

Fala-se com invulgar constânciaem Terrorismo e em Terroristas, o quepassou hoje em dia a ser assunto ge-neralizado e pauta em todos os mei-os de comunicação, principalmentedepois do terrível, do gigantesco trau-ma que nos deixou o inesquecível 11de Setembro de 2001. Mas será queestaríamos empregando bem essasduas palavras no intrínseco valor doseu conteúdo? Será que sabemos opreciso significado delas e as esta-mos usando corretamente? Será mes-mo? Talvez sim, mas... talvez não!

Em setembro de 1940, no augeda Batalha da Inglaterra, a Luftwaffepraticamente destruiu o centro de Lon-dres com seus ataques maciços, natentativa vã de fazer dobrar os joe-

lhos de Churchill, não o conseguindo.No entanto, isto não foi uma ação deTerrorismo e, muito menos, os avia-dores alemães eram Terroristas; tra-tou-se, sim, de uma ação de guerra.

Em 1944/1945, inverteram-se asposições e Berlim foi pulverizada. Ob-viamente, isto também não foi Terro-rismo nem os pilotos aliados poderi-am ser considerados Terroristas, poisnunca foram tidos como tal. As açõesfaziam parte do conflito.

Em agosto de 1945, foi usada aprimeira arma nuclear da História numaoperação bélica, acontecimento que vi-ria revolucionar e jogar por terra to-dos os conceitos e teorias de guerraaté então existentes e consagrados. Foioutra ação de beligerância, esta con-tudo, e felizmente, pondo fecho a umconflito mundial que já se arrastavapor seis longos anos, e, destarte, eco-nomizando muitas vidas americanas ejaponesas. É óbvio que não se tratoude uma ação de Terrorismo e nem oCoronel Paul Tibets e a tripulação do“Enola Gay” poderiam ser taxados deTerroristas. Deus nos livre!

E as ações kamikazes? Poderiamser caracterizadas como Terrorismo?Seriam? Os Kamikazes imolavam-secontra objetivos militares, tudo de con-formidade com a sua cultura oriental,suas crenças religiosas; eram oficiaisda Imperial Marinha Japonesa, eramrespeitados como heróis e jamais fo-ram considerados Terroristas.

Agora, entretanto, vamos come-çar a raciocinar por absurdo, vamosingressar no terreno das suposições,vamos distender um pouco mais asnossas divagações: imaginemos quedurante a Segunda Guerra Mundial(WW2), dois oficiais kamikazes con-seguissem infiltrar-se em Nova York,roubar um Constellation da TWA e seatirar contra o Empire State Building,destruindo-o. A imprensa mundial (na-quele tempo mídia ainda não era um

“Termo Consagrado”), sem a menordúvida ou cerimônia, estamparia ofato com as maiores manchetes pos-síveis, classificando-o como ação deTerrorismo executada por Terroristas!

Vê-se assim quão volúvel e atémesmo mesclada de desonestidadeintelectual é a mente humana, ao qua-lificar pessoas ou fatos de acordo comseus desígnios políticos ou sob a di-reta influência de fatores que possamdistorcer a realidade, como nos mo-mentos de forte histeria pública; deheróis a vilões terroristas, apenas umsó passo; de ação de guerra a Terro-rismo, apenas meia reflexão! Porém,esta seria unicamente uma opiniãounilateral do Ocidente, já que no lon-gínquo Oriente, lá no Japão, continu-ariam sendo heróis de guerra, conti-nuariam sendo bravos Kamikazes.

Quem quisesse argumentar con-tra o Terrorismo poderia verberar queo ataque visou a um alvo não militar,causando a morte de centenas de pes-soas inocentes dentro e fora do pré-dio e que nada justificaria tamanhabarbárie. No entanto, quem quisesseinsistir com uma réplica sobre o fatodiria que – como já fora visto anteri-ormente – embora também não hou-vesse objetivos militares na Londresde 1940, nem na Berlim de 1944/1945,e nem houvesse fábricas de aviões, dearmamentos ou qualquer complexopetroquímico em Hiroshima que justi-ficasse o ataque, essas operações nun-ca foram consideradas Terrorismo,porque não o foram, nem os seus par-ticipantes considerados Terroristas por-que não o eram; todas elas, sim, fo-ram ações de guerra contra ObjetivosPsicológicos, exatamente como deve-ria ter sido rotulado o nosso hipotéticoataque ao Empire State.

Hoje em dia, porém, quem ata-car forças invasoras é qualificadocomo Terrorista e, nessa linha de pen-samento, os “maquis” franceses

Rótulos e Mídia28

igualmente o seriam! E o que teriamsido então os nossos Matias de Albu-querque, Vidal de Negreiros, Henri-que Dias e Felipe Camarão? Sem co-mentários...! Vê-se, pois, que o as-sunto é complexo e pode dar mar-gem a várias análises e às mais con-trovertidas interpretações.

Mas, afinal, o que é ou não é mes-mo Terrorismo? Quem, enfim, mere-ce ser ou não ser classificado comoTerrorista? Onde, em definitivo, en-contrar-se-á essa abstrata, essa in-visível, essa Tênue Linha que diferen-cia Guerra, de Terrorismo, Mártir ouHerói, de Terrorista? E, encontradaela, o que tanto nos dificultará posici-oná-la corretamente?

Dentre variados fatores, um talvezseja o mais notório: o Fator Geográfi-co. A dialética dos povos orientais di-verge de forma completa do pensa-mento ocidental e, ao que tudo indica,ainda não nos foi dado a entender que,pela força, nunca se lhes conseguire-mos impor a substituição dos seus va-lores primários, sobejamente consa-grados por religiões veneradas comprofunda obstinação. E nem se lhesmodificaremos seus enraizados hábi-tos, fruto de culturas milenares muitomais antigas do que as nossas.

Ao analisarmos os problemas doOriente Médio de hoje, notamos, aoque parece, não haver no momentoqualquer possibilidade de um epílogoiminente para toda aquela balbúrdia.Percebemos, todavia, ser inegável quea maior parte dela seja oriunda daspolíticas desacertadas do Ocidente,como da mesma maneira, sentimos ainépcia dos dirigentes ocidentais, sem-pre transparecendo pouca ou nenhu-ma energia política concernente aoassunto; e o que é mais importante:jamais demonstraram a menor sensi-bilidade para com os constantes e mui-to graves ataques suicidas que lá ocor-riam. Isto viria a tornar-se fatal para

nós; pagamos caríssimo para ver !Indicavam ainda não acreditar, ou

até mesmo desconhecer, que não hácomo contornar esse tipo de ataque.O agente, com a decisão já medita-da, repisada, remoída e já firmadade que vai se autodestruir, terá a pa-ciência e o tempo de que quiser dis-por, podendo esperar dias, semanas,meses, anos, à espreita do momentopropício para desferir o seu golpe mor-tal. Cumpre convencermo-nos de quenão existe – definitiva, insofismável,peremptória e indubitavelmente –defesa contra um ataque suicida! Seele for Efeito de algo, impõe a lógicaque, como única solução, seja elimi-nada a sua Causa. O esforço que sedespende combatendo o Efeito serásempre desgastante, sobremodo ine-ficaz, e jamais extirpará a Causa. É avelha relação entre Causa e Efeitoque, infelizmente, não anda sendobem observada nem avaliada!

E como se tem combatido ape-nas Efeitos, ultimamente, no cená-rio mundial!

Honrosa exceção seja feita a BillClinton, que se aprofundou bem maisno problema, chegando muito próximoà Causa. Fez reunir, em torno de umamesma távola, dois líderes antagônicos,concitando-os a assinar um tratado depaz que, malgrado, nunca se concreti-zou devido à morte de Yitzhak Rabin.

Como resultado, então, e paradespertar ainda mais as atenções dolado de cá do Mundo, esses ataquespassaram a ser “exportados” para aAmérica do Norte e, após, para a Eu-ropa, carreando as tremendas con-seqüências que nos foram dadas asofrer ou a testemunhar.

Mas até quando, enfim, estare-mos condenados a conviver com operigo e o sobressalto, a sofrer osefeitos da intranqüilidade, a sermosreféns do medo? Até quando essesdirigentes vão continuar insistindo em

arcar com a injustificada, a descabi-da, a absurda responsabilidade de seoutorgarem o direito de decidir, elespróprios, a submissão de seus povosaos riscos ou aos sofrimentos de umnovo 11 de Setembro, o qual poderáfatalmente voltar a ocorrer?

Será somente até quando, porfim, o bom senso vier a frutificar e areinar nas mentes humanas e a lógi-ca sobrepuser-se aos desígnios polí-ticos do “bicho” homem. Ou então sóaté daqui a mais ou menos sessentaanos, quando o petróleo secar no Pla-neta. Sorte dos nossos bisnetos!

Assim, após essa sucinta divaga-ção sobre outros fatores relacionadosao tema Terrorismo/Terroristas, épossível, em decorrência, que tenha-mos clareado um pouco mais os nos-sos conhecimentos para um retornoao assunto capital deste Ensaio. Aomenos ficaram em evidência algunsnovos dados para ajudar cada um denós a consolidar ou a reformular, acorrigir ou, até mesmo, a reconstruira nossa opinião. E, de igual maneira,para termos mais instrumentos e me-lhores condições de, enfim, podermossituar, na sua posição mais corretapossível, a tal propalada Tênue Linhaque separa Guerra, de Terrorismo,Mártir ou Herói, de Terrorista. Tudode conformidade com o nosso limiarde percepção e, assaz importante, emestrita consonância com a nossa pró-pria consciência.

Por conseguinte, quando formoselaborar essa nossa opinião, a totali-dade do que foi evidenciado apenasserá aproveitável se for tomada a má-xima cautela em nos abstrairmos eem não nos deixarmos contaminarpela Atuante-Profunda-Influência da-quela assertiva que cognominamos deinício como sendo a “CONSAGRAÇÃODO TERMO”.

Muito cuidado!Oxalá o consigamos

29Nossa História

IntentonaComunista

ta, comprovou para o mundo, na prática, que osocialismo não funciona.

Boris Yeltsin, por sua vez, abriu os arquivosda 3ª Internacional (Komintern), derrubando di-versos mitos incorporados à História do Brasil.Os arquivos comprovaram que:

– desde 1935, Prestes era um assalariadodos soviéticos, situação que perdurou por todaa sua vida, uma vez que nunca desempenhouqualquer atividade remunerada após desertar doExército;

– não eram nove os estrangeiros pertencen-tes ao Serviço de Relações Internacionais doKomintern que se encontravam no Brasil, prepa-rando a revolução, e, sim, vinte e dois! O livroCamaradas, de William Waak, que pesquisou osarquivos do Komintern, publica seus nomes;

– a alemã Olga Benário nunca foi casadacom Prestes. Era casada, em Moscou, com ummembro da Academia Militar Frunze e acompa-nhou Prestes ao Brasil, cumprindo uma tarefaque lhe fora determinada pelo IV Departamentodo Estado-Maior do Exército Vermelho, instân-cia clássica da Inteligência Militar, hoje conhe-cida pela sigla GRU;

– a determinação para a eclosão da revolu-ção não partiu da direção do PCB ou de Prestes,e, sim, foi expedida, por telegrama, de Moscou,pelo Serviço de Relações Internacionais do Ko-mintern. Isto, e muito mais, pode ser visto nolivro Camaradas.

Assim, pode ser dito que a História do Bra-sil foi reescrita. Todavia, muitos ex-comunis-tas, não refeitos ainda da grande ressaca quefoi a queda do comunismo, continuam relutan-do em aceitar a verdade de que, por todos es-ses anos, nada mais foram do que lacaios deuma potência estrangeira responsável pelo as-sassinato, na calada da noite, de 33 militaresbrasileiros

T enente-Coronel Misael Mendonça, MajorArmando de Souza e Mello, Major João

Ribeiro Pinheiro, Capitão Danilo Paladini, Ca-pitão Geraldo de Oliveira, Capitão Benedicto Lo-pes Bragança, 1° Tenente José Sampaio Xavi-er, 1° Tenente Laudo Leão de Santa Rosa, 2°Sargento José Bernardo Rosa, 2° Sargento Jai-me Pantaleão de Morais, 3° Sargento Coriola-no Ferreira Santiago, 3° Sargento Abdiel Ribei-ro dos Santos, 3° Sargento Gregório Soares, 1°Cabo Luiz Augusto Pereira, 2° Cabo Alberto Ber-nardino de Aragão, 2° Cabo Pedro Maria Neto,2° Cabo Fidelis Batista de Aguiar, 2° Cabo JoséHermito de Sá, 2° Cabo Clodoaldo Ursulano, 2°Cabo Manoel Bile de Agrella, 2° Cabo Francis-co Alves da Rocha, 2° Cabo Manoel Alves daSilva, Soldado Álvaro de Souza Pereira, Solda-do Luiz Gonzaga de Souza, Soldado Lino Vitordos Santos, Soldado João de Deus Araújo, Sol-dado José Mario Cavalcanti, Soldado José Me-nezes Filho, Soldado Orlando Henriques, Sol-dado Péricles Leal Bezerra, Soldado Walter deSouza e Silva, Soldado Wilson França, SoldadoGenaro Pedro Lima foram mortos em novem-bro de 1935, quando da Intentona Comunista,planejada e dirigida pela 3ª Internacional, daqual Luiz Carlos Prestes, desde 8 de junho de1934, era membro dirigente, em Moscou, inte-grando a Comissão Executiva.

Todavia, somente depois do desmantelamen-to do socialismo real, primeiramente nos paí-ses satélites do Leste Europeu, em 1989, e,depois, na própria União Soviética, que desapa-receu, definitivamente, em dezembro de 1991,vieram à luz os relevantes serviços prestados àHumanidade, primeiro por Gorbatchev – o últi-mo dos Grandes Timoneiros, e, depois, por Bo-ris Yeltsin, um ex-comunista.

Gorbatchev, durante os cinco anos em quedirigiu o Estado soviético e o Partido Comunis-

Recordando a Intentona

Comunista

Carlos IlichSantos AzambujaHistoriador

GUY VANBOSSCHESem Título, 1999

Enfoque30

31Enfoque

NEK

UM

E

ANSELM KIEFERDie Himmelsleiter,

330 x 370cm,1990

No último domingo de maio passado, assisti pelaTV à Sua Santidade o Papa Bento XVI, em sua visitaao campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, rezarpelas vítimas que ali foram assassinadas pelos na-zistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Lá estivetambém, em maio de 2005, quando participei, comcem outros brasileiros, de uma viagem emocionan-te: a “Marcha da Vida”, cujo propósito era rememoraro Holocausto e exortar a que essa tragédia não vol-tasse a ocorrer jamais. Na ocasião, se celebravam os60 anos do término dessa guerra na Europa e a libe-ração dos campos de concentração e extermínio pe-las tropas aliadas.

Em Varsóvia, visitamos o monumento que pere-niza uma das páginas heróicas da História da Humani-dade: o Levante do Gueto de Varsóvia, a primeira re-volta armada desencadeada por civis no interior daEuropa ocupada pelos nazistas. Esse gueto era umespaço murado, constituído de alguns poucos quar-teirões onde os invasores e seus simpatizantes confi-naram centenas de milhares de pessoas, na grandemaioria de judeus. O levante, realizado por um punha-do de jovens, dispondo de poucas armas leves, lide-rados por Mordechai Aniliewicz, de apenas 24 anos,durou vinte e sete dias, durante os quais enfrentaramcom dignidade e bravura a mais poderosa máquina deguerra da época. Embora conscientes de sua próximae total aniquilação, eles possuíam uma determinada“vontade de morrer combatendo”. No singelo monu-mento, localizado na Rua Mila, número18, que marcao local de onde Mordechai comandava as ações, nosfoi lida a carta de despedida que ele escreveu a seuamigo, poucas horas antes de suicidar para não seraprisionado e torturado pelos algozes.

No interior do Gueto, percebemos quão diminutoera o espaço que aprisionava aquelas centenas demilhares de pessoas nas mais terríveis e desespera-doras condições. De lá, aquelas que não morriam eramlevadas para diversos campos de concentração. Esti-vemos na Umschlagplatz, a praça da deportação, deonde partiam os trens que transportavam, em condi-ções subumanas, os cativos para seu destino final.De um número de cerca de 600.000 pessoas que fo-ram aprisionadas no Gueto, somente poucos milha-res sobreviveram. As demais encontraram a morte emvirtude de inanição, frio, doenças, exaustão por tra-balhos forçados, asfixia e esmagamento nos trens degado em que eram transportadas, e eliminação pura esimples por armas de fogo, baionetas, ou câmaras de

Samuel SchneiderNettoCel.-Av.

Enfoque32

gás, além das “experiências científicas”a que muitas delas foram submetidas.

No antiqüíssimo cemitério judaico,nos limites do Gueto, fizemos orações emmemória das pessoas lá enterradas, entreas quais o Prof. Ludwik Zamenhof, cria-dor do Esperanto, idioma concebido paraque pessoas de todas as nações pudes-sem se comunicar e entender. Lá tambémvimos o monumento ao médico e escritorJanusz Korczak, fundador e diretor de umorfanato para dezenas de crianças que,recusando-se a abandoná-las ao seu tristedestino, deliberadamente encontrou amorte junto com elas em Treblinka.

O que a todos mais impressionounessa viagem foi a visita aos campos deconcentração de Majdanek e ao comple-xo Auschwitz-Birkenau. Esses camposforam construídos, tal como dezenas deoutros em toda a Europa ocupada, emdecorrência da política estatal do III Reich,de eliminar organizada e sistematicamen-te os eventuais inimigos do regime. Entreesses se incluíam opositores políticos,prisioneiros de guerra, homossexuais,testemunhas de Jeová, doentes mentais epessoas cronicamente enfermas, ciganose, sobretudo, judeus, sendo os dois últi-

mos grupos classificados como “raça in-ferior”. Escreveu Elie Wiesel, ganhador doPrêmio Nobel da Paz de 1986, ele próprioum sobrevivente do Holocausto: “Nemtodas as vítimas foram judeus, mas to-dos os judeus foram vítimas”.

O Campo de Majdanek, localizadopróximo à cidade de Lublin, foi estabe-lecido em outubro de 1941 e servia, ini-cialmente, para conter prisioneiros deguerra soviéticos. Com o tempo, este eoutros campos passaram a servir a ou-tros propósitos. A Conferência de Wann-see, nos arredores de Berlim, realizadaem outubro de 1942 por autoridadesnazistas, decidiu dar maior efetividade à“Solução Final”, que determinava o as-sassinato sistemático de todos os opo-sitores ao regime e, em especial, os ju-deus. Seus executores pertenciam aos“Einsatzgruppen”, unidades móveis queacompanhavam as forças invasoras.Seus métodos de chacina evoluíram dosfuzilamentos em massa e do enterro doscadáveres em enormes valas comuns, aode asfixia por gases gerados por moto-res de caminhões, considerado maissimples e eficaz. Este método foi batiza-do de “Operação Reinhard”, em home-

nagem a um dos principais administra-dores da solução final. Foi, entretanto,aperfeiçoado e tornado ainda mais efici-ente com a utilização dos vapores de áci-do prússico, cujo nome comercial eraZyclon B. Assim, os campos de concen-tração passaram a ser também camposde extermínio e, alguns, de trabalhos for-çados, a fim de aproveitar a mão-de-obraescrava, enquanto os prisioneiros tives-sem forças para ajudar no esforço deguerra do invasor. O enorme volume decadáveres, contudo, gerou o problemade como se livrar deles, o que foi conve-nientemente solucionado pela utilizaçãode fornos crematórios.

Os nazistas, em sua fuga às tropassoviéticas, não tiveram tempo de destruiras instalações de Majdanek, deixandointactas barracas, câmaras de gás e for-nos crematórios, que até hoje horrori-zam seus visitantes. Existe também o“necrotério”, que era uma dependênciaonde milhares de corpos, ainda quen-tes, eram despojados de suas obtura-ções de ouro e, quando se suspeitavaque haviam sido engolidas jóias, tinhamabertas as suas entranhas para a retiradadesses valores. Em 1969, foram ali eri-

33Enfoque

les que pereceram no local. Para que es-sas vítimas jamais fossem esquecidas.Essa nossa caminhada em sua homena-gem denominou-se “Marcha da Vida”.Após a visita aos campos, todas as vintemil pessoas participantes assistiram auma cerimônia singela, mas plena de umasolenidade emocionante e inesquecível.

Estavam presentes Chefes de Estadoe de Governo e altas autoridades de vári-os países, entre os quais da Polônia e daHungria, o Presidente do Parlamento Eu-ropeu e o Primeiro-Ministro de Israel, Ge-neral Ariel Sharon. Presentes, também, osadidos militares das nações que têm talrepresentação na Polônia, inclusive o doBrasil, com quem confraternizei. Váriosdiscursos foram feitos enfatizando a bar-bárie perpetrada nesse e nos outros cam-pos, e a necessidade de a Humanidadeaprender a lição, a fim de que isso jamaisvolte a se repetir. Lágrimas caíram dosolhos dos presentes quando Ariel Sha-ron pronunciou seu discurso em Hebrai-co, em pleno campo de extermínio, apósum coral vindo de Israel entoar o Hinodaquele país. Emocionante também foi omar de bandeiras nacionais de vários pa-íses, inclusive as de Israel e do Brasil, tre-mulando naquele ambiente, numa vibranteexaltação à liberdade e à pacífica convi-vência entre os povos.

Porém, o discurso que par ticular-mente mais me tocou foi o pronunciado

gidos dois monumentos: um na entradado campo, consistindo de uma enormeescultura de forma abstrata, em concre-to, simbolizando a nulidade de um ho-mem parado à sua sombra e o processode degradação infligido aos então prisi-oneiros, que ali perdiam a sua identida-de e passavam a ser simples números. Ooutro, ao final do campo, ao lado de umdos fornos crematórios, é um mausoléuque guarda uma sinistra mistura de trêstoneladas de cinzas humanas e de terra,sobre o qual se gravou a seguinte men-sagem: “Seja nosso destino uma adver-tência às gerações vindouras”.

A visita ao complexo Birkenau/Aus-chwitz, perto da cidade de Cracóvia, foirealizada em um clima de intensa emo-ção. Pela manhã, embarcamos em Var-sóvia em um trem que refez o mesmocaminho daqueles que transportavam osprisioneiros de então para seu trágicodestino. Após cerca de quatro horas deviagem, chegamos à pequena cidade deOswiecim, onde descemos. Naquele lo-cal, se reuniram cerca de 20.000 outraspessoas, vindas das mais diferentes re-giões do mundo. Todas elas, então, re-produziram a mesma caminhada de cer-ca de três quilômetros que separam aestação ferroviária dos referidos campose que era feita, anteriormente, por aque-les que “marchavam para a morte”. Emdeterminado ponto dessa caminhada,naquela época, havia um oficial nazistaque apontava com o dedo o destino finaldos prisioneiros: para um lado, aquelesque iriam para Birkenau, para o extermí-nio imediato; para o outro, os que segui-riam para Auschwitz, para trabalhos for-çados. Mais tarde, começou o extermí-nio em Auschwitz, também.

Os milhares de pessoas que repro-duziram aquela fatídica marcha fizeramisso, em respeitoso silêncio e contrição.À medida que nos aproximávamos docampo, passamos a ouvir pelos alto-fa-lantes uma voz grave e solene recitando,interminavelmente, o nome de todos aque-

pelo Rabino Meir Lau, ex-Rabino Chefede Israel, também um sobrevivente doHolocausto. Disse ele que, ainda crian-ça, na véspera de sua liber tação doCampo de Buchenwald, viu gravado àunha, em uma parede, o testamento deum judeu que lá encontrou a morte, pe-dindo NEKUME – VINGANÇA. O Rabinoprosseguiu seu discurso perguntando:– Hoje, qual poderia ser a nossa neku-me? Ele mesmo respondeu: – A nossavingança é a vida, é termos sobrevivi-do. É viver uma vida humana digna eassumir a responsabilidade de educaras próximas gerações. E de seguir omandamento judaico de amar ao próxi-mo como a ti mesmo.

Faço o presente relato para transmi-tir aos leitores que aquilo que se vê noscampos de concentração e extermínio édevastador. Como disse uma pessoa alipresente: “A mente não consegue assi-milar tamanha barbárie. Como pôde umhomem infligir tamanha atrocidade aoutro, e o mundo se calar?”. Finalizan-do, manifesto uma cruel dúvida pesso-al: será que a Humanidade aprendeu alição? As barbaridades que foram co-metidas em passado recente, e aquelasque se perpetram ainda em nossos dias,em todos os quadrantes do mundo, in-clusive em nossa pátria, estão a indicarque, muito lamentavelmente, ainda não.Temos muito que evoluir

Mensagem34

e Liberdadeuando se pensa nas relaçõesdo homem com o meio emque vive, de imediato vem à

mente a dicotomia entre fazer o que bemse pensa ou ficar condicionado pelasregras que ordenam a vida sócio-cultu-ral. À primeira vista, estas duas alternati-vas parecem ser excludentes: ou se é li-vre ou se é escravo do meio. Contudo,não parece que esta seja a única maneirade encarar o problema.

Se pensarmos a liberdade como for-ma de manifestação sem nenhum tipode obstáculo externo, seu pleno exercí-cio implicaria matar Deus, matar os pais,livrar-se dos filhos, dos professores, dosvizinhos, dos chefes, de todos os pa-trões e de qualquer um ou coisa que ou-sasse se interpor entre o querer fazer al-guma coisa e o fazê-lo de fato.

Este sonho de liberdade sem empe-cilhos ou constrangimentos não leva emconsideração a verdadeira realidade do serhumano: ele é um ser físico (submete-sea leis da Física); biológico (precisa comer,dormir etc.); psicológico (tem emoçõesque não pode evitar: medo, alegria etc.) eé, também, um ser social (precisa dosoutros para sobreviver e desenvolver suaspotencialidades). Sendo assim, quandose pensa seriamente sobre a liberdadehumana, deve-se sempre levar em consi-deração que se trata da liberdade huma-na, não da liberdade de anjos.

A busca da liberdade deve começarpela tomada de consciência da condiçãohumana, do papel na sociedade, dosverdadeiros ideais de vida, localizandoos perigos do modismo. O modismo

Severo HryniewiczProfessor de Filosofia daFaculdade João Paulo II

pode ser uma tremenda armadilha con-tra a liberdade, pois acaba por impedir acapacidade de pensar por conta própria.Também é preciso saber detectar os con-troles ideológicos que procuram induziras pessoas a pensar e agir de modo asatisfazer os interesses de grupos políti-cos ou econômicos.

A rejeição aos controles inibidoresda liberdade não implica a eliminação detoda e qualquer forma de controle socialou de autoridade em geral. Imagine-se,por exemplo, o caso de uma greve daPolícia na cidade do Rio de Janeiro. Aagressividade natural do ser humanoassumiria várias formas de violência:multiplicação de assaltos, disseminaçãoda violência física, desrespeito contra apropriedade etc. e, com isso, o caos so-cial se instalaria. Dar-se-iam chances parao retorno àquele estado que ThomasHobbes chamou de “estado natural”, noqual todo tipo de violência seria permiti-do, e o homem tornar-se-ia “lobo dohomem”, entrando numa “guerra de to-dos contra todos”.

Um fato histórico famoso é um bomindicador dessa possibilidade. Durantea Segunda Guerra Mundial, entre 1940 e1944, vigorou, na França, o chamado“Regime de Vichy”. Assim foi chamadoo Governo do Marechal Pétain, que seinstalou depois da rendição da França àAlemanha nazista. Quando o Governo deVichy caiu, sem que as autoridades donovo regime tivessem assumido o po-der, viveu-se um período de verdadeirocaos social, a que alguns historiadoresse referem como “uma temporada no in-

ferno”. Nesse período, praticaram-se cri-mes de toda espécie: morticínios, expur-gos, assaltos e roubos, numa verdadei-ra onda de terror passional.

Há, ainda, um outro caso adequadoà discussão sobre a questão da necessi-dade da autoridade e das regras sociais:em 1968, também na França, alguns jor-nais franceses flagraram o agitador e lí-der estudantil Cohn Bendit enquantoeste, desejoso de viajar, esbravejava con-tra os funcionários grevistas da estradade ferro que, naquele momento, estavamfazendo aquilo que ele sempre pregou,ou seja, estavam contestando o sistema.

Parece óbvio que a autoridade sejanecessária para que a vida em sociedadeseja possível e para que o indivíduo en-contre alguma forma de orientação paraa sua existência. Segundo o escritor ale-mão Goethe: “Um grande homem é umhomem ao pé de quem a gente se sentemaior”. Essa frase pode ser aplicada aoprincípio da autoridade em geral: quan-do esta é exercida de maneira adequada,traz segurança e maior sensação de li-berdade. Mas quando isso não ocorre,seria o caso de lutar pela implantação deuma sociedade sem autoridade algumae sem regras (anomia)?

Para concluir, parece oportuno lem-brar Freud, para quem “é melhor ter ummau pai do que nenhum pai”. Em suma,uma liberdade realizada na flutuação dovazio, sem nenhuma resistência, comoque em estado de agravitação, seria va-zia e vã. “Uma liberdade de ausêncianão passaria de uma ausência de liber-dade.” (G. Gusdorf)

Autoridade

Q

35Mensagem

ANISH KAPOORSem Título, 1999

Bronze, 445,5 x 124,7 x 108,5cm

Fato Real36

Imprevidência:ra costume, durante as viagens da Esqua-drilha da Fumaça, os pilotos se reunirem nolocal do pernoite na véspera de nossa apre-

sentação para conversarmos, trocarmos idéias, pro-curando relaxar antes da demonstração que iríamosrealizar.

Em uma dessas ocasiões, o Portugal Motta, quehavia tirado o curso de pilotagem nos Estados Uni-dos, começou a falar de suas lembranças daqueletempo. Uma das histórias que mais nos impressio-nou foi um acidente ocorrido no campo de treina-mento que eles utilizavam. O campo tinha uma pistacentral de concreto e duas pistas paralelas de grama,uma de cada lado da pista principal e que, devido aogrande número de aeronaves em treinamento, eramutilizadas simultaneamente. Os aviões que pousa-vam na pista da esquerda faziam o tráfego mantendoa pista à sua esquerda, fazendo portanto a curva,para entrada na Final, para a esquerda. Já os aviões

que pousavam na pista da direita, mantinham a pistaà sua direita, entrando na Final com uma curva paradireita. Esse procedimento implicava que os aviões,quando estavam na Perna-Base, estivessem aproa-dos uns com os outros, até fazerem a curva para aentrada na Final.

Cadetes iniciantes, começando a voar, cometemerros normais de quem está aprendendo, erros es-ses que deveriam ser previstos pelos responsáveis.

Aconteceu então o que não deveria acontecer: umdos aviões “espirrou” na curva de tomada da Finalpara pouso na pista da esquerda e colidiu com umoutro avião que estava fazendo a tomada para a Finalda pista da direita. Resultado: morte dos dois pilotos.

Quando o Portugal estava contando essa histó-ria, um dos nossos lembrou o acidente ocorrido em1953, com o Cadete Paredes, dizendo que nós tam-bém não ficávamos atrás. O Paredes era um cadeteequatoriano que estava, à época, no Brasil, fazendoconosco o curso de pilotagem. Naquele tempo, osaviões entravam no tráfego para pouso no Campodos Afonsos mantendo 820 pés de altura.

O incrível é que a entrada no tráfego era feitasobrevoando-se o Campo de Provas de Gericinó,local onde o Exército fazia exercícios de tiro real uti-lizando canhões 105 e morteiros.

EMaj.-Brig.-do-Ar Ref.Othon Chouin Monteiro

Imaginem o quanto de coordenação era neces-sário para que tudo desse certo. O Exército deveriaser avisado dos horários de nossos vôos, dos dias ehoras em que estaríamos voando; uma coordenaçãocomplexa de duas cadeias de comando, a da Aero-náutica e a do Exército.

37Fato Real

AcidenteAcidenteVárias comunicações em diferentes níveis, com

grande possibilidade de ruído. O resultado não po-deria ser outro. O Cadete Paredes, ao entrar no tráfe-go, foi atingido por um morteiro em cheio no seuavião. O projétil atingiu o avião quase no cofre quefica atrás do piloto. Quem conhece o PT-19 deve lem-brar-se que esse cofre fica a pouco mais de um me-tro do assento do piloto. O avião par tiu-se ao meio, a250m do solo.

O Paredes, piloto novo, ainda assim conseguiuse desamarrar, saltar e abrir o seu pára-quedas,descendo com segurança. Apesar da peque-na distância que existia do assento doParedes ao local em que o mor-teiro explodiu, ele só teve pe-quenos ferimentos nas costase um outro, maior, em sua ná-dega, conseqüência de um es-tilhaço. O seu pára-quedas fi-cou bastante danificado, comvários furos, mas funcionouperfeitamente.

O Paredes demonstroumuita habilidade na emer-gência e teve uma sor te fan-tástica de não ser mor to pelaexplosão.

O Campo de Provas deGericinó ainda foi usado poralguns anos e, ao que me conste,não houve outro acidente envolven-do aeronaves. O Campo só foi desativadoquando o seu paiol explodiu, quase arrasandoo bairro de Deodoro, que ficava próximo.

Na ocasião de nossa conversa surgiu a dúvida:qual era a situação mais difícil de entendermos: oesdrúxulo uso de um tráfego no qual os aviões che-gavam a voar em rumos opostos quando estavamna Perna-Base, ou o sobrevôo rotineiro de uma áreaem que se realizavam exercícios de tiro real?

Lembro-me de que ficamos na dúvida, semchegarmos a um acordo

Em 1955, o entãoCadete Jaeckel

colaborava com seusdesenhos na

revista Esquadrilha daEscola de Aeronáutica.Com sua sensibilidade

e apurada técnica,ele retratou comfelicidade esse

incrível acidente

In Memoriam38

Meu

P

Cad.-Av. 4670

ara começar, diria que não sou “católico”, em-bora minha mãe me tenha batizado e eu tenha

me casado na Igreja Católica, além de todos os meusfilhos serem católicos. Por outro lado, também nãosou “espírita”, embora acredite que o “Espírito” existeatravés das lembranças, da admiração e da saudadedas pessoas que amamos ou admiramos.

Isto posto vou tentar mandar uma mensagem parao “MEU AMIGO Joel”, seus familiares, amigos e aque-les que o conheceram.

Antes de tudo, diria que o Joel sempre se caracte-rizou pelo seu senso de humor. Em meu convívio comele (meu companheiro de quarto durante cinco anos,em Santa Cruz, como piloto de Caça), presenciei al-gumas tiradas humorísticas que, sem dúvida, marca-ram sempre seu senso de oportunismo com humor.

Apenas para citar algumas, enumerei quatro a queassisti pessoalmente:

1. Ao nos apresentarmos em Santa. Cruz, no dia16 de fevereiro de 1950, éramos 15 aspirantes re-cém-classificados para sermos selecionados comopilotos de caça.

Fomos recebidos pelo Cel.-Av. Lafayette (Heróido 1° Grupo de Caça) e entramos em forma, um aolado do outro para a apresentação pessoal pelo nome.Éramos 15, (a saber): 1 - Araújo; 2 - Miranda da Cos-ta; 3 - Dantas; 4 - Dário; 5 - Joel Miranda; 6 - Piva;7 - Picolli; 8 - Treptow; 9 - Oto; 10 - Varejão; 11 - Roy;12 - Gonzaga; 13 - Hartz; 14 - Mello; 15 - Tancredo.

Em breves palavras, o Cel. Lafayette deu boas-vindas aos novos aspirantes e nos felicitou por sa-ber que aquela era a primeira turma voluntária paraservir na Caça.

Em seguida, cumprimentando cada um, pergun-tava o nome e se realmente era voluntário. Quandochegou a vez do Piva, após sua apresentação, infor-mou que não havia sido selecionado para a Caça,mas que queria ser caçador. Mais adiante, ao cum-primentar Varejão, este informou que não era volun-tário, mas estava pronto para o serviço. Finalmente,chegou a vez do Joel, que falou seu nome completo:

– Aspirante Joel de Miranda!Imediatamente, o Cel. Lafayette, vibrando, per-

guntou:– És filho do Cel. Joel Miranda, do Grupo de Caça?Joel simplesmente respondeu:– Não.Voltando a perguntar se era parente do Cel Joel

Miranda, ainda apertando a sua mão, mais uma vezo Joel respondeu que não. Insistindo, o Cel. Lafayetteperguntou:

– Você não é nada do Cel. Joel Miranda?Ao que o Joel respondeu:– Sou.E, ainda apertando sua mão, o Cel. perguntou:– O quê?A resposta veio imediata:– Xará.2. Outra passagem do meu amigo Joel foi uma

noite no Cassino dos Oficiais em que o Ten. Napo-leão Meirelles dirigiu-se aos novos aspirantes paraentabular um papo, quando o Joel perguntou:

– Você não costuma prender ninguém, não éverdade?

Ao que o Meirelles respondeu:– Não, por quê?Completando, Joel respondeu:– Você é Napoleão, mas não é BOM NA PARTE.

Foto

Cm

t. Gl

aube

r Jún

ior

Hangar do Zepellinna Base Aérea deSanta Cruz

Joel

39In Memoriam

de MirandaAmigo Joaquim Dário d’Oliveira

Cel.-Av.

Cel.-Av.

3. No dia em que o Joel era Oficial de Operações,o Comandante da Base (que, diga-se de passagem,era muito gordo) mandou chamá-lo, pedindo queeste providenciasse a preparação do Fairchild AsaAlta, para ele ir para o Rio de Janeiro. O Joel respon-deu que o avião estava em pane. Imediatamente, oComandante disse para ele preparar um Asa Baixa,ao que o Joel respondeu:

– E o senhor cabe?4. Outra história do Joel foi quando o Melinho

achou um pente com os dentes quebrados e, porbrincadeira, quebrou os restantes, ficando apenas oprimeiro e o último. Em seguida, como o Coman-dante da Base era o Cel. Pamplona (herói do 1° GpCa),que era calvo e concorria ao vôo do nosso Esqua-drão, colocou no lugar da chapinha do número doavião, o referido pente sem dentes. Na hora da cha-mada dos pilotos na Sala do Briefing, entra na Sala,

inesperadamente o Comandante da Base que, vendoa brincadeira no quadro, imediatamente falou:

– Cadê o Joel?Este, levantando-se em posição de sentido, res-

pondeu:– Comandante, desta vez não fui eu.Para finalizar, quero lembrar para aqueles que não

conheceram o Joel, que embora ele se caracterizassepelo espírito alegre, sempre foi um excelente oficial,com várias passagens importantes na FAB, tendo-sedestacado como o “confirem” do avião Búfalo noCanadá, considerado um dos melhores recebimen-tos na compra de aviões para a FAB, caracterizando ofato de os aviões estarem voando até hoje.

Outro fato marcante em sua vida foi o casamentofeliz com a Emília, gerando seus filhos, Luiz Henri-que e Heloisa; a nora Beatriz e os netos Lucas e João,além de todos que formaram sua família

Da esquerda paraa direita: Dantas;Varejão; Mello;Piva; agachado:Dário; e,finalmente, Joel.Ao fundo nossabarraca, com umdistintivo boladopelo Joel e pintadopelo Dantas como título “Barracadas Hienas”. Istoporque se diziaque a hiena comeas próprias fezes;só tem relaçõesuma vez no anoe vive rindo.

Medicina e Saúde40

ConsideraçõesIniciais

O mau hálito, conhecido tecnicamente comohalitose, ocorre quando temos o ar eliminado pelonariz e/ou boca com um odor desagradável. Trata-se de um problema que causa constrangimento, po-dendo chegar a desajuste psicossocial. Sua ocor-rência é bastante freqüente.

CausasDentre as condições que podem levar à halito-

se, temos:– Problemas Odontológicos e de Estomato-

logia: alterações patológicas de dentes, gengivas,mucosa bucal ou língua;

– Problemas na área de Otorrinolaringologia(ORL): alterações patológicas de amídalas, adenói-des, faringe, laringe, nariz, seios acessórios às fos-sas nasais e ouvidos;

– Problemas na área de Pneumologia e Ci-rurgia Torácica: algumas patologias crônicas da ár-vore traqueobrônquica;

– Problemas na área de Gastroenterologia:certas doenças crônicas de esôfago e estômago;

– Fumo (tabagismo): o fumo contribui por si

Maj.-Brig.-Méd.Dr. Ricardo Luizde G. Germano

Mau HálitoMau Hálito

Uma abordagem objetivaUma abordagem objetiva

41Medicina e Saúde

para a halitose. Por outro lado, é fator predisponentepara patologias de boca, faringe, laringe, árvore tra-queobrônquica, parênquima pulmonar, fossas na-sais, seios acessórios, esôfago e estômago;

– Etilismo (alcoolismo): é outro contribuinte porsi para a halitose. Também é fator predisponente parapatologias de boca, faringe, esôfago, estômago efígado;

– Insuficiência renal grave: a insuficiência renalnos estágios IV e V (grave e final) vem acompanhadado “hálito urêmico” (cheiro de urina desdobrada);

– Insuficiência hepática grave: a insuficiência

hepática grave quer aguda ou crônica costuma seracompanhada do “fetur hepaticus”;

– Medicamentos: alguns medicamentos podemter como efeito colateral a alteração do hálito;

– Alimentos: certos alimentos (cebola, por exemplo)alteram o hálito de modo significante. Porém, essas al-terações são de pequena duração, após cessar a causa.

Abordagem Diagnóstica,Tratamento e Prevenção

– Diagnóstico: ao tomar ciência de ser portadorde halitose, o paciente deverá, de preferência, procu-rar um clínico geral que fará uma triagem, para ter odiagnóstico correto da causa, considerando cada umadelas, citadas no item anterior. Muitas vezes, mais deuma causa estão presentes (exemplo: tabagismo as-sociado a problema periodôntico). Embora um gene-ralista seja a melhor opção na avaliação inicial, emdeterminados casos, a presença de sinais marcantesorienta o portador da halitose a procurar diretamenteum especialista. Exemplos:

1) a presença de sangramento gengival e sensi-bilidade exacerbada associados a halitose, orienta aprocura da odontologia;

2) a presença de secreção descendo pela paredeposterior da faringe (garganta) acompanhada de maugosto e halitose, aponta para a otorrinolaringologia.

– Tratamento: achadas a causa única ou as cau-sas que levam à halitose, após a triagem devidamenterealizada, o paciente é encaminhado ao especialistaenvolvido com a mesma. Medidas terapêuticas espe-cíficas dessas especialidades serão tomadas e a sus-pensão do tabagismo, do etilismo, de medicações ede alimentos relacionados com a perturbação do háli-to deverá ser considerada.

– Prevenção: entre as medidas preventivas, é im-portante o “check-up” periódico de saúde, incluindo aavaliação odontológica e otorrinolaringológica. É im-portante, também, a higienização bucal correta, comuso de fio dental e escovação dos dentes do ângulo dagengiva com os dentes e da língua. Nos portadores depróteses removíveis, as mesmas devem ser retiradaspara uma higienização correta. Naqueles portadores depróteses fixas ou aparelhos ortodônticos fixos as es-covas interdentais deverão ser usadas para uma boahigienização. O antitabagismo (antifumo) e a modera-ção na bebida alcoólica devem ser recomendados.

Considerações FinaisEspero que nosso leitor tenha entendido e fixado

os conceitos e orientações aqui decorridos, no sentidode usá-los na obtenção de melhor nível de saúde

ARNULF RAINER,Self-Burial orChrist-Pain,Christ-Joy,

248 x 141cm

Recordação42

Um Conto

43Recordação

Ten.-Brig.-do-ArSergio Pedro Bambini

Natal de 1982 estava fadado a ser umNatal diferente.

Poucos dias antes, no dia 20, eu fora chama-do ao Hospital de Canoas (HACO), pelo Ten.-Cel.-Méd. LORENZINI. Ele estava preocupado com meusinal de nascença, um “nevus azul”, em forma detriângulo invertido, localizado na região frontal demeu rosto. Devido a um caso havido no hospital,decidiu operar-me imediatamente para a remo-ção do tal sinal, um melanoma em potencial. As-sim, no dia 24 de dezembro, véspera de Natal,estava em casa, na Base Aérea de Florianópolis(BAFL), onde era o Comandante do Grupo de Ser-viços de Base, com a cabeça toda enfaixada.

O dia aproximava-se de seu final quando co-meçaram a aparecer notícias de que, em Itajaí,numa festa de casamento, muitas pessoas havi-am sido intoxicadas por maionese contaminada.Havia sondagens sobre a possibilidade de cessãode uma aeronave para o atendimento dos casosmais críticos se estes se agravassem. Orienta-mos para procurarem o SALVAERO, órgão encar-regado de coordenar tais ações. A aeronave ad-ministrativa da BAFL era um Sêneca II, e as opera-cionais do 2º/7º GAv eram os P-95. Todas inade-quadas para missões de evacuação aeromédica.

À tardinha, fui à missa com toda a minhafamília. Padre Genésio, Capelão da Base, agra-deceu a Deus pelas bênçãos alcançadas duranteo ano. Fora um ano bom. Com a ativação do 2º/7º GAv – Esquadrão Phoenix – a Base recobrarasua razão de existir. Renascera.

Ao chegar em casa, após a missa, o Coman-dante da Base Aérea, Cel.-Av. MARIO LOTT GUI-MARÃES, encarregou-me de coordenar a missãode apoio aos doentes de Itajaí. Havia pessoasmuito mal e necessitavam ser evacuadas, imedi-atamente, para São Paulo. O Cel. LOTT assumiua responsabilidade e determinou o cumprimentoda missão com um dos P-95 do Esquadrão, mes-mo sem a autorização do Comando Operacional.

Pela própria natureza da missão do 2º/7º GAv– Patrulha – não havia tripulações de sobreavisopara atendimento SAR. Acionei o Esquadrão para

preparar uma aeronave e fui atrás de pilotos.Eram quase nove horas da noite. Da noite deNatal. As famílias, em sua maioria, estavam reu-nidas em festa.

Liguei para a residência do Maj.-Av. NARI-NHO ORTIGA, ex-integrante do 2º/10º GAv – Es-quadrão SAR – e perguntei-lhe como estava oseu “espírito SAR”. Disse-me estar disponível,embora já estivesse comemorando o Natal.

Não encontrei outro piloto e escalei-me. Noentorno das vinte e duas horas, decolamos paraNavegantes. Tripulávamos o P-95 7061, o Maj. OR-TIGA, eu e o 3S QAV PAULO HENRIQUE BODNAR.

Após vinte minutos de vôo, pousamos em Na-vegantes, onde já nos aguardavam os pacien-tes, um médico e muitos familiares.

Rapidamente, embarcamos as vítimas, queforam acomodadas no piso da aeronave, pelatotal impossibilidade de colocarmos macas en-tre os equipamentos. O médico que embarcouera o Dr. MAURO MACHADO. Decolamos para SãoPaulo. Pilotei nessa etapa.

No entorno das duas horas da manhã do dia25 de dezembro, pousamos no Aeroporto de Con-gonhas, em São Paulo. O SALVAERO fizera suaparte e havia duas ambulâncias, médicos e en-fermeiros nos aguardando. Sem perda de tem-po, os enfermos foram transferidos para as am-bulâncias e levados para o Hospital das Clínicas.

Reabastecemos a aeronave e decolamos paraFlorianópolis. O Maj. ORTIGA pilotou na etapa deregresso.

Ao amanhecer, pousamos em Florianópoliscansados, porém com a maravilhosa sensaçãode haver realizado nossa parte na tentativa desalvar duas vidas.

Rimos muito, após o pouso, lembrando a ex-pressão de espanto do médico que entrou na ae-ronave, em São Paulo, para receber os doentes,e se deparou com a figura do piloto, em sua po-sição de comando, com a cabeça toda enfaixa-da, fato que eu esquecera completamente no afãde cumprir a missão.

Foi uma bela noite de Natal

Ode Natal

Poema do Comportamento44

abraço dos seres nem sempre é sincero ounatural. O enlaçar dos galhos das árvores,os toques das ramas ao ar, são sempre oembalo verdadeiro da natureza.

O beijo humano é social ou provocado pelo de-sejo, tentando chegar ao amor. O beija-flor é a fonteda ternura que empresta às cores das flores, o conta-to mais puro.

As mãos entrelaçadas, muitas vezes, não levam àsinceridade. Há de permeio, situações convenientes.A verdejança que cobre as montanhas esconde osgalhos envolvidos nas retorcidas ânsias de acalentara evolução da natureza.

O sorriso das pessoas oculta fingimentos, quan-do se faz necessário usar atitudes hipócritas nas di-versas constatações que percebemos na parte egoístada sociedade.

As floradas multicores são a primorosa respostaà alegria verdadeira do projeto criador.

O sonhar dos românticos termina de encontro coma realidade. As flores vivem o ciclo que lhes cabe,quando a rosa encanta e se sublima no brotar de umnovo botão. Ela exala de si um pouco do eterno, noperfume e na renovação. A rosa é sempre ela mesma.

Os seres quase nunca são verídicos, porqueaprenderam a simular e a dissimular. O homem matae disso fez esporte. Os animais buscam, apenas, so-breviver.

O devaneio pertence aos poetas. A brisa brindatoda a Humanidade no simbolismo da refrescantepaz. Ver flores brotarem nos jardins é poesia em fu-são de cores.

Em todos os feitos da criação, há contrastes abis-sais. A enxurrada, responde revoltada, ao desmata-mento que a mão do ambicioso fez injuriar a terra.

As águas límpidas do bom riacho suplicam aoshumanos que lhes poupem a vida. As fábricas malutilizadas poluem criminosamente essa pureza.

O cérebro humano arquiteta e cria, mas nemsempre com harmonia. Os povoados, as cidadesgrandes sentiram necessidade de criar jardins entre

o cimento. Os matagais viraram, então, belas praçasajardinadas. Um coreto bem no meio era o palco dasbandas, onde a música se unia ao aroma das flores,no lazer das pessoas.

Os jardins das casas eram exuberantes e tratadoscom carinho. Eles representavam a condição social,maior ou menor, dos habitantes das moradias simplese os das mansões. O tempo ia descobrindo novasformas de morar, surgindo, então, os apartamentos, ea isso chamaram de progresso.

No agora desses tempos, o que nos resta é o pro-testo ecológico. Unem-se as pessoas de boa-vontadepara lutar pela conservação dos jardins nas praças.

A palavra jardim tornou-se o simbolismo da es-perança, da felicidade. Os augúrios se traduzem naexpressão “que a tua vida seja um jardim de cores”,ou no bíblico “jardim do Éden” e em outras utilidadesdo poder do vocábulo jardim.

A esperança nos sorri quando os grupos de cons-cientização ecológica se unem nos jardins para feste-jar a primavera. Ali cabe estarem presentes os poetas,os simples, os de agudeza intelectual, para bradar aostempos modernos a função da natureza.

Percorrer os jardins cantando ou poetando, é amensagem que pede proliferação dos recantos, ondeo verde e o aroma possam acomodar-se entre os se-res. Torna-se urgente que as comunidades cooperemem sua organização e lembrem aos políticos a utilida-de dos jardins nas cidades.

O oxigênio reclama e promete, onde houver verdeentre as árvores e os arbustos, ele encherá de vida oshabitantes do Planeta.

Os jardins serão, então, o palco dos sentimentos,a amostra viva da confraternização.

A renovação que almejamos para as novas gera-ções encontrará o nosso abraço, o acenar de nossalembrança em cada rama, galho ou flores embaladasao ar. Ele, o oxigênio que renova as vidas, estarámais puro.

Saudemos os jardins, que nos proporcionam asbraçadas de flores que nos enfeitam o regaço

O

O Regaçodas FloresO Regaçodas FloresJardimJardim

Anna GuasqueEscritora

45Poema do Comportamento

COOSJE VAN BRUGGEN eCLAES OLDENBURGBalancing Tools, 1984

Nomnmomn46

A história da Turma Agora Vai tem iní-cio em 8 de março de 1962, quando 128jovens, oriundos de todas as partes do paíse movidos por muitos sonhos e muita es-perança, desembarcaram na Escola Pre-paratória de Cadetes do Ar (EPCAR).

Àquele “punhado de amigos” junta-ram-se outros em 1964 e 1965, na própriaEPCAR e nos Afonsos, respectivamente.Os desafios ganharam corpo, principal-mente os concernentes ao vôo e à épocaem que começaria – ora falava-se em 1964,ora 1965, ora...; daí o nome da turma, cir-cunstancial por excelência: Agora Vai.

E foi, e foi em 1967, e foi difícil!Em 30 de julho daquele ano, domingo

ensolarado, Base Aérea do Galeão, uma par-te da turma – isso mesmo, uma parte, jáque a Agora Vai foi dividida em duas parafins de instrução primária - decolava paraPirassununga a bordo do C-130 2450, aero-nave incorporada à FAB havia pouco tempo.

A chegada em Pira foi marcante. O ce-nário que se descortinava era animador: trêspistas (uma pavimentada, uma de terra euma de grama, todas 01 - 19), muitas aero-naves no pátio, instalações rústicas, masconfortáveis. Enfim, uma Unidade Aérea.

O vôo teve início em 2 de agosto, e oequipamento era o Fokker T-21, “aeronavede trem não-escamoteável, passo fixo, mo-tor de 125 hp”. Como era problemático li-dar com o T-21 no pouso e na decolagem! A

bequilha ficava na cauda, e até os “ases”,não raro, se apuravam.

No final de setembro, o revezamento: aturma que ficara nos Afonsos veio para Pira abordo de um C-82 e de um C-47, e os daquipara lá retornaram. Houve, a partir de então eaté o primeiro quadrimestre de 68, muitasdefecções, o que explica o fato de a Agora Vaiter formado praticamente o mesmo númerode Oficiais Aviadores e de Intendência.

O vôo, na fase avançada, foi feito emPira, no NA T-6 de saudosíssima memória.Os cadetes intendentes permaneceram nosAfonsos, cursando subespecialidades re-cém-criadas: Estatística, Suprimento eSubsistência. Três turmas, cada uma com25 cadetes em média.

Em 31 de maio de 68, os aviadoresforam declarados Aspirantes-a-Oficial enessa condição, durante o mês de junho,cumpriram a última fase do curso na BaseAérea de Santa Cruz, onde fizeram adapta-ção noturna e vôo de formatura. Em 22 denovembro, ocorreu a declaração dos inten-dentes, dando prosseguimento à saga daAgora Vai, que perdura até os dias atuais.

A turma teve, em quarenta e cinco anosde história, oficiais que ajudaram a elevar onome do Brasil e da FAB. Houve, também,companheiros que, por várias razões, parti-ram para as atividades civis e que igual-mente participaram do desenvolvimento donosso país. São motivo de orgulho.

A Agora Vai contribuiu para o engran-decimento da Força, e alguns de seus

“O destino faz os parentes; aescolha, os amigos.” Delile

membros tiveram a ventura de servir nes-ta Academia e lidar diretamente com oscadetes. Destes, nominaremos três que,com certeza, verão nesta distinção uma ho-menagem à turma, considerados tambémos que não prosseguiram na carreira, porrazões diversas, ou que já se foram e estãoa compor “uma esquadrilha, um punhadode amigos” em outras hostes, por propósi-to de Deus. Assim, entre os oficiais queaqui serviram, a Agora Vai é representadapelo Brigadeiro-do-Ar Porto, pelo Major-Bri-gadeiro-do-Ar Sanchez e pelo Tenente-Bri-gadeiro-do-Ar Britto.

Além do Ten.-Brig. Britto, atual Coman-dante do COMGAP, a Agora Vai tem/teve,como membros do Alto Comando, o Ten.-Brig. Dieguez, atual Secretário de Econo-mia e Finanças da Aeronáutica, e o Ten.-Brig. Velloso, um dos expoentes da área dePesquisas e Desenvolvimento, promovidoaos arcanos em meados deste ano.

Como nada acontece por acaso ou emvão, os nossos quatro-estrelas represen-tam os segmentos que convergiram para aAgora Vai definitiva: Britto, aluno 62-61; Di-eguez, aluno 63-11, que ingressou na tur-ma em 64, através de concurso, e Velloso,cadete 65-142.

A história da turma é longa, e o seulegado é rico. A Agora Vai orgulha-se deabrigar em seu seio, desde 1962, parentes- irmãos forjados pela vida – e amigos –nascidos a partir dos desígnios do coração.

Pira, 17 de novembro de 2006

Walter Miglorância FilhoCel.-Int. Turma Agora Vai

47Humor

Tenente Ivo era Especialista em Avião. Foi umbom oficial, tinha um jeito calmo e nunca se afo-

bava. Era um crioulo autêntico.Um dia, ele foi escalado para uma missão em Ma-

naus e ficou alojado no Centro de Instrução de Guerrana Selva (CIGS).

A mascote do Centro era uma onça pintada chamadaCIGS. Era mansa e vivia solta na Unidade. Quem nãoestava acostumado com ela ficava receoso de sua apro-ximação. O Ivo era um deles.

Nesse dia, o Ivo foi tomar banho no banheiro coleti-vo e, quando estava todo ensaboado, levou um tremen-do susto. Alguém tinha lambido seu traseiro.

Ficou indignado com aquele ato inusitado e sua in-dignação virou pavor quando viu a onça na sua frente.Daí, ela miou e foi-se embora.

Tinha sido ela a autora da façanha. Depois disso,o Ivo entrou para o livro dos recordes: FOI O PRIMEI-RO OFICIAL DA FAB A GANHAR UMA LAMBIDA DEONÇA

Jonas Alves CorrêaCel.-Av.

OO

Lambida deLambida deOnçaOnça

Ilust

raçã

o de

Ivo

Bata

lha

- Cel

.-Av.

Charge48

Ilust

raçã

o de

Ivo

Bata

lha

- Cel

.-Av.