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COORDENAÇÃO Rogério Sanches Cunha Leandro Bortoleto 2018 REVISÃO FINAL JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO − SP E MS Com base no Edital n º 1 , de 06.04.2018 • Revisão ponto a ponto • TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3 a REGIÃO

REVISÃO FINAL JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO − …PIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Motivação ou fundamentação • indicação dos pressupostos de fato e direito Razoabilidade • meios

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Page 1: REVISÃO FINAL JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO − …PIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Motivação ou fundamentação • indicação dos pressupostos de fato e direito Razoabilidade • meios

COORDENAÇÃORogério Sanches Cunha

Leandro Bortoleto

2018

REVISÃO FINALJUIZ FEDERAL

SUBSTITUTO − SP E MSCom base no Edital nº 1 , de 06.04.2018

• Revisão ponto a ponto •

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3a REGIÃO

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS206

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO FUNÇÃO DO ESTADO. PRINCÍPIOS REGEN-TES DO DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAIS E LEGAIS, EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS. A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO. OS QUATRO SETORES E SUAS CARACTERÍSTICAS. A PUBLICIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR (AS ORGANI-ZAÇÕES SOCIAIS E AS OSCIPS)

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO FUNÇÃO DO ESTADO

O Estado exerce o poder de maneira tripartida. Na verdade, não há poderes, mas sim funções, que são atribuídas a órgãos diferentes, os quais são independentes e harmônicos entre si, nos termos do art. 2º da Constituição Federal.

Ao Poder Legislativo cabe a função legislativa. Assim, tem como missão legislar, bem como fiscalizar os demais poderes. Ao Poder Executivo, compete a função executiva ou ad-ministrativa, que é a concretização do determinado na norma produzida pelo Legislativo. E ao Poder Judiciário, é entregue a função jurisdicional, pela qual lhe cabe aplicar o direito ao caso concreto.

Essa separação de funções ou de “poderes” não é, entretanto, rígida, já que existe a preponderância e não a exclusividade em relação a cada uma das três funções. Cada Poder possui uma função preponderante, mas essa função não é exclusiva. Cada Poder possui uma função típica – que é a função para a qual a entidade foi especificamente constituída – e funções atípicas.

Legislar e fiscalizar são as funções típicas do Legislativo, administrar é a função tí-pica do Executivo e julgar é a função típica do Judiciário. Entretanto, a Constituição Fe-deral estabelece hipóteses em que um Poder pode exercer uma função atribuída ao outro, sem violar o princípio da separação dos poderes (art. 2º). Nesse sentido, o Poder Executivo exerce a função legislativa quando o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória (art. 62).

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNO

Governo é a atividade política, é a condução política dos negócios públicos, é a fi-xação de objetivos para o Estado1. É o Governo que estabelece quais os objetivos a serem perseguidos pelo Estado, obviamente, limitado ao estabelecido na Constituição Federal e, em seguida, a Administração Pública concretiza o que fora estabelecido.

A “Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo”2.

O direito administrativo é o “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediata-mente os fins desejados pelo Estado”3.

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65.

2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 64.

3 Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 40.

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Direito Administrativo 207

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração Pública é o conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agen-tes públicos que realizam a atividade administrativa, consistente em serviços públi-cos, fomento, polícia administrativa e intervenção.

Administração Pública em sentido amplo: engloba a atividade política e a atividade administrativa.

Administração Pública em sentido estrito: exclusivamente a função administrativa. Divide-se em:

a) sentido subjetivo, formal ou orgânico: conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos que realizam a atividade administrativa;

b) sentido objetivo, material ou funcional: a atividade administrativa

Há várias formas de desempenho da atividade administrativa4:

FORMAS DE DESEMPENHO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

Concentrada (concentração)• atividade é realizada por um único órgão

• pessoa jurídica sem divisão interna

Desconcentrada (desconcentração)

• atividade é realizada por vários órgãos

• pessoa jurídica com divisão interna

• distribuição interna de competência

Centralizada (centralização)• atividade é realizada diretamente pela pessoa política, por meio de seus

órgãos

Descentralizada (descentralização)

• atividade é realizada por outra pessoa jurídica

• distribuição externa de competência

PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAIS E LE-GAIS, EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS.

O regime jurídico administrativo é o conjunto de princípios que confere prerroga-tivas e impõe sujeições à Administração Pública. É a interação de dois polos opostos. Por isso, o uso das expressões bipolaridade do direito administrativo5 ou binômio6 do direito administrativo.

A Administração Pública só pode exercer a autoridade que possui na busca do inte-resse público e nada mais. Isto é, só pode usar suas prerrogativas em prol do interesse pú-blico e somente para isso, o que significa, também, que nunca é permitido se afastar de tal tarefa. Em razão dessa submissão ao interesse público, surgem as chamadas pedras angulares ou pedras de toque7 do direito administrativo, quais sejam, o princípio da

4 BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 69.

5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.

6 Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito administrativo. 27.  ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 56).

7 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS208

supremacia do interesse público – pelo qual, em caso de conflito, o interesse público deve se sobrepor ao interesse privado – e o princípio da indisponibilidade do interes-se público – em razão dele, a atividade administrativa nunca deve se afastar do interesse público. Desses dois princípios decorrem todos os demais que integram o regime jurídi-co administrativo. São também chamados de supraprincípios ou superprincípios do direito administrativo8.

Os princípios são a “norma das normas”, a “fonte das fontes” e o “penhor da consti-tucionalidade das regras de uma Constituição”9.

Os princípios constitucionais vinculam a atuação administrativa. STF (RE 579.951): a vedação do “nepotismo não depende de Lei formal para coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal”.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Supremacia do interesse público

• prerrogativa

• interesse público prevalece sobre privado

• interesse público primário

Indisponibilidade do interesse público

• sujeição

• interesse público é indisponível

Legalidade• atuação de acordo com a Lei e o direito

• esfera pública: não vigora autonomia da vontade

Impessoalidade

• busca da finalidade pública

• atos imputados à Administração: imputação

• proibição de promoção pessoal

Moralidade • honestidade, boa-fé, lealdade, padrões morais e éticos

Publicidade • transparência; publicação dos atos administrativos

Eficiência • rendimento; atuação eficiente; organização eficiente

Continuidade do serviço público

• serviço público não pode parar

Autotutela • administração anula e revoga seus próprios atos

Tutela ou controle • administração direta controla finalidade da administração indireta

Especialidade • criação de pessoa específica para atuação específica

Presunção de legitimidade

• regra: ato administrativo é legal

• produz efeitos até ser extinto

Controle judicial dos atos administrativos

• sistema de jurisdição única

Segurança jurídica

• aspecto objetivo: princípio da segurança jurídica. Tentativa de preservação do ato. Nova interpretação não retroage

• aspecto subjetivo: princípio da proteção à confiança. Expectativa do adminis-trado de que Administração respeitará os atos por ela praticados.

8 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 71.

9 BONAVIDES. Paulo. Curso de direito constitucional. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 294.

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Direito Administrativo 209

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Motivação ou fundamentação

• indicação dos pressupostos de fato e direito

Razoabilidade• meios devem ser adequados aos fins do ato

• utilidade, necessidade, proporcionalidade

Hierarquia • coordenação, organização, delegação, avocação

A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO. OS QUATRO SETORES E SUAS CARACTERÍS-TICAS.

Na década de 90, o Estado brasileiro passou por uma importante reforma adminis-trativa, migrando de um estado burocrático para um estado gerencial. Sem dúvida, a EC 19/1998 implementou grande parte das mudanças ocorridas no período e, entre outras, promoveu várias alterações no art. 37 da Constituição Federal, como, por exemplo, a inclu-são, de forma expressa, do princípio da eficiência dentre os princípios explícitos da Admi-nistração Pública, a fixação do subsídio de Ministro do STF como teto remuneratório para os agentes públicos, a previsão dos órgãos e entes públicos serem signatários de contratos para ampliação de sua autonomia (contratos de gestão);

Aliás, o contrato de gestão não é usado somente para essa finalidade, pois passou a ser utilizado, também, na celebração de parcerias entre entidades do terceiro setor e o poder público, desaguando na qualificação daquelas como organizações sociais.

O Plano Diretor da mencionada reforma é um documento bastante relevante e nele é encontrada a seguinte síntese sobre os setores do Estado:

“No Aparelho do Estado é possível distinguir quatro setores:

NÚCLEO ESTRATÉGICO. Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É portanto o setor onde as decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Pú-blico e, no poder executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.

ATIVIDADES EXCLUSIVAS. É o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscaliza-ção dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de emissão de passaportes, etc.

SERVIÇOS NÃO EXCLUSIVOS. Corresponde ao setor onde o Estado atua simultanea-mente com outras organizações públicas não-estatais e privadas. As instituições des-se setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educação e da saú-de, ou porque possuem “economias externas” relevantes, na medida que produzem ganhos que não podem ser apropriados por esses serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS210

PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O MERCADO. Corresponde à área de atuação das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor de in-fraestrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não é possível, tornando-se necessário no caso de privatização, a regulamentação rígida”.10

A PUBLICIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR (AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E AS OSCIPS)

Marco regulatório do Terceiro Setor: Lei 13.019/14. Disposições da nova Lei não se apli-cam às organizações sociais, reguladas pela Lei nº 9.637/98, nos termos do art. 3º, III. Quan-to às organizações da sociedade civil, objeto da Lei nº 9.790/99, as disposições aplicam-se, no que couber.

Parcerias são formalizadas:

a) quando houver transferência de recursos:

– por termo de colaboração (para a realização de atividades de interesse público propostas pela Administração Pública, nos termos do art. 16) e;

– portermo de fomento (para a realização de atividades de interesse público pro-postas pela organização da sociedade civil, conforme o art. 17);

Em ambos os casos: exigência de escolha da entidade do Terceiro Setor por meio de um processo seletivo denominado Chamamento Público, salvo as exceções previstas em lei;

b) quando não houver transferência de recursos: acordo de cooperação.

Serviços sociais autônomos: são pessoas jurídicas de direito privado, sem fina-lidade de lucro, que atuam na realização de atividade de interesse público, de atividade não exclusiva do Estado. Prestam assistência, ensino a determi-nadas categorias profissionais. Não fazem parte da administração indireta, mas, para serem criados, dependem de lei.

Organização social (OS) e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): são entidades civis sem fins lucrativos, integrantes do setor privado, que recebem a qualificação do Poder Público. Oscip: deve estar em funcionamento regular há, no mínimo, 3 anos.

Não podem ser qualificadas como Oscip (art. 2º):

a) sociedades comerciais;

b) sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional;

c) instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;

d) organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

10 Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Disponível em: [http://www.bresserpereira.org.br/docu-ments/mare/planodiretor/planodiretor.pdf].

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Direito Administrativo 211

e) entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um cír-culo restrito de associados ou sócios;

f) entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

h) escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

i) organizações sociais;

j) cooperativas;

k) fundações públicas;

l) fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão pú-blico ou por fundações públicas;

m) organizações creditícias que tenham qualquer tipo de vinculação com o sistema fi-nanceiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Diferenças entre OS e Oscip:

a) a OS opera a absorção de determinada atividade que o Estado esteja fazendo e, com frequência, leva à extinção do órgão público que realizava a mesma atividade e, por outro lado, a Oscip representa verdadeira parceria e não há extinção de órgãos;

b) a outorga da qualificação é ato discricionário na OS e ato vinculado na Oscip;

c) o vínculo na OS é contrato de gestão e na Oscip é termo de parceria;

d) na OS, há exigência de que tenha a presença de representantes do poder público no órgão de administração, o que não ocorre com a Oscip;

e) no caso de desqualificação, os bens adquiridos com recursos públicos serão reverti-dos ao Poder Público, no caso da OS e, se for Oscip, será transferida à outra Oscip, de preferência, na mesma área de atuação.

TERCEIRO SETOR

pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, pertencentes ao setor privado, que desenvolvem ativi-dade de interesse público.

Marco regulatório (Lei nº 13.019/14): parcerias firmadas por: a) termo de fomento ou por termo de colaboração, quando envolverem transferência de recursos financeiros; entidades são escolhidas por meio de chamamento público, exceto os casos de dispensa e inexigibilidade; b) acordo de cooperação, quando não envolver transfe-rência de recursos financeiros.

Serviço social autônomo

Entidade de apoio

Organização Social (OS)

Vínculo jurídico com a administração direta: contrato de gestão

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)

Vínculo jurídico com a administração direta: termo de parceria

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS212

2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA (ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO, ESPÉCIES, REGIME).ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES PÚBLICAS, SOCIEDA-DES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS. PRINCIPAIS CARACTERÍSTI-CAS DE CADA UMA E REGIME JURÍDICO. O REGIME DAS SUBSIDIÁRIAS. DIREITO ADMINISTRATIVO ECONÔMICO. AS FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ORDEM ECONÔMICA E A CRIAÇÃO DE SO-CIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

É conjunto de órgãos públicos que compõem as pessoas jurídicas políticas política.

Não deve confundir com o conceito de Administração Pública em sentido amplo. Neste conceito é considerado, além dos órgãos, as pessoas jurídicas da Administração Indireta. Quando se fala em Administração Pública Direta, está tratando sobre a Administração cen-tralizada, sobre a pessoa política e seus órgãos.

ÓRGÃOS PÚBLICOS

Conceito de órgãos públicos: São “centros de competência instituídos para o de-sempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem”11.

Teorias sobre as relações do Estado com os agentes públicos:

a) Teoria do órgão público (adotada no Brasil): O órgão é o elemento de conexão entre o agente público e a pessoa jurídica. A atuação do agente é imputada, é atribuída, à pessoa jurídica. O agente público está lotado no órgão, que, por sua vez, faz parte de uma pessoa jurídica. Assim, quando o agente pratica o ato é a própria pessoa jurídica quem está atuando.

b) Teoria do mandato: agente público recebe mandato do Estado.

c) Teoria da representação: agente público é o representante legal do Estado.

Classificação dos órgãos públicos:

a) Quanto à posição estatal ou hierarquia:

– independentes (representam as funções principais do Estado; não estão subor-dinados a nenhum outro);

– autônomos (estão situados abaixo dos órgãos independentes; possuem au-tonomia administrativa, financeira e técnica.);

– superiores (subordinados aos autônomos e independentes; possuem poder de direção, mas não têm autonomia administrativa nem financeira);

– subalternos (possuem pequeno poder de decisão; atividades de execução).

11 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 68.

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Direito Administrativo 213

b) Quanto à estrutura:

– simples (não se subdividem em outros);

– compostos: (subdividem-se em outros órgãos)

c) Quanto à atuação funcional ou composição:

– singulares ou unipessoais (a atuação do órgão é realizada de acordo com a decisão de um único agente);

– coletivos ou pluripessoais (a atuação do órgão é decidida por vários agentes).

d) Quanto à esfera de atuação:

– centrais (atuam em toda a área territorial da pessoa);

– locais (atuam apenas em parte do território da pessoa que integram)

São características dos órgãos públicos:

a) criação e extinção por lei;

b) resultado da desconcentração;

c) despersonalizados;

d) não possuem patrimônio próprio;

e) não possuem capacidade processual;

f) alguns órgãos podem ser parte em processo para defesa de prerrogativa;

g) podem celebrar contrato de gestão;

h) órgãos gestores de orçamento devem ser inscritos no CNPJ.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Administração indireta: conjunto das pessoas administrativas, com personalidade de direito público ou de direito privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa, vinculadas à administração direta, criadas para o desempenho de determinada atividade administrativa.

Característicascomuns às pessoas da administração indireta:

a) possuem personalidade jurídica;

b) possuem patrimônio próprio;

c) possuem autonomia administrativa;

d) submetem-se a controle da administração direta;

e) dependem de Lei para serem criadas;

f) desempenham atividade administrativa específica

Autarquia: Lei cria; personalidade de direito público; atividade típica do Estado.O De-creto-Lei nº 200/67, no art. 5º, I, define autarquia como o “serviço autônomo, criado por lei,

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS214

com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-nistrativa e financeira descentralizada”.

Possui personalidade de direito público e, assim, submete-se ao regime de direito pú-blico. Dessa forma, realiza concurso para a contratação de pessoal. Seus servidores, em regra, são estatutários, não podem acumular cargo público e submetem-se ao teto re-muneratório. Deve licitar, antes das contratações. Celebra contrato administrativo e seus agentes praticam atos administrativos. Seus bens são impenhoráveis e imprescritíveis, su-jeitando-se ao regime de precatórios. Possui imunidade tributária quanto a impostos sobre o patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados as suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme art. 150, § 2º, da Constituição. Suas dívidas prescrevem em cinco anos. Cobram seus créditos por meio de execução fiscal. Possuem privilégios processuais.

Fundação Pública: Lei cria (personalidade de direito público) e Lei autoriza (personali-dade de direito privado); atividade não exclusiva do Estado (interesse público).

Fundação pública, portanto, é a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, com autonomia administrativa e que tem como substrato o patrimônio – próprio –, que é criada por Lei específica ou cuja criação é por ela autorizada, com área de atuação de interesse público, não exclusiva da Administração Pública, definida em Lei complementar.

Pode ser instituída tanto com personalidade de direito público quanto com personali-dade de direito privado.

Sociedade de economia mista e Empresa Pública: Lei autoriza; personalidade de di-reito privado; prestação de serviço público ou exploração de atividade econômica.

Características comuns às empresas estatais: a) integram a administração indireta; b) possuem personalidade de direito privado; c) possuem patrimônio próprio; d) possuem autonomia administrativa; e) a criação delas é autorizada por Lei específica; f) a atuação delas é a exploração de atividade econômica ou a prestação de serviço público (indepen-dentemente de qual seja a atuação, a sociedade de economia mista e a empresa pública nunca perdem a condição de pessoa jurídica de direito privado).

Lei 13.303/16 (estatuto das estatais) “estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-de de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-ção de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos” (art. 1º, caput).

Exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa pú-blica, de sociedade de economia mista e de suas subsidiárias. Lei precisa indicar de forma clara a presença de relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal.

Depende de autorização legal: criação de empresa pública ou de sociedade de econo-mia mista; criação de suas subsidiárias; participação de qualquer delas em empresa priva-da, cujo objeto social deve estar relacionado ao da investidora

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Direito Administrativo 215

Empresa pública (art. 3º): entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por Lei  e com patrimônio próprio, cujo capital social é integral-mente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Podem participar no capital social outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como as entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios, desde que pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Sociedade de economia mista (art. 4º): entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Fede-ral, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

Subsidiárias: as empresas públicas e sociedades de economia mista podem criar em-presas subsidiárias, que são empresas controladas e geridas pela empresa pública ou so-ciedade de economia mista. São conhecidas como sociedades de segundo grau. Somente é possível a criação de empresa subsidiária de empresa pública ou de sociedade de eco-nomia mista, se houver autorização legal, nos termos do art. 37, XX. No mesmo sentido, a Lei nº 13.303/16 estabelece, no art. 2º, §2º, que depende “de autorização legislativa a criação de subsidiárias de empresa pública e de sociedade de economia mista, assim co-mo a participação de qualquer delas em empresa privada, cujo objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal”. No entanto, essa autorização não precisa ser específica para cada subsidiária, desde que “haja previsão para esse fim, na própria Lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a Lei criadora é a própria medida autorizadora”, conforme de-cidido pelo Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.649, em que se reconheceu que a Petro-bras pode criar suas subsidiárias sem que haja Lei específica, porque na Lei que a criou há autorização para fazê-lo.

Consórcio público: está regulado pela Lei nº 11.107/05. Tratase de uma nova pessoa administrativa que surge da união entre pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Em um primeiro momento, há o protocolo de intenções, que é uma espécie de ajuste preliminar entre as pessoas políticas, no qual há a definição do objeto do consórcio, quais são seus participantes, qual sua duração, qual a forma de eleição do representante legal. Depois, o protocolo de intenções deve ser publicado na imprensa oficial e, na se-quência, ele deve ser ratificado por Lei em cada um dos entes consorciados.

Consórcio público poderá ter personalidade de direito público (associação pública; conhecido como autarquia interfederativa ou autarquia multifederada) ou de direito privado.

Contrato de consórcio: formaliza a constituição do consórcio.

Contrato de rateio: formaliza a entrega de recursos dos entes consorciados para o consórcio.

Contrato de programa: instrumento usado quando um dos consorciados assumir a obrigação de prestar serviço por meio de seus órgãos ou entidades.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS216

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Conjunto das pessoas administrativas, com persona-lidade de direito público ou de direito privado, patri-mônio próprio e autonomia administrativa, vinculadas à administração direta, criadas para o desempenho de determinada atividade administrativa

Conjunto dos órgãos públicos que integram as pes-soas jurídicas políticas

Pessoas jurídicas de direito público

União, Estados, Distrito Federal e Municípios

Autarquia: direito público

Agência reguladora: autarquia em regime especial

Agência Executiva: autarquia que recebeu a qualifica-ção (contrato de gestão)

Fundação Pública: direito público ou direito privado

Agência Executiva: fundação pública que recebeu a qualificação (contrato de gestão)

Empresa Pública: direito privado; prestadora de ser-viço público ou exploradora de atividade econômica

Sociedade de Economia Mista: direito privado; pres-tadora de serviço público ou exploradora de atividade econômica

Consórcio Público: direito público (associação públi-ca) ou direito privado

JURISPRUDÊNCIA

RE 599628: “Sociedades de economia mista que desenvolvem atividade econômica em regime concorrencial não se beneficiam do regime de precatórios, previsto no art. 100 da Constituição da República.”

RE 852302:“As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial submetem-se ao regime de precatório”.

RE 938877: “Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Con-selhos de Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios”.

Súmulas:

STF 556: “É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista”.

STF 517: “As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente”

STJ 525: “A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas persona-lidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos ins-titucionais”.

STJ 324: “Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fun-dação Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército.”

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Direito Administrativo 217

STJ 150: “Compete a justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas”.

DIREITO ADMINISTRATIVO ECONÔMICO. AS FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTA-DO. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ORDEM ECONÔMICA E A CRIAÇÃO DE SO-CIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS.

Intervenção do Estado no domínio econômico é “todo ato ou medida legal que restrin-ge, condiciona ou suprime a iniciativa privada em dada área econômica, em benefício do de-senvolvimento nacional e da justiça social, assegurados os direitos e garantias individuais”12.

FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO13:

ESTADO REGULADOR: estabelece as regras que disciplinam a ordem econômica, regu-la o sistema econômico, criando normas, impondo condições e restrições ao exercício da atividade econômica. É uma forma de intervenção direta no domínio econômico.

Tem fundamento no art. 174 da Constituição Federal: “Como agente normativo e regu-lador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.

a) Repressão ao abuso do poder econômico. Formas de abuso: dominação de mer-cados, eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros.

– Truste: forma de abuso do poder econômico; grande empresa domina o mercado, afasta seus concorrentes ou faz com que sua estratégia econômica seja seguida.

– Cartel: grandes empresas se alinham para eliminar concorrência e aumentar os lucros de forma arbitrária.

– Dumping: em regra, envolve abuso de âmbito internacional. Em razão de me-didas protecionistas existentes em alguns países, empresas recebem subsídios oficiais para conseguir reduzir o preço de seus produtos de forma excessiva, pra-ticamente aniquilando a concorrência das demais empresas.

Lei nº 12.529/11: estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC e dis-põe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica.

O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) é formado pelo Conselho Admi-nistrativo de Defesa Econômica – CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

“Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:

I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre ini-ciativa;

12 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 614.

13 Conforme José dos Santos Carvalho Filho. Manual de direito administrativo. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 927 a 947.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS218

II – dominar mercado relevante de bens ou serviços;

III – aumentar arbitrariamente os lucros; e

IV – exercer de forma abusiva posição dominante.

§ 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior efi-ciência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo.

§ 2º Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empre-sas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia.

§ 3º As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipó-tese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:

I – acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma:

a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;

b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços;

c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos;

d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública;

II – promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou con-certada entre concorrentes;

III – limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;

IV  – criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;

V – impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipa-mentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição;

VI – exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa;

VII – utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros;

VIII – regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou pres-tação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição;

IX – impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representan-tes preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relati-vos a negócios destes com terceiros;

X – discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação di-ferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;

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Direito Administrativo 219

XI – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais;

XII – dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusu-las e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais;

XIII – destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los;

XIV – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia;

XV – vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo;

XVI – reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção;

XVII – cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa com-provada;

XVIII – subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e

XIX – exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelec-tual, tecnologia ou marca”.

b) Controle do abastecimento. Intervenção estatal que tem como objetivo manter produtos e serviços no mercado para atender a demanda. Pode se dar por meio de compra, armazenamento, distribuição e venda de produtos, ou pela fixação de pre-ços, ou, ainda, pela desapropriação por interesse social.

c) Tabelamento de preços. É o congelamento dos preços. Estado determina o preço privado dos produtos.

ESTADO EXECUTOR: atuação do Estado na ordem econômica, exercendo atividade eco-nômica. Faz isso ou por meio dos seus próprios órgãos ou por meio de empresas estatais.

Art. 173 da CF: “Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.

Para tanto, o Estado se vale da criação das empresas estatais.

As empresas públicas, as sociedades de economia mista, e suas subsidiárias dependem de Lei autorizativa para serem criadas, devendo, ainda, o ato de instituição ser registrado no órgão competente. Podem prestar serviço público ou explorar atividade econômica.

Em qualquer caso, possuem personalidade jurídica de direito privado. Todavia, regime de direito privado não é aplicado na íntegra, pois, como integram a Administração Pública, submetem-se, também, a normas de direito público como, por exemplo, a realização de concurso público e de licitação. Por isso, na verdade, o regime a que estão sujeitas é um regime híbrido, misto.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS220

A depender se prestam serviço público ou se exploram atividade econômica, haverá mais ou menos normas de direito público. Quando são exploradoras de atividade econô-mica possuem o regramento muito parecido com as empresas privadas (mas não igual, por ser regime híbrido).

Princípios constitucionais da ordem econômica:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I – soberania nacional;

II – propriedade privada;

III – função social da propriedade;

IV – livre concorrência;

V – defesa do consumidor;

VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII – busca do pleno emprego;

IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econô-mica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos pre-vistos em lei.”

MONOPÓLIO ESTATAL: exploração exclusiva de determinada atividade do domínio econômico pelo Estado, em razão do interesse público. São exercidas sob o regime do monopólio.

“Art. 177. Constituem monopólio da União:

I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das ati-vidades previstas nos incisos anteriores;

IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados bá-sicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V – a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos ra-dioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal”.

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Direito Administrativo 221

3. DIREITO ADMINISTRATIVO REGULADOR. AGÊNCIAS: REGULADORAS E EXE-CUTIVAS. O REGIME JURÍDICO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS: NATUREZA JURÍDICA, CARACTERÍSTICAS, CONTRATO DE GESTÃO, PESSOAL E PODER NOR-MATIVO. A CONCESSÃO DE SERVIÇOS. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS. DIREI-TOS DO CONCEDENTE E DO CONCESSIONÁRIO. EQUILÍBRIO DO CONTRATO. FORMAS DE EXTINÇÃO. AS PERMISSÕES E AUTORIZAÇÕES. AS PARCERIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

Sobre a atividade de regulação em si, ver item 2.

AGÊNCIA REGULADORA

Agência reguladora é uma entidade administrativa da Administração Pública indi-reta, com personalidade de direito público, criada para exercer a regulação, o contro-le administrativo, a fiscalização, a disciplina sobre a prestação de um determinado serviço público ou a realização de alguma atividade econômica.

As agências reguladoras estão sendo criadas como autarquias em regime especial e não são consideradas, pela maioria da doutrina, como espécie autônoma de entidade administrativa. Não deixam de ser autarquias.

Em razão da reforma administrativa iniciada na década de 1990, optou-se pela transfe-rência da regulação, normatização e fiscalização das atividades econômicas e de diversos serviços públicos da administração direta para a indireta. A atividade regulatória desem-penhada pelas agências reguladoras não é novidade, pois sempre foi realizada, especial-mente, pelos órgãos da administração direta. No mesmo sentido, a atividade regulatória feita por entidade da administração indireta, também, não é fato novo. Nessa esteira, Maria Sylvia Zanella Di Pietro lembra artigo de Manoel Gonçalves Filho mencionando autarquias que já faziam atividade de regulação como, por exemplo, o Instituto do Açúcar e Álcool (1933), o Instituto de Defesa Permanente do Café (1923)14.

Possuem grande autonomia em relação à administração direta. Na esfera federal, seus dirigentes são nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do nome pelo Senado, têm mandato fixo e somente perderão o cargo no caso de renúncia, de decisão judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar. Não ocorre a exoneração ad nutum. Com isso, o controle político exercido sobre a agência é bem diminuto porque o Presidente da República, mesmo se estiver descontente com o presidente de determinada agência, não poderá simplesmente exonerá-lo e substituí-lo. Não há hierarquia ou subordinação em relação à administração direta. Está submetida ao controle administrativo de finalidade, de tutela administrativa.

Em relação ao contrato de gestão firmado por agências reguladoras, atualmente existem projetos na tentativa de criar uma Lei regulamentando de maneira geral as agências reguladoras, nos quais há previsão do referido instrumento. Isto porque não há um regra-mento geral específico. Por ora, cada qual tem a disciplina estabelecida na Lei que lhe con-fere existência. Assim, por exemplo, a Lei 9.427/1996 – Lei que institui a ANEEL estabelece

14 Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 467.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS222

que a Administração da ANELL será objeto de contrato de gestão (art. 7º), e que o contrato de gestão será o instrumento de controle da atuação administrativa da autarquia e do seu desempenho (§1º); a Lei 9.782/1999, que institui a ANVISA estabelece que “A exoneração imotivada de diretor da agência somente poderá ser promovida nos quatro meses iniciais do mandato, findos os quais será assegurado seu pleno e integral exercício, salvo nos ca-sos de prática de ato de improbidade administrativa, de condenação penal transitada em julgado e de descumprimento injustificado do contrato de gestão da autarquia (art. 12) e que a Administração da agência será regida por um contrato de gestão, dispondo ainda que o contrato de gestão é o instrumento de avaliação da atuação administrativa da Anvisa (art. 19), devendo especificar as metas e prazos de desempenho administrativa, a previsão orçamentária, obrigações e responsabilidade das partes, dentre outras especificações. Con-cluindo, malgrado a inexistência de uma Lei geral dispondo sobre o assunto, o contrato de gestão celebrado pelas agências reguladoras e os respectivos Ministérios pode estar previs-to nas próprias leis que as instituírem, e tem por finalidade precípua a avaliação das Agên-cias Reguladoras, estabelecendo metas, prazos, obrigações e responsabilidades.

Para serem criadas, como qualquer autarquia, há necessidade de Lei específica.

O regime de seus servidores é o estatutário.

AGÊNCIA EXECUTIVA

Agência executiva não é uma nova pessoa jurídica que surge. Não é uma nova espécie de entidade da administração indireta. É, apenas, um título, um status, uma qualificação atribuída a uma autarquia ou a uma fundação pública.

Essa qualificação está prevista no art. 51 da Lei nº 9.649/98. De acordo com esse dispo-sitivo, são requisitos:

a) plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em anda-mento;

b) celebração de contrato de gestão com o ministério supervisor.

É por ato do Presidente da República que ocorre a qualificação da autarquia ou funda-ção pública como agência executiva.

O contrato de gestão é um ajuste, um acordo, que pode ser celebrado entre a adminis-tração direta e uma entidade da administração indireta – cujo exemplo é o que precede a qualificação de uma autarquia ou fundação pública como agência executiva – e entre a administração direta e entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos, como é aquele celebrado com uma organização social. Apesar de possuírem objetivos diferentes, nos dois casos, o nome é o mesmo, qual seja, contrato de gestão – no primeiro caso, concede maior autonomia aos entes da administração indireta e, no segundo, impõe restrições à autono-mia da instituição privada, em razão dos benefícios que o poder público lhe concederá.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Deve ser feita a leitura dos artigos 21, 23, 25, 30 e 32, § 1º, da Constituição Federal, quan-to à competência para o serviço público.

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Direito Administrativo 223

Critérios: a) critério subjetivo ou orgânico (é serviço público a atividade desempenhada pelo Poder Público); b) critério objetivo ou material (é a atividade destinada a satisfazer as necessidades coletivas); c) critério formal (é a atividade desenvolvida pela Administração Pública sob o regime de direito público).

Conceito de serviço público: é “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou se-cundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”15.

Conceito legal: “atividade administrativa ou de prestação direta ou indireta de bens ou serviços à população, exercida por órgão ou entidade da administração pública”, nos ter-mos do seu art. 2º, II.

Sistematização da classificação e dos princípios do serviço público16:

SERVIÇO PÚBLICO: Classificação e princípios

CLASSIFICAÇÃO

Quanto à essencialidade• serviço público propriamente dito

• serviço de utilidade pública

Quanto à adequação • serviço próprio

• serviço impróprio

Quanto à finalidade• serviço administrativo

• serviço industrial

Quanto aos destinatários• serviço uti universi

• serviço uti singuli

PRINCÍPIOS

Continuidade do serviço público

serviço público não pode parar

Modicidade das tarifas tarifas módicas, razoáveis

Generalidade usuários devem receber o mesmo tratamento

MutabilidadeAdministração pode alterar, unilateralmente, regime de execução do ser-viço público

Princípios expressos na Lei 13.460/17 (art. 4º): “da regularidade, continuidade, efetivida-de, segurança, atualidade, generalidade, transparência e cortesia”.

Concessão de serviço público é o contrato administrativo por meio do qual a Adminis-tração Pública delega a terceiro a “execução de um serviço público, para que o execute em seu próprio nome, por sua conta e risco, assegurando-lhe a remuneração mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração do serviço”17.

15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 350.

16 BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 514.

17 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 302.

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Revisão Final – Juiz Federal Substituto – SP e MS224

Deveres dos usuários (art. 7º, IV, V e VI):

a) levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;

b) comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessio-nária na prestação do serviço;

c) contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos por meio dos quais lhes são prestados os serviços.

Direitos dos usuários (art. 7º, I, II e III e art. 7º- A):

a) receber serviço adequado (é o serviço que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua pres-tação e modicidade das tarifas, conforme art. 6º, § 1º);

b) receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;

c) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.

d) escolher entre, no mínimo, seis datas, dentro do mês de vencimento, para o dia de vencimento de seus débitos.

Licitação para concessão e permissão de serviço público (artigos 14 a 22, Lei  nº 8.987/95): a) possibilidade de o edital prever a inversão das fases de habilitação e julga-mento (art. 18-A); b) critérios usados para julgar a licitação (art. 15):

• menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;

• maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da con-cessão;

• melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;

• melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas. Os critérios podem ser assim combinados:

• menor valor da tarifa e maior oferta pela outorga;

• menor valor da tarifa e melhor oferta pela outorga, após qualificação das propostas técnicas;

• menor valor da tarifa e melhor técnica;

• maior oferta pela outorga e melhor técnica.

Encargos do poder concedente (art. 29):

a) regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestação;

b) aplicar as penalidades regulamentares e contratuais;

c) intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos em lei;

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Direito Administrativo 225

d) extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e na forma prevista no contrato;

e) homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato;

f) cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares do serviço e as cláusulas con-tratuais da concessão;

g) zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e recla-mações dos usuários, que serão cientificados, em até trinta dias, das providências tomadas;

h) declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou obra pú-blica, promovendo as desapropriações, diretamente ou mediante outorga de pode-res à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;

i) declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, os bens necessários à execução de serviço ou obra pública, promo-vendo-a diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;

j) estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio ambiente e conservação;

k) incentivar a competitividade;

l) estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses relativos ao serviço.

Encargos da concessionária são (art. 31):

a) prestar serviço adequado, na forma prevista nesta lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;

b) manter em dia o inventário e o registro dos bens vinculados à concessão;

c) prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários, nos termos definidos no contrato;

d) cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da concessão;

e) permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do serviço, bem como a seus regis-tros contábeis;

f) promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder conce-dente, conforme previsto no edital e no contrato;

g) zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço, bem como segu-rá-los adequadamente;

h) captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à prestação do serviço.