7
REVISÃO - LITERATURA (ENEM) INSTRUÇÃO : O poema abaixo será utilizado para resolver as questões 1 e 2. O apanhador de desperdícios (Manoel de Barros) Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. 1) É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem: (A) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade. (B) rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno. (C) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes. (D) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu-lírico poeta. (E) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital. 2) Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que: (A) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia. (B) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida. (C) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos. (D) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática. (E) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade. 3) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos: “Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.” Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário: (A) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores. (B) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve

REVISÃO PARA O ENEM

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: REVISÃO PARA O ENEM

REVISÃO - LITERATURA (ENEM)

INSTRUÇÃO: O poema abaixo será utilizado para resolver as questões 1 e 2.

O apanhador de desperdícios (Manoel de Barros)

Uso a palavra para compor meus silêncios.Não gosto das palavrasfatigadas de informar.Dou mais respeitoàs que vivem de barriga no chãotipo água pedra sapo.Entendo bem o sotaque das águasDou respeito às coisas desimportantese aos seres desimportantes.Prezo insetos mais que aviões.Prezo a velocidadedas tartarugas mais que a dos mísseis.Tenho em mim um atraso de nascença.Eu fui aparelhadopara gostar de passarinhos.Tenho abundância de ser feliz por isso.Meu quintal é maior do que o mundo.Sou um apanhador de desperdícios:Amo os restoscomo as boas moscas.Queria que a minha voz tivesse um formatode canto.Porque eu não sou da informática:eu sou da invencionática.Só uso a palavra para compor meus silêncios.

1) É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem:(A) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade.(B) rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno.

(C) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes.(D) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu-líricopoeta.(E) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informaçãodigital.

2) Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que:(A) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia.(B) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida.(C) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos.(D) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática.(E) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.

3) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.”Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário:(A) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.(B) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.

(C) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.(D) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.(E) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.

4) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:Oh! eu quero viver, beber perfumesNa flor silvestre, que embalsama os ares;Ver minh'alma adejar pelo infinito,Qual branca vela n'amplidão dos mares.No seio da mulher há tanto aroma...Nos seus beijos de fogo há tanta vida...–– Árabe errante, vou dormir à tardeÀ sombra fresca da palmeira erguida.Mas uma voz responde-me sombria:Terás o sono sob a lájea fria.Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra:A) embalsama.B) infinito.C) amplidão.D) dormir.E) sono.

5) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele

Page 2: REVISÃO PARA O ENEM

feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.)A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:A) “o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas”B) “era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça”C) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno”D) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos”E) “o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação”

6) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.”A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.

7) Leia o poema de Manuel Bandeira:Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e

[manifestações de apreço ao Sr. diretor.Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o[cunho vernáculo de um vocábuloAbaixo os puristas........................................................................................

Quero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo dos clowns de Shakespeare— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:A) critica o lirismo louco do movimento modernista.B) critica todo e qualquer lirismo na literatura.C) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.D) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.E) propõe a criação de um novo lirismo.

8) A questão abaixo refere-se ao poema “A dança e a alma”, de Carlos Drummond de Andrade:A DANÇA? Não é movimento,súbito gesto musical.É concentração, num momento,da humana graça natural.No solo não, no éter pairamos,nele amaríamos ficar.A dança – não vento nos ramos:seiva, força, perene estar.Um estar entre céu e chão,novo domínio conquistado,onde busque nossa paixãolibertar-se por todo lado...Onde a alma possa descreversuas mais divinas parábolassem fugir à forma do ser,por sobre o mistério das fábulas.A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é:

A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência.B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito.C) a manifestação do ser humano, formada por uma seqüência de gestos, passos e movimentos desconcertados.D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc.E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por conseqüência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.

9) Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno denomina-se intertextualidade. Leia: I. Quando nasci, um anjo tortoDesses que vivem na sombraDisse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida (Drummond)II. Quando nasci veio um anjo safadoO chato dum querubimE decretou que eu tava predestinadoA ser errado assimJá de saída a minha estrada entortouMas vou até o fim.(Chico Buarque) III. Quando nasci um anjo esbeltoDesses que tocam trombeta, anunciou:Vai carregar bandeira.Carga muito pesada pra mulherEsta espécie ainda envergonhada.(Adélia Prado)Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por:A) reiteração de imagens.B) oposição de idéias.C) falta de criatividade.D) negação dos versos.

Page 3: REVISÃO PARA O ENEM

E) ausência de recursos.

10) Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:

Jornal do comércio - 22/08/1993.O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:(A) Descansem o meu leito solitárioNa floresta dos homens esquecida,À sombra de uma cruz, e escrevam nela– Foi poeta – sonhou – e amou na vida. (Álvares de Azevedo) (B) Essa cova em que estásCom palmos medida,é a conta menorque tiraste em vida.É de bom tamanho,Nem largo nem fundo,É a parte que te cabedeste latifúndio. (João Cabral de Melo Neto)(C) Medir é a medidamedeA terra, medo do homem, a lavra;lavraduro campo, muito cerco, vária várzea.(Mário Chamie) (D) Vou contar para vocêsum caso que sucedeu

na Paraíba do Nortecom um homem que se chamavaPedro João Boa-Morte,lavrador de Chapadinha:talvez tenha morte boaporque vida ele não tinha. (Ferreira Gullar) (E) Trago-te flores, – restos arrancadosDa terra que nos viu passarE ora mortos nos deixa e separados.(Machado de Assis)

11) Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor:“Lembro-me de que certa noite – eu teria uns quatorze anos, quando muito – encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.” (VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta.) Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura:(A) criar a fantasia.(B) permitir o sonho.

(C) denunciar o real.(D) criar o belo.(E) fugir da náusea.

12) O poema Descrição da guerra em Guernica traz à lembrança o famoso quadro de Picasso:Entra pela janela o anjo camponês;com a terceira luz na mão;minucioso, habituadoaos interiores de cereal,aos utensílios que dormem na fuligem;os seus olhos ruraisnão compreendem bem os símbolosdesta colheita: hélices,motores furiosos;e estende mais o braço; plantano ar, como uma árvorea chama do candeeiro. (Carlos de Oliveira)Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos do poema.

Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:(A) a1, a2, a3 (B) f1, e1, d1 (C) e1, d1, c1 (D) c1, c2, c3 (E) e1, e2, e3

13) “Do pedacinho de papel ao livro impresso vai uma longa distância. Mas o que o escritor quer, mesmo, é

Page 4: REVISÃO PARA O ENEM

isso: ver o seu texto em letra de forma. A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa; ela faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho. Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda. O período de maturação na gaveta é necessário, mas não deve se prolongar muito. ‘Textos guardados acabam cheirando mal’, disse Silvia Plath, (...) que, com esta frase, deu testemunho das dúvidas que atormentam o escritor: publicar ou não publicar? guardar ou jogar fora?” (Moacyr Scliar)Nesse texto, o escritor Moacyr Scliar usa imagens para refletir sobre uma etapa da criação literária. A ideia de que o processo de maturação do texto nem sempre é o que garante bons resultados está sugerida na seguinte frase:(A) “A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa.”(B) “Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.”(C) “O período de maturação na gaveta é necessário”(D) “Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu texto em letra de forma.”(E) “ela (a gaveta) faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho.”

14) Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem. A importância do poeta é que ele torna mais viva a linguagem. Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua portuguesa com duas palavras comuns: cão e cheirando.Um cão cheirando o futuro(Entrevista com Mário Carvalho. Folha de SP, 24/05/1988. adaptação)O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi(A) o modo raro como foi tratado o “futuro”.(B) a referência ao cão como “animal de estimação”.(C) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio).(D) a aproximação não usual do agente citado e a ação de “cheirar”.

(E) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo definido “o” na mesma frase.

15) “A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. (...) andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites (...) era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”(José Lins do Rego. Menino de engenho)A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:(A) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco”.(B) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações”.(C) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio”.(D) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e Uma Noites”.(E) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas”.

16) Pequenos tormentos da vidaDe cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos,as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim...Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra! (Mário Quintana. Poesias)

Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio:(A) provoca que os meninos fiquem contando histórias.(B) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.(C) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum imprevisto mágico.(D) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento.(E) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e das moscas.

17) Leia o poema de Oswald de Andrade:BrasilO Zé Pereira chegou de caravelaE preguntou pro guarani da mata virgem― Sois cristão?― Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da MorteTeterê tetê Quizá Quizá Quecê!Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!O negro zonzo saído da fornalhaTomou a palavra e respondeu― Sim pela graça de DeusCanhem Babá Canhem Babá Cum Cum!E fizeram o Carnaval.Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é:(A) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.(B) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.(C) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.(D) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.(E) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.