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O homem e suasduas naturezas
Liberdade parapensar e sentir
A lei universalde movimento
O egosmono sentimento
Uma nova forma de sentir e conceber a vida n.10
5 L O G O S O F I A
O homem dever empenhar seus melhores esforos e energias em buscar a si mesmo.
Saber prevenir-se contra o engano das aparncias para conhecer-se tal como em
realidade . Encontrar-se- na humildade de seu corao, na inocncia de sua alma, na pureza
de seu esprito e, da, com a mente limpa e resplandecente, experimentar as excelncias
inefveis da vida superior.
COM UM NOVO PROJETO GRFICO, que busca facilitar a leitura e o estudo de seus artigos, Logosoa traz neste nmero novas e originais concepes sobre a vida humana e universal. Um exemplo o tema que aborda as duas naturezas do ser humano, uma delas bem visvel para todos em seus aspectos fsico, biolgico e psicolgico , enquanto a segunda, de vital importncia para o destino do homem, continua sendo um enigma no campo da cultura contempornea. Este o assunto tratado na seo NOVOS CONCEITOS. Para superar a fronteira do que constitui a incgnita de si mesmo, a cincia logosfica abre as portas de uma nova e fecunda investigao e ofe-rece, ao mesmo tempo, os resultados obtidos mediante o estudo e prtica dos conhecimentos que a integram. Outro artigo mostra como o contnuo avano tecnolgico, que retirou o homem das ca-vernas primitivas para al-lo aos vos no espao sideral, convive, paradoxalmente, com uma crise de valores que ameaa o cerne da famlia humana. O conhecimento logosco demonstra que esse paradoxo apenas aparente, pois a atual cultura vem falhando pela base, ao truncar as grandes possibilidades humanas de evoluo interna, como se ver na seo EVOLUO CONSCIENTE, que publica o artigo LIBERDADE PARA PENSAR E SENTIR. Liberar o homem da escravido interna um dos objetivos desta nova e muito esperada cincia do aperfeioamento imediato, positivo, integral e consciente do homem. O artigo O EGOSMO, publi-cado na seo CONHECIMENTO DE SI MESMO, descreve um desses ditadores que oprimem a vida, ou seja, as decincias psicolgicas enquistadas na mente e que cerceiam a prerrogativa humana de crescer psicolgica, moral e espiritualmente.
E, na seo GRANDES CONCEPES, o artigo A LEI DO MOVIMENTO promover, sem dvida, reflexes sobre um conhecimento tambm ignorado pela atual cultura: o de que, a exemplo das leis fsicas que governam o planeta, existem leis, igualmente universais, que regem a vida e o destino dos homens, como, entre outras, a da Evoluo, do Tempo, da Herana, de Causa e Efeito e a do prprio Movimento. Outra novidade deste nmero so os artigos escritos por estudiosos da cincia logosca, rela-tando suas experincias no estudo e na aplicao dessa nova gerao de conhecimentos prpria vida, publicados na seo EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA. Uma proveitosa leitura, com excelentes resultados, o que desejamos a voc, estimado leitor.
A REDAO
PREZADO leitor,
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5 L O G O S O F I A
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O HOMEM E SUASDUAS NATUREZAS
NovosConceitos
EvoluoConsciente
GrandesConcepes
Conto
Conhecimentode Si Mesmo
PERGUNTAR NO OFENDE,MUITO MENOS A DEUS
O VALOR DA EXPERINCIA
Experimentandoo que se Estuda
ltimaPgina
A LEI DEMOVIMENTO
EXPERINCIAINSTRUTIVA
O EGOSMO
AS GRANDESREVOLUESDO PENSAMENTO
Coordenao:Jos Alberto da Silveirae Dalmy GamaSubcoordenao:Joana Melo Bomm PassosEdio de Textos:Flvio Friche Passos - Mtb 2015/MGReviso Geral:Eliane Amlia C. Vieira MartinsProjeto Grco:Raphael Gideoni Albinati BatistaCtp e Impresso:Label Artes GrcasAno: 2006
PUBLICAO CULTURAL DA FUNDAO LOGOSFICA EM PROLDA SUPERAO HUMANA
Todos os artigos
no assinados
so da autoria
de Carlos Bernardo Gonzlez
Pecotche Raumsol, podendo
ser reproduzidos livremente
desde que sejam mencionados a
publicao e o nome do autor.
EXEMPLARESDE CORTESIA
Caso queira receber gratuitamente as prximas edies, envie seu
nome, idade, prosso e endereo completos pelo e-mail
ou pelo fax (31) 3273-3266ou via correio
LIBERDADE PARAPENSAR E SENTIR
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L O G O S O F I A 5
QUANDO DEUS CRIOU O HOMEM TERRENO, sua concepo foi perfeita, como no podia deixar de ser. F-lo supe-
rior a todo outro ser vivente sobre a Terra e, portanto,
concedeu-lhe a graa de possuir duas naturezas: a fsica
e a espiritual. Isto explica com farto fundamento a so-
brevivncia do esprito humano, j que, ao cessar a vida
fsica, permanece a espiritual, formada com os elementos eternos
constitutivos da existncia.
A natureza fsica, dotada de um perfeito organismo com funo automtica
e permanente margem da vontade, com dispositivos e sistemas biolgicos que
atuam e se comunicam maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicolgi-
co que se resume na alma, sempre cumpriu e continuar cumprindo sua misso
humana dentro das necessidades, limitaes e perspectivas que dizem respeito
vida do homem, a quem algum chamou um pouco prematuramente de rei
da criao. E dizemos algum porque ningum pode atestar a veracidade des-
sa verso que lhe concede to alto posto sem os necessrios merecimentos.
Nessa natureza fsica, que constitui a base material da existncia humana, ficou
plasmada uma parte pondervel de sua altssima concepo, dando lugar a seu
gnero como criatura superior; mas essa parte, com sua admirvel organizao
biolgica, s tem por finalidade articular a vida com base em necessidades e
perspectivas materiais.
Pelo exposto se entender que a natureza fsica perecvel, e o em virtude
de sua corruptibilidade, que culmina com sua desintegrao, fato que, deve-
mos ressaltar, no ocorre com o esprito, por ser imutvel sua natureza. Mas
as mudanas evolutivas que formam os elos da perpetuidade no se produzem
nela, mas sim na clula hereditria, substncia mental, bsica e eminentemente
sensvel que vai forjando o destino individual de cada homem.
A natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a seu esprito,
diferencia-se pois da fsica pelo fato de ser incorprea e imperecvel. O ser hu-
mano deve compreender que todos os seus esforos havero de encaminhar-se
O HOMEM e suas duas naturezas
NOVOS CONCEITOS
PODE-SE AVALIAR AIMPORTNCIA DE SE CONHECER ESTA DUALIDADE CONSTITUTIVA DA ESTRUTURA HUMANA, CUJO
MECANISMO PASSVEL DE ARTICULAR-SE E INFLUIR COM
RESULTADOS SURPREENDENTES SOBRE A VIDA DO INDIVDUO
para o predomnio nele de sua natureza espiritual, para experimentar em sua
conscincia a sensao cabal da perenidade.
Chegar, assim, consubstanciao de ambas as naturezas, a fsica e a es-
piritual, ou seja, conjuno harmnica de dois organismos diferentemente
constitudos: um, de pura essncia mental, superior; o outro, fsico, inferior,
sujeito influncia do primeiro, mas sem que esse predo-
mnio altere, como se poderia supor, suas manifestaes
psicobiolgicas normais; ao contrrio, a parte espiritual
fator equilibrante entre ambas, criadas para que se com-
plementem de forma admirvel. Pode-se avaliar a impor-
tncia de se conhecer esta dualidade constitutiva da estru-
tura humana, cujo mecanismo passvel de articular-se
e influir com resultados surpreendentes sobre a vida do
indivduo.
Como articul-lo? Eis a grande pergunta. claro que
isso no haver de acontecer em virtude de algum milagre
ou graa especial que o conceda. O homem deve aprender
a organizar sua vida para perpetuar-se dentro de sua pr-
pria conscincia, por ser ela a que lhe permite experimen-
tar a sensao inefvel de ser e de existir, e a que concentra, na clula heredit-
ria ou gensica, a sntese perfeita de tudo quanto realizou durante a vida. Todas
as conquistas em prol do aperfeioamento ficam ali impressas, o que contribui
para a perpetuidade da herana e configura a verdadeira identidade do ser, bem
de sua exclusiva propriedade, no qual est calcada at sua prpria fisionomia.
A clula hereditria ou gensica , pois, a portadora da herana espiritual de
cada indivduo. Nela se concentram os valores intelectuais, morais e espirituais
que o homem incorpora em cada uma das etapas da vida humana atravs de
seu longo existir e, tambm, tudo o que em se desfavor tenha feito durante
esses perodos de vida. O esprito individual o depositrio dessa herana, da
qual o homem dispe vontade em cada etapa existencial, desfrutando, segun-
do o curso que resolva dar sua vida, os avanos alcanados, ou assumindo a
carga dificultosa que o deteve e entreteve. Recolhida e custodiada sempre pelo
esprito, a clula hereditria avana atravs das geraes, porm permanece em
segredo para o homem at que este descubra, mediante o reencontro com seu
prprio esprito, os valores do patrimnio individual acumulado ao longo de
sua existncia.
6 L O G O S O F I A
ESTE UM DOS SETORES DA ATIVIDADE HUMANA mais cas-tigado pelo desvio que, atravs das pocas, veio incu-
bando a desorientao e o ceticismo em grande parte
da humanidade.
A julgar pelo estado de inquietude, insatisfao, dvida
e desolao manifestado pela maioria dos que recorreram
e recorrem aos nossos ensinamentos, podemos inferir, com
boas razes, que a civilizao ocidental ou seja, sua cultura,
que seu contedo se acha em via de uma derrocada inevit-
vel. H sculos no supera seus conceitos, que mantm aferrados
ao que se chamou de tradio, sem que se tenha pensado, certa-
mente, que no se devem truncar as grandes possibilidades humanas
de evoluo, porque isso inabilitaria o homem para dar cumprimento ca-
bal ao objetivo mximo de sua existncia. Foram-lhe inculcadas, graas a uma mi-
lenar submisso, idias e crenas que s serviram para endurecer seus sentimentos
e imobilizar certas zonas de sua mente, precisamente aquelas que respondem aos
ditados internos de aproximao a seu Criador, a seu Deus.
No tem sido outra coisa o que vemos aparecer na super-
fcie desse mundo individual, to logo levamos o homem a
examinar, com lucidez de juzo, em que realidade se baseia
sua f cega, bem como a examinar se j se deteve, em algum
momento, para reetir acerca da necessidade de estar certo
sobre uma questo de tanta transcendncia. Em quase todos
temos encontrado a mesma obstinada resistncia a realizar
tal exame de conscincia. E em todos, sem exceo, temos visto reetido o temor
de que lhes seja demonstrado o erro em que vivem. Como se esse erro, ao qual in-
conscientemente se aferraram, por fora de acreditarem nele pudesse converter-se
milagrosamente em verdade, como compensao sua cegueira.
Entretanto, apesar do inconveniente anotado, temos podido comprovar a eccia
de nosso mtodo ao atuar com xito sobre os sistemas mental e sensvel daqueles
LIBERDADE PARA pensar e sentir
EVOLUO CONSCIENTE
Resultados da realizao logosca no espiritual
O HOMEM DEVE EMANCIPAR-SE J TEMPO
DE TODA SUPERSTIO OU EMBUSTEQUE ENSOMBREA SUA RAZO
L O G O S O F I A 7
que, em tal estado, recorrem fonte logosca para se inteirarem de seus contedos
essenciais. Em honra verdade, devemos destacar que, em relao s pessoas em
que foram inculcadas com fora idias ou crenas do tipo religioso, custou muito
trabalho faz-las retornar realidade. Fica fcil para o logsofo experiente desco-
brir a caracterstica predominante dessa classe de seres, que em sua maioria, como
dissemos, foram submetidos desde tenra idade ao processo de xao inconsciente
de certas imagens rgidas e, portanto, estticas , relacionadas com sua educao
espiritual. Temos tambm presenciado o despertar dos mesmos e suas manifestaes
de alegria, ao experimentarem, pela primeira vez, a sensao sublime de pensar e
sentir com inteira liberdade, o que, no fundo de suas almas, j
transbordava de necessidade.
Isso prova que as proibies estabelecidas por certas comu-
nidades com respeito infncia, e que perduram durante a vida
do crente, se tornam totalmente nocivas para o desenvolvimen-
to espiritual e evolutivo do ser humano.
So to lgicas e claras as questes suscitadas pela Logosoa,
e to fundamental sua orientao para resolv-las, que s as
mentes obcecadas pelos preconceitos recusam suas verdades,
que beneciam e libertam a cada um, individualmente. Isso nos
recorda aqueles escravos sulinos, na Guerra de Secesso, que
imploravam continuar sob o jugo de seus requintados senhores, porque se sentiam
incapazes de ser livres e bastar a si mesmos na luta pela vida. Apesar disso, to logo
se foram habituando ao exerccio da liberdade, aprenderam a comportar-se como os
demais e, surpresos, viram desaparecer, uma aps outra, as diculdades que a prin-
cpio acreditavam insuperveis, ao mesmo tempo que essa nova luta pela existncia
se mostrava para eles cada dia mais interessante, medida que se sobrepunham
inibio que os havia impedido, at ento, de sentir a vida como prpria e de fazer
dela um motivo permanente de alegrias e de estmulos. Pois bem, a mesma coisa
experimentam, sem maiores variaes, aqueles que, liberados da escravido religiosa
ou ideolgica, em lugar de servir cegamente a um amo servem aos propsitos de seu
destino e causa da humanidade em sua evoluo consciente, rumo aos elevados
desgnios para os quais foi destinada.
este, sem dvida, um dos resultados mais apreciveis que se obtm da cin-
cia logosca com a aplicao de seus preceitos. Na maioria dos casos, age como
gerador das energias mentais que os seres perderam durante a estril passividade a
que foram levados pela inculcada f no abstrato, em prejuzo da f em si mesmos. A
Logosoa j o dissemos em alguma outra parte restitui ao homem essa f per-
A CIVILIZAO OCIDENTAL OU SEJA, SUA CULTURA, QUE SEU
CONTEDO SE ACHA EM VIA DE UMA DERROCADA INEVITVEL.
H SCULOS NO SUPERA SEUS CONCEITOS, QUE MANTM
AFERRADOS AO QUE SE CHAMOU DE TRADIO
8 L O G O S O F I A
O que o espritopara a Logosoa
Em virtude da natureza extrafsica e, portanto, incorprea e sutil do esprito humano, descrev-lo bastante difcil. C o m e a re m o s por advertir, antes de resumir de modo concreto a imagem real de sua existncia, que a idia de um esprito abstrato, intranscendente ou indenido, ou confundi-lo com a alma ou com o prprio homem tenha este cultivado ou no sua inteligncia s um princpio de reconhecimento de sua essencialidade, mas no a explicao losca nem cientca acerca de sua qualidade especca e de sua verdadeira misso na vida.
Carecem do mesmo modo de signicao as habituais aluses que se fazem ao esprito em textos e discursos, para denotar sua associao s chamadas atividades intelectuais, a menos que se queira, com isso, dar por sabido que ele se manifesta quando o homem procura elevar-se acima de toda materialidade, em busca de um atrativo superior para a vida. Nesse caso, estaremos de acordo, mas fazendo a ressalva de que nossa apreciao se fundamenta em fatos e observaes que vo muito alm do conceito generalizado.
dida, fazendo com que saiba por conta prpria quais so os fundamentos reais que
assistem a cada idia ou ato, bem como evitando-lhe aceit-los sem raciocnio algum,
pelo simples fato de conar na palavra alheia.
Fica assim resolvido um problema que aige a humanidade desde tempos ime-
moriais. O homem deve emancipar-se j tempo de toda superstio ou embuste
que ensombrea sua razo, e encarar decidida e valentemente a realidade que s atra-
vs do conhecimento lcido de sua inteligncia ele pode assimilar, para bem de seu
esprito e de sua vida.
L O G O S O F I A 9
SE OBSERVARMOS QUO FECUNDA A LEI DO MOVIMENTO QUE REGE TODA AO, veremos que a uma maior atividade corres-
ponde um maior benefcio e melhores perspectivas de evoluo.
Tomemos o caso de uma indstria; se o desenvolvimento se rea-
liza numa pequena escala, as despesas gerais absorvero os ganhos,
e as nanas andaro aos tombos, sem poderem contar com uma base
segura. Em vez disso, se intensicada a atividade, fazendo-se com que a pro-
duo se amplie cada vez mais, os gastos gerais sero reduzidos at desaparecerem,
enquanto aumentaro os benefcios pela prpria gravitao do volume dos negcios,
cujo rendimento se multiplicar pela multiplicao das operaes que se realizem,
merc do ritmo intensivo de uma orescente atividade.
No homem sucede coisa igual. Aquele cuja capacidade de empresa muito limi-
tada pouco render em proveito de suas necessidades fsicas; o mesmo acontecer
com quem, tendo suciente capacidade, se conforme em desenvolver uma atividade
medianamente produtiva. Num e noutro caso, sempre se andar aos tombos com as
nanas, sem poder equilibrar a lista de necessidades.
esta uma das causas, talvez a principal, por que a maioria de temperamento
volvel, instvel, pois perdeu, como se diz comumente, a conana em si mesma.
A Lei do Movimento a que aludimos inexorvel e incorruptvel, tal como todas
as leis universais. Neste estudo, determinaremos seu carter e sua realidade em tudo
aquilo que concerne vida humana.
O homem deve intensicar sua atividade at encontrar seu centro de gravida-
de e conseguir o equilbrio, mas primeiro dever saber que a maior intensidade
de movimentos (produo da inteligncia) corresponde uma maior estabilidade
e equilbrio. Um ser comum pode manter seu esforo at alcanar, por exemplo,
o equilbrio econmico no aspecto domstico, mas isto no suciente para
assegurar a estabilidade desse equilbrio, pois fatores alheios a sua vontade, ou
circunstncias imprevistas, podero alter-lo, ocasionando-lhe nessa ordem de
coisas as conseqentes perturbaes.
A LEI DO Movimento
GRANDES CONCEPES
1 0 L O G O S O F I A
L O G O S O F I A 5
A VELOCIDADE DO PIO
NOS MOSTRA QUE,
QUANTO MAIS INTENSA
ELA , TANTO MAIS
FIRME A ESTABILIDADE
DELE, QUE AT PARECE
IMVEL QUANDO GIRA
SOBRE SUA DIMINUTA
PONTA.
Dentro da grande estrutura csmica, e como uma expresso cabal e absoluta do Pensamento Supremo, aparecem conguradas, em suas respectivas jurisdies, as Leis Universais, regulando e regendo a vida csmica tanto quanto a humana.Entre as mais direta e estreitamente vinculadas ao homem, citaremos
as de Evoluo, Causa e Efeito, Movimento, Cmbios, Herana, Tempo, Correspondncia, Caridade, Lgica e Adaptao. Fizemos esse enunciado apenas com o objetivo de determinar as leis que a Logosoa se prope descrever e aprofundar em tratados de fundo.
A VELOCIDADE VIBRATRIA DE UM ASTRO PRODUZ LUZ; SUA LENTIDO
PROVOCA SOMBRA
1 2 L O G O S O F I A
Na senda do aperfeioamento, a atividade deve ser progressiva, em ritmo ascen-
dente, at manter um grau de intensidade suciente para dominar a maior parte dos
campos do conhecimento. Nenhuma regio da mente deve permanecer inativa, dado
que a evoluo tem que ser integral e com plena interveno da conscincia.
As leis analgicas nos demonstram a correspondncia que existe entre isto e os
astros, cujo equilbrio se verica pelo ritmo acelerado de seus movimentos de rota-
o. O Sol, cujas revolues superam as de seus irmos meno-
res do grande imprio solar, o que xa o centro supremo de
atrao e determina, com sua poderosa vibrao, produto de
sua elevada posio na hierarquia astral, a rbita que devem se-
guir os que, sob sua gide, cumprem os altos destinos xados
pela evoluo sideral. Idntico processo se cumpre na escala
humana, e os mais altos postos da perfeio so reservados
queles que se fazem dignos de penetrar no seio das verdades eternas.
A velocidade vibratria de um astro produz luz; sua lentido provoca sombra.
A velocidade do pio nos mostra que, quanto mais intensa ela , tanto mais rme a
estabilidade dele, que at parece imvel quando gira sobre sua diminuta ponta.
O que so as leis universaispara a Logosoa
DESFRUTANDO TODOS OS PRAZERES, vivia lu-xuosamente em seu palcio um homem muito
abastado. Era dono e senhor da regio, em cujos
dilatados conns se estendiam bosques e selvas quase
impenetrveis, que ele jamais permitiu fossem explorados.
Numa certa manh de primavera, ordenou que lhe selassem um
cavalo com a nalidade de realizar uma incurso atravs de suas densas matas.
Algum o advertiu de que poderia encontrar animais selvagens, ou mesmo feras tem-
veis, capazes de pr em srio risco sua vida. O opulento e soberbo personagem se ps
a rir, tratando-o como um ingnuo pobre diabo, e, com extrema arrogncia, enfatizou:
Eu sou o dono absoluto destas terras. Nada nem ningum ousar perturbar mi-
nha excurso!
Dito isso, partiu a galope. Atravessou uma vasta e formosa pradaria, penetrando em
seguida em largas trilhas, de incio salpicadas por escassa vegetao, mas que, pouco a
pouco, se iam estreitando e fechando de forma intranqilizadora. Sem se amedrontar,
prosseguiu a marcha durante vrias horas. Introduziu-se num espesso bosque e, ao
chegar a uma clareira, deteve-se para descansar. Afrouxou a cilha de seu alazo e, ex-
traindo de seus alforjes diversos alimentos, comeu-os com singular apetite. Aproveitan-
do o convite propcio da hora e a tibieza do sol, deitou-se para repousar sobre a fresca
relva. Contemplava distraidamente as ramagens retorcidas de uma rvore gigantesca,
quando de repente viu deslizar por seu tronco, lentamente, uma vbora descomunal,
que, num instante, tinha se aproximado dele at uma distncia temerria. Quando j
sucientemente refeito da impresso paralisante que o tomara, o indiscutvel dono da-
queles matagais sacou seu revlver e o descarregou sobre o temvel ofdio at a ltima
bala que tinha.
Sem mais desejo de dormir, sentou-se sobre as peas do arreio de seu cavalo. Mas
no era sem fundamento a advertncia que lhe tinham feito antes de partir. Com efeito,
no passou muito tempo sem que ouvisse o rugido de uma fera, e pde observar que,
de todas as direes, pequenos animais cruzavam a clareira em busca de refgio.
Ergueu-se imediatamente, e um calafrio o comoveu da cabea aos ps. Excitado pelo
EXPERINCIA instrutiva
CONTO
L O G O S O F I A 1 3
medo, o soberbo imperador do latifndio selou o corcel com invejvel rapidez. Partiu a
galope, mas, desafortunadamente, tinha tomado um caminho sem sada.
A fera continuava rugindo, cada vez com mais fora, cada vez mais perto do ouvido
que escutava com crescente desespero.
E agora, o que fao?, disse para si, cheio de terror. Se subo numa rvore, a fera
destri minha montaria; e, depois, como que vou embora? Se co em cima dela, des-
tri tambm a mim, pois estou desarmado.
Compreendeu, ento, claramente, a enorme diferena que existe entre proclamar-se
dono de algo e possuir o domnio desse algo.
Nessa reexo ele se achava quando, dentre a mata fechada, apareceu a cabea da
fera, cujos rosnados e ameaas com a pata deixavam interpretar facilmente suas inten-
es. Que fazer? De nada valeriam splicas e promessas: a fera no atende nem entende
razes.
Saltando sobre o cavalo, ela o matou e devorou com fome feroz. Repleto o ventre,
lambia j sem maior apetite os cogulos e restos espalhados, quando, de repente, pare-
ceu reparar no homem, que ali permanecia, rgido como um cogumelo. Aproximou-se
dele, contemplou-o por um instante, e dir-se-ia que pensava: Como sobremesa, voc
no est nada mal. Seu apetite, porm, havia cado fartamente satisfeito. Aps alguns
segundos, longos como sculos, a fera comeou a se afastar sem pressa, virando a cabea
de vez em quando, como que para no perd-lo de vista.
O infeliz, pasmado de terror, no deixava de maldizer internamente o instante em que
lhe ocorreu penetrar, to mal preparado, em seus domnios. Angustiado pela hora e pelo
lugar, crescia-lhe o lamento interno, como as sombras que comeavam a cobrir o bosque.
Mas a Providncia pareceu compadecer-se do desamparado, porque pouco depois apa-
receram vrios homens de sua criadagem, montados e bem providos de armas, os quais,
inquietados pela demora de seu senhor, tinham organizado uma angustiosa busca.
Como o magnata do relato, o que quase ningum pensa que, para internar-se em regies desconhecidas, qualquer que seja sua natureza, preciso tomar as providncias e precaues que lhes so prprias. Por isso, quando sobrevm as diculdades, muitos se aborrecem e lamentam, sem reparar que necessrio deter-se uma e outra vez, aqui e ali, para eliminar os elementos adversos que enchem de obstculos a marcha e impedem o claro discernimento sobre as circuns-tncias que cercam o explorador.
Pois bem; a via analgica mostra claramente que algo muito similar ocorre com freqncia nos bosques mentais. Estes, devido ao abandono de seus donos, cobrem-se de mato e emaranhadas trepadeiras, fechando-se em temveis espessuras. No falta quem, ignorante dessa circunstncia e recordando a posse dessa extenso interna, decida penetrar nela, e ento que aparece a fera que o devora ou, no melhor dos casos, o faz fugir apavorado.
1 4 L O G O S O F I A
O EGOSMO UMA DEFICINCIA CUJAS RAZES REMONTAM A IDADES PRIMITIVAS, quando os homens, em permanente luta contra o ri-gor do meio, atendiam to-somente a sua defesa e conservao.
, pois, uma decincia intimamente relacionada com o instinto
de conservao, despertado no indivduo por imperiosa necessida-
de da vida. Da que a vejamos aparecer, quase sem exceo, desde
tenra idade.
O egosmo no sentimento, como se costuma admitir, nem mesmo
supondo ter ele uma origem bastarda. Prova concludente disso que o ego-
sta luta amide com seus prprios sentimentos, quando, em determinadas cir-
cunstncias, estes pretendem abrandar-lhe o corao, endurecido, precisamente,
pelo domnio que o instinto exerce sobre ele.
Quando a cobia sacia o egosta com a satisfao de seus apetites materiais,
limitados ao exclusivo prazer pessoal, ele parece acalmar a mesquinhez que o
consome; sua mente, porm, est sempre alerta para resguardar seus interesses
contra qualquer eventualidade.
A pessoa egosta nega a incumbncia do esprito na vida humana e resiste
a toda idia a respeito de sua funo reitora no destino do homem. A simples
meno de Deus, quando tem por nalidade abrandar seu egosmo, parece trans-
tornar-lhe o juzo prova muito evidente de que esta decincia produto in-
veterado do instinto, ltimo dos moires humanos ans com a animalidade, que
sugere quo necessrio trocar os estados inferiores pelos de natureza elevada.
O egosmo fecha de tal modo os ouvidos do entendimento, que no permite
ao homem compreender a inexorvel e dura lio repetida em todo o tempo e
idade, isto , que o acmulo de bens exclusivamente materiais agrava a transio
que se verica nele ao cessar a vida; que o esprito nada leva deste mundo, quan-
do, ao abandon-lo, o ser oferece ao juzo de sua prpria herana existencial um
to injusticvel espetculo de pobreza.*
Esta decincia corri os sentimentos. Quando estes e a sensibilidade se
O EGOSMO
Para a Logosoa, os comu-mente chamados maus sen-timentos no so tais, porque no se pode denominar sentimento o que foi gerado pelas paixes inferiores do homem, respondendo, em conseqncia disso, aos im-pulsos desenfreados de sua parte mais inculta: o instinto. So monstrengos psicolgi-cos malignos, a servio da paixo que lhes deu vida e os sustenta.
L O G O S O F I A 1 5
* Ver o livro A Herana de Si Mesmo, do autor.
CONHECIMENTO DE SI MESMO
ESTA DEFICINCIA CORRI OS SENTIMENTOS. QUANDO
ESTES E A SENSIBILIDADE SE ACHAM AFETADOS POR
ELA, DE FATO SE PRODUZ NO EGOSTA UMA ANORMALIDADE,
UM DESEQUILBRIO, UMA MULTIPLICAO DE DESEJOS QUE JAMAIS SE SATISFAZEM, OU S SE
SATISFAZEM EM PARTE
1 6 L O G O S O F I A
acham afetados por ela, de fato se produz no egosta uma anormalidade, um
desequilbrio, uma multiplicao de desejos que jamais se satisfazem, ou s se
satisfazem em parte.
Se cada um vigiasse seus pensamentos com o propsito de vericar se est
livre desta decincia, quase certo que surpreenderia pelo menos algum ves-
tgio dela, pois poucos so os que no levam consigo alguma partcula egosta.
Encontrando-se numa festa, por exemplo, poder cada qual
identic-la no desejo ambicioso que acaso experimente de
ser o mais admirado, ou o que mais se destaque; ou talvez a
veja presente em outro momento da vida, ao sentir dentro
de si a fora que se ope a algum gesto desinteressado, ou
ao conter a tempo, no caso de se achar diante de uma ape-
titosa mesa, o impulso de escolher o melhor bocado.
O egosta pe o preo mais baixo em tudo, pois cr que a
vida um comrcio, onde aquele que escamoteia com habi-
lidade os valores que anseia para si tira mais vantagens.
Em contraposio s almas grandes, que so de todo ge-
nerosas, as almas pequenas so egostas, insignicantes e
privadas do respeito que aquelas que do mostras de des-
prendimento inspiram.
Esta falha ope tenaz resistncia evoluo consciente e obscurece
muito o caminho do conhecimento de si mesmo.
possvel que algum se pergunte, e no com pouco ceticismo, por qual
brecha mental poderia penetrar no egosta o pensamento construtivo, capaz de
se contrapor sua decincia. Certamente, no se concebe mudana favorvel
em quem se endureceu sob a inuncia do egosmo, mas isso no deve ser tido
como impossvel naqueles que, a tempo de reverem sua situao, possam sen-
tir-se dispostos a abandonar seus erros, aguilhoados por alguma aspirao cuja
nobreza os tenha conquistado. Sem dvida, o altrusmo age como claricador de
idias e conceitos obscurecidos pelo egosmo.
O ensinamento logosfico, prdigo por excelncia, convida o egosta a
comportar-se altura de seu generoso esforo. Se o tem em conta, pouco a
pouco os primeiros sintomas do desprendimento comearo a manifestar-se
nele, e a antideficincia poder desalojar, definitivamente, to incmodo e
mesquinho hspede.
s voltas com a insipincia de meus dezesseis anos de idade, inuencia-do pela leitura de livros que me ajudaram no movimento da reexo e estimularam a temerria avaliao da velha atitude de aceitar sem perguntar,
rebelei-me contra as idias que me foram incutidas desde a mais tenra infncia sobre
o Criador de todas as coisas.
Fiquei ento seriamente decepcionado, no queria seguir tendo devoes e no admitia mais a
existncia de Deus. No bero singelo do prespio mental de minha adolescncia nasceram perguntas
cuja ousadia afrontava a religio de meus antepassados. Era um atesmo primitivo, inconsistente,
baseado todo ele na negao de um Deus que pouqussimo ou nada tinha a ver com a Inteligncia
innita e onipresente que comanda o espetculo da Vida e do Universo.
Nesse estado mental, bati um dia s portas da escola mantida em Belo Horizonte pela Fundao
Logosca em Prol da Superao Humana. Confesso que de incio pus um p atrs ao constatar que,
dizendo ser uma cincia, a Logosoa abordava a questo de Deus como matria de estudo e inves-
tigao. Diante da pergunta sobre se Deus existia e se era possvel provar sua existncia, deparei a
armao de que h duas coisas que so inseparveis, porquanto constituem uma mesma e absoluta
verdade: a Criao e seu Criador. Uma pressupe com toda a certeza a presena da outra. E mais,
agora textualmente:A existncia de Deus se prova pela prpria existncia de tudo o que nos rodeia,
por nossa prpria existncia e, sobretudo, pela prerrogativa que nos foi concedida de nos fazermos
essa pergunta e tambm de nos darmos a resposta, servindo-nos do conhecimento que se adquire
atravs do estudo, da observao e da experincia, conscientemente realizados no viver dirio.
Prerrogativa de perguntar sobre Deus... De perguntar sobre tudo, sem ofender a ningum, muito
menos a Deus mesmo... Isso foi para mim um verdadeiro achado! O convite era instigante e deixava
entrever que comeava, ali, um captulo novo na histria por vezes sofrida da busca de respostas
para os meus por qus.
A Logosofia me fez acordar para a importncia das perguntas, me fez estudar o significado
pedaggico e espiritual do ato de perguntar. Levou-me a constatar que a atitude interrogativa
PERGUNTAR NO OFENDE, muito menos a Deus
por Dalmy Gama
L O G O S O F I A 1 7
EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA
tendncia inata do esprito humano; que a liberdade de perguntar est na origem das grandes
concepes filosficas, das grandes conquistas cientficas; que o perguntar tem tudo a ver com
o pensar, com a evoluo, com o progresso e com a cincia. Mais do que tudo isso, porm, ela
me ensinou a reabrir o aposento proibido das perguntas sobre a vida espiritual, trancado h
sculos e milnios pelo dogmatismo, pelos chamados mistrios. Passou a existir a perspectiva
de eu fazer cincia em minha prpria vida.
Sabe-se que a arte existe h uns 80 mil anos. Supe-se que a religio tenha idade igual. A cincia
bem mais nova: 300 anos, de Galileu para c. Nesse curto tempo, porm, inspirada sempre na co-
ragem galileana de perguntar, ela fez a humanidade avanar muito mais do que tinha avanado em
cinco mil anos, desde os tempos do antigo Egito.
Galileu apresentou um mtodo cientco em sua integridade. o pai dos tempos modernos. No
lugar da autoridade das bibliotecas, inaugurou ele a autoridade do laboratrio, da observao, da
experimentao. No lugar da vontade de acreditar, pregada por um William James e tantos outros,
deu nfase vontade de duvidar, o gosto e a arte de perguntar.
O progresso que as perguntas e respostas da cincia trouxeram ao mundo inegvel. Pelo visto,
Deus nunca se ofendeu. At mesmo as religies, que defendem a vontade de acreditar, reconhe-
cem esse progresso. Questes como o geocentrismo e a idade da Terra foram reperguntadas e tiveram
de ser revistas luz da cincia. Nos tempos modernos, quando um chefe religioso adoece, a sensatez
lhe aconselha a unir a cincia s suas oraes, procurando se possvel os melhores mdicos...
De Einstein para c, acredita-se que mais importante para o desenvolvimento da cincia saber
formular problemas do que encontrar solues. O fsico e escritor Marcelo Gleiser, em entrevista
a Veja, disse certa vez que em fsica o importante saber perguntar, e no responder. E disse
tambm: Se voc zer uma indagao boba, sua resposta ser tola. Se a questo for inteligente, o
resultado ser sempre bom. Resposta vem com trabalho, pergunta com inspirao.
Mas aconteceu que, nestes trs sculos, as mensuraes e quanticaes se zeram enormes
no campo cientco. Os impressionantes xitos da fsica e da qumica, sobretudo a partir do sculo
dezenove, levaram as pessoas sem muito esprito crtico a acreditarem na matria e na energia como
realidades ltimas.
O surgimento da Logosoa, em 1930, representou o advento da cincia dentro do homem. Com
ela, renascem muitas perguntas, questes cruciais para a evoluo humana, e muitas outras nascem.
Estas outras so perguntas novas que s agora o homem consegue formular sobre o conhecimento do
mundo mental que permeia seu ser e sua vida, que permeia tudo; sobre a organizao dos sistemas
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L ogo que iniciei os estudos de Logosoa, ao ler que deve-se experimentar o que se estuda e estudar o que se experimenta, eu no entendia bem como faz-lo. Lia os ensinamentos, achava-os lindos, lgicos, mas cava s com a sua beleza. Pouco a pouco, fui compre-
endendo que os ensinamentos transcendentes no devem ser somente admirados, permanecendo
estticos nos livros ou na memria; deveriam ser estudados, meditados, transportados prpria vida,
pois s assim eu poderia comprovar ou no o seu valor.
Resolvi, ento, fazer uma experincia, comeando com um pargrafo que me tocou profundamen-
te a sensibilidade, desde o meu primeiro contato com ele. Est no livro Decincias e Propenses do
Ser Humano, de Gonzlez Pecotche, no captulo Falta de Memria e Memria Consciente, e se refere
recordao dos momentos felizes:
EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA
... as imagens gravadas na retina mental
com participao da conscincia raras vezes so esquecidas.
Existem na vida humana passagens, fatos, condutas, frag-
mentos de existncia, que tiveram a virtude de conceder-nos
instantes de felicidade, alegria, paz ou ventura. Esquec-los
L O G O S O F I A 1 9
mental, sentimental e instintivo, nos quais se dividem suas energias psicolgicas; sobre o conheci-
mento dos pensamentos como entidades autnomas, verdadeiros micrbios mentais agora desco-
bertos; sobre o contato consciente com o esprito individual e com o cabedal hereditrio prprio que
ele conserva e carrega atravs dos tempos; e sobre tantas outras coisas. Por sobre tudo isso, porm,
rompendo toda restrio dogmtica, renascem e nascem mil perguntas capitais sobre a inquietante e
permanente questo de Deus.
Mais do que um ato de ofensa ao Criador do Universo, que tambm o Criador da capacidade
humana de perguntar e responder, o surgimento dessas novas perguntas, de transcendental alcance
para a evoluo humana, representa para cada homem o verdadeiro e consciente renascer de sua
vida interior.
por Muriel Mendes
* Dalmy Gama pertence ao quadro docente da Escola de Logosoa
O VALOR da experincia
Comecei recordando e registrando todos os momentos felizes vividos desde a infncia,
a fim de t-los sempre ntidos na minha memria consciente. Recordei a menina que fui, as
tendncias, os ideais, as brincadeiras inocentes da infncia, o afeto do meu irmo, o carinho
da minha me, incentivando-me boa leitura, ao estudo, ao gosto pela msica elevada, ao
cultivo dos sentimentos; meus avs, tios, primos, as ajudas recebidas, os bons exemplos, as
amizades sinceras; enfim, o bem que recebi de tantos seres que passaram pela minha vida,
em toda a sua extenso, deixando nela, como marca indelvel, o perfume da bondade e do
desprendimento.
Quantas alegrias me trouxeram essas recordaes! Pude comprovar o seu valor, pois elas
me tm servido de amparo, de proteo, nos transes difceis que a vida me oferece.
Foi esta minha primeira experincia com um ensinamento, comprovando seu valor ao
coloc-lo em prtica, no o tratando teoricamente, deixando-o imvel nas pginas do livro,
mas tornando-o ativo, dinmico, movendo-se na minha mente, no meu corao e na minha
conscincia. A esta, foram-se sucedendo muitas e muitas outras experincias com os co-
nhecimentos logosficos, que tm ampliado minha vida, tornando-a mais consciente, mais
sensata e feliz!
A constante recordao dos momentos felizes, leva-me a cultivar a gratido: a Deus, que
me dotou de tantos recursos, incluindo o poder de recordar, de trazer de novo ao corao!
Gratido vida, verdadeira vida consciente que a Logosofia est me ensinando a viver.
Gratido ao meu esprito individual como fragmento divino que , impulsionando-me ao
esforo para ser um pouquinho melhor a cada dia, no repetindo hoje o erro cometido ontem
e a no ser incmoda aos semelhantes.
Tenho comprovado, tambm, que a gratido um sentimento nobre e, como tal, beneficia
a quem a sente, adoando o interno, trazendo alegria, suavizando as asperezas da vida. * Muriel Mendes pertence ao quadro docente da Escola de Logosoa
2 0 L O G O S O F I A
enterr-los no passado como coisa morta. Tamanha in-
gratido afeta, entretanto, essas partes da existncia que,
por serem inseparveis da vida, reclamam sua recordao.
Quando buscadas, convertem-se em estmulos poderosos;
so como pores de vida fresca que, ao palpitarem em
ns, reverdecem o nimo e nos impulsionam para diante,
enquanto nos inclinamos para saudar, com silencioso reco-
lhimento, a magna obra da Criao.
AS MENTES ACOSTUMADAS A DISCERNIR so-bre as conhecidas formas do pensamento
antigo, moderno e contemporneo se surpre-
endem sempre que irrompe no ambiente um novo
verbo, trazendo uma nova concepo. Isto j ocorreu em
diferentes pocas da Histria; entretanto, no foi o suficiente para
fazer os homens compreender que jamais foram as disciplinas acadmicas das
culturas exacerbadas as que realizaram as grandes revolues do pensamento.
Foram gnios espontneos, que apareceram de tempos em tempos, os que im-
pregnaram os ambientes ciclpicos com o fulgor de suas brilhantssimas con-
cepes. Da que sua simples presena provocasse reaes, por vezes muito
inflamadas, nos que se consideravam os nicos autorizados a falar em nome
do saber aceito e feito doutrina em convencionais conjuntos que, em sntese,
estabeleciam diretivas dogmticas s quais no cabiam emendas, a menos que
as disposies proviessem das cpulas oficiais, as nicas que eram levadas em
conta e de cuja capacidade ningum ousava duvidar.
O que no se pensa, justo dizer isto em homenagem verdade, que
toda nova concepo do pensamento leva consigo uma saudvel renovao
de valores e um estimulante despertar de inquietudes espirituais, ao mesmo
tempo que promove a reativao de estmulos e aptides que logo pugnam
por se manifestar, com grandes vantagens para o aperfeioamento individual.
Assemelha-se, de certo modo, ao encarnar estes ideais em benefcio da hu-
manidade, a esses ventos que transformam atmosferas pesadas e viciadas em
ambiente purificado, onde se respira plenamente o ar. Alm disso, no se deve
desconhecer o valor que, como contribuio cultura, as novas concepes
podem representar, pois deve ser levado em conta quo cristalinas so as cor-
rentes das frescas nascentes que inesperadamente brotam superfcie e que,
segundo seja o caudal que carregam, logo se transformam em riachos e rios
que fecundam vales e terras estreis.
LTIMA PGINA
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AS GRANDES REVOLUESdo pensamento
5 L O G O S O F I A
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FlorianpolisRua Deputado Antnio Edu Vieira, 150 Pantanal88040-000 - Florianpolis - SCTelefone: (48)333-6897
CuritibaRua Almirante Gonalves, 2081 - Bairro Rebouas80250-150 - Curitiba - PRTelefone: (41)332-2814
UberlndiaRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 Vigilato Pereira38400-256 - Uberlndia - MGTelefone: (34)3237-1130
ChapecRua Joo Cndido Marinho, 574-E - Saic Caixa Postal 28789807-090 - Chapec - SCTelefone: (49)722-5514
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Todo homem que nasce livre e concebe a liberdade como
genuna expresso dos direitos humanos e como a mais alta
expresso do contedo da prpria vida, no pode aceitar
que enquanto seu corpo se move ou anda livremente,
sua razo e sua conscincia se encontrem prisioneiras ou
gozando, no melhor dos casos, de uma liberdade condicional.