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Revista Academia Paulista de Educação - N° 2 - Ano 1 - Novembro 2012

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Revista Academia Paulista de Educação - N° 2 - Ano 1 - Novembro 2012

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Page 2: Revista Academia Paulista de Educação - N° 2 - Ano 1 - Novembro 2012

Sede do CIEE: Rua Tabapuã, 540 • Itaim Bibi • São Paulo/SP • CEP 04533-001 (11) 3046-8211 • www.ciee.org.br

Todos os meses, milhares de estagiários e aprendizes do CIEE utilizam parte de sua bolsa-auxílio para complementar a renda de suas famílias.É o CIEE contribuindo para a inserção dos jovens no mercado de trabalho, prestando assistência social às famílias e colaborando com o Governo em suas bem-sucedidas ações sociais.

Educação, oportunidade e assistência social.Com isso, o CIEE ajuda a construir um Brasil mais justo.

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Editorial

O ano de 2012 vai ficar na história desta Aca-demia como o marco da fundação e consolida-ção da Revista Academia Paulista de Educação, que terá periodicidade semestral. Seu objetivo é traduzir, em linguagem adequada e mediante a colaboração de especialistas de renome nacional e internacional, os principais problemas da edu-cação no Brasil, de preferência os concentrados na educação básica, visto ser ela o calcanhar de aquiles da crise que, de tempos em tempos, até esta data, vem avassalando o sistema de ensino como um todo. A edição número 1, correspon-dente ao primeiro semestre, e que se esgotou ra-pidamente, abordou as comemorações em torno do cinquentenário da LDB; analisou o teor do Plano Nacional de Educação, cujo projeto de lei ainda tramita no Congresso Nacional; além de informar sobre os avanços importantes ha-vidos na vida da Academia, com destaque para a regularização institucional do órgão, o preen-chimento de suas numerosas vagas, com nomes consagrados no cenário educacional, bem como o texto integral do novo Estatuto, aprovado em Assembleia Geral e já em vigor.

Na edição deste segundo semestre, a publi-cação aborda o polêmico e desafiante problema do livro impresso versus livro digital – a nature-za de cada um, as relações do processo educativo com um e outro desses instrumentos didáticos e paradidáticos, o papel do professor em meio a

esse tiroteio, os interesses comerciais envolvidos nesse mercado e a avaliação de seu uso em sala de aula –; a importância do ensino técnico na atual conjuntura desenvolvimentista do País e os chamados “apagões” dos recursos humanos vol-tados para as profissões de ponta; estudo sobre a controversa adoção das cotas universitárias, que somam mais de 1 milhão e meio de vagas, inseri-das no Prouni. Vale a pena, ainda, darmos notícia do vindouro  Seminário sobre Alfabetização e os Fenômenos do Letramento e do Analfabetismo Funcional, a realizar-se no primeiro semestre  de 2013. Em fase de organização,  o seminário  estará sob a coordenação dos acadêmicos João Gualberto  de Carvalho Meneses e Jair Militão da Silva e contará com a presença  de  diversos e relevantes  educadores do país.

Esperamos que este número 2 tenha o mesmo destino do anterior, esgotando rapidamente a sua tiragem e prestando um relevante serviço à edu-cação nacional. Boa leitura!

Paulo Nathanael Pereira de SouzaPresidente Sede do CIEE: Rua Tabapuã, 540 • Itaim Bibi • São Paulo/SP • CEP 04533-001

(11) 3046-8211 • www.ciee.org.br

Todos os meses, milhares de estagiários e aprendizes do CIEE utilizam parte de sua bolsa-auxílio para complementar a renda de suas famílias.É o CIEE contribuindo para a inserção dos jovens no mercado de trabalho, prestando assistência social às famílias e colaborando com o Governo em suas bem-sucedidas ações sociais.

Educação, oportunidade e assistência social.Com isso, o CIEE ajuda a construir um Brasil mais justo.

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5Lançamento:

Paulo Bomfi m apresenta sua Antologia Lírica

Entrevista:Carlos de Maio destaca a importância

da formação profi ssional 10

Acadêmicos 30

Capa: O livro didático na

era digital16

Destaques acadêmicos: Notícias sobre as atividades

além da academia28

ArtigoCotas universitárias: pró

e contra26

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Artigo:A crise inicial

na formação de professores

EXPEDIENTE

Academia Paulista de EducaçãoRua Joaquim Távora, 756

04015-001 – São Paulo – SP www.apedu.org.br

[email protected]

Diretoria

Presidente: Paulo Nathanael Pereira de Souza Vice-Presidente: Bernardete Angelina Gatti 1º Secretário: Jair Militão2º Secretário: Flávio Fava de Moraes 1º Tesoureiro: Wander Soares2º Tesoureiro: Arnold FioravanteBibliotecário: Reinaldo Polito

Diretora de Comunicação: Márcia Ligia Guidin

Comissão de Cursos, Eventos e ConvêniosCoordenador: João Gualberto de C. MenezesMembros: Myrtes Alonso, João Grandino Rodas, João Cardoso Palma Filho, José Augusto Dias.

Conselho EditorialPaulo Nathanael Pereira de Souza,

Arnold Fioravante, Márcia Lígia Guidin e Wander Soares

Edição Sônia Monfi l Cardona

ReportagemCélia Domingues

Sônia Monfi l Cardona

RevisãoEva Célia Barbosa

Projeto Grá� co e DiagramaçãoRS2 Comunicação

Impressão Prol Editora Gráfi ca

Tiragem 2.000

Sumário

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Lançamento:

reler, o que talvez nem se aca-rinhe mais! Entretanto, esses 63 textos estão aqui como uma espécie de revelação. E o nú-mero – acidental – trouxe à sua lembrança data muito impor-tante: no ano de 1963, Bomfim era eleito para a Academia Pau-lista de Letras. Ou seja, antes dos 40 anos, partilharia o peso da tradição acadêmica – e nem metade de sua obra ainda exis-tia. Por isso, depois de 1963, ganha a APL e ganhamos nós. Se Antônio Triste e Armorial já se elevavam à imortalidade do autor, as obras vindouras tra-riam consigo um senso estético ainda mais apurado e, sobretu-do, a paradoxal liberdade de manter-se em aparente prisão na forma fixa dos sonetos. Eis um poeta na modernidade: sem arruído, Paulo Bomfim mostrará, cada vez mais, que sua lírica não é só expressão individual, ela existe porque adquire participação no todo universal.”

Homenagem ao poeta de São PauloLançamento do novo livro de Paulo Bomfim reuniu amigosde longa data, entre políticos, intelectuais e acadêmicos

Em Antologia Lírica, Paulo Bomfim se-lecionou 63 de seus poemas prediletos.

A edição especial, lançada em festa ocorrida no dia 4 de se-tembro, no Centro de Integra-ção Empresa-Escola (Ciee), foi produzida pela Miró Edi-torial, em conjunto com a em-presa de comunicação Viveiros & Associados.Prestigiaram o evento, além de membros das Academias Pau-listas de Letras e de Educação,

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a presidente da Academia Cris-tã de Letras, Yvonne Capuano, o ex-governador de São Paulo, Laudo Natel, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, repre-sentantes da Federação das In-dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pan-sa, os presidentes executivo e do Conselho de Administração do Ciee, Luiz Gonzaga Bertelli e Ruy Altenfelder, respectiva-mente, entre outros.

Antologia Lírica tem apre-sentação do jornalista Ricardo Viveiros e prefácio do profes-sor Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente da Aca-demia Paulista de Educação. É uma obra representativa da trajetória do poeta, segundo a editora e membro da Aca-demia Paulista de Educação, Márcia Lígia Guidin.

“Paulo Bomfim impôs-se a tarefa de selecionar alguns poemas. Chegou a 63 deles. Como será difícil escolher, ou

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ARTIGO:

Aqualidade da educação escolar no Brasil é questão que vem preocupando amplos setores da sociedade. Vários fatores inter-ligam-se para a produção de uma boa qua-

lidade educacional nas escolas: o conjunto de políticas e programas educacionais posto em ação; o financia-mento da educação básica; a carreira e o salário dos docentes e suas condições de trabalho nas escolas; as-pectos sociais e culturais; a naturalização, em nossa so-ciedade, da situação crítica das aprendizagens efetivas de amplas camadas populares; as formas de estrutura e gestão das escolas, a formação dos gestores, etc.

Porém, não há educação escolar sem professores. As políticas relativas aos docentes tornam-se, assim, al-tamente relevantes, inclusive as relativas à sua formação

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A crise inicial na formação de professores

Bernardete A. Gatti*

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inicial nas instituições de ensino superior, nas licenciaturas, questão até aqui descurada. Isso não quer dizer que se deva reputar apenas ao professor, como pessoa, a responsabilidade sobre o desempenho atual das nossas redes de ensino. O profissional é fruto de uma política educacio-nal que descura das licenciaturas, descura de sua formação, como veremos, e que descura de suas possibilidades de carreira.

Mas, mesmo considerando a conjunção de fatores que se inter-relacionam na dinâmica das escolas, pensamos ser importante dar aten-ção especial para a questão específica da for-mação inicial, na graduação dos professores, o que envolve diretamente as instituições de en-sino superior, em especial, as universidades, e as políticas federais de educação.

Vários autores nos lembram que o magis-tério é um setor nevrálgico, nas sociedades contemporâneas, cujo desenvolvimento repou-sa cada vez mais na formação adequada de seus habitantes em domínios de conhecimento chaves para seu desenvolvimen-to econômico e social, e para a constituição de melhor bem-es-tar social. O cuidado com a boa formação dos professores da educação básica torna-se essen-cial, para o desenvolvimento das pessoas e de um país. Essa nem sempre foi a preocupação prioritária de governos, no Brasil, nem mesmo das instituições de ensino superior. (TARDIF & LESSARD, 2005; GATTI et al. 2010).

Ao discutir a formação inicial de professo-res oferecida em nossas instituições de ensino superior, assumindo que formar professores é formar um profissional especializado para atuar

nas escolas de educação básica, e que o papel da escola, e dos professores, é ensinar-educando. Ou seja, acreditamos que, sem conhecimentos básicos, a vida no social não se realiza plenamen-te, e, sem eles, não há verdadeira condição de consolidação de valores e do exercício da cidada-nia. Pensamos o professor como um profissional e, como tal, deve ser preparado para enfrentar os desafios do exercício do magistério.

Mas, o que se verifica é que a formação ini-cial para a educação básica é feita, em qualquer dos tipos de licenciatura, de modo fragmentado entre as áreas disciplinares e os níveis de ensino. Não se conta, no Brasil, nas instituições de en-sino superior, com uma faculdade ou instituto próprio, voltado à formação integral desses pro-fissionais, com uma base comum formativa, como observado em outros países, onde há Centros de

Formação de Professores englobando todas as especialidades, com estudos, pesquisas e extensão relativos à educação escolar, à atividade didática, à pedagogia e às reflexões e teorias associadas. Exemplos são os Teachers College, dos Estados Unidos e Inglaterra, os Institut Universitaire (IUFM), da França, os Centros de Formação de Professores, nas universidades de Portugal, entre tantos. Na fragmentação formativa de docentes,

Pensamos o professor como um profissional e, como tal, deve ser preparado para enfrentar os desafios do exercício do magistério

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ARTIGO

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no Brasil, o aspecto discipli-nar tem absoluta primazia, descurando-se das questões pedagógicas.

Os cursos de licencia-tura, que devem estar vol-tados à formação inicial de professores para a educa-ção básica, têm sido objeto de várias análises, as quais apontam sérios problemas associados à forma como é realizada. Seus currículos vêm sendo postos em ques-tão, e isso não é de hoje. Estudo de âmbito nacional, da Fundação Victor Civita, associado à Fundação Carlos Chagas (GATTI et al., 2009 e 2010) mostra como esses cursos oferecem uma formação precária em psicolo-gia da educação, didática e práticas de ensino, e como pouco tratam das questões educacionais. Os estágios não contam, em geral, com plane-jamento e supervisão adequados.

O que se verifica é que a parte curricular, que propicia o desenvolvimento de habilida-des profissionais específicas para a atuação nas escolas e nas salas de aula, fica bem reduzida. Com isso, os licenciandos nas várias áreas (le-tras, ciências, matemática, história, pedagogia, filosofia, etc.) saem, da maioria desses cursos, despreparados para o enfrentamento de uma sala de aula, e sem as condições mínimas para o exercício da profissão de professor, que implica saber quais são os fundamentos e como ensinar a crianças ou adolescentes os conhecimentos curriculares da educação básica.

Desconhecem o currículo escolar, o desen-volvimento cognitivo e afetivo de estudantes

nesse nível, e encontram grandes dificuldades para fazer a transposição didá-tica dos conhecimentos disciplinares necessária à formação de novas gera-ções. Aprendem por ensaio e erro, na prática, com con-selho de colegas, e consulta tardia a materiais didáticos. Com isso, sofre o ensino, sofrem as aprendizagens, sofrem as crianças e os jo-vens, e sofre o jovem pro-fessor, que tem de se des-dobrar para aprender o que lhe foi sonegado nos cursos

de licenciatura. Sofre a escola pública, onde a imensa maioria desses docentes se encontra e onde entra sem os apoios adequados para o início de seu trabalho profissional. Não há pra-ticamente cuidados, nas redes públicas, com o professor iniciante. (GATTI, 2012).

Constata-se, também por pesquisas, que a formação continuada oferecida a professores em exercício, que deveria prover aprofunda-mentos e avanços, na maioria dos casos, são propostas com a característica de dar supri-mento a uma formação precária pré-serviço. São conhecimentos que deveriam já ter sido dominados nas formações iniciais. Isso respon-de a uma situação particular nossa, pela preca-riedade em que se encontram os cursos de for-mação de professores em nível de graduação. (BARRETTO, 2011).

No que concerne à formação de professores, uma verdadeira revolução nas estruturas insti-tucionais formativas e nos currículos da forma-ção é necessária. Os remendos já são muitos.

A formação didática é precarizada. Faz-se necessário integrá-la em estruturas institucionais voltadas a essa formação específica

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A fragmentação formativa é clara. A vocação para o trabalho na educação básica não é o eixo integrador dessa formação. A formação didáti-ca é precarizada. Faz-se necessário integrá-la em estruturas institucionais voltadas a essa for-mação específica.

Temos faculdades de medicina, de adminis-tração, de direito, etc., mas não temos nas uni-versidades, ou em outras instituições de ensino superior, um centro específico formador para os profissionais professores. Eles recebem uma formação geral insuficiente, em cursos de áre-as disciplinares que não estão preparados para formar professores pedagogicamente falando. A formação de professores não pode ser pensa-da a partir das ciências e seus diversos campos disciplinares, como adendo dessas áreas, mas, deve ser proposta e realizada a partir da função social própria da escola – ensinar às novas ge-rações o conhecimento acumulado e consolidar valores e práticas coerentes com as necessida-des de nossa vida civil.

Conhecimento disciplinar, apenas, não ga-rante a possibilidade de fazer crianças e jovens aprenderem. Há uma ciência nisso. A forma-ção de profissionais professores para a educação básica tem de partir de seu campo de prática e agregar os conhecimentos necessários selecio-nados como valorosos, em seus fundamentos e com as mediações didáticas necessárias, sobre-tudo por se tratar de formação para o trabalho educacional com crianças e adolescentes. Mu-dar os rumos de nossa educação requer mu-dar a formação de professores, qualificando-a profissionalmente. Cuidar da formação inicial dos professores também é passo para garantir que sua formação continuada represente saltos cognitivos, avanços e não suprimento de lacu-nas apenas.

Esses dois aspectos, mesmo não sendo os únicos a considerar, são muito relevantes para proporcionar avanços no desempenho escolar de nossas redes de ensino. A educação não anda, sem os professores. Reformas educacionais mi-raculosas não se concretizam sem a atuação direta desses profissionais. E a questão é essa: tratá-los como profissionais, em sua formação e carreira.

*Bernardete A. Gatti, membro da APE (ca-deira 27) é doutora em Psicologia pela Universi-té de Paris VII e pós-doutorada pela Pennsylva-nia State University (EUA) e pela Université de Montreal (Canadá). Foi Presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e teve partici-pação importante em órgãos como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ) e o International Develop-ment Research Centre (IDRC). Dentre os vários prêmios que recebeu, estão o Diploma de Mérito da Associação Nacional de Políticas e Administração da Educação e o título de pesquisador emérito, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais Anísio Teixeira.

Referências BARRETTO, Elba S. de S. Políticas e práticas de formação de professores da educação básica no Brasil: panorama nacional. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 27, p. 39-52, 2011.GATTI, Bernardete A.; NUNES, Marina M. R. (Orgs.). Formação de professores para o ensino fundamental: estudo de currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa, matemática e ciências biológicas. Textos FCC (Fundação Carlos Chagas). São Paulo, v. 29, 2009, 155 p.______. et al. Formação de professores para o ensino fundamental: instituições formadoras e seus currículos. Estudos & Pesquisas Educacionais. São Paulo: Fundação Victor Civita, 2010, p. 95-138.______. El inicio de la carrera docente en Brasil: formas de ingreso, primeras experiencias profesionales y políticas educativas. III CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE PROFESORADO PRINCIPIANTE E INSERCIÓN A LA DOCÊNCIA, Santiago de Chile, 2012. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2005.

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Entrevista

Valorização do ensino técnicoCom 25 anos de carreira dedicados ao ensino técnico, Carlos Augusto de Maio é um enfático defensor da formação profissional como instrumento de transformação social. Ele, que foi diretor da Escola Técnica Estadual de São Paulo por dois mandatos, de 2004 a 2012, e hoje é coordenador técnico pedagógico do Programa Telecurso TEC, Grupo de Estudo da Educação a Distância, departamento da Unidade de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza

Revista APE – Este ano, o senhor deixou a di-reção da Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp), uma das mais destacadas unidades do Centro Paula Souza, para assumir a coorde-nação do programa de ensino a distância da mesma instituição?

Carlos Augusto de Maio – Trabalho há 25 anos na Etesp, uma das 209 unidades de Ensino Téc-nico (Etec) do Centro Paula Souza, que, desde 2005, tem ocupado o primeiro lugar entre as melhores escolas públicas estaduais de São Paulo no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]. Em 2004, fui eleito diretor da Etesp, e reelei-to para a gestão de 2008-2012. Terminado meu

mandato, sem poder continuar como diretor, pois não é possível ser eleito além de dois man-datos consecutivos, fui convidado para assumir a coordenação do Telecurso TEC, do Grupo de Estudo da Educação a Distância, departamen-to da Unidade de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza, uma instituição do governo do Estado, vinculada à Secretaria do Desenvol-vimento Econômico, Ciência e Tecnologia, que administra a educação profissional no estado de São Paulo. É, hoje, a maior instituição de ensino técnico e graduação tecnológica da América La-tina, pois, além das unidades de ensino técnico que mencionei, é responsável por 56 Faculdades de Tecnologia Estaduais (Fatecs).

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APE – A partir de sua experiência de mais de duas décadas, quais foram as mudanças mais significativas ocorridas com as escolas técnicas? Maio – O ensino técnico, no Brasil, que tem por volta de cem anos, sempre teve conotação de ser voltado mais para alguém sem muita escolaridade, ou condição de prosseguir os estudos rumo ao en-sino superior, e que precisava, portanto, se tornar mão de obra. Até o final dos anos 1980, início dos 1990, o ensino técnico ainda era visto como for-mação de segundo nível, destinado àquela pessoa que não podia investir mais nos estudos, e preci-sava, então, buscar uma profissão para trabalhar, na maior parte dos casos como executor de tarefas predeterminadas. De 15 anos para cá, a ideia so-bre a formação profissional começou a mudar, na medida em que o profissional técnico passou a ser visto como alguém que interfere no setor produti-vo, capaz de opinar, sentar à mesa de negociações, contribuindo para o crescimento das empresas, para que elas possam melhorar seus produtos ou os seus serviços. De maneira que, hoje, a própria sociedade começa a valorizar mais essa formação.

APE – Há uma discussão sempre em pauta, atu-almente, na mídia, nas análises de especialistas e entre as entidades representativas do empresa-riado, de que o Brasil sofre com a falta de técni-cos qualificados. Como o senhor observa isso?

Maio – As áreas que envolvem mais tecnologia, estão mais desenvolvidas, e são mais atraentes para quem contrata. Áreas como eletrônica e informática, por exemplo, geram um conheci-mento que pode interferir mais na produção ou nos resultados das empresas. Hoje, também, al-gumas áreas de serviço começam a ter aceitação maior, por parte do empresariado, como turismo

o profissional técnico hoje é capaz de

opinar, sentar à mesa de negociações,

contribuindo para que as empresas possam

melhorar seus produtos ou os seus serviços

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Entrevista

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e eventos, que estão se tornando necessárias para o País. Percebemos que há procura maior por profissionais dessas áreas. De modo geral, no-tamos grande número de oferta de estágios du-rante a formação dos nossos alunos. E, também, muitas empresas procuram por alunos das esco-las técnicas já para efetivação, para contratação como profissionais. Hoje, o Centro Paula Souza tem identificado que de 75% a 80% dos nossos alunos têm empregabilidade depois de forma-dos. Avaliamos que é um número extremamen-te alto. Mas, de fato, o Brasil ainda está carente em termos de qualificação profissional. Saindo de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a situação fica ainda mais delicada. Existem al-guns estados que tem demonstrado preocupa-ções nesse sentido; temos sido contatados por secretarias de educação de outros estados, que estão preocupadas em abrir esse canal, mas ain-da é incipiente em termos nacionais.

APE – O que está sendo feito para que essa de-manda por qualificação profissional seja atendi-da, no estado de São Paulo?

Maio – O governo tem investido muito na cria-ção dessas escolas; em dar melhores condições de trabalho aos professores. Hoje, temos uni-dades bem equipadas, com laboratórios muito próximos daquilo que existe no mercado em termos de tecnologia, o que tem facilitado a formação de alunos e o trabalho docente. O Centro Paula Souza investe muito na capacita-ção docente, para que seus professores estejam atualizados, para que acompanhem o que há de novidade no mercado. Às vezes, isso é feito em parceria com empresas que oferecem de-terminados equipamentos para uso nos cursos. As próprias empresas capacitam os professores para melhor utilizarem os equipamentos em aula. Os investimentos têm acontecido, tan-to em estrutura como em pessoas. E, algumas vezes, têm sido altos. Os laboratórios, para as mais diversas áreas de formação, por exemplo, são caros. O Centro Paula Souza possui núme-ro significativo de oferta de vagas; atualmente, são mais de 220 mil estudantes matriculados no ensino técnico e no médio, em 120 cursos oferecidos, nas áreas industrial, agropecuária e de serviços. Mas, ainda assim, muita gente fica de fora, então, ainda é preciso oferecer mais.

APE – Chama a atenção o fato de o Centro Pau-la Souza estar vinculado à Secretaria do Desen-volvimento, Econômico, Ciência e Tecnologia e não à de Educação, o senhor acredita que isso pode ser um diferencial para a condução do en-sino técnico?

Maio – Acredito que sim, porque a Secretaria da Educação tem outro tipo de preocupação, voltada para a formação propedêutica, que tam-bém é um importante trabalho. Já a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, certamente,

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apresenta condições de ter outro olhar para a formação profissional. Além disso, a essa Se-cretaria, estão vinculadas as universidades esta-duais, o que facilitou ao Centro Paula Souza, por exemplo, estabelecer parcerias com a Unesp [Universidade Estadual Paulista Júlio de Mes-quita Filho]. Esse viés de aspecto tecnológico é levado para a formação profissional. APE – Qual a faixa etária dos alunos dos cursos de formação técnica?

Maio – Os alunos podem ingressar a partir dos 16 anos, porque, para fazer o ensino técnico, o estudante precisa estar cursando, pelo menos, a segunda série do ensino médio – para que tenha a certificação do curso técnico, precisa comprovar a certificação do ensino médio, ou ele faz concomitantemente, ou depois de con-cluir o ensino médio. Então, é um público de jovens, adolescentes, mas também temos alunos que estão há tempos no mercado e buscam nova formação profissional, pessoas com 50 anos, 60 anos. Mas a faixa, na qual se concentra o maior número de alunos, é de 18 a 25 anos.

APE – Existem pesquisas que identificam uma relação direta entre a violência e a participação no mercado de trabalho e a escolaridade, estan-do mais vulneráveis os jovens de 18 a 24 anos, que não realizam funções remuneradas e não es-tudam. Então, como podemos estimular, motivar mais os jovens a buscar uma formação profissional?

Maio – Não sei dizer qual seria a receita para isso, mas se eles conseguissem vislumbrar es-sas possibilidades que a formação profissional pode lhes dar, não só na questão do conheci-mento, mas das competências que podem ter,

ficariam motivados. Vejo a questão da forma-ção técnica como uma possibilidade de o alu-no perceber a importância do conhecimento que ele adquire na formação do ensino médio, porque passa a ver as aplicações daquilo que conheceu como teoria. Quando ele começa a formação profissional, entende muito melhor aquilo que está estudando na área acadêmica, então, isso lhe dá uma amplitude de conheci-mento, de visão, de horizonte. Por isso é que acredito na importância da formação técnica, principalmente quando é simultânea com o ensino médio, porque vai dando sentido a uma série de conhecimentos que o aluno está ad-quirindo e podendo interagir, entendendo me-lhor aquilo que foi ensinado nas aulas de ma-temática, de física, da química. E quando ele vê a aplicação, amplia-se seu conhecimento.

APE – O senhor nota diferença entre o aluno que está na escola técnica hoje e o de duas déca-das atrás? É mais preparado, menos preparado, tem algumas habilidades diferentes? Maio – Ele vem com muito interesse profis-sional, enquanto o aluno de antes fazia o curso para conseguir um emprego. O de hoje vislum-bra não só ter uma profissão, mas também uma carreira, a partir daquele curso que está fazendo. Ele tem mais desenvoltura, é muito arrojado, bem articulado e tem posicionamento. É bas-tante interessante, o público que temos hoje. É diferente do que havia antes, quando as pes-soas entendiam que apenas deveriam cumprir ordens, tinham o conhecimento de uma téc-nica profissional e a executavam. Agora per-cebemos que vai além disso, enxergam outras possibilidades. Inclusive, muitos dos nossos alunos são empreendedores e acabam sendo

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Entrevista

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seus próprios empresários. Antes, o aluno bus-cava ser um trabalhador, hoje, muitos acredi-tam que podem empreender. APE – Qual é o nível de evasão da escola técni-ca, comparado ao do ensino médio?

Maio – Observamos que, na escola técnica, a evasão é maior do que no ensino médio. Tal-vez seja porque o ensino médio é uma forma-ção obrigatória e o ensino técnico uma opção de buscar qualificação profissional, e qualquer situação que viva de desconforto, uma situação familiar, ou dificuldade financeira que o obrigue a trabalhar, ele desiste do curso. Temos, hoje, no Centro de Estudos Paula Souza, em torno de 30% de evasão dentro da formação profissional. Não pela qualidade do curso; o que se percebe, por meio dos levantamentos que fazemos em nossas escolas, é que dificilmente o aluno dei-xa o curso porque não se adaptou ou não era aquilo que procurava, essas são situações raras. Às vezes, para dar uma ideia, perdemos alu-nos porque, ao terem iniciado o curso técnico, conseguem um emprego e daí esse emprego os impossibilita de continuar os estudos. Portanto,

são mais as condições sociais deles que acabam interferindo no abandono do curso.

APE – Mas isso é uma contradição. Ele está no curso para ter uma colocação no mercado de trabalho e o trabalho impede que continue com o curso?

Maio – É, de fato. Temos perdido aluno que concluiu o primeiro módulo e aquilo foi a pos-sibilidade de ter um emprego melhor, então, ele acaba deixando de dar continuidade aos estudos porque, naquele momento, precisa do trabalho. Muitas situações familiares também o acabam impedindo de continuar o curso, como, por exemplo, uma moça que não tenha com quem deixar o filho. Qualquer grau de dificuldade que encontram, acabam desistindo do curso. Ou, ainda, enquanto o aluno está fazendo o curso técnico, presta vestibular e, ao ser aprovado, troca a formação profissional pela faculdade, porque ainda existe aquela cultura de que a for-mação superior é que vai lhe dar status, melhor colocação profissional.

APE – Quando, na realidade, muitos terminam o curso superior e não encontram com facilida-de uma colocação no mercado de trabalho?

Maio – Sim. Ao optar pelo ensino superior, eles têm a expectativa de obter um emprego melhor, um salário melhor, e acabam se frustrando e in-flacionando o mercado, submetendo-se a fazer determinado trabalho a qualquer preço, preju-dicando toda uma categoria profissional, en-quanto que poderiam ser bons técnicos, bem re-munerados e valorizados. É ainda uma questão cultural forte, na nossa sociedade, diferente do que se vê em outros países. Na Alemanha, por

Vejo a questão da formação técnica como possibilidade de o aluno perceber a importância do conhecimento que ele adquire na formação do ensino médio

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exemplo, as pessoas que passam por formação técnica são muito valorizadas, reconhecidas.

APE – O senhor acredita que chegaremos a isso?

Maio – Há um trabalho longo pela frente, mas espero que se possa vislumbrar essa possibilidade de ter profissionais técnicos que, além de serem bem qualificados e de es-tarem bem colocados, sejam bem aceitos socialmente e que percebam isso também, porque o preconceito não é só da família ou da sociedade, muitas vezes é deles também, que po-dem se sentir inferiorizados por terem apenas essa formação, o que é uma bobagem.

APE – Fale um pouco sobre como é o ensino a distância, a nova área em que o senhor passou a atuar.

Maio – O Telecurso Tec é resultado de uma par-ceria do Centro Paula Souza com a Fundação Roberto Marinho. Atualmente, são oferecidos os cursos de administração, secretariado e co-mércio, em três modalidades: semipresencial, on-line e aberta. Na modalidade semipresen-cial, o aluno passa pelo Vestibulinho, tem aula presencial uma vez por semana e, nos demais dias, faz todas as atividades de forma interativa com o professor, via Internet. Na modalidade on-line, que, no momento, ainda não está aber-ta ao público, estamos com um projeto voltado para nossos funcionários, o aluno não frequenta as aulas, só vai à escola para realizar as provas, mas é acompanhado por um tutor, um professor da equipe do Centro Paula Souza, que orienta,

tira todas as dúvidas. Já na modalidade aberta, a pessoa compra os livros, assiste aos programas pela televisão e faz as provas. Essa modalidade tem três módulos e as provas são feitas ao final da cada módulo. Concluindo o terceiro módulo e aprovado, ele se torna técnico em administra-ção, comércio, ou secretariado.

APE – O ensino a distância pode ser uma al-ternativa para quem não consegue manter a frequência nas aulas do curso técnico regular?

Maio – Sim, pode, por causa da disponibilidade de horário. Percebemos que, mais recentemente, os alunos do curso regular das áreas de adminis-tração, secretariado e comércio, as mesmas do ensino a distância, que por alguma razão, não terão condições de dar continuidade ao curso, estão migrando para a modalidade semipresen-cial. É interessante oferecer essa possibilidade, para que possam concluir a formação profis-sional. As avaliações pelas quais passarão são as mesmas do curso regular, pois buscam carac-terizar a competência. São aplicações práticas, da realidade cotidiana das empresas, vivências baseadas nos estudos que eles têm. São provas que avaliam a competência profissional.

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O processo de transforma-ção do livro didático impresso para a versão digital está enga-tinhando, no Brasil. Começou a ser adotado nas escolas parti-culares e está chegando ao en-sino público, com a publicação do edital do Programa Nacio-nal do Livro Didático (PNLD) de 2014, do Ministério da Educação (MEC), o primeiro a permitir que as editoras apre-sentem objetos educacionais digitais complementares aos li-vros impressos.

O livro didático na era digitalO futuro da versão digital para livros adotados no ensino é um assunto cada vez mais presente, mas ainda longe de certezas. Especialistas, ouvidos pela reportagem da Revista APE, são unânimes na opinião de que o livro em papel não deixará de existir e que é prematuro afirmar se o formato digital será melhor ou pior para a aprendizagem. Por enquanto, a expectativa é de que todos – governo, editoras, escolas – respeitem o perfil dos alunos, em cada fase da formação, na hora de definir quais recursos digitais e como serão utilizados em sala de aula

Os alunos não conheceram, até agora, o livro didático com-pletamente digital, da primeira à última página, ou seja, obras que foram pensadas e desen-volvidas exclusivamente para a plataforma digital. Atualmen-te, o que se vê são adaptações do livro didático impresso e a incorporação de recursos mul-timídia a esse conteúdo.

A iniciativa da Amazon – empresa norte-americana de comércio eletrônico, com forte atuação no setor livreiro – de

começar a operar diretamente no mercado brasileiro, nos pró-ximos meses, notícia que tem agitado nosso mercado edito-rial, deve promover o cresci-mento do livro digital de lite-ratura de ficção, segmento em que o processo de transforma-ção da versão impressa para a digital está mais avançado.

Hoje, o mercado editorial brasileiro oferece obras de fic-ção cujo conteúdo é o mesmo da versão impressa, apenas digi-talizados, ou livros em formato

O livro didático na era digitalO futuro da versão digital para livros adotados no ensino é um assunto cada vez mais presente, mas ainda longe de certezas. Especialistas, ouvidos

, são unânimes na opinião de que o livro em papel não deixará de existir e que é prematuro afirmar se o formato digital será melhor ou pior para a aprendizagem. Por enquanto, a expectativa é de que todos – governo, editoras, escolas – respeitem o perfil dos alunos, em cada fase da formação, na hora de definir quais recursos digitais e como serão utilizados em

Os alunos não conheceram, até agora, o livro didático com-

começar a operar diretamente no mercado brasileiro, nos pró-

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O livro didático na era digital

eletrônico com alguns recursos digitais. Portanto, espera-se que, com a entrada da Amazon, as editoras brasileiras ampliem e diversifiquem seus catálogos de obras digitais, assim como deverá crescer a disponibilida-de de novos leitores eletrônicos (tablets). Paralelamente, esse desenvolvimento deve esquen-tar a discussão sobre proprieda-de intelectual e acesso ao con-teúdo digital.

Nas escolas públicas

Despertando para essa re-alidade, o PNLD 2014, além de obras didáticas para o ensi-no básico, deverá atingir tam-bém os anos finais do ensino fundamental, e contempla a adoção de recursos digitais complementares aos livros im-pressos utilizados pelos alunos das escolas públicas. Um ma-terial multimídia, que agrega jogos educativos, simuladores e infográficos animados, a ser enviado, juntamente com o li-vro em papel, às escolas. Além disso, está prevista a opção de acesso on-line, pelos estudan-tes, a outros conteúdos que complementem os assuntos estudados em aula.

Os livros didáticos inscri-tos pelas editoras são avaliados por universidades federais e os aprovados integram o Guia do Livro Didático, que apresenta o

resumo das obras para profes-sores e diretores das escolas pú-blicas indicarem as mais ade-quadas ao processo pedagógico. A partir da assinatura de con-trato com o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE) do MEC, as editoras começam a produzir os livros que são entregues na rede pú-blica antes do começo do pró-ximo ano letivo.

No caso do PNLD de 2014, as editoras entregaram, em maio de 2012, os exempla-res das obras inscritas, para o processo de seleção – a meta é que o resultado final da avalia-ção pedagógica seja divulgado em maio de 2013, para que as escolas possam selecionar as obras que pretendem utilizar com seus alunos. Pelas previ-sões do FNDE, serão adquiri-dos 93 milhões de exemplares e o volume de investimento deve aumentar para a aquisição

O livro didático na era digital

Nas escolas públicas

Despertando para essa re-alidade, o PNLD 2014, além de obras didáticas para o ensi-no básico, deverá atingir tam-bém os anos finais do ensino fundamental, e contempla a adoção de recursos digitais complementares aos livros im-pressos utilizados pelos alunos das escolas públicas. Um ma-das escolas públicas. Um ma-terial multimídia, que agrega jogos educativos, simuladores

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dos livros didáticos com recur-sos digitais, mas o valor ainda não foi divulgado.

A retrospectiva dos inves-timentos é a seguinte: para atender ao PNLD de 2013, a previsão é que o governo invis-ta R$ 1,48 bilhão para adquirir e distribuir livros do 6º ao 9º ano do ensino fundamental; o PNLD de 2012 teve o orça-mento de R$ 1,3 bilhão (livros para o ensino médio); o PNLD de 2011, de R$ 1 bilhão (li-vros do 6º ao 9º ano do ensino fundamental); e o PNLD de 2010, de R$ 728 milhões (li-vros do 1º ao 5º ano do ensi-no fundamental). Em todos os anos, há também a reposição e complementação de obras de PNLDs anteriores.

Tudo indica que os inves-timentos em educação real-mente serão maiores. A Câ-mara dos Deputados aprovou a proposta do novo Plano Na-cional de Educação, que inclui a meta de o governo investir o valor equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no ensino do País. E já en-caminhou, no último mês de outubro, o texto para a análise dos senadores. A meta de 10% do PIB deve ser alcançada em dez anos e engloba recursos dos governos federal, estadu-ais e municipais.

Outra novidade, em termos de investimento para mate-rial de apoio ao trabalho dos professores, é a abertura de um processo de parcerias, pelo MEC, para a estruturação e operação de serviço público e gratuito de disponibilização de materiais digitais, por meio da Internet, aos usuários da edu-cação nacional (as empresas interessadas poderão inscrever

iniciativas do MEC. Cada lote de obras digitais será disponi-bilizado para públicos especí-ficos, com regras para controle de acesso e garantia dos direi-tos autorais e da propriedade intelectual dos acervos.

Transição para o livro digital

O PNLD de 2014 forma-liza a transição para o livro digital, ao permitir, nessa fase preliminar, a inclusão de obje-tos digitais que acompanham a obra impressa, segundo o dire-tor de Ações Educacionais do FNDE, Rafael Pereira Torino. Ele garante que a resposta do mercado editorial foi positiva, com a pré-inscrição de grande número de obras com conteú-do multimídia. “Todas as edi-toras participantes incluíram obras com recursos digitais em pelo menos uma categoria”, diz o diretor.

A evolução disso será gra-dual, no PNLD. Na edição de 2015, cujo edital deve ser pu-blicado no final de 2012, o go-verno incentivará a inscrição do livro digital completo, não apenas objetos digitais soltos, ou seja, toda a obra poderá ser vista na tela do computador. “Nossa proposta é que a escola receba a obra na versão digital, mas também em papel, porque

suas propostas até 15 de outu-bro de 2013). O objetivo é fazer a distribuição remota de obras digitais voltadas para professo-res, alunos e outros agentes da rede pública de ensino – univer-so estimado em 50 milhões de usuários. Devem ser oferecidos títulos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e de outras

o governo incentivará o livro

digital completo, ou seja, toda a obra

poderá ser vista na tela do computador

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assim garantimos o acesso ao conteúdo, caso acabe a ener-gia, por exemplo”. O PNLD de 2015 é voltado para os alu-nos do ensino médio. “Teori-camente, os adolescentes e jo-vens absorvem bem os recursos tecnológicos; é um bom ponto de partida para testarmos o uso do livro digital na sala de aula”, completa Torino.

Basta saber se a rede pú-blica estará preparada para re-ceber, em 2014, os livros com recursos digitais complemen-tares. “Acreditamos que sim, porém com alguma diferença. Hoje, já temos escolas prepa-radas para usar a obra digital, mas, algumas não estarão, em 2014”, analisa o diretor do FNDE. Para ele, o importan-te é que o Estado começou o processo e as três esferas do governo estão trabalhando ao mesmo tempo para abranger todas as escolas. “Existem di-versas ações dos governos fede-ral, estaduais e municipais, que convergem para permitir que as escolas tenham condições de utilizar as obras digitais. Há a compra de computadores, de conteúdos digitais, a instalação de banda larga...”

Rafael Torino vê de forma positiva o processo de evolução do livro didático impresso para a versão digital. “É uma nova

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação, oferece, para as escolas públicas de ensino fundamental e ensino médio, livros didáticos, dicionários e obras complementares. Aten-de também aos alunos da Educação de Jovens e Adul-tos (EJAs) das redes públicas de ensino e das entidades parceiras do Programa Brasil Alfabetizado. O PNLD é executado em ciclos trienais alternados. Anualmente, são distribuídos livros para todos os alunos de determi-nada etapa de ensino (anos iniciais do ensino funda-mental, anos finais do ensino fundamental ou ensino médio) – há também a reposição e complementação dos livros reutilizáveis para as outras etapas.

Cada exemplar deve ser aproveitado por três anos e, por isso, repassado de um estudante a outro, ao final de cada período letivo. A exceção fica para os livros con-sumíveis de alfabetização dos anos iniciais do ensino fundamental, além das obras de filosofia e sociologia do ensino médio, e também de língua estrangeira, dos dois níveis, que não precisam ser devolvidos. Os livros reu-tilizáveis são os das áreas de Matemática, Língua Portu-guesa, História, Geografia, Ciências, Física, Química e Biologia. E os consumíveis são os de Alfabetiza-ção, Matemática, Letramento e Alfabeti-zação, Inglês, Espanhol, Filosofia e Sociologia.

Como funciona o PNLD

todas as escolas. “Existem di-versas ações dos governos fede-ral, estaduais e municipais, que convergem para permitir que as escolas tenham condições de utilizar as obras digitais. Há a compra de computadores, de conteúdos digitais, a instalação

Rafael Torino vê de forma positiva o processo de evolução do livro didático impresso para a versão digital. “É uma nova

guesa, História, Geografia, Ciências, Física, Química e Biologia. E os consumíveis são os de Alfabetiza-ção, Matemática, Letramento e Alfabeti-zação, Inglês, Espanhol, Filosofia e Sociologia.

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opção de acesso ao conteúdo, que, muitas vezes, fica mais interessante com os recursos digitais.” Ele lembra que o uso da tecnologia em sala de aula tem poucos anos e não houve tempo ainda de explorar todas as possibilidades e comprovar os resultados. “Na medida em que as escolas forem usando os livros com recursos digitais, descobrirão maneiras diferen-tes de explorá-los, tanto pelos professores como pelos alunos.”

A ideia do MEC, segun-do ele, é priorizar o professor, nos planos de capacitação para o uso da tecnologia, conside-rando que o aluno dessa ge-ração já nasceu na era digital e, portanto, deve ter mais fa-cilidade para lidar com as no-vidades tecnológicas. “Cem por cento dos professores do

ensino médio da rede pública vão ter um tablet para trabalhar e serão orientados sobre como utilizá-lo em sala de aula”, complementa Torino.

Tecnologia com bom senso

Considerando as diferentes condições sociais e econômicas no Brasil, o avanço do livro di-gital nas escolas percorrerá ca-minhos tão diferentes quanto. “Para a população em geral, o acesso aos meios digitais é uma realidade muito distante ainda. Principalmente no interior do País, falta o básico, não há in-vestimento em infraestrutura, Internet de banda larga”, analisa a pesquisadora e coordenadora do Departamento de Pesqui-sas Educacionais da Fundação Carlos Chagas, e membro da APE, a professora Bernarde-te Angelina Gatti. Por outro lado, nas grandes cidades e entre as camadas sociais mais ricas, o interesse mercadológico pode estimular o uso exagera-do e equivocado da tecnologia na educação. A pesquisadora alerta que é preciso ter bom senso para empregar os recur-

sos digitais, respeitando o alu-no nas diferentes fases de sua trajetória escolar.

O livro impresso é fun-damental para o desenvolvi-mento da criança e algumas atividades que ele proporciona são insubstituíveis pelo meio digital. “Quando a criança ra-bisca, escreve, manipula o livro no papel, está desenvolvendo sua habilidade motora, cogni-tiva. Ela precisa desse contato com o livro. Por isso, iniciar a criança em alguns aspectos di-gitais, não tem problema, mas não vejo com bons olhos a ideia de transformar tudo em digi-tal”, diz Bernardete, que já foi professora de escolas estaduais e orientadora educacional do Colégio de Aplicação da Uni-versidade de São Paulo (USP).

No ensino médio, a situação é outra. “O livro digital, quando for acessível, prestará um gran-de serviço para o aluno adoles-cente, apresentando materiais diferentes, para complemen-tar a aprendizagem. Mas, de

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qualquer forma, não se pode reduzir tudo ao livro digital, porque nenhum meio digital substitui a qualidade de um bom professor. O aluno pode buscar informação no compu-tador, no tablet, mas o conhe-cimento de fato está na aula dada pelo professor.” Além disso, a pesquisadora lembra que a educação visa formar o ser humano e isso se faz no re-lacionamento e por essa razão o contato entre o professor e o aluno é fundamental.

Bernardete Gatti é abso-lutamente contrária ao uso da tecnologia para substituir a aula prática no laboratório de Ciências da escola. “O Brasil está caminhando nesse sen-tido, valorizando a simulação em programas de computador. É uma falta de conhecimen-to dos conceitos de educação e desenvolvimento humano. Não se vê essa substituição nos países desenvolvidos.” Na opinião dela, o aluno precisa estar no laboratório para fa-zer os experimentos básicos de Física, Biologia e Química, pois o contato faz parte do co-nhecimento. “O computador deve auxiliar apenas na orga-nização dos dados, nos cálcu-los, mas se substituir a mani-pulação é um grande prejuízo para a criança, o aluno.”

Para trazer resultados po-sitivos, os recursos digitais têm de ser integrados à didática da escola. Caso contrário, podem virar uma brincadeira na aula e perder o valor da aprendi-zagem. “Eu admiro a Suécia, Noruega e Finlândia. Eles têm muita preocupação com a edu-cação infantil. Usam os meios digitais com cuidado, em de-terminados momentos, bem definidos. São conscientes de que a tecnologia é apenas au-xiliar e que o professor deve dominar o conhecimento. Não vejo, nesses países, a substitui-ção do livro didático impresso pelo digital”, diz Bernarde-te, lembrando que os estudos feitos no Exterior sobre o uso dos recursos digitais na sala de aula são controvertidos. Não

há, por enquanto, consenso se a tecnologia beneficia ou preju-dica a aprendizagem.

Mesmo considerando o modismo, “um traço perigoso da cultura brasileira”, e o po-der do marketing para impor os meios digitais na Educação, Bernardete Gatti se diz satis-feita ao constatar que escolas de elite da cidade de São Pau-lo, que ela acompanha de perto, também têm tido cautela para aplicar os meios digitais, res-peitando a relação pedagógica e o desenvolvimento do aluno. Para a pesquisadora, há uma certeza, neste momento: “O livro impresso não deve deixar de existir, seja aqui, no Brasil, ou em outros países”.

“O livro impresso não deve deixar de existir, seja aqui, no Brasil, ou em outros países”

Bernardete Gatti

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Questionada sobre a possi-bilidade de a tecnologia empre-gada nos livros didáticos e em determinadas atividades, como a simulação de experimentos científicos, mascarar a falta de qualidade do ensino de uma escola, a pesquisadora acredi-ta que sim, isso pode aconte-cer, pois seria mais um escudo para os estabelecimentos de má qualidade, que atraem alunos apenas pela estrutura física que oferecem. “Há muito exibicio-nismo em algumas classes so-ciais; crianças pequenas já têm seus próprios tablets como um

novo brinquedo que levam para a esco-la. Esperamos que as famílias, encantadas com a invasão tec-nológica no Brasil, busquem, sobretudo, a qualidade da educa-ção para seus filhos.”

Bernardete Gatti tem percebido que, apesar da novidade, a criança se cansa de ler no tablet. Essa sim-ples observação mos-tra que as questões fisiológicas também devem ser considera-das, no debate sobre o avanço da tecnologia nas escolas. O uso de computadores, tablets

e smartphones, por horas a fio, na postura errada, como se tem visto entre a população jovem, faz mal à saúde, em especial aos olhos e à coluna vertebral. É preciso disseminar, entre os alunos, os cuidados necessários, como a postura correta na fren-te da tela, e buscar soluções que amenizem qualquer dano ao corpo, principalmente porque a tecnologia tem atraído crianças cada vez mais novas.

Em sala de aula, o provável descompasso entre a habilida-de do professor e a do aluno, em lidar com os meios digitais,

considerando que o professor terá de assimilar a nova cultu-ra e o aluno já nasceu na era digital, não é problema para a relação dos dois, na opinião da educadora. “O professor terá, é claro, de se atualizar, mas ele pode mobilizar o conhecimen-to do aluno e levar para o as-pecto pedagógico, estruturando a participação do aluno-prota-gonista durante a aula. O aluno, por sua vez, adora mostrar que sabe, para o professor e os cole-gas”, conclui.

O que muda na literatura?

Se considerarmos apenas a transcrição da obra impres-sa para os leitores digitais, ou e-books, é, seguramente, mais fácil responder a essa pergun-ta: as mudanças são pequenas para a literatura tradicional, já que o texto continua o mes-mo, apenas o leitor ganhou um meio alternativo para a leitura. Entretanto, a análise é outra, quando se fala do li-vro digital propriamente dito, desenvolvido para o novo for-mato, com diversos elemen-tos, como vídeos, imagens, animações, etc., que aumen-tam as possibilidades de inte-ratividade com o leitor.

Para a literatura, como co-nhecemos hoje, a linguagem

Curiosidade britânicaPesquisa realizada com 500 crianças,

na faixa etária entre 6 e 15 anos, na In-glaterra, revelou que os estudantes da era digital desconhecem o material impres-so de consulta. Dezenove por cento das crianças entrevistadas não sabem o que é um dicionário impresso e 45% nunca

usaram uma enciclopédia. A geração Google prefere, de fato, fazer

suas consultas na Inter-net: 54% responde-

ram que usam o buscador quando

precisam checar informação e fazer o dever de casa.

é um dicionário impresso e 45% nunca usaram uma enciclopédia. A geração

Google prefere, de fato, fazer suas consultas na Inter-

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informação e fazer o dever de casa.

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escrita é fundamental. A dúvida é se o livro digital não colocaria a literatura em segundo plano, reduzindo o teor de concentra-ção e o envolvimento do leitor. “Uma coisa é o leitor preocu-par-se apenas com o texto, ou-tra é distrair-se com imagens, vídeos”, analisa o escritor Fer-nando Paixão, professor de Li-teratura do Instituto de Estu-dos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). Ele observa que o objetivo da lite-ratura é transmitir vivência, não informação, e pode ser traduzi-da como um ato silencioso de descoberta de outros mundos.

Ele é taxativo ao afirmar que é muito cedo para falar so-bre o futuro do livro digital e as implicações para a literatura. Apontar vantagens ou desvan-

tagens seria pura especulação. “Não temos nem meia geração vivendo nesse novo contexto digital, então, como podemos prever o futuro do livro digi-tal e avaliar, com segurança, se será bom ou ruim?”, questiona. “Para a literatura tradicional, talvez tenha alguma desvanta-gem, mas, quem sabe, a litera-tura mude. Com a vida moder-na, tão fragmentada, talvez a literatura fique mais curta, mais fragmentada também, e os re-cursos digitais possam somar nesse sentido.”

A plataforma digital é, hoje, uma tendência inexorável, na opinião de Fernando Paixão. “A situação, no entanto, ain-da está muito indefinida. Não sabemos qual ambiente digital predominará, há competição entre softwares. Enfim, estamos engatinhando nesse processo. Hoje, só temos a transposição de texto, faltam elementos para analisar o futuro do livro digi-tal”, diz o escritor.

Ele acredita que o livro im-presso nunca deixará de existir,

mas deve perder proeminên-cia no mercado. “Ainda é mais confortável ler no papel do que na tela”, complementa. E como será a identidade das livrarias no futuro? Na opinião dele, as livrarias, que têm apoio no li-vro de papel, devem entrar em crise. E, quem sabe, as obras impressas passem a ocupar uma pequena área nos shoppings cul-turais. “Talvez não tenhamos mais espaço público para co-nhecer os livros que foram lan-çados”, diz Paixão, que também foi diretor editorial, por mais de 20 anos, da Editora Ática.

E o que os editores de li-vros didáticos tem a dizer sobre o assunto? Foi o que a repor-tagem da revista APE tentou saber, por meio da Associação Brasileira de Livros Didáticos (Abrelivros), que congrega as empresas do setor, mas apesar da insistência em obter a indi-cação de um representante da entidade para a entrevista pro-posta, não obteve sucesso.

Fernando Paixão

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Revista APE – Como o senhor analisa o pro-cesso de transformação do livro didático impres-so para a versão digital?

Claudio de Moura Castro – O processo vem sendo muito penoso, por causa dos medos e do conservadorismo das casas editoras e das demais instituições envolvidas no mercado do livro. Diante da Amazon, da Google e da Apple, tremem de medo e se fecham em copas. Pos-sivelmente, é a pior estratégia, pois deixam de agir de forma mais arrojada, criando, para eles, novos espaços.

APE – Essa é uma situação que acontece só no Brasil?

Castro – No Brasil não é diferente. Por exem-plo, a Pearson não é brasileira e vi nela um com-portamento muito conservador e cauteloso, tanto quanto o das nossas editoras. O problema do ex-cesso de cautela é que abre espaço para novos operadores, vindo de outros mundos mais agres-sivos. Estão entrando mais rapidamente e podem ganhar um mercado que as editoras levaram dé-cadas para conquistar. Outro risco são as cópias piratas. Custa US$ 10 para digitalizar um livro, na China. Se for vendido por um site da Bulgária, pago com cartão de crédito da Mongólia, é qua-se impossível coibir a explosão de um mercado clandestino. Até me surpreendo que ainda não esteja mais pujante.

APE – A tecnologia em sala de aula deve aju-dar o trabalho do professor?

Castro – No que diz respeito aos livros di-gitais, há dois aspectos igualmente importan-tes. O primeiro é puramente econômico. Uma vez feito o livro, sua distribuição digital se faz a

O economista Claudio de Moura Castro, especialista em educação, fala sobre a postura das editoras na transição do livro didático em papel para a versão digital. Ele, que já lecionou na PUC-Rio, Fundação Getúlio Vargas, Universidade de Chicago, Universidade de Brasília, Universidade de Genebra e Universidade da Borgonha, é também articulista da revista Veja

Excesso de cautela

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custo zero. Isso pode significar uma economia fenomenal para os cofres públicos e para facul-dades privadas. Não importa se o aluno gosta de ler na tela – sabemos que não se importa, mas não é esse o ponto –, pois a redução de custos é enorme. O segundo é o potencial de criar um livro muito mais interativo, muito mais denso em hipertextos e malabarismos tecnológicos. E, também, de atualizá-lo rapidamente, bem como customizar para esse ou aquele cliente.

APE – E os alunos? Os recursos digitais po-dem estimular o interesse em aprender?

Castro – Livro é livro. O fato de estar na tela ou no papel não o faz melhor ou pior. Mui-to mais importante do que esse aspecto, é a sua qualidade intrínseca. Isso não muda, continua o desafio de produzir livros geniais. Mas um bom livro pode se tornar mais atraente, com todos os recursos de hipertextos, animações, referências cruzadas e tudo o que se pode pendurar em um arquivo digital, até música.

APE – O senhor vê relação entre o uso da tecnologia e a qualidade de ensino?

Castro – Na prática não. Pela simples razão de que o computador e a escola são inimigos figadais. Não se entendem de maneira alguma. Nenhum programa de uso de informática na es-cola deu certo, exceto em nichos muito particu-lares. Em todos os países, vem sendo um dos pio-res investimentos que o Estado pode fazer. Isso não é dizer que o computador seja inapto para a educação. Pelo contrário, é brilhante. O proble-ma é a incompatibilidade de gênios com a escola formal. Fora dela, faz maravilhas.

APE – Há outras vantagens e desvantagens do uso do livro digital nas escolas?

Castro – Falei das vantagens econômicas. Sem mudar nada, um computador razoável já custa o mesmo que os livros que um universitá-rio deveria comprar em um ano letivo. Do ponto de vista de educação, o livro digital pode ser um

passo adiante no processo de estruturação do en-sino. Em torno dele, tudo pode acontecer, com a colaboração ativa do professor, cuja vida pode ser muito facilitada, apesar dos desafios de lidar com um conhecimento muito mais vivo.

APE – O senhor sabe se o Brasil já realizou alguma pesquisa sobre o uso de livros com recur-sos digitais nas escolas?

Castro – Não conheço, mas isso não quer dizer nada. Por outro lado, algumas versões de Educação a Distância usam tecnologias que se aproximam do livro digital e estão em pleno uso, com bastante sucesso.

APE – O senhor acredita que o livro escolar impresso deixará de existir daqui a algum tempo?

Castro – Penso que a pergunta, tal como formulada, não possa ser respondida. Isso por-que, por mais sucesso que faça o livro digital, o de papel ainda vai encontrar muitos nichos de mercado. O importante é saber se grande parte dos livros em papel vai virar digital. Acho que sim, considerando o que vemos em países como a Coreia. Um problema nesse processo é que a liderança da conversão está nas mãos de países ricos, para quem o livro em papel está mais do que dentro de suas realidades orçamentárias. E quem mais tem a lucrar com o livro digital são os países mais pobres, que tendem a ser caudatários das tendências do Primeiro Mundo.

Livro é livro. O fato de estar na tela ou no papel não o faz melhor ou pior.

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ARTIGO:

A história do Bra-sil está cheia de loteamentos, em suas várias fases

de desenvolvimento: primeiro, foram as capitanias; depois, os governos-gerais, os vice-reina-dos, as províncias, os estados, os municípios. Chegou, agora, a vez das cotas, como estratégia não mais geográfica e, sim, de política social, com vistas à con-quista de uma possível justiça, com o resgate da dívida moral para com as minorias historica-mente excluídas das benesses da civilização. Daí, que se vão im-plantando, em todos os setores da vida brasileira, essas cotas, que buscam equalizar as con-

dições mínimas de competiti-vidade entre brancos e coloreds, ricos e pobres, privilegiados e despossuídos. A primeira are-na escolhida para sediar essa experiência foram as universi-dades, especialmente as fede-rais, que devem destinar 50% de suas vagas a alunos negros e índios, mais os pobres, com renda familiar insuficiente, que tenham cursado o ensino mé-dio das escolas oficiais (fede-rais, estaduais e municipais). É o Programa Universidade para Todos (Prouni) em ação.

Resta saber se, na aplica-ção dessa política, o governo atua com acerto ou desacerto. As opiniões a respeito do tema

têm ensejado, quer na mídia quer entre os próprios educa-dores, uma divergência, que tende a radicalizar-se, a cada dia que passa. Não poucos me perguntam de que lado estou, nessa polêmica. E minha res-posta é a que se segue:

Nada tenho contra as cotas, em si, muitos países do Primei-ro Mundo as têm utilizado em suas políticas de educação. Os Estados Unidos, por exemplo, as vêm prestigiando nos cha-mados projetos de hed-start, a partir da pré-escola. E o maior pensador político do século XX, Norberto Bobbio, disse sobre elas, no seu monumental Di-cionário de Política, o seguinte:

Paulo Nathanael Pereira de Souza*

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“A simples concessão de igual-dade de direitos não é suficiente para tornar acessíveis a quem é socialmente desfavorecido, as oportunidades de que gozam os indivíduos socialmente privile-giados. Há necessidade de dis-tribuições desiguais para colo-car os primeiros ao mesmo nível de partida. Por isso, os progra-mas head start, conquanto, in-trinsicamente inigualitários são extrinsicamente igualitários, já que levam a um nivelamento de oportunidades de instrução”.

O mal, pois, não reside nas cotas em si, e, sim, na forma como se faz a sua implanta-ção: se como instrumento me-ramente político-eleitoral, ou como meio de efetivamente promover a justiça social por meio do aumento das opor-tunidades educacionais. No caso brasileiro, parece que a primeira hipótese sobrepuja a segunda, o que gera uma série de problemas da maior gravi-dade, como os que se seguem:

1o A forma autoritária com que se implantou a medida feriu profundamente a autonomia universitária e retirou das instituições de ensino supe-rior o seu direito constitucio-nal de escolher a forma mais conveniente de decidir sobre o tipo de alunos que deseja ter em seus cursos;

2o O despreparo intelectu-al generalizado dos alunos, que se matriculam, via cotas, nos cursos superiores, não só obriga os professores a rebaixarem o nível de ensi-no, como também provoca o aumento das taxas de evasão e reprovação de estudantes, bem como, no longo prazo, será responsável pela de-cadência das atividades de pesquisa, que sempre foram a própria razão de ser da epistemologia científica do saber universitário;

3o Embora concebida como instrumento de justiça so-cial, a aplicação indiscri-minada das cotas cria outra injustiça, que diz respeito à frustração dos alunos que disputam as vagas nos ves-tibulares e têm de confor-mar-se em ver seu mérito desprezado, em favor de candidatos menos prepara-dos e beneficiados por essa carteirada política. O pior de tudo isso é que a eva-são dos que não conseguem acompanhar as exigências de um ensino superior, mes-mo rebaixado em seu nível, cria numerosas vagas ocio-sas, que não poderão ser aproveitadas pelos alunos que ficaram de fora, embora aptos a cursar faculdade;

4o Isso tudo, sem levar em con-ta o fato de que essa discri-minação em favor de negros e índios institui por lei no Brasil um tipo de racismo às avessas, tanto mais gra-ve quanto bem se sabe que, entre nós, o relacionamen-to social sempre se fez mais por harmonias convivenciais (vejam-se os estudos de Gil-berto Freire e Sérgio Buar-que de Holanda) do que pelo artificialismo ideológico da luta de classes.

A conclusão é a de que uma política de cotas que vise, emer-gencialmente, a equalizar o di-reito das minorias sociais com o das maiorias, no contexto de uma política mais ampla de qualificação do sistema educa-cional como um todo, findo o qual poderá – e deverá – ser ex-tinto, é perfeitamente aceitável e até recomendável. Mas, como medida isolada e inspirada me-nos na superação da falência qualitativa desse mesmo siste-ma, e mais nos acenos eleitorais dos governantes de plantão, pode prestar-se a gerar graves distorções como as apontadas nestas reflexões.

*Paulo Nathanael Pereira de SouzaDoutor em Educação e Presidente da Academia Paulista de Educação

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Acadêmicos

João Gualberto de Carvalho Meneses (ca-deira 5) foi reeleito presidente do Conselho Municipal de Educação de São Paulo, para o mandato de 2012 a 2014. O acadêmico também participou do I Congresso de Direito Educa-cional da Ordem dos Advogados – seção São Paulo (OAB/SP), apresentando a palestra de abertura, intitulada Fontes Normativas do Di-reito Educacional. Promovido pela Comissão Jovem Advogado da OAB-SP, a programação contemplou outros temas relacionados à área da Educação, como: a jornada de trabalho do pro-fessor e a legislação trabalhista; a inadimplência no setor educacional; autonomia universitária e medidas cautelares de supervisão do Ministé-rio da Educação (MEC); análise de leis sobre bullying; e questões jurídicas sobre a data de in-gresso no ensino fundamental.

Conselho Municipal de Educação

A trajetória de Sud MennucciLuiz Gonzaga Bertelli (cadeira 31) publicou ar-

tigo sobre o educador, geógrafo, sociólogo, jornalista e escritor Sud Mennucci, na Revista do Historia-dor, edição 162, maio/junho, 2012. Intitulado “Sud Mennucci, um educador que não pode ser esqueci-do”, o texto do acadêmico destaca a trajetória desse intelectual que marcou época e continua sendo uma referência na área da Educação – é patrono da cadei-ra 8 da Academia Paulista de Educação, atualmente ocupada por Nacim Walter Chieco.

José Renato Nalini (cadeira 35) lançou o livro Direitos que a cidade esqueceu (Editora Revista dos Tribunais), no qual aborda as carências e defici-ências das cidades brasileiras, em confronto com uma Constituição Cidadã, que erigiu os direitos fundamentais a um norte muito preciso para a atuação de todo o Poder Público.  O acadêmico também participou do Conselho Curador do Prê-mio São Paulo de Literatura 2012, a convite do secretário de estado da Cultura, Marcelo Araujo,

Myriam Krasilchik (cadeira 34) é uma das or-ganizadoras, ao lado dos professores Marieta Lúcia Machado Nicolau e Nilson José Machado, do livro Novos rumos, novos olhares - Programa de Educação Continuada - PEC/USP (Editora Livraria da Fí-sica), lançado recentemente. A obra é resultado de um esforço coletivo de alunos e professores que fre-

Experiência registrada em livro

Direito e literaturacuja cerimônia de entrega ocorreu no final de se-tembro passado. Lançada em 2008, a premiação já se consolidou como uma das mais importantes do País. A cada ano, são contemplados dois auto-res de romances (escritos em língua portuguesa, originalmente editados e publicados no Brasil), um veterano, na categoria Melhor Livro, e outro em início de carreira, na categoria Melhor Livro – autor estreante, que recebem o valor de 200 mil reais cada um.

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Homenagem da USP

Wander Soares (cadeira 17) participou da estruturação do programa do Curso de Exten-são em Edição – O Livro como Negócio e Produto, da Univer-sidade do Livro, unidade volta-da à capacitação e atualização com foco no mercado editorial, da Fundação Editora Unesp e ministrou a aula inaugural em setembro passado. Na oportuni-dade, o acadêmico, que tem lar-ga experiência no setor editorial, apresentou uma visão geral do mercado do livro no Brasil, sua situação atual e perspectivas, e destacou a importância da edu-cação escolar e do incremento ao gosto pela leitura. O objetivo do curso é permitir, que os atuais e futuros profissionais de editoras ampliem seus conhecimentos so-bre o negócio em que estão inse-ridos, enriquecendo a capacidade de gestão própria, por meio de discussões acerca das especifici-dades da área e novas tendências e oportunidades do mercado. Convidado a integrar o Conse-lho Curador da Fundação Na-cional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o acadêmico tomará posse do cargo no dia 3 de de-zembro de 2012, em cerimônia realizada na sede da Fundação, no Rio de Janeiro.

Flávio Fava de Moraes (cadeira 1) foi homenageado, no dia 3 de outubro, durante jantar realizado no Clube Monte Líba-no, pelas relevantes contribuições à Universidade de São Paulo (USP), como professor do Instituto de Ciências Biomédicas da instituição e, em especial, por sua atuação como Reitor, no pe-ríodo de 1993 a 1997. Recentemente, o acadêmico também foi reeleito para o Conselho Curador da Fundação da Faculdade de Economia Álvares Penteado (Fecap) e da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Reinaldo Polito (cadeira 3) tomou posse na Academia Arara-quarense de Letras, no dia 26 de outubro. Ele ocupará a cadeira 36, cujo patrono é frei Francisco do Monte Alverne. Na mesma oportunidade, tomarão posse, ao lado dele, a esposa do acadêmico, Marlene Theodoro Polito, que ocupará a cadeira 32; José Weling-ton  Pinto e Antonio Clovis Pinto Ferraz, nas cadeiras 26 e 27, respectivamente. Presidida por Darcy Oliveira Lins, a Academia foi criada há pouco tempo, por iniciativa da escritora Aparecida Aguiar (vice-presidente), com o objetivo de valorizar a língua e a literatura nacionais, bem como promover e estimular a produção literária e sociocultural. Seus 37 membros, entre poetas, jornalistas e contistas naturais de Araraquara, foram escolhidos por indicação da presidência e diretoria, de acordo com a relevância de suas pu-blicações. Em reunião realizada em maio passado, foi empossada parte dos acadêmicos e agora, em outubro, será completada a posse dos demais membros.

quentaram a 3ª edição do Projeto de Ensino Continuado, ocorrido na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). A obra tem como propósito fornecer aos leitores uma visão multifaceta-da do complexo processo que reuniu 876 alunos, 66 docentes e cerca de 280 videoconferencistas, numa jornada que levou mais de 3.300 horas, na qual procurou-se qualificar o ensino e a aprendizagem na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Mercadoeditorial

Em nova Academia

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Cadeira 1 Patrono: Eduardo Carlos PereiraTitular: Flávio Fava de Moraes Antecessor/Fundador: Aquiles Archero Júnior

Cadeira 2Patrono: Antônio Sampaio DóriaTitular: Jorge Nagle Antecessor: Alcindo Muniz do SouzaFundadora: Zenaide Villalva de Araujo

Cadeira 3Patrono: Fabiano LozanoTitular: Reinaldo Polito Antecessor: Padre Hélio Abranches Viotti Fundadora: Matilde Brasiliense de Almeida Bessa

Cadeira 4Patrono: João de Deus Cardoso de MelloTitular: Samuel Pfromm Netto Antecessor / Fundador: Alberto Rovai

Cadeira 5Patrono: João KöpkeTitular: João Gualberto de Carvalho Meneses Antecessor / Fundador: Walter Barioni

Cadeira 6Patrono: Roldão Lopes de BarrosTitular: Márcia Lígia Guidin Antecessor: Laura de Souza Chauí Fundador: Maria do Carmo de Godoy Ramos

Cadeira 7Patrono: Padre Leonel FrancaTitular: Paulo Nathanael

Pereira de Souza Antecessor/Fundador: Alberto Mesquita de Camargo

Cadeira 8Patrono: Sud MenucciTitular: Nacim Walter Chieco Antecessor/ Fundador: Noêmia Saraiva de Mattos Cruz

Cadeira 9Patrono: Alberto ConteTitular: Arnold Fioravante Antecessor: Cidmar Teodoro Pais Fundador: Nelson Cunha Azevedo

Cadeira 10Patrono: Antonio Ferreira de Almeida JúniorTitular: José Augusto Dias Antecessor/ Fundador: Amaury Moraes de Maria Cadeira 11Patrono: João Baptista JuliãoTitular: Sônia Terezinha de Souza Penin Antecessor/Fundador: Hercília Castilho Cardoso

Cadeira 12Patrono: Júlio de Mesquita FilhoTitular: Cláudio Salvador Lembo Antecessores: Irany Novah Moraes e Orlando Alvarenga GaudioFundador: Laerte Ramos de Carvalho

Cadeira 13Patrona: Adalivia de ToledoTitular: Teresa Roserley Neubauer da Silva Antecessora/Fundadora: Corina de Castilho Marcondes Cabral

A Academia Paulista de Educação é formada por 40 cadeiras, cada uma com seus respectivos patrono e titular, este eleito em Assembleia Geral, quando da ocorrência de vaga. APE agrega Acadêmicos Honorários, Acadêmicos Beneméritos e Acadêmicos Correspondentes:

Cadeira 14Patrono: Antonio PiccaroloTitular/Fundador: Oswaldo Melantonio

Cadeira 15Patrono: Antonio Firmino de ProençaTitular: Luiz Barco Antecessor/ Fundador: Vicente de Paula Rocha Keppe

Cadeira 16Patrono: Abraão de MoraesTitular/ Fundador: Osvaldo Sangiorgi

Cadeira 17Patrono: Celestino BourroulTitular: Wander Soares Antecessor: José Aristodemo Pinotti Fundador: João Baptista de Oliveira e Costa Júnior

Cadeira 18Patrono: José Bento Monteiro LobatoTitular: João Grandino Rodas Antecessor: Erwin Theodor Rosenthal Fundador: Valerio Giulli

Cadeira 19Patrono: Carlos PasqualeTitular: Celso de Rui Beisiegel Antecessores: Paulo Zingg, Antonio Augusto Soares Amora e José Mário Pires AzanhaFundador: Oswaldo Quirino Simões

Cadeira 20Patrono: Maria Augusta SaraivaTitular: Myrtes Alonso Antecessor: Rosalvo Florentino

Acadêmicos

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Fundador: René de Oliveira Barbosa

Cadeira 21Patrono:Fernando de AzevedoTitular: Moacyr Expedito Marret Vaz GuimarãesAntecessor/ Fundador: José Fernandes Soares

Cadeira 22Patrono: Padre Manoel da NóbregaTitular: Amélia Americano Domingues de Castro Antecessor/ Fundador: Reynaldo Kuntz Busch

Cadeira 23Patrono:Robert MangeTitular: José Cláudio Correra Antecessor/Fundador: Rita de Freitas

Cadeira 24Patrono: Álvaro Lemos TorresTitular: José Sebastião Witter Antecessor: Vinício Stein Campos Fundador: Sílvio Carvalhal

Cadeira 25Patrono: João Augusto de ToledoTitular: Ives Gandra da Silva Martins Antecessor/ Fundador: Antonio d’Avilla

Cadeira 26Patrono: Padre José de AnchietaTitular/Fundador: Luiz Contier

Cadeira 27Patrono: Theodoro Augusto RamosTitular: Bernardete Agelina Gatti Antecessor: Jorge Bertolaso Stela e Benedito Castrucci Fundador: Egon Schaden

Cadeira 28Patrono: Suetônio Bittencourt JuniorTitular: Francisco Aparecido Cordão Antecessor: Apparecida Gomes do Nascimento Thomazelli Fundador: Luiza Chagas

Cadeira 29Patrono: Geraldo Horácio de Paula SouzaTitular: Rachel Gevertz Antecessora/Fundadora: Maria Antonieta de Castro

Cadeira 30Patrono: Joaquim SilvaTitular: Maria de Lourdes Mariotto Haidar Antecessor/ Fundador: José Bueno de Oliveira Azevedo Filho

Cadeira 31Patrono: Pedro VossTitular: Luiz Gonzaga Bertelli Antecessor: Mario Pires Fundador: Juvenal Paiva Pereira

Cadeira 32Patrono: Horácio Augusto da SilveiraTitular: João Cardoso Palma Filho Antecessores: Sólon Borges dos Reis e Paulo Ernesto Tolle Fundador: Arnaldo Laurindo

Cadeira 33Patrono: Manoel Bergström Lourenço FilhoTitular: vaga Antecessores: Carlos Corrêa Mascaro e Paulo Renato de Souza Fundador: João de Souza Ferraz

Cadeira 34Patrono: Ernst Gustav Gothel MarcusTitular: Myriam Krasilchik

Antecessor/ Fundador: Michel Pedro Sawaya

Cadeira 35Patrono: Newton Almeida MelloTitular: José Renato Nalini Antecessores: Zoraide Rocha De Freitas e Pedro Salomão José KassabFundador: João Chiarini

Cadeira 36Patrono: Anésia Loureiro GamaTitular: Zilda Augusta Anselmo Antecessor/ Fundador: Walter Silveira da Mota

Cadeira 37Patrono: Máximo Moura SantosTitular: Ivani Catarina Arantes Fazenda Antecessor/ Fundador: Henrique Ricchetti

Cadeira 38Patrono: Norberto Souza PintoTitular: Jair Militão da Silva Antecessor: Odilon Nogueira de Matos Fundador: Luiz Horta Lisboa

Cadeira 39Patrono: Emilio Mira y López Titular: Joaquim Pedro Vilaça de Souza Campos Antecessor: Imídeo Giuseppe Nérici Fundador: Agostinho Minicucci

Cadeira 40Patrono: Manoel Ciridião BuarqueTitular: Anna Maria Pessoa de Carvalho Antecessora: Maria José Barbosa de Carvalho Fundadora: Nilce de Carvalho Amazonas

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