96
Carlos Francisco Moura Academia de Marinha Academia Portuguesa da História Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Real Gabinete Português de Leitura Instituto Luso-Brasileiro de História do LLP ACADEMIA DE MARINHA Lisboa 2019 O ENSINO NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS NO SÉCULO XVIII - Documento iconográfico da aula assistida por D. Maria I - Conjunto de gravuras didáticas - Os Novos Estatutos (1796)

NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

Carlos Francisco Moura

Academia de MarinhaAcademia Portuguesa da História

Instituto Histórico e Geográfico BrasileiroReal Gabinete Português de Leitura

Instituto Luso-Brasileiro de História do LLP

ACADEMIA DE MARINHA

Lisboa 2019

O ENSINO NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS

NO SÉCULO XVIII- Documento iconográfico da aula assistida por D. Maria I

- Conjunto de gravuras didáticas- Os Novos Estatutos (1796)

Page 2: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

FICHA TÉCNICA:

Título O Ensino na Real Academia dos Guardas-Marinhas no século XVIII: Documento iconográfico da aula assistida por D. Maria I; Conjunto de gravuras didáticas; Os Novos Estatutos (1796)

Autor Carlos Francisco Moura

Auxiliar de Pesquisa Fernanda de Sousa

Revisão Fernanda de Sousa e Orlando José Dias Inácio

Edição Academia de Marinha

Assessor de Edição José Manuel dos Santos Maia

Foto da capa Lançamento à água da nau “D. Maria I”, da fragata “Príncipe do Brasil” e do bergantim “Serpente do Mar” na Ribeira das Naus, em 1789. Cortesia: Biblioteca Central de Marinha - Arquivo Histórico

Publicação e Distribuição Academia de Marinha Edifício da Marinha Rua do Arsenal 1149-001 Lisboa

Impressão e Acabamento Página Ímpar Lda.

Tiragem 200 exemplares

ISBN 978-972-781-152-6

Depósito Legal falta

Data de edição Setembro 2019

Page 3: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

3

ÍNDICE

PREFÁCIO ....................................................................................................................7

O ENSINO NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS NO SÉCULO XVIII .................................................................................................... 11

I – AULA E EXERCÍCIOS ASSISTIDOS POR D. MARIA I: DOCUMENTO ICONOGRÁFICO IDENTIFICADO E NOTÍCIA HISTÓRICA ....................13- A perspectiva em sépia da Casa das Fôrmas, da Coleção José da Costa

e Silva ....................................................................................................................14- A Gazeta de Lisboa noticia o estabelecimento da Academia Real dos

Guardas -Marinhas e suas primeiras aulas ..............................................................17- Aula e exercícios dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I ......................18

ILUSTRAÇÕESA perspectiva em sépia da Casa das Fôrmas

1 - Perspectiva interior da Casa das Fôrmas ..........................................................212 - A letra M: Exercício de Manobra ordinariamente no Porto. Identificação:

corveta Paciência ............................................................................................213 - A letra A: posições de Sua Majestade e de toda a Família Real; A letra B:

o Comandante da Companhia; A Letra H: Princípios de Tática Naval .............224 - A letra H: Princípios de Tática Naval ...............................................................225 - A letra B: o Comandante da Companhia ..........................................................236 - A letra C: Matemática desde a Aritmética até Trigonometria Retilínea.

A letra E: Arquitetura Naval; A letra F: Esqueleto ............................................237 - A letra D: desde Trigonometria Esférica até o Cálculo Diferencial.

A letra G: Artilharia Teórica e Prática ..............................................................248 - A letra J: Analisação do Pano Redondo, do Pano de Entre os Mastros

e Triangular ......................................................................................................249 - A letra L: Recapitulação da Cábrea para Mastrear quanto à sua Mastreação

e Aparelho .......................................................................................................2510 - A letra B: o Comandante da Companhia; A letra N: a Companhia fazendo honras

a Sua Majestade ...............................................................................................2511 - A corveta Paciência extraída da Perspectiva (desempachada dos portais

de fundo) ..........................................................................................................26

Page 4: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

4

Étienne Bézout1 - Folha de rosto da edição francesa do Cours de Mathematiques, 1773 .........272 - Folhas de rosto do Curso de Matemáticas, tomos I e II. Traduzido por

Custódio Gomes Villas-Boas, 1820 ...............................................................27

ANEXOSI – Decreto de D. Maria I, de 14 de dezembro de 1782, cria de novo uma

Companhia de Guardas-Marinhas .................................................................28II – Gazeta de Lisboa, núm. XXXIII, 19 de agosto de 1783 ..............................29

III – Segundo Suplemento à Gazeta de Lisboa, núm. XXXV, 2 de setembro de 1786 ..........................................................................................................30

II – “NAUS & FRAGATAS”: CONJUNTO DE GRAVURAS DIDÁTICAS SETECENTISTAS PORTUGUESAS ................................................................31– Apresentação da primeira edição em formato livro do conjunto de gravuras .....32– Gravuras portuguesas setecentistas e o ensino da Academia dos

Guardas -Marinhas ...............................................................................................33– A Real Academia dos Guardas-Marinhas ............................................................35– Desenho e Arquitetura Naval ..............................................................................36– Gravadores em Portugal no século XVIII ...........................................................36– “Naus & Fragatas” na história das Marinhas de Guerra de Portugal e do Brasil ......38

“Naus e Fragatas”Primeira Capa da Encadernação das Gravuras .......................................................41

- Texto: Nau de 120 peças ..................................................................................42Gravura I: Nao de 120 pessas .........................................................................43

- Texto: Nau de 90 peças ....................................................................................44Gravura II: Nao de 90 pessas .........................................................................45

- Texto: Nau de 80 peças ....................................................................................46Gravura III: Nao de 80 pessas ........................................................................47

- Texto: Nau de 74 peças ....................................................................................48Gravura IV: Nao de 74 pessas ........................................................................49

- Texto: Nau de 64 peças ....................................................................................50Gravura V: Nao de 64 pessas ..........................................................................51

- Texto: Nau de 50 peças ....................................................................................52Gravura VI: Nao de 50 pessas ........................................................................53

Page 5: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

5

- Texto: Fragata de 36 peças ...............................................................................54Gravura VII: Fragata de 36 pessas .................................................................55

- Texto: Pontos onde se tomam as três principais dimensões: explicação da Tabuada seguinte ..............................................................................56

Gravura VIII: Pontos onde se tomaõ as tres principaes dimençoens: explicaçaõ da Taboada seguinte ..............................................57

- Texto: Tabuada das principais Dimensões dos Navios, do Calibre das suas peças, e dos Homens que formam as suas equipagens .........................58

Gravura IX: Taboada das principaes Dimençoens dos Navios, do Calibre das suas pessas e dos Homens q’ formaõ as suas equipages ......59

Contracapa da Encadernação das Gravuras ........................................................60

Transcrição de certificado da Academia Real dos Guardas-Marinhas ...................61

Índices1 – Das ilustrações ..............................................................................................632 – Dos termos manuscritos das gravuras ...........................................................63

III – OS NOVOS ESTATUTOS DA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS -MARINHAS (1796) ........................................................................69- O Novo Plano de Estatutos e ilustrações gráficas de determinações

estatutárias contidas nas gravuras das “Naus & Fragatas”, e na perspectiva da Casa das Fôrmas ...................................................................70

- Matemática .........................................................................................................71- Artes ...................................................................................................................71- Corpo Docente ...................................................................................................73- Ano de Embarque ...............................................................................................73

ANEXOLei de novo Regulamento para a Academia Real dos Guarda Marinhas ...........75

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................84ESTUDOS DO AUTOR SOBRE TEMAS NAVAIS, DE NAVEGAÇÃO E VIAGENS .................................................................................................................87ARTIGOS PEQUENOS E RESENHAS (Publicados no Círculo da Távola) .........94

Page 6: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International
Page 7: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

7

PREFÁCIO

A preocupação com o ensino de competências técnicas e práticas para a efetiva governação de um navio é antiga. No período dos Descobrimentos portugueses o comando dos navios e a sua navegação eram práticas distintas, baseadas fundamen-talmente na experiência prática recolhida através da escola que era o Mar.

Apesar disto, houve alguns esforços na introdução de conhecimentos teóricos regi-mentados como demonstrado pela instituição, em 1559, da Aula do Cosmógrafo-mor sob a égide de Pedro Nunes.

No entanto, foi necessário esperar até ao século das luzes para que surgissem em Portugal as primeiras instituições especificamente erguidas para a formação de um corpo de oficiais que, além de ser capaz de liderar os homens que compõem a guarnição de um navio, seria também capaz de dirigir a navegação das próprias embarcações.

As novas realidades do conhecimento, fundado na experimentação teórica e prática, adquirido como parte de uma aprendizagem específica e focada, levam à criação da Academia Real de Marinha, em 1779, com a missão de ministrar aos candidatos a oficiais das marinhas de guerra e mercante essa aprendizagem.

Apesar desta inovação, a falta de um correto enquadramento militar dos candi-datos, ausente do currículo desta instituição, faz com que a necessidade de colmatar tal lacuna leve à criação, em 1796, da Academia Real dos Guardas-Marinhas.

Apadrinhada pela rainha D. Maria I e instalada no Terreiro do Paço (atualmente parte das instalações da Academia de Marinha) e utilizando também a Sala do Risco, a sua organização e estrutura foi sendo consolidada ao longo dos anos seguintes, tornando-se gradualmente o principal meio de acesso ao oficialato da Armada, formando a Companhia de Guardas-Marinhas.

Será esta Companhia que acompanhará os monarcas portugueses aquando da deslocação da corte para o Brasil, levando consigo a grande maioria dos seus instru-mentos de ensino e biblioteca, sendo assim a instituição mãe da Escola Naval brasi-leira, além da Escola Naval portuguesa.

O estudo das práticas e métodos de ensino adotadas nesta instituição é assim de grande importância para Portugal e para o Brasil pois irá constituir o embrião das origens das atuais instituições de ensino superior universitário militar de pres-tigio, que prosseguem diariamente a sua missão de preparar os oficiais do amanhã, mantendo os elevados padrões de excelência que lhes foram passados pela sua antecessora.

Page 8: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

8

Por este motivo, foi com elevado sentimento de honra e satisfação que a Academia de Marinha se associou à edição desta obra, visto serem escassas as análises feitas aos métodos e instrumentos de ensino da Academia Real dos Guardas-Marinhas.

Para mais, esta edição vai de encontro à missão da Academia de Marinha de promover, desenvolver e divulgar os estudos e o conhecimento relacionado com o Mar e as atividades marítimas, visto que a edição desta obra apenas no país de origem do seu autor, o Brasil, limitaria a sua exposição a uma boa parte do público interessado.

Volvidos mais de dois séculos após a travessia dos Guardas-Marinhas com a Corte para o Brasil, esta obra encontra o seu caminho de retorno, permitindo-nos um vislumbre raro para uma instituição de tão elevada importância.

Academia de Marinha, 25 de junho de 2019O Presidente

Francisco Vidal AbreuAlmirante

Page 9: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International
Page 10: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International
Page 11: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

11

O ENSINO NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS NO SÉCULO XVIII

No decorrer de estudos e pesquisas sobre navios, navegações e viagens, nos deparamos com dois importantes documentos para a história da Real Academia dos Guardas-Marinhas, criada em Portugal pela Rainha D. Maria I em 1782, e transferida para o Rio de Janeiro com a Corte em 1807-1808. De importância, portanto, não só para a história da marinha de guerra de Portugal como da marinha de guerra do Brasil1.

A primeira descoberta foi de um conjunto de gravuras setecentistas portuguesas que resumem a tipologia dos navios de guerra construídos em Portugal e no Brasil no século XVIII. Concluído o estudo há vários anos, só em fins de 2018 conseguimos que fosse publicado no Rio de Janeiro pelo Real Gabinete Português de Leitura, com o título “Naus & Fragatas”: conjunto de gravuras didáticas setecentistas portuguesas.

Com pequena tiragem restrita ao Brasil, a primeira edição do conjunto de gravuras em formato livro fica fora do alcance dos estudiosos portugueses de história naval e, particularmente, dos da história da Real Academia dos Guardas-Marinhas.

A outra descoberta foi a de uma perspectiva em sépia que documenta a ida de D. Maria I e familiares à Casa das Fôrmas para assistir a uma aula teórica e prática da recém-fundada Academia dos Guardas-Marinhas. A catalogação é completamente equivocada, mas a representação de um veleiro estacionado dentro de um grande salão levou-nos ao reconhecimento imediato: a famosa corveta Paciência, de treinamento dos alunos da Real Academia dos Guardas-Marinhas.

Essa descoberta foi revelada pela primeira vez na comunicação intitulada Aula e exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre-sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International Reunion for the History of Nautical Science, em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores.

Bastavam essas duas descobertas pioneiras para justificar uma edição conjunta, mas resolvemos acrescentar o texto dos Novos Estatutos da Real Academia dos Guardas-Marinhas (1796) e respectivos comentários, porque tanto as gravuras como a Perspectiva são exemplificações gráficas de determinações estatutárias.

Com isso, podemos apresentar um estudo preliminarmente completo sobre o ensino na Real Academia dos Guardas-Marinhas no século XVIII.

1 As gramáticas validam os plurais guardas-marinhas e guardas-marinha (Dicionário Novo Aurélio). Adotamos guardas-marinhas, mas nas transcrições respeitamos a grafia das fontes, e não só quanto ao plural: guardas marinhas, guarda marinhas, guardas da marinha. Quanto ao título da Academia, encontramos em documentos e citações, ora Real Academia, ora Academia Real. Adotamos como título do trabalho Real Academia, que aparece nos Novos Estatutos de 1796.

Page 12: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International
Page 13: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

I – AULA E EXERCÍCIOS ASSISTIDOS POR D. MARIA I:

DOCUMENTO ICONOGRÁFICO IDENTIFICADO E NOTÍCIA

HISTÓRICA

Page 14: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

14

A perspectiva em sépia da Casa das Fôrmas, da Coleção José da Costa e Silva

Ao examinar, na Seção de Iconografia da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a coleção do arquiteto José da Costa e Silva (1747-1819), deparamo-nos com uma perspectiva de grande dimensão, assim descrita na ficha catalográfica:

“Planta de navio com individuação da posição que deveria ser mantida por Sua Majestade e sua Família Real na embarcação. s. d. 53,5 x 74,5 cm. Nº 388. Dilco: ARC. 35.1.5”.

Essa foi a descrição que encontramos a primeira vez que vimos a perspectiva, quando preparávamos a comunicação que seria apresentada em novembro de 2018, à XVIII International Reunion for the History of Nautical Science2.

Em abril de 2019, quando voltamos a examiná-la, verificamos que a descrição e catalogação tinham sido mudadas para:

“Autor / Criador: Silva, José da Costa e, 1747-1819Título: [Exercícios militares] [Iconográfico]Imprenta: [S.l.: s.n.], [17--]Descrição original: 1 planta: des. a bico de pena; 53,9 x 74,8cmCustódia: Biblioteca Nacional (Brasil)”

Na realidade, não se trata de bico de pena, mas de uma pintura do tipo generica-mente designado como aguada, e que nós, inicialmente, classificamos como aqua-rela na comunicação à XVIII International Reunion. Entretanto, revendo posterior-mente o original, chegamos à conclusão de que se trata de uma pintura a sépia3.

2 A descrição catalográfica existente à época é reproduzida, juntamente com a Perspectiva, no Livro dos Livros da Real Biblioteca (2003), tanto na versão portuguesa como na inglesa, que transcrevemos ipsis litteris: “Plan of the ship showing the position to by occupied by His Majesty and his Royal Family aboard the vessel, n.d.” (Moritz, 2003). 3 A aguada, a aquarela ou aguarela e a sépia são técnicas aparentadas. “Aguada – Gênero de pintura em que a tinta é diluída em água e goma” (Real, 1962, p. 30); “Aguada – 1. Diz-se da aplicação de uma fina camada de qualquer tinta bastante diluída em água sobre um suporte, em geral com execução mais rápida e menos detalhada. 2. Processo de pintura similar à da aquarela, com tintas mais espessas diluídas em água ou goma, misturada com mel” (Marcondes, 1998, p. 11). “Aquarela. Técnica de pintura que emprega tinta translúcida, cujos pigmentos são os mesmos do óleo e do guache, ligados com goma e diluídos em água e que é aplicada em camadas transparentes sobre o papel” (Marcondes, 1998, p. 19). “Sépia – Pigmento semitransparente, marrom escuro, tendendo para o castanho avermelhado, preparado a partir da secreção natural da siba, um molusco. Em certa época, era largamente empregada para tintas e aquarelas, mas sua propensão para escurecer quando exposta à luz forte preteriu-a em favor de equivalentes sintéticos” (Marcondes, 1998, p. 64). “La sepia empleada por los acuarelistas la suministra la vejiga de un pequeño molusco. Es de tono más ó menos caliente, según que está natural ó coloreada” (Adeline, 1944, p. 472).

Page 15: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

15

O tema representado não é a planta de um navio nem exercícios militares, como consta nas citadas fichas, mas a perspectiva interna de um grande salão, no qual se destaca, ao fundo, um veleiro estacionado.

Pesquisador de longo tempo de temas navais e da história da Real Academia dos Guardas-Marinhas, reconheci, de imediato: o navio era a corveta Paciência, e o salão, a Casa das Fôrmas (posteriormente chamada Sala do Risco), sede da insti-tuição no Arsenal Real da Marinha, em Lisboa. Neste trabalho, esse documento iconográfico será designado abreviadamente com as expressões Perspectiva interna da Casa das Fôrmas, Perspectiva da Casa das Fôrmas ou, mais simplesmente ainda, Perspectiva.

Nada mais, nada menos que uma raríssima representação, tirada ao natural, da famosa corveta Paciência, montada dentro da Casa das Fôrmas para treinamento dos alunos da Real Academia dos Guardas-Marinhas, tal como estão representados, praticando “a bordo”.

Esse navio, construído um pouco menor, durante 130 anos foi usado na Real Academia, e só se perdeu em 18 de abril de 1916, consumido pelo violento incêndio que destruiu a Sala do Risco. As raras fotos da Paciência são pouco nítidas. Daí a importância dessa representação, mesmo que prejudicada pela mancha provocada pela dobragem ao meio do cartão em que foi pintada4.

A legenda escrita no rodapé leva à conclusão de que ela é a perspectiva de um projeto cenográfico para uma aula da Real Academia dos Guardas-Marinhas a ser assistida pela Rainha e membros da Família Real.

A Perspectiva não é assinada nem datada. A nova catalogação atribui a autoria ao próprio José da Costa e Silva.

A Coleção Costa e Silva é formada por pinturas, desenhos, estampas, etc., e inclui obras que não são de sua autoria, adquiridas por ele ao longo dos anos. Vendida finalmente por ele em setembro de 1818, por 1.600$000 réis, ela foi destinada à Biblioteca Real (Anacleto, 2005).

José da Costa e Silva, além de estudar arquitetura na Itália, adquiriu, segundo a Profª Regina Anacleto, “com mestres bolonheses de reconhecido mérito, conhe-cimentos de geometria e de aritmética, noções de perspectiva, de mecânica e de hidrostática” (Anacleto, 2005, p. 459).

4 Augusto Alves Machado, que assistia à nossa comunicação apresentada na XVIII International Reunion for the History of Nautical Science (Ponta Delgada, Açores, 13 de Novembro de 2018), ressaltou o interesse da representação da corveta na Perspectiva, e informou que, no Museu de Marinha, havia algumas fotografias antigas dela, também com marinheiros subindo pelas cordas.

Page 16: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

16

Além disso, foi, desde 1781, professor de arquitetura civil na Real Academia de Desenho criada por D. Maria I pelo alvará de 23 de agosto do mesmo ano (Anacleto, 2005, p. 460).

A autoria do projeto de cenografia para a aula com a presença da Rainha pode ter sido de José Correia da Costa, professor de Desenho e de Arquitetura Naval desde o início das aulas da Real Academia dos Guardas-Marinhas. E a Perspectiva em sépia, de Costa e Silva ou de outro autor cujo nome não se sabe.

De qualquer modo, vamos nos ater ao que a Perspectiva diz de si.O rodapé indica as posições que a Soberana e toda Família Real (letra A) ocupariam ao

longo dos exercícios, bem como as do Comandante da Companhia dos Guardas-Marinhas (letra B). E o material didático empregado nas aulas: Matemática, desde Aritmética até Trigonometria Retilínea (letra C); Trigonometria Esférica até Cálculo diferencial (letra D); Arquitetura Naval (letra E). Esqueleto (letra F); Artilharia Teórica e Prática (letra G); Princípios de Tática Naval (letra H); Analisação do Pano Redondo, do Pano de Entre os Mastros, e Triangular (letra J); Recapitulação da Cábrea para Mastrear, quanto à sua Mastreação, e Aparelho (letra L); Exercício de Manobra, ordinariamente no Porto (letra M); a Companhia fazendo honras a Sua Majestade (letra N).

Finalizando, a seguir, o texto apresenta uma Observação: “As letras iniciais romanas, pela mesma ordem do abecedário, indicam a dos exercícios”.

“A Letra (A) com os Numeros I, II, III, e IV denota, por sua ordem as differentes Poziçoens de Sua Magestade, e de toda a Familia Real. A Letra (B) o Commandante da Companhia. A Letra (C) Mathematica desde Arithmetica, até Trigonometria Rectilignia. A Letra (D) desde Trigonometria Spherica, até ao Calculo Differencial. A Letra (E) Architetura Naval. A Letra (F) Squeleto. A Letra (G) Artilharia Theorica, e Pratica. A Letra (H) Principios de Tactica Naval. A Letra (J) Analysaçaõ do Panno Redondo, do Panno de Entre os Mastros, e Triangular. A Letra (L) Recapitulaçaõ da Cabrea para Mastrear, quanto à sua Mastreaçaõ, e Aparelho. A Letra (M) Exercicio de Manobra, ordinariamente no Porto. A Letra (N) a Companhia fazendo Honras a Sua Magestade. Observaçaõ. As Letras Iniciaes Romanas, pela mesma ordem do Abecedario, indicaõ a dos Exercicios.”

Mas não estudamos apenas Marinha e Real Academia dos Guardas-Marinhas. Quando pesquisávamos para publicar o livro O Rio de Janeiro nas notícias da Gazeta de Lisboa 1715-1750 (1º vol.) e elaborar o 2º volume (1751-1800), encontramos notícias referentes à ida da Rainha e de membros da Família Real à Casa das Fôrmas para assistir a uma aula.

As notícias da Gazeta de Lisboa corroboram o documento iconográfico da coleção Costa e Silva.

Page 17: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

17

A Gazeta de Lisboa noticia o estabelecimento da Academia Real dos Guardas -Marinhas e suas primeiras aulas

Os primeiros Guardas-Marinhas em Portugal foram criados no período Pombalino, por decreto de 2 de julho de 1761: “Hei por bem criar por ora 24 Guardas-Marinhas que terão a graduação de Alferes de Infantaria”. Entretanto, a iniciativa não pros-perou. Cerca de 13 anos depois, decreto de 9 de julho de 1774 ordenava a sua extinção. A criação definitiva foi por decreto de D. Maria I, mais de 8 anos depois.

A Gazeta de Lisboa informa a emissão do novo decreto de criação da Companhia dos Guardas-Marinhas, e revela dois fatos importantes da história da Academia: a sua criação e as primeiras aulas.

A criação da Companhia de 48 Guardas-Marinhas foi por decreto de 14 de dezembro de 1782 de D. Maria I, e, “em consequência dele, foi a mesma Senhora também servida ordenar o estabelecimento de uma Academia de Marinha para a instrução da mesma”. Isto é, a Real Academia dos Guardas-Marinhas foi ordenada pela Rainha, sem que fosse expedido documento específico para tal5.

E a Academia, criada concomitantemente com a Companhia dos Guardas-Marinhas, começou a funcionar 3 meses depois: as primeiras aulas, em 24 de março de 1783 – Desenho, Arquitetura Naval, Aparelho Prático e Manobra, Manejo de Armas e Evoluções de Infantaria; a partir de 25 de junho, a aula de Matemática, e, em 2 de julho, a de Língua Francesa.

Todas essas atividades se praticavam “na magnífica Casa das Fôrmas do Arsenal Real da Marinha”. As aulas eram ministradas de manhã e à tarde, e cada brigada era instruída particularmente duas vezes por semana “em todas as Artes e Ciências próprias da sua profissão”, e, todos os dias, em Matemática. Às segundas, quartas e sextas, em Língua Francesa.

Termina a notícia da Gazeta augurando sucesso ao ensino da Academia, “devendo esperar-se da conhecida capacidade dos Professores, e da boa ordem das lições, que este estabelecimento será uma própria Oficina dos mais hábeis Oficiais de mar, como o promete já o gosto com que se aplicam os Alunos” (Lisboa, 19/08/1783).

A íntegra dessas notícias da Gazeta de Lisboa é transcrita nos anexos II e III.

5 Sobre o início da Real Academia dos Guardas-Marinhas e suas primeiras aulas, ver também, adiante, o capítulo II - Naus & Fragatas.

Page 18: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

18

Aula e exercícios dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I

Com data de 29 de agosto de 1786, a Gazeta publicou a notícia da ida da Rainha D. Maria I “e mais pessoas Reais ao Arsenal Real da Marinha para ver botar do esta-leiro a nau nova a Meduza, de 74 peças”.

A operação foi executada com o melhor sucesso e excelente ordem à vista de imensa multidão “que cercava o lugar por terra, e água”.

A seguir, a Rainha e familiares passaram “à grande sala chamada das Fôrmas” para presenciar os exercícios da Companhia dos Guardas-Marinhas. As provas de “habilidade, instrução e desembaraço” que eles deram mereceram a aprovação da soberana, da Corte e das pessoas distintas que ali estavam.

Termina a nota informando que se faria dos exercícios “mais individual menção no Segundo Supplemento”.

E, efetivamente, no SEGUNDO SUPPLEMENTO A’ GAZETA DE LISBOA, número XXV, de 2 de setembro de 1786, foi publicada a “Relação dos exercícios que executou na presença de S. M. e AA. a Companhia de Guardas Marinhas no dia 24 do mês passado”.

Os exercícios principiaram às 3 horas e 35 minutos, duraram duas horas e um quarto, e constaram do seguinte: Tratado de Navegação do Curso Matemático de Bézout, Arquitetura Naval, teórica e prática, Desenho, Exercício de Artilharia, Manejo de Armas de Mão, brancas e de fogo, Recapitulação do Aparelho de uma Cábrea, e Língua Francesa.

O Conde de S. Vicente apresentou à Rainha o livro de Bézout, e ela o abriu ao acaso, e a página aberta foi objeto das questões que propôs aos alunos.

“1º. A 1ª, 2ª e 3ª parte, e o Tratado de Navegação do Curso Mathematico de Bezout. O Excellentissimo Conde de S. Vicente presentou a S. M. o Tratado de Navegação do dito Author: e o lugar em que S. M. por acaso o abrio, he que deo o assumpto para este exercicio: ficando evidente o quanto os Alumnos daquella Real Academia se achão promptos nas materias do seu estudo. 2º. Arquitectura Naval Theorica e pratica. 3º. Desenho. 4º. Exercicio d’Artilheria, e suas operações theoricas e praticas. 5º. Manejo d’Armas de mão, brancas e de fogo, relativos ás Companhias d’abordagem nas suas duas differentes acções de intentalla e defendella. 6º. Huma recapitulação do Apparelho d’huma Cabrea para mastrear, e d’hum Navio, em que tambem se comprehendêrão as diffe-rentissimas partes da véla, passando-se sucessivamente á execução da obra de Marinheiro, tanto da volante, como da que tem por objecto o mesmo Apparelho.

Page 19: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

19

7º. O methodo grammatical da lingua Franceza, e seu exercicio. 8º. Exercicio pratico de Manobra, reduzido ás duas Manobras Capitaes: Fazer á véla, e dar fundo: executando-se a primeira fazendo a cabeça por bombordo em gavias, amurado por estibordo, e a segunda tambem em gavias, na linha mais próxima do vento”6. (Gazeta de Lisboa, 02/09/1786)

O método de o Monarca abrir aleatoriamente o livro e tomar a lição do aluno foi institucionalizado pelos Novos Estatutos da Real Academia dos Guardas-Marinhas7.

A notícia destaca que todos os lentes eram portugueses, e trabalhavam sob a ordem do Conde de S. Vicente, Marechal de Campo com exercício na Marinha e Ajudante de ordens do Capitão General da Armada, Marquês de Angeja. E termina com a aprovação de S. Majestade e Altezas aos exercícios executados.

“Todos os sobreditos exercicios forão mandados pelos seus respectivos Lentes. Estes são todos Portugueses, e trabalhão immediatamente debaixo da ordem do Excellentissimo Conde de S. Vicente, Marechal de Campo, com exercicio na Marinha, e Ajudante d’Ordens do Excellentissimo Marquez d’Angeja, Capitão General da Armada, o qual o tem encarregado desta direcção; e com a influencia dos seus acertados Planos mereceo a Companhia a distinção de S. M. e AA. approvarem quanto naquelle dia executou”. (Gazeta de Lisboa, 02/09/1786)

6 Étienne Bézout (1730-1783). V. Bibliografia. O Curso de Mathemáticas de Bézout foi traduzido em português por Custódio Gomes de Villas-Boas, publicado na Impressão Régia, em 1820. Até hoje é comum, no Brasil, principalmente entre estudantes, o termo bizu, que entre as suas várias acepções, tem a de “indicação ou informação útil, geralmente pouco divulgada = Dica, Pala, Plá”, que é dada como brasileirismo, “informal”, e de “origem obscura” (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, dá, entre outras acepções: “Indicação, sugestão, dica <tu deste-me um b. errado>, e gabarito de prova, que vaza <passou porque comprou um b.>”. Mas não dá a etimologia. Parece-nos evidente que a origem é do nome do matemático francês, até porque poderia ser escrito com “s” e a pronúncia seria a mesma. O “z” trai a origem de Bézout. “Qual é o bizu dessa questão?”. O macete, a solução, etc.7 “Dos Exercicios Extraordinarios. Quando Eu For Servida Repetir á Companhia de Guardas da Marinha a particular Graça de Honrar com a Minha Real Presença os seus Exercicios Academicos, os Discipulos, que merecerem a distincção de dar conta dos seus respectivos progressos neste Acto, entre as Materias nas quaes tiverem ja sido approvados, responderão naquella parte, que lhes cahir em sorte, sendo o Compendio dellas aberto, ou pelas Minhas Reaes Mãos, ou por quem Eu For Servida Ordenar.”

Page 20: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

20

A importância da Perspectiva é de tal ordem para a história da Real Academia dos Guardas-Marinhas que justifica a sua reprodução e o destaque de pormenores significativos que documentam graficamente os recursos didáticos empregados nas aulas, o interior da Casa das Fôrmas, e a magnífica reprodução da corveta Paciência, e, de quebra, ainda, fardamento e mobiliário. E, por ter sido identificada, descrita e apresentada por primeira vez aos estudiosos do tema, reiteramos, merece também a reprodução dos pormenores8.

8 Este capítulo está como foi escrito e depois apresentado na comunicação pioneira à XVIII International Reunion for the History of Nautical Science, em 13 de agosto de 2018, em Ponta Delgada. Não conhecíamos então o excelente livro intitulado A Institucionalização do Ensino da Náutica em Portugal (1779-1807), publicado pela Academia de Marinha em 2017. Nele, o autor, Prof. Nuno Martins Ferreira, revela “um plano de agosto de 1786, no qual o Conde de S. Vicente escreveu a preparação da presença dos Reis na Academia Real dos Guardas Marinhas para ver os alunos em exercícios” (Ferreira, 2017, p. 217). E transcreve a notícia publicada pela Gazeta de Lisboa, da ida da Rainha e familiares ao Arsenal Real da Marinha ver o lançamento da nau Meduza e à Sala das Fôrmas, onde “se dignaram conceder à Companhia dos Guardas Marinhas a honra de presenciar os exercícios da Real Academia” (Ferreira, 2017, p. 218). Pesquisando no Rio de Janeiro, encontramos dois importantes documentos sobre esse evento da história da Academia Real dos Guardas-Marinhas: a descrição detalhada da aula e exercícios assistidos por D. Maria I, publicada em um Suplemento à Gazeta de Lisboa; e a perspectiva em sépia do projeto de cenografia montado para a recepção à Rainha, que, por sorte, descobrimos na Coleção Costa e Silva da Biblioteca Nacional. Sobretudo, esse importante documento iconográfico, só então identificado. É provável que o Plano de 1786, citado pelo Prof. Martins Ferreira, faça referência a essa perspectiva.

Page 21: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

21

ILUSTRAÇÕESA perspectiva em sépia da Casa das Fôrmas

1 - Perspectiva interior da Casa das Fôrmas

2 - “A Letra (M) Exercicio de Manobra, ordinariamente no Porto”. Identificação: Corveta Paciência.

Page 22: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

22

3 - “A Letra (A) com os Numeros I, II, III, e IV denota, por sua ordem as diffe-rentes Poziçoens de Sua Magestade, e de toda a Familia Real. A Letra (B) o Commandante da Companhia. A Letra (H) Principios de Tactica Naval. Observação: As Letras Iniciaes Romanas, pela mesma ordem do Abecedario, indicaõ a dos Exercicios”.

4 - “A Letra (H) Principios de Tactica Naval”.

Page 23: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

23

5 - “A Letra (B) o Commandante da Companhia”. Conde de S. Vicente, Comandante da Companhia de Guardas-Marinhas.

6 - “A Letra (C) Mathematica desde Arithmetica, até Trigonometria Rectilignia. A Letra (E) Architetura Naval. A Letra (F) Squeleto”.

Page 24: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

24

7 - “A Letra (D) desde Trigonometria Spherica, até ao Calculo Differencial. A Letra (G) Artilharia Theorica, e Pratica”.

8 - “A Letra (J) Analysaçaõ do Panno Redondo, do Panno de Entre os Mastros, e Triangular”.

Page 25: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

25

9 - “A Letra (L) Recapitulaçaõ da Cabrea para Mastrear, quanto á sua Mastreação, e Aparelho”.

10 - “A Letra (B) o Commandante da Companhia. A Letra (N) a Companhia fazendo Honras a Sua Magestade”.

Page 26: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

26

11 - Pintura da corveta Paciência extraída da aquarela e desempachada dos portais que aparecem ao fundo, para melhor visualização.

Page 27: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

27

Étienne Bézout

1 - Folha de rosto da edição francesa do Cours de Mathématiques, á l’usage des gardes du pavillon et de la Marine – troisieme partie, par M. Bézout. Paris, 1773.

2 - Folhas de rosto do Curso de Mathematicas para uso do Corpo Real d’Arti-lheria e da Marinha, por Monsieur Bézout, tomos I e II, 1820. Traduzido em português por Custódio Gomes de Villas-Boas.

Page 28: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

28

ANEXOS

ANEXO I Decreto de D. Maria I, de 14 de dezembro de 1782, cria de novo uma

Companhia de Guardas-Marinhas

Por quanto tendo-se creado por Decreto de dois de Julho de mil setesentos sessenta e hum vinte e quatro Guardas Marinhas para se empregarem no serviço da Marinha, a fim de que exercitando-se nelle se fizessem dignos de serem promovidos aos póstos maiores; e havendo-se depois abolido a disposição do mesmo Decreto, pelo outro de nove de Julho de mil setecentos setenta e quatro, por algumas circumstancias, que então occorrerão; E considerando o muito, que convém ao meu Real serviço, que na Marinha haja Officiaes habeis, e instruidos para me servirem com utilidade naquelle exercicio; Sou servida excitar a observancia do dito primeiro Decreto na parte somente que neste se declara, e crear de novo huma Companhia de Guardas Marinhas, para a qual tenho mandado fazer o Regulamento, que se ha de observar, assim a respeito do número de Officiaes, e Guardas Marinhas, como do exercicio, que deve ter no Mar. E em quanto não mando publicar o dito Regulamento: Sou outro sim servida ordenar, que se admittão até o número de quarenta e oito Guardas Marinhas, não tendo cada hum delles menos idade, que a de quatorze annos, e não excedendo a de dezoito, os quaes não poderão ser admittidos sem mostrarem, e fazerem as qualificações expressadas no Alvará de dezeseis de Março de mil setecentos sincoenta e sete, sobre as quali-dades dos Cadetes das Tropas de terra, no que lhes fôr applicavel; não sendo porém obrigados a fazer as mesmas qualificações, aquelles que pedindo entrar no referido Corpo de Guardas Marinhas, mostrarem ser filhos de Officiaes da Marinha de Capitão Tenente inclusivamente para cima, e de Sargentos móres para cima das minhas Tropas de terra : podendo tambem ser admittidos aquelles Discipulos da Academia Real da Marinha, que houverem tido o partido, que Eu tenho, estabelecido, para os que nos exames mostrarem maior applicação, e habilidade. E porque estes excederão na idade assima declarada aos outros, que quizerem occupar-se no serviço do Mar; Tenho deter-minado ao Marquez de Angeja, Capitão General dos Galeões da minha Armada Real de Alto Bordo do Mar Occeano, que não os admitta sem primeiro mo fazer presente para Eu os dispensar, sendo servida; praticando o mesmo a respeito de todos os mais, que se offerecerern para o dito serviço, e de tudo o que julgar ser conveniente, que se altere o que neste Meu Real Decreto tenho determinado, em ordem a cujos fins Sou servida derogar o outro de nove de Julho de mil setecentos setenta e quatro, na parte que possa obstar á disposição neste ordenada. O Conselho de Guerra o tenha assim

Page 29: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

29

entendido, e faça observar pelo que lhe pertence. Palacio de N. Senhora da Ajuda em 14 de Dezembro de 1782. = Com a Rubrica de Sua Magestade.

Impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

(COLLECÇÃO DA LEGISLAÇÃO PORTUGUEZA desde a ultima compi-lação das Ordenações, redegida pelo Desembargador Antonio Delgado da Silva. Legislação de 1775-1790. Lisboa: Na Tipografia Maigrense. Anno de 1828. Com licença da Meza do Desembargo do Paço)

ANEXO IINum. 33

GAZETA DE LISBOACom Privilegio de Sua MagestadeTerça feira 19 de Agosto de 1783

LISBOA 19 d’AgostoEm consequencia do Decreto de

14 de Dezembro do anno passado, pelo qual S. M. foi servida crear huma Companhia de 48 Guardas-Marinhas, foi a mesma Senhora tambem servida ordenar o estabe-lecimento d’huma Academia de Marinha para a instrucção da mesma Companhia, incombindo da direcção della o Excellentissimo Marquez d’Angeja, Capitão General d’Armada Real, e Inspector geral da Marinha, o qual encarregou a sua execução ao Excellentissimo Conde de S. Vicente, Marechal de Campo com exercicio na Marinha e seu Ajudante d’ordens.

Em observancia da dita ordem se achão já estabelecidas as seguintes lições. Desde 24 de Março deste anno, as de Desenho, Arquitectura naval, Apparelho pratico

e Manobra, Manejo d’arma e Evoluções d’Infanteria. Desde 25 de Junho a de Mathematica; e desde 2 de Julho a da Lingua Franceza. Todos estes exerci-cios se praticão na magnifica casa das formas do Arsenal Real da Marinha, em differentes horas, de manhã e de tarde, com tal distribuição, que cada huma das Brigadas dos Guardas Marinhas he instruida particularmente, duas vezes por semana, em todas as Artes e Sciencias proprias da sua profissão; e toda a companhia o he todos os dias de manhã na Mathematica, e nas segundas, quartas, e sestas feiras na lingua Franceza; Devendo espe-rar-se da conhecida capacidade dos Professores, e da boa ordem das lições, que este estabelecimento seja huma propria Officina dos mais habeis Officiaes de mar, como o promette já o gosto com que se applicão os Alumnos.

Page 30: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

30

ANEXO III

SEGUNDO SUPPLEMENTOA’ GAZETA DE LISBOA

NUMERO XXXVCom Privilegio de S. Magestade

Sabbado 2 de Setembro 1786

LISBOA 2 de SetembroRelação dos exercicios que executou na presença de S. M. e AA. a Companhia de

Guardas Marinhas no dia 24 do mez passadoOs exercicios principiarão pelas 3 horas e 25 minutos, e durárão duas horas e hum

quarto, reduzindo-se aos seguintes: 1º. A 1ª, 2ª e 3ª parte, e o Tratado de Navegação do Curso Mathematico de Bezout. O Excellentissimo Conde de S. Vicente presentou a S. M. o Tratado de Navegação do dito Author; e o lugar em que S. M. por acaso o abrio, he que deo o assumpto para estes exercicios; ficando evidente o quanto os Alumnos daquella Real Academia se achão promptos nas materias do seu estudo.

2º. Arquitectura Naval theorica e pratica.3º. Desenho.4º. Exercicio d’Artilheria, e suas operações theoricas e praticas.5º. Manejos d’Armas de mão, brancas e de fogo, relativos ás Companhias d’Abor-

dagem, nas suas duas differentes acções de intentalla e defendella.6º. Huma recapitulação do Apparelho d’huma Cabrea para mastrear, e d’hum

Navio, em que tambem se comprehendêrão as differentissimas partes da véla, passando-se successivamente a execução da obra de Marinheiro, tanto da volante, como da que tem por objecto o mesmo Apparelho,

7º. O methodo grammatical da lingua Franceza, e seu exercicio.8º. Exercicio pratico de Manobra, reduzido as duas Manobras Capitaes : Fazer á

véla, e dar fundo : executando-se a primeira fazendo cabeça por bombordo em gavias, amurado por estibordo, e a segunda tambem em gavias, na linha mais proxima do vento.

Todos os sobreditos exercicios forão mandados pelos seus respectivos Lentes. Estes são todos Portuguezes, e trabalhão immediatamente debaixo da ordem do Excellentissimo Conde de S. Vicente, Marechal de Campo, com exercicio na Marinha, e Ajudante d’Or-dens do Excellentissimo Marquez d’Angeja, Capitão General da Armada, o qual o tem encarregado desta direcção; e com a influencia dos seus acertados Planos mereceo a Companhia a distinção de S. M. e AA. approvarem quanto naquelle dia executou.

Page 31: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

II – “NAUS & FRAGATAS”: CONJUNTO DE GRAVURAS

DIDÁTICAS SETECENTISTAS PORTUGUESAS

Page 32: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

Apresentação da primeira edição em formato livro do conjunto de gravuras

Nosso colaborador de longa data do Real Gabinete Português de Leitura e do Instituto Luso-Brasileiro de História do Liceu Literário Português, Carlos Francisco Moura, tem publicado importantes pesquisas pioneiras, em decorrência das quais foi eleito para duas prestigiosas instituições culturais portuguesas: a Academia de Marinha (Acadêmico Efetivo) e a Academia Portuguesa da História (Acadêmico de Número). No Brasil foi eleito correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de cinco Institutos Históricos e Geográficos estaduais.

Entre os temas a que se tem dedicado, citamos – História de Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Naus e Navegações, relações com o Japão e a China, história do Teatro, história da Ciência em Portugal e no Brasil – publicados no Brasil, em Portugal, na Espanha, na Inglaterra, na China e no Japão. A destacar, os temas sobre as relações de Portugal e do Brasil com a China, traduzidos para o chinês e o inglês, e publicados na China.

O presente trabalho resultou da localização de um quase esquecido conjunto de gravuras que revela a tipologia dos navios de guerra construídos no século XVIII nos estaleiros de Portugal e do Brasil, e que é publicado pela primeira vez em formato livro.

Segundo o autor, trata-se de gravuras didáticas que seriam destinadas às aulas da Academia Real dos Guardas-Marinhas, instituição que veio para o Brasil com a Corte em 1807-1808 juntamente com seus professores, alunos, e todo seu acervo, e deu início ao ensino da marinha de guerra no Brasil.

Este livro se inscreve na série de mais de uma centena de trabalhos publi-cados sobre temas navais, navegação e viagens. E também na série de pesquisas sobre história da ciência em Portugal e no Brasil, na qual se destacam o premiado Astronomia na Amazônia no século XVIII: Instrumentos astronômicos e livros cien-tíficos destinados à “Expedição do Maranhão” (1753); O Cálculo da Arqueação de Naus segundo o piloto Tomé Cano (1611); Médicos e cirurgiões em Mato Grosso no século XVIII; Os caravelões brasileiros; O Ensino em Mato Grosso no século XVIII e no início do século XIX; Boats Used by the Settlers of Mato Grosso in the 18th and 19th Centuries; O Curso Livre de Náutica do Liceu Literário Português 1884-1930; e Ship Construction in Brazil in XVIth, XVIIth, XVIIIth, and XIXth Centuries.

O Real Gabinete Português de Leitura e o Instituto Luso-Brasileiro de História do Liceu Literário Português dão a público esta pesquisa relevante para a história da construção naval e da marinha de guerra de Portugal e do Brasil.

Francisco Gomes da Costa Presidente do Real Gabinete Português de Leitura

Page 33: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

33

Gravuras portuguesas setecentistas e o ensino da Academia dos Guardas-Marinhas

O conjunto de gravuras pertencente ao acervo da Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro é assim descrito na ficha catalográfica:

“NAUS E FRAGATAS. Construção de. Descrição de naus e fragatas de 120 a 36 peças. s.l., s.d., s. ind. de autor.Litografia. 9 p. ilustradas. Da Real Biblioteca”

Consultado o material, verificamos tratar-se de um conjunto de folhas com gravuras encadernadas em capa dura, cor vermelha escura, com ornatos dourados representando nos quatro lados cercaduras com flores miúdas, e, no centro, um florão também dourado. Tanto a primeira capa como a contracapa apresentam os mesmos elementos decorativos. A encadernação mede 16,0 x 21,5 cm.

Não existe na capa qualquer título ou outra indicação. Não há folha de rosto nem numeração de páginas gravada. Não é, portanto, um livreto.

O miolo é constituído por nove folhas com embarcações gravadas, e notas manus-critas também gravadas.

Não se trata, portanto, de litografias, mas de gravuras. A litografia, que é a impressão em papel de matriz desenhada sobre pedra, só foi descoberta na Alemanha por Aloys Senefelder nos fins do século XVIII (1797-1798).

A oitava folha não apresenta desenho, apenas um texto manuscrito gravado, que a toma por inteiro, e trata das três medidas principais das embarcações, e da “expli-cação da tabuada seguinte”.

A nona folha é justamente a “Tabuada das principais dimensões dos navios, do calibre das suas peças, e dos homens que formam as suas equipagens”, e contém as gravuras esquemáticas da planta e do perfil de um navio.

As folhas não possuem um título geral que as encabece, e só têm os subtítulos particulares de cada uma, designando a gravura que representam. Não há numeração gravada nas folhas, e uma numeração a lápis foi acrescida nas margens para a orga-nização da encadernação na ordem decrescente do número de peças de artilharia das embarcações.

O título “Naus & Fragatas” foi arbitrado pela catalogação. São sete naus e uma fragata, e a finalidade das gravuras era didática, e não a construção.

Os versos dessas nove páginas não têm nada gravado, e só dois (o verso da 1ª folha, e o da última) têm, no centro, o carimbo da logomarca da Real Bibliotheca / Casa do

Page 34: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

34

Infantado, e não simplesmente da Real Bibliotheca, como consta na descrição da ficha catalográfica9.

Trata-se, portanto, de folhas soltas, apenas com as gravuras, as legendas e os textos respectivos, que foram encadernadas para efeito de conservação e facilidade de consulta.

Todas as gravuras são enquadradas por margens retangulares padronizadas medindo a 1ª, 2ª, 3ª e 5ª, 10,7 x 17,5cm, e as demais (4ª, 6ª, 7ª, 8ª e 9ª) 10,7 x 17,0 cm. Elas não são datadas, mas, sem dúvida, são do século XVIII.

9 O acervo da Biblioteca da Casa do Infantado veio para o Brasil juntamente com o da Real Biblioteca, cada um com os respectivos carimbos. O manuscrito Inventario dos Caixões de Livros do Infantado-Real Bibliotheca que vieram para a Real Bibliotheca [s.l., 18--?] relaciona 76 caixotes e os livros que vieram em cada um (total de 16.233). Na relação do caixote nº 35, página 12, aparecem as seguintes notas: a) “Colecçao de estampas – 1 v.”, e b) “Colecçao de estampas – 111 pastas” (MS. 65, 2, 002, nº 003 – Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro).

Page 35: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

35

A Real Academia dos Guardas-Marinhas

No reinado de D. Maria I foram criadas duas instituições dedicadas ao estudo da Marinha: A Academia Real de Marinha (fundada em 1779) e a Academia Real dos Guardas-Marinhas, que começou a funcionar em 1783.

A Academia Real de Marinha,“não obstante a designação, não era exclusivamente destinada à preparação de oficiais para a Marinha nem tinha qualquer caráter militar. A preparação era simplesmente acadêmica, devendo ser completada, no caso dos oficiais da Armada, com a prática do embarque”. (Exposição Comemorativa, 1982, p. 7)

As gravuras são só de navios de guerra, não há nenhuma de navio mercante, portanto, a destinação natural seria a Academia Real dos Guardas-Marinhas.

Entretanto, não encontramos referências a essas gravuras no “Catalogo Systematico da Bibliotheca da Companhia dos G.G.M.M. Feito de Ordem do Inspector respectivo em 1812’’, existente na Biblioteca da Marinha. Na página de titulo “Architectura Naval”, com as colunas “Autor, Nome da Obra e Ano da Edição”, não encontramos qualquer referência. É onde mais provavelmente pode-riam estar relacionadas. O catálogo, todavia, é mais extenso e de difícil leitura, e necessitaria pesquisa mais minuciosa. Além disso, foi feito cerca de quatro anos depois da chegada dos Guardas-Marinhas, e nesse entretempo poderiam ter-se extraviado as gravuras que provavelmente fariam parte do acervo da Academia dos Guardas-Marinhas.

A Companhia dos Guardas-Marinhas foi criada em 14 de dezembro de 1782, por decreto de D. Maria I, e, pouco mais de 3 meses depois, começou a funcionar a Academia Real de Guardas-Marinhas por determinação da soberana, sem mesmo ter sido emitido documento específico para sua criação.

“Em consequencia do Decreto de 14 de Dezembro do anno passado, pelo qual S. M. foi servida crear huma Companhia de 48 Guardas-Marinhas, foi a mesma Senhora tambem servida ordenar o estabelecimento d’huma Academia de Marinha para a instrucção da mesma Companhia.” (Gazeta de Lisboa, 19/08/1783)

As primeiras aulas foram justamente as de Desenho e de Arquitetura Naval, desde 24 de março de 1783.

Page 36: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

36

“Em observancia da dita ordem se achão já estabelecidas as seguintes lições. Desde 24 de Março deste anno as de Desenho, Arquitectura naval, Apparelho pratico e Manobra, Manejo d’arma e Evoluções d’Infanteria.” (Gazeta de Lisboa, 19/08/1783)

Desenho e Arquitetura Naval

Desenhos e gravuras eram indispensáveis ao curso dos Guardas-Marinhas.É provável que o autor do texto, das legendas e do delineamento dos desenhos das naus

e fragatas tenha sido o mestre de Desenho e Arquitetura Naval, José Correia da Costa, que em 6 de abril de 1797 foi promovido a Segundo-Tenente (Boiteux, 1940, p. 56).

Em 1804, José Correia da Costa continuava na função, pois assinou, em 14 de agosto, um atestado juntamente com outros membros da Real Academia dos Guardas-Marinhas: José Maria Dantas Pereira, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Comandante da Companhia; Manoel Ferreira de Araújo Guimarães e Joaquim Ângelo Coelho Freire, Segundo-Tenente-do-Mar, lentes de matemática; Antônio Gonçalves Pereira, Capitão-de-Fragata, Lente de Artilharia; Nicolau José Ribeiro, Primeiro-Tenente-do-Mar, Mestre de Aparelho e Manobra. (vide Anexo I)10

Faltava só gravador para abrir em metal o que havia sido delineado, e, em Portugal, naquela época, havia muitos.

Gravadores em Portugal no século XVIII

A criação da primeira escola oficial de gravura em Portugal foi determinada pelo alvará de 24 de dezembro de 1768, que criou a Impressão Régia:

“Sendo um dos ornatos da Impressão as estampas, ou para demonstrações, ou para outros muitos utilissimos fins: Terá a mesma impressão hum abridor de Estampas conhecidamente perito, o qual terá obrigação de abrir todas as que forem necessa-rias para a Impressão, e se lhes pagarão pelo seu justo valor”. (Silva, 1828, p. 376)

10 O documento consultado e copiado por nós anos atrás na Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tinha a seguinte localização: I-30, 33, 13 nº 5 “Secretaria da Companhia e Real Academia de Guardas Marinhas 14 de agosto de 1804”. Voltamos recentemente para tentar fotografá-lo, mas ele não foi encontrado: houve mudança de localização de documentos e no novo topográfico que constava para ele, não foi encontrado. Em virtude disso, publicamos, além da transcrição integral do documento, a ficha catalográfica completa. Verificamos, posteriormente à publicação da primeira edição do livro Naus & Fragatas, que o Prof. Porto e Albuquerque publicou fac-símile desse documento (Albuquerque, 1982).

Page 37: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

37

Era encargo desse abridor ensinar aprendizes, e receberia, por esse trabalho, a ajuda de custo de 400 mil réis. E mais 40 mil réis por discípulo que tornasse mestre. Cada aprendiz receberia por dia 100 réis e poderia receber até 200, dependendo do aproveitamento.

A Impressão Régia deveria executar, “a justos, e moderados preços”, as impressões necessárias à Diretoria Geral dos Estudos, à Universidade de Coimbra, ao Real Colégio dos Nobres e a “outras quaesquer Comunidades, ou Pessoas Particulares” (p. 376). Estariam incluídos, evidente, os serviços de abertura de gravuras e sua impressão.

O primeiro abridor de gravuras contratado pela Impressão Régia foi Joaquim Carneiro da Silva, que permaneceu no posto de 1769 até 1783, e, cumprindo os termos do alvará de 1768, ensinou e formou muitos gravadores; entre os que mais se distinguiram, são citados Antonio Sisenando, Gaspar Fróis Machado, Gregório Francisco de Queiroz, Manuel da Silva Godinho, Eduardo José de Figueiredo e Eleutério Manuel de Barros.

As principais técnicas de gravura em metal são o talhe-doce (ou talho-doce) e a água-forte, que vão descritas resumidamente a seguir.

As chapas mais usadas são as de cobre e as de aço. O desenho é executado em papel transparente (tipo papel manteiga). O papel, com a face desenhada, virado para baixo (para evitar que a impressão saia invertida), é aplicado sobre a chapa, e o desenho, decalcado. A seguir, os traços do desenho vão sendo abertos no metal com o buril ou a ponta-seca.

O buril é formado por uma haste de aço de seção quadrada ou em losango, cortada a bisel. A ponta-seca é uma ponteira de aço. Cada instrumento tem um cabo de madeira, para facilitar o manejo.

No processo de água-forte, a chapa é coberta por uma fina camada de verniz. As incisões com uma ponteira de aço encabada são feitas não diretamente na chapa, mas na camada de verniz. Aplicada a água-forte sobre a superfície, sua acidez não ataca o verniz, mas corrói o metal posto a descoberto pelas incisões, e o desenho fica gravado na chapa.

As gravuras antigas mais elaboradas, de temas alegóricos, de homenagem a reis, a personalidades importantes e estampas de Santos, feitas por artistas famosos, geralmente tinham a autoria gravada. E geralmente, duas, a do que desenhou, e a do que abriu a chapa. Na margem inferior, à esquerda, estaria a palavra latina delineavit (que significa delineou, desenhou) e, a seguir, o nome do desenhista; e à direita, sculpsit (esculpiu, gravou), e o nome do gravador.

A primeira palavra muitas vezes aparece abreviada: Del. ou delin. E a segunda: sculp. ou sculps.

Page 38: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

38

Essas eram as palavras mais comuns, mas eram também empregadas várias outras: pinxit (pintou), incidit (gravou, esculpiu) e até em português: desenhou, gravou.

O pintor e gravador Francisco Vieira Lusitano delineou várias obras para outros gravarem, mas quando era ele próprio quem desenhava e gravava, indicava as duas funções. Exemplo: “Franciscus delineavit et sculpsit”, numa gravura em que acres-centou local e data: “Roma anno 1727”.

Carneiro da Silva, professor da aula de gravura da Impressão Régia, ilustrou a luxuosa obra Luz da liberal e Nobre Arte da Cavalaria, dedicada “ao Sr. Príncipe do Brasil” (Lisboa, 1790), com dezenas de primorosas gravuras em formato grande, a maioria desenhada por ele (Silva delin.) e gravada por outros, mas várias desenhadas e gravadas por ele (Silv. del. et sculp.).

As gravuras das “Naus & Fragatas”, provavelmente, por terem finalidade “apenas” didática, não têm indicação dos autores. A questão das autorias e outras dúvidas que perduram só serão dirimidas se forem descobertos documentos específicos. A impor-tância das gravuras, entretanto, é de tal ordem para a história da Marinha de Portugal e do Brasil, que a publicação delas, pela primeira vez em formato livro, pode pres-cindir dessas descobertas.

“Naus & Fragatas” na história das marinhas de guerra de Portugal e do Brasil

O conjunto de gravuras resume didaticamente a tipologia dos navios de guerra portugueses do século XVIII decantada pelo conhecimento e experiência da cons-trução, tanto nos estaleiros de Portugal – sobretudo os de Lisboa e do Porto –, quanto nos estaleiros do Brasil – os da Bahia, Pará e Rio de Janeiro11.

As naus de 120 peças, 90, 80, 74, 64, 50 e a fragata de 36 peças, além das gravuras, são descritas por suas qualidades náuticas e militares.

As de 120 peças eram as maiores que se construíam, tinham três baterias, castelo, tolda e tombadilho, e eram em geral comandadas por oficiais generais. Vantajosas quando se aproximavam para abalroar, mas por seu tamanho, difíceis de manobrar e impróprias às expedições que pediam atividade: só serviam, em geral, nas grandes armadas.

As de 80 peças eram de segunda classe, tinham duas baterias, castelo, tolda e tombadilho. As grossuras das madeiras e a solidez de seus cascos as tornavam capazes de resistir às naus de primeira classe, e se manobravam com menos dificuldade.

11 V. Bibliografia: Moura, Ship Construction in Brazil in XVIth, XVIIth, XVIIIth and XIXth centuries.

Page 39: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

39

As de 74 peças eram “de um serviço mais considerável que as precedentes, e se manobram com mais facilidade”. Eram preferidas às primeiras porque podiam levar a guerra às partes mais remotas. “Enfim, são olhadas como os melhores navios de batalha”.

As de 64 peças eram “consideradas em o número dos bons navios de guerra”: manobravam com facilidade e, por seu tamanho, eram muito próprias para corsos e expedições militares que pediam atividade.

As de 50 peças eram as menores que se batiam em corpo de armada. Serviam melhor para escoltar frotas mercantes e para comissões particulares, “que a ocupar o lugar de uma nau de linha”.

As fragatas de 36 peças só tinham uma bateria, tolda e castelo. Eram empregadas para descobrir as armadas inimigas, e, nos combates, para socorrer os navios desam-parados e impedir a aproximação de brulotes, e levar ordens do general [da armada] aos outros navios. Também se empregavam “a comboiar frotas mercantes, guarda--costas, e outras comissões particulares”.

De todos os navios descritos são dadas as principais dimensões em pés (compri-mento, largura e altura), os calibres das peças da 1ª, 2ª e 3ª baterias, do castelo e da tolda, e também a equipagem (guarnição).

Além disso, nas gravuras é desenhado, nomeado e minuciosamente descrito tudo o que compõe cada barco: mastros, velas, mastaréus, enxárcias, brandais, estais, cabos de laborar, cabos das velas, estralheiras, vergas, etc.

Valioso material didático quando foi elaborado, destinado à Academia Real dos Guardas-Marinhas, o conjunto de gravuras passou a ser importante documento iconográfico e escrito da história da construção naval e da Marinha de Guerra, tanto de Portugal quanto do Brasil.

Lembramos que, transferida com seus corpos docente e discente e todo seu acervo para o Rio de Janeiro com a Família Real em 1807-1808, a Academia Real dos Guardas-Marinhas deu início à formação da marinha de guerra do Brasil.

No Diário de Bordo do Marquês de Viana, que termina com a frase “Escripto n’esta cidade de Sam Sebastiam do Rio de Janeiro, 12 de Março de 1808. Capitam de mar-e-guerra D. João Manoel de Menezes o fez”, vêm relacionados os nomes dos militares que chegaram: na Martim de Freitas, 4 Primeiros-Tenentes, 5 Segundos-Tenentes, 2 Médicos e 31 Guardas-Marinhas; e, na fragata Urania, também 4 Primeiros-Tenentes, 5 Segundos-Tenentes, 2 Médicos e 31 Guardas-Marinhas12.

12 Nedehf, 2008, p. 17-18. O Diário de Bordo informa também o número de peças: Martim de Freitas, 74 peças da nau e 25 de porto (total de 99); e Urânia, 54 peças da fragata e 100 do porto (total de 154 peças).

Page 40: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

40

Como apurou o Prof. Porto e Albuquerque, a biblioteca e instrumentos perten-centes à Academia Real dos Guardas-Marinhas foram enviados para o Rio de Janeiro depois, entre 1809 e 181013.

As aulas da Academia Real dos Guardas-Marinhas no Rio de Janeiro começaram logo em 180814.

Se ainda não encontramos exemplares dessas gravuras nos documentos da Real Academia dos Guardas-Marinhas, os encontrados no acervo da Real Biblioteca / Casa do Infantado permitem-nos tirar do esquecimento esses importantes docu-mentos iconográficos.

13 Manuscrito Inventário de Tudo Quanto Pertence á Real Academia dos Goardas Marinhas e Vai embarcar para o Rio de Janeiro em a Charrua S. João Magnanimo Por Ordem do Exmo Senhor Barão da Arruda Almirante da Armada Real: “Esse documento elucida tudo. Os pertences da Academia, inclusive a biblioteca, estandarte, instrumentos, objetos os mais diversos, tudo veio depois, entre 1809 e 1810” (Albuquerque, 1982, n. 16, p. 20-21).14 “A Academia Real dos Guardas Marinhas inaugurou, no Brasil, os estudos superiores. Em seu primeiro ano letivo, em 1808, abriu-se ao público, recebendo alguns paisanos. Foi procurada até por um frade, Frei José Policarpo de Santa Gertrudes, que nela requereu matrícula” (Albuquerque, 1982, p. 15).

Page 41: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

41

“NAUS & FRAGATAS”Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil

Page 42: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

42

NAU DE 120 PEÇAS

Estas Naus são as maiores que se constroem, têm três Baterias, Castelo, Tolda e Tombadilho, e são de ordinário comandadas por oficiais generais porque a força da sua artilharia pode bem sustentar a honra do Estandarte, e proteger os navios mais inferiores que combatem junto a si: o fogo da bateria superior é muito vantajoso quando se aproximam e Abordam aos Navios mais inferiores; a grandeza destas naus e o peso dos seus aparelhos, as fazem difíceis à Manobra, e pouco próprias às expe-dições que pedem atividade, e em geral só servem nas grandes Armadas.

Nomes dos Principais Mastros de Uma Nau, e das Manobras que os sustêm,

A – Mastro grandeB – Mastro do traqueteC – GorupésD – Mastro da mezenaE – Pau da bandeiraF – Gávea Grande G – Gávea do traqueteH – Gávea da mezenaI – Enxárcias K – Estais

*

*****

As gáveas servem de mesas ou apoios às enxárcias dos primeiros mastaréus; e nos combates de perto, delas lançam os marinheiros as granadas sobre o inimigo, e têm outros usos relativos às manobras.

As enxárcias servem para que os mastros não caiam para vante nem para nenhum dos lados do navio, estas tomam os nomes dos seus respectivos mastros, as mesmas propriedades têm as dos mastaréus nas figuras seguintes.

Os estais fazem forças opostas às enxár-cias para que os mastros não caiam para ré, também recebem os nomes dos mastros e mastaréus em que encapelam as suas extre-midades superiores

*

**

***

Page 43: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

43

Page 44: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

44

NAU DE 90 PEÇAS

Estas Naus têm três Baterias, Castelo e uma Tolda pequena, sem Tombadilho, a sua Artilharia difere pouco dos navios precedentes, as suas manobras se operam com menos dificuldade; o uso que delas se faz nas Armadas é o mesmo, porque as suas propriedades são semelhantes às dos navios da primeira Grandeza.

A – Mastaréu de gáveaB – Mastaréu de velachoC – Mastaréu da gataD – Enxárcia dos ditos

mastaréusE – Brandais dos ditos

mastaréusF – Estais dos ditos

mastaréusG – Cabrestos do

Gurupés

**

*

***

Os cabrestos são uma espécie de estais que prendem o gurupés ao beque.

As cordinhas delgadas que atravessam as enxárcias se chamam enfrechates e a obra toda enfrechaduras das enxárcias: estas servem para se subir aos diferentes lugares que pede o serviço do navio.

*

Os brandais servem para que os mastaréus não inclinem para algum dos lados, nem para vante, assim como as enxárcias.

**

em os navios da primeira grandeza algumas vezes se dobram os estais dos mastaréus, assim como os dos primeiros mastros, estes se chamam contra estais, são mais delgados e vão pela parte superior dos estais.

***

Page 45: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

45

Page 46: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

46

NAU DE 80 PEÇAS

Estas Naus são da segunda Classe, têm duas Baterias, Castelo, Tolda, e Tombadilho; as que trazem Artilharia de 36 na primeira Bateria, de 24 na segunda, de 12 na Tolda, e Castelo, lançam quase tantas Libras de bala por descarga como as Naus de 100 peças; as grossuras das madeiras e as Solidezas dos seus Cascos as constituem capazes de resistir às naus da primeira Classe, e em geral, elas se mano-bram com menos dificuldade.

A – Mastaréu de joanete grandeB – Mastaréu de joanete de proaC – Mastaréu de sobregata ........................ D – Pau da bujarronaE – Enxárcia dos ditos mastaréusF – Brandais dos ditos mastaréusG – Estais dos ditos mastaréus

As manobras debuchadas nestes primeiros exemplos, se chamam em geral mano-bras ou cabos fixos, as seguintes se chamam correntes ou cabos de laborar, todas elas são originadas segundo o uso da Marinha Portuguesa.

este mastaréu raras vezes se usa, porque o suprem com o galope do mastaréu da gata, como se vê nos últimos exemplos.

Page 47: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

47

Page 48: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

48

NAU DE 74 PEÇAS

Estas Naus são de um serviço mais considerável que as precedentes, e se mano-bram com mais facilidade, elas podem pela sua grandeza, e força fazer um combate vigoroso e ao mesmo tempo ativo: são preferidas às primeiras porque podem levar a guerra às partes mais remotas, enfim, são olhadas como os melhores Navios de batalha.

Cabos de Laborar

Omitiram-se as enxárcias nesta figura para se verem as manobras correntes que ficam por baixo, e eis aqui os seus nomes:

A – Coroas das enxárcias .........

B – Estralheiras das coroas ......

C – Coroas ditas .......................

D – Aparelhinhos das coroas ....

Estas manobras servem para atesar e colher os ovens das enxárcias, e Estais, e suprir a falta de alguns destes em ocasião de combate, e a outros usos relativos à manobra do navio; como também a embarcar e desembarcar vários efeitos de grande peso.

Estas só têm os primeiros usos acima mencionados.

**

Page 49: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

49

Page 50: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

50

NAU DE 64 PEÇAS

Estas Naus são consideradas em o número dos bons Navios de Guerra, e se manobram com facilidade, a sua grandeza é muito própria para dilatados corsos, e expedições militares que pedem atividade: e enfim juntas com Navios de 80 e 74 Peças, podem formar Armadas, que reúnam força e Ligeireza.

Também nesta figura se suprimiram as enxárcias, para se deixarem ver com mais clareza, as manobras das Vergas.

A – Verga grandeB – Verga do traqueteC – Verga da mezenaD – Verga da cevadeiraE – Verga de gáveaF – Verga do velachoG – Verga secaH – Verga do joanete grandeI – Verga do joanete de proaK – Verga da gata

É nas vergas que se suspendem as velas do Navio; cada uma delas tem uns estribos a, sobre os quais os marinheiros se têm a fazerem algumas manobras que respeitam às velas.Cada Verga, (exceto a cevadeira e verga seca, que são fixas) têm umas aderiças b, que servem para as içar e arriar quando é necessário; as suas extremidades estão suspensas pelos amantilhos c, elas se movem horizontalmente para um e outro lado pelos braços d.Cada verga tem dois braços, nesta figura só se mostrou um, para evitar a confusão. As linhas pontuadas mostram o corte das velas.

Page 51: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

51

Page 52: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

52

NAU DE 50 PEÇAS

Estas Embarcações são as mais pequenas que se batem em corpo d’Armada; as que trazem somente Peças de 12 e 8, servem melhor a escoltar frotas mercantes, e a comissões particulares, que a ocupar o lugar de uma Nau de linha.

Nomes das Velas e dos Cabos que lhes pertencem

A – Vela grandeB – TraqueteC – MezenaD – GáveaE – VelachoF – GataG – Joanete grandeH – Joanete de proaI – CevadeiraK – Bujarrona L – Vela de estai do velachoM – Velas de estais ............N – a Formosa ...................

o – Escotas ......................... p – Bolinas .........................q – Brióis ........................... r – Cergideiras ....................s – Rizes .............................

Estas velas, são denominadas pelos seus respectivos Estais.

As Escotas são uns cabos que puxam (ou cassam em termos d’Arte) os punhos das Velas para ré do navio

*

Os Brióis servem para carregar acima as Esteiras das velas. As Cergideiras carregam as testas das Velas.

***

Os Rizes servem a diminuir o pano em ocasião de muito vento.•

As Bolinas servem a puxar as testas das velas para vante, para que ofereçam melhor as superfícies ao vento quando este é largo ou à bolina.

**

***

***

Page 53: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

53

Page 54: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

54

FRAGATA DE 36 PEÇAS

Estas Embarcações têm só uma bateria, tolda, e castelo; elas servem para desco-brir as armadas inimigas e nos combates se têm ao porte de socorrerem os Navios desamparados, a impedirem os aproches dos Brulotes, repetirem os sinais, e levarem ordens do general, a diferentes lugares da Armada. Também se empregam a comboiar frotas mercantes, guarda-costas, e a outras comissões particulares.

Continuação da explicação dos Cabos das Velas, e de outras que se lhe ajuntam para andar com velocidade quando o vento o permite.

a – Estingues .......................b - Carregadeiras .................c – Apagapenóis ..................d – Cergideiras ....................e – Brióis .............................f – Amuras ...........................F – BarredoirasG – CutelosH – SobregataI - SobrejoanetesK – SobresevadeiraO – Aderiças das barredoiras

e Cutelos .......................

Todos estes cabos servem de carregar o pano acima, uns levam as testas, outros as esteiras das Velas junto às Vergas.

Aderiças não somente são os Cabos que içam as vergas; mas também os que içam bandeiras, sinais, velas d’Estais, cotelos e barredoiras.

**

*As amuras são uns Cabos que tiram para avante os punhos das velas, e fazem forças contrárias às escotas.

*

**

Page 55: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

55

Page 56: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

56

Pontos onde se tomam as três principais dimensões: explicação da Tabuada seguinte

Os Comprimentos, Larguras e Alturas, dos Navios notados na Tabuada, deter-minam as linhas AB. CD. FG. da Fig. junta, o Comprimento AB. com a Largura CD. e as curvas ACE. ADE. EBE. formam a superfície da primeira coberta; ou o plano da primeira bateria; a elevação desta coberta acima da quilha HI. determina a altura FG. do porão; e estas são as três principais dimensões de qualquer Navio.

A primeira coluna K. da tabuada, denomina os Navios pelo número das Peças; as três seguintes que têm por título Dimensões em pés, assinam nesta espécie de medida os comprimentos, larguras e alturas de porões que correspondem às diferentes divi-sões destas colunas; estas dimensões têm variado em diferentes tempos e ainda se não acharam as que devem satisfazer a todas as condições de um bom Navio, o que mostra a grande complicação desta Arte; porém as assinadas são as mais seguidas.

As quatro colunas que se seguem, notam os calibres das peças com que se armam as diferentes baterias dos Navios de todas as Classes, estes calibres variam segundo as solidezes dos Navios e é por esta razão que das Naus de 74 para baixo esta variação se faz mais sensível. Também a idade ou estado mais ou menos fatigado do Navio, ocasiona diferença nas Artilharias, porque quando os Navios são idosos, raras vezes se lhe montam artilharias tão fortes como em novos.

A última coluna determina o número de homens que formam a equipagem de cada Navio.

Page 57: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

57

Page 58: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

58

Tabuada das principais Dimensões dos Navios, do Calibre das suas peças, e dos Homens que formam as suas equipagens.

KDimensões em pés Calibres das peças

Equipag Comprimtos Larguras Alturas 1ª Bateria Segunda Terceira Castelo e

Tolda

Nau de 120 peças 195. 52. 26. 36. 18. 12. 8. 1000.

Dita de 90 183.3/4 49. 24.1/2 36. 18. 12. 8. 800.

Dita de 80 186. 48. 24. 36. 18. 8. 700.

Dita de 74 172.1/2 46. 23. 24. 18. 8. 600.

Dita de 64 159.1/2 44. 22. 24. 12. 6. 450.

Dita de 50 147. 42. 21. 18. 12. 4. 300.

Fragata de 36 peças 136. 34. 17. 8. 4. 230.

Page 59: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

59

Page 60: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

60

Contracapa da encadernação das gravuras.

Page 61: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

61

TRANSCRIÇÃO DE CERTIFICADO DA ACADEMIA REAL DOS GUARDAS-MARINHAS

Emitido em 14 de agosto de 1804

DOCUMENTO EXISTENTE NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

FICHA CATALOGRÁFICA: “Academia Real dos Guardas Marinhas. Certificado passado pelo comandante da Cia. dos Guardas Marinhas e Corpo de Sua Real Academia de que João José Ferreira de Souza, Guarda Marinha da 2ª Brigada, esta apto a exercer suas funções, Secretaria da Companhia e Real Academia dos Guardas Marinhas, 14 Agosto 1804. Assinado pelo Capitão de Mar e Guerra José Maria Dantas Pereira com o selo da Academia Real dos Guardas Marinhas. Proc. do Original: BN(MS)”

TRANSCRIÇÃO “O Comandante da Companhia dos Guardas Marinhas e Corpo de Sua Real Academia. Certificamos que João José Ferreira de Souza, Filho legitimo do Sargento Mor Carlos Antonio Ferreira Monte, e de D. Maria Roza de Souza Vieira, Guarda Marinha da Segunda Brigada desta Companhia, achando-se prompto desde 13 de Agosto de 1804 em quanto diz respeito ao Serviço Militar da Companhia: a saber - Exercícios, Detalhes, e mais objectos analogos, todos dirigidos pelo espírito do Serviço da Marinha Real, e approvado nos Exames, que segundo os Estatutos desta Real Academia tem feito em todos os Estudos nella estabelecidos por Sua Alteza Real: a saber Curso Mathematico de Bezout Pratica de Artilheria e applicação á esta da Mathematica, Princípios da Arte de Marinheiro, de Manobra, e Tactica; da Architectura Naval practica, e dos primeiros rudimentos do Desenho o que tudo consta dos seus assentos onde aliás se lhe não encontra nota alguma, que se deva servir-lhe de impedimento, tem cumprido com o que sua Alteza Real manda, e por tanto acha-se habilitado para o Mesmo Senhor lhe dar o exercício que for servido. Em firmeza do que lhe passamos a presente por nós assignada, e sellada com o Sello desta Real Academia Secretaria da Companhia e Real Academia dos Guardas Marinhas. 14 de agosto de 1804”.

Page 62: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

62

Capitão de Mar e Guerra {Joze Maria Dantas Pereira} Comandante da Companhia

Manoel Ferreira de Araujo Guimaraens

Segundo Tenente do Mar {Joaquim Angelo Coelho Freire

Capitão de Fragata {Antonio Gonçalves Pereira} Lente de Artilheria

Primeiro Tenente do Mar {Nicolao Joze Rb°} Mestre de Aparelho e Manobra

Segundo Tenente do Mar {Jozé Correa da Costa} Mestre de Architectura Naval e Desenho.

Lentes de Mathematica

Page 63: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

63

a bolina – VI à bolinaAderiças – V, VII O mesmo que “adriças”Aderissas – VII O mesmo que “aderiças” e “adriças”Aderissas das barredoiras e Cotellos – VII Adriças das varredouras e Cutelosa Formoza – VI a FormosaAlturas – VIII, IXAmantilhos – VAmuras – VIIAparelhinhos das Coroas – IVAparelhos – IApagapenoes – VII Apagapenóis, atualmente “apagas” (Leitão e Lopes)Armada – VIIArmadas – I, II, VArmadas Inimigas – VIIArtilharia – I, IIArtilharia de 12 – III Peças de artilharia de calibre 12.Artilharia de 36 – III Peças de artilharia de calibre 36.Artilharia de 24 – III

Peças de artilharia de calibre 24.Artilharias – VIIIbandeiras – VIIBarredoiras – VII Barredoura, ou melhor, “varredoura”. bataria superior – I bateria superiorbateria – VIIBaterias – I, II, III, VII, VIII, IX.Beque – IIbolina – VIBolinas – VIBons Navios de Guerra – VBrandais dos mastareos – II, III Brandais dos mastaréus. “Brandais” é o plural de “Brandal”.Brassos – V BraçosBrioes – VI, VII Brióis, plural de “briol”.Brolotes – VII BrulotesBujarrona – III, VIICabos – VI, VIICabos das vellas – VIICabos de laborar – IVCabos de laborar ou correntes – III

ÍNDICES

1 - DAS ILUSTRAÇÕES1. Primeira capa p. 2. Carimbo da Real Biblioteca/Infantado, que aparece nos versos da primeira gravura e da última p. 3. Contracapa p.

2 - DOS TERMOS MANUSCRITOS DAS GRAVURAS

Page 64: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

64

Cabos fixos ou manobras – IIICabos que pertencem às vellas – VICabrestos – IICabrestos do Goropes – II Cabrestos do GurupésCalibres: 36, 24, 18, 12, 8, 6, 4 – IXCalibres das pessas – IX, VIII Calibres das peças de artilharia.Carregadeiras – VIICascos – IIICastello – I, II, III, VIICastelo – IXCergideiras – VI, VII SergideirasCoberta – VIIICombate Vigoroso – IVComissoens particulares – VI, VII Comissões particularescomprimtos – VIII, IX comprimentosContra estays – II Contra-estais Cordinhas delgadas – IICoroas – IVCoroas das emxarcias – IV Coroas das enxárciasCorpo d’Armada – VICorrentes ou cabos de laborar – IIICorsos – Vcorte das vellas – VCotellos – VII CutelosDimençoens em pes – IX Dimensões em pésDimençoens principaes dos navios – VIII, IX Dimensões principais dos navios

Embarcaçoens as mais pequenas – VI Embarcações as mais pequenas.Encapelão – I EncapelamEnfrechaduras das emxarcias – II O mesmo que “enfrexaduras” Enfrechates – II O mesmo que “enfrexates”Emxarcias – I, II, IV, V, EnxárciasEmxarcias dos mastareos – II Enxárcias dos mastaréusEquipage –VIII EquipagemEquipages – IX EquipagensEscoltar frotas mercantes – VIEscotas – VI, VIIEstandarte – IEstay – II EstaiEstay do Velaxo – VI Estai do velachoEstays – I, II, IV, VII Estais, plural de “estai”Estays dos mastareos – II, III Estais dos mastaréusEsteiras das vellas – VI, VIIEstingues – VIIEstralheiras das Coroas – IVEstribos – Vexpediçoens militares – V expedições militaresFogo da bataria superior – I Fogo da bateria superiorFromoza, “a Formoza” – VI Formosa

Page 65: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

65

Fragata de 36 Pessas – VII, IX Fragata de 36 peçasFrotas mercantes – VI, VIIgalope do mastareo da gata – III galope do mastaréu da gataGata – III, VIGavea – VI Gáveagaveas – I gáveas gavia – V gáveaGavia grande – I Gávea grande Gavia da mezena – I Gávea da mezenaGavea de Traquete – I Gávea de TraqueteGoropes – I, II GurupésGranadas – IGrandes Armadas – Igrossuras das madeiras – IIIGuarda costas – VII Guarda-costasidade do Navio – VIIIJoanete de proa – VIJoanete gde – VI Joanete grandeLarguras – VIII, IX Libras de balla – III Libras de balaManobra – Imanobra do Navio – IVmanobras – I, II, III, IV, Vmanobras das vergas – VManobras ou cabos fixos – III

Manobras q sostem os Mastros – I Manobras que sustêm os Mastrosmanobras q respeitão as vellas – V manobras que respeitam às velasMarinha Portugueza – III Marinha PortuguesaMastareo da gata – II, III Mastaréu da gataMastareo da sobre gata – III Mastaréu da sobregataMastareo de Gavia – II Mastaréu de GáveaMastareo de Joanete ge – III Mastaréu de Joanete grandeMastareo de Joanete de proa – IIIMastareo de Vellacho – II Mastaréu de Velachomastareos – I mastaréusMastro da Mezena – IMastro do Traquete – IMastro grande – IMastros – IMastros principaes – IMastros principaisMelhores navios de batalha – IVMezena – I, VINao – I, passim NauNao de 120 Pessas – I, IX Nau de 120 PeçasNao de 50 pessas – VI, IX Nau de 50 peçasNao de Linha – VI Nau de LinhaNao de 90 Pessas – II , IX Nau de 90 Peças

Page 66: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

66

Nao de 80 pessas – III, IX Nau de 80 peçasNao de 64 Pessas – V, IX Nau de 64 PeçasNao de 74 pessas – IV, IX Nau de 74 peçasNaos de 100 pessas – III Naus de 100 peçasNaos da primeira clace – III Naus da primeira classeNaos da segunda clace – III Naus da segunda classeNavio – I, II, VINavios da primeira grandeza – IINavios da primra Grandeza – II Navios da primeira GrandezaNavios de 80 pessas – V Navios de 80 peçasNavios de 74 pessas – V Navios de 74 peçasNavios dezamparados – VII Navios desamparadosNavios de todas as claces – VIII Navios de todas as classesNavios mais idozos – VIII Navios mais idososNavios mais inferiores – IOfficiaes generaes – I Oficiais generaisOvens – IV Ovéns, plural de “Ovém”pano – VI, VIIPao de Bandeira – I Pau de BandeiraPao da Bujarrona – III Pau da BujarronaPessas – I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX

Peças, peças de artilharia, bocas de fogoPessas de 12 – VI Peças de calibre 12Pessas de 8 – VI Peças de calibre 8Plano da primeira bateria – VIIIPoroens – VIII PorõesPorão – VIIIprim.ra Bateria – III primeira Bateria1ra Bateria – IX Primeira Bateriaprimeira coberta – VIIIprincipaes dimensoens – VIII principais dimensõespunhos das vellas – VI, VIIQuilha – VIIIRinzes – VI O mesmo que “Rizes”Segunda bateria – IXServiço do Navio – IISevadeira – V, VI CevadeiraSignaes – VII SinaisSobre gata – VII SobregataSobre Joanetes – VII SobrejoanetesSobre sevadeira – VII SobrecevadeiraSolidezes – III Plural de “solidez”Solidezes dos Navios – VIIISuperfice da primeira coberta – VIII Superfície da primeira coberta

Page 67: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

67

Taboada – VIII, IX TabuadaTerceira Bateria – IXTestas – VIITestas das Vellas – VITolda – I, III, VII, IXTolda pequena – IITombadilho – I, II, IIITraquete – VITerceira Bateria – IXVella d’Estay do Velaxo – VI Vela de estai do VelachoVella grande – VI Vela grandeVellacho – II VelachoVellas d’Estays – VI, VII Velas de EstaisVellas do Navio – V Velas do NavioVelaxo – V, VI

VelachoVento largo – VIVerga da gata – VVerga de gavia – V Verga de gáveaVerga do joan.te de proa – V Verga do joanete de proaVerga do joanete g.de – VVerga do joanete grande

Verga grande – VVerga da mezena – VVerga seca – VVerga da sevadeira – V Verga da cevadeiraVerga do traquete – VVerga do Velaxo – V Verga do VelachoVergas – V, VIIVergas fixas: sevadeira e verga seca – V Vergas fixas: cevadeira e verga seca

Page 68: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International
Page 69: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

III - OS NOVOS ESTATUTOS DA REAL ACADEMIA DOS

GUARDAS-MARINHAS(1796)

Page 70: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

70

O Novo Plano de Estatutos e ilustrações gráficas de determinações estatutárias contidas nas gravuras das “Naus & Fragatas”,

e na perspectiva da Casa das Fôrmas

A feitura de um Regulamento para a nova unidade militar foi determinada no próprio decreto de 14 de dezembro de 1782, através do qual D. Maria I criou “de novo uma Companhia de Guardas-Marinhas para a qual tenho mandado fazer o Regulamento, que se há de observar, assim a respeito do número de Oficiais e Guardas-Marinhas, como do exercício que deve ter no Mar. E enquanto não mando publicar o dito Regulamento [...]”.

Se, para a Companhia dos Guardas-Marinhas era necessário um Regulamento, para a Academia respectiva era ainda mais necessário, com tantas matérias sendo ministradas desde 1783. Assim, essa instituição de ensino militar deve ter funcio-nado inicialmente com um Regulamento ou Estatuto preliminar, manuscrito, antes que o definitivo fosse aprovado.

Cerca de 13 anos depois do início das aulas, o Príncipe D. João, em nome da Rainha D. Maria I, assinou a Carta de Lei de 1º de abril de 1796, que aprovava o “Novo Plano para os Estatutos da Minha Real Academia dos Guardas Marinhas apresentado pelo Conselho do Almirantado”.

O preâmbulo da carta esclarece ainda que esse Plano tinha sido resultado das observações da experiência desde a fundação da Academia, isto é, desde 1782:

“o qual tendo sido meditado sobre observações que, desde a sua Fundação até agora, o tempo tem feito evidentes, e que só a experiência costuma de ordinário mostrar em todas as Instituições primitivas na prática de seus preceitos”.

O texto aprovado determinava que os Novos Estatutos “valham como Lei, e tenham força de tal”, e derrogava todas as disposições contrárias.

Ele foi registrado no Conselho do Almirantado, no Livro I, e impresso na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

Baseamo-nos na íntegra do texto publicado por Antonio Delgado da Silva na Collecção da Legislação Portuguesa 1791-1801 (Lisboa, 1828, Tipografia Maigrense, p. 267-274).

Os Novos Estatutos são extensos e estão divididos nos dez tópicos seguintes: Divisão e distribuição das lições; Duração das lições, tempo letivo, e feriado; Dos exercícios semanais; Dos exames; Dos exercícios extraordinários; Dos Lentes, e substitutos; Da admissão, e promoções dos discípulos; De algumas disposições relativas à boa ordem das aulas, e da frequência; Do Secretário; Do Porteiro e Guardas.

Page 71: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

71

Transcrevemos anexo o texto integral dos Novos Estatutos e destacamos apenas as partes referentes aos programas das matérias teóricas e práticas. E acrescentamos a elas os esclarecimentos gráficos correspondentes, contidos na Perspectiva da Casa das Fôrmas e no conjunto de gravuras “Naus & Fragatas”.

Matemática

O curso de matemática abrangia três anos. No primeiro, aritmética, geometria, trigonometria reta “com o seu uso prático aos Oficiais do Mar”.

Na Perspectiva, o detalhe C apresenta um quadro apoiado em um cavalete, com figuras geométricas desenhadas e, em pé, ao lado, o Lente respectivo, fardado e com espada à cinta; e uma mesa alongada, com compassos, transferidor, réguas e sólidos geométricos. No rodapé, a seguinte legenda: “A Letra (C) Mathematica desde Arithmetica até Trigonometria Rectilignia”.

No segundo ano, princípios de álgebra até as equações do segundo grau, inclu-sive; primeiras aplicações à aritmética e geometria; seções cônicas, mecânica e suas aplicações imediatas ao aparelho e manobra.

No terceiro, trigonometria esférica; navegação teórica e prática; e “uns rudi-mentos de tática naval”.

As aulas do segundo e terceiro anos de Matemática são exemplificadas pelo detalhe D da Perspectiva. Um quadro num cavalete com o início de uma equação escrita. Ao lado, o Lente fardado e com espada à cinta e uma mesa longa com instru-mentos (sextante ou oitante), quadrante manual, luneta, globo, etc. No rodapé: “A Letra (D) desde Trigonometria Spherica, até ao Calculo Differencial”.

A tática naval é exemplificada no detalhe H: “A Letra (H) Principios de Tactica Naval”. Uma mesa, e, sobre ela, modelos de naus, dispostos em posição de batalha. Diante da mesa, seis cadeiras de espaldar alto, destinados a Sua Majestade e “toda a Familia Real” (letra A). Ao lado, com a mão esquerda sobre o espaldar da sexta cadeira, o Comandante da Companhia (letra B).

Artes

O curso de Artes também abrangia três anos. No primeiro, aparelho – nomes, posições, figuras e usos dos mastros, mastaréus e vergas; cabos fixos e de laborar “assim do Aparelho como do Plano”; diversos fios e cabos “e toda a Obra volante de

Page 72: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

72

Marinheiro” – “exercitando-se em praticar as mesmas obras”; o modo de enfurnar e desenfurnar os mastros, aparelhar e desaparelhar, virar de crena, fixar os cabos de laborar e fixos; como se corta e cose o pano, “para o que serão levados à Casa das Velas, onde sejam admitidos a praticar”. Aprenderiam também a envergar e desen-vergar, caçar, largar e ferrar o pano, arriar e içar vergas, aparelhá-las, arriar e “pôr à cunha” os mastaréus, dar fundo e amarrar, “como até agora se tem praticado”.

O curso de Artes é copiosamente ilustrado pelo conjunto de gravuras “Naus & Fragatas” que publicamos: mastros, mastaréus, vergas, cabos fixos e de laborar, velas, etc., são identificados e representados graficamente nos vários tipos dos navios de guerra.

Na perspectiva, dois detalhes para o curso de Artes: “A Letra (J) Analysação do Panno Redondo e de Entre os Mastros e Triangular”; e “A Letra (L) Recapitulação da Cábrea para Mastrear, quanto a sua Mastreação e Aparelho”.

No segundo ano, desenho de marinha, plantas de costas, baías, enseadas e portos, ilhas, cabos e promontórios; navios em diferentes posições e manobras, nomes, figuras, usos e escarvas; embaraçamentos, pregaduras e posição das madeiras de construção; formatura e construção do estaleiro, construção metódica da embar-cação; assentamento da quilha no estaleiro, berço e carreira; diferentes partes do porão e modo de arrumar; maneira de fazer os três planos, de elevação, horizontal e de projeção, “debaixo dos quais se constroem os navios”. Na sala, fazer as fôrmas e galivar os madeiros. Concluindo com a explicação das fainas de fazer entrar e sair, e de escorar o navio no dique, “como até agora se tem praticado”.

Matéria do segundo ano é ilustrada pela gravura IX do conjunto “Naus & Fragatas”: pelos desenhos das principais dimensões dos navios e pela Tabuada correspondente.

Na Perspectiva, “a Letra (E) Architetura Naval”, que inclui corte transversal de casco, esquadro, gabaritos e várias ferramentas, e o Mestre, que empunha, na mão direita, um compasso e, na esquerda, um papel. E “A Letra (F) Squeleto”, que repre-senta o esqueleto de um navio15.

No terceiro ano, na metade do tempo destinado às aulas práticas, continuava o desenho; e na outra metade, o Lente de Artilharia explicaria os nomes, figuras, usos e lugares das diferentes partes da peça, carreta, palamenta, vestidura “e dos demais instrumentos relativos ao exercício desta arma tão importante”.

15 “Esqueleto do Navio – O conjunto da quilha, roda de proa, cadaste, balizas, vaus, etc., convenientemente ligados, e que servem de suporte às chapas ou tabuados do fundo, do costado, dos pavimentos, e outras partes do navio”. (Leitão, 1990, p. 246)

Page 73: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

73

Os alunos seriam adestrados pelo Lente, indo com ele para praticar o exercício de fogo. Aprenderiam também o modo de escolher, conduzir, embarcar, colocar, vestir, atracar, desatracar, montar e desmontar as peças; o modo de encartuchar a pólvora, e de fazer fogos de artifício para uso a bordo; maneiras de armar brulotes e galiotas de lançar bombas; como atacar uma Praça Marítima. Completavam-se estes estudos com problemas da artilharia prática, com o emprego dos princípios de matemática.

A Artilharia é ilustrada no detalhe G da Perspectiva: “A Letra (G) Artilharia Theorica, e Pratica”. Nele aparecem um quadro em cavalete com uma fórmula escrita, uma mesa longa com vários instrumentos, entre eles, esquadros, transferidor, gabaritos; e o Lente fardado e com espada. No chão, um triângulo, canhão de bordo montado em carreta, balas de canhão e petrechos para operar a peça. Nas gravuras de “Naus & Fragatas”, há informações sobre a quantidade e o calibre de peças utilizadas em cada bateria e em cada nau, e que são, no final, resumidas na Tabuada das principaes Dimensoes dos Navios, do Calibre das suas Peças e dos Homens que formam as suas equipagens.

Corpo Docente

O Corpo Docente da Academia era constituído por três Lentes de Matemática e dois substitutos, um Lente de Artilharia e dois Mestres, um de Aparelho e outro de Construção Prática e Desenho.

O Ano de Embarque

Os aspirantes aprovados nos exames do primeiro ano passavam a Guardas-Marinhas e deveriam “dar as precisas provas de que têm todas as disposições natu-rais necessárias à vida do mar”. Para isso, passariam o chamado Ano de Embarque a bordo da Corveta de Ensino ou de outro navio da Armada Real, preferencialmente nos que saíam de guarda-costas.

Durante o embarque, um Oficial das Brigadas ou um Segundo-Tenente seria o Comandante e Mestre do Destacamento.

Ao Comandante do navio cabia “por natureza a distribuição, o regime das dife-rentes lições a bordo”. Ao Comandante do Destacamento, as lições de Matemática que estavam sendo estudadas. O Mestre ensinava os nomes e usos dos cabos, velas, e aparelhos, bem como os modos de amarrar, dar nós, fazer costuras, ferrar, embotijar.

Page 74: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

74

Um Oficial de Artilharia ensinava os nomes e usos das partes da peça, carreta, sua vestidura e atracadura, os pesos das cargas, até terminar no exercício de artilharia.

O Calafate explicaria as figuras, nomes e usos dos instrumentos e das bombas. E o Primeiro Carpinteiro, os nomes, posições e diferentes madeiras de construção, seu embaraçamento, etc.

O Comandante do Destacamento ensinaria o modo de fazer a derrota da chamada Barquinha, e também a ordem do serviço, tanto surto quanto à vela.

No tempo entre o fim do primeiro Ano Letivo e o Embarque, o Comandante da Companhia, ensinaria, na primeira hora e meia, o manejo das armas, construção de mapas, e também a “lição dos fatos memoráveis das marinhas militares”. Na segunda hora e meia, “andarão adidos à Classe do Desenho e Construção Naval Prática”.

Depois, os Guardas-Marinhas passavam a discípulos do segundo ano letivo, onde, aprovados, seriam promovidos a Oficiais das Brigadas.

Aos aprovados no terceiro ano, “se lhes passarão as competentes Cartas de Aprovação assinadas pelo Comandante da Companhia e Corpo da Real Academia, com as quais devem considerar-se plenamente habilitados para Segundos Tenentes da Real Armada, a que serão promovidos”.

Os promovidos a Segundos-Tenentes deveriam fazer uma circunstanciada derrota do primeiro embarque que fizerem e nela registrar o que diz respeito à Barquinha, variações da agulha, latitudes, longitudes, configurações das ilhas e portos, marés, ventos, correntes, “e mais circunstâncias úteis à hidrografia”. Desse trabalho “dependerá também a sua promoção a Primeiros Tenentes”.

Page 75: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

75

ANEXO

Lei de novo Regulamento para a Academia Real dos Guarda Marinhas

DONA MARIA por Graça de Deos Rainha de Portugal, e dos Algarves, d’aquem, e d’além mar, em Africa Senhora de Guiné, e da Conquista, Navegação da Ethiopia, Arabia, Persia, e India, &c. Faço saber a todos os que esta Minha Carta virem, que tomando em Consideração o muito que importa ao Meu Real Serviço, e ao bem público dos Meus Reinos, a conservação, e agmento dos Estabelecimentos, que concorrem para a mutua felicidade dos Meus Vassallos, para a segurança do Commercio, e para o esplendor da Minha Real Armada: E tendo-Me representado o Meu Conselho do Almirantado em Consulta, que fez subir á Minha Real Presença, o desejo, que tem de dar-Me continuadas Provas do seu zelo pelo Meu Real Serviço , e muito principalmente na parte, em que a Authoridade, que Eu lhe confiei, já não depende das outras delibe-rações, que espera sobre muitos, e muito importantes assumptos, pelos quaes insta o mesmo zelo, com que o referido Tribunal espera desempenhar tão alta confiança: Me apresentou hum Novo Plano de Estatutos para os Estudos da Minha Real Academia dos Guardas Marinhas, o qual tendo sido meditado sobre observações, que desde a sua fundação até agora o tempo tem feito evidentes, e que só a experiencia costuma de ordinario mostrar em todas as Instituições primitivas na prática dos seus preceitos: Hei por bem dar a Minha Real Approvação aos referidos Estatutos, para o melhoramento da Academia dos Guardas Marinhas, segundo a sua fórma, e theor, Ordenando que se executem em todas as suas partes, e segundo o espirito delles na fórma seguinte.

Divisão, e Distribuição das LiçõesI. Será o Curso Mathematico composto de tres Annos Lectivos, em cada hum dos

quaes se ensinará o seguinte: a saber:II. No Primeiro Anno: Arithemetica, Geometria, e Trigonometria Recta com o

seu uso prático mais proprio aos Officiaes do Mar.III. No Segundo Anno: Principios de Algebra até ás Equações do segundo gráo

inclusive; primeiras applicações della á Arithmetica, e Geometria; Secções Conicas, e a Mechanica com a sua applicação immediata ao Apparelho, e Manobra.

IV. No Terceiro Anno: Trigonometria Espherica; Navegação Theorica, e Prática; e huns Rudimentos de Tactica Naval.

V. Em quanto ás Artes: aprenderão no Primeiro Anno quanto diz respeito ao Apparelho: a saber, os Nomes, Posições, Figuras, e Usos dos Mastros, Mastaréos, Vergas, e de todos os Cabos fixos, e de laborar, assim do Apparelho como do Pano;

Page 76: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

76

dos diversos Fios, e Cabos, e de toda a Obra volante de Marinheiro; exercitando-se em praticar as mesmas obras.

VI. O modo de Enfurnar, e Desenfurnar os Mastros, de Apparelhar, Desapparelhar, Virar de Crena, fazer, e fixar os Cabos de laborar, e fixos; como se corta, e coze o Plano, para o que serão levados á Casa das Vélas, onde vejão, e sejão admittidos a praticar quanto pertence a este artigo.

VII. Aprenderão tambem a Envergar, e Desenvergar, Cassar, Largar, e Ferrar o Panno, Arriar, e Issar Vergas, Apparelhallas, e os Mastaréos, Arrear, e Pôr á Cunha os Mastaréos, Suspender, Dar fundo, e Amarrar, como até agora se tem praticado.

VIII. No Segundo Anno: aprenderão o Desenho de Marinha, copiando, e redu-zindo Plantas de differentes Costas, Bahias, Enceadas, e Portos; e representando Vistas de Ilhas, Cabos, e Promontorios; e tambem dos Navios considerados em differentes Posições, e Manobras; depois disto aprenderão os Nomes, Figuras, Usos, Escarvas, Embaraçamentos, Pregaduras, e Posições dos madeiros de Construcção; para o que principiarão na Formatura, e Construcção do Estaleiro, passando depois á Construcção Methodica da Embarcação, onde se lhes mostre tudo o que fica dito, desde o Assentamento da Quilha no Estaleiro até finalizar com o mesmo ensino a respeito do Berço, e Carreira; ao que se seguirá huma exacta indicação das diffe-rentes partes do Porão, e modo de o arrumar; com a maneira de fazer os tres Planos, de Elevação, Horisontal, e de Projecção, debaixo dos quaes se constroem os Navios; e delles passar a traçar na Salla, fazer as Fôrmas, e Galivar os Madeiros; concluindo com a explicação das Fainas, de fazer entrar, sahir e de Escorar o Navio no Dique, como até agora se tem praticado.

IX. No Terceiro Anno em ametade do tempo destinado para as Lições Práticas, continuarão o Desenho; e na outra ametade ouvirão do Lente de Artilheria os Nomes, Figuras, Usos, e lugares das differentes partes da Peça; Carreta, Palamenta, Vestidura, e dos mais Instrummentos relativos ao exercicio desta Arma tão importante; no qual serão igualmente adestrados pelo mesmo Lente, hindo com elles a hum lugar proprio aonde algumas vezes pratiquem o exercicio de fogo; e assim aprenderão tambem o modo de escolher, conduzir, embarcar, collocar, vestir, atracar, desatracar, montar e desmontar as Peças; o modo de examinar, e encartuxar a Polvora, e de fazer differentes fógos de Artificio, que podem ter uso a bordo, &c.; as maneiras de armar Brulotes, e servir-se das Galiotas de lançar Bombas, e mais Embarcações deste genero; o modo de atacar huma Praça Maritima, para o que sera necessario que recebão sufficientes idéas das diversas obras de huma Praça similhante com as suas vantagens, e defeitos; e completarão estes Estudos com a solução dos importantes, e diversos Problemas da Artilheria Prática, onde se empreguem os princípios Mathematicos alli ensinados.

Page 77: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

77

Duração das Lições, Tempo Lectivo, e FeriadoI. O Tempo Diario da Actividade Academica durará tres horas todas de manhã,

para que as tardes fiquem livres, a fim de se estudarem então as respectivas Lições; em cujo ensino se seguirá por ora o Curso, e Compendios, que actualmente se explicão na mesma Academia, em quanto Eu não Fôr Servida Ordenar o contrario, ou Dispôr de outro modo, que melhor Me parecer.

II. As Lições Mathematicas serão ensinadas na primeira hora e meia, e as outras na segunda hora e meia, mediando entre as duas Licões hum quarto de hora para descanço dos Discipulos.

III. A Actividade da Academia deverá principiar em o primeiro de Outubro, e finalizar no dia trinta de Junho, ficando o mez de Julho destinado para os Exames.

IV. A hora da entrada será pelas nove horas da manhã, desde Outubro até Março inclusivamente, e ás oito horas no resto do Anno.

V. No Terceiro Anno, quando os Discipulos se exercitarem na Prática das Observações, o Lente de Navegação será quem regule a sua respectiva hora de entrada, quando esta deva variar, em consequencia das mesmas Observações; com tanto porém que nellas não se empregue menos de hora e meia.

VI. Haverão as Ferias costumadas do Natal, Pascoa, e os Mezes de Agosto, e Setembro; e além dellas todas as Quintas Feiras das Semanas onde não houver Dia Santo, ou de Galla, que seja feriado no Meu Conselho do Almirantado; porque estes em taes circumstancias serão os dias feriados da Semana.

Dos Exercícios Semanarios

Nos Sabbados haverá os costumados exercicios Literarios, cujo assumpto será o que tiver sido daquella Semana; para o que serão tirados por sorte tres Defendentes, e seis Arguentes, presidindo os Lentes aos seus respectivos Discipulos.

Dos ExamesI. Sendo justo que os Discipulos tenhão hum estimulo, que os faça estudar seriamente,

e os desvaneça de esperarem illudir com deligencias apparentes, farão no fim de cada anno Exame das Materias Mathematicas, que tiverem aprendido no decurso do mesmo Anno.

II. Serão examinados pelos tres Lentes, presidindo o das disciplinas, que fizerem o objecto do Exame; e a Materia deste constará nos Bilhetes, que deverão extrahir por sorte vinte e quatro horas antes do acto.

III. Os examinandos serão admittidos a fazer os exames divididos em Turmas.IV. Os Lentes darão secretamente os seus Votos, que recolhidos pelo Secretario

decidirião da approvação, ou reprovação dos Examinados.

Page 78: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

78

V. Os exames das Artes serão feitos na presença de dois Lentes, interrogando o Mestre proprio da Materia que formar o Exame; e os Votos de todos mostrarão se os Examinados tem as idéas precisas para poderem passar ao Estudo da Arte, que se ensina no Anno seguinte.

VI. Os que no mez de Julho, legitimamente impedidos, não poderem fazer o seu exame, serão admittidos a elle, desde o primeiro até dez de Outubro; e então serão os exames feitos de tarde, para não prejudicar a Actividade da Academia.

VII. Os Reprovados, pela primeira vez, ficarão reconduzidos no mesmo Anno; e pela segunda, serão expulsos.

Dos Exercicios ExtraordinariosQuando Eu For Servida Repetir á Companhia de Guardas da Marinha a particular

Graça de Honrar com a Minha Real Presença os seus Exercicios Academicos, os Discipulos, que Merecerem a distincção de dar conta dos seus respectivos progressos neste Acto, entre as Materias, nas quaes tiverem já sido approvados, responderão naquella parte, que lhes cahir em sorte, sendo o Conpendio dellas aberto, ou pelas Minhas Reaes Mãos, ou por quem Eu Fôr Servida Ordenar.

Dos Lentes, e SubstitutosI. O Corpo da Academia será composto de tres Lentes de Mathematica, dois seus

Substitutos, hum Lente de Artilheria, e dois Mestres, hum de Apparelho, e outro de Construcção Naval Prática, e Desenho.

II. Os Lentes poderão fazer as Conferencias, que lhes parecerem necessarias para o melhoramento do Ensino dos seus Discipulos, tendo primeiro dado parte ao seu Inspector; e farão depois subir á Minha Real Presença, pelo Meu Conselho do Almirantado, consequentes representações para Eu Determinar o que fôr Servida.

III. Quando algum caso fortuito, tal, como falta de Lentes, Substitutos, ou Mestres, &c. deva fazer mudar por então a fórma do ensino; o Commandante da Companhia, e Lentes, poderão juntos dar as providencias proprias para não haver suspensão na Actividade Academica.

IV. Qualquer dos Lentes, que se achar legitimamente impedido, dará parte ao Commandante da Companhia, para elle mandar avisar hum Substituto, o qual, durante o impedimento, fará todo o serviço, que devêsse competir áquelle Lente.

V. Para Substitutos serão admitidos os que tiverem obtido os precisos gráos na Universidade de Coimbra, ou feito o Exame Geral do Curso Mathematico na Real Academia da Marinha; ou os que daqui em diante sahirem da Real Academia dos Guardas da Marinha; tendo dado provas nada equivocas da sua aptidão, para esta importante profissão.

Page 79: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

79

VI. Os Substitutos serão promovidos a Lentes, conforme as suas Antiguidades na Substituição.

VII. Os Lentes, e Substitutos da Real Academia dos Guardas da Marinha, gozarão de todos os Privilegios, Indultos, e Franquezas, que gozão os Lentes da Universidade de Coimbra; e isto da mesma sorte, que muito expressamente Eu Fui Servida Ordenar nos Estatutos da Real Academia de Marinha no Artigo, que tem por Titulo: Dos Privilégios, e Prerogativas da Academia Real da Marinha.

Da Admissão, e Promoções dos DiscipulosI. Os que pertenderem ser admittidos a Aspirantes, além de darem as provas

exigidas no Decreto de quatorze de Julho de mil setecentos oitenta e oito, ajuntarão ao seu requerimento huma Certidão, donde conste não terem menos de quinze annos de idade, e huma Attestação de qualquer dos Lentes da Real Academia dos Guardas da Marinha, pela qual mostrem ter sufficiente intelligencia das quatro primeiras Regras da Arithmetica, e da Lingoa Franceza; sendo o essencial, em quanto a esta Lingoa, saber verter bem della para a Portugueza; constará igualmente desta Attestação, não terem defeito pessoal; como faltos de vista, aleijados, &c.

II. O Numero de Aspirantes será indeterminado, e tanto porque das provas da sua Admissão se não segue que tenhão as disposições necessarias para o serviço do Mar; como tambem, a fim de lhes excitar maior estimulo, não deverão ter Praça, Farda, nem entrar na Formatura da Companhia; tão sómente serão Matriculados.

III. A Admissão a Aspirantes, e as Promoções dos Aspirantes a Guardas da Marinha, e destes a Officiaes das Brigadas, competirão daqui em diante ao Meu Conselho do Almirantado, e deverão ser feitas, em consequencia de huma Proposta do Commandante da Companhia, e Corpo dos Lentes; o que tambem se deverá praticar no caso de expulsão dos Individuos, que pertencerem a estas Classes.

IV. Nesta Admissão sempre serão preferidos os Filhos de Officiaes Generaes, Capitães de Mar e Guerra, Capitães de Fragata, e Capitães Tenentes, especialmente dos mortos, ou feridos gravemente em Acção; depois destes os Filhos dos Officiaes do Meu Exercito que estiverem nas Mesmas circumstancias.

V. Os Aspirantes approvados nas Materias do Primeiro Anno serão promovidos a Guardas da Marinha; e porque tambem devem dar as precisas provas, de que tem todas as disposições naturaes, necessarias para a Vida do Mar, não passarão a ouvir as lições do Segundo Anno Lectivo, destinando-se o Anno seguinte, ao qual se chamará Anno de Embarque, para durante elle embarcarem, ou na Curveta de Ensino, ou em outro qualquer Navio da minha Real Armada, preferindo entre estes os que deverem sahir de Guarda Costa.

Page 80: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

80

VI. Hum Official das Brigadas, ou hum Segundo Tenente, que podendo ser tenha apren-dido nesta Real Academia, será quem venha receber do Commandante da Companhia, e depois entregar-lhe, o Destacamento nomeado para embarcar; entendendo-se que, durante o embarque, ficará sendo o Commandante, e Mestre do mesmo Destacamento.

VII. Ao Commandante do Navio toca por natureza a distribuição, e regimen das diffe-rentes Lições, que o Destacamento deve dar a bordo; terá pois hum particular cuidado em promover a sua Instrucção; assignalando-lhes horas certas nas quaes devão ouvir:

VIII. Do Commandante do Destatacamento, as Lições das Materias Mathematicas que estiverem estudando.

IX. Do Mestre, os Nomes, e Usos dos Cabos, Vélas, e Apparelhos; os modos de Amarrar, dar Nóz, fazer Costuras, Forrar, Embotijar, &c.

X. De hum Official de Artilheria, os Nomes, e Usos das differentes partes da Peça, Carreta, sua Vestidura, e Atracadura; os Pezos das Cargas, com o mais que fôr proprio desta Profissão, até terminar no Exercicio de Artilheria.

XI. Do Calafate, as Figuras, Nomes, e Usos dos seus diversos Instrumentos, e do que diz respeito ás Bombas.

XII. Finalmente do Primeiro Carpinteiro, os Nomes, e Posições dos diferentes Madeiros de Construcção, seu Embaraçamento, &c.

XIII. Além disto, o Commandante do Destacamento, ou quem fôr nomeado em seu lugar pelo Commandante do Navio, deverá assistir a todas as Lições, para cuidar que nellas reine sempre a boa ordem, e depois passar a ensina-lhes o modo de fazer a Derrota chamada da Barquinha, com quanto lhe disser respeito, e fôr compativel com os principios Mathematicos, em que vão iniciados; tambem lhes ensinará o Manejo de Bordo, explicando-lhes igualmente a Ordem do Serviço, tanto Surto, como á Véla; e fazendo-os riscar, e escrever Modelos dos diversos Mappas, e Detalhes, Ordens, e Partes, que mais ordinariamente se fazem precisas no Serviço Diario de Bordo; e de todo o resultado dará parte ao Commandante do Navio, o qual além disto assistirá pessoalmente a algumas Lições, para com todo o conhecimento me poder informar pelo Meu Conselho do Almirantado, sobre as qualidades dos differentes Individuos daquelle Destacamento, em virtude da qual informação, ou serão expulsos, ou passarão a ouvir as Lições do Segundo Anno Lectivo.

XIV. Durante o tempo, que mediar entre o fim do Primeiro Anno Lectivo, e o Embarque; ou entre o fim deste, e o primeiro dia do seguinte Outubro; o Commandante da Companhia lhes fará. ensinar na primeira hora e meia o Manejo de Armas, e Construcção de Mappas, e Detalhes, não desprezando a Lição dos factos memoraveis das Marinhas Militares, quando para ella haja ainda mais algum tempo; visto que esta Lição deve contribuir muito para lhes formar o espirito necessario para a execução das

Page 81: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

81

Acções grandes, e Heroicas, annexas ao seu importante destino. Na segunda hora e meia andarão aditos á Classe do Desenho, e Construcção Naval, Prática, por ser esta huma Classe, onde além da intelligencia se precisa muito do exercicio prático.

XV. Depois do referido, os Guardas da Marinha passarão a Discipulos do Segundo Anno Lectivo, onde approvados serão promovidos, conforme os seus merecimentos, aos lugares de Officiaes das Brigadas, que então se acharem vagos; e que só desta maneira devem ser prehenchidos.

XVI. Todos os Approvados no Sehundo Anno passarão a ouvir as Lições do Terceiro Anno; no fim do qual, forem approvados nas Materias delle, se lhes passarão as competentes Cartas de Approvação, assignadas pelo Commandante da Companhia, e Corpo da Real Academia, com as quaes devem considerar-se plena-mente habilitados para Segundos Tenentes da Real Armada, a que serão promovidos, em consequencia de huma proposta do Commandante de Companhia, feita ao Meu Conselho do Almirantado que subirá á Minha Real Presença em Consulta do mesmo Tribunal; e em quanto Eu não For Servida promovellos, ficarão isentos do todos os Exercícios Academicos e sujeitos sómente ao Serviço da Companhia.

XVII. Como os Póstos dos Officiaes das Brigadas são conferidos sempre aos de maior merecimento, se acontecer que hum Guarda da Marinha, e hum Official das Brigadas sejão despachados em Segundos Tenentes na mesma Promoção, o Official das Brigadas ficará mais antigo, visto que em Soldo, e Graduação Sou Servida fazellos Superiores aos Guardas da Marinha; Ordenando que daqui em diante a Graduação dos Chefes de Brigadas se considere immediatamente inferior á dos Segundos Tenentes, e Superior á dos Brigadeiros; a dos Brigadeiros Superior á dos Sub Brigadeiros; e estes aos Guardas da Marinha; vencendo os Chefes oito mil reis de Soldo por mez, os Brigadeiros sete mil e quinhentos, e os Sub Brigadeiros sete mil reis: E entre os Officiaes das Brigadas, que juntos forem promovidos a Segundos Tenentes, regulará a mesma preferencia, que tiverem tido nos seus respectivos Postos.

XVIII. Quando no Corpo da Marinha se prover qualquer Posto vago, preferirão sempre as Officiaes de Patente immediata, que tiverem feito o Curso Militar da Marinha nesta Real Academia, áquelles que não forem desta Creação, excepto se estes quizerem sujeitar-se a hum Exame de todas as Materias, que se ensinão neste Estabelecimento, e destes exceptuando aquelles, cuja Conducta, Sciencia, e Prática do Mar estejã decisivamente provadas.

XIX. Os Segundos Tenentes novamente promovidos, no primeiro Embarque seguinte á sua Promoção, deverão fazer humma circunstanciada Derrota, onde além do que diz respeito á Barquinha, mostrem frequentes Observações das Variações da Agulha, Latitudes, e Longitudes dos lugares por onde passarem; e também as

Page 82: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

82

Configurações das Costas, Ilhas, e Pórtos, que avistarem no Mar, ou onde se tiverem demorado; com huma Discripção exacta das Marés, Ventos, Correntes, e mais circumstancias uteis á Hydrographia; apresentarão depois esta Derrota ao Corpo dos Lentes, que sobre ella lhe farão o mais escrupoloso Exame, de cujo resultado infor-marão secretamente ao Meu Conselho do Almirantado, ajuntando a Derrota original á dita informação. Os novos Segundos Tenentes deverão ficar entendendo, que desta informação dependerá tambem a sua Promoção a Primeiros Tenentes.

De algumas Disposições relativas á boa ordem das Aulas, e da FrequenciaI. Os que não estiverem dando Lição deverão guardar o mais profundo, e rigoroso

silencio.II. Quando algum faltar essencialmente á Subordinação, e respeito devido aos

seus Lentes, e Mestres, estes o reprehenderão, ou farão prender; ou representarão, para que seja expulso conforme fôr a grandeza da falta.

III. O que em qualquer Anno Lectivo tiver trinta faltas sem causa, perderá o Anno, e se entenderá ter sido reprovado naquelle Anno; e além disto se vencer Soldo perderá por cada falta o Soldo de hum dia, que passará para o Cofre das Multas, como actualmente se pratica; entendendo-se porém, que se a falta fôr em dia de Exercicio Semanario se reputará dupla.

IV. Quando as faltas forem sessenta com justo motivo, perderá o Anno; mas não se julgará reprovado, nem se multará o Soldo, quando fôr dos que tenhão praça.

V. Todo o que sem causa faltar ao seu Exame, perderá o Anno, e se entenderá ter sido reprovado; o mesmo acontecerá ao que não quizer entrar em Exames.

Do SecretarioO Secretario da Companhia dos Guardas da Marinha será tambem Secretario da

Academia; deverá fazer as Matriculas, e Assentos, e lançar em hum livro o mereci-mento circumstanciado de cada hum dos Discipulos, para dalli extrahir as Certidões, que dever passar, da frequencia, e qualidade da approvação dos Discipulos; e só quando Eu Fôr Servida Mandar informar os Lentes sobre a applicação de qualquer Discipulo, estes farão constar tudo quanto se contiver nos seus Assentos.

Do Porteiro e GuardasHaverá hum Porteiro, e dois Guardas, a quem pertencerá cuidar no aceio das

Aulas, e Observatorio, arranjo, guarda, e limpeza dos livros, Instrumentos, e Modelos; tendo tambem obrigação de conduzir tudo aonde fôr preciso, e de obedecer a quanto lhes fôr ordenado pelo Commandante, Lentes, Mestres, e Secretario.

Page 83: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

83

E porque a observancia dos sobreditos Estatutos será tanto de Serviço Meu, utili-dade pública, e bem commum dos Meus Vassallos: Hei por bem, e Me Praz, que se cumprão, e guardem em tudo, e por tudo, e valhão como Lei, e tenhão força de tal; estabelecendo-o assim de Motu Proprio, Certa Sciencia, Poder Real, Pleno, e Supremo. E Quero, e Mando, que os mesmos Estatutos sejão observados em tudo, e por tudo sem alteração, diminuição, ou embargo algum, que seja posto ao seu cumprimento em parte, ou em todo; e se entendão sempre ser feitos na melhor fórma, e no melhor sentido a favor da dita Academia Real dos Guardas da Marinha, seus Lentes, Mestres, e Alumnos, e mais Pessoas della: Havendo por suppridas as clau-sulas, solemnidades de feito, e de Direito, que necessarias forem para a sua firmeza. E Derogo, e Hei por derogadas, para os sobreditos fins sómente, todas, e quaesquer Leis, Ordenações, Regimentos, Alvarás, Decretos, ou quaesquer outras Disposições, que em contrario dos sobreditos Estatutos, ou de cada hum delles haja por qual-quer via, modo, ou maneira, posto que sejão taes, que na fórma da Ordenação, que tambem Derogo nesta parte, se houvesse de fazer delles especial menção.

Pelo que: Mando ao Meu Conselho do Almirantado; Meza do Desembargo do Paço; Presidente do Meu Real Erario; e Inspector Geral da Marinha; Conselhos da Minha Real Fazenda e dos Meus Domínios Ultramarinos; Regedor da Casa da Supplicação; Junta dos Tres Estados; Reformador Reitor da Universidade de Coimbra, como Protectora que della Sou; Chanceller da Relação, e Casa do Porto; e bem assim a todos os Desembargadores, Corregedores, e Provedores, Juizes, Justiças e mais Pessoas destes Meus Reinos, e Domínios, a quem o conhecimento desta pertencer, que a cumprão, guardem, e fação cumprir, e guardar, com inteira, e inviolável observancia. E a mesma presente Carta valerá, como se fosse passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha de passar, e ainda que o sffeito haja de durar mais de hum, e muitos annos, não obstantes as Ordenações em contrario, que Hei outrosim por derogadas para este effeito sómente.

Dado no Palacio de Quéluz em 1 de Abril de 1796 = Com a Assignatura do Príncipe com Guarda.

Regist. no Conselho do Almirantado no Liv. 1. e impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

(COLLECÇÃO DA LEGISLAÇÃO PORTUGU[E]ZA desde a ultima compilação das ordenações, redigida pelo Desembargador Antonio Delgado da Silva. Legislação de 1791 a 1801. Lisboa.

Na Tipografia Maigrense. Anno de 1828. Com licença da Meza do Desembargo do Paço)

Page 84: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

84

BIBLIOGRAFIA

ADELINE, J.; MÉLIDA, José Ramón. Diccionario de Terminos Técnicos en Bellas Artes (2ª ed.). México, D. F., 1944.

ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. Da Companhia de Guardas-Marinhas e sua Real Academia à Escola Naval 1782-1982. Rio de Janeiro: Escola Naval / Xerox, 1982.

_____. “A Academia Real dos Guardas-Marinha”. In: História Naval Brasileira, 2º vol, t. II. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1979.

ANACLETO, Regina. “José da Costa e Silva. Um arquitecto português em terras brasileiras”. In: Artistas e artífices e a sua mobilidade no mundo de expressão portu-guesa. VII Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património, 2005, p. 459-468.

BÉZOUT, Étienne. Cours de Mathématiques à l’usage des Gardes du Pavillon et de la Marine. Paris, J. B. G. Musier fils, Libraire, 1773.

_____. Curso de Mathematicas para uso do Corpo Real d’Artilheria e da Marinha. Traduzido por Custódio Gomes de Villas-Boas, volumes 1 e 2. Lisboa: Impressão Regia, 1820.

BITTENCOURT, Armando de Senna. “Da Marinha de Portugal forma-se uma Marinha para o Brasil, 1807-1823”. In: Revista Marítima Brasileira, v. 127, n. 10/12 – out./dez. 2007, p. 85-93.

BOITEUX, Lucas Alexandre. A Escola Naval (Seu Histórico) - 1º período (1761-1807); 2º período (1808-1822); 3º período (1822-1831); 4º período. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.

CAMINHA, Henrick Marques. “Organização de Pessoal na Marinha Imperial”. In: História Naval Brasileira, terceiro volume, tomo I. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2002.

CAMPOS et. al, Fernanda Maria Guedes. A Casa Literária do Arco do Cego 1799-1801. Lisboa: Biblioteca Nacional / Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1999.

CARVALHO, Rômulo de. Colectânia de Estudos Históricos (1953-1994): Cultura e Actividades Científicas em Portugal. Évora: Universidade de Évora, 1997.

CASTRO, Aníbal Pinto de. “Doutor Manuel Lopes de Almeida: In Memoriam”. In: Biblos, vol. LVII, p. 773-781. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1981.

DICIONÁRIO Houaiss da Língua Portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 2002.DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em https://dicio-

nario.priberam.org/. [Consultado: 31-01-2019]

Page 85: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

85

ESPARTEIRO, Antonio Marques. Dicionário Ilustrado de Marinha. Lisboa: Livraria Clássica Editora, s.d.

EXPOSIÇÃO Comemorativa do Bicentenário da Companhia de Guardas-Marinhas e sua Real Academia. Introdução de Henrique Serpa de Vasconcelos, Contra-Almirante, Comandante da Escola Naval. Lisboa: Instituto Hidrográfico, 1982.

FERREIRA, Nuno Martins. A Institucionalização do Ensino da Náutica em Portugal (1779-1807). Lisboa: Academia de Marinha, 2017. (Disponível em https://academia.marinha.pt/pt/academiademarinha/Edies/Ensino%20da%20N%C3%A1utica%20em%20Portugal.pdf. Consultado: 8-5-2019)

FONSECA, Henrique Alexandre da. A propósito do Bicentenário da criação da Companhia de Guardas-Marinhas e da sua Academia. Lisboa: Academia de Marinha, 1985.

GAZETA de Lisboa. Hemeroteca Municipal de Lisboa. Disponível em http://hemerotecadigital.cmlisboa.pt/Periodicos/GazetadeLisboa/GazetadeLisboa.htm. [Consultado: 6-2-2019]

_____. Coleção da Fundação Biblioteca Nacional, Brasil (que pertenceu à Real Biblioteca).

_____. Números esparsos do acervo do Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro.

LEITÃO, Humberto; LOPES, J. Vicente. Dicionário da Linguagem de Marinha antiga e actual, 3ª ed. Lisboa: Edições Culturais da Marinha, 1990.

MARCONDES, Luiz Fernando. Dicionário de Termos Artísticos. Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 1998.

MORITZ, Lilia; SCHWARTZ, Paulo Cesar de Azevedo. O LIVRO DOS LIVROS da Real Biblioteca – The Royal Library’s Book of Books. Versão para o inglês: H. Sabrina Gledhill. São Paulo: BN – Ministério da Cultura, Fundação Biblioteca Nacional, Odebretch, 2003.

MOURA, Carlos Francisco. “Aula e exercícios dos Guardas-Marinhas assis-tidos pela Rainha D. Maria I: relato histórico e documento iconográfico identifi-cado”. Comunicação apresentada na “XVIII International Reunion for the History of Nautical Science”, em 13 de novembro de 2018. Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, Açores.

_____. Astronomia na Amazônia no Século XVIII (Tratado de Madri): Os astrô-nomos Szentmártonyi e Brunelli - Instrumentos astronômicos e livros científicos. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 2008.

_____. Naus & Fragatas: conjunto de gravuras didáticas setecentistas portu-guesas. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 2018.

Page 86: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

86

_____. O Rio de Janeiro nas notícias da Gazeta de Lisboa 1715-1750. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 2016.

_____. O Rio de Janeiro nas notícias da Gazeta de Lisboa 1751-1800 (2º vol.). Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 2019.

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. “Astronomia na Regência de Dom João”. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a. 170, n. 442, p. 319-335. Rio de Janeiro, jan/mar. 2009.

NEDEHF, Eduardo André Chaves. “O diário de Bordo do Marquês de Viana: subsídios para a história da transmigração da família Real Portuguesa para o Brasil em 1808 por seu tetraneto”. Separata do livro Memorial Visconde de Mauá – Arquivo e Memória. Rio de Janeiro: Sociedade Memorial Visconde de Mauá, 2008.

RAMOS, Luís de Oliveira. D. Maria I. Coleção Reis de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores e Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, 2007.

REAL, Regina M. Dicionário de Belas-Artes: Termos Técnicos e Matérias Afins. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura S. A., 1962.

REIS, Antonio Estácio dos. Observatório Real da Marinha (1798-1874). Lisboa, 2009.

SILVA, Antonio Delgado da. Collecção da Legislação Portuguesa: Legislação de 1775 a 1780. Lisboa: Typografia Maigrense, 1828.

_____. Collecção da Legislação Portuguesa: Legislação de 1791 a 1801. Lisboa: Typografia Maigrense, 1828. (Disponível em http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518674. Consultado: 13-3-2019)

_____. Collecção da Legislação Portuguesa: Legislação de 1775 a 1790. Lisboa: Typografia Maigrense, 1828. (Disponível em http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518674. Consultado: 26-4-2019)

SILVA, José Justino d’Andrade e. Repertório Geral: ou Indíce Alphabetico e Remissivo de toda Legislação Portugueza publicada desde 1815 até 1849, em continuação ao de Fernandes Thomaz. Volume Primeiro A-G. Lisboa: Imprensa de Francisco Xavier de Souza, 1850.

VASCONCELOS, Henrique Serpa de. Vid. Exposição Comemorativa.

Page 87: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

87

ESTUDOS DO AUTOR SOBRE TEMAS NAVAIS, DE NAVEGAÇÕES E VIAGENS

1. Antonio de Albuquerque Coelho: mestiço de Camutá, no Grão-Pará, gover-nador de Macau, do Timor e de Pate – Jornada de Goa a Macau em 1717-1718, descrita por Velles Guerreyro (fac-símile). Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura / Macau: Instituto Internacional de Macau, 124p., il., 2009.

2. Aula e exercícios dos Guardas-Marinhas assistidos pela Rainha D. Maria I: relato histórico e documento iconográfico identificado. Comunicação apresen-tada à “XVIII International Reunion for the History of Nautical Science”.

3. “Barcos com Rodas em Procissões e Combates com Fortalezas – Tradições Medievais que perduraram no Brasil”. In: Os Reinos Ibéricos na Idade Média (Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos Baquero Moreno). Coordenação de Luís Adão da Fonseca, Luís Carlos Amaral e Maria Fernanda Ferreira Santos. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto / Livraria Civilização Editora, v. 3, p. 1367-1375, 2003.

4. “Boats Used by the Settlers of Mato Grosso in the 18th and 19th Centuries”. Fourth International Symposium on Boat and Ship Archaeology. Oxford: BAR International Series, 32 p., il., 1988.

5. Brasileiros nos Extremos Orientais do Império – Séculos XVI a XIX. Coleção Suma Oriental. Lisboa: Instituto Internacional de Macau / Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 2014.

6. O Cálculo da Arqueação de Naus Segundo o Piloto Tomé Cano (1611). São Paulo: Centro de Estudos Americanos Fernando Pessoa, 31 p., il., 2004.

7. “O Cálculo da Arqueação de Naus Segundo o Piloto Tomé Cano (1611)”. In: III Simpósio de História Marítima – D. João III, o Mar e o Universalismo Lusíada. Lisboa: Academia de Marinha, p. 113-125, il., 2000.

8. “Os Caravelões Brasileiros”. In: Revista do Serviço de Documentação Geral da Marinha. Rio de Janeiro, n. 9, 35 p., il., 1974.

9. “Carneiro de Mendonça: engenheiro militar que entendia de náutica e fabricava instrumentos e cartas de marear no Rio de Janeiro no século XVII”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, ano 18, n. 18, p. 131-136, 2011.

10. O Cavalo como Figura de Proa no Brasil. Centro de Estudos Folclóricos - Departamento de Antropologia. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 7 p., il., 1980.

11. “Colonos Chineses no Brasil no Reinado de D. João VI”. Separata do Boletim do Instituto Luís de Camões. Macau, n. 2, v. 7, 11 p., il., 1973.

Page 88: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

88

12. A Contribuição Naval à Formação Territorial do Extremo Oeste (Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul). Série Monografias. Lisboa: Museu Naval, 48 p., il., 1987.

13. “A Contribuição Naval à Formação Territorial do Extremo Oeste (Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul)”. Revista Navigator – Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, n. 20, p. 37-82, il., 1985.

14. O Descobrimento do Japão pelos Portugueses (1543). Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 64 p., il., 1993.

15. “Divertimentos a bordo da armada de Cabral – dança e música”. In: VI Simpósio de História Marítima “Pedro Alvares Cabral”. Lisboa: Academia de Marinha, il., 2000.

16. “Embarcações Empregadas no Rio Paraguai Segundo o Roteiro de 1846 de Leverger”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso. Cuiabá, v. 60, 2002.

17. “Embarcações Usadas pelos Colonos no Extremo Oeste nos Séculos XVIII e XIX: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia”. Revista STVDIA. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, n. 54/55, p. 127-163, il., 1996.

18. “A Estrada de Mato Grosso em 1772”. Suplemento Mensal do Diário Oficial do Estado de Mato Grosso. Cuiabá: Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da Universidade Federal de Mato Grosso, n. 9, p. 8-10, 1987.

19. A Expedição Langsdorff em Mato Grosso: desenhos e Pinturas Inéditos há mais de 150 anos. NDIHR - Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá: Imprinta Gráfica e Editora Ltda, 109 p., il., cores, 1984.

20. “As Famosas Canoas de Guerra das Monções de Cuiabá”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso. Cuiabá: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT, s. d., t. 83-84, ano 62, 7 p.

21. “Festa a Bordo: o Império do Espírito Santo das Naus Quinhentistas às Canoas do Sertão Brasileiro no Século XXI”. In: As Novidades do Mundo: Conhecimento e Representação na Época Moderna (Atas das VIII Jornadas de História Ibero-Americana / XI Reunião Internacional de História da Náutica e da Hidrografia). Lisboa: Edições Colibri, p. 345-364, il., 2003.

22. “A Festa do Imperador do Espírito Santo a bordo de naus portuguesas no século XVI, na Índia e no Brasil”. In: Estudos em Homenagem a Francisco José Velozo. Coordenação de Antonio Cândido de Oliveira. Braga: Escola de Direito, Universidade do Minho / Associação Jurídica de Braga, p. 475-495, 2002.

Page 89: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

89

23. “Figuras de Proa do Tocantins e Carrancas do São Francisco”. Revista Navigator do Serviço de Documentação Geral da Marinha. Rio de Janeiro, n. 10, 19 p., il., 1974.

24. “Figuras de Proa Portuguesas e Brasileiras”. Revista Navigator do Serviço de Documentação Geral da Marinha. Rio de Janeiro, n. 11, 20 p., il., 1975.

25. “As Fronteiras do Estremo-Oeste e da Amazônia Ocidental e a Estratégia da Expansão Portuguesa”. In: Limites do Mar e da Terra, Atas da VIII Reunião Internacional de História da Náutica e da Hidrografia. Cascais: Patrimonia, p. 289-314, il., 1998.

26. “O Galego Pero Diez, Um dos Primeiros Europeus que Descreveram o Japão”. Revista Cultural Grial. Espanha, n. 34, 7 p., il., 1971.

27. “Hípicas Figuras de Proa no Brasil e suas Origens”. In: Convergência Lusíada. Revista Cultural do Centro de Estudos do Real Gabinete Português de Leitura. Rio de Janeiro, n. 9, 7 p., 1992

28. “Iconografia das Comemorações do Descobrimento da América em 1892”. In: Revista de Estudios Colombinos. Valladolid: Instituto Interuniversitário de Iberoamérica, n. 3, p 73-80, il., 2007.

29. “Instrumentos Astronômicos e Livros Científicos Destinados à ‘Expedição do Maranhão’ (1753)”. In: La Ciencia y el Mar. Coordenadores: Maria Isabel Vicente Maroto, Mariano Esteban Piñeiro. Valladolid: Editora Sever-Cuesta, p. 445-473, il., 2006.

30. “Resumo Crono-iconográfico do Real Gabinete Português de Leitura”. In: Convergência Lusíada, n. 8, p. 79-91. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, 1987.

31. O Curso Livre de Náutica do Liceu Literário Português 1884-1930. Rio de Janeiro: Liceu Literário Português, 2018, 84 p., il.

32. Naus & Fragatas: conjunto de gravuras didáticas setecentistas portuguesas. Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura / Liceu Literário Português, 2018.

33. “A Jornada do Paraense Antonio de Albuquerque Coelho, de Goa a Macau em 1717-1718”. In: Literatura e Lusofonia, Natal, 2011. Anais do II Encontro de Escritores de Língua Portuguesa. Coordenação de Rui Lourido. Lisboa: UCCLA, p. 141-146, 2013.

34. “José Antonio Caldas: da Bahia às Ilhas do Golfo da Guiné e à Contracosta Africana – Cámaras Escuras no Brasil”. III Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Antiga. Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico. Belo Horizonte: UFMG - Museu de História Natural, v. 10, 2011.

35. Livros de Cavalaria a Bordo de Naus Portuguesas e Espanholas nos Séculos XVI e XVII (inédito).

Page 90: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

90

36. “Lopo Vaz e seu Discurso sobre Las Indias Ocidentales e o Mar do Sul, apreendido por corsários ingleses no Rio da Prata em 1587” e “O primeiro navio da Argentina que chegou a Macau, cidade portuguesa na China”. In: Publicación Oficial de la Junta de Estudios Históricos del Puerto de Nuestra Señora Santa María de Buen Ayre y Barrio Puerto Madero. Buenos Aires, n. 23, ano 14, 2002.

37. “Macau e o Comércio Português com a China e o Japão nos Séculos XVI e XVII: as Viagens da China e do Japão – A Nau do Trato – As Galeotas”. Separata do Boletim do Instituto Luís de Camões. Macau, n. 1, v. 7, 35 p., 1973.

38. “Mais Teatro a Bordo de Naus Portuguesas nos Séculos XVI e XVII”. In: Estudos Pessoanos e Outros Temas (II Encontro Cultural dos Países de Língua Portuguesa, Coimbra). São Paulo: Centro de Estudos Americanos Fernando Pessoa, 2007.

39. “Manuel Álvares, pintor quinhentista, em Portugal, no Brasil e na Índia”. VIII Encontro Internacional Luso-Brasileiro de Cultura. PUC Curitiba-Paraná: Centro de Estudos Fernando Pessoa, 2002.

40. “Portugueses nos mares da China e do Japão nos séculos XVI e XVII”. In: XIII Simpósio de História Marítima – Nos Mares da China a propósito da chegada de Jorge Álvares, 1513. Lisboa: Academia de Marinha, 2013.

41. “Nagasaki: Cidade Portuguesa no Japão”. Revista STVDIA do Centro de Estudos Históricos Ultramarinos. Lisboa, n. 26, 34 p., il., 1969.

42. “Nagasaki, Cidade Portuguesa no Japão.” Boletim do Museu e Centro de Estudos Marítimos de Macau. Macau, n. 1, 18 p., 1988.

43. “Nagasáki”. In: Dicionário de História de Portugal (dirigido por Joel Serrão). Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1ª edição, v. 4, p. 448-449, 1971.

44. “Nagasáki”. In: Verbo - Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Editorial Verbo, 1ª edição, v. 13, p. 1661, 1972.

45. “Nagasáki”. In: Dicionário de História de Portugal. Porto: Livraria Figueirinha, 2ª edição, v. 6, p. 448-449, 1984.

46. “Nagasáki”. In: Verbo - Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura: Século XXI. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo, v. 20, p. 1004-1005, 2001.

47. “O Namban-ji, Templo dos Bárbaros do Sul de Kyoto (1576)”. Revista Convergência Lusíada (IV Centenário do Namban-Ji). Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura, ano 1, n. 1, p. 104-116, il, 1976.

48. “O Namban-ji, Templo dos Bárbaros do Sul, de Kyoto (1576)”. Separata do Boletim do Instituto Luís de Camões. Macau, n. 1 e 2, v. 10, il., 1976.

49. “O Namban-ji, Templo dos Bárbaros do Sul de Kyoto (1576)”. Tradução japo-nesa de Hino Hiroshi. Revista KAIDAN (Departamento de Português da Sophia University - Jochi Daigaku). Tokyo, n. 5 e 6, p. 27-33, il., 1977.

Page 91: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

91

50. “A Navegação entre Palma e Belém do Pará no Século XIX: o Diário de Viagem de Vicente Ferreira Gomes (1858-1859)”. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Goiânia, 13 p., 1989.

51. “Notícias da Visita Feita a Algumas Terras do Alentejo Pela Primeira Embaixada Japonesa à Europa (1584-1585)”. In: Revista A Cidade de Évora. Évora, 32 p., il., 1969.

52. “Padre Vieira viajante, navegante, naufragante”. In: 400 anos - Padre Vieira “Imperador da Língua Portuguesa”. Coordenação de João Alves das Neves. São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, p. 55-67, 2009.

53. “Os Paiaguás, ‘Indios Anfíbios’ do Rio Paraguai”. Separata do Suplemento dos Anais Hidrográficos (V Reunião Internacional de História da Náutica e da Hidrografia). Rio de Janeiro: Ministério da Marinha, t. 41, 64 p., il., 1984.

54. “Portuguese Caravelões”. In: Carvel Construction Technique (Edited by Reinder Reinders and Kees Paul). Fifth International Symposium of Boat and Ship Archaeology. Amsterdam, 1988.

55. “Portugueses nos mares da China e do Japão nos séculos XVI e XVII”. Atas do XIII Simpósio de História Marítima. Lisboa: Academia de Marinha, il., 2013.

56. As Preciosas Redicolas - Entremez Representado a Bordo da Nau Santa Ana-Carmo-S. Jorge em 1771. Rio de Janeiro: Instituto Luso-Brasileiro de História do Liceu Literário Português / Liga dos Amigos do Museu Naval, 64 p., il., 2000.

57. “Relações entre o Brasil e Macau no Início do Século XIX Segundo as Memórias Para Servir à História do Brasil do Padre Perereca”. Separata do Boletim do Instituto Luís de Camões. Macau, n. 3, v. 7, 13 p., 1973.

58. “Relações entre Macau e o Brasil no Século XIX”. Revista de Cultura do Instituto de Cultura de Macau. Macau, n. 22 (II Série), 20 p., il., 1995.

59. “Relações entre Macau e o Brasil no Século XIX”. Tradução em chinês. Review of Culture. Macau: Instituto de Cultura de Macau, p. 29-41, il., 1995.

60. “Relations Between Macao and Brazil in the Nineteenth Century”. Review of Culture. English Edition. Macau: Instituto de Cultura de Macau, n. 22 (2nd Series), p. 32-55, il., 1995.

61. “Roteiros do Japão – I – O Primeiro Roteiro de Nagasáqui”. Separata do Boletim da Junta Distrital de Évora: Edição Comemorativa do IV Centenário da Fundação do Porto de Nagasáqui. Évora, n. 9, 40 p., il., 1970.

62. “Os Roteiros do Japão do Códice Cadaval”. Revista STVDIA do Centro de Estudos Históricos Ultramarinos. Lisboa, 50 p., 1972.

63. “Ship Construction in Brazil in XVI, XVII, XVIII and XIX centuries”. XVI International Reunion for the History of Nautical Science and the Transmission of Knowledge. Bremerhaven: Germany Maritime Museum, il., 2012. (a publicar)

Page 92: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

92

64. “Teatro a Bordo de Naus Portuguesas nos Séculos XVI, XVII e XVIII”. In: Homenagem a Agostinho da Silva. Separata da Tulane Studies in Romance Languages and Literature, Department of French and Italian, Department of Spanish and Portuguese. New Orleans: Tulane University, n. 10, p. 65-71, 1981.

65. Teatro a Bordo de Naus Portuguesas nos Séculos XV, XVI, XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Instituto Luso-Brasileiro de História do Liceu Literário Português, 160 p., il., 2000.

66. Teatro a Bordo de naus portuguesas nos séculos XV-XVIII – Carreiras da Índia e do Brasil (2ª edição). Casal de Cambra: Caleidoscópio – Edição e Artes Gráficas / Academia Internacional de Cenografia, 2018, 158 p., il.

67. “Tomás de Sousa e sua Jornada de Vila Boa de Goiás à Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição em 1766”. In: Fraternidade e Abnegação: A Joaquim Veríssimo Serrão. Coordenação Geral de Justino Mendes de Almeida e Henrique Pinto Rema, O. F. M.. Lisboa: Barbosa & Xavier Ltda. - Artes Gráficas, v. 1, p. 213-228, il., 1999.

68. “Três documentos sobre a conquista da Nova Beira, a maior ilha fluvial do mundo” In: Amar, sentir e viver a história - Estudos em homenagem a Joaquim Veríssimo Serrão. Organização da Profª Doutora Maria do Rosário. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / Editora Colibri, v. 1, p. 291-303, 1995.

69. “Tristão Vaz da Veiga, Capitão-mor da Primeira Viagem Macau-Nagasáqui (IV Centenário 1571-1971)”. Separata do Boletim do Instituto Luís de Camões. Macau, n. 3 e 4, v. 6, 75 p., il., 1972.

70. “Tristão Vaz da Veiga, Capitão-mor da Primeira Viagem Macau – Nagasáqui”. In: Boletim do Museu e Centro de Estudos Marítimos de Macau. Macau, n. 3, 65 p., il., s/d.

71. “Um Caso Típico Brasileiro – Os Caravelões”. In: História Naval Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, v. 1, t. 1, 13 p., il., 1975.

72. “Viagem Através de Goiás e Mato Grosso em 1772: O Diário de Viagem ao Governador Luís de Albuquerque e a Toponímia e a Ecologia da Região”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, n. 6, 39 p. Goiânia: Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, 1977.

73. “As Viagens das Naus na Rota do Brasil – Três Estrangeiros – Alimentações e Animais de Corte a Bordo”. In: ARS Nautica – Fernando de Oliveira e o seu Tempo – Humanismo e Arte de Navegar no Renascimento Europeu (1450-1650). Atas da IX Reunião Internacional de História da Náutica e da Hidrografia. Cascais: Patrimonia, p. 461-494, il., 2000.

Page 93: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

93

74. “O “Tsunami”, o homo floresiensis e remanescências portuguesas no Sri Lanka e na Indonésia – Os Silvas de lá – Um brasileiro de Cametá, governador do Timor”. Revista Oriente Ocidente – East West. Macau (China): Instituto Internacional de Macau, nº 35/II Série, 2018, p. 84-90, il.

75. “Quatro livros publicados pelos portugueses na China: dois no século XVI, um no XVII e um no XVIII”. Revista da História do Livro (número temático sobre a China). Lisboa, 2019.

76. “Figuras de Proa do Tocantins e Carrancas do São Francisco”. In: Revista Navigator. Rio de Janeiro, n. 10, 19 p., il., 1974. Republicado integralmente no livro A Viagem das Carrancas, de Lorenzo Mammi. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

77. “Figuras de Proa Portuguesas e Brasileiras”. In: Revista Navigator. Rio de Janeiro, n. 11, 20 p., il., 1975. Republicado integralmente no livro A Viagem das Carrancas, de Lorenzo Mammi. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

Page 94: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

94

ARTIGOS PEQUENOS E RESENHAS Publicados no Círculo da Távola

1. “Basílio da Gama e o Lançamento ao Mar da Serpente ou Grand Dragon”, nº 21, p. 3.2. “Basílio da Gama e o Lançamento ao Mar da Serpente ou Grand Dragon”, nº 21, p. 3.3. “O “Capitan de Corbeta” e a “Mucama”, nº 028 (p. 4, 5), 79 (6, 7).4. “Comissão Internacional de Historia da Náutica”, nº 028, p. 8.5. “Tópicos da Historia do Gabinete: Naufrágio de lioz”, nº 034, p. 8.6. “Pala - Embarcação de guerra”, nº 36, p. 1.7. “A Doutora Kioko e a Historia Trágico-Marítima”, nº 36, p. 3.8. “Engenheiro Militar, Fabricante de Instrumentos Náuticos e Cartas de Marear no

Século XVII no Rio de Janeiro”, nº 37, p. 4.9. “A odisseia da “Canoa de Fogo” do general Couto de Magalhães”, nº 46, p. 2, 3.10. “Roteiros do Japão - O primeiro roteiro de Nagasáki” - IV Centenário do Porto de

Nagasáki, 1970, nº 50, p. 1.11. “O Cálculo da Arqueação na Bibliografia de Historia da Ciência”, nº 51, p. 5”.12. “Instrumentos astronômicos usados pelos pilotos portugueses nos séculos XV,

XVI e XVII: Quadrantes, Astrolábios e Balestilhas”, nº 53 (p. 2), 54 (p. 2, 3).13. “Muitas borboletas a 46 léguas da costa do Hadramaute (1548)”, nº 64, p. 6.14. “Tristão Vaz da Veiga: Capitão-mor da Primeira Viagem Macau-Nagasaqui”,

nº 65, p. 2.15. “As Canoas do Rio Maranhão, na Capitania de Goiás em 1818, segundo Pohl”,

nº 66, p. 2.16. “As canoas de casca de pau dos Índios Muras (sec. XVIII)”, nº 70, p. 3. Junho/2012.17. “A Île de France, no Indico, e o Jardim Botânico”, nº 70, p. 4, 5.18. “Camões Naufraga e Salva a Nado o Manuscrito dos Lusíadas na Foz do Mecong”,

nº 71, p. 6.19. “Portuguese caraveloes” (In: Carvel Construction), nº 72, p. 2, 3.20. “Nau S. Sebastiao”, nº 74, p. 1.21. “Basílio da Gama e a famosa Nau S. Sebastião (“Serpente”) construída no Rio de

Janeiro no Século XVIII”, nº 74, p. 2.22. “Ship Construction in Brazil in XVIth, XVIIth, XVIIIth and XIXth Centuries”, nº

77, p. 2.23. “Madeiras de Santa Catarina para Construção da Nau São Sebastiao”, nº 78, p. 6.24. “Canoa Nossa Senhora do Pilar”, nº 79, p. 1.25. “Canoa indígena, de casca de arvore”, nº 85, p. 1.26. “Figuras de Proa”, nº 86, p. 1.

Page 95: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International

95

27. “O Kurofune dos Nambans: O Navio Negro dos Bárbaros do Sul”, nº 88, p. 6, 7.28. “A Contribuição Naval à Formação Territorial do Extremo Oeste”, nº 96, p. 8.29. “A Pesquisa Roteiros do Japão do Códice Cadaval e um engano hilariante nos

Caminhos de Ferro de Muge”, nº 98, p. 2-4.30. “Roteiros do Japão I” - resumo em português, japonês e inglês”, nº 103, p. 4-731. “Rio de Janeiro no séc. XVIII: Piratas na Costa”, nº 109, p. 3.32. “Dois artigos, sobre figuras de proa e carrancas, reproduzidos no livro “A viagem

das Carrancas”, nº 114, p. 6.33. “Colombo e Magalhaes: duas Frustrações Portuguesas na Epopeia dos

Descobrimentos na Visão de Camões e Fernando Pessoa”, nº 115, p. 2-7.34. “Alegoria a Fernão de Magalhaes / Nau Catrineta”, nº 115, p. 8.35. “O galeão Padre Eterno, “a maior maravilha que o mar viu”, nº 116, p. 1.36. “Jeronimo Lobo, Viajante nas Partes Orientais e “best seller” Internacional nos

Séculos XVII, XVIII e XIX”, nº 125, p. 7.37. “A “Contribuição naval à formação territorial do extremo Oeste”, nº 125, p. 8.38. “D. Juan Rodriguez de Fonseca: Instrumentos Astronômicos e de Navegação e

Cartografia Pioneira num estudo de Varela Marcos e L. Vassalo Toranzo”, nº 127, p. 2-4.

39. “A partida da armada de Pedro Alvares Cabral segundo a Primeira Década, de Joam de Barros”, nº 127, p. 6, 7.

40. “Teatro a Bordo de Naus Portuguesas nos Séculos XV, XVI, XVII e XVIII - Carreiras da Índia e do Brasil (2ª edição)”, nº 129, p. 8.

41. “Estaleiro de marinha do Rio de Janeiro: Aprovada a construção pela Corte em 31/1/1715”, nº 131, p. 6.

42. “Navios idos do Brasil para Portugal no século XVIII”, nº 131, p. 8.43. “Relação da viagem, e naufrágio da nau S. Paulo”, nº 132, p. 1.44. “As viagens das naus na Rota do Brasil: Três estrangeiros - Alimentação e animais

de corte a bordo”, nº 132, p. 2, 3.45. “Viagem do irlandês Flecknoe num navio português em 1648”, nº 132, p. 4-7.46. “As excelências da Bahia em 1560, num texto da Historia Tragico-Maritima”, nº

132, p. 8.47. “As condições das viagens nas naus portuguesas nos séculos XVI e XVII”, nº

133, p. 2.48. “O Oficial Olympio Jose Chavantes e Figuras de Proa no Brasil”, nº 133, p. 3, 4.49. “As Viagens, Vinda e Volta de Jean de Lery ao Brasil (1557-1558)”, nº 135, p. 2-4.50. “Descrição do Brasil no Roteiro de todos os Sinais, conhecimentos, fundos,

baixos, alturas e derrotas que há na costa do Brasil”, nº 142, p. 7.

Page 96: NA REAL ACADEMIA DOS GUARDAS-MARINHAS E… · exercícios da Academia dos Guardas-Marinhas assistidos por D. Maria I, que apre- sentamos em 13 de novembro de 2018 na XVIII International