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36 | ÁREA CONCURSO Esta frase, destacada na prancha do projeto vencedor do Concurso Nacional de Arquitetura para o Marco de Entrada de Brusque sintetiza as inspirações da equipe. Os arquitetos Francisco Refonso Nunes, Mariana Arruda e Sara Moretti, do escritório Viva Arquitetura, de Blumenau, desenvolveram uma pro- posta com base na história, na cultura, na economia e na população do muni- cípio. Localizada no Vale Europeu, a cidade tem a indústria têxtil e o turismo de compras como o forte de sua economia. As belezas naturais e arquitetônicas, herança da colonização alemã, polonesa e italiana, são outros atrativos de Brusque. E o Marco de Entrada de Brusque deverá ser inaugurado em agosto, marcando a comemoração dos 150 anos do município. O Concurso Público foi realizado pela Prefeitura de Brusque e organizado pela regional catarinense do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SC). O projeto apresenta um desenho único para ambas as entradas de Brus- que, nas rodovias Antônio Heil (SC 486) e Ivo Silveira (SC 411). As duas estru- turas principais representam, de forma abstrata, algumas características da cidade e a importância dela no desenvolvimento da região e do País. A primeira estrutura são duas torres de mármore e granito que emergem do piso da praça de maneira sólida, forte e imponente, simbolizando a soli- dez da sociedade brusquense e da sua indústria têxtil. A segunda estrutura é uma grande fita vermelha de concreto, que também emerge do piso com um desenho retilíneo – mas, desta vez, de forma horizontal. Passando por entre as duas torres, dá início a algumas ondulações, simulando uma fita em movimento, ao vento. “Esta fita de concreto representa a liberdade, a transformação e o crescimento da cidade; assim como o fio de algodão, que, Símbolo de uma história É a solidez da economia e da sociedade brusquense, assim como a liberdade e o or- gânico do fio de algodão e tecido, que estarão estampados na entrada da cidade como protagonistas desta obra. Junto estará o colorido das flores e dos morros, mostrando, com isso, o cuidado com a cidade e com a alegria de seu povo. Estes, portanto, são os fios mais nobres deste tecido multiétnico que é Brusque.

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É a solidez da economia e da sociedade brusquense, assim como a liberdade e o or- gânico do fio de algodão e tecido, que estarão estampados na entrada da cidade como protagonistas desta obra. Junto estará o colorido das flores e dos morros, mostrando, com isso, o cuidado com a cidade e com a alegria de seu povo. Estes, portanto, são os fios mais nobres deste tecido multiétnico que é Brusque. 36 | ÁREA

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CONC

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Esta frase, destacada na prancha do projeto vencedor do Concurso Nacional

de Arquitetura para o Marco de Entrada de Brusque sintetiza as inspirações

da equipe. Os arquitetos Francisco Refonso Nunes, Mariana Arruda e Sara

Moretti, do escritório Viva Arquitetura, de Blumenau, desenvolveram uma pro-

posta com base na história, na cultura, na economia e na população do muni-

cípio. Localizada no Vale Europeu, a cidade tem a indústria têxtil e o turismo de

compras como o forte de sua economia. As belezas naturais e arquitetônicas,

herança da colonização alemã, polonesa e italiana, são outros atrativos de

Brusque. E o Marco de Entrada de Brusque deverá ser inaugurado em agosto,

marcando a comemoração dos 150 anos do município. O Concurso Público foi

realizado pela Prefeitura de Brusque e organizado pela regional catarinense do

Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SC).

O projeto apresenta um desenho único para ambas as entradas de Brus-

que, nas rodovias Antônio Heil (SC 486) e Ivo Silveira (SC 411). As duas estru-

turas principais representam, de forma abstrata, algumas características da

cidade e a importância dela no desenvolvimento da região e do País.

A primeira estrutura são duas torres de mármore e granito que emergem

do piso da praça de maneira sólida, forte e imponente, simbolizando a soli-

dez da sociedade brusquense e da sua indústria têxtil. A segunda estrutura

é uma grande fita vermelha de concreto, que também emerge do piso com

um desenho retilíneo – mas, desta vez, de forma horizontal. Passando por

entre as duas torres, dá início a algumas ondulações, simulando uma fita

em movimento, ao vento. “Esta fita de concreto representa a liberdade, a

transformação e o crescimento da cidade; assim como o fio de algodão, que,

Símbolo de uma história

É a solidez da economia e da sociedade brusquense, assim como a liberdade e o or-gânico do fio de algodão e tecido, que estarão estampados na entrada da cidade como protagonistas desta obra. Junto estará o colorido das flores e dos morros, mostrando, com isso, o cuidado com a cidade e com a alegria de seu povo. Estes, portanto, são os fios mais nobres deste tecido multiétnico que é Brusque.

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sendo transformado em tecido, gerou grande desenvolvimento para a cidade,

a qual acabou se tornando um dos principais pólos do turismo de compras na

área têxtil do Estado”, argumentam os arquitetos.

Por último, integrando o cenário da praça, haverá um espaço para con-

templação do marco - uma praça seca contornada por um paisagismo colorido

que garante a permeabilidade tanto física quanto visual. O paisagismo terá as

cores que fazem parte da história e da cultura de Brusque, presentes desde a

bandeira da cidade até a programação visual atual. Assim, o verde, o amarelo

e o vermelho estão presentes nos canteiros de flores, de onde parte um extenso

banco linear que contorna toda a praça para visualização do marco.

Como parâmetro relativo à sustentabilidade foram utilizadas algumas

diretrizes – como o uso de materiais regionais, luminárias com captação de

energia solar, reuso da água da chuva para irrigação, piso permeável e reuso

de material já adquirido pela Prefeitura, sendo utilizado na sua totalidade e

com poucas intervenções. O aproveitamento das pedras compradas pelo Go-

verno Municipal na gestão passada era, aliás, um dos requisitos do edital,

como forma de impedir o desperdício do dinheiro público.

O arquiteto Francisco Refosco Nunes, graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ),

em 2007, acredita que a experiência profissional da equipe colaborou para o resultado final do projeto. Ele já morou na Holanda,

em Nova Iorque e em Dubai, nos Emirados Árabes, onde trabalhou em escritórios de arquitetura e, no último ano, integrou a equipe

de trabalho de uma empresa multinacional. “Pude aprender sobre o método de desenvolvimento de projeto utilizado e estive en-

volvido em diversos trabalhos interessantes”, afirma. Suas sócias compartilham dessa experiência internacional. Mariana e Sara

formaram-se na Universidade Regional de Blumenau (FURB) há três anos. Antes disso, elas cursaram Arquitectura y Diseño na

Universidade de Los Lagos, no Chile. Todos já participaram de concursos. As duas sócias foram as primeiras colocadas no Con-

curso de Ideias para estudantes, organizado pelo CTHAB - Congresso Brasileiro e Ibero Americano de Habitação e Tecnologia, em

2006. E Sara e Francisco integraram o grupo do arquiteto Christian Krambeck, do escritório Terra Arquitetura, no projeto vencedor

do Concurso Nacional do novo Mercado Público de Blumenau, ocorrido em 2007.

Premiação1º - Francisco Refonso Nunes, Mariana Arruda e Sara Moretti (prêmio de R$ 10 mil + R$ 15 mil pelo projeto executivo)

2º - Leonardo Rafael Musumeci, Alexandre Leitão Santos, Marlon Rubio Longo e Thalita Crus Ferraz de Oliveira (prêmio de R$ 4 mil)

3º - Emanuele Schmit, Amanda Silva de Oliveira, Daliana Garcia e Daniela Lessandra Heck (prêmio de R$ 1 mil)

Experiência internacional