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Revista Areias

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r e v i s t a

pontomovel

cidade do saber

pontomovel

cidade do saber

Areias

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SABERES EFAZERES

AREIAS ESPAÇOVERDE

NOSSAGENTE

MOVIMENTOARTÍSTICO

GENTE QUEFAZ

DICAS CULTURAIS

PAINELCRIATIVO

LAZER

AÇÃOGOVERNAMENTAL

SABOR DA TERRA

LÁ VEMHISTÓRIA

QUEM CONTA UM CONTO

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26Sumário

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O trançado de palha feito por Dona Bia, as histórias da origem do lugar contadas por Seu Joca, as apresentações do Terno de Zé do Vale e as “Marias de alguém”. Essas são algumas peculiaridades de Areias, mais uma localidade de Camaçari visitada pelo Ponto Móvel e apresentada nesta publicação da Cidade do Saber - Instituto Professor Raimundo Pinheiro.

Na sua estrutura, montada sobre um

Editorial

caminhão-baú adaptado, o Ponto Móvel desenvolve ações unindo cultura, esporte e educação para a inclusão social, mobilizando as comunidades que vivem fora da sede de Camaçari.

Além de levar arte e estimular o conhecimento, um dos objetivos da Cidade do Saber é registrar, nessa série especial de publicações, os fragmentos do modo de vida e das tradições culturais

das comunidades visitadas, ajudando a perpetuar histórias nem sempre contadas nos livros.

Depois de visitar Areias através da leitura, em outras edições conheça também um pouquinho das vivências de Barra do Pojuca, Monte Gordo, Barra do Jacuípe, Arembepe, Jauá, Vila de Abrantes e o povoado de Cordoaria (remanescente quilombola).

Boa leitura!

Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

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Jauá

Arembepe

Cordoaria

Vila de Abrantes

Barra do Jacuípe

Areias

Camaçari

Sede CamaçariCidade do Saber

Barra do Pojuca

Distrito de Monte Gordo

Distrito de Abrantes

Monte Gordo2

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Sejam bem vindos

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Mesmo não sendo uma localidade à beira-mar, Areias já foi local de veraneio do município de Camaçari. Entre seus atrativos, o ambiente bucólico, característico das primeiras fazendas que originaram sua formação. Muitas famílias passavam dias de repouso e lazer em sítios, com toda a fartura dos seus pomares.

Um dos casais mais antigos da região, Seu Josué Manuel das Chagas e Dona Crispina Duarte são filhos dos antigos proprietários de duas dessas fazendas. Seu Josué, mais conhecido como Seu Joca, conta sua versão da origem do lugarejo: “O povoado de Areias surgiu da união das fazendas Areias, que era de meu pai, com a Mangueira, que era do pai de Crispina”.

Segundo ele, existiam poucas famílias no lugar. “Essas terras eram de meu pai, depois

Veraneio com clima de fazenda vinham as terras de Júlio, Isidoro, depois de Marcos Chagas, Agostinho, João Cabôco e João Rola. Lá embaixo tinha Thomaz Camilo, que era meu sogro, Seu Cosme, João da Mata (conhecido como João Burrinha, por conta da brincadeira do Terno da Burrinha que liderava) e Manuel Guedes. Aí vieram os filhos destas pessoas, que cresceram, casaram e ficaram por aqui mesmo”.

Dona Crispina, filha de Seu Thomaz Camilo, conta que a escola que leva o nome de seu pai já foi lugar de festividades. “Antigamente, aqui não tinha colégio. Papai fez um barracão para as festas dos casamentos das filhas, ali onde é a Escola Thomaz Camilo. Esse barracão teve várias utilidades, depois virou escola”.

O barracão também era usado para

as mulheres quebrarem o ouricuri (semente ou fruto de palmeira nativa de mesmo nome, comum no Nordeste e também conhecida como licuri), que era vendido na Feira de Água de Meninos. Dona Crispina lembra: “As meninas iam todas bem vestidas para as festas, com as roupas que elas compravam catando e vendendo o ouricuri. Saíam de madrugada pra vender por aqui tudo. Catavam o coco numa área conhecida como Aruá”.

A população de Areias tem a agricultura como base econômica, o que faz da localidade um núcleo de produção de frutas e verduras na região. Seu Joca, que até hoje tem roça em Areias e em Coqueiro de Arembepe, lembra dos tempos áureos como agricultor e diz que plantava muito tomate, pimentão e quiabo.

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Seu Joca e Dona Crispina

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“No final da década de 70, cheguei a ter roça com quiabo para a colheita de duas a três vezes por semana. A produção era repassada para Seu Amoroso, que vendia na Sete Portas (Salvador). Quinta era o dia de sair com a carga de coco e, sexta, com a carga de verdura”.

Outras atividades, recorrentes em toda orla de Camaçari, também ajudaram pais e mães de família a criarem seus filhos, como fazer carvão e pescar. Qual a mãe de família que não tinha o seu jereré ou seu covo feito de cipó em Areias? Produzir

Lugar de muitas Marias

Para facilitar a identificação das mulheres de Areias, a comunidade, a exemplo de outras espalhadas pelo Brasil, encontrou uma solução: acrescentar o nome de um parente ou do marido depois do primeiro nome da “Maria”.

O mais curioso é que em Areias há muitas Marias. Assim, as mulheres que levam o nome ficaram conhecidas como Maria de Bia, Maria de Eliano, Maria de Luiz, Maria de Miguel, Maria de Paizinho, etc e tal.

farinha também era uma atividade comum, bem como catar o ouricuri e o tagibá da piaçaveira.

Dona Lauriana Pereira de Souza, chamada carinhosamente de Dona Loló, trabalhou na roça por muitos anos, plantando mandioca, feijão de corda, produzindo farinha e azeite de dendê. “Criei os meus dez filhos com o sustento da roça. A necessidade era grande, mas a gente sobreviveu. Tinha peixe, marisco, tudo isso. Também teci muito chapéu da palha do ouricuri, bocapio (sacola de palha) e esteira”.

Igreja e praça de Areias

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Dona Loló e seus chapéus

de palha

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Tempo de brincadeiras

Genro de Dona Loló, Seu Osvaldo Nascimento, 73 anos, conta sobre a sua participação, em décadas passadas, na Chegança em Areias, formada só por homens que se reuniam no barracão para fazer a brincadeira. A sogra dele também foi integrante destas manifestações da cultura popular. “Brinquei muito com as coisas daqui, tinha muito terno, tinha o Boi, tinha a Loba, tinha o Periquito”, diz.

Dona Maria Carvalho de Souza, conhecida como Maria de Miguel, como tantas mulheres em Areias, exercia muitas atividades para obter seu sustento. Trançava chapéu e esteira, fazia vassoura, plantava na roça, catava coco de ouricuri e, ainda, produzia farinha e beiju.

Além de ter todas essas habilidades, Dona Maria de Miguel sempre gostou de participar de ternos, desde a infância. “Aqui tinha muito Terno de Reis, tinha Burrinha, o Peixinho Dourado, a Loba. Era sempre

em janeiro e todo o ano a gente fazia uma brincadeira diferente”, lembra ela.

No terno do Zé de Vale, dois eram soldados e um era o preso (o próprio Zé do Vale). “Nesse terno tinha também o pai e a mãe do prisioneiro, que pediam para os soldados soltarem ele. Eu fazia o Boi Janeiro, também. Tinha viola e pandeiro, era muito lindo!”, continua D. Maria.

A moradora Cristina Pereira Franco, 39 anos, conta que, apesar de pertencer a outra geração, ainda alcançou algumas dessas brincadeiras. “Eu já dancei de ganhadeira de roda em Terno de Reis. Lembro do Boi Janeiro, entre outras brincadeiras. Pegavam a cabeça do boi e enfeitavam toda, era uma beleza!”.

Tradições e lembranças

Seu Joca foi um dos fundadores da primeira Associação de Moradores de

Areias, bem como seu primeiro presidente. Ajudou a construí-la e depois passou a organizar algumas festas em sua sede.

“Eu tinha uma radiola, botava o som lá, todo mundo dançava até pegar o sol com a mão. Todo mundo alegre, brincando, não tinha briga nem nada. Com o tempo, a gente resolveu eleger uma padroeira para a localidade e Dona Milu, que era parteira, sugeriu que fosse Nossa Senhora do Parto. Já tinha uma igreja pequenininha, aí nós derrubamos e fizemos uma maior”.

Ele lembra com muitas saudades dos tempos de fartura na pesca em Areias e adjacências, quando, no brejo local, a quantidade de peixe era tão grande que dava para encher bacias. Depois, o pescado era colocado para secar no sol. A pesca se estendia, também, por Jauá e Arembepe, rendendo muita lagosta. “Muita gente presenteava meu pai com peixe, porque ele também gostava de agradar as pessoas dando frutas”, finaliza.

Dona Maria de Miguel

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Seu Osvaldo: “Brinquei

muito aqui”

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areiasareias Nossa Gente

Revista Ponto Móvel: Dona Bia, o que a senhora fazia para ter o seu sustento aqui em Areias?

Dona Bia: Eu já fiz de tudo. Primeiro, fui catadora e vendedora de coco de piaçaveira. Eu ia para o brejo para pegar o junco, botava pra secar, fazia a esteira de botar em burro. Muita gente, aqui, sabia fazer abano, chapéu, tudo da palha do coqueiro. Nessa época, ia para Portão (em Lauro de Freitas) andando e depois pegava um carro para São Joaquim, onde vendia os cocos arrumados em uma

cordinha. Também já vendi fumo de corda. Em dia de domingo, eu vendia mungunzá e bolo de aipim na porta de minha casa. Já fui funcionária da Prefeitura, na escola municipal, trabalhando como merendeira e depois fiz um curso de parteira. Criei minhas filhas sozinha e depois ajudei a criar minhas netas.

Revista Ponto Móvel: Além da senhora, tinha outra parteira em Areias?

Dona Bia: Tinha Dona Santinha, que já faleceu. A gente fez parto de muita criança

aqui. Quando não dava conta, encaminhava pra maternidade, em Camaçari ou Lauro de Freitas.

Revista Ponto Móvel: E o que mais a senhora fez?

Dona Bia: Fazia rede de pesca e tarrafa. Eu também fazia azeite de dendê e vendia em São Joaquim. Separava o azeite. O bamba (nata do azeite) que ficava na panela a gente comia com carne de sertão ou peixe. Aqui no rio tinha muita traíra. Eu fazia uma moqueca com leite de coco bem grosso, ficava uma delícia.

Flora Pereira de Souza, 77 anos, nascida e criada em Areias, é o que pode se chamar de uma mulher de fibra. Conhecida na comunidade como Dona Bia, criou suas filhas gêmeas com muito esforço e trabalho. Além de trabalhar trançando palha, como parteira, ajudou muitas mães de Areias a terem seus filhos. Em entrevista à Revista do Ponto Móvel Cidade do Saber, Dona Bia conta a história de sua vida e um pouco da história da localidade.

“Tinha muito samba de roda aqui”Entrevista:

Dona Bia

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Revista Ponto Móvel: Quantos filhos a senhora teve?

Dona Bia: Foram sete filhos. Tive duas barrigas de gêmeos, sendo duas meninas, que ficaram comigo, e dois meninos, que o pai educou. Na época do aniversário das gêmeas Cristina e Cristiane, que é em janeiro, eu dava um caruru. Tirava reza de São Cosme e Damião, São Crispim, de São Roque, Santo Antônio e de Nossa Senhora do Parto.

Revista Ponto Móvel: E quem é o santo padroeiro de Areias?

Dona Bia: Nossa Senhora do Parto. Dona Filinha, a esposa dos donos das terras daqui, Seu Thomaz Camilo, sofria com muitas cólicas e fez uma promessa pra Nossa Senhora do Parto. Com a fé que Deus deu a ela, se curou e pediu ao marido que construísse uma capela para a santa. Como gostava de São João e Santo Antônio, ele também colocou os santos na capela.

Revista Ponto Móvel: E como eram as festas daqui?

Dona Bia: Tinha muito samba de roda aqui, na época de janeiro. O pessoal fazia um barracão do lado da igreja e todo mundo se reunia lá pra sambar. Os Ternos de Reis iam de casa em casa, alegrando o povo onde passava.

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areiasareias Saberes e Fazeres

Nascido em Maragogipinho, no Recôncavo baiano, e morador de Areias há 12 anos, Seu Ednaldo, 57, é conhecido como o melhor ceramista da região. O talento desse mestre foi herdado da família, que, segundo ele, se destacava em sua cidade natal, conhecida como a terra da cerâmica.

Seu Ednaldo conta que seus familiares estão entre os pioneiros nesta atividade, cujo dom vem dos bisavós de seu pai. As peças criadas por eles, até hoje, são copiadas por vários ceramistas. “O nosso diferencial é justamente esse, o de criar as peças e não apenas copiar em série”. Hoje, Maragogipinho é um dos polos ceramistas do Brasil.

E se depender de Seu Ednaldo, Camaçari será outro celeiro desta arte. Ele afirma que o município tem um bom potencial para

chegar lá. “Temos na região de Camaçari um dos melhores tapetes de argila da Bahia. Onde a gente cavar tem argila de toda espécie. Aqui na beira do (rio) Capivara temos argila vermelha, amarela, de todo tipo”, diz ele, destacando que é preciso aproveitar esse material para produzir cada vez mais e gerar renda.

Segundo Ednaldo, paciência é a palavra-chave para quem deseja aprender. Ele explica que a produção de uma peça pode durar dias. Vontade, talento e conhecimento para ensinar não lhe faltam, já que vive desse ofício há mais de 40 anos.

Desde os 18 anos ele ministra cursos e dá aulas, ensinando a crianças e adultos a arte de moldar o barro, inclusive em Areias, onde atuou como instrutor, capacitando jovens da comunidade como ceramistas.

A arte que vem do barro“Meu objetivo é passar adiante o que eu sei”

Além dos alunos de Areias e Camaçari (sede), Seu Ednaldo já deu aulas a duas meninas com necessidades especiais, que acabaram se desenvolvendo por conta do aprendizado. “Fazer cerâmica é, além de um ofício, uma terapia. Muita gente que está tomando remédio poderia evoluir fazendo cerâmica”.

Atualmente, Mestre Ednaldo e sua família trabalham por encomenda e expõem seus trabalhos em feiras de artesanato. Em casa, ele tem duas grandes aliadas: sua esposa, Dona Ana Maria, e sua filha Nildete, a quem vem passando as técnicas da produção. Enquanto ele fica no torno (máquina de acabamento), as mãos delicadas de Nildete moldam detalhadamente as peças, numa parceria entre pai e filha.

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Contato para encomendas

e cursos:

Seu Ednaldo: 9635-4061

Seu Ednaldo é conhecido como melhor ceramista

da região

Nildete, filha e parceira na

produção

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Saberes e Fazeres

areiasareias

Nascida em Barra do Jacuípe, Maria Soares Duarte veio morar em Areias em 1972. Logo que chegou passou a fazer muitas coisas para garantir o seu sustento: plantou milho, quiabo, mandioca, fazia farinha. Mas a especialidade dela sempre foi o azeite de dendê. Conhecida na localidade como Maria de Paizinho, produz azeite, artesanalmente, há mais de 40 anos.

O processo para produção do azeite se inicia com a coleta da matéria-prima, o que exige de Dona Maria um pouco de sacrifício. Por conta da ação do homem, o dendezeiro vem sofrendo com as queimadas e derrubadas na região. “Está cada vez mais difícil encontrar o material

Produção artesanal de dendê

pra trabalhar. Com os loteamentos foram surgindo os condomínios, que acabaram cercando a maior parte dos terrenos, então perdemos o acesso às palmeiras”.

Com o material em mãos, Dona Maria inicia o preparo do azeite cortando o cacho e tratando todo o dendê, um por um. Depois da limpeza, o dendê é levado ao fogo pela primeira vez para soltar boa parte da coalha. Após a primeira fervura, o dendê é pisado em um pilão e posteriormente lavado. Em seguida, é batido para retirada da coalha e levado ao fogo novamente, onde é apurado para fazer o azeite. Por fim, chegado o ponto, o azeite é retirado do fogo, coado e engarrafado para ser consumido.

Contato para encomendas:

Maria dePaizinho:

(71) 3672-2228

“Faço o azeite de dendê há mais de 40 anos”

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Maria de Paizinho produz azeite

há mais de 40 anos

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areiasareias Movimento Artístico

O Palco da Cidade também passou por Areias. O projeto, do Núcleo de Produção do Teatro Cidade do Saber, contribuiu para revelar os inúmeros talentos artísticos de Camaçari, entre os meses de julho e novembro de 2009, principalmente ao longo da orla da cidade. A iniciativa mobilizou as diversas comunidades, que receberam nas suas praças etapas classificatórias para a semifinal e final (fases realizadas no Teatro Cidade do Saber, na sede de Camaçari).

A etapa de Areias ocorreu no dia 22 de

agosto de 2009 e, entre os candidatos de bairros diversos do município (o que propiciou um intercâmbio cultural entre os artistas e entre diferentes localidades) houve a apresentação de dois duos locais: um protagonizado pelos irmãos Raquel e Josias da Costa Santos e outro por Jamile e Hilton.

Antes, na seletiva de Barra de Jacuípe, um outro nome de Areias teve destaque. Mais um talento da família Costa, Rosana interpretou a música Sabor de Mel e, assim como a dupla formada por seus irmãos, chegou à semifinal.

Palco da Cidade“O que a Cidade do Saber fez foi um trabalho extremamente importante para os artistas locais, pois, aqui em Camaçari, tem muita gente boa, mas sem oportunidade de aparecer”, avalia Rosana. Para ela, há cantores de qualidade, que precisam apenas de um incentivo. “Eu mesma fiquei muito feliz quando soube que estava acontecendo o Palco da Cidade, ainda mais que adoro cantar. Foi uma oportunidade fantástica cantar com a banda do Palco, que era simplesmente sensacional”, lembra.

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No Palco da Cidade, é hora de soltar a voz

Plateia atenta e os classificados na seletiva de

Areias

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areiasareias AçãoGovernamental

Foco nas pessoas e na qualidade de vida. Qualquer intervenção da Prefeitura Municipal de Camaçari, como as que são planejadas e executadas na região da orla, segue esta diretriz. É uma marca do governo, desde 2005.

As ações buscam um resultado prático na realidade cotidiana, o que implica na elevação da autoestima e valorização das comunidades. Os investimentos realizados, por exemplo, na infraestrutura de Areias, facilitam o

acesso aos serviços públicos, além de garantir a integração entre as diversas áreas habitadas.

Entre as ações, podem ser citadas a pavimentação de ruas, recapeamento asfáltico, iluminação em pontos de ônibus (próximos à passarela), reforma do Posto de Saúde da Família e aquisição de canoas para o transporte entre povoados separados pelo rio.

Já a revitalização de praças, a

intervenção no campo de futebol, a reforma no colégio Thomaz Camilo e as atividades esportivas como as do Programa De Bem com a Vida têm favorecido a convivência, o interesse por compartilhar momentos nos espaços públicos, gerando motivação para melhorar a saúde e aprender mais.

É desse modo que se consolida uma cidade mais humanizada, com orla e centro mais integrados, unidos por políticas democráticas.

Gente que cuida da gente

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Page 21: Revista Areias

Obras facilitam acesso aos

serviços públiicos

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Espaço Verde

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areiasareias Espaço Verde

Desde 2007, duas vezes por ano, acontece o Arrastão Ecológico em Areias. Organizado pela empresa Millennium, o projeto mobiliza cerca de 300 pessoas, entre moradores da localidade e funcionários-voluntários. A Associação Beneficente de Areias e a Associação Unidos de Areias são os parceiros responsáveis pela mobilização dos moradores.

Segundo a analista de comunicação da multinacional, Carla Dias, o objetivo é conscientizar a população local sobre a importância de se jogar o lixo em locais apropriados. Carla relata que “a cada evento diminui o volume de materiais retirados das ruas e das margens do Rio Capivara, o que mostra que a população está colocando o lixo em seu devido lugar”.

Para 2010, há a proposta de que a ação passe a se chamar Arrastão de Saúde e Meio Ambiente,

Arrastão ecológicointegrando práticas preventivas à epidemia de dengue, em parceria com a Secretaria de Saúde de Camaçari (Sesau).

A demanda para uma atuação mais efetiva de responsabilidade socioambiental por parte da empresa, de acordo com o seu setor de comunicação, surgiu da própria comunidade de Areias. Das localidades do litoral camaçariense, é a que geograficamente está mais próxima da área de produção industrial da multinacional.

Desse modo, além do Arrastão Ambiental, diversos outros projetos são realizados no lugar, como o Reciclando com Arte e a cooperativa de costureiras, CoopAreias Sol Nascente, ambos financiados pela Millennium e executados pelo Sesi. Há também o Clube de Leitura, sob a coordenação de um psicopedagogo, o professor Romi Nascimento.

Através de pesquisas realizadas pelo Instituto Aliança, encomendadas pela própria Millenium, os programas de relacionamento com a comunidade são constantemente avaliados, para medir se contribuem, de fato, para alterar a realidade das comunidades vizinhas.

A empresa, também, conclui a elaboração do Relatório Socioambiental, realizado por uma equipe multidisciplinar ligada à UFBA, envolvendo sociólogos, antropólogos, nutricionistas, entre outros profissionais. Os dados se somarão aos do Instituto Aliança e aos da pesquisa realizada pela Fundação José Silveira, a pedido do Ministério Público, onde foram levantadas as condições de saúde, ambientais e sociais de Areias, apontando os possíveis impactos da operação industrial nesta comunidade do entorno.

Para saber mais: www.millennium-al.com.br

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Simples ação, grande resultado

Uma ação comum nas residências pode trazer sérios danos ao meio ambiente. Trata-se do

descarte inadequado do óleo de cozinha. Ao ser jogado no lixo ou no ralo, o óleo contribui com a

contaminação das águas e impede a oxigenação e a entrada de luz, além de prejudicar a reprodução

de organismos aquáticos.

Para doar o óleo utilizado, basta armazená-lo em garrafas do tipo PET e entrar em contato com a

empresa Reciclagem de Óleos Vegetais (Renove). A partir de quatro litros, a empresa agenda a

coleta pelo telefone (71) 9979-2504.

Crianças integram

projetos sociais

Mutirão recolhe lixo

das ruas

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areiasareias Saborda Terra

Em toda a orla de Camaçari, os carurus de promessa são uma tradição que permanece até os dias de hoje. A receita desta edição da Revista Ponto Móvel já atravessa gerações e está relacionada, como é comum, à fé de uma mãe, agradecida pela bênção de engravidar, por duas vezes, de gêmeos.

Dona Bia, mãe de Cristina e Cristiane, começou a preparar o caruru de São Crispim e, anos depois, transmitiu a fé e as graças às suas filhas, que ficaram responsáveis por levar adiante a prática de celebração e agradecimento a este santo, que, conforme conta a história, era irmão gêmeo de Crispiniano. Segundo a gêmea Cristiane, o caruru de São Crispim não pode deixar de ter os quatro pratos de costume: caruru, vatapá, xinxim de galinha e arroz.

Promessa paga, como manda a tradição

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- 3 dúzias de quiabos picados - 3 cebolas brancas médias picadas- 200g de camarão seco sem casca- 50ml de azeite de dendê- 50g de castanha de caju sem casca- 50g de amendoim torrado sem casca- 1 colher de sopa de gengibre descascado- 800ml de água

Ingredientes: Modo de preparo:

Coloque no liquidificador todos os ingredientes, menos o azeite de dendê. Adicione um pouco da água e bata tudo.A mistura vai para a panela e, depois, para o fogo.Mexa devagar, sem intervalos. Quando o caruru ficar consistente, coloque o restante da água. Alguns minutos depois, é a vez do azeite de dendê. Mexa por mais 10 ou 15 minutos. Quando borbulhar, retire do fogo e está pronto o caruru de São Crispim. Não precisa colocar sal.

CARURU DE SÃO CRISPIM

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areiasareias Gente que Faz

Com sede na comunidade de Areias, o Instituto Social Preamar foi fundado por um grupo de moradoras do Condomínio Interlagos, com o objetivo de promover a emancipação dos indivíduos através de atividades socioculturais, produção de artesanato, capacitação profissional e resgate da cultura popular.

As atividades, realizadas desde 2001, são direcionadas a jovens e adultos e, mais recentemente, passaram a incluir moradores de Abrantes.

Em Areias, a atuação do Preamar contempla cursos profissionalizantes, inclusão digital, oficinas de sensibilização

Instituto Social Preamarcom temáticas variadas (gravidez na adolescência, sexualidade, drogas, violência), identidade cultural e produção alternativa complementar à renda.

O exemplo da Full Chic é um dos mais representativos, dentro dos importantes resultados, alcançados pelo instituto. Foi através de um curso para a reutilização de retalhos que surgiu a marca. Durante a implementação da atividade, que compreendia técnicas de fuxico e amarradinho, foi consolidado um grupo de artesanato, o qual deu origem à diferenciada linha de produtos.

Criada por Dona Cleonice Pereira dos Santos (Dainha), uma das costureiras mais

ativas do grupo, a Full Chic foi aos poucos se tornando conhecida pela qualidade e beleza das peças. Das mãos das artesãs de Areias saem colchas, almofadas, tapetes e outros apetrechos produzidos na sede da instituição. As peças mais famosas são as colchas e as mantas, que já foram compradas por autoridades e celebridades, como contam colaboradoras da ONG.

Para cobrir as despesas, como a do aluguel da sede, o Preamar conta com doações de pessoas físicas e de empresas. A gerente de produção e voluntária Sandra Maciel, com a colaboração de mais seis pessoas, angaria os recursos para manter a estrutura. As encomendas da Full Chic também são fonte de renda para a manutenção do trabalho.

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Contatos para doações e encomendas:

Arlene: (71) 8190-5480

Atividade deu origem à marca

Full Chic

Mulheres de Areias se juntam para fazer fuxico

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Page 28: Revista Areias

Lá vem História

Os mais de 40 quilômetros de belas praias, dunas, lagoas, rios e coqueirais se harmonizam e complementam a riqueza manifestada no caldeirão cultural que é Camaçari. Além das manifestações artísticas e culturais, o município é sede de um dos mais importantes polos industriais do país.

Os elementos que enriquecem a sua história estão presentes já na origem do nome, que teve uma série de versões até chegar a Camaçari.

A cidade foi fundada em 1558 pelos jesuítas, como centro de catequese dos índios Tupinambás. Localizada nas margens do Rio Joanes, inicialmente, chamava-se Aldeia do Espírito Santo.

A data oficial de fundação é 28 de setembro de 1758, quando, por decreto do Marquês de Pombal, foi elevada à condição de vila e passou a se chamar Vila de Abrantes. No mesmo ano, os jesuítas foram expulsos do lugar.

A cidade também chegou a se chamar

Montenegro, por influência política de um dos herdeiros de suas terras. Somente em 1938 foi denominada Camaçari. Em sua origem, Camassary é uma espécie da Mata Atlântica e o nome significa “árvore que chora”, por verter uma seiva em suas folhas, como se fossem lágrimas.

As culturas negra e indígena deixaram seu legado em Camaçari. A utilização da mão-de-obra dos índios pelos jesuítas, além da pesca artesanal e da agricultura de subsistência, reforçam a teoria. Além disso, a herança contempla o artesanato, a comida e a religião, inclusive numa localidade remanescente de quilombo.

A economia de Camaçari era baseada na pecuária e na agricultura de subsistência até o final dos anos 60. Nos anos 70, teve início a implantação do maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul. Desde então, não só Camaçari, mas a Bahia passa a ter um novo perfil econômico, quando a indústria assume a ponta como setor mais importante.

Cheganças retratam batalhas

A Chegança é composta por uma série de episódios relacionados às lutas ibéricas entre cristãos e mouros, aos feitos marítimos de Portugal e suas epopéias vividas em viagens, batalhas e conquistas.

O termo Chegança é utilizado no Brasil para designar o intenso processo de fusão de todo um universo de tradições aqui chegadas de além-mar. A palavra vem, provavelmente, de uma dança portuguesa do século XVIII. A manifestação sobrevive sob duas denominações: a Chegança de Mouros e a Chegança de Marujos. Em Camaçari existem as duas variações, ambas preservadas e difundidas a partir dos velhos arraiais pesqueiros.

A Chegança dos Mouros destaca a memória dos fatos relacionados à luta entre cristãos e mouros. Já a de Marujos, ou simplesmente Chegança, narra as viagens e acontecimentos marítimos sem o caráter bélico.

As Cheganças são subdividas em jornadas de limites pouco claros, inclusive para os participantes. Na antiga terminologia teatral ibérica, a palavra jornada equivalia a um ato ou a cada uma das partes de uma dança dramática.

Fontes: Documento Atecplan, 1985. Danças Dramáticas do Brasil. Vol. 1. Mário de Andrade, 1982. Chegada de Marujos. Oneyda Alvarenga, 1955. Camaçari, Sua História, Sua Gente, de Sandra Parente, e Abrantes, Berço da Civilização Brasileira, de Eduardo Cavalcanti.

areiasareias

Marca da diversidade

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Quem Conta um Conto?

Por Cristina Pereira Franco

Conta-se que o nome de Areias surgiu por causa das dunas. Até hoje, ainda há dunas do outro lado da pista e os moradores contam que a areia é espalhada pelo vento e vai para dentro das casas.

A origem do nomeareiasareias

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areiasareias Dicas Culturais

O culto a Nossa Senhora do Parto deriva dos primeiros séculos da era cristã. A primeira imagem da santa está em Roma, num dos arcos do Cemitério Maior. O ícone é do século IV e, nele, a Virgem está em posição de oração, de braços abertos, com Cristo Menino diante do peito.

A devoção e o culto à Virgem do Parto, apesar das divergências dos teólogos quanto à representação de sua maternidade divina, nunca foram abandonados pelo povo cristão. No Oriente, foi venerada como a

As festividades em louvor à padroeira de Areias, Nossa Senhora do Parto, são realizadas de 14 a 17 de dezembro e fazem parte do calendário festivo de Camaçari. Durante as homenagens, são celebradas missas na igreja e acontecem apresentações de bandas locais.

Mãe Platytera. No Ocidente, como Nossa Senhora do Bom Parto, com a imagem modificada da Virgem com o Menino Jesus nos braços, sentada ou de pé.

No Brasil existem poucas igrejas dedicadas a Nossa Senhora do Parto. A mais conhecida fica no antigo povoado da Palhoça, em Florianópolis, no estado de Santa Catarina. Construída em 1868, os habitantes decidiram dedicá-la à santa e realizam a celebração no dia 8 de novembro.

Nossa Senhora do Parto

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Igreja em que devotos reverenciam

Nossa Senhora do Parto

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areiasareias Painel Criativo

Ponto MóvelAreias foi uma das primeiras localidades beneficiadas pelo Ponto Móvel Cidade do Saber, ainda no ciclo inicial de atuação do projeto, que oferece atividades culturais, esportivas e de estímulo à prática cidadã, num caminhão-baú adaptado.

Entre julho e outubro de 2009, sempre às quintas-feiras, o Ponto Móvel, estacionado na Praça da Biblioteca Comunitária, realizou oficinas de futebol, pintura em tecido, musicalização, literatura e iniciação na internet.

O resultado dos trabalhos desenvolvidos com crianças, jovens e adultos, pelo período de três meses, foi apresentado no Teatro Cidade do Saber, numa mostra da qual também participaram os educandos de Barra do Pojuca, Monte Gordo e Barra do Jacuípe. Para muitos beneficiários, seus familiares e amigos, esta foi também a oportunidade de conhecer o complexo Cidade do Saber.

O Ponto Móvel estará de volta a Areias. Até breve!

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Oficinas de musicalização

reuniram crianças e jovens

Jovens apresentaram trabalhos no

Teatro da Cidade do Saber

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Imbu

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Lazer

Caça-palavrasAlguns verbetes em Tupi-guarani:

ExpedienteCIDADE DO SABER

Diretora geral: Ana Lúcia SilveiraDiretor de infraestrutura: Utilan CoroaDiretor do saber: Arnoldo ValenteDiretora do teatro: Osvalda Moura

COORDENAÇÃO DO PROJETO REVISTA PONTO MÓVEL CIDADE DO SABER Assessoria de Comunicação da Cidade do Saber (ASCOM) Responsável: Carolina DantasPesquisa: Bárbara FalcónTextos: Carolina Dantas e Bárbara FalcónFotos Ascom: Daniel Quirino e Clemente JúniorEquipe Ascom: Carolina Dantas, Bárbara Falcón, Clemente Júnior, Daniel Quirino, Elba Coelho e Tediarlen Silva

REALIZAÇÃO

AG Editora Diretora executiva: Ana Lúcia MartinsExecutiva de projetos: Júlia SpínolaEdição: Ana Cristina BarretoFotos: Paulo Macedo

Revisão: José Egídio

Endereço: Rua Coronel Almerindo Rehem, 82, sala 1207, Ed. Bahia Executive Center, Caminho das Árvores. CEP 41.820-768 - Salvador-BA Tel: (71) 3014-4999

Projeto gráfico: Metta ComunicaçãoEditoração: Jean Ribeiro e João SoaresIlustrações e arte: Jean Ribeiro

Tiragem: 2.000 exemplares - distribuição gratuita

Agradecimentos:Fotos da sessão Espaço Verde - Millenium

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Parceiros Cidade do Saber: Mantenedor:

Executor do Projeto

e s p e c i a l

Areias