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ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL ATL Revista Revista ACADEMIA TAUBATEANA DE LETRAS Ano 02 - N.º 02 - 2015 Pro Litteris Semper Pro Litteris Semper IDESA... Cento e cinco anos de história 02 Viola caipira ou viola cabocla 05 A cidade, a justiça e o trabalho 13 Cultura Folclórica 11 A Estrada de Ferro Central do Brasil 08 TAUBATÉ TAUBATÉ TAUBATÉ TAUBATÉ TAUBATÉ TAUBATÉ ATL ATL ATL ATL ATL ATL

Revista ATL rag 02 - Academia Taubateana de Letras ATL... · Diocesano de Ensino Santo Antônio, extinguindo o sistema de internato e apresentando uma ... Saud. E, hoje, a qualidade

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RevistaRevista

ACADEMIA TAUBATEANA DE LETRAS

Ano 02 - N.º 02 - 2015

Pro Litteris SemperPro Litteris Semper

IDESA... Cento e cinco anos de história 02

Viola caipira ou viola cabocla 05

A cidade, a justiça e o trabalho 13

Cultura Folclórica 11

A Estrada de Ferro Central do Brasil 08

TAUBATÉTAUBATÉTAUBATÉTAUBATÉTAUBATÉTAUBATÉ

ATLATLATLATLATLATL

Idesa... Cento e cinco anos de história ................................................................................... 02

Viola caipira ou viola cabocla .................................................................................................... 05

A Estrada de Ferro Central do Brasil ........................................................................................ 08

Cultura Folclórica ...................................................................................................................... 11

A cidade, a justiça e o trabalho ................................................................................................. 13

Índice

REVISTA ATL - Academia Taubateana de Letras

Ano II - N.º 02 - ............... 2015 - 1ª edição

Presidente da ATL: Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto

Editora responsável: Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto

Diagramação: Edson André de Aguiar

Arte final: João Paulo Avelisio Prado

Supervisão: Berta Beznosai Hechtman

Impressão: Rubens Artes Gráficas

Tiragem: 200 exemplares

Contatos: Tel.: (12) 3631-7975 - e-mail: [email protected]

A produção e a revisão de cada artigo são de responsabilidade dos autores.

Expediente

EditorialMais uma vez, imbuída de orgulho e de muita responsabilidade,

tenho o prazer de apresentar o segundo número da Revista da Academia

Taubateana de Letras, ATL. É uma revista que traz à baila assuntos

concernentes à nossa cidade. É oportuno destacar que, mesmo se

tratando de temáticas diferenciadas, os artigos retratam a preocupação e

o compromisso dos pesquisadores em registrá-los com fidedignidade,

contribuindo, sobremaneira, para a disseminação das informações com o

intuito de proporcionar aos leitores oportunidades de vivenciarem e

assimilarem os aspectos sociais, educacionais, jurídicos, artísticos e

culturais, resgatando, um pouco, a história de Taubaté.

Fica aqui averbada a minha nobre missão em levar avante mais uma iniciativa dos

insignes Acadêmicos da Academia Taubateana de Letras.

Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto

Presidente da ATL - Biênio 2013 - 2015

cadeira 32 - Patrono Darcy Albernaz

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situado na cidade de Tau-baté, no Estado de São Paulo, o Ginásio Dioce-

sano Santo Antônio foi fundado pelo primeiro bispo Diocesano, Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, em 20 de feve-reiro de 1910. Durante duas décadas, o Ginásio Diocesano Santo An-tônio serviu de morada para meninos carentes de educação e instrução. Em virtude da Re-volução de 32, o Ginásio Dio-cesano foi fechado por curto período e, posteriormente, rea-berto. O Ginásio continuou a ostentar o nome de Ginásio Diocesano, pois era da Diocese de Taubaté tanto o prédio quan-to a instituição. Em 1963, o Ginásio recebeu um novo estatuto, alte-rando o nome para Instituto Diocesano de Ensino Santo Antônio, extinguindo o sistema de internato e apresentando uma nova proposta educacional. A Direção do Ginásio ficou então sob a responsabilidade do Cônego Eurico de Oliveira Galicho e dos colaboradores Cônego Tarcisio de Castro Moura, Cônego Oswaldo Gemmi Chester e Cônego João Herculano Cardoso (conhecido como “padre-ministro”), subs-tituído depois pelo Cônego Be-nedito Gil Claro. E assim prosseguiu... Em 1966, a Direção do Ginásio foi assumida pelo Padre Benedito Augusto Correia, que per-

IDESA... Cento e cinco anos de história1910 - 2015

maneceu no cargo até o seu falecimento em 1987. Ao longo de sua história, o Instituto Diocesano de Ensino Santo Antônio foi somando nomes de pessoas muito e s p e c i a i s , q u e f o r a m imprescindíveis para continuar c o m a e x i s t ê n c i a d e s t e educandário. P e s s o a s abnegadas como Padres Hugo Bertonazzi e José Adalberto Vanzella, que se revelaram artífices da educação nesse período.

O Colégio Idesa

s e m p r e t e v e c o m o

premissa a preparação de

seus alunos para um

futuro promissor em

atuações educacionais e

profissionais, mas, acima

de tudo, a consciência e a

ação de seu papel como

cidadão, na sociedade,

p reocupando-se em

formar gerações com-

prometidas com a cons-

t rução de um país

melhor.

Com a crise econômica do Brasil, na época do Presidente da República Fernando Collor de Mello, que afetou o país em 1990, a situação financeira do Instituto Diocesano ficou aba-lada. A Diocese de Taubaté a-chou por bem tomar medidas ur-gentes que atendessem às suas reais necessidades.

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Foi exatamente em março de 1990, que o então bispo da Diocese, Dom Antônio Affonso de Miranda fez negociação com José Antônio Saud, munícipe ligado aos movi-m e n t o s r e l i g i o s o s , q u e , juntamente com o auxílio do Cônego Pedro Lopes e o apoio da família, foi impulsionado a assumir o desafio da Direção Administrativa do renomado e pioneiro educandário do Vale do Paraíba. Confirmando a gloriosa história do Instituto de Ensino Santo Antônio, conhecido tradi-cionalmente como Colégio Idesa, o destemido Senhor Saud f e z j u r a m e n t o d e f é , compromisso e empenho para cont inuar o processo de crescimento e valorização da reconhecida instituição de ensino. Ao longo dos últimos vinte e cinco anos, “Seu” Saud s e m p r e c o n t o u c o m a participação da esposa Neuza de Jesus Pinho Saud, abnegada edu-cadora e companheira de todas as horas, e dos dedicados filhos e das queridas noras, que com compromisso incondicional com a Educação, valorizaram e assu-miram em família o colégio. Aqui, também, vale reco-nhecer e enaltecer a participação de seus colaboradores (diretores pedagógicos, professores, funcionários, amigos e parceiros

educacionais) que contribuíram e contribuem para a extensão deste colégio centenário. E m e s p e c i a l , v a l e reconhecer os trabalhos e as conquistas de evangelização promovidos pelo Monsenhor Pedro Lopes, ao longo de vinte anos e, ultimamente, a presença marcante do Padre Frederico Meirelles Ribeiro. Há várias gerações, este conceituado colégio é extensão de formação e informação na vida das famílias taubateanas e da região. O Colégio Idesa sempre teve como premissa a preparação de seus alunos para um futuro p r o m i s s o r e m a t u a ç õ e s educacionais e profissionais, m a s , a c i m a d e t u d o , a consciência e a ação de seu papel como cidadão, na sociedade, preocupando-se em formar gerações comprometidas com a construção de um país melhor. É considerado “marca de ouro” no segmento Educação. Muito além da tradicionalidade do nome IDESA, o colégio é, por excelência, reconhecido pela qualidade de ensino e pelos relevantes serviços humanitários e solidários prestados à cidade, e que por esses significativos motivos, coloca-se entre os melhores colégios de Taubaté.

Ao longo de sua traje-tória, nomes marcaram os anais do Colégio Idesa, que, com a for-mação recebida deste educan-dário, brilharam e continuam a brilhar em todas as esferas, não só profissional, mas também fa-miliar, social, política e reli-giosa. Há quase dezenove anos (1996 a 2015), a Diocese teve como Bispo Diocesano Dom Carmo João Rhoden, scj, que sempre depositou total confiança no empresário José Antônio Saud. E, hoje, a qualidade de ensino do Colégio Idesa continua notável no cenário educacional de Taubaté. São visíveis as conquistas alcançadas pelos mais de dois mil alunos que fazem parte da história do IDESA. Eles representam, de v á r i a s m a n e i r a s - p o r competições esportivas, pelos significativos concursos, pelas posições ocupadas em diversas Universidades - a excelência educacional do colégio.

Trova

Centenário do IDESA

Nosso IDESA é tradição...Compromisso no ensinar.Constante dedicação,na arte de bem educar!

Profª. Celinha Marques Profª. Isabel Nogarotto

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Cento e cinco anos de história... Isto é IDESA! Um colégio que faz a diferença no cenário educacional de Taubaté, somando suas competências com tradição, compromisso e dedicação na arte de educar!

•Comemorações festivais registram 100 anos de IDESA•IDESA é homenageado pelo seu centenário na Câmara Municipal de Taubaté•Alunos do IDESA são destaques em Concursos Literários•Palestras educativas compõem a aprendizagem dos alunos do IDESA•Projetos pedagógicos demonstram a importância e a riqueza de trabalhos em

equipe no IDESA•Visitas pedagógicas e excursões de entretenimento fortalecem as ações

escolares do IDESA•Autores de livros didáticos visitam o IDESA•Colégio Idesa é marca de ouro no Prêmio Top Vale (segmento Educação)•IdesaCult revela os talentos dos alunos•IDESA realiza o 2º Passeio Ciclístico em parceria com o Hemonúcleo de

Taubaté e a Rádio Cultura•IDESA é reconhecido com o Selo Escola Solidária pelo Instituto Faça Parte•Professoras e alunos lançam Antologias no IDESA•Iniciação Tecnológica compõe atividades no IDESA•IDESA realiza solenidade festiva para a troca de faixa de Karatê dos alunos•IdesaDance revela talentos na dança•IdesaCamping é a atração especial de fim de ano no IDESA•Formaturas encerram o ano letivo do IDESA•Alunos do IDESA brilham em vestibulares e adentram às Universidades de

Taubaté e de todo o Brasil

E muitas outras lembranças e conquistas memoráveis em www.idesa.com.br

IDESA - Instituto de Ensino Santo Antônio - Educação Infantil - Ensino Fundamental e MédioAvenida Granadeiro Guimarães, 46 - Taubaté/SP - CEP 12020-130 - Fone: (12) 3621-2874

Célia Aparecida Marques da Silva Cadeira nº 04 - Gentil Eugênio de Camargo Leite

Memorial do IDESA

Viola caipira

Viola Cabocla

Viola caipiraouou

Viola Cabocla

Amúsica caipira tem como base, ou instru-mento principal, a viola

caipira ou viola cabocla, já que existe, na música erudita, a viola clássica.

Origem da Viola Caipira

Segundo os mais es-tudiosos, a viola caipira chegou ao Brasil no início do Século XVI, trazida pelos jesuítas e pelos colonos-portugueses. Juntando-se, aqui, a outras culturas, acabou por se natu-ralizar e adquirir características próprias, motivando o sur-gimento de manifestações as mais diversas, de norte a sul. Os jesuítas usaram a viola, juntamente com outros instrumentos, para a catequi-zação dos índios que acabaram por aprender a tocá-la e a cons-truí-la.

Formato

A viola é um instrumen-to menor que o violão e tem a “cintura” mais fina, mais delicada que este. Suas cordas são tangidas aos pares. Nossas escolas de mú-sica ensinam que a viola, assim como o violão, teve o seu surgimento baseado em um instrumento árabe e secular que é o Alaúde (ou al´-úde) e seu nome significa: madeira. Um de seus c o n g ê n e r e s é a f i d u l a (diminutivo latino de fides,

antiga lira greco-romana, de cordas pulsadas, da qual deriva a – viola caipira.

Tomemos por exemplo a Viola Paulista, que possui dez cordas. De cima para baixo, as cordas estão distribuídas com os seguintes nomes: contra-canotilho e canotilho-contra-toeira e toeira-contra-turina e t u r ina -con t r a r equ in t a e requinta-contra-prima e prima. As duas últimas (contra-prima e prima) são afinadas em uníssono e as demais são afinadas em oitavas.

Tipos de Viola

A viola evoluiu tanto que, hoje, existem inúmeros tipos, sendo cinco as mais populares: a Paulista, a Goiana, a Cuiba-na, a Angrense e a Nordestina (sendo que esta última é denominada Viola Sertaneja). Segundo o Prof. Alceu Maynard de Araújo, a viola é o instrumento fundamental do “modinheiro”. É um instrumen-to cordofônio, pois suas cordas comunicam sua vibração ao ar. Serve para acompanhamento de canto e dança. Pode ser usada para executar solos e acompa-nhar duplas, trios, quartetos, etc., sendo mais comum o seu emprego para acompanhamento de duplas. A viola, durante muito tempo, teve a companhia da ra-beca (também de origem portu-guesa), que, hoje, é muito pouco usada nas folias de reis, folias do divino, e, excepcionalmente, a-companhando alguns de nossos cantores como Renato Teixeira e outros.

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Urbanização da Viola Foi o saudoso folclorista paulista Cornélio Pires, que, em 1910, organizou, pela primeira vez, um programa de violas num palco da cidade de Tietê, onde morava, e, mais tarde, promoveu um festival em São Paulo, no então Mackenzie College. Com a entrada da viola nos palcos e auditórios das emissoras de rá-dio e televisão, nós tivemos a sua urbanização. O violão que tem estado, por muito tempo, ao lado da viola também teve a sua ur-banização. Hoje é considerado o principal instrumento do meio urbano. Olha que ele já foi muito desacreditado! Seus executores, até meados do Século XX, eram chamados de vagabundos. Hoje é comum vê-lo nas mãos dos jo-vens, principalmente.

Construção da Viola

Os informes sobre a construção da viola, nome de pe-ças, madeiras empregadas e afi-nações, foram dados pelo Sr. Zi-co Brasiliano Brandão. O in-fomante é natural de Tatuí-SP e sua profissão é: fabricante de violas (além de consertar má-quinas de costura).

Caixa de Ressonância

A caixa de ressonância é conhecida também como: caixa, bojo ou corpo. A caixa é composta de um aro e duas tampas. O aro, por sua vez, pode ser inteiriço ou em dois pedaços, sendo coladas as suas extremidades quando na forma, ficando a emenda em-butida no taco de segurança do cavalete. Na colagem, é usada a cola vegetal de sumbaré. No aro ficam as curvas. Para execução dessas curvas, uns fabricantes u-sam formas, outros fazem a “o-lho”. Há quem diga que o “olhô-metro” é o grande aparelho de precisão com patente nacional brasileira.

Na tampa da frente ou “peito da viola” ficam o cavalete e a boca (abertura que põe em comunicação a caixa de resso-nância com o exterior). Parale-lamente ao cavalete, fica o rasti-lho, peça de taquara, não fixa. A tampa posterior ou “costa” é in-teiriça, uma tábua só, sem emen-da. Na construção da caixa de ressonância entram as seguin-tes peças: 3 travessas para sus-tento da tampa posterior, 2 tra-vessas para sustento da tampa anterior, taco de segurança do ca-valete, armação para o braço (fi-cando para o lado de fora o gas-talho), o aro, onde internamente são grudadas as viras do filete, para resistência ou contra-fortes, onde serão coladas as tampas. Na construção do aro, empregam-se as seguintes madeiras: guaiuvira (de preferência), jacarandá, ca-nela saçafrás. A espessura do aro é de 2 mm. Obs: não pode ser ma-is grossa porque a madeira tem que entrar na forma fazendo cur-vas, então, quanto mais fina, ma-is flexível. As tampas são feitas de pinho, preferivelmente. A tampa das costas, às vezes, pode ser feita de cedro ou canela, mas a da frente será sempre de pinho, com as madeiras bem secas. Di-zem que a madeira deve ser cor-tada na lua minguante de mês que não tem “r” para durar mais, ser flexível e não carunchar. As tampas, com 2 ou 3 mm de espessura, geralmente são feitas de tábuas de caixão de pinho. O Sr. Zico Brandão, entrevistado, disse que costuma comprar caixões de pinho. Desmancha-os e guarda as tábuas num lugar bem seco, durante dois ou mais anos “pra ficá cum mais alma”, isto é , melhor som. Disse o Sr. Zico que, antes da guerra, adquiria caixões de pinho de Riga e fazia as melhores violas que já fabricou. A largura do bojo, onde se cola o cavalete, é de 25 cen-tímetros (a maior) e de 18 centí-metros, a menor. Na parte infe-

rior do bojo, fica a boca. A caixa de ressonância pode ser enverni-zada ou não.

Viola Paulista eViola do Litoral - Diferença

A diferença entre a viola paulista e a viola do litoral está na diferença da caixa de resso-nância. A paulista tem a caixa de ressonância menor.

Boca

A boca da viola pode ter diversas formas, sendo a mais comum em forma de coração para as feitas à mão. Já as estan-dardizadas são circulares. Outros tipos de boca para violas feitas à mão: dois cora-ções, estrelas e, raramente, en-contramos o losangular. Ao redor da “boca”, cos-tuma-se fazer algum desenho ou encastoar malacacheta. Os dese-nhos são pirogravados. No litoral, costumam encastoar com p e d a ç o s d e c o n c h a s o u malacachetas. Há violeiros que man-dam escrever seus nomes ou apenas as iniciais. Os violeiros mais simples costumam chamar esses desenhos de “enfeito”.

Braço e Palheta

O braço compõe-se de: braço e palheta. Há violeiros que consideram somente o braço. Nosso violeiro empresta ao instrumento predileto um pouco da anatomia humana: bra-ço, boca, “cacunda” ou costa, pestana, cintura cabeça da tar-raxa, etc. e o mais importante é que a viola tem alma. Costuma-se comparar moça bonita, de corpo bem feito, com “corpo de viola” e aquelas de nádegas avantajadas “corpo ou cintura de violão” . Voltando ao braço da viola, podemos dizer que nele es-tão os trastos ou pontos, que são divisões de metal. Na parte su- 06

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perior do braço, está a palheta que pode ser enfeitada, lisa ou trabalhada. Na palheta, estão os orifícios onde se ajustam as cravelhas, ou tarraxas. Cravelha vem do latim clave que deu chave. Cravelha que dizer “chave pequena”. Na cravelha, temos: orelha ou chapinha, corpo e pique (ou furo) onde a corda é enfiada.

“ Quanto às cordas, há uma diferença entre as violas do litoral (tipo angrense), nas

quais os caiçaras usamapenas 7 cordas.”

Nestas violas (Iguape, Cananeia, etc.), é comum encontrar-se uma outra corda que não atinge o braço todo e a cravelha não se aloja na palheta. Existe, grudado por fora do g a s t a l h o , u m p e q u e n o dispositivo no qual fica a pequena cravelha. Esse conjunto é chamado de “piriquito” ou benjamim. Nas violas do litoral há, portanto, uma pequena corda, a oitava, cantadeira e fica acima do contra-canotilho, sendo afinada em uníssono com o contra-canotilho. Dizem que a viola tem l0 cordas porque 10 são os dedos das mãos. No entanto, há violas de 12 e até 14 cordas.

Afinações da viola

Existem vários tipos de afinação da viola. Porém, as a-finações mais conhecidas são: Cebolão (ré-sol-si-ré-sol), Ce-bolinha simples, Cebolinha ou Rio Acima, Cana Verde ou Cu-ruru, Oitavado ou Guitarra, Sos-sego ou Castelhano, Quatro Pontos , Para Reza (Ubatuba) e Para Cantoria do Divino (Uba-tuba).

Curiosidades sobre a viola

• Em épocas distantes, o violeiro era chamado de vagabundo, valendo esse pensamento também para o violão.

• Nos últimos dois anos da ges-tão do Presidente Washington Luís, começou este a preparar a sucessão para seu amigo Júlio Prestes.• Um anônimo de Itapetininga (terra da família Prestes) distribuiu, na cidade de São Paulo, um volante, redigido à máquina, datado de 16/10/1928. • Nesse volante, foram arrolados oito membros da família, com seus defeitos e vícios, sendo o último da lista Maneco Prestes, cujo maior defeito era ser violeiro (a cultura popular em Grande Sertão, Veredas).• As primeiras violas, feitas pelos índios, eram encordoadas com cordas de tripa de mico.• A dupla Tunico e Tinoco, cuja mãe era índia, conseguiu sua primeira viola dando em troca algumas galinhas a um bugre.• Essa viola tinha encordoa-mento de tripa de mico. Mais tarde a dupla inventou um outro tipo de cordas chamadas de “verdegais”.• Na zona rural de Guaratin-guetá, Cunha e outras cidades do Vale do Paraíba, os violeiros, por ocasião da Semana Santa, desencordoavam suas violas para que o diabo não as viesse tocar.• Em algumas de nossas regiões, os violeiros evitam pendurar a viola com as cordas encostadas na parede, para não constipar, isto é, não se resfriar. A umidade enrouquece as cordas. Além disso há, ainda, o problema do mau olhado e a inveja que destemperam a viola e ela jámais pegará afinação. Para evitar, usam, dentro da caixa de ressonância, um pequeno galho de arruda, lasca de guiné ou dente de alho.Para dar eletricidade às cordas e m e l h o r s o n o r i d a d e a o instrumento, usa-se o guizo de cascavel.• Em Portugal, em épocas re-motas, os violeiros eram mal vistos porque, segundo algumas pessoas, enquanto uns tocavam

viola, outros aproveitavam para roubar a casa e até as mulheres.

Importância da Viola

Nos dias atuais, a viola caipira é empregada até em orquestras, como instrumento de solo ou de acompanhamento (harmonia). Dentre os artistas que se destacaram como violeiros no Brasil, podemos citar: Almir Sáter, Roberto Corrêa, Renato Andra-de, Braz da Viola (de São Fran-cisco Xavier), Gedeão da Viola (falecido recentemente) e Tião Carreiro, o mais famoso de todos, já falecido. De uns anos para cá, os fabricantes de violas artesanais são chamados de luthier. A padroeira dos músicos é Santa Cecília, mas o padroeiro dos violeiros é São Gonçalo. Há até uma lenda que diz: “Deus quer que reze, mas São Gonçalo quer que toque e dance”.

Fontes pesquisadas:1) Viola Cabocla, do Prof. Alceu Maynard Araújo, publicado em artigos na Revista Sertaneja.2) Revista Viola Caipira, editada em Belo Horizonte-MG.3) Pequena História da Viola Caipira, do violeiro Yassir Chediak).Fonte pesquisada: Revista Viola Caipira (páginas: 8,9,10,11) Ed. nº 20, 2008.

Waldomiro Pereira Rangel Membro Honorário da ATL

Aestrada de Ferro, sem dúvida, foi de suma im-portância, no desen-

volvimento de Taubaté. Fator de escoamento das riquezas aqui produzidas, ligação entre as du-as mais importantes metrópoles, a então Capital do País, Rio de Janeiro e São Paulo, o maior centro industrial da América Latina, como apregoavam os dizeres impressos nos bondes “camarões” da Capital Paulista.Os comerciantes, fazendeiros, estudantes, intelectuais serviam-se desse meio de comunicação para nas capitais, sobretudo, São Paulo, cuidarem de seus interesses. Sem contar que a Estação era o centro das aten-ções diárias para conferir quem partia, quem chegava.A visita de polít icos ou governantes era aguardada, no Largo da Estação, com Banda de Música e foguetório. Consta que assim foi a acolhida aos Frades Capuchinhos quando de sua instalação na cidade. Os cida- 08

TAUBATÉ

E A ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO BRASIL

Alfredo Barbieri

E A ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO BRASIL

dãos sentiam-se importantes quando viajavam para a Capital e voltavam, cheio das novidades e com muitas histórias para con-tar. A chegada e a partida dos trens era um acontecimento, os ambulantes apregoando seus produtos: sanduíches, pastéis, biscoitos, (quem não se lembra dos famosos e deliciosos “Bis-coitos de Jacareí”...).A partir de agora, no intuito de trazer subsídios para quem quiser conhecer os fatos históricos ligados à Ferrovia, passo a transcrever material co-lhido, em diversas fontes, que serão citadas, detalhadamente, para objeto de estudo, a quem interessar: O primeiro texto foi ela-borado por Ralph Mennucci Giesbrecht, recebido da Secre-taria da Cultura do Governo de São Paulo:

HISTÓRICO DA LINHA

Em l869, foi constituída por fazendeiros do Vale da Pa-raíba a Estrada de Ferro do Norte (ou a Estrada de Ferro São Pau-lo-Rio), que abriu o primeiro tre-cho, saindo da linha da SPR no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12 de Maio de 1877, chegou a Cachoeira Pau-lista, onde, com bitola métrica, encontrou-se com a Estrada de Ferro Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída, em 1855, e com ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Ca-choeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m). A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8 de Julho de 1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as “Cidades Mortas”...

O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. Em 1889, com a queda do Império, a Es-trada de Ferro D. Pedro II passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil, que, em 1896, incorporou a já falida Estrada de Ferro do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificar as duas linhas. O primeiro trecho ficou pronto em l901 (Cachoeira -Taubaté) e o trecho todo em 1908. Em l957, a Central foi incorporada pela RFFSA. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado, no fim dos anos 1980, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente... Em 31 de Outubro de 1998, o transporte de passageiros entre Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O trans-porte de subúrbios, existente, desde 1914, no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi e no trecho D. Pedro II-Japeri, no Rio de Janeiro.

A ESTAÇÃO

A estação de Taubaté foi aberta, em 1876, pela Estrada de Ferro do Norte como estação terminal da linha. Entre 1876 e 1877, quando a ferrovia final-mente chegou a Cachoeira, onde se juntava com a Estrada de Ferro Dom Pedro II, da estação de Taubaté, saía um serviço de diligências que levava os pas-sageiros para tomar o trem em Cachoeira e seguir para o Rio de Janeiro. Durante alguns anos, no princípio do século XX, a es-tação fez a baldeação que antes era feita em Cachoeira, para a mudança de bitola, pois a am-pliação da bitola do trecho da antiga Estrada de Ferro do Norte foi feita no sentido Cachoeira - São Paulo.09

A estação atual não é a original. A estação hoje de pé foi muito possivelmente construída na década de 1910, quando a Central renovou as estações principais das suas linhas, como a de Guaratinguetá, cuja estação “nova” é de 1914. A estação a-inda foi utilizada pela MRS pelo menos até o ano de 2005. “Os jornais daqui da região publi-caram uma matéria dizendo que as negociações entre a Prefei-tura e a RFFSA para a compra da estação estavam praticamente concluídas e, como o prédio fica ao lado da Rodoviária de Ônibus Urbanos, estavam estudando um projeto de transformar a estação num terminal de vans e mototáxis autorizados para fazerem o transporte alternativo. Atualmente, um dos problemas enfrentados pela cidade é a esco-lha de um local para concentrar esse sistema e, devido à sua lo-calização, a estação é uma forte candidata. Realmente, o prédio está deteriorado, a MRS utiliza parte dele para controle do movimento, bem como todo o restante do complexo. O arma-zém é utilizado para descarregar vagões de cimento e um outro galpão, conhecido como ca-deião, foi adaptado pela MRS para funcionar o escritório do engenheiro responsável pelo trecho. Sendo assim, a estação tem um certo movimento de funcionários o dia todo e é bem vigiada pela segurança da em-presa, o que impede que vân-dalos de plantão a destruam, por isso, a revitalização do prédio está relativamente fácil, só de-pendendo da boa vontade por parte dos responsáveis”. Uma reportagem, em 25 de dezembro de 2009, mostra o estado e a situação atuais do prédio: “(...) Existia um bar (na estação), que funcionava como um ponto de encontro (...). A estrutura não está comprome-tida. O que acontece é que o prédio está com o telhado dani-ficado, algumas rachaduras na

parede e por dentro foram feitas algumas mudanças que fizeram com que o prédio perdesse mui-to da característica original. Se deixar passar muito tempo, mais caro vai ficar o restauro (...). Quem passa pelo local, reclama que o abandono gera inseguran-ça. Dá medo passar ali à noite. A iluminação é ruim e tem muito morador de rua (...). A estação de Taubaté tem parte utilizada co-mo depósito (pela MRS) (...) Em outras cidades da região, a solu-ção encontrada foi transferir as estações para as prefeituras (...). Mas, em Taubaté, as negociações ainda nem começaram” (texto de Renato Ferezim, do qual extraí algumas partes). (Fontes: Ralph M. Glesbrecht, pesquisa local, 1998; Marco Giffoni, 2005; Eduardo Calloni; Museu da Imagem e do Som de Taubaté, SP; Margarida Cintra Gordinho: A Casa do Pinhal, 1985; Max Vasconcellos: Via s B ra s i l e i r a s de Comun icação , 1928 ; www.vnews.com.br).

OUTROS TEXTOS

Do Guia Oficial de Tau-baté, transcrevemos: “A Estrada de Ferro Cen-tral do Brasil – Estação Taubaté, situada na lateral da Rodoviária Velha é um importante patrimô-nio histórico da cidade, pois é memória viva do transporte ferroviário que veio enriquecer e favorecer a região, no auge do “Ciclo do Café”, bem como no Advento Industrial” da cidade e da região. Pela Estação, que não era só de carga e descarga de produ-tos, mercadorias e matéria pri-ma, como atualmente, mas tam-bém de transporte de passa-geiros, circularam personalida- des, bem como homens comuns que dela se utilizaram, tanto para o trabalho como para o lazer. É o registro de uma épo-ca de riquezas, lutas, empreen-dimentos, esperanças que até hoje, ao observarmos sua cons-trução, reportamos-nos para o passado com respeito e uma cer-ta nostalgia de uma vida futura promissora para a cidade. É um bem cultural que deve ser preser-vado na memória taubateana”.

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O TREM

Aestação ferroviária, que foi inaugurada em me-ados do século XIX pe-

lo Imperador D. Pedro II, é parte do atual Parque Barbosa Olivei-ra, mais conhecido como Jardim da Estação. A linha férrea que corta nosso município e todo o Vale do Paraíba era nesse período o úni-co meio de comunicação entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, uma vez que ainda não existia a Rodovia Presidente Dutra, inaugurada em 1950. Foi na estação ferroviária de Taubaté que se davam os grandes encontros por ocasião

de visitas de celebridades a Taubaté. Em 1910, o então candidato à Presidência da Re-pública, Rui Barbosa, ali foi re-cebido por autoridades locais. Anos mais tarde, foi a visita do Presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas, que foi rece-bido calorosamente dado sua po-pularidade com o povo brasi-leiro. E à frente desse marco de nossa história de alegrias e tris-tezas, estava o exuberante Jardim da Estação, que, segundo o historiador, jornalista e radia-lista Emílio Amadei Beringhs,

relata em seu livro “Conversan-do com a Saudade” - 2º volume, págs. 125, 126 e 127, que aos domingos e dias feriados, bandas de música deliciavam os visitantes, executando dobrados, valsas e outras melodias, e n q u a n t o o s n a m o r a d o s percorriam as alamedas floridas nas noites calmas e enluaradas”.(Texto do Prof. Wanderlan Filho)

Apresento, agora, um texto que escrevi, revivendo os áureos tempos da Central do Brasil:

Aferrovia era a Estrada Central do Brasil – EFCB (que as crianças

traduziam: Esta Família Come Bem, e a molecada: Esta Família Come B...). Depois virou Rede Fer-roviária Federal e hoje MRS. Entre Rio e São Paulo era o meio de transporte mais popular e mais usado. Nas diversas cidades servidas pela Central, sem dú-vida a Estação era um ponto im-portante, local de espera e de despedidas. As novidades, as encomendas, os comerciantes... As estradas de rodagem eram precárias, esburacadas, empoeiradas, tanto que um dos apetrechos indispensáveis aos viajantes era o guarda-pó. Voltando ao nosso trem. Havia os de passageiros: o Ex-pressinho, mais popular com sua Primeira e Segunda Classes, cu-ja diferença era o conforto (as-sentos de madeira, para a segun-da e estofados para a primeira), o Rápido pouco mais sofisticado, até com Restaurante e o Misto, um trem de carga que possuía dois últimos vagões para passa-geiros (um de primeira e outro de Segunda classe). O Misto era bem mais barato e para quem não tinha pressa para chegar. Ia parando para manobrar (isto é, deixar um vagão cheio no

armazém e retirar outro vazio). Não tinha horário certo e dava sempre preferência a trens de passageiros, chegando a ficar até horas parado na mesma cidade. Mais tarde, surgiu o Trem de Aço, de luxo, com janelas pa-norâmicas, restaurante e só pa-rava nas grandes cidades. Era comum as pessoas irem à mar-gem da ferrovia para vê-lo pas-sar e acenar para os viajantes, com uma pontinha de inveja. À noite, havia o Noturno com va-gões tradicionais e com cabines dormitórios (cabines leitos). A chegada do comboio era solene: o sinal tilintava, o Chefe da Estação, com seu uni-forme azul marinho, ficava a postos com o bastão de transfe-

rência, pois ao passar, o maqui-nista colhia um bastão e passava outro. Todos se moviam. A ansiedade dos que aguardavam parentes ou amigos e a expecta-tiva dos que iam embarcar. A plataforma enchia-se de vendedores ambulantes ofe-recendo nas janelas do trem bis-coitos, sanduíches, refrescos, pastéis... proclamando, em altas vozes, seus produtos. Todos embarcados, o Chefe trilava o apito e acenava com sua bandeirinha amarela. O trem soltava um longo silvo e lentamente ia se afastando, dei-xando um rastro de fumaça e de saudade. A vida voltava ao nor-mal.

Alfredo Barbieri Cadeira nº 20 - Monsenhor Ascânio da Cunha Brandão

onvenhamos que das Ccoisas do passado, algu-mas devem ser preserva-

das e respeitadas: entre elas a tradição popular. Dia 22 de agosto é o “Dia Internacional do Folclore”. Con-junto das tradições, dos conhe-cimentos e das crenças popu-lares, o folclore constitui-se em fenômeno tradicional, anônimo e popular, ligado a várias ciên-cias. Universalmente, os povos das longínquas terras exprimem suas emoções reprimidas no mais profundo abismo de suas almas, demonstrando, visivel-mente, as suas ansiedades, dese-jos, ódios, alegrias que se ex-teriorizam em forma de danças, músicas, costumes, lendas, mi-tos, superstições, etc. A palavra folclore signi-fica ciência ou sabedoria do po-vo, termo criado, em 1846, pelo arqueólogo inglês William John Thoms. O estudo do folclore brasileiro teve início com Ama-deu Amaral, poeta e pesquisador das coisas nacionais. Relicário das lendas e cantigas que embalaram a in-fância das nações, o Folclore é um mundo encantador, um re-viver de doces ilusões, ternas reminiscências e todo um passado que volta à crista da vida. É a tradição do povo e não há povo sem tradição. Quem já não viveu e sentiu, talvez na infância, a doçura das canções de roda, nos folguedos ingênuos das ruas e calçadas ou numa juventude emoldurada de sorrisos, ternura e ilusões fagueiros! O dia do Folclore é o dia do povo do Brasil, daqueles que 11

CULTURA FOLCLÓRICA

investigam e cultivam as forças dessa criação contínua, elo da nacionalidade. O dia do Folclore é um evento do mais alto sig-nificado para Taubaté, um dos maiores centros folclóricos do Brasil. Porque as festas popu-lares e o elemento folclórico es-tão definitivamente arraigados na vida da cidade e é motivo de orgulho para os taubateanos. O Governo do Estado de São Paulo, ao criar o projeto: “Revelando São Paulo”, em 1997, com o objetivo de resgatar as mais importantes tradições do nosso folclore, inclui Taubaté no seu roteiro turístico, pela exce-lência do seu acervo cultural. O então Governador do Estado, Mário Covas, ao justificar a iniciativa afirmava: “As rique-zas e a diversidade do folclore paulista têm dimensões ainda desconhecidas pela maioria de nossa população.” Assim é que as mani-festações folclóricas de Taubaté,

registradas na obra “ASPEC-TOS DO FOLCLORE EM TAUBATÉ”, de autoria da ilus-tre historiadora Professora Maria Morgado de Abreu, mereceram especial destaque no arrojado projeto: “Entre os grupos coreo-gráficos musicais de cunho reli-gioso ou profano, destacam-se os de moçambique, cateretê ou dança da fita e, mais raros, os que dançam jongo. Tradicionais festas religiosas marcam o calendário cristão na cidade e na roça: festa de Santa Cruz, da Imaculada Conceição, de Santana, de São Benedito, do Divino e festas juninas. A dança de São Gonçalo é realizada para pagar promessas e homenagear o santo. No Natal, bonitos presépios à moda antiga são “armados” nas igrejas, capelas e morad i a s cu j a s f amí l i a s preservam a tradição. É o tempo da cantoria das “Folias de Reis” que visitam os presépios

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louvando o “Senhor Menino”. Na arte popular, mantendo antiga tradição, os “figureiros” e “santeiros” modelam em argila f i g u r i n h a s s i n g e l a s e expressivas, retratando aspec-tos do povo, animais, crendices, cenas de Natal e santos de devoção popular. Esculturas em madeira e pintura ingênua t a m b é m a p a r e c e m c o m o expressões artísticas, assim como apetrechos de presépio: lapinhas, casinhas, flores de papel. Os ervateiros praticam a medicina popular no largo do Mercado Municipal, onde vendem variada e pitoresca mercadoria constituída de plantas que curam, óleo, banhas, peles, ossos de animais e implementos de curandeirismo. Nos bairros e na roça, os violeiros alegram com suas cantorias e desafios, os festejos onde o povo se diverte, como pau-de-sebo, o quebra-pote, corrida no saco, porco ensebado, cavalo-russo e outros folguedos.

É farto e pitoresco o repertório de crendices, superstições, estórias, r e p e t i d a s p o r g e r a ç õ e s , principalmente nos lugares onde as “rodinhas” para contar “ c a u s o s ” n ã o s o f r e m a concorrência do c inema, televisão e outras modernas formas de diversão. Na técnica popular, merecem referência a

habi l idade e imaginação empregadas na confecção de numerosas peças utilitárias ou de enfeites: cestas, balaios, peneiras de taquara, esteiras e redes de taboa; gamelas e pilões de madeira; utensílios e brin-quedos de lata; canastra, laços, arreios e outros objetos de couro, peças de chifre, de cobre, colchas de retalhos, de crochê, bolsas e flores de palha de milho. Outro curioso aspecto folclórico peculiar a Taubaté é a B r e g a n h a o u B a rg a n h a , realizada aos domingos de manhã, atrás do Mercado Municipal, onde se vende ou troca-se uma impressionante variedade de objetos usados e novos, aparecendo, não raras vezes, peças antigas de real valor. Apresentando aspectos tão variados e pitorescos, constituem as manifestações folclóricas em Taubaté, im-portante patrimônio cultural de tradições, usos e costumes brasileiros, com raízes em nossa formação histórica, nos fatores de aculturação e adaptação ao meio. É um complexo cultural que tem muito da criatividade de nossa gente. Na sua auten-ticidade, vivência e singeleza, traduz a alma do povo de que é precioso repositório.”

Joel Hirenaldo BarbieriCadeira nº 36 - Aguinaldo Teixeira Pinto

direito do Trabalho, re-Obento temporão do Di-reito Privado (para al-

guns poucos ― Deveali, Mario de la Cueva ou Otto Mayer ― do próprio Direito Público), é tam-bém um rebento furioso da Re-volução Industrial (século XVIII). Surgiu entre os homens para humanizar as relações so-cioeconômicas entre capital e trabalho, numa época em que homens, mulheres e crianças e-ram explorados sem limites ou pudores pela sanha do lucro capitalista. No Brasil, a Justiça do Trabalho surge após um longo processo de lutas e reivindica-ções operárias. Embora certos autores reconheçam o seu pri-meiro nascedouro no âmbito da Justiça paulista (Lei Estadual n.º 1.869, de 10.10.1922, que criou o Tribunal Rural do Estado de São Paulo com o objetivo de “conhecer e julgar as questões, até o valor de quinhentos mil réis, decorrentes da interpre-tação e execução dos contratos de locação de serviços agrí-colas”), o seu “DNA” federal surge mesmo com Getúlio Vargas, em 1932, com a criação das antigas Juntas de Conci-liação e Julgamento, que, então, eram órgãos administrativos for-mados por juízes classistas (re-presentantes de empregados e empregadores) e por um juiz presidente, todos indicados pelo governo federal. Do ponto de vista constitucional, porém, 13

A CIDADE,

A JUSTIÇA E

O TRABALHO:

na confluência

dos grandes

valoresaquela estrutura somente passaria a integrar o Poder Judiciário da União, em 1934, já no Estado Novo, quando recebeu o nome que a consagraria nas décadas seguintes: Justiça do Trabalho. Curioso notar que, dentre os vários segmentos do Poder Judiciário brasileiro, aquele que hoje está ao mesmo tempo mais próximo do cidadão (po rque r eg iona l i zado e capilarizado pelos mais diversos rincões do país) e lhe presta os serviços mais céleres e efetivos (segundo os dados do próprio Conselho Nacional de Justiça) ― logo, o segmento que se poderia dizer, dentre todos, o m a i s d e m o c r á t i c o ― é justamente aquele que surgiu em tempo de exceção: a ditadura pariu a Justiça do Trabalho, mas a democracia a embalou.Para cobrir todo o território nacional, a Justiça do Trabalho organizou-se em tribunais regionais, que foram nascendo com o passar dos anos. O se-gundo deles foi o de São Paulo ― Tribunal Regional do Tra-balho da 2a Região ―, nascido no final da década de quarenta. À sua jurisdição pertenceu a cidade de Taubaté até o ano de 1986, no governo de José Sarney. Naquele ano, porém, por força da Lei Federal n.º 7.520/86, criou-se o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, carinhosamente conhecido como “tribunal caipira”, com jurisdição sobre todo o interior paulista e litoral

(exceto a baixada santista, que permaneceu sob a égide do TRT-SP). Taubaté passa, portanto, à jurisdição do TRT-15, sediado na cidade de Campinas. Eis outra curiosidade: a mesma Campinas cujo fundador foi o fazendeiro Francisco Barreto Leme do Prado, nascido, em 1704, na, então, Vila de Taubaté... A bem das tradições e da História, a Justiça do Trabalho da 15a Região deve a sua casa primeira a um cidadão taubateano!Em Taubaté, a primeira Junta de Conciliação e Julgamento fora criada, em 30.01.1961, pela Lei Federal n.º 3.873, de 30.01.1961, ainda sob os auspícios do TRT-SP. Ano de 1961, da posse de John Kennedy, nos Estados Unidos da América, e da renúncia de Jânio Quadros, nos Estados Unidos do Brasil, (o mesmo Jânio capa da Time, em 30 de junho do mesmo ano). Ano de 1961, dito o “Ano Mundial da Semente” pela UNESCO. Seria, mesmo, ano de sementes em plagas taubateanas: plantou-se, aqui, há meio século (com cinquentenário a comemorar no ano próximo, em 30.01.2011), a semente da Justiça do Trabalho; c o m e l a , a s e m e n t e d a Magistratura do Trabalho; e, por ambas, a semente da Justiça Social. A unidade seria instalada somente no ano seguinte, em 21.11.1962, com sede à Avenida Nove de Julho, 183, Centro. Nesse tempo, sua jurisdição já alcançava também os municí-

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Em abril de 1989, já sob os auspícios do TRT campineiro, a Presidência da Junta de Conci-liação e Julgamento de Taubaté foi assumida pela juíza, Maria Cecília Fernandes Álvares Leite, atual desembargadora federal do trabalho do Décimo Quinto Regional. Aqui teria assento, nos anos seguintes, magistrada com ilustrado sentido de equidade social, a quem coube denunciar em bom som um dos primeiros atentados da maré neoliberal (anos 80-90) contra as garantias sociais do trabalhador brasileiro (v. LEITE, Maria Cecília F e r n a n d e s Á l v a r e s . D o desaparecimento da indenização de antiguidade: a pauperização de um sistema social e do direito nele inserto. In: Curso de direito d o t r a b a l h o : e d i ç ã o e m homenagem a Evaristo de Moraes Filho. São Paulo: LTr, 1983. pp.385-396). No dia 12.06.1992, foi criada pela Lei Federal n. 8.432/92 a 2a Junta de Con-ciliação e Julgamento de Tau-baté. Era o Ano Internacional do Espaço (ONU): ano em que, pelos achados do destino, a Justiça do Trabalho conquista e aprofunda o seu próprio espaço junto ao povo taubateano, do-brando as fileiras para um aten-dimento mais pronto e efetivo dos jurisdicionados. O mesmo ano em que Barbosa Lima So-brinho entrega à Câmara dos D e p u t a d o s o p e d i d o d e impeachment de Fernando Collor de Mello. E, em 16.08.1992 - dois meses depois daquela data histórica para

Taubaté ― tem início o m o v i m e n t o d o s “ c a r a s -pintadas”, que culminaria com a renúncia do então Presidente da República. Novos tempos para a cidadania, no Brasil e na terra de Lobato. A g o r a c o m d u a s unidades judiciárias, Taubaté reclamava um fórum para a Justiça do Trabalho. E, sob a gestão do saudoso Dr. Adilson Bassalho Pereira ― “Da subordinação como objeto do contrato de emprego” (São Paulo: LTr, 1991) ―, o reclamo fez-se em fato: em 20.05.1994, finalmente se instalaram, a um tempo, o Fórum Trabalhista de Taubaté e a 2a Junta de Conciliação e Julgamento de Taubaté. Teve seu novo endereço no modesto prédio do número 1249 da Avenida Santa Luíza de Marilac, na Vila São José. Santa, diga-se, como santos foram todos, juízes, servidores e advogados, que às agruras de um prédio impróprio resistiram, com galhardia, por longos treze anos de franciscano desapego. N o m e i o - t e m p o , p u b l i c o u - s e a E m e n d a Consti tucional n. 24, de 09.12.1999, que a tempo e mo-do extinguiu a representação classista no seio da Justiça do Trabalho. Desde então, já não se fala em “Junta”, mas em Vara do Trabalho. E Taubaté seguia com duas Varas do Trabalho. A antiga J u n t a d e C o n c i l i a ç ã o e Julgamento de Taubaté, aquela mesma inaugurada, em 1962, passou a ser denominada 1ª Vara do Trabalho de Taubaté, de que hoje é ufano titular este Acadêmico. E a 2ª Vara do Trabalho seguiu com o timoneiro de sempre, Dr. João Batista da

Silva, ainda hoje seu titular. Por fim, veio, qual bál-samo, o ano de 2007. Ano do Windows Vista, dos avanços nos direitos de cidadania (descri-minalização do aborto em Por-tugal e abolição da pena de mor-te na França) e da visita de Ben-to XVI a São Paulo e Aparecida. Divinos ventos para o Vale do Paraíba: é também tempo de empreendedorismo no TRT-15, com Luiz Carlos de Araújo co-mo Presidente para o biênio. Por fim, a Justiça do Trabalho de Taubaté conquista a sua nova casa: em 12.12.2007, inaugu-ram-se as novas instalações do Fórum Trabalhista de Taubaté, na Avenida Brigadeiro José Vi-cente Faria Lima, às margens da Via Dutra. Sinalizando quiçá a via expressa para o tempo se-guinte: tempo da 3a Vara do Tra-balho de Taubaté (figas se fa-çam!), do imóvel próprio para a Justiça do Trabalho (com as par-cerias de sempre, da Prefeitura ao Banco do Brasil, passando pela Câmara dos Vereadores e pela 18a Subseção da OAB) e ― para escapar da gravidade um-bilical ― de um Brasil social-mente mais justo. E aqui chegamos. Idos cinquenta anos da Justiça do Trabalho em Taubaté, restam a vencer, por agora, os próximos cem. Com fé n o s g r a n d e s v e t o r e s constitucionais: justiça cidadã, dignidade humana, valor social do trabalho. Para que “Justiça do Trabalho” não designe, afinal, um prédio ou repartição. Antes, que evoque um arquétipo: de humanismo, garantismo e reforma social.

pios de Natividade da Serra, Re-denção da Serra, São Luiz do Paraitinga e Tremembé. Aqui oficiou como juiz presidente o Dr. Clóvis Canela Salgado, an-tes renomado causídico; e, entre os primeiros vogais, José de An-gelis (empregadores) e Sebas-tião Melin Abujeli (empre-gados), sendo, então, suplentes Nelson Campelo Filho e Car-melino Pereira Souto.

Guilherme Guimarães FelicianoCadeira n° 18 - Alfredo José Balbi

Hino da ACADEMIA TAUBATEANA DE LETRASLetra da Acadêmica Angelica Maria Villela Rebello Santos/

Música do Maestro Ivo Salinas - da Escola de Artes “Maestro Fêgo Camargo”- Taubaté

I

Academia, tu és majestosa,foste plantada num solo de fé.

Tu és das Letras a guardiã zelosa,orgulho és da nossa Taubaté.

Estribilho

Academia Taubateana,a arte da palavra representas.

De ti muito saber emana,dando viço à Cultura, que ostentas.

II

Velando o berço onde nasceu Lobatoe tantos escritores de nomeada,prossegues, exaltando o literato,

que a ti acorre em sua caminhada.

Estribilho

III

Num hino de louvor quero saudar-te,enaltecendo teu valor social.

Das belas Letras és o baluarte,da nossa Língua, suporte essencial.

Estribilho

Pro Litteris SemperPro Litteris Semper

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