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Jul-Ago-Set 2011 1

Revista Brasil Portugal Edição 8

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8ª Edição da revista brasil portugal no ceará

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2 Brasil-Portugal no Ceará

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4 breves

9 editorialSuperando ostempos de crise

10 entrevistaDesenvolvimentodo Ceará estampacenário empreendedorcom o Francisco Zuza de Oliveira,diretor presidente da Agência deDesenvolvimento do Ceará

13 cplpUma comunidade de línguaportuguesa, com certeza

14 página econômicaPortugal é Maior que a Crise

16 espaço ibef

18 economiaCanteiro de obras

20 fiecReforço no intercâmbio

21 informecialAquiraz Riviera

22 enlpConstruindo negóciose conhecimento

24 negóciosOs desafios da atraçãode investimentos

26 página jurídicaO regime diferenciadode contratações públicaspara a Copa de 2014 e osJogos Olímpicos de 2016

28 comércioImportação de insumos

33 exportaçãoLíder do mercado

36 mercadoTrade Brasília

38 oportunidadeDiversão dividida,

diversão garantida

40 página econômicaAs câmaras de comércioe a crise portuguesa

42 homenagemJulio Pirata d´Iracema,o português apaixonadopelo Ceará

45 informecialEDP

46 campanhaTrânsito Leve

48 página econômicaAs empresas brasileirase a visão global

50 gastronomiaTripas e víceras à la carte

52 culturaDicas de livros

54 agenda

nesta edição

comércioO Ceará atingiu, em2010, seu recorde nacorrente de comércio(soma dos bens expor-tados e importados),alcançando a marcade US$ 3,4 bilhões

28 gastronomiaPratos típicos sepa-rados por milharesde quilômetros, masunidos pela histó-ria, a panelada ea tripa à modado porto

5042 homenagemÍcone que representaa segunda-feira maisfestiva do mundo,Júlio Trindade deixasaudades e uma lacunaque dificilmente serápreenchida

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4 Brasil-Portugal no Ceará

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A Associação Comercial de Lisboa (ACL)coordenará nova missão empresarial ao mer-cado brasileiro, com Fortaleza e São Paulono roteiro. A iniciativa, que ocorre entre osdias 3 e 8 de outubro, inclui a participaçãono Encontro de Negócios na Língua Portu-guesa, a ser realizado em Fortaleza. A dele-gação portuguesa terá a oportunidade nãosó de participar nas diversas sessões e pai-néis temáticos como também de se reunircom empresários brasileiros e dos paísesde língua portuguesa presentes neste evento,segundo informou a ACL.

Para São Paulo, serão agendadas reuniõesbilaterais de negócios, de acordo com o perfil

Associação Comercial de Lisboapromove missão ao Brasil

enlp

e interesses no mercado de cada empresaparticipante. A passagem da missão por SãoPaulo coincide ainda com a Metaltech - Feirade Máquinas e Ferramentas e com a Petro-tech – Feira de Tecnologias para a Indústriado Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

Este projeto de prospecção de oportunida-des de negócio da ACL ocorre apenas algunsdias antes da realização, em Lisboa, de maisuma edição da feira Portugal Exportador,evento que procura encontrar novas vias deinternacionalização para as empresas portu-guesas. O Portugal Exportador 2011 aconte-cerá a 13 de outubro no Centro de Congres-sos de Lisboa.

O Torneio de Golfe InterclubesAquiraz Riviera, primeiro torneio re-gional de golfe do Ceará, aconteceuem agosto e terminou com a vitória doclube anfitrião. Com um total de 435tacadas em dois dias de circuito, nosnove buracos do campo de golfe OceanGolf Course, a equipe A do ClubeAquiraz Riviera venceu o torneio, coma equipe B do Aquiraz Riviera tendochegado em segundo lugar, com 439tacadas, e o Sport Club, de Recife(PE), em terceiro lugar, com 447 taca-das. Ao todo, mais de 70 golfistas devários Estados do Norte e Nordesteparticiparam do evento, realizado noAquiraz Riviera, complexo turístico-imobiliário situado na Praia de Ma-rambaia, a 35 km de Fortaleza (CE).Ao todo, foram nove equipes compe-tindo na categoria Stroke Play em 18buracos, além da disputa individualno torneio no formato Gross.

No torneio individual, os golfistas

Equipe do Aquiraz Rivieravence primeiro Torneio regionalde Golfe Interclubes do Ceará

esporte

cearenses domina-ram o torneio e con-quistaram os trêsprimeiros lugares.O vencedor foi MaxLima, com 161 ta-cadas nos dois diasde torneio; em se-gundo lugar, Rafaelda Silva, com 164tacadas; o terceirolugar ficou comLuis Miguel Félix,com 176 tacadas.Os vencedores emequipe e individu-ais receberam troféus.

O Aquiraz Riviera vem promovendoperiodicamente eventos esportivos, con-solidando o seu campo de golfe, o pri-meiro do Ceará, como novo destaquedo cenário nacional do esporte. Pelomenos uma vez por mês são realizadascompetições para diferentes modalida-

des e jogadores. Em 2011, já forampromovidos o Torneio de Duplas Aqui-raz Riviera, a Copa Aquiraz Riviera, oTorneio Pitch & Putt, o Torneio das Cri-anças, o Torneio das Senhoras e o Tor-neio de Beneficência. Para o segundosemestre deste ano, estão programadasmais de 15 competições.

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O Dom Pedro Laguna - BeachVillas & Golf Resort disponibilizaaos seus usuários um novo pacotede Lua de Mel. Incluindo estadiade duas noites com roupas decama especiais em meio a pétalasde rosas, além de servir água,frutas, champagne (ou espuman-te) e trufas de chocolate e moran-gos, o pacote pode ser adquiridoa partir de R$ 650 por pessoa.

A promoção é válida até 30 de

Dom Pedro Lagunacom tarifas especiaispara recém-casados

lua de mel

novembro de 2011 (exceto em fe-riados). Os clientes são prestigia-dos ainda com oferta de almoço(aos sábados) e de late check outàs 17 horas nos domingos. Maisinformações pelo fone (55 85)3388 3000, no site www.dompe-dro.com ou pelo e-mail [email protected].

O Dom Pedro Laguna faz partedo grupo Dom Pedro Hotels, quecelebra pela quinta edição conse-

cutiva a oficialização do DomPedro Palace, que também fazparte do grupo, como o hotel ofici-al dos artistas do Rock in Rio-Lis-boa. Cantores e integrantes da or-ganização aproveitarão o confortodo hotel cinco estrelas, no centroda capital e a poucos minutos doParque Bela Vista, sede do eventoa ser realizado nos dias 25, 26 e31 de maio e 1º e 2 de junhode 2012.

Estado privilegiado na visibilida-de por parte do empresariado por-tuguês, o Ceará segue com seustatus de zona preferencial de in-vestimento do país-irmão. Quemagora pretende aportar em terrasalencarinas é a Carfel, empresaprodutora de máquinas para produ-ção de blocos de concreto.

Para os representantes da empre-sa, o Ceará chamou a atenção pelapolítica de redução e isenção deimpostos praticada pelo Governo,além da localização geográfica pri-vilegiada, entre grandes mercadosconsumidores, como Bahia e a Re-gião Norte. Outra influência na de-cisão é a expectativa de eficiênciado Complexo Industrial e Portuáriodo Pecém (Cipp) para o escoamentoda produção.

Companhia portuguesade máquinas paraconstrução civil mirao Ceará para sede nova

perspectiva

A Carfel deve enviar seu projeto deinstalação para análise do ConselhoEstadual de Desenvolvimento Econô-mico, com resultado a ser divulgadoaté o fim do ano. Com planos deconstrução da fábrica em 2012, naGrande Fortaleza, em terreno de 30mil m² próximo a empresas de ferroe aço, sua instalação promete movi-mentar o mercado, necessitando demão de obra qualificada em cursoscomo Engenharia Mecânica. Pelomenos 100 empregos diretos devemser gerados inicialmente.

Com o apoio da Câmara Brasil-Portugal noCeará (CBP-CE) e do Rotary Planalto, aconte-ceu no dia 5 de agosto a inauguração do nú-cleo de tecnologia do bairro Tancredo Neves,em Fortaleza, com a entrega da BibliotecaIntegrada a Lan House Bila + iiiD.

O Bila procura estimular a leitura e a com-preensão de textos através da tecnologia. Juntocom o iiiD, a intenção é ampliar as possibilida-des de aprendizado, utilizando outros estímuloscomo brinquedoteca, filmes, jogos, contadoresde histórias e clube de leitura e poesia. Com ainauguração dessa unidade no Conjunto Tan-credo Neves, a expectativa é criar uma nuvemtecnológica no bairro, com um projeto deinclusão digital.

CBP-CE apoiainauguração denúcleo detecnologia noTancredo Neves

inclusão

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O acordo sobre o exercício deatividades remuneradas por de-pendentes de integrantes do corpodiplomático assinado por Brasil eGuiné-Bissau em 2010 foi aprova-do no dia 10 de agosto pela Co-missão de Relações Exteriores ede Defesa da Câmara dos Deputa-dos do Brasil.

O texto da Mensagem (157/11)do Executivo estabelece, dentreoutros pontos, a definição de de-pendente, os procedimentos legaispara formalizar o pedido de autori-zação de trabalho entre as duasnações e a não aplicação de imuni-dades previstas em instrumentosinternacionais a esses dependentes.

Dessa forma, o dependente quedesejar exercer atividade remune-rada deverá solicitar por escritoautorização ao Ministério das Re-lações Exteriores do país de desti-no, juntamente com breve descri-ção da ocupação pretendida. A

Câmara dos Deputadosaprova acordo diplomáticocom Guiné-Bissau

trabalho

divulgação da aceitação ou nãodo pedido fica a cargo do Minis-tério, que deverá informar à em-baixada do país de origem dodependente.

Com a aprovação, a mensagemfoi convertida a projeto de Decre-

to Legislativo 350/11. A propostatramitará em regime de priorida-de e será analisada pelas comis-sões de Trabalho, de Administra-ção e Serviço Público, de Consti-tuição e Justiça e de Cidadania,antes de seguir para o Plenário.

A Associação Social Educacional CriançaIntegral (Aseci), entidade recém-associada àCâmara Brasil-Portugal no Ceará, é uma or-ganização não-governamental (ONG), quefunciona desde 2005 no Uruaú, em Beberibe,mantendo a Escola Arca da Paz - entidade

Arca da Paz promove Dia das Criançasbeneficência

que auxilia a educação e o relacionamentointerpessoal e intrapessoal de crianças emestado de vulnerabilidade social. Além dasações diárias, em homenagem ao Dia das Cri-anças, a Arca da Paz realizará uma semanade atividades interativas. De 10 a 14 de outu-bro, as crianças participarão em gincanas ereceberão lembrancinhas.

Todas as ações e projetos propostos pela As-sociação são mantidos com doações. Visandogarantir essas doações e multiplicá-las paraum melhor atendimento das crianças, a enti-dade está trabalhando em parceria com em-presas em um relacionamento de Responsabi-lidade Social. O ensino é totalmente gratuitoe integral, com cerca de 50 crianças sendoassistidas com alimentação e educação dife-renciada com o “Método de Educação porPrincípios”, que basicamente trabalha nocomportamento e no caráter da criança.

SERVIÇO:Empresários interessadosem ajudar a Associaçãopodem entrar em contatodos seguintes modos:

SiteSiteSiteSiteSite - www.arcadapaz.org.br

FacebookFacebookFacebookFacebookFacebook -facebook.com/arcadapaz

TTTTTelefones -elefones -elefones -elefones -elefones -(85) 9922 2353 paraagendamento de visitas e(85) 9912 9923 para parceriasde responsabilidade social

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sócios

Novas empresas aderem à CBP-CEConheça os mais novos associados à Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE):

TURISMOCasablanca TCasablanca TCasablanca TCasablanca TCasablanca Turismourismourismourismourismo - Recém-associada à CBP-CE, firmou parce-ria como a agência oficial do En-contro de Negócios na Língua Por-tuguesa (ENLP). Comemorandoseus 25 anos de atividade em2011, a Casablanca Turismo pro-porciona o máximo conforto paraos participantes, marca de sua atu-ação no mercado. A empresa, amaior do Norte e Nordeste do Bra-sil, almeja ampliar suas possibili-dades de negócios, penetrando nouniverso dos demais associados emrelação a viagens e ao setor cor-porativo. Segundo Camila Fernan-des, supervisora de eventos daCasablanca Turismo, a empresa vaidisponibilizar espaço VIP em doispontos no Aeroporto InternacionalPinto Martins e traslado para osparticipantes do aeroporto para ohotel. Para os associados da CBP-CE, Camila lembra que existe o bô-nus fácil, em que as compras sãorevertidas em pontos. Com o acú-mulo de pontos, o cliente pode tro-car por brindes ou até por uma novaviagem. Mais informações no tele-fone (55 85) 3466.6000 ou no sitewwwwwwwwwwwwwww.casablancaturismo.com.br.casablancaturismo.com.br.casablancaturismo.com.br.casablancaturismo.com.br.casablancaturismo.com.br.

Companhia do BuggyCompanhia do BuggyCompanhia do BuggyCompanhia do BuggyCompanhia do Buggy - Comoito anos de fundação, a empresapassa a integrar a associação como intuito de expandir sua atuaçãono mercado. Para o empresárioAmarildo Alves, a escolha pelaCBP-CE não foi ao acaso, pois “opúblico português é destaque nacompra e nos aluguéis dos veículospara passeio. Além disso, aqui noCeará, há uma tradição de os ho-téis adquirirem os buggys para ofe-recer aos hóspedes o passeio, sendoum atrativo a mais nos seus servi-ços”, explica. A Companhia doBuggy produz veículos completosou o kit (carroceria e chassi, sem a

parte mecânica). Mais detalhes pelotelefone (55 85) 3087.9012 ou no sitewwwwwwwwwwwwwww.buggycauipe.com.br.buggycauipe.com.br.buggycauipe.com.br.buggycauipe.com.br.buggycauipe.com.br.....

COMÉRCIOPharmPharmPharmPharmPharmaaaaascalabisscalabisscalabisscalabisscalabis - Com o foco naindústria farmacêutica e alimentícia,e ênfase em comércio exterior, foi fun-dada em 2006. A empresa opera nacomercialização de produtos hospita-lares e alimentos voltados para a saú-de e o bem-estar. Trabalha tambémpela internacionalização das transa-ções comerciais, em busca de novosparceiros e mercados. Segundo o dire-tor comercial Miguel de Mello, a as-sociação à CBP-CE se deve “ao dina-mismo e ao empreendedorismo de-monstrado pela instituição, além daajuda na obtenção de parceiros paranegócios”. Ele considera a CBP-CEparceira empresarial importante nomundo globalizado. Entre os produtosprincipais da Pharmascalabis estãodermocosméticos, dietéticos naturais eoutros voltados para o desenvolvimen-to infantil, além de acessórios farma-cêuticos e hospitalares (seringas des-cartáveis, discos de amamentação, kitspara transfusões de sangue, para qui-mioterapia e hemodiálise e artefatosde vidro científico). Para saber mais,basta ligar para (351) 912632490(Portugal) ou acessar o sitewwwwwwwwwwwwwww.expophar.expophar.expophar.expophar.expopharmascalabis.com.mascalabis.com.mascalabis.com.mascalabis.com.mascalabis.com.

Gana Indústria Comércio e Im-Gana Indústria Comércio e Im-Gana Indústria Comércio e Im-Gana Indústria Comércio e Im-Gana Indústria Comércio e Im-portação Ltda (Ganalab)portação Ltda (Ganalab)portação Ltda (Ganalab)portação Ltda (Ganalab)portação Ltda (Ganalab) - A Ganaé uma empresa com experiência deuma década no mercado, capaz de serenovar a cada dia, procurando fazersempre melhor. Atende universidades,centros de pesquisas, laboratórios pú-blicos, laboratórios de análises e pato-logia clínica, indústrias de águas, ali-mentícias e farmacêuticas. Sempreatenta ao mercado, a Gana ofereceaos seus clientes o que existe de maismoderno e tecnológico no campo dasanálises físico-quimícas e microbioló-gicas. Para saber mais, basta acessar

o site wwwwwwwwwwwwwww.ganalab.com.br.ganalab.com.br.ganalab.com.br.ganalab.com.br.ganalab.com.br.

CONSULTORIA EMGESTÃO EMPRESARIALGuiGus SolutionsGuiGus SolutionsGuiGus SolutionsGuiGus SolutionsGuiGus Solutions - Segundo o em-presário Luis Antunes, a GuiGus So-lutions aderiu à Câmara antes mesmode seu efetivo lançamento para obtero apoio necessário para a divulgaçãodo negócio. “A CBP-CE tem informa-ções e contatos importantes para nós,e as pessoas que representam a Câ-mara, já por diversas vezes, mostra-ram o seu carinho e incentivo ao nos-so negócio”, afirma o executivo, reve-lando a sua motivação. Entre os servi-ços prestados pelo GuiGus Solutionsestão o diagnóstico do desempenho deseus negócios e o aconselhamento es-tratégico com base no mesmo e de ou-tras ferramentas de gestão. O processode internacionalização das empresastambém é apoiado pela GuiGus Solu-tions, procurando reduzir os custos deinvestimento e se antecipar aos riscos.A empresa está em processo de mon-tagem de um escritório em Fortaleza,com parceiros locais. A intenção é serum parceiro válido e fundamentalpara o investimento no Nordeste bra-sileiro. Informações pelo telefone(351) 217816285, pelo [email protected] ou no sitewwwwwwwwwwwwwww.solutions.guigus.pt..solutions.guigus.pt..solutions.guigus.pt..solutions.guigus.pt..solutions.guigus.pt.

ADVOCACIAAdvogado Albano TAdvogado Albano TAdvogado Albano TAdvogado Albano TAdvogado Albano Teixeiraeixeiraeixeiraeixeiraeixeira -O advogado português Albano JoséRocha Teixeira é bacharel em Direitopela Universidade de Coimbra (Portu-gal) e atua na área desde 1977. Cominscrições nas ordens de advogadosde seu país e do Brasil, Dr. Albanopossui experiência em áreas Comerci-al e Financeiro, Contencioso Societá-rio, Tributário, Arbitragem e Medica-ção e Acidentes de Trabalho. Seu en-dereço funcional é Rua Raimundo Le-mos Dias, 201, Eng. Luciano Caval-cante - Fortaleza. Para mais informa-ções: (55 85) 3264.7872.

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8 Brasil-Portugal no Ceará

www.setur.ce.gov.br

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A Câmara Brasil-Portugal no Ceará - Indústria,Comércio e Turismo (CBP-CE) surgiu em junho de2001. Atualmente, a entidade conta com cerca de144 associados entre sócios pessoa física e pessoajurídica. O objetivo principal da entidade é apoiaras atividades empresarias e influir nas políticaspúblicas vinculadas às relações luso-cearensesno âmbito das áreas de atuação da Câmara.

DIRETORIAPresidenteJorge Duarte Chaskelmann1º Vice-PresidenteJosé Maria McCall Zanocchi2º Vice-PresidenteAntonio Roberto Alves Marinho3º Vice-PresidenteJosé Augusto Pinto WahnonDiretora TesoureiraHuga Mendes OliveiraDiretor de Energias RenováveisArmando Leite Mendes de AbreuDiretor de AgronegóciosCarlos Manuel Subtil DuarteDiretor de ComunicaçãoCliff Freire Villar da SilvaDiretora de Assuntos JurídicosFernanda Cabral de Almeida GonçalvesDiretor de Construção CivilFrancisco Eugênio MontenegroDiretor de Meio AmbienteJosé Euber de Vasconcelos AraújoDiretora de Tecnologia da Informação (Brasil)Marluce B. Aires de PinaDiretor de Tecnologia da Informação (Portugal)Miguel Costa MansoDiretor de LogísticaCarlos MaiaAv. Barão de Studart, 1980 - 2º Andar - Ed. Casada Indústria (FIEC) Fortaleza-CE - CEP: 60120-901Fone e Fax: + 55 85 3261 7423E-mail: [email protected]

A Revista Brasil-Portugal no Ceará é uma publicaçãotrimestral da Câmara Brasil-Portugal no CearáAno III - # 8 - Julho-Agosto-Setembro de 2011

Conselho EditorialClivânia Teixeira, José Maria McCall Zanocchi,José Wahnon e Cliff Freire Villar da SilvaJornalistas ResponsáveisMauro Costa (CE01035JP)e Rafaela Britto (PE3672JP)RedaçãoAloisio Menescal, Davy Nascimento,Deborah Duarte, Manuela Barroso, NaraGadelha, Renan Pinheiro, Samira de Castro,Sarah Coelho, Sara Melo e Vicky NóbregaColaboraçãoCaramelo ComunicaçãoConcepção Gráfica / Design EditorialGMS Studio - Glaymerson MoisesProdução

(85) 3258 1001 - www.ad2m.com.brOs artigos assinados da revista não necessariamenterefletem a opinião da entidade e são de exclusivaresponsabilidade dos autores.

editorial

BRASIL-PORTUGAL

NO CEARÁ

Nestes últimos meses, temos sido confrontados diariamente com notícias sobrea situação da crise econômica e financeira mundial. Essas informações chegamdiretamente até nós em nossas casas pelos noticiários de TV, pelos jornais e re-vistas, e em nossos escritórios por mensagens de e-mails e vários outros meiosde informação.

Em um momento tão delicado, a tendência é esquecermos que, apesar de tudo,o mundo não vai acabar e que as crises são uma forma de mudança necessáriaque permitem um renascimento de ideias, o surgimento de novas tendências, no-vos conceitos, novos produtos e maneiras distintas de crescer e de fazer negócios.

Como exemplo positivo, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-serecentemente com o atual Presidente de Portugal, Cavaco Silva, informando dointeresse de grupos brasileiros em investir na aquisição de empresas estataisportuguesas no processo das privatizações. O Governador Jacques Wagner foia Portugal participar de uma conferência de investimentos, dando incentivos aempresários portugueses que venham trazer os seus investimentos para o Esta-do da Bahia.

Estas são ações motivadoras e que demonstram como o trabalho, o desenvolvi-mento de ideias e a boa vontade podem criar condições que permitam a interlo-cução e estimulem os empresários com coragem e imaginação a driblar a crise.

A Diretoria da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará foi ousada ao em-preender este projeto do Encontro de Negócios da Língua Portuguesa em ummomento tão difícil. Alguns insistiram em dizer: “Desistam já!”. Outros pre-nunciaram a ausência de recursos por conta da crise: “É um encontro muitocaro!”, diziam. E alguns chegaram a vaticinar o insucesso da iniciativa.

Hoje, caros associados e prezados leitores, temos o orgulho em proclamar que oEncontro de Negócios é uma realidade e um sucesso. Passamos a receber inscri-ções de forma constante, tão mais próximo o evento se aproximava. O Encontrose consolidou com a dimensão dos recursos disponíveis e tem o apoio das as-sociações empresariais, das empresas e dos órgãos oficiais do Estado do Ceará,o que muito nos honra.

Mas tudo isto não seria possível sem o trabalho voluntário dos membros da Di-retoria da Câmara, que acreditaram em um ideal de internacionalizar os negóci-os criando um espaço da língua portuguesa a partir do Nordeste, aqui no Cea-rá. Louve-se também o nível de excelência e de envolvimento de nossos pales-trantes locais, também voluntários e dedicados a este projeto, e a quem muitoagradecemos seu contributo.

Esta Câmara completa em 2011 dez anos de existência e tem crescido em di-mensão e prestígio graças ao esforço de muitas dezenas de pessoas que por aquipassaram e que abnegadamente deixaram sua contribuição anônima. E assimacreditamos que continuará sendo a realidade desta instituição, quando a atualDiretoria passar o seu testemunho ao próximo grupo de homens e mulheresque acreditam nas palavras de Fernando Pessoa e seguem fielmente o lema:“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.”

Jorge Duarte ChaskelmannPresidente CBP-CE – Gestão 2010/2014

Superando ostempos de crise

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10 Brasil-Portugal no Ceará

entrevista Francisco Zuza de Oliveiradiretor presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará

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DESENVOLVIMENTODO CEARÁ ESTAMPA

CENÁRIO EMPREENDEDORO ESTADO CONSEGUIU SE FIRMAR COMO REFERÊNCIA NO MERCADO NACIONALE INTERNACIONAL EM VÁRIOS SETORES. PEÇA FUNDAMENTAL PARA ALCANÇAR

ESTA POSIÇÃO, O ENGENHEIRO AGRÔNOMO ZUZA DE OLIVEIRA ESTÁ ENTREOS PRINCIPAIS NOMES DO EMPREENDEDORISMO CEARENSE

Se nos últimos 10 anos o cenário de agronegó-cio no Ceará deu um salto significativo, boa partedesse sucesso deve-se a um nome: Francisco Zuzade Oliveira. O engenheiro agrônomo paraibano de58 anos chegou ao Ceará em 1999 para implantarprojetos competitivos empresariais, mais precisa-mente no desenvolvimento da agricultura irrigada.

Os avanços podem ser comprovados em algunsnúmeros que transformaram o Ceará em referên-cia. De lá pra cá, por exemplo, o Estado passoude 15º para 2º exportador de frutas do Brasil.A agricultura irrigada deu uma guinada nasexportações, passando de R$ 1,9 milhão paraR$ 109 milhões, gerando 25 mil empregos a mais.

Quem poderia imaginar que o Ceará figurariana terceira posição do ranking de produção deflores no Brasil? Segundo Zuza, os principaispotenciais estão voltados para frutas, flores, leite,avicultura, tilápia, camarão e mel. Os que atingemmais os municípios do interior são mel, leite e

tilápia, esse último presente em 135 dos 184 muni-cípios cearenses, o que faz com que o Estado apa-rece na segunda posição de maior exportador doproduto no Brasil e primeiro do Nordeste. Já o lei-te está presente em 134 municípios, resultando emuma renda de R$ 356 milhões.

Segundo exportador de frutas frescas, o Cearátem hoje 40 mil hectares plantados e uma rendade R$ 600 milhões desses produtos. A fruticulturaé responsável por R$ 33.156.866,00 em negócios,correspondendo a uma participação de 3,6% dototal das exportações cearenses.

Em entrevista para a revista Brasil-Portugal noCeará, Zuza, que deixa em outubro o cargo de Di-retor Presidente da Agência de Desenvolvimentodo Ceará (Adece), traça um panorama dos princi-pais investimentos do Ceará em outras ramifica-ções de geração de renda, como as fontes de ener-gia alternativa e pontua as principais vantagenscompetitivas do Estado.

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12 Brasil-Portugal no Ceará

1Como o senhor vê a expansão daenergia solar e eólica nos próxi-mos anos?

A expansão das energias renová-veis tende a acontecer de forma ace-lerada nos próximos anos motiva-da por necessidades como: transi-ção mundial para uma economiade baixo carbono; incremento dageração energética brasileira queviabilize o crescimento da econo-mia do país; alta competitividadeno setor eólico apresentada nosúltimos leilões federais.

A energia eólica entrou definitiva-mente na matriz energética brasi-leira e já possui previsão de cres-cer sete vezes sua capacidade ins-talada nos próximos três anos. OGoverno tem que trabalhar forte noque tange às principais reivindi-cações do setor, tais como: a im-plantação de um centro de pesqui-sa e capacitação no Brasil, a aber-tura de novos mercados decomercialização (através de regula-mentos para atuação da energiaeólica no Ambiente de Contratação

Livre – ACL e Mecanismo de Rea-locação de Energia – MRE), a deso-neração tributária e viabilização deinfraestrutura logística adequadapara implementação dos projetos.

Quanto à energia solar, ações pon-tuais já estão sendo desenvolvidasno Brasil, como é o caso do proje-to "Megawatt Solar" da empresaEletrosul; do Fundo de Incentivoà Energia Solar - FIES do Governodo Estado do Ceará; e do projetode Pesquisa e Desenvolvimento daCemig que visa implantar uma usi-na de 3MW. Porém, nos próximosanos, o Brasil deverá adotar incen-tivos para promover empreendi-mentos de geração de energia defonte solar, tais como leilões es-pecíficos para referida fonte deenergia, regulamentação para ge-ração distribuída e planejamentode prédios públicos com eficiên-cia energética.

2Qual a avaliação para o ambien-te econômico do Ceará atualmen-te e qual o papel dos investidoresestrangeiros?

O Ceará está passando por ummomento importante na economia,com crescimento superior ao dopróprio país. Os investimentos sãograndes, tanto por parte do Gover-no com projetos estruturantes,como de investidores privados,inclusive estrangeiros, destacando-se os setores de geração de ener-gia, metal mecânica, mineração eagronegócios.

3Quais os principais instrumen-tos e vantagens competitivas doEstado?

Além da localização geográfica pri-vilegiada, que oferece vantagenscompetitivas importantes, há osincentivos fiscais que proporcio-nam ao empresário até 75% dediferimento do imposto de circu-lação de mercadorias – ICMS, du-

rante 10 anos, renováveis por igualperíodo, diferimento para comprade máquinas e equipamentos, in-centivos específicos para investi-mentos em energia eólica e solar ecentrais de distribuição. Tambémestão sendo feitos investimentosmaciços em projetos estruturantes.

4Quais projetos estruturantes o se-nhor destacaria como diferenciaise essenciais no Ceará e no Brasil?

O principal projeto estruturante doCeará é o Complexo Industrial ePortuário do Pecém, que além dasgarantias básicas de energia e água,tem siderúrgica e refinaria em cons-trução, aeroporto de cargas em pro-jeto, Zona de Processamento deExportação - ZPE em desenvolvi-mento, além do moderno porto emoperação e sendo ampliado, já sen-do o maior exportador de frutas,pescado e calçados do Brasil. Alémdisso, o Ceará tem ótima infraestru-tura hídrica que dá garantia de águae está investindo na geração deenergia renovável, tendo o maiorparque eólico em operação e o pri-meiro parque solar da AméricaLatina. Destaco também os inves-timentos do Estado em educaçãoprofissionalizante e infraestruturade informação digital.

5A Câmara Brasil-Portugal vem há10 anos promovendo negóciosentre países de língua portugue-sa aqui no Estado, incentivandoinvestimentos e até o intercâmbiocultural. Como o senhor vê a im-portância das Câmaras de Co-mércio?

As Câmaras de Comércio são par-ceiras importantes na promoção denegócios e atração de investimen-tos para o Ceará, sendo a CâmaraBrasil-Portugal a mais atuante dosetor, haja vista a importância cres-cente dos investimentos portugue-ses no Estado.

12 Brasil-Portugal no Ceará

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cplp | adesãopor Sarah Coelho

onstituindo-se como víncu-lo histórico e patrimôniocomum, a língua portugue-

sa tem sido o fundamento de um pro-jeto político entre países que, apesarde estarem geograficamente separados,identificam-se pelo idioma comum. Tra-ta-se da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (CPLP), criada em17 de julho de 1996 por Angola, Bra-sil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal, São Tomé e Príncipe eTimor-Leste.

Recentemente, mais um país tornou-se membro do bloco, a Guiné Equato-rial. Segundo o Secretário Executivo daCPLP, Domingos Simões Pereira, todosos países foram muito receptivos à che-gada do nono integrante: “Está sendoum processo positivo para todas as par-tes envolvidas. É muito positivo para aGuiné Equatorial aderir a uma comu-nidade como a CPLP, mas também é

muito importante que a CPLP exerçauma influência positiva no curso dascoisas da Guiné Equatorial”, comenta.

Nos últimos meses, vários países têmexpressado interesse em acompanhar otrabalho do grupo como membros ob-servadores ou plenos. As ações desen-volvidas têm objetivos precisos e tradu-zem-se em diretivas concretas, voltadaspara setores prioritários, como a Saú-de e a Educação. Para tal, procura-semobilizar interna e externamente esfor-ços e recursos, criando novos mecanis-mos e dinamizando os já existentes.

Neste esforço, são utilizados não ape-nas recursos cedidos pelos governosdos países membros, mas também, deforma crescente, os meios disponibili-zados através de parcerias com outrosorganismos internacionais, organiza-ções não-governamentais, empresas eentidades privadas, interessadas noapoio ao desenvolvimento social e eco-nômico dos países de língua portugue-sa. Para o secretário Domingos SimõesPereira sempre há algo a aprender coma experiência dos outros: “Vamos par-tilhar aquilo que é o bem mais impor-tante que nós temos: a solidariedade;os Estados participarem em igualdadede circunstâncias, independente de suainfluência econômica”.

C

AGORA SÃO NOVE:CPLP ACABA DERECEBER UM NOVOMEMBRO NO BLOCO

UMA COMUNIDADE DE

LÍNGUAPORTUGUESA,COM CERTEZA

Para o Secretário, a adesão da GuinéEquatorial deverá vir acompanhada deum resgate histórico, já que os territó-rios do País foram inicialmente portu-gueses, mas depois transitaram para aadministração espanhola. Dentre asações que já estão sendo executadas,está a elaboração de um acervo técnicoe bibliográfico em língua portuguesa ea implantação do programa de ensinodo português nas escolas básicas.“Estamos a pensar não só no regime,não só na política. Nós estamos a pen-sar na comunidade”.

Jul-Ago-Set 2011 13

DomingosSimõesPereira éSecretárioExecutivoda CPLP

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14 Brasil-Portugal no Ceará

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por José Nelson Bessa Maia, mestre em economia pelaUniversidade de Brasília (UnB), ex-assessor especial para assuntosinternacionais do Governo do Ceará, doutorando em RelaçõesInternacionais na UnB e atual coordenador de estudos econômicosna Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda

Portugal é Maiordo que a Crise

ortugal enfrenta uma situação de grave fra-gilidade econômico-financeira que o forçoua recorrer, pela primeira vez em três déca-

das, à ajuda externa. Uma fragilidade com consequen-te deterioração no seu tecido empresarial e bancário enas condições de vida e emprego de seus habitantese que reduz a capacidade do Estado nacional de ga-rantir proteção aos menos favorecidos, bem como depromover a igualdade de oportunidades e a mobili-dade social inerentes a um sistema democrático.

As eleições legislativas de junho de 2011 deramum alento de esperança. Diante da crise, os eleitoresportugueses manifestaram o desejo de mudança e de-ram um voto de confiança às forças de centro-direita(coligação PSD e o CDS/PP) para retirar o País da atu-al situação e recolocá-lo na rota da estabilidade finan-ceira e retomada do crescimento. Os desafios do novogoverno, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Pas-sos Coelho, são complexos e imensos.

Mais do que mudar políticas, o que está em jogo émodificar o próprio modelo de desenvolvimento eco-nômico e social do País. Para tal é necessário gover-nar de forma distinta e, sobretudo, governar melhor.Impõe-se, portanto, uma solução política que se tra-duza em um programa de reformas coerente paramudar Portugal, aprimorando a gestão pública e ascondições de competitividade de sua economia. Umarranjo sustentável que faça o País convergir para onível de desenvolvimento de seus parceiros europeuse restaurar o seu prestígio perante a comunidade in-ternacional.

Tendo em vista a necessidade de restabelecer con-dições de governabilidade, o novo Governo portugu-ês firmou com a União Europeia e o Fundo Monetá-rio Internacional (FMI) um pacote de ajuda de 78bilhões de euros em troca do compromisso de ajus-

tes econômicos, financeiros e estruturais. O Governotem agora como tarefa fundamental a realização deum audacioso programa de reformas com ênfase nosseguintes objetivos:

a) gerir e resolver a grave situação financeira, assu-mindo os custos e as condicionalidades inerentes àestabilização, executando um plano de ajuste finan-ceiro e um plano de emergência social, que proteja osmais vulneráveis;

b) criar condições para acelerar a retomada do cres-cimento econômico e a geração de empregos, por meiodo aumento na produtividade e competitividade comovias para o crescimento sustentado e ativação do mer-cado de trabalho;

c) garantir a continuidade do Estado do Bem-EstarSocial através de condições para a sua sustentabilidadeeconômica, financeira e intergeracional, evitando a ex-clusão social e assegurando repartição mais justa dossacrifícios, protegendo os grupos mais frágeis da so-ciedade, em especial os aposentados e pensionistas;

d) implementar transformações estruturaisrequeridas pelo crescimento sustentado, reduzindoo endividamento governamental e a sua despesa, es-pecialmente através da diminuição do tamanho daadministração pública e de sua ação empresarial; as-segurando a autonomia da autoridade estatal, a ges-tão profissional dos órgãos e empresas públicas e pro-piciando uma cultura de mérito e excelência, comfoco na qualidade dos serviços prestados ao cidadão;

f) aumentar a poupança nacional, reduzindo oendividamento externo, exportando mais e melhor edependendo menos das importações, através de po-líticas adequadas de ajustamento macroeconômico ereforço ao empreendedorismo; da ação externa coe-rente e de uma nova política energética;

P

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Jul-Ago-Set 2011 15

g) valorizar os novos setores estratégicos, em parti-cular os que têm maior impacto nos bens exportá-veis, dando a devida prioridade à agricultura, à pes-ca, ao turismo e à indústria cultural, promovendo aproteção ambiental e o desenvolvimento sustentáveldo território; e, por fim, mas não menos importante,

h) remover bloqueios e restrições à recuperação eco-nômica, com especial destaque para as reformasmicroeconômicas da concorrência; dos mercados detrabalho e imobiliário; do sistema fiscal e tributário, eda previdência social.

Trata-se, portanto, de uma agenda de reformas am-biciosas e até então sempre adiadas. No entanto, agravidade da crise exige a sua execução. O seu fielcumprimento imporá sacrifícios no curto prazo, po-rém, no médio e longo prazo, a economia portuguesasuperará sua trajetória anterior de baixo crescimentoe limitada geração de empregos, ampliando a interna-cionalização de suas empresas e a competitividade de

seus setores produtivos. A atual crise europeia pas-sará e Portugal deve preparar-se devidamente paracompetir num espaço concorrencial continental ain-da mais exigente do que o de pré-crise.

Além da frente europeia, Portugal conta com umtrunfo: a auspiciosa exposição e acesso ao dinâmicomundo emergente da Lusofonia, tanto o Brasil comoos demais países africanos de língua oficial portugue-sa. Países esses não apenas mais resilientes à crisefinanceira global, como caracterizados por promisso-ras expectativas de crescimento e consolidação de seusmercados internos. Mais uma razão para Portugal seantecipar e buscar estreitar suas relações com os paí-ses da CPLP. Portugal é maior do que a crise e o mo-mento requer tanto o empenho nas reformas internasquanto a retomada de sua vocação oceânica e osaprofundamentos de seus laços econômicos, políti-cos, comerciais e de cooperação com seus parceirosdas comunidades lusófonas. Para frente, Portugal!

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16 Brasil-Portugal no Ceará

Entretanto, por mais paradoxal que possa parecer,o setor industrial do Estado apresentou comportamentode variação positiva, em julho, quando comparado como mês anterior, para todas as variáveis apresentadas naTabela abaixo. A única explicação que se tem para issoé o incremento da economia fruto dos investimentospúblicos que estão sendo realizados nos Estado.

O comportamento daindústria cearense em 2011

uando analisamos os dados da indústriade transformação do estado do Ceará, nosprimeiros sete meses de 2011, verificamosque este setor passa por uma fase que pode-

ria ser designada de “descencional”. De fato, as estatís-ticas mostradas na tabela a seguir dão conta que, àexceção das exportações de produtos industrializados,todas as variáveis ali mostradas apresentam resulta-dos negativos quando comparadas com os primeirossete meses de 2010.

Este fato, na realidade, é reflexo da situação econô-mica do País, onde as políticas adotadas pelo Governosão diametralmente opostas à política de incentivo àindustrialização.

Veja-se que as três mais importantes variáveis macro-econômicas para o setor produtivo estão completamentedesalinhadas com a realidade do parque fabril cearense,quiçá do parque fabril brasileiro. São elas: a taxa dejuros, a carga fiscal e a taxa de câmbio.

Veja-se que durante esses primeiros setes meses, ataxa de juros foi uma variável ascendente, idem para acarga fiscal, ibdem para o valor do Real.

E quais são as perspectivas de mudança? Apesarde o COPOM ter diminuído a taxa SELIC em 0,5 pon-to percentual, a continuidade da queda na taxa de ju-ros não está garantida. Por outro lado, o fato de o Brasilpagar as maiores taxas de juros, continua a ser umincentivo para a entrada de divisas no País. Portanto,não há perspectiva de uma desvalorização do Real. E ainsistência de Governo em recriar a CPMF (e, com cer-teza, vai conseguir) é uma indicação que a carga fiscaltambém não cairá. Portanto, nada nos oferece razõespara sermos otimistas quanto ao comportamento as-cendente do setor industrial cearense.

Q

ESPAÇO IBEF

por Pedro Jorge Ramos Vianna,professor titular da UFC, aposentado

TABELAIndicadores Gerais da Indústria de Transformação - Ceará

Fonte: Fonte: FIEC/INDI/Unidade de Economia e Estatística – UEE

(a) Em junho de 2011; (b) Em maio de 2011; (c) Em junho de 2010.

Indicadores Julho / 2011 Junho / 2011 Julho /201

Julho /2010 Jan-Jul / 2011 Jan-Jul / 2010

Vendas Totais da Indústria 14,24 -5,73 -2,83

Pessoal Total Empregado 0,52 -6,43 -4,93

Horas Trabalhadas 3,71 -5,61 -6,78

Massa Salarial Real 9,30 -0,77 -3,85

Exportações de 10,97 7,02 5,88Produtos Industrializados

Utilização da Capacidade 85,96 83,98 88,24Instalada (nível %)

Variações Reais, em %

Portanto, é viável se pensar que o comportamen-to descendente do setor industrial cearense apre-sentado no primeiro semestre do corrente ano, dadoeste ponto de inflexão em julho, possa apresentarao final do ano, taxa de crescimento positiva, embo-ra modesta, com certeza.

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18 Brasil-Portugal no Ceará

economia | tendência por Samira de Castro

carteira assinada, equivalentes ao cres-cimento de 8,6% em relação ao esto-que de empregos de igual intervalo doano anterior. O incremento nas contra-tações decorreu da expansão primor-dialmente nas atividades de obras viá-rias e edificações.

No Ceará, além das obras da Copae do programa Minha Casa, MinhaVida a construção civil segue embala-da por projetos como a ampliação doterminal portuário do Pecém – com aconstrução do Terminal de Múltilplos

ECONSTRUÇÃO CIVIL BATE RECORDES DE CRESCIMENTO E EMPREGOS FORMAIS

m vias de receber os doisprincipais eventos esporti-vos do planeta – a Copa do

Mundo de Futebol de 2014 e as Olim-píadas de 2016 – o Brasil é hoje umverdadeiro canteiro de obras. Aliadosa estes empreendimentos, o país ex-perimenta uma fase de expansão docrédito imobiliário, a construção degrandes projetos de infraestrutura (so-bretudo nas áreas de geração de ener-gia e de transportes) e a execução domaior programa federal de habitação

popular, o Minha Casa Minha Vida.Tudo isto faz com que o setor de cons-trução civil brasileiro apresente taxaschinesas de crescimento.

O impacto das atividades da cons-trução civil reflete diretamente no mer-cado de trabalho formal brasileiro. Da-dos do Cadastro Geral de Emprega-dos e Desempregados (Caged), do Mi-nistério do Trabalho e Emprego (MTE),revelam que, de janeiro a julho desteano, o setor gerou 218.445 vagas com

CANTEIRODE OBRAS

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Usos (TMUT) –, em São Gonçalo doAmarante, e o início de empreendi-mentos como a Companhia Siderúr-gica do Pecém. Também continuam emfase de execução empreendimentosimobiliários e hoteleiros ao longo dolitoral, a exemplo dos recém-inaugu-rados resorts Vila Galé e Dom PedroLaguna. No campo da Saúde, o Go-verno do Estado inaugurou o Hospi-tal regional do Cariri, em Juazeiro doNorte, e está construindo unidade se-melhante em Sobral.

O presidente do Sindicato da In-dústria de Construção Civil do Ceará(Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Oli-veira Ferreira, explica que a atividadedo setor atingiu seu ápice no Estadoem 2010, com uma robusta taxa decrescimento de 13%, em relação ao anoanterior. Em 2009, o incremento che-gou a 6%. “O setor já esteve mais aque-cido. O aquecimento estava acima dolimite. Para este ano, acredito que va-mos crescer em torno de 4%, o que jáé um bom resultado, pois significa estaracima da média do PIB brasileiro, cujasestimativas apontam para uma alta de3,5%”, comenta.

Números do Instituto de Pesquisae Estratégia Econômica do Ceará(Ipece), ligado à Secretaria de Planeja-mento e Gestão (Seplag), reforçam obom momento ainda vivido pela cons-trução civil local. No segundo trimes-tre deste ano, o Valor Adicionado dosetor apresentou incremento de 7%

sobre igual intervalo de 2010. “O de-sempenho da Construção Civil no tri-mestre é corroborado pelo aumento doemprego formal, do ganho real dossalários, além do crédito direcionadoa atividade ao longo do período”, afir-ma Flávio Ataliba Barreto, diretor-ge-ral do Ipece.

Para Roberto Sérgio, o emprego nosetor continua aumentando, apesar dadiminuição no ritmo das vendas deimóveis. “Estamos com 41 mil traba-lhadores este ano. Tínhamos 27 milem agosto de 2008, na crise. Significaque crescemos 52%”. Acrescenta queo número de postos de trabalho sónão é maior por força do custo da mãode obra formal, que teve impacto de9,9%, influenciado pelo aumento dosalário mínimo. “Com relação aos cus-tos dos materiais, temos enfrentadoaumentos em itens como cimento, aço,PVC e fios e cabos”, completa.

Apesar da desaceleração da econo-mia brasileira como um todo, RobertoSérgio Ferreira frisa que o setor daconstrução civil no Estado mantém ootimismo com as obras da Copa, cujoexpoente máximo é o estádio Caste-lão, e com outros projetos em cursopara 2011. “O Governo do Estado vaifazer a estação de passageiros do Por-to do Mucuripe para os transatlânti-cos. Vamos aguardar o projeto da am-pliação do aeroporto Pinto Martins,que deverá ser licitado em outubro pelaInfraero”.

O Sinduscon-CE mantém programas de qualifi-cação voltados para todas as áreas profissionaisque compõem a construção civil. O objetivo, se-gundo Roberto Sérgio, é formar mão de obra es-pecializada, ajudando a suprir a necessidade dosetor com qualidade e eficiência. A mais nova em-preitada na área é a articulação do Sindicato coma Federação das Indústrias do Estado (Fiec) e aUniversidade Federal do Ceará (UFC) para via-bilizar a vinda do Instituto Tecnológico de Aero-náutica (ITA) para o Ceará.

Entre as ações em curso, ele destaca a Univer-sidade Corporativa do Sindicato (UNIConstruir),que, em um ano, já atendeu mais de 440 profissi-onais, entre engenheiros, advogados, calculistas,empresários, arquitetos, técnicos e estudantes. Jáo Projeto de Certificação de Pedreiros, realizadoem parceria com o Serviço Nacional de Aprendi-zagem Industrial (Senai), busca comprovar a qua-lidade dos profissionais da construção civil, comentrega de certificado de capacidade técnica.

Por meio do Programa de Capacitação Profis-sional, também fruto de parceria com o Senai, jáforam qualificadas oito turmas de operários nospróprios canteiros de obras, nas especialidades depedreiro, carpinteiro, armador, instalações hi-drossanitárias, pintura, assentador de revestimen-tos de cerâmica e eletricista. “Já o Programa Mu-lheres da Construção, em parceria com a Habita-for e apoio do Senai, reúne 100 mulheres das co-munidades de Maria Tomásia e Rosalina nas suasprimeiras turmas”, ressalta.

Capacitação

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20 Brasil-Portugal no Ceará

FIEC APOSTA NA APROXIMAÇÃO ENTRE OS PAÍSES LUSÓFONOS

REFORÇO NO

INTERCÂMBIOo momento de crise peloqual passa a economiaocidental, com reflexos

em todos os continentes, é preciso quese aumente a busca por novos negóci-os como única forma de superar osefeitos negativos que surgem, se mul-tiplicam e se expandem. A visão é dopresidente da Federação das Indústri-as do Estado do Ceará (FIEC), RobertoProença de Macêdo, para quem o En-contro de Negócios na Língua Portu-guesa (ENLP), que será realizado en-tre os dias 3 e 6 de outubro em Forta-leza, é importante iniciativa para afas-tar as preocupações, sobretudo por-

que potencializa a realização de negó-cios e parcerias diversas entre os paí-ses lusófonos.

Roberto Macêdo diz que a relaçãoentre esses países é favorecida em to-dos os aspectos por vetores como alíngua e a cultura comuns, apesar deestarem em espaço territorial distribu-ído por vários continentes. É com essaperspectiva que o Centro Internacio-nal de Negócios (CIN) da FIEC dedicaesforços para contribuir com essa apro-ximação mediante intercâmbio entre re-presentantes de países da comunida-de de língua portuguesa.

Em parceria com a Câmara BrasilPortugal, esse esforço vem se intensi-ficando nos últimos anos e ganhouamplitude a partir de 2009, com a rea-lização em Fortaleza do 5º EncontroInternacional de Negócios na LínguaPortuguesa. Desde então, afirma AnaKarina Frota, coordenadora em exer-cício do CIN, várias missões e encon-tros foram realizados. Ela cita como re-sultado dessa aproximação os proto-colos de intenções assinados entre aFIEC e a Associação Industrial do Dis-trito de Aveiro (AIDA) e a FIEC e aAssociação Nacional das EmpresasMetalúrgicas e Eletromecânicas de Por-tugal (ANEMM).

Com base nessas parcerias, afirmaAna Karina, são geradas ações estraté-gicas de negócio entre os países, comresultados concretos para a economiacearense. Na primeira missão empre-

N

fiec | diálogo por Davy Nascimento

sarial da AIDA e da ANEMM ao Cea-rá, por exemplo, realizada em maio de2010, com a participação de oito em-presas, foram abertas significativasoportunidades para empresas cearen-ses discutirem novos campos de coo-peração, de modo a promover o comér-cio entre os territórios e assegurar negó-cios e investimentos a médio prazo.

Outra ação de destaque nessa rela-ção foi a criação da Câmara Brasil-Angola no Ceará, em maio do ano pas-sado, cujo presidente é o empresárioRoberto Marinho, para quem o surgi-mento da Câmara é importante por cau-sa do relacionamento comercial entreo Brasil e continente africano estar naordem do dia, sobretudo quando sepercebe que a maioria dos países afri-canos possui um parque fabril insufi-ciente, o que impulsiona um fluxo deimportações crescente.

Para o ENLP que agora se realiza, oCIN coordena a segunda missão em-presarial da AIDA e da ANEMM aoCeará na perspectiva de que essa rela-ção se estreite cada vez mais. Por meioda preparação de rodadas de negócioe dos painéis setoriais, a FIEC/CIN pre-tende continuar criando condições paraque o comércio entre os países ocorraefetivamente, na certeza de que ummercado de quase 300 milhões de ha-bitantes que compartilham da mesmalíngua, de culturas complementares ecom muito interesse comercial tem to-das as condições de se consolidar.

Roberto Macêdo épresidente da FIEC

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Jul-Ago-Set 2011 21

informe publicitário

or meio do projeto de formaçãode caddies, desenvolvido emparceria com o Centro Tecnológi-

co de Turismo de Aquiraz (CTT), o Com-plexo Aquiraz Riviera capacita jovens decomunidades do município para auxiliaros profissionais e atletas de golfe nos cam-pos do empreendimento e em competi-ções dentro e fora do estado. Os jovensganham a oportunidade de trabalhar nolocal, podendo ser contratados conformeo serviço apresentado. Atualmente, dosgrupos de formação, o Aquiraz Rivierarecebe serviços de 20 jovens, 16 comocaddies e 4 em áreas de suporte.

P

No total, já foram realizadas duas edi-ções do curso, capacitando 50 jovens. “Amissão central do projeto é dar a oportu-nidade de crescimento profissional às pes-soas que estão entrando no mercado detrabalho e suprir a demanda nos postosde cargas com necessidade”, destacou Jor-ge Chaskelmann, diretor do Complexo.

Como referência de sucesso, destaca-se o caddie Rafael da Silva Monteiro. Ojovem, de 18 anos, foi recrutado em 2009por meio de um projeto da prefeitura nacomunidade da Praia do Presídio. Rafaelestá trabalhando há quase três anos noComplexo e, por mostrar jeito em suas pri-meiras tacadas, passou a treinar e partici-par de torneios internos do Clube de Golfdo Aquiraz Riviera. O jovem caddie foicampeão do 2º Torneio de Caddies doComplexo e eleito o melhor jogador doTorneio Interclubes Norte/Nordeste, emagosto deste ano, por efetuar o menor nú-mero de tacadas durante os dois dias doevento.“Rafael começou de um jeito meiotímido, mas logo mostrou seu potencial.É bom lembrarmos que grandes golfistas,hoje mundialmente conhecidos, foram um

ResponsabilidadeSocial dia jovens caddies”, destaca Maximiliano

Lima, professor de golfe do Aquiraz Riviera.Mais recentemente, em seu primeiro tor-

neio fora do Ceará, entre os dias 1o e 4 desetembro, em Sauípe (BA), Rafael foi umdos destaques da competição, não perden-do nenhum jogo por mais de dois bura-cos. O atleta recebeu elogios dos partici-pantes, inclusive do número 1 do rankingde melhor jogador amador de golfe do Bra-sil, o paulista Pedro da Costa Lima. ParaRafael, “a oportunidade dada pelo AquirazRiviera foi de fundamental importânciapara trilhar o início de um caminho desucesso. Fui contratado, ajudo e tenho oapoio da família e do Aquiraz Riviera paraum dia ser um grande golfista”.

O mais novo contratado já começa a as-sumir novas responsabilidades. Nos dias1o e 2 de outubro, junto a 15 jogadores degolfe, o caddie representará o AquirazRiviera no Golf Brasília Ceará, torneio deconfronto direto entre equipes das duaslocalidades. Além disso, Rafael integra umprojeto do empreendimento, que dispo-nibilizará aulas para crianças e adolescen-tes, como um dos instrutores.

Aquiraz Riviera dáchance de cresci-mento profissionalaos jovens do muni-cípio de Aquiraz

Jul-Ago-Set 2011 21

Rafael da Silva Monteiro: caddie deAquiraz é a promessa de sucesso

no golfe sob orientação do professor(e ex-caddie) Maximiliano Lima

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22 Brasil-Portugal no Ceará

comércio e as trocas sempre ladea-ram e impulsionaram o crescimen-to humano. Das navegações ultra-

marinas ao comércio virtual, passando pelasmais antigas associações profissionais até as câ-maras de comércio, os negócios nunca deixaramde influenciar nem os mais abstratos aspectosda vivência humana, como as manifestaçõesculturais – sejam seus elementos concretos (pro-dução típica de uma região) ou as imateriais(como língua, música, costumes e mitos).

É justamente levando em conta este contex-to, com o comércio como um dos meios maisamplos de alavancar a economia (e os demaisaspectos) de uma nação, que a Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBP-CE) realiza o segundoEncontro de Negócios na Língua Portuguesa(ENLP), de 3 a 6 de outubro, em Fortaleza (CE).A ideia é oportunizar a forte atuação de institui-ções associativas comerciais em países de lín-gua portuguesa para compensar carências (pro-dutivas, logísticas e de demanda) e aprimorarlaços comerciais entre os principais eixos daeconomia lusófona.

De acordo com o presidente da CBP-CE, Jor-ge Duarte Chaskelmann, “cerca de 300 milhõesde pessoas em todo o mundo partilham a lín-gua portuguesa, mas precisam de oportunida-des para dialogar e crescer”. O ENLP se confi-gura, assim, como “um esforço para ultrapas-sar os 10% de exploração efetiva de seu poten-cial de transações – índice excessivamente tí-mido e distante do razoável”.

Um dos grandes diferenciais do ENLP é oamplo leque de eixos temáticos abordados, quecontemplará das ramificações específicas do

comércio (como a indústria e o agronegócio, quefornecem produtos em larga escala) aos segmen-tos dos quais o comércio depende ou influen-cia de maneira mais indireta (como a educação/capacitação profissional e a cultura). Com a li-derança pessoal dos diretores da CBP-CE, cadaeixo exporá experiências, sondará carências eexplorará potencialidades entre os presentes,construindo as bases para uma intensa troca embenefício mútuo. Entre os eixos abordados noENLP, estão: Agronegócio; Indústria; Comércioexterior/Logística; Serviços; Construção Civil;Turismo; Energias renováveis; Meio ambiente;Tecnologia da informação; Educação; e Jurídico.

Com a aproximação do evento, mais autori-dades e novas delegações confirmam presen-ça. O secretário-executivo da Câmara de Co-mércio Exterior (Camex) do Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exteriorbrasileiro, Emílio Garofalo Filho, é um dos queconfirmou presença. Ele ministrará a palestramagna na abertura do ENLP, no La MaisonColiseu.

OSEGUNDA EDIÇÃODO EVENTO, COMFOCO NA SINERGIADAS INSTITUIÇÕESENVOLVIDAS, O EN-CONTRO DE NEGÓ-CIOS NA LÍNGUAPORTUGUESA(ENLP) PROMOVEUMA MAIOR INTE-RAÇÃO ENTRE ÓR-GÃOS E ASSOCIA-ÇÕES REPRESEN-TADOS DURANTEOS DIVERSOS DE-BATES AO LONGODO ENCONTRO

CONSTRUINDONEGÓCIOS E

enlp | comércio exterior por Aloisio Menescal

CONHECIMENTO

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Jul-Ago-Set 2011 23

Também sinalizaram positivamente com re-lação à participação, as delegações da cidadede Moura e da Associação Comercial de Lisboa(mais antiga associação empresarial de Portu-gal, fundada em 1834), que conta com cerca de700 empresas sócias e promove o desenvolvi-mento de atividades e serviços no comércio ex-terno, buscando a internacionalização das ações.

Realizado em parceria com a Prática Even-tos, empresa associada à CBP-CE, o ENLP es-pera cerca de 300 participantes do Brasil e dediversos países de língua portuguesa – entreempresários, profissionais liberais, autoridades,pesquisadores, expoentes da cultura, represen-tantes de entidades de classe, instituições e câ-maras de comércio. O objetivo do evento é con-tribuir para a aproximação e intercâmbio entreos participantes da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (CPLP), ao longo de umaprogramação centrada em temas como: meio am-biente, agronegócios, comércio exterior/logística,construção civil, energias renováveis, indústria,serviços, tecnologia da informação e turismo.

Dentre as instituições confirmadas para inte-grar este encontro, e assim alavancar os diálo-

gos e seus resultados efetivos, estão: a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),Agência para o Investimento e Comércio Exter-no de Portugal (AICEP), Associação Industrialdo Distrito de Aveiro (AIDA), Braselco, Federa-ção das Indústrias do Estado do Ceará/CentroInternacional de Negócios (FIEC/CIN), Associ-ação Nacional das Empresas Metalúrgicas eEletromecânicas (ANEMM), Associação Comer-cial de Lisboa, Confederação Internacional dosEmpresários Portugueses (CIEPS).

O encontro conta com o apoio de: Conselhodas Câmaras Portuguesas de Comércio no Bra-sil e da Câmara Brasil-Angola no Ceará, Associ-ação Comercial de Lisboa, Associação Nacionaldas Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas,Câmara Brasil-Angola no Ceará, Câmara de Co-mércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Mo-çambique (CCIABM), Câmara de Comércio eIndústria Luso Brasileira, Confederação Inter-nacional dos Empresários Portugueses, Confe-deração Empresarial da CPLP (CE-CPLP), Con-selho das Câmaras Portuguesas no Brasil, Pre-feitura Municipal de Fortaleza – (através daSETFOR) e SindEventos.

SERVIÇO:Encontro de NegóciosEncontro de NegóciosEncontro de NegóciosEncontro de NegóciosEncontro de Negóciosnnnnna Língua Portuguesaa Língua Portuguesaa Língua Portuguesaa Língua Portuguesaa Língua PortuguesaDe 3 a 6 de outubro, no La MaisonColiseu (Av. Eng. Luiz Vieira, 555Papicu - Fortaleza-CE)Confira a programação completa:,www.negociosnalinguaportuguesa.com

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24 Brasil-Portugal no Ceará

negócios | áfrica por Gabriela Alves

FEIRA INTERNACIONAL DE LUANDA FOCA EM TURISMOE RECEBE BRASIL COMO CONVIDADO DE HONRA

OS DESAFIOSDA ATRAÇÃO DE

INVESTIMENTOS

A Feira Internacional de Lu-anda (Angola), realizadaentre 19 e 24 de julho,

teve como tema central “Os desafiosda atração de investimentos” e contoucom cerca de 750 expositores de vári-os ramos da atividade econômica, en-tre angolanos e estrangeiros. A ediçãodeste ano teve como convidado dehonra o Brasil, que participou do even-to com mais de 30 expositores.

Com a abertura de um pavilhão ex-clusivo para a exposição de produtose serviços turísticos, com vista à pro-moção das potencialidades de Angola,o evento também foi ocasião de estreiade países como Quênia, Indonésia eCabo Verde, atraindo mais de 40 milvisitantes em sua 28ª edição. O turis-mo teve destaque na edição da Filda

2011. O objetivo era permitir que osoperadores inscritos no Instituto Naci-onal de Fomento Turístico (Infotur) ex-pusessem os seus produtos e serviços,assim como firmassem parcerias denegócios com os estrangeiros presentes.

O Encontro de Empresários para aCooperação Econômica e Comercial en-tre a China e os Países de Língua Portu-guesa aconteceu paralelamente à Filda.O evento foi organizado pela Câmarade Comércio e Indústria de Angola,junto com o Conselho para a Promo-ção do Comércio Internacional da Chi-na e com o Instituto de Promoção doComércio e do Investimento de Macau.

Também durante a feira, no dia de-dicado ao Brasil, o presidente da Câ-mara Brasil-Angola no Ceará, RobertoMarinho, fez a apresentação do Encon-

tro de Negócios na Língua Portuguesa(ENLP). “Ótima oportunidade paracompartilhar as informações com ospresidentes das Agências de Investi-mento dos países da CPLP, empresá-rios e interessados pelos negócios in-ternacionais”, afirma Marinho.

Com 23 países inscritos este ano, aFilda é uma feira de negócios que jun-ta anualmente, desde 1983, empreen-dedores angolanos e estrangeiros paraexpor produtos e serviços e estabelecercontatos para negócios. A feira é organi-zada pela FIL, empresa de capitais pú-blicos com a finalidade de promoveras potencialidades do mercado angola-no e angariar investimentos diretos.

Roberto Marinho, presidenteda CBA, e Dijalma Mariano,

Conselheiro da Embaixada do Brasilem Angola no encerramento da Filda

Luanda é palcoda maior feira de

negócios da África

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Jul-Ago-Set 2011 25

A Ceará Trade Brasil, parceirae sócia da Câmara Brasil-Portugalno Ceará (CBP-CE), foi contratadapelo Sebrae/ES, para coordenaruma missão técnica à África doSul e Moçambique com o intuitode apresentar o mercado, as possi-bilidades de cooperação e oportu-nidades nestes dois países, aos em-presários capixabas. A missãoaconteceu de 30 de agosto a 6 desetembro e, com uma intensa pro-gramação nos dois países, os em-presários tiveram condições devisualizar os concorrentes de seusprodutos, analisar embalagens,adequações necessárias, preços demercado, oportunidades de negó-cio e conhecer mesmo que breve-mente os países visitados.

Foram realizadas várias visitasdurante a estadia na África do Sul,como: a embaixada Brasileira emPretória, a Feira Agri Expo, SE-DA – Small Enterprise Develop-ment Agency (Congênere do Se-brae), a SEOBI (AS EssentialOil Business Incubator), a AfricaCash & Carry, ao Estádio SoccerCity (oportunidades para a copa2014), ao Shopping Center emSoweto e diversos pontos de comér-cio e turísticos de forma a enten-der o funcionamento de Johannes-burg, Pretória e Soweto. Em Mo-çambique, a Ceará Trade Brasilmarcou presença ainda na FeiraAgro–Pecuária, Comercial e In-

Missão Empresarial àÁfrica do Sul e Moçambique

dustrial de Moçambique - FACIM2011, interagindo com os exposito-res, e realizou visitas à Embaixa-da Brasileira, ao IPEME – Insti-tuto para a Promoção das Peque-nas e Médias Empresas, ao CPI –Centro de Promoção de Investi-mentos e na Câmara de ComércioMoçambique Brasil. “Em todas asreuniões os empresários tiveramacesso a importantes informaçõesde mercado sob a ótica das diver-sas instituições de fomento aos ne-gócios. A possibilidade de parceri-as foi apresentada e o assunto serácontinuado através da Consultoriada Ceará Trade Brasil que temContrato até novembro com o Se-brae Espírito Santo”, explica Ro-berto Marinho, diretor da CearáTrade Brasil.

O Encontro de Negócios na Lín-gua Portuguesa (ENLP) foi apre-sentado para os empresários sulafricanos e moçambicanos, comoforma de mostrar a importânciapara eles de interagir com o mer-cado de língua portuguesa do Bra-sil e dos outros países, as grandesoportunidades de negócio e o inte-resse dos empresários brasileirosem fazer negócios com a África doSul. Na oportunidade, a CearáTrade Brasil entabulou um acordode parceria com a Q&A Comuni-cação e Eventos (que será assina-do durante o ENLP), para partici-pação com diversas empresas bra-

sileiras nas principais feiras daÁfrica como FACIM - Moçambique,SAITEX – África do Sul, ConstroiAngola, SABA – Tanzânia e GlobalExpo – Botswana, em condiçõesespeciais. Em julho, durante aFilda, já havia sido firmado acordoda FIL Angola com a Câmara Bra-sil-Angola no Ceará, garantindoespaços para empresários brasilei-ros durante os próximos anos,também em condições especiais.

Roberto Marinhoem conferênciacom o presidenteda Câmara deComércio Moçam-bique-Brasil, Ro-gério Samo Gudo;estande SEOBI(Incubadora SulAfricana) na Filda;empresários emvisita técnica àSEDA, na Áfricado Sul; abaixo,à esq., Centro deMaputo, capitalmoçambicana

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26 Brasil-Portugal no Ceará

por Rodrigo da Fonseca Chauvet, mestrando em Direito Econômicoe Desenvolvimento e pós-graduado em Direito Administrativo-Empresarial pela Universidade Cândido Mendes/RJ (UCAM),bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ), advogado do Escritório Trigueiro Fontes Advogados

O regime diferenciado decontratações públicas paraa Copa do Mundo de 2014 eos Jogos Olímpicos de 2016

or meio da Lei nº 12.462, de 05 de agosto de2011, instituiu-se o Regime Diferenciado deContratações Públicas (RDC). O novo regi-

me foi criado com o objetivo principal de viabilizar, emtempo hábil, a implementação da infraestrutura neces-sária para a realização da Copa do Mundo de 2014 edos Jogos Olímpicos de 2016.

A seguir serão apresentadas as hipóteses de aplica-ção do regime, além de seus principais aspectos, comoa contratação integrada, a inversão de fases na licitaçãoe o contrato de eficiência. Abordaremos ainda os pontosque já nasceram controvertidos, como a dispensa deapresentação de projeto básico pelo licitante, caso ado-tada a contratação integrada e o sigilo do orçamento.

Um primeiro ponto a ser analisado consiste na ava-liação das hipóteses nas quais poderá o administradorpúblico utilizar o RDC. Conforme disposto no artigo1º da Lei nº 12.462/2011, o regime poderá ser adotadonas licitações e contratos necessários à realização: a)dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, cons-tantes na Carteira de Projetos Olímpicos definida pelaAutoridade Pública Olímpica (APO); b) da Copa dasConfederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014,restringindo-se, no caso de obras públicas, àquelasconstantes da matriz de responsabilidades celebradaentre a União, Estados, Distrito Federal e Municípiose; c) de obras de infraestrutura e serviços para os aero-portos das capitais dos Estados da Federação distantesaté 350km das cidades sede dos referidos eventos.

Para a total compreensão das hipóteses de aplica-ção, importante avaliar em que consiste a mencionadaCarteira de Projetos Olímpicos, bem como a referidamatriz de responsabilidades. Tratando da primeiradelas, tem-se que, com a eleição do Município do Riode Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, aUnião, o Estado e o Município do Rio de Janeiro for-malizaram um Protocolo de Intenções, convertido naLei nº 12.396, de 21 de março de 2011. Seu objetivobásico consistiu na criação da Autoridade Pública Olím-pica (APO), autarquia especial responsável pela apro-vação da Carteira de Projetos Olímpicos, definida comoo “conjunto de obras e serviços selecionados pela APOcomo essenciais à realização dos Jogos Olímpicos eParaolímpicos de 2016.” Assim, as obras e serviçosconstantes na Carteira de Projetos Olímpicos poderãoser submetidos ao novo regime.

A matriz de responsabilidades, por sua vez, é defi-nida como o ”documento vinculante que estipula asobrigações de cada um dos seus signatários para com aorganização e realização dos Jogos”. Em tal documen-to, portanto, firmado pela União, Estados e Municípi-os que sediarão jogos da Copa das Confederações de2013 e da Copa do Mundo de 2014, foram elencadosas obras e os serviços necessários à realização dos even-tos e que também poderão ser contratados a partir dautilização do RDC.

Superadas as hipóteses de aplicação de novo regi-me, necessário se faz a abordagem de suas principais

P

pág

ina

jurí

dic

a | o

bras

púb

licas

Page 27: Revista Brasil Portugal Edição 8

Jul-Ago-Set 2011 27

características. Uma novidade do RDC é a denomina-da contratação integrada que, conforme definição con-tida no artigo 9º, §1º, da Lei nº 12.462/2011, “compre-ende a elaboração e o desenvolvimento dos projetosbásico e executivo, a execução das obras e serviços deengenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias esuficientes para a entrega final do objeto”.

Seguindo a linha da agilidade do RDC (afinal decontas estamos cada vez mais perto da Copa do Mun-do e dos Jogos Olímpicos e muito se tem falado sobreo atraso nas obras), a empresa contratada atuará emtodas as etapas da obra ou da prestação dos serviços,incluindo a elaboração do projeto básico, ponto quetem gerado grandes debates.

Isso porque, no modelo tradicional, regido pela Leinº 8.666/93, a própria Administração Pública é res-ponsável pela elaboração do Projeto Básico. Infere-seda sua própria denominação tratar-se de um projetoque fixa todas as características da obra ou serviço,permitindo uma exata definição do objeto da licitaçãoe da finalidade a ser atingida pela Administração Pú-blica com a execução da obra ou serviço. A despeito davalidade do argumento segundo o qual a iniciativa pri-vada poderá elaborar com maior eficiência e qualidadeo referido projeto, a ausência de sua apresentação pelaAdministração Pública pode dificultar o julgamentoobjetivo da licitação, diante da falta de um objeto claroa ser licitado.

Necessário elucidar apenas que o RDC prevê, emsubstituição ao aludido projeto básico, a apresentação,pelo ente licitante, de um “anteprojeto de engenhariaque contemple os documentos técnicos destinados apossibilitar a caracterização da obra ou serviço (...)”.1Argumenta-se, entretanto, que o anteprojeto, mais sim-ples e menos detalhista, dificultará, como já exposto, adefinição do real objeto da licitação e poderá atrapa-lhar o julgamento do certame com base em projetosbásicos distintos elaborados pelos próprios licitantes.

Um ponto que tem acirrado ânimos nas discus-sões relativas ao RDC se refere ao orçamento previs-to para a contratação. Isso porque é permitido à Ad-ministração a manutenção do orçamento em sigilo

até o encerramento da licitação, ressalvando-se olivre acesso às informações, a qualquer tempo, pelosórgãos de controle.

Fugindo de uma avaliação maniqueísta, é possívelenxergar prós e contras com a medida. Por um lado,argumenta-se que a parcial ocultação do orçamento podefavorecer licitantes que, ilegalmente, tenham acesso aosvalores que pretende a Administração Pública disporcom a contratação. Por outro, a não divulgação do orça-mento pode conceder à Administração Pública maiorpoder de negociação, já que nenhum licitante saberá, apriori, o valor que estará o Poder Público disposto apagar pelo trabalho, reduzindo-se, em tese, o valor daspropostas.

Outro aspecto a ser analisado, e que também estádiretamente relacionado ao escopo do novo regime deacelerar as contratações, consiste na inversão de fasesna licitação, com a postergação, como regra, da fase dehabilitação, mecanismo já previsto na Lei nº 10.520/02. Neste modelo, apenas o licitante que apresentar amelhor proposta terá a documentação de habilitaçãoexigida no edital avaliada. Tal fato reduz o tempo deexame dos documentos, bem como minimiza aschances de discussões judiciais relativas à habilitaçãose comparado ao regime tradicional, no qual a docu-mentação de todos os participantes do certame é anali-sada antes da abertura das propostas.

Uma última característica a ser abordada se refere aocontrato de eficiência previsto no RDC. Em síntese,será celebrado o referido contrato quando adotado ocritério de julgamento maior retorno econômico, pre-visto no artigo 18, inciso V, da Lei nº 12.462/2011. Seuobjetivo é proporcionar maior economia para a Admi-nistração Pública decorrente da execução do contrato,com a redução de despesas correntes, sendo o contra-tado remunerado com base em um percentual da eco-nomia gerada.

Esses, portanto, são alguns aspectos de relevânciado Regime Diferenciado de Contratações Públicas, quedemandarão a atuação firme do Judiciário, exigindoatenção e preparo do setor privado envolvido na ca-deia de projetos relativos à Copa do Mundo de 2014 eaos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

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28 Brasil-Portugal no Ceará

comércio | internacional por Samira de Castro

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Jul-Ago-Set 2011 29

IMPORTAÇÃOdeINSUMOS

Ceará vem apresentando am-pla expansão nas transaçõescomerciais com o resto do

mundo. Em 2010, a corrente de comérciodo Estado - a soma dos bens exportados eimportados - alcançou a marca recorde deUS$ 3,4 bilhões, conforme o estudo “Aná-lise do Desempenho do Comércio Exteri-or do Ceará 2010 – 2011”, elaborado peloInstituto de Pesquisa e Estratégia Econô-mica do Ceará (Ipece), órgão vinculado àSecretaria de Planejamento e Gestão (Se-plag) do Governo do Estado. Ao mesmotempo em que embarca castanha de caju,frutas frescas, calçados e têxteis para as exi-gentes prateleiras do mercado internacio-nal, o Estado sofistica a sua pauta de impor-tações, com a aquisição de produtos meta-lúrgicos, máquinas e material elétrico.

O

De acordo com o documento, as expor-tações cearenses apresentam uma clara ten-dência de ascensão, nos últimos 20 anos,intensificada a partir do ano de 2000. Poroutro lado, as importações, após registra-rem um comportamento oscilante de bai-xa no período de 1996 a 2005, passaramtambém a apresentar, a partir desse últimoano, uma trajetória de expansão em ritmobem superior ao verificado nas exporta-ções do Estado. Resultado deste movimen-to, conforme explicam os responsáveispelo documento do Ipece, Ana CristinaLima M Souza, Débora Gaspar Feitosa eAlexsandre Lira Cavalcante, foi um déficitde US$ 899,7 milhões na balança comer-cial cearense, representada pela diferençaentre exportações e importações.

Segundo a equipe técnica do Ipece, foia partir do ano de 2006, que o Ceará vol-tou a apresentar uma sequência de suces-sivos déficits comerciais, após três anosde superávit, chegando a obter o maiorvalor negativo no ano passado. Esse re-sultado foi decorrente, principalmente, dogrande incremento no valor das importa-ções locais: o Estado passou a adquirirprodutos de maior valor agregado que fo-

CORRENTE DECOMÉRCIO DO

CEARÁ ATINGE MARCARECORDE

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30 Brasil-Portugal no Ceará

ram necessários para garantir a ex-pansão dos investimentos locaisconforme vem sendo observado nosúltimos anos. “A maior parte des-ses produtos importados não sãosupérfluos. São itens para equiparnosso parque industrial”, avaliaEduardo Bezerra, superintendentedo Centro Internacional de Negóci-os do Ceará (CIN-CE), ligado à Fe-deração das Indústrias (FIEC).

O atual estágio da economiacearense, que está vivenciando umprocesso mais acelerado de desen-volvimento, exige uma demanda debens de capital e de insumos in-dustriais que atenda a essa necessi-dade, o que tem gerado aumentonas importações desses produtos.Diante disso, o Ipece explica que arecorrência de saldos negativos nabalança comercial do Estado nosúltimos anos não foi resultado dequeda no valor exportado, mas fru-to da grande expansão nas com-pras externas. “Também não creioque o item de produtos para con-sumo interfira neste resultado, con-cordo que são bens de capital einsumos industriais, que são in-clusive os itens importados pelaCeará Trade Brasil para vender adistribuidoras e indústrias do Nor-deste”, avalia Roberto Marinho,presidente da Câmara Brasil-An-gola no Ceará e vice-presidente daCâmara Brasil-Portugal no Ceará.

Uma considerável parte das im-portações cearenses está diretamen-te relacionada às obras de infra-estrutura que vêm ocorrendo noCeará. Destacam-se os casos das usi-nas de energia MPX Pecém II Gera-

ção de Energia e Porto do Pecém Ge-ração de Energia S/A, além da Com-panhia de Cimento Portland Poty.A aquisição de veículos e materiaispara vias férreas ou semelhantes,utilizados na construção do Metro-for também pode explicar o avançonas importações em 2010.

MAIS PAÍSESE PRODUTOS

No acumulado do ano de 2010,as exportações cearenses registra-ram o valor de US$ 1.269,5 mi-lhões, não superando ainda amarca recorde de 2008 que foi deUS$ 1.274,9 milhões, resultado deum crescimento na ordem de17,5% frente ao ano anterior. ParaRoberto Marinho, também diretorda Ceará trade Brasil, um dos fa-tores que resultou na ampliaçãodas transações comerciais cearen-ses é que, em 2002, havia apenas67 países de destino para as ex-portações e hoje esse número giraem torno de 87. “Com esta diver-sificação do mercado destino, emcondições normais de atuação,crescem as possibilidades e, con-sequentemente, os valores expor-tados”, frisa, destacando o ladodas vendas externas.

Outra questão apontada porMarinho é o fato de a pauta deexportações ter sido acrescida porprodutos como calçados e, maisrecentemente, óleo bruto. “Temos

grande chance de exportar cadavez mais calçados de maior valoragregado, frutas, móveis, cosmé-ticos, rochas ornamentais, vestu-ário, entre outros”. Para ele, o quese pode chamar de produto “ma-de in Ceará” nas prateleiras domercado global hoje são itenscomo castanha de caju e frutas.

O executivo da Ceará TradeBrasil lembra que o dólar baixoprejudica as vendas de itens cea-renses no mercado mundial. “Masé um fator global e contra issopouco podemos fazer. O que po-demos e devemos fazer é buscarvantagens competitivas, agregarvalor com serviços, inovação,

Castanha de caju continuasendo um dos produtosmais exportados pelo Ceará

A produção defrutas tem crescidoe mantido comaltos índices deexportação

Concentram-se car-gas, com destino a

África, nos portos doCeará e de Pernam-

buco – ampliandoo volume atraindo

companhias marítimas

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Jul-Ago-Set 2011 31

Além de buscar novos mercados e a diversifi-cação da pauta, o que Eduardo Bezerra, do CIN-CE, chama de dever de casa de todo o empresa-riado local que pensa em longo prazo, é precisoampliar os canais de escoamento da produçãopara o mundo globalizado. Daí a importância, naavaliação de Roberto Marinho, dos investimentosfeitos pelos governos estadual e federal nos por-tos do Pecém (que passa por ampliação) e doMucuripe (em aumento de calado). No entanto,este último faz um alerta: excetuando-se EstadosUnidos e Europa, as rotas marítimas não bene-ficiam o Nordeste. Fato explicado pelo aindapequeno volume de cargas.

Em recente estudo feito pela Ceará Trade Bra-sil para a Associação Brasileira dos Sebrae esta-duais e Sebrae/CE (Abase), chegou-se à conclusãoque a concentração das cargas do Norte e Nor-

Novas rotasdeste nos portos do Ceará e de Pernambuco, comdestino à África, ampliam-se os volumes e comisto fica mais fácil a atração das companhias ma-rítimas para que criem rotas mais satisfatóriaspara o atendimento das empresas da região.“A questão é de volume”, resume Marinho.

Para Marinho, a interação entre os empresá-rios dos países de língua portuguesa com a finali-dade de gerar divisas, parcerias e fomentar inves-timentos nos setores que são gargalos será deter-minante para o sucesso dos negócios do Ceará, doNordeste e do Brasil neste novo momento de reor-ganização mundial. “Temos uma grande chance denos tornarmos protagonistas, desde que tenhamosvisão global e ação proativa. O cearense tem umaenorme capacidade de superação e tem que usarisso de maneira a tornar-se um grande player docomércio internacional brasileiro e mundial”.

tecnologia, cultura exportadora,novos mercados e é aí, novamen-te, que a África pode se tornar umgrande player para nossas expor-tações”, acrescenta.

Nos países de língua portugue-sa, avalia Roberto Marinho, o em-presariado local pode agregar aosprodutos treinamento, noções deempreendedorismo, transferênciade tecnologia, logística. “E isto nosdiferenciará da concorrência, li-vrando-nos do castigo do dólar bai-xo. Se lançarmos um olhar maisapurado para a África, poderemosaumentar ainda mais o número depaíses destino e os valores expor-tados, pois estudos demonstram

Page 32: Revista Brasil Portugal Edição 8

32 Brasil-Portugal no Ceará

que há um grande potencial naquelemercado e temos como atendê-los”, fri-sa ele, que também é gerente regionalda Câmara de Comércio, Indústria eAgropecuária Brasil Moçambique.

Marinho reconhece que muito temsido feito por órgãos como Sebrae,Apex, CIN/FIEC, câmaras de comér-cio, entre outros, para alavancar asexportações cearenses e – mais do queisto, fomentar uma cultura exportado-ra no empresariado local, seja ele dequalquer porte. “Porém, o mercadointerno pujante está criando uma né-voa nas ações das empresas que estãodesprezando o mercado internacionale mirando exclusivamente o públicodoméstico, o que é um erro, pois coma crise econômica e com a globalização,cada vez mais empresas internacionaisda Europa, Estados Unidos e China,se instalarão por aqui e trarão expertiseque, se não estivermos atuando nomercado internacional, não teremos, oque será um problema”, alerta.

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Jul-Ago-Set 2011 33

exportação | calçadospor Davy Nascimento

setor calçadista tem se nota-bilizado como o grandepotencializador do aumento

total de exportações cearenses na últimadécada. É o que indica a publicação “Cal-çados do Ceará”, que faz um panoramado atual cenário no Estado, apontando ocrescimento do setor em detrimento deoutros produtos, como alimentos e con-fecções, que também continuam sendobastante vendidos ao exterior.

OCEARÁ ACERTA O PASSOE LIDERA EXPORTAÇÕESNO MERCADO NACIONALDE CALÇADOS

LÍDER DOMERCADO

Organizada pela Agência de Desenvol-vimento do Estado do Ceará (Adece) emparceria com o Conselho Estadual de De-senvolvimento Econômico (Cede), a pes-quisa indica que a venda de calçados fi-nalizou o ano 2000 com a marca de US$81.284.307,00. Já em 2010, houve quase500% de aumento nos valores exporta-dos no setor, com US$ 403.466.381,00,cifras que ultrapassaram a venda da casta-nha de caju e de couros, que ficaram em

Indústria decalçados é modelo de

crescimento no estado

Page 34: Revista Brasil Portugal Edição 8

34 Brasil-Portugal no Ceará

2º e 3º lugares nas exportações, comcerca de 191 e 163 milhões de dó-lares, respectivamente.

Em valores, o Ceará fica atrásapenas do Rio Grande do Sul, quechegou ao final do ano passadocom US$ 712.273.310,00 em ar-recadação e com 30.006.571 pa-res vendidos. Porém, nesse que-sito, o estado do Ceará volta aotopo da lista e ganha destaque nocenário nacional pela venda de63.930.306 pares, ou seja, mais

que o dobro dos calçados gaúchos.O estudo refere-se à política de

atração de indústrias, implemen-tada pelo Governo Estadual a par-tir dos anos 90, como a fomenta-dora do recente desenvolvimentodo setor calçadista no Ceará. Alémdisso, justifica o fato do Estado teratraído a atenção de investidoresao setor, por conta da redução dos

custos da mão de obra, dos incen-tivos fiscais oferecidos e por suaposição geográfica privilegiada, já

que fica mais próximo de grandesmercados consumidores, como Es-tados Unidos e União Europeia,dando ao Estado o menor transittime do Brasil nesse percurso.

De 1996 a 2008, o setor coureirocalçadista cearense ampliou suaparticipação na produção nacional,por meio da Política de IncentivosFiscais e Tributários do Governo

do Estado. Somente nesse perío-do, houve um crescimento de300% na transformação industrialdo setor, que passou de 5,7% paraexitosos 16,9% em relação ao mer-cado nacional.

Em 2010, haviam duas empre-sas localizadas no Ceará que expor-tavam com valor agregado superiora US$ 50 milhões. Além dessas,

outras 12 trabalhavam com valoresmenores, mas não menos signifi-cativos, sendo seis, com até 1 mi-lhão de dólares; quatro, entre 1 e10 milhões; e outras duas entre 10e 50 milhões.

A atuação do setor no mercadonacional já está dando ótimos re-sultados. A indústria calçadista doCeará, dividida em sete polos deprodução – Metropolitano, Baturi-té, Litoral Leste/Jaguaribe, SertãoCentral, Inhamuns, Sobral/Ibiapabae Litoral Oeste - que agregam 31municípios, é hoje uma das quemais emprega. Somente em 2009,havia 62.365 industriários comcarteira assinada, ou seja, 20,5%do total de 304.873 empregos emmicro, pequenas, médias e gran-des empresas. Com isso, deixa paratrás um setor tradicionalmente re-conhecido pela quantidade de pos-tos de trabalho: a construção civil,que chegou ao final do mesmo anocom 58.435 carteiras assinadas.

Os calçados e botas em couronatural e sintético, destinados aopúblico adulto e infantil, são fabri-cados na Região Metropolitana deFortaleza (RMF), Litoral Leste eOeste, Sertão dos Inhamuns, regiãoCentro-Sul do Cariri e na região deBaturité. Já os tênis e similares es-portivos são produzidos, na mai-or parte, em Horizonte, SenadorPompeu, Crateús, Quixeramobime Itapipoca. Em Barbalha, Crato eJuazeiro do Norte estão concentra-das a maior parte das micro e pe-quenas empresas de sandálias deplástico e borracha. E os calçadosem plástico injetado (PVC) vêm deSobral, Crato e Fortaleza.

A Adece relaciona ainda comovantagens estratégicas do Estado astrês mil horas de sol por ano e aausência de granizo e geadas, alémda existência de 11 bacias hidro-gráficas integradas e de dois por-tos internacionais – Mucuripe, quefoi responsável por 28,8% do totaldas exportações cearenses em 2009,e Pecém, situado no município deSão Gonçalo do Amarante, a 56 kmde Fortaleza, cujos 58,6% das ex-portações cearenses, também em

Exportações dosPrincipais Setores

da IndústriaCearense 2000 –2010 (US$ FOB)

Exportações dosPrincipais Setores

da IndústriaCearense 2000 –2010 (US$ FOB)

Fonte:MDIC – ALICEWEB

Elaboração:UEE/INDI/FIEC

Fonte: AssociaçãoBrasileira das

Indústrias de Calçados(Abicalçados)

2010

403.466.381

191.071.233

163.865.883

70.676.802

47.055.433

46.538.112

43.629.881

8.319.945

3.015.829

848.152

Setor

Calçados

Castanha de caju

Couros

Têxtil

Alimentos

Metal-Mecânico

Ceras Vegetais

Confecções

Bebidas

Químico

2000

81.284.307

143.781.463

53.663.444

87.320.699

2.899.717

8.470.821

19.560.615

9.340.282

397.511

133.732

2005

205.298.956

142.167.984

117.114.030

122.942.717

12.057.777

37.127.495

21.286.569

26.667.672

738.447

916.957

Estados.

Rio Grande do Sul

Ceará

São Paulo

Bahia

Paraíba

Sergipe

Minas Gerais

Paraná

Santa Catarina

Mato Grosso do Sul

Pernambuco

Rio de Janeiro

Espírito Santo

Outros

Total

2009US$ - Pares

765.803.317 - 35.552.937

294.329.583 - 49.762.745

118.944.958 - 7.327.770

69.912.249 - 7.240.674

60.614.828 - 19.920.021

7.637.532 - 883.544

14.078.055 - 1.214.265

7.730.382 - 668.616

7.569.283 - 605.292

3.855.429 - 302.646

4.693.769 - 2.465.398

1.755.779 - 184.286

1.143.513 - 134.430

1.947.313 - 313.587

1.360.015.990 - 126.576.211

2010US$ - Pares

712.273.310 - 30.006.571

400.552.377 - 63.930.306

130.950.695 - 6.881.233

91.199.029 - 7.478.350

78.180.702 - 25.539.329

18.165.698 - 1.839.905

17.561.296 - 1.488.118

9.930.640 - 766.803

9.002.160 - 813.547

6.555.750 - 435.167

5.920.773 - 2.938.489

1.993.713 - 168.231

1.736.059 - 153.837

2.966.095 - 512.367

1.486.988.297 - 142.952.253

exportação | calçados

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Jul-Ago-Set 2011 35

2009, passaram por ele - que são asúltimas paradas de navios do Brasilpara o exterior.

A indústria do Ceará como umtodo cresceu muito no início de 2010,o que acabou gerando uma base decomparação alta. No caso do setorde calçados, principalmente, porqueo Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (MDIC)tinha aplicado medidas antidumpingpara produtos chineses, o que aju-dou a valorizar a competitividade daindústria nacional. Na relação entrejunho e julho de 2011, as vendas daindústria de transformação cearenseapresentaram alta de 14,24%.

Aumentam as vendas, aumentamos empregos. No indicador PessoalTotal Empregado houve um cresci-mento de 6,43% de julho de 2010 ajulho deste ano. O Ceará registrou acriação de 8.005 empregos formais,em agosto. Os dados são do Cadas-tro Geral de Empregados e Desem-

pregados (Caged), divulgados nodia 14 de setembro pelo Minis-tério do trabalho e Emprego(MTE), e apontam uma elevaçãoequivalente a 0,75%, em relaçãoao estoque de assalariados comcarteira assinada do mês anterior.No setor de calçados, o aumento

de empregos registrou o númerode 779 novos postos. O desenvol-vimento segue e a expectativa é quesejam aquefecidas ainda mais nospróximos meses, sobretudo moti-vado pelas festas de fim de ano ecom a injeção do 13º salário na eco-nomia local.

Só entre os mesesde junho e julho de2011 o setor reve-

lou crescimento emvários aspectos

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36 Brasil-Portugal no Ceará

mercado | hotelaria

“A Rede Vila Galé tem no seuslogan a frase ‘Sempre Perto deVocê’, que define muito bem o nos-so desejo de estar o mais próximode nossos clientes. Este evento fazparte de uma estratégia que dese-nhamos para que possamos reali-zar esse nosso intuito”, diz Adria-na Borges, gerente de vendas emarketing da rede no Brasil.

Dentre os sucessos na área de

om os objetivos de di-vulgar as novas campa-nhas de descontos para

clientes, destacar os diferenciais deserviço e de espaço físico dos ho-téis e apresentar ao Brasil o empre-endimento Vila Galé Cumbuco,localizado no Ceará, o grupo hote-leiro Vila Galé realizou, no dia 10de agosto, o Encontro Trade Brasí-lia, na capital federal.

C

por Renan Pinheiro

serviços dos empreendimentos darede, houve destaque para oSatsanga Spa Médico, primeiroSPA de caráter médico instaladodentro de um hotel (Vila Galé Cum-buco). O novo espaço é considera-do o mais estruturado da regiãoNorte-Nordeste do Brasil, disponi-bilizando tratamentos que visam obem-estar, medicina preventiva,curativa e diagnóstica.

Como destaque de promoção,figura o “Vila Galé Idade de Ouro”,campanha direcionada para maio-res de 60 anos e consiste em diári-as especiais em todos os resortsque operam em sistema all inclu-sive da rede no Brasil, tendo tam-bém desconto em programação delazer específica e em tratamentosde SPA. A promoção vale entre 1ºde agosto e 31 de outubro.

Ao todo, no Brasil, a rede totali-za seis empreendimentos: Vila Ga-lé Salvador (BA), Vila Galé Forta-leza (CE), Vila Galé Eco Resort doCabo (PE), Vila Galé Cumbuco(CE), Vila Galé Marés (BA) e VilaGalé Eco Resort de Angra (RJ). Jáem Portugal são 17 unidades nasregiões do Algarve, Beja, Cascais,Ericeira, Estoril, Lisboa, Coimbra,Porto e Arquipélago da Madeira.

CEARÁ NA ROTAINTERNACIONAL DOS

REDE DE HOTÉIS VILA GALÉ REALIZOU O ENCONTRO TRADEBRASÍLIA, APRESENTANDO O VILA GALÉ CUMBUCO E DANDODESTAQUE ÀS CAMPANHAS DE DESCONTOS PARA CLIENTES

TRADEBRASÍLIA

Equipe demarketing doVila Galé: “O TradeBrasília integra umaestratégia para quepossamos estarmais próximos denossos clientes”

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Jul-Ago-Set 2011 37

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38 Brasil-Portugal no Ceará

oportunidade | turismo por Manuela Barroso

CASABLANCATURISMO LANÇA OPROGRAMA JUNTOSNO MUNDO PARAVIAGENS EM GRUPOCOM CURSOS EENCONTROSPRÉVIOS, PACOTESESPECIAIS DEFINANCIAMENTOE O APOIO DE UMACOMPANHANTEDO COMEÇO AOFIM DA AVENTURA

onhecer novos lugares e ter com-panhia para dividir todas as sen-sações, visuais, aromas, sabores e

sorrisos. Tudo isso volta na bagagem de quemsabe que viajar é um dos maiores prazeres davida e que vivê-lo bem acompanhado faz todaa diferença. Foi por defender essa ideia que aCasablanca Turismo, sócia da CBP-CE, lan-çou o projeto Juntos no Mundo, idealizadopara realizar viagens em grupo aos melhoresdestinos do planeta com vantagens e preçosespeciais. Seja para aprender in loco a cultu-ra de um país, conhecer os pontos históricosde uma famosa cidade ou mesmo para fazercompras, o Juntos no Mundo é um programapara quem sabe que viajar requer uma prepa-ração e o acompanhamento profissional quedê todo o suporte ao viajante, garantindo se-gurança, tranquilidade e o máximo proveito.

Com datas pré-agendadas e garantidas, oJuntos no Mundo já possui oito pacotes fe-chados para os mais diversos lugares naAmérica do Sul, América do Norte e Europa.Alguns deles já estão marcados para oRéveillon, Carnaval e Semana Santa, mas os

grupos podem escolher a época e o destinoque preferirem. A partir de 20 pessoas, a via-gem já tem guia garantido para acompanhar ogrupo do começo ao fim da aventura. “Comoo slogan do projeto diz, ‘Viajar sozinho é pou-co, a dois é bom, em grupo é bom demais’. Éesse o nosso objetivo: proporcionar aos nos-sos clientes a emoção e a alegria de se viajarem grupo. São feitas amizades verdadeiras edivertidas que ficam marcadas para semprenão somente nas fotos, mas também na lem-brança de todos que compartilharam os mes-mos momentos inesquecíveis”, conta Cláu-dio Reges, gerente de vendas e lazer daCasablanca Turismo.

No Juntos no Mundo, ao fechar o pacote ogrupo já começa a viagem antes mesmo deembarcar. Na Academia Casablanca Turismo(ACT), programa de cursos gratuitosdirecionados aos clientes, os futuros viajan-tes participam de reuniões frequentes comdireito a aulas de noções básicas de fotografiapara registrar os melhores momentos comqualidade e precisão sem perder nenhumdetalhe, palestras sobre a história dos lugares

C

DIVERSÃODIVIDIDA,DIVERSÃOGARANTIDA

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Jul-Ago-Set 2011 39

que serão visitados, depoimentos de pesso-as que já conhecem o destino e dicas de pro-fissionais acerca dos mais variados assuntos,como o que levar na bagagem, como arrumarmala, documentação necessária, alimentação,entre outros.

Segundo Cláudio Reges, os fornecedoresdo projeto foram escolhidos com toda a aten-ção para tornar a viagem de seus clientes ines-quecível. “Temos hotéis de categoria superior,um acompanhante nosso saindo de Fortalezae os melhores guias turísticos locais nas cida-des a serem visitadas”. Outro diferencial doJuntos no Mundo é o uso das mídias digitaispara transmitir as novidades da viagem. “Atra-vés do Twitter e do Facebook da CasablancaTurismo os viajantes poderão atualizar suas fo-tos e vídeos e contar tudo sobre as aventurasque estarão vivendo”, lembra Cláudio Reges.

Com tantas vantagens, o Juntos no Mundoainda tem preços e formas de pagamento es-peciais, podendo ser financiado em até 10 ve-zes sem juros. Todos os pacotes ainda inclu-em bolsa e camiseta personalizadas, encon-tros pré-viagem e jantar de confraternização.

Réveillon em Buenos Aires (5 dias)A partir de 10x R$ 285,00 ou à vistaa partir de R$ 2.850,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta;traslados de chegada e saída; 4 noitesde hospedagem no hotel Aspen Towers4* com café da manhã; City Tour demeio dia em Buenos Aires; trasladosaeroporto / hotel / aeroporto.

Carnaval no Chile (8 dias)A partir de 10x R$ 275,52 ou à vistaa partir de R$ 2.755,20 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta; 6noites de hospedagem no hotel Torre-mayor 4* com café da manhã; city tourde meio dia em Santiago; passeio dedia inteiro a Viña Del Mar e Valpa-raíso; traslados de chegada e de saída.

Carnaval 2012 Miami e Orlando(11 dias)A partir de 10x R$ 344,40 ou à vistaa partir de R$ 3.444,00 + taxas porpessoa em apartamento quádruplo.Inclui: passagem aérea ida e volta; 10noites de hospedagem em Orlando noHotel Hampton Inn South Of Universalcom café; traslado hotel / MagicKingdom com ingressos, hotel Miami /Aeroporto Miami; tour de compras(prime / premium); jantar de confrater-nização no Planet Hollywood; trasladoHotel Orlando / Hotel Miami; 1 noitede hospedagem em Miami.

Europa Jovem (19 dias)Londres, Paris, Frankfurt, Rio Reno,Heidelberg, Lucerna, Zurich, Vaduz,Innsbruck, Veneza, Florença, Roma,Pisa, Costa Azul, Barcelona,Zaragoza e MadriA partir de 10x R$ 835,00 ou à vistaa partir de R$ 8.350,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta;traslados de chegada e saída; 17 noi-tes de hospedagem com café da ma-nhã; transporte em ônibus de turismo(padrão europeu); transporte em tremEurostar de Londres a Paris, classe tu-rística; guia durante todo o percurso

Pacotes Juntos no Mundode ônibus de Paris a Madri; visitasindicadas no itinerário com guia falan-do espanhol; cruzeiro pelo Rio Reno.

Leste Europeu – 2012 (10 dias)A partir de 10x R$ 520,50 ou à vistaa partir de R$ 5.205,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta;traslados de chegada e saída; 9 noitesde hospedagem com café da manhã;hotéis categoria 4*; guia em espanhol;ônibus com ar condicionado.

Réveillon em Nova Iorque (6 dias)A partir de 10x R$ 521,20 ou à vistaa partir de R$ 5.212,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta;traslados de chegada e saída; 5 noitesde hospedagem; city tour em NovaIorque.

Itália Clássica (9 dias)A partir de 10x R$ 415,30 ou à vistaa partir de R$ 4.153,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta; vi-sita panorâmica de Roma, Florença eVeneza com guia local; excursão aosmuseus Vaticanos, Capela Sistina eBasílica de São Pedro (entradas inclu-ídas) com guia local; visita a Pisa, Pá-dua, Verona e Milão comentado pornosso guia; visita a uma fábrica decristal de Murano; serviço de áudio in-dividual.

Réveillon em Paris (9 dias)A partir de 10x R$ 583,10 ou à vistaa partir de R$ 5.831,00 + taxas porpessoa em apartamento duplo.Inclui: passagem aérea ida e volta;traslados de chegada e saída; 8 noitesde hospedagem; café da manhã; citytour panorâmico de meio dia em Paris.

SERVIÇO:Mais informações: Casablanca TurismoTelefone: (85) 3466.6000www.casablancaturismo.com.br*Todos os pacotes estão sujeitos à confirma-ção e disponibilidade, e os preços variamconforme o câmbio do dia.

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40 Brasil-Portugal no Ceará

por Fernando Brites, presidente da Câmarade Comércio Brasil-Portugal Brasília-Goiás

As câmaras de comércioe a crise portuguesa

momento crítico que atinge gravemente aeconomia portuguesa está a impor sério pro-grama de sacrifícios sociais. Procurando

superar os graves efeitos deste momento de dificulda-des, Portugal despertou. Trocou o Governo e com cria-tividade, incumbe aos novos Ministros a importante ta-refa de percorrerem o mundo, na busca de saídas capa-zes de superar os efeitos da crise. Foi neste contexto quede 26 a 28 de julho se apresentou no Brasil o Ministrode Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.

Em Brasília, o Ministro Paulo Portas, deu especial aten-ção às mensagens que lhe trouxeram os Diretores daCâmara de Comércio Brasil-Portugal Brasília:

• O necessário reconhecimento recíproco dos proce-dimentos consulares.

• Consagrar a cultura como instrumento indutor denegócios.

• Importante contribuição que as treze Câmaras de Co-mércio Portuguesas no Brasil podem trazer a Portugal.

As questões trazidas ao Ministro Paulo Portas pelaCâmara de Comércio Brasil-Portugal Brasília, já são sobe-

jamente conhecidas do Governo Português. De longa data,o Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio noBrasil, realiza pesquisas na busca de identificar as razõesdo pequeno valor do comércio bilateral. As pesquisas,invariavelmente revelam forte peso concentrado em cin-co produtos exportados de Portugal para o Brasil e emcontrapartida, outros cinco produtos exportados do Bra-sil para Portugal. Entretanto, Portugal dedica-se a expor-tar duzentos produtos para todo o mundo e não exportaesses duzentos produtos para o Brasil.

Portugal se mostra para nós como a plataforma natu-ral para a entrada dos produtos brasileiros na Europa.Porém, as relações econômicas do Brasil e Portugal sãohoje embrionárias. Ao largo das teles, das empresas deenergia, vinho e bacalhau, o setor produtivo português édesconhecido no Brasil. Em que pese, falarmos o mes-mo idioma e os fortes laços que unem os dois países,esta condição não nos privilegia. O Brasil tem acordo dereconhecimento de procedimentos consulares assinadocom a França e não tem mesmo acordo assinado comPortugal. Tais são os entraves burocráticos, que, para fazerseus produtos chegarem a Portugal, por vezes, empresasbrasileiras se socorrerem dos portos da Alemanha.

Neste norte, as Câmaras de Comércio Brasil-Portugal,estrategicamente instaladas em catorze estados do Brasil,dispõem da capilaridade ideal para emprestarem a Portugaleficiente ambiente de negócios. É chegado o momentode Portugal reconhecer que as Câmaras de Comércio Por-tuguesas no Brasil estão aparelhadas para oferecer amplagama de serviços e informações estratégicas, indispensá-veis à realização de negócios com Portugal. Atuando comoagentes de fomento, as Câmaras de Comércio desfrutamde conhecimento e domínio do ambiente de negóciosque é diversificado nas várias regiões brasileiras e nestemomento, reúnem condições para oferecer propostas queajudem Portugal a minimizar os efeitos da séria crise eco-nômica, beneficiando-se deste momento em que o Brasildesfruta de privilegiado período de crescimento econô-mico, atraindo e exportando investimentos.

O

pág

ina

econ

ômic

a | s

uper

ação

"Não pretendemos que as coisas mudem se semprefazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que podeocorrer com as pessoas e países, porque a crise trazprogressos. A criatividade nasce da angústia, como odia nasce da noite escura. É na crise que nascem asinvenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e penú-rias, violenta seu próprio talento e respeita mais osproblemas do que as soluções. A verdadeira crise é acrise da incompetência... Sem crise não há desafios;sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia.Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora omelhor de cada um..."

Albert Einstein

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Jul-Ago-Set 2011 41

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42 Brasil-Portugal no Ceará

NO DIA 30 DE AGOSTO, ANTONIOJULIO DE JESUS TRINDADE,NOS DEIXOU. A COMUNIDADEPORTUGUESA E A SOCIEDADEFORTALEZENSE LAMENTAMA PARTIDA DA REFERÊNCIA DEALEGRIA E DA FESTA DA SEGUNDA-FEIRA MAIS FAMOSA DO MUNDO

á homens que se desta-cam por seu trabalho, porseu empreendedorismo

ou por seu empenho em obras soci-ais. Julio Trindade pode ser definidocomo um homem que se destacou nocenário cearense por essas três caracte-rísticas. Era um grande empreendedordo entretenimento, trabalhador exímioe construtor de ações sociais, na tenta-

H

homenagem | empreendedor

JULIOPIRATAD’IRACEMA,

por Sara Melo

O PORTUGUÊS APAIXONADOPELO CEARÁ

tiva de ajudar aqueles em situação derisco e que, por motivos diversos, nãotiveram boas oportunidades de desen-volvimento de vida. Abraçou a cultu-ra nordestina como se fosse a sua na-tal, difundindo o forró nas festas eshows que realizava e, consequente-mente, divulgando os artistas da terra.

Julio ficou conhecido em Fortalezapor ser proprietário do Pirata Bar, casa

de show em Fortaleza (CE) e que ficouconhecida internacionalmente com acitação do jornal americano The NewYork Times, por ter a “segunda-feiramais louca do mundo”. A diversãomusical ficava a cargo de diversas apre-sentações de forró, ritmo musical típi-co da região. A segunda-feira de festaaconteceu pela primeira vez em 1987,quando uma senhora desejou realizar

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Jul-Ago-Set 2011 43

seu aniversário no bar no dia inco-mum. A festa era ao som de forró e osconvidados, na maioria mulheres, nãotinham par para dançar. Assim, Juliodecidiu chamar os garçons, seguran-ças e cozinheiros para ser os pares nasdanças. A noite foi um sucesso e assimcomeçaram as festas das segundas.

UM PORTUGUÊSPELO MUNDO

A história de Julio Pirata d’Iracema,como gostava ser chamado, foi cheiade aventuras e viagens pelo mundo.Nasceu em Lisboa, em 1946. Sua fa-mília é de origem humilde, sua mãeera camponesa e o pai torneiro mecâ-nico. Sentia-se orgulhoso de ser filhode pais trabalhadores e atenciosos.

Em 1966, mudou-se para Paris e láresidiu por 15 anos, cidade que o aco-lheu de forma admirável e onde obte-ve vários ensinamentos que levariapara toda a vida. Nesse período, co-nheceu sua esposa, Yane, e tiveramseu único filho, Rodolphe. Os três fize-ram várias viagens pelo mundo, conhe-cendo os EUA, Canadá, Caribe até seestabelecerem no Brasil, em 1981.

Para ele, “passar a vida num lugarsó porque nasceu ali é muito como-dismo” e afirmava ainda que o lugarideal seria o que ele se identificasse.Todas as viagens eram planejadas. Ju-lio sempre pesquisava, colhia informa-ções dos locais que desejava visitar, oque facilitava a escolha da estadia e oplanejamento da viagem como umtodo. O senso de responsabilidade lheera caro, viveu várias aventuras emvários países, mas sem negligenciarconsideração importante na hora deescolher os destinos.

Nesses diversos países, Julio Trin-dade teve várias profissões como: re-cepcionista de hotel, garçom, pesca-dor, diretor de bar e pousada até tor-nar-se proprietário do Pirata. No Caribetrabalhou como garçom no restauran-te San Martin, onde serviu várias per-sonalidades como o ex-presidente nor-te americano Richard Nixon e Jaque-line Kennedy Onassis, esposa do tam-bém ex-presidente dos Estados Uni-dos John Kennedy. Quando chegou aoBrasil, primeiramente estabeleceu-sena Bahia, onde abriu seu primeiro bar,

o Banzo Bar. A convite de um amigoconheceu o Ceará e apenas seis me-ses depois dessa viagem, decidiumudar para a terra da luz.

UMA VIDA NO CEARÁAo chegar ao Ceará, estabeleceu-se

na Praia da Baleia, no município deItapipoca, onde comprou um barcolagosteiro, porém não obteve sucesso,devido a mudanças climáticas e à es-cassez da lagosta provocada pela pes-ca predatória. Naquela época, os pes-cadores não tinham a consciência ne-cessária para o respeito ao período dedefeso. Assim, com o fracasso do bar-co pesqueiro, a família decidiu mudar-se para Fortaleza no ano de 1985, umacidade em desenvolvimento.

Quando se estabeleceu em Fortale-za, as dificuldades não foram meno-res. O primeiro problema enfrentadoantes mesmo da inauguração do bar

foi com o nome, que apresentava re-jeição por parte de algumas pessoas.Mas Julio não desistiu da ideia e apos-tou no nome, mesmo enfrentando pes-soas com “nariz torcido por causa domeu bigodão, cabelos compridos e asroupas coloridas”, como ele mesmoafirmou. Algumas questões gráficas etipográficas também foram dificultosas,pois, na época, não existia em Fortale-za a tecnologia necessária para que fos-se desenvolvida a ideia que Julio que-ria. Mas mesmo com as dificuldades,Julio seguia com a cabeça erguida.

Porém, as ações do Pirata não fica-ram restritas ao lúdico. A preocupa-ção em ajudar os que necessitavamsempre esteve presente nos ideais deJulio Trindade. Assim, em 1991, foi

Apesar da resistência inicial dopúblico, Julio insistiu no nome e nabandeira para representar o Pirata

Bar e conquistou o sucesso

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44 Brasil-Portugal no Ceará

organizada a Fundação Pirata Marinhei-ros, que possui como valores: Soli-dariedade, marca do respeito às ne-cessidades e aos problemas da comu-nidade; Parceria, espírito de equipepara agregar conhecimentos para o de-senvolvimento social; Cidadania,compreendida como responsabilida-de social e individual; e Pluralidade,

reconhecimento das diferenças, assimcomo respeito a elas.

As ações têm como público as cri-anças e adolescentes em situações derisco, mulheres e pescadores das re-giões litorâneas de Itapipoca, Amon-tada e da região da praia de Iracema,em Fortaleza. A fundação conta comentidades parceiras que colaboram fi-

nanceiramente e conta também com aação de voluntários em atividades pe-dagógicas e esportivas.

Graças às ações sociais, houve o re-conhecimento por parte do setor pú-blico. Julio recebeu o título de Cida-dão Fortalezense, em 1999, concedi-do pela Prefeitura de Fortaleza. Em2007, foi concedido o título de Cida-dão Amontadense, conferido pela pre-feitura de Amontada, e o título de Ci-dadão Cearense conferido pela As-sembleia Legislativa do Ceará.

Em seus 26 anos como moradorde Fortaleza, foi provedor de grandeseventos de entretenimento que fize-ram a vida do fortalezense e dos tu-ristas ter mais graça e alegria. E, comessa ampla biografia, Julio Pirata d’Ira-cema deixa lembranças saudosas emtodos os clientes que frequentavamas festas animadas do Pirata, assimcomo em todos os cidadãos que eramatendidos pelos projetos sociais quedesenvolveu.

Julio Trindade:ícone do turismocearense

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informe publicitário

EDPCrescimento contínuo e sustentável

Brasil está em franco desenvolvimento eco-nômico e cada vez mais precisará de energiafirme e capaz de suportar a demanda do cres-

cimento industrial. Acreditamos que o Brasil apresentatodas as condições para prosseguir no rumo de forte de-senvolvimento e de continuado progresso na melhoriada qualidade de vida de toda a sua população. E o setorenergético é um dos pilares fundamentais para esse de-senvolvimento. Por isso, nos preparamos para contribuircom esse objetivo, investindo em Geração e Distribuição.

Desde 2005, quando abriu capital na Bolsa de Valores,a EDP teve uma valorização de seus papéis em 107%.Esses recursos captados desde então têm sido fundamen-tais para o desenvolvimento da estratégia da empresa. Nosúltimos cinco anos, a EDP realizou um investimento bilio-nário em projetos de expansão, especialmente no segmentode geração de energia. Entre os principais estão o aprovei-tamento hidrelétrico de Peixe Angical (TO), a expansãoda usina hidrelétrica de Mascarenhas e a conclusão dasPCHs São João e Santa Fé, no Espírito Santo.

Estes projetos levaram a empresa a mais que triplicar asua capacidade instalada, passando de 530 MW para1.827,9 MW. Até 2015, com os projetos já em construção,a previsão é chegar a 2.497 MW, com a entrada em opera-ção, em 2012, da Termelétrica de Energia Pecém, em For-taleza, e com a recém adquirida UHE Santo Antônio doJari, com capacidade 370 MW, localizada nos estados deAmapá e Pará. Hoje a empresa possui 17 usinas hidrelé-tricas de grande, médio ou pequeno porte, 3 parqueseólicos, além das suas distribuidoras – EDP Escelsa(Espirito Santo) e EDP Bandeirante (São Paulo)

O Para além de tudo que já foi feito, em 2010 a EDPiniciou a preparação para um novo ciclo. Definiu objeti-vos claros de longo prazo, com ênfase para a aposta nainovação, que terá um papel decisivo no prosseguimentodo caminho de sucesso. Mantendo o rumo estratégico decrescimento orientado, eficiência superior e risco contro-lado, investimos em ações para promover o desenvolvi-mento de novas práticas na empresa e na sociedade, vi-sando a um horizonte de dez anos.

Mas as decisões de investimento, além de asseguraremrentabilidade adequada aos acionistas e contribuírem paraa robustez do Setor Elétrico Nacional, foram e serão sem-pre tomadas com base em rigorosos princípios de defesado equilíbrio social e ambiental. Por adotarmos estas prá-ticas, estamos listados no Índice Sustentabilidade Em-presarial (ISE) da Bovespa.

A EDP foi responsável por implantar a primeira redede abastecimento elétrico do Brasil e por desenvolver amaior frota de veículos elétricos do País por meio dadoação de bicicletas elétricas para organizações de segu-rança pública. Também possuímos uma política de açõesde eficiência energética e redes inteligentes, promoven-do o desenvolvimento de tecnologias energéticas maislimpas e eficientes, assim como o uso racional e seguroda energia.

Para os próximos anos, manteremos nosso plano denegócios o crescimento em geração mantendo um equilí-brio adequado entre as contribuições da distribuição e dageração para a criação de valor, num contexto em que sedará atenção particular à inovação, à qualidade da gestãodo capital humano e sustentabilidade.

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46 Brasil-Portugal no Ceará

stimular atitudes que levembem-estar ao relacionamen-to entre motoristas, moto-

ciclistas, ciclistas e pedestres, tornan-do o trânsito um ambiente mais gen-til e respeitoso. Esse é o objetivo cen-tral da mais nova ação de sucesso ide-alizada pela AD2M Engenharia deComunicação, a campanha “TrânsitoLeve”. Focada no estímulo a açõessimples do cotidiano, como buzinarmenos e ceder a passagem a outrosveículos, a campanha teve início nocomeço do mês de julho com a distri-buição de adesivos e nas mídias digi-tais, com as postagens de ilustrações,fotos, vídeos e frases criadas pela agên-cia e por interessados no assunto.

“Visamos minimizar, por meio dacampanha, os impactos negativos que

E o trânsito vem causando na vida detodas as pessoas. Se cada um de nóstomar uma atitude individual agradá-vel e não-agressiva no trânsito, issoirá gerar uma transformação coletivafavorável a todos”, destaca ApolônioAguiar, diretor de Comunicação Cria-tiva da AD2M, sócia da CBP-CE.

Fortaleza recebe mensalmente cer-ca de seis mil novos automóveis. Em2015, serão cerca de 1 milhão de car-ros circulando pela cidade e, já hoje,a capital cearense é a terceira do Bra-sil em número de acidentes de trân-sito, segundo o Ministério da Saú-de. “Temos de trabalhar bem a ques-tão da educação no trânsito para pre-venir uma grande maioria dos aci-dentes. E a campanha proposta pelaAD2M ajuda na conscientização

campanha | gentileza por Renan Pinheiro

TRÂNSITOLEVESUCESSO NAS MÍDIAS SOCIAIS,NA IMPRENSA E NAS RUAS DEFORTALEZA, A CAMPANHA ‘EUFAÇO O TRÂNSITO LEVE’ SUGEREPEQUENAS AÇÕES DE GENTILEZAE ELEGÂNCIA PARA A MELHORIADO TRÂNSITO DA CIDADE

daqueles que a vêem”, aponta Fer-nando Bezerra, presidente da Autar-quia Municipal de Trânsito de Forta-leza (AMC).

Como prova de sucesso, a hashtag#transitoleve foi rapidamente adota-da pelos usuários do Twitter parapostar dicas, mensagens de gentilezae observações para a melhoria do trân-sito de Fortaleza. A página do Trânsi-to Leve no Facebook também recebeumuitas contribuições e a campanhafoi tema de matérias de jornais im-pressos, blogs e emissoras de rádio etelevisão da região. Jornalistas, empre-sários, parceiros e público em geralusam o adesivo como forma de apoi-ar o trânsito saudável. Gentileza, aten-ção e respeito, juntos, por um trânsi-to mais leve.

Ana Maria Xavier e Apolônio Aguiar,dois dos diretores da AD2M, inauguramos adesivos distribuídos na campanha

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"TRÂNSITO NÃO ÉCOMPETIÇÃO. SEJAGENTIL QUANDOPEDIREM PASSA-GEM. VOCÊ TAM-BÉM VAI PRECISARMUDAR DE FAIXAUMA HORA."ROBÉRIO LESSAROBÉRIO LESSAROBÉRIO LESSAROBÉRIO LESSAROBÉRIO LESSA

"FAZER UM#TRANSITOLEVEDEPENDE DE CADAUM DE NÓS. GENTILE-ZA GERA GENTILEZA.FAÇA SUA PARTE!"PAPAPAPAPATRÍCIA NOGUEIRATRÍCIA NOGUEIRATRÍCIA NOGUEIRATRÍCIA NOGUEIRATRÍCIA NOGUEIRA

“SEJA CAUTELOSONO TRÂNSITO, POISALÉM DA SUA VIDAEXISTE MAIS VIDASEM JOGO. PARAESSA CAMPANHAEU TIRO O CHAPÉU!"GLGLGLGLGLÁÁÁÁÁUCIA QUEIROZUCIA QUEIROZUCIA QUEIROZUCIA QUEIROZUCIA QUEIROZ

O empresário BetoStudart, da BSPAR,apoia a campanha#transitoleve

EscritorPedro PauloMontenegro:"A pressa éinimiga de um#transitoleve”

Também aderirame propagam a ideia

Andréa Veras eMyrna Cochrane,

da Fanor

Deda Gomes, diretor do Grupo Geppos:“Mesmo na preferencial procura ceder

passagem a pelo menos um carro”

Isabel Mindêllo acha que“devemos pensar duasvezes antes de usar abuzina sem necessidade"

Cristiane Gutierrez:“Com responsabilidade,

educação e respeito àsleis conseguiremos ter

um #transitoleve”

“É muito bom quando um motoristanos dá passagem na faixa depedestres”, diz Rafaela Britto

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por Roberto Marinho, diretor da Ceará TradeBrasil, presidente da Câmara Brasil-Angola noCeará, vice-presidente da Câmara Brasil-Portugalno Ceará, gerente regional da Câmara de Comércio,Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

As empresas brasileirase a visão global

stamos no ano de 2011, faz 10 anos que acon-teceu o ataque ao World Trade Center emNova York, Governos caíram no Norte da

África, outros agonizam também no Oriente Médio, aeconomia da Europa passa por momentos turbulentosbem como a dos Estados Unidos. A China ameaçadesacelerar o crescimento e o mundo terá que aceitarsua economia como “de mercado”. O dólar perde va-lor no mundo inteiro e pela primeira vez na história,os Estados Unidos tem sua nota de risco de créditorebaixada e quase não consegue honrar o pagamentodos títulos devido às turras de Democratas x Republi-canos. Como resultado, há uma busca por compra detítulos americanos!

Enquanto isso o Brasil tem andado na contra mãodo mundo, com democracia consolidada, crescimentoconstante, mercado interno forte, pessoas saindo dalinha da pobreza, classe média em ascensão, inflaçãosob controle, reservas internacionais com marcas re-cordes, geração de empregos, construção civil em alta.Tudo isso, compõe um ambiente favorável ao país e àsempresas brasileiras, certo? Nem sempre, e é ai quemora o problema, na acomodação!

É neste cenário de profundas e rápidas transforma-ções, nem sempre de fácil compreensão, que teremosque conviver daqui pra frente. Uma nova ordem mun-dial está sendo formada e isto não acontece sem sofri-mentos, sem acomodação e sem dor. Se faz necessárioum olhar apurado de 360o, atenção aos detalhes e visãomundial, pois desta reordenação, surgirão oportunida-des geradas pelas transformações e pelo vácuo deixadopor empresas que fecharam, saíram do mercado, sereposicionaram ou migraram para outros países.

As empresas, em especial as pequenas e médias,não podem continuar com a ilusão que estão segurasno seu mercado interno robusto, crescente e maduro.

No ambiente de economia globalizada e de crises inter-nacionais, em especial a que estamos vivenciando, em-presas da Europa e Estados Unidos, mas também daChina, estão vindo se instalar no Brasil e com issotrazem Know How, máquinas modernas, conhecimentoglobal e vão concorrer com as empresas brasileiras. Ora,se não estivermos preparados, como poderemos com-petir? A preparação das empresas e dos empresários éfundamental, necessária à sobrevivência e ela só se dáatravés da inovação, do conhecimento, da prática in-ternacional. É por isso que defendo que as empresasnão podem prescindir de seu olhar internacional, devoltar parte de sua produção para a exportação, deimportar insumos (ou pelo menos conhecer as opçõesque dispõe), de interagir com congêneres no exterior.

Neste caminho, surge para o Brasil a África. Comobem disse o Ex-Ministro das Relações Exteriores CelsoAmorim em artigo recém publicado: A África tem sedede Brasil. Podemos através dos principais países delíngua portuguesa situados na África: Angola, CaboVerde e Moçambique, exportar produtos de um gran-de número de empresas brasileiras. Através de comer-ciais exportadoras (modelo adotado na Ásia), os pro-dutos poderão escoar com destino a estes países inici-almente e deles entrar no grande mercado africano.Também poderemos estruturar parcerias, joint venturese transferência de tecnologia em várias áreas econômi-cas. Poderemos fomentar emprego e renda através denossos produtos e serviços e com isto nos diferenciardos concorrentes.

O principal já temos: empatia, conhecimento, bonsprodutos, serviços, o que falta principalmente é visãoglobal, participação em feiras internacionais e conheci-mento de idiomas.

O Brasil é a bola da vez, a África também. Vamoscomeçar o jogo?

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50 Brasil-Portugal no Ceará

gastronomia | regional por Vicky Nóbregae Sara Melo

pesar de integrarem a culi-nária brasileira e portugue-sa, respectivamente, a Pa-

nelada e a Tripa à Moda do Porto causambastante discórdia quando se trata dopaladar de seus consumidores. O moti-vo é claro: a presença do item essencialpara o preparo dessas iguarias: tripas.A origem de ambas se deu na tentativade obter o aproveitamento máximo doanimal abatido. Segundo o professor deGastronomia da Universidade Federal doCeará, José Arimatea Bezerra, a paneladaé um prato típico nordestino, mais pre-

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TRIPAS EVÍSCERAS

SEMELHANÇAS EDIFERENÇAS ENTRE APANELADA TÍPICA DO

NORDESTE BRASILEIRO EA IGUARIA PORTUGUESA,

TRIPA À MODA DO PORTO

cisamente cearense, criado na região ser-taneja. No entanto, ele afirma que a téc-nica de preparo é herança da cozinhaportuguesa, o cozido de uma panela só.O gastrônomo português Virgílio Gomesainda acrescenta ao dizer que “é precisoreconhecer que muito da cozinha cha-mada brasileira é uma aculturação dacozinha portuguesa”.

As Tripas à Moda do Porto têm ori-gem indefinida e repleta de versões.Contudo, a mais comum justifica que oprato, constituído pelas sobras bovinas,foi criado logo no início do século XV.A necessidade surgiu quando todos osgêneros de alimentos da cidade do Por-to foram entregues para abastecer asembarcações que partiam em uma ex-pedição militar para a tomada de Ceuta.Com apenas as sobras dos alimentos,inclusive as tripas, a população teveque criar alternativas para se alimentar.Hoje, a “invenção” portuguesa compõea gastronomia e é acompanhada por ar-roz branco.

A panelada tem muitas semelhançascom as Tripas à Moda do Porto, segun-

do Virgílio Gomes. “Mas encontramosainda Panelada em Minas Gerais ondetambém é conhecida por Cozido Minei-ro, como vamos encontrar Panelada emImperatriz, no Maranhão, e Dobradinha,em Pernambuco, ressalta Gomes. Segun-do Maria Lúcia Gomemsoro, a Paneladajá era mencionada em documentos doséculo XVI, portanto, logo após a chega-da dos portugueses, sendo que o cozi-mento acontecia de um dia para o outro.Existe uma expressão no Brasil que diz:“Panelada é sempre almoço de sujeitovalentão”, isto por ser um alimento pe-sado e forte. No Brasil, é habitualmenteacompanha pelo pirão escaldado comágua onde foram cozidas as carnes. “Há,portanto, mais semelhanças do que di-ferenças, daí podermos afirmar que fo-ram os portugueses a instalar a pane-lada possivelmente com saudades dastripas”, conclui Virgílio Gomes.

Quando feito no sertão, o prato cos-tuma utilizar o bode (cabra) ou o carnei-ro (ovelha), cujas vísceras e os mocotóssão os insumos básicos. Já nos centrosurbanos, o uso do boi (vaca) é mais co-

à la carte

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mum e recente. Para acompanhar esteprato tipicamente cearense, recomen-da-se a farinha branca de mandioca e oarroz, que gradativamente passaram afazer parte da rotina alimentar do serta-nejo e a se tornar o acompanhamentomais popular para a panelada.

Para o representante comercialHelmo Coelho, casado com uma por-tuguesa, a Tripa à Moda do Porto é umprato mais leve, menos gorduroso quea panelada, uma vez que alguns de seusingredientes, como o feijão, são cozi-dos separadamente. Ele afirma aindaque sua preferência é o prato luso feitopor sua sogra portuguesa, mas destacatambém gostar muito da Panelada, jáque os dois pratos levam a mesma basede ingredientes e, ao final do preparo,são muito parecidos.

Ao final, há mais semelhanças quediferenças entre esses dois pratos e oimportante é saborear tanto a versãonordestina quanto a iguaria portugue-sa e escolher o preferido.

Ingredientes500 g de Feijão manteiga demolhado600 g de dobrada (tripas,sola e folhada) de vitela1 chispe de porco1 pé de vaca250 g de presunto entremeado200 de salpicão (embutidocom lombo de porco)½ galinha caipira1 chouriça de carne (embutido)250 g de cebola, louro3 dentes de alho1 cenoura grande1,5 dl de azeite1 colher de sopa de banha de porco3 cravinhos da Índia1 colher pequena de cominhos1 colher pequena de colorau,sal e pimenta

Modo de preparoLave muito bem as tripas com água eesfregue com sal grosso. Depois, coloquede molho por, no mínimo, uma hora,

Tripas à Moda do Portocom água, vinagre e sumo de limão.Então, lave as tripas e leve para cozi-nhar em água durante por uma hora.Retire essa água e adicione a galinha ea mão de vitela, junte nova água e po-nha a cozer. À parte, cozinhe o feijãocom o pé de porco. Num tacho, coloquea banha de porco, o azeite, o alho e acebola picados, a cenoura cortada às ro-delas e o louro. Leve ao lume até a ce-bola ficar transparente. Junte agora opresunto cortado aos cubinhos e osalpicão, às rodelas. Deixe estufar umpouco, e então junte as tripas já corta-das, o pé de porco e a mão de vitela cor-tados em pedaços. Deixe estufar e juntarum pouco da água de cozer as carnes. Étempo de temperar com o cravinho,cominhos, colorau, pimenta e sal. Depoisde estufar um pouco, junte o feijão cozidoe acrescente a água de cozer as carnes.Quando estiver tudo bem envolvido, e ocaldo tiver engrossado, está pronto. An-tes de servir, desfie a galinha cozida. Segostar, pode enfeitar com ramo de salsa.

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52 Brasil-Portugal no Ceará

cultura | literatura

O livro Negócios Internacionais eInternacionalização para as Econo-mias Emergentes tem como público-alvo empresários, estudantes de ges-tão, gestores e executivos. Os leitoresencontram na obra um manual parao conhecimento dos mercados emer-gentes e formas para expandir o seunegócio e tornar a sua empresa umamultinacional.

A obra aborda também as oportu-nidades e desafios da globalização,as formas de internacionalização dasempresas e os critérios para decidirquais os melhores mercados para umcomeço de atuação internacional.Além de outros aspectos específicosdas economias emergentes que for-

Negócios emergentese economias globais

mam o BRIC – Brasil, Rússia, Índiae China, o livro aborda também aeconomia desenvolvida nos EstadosUnidos, condicionando o olhar doleitor a identificar quais países sãoos melhores para investir.

A autoria é de Manuel PortugalFerreira, doutor pela Universidadede Utah (EUA), pesquisador de es-tratégias de empresas multinacio-nais; Fernando Ribeiro Serra, dou-tor em engenharia pela PontifíciaUniversidade Católica do Rio deJaneiro e diretor da Unisul BusinessSchool; e Nuno Rosa Reis, doutoran-do em gestão na Universidade deCoimbra e docente no InstitutoPolitécnico de Leira.

José Geraldo Neres, autor dolivro Outros Silêncios, é um poetaque escreve de forma intimista, es-timulando os sentimentos de seusleitores. Seus textos exprimem ima-gens do cotidiano descritas de for-ma admirável que fazem com queo leitor atente para as pequenascoisas, como os raios do sol e ossonhos de cada noite.

O autor nos apresenta ressignifi-cações de emoções, atos e palavrasdo cotidiano que, por diversos moti-vos, perderam seus sentidos e en-tendimentos para diversas pessoas.Essas ressignificações são apresen-tadas na forma de metáforas do diaa dia que envolvem os sentimentos,

Metáforas do cotidianoe poemas intimistas

como neste trecho: “as árvores can-tam / levam meu corpo / suas raízescriaram asas”.

José Geraldo Neres nasceu emGarça (SP), em 1966. É poeta, fic-cionista, roteirista, produtor culturale co-fundador do grupo Palavreiros.Integrante do Grupo Gestor & Con-selho Editorial do Ponto de CulturaLaboratório de Poéticas e responsá-vel pela seção Outra Margem, darevista homônima. Recebeu diversosprêmios literários e incentivos.

SERVIÇO:Outros SilênciosAutor: José Geraldo NeresEditora: EscriturasPreço: R$ 20,00

SERVIÇO:Negócios Internacionaise Internacionalização paraas Economias EmergentesAutores: Manuel PortugalFerreira, Fernando RibeiroSerra e Nuno Rosa ReisEditora: LidelPreço médio: R$ 80,00

por Sara Melo

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O livro Teorias do Comércio Internaci-onal e Política Comercial de Henrique Ma-rinho aborda vários aspectos do comércioexterior. Inicialmente, apresenta retros-pecto histórico das práticas de comérciodesde as civilizações da antiguidade che-gando até os dias atuais, abrangendo ascivilizações globalizadas e suas economi-as interligadas. Para tanto, o livro apre-senta teorias de comércio internacionaltanto à luz de abordagens clássicas, quan-to de teorias de conceituados autores con-temporâneos.

O livro aborda também práticas de co-mércio utilizadas pelos países e pelas em-presas que atuam com comércio no mun-do globalizado, o qual é regido pelas re-gras da Organização Mundial do Comér-cio, a OMC. Com um rico conteúdo, seapresenta como fundamental para profis-

Para profissionais e estudantesde comércio exterior

sionais, assim como referência de pesqui-sa e aprofundamento no tema.

Henrique Jorge Medeiros Marinho nas-ceu em 1952. É economista formado pelaUniversidade Federal do Ceará, possuimestrado em Economia pela mesma insti-tuição de ensino e mestrado em NegóciosInternacionais pela Universidade de For-taleza. Atualmente, é professor titular daUniversidade de Fortaleza e analista doBanco Central do Brasil, exercendo o car-go de chefe do núcleo do Departamentoeconômico em Fortaleza.

SERVIÇO:Teorias do Comércio Internacionale Política ComercialAutor: Henrique MarinhoEditora: Ciência ModernaPreço médio: R$46,00

O livro Chrónicaçores: Uma circum-navegação de Timor a Macau, Austrá-lia, Brasil, Bragança até aos Açores,de autoria do escritor e tradutor portu-guês J. Chrys Chrystello, pode serapresentado como um belo texto, escri-to em português de Portugal, que pos-sui três vertentes: autobiografia, livrode aventuras e registro histórico. O lei-tor se depara com forte crítica social,descrição minuciosa dos detalhes e umaanalise dos diversos tipos humanos.

As viagens feitas pelo autor rende-ram várias crônicas repletas de costu-mes locais, tradições e exposição depessoas nativas das regiões, além de re-latar suas observações e seus sentimen-tos em relação aos locais pelos quais vi-

sitou, descobrindo assim a cultura quepermeia localidades tão díspares comoTrás-os-Montes, Macau ou Açores.

Crys Chrystello foi oficial do exérci-to Português, posteriormente foi editorde jornal, com foco em jornalismo polí-tico. Publicou seu primeiro livro aos 23anos (Crônicas do cotidiano inútil) eatuou fortemente como jornalista políti-co em rádio, televisão e impresso, alémde ser tradutor e intérprete freelancer.

Um passeio entre lugares,costumes e pessoas

SERVIÇO:Chrónicaçores: Uma circum-navegaçãode Timor a Macau, Austrália, Brasil,Bragança até aos AçoresAutor: J. Crys ChrystelloEditora: Calendário de LetrasPreço: € 15 (somente em versão importada)

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De 3 a 6Encontro de Negócios na Língua PortuguesaDe 3 a 6Missão Empresarial a Fortaleza - Associação Industrialdo Distrito de Aveiro (AIDA) e Associação Nacional dasEmpresas Metalúrgicas e Eletromecânicas (ANEMM)De 9 a 115º Salão Internacional dos Equipamentos,Produtos e Serviços Médicos e HospitalaresDe 11 a 16Salão Imobiliário de PortugalDia 12Dia de Nossa Senhora de Aparecida (Feriado)Dia 15Barcelona Meeting Point 2011De 25 a 27Portugal Exporta 2011De 27 a 30Projekta by Constrói Angola 2011 -Feira Internacional da ConstruçãoCivil e Obras Públicas

Outubro

Dia 2Dia de FinadosDe 16 a 2015ª FIC - FeiraInternacionalde Cabo VerdeDia 21 a 27Encontro Intercontinentalsobre a NaturezaDe 24 a 27FENIC - FeiraInternacional de Turismoe Cultura de AngolaDe 24 a 271ª Feira Internacionalde Energia eÁguas de Angola

Novembro

Dia 9Confraternizaçãoda CBP-CE

Mais informações eatualizações no sitewww.brasilportugal.org.br /ce

Dezembro

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