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revista BRASIL social nº01 núcleo social nassau o eixo arte-educação no atendimento a jovens desfavorecidos construção social construção social um fórum para a igualdade francisco neves francisco neves entrevista com o superintendente do Instituto Ronald McDonald entrevista com o superintendente do Instituto Ronald McDonald políticas públicas o BRASIL rumo às parcerias na visão de Valéria Pires, vice-governadora do Pará franquias sociais uma forma de multiplicar boas idéias capa:

Revista Brasil Social I

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Revista Brasil Social I

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r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

núcleo socia l nassauo e i x o a r t e - e d u c a ç ã o n o a t e n d i m e n t o a j o v e n s d e s f a v o r e c i d o s

c o n s t r u ç ã o s o c i a lc o n s t r u ç ã o s o c i a lu m f ó r u m p a r a a i g u a l d a d e

f r a n c i s c o n e v e sf r a n c i s c o n e v e se n t r e v i s t a c o m o s u p e r i n t e n d e n t e

d o I n s t i t u t o R o n a l d M c D o n a l de n t r e v i s t a c o m o s u p e r i n t e n d e n t e

d o I n s t i t u t o R o n a l d M c D o n a l d

p o l í t i c a s p ú b l i c a so B R A S I L r u m o à s p a r c e r i a s n a v i s ã o d e V a l é r i a P i r e s , v i c e - g o v e r n a d o r a d o P a r á

f r a n q u i a s s o c i a i su m a f o r m a d e m u l t i p l i c a rb o a s i d é i a s

c a p a :

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

s u m á r i o

6 editorialPOR PATRÍCIA CHALAÇA

A presidente do Projeto CASA DA CRIANÇA nos fala sobre o primeiro número da Revista Brasil Social, mais uma importante conquista nos seis anos do Projeto.

9 você sabia?O que é OSCIPTirando dúvidas sobre essa Organização do Terceiro Setor.

11 entrevistaCOM A PALAVRA, FRANCISCO NeVeS

O superintendente do Instituto Ronald McDonald nos fala sobre as ações e conquistas do Instituto no Brasil.

e x p e d i e n t eA Revista Brasil Social é uma publicação semestral da Associação Projeto Casa da Criança. Presidente: Patrícia Chalaça

Vice-Presidente: Marcelo Souza Leão Redação: R. Raul Lafayette, 191/1401 Recife - PE CEP 51021-220 - Tel: (81)3467-9968 Editora: Patrícia Chalaça Jornalista Responsável: Lívia Galvão Textos: Lívia Galvão e

Carla Cibele Melo Projeto Gráfico e Diagramação: Geovana Vieira Impressão: Gráfica Flamar.Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

15 atendimentoCâNCeR INFANTO-juVeNIL

Ampliando o atendimento às crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos de nosso país, o Projeto Casa da Criança lança um Modelo de Aplicação nas unidades de apoio e tratamento de câncer. Vamos conhecer essa proposta?

17 multiplicaçãoFRANquIAS SOCIAISConhecendo melhor o que são as Franquias Sociais. Objetivos, público alvo e o que as diferem das Franquias Comerciais

18 eNTReVISTA COM LeONARDO LAMARTINeuma entrevista exclusiva com Leonardo Lamartine, diretor N/Ne da Associação Brasileira de Franquias.

19 FRANquIA SOCIAL DO PROjeTOComo funciona a Franquia Social do Projeto Casa da Criança

20 O PROjeTO CASA DA CRIANÇAevolução do Atendimento do Projeto de 1999 a 2006

28 ação - FNICSFÓRuM NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRuÇÃO SOCIAL

O que foi o primeiro FNICS, as propostas, os debates, a repercussão. Idéias que levaram à formatação dos sete workshops que serão realizados em diversas capitais brasileiras ainda esse ano.

35 ação - POLÍTICAS PÚBLICASA POLÍTICA De TRABALHAR PARA O SOCIAL

Na opinião de Valéria Pires Franco, Vice-Governadora do Pará, a importante tarefa de se trabalhar pelo social.

32 ação - CULTURALÁRIA SOCIAL e CeCÍLIA BReNNAND

Ária Social: A inclusão social através da arte e cultura. Conhecendo a proposta pelos olhos de quem tem a arte na alma, Cecília Brennand.

w w w . p r o j e t o c a s a d a c r i a n c a . c o m . b r

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s u m á r i o

39 futuro melhorCIA DOS ANjOS

Programa Cia Dos Anjos: uma proposta do Projeto Casa da Criança que dá suporte às Instituições pós-intervenção, capacitando o profissional para a mobilização de parcerias.

36 3º SetorASHOkA

A Ashoka é uma instituição que apóia empreendedores sociais por todo o mundo. Vamos conhecer um pouco mais essa proposta e alguns desses empreendedores, quem são e o que fazem.

38 homenagemPRÊMIOS eM DeSTAque

Premiações e reconhecimentos de organizações e empreendedores de destaque no Terceiro Setor

41 um exemploMATéRIA De CAPA: NÚCLeO SOCIAL NASSAu

O Núcleo Social Nassau abre suas portas para nos mostrar a experiência que vem transformando a vida de dezenas de jovens socialmente desfavorecidos da região norte do estado de Pernambuco.

45 enqueteReSPONSABILIDADe SOCIAL

Perguntamos o que leva grandes empresas e instituições a participar de projetos sociais como o Projeto Casa da Criança.

47 BRASILTeReSINA, CIDADe VeRDe

Os cantos e encantos de uma cidade acolhedora e seu roteiro de turismo social

45 aconteceuNOTÍCIAS DO PROjeTO

Novidades, lançamentos, inaugurações, promoções e outros eventos do Projeto Casa da Criança em todas as cidades atendidas.

c a p a

e d i t o r i a l

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SomoS um Só povo, de muitaS coreS, credoS, deSejoS, uns com mais oportunidades, outros com menos, mas todos igualmente brasilei-ros, vivendo e pisando nesta nossa terra,“Pátria amada Brasil”. Conhecer o nosso país, pelo lado dos mais necessitados foi o caminho que nos apro-fundamos e tivemos o privilégio de fazer parte. Nesta história de seis anos trouxemos milhares de pessoas a se unirem ao nosso trabalho, a se de-dicarem ao seu próprio povo, onde avançamos barreiras geográficas, econômicas e políticas e construímos um Projeto social capaz de se multi-plicar pelo país, germinando nesta terra fértil o amor e a esperança em tantos corações. Sabe-mos que foi possível graças a uma força nata do povo brasileiro: a solidariedade. esta revista nasce do desejo de fazer com que haja o conhecimento mútuo dos dife-rentes estados brasileiros das ações sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA e ainda do desejo de proporcionar a outros segmentos da socieda-de, que estão à parte da área da construção, arquitetura, indústrias do ramo, possam ter de conhecer um Brasil solidário, não apenas através das mãos das milhares de pessoas que fazem o Projeto CASA DA CRIANÇA, mas pelo vasto, belo, verdadeiro e concreto mundo social, que permite que nós acreditemos que o Brasil pode ser motivo de orgulho para o mundo. Pretensioso? Não! Dito por Viviane Naigboring da Ashoka, organização social presente em 55 paises e reforçado por

Dorte Verner do Banco Mundial de Washington no encontro da construção social que promovemos na FeICON, “o Brasil é exemplo para o mundo em iniciativas sociais bem sucedidas”. e pergun-to – quantas iniciativas você, leitor, conhece? e o setor governamental, têm contribuído para apli-cabilidade destes projetos de baixo custo e sig-nificativos impactos sociais? Muitos exemplos – se concretizadas parcerias intersetoriais, os recursos públicos, oriundos dos nossos próprios trabalhos – estariam mais bem empregados. Nosso lema é “fazer mais e melhor com menos recursos”. esta revista é apenas uma ferramenta que pode levar a informação às pessoas da sociedade, empre-sários, governantes políticos, objetivando o inte-resse de todos pelas causas sociais, pois apenas neste dia em que estaremos todos atuando por causas comuns, independente de partido político, religião ou classe social teremos o país que que-remos. Todo este conceito nos leva a ver o se-tor social como um poder paralelo, que vem ga-nhando força por estar aos poucos conseguindo integrar a iniciativa privada, o poder público e permitindo que uniões entre estes setores forta-leçam os resultados positivos dos impactos sociais ao qual nos destinamos. é por acreditar na im-portância e relevância de que cada brasileiro deve sentir-se tão importante para o país quanto os governadores dos seus estados, que queremos levar dados e informações a milhares de pes-

soas, através desta revista permitindo reflexões do quanto podemos fazer, cada um de nós, para contribuir com o nosso povo, com o nosso Brasil. Nasce assim este primeiro exemplar, com a participação de lideres sociais brasileiros, pessoas comuns que arregaçam as mangas e lu-tam por um país mais justo, como nesta edição o exemplo de Cecília Brennand que exerce impor-tante papel na vida de jovens de baixa renda, matéria com associações internacionais como é o caso da Ashoka, que atua mundialmente e no Brasil realiza importante papel dando oportu-nidade a profissionalização do “empreendedor social”. Todos os brasileiros deveriam saber quem é e o que faz a Ashoka, quem são estes “em-preendedores sociais”, bem como apresentare-mos sempre uma entrevista sobre o Brasil Social, nesta matéria com o Francisco Neves, superinten-dente do Instituto Ronald McDonald, que atua no combate ao câncer infantil. entendendo ainda e querendo firmar o conceito que o terceiro setor não pretende cumprir o papel do estado, abri-mos uma pauta “Políticas públicas”, nesta edição Valéria Pires, vice-governadora do Pará que nos faz acreditar que unidos venceremos mais rápido e construiremos este Brasil que tanto queremos. Há ainda seções de “curiosidades do terceiro setor”, abordagens a temas como OSCIP e ma-téria sobre “franquias sociais”. Assim sabemos que esta revista já é um sucesso, e não poderia ser diferente do Projeto CASA DA CRIANÇA, que

U M B R A S I L S O L I D Á R I O

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patrícia chalaçaPresidente Fundadora

Projeto CASA DA CRIANÇA

atrai do cosmos as mais puras auras e almas. exemplo disto são nossos franqueados sociais, que trabalham em busca daqueles que que-rem ajudar e precisam ser ajudados, fazendo eterna a nossa sintonia que está viva de nor-te a sul do país. uma sintonia de amor puro, verdadeiro e profissional, do qual teremos muita honra de, a cada exemplar, apresentar os resultados em uma unidade atendida. Nes-te primeiro número apresentamos o Núcleo Social Nassau, onde os relatos dos meninos atendidos já fazem valer nossa dedicação. esta nossa presença em todas as re-giões do país nos faz ainda mais apaixona-dos pelo Brasil e querendo dividir um pouco dos encantos com que nos deparamos a cada viagem, com a seção “Brasil” apresentamos uma viagem à terra da cristalina cajuína, Te-resina. Por fim, não posso deixar de relatar minha admiração a nossa equipe interna, a Lívia Galvão, Carla Melo, Lavínia Mata e es-pecialmente à talentosa Geovana Vieira, as quais se dedicaram e permitiram a concreti-zação deste trabalho. esta revista dará orgulho a cada leitor de ser brasileiro e o fará refletir, “o que posso fazer para contribuir com meu país?“, convido a todos a mergulhar e fazer parte desta época revolucionária do Brasil , que nos levou a batizar a revista, Brasil Social.

DedicatóriaDedico esta revista àquele que possibilita a concretização dos

meus sonhos, àquele que está sempre ao meu lado, me trazendo a “razão” necessá-ria, que me falta tantas vezes em virtude da ideologia tão forte que trago em minha alma a favor dos menos favorecidos. Àquele que fundou comigo o Projeto CASA DA CRIANÇA, gerou comigo a franquia social com os mais de 50 franqueados, expandiu ao meu lado o Projeto atendendo a mais de 30 casas, o pai dos meus filhos Marcela e João – meu marido, Marcelo Souza Leão. Dedico-a a ele, pois cada ato e conquista do nosso trabalho é muito, muito nosso, fruto de muitas conversas e cumplicidade, a tantas horas dedicadas aos menos favorecidos. À admiração que tenho por ele e o quanto cresce este amor a cada vez que o vejo em diferentes Estados brasileiros, junto a governantes políticos ou hospitais de tratamento ao câncer infantil, debater e defender com tanta veemência as crianças da população de baixa renda. Sem com isto afastar-se da sua mulher e dos seus filhos ou mesmo do seu escritório de arquitetura, que fez crescer por merecimento, fruto de muita dedicação e competência. Tenho a certeza que tamanha cumplicidade só pode ter uma resposta: viemos juntos nesta vida dar continuidade a uma missão maior, estamos juntos há muito mais tempo que a vã filosofia possa explicar. Peço sempre a Deus que nos abençoe, e olhe pelos nossos filhos em nossas ausências, hoje e sempre!

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em agoSto de 1935, o preSidente Ge-túlio Vargas editou a primeira lei brasileira que regulamentava as regras para a De-claração de utilidade Pública Federal. As sociedades civis, as associações e as funda-ções constituídas no país, deveriam ter o fim exclusivo de servir à coletividade. Desde então, as instituições sem fins lucrativos que trabalhavam em prol do in-teresse público, amadureceram em seu for-mato, abrangência, atuação e formas de financiamento. Mas os amparos jurídicos que as qualificam e oferecem benefícios, não acompanharam as transformações do setor. Para se obter um Título de utilida-de Pública Federal, que permite uma série de isenções fiscais e acessos a financiamen-tos públicos, era preciso muita paciência. Toda operação podia levar até 2 anos para ser concluída. Além disso, a legislação que qualificava a Utilidade Pública, determina-va que os dirigentes das entidades benefi-ciadas não poderiam receber remuneração alguma, e apenas reconheciam as organiza-ções que atuavam nas áreas de assistência social, saúde e educação. estas regras tão rígidas acabavam

lançando ONGs em um ciclo vicioso e pouco pro-dutivo. A falta de uma boa equipe e os entraves ao acesso à recursos públicos, levava a extin-ção de algumas entidades, ou forçava a ma-labarismos jurídicos para garantir o custeio de suas atividades. Felizmente há cerca de dois anos este cenário começou a mudar. O Ministério da justiça lançou uma nova qualificação: as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, mais conhecidas como OSCIP`s (lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999). O novo reconhecimento veio agilizar e facilitar a cap-tação de recursos do terceiro setor, já que permite a remuneração da diretoria, embora tenha tido o cuidado de não torná-la obrigatória. Os grandes atrativos do título de OSCIP são o seu rápido e desburocratizado deferi-mento à ampliação nas áreas de atuação (de-fesa de direitos, proteção do meio ambiente e modelos alternativos de crédito). Outra importante conquista na lei, foi a possibilidade de dedu-ção no imposto de renda de pesso-as jurídicas nas doações feitas às OSCIP`s. Desta forma, as empresas podem contribuir com as causas so-ciais tendo, além do retorno de ima-

O Q U E ÉO S C I P ?

O recOnheciMentO Das Organizações Da sOcieDaDe civil De interesse PúblicO –

cOnheciDas cOMO OsciPs – veiO facilitar a CAPTAÇão DE RECuRSoS Do TERCEIRo SEToR

GETÚLIO Vargas exerceu importante papel na

História da OSCIP

v o c ê s a b i a ?

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v o c ê s a b i a ?

PODEm PLEITEar O TíTuLO DE OSCIP aS EnTIDaDES quE PrOmO-Vam PELO mEnOS uma DaS SEGuInTES aTIVIDaDES:

mESmO quE SE DEDIquE àS aTIVIDaDES aO LaDO ELEnCaDaS, nãO PODEm ObTEr O TíTuLO DE OSCIP:

• Assistência social;• Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;• educação gratuita;• Saúde gratuita;• Segurança alimentar e nutricional;• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente, gestão de

recursos hídricos e desenvolvimento sustentável;• Trabalho voluntário;• Desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;• experimentação não lucrativa de novos modelos socioprodutivos e de

sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;• Defesa dos direitos estabelecidos, construção de novos direitos e

assessoria jurídica gratuita;• Defesa da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da

democracia e de outros valores universais;• estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias, produção e

divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;• Fomento do esporte amador.

• A sociedade comercial;• O sindicato, a associação de classe ou representativa de categoria

profissional;• A instituição religiosa ou voltada para a disseminação de credo, culto

ou prática devocional e confessional;• A organização partidária e assemelhada e suas fundações;• A entidade de benefício mútuo destinada a proporcionar bens ou

serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;• A entidade ou empresa que comercialize plano de saúde e asseme-

lhados;• A instituição hospitalar privada não gratuita e sua mantenedora;• A escola privada dedicada ao ensino formal não gratuito e sua man-

tenedora;• A cooperativa;• A fundação pública;• A organização creditícia a que se refere o art. 192 da Constituição

da República, que tenha qualquer vinculação com o sistema finan-ceiro nacional;

• A entidade desportiva e recreativa dotada de fim empresarial.

* Fonte: site do Ministério da Justiça

Para manTEr O TíTuLO DE OSCIP a EnTIDaDE PrECISa (aTé 31 DE janEIrO DE CaDa anO Em ExErCíCIO):

• Relatório descritivo das atividades executadas no período e resultados sociais obtidos;• Demonstração de resultados do exercício;• Balanço patrimonial;• Demonstração das origens e aplicações de recursos;• Demonstração das mutações do patrimônio social;• Certidões trabalhistas e do FGTS;• Outras informações que a entidade considerar relevantes.

* Fonte: site do Ministério da Justiça

gem, a possibilidade de abater até 2% de sua receita bruta. No âmbito dos financiamentos pú-blicos, a lei facilita o acesso às linhas de crédito. junto com ela, foi criado o Termo de Parceria, uma forma mais simples e di-reta do que os convênios ou licitações. es-sas parceiras são feitas unicamente entre o

poder público e a OSCIP para a execução de projetos. é, na verdade, um acordo de cooperação onde o governo entra com o recurso e as entidades com a execução dos seus projetos. As novas regras foram bem recebidas pelas instituições sem fins lucra-tivos. Segundo o Ministério da justiça, hou-ve em 2001 um crescimento de 200% em

relação ao ano anterior no número de pe-didos para a qualificação. E entre os anos de 1999 e 2002, foram registrados 1.346 pedidos para qualificações como OSCIP. Destes, 60% foram deferidos, num total de 814 qualificações.

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A M A M O S M U I T O A J U D A RfranciscO neves – O chicO – fala sObre as ações DO institUtO rOnalD McDOnalD na lUta cOntra O cÂncer infantO-JUvenil

e n t r e v i s t a

fundado em 8 de abril de 1999, pelo McDonald’s com o apoio de instituições ligadas ao comba-te ao câncer infanto-juvenil, o Instituto Ronald McDonald é uma sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos, e com total autonomia adminis-trativa. O superintendente do instituto, francisco Neves, conversa com os leitores sobre o trabalho que realiza durante todo o ano, no combate ao câncer infanto-juvenil no Brasil.

O Instituto surgiu em 1999. Como foi a identifi-cação do mcdonald´s com a causa?Fn: Desde a primeira realização do McDia Feliz, em 1988, o McDonald’s Brasil identificou o gran-de impacto que poderia dar para aumentar os índices de cura do câncer infanto-juvenil. O McDia Feliz junto com muitas outras ações e com o avanço do tratamento contribuiu para o aumento do índi-ce de cura que era, em média, 35%, em 1988, e hoje já chega a 70%.

Qual é o principal objetivo do instituto ronald mcdonald?Fn: Atuar no combate ao câncer infanto-juvenil. Para isso, o Instituto identifica os problemas de uma localidade, busca parceiros, capta e destina recursos para viabilizar os projetos e promove a sustentabilidade dos mesmos. Todo esse processo é acompanhado e os resultados mensurados, re-sultando na melhora do quadro de atendimento e, principalmente, contribuindo para o aumento dos índices de cura do câncer infanto-juvenil.

Hoje, quantas instituições são cadastradas? essas instituições somam um total de quantas crianças atendidas? Fn: O Instituto realizou no final do ano de 2005 o recadastramento das instituições que atendem crianças e adolescentes com câncer, estabelecen-do novos critérios que alinhem e aproximem essas instituições com as estratégias do Instituto. Com isso, atualmente, há 92 instituições cadastradas que atendem mais de 2500 crianças por ano.

o irm concentra as suas atividades em que áre-as?Fn: O IRM concentra suas atividades em quatro áreas específicas. São elas: Incentivar ações do voluntariado (assistencial e de suporte psicossocial, nas instituições que atendem crianças e adolescen-tes portadores de câncer); Apoiar a melhoria da infra-estrutura hospitalar; Promover e divulgar conhecimentos relativos ao câncer infanto-juvenil; Incentivar a pesquisa e o intercâmbio técnico-cien-tífico entre especialistas em câncer infanto-juvenil.

de onde vem os recursos para manutenção do instituto?Fn: Para manutenção de suas atividades, o Insti-tuto Ronald conta, majoritariamente, com recursos do Sistema McDonald’s – corporação, funcionários, franqueados, fornecedores. Além dessa, o IRM conta também com parcerias de pessoas físicas e jurídicas que apóiam com doação de recursos, serviços, materiais e competência técnica.

Quais as principais fontes de recursos?Fn: O Instituto Ronald McDonald desenvolve uma

série de ações de arrecadação, a fim de garantir recursos para o combate ao câncer infanto-juvenil. esses recursos são usados na compra de material e equipamentos hospitalares, na reforma de insti-tuições, casas de apoio e hospitais que atendem crianças e adolescentes com câncer, além de tam-bém propiciarem desenvolvimento na área de conhecimento e pesquisa através de seminários, congressos e grupos que estudam e estabelecem protocolos para o tratamento, contribuindo para o sucesso do tratamento. Mais de 100 instituições em 22 estados já foram beneficiadas com recursos provenientes dessas ações. entre elas, podemos destacar: McDia Feliz, Cofrinhos, Instituto Ronald McDonald Invitational Golf Cup, McLanche Feliz, e o Licenciamento de Marcas.

dessas fontes de arrecadação, qual é a maior ação nacional coordenada pelo irm, para cap-tação de recursos? Quanto arrecada?Fn: é o McDia Feliz, uma campanha do McDonald’s, coordenada nacionalmente pelo IRM e realizada pelas instituições e pelos funcionários da Rede. este ano, as 65 instituições beneficiadas mobilizaram mais de 30.000 voluntários nos 520 restaurantes McDonald’s que contaram com cerca de 36.000 funcionários. No último ano, 2005, foram arreca-dados 8,6 milhões com a campanha.

como funciona a campanha mcdia feliz? Fn: No McDia Feliz, todo o dinheiro arrecada-do com a venda de sanduíches Big Mac (exceto impostos), vendido separadamente ou incluído na promoção número 1, - além de materiais pro-mocionais como camisetas, bonés, chaveiros, entre

e n t r e v i s t a

outros produtos vendidos pelas instituições - é re-vertido para o combate ao câncer infanto-juvenil beneficiadas em todo país. O evento sempre é re-alizado no último sábado do mês de agosto, dia da semana de maior movimento nos restaurantes McDonald’s, para aumentar ainda mais a arre-cadação e conta com uma enorme mobilização voluntária. Além dos recursos obtidos com a ven-da dos sanduíches, a campanha conta ainda com os apoiadores nacionais, que são empresas que doam serviços, materiais e conhecimentos contri-buindo para a divulgação e reali-zação da campanha. este ano po-demos citar alguns como: Tim (doou as camisetas dos funcionários), Sis-tema McDonald’s (funcionários, fran-queados e corporação), Voluntários, Padrinhos nacionais do McDia Feliz (Felipe Dylon e Cissa Guimarães) entre outros colaboradores.

Qual é o vínculo que as lojas mcdonald´s possuem com o insti-tuto ronald mcdonald?Fn: Os restaurantes McDonald´s são importantes espaços para ações de divulgação e captação de recursos do Instituto Ronald. Campa-nhas como o McDia Feliz e Cofrinhos são reali-zadas com a participação direta dos funcionários dos restaurantes. Os cofrinhos inclusive são instru-mentos não só de captação como também de di-vulgação através dos folhetos informativos dispo-níveis para o público. Outras iniciativas como o Dia do Instituto, ação mensal na qual os funcionários divulgam as realizações e oferecem produtos do Instituto para os clientes e as diversas promoções realizadas em parceria com outras empresas nos restaurantes McDonald´s também são importantes espaços de divulgação e captação e contam com o envolvimento e participação dos funcionários.

existe alguma outra iniciativa de arrecadação que mereça destaque?Fn: Sim, são elas: Promoção Visa / Visa eletron; Venda de Cartões de Natal; Promoção Pulseiras “Amo Muito Ajudar”; e os Cartões de Recarga Tim.

como e onde o irm investe essa arrecadação?Fn: Para receber qualquer tipo de apoio do Ins-tituto Ronald, é necessário que a instituição seja previamente cadastrada no IRM. Após essa fase, são encaminhados os projetos que são analisados pelo Conselho Científico e Executivo do Instituto e são selecionados aqueles que estão alinhados com as estratégias do Instituto e necessidades de cada região. Os projetos apoiados irão então receber recursos e serão acompanhados pelo IRM para que sejam realizados conforme propostos.

Fale um pouco do sistema rmHc.Fn: O IRM foi estruturado nos moldes da Ronald McDonald House Charities (RMHC), funcionando como a representação brasileira deste sistema beneficente global criado, em 1984, em memória do fundador do McDonald’s, Ray kroc, sendo que a primeira Casa Ronald foi criada em 1974. Pre-

sente em mais de 170 localidades, este sistema já viabilizou a doação de mais de uS$ 400 milhões para programas voltados à infância e adolescên-cia, constituindo-se num dos líderes beneficentes mundiais dedicados à saúde e ao bem estar das crianças. Com o lema: uma mente forte, um cor-po forte e um lugar seguro e incentivador para se crescer. Isso é o que toda criança precisa e mere-ce, o sistema RMHC tem como objetivo, ajudar a prover esse ambiente e estrutura para as crianças e adolescentes com câncer.

Quais são as empresas parceiras do irm?Fn: O McDonald’s é o principal parceiro do Ins-tituto. Além da Rede, os principais parceiros que investem recursos na luta contra o câncer infan-to-juvenil são a Coca-Cola, Martin-Brower, Sadia, FSB Foods, Braslo, Polenghi, Odontoprev, Toyma-nia entre outros. O Instituto Ronald McDonald tam-bém conta com parceiros colaboram com a doa-ção de materiais, serviços e competências técnicas essenciais para a realização das atividades e o cumprimento da missão do IRM. Os principais são: Atlântica Hotels, Bank Boston, Íon, Bradesco Saúde, ernst & Young, Comunique-se, Taterka, Publicom, Brasilgráfica e Suprinter, Kalunga, Neumann Sa-lusse Maragoni Advogados entre outras. o irm se preocupa em apresentar algum rela-tório com os resultados das ações realizadas? de que forma?Fn: O trabalho do Instituto Ronald McDonald é pautado na transparência das suas ações. Anual-mente, é auditado por uma empresa externa, ten-do sido nesses últimos dois anos pela ernst&Young, que fornece um parecer que é analisado pelo Conselho Fiscal e de Administração e homologa-do em Assembléia Geral. Além disso, o Instituto produz seu relatório de atividades anual, conten-do todas as suas principais realizações, além dos balanços, tabelas de destinações de recursos, rea-lizações com recursos destinados e reconhecimen-to aos parceiros. esse material é distribuído para seu público-alvo, além de ser disponibilizado no site para acesso, leitura e conferência do público geral.

o que é o programa tsuru? como ele funcio-na?Fn: O Programa Tsuru consiste em uma nova for-ma de tratar os investimentos aplicados nas insti-tuições de atendimento às crianças e adolescentes com câncer, ampliando as possibilidades de diag-

nóstico e melhorando a qualidade de tratamen-to. Para a implantação e sucesso do programa, que une setor privado e público, foi realizada uma pesquisa extensa sobre o cenário do câncer infantil no Brasil, realizando um mapeamento da situação. esse estudo indicou níveis de atendimento para crianças e adolescentes com câncer no país e destacou as regiões capazes de atrair grandes parcelas da população ao seu redor. A partir des-se mapeamento, foram delineadas ações e deter-minado o foco em 22 capitais, nas quais há eleva-do grau de atração de crianças e alto potencial para estruturação de um serviço de excelência.

nesses 2 anos de parceria, das ações do projeto casa da criança, o que mais chamou a sua atenção?Fn: quando tivemos o contato inicial com o Projeto Casa da Criança o que mais chamou a atenção foi a capacida-de e o potencial de mobilização para transformar um ambiente em um espa-ço de conforto, lazer e de resgate da dignidade e, durante esses dois anos, o que mais me impressionou foi a sinergia e a facilidade que conseguimos criar e colocar em prática para que realizás-semos um projeto em que ambas não

perdessem seu foco e conseguissem alinhar suas complementaridades. Foi um verdadeiro trabalho em rede.

O IRM firmou parceria com o Projeto Casa da criança por meio do programa tsuru. o que le-vou o Instituto a firmar esta parceria? Fn: em 2002, durante o encontro de Voluntários, houve o primeiro contato entre o IRM e o Proje-to Casa da Criança, através da Célia Cruz e da Patrícia Chalaça. A partir dessa primeira conver-sa, houve o interesse nesse projeto, pois vem de encontro a uma necessidade do Instituto de bus-car ambientes mais adequados e adaptados aos pequenos pacientes e ao foco de trabalho do projeto que é atender a crianças e adolescentes socialmente desfavorecidos de diferentes regiões do país. A partir daí, firmou-se uma parceria em que o Instituto entra com todo o seu know-how em câncer infanto-juvenil, e a Casa da Criança com sua vasta expertise na criação de espaços bem-planejados e equipados, ambientes vivos, com ins-tituições práticas e confortáveis para o atendimen-to de crianças. Com essa mudança no ambiente, os pequenos pacientes reagem muito melhor ao tra-tamento possuem uma qualidade de vida melhor nos hospitais e casas de apoio, pois contam com salas de tv, brinquedotecas, parquinhos e diversos outros espaços dedicados exclusivamente ao bem-estar das crianças em tratamento.

o irm investe em outras ações especiais? Quais?Fn: Sim. O IRM atua em diversas linhas como apoio a pesquisa, eventos, além de intermediar doações e parcerias que beneficiam às instituições e os pe-quenos pacientes. Alguns exemplos realizados em 2005 foram: Apoio ao 12º Congresso Nacional de Voluntários e Instituições de Apoio à Criança com câncer e encontro Nacional de Grupos Cooperati-vos; manutenção da CIOPe – Central Informatiza-da de Oncologia Pediátrica - que consiste em um

A p r i m e i r a C a s a R o n a l d f o i c r i a d a e m 1 9 7 4 . P r e s e n t e e m m a i s d e 1 7 0 l o c a l i d a d e s ,

e s t e s i s t e m a j á v i a b i l i z o u a d o a ç ã o d e m a i s d e U S $ 3 0 0 m i l h õ e s p a r a p r o g r a m a s

v o l t a d o s à i n f â n c i a e a d o l e s c ê n c i a .

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banco de dados com protocolos médicos sobre o tratamento de câncer, elaborados pelos Grupos Cooperativos, que são constituídos por profissio-nais da área de oncologia que realizam estudos para sistematizar as formas de tratamento para cada patologia oncológica na infância -, a par-ceria com a Ciranda Discovery kids é um circuito de atividades inspiradas nas propostas de alguns desenhos do canal, que ajudam a promover o de-senvolvimento social e educativo das crianças e a doação de 14 mil caixas de McFlakes, com 160 unidades de sucrilhos cada, ao Instituto Ronald que repassou essa destinação para suas instituições cadastradas, entre outras.

Qual é o procedimento que uma instituição deve seguir para se cadastrar ao irm?Fn: De acordo com seu calendário anual, o Ins-tituto abre a possibilidade de receber novos ca-dastros no mês de setembro. As instituições devem, antecipadamente, acessar o site (www.instituto-ronald.org.br) para identificar e providenciar a documentação necessária, garantindo o envio do processo completo em setembro. O pedido de um novo cadastro é analisado pe-los Conselhos do Instituto e só então um parecer é expedido. O principal objetivo desse rigoroso processo é trabalhar com organizações regular-mente constituídas e manter o foco nas crianças e adolescentes com câncer.

e o programa casas ronald mcdonald, como funciona?Fn: O conceito do Programa Casas Ronald McDo-nald é simples: “uma casa distante de casa” para crianças com sérias doenças que recebem trata-mento nos hospitais próximos. As Casas Ronald provêm uma confortável alternativa de apoio. elas servem como residência tem-porária com a facilidade de serem próximas aos hospitais, permitindo que os acompanhantes das crianças atendidas possam dormir, relaxar e encontrar apoio e consolo em outras famílias que estão passando pela mesma situação. esse programa das Casas Ronald McDonald também é muito importante porque permite que alguns leitos que são ocupados por pacientes que estão internados porque não têm como se hospedar para o tratamento sejam desocupa-dos e cedidos àqueles que realmente necessitam de internação permanente. Dessa for-ma, eles são encaminhados à Casa Ronald e vão ao hospital somente realizar os procedimentos de tratamento. Isso aumenta o número de crianças atendidas, contribuindo para a cura.

Quem é responsável pelo planejamento de pro-gramas e administração do portifólio dos proje-tos efetivamente apoiados pelo instituto?Fn: A responsabilidade é da área de Projetos, com o apoio do Conselho Científico do Instituto.

Qualquer pessoa pode ajudar o instituto ronald mcdonald? como?Fn: Sim. Através de campanhas como o McDia Feliz, dos cofrinhos (que estão localizados nos cai-xas dos restaurantes McDonald’s onde as pessoas

podem depositar suas moedinhas), do McLanche Feliz que doa um percentual de cada lanche com-prado para o Instituto, participando de ações pro-mocionais, e também se tornando membro contri-buinte – realizando uma contribuição mensal para o Instituto - e através do trabalho voluntário que beneficia milhares de crianças em todo Brasil.

Falando um pouco do “chico”, como você é conhecido no terceiro setor, e o que o levou a entrar na área social?Fn: O meu engajamento na causa do combate ao câncer infanto-juvenil ocorreu após eu ter viven-ciado como pai o quanto essa doença desestabi-liza a criança e a família. Foram seis anos e seis meses de batalha contra a Leucemia (LLA) do meu filho Marquinhos. Nesse período eu, minha esposa Sonia e meu outro filho Carlos aprendemos muito sobre a doença e a solidariedade das pessoas. Nós fizemos de tudo para salvar a vida dele. For-mou-se uma corrente de solidariedade, que não podíamos desperdiçar. Não foi possível salvar a vida do Marquinhos, mas ele deixou uma lição de vida muito forte e foi esse legado que me motivou a trabalhar no combate ao câncer infanto-juvenil. em 1990, quando voltamos ao Brasil, depois de ter ficado hospedado em uma Casa Ronald McDo-nald para o tratamento do meu filho, eu e minha família nos reunimos a um grupo de amigos que nos ajudaram na campanha para fazermos algo em favor de outras crianças e adolescentes porta-dores de câncer. O primeiro trabalho como volun-tário na causa ocorreu a partir de 7 de novembro de 1990, com uma Sala de Recreação no INCA, junto com um grupo de 11 grupo de pessoas. ela foi inaugurada em 1990 e funciona até hoje no 11° Andar. Após a inauguração, começamos a vi-venciar um problema recorrente com as famílias

carentes vindas de outros estados e Municípios distantes que, não tendo para onde ir ficavam in-ternadas no hospital, utilizavam o leito do hospi-tal como estadia. então, iniciamos um outro sonho: a construção de uma Casa de Apoio para essas crianças e seus familiares. em 1991, quando o McDonald’s destinou os recur-sos do McDia Feliz ao Instituto Nacional de Câncer (INCA), foi feita uma coletiva de imprensa no au-ditório do INCA. eu me aproximei do Presiden-te do McDonald´s Brasil, Peter Byrd Rodenbeck, e perguntei por que eles não criavam uma Casa Ronald no Brasil. Na época, existiam apenas 15 voluntários e cerca de 23 lojas do McDonald’s fun-cionando no Rio de janeiro. No McDia Feliz de 1991, eu e alguns amigos do Tijuca Tênis Clube participamos do evento ajudando a vender os

sanduíches Big Mac no McDonald’s Barra-Drive, que ficava ao lado do Carrefour-Barra da Tijuca. Neste dia, tive uma reunião com o Peter Rodenbe-ck no Restaurante McDonald’s Barra-Drive e volta-mos a conversar sobre o projeto Casa Ronald no Brasil e ele me convidou para conhecer o trabalho do Centro Infantil Domingos Boldrini, em Campi-nas-SP. Aceitei o convite e, três anos depois, em 24 de outubro de 1994, foi inaugurada a primeira Casa Ronald McDonald da América Latina, locali-zada na Rua Pedro Guedes, no Maracanã, Rio de janeiro. Fui convidado e aceitei o convite para im-plantar e presidir a Diretoria executiva, de 1994 a 1998, junto com 12 pessoas, responsável pela administração da Casa Ronald.Vencida esta etapa e ainda focado na causa do combate ao câncer infanto-juvenil, com a intenção de realizar um trabalho a nível nacional, em 1998 fui convidado pelo McDonald’s para implantar o Instituto Ronald McDonald no Brasil. Trabalho como Superintendente desde a sua fundação em 08 de abril de 1999 (dia mundial de combate ao câncer) até a presente data.

desde o seu ingresso neste setor, muitas experi-ências devem ter sido vividas. com base nessas experiências, que mensagem você deixaria?Fn: Tenho constatado que o trabalho do Terceiro Setor tem crescido muito no Brasil e já está influen-ciando em mudanças de políticas públicas. Com o crescimento, aumentou a profissionalização do Terceiros Setor que é muito importante para consolidar as ações das Instituições, mas é pre-ciso ter cuidado para que o Terceiro Setor não perca a sua essência, a sua alma. Pelo que tenho

aprendido ao longo dos anos, creio que o segredo do sucesso é movido a ousadia, desafios, empreendedorismo, sem medo do fracasso. A persistência, a abnegação e o entendimento do que estamos realizando, são elementos fun-damentais para alcançarmos nossas metas e melhores resultados. é essen-cial a dedicação ao trabalho, pois no caso do IRM, o nosso resultado é men-surado em vidas de crianças e adoles-centes salvos. Por isso, deixo aqui uma mensagem que não é minha, mas sem dúvidas é inesquecível: “O homem é mortal por seus temores e imortal por

seus desejos” (Pitágoras). Portanto, todos devemos ser ousados e otimistas em tudo o que fizermos e aproveitarmos cada momento para sermos felizes e construirmos um mundo melhor.

U m a m e n t e f o r t e , u m c o r p o f o r t e e u m l u g a r s e g u r o e i n c e n t i v a d o r p a r a s e

c r e s c e r - e s t e é o l e m a d o I n s t i t u t o R o n a l d M c D o n a l d , e s t r u t u r a d o n o s m o l d e s d o

R M H C ( R o n a l d M c D o n a l d H o u s e C h a r i t i e s ) .

* Francisco neves é engenheiro civil formado pela uFrj em 1974, tendo atuado

no Serpro/ ministério da Fazenda. Fundador do Grupo de recreação infantil

do InCa (Instituto nacional do Câncer) e voluntário de 1990 a 1998.

Fundador da aaCn (associação de apoio à Criança com neoplasia do rio de janeiro) em 1992

Fundador da Casa ronald mcDonald em 1994 e presidente da Diretoria Executiva de 1994 a 1998. membro do Conselho de administração

desde sua fundação e atual voluntário.Fundador do Instituto ronald mcDonald, em

1999 e atual Superintendente deste.

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no ano de 1999 o projeto caSa da criança deu início às suas ativida-des, com a reforma do abrigo público da Cidade do Recife, Casa de Carolina. A transformação arquitetônica do abrigo e a mobilização da sociedade foi motivo de referência a outros estados do país que desejavam levar o Projeto Casa da Criança a beneficiar crianças e adolescentes das suas regiões. Desde então, o projeto não parou mais, e vem expandindo sua atuação nos diversos segmen-tos de atendimento à criança e ao adolescente: abrigos, creches, espaços de atendimento ao adolescente, ao portador de necessidades especiais e às crianças em tratamento de câncer. Atualmente, o Projeto Casa da Criança recebe apoio de instituições e empresas que custeiam as despesas administrativas e de mobilização para atuar nas diferentes regiões do Brasil, a exemplo do Parceiro Máster Cimento Nassau que desde 1999 está ao lado do Projeto Casa da Crian-ça e do Instituto Ronald McDonald. O Instituto Ronald McDonald, parceiro do Projeto Casa da Crian-ça desde 2004, promove ações de combate ao câncer infantil, indican-do quais cidades e instituições devem ser atendidas pelo Projeto Casa da Criança. essa ação direciona as intervenções nas regiões brasileiras, visando preencher os vazios geográficos e atender a tríade: Hospital (interna-mento), Ambulatório (tratamento) e Casa de Apoio (acolhimento). “Desta forma, estamos unindo forças para combater o câncer infanto-juvenil”, comenta Patrícia Chalaça, Presidente do Projeto Casa da Criança. Roberto Mack, Gerente Geral do Instituto Ronald MacDonald, explicou que a união de forças entre o Instituto Nacional do Câncer (Inca), Sociedade Bra-sileira de Oncologia Pediátrica (Sobop), união de entidades de Apoio à Criança com Câncer (uneacc) e Instituto Ronald Mcdonalds, visa atender amplamente a criança com câncer através de tratamento ambulatorial, quimioterápico, das internações hospitalares e das casas de apoio, que hospedam pacientes e familiares de outras cidades. Na seleção das instituições que serão beneficiadas, é utiliza-do o mesmo sistema de geo-marketing que define o local ideal para um novo restaurante da rede Mcdonalds. A escolha é feita através do cruzamento de informações da Sobop, do Inca e dos dados sobre internações da APAC - Autorização de Procedimentos de Alta Comple-xidade. O estudo aponta o número de crianças que são atendidas em cada cidade e aponta também a migração dos pacientes para outras localidades que oferecem atendimento especializado. “é uma ferramenta que ajuda o Inca definir a quantidade de leitos, hospitais e médicos que são necessários para o atendimento em todo o Brasil”, afirmou. No Brasil são diagnosticados 420 mil novos casos de câncer por ano. Cerca de 12 mil (3%), são em crianças. Diante dessa triste realidade, o Projeto Casa da Criança em parceria com o Instituto Ronald McDonald tem como objetivo, reformar cada vez mais um maior número de unidades destinadas a este tipo de atendimento.

B O N S V E N T O SAmpliando o atendimento aocâncer infanto- juveni l

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a t e n d i m e n t o

No Manual de Fran-quia Social do Projeto Casa da Criança já vinha se percebendo a necessidade de elaborar um Mo-delo de Aplicação Específico para a área do câncer infanto-juvenil, que orientasse os diferentes atores envolvidos e pudesse suprir a de-manda existente de forma mais efi-caz, já que o Projeto havia realizado uma experiência com essa clientela ao humanizar os ambientes da Apala – Associação dos pais e amigos dos leucêmicos de Alagoas, em Maceió, no ano de 2003. este Modelo de Aplicação re-sultou de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Tecnologia da Coordenação Nacional do Projeto Casa da Criança. Essa pesquisa possibilitou identificar pe-culiaridades no trato com crianças e ado-lescentes em tratamento de câncer, resul-tando no Manual de Atendimento ao Câncer Infanto-juvenil. No intuito de promover mais efi-cientemente as ações de intervenção nessas Instituições o Manual possibilitará a existên-cia de instalações e mobiliários mais ade-quados e seguros, melhoria nos acessos, no tratamento e apoio, bem como, trará dimi-nuição do quadro depressivo das crianças em tratamento promovendo assim, grandes benefícios à auto-estima das crianças. Humanizar o espaço físico é possí-

RECIFE, DEZEMBRO DE 2005

PROJETO CASA DA CRIANÇA

Organização: Carla Cibele Cavalcanti de Melo

MANUAL DE ATENDIMENTO

AO CÂNCER INFANTO-JUVENIL

carinho

amor

esperança

saúde

atenção

apoioalegria

vidacoragem

vel e necessário, desde que se conheça as peculiaridades das crianças acometidas de câncer. Por isso, conhecer os sintomas, as características da doença, bem como, as conseqüências que o câncer pode trazer é fundamental para se planejar espaços mais adequados, seguros, aconchegantes e, so-bretudo, mais dignos para atender aos pe-quenos pacientes. O que antes não se pensava passar

de um sonho, hoje se percebe que é possí-vel realizá-lo: possibilitar maior qualidade de vida a tantas crianças e adolescentes de nossa sociedade. Os esforços somados aos grupos de franqueados sociais, os quais sem eles nada disso seria possível, pessoas de diversas áreas profissionais espalhados pelo Brasil, fazem crescer essa semente de solidariedade e respeito à criança e ao jo-vem de nosso país.

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aPOIO manual de atendimento ao Câncer Infanto-juvenil

DEPOImEnTO Da mãE DE uma PaCIEnTE“Você não sabe como hoje me sinto forte para continuar a luta que venho enfrentando. Não é fácil ver minha filha sofrer, estar longe de casa, da família... Quando vi a quantidade de pessoas aqui, unidas para ajudar a gente, vi que não estou só e senti uma força muito grande para continuar, se Deus quiser tudo vai dar certo. Não vou dizer que estar num hospital mesmo lindo assim é bom, mas ao menos vamos esquecer um pouco a tristeza do hospital porque vocês deixaram tudo muito diferente, muito mais alegre, nem parece um hospital”.

InSTITuIÇÕES O Hospital do Câncer de Cuiabá - mT (acima) e a aPaLa, em alagoas

(abaixo) foram reformadas pelo Projeto

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m u l t i p l i c a ç ã o

de um lado, empreSárioS preocupadoS em inveStir nos conceitos de marketing e res-ponsabilidade social. Do outro, instituições do terceiro setor à procura de parceiros que pos-sibilitem o seu crescimento. e, para unir os dois interesses, um novo termo começa a ganhar es-paço: a franquia social. O conceito é novo e ainda polêmico. Várias são as semelhanças com o modelo co-mercial, amplamente adotado por redes de fast food e lojas em geral. Alguns aspectos diferem a franquia social da comercial nos seus objetivos, meios e fins. A franquia comercial possui fins lucrativos, enquanto que toda franquia social é sem fins lucrativos. Para uma franquia comercial o lucro final é a garantia do sucesso do empreendimen-to e, para uma franquia social, o termômetro do sucesso é o atendimento às necessidades sociais as quais a franquia se destina, é o impacto so-cial. existem também alguns aspectos em que a franquia comercial e a social se asseme-lham, pois, assim como a franquia comercial, a social também busca multiplicar o conhecimento de metodologias, técnicas e experiências já vi-venciadas. No entanto, a franquia social utiliza esse recurso multiplicador para atuar como mais uma ferramenta de gestão de projetos que têm como objetivo, não apenas a disseminação das experiências bem-sucedidas mas, principalmente, o benefício à so-ciedade. Ser uma empresa-cida-dã não é mais uma mera questão de marketing. é uma necessidade

que se torna filosofia de negócios, a partir da pressão da sociedade em favor de empresas que cumpram o seu papel social. Cedo ou tarde, a empresa investirá ou irá ampliar seu investi-mento no Terceiro Setor. Resta saber qual será a forma escolhida por esta empresa para realizar seu investimento. A franquia social surge como uma pos-sibilidade muito promissora, dentro desse cená-rio. ela é uma forma de investimento social cuja eficiência e resultados já foram efetivamente comprovados, a partir de um modelo consoli-dado ao longo de anos de experiência. Neste sentido, a franquia social difere pouco de suas similares comerciais: ela parte de uma sólida concepção, que pode ser multiplicada por uma rede que compartilha de seus ideais e objetivos – no caso, proporcionar benefícios à comunida-de e ao desenvolvimento social. Como toda fran-quia, a social tem parâmetros de implementação que garantem o sucesso da iniciativa. Além de dar maior visibilidade às insti-tuições que fazem os projetos sociais, permitindo sua expansão, o franchising vem atraindo tam-bém a atenção das empresas. Hoje, mais do que em qualquer outra época da história brasileira, há um número enorme de pessoas conscientes de sua responsabilidade social. Muitos empresários

e executivos vêem a atividade comunitária como forma de motivar seus funcionários e colabora-dores atuais, de adquirir a admiração do con-sumidor e da comunidade e de atrair uma nova geração de funcionários e colaboradores que valorizam esse tipo de atitude. um investimento equivocado em pro-jetos que, por falhas de concepção e/ou de implementação, acabam não sendo bem suce-didos, podem levar empresários e executivos a perderem o estímulo para continuar investindo nessa área, na qual o Brasil tanto precisa de in-vestimentos. Por isso, se torna tão necessária a cautela no momento de avaliar a credibilidade e aceitação de uma organização do Terceiro Setor. Avaliar a respeitabilidade e importância de uma organização, passa pela análise do im-pacto social e da sua inovação em implementar idéias simples que trazem resultados significati-vos ao que se propõe. Fica clara a importância que a fran-quia social exerce também para o mundo em-presarial pois, dentre outros aspectos, a franquia social possibilita à classe empresarial um meio mais eficaz de exercer sua responsabilidade so-cial, além de ser uma alternativa para atender a grande demanda social do país. Através da disseminação de casos bem

sucedidos, as instituições sociais têm, cada vez mais, projetos efi-cientes a que se dedicar e as em-presas passam a ter um leque de possibilidades de investimentos na área social. e o mais impor-tante, a sociedade poderá ser privilegiada com projetos consis-tentes, testados e aprovados.

F R A N Q U I A S O C I A LUm caminho de invest imento seguro para o setor empresarial

CaraCterístiCas das franquias ComerCial e soCial

FRANQUIA COMERCIAL FRANQUIA SOCIAL

merCado Comunidade

franqueador / emPresÁrios(Com fins luCratiVos)

entidade franqueadora / orGaniZaÇÕes (sem fins luCratiVos)

franqueado(Visando fins ComerCiais - luCratiVos)

entidade franqueada (Visando fins soCiais – nÃo luCratiVos)

seGmento / ramo Área de atuaÇÃorede ComerCial rede soCial

resultado / luCro BenefíCio soCial

miX de Produtos ProGramas ou ProJetos

inVestimento imPlantaÇÃo

indiCadores de imPaCto ComerCial (marKetinG) indiCadores de imPaCto soCial

ÉtiCa ÉtiCa

aValiaÇÃo da franquia indiCadores soCiais

fontes de inVestimento fontes de reCursos

fontes de reCursos PatroCinadores, aPoiadores e mantenedores

GeraÇÃo de reCursos PrÓPrios PrestaÇÃo de reCursos

atiVidade-meio ProGrama

atiVidade-fim disseminaÇÃo dos resultados do ProJeto

Cliente assistidos

PÚBliCo alVo Comunidade

KnoW-HoW metodoloGia e teCnoloGia aPliCadas

m u l t i p l i c a ç ã o

O que leva um empresário a aderir a uma fran-quia comercial? na sua opinião, quais as vantagens e desvantagens de ingressar nesse ramo de investi-mento?lm: O conceito de franquia está ligado ao con-ceito de negócios, e este último, por sua vez, ao conceito de empresa. Por fim, consolidou-se na cultura brasileira sob o espectro da lucratividade um negócio testado e formatado, com transfe-rência de know-how, mídia cooperada, suporte operacional, cuidado minucioso nos aspectos téc-nicos, gastronômicos e financeiros caracteriza nos-sas marcas Bonaparte, Galileu, Monalisa, Dojô, Over Point e Donatário. A preferência do nosso cliente indica que satisfazemos plenamente uma hierarquia de exigências que podem ser relacio-nadas como: qualidade do produto, higiene e lim-peza, sabor dos Alimentos, preço justo e rapidez. O Grupo Bonaparte se preocupa com segurança alimentar em toda a rede, trabalhando dentro de todas as exigências da ANVISA. A segurança alimentar não é passível de negociação. Servir alimento seguro é nossa obrigação, como profis-sionais de serviços de alimentação e do setor de fornecimento de alimentos. O treinamento ade-quado constitui uma das melhores maneiras de criar uma cultura de segurança alimentar dentro dos estabelecimentos de alimentação, como é o caso do Grupo Bonaparte.A convivência das franquias com outras lojas ge-ram sinergia com negócios complementares, e tem ainda o potencial de alavancar novas marcas ou consolidar e divulgar as já existentes. A definição sobre a modalidade de negócio mais vantajosa é exclusiva de cada rede. Nos casos de franquias de alimentação, é quase consensual a visão de que há mais prós do que contras. quase sempre centralizadas em um único ponto, enfrentam enor-me concorrência, mas o benefício do afluxo de público é ainda maior. Para cada rede ou fran-queado, existe um objetivo diferente e isso impli-ca em maneiras mais ou menos adequadas para trabalhar a expansão e consolidação da marca.

quais os principais indicadores para avaliar a cre-dibilidade e aceitação no mercado de uma franquia comercial?lm: Tem gente que não tem a menor idéia do que

seja uma franquia. Acha que é um tipo de sociedade, ou que apenas se compra a licença de uso da marca. é preciso avaliar o perfil em-preendedor, habilidades e competências, e a capacida-de financeira do empresário. Pois, apesar de ser um negócio formatado de conceito testado, o investidor deve ter em mente que não há receita para o suces-

so. Avaliar o perfil de cada franquia, levando em conta o mercado, os concorrentes e a cultura local. O candidato à franquia deverá analisar também a sua capacidade empreendedora e financeira, o histórico do franqueador e o suporte que o mes-mo oferece aos franqueados.

a procura da classe empresarial por investimentos nesse setor tem aumentado ou diminuído? Há da-dos que identifiquem quantas franquias comerciais existem atualmente no brasil? Destas, quantas são associadas a abF (associação brasileira de Franchi-sing)?lm: No Brasil, de cada 100 empresas indepen-dentes (não-franquias) que são criadas, apenas 38 completam o primeiro ano de vida. Ou seja: 62% das pequenas e médias empresas que não integram uma rede quebram ou fecham suas por-tas por qualquer outro motivo antes de completar seu primeiro aniversário. já entre as franquias, a situação é bem outra: 97% chegam ao final do primeiro ano de vida.O Franchising é uma estratégia de sucesso, se bem formatada e com um conceito amplo de ges-tão participativa. O Brasil é o sexto maior pólo de empresas fran-queadoras do mundo, superando a marca de 800 franqueadoras que juntas geram cerca de 531 mil postos de trabalho. No ano passado, o se-tor movimentou cerca de R$ 31 bilhões de reais. esses dados demonstram que o negócio de fran-quias continua sendo uma boa opção de investi-mento no Brasil, tanto para empresas nacionais e estrangeiras.

quais os aspectos positivos de se associar a abF?lm: um deles é o associativismo que vem se apresentado como um fator importante para as corporações hoje em dia. Compartilhar proble-mas, desafios e soluções vem se tornando cada vez mais necessário. A ABF propicia isso aos seus associados.

Como você vê a multiplicação de iniciativas sociais através das franquias sociais? lm: é um novo conceito que ganha força entre os que integram o chamado Terceiro Setor no Brasil. é uma alternativa para reaplicar e disseminar ex-periências sociais de sucesso, evitando erros des-necessários, acelerando a curva de aprendizado

e gerando resultados positivos rapidamente. Trata-se da franquia social, a adoção de mode-los bem-sucedidos de ação social por uma empre-sa. A idéia permite a reedição de estratégias e metodologias já testadas e aprovadas na prática e a conquista de resultados em prazo mais cur-to. Além de propiciar condições para a implan-tação ou continuidade de ações de filantropia, voluntariado e preservação do meio ambiente, as franquias sociais também divulgam as melhores práticas das empresas atuantes.

quais os principais indicadores para avaliar a cre-dibilidade e aceitação no mercado de uma franquia social?lm: A AFRAS mantém um cadastro de organiza-ções do Terceiro Setor e um levantamento com-pleto das ações sociais de redes franqueadoras e empresas que integram o sistema de franchising.

quais as principais semelhanças e diferenças entre as franquias comercial e social? lm: As características que distinguem esse tipo de franquia, social, da tradicional franquia comercial é que a diferença entre elas não é remuneração da entidade proprietária da marca, mas a natu-reza da atividade franqueada, da metodologia. A remuneração pela cessão também não revela imediatamente seu caráter comercial. ONGs po-dem manter comércio para suportar suas ativida-des de caráter público. É a aquisição final desse lucro, a privatização desse lucro e de todos os ou-tros resultados da atividade que revelam se ela é ou não de interesse público, de caráter público, do Terceiro Setor.

Sabemos que o número de franquias sociais tem au-mentado no brasil. Sob seu ponto de vista, a que se deve esse crescimento?lm: As oportunidades para as pequenas e médias redes de franquia participarem de projetos de res-ponsabilidade social estão se ampliando, principal-mente porque não implicam altos gastos. Com isso, o grande número de redes franqueadoras envolvi-das com projetos sócio-ambientais e a perspectiva de atrair mais empresas socialmente responsáveis levaram à criação da AFRAS (Associação Franquia Solidária), braço social da ABF (Associação Brasilei-ra de Franchising). Organizar e estimular atividades sociais são objetivos da AFRAS, criada para integrar empresas do franchising em ações no Terceiro Setor. Lançada em junho de 2005, a entidade centraliza as práticas de responsabilidade social, estimula no-vas atividades e fomenta parcerias entre empresas do setor e organismos assistenciais. Considerando essas premissas, a AFRAS definiu três pilares para seu trabalho social em 2006: educação, capacita-ção profissional e geração de empregos. A especialização profissional ganha cada vez mais importância em uma conjuntura de eleva-das taxas de desemprego e dificuldades para en-trar no mercado de trabalho.

o DIREToR NoRTE/NoRDESTE Da abf (assOciaçãO brasileira De franchising) fala UM POUcO Mais sObre franqUias sOciais e cOMerciais

E N T R E V I S T A C O M L E O N A R D O L A M A R T I N E

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com o oBjetivo de deSenvolver um trabalho social e beneficente para crianças, sem fins lucrativos, os arquitetos Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão reuniram no ano de 1999, arquitetos e decoradores para a reforma de um Abri-go público da Cidade do Recife, numa propos-ta moldada de forma similar a uma mostra de decoração, nascendo assim o Projeto Casa da Criança. O Abrigo Casa de Carolina foi a uni-dade escolhida e tornou-se a primeira instituição em que o Projeto Casa da Criança atuou. esta instituição pertence ao Governo do estado de Pernambuco e atende a 100 crianças órfãs víti-mas do abandono e maus tratos. O trabalho desenvolvido por todos os profissionais que aderiram ao Projeto Casa da Criança nessa ocasião envolveu um total de se-tenta profissionais das diversas áreas da constru-ção civil, fabricantes, arquitetos, entre outros. este trabalho despertou a consciência do termo Res-ponsabilidade Social e um sentimento de satisfa-ção ao ver a alegria nos olhos daquelas crianças ao verem o abrigo reformado. A transformação arquitetônica dos ambientes em alegres e cria-tivos e acima de tudo dignos, demonstrou que é possível proporcionar uma melhor qualidade de vida às crianças socialmente desfavorecidas de nosso país. Com a inauguração da Casa de Caroli-na, veio a repercussão nacional em emissoras de televisão, jornais e revistas, o que resultou, desde o primeiro momento, numa procura de profissio-nais de diferentes regiões do país interessados em reaplicar o Projeto Casa da Criança em seus estados. Isto fez crescer ainda mais a responsa-bilidade do Projeto em levar seu conhecimento a outras cidades através da Franquia Social e pos-sibilitar a expansão das áreas de atuação com a multiplicação das idéias do Projeto, possibilitan-do assim, beneficiar crianças e adolescentes das diferentes regiões do país. O grande mérito do Projeto Casa da Criança não é simplesmente o de reformar as ins-tituições de atendimento à criança e/ou adoles-cente, mas sim, de como viabilizar a realização destas obras, pois sempre que implantado em um estado, passa a agir como um processo multipli-cador. O Projeto Casa da Criança não recebe dinheiro para as reformas, e sim, produtos, mate-riais de construção e serviços prestados. O valor é estimado ao preço do m² de cada região e o total tem como base levantamentos realizados que contabilizam desde a mão-de-obra, cimento, tijolo, revestimentos cerâmicos, materiais de aca-bamento, à decoração final (colchões, brinque-

A F R A N Q U I A S O C I A L D O P R O J E T O C A S A D A C R I A N Ç A

dos, cortinas, luminárias, quadros), dentre outros doados às unidades reformadas. em 2006, o Projeto Casa da Criança está completando 7 anos. Desde seu início até os dias atuais o Projeto vem ampliando suas ações e com o desenvolvimento da tecnologia “Franquia Social do Projeto Casa da Criança”, no ano de 2001, vem multiplicando suas idéias de forma bastante sistematizada. A Franquia Social atua com equipes voluntárias que representam o Projeto Casa da Criança nos diferentes estados. essas equipes, os chamados Franqueados Sociais recebem treina-mento e estando aptos passam a integrar a rede

de franqueados do Projeto, hoje composta por mais de 50 profissionais ativos em 15 Estados brasileiros que atendem a todas as regiões do país, numa atuação em rede, resultado de um grande trabalho de equipe. Os franqueados re-presentam o Projeto em suas cidades e realizam o trabalho de acordo com a Franquia Social. O trabalho é desenvolvido em uma equipe formada por 4 ou 5 profissionais por Estado e a Coorde-nação Nacional, sediada em Recife, acompanha cada etapa do processo, desde a análise e defi-nição da unidade, acompanhamento de todas as etapas da obra até a sua inauguração.

O Projeto Casa da Criança realiza também uma Convenção Anual com sua rede de franqueados sociais. Nessa Convenção é feita uma avaliação por parte de toda a equipe dos trabalhos desenvolvidos, bem como, são realizadas

dinâmicas de grupo que possibilitam a troca de experiências entre os franqueados sociais, onde são aprofundados assuntos de interesse às crianças e jovens socialmente desfavorecidos das diferentes regiões do Brasil.

Dentre as assessorias realizadas durante o ano às Franquias Sociais destacamos:- Apoio dos Patrocinadores Nacionais: Captan-do Patrocinadores Nacionais de produtos para doação de material às obras realizadas pelas Franquias Sociais.- escolha das unidades: Avaliando a documenta-ção jurídica e analisa dentre as unidades sele-cionadas pelas equipes dos franqueados aque-la que mais atende aos quesitos indicados na Franquia Social e a definição da unidade se faz apenas quando da visita de um integrante da Coordenação Nacional à respectiva unidade.- Supervisão de Franquias Sociais: Disponibilizan-do um profissional que supervisiona as Franquias Sociais. esta supervisão é realizada na sede na-cional (Recife) e acompanha todas as etapas ine-rentes a realização do Projeto, desde os eventos, aos assuntos jurídicos, contábeis (específicos de projetos), obra e solicitações de materiais aos Patrocinadores Nacionais.- Gerência de Obras: Realizando visitas duran-te o período efetivo das mesmas em todas as cidades. - Apoio Mobilização:Fazendo-se presente nos lançamentos com a responsabilidade de contri-buir com a mobilização do respectivo estado.- Apoio de Comunicação: Disponibilizando um profissional (Comunicador Visual) que contribui com o material de comunicação específico de cada Franquia Social.- Assessoria de Imprensa: Disponibilizando um profissional (Jornalista) que contribui com a as-sessoria de imprensa específica de cada Fran-quia Social.- Assessoria jurídica: Disponibilizando assessoria jurídica que contribui com ajustes contratuais es-pecíficos de cada Franquia Social. O Projeto Casa da Criança desenvolve uma ação social que permite mostrar para a so-ciedade que é possível desenvolver um trabalho onde a força motriz é o reflexo da atuação con-junta entre os diversos segmentos da sociedade em beneficio das crianças e jovens desfavoreci-dos de nosso país.

CONVENÇÃO Franqueados trocam figurinhas

COnCEnTranDO esforços para aperfeiçoar

A T E N D I M E N T O 1 � � � A 2 0 0 �A t r a j e t ó r i a d o P R O J E T O C A S A D A C R I A N Ç A

m u l t i p l i c a ç ã o

Brinquedoteca

refeitório

Quarto - 3 a 5 anos

refeitório

r e v i s t a d o p r o j e t o n º 0 12 0

escovódromo

reciFe - pe

Atendimento: ABRIGO

Instituição:

aBrigo caSa

de carolina

1 � � �

BraSília - dFAtendimento: CReCHeInstituição: caSa do candango

2 0 0 0

Sala de aula

Sala jardim ii

Wc meninas

Sala estimulação

natal - rn

Atendimento: CReCHe

Instituição:

crecHe Beatriz de

Souza aranHa

2 0 0 1

Fachada

dormitório

copa

Sala estar tv

Quarto

Quarto

r e v i s t a d o p r o j e t o n º 0 12 1

Salinha de estudos

maceió - alAtendimento: ADOLeSCeNTeSInstituição: amai

2 0 0 1

jundiaí - Sp

Atendimento: ABRIGOInstituição:

caSa tranSitória

n. S. aparecida

2 0 0 1

Fortaleza - ce

Atendimento: ABRIGO

Instituição:

aBrigo tia júlia

2 0 0 2

lazer externo

A T E N D I M E N T O 1 � � � A 2 0 0 �A t r a j e t ó r i a d o P R O J E T O C A S A D A C R I A N Ç A

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 2

m u l t i p l i c a ç ã o

teatro

São paulo - SpAtendimento: ABRIGO/LIB. ASSISTIDAInstituição: aBrigo Santana

2 0 0 2

refeitóriodormitório

cozinha minigrupo B

Berçário

São paulo - Sp

Atendimento: CReCHe

Instituição:

centro educacional

inFantil do Belém

2 0 0 2

refeitórioSala de tv

goiânia - go

Atendimento: ABRIGOInstituição:

lar daS meninaS

de pai joaQuim

2 0 0 2

Quarto

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 3

pátio externocozinha

Sala de auladentilândia

Sala multiuso

São paulo - Sp

Atendimento:

ADOLeSCeNTeS

Instituição:

recanto

primavera

2 0 0 2

Berçário maior minigrupo a

São paulo - Sp

Atendimento: CReCHe

Instituição:

crecHe Santo antônio

2 0 0 2

Wc

maceió - alAtendimento:CâNCeR INFANTO-juVeNILInstituição: apala - aSSociação doS paiS e amigoS doS leucêmicoS de alagoaS

2 0 0 3

r e v i s t a d o p r o j e t o n º 0 12 3

refeitório funcionários

A T E N D I M E N T O 1 � � � A 2 0 0 �A t r a j e t ó r i a d o P R O J E T O C A S A D A C R I A N Ç A

m u l t i p l i c a ç ã o

enfermaria

Biblioteca lavanderia

cozinha

refeitóriorepouso

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 �

m u l t i p l i c a ç ã o

Quarto meninos

goiana - peAtendimento: À CRIANÇA

e AO ADOLeSCeNTeInstituição: núcleo Social naSSau

2 0 0 3

Sala administrativa

Salvador - BaAtendimento:

ABRIGO e CReCHeInstituição: amac

2 0 0 3

cuiaBá - mtAtendimento: ABRIGO

Instituição: Fundação aBrigo

Bom jeSuS

2 0 0 3

Oficina de Papel Reciclado

Sala de artes

dormitório turma da mônica

cozinha

Wc

r e v i s t a d o p r o j e t o n º 0 12 �

Sala de aula

recepção

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 �

São paulo - Sp

Atendimento: ABRIGOInstituição:

centro de

aSSiStência e

promoção Social

noSSo lar

aracaju - Se

Atendimento: ABRIGO

Instituição:

aBrigo SorriSo

2 0 0 3

2 0 0 3

Horta

poçoS de

caldaS - mg

Atendimento: CReCHe

Instituição:

centro

educacional

rouxinol

2 0 0 �

dormitório Feminino

Hall

m u l t i p l i c a ç ã o

2 0 0 � :

Belém - paAtendimento: ABRIGO PARA CRIANÇAS COM NeCeSSIDADeS eSPeCIAISInstituição: eape - eSpaço de acolHimento proviSório eSpecial

Obras eM anDaMentO:inaUgUraçãO nO PriMeirOseMestre De 2006

maquete eletrônica do Hospital do açúcar

maceió - al

Atendimento: AO CâNCeR INFANTO-juVeNIL

Instituição: ala amBulatorial do HoSpital do açúcar

enfermariaenfermaria

recepção

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 �

2 0 0 �

tereSina - pi

Atendimento: ABRIGO

Instituição:

lar da criança

maria joão de deuS

2 0 0 �

cuiaBá - mt

Atendimento: AO CâNCeR

INFANTO-juVeNIL

Instituição: HoSpital do

câncer de cuiaBá

Blumenau - ScAtendimento: CReCHe

Instituição: centro de educação inFanto-juvenil primeiro São joão

2 0 0 �

Sala de aula

r e v i s t a d o p r o j e t o n º 0 12 �

S E L E Ç Ã O2 0 0 � :

Fortaleza - ceAtendimento: AO CâNCeR INFANTO-juVeNIL

Instituição: aBrigo menino jeSuS - caSa de apoio

FlorianópoliS - Sc

Atendimento: CReCHe e ATeNDIMeNTO AO ADOLeSCeNTe

Instituição: Sociedade joão paulo ii

joão peSSoa - pBAtendimento: ABRIGO

Instituição: aBrigo dom ulrico

reciFe - pe

Atendimento: CReCHe e ATeNDIMeNTO AO ADOLeSCeNTe

Instituição: lar de clara

aracaju - SeAtendimento: AO CâNCeR INFANTO-juVeNILInstituição: Setor de oncologia inFantil do HoSpital gov. joão alveS FilHo

porto alegre - rSAtendimento: ABRIGO PARA CRIANÇAS PORTADORAS DO VÍRuS HIVInstituição: clínica eSperança de amparo À criança

UniDaDes a sereM atenDiDas e inaUgUraDas atÉ DezeMbrO Deste anO

tereSina - pi

Atendimento: AO CâNCeR INFANTO-juVeNIL

Instituição: lar de maria c.a.c.c. - caSa de apoio

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 �

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 8

a ç ã oF N I C S

ESTIVEram PrESEnTES nESTE momento histórico da Solenidade de Abertura oficial do I FÓRUM NACIONAL DA INDÚSTRIA

Da COnSTruÇãO SOCIaL representantes das diversas áreas da iniciativa privada e organizações sociais sem fins lucrativos, ocorrida em 09 de março do ano de 2005: (em pé, da esq. para a dir.) Patrícia Chalaça e marcelo Souza Leão (Projeto CaSa Da CrIanÇa), Paulo Harry Schmalz (amanco), Paulo Pepino (representando os Franqueados

Sociais), Dorte Verner (banco mundial), mª antônia Civita e joão armentano (representando arquitetos e decoradores), Viviane naigeborin (ashoka), bruno Ferraz (Iab-PE), Diana

Servera, da Fabrimar(representando os patrocinadores nacionais do Projeto CaSa Da CrIanÇa) e Cláudio Cons

(anamaCO). na mesa, jair Saponari, da alcântara machado.

o projeto caSa da criança, desde 1999, atua promovendo a mobilização social das empresas da área da construção e de-coração, através de reformas e construções de espaços de atendimento e acolhimento às crianças e jovens socialmente desfavorecidos. Mediante o fato do Projeto CASA DA CRIANÇA contar com a participação dire-ta de algumas empresas que atuam doando produtos para todas as unidades em territó-rio nacional, proporcionamos uma ampliação desta rede, a partir do I Fórum Nacional da Indústria da Construção Social, que foi reali-zado em São Paulo, paralelamente a Feicon, nos dias 09 e 10 de março de 2005. O fórum permitiu estreitar relações entre este setor e outras organizações sociais sem fins lucrativos, a partir de casos bem sucedidos, que atuam na melhoria da estrutura física de atendimento a comunidade de baixa renda, como também abrindo espaço com dimensão nacional para que as empresas que aplicam atividades so-ciais pudessem expor seus exemplos e influen-ciar o setor privado a investir no social. O Fórum Nacional da Indústria da Construção Social teve como objetivo promo-ver a integração das empresas do ramo da construção civil como indústrias da construção, decoração, Home Centers, sindicatos e asso-ciações das construtoras, associações profissio-nais, objetivando gerar uma iniciativa orga-

nizada entre este setor para promover uma nova visão às responsabilidades dos proble-mas sociais do Brasil. Sendo assim, a FeICON, maior feira da América Latina no segmento da indústria da construção, foi parceira do FÓRuM NA-CIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRuÇÃO SOCIAL, um grande exemplo de investimento na área social do país por potencializar este encontro de responsabilidade social. A FeICON gerou a “oportunidade” de união entre as partes potencialmente trans-formadoras: empresas da área da construção, construtores e ações sociais que foram apre-sentadas no Fórum, com amplo impacto social e potencial multiplicador. Compreendendo seu papel mobi-lizador, a Alcântara Machado, através da parceria FeICON & FÓRuM NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRuÇÃO SOCIAL, con-tribuiu significativamente para o fortaleci-mento da visão empresa-rial às responsabilidades sociais para com o país. A ASHOkA, associação inter-nacional que apóia líderes sociais no mundo, também foi parceira deste evento. O Fórum contou com a participação de al-guns convidados especiais, profissionais com profundo conhecimento na área social e econômica da América do Sul e demais continentes, como por exemplo: Viviane Naigeborin e Célia Cruz, representando a Ashoka; Dorte Verner, represen-tando o Banco Mundial, Demetre Anastassakis, re-presentando o Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB e ainda a professora Nádia Somekh, da FAu/uSP. Houve ainda apresentação de ONGs e OSCIPs, Institutos, Funda-ções Nacionais e Interna-cionais somando um total de 05 (cinco) propostas inovadoras de melhoria nas estruturas físicas de atendi-

E M PA U T A : A C O N S T R U ç ã O

S O C I A L M E N T E R E S P O N S Á V E L

O i fórUM naciOnal Da INDúSTRIA DA CoNSTRuÇão

sOcial, eM 2005, firMa e DivUlga Parcerias qUe sãO referência De UM MOMentO

históricO De integraçãO Do SEToR DA CoNSTRuÇão

civil Para a fOrMaçãO De UM brasil MelhOr

mento à comunidade de baixa renda a exem-plo de restauração, reforma e construção de escolas públicas, creches, abrigos, hospitais, intervenções de infra-estrutura e saneamento nas comunidades, etc... As propostas que fo-ram apresentadas pelos projetos sociais: Man-dalla, Ação Moradia, Lua Nova e PAP, foram sempre modelos multiplicadores, possibilitan-do uma reaplicação das ações nas diferentes regiões do país bem como proporcionando um meio de participação das empresas dentro de suas áreas de atuação. empresas privadas ou associações também estavam dando exemplos de casos de empresas socialmente responsáveis, que realizam atividades na área da construção ou reforma, intervindo com contribuição social para comunidade. O objetivo destas apresen-tações foi o fortalecimento da visão empresa-rial às responsabilidades sociais para com o seu país.

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

2 �

C O M A PA L A V R A

“Começamos um estudo para analisar a realidade do Nordeste. o objetivo desta pesquisa não é apenas os pobres das ruas, os bairros pobres, mas a causa desta pobreza. Analisamos os pais, os adultos e os jovens e, observamos que forma-se uma espiral que muitas vezes não é positiva, pois a linha de pobreza dos filhos é mais baixa que a dos pais. o Brasil começou bem antes dos outros países a questão do terceiro setor, acredito que por isso consiga transformar esta realidade mais rapidamente. Realizamos uma pesquisa bastante trabalhosa, mas que garante uma imagem real do Brasil. Nesta pesquisa, foram entrevistados não só os pobres, mas psicólogos, universitários, ongs, representante dos direitos humanos e, dentre os assuntos discutidos, estão a gravidez juvenil, sexologia, uso de drogas, violência, criminalidade, baixo índice de escolaridade.Tantas pessoas com nada e muitas pessoas com um mundo, com muitas coisas...É esta a preocupação do banco Mundial, é por isso que trabalhamos. ”*Dorte Verner é economista sênior da unidade de Desenvolvimento Social da região da américa Latina e do Caribe - do banco mundial

Dorte Verner, Banco Mundial

“Poucas prefeituras ou governos de estados dão material para que as pessoas construam suas casas. Depois que entregam o material diz: se virem! e é impressionante como conseguem realmente se virar. Diferente do que acontece na área médica. Já imaginou o governo dar um saco de remédio e mandar a pessoa se virar, sem uma receita, sem orientação? Dá até a impressão de que a arquitetura e a engenharia são supérfluos. as pessoas mais pobres conseguem ter acesso aos médicos através do SuS, aos advogados... O iab decidiu fazer de 2005 o ano da discussão do direito da arquitetura. Em geral, movimentos populares reivindicam o direito à moradia, mas o governo tem que distribuir lajes para moradias ou moradias com arquitetura? Quantas prefeituras brasileiras tem sequer um arquiteto ou sequer um engenheiro civil? Se em todas as prefeituras brasileiras tiverem 2.000 profissionais nessas áreas, é muito...”*Demetre anastassakis é presidente nacional do Instituto dos arquitetos do brasil

Dem

etre

Ana

stas

saki

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B -

Bras

il

C I T A Ç Õ E S & E X E M P L O S N O F Ó R U M

“Precisamos pensar na construção de um desenho coletivo. o arquiteto tem que traduzir esse desenho coletivo ouvindo os agentes. o papel do arquiteto se amplia em dois pontos: prevê a inclusão social e preocupa-se com a continuidade de implementação do seu projeto através da construção de um debate, e uma continuidade defendida pela sociedade civil. “* nádia Somekh é professora de arquitetura e urbanismo da universidade mackenzie - SP

Nádia Somekh,Prof. Arquitetura e urb. Mackenzie - SP

“no rJ trabalhamos em cinco favelas pequenas e muito pobres. não foi

apenas um programa de arquitetos trabalhando a melhoria das casas na

favela. foi um programa de várias ações sociais. o

serviço de arquitetura ou engenharia público não existe, por isso as pessoas

constroem suas casas como podem, cometendo vários erros. Por isso temos

dois objetivos: aperfeiçoar arquitetos para este trabalho e dar assistência

técnica aos moradores. Copiamos o programa da residência médica.

Então são arquitetos formados, mas com pouca experiência, que terão

supervisores e orientadores para que planejem casas com mais entusiasmo.

tínhamos três prioridades: eliminar riscos de vida (desabamento, explosão,

eletricidade, falta de guarda-corpo); adequação sanitária (esgoto

funcionando); conforto satisfatório (ventilação, iluminação natural).”

Jerônimo de Moraes, IAB-Rj

fazer esse encontro social dentro da feicon é totalmente pertinente, até

porque precisamos introduzir a questão social,

enquanto indústria, enquanto mercado, para que

a construção social seja hoje, parte do mercado

e não achar que são apenas programas ou

favores que se fazem para ajudar a população

de baixa renda. no brasil, temos como exemplo o seguinte:

quem quiser financiar um carro, chega na agência pela manhã e à

tarde já sai com um carro. o mesmo não acontece com a habitação.

*renato rocha é mestre em arquitetura e urbanismo - Planejamento Sustentável

Renato Rocha, CONFeA/CReA

nós temos o

desenvolvimento sustentável

como estratégia empresarial. Trabalhamos muito

com o nosso público interno dando exemplos de cidadania

e responsabilidade social. Por que o desenvolvimento

sustentável é um bom negócio? Acreditamos,

a longo prazo, que as empresas

terão sucesso se a sociedade onde

elas estão inseridas tenha sucesso.

nós da amanco queremos sim, ter lucro, mas com o

social e o ambiental funcionando com bons resultados.

Não gostamos de trabalhar com produtos que não

sejam possíveis de ser reciclados. utilizamos produtos

que resultem em um impacto ambiental mínimo.

* Paulo Schmalz é Presidente da amanco brasil S/a.

Paulo Harry SchmalzAMANCO

“O poder público também se beneficia quando

da realização de parcerias com o setor social

e/ou com o setor privado, na medida em que,

por meio da sociedade civil, o governo também

recebe contribuições, as quais contribuem

para a resolução dos problemas sociais.

o setor social entende que

o governo sozinho não pode

resolver os problemas sociais.

Por isso, é importante que se pense em

fazer parcerias entre os 3 setores. Assim,

estes operarão com mais eficiência e terão

resultados melhores para novas iniciativas.“

* Vivianne naigeborin é Diretora Internacional

de Parcerias Estratégicas da ashoka

Viv

iann

e N

aige

borin

Ash

oka

*jerônimo de moraes é presidente do Iab - rj

(Instituto dos arquitetos do brasil no rio de janeiro)

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

3 0

a ç ã oF N I C S

Desde 93, a ação Moradia contribui basicamente no processo de desenvolvimento de comunidades, utilizando como estratégia fundamental a reconstrução da moradia, um bem que toda família deseja. Dentro da estratégia da construção da casa, iniciamos pela construção dos tijolos que é um momento importante de inserção social, onde marido e mulher começam um processo suado e sofrido e, é isso que dá o valor ao processo como um todo quando ele vê a casa pronta. Ninguém se desfaz de nada que fez com seu próprio esforço. No processo de fabricação dos tijolos, tanto a mulher, como o marido e os filhos participam comunitariamente junto com outras famílias. É nessa hora que começam a aflorar os valores mais importantes que a gente quer despertar na comunidade: a solidariedade e o respeito às outras pessoas.

Oswaldo Setti, AÇÃO MORADIA

O R G A N I Z A ç Õ E S N ã O - G O V E R N A M E N T A I SN O F Ó R U M N A C I O N A L D A I N D Ú S T R I A D A C O N S T R U Ç Ã O S O C I A L

A casa na vida das pessoas é metade do caminho para a transformação social. nós despertamos para jovens grávidas que viviam nas ruas e iriam ficar sem

seus filhos porque não estavam prontas para assumir a maternidade. Na época, abrimos um espaço para acolher essas

jovens e oferecer as mesmas a chance de exercer a maternidade. No início imaginávamos trabalhar apenas o lado emocional,

mas algum tempo depois, nós já estávamos

trabalhando geração de renda, fabricação de

bonecas, educação sexual.o sonho dessas meninas tornou-se comprar

uma casa e poder sustentar os filhos. Trabalhamos então a inserção social dessas meninas. Surgiu então a idéia

de trabalhar junto com oswaldo Setti. Estamos aprendendo com ele para fazer acontecer casas para que essas mulheres

possam criar seus filhos. as meninas estão aprendendo a tecnologia para

poder construir as suas próprias casas.

Raquel Barros, LuA NOVA

um dos maiores paradigmas é o desperdício, e nós desperdiçamos imensamente. o Brasil é um país imensamente rico em potencial, mas muito pobre em consciência, isto resulta em pobreza, miséria, fome e marginalização social. a Mandalla é uma extensão da casa. e, a figura principal desde processo estruturante, é a mulher, dona-de-casa. Se você pergunta a qualquer pessoa porque ela trabalha, evidentemente será para ganhar dinheiro, para poder então comprar comida. Sem comida a coisa não funciona. As escolas e os conjuntos habitacionais deveriam ter uma área para produzir a sua alimentação, mesmo que fosse um espaço no fundo do quintal. O primeiro ganho com a Mandalla, é o ganho onde você deixa de gastar dinheiro comprando alimentos. Sem contar que a sobra da produção é vendida por 50% a menos do que custa no mercado. o Brasil tem clima, solo, água, tudo para produzir a nossa alimentação. E esse alimento seria de excelente qualidade. o Brasil é um país propício para gerar emprego e renda. Mas nós não sabemos comer o feijão que produzimos.

Willy Pessoa, AGÊNCIA MANDALLA

atuação 2006em 2006, o Fórum Nacional da Indústria da Construção Social (FNICS) realizará work shops em todas as regiões do país, levando em consideração as dimensões geográficas do Brasil, suas diversidades culturais e suas distintas realidades sociais. Ao todo, serão 07 cidades brasileiras que irão tratar nos work shops 2006, temas sociais que serão levados ao Fórum Nacional da Indústria da Construção Social -2007- FeICON- SP, pro-porcionando oportunidades no setor social às empresas do ramo da construção civil como: indústrias da construção, decoração, Home Centers, sindicatos e associações das construtoras, associações profissionais, ge-rando efetivamente uma iniciativa organiza-da entre este setor, promovendo uma nova visão às responsabilidades dos problemas sociais do Brasil.

São Paulo – SP - em São Paulo, o workshop do Fórum abordará o tema “Os espaços de acolhimento a adolescentes em conflito com a Lei”. O motivo da escolha foi o fato de nós, brasileiros, conhecermos – em parte – os espaços de acolhimento a adolescen-tes em conflito com a Lei, lamentavelmente em virtude do grande número de matérias que apontam as rebeliões em todo Brasil. O que leva estes espaços a viverem sempre em “alerta”? Será que as medidas sócio-educativas têm na prática aplicado ativi-dades “sócio-educativas”? e os espaços físi-cos? Descentralizar, esta é a palavra chave encontrada para solucionar a questão, mas não será apenas descentralizar que gera-rá mudanças, é preciso pensar estes novos espaços, suas necessidades e principalmen-te as propostas socioeducativas. este é um dos grandes desafios do FNICS, fomentar a reflexão do tema e gerar propostas que contribuam física e humanamente com este grande público de jovens e conseqüente-mente com o desenvolvimento social do Bra-sil. Visando aspectos físicos - está sendo

lançado um concurso nacional “Por trás dos Muros - uma visão arquitetônica” em par-ceria com o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), objetivando reconhecer profissional de arquitetura que desenvolva um modelo de espaço de acolhimento a adolescentes em conflito com a Lei. Visando aspectos hu-manos – para contribuir com o atendimento, o FNICS em parceria com a ASHOkA, re-conhece organizações sociais que realizam trabalho e geram mudanças sociais na vida destes adolescentes. em 2007, oportunidades participativas para a Indústria da Construção serão apresentadas de acordo com o desenvolvimento dos te-mas dos Work Shops, onde “Os espaços de acolhimento a ado-lescentes em conflito com a Lei” será apenas um dos meios parti-cipativos considerando o enorme potencial dos jovens brasileiros, unidos, poderemos transformar o tema “rebelião” em “evolução”.

atuação 2007em 2007, o Fórum Nacional da Indústria da Construção Social (FNICS) será fruto do desenvolvimento dos Temas realizados nos work shops de todas as re-giões do país, serão os 07 (sete) Temas,

tratados nas cidades de São Paulo, Belém, Teresina, Fortaleza, Recife, Goiânia e Flo-rianópolis. A Divulgação do FNICS-2007, inicia-se em cada um destes Work Shops, momento em que será realizado cadastro dos interessados em participar do evento na FeICON-2007. Na realização do FNICS-2007 teremos a solenidade de premiação referente ao concurso “Por trás dos Muros – uma visão arquitetônica” a ser lançado no ano de 2006.

cidade WorKSHop com o tema

Belém-pa Portadores de Necessidades especiais

teresina – pi educação e esporte

Fortaleza – ce Meio-Ambiente

recife – pe Arte e Cultura

goiânia – go Habitação (Favelas)

São paulo - Spespaços de Acolhimento a Adolescentes em Conflito com a Lei

Florianópolis - Sc Sustentabilidade na Habitação Popular

cidadeS onde Serão realizadoS oS WorK SHopS - 2006

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3 1

A T U A ç ã O 2 0 0 6 / 2 0 0 7F Ó R U M N A C I O N A L D A I N D Ú S T R I A D A C O N S T R U Ç Ã O S O C I A L

belÉM, teresina, fOrtaleza, recife, gOiÂnia, sãO PaUlO e flOrianóPOlis receberãO

Os WOrk shOPs DO fórUM NACIoNAL DA INDúSTRIA DA

cOnstrUçãO sOcial eM 2006

as ações DO fórUM eM 2006: WOrk shOPs eM sete ciDaDes, PercOrrenDO tODas as regiões DO País

r e v i s t a B R A S I L s o c i a l n º 0 1

3 2

a ç ã oC U L T U R A L

o ária Social é um projeto deSen-volvido por Cecília Brennand, Diretora do Ária espaço de Dança e Arte, que aten-dia apenas crianças de classe média e des-de 1999 atende, voluntariamente, crianças da população de baixa renda, a exemplo do Abrigo Casa de Carolina, encaminhadas pelo Projeto Casa da Criança, bem como, adolescentes da rede municipal de ensino, de jaboatão dos Guararapes e algumas crianças e adolescentes, encaminhadas pelo Pró-Criança. Observando a transformação que a dança é capaz de realizar na auto-estima desses alunos, Cecília vinha amadurecendo a necessidade de ampliar o projeto social que já existia no Ária, com o objetivo de aumentar, de forma significativa, o número de alunos socialmente desfavorecidos, nas-cendo assim, o Ária Social. O Ária Social beneficia jovens na faixa etária entre 4 e 25 anos, de comu-nidades carentes e da rede municipal de ensino, do município de jaboatão dos Gua-rarapes. Para desenvolver esse trabalho o Ária Social conta com uma equipe de traba-lho com 17 profissionais de diferentes áre-

as, tais como, setor administrativo (direção, coordenação, funcionários administrativos), Psicologia, professores, voluntários e moni-tores, que atendem aos eixos de educação complementar, desenvolvimento da arte, da música, da dança e de serviços de apoio. Objetivando constituir instrumentos, através da arte, para o resgate de jovens social-mente desfavorecidos que se encontram à margem da sociedade, esse projeto social visa ajudar esses jovens a transformar seus horizontes, melhorando sua auto-estima e conseqüentemente transformar sua vida e a de sua comunidade. As ações que o Ária Social promove viabilizam o acesso à educação complemen-tar, através de módulos voltados para infor-mática e inglês básicos, bem como, reforço escolar e estímulo às práticas de cidadania e formação da consciência coletiva tendo sempre como enfoques a arte, a dança e a música, desenvolvendo talentos e buscando priorizar o resgate da cultura local. O Projeto Casa da Criança é par-ceiro do Ária Social e oferece serviços vo-luntários de consultoria na área social, que vai desde assessoria de comunicação, jurí-

dica e de mobilização social, até o plane-jamento estratégico para multiplicação das atividades do Ária Social, possibilitando ao Ária vir a atender crianças de outras locali-dades. Hoje vemos que o trabalho vem gerando bons frutos, pois tem contribuído para melhorar a qualidade de vida desses jovens. Através dos caminhos que a arte e a cultura podem oferecer, reforçados pelas palestras educativas oferecidas pelo Ária Social, o jovem se torna mais bem prepara-do para o mercado de trabalho, tem a sua auto-estima elevada e se reconhece como cidadão. esse acesso a novos conhecimentos possibilita que ele possa se munir de ferra-mentas que o preparem para a conquista de novas perspectivas de vida e de um futu-ro melhor.

D A N ç A :A A R T E C O M O

I N C L U S ã Oo ÁRIA SoCIAL DESENVoLVE

ATIVIDADES DE BALLET E DANÇA criativa, labOratóriOs

cOreOgráficOs, história DA ARTE, CANTo E INICIAÇão

MUsical. tODas cOnciliaDas cOM as ativiDaDes escOlares, atenDe

atUalMente 150 crianças e aDOlescentes sOcialMente DesfavOreciDOs

ÁrIa SOCIaLavenida Canal do Setúbal, 766

Piedade, jaboatão dos Guararapes - PE

Tel: (81)[email protected]

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Como se deu seu ingresso na área social? Fale-nos um pouco sobre a experiência do Ária Social.cB: O espaço ARIA está completando 15 anos. Iniciamos nossas atividades em 1991. e sempre foi uma grande preocupação, a minha responsabilidade social. Desde que abri a escola, sempre disponibilizei vagas para alunos que não podiam pagar pelas aulas de Ballet. Acho que a arte é inerente ao ser humano e necessária para a constru-ção sólida da cidadania. Mas sempre atuei, de forma mais filantrópica do que profis-sional, achando que este era o meu papel como empresária, artista e cidadã. quando conheci Patrícia Chalaça do Projeto Casa da Criança, hoje nossa parceira, tive uma compreensão maior da minha responsabi-lidade social no atendimento às crianças e jovens desfavorecidos socialmente e depois de amadurecer muito esta idéia, chegamos ao que eu considero hoje maturidade, com a criação de uma OSCIP, para atendimento do Aria Social.

Como está sendo a experiência de trabalhar com esses jovens?cB: A mais rica experiência da minha vida. Pois eles aproveitam com muita garra e des-prendimento, tudo o que podemos oferecer, com uma vivacidade imensa e muita vonta-de de aprender. São jovens muito talentosos que aguardavam uma chance na vida. Fico feliz de poder contribuir com tantos sonhos, fazendo da arte uma ferramenta para a ética, a moral e a conquista da cidadania.

Como tem sido o envolvimento da equipe pro-fissional do Ária com esse projeto social?cB: A melhor possível. Toda a minha equi-pe já vinha crescendo no social, junto com a escola. Abraçar este projeto e toda a com-plexidade do trabalho que realizamos, nos dois módulos de atendimento (o primeiro com crianças a partir de quatro anos, exclu-sivo para aulas de ballet e dança criativa e o segundo, com jovens a partir de doze

anos de idade, com aulas de bal-let, dança contemporânea, canto, história da arte, alimentação, vale transporte e assistência médica), é conseqüência do amadurecimento da escola e de toda a sua equipe, funcionários e professores.

O jovem que entra para o Ária So-cial precisa ter conhecimento artístico (dança, música)? Como se dá o proces-so seletivo para que ele ingresse nesse projeto?cB: A primeira turma de jovens que in-gressaram na escola, vieram a partir da divulgação do projeto, tendo como pon-to de partida uma turma da escola Vis-conde de Suassuna em jaboatão, que já estava conosco há três anos, fazendo aula de Dança Criativa. Portanto, quando inicia-mos as atividades do módulo de atendimen-to aos jovens, nosso único critério era de que estivessem estudando e tivessem vontade de aprender sobre dança e música.Agora em 2006, foi necessária uma audi-ção, pois a demanda está sendo imensa. Muitas crianças e jovens nos procuram para o atendimento no Módulo I, de atendimento exclusivo de aulas de Ballet. Para o Módulo II a procura é ainda maior, pois o projeto já é um sucesso e a cada apresentação que realizamos com canto coral ou com espetá-culos de dança, mais jovens nos procuram. Como não temos ainda recursos para aten-der a esta demanda que cresce a cada dia, fizemos no início deste ano, uma audição com entrevista para selecionarmos os novos alunos. Levamos em consideração muito mais a vontade e o empenho, do que o talento nato, pois sabemos que a arte é transforma-dora de duras realidades e o nosso papel é muito mais social do que artístico, muito embora conseguimos produzir bons artistas num curto espaço de tempo.

Esses jovens interagem com os demais alunos do Espaço Ária? Como se dá essa interação?cB: esta interação se dá de forma mui-to tranqüila e saudável. No Módulo I de atendimento, inserimos crianças e jovens nas turmas normais de ballet e elas são sempre bem vindas por todos os alunos. No Mó-dulo II, esta interação é maior nos ensaios e apresentações, de forma igualmente tran-qüila, pois nossa experiência nos mostrou

que o brasileiro, de forma geral, é solidário e aberto para questões sociais, basta que alguém dê o primeiro passo.

Você tem observado mudanças nas vidas des-ses jovens? Fale-nos de sua percepção.cB: Várias mudanças. Seria difícil enumerar todas elas. Mas o que mais observamos é a mudança na auto-estima. Percebemos que eles se descobrem cidadãos e esta desco-berta é linda. Ser cidadão significa ter di-reitos, mas também ter obrigações e saber exercer isso de forma democrática é um exercício e tanto para a auto-estima. Apren-der que são capazes de cantar e dançar e serem aplaudidos por isso também é uma experiência de construção da auto-estima maravilhosa. eles aprendem a lidar com regras e com a disciplina, que muitos de-les não tinham noção. Aprendem a respeitar seus limites e ao próximo com regulamentos que eles próprios construíram e isso, quan-do parte deles mesmos, é um aprendizado para toda a vida. Observamos a mudança de comportamento num curtíssimo espaço de tempo que nem eu, nem minha equipe achá-vamos possível.

quais são as expectativas de inserção desses jovens no mercado de trabalho?cB: São grandes, pois como trabalhamos muito sua auto-estima, eles passam a ter ou-tra postura diante da vida. Temos alguns jo-vens estagiando na área da dança e desses, dois já estão assumindo de forma gradativa a sala de aula como professores assisten-tes. em breve teremos também estagiários na área de música e percussão. Além dis-so, vimos trabalhando todo o ano de 2005

DIREToRA Do ÁRIA SoCIAL, cecília fala sObre O seU envOlviMentO cOM a arte e A RESPoNSABILIDADE SoCIAL

E N T R E V I S T A C O M C E C Í L I A B R E N N A N D

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cecília no encerramento do espetáculo Trem brasil, com alunos do ária

com professora de artesanato voluntária e tivemos

vários trabalhos artesanais confeccionados por eles, o que ajuda a gerar renda para suas famílias. qual / quais as atividades que você gostaria de desenvolver no Ária Social que ainda não foram implantadas e por que?cB: Ainda este ano pretendemos desenvol-ver como atividade permanente do projeto, mas com voluntários, reforço escolar na par-te da tarde, em Português e Inglês e Inicia-ção à Informática, visando a inclusão desses jovens no mercado de trabalho. Mas para isso aguardamos o fim das reformas, pois estamos sem espaço para o desenvolvimen-to adequado destas atividades.

qual a importância das parcerias para a con-tinuidade do projeto Ária Social? Como vem sendo a busca por parcerias?cB: A importância das parcerias é funda-mental para a continuidade do projeto. elas se dão em serviços e apoios, como por exemplo, o SeSI, que nos apóia na área de assistência médica e odontológica e é um be-nefício imenso, pois vivemos num país, onde temos uma população inteira sem assistência médica de nenhuma qualidade. A doação de alimentos feita pelo Hipermercado Ibéri-co, pela Vitarella e agora pela Coca-Cola, é extremamente importante, pois precisa-mos continuar oferecendo lanche e almoço a estes jovens, que muitas vezes saem de casa sem o café da manhã.Enfim, estamos conseguindo várias parcerias em serviços que estão sendo de vital impor-tância para o nosso trabalho, e muito tem contribuído com o projeto Aria Social. Mes-mo assim, busco diariamente pessoas e em-presas que possam nos apoiar e nos ajudar, pois as necessidades são sempre grandes e muitas vezes urgentes, como agora em que estamos reformando a escola para abrigar-mos melhor o projeto.

Muito já conse-guimos em do-ação e muito ainda estamos tentando con-seguir. Mas o mais importan-te de tudo é dividir-mos o compromisso de buscarmos amigos e parceiros que abracem conosco esta cau-sa e isso estamos aos poucos conseguindo, dentro e fora de nossa escola. e busco essas parcerias através da sensibilização da cau-sa social.

Cite-nos alguns dos momentos especiais viven-ciados em todos esses anos de carreira artís-tica.cB: Comecei minha carreira artística com aulas de ballet clássico e contemporâneo com Mônica Japiassú, de lá para cá foram vários momentos especiais. Tenho sempre mais carinho pelo que estou vivenciando no presente. Como produtora e bailarina, fiz Lua Cambará, de Ronaldo Brito com coreo-grafia de Zdenek Hampl, que está conosco no Ária Social. e tantos outros espetáculos que difundiram de forma muito digna a his-tória da dança em Pernambuco.Como marchande, tive também uma expe-riência muito rica, trazendo para Pernam-buco grandes nomes das artes plásticas, no Brasil.

Você se sente realizada profissionalmente?cB: Realizo-me um pouco todos os dias. Sou uma artista que vê o mundo através da be-leza da arte e do que ela pode modificar, transformar. Danço, crio, experimento a sala de aula, aprendo todos os dias. enquanto estamos aprendendo, não estamos realiza-das. Tenho muito que realizar, como baila-rina, como arte-educadora, como cidadã e como mulher. Mas me sinto cada vez mais feliz, por atuar naquilo em que acredito e no que a vida escolheu para mim.

CECíLIa CaVaLCanTI brEnnanDExperiência Profissional e Qualificação

• BAILARINA Iniciou os seus estudos na dança clássi-ca e moderna com a bailarina e coreógrafa Mônica Japiassú, em 1974, dando prosseguimento a sua formação com outros importantes nomes da dança clássica, moderna, contemporânea, expressão cor-poral e dança afro-brasileira, como: ruth rozem-baum, flávia barros, bernot sanches, klauss viana, zdenek hampl, bill groves, rolf gelewsky, suzana Yamanchi, Othon gripp, tony vieira, lennie Dale, entre outros. Participou de diversos espetáculos e montagens como bailarina profissional.

• PRoDuToRA em 1988 funda a produtora sopro de zéfiro, com a qual realiza, desde então, diver-sos espetáculos de importante repercussão no Estado (Peles da lua, festa da Pedra, lua cambará), vindo a representar a dança de Pernambuco em Portugal, em 1994, com o espetáculo cerimônias.

• eMPresária há 15 anos fundou a escola de dan-ça e galeria de arte, aria – espaço de Dança e arte, que funciona em Jaboatão dos guararapes, tornando-se grande incentivadora de nossa cultura. Este espaço passou a ser referência para o movimen-to artístico do grande Recife, promovendo encontros para discussão de política cultural.

• CuRADoRA Vasta experiência em curadoria, rea-lizando diversas exposições com artistas de renome nacional e internacional, tais como: volpi, cícero Dias, siron franco, fernando lucchesi, luiz Paulo baravelli, fernando velloso, cláudio tozzi, luciano Pinheiro, José barbosa, José cláudio, leda catunda, Marco giannotti, francisco brennand, Montez Mag-no, João câmara, rodrigo andrade, ismael caldas, Joelson gomes, samico, roberto lúcio, Dantas suas-suna, Mestre Didi, solange Magalhães, entre outros.

a ç ã oC U L T U R A L

alunos do ária Social se apresentam em Trem brasil

“nada se iguala à paixão que envolve um projeto que mobiliza e mexe com muitos

corações. Sem dúvida, esse é o grande diferencial que nos faz acreditar que, quando se quer, é possível a construção de uma

sociedade mais justa, humana e igualitária. é um pedacinho, sim, mas que pode se espraiar

por muitos cantos deste Estado, do brasil e do mundo”

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a ç ã oP O L Í T I C A S P Ú B L I C A S

a ParCErIa TEm SIDO uma das palavras-chaves no governo do Pará. Desde que as-sumimos a vice-governadoria e a secretaria especial de Proteção Social - que trata das áreas de Saúde, Assistência Social e Traba-lho – temos pautado o nosso trabalho no que considero fundamental para enfrentarmos os dois maiores desafios do governo simão Ja-tene: o combate à pobreza e a redução das desigualdades sociais. A partir dessa diretriz, procura-mos em todas as nossas ações bater e/ou abrir sempre as portas às empresas, às en-tidades ou mesmo às pessoas individualmen-te que quisessem entrar conosco nessa luta. Em pouco mais de três anos de governo, a certeza que temos é que esse trabalho não foi em vão, porque muito do que se fez foi construído com a união de várias mãos, fru-

PA R C E R I AÉ A C H A V E

carta aO leitOr Da vice-gOvernaDOra DO Pará, valÉria Pires francO

O brasil rUMO às Parcerias entre O setOr PúblicO e as Organizações sOciais

to dessa palavra mágica que é a parceria. De programas como o “Padrinho Solidário”, que apóia crianças recolhidas em abrigos, até a reforma de Espaços importantes dentro da política de acolhimento, as ações tiveram como ingredientes maiores, o amor e o espíri-to de solidariedade. Não podia aqui deixar de agradecer ao Projeto Casa da Criança que, por meio da arquiteta Patrícia Chalaça e das franqueadas locais - beth, lílian, fátima, roberta e con-ceição - transformaram o sonho de dezenas de crianças em realidade. Elas acreditaram que podiam assegurar a mais de 200 crian-ças e adolescentes portadores de deficiência um lugar mais amplo e humanizado para elas viverem. o trabalho mobilizou cerca de 200 profissionais, entre arquitetos, enge-

nheiros e designers, que emprestaram o seu talento, de forma voluntária, para reformar o espaço de acolhimento Provisório espe-cial, que abriga esse público diferenciado. claro que o estado teria condições financei-ras de fazer essa obra, mas nada se iguala à paixão que envolve um projeto que mobiliza e mexe com muitos corações. Sem dúvida, esse é o grande diferencial que nos faz acreditar que, quando se quer, é possível a construção de uma sociedade mais justa, humana e igua-litária. É um pedacinho, sim, mas que pode se espraiar por muitos cantos deste Estado, do Brasil e do mundo a partir de exemplos como esse. Muito obrigada ao Projeto casa da Criança e a todos que estão ajudando na construção de um Pará melhor.

valéria pires Franco

valéria pires na obra do abrigo e.a.p.e., com operários, a equipe de franqueadas sociais do projeto caSa da criança e a fundadora-presidente do projeto, patrícia chalaça

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a aSHoKa é uma organização internacional sem fins lucrativos, fundada em 1980, na Índia, por Bill Drayton, com o objetivo de identificar e investir em líderes empreendedores com idéias criativas e inovadoras capazes de provocar mudanças sociais positivas e de amplo impacto social. A Ashoka apóia os empreendedores sociais - e suas idéias - com um suporte financeiro e com uma estrutura profissional que os ajuda a disseminar suas idéias e soluções inovadoras tanto individual como coletivamente. em suas viagens pela Ásia, na ju-ventude, Bill Drayton se perguntava como poderia ajudar a pôr fim às desigualda-des sociais e econômicas entre os hemisfé-rios norte e sul. e como poderia, ao mesmo tempo, acelerar a revolução democrática

por meio do terceiro setor em países em desenvolvimento. A criação da Ashoka foi a resposta a essas indagações. Os empreendedores sociais da Ashoka (também chamados de fellows) são pessoas com visão, experiência e talento que buscam soluções inovadoras para pro-blemas sociais em grande escala nas áreas do meio ambiente, educação, direitos hu-manos, saúde, participação cidadã e de-senvolvimento econômico. Os escolhidos no processo de se-leção da Ashoka são apoiados por uma bolsa mensal, que lhes permite uma dedi-cação integral ao desenvolvimento de suas idéias. Além disso, a Ashoka contribui para sua profissionalização, oferecendo serviços como seminários, programas de capacita-ção e consultorias através do Centro de

Competência para empreendedores So-ciais Ashoka-Mckinsey (CCeS). Os empreendedores sociais da Ashoka integram uma rede local que, no Brasil, conta com cerca de 240 pessoas. em todo o mundo, a rede global integra mais de 1.500 líderes. essa rede possibilita aos empreendedores sociais da Ashoka o intercâmbio de experiências e informações, a realização de colaborações com outros empreendedores e a divulgação de seus projetos. A Ashoka estimula projetos cola-borativos entre seus empreendedores so-ciais e destes com outras redes, de acordo com a visão de Bill Drayton, para quem a integração de empreendedores com idéias originais é ainda mais poderosa do que as suas atividades individuais.

c o n h e c e n d o o t e r c e i r o s e t o r

A S H O K A E M P R E E N D E D O R E S S O C I A I S

A associação mundial de empreendedores sociais tem o nome de Ashoka, que em sânscrito significa “ausência de sofrimento”. ashoka foi o nome de um imperador que governou a índia durante o século III a.C e é lembrado como um dos maiores inovadores sociais do mundo. Os ideais que inspiraram ashoka estão no coração da Fellowship, a associação que hoje leva seu nome. Depois de uma guerra pela unificação do país, ashoka renunciou à violência e dedicou sua vida à promoção do bem-estar social, da justiça econômica e da tolerância. O imperador ashoka instituiu serviços de saúde, lançou um amplo programa de abertura de poços, construiu alojamentos para viajantes e plantou milhares de árvores para fazer sombra nas estradas quentes e poeirentas da índia. Seus éditos, gravados em pilares de pedra em todo o império, testemunham

sua fé na ética como guia para a ação pública.

UMa OrganizaçãO qUe investe nO DesenvOlviMentO atravÉs De eMPreenDeDOres sOciais e sUas sOlUções inOvaDOras

O r i g e m d o N o m eSite: www.ashoka.org.br

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marIa Da COnCEIÇãO PaGanELEOrganização: aMar - assOciaçãO De Mães e aMigOs De aDOlescentes eM riscOárea de atuação: Direitos humanosSão Paulo-SPMaria da conceição Paganele criou a associação de Mães e amigos de crianças e adolescentes em risco (aMar) com o objetivo de transformar realidade da fundação do bem-estar do Menor (febem). através do fortalecimento social e político das mães dos internos, com base nos artigos do Estatuto da Criança e do adolescente (eca), conceição criou para a aMar um papel não só de fiscalizadora da febem, mas também de mediadora na relação entre a fundação, os meninos e as famílias.

WELLInGTOn nOGuEIraOrganização: Doutores

da Alegria área de atuação: saúde

cidade: são Paulo-sPWellington Nogueira criou a organização Doutores da Alegria

para levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde,

com base em sua experiência no projeto The Big Apple Circus Clown Care unit, em Nova

York, estados Unidos. a organização mantém programas em hospitais de São Paulo SP, Rio

de Janeiro rJ e recife Pe, reunindo uma equipe de atores profissionais especializados na arte

do palhaço e em técnicas circenses, que visitam crianças enfermas com o objetivo de melhorar

sua qualidade de vida durante a internação.

FIDELa Ebuk, Nigéria.Organização: health and economic

Development Assoc. of Nigeriaárea de atuação: saúde.Desenvolve ações para criar

fundos de empréstimos e crédito em comunidades rurais e com

eles gerar o atendimento à saúde da população.

VEra COrDEIrOOrganização: associação Saúde Criança Renascerárea de atuação: saúdecidade: rio de Janeiro-rJVera Cordeiro criou a Associação Renascer, no Rio de Janeiro rJ, para ajudar crianças e adolescentes miseráveis a escapar do círculo vicioso miséria-

doença-internação-reinternação-morte que acompanha as famílias após a alta hospitalar.

anDré FErnanDOOrganização:

oIBI-Associaçao Indígena da

Bacia do Içana área de atuação:

Desenvolvimento econômico

são gabriel da cachoeira-aMandré fernando é

responsável pela criação de um mecanismo de articulação entre comunidades indígenas

isoladas, desfavorecidas e marginalizadas do Amazonas e pela elaboração de novas abordagens para solucionar os problemas

sociais enfrentados por essas comunidades. um exemplo é a criação da Escola Indígena Baniwa,

que enfatiza a formação individual e coletiva dos integrantes do povo baniwa através de

treinamento em desenvolvimento sustentável e da interação entre as culturas indígena e ocidental.

jOSé PErEIra DE OLIVEIra jÚnIOrOrganização: grupo cultural afro reggae

área de atuação: Direitos humanoscidade: rio de Janeiro-rJ

José Pereira de Oliveira Júnior fundou o grupo cultural afro reggae (gcar), que desenvolve atividades socioculturais, recrea-tivas e educativas para ampliar o espaço de in-tervenção social de jovens negros residentes em comunidades de baixa renda. o objetivo básico do gcar é resgatar valores culturais e contribuir para uma efetiva afirmação dos jovens, rompen-do preconceitos ao utilizar meios de comunica-ção acessíveis a jovens de classes média e alta e transformando música e cultura em veículo de luta contra a discriminação social. outra função dos núcleos de cultura é criar alternativas edu-cacionais e profissionalizantes, dentro da pers-pectiva de construção de autonomia dos jovens favelados como cidadãos. O trabalho de José Pereira e dos membros do Afro Reggae trans-forma as comunidades em pólos de produção sociocultural. Em todos os projetos desenvolvi-dos pelo grupo, a música, a dança, a capoeira e outras manifestações positivas de alegria, auto-estima e cidadania assumem a linha de frente de um processo de transformação social através da

cultura.

rODrIGO baGGIOOrganização: comitê para Democratização da Informáticaárea de atuação: educação

cidade: rio de Janeiro-rJem 1995, aos 24 anos, rodrigo baggio criou o Comitê para a Democratização da informática (cDi), organização não governamental que promove a inclusão social de populações menos favorecidas por meio da apropriação das tecnologias de informação e comunicação. o CDI é reconhecido internacionalmente como uma iniciativa qualificada para a promoção de novas oportunidades para jovens em situação de risco social.

D E S T A Q U E

f e l l o w s A S H O K A

PaTríCIa CHaLaÇaOrganização: Projeto CASA DA CRIANÇA

área de atuação: Participação cidadãcidade: recife - Peo Projeto CASA DA CRIANÇA tem como principal objetivo atender as crianças e/ou adolescentes da população de baixa renda do país, dando-lhes acomodações dignas, com instalações adequadas possibilitando assim a assistência nas áreas de educação, saúde, esportes e lazer.

COnHEÇa OuTrOS FELLOWS Em WWW.aSHOka.OrG.br

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h o m e n a g e m

a rede Saci (Solidariedade, apoio, comu-nicação e inFormação), da empreendedo-ra social da Ashoka Marta Gil (1989), conquistou uma menção honrosa ao ser classificada entre os 15 projetos finalistas do concurso Experiências em Inovação Social na América Latina e no Caribe, promovido pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, das Nações unidas), em parceria com a Fundação kellog. Concorre-ram à premiação 1.600 projetos de diversos pa-íses caribenhos e latino-americanos. A Rede SACI participou do concurso com seu projeto de rede virtual para portadores de necessidades espe-ciais que, além das páginas tradicionais disponí-veis na Internet com dados sobre legislação e di-reitos, divulga informações sobre oportunidades de trabalho e educação e sobre atividades para os portadores de deficiências. Outras duas orga-nizações de empreendedores sociais da Ashoka foram incluídas entre os finalistas do concurso: o Projeto Saúde e Alegria, de eugênio Scanavino

Neto (1989), e a Associação de Pequenos Agri-cultores do Município de Valente BA (Apaeb), de Ismael Ferreira de Oliveira (1990). Marta Gil começou a ampliar a sua ação com a criação da Reintegra, um sistema de informação e comunicação sobre deficiência, que em 1999 daria origem à Rede SACI. De início, a rede tinha como gestores a universidade de São Paulo (uSP), o Amankay Instituto de estudos e Pes-quisas, a universidade Federal do Rio de janeiro (uFRj) e a Rede Nacional de ensino e Pesquisa (RNP). Depois, estas instituições assumiram o pa-pel de parceiros, juntamente com outros aliados, colaboradores e apoiadores. A Rede SACI atua como facilitadora da comunicação e da difusão de informações e conhecimentos entre pessoas com deficiência, profissionais, órgãos públicos, ins-tituições de ensino e pesquisa, responsáveis pela elaboração de políticas públicas, empresas e, es-pecialmente, setores de recursos humanos, forma-dores de opinião, fabricantes de equipamentos, movimentos e entidades. A proposta de Marta é influir decisivamente na vida dos brasileiros com deficiência, estimulando a inclusão social e a in-clusão digital e, conseqüentemente, o exercício da cidadania.maiores informações sobre o concurso nos sites www.cepal.cl e www.wkkf-lac.org ou pelo endereço de correio eletrônico [email protected].

a rede SaCI, da empreendedora social da ashoka marta Gil, foi classificada entre os 15 projetos finalistas do concurso Experiências em Inovação Social na américa Latina

ação moradia conquista através de lei a construção

de casas com tijolo ecológico

A organização Ação Moradia, do empreendedor social da Ashoka

Oswaldo Setti, assinou com a Cai-xa Econômica Federal contratos

de financiamento que permitirão a realização do sonho da casa própria a 50 famílias da cidade de uberlân-

dia MG, em sua maioria chefiadas por mulheres sem comprovação de renda. As casas, dotadas de siste-

ma de aquecimento solar de baixo custo, serão construídas em regime de mutirão, com tijolos ecológicos.

Graças ao aval da Ação Moradia, foi dispensada a análise cadastral

das famílias beneficiadas, com renda entre R$ 200 e R$ 300. O financia-mento foi conseguido graças a uma

longa negociação junto ao Ministério das Cidades realizada pela Central

de Movimentos Populares (CMP), par-ceira de Oswaldo Setti na iniciativa.

A Ação Moradia, que desde 1993 atua na promoção do desenvolvimen-

to de comunidades e pela melhoria da qualidade de vida da população

de baixa renda, coordenou a seleção das famílias e a elaboração do

projeto técnico e organizou o mutirão. As casas, localizadas no Loteamento Campo Alegre, no bairro São jorge, deverão estar prontas em cerca de dez meses. Os tijolos ecológicos são produzidos pelas próprias famílias, em fábrica montada e administra-da pela Acão Moradia. A iniciati-va conta também com o apoio da

organização cidadã Moradia e Cidadania, integrada por funcioná-

rios da Caixa Econômica Federal.

P R Ê M I O SP A R A D E S T A Q U E S

N O T E R C E I R O S E T O RPrêmio do Iab-CE para

ação do Projeto CaSa Da CrIanÇa em Fortaleza-CE

A ação do Projeto Casa da Criança, desenvol-vida no Abrigo Tia júlia, em Fortaleza, ganhou uma menção honrosa do prêmio IAB-Ce de Gen-tileza urbana. Os franqueados Paulo Pepino, Isabel Figueiredo, joão Mendonça e André Ver-çosa estavam presentes na homenagem repre-sentando o Projeto Casa da criança, os mais de 100 arquitetos cearenses que participaram da causa e ainda as construtoras responsáveis pela obra do Abrigo Tia júlia. (L.G.)Os franqueados de Fortaleza com Patrícia Chalaça

Site ashoka: www.ashoka.org.br

e d i t o r i a l

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f u t u r o m e l h o r

c i a d o s a n j o s

M O B I L I Z A N D O P A R C E R I A SO PrOJetO casa Da criança aMPlia as ações Pós-

intervençãO nas UniDaDes, Para fOrtalecer O atenDiMentO às crianças e JOvens DesfavOreciDOs nO brasil

aS atividadeS do projeto caSa da criança inicialmen-te se concentraram nas reformas arquitetônicas das unidades. As transformações físicas ocorridas nas Instituições já refletiam dire-tamente na qualidade de vida dos envolvidos, desde as crianças e adolescentes atendidos, bem como, a equipe de funcionários das unidades e a comunidade a qual a Instituição pertence. No entanto, o Projeto CASA DA CRIANÇA identificou a necessidade de ampliar as ações de atendimento a essas crianças e adolescentes, no intuito de fortalecer o atendimento após a devolução das unidades (pós-intervenção). é nesse momento que surge a idéia do Programa Cia. dos Anjos. O Programa Cia. dos Anjos - Mobilização de Parcerias, é o resultado da proposta do Projeto Casa da Criança que dá suporte às Instituições pós-intervenção, contribuindo para a manutenção fí-sica dos espaços e dos serviços de atendimento nas unidades, bem como, capacitando o profissional para a mobilização de parce-rias. O Programa Cia dos Anjos foi sendo amadurecido ao lon-go dos anos, simultaneamente com o Projeto Casa da Criança. No final do ano de 1999, logo após a conclusão da reforma do pri-meiro Abrigo na Cidade do Recife, o Abrigo Casa de Carolina, foi iniciado o Programa Cia. dos Anjos. Tendo como objetivo fortalecer os atendimentos tornando vivos os espaços destinados às ativida-des nas áreas de educação, saúde, lazer, cultura e esportes. Como parceiros pioneiros desse Programa temos o Ária Social com aulas de balé e o eLC com aulas de Inglês. O fruto desse trabalho foi sendo logo percebido através das melhorias na auto-estima das crianças, no desempenho escolar e melhoria na área de atendimento à saúde. No ano de 2000 foi realizada mais uma con-quista, a escola Madre de Deus ingressa como parceira aplicando um trabalho de orientação pedagógica para a equipe do Abrigo Casa de Carolina. A partir de então, o Programa Cia. dos Anjos inicia um trabalho de orientação às equipes das novas unidades reformadas para captação de parceiros com a finalidade de complementar e promover novas atividades nas áreas de educação, saúde, lazer, cultura e esportes junto às crianças e adolescentes de suas unida-

d e s . esta ação se estende de maneira tímida até o ano de 2004.

Nesse mesmo ano, percebemos que o Programa Cia. dos Anjos precisava de uma ação mais estruturada e or-ganizada, pois agora tínhamos 21 unidades espalhadas por

todo território nacional e sentíamos a necessidade de um par-ceria que nos orientasse e apoiasse na elaboração de um progra-

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f u t u r o m e l h o r

ma que melhor atendesse todo esse universo de crianças e adolescentes. encontramos en-tão o nosso primeiro Anjo-parceiro a AVINA (Instituição suíça que investe em projetos so-

ciais na América Latina). Com o apoio do novo parceiro pudemos realizar

uma pesquisa em todas as Instituições be-

nef i c ia-

das pelo Projeto Casa da Criança, desde 1999 até 2004, com objetivo de diagnos-ticá-las nos aspectos de manutenção e prin-cipalmente nos serviços de atendimento as crianças e adolescentes. Com base nesse diagnóstico das unidades foi possível elaborar um Programa de Treinamento Cia. dos Anjos – Mobilização de Parcerias que será ministrado em 2006 para todas as equipes das unidades pes-

quisadas. O treinamento tem como obje-tivo básico a capacitação desses

profissionais para capta-ção de parcerias

que contribuam para a manutenção física e serviços de atendimento às crianças e ado-lescentes, através da mobilização da socie-dade. De acordo com o Programa Cia dos Anjos, a partir deste ano de 2006, todas as unidades beneficiadas pelo Projeto Casa da Criança e treinadas pelo Programa pas-sam a integrar a rede Cia. dos Anjos, cuja intenção é criar e fortalecer o elo entre es-sas Instituições, tornando possível a troca de informações e experiências. essa interação entre as diversas Instituições permitirá um melhor atendimento às crianças e adoles-centes das diferentes regiões do Brasil. Hoje, crianças e adolescentes em

Creches, Abrigos, espaços educativos para Adolescentes e Casas de

Apoio à Criança e/ou Ado-lescente com Câncer bene-ficiadas pelo Projeto Casa

da Criança podem usufruir de ambientes mais aconche-

gantes e humanizados. e, ao alcançar os objetivos do Pro-

grama Cia. dos Anjos será pos-sível também reforçar elos entre

as Instituições e possibilitar que esses espaços mantenham seu grau

de excelência no atendimento e nas atividades oferecidas às crianças e

adolescentes de nosso país.

Crianças atendidas pelo Projeto em SP: felicidade estampada nos rostinhosHora do lanche no Centro Educacional Infantil do belém, em São Paulo - SP

atendimento Odontológico na amaC, em Salvador - ba.

Para ajudar ou saber mais, acessewww.projetocasadacrianca.com.br

ou ligue (81)3467-9968Doações: associação Projeto CaSa Da CrIanÇa

Caixa Econômica Federal - aG. 0867 - Conta 102-2

e d i t o r i a l

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o núcleo Social naSSau Foi conStruído em goiana, estado de Pernambuco, através de uma parceria entre o Projeto Casa da Criança, o Cimento Nassau e a Prefeitura daquela cidade. O Núcleo presta atendimento às crianças e jovens socialmente desfavorecidos do município. A idéia do projeto social que resultou no Núcleo vem sendo amadurecida ao longo dos anos. Nas últimas seis décadas, as empresas que fabricam o Cimento Nassau desenvolvem ações sociais junto às comunidades carentes da região onde estão instaladas. No ano de 2001, foi dado início a um projeto social na Ilha de Itapessoca, em Goiana – Pe, que tinha como foco principal o desen-volvimento da comunidade através da capa-citação profissional da população jovem da região. este projeto resultou em uma grata sur-presa, pois foram capacitados na ocasião 159 jovens para a produção de papel reciclado e trabalhos em artes plásticas, gerando renda para a comunidade. Com base nessa experiên-cia embrionária com resultados bastante positi-vos, as ações sociais começaram a despertar o interesse de um número considerável de jovens da região que buscavam novas perspectivas de vida. A partir de então, a necessidade de ampliação das ações se tornou imprescindível, vindo assim a resultar na criação e, então, cons-trução do Núcleo Social Nassau. O Núcleo Social Nassau foi construído pelo Projeto Casa da Criança no ano de 2004, numa ação conjunta com a Cimentos Nassau e com o apoio de empresas locais, patrocinado-res nacionais, arquitetos e construtoras: Santo Antônio, Vale do Ave, Moura Dubeux, Aveloz, Hermano Nascimento, queiroz Galvão e GC Tenório. Segundo a Presidente da Associação Núcleo Social Nassau, Neide Marques, os espa-ços projetados para o Núcleo “proporcionaram condições adequadas à melhoria do processo ensino / aprendizagem, com ambientes dota-dos de boa estrutura física, contribuindo para melhoria nos resultados. A ambientação dos es-paços impacta positivamente na elevação da auto-estima dos alunos, motivando-os para a conquista de um mundo melhor.” As atividades de arte-educação funcionam como principal estratégia de ação frente aos jovens atendidos na Instituição, no intuito de impulsioná-los ao mercado de trabalho e, con-sequentemente, lhes possibilitar uma melhor ge-ração de renda. As atividades oferecidas pelo Núcleo Social Nassau servem como um atrativo bastan-te positivo para os adolescentes que, de forma

c o n h e c e n d o u m a u n i d a d e

N Ú C L E O S O C I A L N A S S A U

inaUgUraDO eM DezeMbrO De 2004 eM teJUcUPaPO, MUnicíPiO De gOiana - Pe, O núcleO sOcial nassaU atenDe a JOvens sOcialMente DesfavOreciDOs Da regiãO, tenDO cOMO PrinciPal Meta De atUaçãO O eixO arte-eDUcaçãO.

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geral, precisam contribuir para a renda fami-liar, pois são atividades voltadas ao desenvol-vimento psicossocial e, sobretudo, profissional desses jovens. O eixo das ações voltadas à arte e à educação abrange uma diversidade de ativi-dades que favorecem ao jovem conhecer e de-senvolver suas aptidões, frente à pintura, escul-tura, reciclagem de materiais diversos (papel, plástico, matéria prima da região, etc.), música, dança, informática, esportes (futsal e capoei-ra), além de ampliar os conhecimentos sobre a cultura local e/ou regional. O contato que o jovem passa a ter com essa gama de atividades, além das noções práticas de empreendedorismo e o suporte psi-copedagógico dado ao estudante, possibilita a sua formação integral, preparando-o para o mercado de trabalho, bem como, para sua in-serção na sociedade como multiplicador do co-nhecimento adquirido. O jovem passa então, a contribuir, efetivamente, para transformar não apenas a sua realidade, mas também a de sua comunidade. Hoje, muitos dos jovens monitores do Núcleo são aqueles que um dia foram alunos do projeto inicial realizado na região, possibilitan-do que eles exerçam na prática seus aprendi-zados, bem como, gerando uma oportunidade de crescimento e reconhecimento profissional. um outro aspecto positivo que deve ser mencionado é quanto ao enfoque dado ao empreendedorismo desses jovens artesãos. esse eixo de aprendizado prático vem sendo apoiado através da parceria firmada com o Shopping Paço Alfândega, localizado no cen-tro da Cidade do Recife, que vem cedendo um espaço para exposição e venda dos produtos elaborados pelos alunos do Núcleo. Os traba-lhos produzidos nas oficinas do Núcleo vêm sen-do comercializados e em muitos casos, vendidos sob encomenda para artistas plásticos, deco-radores, turistas e para a população em geral.

essa ação promove a divulgação dos trabalhos e, sobretudo, possibilita ao jovem conhecer na prática todo o processo de comercialização das peças: desde a sua produção até a venda do produto. este eixo de aprendizado tem obtido resultados visivelmente positivos, alcançando várias metas do projeto social do Núcleo: am-pliar conhecimento teórico e prático, despertar aptidões, desenvolver a autoconfiança e elevar a auto-estima do jovem para, a partir de en-tão, poder estar mais bem preparado para o mercado de trabalho. Nesse aspecto, a experiência adqui-rida com os anos de práticas sociais que re-sultaram no Núcleo vem despertando o interes-se da classe empresarial que vêem o Núcleo como uma referência para trabalhos na área social. A exemplo da visita monitorada de 17 representantes empresariais ao Núcleo Nassau, ocorrida em Novembro de 2005 e que foi co-ordenada pelo Instituto Ação empresarial. A preocupação com a formação de es-paços educativos como o Núcleo Social Nassau que se concentra especialmente na sua susten-tabilidade e gestão vem sendo o mote principal que desperta o interesse da classe empresarial frente às ações do Núcleo. Sob esse aspecto, a Presidente da Instituição, Sra. Neide Marques opina que “a sustentabilidade e gestão de uma Instituição do terceiro setor devem orientar-se por uma avaliação contínua do planejamento à vista dos recursos disponíveis e dos resultados obtidos. No momento inicial do projeto é neces-sário o investimento dos parceiros e, à medida que a Instituição se consolida, no caso de uma Instituição de geração de trabalho e renda, os alunos podem participar também, com per-centual para a gestão, decorrente de recursos oriundos do produto da atividade, como: venda de objetos de arte, apresentação artístico-cul-tural ou ainda prestação de serviços de moni-toria a outras instituições, o que normalmente ocorre a partir do segundo ano de atividade.

Os resultados positivos obtidos constituem for-tes atrativos às parcerias que buscam cases de sucesso. A sociedade anseia por transforma-ções efetivas. juntos, a direção da Instituição, os parceiros públicos e privados, a sociedade e os alunos devem buscar as soluções. Enfim, a busca de alternativas melhores deve ser contínua e a ampliação de parcerias comprometidas com os objetivos da organização deve ser uma cons-tante.” As parcerias firmadas com o Núcleo possibilitam a ampliação do leque de ativida-des desenvolvidas na Instituição. Atualmente, o Núcleo desenvolve Módulos de Reforço escolar para as disciplinas de português e matemática, em parceria com a Secretaria de educação de Goiana – Pe. O Módulo Biblioteca também se encontra em funcionamento e apóia os estudan-tes nas aulas de reforço. em parceria com o CDI (Comitê de Democratização da Informática) e com o Instituto Telemar que doou os equipa-mentos, vem sendo desenvolvido o Módulo de Informática, que está em fase de capacitação de monitores para o curso de Informática e Ci-dadania. Todas as atividades desenvolvidas pela Instituição vêm sendo divulgadas através de reuniões realizadas no auditório do Núcleo, com os pais e familiares dos alunos. esta ação integra a família com os objetivos da Institui-ção, bem como, divulga os trabalhos e reforça o apoio da comunidade. As ações sociais do Núcleo Nassau vêm alcançando objetivos bastante satisfatórios, pois têm possibilitado aos jovens socialmente desfavorecidos da região vislumbrar novas perspectivas de vida, através dos conhecimen-tos adquiridos nas aulas teóricas e práticas da Instituição. estas ações fazem parte de um pro-cesso transformador que precisa ser abraçado por toda a sociedade, para que possamos per-mitir aos nossos jovens o direito de exercer sua cidadania em um futuro mais digno.

Oficina de Escultura Oficina de Pintura

Oficina de Música

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Elias Francisco da Silva jr., 18 anos, cursa o segundo ano do segundo grau. Integra a oficina de artes.elias é um dos jovens artistas que se destacaram na produção de suas peças no Núcleo. já teve alguns de seus produtos exibidos em reportagem e tem vendido peças no espaço do Shopping Paço Alfândega. ele nos fala que “Antes só estudava e jogava bola, agora que faço parte do Núcleo, estudo, ajudo na construção da minha casa, tenho aula de cidadania e coloco em prática aqui mesmo, porque era arrogante, agora sou mais dedicado, mais calmo. um momento especial foi quando fui entrevistado pela Tribuna, vi meu trabalho na televisão. Senti uma satisfação e orgulho de todo mundo ver o que fiz.”

ELIaS FranCISCO Da SILVa jr. OFICIna DE arTES.

VanESSa LIma. OFICIna DE arTESVanessa américo de Lima, 18 anos, concluiu o Ensino médio. Faz parte do núcleo Social nassau desde o

seu início, em 2001, faz trabalhos em papel reciclado. atualmente

trabalha no espaço destinado ao núcleo, no Shopping Paço

alfândega, bairro do recife antigo, recife – PE.Vanessa opina como o Núcleo mudou sua vida: “antes não

sabia o que era a arte, mudou muita coisa hoje. Tenho como saber o que é a arte e o que ela transforma na vida. Dias

especiais no Núcleo? Desde a primeira exposição fora, em gaibú, no hotel blue tree Park; estar aqui na loja do shop-ping e a inauguração do núcleo, que daí firmou o conceito

de olhar pra si mesmo e dizer: “eu agora sou uma artista plástica”, por ser monitora e passar o conhecimento para as outras pessoas, é muito legal ter essa experiência de vida.”

j o v e n s a t e n d i d o s p e l o n ú c l e o s o c i a l n a s s a u

f a l a m d e s u a e x p e r i ê n c i ajéSSICa marquES Da SILVa. OFICIna DE mÚSICa.jéssica marques da Silva, 19 anos, segundo grau completo. Faz parte do núcleo Social nassau há 1 ano e 03 meses, integra o grupo de música.Jéssica fala da descoberta de sua aptidão para a música e da emoção de aprender a tocar um instrumento. Participar de um grupo de música como esse tem sido uma experiência maravilho-sa: “eu não tinha nenhuma noção de música. Me identifiquei e quero entrar para o conservató-rio de música. Ainda não estou completa, estou buscando meu ideal: ser flautista profissional e professora de música. A maior emoção foi a pri-meira vez que toquei uma música na flauta. com 04 meses toquei “asa branca”, foi uma emoção muito grande, muito forte. a primeira viagem que fizemos para Paratibe para uma apresentação lá, tiramos muitas fotos, foi muito emocionante também.”

jOSé rICarDO Da SILVa. OFICIna DE mÚSICa.josé ricardo da Silva, 17 anos, primeiro ano do Ensino médio. Integra o grupo de música.josé Ricardo fala da experiência de fre-qüentar o Núcleo e como tem mudado sua vida: “Antes eu frequentava aula à tarde, o resto do tempo ficava só em casa treinando e jogando bola. Agora mudou muita coisa, ligo mais para o Núcleo, estudar cavaqui-nho. O Núcleo é minha segunda casa. estou muito melhor nos estudos. Me sinto outra pessoa. Sempre quis estudar música e não tinha oportunidade. Quero ser um profissio-nal na área de música: “Ricardo do Cava-co”. um momento especial foi na primeira apresentação de música em Paratibe. Foi

uma emoção muito grande, espero que a primeira de tan-tas. Hoje já me sinto realizado.”

marCIana marIa Da SILVa. OFICIna DE DanÇa.marciana maria da Silva, 17 anos, Cursa a Oitava Série. Faz parte do núcleo Social nassau há quase 1 ano, integra o grupo de dança. Hoje é monitora do grupo e recebe remuneração pelo seu trabalho.Marciana está no núcleo há quase 01 ano e fala de sua experiência na oficina de dança. “com 04 meses fui chamada para ser monitora. Esse foi um momento muito especial, passar meus conhecimen-tos para as outras pessoas. Na minha vida mudou muita coisa pessoal e material, porque trabalho como monitora e mudou também o modo de pensar, fiquei mais madura, aprendi a dizer não. As palestras educativas ajudaram muito, são muito importantes no Núcleo. Tenho muita vontade de ser professora de dança. Me sinto

hoje com muita esperança de um futuro melhor”.

Elias Francisco e sua família.

Em frente à sua casa que está

ajudando o pai a construir.Elias Francisco com uma de suas peças feitas sob encomenda, em fase final de produção.

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A procura maior é por arte sacra e peças com motivos regionais.núcleo social nassau: rodovia Pe – 49, tejucupapo – goiana – Pe

(rodovia de acesso à praia de Ponta de Pedras, após a entrada do Distrito de tejucupapo) fone: +55 (81) 3616-9322

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na visãO De UM eDUcaDOr a iMPOrtÂncia qUe as ativiDaDes

OfereciDas PelO núcleO exerceM frente aOs JOvens Da regiãO:

CHarLES rObErTO Da SILVa. InSTruTOr Da OFICIna DE mÚSICa.

Charles roberto da Silva, 27 anos, faz cur-so de música na universidade de joão Pes-soa, Pb. Trabalha no núcleo como Instrutor da Oficina de Música há 7 meses.A experiência de trabalhar com esses jovens está sendo bem proveitosa, dian-te das condições que o Núcleo oferece, porque faltam ainda muitos instrumen-tos musicais. Mas o interesse dos jovens é grande. Batalhamos muito com eles a cultura musical. Apesar da cultura ser tão próxima a eles, mas eles não tinham tanto costume de ouvir uma música de frevo, maracatu, mpb. A cultura musical que está sendo passada para eles é muito boa, eles estão sendo reeducados musicalmente. (...) Atualmente temos 22 alunos, as aulas são teóricas e práticas de instrumentos de sopro (flauta, clarine-te, saxofone) e percussão. Os jovens que entram para essa oficina não necessaria-mente precisam ter conhecimento musi-cal, aliás, acho até bom que não tenham, pois trabalhamos com eles desde o início. é só dar a oportunidade que eles desen-volvem. Acho muito importante esse tra-balho desenvolvido pelo Núcleo, pois dá oportunidade para todos e em diversas áreas. quando acontece alguma apre-sentação, a maioria dos alunos partici-pa. Nós já toca-mos no Paço Alfândega, no Sesi de Parati-be e na Fábri-ca Nassau.”

“O projeto de geração de trabalho e renda precisa estar apoiado em bases

educacionais, com envolvimento do público-

alvo e do setor público, das empresas e das

instituições do terceiro setor, atuando como modelo integrador para assegurar a

sustentabilidade das ações, ampliar oportunidades de sucesso e impactar positivamente em políticas públicas”.

neide marques, presidente do núcleo

arTE SaCra(material: papel reciclado):

r$ 90 a r$ 120

quaDrO arTESanaL (material: papel reciclado): r$ 150

CaIxaS Em TamanHOS DIVErSOS (material: papel

reciclado): r$ 2 a r$ 18

buDa(em cimento):

r$ 60

uTILITÁrIOS (representando frutas da região: cajú – material: papel reciclado): r$ 30 a r$ 50

mInI-CabOCLOS de lança (material: papel reciclado, conchas de ostra,

materiais da região): r$ 15

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e n q u e t e

“a aMancO acredita que o êxito de uma empresa depende do êxito da sociedade. Por isso se orgulha em apoiar o projeto Casa da Criança que vem melhorando a vida das futuras gerações”.

O q u e l e v a u m a

e m p r e s a a i n v e s t i r e m

o r g a n i z a ç õ e s s o c i a i s

c o m o a s r e a l i z a d a s p e l o

P r o j e t o C A S A D A C R I A N Ç A ?

“A crença na capacidade destas organizações de contribuir positivamente para a transformação social.”

“a bM&f, desde sua fundação, cultiva no mais alto grau os conceitos de responsabilidade social e empresa-cidadã. Permanecer no centro de São Paulo, por exemplo, quando muitas empresas deslocavam suas sedes para áreas novas, foi um passo nesse sentindo, contribuindo para consolidar uma área carente da cidade - mas bem servida em infra-estrutura - deixando de pressionar por recursos que poderiam ser levados para bairros pobres. A criação da associação Profissionalizante bM&f (aPbM&f) o apoio ao atletismo, os investimentos em educação superior e o apoio a mais de 30 instituições beneficentes fazem parte de um contexto em que o apoio à CASA DA CRIANÇA se inclui pelos seus próprios méritos.”

Sr. Manoel FelixPReSIDeNTe BM&F

Sr. joão Carlos Santos NoronhaSuPeRINTeNDeNTe CIMeNTOS NASSAu

“A Siemens tem contribuído com o Projeto casa da criança nesses 6 anos de atuação em vários Estados Brasileiros, e nos sentimos orgulhosos por fazer parte deste que tem contribuído para o bem estar de crianças e adolescentes carentes do País. Desejamos sucesso ao projeto e que ele possa continuar proporcionando uma melhor qualidade de vida aos atendidos pelo projeto, e esperamos continuar essa parceria que muito nos gratifica.”

Sr. Paulo Bezerra GeReNTe ReGIONAL ReCIFe

SIeMeNS

Sra. Carla Neves

COORDeNADORA De

ReSPONSABILIDADe

SOCIAL - AMANCO

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e n q u e t e

“A Sicmol - empresa cidadã que se preocupa com as desigualdades sociais do nosso país escolheu o Projeto Casa da Criança por se tratar de um projeto sério que tem como foco o futuro de nosso país, a criança.”

“A integração cultural e social é o fundamento para a igualdade entre todos os brasileiros. A Brasilit está orgulhosa em participar do Projeto Casa da Criança que visa atender as carências das crianças deste país.”

“É um orgulho para a Eliane ter a oportunidade de construir um futuro melhor para todas estas crianças.”

“Prazer maior é saber que estamos beneficiando muitas

crianças e sempre apostamos em projetos sérios e competentes

como o Casa da Criança.”

“Nossa missão é atender aos nossos clientes com produtos desenvolvidos com inovação e produzidos com qualidade. Nosso compromisso social é investir no futuro do nosso país, e por essa razão nos orgulhamos muito em fazer parte do Projeto Casa da Criança.”

Sr. Paulo LuciettoDIReTOR COMeRCIAL BRASILIT

Sr. Antonio Carlos LouçãoDIReTOR COMeRCIAL eLIANe

“a florense está presente no Projeto Casa da Criança desde sua primeira edição, porque entendemos que o primeiro passo para construir um mundo melhor é preocupar-se com as crianças, que responderão pelo seu futuro.”

Sr. Gelson CastellanVICe-PReSIDeNTe FLOReNSe

Sra. Diana ServeraGeReNTe De APOIO - FABRIMAR

Sr. Marcelo ItoGeReNTe COMeRCIAL

ARAFORROS

Sra. ângela SebbaDIReTORA COMeRCIAL

SICMOL

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B r a s i l

conHecida como “cidade verde”, Tere-sina, a única capital do nordeste brasileiro que não se situa em região litorânea, tem seus en-cantos. A começar pelos rios que a atravessam e que são responsáveis pela densa vegetação e pelo clima quente e úmido, mas que tam-bém embelezam e proporcionam um pôr-do-sol inesquecível às margens dois rios, Parnaíba e Poty, cujas águas se encontram no Parque Ambiental, denominado encontro dos Rios. Para lá correm teresinenses e turistas atraídos pela beleza natural do lugar e pelas manifes-tações culturais da região. Os rios são fontes de inspiração para lendas como o “Cabeça-de-cuia” e “Num-si-pode” que ainda hoje povoam o imaginário simbólico das popula-ções ribeirinhas. Os rios são ainda, fontes de sobrevivência para o povo, através da pesca, e do artesanato desenvolvido nas olarias que acompanham a orla do Parnaíba até o bairro Poty Velho, local onde nasceu a cidade. é ainda à beira dos rios que a cidade se desenvolve. um dos primeiros núcleos urba-nos, na verdade, o primeiro núcleo com edifi-cações administrativas nasceu às margens do Parnaíba, rio que divide o Piauí do Maranhão. esse espaço urbano de grande representati-vidade histórica possui belos exemplares de arquitetura eclética, colonial e moderna que abrigam hoje a Prefeitura de Teresina, o Mu-seu do Piauí, a Receita Federal e o Mercado Público de Teresina, além da Igreja do Ampa-ro, que se destaca imponente na paisagem. Ainda no rio Parnaíba, encontramos a Avenida Maranhão que abriga alguns dos exemplares arquitetônicos mais belos da ci-dade. Como o edifício da CePISA -Centrais elétricas do Piauí S.A, uma construção em es-tilo modernista; a Praça Da Costa e Silva, que apresenta paisagismo de Burlemarx, e ainda,

O Clube dos Diários é uma constru-ção da década de 1920 e atualmente possui um pequeno teatro, um salão de exposições e um espaço aberto para shows. já o Teatro 4 de Setembro, que nasceu nas últimas décadas do século XIX e que já foi inclusive um cinema durante muito tempo, abriga hoje os maiores espetáculos nacionais que visitam o Piauí, além dos grandes shows e encenações de artistas locais. A praça Pedro II, por sua vez, também acolhe inúmeras apresentações de caráter cul-tural, a maior delas, o Salão Internacional de Humor do Piauí já acontece há mais de vinte anos e reúne, ao longo de uma semana, cartu-nistas e humoristas de todo o Brasil e de vários países como Rússia, Cuba, Cazaquistão, entre outros. O roteiro histórico pela capital do Piauí se estende ainda por outras regiões, dentre as quais, vale a pena destacar a que se forma em torno da Praça Saraiva, com gran-

T E R E S I N AO s e n c a n t o s e o s c a n t o s

d e u m a c i d a d e a c o l h e d o r aa caPital DO PiaUí,

cOnheciDa PelO tUrisMO De eventOs e Pela excelência NA ÁREA DE SAúDE, PoSSuI

granDes exeMPlOs De ações sOciais

Por ana regina rego Fotos Paulo barros

o Troca-troca, um espaço de comercialização pública, onde se troca e se vende de tudo, e, que é um dos pontos turísticos mais visitados de Teresina. No entanto, desse lado da cidade é a ponte metálica joão Luiz Ferreira, que se destaca como o principal cartão postal, sobre-tudo, ao pôr-do-sol. O nosso passeio continua por uma faixa de terra, localizada entre os rios, que abriga o centro da cidade. e, é por entre ruas e praças, que no século XIX possuíam nomes curiosos e bem peculiares, como Praça Aqui-dabã e Rua Grande, que novamente nos de-paramos com edificações históricas, que hoje compõem o corredor cultural de Teresina. uma dessas praças justamente a Aquidabã, hoje Pedro II, é o coração do complexo for-mado pelo Clube dos Diários, Teatro 4 de Se-tembro, Clube Rex e Central de Artesanato, responsável pela maior parte dos eventos que compõem o calendário cultural da cidade.

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O rIO POTY é PaLCO Para a nOVa PaISaGEm

VErTICaLIZaDa DE TErESIna.EDIFíCIOS E SHOPPInGS

mODErnOS EnFEITam a OrLa

des casarões como a Casa da Cultura, ante-riormente residência do Barão de Gurguéia, ou o centenário Colégio Diocesano, além da Igreja de Nossa Senhora das Dores, Catedral da Diocese de Teresina. Na Casa da Cultura encontramos dois acervos valiosos, que desta-cam a atuação de dois piauienses que atua-ram em veículos de comunicação de abran-gência nacional. O primeiro, do fotógrafo e cenógrafo José Medeiros, repórter-fotográfico da Revista Cruzeiro, e, o segundo, do jornalis-ta Carlos Castelo Branco, colunista político do jornal do Brasil por mais de 30 anos. O caminho entre os rios vai se abrin-do conforme a evolução urbana da cidade, e, é no final do século XIX, durante a construção da Igreja de São Benedito, que uma peque-na trilha aberta pelos operários da obra até o rio Poty para pegar areia e água, vai se consolidar e dar origem à Avenida que hoje conhecemos como Frei Serafim, a principal via pública da cidade. é exatamente no início desta Avenida, que se situa o referido templo, circundado pela Praça da Liberdade e pelo Palácio de karnak, que abriga a Sede do Go-verno. A Frei Serafim reflete a prosperidade e o progresso do Piauí em meados do século XX, época em que são erguidos vários casarões em estilo eclético, que ainda hoje se destacam, como o que abriga o Palácio episcopal, ou o edifício Paulo VI e o Colégio das Irmãs. Mas essa via, em que a tradição e a modernidade convivem, e, em cujo canteiro central podemos

visualizar fontes desativadas, é palco de uma pluralidade cultural sem medidas. Por ela pas-sam milhares de pessoas diariamente, pessoas de muitas tribos, com muitos objetivos, muitas delas fazem um “turismo” de saúde, e são nor-malmente oriundas dos estados do Maranhão e Pará. Cruzando a Frei Serafim surge a Ave-nida Miguel Rosa, onde localizamos a estação da RFFSA, um dos cartões postais da cidade mais referenciados pela população local. Na estação funcionam espaços culturais como o Clube do Choro, onde os amantes desse estilo musical se reúnem todas as quintas-feiras. e chegamos ao Rio Poty, em cuja margem erguem-se os ícones da modernida-de, edifícios e shoppings que dão a Teresina uma nova paisagem verticalizada. No entan-to, mesmo em meio ao progresso e a evolução da especulação imobiliária que assola grande parte das áreas verdes, Teresina faz jus ao título de Cidade Verde, tendo a maior parte de seu território ainda coberto por uma densa vegetação de chapada, com grandes árvores como o Ipê amarelo e o Caneleiro, este último árvore símbolo da cidade.

O passeio turístico por Teresina deve incluir ainda o calendário de eventos, sobre-tudo, os eventos culturais. já em março, um festival de música, teatro, dança, fotografia e artes plásticas contempla os piauienses com manifestações de todo o país, é o Artes de Março que acontece em um Shopping local. em junho, o destaque fica por conta do Encontro Nacional de Folguedos que já entra na tercei-ra década de realização e que reúne ao lon-go de vinte dias, grupos folclóricos de todo o país, com concursos e shows que proporcionam grande visibilidade às tradições, sobretudo, as nordestinas. em novembro, o Salão Inter-nacional de Humor, ao qual já nos referimos anteriormente, invade as praças, ruas e aveni-das de Teresina, com exposições de desenhos de humor e shows em vários espaços culturais da cidade. em dezembro, o Festival de Vídeo de Teresina recebe filmes de todo o país que durante cinco dias são exibidos para a popu-lação e concorrem a prêmios.

traBalHo Social Apesar de bela, Teresina carrega consigo a sina de ser a capital de um dos estados mais pobres da nação, e, que, tem ao longo dos últimos dez anos, amargado as conseqüências de uma ausência de políticas públicas dire-cionadas ao interior, o que força o homem do campo a vir para a cidade. As invasões de terra na zona urbana de Teresina têm se tornado uma ação diária,

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EmbOLaDa Cantadores fazem versos em meio ao passeio

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TrOCa-TrOCa um dos pontos turísticos mais visitados da cidade

POTY VELHO artesanato em cerâmica

e junto com as invasões chegam os problemas sociais que vão desde a inexistência e em-prego para as famílias que chegam, até a ausência de vagas nas escolas públicas dei-xando muitas crianças e jovens sem educação. A realidade se agrava a cada dia, com mais crianças pedintes nas ruas e com mais jovens sem uma ocupação digna. Contudo, é diante de uma conjuntura de problemas que muitos se organizam para proporcionar a melhoria da qualidade da vida da população, alguns sem esperar pelo poder público, outros em par-ceria com o poder público e com a iniciativa privada. O fato é que no terceiro setor en-contramos os cidadãos que não se conformam com as injustiças da realidade, invariavelmen-te agrupados em ONGs, OSCIPs, Associações, Fundações, e, portanto, é também aqui que as iniciativas sociais proliferam trazendo resulta-dos mais rápidos e mudando de fato a vida das pessoas beneficiadas. O Lar da Fraternidade é um exemplo de determinação dos voluntários que lá tra-balham. De propriedade da ASA-Ação Social Arquidiocesana, o Lar da Fraternidade abriga pessoas com AIDS. junto com a implantação do Lar e visando a arrecadação de fundos para equipar a instituição, nasceu a Caminhada da Fraternidade, hoje com mais de dez anos e,

que reúne anualmente mais de cem mil pesso-as nas ruas de Teresina durante um domingo de junho. O mega-evento hoje contempla além do Lar, diversos outros projetos da ASA. Outro belo exemplo de determina-ção é o da corajosa Graça Cordeiro que há muitos anos se dedica a cuidar de pessoas portadoras de AIDS. Graça criou o Lar da esperança e o mantém com doações e ajuda de voluntários. O Lar abriga em média 50 pacientes, inclusive crianças e há cerca de 3 anos ganhou finalmente uma sede, construída somente com doações, mas que proporciona um maior conforto aos internos. O Lar Maria joão de Deus, orfanato do Governo do estado foi a instituição con-templada com o Projeto Casa da Criança que reformou uma área construída de 1.500 m², beneficiando cerca de 60 crianças órfãs ou em situação de risco. Os franqueados do Projeto

entregaram a obra para a mantenedora em março de 2005. Foram investidos recursos da ordem de R$ 1,5 MILHÃO. A reforma teve iní-cio em agosto de 2004, a partir da adesão das construtoras másters estrela da Manhã, SOFERRO, GTEC, MTV Edificações, SKORA Construções, BeTACON, PROLuX e GARRA e dos 62 profissionais que adotaram os ambien-tes do Lar Maria joão de Deus. já o Lar de Maria, que atende a crianças com câncer, destaca-se no universo da assistência social e cidadania, pelo primoroso trabalho com os pacientes e com suas famílias. O Lar, mantido pela Rede Feminina de Comba-te ao Câncer, e conta com o apoio do Hospital São Paulo, funciona através de doações e de projetos que realiza para angariar fundos que ajudem na manutenção da casa e na aquisição dos medicamentos não fornecidos pelo SuS ou pelo Hospital parceiro. A casa também recebe o apoio do Instituto Ronald McDonald. esses são apenas, alguns dos inúmeros exemplos de ações sociais que encontramos em Teresina, mas que refletem a generosidade do povo brasileiro que não se conforma com uma realidade cultural de corrupção que im-pede o desenvolvimento por completo do país e influi na melhoria da qualidade de vida da população.

abrIGO O Lar maria joão de Deus foi reformado

rOTEIrO Para TurISmO SOCIaL: Lar Da FraTErnIDaDE,

Lar marIa jOãO DE DEuS E Lar DE marIa. PaSSEar é bOm, ajuDar é mELHOr

anunciopiauí

INAUgURAÇÃO EM BLUMENAU Foi inaugurada em abril a creche CeIj - Centro de educação Infanto-juvenil I São joão, uma entidade não governamental fundada em 1992, que atende crianças e jovens de zero a 16 anos, na educação infantil, jornada Ampliada e Programas de erradicação do Trabalho Infantil. A creche vinha apresentando já há alguns anos, problemas físicos como fissuras, pisos desgas-tados, infiltrações e até problemas elétricos. em 2005 o Projeto Casa da Criança deu início à reforma de todo o espaço, implementando e criando ambientes de acordo com seus usos específicos e aumentando as instalações da creche em quase 700 m² de área.

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MAIS UMA UNIDADEé INAUgURADA EM CUIABáSegundo o Instituto Ronald McDonald, Cuiabá é a segunda capital que mais recebe crianças que sofrem com o câncer – em proporção ao número de habitantes - isso em função da demanda dos estados do norte do País. Por esse motivo, o Projeto Casa da Criança e o Instituto uniram forças para promover a reforma da Ala de Internamento de Pediatria Oncológica do Hospital do Câncer do Mato Grosso, inau-gurada em 24 de março deste ano.

CASA COR MT: A SOLIDARIEDADE ENTROU NA PASSARELAPara lançar a sua coleção primavera-verão, a Green desfilou uma tendência

que nunca sai de moda: a solidariedade. Toda a arrecadação com a venda dos ingressos foi revertida para o Projeto Casa da Criança, que

este ano reformou a Ala Pediátrica do Hospital do Câncer de Cuiabá - MT. Naquela cidade, o Projeto é representado pelos franqueados

sociais Alan Malouf, emili Giglio, Leila Malouf, Michel Ayoub e Vagner Giglio. O desfile aconteceu na Casa Cor Mato Grosso 2005.

Inspirado em um carrossel, o arquiteto Mário César Sperb, franqueado do Projeto em Porto Alegre, idealizou um quiosque de forma oitavada, todo de vidros coloridos, que foi montado no Shopping Iguatemi daquela cidade. Com o objetivo de divulgar o Projeto no Rio Grande do Sul, o quiosque traz em seu interior uma TV, onde filmes infantis são intercalados com imagens de unidades beneficiadas pelo Projeto Casa da Criança em todo Brasil. uma idéia para chamar a atenção não só dos adultos mas também das crianças.

InauGuraÇãO a entrega do Hospital do Câncer é um marco para

o Projeto CaSa Da CrIanÇa - é a primeira ala hospitalar reformada

com a ajuda dos voluntários e parceiros do Projeto, em especial

o Instituto ronald mcDonald

a c o n t e c e u

PORTO ALEgRE DIVULgA PROJETO CASA DA CRIANÇADE FORMA DIFERENTE

LEILÃO EM PORTO ALEgREA CRIARe e a Cooperativa dos Cria-dores de Avestruz do RS (CPARS), fir-maram parceria com o Projeto CASA DA CRIANÇA através do arquiteto Má-rio Cesar Sperb, franqueado social do Projeto Casa da Criança-RS e realizou um evento artístico social com ovos de avestruz em abril, na loja da CRIARe. O leiloeiro josé Luís Santayana, também apoiador do evento, comandou o leilão onde 40 ovos doados pela CPARS foram coloridos artisticamente por personali-dades, dentre elas a empresária Suza-na Sirotsky Melzer, Olga krell (editora da Revista espaço D’), André Streppel (velejador e membro da equipe Olímpica Brasileira), a atriz global Lady Francisco, Isabela Fogaça (primeira-dama de Porto Alegre) e a querida cantora Daniela Mercury, entre muitos outros.

OS FranquEaDOS DE bLumEnau com Patricia Chalaça: adalberto, Vilma karsten, Vitor Faria,

ana Paula aisensee e roberto reichert

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A FACILIT TECNOLOgIA EM PARCERIA COM O PROJETO CASA DA CRIANÇA

A Facilit Tecnologia é uma empresa de capital nacional, com onze anos de existência, atuando no mercado de tecnologia da informação realizando de-senvolvimento de softwares em geral e em projetos específicos para grandes corporações, além de atuar em consultorias, vendas e treinamentos de várias tecnologias. Mantém parcerias com o CeSAR - Centro de estudos Avançados do Recife, com o Porto Digital, CNPq e GPSID/uFPe.A empresa vem regularmente investindo na atualização e modernização de seu parque tecnológico, certificação do pessoal e em pesquisas e desenvolvi-mento. A Facilit tem ainda investido em projetos de inovação e P&D. exemplo disso é o Projeto COMMuNIS - Software na área de Gestão de Conhecimento aprovado pelo CNPq-RHAe–INOVAÇÃO. A tecnologia do COMMuNIS foi re-centemente implantada no Projeto Casa da Criança e irá facilitar a dinâmi-ca de trabalho entre Coordenação Nacional e todas as franquias sociais do Projeto dos diversos estados brasileiros. O Projeto COMMuNIS possibilita a sistematização das informações resultando em uma solução prática e precisa para quem necessite inserir, alterar, atualizar, apagar ou receber informações à distância, como é o caso do Projeto Casa da Criança.

Fafá de Belém vestiu a camisa do Projeto Casa da Criança na sua terra natal. Gravou um filme institucional do projeto ao

lado dos 78 arquitetos envolvidos e das franqueadas sociais daquela cidade: Conceição Pinto, elizabete Grunvald, Lílian

Almeida, Maria de Fátima Petrola e Roberta Frigeri.

PROJETO CASA DA CRIANÇA é BENEFICIADO COM PROMOÇÃO DAS LOJAS VISÃO, EM BELéM-PA

As Lojas Visão fazem uma promoção anualmente, o Lanche Feliz, e toda arrecadação é doada a uma instituição que tem programas sociais. Este ano o beneficiado foi o Projeto Casa da Criança, em Belém. O

total arrecadado foi de R$ 33.000,00 (trinta e três mil reais), a maior arrecadação dos últimos anos, que será 100% revertida para a obra

do abrigo eAPe – espaço de Acolhimento Provisório especial, institui-ção de atendimento a crianças especiais, que está sendo reformada

em Belém-PA, onde as franqueadas sociais Conceição Pinto, elizabete Grunvald, Lílian Almeida, Maria

de Fátima Petrola e Roberta Frigeri representam o Projeto.

estão de parabéns todos aqueles que participaram desta

iniciativa, consumindo o Lanche Feliz, um exemplo a ser seguido.

LanCHE FELIZ Fátima, beth, Lilian, Conceição e roberta, com a Presidente da FunCaP, ana Chamma e Paloma Lobato, das Lojas Visão. abaixo, Citröen doado pelo Top Decor para compra de equipamentos fisioterápicos para o EAPE, espaço que está sendo reformado pelo Projeto Casa da Criança em belém.

O Núcleo de Decoração Top Decor entregou ao Projeto Casa da Criança um automóvel Citroen C3. A doação será revertida para a compra de equipamentos de fisioterapia do EAPE (Espaço de Acolhimento Provisório especial), da Fundação da Criança e do Adolescente (Funcap). O espaço abriga mais de 30 crianças porta-doras de necessidades especiais, abandonadas pelos pais. Após a reforma, a unidade passa a servir a mais de 200 crianças - entre abrigadas e atendidas para o tratamento fisioterápico. A entrega do veículo aconteceu, na estação das Docas. esteve presente a Vice-Governadora e Secretária especial de Pro-teção Social de Belém-PA, Valéria Pires Franco, que agradeceu: “em nome do Governo Simão jatene e da área da Proteção Social, agradeço ao Núcleo Top Decor e a todos os profissionais que acei-taram esse compromisso social”. O Núcleo Decoração Top Decor, que tem como Presidente Antônio Sérgio Figueiredo, é uma entidade sem fins lucrativos que busca unir e valorizar empresas e profissionais das áreas da en-genharia, arquitetura, design e decoração, promovendo uma série de ações com esse fim. “Em que pese todo o apoio dos órgãos go-vernamentais, a sociedade também precisa ajudar”, disse Antônio Sérgio em seu discurso.

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LAR DE CLARA As Franqueadas Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA em Recife – Sil-via Marques, Teresa Cristina Melo, Wanuyre Souza e Virginie Marques – estarão liderando uma ação para reforma da nova unidade do Lar de Clara, em Pontezinha. O espaço foi cedido pelo

empresário Roberto Cavalcanti e, graças à ação do Projeto Casa da Criança neste ano de 2006, irá receber uma casa novinha, concebida especialmente para as atividades que realiza e ainda possibilitando uma ampliação de atendimento para a nova comunidade onde estará inserida. Dentre os participantes, já confir-

maram as construtoras RIO AVe, VALe DO AVe, SANTO ANTÔNIO, QUEIROZ GALVÃO , L. PRIORI e CONIC.

O Lar de Clara é uma entidade civil, filantrópica, sem fins lucrativos, que atende a crianças e adolescentes,

estendendo a ação a suas famílias. As franqueadas de Recife aproveitam a oportunidade para convidar a

sociedade, os empresários e os arquitetos a participa-rem deste lindo projeto de amor em prol da infância carente. Através da união de nossos esforços, iremos não só transformar os espaços físicos da instituição,

mas a vida de todas as crianças e famílias assistidas.