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--- ISSN 0034-7108 revista brasileira de biologia volume 55 número 4 novembro 1995 parte II - ~

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ISSN 0034-7108

revistabrasileira

de biologia

volume 55

número 4

novembro 1995

parte II

- ~

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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONALDAS ESPÉCIES ARBUSTIVO-ARBÓREAS DE UMA

FLORESTA MESÓFILA SEMIDECÍDUA NOMUNlCWIO DE GUARULHOS, SP

SERGlliS GANDOLFI1, HERMÓGENES DE FREITAS LEITÃO FILH02e CARLOS LINEU F. BEZERRA3

IDepartamento de Botânica, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz",Universidade de São Paulo, C. P. 9 - Piracicaba, SP, 13418-900

2Departamento de Botânica, Universidade Estadual de Campinas, C. P. 6109 - Campinas, SP, 13081-9703oepartamento de Botânica, Universidade Federal do Ceará - Fortaleza, CE, 60000-000

(Com 1 figura)

RESUMO

Este estudo procurou avaliar os dados florísticos de uma floresta mesófila semidecídua, nomunicípio de Guarulhos (São Paulo, Brasil), buscando discutir os resultados obtidos sob a óp-tica da regeneração natural da floresta.A avaliação florística envolveu: 12.998 indivíduos distribuídos em 47 famt1ias,106 gêneros e167 espécies.As 5 famtlias com maiores números de espécies foram: Myrtaceae (19 spp), Leguminosae (15spp), Euphorbiaceae (13 spp), Lauraceae (13 spp) e Compositae (11 spp).O levantamento florístico geral revelou a presença de 41 espécies pioneiras, 43 secundáriasiniciais, 51 secundárias tardias e 30 sem caracterização.A maior parte da área estudada está num estágio inicial de sucessão, havendo grandes evidên-cias de que são vários os fatores responsáveis por esta condição.

Palavras-chave: composição florística, floresta mesófila semidecídua, categorias sucessionaisde espécies.

ABSTRACT

Floristic Survey and Succession of Shrub and Tree Species of One MesophyticSemideciduous Forest in the Guarulhos Municipality, SP

This paper sets up a floristical survey study of a semideciduous mesophytic forest in the mu-nicipality of Guarulhos (São Paulo State, Brazil), trying to discuss the results in the sense ofthe natural regeneration of the forest.

Recebido em 4 de maio de 1993

Aceito em 26 de julho de 1995Distribuído em 30 de novembro de 1995

Correspondência para: S. Gandolfi

Rev. BrasiL Biol., 55 (4):753-767

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754 S. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

The floristic survey involved 12,998 individuaIs classified in 47 families, 106 genera and 167species.

The 5 families with the highest number of species were: Myrtaceae (19 spp), Leguminosae(15 spp), Euphorbiaceae (13 spp), Lauraceae (13 spp) and Compositae (11 spp).

The general floristic survey revealed the presence of 41 pioneer species, 43 early secondary,51 late secondary and 30 uncharacterized species.

The majority of the studied area is in the initial stage of succession, and there are strong evi-dences that several factors are responsible for this condition.

Key words: floristic composition, mesophytic semideciduous forest, ecologica1 speciesgroups.

INTRODUÇÃO

As duas últimas décadas evidenciaram um

aumento nos estudos relacionados com a composi-ção florística e a estrutura fitossociológica das flo-restas mesófilas semidecíduas (referidas daqui emdiante como FMS) que ocorrem no interior do Es-tado de São Paulo (Martins, 1979; Silva e Leitão-Filho, 1982; Cavassan et aI., 1984; StruffaldiDe-Vuono, 1985; Rodrigues, 1986;Bertoni e Mar-tins, 1987; Rossi, 1987; Pagano e Leitão Filho,1987; Matthes et aI., 1988; Kotchetkoff-Henri-ques, 1989; Pinto, 1989; Catharino, 1989; Silva,1989; Meira-Neto et ai., 1989; Salis, 1990; Ga-briel, 1990; Schlittler, 1990; Morellato, 1991;Gandolfi, 1991; Rodrigues, 1992).

Todavia, no seu desenvolvimento e na análi-se dos dados estes trabalhos em geral não tiveramuma vinculação mais direta com as teorias queconsideram a floresta como um mosaico de man-chas em diferentes estádios sucessionais (Watt,1947; Whitmore, 1975, 1982; Hartshom, 1980;Pickett, 1983; Oldeman, 1983).

Estas mesmas teorias revelam que as espé-cies arbóreas apresentam um comportamento dife-rencial de ocupação destas manchas, e que podemem função disto, ser classificadas em diferentescategorias sucessionais, como, por exemplo, pio-neiras, secundárias e clímax (Van Stennis, 1958;Budowski, 1965; Whitmore, 1975, 1989; Harts-hom, 1980; Denslow, 1980, 1987).

A evolução destas teorias demonstra que flo-restas, maduras ou jovens, exibem trechos em per-manente transformação em função de fatoresnaturais (fatores de perturbação) tais como, des-moronamentos, fogo, inundações, queda de árvo-res, tufões, etc. Estes fatores por sua vez, acabamdelineando a ocorrência, a freqüência e as dimen-

Rev. Brasil. Biol.. 55 (4):753-767

sões das manchas de um dado mosaico sucessio-nal (White, 1979; Hartshorn, 1980; Pickett andWhite, 1985). Como conseqüência as característi-cas do mosaico interferem na composição florísti-ca e na estrutura fitossociológica da floresta.

Deste modo, o presente trabalho objetivadescrever a composição florística de um fragmen-to florestal secundário na área próxima do termi-nal do embarque do Aeroporto Internacional deSão Paulo, no município de Guarulhos e estabele-cer uma classificação das espécies em categoriassucessionais.

MATERIALE MÉTODOS

A área estudada situa-se no Município deGuarulhos (23°25'30"S e de 46°28'53''W) numaplanície de sedimentos terciários-quaternários dre-nada pelo ribeirão Baquirivú-Guaçú, afluente dorio Tietê (Fig. Ia). A vegetação estudada se apre-senta como um pequeno fragmento florestal isola-do. O terreno é ligeiramente inclinado comaltitudes que variam entre 743 e 740 metros. Afloresta pode ser classificada como uma florestamesófila semidecídua (FMS), numa adaptação deRizzini (1963). Embora parcialmente protegida,houve nas últimas décadas alguma intervenção an-trópica na área. Não há indícios da ação de fatorescatastróficos de perturbação natural, com poucasclareiras grandes e uma maior proporção de clarei-ras pequenas. O clima local é do tipo Cfb, climatemperado úmido sem estação seca (Koeppen,1948). De acordo com dados de Gandolfi (1991) amédia de temperaturas médias anuais é de 18,4óC,a média da precipitação anual é de 1400 mm, ha-vendo alta ocorrência de nevoeiros e ausência dedéficits hídricos. O solo da floresta pode ser clas-sificado como Latossolo Vermelho Amarelo fase

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LEVANTAMENTO FLORÍSTlCO E CARÁTER SUCESSIONAL 755

",

23 o 25'S

D+~ - 121parcelas usadas no levantamento florístico

- 67 parcelas usadas na análise fítossociológica./

- 11parcelas não utilizadas- Contorno da floresta

Fig. I - a) Localização da área estudada 110Estado de São Paulo; b) Malha de amostragem usada nolevantamento da vegetação.

terraço (Comissão de Solos, 1960), que são solosprofundos, fisieamente bons, com boa retenção deáguas, mas em geral ácidos, com altos teores dealulIÚnioe quimicamente pobres.

Para a análise florística e fitossociológicadesta vegetação, a floresta foi dividida em 132

parcelas contíguas de 20 x 20m, formando umamalha de amostragem. Destas 121 parcelas(48.400 m2) foram usadas na análise florística e67 na análise fitossociológica (Fig. lb).

Nestas 121 parcelas utilizadas, todos os indi-víduos arbustivo-arbóreos de altura igualou supe-rior a 1,5 metros, em estado vegetativo ou repro-

dutivo, tiveram amostras de seu material coletado,

prensado e seco.Os trabalhos tiveram início no segundo se-

mestre de 1983 e se desenvolveram por toda a flo-resta até fins de 1984, quando cerca de 70% davegetação foi cortada. Nos restantes 30% da áreaas coletas persistiram até o início de 1990. O ma-terial assim coletado foi identificado taxonomica-"mente de acordo com os procedimentos tradi-cionais, a partir da literatura disponível no Depar-tamento de Botânica da Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), SP, sendo as exsicatas re-sultantes depositadas nos herbários UEC (UNI-

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756 s. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

CAMP), ESA (ESALQ/USP) e FUEL (UEL). Afim de melhor discutir os aspectos relativos à su-cessão secundária florestal e sua relação com aflorística observada, as espécies encontradas fo-ram tentativamente separadas em 4 categorias su-cessionais:

-/ . _C-Pioneiras \ ~'5I\ltfl,\~

~-t:laramente dependentesde luz que'" não ocorrem no subosque, se desenvolvendo em

clareiras ou nas bordas da floresta.

Secundárias iniciais

Espécies que ocorrem em condições de sombrea-mento médio ou luminosidade não muito intensa,ocorrendo em clareiras pequenas, bordas de clarei-ras grandes, bordas da floresta ou no subosquenão densamente sombreado.

Secundárias tardias

Espécies que se desenvolvem no subosque emcondições de sombra leve ou densa, podendo aípermanecer toda a vida ou então crescer até alcan-çar o dossel ou a condição de emergente.

Sem caracterizaçãoEspécies que em função da carência de informa-ções não puderam ser incluídas em nenhuma dascategorias anteriores.

Para chegarmos ao enquadramento destasespécies, nestas categorias, usamos 4 níveis deevidências:

1 - citações de trabalhos sobre a dinâmicaflorestal, em que o gênero é referido como pos-suindo espécies pioneiras.

2 - citações de trabalhos, onde a ocorrênciaou a dinâmica da espécie é referida.

3 - citações referentes à densidade de ma-deira ou medidas equivalentes, já que se esperamcorrelações entre {l velocidade de crescimento deuma espécie, a densidade de sua madeira e a clas-se sucessional a que pertence. Deste modo, espé-cies das fases iniciais teriam em geral densidadesbaixas e espécies finais densidades altas (Whitmo-re, 1975).

4 - observações de campo sobre a ocorrên-cia e hábitos destas espécies nesta ou em outrasflorestas já estudadas.

Em 67 parcelas efetuou-se o estudo fitosso-ciológico dos indivíduos arbustivo-arbóreo de pe-rímetro à altura do peito (PAP) maior ou igual a30 cm (DAP ==10 cm) (Gandolfi, 1991).

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

Para este conjunto de indivíduos de maiorporte, calculou-se o índice de diversidade de(Shannon & Weaver) (H'), a partir da fórmula:

n

H' = - L pilnpii= 1

onde:Pi =ni/NN =número total de indivíduos

Di =número de indivíduos da espécie i10 =logarítmo natural, base e.

RESULTADOS

A fisionomia florestal é caracterizada pelapresença de árvores emergentes com até 23 me-tros, por um dosse1mais ou menos contínuo entre15 e 17 metros, pela ausência de uma estratifica-ção visível e por um subosque relativamente bemiluminado. Além destes aspectos, a floresta apre-senta muitas espécies arbóreas decíduas, poucasepífitas, lianas e plantas herbáceas.

Nas 121 parcelas utilizadas na análise florís-tica, foram amostrados 12.998 indivíduos vivoscom altura igual ou superior a 1,5m. Destes 2.572apresentaram PAP ;:::30 cm e 10.426 PAP < 30 cm(aproximadamente DAP ==10 cm). Estes 12.998indivíduos pertencem a 158 espécies claramentedefinidas, mais 7 espécies identificadas a nível defarm1ia (Euphorbiaceae sp. 1, Myrtaceae sp. 1 asp. 6) e 2 espécies artificiais, ou seja, desconheci-da sp. 1 e 2, num total de 167 espécies. Estas es-pécies distribuem-se em 98 gêneros claramentedelimitados mais 7 gêneros não determinados(Euphorbiaceae sp. 1 e Myrtaceae sp. 1 a 6) e 1gênero artificial, desconhecida, num total de 106gêneros, que se distribuem em 47 farmlias, sendo46 verdadeiras e 1 artificial, a farm1iaDesconheci-da. A tabela I apresenta a lista das espécies amos-tradas no levantamento florístico, sua forma devida, sua classificação sucessional de acordo comos critérios propostos por Gandolfi (1991, anexo2) e seu nome popular, o local e número das exsi-catas depositadas.

Nas 67 parcelas do interior da floresta, fo-ram amostrados 1.820 indivíduos de PAP =30 cm

dos quais apenas 1.765 indivíduos foram usadosna análise fitossociológica, sendo desconsiderados55 indivíduos por pertencerem à espécie desco-nhecida sp. 1. Estes 1.765 indivíduos se distribuí-

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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL

TABELA I

Composição Oorística, formas de vida, nomes vulgares,categorias sucessionais e registro de herbário das espécies

arbustivo-arbóreas encontradas na área. Categorias

sucessionais: P = pioneira,Si = secundáriainicial,Sc= semcaracterizaçãoe St =secundária tardia. ESA =Herbário

da ESALQ/USP e UEC =Herbário da UNICAMP.

ANACARDIACEAE

Lithraea mol/eoides (Vell.)Engl.árvore - Aroeira brava, SiUEC 26945

Schinus terebinthifolius Raddi

árvore - Aroeira mansa, P

UEC 26945 - ESA 6556

Tapiriraguianensis Aubl.árvore - Pau pombo, Si

ANNONACEAE

Guatteria ajf. australis St. Hil.arvoreta - Banana do Mato, St

Guatteria nigrescens Mart.

árvore - Varejão, St

UEC 26940, 26941 - ESA 5665

Rollinia emarginata Schldl.

arvoreta - Araticunzinho, Si

UEC 26997, 26942

Rollinia sericea R.E. Fries

árvore - Cortiça, StUEC 26943 - ESA 5666

ARALIACEAE

Dendropanax cuneatum Decne et Planch

árvore, Si

UEC 26893, 26965, 26966 - ESA 5667, 5668, 5669, 5664

Didymopanax calvus (Cham.) Decne et Planch

árvore - Mandioqueira, Si

BIGNONIACEAE

Cybistax antisyphilitica Mart.árvore - Caroba do campo, Si

Jacaranda ajf. micrantha Chamoárvore - Carobão, P

Jacaranda puberula Chamoárvore - Carobinha, SiUEC 26910

Jacaranda sp.árvore, Sc

Tabebuiachrysotricha (Mart. ex DC) Standl.árvore - Caraíba, Si

BORAGINACEAE

Cor dia magnoliaefolia Chamo

arvoreta - Jaguararnurú, SiUEC26913

Cor dia sellowiana Chamo

árvore - Capitão do mato, SiUEC 26911, 26912 - ESA5618, 5619, 5620

757

TABELA I (Continuação)

BURSERACEAE

Protium widgrenii Engl.

árvore - Almacegueira, Si

UEC 26960, 26962 - ESA 5883, 7289

CECROPIACEAE

Cecropia pachystachya Trécul

árvore - Preguiceira, P

CELASTRACEAE

Moytenus robustaReissarvoreta - Cafezinho do mato, SiUEC 26981

Maytenus gonociada Mart.arvoreta - Baleira, SiUEC 26886

CLETHRACEAEClethra scabra Pers, varoscabra

arvoreta - Carne de vaca, SiUEC 26917

Clethra scabra varolaevigata (Meissn.) Sleum.árvore - Carne de vaca, SiUEC 26916 - ESA 5625

COMPOSITAE

Baccharis dracunculifolia DC.

arbusto - Alecrim do campo, P

Baccharis schultzii Baker

arbusto - Alecrim bravo, P

Baccharis semiserrata varo eleagnoides (Steud.)G. M. Barroso

arvoreta - Vassoura, P

UEC26963Eupatorium vauthierianum A. DC.

arbusto, PUEé 26953 - ESA 5690

Piptocarpha axillaris Baker varo axillaris

arvoreta - Vassoura preta, P

UEC 26959, 26961-ESA5648, 5649

Piptocarpha axillaris varo minor Bakerarvoreta - Oliveira do mato, P

Piptocarpha sellowii Baker

arvoreta, Si

Senecio glaziovii Baker

arbusto, Si

Symphyopappus sp.

arbusto, SeUEC 26958

Vernonia di.ffusa Less

árvore - Cambará-açú, P

Vernonia polyanthes Less

arvoreta - Assa-peixe, PUEC 26964 - ESA 5650

Vernoniasp.arbusto, Se

Rev. Brasil. Biol.. 55 (4):753-767

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758 S. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

TABELA I (Continuação)

CUNONIACEAE

Lamanonia temata Vell.

árvore - Cangalheiro, Si

ERYTHROXYLACEAE

Erithroxylum deciduum St. Hil.

árvore - Cabelo de negro, St

EUPHORBIACEAE

Actinostemon concolor (Spreng.) Muell. Arg.

arvoreta - Laranjeira do mato, StUEC 26902 - ESA 5633, 5634

Alchomea sidifolia Muell. Arg.

árvore - Tapiá, PUEC 26969, 26970 - ESA 5641

Alchomea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg.

árvore - tapiá, P

Crotonfloribundus Spreng.

árvore - Capixingui, P

Croton macrobothrys Baill.

arvoreta - Pau sangue, PUEC 26898

Mabea fistulifera Mart.

árvore - Canudo de pito, PUEC26998

Pera obovata (Klotzeh) BailI.árvore - Sapateiro, StUEC 26954, 26955 - ESA 5644

Sapium glandulatum (Vell.)Pax.árvore - Leiteiro, PUEC 26938

Sebastiania brasiliensis Spreng.

arvoreta - Banquilho, StUEC 26899, 26900 - ESA 5630

Sebastiana serrata (Baill.) Muell. Arg.árvore, St

UEC 26968, 26901 - ESA 5645,5646,5647,5680,7300,

7301,7302,7303,7304,7305,7306,5642,5643

Sebastiania sp. Iarvoreta, Se

Sebastiania sp. 2

arvoreta, Se

Euphorbiaceae sp. I

arvoreta, Se

FLACOURTlACEAE

Casearia decandra Jaeq.

árvore - Pau espeto, StUEC26934

Casearia obligua Spreng.árvore - Guassatonga, St

UEC 26935

Casearia sylvestris Sw.

arvoreta - Pau de lagarto, P

UEC 26932, 26933 - ESA 5579, 5580, 5581, 5582

Xylosma glaberrimum Sleumerarvoreta, Se

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

TABELA I (Continuação)

CLUSIACEAE

Vismia brasiliensis Choisy

árvore - Pau de lacre, P

UEC 26908, 26909 - ESA 5621, 5622, 7292

LAURACEAE

Endlicheria paniculata (Spreng.) Maebride

árvore - Canelinha, St

UEC 26924, 26925 - ESA 5583, 5595, 5596, 5597,

5598, 7285

Nectandra grandijlora Ness.

árvore - Canela amarela, St

UEC 26930, 26931 - ESA 5606, 5607, 7284

Nectandra lanceolata Ness.

árvore, St

UEC 26923

--

Nectandra oppositifolia Ness.árvore - Canelão, StUEC 26922

Ocotea corymbosa (Meissn.) Mez

árvore - Canela parda, SiUEC 26918

Ocotea lanata (Nees) Mez

árvore - Canela lanosa, St

UEC 26926, 26927 - ESA 5609,5610,7283

Ocotea aff. lancifolia Mezárvore, SeUEC 26920

Ocoteapuberula (Rieh.) Nees

árvore - Canela pimenta, StOcoteapulchella (Nees) Mez

arvoreta - Canela lageana, SiUEC 26928

Ocotea eC.sylvestris Vattimoarvoreta, SeUEC 26921

Ocotea eC.velloziana (Meissn.) Mezarvoretas, SeUEC 26919

Persea venosa Ness

arvoreta - caju do mato, St

UEC 26894, 26928

Phoebe stenophylla (Meissn.) Mezárvore, St

LECYTHIDACEAE

Cariniana estrellensis (Raddi) O. Kuntze

árvore - Jequitibá branco, St

LEGUMlNOSAE - CAESALPINIOIDEAE

Senna speciosa (Colladon) hwin & Barnebyarvoreta, PUEC 27017

Copaifera langsdorffii DesC.

árvore - Copaíba, StUEC 26887, 26888 - ESA 6558

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.LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL

TABELA I (Continuação)

LEGUMINOSAE - FABOIDEAE

Andirafraxinifolia Benth.

árvore - Angelim, SiUEC 26999

Dalbergia brasiliensis Vogo

árvore - Caviúna preta, StUEC 27002 - ESA 5636

Machaerium aculeatum Raddi.

árvore - Bico de pato, PUEC 27001

Machaerium aff. brasiliensis Vogo

árvore - Mosqueteiro, Si

Machaerium nictitans (Vell.) Benth.

árvore - Jacamadá ferro, SiUEC 27003

Machaerium stipitatum (D.C.) Vogo

árvore - Sapuvinha, SiUEC 27004

Machaerium villosum Vogo

árvore - Jacarandá paulista, St

Platymiscium floribundum Vogo

árvore - Jaearandá do litoral, St

Zollemia sp.árvore, Se

LEGUMINOSAE - MIMOSOIDEAE

lnga aff. striata Benth.

arvoreta - Ingá mirim, Si

Piptadenia gonoacantha (Mart.) Maebride

árvore - Pau jacaré, Si

Pithecellobium langsdorffii Benth.

árvore - Rapozeira, Si

Pithecellobium sp.

árvore, Se

LOGANIACEAE

Strychnos brasiliensis (Spreng.) MarI.

arbusto - Esporão de galo, St

LYTHRACEAE

Lafoensia replicata Pohl

árvore - Candeia, Si

MAGNl>LIACEAE

Talauma ovata SI. Hil.

árvore - Pinha do brejo, SiUEC 26944

MELASTOMATACEAE

Miconia ligustroides (DC.) Naud.

arvoreta - Vassoura brava, P

UEC 26939, 26950 - ESA 5663

Miconia sellowiana Maud.

arvoreta - J aeatirão, P

Miconia sp. Iarvoreta, Se

Miconia sp. 2

arvoreta, Sc

759

TABELA I (Continuação)

MELIACEAE

Cabralea canjerana (Vell.) Mart.

árvore - Canjerana, Si

Cedrella fissilis VelI.

árvore - Cedro, Si

Guarea macrophylla subsp. tuberculata (Vell.) Pennington

árvore - Marinheiro, St

UEC 26937, 26951, 26952 - ESA5637, 5638, 5639,5640, 7282

MONIMIACEAE

Mollinedia schottiana (Spreng.) Perk.

arbusto - Capixim, St

UEC 26956, 26957 - ESA 5684,5685,5686,5687,

5688, 7293, 7294

Mollinedia sp.

arbusto, Sc

MORACEAE

Ficus sp.árvore - Figueira, SeUEC 26895

MYRSINACEAE

Rapaneaferruginea (Ruiz et Pav.) Mezarvoreta - Capororoca-branea, SiUEC 26889

Rapanea umbellata (Mart.) Mezárvore - Capororoea, SiUEC 27000 - ESA 5635, 7299

MYRTACEAE

Campomanesia guazumifolia Berg.

árvore - Araçá, StUEC26972

Campomanesia maschalantha (Berg.) Kiaerskou

árvore, St

Campomanesia xanthocarpa Berg.

árvore - Guariroba, St

UEC 26979 - ESA 5653

--

Calypthrantes concina DC. varoconcinnaarvoreta, StUEC 26977, 26978 - ESA5656, 5657, 5658

Eugenia dodonaefolia Camb.árvore, St

Eugenia sp.arvoreta, Sc

Gomidesia affinis (Camb.) Legr.arvoreta, StUEC 26976 - ESA 5654, 5655

Myrcia calumbaensis Kiaerskouarvoreta, StUEC 26974

Myrcia impressa Berg.arvoreta, StUEC 26973

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

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760 S. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

TABELA I (Continuação)

Myrcia rostrata DC.árvore - Lanceira, PUEC 26971 - ESA 5659,5660,5662

Myrciariafloribunda (Wlld.) Berg.árvore, StUEC 26980 - ESA 5651,5652,5661,5562,7287

Noemithranthes sp.

arbusto, St

Psidium cattleianum Sabine

árvore - Sete-capotes, SiUEC26975

Myrtaceae sp. 1

arvoreta, ScESA 7296,7297,7298

Myrtaceae sp. 2arvoreta, Sc

Myrtaceae sp. 3arvoreta, Sc

Myrtaceae sp. 4arvoreta, Sc

Myrtaceae sp. 5arvoreta, Sc

Myrtaceae sp. 6arvoreta, Sc

NYCTAGINACEAE

Guapira opposita (VelI.) Reitz

arvoreta - Forquilha, Si

OCHNACEAE

Ouratea salicifolia (St. Hil.) Engl.

arvoreta, SiUEC 26892

PALMAE

Syagrus romanzoffiana Mart.

estipe - Gerivá. Si

PIPERACEAE

Piper aduncum L.

arbusto,PPiper amalago (Jacq.) Yunker

arbusto, P

Piper arboreum Aubl.

arbusto,P ,Pipersp.

arbusto,P

PROTEACEAE

Roupala brasiliensis Klotzch

árvore - Carvalho brasileiro, St

ROSACEAE

Prunus sellowii Koehne

árvore - Pessegueiro bravo, Si

UEC 26914, 26915

Rev. Brasil. BioL. 55 (4):753-767

TABELA I (Continuação)

RUBIACEAE

Alibertia concolor Schurn

arvoreta - Marmelada do mato, St

UEC26897 -ESA5613, 5631, 5632

Amaioua guianensis Aubl.arvoreta - Marmelada brava, St

Coutarea hexandra Schamann

arvoreta, St

Faramea cyanea LuelI. Arg. ex Chessárvore, St

UEC 26985, 26986, 26987, 26988 - ESA 5571, 5572,5573,5574,5591,5592,5593,7286

Ixora gardneriana Benth.arvoreta, St

UEC 26983, 26984Ixora venulosa Benth.

arvoreta, St

UEC 26982, 26990 - ESA 5605

Posoqueria latiJolia(Rudge) R.&S. varolatifoliaárvore - Mão de macaco, SiUEC 26989

Psychotria carthaginensis Jacq.arvoreta - Pau de maria, StUEC 26991, 26992 - ESA 5578

Psychotria sessilis (VelI.) MuelI. Arg.arvoreta, St

UEC 26993, 26994 - ESA 5575, 5576, 5577, 5585,

5586,5587,7295

RUTACEAE

Citrus sp.

arvoreta, Sc

Esenbeckia grandiflora Mart.

árvore - Guaxupita, StUEC 26995, 26996 - ESA 5623, 5624

Zanthoxyllum rhoifolium Lam.

árvore - MalDica de porca, P

SABIACEAE

Meliosma sp.

arvoreta, Sc

SAPINDACEAE

Allophylus edulis (St. Hil.) Radlk.

arvoreta - Fruta de pombo, P

Cupania vernalis Camb.

árvore - Pau de cantil, Si

Dodonaea viscosa (L.) Jacq.arvoreta - Vassourinha vermelha, P

Marayba eleagnoides Radlk.

árvore - Camboatá branco, Si

UEC 26948, 26949 - ESA 5672, 5673, 5627

Mataybajuglandifolia (Camb.) Radlk.árvore - Caxuá branco, Sc

SAPOTACEAE

Chrysophyllum marginatum (H.&A.) Radlk.arvoreta, StUEC 26967 - ESA 5674, 5676, 5677, 5678, 5679

},

br

I

fI

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"0

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL

TABELA I (Continuação)

SOLANACEAE

Athenaea picta (Mart.) Sendtn.

arbusto, St

UEC 26936

Capsicumflexuosum Sendtn.

arvoreta - Pimenta-brava, P

UEC 27013, 27014 - ESA 5615, 5616, 5617

Cestrum sessilijlorum Schott.

arvoreta, P

UEC 27015, 27036 - ESA 560 I, 5602, 5603, 5604, 7288

Solanum argenteum Dun.

arvoreta - Capoeira prata, PSolanum bullatum Vell.

árvore - Capoeira branca, P

UEC 27006, 27007 - ESA 5599, 5600, 7280

Solanum granuloso-leprosum Sun.

arvoreta - Fumo-bravo, P

UEC 27009, 27010 - ESA 5613,5614

Solanum inaequale Vell.

árvore - Capitão do campo, P

Solanum rufescens Sendtn.

arvoreta - Capoeira amarela, PUEC 27011, 27012

Solanum variabile Mart.

arbusto - Japiranga, PUEC 27008

Solanum sp.

arvoreta, Se

STYRACACEAE

Styrax camporum Pohl.

árvore, Si

UEC 26946

SYMPLOCACEAE

Symplocos celastrinea Mart. ex Miq.

arvoreta - Mate falso, St

UEC26986

THEACEAE

Temstroemia sp.

arvoreta, Se

TILIACEA'E

Luehea speciosa Willd.

árvore - Açoita cavalo, SiUEC 27005 - ESA 7281

ULMACEAE

Trema micrantha (L.) Blume

árvore - Crindiúva, P

UEC 26906, 26907 - ESA 5626

VERBENACEAE

Aegiphila sellowiana Chamo

arvoreta - tamanqueira, PUEC 26903 - ESA 5628, 5629

761

TABELA I (Continuação)

Cytharexyllum myrianthum Chamo

árvore - Pau de viola, P

Lantana brasiliensis Link.

arbusto, St

UEC 26890, 26947 - ESA 5670,5671,5681,5682,5689

Lantana aff. fucata Lindt.

arbusto, Se

Vitex polygama Chamo

árvore - Grataúba, Si

VOCHYSIACEAE

Vochysia magnijica Warm.

árvore - farinha seca, St

Vochysia tucanorum Mart.

árvore - Pau de tucano, Si

UEC 26904, 26905 - ESA 5612, 6557

DESCONHECIDA

Desconhecida sp. 1 *entidades não-naturais

Desconhecida sp. 2 *entidades não-naturais

ram em 113 espécies. O índice de diversidade deShannon (H') foi de 3,73.

As fanunas mais ricas em espécies foramrespectivamente Myrtaceae (19), Leguminosae(15), Euphorbiaceae e Lauraceae (13), Composi-tae (11), Solanaceae (10) e Rubiaceae (9) e repre-sentam mais da metade das 167 espéciesobservadas no levantamento florístico. Quanto àscategorias sucessionais, estas 167 espécies se dis-tribuíram em 41 espécies pioneiras, 43 espéciessecundárias iniciais, 51 espécies secundárias tar-dias, sendo 30 espécies sem caracterização e 2 quenão são entidades naturais (Tab. lI).

A tabela m apresenta a distribuição de cadafanulia por categoria sucessional, nela pode-se ob-servar que as espécies pioneiras se distribuíram

TABELA 11

Número e porcentagem de espécies por categoriasucessional no levantamento florístico.

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

Número Porcentagem(no.) (%)

Total das espécies 167 100.0

Pioneiras 41 24.6

Secundárias iniciais 43 25.7

Secundárias tardias 51 30.5

Sem caracterização 30 18.0

Entidades não naturais 2 1.2

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762 s. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

por 16 famílias, havendo famílias que foram ex-clusivamente pioneiras, Cecropiaceae, C1usiaceae,Piperaceae e Ulmaceae ou predominantementepioneiras, Compositae, Melastomaceae e Solana-ceae. As espécies secundárias iniciais se distribuí-ram por 26 famílias, havendo muitas fanuliasonde este caráter foi exclusivo, Araliaceae, Bora-ginaceae, Burseraceae, Celastraceae, Clethraceae,Cunoniaceae, Lythraceae, Magnoliaceae, Myrsina-ceae, Nyctaginaceae, Ochnaceae, Palmae e Styra-caceae, Tiliaceae ou então predominante eBignoniaceae. Já as espécies secundárias tardiassão encontradas em 19 fanulias, sendo que estecaráter foi exclusivo nas farmlias Erythroxylaceae,Lecythidaceae, Loganiaceae, Proteaceae, Sapota-ceae e Symplocaceae ou predominantemente emLauraceae, Myrtaceae e Rubiaceae.

Há por fim farmlias importantes como Eu-phorbiaceae e Leguminosae em que não se obser-vou uma exclusividade ou predominância decaráter sucessional.

DISCUSSÃO

Através do levantamento florístico de todosos indivíduos arbustivo-arbóreos numa área deaproximadamente 4,8 ha, foi possível constatarque as farmlias com maior número de espécies fo-ram Myrtaceae, Leguminosae, (senso amplo),Euphorbiaceae, Lauraceae, Compositae, Solana-ceae e Rubiaceae o que, com alguma variação,tem sido observado em outros levantamentos deflorestas mesófilas semidecíduas (FMS) do Estadocomo as famílias mais ricas (Leitão-Filho, 1982).

Também se observou a repetição de um pa-drão já antes observado em outras florestas destaformação, em que um pequeno número de famí-lias representa mais do que a metade das espéciesobservadas, ou seja, 7 famílias contém 90 espéciesnum total de 4>':lfanulias com 167 espécies.

Quanto ao valor de H' =3,73 das 113 espé-cies do levantamento fitossociológico, ele se en-contra dentro da faixa de variação deste índice dediversidade, até agora observada para este tipo deformação no Estado, H' =4,25 em Rio Claro (Pa-gano e Leitão-Filho, 1987) até H' = 3,05 em Jabo-ticabal (Pinto, 1989).

Quanto à classificação das espécies em cate-gorias sucessionais, pode-se dizer que a metodolo-gia empregada foi importante, mas não pode serconsiderada suficiente, devendo ser procurados

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

TABELA DI

Distribuição das espécies de cada família por categoria

sucessional (P = pioneira, Si = secundária inicial, St =secundária tardia e Sc = sem caracterização.

FamIlia No.espécies

Anacardiaeeae 3

Annonaeeae 4

Araliaeeae 2

Bignoniaeeae 5

Boraginaeeae 2Burseraeeac I

Cecropiaceac ICelastraeeae 2

Clethraceae 1

Compositae 11Cunoniaeeae 1

Erythroxylaeeac I

Euphorbiaeeac 13Flaeourtuaeeac 4

Clusiaeeae I

Lauraeeae 13

Lecythidaeeae 1

Leguminosae 15

Loganiaceae I

Lythraeeae 1

Magnoliaeeae IMelaslomataceae 4

Meliaeeae 3

Monimiaceae 2

Moraeeae I

Myrsinaeeac 2

Myrtaeeae 19

Nyetaginaceae IOchnaceae I

Palmae I

Piperaeeae 4Proteaceac 1

Rosaeeae I

Rubiaceae 9

Rutaeeae 3

Sabiaeeae 1

Sapindaeeae 5

Sapotaceae ISolanaeeae 10

Slyraeaeeae 1

Symplocaeeae ITheaeeae I

Tlliaeeae I

Ulmaeeae I

Verbenaceae 5

Vochysiaeeae 2Desconhecida 2.

Total 167

P

7

6

I

I

2

2

4

2

8

I

2

41

Si St Se rasncCÍIt<t<trb.

te

ca

de

poco

a <sio

pé<prcrenumsãomaini<Istcconchosohractflordasfimtant,geta

esteterísrente.Não representam entidades naturais.

2I232I

3

2I2I

2

I4 32 I

2 8 314 21

7

2

2

I.

I

2

I

I

I

I

10 7

8

I

2

2

43 51 30(+2)

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..

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL

TABELA I (Continuação)

SOLANACEAE

Athenaea picta (Mart.) Sendtn.

arbusto, St

UEC 26936

Capsicumflexuosum Sendtn.

arvoreta - Pimenta-brava, P

UEC 27013, 27014 - ESA5615, 5616, 5617

Cestrum sessiliflorum Schott.

arvoreta, P

UEC 27015, 27036 - ESA 5601,5602,5603,5604,7288

Solanum argenteum Dun.

arvoreta - Capoeira prata, PSolanum bullatum Vell.

árvore - Capoeira branca, P

UEC 27006, 27007 - ESA 5599, 5600, 7280

Solanum granuloso-leprosum Sun.

arvoreta - Fumo-bravo, P

UEC 27009, 27010 - ESA 5613,5614

Solanum inaequale Vell.

árvore - Capitão do campo, P

Solanum rufescens Sendtn.

arvoreta - Capoeira amarela, PUEC 270 li , 27012

Solanum variabile Mart.

arbusto - Japiranga, PUEC 27008

Solanum sp.

arvoreta, Sc

STYRACACEAE

Styrax campo rum Pohl.

árvore, Si

UEC 26946

SYMPLOCACEAE

Symplocos celastrinea Mart. ex Miq.

arvoreta - Mate falso, St

UEC26986

THEACEAE

Ternstroemia sp.

arvoreta,Sc

TILIAC~AE

Luehea speciosa Willd.árvore - Açoita cavalo, SiUEC 27005 - ESA 7281

ULMACEAE

Trema micrantha (L.) Blumeárvore - Crindiúva, PUEC 26906, 26907 - ESA 5626

VERBENACEAE

Aegiphila sellowiana Chamo

arvoreta - tamanqueira, PUEC 26903 - ESA 5628, 5629

TABELA I (Continuação)

Cytharexyllummyrianthum Chamoárvore - Pau de viola, P

Lantana brasiliensis Link.arbusto, St

UEC 26890, 26947 - ESA 5670,5671,5681,5682,5689

Lantana aff.fucata Lindt.arbusto, Sc

Vltex polygama Chamo

árvore - Grataúba, Si

VOCHYSIACEAE

Vochysia magnijica Warm.

árvore - farinha seca, St

Vochysia tucanorum Mart.

árvore - Pau de tucano, Si

UEC 26904, 26905 - ESA 5612, 6557

DESCONHECIDA

Desconhecida sp. I *entidades não-naturais

Desconhecida sp. 2 *entidades não-naturais

ram em 113 espécies. O índice de diversidade deShannon (H') foi de 3,73.

As fanunas mais ricas em espécies foramrespectivamente Myrtaceae (19), Leguminosae(15), Euphorbiaceae e Lauraceae (13), Composi-tae (11), Solanaceae (10) e Rubiaceae (9) e repre-sentam mais da metade das 167 espéciesobservadas no levantamento florístico. Quanto àscategorias sucessionais, estas 167 espécies se dis-tribuíram em 41 espécies pioneiras, 43 espéciessecundárias iniciais, 51 espécies secundárias tar-dias, sendo 30 espécies sem caracterização e 2 quenão são entidades naturais (Tab. fi).

A tabela m apresenta a distribuição de cadafarmlia por categoria sucessional, nela pode-se ob-servar que as espécies pioneiras se distribuíram

TABELA n

Número e porcentagem de espécies por categoriasucessional no levantamento flonstico.

Rev. Brasil. Biol., 55 (4):753-767

-..-

761

Número Porcentagem(no.) (%)

Total das espécies 167 100.0

Pioneiras 41 24.6

Secundárias iniciais 43 25.7

Secundárias tardias 51 30.5

Sem caracterização 30 18.0

Entidades não naturais 2 1.2

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.762 S. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

por 16 famílias, havendo famílias que foram ex-clusivamente pioneiras, Cecropiaceae, Clusiaceae,Piperaceae e Ulmaceae ou predominantementepioneiras, Compositae, Melastomaceae e Solana-ceae. As espécies secundárias iniciais se distribuí-ram por 26 famílias, havendo muitas fanuliasonde este caráter foi exclusivo, Araliaceae, Bora-ginaceae, Burseraceae, Celastraceae, Clethraceae,Cunoniaceae, Lythraceae, Magnoliaceae, Myrsina-ceae, Nyctaginaceae, Ochnaceae, Palmae e Styra-caceae, Tiliaceae ou então predominante eBignoniaceae. Já as espécies secundárias tardiassão encontradas em 19 fanulias, sendo que estecaráter foi exclusivo nas faInllias Erythroxylaceae,Lecythidaceae, Loganiaceae, Proteaceae, Sapota-ceae e Symplocaceae ou predominantemente emLauraceae, Myrtaceae e Rubiaceae.

Há por fim faInllias importantes como Eu-phorbiaceae e Leguminosae em que não se obser-vou uma exclusividade ou predominância decaráter sucessional.

DISCUSSÃO

Através do levantamento florístico de todosos indivíduos arbustivo-arbóreos numa área de

aproximadamente 4,8 ha, foi possível constatarque as famílias com maior número de espécies fo-ram Myrtaceae, Leguminosae, (senso amplo),Euphorbiaceae, Lauraceae, Compositae, Solana-ceae e Rubiaceae o que, com alguma variação,tem sido observado em outros levantamentos deflorestas mesófilas semidecíduas (FMS) do Estadocomo as famílias mais ricas (Leitão-Filho, 1982).

Também se observou a repetição de um pa-drão já antes observado em outras florestas destaformação, em que um pequeno número de famí-lias representa mais do que a metade das espéciesobservadas, ou seja, 7 famílias contém 90 espéciesnum to~ de 47 fanulias com 167 espécies.

Quanto ao valor de H' =3,73 das 113 espé-cies do levantamento fitossociológico, ele se en-contra dentro da faixa de variação deste índice dediversidade, até agora observada para este tipo deformação no Estado, H' = 4,25 em Rio Claro (Pa-gano e Leitão-Filho, 1987) até H' =3,05 em Jabo-ticabal (Pinto, 1989).

Quanto à classificação das espécies em cate-gorias sucessionais, pode-se dizer que a metodolo-gia empregada foi importante, mas não pode serconsiderada suficiente, devendo ser procurados

Rev. Brasil. Biol.. 55 (4):753-767

TABELA m

Distribuição das espécies de cada família por categoriasucessional (P =pioneira,Si=secundáriainicial,St=

secundária tardia e Sc = sem caracterização.

Famfiia No.espécies

Anacardiaceae 3

Annonaceae 4

Araliaceae 2

Bignoniaceae 5

Boraginaceae 2Burseraceae I

Cecropiaceae ICelaslJ"aceae 2

Oelhraceae I

Compositae 1ICunoniaeeae I

Erythroxylaeeae I

Euphorbiaeeae 13Aaeourtuaeeae 4

Clusiaceae I

Lauraeeae 13

Leeylhidaeeae I

Leguminosae 15

Loganiaceae I

Lylhraceae I

Magnoliaeeae IMelaslomataceae 4

Meliaeeae 3

Monimiaeeae 2

Moraeeae I

Myrsinaeeae 2

Myrtaceae 19

Nyelaginaeeae IOchnaceae I

Palmae I

Piperaeeae 4Proteaeeae I

Rosaeeae I

Rubiaeeae 9

Rutaceae 3

Sabiaceae I

Sapindaeeae 5

Sapotaeeae ISolanaeeae 10

Styracaceae I

Symplocaeeae ITheaceae I

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Ulmaeeae I

Verbenaeeae 5

Vochysiaceae 2Desconhecida 2*

Total 167

P

7

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I

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I

2

I

I

I

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10 7

8

I

2

2

43 51 30(+2)

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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL

outros tipos de infonnações complementares paraque se obtenha uma separação mais satisfatória.Desta fonna, a classificação aqui produzida deveser encarada apenas como uma primeira aproxi-mação que busca colocar a questão em discussão eapontar caminhos. As principais dificuldades quese teve, neste caso, referem-se à ausência de umametodologia de observação de campo mais efi-ciente e à diversidade da bibliografia empregada.Como resultado, obtivemos para algumas espéciesinfonnações e evidências em abundância, enquan-to para outras praticamente nada se pode apurar,todavia o emprego da mesma metodologia em ou-tros levantamentos pode não apresentar tais pro-blemas. Ainda assim, a possibilidade de se atingirno futuro uma classificação mais adequada e con-fiável depende de pelo menos 4 aspectos:

- a definição de quais e quantas são as ca-tegorias sucessionais a serem utilizadas;

- a adoção de critérios de separação destascategorias;

- o desenvolvimento de uma metodologiade observação de campo mais adequada;

- a experimentação e observação do com-portamento das espécies nativas em condiçõescontroladas ou não.

Enquanto tais problemas não são resolvidosa distribuição de espécies pelas categorias suces-sionais (Tab. lI), mostra que com exceção das es-pécies sem caracterização, há uma grandeproximidade em tennos percentuais entre os dife-rentes grupos. Assim, embora isoladamente hajaum predomínio das espécies secundárias tardias,são as espécies das fases iniciais que compõem amaioria da flora amostrada, ou seja, 84 espéciesiniciais (41 pioneiras e 43 secundárias iniciais).Isto sugere que esta floresta se encontra numacondição jovem ou pelo menos que há nela tre-ch'ós bastante jovens em tennos sucessionais. Asolução desta questão envolve a descrição das ca-racterísticas do mosaico de fases sucessionais dafloresta, estabelecendo-se a dimensão e freqüênciadas manchas referentes a cada uma das fases, afim de se estabelecer qual delas predomina e por-tanto em que estágio sucessional se encontra a ve-getação.

Cabe salientar que embora não se tenha feitoeste tipo de trabalho, pode-se esperar que as carac-terísticas do mosaico existente, fornecendo dife-rentes abundâncias, condicionem em parte a flo-

763

rística encontrada. Desta fonna o grande númerode espécies iniciais encontradas (pioneiras + se-cundárias iniciais) sugere a predominância de umacondição jovem, o que concorda com as observa-ções de campo. Como se pode observar na tabelam, as secundárias tardias com 51 espécies com-põem a classe mais bem representada, valendo ob-servar que as fanulias, Myrtaceae e Rubiaceaecom um número expressivo de espécies deste gru-po, estão entre os principais componentes da con-dição de subdossel e subosque das áreas som-breadas. Já as espécies secundárias iniciais, dis-persas por um maior número de fanulias (26) doque as outras categorias, representam um compo-nente fundamental na biodiversidade do extratoarbustivo-arbóreo, pois são 13 as fanulias quepossuem apenas plantas secundárias iniciais. Ex-plorando situações ambientais não tão drásticas,esta dispersão por um tão grande número de famí-lias, representa talvez uma condição de seleçãonatural à qual diferentes estoques genéticos (famí-lias) puderam responder positivamente, o que nasoutras categorias talvez não ocorreu da mesmafonna. Quanto às pioneiras, estas apresentam umnúmero de espécies relativamente alto cerca de25% das espécies da floresta, ressaltando a impor-tância de se amostrar as regiões de borda e clarei-ras da floresta quando se busca levantar a riquezade espécies do local.

Todavia, nem todas as espécies pertencentesa esta categoria parecem ser freqüentemente en-contradas nas florestas do estado de São Paulo. A

comprovação desta observação não é simples, poisas diferentes fonnações florestais do estado deSão Paulo não são ainda bem conhecidas quanto àsua composição florística e os estudos fitossocio-lógicos desenvolvidos deixam muitas vezes deamostrar as áreas perturbadas, que são os sítiosnaturais de ocorrência das espécies pioneiras.Conseqüentemente, a ausência de algumas pionei-ras típicas nestes trabalhos também não pode sertomada de fonna absoluta, como uma prova dasua inexistência na área.

A categoria das espécies sem caracterizaçã9(30 espécies), representa na realidade um resíduoque não pôde, com base nas infonnações disponí-veis, ser melhor enquadrado nas demais catego-rias, representando uma subestimativa de todaselas.

Rev. Brasil. Bio/.. 55 (4):753-767

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FF =Formação Flores~ - FC: Floresta CHiar; FMS: Floresta Mesófila Semidecídua; FMSA: FlorestaMesófila Semidecídua de Altitude.

TCK =Tipo Climático Koeppen - Cfa: Subtropic~ sem seca; Ctb: Temperado úmido sem seca; Cwa: Sub-

tropic~ com inverno seco; Cwb: Temperado úmido com inverso seco; Aw: Tropic~ úmido com seca no in-verso.PG = Província Geomorfológica - DP: Depressão periférica; PA =Plan~to Atlântico; CB: Cuestas Basálti-

cas; PO: Plan~to Ociden~.I =Número de espécies do levantamento florfstico;

n =Número de espécies comuns a este levantamento;

m =Porcentagem de espécies comuns a este levantamento.

estt

Jd(ltri

Rev. Brasil. Biol.. 55 (4):753-767

_._-

. .764 S. GANDOLFI,H. DE F. LEITÃOFILHOe C. L. F. BEZERRA

A fim de pennitir uma comparação simplifi- feita uma comparação dos números e porcenta-cada entre este levantamento de Guarulhos (Cum- gens de espécies comuns a Cumbica.bica) e outros levantamentos florísticos do Estado Quando se tenta estabelecer um provávelconstruíram-se as tabelas IV e V. Nestas tabelas grau de semelhança entre a floresta de Cumbica esão apresentados os dados referentes aos levanta- outras florestas anteriormente estudadas no Esta-mentos de outras áreas florestais realizadas no Es- do, percebe-se que este objetivo sofre várias limi-tado nos últimos anos e são relacionados para tações, pois estes estudos envolvem diferenças decada formação florestal, o seu tipo climático se- método de levantamento, de diâmetro mínimo

gundo o sistema de Koeppen (1948), a província considerado, de intensidade de amostragem, etc.geomorfológica (Almeida, 1964) aonde ocorre e é Sendo assim, procurou-se nestas tabelas apenas ci-

TABELAIV

Comparaçãoentre levantamentosflorísticosdo&tado de SãoPauloe estetrabalho.

Refer. bibliográfica FF TCK PG I n m

Este trabalho FMS Cfb PA 165 165 100.0

Rodrigues, 1986 FMSIFMSA Cfa/Cfb PA 206 75 45.5

Torres, 1988 FMS Cfa DP 191 68 41.2

Rodrigues, 1992 FMSIFC Cwa DP 204 64 38.8

Meira-Neto et ai., 1989 FMSA Cfb PA 237 62 37.6

Silva, 1989 FMS Aw PA 195 59 35.8

Rossi, 1987 FMS Cfb PA 123 57 34.5

Sttuffili-De-Vuono, 1985 FMS Cwb PA 182 52 31.5

\

Baitello e Aguiar, 1982 FMS Ctb PA 189 50 30.3

Pagano e Leitão-Filho, 1987 FMS Cwa DP 201 46 27.9

Matthes et aI., 1988 FMS Cwa DP 178 42 25.4

Calharino, 1989 FMS Cwa DP 197 38 23.0

Morellato, 1991 FMS Cwa DP 130 37 22.4

Cesar e Leitão-Filho, 1990 FMS Cwa DP 139 36 21.8

Gabriel, 1990 FMS Cwa CB 140 29 17.6

Sis, 1990 FMSIFC Cwa CB 122 27 16.4

Schlittler, 1990 FMS Cwa PO 110 23 13.9

Baitello et ai., 1988 FMSIFC Cwa PO 113 21 12.7

Kotchtkoff-Henriques, 1989 FMSIFC Cwa CB 85 18 10.9

Bertoni e Martins, 1987 FC Cwa DP 92 17 10.3

Pinto, 1989 FMS Cwa CB 82 16 9.7

Martins, 1979 FMS Cwa CB 93 15 9.1

;' Vieira et aI., 1989 FMS Cwa CB 81 14 8.5

Cavassan et aI., 1984 FMS Cwa PO 59 12 7.3

Gibbs e Leitão-Filho, 1978 FC Cwa PA 57 11 6.7

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.LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E CARÁTER SUCESSIONAL 765

TABELA V

Comparação entre levantamentos florísticos da Floresta Atlântica doEstado de São Paulo e este trabalho.

FF =Fonnação Florestal- FA: Floresta Atlântica; FMS: Floresta Mesófila Semidecídua.

TCK =Tipo Climático Koeppen -Cfa: Subtropical sem seca; Cfb: Temperado úmido sem seca; Af: Tropi-cal úmido sem seca.

PG =Província Geomorfológica - C: Costeira; PA: Planalto Atlântico.I =Número de espécies do levantamento florístico;n =Número de espécies comuns a este levantamento;m =Porcentagem de espécies comuns a este levantamento.

"'

tar Onúmero de espécies comuns encontrados en-tre Cumbica e outras áreas. Desta forma, apesar dadiversidade metodol6gica empregada nestes estu-dos e do desconhecimento da condição do mosai-co sucessional das várias áreas levantadas

dificultar a nossa interpretação, algumas tendên-cias puderam ser extraídas dos dados:

- o presente levantamento tem uma porcen-tagem de espécies comuns às demais áreas sempreinferior a 50%;

- os levantamentos referentes à Floresta

Atlântica apresentam uma porcentagem de espé-cies comuns inferior a 20%, indicando uma dife-rença florística muito grande;

- os levantamentos aonde o tipo climáticoobservado é Cwa, exceto o de Rodrigues (1992)apresentam porcentagens sempre inferiores à 30%podendo em vários casos ser inferior à 10%, o quetambém sugere uma diferença florística crescenteentre as áreas do Planalto Atlântico em relaçãoàquelas em direção às Cuestas Basálticas e ao Pla-nalto Ocidental, ou em relação a déficits hídricosanuais crescentes (Camargo, 1978);

- as áreas situadas no Planalto Atlântico,exceto Mogi-Guaçú (Gibbs e Leitão-Filho, 1978),sujeitas aos climas Cfa, Cfb, Cwb e Aw apresen-tam de 30% a 45,5% de espécies comuns, mos-trando maiores afinidades florísticas entre si;

- duas áreas, Ipeúna (Rodrigues, 1992) eAngatuba (Torres, 1988), apresentam valores altosde semelhança (38,8 e 41,2 respectivamente) comCumbica. Estes valores são bem superiores àque-les encontrados em outros locais na Depressão Pe-riférica, sendo mais altos inclusive do que áreas

vizinhas a Cumbica, localizadas na Capital. A áreade Angatuba situa-se sobre um clima Cfa o quepode explicar em parte as maiores semelhanças,no entanto lpeúna apresenta um clima Cwa. Assimos .fatores que explicam estas maiores semelhan-ças, parecem ainda pouco evidentes.

Apesar das limitações já referidas, estas ob-servações sugerem que pode haver dentro dasFMS uma variação florística entre algumas áreastão grande como aquela que se observa entre estaformação e a floresta Atlântica. Cabendo portantoinvestigações mais profundas sobre este aspecto afim de se buscar uma melhor definição da FMS,suas variações, e inclusive sobre as metodologiasaté agora empregadas na avaliação desta forma-ção.

Outro aspecto a ser ressalvado é o da seme-lhança florística entre Cumbica e as Florestas Me-s6filas Semidecíduas de Altitude (Atibaia -Meira-Neto et aI. (1989) e as áreas mais altas daSerra do Japi, Jundiaí, Rodrigues (1986», que pa-rece se dar em função de vários fatores. Assimcomo fatores relevantes teríamos a proximidadedas áreas, todas dentro da província Atlântica, to-das sob o clima Cfb (Japi, também Cfa), todas su-jeitas ao efeito danoso das baixas temperaturas ougeadas (Atibaia e Japi, grandes altitudes e Cumbi-

ca, baixada) e também todas com grande ocolfên-cia de nevoeiros. Dentre estes fatores, tanto amaior ocorrência de baixas temperaturas como amaior disponibilidade hídrica resultante da inter-ceptação dos nevoeiros pela vegetação, parecemestar entre as principais causas desta semelhança.

Rev. Brasil. BioL, 55 (4):753-767

Referência bibliográfica FF TCK PG I n m

Este trabalho FMS Cfb PA 165 165 100.0

Custódio-Filho, 1989 FA Cfa C 141 28 17.0

Marino, 1990 FA Cfa C 135 17 10.3

Silva e Leitão-Filho, 1982 FA Af C 123 11 6.7

Page 17: revista brasileira de biologia - USP › ... › 1995 › 1995rbbv55n4p753-767.pdf4 - observações de campo sobre a ocorrên-cia e hábitos destas espécies nesta ou em outras florestas

766 S. GANDOLFI, H. DE F. LEITÃO FILHO e C. L. F. BEZERRA

,:1

I

II

Uma análise em termos de categorias suces-sionais das espécies comuns de cada área mostrounão haver qualquer tendência marcante em relaçãoa nenhuma das categorias, variando bastante entreas áreas.

Por fim espera-se que no futuro, a coleta denovos dados, além da compreensão do mosaicosucessional de cada floresta e o reconhecimentodos fatores determinantes deste padrão sucessionalem cada local, colaborem junto com as informa-ções evolutivas e fitogeográficas para o entendi-mento da variação florística existente entre edentro das formações florestais paulistas, que sebusca estudar, preservar e recuperar.

Agradecimelltos - Este trabalho é pane da Dissertação deMestrado de S. Gandolfi (1991). Gostaríamos de agradecer a

todos que colaboraram na execução deste projeto e em especialao Professor Jorge Y. Tamashiro e ao Professor Dr. João Semir

do Departamento de Botânica da UNICAMP, pela colaboraçãona identificação do material botânico deste trabalho.

Bolsistas: S. Gandolfi (CNPq/CAPES),C. L. F. Bezerra(CAPESIPICD).

I

I1

I~

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