Revista Cient├нfica ESA - MEDIA├З├ГO E CONCILIA├З├ГO

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    1/92

    Revista

    Revista Cientifca Virtual da Escola Superior de Advocacia da OAB - SP

    Vero 2013 - ANO V - N 13

    Mediao

    Aprimore seusconhecimentos com quem referncia.

    E Conciliao

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    2/92

    DIRETORIA

    Presidente: Marcos da Costa

    Vice Presidente: Ivette Senise Ferreira

    Secretrio-Geral: Caio Augusto Silva dos Santos

    Secretrio-Geral Adjunto: Antonio Fernandes Ruiz Filho

    Tesoureiro: Carlos Roberto Fornes Mateucci

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    3/92

    CONSELHO SECCIONAL

    Conselheiros Efetivos:

    Ailton Jos GimenezAlexandre Luis Mendona RolloAmrico de Carvalho FilhoAnis Kfouri JuniorAnna Carla AgazziAntonio Carlos Delgado LopesAntonio Carlos Rodrigues do AmaralArmando Luiz RovaiBenedito Marques Ballouk FilhoCarlos Alberto Expedito de Britto NetoCarlos Alberto Maluf SanseverinoCarlos Fernando de Faria KauffmannCarlos Jos Santos da SilvaCarlos Roberto Faleiros DinizCid Antonio Velludo SalvadorCid Vieira de Souza FilhoClaudio Peron FerrazClito Fornaciari JuniorDijalma LacerdaEdmilson Wagner Gallinari

    Edson Cosac BortolaiEdson Roberto ReisEduardo Cesar LeiteEli Alves da SilvaEstevao MalletFbio Ferreira de OliveiraFbio Marcos Bernardes TrombettiFabola MarquesFernando Oscar Castelo BrancoFlvio Jos de Souza BrandoGilda Figueiredo Ferraz de AndradeHelena Maria DinizHorcio Bernardes NetoJairo HaberJamil Gonalves do NascimentoJarbas Andrade MachioniJoo Baptista de Oliveira

    Joo Carlos PannocchiaJoo Carlos RizolliJoo Emilio Zola JuniorJos Antonio KhattarJos Eduardo Tavolieri de OliveiraJos Fabiano de Queiroz WagnerJos Maria Dias NetoJos Paschoal FilhoJos Tarcsio Oliveira RosaLaerte SoaresLivio EnescuLuiz Donato SilveiraLuiz Fernando Afonso RodriguesLuiz Silvio Moreira SalataManoel Roberto Hermida OgandoMarcio Aparecido PereiraMarcio Cammarosano

    Marco Antonio Pinto Soares JuniorMarco Aurlio Vicente VieiraMartim de Almeida SampaioMauricio Januzzi SantosMaurcio Silva LeiteMoira Virginia Huggard-CaineOdinei Rogrio BianchinOdinei Roque AssarissePaulo Jos Iasz de MoraisRaimundo Taraskevicius SalesRicardo Cholbi TepedinoRicardo Lopes de OliveiraRicardo Luiz de Toledo Santos FilhoRicardo Rui GiuntiniRoberto Delmanto JuniorRosangela Maria NegroRui Augusto MartinsSergio Carvalho de Aguiar Vallim FilhoSidnei Alzidio PintoUmberto Luiz Borges DUrsoUriel Carlos Aleixo

    Conselheiros Suplentes:

    Adriana Bertoni BarbieriAdriana Galvo Moura AblioAecio Limieri de LimaAleksander Mendes ZakimiAlessandro de Oliveira BrecailoAlexandre TranchoAluisio de Ftima Nobre de JesusAndr Simes LouroAntonio Carlos RoselliAntonio Elias SequiniAntonio Jorge MarquesAntonio Ricardo da Silva BarbosaAristeu Jos MarcianoArlei RodriguesArles Gonalves JuniorBenedito Alves de Lima NetoBraz Martins NetoCesar Marcos KlouriCharles Isidoro GruenbergClaudio Henrique Bueno Martini

    Clemencia Beatriz WolthersCoriolano Aurelio de A Camargo SantosDirceu MascarenhasDomingos Svio ZainaghiDouglas Jos GianotiEder Luiz de AlmeidaEdivaldo Mendes da SilvaEunice Aparecida de Jesus PrudenteEuro Bento Maciel FilhoFbio Antonio Tavares dos SantosFbio Dias MartinsFbio Guedes Garcia da SilveiraFbio Mouro AntonioFernando Calza de Salles FreireFlvio Pereira LimaFrancisco Gomes JuniorFrederico Crissima de Figueiredo

    George Augusto NiaradiGlaudecir Jos PassadorHenri DiasJanaina Conceio PaschoalJos Meirelles FilhoJos Nelson Aureliano Menezes SalernoJos Pablo CortesJos Roberto ManescoJos VasconcelosJudileu Jos da Silva JuniorJulio Cesar da Costa Caires FilhoKatia BoulosLucia Maria BludeniLuis Cesar BaroLuis Roberto MastromauroLuiz Augusto Rocha de MoraesLuiz Tadeu de Oliveira Prado

    Mairton Loureno CandidoMarcelo Gatti Reis LoboMarcelo Sampaio SoaresMarco Antonio Arantes de PaivaMarco Antonio Araujo JuniorMarco Aurlio dos Santos PintoMarcos Antonio DavidMarcus Vinicius Loureno GomesMiguel Angelo Guillen LopesOrlando Cesar Muzel MarthoOscar Alves de AzevedoOtvio Augusto Rossi VieiraOtvio Pinto e SilvaPaulo Silas Castro de OliveiraPedro Paulo Wendel GaspariniRene Paschoal LiberatoreRicardo Galante AndreettaRoberto de Souza AraujoSidney LevoratoSilvio Cesar OrangesTallulah Kobayashi de Andrade Carvalho

    Valter TavaresVinicius Alberto BovoVitor Hugo das Dores FreitasWilliam Nagib FilhoWudson Menezes Ribeiro

    Membros Natos:

    Antonio Claudio Mariz De OliveiraCarlos Miguel Castex AidarJos Eduardo LoureiroJos Roberto BatochioJoo Roberto Egydio De Piza FontesMarcio Thomaz BastosMario Sergio Duarte GarciaRubens Approbato Machado

    Conselheiros Federais Efetivos:

    Guilherme Octavio BatochioLuiz Flavio Borges DUrsoMarcia Regina Approbato Machado Melar

    Conselheiros Federais Suplentes:

    Alosio Lacerda MedeirosArnoldo Wald FilhoMarcio Kayatt

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    4/92

    DIRETORIA

    Diretor: Rubens Approbato Machado

    Vice-Diretor: Braz Martins Neto

    Assessora Especial da Diretoria: Helena Maria Diniz

    Coordenadora Geral: Ana Vieira

    Conselho Curador

    Presidente: Roberto Delmanto Junior

    Vice-Presidente: Laerte Soares

    Secretria: Lcia Maria Bludeni

    Conselheiros:

    Clito Fornaciari JuniorHorcio Bernardes NetoFbio Guedes Garcia da SilveiraMoira Virginia Huggard-Caine

    Representantes do Corpo Docente:

    Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho

    Joung Won KimSrgio Henrique Pardal Bacellar Freudenthal

    Representante de Curso de Especializao Lato Sensu:

    Luiz Antonio Rizzatto Nunes

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    5/92

    Revista

    Artigos

    Revista Cientca Virtual da Escola Superior de

    Advocacia da OAB-SP

    N 13. (Vero - 2013.) - So Paulo: OAB/SP, 2013.

    Conselho Editorial

    Rubens Approbato Machado

    Ana Vieira

    Laerte Idalino Marzago Jnior

    Rizzatto Nunes

    Lus Geraldo SantAna Lanfredi

    Coordenador de Editorao

    Regina A.S.F. Ribeiro

    Colaboradores

    Bruno Moraes

    Roseleine Scalabrini Frana

    Thiago Gomes dos Santos

    Toms Rotter Bueno

    Jornalista Responsvel

    Santamaria Nogueira Silveira

    Fale Conosco

    Largo da Plvora, 141 , Sobreloja - Liberdade

    Telefone: (11) 3346 6800 - Site: www.esaoabsp.edu.br

    E-mail: [email protected]

    Publicao Trimestral

    ISSN - 2175 - 4462.

    Direito - Peridicos. Ordem dos Advogados do Brasil

    Expediente

    Diretoria

    Conselho Seccional

    Conselho Curador

    Editorial

    Apresentao

    Sobre a Revista

    Sumrio

    02

    03

    04

    0506

    88

    14

    22

    28

    32 Eunice LeiteAtividade advocatcia na justia conci-liativa

    36

    Raquel Quilici

    A negociao e o moderno Direi to

    40 Ana Catarina StrauchMediao Familiar

    48Roberta Heinemann de

    Souza Aranha

    Mediao Instrumento de JustiaSustentvel

    52 Ana Luiza PretelA aplicao da mediao nas relaescotidianas condominiais

    60Marie Claire L. Fidomanzo

    Arbitragem e mediao em condomnios

    64Maria Celia Amaral

    Mediao Empresarial

    70Marilene Ienne

    A arbitragem e o acesso justia

    78Regina A.S.F. Ribeiro

    OAdvogado na Conciliao e na Mediao

    Valeria F. L. Luchiari

    Ricardo Pereira Junior

    Corinna Schabbel

    Mediao em tempos de mudana

    O Judicirio e os novosmtodos de soluo de conitos

    O desafo de capacitarconciliadores e mediadores

    08Maria Cristina Zucchi

    Breves comentrios sobre os meios alternativos de soluo de conitos e asdifculdades de sua insero na cultura litigiosa, inclusive a brasileira

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    6/92

    Apresentao

    O convite da Escola Superior da Advocacia da OAB SP para que coordenasse essa edio de sua RevistaCientca Virtual me trouxe grande responsabilidade e agradecimento pela deferncia, como tambm preocupao

    em atender a essa importante misso.Alem de apresentar os artigos dos mestres nas matrias a seguir, teria que apresentar aos leitores a importnciada mudana de paradigma que vivenciamos em busca da almejada pacicao social .

    Gostaria de poder apresentar mais artigos no futuro, pois mestres como os agora apresentados, teriam ainda comonos brindar com seus conhecimentos , o que esperamos poder fazer em prxima ocasio.

    Cada autor cou livre para a escolha de seu tema e para coorden-los procurei aproximar pontos, pensamentose esperanas, pois sem o lado humano no atingiramos o objetivo do empoderamento ( em especial da classedos advogados) em qui (se j no o zeram), conhecer / entender essa realidade que est mudando o cenrioda ordem jurdica justa (expresso do Dr. Kazuo Watanabe), acompanhando assim o cenrio jurdico de muitos

    pases em busca da Paz.

    Coloco aqui alguns aspectos que julguei importantes, no meu entender, sobre os artigos que compem essa edio:

    A desembargadora Dra. Maria Cristina Zucchi, nos brinda com seu artigo Breves comentrios sobre os meiosalternativos de soluo de conitos e as diculdades de sua insero na cultura litigiosa, inclusive a brasileira. Nelecomenta sobre a mudana de paradigma com a adoo da justia alternativa como caminho de transformao deuma cultura impositiva para uma cultura de consenso, com suas diculdades de compreenso e insero, alertandoainda que para que haja a absoro dos princpios da pacicao necessrio um novo enfoque tico, social eprossional, e de carter da cultura envolvida.

    A juza de direito Dra. Valeria Ferioli Lagrasta Luchiari, aborda em seu artigo O desao de capacitar conciliadorese mediadores a importncia de se construir um modelo brasileiro de capacitao de conciliadores e mediadores,com abordagens terica e prtica, com reciclagem, atravs de mtodos de ensino diversos e com uso, inclusive, dainterdisciplinariedade, atendendo a Resoluo 125/10 do Conselho Nacional da Justia (CNJ) .

    O juiz de direito Dr. Ricardo Pereira Junior, em seu artigo O Judicirio e os novos mtodos de soluo de conitos,desenvolve anlise cientca sobre a possibilidade das partes se engajarem em processo de negociao aberta eexvel (matria tambm abordada logo mais pela Dra. Raquel Quilici), na Conciliao e na Mediao. Foca, inclusive,nessa sada do Judicirio, para a construo de um ambiente propcio ao desenvolvimento das relaes humanas.

    J a Dra. Corinna Schabbel, nos premia com seu artigo Mediao em tempos de mudana onde reala a mudanade cultura atravs da humanizao da justia, salientando a importncia da compreenso de que podemos

    transformar conitos em oportunidades sem necessidade de brigas e desperdcio de tempo, dinheiro, emoes ebens.

    A Dra. Eunice Leite, faz uma anlise esclarecedora da Atividade advocatcia na justia conciliativa, tema de seuartigo, centralizando um levantamento de dados daquele Setor, concluindo por um ideal de busca de uma mudanaque incuta na sociedade o costume de buscar a soluo no-adversarial do conito, passando-se soluo judicadasomente quando necessrio.

    O saber negociar vem abordado de maneira simples e inovadora pela Dra. Raquel Quilici em seu artigo Anegociao e o moderno Direito como instrumento primordial e natural para resolver os conitos.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    7/92

    Revista

    Apresentao

    Na rea da Mediao Familiar, a Dra. Ana Catarina Strauch reala a importncia do lado humano quando abordaas razes dos conitos, mencionando: dor, sentimentos, fragilidade e culpa, sonhos e projetos de vida, tolerncia,doao e amor. Trata do lado humanista do mediador.

    Tambm a mediao, como instrumento de justia sustentvel vem relatada pela Dra Roberta H. Souza Aranha quemenciona a cultura do ter e do ser, alegando que a justia deve se estabelecer para emanar a sensao de paz,solidariedade e felicidade dos indivduos nas suas relaes sociais e em constante desenvolvimento sustentvel

    As Dras. Ana Luiza Pretel e Marie Claire L. Fidomanzo rezam em seus artigos A aplicao da mediao nas relaescotidianas condominiais e Arbitragem e mediao em condomnios, respectivamente. A Dra. Ana Luiza esclareceo universo da mediao, propriedade e condomnio com sua aplicao ao direito, concluindo ser a mediao, omelhor meio para soluo de conitos decorrentes da violao de direitos, com a necessidade de especializao demediadores condominiais e criao de setores pblicos e privados especializados em condomnios e a Dra. MarieClaire abordando itens bsicos esclarecedores do procedimento da arbitragem condominial e sua importncia nosdias de hoje.

    Ainda a Dra. Maria Celia Amaral ressalta a importncia da mediao empresarial que tem como objetivo a qualidadede vida dos scios, fornecedores,funcionrios e demais envolvidos no andamento de uma empresa. Delimita aindaas vantagens da mesma como mtodo mais clere para restabelecimento do equilbrio das relaes empresariais.

    Ainda sobre a arbitragem a Dra. Marilene Ienne em A arbitragem e o acesso justia nos fala sobre o acesso justiae o instituto da arbitragem com sua anlise histrica . Ressalta os operadores do direito e a arbitragem salientandoessa nova e promissora oportunidade que deve ser disseminada, proporcionando agilidade e economia na soluode conitos, ocasionando a expanso de negcios em face segurana e resultados positivos proporcionados paraas partes, representando importante contribuio para as metas atuais da economia nacional.

    E para nalizar, meu artigo O advogado na conciliao e na mediao com a tentativa de abordar temas cujo intuito

    seja auxiliar o prossional da advocacia no exerccio desses mtodos, devido s suas caractersticas peculiares.Assim sendo, ca esse convite aos leitores para que possam, se ainda no o zeram, se apaixonar por esses temase auxiliarem nesse ideal de PACIFICAO SOCIAL!

    Agradeo sua ateno e desejo uma tima leitura!

    Regina A.S.F. Ribeiro- Advogada; Mediadora/Conciliadora em Primeira e SegundaInstncias do Tribunal de Justia de So Paulo; Ps Graduada em Mtodos Alternativosde Soluo de Conitos; Membro do FONAME; Professora em Cursos de Graduaoe Ps Graduao em Comunicao, Conciliao, Mediao e Arbitragem; Monitora

    de Cursos de Capacitao de Conciliadores e Mediadores: ESA SP, IASP SP.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    8/92

    88

    Breves comentrios sobre os meios alternativos de

    soluo de conitos e as diculdades de sua inserona cultura litigiosa, inclusive a brasileira.

    Maria Cristina Zucchi - Desembargadora do Tribunal de Justia de So Paulo;Doutora em Direito Civil; Mestre em Direito Comparado; Professora Adjunta daCumberland School of Law, Samford University, EUA; Professora e coordenadorade Cursos de Graduao e de Ps Graduao sobre Meios Alternativos de Soluode Conitos; Integrante do Conselho de Administrao da CIMJ - ConfrenceInternationale de Mdiation Judiciele; Integrante do Ncleo Permanente deSoluo de Conitos e Cidadania do Tribunal de Justia de So Paulo duranteo ano de sua criao, 2012.

    Palavras-chave: Mtodos Consensuais,Pacicao, Soluo de Conitos, Papel do

    Advogado

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    9/92

    Revista

    99

    Quando nos voltamos para o ser humano e as solues dos conflitos por ele criados,devemos nos lembrar que estamos diante de um ente conflitivo por natureza, e essa

    conflituosidade latente o leva a procurar a realizao de seus interesses acima dequalquer coisa, deixando para um segundo plano seus deveres, os interesses dosoutros ou ainda o bem comum.

    Desde Ihering fala-se em conflito de interesses a propsito dos conflitos interpessoais,capazes de ameaar a vida social e os valores humanos juridicamente relevantes.Esta conflituosidade, que se manifesta na base da natureza humana, que leva necessidade de se estabelecer mecanismos de soluo de conflitos, que impeam adestruio do prprio ser humano.

    Historicamente, a resoluo de conitos se deu pormeio de prticas distintas, violentas ou paccas, masprioritariamente marcadas pela interveno da mquinaestatal, limitando o poder das aes pautadas no mtododa vontade das pessoas, ou da sua maioria, e restringindoos meios convencionais de resoluo de conitos ao Poderdo Estado. E dessa forma, desconsidera-se as diferenase necessidades humanas e privilegia-se o paradigma

    do ganha-perde1

    , dando soluo, na verdade, a apenasuma das partes, empobrecendo as opes possveis deresoluo de conitos, com nus econmicos, afetivos erelacionais.

    As solues acabam gerando a funo de decidir quemtem razo em um conito jurdico de acordo com osintegrantes do Poder Judicirio, cuja misso a de

    julgar ou a de fazer executar o julgado submetidosunicamente ao imprio da lei. Ou seja, o poder estatal que vai decidir qual das partes, e em que medida, numasituao de conito, tem razo em seu pedido. E com talprocedimento, ao cumprir a funo julgadora, o PoderJudicirio deve garantir a todos os cidados o exercciodos direitos que lhe so outorgados pela lei. A reverncia jurisdio como objeto de hermtico monoplio estataldecorre de nossa herana cultural, transmitida pelasobras jurdicas, e da prtica da Justia institucionalizada

    1 SCHNITMAN, Dora Fried. Novos paradigmas na resoluo de conitos. In: SCHNITMAN,Dora Fried; LITTLEJOHN, Stephen. Novos paradigmas em mpediao. Porto Alegre: Artmed, 1999.

    por meio de julgamentos e constries sobre pessoase bens, levando a um desvio que afasta outros meiosde pacicar, e a uma exagerada valorizao da tutela

    jurisdicional estatal.

    Esta tem sido a soluo dada, no sistema jurdico, na suafase judicial, com o objetivo de descobrir a verdade.Os rgos do Judicirio necessariamente utilizam

    um mtodo adversarial, de tal modo que o juiz acabaresolvendo, de acordo com os elementos trazidos aosautos, a controvrsia. Todo o procedimento contencioso,porm, demanda muito tempo, dinheiro, angstias eaies entre as partes, no raro com publicidade dosfatos trazidos a considerao.

    Infelizmente, tal sistema de resoluo de conitos inecaz, no Judicirio entram mais causas do que saem,a durao dos processos excede o tempo razovel, asdiculdades para a execuo dos julgados so inmeras, ocusto do litgio enorme, envolvendo gastos econmicos,desgastes de energia, ansiedades, esperas e incertezas.

    Um quadro falho como este, acaba acontecendoatualmente ao lado de grande diversidade de linguagense mudanas de paradigmas, causando uma coexistnciade realidades e contextos sociais, num mesmo universo,marcados pelo litgio, contraposio de interesses, oque leva busca de espaos sociais de dilogo, visando

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    10/92

    10

    solues alternativas e mais paccas, com novaabordagem no apenas de linguagem, mas inclusivede estrutura institucional. A hegemonia do mtodoestatal tradicional tem sido questionada, no apenaspor juristas, polticos e cientistas, mas tambm pelaprpria sociedade, insatisfeita com as soluesdadas pela justia estatal. O processo judicial deixade ser, no raras vezes, o mtodo mais adequadode realizao da justia, e a sociedade procurapromover, de forma mais difusa e autnoma, asoluo para os seus conitos.

    Deve ser lembrado, ademais, que a prpria TeoriaGeral do Processo sempre apresentou a jurisdiodentre outros meios de soluo de conitos,

    heterocompositivos ou autocompositivos2, ou aindaautotutela.3Mas preciso discernir que o ncleo doprocesso judicial a defesa dos direitos envolvidos,enquanto que o ncleo de meios consensuais,em seu sentido original e amplo, concentra-se nafacilitao da negociao mediante a criao de

    2 A autocomposio ocorre quando os prprios sujeitos envolvidos no conito, ouum deles unilateralmente, encontra caminho apto pacicao (pela renncia ou pelasubmisso). A heterocomposio .3 CINTRA, Antonio Carlos de Arajo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO,Cndido R.,, Teoria Geral do Processo, So Paulo, RT, 1976, p. 20: a resoluo dos conitosocorrentes na vida em sociedade pode se vericar por obra de um ou de ambos os sujeitos

    dos interesses conitantes, ou por ato de terceiro. Na primeira hiptese, um dos sujeitos (oucada um deles) consente no sacrifcio total ou parcial do prprio interesse (autocomposio)ou impe o sacrifcio do interesse alheio (autodefesa ou autotutela). Na segunda hiptese,enquadram-se a defesa de terceiro, a mediao e o processo.

    um novo contexto de comunicao de apoio e noemprego de outras habilidades que no envolvema aplicao do direito.

    Verdade que a jurisdio e o processo judicial,no Estado moderno, representam a soluo formal,supostamente mais justa. Na medida em que osmeios alternativos acabam sendo utilizados, comomelhor forma de soluo, tende-se a uma resoluomenos formal. Em sua obra Dispute Processes

    ADR and the Primary Forms of Decision-Making,Roberts e Palmer mostram a tendncia constante,na histria das sociedades, no sentido dadesinformalizao dos mecanismos de soluo deconitos, causada por impulsos religiosos, tnicos,

    polticos, territoriais e temporais, impulsos estessempre refreados por mecanismos formais comoas leis e rgos centralizadores.4

    Muitas crticas e severos elogios tm sido atribudosaos Meios Alternativos de Soluo de Conitos. Masfato que, em trs dcadas, estes mecanismosganharam largo espao em sistemas de justia detodo o mundo, inclusive no Brasil.

    4 ROBERTS, Simon e PALMER, Michael, Dispute Processes ADR and the Primaryforms of Decision-Making, United Kingdom, Cambridge, 2009.

    Pragmaticamente, tais mecanismos tm sido exaltados pelo alto grau de xito quantoaos trs resultados mencionados por DANOVI (rapidez, eficcia e baixo custo) 5,causando menos danos colaterais e solues melhores. Cria-se, assim, uma mudanada justia estatal para a justia alternativa, caminho de transformao de uma cultura

    impositiva para uma cultura de consenso. Os meios alternativos de soluo dos conflitosconstituem um sistema com variados instrumentais (multiportas), todos tendentes aomwesmo fim (pacificao social), mas diferentes entre si, seja na forma ou no mtodo.

    5 DANO VI, Remo, Le ADR (alternative dispute resolutions) e le iniziative dellUnione europea, in La resoluzione straggiudiziale dele controversie e il ruolo dellavvocatura,organizado por ALPA, Guido e DANOVI, Remo, Milano:Giuffr, 2004.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    11/92

    Revista

    1111

    Evidentemente, esses mtodos implicam numapostura tica tambm diversa da estabelecidapara o processo judicial (ou mtodo impositivode soluo de conitos), tanto para os agentesoperadores dos meios consensuais, quanto paraas partes e seus advogados. Deles todos espera-se no apenas a compreenso do procedimentoalternativo consensual, mas tambm a absoroda mudana cultural, com a adoo de novosparadigmas comportamentais e de atuao.

    O operador dos mtodos consensuais(conciliador/ediador prossional) j encontra seudimensionamento tico em vrias regulamentaesdestacando-se neste momento, no Brasil, o Cdigo

    e tica promulgado pelo Conselho Nacional deJustia.6 Mesmo assim, a insipincia tica ainda

    6 CDIGO DE TICA DE CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS->IntroduoO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA, a m de assegurar o desenvolvimento da PolticaPblica de tratamento adequado dos conitos e a qualidade dos servios de conciliaoe mediao enquanto instrumentos efetivos de pacicao social e de preveno delitgios,institui o Cdigo de tica, norteado por princpios que formam a conscincia dosterceiros facilitadores, como prossionais, e representam imperativos de sua conduta.->Dos princpios e garantias da conciliao e mediao judiciaisArtigo 1 - So princpios fundamentais que regem a atuao de conciliadores e mediadoresjudiciais: condencialidade, competncia, imparcialidade, neutralidade, independncia eautonomia, respeito ordem pblica e s leis vigentes.1. Condencialidade Dever de manter sigilo sobre todas as informaes obtidas nasesso, salvo autorizao expressa das partes, violao ordem pblica ou s leis vigentes,no podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, emqualquer hiptese;2. Competncia Dever de possuir qualicao que o habilite atuao judicial, comcapacitao na forma desta Resoluo, observada a reciclagem peridica obrigatria paraformao continuada;3. Imparcialidade Dever de agir com ausncia de favoritismo, preferncia ou preconceito,assegurando que valores e conceitos pessoais no interram no resultado do trabalho,compreendendo a realidade dos envolvidos no conito e jamais aceitando qualquer espciede favor ou presente;4. Neutralidade Dever de manter equidistncia das partes, respeitando seus pontos devista, com atribuio de igual valor a cada um deles;5. Independncia e autonomia - Dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquerpresso interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessose ausentes as condies necessrias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendoobrigao de redigir acordo ilegal ou inexequvel;6. Respeito ordem pblica e s leis vigentes Dever de velar para que eventual acordoentre os envolvidos no viole a ordem pblica, nem contrarie as leis vigentes.->Das regras que regem o procedimento de conciliao/mediaoArt. 2. As regras que regem o procedimento da conciliao/mediao so normas deconduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para seu bom desenvolvimento,permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com vistas sua pacicao e aocomprometimento com eventual acordo obtido, sendo elas:

    1. Informao - Dever de esclarecer os envolvidos sobre o mtodo de trabalho a serempregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre osprincpios deontolgicos referidos no captulo I, as regras de conduta e as etapas do processo.2. Autonomia da vontade Dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos,assegurando-lhes que cheguem a uma deciso voluntria e no coercitiva, com liberdade paratomar as prprias decises durante ou ao nal do processo, podendo inclusive interromp-loa qualquer momento.3. Ausncia de obrigao de resultado Dever de no forar um acordo e de no tomardecises pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliao, criar opes,que podem ou no ser acolhidas por eles.4. Desvinculao da prosso de origem Dever de esclarecer aos envolvidos que atuadesvinculado de sua prosso de origem, informando que, caso seja necessria orientaoou aconselhamento afetos a qualquer rea do conhecimento poder ser convocado para asesso o prossional respectivo, desde que com o consentimento de todos.

    se desnuda, no raras vezes, diante de posturasbelicosas e agressivas adotadas por prossionaisdos mtodos alternativos de soluo de conitos,na diculdade de realiza-los na sociedade litigiosa,demonstrando o quanto ainda lhes falta para arealizao da pacicao!

    O papel do advogado na operacionalizao dosMeios Alternativos de Soluo de Conitos deveser bem sopesado. O advogado tem, nos bancosuniversitrios, uma formao litigiosa lute pelosdireitos do seu cliente, quanto mais voc lutar,melhor advogado voc ser insurja-se, manejandoos instrumentos processuais que aprendeu autilizar. Quanto mais recursos, mais combativa

    a imagem que voc precisa ter para cativar seucliente.............. A litigiosidade vem arraigada naformao do bacharel em direito, e ela se transferepara a prtica advocatcia, inclusive a consultiva, epara o ideal tico que ela reete. Quantas vezes jpresenciamos o advogado aconselhando o clientea no comparecer sesso de conciliao propostapela parte contrria ou pelo juiz, a no realizaracordo de forma alguma, como modo de exibir umaorientao competente na salvaguarda dos direitosdesse cliente!

    Ademais, para o advogado ca difcil distinguir entreo seu papel como postulador perante o Judicirio e

    4. Teste de realidade Dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo,compreendam perfeitamente suas disposies, que devem ser exeqveis, gerando ocomprometimento com seu cumprimento.->Das responsabilidades e sanes do conciliador/mediadorArt. 3. Apenas podero exercer suas funes perante o Poder Judicirio conciliadores emediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos tribunais, aos quais competirregulamentar o processo de incluso e excluso no respectivo cadastro.Art. 4. O conciliador/mediador deve exercer sua funo com lisura, respeitando os princpiose regras deste Cdigo, assinando, para tanto, no incio do exerccio, termo de compromissoe submetendo-se s orientaes do juiz coordenador da unidade a que vinculado;Art. 5. Aplicam-se aos conciliadores/mediadores os mesmos motivos de impedimento esuspeio dos juzes, devendo, quando constatados, serem informados aos envolvidos, coma interrupo da sesso e sua substituio.

    Art. 6. No caso de impossibilidade temporria do exerccio da funo, o conciliador/mediador dever informar com antecedncia ao responsvel para que seja providenciadasua substituio na conduo das sesses.Art. 7. O conciliador/mediador ca absolutamente impedido de prestar servios prossionais,de qualquer natureza, pelo prazo de dois anos, aos envolvidos em processo de conciliao/mediao sob sua conduo.Art. 8. O descumprimento dos princpios e regras estabelecidos neste Cdigo, bem como acondenao denitiva em processo criminal, resultar na excluso do conciliador/mediadordo respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta funo em qualquer outro rgodo Poder Judicirio nacional.Pargrafo nico Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequadapor parte do conciliador/mediador poder represent-lo ao Juiz Coordenador a m de quesejam adotadas as providncias cabveis.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    12/92

    12

    os juizados especiais, ou ainda como consultor ouassessor jurdico, ou diretor jurdico (EAOAB art.1, I e II) e o seu papel de conciliador ou mediador

    estimulando a conciliao entre os litigantes,prevenindo, sempre que possvel, a instauraode litgios (Cdigo de tica do advogado, art. 2,nico, VI). Se ele formado para combater, eleacaba fomentando o litgio, ao invs de evit-lo!

    De seu lado, as partes tambm vm de umaformao litigiosa, tendenciosamente voltada paraa obteno de vantagem acima de tudo, reetindo

    um ideal tico de precisar levar vantagem emtudo para demonstrar ser esperto, certo ? (lei deGerson).

    Com tal ideal tico, a parte espera um advogado quepermita a realizao deste paradigma de vantagem,e o valoriza na medida em que ele consegue taldesiderato. Difcil ca, assim, considerando a feiolitigiosa de nossa cultura, pretender o sucesso dosmtodos consensuais para a soluo dos conitos

    individuais e sociais na sociedade brasileira. O norteprincipiolgico estabelecido no prembulo de nossaConstituio prenunciando a instituio de umEstado Democrtico destinado a assegurar......... aigualdade e a justia como valores supremos de umasociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,fundada na harmonia social e comprometida, naordem interna e internacional, com a soluopacca das controvrsias.... soa utpico, distante,irreal.

    Diante de tal quadro traado por uma culturaarraigadamente belicosa, como considerar autilizao de mtodos consensuais para a soluode litgios como preenchimento do objetivo dasoluo dos conitos pela pacicao?Para o advogado, indispensvel na administrao da

    justia (CF, art. 133), ca difcil ver na consensualidadea realizao da justia. Torna-se comum ouvirmoso advogado dizer que fez a conciliao de seus

    clientes com a parte contrria, confundindo o papelde advogado com o de conciliador. Quando falamosda conciliao como manuseio de um dos meiosalternativos de soluo de conitos, no estamosnos referindo conciliao tradicionalmentepreconizada no direito processual civil ptrio(por exemplo, no art. 331 do CPC), geralmentelevando a tentativa infrutfera pelo magistrado oupelo advogado (e resumindo-se pergunta: hpossibilidade de acordo?). A conciliao, comomtodo alternativo (= outro que no o judicial)de soluo de conito, atualmente, signicauma especialidade prossional, que requer umacapacitao especca, com princpios, metodologiae regras prprios, de modo que o advogado quequer atuar como conciliador, necessita de umcurso de formao, junto a instituio credenciadapara tanto. No atendimento a seu cliente, alm debacharel em direito, inscrito na OAB, e de conciliadorcapacitado, ele dever escolher como atuar secomo consultor jurdico, acompanhando o clientenuma sesso de conciliao, ou se como conciliadorde um cliente que ser acompanhado de outro

    advogado para a devida consultoria jurdica.

    Tal distino, por si, j faz com que o advogadodeixe de temer a conciliao como uma ameaapara sua clientela e para seu trabalho. Pelocontrrio, os meios alternativos de soluo deconito constituem um instrumental que enriqueceo exerccio da advocacia. O cliente que experimentao sucesso do emprego da conciliao para soluode um problema procurar o advogado que atuoucomo conciliador quando solucionar outro problema

    que venha a ter no futuro. preciso, porm, queos papis desempenhados estejam muito claros,para obter o melhor resultado, no enquadramentoprossional correto.

    Tal compreenso faz com que se evitem prticasabusivas como a de advogado que atua comoconciliador perante uma instituio autorizada arealizar sesses de conciliao, mas que oferece seucarto como advogado quando o acordo no chegaa ser realizado. A atuao conciliatria no pode

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    13/92

    Revista

    1313

    signicar violao tica ( vedado o oferecimentode servios prossionais que impliquem, direta ouindiretamente, inculcao ou captao de clientela

    Cdigo de tica do Advogado, art. 7).A exata valorao dos meios alternativos de soluode conitos evitar, ainda, posturas abusivasou at mesmo fraudulentas das partes, taiscomo promover a realizao de atos processuaisdurante a suspenso do processo para realizaoda conciliao, ou ainda agir como se quisesse aconciliao visando, na verdade, a produo de provano colacionada aos autos para posterior utilizaoda mesma no processo. O sigilo que envolve umasesso de conciliao, com a utilizao das tcnicasprossionais especcas, no deve ser violado ourevelado de modo algum, sob pena de esvaziar ocerne do propsito pacco de soluo do conito.

    Estes so apenas alguns breves comentrios quetrouxemos para a avaliao do que signica ainsero dos mtodos consensuais numa culturalitigiosa, inclusive a nossa. Inmeros so osobstculos a serem superados, a semeadura ainda iniciante, a absoro dos princpios da pacicaorequer um novo enfoque tico, social, prossional,

    e at mesmo de carter da cultura envolvida.Para terem a chance de orescer como parte dequalquer cultura, os meios alternativos de soluode conitos devero surgir como um elemento dediferenciada contribuio direta do meio social paraa soluo adequada e produtiva dos conitos deuma sociedade democrtica e plural, nos termosconstitucionais, se as condies para tanto foremfomentadas. Uma outra tica deve permear aconsecuo da pacicao, requerendo uma buscadinmica, incessante, persistente de realizao de

    soluo concreta de cada caso, fazendo do conitono um foco de litgio, mas sim uma fonte produtorade soluo apaziguadora, educativa, com inndvelexerccio da cidadania e dos direitos envolvidos.

    Referncias Bibliogrcas

    SCHNITMAN, Dora Fried. Novos paradigmas

    na resoluo de conitos. In: SCHNITMAN, DoraFried;

    LITTLEJOHN, Stephen. Novos paradigmas emmpediao. Porto Alegre: Artmed, 1999;

    CINTRA, Antonio Carlos de Arajo, GRINOVER,Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cndido R.,, TeoriaGeral do Processo, So Paulo, RT, 1976, p. 20;

    ROBERTS, Simon ePALMER, Michael, DisputeProcesses ADR and the Primary forms of Deci-

    sion-Making, United Kingdom, Cambridge, 2009.

    DANO VI, Remo, Le ADR (alternative disputeresolutions) e le iniziative dellUnione europea, inLa resoluzione straggiudiziale dele controversie e ilruolo dellavvocatura, organizado por ALPA, Guidoe DANOVI, Remo, Milano:Giuffr, 2004.

    Cdigo De tica De Conciliadores E MediadoresJudiciais

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    14/92

    1414

    ODesao de Capacitar Conciliadores e

    Mediadores

    Sumrio

    Introduo

    1. Modelo de Capacitao Ideal?

    2. O Frum Nacional de Mediao (FONAME)

    3. A Capacitao de Conciliadores e Mediadores na

    Resoluo n. 125, do CNJ

    4. Modelo brasileiro

    Concluses

    Referncias BibliogrcasPalavras-chave: Capacitao, Mediao, Conciliao,

    FONAME.

    Valeria Ferioli Lagrasta Luchiari - Juza de Direito da 2 Vara da Famlia e das Sucesses da Comarcade Jundia;Ps-graduada em Mtodos de Solues Alternativas de Conitos Humanos; Formada emMediao Judicial (Mediationandthe Judicial System) pela Columbia University (2012); Instrutora detcnicas autocompositivas do Conselho Nacional de Justia (CNJ); Integrante do Grupo de Trabalhodo Conselho Nacional de Justia (CNJ) responsvel pela elaborao da Resoluo n. 125, de 29 denovembro de 2010; Membro fundador da Confederao Internacional de Mediao por Justia, comsede em Paris;Integrante do projeto que visa a implementao de Tribunal de Mlti-Portas na AmricaLatina desenvolvido pela International ADR Research Network da UniversityofSt.ThomasSchoolof Law- Mineapolis/EUA, na categoria juiz;Membro do Comit Nacional de Cooperao Judicial do ConselhoNacional de Justia; Membro da Comisso Especial de Padronizao dos Procedimentos Cartorrios doTribunal de Justia do Estado de So Paulo;Coordenadora do Centro Judicirio de Soluo de Conitos eCidadania da Comarca de Jundia/SP; Coordenadora do Ncleo Regional de Jundia e membro da Comissode Mediao do Instituto Brasileiro de Direito de Famlia (IBDFAM);Diretora de Conciliao da APAMAGIS(Associao Paulista de Magistrados).

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    15/92

    Revista

    1515

    Introduo

    A Poltica Judiciria Nacional de tratamento

    adequado de conitos, instituda pela Resoluon. 125, de 29 de novembro de 2010, do ConselhoNacional de Justia, regulamenta a conciliao ea mediao em todo o pas, e tem como principaisobjetivos: 1) a utilizao dos meios alternativosde soluo de conitos, principalmente daconciliao e da mediao, no mbito doPoder Judicirio e sob a scalizao deste; 2)

    a mudana de mentalidade dos operadoresdo Direito e das prprias partes, diminuindo aresistncia de todos em relao aos mtodosconsensuais de soluo de conitos; e 3) aqualidade do servio prestado por conciliadorese mediadores, que envolve sua capacitao;tudo visando a pacicao social (escopo magnoda jurisdio), a m de tornar efetivo acesso justia qualicado (acesso ordem jurdicajusta expresso cunhada pelo Professor KazuoWatanabe).

    Entre os objetivos acima mencionados, o de maiordestaque o acesso justia, em seu sentidoamplo (acesso ordem jurdica justa), queexige no s efetividade, celeridade e adequaoda tutela jurisdicional, mas uma ateno do

    Poder Judicirio a todos que tenham qualquerproblema jurdico, no necessariamente umconito de interesses.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    16/92

    16

    soluo de conitos, se comprometem com o resultadoobtido e, portanto, com o cumprimento do acordo,evitando-se, no s a ao, mas a execuo e os

    recursos. A capacitao ainda importante paraque as partes sejam devidamente orientadas sobreo procedimento e seu compromisso com o acordoassumido, no devendo, jamais, o conciliador oumediador forar o acordo, que deve partir da vontadedas partes. Por isso, que acordo obtido numa sesso,conduzida por um conciliador/ mediador capacitado,dicilmente ir gerar uma execuo ou um recurso2.E assim, os envolvidos obtm uma soluo clere,

    justa e adequada para o seu conito, tornando-se real o acesso justia, previsto na ConstituioFederal.

    Diante dessa constatao, a Resoluo n 125, trazum programa mnimo de capacitao, que deveser exigida de todos aqueles que vo atuar, diretaou indiretamente, com os mtodos consensuaisde soluo de conitos, inclusive, magistrados eservidores.

    1. Modelo de Capacitao Ideal?

    Inicio esta seo com uma indagao: existe modelode capacitao ideal?

    O ensino de qualquer disciplina exige a elaboraode um programa e a enunciao de um mtodo.Ou seja, quando se apresenta um programa e seprope um mtodo de ensino, h duas perguntas: o

    que ensinar e como ensinar. A primeira diz respeito

    2 Vide LAGRASTA LUCHIARI, Valeria Ferioli. A Mediao de Conitos anlise da rea-lidade brasileira e sua efetiva implantao no Poder Judicirio do Estado de So Paulo. 2009.170 p. Tese (Ps Graduao Lato Sensu em Direito) Escola Paulista da Magistratura, SoPaulo, . 113-143. para vericar os dados estatsticos, referentes aos Setores de Conciliaoe Mediao das Comarcas de Serra Negra, Patrocnio Paulista e Jundia, que demonstramque, nestas Comarcas, que seguiram o modelo proposto, tanto em relao capacitaodos mediadores, quanto em relao ao mtodo de trabalho no prprio Setor de Conciliaoe Mediao, os resultados foram signicativos, havendo a reduo do nmero de processosdistribudos e do tempo de durao do processo, com a obteno de elevado ndice de acordosnas mediaes realizadas. Alm disso, relevante dado do Setor de Conciliao e Mediao daFamlia da Comarca de Jundia o referente ao baixo ndice de acordos celebrados nas sessesde mediao que geraram execuo, de 2% na fase pr processual e de 4% na fase proces -sual.

    Consequentemente, cabe ao Poder Judicirioorganizar no apenas os servios processuais, mastambm os servios de soluo de conitos por

    mtodos consensuais (hoje, conciliao e mediao)e os servios que atendam os cidados de modo maisabrangente, como a soluo de simples problemas

    jurdicos, a orientao jurdica, a assistncia social ea obteno de documentos essenciais ao exerccio dacidadania; trazendo a Resoluo n. 125, para tanto,modelo de unidade judiciria, que chama de CentroJudicirio de Soluo de Conitos e Cidadania.

    H ainda a obrigatoriedade, de todos os conciliadorese mediadores, que atuem tanto nos Centros,quanto nos demais rgos judicirios nos quais serealizem sesses de conciliao e mediao, seremcapacitados na forma do Anexo I, da Resoluo n.125, do CNJ, cabendo aos Tribunais organizar edisponibilizar esses cursos, atravs de parcerias comentidades pblicas e privadas, ou no (art. 12).

    Do estabelecido no artigo 12 se depreende que,

    na formao de conciliadores e mediadores devehaver o envolvimento das Escolas da Magistratura,do Ministrio Pblico e da Ordem dos Advogados doBrasil, mas tambm de universidades e faculdades,da iniciativa privada e de rgos da administraopblica, que podem viabilizar a realizao dos cursos,atravs de convnios.1

    E a capacitao de conciliadores e mediadores

    de extrema importncia, se tivermos em vista queos envolvidos no conito ao atingirem o acordo,conduzido por um conciliador e/ou mediador, quesabe utilizar as tcnicas dos mtodos consensuais de

    1 A Escola Paulista da Magistratura, motivada por seu Diretor, Des. ARMANDO PRADODE TOLEDO, bem como as Escolas, Superior do Ministrio Pblico, Superior da Advocaciae o Instituto dos Advogados de So Paulo tm realizado cursos de extenso em mediaovoltados para a divulgao desse mtodo entre os operadores do Di reito e, a primeira tambmtem realizado cursos de capacitao de conciliadores e mediadores no interior do Estado. AOrdem dos Advogados do Brasil Seo So Paulo, por seu Departamento Cultural e pelaComisso de Mediao e Arbitragem, tambm tem promovido palestras na capital e no in teriordo Estado.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    17/92

    Revista

    1717

    ao contedo, e a segunda, ao mtodo; devendo serconsiderados vrios fatores

    O contedo depende do objetivo do curso, do pblicoalvo, do nmero de alunos e, tambm do tempodisponvel, pois este condiciona o contedo possvelde ser ensinado e aprendido.

    Deve-se considerar tambm, que por ser umamatria nova, ainda no obrigatria e includa nagrade das faculdades, no h unidade curriculardestinada ao ensino geral dos mtodos consensuaisde soluo de conitos; alm do que, por ser a

    mediao interdisciplinar, envolvendo vrias reasdo conhecimento, pode ser inserida em vrios cursossuperiores, e no s no curso de Direito, devendo, emtodos os casos, contar com professores das diversasreas envolvidas, como Psicologia, Filosoa, Direito,etc.

    aconselhvel, ento, partir de um ensino genricodos mtodos consensuais de soluo de conitos,

    criando-se, em momento posterior, uma pluralidadede especializaes nas diversas reas dos mtodosconsensuais. Ou seja, depois da formao bsica,que permitir o incio do trabalho com a conciliaoe a mediao, no mbito judicial, pode-se ampliar osistema de formao, atravs de seminrios e cursosespeccos, como de mediao familiar, mediaoempresarial, conciliao cvel, etc.

    E, diante da pluralidade de disciplinas envolvidas

    nos mtodos consensuais de soluo de conitos(interdisciplinaridade) e das diversas Escolas deMediao existentes no mundo, aconselhvel que,para um ensino abrangente, haja a celebrao deconvnios com diferentes entidades de referncia,pblicas e privadas, que atuam na rea. Isso permitirque o Corpo Discente tenha contato com professorese prossionais das diversas reas envolvidas nos

    mtodos consensuais, e tambm conhea as vriasEscolas e formas de trabalhar existentes no mundo,para, num segundo momento, depois do incio da

    atuao, encaminhar-se a cursos em reas especcasou que sigam determinada Escola.

    Desta forma, diante do estabelecido na Resoluon. 125, do CNJ, se o curso no estiver inserido nagrade curricular de uma faculdade de Direito, mastiver por objetivo apenas formar pessoas aptas atrabalhar com os mtodos consensuais de soluo deconitos no mbito judicial, essencial que contenhainformaes sobre a Poltica Judiciria Nacional detratamento adequado de conitos, seus objetivos,e o funcionamento das unidades judicirias, ondesero aplicados esses mtodos (Centros Judiciriosde Soluo de Conitos e Cidadania).

    2. O Frum Nacional de Mediao (FONAME)

    A capacitao de conciliadores e mediadores e seuscritrios, de h muito, vm sendo objeto de estudo

    por parte de entidades, pblicas e privadas, voltadasaos meios consensuais de soluo de conitos,preocupadas com a qualidade do servio dessesprossionais, que se reuniram criando um grupo deestudos, denominado FONAME Frum Nacional deMediao3.

    A concluso deste grupo, tendo como parmetrosvrias experincias do Brasil e do Exterior, queos cursos de capacitao, tanto de conciliadores,

    quanto de mediadores, devem ser compostos por doismdulos, um terico e um prtico, com um nmeromnimo de horas, cada um, que para conciliadores, de 50 horas, e para mediadores, de 80 horas.

    Nos mdulos tericos, alm de um contedo mnimo,

    3 Para conhecer os objetivos do FONAME, seu regulamento interno, a relao deentidades fundadoras e sugesto de critrios mnimos para a capacitao de conciliadorese mediadores, acesse o endereo eletrnico do FONAME. Disponvel em: . Acesso em: 16 set. 2009.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    18/92

    18

    no exerccio (reclamante e reclamado), havendoaqueles que vo atuar como, conciliador/mediador, co-conciliador/mediador e observador. Ao nal, faz-seuma apreciao do trabalho perante todos os alunose, com a anlise dos resultados obtidos e das tcnicasutilizadas para a soluo do mesmo conito, verica-se qual delas permitiu obter a melhor soluo, sendoque, depois de expostas as alternativas encontradas,cada uma das solues deve ser analisada quantos suas vantagens e desvantagens.

    Nos mdulos prticos (estgios supervisionados),

    que so essenciais para o exerccio das funes deconciliador e mediador, pois apenas com o incioda atividade que iro perceber suas diculdades,aptides e, de um modo geral, sua vocao, os alunosdevem trabalhar, sucessivamente, nas posiesde observador, co-conciliador ou co-mediador e,nalmente, de conciliador ou mediador, sempresupervisionados por um professor, apresentandotambm ao trmino desse mdulo, relatrio do trabalho.

    Alm desse curso bsico, sustenta-se a necessidadede reciclagem e atualizao permanentes dosconciliadores e mediadores, atravs de seminriose cursos, e do acompanhamento de sua atuaoprtica por prossionais especializados e pelosprprios juzes, no caso da conciliao e mediao

    judiciais.

    3. A Capacitao de Conciliadores e Mediadores

    na Resoluo n. 125, do CNJ

    Como j explicitado, existem vrios programas decapacitao de conciliadores e mediadores, porm,tendo a Poltica Judiciria Nacional, instituda pelaResoluo n. 125, como um de seus princpiosinformadores, a qualidade dos servios para garantiade acesso a uma ordem jurdica justa, xa parmetrosmnimos, que devero ser observados pelos Tribunais

    estabelecido atravs de temas especcos sugeridos,que devem ser desenvolvidos pelos professores,constatou-se a necessidade de indicao de, pelomenos, seis obras de leitura obrigatria (trs denatureza introdutria: manuais, livros-texto, etc;e trs de carter doutrinrio, ligadas s principaisfamlias tcnico-metodolgicas para a conciliao ea mediao: Harward-Negocial, Circular-Narrativa,Transformativa-Reexiva e Transformativa) e derealizao de simulaes; com a apresentao derelatrios pelos alunos, a m de ser avaliado o seuaproveitamento.

    No que diz respeito matria da mediao, atendendo interdisciplinaridade, que lhe caracterstica, e diversidade de conhecimentos implicados, o ideal que o curso seja ministrado por psiclogos, socilogose juristas. Isso porque, depois de uma viso iniciale genrica, a matria de mediao pressupe queo aluno tome contato com tcnicas especcas, decomunicao, de identicao e desmontagem de

    fatores psicolgicos, de aceitao do outro, deescuta etc; e ainda, que compreenda os fatoressociolgicos que envolvem o conito. A percepodesses fatores, bem como a identicao dos valoresdos envolvidos em conito fundamental para queo mediador consiga escolher a melhor tcnica erealmente ajude-os a encontrar uma soluo. E isso,somente ser possvel se extrado de conhecimentoabrangente, das diversas reas mencionadas,bastando, para tanto, na realizao dos cursos, acelebrao de convnios com entidades pblicas eprivadas da rea de ensino, afetas Psicologia, Sociologia e ao Direito.

    As simulaes consistem em exerccios nos quais osalunos so divididos em grupos, que vo trabalharuma estria, sendo que cada aluno do grupo recebeuma parte da estria, correspondente ao seu papel

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    19/92

    Revista

    1919

    nos cursos de capacitao de serventurios dajustia, conciliadores e mediadores.

    Houve, para tanto, a necessidade de compatibilizara formao mnima exigida para a atuao dessesfacilitadores e as diferentes realidades econmicas,sociais e geogrcas de cada Tribunal, com aadoo de modelo factvel em mbito nacional,estabelecendo-se que a capacitao deve iniciarcom um curso mais genrico, que aborde osmtodos consensuais de soluo de conitos, emsentido geral, e os objetivos da poltica pblica de

    tratamento adequado de conitos, com durao de12 horas/aula, destinado a todos aqueles que iroatuar no Centro Judicirio de Soluo de Conitose Cidadania, inclusive servidores, conciliadores emediadores j capacitados. Na sequncia, instituiu-semdulo voltado s tcnicas de conciliao e condutatica dos terceiros facilitadores, com durao de 16horas/aula, destinado a conciliadores e mediadores,e por m, mdulo afeto mediao, suas tcnicas

    e as diferentes Escolas, com durao de 16 horas/aula, que dever ser cursado por todos aqueles quequiserem atuar como mediadores. Os trs mdulosso sucessivos e complementares, correspondendo adiferentes nveis de capacitao, e o segundo e terceiromdulos devero ser necessariamente seguidos deestgio supervisionado. E, no mdulo de conciliao,ainda devem ser transmitidas informaes sobre aconduta tica, sob a qual devem se pautar os terceirosfacilitadores, sendo que, dentre os princpios ticosque regem sua atividade, destacam-se o dever deinformao, a imparcialidade, a condencialidade ea responsabilidade tcnica4. Neste ponto, importantesalientar, que a Resoluo n. 125, traz Cdigo detica, que deve ser observado pelos conciliadores e

    4 Cdigos de Conduta foram elaborados em diversos pases. No Brasil, o mais detalha-do aquele que foi elaborado pelo CONIMA Conselho Nacional das Instituies de Mediaoe Arbitragem. Mediao Cdigo de tica dos Mediadores. In: OLIVEIRA, ngela (Coord.)Mediao: mtodos de resoluo de controvrsias. So Paulo: LTr: Centro Latino de Mediaoe Arbitragem, 1999. p. 195-198.

    mediadores judiciais.

    Importante mencionar, que o princpio da

    competncia, estabelecido no Cdigo de tica doAnexo III, da Resoluo n. 125, signica que oconciliador/mediador deve ter capacidade tcnicapara conduzir a conciliao/mediao, no bastandoque tenha a capacitao mnima estabelecida no

    Anexo I, da mencionada Resoluo, mas exigindo-se reciclagem e atualizao permanentes, atravsde cursos de maior durao.

    E que, por ser a mediao interdisciplinar e existirna doutrina vrias Escolas de Mediao, houveo desenvolvimento de diferentes modelos demediao, afetos s realidades dos pases nosquais so utilizados; no havendo, portanto, comosimplesmente importar determinado modelo decapacitao de outro pas, devendo ser trazidas,nesses cursos, informaes sobre as diferentesexperincias e Escolas existentes no mundo, a m deque seja construdo, em nosso pas, um modelo

    nacional de mediao.

    4. Modelobrasileiro

    Diante do fato de ser a mediao recente no Brasil,no h como, nesse momento, impor padro decapacitao, com base em parmetros trazidosde outros pases, sob pena de impedirmos odesenvolvimento da mediao e a construo de

    modelo prprio, com a participao dos mais diversoscomponentes de brasilidade.

    Seguindo esse raciocnio, optou-se na Resoluo n.125, por estabelecer apenas critrios mnimos decapacitao, como carga horria e determinaode temas especcos a serem desenvolvidos pelosprofessores; recebendo os terceiros facilitadores, numprimeiro momento, informaes sobre as diferentes

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    20/92

    20

    opes encontradas luz dos critrios cientcose dos objetivos do curso, estabelecidos na referidaResoluo. Ento, atravs da ordem e do tempode apresentao das matrias, do peso destas

    e da comparao entre o que se oferece e o quese exige, num contexto real, poder ser avaliadose quem ministrou o curso tem domnio sucientedos contedos, ou seja, capacidade cientca epedaggica.

    Na formao de conciliadores e mediadoresjudiciais, essa avaliao dos cursos, cabe ao NcleoPermanente de Mtodos Consensuais de cada

    Tribunal, pois este quem estabelece a habilitaodas entidades parceiras (artigo 7, inciso IX e artigo12, caput, da Resoluo n. 125), aptas a ministraros cursos de capacitao; e assim, importanteque o Ncleo conte com magistrado capacitadoem mtodos consensuais de soluo de conitos,preferencialmente com mestrado ou doutorado nessamatria.

    Concluindo, a eccia da Poltica Judiciria Nacional de

    tratamento adequado de conitos, est diretamenteligada capacitao dos terceiros facilitadores(conciliadores, mediadoresetc), pois para que hajaacesso Justia, as partes devem ser atendidasem suas expectativas e necessidades, sendoimprescindvel, que, ao optarem por um mtodo desoluo de conito diferente do judicial, este sejaconduzido com seriedade e de forma correta.

    Ademais, a diversidade, no ensino dos mtodosconsensuais de soluo de conitos, deve serincentivada, contando-se, para tanto, nos cursos decapacitao, com as experincias de entidades pblicase privadas, voltadas conciliao e a mediao, semque haja imposio de mtodo nico; a m de quepossamos contribuir para o desenvolvimento dessesmtodos no Brasil, permitindo o surgimento da

    mediao brasileira.

    Escolas e modelos existentes no mundo; sendo que,atravs da exigncia de reciclagem e atualizaopermanentes, permite-se que os conciliadores/mediadores, ao se submeterem a cursos extensivos,

    com o tempo, construam o modelo brasileiro.

    Em outras palavras, exatamentepelas peculiaridadesdos mtodos consensuais de soluo de conitos,

    no h como estabelecer um nico mtodo de ensinopara eles; sendo pouco producente a tentativa deimposio de um mtodo, como pretendido poralguns auxiliares do Conselho Nacional de Justia,permitindo-se que apenas instrutores por eles

    formados, sem qualquer experincia prtica emmtodos consensuais de soluo de conitos (porserem em sua maioria, servidores do Judicirio),ministrem aulas nos cursos, abandonando porcompleto a interdisciplinaridade, caracterstica dosmtodos consensuais de soluo de conitos; e oque ainda pior, trazendo implcita a imposio demodelo de mediao dos Estados Unidos da Amrica,o que impede a formao do modelo nacional.

    Tal conduta viola o estabelecido pelo prprio ConselhoNacional de Justia, no Anexo I, da Resoluo n. 125,que traz programa genrico, a ser executado atravsde parcerias com entidades pblicas e privadas darea de ensino; sendo este o fato motivador demovimento no sentido de alterao da mencionadaResoluo, que visa, em ltima anlise, promoopessoal de alguns, que se colocam como grandesmestres e nicos conhecedores da mediao no

    Brasil.

    Concluses

    Diante do estabelecido na Resoluo n. 125, nohaver dois programas, exatamente iguais, sendosalutar essa diversidade quando se trata de mtodosconsensuais de soluo de conitos, porm, osresponsveis pelos cursos devero justicar as

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    21/92

    Revista

    2121

    Referncias Bibliogrcas

    BRAGA NETO, Adolfo; CASTALDI SAMPAIO, Lia Regina. O que Mediao de Conitos. So Paulo:Ed. Brasiliense, 2007.

    COSTA E SILVA, Paula.A Nova Face da Justia: os meios extrajudiciais de resoluo de controvrsias.Lisboa: Coimbra Editora, 2009.

    GRINOVER, Ada Pellegrini;LAGRASTA NETO, Caetano; WATANABE, Kazuo (coordenadores).Mediaoe Gerenciamento do Processo Revoluo na Prestao Jurisdicional.So Paulo: Ed. Atlas, 2007-a.

    LAGRASTA NETO, Caetano. Mediao, conciliao e suas aplicaes pelo Tribunal de Justia de So

    Paulo. In: GRINOVER, Ada Pellegrini; ____; WATANABE, Kazuo. (Coords.) Mediao e gerenciamentodo processo: revoluo na prestao jurisdicional: guia prtico para a instalao do setor de conciliaoe mediao. So Paulo: Ed. Atlas, 2007-b.

    LAGRASTA LUCHIARI, ValeriaFerioli.A Mediao de Conitos anlise da realidade brasileira e suaefetiva implantao no Poder Judicirio do Estado de So Paulo.2009. 170 p. Tese (Ps Graduao

    Lato Sensu em Direito) Escola Paulista da Magistratura, So Paulo, . 113-143.

    _____________. Comentrios da Resoluo n 125 do Conselho Nacional de Justia, de 29 de novembrode 2010. In: GROSMAN, Claudia Frankel; MANDELBAUM, Helena Gurnkel (Org.). Mediao noJudicirio Teoria na Prtica e Prtica na Teoria.So Paulo: Primavera Editorial, 2011.

    LORENCINI, Marco Antonio Garcia Lopes. A contribuio dos meios alternativos para a soluo decontrovrsias. In: DE SALLES, Carlos Alberto (Coord.).As grandes transformaes do processo civilbrasileiro. Homenagem ao Professor Kazuo Watanabe.So Paulo: QuartierLatin, 2009.

    OLIVEIRA, ngela. Mediao cdigo de tica dos mediadores. In: ____ (Coord.). Mediao: mtodosde resoluo de controvrsias.So Paulo: LTr: Centro Latino de Mediao e Arbitragem, 1999. p. 195-198.

    PELUSO, Antonio Cezar; RICHA, Morgana de Almeida (Coordenadores). Conciliao e Mediao:Estruturao da Poltica Judiciria Nacional.Rio de Janeiro: Editora Gen/Forense, 2011.

    SIX, Jean-Franois. Dinmica da Mediao. Traduo de guida Arruda Barbosa, Eliana Riberti Nazarethe Giselle Groeninga. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.

    WATANABE, Kazuo. A mentalidade e os meios alternativos de soluo de conitos no Brasil. In: GRINOVER,Ada Pellegrini; LAGRASTA NETO, Caetano; ____. (Coords.) Mediao e gerenciamento do processo:revoluo na prestao jurisdicional: guia prtico para a instalao do setor de conciliao e mediao.So Paulo: Ed. Atlas, 2007-c.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    22/92

    2222

    OJudicirio e os Novos Mtodos de Soluo de

    Conitos

    Introduo

    1. Da atividade humana2. Da perda de foco da atuao do Judicirio3. Nova acepo de ordem jurdica justa

    Concluso

    Referncias Bibliogrcas

    Sumrio

    Ricardo Pereira Jr. -Graduado em Direito, Especialista sobre o Sistema Legal Americano, na Univer-sidade de Loyola de Nova Orleans, e em Administrao Judicial, no Institute of Advanced Legal Studiesna Universidade de Londres, Doutor em Filosoa. Foi professor de Direito Civil e Direito ProcessualCivil, e Coordenador do Curso de Direito. Foi professor convidado da GV Law e, atualmente, profes-sor de ps-graduao na ESA. Ingressou no Judicirio em 1988, trabalhando em cargos internos ata aprovao em concurso para a magistratura, em 1992. Foi Juiz Diretor do Frum de So Jos dosCampos. Atualmente, Juiz Titular da 12 Vara da Famlia e Sucesses da Comarca de So Paulo, foinomeado Juiz Coordenador da Central dos Ociais de Justia do Frum Joo Mendes Jr., membroda Comisso de Acompanhamento de Licitaes do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo e doNcleo Permanente de Mtodos Consensuais de Resoluo de Conitos do Tribunal de Justia de SoPaulo. Tambm foi nomeado Juiz Coordenador do Centro Judicirio de Soluo de Litgios e Cidadaniada Capital e Coordenador do Ncleo da Escola Paulista da Magistratura da Capital.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    23/92

    Revista

    2323

    Introduo

    De longa data, v-se que a metodologia tradicional

    de soluo de litgios ultrapassada. Os fruns etribunais se vem abarrotados de processos, numcrescente vertiginoso de demandas sem soluo. OJudicirio, por seu turno, somente tinha uma respostaa ofertar: a sentena, nico produto de seu trabalho.E a pesada metodologia de sua produo, medianteum processo formal de apresentao de argumentos,produo de provas, deciso e retrabalho recursal,passa ao largo do escopo principal da atuao

    da jurisdio, a eliminao da lide, cuja soluopermanece inquietantemente pendente enquantono decidida de forma denitiva.

    O Judicirio, concebido como entidade burocrtico-racional num quadro weberiano, somente podeofertar respostas dentro de seu sistema operacional.Coloca Posner, provocativamente, que ao excessode processos a advocacia reagiu com toda a

    imaginao do engenheiro de trfego cuja nicaresposta ao congestionamento nas rodovias fossea construo de mais rodovias. E prossegue, aoarmar que a administrao judicial americanareagiu ao aumento de litgios com mais juzes, maisadvogados, mais subsdios aos processos judiciais,mais burocratas, mais assistentes de juzes e outrosadjuntos judiciais, e mais recentemente, com novasprticas de acordo1. Nada mais do que o a que

    se referia Mauro Cappelletti, ao nomear o JudicirioGigante, responsvel pelo controle do Legislativo edo Executivo, colocador da ltima interpretao dasnormas legais e regulatrias impostas pelo Estado2.

    A fuga da armadilha que coloca ao funcionamentodo Judicirio como fecho de um sistema legal cada

    1 Richard A. POSNER, Problemas de Filosoa do Direito, p. 5742 Mauro Cappelletti, Juzes Legisladores?, p. 49

    vez mais prolixo, especializado, e por conseqncia,impreciso e gerador de supostos direitos subjetivosconitantes a demandar interveno judiciria, no

    passa necessariamente pelos caminhos criticadospor Posner e vistas com temor por Cappelletti. necessrio repensar a metodologia do trabalhodo Judicirio, vericar-se a natureza do produtoque oferta e de sua atividade, para ns dereposicionamento de suas metodologias de trabalho,para que no se imponha Justia a produo deinmeras decises de forma esparsa e desorganizadacomo ocorre hoje. Com isso, possvel o alinhamento

    de polticas pblicas que possam combater a origemdos conitos em sua causalidade efetiva, e permitiruma maior racionalizao dos empregos dos recursosdo Judicirio em prol da efetividade da atividade

    jurisdicional.

    1. Da atividade humana

    Hannah Arendt coloca que a atividade humana

    divide-se em trs subespcies.

    Em apertada sntese, Labor a atividade que atendeas condies vitais do homem, envolvendo o consumopara seu crescimento espontneo, metabolismo edeclnio tm a ver com as necessidades de subsistncia.O trabalhoj se volta produo de mundo articialde coisas que o homem erige para si, individualmente,diferente do mundo natural. No se confunde com

    o Labor, voltado para o consumo. Por m, a ao a atividade que diz respeito condio humanada pluralidade, diretamente entre os homens, semrelao com bens materiais. a relao dos homensentre homens, to somente, para partilha do mundoentre si, com carter essencialmente poltico3.

    3 Hannah ARENDT, Da Condio Humana, pg. 15.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    24/92

    24

    As atividades tm escopo diferenciado. O labor buscaassegurar a subsistncia do indivduo e da espcie.O trabalho e seu produto, o artefato humano,

    emprestam permanncia individualidade humana.J a ao, que se empenha em fundar e preservarcorpos polticos, cria a condio da convivncia empluralidade e para a lembrana4.

    Ora, a atividade jurdica, a corporicar o mundo doDireito, claramente inserta no no labor, voltado subsistncia bsica, ou mesmo no trabalho, quetambm necessita de bens de carter durvel para

    se concretizar. O Direito corporica-se na atividadepoltica, ou seja, na ao, em que se busca aconvivncia entre os homens. E tal convivncia dar-se- dentro dos parmetros de convivncia colocadospela lei e aplicados pelo Judicirio, dentre outrosmeios.

    2. Da perda de foco da atuao do Judicirio

    O que se v, contudo, que com o movimentode racionalizao do Direito, que culminou com acodicao, o papel do julgador se viu atrelado subsuno da norma ao fato. Com isso, o estritoatrelamento do juiz norma mudou radicalmenteo carter de convivncia do direito, atribuindo-lhecarter tcnico jurdico de sistema cientco.

    No obstante tal leitura tenha sido extrada num espao

    de necessidade da armao da liberdade individual,segundo a qual a lei seria o critrio libertador quedene a ausncia de condutas sancionadoras, o fato que a progressiva especializao do conhecimentohumano sempre seguida pelo Direito - acabou porgerar alentada legislao.

    4 Hannah ARENDT, Da Condio Humana, p. 16/17

    Tal problema no somente do Brasil, mas de todosos pases do que os ingleses chamam de Civil Law,cuja principal fonte do Direito a lei posta. Colocam

    Boissavy e Clay que na Frana, vigem 9.500 leis,e 180.000 decretos5. certo que a lgica legal,presumida na pirmide kelseniana pela interpretaoconstitucional, esvai-se como verdadeira teoria a sercomprovada e unicada somente aps debates nasinstncias superiores, explicando porque os anseiosdo cidado sobre a justia cam to distantes daprtica.

    Alm do problema do legislador prolco, o carterpoltico da ao se v substitudo pelo consumo.De fato, a acelerao dos processos de tempo e deconsumo, a exigir a constante expanso da espiralde conhecimento e tecnologia, impe ao homem aconstante superao da estabilidade e permanncia.Tal espiral fora a tecnologia e impe a constantetroca de padres de consumo, ao ponto de Hannah

    Arendt colocar que as coisas do mundo moderno se

    tornaram produtos do labor, cujo destino natural oconsumo6.

    Desnuda-se assim, o real motivo da crise na Justia: asleis, as doutrinas, o conhecimento jurdico deixaramde ser uma ao no sentido poltico de construode convivncia, para se tornar objeto de consumo.Perdeu-se o foco poltico da deciso judicial, para queela se tornasse simples sucedneo malsucedido de

    relaes de consumo no sentido do labor. A decisoque se exige do Judicirio simples subproduto daespecializao do conhecimento humano espelhadana rea do Direito, elaborada dentro de um sistemaaltamente limitativo, moldado em esquema decompetncias rgidas que impossibilita decisesconjuntas. Alm disso, a contnua necessidade de

    5 Matthieu BOISSAVY e Thomas CLAY, Reconstruire La Justice, p. 516 Hannah ARENDT, da Condio Humana, p. 137

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    25/92

    Revista

    2525

    renovao do conhecimento humano acaba porvitimar a lei e por conseguinte, a jurisprudncia

    de baixo grau de sobrevida, a alimentar a eterna

    incerteza sobre a validade dos pactos de convivncia,a espelhar a constante mutabilidade da vida moderna.

    O produto jurdico que at hoje se apresenta,portanto, absolutamente tcnico, gerado pormeio burocrtico e focado na atividade de denioda norma a ser aplicada ao fato. Tal instrumentofoi fatalmente vitimado pela especializao doconhecimento moderno, criando-se um sistema

    de retroalimentao desordenada de normas einterpretaes no harmnicas. E tal situaoocorre justamente porque perdido o objetivo da aono sentido arendtiano, que deveria buscar mais aconstruo da convivncia entre os homens, e nose focar exclusivamente no meio tradicionalmenteeleito para a soluo de litgios, a aplicao da normaao fato.

    3. Nova acepo de ordem jurdica justa

    O excesso de produo normativa e a litigiosidade,portanto, vm de braos dados ao tecnicismo e especializao do direito. Com a pluralidadeinterpretativa, invivel dar-se uma soluo nalpelos critrios tradicionais de eliminao de litgios,atravs da deciso judicial, incapaz de interferir emtodos os aspectos da vida moderna.

    Neste passo, necessria uma nova noo de umaordem jurdica justa. Prope Kazuo Watanabeuma nova acepo de acesso justia. De fato, aConstituio Federal, ao garantir o acesso amplo

    justia, em seu art. 5, XXXV, deve ser interpretadade forma qualicada. No basta o cidado ter acessoa uma ordem jurdica pouco funcional, mas queesta ordem jurdica seja justa, de forma efetiva,

    tempestiva e adequada. Neste passo, o que se busca a organizao dos servios de tratamento deconitos por todos os mecanismos adequados, e no

    apenas por meio da adjudicao de soluo estatalem processos contenciosos. Por isso, a necessidadede implementao de poltica pblica que busque asoluo mais adequada dos conitos de interesses,

    pela participao decisiva de ambas as partes nabusca do resultado que satisfaa seus interesses, o

    que preservar o relacionamento delas, propiciando

    a justia coexistencial7.

    O que se busca, portanto, a ateno do poderpblico, que se d agora no somente atravs doprocesso. Insere-se umproduto novo no Judicirio,cuja linha de produo, at agora pautada peloscritrios rgidos do estrito processo legal a criar asentena, inovada, permitindo-se a criao devias abertas e informais para a busca consensualda soluo dos litgios. Criou-se via rpida para aobteno de uma deciso vinculante, com o mesmo

    efeito das sentenas, que convida s partes a ativaparticipao na construo da deciso.

    A nova metodologia de trabalho afasta a imagem doJudicirio tradicional, que trabalha em um ambientede submisso, introduzindo a possibilidade deinterao. As partes so convidadas, dentro de umambiente de igualdade e respeito mtuo, a proporsolues para os seus problemas, engajando-se em

    processo de negociao tcnica conduzida por ummediador ou um conciliador. Alm disso, a prprialiberdade das partes em se engajar ao rito permitesejam traadas medidas para atendimento depeculiaridades, tanto de cunho procedimental, comoinsero de providncias para eliminao do litgio,v.g., obteno de documentos ou alvars, como

    7 Kazuo WATANABE, Poltica Pblica do Poder Judicirio Nacional para TratamentoAdequado dos Conitos de Interesses, em Conciliao e Mediao: Estruturao da PolticaJudiciria Nacional, p 4/5.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    26/92

    26

    tambm na consolidao do prprio direito materialobjeto de conito, como no caso do direito de visitaspara o genitor que no pode ter regime de visitas xopor trabalhar em dias variveis. Tais peculiaridades

    talvez restassem no atendidas numa instruoprocessual ou mesmo numa sentena. So situaesque deixariam o conito em aberto a despeito daexistncia de deciso tecnicamente denitiva.

    Alm disso, a partir do momento em que se substituia heteronomia da deciso judicial pela autonomiadas partes, deixam elas de atuar como meroscoadjuvantes dos atores jurdicos tradicionais, quais

    sejam, os prossionais da rea. Juzes, advogados,promotores, saem de cena para dar espao spartes envolvidas, agora atores principais naconstruo dos pactos a que iro se vincular. Comisso, h mudana copernicana na forma da atuaodo Judicirio, que coloca o cidado no centro desua atividade, valorizando o papel da cidadaniaem carter pedaggico. Aos prossionais do direitoca a atuao coadjuvante de observadores dalegalidade dos pactos atuao ainda assim, deessencial importncia. E somente quando invivel aconstruo de uma convivncia negociada, entramem campo, em carter substitutivo, os prossionaislegais no espao de atuao tradicional do litgio.

    Na realidade, a partir do momento em que as partesse engajam num processo de negociao que resultabem sucedido, no h mais a imposio da vontadeestatal a um recalcitrante. Ao contrrio, as partes

    aderem a um pacto que ser albergado pelo Estado.Com isso, transmuda-se a submisso da sentena soma de poderes das partes, num jogo de somaspositivas, em que o poder estatal se une ao daspartes para recomposio da convivncia social. Taldeciso, certo, no subtrai poder do Judicirio; aocontrrio, corrobora-o, uma vez que as partes seunem ao Estado para consolidar um pacto vivencial.

    Outro carter importante o retorno do leigo administrao da Justia. certo que tal instituto altamente valorizado nos sistemas anglo-saxes, emespecial, nos jris americanos e nasMagistratesCourts

    inglesas, conduzidas por juzes de paz leigos. Ocidado leigo convidado a participar das decisesdo Judicirio, que v sua voz valorizada nos rumos daJustia. Tal tradio, alis, nunca foi alheia ao nossodireito, que mantm os jris e apresenta resquciosda existncia dos juzes de paz, com funes agorareduzidas atividade registrria.

    A reintroduo do leigo permite s partes o

    tratamento de seu conito por um de seus pares,e no por um rgo necessariamente impessoal ehierarquicamente superior institudo pelo Estado.Com isso, os anseios e preocupaes das partescom a tradicional solenidade e gravidade da justiase aliviam. Permite-se s partes uma adequadaambientao para a livre exposio de suas dvidase pendncias sem receio de prejulgamento. Ainda,a ao de terceiro qualicado permite o exerccio detcnicas de negociao para quebrar a resistnciadas partes, e ainda, a traduo clara, por um leigoaos leigos, das peculiaridades e cuidados que sedeve ter com o mundo jurdico, bem se explicitandoas opes de negociao e suas conseqncias, numambiente instrutivo.

    Aos advogados, tambm h que se descortinar umproduto novo. De fato, no mais esto sujeitos sincertezas e intempries do contedo da prova a ser

    produzida perante o juzo. No mais esto sujeitos,ainda, s incertezas de interpretao legal do quadroprobatrio produzido, sempre sujeito a sutilezas esubterfgios, ou ainda, colidncia de correntes

    jurisprudenciais que impedem pareceres conclusivosem favor de seus clientes. Fogem, ainda, da incertezaquanto ao tempo de obteno da deciso de mrito.

    Agora, se disponibiliza instrumento gil, informal, que

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    27/92

    Revista

    2727

    por suas caractersticas, se adqua s peculiaridadesdo conito, e permite a sua rpida soluo medianteprocesso de negociao entre as partes.

    No obstante a crtica de Posner tambm aosmtodos de conciliao, certo que a soluonegociada de litgios tem evidente impactoeducativo, preocupao principal do autor. De fato,ao se permitir s partes o exerccio de tcnicas deconvivncia supervisionadas, tal habilidade pode sertransplantada aps aprendizado para o cotidiano, eexercitada inclusive sem a intermediao do PoderJudicirio, eliminando o grau de litigiosidade social. O

    resultado pedaggico de internalizao de condutasexigido por Posner e por ele negado aos mtodosde conciliao - v-se, na realidade, consubstanciadocom a recolocao dos potenciais litigantes nadireo do jogo judicirio, agora conscientizadosda necessidade de convivncia de direitos para aeliminao da litigiosidade, e da possibilidade denegociao para eliminao de incertezas.

    Concluso

    V-se, ento, a superao da atuao do Judiciriotradicional, baseado num carter retrospectivo epunitivo, voltado somente aplicao da norma aofato, dentro dos estritos limites do processo, emque o cidado comparece como mero coadjuvantenum jogo dos atores especialistas, sem qualquercontrole sobre o processo, cujo resultado sernecessariamente a submisso de uma das partes.

    Surge agora, como produto absolutamente novo, apossibilidade das prprias partes se engajarem emprocesso de negociao aberta e exvel, em ambienteneutro, por intermdio de mediador ou conciliadorqualicado, para construo do contedo da decisoa que se vincularo voluntariamente. Com isso, aspartes voltam ao controle de seus direitos, com

    inegveis efeitos positivos no reforo da cidadaniae conscientizao da necessidade de convivncia dedireitos. Reconstri-se assim o esquema arendtianode armao de poder, e o Judicirio retoma a sua

    atividade poltica de agente construtor de instituiesduradouras, concretizadas atravs de manifestaesconjuntas de vontade.

    Esta, alis, a sada do Judicirio, que no deve serconfundido como rgo burocrtico de produo dedecises. Deve, sem, retomar o foco do carter polticode sua atividade, para construo de um ambientepropcio ao desenvolvimento das relaes humanas

    atravs do incremento da cultura da convivncia dedireitos, cidadania e conana recproca.

    Referncias Bibliogrcas

    ARENDT, Hannah.A Condio Humana. 10ed. Rio de Janeiro So Paulo: Editora ForenseUniversitria, 2008.

    BOISSAVY, Matthieu; CLAY, Thomas. 3Paris: OdileJacob, 2006.

    CAPPELLETTI, Mauro. Juzes Legisladores?PortoAlegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1999.

    POSNER, Richard A. Problemas de Filosoa doDireito. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    WATANABE, Kazuo. Poltica Pblica do PoderJudicirio Nacional para Tratamento Adequado dosConitos de Interesses, em Conciliao e Mediao:Estruturao da Poltica Judiciria Nacional. PELUSO,

    Antonio Cesar e RICHA, Morgana de Almeida (Coord.).Editora Forense, Rio de Janeiro, 2011.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    28/92

    2828

    Mediao em Tempos de Mudana

    Corinna Schabbel - PH.D. em Desenvolvimento Humano e Organizacionalpela Fielding University, mestre em Desenvolvimento Humano pela mesmauniversidade, psicloga e mediadora e consultora em Gesto de conitoscorporativos.

    Palavras-chave: Conciliao,Mediao, Arbitragem e Soluode Conflitos.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    29/92

    Revista

    2929

    Alvin Tofer, em seu livro a Terceira Onda declarouque na teoria do conito que mais precisamos deidias novas e criativas. Isso se aplica tanto guerraquanto paz entre naes, comunidades e pessoas.

    A falta de mtodos para resolver conitos alm docontencioso, do uso da fora, poder e da violnciarevela as fraquezas de uma sociedade. Assim, aodiscutirmos, brigarmos ou agredirmos o prximo,seja familiar, colega ou vizinho no se resolve nada,trinca-se, fratura-se ou rompe-se, isso sim, umrelacionamento e a possibilidade de solucionar oproblema vai cando mais remota at desaparecer.

    Soluo signica resultado.

    Pessoas que buscam solues esto preocupadas comjustia, produtividade, colaborao e cooperao.Assim, a soluo exige passar do conito para umaao de cooperao, respeito pelos interesses detodos, empenho em relacionamentos duradouros quedem sustentabilidade sociedade a partir de uma

    viso de futuro que evite recriminaes, retaliaes,castigos e danos.

    Querer encontrar uma soluo vivel e duradoura querer aprender e ter coragem para mudar, mesmosabendo que conitos e rupturas so inevitveis nosrelacionamentos humanos.

    Diferenas, divergncias e conitos de interesses soinerentes ao fazer humano. Seus efeitos podem

    ser construtivos ou destruidores, de acordo com agravidade dos fatos e quais medidas so tomadasa respeito. Diferenas ainda no conguram umconito, so respeitadas e pode-se aprender com elas.O NO RESPEITO PELAS DIFERENAS PODE GERARPRECONCEITO COM BASE EM HETEROGEINEIDADESPRESENTE EM NOSSA FORMAO ENQUANTOCULTURA, POVO E SOCIEDADE. Ao se agravarem,

    as tenses entre pessoas aumentam levando deteriorao das relaes, ruptura de estruturassociais, familiares e da viso de mundo que deixa deser compartilhada. Passa-se competio, j que,na gnese do conito est a interpretao dada aofato. idiossincrtica.

    Determinante para a escalada do conito o tipo derelacionamento que se estabelece entre as pessoasa partir da interpretao dada por cada um ao fato e viso de futuro que tal interpretao desencadeia.

    A Conciliao no Brasil, busca atravs da estruturada Justia, prev como possibilidades de resolverconitos entre pessoas ao utilizar:

    Conciliao: as pessoas envolvidas em umacontrovrsia renem-se para conversar com pessoade notrio saber que ir sugerir possibilidades queas levem a encontrar uma alternativa para solucionara questo.

    Mediao: pessoas que se encontram diante deum impasse em suas negociaes seja por questesmateriais, seja por diculdades emocionais,recorrem a um mediador que ir facilitar a retomadada negociao. O acordo voluntrio, sigiloso e omediador no toma decises.

    Arbitragem: A lei 9.307/96 traz o reconhecimentode um mecanismo ecaz e prtico no qual as

    pessoas podem recorrer como uma forma clerepara composio de controvrsias relativas a direitospatrimoniais disponveis, ou seja, todas as relaes

    jurdicas que se possam converter em crditonanceiro para algum, se j no o forem desde oincio.

    As transformaes polticas e sociais dos anos 60 e areforma do judicirio americano foram parcialmente

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    30/92

    30

    responsveis pelo movimento de popularizao dossistemas de manejo de conitos ou RADs.

    No se trata da privatizao da justia e nem umremdio miraculoso que ir desafogar o judicirio acustos reduzidos. Trata-se de uma mudana de culturaatravs da humanizao da justia, uma justia maiscoerente com as transformaes contemporneas.

    A mediao considerada a mais popular das RADs se apresenta como uma prtica que valoriza e facilitaa inovao provocando mudanas em procedimentos

    baseados na autonomia da vontade. Com opassar das dcadas, a mediao praticada nos EUA,Canad e Europa se diversicou ao reconheceros direitos do homem como um fenmeno socialque multiplicou a necessidade de opes para atransformao de conitos com qualidade, eccia,idoneidade e rapidez.

    A mediao por ter como objetivo a manuteno dasrelaes sociais e o exerccio da responsabilidade,coloca-a junto terceira onda do movimentouniversal de acesso justia produzindo resultadosqualitativamente melhores por se chegar a umacordo de vontades que, somado ao movimentode socializao do Estado, d incio a um lentoprocesso de descentralizao no qual as gurasdo cidado participante e do cidado protegidopassam a coexistir dando mediao caractersticaspredominantemente reformistas. Pode-se, portanto

    armar que a mediao um instrumento que

    O que hoje aceito como uma prtica comum nocotidiano em uma comunidade democrtica, j foivisto como um conceito radical: a possibilidade deprossionais das mais diversas reas de atuao,devidamente treinados em tcnicas de soluo de

    controvrsias ou manejo de conitos, auxiliaremcidados comuns a resolverem, informalmente,problemas comuns.

    Lembrando Kuhn (Teoria das Revolues Cientcas),vivemos, basicamente, uma crise de passagem, deruptura histrica nas estruturas sociais, o que geraum vazio social em termos de valores. As mutaesdas instituies aumentaram, novas culturas e de

    novos estilos de vida surgiram em todos os setoresda vida social.

    O signicado da vida est em crise. A cultura estem crise e ns tambm!

    Vivemos, portanto, instantes de perplexidade: osmodelos antigos esto sendo superados, porm osnovos ainda no esto denidos.

    A comunicao oral e corporal amplia as fronteiraspessoais, permite a expresso, o aprendizado ea socializao. A linguagem enquanto processointerativo constri espaos compartilhados depessoas com uma funo criadora, no enquantolosoa, mas como uma condio do ser humano.

    A atividade social que imprime um signicados palavras. Para conhecer a linguagem preciso

    implementa a responsabilidade socialde pessoas envolvidas em conitos

    implementa e ecincia de processosquando auxiliar da justia,

    oferece uma reduo de custos deprocesso,

    oxigena o sistema judicirio aoreduzir o volume de processos aserem analisados,

    implementa a importncia e ovalor social da autonomia davontade, responsabilidade ecomprometimento.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    31/92

    Revista

    3131

    desenvolver a capacidade de penetrar em vriasredes de convenes que formam a base daintersubjetividade e comunicao signicativa e

    participativa entre pessoas.

    Viver em relao implica na construo de umconhecimento de ns mesmos e do mundocircundante a partir de atividades sociais nas quais secriam e recriam diferentes categorias da experinciacomo o verdadeiro ou o falso, o real ou o irreal,o certo ou o errado, o subjetivo ou o objetivo, avivncia e a explicao e assim por diante.

    A importncia da paz social uma realidade emnossa sociedade, mas cabe a cada um de nscompreender que podemos transformar conitosem oportunidade de mudana sem necessidadede brigas e desperdcio de recursos como energia,tempo, dinheiro, emoes e bens.

    H mais de quinze anos, em um Congresso deSociologia americano, falou-se de uma nova classemdia. Hoje, vivemos esta situao em nossopas. Trata-se de uma classe emergente de umainstitucionalizao na qual uma estrada subalterna seriao fator decisivo para o deslocamento das ideologiasde prticas e de valores: sua viso de mundo, suarepresentao do saber so reviradas, mais alertas complexidade e, paradoxalmente, incerteza, emrazo da sucesso rpida das mudanas. A mquinaestatal se revelou incapaz e estafada na prestao de

    servios ao cidado. Os poderes judicirio, legislativoe executivo esto cada vez mais desacreditados pelamorosidade, incompetncia e aumento de gastos efalta de planejamento para atender s demandasatuais. A populao, por sua vez, cada vez maisinsatisfeita e carente de servios, busca alternativascontextualizadas com a realidade e culturas brasileirasao invs de aceitar modismos e importar tecnologias.

    Pases latino-americanos e africanos introduzem amediao como uma prtica a servio do Judicirioentre as dcadas de 60 e 80 baseados nos conceito

    americano de Community Relation Services (CRSs)alm do j bem-sucedido tribunal multiportas. Somedidas compulsrias que tem por objetivos:

    solucionar conitos antes de seremajuizados,

    prevenir e reduzir a intensidade dosconitos,

    utilizar-se de mecanismos conciliatriosno manejo das relaes entre as partes,

    implementar as possibilidades dosconitos serem resolvidos na comunidadee pela comunidade,

    implementar o papel do cidado noexerccio de suas responsabilidadesdemocrticas,

    utilizar o suporte da comunidade naformao de especialistas em mediao.

    A integrao dessas prticas em processos formais desoluo de litgios, sem dvida nenhuma, culminar

    com uma conscientizao social mais ampla do papelde cada cidado na soluo de suas controvrsiasseja na comunidade, na escola, na famlia ou naempresa. Mediadores, por sua vez, so pessoasinteressadas no bem-estar social, na reduo dasdesigualdades, na qualidade de vida, na pacicaoda sociedade e na tica.

    Referncias Bibliogrficas

    ATLAN, H. Com Razo ou sem Ela: Intercrtica daCincia e do Mito, Lisboa: Instituto Piaget, 1994.

    KUHN, T. The Structure of Scientific Revolution,Chicago: Chicago University Press, 2007.

    LUHMAN, N. Social Systems. Stanford: StanfordUniversity Press, 2005.

    MATURANA, H. & VARELLA, F. A rvore doConhecimento. So Paulo: Ed. Palas Athena, 2004.

    SALES, Llia Maia de Morais. Justia e Mediao deConflitos. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.

    TOFFLER, A. The Third Wave. NY: Bantam Books,1989.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    32/92

    3232

    AAtividade Advocatcia na Justia Conciliativa

    Eunice Leite- Bacharel em Direito; Ps graduada em Mtodos Consensuais deSoluo de Conitos e Diretora do CEJUSC-2 INSTNCIA-TJSP.

    Palavras-chave: Mediao,Soluo de Conflito, JustiaConciliativa, MtodosConsensuais.

  • 7/26/2019 Revista Cientfica ESA - MEDIAO E CONCILIAO

    33/92

    Revista

    3333

    Aps quase dez anos de instituda a conciliao nosegundo grau de jurisdio pelo Tribunal de Justiade So Paulo, a partir do Provimento 783/2002 doConselho Superior da Magistratura, pode parecerestranho falarmos em desconhecimento do sistemapelos advogados. E talvez o termo exato no sejamesmo