76

Revista - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5766006.pdfRevista Divulga Escritor Revista Literária da Lusofonia Ano I I Nº 07 Junho/Julho 2014

Embed Size (px)

Citation preview

Revista Divulga EscritorRevista Literária da Lusofonia

Ano I INº 07Junho/Julho 2014

Publicação:Bimestral

Editora Responsável: Shirley M. CavalcanteTRT: 2664

Projeto gráfico: EstampaPB

Diagramação: Ilka Cristina N. Silva

Para Anunciar:[email protected] – 83 – 9121-4094

Para ler edições anterioresacesse www.divulgaescritor.com

Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor.

Entrevistas Matéria de Capa com escritor Tito Laraya.....................................................05

BrasilEntrevista escritora Ana Cristina Aguiar..........................................................09Entrevista escritor Carlos Vargas.....................................................................14Entrevista escritor Johnatan Souza e Catia Mourão.........................................19Entrevista escritor Helton Lacerda..................................................................23Entrevista escritor J. R. Digenio.......................................................................27Entrevista escritora Ligia Beltrão......................................................................31Entrevista escritor Pedro Irineu......................................................................36Entrevista escritora Rô Mierling.......................................................................41Entrevista escritor Rocivan Amaral..................................................................45Entrevista escritor Tenente João Lúcio de Matos.............................................51

PortugalEntrevista escritora Paula Timóteo..................................................................60Entrevista escritor Lurdes Maravilha.............................................................64

ColunasA Vida em Partes – Francisco Mellão Laraya....................................................08Mercado Literário – Leo Vieira.........................................................................13Entre Ideias&Atos – Patrícia Dantas..................................................................18Pense Fora da Caixa – Pense Literatura............................................................29Vício de Viagens – Adriana Gomes de Farias......................................................34Literatura na Prática – Alexsander Pontes........................................................44Na Boca do Povo com Ruby Redstone...............................................................53Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa – Amy Dine.............................................57Solar de Poetas – José Sepúlveda....................................................................63

Participação especial com:Fabiana Juvêncio.............................................................................................20Mário de Méroe..............................................................................................39Bernadete Bruto.............................................................................................49Cassiane Santos...............................................................................................55Alvaro Giesta...................................................................................................67

Momentos de poesia com:Adriana Freitas.................................................................................................69Antônio Montes...............................................................................................70Paulina Rodrigues.............................................................................................71Regina Alonso..................................................................................................72Rosa Fonseca...................................................................................................73

EXPEDIENTE

SUMÁRIO

Shirley M. Cavalcante, é jornalista, radialista, editora, autora do livro: Manual Estratégico de Comunicação Empresarial/Organizacional, administradora do projeto Divulga Escritor, assessora e consultora de Comunicação Empresarial, diretora executiva da SMC Comunicação Humana.

Apresentamos mais uma Edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia, depois de 6 Edições conseguimos o nosso Registro ISSN, quero agradecer a cada um de vocês por esta conquista, alguns profes-sores estavam a questionar sobre o Registro, agora os artigos/textos publicados contabilizam oficialmente pontos Curricular Acadêmico.

Esta edição esta recheada de apresentações dos nossos escritores e textos acadêmicos.

Muito obrigada a cada um pelo apoio e incentivo ao projeto.

Aproveitem a leitura, compartilhem, o compartilhamento é importante para que mais pessoas possam conhecer e prestigiar o projeto que hoje caminha sem patrocínio público ou privado.

Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia, uma Revista elaborada por escritores, com distribuição gratuita para todo o mundo.

Boa Leitura!

Com carinho.

Shirley M. Cavalcante (SMC)EditoraCoordenadora do projeto Divulga Escritorwww.divulgaescritor.com

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 5

Matéria exclusiva com o escritor Tito Laraya

Falar do que escrevo é tam-bém falar de mim, Freud já dizia “o melhor personagem de um es-critor, é ele mesmo”!

Sou um escritor impressionis-ta, e se na pintura coloca-se duas cores, lado a lado, para se chegar a uma terceira, esta técnica uso com ideias, portanto o ler-me dei-xa de ser uma atividade ilustrati-va, para também ser criativa.

A forma com faço é colocar textos em prosa, misturados com poemas, crônicas, estórias, e vai por aí. A maneira mais fácil de en-tender a técnica é imaginar, pois se trata de um diário, que ao in-vés de existirem confissões a um papel, existem textos esparsos, que podem ser lidos separada-mente, mas na sequencia forma uma estória. Como escrevo sobre o quotidiano, mais forte é esta imagem, e no dia a dia escrevo as bases filosóficas da vida.

Este também sou eu que uso a sinceridade como forma de escla-recer e iludir, não sente a necessi-dade de escrever o que não existe para argumentas sobre o que é!

A minha obra editada, se divi-de em dois, uma no Brasil, onde se tem: “Textos Barrocos”, “Exames”, “O Grão de Areia”, Tito e o pé de

sonho”, e” A Descoberta: o não tempo”, e a em Portugal, onde se tem todos, com exceção de “Tex-tos Barrocos” e “Grão de Areia”, acrescentando-se “Um sonho den-tro de um sonho”. Além disto, par-ticipei de várias Antologias; “Pala-vra é Arte” e “Palavras de Cristal”, entre outras, a primeira no Brasil e a segunda em Portugal.

Em Portugal uso o nome Tito Mellão Laraya, no Brasil sou Fran-cisco Mellão Laraya, meu verda-deiro nome e na Itália Tito Laraya.

Meu primeiro livro português é Tito e o Pé de sonho, que fala sobre a crise, uma crise em pro-porção universal. É como se o mundo inteiro estivesse em um hospício, onde os valores do mun-do à volta pouco valem, a mentira para obtermos ganhos não tem valor, aí se reescreve a vida, pois para sair deste inferno e voltar à vida tem que se falar a verdade.

Antes disto editei “Textos Bar-rocos” no Brasil, que se divide em duas partes, a primeira escrita na terceira pessoa do singular de crô-nicas autobiográficas, e por fim um resumo de um trabalho acadêmi-

co” O Julgamento de Cristo”, uma análise sobre a ótica fria do Direito Romano, do maior julgamento da história. Este livro foi tirado de dis-tribuição sem sentença judicial!

“Exames” tratam da estória de um relacionamento atípico, entre um homem e uma lésbica, tudo para provar que existe mais sinceridade em um relaciona-mento desonesto, do que em um obrigatoriamente honesto.

“O Grão de Areia” retrata que o mesmo conflito gerado por um relacionamento impossível, é a mola que leva a escrever sobre ele.

“A Descoberta: O não Tempo” encara o encontro com a divindade em coisas simples do quotidiano, afinal não se precisa de grandes obras para se estar em comunhão com Deus. E desta comunhão en-tre o criador e a criatura, chega-se a forma divina com explicação do que é a santíssima trindade.

Nas Antologias, primeiro; “Palavra é Arte”, trata-se de versos escritos para serem distribuídos graciosamente aos alunos de esco-la pública de meu país, e em Por-tugal, “Palavras de Cristal”, retrata a importância de minimizar o “Ego” para alcançar a felicidade plena!

Finalmente, “Um sonho den-tro de um sonho”, conta a estória vivida a mais de trinta anos atrás, onde se mistura a realidade, com as impressões e a fantasia, aonde se chega à conclusão que quando o privado torna-se público, soluções diversas das pretendias acontecem.

A minha obra sou eu, filoso-fia, poética, idealista, a síntese das contradições do ser humano!

EU E A MINHA OBRA

6 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Revista Divulgar Escritor • abril/maio de 2014 7

8 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Por Francisco Mellão Laraya

[email protected]

Francisco Mellão Laraya é advogado, músico e escritor

COLUNA: A VIDA EM PARTES

O ESCREVER

Voltei a escrever, escrevo sobre a dú-vida de não saber dizer a real neces-sidade de escrever. Escolhi há muito tempo entre a certeza e a dúvida, o eterno interrogar sobre tudo.

Procurei razões aonde não existem porquês, e a única razão que me foi permitida ver, graças a minha inteligência, é que a certeza é a nega-ção da dúvida, não por tê-la resolvido, mas por medo de encará-la de frente. Talvez falando das possibilidades, do dever ser, sempre em contra-posição com o ser, tão real, mas inexoravelmen-te mutável.

Isto nos leva a esta grande e eterna dúvida, aonde a única certeza, é a noção exata do existir, apesar de efêmero, e a existência de Deus.

Muitas vezes pergunto-me: Será isto cor-reto? Ou equilibrado?

A única resposta que tenho as duas per-guntas é que correto ou não, não tende a um equilíbrio estático, mas a um andar constante no mundo da razão, aonde a única pergunta res-pondida é a razão de existir.

A razão da existência é a comunhão com o todo, com o Divino, e procurar nesta entrega como parte de um todo, Deus. Uma forma que o desempenho de si, melhorando a si, a razão do ser e a própria existência da criatura, engrandecer o criador.

Quanto ao resto, é quanto à forma, e a for-ma cada um tem a sua, e as diferenças quanto aos caminhos, quanto às maneiras de ser, é um espelho perfeito do que se é!

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 9

Nascida em Fortaleza, no Ceará, licenciada em História, a autora, Cristina Aguiar, escreve desde criança. Suas primeiras tentativas consistiam em tentar recriar diálogos de filmes que gostava. Depois, passou a criar histórias próprias tentando dar continuidade a esses filmes. Aos dezessete anos já se aventurava a fazer esboços na procura de uma história ideal. Acumulou vários cadernos com fragmentos de textos que nunca foram para frente. Viajantes foi o primeiro livro que conseguiu terminar, mas acabou encostando-o na gaveta, apesar da opinião favorável daqueles que o leram. Aconteceu o mesmo com A Tenda Peregrina, um romance juvenil sobre um grupo de jovens arqueólogos que parte em busca de um artefato bíblico. Quanto ao livro A Profecia de Hedhen, foi um sonho realizado. Ele é a soma de várias experiências que deram certo e o início de uma saga cujo terceiro volume já está sendo escrito. O segundo volume, As Árvores Sagradas de Nod já foi lançado em e-book e o livro físico sairá este ano. A autora participa atualmente de eventos literários organizados por grupos de escritores e blogueiros de Fortaleza, o Sábado Literário é um deles, assim como de campanhas a nível nacional como o Mochila Literária, o Eu Leio Brasil e a Semana do Livro Nacional.

“Que o nosso país, aquela parcela que gosta de ler, não fique receosa de adquirir livros nacionais, achando que a qualidade é inferior. Existem muitos livros bons sendo lançados, e eu falo isso com conhecimento de causa, pois trabalho também como revisora. Se o nosso país começar a nos valorizar, o caminho começará a ser menos árduo. Compre e apoie a literatura nacional. Um beijo para todos.”

Boa Leitura!

Entrevista escritora Ana Cristina Aguiar

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Ana Cristina Aguiar é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, con-te-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?Ana Cristina - O gosto pela leitura me acompanha desde pequena. Cresci lendo gibis e depois, então, passei para livros. Adorava ler autores de aventura como Julio Verne e praticamente devorava todos os livros da Coleção Va-galume que caía em minhas mãos. Desse fascínio pela leitura, pular para para a escrita não foi difícil. Eu gos-tava de inventar histórias que completassem filmes que eu havia gostado, criava enredos alternativos para eles, até que comecei a criar minhas próprias histórias, com personagens criados por mim. Passei a aprimorar minha escrita nas redações que fazia para o colégio e isso aca-bou virando um hobby. Escrever é algo sublime que me causa um imenso prazer.

10 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Em que momento você começou a escrever o seu livro ”A Profecia de Hedhen”?Ana Cristina - Durante a faculda-de de História, eu iniciei por conta própria uma pesquisa tendo por base o matriarcado, ou o que se entendia sobre o assunto. O pa-pel da mulher na história, na reli-gião e na literatura me motivaram a começar uma história onde eu pudesse tratar a mulher em todos os seus aspectos, não apenas o emocional e sensível, como geral-mente é retratada, mas o seu lado guerreiro, lógico e instintivo. Para trabalhar isso, resolvi me aventu-rar no mundo da fantasia e acabei por me identificar com esse gêne-ro. Eu já havia escrito dois livros antes da Profecia, e nenhum dos dois fazem parte do fantástico (pretendo publicá-los em breve).

Como foi a construção do enredo e dos personagens desta obra?Ana Cristina - Fui muito influen-ciada pelos livros de Tolkien e pela Bíblia no seu aspecto histó-rico e fantástico, cheio de even-tos sobrenaturais. Essa união não foi sem sentido, já que o próprio Tolkien foi influenciado pela Bí-blia. Eu queria falar de dois opos-tos: luz e trevas. E queria criar personagens que caracterizassem esses dois lados. A honra, a leal-dade, a coragem e a fé em uns; a ganância, a inveja, a ambição e a opressão em outros. A visão é maniqueísta com ênfase na mu-lher, que é retratada como guer-reira, rainha, sacerdotisa, e luta lado a lado com os homens, assu-mindo um papel maior do que ser a mocinha indefesa que precisa ser protegida pelo herói.

Soube que estas escrevendo um novo livro, podes nos falar um pouco sobre ele?Ana Cristina - Estou empenhada em terminar a saga de quatro li-vros. O livro 2, As Árvores Sagra-das de Nod será lançado por es-ses dias, e o terceiro livro já está nos capítulos finais. Posso dizer que o segundo livro vai trazer os elementos principais que vão dar prosseguimento à série, partindo da introdução dada pela Profecia de Hedhen. Novas questões são abordadas, novas revelações e novos personagens. Há mais ce-nas detalhadas de batalha, mais magia e aventura que o primei-ro. A Profecia de Hedhen abriu o leque para um mundo com muitas possibilidades, e eu pude trabalhar mais os personagens que se destacaram no primeiro livro, além de me aprofundar na história antiga daquele mundo fantástico.

A quem você indica a leitura de suas obras?Ana Cristina - Existe um público específico para quem gosta de fantasia que pode estar na faixa etária de 14 a 70 anos. As mulhe-res amam a história, os homens estranham um pouco, alguns querem algo mais detalhado, mas no geral o aceitam. Eu costumo palestrar em feiras de cultura pop, onde sei que vou encontrar pessoas que curtem rpg e histó-rias de fantasia. É muito impor-tante que o autor consiga definir o seu público, mas a verdade é que isso não é uma regra, não pode ser uma regra. A fantasia é para qualquer um que goste de abrir as páginas de um livro e se

teletransportar para um mundo novo, cheio de aventuras e possi-bilidades.

Você escreve em outros gêneros literários?Ana Cristina - Como citei ante-riormente, escrevi dois livros que não fazem parte desse gênero. Um deles é um romance sobre um homem e uma mulher que viajam sem rumo pelas estradas do país e acabam se encontrando e decidindo seguir juntos, ambos

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 11

fugindo de um passa-do traumático. A estra-da vai trazer situações inusitadas, aventura e suspense. O outro li-vro é uma aventura es-tilo Indiana Jones, com um grupo de jovens arqueólogos na çaça de um artefato sagra-do e místico. Acho que foi esse livro que me ajudou a aprimorar as cenas de aventura que vou criando em meus livros. Gosto de ação e de fazer com que as coisas aconteçam. Gosto de romances, mas não penso que os relacionamentos devem vir à frente do enredo de uma histó-ria. Eles devem fazer parte, mas não tomar o foco.Onde podemos com-prar os seus livros?Ana Cristina - Virtu-almente, nos sites da MODO Editora, Livra-ria Cultura, Saraiva, Si-ciliano e o e-book está

à venda na Amazon, inclusive o segundo livro já está disponível, também em e-book. Em livrarias físicas, ele está na Saraiva de For-taleza e também pode ser adqui-rido diretamente comigo.

Fale-nos sobre o sábado literário, quem desejar como deve fazer para participar?Ana Cristina - O Sábado Literário é uma maravilhosa iniciativa da Neyara Furtado em parceria com o Shopping Benfica, aqui em For-

taleza, para reunir a cada terceiro sábado do mês, os autores, blo-gueiros, leitores e interessados, em eventos literários cuja meta é discutir temas atuais que fazem parte da nossa realidade, como métodos de publicação, criação de personagens, mercado edito-rial, oficinas de criação literária, e por aí vai. Tem sido um suces-so e o público tem comparecido bastante, o que é raro em eventos desse tipo, infelizmente. Como é um evento local, para participar, basta estar na cidade e se comu-nicar conosco. Tem um grupo no facebook com o nome Sábado Li-terário – Benfica.

De que forma você divulga o seu trabalho?Ana Cristina - A maneira mais comum é através das redes so-ciais, com os book-trailers, o blog (http://terradehedhen.blogspot.com/), e principalmente através de participações em eventos lite-rários e palestras. Costumo parti-cipar e também iniciar book tours dos meus livros, pois as resenhas são sempre necessárias para se divulgar um livro.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?Ana Cristina - Mais abertura para o que é nacional, em primeiro lugar. Existe uma grande quan-tidade de títulos estrangeiros nas prateleiras e uma tão gran-de quantidade de títulos nacio-nais brigando por um lugar. Quer comparar? Já li péssimos livros estrangeiros e maravilhosos li-vros nacionais, então, acho que isso é algo que deve mudar e as

livrarias precisam dar o primeiro passo, abrindo as portas e dando mais espaço para o que é nosso. Em segundo lugar, uma divulga-ção maior da mídia, mostrando que existe um mercado literário nacional em expansão, pois o que se vê é o destaque dado apenas a certos autores que alcançam um volume maior de vendas.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor a Escritora Ana Cris-tina Aguiar, que mensagem você deixa para nossos leitores?Ana Cristina - Eu é que agradeço a oportunidade e para finalizar, apenas uma palavrinha. Que o nosso país, aquela parcela que gosta de ler, não fique receosa de adquirir livros nacionais, achando que a qualidade é inferior. Exis-tem muitos livros bons sendo lan-çados, e eu falo isso com conhe-cimento de causa, pois trabalho também como revisora. Se o nos-so país começar a nos valorizar, o caminho começará a ser menos árduo. Compre e apoie a literatu-ra nacional. Um beijo para todos.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 13

Por Leo Vieira

[email protected]

Leo Vieira é escritor acadêmico em várias Acade-mias e Associações Literárias; ator; professor; Comen-

dador; Capelão e Doutor em Teologia e Literatura.

COLUNA: MERCADO LITERÁRIO

O escritor que se desenvolve des-cobre sempre que não há limites para desbravar o mercado literário e editorial. Tudo passa a ser um bom motivo para apresentar e di-

vulgar novas ideias. Há um novo mercado que está aumentando e também desenvolvendo muitos autores que é o mercado infantil. Alguns podem até ter um pouco de preconceito, ven-do isso como bobagem e que não desenvolve tanto a carreira do autor. Aí que ele se engana. O mercado literário infantil é muito delicado e altamente filtrado para a conquista do espaço. Não é qualquer escritor que pode desenvolver um bom livro infantil. Vamos ao assunto.

Um escritor precisa ter a habilidade de con-tar a história que tem em mente para o seu pú-blico. Não é qualquer ideia que pode ser trans-formada em história. Na verdade, se o autor for bom, ele pode desenvolver e adaptar sua histó-ria para qualquer alvo. Mas como estamos fa-lando do público infantil, vamos ficar mais nisso.

O Contador de Histórias O escritor de livro infantil precisa ser um

bom contador de história. Ele também precisa aprender e desenvolver uma linguagem sim-ples, contando da forma mais prática possível e jamais usando linguagem rebuscada. Deve ser um livro em que a criança possa ler sozinha. Um exemplo são os contadores de histórias. Já notou em momentos recreativos e festas in-fantis como que elas ficam para ouvir? Elas se sentam em círculo e ficam atentas para o que a tia vai contar. O livro infantil precisa ser essa tia “encadernada”. O texto precisa ser o mais atraente e convidativo possível.

Outra questão é a praticidade. Um livro in-fantil precisa ter personagens fáceis de descre-ver, tanto em suas características quanto em personalidade. Se o público for mais velho, de oito a doze anos, o humor precisa estar reforça-do. O mais importante é o texto. Em seguida virá a questão da construção e rumo editorial, que será pautado em postagens futuras.

14 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Escritor Carlos Vargas é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos em que momento pensou em escrever o seu livro “Félix em Busca do Ser Humano: Contos Filosófi-cos”?Carlos Vargas - Esse livro surgiu da inspiração que tive ao ler “Félix e as Maravilhas do Mundo”, obra escrita pelo filósofo e teólogo Raimundo Lúlio. Neste livro, identifiquei o ideal socrático, expresso em diálogos filosóficos, em uma perspectiva cristã. Foi uma experiência fascinante, na qual identifiquei o modelo do meu personagem. Eu queria uma es-pécie de “Sócrates cristão” que pensasse em problemas contemporâ-neos, naquelas questões que passam despercebidas em nosso cotidia-no: “a maravilha nem sempre está no mundo, mas nos olhos de quem se maravilha ao ver o mundo”.

É Mestre em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e doutorando pela mesma instituição. Casado, tem dois filhos e reside em Curitiba, onde atua como analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi professor em cursos das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba. Autor do livro “Félix em busca do ser humano” (Chiado Editora), é colunista do Projeto Divulga Escritor. É acadêmico da Litteraria Academiae Lima Barreto e da Academia de Letras e Arte de Valparaíso (Chile), tendo recebido a comenda Castro Alves (Literarte). Publicou artigos em revistas especializadas em filosofia, sendo coautor de antologias de poesias e contos das seguintes editoras: Grupo Editorial Scortecci, Editora Delicatta, Grupo Editorial Beco dos Poetas e Escritores, Editora Celeiro de Escritores e Câmara Brasileira de Jovens Escritores.

“Essa é a lição do “Félix em Busca do Ser Humano”. Nesses contos filosóficos encontramos um instrumento para aperfeiçoar nossa capacidade de diálogo reflexivo. Esse livro é valioso, pois oferece critérios filosóficos para enfrentar problemas que nos afetam diariamente. “

Boa Leitura!

Entrevista escritor Carlos Vargas

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 15

Que temas você aborda nesta obra?Carlos Vargas - Os temas são va-riados, mas dizem respeito ao conjunto da vida humana, desde a gravidez até a morte, passando pelas escolhas profissionais e pelo casamento. Os temas surgem em função do desenvolvimento da personalidade de Félix, mas tam-bém dependem das influências dos seus interlocutores. Nos diá-logos, Félix é desafiado com ques-tões amplas sobre a consciência, a felicidade, a vocação, ética, virtude, política e o próprio Esta-do. Mais do que respostas pron-tas, ele apresenta um modelo de atitude filosófica que serve de contraponto reflexivo a determi-nados modismos culturais. Cada tema é apresentado a partir de alguma referência filosófica, lite-rária ou teólogica que se mostra importante naquele momento.

Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através dos seus textos literários nesta obra?Carlos Vargas - “Félix em busca do Ser humano” é um livro que ex-pressa a importância da amizade e do diálogo na pesquisa filosófi-ca. Mais do que um conteúdo es-pecífico, o livro mostra o valor da dimensão humana aberta à trans-cendência. O protagonista está em busca do ser humano, pois acredita que nós podemos ser melhores do que ainda somos. Para encontrar o ser humano ele usa a luz da razão e da fé. Entre-tanto, ele não vai sozinho, mas acredita que é fundamental uti-lizar a linguagem na companhia amiga dos outros que também estão nessa busca. A amizade que

Félix tanto busca não é simples-mente desinteressada, mas pre-tende construir os fundamentos do bem comum, que vai brotando devagar, indo além das motiva-ções iniciais.

A quem você indica a leitura?Carlos Vargas - Eu indico a leitura desse livro a todas as pessoas que acreditam no valor do ser huma-no. É indicado para todos aqueles que acreditam no poder do diálo-go e da amizade. Também é um livro bom para aqueles que gos-tam de contos, isto é, de estórias curtas. O livro vai interessar aque-les que estudam a filosofia como a busca fundamental pela sabe-doria. A Chiado Editora incluiu o livro na coleção “Viagem Filosó-fica”, sendo que o livro pode ser utilizado como recurso paradidá-tico em cursos de filosofia para ilustrar assuntos relacionados à ética, antropologia filosófica, in-trodução à filosofia, política, filo-sofia da religião, etc. Mas enfatizo que não é um livro difícil! Minha motivação é que seja uma porta aberta para o desenvolvimento filosófico de cada leitor, seja ini-ciante ou experiente.

Onde podemos comprar o seu li-vro?Carlos Vargas - O livro está sen-do vendido no site e nas lojas da Chiado Editora (www.chia-doeditora.com), cuja sede é em Lisboa, Portugal. Também está sendo vendido no site e nas lo-jas curitibanas da Livrarias Curi-tiba (www.livrariascuritiba.com.br/). Eu estou vendendo alguns exemplares que são solicitados pessoalmente, em eventos, por

e-mail ([email protected]) ou pelo facebook (http://facebook.com/carloseduardo.vargas.395 ). A Chiado Editora está enviando o livro para ser vendido nas Livra-rias Saraiva e Cultura. Em Portu-gal, o livro estará disponível nas livrarias portuguesas Fnac Online, Wook, Bertrand Online e Sítio do livro. O Instituto de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio também pretende vender o livro no Brasil, em Portugal e na Espanha.

Quais os seus principais objeti-vos como escritor, pensas em pu-blicar um novo livro?Carlos Vargas - Quero continu-ar publicando poesias, contos e artigos em antologias, revistas acadêmicas e no Projeto Divulga Escritor. “Félix em Busca do Ser Humano” é meu primeiro livro solo, mas pretendo publicar ou-tros. Já estou revisando um livro de poesias que pretendo publicar até o próximo ano. Até 2016, pre-tendo completar o meu próximo livro de contos, narrando as aven-turas rurais de Zezinho, um per-sonagem que criei inspirado nos meus filhos. Como estou fazendo doutorado em filosofia, pretendo publicar um ou mais livros com os resultados da minha tese e dos meus artigos filosóficos. Outro projeto é começar a publicar em inglês, o que deve acontecer após a minha participação no encontro anual do Husserl Circle, que, nes-te ano, será sediado no Dartmou-th College (Hanover, NH, EUA).

De que forma você divulga o seu trabalho literário?Carlos Vargas - Eu ainda estou aprendendo a divulgar minhas

16 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

obras literárias, mas tenho utili-zado principalmente a internet e o contato pessoal. Penso em criar um blog, mas utilizo principal-mente o Facebook. A Chiado Edi-tora também divulga o meu livro na Internet e nos catálogos para as livrarias. Quando ocorreu o lançamento, fiz pequenos panfle-tos para distribuir. Também divul-guei nos jornais, portais e revistas que possuem agenda cultural e tive uma boa resposta. Depois da Copa do Mundo, pretendo investir mais em eventos culturais, incluin-do doações para bibliotecas, onde meu livro ficará à disposição dos leitores. Como meu livro pode ser usado como paradidático, será es-sencial divulgá-los em faculdades e nas escolas para que os profes-sores comecem a adotá-lo.

Como você vê o mercado literá-rio brasileiro?Carlos Vargas - Há dificuldades, inclusive nos aspectos da econo-mia como um todo, mas é possí-vel encontrar muitas portas aber-tas, como eu sou testemunha. A concorrência é muito grande en-tre editoras, livrarias e autores, mas percebo que há muita diver-sidade em nosso panorama lite-rário. Há grupos grandes, mas há espaço para pequenas editoras e para a autopublicação. Uma novi-dade interessante está vindo com os livros digitais, mas talvez ainda seja cedo para avaliar o impacto deles no mercado editorial. Um exemplo de ajuda da tecnologia é a Internet, que facilita a comu-nicação entre leitores, autores e editoras, além de ajudar a encon-trar os livros e fazer as compras. Também tenho muita expectativa

nos encontros e nas feiras literá-rias, que devem ser incentivadas.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?Carlos Vargas - Penso que a princi-pal ajuda para o mercado literário está na melhoria do nível cultural. O mercado editorial brasileiro é um dos maiores do mundo, mas poderia ser maior se os brasilei-ros lessem mais. A melhoria da cultura passa pela formação das pessoas, o que exige um esforço individual, mas também é possí-vel pensar em uma política con-tinuada, que valorize tudo aquilo que é relacionado com a educa-ção: professores, livros, traduto-res, revisores, editores, livrarias, bibliotecas, etc. O mercado edi-torial não pode depender apenas do governo e também não pode pensar apenas em retorno finan-ceiro. Eugen Rosenstock-Huessy mostrou a relação entre a lingua-

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

gem e as crises na sociedade. É preciso reconhecer que o escri-tor tem um papel fundamental na manutenção da linguagem em uma sociedade.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor o Escritor Carlos Var-gas, que mensagem você deixa para nossos leitores?Carlos Vargas - Minha mensagem é de gratidão pelo apoio que tenho recebido de diversos segmentos da sociedade. Também deixo uma mensagem de incentivo: nunca é tarde para aprender mais. Con-fiem na capacidade humana: po-demos nos desenvolver e sermos melhores do que somos, pois te-mos a dimensão da transcendên-cia. A cada passo que damos na direção do crescimento cultural, podemos encontrar novos amigos que podem nos ajudar, na medida em que enfrentamos problemas parecidos. Não nos deixemos de-sanimar pelas dificuldades. Essa é a lição do “Félix em Busca do Ser Humano”. Nesses contos filosófi-cos encontramos um instrumento para aperfeiçoar nossa capacida-de de diálogo reflexivo. Esse livro é valioso, pois oferece critérios filosóficos para enfrentar proble-mas que nos afetam diariamente.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 17

Por Patrícia Dantas

[email protected]

Licenciada em História e Pós Graduação em Turismo de Base Local (UFPB), blogueira, poetisa, colunista de alguns

portais e revistas eletrônicas

COLUNA: ENTRE IDEIAS & ATOS

O encantamento dos deuses pelos mortais

Intocáveis no mundo, sim, é como algumas pessoas são. Assim, costumo olhar e observar com meu olhar um tanto mais profundo que o normal, algumas situações que fazem algu-mas pessoas se destacarem e parecerem que

guardam uma infinitude no ser, um quê a mais do que possuem os outros - os que chamamos de ape-nas mortais - porque são tão finitos como o fim de um dia de chuva – daqueles que molham, esfriam, umedecem, e quando menos esperamos logo apa-rece aquele dia cheio de raios quentes e dourados, com um rei esbelto lá no alto. Há quem prefira os dias mais frios para acalentar e cuidar da alma, e há também os que preferem os dias mais quentes para voar no horizonte. Todos têm o direito de escolher, somos livres para isso.

Tenho esse jeito meio clínico em relação às pesso-as, olho e vejo a forma de estarem no mundo, como se portam, como são vistas, e muitas vezes até como gos-tariam que fossem. Não, não cursei Psicologia, a mi-nha psicologia maior é a da vida – a que tenho e pers-cruto todos os dias, sem meios-termos e com intensa vontade de desvendá-la por inteira, mas perderia toda a graça, já que o mistério todo consiste em não saber.

Mas algumas situações parecem que não casam, não se ajustam à nossa mais aguda percepção. Como as pessoas simplesmente se vão? Como, de um dia para o outro, não estão mais aqui entre a gente? Como resolvem nos deixar, assim, sem ao menos uma carta de despedida? E sua família, seus amigos, seus conhecidos, seus desafetos? Sim, todos se inte-ressam e gostariam de uma explicação convincente antes da pessoa pegar as malas e partir para bem lon-

ge, para nunca mais voltar. Sorte para quem acredita em outras formas de vida, para estes, existe o alento e a compaixão (e talvez até uma despedida secreta) para os que choram sem acreditar nessas viagens tão bruscas, sem avisos prévios, como uma surpresa para os desavisados e uma mudança de vida.

É assim, não temos noção das horas que passam! Seria muito entediante pararmos para olhar as ho-ras, ter a cruel consciência da sua passagem minucio-sa e acompanhar seus passos desajeitados em nossa pele, marcando sons, batidas e sabores para todos os momentos, como uma infindável feira com tudo misturado, sem nos oferecer a melhor opção. É meio confuso e difícil de nos encantar com horas tão curio-sas, aleatórias e loucas, que se intrometem sempre na vida da gente, sem pedir permissão. Digo sempre que não preciso saber para onde elas vão, não me interessa seus planos tão bem arquitetados, como quem está sempre tramando algo e traz sempre a melhor carta na manga, prestes ao grande truque.

Na mitologia grega existem dois personagens que nos comovem e revelam o encantamento e fas-cinação que os deuses podem ter pelos mortais. Eros e Psiquê, um deus e uma mortal. O amor e a alma. Uma atração fatal. Uma simbiose. Uma história de luta, poder, inveja, encontros, descaminhos, trans-formação, amor, vida, união e eternidade. Poderia ser a história de qualquer homem que vive e dese-ja ir além do que está escrito, buscar a liberdade da alma diante do amor; a história do homem que mor-re para passar por uma metamorfose e viver agora com outras asas que alçarão voos mais altos, mais leves, mais belos e sublimes.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 19

Entrevista escritores Catia Mourão e Johnatan Souza

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

“Catia Mourão é apaixonada pelo mundo da literatura desde menina, quando aos sete anos sua tia, que é educadora e poetisa, lhe presenteou com exemplares de Ilíada e da Odisseia de Homero. Johnatan Souza é um jovem profissional do mercado literário de São Paulo e tem como maior paixão a literatura fantástica.

“Ambos tinham um sonho em comum: escrever um romance fantástico de sucesso, em que a história fosse ambientada principalmente em nosso país. Com esse objetivo em mente, a dupla de autores se uniu e juntos criaram a saga Mais Além da Escuridão.” Boa Leitura a todos!

Primeiramente, é um prazer contarmos com a participação de vocês no projeto Divulga Escritor. Catia, conte-nos em que momento você e o Joh-natan iniciaram a escrita de “Mais Além da Escuridão”?Autores - Iniciamos o projeto há aproximadamente um ano e meio. A prin-cípio a ideia era escrever um único livro, mas durante o processo de criação a trama tomou outra proporção, então optamos pela série.

Que metodologia está sendo utilizada para a escrita do livro a dois?Autores - Muita gente nos faz essa pergunta. A maioria imagina que cada um escreve um capítulo ou fica responsável por um determinado personagem, mas não é assim que acontece. Na verdade escrevemos juntos, revisando e trocando ideias a cada trecho. Não poderia ser de outra maneira ou não conseguiríamos passar para aos leitores a sensação de homogeneidade na íntegra da obra.

Como foi a escolha do enredo e personagens?Autores - Somos dois apaixonados por literatura fantástica e o tema era uma ideia antiga, então quando a oportunidade surgiu, tivemos apenas que partir para a criação dos personagens. Os personagens centrais apresentam alguns traços e características de nós mesmos e os personagens secundários, assim como muitas situações representadas na trama, foram inspirados em pessoas com quem nos relacionamos e também em experiências vividas ou observadas no dia a dia, sempre em levando em conta à própria evolução

20 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

e o amadurecimento dos perso-nagens ao longo da história. Talvez por isso os leitores se emocionem e se identifiquem tanto com nossos personagens, já que muitos deles se veem em situações que vão de encontro a suas próprias experiên-cias e anseios.

A obra está dividida em quantos vo-lumes?Autores - Mais Além da Escuridão terá seis volumes. “Entre Nós” foi o primeiro e o segundo volume será “Revelações”, que já está quase pron-to. O pré-lançamento será dia 31/08 na 23ª Bienal do livro em São Paulo.

Conte-nos sobre o conjunto da obra, de que forma está contex-tualizada?Autores - Os três primeiros vo-lumes da série narram à história dos personagens centrais, desde o momento que seus caminhos se cruzam até o final da trama, com a batalha épica entre anjos e os vampiros. Os volumes seguintes (4, 5 e 6) contarão a história de vida pessoal de cada um dos três personagens centrais. Assim tere-mos um livro que conta a história da Carlie antes e depois de ser convertida, até conhecer o anjo. Um livro que vai contar a histó-ria do anjo, antes e depois de sua queda e a busca pela redenção. E um livro que contará a trajetória de Donovan, desde seu “nasci-mento” até sua paixão por Carlie, motivo pelo qual ele renegou seu clã de origem.

Onde podemos comprar o livro?Autores - Por enquanto no Clube de Autores através do link www.clube-deautores.com.br/book/158582--

Mais_Alem_da_Escuridao. Em breve estará disponível também nas gran-des livrarias on line, como a Amazon, a Kobo, a IBA e outras.

O que os leitores podem esperar em “Revelações”?Autores - Muitos segredos que fi-caram ocultos em “Entre Nós” se-rão revelados no segundo livro e também surgirão novas situações que os leitores nem imaginam. Vários personagens novos entra-ram na história e alguns deles te-rão papel fundamental no final da trama.

De que forma vocês divulgam o seu trabalho?Autores - Iniciamos o trabalho de divulgação da obra principalmen-te através das redes sociais e das páginas especializadas em litera-tura. Com isso, começamos a ser descobertos pelos Blogs literários e surgiram os primeiros eventos e agora a oportunidade para parti-cipar da Bienal.

Quais as mudanças que vocês consideram necessárias para o mercado literário no Brasil?Autores - A principal dificuldade para os autores brasileiros e ter a oportunidade real de apresentar sua obra para as grandes editoras, que em geral, só se interessam por obras de autores estrangeiros ou depois que o autor consegue alguma notoriedade. O trabalho árduo de divulgação inicial para ganhar espaço e reconhecimento acaba recaindo sobre os próprios autores. Longe de nós a intenção de criticar as editoras. Entende-mos que existem questões finan-ceiras e comerciais, que envolvem a publicação de um livro. Mas acho que os leitores já mostra-ram que gostam e estão abertos a obras de autores nacionais e as editoras deveriam repensar suas estratégias de seleção, na hora de definir o que vão ou não publicar.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Agradecemos pela participação no projeto Di-vulga Escritor. Foi muito bom conhecer melhor a dupla Catia Mourão e Johnatan Souza. Que mensagem vocês deixariam para nossos leitores?Autores - Que continuem va-lorizando os autores nacionais porque só vocês podem mudar a realidade do mercado literário em nosso país e para aqueles que são pais, incentivem seus filhos a ler. Não existe maior estimulante para o desenvolvimento do ser humano do que uma boa leitura.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 21

Abuso Sexual e Direitos Humanos

ParticipaçãoEspecial

Escritora Fabiana Juvêncio

O abuso sexual tem sido considerado um enorme agravo à saúde pública, e a literatura especiali-

zada demonstra a existência, em diversos países, de programas de desenvolvimento para estudo, prevenção e tratamento. No Bra-sil, apesar do crescimento de pes-quisas que investigam os efeitos desta forma de violência, aponta--se a necessidade de estudos para verificar a capacitação, formação do educador e sua atuação com a vítima de abuso sexual.

A opção pela temática do abuso sexual, como objeto de pes-quisa, foi estimulada pela grande-za impactante causado na essência do ser humano. Esta escolha foi dada pela elevada estimativa do abuso sexual em crianças e adoles-centes como um dos monstruosos conflitos enfrentados na socieda-de atual. O objetivo deste estudo é analisar a estratégia da escola diante dos casos de abuso sexual sob o olhar dos seus educadores.

O presente livro surge a par-tir das anotações e do locus de pesquisa realizada por ocasião do Mestrado em Ciências da Edu-cação efetivado na Universidade

Lusófona de Humanidades e Tec-nologia – Lisboa/ PT, cuja pesqui-sa foi realizada numa Instituição escolar da rede pública municipal da cidade de Cabedelo, no estado da Paraíba/Brasil entre os meses de agosto a março, dos respecti-vos, anos de 2009 e 2010.

A presente pesquisa de mes-trado tem como objetivo analisar a estratégia do âmbito educacio-nal diante dos casos de abuso se-xual, adequadamente, em casos de suspeita de abuso sexual en-tre seus alunos. Estudo com este objetivo pode contribuir para qualificar o funcionamento da escola a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, o qual no Brasil ainda apresenta sérias dificuldades para desempenho e aplicação das leis definidas pelo ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990).

A Introdução apresenta o problema do abuso sexual contra crianças e adolescentes.Seu obje-tivo é definir o objeto de estudo, apresentado seus malefícios para o desenvolvimento psicossocial de suas vítimas, bem como, o meio utilizado pelo professor e a Escola em casos de ocorrência de abuso sexual.

Quanto à organização, este livro está estruturado em quatro capítulos conforme o que se co-loca abaixo além das partes que tratam da Introdução, Referên-cias. Uma vez que o fenômeno do abuso sexual foi tomado como categoria teórico-empírica cen-tral desta pesquisa, foram trans-critos os relatos sobre o conheci-mento deste tipo de violência de professores que são profissionais e atuantes da Educação. A pes-quisa também tem uma vertente quantitativa, à medida em que no texto foi acrescentado estudos estatísticos sobre a temática, efe-tuados a nível internacional e no Brasil e se procurou estabelecer o confronto entre os resultados obtidos e os dados recolhidos e detalhadamente apresentados no seu quadro teórico. O sujeito da pesquisa foi composto por profes-sores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II. Todos os cola-boradores do estudo são adultos e têm idades entre 25 e 50 anos.

O Capítulo 1 foca o abuso se-xual e a escola, o enquadramento jurídico quanto aos direitos e ga-rantias e os artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente, como também, as consequências des-

22 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

sa violência para o menor vitimado. A literatura pesquisada ofereceu subsídios para promover uma discussão a partir dos aspectos reflexivos sobre o abuso sexual e os males gerados por essa agravância. Ressaltamos os elementos de ordem conceitual relativos ao aprofundamento

da temática escolhida, seguidos de uma retros-pectiva sobre a origem e condições de implanta-ção de formação continuada, sua institucionali-zação, os avanços e as limitações.

No Capítulo 2, sob essa perspectiva de con-textualização, foi definido o tipo de pesquisa, o universo estudado e os sujeitos que participa-ram da mesma, além dos instrumentos de cons-trução dos dados, os procedimentos utilizados para tal construção e os instrumentos e técnicas utilizados na análise e interpretação dos dados construídos.

O terceiro capítulo apresenta a análise e os resultados dos dados construídos ao longo desta investigação, a partir do levantamento de infor-mações sobre o abuso sexual, observações e en-trevistas. Com a utilização da técnica de análise de conteúdo, elucidamos os dados qualitativos e quantitativos que deram margem a inferências significativas para o estudo do abuso sexual.

Nas considerações finais, comentamos o abu-so sexual como gerador efetivo de grandes confli-tos para a vítima e para o seu desenvolvimento mental e cognitivo. O Agravante tema necessita, na sua essência, estar contido no processo refle-xivo dos profissionais da Educação; e, no entanto, em sua trajetória, tem contribuído pouco para a inovação da estratégia diante de casos de abuso sexual sofrido pelos alunos, devido a diferentes fatores, tais como: as raízes históricas; a ausência de informação/qualificação e, principalmente, de uma cultura de participação.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 23

Escritor Helton Lacerda é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escri-tor. Conte-nos o que o motivou a escrever o seu primeiro livro “Assim Fa-lou Dona Creuza”? Helton Lacerda - Dona Creusa é inspirado numa tia. Ela morava no bairro Mallet, no Rio de Janei-ro, e faleceu. Mas en-quanto viveu, Tia Ivete foi a Dercy Gonçalves da família, falava alto, chamava as coisas pelos seus nomes, não importava que outros parentes mais sérios estivessem presentes. Mas, convenhamos, churrasco de sábado à tarde não é lugar pra gente séria demais. Essa maneira agressiva dela de falar causou for-te impacto na minha infância, porque minha tia era desbocada, mas os gritos de meu pai, cobrando bons modos à mesa, também impressiona-vam. No meio desse festival de aspereza, havia esses encontros fami-liares onde quase sempre saia uma fofoca, e o clima pesava por meses. Dona Creusa representa isso - ser responsável por educar alguém, sem ter tido educação para isso. O resultado foi um livro longo. O poema nem está dividido em partes, o que facilitaria. Ficou algo pesado de ler, porque a ideia era transmitir a chatice, benéfica e torturante, de uma mãe infeliz que tenta forjar valores morais - da periferia - para que a filha se torne feliz. Tudo isso em versos quebrados e irregulares, como a vida de tudo o que é narrado em tom homérico de fofoca. Lembro que cheguei a enviar um exemplar deste livro à senadora Benedita da Silva. Outro, para o deputado Jair Bolsonaro.

Que temas você aborda nesta obra?Helton Lacerda - Os temas são família, relações amorosas, convívio com a vizinhança e fatos cotidianos. Parte deste livro foi escrita nas horas va-gas em que eu trabalhava como atendente comercial em uma agência dos correios, num bairro tido como violento. Gardênia Azul. Cenas de execuções sumárias que ouvi em conversas regadas a muita cerveja fo-ram parar naquelas páginas. Assim como a cena do pai que foi buscar

Entrevista escritor Helton LacerdaHelton Lacerda Dantas, 38 anos. Carioca. Formado em Cinema e Vídeo pela Universidade Federal Fluminense. As salas de aula marcaram de modo profundo a visão do autor quanto a relacionamentos. Tal vivência imprimiu um olhar sombrio capaz de detectar a ameaça por trás de cada sorriso, desde a época em que os colegas de turma eram apenas uma figuração que ensaiava às pressas essa grande tragédia que é a estrutura ácida e claustrofóbica da sociedade brasileira.

“Por isso, “ler” continua a ser uma ação mágica. E é a solidão, que às vezes me incomoda, a única capaz de impor essa magia, primeiro pela disciplina, depois pelo prazer.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

24 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

o filho preso na delegacia e, ao saber que o motivo da prisão foi por causa de maconha, criticou a polícia por falta de pulso di-zendo “ué? Mata!” Sem dúvida, um livro que eu concebi para ser adotado nas escolas.

Quando você escreveu o seu primeiro livro já tinha planos para publicar o segundo? Em que momento você começou a escrever o seu livro “Porte de Arma para Poetas”?Helton Lacerda - “Assim falou Dona Creusa” foi meu primeiro livro com formato e propósito definido. Antes dele, a minha produção foi caótica e movida apenas pelo ódio. Tentativas ex-perimentais e sem relevo que não geram interesse justificável. Eu penso que quando o escritor encontrou, dentro de si, aquela área onde existe um cordão de isolamento emocional, é dali que partirá o estímulo necessário para a grande insatisfação que nos faz desconfiar quando algo ficou por dizer. No meu caso, das experiên-cias que acumulei - e que me ser-vem de base para criação - a sala de aula foi a mais enriquecedora, por causa do seu lado degradan-te. Mas por que não falar de coi-sas boas? Todos nós sabemos o que há de bom no tal convívio - se é que isso ainda existe - na sala de aula. O problema é que essas coisas boas dão trabalho, e muito, para serem vistas. E mais ainda, para serem vividas. Já o que há de pior é considerado normal. Coi-sa da idade. E da modernidade. “Porte de Arma para Poetas” foi escrito contra a falta de autono-mia para lidar com as agressões

vindas daqueles que pensam que estão ajudando. Contra os pais que não conhecem seus filhos. Contra a famigerada década de 1990, com a morte da predisposi-ção à amizade.

Como foi a construção do seu livro “Porte de Arma para Poe-tas”?Helton Lacerda - “Porte de Arma para Poetas” foi concebido para guiar o leitor por um percurso de revoltas. Uma vez eu vi o comen-tário de uma ex-colega de turma (a quem eu já não dirijo a palavra há anos, por estupidez dela). Pois a estúpida comparou a internet a um pátio de hospício, com as pessoas falando sozinhas. Eu pen-so que o pátio do hospício ainda pode ter mais valor moral do que certas famílias onde o coronelis-mo casamenteiro impera. Este é um livro que julga e que acusa.

Porque mostra, além da indife-rença, o quanto é ruim a dife-rença de tratamento, quando o conceito de amizade se torna refratário ao que é considerado não-militante, não-coletivista. Personalidade e intimidade se tornaram barreiras numa ju-ventude tão insegura que, sem autonomia para agir ou reagir, recorre à lei para se defender contra o assédio. “Porte de Arma para Poetas” é uma ferra-menta para afiar os punhais do nosso olhar para estas e várias outras humilhações - que não são apenas por centavos, no caso dos ônibus; nem apenas por transtornos psiquiátricos, no caso de qualquer escola in-vadida a tiros.

De forma geral qual a mensagem que você quer transmitir ao lei-tor através de seus textos literá-rios?Helton Lacerda - A mensagem que eu procuro passar é a de que sempre é possível ir de um extre-mo ao outro, para ser respeitado. Ou seja, se na véspera o cara era avo de chacota, o sujeito é zuado até os ossos, rebaixado, de faze-rem o coitado chorar; e, no dia seguinte, ele paralisa pelo medo, com a própria existência.

Onde podemos comprar os seus livros?Helton Lacerda - “Assim falou D. Creusa” está no site da LP--Books Livraria. Já o “Porte de Arma para Poetas” está no Clube de Autores(www.clubedeautores.com.br), onde também há um terceiro livro meu chamado “Seu Esteves - a Saga do Machão-Con-

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 25

versinha, Teoria e Prática da Safa-deza”, sobre uma figura folclórica, morador de Bangu e conhecido pela grosseria e falta de tato nas relações familiares.

Quais os seus principais objeti-vos como escritor? Pensas em publicar um novo livro?Helton Lacerda - Meu objetivo é denunciar coisas que são inacei-táveis, porém vistas como rotinei-ras, e até tradicionais. E isto para muito além de um mero conflito de gerações num país onde nem precisa mais ser idoso pra ser des-qualificado como velho. Basta ter nascido uns cinco anos atrás para ser chamado de “bad option”, na terminologia sofisticalóide de Fernando Henrique Cardoso. Ed-gar Morin escreveu que o não-po-lítico é comportado pela política. E todas as relações afetivas são, por uma desgraça secular, politi-záveis. Por isso, eu vou revisitar a década de 1990 em meu próximo trabalho. Será sofrido porque vou trazer à baila muito do que acon-teceu comigo. Se na época dos hippies, os professores eram vis-tos como inimigos. Nos anos 90, o inimigo eram as famílias dos co-legas de turma. Hoje, são os pró-prios colegas.

Quais os principais hobbies do escritor Helton Lacerda?Helton Lacerda - Se fazer provas de concurso público puder ser considerado um hobbie, eu agra-deço à iniciativa privada que per-deu credibilidade, num mercado nada confiável, e que fez com que se criasse um funcionário públi-co mais proativo, decidido a não mais se submeter a nada além

de uma simples e austera cadeia de comando, sem bajulação de qualquer espécie. Trabalho tam-bém pode ser um hobbie. Amo o que faço, mas já não faço tanta questão que me amem. Quando um hobbie é solitário, elimina-se o que mais poderia trazer proble-mas: a convivência. Por isso, “ler” continua a ser uma ação mágica. E é a solidão, que às vezes me in-comoda, a única capaz de impor essa magia, primeiro pela discipli-na, depois pelo prazer.

Como você vê o mercado Literá-rio no Brasil?Helton Lacerda - Poucas pessoas falam sobre a necessidade de se reconhecer o ofício de escritor como profissão. Propostas seme-lhantes já foram rechaçadas em debates no Congresso Nacional. E não há mesmo um consenso. Não há mesmo sequer o que eu possa chamar de categoria organizada de forma sistêmica, abrangente e inclusiva. No momento em que concedo esta entrevista, há um movimento reivindicatório cole-tivo de paralisação das atividades dos agentes públicos ligados ao Ministério da Cultura. A Funda-ção Biblioteca Nacional está em greve por direitos a acordos tra-balhistas que foram assinados e não foram cumpridos. Querem melhores condições de serviço, verbas, e tratamento digno aos aposentados . Pergunto: qual foi o escritor de renome nacional a se solidarizar conosco, indo pes-soalmente aos locais públicos em que os trabalhadores se reúnem para debater os rumos do movi-mento? Hoje é 12/05. Primeiro dia de greve. O mercado edito-

rial tem a ver com isso porque o número ISBN, no cadastro inter-nacional, é feito pela Fundação Biblioteca Nacional. O serviço vai ficar parado enquanto as instân-cias decisórias governamentais não olharem para todas as possi-bilidades técnicas dos servidores com a seriedade necessária.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?Helton Lacerda - Falando espe-cificamente sobre a questão dos autores independentes, é can-dente a falta de acesso a uma es-trutura logística de distribuição e de divulgação à altura de tornar vendável um produto, que não foi concebido para ficar encaixotado. Por mais mal escrito que esteja, ele tem valor. Se não pelo próprio livro, que se invista na pessoa, na figura, na persona midiática do autor. Mas isso eu deixo para os publicitários.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor o Escritor Helton La-cerda, que mensagem você deixa para nossos leitores?Helton Lacerda - Numa sala de aula, só abaixe a cabeça se for pra escrever contra quem te agride.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

26 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 27

Escritor J.R. Digenio é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte--nos como começou o seu gosto pela paranormalidade?J.R. Digenio - Acredito que isso já tenha nascido comigo, o gosto e a curiosidade sobre tudo aquilo que não conseguimos explicar, mas, que, com um pouco de sintonia, podemos presenciar ou, pelo menos, achamos que sim.

Em que momento pensou e come-çou a escrever o seu livro “A Casa da Cristaleira”?J.R. Digenio - Há aproximadamente 2 anos, não conseguia mais segurar o ímpeto de minha mente para escre-ver sobre um suspense com requin-tes de paranormalidade. Lembrei--me, então, de um fato curioso que acontecia na minha antiga residên-cia. Na sala de televisão, havia uma cristaleira que separava a sala de jantar e, quando assistíamos alguns programas à noite com a luz apaga-da, toda vez que me dirigia para a co-zinha, ainda no escuro (gosto muito de vagar pela casa no escuro, coisa de louco, kkkk), me via contemplando os reflexos azuis em movimento, forma-dos pela luz da tv que passava nos cristais e, assim, surgiu a ideia para o livro.

Como foi a construção do enredo e personagens?J.R. Digenio - Como a livro começa aqui no Brasil e logo vai para uma

Entrevista escritor J. R. DigenioJ.R. Digenio nasceu e foi criado na cidade de São Paulo. Formou-se em Administração de Empresas, é empresário e inventor por natureza, tendo exercido diversas outras atividades antes de dedicar-se a este mágico e delicioso mundo da escrita, onde a realidade e a fantasia se encontram. Apaixonado pelo sobrenatural, “A Casa da Cristaleira” é seu romance de estreia e “1,2,3... Contos do Além”, seu primeiro e-book de contos.

“Nunca deixem de ler e se informar, pois só assim estarão realmente preparados para ter uma opinião própria e não aceitarão que outros digam o que fazer e para onde ir.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

linda e pitoresca cidade nos E.U.A., Englewood, tive de pesquisar muito sobre o local e adjacências, costumes e fatos históricos, tanto recentes, como da fundação da região de Wall Street. Os personagens foram apare-cendo a medida que ia desenvolven-do o enredo e, quando me deparei, eles já haviam ganho vida própria, às vezes tendo muito mais importância do que eu imaginava.

Você gosta de escrever textos para-normais, conte-nos qual a mensagem que quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?J.R. Digenio - Na verdade, o que eu mais gosto de fazer é entreter os lei-

28 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

tores, com histórias que poderiam ou não ser reais e, lógico, deixá-los com um pouquinho de medo e re-ceio, já que se trata de um assunto ainda considerado tabu. O que mais quero transmitir, na verdade, é que esses fenômenos paranormais exis-tem sim, mas que não devemos ter medo, pois na maioria das vezes são inofensivos e, quem confia em Deus, não precisa temer.

Onde podemos comprar o seu livro?J.R. Digenio - Pela internet, é possível comprá-lo na maioria das grandes livrarias, inclusive na versão e-book. Passarei o site da editora, onde o frete é grátis e o preço é o menor de todos: http://www.editorabarauna.com.br/a--casa-da-cristaleira.html

De que forma você divulga o seu trabalho?J.R. Digenio - Principalmente pela internet, com a ajuda de blogs li-terários parceiros, twitter e face-book. Também comparecerei a al-guns eventos literários principais; já estou confirmado na Flipoços, em Poços de Caldas, MG e na Bie-nal de SP, por enquanto.

Quais os seus principais objeti-vos como escritor? Pensas em publicar um novo livro?J.R. Digenio - Na verdade, meu principal objetivo é ser um escri-tor em tempo integral, podendo dar andamento aos meus próxi-mos 7 livros, já com nome, resu-mo e sinopse, sempre de suspen-se paranormal. Gostaria também de divulgar meu e-book de con-tos, lançado pela Amazon. É uma leitura rápida e bem diferente do

usual, chamada “1,2,3... Contos do Além”. O link do site é: http://www.amazon.com.br/Contos-Al%C3%A9m-J-J.R. Digê-nio - Digenio-ebook/dp/B00JH1A-WG0/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1397046253&sr=8-2&keywords=contos+do+al%C3%A9m

Quais os seus principais hobbies?J.R. Digenio - Gosto muito de fil-mes, seja no cinema, tv a cabo ou blu-ray, mas adoro viajar e conhe-cer lugares e culturas diferentes.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?J.R. Digenio - O mercado editorial brasileiro é muito fechado para autores nacionais, preferindo os estrangeiros, mesmo que as suas obras sejam duvidosas. Sem in-centivo, não há como “surgir” novos talentos, pois na prática, as editoras preferem pegar um livro pronto que já vendeu em outros países e publicar sem ris-cos aqui, a apostar em boas his-tórias vindas da própria nação.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor o Escritor J. R. Dige-nio, que mensagem você deixa para nossos leitores?J.R. Digenio - Nunca deixem de ler e se informar, pois só assim es-tarão realmente preparados para ter uma opinião própria e não aceitarão que outros digam o que fazer e para onde ir. Lembrem-se de que o nosso futuro só depende de nós mesmos e não abdique-mos de nosso posto de protago-nistas do futuro, mudando o hoje.Gostaria de agradecer a Shirley M. Cavalcante e o Divulga Escritor pela oportunidade de passar um pouco do meu mundo para essas pessoas lindas que amam a leitu-ra. Para mais conhecimentos so-bre minhas obras e/ou sobre mim e também interações e sorteios de livros, passo alguns links:www.jrdigenio.com.br

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 29

30 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Nessa curiosa epígrafe percebo o sábio como a persona resistente, aquele que escapa-se do costu-me tangente. O desacostumado é considerado descontextualizado, o

que está fora do meio, profano, fora do templo, o templo da bonança alienante. O mundo con-formista é calcado na alegria, é no conforto do espírito enganado que se faz o tolo, o sossegado, distante de insistir numa vida digna, pois não há nele nem a capacidade de reconhecer um mun-do tão desrespeitoso, tão injusto, tão negligen-te. Percebo o sábio na luta pela defesa do que se acredita, o sábio resistente põe-se contrário ao meio passivo, tornando-se ativo, e a situação para isso é tornar-se consciente. O que o sábio resistente acredita nunca é o que o povo na es-fera tangencial acredita, e nesse impasse há de se determinar algumas impressões.

O sábio resistente ocupará a posição mar-ginal, assim como ocupa Antônio Conselheiro na luta por Canudos, numa atitude messiânica; esteve longe dos perímetros regionais do poder

Por Jonatan de Souza Santos

COLUNA: PENSE LITERATURA

PENSAMENTO: BREVES IMPRESSÕES DA RESISTÊNCIA

“El corazón de los sabios está en la casa del luto” Eclesiastés 7:4

dominante, atuando com a força resistente no sertão onde tudo é ermo, mas forte.

O sábio resistente é visto como um louco, assim como é visto Policarpo Quaresma na de-fesa de uma originalidade identitária, tomando um papel de visionário, protetor do sonho patri-ótico, mas que no fundo era mesmo a proteção de uma pátria mais solidária, mais justa.

Assim “en la casa del luto” o sábio resisten-te possui a força maior, é nesse momento difícil cujo coração se molda; o povo tangencial não se interessa pelo luto, não gosta de ver a morte, po-rém é ali que se vê o destino de todo homem, que se reconhece o verdadeiro trajeto da existência. A palavra existência veio à tona, e é nessa palavra que repousa o sentido implicado ao resistente de espírito, o existencialismo se caracteriza por es-tar numa posição de distanciamento a si mesmo, propício para enxergar a próprio condição vital. No momento da morte percebemos a fraqueza mais acentuada dos néscios, e menos acentuada dos sábios resistentes, pois estes já estão acostu-mados com essa percepção. A percepção de que a vida pode ser mais digna fora de uma rotina mi-serável. Trata-se pois na vida do sábio resistente vida consciente, à luz das verdadeiras faces por trás da carnavalesca máscara. A vida resistente é uma vida filosófica, um caminho de observação à própria vereda, sendo atrativos as especulações, questões e pensamentos da vida e da morte. Di-ria pois que “el corazón de los sabios está en la casa de la conciencia”.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 31

Escritora Lígia Beltrão é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?Lígia Beltrão - O prazer é todo meu por estar aqui, falando um pouquinho da minha vida. Era bastante tímida, foi quan-do descobri que poderia “falar” tudo o que sentia ao papel. Estava certa. Com quatorze anos já me destacava no grupo jovem do teatro da cidade, do qual fazia parte, inclusive es-crevendo uma peça: A Órfã, que foi encenada com sucesso e o teatro lotado aplaudiu de pé. Na época, não dei muito va-lor a isso, não tinha consciência da importância das artes. Era muito boba. No colégio, já adolescente, era reconhecida por gostar de escrever e destacava-me nas redações tirando no-tas altas. O segredo para a facilidade com a escrita vinha da leitura constante de jornais, revistas e principalmente bons livros. Sonhava alto em ser uma grande jornalista e uma es-critora reconhecida. Viajava mesmo pelo mundo das letras.

Entrevista escritora Lígia BeltrãoNasci em Tupã-SP em 12/03/1957. Filha de pais pernambucanos, viemos embora fixando residência em Garanhuns, de onde sai quando casei, aos dezessete anos. Depois, vim morar em Recife, onde estou até hoje. Escrevo desde muito cedo, com preferência para a poesia, mas gosto também de contos e crônicas. Tive poesias premiadas em alguns concursos nacionais, tendo um poema figurando na Antologia Valores Literários do Brasil de 1987. Fiz uma pausa na vida literária por imposição do marido. Hoje, viúva, mãe de um casal de filhos e avó de quatro netos, retomei minhas escritas e estou com livros prontos e produzindo outros, esperando publicá-los em breve. Estou me preparando para cursar Jornalismo ou ciências sociais. Escrevendo sempre. Terei dois poemas figurando na Coletânea Confissões, da Editora Darda do Rio de Janeiro, que sairá neste próximo mês.

“Fui convidada a ingressar como colunista do Divulga Escritor em Fevereiro de 2014. Desde então, minha vida literária tem avançado bastante com a divulgação do meu trabalho, vendo-o muito bem aceito no país e fora dele, visto o número crescente de visitas em minha página e os pedidos de amizade e de interação, incluindo, ai, escritores que têm me enviado mensagens elogiosas, nascendo assim, grandes e harmoniosas amizades.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

32 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Que tipos de textos gostas de es-crever?Lígia Beltrão - Gosto de escre-ver, mas sei que preciso aprender muito para elaborar um bom ro-mance, o que espero conseguir um dia. Escrevo porque tenho a sensação de extravasar todos os sentimentos de dentro de mim. Gosto de contos e caminho pela crônica, com a mesma paixão dos poemas, mas como sou muito ro-mântica a poesia me seduz com-pletamente. Algumas pessoas leem um texto meu em prosa e elogiam como se fosse um poe-ma. É interessante isso.

Que temas você aborda em seus textos literários?Lígia Beltrão - O amor. Princi-palmente o amor, com todas as suas caras, características e do-res, exaltando os sentimentos circunstanciais que imperam no dia a dia da vida. Tanto na minha, quanto na dos outros. Observan-do acontecimentos, passeando pelo romantismo, pela sensuali-dade, sexualidade, religiosidade, a morte e todas as coisas e dores “agoniosas” do ser humano. Mas gosto também de descontrair, passar alegria e esperança. Tenho leitores que dizem aprender mui-to com o que digo. Às vezes, ser-vem como autoajuda.

Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus escritos?Lígia Beltrão - Tenho uma ânsia grande de mostrar os meus eus acumulados, que são muitos e aflorados, como também a ne-cessidade de passar para o leitor, além da magia das palavras, uma

reflexão a respeito da vida e dos sentimentos que habitam em nós, criaturas. Muitas pessoas me di-zem que eu escrevo para elas. Há uma identificação grande, talvez porque eu escrevo as dores e os amores que todos sentem e não sabem como mostrar ou como falar. Na verdade, acordo o leitor para os sentimentos que vivemos no dia a dia, quase sem perceber-mos. Isso é muito bom. Como se fosse um espelho: eu escrevo e o leitor se vê naquele texto. Há re-flexo.

Pensas em publicar um livro?Lígia Beltrão - Sim. Claro! Pen-so em publicar muitos livros, se Deus quiser. Tenho uns de poe-sias prontos para serem edita-dos. Estou procurando uma boa editora. Estou organizando outro de crônicas e estou juntando al-guns contos também. E em breve, quem sabe, surgirá um romance. Para isso, continuo aprendendo a escrever. Recebi alguns convites para publicar meus textos, há al-gum tempo, o que infelizmente, por conta de problemas pesso-ais, não foi possível. Acabei dan-do “um tempo” na minha relação com a escrita. Recomeço agora, com objetivos bem definidos, pois escrever é como respirar, ou seja, não posso parar, porque es-crevendo, desnudo-me e encon-tro-me com o mundo e comigo mesma.

De que forma divulgas os seus textos literários?Lígia Beltrão - Eu nunca divulguei meus escritos, guardava só para mim. Meus papeis eram meus confidentes imaginários, que me

ouviam e continuavam ali, mu-dos e confiáveis. Uma pessoa que muito amei, antes de mor-rer, pediu-me que eu escrevesse bastante e mostrasse ao mundo, pois iria fazer-me bem. Aten-dendo a esse pedido, comecei a postar nas redes sociais. Divulgo em páginas e grupos ligados à li-teratura, na internet. Tendo uma página no Facebook (www.face-book.com/ligiabeltrao) comecei a publicar poesias, crônicas e mi-cro contos, surgindo dos leitores elogios e cobranças por um livro.Desde Fevereiro sou colunista do site Divulga Escritor (http://www.divulgaescritor.com/products/ligia-beltrao-colunista ) e através deste, meus escritos estão atra-vessando o Atlântico, trazendo--me amigos, escritores e poetas, além de grande visibilidade aos meus textos.

Conte-nos sobre sua experiência como colunista Divulga Escritor.Lígia Beltrão - Fui convidada a in-gressar como colunista do Divul-ga Escritor em Fevereiro de 2014. Desde então, minha vida literária tem avançado bastante com a di-vulgação do meu trabalho, ven-do-o muito bem aceito no país e fora dele, visto o número crescen-te de visitas em minha página e os pedidos de amizade e de intera-ção, incluindo, ai, escritores que têm me enviado mensagens elo-giosas, nascendo assim, grandes e harmoniosas amizades. Quero agradecer e parabenizar a todos os que fazem esse site, ressal-tando sua importância, para nós, que mexemos com as palavras e, especialmente, para mim. É um orgulho fazer parte deste elenco.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 33

Quais os principais hobbies da escritora Lígia Beltrão?Lígia Beltrão - Gosto de cinema, teatro, boa música, palestras, en-contros com amigos para um gos-toso papo e, claro, ler. Por falta de tempo, não estou lendo o tanto quanto gostaria, mas sempre te-nho um bom livro à mão. E escre-ver, é para mim o maior de todos os hobbies, pois só me enche de prazer. Quando me sinto triste, gosto de olhar o mar e “conver-sar” com ele. Refaço-me.

Como você vê o mercado literá-rio brasileiro?Lígia Beltrão - Infelizmente, ainda anda devagar. Está melhorando, mas os passos são curtos. Nós damos muito valor aos escritores de outros países, quando temos espetaculares nomes, que inclu-sive estão se projetando lá fora. As editoras têm medo de investir nos autores pela insegurança do retorno, o que é compreensível, mas não deveria ser regra. Há muita gente boa por ai precisando de uma oportunidade. As magni-ficas Bienais e as feiras literárias, que temos hoje pelo país, estão levando o povo a viver e conviver mais próximo a autores e livros. Isso é bom e nos acena para um engrandecimento na arte literá-ria, como um todo. É importante lembrar que as escolas têm o de-ver de estimular seus alunos a le-rem. As coisas funcionam quando há interação.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?Lígia Beltrão - É extremamente necessário que se criem bibliote-

cas, se estimulem os jovens a le-rem e a conhecerem este univer-so espetacular dos livros. Quem lê aprende a falar, a escrever, a ouvir, a pensar... A universidade nos dá o diploma, mas não o co-nhecimento. A internet está se tornando um veículo propagador da literatura com editoras virtuais e a facilidade de livros e revistas. Os preços dos livros deveriam ser menores, visto que a grande maioria do povo sem um melhor poder aquisitivo fica fora des-se universo. As editoras, por sua vez, deveriam ousar mais, dando oportunidade para os autores mostrarem suas obras. Certamen-te, surpreender-se-iam com o que poderiam ganhar, não só financei-ramente.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor a Escritora Lígia Bel-trão, que mensagem você deixa para nossos leitores?Lígia Beltrão - Que leiam. Leiam cada vez mais e sempre. Valo-rizem o autor nacional porque é ele que conta a nossa história e a da nossa terra com as emo-ções de quem as vive. Invistam no conhecimento, porque esta é uma riqueza única, que ninguém a pode tomar. Quanto mais nosso povo souber, mais ricos seremos, o povo e a nação. Eu não pode-ria terminar essa entrevista sem pedir licença a você, Shirley, para cumprimenta-la pelo excelente trabalho que vem prestando ao mundo literário. Parabéns! Que-ro agradecer imensamente por essa oportunidade de abrir a mi-

nha vida para os leitores, através desta magnífica revista Divulga Escritor e dizer que o site foi um divisor de águas na minha vida, transformando-a, engrandecen-do-a e dando-me prestigio de Es-critora e Poeta, quando eu sou só uma mulher de sentimentos exa-cerbados e apaixonada pela vida, que está aprendendo a escrever. Obrigada, mesmo!

Querida Ligia, fico sem palavras, parabéns a você

por ser tão especial, o Divulga Escritor é nosso.

Você é uma de nossas Estrelas. Parabéns, muito obrigada por fazer parte

da nossa Família.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

34 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Não poderia escolher melhor destino para uma lua de mel como a viagem que fizemos de 15 dias pela Itália. Um destino completamen-te apaixonante, pela beleza, pela história, pela cultura, pelas pessoas, pelo idioma e claro, pela gastronomia. Enfim, uma viagem tão cheia de detalhes que seria impossível descrevê-los em um só texto. Por isso, vamos por partes e pelo inicio da viagem que foi na cidade de Milão.

Milão - 2 dias

Ahhhhhh Milão....o que dizer da capital da moda mundial???....Cidade moderna, agitada, que dá a impressão de que não pára um minuto, é uma mistura de São Paulo com monumentos históricos muito antigos e enormes. Sim, porque quando você se depara com aquelas construções milenares, você fica parado contemplando e ten-tando imaginar como aquilo foi feito há tantos anos sem a ajuda das tecnologias modernas, e se hoje seriam capazes de reproduzir tais belezas. Eu fiquei realmente deslumbrada, porque mesmo pesquisando na net coisas que estudei nos livros de história do colégio e vendo fotos, nada se com-para a grandiosidade de se ver ao vivo e a cores.

Chegamos a Milão a noite e só deu para achar o hotel e jantar nossa primeira pizza ori-ginalmente italiana. Meu professor de italiano

COLUNA: VÍCIO DE VIAGENS

sempre me disse que as pizzas de lá não tem nada a ver com as do Brasil, e ele tinha razão. Primeiro: toda esquina tem uma pizzaria, ou um restaurante que tem pizza no cardápio. Se-gundo: existem poucos sabores de pizza lá e os mais tradicionais possíveis; o lugar que tinha mais sabores de pizza no cardápio, na viagem toda, só tinha oito sabores. As melhores que comi foram Marguerita, Napolitana e uma de salame picante que lembra nossa peperoni. Ter-ceiro: realmente o sabor é diferente, é mais leve e mais adocicado, acho que o tomate deles é mais doce, e os queijos e frios tem outro sabor, tudo muito suave, não pesa na barriga, e a mas-sa é bem fininha.

Na manhã seguinte fomos ao Duomo de Milão, símbolo da cidade, que é a segunda maior catedral do mundo, mas o que impressio-na mesmo é sua arquitetura gótica, achei eston-teante. Você pode entrar na catedral e subir em seu telhado para apreciar a vista da cidade.

Ao lado do Duomo está a Galleria Vitto-rio Emanuele, que foi o primeiro shopping do mundo. A galeria abriga lojas famosas da moda mundial, qualquer mulher enlouquece com aquelas vitrines. Stefanel, Prada, Chanel, Louis Vuitton, e muito mais! Os detalhes de arquite-tura, no chão e no teto, tudo muito trabalhado e de uma riqueza sem igual.

15 dias pela Itália

Duomo

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 35

Por Adriana Gomes de Farias

COLUNA: VÍCIO DE VIAGENS

Mais detalhes e sugestões você encontra no blog viciodeviagens.blogspot.com.br

no instagram @viciodeviagens

Galleria Vittorio Emanuele

Atrás a Galeria tem uma pequena praça com a estátua de Leonardo da Vinci, e em frente a ela fica o Teatro Alla Scala que é um ponto turísti-co, mas estava fechado. Lá tem apresentações de peças e óperas, e uma pequena coleção de roupas, cenários, mascaras de época.

Andando pelas ruas da cidade, chegamos ao Parco Sempione para ver o Castello Sforzesco. É fácil andar nas cidades da Itália, até nas gran-des como Milão, a maioria dos pontos turísticos ficam próximos uns aos outros. Só pegamos o metrô do hotel até o Duomo. Então o esquema é mapa na mão e muita disposição.

O castelo tem um pátio grande, alguns jardins, uma área com um museu, mas nós só caminhamos por ele e atravessamos até o parque que se localiza atrás do castelo. O Parco Sempione é enorme e lindo, uma mistura de cores nas folhas das árvores, a grana verdinha, peque-nos lagos e pontes. Havia muitas famílias, crianças, turistas com suas mochilas e malas, ciclistas, cachorros. Adorei passear por dentro do parque, eu particularmente adoro parques.

Terminamos o passeio no Arco della Pace, monumento de 25m de altura do período napo-leônico. É um edifício em forma de um portão monumental com arco, geralmente construído em mármore com o objetivo de ce-lebrar a vitória na guerra na era antiga.

De noite pegamos um taxi para a Corso Como, uma avenida bem conhecida e recomendada aos turistas, cheia de bares, res-taurantes e boates, onde a galera jovem frequenta. A rua termina no arco chamado Porta Garibal-di. Por ali jantamos e encerramos nossa visita a Milão.

Castello Sforzesco e Parco Sempione

Arco

della

Pace

e Porta

Garibaldi

36 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Escritor Pedro Irineu é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?Pedro Irineu - Aos doze anos eu fui presenteado pela minha Tia Mônica com o romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. A versão adulta mesmo, original. De início, não foi uma leitura fácil e eu quase desisti, mas persistente, terminei me admirando pela aventuras do cavaleiro andante. Com muita imaginação, me perguntei se não poderia inventar as minhas próprias estórias. Dez anos depois, mais ou menos, publiquei meu primeiro livro.

Em que momento pensou em escrever o romance “Pelas Mãos das Suas Amadas”?Pedro Irineu - Eu comecei a escrevê-lo em Setembro de 2011, pouco antes ou pouco depois do meu aniversário. Estava no escritório de uma

Entrevista escritor Pedro IrineuPedro Irineu Neto nasceu em Recife, em 21 de Setembro de 1988. É advogado, formado em Direito pela UFPE em 2012. Leitor assíduo de grandes clássicos da literatura brasileira e universal, como Baudelaire, Guimarães Rosa e Machado de Assis, estreou na cena literária com o romance Pelas Mãos das Suas Amadas, pelo qual concorreu ao Prêmio Machado de Assis de Literatura, no ano de 2013, além de obter boa crítica por parte do público pernambucano, com apenas 6 meses de publicação. No mês de maio de 2014, há previsão de lançamento do seu segundo livro: Mulheres de A à Z – Ou Fragmentos de Casos que poderiam ter sido Romances.

“Eu honestamente não vejo nada demais em best-sellers como o Código da Vinci, Um Dia... Com todo os respeitos aos leitores desses livros, mas a literatura nacional ainda produz obras de igual ou superior qualidade, a ponto de estarmos nos rendendo a outros mercados...”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 37

das empresas do meu pai, e en-tão tive a ideia de que escrever um conto de assassinato, lá mes-mo. O romance começou como um conto, pois. Mas aí eu tive outras ideias que se acoplaram ao conto e comecei a desenvolver o romance, que escrevi em mais ou menos um ano, enquanto cursava os últimos períodos da faculdade, estagiava, e preparava o meu tra-balho de conclusão de curso.

Como foi a construção do enredo e personagens?Pedro Irineu - O enredo gira em torno de uma investigação poli-cial, mas o mote do livro é trans-mitir a ideia central sobre como é difícil, na maioria das vezes, você se desapegar sentimentalmente de determinada pessoa. Centra-

do nesse mote, também está a construção da per-sonalidade personagem principal, o detetive Maia, alguém tendente ao dra-ma e à luxúria, embora se ache racional e com eleva-da virtudes morais. A in-vestigação sobre os crimes também será uma forma de autodescobrimento da personalidade do de-tetive. Há também alguns motes paralelos, como o misticismo e as crendices latentes na cultura nor-destina de uma forma ge-ral. Retratando esse mis-ticismo e essas crendices, está a construção da cida-de onde passa boa parte da trama, a cidade de Ou-ricuri.

Soube que vem vindo um novo livro, podes nos

contar um pouco sobre sua nova obra literária?Pedro Irineu - Sim. Será um livro de Contos, Crônicas e Poesias, e abordará o relacionamento do Eu Lírico com as Mulheres. Um pequeno livro de casos amorosos fragmentados, ou fragmentos de casos, retratados ora de maneira carinhosa, contemplativa, até pie-gas, ora apresentado de maneira erótica, lasciva, depravada mes-mo. Esses casos poderiam ter se tornado romances, tanto no sen-tindo vulgar do termo (uma rela-ção mais profunda, mais significa-tiva) quanto no sentido literário mesmo, de estórias que deixam pontas e motivações para possí-veis romances.

Onde podemos comprar o seu li-vro?Pedro Irineu - Na rede de livrarias Saraiva e Cultura. Em Recife, há exemplares nas lojas. Para outras cidades, é possível a encomenda. Também podem adquirir junto a mim, contatando-me por face-book ou pela fan page do livro. A depender do que for acertado, é possível até a aquisição autogra-fada do exemplar.

Você não gosta de livros de “Au-toajuda”, estes tipos de livros costumam ser bestsellers, o que leva você a ter esta aversão ao tema?Pedro Irineu - A minha implicân-cia já começa com o título de al-guns deles... “10 maneiras de ser feliz...”; “Como conquista um ho-mem em...”; “A arte de influenciar pessoas...”. Eles querem transmi-tir um determinado conhecimen-to de forma pronta e acabada, e alguns deles até com uma abor-dagem pseudocientífica, como se viver fosse algo a seu pautado por um simples manual. Para um leitor descuidado, desatento, eu considero isso alienante e ilusó-rio, que pode até fazê-lo se sentir feliz e motivado naquele momen-to específico, em que ele está len-do o livro, mas que dificilmente será algo duradouro, porque viver é um exercício diário no qual é até sábio e aconselhável ter algumas regras práticas - típicas de um li-vro de autoajuda - mas depositar a esperança da solução dos seus problemas nessas regras, e acre-ditar que elas perfeitas e cem por cento eficazes, isso já é outra es-tória... Não é que a literatura não possa servir de “autoajuda”. Os

38 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

melhores romances geralmente são aqueles que trazem lições valiosíssimas sobre a hu-manidade, mas eles geralmente vem com um enredo fascinante também, ao contrário da pobreza literária franciscana de certos tipos de livros de autoajuda.

Quais os seus principais hobbies?Pedro Irineu - Gosto muito de música, con-versar com os amigos, conhecer novas pes-soas e novos lugares, jogar tênis e futebol e experimentar alguns esportes radicais que não envolvam altura... Mas não sou muito ex-cêntrico não.

Quais os seus principais objetivos como es-critor?Pedro Irineu - Sou um rapaz um pouco ambi-cioso, e como nenhum brasileiro ainda logrou atingir esse feito, espero consegui-lo: Quero ganhar o Prêmio Nobel de Literatura e ser su-cesso de público e crítica, mas eu não deixo que essas expectativas me tirem o prazer de digitar cada palavra de uma estória, tal qual eu fazia quando era criança, despretensiosa-mente, embora eu goste de planejamentos.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Pedro Irineu - Parar de importar autores es-trangeiros de qualidade duvidosa, e divulga--los como se eles fossem o supro sumo da literatura mundial, só por causa de uma nota do New York Times dizendo em letras garra-fais “Excelente! Fenomenal!”. Mas por que excelente?! Por que fenomenal?! Eu honestamente não vejo nada demais em best-sellers como o Código da Vinci, Um Dia... Com todo os respeitos aos leitores desses livros, mas a literatura nacional ainda produz obras de igual ou superior qualidade, a ponto de es-tarmos nos rendendo a outros mercados...

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Pe-dro Irineu, que mensagem você deixa para os nos-sos leitores?

Pedro Irineu - Espero ter despertado o interesse para aquisição e leitura do meu romance, assim como pela minha figura como escritor. Agradeço também a oportunidade concedida pela Projeto Divulga Escri-tor, e gostaria de lembrar que todo escritor, come-çou, permaneceu e terminou como um assíduo leitor.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 39

O acelerado processo de incorporação e assimilação de cul-turas entre os povos trouxe crescentes

transformações às sociedades humanas. Das consequências da saga globalizante, destacamos a transmigração de costumes nobi-liários, que emolduravam apenas os cenários socioculturais de na-ções com tradição monárquica, mas que sobreviveram integrados à nova e grandiosa comunidade mundial.

Nesse contexto, ao lado da preservação de direitos huma-nos fundamentais, manifesta-se também a possibilidade de cida-dãos, nacionais ou estrangeiros, aqui radicados, ostentarem títu-los nobiliárquicos hereditários, e eventuais querelas sobre sua sucessão, se aqui ocorrida, serem submetidas a deslinde perante as autoridades judiciárias locais.

É sabido que a nobreza es-trangeira, com investimentos de capital financeiro e tecnologia, esteve presente desde os primór-

A carta nobiliária como bem imaterial transmissível

ParticipaçãoEspecial

Escritoror Mário de Méroe

Fragmentos do livro Tradições Nobiliárias Internacionais e sua integração ao Direito Civil Brasileiro, de Mário de Méroe.

dios da industrialização, e impri-miu sua marca na história pátria. Não há como desconhecer a ala-vancagem econômica e cultural que aportou com os Scarpa, Go-mes da Costa, Matarazzo, Rossi di Montelera, Johan-Faber e muitos outros, que moldaram a realidade social da época.

O legado patrimonial daque-las famílias foi incorporado ao panorama econômico nacional. Mas o status nobiliário e, espe-cialmente, sua sequência, nunca foram objeto de maiores inda-gações, pela ausência de regula-mentação dessa modalidade de sucessão hereditária no Brasil.

Entretanto, ao lado do patri-mônio tangível, concretamente inventariável, poderá haver uma carta nobiliária, representativa de uma riqueza imaterial transmissí-vel e indivisível, enriquecendo os ativos patrimoniais do de cujus.

O título nobiliárquico possui seu lastro em valores imateriais, representativos de padrões cul-turais e das tradições da socie-dade à qual pertence a estirpe

do agraciado, constituindo-se em um bem de família, apreciável lato sensu. Se gravado de here-ditariedade, integra o patrimônio histórico e moral do titular e gera expectativa de sucessão mortis causa, na conformidade do regra-mento originário da escritura de outorga.

Cabe uma observação: os bens patrimonialmente avaliáveis são partilhados entre todos os herdeiros, cabendo a cada um o seu quinhão. A sucessão nobiliá-ria, porém, contempla somente um herdeiro, pois o título de no-breza deve ser apanágio de um titular único e exclusivo, em cada geração.

A herança civil é partilhada e transposta, do espólio do autor, diretamente para os herdeiros, sem outras formalidades que o ato legal de partilha, com os regis-tros pertinentes, e recolhimentos dos tributos devidos.

Já a herança nobiliária, como um bem moral transmissível, po-rém indivisível, mantém-se intac-ta quando da sucessão, pois have-rá sempre um único beneficiário em cada geração. Nos países mo-nárquicos, esse rito é previsto em lei, que prescreve todos os atos necessários à continuação do uso

40 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

do título pelo sucessor indicado no ato de constituição do título de nobreza.

Se a Coroa concedente não mais existir como poder estatal no país de origem, a Casa Real remanescente, em exílio dinásti-co, poderá, validamente, dirimir eventuais controvérsias ou adotar providências, e avaliar pedidos sobre as sucessões nobiliárias de sua jurisdição.

A sucessão nobiliária não se-gue a ordem de vocação hereditá-ria, prevista na lei civil. A sucessão nas honras heráldicas segue estri-tamente a ordem estabelecida na carta de instituição, a qual pode não coincidir com a sucessão civil.

Em outro artigo, menciona-remos algumas notas sobre os fi-lhos adotivos, no tocante à suces-são nobiliária.

O possuidor de título nobiliá-rio não pode, moto proprio, cedê--lo, transferi-lo, aliená-lo ou alte-rar a ordem sucessória, em razão de não possuir o ius honorum, que se conceitua como o direito de conferir, validar e reconhecer honrarias, no caso, privativo de autoridades dinásticas.

Eventual manifestação ju-dicial sobre as condições suces-sórias poderá emprestar-lhes aplicabilidade consentânea com o modus vivendi atual; não terá, porém, o condão de estabelecer, negar, confirmar, nem reconhecer as qualidades nobiliárquicas das partes, o que é atributo exclusivo e seara privativa das autoridades dinásticas.

Importante ressaltar, tam-bém, que toda e qualquer orienta-ção que for adotada em razão do pleito, tenha origem em decisão

judicial ou em consenso familiar, terá, mutatis mutandis, efeitos peculiares semelhantes ao “di-reito de Pasárgada”, conceituado por Santos, Boaventura de Souza, limitando sua efetividade apenas às relações intrafamiliares.

NOTA: O livro Tradições Nobi-liárias Internacionais e sua integra-ção ao Direito Civil Brasileiro, de Mário de Méroe, encontra-se dis-ponível na Livraria do site Divulga Escritor: http://www.divulgaescritor.com/products/livro-tradicoes-nobiliarias--internacionais-autor-mario-de-meroe/

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 41

Escritora Rô Mierling é um prazer contarmos com a sua partici-pação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto por contos e crônicas?Rô Mierling - Olá Shirley, é uma alegria estar aqui e ter a honra de ser entrevistada por você. De antemão lhe parabenizo pelo seu projeto e esforços voltados a divulgação de novos autores e

Entrevista escritora Rô MierlingRô Mierling, gaúcha, escritora, ghost writer, revisora literária, assessora editorial há de dez anos. Já revisou e colaborou na finalização de muitos livros, atualmente está lançando seu livro Contos e Crônicas do Absurdo e organizando a 1ª Antologia Amor e Morte. A autora dirige dois blogs literários, duas fans pages, participando ainda como produtora de conteúdo do site Divulga Escritor, Varal do Brasil, Recanto das Letras, Portal da Literatura e Arca Literária, filiada da REBRA. Rô Mierling foi eleita como uma das cronistas premiadas pela Câmara Brasileira de Jovens Autores com o conto Desencontros.

“A impressão que eu tinha era que, para todo lado que olhava, cenas inusitadas se descortinavam e todos os fatos podiam se tornar um conto. E como autora independente, vi a possibilidade da publicação dos contos adicionados a diversas crônicas com base em eventos sociais igualmente absurdos.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

42 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

incentivo real e concreto à litera-tura. Eu tenho interesse por con-tos e crônicas desde que li, aos 13 anos, um livro de Carlos Eduardo Novaes. O livro me foi dado de presente, vindo pelo correio, de um amigo no Japão. Olha que coi-sa não é mesmo? Ele havia visita-do o Brasil, comprado essa obra, leu, amou, percebeu que a obra foi editada no ano do meu nasci-mento (?? Rsrs) e me enviou pelo correio. Eu li, me apaixonei pelo estilo rápido, irônico e dinâmico da leitura e escrita dos contos e eis-me aqui: uma contista.

Você escreveu um livro, onde os textos apresentados são base-ados em fatos reais, como foi a escrita desta obra?Rô Mierling - Começou com o conto Despreocupada, eu pre-senciei o fato que descrevo nes-se conto e achei um verdadeiro absurdo. Em seguida veio o fato que originou o conto Predadora, outro absurdo que eu presen-ciei. Fui tomando notas e quando percebi já tinha mais de 10 fatos ímpares desses anotados em me-nos de uma semana. A impressão que eu tinha era que, para todo lado que olhava, cenas inusita-das se descortinavam e todos os fatos podiam se tornar um con-to. E como autora independente, vi a possibilidade da publicação dos contos adicionados a diversas crônicas com base em eventos so-ciais igualmente absurdos.

Como foi a escolha do Título “Contos e Crônicas do Absurdo”?Rô Mierling - Exatamente pelo lado atípico de cada fato que origi-nou cada conto descrito, são histó-

rias que não podem ser tidas como normais ou corriqueiras apesar de acontecerem de forma mais fre-quente do que imaginamos.

Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?Rô Mierling - A mensagem é: Olhe para o lado. Espante-se. Indague. Critique. Debata assuntos que te espantam. Precisamos parar de olhar, virar a cabeça e ficar cala-dos. O mundo é nosso lugar de convívio social, temos por obri-gação dar alertas para violência, descasos, desrespeitos e fatos absurdos que nos assolam diaria-mente para os quais às vezes, não damos importância.

Rô, onde podemos comprar o seu livro?Rô Mierling - Lanço: Contos e Crô-nicas do Absurdo dia 15 de junhoE Antologia Amor e Morte dia 30 de junho Meus livros vão es-tar sempre à venda nos seguin-tes sites: http://www.romierling.recantodasletras.com.br – aba livros a venda http://clubede-autores.com.br/ - colocando na procura meu nome, aparecem meus livros. Para quem gosta de e-book, meus livros também es-tarão sempre disponíveis em for-mato digital, a venda nas livrarias abaixo: www.livrariasaraiva.com.br http://www.livrariacultura.com.br www.amazon.com

Quais os seus principais objeti-vos como escritora?Rô Mierling - Meu objetivo é expor claramente sentimentos, revoltas, dramas, fatos. Colocar para fora aquilo que muita gen-

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 43

te sente e se cala. Mostrar a in-fluencia e o impacto da literatura na minha vida. Mostrar que todo mundo pode fazer tudo, tanto coisas boas quanto coisas más. O mundo é maravilhoso, mas tam-bém é perigoso.

Pensas em publicar um novo livro? Rô Mierling - Em dezembro vou lançar o livro Contos Confidenciais: o que existe por trás da sua porta? Dessa vez vou mais além. Não será um livro de crônicas, mas somente de contos mais profundos em ver-dades e sentimentos, todos ins-pirados em fatos e pessoas reais. Estou coletando depoimentos, his-tórias e fatos e já desenvolvi boa parte da nova obra.

Quais os principais hobbies da escritora Rô Mierling?Rô Mierling - Ler, ler ler. Escrever e viajar.

Como você vê o mercado literá-rio brasileiro?Rô Mierling - Capitalista e merce-nário. Mas com uma nova porta que foi aberta para autores des-conhecidos publicarem sozinhos ou sob pequena demanda, vejo uma luta sendo travada e bata-lhas sendo ganhas. Nos últimos dez anos jovens de 14 anos estão lançando livros no Brasil. Todos que tinham escritos aprisionados sem oportunidade editorial, hoje se libertam-se através da publi-cação virtual ou independente. Estamos sendo sábios e fazendo nosso espaço, mesmo tendo que lutar de forma ferrenha com algu-mas grandes editoras.

Quais as melhorias que você ci-

taria para o mercado literário no Brasil?Rô Mierling - Acho que deve-mos apostar mais em nosso povo brasileiro. Mais concursos lite-rários, mais cursos de redação e de formação de escritores, mais chances aos pequenos escritores que, por muitas vezes, possuem enredos ótimos, faltando apenas aquela pequena oportunidade. E temos que parar de achar que oferecendo chance aos peque-nos escritores dando a eles 5% ou 10% do preço da capa do livro e lucrando 90%, estamos estimu-lando e ajudando a esses escrito-res. Vamos ser mais parceiros na disseminação literária e cultural.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom conhe-cer melhor a Escritora Rô Mier-ling, que mensagem você deixa para nossos leitores?Rô Mierling - Você lê? Meus pa-rabéns, você é um guerreiro, sua chance de se dar bem na vida, de ter um bom emprego, uma facul-dade, de conseguir bens mate-riais através de seu próprio esfor-ço é infinitamente maior do que as chances de quem não lê. A lei-tura abre portas imaginarias, mas também concretas, ler desenvol-ve a lógica, o pensamento crítico, a imaginação nos tira da apatia social em que o Brasil está inseri-do. Leia mais e ajude a quem não sabe ler. Através da leitura pode-mos mudar o mundo.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

44 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Olá colegas leitores, antes de iniciar o as-sunto de hoje, gostaria de humildemente pedir desculpas pelo texto que escrevi na última edi-ção. Nele eu dava algumas dicas sobre soneto, porém como eu tentei escrever de maneira sim-ples, acabei me esquecendo de tratar de algu-mas coisas que são essenciais para que um poe-ma seja, de fato, um soneto. Por isso, farei agora um pequeno complemento sobre esse tema.

Primeiramente devo frisar que para um po-ema ser considerado um soneto verdadeiro, é necessário que ele contenha algumas caracte-rísticas que são imutáveis, como a metrificação dos versos, que devem ser alexandrinos (com doze sílabas poéticas) ou decassílabos (com dez sílabas poéticas). Outro item que deve ser considerado é o esquema de rimas que, se tra-tando de soneto regular ou petrarquiano, deve ser: ABBA ABBA CDC DCD ou ainda ABBA ABBA CDE CDE. Mas há ainda algumas variações acei-tas. Feitas essas considerações, informo que o poema que enviei na última edição não possui especificações técnicas suficientes para torná-lo um soneto.

Após esse pedido de desculpas, finalmente entrarei no conteúdo desta edição, o poema mi-nimalista.

O poema minimalista, como o próprio nome sugere é aquele que faz uso do mínimo de pala-vras possível em sua composição. Não foi a toa que escolhi esse tema para tratar com vocês, o

Por Alexsander Pontes

[email protected]

Alexsander Pontes é brasileiro nascido em Curitiba - Paraná, formado em Letras e pós-graduado em Produção e

Recepção de Textos

COLUNA: LITERATURA NA PRÁTICA

verdadeiro motivo é que desde 10 de abril até o próximo dia 15 de agosto de 2014, estão abertas as inscrições para o Sexto Concurso Internacio-nal Poetizar o Mundo na modalidade minima-lista. Todavia essa modalidade difere do haicai (forma poética de origem japonesa composta por três versos e 17 sílabas poéticas, cinco no primeiro, sete no segundo e cinco no terceiro verso). No caso da modalidade Minimalista há uma liberdade para a métrica, mas deve conter no máximo cinco versos, de acordo com as re-gras do concurso que é organizado pela escrito-ra e poeta Isabel F. Furini. O tema é livre e as inscrições são gratuitas.

Como de costume, encaminho abaixo um exemplo de poema minimalista:

Quadra ModernistaQueria ser euE não alguémQueria ser tudoMas sou ninguémEspero que vocês se inspirem e façam suas

inscrições.Quero também aproveitar o momento e me

despedir de todos aqueles que acompanharam meus textos nos últimos meses e agradecê-los imensamente. Mando um agradecimento espe-cial à Shirley Cavalcante pelo espaço que me foi gentilmente cedido na revista.

Um abraço especial e boa sorte a todos.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 45

Escritor Rocivan, é um prazer contarmos com a sua partici-pação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em que mo-mento pensou em publicar um livro?Rocivan Amaral - É todo meu o prazer e a honra de ser parte deste nobre projeto, que divulga a cultura e promove o ta-lento de pessoas dotadas a escrita.

Entrevista escritor Rocivan AmaralRocivan Amaral, Nascido em 15 de Dezembro de 1976, na cidade de Brasília, cresceu entre os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e sua terra natal, onde se converteu ao cristianismo aos 14 anos de idade e foi chamado ao ministério pastoral aos 15 anos, quando deu início ao ministério de pregação. Graduou-se em Teologia pela Faculdade Central do Brasil de Minas Gerais (1993 a 1998). É pastor, em Cidade Ocidental, Góias (Entorno de Brasília), onde mora atualmente. É escritor, conferencista internacional, mestre e professor de teologia em diversas disciplinas. Casado com a pastora Wania Leal, que exerce um ministério de restauração emocional de mulheres, os dois servem ao Reino de Deus, com fervor, viajando pelo Brasil e exterior.

“Com toda a sinceridade, estamos no caminho certo. É apenas continuar fazendo, o que está sendo feito com excelência e sem perder o foco que as melhoras irão aumentar cada vez mais. O Brasil já é uma referência literária mundial, isto é lindo.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

46 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Bom, desde a minha adolescên-cia penso em escrever, em ter livros publicados, pois, a paixão por leitura veio desde cedo e por isso consequentemente sonha-se em publicar obras. Como cristão e estudante de teologia desejava seguir esta linha, e ainda garoto escondia-me no meu quarto para ler a Biblia e livros teológicos e destes momentos, elaborava al-guns estudos, apostilas, mensa-gens e nisto a minha mente visua-lizava um dia ter aqueles escritos e muitos outros que eu sabia que ia produzir, transformados em li-vros.

Como foi a escolha do Titulo “To-talmente Consagrado”?Rocivan Amaral - De todos os as-suntos que a Teologia aborda, o que mais me fascina é o que trata do relacionamento que nós hu-manos, podemos ter com Deus, inclusive, por toda a Bíblia perce-bemos que o mais profundo de-sejo de Deus é poder relacionar--se com os seres humanos, de forma íntima, e isso que venho buscando em toda a minha vida. Por isso, por ser um tema que me impulsiona tanto, e tão difícil de praticar, resolvi escrever sobre o assunto entendendo que aquele

que busca a Deus deve ser To-talmente Consagrado, ou seja, entregar tudo que tem e é para o Senhor e nesta obra digo como isso é possível.

Este seu livro ele é composto por textos em prosa? Conte-nos so-bre a construção do enredo des-ta obra.Rocivan Amaral - Não. Esta obra é instrutiva, mas não técnica. Ela é prática, mas não metódica. Es-crevi de minhas próprias experi-ências e percepções bíblicas de como podemos ter uma vida mais próxima de Deus e convidá-Lo

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 47

a uma amizade pessoal. A obra foi inspirada em mais de 320 re-ferências do Livro Sagrado e nas histórias de seus personagens que andaram com Deus.

A quem você indica a leitura?Rocivan Amaral - As pessoas que sinceramente desejam conhecer a Deus e encontrá-lo em suas vi-das, não importa a idade e nem segmento religioso.

Rocivan, onde podemos comprar o seu livro?Rocivan Amaral - No Brasil: nas redes de livrarias Saraiva e Cultu-ra por meio de pedidos. Em Por-tugal: na Livraria Desassossego da Chiado Editora, segue o link: https://www.facebook.com/desassossegochiadoeditora?fref=ts e na rede de livrarias FNAC. E ainda internet no site da editora: www.chiadoeditora.com

Quais os seus principais objeti-vos como escritor, pensas em pu-blicar um novo livro?Rocivan Amaral - Os meus obje-tivos são continuar escrevendo sobre espiritualidade e teologia, tenho muitas obras guardadas sobre estes matérias e o contrato que tenho com a editora irá me proporcionar a não parar mais, porém, tenciono escrever ficção, na verdade, meu maior sonho é esse, inclinado a tramas policiais.

Quais os principais hobbies do escritor Rocivan Amaral?Rocivan Amaral - Além de lê e vi-sitar livrarias, invisto muito tem-po em assistir bons filmes, ouvir boas músicas e passear no Shop-ping, é uma terapia para mim.

De que forma você divulga o seu trabalho literário? Rocivan Amaral - O meu atual projeto divulgo por meio destes links:Conta do Face: https://www.facebook.com/prRocivanPage Pessoal: https://w w w . f a c e b o o k . c o m /RocivanDoAmaral?fref=tsSite do Livro: www.totalmente-consagrado.com Site da Editora: www.chiadoeditora.com entran-do no site é só procurar meu livro na categoria Sentido Oculto que é a categoria Religião da Editora.

Como você vê o mercado literá-rio no Brasil?Rocivan Amaral - Em um conside-rável progresso, principalmente, como nunca antes, este mercado tem dado espaço considerável a novos escritores, isso é fantásti-co. Todo grande escritor (a) um dia foi desconhecido e este apoio que vemos hoje irá com certeza erguer na nação brasileira futu-ros tubarões da literatura. (es-pero ser um deles, rsrs). Todas as editoras (porque nem todas são) deveriam ser mais sensíveis a no-vas gerações de escritores, mais as que são tem meu respeito e aplauso.

Quais as melhorias que você cita-ria para o mercado literário bra-sileiro?Rocivan Amaral - Com toda a sin-ceridade, estamos no caminho certo. É apenas continuar fazen-do, o que está sendo feito com excelência e sem perder o foco que as melhoras irão aumentar cada vez mais. O Brasil já é uma referência literária mundial, isto é lindo.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom co-nhecer melhor o Escritor Rocivan Amaral, que mensagem você dei-xa para nossos leitores?Rocivan Amaral - Não há nada mais importante na vida do que lê, a leitura é a chave que des-trava a mente, que estabelece caminhos planos, que forma as decisões sólidas no caráter e nos permite ter uma vida mais segu-ra e empolgante. Por isso, faça da leitura um estilo de vida e você naturalmente perceberá a dife-rença. Eu que agradeço de cora-ção a oportunidade. Obrigado!

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 49

Grande LixeiraLixo jogadopor todo ladoResto do progressodo mundo urbanosobras do acúmuloLixo classificado(marcas da evoluçãodo universo humano....)espalhado pela cidade!Querido diário peregrinoBernadete Bruto65

Feliz cidadeQue dia mais bonito!No fundo azuldesenham-se nuvens brancasde soberba alvuraMais parece uma pintura!Feliz é quem consegue ver belezaaté dentro da cidadeaproveitar aquele momentoalém de você e de mimentregar-se a naturezae viver assim!Querido diário peregrinoBernadete Bruto109

ParticipaçãoEspecial

Escritorora Bernadete Bruto

SimplesmentePelo mundoa flor nasce ao léua abelha colhe o seu mela formiga segue sua trilhaa borboleta voa pelo céusem grandes causasnem ideologiasApenas cumprem seu papelensinando com sua sina- grande ou pequenina -que cada um é fundamentalsem fazer nada especial.Querido diário peregrinoBernadete BrutoPAG.110RESTA AMOR

Quando mais nada restanesta dura realidadenem mesmo a dor...O que sobrade verdadese não o amor?pág. 20 querido diario peregrino

QUERIDO DIÁRIO PEREGRINO é o mais recente lançamento da Poeta Bernadete Bruto, feito em parceria com o fotógrafo Wagner Okasaki, produzido pela Editora Novoestilo.Trata-se de uma coletânea de po-esias organizadas de forma a con-tar a história de uma pessoa que anda pelo mundo investigando sua verdadeira natureza. O livro foi elaborado de maneira a lembrar um diário pessoal, cons-tando assim o local, data e ao fi-nal da poesia o nome da autora. Cada poesia vem acompanhada de uma fotografia, de modo que amplia a visão desses questiona-mentos diários e que, desta for-ma, acrescentam graça e beleza ao livro.O livro foi lançado no dia 23 de abril, no Forte de Cinco Pontas, Bairro de São José na cidade do Recife, Pernambuco, Brasil , com um recital poético musical intera-tivo, e vem tendo boa aceitação do público.Os livros estão sendo comer-cializados na Livraria Jaqueira ( fone: 32659455) e na Cultura Nordestina, Letras e Artes (fone: 32453927)A SORRIR

Sorriso mutospelas ruasalegria espontâneasimplesIndicandoa forma adequadade levar a vida cotidianasempre sorrindo!pag.21 querido diário peregrino

Contatos com o autora e/ou fotografo: [email protected] e [email protected]

50 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Escritor João Lúcio de Matos é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em que mo-mento pensou em escrever seu livro “ Minha vida na PMMG – Crime e covardia?Tenente João Lúcio - Sempre pen-sei que tivesse tido algo de erra-do na minha prematura reforma. Contudo naquela época da di-tatura militar, a PMMG também seguia as normas do militarismo. Não tínhamos acesso a qualquer documento nosso, em fim, não sabíamos nada de nada dos assen-tamos em nossa ficha funcional. Com o encerramento do perío-do da ditadura militar, em 2008 consegui todos os documentos e ali tomei conhecimento de toda covardia praticada contra minha pessoa. Então escrevi o meu livro numa forma de desabafo e resgate de minha dignidade, pois era cha-mado de simulador de doenças e preguiçoso. Hoje estou mostrando e provando, com farta documenta-ção, quem enrolou quem!

Nem sempre é fácil escrever sobre nós mesmos. Como foi a construção da obra?Tenente João Lúcio - Sei que não é fácil. Mas não escrevi falando de mim e sim mostrando o que acon-tecia naquela época. Então, falei

Entrevista escritor Tenente João Lúcio de Matos

João Lúcio de Matos, 1º Tenente/Reformado da PMMG, 65 anos de idade.Ingressou na PMMG em 1968, na condição de Recruta. Em outubro daquele ano foi promovido à categoria de Soldado de 1ª Classe;Em janeiro de 1969 foi aprovado na Seleção para o Curso de Formação de Sargentos, tendo sido graduado como 3º Sargento PM;Em janeiro de 1970 foi aprovado na Seleção para o Curso de Formação de Oficiais. Em 1973 declarado Aspirante a Oficial PM. Em outubro de 1974, foi promovido ao posto de 2º Tenente PM. Em abril de 1981, promovido ao posto de 1º Tenente PM. Em agosto de 1982 foi reformado (ilegalmente) por problemas de saúde (erro-médico).Em agosto de 2008, tendo conseguido os documentos que provavam a irregularidade da reforma na PMMG, escreveu o livro “MINHA VIDA NA PMMG – CRIME E COVARDIA / ERRO MÉDICO – RACISMO E ABUSO DE PODER”.

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

de outras pessoas que por maldade ou para proteger o Estado comete-ram as maiores atrocidades. Por exemplo: proibiram os médicos de me darem atestado médico para que eu não descobrisse que o diag-nóstico de Escoliose, proferido por um Major Médico, estava errado. Eu tinha uma hérnia de disco e, por indicação do major, me tratavam como sendo portador de escoliose. Se tivessem me operado quando a hérnia surgiu, teria continuado na ativa da PM e conseguido realizar o meu sonho de ser Coronel PM.

A quem você indica a leitura do seu livro?Tenente João Lúcio - A leitura do meu livro, indico a todas as pes-

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 51

soas, tanto militares como civis, principalmente aquelas que tem cargos de chefia e tem pessoas sob seu comando, alertando a todos o que é Bíblico: “ O PLAN-TIO É LIVRE, MAS A COLHEITA É OBRIGATÓRIA”. Digo isto porque todos os que me prejudicaram já estão no segundo andar (morre-ram) e, segundo pesquisei, foram com muito sofrimento. Portanto, não devemos desafiar o poder de Deus pois: Deus é tão bom que nos permite plantarmos o que quisermos e também, Deus é tão justo que nos permite colhermos tudo aquilo que plantamos. Por-tanto vamos plantar bons frutos para termos boas colheitas.

Onde podemos comprar o seu li-vro?Tenente João Lúcio - Com vocês, através do Facebook, pelo meu e--mail: [email protected] ou através dos meus telefo-nes: (34) 9113-8359 (TIM) / (38) 9816-9007 (VIVO) . Para concre-tizar a venda o futuro cliente de-verá depositar R$25,00 na minha conta – João Lúcio de Matos - Banco do Brasil - Agência: 1001-4 - C/Corrente: 37.610-8, confirmar o depósito através do meu e-mail e enviar-me o endereço comple-to. O livro será entregue pelos Correios. O tempo para entrega vai depender da distância. Obs: Fineza guardar o comprovante de depósito.

João, que tipo de textos gostas de escrever?Tenente João Lúcio - Gosto de escrever textos que levem o ser humano a refletir sobre o TER e o SER. Hoje, para TER: casa bonita,

carro e moto importados, dinhei-ro em Bancos, etc, se esquecem do SER: humano, justo, leal e, principalmente, temente a Deus. Basta observarmos que quando morremos daqui nada levamos e muito menos, CAIXÃO NÃO TEM GAVETA.

Qual a principal mensagem que você quer levar aos leitores atra-vés dos seus textos literários?Tenente João Lúcio - Convido as pessoas a fazerem suas viagens interiores, observarem onde tem errado, se arrependerem e come-çarem a escrever um novo final para suas vidas.

Pensas em escrever um novo li-vro?Tenente João Lúcio - Sim, com certeza. Já estou preparando o meu próximo livro. Vai demorar um pouco pois tenho que pesqui-sar muito. O título será: EM BUS-CA DO AMOR”. Não este amor de-senfreado que leva as pessoas a praticarem os maiores absurdos. Quero falar do amor fraterno en-tre irmão, do amor perdão e amor que nos leva a Cristo, nosso Sal-vador.

Você é hoje Presidente da Acade-mia Januarense de Letras – Secc ALB/MG. Quais as principais ati-vidades desenvolvidas na Acade-mia?Tenente João Lúcio - Já estamos em fase de instalação. Vamos se-guir o que preconiza o Estatuto da ALB/MG. Além de procurarmos atender aos mais carentes, a nos-sa principal atividade será divul-gar a cultura regional, motivar os jovens a lerem mais, escreverem

mais, levar a efeito a Gincana Cul-tural que colocará nossos estu-dantes num confronto literário de alto nível, uma escola enfren-tando a outra na busca do melhor texto, da melhor poesia, assim por diante.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário no Brasil?Tenente João Lúcio - O que vocês estão fazendo é um dos pontos positivos que cito nesta oportu-nidade. Que as Editoras se dedi-quem mais na busca de valores literários, dando oportunidade a quem realmente quer e sabe es-crever. Promover mais encontros pelo Brasil a fora. Que a Bienal do Livro não seja tão somente em São Paulo. Que os custos sejam mais em conta para se divulgar um livro, etc.

Que mensagem você deixa para nossos leitores?Tenente João Lúcio - Nesta opor-tunidade quero deixar uma men-sagem de fé aos nossos leitores. Que nunca desistam dos seus sonhos e, lembrando o que disse o Martin Luther King : “ Se você não pode voar, corra; se você não pode correr, ande; se você não pode andar, rasteje. O que você não pode é DESISTIR DOS SEUS SONHOS. Muito obrigado pela oportunidade.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

52 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 53

Manter a amizade quando tudo está bem, quando o vento sopra a favor, é fácil. É na hora da crise que o verdadeiro amigo se revela. É dessa maneira que nasce um irmão, cujos laços serão mais fortes que o de família ou de sangue. Na clássica parábola do Filho Pródigo, enquanto o filho mais novo – aquele mesmo que abandonou a casa paterna – estava abonado, contou com muitos compa-nheiros que o ajudaram a torrar rapidamente sua herança. Tão logo a fonte dos prazeres se esgotou, esses ‘amigos’ se debandaram todos, escorrendo pelo ralo [do esgoto]. Mas afinal, quem precisa de tais amigos? – Quando nem os porcos compartilham consigo da comida deles, quando a lama do fundo do poço parece ser sua única cama oferecida, e que o ‘irmão’ mais velho lhe despreza, é que o Pai chega e cobre-nos com Seu manto de justiça, nos chama de filhos, e faz a maior festa. Sim, a chegada de alguém numa hora tão crítica, só torna essa amizade e o amigo ainda mais especial, fazendo-nos superar a despedida do pelotão de traíras.

“Um bom advogado pode ser um mau vizinho.”Original: “... Bom advogado pode ser...”

Por mais que adotemos a política da boa vizinhança, é possível que haja conflitos de quando em quando. Coisas do tipo: sapos do seu jardim pulando [a cerca] para o jardim do vizinho; mosquitos [da dengue] imigrando dos seus vasos inundados para a impoluta residência dele; bolas [do seu fi-lho] estrategicamente chutadas contra suas enormes vidraças; música [cafona & barulhenta] da filha que não respeita os limites do terreno; isso tudo sem contar quando seu cachorro resolve fazer da passarela dele latrina predileta, e das rodas do carro dele mira de dardos [traduzido: jorros] de ureia. A propósito, cães podem servir de bons instrumentos para unir vizinhos, mas geralmente ocorre o oposto. Que tal quando eles resolvem fazer uma serenata de uivos em plena madrugada, ecoando bem em frente a janela dele? – Nada agradável né? Se esses incidentes ocorrerem esporadicamente, tudo poderá ser passado numa boa. Entretanto, se a frequência aumentar – encrenca à vista! Saiba que existem ‘cricris’ (não me refiro a grilos) que estão dispostos a fazer tempestade em copo d’água por muito menos. Quando isso acontecer (encrencas com o vizinho) ore para que ele não seja um advogado. Se ele for um bom profissional nessa área, pior será a sua dor de cabeça e grande o seu prejuízo.

[Provérbio extraído do livro: “PROVESSAS: Provérbios Populares às Avessas...”de Ruby Redstone – [email protected] © 2014]

Por Ruby Redstone

[email protected]

Ruby Redstone é escritor e jornalista graduado com honras pela conceituada California State University (Uni-versidade Estadual da Califórnia), com especialidade em

Comunicação Intercultural e língua Inglesa

COLUNA: NA BOCA DO POVO

“Amigo é aquele que chega, quando todos saíram.”Original: “É na hora da crise que o verdadeiro amigo se revela.”

Quando pensei em escrever meu primeiro livro , confesso que não imaginava que passaria por tantas provações , passei um mês me dedicando para poder dar o melhor neste livro , quando terminei , eu parei e pensei , como faria para publica-lo ?

Então resolvi arregaçar as mangas e pesquisar, durante dias pesquisei na internet mil formas de se publicar um livro , eu na minha ignorância, tive a pre-tensão em sonhar em ver meu livro sendo publicado por uma grande editora , tipo aquelas editoras que meu escritores favoritos publicaram seus livros, en-tão resolvi enviar meu livro , esperei, esperei, esperei e quando chegou a resposta do email , dizia assim : que eles não tinham interresse no meu livro naquele momento. minha cara ficou no chão, eu imaginava nos meus sonhos ser uma J.K. Rowling, ( risos ) so-mos tão sonhadores, pelo menos nos sonhos alguém lê o que escrevo, foi uma tristeza me sentia péssima como eles recusaram meu livro?

Um dia eu recebi um email de uma editora de são paulo , nossa até hoje eu guardo este email , fiz questão de imprimir , achei lindo todas aquelas pa-lavras sobre meu livro , como dizem os cariocas eles me deram a maior moral, bom, conversa vem e con-versa vai eles me fizeram uma ótima proposta , eles fariam publicidade na imprensa , nos jornais, fariam um grande lançamento do livro , confesso que fiquei muito feliz mais como diz um ditado popular alegria de pobre dura pouco, tudo isso custaria um preço que seria 16 mil reais , quando eu vi que era isso cai

ParticipaçãoEspecial

Escritorora Cassiane Santos

na gargalhada literalmente, por favor gente eu sou uma escritora iniciante, traduzindo eu estou mais dura do que um côco ( risos )

Depois deste triste episodio eu resolvi , procurar uma editora por demanda , é claro que antes procu-rei saber se aquela editora era confiável , mais graças a Deus caminhou tudo bem, eles fizeram um kit com-pleto , que custou 1100 reias , ainda estava salgado naquele momento então resolvi esperar ate juntar este valor , 4 meses depois saiu o meu pis e com o dinheiro eu paguei a entrada depois paguei o res-tante com o décimo terceiro ,ufa não foi nada fácíl, quando foi em janeiro deste ano meu livro chegou, fiquei muito feliz , então eu resolvi fazer um coquetel de lançamento , mais como fazer um evento desses sem dinheiro ?

A minha sorte, meus amigos, é que eu tinha fé-rias para receber , então eu usei o dinheiro e para a minha alegria meu patrão além de me dar as férias ele comprou, continuei trabalhando mais foi por um bom motivo então eu comprei tudo o que precisava.

Para fazer o lançamento, correu tudo bem , não foi umas 100 pessoas , na verdade foi 20 pessoas (ri-sos ) com os 30 livros que foram publicados eu con-segui 600 reais nada comparado ao que eu gastei , mais como sou brasileira , eu não desisto nunca

Livro lançado, agora vem um novo desafio, como divulgar o livro nas lojas ?

Mais este assunto eu deixo para depois, um abraço meu amigo leitor.

As dificuldades do jovem escritor!

58 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Em primeiro lugar para aqueles que ainda não conhecem o grupo dos Poetas Póveiros e amigos da Póvoa gostaria de explicar que este grupo surgiu em Junho de 2011 quando alguns amigos amantes da poesia resolveram unir-se para em conjunto começarem a promover a po-esia através de tertúlias e saraus.

Pouco tempo depois foi criado no facebook uma página com o mesmo nome da qual faziam então só parte os oito fundadores do grupo que aos poucos foram introduzindo alietóriamente pessoas amigas de perto,de longe e até de alem mar.

Como tínhamos dificuldade em pessoas que dessem assistência a esta página este ano tran-sacto propus-me encabeçar o mesmo dando-lhe uma nova dinâmica: Assim reformulámos o gru-po. Retirámos alguns elementos que viviam no estrangeiro ou em zonas do País que não lhes permitia uma inter-acção aquando de eventos levados a cabo entre nós. Temos tido muita ade-são ao grupo atualmente e o mesmo que dan-tes era composto não chegava a uma centena de elementos conta agora com mais de 300 mem-bros todos da zona Norte do País.

Por Amy Dine

COLUNA: POETA POVEIROS E AMIGOS DA POVOA

Assim só fazem parte deste grupo pessoas que vivem desde Aveiro até Bragança o que lhes permite deslocações , presença e colaboração aquando das actividades do mesmo.

Em Agosto de 2012 os oito poetas que diri-gem este grupo lançaram a primeira antologia só com poemas seus.

Uma vez mais os Poetas Póveiros e amigos da Póvoa irão lançar uma nova Antologia desta vez num âmbito mais alargado.Pensamos fazê-lo em inicio de Agosto ou Setembro,dependendo da disponibilidade da sala.

Nesta Antologia irão participar 42 poetas o que consideramos excelente dado o numero de membros que compõem o grupo.

Com esta acção esperamos corresponder ao anseio de muitos dos poetas que já há algum tempo vinham mostrando interesse em que fosse editada uma nova antologia num âmbito mais alargado dado que a primeira se destinou apenas aos oito poetas que dirigem o grupo.

Para todos vós as minhas saudações poéti-cas

Amy Dine

Nova Antologia dos Poetas Póveiros

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 59

60 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Escritora Paula Timóteo é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos em que momento pensou em escrever o seu livro “Um dia... o dia não se repete”?Paula Timóteo - O prazer é certamente meu e agradeço o in-teresse manifestado bem como a oportunidade de conversar convosco. Respondendo à pergunta, devo dizer que, tal como a maioria dos que gostam de escrever, a publicação de um livro é sempre um sonho a cumprir. Confesso que tenho algu-ma dificuldade em entender quando ouço alguém dizer que escreve só para si. O que se passa é que muitas vezes não te-mos a confiança suficiente que nos permita publicar. Por isso, este livro surgiu como resultado de dois factores essenciais: o facto de ter uma série de contos escritos e porque me conse-gui libertar de uma postura de autocrítica feroz que acabava

Entrevista escritora Paula Timóteo

Nasci a 25 de Setembro em Lisboa e com a minha mãe habituei-me a partilhar os sonhos que a noite nos tinha trazido. Mais tarde, quando andava já na escola, era delicioso ver o seu olhar atento e orgulhoso enquanto eu lia as minhas redacções que na aula haviam sido lidas para a turma pela professora.Cresci numa casa com um quintal cheio de árvores e onde havia sempre muitos gatos que me entretinha a domesticar. Foi uma infância de liberdade e ar puro, de jogos e muitos amigos imaginários e histórias inventadas. Estudei piano quando consegui pagar as minhas aulas, conclui na Universidade Nova de Lisboa a licenciatura em História e sou professora de História e sobretudo sou educadora. Colaborei redactorialmente durante 10 anos com uma revista de arte e moda, tive contos publicados no jornal Diário de Notícias e participei na colectânea de poesia Palavras de Cristal. Sou sobretudo a soma do tempo, meu e dos outros. Um tempo feito de gente, de palavras, de vento e sol e chuva e sonho.

“E o que somos é a soma das memórias que o tempo constrói. São ainda contos onde o fantástico e o surprendente surgem de forma mais evidente em algumas histórias como “O Poço” a “ A Parede” ou a “Rosa Maria” e uma paixão pelos animais se torna evidente.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 61

por ser inibidora. O dar a ler um conto e a seguir outro e outro, a alguém que não fosse eu própria, foi uma conquista e uma etapa fundamental. Rapidamente a Mo-docromia insistiu na publicação, os amigos que leram encorajaram a ideia e quase se zangaram dian-te a minha hesitação. Depois veio a fase da selecção dos contos e da prórpia definição da estrutura e conceito do livro. Surgiu então o convite a uma ilustradora excep-cional, a Susana Matos, que se encantou, no verdadeiro sentido da palavra, pelas histórias e que criou ilustrações surpreendentes. Ds melhores que eu alguma vez vi. Hoje o livro é verdadeiramente um motivo de orgulho para todos.

Que temas você aborda nesta obra? Paula Timóteo - Diria que cada conto é uma história de vida ob-servada com minúcia e atenção . A dada altura da minha vida apercebi-me que retemos muito pouco de tudo o que vivemos. Existem pormenores, pessoas que se cruzaram connosco, acon-tecimentos, conversas, olhares que se perderam definitivamen-te pelas esquinas da memória. Outras vezes passamos pela vida sem a olharmos. Nessa al-tura ela torna-se transparente e o tanto que nos rodeia passa a ser“inexistente”. Por isso diria que estes contos conciliam uma escrita sobre a atenção ou até a contemplação do que somos. E o que somos é a soma das memó-rias que o tempo constrói. São ainda contos onde o fantástico e o surprendente surgem de forma mais evidente em algumas histó-

rias como “O Poço” a “ A Parede” ou a “Rosa Maria” e uma paixão pelos animais se torna evidente.Este é um livro aonde, espero, apetece regressar porque, tal como diz João Lima no seu prefá-cio “...com elas (as personagens) nos apetece continuar a conver-sar. Porque elas sentam-se ao nosso lado e fazem parte da nos-sa vida. Um dia, algures, nos cru-zámos com uma delas. São pes-soas que conseguimos ver. Tudo isso torna este livro num objecto de memórias. Como se fosse um baú. Uma caixa atada com cordel do tempo das mercearias e do pa-pel canelado para levar para casa quase como sendo o mais precio-so dos embrulhos”

Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?Paula Timóteo - Julgo que em parte já terei respondido, no en-tanto gostaria de dizer que enten-do que quando produzimos algu-ma coisa, seja ela mais ou menos criativa, ela deixa de nos perten-cer a partir do momento que a libertamos no mundo. Sei o que senti quando escrevi as minhas histórias, mas cada leitura é uma leitura singular. As ilustrações da Susana são extraordinárias por-que são a sua visualização dos contos e em simultãneo podem ser elas mesmas histórias que se contam autonomamente. Cada leitor pode assim encontrar em cada conto e cada ilustração uma possibilidade de leitura que o transportará, se assim o entender a um desenvolvimento da história ou até a recriar uma outra. É este apelo e incentivo à criatividade de

cada um que julgo estar presente no livro. Tal como diz João Lima acerca do livro

A quem você indica a leitura do seu livro?Paula Timóteo - Por vezes pergun-tam-me para que idade ele está pensado e confesso que tenho alguma dificuldade em “arrumá--lo” de alguma forma. Julgo que este é um livro que pode ser lido dos 9 aos 109 anos ( eu costuma-va dizer dos 9 aos 99 mas depois a Susana lembrou-me, e bem, que o nosso realizador Manuel de Oli-veira está ao activo ao 105 anos...). Cada história terá leituras diversas em conformidade não apenas com a idade mas igualmente com as experiências de vida. Bom, afinal penso que isso acaba por aconte-cer com todos. De qualquer forma devo confessar que quando escre-vo as histórias não o faço com um objectivo definido relativamente a quem vai ler. Assim talvez possa adiantar que, exceptuando a ques-tão do escalão etário, o livro terá interesse a quem se identificar com o que eu disse anteriormen-te. Penso que será sobretudo um livro para o qual “:::é preciso um tempo de descanso. De repouso. De sossego. De ler em pausa. Para ser lido em modo lento. Como se fosse uma conversa que vamos começar”como o João Lima escre-veu no prefácio.

Onde podemos comprar o seu li-vro?Paula Timóteo - O livro pode ser pedido directamente a mim atra-vés do endereço: [email protected] ou através da edito-ra Modocromia

62 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Quais os seus principais objetivos como escritora? Pen-sas em publicar um novo livro?Paula Timóteo - Irei participar na próxima colectânea de poesia “Palavras de Cristal”. É a segunda vez que sou li-songeada com o convite que aceito com imenso prazer porque a poesia faz parte da maior parte do trajecto da minha vida. Para além desse livro eu e a ilustradora esta-mos a trabalhar num projecto de reescrita das lendas das constelações. O desafio desta vez partiu da ilustradora e por isso o trabalho dela está mais adiantado. Para além desse projecto há mais contos a aguardar o momento e a maturação suficientes para se emanciparem.

Quais os principais hobbies da escritora Paula Timóteo?Paula Timóteo - Não sobra muito tempo para hobbies, mas em todo o caso este ano estou a descobrir com o apoio e incentivo do Alfredo, o meu marido, a magia dos trails e estou a adorar. Este fim de semana ele irá cumprir 100kms em Portalegre e eu 42km. Haverá certamente muito estímulo visual inspirador para muitos contos. E

é evidente que a leitura é sempre a sobremesa do dia. E neste campo é para mim impossível falar em escritores preferidos porque cada um é único e muito especial nos universos que cria, na linguagem que constrói. E alguns são uma surpresa como foi para mim o Chico Buarque de quem já era admiradora no campo musical. O “Leite derramado” é intensamente lindo.

Como você vê o mercado literário em Portugal?Paula Timóteo - Bom a produção literária em Portugal sofre dos mesmos males que a produ-ção em outras áreas da cultura. Portugal está a viver um dos piores períodos da sua história já que o primado está colocado no mundo finan-ceiro, nos jogos de especulação, nas redes de corrupção a que tudo se subalterniza. A questão é complexa, mas vivo num país onde o poder executivo desrespeita a educação e a cultura e penso que está tudo dito.

Quais as melhorias que você citaria para o mer-cado Português?Paula Timóteo - Eu desejaria melhorias na po-lítica cultural e educativa. Com um país melhor formado e mais dignificado e exigente, o merca-do corresponderia com outra postura.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entre-vista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Paula Timóteo, que mensagem você deixa para nossos leitores?Paula Timóteo - Começo por desejar todo o su-cesso que o projecto “Divulga Escritor” tão bem merece e espero que cada leitor continue a des-cobrir nos livros o portal que nos transporta para a dimensão da felicidade e do sonho. Que cada momento possa ser vivido com a intensidade e a loucura que as coisas únicas nos fazem sentir.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 63

Foi com grato prazer que o Solar de Poetas, na pessoa do seu Administrador José Sepúlve-da, participou no decorrer do mês de Maio no evento Dia de Damão, organizado pela AICEM – Associação do Idioma e Culturas em Português.

Transcrevemos o relato gentilmente cedi-do pela poeta Maria Mamede, a quem desde já agradecemos.

“A AICEM – Associação do Idioma e Culturas em Português, votada à di-vulgação da Lusofonia e à expansão da nossa Língua Mátria, levou a efeito nos dias 8, 9 e 10 de Maio em curso, no Café Concerto do Fórum da Maia, o evento a que deu o título de “Dia de DAMÃO”.

Durante esses três dias foi-nos dada a opor-tunidade de termos connosco vários Amigos de Damão, bem como alguns Amigos e Amigas de Goa, que se deslocaram a Portugal propositada-mente para este evento, o que muito nos ale-grou e honrou.

Por José Sepúlveda

COLUNA: SOLAR DE POETAS

No nosso mui diversificado programa tive-mos palestras, música erudita, fado, poesia, mu-sica tradicional Damanense e Portuguesa, e uma Tuna para além de vários testemunhos, emocio-nados e muito sentidos dos alguns dos nossos convidados.

Tivemos ainda, no último dia do evento, um passeio pedestre pela Cidade da Maia, que cul-minou com a subida à torre do edifício da Câ-mara donde se abarca uma paisagem urbana magnífica, bem como alguns dos confins do mu-nicípio, com relevância para poente, com vistas de mar.

À despedida, muito emotiva aliás, foram feitos os agradecimentos à edilidade, na pessoa do seu Presidente Eng.º Bragança Fernandes, representado pelo Dr. Rui Rodrigues, bem como aos nossos colaboradores neste evento, quase todos nossos associados fundadores, bem como outros simpatizantes, cujos nomes vou mencio-nar, com o meu abraço.

Maria Mamede”P.S.Agradeço ao Prof. Milton Madeira e à

poetisa Maria Mamede o gentil convite para participar neste evento, por cuja organização os felicito.

AICEM – A Lusofonia vive

64 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Entrevista escritora Lurdes Maravilha

Maria de Lurdes Silva Maravilha, natural de Castro Daire - Viseu. Diplomou-se em Educadora de Infância, pela Escola do Magistério Primário de Lamego, posteriormente a licenciatura em Administração Escolar, pela Escola superior de Educação de Viseu, especializou-se em Administração e Organização Escolar, adquiriu o grau de Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Católica. Foi designada como avaliadora no atual processo de avaliação de desempenho docente. Realizou um estudo de investigação sobre a necessidade da implementação educação pré escolar itinerante, a qual foi implementada no Agrupamento de Castro Daire. Exerceu a função de formadora durante vários anos, no Instituto de Assuntos Culturais, dando formação às famílias e jovens. Participa como apresentadora de programas relacionados com a temática sobre o papel da família, na Rádio Limite de Castro Daire e na Rádio Alive FM 89.9 de Viseu. Escreve poesia desde os dez anos. Publicou alguns artigos em jornais. Publicou o livro de poesia que se intitula de “CINZAS VIVAS”, pela editora Oz.

“A leitura converte-se numa das mais importantes atividades humanas, já que influencia e assegura o processo de maturação, através da autonomia intelectual, sendo igualmente factor de liberddae interior daquele que lê.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Lurdes Maravi-lha é um prazer contar-mos com a sua participa-ção no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto pela poesia?Lurdes Maravilha - O meu gosto pela poesia vem desde criança, desde o meu primeiro contacto com as letras. Recordo--me que gostava imenso de escrever composições na escola primária. A pro-fessora colocava algumas imagens no quadro e dizia para elaborarmos um texto tendo como referência essas imagens. Era uma atividade que me dava imenso prazer e desenvovia muito a criatividdae. Tive muitas vezes o privilégio de as minhas composições estarem expostas na parede da sala ou penduradas num cordel que se estendia pela sala. Qualquer pedaço de papel servia para escrever, mas escrevi muita vez numa lousa de pedra, que se usava nessa altura na escola. No meu percurso da escola primária, havia uma grande escassez de livros. Nessa época, tinha apenas os livros didáticos da escola e sempre que podia, lia os livros dos meus colegas mais velhos. A minha falecida irmã, a qual foi também minha professora na escola primá-ria, quando podia oferecia-me um livro. Em 1974, veio pela primeira vez uma biblioteca itinerante à minha aldeia. Foi um dia muito feliz e que jamais esqueço. Uma verdadeira emo-ção ao ver tanto livro e poder levar alguns para ler era uma benção de Deus. Durante o periodo da minha infancia escrevi muitas canções, as quais imaginava serem cantadas no festi-val da canção. Um sonhoguardado na gaveta,porque as asas deste sonho não puderam voar. Porém, no meu percurso es-colar desde o 5ºano até ao 12ºano, recebi vários prémios de distinção,nos concursos de poesia,assim como em outro gé-noro de textos. A escrita é uma parte muito importante da minha vida, a qual me dá imenso prazer.

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 65

Em que momento pensou em pu-blicar o seu livro “Cinzas Vivas”? Lurdes Maravilha - A ideia de publicar o livro, dormia há muito tempo comigo. Neste contexto, muitos amigos também me incen-tivaram a fazê-lo. Este meu livro de poesia foi escrito e publicado numa fase de uma maior maturi-dade da própria vida.. Um livro de poesia, com alguns textos de prosa poética, o qual revela um estado de alma sobre as questões existen-ciais entre a vida e a morte. Nes-te sentido, o livro leva-nos a fazer uma viagem reflexiva sobre o con-ceito da própria existencia huma-na, e o misticismo na eterniddae. Como foi a escolha do Título?Lurdes Maravilha - A escolha do titulo refere-se à memóra da pes-soa a quem o dedico (a minha irmã), assim como está também muito relacionado com o teor do seu conteudo. Cinzas Vivas é algo que morreu,mas está sempre vivo dentro de mim.

Onde podemos comprar o seu livro?Lurdes Maravilha - Neste mo-mento o livro encontra-se esgota-do. Estou a preparar a 2ª edição e será colocado à venda nas livra-rias Bulhosa e Fnac.

Que outro tipo de textos, além de poesias, gostas de escrever?Lurdes Maravilha - Gosto de es-crever artigos relacionados com as politicas educativas e relatos históricos vivenciados por mim ou por outros.

De forma geral, qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor

através de seus textos literários?Lurdes Maravilha - O meu primei-ro desejo é levar algo aprazivel no momento de leitura ao leitor. Tenho como objetivo levar sem-pre alguma informação e refle-xão sobre os temas apresentados. No que concerne à poesia, quero transmitir algo com um cunho re-flexivo sobre a propria vida e a morte, incluindo no meio desta ponte o verdadeiro sentido sobre o sentimento do amor.

Quais os seus principais objeti-vos como escritora, pensas em publicar um novo livro?Lurdes Maravilha - Todos os dias escrevo poesia. Porem, estou a escrever um livro num contexto bem diferente. Um livro moroso porque me requer muita inves-tigação.Neste sentido, gostaria muito de um dia o poder publicar.

Quais os principais hobbies da es-critora/poeta Lurdes Maravilha?Lurdes Maravilha - Os meus prin-cipais hobbies são escrita ,a dan-ça, a natação, a musica, a foto-grafia e correr ao ar livre.

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário em Portugal? Lurdes Maravilha - Um aspeto muito importante seria propor-cinar uma melhor divulgação do trabalho do escritor e o apoio económico para a própria edição.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Di-vulga Escritor, muito bom co-nhecer melhor a escritora Lurdes Maravilha, que mensagem você deixa para nossos leitores?Lurdes Maravilha - Eu é que agra-deço esta oportunidade, assim como toda a divulgaçao do meu trabalho através do Divulga escri-tor e para finalizar apenas esta bre-ve mensagem. A promoção da lei-tura é da responsabilidade de toda a sociedade. A leitura converte-se numa das mais importantes ativi-dades humanas, já que influencia e assegura o processo de matura-ção, através da autonomia intelec-tual, sendo igualmente factor de liberddae interior daquele que lê. A leitura é uma das atividades que melhor contribuem para o desen-volvimento dos diferentes aspetos da personalidade. Assim, o livro é sempre um magnifico instrumento de permanente formação intelec-tual, moral, afeciva e estética do leitor. A leitura é uma arte miste-riosa e profunda; é talvez a mais eficaz, influente e universal de to-das as manifestações artisticas, ao ultrapassar as fronteiras espaciais e temporais e deste modo poder atingir facilmente qualquer ponto do planeta.

Participe do projeto Divulga Escritor

https://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 67

“E sinto que a minha morte - Minha dispersão total -Existe lá longe, ao norte,Numa grande capital.”

Assim escreveu no seu pri-meiro título de versos - Dispersão - o autor duma obra em que a mor-te - quer em verso quer em prosa - ia ser o seu único mote de desen-volvimento. Fundamenta-se a po-ética do modernista Mário de Sá--Carneiro, reflectindo-a com base no pensamento de dois célebres pensadores acerca da tragédia e da psique: ARISTÓTELES, filósofo, que dividiu a poesia em lírica, elegíaca, épica e dramática e FREUD, o cria-dor da Psicanálise, quando nos diz que a paixão narcisista se arrisca à infelicidade, porquanto, fascinar-se demais com a imagem de si próprio é condenar-se a uma futura auto--repulsa. Assim ocorre com o eu lírico do poeta da Dispersão.

Mário de Sá- Carneiro man-teve, durante a vida, uma dupla luta: “consigo e contra si”. E o fio condutor dessa luta foi sempre “a persistência no erro, no enga-no fatal”: “Eu fui alguém que se enganou/E achou mais belo ter errado...” e, ainda, laconicamente suspira “Ó grande Hotel univer-sal/Dos meus frenéticos enga-nos,/ Com que aquecimento-cen-tral,/Escrocs, cocottes, tziganos”,

ParticipaçãoEspecial

Escritoror Alvaro Giesta

Mário de Sá-Carneiro, Dispersãoem “Elegia”. Se em “Dispersão” erra: “Se me olho a um espelho, erro-/Não me acho no projecto.”, em “Quase” “De tudo houve um começo... e tudo errou”, e em “Rodopio” há “Ruínas de melo-dias,/Vertigens, erros e falhas”, também em “Pied-de-nez” a per-sistência do erro: “O Erro sempre a rir-me em destrambelho/Falso mistério, mas que não se abran-ge...”. Mesmo quando se refugia no abrigo de Paris, sempre o erro a bater-lhe à porta e a martelar--lhe a consciência: “Paris: derra-deiro escudo,/Silêncio dos enga-nos”, em “Abrigo”.

E agora, regressando ao pen-sador ARISTÓTELES, sabemos que o erro (hamartia) desempenha papel importante na sua poética da tragédia - parece haver inci-dências da concepção aristotélica da poética da tragédia grega na lírica de Sá-Carneiro.

Para o filósofo, uma boa tra-gédia teria como objecto da sua mimese (=simulação de...) a ac-ção de homens superiores, os quais, em virtude de algum decisi-vo erro de julgamento, passariam da fortuna para o infortúnio. É o revés da sorte: a transformação dos sucessos dos protagonistas no seu contrário que deve dar-se pela passagem do desconhecer ao conhecer, acrescentando-se--lhe a catástrofe. Depois desta re-

viravolta das principais persona-gens, suscita o terror e a piedade dos espectadores que assistem ao drama com a finalidade de pu-rificar essas emoções - é o efeito catártico, depurativo. Tal a lírica de Sá-Carneiro.

De início, o sujeito-poético vê-se como superior - medita em nada menos do que “coisas ge-niais”, em “Partida”; é “chama genial que tudo ousa”, em “Esca-vação”, em “dor genial” se eteriza, em “Álcool . É megalómano. Vê-se como ser superior, mesmo na “po-esia da dor”: “O grande sonho - ó dor! - quase vivido...”, em “Álcool”. É um presumido. Em “Partida”, a sua excessiva autoconfiança em toda a sua lírica: “A minha alma nostálgica do Além,/Cheia de or-gulho, ensombra-se entretanto./(...)/Doido de esfinges o horizonte arde,/Mas fico ileso entre clarões e gumes!.../(...)/Alastro, venço, chego e ultrapasso;/(...)/O meu destino é outro - é alto e é raro.”.

Pretende, exageradamente, o eu-poético de Sá-Carneiro, “entre-gar-se ao delírio com facilidade” e felicidade, desde “Partida”: “É suscitar cores endoidecidas,/Ser garra imperial enclavinhada,/E numa extrema-unção de alma ampliada,/Viajar outros sentidos outras vidas”. Em “Dispersão” é onde mais se assiste ao êxtase, ao arrebatamento do sujeito que

68 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

vive imerso em sensações aluci-nadas. Em “Álcool”: “Batem asas de auréola aos meus ouvidos,/Grifam-me sons de cor e de per-fumes,/Ferem-me os olhos tur-bilhões de gumes,/ Desce-me a alma, sangram-me os sentidos”.

É com o recurso a um proces-so de associações diversas dos sentidos (audição+visão+olfacto), chamado sinestesia - tão próprio do Sensacionalismo do Orpheu de que Sá-Carneiro é congêne-re, que o poeta pretende exage-rar, exacerbar as suas obsessões: “Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,/Foi álcool mais raro e penetrante:/É só de mim que ando delirante-/Manhã tão forte que me anoiteceu.” (em “Álcool).

O eu-poético tem pleno co-nhecimento do processo de de-gradação a que está exposto, a que se expôs com as suas prá-ticas negativas. E delira quando se “revisita” como em “Indícios de Ouro” se vê: “Oh! Regressar a mim profundamente/E ser o que já fui no meu delírio...”.

Foi o engano funesto em pretender-se superior ao mesmo tempo que se é frágil; foi o terrível equívoco de entregar-se em ex-cesso às suas próprias obsessões sem nunca equacionar as suas fragilidades; foi o entusiasmo e o delírio de entregar-se aos seus excessos de vida sem nunca me-dir consequências; foi o exaltar-se em demasia e o confundir-se com a própria divindade que o fez cair do pedestal quando reconheceu o erro.

A ousadia trouxe, como con-

sequência, a frustração no eu-po-ético e nele, em pessoa, e “se dá o movimento de ascensão e que-da análogo à tentativa insensata de o herói mítico alcançar o sol.” (MOURÃO-FERREIRA). “Vêm-me saudades de ter sido Deus...”, “(...) fui-me Deus/No grande rastro fulvo que me ardia”. Eis aqui o homem que se desejava superior, admitin-do depois não se encontrar à altura daquilo que almejava em vida para si e a infelicidade que daí resultou e o fim com a tragédia do suicídio.

No poeta existiu esta dupla tendência: amar-se a si mesmo (o culto do eu) e odiar-se e despre-zar-se ao mesmo tempo (autoa-niquilamento). Toda a paixão nar-cisista se arrisca à infelicidade. É da psicanálise e bem explícito no conhecido dualismo da concep-ção freudiana. A nossa pendular existência, segundo FREUD, ex-plica-se pelas “pulsões sexuais”, com base no princípio do prazer, comandadas pela libido e pelas “pulsões do eu” ou “pulsões de autoconservação”, indutoras das diversas atitudes de autodefesa do indivíduo. E, nestas, em opo-sição às pulsões da vida existem as pulsões da morte, designada pelo sombrio vocábulo de Thana-tos. Para Freud, as de destruição são as pulsões por excelência, pois elas buscam a eliminação to-tal das nossas tensões - assim, a tendência do aparelho psíquico é a de reduzir ao máximo as excita-ções do organismo embora seja impossível tal redução por com-pleto e, daí, o impulso ao retorno, a um modo não-orgânico da exis-

tência (a “dispersão total” de que fala Sá-Carneiro.

Mas outro pormenor decisi-vo de Thanatos é a “compulsão à repetição” que, num mecanismo mental movido por forças que se localizam “para além do princí-pio do prazer” se liga à pulsão da morte. Logo, repete-se o que é doloroso num trauma porque se busca, em vão, anulá-lo. Torna-se num fracasso a tentativa de lidar com o que é doloroso, o que nos conduzirá à morte através da au-todestruição.

Narcisismo, Thanatos erotiza-do e compulsão à repetição, são formas íntimas do eu-poético de Sá-Carneiro. O indivíduo narci-sista pode passar do amor-a-si--próprio ao seu-autodesprezo - é o segundo estágio - até se deixar atrair pela ideia de morrer, vendo na sua própria morte as cores se-dutoras da libido que voltara, do início, para a sua própria pessoa - é o último estágio.

No trágico da obra de Sá--Carneiro, desde “Dispersão”, o eu-poético sabe que o seu desti-no não é dos melhores mas não consegue escapar-lhe, autodes-truindo-se um sem número de vezes até que o assina com o seu próprio suicídio.

© Alvaro Giesta, 07/Maio/2014não escrevo segundo as regras do

novo acordo ortográfico

ParticipaçãoEspecial

Escritoror Alvaro Giesta

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 69

Momentos de poesiawww.divulgaescritor.com

DE REPENTE

Eu me apaixonei por um diferente a cada final de semana. Nunca tive apego. Mas te pedi pra ficar.De repente o teu cheiro era melhor.De repente o teu beijo tinha outro sabor.De repente os outros eram apenas outros.Não tiveram valor. Não me fizeram sentido.E então percebi semana após semana Que era só você.De repente tudo fez sentido.De repente o teu sorriso me fez perce-ber.Não era que o meu coração fosse inconstante.Ele só estava esperando você aparecer.

MAIS DO MESMO

Eu não quero que o novo se perca de novoMais uma vez.Eu não quero gostar de um novo sabor a cada estação.Eu não quero ter que precisarEsquecer o passado.Eu quero viver o presente.Eu quero a rotina que tanto entedia.Eu quero enjoar do mesmo sabor.Poder sossegar.Não ter mais que procurarE nem ser encontrada.Eu quero o sossego dos teus braços.O som do teu sorriso.Eu quero ter um filho contigo.Eu quero o mais do mesmo.É só o que preciso.É do teu aconchego.

REINVENÇÕES

Eu estou te reinventando.Para se transformar naquilo que me agrada.Eu estou te recriando.Para eu me tornar a tua namorada.Eu te refiz inteiro.No meio dos meus sonhos.Refiz todo o enredo.Te inclui nos meus planos.Tudo para te ter aqui.Tudo para te sentir perto de mim.Nem que seja nos meus pensamentos.Nem que seja na hora de dormir.

Adriana Freitas

70 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Momentos de poesiawww.divulgaescritor.com

MÃE

Mãe, não tenho tido tempo de solicitar os teus zelos.Não porque o tempo tenha preenchido a minha vidaPois a parte de ti mãe... Tu sabes nada preencherá!O que acontece é que: A correria do dia a diae os sentimentos ladros... Roubam-me o tempo...e em muitas das vezes as palavras se encolhem,ou se esconde no canto obs-curo da serenidadetímida que assola o meu ser.Mais quando de ti sinto lem-branças mãe...A minha alma chora com vontade de estar à teu lado.Eu sei que a minha existên-cia sem a sua esperança essa luta...seria hoje, um fragmento do nada...E é por isso mãe... Que quando paro em meio à turbulência,Do dia a dia eu recordo você.E ao lembrar-me de ti mãe... Espero que nunca se esque-ça, desse filho que: Nunca te esquece.Mãe... Os meus desejos para você são de saúde e pazE que o nosso Deus... Encha e ilumine os teus caminhos.

A.Montes 18/01/14

NÃO CHORE POR MIM

Não chore por que morri! Pois não poderei te ouvir Nem tão pouco te confortar Não chore porque já morto Não poderei lhe abraçar E nunca mais te dar conforto Nem você me visualizar.

Fique também sabendo Que perderá seu tempo Se comigo vim sonhar.

Não chore porque teu choro Não vai mais me comover Não poderei ter dor, nem dó. Nem sentir pena de você.

Não chore porque já morto Não terei mais sentimento Não posso enxugar a sua lágrima Nem ser mais o teu alento.

Não chore, pois em teu choro. Não poderei te acompanhar Também não sentirei mais pena Nem nunca mais! Poderei Chorar. Não chore nem tenha dó De quem morreu te lembrando Passe o tempo que passar Saiba que morri te amando.

Não chore, pois nem toda lágrima. Fará um dia eu voltar Me, tenha apenas em lembranças. E me guarde em teu sonhar.

Antonio Montes

É AQUI

O mundo é aquiOs fantasmas as manobras as armas mor-taisEstão todas, todas aíA falta de amor exposto nas ruas à dignidade nuaO roubo descontrolados o enguiçoOs bebes os fetos jogados nas latas de lixosO surrupio da infância...Os desaparecimentos das criançasA covardia imposta sem pudorÀ falta de consideração entre as classessociais... Uns com bem poucoOutros com muito, muito! Mas muito mais!A vontade parada nos semáforos das fan-tasiasO mal sono da noite, o sonho do diaAh que bom que fosse?! Será? Quem sabe?!Essas abrangentes mentirasAs camuflagens das verdades.O mundo é aqui...Pessoas sem ter o que fazerVida... Vida, viver sem saber aonde irO desfeito feito ao pequeno, as correntes Que aplica o veneno Ah mundo!... O mundo é bem aqui?!

Antonio Montes

Antonio Montes

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 71

Momentos de poesia

A VIDA ( todo lugar)

A vida está em todo lugarNo ancião, no peregrino, no violentoA vida encontra-se na mode-lo, no gari!

A vida presente está nas crianças de ruaNo jardim, nos moradores das favelasHá vida nos riachos, há vidas de montãoNas mãos dos médicosA vida desperdiçada é come-ter ignorância!

A vida já está contida desde os primeirosDias de gravidezA vida está interligada a nósComo uma mamadeira um-bilicalExiste a vida no excepcionalHá vida na escrita da poetaNo que espera na fila a sua vez!

A vida encharca de alegrias a juventudeSem medo ou covardia de ser felizA vida empreguina de amor a primaveraA vida insiste em está no doente mentalA vida permite a saudade...A lembrança na viuvez!

Paulina Rodrigues

Paulina Rodrigues

A ESPERANÇA (eternizada)

A esperança está eternizada em todos os que sonham e lutam para seus sonhos se tornarem realidade.A esperança é o suporte para o sonhador jamais de-sistir e receber a realização de seu sonho com toda dig-nidade!

A esperança é parceira da maternidade, da mãe esté-ril.Que ansiava há muito tem-po em ser mãe, não demo-rou e engravidou teve seu filho no mês de Abril!

A esperança não decepcio-na a estudante que estudou e esperava passar no vesti-bular.Anos depois a esperança es-tava lá, vendo a for manda se formar!

A esperança abriu as portas a um belo jovem, que so-nhava em ser da Marinha um Militar.Fez todos os treinamentos, passou em todos e hoje se veste como uma floresta e com a charmosa cor da gar-ça!

Paulina Rodrigues

CELEBRAÇÃO

Eu preciso muito mais que só respirarEu preciso ser feliz, eu preciso viverPara meus sonhos realizar

Eu necessito muito mais que tocarEu preciso sentir com a alma aAlegria de ser amada!

Eu quero fazer muito mais que ler e es-creverEu quero ter a sensibilidade para tam-bém absolver!

Eu quero muito mais que um simples olharEu quero ter a percepção de tudo obser-var!

Eu quero muito mais que só escutarEu quero ter o Dom de ouvir e compreen-der Deus comigo falar!

Eu não quero só viver uma comemoraçãoEu quero sim, fazer da minha vida uma constante celebração!

Paulina Rodrigues

72 Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014

Celebração

Do silêncio à palavraassim começa a canção,que abre janelas e portase faz a comunicação.

O canto espalha-se ao longee chega a terras distantes... aos ouvidos dos poetasfaz-se em versos num instante...

E deste lado do Atlântico,não me faço de rogada...em meu barco-poesianavego nessa empreitada:

As ondas levam meus versos cheios de amor e carinho ao “Di-vulga Escritor”,que me abriu este caminho!

Momentos de poesiawww.divulgaescritor.com

Também sou Querer ter o tempoé apenas um desejo: não vou retê-lo só para mim.O azul há de me inundaras veias e na pele, manto de es-trelas, cheiro de mirra e jasmim.

Tuaregues sempresomos, mesmo sem saber:em nossa pele tatuados o dia e o anoitecer.

Na areia, pegadas,em nossas mãos outras mãos...pele curtida de solcalor queimando a fogueiraaquecendo o coração. Tantos somos e ainda somamostantos quantos o vento traz...O deserto é a moradaonde floresce a paz. Paz que não é privilégiode um, de dois ou de três,mas que é o sortilégio de um povo livre entre dunas...pés descalços,corpo envolto em panossimples, na leveza do algodão. Nessa trama de purezaabrigamos tanto irmão!

Regina Alonso

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 73

Momentos de poesia

Para mim, a poesia é a alma em ebulição e o corpo a segurar -se no presente em total liberdade…

1Agitam se as margens da tua demora…Invento os teus braços no silêncio da minha peleE nas ruelas das velhas cidadesPrendo o rio que corre desalmado…

2

Sinto-me sempre embriagada no momento em que me dizes- Amo-te como se fosse sempre novidadeComo a amendoeira a florir em agosto… Se não te bebo a vida distrai-se e os dias ventam nos traços sensíveis do meu rosto… Se não te ouço desenho no silêncio todas as cores feitas terraEspalham-se raízes em tua procura…Amo-teDizes de um só tragoAssim bem junto a mim…Soletras… Amo-teEmbriagamo-nos desta presença que ateia o vício do encontro…

3Soletra baixinhotodo o meu corpoDa tua saliva agridocePercorre todas as esquinasDemora-te nos labirintos coralinosAntes de te lançares nos braçosDeste amante imensoQue por ti espera…Agita o teu corpoComo cordas de violaGemendo em surdina o nosso fadoRenasce-me nos braços, amorSerpenteia os dedosNo meu colo quenteE fica, permanece assimNeste arfar estonteante entre as minhas margensAs minhas margens que se derramam em ti…

ROSA FONSECA

Rosa Fonseca

Revista Divulgar Escritor • junho/julho de 2014 75