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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PIRACICABA ANO V 1997 NÚMERO 5

Revista do IHGP - Vol. 5

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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

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  • INSTITUTO HISTRICO E

    GEOGRFICO DE

    PIRACICABA

    ANO V 1997 NMERO 5

  • INSTITUTO HISTRICO E

    GEOGRFICO DE

    PIRACICABA INSTITUTO DIRETORIA

    (11/03/96 a 28/02/98) HISTRICO E

    GEOGRFICO DEPresidente:

    FREDERICO PIMENTEL PIRACICABA GOMES

    Vice-Presdenie:

    OSWALDO CAMBIAGHI

    1" Secretrio: MOACYR O. CAMPONEZ SUMRIO

    00 BRASIL SOBRINHO

    2~ Secrelrio: Algumas Novidades sobre o lHGP CEclLlO ELIAS NETTO F. PilnenJel- Gomes .,,,,,..... , ,. ..... ,." ...... " ....... " .....".." ................ 031" Tesoureiro: A Agricultura na Luiz de Queiroz: A QuesW'.) da Metodologia CientficaDECIO AZEVEDO

    2~ Tesoureiro: Mar/y Thcresinha Germano Pereci ........ " ...." .." ..................... 05

    WALTER CARMELO zoeCOli Manoel Martho, Um Resumo Biogrfico

    Orador: Francisco de A,F. de Mello ................................... " .................... 14

    ELIAS SAlUM Dr. Joo do Amaral MelloBibliotecrio: Marcelo Meira Amaral Bogacovas ..................... ,., ..... , .... , .. , ..... 19JOSE LUIZ GUIDOTII

    O Rio Corumbatal

    IHGP Jos Luiz Gudolfi ......... ,,,, .... , ................. ., .." ......... " ........... "" ... 23

    Revista do !nstituto Hlstrico e Plantas nas Ruas da Cidade Geogrfico de Piracicaba Guilhernle Vifti .." ............ ", .. " .. , .... " .. ".." ....... ,,,,, .................. ,,,,26Ano V - 1997 - Nmero 5 Protocolo de lntenes ~ Curso de MedicjnaCoordenadora da Revista:

    CLRIS AlESSI Abnir de Souza Alaia ."... , ....................... ",. ....".."... , ................. 28

    A Dialtiea do Saber

    o IHGP uma publicao do ins M. Dulce B. Bergamin ................................... " ........................... 32

    tituto Histrico e Geogrfico de O Alfabeto Espanhol Piiacicaba. Os artigos nela publi F. Pirnentel- Gomes ......... , ............................ " ....... , ....... " ........... 35cados so colaboraes de seus

    sCios. Entretanto, a revista abre Construes Rurais Coloniais no Quadriltero do Acar,

    espao para oulros autores que se F.slado de So Paulo

    dediquem ao estudo de temas his~ Celso Lago Paiva ......... " ............................................................ 37

    tricos ou geogrficos. A Viso Administrativa de Mello Moraes Todos os artigos podem ser re~ Arisleu l!.lendes Peixoto ...................,.,. ............... " .............. , ....... 47produzidos, desde que indicada a fonte. As opinies expressas Joo Chiarni "Prata da Casa" ~ Capiracicabano Sim Senhor nos artigos so de responsabili Ataria Ins Alves de Andrade " ..... " ....................... ., ................ , .. 50 dade dos autores. Saudade de Leandro Guerrini

    nas Comemoraes do Centenrio de seu NascimentoINSTITUTO HISTRICO E Ceclio Elias Neto ............................... " ..................................... 52GEOGRFICO DE PIRACICABA O Metodismo em Piracicaba tem a sua Histria CGC 508.538.78.000'48 Marcelo Cachioni ....................................................................... 58 Rua do Rosrio. 781 A Fa7..enda Milh e Antonio Ferraz de Arruda 13400-180 PracicabaSP - Brasil Fernando Ferraz de Arruda ..................."" ............... ,_ ..... ",,,.,, .. 68 Te!efone~ (019) 434-8811 Uma Histria de Silncios EDITORAO E IMPRESSO Cecilio Elias Neto ....... " ........ " .......... " ..... ,,, ......................... ,,..... 70 Grflca e Editora Oegaspari Piracicaba lndustral R. Saro de Piracicamirim. '926 Pedro Culdari ............................................................................. 88Fone/Fax:(019} 4~3~674S ...______________________________ 13416150 - Piracicaba ~ Sp ,.

    Fotografia da Capa: Vista area do Edifcio Principal da Escola SUo perior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ).

  • ALGUMAS NOVIDADES

    SOBRE O IHGP

    F. Pimentel-Gomes Presidente

    No corrente ano de 1997, vrias novidades interessantes favoreceram o Instituto Histrico e Geogrfico de Piracicaba (IHGP).

    Em primeiro lugar, foi contratada com O especialista em Informtica Jorge Franoia a instalao de um aplicativo no computador para elaborao de fichas de todos os livros de nossa biblioteca (cerca de 3.000), com possibilidade de consulta rpida sobre ttulos, autores e assuntos, alm do controle de emprstimos. Paralelamente esto sendo limpos e tratados para melhor conservao todos os volumes do IHGP.

    Por outro lado, mediante acordo com o Poder Judicirio de Piracicaba, esto sendo estudados processos, desta cidade, de Rio das Pedras e de Santa Brbara, desde o sculo passado at os nossos dias. Essa pesada tarefa conta com o apoio de dois estagirios, Rodrgo Correa Godoy e Vitor Andr de Souza, estudantes da UNIMEP, pagos pela Prefeitura MunicipaL A tarefa obedece orientao de Comisso integrada por: Moacyr O. Camponez do Brasil Sobrinho, Marly Therezinha Germano Perecin, Edmar Jos Kehl, Maria Dulce Bandeira Bergamn e Francisco de Assis Ferraz de Mello.

  • Alm disso, foram doados ao IHGP, pela Secretaria de Ao Cultural, colees da Gazeta de Piracicaba, do Jornal de Piracicaba e de alguns outros peridicos locais anti gos, j microfilmados por aquela Secretaria. Para abrigar esse valiosos material, foi cedida pelo Jornal de Piracicaba, ao IHGP, uma sala na antiga sede desse peridico, Rua Morais Barros. A mesma Comisso mencionada est dirigindo estes trabalhos.

    A pintura da sala da Biblioteca e de um quartinho de despejo, com colocao de persianas verticais e arrumao geral, so outras tarefas em andamento. Tambm foi refor. ada a iluminao eltrica de nossa sede.

    Para terminar, est prestes a sair a nossa revista (IHGP), nmero correspondente a 1997, com pouco mais de cem pginas, e tambm uma nova edio, revista e amplia da, do livro de Hugo Pedro Carradore Retrato das Tradies Piracicaba nas.

    Essa atividade intensa tem sido possvel graas boa vontade e dedicao de vrios scios, e tambm graas verba de R$ 17.000,00 recebida da Prefeitura Municipal de Piracicaba no corrente ano.

  • A AGRICULTURA NA

    LUIZ DE QUEIROZ:

    A QUESTO DA

    METODOLOGIA CIENTFICA

    Marly Theresinha Germano Perecin

    Um dos pioneiros no ensino de Genlica no Pas. cincia que ensaiava os primeiros xitos no comeo do sculo XX. foi O Prof. Carlos Teixeira Mendes, durante a segunda dcada (I). J nesta poca. a Es~ cola Agrfcola Luiz de Queiroz aspirava transformar-se num Instituto Superior de Cineias Agrcolas. pois tinha a oferecer uma organizao de ensino que a gabaritava entre as melhores agncias de saber cientifico no Brasil. Possua professores catedrticos e auxiliares em suas oito reas de conhedmento e tinha a oferecer o curso de Melhoramento de Planias Agrcolas (seleo. hibridao e mendelismo), dentro da cincia em ascenso. li Gentica, ministrada pelo Seu ca!edrtlco de Agricultura. o ProL Df. Cnrlos Teixeira Mendes. (2)

    A metodologia de tfnbalho cientfico praticada pelo Df. Me.n~ des. em nvel de docncia e pesquisa. no interior de uma Escola, apare~ ce em diversos trabalhos publicados pela revista O Solo durante a 1egunda e a terceira dcadas do sculo. Preocupado em divulgar, o ocupadisslmo professor infundia a construo narrativa a seus aponlamentos para aulas terieas, bem como mostra o seu artigo "Notas para o Curso de Melhoramento de Planlas", provavelmente, a meio das suas culturas experimentais distribudas nos campos de trabalho da Fazenda Modelo, (3) Era um pioneiro. promovendo seus iniciados em Agricultura Geral na problematica da moda. introduzida nos meios cientjficos latino-americanos de forma recente.

    Na Amrca Hispnica. as origens da pesquisa cientfica quanto ao melhoramento de plan!as e mtodos de: cultivo acham-se lig.adas s primeiras Estaes Expermenlais. criadas 110 comeo do sculo XX, vaz.adas 110S modelos europeus e nOrle:-amcrkanos. mais antigos, (4) No obsrante, o Brasi! possua desde fins do sculo XIX. a Estao Agronmica de Campinas (1887), que passou 8 Instituto Agronmico

    {li O pTofc~sQt Carlos Tdxeira Mendcs: era aluno formailo em 1908, quando a Escola Supcri~ or de Agrieultura Luiz de Queiroz em Um estabdecimen~ to de efl5inQ tcnico seeund rio, Apcrrcioou~se na Frana e Inglalnrn, a mando do governo de Sao Paulo, Em 1914, "O Solo", em sua edio especial comemorati',,::!. cham.. Ojovem professor de ''Org.ulho da Escola". Desde 191&, ocupava a 4' Cadeira, li: dc Agrieullura, consideradll na poca como a mais importantc do "currreuJum" da Luiz de Quciroz. Pela lei de 301 1111915. a Escola veio a adquirir sla!u~ supeliof. p,l$sando a diplomar engenheiros agr6nomos. Em 1918, data ilo trahalho publicado_ a que llOS referimos em nosso te:-;!o. o ptolCssor Mendes era lente c;'ltedr!l co dl'.: AgricllJlum Geral e Espc cal na Escola Superior de Agricultura Luiz de Quc:irol de Piracicaba.

    (2) SouU!. Reis' - O Ensinu na Escola Ag.riola Luiz. de QtrOl'. de Pradcaba, p.144.

    (3) Referimo-nos ao seu lraDalho: Sdello. Notas para0 Curso de Melhoramento de Plnn tas", 111 O Solo XX t 11/12). p.51-60.

  • (4) A Estao Agricnla Central de San JacilllQ. no Mxico (1908) parece ser a mais antiga, S-guiram-se-Ihe o Institulo

    FitDI~cnjco Nacional de la ESlanzuela. no Uruguai, a Estao Agri1:ola de Santiago de Las Vegas. em Havana-Cuba. e a ESla:'1oAgronmicado Minis{trio da Agricultura, no Chile. Dentre elas. La Estanzm:la -onslderada pioneira na linha de ptsquisa sobre mtlhoramento dt plantas. In Las Citnci1l5 Agrlcol:u emAmtrica Latina, Progreso y Fuluro. p. 125.

    (5) Hislria Geral da Civili-23ll.O - A Epoea COnltmpOrji,nta, VII (3). Mauriet Crou:r.tL Capo 11. Os Enriquecimentos da Biologia t a Rtvolu ao da Mtdidn(l, p.170-183.

    (6) Eo quc revda o Dirttor do Institu(o de rlH'estigaes Agropecurias do Chile. Manuel Elguela Ouerino. que. naque la poea. ;tIl rt!

  • preendera seus trabalhos de seleo cientfica de plantas, em busca da "planta pedigree". (10)

    Q agrnomo Conduru em seu artigo sobrc A Seleo Emprica e a Teoria do Gro Mais Pesado. encerrava a discusso sobre O mtodo generalizado na segunda dada: "s depois de uma varlcdade ser fixada que as influncas de peso da semelHe. porcentagem de gro e rendmento de gro da planta-me poderam manifestar-se livremente. O mas belo gro a melhor semente terminando a seleo e no para a iniciar">, (11)

    Julgamos interessante a posio do ProL Mendes, no s corno pioneiro no Pais. mas pela estratgia desenvolvida na sua Agricultura Geral quanto a prlicas seletivas para o melhoramento de planlas, na segunda dcada do sculo. Dai. consderarmos muito valoso o seu trabalho publicado na revista O Solo, em 1928.

    O ProL Mendes propunha a seleo rac!onal para o melhoramento das plantas no rumo das "variaes flutuantes e da obteno das Linhas Puras", mas sem deSCOnsiderar as eswHgias emprkas. (12) Mesmo definindo o seu projeto de pesquisa. problematz3ndo o seu objeto. Testando os Si,13S hipteses. dentro de metodologia cientifca que adOlou. ,) conhecimento passado e o ientficamente construido no se t.:xcluam. A percepo e11lpirica ainda se acha 11lui!o presente no processo de entendimento do objeto, a seleo.

    Os autores citados em seu trabalho, tambm liveram a sua dose de participao emprIca assegllrada na lgica inferencial da produo do conhecimento e da construo cientific3. Historicamente. empirismo e tcoria expressaram momentos do processo de cons!ruo do conhecimento, em que o produto da prtica se transforma em abstrao e a abstrao devolvida prtica, sob dedues, definies conceituais, teorias. (13)

    No sem outra inteno, que 3 de reforar a busca por uma metOdologia cientfica. que O Prof. Mendes evoca as estratgias de pes~ quisa desenvolvidas pelos autores que o antecederam. Conhecia. na prtica. o quanto era significativo para as Cincias Agronmicas o apaI'aro terico~conceitual c a linha metodolgica daqueles. Ao citar as estratgias de Shirref. le Couleur. Hopkins. Vilrnorin e Rimpau, Neegard e Nilsson. investigadores que desenvolveram os melhores metodos para obter O isolamento de linhagens "puras" emlrigo, aveia. beterraba. revela o qllanlO tiveram de inluitvos e raconais. sem desfazer~se do empirismo, frequentemente manifesto ao lado da teoria,

    o Mtodo das Linhas Puras

    Ncegard e NlIsson. em $valoff. Sucia. desenvolveram;) mIOdo da "rigorosa separao ou das linhas ptlras", que passou a ser considerado o caminho mais seguro para a verdadeira seleo entre as for~ mHS diversas. lHuitO comuns nas variedades de plantas. Com base neste mtodo. o ProL Mendes revela 110 afligo da Revista a sua prpria estratgia de pesquisa.

    O objeto est devidamente problematizado: a seleo das se~ mentes de arroz, a partir de grupos de plantas. A relao estabelecida enue objeto e as formulaes tericas da poca lhe permite: desenvolver um mtodo para alingir o conhecimento que pretende: construir

    (7) Segundo o Prof. Mendes. a palavra "seleo"

  • (9) A Icoria de gto mais pesa do como critrio de selelID fora derrubada na primeira dcada pelo avano do conhecimento sobre as condies gerais da hereditariedade" O agrnomo sui o. J.M. Hesketh Condum da Stalinn Fderale d'Essals cl du Contrle d~ Semenct's Mom

    Calme-Lau~aflne. desenvolvia uma melodologia cienHfica so-bre grupos de plantas cam ear

  • melhantes ou iguais. prevalecendo as mesmas condies de trabalho e igual nmero de plamas.

    3) "Essa maior Constante ou Dominante constituir uma Linha Purn se for isolada". Chega~se a vrias linhas puras.

    4) Comple[ando~se a separao. resta proceder seleo para {) Melhoramento.

    No estudo comparativo das curvas, vala~se dos seguintes dados:

    A Mdia Aritmtica (frmula)

    A Dominantc (grfico)

    O Desvo Mdio (frmula)

    O Desvio Tipo ou Standard (frmula)

    O Coeficienre de Variao (frmula)

    o Prol'. Mendes justificava estes dados como imprescindveis para avaliar a marcha da seleo. Por eles, permite*se conhecer se a variedade em estudo tende para o melhoramento, se estvel ou se propcnsa a retroceder. (16)

    Da bibliografia consultnda pclo ProL Carlos Tcixeira Mendes neste a:,igo cncontrado na revisln O Solo, levantamos junto Biblotecn Central da ESALQ os dois autores citados, Herbert Eugene Waller e Arlllc111d Julin. Vejamos:

    I. Walter (H.E.) ~ Genetics. An Introlluction to the Stully or Herellity. Ncw York. The Mcmillan Company. 1923.

    Lembramos que H.E. Walter era professor da Brown University. EUA. e que a P edio da sua obra data de 1913.

    11. Julin. Arl11nnd~Preis lIu eours lIe statistique gnerale et applique. )' ed. Paris. Marcel Rivicre diteur, 1923.

    Lembramos que esta obra era utilizada em seu eurso na Uni~ versidade de Gand. Blgica. Ignora*se a data da l~ edio.

    Os recursos de que se valeu o Prof. Mendes em sua estratgia para n obteno de variedades de arroz em direcionamento a linhagens puras para seleo. fazem partc de um eontexto de poca. em que os processos desenvolvidos por Nilsson com trigo, na Sucia. eram tambm apli~ cados em cereais. com variaes. na Blgica, Inglaterra, EUA. Na segunda dc-cada do sculo, quando as cincias agronmicas estavam se firmando no Brasil, constitua-se IlUllla prtica inovadora a aplicao de recursos mateImticos e estatsticos associados s inrormaes tericas da rea das cincias biolgicas. Embora o Instituto Agronmico houvesse se antecipado s pesquisns genticas em scmentes, o Prof. Mendes aplicava em nvel de docencia, em sun ctedra de Agricultura na Eseola Luiz de Queiroz, uma metodologia clelltifica cOlllpativel com a produo internacional.

    O seu trabalho Seleo, publicado tardiamente, na revista O Solo. abre frestas para avaliao da proposta pedaggica de uma esco~ la de Agronomia que aspirava qualificao de ensino superior, j na segunda dcada do sculo. O trabalho do Prof. Mendes refletia os avan~ os da metodologia cientifica da poca. (17) Uma cincia no s so~ cialmente construda. como muito melhor definida em funo do mtodo aplicado do que em rclao ao assunto estudado.

    (I6) Idem. p.60.

    (17) Karl Pearson. em 1900. dcfinia o perfil do cientista:"O Homcm que classifica fatos. seja l dc quc nalureza for, que v sua relallo mutua e descfc* \'c suas scquencias. est apli~ cando o metodo cientifico e C um Homem de cincia". Thr: Grammar orScir:nce. p.12*13

  • 11 S) Peler H. Mann - Mtodos d~ Investiga1l:o SOclolgi~a. p,21

    (19)JQSl\ Vizioli ~lhoramen. todaCana-

  • publicado na Revista de Agricultura. em 1927. foi considerado de "xccleme nvel para a poca : de carter pioneiro" (21).

    Trata-se de um eSlUd de 15 paginas a respeito de 283 amos~ tras. obtidas sobre as tbias do lado direito e do lado esquerdo do pri~ melro par de patas daqueles insetos colepteros. Aplicou-se uma estratg.ia constanfe de duas fases:

    Na primeira. procedeu~se aos clculos biomtricos. a partir daqueles primeiros resullados.

    A Biometria opera com sfmbolos c definies conceituais (va~ r;ante: V. freqncia: p. freqncia de variante: I e operacionais (fr~ mulas) que introduzem aos procedimentos de quanlificao em mCllsura3o. propriamente ditos. SO indispensveis instrumentos para O estudo de uma populao onde um carter varia. Quando se opera com um grande nmero de indivduos. os clculos tornam~se mais ex~ tensos, o~ conceiros mais numerOSOs. Trabalha com clculos sobre a' "Mdl

  • o autor advertia que a aveia no se dava no clima paulista. as variedades se extinguiam ente a invaso da "ferrugem"" Nos campos experimentais da "Luiz de Queiroz" onde plantaram algumas varieda~ des de aveia, o Dr. Mendes descobrira em meio de mais de um milho de plantas. inteiramente. atacadas pelo terrvel fungo, uma nica planta isenta da molstia. Desta mesma, aps trs anos de trabalho, O pes~ quisador conseguira a variedade Castelo, completamente iseuta da fer~ rugem e perfeitamente adaptvel ao nosso clima.

    A aclimao do Hickory-King, por sua vez demandara sete anos de trabalho contnuo e perseverante, travando-se a luta contra a degenerescncia dessa tima variedade de milho. Essa aclimao veio a criar uma nova variedade. mais resstente ao caruncbo. mais desenvolvida que o prprio Hickory~Kng importado. As suas espigas produziam 70% de gros. enquanto que os nossos melhores milhos mal alcanavam 60%.

    Pimentel-Gomes (o pai), reconhecia que, no obstante, o que se fazia era muito pouco se comparado a outros pases. principalmente os EUA. Todavia, vinha a reconhecer que exemplos de agricultura ci~ entifica, como esse, faziam-se indispensveis para o futuro da agrcuJ~ fura bra ... iJeira e do progresso do Pas.

  • Palavn'!:5cha"C!~ Ar!isla~ plstio. Pintor. Escultor

    MANOEL MARTHO, UM

    RESUMO BIOGRFICO

    Francisco de A.F. de Mello

    RESUMO

    Manoel Manho artista plstico nascido em Piracicaba. em 1925. De origem humilde, precisou trabalhar desde criana e, cusla

    de muito esforo e perseverana, tornou-se um dos plntores mais jm~ portantes de sua poca no Brasil.

    Formado professor, lecionou no ensino secundrio em Nova Granada e em So Jos do Rio Preto. Aposentado, retornou terra natal.

    Em pintura, foi aluno de Frei Paulo e de Archimedes Dutra. Em escultura autodidata.

    Conquistou todos os prmios honorficos dos sales de belas artes, inclusive a galeria de honra, s 31ribuda aos artistas excepcionais,

    Embora no costume vender suas obras, os tcm em praas. edificios publicos, colees oficiais e particulares" no Brasil e no Exterior.

    INTRODUO Manoel Manho pertence decantada escola piracicabana de

    pintores realistas. Os arristas do realsmo piracicabano foram notveis e conduzi M

    ram com altivez, o nome desta cidade at pafses distantes e cuhos. Manoel Manho nasceu na zona rural de Piracicaba em 20 de

    julho de 1925. Era o tempo das lamparinas, porque a eletricidade ainda no havia chegado por l, E foi luz trmula, vermelha e fuliginosa proveniente da combusto do querosene que Jos Maria M artho e sua esposa, Maria Jos Gimenes, viram, peja primeira vez; aquele corpinho e aquele rostinho frgeis do primognito,

  • Jose Maria era imigrante espanhol e Maria Jos era filha de imigranles espanhis, I.;m asal humilde e pobre. formado por dois analfabetos.

    Foi desse casal e nesse ambiente prerio que nasceu aquele que. custa de muito suor e trabalho. viria a se tornar um dos artistas plsJicos brasileiros mais importantes do seu tempo,

    A INF.4NCIA

    Ate os seis ano de idade. aproximadamente. o menino morou no sitio onde nasceu. Ai foi felz, brinou bastante, aou passarinhos,

    Recorda-se. ainda, que se impressionava om as figuras impressas em revistas, E perguntava ao pai sobre quem os fazia. seria com as mos? E o pai respondia seco: "Ora, quem sabe fazer e daro que com as mos. Com os ps e que no pode ser", E O garoto ainda no linha inco anos.

    Em 1931 o senhor Jos Maria Manho transferiu-se para a cidadt' em buscn de melhores condies de vid~ pnra a famlia, que aumenlUVa, Empregou-se numa olarin e, nas poucas horas vagas. se elltreli11h'1 fazendo pequenos animais e bonecos de barro aos quais dava os nomes de figuras eminentes da poca,

    O pequeno Martho sonhava: "- Ser que um dia poderei fazer liguras como as das revistas? E bonecos de barro de verdade?" Os anos baveriam de dizer que sim,

    Foi na fase infantil. quando as crianas, no geral apenas bdn~ cam, que O trabalho se apresentou ao menino. A principio apenas ajudando a me nos servios domsticos e, depoLs, labutando fora para reforar o oramento familiar. Sempre servios humildes como vendedor ambulanle de frutas e de pamonhas, entregado r de marmra. operrio de granja. engraxate. auxiliar de marceneiro e de fotgrafo, pintor de talhas c moringas. de brinquedos de madeira e oulros, Fainas execuladas sempre com alegria e bom humor.

    Foi por essa poca que ocorreu um episdio curoso e caricato. 1.;111 policial "consciente" ale demais de seus deveres deteve o pequeno Martho por desacato "oloridade", O delegado, evidentemente. o liberou, em seguida.

    Com algum atraso foi matriculado no Grupo Escolar Dr. Alfredo Cardoso. quando j estava com nove anos de idade, Eque a me temia que o filho fosse maltratado por outros alunos. j que era portador de um subdesenvolvtmento fsico e de uma verminose que lhe causavam fortes dores de cabea. nuseas e falta de apetite.

    Em 1939 foi. por grande sorte. aluno da professora dona laan Altair Pereira Guerrini que. notando a sua illclinai10 e talento para desenho, sl1gel'iu~lhe que fosse estudar com o bondoso Frei Paulo Mara de Sorocaba que. no Seminrio Serfico So Fidelis, lecionava gratuitamente a todos que o procuravam.

    A ADOLESCNCIA Durante a adolescncia continuaram os servios humildes e,

    no obstante a vocao decidida para as artes plsticas. s iniciou os estudos com Frei Paulo aos qunze anos. devido oposio da me.

  • Dona Maria, uma boa senhora, mas extremamente inculta, temia qUI! o filho ficasse "fraco da idia",. alm do que, dizia. lugar de menino pobre li o servio. E para que serve a pintura? ela pensava.

    Uma das primeiras coisas que Fret Paulo fez. no ver m'llinn. foi medir-lhe a altura: um metro e trinta e dois centmetros. Hoje. Manoel Manha tem um metro e meio de altura e pesa cinquclH3 quilos.

    O segund.o grande pintor piracicabano que o jovem conheceu foi Archimedes Dutra, Simpatia mutua, tornaram~se bons amigos. uma grande amizade s interrompida pela morte de Archimedes. que foi o seu segundo orientador. E. se frei Paulo o inicou no caminho da arte. Archimedes revelou-lhe a verdadeira dimenso desta.

    No atelier do Dutra, Manho conheceu o jovem Alb.;::rlo Thomazi, o Bertico. talento anstico de qualidades inegaveis, que o apresentou ao pai, Mario Thomaz!. tambm p[ntor. Assim, aos poucos. () moo foi se introduzindo nos meios artisticos de sua terra,

    Por volta de 1942 exps seus primeiros trabalhos n leo: um retrato do Presidente da Republica. Getlio Vargas, na Papelaria do "Jornal"" e um rerrato do pintor piracicaba no Antonio de Pdua Dutra. na Livraria Bom Jesus, Ambos provocaram crticas favorveis,

    Foi num dia de 1944 que dona Jaan lhe disse: "Mancco. voc est se tornando um artista e, como tal, ter que freqllentaf ambientes cuja cultura o deixara nfcriorzado. Voc poderia. pelo menos. es.fudar um pouco de Ponugus, Se vo-c quizer eu e o Leandro nos incl!mbire~ mOS de lhe dar algumas. aulas",

    Entretanto, Alberto Thomaz! o apresentou a um amigo profes sor que, dispondo de mais tempo que os Guerrini. ministrou-lhe ulllas aulas de Histria c de Portugus. E. assim. se verdade que Frei Paulo o iniciou no caminho das Arles, tambm verdade que dona Jaan o empurrou na estrada da cultura,

    No ano seguinte. 1945. ainda por inspiraao da bondosa pro~ fessora e com o suporte financeiro de Leandro Guerrini e de Archimedes Dutra, frequema um curso de Madureza e com esse recurso conclui o ginasial, em 1948.

    foi a resposta aos que no acreditaram nele, Ao palro. na Cermica Bom Jesus, que um dia lhe disse: "". temos certeza de que no sers aprovado ... irs perder tempo.. nao s criana.. , precisas garantir o teu emprego e no andar por ai bancando o estudanle... eslu~ dar coisa para quem pode, .. j ests com 20 anos"; e quele senhor que lhe sugeriu a compra de um diploma a que o jovem rejeitou com violncia. E que Manoel. a despeito de ser muito pobre, foi sempre um fone de espirito e extremamente honestO.

    A VIDA ADULTA

    Manoel Marlho sempre levou vida austera porque as dificuldades nunca o abandonaram.

    De 1949 a 195J realiza os cursos Pr-Norma! e Normal, na Escola Normal e Colgio Estadual Sud Mennucci sem deixar o traha lho para ajudar os pais nem as lies de Frei Paulo e Archirncd.cs. Progredia na pntura.

    Antes mesmo de ser diplomado recebe o honroso convite para leconar Desenho Pedaggico e Trabalhos Manuas na Escola Estadual

  • de Primeiro e Segundo Grau Francisco Marques Pinto. de Nova Grana~ da. E. para ! se vai.

    Casa-se em Nova Granada Com a senhorita Lourdes Vicente Santana, COiU quem tem duas filhas.

    Por breve perodo leeiona em Santa Brbara d'Oesle, retorna a Nova Granada e de l passa a leeionar e residir em So Jos do Rio Preto. Fez boa amizade por onde andou.

    Dei;.;ou de receber o titulo de Cidado Riopretense por sua le~ aldade sem fronteiras e pejo imeoso amor terra natal. Disse aos ami~ gos: olhem. logo. quando eu me aposentar, retornarei a Piracicaba. que a 111 illha terra.

    E veio mesmo. A famlia ficou em Rio Preto por no se adaptar aqui. O seu ordenado de professor secundrio. deixou para a esposa,

    EVOLUO ARTSTICA Em 1951 participa. pela primeira vez, de sales oficiais, Duas

    leIas so aceitas no VIII Salo de BeJas Artes de Campinas. Em 1952 expe individualmente em Nova Granada e obtm o

    3 Prmio em So Jos do Rio Preto, em sal50 comemorativo a "Os Senes", de Euclides da Cunha, e o 2"" Prmio no IX Salo de Belas Artes de Campinas.

    Entretanto. o ambiente artlstico em Silo Jose do Rio Preto era muito inferior ao de Piracicaba, onde vicejava uma arte fina, vigorosa, equivalente dos grandes centros arlisticos de qualquer tugar. Por isso, li partir de 1952, Manoel Manha, j entrado na pimura. mas com mUlto ainda a aprender. tOrna*se um autodidata de valor, Trabalha muito. es~ tuda. pinta. Cria o seu estilo prprio, inconfundvel.

    Em 1961 comea a esculpir sem nunca ler visto alguem faz-lo e. em 1965, seu trabalho j aceito no severO Salo Paulista de Belas Artes. Em 1969 e em 1971, e a pren,ado com as Medalhas de Bronze e Pequena Medalha de Prata. respectivamente, Pouco depois recebe a Gr

  • Administra aulas de desenho. pintura e escultura, Seus dados biogrficos esto no "Dicionrio das Artes Plsticas no Brasil", no "Dicionrio Brasileiro de Artistas Plsticos" e no livro "Pintores Con lemporneos de So Paulo".

    Criou. em Piracicaba, um verdadeiro salo de belas artes. em termos de qualidade. a Bienal de Arte Acadmjco~lmpressjonisla Frei Paulo Maria de Sorocaba.

    Manoel Marcho um pntor realisla. ou acadmico impressionisla. termo que ele criou para definir O realismo piracicabano. Seus trabalhos tm marca prpria. Entre uma vin1ena de quadros. ou ma.is. identifica-se qual o dele,

    Seguro no desenho. no Ir31amento das tintas. na luz, naS som bras. no volume. em tudo. No admite brincadeiras com a Arte. pintura ou escultura.

    Homem simples. de hbitos conservadores. adornado por qlHI.lidades morais elevadas e invl.llnerveis. leva uma vida monstica severa, fitando a arte apenas.

    No possui bens materiais da vida moderna, como releron. rdio. televiso. carro. Dinhe~ro? nem falar, No assina jomais nem revislas. Eum ermito,

    Tem na casa duas ou trs mesinhas velhas que so suportes para naturezas mortas, algumas cadeiras excessivamente usadas, muitos cavaletes. desenhos. quadros a leo, esculturas e um fogo de "duas bocas", onde aquece a gua para o caf c esquenta o leite, De mordomia. apenas uma geladeira antiga, mais usada para conservar modelos perecveis utilizados em pintura e um relgio de parede, daqueles que nos 50S avs possuiam. modelo oito. que h muito no funcona. Mas o ambiente agradvel. com atmosfera calma. serena, de um convento franciscano.

    Ai vai vivendo o artisla, lo pobre como sempre foi. em vaiares malerlais. Mas que fortuna em tenHOS morais e culturais.

    A sua histria empolgante. um hino ao trabalho. ao sonho, perseverana. No conheceu o cansao nem o desnimo. Foi um fone! Transformou as condies sociais, que o direcionavam marginalidade, na alavanca que o retirou da rua e o lanou glria,

    Hoje, sozinho. noite em sua casa, quantas recordaes ho de assalt~lo? As misrias passadas; Archimedes, dona Jaan e o profes~ Sor leandro. Frei Paulo, que lhe deu o prmeiro pedao de madeira compensada para pintar: Eugnio Nardin. que lhe fez a primeira caixa de pintor: dos pais e da aV, que lhe guardava lodo o papel de embru

    Iho~ da coslureira vizinha, que lhe dava 10COS de lpis: do sacristo da Igreja Bom Jesus. que lhe fornecia restos de velas com os quais podia estudar noite: da comida que os frades lhe davam: do taxista. que lhe forneceu os primeiros tubos de tinta e pincis; do Juca (Jos Ferraz), que lhe cedeu o prprio quarto para estudar: da preta dona Olimpia, que lhe dava caf com leite. bolo. sanduiche, A quantos agradcter. meu Deus!

  • DR. JOO DO

    AMARAL MELLO

    Marcelo Meira Amaral Bogaciovas (seu neto)

    o Df. Joo do Amaral Mello nasceu a 20 de maio de 1879 na cidade de Piracicaba, mais exatamente na fazenda de seus avs mater~ nos, Joo Leite de Cerqueira Csar e Antonia Isabel de Negreiros, em terras pcrlencentes ento freguesia (hoje cidade) de So Pedro. Foi batizado a 29 de junho de 1879 na igreja matriz da freguesia de So Pedro com o nome de Joo Batista. sendo padrinhos seus avs maternos, Nus bancos escolares, em fazenda de seU pai, teve como professor 1) tatuiense Urbano de Oliveira Leite Setbal, tio do escritor Paulo Setbal. Na epoca assinava Joo Leite de Mcllo l mas, ao 'se tornar adulto, seguiu a deciso paterna e passou a assinar Joo do Amaral Mello. como os demais irmos. Na Genealogia PauJislana. de Luiz Gonzaga da Silva Leme. volu me IX, pglna 139, vem relaconado como loo de Mello Castanho'.

    Pertencia a tradcinais famlias dc Piracicaba, pelos quatro aVS. Era Jho do Capito Vicente do Amaral Mello, nascido a 15 de janero de J&49 em Piracicaba. onde veio a falecer a 27 de novembro de J 931. vereador Cmara dc Piracicaba, chefe poltico e um dos fundadores de Rio das Pedras, proprietrio da sempre lembrada fazenda So Joo e de sua mulher (casados a 28 de maio de 1878 em Piracicaba) O, Ifgnia Leite de Mello. nascida a 21 de SC[COlbro de 1859 em Piracicaba - onde faleceu a 17 de ouwhro de 19 9.

    Era nelO paterno do Major Melchior de Vlell0 Castanho, vere~ ador da Cmara piraclcabana e prcsidente dela quando estourou a Re~ voluo de I &42 e ete se ps em marcha frcntc dos revoltosos chirnangos. Melchior era fazendeiro em Piracica.ba. onde faleceu a ,3 de novembro de 187 J, deixando viuva D. Eufrozina Ferraz de Camargo, falecida em julho de 1877 em Piracicaba.

    Joo do Amaral Mello era neto materno de Joo Lete de Cerque ira Csar, batizado a I Q de janeiro de J 823 em Piracicaba, onde

  • faleceu a 16 dc agosto de 1890 e de sua mulher (casados a 27 dc abril de 1843 em Rio Claro) D. AtHOnia Isabel de Negreiros, nascida a 8 de maro de 1826 em Piracicaba onde faleceu em novembro de 1890. esta filha do ltimo Capito mor de Piracicaba, Estevo Cardoso de Negreiros. Por Joo Leite de Cerqueira Csar. que vinha o mais autntico sangue piracicabano de Joo do Amaral Mello. j que o mencionado Joo Leite. alm de ser sobrinho do Baro de Piracicamirim. era filho e nelO de agreultores em Piracicaba e ainda bisneto de Pedro Ferral Pacheco, contemporneo do CapiUio Fundador Antonio Corra Barbosa,

    Casou-se a 10 de maro de 1919 em Rio Claro (SP). na Capela do Colgio Corao de Maria. com sua prima irm D. Guiomar Corra de Meira. que depois de casada passou a assinar Guiomar Meira do Amaral Mello, nascida a 18 de abril de 1893 em Analndia, falecida a 9 de maio de J992. na cidade de So Paulo. Do dr. Joo do Amaral Mello e de D. Guiomar Corra de Meira nasceram: I) Antoneta Ephgnta do Amaral Mello (Geninha). que nasceu a 3 i

    de dezembro de 1919 em Rio Claro, funcionria do Departamento de Trnsito (Detran). Faleceu solteira.

    2) Joo Werther do Amaral Mello. que nasceu a 23 de janeiro de i 921, em Piracicaba, funcionrio aposentado do Tribunal RegIonal do Trabalho. soltero.

    3) Antonio Carlos do Amaral Mello, nasceu a 27 de fevereiro de 1924 em Piracicaba, funcionrio aposentado do Instituto BraSileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), solteiro,

    4) Guiomar Amaral Mello. que nasceu a J:3 de maio de 1925 em Piracicaba. Est casada com Petras Bogaciovas. So pais de Pedro Valrio Meira Amaral Bogadovas, de Paulo de Tarso Meira Amaral Bogaciovas e de Marcelo Meira Amaral Bogaciovas. Tem netos.

    5) Maria Geralda do Amaral Mello, jornalista e escrlora premiada 'com O "Jabuti", pelo livro de contos "As trs Quedas do Pssaro''. Editora Civilizao Brasileira, Faz parte da Academia Piracicabana de Letras.

    Joo do Amaral Mello formou~se na primeira turma de Agro~ nomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - a ESALQ, em Piracicaba" a 20 de novembro de i 903, destacandose dentre os colegas nos conhecimentos prticos, que aprendera com seu pai na fazenda S:io Joo em Rio das Pedras. Logo aps sua formatura realizou um trabalho para a Secretaria de Agricultura de So Paulo: "Estatstica e Isotcnca do Municipio de Rio das Pedras", Poucos conheciam Rio das Pedras como ete, onde fora morador de 1886 a 1926, nela tendo exercido (naquele tempo os "homens bons" serviam gratuitamente, .. ) os cargos de 3(1 juiz de paz, subdelegado. e o de inspetor escolar.

    Por mais de quinze anos, Joo do Amaral administrou a fazen~ da So Joo de seu pai, nela empregando todos os seus conhecimentos tericos e prticos, adquridos na Luiz de Queiroz, o que a tornava um mimo na regio piraccabana, A "So Joo" ficava no caminho de Piracicaba a Porto Feliz, em terras do hoje municpio de Rio das Pedras, lransformada na Usina Santa Helena. Com as melhorias que introduziu na fazenda de seu pai. 'ornou~se um dos pioneiros na eletrificao e na telefonia rural. Casado. e com o desejo de ter sua prpria fazenda, adquiru em 1923 do dT. Mrio Tavares (depois secretrio da Fazenda) por 160 contos de ris. a Boa Esperana. em Rio das Pedras.

  • ncom plantao de caf. Mais tarde. vendeu esta fazenda e adquiriu oU tra, em 1927. a gua Branca, em Pirassur.unga, a quatro quilmetros do centro em direo a Analndia. tambm com cultura de caf. o que acabou Icvando-o falncia com a crise que se abateu sobre o Brasil com o craque da Bolsa de Nova Iorque, tendo que vender as terras para satdar seus compromissos e pagar seus colonos.

    Para sustento de sua familia lentou a sorte com a explorao de um monho de cereais em lracempolis (SP). sem contudo lograr sucesso. Foi ser administrador de uma fazenda em Xavantes. onde permaneceu menos de um ano. Resolvelido ingressar no funcionalismo pblico estaduaL empregou-se, em 1934, como engenheiro agrnomo, fi poca do ento secretrio da Agricultura JuvenaJ Mendes de Godoy, lendo sido efetivado a I1 de setembro de 1941 como inspetor agrcola de mquinas de algodo pelo Dr. Fernando de Souza Costa. Interventor Federal do Estado de So Paulo. Como Cr.fe de Se~o. teve sede em PiraSSLlnUnga. Araraquara. Piracicaba e So Paulo, viajando constantemellle panl varias cidades do Interior paLllisra, como Ribeiro Bonito, Doul'ndos. llitriri, ele. No final do ano de 1945 passou com sua famlia em definitivo para So Paulo, adquirindo um sitio em Suzano (SP), no bairro wa Goiabcira. o "Pinheirinho" vendido em 1966, Na capital paulista viveram de 1950 a 1959 no bairro de Vrla Clementino, na rua Pedro de Toledo. e desde 11 de janeiro df 1959 no bairro Bosque da Saude, na rua Guararema n 494.

    Por ocasio dos festejos do Da Nacional do Engenheiro Agr~ nomo, a 11 de outubro de 1973, foi homenageado em sesso realizada no salo nobre da ESA LQ em Piracicaba p?r ser o mais velho membro dessa laborIosa classe do Pas. Descobertu pela imprensa. acabou virando manchete em noticirios de jornais at de televiso. especialmente quando completou a avanada idade de cem anos C001 a sade invejvel que Deus lhe deu. Destacaram~se as seguintes reportagens: Dirio de So Paulo (30 de maio de 1979. p;:gilla 38), Jornal de Piracicaba (27 de maio de 1979. pgina S) e Notcias Populares (8 de junho de 1979, pgil1!l 3). N!ls entrevistas que concedera, lembrou os dificeis primeiros tempos da ESALQ. quando trinta alunos iniciaram o Ctll'SO e apenas sete o concluram. correndJ-se o risco de, pura c sim~ plesmente. extinguirem o curso, se oo houvesse formandos. Foi a que Joo do Amaral se agigantou. enlllsiasrnando e ensinando os colegas para juntos lingirem ao objetvo maior. Realizava-se assim o sonho dourado do paulista Luiz de Queiroz. o grande incentivador dessa distinIa escola que tantos servios tem prestado a este pais. Lembrou ainda que ia, diariamente. a pc. do Largo do Mercado, onde residia com seus pais. para assistir s

  • rncias elogiosas, como as de que era um cavalheiro irrepreensvel. bom irmo, fino no trato e no trajar. Perdeu a viso pelos anos de 1950, por problemas de glaucoma. de forma irreversvel, mas sem nunca perder a f em Deus de que um dia voltaria a enxergar novamente, acreditando nos progressos da Medicina.

    ,. i~(~PL1:..:.!icu 1:,;d.,_~I~div

  • ORlO CORUMBATA

    Jos Luiz Guidotti *

    o Rio Corumbata nasce na Serra dos Padres. no Municpio de Analndia, prximo da cidade de hirapina, a 800 metros de altitude acima do nivel do mar.

    Depois de percorrer 130 quilmetros, chega-se a sua foz, que se localiza nas proximidades do Distrito de Santa Terezinha, no municpio de Piracicaba, onde suas guas se encontram com as do Rio Piracicaba. a 410 metros de altitude acima do nvel do mar. tendo um desnvel da nascente foz de :530 metros, que d a expressiva mdia de 3 metros por quilmetro. Este mpressonante desnvel deve-se ao fato de sua nascente localizar-se no alto da serra, seguindo em direo s plancies. Poucos quilmetros depois de sua nascente. ele j desceu mais de 200 metros pelas encostas das montanhas. Assim, quando passa por Analndia, localizada a apenas 10 quilmetros da nascente, sua altitude de 684 metros acima do nvet do mar. Dentro da cidade de Analndia existe o Salto Major Levy com mais de t5 metros de altura. Depois de mais 12 quirmetros, rumo ao Leste, o rio passa pela cdade de Corumbata, onde sua altitude de 572. Sua foz esta na cota 470,

    Nos 130 quilmetros de extenso, suas guas banham quatro municpios: Analndia. Corumbata. Rio Claro e Piracicaba.

    Seus afluentes so pequenos crregos. ribeires e riachos, Apenas dois merecem destaque: o Rio Passa Cinco, que tem maior volume d'gua que o prprio Corumbatai) e o Ribeiro Claro.

    O Corumbatai recebe as guas do Ribeiro Claro pela sua margem esquerda. que traz em seu leito muita poluio das cidades de Rio Claro e Santa Gertrudes. O Rio Passa Cinco tem guas muito limpas, sendo afluen~ te da margem direla, Curiosamente a foz de ambos prxima uma da ouira.

    As guas da nascente do Corumbatai so limpas, cristalinas e muito frias. Aps descerem a Serra dos Padres ou de hirapina. chegam

    Navcgador Fluvial. com mais de 10 mil ~uil6metros percorridos pelos rios da BaCia -do Prat3. Escrilor com trs livros publi cados: ,.Aventura na Bada do Prata", "Navegan-do pclo Piracicaba" e ''O Tiet Sem Segredos",

  • a Analnda com a mesma pureza da nascente. Naquela cidade. o COfI.Jmbala recebe esgoto domstco. Mas a natureza prdiga. O pe~ queno rio. aps receber uma pequena carga de poluo. segue rumo ao Leste, caindo em cachoeiras, passando por corredeiras. serpenteando por mata cerrada, ,Assim em poucos quilmetros ele se auto despoluL pois as quedas, corredeiras provocam a oxgenao de suas guas. e quando o rio se aproxima da cidade que leva seu nome. est novamente limpo e despoluido. Mas o homem, que o pior dos predadores. nova~ mente lana mais esgoto domestico em seu leito. O Corumbatai. demonstrando uma teimosia mpar, continua seu curso por densa mata. caindo por cachoeiras e passando por corredeiras. o que depura nova~ mente suas guas, Quando se aproxima de Rio Claro, est novamente limpo, com suas guas cristalinas, Mas na periferia daquela cidade, suas guas comeam a ser minadas por guas densamente polllidas trazdas por pequenos crregos, que silo despejadas no leito cndido do Corllmbala. Por mais que ele lute! no consegue mais manter-se limpo, pos a cada quilmetro um novo despejo de poluo acontece. Pior ainda que. ao entrar na zona urbana de Rio Claro, tambm rece~ be esgoto industrial, lixo domstico, detritos e dejetos de vrios matadouros clandestinos, Uma lstima!

    Na barragem da Usina de Corumbata. localzada 'na sada de Rio Claro, encontrawse a famigerada espuma branca, que detergente purol

    O teimoso Corumbatai. carregado de poluio segue em frente, tentando ganhar vida novamente, mas j poucos quilmetros abaixo da barragem, recebe mais poluio, alis a maior carga de poluio de todo seu curso! O Ribeiro Claro lana uma carga poluidora mortal no Corumbataf, que no tem mais foras para nova recuperao.

    Poucos qulmetros ajusante da foz do Ribeiro Claro, a Pro~ vidncia Divina determna que um rio, com guas limpas e com maior volume de gua do que o prprio Corumbatai. deposite suas guas na~ quele rio que caminha moribundo. Com o aumento do volume de suas guas, a poluio diJuida, c o judiado Corumbata, com a mesma temosia anterior, segue rumo ao Piracicaba, ganhando vida a cada quilmetro,

    A montante da Usina Costa Pinto suas guas esto relativamente limpas,Justamente onde encontra"se o sistema de captao de gua para abastecimentO da cidade de Piracieaba. Mas em Santa Terezinha, acontece tudo de nOvo. O esgoto domstico dos bairros de Santa Terezinha e Vila Industrial, atirado em seu leito ao natural sem nenhum ripo de tratamento. S quc o Rio Corumhatai no tcm mais tempo de se recuperar, j que sua foz esta apenas a alguns poucos quilmetros. Infelizmente, chega ao Piracicaba poludo!

    Para a cidade de Piracicaba, o Corumbata de Suma impor~ tncia, Todos sabemos. que a poluio do Rio Piracicaba est cada dia maior, Hoje, 60% da gua que serve a cidade de Piracicaba originria do CorumbaraL Existe um projeto do SEMAE - Servio Muncpa! de Agua e Esgoto. que. num futuro muito prximo, 100% da gua a ser servida para a populao de Piracicaba sero do CorumbataL

    A despoluio do Corumhata no est ~o difcil quanto a do Piracicaba. So quatro cidades que o poluem: Analndia, Corumhatai, Rio Claro e Santa Gertrudes. Tratar esgoto de cidades pequenas e facil

  • e relativamenle barato. Apenas Rro Claro vejo como o maior probte~ ma. Mas preciso uma ao imedata. No podemos deixar o rio morrer para depois tenlar ressuscit-lo. Vamo:; trata-io enquanto eSla co~ meando ti doena que mais fcil e barato,). A hora e agora ...

  • PLANTAS NAS RUAS DA CIDADE

    Prof. Guilherme Vitti

    Sempre interessa a leitores, amigos da histria de sua cidade. conhecer as origens de certos costumes e fatos ligados a ela.

    Vejamos o que dizem 05 livros de atas da Cmara Municipal a respeito do plantio de rvores nas ruas da cidade.

    A primeira aluso a esse assunto est assim lavrada no livro de atas n 10, da Cmara Municipal. na sesso ordinria de 11-10-1862:

    "O sr. Oliveira Leme indicou mais Que esta Cmara mande plantar arvores. como sinamomo e outras quaisquer, pela beira do Rio Grande, nO que diz rua, encarregando aO arruador a fiscalizao desta colocao, a fim de ficarem bem alinhadas e com distncia igual uma da outra, e marcando o lugar onde devero ser colocadas, assim tambm plantar-se ao redor do ptio desta matriz arvores de casuarinas. ou outras quaisquer.: passou esta indicao, ficando o mesmo sr. Oliveira Leme encarregado de todas estas obras: sendo necessrio fazer algumas despesas consultar a respeito com o sr. Presidente. Quanto. porm. plantao ao redor do ptio da malriz, ficou para dela ser encarregado. Miguel Arcanjo Benicio Dutra. consu[tando~se igualmente ao sr. Presidente."

    Rio Grande o Rio Piracicaba, assim chamado muilas vezes nas atds e papis da Cmara para distingui-lo do Rio Corumbatai e Itapeva.

    Arruador era a designao do encarregado da demarcao de lotes e propriedades publicas.

    ImagneMse. na situao atual, se os vereadores, ih'jdos em le~ Vantar problemas e engendrar obras e refQrmas no munidpio. se eles estariam aptos, dispostos e capacitados em executa-los!

    Pensariam duas vezes antes de exigi-las das autoridades municipais, O Miguel Arcanjo Senicio da Assuno Dutra o nosso e o

    m.'lis conhecido pintor de fama e autor de trabalhos pictricos e proje~ tos de obras realizados nCSla cidade em tempos idos.

  • o lrnbalho aludido foi executado pelo sr. Oliveira. [anlO assim que. nObservese que o cudado COlll a sade pblica j era matria dI.'" nossos antepassados legisladores cama.rados. dando um quinau nos alU31S ecologislas.

    HYMNUS PIRACICAIlENSIS

    Verso latna por Guilherme Vui

    In desiderio ptmgenle mortis

    - Ingratum fatum . pl'ocul ale.

    In g.emitu maesto, tenninc !lullo.

    Vivo in deserto. pos!qum migravi.

    Piracicaba quam adoro lanlUm. F!oriblls plena, delciae plcna. Nemo concepi! dolorenl magnum Fil distantis slIspi(ando te!

    In alio loco. qunlis SOrS vaiei? Pracl"ero 1ll0rlCIll nOll longe a te, Agreslt!'s amo ztl

  • CONSELHO UNIVERSITRIO

    SESSO ESPECIAL

    PROTOCOLO DE INTENES CURSO DE MEDICINA

    PREFEITURA MUNICIPAL

    DE PIRACICABA E UNIIVIEP

    28/03/96 -14h30

    PALAVRA DO REITOR, PROF. DR. ALMIR DE SOUZA MAIA, PARA A CERIMNIA DE

    ASSINATURA DO PROTOCOLO DE INTENES - PREFEITURA MUNICIPAL E

    UNIMEP SOBRE CURSO DE MEDICINA

    Quando, na dcada de 70, o ex-Reitor Richard Edward Senn assinou, como primeiro ato ap6s sua posse. a nomeao de uma comis~ so especial para estudar os encaminhamentos relativos criao de um Curso de Medicina na Universidade Metodista de Piracicaba. apro~ vado pelo Conselho Universitrio e Conselho Diretor em 1978. tanto a Universidade como a cidade. certamente. no imaginariam que quase duas dcadas teriam de ser vencidas para que o desafio viesse a ser enfrentado definitivamente.

    Hoje o relomamos de maneira forma! e efetiva, No apenas comO fruto de novos desafios acadmicos, pois estes j povoaram o pioneirismo e o impelo dos prlmeiros anos da UNIMEP, Mas. novamente, como um desafio lanado pela prpria cidade, que no poderia ser ignora. do pela Universidade, mesmo que ela o desejasse. E o faz, desta feita. de comum acordo com a Prefeitura Municipal. que assume parte da responsabilidade no processo de criao do curso, devendo ser acompanhada. em seguida. pela Cmara Municipal e outras entidades representallvas.

    Em um pas 110 qual o caos l1a rea da sade no se cinge mais s manchetes dos Jornais. mas pode ser sentido pelos cidados comuns, que se defrontam no seu dia~a-dia com a escassa infra*estrutura hospila(ar, com a precariedade do atendimento c. em alguns ~ugares. ate mesmo com o conhecimento minimo de procedimentos de higiene e preveno de doenas. a possibilidade do surgimento de um novo Curso de Medicina deveria ser motivo de aplausos e comemoraes.

    Neste momento. em que a UNIMEP rormaliza seu propsito de ajudar a criao de um novo Curso de Medicina, necessrlo que se firmem algumas balizas para sua dscusso e implementao,

    Em primeiro lugar. a UNIMEP no pretende ter simplesmente mais um Curso de Medicina no pas. Neste ponto. fazemos coro com as

  • entidades representativas da sade, que vm defendendo a restrio da crino de novas faculdades. que apenas ll1uhiplquem o nmero de vagas oferecidas. mas no garantam a qualidade exigida para a forma~ o dos novos profissionais. Acreditamos na responsabilidade que deve rt:ves!ir cada: imHituio de ensino que se proponha a formar novos !11dit:os. profissionais que ldaro com pessoas. com o bem maior que a vida. c, neste aspecto. podemos nos apoiar no crdito que acumulamos em nossos 20 anos como Universidadi!'. numa histria de avanos c qualificao acadmicos. de apoio pesquisa. de definio e atuao dada na rea da extenso e. em especiaL a experincia desenvolvida nos cursos da arca da sade ao longo dos anos~ a qualidade de seu cor~ po docente, de seus programas. de suas instalaes. o padro de aten~ dime:nto podem ser comprovados e referendados pelos nmeros alu110S t: paciemes que j passaram pela Clinca de Fisioterapia, Farm~ ela-Ensino. Servo de: Psicologia e, desde a ultima semana, pelos que comeam a ser atendidos na Clnica de Fonoaudologa, Anda mas: lllui!os de nossos ex-alunos silo hoje profssionais na direo de clnicas. hospitais. consultrios. quadros de destaque em reas acadmicas em vrias partes do Pais,

    Neste contexto. e na perspectiva histrica com a qual trabalhamos. aprendemos tanto a relativizar Quantu a pOlentializar definies estruturais desta envergadura. O que significava criar O Colgio Piracicabano no fina! do sculo passado. alguns anos antes da Proclamao da Repb!ica? Como avaliar. no filla! do sculo, a deciso da Instituio. tomada em 1964, de iniciar processo de implantao da Universidade com a criao de seus primeiros cursos superiores? O que significar a implantao ou no de um curso de Medicina. em Piracicaba. no prximo milnio? Devemos estar presos. estritamente, s questes conjunlurais de nossos dias para tomar tal deciso ou nos anteciparmos ao futuro e planejar novos tempos?

    Ponamo, pensar um Curso de Medicina para a UNIMEP s ser possvel dentro de rgidas exigncias de nossa Poltica Acadmica, onde ensino. pesquisa e: extenso se integram no colidano C indcam O perfil de uma Instituio na qual qualifica-o e comprometimento se agre~ gam num compromisso nico. Estas exigndas nos remetem a este Protocolo de Intenes. que ultrapassa at mesmo as pessoas hoje responsveis pela direo da Prefeitura, da Universidade, das entidades representativas da cidade. Firmamos neste documento. um compromisso maior entre Universdade e O Executivo Municipal. pelo qual este as~ SlImc a responsabilidade: de viabilizar um hospital que possa se construir em espao qualficado para o apre:ndizado mdico e para programas de residllda que credenciem o curso .!m Piracicaba como um dos melhores do pais. Este esforo de se instalar O Hospital Universitrio no sera bem sucedido sem o financiamento do poder pblico e. tambm. sem o apoio profissional dos medicos. suas entidades de classe, hospitais. ambulatrios. pronto-soorros e outras unidades de servio sade.

    Em segundo lugar. importante frisar que o surgimenlo de um Curso de Medicina na UN1MEP. om todo o seu carater social. sobretudo nesle Quadro que O Pais atravessa. no se constituir em soluo para o equacionamcnlo do problema da aS_j.istncia medica e da sade na cidade e regio. Ser. certamente, um suporte para dar sustentao a

  • projetos maiores, envolvendo outros rgos a quem compete, por defi~ nio. a responsabilidade por tais atendimentos. Sua finalidade ser, alm de acadmica, marcada pelo cunho social e voltada aos novos padres do exercido da medicina, o que inclui, necessariamente, o aten~ dimento e acompanhamento mdicowhospitalar como direito de cidadania.

    Cremos, em terceiro lugar, ser necessrio. neste momento histrico, reafirmar o entendimento da Universidade de que tais proces~ sos de avanos s se fazem de maneira participativa e coletiva. Alis. temos enfatizado que o desafio de criao e implantao de um Curso de Medicina em Piracicaba s ser vitorioso se, nesta luta, houver a eontribuio, da Prefeitura Municipal, da Cmara dos Vereadores. da classe mdica e de outros rgos representativos da sade. assim como de outras instituies e lideranas, tanto polticas como cientficas da cidade. No se trata de plantar competio e concorrncia. Certamente, o surgimento de um Curso de Medicina trar, tambm, benefcios classe mdica, que passar a ter, sua disposio maior rapidez na atualizao de suas especialidades, maior envolvimento em reas de docncia e de pesquisa e a ampliao das possibilidades e diversificao do mercado de trabalho. Muitas foram as cidades beneficiadas por esta experincia de convvio com um Curso de Medicina e, com o tempo, acabaram se tornando centros de referncia em termos de avano e pesquisa de novas tcnicas, abrindo~se a novas reas do conhecimento e de atendimento e recebendo, inclusive, financiamentos especiais para programas pioneiros.

    nesta perspectiva e dentro desses limites que, esperamos, seja entendido o Protocolo de Intenes entre Prefeitura Municipal e Universidade Metodista de Piracicaba. Trata-se de um documellto histrico, mas que apenas inicia um longo processo, com a definio das alternativas bsicas para que as duas entidades possam, cooperativamente, enfrentar o desafio que foi proposto pela prpria comunidade local. Ser uma luta rdua, repleta de exigncias da burocracia educacional e da rea da sade, com etapas demoradas e que precisaro ser cumpridas para que novas geraes possam se beneficiar de seus resultados. No possvel se imaginar que este protocolo viabilize, em curto espao de tempo, o Curso de Medicina. Mas, seguramente, ele se constitui em um primeiro passo para um projeto de longo prazo que, se trabalhado de forma sria, persistente e constante, certamente poder atender aos sonhos, desafios e necessidades da cidade e regio na rea da sade. Finalmente, cabe-nos registrar neste documento, o agradecimento formal da Universidade Metodista de Piracicaba ao Sr. Prefeito Municipal, Antonio Carlos de Mendes Thame, e a toda a sua assessoria. que permitiu a concretizao dos entendimentos entre UNIMEP e Executivo. De igual maneira, registramos os esforos polticos anteriores a estes anos, pelo qual outros representantes piracicabanos, a nvel do Executivo e do Legislativo, participaram deste processo que ora se formaliza. No poderamos, ainda, deixar de agradecer aos atuais vereadores, a entidades representativas e de classe que vm nos incentivando a avanar nesta lula e, tambm. a comunidade acadmica da UNIMEP, que se disps a enfrentar mais este desafio que exigir muito trabalho, dedicao e competncia.

    Sabemos, entretanto, que, mais do agradecer, cumpre-nos, neste momento. manifestar nossa esperana de que LOdo este apoio se for

  • lale:::l e conlinue. cada vez mais se consubstanciando num movimento de IlHa por Piracicaba e regio. Porque este Curso de Medicina. mais do que da UNIMEP. sern um curso de todos ns. da prpria cidade e, por que no dizer. da regio.

    Piracicaba. 28 de maro d~ 1996

    Almir de Souza Maia REITOR

  • A DIALTICA DO SABER

    M. Dulce B. Bergamin

    Desde qe se constllulU como espcie distinta dos demais primatas. seus ascendentes, o Homo sapiens sapicns (o duplo distlngue~o dos demais "sapiens", Como o neanderthalenSLs, por exemplo), tem ido uma hstria evolutiva que se caracteriza pela busca e pelo desenvolvimento do conhecimento, Isso se explca pelo fato de ser ele, como j afirmara Aristteles, um "animal racional", isto , um primata dotado de razo, na verdade o nico assim constituido entre os primatas.

    Por ser racional o ser humano tem necessidade do conhecmen~ to, que lhe serve de alimento tanto quanlo os demais alimentos que sustentam o seu organismo. Necessita do conhecimento para alimentar o esprito. assim como o corpo precisa de protenas e outras substncia:; fisicQ~quimcas que lhe garantem a integridade fsica. E por essa razlo que o homem moderno dedica-se construo da cincia, que se desenvolve acompanhando de certo modo a evoluo da espcie. A evoluo do pensamento complementa a biolgica.

    Entretanto, tendo se organizado como pane integran1e do SiSM lema cultural que a humanidade preserva como patrimniO, a cincia adquiriu autonomia e passou a determinar seus prprios rumos. Em outras pa.lavras, adquiriu poder perante os demais setores da

  • Conquistas posteriores a essas datas mostraram os erros de tais crenas. Os prprios fsicos. iniciando pesquisas em novas direes, trouxeram a ruina aos antigos dogmas em que tinham at ento acredlwdo. E hoje. no final do sculo vinte, escreve Edgar Morin que a prhistria das cncias ainda no terminou.

    Essas aparelHes contradies demonstram que a histria do saber humano . como suas outras conquistas. uma construo progres siva. Evolui medida que estabelece bases slidas para consolidar os efeitos anlerores. mas precsa estar constantemente revendo seus principios. reconsiderando-os a pari ir de avaliaes sistemticas.

    Atualmente j se generalizou entre os cientistas a convico de que sua !arefa elaborar no um saber absolUlo. fnas apenas teorias que. embora respondam de modo satisfatrio as questes formuladas. so refulvelS. Em outros termos, teorias cuja validade possa ser demonstrada atravs de dados apropriados. mas que sero rejeitadas quando fhi dados assim e;o.;igirenL

    Sabese hoje que a teoria cientficn sempre provisria. e nunca definitiva. Mais cedo ou mais tarde ser Subsliwida. dando lugar as teorias mais amplas, precisas ou mais completas. O saber clen[ifico indica p0ssibilidades. por isso contm sempre certa dose de incerteza. Esta cOllstilUi. para o cientista. um componente do trabalho que realiza. cabendo-lhe a taref.a de lidar adequadamente com ela.

    A correlao cincia/saberlignonincia outra contradio ain~ da no inteiramente resolvida. lIudiram~se os cientistas com a crena de que o progresso da cincia teria como consequencia a ampliao do saber e a erradicao da ignorncia, EntrelanlO. verllca-se que paralela~ mente ao progresso dos conhecimentos ocorre o progresso da gnorncia.

    Uma vez que o conhecimento ampliado pelo avano da cincla no se dsrribui de modo igualitrio no meio social, mas permanece concenlrado entre poucos. corno as demais formas de riqueza. a sociedade vem assistindo ao crescimento da ignorncia. cada vez maior. na sociedade ontentpornea. o comingente poplacional que 020 tem acesso ao saber cientifico. vlvendo margem dcssse processo e dos benefcios que ele oferece vida humana.

    Entretanto. sob o ponto de vista eSlrito do proceder cientfico. reconhecer a prpria ignorncia e a incerteza constitu progresso. como nota o alllor citado. Edgar Morto. Ressal!a que fi prprio cotlhecJ11en~ to. longe de eliminar a ignorncla, gera desconhecimento e incerteza, e loda soluo gera nova questo. Esta e

  • nvel de atuao de indivduos e grupos no meio social. possibilita o acesso cada vez mais ampliado atividade cientifica. constituindo ainda garantia de qualidade no seu desempenho.

    Fonte: Morin. E. 1996. Cincia com conscincia. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil.

  • o ALFABETO

    ESPANHOL

    F. Pimentel Gomes

    Tudos ns. brasileiros. s3bemos como suo semelhantes o jdio~ ma Espanhul (lambm chamado Castelhano) c o Portugus, Mas, ao lado de wnlas semelhanJs, h tambm diferenas noulveis, que con~ vem conhL't:er. A primeira delas e o alfabeto. que tem, no Portugus~ 23 lell'tlS, alem do k. do w e do y. lambem usados. em COlilrastt' tom 29 nO C,naelhano: lt. b~ c. cll, d, e, f. g. h, j. j. k, I. 11, m. n, fi. o. p. q. r. rr, s. t. u. v. s, y. z. Por exemplo a palavra "charada", que se pronuncia ""tcharada", no se ellontra na letra C do dicionrio. mas na letra CH (tchL (lll~ vem logo depois. Analogamenle. a palavra lIave (chave). no se encontra na lelnl L do dicionrio, mas logo a seguir. na letra LL.

    Saliente-se tambm. que as lelras do alfabeto silo femininas no Caslclhano: la a, la b, la m. etc .. e no masculinas. como na nossa lillgua.

    Na pronuncia. a diferena maior esta nas vogaIs. Enquanto o Portugus do Brasil apresenlil 17 vognis di:alJ!as. o Espanhollem. ofici.dmclHe. ;Ipenas doco: a. , i, , u. No exis1em. pois. no linguajar argentino. ul'llgllaio paraguaio. os sons vocnlcos , . r. . . . , ':11.:. Na prtica. lalvcz por inllu(>ncia brllsifeifa. a swaft no bem essa. nm paises vi7:inhos. 0135. Ila vr'dadc. o ouvido cnstelhano no distinguI.! ele . QU

  • to. A letra H se chama hache. que se pronncia atche. o J jota (rta). O K kapa, o X ri equis, o Z e zeta, o Y e i griega, o N efie (enhe) e substitui o nosso NH: nino (ninho) = menino. O R se chama >Oer!!". e u RR se denomina erre. ao passo que Q se diz cu.

    E importante a pronuocia da letra LL telIe). que corresponde ao 00550 J l1a Argentioa: ealle (caje) = rua. maS soa cOmo Ih na E!.panha: ealle (calhe) =. rua. e como I no Mxico: caBe (calei'" rua importante tambm a pronunca do Y. que soa como noSsu J n:1 Argentina e no Uruguai. e como I na Espanha. Por exemplo: )'0 (eu) 1!' Mayo (maio, ms do ano). que se pronunciam j e majo. em Buenos Aires. c i e maio. em Madrid.

    No EspanhoL a letra S esempre sibilante. nunca soa como o Z do Portugus. Por exemplo: casa (casa) se pronuncia c.lssa. beso (bei~ jo) se diz bsso. Por outro lado, o Z no equivale ao Z brasileiro. pois soa mais Oll menos como o nosso (ce cedilha). Assim. plaza (praa) se pronuncia aproximadamente pina. c riza (giz) se pronuncia tia.

    O ul1ico acento do Espanhol e o agudo. como em caf, mas o som do E continua fechado: caf.

    As letras B e V praticamente no se distinguem no Castelhano. geralmente se pronunciam como se fossem sempre B. Por exemplo: nl$O (copo) se diz basso. Para distinguir essas lelras na linguagem falada. os argentinos chamam o B de be larga (be comprido) e o V de be corla (be curto),

  • CONSTRUES RURAIS

    COLON IAIS NO

    QUADRILTERO DO

    ACAR, ESTADO DE

    SO PAUL01

    Celso Lago Paiva2

    Resumo

    Analisadas edificaes rurais conslrudas no quadril.ero do acar paulista entre meados do sculo XVII! e mendos do XIX. constaloU-Se a presena de diversas caracleristicLls comuns, consideradas primlivns, como o predomnio da tcnicl da laipade-pilo, vergas relas, balastre colon1ais, telhado em quatro guas e beira! largo suportado por cachorros. A partir da introduo da cultura do caf. ainda no segundo quartel dos oitocentos, as conslrues passaram a incorporar diversas aheraes cOllstrutivas, em tcnicas e em materiais, como a eliminao do beiral. mulliplao das guas e ereo de paredes de alvenaria de tijolos,

    P

  • Introduo

    Poucas construes coloniais restaram no Estado de So Pau~ lo. Muitas das sobreviventes foram to deformadas por reformas qu

  • quinas voltadas pMa fora, denominados balaustres cOloniais;' (Paiva. 1'196: l-O. Escuros COniO ufllca vedao. basculando por gonzos. O Illmero de j;mdns por aposento aumentou cnsis!entemC!He com o tefn~ pn. chegando ao m:-:imo j no primeiro quartel dos oilocenios (Casa~ fno d~l Ilau Preto, Indaiawba: Figura 3).

    S.l!l1ptamao em plataforma alerrada. com a fachada principal vnlwda pf1ra o d~clive. nUl1ca longe da guil corrente. Os. engenhos sempre se urillt:aram d!.! d!!sniveis elHre

  • gas retas. telhado d~ duas gU3S (embora existam indicios. como oite.s de alvenaria de adobes, de que originalmente teriam sido qualro 3S guas) e dislribuill.o em dois lanos de cmodos. A restaurao t1.: rL"j~ o pr:o.;ma . original parece plenamente realiz.veL

    Construes ps-bandeiristas

    o partido dito "de tradio bandeirista"' no alcanou o sculo XJX, l'I1a$ desde meados dos seteenlOS sua rigidez f01'mal foi sendo relaxada. permitindo so!ut')es at ento desconhecidas ou pouco ulilizadas. como te!hados de duas guas, anexos que exigiam rinces no tratamento do telhado (casa do Quinzinho. em $oroc3ba). vergas em ar\:o abatido (casas das fazendas ituanas} e alleamclHO das paredes internas (O que reneiiu na altura impressiva do p-direito mximo do pretrio. de at mais de cinco metros. como no Engenho~d'Agll

  • inllullc1.i:1 dos enlrantes mineiros e de paulistas que retornavam de Mi~ na:> Gerais (Paiva. J996:30).

    Stio Grande-. Um dos mais antigos ainda existentes. citado no invcnlrio de seu construtOr com esse nome. depois denominado Fa~ ;v;!nda Chapado e hoje pertencente ao Exrcito. J existia em 1792 (Pupo, 1969. 1983: essa data carece de documentao). sendo ta [vez o decano das construes da regio de Campinas. ao lado da Tulha do Proena. Traia-se de grande retngulo de laipa~de-pilo com o segun do andar de taipa-de-mo. sendo este provido de numerosas janelas t:om vergas retas. O telhado de quatro guas, Algumas janelas conservadas no rs-do- cho ainda portam os balastres de base quadrada, As dimenses e a localizao em fundo de vale ao lado de ribeiro indicam que abrigava engenho real, embora o inventrio de seu constnnor nada ~specifique a respeito, Muilas alteraes srias no deturparam completamente a feio austera dessa edificao.

    Uma segunda construo foi erigida na fazenda em meados do sculo passado para morada~ I11.UilO alterada. conserva bandeiras de portas hilernas providas de rlulil\ fixas. elemeniO de ascendncia urbana.

    S,dla Gntnde. OUlro sobrado j dos primeiros anos dos oilO~ cenlos. no atual territrio d~ Americana: tambem conhecida como So~ brado V!;!lho. situa-se junto ti foz do Jaguari no Atibnia formando O PilHcicaba. De propriedade do govemo esta.dual e muito bem conservado, este antigo engenho real pode ser restaurado com pesquisa adequada, De grande porte, possue paredes mestras de taipa-de*pito e paredes secundrlas de taipa*de-mo. Foi adulterada nas primeiras d~ cadas deste scculo com o lanamento de segundo lano assobradado! com a ereo de diversos tabiques de tijolos e com a suhstituio em vrias janelas do trreo das antigas grades de balastres de base quadrada por outros caprichosamente torneados. desproporcionais e e$tra~ nhos ao uso paulista.

    A facbada fronteira possui longo prolongamento da senzala, de mesma dade do engenho e originalmente desprovida de janelas na fachada principal. Minba pesquisa indica que O engenho original era provido apenas do trreo. sendo logo acrescido da andar superior para morada senhoril. A imensa armadura de seu telhado ainda dispensa cs [rutura que 1i,"!11bre tesoura. Existem cachorros que se tornaram anacrnicos pelo alteamento do telhado em recenle reforma de recuperao. Tanto este engenho quanto o Sitio Grande foram levantados por irmos nascidos em Minas Gerais (Pupo. 1969. 1983: pesquisa do autor); indf~ cio do uso mineiro o forro~mineiro encontrado em pequeno cmodo do andar sobrado (Pupo, J983:130). As porIas externas do salo central do !rreo so largas. sugerindo trr)silO dos animais carg.ueiros da cana,

    Essa construo tern O piso do andar trreo escalonado da frente para o fundo. necessrio para facilitar o Irabalho com a cana, seu a!do e os produtos intermediarios da produo do acar, possuindo o lendal onde o acar era puri ficado nas formas. Se for legitimo, trata~ se do (mco tenda I sobrevivclHe do periodo colonial neste Estado, O engenho setecentista da chara Rosrio, em ltu. estudado por Katinsky (5, d.) fal11bm conserva o escalonamento altimtrico, bem como o an~ ligo engenho da Faz, Mato Dentro" em Campinas. erguido na prinHeira dc

  • 4) Desenrolol.! a hatalha da Venda Gramh:, na Reyoluao liberal de J K42, fn:nh:: dc.~t: sobrado. onde se sucederam

    arbitrari~dades d,,;; tr0llas ofcio535 depQls da refreg

    (PuP~), J969:1:n~13(i). Migueb;Jl"ll1o Outra, como tipo era! dedicado, devI: ler pintadtl esse local par sua impnnnd

  • superior do Engenho do Salto Grande (Americana), c no solar do Ba~ ro de llapura (sede da PUCC), no centro de Campinas. do ltimo quartel dos oitocentos. ~este ltimo caso o forro. de tranado singelo. foi al N ado a grande altllra, forrado inferiormente com massa e pintado com arabescos florais. devendo constituir a totalidade do forro falso desse edifclo de grandes dimenses. Essa lcni
  • gonzos perderam O favor (! foram subslituidos por dobradias. Os escu~ ros, no mximo almofadados, cedera In lugar s venez.ianas, As vergas retas ou em arco abatido foram trocadas nas ponas principais por vcr gas curvas com cornijas: ou bandeiras com arabescos de ferro fundido. As: ombreiras ganharam socos decorados. Detalhes decorativos em bai~

    xo~ relevo no reboco foram largamente utilizados, imitando a rusticao do neochlssico. Esses detalhes completaram o (lesvirlUamen[O do par~ tdo colonial. que servira os paulistas por 350 anos.

    Na casa de mquinas da Faz.enda Duas Pontes. em Campinas. ergida nos ltimos anOs do Impedo. !orna~se marcanle o hibridismo de tcnicas em era de novaes no encontro de elementos primitivos (beiral largo com cachorros: entalhados. recoberTOs por guarda.p e pm~ vidas de ancoragem completa) e de elementos modernizantes (alvenaria e cima lha de fijolos aparelhados em diagonal).

    Todas as transformaes referidas foram adotadas mais rapidamente nas sedes das fazendas. Nas edificaes utilitrias (senzalas. moinhos, tulhas, casas de farinha) muitas das caracteristicas do partido colonial. inc!uindo as tcnicas da !aipa. se mantiveram at bem prxi mo do fim do sculo XIX, mesmo nas construes novas. Nas casas de morada, essa evoluo oferece ao pesquisador ferramentas que permi~ tem daI ao das construes com muito maior segurana que nas edificaes do ciclo aucareiro. quando as 1l1Odificaes nas tecnicas construtivas foram mais lentas e de adoo independente em regies diferentes,

    Referncias Bibliogrficas

    ANDRADE, Mrio de, 1965. Aspectos das artes plsticas no BrasiL S. Paulo, Martins, 96 p. + pranchas, I ed., 1935/1943 (ensaios). (Obras Completas de Mrio de Andrade 12).

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    KATINSKY. Jtio R., 1972. Casas bandeiristas. Nascimento e reco nheciultnto da arte em So Paulo. S. Paulo. Tese de Doutorado, FAU/USP, 135 p., il.

    KATINSKY, Jlio R" 1976. Ca,a, bandeiristas, g, Paulo, IGEOG USP, 183 p" il.

    KATINSKY, Jlio R" s,d, Arquitetura, do acar. S, IDe., ms., 66 p., il. LEMOS, Carlos. 1984, Notas sobre a arquitetura tradicional de So

    Paulo. So Paulo, FAUIUSP. 62 p., il. 2 ed. (I cd" I969). PAIVA, Celso Lago, 1996. Histria da teniea das construes colo

    niais em So Paulo. llldaiatuba, Fundao Pr~Memria de Indaiatuba1 49 p" il.

    PUPO, Celso M. M., 1969, Campinas , seu bero e juventude, Campi

    nas, Ac-ad. Campinense de Letras. 335 p" l. (Publicaes 20),

    PUPO. Celso M, M. 1983. Campinas, Municpio no Imprio. S. Pau~

    lo, Il11pr. Or. Estado, 231 p.

  • Figura I. Tulha do Proena, Campinas. O reboco e o guarda~ p foram eliminados. O lambrequim de fatura recente.

    Figura 2. Detalhe do pagode zen-budista de Rurikoji, monumento nacional erguido em 1442 na 'Cidade de Yamaguchi, provnda de mesmo nome, distrito de Chugoku, ilha de Honshu. Janela provida de balastres de seo quadrada em dsposio enviesada. Fotografia de Paulo S. Monteiro da Costa.

  • Figura 3. Casaro do Pau Preto. Jndalaruba, SP. Construo rUfal com implantailo original em periferia urbana. Janelas numerosas providas de balastres coloniais. Os cachorros foram elimnados.

    Figura 4. Casa de mqunas da Fazenda Atbaia, Campinas: detalhes do andar do sobrado. Estrutura de gaiola, cachorros com guarda~p sobre o frechaI, verga reta com lateral recortada. escuro. As paredes so de alvenaria de ladrilhos dispostos na horizontal ( direita) ou inclinados ( esquerda). Pefi::ebe~se o esteio que liga o frechaI ao baldrame, gerando a meia altura a ombreira

  • A VISO

    ADMINISTRATIVA DE

    MELLO MORAES

    Aristeu Mendes Peixoto

    Prof. Frederico Pimentel Gomes, M.D. Presidente do Institl1to Histrico e Geogrfico de Piracicaba.

    Minhas Senhoras,

    Meus Senhores:

    De incio desejo agradecer Diretoria do IHGP, na pessoa de seu Presidente. o estimado colega Dr. Frederico Pimentel Gomes. pela gentileza do convite para atuar com o debatedor da palestra proferida nesta noite pelo eminente Professor Dr. Eurpedes MaJavolta, amigo. colega c conterrneo. enfocando a figura do ProL Jos de Mello Moraes e o desenvolvimento da cincia do solo agricola no Brasil.

    Quero tambm parabenizar o ilustre orador pelo magnifico trabalho apresentado, que, com sua peculiar habilidade de narrar os fatos e sentir os episdios. nos brindou com magistral aula sobre o assunto. enaltecendo a pessoa ex.!raordinria, s vezes polmka e conlrovertda. do Prof. Mello Moraes, sempre lembrado por todos aqueles que com ele conviveram ou pelos que conhecem um pouco da Histria da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

    Pode-se mesmo dizer que grtlllde parte dessa Histria se con~ funde com a vda do grande mestre do passado. tanios foram os anos, cerca de 27. em que dirigiu sua gloriosa Escola, como cOsfumava cllama~ la afetuosameme. e tantos forall1 os desafios que enfrentou. com deciso e coragem. visando a dot-la dos recursos Indispensveis em seu tempo, para que viesse a se projetar nOs eenrios nacional e internacionu! como um reconhecido centro de excelncia no ensino e na pesquisa das cincias agronmicas"

    Ns, que o conhecemos como professor de Qumica Agrcola, em suas aulas deliciosamente recheadas de comentrios pirorescos so

  • bre a politica agricola no Pais. depois na qualidade de Diretor da Escola. que me entregou em sesso solene o diploma de engenheiro-agrnomo em 1949, e. como Reitor da Universidade de So Paulo. onde deixou assinalada sua passagem de dinmico administrador. nos verdes
  • inicialmente desapropriadas e incorporadas s tcrras limtrofcs s da antiga Fazenda So Joo da Montanha. por Luiz Vicente de Souza Oueiroz. em virtude de a rea existente terse tornado insuficiente para :\I sperinil:nlao. Durante o per/odo de 1941 a 1945. foram criadas nwi;; -4 sees tcnicas: AVIcultura. Genctlca, Tecnologia e QUmica Agrcola. que passaram a cOntar com reas prprias. Completou~se a reforma do pavilho principal. foram i.:onstru!dos os pavilhes de Agri~ r:ulfura do Avirio. iniciadas as construes dos pavilhes de Honctdturll c Engenharia. e suas obras complementares. OutrOs me~ Ihonllnentos importantes. COmo a Implantao da Estao Experimen~ !nl de CarHl~de-Aucar do lnstiw[o Agronmico. em novo local. mtir~ gem da eSlrada Piracicaba-Rio Claro, ti amplia30 de areas de experi~ mentailo na Fazend. Areio. a nOVa: caplao de guas da fonte Monte Olimpo para as residncias, prdios de aulas e labora!6ros. eSlbulos, etc" lambem datam dessa epoca,

    Todas essas e outras tantas benfeitorias permitiram ampliar e consolidar a base fsica indispensvel ao dcsenvolvirnenlO da pesquisa cientfica, o que na poca passou a emprestar a Luz de Queiroz o to~ que de classe diferencial quando comparada ti maioria das demais es~ colas cungneres do Pas.

    Se Fernando Cosia. com seu ascendrado amor ESALQ. ofere~ ceu os recursos indispensveis para essa vcrdadera reforma, coube a Mello Moraes e aos vce~dire(Ores que O substituram em seus in\pedi~ mentos. concretizar O ideal de Iransform-ta na instituio de renome com que sonhou O gno de Luiz Vicente de Soula Queiroz.

    S por esse motivo. no houvesse outros mais. Mello Moraes merece Ser lembrado como um dos grandes benfeitores de sua glorosa Escola.

    o que tinha a dizer. Senhor Presidente. Muito obrigado.

  • (t) Resumo da dissertaao de Mestrado. pela UNIMEP. em 1994.

    JOO CHIARINI

    "PRATA DA CASA"

    CAIPIRACICABANO

    SIM SENHOR.(*)

    Maria Ins Alves de Andrade

    A opo pela pesquisa e estudo da Histria local atravs da aI Jao e da tica do piracicabano Joo Chiarini roi grandemente devi~ d a sua opo politica clara e pelo seu posicionamento ao lado das classes populares onde pde desenvolver um trabalho constante e ill~ cansveL tanto poltica como culturalmente.

    Era um palriotajustalllente no sentido de se saber panidrio do bem pblico que queria ampliado e acessvel a um nmero sempre cres~ cente de cidados.

    Para tanto nos aprorundamos nos estudos sobre o nacionalis~ mo, sobre o modernismo e o comunismo entre outras manirestaes da nascente "esquerda" no Brasil.

    Contemporneo e amigo pessoal de Oswald de Andrade (C0I110 al~stam relatos, testemunhos orais e escritos) vivenciou o movimento modernista acompanhando de perto a transio ocorrida em Piracicaba nos anos 40. a urbanizao e a industrializao prximas das atividades agrrias (allcar). Atravs de sua obra Cururu observa-se e se cornpre~ ende a transio atravs das letras do Cururu - do rural ao urbano.

    Estudando melhor o nacionalismo no Brasil, vimos que sua pre~ senaj era latente entre ns desde o principio deste sculo. com mo~ vimentos que impulsionaram as pesquisas rolclricas neste contexto. No entanto. o Modernismo que vai dar ao nacionalismo a raceta realista e social.

    No Brasil. ento. a problemtica do Modernismo em geral se situou no rato de termos mergulhado numa viso acrtica do mundo moderno que, privilegiando sempre o plo modernizador, propicia o surgimento da oposio verificada entre o que caracteriza a cidade e o campo. para citar Renato Ortiz. Neste sentido Joo Chiarini se coloca ao lado dos lavradores que vieram para a cidade e se tornaram operri~

  • os. rnergulha no conflito onde este S nstala. Observador aten10 e pr
  • P;1kSlnl dp dm ! jml>t,ll, J'elta U(l lHO? em COIJ)CIJ)\>f:t~i\n ,!~\ CcnlClli\ril\ e [(llllilH.ll' Guo:rrnH rwCcdllp F11;1$ Nd!\l

    (Palestra no IHGP,

    Centenrio de Leandro Guerrini

    Em 13/4/96)

    SAUDADE DE

    LEANDRO GUERRINI

    NAS COMEMORAES

    DO CENTENRIO DE

    SEU NASCIMENTO

    Ceelio Elias Neto

    Senhoras e Senhores:

    H uma rene:do de Victor Hugo que. desde minha juvenlUde, pr,ssou a acompanhar M l1le em momenlos que eu diria de contemplao ou de deslumbramentos indeflniveis. Disse o grande escritor rrances: "H momentos na vida em que. em qualquer posio que esteja o cor~ po. a alma estar smpre de joelhos:'

    Este. lenho certeza. e \,lm desses momentos. Almas jowns ai/nas que envelhecem. almas marcadas de cicatrizes da vida c almas atnda brilhantes de espernna. a alrna de uma cidade e de um povo. a alma piracicabana qlJC se pe de joelhos. Eu diria. pelo menos para Illllll. que este um 11101)1e1HO liuJrgteo. de religiosidade, de comunho espiritual diante de mistrios da saudade que conseguem ll1anter as coisns vivas. diante de heranas humanas que Illlpedem qlle nos percamos na confuso dos tempos, Talvez. muito mai!> do que possamos wpor, isra em ns Unia alma de indio. no selvagem mas ingnua e limpida qt1e se ajoelha dianle daquilo que no enlendemos, A vida. por exemplo, No a entendemos. teimamos em c{)nlptic~la em torn-Ia difcil. conturbada. complexa - quando. na realidade. ela nada mais edo que a conlllluao de unS em outros. de um futuro que nunca e:

  • um desses momentos. Porque. mais do que uma hotnt-nagem ao cenl:eriiirio de um homem inesqueciveL estamos vivendo O culto da n1emria. a liturgia do reconhecimento e da gratido, a orao pelos dons da vida. Leandro Guerrini foi um dom da vida para esta ddade e para cada um de nos. No entanto. por serem gratuitos. os dons nem sempre so reconhecidos. valorizados. avaliados em sua verdadeira dimenso, Leandro Guerrin. deu~se. gratuitamente. a Piracicaba a seus contem porneos. Deu-se. doou-se. entregou-se por amor a esta tNra e nossa genle. Assim a vida de Leandro Guerrlni e uma histria de amor. de um profundo amor. Ora no b alma que reSista aos encantos e fascloios de histrias de amor verdadeiro que co!1tagiam e alimentam esperanas. Nesse inSlante. pois. ao tenta!' relembr-la em to breve fempo, permitam-me que minha alma se coloque de joelhos_ E que este local, pelo menoS no inicio desta cerimnia. se Iransforme num templo onde possamos cultuar a memrla dos homens bons, Leandro Guerr~n foi o homem bom.

    Nunca. como nos ltimos tempos - quando vejo. com screni~ dadc. que os anos se passaram - Icnho tanto rendido graas a Deus pe~ los privilgios que- me foram derramados pela vida. Chegando ao fim do sct.Jo. descobri que (iv" a ventura e a aventuro de l~lo vivido em momentOS empolgantes. de transies e de- transformaes, podendo ver, ouvir. presenciar, participar de acontecimentos e de conviver com pessoas que nos dignificaram e dignificaram a vida. deixando~nos lies que. mais do que nunca. hoje precisam scr revistas e revi vidas. nesse lempo de grandes conquistas e, tambm, de imensas perplexidades, O ser humano deste fnal de seculo - como um novo rico. deslumbrado com suas outras perspeclivas - parece estar enlouquecido pelo fascnio tecnolgico. pelo mundo informatizado, por conquistas espaciais. por seus mergulhos de cibernautas. No entanto ~~. sabemo-lo ns - tudo isso - todas as maravilhas posslveis de uma poca sem fronteiras, universalizada - tudo isso ser intil se a pessoa humana no se engravidar. consciente c famimamente, de humanidades. E es o privilgio pessoal de que lhes falo: participando de tantos perodos desta nossa civilizao. descobri que fui engravidado de humanidades. por homens e mulheres piraccabanos que fizeram de suas vidas uma entre~ ga lolal s artes. cultura, hislria. a um mundo de belezas e de fraternidade. Leandro Guerrni e Jaan Altair Guerrini foram alguns deles, talvez os mais signricativos.

    Lembro-me. criana ainda, de ver Leandro c Jaan Guer';ini na casa de meus pais. uma casa pobrezinha, que eles, no entanto, "inun:' davam de luzes e de brilhos que me pareciam misteriosos, brilhos e luzes da sabedoria: de sons harmoniosos, que jorravam de sua arte, da musicalidade deles. Leandro e Jaan onde estivessem. exalavam cultura, generosidade. humanLsmo. E algo. denlro de mim. me dizia que aquele homem e aquela mulher Leandro e Jaan - estavam revelando tesouros que poucos compreendiam, que eles faziam convItes para que lOdos participassem de um banquete muto especial que eles haviam preparado para os seus convivas. Leandro e Jaan - muito tempo depois vim a compreend~los revelavam, com modstia e recato, que eles haviam encontrado o "po da vida", E era po to farto e generoso que eles o tinham em quantidade suficiente para saciar a fome de saber, a fome de conhecer. a fome de belezas, a fome de artes e de

  • lu.rmor'lla de quantos as scmlssem. E eu linha essa fome, admito que devo ter nascido faminto de humanidades. Em Leandro e Jaan GlIerrini. comecei a perceber que existia esse "po da vida" qtie sl.lciaV;" famimos,

    No. no esw\J equivocado. no me perdi em minhas rele!\es. Sei que. nesta sesso do Instituto Histrico e Geogrfico dt: Piracicaba. estamus reunidos para celebrar o centenrio dessa figura hum3na ayalxonanle que foi o professor Leandro Guerrini. Mas c absulutameme impossivel faJar. recordar de, pensar em L.eandro Guerrini Slll.

  • suno" e o "Dom Bosco", de freiras e de padres. A Igreja Catlica mantinha-se.
  • de casais literatos. como se isso fosse uma raridade: Jean-Paul Sartre t: Simone de Beauvoir, Hem)' Miller e Anais. Rodil e Call1ile ClaudeL Ainda hoje. no Brasil. derrama-se incenso por \!IH casal de lHeralOs, Jorg Amado e Zelia GaUa!, como se des fos:;em nicos ~ rrmeiro~ exemplares de Ulna histria de cultura e de amor. Mas ej~ ai uma das riquezas de Piracicaba: antes deles. muilo antes deles. Piracicaba I~nha Leandro e Jaan AltaIr. artistas em toda a plenitude. caipiras ilni\'~rsais, casal de aldeia que espathava a arle e a cultura do lllundo.

    Posso estar enlouquecendo. mas lenho {} inslinto de sohrevivncia. Por isso, sei que. quando morrem pilares de nossa hislria, eu morro tamhenl. vou morrendo aos poucos. de pouquinho em pouq\.lmho. Assim, lutar por Piracicaba - para resgi'llar e cantar a tWS!.a hislOria

    no se me lornou to simplesmente 11tH ideal de vida. mas a certez.j de minha sobrevivncia. Se ela Illorrer, eu morro lambem. EIH~(i

    fa7.endo~me co farejador. co de guarda que lati:. C;lO vln~lata que ..Hldl. solto pelas ruas e vielas - lenho ido em busca de contar ~ de apr~nder essa histria. Quando Leandro Guerdni morreu. ]lO dia 5 de julho de 1990, eu me de! conta de que Piracicaba poderia perder. d~ "ez a sua memrta. Senti-me. de alguma fOrllla rfo. E. na realidade'_ o ql,lC eu tinha de Leandro Guerrini eram apenas emoes. lembranas. ensinamentos, saudade. muita saudade,

    Escolhi iJ'~me' em busca de Leandro Guerfil\i. do verdadeiro, do que eSlava oculto. Mas onde. a no ser nOS seus livros. nos seus artigos. na sua obra? Bati, ento,,s ponas de Dlio Guerrini. S,,\I filho. o prlnognito e o nico que lhe sobrou depois que morreu Lilta. a fi~ lha, Ento. encontrei Fbio, o neto. a quem preciso, hoje, render c prestar homenagens_ Fbio Muller Guerrini - um jovem 3ud,lcioso, com corao de anligamente - estava recolhendo. catalogando, separando os trabalhos. os cscrtos, a correspondncia de seus avS. Leandro e Jaan Guerrini. Era um ICSOUro, uma histria de quase cem anos. a prpria histria de Piracicaba neste sculo. E, naquele tesouro, estavam os originais das memrias de Leandro Guerrilli. rabiscos t]lH: ele fez de si meSlllO,

    Faminto. mergufhei naqueles escritos todos. Enfim __o p~nsei irei descobrir a imensa grandeza desse imenso grande hotll!!:lTI. irei

    matar a minha fome. Tolo que sou. decepcionei-me a principio, Leandro Guerdnl. Fotgrafo de si mesmo' revelava - pelo menos diante do muito que cu ansiava por saber pouco, muito pouco. Achei. naquele primeiro momento. que a auto-biografia de Leandro Guerrni era pobre, muito pobre. pois Cu sabia de Leandro mais do que ele prprio falava de si mesmo. Foi, ento. que cntend. Mas uma vez, Leandro Guerrini deixava uma lio. um ensinamento, De humildade, de modstia, de recato. de simplicidade e. portanto. de nobreza. de uma nobreza Imensa que deve e precisa ser inspirao para cada um de ns. neste tempo estril de humanidades,

    este, hoje, o livro que O Institua Histrico e Geogrfico de Piracicaba entrega nossa terra. nossa gente: as memrias p6stumas de Leandro Guerrini. So apenas 70 pginas. nada mais do que 70 pginas. to poucas 70 piglllas para contar uma hist6ria apai:.:onante, O errado fui eu, ainda famimo de exuberncias. Por isso. quero dcscul~ par-me com Fbio Muller Guerrini, neto de Leandro e Jaan. Mais uma vez, Leandro Guerrini foi sbio, Em suas memrias, ele pouco

  • fala de suas grandes conquistas, de suas grandes vitrias. Ele fala de sua alma, de seu cotidiano. das pequeninas coisas que o fizeram to grande, Fotografando a si mesmo, Leandro Guerrin fala de um gro de areia. recusando~sc a falar da grande estrela que foi. Este livro, em sua simplicidade. um evangelho. a boa-nova de uma histria de amor.

    Ao contar a sua vida. Leandro Guerrini chega ltima linha e diz: " s"" Toda urna fascinante histria, toda uma fascinante vida,

    L~andro Guerrini a resume numa nica frase: ' s:' s .. s... Finalmente. compreendi. a lio da humildade, do recato, da sabedoria. da simplicidade, isso ludo que nos oferecido pelo dom da vida. Leandro Guerrini foi um dom da vida para eSta cidade e para cada um de n~.

    "H momentos na vida em que. em qualquer posio em que esteja o corpo, a alma estara sempre de joelhos:' At aqui, parece-me, foi esse o nosso momento: a atma de joelhos. nO culto !l1.elllria de Leandro Guerrini. sua vida, sua obra, sua histria de amor.

    No entanto. ao tomar este livro nas mos, sinto que n proposta que Leandro Guerrini nos faz e outra, que a lio que ele nos deixa tambm outra. como se, com suas memrias. ele estivesse nos dizendo. jizendo a Piracicaba:

    "H momentos na vida em que, quando o corpo parece ficar de joelhos, a alma se levanta," Levantemo~nos, pois, diante da herana de vida e de piracicabanismo de Leandro Guerrini. E, sendo dignos dessa histria, possamos dizer como concluso e como aprendizado:

    u s."

  • MARCELO CACHIONI Arquiteto formado pell'l rUCCAMP eResponsvel pelo "'MuseueCentrode fnfonnao da Igreja Metodista de Piracicaba",

    o METODISMO EM

    PIRACICABA TEM

    A SUA HISTRIA

    Marcelo Cachioni*

    Introduo

    Um nmerO considervel de livros e artigos, de modo geral, r1) sido escrros atravs dos anos para contar a Histria da Igreja Metodista no Brasil. Alguns so comemorativos. No cinqOentenrio, en 1927. o Rev. Kennedy foi o primeiro a relata