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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico Setor elétrico empenhado nos preparativos para os jogos. pág. 10 Rio é sede do encontro dos maiores Operadores de energia do mundo pág. 4 Brasil avança na segurança e economia do sistema elétrico pág. 6 Gestão de pessoas e do conhecimento em foco pág. 8 #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011 De olho na Copa 2014

Revista do ONS

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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Ano 1. Número 01. Set-Dez/2011

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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico

Setor elétrico empenhado nos preparativos para os jogos.pág. 10

Rio é sede do encontro dos maiores Operadores de energia do mundopág. 4

Brasil avança na segurança e economia do sistema elétricopág. 6

Gestão de pessoas e do conhecimento em focopág. 8

#01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

De olho na Copa 2014

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EDITORIAL

É com grande satisfação e alegria que apresentamos o primeiro número da nossa revista. Trata-se de um desejo há muito tempo acalentado e que não poderia ser concretizado em momento mais oportuno – nos 13 anos do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Em todos esses anos de trabalho e dedicação à operação do Sistema Interligado Nacional, conseguimos atingir, sem falsa modéstia, o grau de maturidade institucional necessário para nos credenciar a editar uma publicação como esta. Destinada a estreitar o relacionamento com o poder público, agentes e associações setoriais, entidades de classe, universidades, centros de pesquisa e formadores de opinião, a nossa publicação visa divulgar assuntos relevantes e estratégicos referentes ao setor elétrico. Vamos falar sobre nossos novos projetos, os produtos e serviços que oferecemos, os principais estudos em andamento, nossa participação em eventos técnicos, as parcerias com outras instituições, nossa atuação em âmbito nacional e internacional e nossa participação em projetos culturais e de responsabilidade socioambiental, entre outros temas.

Neste primeiro número, você irá encontrar uma pequena mostra de todos esses 13 anos de trabalho, traduzidos nas nossas principais realizações do momento.

Esperamos que você aprecie a nossa revista na mesma medida em que nos dedicamos em fazê-la. Boa leitura.

Hermes ChippDiretor Geral do ONS

Uma publicação do:

Diretoria do ONSDiretor Geral: Hermes ChippDiretor de Administração dos Serviços de Transmissão: Roberto GomesDiretor de Planejamento e Programação da Operação: Darico Pedro LiviDiretor de Operação: Ronaldo SchuckDiretor de Assuntos Corporativos: István Gárdos

Comissão Editorial:Gerente Executivo da Assessoria dePlanejamento e Comunicação:Geraldo PimentelSecretário Geral:Humberto Valle do Prado JúniorGerente de Comunicação:Lúcia Helena Carvalho

Edição, projeto editorial e gráfico:Assessoria de Planejamento eComunicação

Jornalista responsável:Luzia Fialho (MTB/RS 8839)

Redação e Diagramação:Expressiva Comunicação e Educação(www.expressivaonline.com.br)

Fotografia:Roberto Rosa, Reynaldo Dias e arquivo ONS

Tiragem: 1.000 exemplares

Endereço:Rua da Quitanda, 196 | CentroRio de Janeiro | RJ | 20091-005Tel.: (21) 2203 9580www.ons.org.br

Fale conosco:[email protected]

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EnTREvIsTA

O presidente do Conselho de Administração do ONS,

Maurício Bähr, fala sobre as principais questões do

setor em entrevista ao Diretor Geral do Operador,

Hermes Chipp.

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“Há falta de eficácia no

licenciamento ambiental”

Maurício BährPresidente da GDF Suez Brasil

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Hermes Chipp: Segundo estudos, o consumo de energia elétrica deve crescer 4,8% ao ano nos próximos 20 anos. A expectativa é que a demanda chegue a 730,1 mil GWh em dez anos. Quais diretrizes o senhor considera como primordiais para a garantia do suprimento energético?

Maurício Bähr: Mais que uma diretriz, o novo modelo institucional do setor elétrico brasileiro trouxe diversas melhorias que auxiliam na garantia do suprimento elétrico mencionado. A volta de um planejamento centralizado, a criação dos leilões A-5 e A-3 e a licitação de empreendimentos já com a Licença Prévia emitida garantem a previsibilidade e a expansão do sistema.

Além disso, a previsibilidade de receita, por meio de contratos de compra e venda de energia por período entre 15 e 30 anos, trouxe a estabilidade e garantias necessárias, permitindo a extensão dos financiamentos de longo prazo pelo BNDES,

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reduzindo assim os custos de captação e, consequentemente, da tarifa final ao consumidor. Dessa forma, foi possível aliar modicidade tarifária à garantia da expansão do setor. Outra diretriz que julgo importante é a simplificação do processo de licenciamento ambiental, principalmente das Linhas de Transmissão.

HC: Como as novas obras se inserem no contexto da integração e segurança?

MB: A expansão do setor energético não pode se dar somente na geração. A transmissão também é fundamental para o setor.

O Brasil tem dimensões continentais, portanto, possui características distintas entre suas regiões. A integração via interligação de todas as regiões otimiza o sistema como um todo, como, por exemplo, o regime de ventos complementar à geração hidrelétrica no Nordeste, a complementaridade entre

biomassa e geração hidrelétrica no Sudeste, etc.

HC: De que forma o atraso das obras pode trazer impacto para a segurança da operação do sistema a médio prazo?

MB: O atraso das obras pode ser extremamente prejudicial ao setor, mas é preciso analisar se a razão desse atraso está no licenciamento ambiental ou ligado aos problemas na execução como um todo.

Especificamente quanto à implantação

das obras de transmissão, o ONS vem alertando, baseado em levantamento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), que até 2009, 63% das obras que entraram em operação registraram um atraso médio de 8 meses em relação ao cronograma previsto. Das 52 obras em construção naquele momento, 50% encontravam-se atrasadas e em 17 obras registravam-se atrasos superiores a 12 meses.

Como solução, sugerimos a simplificação do licenciamento ambiental das obras de expansão, principalmente das linhas de transmissão, e rigor na seleção e pré-qualificação destes agentes, assim como a aplicação rigorosa das leis quando atrasos deliberados são observados.

HC: O que o senhor sugeriria para equacionar as questões ambientais? Como o senhor visualiza a matriz energética para os próximos dez anos?

MB: A definição das competências do licenciamento não é muito clara. Há uma falta de eficácia e agilidade no processo de licenciamento ambiental.

De acordo com o Banco Mundial, o tempo médio entre o envio do Termo de Referência e a emissão da Licença de Instalação (LI) para hidrelétricas é de 3,4 anos, com diversos casos bem superiores a isso. Mais do que os estudos, que devem ser feitos com cuidado e ser muito criteriosos, esse tempo é dispendido devido à complexidade do processo e não com os estudos em si.

Em relação à matriz energética para os próximos dez anos, considero que o Brasil tem uma vocação hidrelétrica que precisa ser explorada na sua plenitude.

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Representa uma vantagem comparativa para o país. A hidrelétrica é a forma mais barata de produção de energia. Pressões ambientais, entretanto, farão com que elas tenham, cada vez mais, reservatórios menores, diminuindo a capacidade global de armazenamento.

Em paralelo, novas fontes de energia, tais como eólica e biomassa, aumentarão sua participação no Sistema Interligado Nacional (SIN) e demandarão do ONS uma atenção especial.

HC: Como o senhor avalia a questão da integração energética na América do Sul?

MB: A tendência é de se integrar cada vez mais. Atualmente, o Brasil possui interconexão elétrica com Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai.

Além da questão da segurança jurídica, é necessário implementar um Marco Regulatório que preveja a preservação das regras comerciais de cada um dos países e a comercialização de energia entre eles com preços de mercado, e não apenas uma mera “troca” de energia.

HC: Como o senhor considera o papel do ONS face aos preparativos do setor elétrico para os grandes eventos internacionais, como Copa do Mundo e Olimpíadas?

MB: O Brasil vive um cenário positivo não só atual, mas também futuro.

Somente se focarmos nos dois principais eventos que serão sediados em 2014 (Copa) e 2016 (Olimpíadas), o fluxo de investimentos será expressivo e proporcionará um aumento significativo no consumo de energia.

Dada a importância desses eventos em particular, o ONS está coordenando quatro das oito Forças-Tarefas criadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com o objetivo de identificar as medidas necessárias para garantir o suprimento adequado de energia elétrica para as 12 capitais-sede da Copa do Mundo de 2014.

HC: Na sua opinião, quais serão os principais desafios para o ONS nos próximos anos? Quais as suas recomendações para a superação dessas questões?

MB: Do ponto de vista técnico, teremos a integração ao SIN dos sistemas isolados, principalmente Manaus; a integração das usinas hidrelétricas (UHEs) de Santo Antônio e Jirau; e a integração das plantas eólicas que se sagraram vencedoras dos sucessivos leilões promovidos pelo MME.

Do ponto de vista institucional, precisamos continuar sempre trabalhando conscientes da relevância do Operador Nacional para o setor elétrico e enfatizando os valores que norteiam o trabalho do ONS: “neutralidade, transparência, equidade, integração, foco em resultados e excelência técnica”. Nesse sentido, a valorização profissional tem papel fundamental e é o objetivo dos projetos desenvolvidos pelo ONS.

HC: Qual o papel do ONS neste cenário futuro? E dos agentes?

MB: O ONS tem papel fundamental na condução desse processo, sempre trabalhando para atender com excelência técnica um sistema que será cada vez mais complexo, com mais variáveis.

A cobrança e a preocupação da sociedade com o meio ambiente tendem a aumentar cada vez mais, levando à uma atuação mais focada na redução de emissões de gases estufa.

A atuação do ONS na operação do sistema será fundamental para garantir a mais eficiente utilização de nossos recursos naturais e investimentos realizados pelos agentes do setor elétrico.

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O grupo do Very Large Power Grid Operators (VLPGO), formado pelos 14 maiores Operadores de energia do mundo, foi criado para

o aprimoramento e o desenvolvimento de ações da segurança do sistema de energia mundial. A reunião do Comitê Gestor da

instituição, que a cada encontro acontece em um país-membro, foi realizada nos dias 7 e 8 de abril, no Rio de Janeiro.

vLPGOin Rio

O Operador Nacional do Sistema Elétrico foi o anfitrião da primeira reunião gerencial de 2011 do VLPGO, que é uma iniciativa voluntária dos maiores Operadores de energia, com capacidade instalada acima de 50 GW e que, juntos, representam mais de 60% da demanda de eletricidade do mundo. Em atividade desde 2004, o Very Large Power Grid Operators tem como objetivo identificar os desafios e soluções comuns aos Operadores de grandes redes e desenvolver consenso sobre uma lista priorizada de assuntos, além de um plano de ação para abordá-los.

A reunião do VLPGO realizada no Rio de Janeiro contou com a participação do mais recente membro do grupo, a companhia belga Elia System Operator. Além

dela, também são integrantes: KPX (Coreia do Sul); MISO (Estados Unidos); National Grid UK (Reino Unido); ONS (Brasil); PJM (Estados Unidos); Power Grid of India (Índia); RTE (França); SGCC (China); SO UPS (Rússia); Tepco ( Japão); Terna (Itália); Eskom (África do Sul); e Red Eléctrica de España (Espanha).

Fórum estratégico

Hermes Chipp, Diretor Geral do ONS, ressaltou a importância de sediar a reunião do Comitê Gestor do VLPGO. “Para o Operador Nacional é uma oportunidade ímpar, pois este é o único grupo, em nível mundial, formado por altos dirigentes, cuja finalidade é implementar e trocar conhecimentos, permitir que os Operadores conheçam

mutuamente seus processos, aprendendo e absorvendo experiências”.

Na opinião de Chipp, o evento possui características singulares. “Este não é um grupo dedicado ao estado da arte, não se trata de um seminário com apresentação de artigos técnicos”, apontou. “A reunião do Comitê Gestor é voltada para a troca de experiência com a implementação prática de medidas e avanços obtidos nas diversas áreas de atuação dos Operadores”, esclareceu.

Na abertura do evento, o Diretor Geral lamentou a ausência dos representantes da japonesa Tepco, em virtude da tragédia ocorrida em março, após o terremoto seguido de tsunami que destruiu parte daquele país.

EvEnTO

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Luis Atienza (esq.) recebe os cumprimentos do Diretor Geral do ONS.

Durante o encontro, membros do Comitê Gestor e especialistas das empresas relataram o andamento de diversas atividades conjuntas realizadas no âmbito do VLPGO. Entre elas, destacam-se os Grupos de Trabalho, compostos por representantes dos diferentes Operadores, que possuem uma agenda de reuniões ao longo do ano.

A finalidade é unir esforços e conhecimentos na busca de soluções e melhores práticas

de España), destacou a responsabilidade dos representantes dos Operadores presentes: “Temos a missão comum de liderar o setor de energia elétrica mundial no século XXI, pois sem eletricidade nada funciona nesta era da informação e das telecomunicações”.

Segundo Atienza, a palavra-chave é cooperação. “É fundamental investir no estabelecimento de interconexões internacionais e na colaboração mútua entre os Operadores, pois compartilhamos muitos desafios relacionados à segurança, atendimento da demanda, inovações tecnológicas e ampliação da capacidade dos sistemas, entre outros”, afirmou.

O encontro anual do VLPGO será realizado em outubro em Seul, na Coreia, sob a responsabilidade da Korea Power Exchange (KPX). Para saber mais sobre o VLPGO, acesse: www.vlpgo.org.

em temas específicos ligados ao setor elétrico mundial. O ONS participa de vários destes Grupos de Trabalho e, atualmente, coordena três: WG 2b - Electrical Power System Restoration (Recomposição do Sistema Elétrico); WG 2c - Equipment and Installation Overstress (Superação de Equipamentos); e WG 5 - HVDC (Transmissão em Corrente Contínua).

O presidente do VLPGO, Luis Atienza (Red Eléctrica

O Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp, em reunião com representantes dos Operadores integrantes do VLPGO, no Rio de Janeiro.

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6 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

O ONS vem continuamente desenvolvendo novas metodologias, aperfeiçoando seus processos e adotando tecnologias que garantam o cumprimento de sua Missão institucional: operar o sistema elétrico nacional com segurança e economicidade. Como grande maestro do Sistema Interligado Nacional (SIN), o Operador assume a maioridade tecnológica no que diz respeito às atividades de supervisão e controle com a implantação do Reger.

Com a adoção de uma plataforma unificada, em substituição aos atuais recursos operacionais, que são providos por diferentes fornecedores, o ONS busca obter maior confiabilidade de seus processos e um aumento significativo da segurança para a tomada de decisões. “Atualmente, existem três tecnologias de supervisão e controle no ONS, que são o SAGE (Cepel), no Centro Nacional de Operação do Sistema (CNOS); o SOL (Furnas), no Centro Regional de Operação Sudeste (COSR-SE); e o EMP (Alston Grid), nos centros de operação Regional Norte/Centro-Oeste (COSR-NCO), Regional Sul (COSR-S) e Regional Nordeste (COSR-NE). Com a implantação do Reger, todos estes centros passarão a utilizar o SAGE e a mesma Base de Dados Técnica”, explica o Diretor de Operação do ONS, Ronaldo Schuck. “A principal motivação do Reger é o aumento da segurança no processo de tomada de decisão operacional”, complementa.

A implementação de um novo sistema de supervisão e controle, a Rede de Gerenciamento de Energia (Reger), marca um novo estágio na atualização tecnológica do Operador Nacional, colocando o Brasil

entre os países mais avançados.

Com a nova Rede de Gerenciamento de Energia, além da unicidade da informação e do aumento da segurança informacional, o Operador terá melhores condições para garantir a continuidade dos processos de supervisão e controle, uma vez que cada um de seus Centros de Operação poderá ter suas atribuições assumidas por um outro, sem prejuízo ao sistema. Isso será imprescindível para o bom andamento do processo de mudança dos centros para suas novas instalações.

“O ONS assumirá uma posição de vanguarda tecnológica. O novo sistema prevê, inclusive, a ampliação da Rede Básica, com os empreendimentos na região Amazônica, bem como a integração de novas tecnologias, como a Medição Fasorial (PMU), cuja implantação já conta com um financiamento aprovado pelo Banco Mundial”, comenta Ronaldo Schuck. “Também fazem parte da concepção do projeto sistemas mais robustos de comunicação dos agentes com os nossos centros, tanto em supervisão como em canais de voz”, explica.

Vale lembrar que o Reger é o primeiro sistema que colhe os frutos do trabalho conjunto, desenvolvido no âmbito do grupo do Very Large Power Grid Operators (VLPGO), onde foi estabelecida uma especificação de referência para sistemas de gerenciamento de energia. A implantação do Reger

no gerenciamento do SINMais

TEcnOLOGIA

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trará avanços significativos para a operação, bem como para outras áreas do ONS que utilizam informações do tempo real como insumo. Essa facilidade será proporcionada por uma poderosa ferramenta – o historiador PI, da OSIsoft (sistema de gerenciamento de dados), pela qual será possível disponibilizar um banco de dados históricos da operação em tempo real para toda a corporação.

A modalidade de contratação adotada (Evergreen ou demanda duradoura), de caráter inédito no ONS, permite ainda assegurar a atualidade da plataforma tecnológica sem necessidade de nova contratação para a evolução do Sistema, reduzindo custos. Com isso, foi possível garantir: a manutenção do Sistema para assegurar o funcionamento em conformidade com os requisitos especificados após a conclusão do período de garantia, com custos pré-definidos; a evolução

do Sistema para realizar aprimoramentos decorrentes de alteração de requisitos, como novas funcionalidades; as renovações de hardware e software, quando solicitadas pelo ONS; e software assurance para assegurar o suporte e atualização das versões de software próprio e de terceiros.

Reger no Plano de Ação do Operador

Dada a sua significativa importância, várias áreas do ONS vêm trabalhando de forma integrada em torno do Reger, envolvendo mais de 60 profissionais. A nova Rede está subdividida em três projetos do Plano de Ação do ONS: 11.14, 11.15 e 11.16.

O projeto 11.14 refere-se ao trabalho de desenvolvimento, propriamente dito, do novo sistema de supervisão e controle,

que vem sendo elaborado pelo Consórcio Siemens-Cepel. A etapa atual é a da realização dos Testes de Fábrica da Fase 1.

O 11.15 diz respeito à gestão da mudança, que tem por objetivo atender desde a implantação nas diversas localidades do Operador de toda a infraestrutura necessária ao Reger até a descontratação dos atuais Sistemas de Supervisão e Controle do ONS e a revisão dos Procedimentos de Rede. Já o projeto 11.16 busca promover a integração da Base de Dados Técnica e de aplicativos corporativos com o novo sistema, o provimento de suporte da infraestrutura de TI corporativa ao Reger, bem como a especificação e contratação das redes de comunicação necessárias.

Para o Diretor de Operação do ONS, Ronaldo Schuck, a principal motivação do novo sistema é o aumento da segurança no processo de tomada de decisão operacional. “O ONS assumirá uma posição de vanguarda tecnológica”, afirma.

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Quando foi criado, em 1998, o Operador Nacional formou sua equipe com um time de profissionais experientes, oriundos de diversas empresas do setor elétrico. Muitos deles, inclusive, vieram junto com as atribuições herdadas de outras organizações, que passaram a ser de responsabilidade do ONS.

Se por um lado ter uma equipe com alto grau de senioridade e especialização garantia a realização de sua Missão institucional com elevada competência técnica, por outro, impunha à Organização a necessidade de estabelecer diretrizes e políticas de renovação de seus quadros profissionais, bem como a adoção de práticas de gestão do conhecimento. Esses dois pontos vêm sendo tratados pelo ONS como fundamentais para a continuidade de sua atuação dentro dos padrões técnicos e gerenciais desejáveis.

O futuro sobcontrole

Gestão de pessoas e do conhecimento são os principais focos do ONS para garantir a sua continuidade corporativa.

A ideia é aperfeiçoar as práticas de gestão, contribuindo para a realização da Missão e da Visão da empresa, bem como para a sua dinâmica de evolução. Desta forma, será possível orientar melhor as ações de desenvolvimento, seja no âmbito individual ou no coletivo, além de facilitar o diálogo entre gestores e empregados.

GEsTÃO

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Gestão do Conhecimento

“A Gestão do Conhecimento é vista como uma estratégia na Organização, que vem sendo implementada de forma gradual e coordenada em todas as diretorias, com especial atenção aos conhecimentos de foco prioritário”, explica o Diretor de Assuntos Corporativos do ONS, István Gárdos.

A matriz de conhecimentos de foco prioritário, concebida a partir de um trabalho coletivo que envolveu a Diretoria e o corpo gerencial, reúne aqueles considerados estratégicos para a Organização e que, no entanto, apresentam aspectos de criticidade, tais como: concentração em poucos profissionais, risco de perda iminente ou gargalos de produtividade. A fase de implantação contará com três projetos-piloto e, para cada um, foi definida uma ênfase: retenção, criação ou compartilhamento de conhecimento.

As ações relacionadas à Gestão do Conhecimento são conduzidas alinhadas aos processos e programas de recursos humanos, como o Trajetórias de Carreira, o Mais Valor e o de Mentoria, voltados para assegurar, a médio/longo prazo, a disponibilidade de recursos humanos qualificados para a gestão da segurança eletroenergética do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Para tanto, o ONS utiliza uma metodologia participativa, a exemplo do Plano de Gestão de Cargos e Remuneração (PGCR) e do Grupo de Trabalho do Clima Organizacional (GTCO), estimulando a disseminação da informação e o aprendizado entre seus empregados.

Desenvolvimento profissional e continuidade da Organização

O Trajetórias de Carreira visa conceber e dar referências aos empregados sobre as opções de percurso dentro do ONS, de modo a permitir uma visualização clara sobre as possibilidades de mobilidade funcional e de autodesenvolvimento. A implantação plena do programa, prevista para o segundo semestre de 2011, será um importante passo para a criação de condições de retenção dos talentos internos, por meio da construção conjunta de perspectivas profissionais que estejam aderentes às necessidades do ONS de formação de pessoas, preservação, compartilhamento e disseminação de conhecimentos sistêmicos de foco prioritário.

O Mais Valor é um programa de desenvolvimento interno voltado à promoção de cursos de capacitação aos empregados do Operador, ministrados por seus próprios colaboradores, sobre temas de interesse da Organização alinhados ao seu Planejamento Estratégico. O Mais Valor tem um caráter formativo e caracteriza-se por ser um processo pedagógico contínuo.

Já o Programa de Mentoria contempla a identificação de potenciais talentos e a aceleração da sua preparação, principalmente sob a ótica de transmissão de valores e amadurecimento profissional, para que estejam aptos a ocupar posições estratégicas (técnicas ou gerenciais), observando as diretrizes do Trajetórias de Carreira. O programa tem duração de até 12 meses, de

comum acordo entre o mentor e o mentorando. “Este é um programa de suma importância para a garantia da continuidade do cumprimento da Missão do ONS, dentro dos patamares de competência técnica que sempre demonstrou ao setor elétrico”, avalia István Gárdos.

Do ONS para o setor elétrico

Pensando em preservar os conhecimentos sistêmicos voltados para a operação do SIN, o Operador mapeou 13 temas considerados prioritários. “Eles serão encaminhados para a avaliação dos agentes visando identificar a relevância destes conhecimentos para a sua área de atuação, bem como a necessidade de capacitação das suas equipes. A partir deste diagnóstico, será possível desenvolver um programa de treinamento para os profissionais do ONS e das demais empresas interessadas, proporcionando a disseminação do conhecimento na cadeia de operação do SIN e com menores custos”, comenta István Gárdos.

O Diretor de Assuntos Corporativos do Operador Nacional, István Gárdos.

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No que depender do setor elétrico, não faltará energia para o Brasil levantar a taça novamente. O Grupo de Trabalho Copa 2014, do Ministério de Minas e Energia, recebeu em julho o relatório das Forças-Tarefas criadas com o objetivo de identificar as medidas necessárias para garantir o suprimento adequado de energia elétrica às 12 capitais-sede da Copa do Mundo de Futebol.

Energia positiva para a

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Iniciado em dezembro de 2010, o trabalho realizado pelas Forças-Tarefas (FTs) é um bom exemplo de coordenação, integração e atuação em equipe. Tendo como missão identificar as medidas necessárias para garantir o suprimento de energia elétrica durante a Copa do Mundo de 2014, as oito FTs conseguiram cumprir o cronograma e, em seis reuniões, formalizaram o relatório entregue ao Grupo de Trabalho (GT) Copa 2014.

As FT1 - Porto Alegre, FT2 - Rio de Janeiro, FT3 - São Paulo e FT4 - Salvador, Recife, Natal e Fortaleza foram coordenadas pelo ONS. Já as FT5 - Brasília e Cuiabá, FT6 - Manaus, FT7 - Curitiba e FT8 - Belo Horizonte tiveram coordenação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). As FTs contaram, ainda, com a participação, para cada capital, das empresas transmissoras, das distribuidoras, das Secretarias Estaduais de Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Foi uma experiência muito significativa, pautada pela integração de todos os envolvidos e pela coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME). Em parte, o sucesso desse trabalho conjunto pode ser atribuído a dois fatores. Primeiramente, o fato de o setor elétrico já seguir todo um planejamento, organizado e sistematizado, facilitou e agilizou o trabalho de revisão para a Copa, que abrangeu não só os locais dos jogos, mas também as cidades-sede de modo geral. A própria Fifa tem dado depoimentos ressaltando o bom andamento

Vale ainda destacar a boa articulação entre o ONS e a EPE e, em especial, a atuação profissional do corpo técnico próprio de ambas instituições, que conseguiu conciliar esse importante trabalho com suas atribuições cotidianas de uma forma exemplar.

O Diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do ONS, Roberto Gomes, comemora o bom andamento dos trabalhos das FTs.

do trabalho no setor elétrico. Em segundo lugar, o propósito comum e a boa integração entre as FTs, que seguiram uma agenda única e um calendário sincronizado, garantiram a sinergia e a mobilização de todos de uma forma muito diligente”, comenta o diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do ONS, Roberto Gomes. “Vale ainda destacar a boa articulação entre o ONS e a EPE e, em especial, a atuação profissional do corpo técnico próprio de ambas instituições, que conseguiu conciliar esse importante trabalho com suas atribuições cotidianas de uma forma exemplar”, avalia.

Entre os temas discutidos no âmbito das FTs, destacam-se: Plano de Obras de Longo Prazo, Programa de Obras da Rede Básica e Previsão de Carga para 2014, Condições Atuais de Suprimento às Cidades-sede, Programa de Obras para 2014 das Distribuidoras, Plano de Modernização das Instalações de Interesse Sistêmico (PMIS) e Identificação da Necessidade de Estudos Adicionais.

Para todas as cidades-sede foi proposto o acompanhamento do cronograma de obras já previsto e procedimentos preventivos visando

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à maior segurança para o período dos jogos, além de um plano de reserva diferenciado para as subestações mais importantes. “A área que irá demandar um maior esforço de trabalho para a viabilização do cronograma é o sistema de Manaus, que ainda é isolado. A linha de transmissão Tucuruí – Manaus 500 kV está programada para 2013, ou seja, um prazo bem exíguo. Além disso, será necessário realizar uma série de obras dentro da capital, para a distribuição da energia. Neste ponto, a Copa é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade. É um catalisador, pois impõe um prazo inadiável”, comenta Roberto Gomes. Caberá agora ao Poder Concedente e à Aneel garantir e viabilizar os investimentos necessários para o cumprimento do plano de ação.

As principais recomendações das FTs Copa

Das 12 capitais-sede, vale destacar as recomendações adicionais das FTs, além das obras e medidas já previstas pelos estudos realizados pela EPE e pelo ONS. Foi feita também, para avaliação do Ministério de Minas e Energia, a recomendação de implantação de instalações adicionais, que permitem inclusive atender aos critérios diferenciados de segurança estabelecidos, especialmente levando em conta a relevância do evento. Estas obras englobam:

Rio de Janeiro: antecipação de uma nova subestação, a Zona Oeste 500/138 kV, e dotar os bancos de transformadores das subestações de Grajaú e Jacarepaguá de unidades reserva adicionais às existentes;

Belo Horizonte: implantação da linha de transmissão Itabirito - Vespasiano 500 kV;

São Paulo: implantação do quarto transformador 345/88 kV da subestação Bandeirante; e

Curitiba:fazer a repotenciação das linhas de transmissão 230 kV.

cAPA

Darico Pedro Livi, Diretor de Planejamento e Programação da Operação do ONS.

O trabalho realizado pelas FTs e o cumprimento do cronograma previsto são essenciais para o bom andamento da operação do sistema durante a Copa 2014. Um evento deste porte é um desafio para a operação em tempo real e a chave para sua superação é planejamento.

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Alinhado à era das mídias sociais, o ONS busca facilitar o relacionamento com os agentes por

meio de uma nova ferramenta on-line: o Cadastro de Dados para Relacionamento Externo (CDRE).

Com o objetivo de criar uma base de dados única, reunindo todos os contatos dos representantes dos agentes e instituições, o ONS busca estreitar ainda mais o relacionamento com o setor elétrico e facilitar o contato e a atualização dos dados de mais de 300 organizações, entre membros associados e demais entidades do setor.

“O Cadastro de Dados para Relacionamento Externo (CDRE) vai formalizar e unificar as diversas listas existentes no ONS, com o objetivo de manter esse mailing atualizado pelos próprios representantes das organizações”, explica o Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp. “Contamos com a participação de todos, pois esse novo instrumento trará muitos benefícios, não só para nós, mas para o relacionamento no dia a dia de trabalho entre o Operador e os demais atores envolvidos na dinâmica do setor elétrico, seja para fins

técnicos ou institucionais. A manutenção dessa base atualizada agilizará vários processos, nossos e dos agentes”, avalia.

As organizações receberão uma correspondência solicitando a indicação formal de um representante que desempenhará o papel de “administrador” do cadastro. Esse “administrador” será responsável por gerenciar o acesso dos demais representantes da empresa junto ao Operador Nacional. Após essa indicação, eles terão um login para acessar o sistema, que será disponibilizado pelo site do ONS. Por meio desse acesso, poderão consultar, alterar e validar os dados dos demais representantes da sua empresa, conforme o caso. Cada um poderá também consultar e alterar seus dados, além de apontar quais produtos do Operador Nacional desejam receber, como o Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) e outros relatórios técnicos, por exemplo. Por outro lado, também terão acesso à consulta dos dados dos contatos do próprio ONS para cada

AGEnTEs

processo. Para tanto, passarão antes por uma breve oficina a ser promovida pelo Operador.

Internamente, o ONS contará com uma "rede de publicadores", que fará a inserção de dados inicial. Essa etapa consiste, justamente, na consolidação de uma base única de dados, o que irá minimizar o retrabalho de atualização, evitará redundância e imprecisões e dará mais confiabilidade às informações. Essa etapa deverá iniciar em setembro deste ano.

O projeto conta com a participação de todas as Diretorias do ONS e, para a sua efetivação de fato, agentes e instituições do setor têm um papel imprescindível. “Nossa expectativa é termos o CDRE em operação plena no início de 2012, após promovermos o workshop para os representantes das instituições”, conclui Hermes Chipp.

Relacionamento cada vez melhor

Relacionamento cada vez melhor

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14 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

nA REDE

O Operador Nacional do Sistema Elétrico foi representado por dois artigos no XIV Encontro Regional Ibero-americano do Cigré – ERIAC, realizado em Ciudad del Este, no Paraguai, entre os dias 22 e 26 de maio.

Um dos artigos do Operador Nacional, “Projeto básico do sistema de transmissão associado às usinas do Rio Madeira e a aplicação dos procedimentos de Rede do ONS”, participou do Comitê Corrente Contínua, sendo o segundo colocado na classificação geral e o melhor trabalho brasileiro nesta edição do ERIAC. Já o trabalho “A contratação do livre acesso e dos serviços de transmissão brasileiro: um balanço de uma década sob a ótica da administração dos contratos de transmissão realizada pelo ONS” fez parte do Comitê de Mercados e Regulamentação.

Bayahibe, República Dominicana – Entre os dias 29 de junho e 1º de julho, o Operador participou do 2º TOPSEP – Workshop Latinoamericano sobre Operación de Sistemas Eléctricos de Potencia en Estado de Emergencia, organizado pela Comisión de Integración Energética Regional – CIER e pelo Comité Regional de la Cier para Centroamérica y el Caribe – CECACIER.

A participação dos representantes do ONS, patrocinada pelos organizadores do encontro, foi marcada pela exposição de três trabalhos. O primeiro discorreu sobre as lições aprendidas com os últimos blecautes, no módulo intitulado “Planificação e Procedimentos na Operação de Sistemas Elétricos”. O segundo falou sobre o controle de cheias, no módulo “Operação de Sistemas Elétricos de Potência em Situações de Desastres” e o terceiro apresentou o Projeto Reger e as experiências na atualização dos Centros de Operação, no módulo “Novas Tecnologias Aplicadas aos Sistemas Elétricos”.

ONS: palestra na AneelO Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp, falou sobre “A importância da repotenciação para o atendimento aos requisitos operativos do SIN”, no workshop Avaliação Regulatória da Repotenciação, promovido pela Aneel, no dia 14 de julho. Na palestra, ele destacou a importância que o Operador Nacional tem dado ao tema “atendimento da ponta de carga” nos estudos de curto e médio prazos. Além disso, o Diretor apresentou os resultados dos estudos de planejamento da operação para o período de 2011-2015, consolidado no Plano Anual da Operação Energética de 2011 (PEN 2011).

Chipp ressaltou ainda que, embora não haja previsão de insuficiência de capacidade de ponta no SIN para os próximos cinco anos, esse atendimento deverá ter uma participação expressiva de usinas térmicas em decorrência das elevadas inflexibilidades dessas fontes (da ordem de 4,5 GW a cada ano), podendo esta parcela aumentar significativamente no caso de restrições operativas, tais como: perdas acentuadas por esvaziamento dos reservatórios, cada vez mais escassos na expansão da matriz elétrica brasileira, e/ou restrições na malha de transmissão.

Operador marca presença no2º TOPSEP

Acordo Operacional CCEE-ONS A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Operador Nacional promoveram a segunda reunião da Comissão Mista do Acordo Operacional CCEE-ONS, dia 22 de julho, que visa estabelecer a integração, a cooperação e a instituição de diretrizes de relacionamento e intercâmbio de dados e informações imprescindíveis para o desenvolvimento adequado das atividades de ambas organizações.

O encontro teve o objetivo de revisar, atualizar e validar o corpo do Acordo, bem como seus documentos anexos, e rever o planejamento de trabalhos para o segundo semestre deste ano. Na reunião também foi aprovada a proposta de procedimento operativo CCEE-ONS para implementação de um plano de comunicação para incidentes e manutenções, além da realização do treinamento “Fronteiras de Atuação do ONS e as Regras de Comercialização”, ministrado pela CCEE na sede do Operador.

Page 17: Revista do ONS

Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011 15

Em julho, o ONS divulgou a nova lista de projetos culturais aprovados para patrocínio, via incentivo fiscal da Prefeitura do Rio de Janeiro. A escolha dos seis projetos aprovados pela Diretoria para 2011 levou em consideração a possibilidade de integração das ações de apoio cultural à questão da responsabilidade social. Um exemplo é a comunidade do entorno da Cidade Nova, no Rio de Janeiro, que será vizinha às novas instalações do ONS e que contará com os benefícios sociais advindos dos investimentos aplicados em projetos, instituições e publicações que atendam ou retratem a região. Foi considerada ainda a possibilidade de difusão de ações nas outras localidades, além da capital fluminense.

Os projetos incentivados são: Crescer e Viver, Ponto Cine, Copafest, Anima Escola, Se Liga e o livro Cidade Nova. Eles contarão com o apoio do Operador e desenvolverão suas atividades integrados às comunidades, aos colaboradores e às instituições apoiadas pelo ONS.

O Crescer e Viver recebe o apoio do Operador Nacional pelo quarto ano consecutivo e oferece, na lona de circo da Cidade Nova, oficinas circenses integradas ao teatro, à dança, à música e à literatura. Ao fim de dez meses, os alunos apresentarão um espetáculo circense temático. O projeto é um convênio entre o Operador e universidades, estreitando relações entre a academia e a instituição.

Já o Ponto Cine recebe pelo segundo ano o apoio do ONS. O projeto criou a primeira sala popular de cinema digital do Brasil, com ingressos vendidos a preços populares, e colabora e facilita a formação de opinião e senso de julgamento da comunidade beneficiada, nas regiões dos bairros cariocas de Cidade Nova e Guadalupe.

O Copafest, festival de música instrumental realizado no Copacabana Palace, em sua quarta edição, contará com shows de grandes nomes e

novos talentos ligados à bossa nova instrumental e suas influências. Este é segundo ano que o ONS dará apoio ao projeto. Em 2011, o Copafest terá também atrações populares, com o objetivo de democratizar a música instrumental brasileira.

O Anima Escola visa à capacitação na linguagem da animação e foi especialmente concebido para as escolas, onde professores e alunos participam de um programa pedagógico com aulas teóricas e práticas, durante o qual realizam filmes de animação para serem utilizados nas aulas e em atividades educativas.

O Se Liga é uma exposição (fixa e itinerante) sobre a história da energia no âmbito sociocultural. O destaque do projeto é a abordagem de conceitos e práticas para a sustentabilidade, por meio de uma exposição lúdica e interativa, que facilita a compreensão da sociedade, usando a arte como linguagem. Em sua segunda edição, conta com 30 dias de mostra de alto nível técnico, artístico e de conteúdo.

O livro Cidade Nova é uma reunião de pesquisa iconográfica, conteúdos, fotos e textos sobre o bairro e seu entorno, colaborando com o resgate da identidade cultural da comunidade. Seu lançamento contará com o apoio do ONS e será de grande importância nas ações de boas-vindas às novas instalações do Operador Nacional no Rio de Janeiro.

Alunos na oficina de circo Crescer e Viver.

ONSpatrocinaprojetos culturais

Saiba mais em:www.ons.org.br/responsabilidade_social

Page 18: Revista do ONS

16 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

Os Desafios Associados à Integração do sistema de Transmissão das Usinas do Rio Madeira

1 - INTRODUÇÃO

A partir de 2005, os resultados dos estudos de planejamento elétrico e energético já indicavam a expansão da geração a partir da Amazônia. O planejamento do setor energético brasileiro indicava como principal alternativa para a ampliação da geração de energia elétrica no país a exploração da energia hidráulica nos rios da Amazônia.

Naquela época, os estudos sinalizavam, a médio prazo, a permanên-cia majoritária da energia hidráulica na matriz energética, muito embora com o incremento da participação da energia das usinas térmicas e tam-bém da ampliação da integração das fontes alternativas de energia, in-clusive a geração eólica. Os grandes projetos de geração previstos eram no Rio Madeira, com a construção das usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Xingu, com a construção de Belo Monte, e outros aproveitamen-tos no Rio Tapajós, conforme indicado na Figura 1. O aproveitamento da energia gerada na Amazônia foi previsto para ocorrer sempre em lo-calidades com distâncias superiores a 2.000 quilômetros dos grandes centros de consumo, conforme estudos de mercado e como mostrado na mesma Figura 1.

Assim, ao final de 2007 e início de 2008, foram realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) os leilões para os pri-meiros aproveitamentos hidrelétricos a serem construídos nessa fase de expansão da geração do Sistema Interligado Nacional (SIN) e na Amazônia, que foram os leilões referentes às usinas hidrelétricas (UHEs) de Santo Antônio e Jirau, a serem construídas no Rio Madei-ra, no estado de Rondônia, com capacidades instaladas previstas de 3.150 MW e 3.300 MW, respectivamente. As usinas do Rio Madeira e o sistema de transmissão associado são considerados projetos de grande interesse estratégico nacional, aumentando a oferta de ener-gia elétrica e garantindo a continuidade e a segurança do suprimento ao SIN, de forma significativa.

ARTIGO

2 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROJETO MADEIRA

Os estudos de planejamento que definiram a integração das usinas do Madeira (UHE Jirau e UHE Santo Antônio) ao SIN contemplaram três alter-nativas de transmissão: uma alternativa em corrente alternada (CA), uma alternativa híbrida (CA/CC) e uma alternativa em corrente contínua (CC).

Para a transmissão e, especificamente, para o escoamento de todo esse montante de 6.450 MW de energia gerada, foi realizado, em 26 de no-

vembro de 2008, o leilão Aneel 007/2008, relativo à licitação para con-tratação de serviço público de transmissão de energia elétrica, mediante outorga de concessão, incluindo a construção, a operação e a manutenção das instalações de transmissão do SIN. Nesse leilão, conforme definição do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Aneel, foram incluídas as duas alternativas mais atrativas, de acordo com os estudos de planeja-mento: uma alternativa híbrida (CA/CC) e uma alternativa apenas em cor-rente contínua (CC). A transmissão em CC saiu vencedora no certame. Esta alternativa é constituída pelos seguintes elementos: dois bipolos de

FIGURA 1 - Distâncias dos grandes projetos hidráulicos aos centros de carga.

Darico Pedro Livi Diretor de Planejamento e Programação da Operação

Roberto GomesDiretor de Administração dos Serviços de Transmissão

Ronaldo SchuckDiretor de Operação

Por Roberto Gomes, Darico Pedro Livi e Ronaldo Schuck

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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011 17

FIGURA 2 - Alternativa de transmissão em CC vencedora do Leilão Aneel 007/2008.

FIGURA 3 - Sistema de Transmissão do Madeira e os sete lotes.

Diagrama Unifilar

Lote E

S. Antônio

Jirau

Coletora P. Velho AraraquaraFiltro AC

Filtro AC

4x95

4MCM

-TC

-105

km

2375km

2375km

+600kV CC

-600kV CC

Polo 11575MW

Polo 21575MW

1575 MVA

44x75MW

3x1250MVA

44x71,6MW

SEVilhenaP. Velho P.BuenoJ. ParanáAriq. Coxipo

Ribeirãozinho

Itumbiara

Rio Verde

12 km

Back to

MT

Samuel

Trindade

Araraquara

Araraquara

(Furnas)

(CTEEP)

1575 MVA

Filtro AC

Filtro AC

2375km

2375km

+600kV CC

-600kV CC

Polo 11575MW

Polo 21575MW

1575 MVA

1575 MVA

-50/100 MvarRio BrancoAbuna Univers.

400 MVA

400 MVA

CuiabáJauru 364 km 242km

1x750MVA

Atibaia

Polo 11475MW

Polo 21475MW

Polo 11475MW

Polo 21475MW

3x(-70/100) MvarSI

150km 118km 160km 35441km 165km

305km 160km 30km

1x136 Mvar 1x750MVA

4x95

4MCM

-TC

-105

km

3x1250MVA

MTMT

Araraquara(CTEEP)

+600kV CC

1575 MVA

Rio Branco Abuna Univers.

-

305km 160km 30km

Lote A

Lote F

Lote CLote C

Lote F Lote B

Lote D

Lote G

CE

back

Araraquara 500 kV

440 kV

Taubaté N. Iguaçu

345 kV

350 km

3 x 1250440 kV 138 kV

Rio Branco

Ribeirãozinho

Samuel

Pimenta Bueno

Vilhena

Cuiabá

Itumbiara

Jiparaná

Ariquemes500 kV

230 kV

Rio Verde

Back to back 2x400MW

Trindade

160 km

30km

41km

150km

118km

160km

354km

165km

Sistema de Transmissão

250 km

335 km

360km 242km 200km

2 x 3150 MW

- 2375 km

Coletora Porto Velho

Jirau

S. Antônio

3300 MW

3150 MW

305 km

600 kV+

2CC600-SP2 bipolos 3150 MW

Jauru

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18 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

corrente contínua (2x3150 MW em tensão de 600 kVCC), entre as su-bestações (SEs) Coletora Porto Velho (RO) e Araraquara (SP), com uma extensão aproximada de 2.375 quilômetros; dois conversores back to back (2x400 MW) 230/500 kV na SE Coletora Porto Velho, interligando o sistema de escoamento do Madeira aos sistemas de transmissão que alimentam os estados do Acre e Rondônia; duas linhas de transmissão em 230 kV entre as SE Coletora Porto Velho e a subestação existente de Porto Velho, além da SE Araraquara 500 kV e suas interligações, conforme ilustrado na Figura 2.

A estratégia adotada pela Aneel para a concessão dos serviços de trans-missão foi a divisão das instalações de transmissão em sete lotes, con-forme informações e resultados apresentados anteriormente. A Figura 3 apresenta o diagrama unifilar correspondente às instalações de transmis-são associadas às usinas do Madeira, com indicação dos sete lotes.

Na Tabela 1, são descritos os elementos integrantes de cada lote, bem como as transmissoras responsáveis pelos empreendimentos licitados naquela ocasião.

As transmissoras vencedoras e responsáveis pelos sete lotes (de A a G) são consórcios e incorporam empresas como Eletronorte, Eletrosul, Aben-goa, Andrade Gutierrez, CYMI, CTEEP, Furnas e Chesf, além de tradicio-nais fabricantes de equipamentos como ABB e Areva.

As características dos leilões, a constituição do Sistema de Transmissão do Madeira (dois bipolos em corrente contínua), a composição desse sistema em sete lotes, a meta de início de operação em 26 de fevereiro de 2012, por si só, já sinalizam o desafio que está sendo enfrentado pelo

setor elétrico brasileiro. O único projeto de transmissão em corrente con-tínua realizado no país remonta ao início dos anos 80, com a construção da Usina Binacional de Itaipu. A metade da capacidade instalada de ge-ração, na época 6.300 MW, dessa usina foi interligada ao sistema bra-sileiro por um sistema de corrente contínua. Decorridos quase 30 anos para o novo empreendimento, estão sendo necessários o resgate e a aplicação de muitos dos conhecimentos e “expertise” adquiridos naquela época. Importante lembrar também que a tecnologia de transmissão em corrente contínua (HVDC) continuou a ser aplicada no mundo inteiro, in-clusive com aperfeiçoamentos técnicos e tecnológicos. A transferência, disseminação e ampliação de conhecimentos em corrente contínua para os novos profissionais são etapas fundamentais e de máxima priorida-de. Ressaltamos ainda que este processo de formação e de gestão de conhecimentos será, em grande parte, aproveitável em outros grandes projetos em andamento ou em prospecção no país, como são os casos de Belo Monte e dos aproveitamentos no Rio Tapajós.

3 - AS ATIVIDADES DO ONS

O Operador Nacional do Sistema Elétrico iniciou o seu trabalho no Pro-jeto de Transmissão do Madeira já na fase de elaboração do Edital do Leilão, como suporte técnico à Aneel, em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O envolvimento do ONS neste sistema de transmissão compreende diversas etapas:• Etapa 1: Elaboração do anexo técnico do Edital de licitação e análise

do projeto básico;• Etapa 2: Desenvolvimento dos estudos operativos e de

comissionamento; e• Etapa 3: Integração operacional e comercial das instalações.

Para a primeira etapa, foi montada uma estrutura especial de trabalho, na qual são destaques: uma Coordenação Geral, integrada por um re-presentante de cada Diretoria Técnica do ONS, um Coordenador Técnico e seis Grupos de Trabalho específicos.

Esses grupos têm a responsabilidade de verificar a conformidade dos projetos básicos das instalações em relação aos requisitos estabeleci-dos no Edital, disseminando a absorção dos conhecimentos, além de suportar, tecnicamente, os atos de formalização do Operador na emissão dos respectivos pareceres técnicos. Os seis grupos tratam os seguintes temas:• Circuito Principal (Main Circuit);• Filtros CA e CC;• Coordenação de isolamento;• Estudos de Sistemas;• Proteção e Controle; e• Projetos das linhas de transmissão em corrente contínua.

Para as segunda e terceira etapas, as quais apresentam forte relaciona-mento externo, foram montadas estruturas de trabalho similares à primei-ra. Além destas etapas, a área de operação do ONS já iniciou trabalho paralelo, com ações de cunho interno, voltadas para a avaliação e adequa-ção dos recursos e processos dos seus Centros de Operação para o pleno exercício das funções institucionais de coordenação, supervisão e controle da operação dos sistemas de geração e transmissão do Madeira.

Lote Descrição Empresa Transmissora

A

SE 500/230 kV Coletora Porto Velho; duas estações conversoras CA/CC/CA back to back 400MW e LTs 230 kV Coletora Porto Velho - Porto Velho C1 e C2

Porto Velho Transmissora de Energia S.A.

BLTs 500 kV Cuiabá - Ribeirãozinho C2 e Ribeirãozinho - Rio Verde Norte C2

Catxerê Transmissora de Energia S.A.

CConversoras do Bipolo 1: SE Coletora Porto Velho e SE Araraquara 2

Estação Transmissora de Energia S.A.

D LT Nº 01 ±600 kV CC Coletora Porto Velho - Araraquara 2

Interligação Elétrica do Madeira

E

LT 500 kV Araraquara 2 - Araraquara (Furnas) C1 e C2 e LT 440 kV Araraquara 2 - Araraquara (CTEEP) C1 e C2; e SE Araraquara 2 - 500/440 kV - 4.500 MVA

Araraquara Transmissora de Energia S.A.

FConversoras do Bipolo 2: SE Coletora Porto Velho e SE Araraquara 2

Interligação Elétrica do Madeira

G LT Nº 02 ±600 kV CC Coletora Porto Velho - Araraquara 2

Norte Brasil Transmissora de Energia S.A.

TABELA 1 - Descrição dos lotes e transmissoras responsáveis

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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011 19

4 - SITUAÇÃO DO PROJETO BÁSICO EM JULHO 2011

As transmissoras vencedoras entregaram à Aneel os respectivos pro-jetos básicos dos seus empreendimentos em 26 de fevereiro de 2009 e, a partir desse marco, começaram as análises dos mesmos por parte do ONS e da EPE. Dos sete lotes, aqueles que compreendem especifi-camente o fornecimento de equipamentos em corrente contínua são os lotes A, C e F.

A Tabela 2 apresenta uma visão geral da situação do projeto básico des-tes lotes em julho de 2011.

Considerando a referência de julho de 2011, no que diz respeito à previ-são de entrada em operação comercial do sistema HVDC, os principais marcos estão relacionados a seguir:• Pátio 230 e 500 kV da SE Coletora Porto Velho (Lote A): 01/09/2011• Início operação comercial UHE Santo Antônio: 15/12/2011• Conversoras back to back (Lote A): 31/07/2012 • Conversoras Bipolo 1 e Linha CC do Bipolo 1 (Lotes C e D):

05/01/2013• Conversoras Bipolo 2 e Linha CC do Bipolo 2 (Lotes F e G):

01/04/2013

5 - PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS E DESAFIOS A VENCER

Considerando que este foi o primeiro projeto deste porte enquadrado no novo modelo do setor elétrico brasileiro, isto é, por meio de leilão por lotes, era de se esperar que algumas dificuldades surgissem ao longo do processo de projeto básico e da aprovação de sua conformidade com o Anexo Técnico do leilão. Estão relacionadas a seguir as principais difi-culdades que foram encontradas, além de elencados alguns desafios a serem vencidos com relação a esse sistema de transmissão:

5.1 - Prazos

Embora tenham sido estabelecidos prazos um pouco mais estendidos para o projeto do Madeira, em comparação com outros leilões da trans-missão, entende-se que os mesmos não tenham sido completamente adequados e suficientes para que a conformidade do projeto básico em relação aos requisitos do Edital de licitação fosse desenvolvida, analisa-da e aprovada como previsto. Foi estabelecido no processo do leilão um prazo de aproximadamente três meses para, por parte das sete trans-missoras vitoriosas do certame, entrega dos respectivos projetos bási-cos e da ordem de quatro meses para análise e aprovação da confor-midade dos mesmos com o Anexo Técnico por parte da Aneel. Apenas

para efeito de comparação simplificada, os prazos envolvidos no projeto, contratação e análise do sistema HVDC de Itaipu, semelhante em ter-mos de porte ao projeto do Madeira, foram significantemente maiores (alguns anos). Dada à complexidade do projeto do Madeira, decorridos mais de dois anos da entrega do projeto básico, existem ainda algumas pendências relativas ao Bipolo 2, bem como outras, que estão sendo consideradas e discutidas no âmbito da fase de detalhamento ou projeto executivo.

5.2 - Especificação Técnica x Especificação Funcional

Os requisitos contidos no Anexo Técnico do Edital de Licitação não se constituem propriamente uma especificação técnica, mas procuram estabelecer apenas os requisitos funcionais das novas instalações, os quais deveriam servir de base para a elaboração da especificação técni-ca do empreendimento por parte das transmissoras vencedoras e para a contratação dos equipamentos junto aos fabricantes. Em razão dos prazos exíguos envolvidos no processo do leilão, conforme já comentado anteriormente, não foram elaboradas as especificações técnicas. A con-tratação foi feita apenas com base no Anexo Técnico, que não detalha de forma adequada as características técnicas dos equipamentos a serem fornecidos pelos fabricantes. Julga-se que este foi um dos aspectos que demandou a maior parte das discussões sobre interpretação dos requi-sitos técnicos.

Com relação aos conversores, que contêm a maior parte dos aspectos tecnológicos do sistema de transmissão, o Anexo Técnico inclui:• Valores nominais e faixa de variação da tensão, frequência,

potência e correntes;• Níveis máximos de corrente de curto-circuito nos terminais

retificador e inversor;• Modos de Operação;• Capacidades de sobrecarga;• Nível máximo de perdas;• Índices de confiabilidade e disponibilidade;• Número mínimo de unidades reserva para os transformadores

conversores e filtros CA;• Balanço de reativo em ambos os terminais retificador e inversor;• Requisitos básicos para desempenho e rating dos filtros CA e CC;• Requisitos básicos de controle, incluindo ênfase no controle mestre

e sua coordenação entre as usinas e sistema de transmissão e nas questões de interação CA/CC;

• Base de dados para estudos de regime permanente e dinâmico;• Requisitos em relação à falha de comutação;• Requisitos básicos de eletrodos de terra e linhas dos eletrodos;• Requisitos básicos para as linhas de transmissão HVDC dos

bipolos;• Requisitos para desenvolvimento de estudos de sistema para

demonstração do atendimento dos requisitos técnicos;• Fornecimento dos modelos de conversores e controles para

desenvolvimento de estudos dinâmicos e de transitórios; e• Fornecimento de réplica dos controles dos conversores e módulos

de Real Time Digital Simulator (RTDS) para representar os conversores e rede CA.

Embora extensa, esta lista não é completa. Alguns pontos que compõem o projeto básico incluíram algum grau de flexibilidade de forma a permitir

Lote Nº Documentos Entregues

Nº Documentos Aprovados

A 132 100%

C 119 100%

F 137 57%

TABELA 2 - Visão Geral do Projeto

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20 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #01 | Ano 1 | Set-Dez | 2011

otimização por parte do agente, tais como:• Arranjo das válvulas conversoras;• Níveis de isolamento e respectivas margens para os equipamentos do

circuito principal;• Projeto do reator de alisamento; e• Configurações e projeto final dos filtros CA e CC.Os aspectos acima citados exigiram um grande trabalho das equipes técnicas do ONS e da EPE.

5.3 - Divisão em lotes

Não há dúvidas que a divisão do empreendimento em lotes para o processo do leilão é fundamental para aumentar a competitividade e, consequentemente, buscar a necessária modicidade tarifária. A expe-riência acumulada nos processos de licitação da transmissão inicia-dos no ano 2000 demonstram que este é um caminho adequado. No entanto, considerando o porte do projeto do sistema de transmissão do Madeira e sua particularidade de utilizar a tecnologia de corrente contínua, a escolha da divisão dos lotes não é uma tarefa trivial. Houve muita reflexão e discussão na forma como os lotes seriam definidos. Duas alternativas básicas poderiam ser consideradas em termos de conversoras: todas as conversoras do lado da estação retificadora como um lote ou as conversoras de um mesmo bipolo (estação reti-ficadora e inversora) como um lote. Esta última alternativa foi a es-colhida para o projeto do Madeira. Destaca-se que, para esta alter-nativa, a principal dificuldade refere-se à parte de compartilhamento de instalações e controles entre empreendedores e fabricantes. Por exemplo, na SE Coletora de Porto Velho existirão cinco agentes com-partilhando o barramento de 500 kV desta SE: dois agentes geradores e três agentes transmissores (Lotes A, C e F), o que poderá impor dificuldades. Podem ser citados como exemplos dessas dificuldades:

• O compartilhamento da compensação reativa e filtros das conversoras;• A compatibilização dos níveis de isolamento das várias instalações

conectadas no mesmo pátio CA; e• A interação operacional necessária através de esquemas de controle

e proteção.

Aliada a estas questões, a inexistência no Edital de uma figura integra-dora com a atribuição de conduzir a necessária compatibilização de re-quisitos, prazos e interesses por parte dos agentes que compartilham as instalações foi verificada como um ponto importante e que deveria ser considerado em futuros projetos similares.

Esforço semelhante também foi feito no caso do terminal inversor, onde três agentes deverão compartilhar a SE Araraquara.

No que se refere à divisão dos lotes relativos às linhas de transmissão em corrente contínua, verificou-se que a alternativa proposta, ou seja, as linhas dos bipolos em lotes específicos, parece ser adequada. Este aspecto de compartilhamento de diversos agentes em uma mesma instalação se consti-tui um desafio para a operação em tempo real.

5.4 - Filosofia e funções do Controle Mestre

De acordo com o Anexo Técnico para o lote correspondente ao Bipolo 1, este agente deve prover e ser responsável pelo projeto e implantação do

Controle Mestre deste sistema de transmissão, incluindo os dois bipo-los, o back to back e as ações necessárias junto aos agentes geradores conectados na SE Coletora Porto Velho. O Controle Mestre é um contro-le de alto nível hierárquico e tem como objetivo principal coordenar as ações automáticas e proteger os sistemas de geração e transmissão em caso de perturbações nos mesmos, bem como no sistema interligado. Suas principais funções são as seguintes:• Redistribuir a potência ativa entre bipolos e seus respectivos polos

em caso de redução de capacidade de transmissão CC, devido à saída ou limitação de potência nos conversores ou linhas CC;

• Redistribuir a potência ativa do back to back para os bipolos em operação em decorrência de perda ou limitação da capacidade de transmissão por este conversor;

• Evitar autoexcitação das máquinas das usinas de Santo Antônio e Jirau através da limitação do número de filtros CA conectados na estação retificadora, bem como coordenar sinais adequados de comunicação para reduzir a potência gerada nestas usinas;

• Reduzir possíveis sobretensões nos sistemas de 500 kV da retificadora e inversora através da desconexão de filtros CA, em caso de necessidade de reduções da potência transmitida pelos bipolos;

• Promover o balanço e controle do intercâmbio de potência reativa entre as estações conversoras e os sistemas CA correspondentes; e

• Restabelecimento do balanço de potência ativa em limitações dos sistemas CA ou CC.

A maior dificuldade encontrada neste assunto foi a questão envolvendo a responsabilidade. As ações do Controle Mestre são todas automá-ticas e eventualmente implicam em comandos de abertura de insta-lações não pertencentes ao agente que é responsável pelo mesmo. Desta forma há preocupação do agente do Controle Mestre ser res-ponsabilizado pelos outros agentes em casos de atuações indevidas ou incorretas provenientes de comando deste controle.

5.5 - Múltiplas conexões de conversores HVDC no terminal inversor

Tanto no Anexo Técnico, como nos Procedimentos de Rede, é esta-belecido que cada bipolo não deve afetar o comportamento de ou-tros bipolos eletricamente próximos. Considerando a existência, no sistema receptor, de conversores HVDC associados ao sistema de transmissão Itaipu, estes requisitos implicam que os bipolos do sis-tema de transmissão do Madeira deverão avaliar possíveis interações adversas com estes conversores. Foi solicitado que este aspecto fosse cuidadosamente estudado pelos agentes dos Bipolos 1 e 2. Tais estudos ainda estão em andamento e deverão merecer atenção especial do ONS.

5.6 - Aspectos de confidencialidade

O Anexo Técnico do Edital estabeleceu que deveriam ser desenvolvidos estudos de desempenho dinâmico, com o uso de ferramentas apropria-das para simulação no domínio do tempo (como ATP ou PSCAD) pelos fabricantes das conversoras, de forma a demonstrar o atendimento aos requisitos de sistemas, particularmente quanto aos seguintes aspectos:• Operação dos conversores durante faltas no sistema, incluindo tempo

de recuperação dos elos CC após a aplicação de faltas CA;• Interação entre controles de diferentes conversores; e• Requisitos quanto às falhas de comutação.

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Para a configuração completa do sistema, quando todos os conver-sores estarão comissionados, haverá conversores e controles for-necidos por diferentes fabricantes. Desta forma, o desenvolvimento destes estudos deveria contar com a representação apropriada de cada conversor/controle, o que demanda o intercâmbio de mode-los de conversor/controle por cada fabricante. Para esta finalidade procurou-se negociar com os fabricantes o intercâmbio de modelos Black Box, quando seriam mantidos os requisitos de confidencialida-de de cada um. No entanto, não foi possível concluir esta negociação com sucesso, impondo, portanto, alguma dificuldade na realização destes estudos. De forma a contornar estas dificuldades acordou-se o seguinte procedimento:• Cada fabricante individualmente realizaria os estudos de desempenho

dinâmico considerando a modelagem completa do seu conversor/controle e replicaria este modelo para o outro conversor; e

• O estudo completo final, com a representação detalhada própria de cada conversor/controle, seria realizado nas instalações do ONS, através do Simulador/RTDS que será fornecido pelos fabricantes e implantados na sua sede.

Como há um intervalo de tempo de aproximadamente um ano entre a entra-da do primeiro bipolo e do segundo, foi possível contornar em tempo hábil esta dificuldade. Porém, em outros casos, isto pode não ser possível.

Ressalta-se, portanto, a importância de tratar esta questão previamente ao lançamento do Edital em casos onde o sistema será dividido em di-versos lotes.

5.7 - Implantação de Simulador RTDS no ONS

Considerando o ineditismo do sistema de transmissão do Madeira e que a análise do desempenho do mesmo no âmbito operativo requer a representação detalhada do seu sistema de controle, bem como de cada um dos conversores que compõem este sistema, foi previsto no Edital a entrega, por parte das transmissoras vencedo-ras dos Lotes A, C e F, de um conjunto ferramental. Este forneci-mento, sem custo para o ONS e EPE, inclui um simulador composto dos seguintes itens:• Módulos de RTDS suficientes para representar cada um dos

conversores, bem como parte do sistema CA dos lados do retificador e inversor. Prevê-se o fornecimento de quatro módulos, um para cada conjunto de conversores (Bipolo 1, Bipolo 2 e back to back) e um para representação do sistema CA;

• Réplica das placas de controle e das respectivas interfaces que serão instaladas em campo, incluindo também o controle de todo sistema CC;

• Fornecimento de 12 cópias da ferramenta PSCAD, com validade em relação à manutenção, por um período de dez anos; e

• Treinamento do pessoal do ONS e EPE nas ferramentas acima descritas.

O ONS montou uma equipe específica para tratar do recebimento, instalação e operação deste simulador, inclusive dimensionando uma área própria nas suas novas instalações para comportar este siste-ma. Dada a importância desta ferramenta para o ONS está sendo avaliada a aquisição de módulos adicionais do RTDS de forma a re-presentar com maiores detalhes o sistema receptor, inclusive com a possibilidade de análise de possíveis interações entre o sistema do Madeira e o de Itaipu.

Ressalta-se que o estudo final de desempenho dinâmico do siste-ma do Madeira, com utilização da réplica dos controles de todos os conversores está previsto para ser realizado com este simulador no segundo semestre do ano de 2012.

6 - CONCLUSÃO

O sistema de transmissão do Madeira constitui-se num grande desafio e marco para o setor elétrico brasileiro, pela sua importância, porte, parti-cularidades técnicas e sua forma de contratação.

Ao longo do processo de implantação em curso, relativo à etapa de projeto básico, várias dificuldades apresentadas têm sido enfrentadas e estão relatadas neste artigo. As soluções para essas dificuldades foram sempre encontradas a partir de discussões e negociações com todos os agentes envolvidos no processo.

A grande experiência que tem sido adquirida neste processo deverá se constituir em um excelente subsídio às instituições, empresas e fabri-cantes para aplicação de melhorias em outros projetos similares que deverão ser desenvolvidos no Brasil, como, por exemplo, no sistema de transmissão associado às usinas de Belo Monte.

Tendo em vista que as Etapas 2 (Desenvolvimento dos estudos operativos e de comissionamento) e 3 (Integração operacional e comercial das insta-lações) estão em fase inicial de desenvolvimento, as mesmas serão abor-dadas em artigos específicos a serem incluídos em publicações posterio-res a esta revista. Também poderão ser abordadas, em artigo específico posterior, as ações vinculadas à adequação dos recursos e dos processos dos Centros de Operação do ONS para a coordenação, supervisão e con-trole da operação dos sistemas de geração e transmissão do Madeira em sua plenitude.

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