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v.9, n.1, jun./nov. 2016 ISSN 1984-4204 REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃOportal.unp.br/arquivos/pdf/institucional/edunp/raunp/a9n1.pdf · Rafael Fernandes de Mesquita – Instituto Federal do Piauí

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v.9, n.1, jun./nov. 2016 ISSN 1984-4204

REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Copyright © EdUnP

Editora Universidade Potiguar - Edunp

AV. Senador Salgado Filho, nº1610. Prédio I, 3º andar, Sala 306. Lagoa Nova. Natal/RN. CEP: 59056-000.

Tel.: (84) 3215-1222

E-mail: [email protected]

R454 Revista Eletrônica do Mestrado Profissional em Administração da UnP: RaUnP / Mestrado Em Administração da Universidade Potiguar. – Ano 8, n.2 (jun./dez.2016). – Natal: Edunp, 2017.

Versão eletrônica. Semestral. ISSN: 1984-4204

1. Administração. 2. Qualidade em serviços. 3. Meio ambiente. 4. Micro e pequena empresa. 5. Redes sociais.

RN/UnP/BCSF CDU 658

Marcus PeixotoPRESIDENTE

Profª. Sâmela Soraya Gomes de OliveiraREITORA

Profª. Sandra Amaral de AraújoPRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dr. Walid Abbas El AouarCOORDENADOR DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Profa. Dra. Luciana Gondim de Almeida GuimarãesProf. Dr. Rodrigo José Guerra LeoneProfa. Dra. Cristine Hermann Nodari

EDITORES DA RAUNP

Isabel Cristine Machado de CarvalhoAdriana Evangelista

EDITORA UNIVERSIDADE POTIGUAR – EDUnP

Revisão português – Prof. José Iranilson da SilvaRevisão inglês – Profa. Ms. Wilka Catarina da Silva Soares

Revisão normativa – Adriana EvangelistaCOMISSÃO TÉCNICA

Faça! Comunicação e DesignPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS DA UNP - SIB/UNPAPOIO

EDITORA AFILIADA À UNIVERSIDADE ASSOCIADA À:

Revista Raunp, v.9, n.1, jun./nov. 2016 ISSN 1984-4204

REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Nominata – v. 9, n. 1 (2016): RAUnP ISSN 1984-4204

Rafael Fernandes de Mesquita – Instituto Federal do Piauí – IFPI ([email protected])

Vera Lúcia Cruz – Universidade Federal da Paraíba – UFPB ([email protected])Cristine Hermann Nodari – Universidade Potiguar – UnP ([email protected])

Liêda Amaral de Souza – Universidade Potiguar – UnP ([email protected] )

Rodrigo José Guerra Leone – Universidade Potiguar – UnP ([email protected])

Francisco Roberto Farias Guimarães Júnior – Universidade Federal da Paraíba – UFPB

([email protected])

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Conselho Editorial

Rodrigo Jose Guerra Leone Doutor em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,Professor titular da Universidade Potiguar

Antônio Marcos Duarte Júnior Doutor em Matemática Aplicada pela Princeton University, Estados UnidosProfessor Adjunto IV do Faculdades Ibmec/RJ E-mail: [email protected]

Francisco Correia de Oliveira Doutor em Business Policy pela University of Warwick, Inglaterra Professor titular da Universidade de Fortaleza - UFC e Unifor E-mail: [email protected]

José Arimatés de Oliveira Doutor em Administração de Empresas pela Fundação GetulioVargas/SP. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNE-mail: [email protected]; E-mail: [email protected]

José Carlos Assis Dornelas Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo, sócio do Empreende - FURBE-mail: [email protected]

Tereza de Souza Doutora em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas/SP, Professora titular da Universidade Potiguar - UnP E-mail: [email protected]

Walter Fernando Araújo de Moraes Doutor em Mangament Sciences pela University of Manchester Institute of Science and Technology, Grã-Bretanha, Professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco - FBV E-mail: [email protected]

Leandro Callegari CoelhoDoutor em Administração pelo École des Hautes Études Commerciales de Montréal, Canadá, Professor da Université Laval, Canadá.

Conselho Consultivo

Alípio Ramos Veiga Neto Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Professor titular da Universidade Potiguar, Brasil E-mail: [email protected]

Antônio André Cunha Callado Doutor em Administração pela Universidade Federal da Paraíba, Professor Associado I da Universidade Federal Rural de Pernambuco - E-mail: [email protected]

Antônio Marcos Duarte Júnior Doutor em Matemática Aplicada pela Princeton University, Estados Unidos, Professor Adjunto IV do Faculdades Ibmec /RJ E-mail: [email protected]

Benny Kramer Costa Doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo, BrasilProfessor da Universidade Nove de Julho - UNINOVE e FEA/USP, Pós-Doutor em Administração (USP).

Carlos Alberto Freire Medeiros Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, Professor Adjunto II da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - E-mail: [email protected]

Francisco Correia de Oliveira Doutor em Business Policy pela University of Warwick, Inglaterra Professor titular da Universidade de Fortaleza - UFC e Unifor E-mail: [email protected]

David Camino Universidad Carlos III de Madrid - Madri/Espanha E-mail: [email protected]

Domingos Fernandes Campos Doutor em Engenharia de Produção pelo Universidad Politécnica de Madrid, EspanhaProfessor titular da Universidade Potiguar - UnP

Eliseu Martins Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, Professor titular da Universidade de São Paulo - USP E-mail: [email protected]

Fernanda Fernandes Gurgel Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professora da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte e Universidade Potiguar - UnP E-mail: [email protected]

Fernando Dias Lopes Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNE-mail: [email protected]

George Sebastião Guerra Leone Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,Professor da Faculdade Vale do Salgado - UFPB Doutor em Contabilidade E-mail: [email protected]

Hubert Drouvot Doutor em Sciences en Gestion pelo Université Pierre Mendès France de Grenoble, FrançaProfessor Pesquisador da Universidade da Amazônia - Institut d’Administration des Entreprises (IAE) – Grenoble – França – E-mail: [email protected]

João Batista Turrioni Doutor em Engenharia (Engenharia de Produção) pela Universidade de São Paulo, Professor titular da Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI E-mail: [email protected]; E-mail: [email protected]

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José Arimatés de Oliveira Doutor em Administração de Empresas pela Fundação GetulioVargas/SP. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNE-mail: [email protected]; E-mail: [email protected]

José Carlos Marion Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, Professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo E-mail: [email protected]

José Carlos Assis Dornelas Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo, sócio do Empreende - FURBE-mail: [email protected]

Jose Edson Lara Doutor em Economia de l´Empresa pelo Universitat Autònoma de Barcelona, EspanhaAssociado I da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG E-mail: [email protected]

Josir Simeone Gomes Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio de JaneiroProfessor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - E-mail:[email protected]

Kleber Cavalcanti Nobrega Doutor em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Professor titular da Universidade Potiguar - UnPE-mail: [email protected]

Lydia Maria Pinto BritoDoutora em Educação pela UFCProfessora titular da Universidade Potiguar – UnPE-mail: [email protected]

Maria Terezinha Angeloni Doutora em Administração pelo Université Pierre Mendes France, França, Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL E-mail: Terezinha [email protected]

Marie Agnes Chauvel Doutora em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,Professora Assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio E-mail: [email protected]

Miguel Eduardo Moreno Añez Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas - SP,Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN E-mail: [email protected]

Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone Doutora em Ciencias da Administração pelo Université de Grenoble II, França, Professora da Universidade Potiguar - UnP - Pós-Doutora em Administração – (Univesité de Savoie - França) E-mail: [email protected]

Patricia Amelia Tomei Doutora em doutorado sandwich pelo New School for Social Research, Estados Unidos, Professora associado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio E-mail: [email protected]

Patricia Whebber Souza de Oliveira Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professora Titular da Universidade Potiguar – UnP E-mail: [email protected]

Paulino Graciano Francischini Doutor em Engenharia (Engenharia de Produção) pela Universidade de São Paulo, Professor Doutor da Universidade de São Paulo - POLI-USP E-mail: [email protected]

Paulo Roberto Oliveira Doutor em Matemática da Decisão pela Université de Paris IXProfessor titular da COPPE/UFRJE-mail: [email protected]

Reinaldo Guerreiro Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, Professor titular da Universidade de São Paulo - USP E-mail: [email protected]

Sonia Maria Rodrigues Calado Dias Doutora em Comportamento Organizacional pela Georgia State University, Estados Unidos, Professora titular da Faculdade Boa Viagem - FBVE-mail: [email protected]

Tereza de Souza Doutora em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas – SP, Professora titular da Universidade Potiguar – UnP E-mail: [email protected]

Walter Fernando Araújo de Moraes Doutor em Mangament Sciences pela University of Manchester Institute of Science and Technology, Grã-Bretanha, Professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco , FBV E-mail: [email protected]

Washington Jose de Souza Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará, Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN E-mail: [email protected]

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EDITORIALSUMÁRIO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR UMA CASA LOTÉRICA DE CAJAZEIRAS/ PB, NA PERCEPÇÃO DO CLIENTE .....................................9Armistrong Martins da SilvaJoão Bosco Almeida Freire

PRÁTICAS DE ISOMORFISMO E AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE ......................................................................................................24Edson MacohonAndréia DaniEduardo Lavarda

CAPITAL SOCIAL E DESEMPENHO PERCEBIDO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ..............................................................................................................35Thiago Martins CostaBruno Felix Von Borell de AraujoAziz Xavier Beiruth

CAPITAL INTELECTUAL ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA.........................................................................51João Henrique SperaficoRaquel EngelmanManuela Albornoz Gonçalves SELECIONANDO PORTFÓLIO DE ATIVOS UTILIZANDO VARIÁVEIS FUNDAMENTALISTAS NO MERCADO BRASILEIRO .....................................................62Ulisses Medeiros Barbosa LeiteFrancisco Roberto Farias Guimarães Júnior

NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA REVISTA RAUNP ........................................................73

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EDITORIALEDITORIAL

Caros/as Leitores/as!

Com satisfação informamos a publicação do nú-mero 5, volume 9 da Revista Eletrônica do Mestrado Profissional da Administração (RAUnP). Seguindo os princípios de publicação das linhas editoriais, este número contempla cinco artigos. O primeiro artigo de autoria de Armistrong Martins da Silva e João Bosco Almeida Freire teve por objetivo avaliar a qualidade dos serviços oferecidos por uma casa lotérica loca-lizada no município de Cajazeiras-PB, na percepção dos clientes. O segundo artigo, no âmbito da linha editorial de estratégia e competitividade, de autoria de Edson Macohon, Andréia Dani e Eduardo Lavarda teve por objetivo verificar se existe relação entre as práticas de isomorfismo e o processo de aplicação das normas internacionais de contabilidade nas indústrias de Santa Catarina. Os resultados demonstram o pre-domínio do isomorfismo coercitivo, devido ao com-portamento semelhante apresentado pelas empresas, bem como a forma de atuação dos profissionais em relação à adequação da nova normatização contábil. Ainda na linha editorial de estratégia e competitivi-dade, nosso terceiro artigo aborda a relação entre o capital social composto pelo suporte governamental, institucional, familiar e social no desempenho perce-bido das micro e pequenas empresas. É proposto esti-mar a relação entre os constructos do Capital Social e o Desempenho Percebido nas MPEs e, também, ava-liar das propriedades psicométricas dos instrumentos utilizados. Os autores, Thiago Martins Costa, Bruno Felix Von Borell de Araujo e Aziz Xavier Beiruth, destacam como resultados encontrados que o Capital Social composto pelos Suportes de Governo, Institu-cional, Familiar e Social, são constructos importantes e significativos ao explicar o Desempenho Percebi-do, porém, sozinhos, mostram ser a explicação de um total de apenas 4,3% do Desempenho Percebido nas MPEs relatados pelos participantes. Apesar de esse ser considerado um percentual pequeno de explica-

ção, não se deve ignorar que a relação encontrada foi significante e que, diante das multiplicidades de vari-áveis que podem explicar o desempenho, identificar uma variável não relacionada diretamente a fatores de competição como o Capital Social, por ser anteceden-te do desempenho, é algo relevante para a literatura. De forma geral, os resultados sugerem que o Suporte Governamental foi, dentre os tipos de suporte estuda-dos, o que gerou maior influência no Desempenho Per-cebido das MPEs estudadas. Nosso quarto artigo de autoria de João Henrique Sperafico, Raquel Engelman e Manuela Albornoz Gonçalves e na linha editorial de estratégia e competitividade, analisou a relação entre o Capital Intelectual Organizacional e a inovação em micro e pequenas empresas de base tecnológica. Os resultados indicaram que o Capital Intelectual Organi-zacional pode ser relacionado com a inovação das mi-cro e pequenas empresas de base tecnológica, pois as empresas acessam a partir das ferramentas e estruturas da empresa, conhecimentos e informações úteis para o processo de inovação. No entanto, embora o Capital Intelectual Organizacional seja um fator importante para o desenvolvimento de inovações, a estratégia uti-lizada frente à gestão da inovação é determinante para os resultados. O quinto artigo desta edição de autoral de Ulisses Medeiros Barbosa Leite e Francisco Rober-to Farias Guimarães Júnior objetivou contribuir para a pesquisa na área de finanças, auxiliando na elaboração de uma carteira de investimento utilizando variáveis fundamentalistas no mercado acionário brasileiro. Os resultados confirmaram o que foi encontrado no refe-rencial bibliográfico utilizado, com as variáveis P/L e VM apresentando uma relação negativa com o retorno das ações e a variável VP/VM apresentando um rela-cionamento positivo.

Boa leitura!

Luciana Gondim de Almeida GuimarãesEditora RAUnP

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Artigos

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Revista Raunp, v.9, n.1, p. 9-23, jun./nov. 2016 ISSN 1984-4204

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR UMA CASA LOTÉRICA DE CAJAZEIRAS/ PB, NA PERCEPÇÃO DO CLIENTEEVALUATION OF QUALITY OF SERVICES OFFERED BY A HOUSE LOTTERY OF CAJAZEIRAS / PB, NA CUSTOMER PERCEPTION

DOI: http://dx.doi.org/10.21714/raunp.v9i1.876

Armistrong Martins da SilvaAdministrador. Mestre em Engenharia de Produção. Professor MsC. da Universidade Potiguar - UnP.E-mail: [email protected]

João Bosco Almeida FreireGraduando do Curso de Bacharelado de Administração da Faculdade São Francisco da Paraíba – FASPE-mail: [email protected]

Envio em: Julho de 2014Aceite em: Janeiro de 2017

RESUMOEste trabalho tem por objetivo avaliar a qualidade dos serviços oferecidos por uma casa lotérica localizada no município de Cajazeiras-PB, na percepção dos clientes. A partir da opinião dos clientes é possível tomar conhecimento de situações até então desconhecidas por parte da empresa e propor soluções que ajudem a melhorar a qualidade dos serviços prestados ao consumidor. Em relação aos aspectos metodológicos utilizados, o artigo tem um caráter quali-quantitativo, baseada nas pesquisas bibliográfica, exploratória e descritiva. Os resultados da pesquisa mostrou que o índice de aprovação da qualidade dos serviços prestados pela empresa é maior evidente nas dimensões: Confiabilidade (75,39%), Responsividade (85,71%), Segurança (82,54%) e Empatia (85,72%) que obtiveram o maior conceito de qualidade segundo a percepção dos clientes pesquisados, constatando, em parte, pelo público usuário pesquisado a credibilidade da qualidade nos serviços prestados pela Casa Lotérica, no tocante a estes requisitos. Os Aspectos Tangíveis (68,36%) obteve o menor conceito na percepção dos clientes quanto à qualidade dos serviços ofertados, merecendo melhor atenção dos gestores da Casa Lotérica estudada, no intuito de minimizar os resultados negativos e maximizara a qualidade contínua dos serviços prestados pela empresa.

Palavras-chaves: Qualidade. Qualidade em Serviços. Percepção de clientes.

ABSTRACTThis work aims to evaluate the quality of services offered by a lottery home located in the municipality of Cajazeiras-PB, the perception of customers. From the view of customers can become aware of situations previously unknown by the company and propose solutions that help improve the quality of services provided to consumers. In relation to the methodological aspects used, the article has a quali-quantitative character based on literature, exploratory and descriptive research. The survey results showed that the approval rating of the quality of services provided by the company is evident in higher dimensions: Reliability (75.39%), responsiveness (85.71%), Security (82.54%) and Empathy (85 , 72%) which had the highest concept of quality as perceived by the customers surveyed, noting, in part, by public users researching the credibility of the quality of services provided by the Lottery Agency, regarding these requirements. The tangible aspects (68.36%) had the lowest concept in the perception of customers regarding the quality of services offered and deserves better attention from managers Lottery Agency studied in order to minimize the negative and maximize the ongoing quality of services provided by company.

Keywords: Quality. Quality Services. Customer perception.

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1 INTRODUÇÃO

Toda organização deve constantemente passar por uma auto avaliação e, consequentemente, identifica-ção dos seus problemas internos, assim como os ex-ternos para verificar se os serviços prestados aos seus consumidores estão dentro dos padrões de qualidade e satisfazem as necessidades tanto da empresa, quan-to dos clientes.

Neste contexto, ao se tratar de qualidade sob a perspectiva dos usuários é possível perceber que as expectativas podem variar de consumidor para con-sumidor. Ou seja, a forma que os clientes “percebem” a qualidade de um produto ou a prestação de um ser-viço pode variar para diferentes clientes.

No caso dos serviços, as percepções podem variar ainda mais, pelo fato dos serviços serem intangíveis, isto é, não podem ser tocados, o que implica na in-terpretação subjetiva do consumidor. Além disso, a própria tendência de variabilidade dos serviços pode fazer com que um mesmo cliente tenha percepções diversas do mesmo serviço em diferentes ocasiões.

Sobre este assunto, são esclarecedoras as palavras de Slack et al. (2009) as quais mostram que, mesmo sendo esse conceito um referencial primário na pres-tação de serviços não se tem um consenso comum entre os autores que já se dispuseram a tratar da temá-tica da qualidade em serviço.

Diante disso, as casas lotéricas, objeto deste es-tudo, oferecem um serviço básico e atendem a todos os públicos-alvo, devendo transparecer o máximo de conforto, confiança, segurança e credibilidade aos seus clientes. Desta forma, deve então preocupar-se em atender a alguns requisitos como a acessibilidade e condições que ofereçam bem-estar aos seus clientes.

Um dos mecanismos utilizados para avaliar a percepção dos usuários dos serviços prestados pelas empresas que atuam no setor de correspondentes ban-cários se baseia em um mecanismo conhecido como feedback, que consiste em dar uma resposta a um pedido ou acontecimento, termo muito utilizado nas áreas de Administração de Empresas, podendo acar-retar valores positivos ou negativos. A partir desse mecanismo é possível tomar conhecimento de situ-ações até então desconhecidas por parte da empresa e propor soluções que ajudem a melhorar a qualidade dos serviços prestados ao consumidor.

Desse modo, Maximiano (2012, p. 129) deixa claro que o papel da administração da qualidade é procu-rar garantir a satisfação do cliente e ao mesmo tempo

garantir os interesses econômicos da empresa. Diante disso, a satisfação dos clientes é um objetivo priori-tário para todas as organizações, uma vez que sem clientes satisfeitos as demais medidas de desempenho da organização ficam comprometidas.

Um dos segredos da qualidade é a organização da empresa quanto ao controle das suas atividades, ou seja, a qualidade implica no fato da empresa conhecer muito bem todos os setores que a compõe chegando até os clientes, que, por sua vez, também devem estar nos planos da empresa, através da busca pela satisfa-ção de suas necessidades.

Diante dessa realidade, é importante então a empre-sa que oferece serviços se abrir para críticas e opiniões dos usuários e através dessas opiniões se consiga iden-tificar as verdadeiras necessidades dos usuários desses serviços que oferece. Esse julgamento então leva novas ideias à direção ou gerência da empresa a fim de me-lhorar o atendimento – trazendo benefícios ao cliente e à empresa, através da lucratividade. Assim, a quali-dade depende de todos os setores organizacionais da empresa, inclusive do cliente que deve contribuir para um fluxo contínuo e ágil das ações da empresa.

No setor de correspondente bancário a importân-cia da avaliação dos serviços prestados pelas empre-sas não é diferente. Considerando que pagar as con-tas é uma tarefa obrigatória a todos os cidadãos, as empresas, casas lotéricas e pontos de atendimento responsáveis por recolher pagamentos e realizarem apostas devem oferecer serviços de qualidade aos seus clientes, garantindo que as necessidades dos so-licitantes sejam as suas.

Logo, a pesquisa desenvolvida tem como objetivo levantar dados e fazer uma análise da percepção dos clientes em relação à qualidade dos serviços presta-dos por uma casa lotérica, localizada no município de Cajazeiras/PB, identificando na análise, como os cidadãos estão preferindo pagar suas contas e qual o modo de atendimento desejado, além de abrir espaço para críticas e sugestões.

Logo, o problema que será abordado nesse traba-lho surge da indignação com a qualidade dos serviços prestados por uma casa lotérica e do conflito que se faz na prestação de alguns serviços de maneira equi-vocada ou mesmo incorreta.

Para tanto, coloca-se como problema de pesquisa, o seguinte questionamento: Qual a percepção dos clientes, quanto à qualidade dos serviços presta-do por uma Casa Lotérica, localizada na cidade de Cajazeiras/PB?

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Sendo assim, estes trabalho está estuturado da se-guinte maneira, inicia-se com a introdução no qual estão presentes os requisitos básicos para o desenvol-vimento do tema; Seguido da Revisão da Literatura, abordando temas sobre à Qualidade em Serviço e suas dimensões. Nos aspectos metodológicos da in-vestigação, são demonstrados os métodos e as técni-cas aplicáveis, utilizadas nas fases da elaboração da pesquisa. São apresentados também, os resultados e a análise da pesquisa de campo, identificando a clas-sificação da qualidade dos serviços ofertados pelo correspondente bancário, de acordo com a percepção dos clientes.

Finaliza-se com os aspectos conclusivos do traba-lho, considerando o alcance dos objetivos propostos com seus benefícios e contribuições para essa área de estudo, bem como, as recomendações e sugestões para serem futuramente implementadas pelo gestor da casa lotérica.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 QUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES

O conceito de qualidade nas organizações não é algo novo, embora a princípio não houvesse uma noção clara do que fosse qualidade, esta noção foi evoluindo ao longo do tempo em função das espe-cificidades que cada período apresentou na história do desenvolvimento humano. Em concordância com esse contexto, Juran (1993) citado por Silva, Correia e Idrogo (2007) observam que as necessidades humanas pela qualidade existiram desde os princípios da histó-ria. Ao longo dos séculos as estratégias de gerencia-mento para qualidade sofreram mudanças contínuas em reposta às contínuas mudanças nas forças políticas, sociais e econômicas das organizações.

No entanto, a qualidade nas últimas décadas tem se tornado um condicionante de primeira necessida-de na fabricação de produtos e prestação de servi-ços. A Teoria Geral da Administração, na visão de Maximiano (2012), explica bem sua evolução, como também sua importância nas organizações. Quando uma organização se preocupa em oferecer produtos ou serviços com qualidade, deve conscientizar-se que existem padrões para a sua produção ou prestação, na ideia de que este irá contribuir positivamente e de for-ma segura. De nada adiantaria um produto ou serviço que atendesse a todas as obrigações e especificações ordenadas sem que atendesse a necessidade real do usuário, pois assim este teria um campo de opções

que não permitiriam uma escolha fixa.Desta forma, qualidade nas organizações signifi-

ca: rápida percepção e satisfação do cliente das neces-sidades do mercado, adequação ao uso dos produtos e homogeneidade dos resultados do processo (ISHI-KAWA, 1997, p.35).

Atualmente, um número crescente de empresas reconhece que o investimento em qualidade é um dos mais lucrativos que se pode fazer, uma vez que inves-tir em qualidade representa redução de defeitos, fa-bricação de melhores produtos, melhora o bem estar dos clientes externos e internos, proporcionam maio-res lucros para a organização e garante uma maior satisfação dos clientes.

Diante dessa realidade, Oliveira (2012, p. 23) afir-ma que os negócios atualmente estão direcionados para a competitividade, o que significa que as orga-nizações devem-se dirigir para técnicas e conceitos, cada vez em maior quantidade, sobre a qualidade, direcionadas para as empresas como um todo, Isso acaba não só envolvendo a produção de um produto ou serviço, como também as etapas que tratam de sua viabilização. E é nesse ponto que entra a gestão mais abrangente da organização.

Deste modo, os autores afirmam que na gestão ad-ministrativa voltada para a qualidade atual há uma preocupação com o aumento da satisfação e confiança dos clientes, aumento da produtividade, redução dos custos internos, melhora da imagem e dos processos de modo contínuo e a possibilidade de acesso mais fácil a novos mercados, descentralizando a atenção na produção do produto ou serviço, pois o segredo para um desempenho do processo com sucesso é oferecer condições plausíveis em todos os fatores do conteúdo.

Ainda, de acordo com os princípios da Qualida-de Total, uma nova visão do campo organizacional foi estabelecida. Nela, o gerente fica responsável por transformar a empresa num ambiente pessoal e fa-miliar aos seus funcionários. Assim, o funcionário sente-se realmente parte da empresa preocupando-se com os eventuais problemas e se satisfazendo dos su-cessos alcançados por ela. Sente também a necessida-de de aperfeiçoar-se para atender melhor não somente a clientela, mas também o restante dos membros da empresa, com a intenção de elevar seu cargo e respec-tiva importância por meio da confiança e segurança que a empresa pode lhe propor.

Neste contexto, Oliveira (2012), afirmam que, im-plantar a qualidade implica em adquirir gastos neces-sários para a reforma da infraestrutura da empresa, uma vez que a qualidade corresponde à correção de

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erros de produtos com defeitos, à simplificação e à racionalização de procedimentos de tarefas e à agi-lização da comercialização dos produtos. Por esses motivos, a qualidade refere-se a padrões de procedi-mentos que visam adequar e uniformizar os produtos, tendo em vista sua aceitação pelo consumidor/cliente, com atenção de torna-lo cativo e fiel no consumo.

Portanto, um produto ou serviço com qualidade, para alcançar sucesso não precisa agregar o maior nú-mero de benefícios possíveis, ele apenas precisa cum-prir sua função atendendo a necessidade do cliente sem apresentar erros no processo, com limites que permitem uma tolerância desses erros na estrutura ou número de processos.

2.3 QUALIDADE EM SERVIÇOS

Na concepção de Paladini (2004), o termo serviço pode ser definido como uma ação desenvolvida por terceiros, em atendimento a solicitação explícita, es-pecífica e bem definida de um usuário determinado. Em geral, esses terceiros habilitam-se a realizar o ser-viço por possuírem qualificação própria (em maior ou menor grau de especificação) para tanto.

De um ponto de vista simplificado, o termo “servi-ço” pode ser definido como qualquer atividade econô-mica que não resulta na produção direta de bens tan-gíveis ou na extração de recursos naturais. Para que se entendam melhor os serviços, deve-se ter como base que, os serviços diferem dos produtos industriais por atender algumas características específicas como: a intangibilidade, por não poder ser estocado e não ter um tempo médio de vida; e ainda, por envolver a participação direta das pessoas no processo (SILVA; CORREIA; IDROGO, 2007).

De acordo com os autores supracitados, é válido observar que os serviços possuem dois componentes de qualidade que devem ser considerados; os serviços propriamente ditos, e a forma como é percebido pelo cliente.

Para a realização de qualquer serviço são necessá-rios certos atributos, ou seja, o detalhamento do que se precisa para proporcionar serviços com qualida-de. Estes atributos podem ser vistos de certa forma como requisitos essenciais para que os momentos da verdade ocorram de acordo com o determinado nível de expectativas dos clientes. Os atributos têm certas dimensões, sendo elas principalmente determinadas pela: confiabilidade, segurança, aspectos tangíveis, empatia e receptividade.

Segundo Las Casas (2008, p.7), a percepção dos

clientes em relação aos serviços é feita com base em três aspectos físicos: similaridade, proximidade e continuidade. No Princípio da Similaridade ele afir-ma que as coisas similares tendem a ser percebidas pelo indivíduo como parte de um conjunto, em que as coisas aparentemente iguais fazem parte do mesmo grupo. Já no Princípio da Proximidade o mesmo alega que os conjuntos também podem ser formados pelos elementos mais próximos entre si. Enquanto isso, no Princípio da Continuidade o autor explica que depois de trabalhar um conceito sobre uma marca, o próprio cliente é responsável por construí-la, dando continui-dade ao que o anunciante já propôs.

A ideia de Qualidade Total abrange toda a área dos recursos materiais, bem como os recursos humanos, então é necessário matéria-prima de qualidade e mão de obra especializada (treinada), além de um ambien-te razoavelmente agradável às pessoas que executam o gerenciamento de todos os setores da empresa, ga-rantindo uma disposição e satisfação maior deles.

Em geral, os conhecimentos sobre qualidade em serviços confundem-se com o de qualidade total. A diferença básica está no fato de que a qualidade de serviço teve origem em alguns países europeus, como Suécia e Inglaterra, carecendo ainda de um conjunto coerente de métodos próprios de trabalho, enquanto que a qualidade total provém do Japão e possui me-todologia definida (BRANDÃO JÚNIOR; LIRA; GONÇALVES, 2004, p. 2-3).

Esquecendo a origem dos dois tipos de qualidade, os autores tocam num ponto importante a ser discuti-do: a Qualidade Total está tentando ser implantada na Qualidade de Serviços, ou seja, o controle sobre todo o processo, desde o momento da apresentação do ser-viço ao cliente até o momento dos agradecimentos tanto da empresa, pela contratação do serviço, quanto do cliente, pela execução do serviço.

Portanto, é possível observar que o segredo da qualidade nos serviços está no cliente. Este deve ser explorado infinitas vezes, das mais possíveis manei-ras. Suas necessidades devem chegar sempre em pri-meiro lugar, atentando ao fato de que os funcionários contribuem diretamente para isso.

2.4 DIMENSÕES DA QUALIDADE EM SERVIÇO

A avaliação da qualidade de um serviço é essen-cial para a prosperidade de uma empresa, pois sem a constante melhoria de suas atividades o público-alvo tende a procurar serviços melhores na concorrência,

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de forma que possam atender as suas necessidades, e, que possam surpreender em suas ações. Porém, por ser intangível, os serviços se mostram complicados na hora da avaliação, recorrendo a métodos avaliativos abstratos.

Neste contexto, uma das ferramentas mais utili-zada para ajudar na avaliação dos serviços prestado pelas organizações é o SERVQUAL, desenvolvido em meados dos anos 1985 pelos pesquisadores Zeithaml, Parasuraman e Berry. A ferramenta é uma estrutura de gestão para medir a qualidade dos serviços de uma empresa frente a um ideal. Eles foram responsáveis pelo desenvolvimento do Modelo dos 5 Gaps (Lacu-nas) da Qualidade de Serviços:

• O Gap 1: esta relacionado as expectativas do con-sumidor e as percepções da gerência, uma vez que nem todas as expectativas dos consumidores são consideradas adequadamente pela gerência, o que pode gerar impacto na avaliação da qualidade do serviço pelo consumidor.

• O Gap 2: refere-se as percepções da gerência e as especificações da qualidade dos serviços. A gerência muitas vezes apresenta dificuldade para atender às expectativas dos clientes e superá-las, em razão da dificuldade em estabelecer padrões de desempenho e, em outros casos, pela falta de comprometimento com a qualidade do serviço. Em outra situação, os gerentes podem não ter trei-namento suficiente para superar essas questões.

• No Gap 3: são discutidas as especificações da qua-

lidade dos serviços e sua entrega. Mesmo quando existem especificações formais para a entrega de um serviço, nem sempre o padrão de qualidade ideal é seguido pelos colaboradores, pois não é fácil garantir o cumprimento integral dos proce-dimentos quando se trata de uma prestação de ser-viços que envolve os funcionários. Neste caso, os colaboradores podem também não ter treinamento suficiente.

• O Gap 4: é destinado aa entrega dos serviços e as comunicações externas. Já que as expectativas do consumidor têm um papel central na percepção da qualidade do serviço, é essencial não prometer mais nas comunicações de marketing do que se pode entregar de fato, para não aumentar a expec-tativa inicial e diminuir posteriormente a percep-ção de qualidade.

• No Gap 5: destina-se ao serviço percebido e o serviço esperado: o segredo da boa prestação de serviço é atingir e, se possível, superar as expecta-tivas do consumidor em relação ao serviço obser-vando se o cliente está percebendo a qualidade do serviço (SPINA; GIRALDI; OLIVEIRA, 2012).

Através da metodologia desenvolvida é possível verificar os instrumentos de serviços de alta quali-dade, que os clientes usam na sua ideia de percep-ção para a escolha da organização, as quais preten-dem usar como prestadora de serviço. Originalmente construíram dez classes desses instrumentos, sendo elas visualizadas no quadro 02 a seguir.

Confiabilidade

Presteza

Competência

Acessibilidade

Cortesia

Abrange consistência de desempenho e confiabilidade. Também significa que a empresa faz certo da primeira vez e honra seus compromissos. Exemplos: precisão nas contas, manutenção dos registros de forma correta e realização do serviço no tempo designado.

Refere-se ao desejo dos empregados de prover os serviços e à sua presteza nessa tarefa. Envolve rapidez nos serviços: retornar a ligação de um cliente rapidamente ou realizar rapidamente um serviço.

Significa possuir a habilidade e o conhecimento necessários para realizar o serviço, o que envolve: conhecimento e habilidade do setor de atendimento e do suporte operacional, e capacidade de pesquisa da organização.

Refere-se à proximidade e à facilidade de contato, o que significa que o serviço pode ser acessível por telefone, o tempo de espera para receber o serviço não é extenso, tem horário de funcionamento e localização convenientes.

Envolve delicadeza, respeito, consideração, amabilidade no atendimento pessoal, o que inclui consideração pela propriedade do cliente.

CLASSES CONCEITO

QUADRO 2: DETERMINANTES DA QUALIDADE EM SERVIÇOS

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Comunicação

Credibilidade

Segurança

Compreensão e conhecimento do cliente

Aspectos tangíveis

Manter os consumidores informados em linguagem que possam entender e ouvi-los. Isso significa aumentar o nível de sofisticação com os mais bem-educados, falar de maneira simples e direta com os consumidores mais simples, explicar o serviço em si, o preço, os descontos, e garantir ao consumidor que um eventual problema será resolvido.

Envolve honestidade e comprometimento no atendimento das necessidades dos clientes, abrangendo nome e reputação da empresa, características pessoais dos atendentes e nível de envolvimento nas interações com os clientes.

Ausência de perigo, risco ou dúvida envolvendo segurança física, financeira e confidencial.

Esforçar-se para entender as necessidade e exigências específicas dos clientes, prover atenção individual e reconhecer os clientes habituais.

Inclui as evidências físicas do serviço: instalações aparência do pessoal, ferramentas e equipamentos usados na prestação de serviço, representações físicas do serviço e outros clientes presentes nas instalações.

CLASSES CONCEITO

Fonte: Adaptado de Parasuraman, Zeithaml e Berry, (1985).

Mais tarde essas 10 (dez) classes foram resumidas a 5 (cinco) fatores denominados Dimensões da Qua-lidade:

1. Aspectos Tangíveis: materiais utilizados na pres-tação dos serviços. Bens objetivos, concretos, to-cáveis;

2. Confiabilidade: capacidade de fazer com que o cliente sempre tenha a empresa como primeira opção de escolha pela sua responsabilidade com o cliente;

3. Segurança: capacidade que o atendente tem de transmitir segurança ao cliente ao ponto de torná--lo seguro também;

4. Empatia: capacidade que o atendente tem de se colocar na condição do cliente e resolver a sua si-tuação problema como fosse a sua;

5. Responsividade: capacidade de compreensão do atendente para com o cliente, visando o apoio emocional, através da bidirecionalidade na comu-nicação, favorecendo o desenvolvimento da auto-nomia e da autoafirmação entre ambas as partes.

Diante do exposto, é possível observar que os clientes cultuam estas cinco dimensões para fazerem suas analises em relação à qualidade nos serviços, comparando e estudando a relação entre o serviço es-perado e o serviço percebido, a distinção entre uma e outro é o resultado positivo ou negativo desta ana-lise. Deste modo, as cinco dimensões da qualidade propostas pelos autores, se encaixam na natureza dos serviços, quais sejam: o desempenho como beneficio primário desejado pelos clientes; e a qualidade per-

cebida em que a prestação de um serviço, exige, em muitos casos, a participação do cliente, originando preocupações em nível da qualidade da relação que se estabelece durante o processo de produção e utili-zação do serviço (PINHEIRO, 2012).

A qualidade nos serviços conduz a satisfação de clientes, fortalecendo o relacionamento e conduzindo a longevidade da interação entre o cliente e a organiza-ção. Portanto, a satisfação dos consumidores devem ser uma das primícias a ser alcançadas pelas organizações que prestam serviços, a qual deve ser vista sob quatro perspectivas: a satisfação como sendo uma busca indi-vidual; a sua competitividade e o seu lucro; o mercado como um todo; e a visão da sociedade considerando a o consumidor como um cidadão.

3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Esta pesquisa é classificada, quanto ao tipo, como uma pesquisa cientifica, por se tratar de um estudo que busca descobrir respostas para um problema me-diante a utilização de procedimentos científicos.

Tomando por base os conceitos de Silva e Mene-zes (2005), para classificar uma pesquisa científica, os procedimentos metodológicos delineados preci-sam ser fundamentados a partir de quatro aspectos: quanto à natureza, quanto à forma de abordagem do problema, quanto aos objetivos e quanto aos procedi-mentos técnicos.

Em relação à natureza deste estudo, o mesmo pode ser classificado como sendo uma pesquisa apli-

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cada, na qual, segundo Silva e Menezes (2005), a mesma objetiva gerar conhecimentos para a aplica-ção prática, dirigida a soluções de problemas. Além disso, envolve verdades e interesses locais. Ou seja, a Pesquisa aplicada, apresentam contribuições práti-cas decorrentes do conhecimento puro. Uma pesquisa sobre problemas práticos pode conduzir à descoberta de princípios científicos. A partir dessa pesquisa bus-ca-se compreender melhor a percepção dos clientes quanto a Qualidade dos serviços prestados por uma Casa Lotérica, localizada na cidade Cajazeiras/PB.

Quanto à forma de abordagem do problema, o presente trabalho representa uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo.

Segundo Silva e Menezes (2005), a pesquisa qua-litativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem necessariamente empregar instru-mentos estáticos na análise dos dados. Ou seja, parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão sendo definidos à medida que o estudo vai avançando. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pesso-as, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos participantes do estudo.

Além disso, será utilizada a pesquisa quantitativa, que segundo Marconi e Lakatos (2008) a mesma cui-da de quantificar dados, opiniões, informações com a utilização de recursos técnicos estatísticos, desde os mais simples como: porcentagem média, media-na e desvio padrão, até o uso mais complexo como coeficiente de correlação, regressão, etc. O método quantitativo será adotado, pois a coleta de dados será constituída de perguntas fechadas, sendo um proce-dimento sistemático para a descrição e explicação do estudo em questão.

O presente trabalho situa-se na categoria de Pes-quisa Exploratória, uma vez que, este tipo de estu-do visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do tema ou problema de pesquisa em perspectiva, estabelecendo uma situação favorá-vel ao processo de tomada de decisão. Complemen-tando, Gil (2006) acrescenta que esse tipo de pesquisa se caracteriza pelo desenvolvimento e esclarecimento de ideias, com o objetivo de oferecer uma visão pano-râmica e uma primeira aproximação a um determina-do fenômeno que é pouco explorado.

Além disso, esse estudo se enquadra na Pesquisa Descritiva, dado que este tipo de pesquisa, segundo informações de Gil (2006), além de envolver verda-des e interesses locais, objetiva gerar conhecimento

para aplicação prática em soluções de problemas es-pecíficos. Neste caso, esta pesquisa visa descrever a realidade da Qualidade dos serviços prestados por uma Casa Lotérica, localizada na cidade Cajazeiras/PB, na percepção dos clientes.

Para responder ao problema geral formulado pela pesquisa, o método de abordagem adotado foi o méto-do indutivo, no qual o pesquisador colhe informações, examina cada caso separadamente e tenta construir um quadro teórico geral. O método pode ser entendido como um plano de ação, formado por um conjunto de etapas e procedimentos destinados a realizar e anteci-par uma atividade na busca de uma realidade.

Para esse estudo, foram utilizados dados primá-rios e secundários, obtidos em duas etapas distintas e procedimentos técnicos diferentes. Inicialmente, fo-ram coletados os dados secundários por meio de Pes-quisa Bibliográfica, que de acordo com Gil (2006), a mesma é feita a partir de materiais elaborados, já publicados, a exemplo de livros, revistas, jornais, ar-tigos científicos e dissertações disponíveis em sites da Internet e bibliotecas, com o intuito de dar emba-samento teórico e cientifico a pesquisa.

Os dados primários foram conseguidos por meio da Pesquisa de Levantamento, que é caracterizada, segundo Gil (2006), pela investigação direta com pes-soas para conhecer-lhes o comportamento, acerca de um determinado problema.

O instrumento utilizado na coleta de dados será um questionário, que após sua aplicação, seus dados serão categorizados, quantificados e agrupados vi-sando contribuir para o conhecimento do estado atual em relação à percepção do cliente quanto a Qualidade dos serviços prestados por uma Casa Lotérica, loca-lizada na cidade Cajazeiras/PB, buscando identificar suas principais variáveis e servindo de base para a tomada de decisão referente ao desenvolvimento do tema.

O modelo de escala adotado é a “Escala de Likert” na qual os pesquisados responderão a cada quesito, por intermédio de vários graus de concordância. O nível de concordância dos questionários em relação aos fatores investigados foi enumerado através de uma escala formada por cinco pontos equidistantes, sendo 1° e 2° pontos correspondentes à discordância ou insatisfação, o 3° correspondente à neutralidade ou indiferença, o que se pode considerar como um ponto imparcial ou negativo, e o 4° e 5° pontos cor-respondentes ao nível de concordância ou satisfação. A escala adotada contribuiu para codificar as decla-rações, qualificadas e revertê-las, por intermédio da

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técnica de análise de conteúdo, em dados qualitativos e quantitativos para posteriormente, receberem o tra-tamento estatístico adequado.

O modelo adotado para a pesquisa foi adaptado de Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985 apud SIL-VA; CORREIA; HIDROGO, 2007). O instrumento utilizado na coleta dos dados foi um questionário contendo 20 (vinte) perfuntas, referente às seguintes dimensões: Confiabilidade, Responsividade, Segu-rança, Empatia e Aspectos tangíveis.

É importante salientar que antes de aplicar o ques-tionário, foi realizado um pré-teste com a participa-ção de 03(três) clientes da Casa lotérica, e como não houve duvidas em relação à interpretação das ques-tões apresentada, não foi necessário fazer modifica-ções ou substituições. Apos o pré-teste, foi realizada a coleta de dados com uma amostra aleatória de 126 clientes consumidores dos serviços ofertados pelo correspondente bancário, realizado durante o expe-diente, no período de 25/04/2014 a 25/05/2014.

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, além da apresentação dos resulta-dos será demonstrada a caracterização da empresa estudada, considerando que o processo de aplica-ção da qualidade em qualquer organização que se dispõe a oferecer serviços com excelência, visa buscar e interpreta a opinião dos clientes. Deste modo, para atender aos objetivos delineados para este trabalho foi elaborado um diagnostico quali-tativo, levantado por meio de dados quantitativos, sobre os serviços prestados por uma Casa Lotérica, localizada no município de Cajazeiras/PB, segundo a percepção de seus clientes.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ESTUDADA: CASA LOTÉRICA

A Loteria estudada tem como nome fantasia Lo-teria Trevo da Sorte e é credenciada pela Caixa Eco-nômica Federal. A mesma está localizada na Praça Coronel Emídio Cartaxo, n° 60, Centro da cidade de Cajazeiras/PB e conta com 03 colaboradores e o ge-rente, totalizando 04 funcionários. Seus principais serviços prestados são o recolhimento, pagamentos de contas e realização de apostas.

A área de atuação da Casa Lotérica é a região da cidade de Cajazeiras, pertencente ao estado da Para-íba, localizada na Mesorregião Sertão (interior desse

estado), distante a 498 Km da capital do estado, João Pessoa. A cidade tem uma área geográfica de aproxi-madamente 565.899 km2 e uma população de 58.446 habitantes, segundo o Senso 2010, classificando-a como a sétima maior cidade do estado da Paraíba.

Considerando que pagar contas é uma tarefa obrigatória a todos os cidadãos, as empresas, casas lotéricas e pontos de atendimento responsáveis por recolher pagamentos e realizar apostas devem ofere-cer tal serviço, garantindo o conforto, credibilidade e segurança aos seus clientes. Deste modo a pesqui-sa teve como objetivo principal avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pela casa lotérica, objeto deste estudo, levando em consideração a percepção dos clientes, com o intuito de identificar os fato-res positivos e a serem melhorados de acordo com a necessidade dos clientes, construindo assim, um paradigma da qualidade dos serviços prestado pela empresa na região.

Assim, as próximas seções irão abordar os resul-tados das dimensões da qualidade dos serviços pres-tados pela Casa lotérica estudada, segundo a percep-ção dos seus clientes.

4.2 DIMENSÃO CONFIABILIDADE

No que se refere ao aspecto Confiabilidade, à maioria dos respondentes, 48 pessoas, que corres-ponde a 38,09% concordam totalmente com as in-formações repassada pelos funcionários da Casa Lotérica. Além destes, 47 entrevistados ou (37,30%) concordam e confiam nas informações repassadas pela empresa. Deste modo, o grau de concordância total em relação à dimensão Confiabilidade é de (75,39%) atestando a fidelidade e clareza das in-formações repassadas pela empresa, fator positivo quanto à qualidade dos serviços prestados aos clien-tes da empresa estudada.

Como também, a pesquisa mostra que 23 entre-vistados ou (18,25%) demonstraram neutralidade em relação à dimensão confiabilidade, evidenciando im-parcialidade nas informações repassadas.

Ademais, entre os respondentes houve 08 pes-soas entrevistadas, sendo 04 que discordaram total-mente e 04 que discordou (3,18%, respectivamente) das perguntas relativas à confiabilidade das infor-mações repassada pelos colaboradores, o que de-monstra um pequeno grau de insatisfação, em rala-ção a algum dos quesitos abordados no questionário (Ver Gráfico 01).

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GRÁFICO 01: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL QUANTO À DIMENSÃO CONFIABILIDADE

Fonte: Pesquisa direta, (2014).

Os resultados apresentados no Gráfico e Tabela 01 demonstram um grande índice de satisfação dos entrevistados em relação à dimensão confiabilidade, no qual a grande maioria dos respondentes (75,39%) afirma que os serviços prestados pelos atendentes sa-tisfazem suas exigências; e que a empresa está pre-parada para solucionar as dúvidas e problemas dos clientes, demonstrando que a mesma está no caminha certo, para o alcance da melhoria contínua da quali-dade dos serviços prestados pela Casa Lotérica.

4.3 DIMENSÃO RESPONSIVIDADE

No tocante ao aspecto Responsividade, observa-se que mesma é de grande importância para a empresa, uma vez que corresponde aos objetivos propostos e obrigações da empresa, no que ser refere aos incenti-vos e incorporação de programas de responsabilidade social e ambiental em sua estrutura, a justa remune-ração aos seus funcionários, a oferta da qualidade no

atendimento, a utilização adequada dos recursos, etc.Em relação a esta dimensão a maioria dos entre-

vistados, 75 pessoas (59,52%) concorda totalmente com os aspectos referentes à dimensão Responsivida-de e atuação da empresa estudada. Quando somada ao índice de pessoas que concordam com esta dimen-são (26, 19%), no total, o grau de concordância sobe para quase 86%, atestando a preocupação da empre-sa para com seus clientes e para comunidade na qual está inserida.

Ademais, os resultados mostram que 14 pessoas, correspondente à (11,11%) dos entrevistados demons-traram neutralidade quanto ao quesito avaliado, in-dicando não saber se há na empresa acessibilidade para pessoas com deficiência e atendimento exclusi-vos para idosos e gestantes; e apenas 04 respondentes (incluindo os que discordam e discordam totalmente), correspondem a 3,18% dos entrevistados, divergiram em alguns quesitos relativos à responsividade da Casa Lotérica pesquisada. (Ver Gráfico 02).

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GRÁFICO 02: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL QUANTO Á DIMENSÃO RESPONSIVIDADE

Fonte: Pesquisa direta, (2014).

Em relação à dimensão Responsividade, os re-sultados denotam a satisfação dos entrevistados em relação à dimensão estudada (85,71%), quanto ao comprometimento da empresa para com os clientes internos e externos. No que se refere aos incentivos e incorporação de programas de responsabilidade so-cial em sua estrutura, a oferta da qualidade no atendi-mento, a utilização adequada dos recursos.

No que diz respeito à melhoria continua, sugere-se é claro, uma melhor atenção por parte da empresa em divulgar aos seus clientes que a empresa oferece ser-viços de atendimento aos clientes preferenciais (ido-sos, gestantes e clientes com criança de colo); além de um ambiente com acessibilidade para portadores de deficiência física, para que de forma clara e transpa-rente todos tenha acesso e conhecimento da atuação da empresa perante a sociedade na qual esta insta-lada. E procurar aperfeiçoar-se ainda mais, para que assim, consiga a satisfação plena dos clientes internos e externos, já que estes fatores são primordiais a uma

instituição que busca a excelência na qualidade dos serviços prestados aos seus consumidores.

4.4 DIMENSÃO SEGURANÇA

Quanto ao aspecto de Segurança, observou-se que 60 pessoas, correspondente a (47,62%) dos entrevis-tados concordam totalmente que a Casa lotérica pes-quisada transmite confiança e segurança para efetuar transações bancárias. Como também, 44 responden-tes (34,92%) concordam com os quesitos apresenta-dos por essa dimensão analisada, totalizando um grau de concordância de (82,54%) quanto à segurança dos serviços prestados pela empresa.

Ademais, há uma indicação de neutralidade (15,87%), no qual 20 entrevistados preferiram não opinar sobre esta dimensão. E apenas 02 pessoas (1,59%), discordaram da competência e confiabilida-de das transações feitas na organização, como pode ser observada no Gráfico 03.

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GRÁFICO 03: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL QUANTO À DIMENSÃO SEGURANÇA

Fonte: Pesquisa direta, (2014).

Ao analisar os resultados apresentados quanto a Dimensão Segurança, foi observado que houve uma concordância de 82,54% dos entrevistados em relação à segurança, competência e responsa-bilidade da organização na prestação dos serviços aos clientes. Através desse percentual, observou-se um grande índice de aceitação dos entrevistados quanto à forma de gestão da administração para gerenciar a empresa, transparecendo uma coor-denação eficaz dos colaboradores da empresa, de forma que estas ações melhoram a qualidade dos serviços prestados pela organização.

Houve também um pequeno percentual de discor-dância quanto ao quesito analisado, que correspon-de a 1% dos entrevistados. No entanto, se sabe que é quase impossível agradar a todos, mas que estas in-satisfações merecem a atenção dos gestores para que a empresa atinja um grau de excelência de qualidade nos serviços prestados aos clientes em sua totalidade.

4.5 DIMENSÃO EMPATIA

Quanto ao aspecto Empatia, a maioria dos clientes entrevistados (46,83%), que corresponde a 59 pesso-as, disse esta satisfeita com atendimento dos funcio-nários e que os colaboradores demonstram cordiali-dade e conhecimento para desempenhar suas tarefas. Além disso, 49 pessoas ou (38,89% dos entrevistados) concordam com a dimensão analisada, indicando que os funcionários se identificam e se sente motivados com o trabalho.

No entanto, 15 entrevistados, referente à (11,90%) optaram pela neutralidade em resposta à dimensão analisada; e apenas 01 cliente discor-dou totalmente e 02 clientes discordaram (0,79% e 1,59%, respectivamente), discordaram quanto haver empatia dos colaboradores da Casa Loté-rica pesquisada aos atendê-los, como mostra o gráfico 04.

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GRÁFICO 04- DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL QUANTO A DIMENSÃO EMPATIA

Fonte: Pesquisa direta, (2014).

Os dados apresentam uma concordância total de 85,72% de aprovação quanto a Empatia dos funcioná-rios da empresa estudada. Porém, ao serem questio-nados, em relação à discordância, relativa à dimen-são empatia, os entrevistados alegam que em algum momento esporádico, se sentiram desconsiderados no atendimento, por parte de algum colaborador da em-presa, deixando de se pôr na condição do cliente para tentar resolver determinados problemas.

4.6 DIMENSÃO DOS ASPECTOS TANGÍVEIS

Em relação aos aspectos tangíveis, os resultados mostram que a maioria dos clientes entrevistados, (36,51%) que corresponde a 46 pessoas, sente-se to-talmente satisfeito com as instalações, localização,

equipamentos e o estado físico da empresa estudada. Somando-se a este índice de satisfação, 40 pessoas, que corresponde a 31,75% dos entrevistados, atestam a qualidade das instalações da Casa Lotérica, perfa-zendo um índice total de 68,26% de aprovação quan-to à dimensão estudada. Além disso, foi observado que 17 clientes que representam (13,49%) dos entrevistados se abstiveram quanto aos aspectos tangíveis da empre-sa estudada, demonstrando certa neutralidade.

Apesar dos aspectos positivos, houve um percen-tual total de 18,25% dos entrevistados que discorda-ram que a mesma atende as suas expectativas, ou que o ambiente físico da empresa é agradável e que com-portam a capacidade de pessoas adequada (6,35% discordando totalmente e 11,90% discordando), como demonstra o Gráfico 05.

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GRÁFICO 05: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL QUANTO AOS ASPECTOS TANGÍVEIS

Fonte: Pesquisa direta, (2014).

Considerando os percentuais demonstrados pela Tabela e Gráfico 05, é possível observar que não há uma totalidade quanto aos aspectos tangíveis da Casa lotérica estudada, isto porque, alguns entrevistados alegam que o espaço físico da empresa é insuficiente para atender a demanda e falta uma climatização ade-quada que proporcione melhor conforto aos clientes.

Estes fatores merecem uma maior atenção por parte da direção da Casa Lotérica, a qual dever in-vestir na ampliação do espaço físico, climatização do ambiente com ar-condicionado e aumentar o núme-ro de caixa para satisfazer seus clientes, de modo a fidelizá-los por completo, uma vez que estes fatores são cruciais e influenciam diretamente na percepção da qualidade dos serviços prestados aos clientes da empresa estudada.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, como objetivo geral, buscou-se avaliar a qualidade dos serviços prestados por uma Casa Lotérica localizada no munícipio de Cajazeiras/PB, segundo a percepção de uma amostra de clientes da empresa, por meio de entrevista estrutura, apli-cada através de um questionário, através do qual foi possível extrair informações relevantes para aperfei-çoar a qualidade dos serviços prestados pela organi-zação estudada.

Na direção do objetivo geral, alguns objetivos es-

pecíficos tiveram de ser alcançados. Para tanto, ini-cialmente foi delineada a caracterização da empresa, abordando seu histórico e estrutura organizacional. Posteriormente foi observada e analisada a expec-tativa dos usuários/ clientes, quanto à qualidade dos serviços prestada pela Casa Lotérica, através das seguintes dimensões da qualidade: Confiabilidade, Responsividade, Segurança, Empatia e Aspectos Tangíveis. Logo, após, foi utilizada a Escala de Likert de modo a contribuir para codificar as declarações, qualificadas e revertê-las em dados quantitativos e qualitativos para receberem o tratamento estatístico adequado.

Desta forma, ficou evidente que dentre as cinco dimensões que permeiam a qualidade dos serviços, a dimensão Aspectos Tangíveis (68,36%) obteve o menor conceito na percepção dos clientes quanto à qualidade dos serviços ofertados, merecendo melhor atenção dos gestores da Casa Lotérica estudada, no intuito de minimizar os resultados negativos e maxi-mizara a qualidade contínua dos serviços prestados pela empresa.

Fica como recomendação à direção da Casa Lo-térica fazer investimentos na ampliação do espaço físico, climatização do ambiente da empresa com ar-condicionado e aumentar o número de caixa para satisfazer seus clientes, de modo a fidelizá--los por completo, uma vez que estes fatores são cruciais e influenciam diretamente na percepção

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da qualidade dos serviços prestados aos clientes da empresa estudada.

Ademais, a pesquisa mostrou que o índice de aprovação da qualidade dos serviços prestados pela empresa é maior evidente nas dimensões: Confiabili-dade (75,39%), Responsividade (85,71%), Segurança (82,54%) e Empatia (85,72%) que obtiveram o maior conceito de qualidade segundo a percepção dos clien-tes pesquisados, constatando, em parte, pelo público usuário pesquisado a credibilidade da qualidade nos serviços prestados pela Casa Lotérica, no tocante a estes requisitos.

Portanto, a qualidade dos serviços prestados pela Casa lotérica em questão, em sua totalidade, teve uma boa avaliação segundo a percepção de seus clientes, no qual, o nível de expectativa que a clientela possui em relação aos serviços ofertados pelo empreendi-

mento se sobrepõe a percepção dos mesmos, o que impõe a empresa estudada se empenhar e aprimorar seus pontos fracos, transformando os resultados desta pesquisa numa fonte de subsídios para traçar estra-tégias, buscar a melhoria contínua da qualidade de seus serviços ofertados e aumentar ainda mais a sua participação do mercado, fidelizando ainda mais seus clientes, garantindo assim, um futuro próspero e pro-missor.

A limitação da pesquisa foi em decorrência do tempo disponível dos clientes para responder aos questionários, realizado durante o tempo de espera na fila de atendimento. Como também devido o mesmo ter sido aplicado com apenas 126 clientes, parâmetro este tomado devido a restrições de custo e tempo que inviabilizariam a projeção dos resultados para toda base dos clientes da Casa Lotérica estudada.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO JÚNIOR, Antônio; LIRA, Waleska Silveira; GONÇALVES, Geuda Anazile da Costa. A satisfação do cliente como base para a Qualidade em Serviços: O Caso de um Supermercado de pequeno porte. Revista Eletrônica Qualit@s. v. 3, n. 1, Campina Grande/PB, 2004.

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PRÁTICAS DE ISOMORFISMO E AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADEISOMORPHISM PRACTICES AND INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS

DOI: http://dx.doi.org/10.21714/raunp.v9i1.948

Edson MacohonDoutor em Ciências Contábeis e Administração. Professor assistente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. E-mail: [email protected]

Andréia DaniMestre em Ciências Contábeis. Professora no Centro Universitário Cândido Rondon.E-mail: [email protected]

Eduardo LavardaCoordenador do Programa de Doutorado em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau - FURB.E-mail: [email protected]

Envio em: Setembro de 2014Aceite em: Março de 2017

RESUMOOs gestores tendem a perceber as pressões ambientais e assim, gerenciam as mudanças necessárias para atender os objetivos das organizações. Estas pressões são de natureza coercitiva, normativa ou mimética. Esta pesquisa objetiva verificar se existe relação entre as práticas de isomorfismo e o processo de aplicação das normas internacionais de contabilidade nas indústrias de Santa Catarina. Quanto ao delineamento metodológico, a pesquisa classifica-se como descritiva realizada por meio de survey, aplicação de questionários, abordagem quantitativa. A população é caracterizada pelas 693 indústrias de Santa Catarina que possuem acima de 100 funcionários. A amostra é composta por 28 indústrias de diversos ramos de atividade que responderam os questionários. A análise da correlação demonstrou que há influência do ambiente externo sobre as organizações, o processo de convergência contábil é o principal agente motivador. As principais causas que as empresas implementaram as normas internacionais é a necessidade de estar conectada ao mercado; adequação aos clientes; pressão de competidores; e, imposição legal. Conclui-se que ocorre o predomínio do isomorfismo coercitivo, devido ao comportamento semelhante apresentado pelas empresas, bem como a forma de atuação dos profissionais em relação à adequação da nova normatização contábil.

Palavras-chave: Isomorfismo. Fatores ambientais. Normas internacionais de contabilidade.

ABSTRACTManagers tend to perceive environmental pressures and thus manage the changes necessary to meet the objectives of the organizations. These pressures are of coercive, normative or mimetic nature. This research aims to determine whether there is a relationship between isomorphic practices and the process of applying international accounting standards in Santa Catarina industries. Regarding the methodological design, research is classified as descriptive conducted through survey, questionnaires, quantitative approach. The population is characterized by the 693 industries of Santa Catarina that have over 100 employees. The sample consists of 28 industries from different areas of activity that answered the questionnaires. The correlation analysis showed that there is influence of the external environment on the organization, the accounting convergence process is the main motivator. The main causes that companies have implemented international standards is the need to be connected to the market; suitability to customers; pressure competitors; and legal enforcement. It is concluded that there is the predominance of coercive isomorphism, due to similar behavior presented by the companies as well as the way of acting of professionals regarding the adequacy of the new accounting regulation.

Keywords: Isomorphism. Environmental factors. International accounting standards.

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1 INTRODUÇÃO

Devido a fatores internos e externos das organiza-ções brasileiras, o processo de convergência das nor-mas de contabilidade às IFRS conduz a diversas mu-danças no ambiente empresarial. Dentre estes fatores destacam-se a internacionalização dos mercados, os impactos das sucessivas crises financeiras, as exigên-cias informacionais dos usuários, e adicionalmente, as pressões internas das organizações.

Nesse contexto, o estudo realizado por Ignacio (2010, p. 100) sobre o processo de institucionaliza-ção das normas contábeis no Brasil, contatou que “o processo encontra-se em fase de desenvolvimento de certo grau de consenso social entre os tomadores de decisões em relação ao valor da estrutura”.

A partir da perspectiva institucional observa-se a análise de sistemas de crenças e de normas institu-cionalizadas no ambiente organizacional, tradicional-mente entendido como fluxos e intercâmbios. Nesta perspectiva, a teoria concebe as mudanças organiza-cionais como um processo decorrente de pressões in-ternas e externas. Por conseguinte, ao longo do tempo, ocorre a similaridade organizacional, a influência de determinadas empresas sobre as outras (CALLADO; CALLADO; ALMEIDA, 2011).

Esta análise pode ser realizada para compreender a convergência de técnicas, sistemas gerenciais e contabi-lidade nas organizações (SANTOS, 2008). Granlund e Lukka (1998) consideram os três fatores da análise insti-tucional, pressões coercitivas, normativas e os processos miméticos, para analisar a convergência das práticas de contabilidade gerencial. Os autores afirmam que o iso-morfismo é baseado a partir de duas ideias centrais, os ambientes são coletivos e interconectados; e, as organi-zações, com objetivo de sobrevivência, devem ser sen-síveis às demandas externas e expectativas de mercado.

No contexto da convergência contábil, as pressões coercitivas existem quando as organizações adotam novas regras a partir das exigências de autoridades superiores ou dominantes. O isomorfismo normativo acontece quando há o conjunto de normas e regras que regem organizações similares. O mimetismo ocorre quando, sob determinadas condições de incerteza, as organizações decidem que o caminho mais seguro é copiar o que foi feito por organizações mais bem-su-cedidas (CALLADO; CALLADO; ALMEIDA, 2011).

Sob a perspectiva institucional, Burns e Scapens (2000) afirmam que a contabilidade é uma institui-ção dentro da empresa. As rotinas da contabilidade são formadas pelos hábitos dos indivíduos, os quais

dão sentido a determinados grupos de pessoas. As-sim, esta estrutura organizacional, a contabilidade, é amplamente aceita e de forma praticamente inquestio-nável (BURNS; SCAPENS, 2000).

Neste estágio, sob a perspectiva da Velha Econo-mia Institucional (OIE), a institucionalização alcança a saturação, os deslocamentos do foco da mudança e o seu ritmo ao caráter temporal da instituição são esta-belecidos (LAWRENCE; WINN; JENNINGS, 2001). Esta perspectiva também é analisada por Guerreiro, Frezatti e Casado (2004). Os autores afirmam que as práticas e rotinas são amplamente aceitas, desta forma tornam-se ferramentas de controle gerencial. A partir disso, a contabilidade tem forte tendência de se tornar rotinizada e institucionalizada.

De outro modo, Scapens (1994) inspirado em Di-maggio e Powell (1983), sob o arcabouço da Nova Sociologia Institucional (NIS), revela que as organi-zações e os campos organizacionais, ou seja, as pecu-liaridades internas e os desafios ambientais externos são arranjos institucionais. Assim, há a possibilidade de analisar a convergência das normas internacionais de contabilidade nas empresas brasileiras sob a ótica do isomorfismo institucional.

Para tanto, delineou-se a seguinte questão problema: Existe relação entre as práticas de isomorfismo e o proces-so de aplicação das normas internacionais de contabilida-de nas indústrias de Santa Catarina? Para tanto, o objetivo é verificar se existe relação entre as práticas de isomorfis-mo e o processo de aplicação das normas internacionais de contabilidade nas indústrias de Santa Catarina.

A relevância do estudo dá-se pela compreensão do processo de aplicação das normas internacionais de con-tabilidade nas empresas brasileiras, fato que fora plei-teado pela classe contábil por vários anos. No entanto, há muitos desafios a serem superados, as dificuldades envolvidas e a sua resolutividade são ainda bastante des-conhecidas. Esta pesquisa se caracteriza na vanguarda do conhecimento por supor que há um conjunto de variá-veis internas, bem como de macroambiente, que ao mes-mo tempo, mas distintamente, proporcionam facilidades e dificuldades no processo de convergência contábil.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PROCESSO DE CONVERGÊNCIA CONTÁBIL NAS EMPRESAS BRASILEIRAS

No contexto brasileiro ocorreram duas alterações relevantes na legislação societária, consideradas mar-cos históricos para o desenvolvimento da contabilida-

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de brasileira. As leis 6.404/76 e 11.637/07 introduzi-ram novos conceitos e alterações que impulsionaram o processo de convergência da contabilidade brasilei-ra às normas internacionais (VERHAGEM, 2011).

A convergência contábil no Brasil envolveu duas etapas, a primeira é a criação em 2008 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), com a emissão do Pronunciamento Técnico n° 13 – Adoção Inicial da Lei n° 11.638/07 (que engloba os CPC de números 1 a 12) e o Pronunciamento Técnico CPC 14. A se-gunda etapa compreendeu os CPC s de números 15 a 43 (excetuando-se o n° 34) e interpretações diversas, emitidas em 2009 (VERHAGEM, 2011).

O CPC ressalta que além da convergência inter-nacional, outras razões impulsionaram a sua criação, a centralização na emissão de normas, bem como a representação do processo democrático na produção das informações. Esta afirmação se reporta à diversi-dade dos perfis profissionais que participam na cons-trução dos pronunciamentos técnicos, como exemplo, auditores, usuários da informação, intermediários, academias, governos, entre outros.

Para Weffort (2005, p. 22) a harmonização contá-bil pode ocorrer de duas formas, nas práticas (har-monização de fato) que se refere a “[...] uma efetiva aplicação dos procedimentos recomendados interna-cionalmente nas práticas contábeis locais [...]”; e nas normas (harmonização de direito) que “[...] diz res-peito, de modo simplificado, à incorporação, na legis-lação nacional, do conteúdo das normas internacio-nais, tornando determinado procedimento contábil obrigatório, permitido ou proibido”.

Niyama (2005) apresentou diversas pesquisas que versam sobre o processo de harmonização interna-cional. O estudo constatou as principais diferenças internacionais que influenciam os relatórios finan-ceiros, entre elas o sistema legal vigente; a influência da profissão contábil; o nível de desenvolvimento da teoria contábil; o tipo de regime e estrutura das de-monstrações contábeis; o tipo de empresas; o nível de exigência; o nível de inflação; a vinculação econômi-ca e política com outros países; a cultura; o ambiente social; e, o sistema político.

Entretanto, Santos e Calixto (2010, p. 3) tratam a convergência às normas internacionais como um salto de competitividade para as empresas brasileiras: “[...] o interesse pelos impactos do IFRS reflete a expec-tativa de que sua adoção no Brasil, tal como ocorre em outros países, trará para as empresas benefícios de liquidez, menor custo de capital e maior valorização e atratividade no mercado”.

Antunes, Antunes e Penteado (2007) comple-mentam que a adoção das normas internacionais está associada a benefícios econômicos concretos. Como exemplo, a maior atração de investimentos, devido à confiabilidade e comparabilidade das in-formações contábeis. Chairas e Radianto (2001) especificam os principais benefícios do processo de harmonização contábil. Dentre eles, mencio-nam também a comparabilidade, a compreensão da informação contábil, a disseminação de práticas e normas contábeis de alta qualidade, a provisão de baixos custos financeiros na elaboração e adoção dos padrões contábeis para países de limitados re-cursos financeiros e a remoção de barreiras ao flu-xo de capitais internacionais.

McManaus (2009, p. 18) vai além, aponta que no Brasil, o processo de convergência contábil afetou mais do que apenas “[...] as demonstrações financei-ras, que algumas exigências do IFRS, afetaram outras áreas que não a contábil e poderiam fazer com que a administração mudasse suas práticas comerciais”.

Lemes e Carvalho (2004) sob a perspectiva ins-titucional defendem que o processo de convergência das normas contábeis sofre influência de fatores am-bientais externos, bem como depende do envolvimen-to do poder coercitivo para a sua concretização.

2.2 ISOMORFISMO E AMBIENTE INSTITUCIONAL

DiMaggio e Powell (1983) conceberam, com base nas pesquisas iniciais de Meyer e Rowan (1977), a perspectiva neo-institucional, qual foca o problema do isomorfismo institucional no campo organizacio-nal (MCKINLEY; MONE, 2003). Caldas e Wood Jr. (1999, p. 295) tratam o isomorfismo como um “pro-cesso que leva organizações em determinado setor a parecer-se com outras, com as quais partilha as mes-mas condições ambientais. [...] Uma vez que passem pelo processo de institucionalização, porém, ocorre uma tendência para a homogeneização”.

De acordo com Passalongo, Ichikawa e Reis (2004), o isomorfismo institucional é o surgimento de uma estrutura e abordagens comuns entre as organi-zações do mesmo setor. Os relacionamentos interor-ganizacionais possuem forças que fazem com que as organizações de um mesmo setor se pareçam entre si.

Freitas e Guimarães (2005) conceituam o isomor-fismo como o resultado das pressões competitivas que conduzem as organizações a adotar a maneira mais adequada de sobrevivência. Entende-se, portanto, que

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o ambiente isomórfico pode ser caracterizado como a semelhança de procedimentos realizados pelas orga-nizações. Por exemplo, devido à competitividade do setor, as organizações buscam em outras, modelos e formas de gestão para acompanhar o desenvolvimen-to do mercado.

No que concerne ao reconhecimento organiza-cional às novas práticas da contabilidade, Freitas e Guimarães (2005) destacam o isomorfismo como um mecanismo de legitimidade para a organização. Este é um exemplo do resultado da institucionali-zação, ou seja, quando regimes ou retóricas domi-nantes preconizaram práticas, regras, tecnologias, ou uma combinação institucionalizada (LEBLEBI-CI et al., 1991).

Assim, a instituição alcança o estágio de legitima-ção, as práticas são difundidas entre a maioria dos membros que participam do campo. Neste estágio, a estabilidade prepondera, no entanto, a organização passa a ter características de resistência, bem como as práticas legitimadas passam a influenciar a insti-tuição (LAWRENCE; WINN; JENNINGS, 2001).

Quando se trata do fenômeno institucional da contabilidade em um ambiente isomórfico, Augusto (2007) relaciona a institucionalização de normas e regras comuns em empresas do mesmo ramo de atu-ação. O autor identificou dois tipos de ambientes iso-mórficos que podem ser considerados preponderantes à competitividade organizacional, o ambiente interno e o ambiente externo.

2.2.1 AMBIENTE INTERNO

A abordagem interna considera as organizações que enfrentam o mesmo ambiente. Para Augusto (2007) é possível identificar diferenças entre as or-ganizações em suas reações a pressões similares do ambiente institucional. Esta abordagem dedica pouca atenção à especificação das características e condições do ambiente institucional, mas consi-dera que as diferentes reações ao ambiente são, na maioria, afetadas por fatores não organizacionais (AUGUSTO, 2007).

Para tanto, concebe-se a teoria neo-institucional, a qual analisa os níveis micro e macro das organi-zações (MCKINLEY; MONE, 2003). Na concepção funcionalista, Mangi (2004, p. 3) considera as rela-ções de causa e efeito que o ambiente macro exerce nas organizações: “Os primeiros movimentos de rea-ção aos postulados racionalistas da escola clássica de administração buscavam um enfoque mais relacional

na análise do ambiente interno das organizações”. No entendimento de Augusto (2007), a análise

macroinstitucional pode gerar variabilidade nas es-tratégias organizacionais. Desta forma, a variabilida-de passa a ser representada por uma diferenciação e não pelo isomorfismo. Em consequência disso, o au-tor destaca o processo institucional interno para ana-lisar o isomorfismo.

2.2.2 AMBIENTE EXTERNO

O foco da abordagem externa é a identificação dos atributos do ambiente institucional, que podem gerar diferenças nas estruturas e processos das organiza-ções. Esta abordagem considera o ambiente institu-cional como inconsistente e conflitante, composto de um conjunto de múltiplas instituições que impõem diferentes demandas e expectativas (AUGUSTO, 2007).

O ambiente externo também é afetado pela globa-lização, que é considerada por Augusto (2007) uma variável potencializadora das pressões isomórficas. Como exemplo, a dinâmica competitiva global que pressiona as empresas às novas condições de mer-cado. A tempo, as empresas decidem copiar práticas utilizadas por organizações de sucesso.

Desta forma, as pressões externas interferem os processos organizacionais. As empresas reagem a estas pressões de diferentes maneiras. A análise iso-mórfica contribui para a compreensão mais aprofun-dada da relação entre as variáveis macroambientes e o processo de mudança organizacional.

2.2.3 TIPOS DE ISOMORFISMO

O isomorfismo se caracteriza de três formas: coer-citivo, normativo e mimético.

a) Isomorfismo coercitivoO isomorfismo coercitivo está relacionado com o

ambiente externo. Freitas e Guimarães (2005) exem-plificam, a atuação do governo sobre as organizações, por meio de leis, normas e exigências fiscais, interfere os padrões de produção, comportamento organizacio-nal e relações com consumidores.

Coraiola e Silva (2007) se reportam ao isomor-fismo coercitivo como o qual estabelece as práticas organizacionais. Este cenário ocorre quando há re-lações de dependência, por exemplo, demandas de informações de órgãos estatais às empresas privadas (MCKINLEY; MONE, 2003).

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b) Isomorfismo normativoA normatização ocorre quando, por exemplo,

um órgão profissional estabelece padrões de qua-lidade a determinados processos organizacionais (MCKINLEY; MONE, 2003). O isomorfismo nor-mativo é atribuído à profissionalização (CORAIO-LA; SILVA, 2007).

O isomorfismo normativo é o conjunto de normas e regras que regem as instituições. Devido a sua fun-ção altamente normativa, o ambiente da contabilida-de pode ser analisado sob esta perspectiva.

c) Isomorfismo miméticoPara Mckinley e Mone (2003) o isomorfismo

mimético ocorre quando uma organização copia o que foi feito por organizações bem-sucedidas. Freitas e Guimarães (2005) discorrem sobre mo-delos políticos para entender a predominância dos tipos de isomorfismo em diferentes circunstâncias. As sociedades democráticas, com maiores ofertas competitivas de bens e serviços, tendem a proces-sos miméticos e normativos. Enquanto em socie-dades de tradição mais autoritária, a tendência é a predominância do isomorfismo coercitivo (FREI-TAS; GUIMARÃES, 2005).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa classifica-se em relação aos procedi-mentos metodológicos como descritiva, realizada por meio de survey, com abordagem quantitativa. A pesquisa descritiva concebe a descrição de diferentes práticas contábeis (SCAPENS, 1990) ou a semelhança destas práticas em diferentes empresas. Tais estudos podem ser úteis para explorar o uso de modernas ou tradicionais práticas contábeis. A pesquisa descritiva pode oferecer a possibilidade de determinar a prática mais comum adotada pelas empresas (RYAN; SCA-PENS; THEOBALD, 2002).

Para desvendar a natureza da objetividade dos fa-tos e a coerência analítica, o método utilizado nesta pesquisa é indutivo, o qual busca retratar a realidade do fenômeno a partir das relações de causa-e-efeito entre variáveis.

A população inicial desta pesquisa é caracterizada pelas 693 indústrias de Santa Catarina que possuem acima de 100 funcionários, listadas no catálogo dispo-nibilizado pela FIESC. Este catálogo apresenta as in-formações completas sobre o setor industrial de Santa Catarina, nas versões on-line e impresso. O acesso às informações cadastrais das empresas integrantes da

amostra foi obtido a partir do sítio da FIESC (http://www.fiescnet.com.br/guiawebsc).

Como justificativa ao critério de seleção da popu-lação da pesquisa, salienta-se que o sistema FIESC, representa as indústrias catarinenses, composta por mais de 38 mil empresas, nas quais trabalham mais 670 mil pessoas, responsável por um terço da riqueza gerada no estado. A amostra da pesquisa é composta por 28 indústrias de diversos ramos de atividade que responderam os questionários.

O instrumento da pesquisa foi elaborado a partir dos estudos de Santos (2008) e Verhagem (2011). O estudo de Santos (2008) apresenta um diagnóstico institucional dos fatores que concorrem para a prática do isomorfismo, através de um questionário fechado formado por 12 blocos de questões. Deste estudo fo-ram selecionadas as questões relacionadas à condição ambiental.

A pesquisa de Verhagem (2011) fornece informa-ções dos impactos do processo de implementação das normas internacionais no Brasil. Assim, possibilitou a identificação dos pronunciamentos técnicos que ti-veram maior impacto nas empresas.

O instrumento de pesquisa, 40 questões fecha-das, é formado por quatro blocos de questões, dois blocos relacionados ao isomorfismo foram adapta-dos a partir do estudo de Santos (2008); e, outros dois blocos relacionados ao processo de convergên-cia contábil foram elaborados a partir do estudo de Verhagem (2011).

De acordo com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), o procedimento metodológico para coleta dos dados ocorreu, primeiramente, via contato por telefone com os responsáveis pela con-tabilidade de cada empresa. Na sequência, os ques-tionários foram enviados por e-mails. O instrumen-to de pesquisa foi elaborado por meio do software FormSite.

A análise dos dados dá-se por meio da estatística descritiva, e, por conseguinte aplicação de correlação entre as variáveis que representam as práticas iso-mórficas e as normas internacionais de contabilidade.

4 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS

4.1 PERFIL DOS RESPONDENTES

A Tabela 1 apresenta a descrição das empresas que compõem a amostra da pesquisa, por meio da re-lação de frequências.

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Ambiente Frequência Absoluta

Frequência Relativa (%)

Frequência Acumulada

TABELA 2: CONDIÇÃO AMBIENTAL MERCADOLÓGICA DA ORGANIZAÇÃO

TABELA 1: OCUPAÇÃO PROFISSIONAL DOS RESPONDENTES

Fonte: Dados da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ambiente estável e previsível: as mudanças ocorrem lentamente, e o padrão de mudança é previsível

Ambiente estável e imprevisível: as mudanças desenvolvem-se lentamente, mas o padrão de mudança é imprevisível

Ambiente instável e previsível: apresenta uma frequên-cia de mudança mais elevada, mas seu padrão é previsível

Ambiente instável e imprevisível: ambiente que muda com muita frequência e de forma irregular

Total

Ocupação Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Frequência Acumulada

Controller 09 61% 09

Contador 17 32% 26

Outra Área 02 07% 28

Total 28 100% –

07 25% 07

04 14% 11

11 39% 22

06 21% 28

28 100% –

Na Tabela 1, verifica-se que 61% dos participantes da pesquisa são contadores e 32% controllers. Desta forma, verifica-se a representatividade qualitativa dos respondentes, os quais participaram do processo de aplicação das normas internacionais de contabilidade.

4.2 CONDIÇÃO AMBIENTAL MERCADOLÓGICA DA ORGANIZAÇÃO

A Tabela 2 apresenta as características referentes à condição ambiental mercadológica.

A Tabela 2 demonstra os tipos de ambiente que as organizações podem enfrentar para convergir às nor-mas internacionais de contabilidade. A estrutura des-ta tabela segue o preconizado por McKinley e Mone (2003) os quais afirmam que as mudanças seguem um processo decorrente de pressões internas e externas, mas que, ao longo do tempo, ocorre à similaridade organizacional.

Conforme exposto na Tabela 2, verificou-se que a maior parte das empresas enfrenta um ambiente instável, mas previsível. Desta forma, percebe-se que o ambiente sugere incertezas. Callado, Callado e Al-

meida (2011) se reportam ao isomorfismo mimético quando há incertezas ambientais. Assim, a condição ambiental mercadológica das organizações é classifi-cada como mimética.

4.3 IMPACTO DOS PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS NA EMPRESA

A Tabela 3 apresenta os elementos e pronuncia-mentos contábeis abordados por Verhagem (2011), bem como a média e o desvio padrão referentes às indicações dos respondentes.

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CPC’s Média Desvio Padrão

TABELA 3: IMPACTO DOS PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS NA EMPRESA

Legenda: Muito Baixo (1), Baixo (2), Indiferente (3), Alto (4), Muito Alto (5).Fonte: Dados da pesquisa.

Aumento da evidenciação das informações contábeis e financeiras 3,714 0,959

Reversão de reserva de reavaliação (CPC 13) 2,357 0,785

As novas demonstrações DRA e DVA (CPC 09) 3,142 1,081

O custo atribuído e correção monetária 2,25 0,910

Teste de Redução a valor recuperável de ativos (CPC 01) 2,857 0,887

Mudança na taxa de cambio (CPC 02) 2,0 0,620

Reclassificação do ativo diferido (CPC 04) 2,214 0,663

Instrumentos financeiros (CPC 38,039 e 40) 2,321 0,770

Reconhecimento de receita (CPC 30) 3,321 0,892

Avaliação da vida útil dos ativos (CPC 27) 3,642 0,841

Relatório (informações) por segmento (CPC 22) 2,392 0,75

Mensuração pelo valor justo de alguns ativos e passivos 3,035 0,829

Ajuste a valor presente (CPC 12) 3,142 0,867

Revisão da vida útil dos ativos anualmente (CPC 27) 3,107 0,971

Reconhecimento e divulgação do plano de opção de ações (CPC 10) 2,464 0,798

Apresentação do balanço das empresas controladas no exterior como filiais 2,428 0,734

A Tabela 3 demonstra os principais pronuncia-mentos contábeis que impactaram o processo de convergência contábil nas empresas analisadas. Os elementos e pronunciamentos contábeis que tiveram maior impacto no processo de convergência foram o aumento da evidenciação das informações contábeis e financeiras - avaliação (indiferente a alto); a avalia-ção da vida útil dos ativos (CPC 27) - avaliação (indi-ferente a alto); o reconhecimento de receita (CPC 30) - avaliação (indiferente a alto); as novas demonstra-ções DRA e DVA (CPC 09) - avaliação (indiferente); e, o ajuste a valor presente (CPC 12) - avaliação (in-diferente). Estes elementos e pronunciamentos con-tábeis apresentaram médias acima de 3,1 - avaliação (indiferente) e desvios padrão relativamente baixos.

Assim, entende-se que de forma geral, os pronun-ciamentos contábeis não tiveram impactos significa-tivos no processo de convergência contábil das em-presas. Esta constatação não corrobora integralmente com McManaus (2009), o qual afirma que o processo de convergência contábil impactou outras áreas além da contabilidade.

4.4 IMPACTO DOS PRONUNCIAMENTOS NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A Tabela 4 apresenta as causas da aplicação das normas internacionais de contabilidade nas empresas em estudo.

Causas da aplicação Média Desvio Padrão

TABELA 4: CAUSAS DA APLICAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS NA ORGANIZAÇÃO

Pressão de grupos externos interessados na organização

Relação de dependência com os grupos externos interessados na organização

O conteúdo das praticas são consistentes com os objetivos da organização

O conteúdo das praticas tem como objetivo restringir (impor limites) as ações da organização

As práticas são impostas de forma obrigatória à organização

Essas práticas são propagadas naturalmente dentro do setor econômico de-vido ao seu conteúdo

2,464 0,926

2,892 0,844

2,535 0,903

2,178 0,658

3,75 0,607

2,821 0,846

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Causas da aplicação Média Desvio Padrão

Legenda: Muito Baixo (1), Baixo (2), Indiferente (3), Alto (4), Muito Alto (5).Fonte: Dados da pesquisa.

A organização esta conectada ao mercado, às necessidades dos clientes, aos competidores, etc.

Por imposição legal

3,964 0,489

3,928 0,821

Os respondentes indicaram como as principais causas da aplicação das normas internacionais de contabilidade quando a organização está conectada ao mercado, às necessidades dos clientes, aos compe-tidores, etc., média 3,964 - avaliação (alto); por impo-sição legal, média 3,928 - avaliação (alto); e, as práti-cas são impostas de forma obrigatória à organização, média 3,75 – avaliação (alto). Os respectivos desvios padrão são relativamente baixos.

Estes resultados conferem aos de Mckinley e Mone (2003) e Passalongo, Ichikawa e Reis (2004), quando

afirmam que o isomorfismo coercitivo ocorre em casos de mudanças organizacionais provocadas por pressões governamentais. Estas pressões institucionais, as nor-mas internacionais de contabilidade, afetam o ambien-te e o desempenho organizacional das empresas.

4.5 ATUAÇÃO FRENTE AO PROCESSO DE CONVERGÊNCIA CONTÁBIL

A Tabela 5 demonstra a atuação do profissional contábil no processo de convergência contábil.

Postura do profissional Média Desvio Padrão

TABELA 5: ATUAÇÃO FRENTE AO PROCESSO DE CONVERGÊNCIA CONTÁBIL

Legenda: Discordo Totalmente (1), Discordo (2), Indiferente (3), Concordo (4), Concordo Totalmente (5).Fonte: Dados da pesquisa.

Aceito mudanças, pois representam os sistemas e as métricas que devem ser utilizadas nesta atividade econômica.

Aceito as mudanças, pois é o sistema utilizado na maioria das organizações deste setor econômico.

Aceito as mudanças, pois é o sistema que trará benefícios para a organização, já que a gestão da organização busca estrategicamente utilizar as melhores práticas.

Adoto parcialmente as práticas do processo de convergência, faço o estritamente necessário para acomodar as necessidades legais da organização.

Mantenho minhas discordâncias e restrições quanto às mudanças em silêncio, quando auditado ou questionado faço comentários e relatórios só para manter os questionamentos.

Ignoro as demandas relacionadas às mudanças, o risco de ser punido por não utilizá-las é mínimo, ou as consequências de desconsiderá-las são pe-quenas e administráveis.

Negocio com os gestores a relação custo beneficio de algumas práticas do processo de convergência contábil.

Contexto as pressões exercidas pelas mudanças, em minha opinião existem bases razoáveis para a sua não aplicabilidade na atividade da empresa.

3,75 0,571

3,642 0,698

3,857 0,5

3,142 1

2,107 0,732

1,607 0,563

3,642 0,602

3,142 0,806

A Tabela 5 demonstra o papel do profissional contábil frente às novas normas. A alternativa que teve a maior média 3,857 é “Aceito as mudanças, pois é o sistema que trará benefícios para a organização, já que a gestão da organização busca estrategicamente utilizar as melhores práticas”. Mckinley e Mone (2003) ressal-tam que as mudanças organizacionais ocorrem como formas de facilitar o trabalho das organizações. Augusto (2007) revela que o macroambiente pode transformar as estratégias organizacionais. Assim, entende-se que a convergência da empresa às normas internacionais é uma estratégia de mercado.

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Fonte: Elaborado pelos autores.

A alternativa com a segunda maior média 3,75 é “Aceito mudanças, pois representam os sistemas e as métricas que devem ser utilizadas nesta ativida-de econômica”. Esta frequência de indicações reve-la a presença do isomorfismo coercitivo no processo de convergência contábil. Segundo Coraiola e Silva (2007), o ambiente coercitivo estabelece as práticas organizacionais.

4.6 CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

Na sequência, a análise dos dados por meio da correlação entre as variáveis CIN (causas da imple-mentação das normas), PPC (postura do profissional contábil) e a variável PCA (pronunciamentos contá-beis aplicados pelas empresas). A Tabela 6 demonstra a correlação entre as variáveis investigadas.

TABELA 6: CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

*Significante ao nível de 5%.Legenda: CIN-causas da implementação das normas; PPC-postura do profissional contábil;

PCA-pronunciamentos contábeis aplicados pelas empresas. Fonte: Dados da pesquisa.

Correlação

Coeficiente de Correlação

Variáveis PCA CIN PPC

PCA 1,000 ,417(*) -,177

CIN ,417(*) 1,000 ,038

PPC -,177 ,038 1,000

A pesquisa procura explicar uma possível rela-ção entre as variáveis que representam as práticas isomórficas (CIN, PPC) e a variável relativa às nor-mas internacionais de contabilidade (PCA). A Ta-bela 6 revela que as variáveis PCA e CIN são esta-tisticamente significativas, ao nível de 0,05%. Para tanto, infere-se que a relação positiva representa a aplicação dos pronunciamentos contábeis e seus re-flexos são motivados por fatores coercitivos (causas da implementação). Isto se deve às pressões ocorri-das pelo ambiente legal da contabilidade. Esta cons-tatação corrobora com McKinley e Mone (2003), o isomorfismo coercitivo ocorre quando há relações de dependência, por exemplo, exigências de órgãos estatais a empresas privadas.

5 CONCLUSÕES

Esta pesquisa teve como objetivo verificar se exis-te relação entre as práticas de isomorfismo e o pro-cesso de aplicação das normas internacionais de con-tabilidade nas indústrias catarinenses. A principal constatação é que as abordagens isomórficas podem representar o ambiente organizacional das empresas no processo de convergência contábil.

Verificou-se inicialmente que os contadores pos-suem uma visão predominantemente financeira das

pressões advindas do processo de convergência con-tábil. Os respondentes consideram o ambiente ins-tável e previsível. De acordo com Mckinley e Mone (2003), Passalongo, Ichikawa e Reis (2004) e Callado, Callado e Almeida (2011), o resultado desta pesqui-sa demonstra a influência do ambiente externo nas organizações, ou seja, órgãos reguladores exercem pressão coercitiva às empresas.

Conforme Freitas e Guimarães (2005) as princi-pais causas que levaram as empresas convergir às normas internacionais de contabilidade revelam o caráter coercitivo do fenômeno. A atuação do go-verno sobre as organizações, por meio de leis, nor-mas e exigências fiscais, interfere comportamento organizacional.

Por último, verificou-se a atuação do profissional contábil frente às exigências do processo de conver-gência. A pesquisa constatou que as mudanças são aceitas, os contadores e controllers reconhecem que as mudanças trarão benefícios para a organização.

A pesquisa vislumbrou que há o predomínio do isomorfismo coercitivo no processo de convergência contábil nas indústrias catarinenses. O resultado da correlação é significativo entre as variáveis isomórfi-cas e as normas internacionais de contabilidade. As-sim, a aplicação das normas internacionais de conta-bilidade pelas empresas analisadas é um fenômeno

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Fonte: Elaborado pelos autores.

ambiental coercitivo. Para a realização de pesquisas futuras, sugere-se

aprofundar o conhecimento sobre o processo de con-vergência contábil com a inclusão de variáveis ins-

titucionais, fatores ambientais externos, como exem-plo, crises financeiras. Sugere-se também, estudos comparativos entre empresas de diferentes setores de atuação e localização geográfica.

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CAPITAL SOCIAL E DESEMPENHO PERCEBIDO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESASSOCIAL CAPITAL AND PERCEIVED PERFORMANCE IN MICRO AND SMALL ENTERPRISES

DOI: http://dx.doi.org/10.21714/raunp.v9i1.1514

Thiago Martins CostaMestre em Administração. Fucape Business School. E-mail: [email protected]

Bruno Felix Von Borell de AraujoDoutor em Administração de Empresas. Fucape Business SchoolE-mail: [email protected]

Aziz Xavier BeiruthDoutor em Controladoria e Contabilidade. Fucape Business SchoolE-mail: [email protected]

Envio em: Junho de 2016Aceite em: Março de 2017

RESUMOEste trabalho propõe a avaliar a relação existente entre três dimensões do Capital Social (su-porte organizacional, institucional e familiar e social) e o Desempenho Percebido nas micro e pequenas empresas (MPE). O alicerce teórico dessa pesquisa usa a Teoria das Redes Sociais, mas principalmente a Teoria do Capital Social. A amostra nessa pesquisa foi composta por 448 empreendedores, de micro e pequenas empresas brasileiras que foram atendidos pelo SE-BRAE. Com os dados levantados na pesquisa foi utilizada a modelagem de equações estrutu-rais para avaliação das relações hipotetizadas. O questionário usado com os empreendedores contém perguntas que permitem captar as percepções destes quanto às dimensões de desem-penho da MPE, e o quanto o Capital Social pode influenciar o desempenho, sendo esse tam-bém o objetivo central dessa pesquisa. Os resultados, de forma geral, colaboram com a literatu-ra no sentido de apresentar uma mensuração robusta e multidimensional do Capital Social e sua relação com o Desempenho Percebido pelas MPEs. Eles apontam um baixo, porém signifi-cante potencial de explicação do desempenho pelo Capital Social, especialmente pelo Suporte Governamental.

Palavras-chave: Capital social. Desempenho Percebido. Micro e pequena empresa. Redes sociais.

ABSTRACTThis study aims to evaluate the relationship between the three dimensions of Social Capital (organizational, institutional and familiar and social) and the Perceived Performance in micro and small enterprises (MSEs). The theoretical foundation of this research uses the theory of social networks, but mainly the Theory of Social Capital. The sample in this study consisted of 448 entrepreneurs, micro and small Brazilian companies that were attended by SEBRAE. With the data collected in the survey was used structural equation modeling to assess the hy-pothesized relationships. The questionnaire used with entrepreneurs contains questions that allow capturing the perceptions of these dimensions as the performance of the MSEs, and how much capital can influence performance, and this is also the main objective of this research. The results, in general, work with literature in order to provide a robust, multidimensional measurement of Social Capital and its relationship with Performance Perceived by MSEs. They point to a low, but significant performance potential explanation of the capital, especially the Governmental Support.

Keywords: Social Capital. Measurement. Micro and small enterprises. Social Networks.

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1 INTRODUÇÃO

As micro e pequenas empresas (MPEs) são com-ponentes importantes e estratégicos para o desenvol-vimento econômico mundial, especialmente em paí-ses emergentes, como é o caso do Brasil, porque são geradoras importantes de emprego, geram também riqueza nacional e contribuem significantemente para o PIB nesses países (FILION, 1999; PICHARDO; GAR-ZA, 2011 , no prelo; ZAHRA, et al., 2009).

As MPEs compõem a base da pirâmide econômi-ca de um país (PRAHALAD; HART, 2002); entre suas principais características comuns estão o baixo investimento de capital no início de suas atividades, alta taxa de natalidade e de mortalidade, usam mão de obra familiar, a pouca ou nenhuma distinção entre os bens do proprietário e da própria empresa, além de pos-suírem controles inadequados de suas ativida-des (PICHARDO; GARZA, 2011) impossibili-tando assim que esses empreendedores possam mensurar o desempenho adequadamente em seu empreendi-mento, e com isso, não compondo estrategicamente uma vantagem competitiva em relação a concorrência (PETARAF; BARNEY, 2003).

Com o objetivo de melhor explicar o desempenho das MPEs, autores têm buscado com-preender os fa-tores que influenciam o desempenho desse tipo de empresa, mesmo que ainda não haja um consenso na literatura para composição de indicadores financeiros e não-financeiros visando medir e avaliar o desem-penho empresarial (MACAU; BRITO, 2010), em es-pecial nas MPEs, tendo em vista não serem precisas em conceder informações corretas sobre seu desem-penho (COVIN; SLEVIN, 1989).

Diversos autores têm estudado fatores influen-ciadores do desempenho nas MPEs. São avaliados antecedentes como as competências empreendedo-ras, financeiras e econômicas (GILL, 2011), compor-tamento do empreendedor (MACIEL; CAMARGO, 2010), a cultura organizacional (MOHAMAD et al., 2011), a inovação (TERZIOVSK, 2010), orientação estra-tégica, como por exemplo, recursos humanos, mercado, aprendizagem, e o próprio cliente (BRO-CKMAN et al., 2012), o planejamento estratégico (LI et al., 2008), e em relação a dife-rentes tipos de su-porte, como o apoio familiar, social, institucional e

governamental (GILL et al., 2012).Uma forma de maximizar e potencializar o de-

sempenho nas MPEs é investir no Capital Social me-diante as redes sociais, nas quais, pela cooperação, o conhecimento e a informação são compartilhados. Com isso, diminuem as incertezas, a assimetria de informação, cria-se uma vantagem competitiva e aumenta-se a competitividade das empresas partici-pantes e a eficiên-cia coletiva (PROVAN; SYDOW, 2008; UZZI; GILLESPIE, 2002; MESQUITA; LA-ZZA-RINI, 2008).

Justamente por isso as MPEs têm sido vistas como um campo promissor para a pesquisa de Capital So-cial (GOLDMARK, 2001), assim como para a redu-ção da pobreza (WOOL-COCK, 2001), especialmente nas economias de países emergentes (TEECE, 2000).

O Capital Social tem sido apontado como uma força motriz por trás do desempenho empresarial, entretanto, poucos estudiosos têm se empenhado em pesquisar esse fenômeno nas MPEs, sobretudo em culturas emergentes (WESTLUND; ADAM, 2010). Um desses estudos foi realizado no México por Pi-chardo e Garza (2011), que buscam entender o efei-to do Capital Social no desempenho das MPEs. En-tretanto, pouco se conhece acerca dos efeitos e dos resul-tados desses estudos em outros países emergen-tes; dessa forma, para fins de comparação entre países na mesma condição, os autores sugerem que o estudo seja realizado em outros países com igual classifica-ção, como, por exemplo, o Brasil.

Assim, a pergunta que pauta a realização dessa pesquisa é: Qual é a relação entre o Capital Social e o Desempenho Percebido nas MPEs?

O objetivo geral deste estudo é avaliar a relação entre o Capital Social composto pelo Suporte Go-vernamental, institucional, familiar e social no De-sempenho Percebido das micro e pequenas empre-sas. Como objetivos específicos, é proposto estimar a relação entre os cons-tructos do Capital Social e o Desempenho Percebido nas MPEs e, também, avaliar das propri-edades psicométricas dos instrumentos utilizados.

Uma vez entendendo a importância das redes so-ciais para o desempenho das micro e pequenas em-presas - inseridas em países emergentes, compostos em sua maioria por ambientes institucionais fracos,

1 PICHARDO, R. D.; GARZA, N. G. Social capital and perfomance of microenterprises. 2011. No prelo.

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e com pouca infraestrutura (WRIGHT et al., 2005), é justificável aplicar uma pesquisa no Brasil, a fim de contribuir no avanço dos estudos em termos de co-nhecimen-to, visando entender como a eficiência co-letiva, por intermédio do Capital Social, efetivamen--te contribui no desempenho das micro e pequenas empresas.

Este estudo inicia-se com uma breve introdução sobre o tema; em seguida, apresentamos o referencial teórico no qual mostramos as principais vertentes so-bre o tema. Após isso, apre-sentamos as hipóteses, metodologia e instrumento de pesquisa utilizado, e finalizamos com a apresentação das análises e discus-sões dos resultados encontrados, além das conclusões deste estudo.2

2 REFERENCIAL TEÓRICOREFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MICRO E PEQUENA EMPRESA (MPE)

As micro e pequenas empresas (MPEs) desem-penham um importante papel nas economi-as emer-gentes. Geram riqueza nacional, criam emprego, fo-mentam o comércio internacional (LI et al., 2008), contribuem significativamente com a constituição do PIB (FILION, 1999), são uma importante fonte de emprego e vitalidade econômica em países de econo-mia emer-gente (PICHARDO et al., 2011; ZAHRA et al., 2009), além de serem os motores do cresci-mento econômico, são consideradas agentes importantes para o desenvolvimento social e polí-tico de uma co-munidade (FITZGERALD et al., 2010).

A definição de micro e pequena empresa possui certa relatividade, e isso significa dizer, que em di-ferentes países, há distintos critérios para classificar uma organização como micro e pequena (FILION, 1991). Dessa forma, o mais comum, de certa forma para definir MPE, é considerar a evolução econômica através de seu volume de negocio gerado anualmen-te. Assim no Brasil a Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 define como microempresa a empresa individual de responsabilidade limitada a empresa que gere uma receita bruta anual de até R$ 360.000,00, e empresa de pequeno porte aquele que possui, entre R$ 360.000,01 e R$ 3.600.000,00.

Já as características de uma MPE são comuns e constantes na maioria dos países. Pode-mos entender as principais características de uma MPE como em-presas de baixa intensidade de capital, altas taxas de

natalidade e de mortalidade, forte presença dos só-cios-proprietários, familiares como força de trabalho barata nos negócios, poder de decisão concentrado, vínculo estreito entre os proprietários e as empresas, não se distinguindo, principalmente em termos con-tábeis e financeiros, a pessoa física da jurídica; re-gistros contábeis inadequados; faz seleção e contrato direto com a mão-de-obra; utilização de mão-de-obra não qualificada ou semiqua-lificada; baixo investi-mento em inovação tecnológica; maior dificuldade de acesso ao financi-amento de capital de giro; e relacio-namento de dependência com as empresas de grande porte (PICHARDO et al., 2011).

Ao fazermos um comparativo, na Europa e nos Estados Unidos, de forma geral, o per-centual de par-ticipação das MPEs no PIB é relevante e significati-vo, principalmente quando comparamos ao do Brasil, mesmo que em relação ao total da participação esses números sejam equivalentes, por exemplo, na Espa-nha, as MPEs correspondem a 99,5% dos estabeleci-mentos formais e a 50,6% do PIB; já na Grécia, eles alcançam 99,4% e 55,6%, respectivamente, en-quanto na Itália, os índices são de 99,5% e 55,6% (EUROPE-AN COMISSION, 2009). Da mesma forma nos Es-tados Unidos da América, conforme o United State Census (2008), as MPEs representam 99,6% de todos os empregadores nos Estados Unidos e empregam mais de 50% do total da força de trabalho dos EUA. Isso demonstra o quão substancial é a importân-cia do impacto desse segmento na vida econômica ame-ricana quanto européia.

No Brasil, as MPEs representam 99,1% dos em-preendimentos formais, geram 52,2% dos empregos com carteira assinada e respondem apenas por 20% do PIB, assim, podemos ver com mais clarividência o impacto que a geração de empregos nas MPEs causa efetivamente no PIB, ou seja, a suposta baixa produti-vidade das MPEs impacta na produtividade média da economia brasileira (BRASIL, 2009). Dessa forma, mesmo com muitos empregos gerados pe-las MPEs, esses não refletem de maneira robusta impacto na produtividade no PIB.

2.2 DESEMPENHO PERCEBIDO NAS MPES:

Na literatura científica o número de publicações sobre indicadores de desempenho em empresas é vas-to, mesmo assim, os pesquisadores ainda não chega-ram a uma visão comum sobre a essência e composi-ção dos indicadores de desempenho, bem como a sua medição e métodos de avaliação de desempenho em-

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presarial, o que torna o tema ainda controverso (KO--TANE; MERLINO, 2012; MACAU; BRITO, 2010), isto porque, não há uma única aborda-gem quanto à identificação, classificação, medição e avaliação de indicadores financeiros e não financeiros nas empre-sas (WIER et al., 2007), e mensurar o desempenho organizacional é estratégico para o empreendedor compor sua vantagem competitiva e sustentável em relação aos seus eventuais concorrentes (PETARAF; BARNEY, 2003).

Dessa forma, uma saída comumente utilizada para esse problema é utilizar escalas do de-sempenho autopercebido, ou seja, os próprios empresários que respondem às pesquisas retra-tam seu desempenho segundo sua percepção. Essa pratica apresenta como viés o fato de que o grau de exigência ou de enten-dimento dos respondentes quanto ao seu mercado e seu poten-cial desempenho influencia suas respostas, entretanto, isso tem sido comum na literatura sobre o tema, como pode ser notado nos trabalhos de Trigue-roi et al., (2012); Engellandt e Riphahn, (2011); Bol e Smith, (2011). Neste trabalho, utilizamos essa última abordagem e, por isso, uti-lizamos o termo “Desem-penho Percebido” para o referido constructo.

Para medir o Desempenho Percebido nas MPEs, usaremos as propostas sugeridas por Covin e Slevin (1989), que sugerem, dado a falta de informações fi-nanceiras precisas pelas MPEs, e ainda serem relu-tantes em fornecerem a informação correta e deseja-da, e que os da-dos financeiros das MPEs não ficam disponíveis, tornando a exatidão deles ainda mais com-plicada, os autores, prevendo a subjetividade nas percepções dos empreendedores em relação ao desempenho financeiro, propõem medir, pela satis-fação ou insatisfação, o grau de impor-tância que a empresa percebe a cada um dos seguintes critérios de desempenho financeiro: o nível de vendas, taxa de crescimento, fluxo de caixa, retorno sobre o patrimô-nio líquido, mar-gem de lucro bruto, o lucro líquido das operações, o lucro em relação às vendas, retorno sobre investimento e capacidade de financiar o cres-cimento do negócio.

Dadas essas alternativas para a mensuração do desempenho organizacional, diversos es-tudos têm mensurado esse constructo e identificam quais fato-res antecedentes melhor o expli-cam. Por exemplo, fatores antecedentes tais como as diferentes fontes de suporte, como o apoio familiar, social, governa-mental e institucional (GILL et al., 2012), a eficácia do Diretor-Presidente (YANG; YU, 2011), as compe-tências organizacionais empreendedoras, financeiras

e econômicas (JÄNKÄLÄ; SILVOLA, 2012), o com-portamento empreendedor do fundador (MACIEL; CAMARGO, 2010), os tipos de controle adotados (MACIEL; CAMARGO, 2010) e as características da cultura organizacional (MOHAMAD et al., 2011) têm sido avali-ados como explicadores do desempenho de micro e pequenas empresas.

2.3 REDES SOCIAIS

Podemos definir redes sociais como um conjunto de nós ou laços específicos fortes (conexão direta) ou fracos (conexão indireta) (WASSERMAN; FAUST, 1994), que unem pessoas ou empresas em recursos e idéias em prol do interesse coletivo (MARTELE-TO, 2001). O compartilhamento do conhecimento e as trocas de informações nas redes sociais são reco--nhecidos como uma estratégia, e fonte de vantagem competitiva sustentável, pois potenciali-zam o de-sempenho nas MPEs participantes de redes sociais (POWELL, 1990, OLK, 2005). Por isso Lin (1999, p. 31), demostra, pelo menos, quatro benefícios dire-tos que as MPEs po-dem obter através de suas redes sociais: Influência, Credenciais sociais, Suporte ou Apoio, e, Informação.

Devido ao processo de aprendizagem nas Redes Sociais, as MPEs, aumentam a confi-ança coletiva e diminuem as incertezas, consequentemente, aumen-tam a sua competitividade, legitimação, status, bene-fícios econômicos e financeiros (UZZI; GILLESPIE, 2002; WU, 2008), isto porque, as redes sociais são boas propagadoras de informações e otimizam o co--nhecimento prático de gestão entre as empresas par-ticipantes e, com isso, ampliam o grau de inovação e know how (GELETKANYCZ; HAMBRICK, 1997), impactando, assim, positiva-mente na sobrevivência e no desempenho dentro das empresas (BRASS et al., 2004).

O uso consciente das redes sociais, sob certas condições, pode contribuir para o forta-lecimento de mercados e melhoria do desempenho das empresas, mediante o desenvolvimento da eficiência coletiva (MESQUITA; LAZZARINI, 2008). Isso é possível porquanto é preci-samente pelas redes sociais que as MPEs têm acesso aos recursos necessários para desenvolve-rem vantagens competitivas sustentáveis (SVETLIČIČ et al., 2007).

A condição evolutiva das redes sociais obriga as empresas a atualizarem continuamente suas conexões de negócio (BURT, 2000), assim, nos mercados atu-ais, as empresas devem es-tabelecer e fortalecer cons-

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tantemente as relações com outras, a fim de se tor-narem e permane-cerem competitivas (QUATMAN; CHELLADURI 2008). Por isso, é salutar deduzir ser com-plexo presumir que todas as empresas perten-centes à mesma rede social possuem as mesmas co-nexões, as mesmas relações, tampouco que essas em-presas façam uso delas por igual; assim, não é certo pressupor que todas as empresas pertencentes à mes-ma rede social obtenham o mesmo nível de benefícios e de desempenho (SYDOW; MILWARD, 2003). Em complemen-to, Zaher e Bell (2005), salientam que uma rede de relacionamento social oferece às empre-sas participantes o potencial de recursos ofertados pe-los membros da mesma rede social, entretan-to cabe a elas ter a expertise e a capacidade de explorá-los.

Quanto maior e melhor forem os tipos de rela-cionamento existente, dessas empresas nas redes so-ciais, melhor serão seus acessos a informações e re-cursos estratégicos de seus par-ceiros, que de outra forma seriam inacessíveis ou muito dispendiosos, dessa forma, as MPEs aproveitam dessas redes so-ciais visando obter mais recursos, através do Capi-tal Social (MI-KHAILITCHENKO, 2008; NAHA-PIET; GOSHAL, 1998).

2.4 CAPITAL SOCIAL

Neste estudo, define-se Capital Social como o va-lor atribuído pelo empreendedor para os benefícios derivados das redes sociais. Esse valor representa a soma do valor real e poten-cial contido e disponível na sua rede social (BURT, 1997).

O Capital Social, por um processo de aprendiza-gem, enriquece o fluxo de informações nas organi-zações na exploração de novos mercados (WRIGHT et al., 2005). Diante disso, é estratégico as empresas fazerem a assimilação e o compartilhamento do co-nhecimento com mais facilidade, formal ou informal-mente, por meio de uma rede (TODOROVA; DURI-SIN, 2007). Devido à natureza intangível e inimitável do Capital Social, esse pode ser considerado uma importante fonte de vantagem competitiva (ZHAO; HSU, 2007). Talvez por isso, a visão dominante na literatura associe de forma positiva as redes sociais e o Capital Social com a ca-pacidade de inovação e desempenho das MPEs (VAN WIJK et al. 2008).

Entretanto, há autores que afirmam serem incon-clusivas e controversas as evidências sobre a relação entre o Capital Social e o desempenho nas MPEs como, por exemplo: Rowley e Berman (2000) e Park e Luo (2001) tendo em vista os custos associados com a

formação des-tes laços serem elevados e tiram, assim, eventuais investimentos diretos, os quais poderiam ser feitos nas empresas. Outra afirmação destacada pelos autores diz respeito à interconectivida-de, pois quanto maior for, mais complicado é para a empresa obter uma informação estratégica e aproveitá-la em suas operações diárias.

Diversos autores têm estudado os suportes ofere-cidos às MPEs em diferentes dimen-sões, como por exemplo (GILL et al., 2012). No presente trabalho analisam-se três tipos espe-cíficos de suporte: gover-namental, institucional, familiar e social.

Por Suporte Governamental entende-se nesse trabalho o apoio derivado do relaciona-mento dos empreendedores gestores das micro e pequenas em-presas com funcionários públicos e instituições go-vernamentais. Nesse aspecto é possível incluir, por exemplo, treinamento, ser-viços financeiros e de in-formação, assistência jurídica e outros benefícios (YIU; LAU, 2008).

Já Suporte Institucional nesse trabalho será en-tendido como um apoio derivado do re-lacionamento dos empreendedores das micro e pequenas empresas com instituições não gover-namentais: treinamentos, serviços financeiros e de informação, assistência ju-rídica e outros benefícios dos eventuais apoios deri-vado do relacionamento dos empreendedores com os fun-cionários dessas instituições (YIU; LAU, 2008).

Suporte Familiar e Social pode ser entendido como apoio prestado pela família, amigos e conhecidos dos empreendedores nas atividades e rotinas do dia a dia, ou apoio financeiro, jurídico, ou ainda, algum tipo de assistência técnica institucional (YIU; LAU, 2008).

Tendo em vista que esses três tipos de suportes po-dem tanto influenciar quanto serem determinantes no Desempenho Percebido das MPEs, logo estratégicos na criação da vantagem competitiva de uma MPE; portanto, é possível propor hipóteses que permitam testar esse efei-to:

Hipótese 1 – Há uma relação positiva e signifi-cante entre o Suporte Governamental re-cebido pela MPE e seu Desempenho Percebido.

Hipótese 2 – Há uma relação positiva e significan-te entre o Suporte Institucional rece-bido pela MPE e seu Desempenho Percebido.

Hipótese 3 – Há uma relação positiva e signifi-cante entre o Suporte Familiar e Social recebido pela MPE e seu Desempenho Percebido.

Dadas as hipóteses apresentadas, é possível criar um modelo estrutural que mostra as relações propos-tas e hipotetizadas entre os constructos.

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Figura 1: Modelo de pesquisaFonte: Elaborado pelo autor.

Nota1: Hipótese 1: o Suporte Governamental influencia direta e positivamente o Desempenho Percebido nas MPEs; Hipótese 2: o Suporte Institucional

influencia direta e positivamente o Desempenho Percebido nas MPEs; Hipótese 3: o Suporte Familiar e Social influencia direta e positivamente o Desempenho

Percebido nas MPEs.Nota2: Modelo elaborado pelo autor.

Suporte Governamental

Suporte Institucional

DesempenhoPercebido

Suporte Familiar e Social

H1

H2

H3

3 METODOLOGIA

Para composição da amostra desta pesquisa, usou-se uma base de empreendedores de MPEs, atendidos espontaneamente pelo SEBRAE no Es-pírito Santo, entre os meses de janeiro de 2009 e dezembro de 2011. Nesse período, foram atendidos 12.768 empresários e candida-tos a empresário. Para delimitar os respondentes, optou-se por con-vidar para a pesquisa os em-presários que tivessem seus dados completos, obtidos no ato do atendimen-to, tais como cadas-tro nacional de pessoa jurídica (CNPJ), nome completo, cadastro geral de pessoa física (CPF), meios de comunicação (telefone e e--mail) e faturamento bruto anual declarado igual ou inferi-or a R$ 3.600.000,00, de forma a garantir que a amostra fosse confiável e coerente com os propósi-tos do estudo. Com isso, chegou-se a uma base final válida de 1.127 empreendedores a qual aqui será re-conhecida como amostra da pesquisa.

Procedeu-se à aplicação de um questionário fecha-do, publicado em um site da internet, cujo link foi disponibilizado por e-mail para a amostra da pesqui-sa. No e-mail convite foi ex-planado tanto o interesse

quanto o propósito central do estudo, bem como a ne-cessidade de os respondentes serem os empreendedo-res responsáveis pela gestão das MPEs

O período de coleta, compreendido entre os meses de janeiro e fevereiro de 2012, foi de 30 dias, com uma comunicação intermediária para estimular os respondentes. Foram coletados 448 questionários res-pondidos, sem a ocorrência de inválidos ou missing values, o que reflete uma taxa de retorno de aproxi-mada de 39,8%, sendo adequada para os fins do es-tudo de acordo com a regra empírica de cinco a dez respondentes por assertiva (HAIR JR. et al., 2005). O instrumento divide-se em quatros blocos: o Bloco I é direcionado ao Desempenho Percebido, composto por 09 variáveis; o Bloco II, direcionado ao Suporte Governamental composto por 09 variáveis; o Bloco III, destinado ao Suporte Institucional também com-posto por 09 variáveis, e o Bloco IV, destinado ao Su-porte Familiar e Social composto por 10 variá-veis, totalizando 37 assertivas.

Inicialmente, segundo o recomendado por Hair Jr. et al. (1998), realizou-se a verificação dos dados da pesquisa em termos de dados ausentes (missing va-lues) e dados atípicos (outli-ers), e nenhum questio-

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nário foi excluído da amostra, fato que pode ser con-siderado como um indicativo do comprometimento dos respondentes. As questões reversas foram recodi-ficadas. Para a análise dos dados da pesquisa, foi em-pregada a modelagem de equações estruturais (struc-tural equation modeling – SEM), de acordo com os critérios de Pett et al. (2003), não pressupõem norma-lidade multivariada da amostra, admitindo também um tamanho pequeno de casos para que se estimem os parâmetros.

Os instrumentos para essa pesquisa originalmente estavam na língua inglesa e, para o perfeito entendi-mento da pesquisa realizada em território brasileiro, foi feita a tradução reversa do instrumento, conforme proposto por Hudson et al. (2007).

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados demográficos mostram que, a porcenta-gem de empreendedores do sexo mas-culino partici-pantes da pesquisa (65%), é quase o dobro do sexo feminino (35%). Um pouco mais da metade dos res-pondentes são do comércio (54%), seguidos pelos prestadores de servi-ço (29%) e indústria (15%). A faixa etária dos respondentes está concentrada entre os 26 e 45 anos (65%), e o tempo de escolaridade con-centra-se entre 11 e 15 anos de estudo (51%).

Ao analisar o grau de dedicação do empreende-dor ao seu empreendimento, notamos que 91% pas-sam mais de 30 horas por semana se dedicando a ele. Quanto ao numero de pes-soas que se dedicam em tempo integral (8 horas diárias ou mais), 188 (42%) afirmam ter entre um e cinco colaboradores. Já em relação ao número de pessoas que se dedicam à em-presa em tempo parcial (menos de 8 horas diárias) e/ou eventual, 241 (54%) dos respondentes afirmam também ter entre um e cinco colaboradores.

As características demográficas encontradas neste estudo são semelhantes às relatadas por outros auto-

res, como por exemplo, Pichardo e Garza (2011, no prelo)2, que fizeram um estudo similar no México, e apresentaram o perfil de seus respondentes como sen-do todos empreendedores de MPEs com faturamento anual inferior a U$20.000, e no máximo com 10 fun-cionários, sendo que na amostra, somente 47% dos respondentes mexicanos tinha empre-gados em tem-po integral. Dos respondentes, 60% eram do sexo fe-minino, 30% tinham recebi-do uma educação empre-endedora formal. A idade média dos empreendedores mexicanos foi de 42 anos, e a média educacional foi de 13 anos de escolaridade, o que equivale naquele país ao primeiro ano do ensino superior. Não houve diferenças significativas na idade ou na educa-ção dos respondentes mexicanos. Em relação ao tipo de ne-gócio dos respondentes, 37% são do setor industrial, 40%, de serviços e 23%, do comércio.

4.1 AVALIAÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO

Em estudos modelados por equações estruturais (Structural Equation Modeling-SEM), Chin (1998), propõe, para aceitação da validade discriminante, que haja a existência de indi-cadores mais altos nas variá-veis latentes que mensuram do que as outras variáveis mensuradas. Uma segunda análise proposta por Chin (1998), e Hair Jr et al. (2005), é a validade convergen--te. Para os autores, a aceitação dessa validade, a va-riância média extraída (Average Variance Extracted – AVE) deve ser maior que 50%. A terceira proposta de avaliação da confiabilidade se dá por meio da con-fiabilidade composta, que deve superar o índice de 0,7 (CHIN, 1998).

A seguir apresentam-se a matriz de cargas cruza-das e uma tabela com a correlação e as estatísticas descritivas dos constructos de 1ª ordem, que são usa-das como fonte para avaliação das propriedades psi-cométricas citadas anteriormente.

1 PICHARDO, R. D.; GARZA, N. G. Social capital and perfomance of microenterprises. 2011. No prelo.

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0,46 0,00 -0,03 0,11

0,66 0,21 0,19 0,19

0,56 0,21 0,21 0,12

0,45 0,16 0,15 0,00

0,72 0,46 0,46 0,16

0,84 0,42 0,51 0,12

0,84 0,44 0,49 0,15

0,82 0,39 0,43 0,10

0,79 0,34 0,41 0,10

0,79 0,45 0,47 0,10

0,34 0,80 0,51 0,20

0,38 0,85 0,53 0,26

0,35 0,74 0,46 0,22

0,35 0,70 0,41 0,20

0,33 0,83 0,48 0,14

0,34 0,85 0,51 0,18

0,36 0,84 0,50 0,21

0,42 0,82 0,55 0,15

0,42 0,84 0,58 0,16

0,42 0,53 0,87 0,17

0,44 0,52 0,88 0,19

0,40 0,49 0,75 0,15

0,39 0,52 0,74 0,18

0,40 0,54 0,88 0,15

0,36 0,50 0,89 0,19

0,42 0,52 0,87 0,16

0,40 0,55 0,82 0,13

0,38 0,50 0,80 0,15

-0,02 -0,05 -0,05 0,61 0,10 0,08 0,11 0,74 0,14 0,20 0,18 0,83 0,20 0,24 0,22 0,88 0,07 0,09 0,03 0,69 0,09 0,17 0,09 0,78 0,04 0,13 0,04 0,71 0,18 0,25 0,21 0,83 0,19 0,20 0,16 0,78

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados coletados.

Variáveis latentes de 1º ordem

O quanto sua empresa recebeu de apoio de seus familiares, amigos e conhecidos, em cada um dos seguintes aspectos nos últimos três anos?CeFS_1 Nas atividades cotidianas da sua empresa.

CeFS_2 Vendas.

CeFS_3 Compras.

CeFS_4 Serviçosfinanceiros(poupança,crédito,seguros,etc.).

CeFS_5 Benefíciosfiscais.

CeFS_6 Capacitaçãotécnica.

CeFS_7 Capacitaçãogerencial.

CeFS_8 Serviços de informação.

CeFS_9 Serviçosdecontrataçãodepessoal.

CeFS_10 Assistêncialegal.

Quanto o Governo tem apoiado a sua empresa nas seguintes áreas, nos três últimos anos?CeG_1 Vendas.

CeG_2 Compras.

CeG_3 Serviçosfinanceiros(poupança,crédito,seguros,etc.).

CeG_4 Benefíciosfiscais

CeG_5 Capacitaçãotécnica.

CeG_6 Capacitaçãogerencial.

CeG_7 Serviços de informação.

CeG_8 Serviçosdecontrataçãodepessoal.

CeG_9 Assistêncialegal.

Quanto as instituições não governamentais têm apoiado sua empresa nas seguintes áreas nos últimos três anos?CeSi_1 Vendas.

CeSi_2 Compras.

CeSi_3 Serviçosfinanceiros(poupança,crédito,seguros,etc.).

CeSi_4 Benefíciosfiscais.

CeSi_5 Capacitaçãotécnica.

CeSi_6 Capacitaçãogerencial.

CeSi_7 Serviços de informação.

CeSi_8 Serviçosdecontrataçãodepessoal.

CeSi_9 Assistêncialegal.

Quão satisfeito você está com desempenho da sua empresa em cada um dos seguintes fatores…DeV Níveldevendas.

DeCV Crescimento em vendas.

DeFc Fluxodecaixa.

DeCi Rendimentosobreocapitaldosinvestidores.

DeMb Margembruta.

DeLL Lucrolíquido.

DeLV Lucrolíquidocomrelaçãoavendas.

DeROI Retorno sobre o investimento.

Capacidadeparafazercrescerseunegócio,reinvestindoosganhosnopróprionegócio.

1- Suporte FamiliareSocial.

2- Suporte de Governamental

3- Suporte Institucional

4-DesempenhoPercebido

Indicadores 1 2 3 4

TABELA 1: MATRIZ DE CARGAS CRUZADAS

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Variáveis latentes de 1º ordem 1 2 3 4

TABELA 2: CORRELAÇÃO E ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS VARIÁVEIS LATENTES DE 1ª ORDEM

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados coletados.Nota1: Os valores em negrito, na diagonal, referem-se à raiz quadrada da variância média extraída.

Nota2: Escores fatoriais padronizados, variância média extraída e confiabilidade composta calculados por meio do software SmartPLS 2.0M3 (RINGLE; WENDE e WILL; 2005).

1- Desempenho Percebido 0,61

2- Sup. Familiar e Social 0,19 0,69

3- Sup. Governamental 0,25 0,45 0,81

4- Sup. Institucional 0,20 0,48 0,62 0,83Média 0,31 0,54 0,72 0,42

Mediana 0,22 0,48 0,72 0,42

Desvio Padrão 0,20 0,13 0,13 0,59

Variância média extraída 0,38 0,48 0,65 0,69

Confiabilidade composta 0,93 0,91 0,94 0,95

Figura 2: Modelo estrutural e modelo de mensuraçãoFonte: Elaborado pelo autor.

Nota: Utilizou-se o software SmartPLS 2.0.M3 (RINGLE, WENDE e WILL, 2005). Significância estimada por meio de bootstrap com N = 217 e 1000 repetições.

Nota2: **p<0,01

Suporte Governamental

Suporte Institucional

DesempenhoPercebido

Suporte Familiar e Social

18**

05**

R2= 0,0409**

A validade discriminante foi identificada para amostra utilizada nesse estudo, uma vez que as cargas fatoriais encontradas entre as assertivas e seus respectivos constructos foram maiores do que aquelas encontradas nas relações com outros constructos. Por sua vez, a vali-dade convergente foi identificada para os constructos de suporte de governo e Suporte Insti-tucional, nos quais os índi-ces foram superiores a 50%. Entretanto, os índices de desempenho e suporte familiar e institucional apresentaram, respectivamente, a raiz quadrada da

variância média extraída abaixo de 50%, indicando falta de validade convergente para esses construc--tos. De acordo com Pichardo e Garza (2011) esse resultado aponta para uma limitação da amostra utilizada, todavia, como esse instrumento apresen-tou validade convergente em estu-dos anteriores, por exemplo, optou-se por apontar essa como uma limitação da amostra, e não um impeditivo para o estudo. Por último a validade composta foi confir-mada, já que todos os índices foram superiores a 0,7, conforme o proposto por Chin (1998).

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O modelo estrutural apresentado diz respeito às relações entre as variáveis latentes “Su-porte Gover-namental”, “Suporte Institucional” e “Suporte Fami-liar e Social”, e “Desempenho Percebido”, todas de 1ª ordem.

O coeficiente de caminhos dos constructos Su-porte Governamental e Desempenho Per-cebido foi de 0,187, indicando que há uma relação positiva en-tre eles, também comprovada entre os constructos Suporte Institucional e Desempenho Percebido onde o coeficiente foi de 0,05, e entre Suporte Familiar e Social e Desempenho Percebido cujo coeficiente foi de 0,09.

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados encontrados mostraram que o Ca-pital Social composto pelos Suportes de Governo, Institucional, Familiar e Social, são constructos im-portantes e significativos ao expli-car o Desempenho Percebido, porém, sozinhos, mostram ser a explicação de um total de ape-nas 4,3% do Desempenho Percebi-do nas MPEs relatados pelos participantes. Apesar de esse ser considerado um percentual pequeno de expli-cação, não se deve ignorar que a relação en-contrada foi significante e que, diante das multiplicidades de variáveis que podem explicar o desempenho, identi-ficar uma variável não relacionada diretamente a fa-tores de competição como o Capital Social, por ser antecedente do desempenho, é algo relevante para a literatura.

De forma geral, os resultados sugerem que o Su-porte Governamental foi, dentre os tipos de suporte estudados, o que gerou maior influência no Desem-penho Percebido das MPEs es-tudadas. Este resulta-do acrescenta à literatura informações importantes, porquanto a grande maioria dos estudos prévios sobre a influência do Capital Social sobre o Desempenho o fize-ram sob uma ótica unidimensional, como no-tado nos trabalhos de Rowley e Berman (2000), Lee et al. (2001), e Park e Luo (2001). A diferença na di-mensionalidade da mensuração do construto “Capital Social” pode ser uma explicação para o fato de nas referidas pesquisas não terem sido encontradas rela-ções significantes entre esses constructos.

Em concordância, o estudo de Pichardo e Garza (2011) revelou resultados gerais seme-lhantes aos aqui encontrados, mesmo tendo sido retirado em ou-tro contexto (México). A con-dição de país emergente compartilhada por ambas as economias pode ter sido mais um fator contextual colaborador para os resul-

tados conseguidos nesta pesquisa e na de Pichardo e Gar-za (2011)

O Suporte Governamental em países em desenvol-vimento é visto tradicionalmente como paternalista, com medidas politicas de curto prazo setoriais e in-dividuais, em detrimento a ações estratégicas cole-tivas com resultados mais efetivos, porém no longo prazo (DENNIS JR, 2011). Politicas publicas como essas acabam indo ao encontro da eficiência coletiva proposta e preconizada pela Teoria das Redes Sociais (MESQUITA; LAZZARINI, 2008; SVETLIČIČ et al., 2007).

A forma mais comum em que o Suporte Gover-namental e Institucional são ofertados as MPEs em países em desenvolvimento é a forma indireta, ou seja, eles usam suas Redes Sociais para criar eventu-ais benefícios para as MPEs (KONTINEN; OJALA, 2011; PICHARDO et al., 2011; LIN, 1999), todavia, graças a dificuldade das MPEs fazerem a gestão da informação de forma estratégica, acabam percebendo pouco esses tipos de oportunidade, logo de suporte, para ampliar sua vantagem competitiva (POWELL, 1990, OLK, 2005).

Essa baixa percepção também foi evidenciada neste estudo, tornando assim dificultoso analisar o incremento desses tipos de suporte no Desempenho Percebido nas MPEs. Dessa forma, visando aumentar a relação positiva desses constructos no Desempenho Percebido, é sugerido que esses tipos de suporte sejam feitos de forma direta, diminuindo, por exemplo, a as-simetria de informação, a burocracia e os custos para a obtenção de linhas de crédito para as MPEs, tal qual sugerido por Park e Luo (2001), Craig et al. (2008). Essa atuação direta pode mostrar ao empreendedor que não há impacto no aumento substanciais dos seus custos, em relação ao investimento em Capital Social por meio desses tipos de suportes, diferentemente, do que fora sugerido por Rowley e Berman (2000), Lee et al. (2001) e Park e Luo (2001).

Ao analisar a utilização das Redes Sociais pelas MPEs, parece que as empresas desse segmento pos-suem dificuldades de acessar o Capital Social - em suas três dimensões aqui apresentadas - e usufruir dele pelas suas redes sociais, diferentemente de como fazem as gran-des empresas (FAFCHAMPS; MIN-TEN, 2002). Essa comparação é relevante, pois pode cor-roborar com as descobertas feitas por Rowley e Berman (2000), Lee et al. (2001) e Park e Luo (2001), os quais afirmam que as MPEs consideram oneroso manter a formação de laços nas Redes Sociais. Dessa forma, as MPEs acabam por terem uma dificuldade

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de obter informa-ções relevantes e estratégicas para compor seu diferencial de mercado, gerando, assim, menos desempenho (POWELL, 1990; OLK, 2005; UZZI; GILLESPIE, 2002; WU, 2008).

Um outro ponto importante na discussão é a men-suração do Desempenho Percebido pe-las MPEs. Tanto neste estudo quanto no realizado no México por Pichardo e Garza (2011) optou-se por usar os pa-râmetros sugeridos por Covin e Slevin (1989), pois tais referências são comuns no dia a dia de uma MPE. Os modelos sugeridos como nível e crescimento das ven-das, margem bruta, lucro líquido em relação às vendas, etc, são, além de termos comuns, tam-bém são de fácil comparação com as práticas usadas na concorrência das MPEs. Dessa manei-ra, mesmo não havendo um banco de dados confiável ou a obriga-toriedade legal de publicação dos dados financeiros pelas MPEs, usando a percepção do empreendedor na sua rotina diária, é possível mensurar de forma positiva o Desempenho Percebido apresentado neste trabalho.

Como notado, a grande maioria dos respondentes concentrou-se no estado do Espírito Santo, o qual está em uma vertente de crescimento acima da média nacional, normalmente com a exportação de com-modities - aço, minério de ferro, celulose, e agora, petróleo e gás - (CAÇADOR; GRASSI, 2011). Ainda segundo os autores, o Espírito Santo concentra 2% do PIB Nacional, ocupa a 5ª colocação no PIB per capita, e atingiu o patamar de alto desenvol-vimento humano (IDH), ficando acima de 0,8 e mantém-se na 7ª colocação entre os estados brasileiros nesse índice.

De forma geral, nota-se que o presente estudo co-laborou com a literatura no sentido de apresentar uma mensuração robusta e multidimensional do Capital Social e sua relação com o Desempenho Percebido, como um todo. Os resultados sugerem um baixo, po-rém significante potencial de explicação do desempe-nho pelo Capital Social.

6 CONCLUSÃO

Esta pesquisa acaba auxiliando aos empreendedo-res gestores de MPEs a ampliarem e melhorarem suas relações por intermédio de suas Redes Sociais, espe-cialmente, as informações cotidianas e fundamentais para a gestão do negócio, de forma cooperativa, pois elas tornam-se cruciais para o processo de aprendiza-gem empresarial. Contudo, os suportes aqui apresen-

tados não devem ser priorizados como estratégicos, tampouco visto como fatores preponderantes no dife-rencial estratégico ou ainda como vantagem compe-titiva no negócio tendo em vista terem sido encontra-das baixas relações entre os Suportes Governamental e Institucional com o De-sempenho Percebido.

Por outro lado, especificamente aqui é aberta uma gama de oportunidades, tanto para programas de Su-porte Governamental, quanto Suporte Institucional, para que possam atuar com mais assertividade com seus programas e ampliar seus canais de comunica-ção na forma direta, nas MPEs, que tem tido pouca percepção da responsabilidade desses indivíduos em contribuir de fato com o seu processo de desempenho dentro delas.

Vale destacar como medidas preventivas ligadas ao Suporte Familiar e Social que os gestores de MPEs - haja vista a participação efetiva de membros da fa-mília no cotidiano da empresa – invistam em capaci-tação técnicas de seus membros e também nos pro-cessos de su-cessão familiar.

O estudo apresenta como limitação o fato de a amostra ser de caráter transversal e não aleatório, o que impossibilita realizar afirmações causais entre os constructos e generalizar os resultados para todas as empresas componentes do universo de interesse do estudo. Outra li-mitação importante se refere ao fato já salientado de que o desempenho das MPEs estu-dados nessa pesquisa não foi medido a partir de indi-cadores objetivos, mas sim, por meio de respos-tas a uma escala de autopercepção.

Para pesquisas futuras, sugere-se ser o estudo re-alizado em um design longitudinal, de forma a ve-rificar os efeitos da criação de Capital Social no de-sempenho ao longo do tempo. Além disso, sugere-se também que novos estudos utilizem dados financei-ros das empresas estudadas para obter uma mensura-ção mais precisa do desempenho. Outra possibilidade seria coletar dados em diferentes contextos culturais de forma a buscar as variáveis ambientais e enten-der como podem influenciar os constructos propos-tos, por meio do Suporte Institucional, via Agências de Desenvolvimento do Empreendedorismo (ADE). Neste estudo foi avaliado o efeito direto dos três tipos de suporte no desempenho da MPE e, dessa forma, sugere-se, para pesquisas futuras, avaliar o papel de variáveis mediadoras, tais como tempo de existên-cia e número de funcionários da empresa e o grau de competência empreendedora nessa relação.

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CAPITAL INTELECTUAL ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICAINTELLECTUAL CAPITAL AND ORGANIZATIONAL INNOVATION IN MICRO AND SMALL TECHNOLOGY-BASED BUSINESSES

DOI: http://dx.doi.org/10.21714/raunp.v9i1.1596

João Henrique SperaficoUniversidade Feevale. E-mail: [email protected]

Raquel EngelmanUniversidade Feevale. E-mail: [email protected]

Manuela Albornoz GonçalvesUniversidade Feevale. E-mail: [email protected]

Envio em: Novembro de 2016Aceite em: Março de 2017

RESUMOO objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre o Capital Intelectual Organizacional e a inovação em micro e pequenas empresas de base tecnológica. Para tanto, realizou-se entrevistas em profundidade com dono e gestores de três empresas. Os resultados indicam que o Capital Intelectual Organizacional pode ser relacionado com a inovação das micro e pequenas empresas de base tecnológica, pois as empresas acessam a partir das ferramentas e estruturas da empresa, conhecimentos e informações úteis para o processo de inovação. No entanto, embora o Capital Intelectual Organizacional seja um fator importante para o desenvolvimento de inovações, a estratégia utilizada frente à gestão da inovação é determinante para os resultados. Para aprimorar os resultados referentes à inovação, sugere-se a utilização de metodologias de gestão da inovação e, principalmente, gestão do conhecimento formalizadas.

Palavras-chave: Capital Intelectual Organizacional. Inovação. Micro e Pequenas Empresas de Base Tecnológica.

ABSTRACTThis study aims to analyze the relationship between intellectual capital and organizational innovation in micro and small technology-based companies. To achieve this goal, 3 in-deph interviews were conducted with managers and owner of micro companies. The results indicate that the organizational intellectual capital can be related to the innovation of micro and small technology-based companies, as company’s access from the company's tools and structures, knowledge and useful information to the innovation process. However, while the Organizational Intellectual Capital is an important factor for the development of innovations, the strategy used against the management of innovation is crucial for the results. To improve the results for innovation, the use of methodologies for innovation management is suggested, as a formalized knowledge management.

Keywords: Organizational Intellectual Capital; Innovation; Micro and Small Technology Based Companies.

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1 INTRODUÇÃO

Devido à velocidade em que as tendências se alte-ram e os ciclos de vida dos produtos diminuem torna--se necessário para as empresas se envolverem em atividades inovadoras, visando manterem-se compe-titivas e alcançar diferenciais perante o mercado, bem como os lucros advindos deste processo. Em parti-cular, as empresas de base tecnológica, normalmente possuem como característica a geração de um alto volume de inovações e a absorção de muitos conheci-mentos voltados à tecnologia (SERRA et al., 2008). A inovação constitui o eixo central da estratégia destas organizações.

A inovação é influenciada por diversos fatores in-ternos e externos à organização, desta forma é pos-sível gerenciar essas influências a fim de afetar os resultados. Neste sentido, a gestão da inovação foi criada com o intuito de tornar esta viável e está ba-seada na gestão de rotinas efetivas, as quais são con-sideradas tarefas do comportamento organizacional que envolve tecnologias, procedimentos, estratégias formais, hábitos informais e experiências que funcio-nam. Essas rotinas traçam a personalidade da empre-sa e as torna diferente das demais (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, AKRAM et al., 2016).

Por sua vez, o conhecimento organizacional e os ativos intangíveis de uma empresa compõem o seu Capital Intelectual. O Capital Intelectual é compos-to por três elementos: o Capital Intelectual Humano relacionado aos conhecimentos e capacidades dos indivíduos; o Capital Intelectual Social disponível e utilizado através de interações entre os indivíduos e suas redes de interrelações; e o Capital Intelectual Organizacional relacionado à estrutura e ferramen-tas da organização (CABRITA; BONTIS, 2008, EN-GELMAN, 2014, NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005).

Especificamente, o Capital Intelectual Organiza-cional (CIO) é o recurso responsável por toda a estru-tura necessária por manter o conhecimento na orga-nização, através da sua retenção e compartilhamento (FARIAS; FARIAS; PONTE, 2004), possibilitando entre outros a inovação. Desta forma, a gestão do Capital Intelectual Organizacional é necessária para criar estruturas para armazenar esse conhecimento e posteriormente compartilhá-lo a toda a organização, transformando o conhecimento individual em pro-priedade da empresa (FARIAS; FARIAS; PONTE, 2004).

Entretanto, o tema Capital Intelectual Organiza-

cional é considerado recente e ainda pouco explorado na literatura, bem como a determinação de um cami-nho a ser seguido pelas empresas de base tecnológica para identificar sua capacidade de inovação (SER-RA et al., 2008). De forma complementar, Engelman (2014) salienta a necessidade de novos estudos para compreender a relação destes ativos intangíveis e ino-vação. Sendo assim, fica evidente a importância do tema para as empresas de base tecnológica e torna-se relevante compreender como o conhecimento e a ino-vação se relacionam nas.

Neste sentido, este trabalho tem como objetivo ge-ral, analisar a relação entre o Capital Intelectual Or-ganizacional e a inovação em micro e pequenas em-presas de base tecnológica. Para atender este objetivo, as seções seguintes abordam as temáticas inovação nas MPEBTs e Capital Intelectual Organizacional. Na sequência é apresentado o método da pesquisa e o estudo empírico com três empresas. Por fim, são apresentadas as considerações finais.

2 INOVAÇÃO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA

A inovação pode resultar em uma vantagem com-petitiva à empresa, influenciando diretamente o seu crescimento, podendo se tornar um diferencial, inde-pendente do tipo ou do tamanho desta empresa (BES-SANT; TIDD, 2009). A competitividade depende das competências tecnológicas diferenciadas e quando a empresa possui a capacidade de interagir com a sua base de conhecimentos ou com as oportunidades de mercado, as inovações começam a ser desenvolvidas (OCDE, 2004; TIGRE, 2006).

As empresas de base tecnológica (EBTs), nor-malmente possuem como característica a geração de um alto volume de inovações e a absorção de muitos conhecimentos voltados à tecnologia (SERRA et al., 2008). Devido ao modelo de negócio dessas organi-zações, “[...] a inovação não pode deixar de consti-tuir um eixo central das estratégias competitivas [...]” (CÔRTES et al., 2005, p. 86). O SEBRAE (2001, p. 7), define as micro e pequenas empresas de base tecnológica como “indústrias com menos de 100, ou empresas de serviço com menos de 50 empregados, que estão comprometidas com o projeto, desenvolvi-mento e produção de novos produtos e/ou processos, que atendem a mercados pequenos e específicos, ca-racterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento técnico-científico”.

Em empresas de pequeno porte as atividades tec-

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nológicas muitas vezes não são oriundas de um setor de P&D ou centro de pesquisas próprio, mas através de arranjos menos formalizados e com grande intera-ção com as instituições de pesquisa. Seu papel prin-cipal é o desenvolvimento de tecnologias aplicado aos produtos (CÔRTES et al., 2005, SERRA et al., 2008). Para ter maior suporte em relação à infraes-trutura, gestão e competitividade do negócio muitas destas empresas ingressam em incubadoras ou ainda em parques tecnológicos, participando de ambientes favoráveis à interação entre empresas de base cien-tífico-tecnológica, promovendo a inovação, competi-tividade e capacitação empresarial para fomentar o crescimento econômico da região onde se situa (SE-BRAE, 2001; VEDOVELLO, 2006; ANPROTEC, 2012; MCTI, 2013).

A inovação ocorre quando uma nova ideia é criada ou desenvolvida e é traduzida em processos, produtos ou serviços (SHU et al., 2012). As inovações de pro-duto estão relacionadas com a criação ou desenvolvi-mento de novos bens e serviços finais para satisfazer as necessidades dos clientes, já a inovação de processo é a descoberta de um novo processo ou método para a produção dos bens ou serviços (DAMANPOUR, 1991; EGBU, 2004; ELSETOUHI; ELBELTAGI; HADDOUD, 2015; LICHTENTHALER; ERNST, 2012). Uma empresa pode ser considerada inovadora em tecnologia de produto ou processo quando, em um período analisado, introduzir produtos e/ou processos tecnologicamente novos ou aperfeiçoados. A exigên-cia mínima é esta inovação ser nova para a empre-sa, mesmo que já tenha sido implantada em outras empresas. Também pode ser classificada como nova para o mercado ou, caso ocorra em nível mundial, ela deve ser o primeiro produto novo de um segmento no mundo (OCDE, 2004).

Para identificar a capacidade de inovação e o es-forço tecnológico das EBTs, Fernandes, Côrtes e Pi-nho (2004) apresentam um grupo de indicadores: (a) Natureza dos produtos desenvolvidos; (b) Gastos em P&D em relação ao faturamento; (c) Existência de uma área de P&D formal ou informal; (d) Proporção de profissionais graduados/qualificados envolvidos com as atividades de P&D; (e) Relação com universi-dades e/ou centros de pesquisa; (f) Despesas em aqui-sição de novas tecnologias.

Estratégia de inovação é uma abordagem adota-da para a escolha de objetivos, métodos e formas de utilizar e desenvolver o potencial inovador da empre-sa (LENDEL; VARMUS, 2011). Segundo Freeman (1989), as firmas podem utilizar (a) estratégia ofensi-

va; (b) estratégia defensiva; (c) estratégia imitadora; (d) estratégia dependente; (e) estratégia tradicional; (f) estratégia oportunista. As estratégias de inovação propostas por Freeman (1989) são, na verdade, um continum de possibilidades e não formas puras que podem ser distintas entre si.

a) Estratégia ofensiva: O objetivo é explorar, mais rápido do que os concorrentes, as novas possibilida-des e oportunidades fazendo uso de pesquisas, pro-fissionais selecionados e preparados, sistemas de in-formação e a combinação destes elementos para que, ao introduzir uma inovação esteja à frente de seus concorrentes e tenha licença sobre o que foi lançado. Por isso, devem investir forte e intensivamente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), visando obter conhecimentos técnicos e científicos que vão além daqueles disponíveis para o mercado (FREEMAN, 1998). Correm “[...] grandes riscos inerentes à inova-ção pioneira, pois introduz uma ideia ainda não testa-da no mercado.” (TIGRE, 2006, p. 168).

b) Estratégia defensiva: As empresas através des-ta estratégia não buscam serem as últimas empresas no ranking de competitividade em seu setor, mas sim aproveitar os lucros do mercado no momento dos er-ros de seus concorrentes ao implantarem uma inova-ção sujeita a falhas. A P&D é igualmente importante, pois as precisam estar prontas para se moverem rapi-damente no momento de reação e adaptação. Traba-lham com produtos com tecnologias maduras e outros com tecnologias avançadas, não querem “[...] correr o risco de ser a primeira a inovar, mas também não quer ser deixada para trás em termos tecnológicos.” (FREEMAN, 1998; TIGRE, 2006, p. 170).

c) Estratégia imitadora: As empresas que lançam mão de uma estratégia de imitação consideram bom para si não serem os primeiros no mercado. Enquanto as empresas ofensivas gastam com patentes e as de-fensivas gastam com licenças, as empresas de estraté-gia imitativa não gastam enquanto não observarem se a mudança técnica será bem-sucedida (FREEMAN, 1998). Empresas que procuram estarem presentes no mercado, apenas imitando inovações introduzidas com êxito por concorrentes (TIGRE, 2006), evitando custos com P&D (MOREIRA; QUEIROZ, 2007).

d) Estratégia dependente: Estas empresas depen-dem das estratégias ofensivas e defensivas de sua matriz, ou do pedido de seus clientes, para montar seus produtos, pois fazem parte de uma estrutura de empresa onde ela não é parte da decisão, apenas reprodutora. P&D não ocupa o lugar de grandes in-vestimentos. Não tomam a iniciativa de promover

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mudanças técnicas em seus produtos ou processos a não ser por demanda explícita de seus clientes ou controladores e dependem de outras empresas para obter as instruções técnicas necessárias para inovar (FREEMAN, 1998; TIGRE, 2006).

e) Estratégia tradicional: As empresas que op-tam por uma estratégia tradicional são aquelas que estão em um mercado de processamento lento das mudanças tecnológicas. Por este motivo, dão pouca ou nenhuma importância à P&D, realizando apenas pequenos ajustes em seus produtos, oriundas de de-manda externa. É utilizada também por empresas que não possuem capacidade técnica voltada a mudanças ou em ambientes em que a competição é por preços, obrigando o controle nos custos, não possuindo mar-gens para o desenvolvimento tecnológico (FREE-MAN, 1998, TIGRE, 2006).

f) Estratégia Oportunista: As empresas oportunis-tas exploram um novo nicho de mercado onde não é necessário fazer uso de P&D, pois não há competido-res. Elas aproveitam a possibilidade de utilizar tecno-logia adquirida de outros rapidamente (FREEMAN, 1998; MOREIRA; QUEIROZ, 2007).

Adicionalmente, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) apresentam um modelo estrutural da gestão da ino-vação. O modelo é dividido em 4 fases, iniciando pela Procura, quando localiza-se ambientes com potencial de mudança; Seleção, optar dentre as oportunidades tecnológicas e mercadológicas; Implementação, aqui-sição de conhecimento, execução do projeto, lança-mento e sustentação da inovação; e por fim, Apren-dizagem e Reinovação, aprender a partir dos projetos já finalizados e criar estímulos para reinício do ciclo.

3 CAPITAL INTELECTUAL ORGANIZACIONAL

Em um ambiente competitivo, com elevada con-corrência, a inovação é um dos fatores determinantes para o sucesso ou fracasso da empresa, nesse contex-to o que determina a posição competitiva da empresa não é o capital físico ou financeiro, mas sim, o Capital Intelectual (KLEIN, 1998). Ele pode ser considera-do como a soma dos conhecimentos organizacionais (HOSS; ROJO; GRAPEGGIA, 2010), ou seja, é o material intelectual, conhecimento, experiência, pro-priedade intelectual, informações [...] que podem ser colocados em uso para criar valor (DUMAY, 2015) e tem as seguintes características: (a) é imaterial; (B) que tem potencial para criar valor; (C) que incenti-

va o crescimento de práticas corporativas e sinergias (DEAN; KRETSCHMER, 2007).

Enquanto uma definição consensual do capital intelectual não pode ser encontrada na literatura, a maioria dos autores parecem concordar que o capital intelectual é um conceito multidimensional (CAMP-BELL; RAHMAN, 2010). O mais próximo a qualquer modelo unificador do que a medição de Capital Inte-lectual deve abranger, parece ser fundado na aceita-ção geral da representação tri-partite de categorias, (a) Capital Humano; (b) Capital Organizacional; (c) Capi-tal Social (BONTIS, 1998; EDVINSSON; MALONE, 1997; DEAN; KRETSCHMER, 2007; ENGELMAN, 2014; GIULIANI, 2009; MARTIN-DE-CASTRO et al., 2011; SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005).

Além disso, as três categorias do Capital Intelec-tual estão relacionadas, o Capital Humano é codifica-do e institucionalizado pelo Capital Organizacional, que por sua vez será utilizado nas redes de relacio-namento do Capital Social. Essa relação entre as di-mensões dos capitais auxiliar na capacidade inovativa das empresas (ENGELMAN, 2014). De acordo com Martin-de-Castro et al. (2011), isto pode parecer sim-ples, mas este conceito tem diferenças importantes e implicações na estratégia da empresa Considerando o Capital Intelectual Humano pertence aos funcio-nários, Capital Intelectual Organizacional é detido e gerido pela empresa.

Pode ser atribuído ao Capital Intelectual Organi-zacional a cultura, os valores, as atitudes, capacidade e compromisso de fazer uso efetivo de tecnologias de informação e de telecomunicações para assegurar o armazenamento de informação, divulgação, absor-vendo, transferência e refino de informações úteis e conhecimento em toda a empresa bem como os pro-cessos e mecanismos formais necessários para estru-turar a organização; (BUENO; SALMADO, 2000; DELGADO-VERDE el al., 2011; MARTIN-DE--CASTRO et al.; 2011; ENGELMAN, 2014).

Cabrita e Bontis (2008) complementam que o Ca-pital Intelectual Organizacional pode ser visto como o conjunto de ferramentas e a arquitetura fornecidas por uma organização para manter e transferir conhe-cimento em todas as suas atividades de negócios. Assim, o conhecimento pode ser preservado e usado, influenciando as capacidades de inovação (EDVINS-SON; MALONE, 1998).

Neste sentido, somente os conhecimentos indi-viduais dos empregados, trabalhando isoladamente, não farão com que a empresa torna-se inteligente e competitiva no mercado. Sendo assim, é relevante

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transformar esse conhecimento dos funcionários em conhecimento organizacional, pertencente à empre-sa. Desta forma é necessário criar estruturas para armazenar esse conhecimento e posteriormente com-partilhá-lo a toda a organização, transformando o conhecimento individual em propriedade da empresa (FARIAS; FARIAS; PONTE, 2004).

As empresas que possuem uma cultura criativa, em qualquer nível hierárquico, independente de sua função, demonstram maior interesse e iniciativa para as questões referentes à inovação, apresentando melhorias contínuas de forma em que todos estão cientes dos resultados provenientes destas inovações (BES; KOTLER, 2011). Existem formas de gestão mais flexíveis que facilitam a criação e aplicação de melhorias e uma interação voltada para a gestão do conhecimento, principalmente para a aquisição e distribuição de novos conhecimentos (MOREIRA; QUEIROZ, 2007).

A capacidade de inovação está relacionada com o Capital Intelectual Organizacional, pois através das etapas da gestão do conhecimento e com base na sua cultura, estrutura e processos, organiza, codifica, ar-mazena e compartilha esses conhecimentos com toda a organização disponibilizando a sua estrutura de co-nhecimento organizacional para toda a organização facilitando o acesso as informações pertinentes para inovar (ENGELMAN, 2014).

4 MÉTODO

Esta pesquisa buscou em Yin (2015) orientação para sua execução, a preferência pelo uso do estudo de caso deve ser em casos de pesquisa de eventos con-temporâneos, em situações onde os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas. A escolha das unidades de análise foi feita devido à sua potencialidade de contribuir com insights para o assunto em questão e por atender ao seguinte critério: ser micro/pequena empresa de base tecnológica e estar localizada em um ambiente de ino-vação, no caso, parque tecnológico da região metro-politana de Porto Alegre.

O estudo de caso é útil, segundo Bonoma (1985, p. 206-207), “[...] quando um fenômeno é amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para permitir a proposição de questões causais e quando um fenômeno não pode ser estuda-do fora do contexto no qual ele naturalmente ocorre”. Os objetivos do método do estudo de caso não são

a quantificação ou a enumeração, “[...] mas, ao invés disto: (1) descrição; (2) classificação (desenvolvimen-to de tipologia); (3) desenvolvimento teórico; e (4) o teste limitado da teoria. Em uma palavra, o objetivo é compreensão”.

A coleta de dados foi realizada em 2015, visan-do uma forma válida, apropriada e de acordo com os benefícios da pesquisa qualitativa, adotou-se um procedimento de triangulação multimétodos a partir de análise documental, observação em visita técnica guiada, do website e intranet de empresas e entrevis-tas realizadas com base em um roteiro semiestrutura-do elaborado a partir do embasamento teórico, aplica-do presencialmente ao responsável pela área de P&D da empresa “A” e os sócio-proprietários das empresas “B” e “C”. Os entrevistados foram selecionados de-vido ao seu conhecimento sobre o tema em questão, bem como por todos atuarem nas empresas desde sua constituição. As entrevistas duraram em média 1h cada, foram gravadas e posteriormente transcritas para a etapa de análise dos dados.

Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, mais especificamente análise ca-tegorial, que desmembra os discursos em categorias, pautando-se pelo referencial teórico. A interpretação foi baseada na comparação das informações coletadas com a fundamentação teórica utilizada nesta pesquisa e as reflexões dos investigadores. Neste estudo, segui-ram-se as diretrizes propostas pela análise temática de Bardin (2009), que esclarece que o tema é a unida-de de acepção que se desprende espontaneamente de um escrito avaliado, conforme critérios coerentes à teoria que serve de direção à leitura.

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir, serão apresentados os resultados refe-rentes a cada uma das empresas. Posteriormente os dados serão analisados e forma conjunta.

O CASO DA EMPRESA “A”

Entre 2010 e 2013, a empresa lançou no mercado 3 produtos novos, sendo que no ano de 2013 32% do total de vendas pode ser atribuído a esses produtos. Neste mesmo período, aproximadamente 30% do seu fatura-mento bruto foi investido em P&D e em relação a sua principal inovação, ela pode ser considerada nova para o mercado mundial, evidenciando um crescimento da participação de mercado do seu principal produto, o qual em 2010 correspondia a 20% e em 2013, 25%.

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A empresa procura gerar conhecimento pela con-tratação de treinamentos e consultorias e através de parcerias com universidades para desenvolvimento de pesquisas. Possui, para armazenar o conhecimen-to, registros arquivados em pastas físicas e em um software de gestão. Os relatórios com as informações pertinentes ao desenvolvimento de projetos e produ-tos também ficam arquivados, mantidos atualizados, organizados e identificados.

A distribuição do conhecimento é realizada atra-vés de apresentações e resumos dos conhecimentos adquiridos, ou então através de reuniões. Também possuem ferramentas automatizadas de comunicação.

Para o entrevistado a inovação “é bem relevante”, pois impede a estagnação da empresa. Desenvolvem inovações internamente, ou então “buscam com o cliente as necessidades deles e tentam levar uma pro-posta diferenciada, o que chama a atenção, aumenta a competitividade e atalha caminhos para o mercado”.

A empresa possui uma área específica de P&D, percebe os resultados provenientes da inovação e acredita que irão se tornar referência para seus clien-tes, criando uma cultura voltada para a inovação.

O respondente acredita que as inovações intro-duzidas entre 2010 e 2013 permitiram que a empresa ampliasse a sua participação no mercado. Também, pensa que a quantidade de inovações desenvolvidas nesse período é superior a dos concorrentes, assim como as vendas proveniente dessas inovações desen-volvidas pela empresa entre 2010 e 2013.

A empresa A apresenta um nível elevado de CIO formalizado, contendo registros, softwares e arquivos físicos utilizados para armazenamento do conheci-mento, bem como demonstram atividades estrutura-das que podem ser relacionadas com a distribuição de conhecimento. A inovação também apresentou-se em um grau elevado, introduzindo 3 produtos novos, sendo sua principal inovação nova para o mercado mundial, permitindo ampliação de mercado.

O CASO DA EMPRESA “B”

No período de 2010 a 2013 foram investidos, apro-ximadamente, 30% do seu faturamento bruto em P&D, originando, neste período, o lançamento de um novo serviço, que contribui com 20% das suas ven-das totais da empresa. O sócio da empresa considera que a sua principal inovação é nova para o mercado nacional, mas já existente no mercado mundial. O seu principal serviço possui 1% de participação de mer-cado em 2013.

Não possui grupos específicos para geração de conhecimento, devido ao tamanho de sua empresa, mas incentiva a geração do conhecimento através da busca e principalmente da união dos funcionários que são especialistas em áreas diferentes, os sócios ten-tam “ensinar a pessoa a aprender” e acreditam que por terem uma estrutura flexível conseguem uma maior proximidade entre as pessoas. Mas o que con-sideram mais difícil é “passar o conhecimento tácito para o explícito.”.

A empresa não utiliza ferramentas para armaze-namento do conhecimento, como registro de patentes, manuais, bases de dados, políticas e normas, e justi-fica que “não faz nenhum processo pelo tamanho da empresa”. Já a distribuição de conhecimento, a em-presa considera como seu ponto forte, “a nossa estra-tégia é, pela gestão de pessoas, tentar fazer com que o conhecimento se distribua dentro da empresa de uma forma natural, com conversas”. Também considera possuir uma cultura flexível de trabalho.

O sócio entrevistado afirma que a inovação con-tribui com tudo para a empresa, “ela é o sucesso da empresa, se não for pela inovação, a empresa não vai sair do lugar.”. Considera que não é viável registrar patentes, de acordo com o entrevistado, “somente se for uma super ideia para eu tentar patentear”.

Trabalham com uma metodologia denominada Design Thinking e organizam suas equipes para o desenvolvimento da inovação, bem como estimulam a criatividade e realizam benchmarking, principal-mente em uma organização localizada nos Estados Unidos que possuem serviços similares. O sócio não acredita as vendas provenientes de inovações desen-volvidas pela empresa entre 2010 e 2013 seja superior ao dos concorrentes.

A empresa B em relação ao CIO não demonstra o armazenamento formal do conhecimento, possivel-mente por atuar em um mercado dinâmico. Entretan-to enfatiza o compartilhamento do conhecimento de forma informal. Já a inovação pode ser classificada em um nível intermediário, pois apesar de ter intro-duzido somente um produto, este foi nova para o mer-cado nacional, porém sem ampliar a sua participação no mercado.

O CASO DA EMPRESA “C”

Com dois funcionários, de 2010 a 2013 a empresa lançou 5 novos produtos englobando 100% do per-centual de vendas em 2013. Em relação à participa-ção de mercado do principal produto da empresa,

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esse demonstrou uma queda de 10% para 2% de 2010 para 2013, isso ocorreu em decorrência do aumento de concorrentes no mercado. Já o faturamento bruto investido em P&D foi de 30% e a principal inovação da empresa é nova para o mercado nacional, mas já existente no mercado mundial.

A união entre os dois sócios, únicos componentes da empresa, e as diversas parcerias com outras or-ganizações para desenvolvimento dos seus produtos foram consideradas pelo entrevistado como as princi-pais ações para geração do conhecimento.

Afirma que utilizam um sistema de armazena-mento de informações de tudo que é desenvolvido na empresa “de forma a ser o mais claro possível para os dois”, essa ferramenta permite a cada um dos sócios pesquisarem em suas fontes internas quando possuem dúvidas. Também nos softwares feitos pela empresa, em cada atualização é acrescentada uma mensagem do que foi alterado.

A inovação para a empresa é essencial e contri-bui para a sua competitividade. A empresa não pos-sui um processo de gestão da inovação formal, mas possui um planejamento. Tenta estimular a criativi-dade, quando identifica uma oportunidade, e geren-cia o projeto. Paralelamente a este processo, os sócios verificam se o projeto é comercialmente viável ou se é necessário realizar ajustes no conceito inicial para tornar-se vendável.

O sócio acredita que as inovações introduzidas en-tre 2010 e 2013 permitiram que a empresa ampliasse a sua participação no mercado; e a quantidade de ino-vações desenvolvidas pela nossa empresa entre 2010 a 2013 seja superior a dos concorrentes.

Apesar de a empresa C possuir apenas 2 funcio-nários, demonstra um CIO formalizado através dos sistemas informatizados de armazenamento e com-partilhamento de conhecimento, assim como também enfatizaram a distribuição informal de conhecimento. A inovação enquadra-se no grau intermediário, pois introduziu 5 produtos novos, sendo sua principal ino-vação nova para o mercado nacional, permitindo am-pliação na participação de mercado.

RELAÇÃO ENTRE CAPITAL INTELECTUAL ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO

Conforme já apresentado, o Capital Intelectual Organizacional é o conhecimento pertencente à em-presa através de estruturas de armazenamento e com-partilhamento de conhecimento (FARIAS; FARIAS; PONTE, 2004). Através das entrevistas realizadas

com as empresas “A”, “B” e “C”, percebe-se a exis-tência dessas estruturas, porém em níveis diferentes de desenvolvimento e formalização.

As empresas “A” e “C” possuem estabelecidos os processos básicos para preservar e tornar acessível o conhecimento através dos procedimentos de registro, codificação, retenção e atualização das informações e conhecimentos. Contudo, o sócio da empresa “B” ale-ga não ter nenhuma sistemática para armazenamen-to de conhecimento e considera difícil transformar o conhecimento tácito em explícito, possivelmente por atuar no setor de design, o qual possui maior dinamis-mo que setores de borracha e eletrônico.

Referente à distribuição de conhecimento, obser-va-se que a empresa “A” detém processos mais estru-turados para transferência de informações, destacan-do as apresentações de resumos em reuniões e o uso de ferramentas de tecnologia da informação. Possui formas de compartilhamento de conhecimento mais estruturadas, possivelmente por possuir um maior número de funcionários. Já a empresa “C”, mesmo sendo de menor porte, também utiliza softwares para a distribuição dos conhecimentos. Estes dados estão coerentes com Engelman (2014), que sugere a utili-zação dos sistemas de tecnologia da empresa para executar a difusão e a transferência do conhecimen-to organizacional. Já na empresa “B” predomina o compartilhamento através de conversas informais ao invés de uma forma sistematizada. É possível que a opção pelo compartilhamento mais informal seja de-vido à empresa possuir apenas 5 funcionários e ao seu setor. Além disso, para transferir conhecimento táci-to, as conversas são a melhor ferramenta, o que pode fornecer alguma vantagem a esta empresa.

Outras práticas de CIO também são observadas como a cultura voltada para a inovação da empresa “A” e a cultura flexível da empresa “B”, as quais fa-cilitam a criação e a aplicação de melhorias demons-trando maiores iniciativas para as questões referentes à inovação, aquisição e distribuição de novos conhe-cimentos, elementos fundamentais apresentados por Moreira e Queiroz (2007) e Bes e Kotler, (2011). Na empresa “C” percebe-se o CIO na fala “[...] pegamos o que já conhecemos e já sabemos trabalhar e ten-tamos buscar uma aplicação para aquela nova tec-nologia junto com aquilo que fazemos, para criar a inovação.”, quando a empresa busca na sua base de conhecimentos as informações pertinentes para ino-var, de acordo com Engelman (2014).

As empresas “A” e “C” consideram relevantes e enfatizam a importância da inovação para a com-

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petitividade, já a empresa “B” afirma ser a fonte de sucesso do seu negócio, confirmando a colocação de Côrtes (2005) de que a inovação é o eixo central das estratégias competitivas das EBT’s.

O respondente da empresa “A” declarou que bus-cam conhecer as necessidades dos clientes, além de controlar a inovação através de indicadores. Assim como a empresa “C” que procura tendências no mer-cado e as seleciona, além de planejar todo o processo de inovação. As sistemáticas dessas duas empresas se assemelham às fases descritas por Tidd, Bessant e Pavitt (2008) da gestão da inovação (procura, se-leção, implementação e reinovação). Já as atividades de Design Thinking e benchmarking utilizadas pela empresa “B” vão ao encontro do que Mattos e Gui-marães (2005) descrevem, quando afirmam que é pre-ciso construir condições para a inovação, planejar o futuro e sistematizar.

Conforme a OCDE (2004), para a empresa ser con-siderada inovadora necessita implantar ao menos um produto ou processo tecnologicamente novo ou apri-morado. Desta forma é possível observar que ambas as empresas possuem um nível de inovação, porém com intensidades diferentes, a empresa “A” e empresa “C” apresentam um maior número de produtos novos introduzidos entre 2010 a 2013, enquanto a “B” teve somente um produto introduzido no mesmo período.

A OCDE (2004), também descreve que esta ino-vação deve ser no mínimo, nova para a empresa. A principal inovação da empresa “A” é nova para o mer-cado mundial, caracterizando-se como grau máximo de inovação. Para a “B” e “C” a inovação é nova para o mercado nacional, sendo classificadas como grau de inovação intermediário.

Além disso, o percentual do total de vendas no ano de 2013 que pode ser atribuído a produtos e serviços novos introduzidos entre 2010 e 2013 foi de 100% para a empresa “C”, 32% para a “A” e 20% para a “B”. Embora esse indicador apresente o im-pacto do processo de inovação nas organizações, é preciso observar que, de acordo com a OCDE (2004), esse indicador não apresenta necessaria-mente uma alta taxa de inovação, principalmente para as empresas com pouco tempo de fundação. Este pode ter sido o caso das empresas “B” e “C”, inauguradas em 2009.

No período estudado, as três empresas tiveram pouca variação referente à participação de mercado do seu principal produto. Apenas a empresa “C” teve uma queda de 8%, justificada pelo sócio devido a muitos novos entrantes de mercado.

De um modo geral, as empresas “A” e “C” acredi-tam que as inovações ampliaram sua participação de mercado.. Sendo possível verificar que as inovações auxiliam na manutenção da participação no mercado, possibilitando a empresa continuar competindo sau-davelmente.

No que se refere à vantagem competitiva, as em-presas “A” e “C”, consideram ser mais inovadoras que seus concorrentes. A empresa “A” também afirma su-perar seus concorrentes em percentual de vendas. Já a empresa “B”, não considera ser superior a seus con-correntes em quantidade de inovações e em vendas provenientes delas.

A estratégia ofensiva predominou nas três empre-sas, além da estratégia oportunista, também assinala-da pelas empresas “A” e “B’, o que vem a enfatizar a postura que as empresas inovadoras possuem diante do mercado, descritos por Moreira e Queiroz (2007), como aquelas que buscam a liderança tecnológica e aproveitam nichos de mercado, predominando as or-ganizações localizadas em parques tecnológicos.

Os resultados obtidos possibilitaram verificar que as três empresas estudadas na etapa explora-tória possuem práticas associadas ao Capital Inte-lectual Organizacional e podem ser qualificadas em um nível de inovação, no mínimo intermediário, em seus setores. A empresa “C” possui todas as etapas consideradas relevantes para desenvolver o CIO na organização, já a empresa “B” não armazena o co-nhecimento gerado, fator importante para manter a estrutura do CIO. Possibilitando auferir, consideran-do as diferenças de segmento e porte, que a empresa “A” demonstra um nível de CIO mais formalizado do que as empresas “B” e “C”. Além disso, a empre-sa “A” está em um nível superior de inovação que a “C” que, por sua vez, apresenta mais inovações e que impactaram na sua ampliação de mercado que a “B”, embora as duas tenham sido classificadas com nível de inovação intermediário.

Portanto, levando em consideração diferenças de segmento e porte, as análises indicam que há indí-cios que o Capital Intelectual Organizacional pode ser relacionado com a inovação destas empresas, tanto na etapa exploratória como na etapa descritiva, as empresas acessam a partir da base de conheci-mento organizacional, seja este tangível ou intangí-vel, conhecimentos e informações úteis para o pro-cesso de inovação. Devido a sua estratégia frente à gestão da inovação ser a tradicional, ou seja, assim como afirma Reis (2004) a empresa não está propen-sa a realizar mudanças.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado, a inovação pode ser con-siderada uma das melhores maneiras para obter vantagens competitivas, se manter no mercado e aumentar a rentabilidade das empresas. A inovação, para as empresas de base tecnológica de micro e pe-queno porte, é essencial para consolidação de suas estratégias, as quais estão comprometidas com o de-senvolvimento tecnológico e muitas vezes possuem parcerias com centros de pesquisa, incubadoras ou parques tecnológicos.

Pode-se constatar que o Capital Intelectual Or-ganizacional apresenta-se em desenvolvimento con-siderável nas empresas pesquisadas, principalmente os elementos intangíveis como a cultura, a liderança, o alinhamento das atividades com os objetivos e o trabalho em equipe, as quais incentivam a distribui-ção e o compartilhamento de conhecimentos. Como consequência, as empresas podem ser qualificadas como inovadoras, visto que introduziram produtos ou serviços novos no mercado ou implantaram outras formas de inovação que possibilitam vantagens com-petitivas no mercado.

A partir dos dados coletados e levando em con-

sideração diferenças de segmento e porte, as análi-ses indicam que há indícios que o Capital Intelectual Organizacional pode ser relacionado com a inovação das micro e pequenas empresas de base tecnológica, pois as empresas acessam a partir das ferramentas e estruturas da empresa, conhecimentos e informações úteis para o processo de inovação. No entanto, embo-ra o Capital Intelectual Organizacional seja um fator importante para o desenvolvimento de inovações, a estratégia utilizada frente à gestão da inovação é de-terminante para os resultados.

Além disso, sugere-se que as empresas estudadas, para potencializar o desenvolvimento de inovações, estabeleçam metodologias de gestão da inovação e, principalmente, gestão do conhecimento formaliza-das, para que os conhecimentos gerados e adquiridos pelos indivíduos da organização permaneçam na em-presa como base para futuras inovações.

Este estudo contribui para a compreensão da re-lação entre o CIO e a inovação das empresas, bem como em auxilia as MPEBT’s a identificar sua capaci-dade de inovação a partir de sua estrutura de conheci-mento organizacional, promovendo melhoria em sua gestão e, consequentemente, ampliando a competiti-vidade e desempenho das empresas.

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SELECIONANDO PORTFÓLIO DE ATIVOS UTILIZANDO VARIÁVEIS FUNDAMENTALISTAS NO MERCADO BRASILEIROSELECTING PORTFOLIO OF ASSETS USING FUNDAMENTALIST VARIABLES IN THE BRAZILIAN MARKET

DOI: http://dx.doi.org/10.21714/raunp.v9i1.1605

Ulisses Medeiros Barbosa LeiteUniversidade Federal da Paraíba. E-mail: [email protected]

Francisco Roberto Farias Guimarães JúniorUniversidade Federal da Paraíba. E-mail: [email protected]

Envio em: Novembro de 2016Aceite em: Março de 2017

RESUMOO uso de variáveis fundamentalistas surgiu na tentativa de se explicar o retorno das ações com mais eficiência que a variável Beta do CAPM, a exemplo do modelo de Três Fatores de Fama e French (1993). Este modelo utiliza as variáveis Tamanho e Book-to-Market para explicar parcela dos retornos dos ativos não explicados pelo CAPM, servindo de base para diversos estudos no Brasil e no mundo. Na linha desse estudo, o presente artigo tem como objetivo selecionar um portfólio com base em variáveis fundamentalistas no mercado acionário brasileiro. A metodologia utilizada se baseou nos estudos de Costa Jr e Neves (2000), consistindo na seleção e ordenamento das ações através das variáveis fundamentalistas propostas pelos autores e pela literatura da área, sendo eles o índice Preço – Lucro, Valor de Mercado e o índice Valor Patrimonial/Valor de Mercado e comparando as carteiras formadas com o índice do mercado e a taxa livre de risco. O estudo, realizado no período de 2007 à 2011, confirmou os resultados encontrados por Fama e French (1992), Costa Jr e Neves (2000) e Nagano, Merlo e Silva (2003).

Palavras – Chave: Variáveis fundamentalistas. Seleção de Portfólio. CAPM. Markowitz. Modelo de Três Fatores.

ABSTRACTThe use of fundamental variables started on the attempt to explain more efficiently the return of stocks than the measure of a stock’s volatility Beta in relation to the market of CAPM, as seen on the Three Factor Model of Fama and French (1993). This model uses the variables Size and Book-to-Market to explain part of the return of stocks that is not explained by the CAPM, used as basis for several studies in Brazil and around the world. Following this study, this research aims to select a portfolio based on fundamental variables at the Brazilian Stock Market. The methodology was based on the studies of Costa Jr and Neves (2000), consisting in selecting and in ordering the stocks by the fundamental variables proposed by the authors and the literature: the Price to Earn ratio, Market Value and the Book-to-Market equity to select portfolios. Then, we compared these portfolios with the market index and the risk free rate. This research fulfilled the period from 2007 to 2011 and confirmed the results found by Fama and French (1992), Costa Jr and Neves (2000) and Nagano, Merlo and Silva (2003).

Keywords: Fundamental Variables. Portfolio Selection. CAPM. Markowitz. Three Factor Model.

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1 INTRODUÇÃO Um dos maiores desafios na área de finanças é as-

sociado à capacidade de se lidar com o risco. Pode-se tratar o risco como “a possibilidade de perda financei-ra [...] e a variabilidade dos retornos associados a um ativo” (GITMAN, 2008, p. 184). Um dos principais objetivos dos estudos acerca do risco é a tentativa de se obter modelos capazes de minimizar os riscos dos portfólios de maneira que o investidor consiga obter o maior retorno possível (DAMODARAN, 2007).

Um dos principais estudos acerca da construção de carteiras foi desenvolvido por Markowitz (1952). O autor procurou desenvolver um método que levasse em conta a diversificação das carteiras, com o obje-tivo de minimização do risco total da carteira, dada a correlação imperfeita dos ativos, de maneira que “a variância de uma carteira é reduzida e a variação do preço individual de um ativo é compensada por va-riações complementares nos demais” (ZANINI; FI-GUEIREDO, 2005).

O modelo de Markowitz (1952) de diversificação de carteiras para minimizar o risco foi desenvolvido através de um modelo de otimização quadrática que faz uso da correlação entre os ativos que a compõem para o cálculo da variância (o risco) da carteira.

Prosseguindo os estudos sobre a formação de por-tfólios, temos o modelo conhecido com Capital Asset Princing Model, ou CAPM, desenvolvido por Sharpe (1964) e Lintner (1965). Esse modelo foi desenvolvi-do como uma tentativa de simplificar o Modelo de Markowitz, visto que este demanda um elevado nú-mero de informações para ser processado (ZANINI; FIGUEIREDO, 2005). No CAPM, trabalhamos com a covariância entre os ativos e a carteira de mercado, representada pelo índice Beta, ao invés da covariân-cia entre os ativos (SHARPE, 1964).

Por se tratar de uma versão simplificada, o CAPM obteve várias críticas. A aplicação desse modelo de-pende de duas premissas: “First, we assume a com-mon pure rate of interest, with all investors able to borrow or lend funds on equal terms. Second, we as-sume homogeneity of investor expectations” (SHAR-PE, 1964, p. 433), que são premissas extremamente restritivas e não-realistas na opinião do próprio autor. Pelo fato de “utilizarem apenas a carteira de mercado e o beta do ativo como variáveis para o CAPM, o mo-delo obteve muitas contradições empíricas” (FAMA; FRENCH, 1992, p.427), com suas premissas visando simplificar a realidade (FAMA; FRENCH, 2007).

Sendo conhecidas essas limitações do CAPM, vá-

rios estudos foram feitos de maneira a se descobrir quantos ou quais fatores são capazes de explicar o retorno dos ativos além do beta. Um desses modelos foi o modelo desenvolvido por Ross (1976) chamado de Arbitrage Princing Model, ou APT. Esse modelo assume que cada ativo possui diversos fatores, além do beta do CAPM, capazes de explicar o seu retor-no futuro. O APT procura determinar os coeficien-tes de sensibilidade do ativo em questão em relação a cada um dos fatores determinados, embora o modelo determine quantos ou quais fatores são necessários (MARTINS; GAVA, 2010; NEVES; AMARAL 2002; MELLO; SAMANEZ, 1999). Assim, “qualquer teste do modelo, que não o baseado em fatores estatísticos, será na verdade um teste conjunto das suposições que sustentam o APT e dos fatores utilizados na sua cons-trução” (MELLO; SAMANEZ, 1999).

Seguindo essa linha de determinação de fatores de risco capazes de explicar o retorno das ações além do beta, Fama e French (1992) procuraram demonstrar que outras quatro variáveis são capazes de explicar o retorno dos ativos: (i) tamanho (ME – Market Equi-ty), (ii) Book-to-Market Equity (B/M), (iii) índice lu-cro/preço (E/P) e (iv) alavancagem financeira. Como importante conclusão, os autores perceberam que B/M e ME, quando usadas em conjunto, têm um po-der alto explicativo, o que dispensa o uso das outras duas variáveis mencionadas.

Continuando suas pesquisas, os autores desenvol-vem o modelo de 3 fatores (FAMA; FRENCH, 1993). Neste modelo, os autores adicionam à regressão dos retornos duas novas variáveis a acompanhar o beta: a variável tamanho (ME – Market Equity); e o índice book-to-market (B/M). Como resultado, Fama e Fren-ch (1996; 2007), afirmam que o modelo de 3 fatores consegue capturar grande parte das anomalias não explicadas pelo beta do mercado

Dessa maneira, seguindo a linha de diversos estu-dos realizados no Brasil com base em variáveis fun-damentalistas, como os trabalhos de Costa Jr e Neves (2000), Nagano, Merlo e Silva (2003), Lucena e Pinto (2008) e Mussa et al. (2011), na tentativa de explicar melhor a rentabilidade média das ações que esse tra-balho propõe a seguinte problemática a ser estudada: como elaborar um modelo utilizando variáveis fun-damentalistas na seleção de ativos para compor uma carteira de ações no mercado brasileiro?

O MODELO DE MARKOWITZO método de seleção de portfólio desenvolvido

por Markowitz (1952) procurou formar carteiras de

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investimentos levando em conta o retorno esperado das ações e o risco de se investir em cada uma de-las. O objetivo da combinação de ativos diversos é minimizar o risco geral da carteira e maximizar o seu retorno esperado, utilizando a correlação entre os ativos que a compõem como base para o modelo. Ma-rkowitz (1952) afirma que é necessário que os investi-dores evitem diversificar sua carteira com ações que apresentem alta correlação entre si. Ao se diversificar uma carteira com ativos que possuem uma correlação baixa entre eles, a tendência é eliminar uma grande parte do risco diversificável da carteira.

Assim, a diversificação consegue eliminar boa

parte do risco (variância) da carteira. No entanto, como afirma Markowitz (1952), o portfólio com maior retorno não será, necessariamente, aquele com a menor variância. Desta forma, o autor desen-volve o que se conhece como Fronteira Eficiente, que é “um conjunto de carteiras, cada uma das quais tem o menor risco, para um dado retorno esperado” (HAZZAN, 1991).

Matematicamente falando, podemos expressar os dois itens fundamentais de uma carteira proposta por Markowitz. O primeiro seria o retorno, representado pela média ponderada dos ativos que compõem a car-teira (ASSAF NETO; LIMA, 2011):

( | x Wi) (1)Ri

E(Rp) = ŕp =

Onde:E(Rp )=(ŕp ) = retorno esperado ponderado da carteira (portfólio)

Ri = retorno esperado do ativo i

Wi = percentual do capital total investido no ativo i

O segundo elemento, o risco da carteira, não depende apenas dos riscos dos ativos individuais, mas da maneira como esses ativos estão correla-

cionados entre si. O risco pode ser calculado como a variância dos retornos dos ativos (ASSAF NETO; LIMA, 2011):

σ2 = (2)( )Pi x (Ri – ŕp)2

Onde:σ2 = variância (risco do ativo)Pi = probabilidade da ocorrência de cada eventoRi – (ŕp) = valor de cada evento considerado

Juntando essas duas expressões para uma carteira com “n” ativos, a forma completa da equação que re-

presenta o risco total no modelo proposto por Marko-witz (1952) será:

σ2 = W2 x σ2 + Wi Wj ρi j

σiσj p i i

σ2

σ2

(3)

Onde:Wi = participação do ativo i na composição do portfólio = variância (risco) do ativo iWj = participação do ativo j na composição do portfólioσj = desvio padrão do ativo j ( = variância do ativo j)ρij = coeficiente de correlação entre os ativos i e j

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O MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS DE CAPITAL – CAPM

O modelo de precificação de ativos de capital – CAPM (Capital Asset Pricing Model) – foi desen-volvido por Sharpe (1964) e Lintner (1965) e sur-giu com base no modelo de escolha de carteira de investimentos proposto por Harry Markowitz em 1952 na tentativa de simplificá-lo, dada a dificul-dade de sua operacionalização na época. O CAPM parte do pressuposto do trade-off entre risco e re-torno, em que o investidor deve decidir se quer au-

mentar o valor de seus retornos aceitando um risco adicional (SHARPE, 1964), e assim sendo capaz de apresentar uma resposta mais efetiva a respeito da relação entre o risco e o retorno de ativos nego-ciados no mercado (ASSAF NETO; LIMA, 2011). Neste modelo, o risco dos ativos está correlaciona-do com o risco de mercado, sendo representados pela variável β (beta), e não mais pela correlação entre os ativos que compõem a carteira. O modelo CAPM pode ser traduzido em uma equação, con-forme se segue:

E[Rp ]=RF + β(RM – RF )+εi (4)

Onde:E[Rp ] = retorno esperado por um títuloRF = taxa livre de risco (risk free)RM = taxa de retorno da carteira de mercadoRM – RF = retorno do mercado em relação à taxa livre de risco (prêmio pelo risco)β = risco do ativo em relação à carteira de mercado

Quando trabalhamos com um portfólio, o seu res-pectivo beta pode ser calculado como a média ponde-rada dos betas individuais dos ativos pertencentes à carteira (ASSAF NETO; LIMA, 2011), maneira mais simples que se calcular o risco da carteira através do Modelo de Markowitz.

Como se pode perceber, o retorno de um ativo ou de um portfólio de ativos varia linearmente com o seu beta, mostrando como o risco é remunerado pelo mercado. No entanto, pelo fato de “utilizarem ape-nas a carteira de mercado e o β do ativo como vari-áveis para o CAPM, o modelo obteve muitas contra-dições empíricas” (FAMA; FRENCH, 1992, p. 427), com suas premissas visando simplificar a realidade (FAMA; FRENCH, 2007). Essa simplificação pro-posta por Sharpe (1964) foi objeto dos mais diversos estudos, os quais procuravam identificar e debater as deficiências do modelo CAPM, bem como a desco-berta de novos fatores capazes de explicar o retorno dos ativos que não o Beta.

AS VARIÁVEIS FUNDAMENTALISTAS E O MODELO DE 3 FATORES DE FAMA E FRENCH

Na tentativa de identificar outras variáveis que pu-dessem compor um modelo de precificação de ativos, Basu (1977, 1983) verificou que ações que apresen-

tavam elevados valores da razão entre o Lucro e o Preço (E/P) obtiveram maiores retornos ajustados ao risco do que aquelas que tinham menores valores de E/P. Além disso, esse efeito foi maior em ações de empresas menores e a razão E/P teve uma certa de-pendência do efeito tamanho (Market Equity – ME). Stattman (1980) e Rosenberg, Reid e Lanstein (1985) identificaram que a razão entre Valor de Patrimonial e Valor de Mercado (BE/ME) possuía relação com os retornos dos ativos. Eles verificaram que se o valor de mercado de uma empresa estava baixo em relação ao valor contábil, significava que a ação estava suba-valiada e seu valor iria subir. Logo, ações com alto valores de BE/ME tenderiam a um retorno elevado.

Ainda na década de 80, Banz (1981) testou o ME. Os seus resultados foram semelhantes aos resultados encontrados por Stattman (1980) e Rosenberg, Reid e Lanstein (1985). Banz (1981, p. 16) inicia suas con-clusões afirmando que “the evidence presented in this study xsuggests that the CAPM is misspecified. On average, small NYSE firms have had significantly lar-ger risk adjusted returns than large NYSE firms over a forty year period”. Outra contradição para o CAPM foi a relação positiva entre alavancagem e o retorno médio, documentada por Bhandari (1988). Em seu estudo, Bhandari (1988) verificou que a alavancagem financeira pode auxiliar na explicação dos retornos médios das ações em análises que incluem o β do ati-

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vo e efeito tamanho. Fama e French (1992) ampliaram esses estudos e

analisaram o efeito dos fatores: (i) Valor de Mercado: preço da ação multiplicado pela quantidade de ações existente (ME – Market Equity), (ii) índice lucro da ação por preço (E/P – Earning to price ratio), (iii) alavancagem financeira: proporção entre o capital de terceiros e o capital próprio, e (iv) índice valor pa-trimonial da ação por preço (B/M – Book-to-market

equity). Importante conclusão atingida por Fama e French (1992) foi que as variáveis B/M e ME, quando utilizadas em conjunto, englobam os papéis explicati-vos das outras variáveis estudadas.

Com base nesses resultados, Fama e French (1996) desenvolvem um modelo multifatorial para tentar ex-plicar o rendimento dos ativos no mercado. Matema-ticamente falando, o modelo proposto segue a seguin-te expressão (LUCENA; PINTO, 2008):

Ri – Rf = bi [E(Rm ) – Rf ]+si SMB + hi HML + εi (5)

Onde E(Rm) e Rf são, respectivamente, o retorno da carteira de mercado e o retorno da taxa livre de risco, já utilizadas no CAPM; SMB (small minus big) repre-senta o fator tamanho, medido pela diferença entre a média simples dos retornos dos portfólios formados por ações de empresas pequenas e dos retornos dos portfólios formados por ações de empresas grandes e HML (high minus low) representa o fator book-to--market, calculado como a diferença entre a média simples dos retornos das empresas com alto B/M e a média simples dos retornos das empresas com baixo B/M (FAMA; FRENCH, 1993).

O modelo foi considerado eficaz, visto que con-seguiu explicar parcelas dos retornos das ações não abrangidas pelo CAPM, melhorando a previsibilidade do modelo com a inclusão dos novos fatores (LUCE-NA; PINTO, 2008).

As anomalias do CAPM relacionadas às variáveis fundamentalistas e esse modelo, conhecido como o Modelo de Três Fatores, foram objeto de diversos estudos. No mercado brasileiro, podemos citar os estudos de Paula Leite e Sanvicente (1990), que pro-curaram verificar se a variável valor patrimonial por ação possuía algum conteúdo informacional sobre o preço futuro das ações, algo não encontrado no mer-cado brasileiro, embora percebendo que as variações na variável lucro por ação apresentam conteúdo in-formacional relevante. Hazzan (1991) estudou a va-riável Preço/Lucro (P/L), percebendo que ações com baixo índice P/L proporcionam rendimentos maiores ao investidor que ações com alto índice P/L. Costa Jr e Neves (2000) estudaram, no período de 1987 à 1996, o comportamento das variáveis (i) P/L, (ii) ME e (iii) e o índice Valor Patrimonial da ação por Preço, chegando à conclusão de que os índices P/L e ME apresentam uma relação negativa com o retorno médio dos portfólios e o índice Valor Patrimonial da ação por Preço apresenta uma relação positiva. Naga-

no, Merlo e Silva (2003) corroboraram os resultados encontrados por Costa Jr e Neves (2000), com o novo estudo tendo lugar no período entre 1995 e 2000. Lu-cena e Pinto (2008) chegaram a conclusão de ser inte-ressante uma modificação do Modelo de Três Fatores quando aplicado ao mercado brasileiro, melhorando o modelo com a aplicação da equação de variância con-dicionada fornecida pelos modelos ARCH e GARCH. Já Mussa et al. (2011) estudaram o comportamento dos fatores tamanho (ME), Book-to-market (B/M) e Momento no mercado brasileiro em períodos de (i) alta e baixa do mercado acionário e (ii) expansão e retração monetária, chegando a conclusão de que es-ses momentos citados possuem influência significa-tiva no comportamento das variáveis. Os autores en-contraram valorem positivos para o prêmio pelo fator tamanho em momentos de baixa e valores negativos em momentos de alta (respectivamente confirmando e contrariando a literatura consultada). Já o prêmio relacionado ao índice B/M contrariou a literatura, visto que se mostrou mais forte no período de alta do mercado. Sobre o fator momento, os autores não encontraram alterações significativas. Sobre os perío-dos de expansão e retração monetária, apenas o fator relacionado ao B/M se mostrou estatisticamente di-ferente de zero, quando em ambiente de política mo-netária restritiva, contrariando a literatura. Já o fator tamanho sofreu influência positiva em momentos de expansão monetária.

2 METODOLOGIA A metodologia do presente trabalho seguiu o mé-

todo proposto por Costa Jr e Neves (2000), consistin-do na seleção e ordenamento das ações com base nos direcionadores de valor propostos pelos autores e pela literatura da área, sendo eles o índice Preço – Lucro (P/L), Valor de Mercado (VM ou ME) e o índice Va-

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lor Patrimonial/Valor de Mercado (VP/VM ou B/M) e na comparação das carteiras formadas com o índice do mercado e a taxa livre de risco.

As ações foram selecionadas no banco de dados da Economática, com a condição de que tivessem sido negociadas, no mínimo, uma vez ao mês e que possuíssem todos os valores dos direcionadores de valor propostos explicitados. Com a Economática, foram coletados, além das ações, os valores dos dire-cionadores utilizados, as cotações mensais das ações, da taxa livre de risco e do índice de mercado. Des-ta maneira, as carteiras foram formadas anualmen-te, com base nos direcionadores de valor propostos, sempre no mês de dezembro com o intuito de ava-liar se os direcionadores escolhidos possuíam algum conteúdo informacional. Outro motivo para a escolha das carteiras em dezembro foi referente ao período de análise, de modo que o ano de análise coincida com o ano fiscal. Foram formadas 8 carteiras de ativos no final de cada ano, cada uma com 10 ativos cada, com o intuito de se manter um baixo risco diversifi-cável (COSTA JR; NEVES, 2000). O primeiro ano de formação da carteira foi em dezembro de 2006, e seguiu-se a formação das carteiras em dezembro dos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010. Foi escolhido o pe-ríodo de 5 anos com base em Fama (1991, p. 1609), o qual afirma que variáveis como o índice Lucro/Preço – o inverso do índice Preço/Lucro – possuem a capa-cidade de explicar em torno de 25 – 30% da variância dos retornos das ações.

O processo formação seguiu da maneira proposta por Costa Jr e Neves (2000). Primeiramente as ações selecionadas foram ordenadas, de maneira decrescen-te, em função do índice P/L. Em seguida foram sele-cionadas as 80 melhores ações em função desse índice,

formando duas carteiras com 40 ativos cada, onde uma carteira possuía os 40 maiores valores do índice P/L, en-quanto que a outra possuía os 40 menores valores. De forma análoga, para cada uma dessas duas carteiras foi realizado o ordenamento conforme o índice VM e cada uma delas formaram mais duas carteiras cada, perfa-zendo um total de quatro carteiras com 20 ativos cada. Por fim, cada uma dessas carteiras foi ordenada confor-me o índice VP/VM, sendo divididas em duas cartei-ras cada, chegando ao total de 8 carteiras com 10 ativos cada uma delas. Foi calculado o retorno mensal de cada ação e, de posse do valor da rentabilidade das ações, o retorno de cada carteira foi obtido através da média aritmética dessas rentabilidades.

Com as carteiras montadas e seus respectivos re-tornos, compararam-se os seus desempenhos com a taxa livre de risco, que para esse trabalho será utiliza-do o CDI, e com o índice da carteira de mercado, que para esse trabalho será utilizado o desempenho do índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa. Essa comparação se deu n através de uma aplicação de 1 unidade monetária em janeiro de 2007 – após a formação da carteira em dezembro de 2006 – em cada uma das carteiras, no índice Ibovespa e no CDI e se comparou o desempenho de cada ao longo dos anos de 2007 a 2011.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Dadas as carteiras formadas no presente estudo,

foi realizada a aplicação de R$ 1,00 em cada uma das carteiras, no Ibovespa e no CDI no mês de janeiro de 2007. Com o final da aplicação, em dezembro de 2011, o resultado comparativo entre as carteiras, Ibo-vespa e CDI encontram-se no gráfico abaixo:

GRÁFICO 01: RENTABILIDADE DAS CARTEIRAS, IBOVESPA E CDI PARA A APLICAÇÃO DE R$ 1,00 (UM REAL)

Fonte: Elaborado pelos autores.

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As anomalias encontradas na literatura da área se encontram divididas em grupos. Um desses grupos diz respeito a Anomalias do Calendário, que são re-ferentes a períodos do ano em que ocorrem as opera-ções de compra e venda no mercado financeiro. Den-tro das Anomalias do Calendário, o Efeito Mudança de Mês, Dia da Semana e Segunda-Feira (BRUNI; FAMÁ, 1998; MUSSA et al., 2007; CAMARGOS; BARBOSA, 2003) não puderam ser verificados, visto que foram analisadas as cotações mensais das ações, e não as cotações diárias.

O Efeito Mês de Janeiro diz que nesse mês as ações possuem retornos significativamente maiores do que nos demais meses do ano (CAMARGOS; BARBO-SA, 2003). Conforme Da Costa Jr (1990) apud Mussa et al. (2007), o Efeito Mês de Janeiro não foi verifica-do nas cotações do Ibovespa no período estudado, de 1969 a 1988. O mesmo pode-se dizer para o horizonte de estudo do presente trabalho.

Procedendo a uma análise do gráfico elaborado, em jan/08 foi verificada uma queda em todas as car-teiras de ações, inclusive no Ibovespa. Vale ressaltar que a variação do retorno das carteiras acompanhou o índice Ibovespa, mostrando que a diversificação da carteira atingiu um resultado satisfatório. Con-tinuando com a análise a respeito do Efeito Mês de Janeiro, em jan/09 apenas a carteira 7 obteve uma alta em sua aplicação enquanto que as demais car-teiras ora apresentaram uma ligeira queda ou re-tornos constantes. Já em jan/10 as carteiras 3, 7 e 8 apresentaram altas significativas, com principal destaque para a carteira 7. Entretanto, não se pode considerar aí um Efeito Mês de Janeiro visto que essa alta na aplicação seguiu uma tendência que vem desde abr/09, tendência essa que pôde ser verifica-

da nas carteiras 3 e 8 também. As demais carteiras apresentaram leves variações nesse mês, tanto va-riações positivas quanto negativas. Já em jan/11 se verificou queda na aplicação de todas as carteiras. Dada essa análise do gráfico elaborado, foi verifi-cado que o Efeito Mês de Janeiro não foi verificado para o horizonte de estudo do presente trabalho.

Outro tipo de anomalia de mercado é chamado de Anomalias Fundamentais ou Anomalias de Va-lor. Essas anomalias decorrem da utilização de va-riáveis fundamentalistas (direcionadores de valor) com o intuito de avaliar se elas apresentam conteúdo informacional capaz de prever o retorno das ações (BRUNI; FAMÁ, 2003; CAMARGOS; BARBOSA, 2003; MUSSA et al., 2007). Um dos principais estu-dos a nível mundial a respeito desse tema foi o de Fama e French (1992), onde os autores analisaram a relação entre o retorno das ações e os direcionadores VP/VM, alavancagem, tamanho, índice Lucro/Preço, além do beta dos ativos. No Brasil, podem ser citados os trabalhos de Hazzan (1991), que estudou o índice Preço/Lucro (P/L) – o inverso do índice Lucro/Preço estudado por Fama e French (1992) –, Paula Leite e Sanvicente (1990), que verificou se a variável Valor Patrimonial possuía algum conteúdo informacional acerca do desempenho das ações, Costa Jr e Neves (2000), que estudou os índices P/L, VM e Valor Pa-trimonial da ação por Preço e Nagano, Merlo e Silva (2003), que estudou, além dos índices utilizados por Costa Jr e Neves (2000), os índices Liquidez e Ven-das/Preço.

Para proceder à análise acerca das Anomalias Fundamentais, foi revisitado o método utilizado para a composição das carteiras, o qual foi esquematizado na figura a seguir:

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FIGURA 01 MÉTODO DE FORMAÇÃO DAS CARTEIRAS

Fonte: Elaborado pelos autores.

Como dito anteriormente, as carteiras sempre fo-ram ordenadas de maneira a ir do maior valor para o menor. Desta maneira, as ações que tiveram os maio-res valores no índice P/L se se encontram na primei-ra célula (a de cima) de 40 ativos exposta na figura, enquanto que os menores valores estão na segunda célula. Após a ordenação pelo índice VM, se obtém 4 novas células, cada qual com 20 ativos. De manei-ra análoga, se procede a esse ordenamento, agora em relação à variável VP/VM, em cada uma das células chegando às 8 carteiras estudadas.

Após o ordenamento, se percebe que a célula II possui os menores valores P/L enquanto que a célula VI possui os menores valores do índice VM dentre o grupo com os menores valores do índice P/L. Deste

modo, as carteiras 7 e 8 possuem os menores índices combinados de P/L e VM. Pela ordenação com base no índice VP/VM, a carteira 7 possui 10 ações com valores maiores desse índice em comparação com a carteira 8, o que serve para explicar os retornos maio-res dessas carteiras em comparação com as demais, com o Ibovespa e com o CDI.

Essa análise com base nos direcionadores de valor corrobora com os resultados encontrados por Costa Jr e Neves (2000) e Nagano, Merlo e Silva (2003) para dife-rentes momentos do Brasil. Conforme os autores, a va-riável Preço/Lucro – o inverso da variável Lucro/Preço, estudada por Nagano, Merlo e Silva – é inversamente proporcional ao rendimento da carteira. As carteiras que obtiveram valores altos de P/L apresentaram rendimen-

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tos menores que as carteiras com valores baixos de P/L (carteiras 7 e 8). O direcionador VM também apresentou comportamento conforme o exposto pelos autores. Se-gundo Nagano, Merlo e Silva (2003, p. 25),

A associação negativa entre o valor de mercado e os retornos [...] revela o fenômeno denominado de efeito tamanho para o mercado de capitais brasileiro: ações de empresas pequenas proporcionam rentabili-dade superior às de empresas maiores [...].

Já a variável VP/VM, última a ser utilizada no ordenamento das ações, também explicou a diferen-ça de rentabilidade entre as carteiras, onde um alto valor desse direcionador, associado a valores baixos dos índices P/L e ME fez com que o resultado da aplicação de R$ 1,00 na carteira 7 se destacasse das demais em praticamente todos os meses estudados, principalmente a partir de out/07, quando passou a ter um retorno significativamente maior que as demais carteiras, que o Ibovespa e o CDI.

É interessante ressaltar o período entre mai/08 e out/08, marcado por uma forte queda no retorno da aplicação em todas as carteiras. Essa perda de valor ainda se prolongou até dez/08 quando, a exceção da carteira 7, o retorno de todas as carteiras foi abaixo da aplicação inicial de R$ 1,00. O que explica esse fato é a crise financeira surgida nos Estados Unidos durante o ano de 2008 (G1, 2008).

Pode-se perceber através da análise do gráfico que os direcionadores de valor utilizados possuem conte-údo informacional significativo e que o método utili-zado para a formação das carteiras, conforme propos-to por Costa Jr e Neves (2000), se mostrou eficaz em criar carteiras com baixo risco diversificável, como pode ser percebido pelo fato de as carteiras variarem sempre próximas à variação do Ibovespa, além de formar carteiras de ações (carteiras 7 e 8), cujos de-sempenhos se destacaram das demais na maioria dos meses pertencentes ao horizonte de estudo.

No entanto, não se pode generalizar a utilização desse método de seleção de carteiras para outros pe-ríodos, visto que o mercado de capitais é bastante vo-látil, sendo necessários novos estudos utilizando os direcionadores apresentados no presente trabalho, e outros presentes na literatura da área de finanças.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como objetivo avaliar a ca-

pacidade preditiva do desempenho de ações com base em direcionadores de valor, propostos conforme a me-todologia utilizada por Costa Jr e Neves (2000), e que

também foram utilizados por outros autores, como Ha-zzan (1991), Paula Leite e Sanvicente (1990) e Nagano, Merlo e Silva (2003), aqui no Brasil, e em estudos em outros mercados, como um dos principais trabalhos in-ternacionais, o de Fama e French (1992, 1993, 1996).

Para verificar se os direcionadores possuíam as capacidades estudadas pelos autores, o presente estu-do foi realizado em outro momento da economia bra-sileira. O trabalho de Costa Jr e Neves (2000) procu-rou estudar o comportamento dos direcionadores de valor P/L, ME e Valor Patrimonial da ação por Preço no período de março de 1987 a fevereiro de 1996, pe-ríodo em que foi constatada grande inflação no país, principalmente no final dos anos 80 e primeiros anos da década de 90. Já Nagano, Merlo e Silva (2003, p. 18) estudaram “o período entre maio de 1995 e maio de 2000, caracterizado como um período econômico de maior estabilidade, com baixos níveis de inflação”.

Já este presente estudo procurou formar as ações com base nos direcionadores de valor das empresas sempre em dezembro de um ano e avaliando o desem-penho das carteiras formadas ao longo do ano de do ano seguinte. O início da formação das carteiras foi em dezembro de 2006 para serem analisadas ao longo de 2007. Em dezembro de 2007 foram formadas novas carteiras para análise em 2008, e assim sucessivamen-te. As carteiras foram formadas meses de dezembro dos anos de 2006 a 2010, com a análise das carteiras ocorrendo de janeiro de 2007 a dezembro de 2011.

Com base nos resultados ao final do horizonte de tempo estudado, percebeu-se que os resultados con-firmaram os estudos de Costa Jr e Neves (2000) e Nagano, Merlo e Silva (2003), em que os direciona-dores de valor P/L, ME e, no caso do presente traba-lho, VP/VM serviram para explicarem o retorno da aplicação de R$ 1,00 no período de tempo utilizado no presente estudo. As variáveis P/L e ME apresen-taram um relacionamento negativo com o retorno das ações, enquanto que a variável VP/VM apresentou um relacionamento positivo. Quanto maior o VP/VM maior o retorno das ações. Esses resultados também confirmam os resultados de Hazzan (1991) sobre o índice P/L. Nas carteiras ordenadas, perceberam que aquelas que surgiram dos menores índices P/L e ME apresentaram os melhores retornos ao final do estudo.

Os resultados também confirmaram os resultados encontrados por Fama e French (1992). Segundo os autores, empresas com maiores índices L/P tendem a ter maiores índices VP/VM e, consequentemente, maiores retornos, o que de fato confirma o método utilizado para a formação das carteiras, visto que o

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índice L/P se comporta de maneira inversa ao índi-ce P/L utilizado no presente trabalho. Além disso, foi percebido, também, que o ordenamento proposto por Costa Jr e Neves (2000) se mostrou eficaz em combi-nar ações com baixos valores dos índices P/L e ME e um alto valor de VP/VM confirmando o que foi dito pelos autores americanos.

Sugestões para novos estudos podem ser feitas com base nesta pesquisa. A primeira delas é avaliar o comportamento do mercado acionário frente à te-oria do CAPM, avaliando se o beta teve influência

significante na explicação dos retornos das ações nes-te mesmo período estudado. Outra sugestão vem por parte de Costa Jr e Neves (2000), que seria utilizar direcionadores, como o índice Vendas/Preço, que não fossem influenciados por práticas contábeis, como os utilizados no presente trabalho. Por fim, uma última sugestão de estudo é aumentar o horizonte de estu-do, se valendo de dados mais recentes, como os dos anos de 2012 à 2015 e verificar se os direcionadores de valor continuam tendo significância na explicação do retorno das ações.

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1 – Realização de uma análise prévia pelo editor da revista para verificar se o texto se enquadra dentro das linhas editoriais da mesma.

2 – Envio do texto para, no mínimo, dois avaliadores que, utilizando o sistema blind review, procederão à análise. Depois de aprovado, o texto passará por aconselhamento editorial, revisão ortográfica e gramatical. Após a análise do artigo, os autores são notificados sobre a decisão dos avaliadores. O resultado da decisão poderá ser de quatro formas:a) Aceito sem revisões (ou mínimas revisões).b) Aceito com revisão.c) Sugestão de ressubmissão (onde terá um novo parecer).d) Rejeitado. Caso dois avaliadores rejeitarem-no, o autor será informado. Se tiver um aceite e uma rejeição,

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75 Revista Raunp, v.9, n.1, jun./nov. 2016 ISSN 1984-4204

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apreciação crítica sobre livros e publicações científicas nacionais ou estrangeiras que apresentem conteúdo con-sistente e inovador, de interesse do público da RAUnP. O autor da resenha deverá indicar a área a qual a obra pertence, introduzir a obra, e apresentar uma análise crítica da mesma. Deverá destacar seus pontos fortes e fracos, bem como sua contribuição para a gestão das organizações.As resenhas devem ser apresentadas observando-se as seguintes características técnicas:g Papel: A-4 (21,0 cm x 29,7 cm); g Editor de texto: Word for Windows 6.0 ou posterior; g Margens: superior e esquerda de 3 cm, inferior e direita de 2 cm; g Fonte: Times New Roman; g Tamanho 12; g Espaçamento entre linhas: 1,5; g Tamanho: até 2 páginas.g Referências completas de acordo com a NBR 6023 de 2002 da ABNT (título, dados editoriais da obra comen-

tada - local, editora, ano de publicação, total de páginas e ISBN).g Deverá acompanhar: nome completo do autor, breve curriculum vitae informando titulação máxima, local de

obtenção do título, instituição que trabalha, cargo e e-mail. ENDEREÇO DA REVISTAO e-mail para contato é [email protected], não sendo este o endereço de submissão de textos para a revista.

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