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30% das riquezas do ES vêm do campo Uma publicação Não pode ser vendido separadamente AGROINDÚSTRIA Atividade cresce e ganha importância na economia capixaba SUSTENTABILIDADE Novo Código Florestal oferece segurança jurídica a proprietários rurais EXPORTAÇÕES Qualidade e produtividade para atender mercado internacional PECUÁRIA Soluções para aumentar a produtividade são desafios do setor 30% DAS RIQUEZAS DO ES VÊM DO CAMPO Parte integrante da revista ES Brasil • Edição Nº 112 • Novembro de 2014

Revista ESB Plus Agro

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Parte integrante da Revista ES Brasil - Edição 112

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30% das riquezas do ES vêm do campo Uma

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AGROINDÚSTRIAAtividade cresce e ganha importância na economia capixaba

SUSTENTABILIDADENovo Código Florestal oferece segurança jurídica a proprietários rurais

EXPORTAÇÕESQualidade e produtividade para atender mercado internacional

PECUÁRIASoluções para aumentar a produtividade são desafios do setor

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Parte integrante da revista ES Brasil • Edição Nº 112 • Novembro de 2014

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EDITORIAL

4 www.revistaesbrasil.com.br • @esbrasil • esbrasil

P equeno em sua extensão territorial, mas gigante pela produtividade e pela capaci-

dade de atender os mercados local, nacional e internacional. Essa é a reali-

dade do agronegócio capixaba, setor que motivou a revista ES Brasil a produzir um

conteúdo especial destinado ao segmento, a ES Brasil Plus Agro. Trata-se de uma publicação

voltada para destacar uma área que se consolida cada vez mais como impor-tante ferramenta de promoção do desenvolvimento capixaba, respondendo por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) local, enquanto no Brasil essa proporção é de 22%.

Para conhecer mais a fundo a radiogra�a do campo, assim como todos os benefícios gerados por essa cadeia, você �cará por dentro das áreas mais relevantes do agronegócio, que se encontram distribuídas ao longo desta revista. Nesta edição, traçamos um panorama com ações e projetos que se encontram em andamento para fortalecer ainda mais a atividade no Espírito Santo.

Nesta publicação, você verá itens como café e celulose ainda mantêm uma posição de destaque na produção rural capixaba, mas perceberá que nos últimos anos o Estado vem conseguindo diversi�car seu desempenho. Por exemplo, ainda somos o segundo maior produtor de café do Brasil, mas há que se reforçar o trabalho feito por setores como o de avicultura, que depois de crescer e começar a atender os mercados vizinhos de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, agora já planeja realizar negócios no exterior. Esse movimento já é realizado por itens como pimenta-do- reino, mamão, gengibre e macadâmia, além de carne bovina, derivados lácteos e peixes ornamentais, que somam à pauta capixaba de exportações e possibilitaram a geração de uma receita superior a R$ 4,2 bilhões de janeiro a outubro de 2014, expansão de 6,5% em relação ao mesmo período de 2013.

Falamos ainda sobre os investimentos que estão possibilitando a conquista desses bons resultados, como os programas desenvolvidos pelo Governo do Estado, que estão otimizando a infraestrutura rural em áreas como energia, comunicação, pavimentação de rodovias rurais e ainda a distribuição de máquinas e equipamentos de uso coletivo das organizações de produtos. O interior �cou mais perto da cidade, com a implantação de telefonia móvel e internet 3G em 81 distritos, bene�ciando cerca de 500 comunidades. Os incentivos se dão também através da oferta de crédito, inclusive para estimular a agricultura familiar, o que demonstra a preocupação de desenvolver a atividade como um todo, independente do porte.

O que oferecemos a você, caro leitor, é um verdadeiro documento que traça um amplo cenário do agronegócio no Espírito Santo. Com este material, você vai constatar que, apesar de nem sempre ser percebido pela população, o agronegócio faz parte do cotidiano e consiste em um verdadeiro diferencial para os capixabas.

Tenha uma boa leitura!

Mário Fernando Souza, diretor-executivo da Next Editorial e editor-executivo da ES Brasil

Editor-Executivo Mário Fernando Souza

Gerente de ProdutoFlávia Tristão

Apoio ProduçãoTaíssa Souza

TextosThiago Lourenço e Yasmin Vilhena e Daniel Hirshimann, Fabrício Fernandes, Luciene Araújo, Lui Lima, Marcele Falqueto, Rodrigo Fernandes e Sânnie Rocha

Copidesque Daniel Hirschmann

Edição de Arte Genison Kobe, Thiara Nascimento e Tiago Oliveira

Colaboraram nesta ediçãoCarlos André Santos de Oliveira, Dalton Dias Heringer, Enio Bergoli, Luiz Carlos Leonardi Bricalli e Marcos Guerra

FotografiaJackson Gonçalves, Renato Cabrini, fotos cedidas e arquivos Next Editorial

(27) [email protected] de publicidadeMarcela RohsnerApoio ComercialSabrina Cápua

Gerente de CirculaçãoAline Rezende

Assinatura(27) 2123-6520www.nexteditorial.com.br

Serviço de atendimento ao assinanteSegunda a sexta: das 9h às 18h

Edições anteriores(27) 2123-6520 Contatos com a RedaçãoE-mail: [email protected]: (27) 2123-6500Endereço: Avenida Paulino Müller, 795 Jucutuquara – Vitória/ES – CEP 29040-715

Parte integrante da revista ES Brasil - Edição Nº 112

Diretor-ExecutivoMário Fernando SouzaDiretora de Operações Julicéia Dornelas

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38 Dalton Dias Heringer Fertilização contribui para o aumento da produtividade

52 Luiz Carlos Leonardi Bricalli Agricultura familiar: reconhecimento e conquistas

Artigos

16 AgroindústriaO fortalecimento da agroindústria já vem sendo percebido no Estado, e seus impactos ganham cada vez mais importância na interiorização do desenvolvimento

64 Tecnologia e inovaçãoUm novo olhar sobre a produção agropecuária brasileira vem sendo percebido através de políticas científicas e tecnológicas

48 OvosCom um crescimento acima da média nacional, a avicultura capixaba figura em terceiro lugar no ranking dos maiores produtores de ovos do país

32 FruticulturaApresentando os melhores indicadores de crescimento nos últimos anos, a fruticultura é responsável pela geração de 60 mil empregos no Estado

42 PecuáriaSaiba como funciona a atividade pecuária leiteira do Estado, bem como os principais desafios enfrentados pelos produtores do setor

14 Carlos André Santos de Oliveira O cooperativismo agropecuário no Espírito Santo

72 Enio Bergoli Crédito e desenvolvimento rural no Espírito Santo

NESTA EDIÇÃO

ESB Plus Agro Novembro 2014

8 a io ra a o cam oQuando o assunto é agronegócio, o Espírito Santo sai

na frente. Conheça um pouco mais dessa atividade que tanto contribui para o desenvolvimento capixaba

22 orta esVocê sabe quais são os produtos mais exportados pelo Espírito Santo? Fique por dentro da produtividade capixaba que mais se destaca no exterior

28 CaféConsiderado um dos produtos mais comercializados no mundo, o café representa 45% do valor bruto da atividade agrícola do Espírito Santo

58 ÁguaUma das principais aliadas do homem, a água também lidera as preocupações dos produtores rurais devido à seca de várias bacias hidrográficas capixabas

54 Código FlorestalFique por dentro de todos os aspectos do novo Código Florestal brasileiro, alvo de muitas polêmicas durante seu processo de aprovação

70 ic lt raA alta aptidão para a produção de mel de diversas floradas faz com que o Espírito Santo seja o lugar ideal para a prática da apicultura

26 Marcos Guerra A força do agronegócio

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6 www.revistaesbrasil.com.br • @esbrasil • esbrasil

BAMUCURICI

ECOPORANGA

ÁGUA DOCEDO NORTE

VILA PAVÃO

NOVA VENÉCIA

BOA ESPERANÇA

BARRA DESÃO FRANCISCO

MANTENÓPOLIS

ÁGUIA BRANCA

SÃO GABRIELDA PALHA

VILA VALÉRIO

SOORETAMAPANCAS SÃO DOMINGOSDO NORTE

GOVERNADORLINDENBERG RIO BANANAL

MARILÂNDIA

COLATINA

BAIXOGUANDU

ITAGUAÇUSÃO ROQUEDO CANAÃ JOÃO NEIVA

ARACRUZ

IBIRAÇU

FUNDÃOSANTA TERESA

ITARANA

SANTA MARIADE JETIBÁ

SANTALEOPOLDINA

SERRA

VITÓRIACARIACICADOMINGOS MARTINS

VIANAVILA VELHA

LARANJADA TERRA

AFONSO CLÁUDIO

BREJETUBA

IBATIBA

IRUPI

IÚNA

IBITIRAMAMUNIZ FREIRE

VENDA NOVA DOIMIGRANTE

CONCEIÇÃO DOCASTELO

CASTELO

MARECHAL FLORIANO

ALFREDO CHAVESVARGEM

ALTA

ICONHA

RIO NOVODO SUL

CACHOEIRO DEITAPEMIRIM

JERÔNIMOMONTEIRO

SÃO JOSÉ DOCALÇADO

BOM JESUSDO NORTE

APIACÁ

MIMOSO DO SUL

ATÍLIOVIVÁCQUA

ITAPEMIRIM

PRESIDENTEKENNEDY

MARATAÍZES

MUQUI

PIÚMA

GUARAPARI

ANCHIETA

DIVINO DE SÃOLOURENÇO

DORES DORIO PRETO

GUAÇUÍ

ALEGRE

LINHARES

ALTO RIONOVO

JAGUARÉ

SÃO MATEUS

MONTANHA

PEDROCANÁRIO

PINHEIROS

PONTOBELO

CONCEIÇÃODA BARRA

MG

RJFonte: Seag

Metropolitana

Polo Linhares

Metrópole Expandida Sul

Sudoeste Serrana

Central Serrana

Litoral Norte

Extremo Norte

Polo Colatina

Noroeste 1

Noroeste 2

Polo Cachoeiro

Caparaó

Distribuição de produtos por municípios e microrregiões

Atividades Produtivas no ES

Abacaxi

Acerola

Aquicultura

Avicultura de corte

Avicultura de postura

Banana

Cacau

Cana-de-açúcar

Coco

Café arábica

Café conilon

Eucalipto

Gengibre

Goiaba

Hortaliças

Inhame

Laranja

Macadâmia

Mamão

Manga

Maracujá

Mexerica

Morango

Pecuária de leite

Pecuária de corte

Pesca

Pimenta-do-reino

Pimenta rosa

Seringueira

Suinocultura

Uva

MAPA AGRO ES

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por Marcele Falqueto

A força do agronegócio no Espírito Santo

RADIOGRAFIA DO CAMPO

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Conheça a atividade que coloca o Estado em posição de destaque no Brasil

No Espírito Santo, o agronegócio responde por 30% do PIB, acima da

média nacional de 22%

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A população capixaba pode não ter ideia da impor-tância do agronegócio para o crescimento do Estado, mas mesmo não sendo notado por muitos, é ele quem

movimenta todos os aspectos da economia local. Enquanto no Brasil essa atividade é responsável por 22%

do Produto Interno Bruto (PIB), no Espírito Santo o índice sobe para 30%. Os dados comprovam essa importância. O valor bruto da produção agropecuária no Espírito Santo saltou de R$ 4,95 bilhões em 2010 para R$ 7,5 bilhões em 2013.

“Os números comprovam que não podemos menosprezar o potencial do agronegócio capixaba e, principalmente, do agri-cultor. Trata-se de um negócio que movimenta bilhões e alavanca a nossa economia”, explica o economista Clóvis Vieira.

Quase tudo o que é colocado na mesa do capixaba é produto da agricultura, seja de origem animal ou vegetal, ao natural ou processado. A lista inclui as frutas e os sucos, a carne e os embutidos, o café e o leite, as hortaliças e as conservas e muitas bebidas.

A atividade não está relacionada apenas à alimentação. Ela ainda está presente na vida das pessoas, por exemplo, com o fornecimento de madeira para móveis e construções, por meio das �orestas plantadas, ou pela produção de energia com os biocombustíveis.

Essa cadeia produtiva começa na comercialização de insumos, como sementes e fertilizantes, vai até a compra de máquinas e só termina na distribuição logística e no consumo de alimentos – no Brasil ou fora dele. “O agronegócio é uma atividade ampla e complexa, que gera muitas oportunidades no campo e na cidade”, diz o secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli.

O Espírito Santo, apesar da pequena extensão territorial, é considerado um gigante quando o assunto envolve a agricul-tura e os negócios relacionados a ela. Essa condição é fortalecida por sua diversidade de ambientes, com uma riqueza natural pouco vista nos demais estados da federação. “Comercialmente, mais de 100 atividades agrícolas são praticadas no Estado”, completou Bergoli.

Quando são somadas as agregações em todos os elos das cadeias produtivas que têm como base a agricultura, o setor passa a se denominar agronegócio. Sob essa ótica, revela-se como o segmento mais importante para 61 dos 78 municípios capixabas, em termos de geração de emprego e renda. Movimenta, anualmente, em torno de R$ 22,5 bilhões e emprega algo em torno de um a cada três ou quatro trabalhadores capixabas.

COMPETÊNCIA NO EXTERIOR As exportações do agronegócio capixaba atingem uma média

anual de US$ 2 bilhões em produtos ao natural ou processados, que chegam a cerca de 100 países. Nos últimos anos ganham

destaque especiarias e condimentos, como o gengibre, a pimenta-do-reino e a pimenta rosa.

“São três produtos típicos da agricultura familiar capi-xaba, com grande parte da safra comercializada no exterior, que estão numa fase de preços altos e com ótima remuneração para os produtores rurais”, enfatizou Bergoli.

A pauta das exportações do agronegócio capixaba é bastante diversificada, mas celulose e café são os produtos mais importantes no comércio exterior, pois respondem por quase 90% do total comercializado. O quadro se completa com chocolates, derivados lácteos, carne bovina, mamão, peixes ornamentais, macadâmia, dentre outros.

Apesar do crescimento de outras culturas, o café ainda é o principal destaque agrícola local. O Estado é o maior produtor de conilon do Brasil e o vice-líder como um todo. Graças à cafeicultura capixaba, o país tem a segunda maior safra de café robusta do mundo, perdendo somente para o Vietnã.

OS INVESTIMENTOS PÚBLICOS NO SETORO mundo é cada vez mais urbano, e o Espírito Santo não

é diferente. Da população capixaba, 85% dos moradores vivem em áreas urbanas e no máximo 15% estão no meio rural. Mas isso não quer dizer que esses 85% são totalmente ligados às cidades, porque em grande parte dos municípios, sobretudo naqueles abaixo de 50 mil habitantes, os moradores mantêm relação direta com o campo.

A segurança pública é um desa�o para as médias e grandes cidades e tem relação direta com o meio rural. No passado, em todo o Brasil, a falta de planejamento e incentivo para

a ro e cio ma ativi a e am la e com le a e era m itas o ort i a es o cam o e a ci a e io er oli secret rio esta al e ric lt ra

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modernas permitem ligar vários equipamentos utilizados com finalidade de produção agrícola ao mesmo tempo sem que ocorram quedas de energia.

O presidente da Associação de Pescadores e Aquicultores do Espírito Santo, Manuel Bueno, conhecido como Nego da Pesca, a�rma que, apesar da necessidade de novos investimentos, muito já foi feito pelo setor público para o segmento, que abrange 70 mil famílias. “O Governo do Estado investiu no escoamento da pesca, que era um dos nossos principais gargalos”, a�rma.

Outro avanço é a chegada de telefonia móvel e internet 3G a diversos pontos do interior. Com a implantação de 81 torres em 81 distritos, cerca de 500 comunidades rurais já possuem acesso a essas tecnologias.

“Com os novos sistemas de comunicação, moradores e visitantes das comunidades terão melhores oportunidades de negócios, trabalhos, conhecimento e diversão, com a possibilidade de acesso aos sinais para uso de telefones celulares, smartphones, computadores e outros aparelhos de informática e comunicação”, explica a gerente regional da Vivo, Erica Nápoles.

A Telefônica Vivo foi a empresa de telecomunicações que venceu a licitação do programa Comunicação no Campo, que é coordenado pela Seag, contando com incentivo de ICMS.

Cerca de 150 mil pessoas residentes na área rural foram bene�ciadas. “Essa iniciativa é muito importante para o Estado. Além de aumentarmos nossa cobertura, estamos possibilitando a inclusão das pessoas da área rural no mundo digital. Trata-se de um marco, um diferencial para o interior capixaba. O rural passou a ter serviços de comunicação de qualidade, com a mesma e�ciência existente nos centros urbanos”, diz Erica.

O Governo Estadual também investiu muito em máquinas e veículos, para o uso por prefeituras, associações e cooperativas

rurais. Foram quase 5 mil equipamentos adquiridos em quatro anos.

Outro instrumento para fomentar a ativi-dade no campo é o Plano de Crédito Rural para o Espírito Santo, que vai de julho de 2014 a junho de 2015. O objetivo é efetivar mais de 70 mil operações, com R$ 2,7 bilhões disponíveis. Especi�camente para a agricul-tura familiar, foram destinados R$ 1 bilhão, para mais de 44 mil operações, e para a agricultura não familiar, a meta é investir R$ 1,7 bilhão, em mais de 26 mil operações.

OS DESAFIOSA atividade, que cresce a cada ano, tem entre

os principais obstáculos as intempéries da natu-reza. Por isso, segundo o economista Clóvis Vieira, a agricultura ainda precisa de créditos especiais, pois depende das mudanças da

“As lavouras estão expostas à ação da chuva, do sol e das enchentes” Clóvis Vieira, economista

o homem do campo contribuiu para um fluxo migratório não desejado para as cidades em busca de oportunidades. Hoje, no entanto, o que se observa é que as famílias já veem novas perspectivas no campo.

Para incentivar o setor do agronegócio, contribuindo com essa nova visão, o Governo do Estado desenvolve programas de apoio à infraestrutura rural nas áreas de energia, comunicação, pavimentação de rodovias, e distribuição de máquinas e equi-pamentos para o uso coletivo das organizações dos produtores.

Por meio da Secretaria Estadual de Agricultura, Abaste-cimento, Aquicultura e Pesca (Seag), já foram implantados 277 quilômetros de redes elétricas trifásicas, resultado do programa Energia Mais Produtiva. Até o fim do ano, esse número chegará a 327 quilômetros. As redes mais

Atividade agrícola não está ligada apenas à alimentação. Inclui outras

frentes, como produção de madeiras, or meio as orestas la ta as

e biocombustíveis

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natureza, sendo algumas não programadas. “As lavouras estão expostas à ação da chuva, do sol e das enchentes”, destaca.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, alerta sobre a necessidade de se debater a situação dos pequenos produtores do Estado.

Segundo ele, o baixo índice de inadimplência dos agricultores é um fato positivo no Espírito Santo. O problema é que muitos pagam as dívidas mediante sacrifício de patrimônio. Outro ponto importante é que poucos conseguem pagar um seguro para a lavoura, o que aumenta os riscos de perda. “Nos Estados Unidos, 90% da safra têm seguro”, explicou.

Já quando o balanço hídrico é negativo, é necessário alternativas para o abastecimento da água e a substituição de equipamentos de irrigação antigos por novos. O objetivo é utilizar racionalmente o recurso, já que o ano de 2014 foi marcado por uma intensidade alta de seca em várias bacias hidrográ�cas do Estado, a exemplo da bacia do rio Doce e vários de seus a�uentes.

UM NOVO HOMEM DO CAMPOMais do que abrir caminhos e oportunidades para o

homem do campo, é preciso fortalecer a autoestima de quem trabalha para colocar o alimento na mesa do consumidor �nal. A agricultura familiar está presente em todos os municípios capixabas e é responsável por mais de R$ 3 bilhões (44%) da riqueza produzida no meio rural capixaba.

“Nos últimos anos, o urbano passou a entender a importância do campo na qualidade de vida das famílias que vivem nas cidades”, explica Enio Bergoli. Hoje, um dos principais focos nesse processo de valorização é a juventude rural, na faixa etária entre 14 e 29 anos, a que mais migrou para as cidades nos últimos anos.

Segundo o secretário, um modelo inadequado de ocupação no campo gera essa migração para os centros urbanos, o que contribui para o aumento da violência, já que, quando faltam oportunidades, o caminho para o agricultor são as periferias das grandes cidades.

Nesse contexto, a modernização da agricultura é o grande incentivo para a manutenção da juventude no campo. Para as famílias, um dos principais combustíveis são as agroindústrias artesanais rurais, que contribuem para o aumento da renda, em especial dos idosos e das mulheres. “O produtor já pode se orgulhar de viver no interior”, assegura Bergoli.

la o e r ito ral m os i str me tos ara ome tar o a ro e cio o s rito a to

o te ecretaria sta al e ric lt ra e ssocia o e esca ores e ic ltores o s rito a to

PIB do agronegócio

R$ 22,5 bilhões

Crédito Rural Aplicado

mais de R$ 2 bilhões/ano

Valor bruto da produção agropecuária

R$ 7,5 bilhões

O agronegócio ocupa mais de

25% da população economicamente ativa

US$ 2 bilhões exportados ao ano em produtos

do agronegócio

Cerca de 18 mil pescadores (mar e águas interiores) e 70 mil famílias vivem da pesca

Mais de 100 atividades agrícolas são praticadas no ES

Mais de 100 mil propriedades rurais

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Sicoob-ES apoia investimentos no agronegócio capixaba

Foto

s: Di

vulg

ação

A lém de possuir em seu quadro de associados desde produtores familiares a empresas com grandes volumes de produção e até exportação, o Sicoob tem exercido

papel relevante na concessão de crédito e apoio ao meio rural capixaba. No Espírito Santo, a instituição �nanceira é a segunda principal aplicadora de crédito rural e a principal repassadora de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).

A cooperativa incentiva ainda a atividade familiar por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), cujos recursos podem �nanciar o custeio e investimentos para quem se enquadrar nas exigências da iniciativa. O Sicoob também possui aportes para investimentos repassados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de outras linhas de crédito para pessoas de todos os segmentos da economia. São diversas modalidades de �nanciamento para quem deseja abrir uma empresa ou incrementar o negócio.

Sendo reconhecido por sua capacidade de gerar soluções adequadas e sustentáveis para seus sócios, o Sicoob se consolida como instituição financeira que contribui para o desenvolvi-mento econômico e social de seus associados e do Espírito Santo. São mais de 155 mil sócios em território capixaba, que contam com 89 pontos de atendimento espalhados pelo Estado, além de toda a estrutura de terminais de autoatendimento e transações realizadas pela internet, por meio do mobile banking.

EXPANSÃO DE ATIVOSNo final do 1º semestre de 2014, a instituição passou a

administrar R$ 3 bilhões em ativos – bens e direitos com valor comercial da cooperativa, que inclui, entre outros, empréstimos, imóveis, máquinas e equipamentos. Esse foi um dos principais resultados apresentados pela entidade no período, representando alta de 34% em relação aos seis primeiros meses de 2013. “O ritmo de crescimento do Sicoob nos permite ter a certeza de que obteremos mais avanços em pouco tempo”, a�rma o presidente da cooperativa no Espírito Santo, Bento Venturim.

O lucro obtido, também chamado de “sobras”, na linguagem do cooperativismo, atingiu R$ 84,3 milhões em junho, crescimento de 31,8% na comparação com o 1º semestre de 2013, resultado do aumento dos negócios dos sócios com as cooperativas e da e�ci-ência na administração dos recursos.

O Sicoob atualmente é a terceira maior rede em pontos de atendimento do Espírito Santo, atuante em 65 municípios capixabas. Para ampliar sua presença, este ano foram inauguradas mais duas agências, sendo uma em Riviera da Barra, em Vila Velha, e a outra em Jardim da Penha, em Vitória. A organização conta ainda com três agências no Rio de Janeiro e opera em 25 estados e no Distrito Federal, com 2,2 mil pontos de atendimento e 2,8 milhões de associados.

Instituição é a maior repassadora de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) no Espírito Santo

FATOS

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O cooperativismo agropecuário no ES

Carlos André Santos de Oliveira

O cooperativismo no Espírito Santo mostra-se um setor cada vez mais representativo para a economia capixaba. Em 2009, as cooperativas respondiam com apenas 1%

do PIB capixaba, passando para 3,8% em 2013. Uma expansão expressiva para a economia local, maior até que o crescimento do próprio Estado.

Contando com cerca de 225 mil cooperados e mais de 7 mil empregos gerados pelas 145 cooperativas registradas no Sistema OCB/ES, o cooperativismo mostra a sua força na união de pessoas. Nesse contexto, citamos o ramo agropecuário, que, sozinho corresponde a 1,1% do PIB capixaba, sendo formado por 37 cooperativas, 27 mil cooperados e aproximadamente de 2,5 mil empregos diretos gerados.

Sendo em sua maioria formadas por agricultores familiares, as cooperativas tornam-se um diferencial para que essas famílias participem do mercado de forma mais justa e competitiva, como, por exemplo, na negociação e na compra de insumos, que pode signi�car uma redução de custos relevante para o produtor rural. Além disso, as cooperativas se diferenciam pelo poder de barganha, que é muito maior em conjunto.

DESAFIOSO maior desa�o do ramo hoje é a agregação de valor ao produto.

Existem exceções. Porém, para ser competitivo no mercado, a solução passa bem longe de se produzir e comercializar o básico. Existem países, por exemplo, que não produzem o café para o próprio consumo, mas o industrializam e o exportam mais do que o Brasil. Temos a maior cooperativa de café conilon do mundo e também

importantes cooperativas de café arábica, mas representamos apenas 15% do total de café do Estado. O objetivo tem que ser aumentar a participação das cooperativas na vida dos produtores capixabas, trazendo maiores benefícios, industrializando seus produtos e diversi�cando suas atividades.

Os desafios são muitos e precisamos vencê-los através da pro�ssionalização da gestão, do posicionamento estratégico no mercado, diminuindo cada vez mais o espaço para os concorrentes.

O cooperativismo agropecuário é feito, em sua maioria, por pequenos e médios agricultores que sozinhos mal conseguiriam

sobreviver no campo, mas que juntos formam uma das maiores potências econômicas do Espírito Santo!

RECONHECIMENTOAs cooperativas agropecuárias capi-

xabas também vêm crescendo no cenário econômico nacional. No prêmio Melhores e Maiores 2013, da revista Exame, considerado o anuário mais respeitado

do mercado corporativo brasileiro, a Coopeavi foi eleita a maior empresa no setor de nutrição e saúde animal do Estado e a nona do país. No ranking geral das 400 maiores do agronegócio brasileiro, a cooperativa saltou da 383ª posição para a 349ª.

Já entre as empresas de leite e derivados do Brasil, a Selita está entre as 14 maiores em faturamento anual na categoria agronegócios, sendo a 4ª cooperativa em seu setor. E entre as 400 maiores dessa categoria, a Selita �gurou na posição 336 em 2012, saltando 24 posições em relação a 2011.

Carlos André Santos de Oliveira é superintendente do Sistema OCB-Sescoop/ES

UNIÃOARTIGO

Setor amplia sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo e mostra que sua força está na união de pessoas

O objetivo tem que ser aumentar a participação

das cooperativas na vida dos produtores capixabas, trazendo maiores benefícios, industrializando seus produtos e diversificando suas atividades”

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rasil • o 15

Programa Frisa no Campo leva informações a pecuaristas do ES

D esde meados de 2014, pecuaristas do Espírito Santo estão contando com mais uma ação que busca a promoção da qualidade do rebanho capixaba. É o programa Frisa no

Campo, que em parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf-ES) cria materiais que levam infor-mações para que os produtores possam se desenvolver e oferecer matéria-prima de melhor qualidade, bene�ciando a carne que chega à mesa dos capixabas.

A primeira ação foi uma cartilha que instruiu os pecuaristas sobre os cuidados com a vacinação do rebanho contra a febre a�osa. “É importante que a vacina seja aplicada da forma correta, evitando lesões nos animais, com higienização, manejo e temperatura adequada, por exemplo. Como cumprimos as normas sanitárias, somos �scalizados pelos órgãos responsáveis e prezamos pelo produto oferecido. A carne é descartada se não estiver em

conformidade com os padrões”, explica o analista de Marketing da Frisa, Igor Alfredo Passamani.

A intenção é expandir o projeto a partir de 2015, com a criação de uma equipe de trabalho composta por profissionais como zootecnistas e veterinários, que visitarão produtores das regiões norte e noroeste. “A empresa terá um braço para atuar junto aos pecuaristas e orientá-los no sentido do manejo dos animais, cuidados com o pasto e períodos de engorda, por exemplo, para garantir a rentabilidade do animal”, acrescenta Passamani.

Em uma segunda etapa, o frigorí�co pretende levar o “Frisa no Campo” para Nanuque, em Minas Gerais, e Teixeira de Freitas, na Bahia, onde também conta com unidades de abate. Entre os prováveis temas que ainda serão abordados pelo programa, estão “Cuidados com a Pastagem” e “Cuidados com o Manejo Animal”, voltados para a questão do bem-estar do rebanho.

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FATOS

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por Daniel Hirschmann

AGROINDÚSTRIA

O campo com valor agregadoCom participação de cerca de 30% no PIB capixaba, agronegócio vê o desenvolvimento da agroindústria gerar produtos de qualidade no Espírito Santo

om base orestal r ria unidade da Fibria em Barra do Riacho possui capacidade para produzir anualmente 2,3 milhões de toneladas de celulose branqueada

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O agronegócio capixaba responde hoje por cerca de 30% do Produto Interno Bruto do Espírito Santo, índice superior à média nacional, que �ca

em torno de 24%, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Além disso, envolve aproximadamente 40% da população economicamente ativa do Estado, em ações que vão além da produção primária e abrangem também a agroindústria, a comercialização e outros serviços especializados. Essa realidade, no entanto, passa despercebida por muitos consumidores, que observam apenas a produção agrícola e não imaginam o quanto a agroindústria capixaba vem se fortalecendo e, cada vez mais, ganhando importância na economia estadual, com impactos na interiorização do desenvolvimento, na geração de empregos, na distribuição de renda e na redução da pobreza em níveis superiores à média nacional.

Exemplo disso é a agroindústria do leite. “Sendo a atividade leiteira capixaba constituída de mais de 75% de mini e pequenos produtores, esse setor estaria praticamente em extinção, se quase a totalidade do leite não fosse processada e industrializada no Estado”, comenta o diretor-presidente da Cooperativa Veneza, José Carnieli. Ele lembra que, nesse processo, as cooperativas acabam sendo “extremamente importantes para os municípios do

interior, visto que em alguns, depois das prefeituras, são as que mais empregam nas regiões onde atuam”.

Essa importância também pode ser sentida na indústria de torre-fação e moagem de café, hoje com 38 indústrias e 56 agroindústrias em atividade no Espírito Santo. Juntas, elas produzem em torno de 1,2 tonelada e movimentam R$ 12 milhões por mês, empre-gando diretamente 700 colaboradores. São números signi�cantes, em relação a outros estados, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Torrefação e Moagem de Café do Espírito Santo (Sincafé), Sérgio Brambilla. “Nós trabalhamos muito para o consu-midor preferir produtos regionais”, destaca.

Se o pasto e as plantações alimentam as agroindústrias de laticínios e café, outro produto do meio rural capixaba sustenta um dos maiores complexos industriais presentes no Estado. Com uma base �orestal própria para suprir suas necessidades na unidade de Aracruz, a Fibria tem 210 mil hectares de plantios de eucalipto, intercalados com 134 mil hectares de �orestas nativas preservadas nos estados do Espírito Santo, da Bahia e de Minas Gerais. A unidade localizada em Barra do Riacho é composta por três linhas de �bra, com capacidade anual de 2,3 milhões de toneladas de celulose branqueada.

Mas as �orestas capixabas não resultam apenas no papel que chega a consumidores do Estado e do mundo todo. Outro setor vem abrindo caminhos e ganhando espaço. Apesar do Espírito Santo ter muitas plantações de eucaliptos voltadas para a celulose, nos últimos anos as �orestas capixabas estão dando mais espaço, também, aos eucaliptos para caixarias, estrados para camas (palet), além de madeiras para cercas, currais, cabanas, casas rústicas, entre outros itens. “São produtos que empregam muita mão de obra local e geram ganhos para pequenos plantadores e pequenas empresas, na produção”, salienta o presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira na Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), Luiz Rigoni.

AGROLEGALAções do Plano de Desenvolvimento da Agroindústria Familiar e do Empreendedorismo Rural

o te eres

Edição de legislações estaduais para desburocratização do registro sanitário das agroindústrias;

Auxílio do Governo do Estado aos municípios para a criação ou estruturação das órgãos de licenciamento sanitário nos municípios, com orientação técnica e doação de equipamentos, possibilitando melhor atendimento aos produtores;

Reuniões de orientação, palestras e seminários para esclarecimento das legislações envolvidas na regularização das agroindústrias, alcançando mais de 2.000 participantes;

Produção e distribuição de cartilha direcionada aos produtores rurais para esclarecimento de como regularizar sua agroindústria;

Cursos de capacitação em Boas Práticas de Fabricação para produtores e técnicos municipais e estaduais do setor, buscando a produção de alimentos de melhor qualidade e seguros para o consumo.

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Em breve, segundo ele, o Estado terá uma unidade da Placas do Brasil, às margens da BR-101, próximo a Pedro Canário, que demandará muitos eucaliptos para a fabricação de chapas e resultará em parcerias com propriedades da região. “Temos o sexto maior polo moveleiro do Brasil e estamos crescendo e sendo reconhecidos por todos”, destaca Rigoni, que também é diretor-presidente da Móveis Rimo.

QUALIDADEUma das características dessa agroindustrialização capi-

xaba é o pro�ssionalismo, mesmo que boa parte da produção seja feita em unidades familiares. Segundo Carnieli, da Veneza,

a produção de leite de forma mais profissional é conseguida mediante a aplicação de tecnologia, bem como da melhoria da alimentação e da genética. Tudo isso exige, também, parceria com outros elos da cadeia produtiva, como a do milho, da soja, da cana-de-açúcar e das fábricas de rações.

Aí, no entanto, aparece um dos entraves ao segmento. “Embora a atividade leiteira dependa fundamentalmente desses setores, o Espírito Santo não tem muita vocação e topografia favoráveis a essas atividades, o que acaba gerando a necessidade de importação de outros estados, elevando os custos de produção do leite e tornando o setor da agroindústria do leite pouco competitivo”, lamenta.

Em relação à agroindústria do café, praticamente todas as atividades são desenvolvidas em regime familiar, oferecendo produto de suas propriedades. “São sempre cafés de qualidade e com uma logística de venda limitada, praticamente, à sua região”, explica Sergio Brambilla. O Sincafé acredita em um crescimento da ordem de 4,5% neste ano, segundo levantamento nacional feito pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

O resultado se deve, em parte, ao trabalho desenvolvido em eventos e feiras em que os produtores capixabas mostram o potencial do Espírito Santo para levar ao mercado um café de qualidade, que agrada aos consumidores. “O setor também está oferecendo um número bem expressivo de cafés diferenciados, e isso tem despertado o desejo de consumir a bebida, tanto no lar quanto nas cafeterias, onde

Interiorização do desenvolvimento com geração de emprego e renda são marcas da agroindustrialização no Estado

Tecnologia e melhorias na alimentação e genética marcam

produção leiteira da Veneza

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observamos um crescimento signi�cativo”, comenta Brambilla. Segundo a Abic, o consumo no Espírito Santo é de cerca de 290 milhões de litros da bebida, o que representa 1,5% do café consumido no Brasil, de quase 6 bilhões de xícaras por ano.

Da mesma forma, a indústria moveleira capixaba se prepara para um salto. Luiz Rigoni aposta na fábrica de chapas, somada às novas tecnologias implantadas, que se re�etem na qualidade dos produtos. Mas também vê di�culdades a superar. “As maiores são a carga tributária elevada, que di�culta o pagamento, e o número de tributos exagerado, di�cultando o seu real cumprimento”, aponta.

Em meio aos desa�os, a agroindústria busca formas de crescer mais. A Veneza, por exemplo, vem trabalhando em projetos – Faeve 1 e 2 – para compra e recria de bezerras leiteiras, fruto de inseminação arti�cial, que serão revendidas com seis a sete meses de gestação para o mini e o pequeno produtor. Outro projeto – Aplenc – é responsável por compra e repasse de insumos básicos na alimentação do gado de leite, a fim de otimizar custos, pela compra conjunta. Além disso, em parceria com Sebrae, OCB/Sescoop-ES e Secretaria de Agricultura do Estado (Seag), implantou um Programa de Consultoria aos produtores, para melhorar a gestão da propriedade leiteira. “Somente com organização e capacitação de produtores, por meio de programas como o Leite Certo e Balde Cheio, que oferecem toda a assistência técnica, melhorias de tecnologias e manejo, é possível ao cooperado mudar a realidade da atividade leiteira do norte do Espírito Santo”, explica Carnieli.

AGROINDÚSTRIA FAMILIAROutro programa que está fortalecendo a atividade local

é o Plano de Desenvolvimento da Agroindústria Familiar e do Empreendedorismo Rural (Agrolegal). Lançada em 2013, a iniciativa busca promover o desenvolvimento das agroindústrias familiares e dos empreendedores rurais, possibilitar aos agricultores familiares a agregação de valor à produção primária, por meio da agroindustrialização, e outras formas de empreender no campo. Além disso, visa a estimular a formalização dos empreendimentos, ampliar seus canais de comer-cialização e melhorar a renda e as condições de vida das famílias.

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O Agrolegal envolve ações que vão de edição de legislações estaduais para desburocratizar o registro sanitário, auxílio do Governo do Estado na criação de órgãos de licenciamento sanitário municipal, reuniões, a palestras e seminários sobre a regularização das agroindústrias. Por meio de cursos de Boas Práticas de Fabricação, também dá aos produtores e aos técnicos municipais e estaduais do setor orientações para a obtenção de alimentos de melhor qualidade e mais seguros para o consumo.

Segundo a gerente de Integração Regional da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), Marg Margareth de Lima, o último levantamento do Incaper no Espírito Santo apontou mais de mil iniciativas de agroindustrialização, algumas com atividades ainda incipientes e outras com a operação já consolidada. “Nesse segmento, destaca-se a produção de queijos, pani�cação e massas, doces de frutas, conservas vegetais, embutidos e bebidas, como vinhos e licores”, explica.

Ela lembra que o turismo não é considerado uma atividade de agroindústria, mas está diretamente ligado ao tema, já que os produtos regionais das agroindústrias familiares são um dos principais atrativos das rotas de agroturismo.

“Segundo os dados do Agrolegal, a agricultura familiar representa cerca de 80% dos produtores rurais no Espírito Santo”, diz. A gerente da Aderes explica que as novas ocupações desenvolvidas por agricultores familiares, com a agregação de valor aos produtos em pequenas agroindústrias e a oferta de produtos e

Levantamento do Incaper apontou mais de mil iniciativas de agroindustrialização no ES

serviços relacionados ao turismo rural, vêm gerando uma renda média mensal de R$ 1.254,90.

DESAFIOApesar da agroindustrialização ser cada vez mais difundida

entre os produtores da agricultura familiar, essa transição de produtor de matéria-prima para produtor/fornecedor de produto acabado é um desa�o, devido à maior complexidade do processo.

“Os consumidores das regiões urbanas têm, cada vez mais, procurado por produtos mais saudáveis, naturais e que remetem ao campo, o que tem impulsionado a procura por produtos da agricultura familiar”, observa Marg Lima.

Além disso, os projetos de compras governamentais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos, também impulsionaram a agroindustrialização, pois os produtores perceberam a grande demanda. No entanto, no atendimento desse mercado, ainda há obstáculos, como a di�culdade de acesso à informação, ou a burocracia na regularização sanitária e ambiental das agroindústrias e no acesso ao crédito das linhas de �nanciamento especí�cas para o agricultor familiar.

Diante dos desa�os e do potencial da agroindústria no Espírito Santo, Marg Lima indica o caminho a seguir: “Para a manutenção das agroindústrias e ampliação de mercado, os produtores necessitam se voltar para a melhoria da qualidade dos produtos e na gestão de seus empreendimentos, possibilitando uma maior pro�ssionalização da produção.”

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rasil • o 21

Novo Conselho e Diretoria Executiva no CCCV

S erá realizada no dia 11 de dezembro a posse do novo Conselho de Administração e da nova Diretoria Executiva do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV),

eleitos para o biênio 2015/16. O novo comando pretende dar continuidade às ações desenvolvidas nos últimos quatro anos pela atual gestão e que resultaram em conquistas para o setor.

Nesse período, os esforços da entidade se concentraram em duas importantes frentes de trabalho: o auxílio ao combate de práticas anticoncorrenciais, por meio do aperfeiçoamento da legislação do PIS/Co�ns e do ICMS, e o fortalecimento da imagem institucional. De acordo com a atual diretoria, foram anos de muita luta e trabalho, e o resultado pode ser constatado com as conquistas e os avanços alcançados.

Constituído em 1947, o CCCV tem como missão fortalecer o setor cafeeiro no Espírito Santo, representando as empresas que

comercializam o produto tanto no mercado interno quanto externo. Ao longo de sua história, a entidade tem ampliado os serviços oferecidos ao mercado.

O Centro se encarrega ainda de elaborar e publicar periodica-mente as estatísticas de exportação pelo Estado, além dos preços de café praticados em Vitória. A cotação diária do produto e a oferta de cursos de classi�cação e degustação de café também são outros serviços prestados.

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FATOS

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por Rodrigo Fernandes

Espírito Santo, o pequeno gigante da exportação brasileiraEm 0,54% do território nacional, a produtividade capixaba se destaca no mercado exterior

EXPORTAÇÃO

Localização estratégica do sta o be e cia i vestime tos

voltados tanto para o mercado externo quanto o interno

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mais importante em 80% dos municípios capixabas. Dentro desta realidade, além de ser o maior produtor de café conilon (70% da safra brasileira) e o segundo maior de cafés do Brasil, o Espírito Santo é destaque nacional e internacional em cafés especiais com o tipo arábica.

Café e celulose são os itens mais importantes no comércio exterior capixaba e respondem por quase 90% do total das vendas internacionais. Junto com esses produtos, fazem parte da pauta de exportações pimenta-do-reino, chocolates, carne bovina, mamão, derivados lácteos, gengibre, pimenta rosa, peixes ornamentais, macadâmia, dentre outros.

O Espírito Santo teve um resultado melhor do que o Brasil nas exportações e importações de janeiro a agosto deste ano, se comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme os dados divulgados pelo Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado (Sindiex). Os embarques pelos portos capixabas cresceram 17%, e a movimentação �nanceira atingiu US$ 4,9 bilhões, ante os US$ 4,2 bilhões registrados no mesmo período de 2013, resultado que coloca o Estado em 8º lugar no ranking dos maiores exportadores do Brasil.

De acordo com secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, se mantiver esse ritmo, o Espírito Santo irá exportar US$ 2 bilhões em 2014 de vários produtos ao natural ou processados a partir de matérias-primas agrícolas, visto que o setor se caracteriza pela regularidade de oferta a dezenas de países.

O Espírito Santo se caracteriza como um dos estados de economia mais aberta do Brasil, onde vários produtos ao natural ou processados a partir de matérias-primas da

agropecuária têm qualidade e regularidade de oferta para chegar a dezenas de países. A diversidade manifesta-se num rico mosaico de relevos, radiação solar, disponibilidade de águas, nutrientes e energia. O Estado apresenta, em harmonia com sua multiplici-dade ambiental, grande sortimento de atividades econômicas regionais e produção de alimentos vindos da agropecuária. Um solo fértil que tem abastecido o mercado internacional com grande produtividade, aliada a qualidade.

Nos primeiros dez meses de 2014, o agronegócio capixaba gerou uma receita cambial de US$ 1,62 bilhão em produtos exportados, equivalente a mais de R$ 4,2 bilhões. Foram 2,2 milhões de toneladas comercializadas de janeiro a outubro deste ano. Comparando com o mesmo período de 2013, o crescimento foi de 6,5% em geração de divisas e 2,3% em volume comercializado.

Hoje, o agronegócio absorve 40% da população economi-camente ativa no Estado e é responsável por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, sendo a atividade econômica

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PRINCIPAIS PRODUTOS DE EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO CAPIXABA - JAN-SET DE 2014

PRODUTO US$ 1.000 %

Celulose 795.218 54,93

Café e derivados 505.806 34,94

Pimenta-do-reino 54.858 3,79

Chocolates e preparados com cacau 19.310 1,33

Carnes e miudezas de bovinos 17.343 1,20

Derivados lácteos 15.500 1,07

Mamão 15.293 1,06

Gengibre 5.684 0,39

Outros produtos 18.729 1,29

TOTAL 1.447.741 100

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O cenário atual se traduz em uma boa remuneração para os produtores rurais, em especial para os agricultores familiares, que predominam no cultivo de gengibre e pimenta-do-reino no Estado. A expectativa é de ganho três vezes maior por hectare neste ano, em relação a 2013.

De acordo com Wanderley Stuhr, exportador de gengibre de Santa Maria de Jetibá, há três anos o crescimento nas vendas tem sido motivo de comemoração. A caixa de 14 quilos de gengibre chegou a US$ 60 este ano, uma mudança signi�cativa no setor. Em 2010, o valor pago era de US$ 4. “A quebra da safra de China, até então nossa principal concorrente, foi o que oportunizou

DESTAQUES NA EXPORTAÇÃOAs exportações de café de todas as formas e preparações (grãos

verdes, solúvel, torrado e moído) cresceram 34,7%, de janeiro a outubro deste ano e atingiram o montante de US$ 569,1 milhões. O volume comercializado de todo o complexo agroindustrial do produto chegou a 247,6 mil toneladas, alta de 48,6% em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 166,6 mil toneladas. “Mesmo com os preços internacionais ainda abaixo do que esperam os cafeicultores, o volume de café verde exportado do Espírito Santo se ampliou em quase 50%, o que caracteriza a importância do comércio internacional para essa atividade, que está presente em mais de 60 mil propriedades rurais capixabas”, explica o secretário Enio Bergoli.

As exportações de pimenta-do-reino foram de US$ 59,5 milhões, um recorde histórico que consolida o condimento na terceira colocação no ranking das exportações do agronegócio capixaba, com volume comercializado de 7,4 mil toneladas. O gengibre atingiu 2,3 mil toneladas, com receita de US$ 6,3 milhões. Os dados trazem para o Estado e os produtores capixabas a expectativa de tornarem-se, cada vez mais, uma referência no mercado mundial. Para Bergoli, “aos poucos o Espírito Santo vai se tornando uma referência no mercado internacional das especiarias, principalmente com a pimenta-do-reino e o gengibre, produtos muito demandados e com alto valor agregado”.

Cultura do gengibre teve início no Espírito Santo há pouco mais de 10 anos e já é um dos destaques da exportação capixaba

Fotos: Wanderley Luiz Stuhr

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PRINCIPAIS PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO

É o principal produto da pauta de exportação e gerou US$ 468,415 milhões de divisas.

Celulose

O principal polo produtor de especiarias está no norte do Estado, notadamente em São Mateus. As exportações de pimenta-do-reino totalizaram US$ 12,176 milhões.

Pimenta-do-reino

Os chocolates e os outros alimentos preparados com cacau produzidos basicamente pela Garoto geraram divisas de US$ 10,904 milhões.

Chocolates

Os preços do produto apresentaram recuperação no mercado internacional, principalmente do solúvel. As exportações somaram US$ 282,651 milhões.

Café e derivados

São Mateus, Linhares, Jaguaré e Nova Venécia são os municípios onde a produção de pimenta rosa ganha destaque. O Estado chega a exportar 300 toneladas de pimenta rosa desidratada todos os anos para os Estados Unidos e Europa, 90% da atividade estão baseados no extrativismo e apuram até US$ 10 por quilo.

Pimenta rosa

É a principal fruta na pauta das exportações do agronegócio capixaba. Gerou US$ 9,351 milhões neste ano.

Mamão

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ra o em l ar o ra i e e orta es ca i abas

Dentre os municípios capixabas cultivadores de gengibre, o de Santa Leopoldina é o que mais se destaca. Segundo a Secretaria da Agricultura (Seag) e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), atualmente cerca de 100 hectares são cuidados por aproximadamente 140 famílias. Um desempenho que irá garantir um faturamento médio bruto de R$ 9,4 milhões por ano. “O gengibre é um produto típico da agricultura familiar, e cerca de 40% da produção capixaba é comercializada no exterior, que vive uma fase de preços altos e ótima remuneração para os produtores rurais”, enfatiza Bergoli.

Ainda de acordo com o secretário, um dos fatores que contribuem ainda mais para o sucesso pode ser justi�cado por investimentos do Estado. “O Espírito Santo é um tradicional produtor e exportador de gengibre, um arranjo produtivo que diversi�ca a produção e amplia a renda no campo. Por ser um produto tipicamente da agricultura familiar capixaba, o Governo do Estado apoia os produtores com ações de assistência técnica, capacitação, crédito e equipamentos para uso coletivo”, a�rma.

De acordo com João Paulo Ramos, técnico de Desenvolvimento Rural do Incaper, a forma de cultivo também reflete na boa comercialização. Para exportar um produto para Europa, Japão e Estados Unidos, por exemplo, sendo industrializado ou não, é preciso atender a todas as exigências internacionais, como de resíduos de agroquímico, custo competitivo e ter qualidade. “Além do fator da agricultura familiar, o gengibre e os demais condimentos, como a pimenta, são produzidos no Estado com nível tecnológico avançado que garante um produto de melhor qualidade e diferenciado. As famílias preservam o meio ambiente, cultivam de forma sustentável, respeitando a Mata Atlântica, aliando produtividade com qualidade”, a�rma Ramos.

nosso mercado de exportação. Esperamos atingir um total de US$ 200 mil a US$ 250 mil por hectare produzido neste ano, um valor três vezes mais alto que o do ano passado”, explica Stuhr. A produção dele visa apenas à exportação. Cerca de 60% são vendidos para os Estados Unidos e 40%, para a Europa.

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A força do agronegócio

Marcos Guerra

O Espírito Santo é a terra das novas oportunidades. Enquanto a economia brasileira segue instável, oscilando diante de altas taxas de juros, falta de investimentos em

infraestrutura, burocracia e alta carga tributária, com quedas do PIB e da produção física industrial, nosso Estado vem alcançando êxito na retomada do crescimento que marcou a economia capixaba nos últimos anos. Nosso PIB registrou 1,1% de ampliação no primeiro semestre de 2014; a produção física industrial acumulou 1,6% de acréscimo de janeiro a agosto; e, somente neste ano, mais de 20 mil novos postos de trabalho serão criados com a chegada de empreendimentos industriais de norte a sul do Estado, promovendo a interiorização do desenvolvimento.

Nesse contexto, um setor produtivo tem chamado a atenção entre as diversas áreas que compõem a indústria capixaba: o agronegócio, responsável por 25% dos empregos do Estado – se considerarmos toda a cadeia envolvida desde a produção no campo. Nos últimos anos, o PIB do agronegócio obteve bons resultados, alcançando 30% de participação no PIB estadual – índice semelhante ao da indústria geral, que representa 38,5%.

Segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves, o volume de riquezas produzidas pelo agronegócio ultrapassa os R$ 20 bilhões ao ano. Café, leite, carnes e frutas, entre tantos outros produtos, têm ganhado o mercado nacional e internacional graças ao esforço dos produtores capixabas. A Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) tem atuado junto aos industriais do campo para agregar valor aos produtos e ampliar sua competitividade, investindo em inovação e parcerias.

A indústria cafeeira, responsável por cerca de 450 mil empregos no Estado, sempre caminhou lado a lado com a Findes, por meio do Sindicato da Indústria de Torrefação e Moagem de Café do Estado do Espírito Santo (Sincafé). O setor demonstra sua pujança com números – neste ano, uma safra recorde de 12,8 milhões de sacas deve ser registrada no Estado –, mas também investe em inovação. A produção de cafés especiais vem sendo estimulada, e o Estado receberá uma fábrica de cápsulas em Jaguaré, ampliando o leque de produtos de maior valor agregado – menos dependentes da variação

das commodities agrícolas no mercado. O setor de laticínios, tradicional pelo

competente trabalho desenvolvido pelas cooperativas, também ganhou o apoio da Findes. A �m de promover maior sinergia nas ações do segmento, criamos em 2011 o Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado do Espírito Santo (Sindilates). Com maior representatividade insti-tucional, a nova entidade abriu mais

oportunidades de negociação com entidades e poderes constituídos, dando visibilidade às demandas da indústria.

Novas oportunidades ainda surgirão para a indústria e o agronegócio capixaba. É preciso, porém, criar condições que favoreçam o desenvolvimento do setor, vítima dos inúmeros gargalos logísticos, tributários e burocráticos que minam a competitividade e o potencial de crescimento de nossa economia. Precisamos criar novas parcerias, aproximar as entidades e debater com os poderes constituídos novos caminhos de desenvolvimento para o Espírito Santo.

Marcos Guerra é presidente do Sistema Findes/Cindes

OPORTUNIDADESARTIGO

Agronegócio tem chamado a atenção, com expansão da sua participação no PIB estadual

Nos últimos anos, o agronegócio obteve

bons resultados, alcançando 30% de participação no PIB estadual - índice semelhante ao da indústria geral, que representa 38,5%”

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rasil • o 27

Café impulsiona crescimento nas exportações capixabas

N os primeiros 10 meses de 2014, as exportações de café subiram 34,7% e atingiram o montante de US$ 569,1 milhões. O volume comercializado de todo o

complexo agroindustrial do café chegou a 247,6 mil toneladas, crescimento de 48,6% em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 166,6 mil toneladas.

O agronegócio capixaba, entre os meses de janeiro e outubro, gerou receita cambial de US$ 1,63 bilhão em produtos exportados, superando R$ 4,1 bilhões. Foram 2,2 milhões de toneladas comercializadas, 6,5% a mais em geração de divisas e 2,3% em volume comercializado.

“Mesmo com os preços internacionais do café ainda abaixo da média de 2013, especialmente para grãos verdes, principal forma de comercialização, houve ampliação de 50% no volume exportado, fato que garante a nossa competitividade em vários

países do mundo” explica Enio Bergoli, secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).

O comércio internacional é a garantia de estabilidade econômica e social do setor produtivo cafeeiro, o que mais emprega capixabas e inclui mais de 60 mil propriedades rurais. Isso porque o consumo interno pela população equivale a apenas 3% da produção, o que torna a permanência e a conquista de novos mercados estratégicas ao desenvolvimento do setor da economia que mais emprega capixabas.

Além do desempenho do principal produto da agricul- tura capixaba, todo o complexo do agronegócio registrou cres-cimento em relação a 2013, com as exportações ultrapassando R$ 4 bilhões no ano.

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FATOS

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por Rodrigo Fernandes

Café: ouro no campo espírito-santenseIncentivo, tecnologia e tradição tornam a produção capixaba a segunda maior do país

CAFÉ

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O café arábica é produzido em 50 municípios capixabas, em regiões com altitude superior a 500 metros, envolvendo cerca de 24 mil propriedades

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coor e a or o ro rama sta al e a eic lt ra o ca er om rio err o em visita a ro tores ovas t c icas o c ltivo

A importância do café na economia mundial é indiscutível. Ele é um dos mais valiosos produtos primários comercializados no mundo, sendo superado apenas em

valor pelo petróleo como origem do desenvolvimento de negócios entre os países. Seu cultivo, processamento, comercialização, transporte e mercado proporcionam milhões de empregos em todo o mundo.

Panorama não diferente no Estado do Espírito Santo, o segundo maior produtor de café do Brasil. Hoje, as terras capixabas são responsáveis por 29% da produção brasileira de café. Para se ter uma ideia, se o Espírito Santo fosse um país, entre as mais de 60 nacionalidades produtoras de café, hoje o Estado seria o terceiro maior produtor do mundo – ficando atrás apenas do Brasil e do Vietnã.

A produção de café no Estado é realizada em menos de 0,5% do território nacional e é nessas terras que os dois tipos mais produzidos e consumidos do mundo se encontram com

expressividade: o café arábica e o café conilon. A diversidade de clima e solo é um fator fundamental para tamanha representatividade na produção.

De acordo com o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, Romário Ferrão, dos 78 municípios do Estado somente a capital, Vitória, não é produtora de café. “Esse total representa que 80% dos municípios têm a produção de café como a principal atividade com geração de emprego e renda do Estado, em regiões que têm aptidão climática para os dois tipos de café”, explica.

Os resultados obtidos hoje são decorrência de uma longa história relacionada, inclusive, com o desenvolvimento e a colonização do Estado. A cultura de café ultrapassa dois séculos de tradição, mantida por meio da agricultura familiar. Cerca de 400 mil pessoas estão inseridas na cafeicultura gerida por 131 mil famílias. Somente o café representa 45% do valor bruto da produção agrícola do Espírito Santo, um montante disponibilizado por 60 mil das 90 mil propriedades rurais capixabas.

“O Espírito Santo se planejou. O incentivo para produção, investimento em pesquisas e tecnologia aplicada e a participação do agricultor na implementação de novas formas de cultivo formam os pilares responsáveis pelo aumento da produtividade em um mesmo espaço de plantação. Ou seja, em um mesmo hectare, a produção aumentou mais de 300% em alguns casos”, afirma o Romário.

O uso das tecnologias tem contribuído para esse resultado. Desde o período de lançamento das primeiras variedades clonais de café conilon, em 1993, até o presente, a produtividade média estadual aumentou 277%, saltando de 9,2 para 34,7 sacas beneficiadas/ha, enquanto a produção elevou-se em cerca de 304%, passando de 2,4 milhões para 9,7 milhões de sacas, com um acréscimo de apenas 11% da área plantada.

ÁREA E PRODUÇÃO DE CAFÉ ARÁBICA DOS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS DO ESPÍRITO SANTO, 2014

o te ca er

MUNICÍPIO ÁREA (ha) PRODUÇÃO (kg)

Brejetuba 16.000 420.000

Ibatiba 10.500 300.000

Iúna 14.000 250.000

Muniz Freire 12.000 240.000

Irupi 14.000 220.000

Vargem Alta 12.000 180.000

Afonso Cláudio 12.000 170.000

Baixo Guandu 3.500 122.000

Ibitirama 8.000 120.000

Castelo 5.500 110.000

TOTAL 107.500 2.132.000

ARÁBICA

IS MUNICÍPIOS IS MUNICÍPIOS IS MUNICÍPIOS

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A organização se deu por um planejamento estratégico da cafeicultura capixaba, envolvendo os segmentos da pesquisa, ensino, assistência técnica, indústria, mercado, organização dos produtores, tecnologia. Esta última vem sendo responsável por grande parte dos resultados. A geração de conhecimento é coordenada pelo Incaper, em parceria com instituições do Espírito Santo, Brasil e mundo. “São 50 projetos de pesquisa que englobam 170 experimentos nos diferentes macroambientes”, informa Ferrão. O desafio é continuar o aumento da produtividade, elencando a qualidade já reconhecida pelo mundo inteiro.

ESTADO É REFERÊNCIA NO CULTIVOAté 2025, a cafeicultura do Espírito Santo tem um planejamento

com ações bem definidas. O Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixapa (Pedeag) estabelece metas para o café, como dobrar a produtividade e produção estadual com o cultivo de 30% do café superior, sem aumento de áreas plantadas. Para isso, ações foram definidas para curto, médio e longo prazo.

Prioritariamente estão desenvolvimento de novas variedades, capacitação dos produtores, melhor manejo de irrigação, associação de cafés com árvores, mecanização da colheita. Também será implantado o Programa Renova Sul Conilon e terão continuidade os programas Renovar Café Arábica e Melhoria da qualidade, além de programas do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Incaper e outros parceiros.

Em 28 anos de pesquisa com café conilon no Incaper, foram desenvolvidos diferentes conhecimentos básicos, produtos, processos e tecnologias que têm sido amplamente utilizadas pelos cafeicultores. Exemplos disso são as variedades melhoradas de café conilon, o aprimoramento das técnicas de produção de mudas clonais, fisiologia vegetal, estabelecimento e recomendações de espaçamentos, poda programada de ciclo, entre outras.

O arábica é um tipo de espécie de café natural da Etiópia, supostamente uma das primeiras espécies de café a ser cultivada no mundo

Fonte: CETCAF/Incaper

ÁREA E PRODUÇÃO DE CAFÉ CONILON DOS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS DO ESPÍRITO SANTO, 2014

MUNICÍPIO ÁREA (ha) PRODUÇÃO (kg)

Jaguaré 24.000 960.000

Vila Valério 21.000 840.000

Sooretama 21.000 760.000

Nova Venécia 21.000 630.000

Linhares 15.000 600.000

Governador Lindenberg 12.000 480.000

São Mateus 15.800 470.000

Rio Bananal 15.000 450.000

Pinheiros 12.000 400.000

São Gabriel 11.000 275.000

TOTAL 167.800 5.865.000

CONILON

CONILON DOS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS

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Em Santa Teresa, o produtor Luiz Carlos da Silva Gomes afirma ter notado diferença na qualidade. “Todas as novas ferramentas que temos encontrado e desenvolvido contribuíram muito com a nossa produção. Antigamente a planta era conduzida pela própria natureza, hoje conseguimos, por meio da poda de formação e da poda de produção, alavancar a produtividade em mais de 50 %. Em cinco anos de aplicação dos conhecimentos obtidos, a melhoria para o produtor rural está cada vez maior”,

Os resultados mais recentes levaram o Incaper ao lançamento e à proteção em 2013 de mais três novas variedades clonais de café conilon: Diamante Incaper 8112, ES 8122 – Jequitibá, e Centenária Incaper 8132, com características de alta produtividade, maior tolerância a doenças e potencial qualitativo diferenciado. “Essa é a primeira vez que características qualitativas são incorporadas no melhoramento genético do instituto para a formação de uma variedade clonal. Esse é um marco nas pesquisas, pois destaca a qualidade final do café. Temos certeza de que o mercado brasileiro e mundial vai consumir mais o nosso conilon, pois é um produto de qualidade comprovada”, avaliou Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador de cafeicultura do Estado.

O café tem lugar cativo no coração e nas refeições de pessoas em todo o mundo. Todo dia, mais de 2,25 bilhões de xícaras são consumidas no planeta, informa a Organização Internacional do Café. O consumo expressivo exigiu uma produção de mais de 8,7 milhões de toneladas em 2013. Deste total, 37% vêm do Brasil, o maior produtor dentre 60 países e mais de 100 espécies de café. Mas apenas duas são responsáveis por todo o café produzido e consumido no mundo, que é a espécie arábica e o conilon (ou robusta). O Brasil produz os dois tipos. Para a safra 2014/15 estima-se que a produção nacional de café deve somar 44,6 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com o segundo levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Espírito Santo segue como segundo colocado no ranking nacional de produtividade, com 488,6 mil hectares estimados, e área de 310,1 mil hectares de robusta no Estado. Minas Gerais segue com a maior área de plantio do país, estimada em 1,2 milhão de hectares, predominando a espécie arábica, com 98,9% do total estadual. Isto representa 54,9% da área cultivada no país.

Uma nova tecnologia de poda do café arábica está sendo desenvolvida há seis anos pelo Incaper, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Os resultados de experimentos em uma propriedade do município de Baixo Guandu demonstraram aumento na produtividade em cerca de 35% e alta do rendimento de colheita em até 50%. A partir de agora, serão implantadas por técnicos do Incaper unidades de observações em cerca de 30 municípios produtores de arábica do Espírito Santo, visando à validação dessa nova tecnologia, cujos resultados experimentais a uma altitude de 640 metros demonstraram-se muito satisfatórios. No entanto, como a altitude dos municípios capixabas produtores de café arábica varia entre 500 e 1.200 metros, é necessário aprimorar essa prática considerando as especificidades locais.

MAIS QUALIDADE

MAIS CONSUMO E PRODUÇÃO

NOVAS TÉCNICAS

s trei ame tos e as ca acita es a am em as ectos e co trib em ara ali a e al o ro to como col eita seca em be e ciame to e arma e ame to o ca

i arlos a ilva omes ro tor e ca ar bica e co ilo

comenta Luiz, produtor das duas variedades de café e que tem expandido para o cultivo do arábica os bons resultados obtidos com o conilon.

Uma das tecnologias de destaque que tem alavancado a produtividade e a melhoria da qualidade final é o “Poda Programada do Conilon”. A prática revigora as lavouras, favorece a longevidade do cafezal e aumenta a produtividade, além de reduzir a mão de obra da operação da poda e colheita, de forma geral. A tecnologia da poda é adotada pela maioria dos produtores do Espírito Santo e chegou mais recentemente a Rondônia e aos demais estados produtores como a Bahia. Consiste na eliminação de forma sistematizada das hastes verticais e dos ramos horizontais envelhecidos e pouco produtivos, para que no lugar deles nasçam outros mais novos e com potencial produtivo renovado. Nesse processo, os ramos estiolados, de baixo vigor, e o excesso de brotações também são eliminados.

Entre os benefícios da tecnologia da poda, segundo o pesquisador do Incaper Romário Gava Ferrão, encontram-se: redução média de 32% de mão de obra (evidenciado em um período de 10 safras consecutivas); facilidade de entendimento e execução e padronização do manejo da planta.

A maior estabilidade de produção por ciclo e a melhor qualidade final do produto, tornando inclusive as plantas mais tolerantes à seca e com melhores condições para o monitoramento e o manejo de pragas e doenças, também são fruto da tecnologia agregada, que garante melhoria no manejo de pragas e doenças e aumento superior a 20% na produtividade média da lavoura.

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por Fabrício Fernandes

FRUTICULTURA

Fruticultura gera 60 mil empregos no ESCom a criação de 14 polos no Espírito Santo, mercado de fruticultura cresce e abre oportunidade para produtores familiares se fortalecerem e ampliarem faturamento

A fruticultura é a atividade do setor agrícola que vem apresentando nos últimos anos os melhores indicadores de crescimento no Estado. A produção

anual de frutas no Espírito Santo deu um salto de 750 mil em 2002 para 1,3 milhão de toneladas em 2013. Os números são positivos e promissores. Esse mercado gera atualmente 60 mil empregos e movimenta R$ 751 milhões na economia capixaba. “Contamos com grandes produtores e um número signi�cativo de agricultores familiares”, a�rma Isaías Bregonci, gerente de Futicultura da Secretaria de Agricultura do Estado do Espírito Santo (Seag).

Atualmente, os 14 polos de fruticultura existentes e que atuam numa área de 85,5 mil hectares plantados estão inseridos no programa de fomento da atividade, desenvolvido pelo Governo do Estado. Uma das ações executadas recentemente foi a distribuição de mais de 400 mil mudas frutíferas para fomento e ampliação de áreas plantadas e estímulo ao mercado in natura. Desde 2007, quando foram criados os Polos de Fruticultura, houve a formação de comitês gestores, que realizam o trabalho de consolidar os polos já existentes, buscar novos mercados e tecnologias, além de incentivar a criação de novos polos fruticultores.

No viveiro Diva, instalado na fazenda Lagoa Durão I, em Linhares, produtores aplicam conhecimentos adquiridos no Programa Cacau Sustentável

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i ser o o merca o e orta or ai a o tem ocorri o como ese amos ois estamos oca os em ate er o osso merca o

i ter o sa as re o ci ere te e r tic lt ra a ea

No entanto, viabilizar o aumento da rentabilidade entre esses agricultores requer principalmente capacitação para o planejamento estratégico das atividades, além da implementação de novas tecnologias que possam melhorar a produtividade e a qualidade das frutas, de forma aos atender os mercados industriais e de mesa. O fortalecimento da agricultura familiar, a atualização das tecnologias no cultivo, como na produção integrada de frutas (PIF), e o aprimoramento das ferramentas de gestão das propriedades também são alguns dos fatores que, aliados a clima e topogra�a propícios, contribuem para posicionar a produção capixaba de frutas na terceira colocação dos negócios agrícolas.

“O programa de fruticultura do Governo do Estado elencou algumas prioridades, como a organização e o fortalecimento dos polos de fruticultura, criando o Comitê Gestor e suas coordenações, que fazem planejamentos anuais das atividades”, destaca o gerente de Fruticultura da Seag. Todo esse trabalho foi realizado a partir de constantes pesquisas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que mapeou o clima e o solo do Estado, além de indicar variedades de frutas mais produtivas e resistentes às doenças, desenvolvidas por meio de pesquisa e adaptadas especi�camente para cada região do Estado e áreas produtivas.

OS POLOS DE FRUTICULTURA

Polo de Abacaxi Boa Esperança Polo de Acerola Piúma Polo de Banana Alfredo Chaves Polo de Cacau Linhares Polo de Caju Pedro Canário e Conceição da Barra Polo de Coco Centro Norte Polo de Goiaba Montanha

Polo de Laranja Jerônimo Monteiro Polo de Manga Incaper de Colatina Polo de Maracujá Jaguaré Polo de Mamão Incaper Sede Polo de Tangerina Centro Serrano Polo de Uva Centro Serrano Polo de Morango Pedra Azul

o te ecretaria e sta o a ric lt ra ea

ro o e acerola oss i or a o m ic io e i ma locali a o a

re i o litor ea s l o s rito a to

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INDÚSTRIA E EXPORTAÇÃOJá no caso da exportação de frutas pelos produtores familiares,

o gerente da Secretaria de Agricultura enfatiza que esse tipo de mercado ainda apresenta desa�os. “Essa inserção no mercado exportador ainda não tem ocorrido como desejamos, pois estamos focados em atender o nosso mercado interno, com exceção dos grandes empresários rurais que estão nessas atividades”, acrescenta Isaías Bregonci. Ele explica que um dos desafios é a ausência de recursos para se investir na exportação, além da necessidade de mão de obra, que restringe a expansão dessa atividade.

O Espírito Santo conta atualmente com um parque industrial de processamento de frutas em franca expansão. Todo o inves-timento tecnológico, voltado à produção de polpa e sucos, tem gerado bons efeitos na economia do Estado, como novos empregos e oportunidades para os pequenos produtores rurais. Um exemplo é a empresa Leão Alimentos e Bebidas, que atua

“Compramos 1,2 mil toneladas (dos produtores capixabas), mas caso houvesse uma oferta maior, esse número poderia ser muito mais alto” - Maurício Ferraz, da Leão Alimentos e Bebidas

Abacaxi concentra polo em Boa Esperança, onde

produtores recebem mudas e assistência

técnica do programa de fomento da fruticultura

SAIBA MAIS

O Espírito Santo também é o segundo maior produtor e o maior exportador de mamão do Brasil, de acordo com o Ministério da Agricultura. O Estado também ocupa a 10ª posição no ranking de principais produtores de frutas do país. Porém, não somente cultivadores de manga têm direcionado suas atividades para a indústria. Entre as frutas que possuem dupla aptidão, voltadas para o mercado industrial e o consumo de mesa, estão goiaba, uva e maracujá, segundo destaca a gerência de Fruticultura da Secretaria de Agricultura do Estado do Espírito Santo.

Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura (Seag)

Outro ponto importante é a questão da sucessão familiar, que acarreta numa renovação das gerações em atividade dentro das famílias produtoras do Estado. Como essa é uma das áreas do mercado agrícola que exige alto nível de capacitação, é preciso se pensar na sucessão familiar para que os produtores avancem e gerem melhores rentabilidades nos negócios.

Segundo Bregonci, a sucessão familiar entre os produtores capixabas pode favorecer a inserção de jovens em busca de maior capacitação, realizando cursos de nível superior e especializações no ramo de fruticultura. “Essa é uma atividade que é preciso conhecer muito bem, além de exigir amplo conhecimento técnico constante observação do plantio. É um trato diário pois deve-se ver de perto o que está acontecendo no pomar”, a�rma Bregonci.

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como indústria primária, por meio da processadora de frutas Trop Brasil, e também como secundária, que é o caso da Leão Alimentos e Bebidas, situada no município de Linhares, norte do Espírito Santo. Segundo Maurício Ferraz, gerente de Planejamento e Desenvolvimento Agrícola da empresa, a expectativa é de receber do polo fruticultor de manga seis mil toneladas de manga ubá neste ano.

Em relação a outros polos de frutas, Ferraz também aponta quais tem sido os investimentos da Leão Alimentos e Bebidas. “Com relação ao maracujá, adquirimos do polo fruticultor 4 mil toneladas da fruta, entre janeiro e outubro deste ano. Já a produção de goiaba apresenta uma grande oportunidade para os capixabas. Compramos 1,2 mil toneladas, mas caso houvesse uma oferta maior, esse número poderia ser muito mais alto”, frisa. Além disso, a Leão Alimentos e Bebidas absorve muito do que os produtores têm a vender para a indústria, conforme explica Ferraz. Segundo ele, na negociação com a empresa, os produtores capixabas podem escolher quanto da safra desejam vender, seja para a indústria ou para o mercado de frutas frescas. “Por isso, fazemos contratos de longo prazo, para que os produtores possam ter mais tranquilidade em seu negócio e tendo melhores garantias para sua venda, garantindo assim seus pomares”, acrescenta.

A empresa não revela sua composição de preços dos produtos negociados, porém garante que o foco é garantir um percentual de lucro ao produtor do Estado, “para que ele se desenvolva e cresça, tornando cadeia cada vez mais sustentável”. O gerente a�rmou, ainda, que conhecimentos e boas práticas agrícolas, além da busca de um manejo mais adequado e sustentável das áreas cultivadas, são alguns das exigências da empresa na hora de negociar.

O AGRONEGÓCIO FRUTÍCOLA CAPIXABA

83,2 milectares e rea la ta a

73,5 milectares e rea em ro o

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o te ecretaria e sta o a ric lt ra ea

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Iniciativa irá beneficiar o agronegócio brasileiro

A Central Brasileira de Comercialização (www.cbcne-gocios.com.br) acaba de lançar uma nova plataforma eletrônica para negociações do agronegócio brasileiro.

A ferramenta, que é totalmente on-line, foi criada com o objetivo de propiciar a oferta ou a compra estruturada de qualquer quantidade de insumos e mercadorias agrícolas, com alcance geográ�co, rapidez, segurança, rastreabilidade e otimização de custos.

Com investimentos na ordem de R$ 10 milhões, a iniciativa tem apoio de empresas como o Grupo União Corretora, que atua no mercado de produtos agrícolas há 31 anos. Desenvolvida em parceria com o Grupo CMA no modelo cloud computing (que não exige instalação de programas ou armazenamento de dados), a nova plataforma pretende já entrar em operação em mercados como os de milho, soja e derivados (como farelo e óleo), algodão, caroço de algodão, café, trigo, etanol, açúcar e arroz, entre outros. A expectativa é que sejam alcançados R$ 50 milhões de faturamento no próximo ano.

“O agronegócio emprega 37% da mão de obra brasileira e é responsável por 23% do PIB. A importância estratégica desse setor fez o mercado alcançar uma nova dinâmica, e a nossa plataforma veio para suprir uma demanda por ferramentas que dessem apoio à gestão e à realização de negócios com agilidade, segurança, maior abrangência de mercado, otimização de custos e compliance”, explica Cássio Loberto, CEO da CBC.

SERVIÇOSA CBC também pretende estabelecer meios para que players

possam fazer o gerenciamento, ter controle e mais transparência nas operações com indústrias, produtores rurais, cooperativas agrícolas, distribuidores, cerealistas, tradings, exportadores e importadores, usinas produtoras de etanol e açúcar, indústrias de soja e derivado, bancos e corretoras de mercadorias, agentes da agricultura familiar, insumos e implementos e mercadorias agrícolas, bem como toda a rede logística envolvida.

Inicialmente, a nova plataforma irá disponibilizar três soluções para que o usuário possa efetuar o gerenciamento de todas as suas transações comerciais. A Bid & Ask é uma ferramenta para negociar pequenos e grandes volumes com ampla abrangência geográ�ca. Nessa opção, o internauta estabelece todas as condições envolvidas nesse tipo de transação comercial.

Já na modalidade Leilão, é possível acompanhar ou lançar um leilão nas opções de “venda” ou de “compra” (leilão reverso). O usuário poderá, por exemplo, determinar o produto ou serviço a ser negociado, especi�car condições, convidar empresas compra-doras ou vendedoras e acompanhar os lances em tempo real.

Outra solução inovadora são as salas exclusivas de negociação, onde os clientes contarão com um ambiente próprio e persona-lizado. Em todas as modalidades de negociação, o usuário tem a possibilidade de produzir relatórios gerenciais de suas operações e ter acesso a todas as oportunidades disponíveis na plataforma.

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FATOS

Novidade busca fortalecer as negociações do agronegócio brasileiro.

Uma iniciativa que tem investimentos na ordem

de R$ 10 milhões

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rasil • o 37

Missão Europeia ao ES busca verificar qualidade do mamão capixaba

N o �nal de outubro, pro�ssionais da Direção Geral de Saúde e dos Consumidores da União Europeia (DG-SANCO) estiveram no Espírito Santo para visitar

lavouras e empresas exportadoras de mamão. A ação, que integra uma missão realizada pelo órgão internacional regu-larmente com o objetivo de veri�car as condições de produção e comercialização dos produtos, teve o intuito de avaliar a qualidade das frutas brasileiras que são exportadas.

A União Europeia é o principal mercado do mamão brasileiro, respondendo por cerca de 80% das exportações da fruta. A visita se iniciou com uma reunião entre membros da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex) e técnicos do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério da Agricultura, que acompanharam a missão. Os europeus visitaram

lavouras e packing-house (instalação destinada a embalar, empacotar ou encaixar os produtos) em Sooretama e Linhares, verificando os procedimentos no processo de produção da fruta no campo e na pós-colheita nas empresas exportadoras.

O DG-Sanco é um órgão europeu de relevância para o comércio internacional de produtos vegetais, sendo responsável pela veri�cação da procedência e da qualidade dos alimentos importados pela comunidade europeia. A instituição emite uma noti�cação internacional, caso detecte resíduos agrotóxicos que possam prejudicar a saúde dos consumidores.

b etivo a em resa ara tir e ro tos e

alta ali a e c e em s mesas os co s mi ores

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FATOS

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Fertilização contribui para o aumento da produtividade

Dalton Dias Heringer

A dubar é repor ao solo os nutrientes extraídos pelas produ-ções e é uma técnica empregada há milhares de anos, no início com a adição ao solo de materiais diversos, tais

como madeira, ossadas, produtos em decomposição. As antigas civilizações descobriram que com o acréscimo desses produtos à terra as colheitas seriam aumentadas consideravelmente.

“A partir do século XV, início da era das grandes navegações, a agricultura europeia se diversi�cou com a vinda de café, chá e índigo (da Ásia), batata, tomate, milho, entre outros. O mundo fervia e também a agricultura.” (Fonte: Raízes da Fertilidade)

A exigência de maiores produções em função do aumento da população fez com que a necessidade de adicionar ao solo produtos fertilizantes, tais como esterco animal, lixo orgânico e lodo de esgoto, se tornasse prática comum.

No Brasil, o fertilizante mineral teve início no �nal do século XIX e começo do século XX com o empreendedorismo do médico e fazendeiro Luis Pereira Barreto, o primeiro importador de fertilizantes para suas lavouras de café, impulsionado muitos anos depois em 1967 pela criação da ANDA (Associação Nacional para a difusão de Adubo), que tinha por objetivo pesquisar e difundir resultados agronômicos com a utilização destes. Desde então o emprego de fertilizantes no Brasil tem sido, junto a outras técnicas agronômicas, o grande impulsionador do aumento das produtividades nas lavouras brasileiras, tornando a agropecuária brasileira responsável por mais de 22,5 % do PIB do país, e pela totalidade do saldo da balança comercial. Isso, sem dúvida, é obra do pro�ssionalismo e do empenho do agricultor brasileiro somado as novas tecnologias.

As grandes safras brasileiras dos últimos tempos têm demonstrado um re�exo dessas mudanças. Basta observar que nos últimos 38 anos o incremento de área foi de 56%, ao passo que a produção cresceu 330%. Isso demonstra que o uso e�ciente de fertilizantes e tecnologia permitirá uma redução e um incremento na área cultivada.

No ano de 2013 o Brasil consumiu 31,1 milhões de toneladas de fertilizantes, sendo o quarto maior consumidor, atrás de China, Índia e Estados Unidos, e tendo crescido nos últimos 18 anos mais de 20 milhões de toneladas com taxa de 6,1% ao ano.

Este ano a última projeção da Conab indica uma safra recorde de aproximadamente 200 milhões de toneladas de

grãos, mostrando claramente o avanço paralelo entre consumo de fertilizantes e o incremento nas produções.

Um grande exemplo da eficácia do uso dos fertilizantes pode ser observado nos cerrados brasileiros: solos “pobres” e ácido, que não tinham fins agrícolas, são recuperados com corretivos e fertili-zantes, tornando-se celeiros produtivos.Nós, da Fertilizantes Heringer, temos consciência da nossa responsabilidade com o Brasil e com a agricultura, fornecendo fertilizantes para as mais variadas culturas

em todo o território nacional, atentos para novas tecnologias e tendências dos mercados brasileiro e mundial, acreditando no Brasil e na agricultura brasileira.

Dalton Dias Heringer é presidente do Conselho de Administração da Fertilizantes Heringer S/A

FERTILIZANTESARTIGO

No ano passado, o país consumiu 31,1 milhões de toneladas de ertili a tes ca o atr s a e as e i a ia e sta os i os

A utilização de fertilizantes

no Brasil tem sido, junto a outras técnicas agronômicas, a grande impulsionadora do aumento das produtividades nas lavouras brasileiras”

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Fábrica de rações é inaugurada em Baixo Guandu

Com a inauguração de sua fábrica de rações em Baixo Guandu, no noroeste do Espírito Santo, a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) vai dobrar sua capacidade produtiva de 60 mil toneladas para 120 mil toneladas de rações por ano. A unidade, que é a primeira da cooperativa do setor fora da região serrana do Estado, recebeu investimento superior a R$ 10 milhões e produzirá rações para bovinos e equinos.

A expansão bene�cia diretamente os produtores associados que trabalham com bovinocultura, equinocultura e outros segmentos da pecuária, principalmente avicultura. No total,

são 9 mil cooperados, em sua maioria pequenos e médios produtores. “Todas as rações com a marca Coopeavi eram produzidas em Santa Maria de Jetibá; agora com a nova fábrica, tiramos uma parcela signi�cativa e trazemos para Baixo Guandu, permitindo assim ampliar, também, a produção das demais linhas de rações, por exemplo, a ração para avicultura de postura”, a�rma o gerente-executivo de Produção da Coopeavi, Luís Brandt.

O presidente da empresa, Argêo Uliana, explicou a escolha de Baixo Guandu para sediar a fábrica. “O polo empresarial do município �ca às margens da BR-259 e de outras importantes vias estaduais que dão acesso às regiões norte, centro-serrana e sul do Estado, além do leste de Minas Gerais”, pontua. A proximidade dessas vias facilita a chegada de matérias-primas, do Centro-Oeste brasileiro, e também agiliza a distribuição do produto �nal para mais de 60 pontos de vendas e 17 lojas de Produtos agropecuários da Coopeavi.

Coopeavi investiu mais de R$ 10 milhões em unidade que produzirá rações para

bovinos e equinos

Foto: Valter Monteiro/Coopeavi

Curso busca profissionalizar gestão rural

P ro�ssionalizar a gestão a �m de desenvolver as proprie-dades rurais. Esse é o objetivo do curso “Gestão Moderna da Propriedade Rural”, que o Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural (Senar-ES), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), está ofere-cendo no Estado. O treinamento já foi realizado nos municípios de Linhares, Jaguaré, São Mateus e Pedro Canário e é voltado para oferecer a produtores, familiares e funcionários conceitos e ferra-mentas de gerenciamento.

A atividade é composta por quatro módulos: “Gestão da Qualidade na Propriedade Rural”, “Gestão das Finanças”, “Gestão de Recursos Humanos” e “Elaboração e Avaliação do Plano de Gestão”. Cada um deles é abordado semanalmente, oferecendo 60 horas de instrução coletiva, além de atendimentos especí�cos para cada propriedade, que contabilizam seis horas.

“O grande diferencial do programa é a realização das atividades de sala de aula complementadas com atendimento individual

para cada produtor, onde ocorre uma orientação do instrutor alinhada à realidade de cada propriedade”, ressalta o instrutor Heleno Mariani Gonzalez.

São disponibilizadas 15 vagas, e o pré-requisito da capacitação é que os participantes atuem, necessariamente, em uma proprie-dade rural. Os interessados devem solicitar o agendamento do curso junto ao Sindicato Rural de seu município, cuja relação completa com contato e endereços pode ser acessada no site www.faes.org.br.

Senar-ES, em parceria com a Faes, oferece capacitação “Gestão Moderna da Propriedade Rural”

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FATOS

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Cofril vence prêmio concedido pela revista Globo Rural

E m outubro, a revista Globo Rural divulgou os nomes dos vencedores da 10ª edição do prêmio “Melhores do Agronegócio”, que elege as principais empresas do segmento

em 20 categorias. O Espírito Santo foi destaque na premiação, com a vitória do frigorí�co Cofril na categoria “Aves e Suínos”. A seleção foi realizada pela Serasa Experian, com base em dados �nanceiros e econômicos de 500 empresas que atuam no setor.

Fundado em Cachoeiro de Itapemirim em 1986, o frigorí�co Cofril iniciou sua trajetória como uma pequena mercearia de secos e molhados, que abatia apenas dois suínos por semana. Atualmente, o frigorí�co possui cerca de mil funcionários em suas unidades que �cam em Atílio Vivacqua, onde são abatidos 400 suínos e 200 bovinos por dia, e em Cachoeiro, com abatimento de 100 bovinos e 250 suínos diariamente.

Segundo o diretor-presidente da Cofril, José Carlos Correa Cardoso, o faturamento chegou a R% 136,2 milhões em 2013, um crescimento de 26% em relação ao ano anterior. O carro-chefe da marca é a linguiça de pernil para churrasco, que responde por 35% da receita, e a produção é comercializada em todo o território capixaba, onde a empresa conta com com representantes de vendas nos 78 municípios. “Vamos dobrar a capacidade de abate, mas, por enquanto, a prioridade é continuar atendendo ao mercado capixaba, já que de 30% a 40% da carne suína e derivados vêm de outros estados, como Santa Catarina e Paraná”, destaca.

Empresa capixaba oi eleita a mel or a

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por Fabricio Fernandes

Produção de leite cresce na pecuária do ES

esa o ara os ec aristas ca i abas ro ir mais com me os ectares

PECUÁRIA

setor ati i a marca e mil es e litros e leite o a o assa o. co ora a i ares

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os ltimos a os o ve m evol o m ito ra e a ro o leiteira ca i aba a rma e ro a i ere te e ec ria a ecretaria e sta o a ric lt ra

O s números em torno da atividade pecuária leiteira no Espírito Santo, nos últimos anos, mostram grande potencial de crescimento nos próximos anos. A estimativa

é que 17 mil proprietários rurais no Estado produzam leite com objetivo comercial, gerando mais de 30 mil empregos no campo e 25 mil indiretos. Em 2013, o setor atingiu 470 milhões de litros de leite produzidos no Espírito Santo. “Esse mercado vem crescendo em torno de 3% por ano, apesar da seca que ocorreu no início deste ano. O nível de excelência aumentou. Nos últimos anos, houve uma evolução muito grande na produção leiteira capixaba”, a�rma o gerente de Pecuária da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), Pedro Cani.

Um dos principais desafios é se produzir mais com menos hectares. Nesse caso, os indicadores também são positivos. Em 2007, os produtores capixabas trabalhavam com a média de 1,8 milhão de hectares. Atualmente, esse desempenho foi reduzido para 1,4 milhão de hectares. “Pela área de pastagem que se dispõe, o rebanho pode até aumentar um pouco. Mas podemos a�rmar que o rebanho é bastante signi�cativo, considerando o tamanho do nosso Estado”, a�rma Cani, referindo-se ao rebanho de 1,7 milhão de cabeças no Estado. O nível de excelência na pecuária capixaba vem ganhando destaque internacional. O Estado já conta, inclusive, com um animal recordista mundial de produção leiteira.

Em 2006, o Espírito Santo também foi contemplado pelo Programa de Melhoramento Genético do Governo do Estado, junto com Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Goiás e Distrito Federal _ nesses dois últimos, a iniciativa foi implementada meses depois. A ação de levar informações sobre como os pequenos e médios proprietários rurais podem se inserir no melhoramento genético

e elevar a produção resulta em muitos benefícios: desmama de bezerros mais pesados, maior precocidade dos animais e ganho em carcaça e em produção de leite, o que pode trazer melhoria da renda dos pecuaristas e estimular sua �xação no campo.

“Enquanto a média capixaba é de seis a sete litros de leite, por vaca e por dia, os animais que nasceram do programa de melhoramento genético não produzem menos que 16 litros de leite diariamente. É mais que o dobro da média do Estado”, aponta Cani. Atualmente, o Programa de Melhoramento Genético realizado no Estado atende, por ano, 330 produtores. Desde sua implementação, chegou a possibilitar a geração de mais de duas mil vacas com nível genético de alta qualidade.

Com a adesão à iniciativa, é possível ter acesso a assistência técnica gratuita, com condições de receber todo o conhecimento necessário à melhoria da pastagem. “Se trabalho aumentando a produção da vaca e melhorando a produtividade do pasto, vão sobrar muito

mais áreas para que o Governo possa transformar em reserva legal e área de preservação permanente. Esse caráter social da atividade leiteira é importantíssimo”, defende Cani.

O produtor Elio Virginio Pimentel, da Fazenda Jabaquara, se destaca no mercado da pecuária leiteira estadual. Ele trabalha disponibilizando aos pequenos pecuaristas capixabas embriões inseminados que gerarão um gado puro e diferenciado, de elevada potência genética. Veterinários e equipes especializadas realizam a fertilização in vitro, oferecendo oportunidade de melhoria no padrão genético dos animais, o que é bastante estratégico para o meio rural.

“Nesse procedimento, há um risco de 95% de o animal ser fêmea e 5% de ser macho. Isso signi�ca que o avanço na tecnologia de inseminação arti�cial está muito mais fácil para que o pequeno produtor possa ampliar a carga genética de seu animal e investir no negócio”, reforce Pimentel. Ele foi, inclusive, o produtor que bateu o

vaca m ola recor ista m ial e

ro o e leite

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Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura (Seag)

PRODUÇÃO ANIMAL É A SEGUNDA MAIOR DO ESPÍRITO SANTO

Oleicultura10,44%

Fruticultura9,70%

Silvicultura9,04%

Produtosalimentares

1,53%

Outros culturas5,03%

CafeiculturaCafés arábica

e conilon

41,57%

Produção animalAvicultura, bovinocultura

de corte e leite, suinocultura

22,69%

recorde mundial de produção de leite ao atingir a média diária de 70.593 litros, com a vaca capixaba Ampola, da raça gir leiteiro, durante o Torneio Leiteiro da GranExpoES 2014. O evento foi realizado em agosto último.

Com esse resultado, Ampola se tornou a mais nova recordista na categoria “Vaca Adulta”. A marca anterior era de 68.960 litros de média e havia sido registrada em julho deste ano, durante uma exposição em Uberlândia. Segundo Pimentel, o criador do animal, a genética é um fator importante para a Ampola. Ele contou que a mãe da campeã foi comercializada em 2012 por R$ 1,2 milhão, sendo que a avó já havia sido repassada em 2004 por cerca de US$ 2,5 milhões. Pimentel disse que cria animais da raça gir leiteiro há 10 anos na fazenda de Anchieta e ressaltou que Ampola não está à venda.

INVESTIMENTOSEm junho deste ano, uma notícia positiva para o setor foi o

lançamento do Programa de Fomento à Pecuária Leiteira do Espírito Santo. O objetivo da ação, coordenada pelo Governo do Estado, por meio do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), é incentivar as cadeias produtivas ligadas à agroindústria capixaba.

Entre as medidas estão ofertar linhas de �nanciamento para os pecuaristas, visando atender suas necessidades atuais e expectativas de investimento, com prazo de até 10 anos, carência de 36 meses,

e taxa de juros a partir de 2% ao ano, até o limite de 6% ao ano. O valor máximo negociado é de R$ 1 milhão, por bene�ciário, a cada ano/safra.

O programa está em plena execução para potencializar a produção de leite, por meio de ações articuladas que envolvem desde a assistência técnica continuada até a concessão de crédito. A meta é beneficiar 2.500 produtores de leite no Estado, aproximando a agroindústria e o produtor rural de modo a intensi�car o processo de difusão de novas técnicas, procurando o aumento da produtividade da propriedade leiteira e a melhor qualidade do leite. O Bandes, inclusive, alocará R$ 220 milhões para �nanciar os produtores no período de 2014 a 2018.

Com isso, eles poderão investir em aquisição de máquinas e equipamentos; formação e melhoria de pastagens e capineiras; reprodutores, inseminação arti�cial e transferência de embriões; aquisição de softwares necessários à gestão de negócios; adequação da propriedade do ponto de vista ambiental; assistência técnica e consultoria gerencial, entre outros itens.

DESAFIOS Um das empresas de destaque no cenário capixaba da pecuária

de corte é o Frigorí�co Rio Doce (Frisa), localizada em Colatina, no noroeste do Estado. O diretor-presidente, Arthur Arpini Coutinho, a�rma que o maior desa�o no mercado é a melhoria da qualidade do rebanho, principalmente no período compreendido entre os meses de julho e dezembro. Além disso, a�rma que a empresa encontra di�culdades na contratação de mão de obra com qualificação e experiência para a indústria frigorífica.

Para os pecuaristas, o ri ci al esa o ro ir

mais em menos hectares

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“A nossa produção avançaria bastante, se houvesse no Estado mais fazendas aprovadas para o fornecimento de gado habilitado à produção de carne para exportação para a União Europeia”, comenta.

Este ano, muitos pecuaristas de corte têm conseguido obter melhora nas margens de lucro, impulsionada principalmente pelas altas do bezerro e da arroba do boi gordo. Dados do boletim Ativos da Pecuária de Corte, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apontam que, neste ano, o boi gordo subiu 14,67%.

O cenário, mostra o estudo, tem sido positivo principalmente para o pecuarista de cria, que tem se bene�ciado da valorização dos animais de reposição, os bezerros. De julho a setembro deste ano, essa alta foi de 2,5% dos bezerros; em nove meses, o aumento de 22,4%. Esses indicadores favorecem também os produtores dos Espírito Santo. Para Pedro Cani, da Seag, a pecuária bovina do Estado é um setor forte, pois existem produtores que exportam carne para mais de 60 países, vendendo carnes de excelentes qualidades, inclusive rastreadas via satélite pelos compradores do exterior. “A pecuária é uma atividade bastante complexa e que vem apresentando sinais de crescimentos relevantes para o mercado capixaba”, �naliza Cani.

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Criação de codornas: uma alternativa de renda

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C onsiderados um dos principais aperitivos da culi-nária brasileira, os ovos de codorna são uma opção rentável para os pequenos produtores rurais, tanto

pela facilidade do manejo quanto pela boa lucratividade. Quem apostou no investimento e demonstra total satis-fação com os resultados é o casal Rogério Panceri de Oliveira e Sirlane Mageske Coimbra, de Barra de São Francisco, que para dar início à produção buscou recursos no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

A comercialização vai além da região onde moram, expan-dindo-se também para a Grande Vitória, com uma produção que chega a quase 50 mil ovos semanais. O produto apresenta um diferencial interessante no mercado com a venda dos ovos já em conserva, em pacotes de 60 unidades cada.

De acordo com o casal, a iniciativa surgiu com a infor-mação adquirida por ambos, por meio de diferentes fontes. Ele, comerciante, já conhecia os pontos de venda da iguaria na região e vendia os ovos fornecidos por outros produtores. Já ela, ao fazer um trabalho na faculdade de Zootecnia, sobre as principais vantagens da coturnicultura, ou criação de codornas, percebeu a potencialidade do novo negócio.

Atualmente, a Granja Santa Angélica trabalha com a criação de cinco mil codornas, metade de sua capacidade máxima. Segundo os dois, o plano de expansão já é considerado uma boa possibilidade para o negócio. “Mas vamos trabalhando aos poucos, não adianta dar um passo maior que a perna e não dar conta da demanda”, explica Rogério, ressaltando que há muito mercado que possibilita a expansão das vendas.

Segundo Sirlane, as codornas são fáceis de manusear e apre-sentam rápido crescimento, um fator ideal para criadores que não possuem muita experiência. “Seis pessoas estão envolvidas na produção, sendo duas diaristas que trabalham apenas nos dias que em vamos fazer os ovos em conserva”.

A produção de ovos de codorna já vem apresentando bons

resultados para os produtores rurais capixabas

FATOS

Para dar início à produção, Sirlene Coimbra e Rogério Panceri buscaram recursos no Bandes

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por Lui Machado

Produção de ovos é o caminho do crescimento da avicultura capixaba

AVICULTURA

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Terceiro maior produtor do Brasil, setor conta com granjas com tecnologia de ponta e investimentos direcionados à continuidade da ascensão em busca do mercado externo

Setor avícola vem apresentando um grande crescimento nos últimos anos

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limar c wambac e s a ra a mil aves e ers ectiva e a me to ara o tras mil em

E limar Schwambach é produtor avícola há 11 anos e, se tem algo que não se arrepende nessa atividade, foi o

investimento feito no setor. A opção veio de sugestão de pessoas próximas que viam no Espírito Santo enorme potencial para o mercado. “Comecei com 5 mil aves. Depois, passei para 12 mil, e depois para 16 mil. Hoje tenho 44 mil”, afirma.

Na voz de Elimar, há uma confiança fácil de se explicar. Nos últimos cinco anos, ele diz ter conseguido um avanço acumulado de 50% na produção e no faturamento. Os números são expressivos, até porque a economia brasileira patina em vários segmentos da indústria.

O caso do empreendedor exemplif ica a progressão acima da média nacional que o Estado tem conquistado no setor avícola, que vem superando as estimativas dos donos de granjas capixabas. Segundo levantamento feito pela Associação de Avicultores do Espírito Santo (Aves), os últimos cinco anos foram de franco crescimento, com a produção e o faturamento aumentando cerca 40% nesse período. Somente no ano de 2013, a expansão foi de 16% em relação ao ano de 2012, mesmo com a economia capixaba deixando a desejar naquele ano.

Se até o início dos anos 2000 o Espírito Santo ainda esboçava, timidamente, uma elevação de competitividade e sua consolidação no mercado, em 2014 chegou ao patamar dos grandes produtores e, hoje, figura em terceiro lugar no ranking dos maiores fornece-dores de ovos do país.

Para o diretor da Aves, Nélio Hand, a atividade já está consolidada, com uma produção de ampla qualidade e credibilidade junto ao mercado nacional, sendo grande responsável em nosso Estado em aspectos sociais e econômicos. “Hoje, a maior preocupação do segmento é produzir com qualidade sempre superior, respeitando todas as exigências, seja na produção ou no consumo”, afirma.

A qualidade citada por Hand não se restringe apenas ao Espírito Santo. Apenas cerca de 39% dos ovos produzidos aqui ficam no Estado. Os 61% restantes ganham espaço nas prateleiras de supermercados de outros lugares, principalmente dos mercados vizinhos de Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e São Paulo.

Com uma produção diária estimada em 7 milhões de ovos, o desempenho capixaba fica atrás apenas dos paulistas e dos mineiros. A posição é vista com orgulho pelo setor, principalmente se levado em consideração o tamanho territorial do estados vizinhos, muito maior que o do Espírito Santo, o que torna a produção proporcional muito mais favorável aos capixabas.

Ao todo, o Espírito Santo possui 160 empresas do segmento; a grande maioria – cerca de 80% – é de pequeno porte e proveniente da agricultura familiar, que se apoia, principalmente, nas cooperativas.

A importância do setor para o Espírito Santo f ica ainda mais explícita quando são analisados outros números de peso. Segundo dados da Aves, em 2013 a avicultura capixaba foi responsável pela geração de 9,8 mil empregos diretos e 8 mil indiretos. “Além disso, outras 100 mil famílias no Estado possuem alguma relação de dependência com o setor”, afirma Hand.

SANTA MARIA DE JETIBÁ E ORIGEM DO SUCESSOQuando se fala de produção de ovos no Espírito Santo, não há

como não dar destaque ao município de Santa Maria de Jetibá. A cidade possui, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais de 34 mil pessoas e enorme importância na avicultura do país, tendo a atividade como carro-chefe do PIB local, representando 62% de todas as riquezas que produz.

Em termos de postura de ovos, o município é hoje responsável por mais de 93% dos ovos de galinha, sendo o segundo maior produtor de ovos no Brasil, aponta o IBGE. Mais que isso, até o ano de 2003, Santa Maria de Jetibá produzia cerca de 2% do montante nacional. Em 2013, a produção subiu para 4,57% dos ovos comercializados no Brasil – um aumento impressionante de 208% em 10 anos. A tendência é de que esse número acumule mais uma alta significativa de mais de 10% no fim de 2014.

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A produção de ovos vem crescendo no Estado, com

destaque para o município de Santa

Maria de Jetibá

Em tempos de recessão econômica, o segmento poderia muito bem dar uma aula de como fazer bons negócios e criar oportunidades de crescimento, através de muito planejamento – principalmente no quesito investimento – e da cooperatividade.

Isso porque o setor é predominantemente representado por pequenos produtores (80%), integrados em um sistema de cooperativa, que assume um papel vital na organização das famílias. Na região sul do Estado, a Coopeavi é a principal iniciativa e foi criada em 1960. Com 8,5 mil associados de vários campos do agronegócio, a cooperativa reúne 68% de todos os produtores do Espírito Santo.

O associativismo com a Aves também oferece apoio ao produtor que tem uma necessidade específica de maquinários ou algum outro produto no mercado, além de financiamento e ajuda para organizar cursos junto ao Sebrae – a fim de elevar o nível de conhecimento técnico para funcionários e empresários –, e consultorias, como por exemplo, de licenciamento ambiental.

“Estamos sempre procurando o Governo do Estado para intervir e solicitar apoios a demandas do segmento. Também temos acesso ao Ministério da Agricultura. Acredito que a representatividade tem trazido muito retorno para que o setor continue crescendo, por oferecer os suportes técnicos e operacionais aos empresários”, diz o presidente da Aves, Oderli Schneider.

A produção nos últimos anos é crescente também em função de outros aspectos importantes. De acordo com Schneider, o primeiro fator preponderante é o empreendedorismo dos próprios empresários. “Os produtores têm investido muito em máquinas e tecnologia de ponta que ajudam a ultrapassar algumas barreiras que porventura surjam durante o processo”, afirma o presidente.

O presidente da Coopeavi, Agêo João Uliana, concorda com Schneider. “Hoje, posso afirmar com toda certeza de que o Espírito Santo tem as granjas mais modernas do Brasil”, completa. Entre os principais investimentos feitos na última década, está a automatização dos galpões para o fornecimento de ração às galinhas e coleta dos ovos.

PRINCIPAIS CONSUMIDORES DOS OVOS CAPIXABAS

São Paulo 5,10%

Rio de Janeiro26,93%

Bahia17,28%

Minas Gerais11,94%

Espírito Santo38,75%

Fonte: Associação de Avicultores do Espírito Santo (Aves)

“Hoje, posso afirmar com toda certeza de que o Espírito Santo tem as granjas mais modernas do Brasil” - João Argêo Uliana, presidente da Coopeavi

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Todos esses recursos deram à produção maior quali- dade e uniformidade, fazendo com que o avicultor possa ter maior segurança.

Outro fator preponderante para o crescimento do setor, como não poderia deixar de ser, é a demanda. De acordo com estudo realizado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somente entre 2007 e 2012, o consumo per capita do ovo subiu 22%, passando de 131,8 para 161 unidades por habitante.

O segmento, aliás, segue o caminho contrário ao restante da economia e até se beneficia com a elevação nos preços causada pela ligeira alta da inflação nos últimos anos. Afinal, o ovo representa uma proteína mais barata do que as carnes de frango e bovina.

Mesmo próspero, o setor sofre com gargalos, como a falta de infraestrutura de transporte adequada e a guerra fiscal praticada pelos estados concorrentes. Para Schneider, é preciso investir mais na infraestrutura para facilitar o escoamento e diminuir o custo da compra dos insumos. “É preciso recuperar muitas rodovias e, principalmente, construir mais ferrovias e portos”, afirma.

Mesmo assim, a tendência é que se continue a ascensão. O avanço da tecnologia e a força do associativismo e do cooperativismo destacam a atividade capixaba em relação à produção nacional e se tornaram os principais pontos de vantagem. Agora, já se pensa

em postura comercial para empreender esforços significativos nos próximos anos na indústria e na atuação maior junto ao mercado internacional.

O otimismo pode ser traduzido pelo tom calmo da voz do produtor Elimar Schwambach. No ano que vem, ele diz, pretende fazer um novo investimento de 40 mil aves. “Se tudo der certo, claro”. Ao que parece, tem sim, tudo para dar certo.

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Agricultura familiar: reconhecimento e conquistas

Luiz Carlos Leonardi Bricalli

P arece pouco, mas uma das maiores conquistas da agricultura familiar foi o reconhecimento, em 2006, de serem considerados agricultores familiares. Antes,

eram chamados de “pequenos produtores”, associando-lhes, desde a semântica das palavras, à noção de que produziam pouco. Sem esse reconhecimento enquanto categoria social, modelo de agricultura e identidade política, os agricultores familiares �caram um longo período à margem das polí-ticas públicas destinadas às áreas rurais. O crédito rural, hoje abun-dante e com taxas de juros anuais bem inferiores à taxa da in�ação, era tomado, quase que exclusivamente, pelos “grandes produtores”, que tinham mais garantias econô-micas. Isso explica, em parte, a grande migração campo-cidade que houve nas últimas décadas.

Felizmente, não é mais assim. Hoje, as áreas rurais têm mais oportunidades e, com isso, os agricultores familiares passaram a ter a opção de escolher se querem ou não permanecer no campo. Muitos estão conseguindo produzir mais, vender mais e ter uma qualidade de vida melhor. A agricultura familiar passou a ser sinônimo de “coisa boa”.

Isso se deve, de um lado, às iniciativas próprias dos agricultores familiares que lutaram pelos seus direitos e por novas oportunidades; e, de outro, às ações dos governos nos últimos anos. O volume de investimentos aumentou; foi estruturado todo um aparato legal e operacional para a viabilização de diversos programas e projetos; e foram feitos muitos investimentos em pavimentação rural, em tele-fonia, em eletri�cação, em habitação, em máquinas e equipamentos

agrícolas e outras obras que bene�ciaram e facilitaram a vida de quem vive no campo.

Embora os avanços sejam significativos, ainda existem agricultores e localidades rurais que continuam sem usufruir esse desenvolvimento. Por isso, os próximos governantes precisam consolidar os investimentos existentes e avançar na convergência

das políticas públicas, especialmente, àquelas voltadas à inclusão e à participação social, à educação rural de qualidade, ao incentivo à produção diversificada e sustentável, à proteção aos recursos hídricos e à melhoria da infraestrutura e logística.

Para efeitos da lei, para ser agricultor fami-liar é preciso ter área de até quatro módulos

�scais; utilizar predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento; ter renda fami-liar predominantemente de atividades econômicas do próprio estabelecimento e dirigi-lo com sua família. Mas, na prática, agri-cultores familiares são aqueles que vivem e trabalham no campo trazendo consigo sua história, sua cultura, seus costumes e tradi-ções, suas di�culdades, sua relação com a natureza, suas alegrias e, sobretudo, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional mundial. Esses foram os verdadeiros motivos da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação – para declarar 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. Parabéns a todos os(as) Agricultores(as) familiares!

Luiz Carlos Leonardi Bricalli é engenheiro agrônomo e mestre em Extensão Rural e gerente do programa Vida no Campo/Seag

INCLUSÃOARTIGO

Ao se tornarem “categoria social”, agricultores familiares passaram a ter acesso a políticas públicas destinadas às áreas rurais

Próximos governantes precisam consolidar

os investimentos existentes e avançar na convergência das políticas públicas”

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por Sânnie Rocha

CÓDIGO FLORESTAL

Nova relação entre produtor rural e meio ambienteAlvo de muitas polêmicas durante sua aprovação, o Novo Código Florestal Brasileiro passou a vigorar em maio de 2012 e já foi objeto de diversas regulamentações visando à implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA)

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O Novo Código Florestal tem como um de seus objetivos estabelecer normas gerais sobre a proteção da vegetação

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P rodutores rurais terão até maio de 2015 para fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR), sendo que esse prazo poderá ser prorrogado por mais um ano, segundo o

Novo Código Florestal. O cadastro faz parte das mudanças estabelecidas pela Lei 12.651/2012 e será o primeiro passo para o diagnóstico ambiental de cada imóvel rural visando, dessa forma, a adequar as propriedades às exigências da nova regra, dando segurança jurídica aos proprietários rurais.

O objetivo da legislação é estabelecer normas gerais sobre a proteção de vegetação, áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal (RLs); a exploração �orestal; o supri-mento de matéria-prima �orestal; e o controle da origem dos produtos �orestais e o de prevenção dos incêndios �orestais. Também prevê instrumentos econômicos e �nanceiros para o alcance de seus objetivos.

O CAR é a grande novidade e, para realizá-lo, será necessário, além da documentação exigida, uma planta ou croqui georrefe-renciado do imóvel, com seu perímetro identi�cado e delimitado com coordenadas geográ�cas, principalmente os espaços que devem ser protegidos e recompostos, como APPs e RLs.

As APPs deverão ser recuperadas levando-se em conta o tamanho das propriedades, não sendo possível a exploração econômica nas áreas destinadas para recuperação. Mas na RL é permitida a exploração limitada, mediante manejo sustentável, sendo que sua averbação no Cartório de Registro de Imóveis não será obrigatória a partir da inscrição no CAR.

Outra mudança é a implantação do Programa de Regularização Ambiental (PRA), que está sendo preparado pelo Governo do Estado. Segundo o diretor técnico do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Eduardo Chagas, a normatização vem sendo feita com possibilidade de entrar em vigor no primeiro semestre de 2015.

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Áreas de Preservação Permanente (APPs) As áreas de preservação permanente são aquelas que devem ser mantidas intactas pelo proprietário ou possuidor de imóvel rural, independentemente de qualquer outra providência ou condição em virtude da sua natural “função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o uxo g nico de fauna e ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (Art. 3º, II, da Lei 12.561/12).Ficou previsto que somente devem ser protegidas como APPs as faixas marginais dos cursos d água naturais, eliminando a d vida quanto aos regos e canais artificiais

medição das faixas marginais de PPs passou a ser da borda da calha do leito regular dos cursos d água, deixando de ser a partir do nível mais alto em faixa marginal, como acontecia na antiga lei, o que dificultava a sua delimitação

situação dos lagos e lagoas naturais passou a ser definida por lei, o que não acontecia, ficando claro que, quanto aos reservatórios artificiais prevalece o disposto no respectivo licenciamento ambiental, que continua obrigatório para qualquer intervenção em curso d água.Além das mencionadas APPs hídricas, de aplicação certamente generalizada, mantiveram-se, com alguns esclarecimentos, a proteção de encostas, topos de morros, restingas, manguezais, bordas de tabuleiros e chapadas de altitude superior a 1,8 mil metros.

Reserva Legal As áreas de reserva legal seguem a mesma lógica da Lei de 1.965, alterada pela Medida Provisória 2.166/01. Ou seja, se traduz na obrigação legal do proprietário de preservar uma área de oresta nativa equivalente a um percentual da sua área total, variável de 20% a 80%, conforme a localização e o bioma.

reserva legal continua sendo passível de exploração limitada, mediante manejo sustentável, sendo que sua averbação no Cartório de Registro de Imóveis não será obrigatória a partir da sua declaração e inclusão no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Cadastro Ambiental Rural O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é a grande novidade do Código Florestal. Será a ferramenta para a gestão do uso e a ocupação do solo quanto às questões ambientais. De inscrição obrigatória para todos os proprietários rurais, será um novo registro p blico, onde deverão ser inscritas as propriedades, com seu perímetro identificado e delimitado com coordenadas geográficas, assim como todos os espaços protegidos no interior do imóvel, especialmente APPs e reserva legal.

Restauração Os proprietários que não tiverem área correspondente aos percentuais previstos pela nova lei de APPs e reserva legal com vegetação nativa preservada estão obrigados a fazer a recomposição da reserva legal, regeneração natural da vegetação de reserva legal ou compensação da reserva legal. Propriedades com menos de quatro módulos que foram desmatadas além do percentual exigido até 22 de julho de 2008 para atividades agrossilvipastores, de ecoturismo e de turismo rural, serão apenas fiscalizadas para que não haja mais desmatamento.

CONFIRA AS MUDANÇAS DO CÓDIGO FLORESTAL

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“Meu pai começou a fazer a recuperação da floresta nativa. Dizia que os netos não veriam florestas se o desmatamento continuasse” José Silvino Bisi, produtor rural de Jaguaré

Existem premiações para quem conserva �orestas já existentes e até para quem quer replantar áreas degradas, ou plantar em áreas pastoris.

Técnico da Comissão de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Murilo Antonio Pedroni explicou que por mais que tenha havido muita discussão com relação à aprovação da nova lei, os produtores rurais �caram satisfeitos com as mudanças, porque se adequaram às necessidades de preservação ambiental, mas estabeleceram regras mais viáveis para serem executadas tanto na preservação e conservação, quanto na restauração do que já foi degradado.

“Muitos ambientalistas alegam que as mudanças bene�ciaram os produtores, porque desoneraram quem desmatou, mas não é bem assim. Tudo depende do tamanho da propriedade. Na verdade, isso bene�ciou o pequeno produtor. Produtores maiores vão precisar fazer a recuperação das suas terras”, salientou.

As modi�cações com o re�orestamento trazem benefícios como recuperação das nascentes e aumento no volume de água dos rios nas propriedades. Foi assim em uma fazenda de 200 hectares em Jaguaré, norte do Estado, de propriedade da família de José Silvino Bisi. Desde 2010, eles fizeram re�orestamento para recuperar as APPs por conta própria, sem obrigação legal, e não se arrependem.

“Meu pai começou a fazer a recuperação da �oresta nativa e nós demos continuidade após a sua morte. Dizia que os netos não veriam �orestas se o desmatamento continuasse. Infelizmente ele não pôde ver tudo recuperado. Além do que já �zemos, temos mais áreas que vamos começar a recuperação em breve”, conta.

Por essa razão, os produtores devem �car atentos ao cadastro, bem a como a toda a documentação necessária para ser apre- sentada. Os escritórios do Idaf espalhados por todos os municípios do Estado estão orientando os proprietários rurais sobre como deve ser feito o CAR.

“Em todos os imóveis em que houver passivo ambiental identi�cado pelo cadastro, o proprietário terá que assinar um termo de compromisso para a regularização deles, conforme o que estará previsto no PRA. O CAR ainda permitirá que façamos diagnóstico ambiental de todas as propriedades do Espírito Santo e, dessa forma, será mais fácil orientar os pontos onde será preciso fazer recuperação das áreas”, acrescentou.

De acordo com a nova lei nas áreas de preservação permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008, sendo que será obrigatória a recomposição de faixas marginais que irão variar de cinco a 15 metros para pequenas propriedades e de 20 a 100 metros para médias e grandes propriedades.

“Essa nova prerrogativa legal bene�ciou principalmente os pequenos produtores, que além de ter que recuperar áreas menores, poderão utilizar espécies exóticas lenhosas juntamente com espécies nativas. Com isso, os proprietários terão mais facilidade na recuperação”, destacou Chagas.

Para que eles possam se adequar à nova proposta, o Governo do Estado lançou o Programa Re�orestar, em 2012. O projeto visa a remunerar o produtor rural que promove a recuperação e a conservação da natureza em suas propriedades.

ORIENTAÇÕES

Os proprietários rurais, pequenos e grandes, devem se preparar especialmente para o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Essa é a peça central da nova legislação e deverá reunir todas as informações da gestão ambiental das propriedades. A preparação do CAR deve ser acompanhada de uma planta ou croqui georreferenciado (que poderá ser elaborado com GPS de navega o e ou por fotointerpreta o , com identifica o dos cursos d’água, nascentes, olhos d’água, topos de morros, entre outros, bem como as APPs associadas. Aquelas que estiverem sendo utilizadas por atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural devem ser identificadas

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Projeto Biomas discute demandas de madeira da região norte

A s demandas de madeira da região norte do Espírito Santo foram apresentadas durante uma reunião com produtores rurais de Linhares, realizada no mês de outubro pelo

projeto Biomas, fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Produtores convidados pelo Sindicato Rural de Linhares conversaram com pesquisadores do projeto, que fazem parte de uma rede de mais de 240 pro�ssionais de diferentes instituições, sobre a necessidade de espécies de árvores não mais encontradas nas �orestas, além das madeiras usadas para estacas, engradamento de casas e confecção de móveis.

“Foram citadas várias espécies que poderiam ser plantadas pelo projeto, no sentido de desenvolver melhor as tecnologias de coleta de sementes, produção de mudas e melhoramento genético. O conhecimento que esses produtores, e muitos outros espalhados pelo Estado, repassaram ao projeto, é fundamental para perpetuação do uso e aproveitamento da madeira de modo sustentável, preservando a diversidade do bioma”, destacou Gustavo Curcio, pesquisador da Embrapa, que esteve presente no encontro.

As informações colhidas na reunião serão sistematizadas e apresentadas no curso que o projeto está realizando em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Os dados também serão analisados para futuras ações do projeto, que no Bioma Mata Atlântica-ES é coordenado pelo Incaper.

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FATOS

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por Marcele Falqueto

ÁGUAS

Água: a fonte de vida para o agronegócio e o Estado

N o Espírito Santo, 80% da água é utilizada para as atividades agrícolas. Esse recurso natural é um dos principais aliados do homem do campo, mas hoje

também lidera as preocupações dos produtores rurais. A razão é simples e segue uma tendência mundial.

O ano de 2014 está sendo marcado por uma intensidade alta de seca em várias bacias hidrográ�cas no território capixaba, a exemplo da bacia do Rio Doce e de vários de seus a�uentes. As situações mais alarmantes estão no norte do Espírito Santo, em municípios como Pinheiros e Montanha.

“O dé�cit hídrico para a agricultura já é uma realidade em diversos municípios do Estado. Há aqueles onde já registramos, inclusive, problemas no abastecimento para o consumo doméstico”, disse o presidente da Associação dos Irrigantes do Espírito Santo (Assipes), Saulo Favaro.

Para amenizar o problema, já que a água não é um recurso renovável, algumas ações já começaram a ser feitas pelo poder público. No Espírito Santo, uma medida importante foi a criação no início do ano da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH).

“Atualizamos a legislação e criamos uma rede de monitoramento de chuvas e vazão dos rios, além do controle da qualidade da água” Fábio Ahnert, diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH)

O recurso natural garante o sucesso das lavouras, mas reciso s erar m ra e esa o.

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No Estado, 80% da água é utilizada para a irrigação de

propriedades rurais

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Regiões de citricidade hídrica

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LEGENDA

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A iniciativa é um marco para os produtores porque a autarquia passou a gerenciar a Política Estadual de Recursos Hídricos, que inclui a regulação do direito de uso da água, a chamada outorga.

Com a implantação da agência, diversas iniciativas foram intensi�cadas. As obras de infraestrutura hídrica, como a construção de barragens, já começam a garantir as reservas para os tempos de estiagem. Atualmente, o Governo possui 34 projetos de barragens para serem construídas em várias regiões de escassez hídrica e de con�itos pelo uso da água.

Essas barragens somadas geram um volume de 13,8 milhões de metros cúbicos de água, que poderão ser utilizados em frentes múltiplas (como agricultura irrigada e abastecimento humano), segundo as regras de operação das barragens e a outorga.

Esse investimento é da ordem de R$ 45 milhões. Desses 34 projetos, a execução das obras de sete barragens, que totalizam um investimento de R$ 8,9 milhões, já será licitada pela AGERH até dezembro deste ano.

“A execução das primeiras barragens será feita em até oito meses. Também atualizamos a legislação e criamos uma rede de monitoramento de chuvas e vazão dos rios, além do controle da qualidade da água”, a�rmou o diretor-presidente da AGERH, Fábio Ahnert.

Além dos 80 pontos de monitoramento da qualidade da água nos rios capixabas, serão instaladas nos próximos meses mais quatro estações de monitoramento do nível dos rios, que se juntam às quatro já existentes. Para o ano de 2015, a previsão e de que a rede chegue a um total de 20 estações de monitoramento hidrológico.

Essas estações se integrarão à rede já existente da Agência Nacional de Águas (ANA). Em maio de 2014, o Espírito Santo aderiu ao pacto nacional para gestão das águas, que estabelece um conjunto de metas a serem perseguidas pelo sistema estadual de recursos hídricos nos próximos cinco anos, com apoio da ANA. O acordo envolve transferência de recursos em parcelas anuais, totalizando R$ 3,7 milhões pelo cumprimento das metas.

NOVAS REGRAS Em 2014, construir barragens para armazenamento d’água,

com �nalidade agropecuária (irrigação, reservação de água, ecoturismo ou turismo rural, dessedentação de animais e aquicultura) e barragens de usos múltiplos (captação para abastecimento humano e regularização de vazão) �cou mais rápido. Os procedimentos para obtenção do licenciamento foram simpli�cados e, para alguns casos, o licenciamento não é mais necessário, bastando apenas cadastro no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).

“Facilitar e acelerar o processo de licenciamento ambiental para o armazenamento de água é uma condição essencial para aumentar a produtividade das atividades agropecuárias, reduzir os riscos climáticos e ampliar a renda dos agricultores, pois nosso Estado tem dé�cit hídrico em 67% do território”, destacou o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli.

A nova legislação, que passou a vigorar em agosto, estabeleceu que todos os procedimentos de licenciamento serão realizados no Idaf, não mais precisando acionar o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para barragens superiores a 15 hectares de lâmina d´água.

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“O Idaf está no dia a dia do homem do campo porque tem escritórios em todos os municípios. Isso facilita a vida do produtor. O Governo simpli�cou o processo sem deixar de atender a todos os itens de segurança”, ressaltou Favaro, da Assipes.

Segundo Bergoli, o Espírito Santo já tem, possivelmente, a maior área irrigada e o maior número de barragens em proporção ao seu território, mas o objetivo é avançar ainda mais na reservação de água. “Trata-se de um insumo essencial à vida das pessoas, dos animais e das plantas, que ofertam alimentos, fibras e energia renovável para o planeta”, a�rmou.

O PAPEL DO PRODUTOR RURALAs ações do orgão público e a real ameaça

de falta de água incentivam uma nova postura do homem do campo. É o caso de Adalto Orletti, produtor rural de Pinheiros que adota a irrigação desde 1984, já perdeu lavouras por causa da estiagem e decidiu investir nas barragens e no reflorestamento das nascentes. “Desde então, nunca mais faltou água para mim e ainda colaborei com os meus vizinhos”, contou.

Para o presidente da Assipes, apesar dos avanços, o Estado ainda não chegou a um ponto ideal.“Hoje a maioria dos produtores são mais conscientes e se planejam para investir em equipamentos que consomem menos água para a irrigação, por exemplo. Mesmo assim, sabemos que estamos longe do ideal e que temos que evoluir na preservação da água”, a�rma Favaro.

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Parasita raro provoca morte de gado no Estado

Agricultura familiar é destaque na Semana de Ciência e Tecnologia

O parasita Trypanosoma vivax, identi�cado em rebanhos de Aracruz e João Neiva, provocou a morte de 120 de cabeças de gado e prejuízos na ordem de R$ 360 mil.

Para combater a incidência da rara enfermidade, o Espírito Santo montou uma força-tarefa. O Governo do Estado solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que libere a importação de medicamentos e�cazes.

Ao notar algum dos sintomas nos animais - perda de peso, diminuição da produção leiteira e de carne ou fraqueza, entre outros - o produtor deve procurar os pro�ssionais das cooperativas ou o médico veterinário responsável pelo rebanho. Também é preciso noti�car o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), pois é necessário mapear a doença para facilitar medidas de prevenção e curativas, por meio da quanti�cação de remédios que serão importados.

Alimentos da agricultura familiar de diversos municípios capixabas chegam às mesas de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar na Grande Vitória. Esse é o resultado da parceria entre o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), por meio do Projeto Tecsocial e do Polo de Manga, com o Programa Mesa Brasil Sesc-ES e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Idaf, Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) e a Universidade Vila Velha (UVV) reuniram veterinários, técnicos, acadêmicos e agentes de extensão rural para nivelar informações sobre a incidência do parasita, identi�cação dos sintomas e sinais clínicos.

A transmissão acontece por insetos hematófagos e por seringas utilizadas para vacinação intravenosa no rebanho (ocitocina, por exemplo). Já a vacinação contra febre a�osa não oferece riscos ao animal, por ser subcutânea.

A tripanossomose não atinge humanos e ataca principalmente os bovinos, mas pode afetar ovinos, caprinos e bubalinos também. Só é fatal em quadros agudos, mas o gado doente perde peso e diminui a produtividade de leite.

Foto: Augusto Barraque / Incaper

Uma parceria institucional que pôde ser conhecida no estande do Incaper durante a 11ª Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, realizada de 12 a 15 de novembro, no campus de Goiabeiras, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “Por meio da integração entre essas instituições, é possível garantir a doação de alimentos saudáveis para pessoas que vivem em insegurança alimentar e nutricional na Região Metropolitana da Grande Vitória, bem como a comercialização direta com agricultores familiares por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). É uma forma de abertura de canal de comercialização para um mercado institucional”, a�rma a coordenadora de Comercialização da Agricultura Familiar e chefe da área de Assistência Técnica e Extensão Rural do Incaper, Pierângeli Aoki.

A coordenadora do Programa Mesa Brasil Sesc-ES, Vanessa Baptista Massini, também esteve presente no estande, explicando o funcionamento do programa e seus benefícios para a população favorecida e agricultores familiares. “O Mesa Brasil recebe doações de agricultores de diversos municípios. São doados alimentos que estão fora do padrão comercial, seja pelo tamanho ou pelo aspecto físico, mas que são próprios para o consumo humano. Esses alimentos são ofertados para instituições que abrigam pessoas em vulnerabilidade social, uma vez por semana, na Ceasa”.

Parceria garante doação de alimentos saudáveis a i stit i es be e ce tes

O gado doente perde peso e produz menos leite

FATOS

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FATOS

Programa incentiva sustentabilidade na agricultura familiar

A gricultores do Espírito Santo e da Bahia estão sendo capacitados e organizados em associações para desenvolver diversos tipos de cultivo e a criação de pequenos animais,

contribuindo para aumentar a renda das famílias. Isso acontece através do Programa de Desenvolvimento Rural e Territorial (PDRT), desenvolvido pela Fibria, que no Estado bene�cia centenas de famílias, sendo que 98 estão integradas a sete associações localizadas em Barra do Riacho, no município de Aracruz.

Os produtores cultivam alimentos como coco seco, abóbora e aipim, jabuticaba, feijão preto, laranja, amendoim, milho, pimenta-do-reino, café e palmito. As atividades contemplam ainda manejo de pastagem, assistência técnica e estímulo ao uso de tecnologias de baixo custo e reduzido impacto ambiental, além de incentivo

e orientação para o acesso dos produtores a políticas públicas, ampliando as possibilidades de comercialização dos produtos.

A iniciativa promove ainda a segurança alimentar das famílias, favorecendo o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos e a preservação do solo. “Os agricultores participam de reuniões e oficinas de capacitação em gestão, produção e comercialização, e têm suas atividades acompanhadas por engenheiros agrônomos. A iniciativa traz benefícios como organização das associações e conhecimento sobre o valor de mercado”, destaca a consultora de Sustentabilidade da Fibria, Claudia Belchior.

Para participar dos programas, as comunidades são escolhidas com base em critérios como intensidade do impacto provocado pela atividade �orestal e a vulnerabilidade da população afetada. O PDRT é a principal ferramenta de engajamento da Fibria com as comunidades vizinhas às suas operações.

Fibria desenvolve ação que beneficia centenas de

famílias de agricultores capixabas e baianos

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por Rodrigo Fernandes

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Um novo olhar para a produção agropecuáriaPesquisas atendem às demandas dos produtores e criam ciclo de conhecimento

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No Espírito Santo, incorporação dos serviços de pesquisa ao de assistência técnica e extensão rural contribui para o aumento da produtividade da lavoura

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A sociedade tem passado por enormes mudanças nas últimas décadas. Nascem novas formas de se interpretar e alterar a realidade, assim como mais fontes de

compreensão sobre a natureza, a sociedade e os processos históricos. Está cada vez mais evidente a importância da ciência e de processos aprimorados de análise e antevisão, para lidarmos com a complexidade que marca o nosso tempo.

A geração da informação, do conhecimento, da tecnologia e da inovação, importantes para a melhoria das condições de vida da população e o fortalecimento da cidadania, também chegou ao campo por meio da política cientí�ca e tecnológica. “Há um movimento em curso nas instituições técnicas nacionais e internacionais, nos centros de pesquisa, nas universidades, expresso em artigos, debates e contribuições diversas, passando a emprestar para a sociedade um novo olhar sobre a produção agropecuária brasileira e do Estado”, garante o coordenador geral do Núcleo de Inovação Tecnológica do Espírito Santo, Antônio Alberto Ribeiro Fernandes.

No Espírito Santo, um intenso processo de transformação na política cientí�ca e tecnológica voltada à agropecuária teve início com a incorporação dos serviços de pesquisa ao de assistência técnica e extensão rural, mostrando-se indispensável construir um canal de comunicação entre o campo e a cidade.

A aproximação da ciência com o interesse e as necessidades do seu público-alvo foi uma diretriz encontrada no Estado e que tem trazido resultados positivos para toda a cadeia de produção agropecuária, dos produtores aos consumidores e sociedade. “Encontramos uma base cientí�ca sólida onde o desenvolvimento tecnológico é direcionado para gerar processos e produtos de elevada qualidade, seguros e limpos, com maior e�cácia no uso de recursos não agressivos ao meio ambiente” explica o chefe da área de pesquisa do Incaper, José Aires Ventura.

Hoje, a agricultura passa a ser percebida por seu real signi�cado para o presente e o futuro dos brasileiros. “Encontramos nos próprios produtores as suas necessidades, demandas e inovações. Partimos do campo, levamos as discussões para áreas de pesquisas – como universidades, centros de pesquisas, entre outros –, desenvolvemos ou aprimoramos determinada técnica e devolvemos para o produtor o conhecimento necessário, para que este aplique em suas propriedades a inovação necessária para uma melhor produtividade”, a�rma o diretor técnico do Incaper, Aureliano Nogueira da Costa.

Se no mundo consumidor há valores que se corporificam no fortalecimento do conceito de democracia alimentar, como alimentos mais nutritivos e saudáveis, produzidos em maior quantidade, num mercado global cada vez mais competitivo, onde outros segmentos encontram sérias limitações, a agricultura brasileira �gura como uma apólice de seguro de crescimento econômico já contratado.

Em 40 anos, o desenvolvimento de uma agricultura tropical brasileira projetou o país para um papel crucial na oferta. Os dados de crise alimentar são indiscutíveis, resultado do aumento da população mundial (de 7 bilhões para 9 bilhões, até 2050) e da renda. Nesse quadro, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) reserva ao Brasil a missão de fornecer 40% da demanda suplementar de alimentos das próximas décadas, ou seja, produzir mais 100 milhões de toneladas de grãos em 20 anos.

Tamanha produção conta com a produtividade de terras capixabas de onde os produtos do agronegócio são exportados para mais de 100 países e a produção é realizada, cada dia mais, com técnicas sustentáveis, tendo como exemplo a evolução na diminuição do estoque de áreas degradadas.

Estudos feitos pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag),

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SYSTEM APPROACHTecnologia que reabriu as exportações de mamão do Brasil para os EUA

O Brasil destaca-se na produção mundial de mamão, respondendo por cerca de 20% da oferta global e auferindo uma receita média anual US$ 34,5 milhões pela venda de 27,6 mil toneladas da fruta ao ano. A Bahia é o maior produtor nacional, seguida pelo Espírito Santo. Essas duas unidades federativas são responsáveis por cerca de 70% do mamão negociado no país e exterior. A legislação nacional que regula as exportações, contudo, determina que os produtos comercializados de origem vegetal devam ser livres de insetos. Em função de restrições, o mamão brasileiro foi impedido de entrar nos EUA a partir de 1985. Com a suspensão, foram necessários longos estudos e o uso de novas tecnologias que comprovassem o risco zero de introdução das pragas.

A resposta para minimizar o uso e o custo da água na irrigação, por exemplo, pode estar neste momento na cabeça de um estudante da Universidade Federal e que, em breve, pode ser traduzida para a linguagem do próprio produtor e implantada com o auxílio de técnicos supervisores, resultando num grande projeto que inclui a participação de diversos núcleos da sociedade. “O agricultor brasileiro é um inovador nato. Aprendeu que a incorporação constante de tecnologias ao seu negócio é uma questão de sobrevivência. Nessa toada transformou sua fazenda em empresa. Em um ambiente altamente competitivo, sabe que somente inovando terá sucesso em remunerar seu capital imobilizado, com controle de custos e boa rentabilidade”, a�rma Aureliano.

NOVOS INVESTIMENTOS NA GERAÇÃO DE CONHECIMENTO

Somente no último ano foram investidos mais de R$ 950 mil em editais para projetos focados na área rural do Estado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Pro�ssional e Trabalho do Espírito Santo, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo com o objetivo de incentivar e investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor da agricultura. Dentre os projetos apoiados, estão as áreas de agricultura familiar, tratamento de resíduos, combate às pragas, adubação alternativa e melhorias na metodologia do agronegócio.

De acordo com coordenador do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Vivacqua, mais iniciativas trarão benefícios para o setor do agronegócio. “Uma delas é a implementação do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CPID), que já teve sua ordem de serviço assinada este ano. Com a implantação do CPID,

comprovam o avanço da recomposição �orestal no Estado. Em 1992, havia cerca de 600 mil hectares de áreas degradadas no Espírito Santo, hoje esse território caiu para 393 mil hectares.

De acordo com coordenadora da pós-graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Patrícia Machado Bueno Fernandes, programas de incentivo do Governo Federal e do Estado e parceiros, aliados à conscientização dos agricultores, devem criar um novo equilíbrio entre produção agropecuária, meio ambiente e pesquisas cientí�cas. “O auxílio desses incentivos gera produção maior com menos área degradada, modificações genéticas que resultam num melhor produto, entre outros estudos que, ao serem implantados e aproveitados pelo produtor, permitem destinar maior espaço nas propriedades para a recomposição florestal. Dessa forma todos ganham – populações rurais e urbanas”, explica.

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será possível ampliar o apoio à interação entre o setor acadêmico e empresarial capixaba, pois serão realizados projetos de pesquisas com vistas à criação e a melhorias de produtos e processos para aumentar a competitividade do setor produtivo”, a�rma Vivacqua. A estrutura do CIPD será composta de sete laboratórios para a realização de pesquisas cientí�cas e projetos de desenvolvimento tecnológico, sendo dois deles diretamente ligados à agricultura.

Nas propriedades capixabas, diagnosticar a realidade do campo faz parte do projeto conhecido como Proater (Programa de

Assistência Técnica e Extensão Rural) desenvolvido pelo Incaper. “O planejamento das ações parte do conhecimento da realidade com o objetivo de construir participativamente projetos adequados para cada demanda surgida no campo. A partir do diagnóstico, são identificados os problemas e as potencialidades de cada município, os quais são organizados a partir das dimensões de sustentabilidade-social, econômico-produtiva e ambiental – com o propósito de traçar ações estratégicas” explica o chefe da área de pesquisa do Incaper, José Aires.

O instituto ampliou suas atividades de pesquisa, desenvolvi-mento e inovação, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de diversas famílias no meio rural capixaba. Em 2013, a inclusão sócio-produtiva de famílias em situação de extrema

pobreza, a capacitação de técnicos e produtores, ampliação da rede de jardins clonais das novas variedades, visando à disponibilização de mudas aos produtores, e as missões internacio-nais que visitaram o Espírito Santo para conhecer as experiências de agricultura familiar encontram-se entre as princi-pais ações do Instituto. De acordo com o diretor técnico do Incaper, Aureliano Nogueira da Costa, são 3.400 famí-lias que participarão de uma proposta inovadora de extensão rural em 13 municípios capixabas ao longo de três anos. A iniciativa consiste no acom-panhamento sistemático das famílias para que tenham desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Por meio de inúmeras pesquisas, o Incaper chegou à aplicação do conceito system approach para as

om a im la ta o o ser oss vel am liar o a oio i tera o e tre o setor aca mico e em resarial ca i aba arcelo ivac a coor e a or o cleo e i cia ec olo ia e ova o

ci cia a lica a a ric lt ra tem

co se i o o some te a me tar a ro tivi a e os alime tos mas re ir

o mesmo elimi ar a os ao meio ambie te

c icas a r colas mo er as est o a me ta o a ro tivi a e e ao mesmo tem o mel ora o a ertili a e o solo e rote e o o meio ambie te ar a e terra

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moscas-das-frutas, o que viabilizou, a partir de setembro de 1998, o retorno do mamão capixaba ao mercado norte-americano. O conceito foi aplicado pela primeira vez no Brasil em Linhares. Numa tecnologia de ampla base ecológica que integra práticas

PRIMEIRA VARIEDADE DE MAMÃO DO GRUPO FORMOSA DO ES A nova variedade de mamão veio suprir uma lacuna existente no mercado brasileiro em relação às cultivares de frutos grandes, do tipo formosa, favorecendo a redução da dependência de utilização de sementes importadas. Os frutos apresentam peso médio de 1,5 kg, com polpa consistente, de cor laranja avermelhado e sabor suave. Por apresentar características adequadas às exigências de mercado, a nova variedade constitui-se alternativa extremamente vantajosa aos pequenos e médios produtores de mamão do Espírito Santo.

LONGE DAS AMEAÇAS ÀS LAVOURAS Selecionada após 10 anos de pesquisa, esta variedade de abacaxi tem como principal característica a resistência à fusariose. Essa doença, causada por um fungo, é a maior ameaça às lavouras do Brasil, responsável por perdas de até 40% da produção. Além disso, o abacaxi “Vitória”, como foi batizado, possui elevada produtividade e ótimas características de sabor e pode ser utilizado tanto para consumo in natura quanto para atender à agroindústria.

de pré e pós-colheita utilizadas nos diversos estágios da cadeia produtiva da fruta, proporcionando, a cada passo, a garantia de que o produto está livre de pragas e, por conseguinte, a segurança quarentenária exigida pelos países importadores.

VARIEDADE DE CONILON MAIS PRODUTIVA Foram 19 anos de pesquisa para que esta variedade do café conilon fosse apresentada como a mais produtiva já desenvolvida dentro de um programa de melhoramento genético no mundo. O Café Conilon “Vitória Incaper 8142” resulta do agrupamento de 13 clones de melhor desempenho, selecionados a partir de 530 matrizes de lavouras comerciais e posterior avaliação experimental durante oito safras consecutivas. Produzindo 21% a mais que a média das cinco melhores variedades lançadas pelo instituto, a Vitória ultrapassa com produtividade de 70,4 sacas/ha, a média capixaba, estimada em 22,4 sacas/ha na época do lançamento.

PODA PROGRAMADA DE CICLO DE CAFÉ CONILON Processos relacionados ao cultivo de café conilon têm contribuído para o aumento de 150% da produtividade média nos últimos 10 anos. A poda programada, já recomendada desde 1993, vem sendo adotada pela maioria dos produtores capixabas. O cafeeiro conilon é uma planta de crescimento contínuo que possui hastes ou ramos verticais e horizontais que, após determinado número de colheitas, ficam envelhecidos e pouco produtivos. aí a necessidade da poda, que deve ser realizada imediatamente após a colheita. A nova técnica de renovação da lavoura cafeeira aumenta a produtividade em, no mínimo, 20%, reduzindo em pelo menos 32% a mão de obra utili- zada no serviço, redundando em maior retorno para o cafeicultor.

A COLHEITA DE RESULTADOS EM TERRAS CAPIXABAS

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por Yasmin Vilhena

Apicultura se destaca no Espírito Santo

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C onsiderada uma atividade capaz de causar impactos sociais e econômicos, a apicultura vem sendo intensificada no Estado. A prática, que consiste na criação de abelhas

com ferrão para a produção de mel, própolis, geleia, real e pólen, tem se tornado uma significativa alternativa de renda para famílias, principalmente por sua praticidade, visto que não é necessário muito tempo nem grandes áreas de terra para sua criação. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), o setor vem se fortalecendo ao longo dos anos: de 2007 para 2011, o número de apicultores subiu consideravelmente, passando de 60 para 417. Uma quantidade que deve se elevar ainda mais este ano, chegando à casa dos 720 profissionais. O resultado também pode ser justificado pelo crescimento das associações de apicultores, que registraram um aumento no mesmo período (três em 2007 e 18 em 2011). E se algum tempo atrás a renda média mensal com apicultura beirava a faixa dos R$ 90, hoje, essa realidade é bem diferente, podendo chegar até o final deste ano a R$ 350.

A atividade característica da agricultura familiar depende basicamente da pastagem apícola, que no caso do Espírito Santo, é de altíssima qualidade. O Estado possui alta aptidão para

produção de mel de diversas floradas, como assa-peixe, capuchinho, capixingui, canudo de pito, eucalipto, café e macadâmia.

Para fortalecer ainda mais a apicultura, diversos projetos vêm sendo desenvolvidos no Estado, a exemplo do Apisfrut, iniciado no final de 2013. O programa, que é financiado pelo Ministério da Integração Nacional, tem como parceiros Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag); Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper); Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes); Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES); Federação Capixaba das Associações de Apicultores (Fecapis); Fibria; dentre outros.

“Temos grandes parceiros nos incentivando e oferecendo cursos de capacitação, o que agrega mais valor ao trabalho que é realizado pelas famílias agricultoras”Eraldo Angeli, presidente da Fecapis

Agricultores capixabas veem a prática como uma significativa alternativa de renda

Número de apicultores cresce a cada ano. Em 2007, eram 60 produtores, passando para 217 em 2011

APICULTURA

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is r t ma alter ativa ara s rir as ecessi a es b sicas e i raestr t ra e ro o e rocessame to ari a arval o iretora t c ica o stit to aviesa

O projeto envolve aproximadamente duas mil pessoas ligadas à atividade de apicultura, promovendo a inclusão produtiva de mais 700 famílias durante o processo. “Trata-se de um investimento do Ministério da Integração Nacional onde o Ifes é a entidade executora do projeto no Espírito Santo, e o Instituto Saviesa de Inovação e Tecnologia é o responsável pela sua implantação. A Apisfrut é uma alter-nativa para suprir as necessidades básicas de infraestrutura de produção e proces-samento. Está prevista a estruturação de 30 escritórios para as associações locais e de 30 unidades de extração de mel, bem como o funcionamento de três entrepostos regionais (Muqui, São Mateus e Aracruz) e a estruturação de um packing house para apoio logístico na comercialização da produção, compras coletivas, dentre outras ações de apoio à rede”, afirma a diretora técnica do Instituto Saviesa, Karina Carvalho.

A primeira entrega dos kits de apicultura do projeto Apisfrut acon-teceu no final do mês de julho, contemplando 30 famílias de origem indígena de Aracruz. Outras também foram realizadas em setembro e outubro, nos municípios de Pancas e Afonso Cláudio. Cada kit contém 10 colmeias com 10 suportes, cada uma com um ninho e duas melgueiras com fundo e tampa. Também foram entregues

dois garfos desoperculadores, um fumegador, 10 quilos de cera e uma carretilha. Além das peças de trabalho, todos os apicultores receberam roupas específicas, como macacão, botas e luvas.

Outro projeto de destaque do Estado é o Rede Apes, desenvolvido pelo Sebrae-ES em parceria com Incaper, Idaf, Seag, Senar, Petrobras, Fibria e Samarco. O trabalho atende diretamente a 408 apicultores e envolve no total cerca de 1.700 pessoas.

“Na Unidade de Agronegócio do Sebrae-ES, trabalhamos com a gestão da pequena propriedade rural, levando conhecimento por meio de palestras, cursos, consultoria e oficinas, voltadas tanto para a parte tecnológica quanto para a de recursos e finanças. Buscamos incentivar o associativismo, principalmente com grupos de produtores rurais. Todos os participantes do Rede Apes estão se especializando cada vez mais dentro da apicultura, área que vem crescendo significativamente ao longo dos anos. O que era visto como hobby está se tornando uma geração de renda”, revela gerente da Unidade de Agronegócio do Sebrae-ES, Letícia Simões.

De acordo com o presidente da Fecapis, Eraldo Angeli, a tendência é que o setor se fortaleça ainda mais. “A apicultura deverá crescer bastante nos próximos anos. Temos grandes parceiros nos incentivando e oferecendo cursos de capacitação, o que agrega mais valor ao trabalho que é realizado pelas famílias de agricultoras. A atividade é muito positiva para o Estado, até porque as abelhas cumprem um importante papel de polinizadoras, melhorando a produção de hortaliças, legumes e do conilon, por exemplo”, explica.

Descrição 2007 2011 2014*

mero e a ic ltores 60 417 720

mero e i a es e e tra o e mel 0 32 47

mero e m ic ios e volvi os 5 25 30

mero e associa es 3 18 24

mero e essoas e volvi as 180 1.251 2.160

ro o a al e mel 4.500 300.000 500.000

iversi ca o e ro tos 1 12 12

ro tivi a e colmeia a o 8 18 25

e a m ia me sal com a ic lt ra R$90,00 R$240,00 R$350,00

ol me e ve a 20.000 300.000 500.000

Venda anual de mel (R$) R$ 64.000,00** R$ 1.200.000,00** R$ 3.000.000,00**

APICULTURA NO ESTADO

stit to rasileiro e eo ra ia e stat stica e stit to e e esa ro ec ria e lorestal o s rito a to a

* Para 2014 é uma estimativa de produção, já que ainda não foi feito o fechamento da produção.** Preço médio no mercado: 2007 (R$ 3,20); 2011 (R$ 4) e 2014 (R$ 6)

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Crédito e desenvolvimento rural no Espírito Santo

Enio Bergoli

O crédito é o principal instrumento de política de desen-volvimento. No espaço rural, tem papel relevante na modernização tecnológica das atividades agroindus-

triais, o que determina a competitividade do setor em mercados cada vez mais globalizados.

No Espírito Santo, o agronegócio, um conceito que envolve todos os elos das cadeias produtivas, é responsável por cerca de 30% do PIB total, enquanto no país esse indicador não passa de 23%. Além disso, é estratégico para geração de emprego e renda para mais de 80% dos municípios capixabas.

Em apenas 0,5% da área geográ�ca do país, o Estado é líder na produção de café conilon e o segundo dos cafés como um todo; maior exportador e segundo produtor de mamão; segundo produtor e exportador de pimenta-do-reino; maior exportador de pimenta rosa e gengibre; terceiro produtor de ovos; e quarto de cacau e seringueira, dentre outros. Na agroindústria, somos expoentes em celulose, sucos de frutas, movelaria, café torrado e solúvel, chocolates e produtos lácteos.

Essa excelência capixaba na agropecuária e negócios associados se deve a fatores como: geração e aplicação de conhecimentos e tecnologias, capacidade empreendedora dos agricultores e agroindustriais, planejamento integrado e participativo entre os setores público e privado. Contudo, foi o crédito rural que dinamizou, modernizou e diversi�cou nossa base de produção e agroindustrialização, numa verdadeira revolução tecnológica, com poucos exemplos análogos no país ou no exterior.

O crédito rural realizado no Espírito Santo evoluiu de R$ 1,38 bilhão no ano-safra 2010/11 para R$ 2,5 bilhões no último ano safra, que �ndou em junho deste ano. E para o ano-safra atual,

que vai até junho de 2015, o Governo do Estado, em parceria com as instituições �nanceiras e as representações dos produtores e pescadores, lançou o Plano de Crédito Rural 2014/2015, com recursos recordes de R$ 2,7 bilhões. Em apenas quatro anos, duplicaremos a aplicação do crédito rural.

Essa alta performance do crédito impactou o Valor Bruto da Produção da Agropecuária (VBPA) no Estado, que saltou de R$ 4,37 bilhões, em 2009, para R$ 7,5 bilhões, no ano passado. O VBPA é uma espécie de receita bruta que �ca nas propriedades rurais e, portanto, tem uma relação direta com a ampliação da renda no campo.

Mas há muitos gargalos a serem superados. Temos propor-cionalmente a maior área irrigada do país e precisamos utilizar equipamentos que sejam mais e�cientes no consumo de água e energia. Corrigir desníveis tecnológicos regionais de produtividade, tecni�car a pecuária, ampliar investimentos na pesca e na agricultura familiar, diversificar a partir da fruticul-tura e avançar em processos sustentáveis de produção são alguns dos principais desa�os a vencer, tendo o crédito como principal aliado.

Ações planejadas, integração entre os atores do setor e disponibilidade de

crédito suficiente, com taxas de juros e prazos adequados às explorações agropecuárias e pesqueiras, vão acelerar o processo de desenvolvimento rural, com reflexo direto na melhoria da qualidade de vida das pessoas, em especial das famílias do campo, que estão na base de todas as cadeias produtivas do agronegócio do Espírito Santo.

Enio Bergoli é secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca

INCENTIVOARTIGO

Expansão do crédito rural no Estado foi fundamental para o processo de desenvolvimento do agronegócio local

Foi o crédito rural que

dinamizou, modernizou e diversificou nossa base de produção e agroindustrialização, numa verdadeira revolução tecnológica”

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