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ABRIL 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 1

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 2020 · Colégio Albert Einstein 1º Vice-presidente José Augusto de Mattos Lourenço Colégio São João Gualberto ... nos afetos do autista

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O Sieeesp vem incentivando fortemente, ao longo dos anos, que o nosso segmento se modernize e busque de maneira consis-

tente uma gestão cada vez mais eficiente, que seja condizente com os novos tempos, exigentes por uma administração enxuta. As escolas particulares que vêm se esforçando nesse sentido crescem e conquistam alunos, pois fazem a lição de casa.

Chegou a hora de tanto o Go-verno quanto o Congresso também fazerem a lição de casa, pois o País está sendo desafiado por situações críticas internas e externas: a não votação de pautas importantes no Congresso, a disseminação sistemática e constante do novo coronavírus e suas consequências recessivas econômicas.

De uma forma ou de outra, vários países se mobilizam para tomar medidas que possam de alguma forma reanimar suas economias, tentar bloquear os im-pactos negativos dessa epidemia e escapar de uma recessão mais forte, que já ameaça a economia global. As quedas sistemáticas das principais bolsas de valores mundiais são um claro reflexo dessa situação.

O Reino Unido anunciou um corte da taxa básica de juros, de 0,50, com o intuito de incentivar o consumo e o crédito. Os Estados Unidos também caminham no mesmo sentido, e não querem ver sua economia abalada pela epidemia do coronavírus. O presidente Donald Trump agiu rápido e anunciou

LIÇÃO DE CASA,TAMBÉM PARA BRASÍLIA

a intenção de reduzir impostos e desonerar a folha de pagamento das empresa americanas.

Por aqui, parece que os políticos de Brasília ainda não acordaram para a gravidade do que está acon-tecendo no mundo. De acordo com vários analistas, a melhor forma de o Brasil ficar melhor blindado para

enfrentar uma possível recessão mundial é fazer as reformas. Mas elas estão paradas no Congresso desde o ano passado, como o novo pacto federativo, a privatização da Eletrobrás e os novos marcos regulatórios dos mercados de gás e saneamento. Sem contar que le-varam o ano inteiro de 2019 para aprovar a reforma da Previdência.

E quando se fala na reforma tributária, o Governo não sinaliza com qualquer projeto e não se en-tende com a Câmara e o Senado. E o mais grave de tudo isso é que, na contramão do resto do mundo, as propostas que tramitam no Congresso aumentam impostos para as escolas e todo o setor de Serviço – que é a mola-mestra da economia, respondendo por mais de 70% do PIB, não desoneram a folha de pagamento e criam mais

dificuldades para a atividade econômica.Está na hora de o Governo e o Congresso também

fazerem a sua lição de casa e não fecharem os olhos para a gravidade do que está acontecendo no mundo. O verdadeiro vírus que está se abatendo sobre a classe política não é o coronavírus, mas, sim, o da letargia, que pode custar muito caro para os brasileiros.

Presidente do [email protected]

BENJAMINRIBEIRO DA SILVA

Editorial

De acordo com vários analistas, a melhor forma de o Brasil ficar melhor blindado

para enfrentar uma possível recessão

mundial é fazer as reformas

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 20204

sieeesp.com.br

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

ABRIL DE 2020 - Edição 265

PRODUÇÃO EDITORIAL

Editor-chefe:Marcos Menichetti - MTB 12.466

[email protected]

Para anunciar:[email protected]éditos das fotos: freepik - macrovector - patrickss - davidzydd - pikisuperstar - snowing - colorfuelstudio - brgfx - grmark - harryarts - vectorpouch - jcomp

Impressão: Companygraf

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REGIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani Filho - (14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

GuarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília(14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos Campos(12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Expediente / Índice

Lição de casa, também para Brasília

3

Cada qual tem seu jeito, e é assim!A história do E.T.

5

Plasticidade neural e a aprendizagem escolar

6

Ração humana

14

Gestão escolar na modernidade líquida

16

A gentileza contribuindo paraa aprendizagem

20

Altas habilidadesou superdotação

36

Eugênio Cunha -É necessário mergulhar nos afetos do autista

42

Educação, gamificação e jogos na escola

30

Escolas inovadoras estão muito alémdo investimentoem tecnologia

34

Rua Benedito Fernandes, 107 - Santo Amaro São Paulo - SP - CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

@sieeesp sieeesp

sieeesp

54

Cursos de maio

50

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Comportamento

I magine que você é um ET chegando na terra pela primeira vez. Lá do alto do

seu disco voador, focaliza um jogo de futebol. Então, sem entender nada, sem entender as regras, logo percebe que existem dois grupos de 11 homens correndo atrás de uma bolinha branca. Não é muito difícil compreender qual é o obje-tivo deles: chutar sempre a bola, cada um no sentido do outro, tentando alcançar um quadrado branco, para que a bola passe por ali. Quando a bola passa eles fazem uma festa. É possível entender perfeitamente qual é a meta de um lado e do outro. O que você não vai entender com facilidade, no papel de um ET, é um cara com uma camisa diferente que corre para lá e para cá com um apito. Às vezes, ele aponta para o chão e sopra o apito, às vezes ele levanta um cartão amarelo ou vermelho, age de uma maneira meio louca. Quando a bola vem em sua direção... ele pula e se

Cada qual tem seu jeito, e é assim!A História do E.T.

afasta dela. Você, enquanto ET, vai achar que o juiz do jogo de futebol é um cara completamente louco. Por quê? Porque não compreende as regras, leis ou ações que estão por trás desse comportamento. Assim somos nós, quando olhamos para um sistema e queremos aplicar as regras que consideramos válidas em nosso sistema familiar, ou na escola, para dentro do sistema familiar da criança. Estamos cegos quanto às leis que governam aqueles sistemas e, portanto, aquele comportamento é completamente incompreen-sível para nós. Não compreendemos como é que funciona. Na verdade, aquela pessoa cumpre uma função para o todo, para aquele sistema familiar inteiro.

O convite é para que você, leitor, experimente olhar o com-portamento das crianças, de seus colegas de escola e de pessoas em sociedade como um comportamen-to sistêmico. Antes mesmo de jul-garmos como estranho e maluco,

ou inadmissível... podemos per-guntar: que função a pessoa está cumprindo dentro do seu sistema familiar, ou dentro do sistema so-cial em que ela está inserida? Ao fazer isto, o desejo de “abduzir” o sistema do outro se finda e, com certeza, os efeitos disso são mais harmonia e cooperação nos rela-cionamentos. Experimente! •

(História do E.T.Adaptação do texto original de

Gunthard Weber)

abordagem sistêmica e consultor de empresas com intensa atividade pelo Brasil, México, Portugal, Espanha, EUA e Suíça. Co-Fundador e Diretor do iDESV (1999) Instituto Desenvolvimento Sistêmico para a Vida, assim como da Editora Atman, responsável pela tradução e publicação de títulos relacionados a abordagem sistêmica.

Médico e educador, também atua como facilitador da

DÉCIO FÁBIO DE OLIVEIRA JÚNIOR

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Matéria de Capa

A plasticidade neural é a capacidade de organização do sistema nervoso frente ao aprendizado e/ou a uma lesão. Essa

organização se relaciona à modificação de algumas conexões sinápticas. A plasticidade não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume, também, fun-ções extremamente importantes no funcionamento normal do indivíduo.

Os processos de modificação pós-natais como consequência da interação com o meio ambiente e as conexões que se formam durante o aprendizado motor consciente (memória) e inconsciente (automatismo) são exemplos de como funciona a neuroplasticidade em indivíduos sem alteração do sistema nervoso cen-tral. É importante salientar que esses dois processos descritos acima necessitam da estimulação periférica para dar o feedback neuromotor (resposta motora).

Inicialmente, a organização cerebral e o funcio-namento do sistema nervoso eram considerados definidos geneticamente, isto é, o homem teria um programa predeterminado que definia a sua estru-tura e as funções das várias áreas. O que caracteri-zava o cérebro era a estabilidade das suas conexões,

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que eram consideradas imutáveis, e acreditava-se também que ele era um órgão que atingia o auge da sua capacidade e força ao fim da puberdade, estando condenado a se degradar progressivamente à medida que a idade avançava.

Com o avanço da ciência foi constatado que o cérebro é um órgão maleável, modificando-se com as experiências, percepções, ações e comportamentos do humano. Ou seja, a relação que o homem estabelece com o meio produz alterações no sentido de desen-volver uma adaptação mais eficaz.

Foi por meio da maleabilidade do cérebro que se chegou ao conceito de plasticidade cerebral – a capacidade do cérebro em se remodelar a partir das experiências do sujeito, reformular as suas conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente, permitindo, assim, uma aprendizagem ao longo da vida.

De maneira a ilustrar esse saber supracitado, podem-se apontar alguns exemplos de plasticidade neural intencional, como uma pessoa ao aprender a tocar um instrumento musical. Evidentemente, não se nasce sabendo. Por isso, é preciso estudar, com esforço e perseverança para que, a partir daí, ocorra a neuroplasticidade. Nessa, novos neurônios espe-cializados, denominados de neuróglias, são ativados e recrutados para desenvolver aquela nova função. Então, o sistema nervoso central se organiza a fim de aprender algo novo.

No processo de aprendizagem de cada indivíduo o cérebro possui diferentes potenciais de inteligência, já que todo ser humano possui habilidade para expan-dir e aumentar sua própria aprendizagem. Porém, é importante afirmar que, segundo Rogers, “o aluno deve ter desejo de aprender, e o professor, como o facilitador do aprendiz, deverá ser o motivador da aprendizagem, apreciando, escutando e respeitando o estudante, criando um estabelecimento de vínculo positivo, confiando na capacidade de crescer e apren-der de cada indivíduo”.

Com o avanço da ciência foi constatado que o cérebro é um órgão

maleável, modificando-se com as experiências, percepções, ações e

comportamentos do humano

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Matéria de Capa

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Aspectos e procedimentos pedagógicos para estimular a plasticidade intencional cerebral:

1 - A sala de aula é um espaço de encontro, seja presencial ou virtual, entre conhecimentos diversos.

2 - A relação pedagógica, composta pela tríade professor - alunos - conhecimentos, envolve diferen-tes dimensões, as quais podemos destacar:

• Afetiva, relacionada às expectativas de cada um;• Pedagógica, relacionada aos recursos didáticos e

diferentes estratégias de ensino que o professor tem à sua disposição;

• Epistemológica, relacionada às características do conhecimento que se deseja ensinar.

Todas essas dimensões estão envolvidas na to-mada de decisões do professor e em suas ações, o que exige um trabalho de constante aperfeiçoamento.

A escola tem um importante desafio, que é o de aproveitar o potencial de inteligência de seus alunos, para conquista do sucesso no processo de aprendiza-gem. Os professores são os principais agentes para o desenvolvimento de projetos de interesse para a realidade do ensino e aprendizagem dos seus estu-dantes, e, quando compreendem que aprendizagem envolve cérebro, corpo e sentimentos, adotam uma ação mais competente, levando em conta a influência das emoções para o desenvolvimento na construção do conhecimento.

Quando assiste à aula, o educando recebe infor-mações de todo o tipo, tanto visuais como auditivas. Elas se transformam em estímulos para o cérebro e circulam no córtex cerebral antes de serem arqui-vadas ou descartadas.

Se o educando não aprende um conteúdo é porque não encontrou nenhuma referência nos arquivos já formados para abrigar a nova informação e, com isso, a aprendizagem não ocorreu. Não adianta insistir no mesmo tipo de explicação: cabe ao professor oferecer outras conexões, usando abordagens diferentes e estimulando outros sentidos. Daí a importância de investigar os conhecimentos prévios da turma, re-cordar conteúdos de aulas anteriores, para formar os “ganchos” e dispor de diferentes estratégias de ensino.

A escola tem um importante desafio, que é o de aproveitar o

potencial de inteligência de seus alunos para conquista do sucesso

no processo de aprendizagem

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Como pode ser a atuação do professor nos procedimen-tos pedagógicos?

1 - Criar em sala um clima favorável para a aprendizagem, eliminando-se a insegurança do educando em suas respostas ou perguntas: maximizando a relação afetiva e minimizando as diferen-ças.

2 - Dividir a aula em espaços curtos, onde se propõem ativi-dades diversificadas. Uma breve exposição, seguida de questiona-mentos pertinentes, elaborando sínteses sobre o tema ou algum jogo pedagógico operatório é sem-pre mais eficiente do que uma ex-posição prolongada.

3 - Habituar o educando a fazer da caneta ou lápis sua melhor memória, mostrando-lhe os usos consistentes de uma agenda, co-brando seus recados, reforçando

múltiplos lembretes, cognitivos ou não. A lousa pode ser, em algumas oportunidades, o modelo ideal da agenda organizada.

4 - Desenvolver hábitos estimu-ladores da memória de maneira lenta e progressiva, sendo também ideal se fizer com exercícios físicos.

5 - Respeitar as particularidades de cada educando e a maneira como sua memória melhor trabalha.

6 - Reservar os últimos minu-tos da aula para conversar sobre o conteúdo estudado possibilita que o novo conhecimento percorra mais uma vez o caminho no cérebro dos estudantes. Assim, eles fazem uma releitura do que aprenderam.

7 - Estabelecer relações entre novos conteúdos e aprendizados anteriores faz com que o caminho daquela informação seja percorrido novamente (evocação), tornado mais fácil seu reconhecimento.

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O professor precisa reconhecer os estágios da aprendizagem de seus educandos, que são:

• Subaprendizagem: o sujeito está em contato com o assunto, mas não prestou atenção. Portan-to, não assimilou.

• Aprendizagem Sim-ples: o sujeito entrou em contato com o assunto, prestou atenção, mas não memorizou.

• Superaprendizagem ou Aprendizagem Ideal: o sujeito entrou em con-tato com o assunto, pres-tou atenção, assimilou e memorizou.

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Matéria de Capa

A Neurobiologia da emoção na aprendizagem escolar: um diálogo com os teóricos da Educação

As emoções, segundo Damásio, são complexos psicofisiológicos que se caracterizam por súbitas rupturas no equilíbrio afetivo de curta duração, com repercussões consecutivas sobre a integridade da consciência, e sobre a atividade funcional de vários órgãos. Enquanto os sentimentos são estados afetivos mais estáveis e duráveis, provavel-mente provindos de emoções corre-latas que lhe são cronologicamente anteriores.

Desde os tempos antigos, filó-sofos e pensadores supunham uma separação entre razão e emoção. Platão (428-347 a.C.) via como virtude a troca de todas as paixões, valores individuais e prazeres pelo pensamento, este sendo um valor universal. Descartes (1596-1650), com a sua célebre afirmação “pen-

so, logo existo”, também sugeria a separação entre emoção e razão, atribuindo ainda superioridade de valor a essa última. Ainda com esta abordagem dicotômica, Kant (1724-1804) diz da impossibilidade do encontro entre razão e felicidade, afirmando que se Deus tivesse criado o homem para ser feliz, não o teria dotado de razão. Kant também julgava as paixões como “enfermidades da alma”.

Por inf luência desses pensa-mentos dicotômicos provenien-tes da filosofia, a psicologia, por muito tempo, estudou os processos cognitivos e afetivos de maneira separada. Jean Piaget (1896-1980) foi um dos primeiros nomes a ques-tionar a separação entre cognição e afetividade. Por meio de sua obra Les relations entre l’inteligence et l’affectivité dans le développement de l’efant, Piaget afirma que afetivi-dade e cognição são diferentes em natureza; porém, inseparáveis em

todas as ações humanas. Toda ação e pensamento compreendem um aspecto cognitivo - que são as estru-turas mentais, e um aspecto afetivo, que serve como uma centelha ener-gética. De forma geral, a afetividade seria, para Piaget, funcional para a inteligência: ela é a fonte de energia pela qual a cognição funciona.

Lev Vygotsky (1896-1934) tam-bém estudou as relações entre afeto e cognição, afirmando que as emoções fazem parte ativa no funcionamento mental geral. Por meio do estudo do desenvolvimento da linguagem (sistema simbólico usado por todos os humanos), Vygotsky estudou as origens do psiquismo humano, numa aborda-gem unificadora entre cognição e afetividade.

Unindo também razão e emoção, Henri Wallon (1879-1962) tentou compreender as emoções por inter-médio de suas funções, dando-lhes papel fundamental na evolução

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Afetividade e cogniçãosão diferentes em natureza; porém, inseparáveis em todas as ações humanas

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Matéria de Capa

da consciência de si. Para ele, a evolução da afetividade depende das construções realizadas no plano da inteligência; a evolução in-telectual depende das construções afetivas. Entretanto, para Wallon, existem fases em que predominam a razão e fases em que predominam a emoção.

Atualmente, a visão mais dis-cutida sobre a relação entre as emoções e a cognição é a de Antonio Damásio. Diferentemente dos ou-tros pensadores sobre esse assunto, ele é um médico neurocientista. Em seus trabalhos, mostra algumas relações entre a biologia do corpo humano e o pensamento.

Conjugando ideias de Piaget e Vygotsky, Damásio afirma que as emoções e a razão não são ele-mentos completamente dissociados como propôs Descartes. Até hoje, o senso comum é o de que a razão é o contrário da emoção. Entretanto, Damásio demonstra, em seus tra-balhos, que pessoas que possuem alguma deficiência na região do cérebro responsável pelas emoções apresentam dificuldades de apren-dizado. Portanto, as emoções são fundamentais no processo de apren-dizagem, pois geram sentimentos, atos racionais, e estes são utiliza-dos para a aprendizagem. Assim, as emoções são as iniciadoras do processo de aprendizagem.

Por longo tempo, o componente emocional tem sido descuidado na educação institucionalizada. Contribuições científicas recentes estão ajudando a resolver essa deficiência, revelando a dimensão emocional do aprendizado.

Cada emoção responde a dife-rentes sistemas funcionais. Pri-meiro, é o circuito cerebral que envolve uma estrutura chamada de “sistema límbico” (também conhe-cido como “o site das emoções”), e o segundo, as estruturas cor-ticais, principalmente o córtex pré-frontal, que desempenha um papel fundamental na regulação das emoções. A propósito, o córtex pré-frontal amadurece particular-

mente tarde em seres humanos, concluindo seu desenvolvimento na terceira década de vida.

Isso significa que o amadure-cimento do cérebro adolescente dura normalmente mais do que era suposto, o que contribui para explicar certas características do comportamento: o pleno desen-volvimento do córtex pré-frontal e, portanto, a regulação das emoções e a compensação para os excessos do sistema límbico, ocorrem relati-vamente tarde no desenvolvimento

individual. As contínuas mudanças tornam impossível separar os com-ponentes psicológicos, emocionais e cognitivos de um comportamento particular.

A força desta interconectividade explica o impacto substancial das emoções na aprendizagem. Se existe uma emoção positiva com a aprendizagem, isso facilita o sucesso da mesma, ao passo que se há uma percepção negativa, isso pode resultar no fracasso do aprendizado. •

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O amadurecimento do cérebroadolescente dura normalmentemais do que era suposto, o quecontribui para explicar certas características do comportamento

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Que cérebro é esse que chegou à escola?

O livro traz uma coletânea de artigos nos quais seus autores, de forma extremamente didática, trazem conhecimentos sobre o cérebro e seu funcionamento, matéria-prima para o processo de aprendizagem e principal responsável pela integração do organismo com o seu meio ambiente. Ao considerarmos a aprendizagem como resultante da interação do indivíduo com o meio, perceberemos que é o cérebro que propicia o arcabouço biológico para o desenvolvimento das habilidades cognitivas.

Sem dúvida, para o profis-sional de educação, a leitura deste livro, além de esclarece-dora, torna-se essencial, pois é incoerente que se trabalhe com processamentos cognitivos, tais como a linguagem e a apren-dizagem, sem o conhecimento da estrutura biológica em que esses processos se dão.

São levantadas, entre outras questões, temas como: neu-roaprendizagem na educação inclusiva, plasticidade cerebral e aprendizagem, a influência da escolaridade na avaliação neu-ropsicológica, o jogo no contexto escolar diante da dificuldade de aprendizagem, neurociência dos movimentos e da aprendizagem afetiva e motora, neurociência e psicopedagogia, neurociência e criatividade e neurociência e a psicomotricidade.

neurofisiologista e psicopedagoga. Professora universitária da AVM Educacional/ UCAM, UNESA – RJ, Universidade de João Pessoa – UNIPE, e professora pesquisadora convidada no curso de Pós-graduação de Neurociência do IPUB/ UFRJ. Coordenadora do Programa de Pós-graduação de Neurociência Pedagógica na UCAM/ AVM Educacional. Autora dos livros “Neurociência e as Práticas Pedagógicas”, “Fundamentos Biológicos da Educação”, “Neurociência e os Transtornos da Aprendizagem”, e organizadora do “Que cérebro é este que chegou à escola?”, publicados pela Wak Editora.

Doutora e mestre em Psicanálise. Neuroanatomista,

MARTA PIRES RELVAS

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202014

A crise brasileira vem crian-do condições para que expectativas de mercado,

há tempos intuídas, tornem-se reais.O mercado de comidas prontas,

industrializadas ou não, pode ofertar alimentos a custos menores do que os arcados pela produção isolada, em cada domicílio. A economia per-mitida pela aquisição de maiores quantidades, a versatilidade dos cardápios e a maior eficiência da mão de obra garantem aos consumidores os benefícios da produção em escala.

Idosos, solteiros e casais sem filhos já descobriram o conforto da aquisição de comidas congeladas, contando com cardápios diaria-mente selecionados. Médicos reco-mendam, a idosos solitários, a ida diária a estabelecimentos comer-ciais, evitando o isolamento social que tende a pontuar tal estrato.

É crescente o vai e vem de motos, entregando marmitas prontas, com pagamento semanal ou mensal. Restaurantes oferecem opções de pratos feitos e comida a quilo, além das tradicionais “quentinhas”.

Houve uma gene-ralizada diminuição dos preços, pela me-nor demanda gerada pela crise. Pizzas e custos de entrega co-meçam a espelhar a nova realidade.

A oferta de alimentos prontos, a custos menores, tem como base a utilização de ingredientes da época, capitaneados pela sagrada combinação de linguiça, carne de panela e frango, além de massas. A maioria dos produtores de comidas prontas opera na informalidade, obrigando consumidores a relações de confiança pessoal.

A crise vem modificando os hábi-tos das famílias. Outrora, e até hoje, é comum a pregação: “Dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão”, no início das refeições.

A tradicional sopa, costumeira-mente servida na janta, persiste em muitas residências, aproveitando in-gredientes que, isoladamente, pouco brilhavam. Dentre os povos pobres, o Brasil é o que menos aproveita as virtudes das sopas.

Alimentos prontos facilitam o acesso a dietas especiais, só não servindo para substituir churrascos, cujo maior mérito é o ambiente ao re-dor das churrasqueiras. A utilização de alimentos prontos aumenta a res-ponsabilidade pelo conteúdo do café da manhã, além do fornecimento de frutas e outros componentes, indis-poníveis nas marmitas e congelados.

Aos poucos, a humanidade segue racionalizando procedimentos e impondo realidades ao mercado, disponibilizando maior tempo a atividades profissionais, cada vez mais necessárias.

Embora ainda envolta em pre-conceitos os mais diversos, a ração humana começa a despontar como alternativa válida e segura, perfeita-mente balanceada e higiênica.

Ainda chegaremos lá! •

Engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

PEDRO ISRAEL NOVAES DE ALMEIDA

RAÇÃO HUMANA

Opinião

IN MEMORIAM

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O DNA é um grande banco de dados de informações químicas. Localiza-se no

núcleo de cada uma das células do corpo humano e carrega o con-junto completo de instruções para a produção de todas as proteínas de que a célula necessitará. A ordem na qual as bases estão alocadas determina a mensagem a ser enviada, um pouco como as letras do alfabeto que se unem para formar palavras e frases.

Em linhas gerais, o DNA é o ma-terial genético de todos os organis-mos celulares e de grande parte dos vírus. Tal material genético transporta a informação necessária para dirigir a síntese de proteínas e sua replicação. Contudo, o DNA está sujeito a mutações, que podem ser herdadas ou adquiridas1.

Em um paralelo com a intro-dução acima, pessoas físicas e jurídicas são seres em constante mutação (benéfica, neutra ou preju-dicial) em razão dos desafios que a modernidade líquida (conceito introduzido por Zygmunt Bauman2) impõe na medida em que vivemos em uma sociedade movediça, em que tudo é efêmero, inclusive as relações humanas, incluindo-se, nesta perspectiva, a própria gestão empresarial; afinal, a gestão é, indubitavelmente, um processo vivo e “CNPJ’s” são compostos por indivíduos, que tanto podem ser molas propulsoras para o sucesso da organização quanto âncoras para seu fracasso.

Com efeito, assim como cada in-divíduo é único, o mesmo podemos

dizer no que tange às pessoas ju-rídicas com ou sem fins lucrativos. E, neste cenário, temos as institui-ções de ensino que exercem papel crucial na formação do indivíduo. Contudo, a excelência na questão pedagógica não é o bastante. Há tempos é mandatório, para a sobre-vivência no mercado, que as escolas tenham como premissa boas práti-cas de gestão, independentemente do porte, da roupagem jurídica adotada ou dos níveis de ensino ofertados.

Boas práticas de gestão, invaria-velmente, demandam o envolvimen-to direto da alta direção, mas não somente isto: o engajamento dos colaboradores e dos demais stake-holders é crucial para o sucesso do processo. Preliminarmente

GESTÃO ESCOLAR NAMODERNIDADE LÍQUIDA

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Jurídico

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é essencial liderar pelo exemplo (sistema top-down) com eficiência e transparência (Princípios de Go-vernança Corporativa). Isso porque a alta direção é responsável por definir as diretrizes e disseminar a cultura organizacional.

Assim, os ref lexos positivos, com ganhos para a instituição, são imediatos, uma vez que todos aqueles que estão na linha de frente da operação sentem-se “parte” da corporação e passam a reconhecer a importância de seu papel na estru-tura organizacional. Ato contínuo, tendem a pensar globalmente e agir localmente, o que resulta em maior sinergia, não somente entre as áreas que compõe a instituição, mas, também, em pontes externas entre a organização e os clientes, os prospects, fornecedores etc.

Em termos práticos, a realidade mostra que cada instituição de en-sino possui seu DNA e seu modo de gerir, tendo sempre em mente que “o que vale para o vizinho não vale

para mim”, ou seja, copiar modelos de gestão não é sensato, tampouco produtivo.

Nesse passo, a gestão de en-tidades educacionais é multidisci-plinar e possui tentáculos que con-vivem de forma harmônica, dentre os quais destacamos:

1) Gestão de Pessoas: não por acaso, este é o primeiro ten-táculo. Sem pessoas físicas não há pessoa jurídica. A lealdade, o comprometimento e o engajamento dos colaboradores podem ser con-siderados como os mais valiosos ativos que uma organização possui. Conexão, empatia, boa comunica-ção, reconhecimento, meritocracia e oportunidades de desenvolvimento profissional são ingredientes para o êxito desta relação.

2) Gestão de Marketing: gestão de Marketing não é custo, é investimento. Marketing é um com-ponente crucial para o fornecimento de estratégia de negócios. Marketing estratégico gera venda, venda gera

receita e esta última é o pilar para a sustentabilidade do negócio.

3) Gestão Contábil, Fiscal e de Folha de Pagamento: desde sua criação em 1494, por Frei Luca Pacioli, a contabilidade conta uma história. E, toda história contada adequadamente, está estruturada em fatos fielmente relatados, e isto é exatamente o que ocorre com a gestão da contabilidade. Todos os fatos (entradas, saídas, vendas, compras, contratações, pagamen-tos etc.) devem ser enviados ao profissional da contabilidade que procederá à respetiva escrituração. Por outro lado, todas as obrigações acessórias (declarações) como, exemplo, Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte - DIRF, Escrituração Contábil Fiscal - ECF, Escrituração Contábil Digital - ECD, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF, EFD-Contribuições, eSocial, devem ser transmitidas a tempo e modo, sob pena de geração de multas e impos-

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sibilidade de obtenção de Certidão de Regularidade Fiscal (o que im-pacta as operações). Por sua vez, os custos com a folha de pagamento para negócios que envolvem ser-viços, como nas organizações edu-cacionais, costumam ser inflados, motivo pelo qual o Planejamento Econômico-Financeiro é ferramenta de suma importância para a tomada de decisão de alteração de rumo nesta seara.

4) Gestão de Dados: institui-ções de ensino são grandes capta-doras de dados pessoais, enquanto informações relacionadas à pessoa natural identificada ou identificável. Tais dados devem ser protegidos por conta do direito à privacidade, previsto no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, bem como por conta das disposições da Lei nº 13.709/18 - Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com previsão de início de vigência em agosto próxi-mo. Tal diploma legal, em caso de descumprimento, prevê a aplicação de severas sanções.

5) Gestão em termos de Go-vernança Corporativa, Compli-ance e Controles Internos: este tripé é aplicável a toda e qualquer organização, independentemente do porte. São mecanismos que dão mais segurança às operações. A Governança Corporativa tem por princípios: a transparência, a prestação de contas, a equidade e a responsabilidade. “Estar em Com-pliance” significa agir de acordo

com uma regra, uma instrução in-terna, um comando ou um pedido, ou seja, é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. E, por último, é funda-mental a existência de Controles Internos que assegurem a pronta elaboração e a confiabilidade de relatórios e de demonstrações finan-ceiras da pessoa jurídica. Aludidas regras estão previstas no Decreto nº 8.420/2015, que regulamentou a Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção).

6) Gestão de Diversidade: trata-se de tendência mundial no universo corporativo que, apesar de relativamente recente no Brasil, veio para ficar. A gestão deve ocorrer no âmbito das diversas possibilidades da diversidade: de Gênero (mu-lheres), Sexual (LGBTI+), Religiosa, Etária, Racial e de Pessoas com Defi-ciência (PcD – o termo passou a fazer parte do texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência adotada pela ONU em 2006 e rati-ficada pelo Brasil em 2008).

Assim, no dia a dia da gestão, adotando-se as recomendações aci-ma (que não representa rol taxativo, mas meramente exemplificativo), as entidades educacionais terão mais produtividade e segurança em suas operações, especialmente em razão da mitigação de riscos e, portanto, também de passivo (sem excluir eventuais danos de imagem/credibi-lidade) que, eventualmente, poderá gerar provisões com efeito no resul-tado, nos termos da CPC 25 - Norma

25 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis do Conselho Federal de Contabilidade3.

Sendo assim a lição que fica é: a prevenção é o antídoto e sem-pre deve se sobrepor à repressão, principalmente em se tratando se gestão. •

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202018

Setor da Meira Fernandes Contabilidade e Gestão. Docente na Escola Superior de Advocacia de São Paulo (ESA-SP), na Escola Aberta do Terceiro Setor a na SGP – Soluções em Gestão Pública. Vice-Presidente da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB de Pinheiros/SP. Palestrante na OAB/SP, na OAB/PA e na ALESP (ILP). Coordenadora de Atualização Legislativa da Comissão de Direito do Terceiro setor da OAB/SP (2013 - 2018). Graduada em Direito (FMU). Especialista em Direito Tributário (Mackenzie). Extensão em Direito Tributário e Societário (FGV). Extensão em Tributação do Setor Comercial (FGV). MBA em Gestão de Tributos e Planejamento Tributário (FGV). Compliance Digital (Mackenzie).

Gerente da Consultoria Tributária/Terceiro

VANESSA RUFFA RODRIGUES

Jurídico

NOTAS1- BARBOSA NETO, JG., and BRAZ, M. Bioética, testes genéticos e a sociedade pós-genômica. In: SCHRAM, FR., and BRAZ, M., orgs. Bioética e saúde: novos tempos para mulheres e crianças? [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. Criança, mulher e saúde collection, pp. 195-218. ISBN: 978-85-7541-540-5. Available from: doi: 10.747/9788575415405. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/wnz6g/epub/schramm-9788575415405.epub.2- BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. 3- Alinhada ao IFRS - International Financial Reporting Standards, utilizada para fins de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (inclusive de prognóstico de processos).

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202020

Aprendizagem

C ultivar a gentileza desde a infância tem um efeito mágico. A gentileza se

constrói com o outro, nas ações do dia a dia. É um sentimento doce e profundo que une fraternalmente as almas e os corações. As crianças devem ter oportunidade de desen-volver sua afetividade com o grupo, com as pessoas à sua volta, para que seu emocional floresça, se expanda, ganhe espaço.

Através da prática no cotidiano escolar percebemos que o apelo por valores está cada vez mais constan-te, na medida em que educadores, pais e até mesmo as crianças en-contram-se sensivelmente afetados pela violência e outros problemas crescentes, que implicam na falta de valores.

No processo ensino-apren-dizagem da Educação Infantil é o

“Brincar com crianças,não é perder tempo,

é ganhá-lo; se é tristever meninos sem

escolas, mais tristeainda é vê-los

sentados sem ar,com exercícios

estéreis sem valorpara a formação

do homem.”

Carlos Drummond de Andrade

momento de ensinar às crianças conceitos simples de educação e va-lores, como a gentileza, que ajudam a desenvolver princípios morais, como se preparar na vida, e para a vida. Torna-se essencial refletir o mundo atual, fortalecer e renovar os valores, inserindo-os no processo educacional, possibilitando a forma-ção integral de nossos alunos.

O ambiente escolar tem, sem dúvida, uma função importante de estar instruindo, mostrando cami-nhos na formação da criança.

Como o professor pode estimular a gentileza entre as crianças, com projetos, brincadeiras e jogos em sala de aula?

O brincar é uma necessidade para o desenvolvimento infantil. A brincadeira, sendo o momento em que quem comanda a atividade é a criança e não o adulto, é uma opor-

tunidade fundamental para que a criança aprenda a fazer escolhas, a tomar decisões, libere e controle emoções, exercite seu corpo, esti-mule sua imaginação e criatividade. Proporcionar às crianças momentos de convivência saudável, amigável, criativa e construtiva, pois, por meio da brincadeira, a criança atribui sentido ao seu mundo, se apropria de conhecimentos que a ajudarão a agir sobre o meio em que ela se encontra.

O trabalho desenvolvido na escola será atraente e interessante sempre que a atmosfera amorosa impregnar as salas de aula, levando em consideração que a criança na Educação Infantil observa e interage não apenas com as coisas e pessoas que se encontram à sua volta, mas, também, com o clima emocional das pessoas que a cercam.

A gentileza contribuindo para a aprendizagem

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As narrativas transportam as crianças ao lugar da cena, estimu-lando a criatividade, a imaginação e a possibilidade de cada história ser recriada e vivenciada no contar e no ouvir, encorajando a criança a valo-rizar o outro, respeitando o próximo.

Público-alvo: para todas as crianças da Educação Infantil, da idade de três anos em diante.

Justificativa: incentivar a gentileza desde a infância tem um efeito muito importante, é algo que não é imediato. Se constrói no con-vívio com o outro, nas ações do dia a dia. O sentimento é algo pessoal, interno. Porém, temos que respeitar todas as pessoas.

ObjetivosConceituais: perceber hábitos

importantes da vida cotidiana, que vão ajudar a criança a ser uma pes-soa agradável e gentil com os outros.

• Fazer com que a criança preste atenção nas regras de convivência,

fazendo-a pensar sobre o respeito que você tem pelos outros e por si;

• Aprender a compartilhar as coi-sas, de forma prazerosa; saber since-ramente o que significa ser generoso;

• Ampliar o vocabulário; • Reconhecer o que faz bem e o

que faz mal para o amigo.

Procedimentais:• Produzir trabalhos de artes; • Desenvolver a capacidade

criativa;• Recontar histórias lidas pela

professora.

Atitudinais:• Respeitar e valorizar o próximo; • Apresentar atitudes de colabo-

ração; • Interagir com outros e ampliar

seu conhecimento de mundo; • Confrontar realidade e fantasia. Material a ser utilizado: escolher

uma história, conto, poesia, fábula, parábola que retrate a Gentileza.

• Recortes de revistas sobre o tema abordado;

• Cartolinas, canetas coloridas, lápis de cor ou giz de cera, cola;

• Cordão e pregadores de roupa.

Metodologias:• Iniciar o projeto com a lei-

tura de uma história, conto, poesia, fábula ou parábola, que permita uma linguagem rica e simbólica para desenvolver a imaginação da criança.

• Utilizar mímica e expressão corporal para narrar as histórias;

• Conversar na rodinha com as crianças sobre a Gentileza;

• Registrar em um cartaz, uti-lizando recortes de revistas, sua assimilação sobre o tema e expor na sala;

• Expor na sala em um varal “VARAL DA GENTILEZA”, com todos os registros realizados: de-senhos, histórias, pesquisas sobre o tema etc.

1) NARRAÇÃO DE HISTÓRIAS

ABRIL 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 21

Sugestões deatividades paraabordar o tema

Gentileza:

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A música e a expressão corporal estão relacionadas com o aspecto psíquico e com a manifestação do amor. A música faz a criança liber-tar suas emoções, fazendo fortale-cer sentimentos como: harmonia, cooperação, alegria, amizade e gentileza.

Público-alvo: para todas as crianças da Educação Infantil, da idade de três anos em diante.

Justificativa: cultivar a gen-tileza desde a infância tem um efeito muito importante. Trabalhar a gentileza é algo que não é ime-diato. O sentimento é algo pessoal, interno. Porém, temos que respeitar todas as pessoas.

ObjetivosConceituais:• Perceber hábitos importantes

da vida cotidiana, que vão ajudar a criança a ser uma pessoa agradável com os outros;

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202022

2) CANTO EM GRUPO

• Aprender a compartilhar as coisas, de forma prazerosa, saber sinceramente o que significa ser generoso;

• Reconhecer o que faz bem e o que faz mal para o amigo;

Procedimentais:• Produzir trabalhos de artes; • Desenvolver a capacidade cria-

tiva; expressão corporal.

Atitudinais:• Respeitar e valorizar o próxi-

mo; • Apresentar atitudes de colabo-

ração; • Interagir com outros e ampliar

seu conhecimento de mundo; • Confrontar realidade e fantasia. Material a ser utilizado: esco-

lher uma música ou elaborar uma paródia sobre a gentileza.

• Recortes de revistas sobre o tema abordado;

• Cartolinas, canetas coloridas, lápis de cor ou giz de cera, cola;

• Bolas de gás coloridas.

Metodologias:• Iniciar o projeto com a seleção

de músicas que estejam relaciona-das à gentileza, podendo o educador criar músicas com melodias conhe-cidas (paródias);

• Utilizar a expressão corporal para cantar as músicas;

• Conversar na rodinha com as crianças sobre a gentileza;

• Registrar em um cartaz, utilizan-do recortes de revistas, sua assimila-ção sobre o tema e expor na sala;

• Encher as bolas de gás colori-das e pintar nas mesmas “carinhas” sorridentes e pedir para a criança entregá-la a um amigo.

• Todos soltarão as bolas colori-das e pintadas, como se estivessem numa festa, cantando a música trabalhada.

Aprendizagem

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A formação de grupos tem como regras o companheirismo e a leal-dade, gentileza e respeito.

Público-alvo: para todas as crianças da Educação Infantil de idade de três anos em diante.

Justificativa: cultivar a gen-tileza desde a infância tem um efeito muito importante. Fortale-cer os sentimentos e respeito aos amigos, identificando suas quali-dades.

ObjetivosConceituais:• Perceber hábitos importantes

da vida cotidiana, que vão ajudar a criança a ser uma pessoa agradável com os outros;

• Aprender a compartilhar os sentimentos.

3) CAIXA MÁGICA DA GENTILEZA

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202024

Procedimentais:• Produzir uma caixa bem cria-

tiva com fotos de gestos gentis; • Desenvolver a capacidade cria-

tiva;

Atitudinais: • Respeitar e valorizar o pró-

ximo; • Apresentar atitudes de colabo-

ração; • Interagir com outros e ampliar

seu conhecimento de mundo; Material a ser utilizado: esco-

lher uma música sobre gentileza.• Cartolinas, canetas coloridas,

lápis de cor ou giz de cera, cola;• Uma caixa de tamanho peque-

no;• Fotos ou recortes de revistas

com imagens de atos de gentilezas.

Metodologias: • Iniciar o projeto com a seleção

de músicas que estejam relaciona-das à gentileza;

• Elaborar uma caixa bem cria-tiva e colorida;

• Colocar dentro da caixa fotos ou recortes de revistas com ima-gens de atos de gentilezas;

• Utilizar a expressão corporal para cantar as músicas.

• Em círculo, sentadas. Durante a execução de uma música, ou pal-mas, os alunos passarão a caixinha. Quando a música parar, quem estiver segurando a caixa deverá retirar uma foto da caixa e fazer uma mímica, para que os outros possam adivinhar.

• Formar um círculo, estabelecen-do a união, todos de mãos dadas, cantar e se movimentarem juntos.

Aprendizagem

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As cantigas são muito impor-tantes, pois pertencem à tradição oral e são transmitidas de geração a geração. Resgatar as brincadeiras tradicionais e as antigas cantigas de rodas, que constituem as raízes de nossa identidade cultural, relacio-nando o tema gentileza. A criança constituindo significados, assimilan-do seu papel social e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, comparando com a in-fância de seus pais, avós, familiares.

Público-alvo: para todas as crianças da Educação Infantil da idade de 3 anos em diante.

Justificativa: cultivar a gen-tileza desde a infância tem um efei-to muito importante. Trabalhar a gentileza é algo que não é imediato.

Fortalecer os sentimentos e respei-to aos amigos, resgatando as cantigas de rodas e diálogo com os familiares sobre as brincadeiras do passado.

ObjetivosConceituais:• Pesquisar sobre as diferentes

cantigas de roda que existem e a

Moderna e Contemporânea, História Regional, Trabalho, Políticas Sociais e Públicas, Educação e Cultura. Mestre em Políticas Sociais (UENF/RJ). Especialista em História Moderna e Contemporânea (PUC/MG). Graduada em História (FAFIC).

Professora e Pesquisadora nas áreas de História

SIMONE VIANA

Aprendizagem

história de gentileza e brincadeiras antigas de seus familiares.

• Ampliar o repertório musical com diversas cantigas de roda;

• Perceber hábitos importantes da vida cotidiana, que vão ajudar a criança a ser uma pessoa agradável com os outros;

• Aprender a compartilhar os sentimentos;

Procedimentais:• Desenvolver a capacidade cria-

tiva; expressão corporal e interação com os amigos;

• Recuperar com pais, avós, ami-gos e vizinhos as cantigas de roda;

• Trabalhar com o grupo de alunos as cantigas;

• Criar e inventar outras canti-gas de roda.

Atitudinais:• Respeitar e valorizar o pró-

ximo; • Apresentar atitudes de colabo-

ração; • Interagir com outros e ampliar

seu conhecimento de mundo;

Material a ser utilizado: canti-gas de roda.

Metodologias:• Iniciar o projeto com a seleção

de cantigas de roda;• Utilizar a expressão corporal

para cantar as músicas; • Em círculo, sentadas. Durante

a execução de uma música, ou pal-mas, os alunos cantarão as cantigas de roda escolhidas, como: ciranda-cirandinha, e outras.

• Formar um círculo, estabele-cendo a união, todos de mãos dadas, cantar e se movimentar juntos. •

4) BRINCANDO E CANTANDO CANTIGAS DE RODA

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202026

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A s aulas voltaram após um longo período de férias de verão!

Férias... momento este tão aguar-dado pelas crianças e adolescentes. O termo férias designa o período de descanso que têm direito em-pregados e estudantes, após um período de trabalho ou de ativi-dades. Provém do latim feria, - ae que significava, entre os romanos, o dia em que não se trabalhava na prescrição religiosa.

As férias apresentam algumas características em comum: crianças e adolescentes livres dos estudos, acordando tarde, passando horas à frente da TV, navegando na in-ternet, e impacientes de ficar em casa. O recesso escolar faz com que os pais tenham a preocupação em proporcionar atividades de lazer para ocupação do tempo livre dos seus filhos. Além de ser um bom período de descanso às crianças é também uma oportunidade de construir novas relações sociais através do convívio sócio-afetivo com familiares e outras crianças.

Os pais precisam canalizar a energia que provém da garotada para opções sadias e inteligentes de lazer. En-tretanto, férias é um período no qual a criança e o adolescente ficam mais tempo conectado e interagindo com as telas – televisão, computador, smartphone e tablet.

E, assim, a volta às aulas repre-senta um momento de uma nova

rotina escolar e cotidiana. Deve ser sempre encarada como período de adaptações por parte do aprendiz. E agora professor, o que fazer com rotina que a criança tinha com a tecnologia? Vamos negar o uso da tecnologia em sala de aula? Como aproximar a tecnologia, sendo algo tão querido pelas crianças e adoles-centes, nas escolas?

A nova geração chegou! São os nativos digitais. Nascidos no sé-culo XXI e já vivem conectados com várias tecnologias, apresentando fluência digital e domínio do meio. Pelo fato de serem multiplataformas tem baixo envolvimento afetivo com cada conteúdo direcionado. Gostam de viajar, não ficando apegados às fronteiras geográficas.

Inicialmente gosto de apresentar a tecnologia como uma aliada à pes-quisa, instrumento de acessibilidade ao conhecimento e que, se utilizada de forma harmônica na vida do sujeito, seguirá contribuindo nesta evolução. Sabemos que o tempo que as crianças têm permanecido conectadas através das tecnologias,

Sabemos que o tempo que as crianças têm permanecido

conectadas através das tecnologias,

celulares, computadores,

jogos eletrônicos em geral, televisão, é

assustador

Jogos

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celulares, computadores, jogos eletrônicos em geral, televisão, é assustador, e os efeitos prejudiciais desta relação já estão presentes e são visíveis no seu desenvolvimento. Para Frufrek (2019) as crianças apresentam dificuldades psicomo-toras, na fala, falta de concentra-ção, ansiedade, agressividade ou passividade extremas, dificuldades de aprendizagem e alfabetização, incluindo um aumento progressivo de diagnóstico de depressão infantil, hiperatividade e déficit de atenção. Adultos também alongam esta lista de patologias devido ao excesso de tempo voltado às tecnologias.

Que tal alinharmos a tecnologia com a educação? Venho propor aqui o uso do jogo e da gamificação para potencializar ainda mais a aprendizagem escolar. Para Carolei (2012) todos os jogos são compostos por três objetos: a imersão (círculo mágico), a agência (jogabilidade) e a diversão (fuga da rotina). Neste sentido, a gamificação assemelha-se muito à atividade pedagógica, prin-cipalmente quando ambos os con-

ceitos se aproveitam de narrativas para a imersão dos participantes, da participação livre para aumentar a agência e por fim o valor significa-tivo da aprendizagem.

A aplicação de elementos, me-canismos, dinâmicas e técnicas de jogos no contexto fora do jogo, ou seja, na realidade do dia a dia profis-sional, escolar e social do indivíduo, é compreendida como gamificação. A gamificação se apresenta como um fenômeno emergente com mui-tas potencialidades de aplicação em diversos campos da atividade humana, pois as linguagens, estra-tégias e pensamentos dos games são bastante populares, eficazes na resolução de problemas e aceitas naturalmente pelas atuais gerações, que cresceram interagindo com esse tipo de entretenimento. Ou seja, a gamificação se justifica a partir de uma perspectiva sociocultural, segundo Fardo (2013).

O contexto de tornar possível o desenvolvimento de ambientes baseados na gamificação foi po-tencializado pelo avanço e difusão

da tecnologia e dos dispositivos eletrônicos móveis, que possibilitou a aplicação de todos os recursos ne-cessários para implementar ações e projetos de gamificação. Dentre eles: o alcance do indivíduo em qualquer lugar e horário; o cruzamento de informações, gerando respostas quantitativas e histórico de resul-tados; e a comparação desses resul-tados entre diferentes pessoas de um mesmo grupo ou comunidade, segundo Navarro (2013).

McGonigal (2012) aponta que o indivíduo pós-moderno, vivendo em uma era de incertezas, demanda esse tipo de resposta da sociedade, que, por sua vez, reúne os elementos do jogo ao avanço da tecnologia para promover a sensação de segurança e controle, por meio da implementa-ção de projetos baseados na gamifi-cação para diferentes públicos.

Ao estudar a gamificação e en-tender a redefinição do papel do jogo na sociedade, nota-se também como a cultura está em constante trans-formação. O movimento que acon-tece é de ação e reação, ou seja, as

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202032

mudanças ocorridas na identidade, nos anseios e nos receios do indi-víduo moldam a cultura na qual ele vive. Consequentemente, esse molde plástico e mutável que é a cultura, que também influencia o indivíduo, em um processo que é permanente e de mão-dupla (NAVARRO, 2013).

Traduzir a experiência educativa com o uso da tecnologia é essencial nos tempos modernos entre os mu-ros da escola. Uma possibilidade é o Jogo de Realidade Aumentada (ARGs). Bento Filho e Lucas (2013) apresentam os ARGs como jogos que se situam na tensão limiar entre realidade e ficção. Os jogadores são convocados a solucionar um enigma, usando o espaço urbano como plataforma de ação, interagindo com personagens e situações originadas das realidades virtual e concreta, e encontrando desafios nos mais variados dispositivos e suportes midiáticos. O processo de imersão na narrativa de mistério que o jogo propõe converte os jogadores em elementos e agentes da trama, dependendo de suas competências individuais, do esforço coletivo e do conhecimento compartilhado para que se possa avançar de fase.

Os ARGs são definidos como uma ação ficcional e real, do tipo caça ao tesouro, e com interação ao vivo, envolvendo diferentes tipos de desafios em códigos e interação virtual. Imagine, caro professor, você utilizar a tecnologia em sala de aula para criar um caça ao tesou-ro temático, na qual a cada pista encontrada a criança deverá res-ponder questões de sua disciplina. E na capacidade criativa de uma criança tem ao criar um jogo com elementos lúdicos como enredo, personagens e história.

Para Silva et al (2018), durante a prática do jogo, a cada encontro com os personagens é um novo caminho e desafio proposto. Os desafios acontecem de diversas formas – puzzle, códigos, textos, games, coordenadas e outros, que dependerão exclusivamente de criatividade da equipe de produção envolvida, bem como dos recursos disponíveis para esta ação.

Os enigmas e as missões pro-postas avaliam como o público está lidando com o jogo e permitem aos produtores reorganizar os planos, adiantar ou retardar conteúdo da trama, diminuir ou aumentar o

nível dos desafios (BENTO FILHO; LUCAS, 2013).

Os professores podem propor atividades educativas em diversos aplicativos de smartphones, que tratam o conteúdo apresentado em sala de aula, bem como podem trazer a aceleração e conectividade da internet a fim de pesquisar ima-gens, vídeos e textos sobre o assunto proposto.

É inegável os benefícios que a tecnologia traz para nossas vidas. Os avanços cada vez mais constantes causam certo desespero na vida de educadores, pais e familiares, que se relacionam com crianças: algumas vezes não sabem e não tem noção se devem permitir ou proibir a utiliza-ção destes aparelhos.

Portanto, precisamos reconhecer que devemos buscar ferramentas que ensinem como utilizar essas facilidades que a era moderna nos entregou de forma segura; não devemos impedir, mas medeiar e ir apresentando uma maneira saudá-vel de utilização desses recursos, sempre evidenciando a importância de estar com o outro, pois viver é estar junto fisicamente, e não apenas digitalmente. •

Educação Física Escolar. Membro do LEL - Laboratório de Estudos do Lazer (LEL/DEF/IB/UNESP Rio Claro - SP). Member of the World Leisure Organization. Palestrante e Consultor em Educação. Tem mais de 40 livros publicados, entre eles “Lazer e recreação – conceitos e práticas culturais” (Wak, 2018), “Jogos e brincadeiras” (Vozes, 2017); e “Manual de Lazer e Recreação” (Phorte, 2018).

Graduado em Educação Física e especialista em

TIAGO AQUINO DA COSTA E SILVA

É inegável os benefícios que

a tecnologiatraz para

nossas vidas

Jogos

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Bett Educar

R obótica, programação, cultura maker, educação 4.0. Inovação e tecnolo-

gia aumentam a competitividade de qualquer empresa. Inclusive se a empresa em questão é uma ins-tituição de ensino. Isso porque a tecnologia é um facilitador, e ajuda a quebrar barreiras, pois permite que os professores desenvolvam novas experiências de aprendizado imersivas e inclusivas.

Como resultado, mais e mais es-colas que integraram a tecnologia em sua abordagem de ensino e apren-dizagem estão descobrindo que isso ajuda os alunos a aumentar suas habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, aprender a qualquer hora e em qualquer lugar, e melhorar os resultados acadêmicos.

Mas será que adotar novas me-todologias de ensino, investir na atualização dos professores e adqui-rir ferramentas tecnológicas bastam para a transformação digital e ino-vadora?

Para José Moran, professor de Novas Tecnologias na Universidade de São Paulo (USP) e um dos funda-dores do Projeto Escola do Futuro, ainda é pouco. Segundo Moran, as instituições educacionais inovadoras têm, sim, algumas características em comum: o diferencial no currículo, na metodologia, no espaço escolar e no perfil dos gestores. Notadamente, se-gundo o especialista, o gestor escolar precisa ser um líder.

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202034

Escolas inovadoras estão muito além

do investimento em tecnologia

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“Uma escola não se faz apenas com tecnologia. Ainda é necessária a presença humana do professor para acolher, medeiar, e avaliar, entre outros aspectos. Se tiver um gestor com projeto, que tenha um plano, prazos e se cerque de uma boa equipe, a mudança é possível. E o líder tem que querer aprender e testar. Não basta apenas contratar consultorias”, explica Moran, que será um dos palestrantes da Bett Educar 2020, evento que acontece de 12 a 15 de maio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Essa discussão estará no centro das atenções do Congresso Bett Educar, que em seus quatro eixos norteadores, deu um peso extra para dois deles: políticas públicas e gestão. Este último, inclusive, conta com uma agenda própria no Fórum de Gestores.

Planejamento é o ponto de partida da gestão inovadora

Embora as escolas sejam ainda um tanto apartadas do cenário em-presarial, segundo especialistas do setor em gestão inovadora, a orga-nização profissional das instituições de ensino ajuda o pedagógico a ino-var sem perder retorno financeiro. Não importa qual seja o tamanho da escola, o momento é de mudança de paradigmas.

“É preciso entender, o quanto antes, que a discussão sobre inova-ção não é sobre tecnologia; é mais

uma mudança no modelo mental e da cultura organizacional, inclusive quando se trata de escolas”, diz Andrezza Amorelli, diretora-geral e cocriadora de Espaços de Apren-dizagem no Colégio Elvira Brandão.

Andrezza explica que o diretor de uma escola inovadora precisa realizar uma gestão de liderança que inspire pessoas. Um trabalho que deve ser implementado junta-mente com o desenvolvimento de competências e habilidades focadas em desenvolvimento humano.

“A escola precisa renovar a ma-neira como ela enxerga o mundo. Por um lado, as empresas estão em constante transformação, mas as instituições de ensino não avan-çaram”, ressalta a diretora, que também estará no Congresso Bett Educar, no dia 13 de maio, com a palestra “Socorro, sou gestor escolar no século 21 - provocações para cria-ção de planejamentos estratégicos eficazes”.

Na ocasião, Andrezza dividirá o auditório com Walter Moreira Neto, diretor de Estratégia Corporativa do Colégio Novo Tempo, de Santos (SP). Economista de origem, Walter atua em educação há quatro anos, quando decidiu empreender. Os

resultados foram tão positivos que o colégio o convidou para assumir toda a estratégia da instituição. “É preciso incentivar a profissionaliza-ção para escolas, porque 99% ainda não se enxergam como empresas”, observa.

Com uma experiência de 10 anos no mercado financeiro, Moreira Neto acredita que 2020 seja o ano de consolidação das mudanças implementadas no Novo Tempo. E é justamente esse case que o dire-tor pretende apresentar durante o congresso. “Quero dividir com os participantes a nossa mudança de paradigma, quando começamos a trabalhar com planejamento estra-tégico, metodologias ágeis de gestão e implantamos novos modelos de valorização do professor.”

No cenário atual, políticas pú-blicas e gestão são dois dos temas mais relevantes para as institui-ções de ensino. Por isso, a pro-gramação da Bett Educar 2020 visa proporcionar uma grande imersão nesses temas, colocando em pauta os desafios do setor e as tendências. As inscrições para par-ticipação no Congresso Bett Edu-car 2020 permanecem abertas no site: bettbrasileducar.com.br. •

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Habilidades

D esde as civilizações mais antigas, as pessoas que se destacam por poten-

ciais têm sido valorizadas, evidente-mente de acordo com suas culturas. Na Grécia antiga, por exemplo, me-ninos mais fortes eram recrutados para o treinamento bélico, desde os sete anos de idade.

No século XX, deu-se ênfase aos testes padronizados para a mensura-ção da inteligência, os famosos testes de Quociente de Inteligência (Q.I.), e, estudos vieram a confirmar que a inteligência se desenvolve também em bases ambientais. Nos anos de 1980, teorias dos norte-americanos Joseph Renzulli e Howard Gardner - Teoria dos Três Anéis e Teoria das Inteligências Múltiplas, respectiva-mente -, expuseram novas formas de se pensar a inteligência e seu desenvolvimento.

As altas habilidades ou super-dotação constam na literatura e documentos oficiais brasileiros há pelo menos 90 anos: uma lei educacional (nº 5.692/71) fixava diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º graus. Esta legislação antecedeu a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), vigente desde 1996. Os estudantes com altas habilidades ou superdotação são considerados público-alvo da Educação Especial para efeito de atendimento.

Assim, a atual Política de Edu-cação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, aponta que os alunos com altas habilidades ou superdotação são

ALTASHABILIDADES

OUSUPERDOTAÇÃO

aqueles que demonstram poten-cial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou com-binadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tare-fas em áreas de seu interesse. É importante frisar que a altas habi-

lidades ou superdotação contempla seis áreas (intelectual, acadêmica, artística, liderança, criatividade e psicomotricidade) e, não somente a acadêmica, que é a mais privi-legiada nos meios escolares em detrimento das outras.

Algumas características gerais em pessoas com altas habilidades ou superdotação são possíveis de

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ABRIL 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 37

ser observadas (PÉREZ e FREITAS, 2016), tais como:

• Precocidade na leitura;• Interesses variados e diferen-

ciados aos seus pares;• Preferência por relacionar-se

com pessoas mais velhas ou mais novas do que elas;

• Assincronismo (ausência de sincronia no âmbito intelectual,

afetivo e motor, em relação ao de-senvolvimento típico);

• Sentimento de diferença na forma de pensar e agir em relação às demais pessoas;

• Preferência por trabalhar/estudar sozinhos;

• Perfeccionismo;• Independência e autonomia;• Senso de humor desenvolvido;• Capacidade de observação

muito elevada;• Gosto e preferência por jogos

que exijam estratégias.

Além dessas características gerais, há indicadores de altas habilidades ou superdotação pon-tuadas na Teoria dos Três Anéis, de Joseph Renzulli, uma vez que se respalda em três componentes: habilidade acima da média, cria-tividade e comprometimento com a tarefa. Na junção desses três componentes é possível encontrar o comportamento superdotado (termo usado pelo autor). Cada componente possui características próprias:

HABILIDADE ACIMA DA MÉDIA

• Apresenta um vocabulário muito mais avançado e rico do que seus colegas ou demais pessoas de sua idade;• Tem capacidade analítica e indutiva muito desenvolvida;• Tem uma memória muito destacada em assuntos que lhe interessam, comparada a outras pessoas;• Possui muitas informações sobre os temas que são de seu interesse;• Destaca-se nas atividades de seu interesse;• Adapta-se facilmente a situações novas e as modifica;• Aprende fácil e rapidamente coisas que lhe interessa e as aplica a outras áreas;• Tem capacidade de generalização destacada;• Possui um pensamento abstrato muito desenvolvido;• Tem um raciocínio lógico-matemático muito desenvolvido.

CRIATIVIDADE

• É extremamente curioso;• As ideias que propõe são vistas como diferentes ou esquisitas pelos demais;• Gosta de criticar construtivamente e não aceita autoritarismo sem criticá-lo;• É muito imaginativo e inventivo;• Tem muitas ideias, soluções e respostas incomuns, diferentes e in-teligentes;• Gosta de arriscar-se e de enfrentar desafios;• Faz perguntas provocativas (perguntas difíceis, que exploram outras dimensões não percebidas, expressam crítica, inquietude intelectual);• É inconformista e não se importa em ser diferente;• Sabe compreender ideias diferentes das suas;• Fica chateado quando tem que repetir um exercício ou tarefa de algo que já sabe;• Descobre novos e diferentes caminhos para a solução de problemas;• É questionador quando algum adulto fala algo com o qual não concorda;• Não é muito adepto a cumprir regras, especialmente quando as con-sidera injustas ou sem sentido.

Font

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COMPROMETIMENTO COM A TAREFA

• Deixa de fazer outras coisas para envolver-se em uma atividade que lhe interessa;• Tem sua própria organização;• É muito seguro, ás vezes teimoso em suas convicções;• Sabe distinguir as consequências e os efeitos das ações;• Dedica muito mais tempo e energia a algum tema ou atividade que gosta ou lhe interessa;• É muito exigente e crítico consigo mesmo, e nunca fica satisfeito com o que faz;• Insiste em buscar soluções para os problemas;• É persistente nas atividades que lhe interessa e busca concluí-las;• Não precisa de muito estímulo para terminar um trabalho que lhe interessa;• Sabe identificar as áreas de dificuldade que podem surgir em uma atividade;• Sabe estabelecer prioridades com facilidade;• Consegue prever as etapas e os detalhes para realizar uma atividade;• É interessado e eficiente na organização as tarefas;• Treina por conta própria para aprimorar sua técnica.

Uma pessoa com altas habi-lidades ou superdotação pode não possuir todas essas características que, por sua vez, são verificáveis em qualquer etnia, classe social e gênero.

Diante dessa breve contextual-ização, a questão é como identificar os estudantes com indicadores de

altas habilidades ou superdotação. Além dos testes padronizados baseados no Q.I., há instrumen-tos que podem ser usados pelos educadores, entre eles: cheklists, questionários, nomeação por co-legas, familiares e autonomeação. O importante, de acordo com Ren-zulli, é ter diversas fontes de indi-

cação. Para que esse procedimento ocorra, de maneira criteriosa, é imprescindível a capacitação/informação dos educadores e de todas as pessoas envolvidas sobre a temática das altas habilidades ou superdotação.

Vale ressaltar, quanto à ca-pacitação dos educadores, que deve haver um esforço dos gestores escolares em colocar em pauta o tema das altas habilidades ou superdotação em suas agendas, so-bretudo porque os estudantes com alto potencial estão mencionados na LDBEN e demais legislações

Deve haver um esforço dos gestores

escolares em colocar em pauta o tema das altas habilidades ou

superdotação em suas agendas

Habilidades

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e Especialista em dotados e talentosos. Pedagoga. Organizadora, com Maria da Piedade Resende e Mayra Massuda, do livro “Altas habilidades / Superdotação” (Wak Editora).

Doutora em Educação Especial. Mestre em Educação

ROSEMEIRE DE ARAÚJO RANGNI

pertinente a Educação Especial como público a ser atendido.

A partir da indicação do estu-dante, a ação seguinte é registrá-lo no cadastro nacional do censo escolar e oferecer o atendimento educacional especializado, por meio de estratégias como o en-riquecimento individual ou em grupo, de acordo com os interesses do aluno, a aceleração, não somente saltar série. Infelizmente, há siste-mas educacionais ainda retrógra-dos quanto ao entendimento da necessidade de laudo clínico para reconhecer o estudante com altas habilidades ou superdotação, sem mencionar que contraria legislação federal (Nota Técnica nº 04), de 2014. Desse modo, sugere-se que o procedimento de identificação seja educacional para garantir que as seis áreas sejam contempladas.

Em todas as áreas que o poten-cial possa ser observado e reconhe-cido, considera-se que pelo menos 10 a 15%, de qualquer população, possa estar na condição de ter altas habilidades ou superdotação. Para uma malha estudantil brasileira de quase 49 milhões, o censo escolar, de 2018, registra somente 21.161 matrículas de estudantes com altas habilidades ou superdotação. Evidencia-se que o Brasil não está

em consonância com pressupos-tos científicos e legais em relação ao atendimento dessa parcela de educandos.

Em 2005 o Ministério da Edu-cação instituiu os Núcleos de Ativi-dades de Altas habilidades e Su-perdotação (NAAHS), objetivando o atendimento aos estudantes, formação de educadores e atendi-mento às famílias dos estudantes. Esses núcleos foram implementa-dos em cada estado brasileiro, em sua grande maioria nas capitais. Apesar da boa iniciativa, cada estado absorveu segundo suas condições e, atualmente, após 14 anos, observam-se, ainda, dificul-dades em sua gestão. O Brasil é um país de grandes dimensões e um

Habilidades

NAAHS em cada estado, supos-tamente, não tem dado conta da tarefa de identificar e atender os estudantes.

Ainda ações são realizadas em alguns municípios brasileiros, como por exemplo nos Centros para o Desenvolvimento do Potencial e Talento (CEDET) e por instituições e universidades. No entanto, ainda há necessidade de mais atitudes governamentais, da iniciativa par-ticular e do terceiro setor, para que os potenciais dos estudantes não sejam deixados à margem.

Nessa perspectiva é imperioso mencionar que, enquanto nações buscam e desenvolvem os talentos de suas crianças e jovens, nota-se, pelo baixo número de matrículas de estudantes com altas habili-dades ou superdotação existente no Brasil, que os papéis educacionais e legais não têm sido cumpridos satisfatoriamente. •

Há necessidade de mais atitudes

governamentais para que os potenciais

dos estudantes não sejam deixados à

margem

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Entrevista

É NECESSÁRIO MERGULHARNOS AFETOS DO AUTISTA

M uito se tem falado sobre o au-tismo. O transtorno vem ga-nhando visibilidade no mundo

inteiro, sendo destaque nas redes sociais, na imprensa, além de ser assunto recorrente em congressos e debates com profissionais de distintas áreas. Tempos atrás não era assim. De fato, parece que o mundo vive uma “epidemia” de autismo. Nos Estados Unidos, por exemplo, pesquisa feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão norte-americano de saúde, mostrou que uma em cada 68 crianças tem o espectro. No Brasil, o tema autismo ganhou muita repercussão, principalmente depois da aprovação da Lei 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, também chamada Lei Berenice Piana, que é mãe de um jovem autista. E o mês de sua conscientização é abril (de cor Azul, escolhi-da em referência ao fato de a maioria dos diagnosticados com o transtorno ser do sexo masculino). Para desenvolver o assunto entre-vistamos o professor Eugênio Cunha. Doutor em educação, psicopedagogo, palestrante, professor da Faculdade Cenecista de Itabo-raí (Censupeg), coordenador pedagógico do Colégio Objetivo Camboinhas (Niterói, RJ). É autor dos livros “Afeto e aprendiza-gem”, “Autismo e inclusão”, “Afetividade na prática pedagógica”, “Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade” e “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”, publicados pela WAK Editora.

www.eugeniocunha.com

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EUGÊNIO CUNHA

Eugênio Cunha: Doutor em educação,psicopedagogo, professor e palestrante

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O que é o autismo?O autismo é um transtorno de

causas ainda não totalmente conhe-cidas, com grande influência gené-tica, que compreende dificuldades na comunicação, na interação social e um padrão comportamen-tal restrito e repetitivo. O grau de comprometimento é bem variável: leve, moderado ou grave, com sin-tomas extremamente diferentes. Há alguns sinais que podem ser percebidos desde cedo na criança: isolamento social, ausência de con-tato visual, resistência à mudança de rotina, manuseio não apropriado de objetos, dificuldades de com-preender símbolos de linguagem e códigos sociais, transtorno de pro-cessamento sensorial e movimento circulares no corpo, dentre outros. Entretanto, o autismo é tratável. Há casos em que os sintomas foram revertidos amplamente, possibili-tando inclusão escolar e social.

No ano de 2019 foi san-cionada a Lei 13.861/19, que determina a inclusão das especificidades inerentes ao Transtorno do Espectro Autis-ta (TEA) nos censos demográ-ficos. Quais os objetivos e, na prática, de que forma isso poderá contribuir para o es-clarecimento do transtorno?

O objetivo é direcionar as políti-cas públicas para que os recursos sejam corretamente aplicados em prol de quem tem autismo. Presume-se que haja em torno de dois milhões de autistas no Brasil. A partir de agora, será possível não somente presumir, mas direcionar as políticas públicas com base em indicadores reais. O Censo poderá

mostrar números, condições e características demográficas dessa população, obrigando o Estado a agir de forma mais objetiva e eficaz, inclusive no apoio às famílias.

Como os educadores devem lidar com o aluno autista?

Eu sempre digo que não há re-ceita de bolo. Digo também que não conheço dois autistas iguais. O que funciona com um pode não funcio-nar com outro. Porém, há aspectos básicos na aprendizagem humana que são inerentes também a alu-nos com autismo: a afetividade do aluno, os seus interesses e a funcio-nalidade do trabalho pedagógico. O

que se ensina precisa fazer sentido. É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interes-ses, desejos, sonhos, possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. E, a partir daí, escolher os materiais adequa-dos. Podem ser habilidades sociais ou acadêmicas. Sempre priorizando a comunicação e a socialização. É preciso estabelecer um plano de ensino em conjunto com a família. Muitas vezes, a elaboração de uma rotina em casa articulada com uma rotina na escola é um caminho para

ABRIL 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 43

Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu

aluno já possui e quais ele precisa adquirir

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ajudar o autista a autorregular-se e a inserir-se no espaço escolar. As práticas de ensino devem ter predicados da ludicidade. Inde-pendentemente da idade, do nível de ensino ou do grau de compro-metimento, o espaço escolar deve favorecer o prazer de aprender.

Como o senhor se coloca diante da questão referente ao autista ser inserido em escola regular ou inclusiva?

A escola inclusiva é aquela que educa o aprendente para a convivên-cia na família e na sociedade. Isto é, educa para a vida. Assim, uma escola especial também pode ser in-clusiva. Um sistema de ensino inclu-sivo é aquele que conta com escolas regulares realmente inclusivas e que tem o apoio de instituições espe-cializadas, quando necessário. Há alunos que não carecem de apoio de instituições especializadas. Estes devem frequentar exclusivamente o ensino comum. Porém, há outros que precisam, pois a escola regular sozinha não dá conta de prover um atendimento multiprofissional, com fonoaudiologia, psicopedagogia, dentre outros. Eu fui coordenador

da Clínica-Escola do Autista, em Itaboraí, a primeira clínica-escola pública para autistas no Brasil e, atualmente, estou na coordenação de uma escola regular inclusiva. Os dois modelos devem se adequar ao aluno. A inclusão não se faz apenas em classes do ensino comum, mas, também, com o apoio de espaços especializados e com a parceria da família.

Quais as vantagens e des-vantagens em ambos os mo-delos?

As instituições especializadas precisam promover uma educação específica, de acordo com a neces-sidade do aluno. O atendimento é feito individualmente. Existem maiores condições de refinamento de habilidades e conquistas de outras. Além disso, um espaço especializado é mais propício para a aplicação de um currículo fun-cional. Porém, não há a interação com alunos do ensino regular e nem a vivência de um espaço co-mum, que possibilitam um melhor desenvolvimento social. No ensino regular, o aluno aprende junto com os demais. Na maioria das vezes,

vai precisar de um acompanhante especializado, como em casos de autismo. Aprender numa escola regular é muito mais interessante e deve ser o objetivo dos sistemas de ensino. O problema é que nem sempre a escola está preparada e nem sempre consegue educar sem o apoio de uma instituição especializada. A educação cumpre seu papel quando atende à diver-sidade discente com equidade, sem preconceitos, observando as peculiaridades de cada indivíduo, buscando sua formação integral. A

Entrevista EUGÊNIO CUNHA

O modelo de educação que funciona

verdadeiramente é aquele que começa pela necessidade de quem aprende e não

pelos conceitos de quem ensina

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classificação das escolas deve ser apenas no que tange à modalidade e metodologia de ensino, e não no que concerne à filosofia educacional ou à visão de mundo. Na verdade, as peculiaridades do educando de-vem ser priorizadas para sabermos em que espaço ele deverá estudar, pois o modelo de educação que fun-ciona verdadeiramente é aquele que começa pela necessidade de quem aprende e não pelos conceitos de quem ensina.

Como lidar com o aluno autista?

Na escola, apesar de níveis de comprometimentos distintos, é comum o aluno com autismo apresentar algumas características mais marcantes que inicialmente poderão interferir na sua apren-dizagem: o déficit de atenção, a hiperatividade, as estereotipias e os comportamentos disruptivos. O que fazer diante delas? O primeiro passo a ser dado pelo professor será o de conhecer seu aluno, seus afetos, seus interesses. Isso possi-bilitará a instituição de exercícios, atividades e afazeres que ajudarão a canalizar a sua atenção. Com efeito, a partir do princípio afetivo da

atividade pedagógica, o professor encontrará recursos para a supe-ração do quadro de hiperatividade e de déficit de atenção. Em alguns casos, dois minutos de atenção será um grande passo. Trabalhos artísti-cos estimulam o foco de atenção de qualquer aprendente, pois deman-dam proficuamente a concentração, servindo como mediação pedagógi-ca. Um fator importante que deve ser observado é a disfunção sensorial, frequente no autismo, que provoca a hipersensibilidade tátil, auditiva e visual, bem como a intolerância a odores e à textura de alguns

alimentos. O mundo sensorial pode provocar agitação, movimentos es-tereotipados e muitas dificuldades na apren-dizagem escolar. Crianças autistas nem sempre conseguem processar os estímulos sensoriais do ambien-te. Por isso, muitas crianças têm reações disruptivas sem motivo aparente. É preciso evitar cheiros fortes, principalmente de produtos químicos, roupas com cores fortes, barulhos, gritos, ruídos constantes e a desorganização no ambiente em que estão.

Há alternativas pedagógicas que poderão ajudar ao professor: não se alterar e não valorizar as reações excessivas; redirecionar a atenção e a ação do aluno; falar baixo, manter o mesmo tom de voz e o contato visual; corrigir ensinando, não re-primindo; e disciplinar a atividade e não imobilizar o aluno.

Fazendo uma analogia, pode-mos dizer que o aluno com autismo não é um ser solitário compondo uma música que só ele ouve. Ele faz parte de uma orquestra, cujo maestro é o seu desejo, pois é para este que ele sempre olha. E o profes-sor? O professor é o músico que dá vida ao ritmo que sustenta a música até o final.

EUGÊNIO CUNHAEntrevista

Trabalhos artísticos estimulam o foco de atenção de qualquer

aprendente, pois demandam proficuamente a concentração, servindo como

mediação pedagógica

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202048

Quando se refere à sociabi-lidade, é possível que o profes-sor consiga integrar alunos autistas em sala de aula?

Sim, é bem possível, mesmo nos casos mais severos. Se a escola tem projetos inclusivos, estratégias adequadas, parceria com a família e principalmente professores ca-pacitados, o trabalho de inclusão obterá sucesso.

Qual a importância da re-lação família-escola nos casos de autismo?

É de suma importância. Muitas vezes o autismo traz a carga do isolamento social, da dor familiar e da exclusão. É normal que os pais se preocupem, porque há relevantes alterações no meio familiar e, nem sempre, é possível encontrar ma-neiras adequadas para lidar com as dificuldades que aparecem. Apesar de casos de extrema severidade,

famílias que conseguiram superar as adversidades, sempre projetaram expectativas positivas para seus filhos. Esse é um aspecto essencial.

Se na escola, durante as re-feições, utilizam-se os utensílios sem ajuda, assim deverá ser feito em casa. Se em casa, os pais dei-xam a criança se vestir sozinha, na escola far-se-á o mesmo. Esses ambientes, apesar de diferentes

fisicamente, devem ser similares em objetivos e práticas educativas.

Este é um grande desafio para o sucesso das intervenções e da edu-cação da criança com o transtorno. É preciso projetar coisas positivas para o filho e, no caso da escola, para o aluno. É preciso trabalhar para a inclusão social. Ensinar para a família é fortalecê-la como núcleo básico das ações inclusivas e de cidadania.

A inclusão social é fácil?Incluir não é um processo fácil;

porém, é totalmente possível. O pa-pel do docente é essencial. É preciso valorizá-lo. Na educação o profes-sor caminha sobre utopias. Se assim não fosse, já teria desistido de ensinar. Por outro lado, educar é um ato de excelência, e o profes-sor ama a excelência. Se assim não fosse, muitos já teriam desistido de aprender. •

EUGÊNIO CUNHAEntrevista

É preciso trabalhar para a inclusão social. Ensinar para a família é

fortalecê-la como núcleo básico das

ações inclusivas e de cidadania

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Cursos presenciais de curta duração - área de GestãoCód. Data Horário Curso Palestrante

6240 6 8h às 16h Organização pessoal, gestão do tempo e produtividade Carla Cristina Ferreira Hammes

6241 6 e 13 18h às 21h30 Liderança em sala de aula: qual o papel do professor? Luiz Henrique Casaretti

6242 11 18h às 21h30 Testes preventivos para diagnósticos na educação Thais Faria Coelho

6243 12 18h às 21h30 Neurociência e PNL: construindo a excelência em gestão escolar Fernando Lauria

6244 14 8h às 17h Cobranças e acordos: como obter os melhores resultados Emília Guan

6245 18 8h às 16h Cálculo de custos e mensalidades-curso de custos e formação de preços para escolas - com 5C’s

Vito Carrieri

6246 20 9h às 12h Assédio moral no trabalho: isso existe? Márcia Rosiello Zenker

6247 20 18h às 21h30 Qualidade no atendimento da escola - o impacto do pessoal de apoio Walkiria Aparecida Gomes de Almeida

6248 21 8h às 16h As competências da gestão escolar e o critério de eficácia escolar: gestão de pessoas (workshop 3)

Célia Regina Godoy

6249 22 8h às 17h Branding Service - a importância do olhar atento aos serviços escolares Ana Claudia Braun Endo

6288 26 8h às 16h Nossos valores em sete áreas da vida e os impactos na gestão escolar Célia Regina Godoy

6250 26 18h às 21h30 Planejamento estratégico e campanha de matrículas e rematrículas 2021 Cristiane Oliveira

6251 27 9h às 12h Proteção de dados pessoais no ambiente de ensino e nova Lei 13.709/2018 (LGPD)

Cristina Sleiman

Maio

Cursos

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Cursos área PedagógicaCód. Data Horário Curso Palestrante 6252 5 10h às 12h Destruição criativa da escola para enfrentar os desafios do novo currículo,

avaliação e formação dos professoresMaria Inês Fini

6253 8 18h às 21h30 A memória musical como embasamento para a prática educacional: musicalização & musicalidades

Mônica Vieira

6242 11 18h às 21h30 Testes preventivos para diagnósticos na educação Thais Faria Coelho

6254 12 18h às 21h30 Construindo situações interativas para a apropriação da escrita alfabética Renata Aguilar

6243 12 18h às 21h30 Neurociência e PNL: construindo a excelência em gestão escolar Fernando Lauria

6255 13 e 20 18h às 21h30 Matemática para o pensar: cálculo mental Robson Alves dos Santos

6257 14 18h às 21h30 O que conta o conto: uma jornada pela paisagem encantada Tininha Calazans

6258 14 e 15 18h às 21h30 A abordagem Reggio Emilia e o olhar para a infância Cristiane Rocha Ribas

6259 15 9h às 16h Como lidar com os quatro comportamentos básicos na escola Sergio Nogueira e Rosi Moraes

6260 15 18h às 21h30 A sala de aula criativa: a ressignificação desse espaço Heitor Lima

6261 16 (sábado)

8h às 12h Corpo e movimento: um espaço para compreensão e vivência do brincar Viviane Ferreira Fonseca e Dr. Edson Fernandes

6262 16 (sábado)

8h às 12h “Vivências e práticas musicais para berçário” Eliane Guedes Ferreira Carvalhal

6263 18 18h às 21h30 Planejamento de atividades lúdicas relacionadas à leitura e planos de aula Sílvia Cristina Varella Queiroz

6264 18 18h às 21h30 Escrita criativa: o trânsito dos textos multimodais Heitor Lima

6265 19 8h às 16h Raízes e asas: a revolução da gestão pedagógica: monitoramento e roteiro de observação da aula (workshop 3)

Célia Regina Godoy

6266 19 9h às 12h Design thinking/upcycling Alice Turibio

6267 19 18h às 21h30 Percursos de aula: itinerários criativos Heitor Lima

6268 19 18h às 21h30 Neuropsicomotricidade e jogos para ativação cerebral: ativando áreas de leitura, linguagem, lógica e emoção

Fernando Lauria

6269 19 18h às 21h30 Como fazer versos de improviso sem ser repentista César Obeid

6270 20 9h às 16h Neuropsicomotricidade e jogos para ativação cerebral: ativando áreas de leitura, linguagem, lógica e emoção

Fernando Lauria

6271 21 18h às 21h30 Workshop metodologias ativas - toda prática para a sala de aula Leticia Bechara

6272 21 18h às 21h30 “Inteligência emocional & inteligência relacional - desafios” Marino Alves Faria Filho

6273 22 18h às 21h30 Arquitetura em papel – kirigami, esculturas e painéis Leila Maria Grillo

6274 22 18h às 21h30 Neuroanatomia, funções executivas e aprendizagem Thais Faria Coelho

6275 23 (sábado)

9h às 12h Agentes da matemática: cognição numérica da teoria a intervenção Rita Santos de Carvalho Picinini

6276 25 9h às 12h Automutilação e suicídio nas escolas Ana Paula Siqueira

6277 25 18h às 21h30 Oficina prática de trabalho: alunos e suas produções textuais - como ensinar com qualidade através da elaboração de projetos didáticos

Divani Albuquerque Nunes

6278 25 18h às 21h30 Workshop - a educação inclusiva e o aluno tea (transtorno do espectro autista)

Silvia Ferraresi

6279 25 18h às 21h30 Psicologia positiva e inteligência emocional para professores Cristina Corsini

6280 26 18h às 21h30 Um olhar sensível na docência de bebês: diálogos com a abordagem pikler Jonathas Cesar Muller

6281 27 18h às 21h30 “O uso dos jogos, no contexto clínico e educacional, para o desenvolvimento das funções executivas”

Vanessa de Melo Zito

6282 28 18h às 21h30 Workshop – práticas pedagógicas inclusivas: planejamento e elaboração de recursos com baixo custo

Silvia Ferraresi

6283 28 18h às 21h30 Disciplina escolar: o que a escola pensa disso? Marcia Rosiello Zenker

6284 29 18h às 21h30 Territórios da infância: linguagens, tempo e relações para uma pedagogia para crianças pequenas

Jonathas Cesar Muller

6285 29 18h às 21h30 Qualidade no atendimento da escola - o impacto do pessoal de apoio Walkiria A. Gomes de Almeida

6286 30 (sábado)

8h às 12h O uso dos jogos como ferramentas de ensino aprendizagem Alessandra Daldin

Cursos

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ABRIL 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 53

Cursos presenciais modularesCód. Qtde. Módulos Horário Curso Palestrante 6287 3 18h às 21h30 Psicomotricidade: melhor estratégia para o educador que atua com

a primeira infânciaMód. 1: 4 de maio / Mód. 2: 5 de maio / Mód.3: 6 de maio

Vania Maria Cavallari

6103 2 13h30 às 17h30 Profa II: oficina prática de jogos e atividades - consciência fonológica, alfabetização, ortografia e produção textualMód.1: 11 de maio / Mód. 2: 8 de junho

Divani Albuquerque Nunes

6105 2 18h às 21h30 Profa II: oficina prática de jogos e atividades - consciência fonológica, alfabetização, ortografia e produção textual Mód.1: 20 de maio / Mód. 2: 3 de junho

Divani Albuquerque Nunes

6104 2 8h às 17h Gestão Pedagógica - como trabalhar e mapear as competências e habilidades do novo ensino médio para gabaritar o Enem-2020Mód.1: 12 de maio / Mód. 2: 4 de junho

Tania Dias Queiroz

LOCAL: SEDE DO SIEEESP - Rua Benedito Fernandes, 107Santo Amaro - São Paulo - SP

Informações e Inscrições: (11) 5583-5500

Cursos on-line - EADCurso PalestranteFormação em Secretaria Escolar - Inscrições => http://www.attamidia.com.br/ead-secretaria.php Claudia Maria de Oliveira

Confirmar presença sempre com antecedência Pós-Graduações Semi-Presenciais:

• Pós-graduação em MBA em Gestão de Pessoas: liderança e coaching• Pós-graduação em Gestão Estratégica de Instituições de Ensino

Acesse: https://fundacaofat.org.br/sieeesp-pos-graduacao/

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – ABRIL 202054

• MAIO • 2020 •• 20/05/2020 • INSS (Empresa) - ref. 04/2020 • PIS – Folha de Pagamentos - ref. 04/2020 • SIMPLES NACIONAL - ref. 04/2020 • COFINS – Faturamento - ref. 04/2020 • PIS – Faturamento - ref. 04/2020• 29/05/2020 • IRPJ – (Mensal) - ref. 04/2020 • CSLL – (Mensal) - ref. 04/2020

• 07/05/2020 • SALÁRIOS - ref. 04/2020 • E-Social (Doméstica) - ref. 04/2020 • FGTS - ref. 04/2020 • CAGED - ref. 04/2020 • 08/05/2020 • ISS (Capital) - ref. 04/2020 • EFD – Contribuições - ref. 03/2020

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AGENDA DE OBRIGAÇÕES

Classieeesp

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