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Órgão Oficial de Comunicação da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) Vol. 33 Número 1 2019 Depoimentos das Federadas Presidentes da FBG relembram experiências O futuro da especialidade em destaque FBG REVISTA Revista FBG traz especial com alguns dos momentos importantes ao longo de 70 anos de história da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da própria especialidade no País 70 ANOS DE HISTÓRIA

REVISTA FBG...gastroenterologistas em treinamento, médicos especialistas e clínicos gerais já estabelecidos.O programa se concentra na relevância à rotina clínica diária, permitindo

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  • Órgão Oficial de Comunicação daFederação Brasileira de Gastroenterologia (FBG)

    Vol. 33 Número 1 2019

    Depoimentos das Federadas

    Presidentes da FBG relembram experiências

    O futuro da especialidade em destaqueFBGREVISTA

    Revista FBG traz especial com alguns dos momentos importantes ao longo de 70 anos de história da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da própria especialidade no País

    70 ANOSDE HISTÓRIA

  • 19 a 23 de outubro de 2019Local: Fira Gran Via, Barcelona

    Antecipando-se à semana UEG de 2019, que ocorrerá em Barcelona, o presidente da UEG, professor Paul Fockens, explica por que está animado com uma das mais importantes reuniões em saúde digestiva do mundo.ngs.

    A Semana UEG é a maior e mais prestigiosa reunião de Gastroenterologia de sua especialidade, com mais de

    14.000 participantes vindos de mais de 110 países do mundo inteiro. O comitê científico da UEG está montando um programa científico de ponta, que inclui os mais recentes avanços e as pesquisas mais empolgantes em saúde digestiva. Isso viabilizará apresentações de nível internacional em diversas especialidades, abrangendo aspectos de ciência clínica, básica e aplicada. Prevê-se uma oferta inclusiva a todos os participantes, independentemente do seu nível de especialização, que compreende uma ampla variedade de sessões, inclusive simpósios, sessões de endoscopia ao vivo e com base em resumos. Diferentes formatos interativos permitem uma colaboração intensa entre o público, os coordenadores e os palestrantes. O Programa de Ensino em Pós-Graduação, com duração de dois dias, proporcionará atualizações aprofundadas sobre diversos tópicos de gastroenterologia e hepatologia, adequados a gastroenterologistas em treinamento, médicos especialistas e clínicos gerais já estabelecidos.O programa se concentra na relevância à rotina clínica diária, permitindo que os participantes se preparem perfeitamente para a sua carreira profissional. O ano de 2019 é o

    terceiro de nosso currículo de três anos em contínua atualização.

    Mais uma vez, a Semana UEG incluirá a altamente bem-sucedida iniciativa “Ciência atual, Medicina do futuro”. O tema deste ano será “Microbiota: rumo à investigação clínica”. Nesta iniciativa, serão convidados os mais renomados cientistas para debater como o conhecimento e o pensamento atuais estão prontos para serem usados na prática clínica, e para traçar estratégias para estimular outros avanços nesta área. A Semana UEG constitui uma excelente oportunidade para investigadores de todo o mundo encaminharem e apresentarem as suas últimas descobertas. A UEG concederá alguns prêmios no congresso, inclusive para os melhores resumos, o de pesquisa UEG e os de novos talentos da UEG. Antevejo uma semana muito empolgante de avanços e atualizações científicos divulgados por especialistas em saúde digestiva e espero ansiosamente poder receber delegados novos e já conhecidos à Semana UEG de 2019 em Barcelona.

    Para se informar melhor, visite ueg.eu/week

    impulsionando os avanços científicos na saúde digestiva

    Aproveite até 5 de setembro de 2019 as taxas reduzidas de inscrição para delegados

    O último prazo

    para inscrições

    de resumos se

    iniciará em 19 de

    agosto de 2019

  • 3

    FBG PerguntaPresidentes relembram fatos de suas gestões

    O mundo hoje é diferente daquele que existia há 70 anos: diferente na ordem política, social, nos meios de comunicação, na mentalidade das pessoas e... na medicina. Há 70 anos, a medicina era mais arte do que ciência, com muitas hipóteses, fundamentos e conhecimentos científicos, mas com muitas interrogações. Em nossa área de atuação - a gastroenterologia, as mudanças, que são meros reflexos do progresso científico e téc-nico em geral, têm sido também muito importantes e sensíveis porque, na prática, se apli-cam ao diagnóstico das enfermidades e seu tratamento.

    Existem numerosas técnicas e abordagens terapêuticas que empregamos todos os dias e que nos passam despercebidas quanto à descoberta e implementação. Certamente, nos últimos 70 anos, elas foram múltiplas, mas vamos lembrar algumas, a título de exemplos. - O papel do trigo (glúten) na doença celíaca e o efeito terapêutico da retirada do glúten

    da dieta: até então, o que hoje é rotina conhecida e mesmo mencionada em redes so-ciais, era um mistério aparentemente insolúvel (1950 – Willem Dicke / Universidade de Utrecht, Holanda).

    - Criação do primeiro gastroscópio de fibra ótica: o processo e a sofisticação do método endoscópico evoluíram tanto que hoje os dispositivos disponíveis para o diagnóstico gastroenterológico fazem parte da rotina (1957 – Basil Hirschowitz / Universidade do Alabama, EUA).

    - Descrição da síndrome congênita da ausência de lactase: a partir de então, a into-lerância à lactose, ou seja, ao leite, criava bases científicas e indicava os caminhos para sua correção tal como a conhecemos hoje (1959 – Aron Holzel / Universidade de Manchester, Inglaterra).

    - Descrição e formalização do valor do teste de sangue oculto fecal na detecção pre-coce do câncer de cólon: exame rotineiro de realização simples, mas que contribui substancialmente para a medicina preventiva (1967 – David I. Gregorio / Universidade de Connecticut, EUA).

    Continua

    Setenta anos da fundação da FBG

    O informativo oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) foi publicado pela primeira vez em 1989, como Gastren. A partir de 2009, passou a ser denominado Jornal da FBG. Em 2015, foi cadastrado no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), com o International Standard Serial Number (ISSN) 2446-5054, passandoa se chamar Revista FBG, constituindo o Volume 27, ano 1, abril de 2015.

    O Sistema ISSN é definido pela ISSO 3297-2007 – Information and Documentation – e gerido pelo ISSN International Center.

    A revista é distribuída gratuitamen-te aos associados da FBG e o conteúdo e as opiniões expressas são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opi-nião da FBG.

    Federação Brasileira deGastroenterologia (FBG)Av. Brig. Faria Lima, 2391,10º Andar, Cj 102, CEP 01452-000 São Paulo (SP)Tel: +55 11 [email protected] www.fbg.org.br

    Diretoria (2019-2020)Presidente: Schlioma ZaterkaVice-Presidente: Aureo A. DelgadoSecretário-Geral: Décio Chinzon1ª Secretária: Eponina Maria O. LemmeDiretor Financeiro: Celso Mirra P. Silva1º Tesoureiro: Luís Alberto S. SousaCoordenador do FAPEGE:Sergio PessoaPresidente Eleito (2021-2022):Décio Chinzon

    Conselho EditorialGerson Ricardo de Souza Domingues Joaquim Prado Pinto de Moraes Filho Maria do Carmo Friche Passos Schlioma Zaterka

    Coordenador de ComunicaçãoTiago Barreto

    Produção

    www.rspress.com.br

    Jornalista Responsável:Roberto Souza (Mtb 11.408)Editor-Chefe: Fábio BerklianEditor: Rodrigo MoraesReportagem: Daniele Amorim e Madson de MoraesRevisão: Paulo FurstenauProjeto Editorial: Rodrigo MoraesDiagramação: Leonardo Fial,Lucas Bellini e Rodrigo CoelhoCapa: Getty ImagesImpressão: CompanyGrafTiragem: 3.000 exemplares

    Depoimentos5

    O FuturoA gastroenterologiano século XX

    20

    70 anosMomentos importantes da história

    14

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    EDITORIAL

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  • 4 Revista FBG

    - Demonstração do preponderante papel das abertu-ras transitórias do esfíncter inferior do esôfago na patogênese da doença do refluxo gastroesofágico: descrição do aspecto fisiopatológico hoje eviden-te na caracterização do distúrbio motor que ocorre na enfermidade (1982 – John Dent e Wylie Dodds / Escola Médica de Wisconsin, EUA, e Centro Médico Flinders, Austrália).

    - Caracterização do primeiro recurso efetivo para o tratamento da colite ulcerativa sulfasalazina: desde então, a abordagem fisiopatológica e terapêutica da colite ulcerativa, ou da doença inflamatória intesti-nal, tem se expandido enormemente (1988 – Nanna Svartz / Instituto Karolinska, Suécia).

    - Primeira descrição de um fármaco que inibe efetiva-mente a produção ácida pelas células parietais do estômago por meio do bloqueio dos receptores H2 da histamina: as pesquisas com cimetidina e proprano-lol foram universalmente reconhecidas, conduzindo seu autor ao recebimento do Prêmio Nobel de Medi-cina (1988 – James W. Black / Universidade de Lon-dres, Inglaterra).

    - Caracterização da Helicobacter pylori e seu papel na doença péptica ulcerosa: além do aspecto inteira-mente novo da caracterização de uma bactéria pa-tológica habitando o estômago, abriram-se novos caminhos terapêuticos com a antibioticoterapia. Os autores foram reconhecidos pelo recebimento do Prêmio Nobel de Medicina (2005 - Barry Marshall e Robin Warren / Austrália).

    Antigamente, quando se pretendia uma abordagem diagnóstica ou terapêutica mais sofisticada, o recurso era viajar ao exterior para procurar ajuda, principal-mente nos Estados Unidos. Hoje, o Brasil acompanha as inovações terapêuticas e técnicas diagnósticas in-ternacionais. A gastroenterologia brasileira também evoluiu muito, tendo caminhado ao lado das mudan-ças, aperfeiçoamentos e inovações que têm ocorrido em âmbito mundial.

    A FBG tem passado por numerosas e diferentes ex-periências administrativas, mas sem jamais perder o foco de modernidade e acompanhamento das tendên-cias científicas mundiais.

    Desde sua criação, em 1949, foram 44 presidentes, distribuídos por 12 estados. Cinquenta congressos na-cionais de gastroenterologia e um congresso mundial, sem falar no número crescente de gastroenterologistas associados via federadas. A sede própria passou por diversas expansões e reformas, e hoje, em um amplo espaço moderno e muito bem localizado em São Paulo, serve de testemunho de uma sociedade do século 21, moderna e atuante.

    Tantas mudanças na medicina e no mundo fazem pensar sobre o futuro da nossa entidade. A FBG con-tinuará celebrando a união dos colegas e o progresso da especialidade, mas algumas questões afloram, cer-tamente com respostas imaginárias. Até onde vamos chegar no apuro diagnóstico e tratamento das doenças?

    Se as mudanças que nos esperam nas próximas décadas tiverem o mesmo impacto social, tecnológico e econômico-financeiro que vem tendo até hoje, como será o futuro? A medicina provavelmente continua-rá sendo arte, mas certamente haverá muito mais co-nhecimentos concretos do que agora, embasados em grossos pilares. Medicina preventiva de rotina dentro de práticas sociais, exames genômicos, sensores tatuados de constantes biológicas, implantes de chips para mo-nitoramento das funções vitais... até onde irão os testes diagnósticos? E o tratamento? Nanoterapia. Manipula-ção gênica. Microrrobôs desempenhando papéis não somente na cirurgia, mas na abordagem intracelular...

    Mas chega de especulações! Hoje, nosso dever é cumprimentar a FBG pelos objetivos cumpridos, pelo pa-pel importante que desempenha na comunidade e pela comemoração do aniversário. Nosso dever é dese-jar um futuro pleno e consistente com o pas-sado de orgulho!

    Joaquim Prado Pinto de Moraes FilhoEditor da Revista FBG

    EDITORIAL

    Continuação

  • 5Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    “A grande finalidade da FBG é manter seus especialistas atualizados para que possam dar o melhor atendimento para aperfeiçoar a vida e o tratamento de seus pacientes.” A frase dita pelo presiden-te atual da entidade, Schlioma Zaterka, define também o papel das 23 federa-das. Para ele, “é necessário ter coordena-ção de tudo aquilo que ocorre no Brasil

    por meio da comunicação dos estados”. E Zaterka está certo. É com o engajamen-to dessas instituições que a FBG mantém seus 5.027 sócios espalhados pelos cinco cantos do País. Então, para celebrar os 70 anos da FBG, demos espaço para os presidentes das federadas falarem sobre a importância da FBG ou do fomento da gastroenterologia em seu estado. Confira.

    Com os 70 anos de fundação da FBG, presidentes das federadas falam da importância da entidade em seus estados

    Por Daniele Amorim

    UNIÃO EMTODO O PAÍS

    DEPOIMENTOS

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  • 6 Revista FBG

    Sociedade Alagoana de GastroenterologiaFernando Antonio Barreiros de Araújo“A FBG é a maior motivação para nós, associados da SociedadeAlagoana de Gastroenterologia, buscarmos e compartilharmos nossasexperiências nos cursos, aulas, debates científicos e casos clínicos.”

    Sociedade Amazonense de GastroenterologiaEverton Ricardo de Abreu Netto “A FBG vem historicamente proporcionando apoio à SociedadeAmazonense de Gastroenterologia, tanto para avaliar e comprovar aqualificação dos gastroenterologistas de nosso estado quanto parapromover o acesso aos avanços da gastroenterologia mundial.”

    Sociedade de Gastroenterologia da BahiaBruno Cesar da Silva “A FBG sempre foi o alicerce fundamental da gastroenterologia no Brasil, e a Bahia se orgulha de ser parte dessa história. Acreditamos que o fortalecimento das federadas seja uma forma de disseminar conhecimento científico e tornar a Federação ainda maior.”

    Sociedade de Gastroenterologia de BrasíliaZuleica Barrio Bortoli“A FBG é a matriz de todas as sociedades médicas relacionadas ao sistema digestivo. Subestimar sua importância é renegar a própria origem.”

    Sociedade Cearense de GastroenterologiaRodrigo Vieira Costa Lima“O compartilhamento de experiências e conhecimentos entre os membros é um dos pontos fortes incentivados pela Sociedade Cearense de Gastroenterologia. Sempre partindo da premissa de que o fortalecimento da especialidade como um todo pode ser benéfico para cada um de nós individualmente.”

    DEPOIMENTOS DOS PRESIDENTESDE 17 FEDERADAS DA FBG

    DEPOIMENTOS

    FOTOS DIVULGAÇÃO

  • 7Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    Sociedade de Gastroenterologia do Espírito SantoHélio Renato Carvalho Fischer“A FBG é a nave mãe no cosmos do conhecimento e desenvolvimento científico da gastroenterologia brasileira. Somos profundamente agradecidos aos colegas que se entregam a esse trabalho abnegado, ajudando de forma consistente na difusão de pesquisas e do conhecimento em todas as unidades federativas.”

    Sociedade Goiana de GastroenterologiaLuiz Henrique de Sousa Filho “A importância da FBG em nosso estado está na realização de eventos científicos de grande qualidade fora do eixo Rio-São Paulo, como o Congresso Brasil-Central de Gastroenterologia. Além disso, a Federação tem se empenhado em apoiar movimentos de grande importância para a sociedade, como as campanhas de informação, prevenção e tratamentos das parasitoses.”

    Sociedade Maranhense de GastroenterologiaLivia Ronise Garcia Arraes“Cada federada funciona como ímã, que atrai os especialistas de todo o estado para atualização e confraternização dos nossos colegas, ou seja, nossa função é imprescindível.”

    Sociedade Mato-Grossense de Gastroenterologia e NutriçãoElza Maria Moreira Gil“O papel principal da federada é promover a união e fortalecimento dos gastroenterologistas. Tudo para ampliar conhecimentos científicos na área.”

    Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de Minas GeraisEduardo Garcia Vilela“A Federação Brasileira de Gastroenterologia tem atuado de modo ativo, por meio de vários de seus programas, projetos e ações, para promover integração,levar conhecimento e fortalecer nossa especialidade por todo o País.”

    Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição da ParaíbaIrigracin Lima Diniz Basilio“A Federação Brasileira de Gastroenterologia é uma instituição preocupada com o bem-estar de toda a população brasileira acerca das doenças digestivas. E também demonstra ampla integração com todas as federadas do País, apoiando eventos científicos, ações sociais e descentralização da gastroenterologia a partir do estímulo à interiorização.”

  • 8 Revista FBG

    DEPOIMENTOS

    Sociedade Paranaense de Gastroenterologia e Nutrição Raquel Canzi Almada de Souza“A troca de experiências, o estímulo ao congraçamento, a busca pelo aprimoramento profissional e a valorização ao jovem gastroenterologista,entre tantas outras atividades, confirmam a importância da FBG no Paraná.”

    Sociedade Pernambucana de GastroenterologiaAna Botler Wilhem “A federada de Pernambuco tem tradição em nosso estado, com eventos já consolidados no calendário anual. E com o advento do Programa Jovem Gastro,a Sociedade Pernambucana agregou um espírito institucional entre os jovens,que engrandeceu nosso Capítulo.”

    Associação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro (AGRJ)Antonio Carlos da Silva Moraes“A AGRJ é a grande oportunidade de integração para os especialistasdo estado, através da troca de conhecimento e experiência.”

    Sociedade Catarinense de GastroenterologiaOdemari Miranda Ferrari“A FBG é uma entidade associativa que, em seus 70 anos, tem sido a grande incentivadora ao desenvolvimento científico da especialidade em todo o País.”

    Sociedade de Gastroenterologia de SergipeFernando Every Belo Xavier“A Sociedade de Gastroenterologia de Sergipe tem o total apoio da FBG para promover o desenvolvimento da gastroenterologia em todo o estado, com reuniões científicas, ações educativas e sociais - todas pautadas na ética, evidências científicas mais atuais e responsabilidade e compromisso social.”

    Sociedade de Gastroenterologia do TocantinsJonio Arruda Luz“A FBG é a referência à nossa federada, com grande contribuição por meio de um vínculo que nos garante continuar buscando constantemente o progresso de nossa especialidade em nosso estado e incentivando os nossos filiados para que possamos exercer a gastroenterologia com excelência para nossa população,em consonância com os grandes centros do País.”

  • 9 Revista FBG

    A sede da FBG, no conjunto 102 do número 2.391 da ave-nida Brigadeiro Faria Lima, foi resultado do sucesso do 8º Congresso Mundial de Gastroenterologia. O faturamento do encontro foi dividido entre a Federação, SOBED e Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

    Foi em 23 de novembro de 1994, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (RS), que aconteceu a primeira Semana do Apare-lho Digestivo. Com o intuito de ser realizado a cada dois anos, o evento foi idealizado na gestão do então presidente da FBG, Osvaldo Malafaia (1992-1994), como uma forma de unificar as outras sociedades irmãs da FBG: a Sociedade Brasileira de Endoscopia Diges-tiva (SOBED) e o Colégio Brasileiro de Cirur-gia Digestiva (CBCD).

    A criação de uma Semana que discutisse o aparelho digestivo no Brasil foi inspirada em dois importantes encontros da especialidade no mundo: a Digestive Disease Week (DDW), nos Estados Unidos, e a United European

    Gastroenterology Week (UEGW), no continen-te europeu. “Houve uma vez, em um evento em Berlim, que saí com a proposta de tentar fazer a Semana do Aparelho Digestivo no Bra-sil. Cheguei até a comprar os estatutos da UEGW”, relembra Malafaia.

    Com a ideia de unificar cada vez mais os especialistas das cinco regiões do Brasil, o evento mudou seu nome para Semana Bra-sileira do Aparelho Digestivo (SBAD) em sua terceira edição, na cidade de Salvador (BA). E de fato, desde então, a SBAD vem crescendo e recebendo mais especialistas. A última edição do evento, que aconteceu em São Paulo, (SP) em novembro do ano passado, teve recorde de público: sete mil pessoas.

    Compra da sede da FBG

    Vinte e cinco anos da primeira SBAD

    70 ANOS

    ARQUIVO FBG

    ARQUIVO FBG

    À esquerda, os Drs. José de Souza Meirelles, Daher Cutait e Agostinho Bettarello) durante o descerramento da placa de inauguração da nova sede, em 17 de junho de 1988. Acima, os Drs. José de Souza Meirelles, Francisco Eustácio Fernandes Vieira e Agostinho Bettarello.

  • 70 ANOS

    Há 70 anos, três sociedades de gastroenterologia que já existiam no Brasil foram fundamentais para a criação da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG): do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais. Os incentivado-res da ideia foram os Profs. Antônio da Silva Mello, Bene-dito Montenegro e Joaquim Romeu Cançado, então pre-sidentes das respectivas sociedades. O engajamento das três federadas uniu toda a categoria na luta pelo desen-volvimento da especialidade e dos profissionais do País.

    “Mello foi o esteio da FBG em seus primórdios, em-prestando todo seu prestígio nacional e internacional à sua fundação e primeiros passos. Montenegro, seu grande benfeitor; Cançado, seu consolidador; e Geral-do Siffert, seu idealizador e a mola propulsora de todas as atividades da FBG nos 10 primeiros anos”, lembram os Profs. Mário Ramos de Oliveira e Palmiro Rocha no ementário do 20º Congresso Brasileiro da especialidade.

    A federada do Rio de Janeiro é a mais antiga do País. A então Sociedade Brasileira de Gastroenterologia e Nu-trição foi fundada em 12 de maio de 1938, e hoje a As-

    sociação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro (AGRJ) tem cerca de 550 associados. “A AGRJ teve papel pre-ponderante na criação da FBG, servindo, junto com São Paulo e Minas Gerais, de base para sua fundação”, afirma o presidente da AGRJ no biênio 2017-2018, Antônio José de Vasconcellos Carneiro.

    Segunda mais antiga do País, a então Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo, hoje So-ciedade de Gastroenterologia de São Paulo (SGSP), foi fundada em 23 de maio de 1941. Um dos momentos decisivos da formação da FBG foi no 3º Congresso Bra-sileiro de Gastroenterologia, realizado no estado, onde o Estatuto da FBG foi aprovado. E a terceira mais antiga entidade da especialidade, a Sociedade de Gastroente-rologia e Nutrição de Minas Gerais (SGNMG), foi criada em abril de 1947, em uma das salas da Faculdade de Medicina da UMG (atual UFMG), durante reunião presi-dida pelo Dr. Alfredo Balena. Hoje, a SGNMG reúne es-pecialistas de todo o estado e sete de seus membros já presidiram a Federação.

    Três federadas e a criação da FBG

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  • 11Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    Criado em 2010, na gestão do ex-presidente Jaime Natan Eisig (2008-2010), o Programa Jovem Gastro (PJG) nas-ceu com o objetivo de promover a consciência associa-tiva do jovem especialista e fornecer instrumentos para estimular sua participação inovadora para a revitalização da especialidade. De lá para cá, o Programa cresceu e tem sido aperfeiçoado. Em 2015, a então coordenadora do PJG, Ana Botler Wilheim, deu uma nova configuração ao Programa, que foi a regulamentação do regimento do projeto; em 2017, ele se tornou uma categoria associa-tiva dentro da FBG. “Trabalhar com jovens é a certeza de adesões para a especialidade no futuro”, afirma Ana. Além disso, desde a criação do Programa, a FBG premia os melhores trabalhos dos jovens residentes na especia-lidade, com o celebrado Prêmio Jovem Gastro.

    A atual coordenadora da Comissão Jovem Gastro, Adélia Carmen Silva de Jesus, lembra que o Programa começou em 2009, quando o então presidente da FBG, Dr. Jaime Eisig, fez o primeiro curso piloto com jovens residentes em um projeto do Dr. Odery Ramos. “Ele par-ticipou como presidente desse encontro e se maravilhou

    com a participação dos residentes do Paraná. A partir desse contato, começou uma série de encontros com preceptores de São Paulo, nascendo ali a ideia do Jovem Gastro”, lembra a atual coordenadora. “Dr. Eisig foi um grande idealizador do Programa. Sua visão foi integralis-ta e essencialmente inovadora ao trazer o jovem para a vida associativa. Ele ampliou o conceito do curso piloto e direcionou o Programa para a educação continuada na área”, recorda Adélia.

    Em 2019, o PJG terá dois grandes eventos: na come-moração dos 70 anos da FBG em outubro, em São Paulo, e um curso no pré-congresso da XVIII Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD 2019), em 23 de novembro. “Ainda teremos aulas em algumas cidades do Brasil, com discussões de casos clínicos associadas a aulas pon-tuando para a prova de título de especialista. A progra-mação deve ser liberada em breve. O futuro da especia-lidade depende dos novos médicos, e é neles que temos de investir para crescimento e fortalecimento da nossa gastroenterologia”, celebra a coordenadora. Atualmente, o PJG tem 704 associados de todo o País.

    Jovem Gastro: um sonho iniciado pelo Dr. Jaime Natan Eisig

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    O Dr. Jaime Natan Eisig (in memoriam), à direita na foto, ao lado de residentes nos primeiros momentos de existência do Programa Jovem Gastro

  • 12 Revista FBG

    70 ANOS

    Na década de 1990, as sociedades de especialidades médicas começaram a se organizar para proporcionar aos seus associados informações por meio de sites per-sonalizados. Desde a criação de sua primeira página em 1996, na gestão do presidente Luiz Guilherme Costa Lyra (1996-1998), o site da Federação tem sido aperfeiçoado ao longo dos anos. “Todos os presidentes que sucederam a partir de então objetivaram transformar o site da FBG em um ambiente de aprendizagem estimulante e enrique-cedor para o gastroenterologista”, lembra Maria do Carmo Friche Passos, que presidiu a Federação (2014-2016), no livro que celebrou os 60 anos da entidade. Vale recordar aqui as gestões como a de Waldomiro Dantas (1998-

    2000), quando teve início o real processo de construção do site da FBG; de Heitor Rosa (2000-2002), que padronizou uma nova ferramenta e permitiu a inclusão de conteúdo científico no site; de Fernando Cordeiro (2002-2004), que chegou a implantar o consultório on-line (onde prestava serviços diretos ao associado) e tornou acessíveis cursos e diversos convênios de interesse dos sócios da FBG; de Luiz Gonzaga Vaz Coelho (2004-2006), que reestruturou o layout do site, ampliou a atualização médica para atingir associados de todos os cantos do País e criou uma co-missão responsável pela coordenação científica do site.

    A gestão seguinte de Antônio Frederico Magalhães (2006-2008) incrementou as informações científicas

    Site da FBG: fruto de várias gestões inovadoras

    Mesmo a atualização médica tendo sido sempre a meta da FBG, ainda não havia oficialmente em sua estrutura um de-partamento que cuidasse especificamente da realização das atividades científicas. Coube a Francisco Eustácio Vieira, em sua segunda gestão à frente da FBG (1986-1988), assumir a responsabilidade de criar um departamento de ensino e pes-quisa médica na Federação e, entre as reformas estatutárias feitas em sua gestão, nascia ali o Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Gastroenterologia (Fapege).

    A primeira reunião do Fapege aconteceu em outubro de 1988, na sede da FBG, e os três primeiros cursos foram re-alizados em Goiânia, Florianópolis e Maceió. Foi em 1992, na gestão do presidente Osvaldo Malafaia, que foi ideali-zado um curso anual de atualização em gastroenterologia (posteriormente chamado de Curso Fapege) para abran-ger todo o País, preferencialmente as cidades de médio porte. O destaque do Fapege nesses anos todos desde sua criação é a ampliação do acesso ao conhecimento, o cui-dado dos responsáveis pela coordenação de levar cursos úteis, tanto para a formação quanto para a atualização de gastroenterologistas em todas as regiões do Brasil. Além disso, o curso pré-congresso Fapege, que no começo reu-

    nia poucos participantes, se tornou uma referência para os especialistas que buscam rever os avanços da gastroen-terologia sem esquecer suas aplicações na prática clínica diária. “O grande sucesso e a importância do Fapege se relacionam especialmente com o acesso ao conhecimen-to para todos e em vários momentos do ano”, afirma Dulce Reis Guarita, membro da Comissão Fapege e participante da criação do departamento na FBG.

    Para o atual coordenador da Comissão, Sérgio Pessoa, o sucesso do Fapege se deve à seriedade, excelência acadêmi-ca dos eventos, dedicação e trabalho brilhante das várias co-missões anteriores, além do apoio da indústria farmacêutica e compromisso de todos os presidentes e diretores da FBG com o Fapege desde sua criação. “Ao longo desses 31 anos, o Fapege fomenta de forma efetiva o ensino e aperfeiçoa-mento da gastroenterologia no País, por meio da publicação de livros, cursos presenciais, jornadas, congressos e ensino a distância, o que tem propiciado a disseminação e atualiza-ção do conhecimento da especialidade nas várias regiões do Brasil”, celebra Pessoa. Segundo o atual presidente da FBG, Schlioma Zaterka, todas as federadas serão contempladas com pelo menos um evento do Fapege neste ano.

    Fapege: um marco no ensino da gastroenterologia

  • 13Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    Comunicação e mídias digitais:FBG sempre atenta ao novoComunicar-se com o associado e estar atento às novas formas de mídias digitais é algo que tem sido priorizado pela FBG em toda a sua história. A Federação vem, a cada gestão, compreendendo a importância de se conectar ao associado com as novas platafor-mas digitais, buscando a melhor relação custo-benefício.

    A FBG conta hoje com uma assessoria de imprensa especia-lizada em atendimento a socie-dades médicas (só em 2018, a Federação conquistou 148 inser-ções na mídia espontânea), dan-do visibilidade a suas lutas asso-ciativas e transformando ainda os representantes da FBG em porta--vozes para a imprensa em sua área de atuação. Já a tradicional Revista da FBG (atualmente com periodicidade quadrimestral), importante veículo da FBG para seus sócios, ganhou em 2018 um novo visual e projeto editorial que, além de trazer os assuntos fun-damentais para o gastroenterolo-

    gista nos eixos médico, científico e profissional, abriu espaço para as federadas. E o aplicativo para celular da FBG, que traz notícias, comunicados e ações da Fede-ração e está disponível para ce-lulares Android e iPhone, está de cara nova em comemoração aos 70 anos da entidade.

    Nas redes sociais, a FBG man-tém desde 2015 sua página no Facebook, que tem atualmente mais de 10 mil seguidores. Já o Instagram, criado no ano passa-do, possui hoje milhares de se-guidores. Uma das inovações da FBG em seu canal oficial no You-Tube, onde oferece a cobertura de SBADs, cursos, palestras e entre-vistas aos sócios, é a realização do Minuto FBG, com videocursos para a entidade se comunicar de forma mais rápida com seus as-sociados. Outra novidade é a co-municação via WhatsApp com os associados: só em 2018, foram realizados quase nove mil atendi-mentos por esse canal.

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    para os associados e para o pú-blico leigo, e outra reformulação do site ocorreu na gestão de Jai-me Eisig. As demais gestões, dos presidentes José Galvão Alves, José Roberto de Almeida, Maria do Carmo Friche Passos e Flávio Quilici, também ofereceram no-vas opções de educação conti-nuada para os associados, assim como o site atual, na gestão do presidente Schlioma Zaterka, traz um novo visual em comemoração aos 70 anos da FBG.

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    O primeiro computadorda FBG em imagem de1º de junho de 1988

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    Há 33 anos, graças, sobretudo, ao trabalho incansável dos saudosos Agostinho Bettarello, José de Souza Mei-relles Filho e Francisco Eustácio Vieira, o Brasil sediava o 8º Congresso Mundial de Gastroenterologia. A luta havia começado quatro anos antes, durante o 7º Congresso, re-alizado na Suécia. O Brasil já tinha perdido duas eleições anteriores para sediar o evento, para Madri e Tóquio e, para o 8º Congresso de 1986, tinha como rival o Canadá e o venceu (quando muitos não acreditaram nessa possibili-dade) por apenas dois votos. “Estocolmo recebeu uma co-mitiva com quase 200 brasileiros que, unidos e irmanados, desafiavam a hegemonia dos países ricos na escolha das sedes dos congressos mundiais”, recorda Vieira em suas memórias sobre o célebre Congresso no livro que celebrou os 60 anos da Federação.

    Para convencer os especialistas a virem prestigiar o evento, especialistas foram destacados para promover o Congresso: José Hilário e José de Souza, por exemplo, pro-moveram o evento no Congresso do Japão e na Coreia do Sul. Já Betarello seguiu pela Europa promovendo a capaci-

    dade de São Paulo de sediar sem o menor esforço tamanho evento. Nos Estados Unidos, coube a Ruy Bevilacqua a ta-refa de convencer os norte-americanos a irem ao 8º Con-gresso (no final, a delegação dos EUA foi a mais numerosa do evento). Encontros com presidentes das federações da Argentina, Portugal e Espanha também ocorreram.

    O Congresso de 1986 teve quase sete mil médicos inscritos, foram apresentados 1.945 temas livres e reali-zadas inúmeras conferências com a presença de ilustres gastroenterologistas mundiais, como três Prêmios No-bel, além de inúmeras mesas-redondas. Foram inúmeros os benefícios do 8º Congresso Mundial de Gastroentero-logia para o Brasil, como a maior projeção internacional e aumento considerável de convites para especialistas brasileiros participarem de eventos em outros países. “Muita gente trabalhou duro, com grande sacrifício pes-soal, para que o Congresso resultasse no sucesso que foi”, relata Meirelles Filho em suas memórias. “Esse foi o marco definitivo da consolidação da FBG no País e além--fronteiras”, relembra o ex-presidente.

    1986: o ano em que o Brasil brilhou para a gastroenterologia mundial

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    70 ANOS

    Imagem do 8º Congresso Mundial de Gastroenterologia, realizado em São Paulo (SP), no ano de 1986

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    FBG PERGUNTA

    Malafaia, Magalhães e Zaterka podem não ser no-mes conhecidos por todos os associados. Mas se você, gastroenterologista, participa das ações pro-movidas pela FBG, convive com seus colegas de especialidade ou é representado diariamente pela Federação, saiba que é graças ao empenho dessas três figuras emblemáticas.

    Osvaldo Malafaia e Antônio Frederico Novaes de Magalhães foram, respectivamente, presidentes das gestões 1992-1994 e 2006-2008 da Federação. Além

    de representarem os gastroenterologistas, ambos ti-veram o desafio de conciliar suas administrações com outras especializações. Para fazer isso, Malafaia – que também é cirurgião digestivo - criou a Semana do Aparelho Digestivo, em 1994. E na gestão do pre-sidente Magalhães, também endoscopista, o evento se tornou anual.

    O atual presidente da FBG, Schlioma Zater-ka, também já esteve presente nos momentos cruciais e de projeção nacional e mundial da

    HISTÓRIA VIVA!

    Por Daniele Amorim

    Osvaldo Malafaia (1992-1994), Antônio Frederico Novaes de Magalhães (2006-2008)e Schlioma Zaterka (2019-2021) falam sobre suas trajetórias como presidentes

    da FBG e os momentos marcantes da história da Federação

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  • 17Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    Federação. Ele foi secretário executivo na ges-tão Francisco Eustácio (1986-1988), quando o Brasil foi sede do 8º Congresso Mundial de Gas-troenterologia, e também foi responsável pela abertura do Núcleo Brasileiro para Estudo do Helicobacter Pylori e Microbiota.

    Para falar sobre os 70 anos de história da FBG e os momentos mais importantes para sua construção, a revista entrevistou os três para re-lembrarem suas trajetórias e ações como presi-dentes. Confira.

    Quando o senhor entroupara a Federação? Malafaia - Minha entrada na FBG aconteceu em meados de 1987, por meio do Dr. Giocondo Villanova Artigas. Ele era professor de cirurgia da Universi-dade Federal do Paraná (UFPR) e, na época, eu era professor adjunto da Clínica de Cirurgia do Apare-lho Digestivo da mesma instituição.

    Magalhães - Fui dos primeiros. Formei-me em 1963 e, como fiz residência em gastroenterolo-gia, acredito que me tornei membro por volta de 1967.

    Zaterka - Formei-me em 1958 e era eviden-te que naquele período não tinha cabeça para a vida associativa. Mas meu interesse começou a surgir mais ou menos em 1960, quando era re-sidente já contratado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e comecei a ter contato com aqueles médicos que tinham a vida associativa intensa. Dentre eles, eu destaco o Dr. Agostinho Bettarello.

    Qual foi sua trajetória até chegarao cargo de presidente? Malafaia - Participei de várias Comissões e sempre trabalhei para a FBG em eventos e congressos. Fui presidente da Sociedade Paranaense de Gastroen-terologia e, com o trabalho que fiz, meus colegas acharam que eu podia desempenhar bem um papel semelhante na FBG.

    Magalhães - Minha trajetória na vida universi-tária, como professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diretor da Faculdade de Medicina e criador do Gastrocentro, fez com que eu fosse convidado para a presidência da Federa-

    “Quando me tornei presidente, já comecei a trabalhar e, em novembro de 1994, fizemos a primeira Semana do Aparelho Digestivo em Porto Alegre”,

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    ção Brasileira. O convite foi feito pelo professor Luiz de Paula Castro.

    Zaterka - Ocupei vários cargos durante a minha vida. Fui secretário executivo na gestão do Eustácio (1986-1988), coordenador do Fapege na gestão do Frederico Magalhães (2006-2008) e diretor do De-partamento de Eventos.

    Qual foi o ponto de maiordestaque em sua gestão? Malafaia - Anos antes da presidência, participei de vários Congressos Mundiais, e eu tinha a pretensão de fazer alguma coisa no Brasil. Quando me tornei presidente, já comecei a trabalhar e, em novembro de 1994, fizemos a primeira Semana do Aparelho Digestivo em Porto Alegre.

    Magalhães - Tentei continuar a tarefa das antigas direções da Federação, procurando implementar o que já estava em andamento. Uma dessas realiza-ções foi a reforma dos estatutos. Outra ação foi a decisão de realizar a SBAD anualmente. Como eu tive formação não só de gastroenterologista, como também de endoscopista, minha relação com a SO-BED sempre foi muito forte e nós pudemos realizar o Congresso oficialmente todos os anos em conjunto.

    Qual foi o maior avanço promovidopela Federação em relação às suasáreas de atuação?

    Malafaia - Entendo que a FBG, a SOBED e o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) são filhos de uma mãe: a gastroenterologia. Não há motivos para separar porque são todos da mesma família. E a SBAD foi um momento de integração dessas áreas.

    Magalhães - Para mim, foi uma maior aproxima-ção entre os gastroenterologistas clínicos e os en-doscopistas, pois todas as decisões dos Congressos começaram a ser tomadas em reuniões conjuntas e essa ação fortaleceu as duas sociedades.

    Zaterka - Em 1998, abrimos o Núcleo Brasileiro para Estudo do Helicobacter Pylori e Microbiota na

    FBG PERGUNTA

    “Tentei continuar a tarefa das antigas direções da Federação, procurando implementar o que já estava em andamento. Uma dessas realizações foi a reforma dos estatutos. Outra ação foi a decisão de realizar a SBAD anualmente”,

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    Semana Brasileira, realizada em Porto Alegre. Fize-mos várias contribuições nesse sentido.

    Qual o papel da FBG para o desenvolvimento da especialidade?Malafaia - A FBG é uma das sociedades mais antigas da nossa área. E, também, após a fundação da SO-BED, em 1975, e mais à frente do CBCD, em 1986, entendemos a dimensão do conhecimento que o País detinha sobre os assuntos do aparelho digestivo.

    Magalhães - Certamente, graças ao trabalho da FBG, a gastroenterologia do Brasil está em um ní-vel equivalente da especialidade em países de pri-meiro mundo. Temos excelentes professores e pes-quisadores nas diferentes partes do País.

    Zaterka - A FBG tem papel fundamental em manter os colegas atualizados e competir em igualdade com qualquer gastroenterologista do mundo. Somos uma universidade que leva conhecimento para qualquer parte do Brasil e para todos os rincões do nosso país continental.

    Para finalizar, qual é ofuturo da especialidade?Malafaia - O futuro já é uma realidade. Como abriu demais o conhecimento, se criarão outras socieda-des médicas. Por exemplo, a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), que não existia há 10 anos, mas já teve participação na última edição da SBAD.

    Magalhães - O futuro acontecerá com a colabo-ração de todos esses profissionais envolvidos na direção da gastroenterologia, para que consigam

    progredir cada vez mais em seus objetivos, que são ensino e pesquisa.

    Zaterka - É um futuro bastante promissor. Se você me perguntasse isso há uns três anos, teria falado que a gastroenterologia atingiu seu limite. Mas a me-dicina como um todo é uma ciência extremamente dinâmica. Acredito que a medicina do futuro será do tipo que corrigirá algo antes mesmo de o indivíduo nascer. Existe um provérbio chinês que diz o seguin-te: o dia em que todos os medicamentos do mundo forem lançados ao mar, vai ser uma benesse para a humanidade, mas uma tragédia para os peixes.

    “A FBG tem papel fundamental em manter os colegas atualizados e competir em igualdade com qualquer gastroenterologista do mundo. Somos uma universidade que leva conhecimento para qualquer parte do Brasil e para todos os rincões do nosso país continental”,

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    O futuro é difícil de prever, ainda mais quan-do se trata de saúde, mas olhar para a fren-te é algo necessário. Gastroenterologistas ouvidos pela Revista da FBG avaliam os re-centes avanços da especialidade e especulam qual será o futuro da prática da gastroenterologia nos próximos anos. Há avanços em todas as áreas de atuação da gas-troenterologia e um conhecimento cada vez maior dos novos tratamentos - cirúrgicos, endoscópicos e clínicos - das mais diversas doenças, além da introdução de no-vas técnicas e tecnologias. “Novos exames e tecnologias têm ampliado o arsenal de investigação para o diag-nóstico das doenças tratadas por nossa especialidade”, avalia o coordenador da Comissão de Assuntos Digitais da FBG, Eduardo Nobuyuki Usuy Jr.

    Para o vice-presidente da FBG e vice-diretor de Ensi-no da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora Minas Gerais), Áureo de Almeida Delgado, os maiores desa-fios da prática da Gastroenterologia atual são, além de conciliar a necessidade de prestar assistência médica para um número elevado de pacientes (convênios e SUS), o de lutar pela melhoria da tabela de honorários, sem deixar de realizar a atualização científica neces-sária e continuada, assim como praticar a “slow me-dicine”, que resgata a primazia do tempo na arte de cuidar. Em relação às áreas da especialidade que serão transformadas no futuro próximo, ele destaca a área do

    Microbioma Humano, atualmente uma das mais pesquisadas. “Nesse cenário, a microbiota intes-tinal vem assumindo um papel de relevância na etiologia de várias doenças do sistema digestó-rio e também sistêmicas. Já as áreas que mais

    UM OLHAR PARAO FUTURO DA

    GASTROENTEROLOGIANesses 70 anos de existência como protagonista no desenvolvimento da especialidade, a FBG quer saber:

    o que o futuro reserva para a gastroenterologia?Por Madson de Moraes

    O FUTURO

  • 21Revista FBGVol. 33 Número 1 2019

    sofrerão transformações e avanços na Gastroentero-logia serão as ligadas à microbiologia, bioinformá-tica, genética, oncologia, geriatria e as terapias por Nanotecnologia. Estas serão as mais evidentes em um futuro bem próximo”, pontua Delgado.

    Já na avaliação do gastroenterologista e diretor do Instituto de Gastroenterologia do Rio de Janeiro da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, José Galvão Alves, um desafio mais geral é que a medicina e a gastroenterologia, em especial, tiveram uma evolução tecnológica nos métodos diagnósticos e terapêuticos quase “impossível” de ser absorvi-da pela prática médica tanto da medicina privada quanto pública. Além disso, o distanciamento da medicina moderna oferecida nos setores privado e público se acentua cada vez mais, o que dificulta a prática adequada. “Um exemplo disso são as longas filas de espera e o difícil acesso, em tempo hábil, a métodos simples como a colonoscopia”, opina Al-

    ves, que presidiu a FBG entre 2010 e 2012 e ocupa a cadeira 51 da Academia Nacional de Medicina.

    Sobre os avanços já consolidados na gastroente-rologia, Alves destaca os exames laboratoriais, en-doscópicos, de imagem e métodos terapêuticos. Para ele, o maior crescimento na gastroenterologia recai sobre a pancreatologia, uma especialidade “temida e desprezada” e que hoje, com os adventos da colangio por ressonância magnética e da ecoendoscopia, sai da “obscuridade e assume um protagonismo” jamais visto. “As neoplasias císticas do pâncreas, os tumores neuroendócrinos e a pancreatite autoimune são três exemplos de doenças que surgiram, cresceram e se destacaram com a pancreatologia moderna”, afirma.

    Alves considera um avanço na questão laborato-rial, por exemplo, o painel gastrointestinal com a tecnologia FilmArray®, que tem capacidade de iden-tificar nas fezes, em uma hora por biologia molecu-lar, 22 microrganismos envolvidos na etiologia da

    GETTY IMAGES

    “Atualmente, uma das áreas mais pesquisadas é o Microbioma Humano.

    Nesse cenário, a microbiota intestinal vem assumindo

    um papel de relevância na etiologia de várias doenças

    do sistema digestório e também sistêmicas”,

    Áureo de Almeida Delgado

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  • 22 Revista FBG

    O FUTURO

    gastroenterite infecciosa. “Essa tecnologia represen-ta um avanço imensurável frente a uma condição comum que mata milhões de seres humanos todos os anos”, avalia. Na evolução endoscópica, ele cita a ecoendoscopia digestiva surgindo como um método diagnóstico em lesões subepiteliais, especialmente lesões pancreáticas, “antes muito pouco acessível principalmente para as biópsias”.

    Já para a área de imagem, ele avalia que o mundo se transforma com os avanços na tomografia compu-tadorizada, ressonância magnética e medicina nuclear - nesta, o PET-CT estende sua atuação e “nos emerge para um novo mundo” na oncologia. “Na questão tera-pêutica, novas moléculas, em especial no mundo dos biológicos, tão úteis nas doenças inflamatórias intesti-nais e no campo cirúrgico com o desenvolver da robó-tica, melhoram e aperfeiçoam os resultados”, analisa.

    OUTROS DESAFIOS IMINENTESAo se especular sobre o futuro da gastroenterologia, é inevitável não falar da revolução tecnológica que

    atinge a saúde. Gastroenterologistas, por exemplo, já utilizam a inteligência artificial como ferramenta na triagem das doenças do trato gastrointestinal e na tomada de decisão orientada por dados. Outros con-seguem fazer seus treinamentos com a ajuda de simu-ladores de realidade virtual e alguns aplicativos para celular já conseguem fornecer dados, por meio de al-goritmos, para ajudar médicos a compreenderem me-lhor o comportamento da doença em seus pacientes. O coordenador da Comissão de Assuntos Digitais da FBG aposta que o avanço da tecnologia reaproximará o médico do paciente. “A tecnologia que vemos avan-çando foi superespecializando o médico e, de maneira geral, afastando-o do paciente. Mas com esses avanços e a facilitação e barateamento dos exames diagnósti-cos, teremos muitas ferramentas para otimizar nosso trabalho, aumentar a eficiência e ganhar tempo. Vai se destacar o profissional que for mais humano, que cuidar mais do paciente e tiver empatia.”

    Em um texto publicado no ano passado, no blo-gue da British Society of Gastroenterology (BSG), o presidente do Comitê de Serviços Clínicos e Padrões da BSG, Tony Tham, acredita que, em termos de tecnologia, seremos capazes de diagnosticar lesões como câncer usando técnicas e equipamentos endos-cópicos avançados sem necessariamente confiar na histologia. Os cânceres, escreveu, serão detectados mais cedo devido à melhoria da qualidade dos exa-mes e visualização endoscópica, e as técnicas endos-cópicas de preservação de órgãos - por exemplo, a ressecção endoscópica de cânceres - aumentarão à medida que formos capazes de lidar com lesões mais desafiadoras. “Àqueles começando na especialidade, aconselho estarem cientes de que a gastroenterolo-gia está passando por avanços rápidos e, paralela-mente, há mudanças contínuas no sistema de saú-de. O que você faz quando começa na especialidade pode ser muito diferente do que acaba fazendo 20 anos depois. Abrace a mudança e esteja pronto para se adaptar sempre e ainda melhor se você liderar a mudança”, afirmou.

    “As neoplasias císticas do pâncreas, os tumores neuroendócrinos e a pancreatite autoimune são três exemplos de doenças que surgiram, cresceram e se destacaram com a pancreatologia moderna”,

    José Galvão Alves

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