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Revista de Espiritismo | 1 Órgão da Federação Espírita Portuguesa Outubro - Dezembro 2008 | Ano 82 | Nº 78 Preço 2,50 Euros (IVA íncluido)

Revista FEP 78

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 1

Órgão da Federação Espírita Portuguesa

Outubro - Dezembro 2008 | Ano 82 | Nº 78

Preço 2,50 Euros (IVA íncluido)

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A Federação Espírita Portuguesa prossegue na sua procura contínua para assegurar

uma divulgação efi caz do espiritismo… e uma das suas actividades para alcançar esse

objectivo é encontrar as sinergias possíveis para abrir mais portas … criando condições

benéfi cas para um número maior de associados.

Diz-nos Joanna de Ângelis que a todos “cabem neste momento graves compromissos

que não podem e nem devem ser postergados” – é chegada, portanto, a hora de cada

um de nós dar o seu contributo para que esta doutrina que abraçámos, siga adiante,

alargando o consolo e o conhecimento ao maior número possível de espíritos encar-

nados e desencarnados. Esta não é uma doutrina de valores materiais, mas no actual

estádio de evolução e integrados que somos num contexto social, sem eles difi cilmen-

te encontraremos suporte que nos permita fazer passar a palavra além do nosso lar ou

das 4 paredes do nosso Centro. Seja um elemento activo e participante nas activida-

des funcionais e de divulgação da FEP. Ajude-nos a encontrar essas sinergias!

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que pagaria por mais um café

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pode fazer um novo sócio!

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>> Neste Número// Editorial - “Fé, asa libertadora” pag.04

// Mensagem - Efeitos da Fé Religiosa pag. 05

// LIVRESP - Em Destaque... pag. 07

// Ciência - Tecnologia ao Serviço da Fé pag. 08

// Doutrina - Fé e Mediunidade pag. 10

// Recordando... - Maria Raquel Duarte Santos pag. 13

// Factos & Opiniões - A Dimensão Transpessoal da Fé... pag. 14

// Ambiente - Fé: Agente Universal pag. 17

// Doutrina - Fé pag. 20

// Ciência e Religião pag.23

// Saúde - Fé e Saúde pag.26

// Ilustração - Reinaldo Barros pag.28

// Noticiário pag. 29

// DIJ - Departamento Infanto Juvenil pag. 32

// Directório pag. 34

Colaboradores > > > Ana Raquel Vieira ; Cândida e Henrique Vieira; Divaldo Franco; Francisco Ribeiro da Silva; Francisco Xavier Marques; João Xavier de Almeida; Jorge Gomes; Marcial Barros; Mª Emília Barros; Reinaldo Barros

OS ARTIGOS SÃO DA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

Director > Vitor Mora Féria | Propriedade, Administração e Edição > LIVRESP - Espírita Lda., Casal de Cascais, Lote 4, R/c-A, Alto da Damaia,

2720-090 Amadora, Portugal. Tel: 214 975 754. Fax: 214 975 777. E-mail: [email protected]. Registada na Conservatória do Registo

Comercial da Amadora sob o nº 9959, Capital social: 5000 Euros | Paginação > Sandrine Boebaert | Impressão > SIG - Sociedade Indústria

Gráfica, Lda. | DGCS - Registo nº 120833 | Depósito Legal nº 112853/97 | Tiragem > 1500 exemplares

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E D I T O R I A L

Ed

ito

ria

lFé, asa libertadora...

Disse-nos o espírito Emmanuel que “a sublime virtude da fé é

construção do mundo interior, em cujo desdobramento cada

aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de si

mesmo” e ainda que “ a fé representa a bússola, a lâmpada acesa a

orientar-nos os passos através dos obstáculos “ (1)

Nós, espíritas, sabemos que, de facto, só dentro de si cada um pode

encontrar a alegria de viver, o encanto de, na senda do crescimento,

acreditar e contribuir para a própria transformação e enobrecimento.

Sabemos, também, que o ser é triste quando quer, ou seja, está

triste enquanto se compraz na auto-piedade ou no egotismo de se

virar para si mesmo, ao invés de se virar para o Todo.

Conscientes da importância da nossa intervenção, sejamos, então,

interactivos, criadores, e transformemos quaisquer resistências que

a cultura, a educação ou as circunstâncias momentâneas tenham

criado em nós; transformemos os cinzentos tristes em cores alegres,

em sorrisos de harmonia e de paz, porque a “fé é asa libertadora a

conduzir-nos para cima” (1)

(1) - “Vinha de Luz”, Francisco Cândido Xavier (Emmanuel)

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EFEITOS DA FÉ RELIGIOSAEspírito - Joanna de Ângelis

Psicograf ia de DIVALDO FRANCO

Invariavelmente, os adversários das religiões, se-jam materialistas, agnósticos ou não, sempre se reportam aos inconvenientes das crenças de que são portadoras, relacionando os crimes hedion-dos praticados pela maioria delas através dos tempos e justificando a sua animosidade em re-lação às mesmas..De fato, em uma análise imparcial, o expressivo número de guerras ocorridas no mundo, direta ou indiretamente, possuíam suas raízes fincadas em terrenos religiosos, tornando-se portadoras de uma crueldade inimaginável. Em outras ocasiões, embora se estivesse viven-do períodos de paz, as perseguições sistemáticas de umas contra as outras, mantiveram estados desesperadores que se prolongaram por séculos contínuos, distantes de qualquer forma de com-paixão ou de misericórdia.O fanatismo de que davam mostra os seus profi-tentes sempre se expressou de maneira perversa e iníqua, fazendo que o terror dominasse as vidas, inspirando delações injustas, acusações mentiro-sas, denúncias covardes, compensadas com os haveres daquelas vítimas que lhes tombavam na indignidade.Os ódios dividiam as famílias e levantavam bar-reiras que dificilmente podiam ser transpostas, mantendo princípios absurdos que serviam de sustentação à intolerância e ao ressentimento.Direcionado, muitas vezes, para raças inteiras, ja-mais permitiam que os indivíduos fossem vistos e considerados como criaturas humanas, assinala-dos pela hereditariedade que os fazia cúmplices dos demais, embora portassem sentimentos an-tagônicos aos dos seus coevos e ancestrais.

Esse sentimento de rancor era transferido de uma para outra geração e mantido com o mesmo ar-dor como se nunca fosse permitida a reabilitação ou mudança de conduta pelo grupo e a nação a que pertencessem.Nada obstante, esse comportamento é lamenta-velmente do ser humano e não da crença religio-sa que ele professa. Existe a mesma conduta em relação à política, quando as paixões exacerbadas definem um como outro regime que consideram melhor, dando lugar aos mais terríveis e sangui-nários combates que estarrecem a lógica e a ra-zão.As divisões partidárias, as oligarquias, os im-périos, os reinados, os ducados, os sistemas de governos capitalistas, comunistas, fascistas, na-zistas, ditatoriais, democráticos, conduzem nos seus comportamentos crimes hediondos de toda a espécie, trágicas lições de horror, de destruições e de mortes incontáveis.As lutas de classe respondem por outros tantos terríveis flagelos impostos à sociedade, que ainda não conseguiu alcançar o clima de paz e de direi-tos igualitários para todos os seus membros.O sistemático desprezo de umas por outras raças, tidas como inferiores, tem promovido insanas guerras que se iniciam nas etnias ainda atrasadas da África até as cidades cultas e famosas do de-nominado Primeiro Mundo.Tudo isso ocorre, porque o ser humano é belicoso e, na sua inferioridade, permite o predomínio da natureza animal em detrimento da natureza espi-ritual, impondo sempre o seu sentimento egóico a prejuízo da solidariedade que deveria viger em todos os segmentos da humanidade.

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M E N S A G E M - E F E I T O S D A F É R E L I G I O S A

A intolerância religiosa, portanto, não é da doutrina e sim do seu adepto, daquele indivíduo que se dese-ja impor, atormentado pelos confl itos tormentosos que o tornam revel. Todas as religiões, salvadas ra-ras exceções, predicam a imortalidade do Espírito, a justiça divina, o amor, a renovação moral dos seres humanos, o progresso pessoal…Nada obstante, a inferioridade moral dos seus se-guidores exalta-os, levando-os aos delírios da fasci-nação, com que investem contra os demais que têm na conta de inimigos. Não tem procedência, portan-to, a justifi cação acusatória dos ateístas, dos mate-rialistas, dos inimigos da fé religiosa…

�Como realmente existem os enfermos morais que fazem das religiões trampolins para alcançarem os seus fi ns mórbidos, multiplicam-se de maneira ex-pressiva, aqueloutros que, nas religiões encontraram o suporte e o estímulo para a abnegação, o sacrifício, a renúncia e o trabalho em favor da sociedade.Desfi lam, através da História, os notáveis constru-tores do progresso e da cultura, da ética e da moral, dos direitos humanos e dos valores dignifi cantes que encontraram nas religiões que professavam a inspiração e a força para se dedicarem ao bem do seu próximo e à não violência que serve de base

para a vigência do amor entre as demais criaturas.Todos eles, nas mais diferentes escolas de fé, são responsáveis pelas mais belas construções de fra-ternidade, de iluminação de consciências, de cora-gem que a muitos conduziu ao martírio cantando hosanas aos Céus, sem queixas nem reclamações…Muitos deles dedicaram-se às artes, ao pensamento filosófico, às investigações da ciência, à política, à cultura em geral, mas principalmente ao humanis-mo e ao humanitarismo, tornando-se modelos de bondade, de persistência nas realizações edifican-tes, de sacrifício, dominados por grandiosa compai-xão pelo seu próximo.Graças ao Iluminismo, no século XVIII, logo depois, à Revolução Francesa, que confundia os interesses dos reis com as imposições da Igreja romana, inte-ressados em sua própria promoção e dominação da sociedade, fez surgir o grande ressentimento contra ambos, havendo tentado exterminá-los através dos mesmos métodos perversos que condenavam…Iniciada pelos filósofos e idealistas da liberdade de consciência, de pensamento, de comportamento, não escapou aos loucos dias do Terror nem aos as-sassinatos em massa, através da arma de José Gui-lhotin, que também terminou como sua vítima…As religiões são caminhos que devem conduzir o crente à paz e à felicidade, utilizando-se da meto-dologia do amor e da compaixão, a fim de serem superadas as más inclinações e induzi-lo ao auto-conhecimento, de forma a compreender os limites que o caracterizam e as notáveis possibilidades de crescimento que estão à sua frente.O processo de evolução moral é muito lento, fa-cultando ao Espírito a libertação das paixões infe-riores, a pouco e pouco, jamais de um para outro momento.É compreensível, portanto, que os processos trans-formadores para melhor apresentem-se assinala-dos pelas marcas do passado, embora as conquistas edificantes realizadas posteriormente.

... A fé religiosa, pois, é luz na escuridão, é medicamento na enfermidade, é caminho de segurança no labirinto das incertezas...

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L I V R E S P E M D E S T A Q U E . . .

Revista de EspiritismoEdição trimestral, distribuída a Assinantes individuais e Instituições Espíritas. Envie-nos as questões, sugestões e/ou comentários que considere adequados, através do e-mail: [email protected] ou [email protected] ...e receba GRATIS a Newsletter!

Codifi cação e outras ObrasDisponíveis algumas das edições de obras da Codi-fi cação Espírita, editadas pela FEP. Recordamos que estão também disponíveis, através da LIVRESP, grande parte dos clássicos da doutrina. Não deixe de nos contactar!

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Não se pode, dessa forma, condenar o ideal de qualquer procedência pela conduta daqueles que o abraçam. É certo que o seu comporta-mento nobre falaria mais alto do que as suas palavras, demonstrando a excelência da doutri-na esposada, no entanto, os hábitos ancestrais infelizes que lhe predominam no cerne do ser, respondem pelas infelizes atitudes de que se fazem portadores.De igual maneira, encontramos em todas as profi ssões, homens e mulheres que as dignifi -cam, enquanto outros as denigrem, embora se-jam nobres e relevantes para a sociedade.Desse modo, as justifi cativas apresentadas pe-los adversários das doutrinas religiosas não são sustentáveis.

�Quem se detenha a ler apenas o Sermão da Montanha, dar-se-á conta da proposta de Jesus às criaturas humanas, iniciando a Era de amor e de paz, de perdão e de misericórdia, de hu-mildade e de compreensão, de esperança e de caridade. No entanto, o que têm feito muitos religiosos, nos últimos vinte séculos, a respeito desses postulados incomparáveis?Qualquer religião experienciada com respeito e dignidade faculta à criatura o encontro consigo mesma, com o seu próximo e com Deus.A fé religiosa, pois, é luz na escuridão, é medi-camento na enfermidade, é caminho de segu-rança no labirinto das incertezas.Vivê-la com sentimento de fraternidade para com todas as criaturas, é o dever de todo crente que despertou para a vida imortal.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira

Franco, no dia 30 de maio de 2007, na residência de

Josef Jackulak, em Viena, Áustria.)

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Tecnologia ao Serviço da Fé

Por Marcial Barros

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T E C N O L O G I A A O S E R V I Ç O D A F É

“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.” Allan Kardec in “o Evangelho Segundo o Espiritismo”

Cap XIV – A fé transporta montanhas, item 7

Numa altura em que a humanidade parece deambular pelo mundo sem um ideal, uma esperança que secre-tamente a faça querer alcançar um estado de morali-dade diferente, a Doutrina Espírita vem restabelecer o Cristianismo como caminho moral a seguir para alcan-çar patamares diferentes na sua caminhada evolutiva.Através do seu corpo doutrinário baseado na compila-ção dos ensinos deixados a Kardec pelos Espíritos, ela impele o Homem ao progresso moral interno, à harmo-nização com toda a obra divina. Nas perguntas e respos-tas de “O Livro dos Espíritos”, no consolo das palavras do Mestre em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, na explicação do fenómeno mediúnico em “O Livro dos Médiuns”, na obra “A Génese” ao abordar o início e o percurso evolutivo de todas as coisas, ou no livro “Obras Póstumas” onde de uma maneira mais próxima pode-mos sentir as preocupações do codificador no correcto estabelecimento do Movimento Espírita, está contida a base de uma ciência nova de efeitos morais e filosóficos para o Homem, que o liga de novo à força geradora do Universo – Deus.Esse religare não mais imposto pela força ou pelo medo do desconhecido, torna-se natural à medida que vamos compreendendo e nos vamos integrando nessa Harmonia que rege todo o cosmos.Surgem por toda a parte também, devido à própria fase evolutiva do planeta que está em fase de transi-ção para “Mundo de Regeneração”, movimentos que tentam contrariar essa caminhada inevitável rumo à felicidade.

É aqui novamente que os Centros Espíritas, à se-melhança das antigas “Casas do Caminho” e os seus frequentadores mais esclarecidos, têm um papel fundamental no estabelecer dessa com-preensão exacta dos ensinos do Mestre. Não al-terando o conteúdo doutrinário com impressões pessoais, mas facultando-o a todos de uma forma fácil, simples mas com a gravidade que se exige na compreensão desse exemplo que nos foi legado há mais de 2000 anos, mas que a Humanidade teimo-samente ainda parece ignorar.A massificação dos novos meios de comunicação veio auxiliar nessa tarefa de transmitir a todos os que procuram a Doutrina Consoladora, a moral contida no exemplo do Cristo. A internet tem facilitado a pro-pagação dos ensinos doutrinários abrangendo um crescente número de prosélitos que inviabilizariam a sua deslocação a qualquer espaço físico. Mas este tipo de divulgação acarreta também de-terminados perigos que compete aos coordenado-res das instituições e responsáveis pela divulgação na internet acautelar, para que a vontade de levar aos outros os ensinos dos espíritos, não lhes crie as condições propícias ao fanatismo e ao dogma-tismo que, por definição, são contrários à Doutrina codificada por Kardec restabelecendo assim essa fé esclarecida que traz o consolo fundamentado no conhecimento do provir - a Fé inabalável “que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.

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Fé e Mediunidade Por Cândida & Henrique Vieira

“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um

grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí

para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.” Jesus MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20

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F É E M E D I U N I D A D E

Será que já parámos para reflectir nestas pala-vras?A cada dia que passa surgem novos livros, uns científicos outros nem por isso, que revelam a importância da Fé nas nossas vidas. Mas e o que é a Fé?Entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. (1)

Já pensámos como tantos Homens revelaram a sua Fé? Comecemos pelos primeiros cristãos que entravam nas arenas com cânticos de louvor.

João de Cleofas, com o resignado heroísmo do seu fervor religioso, conseguiu manter aceso o calor da fé em todos os corações: não faltaram os com-panheiros mais animosos que, na exaltação de sua confiança na Providência Divina, ensaiaram os próprios cânticos de glória espiritual, para o instante supremo do martírio. (2)

Que fé é esta? Continuemos…

O Infante D. Henrique, fundador e orientador da Escola Náutica de Sagres, e a certeza de que irí-amos cruzar os mares. Colombo que insistia em navegar na direcção contrária. Thomas Edison que não desistia da sua ideia luminosa, por maiores que fossem os fracassos nas suas experiências, pois acreditava que a “nossa maior fraqueza é a desistência. O caminho mais certeiro para o suces-so é sempre tentar apenas uma vez mais.”

E ainda “Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo.” Galileu que defendia que os nossos olhos nos enganavam, apesar de ser obrigado a retratar-se, acrescenta: “E no entanto ela move-se”.

Todos eles alimentavam a certeza nos seus ide-ais. E nós, que certezas temos?

Deus que é a inteligência suprema e causa pri-mária de todas as coisas (3), criador do universo, abrangendo todos os seres animados e inani-mados, materiais e imateriais (4), pai de todas as coisas (5), soberanamente justo e bom (6), modelo de amor (7) que permite que a nossa inteligência questione o mundo que nos rodeia, procurando compreender a fim de podermos crer, conforme nos afirmou Kardec. (8)

Surge assim o Espiritismo que nos apresenta a comunicação dos Espíritos, depois de Kardec a sujeitar ao controlo universal do ensino dos es-píritos. Daí lhe advém toda a autoridade: são, pois, os próprios Espíritos que fazem a propaga-ção, com o auxílio dos inúmeros médiuns. (9)

Ora, já nos dizia Pedro Jouty, nas Dissertações, que o dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os misté-rios de Eleusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus mé-diuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam. (10)

Kardec acrescenta-nos ainda que a mediunida-de é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como a de ver, de ouvir, de falar.

A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas

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as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos rectos, para os fortifi-car no bem, aos viciosos para os corrigir.

A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. (11)

Então que nos reservará esta dupla, Mediu-nidade e Fé, agora? Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons. (12)

Tomemos o centro espírita como ponto de par-tida. À medida que os médiuns se moralizam, devidamente orientados pela doutrina, mais facilmente sintonizam com os bons Espíritos e só deles têm assistência. Tornam-se assim bons médiuns, médiuns intuitivos no relacio-namento humano, no atendimento fraterno, nas explanações evangélicas, no passe, no en-caminhamento espiritual… desenvolvendo a consciência moral e a responsabilidade social: a verdadeira felicidade será encontrada na con-tribuição para a felicidade colectiva.

Assim, o Espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz aos resultados acima, que caracterizam o verdadeiro espíri-ta, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O Espiritismo não cria uma nova moral; apenas facilita aos homens a com-preensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam. (13)

Por outro lado a expansão da mediunidade le-vará à procura desta temática, universalizan-

do-se, desta forma, as ideias espíritas. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem cer-teza senão porque compreendeu. (…) Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (8)

Pelo anteriormente exposto podemos antever como a Fé e a Mediunidade serão importantes na transição de Mundo de Provas e Expiações para Mundo de Regeneração, contribuindo na constru-ção de uma Terra mais fraterna, mais crente e mais solidária. Cabe, a cada um de nós, aceitar este de-safio…

Muita paz!

BIBLIOGRAFIA:

(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Cap.XIX, itens 1 a 5

(2) Há 2000 anos, Francisco C. Xavier/Emmanuel, p. 320

(3) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 1

(4) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Introdução VI

(5) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 27

(6) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 13

(7) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 21

(8) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Cap.XIX, itens 6 e 7

(9) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Introdução, II - Autoridade da Doutrina Espírita

(10) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, Cap.XXXI, XI

(11) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Cap.XXIV, item 12

(12) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Cap.XVIII, item 16

(13) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,

Cap.XVII, item 4

F É E M E D I U N I D A D E

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Em 10 de Outubro de 2007 falecia em Oeiras, com 89 anos de idade, Maria Raquel Duarte Santos. A saudosa companheira de ideal espírita exerceu de 1977 a 1979 o cargo de vice-presidente da direcção da Federação Espírita Portuguesa; e o de sua presidente, de 1980 a 1988. Foi presidente também da Associação Espírita de Lisboa, desde a fundação desta em finais dos anos 70, até 1993. Em 1974, após o falecimento de seu marido Isidoro Duarte Santos, oficial de Mari-nha de Guerra e figura de grande relevo no movimento espírita português, sucedeu-lhe na direcção da prestigiosa revista “Estudos Psíquicos”, que se publicou desde inícios do século XX até 1981.

Em 1977, durante a sua vice-presidência da FEP, a saudosa confreira visitou o Brasil. Foi nessa ocasião que, através da mediunidade psicográfica de Hernâni T. Sant’Anna, foi re-cebido de Luís Vaz de Camões, na Federação Espírita Brasileira, o esplendoroso poema Nova Sagres, cuja declamação, acompanhada de projecção electrónica de imagens, tem prendido e encantado auditórios em ocasiões festivas do nosso movimento.

Em Janeiro de 1980, Maria Raquel representou a FEP e a Federação Espírita Brasilei-ra, a solicitação desta, no VII Congresso Internacional de Espiritismo. Nos anos 80, mais de uma vez a saudosa confreira reuniu em Madrid e em Lisboa com o presidente da Federação Espírita Espanhola, Rafael Molina, e outros líderes do Espiritismo europeu; com eles partici-pou nas conversações preliminares do que se preconizava inicialmente uma “Confederação Espírita Europeia”, e que veio a resultar na fundação do CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIO-NAL em 28 de Novembro de 1992, já com Manuel dos Santos Rosa na presidência da FEP.

Entre outros valiosos préstimos, a FEP ficou especialmente devedora a Maria Ra-quel por um, de grande relevância: em 1993, logo no segundo mês de exercício da direcção presidida pelo autor destas linhas, a Federação teve um prazo de escassos dias para aban-donar as instalações que ocupava gratuita e precariamente na Travessa Maestro Pedro Frei-tas Branco. Na emergência, Maria Raquel teve a generosidade de disponibilizar para a FEP duas amplas divisões da sua residência na Rua do Salitre, também em Lisboa; e foi ainda por sua generosidade e sã influência que, alguns meses depois, a FEP lhe sucedeu como ar-rendatária daquela morada, assinando directamente com a entidade locadora o respectivo contrato. Este vigorou até Julho de 1995, data em que a FEP se instalou na sede actual.

À passagem do primeiro aniversário do seu regresso à pátria espiritual, com sau-dade evocamos a figura de Maria Raquel, prestigiosa companheira de ideal. Curvamo-nos reconhecidos ante a memória daquela que, após o 25 de Abril de 1974, foi paladina valorosa na reconstrução do movimento espírita português, hoje em franca expansão.

Maria Raquel Duarte Santos

recordando...

Por João Xavier de Almeida

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A dimensão transpessoal da fé…

Por Francisco Xavier Marques

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Quem, ao sair pela manhã, para um dia normal de trabalho, nem sequer põe a possibilidade de que algo de imprevisto lhe possa aconte-cer, pesem embora as inúmeras circunstâncias em que pode correr inadvertidamente risco de vida, impedindo-o de retornar ao seio dos seus, à sua vida, ao seu lar, é uma pessoa de fé. Cha-ma-se a este acto de confiança inconsciente «fé natural» e de uma forma ou de outra todos a possuímos. Seja pela confiança inabalável da juventude - «o mal só acontece aos mais ve-lhos» –, seja por obediência a um cálculo (ain-da que pobre) de probabilidades, a verdade é que a fé natural está presente nas nossas vidas, a vida seria impossível sem ela, aliás qualquer processo fóbico, do ponto de vista psicopato-lógico, é em grande medida decorrente desta crise de fé natural, aumentada pela consciên-cia da morte, essa essencial vulnerabilidade inerente à condição humana.

Mas existe um outro tipo de fé que é alicerça-do numa extraordinária confiança no futuro, a fé que «move montanhas», a fé como um ímpeto que nos conduz pela vida fora como se esta fosse objecto de um desígnio especial que nos acomete de maneira particular. É ge-ralmente rotulada de «fé religiosa», como se a abordagem religiosa fosse a sua condição de possibilidade. Com o advento do racionalismo e do idealismo moderno o imperativo de uma fé racional, positiva, abalaustrou o modo como o homem deveria pensar e sentir o futuro: dos enciclopedistas como Diderot ou Voltaire, de Kant a E. Renan, a Kardec e a muitos outros que se lhes seguiram, a fé em moldes diversos dos até então admitidos constituiu um impe-rativo inadiável, tanto mais que a caducidade dos modelos tradicionais da fé, a par da euforia niilista do cientismo novecentista, exigia uma

alternativa que viabilizasse o impulso para a transcendência tão próprio do Humano. Dando forma aos ideais iluministas dos enciclopedis-tas ou mesmo dos idealistas modernos que lhes sucederam, tais vultos da cultura universal abri-ram caminho não apenas para permitir o acerto entre fé religiosa e racional, mas sobretudo para engajar outras dinâmicas existenciais já presen-tes na fé natural de cada ser humano.

Com efeito, não fora a existência da fé como característica distintiva da consciência e a vida estaria liminarmente condenada à tirania do instante, sem passado nem futuro, uma espécie de eterno presente a consumir-se por si mesmo, sem lugar à memória e ao conhecimento. Uma existência dominada pelo pânico impediria o homem de sequer mover-se para fora de si, pri-sioneiro de um solipsismo absoluto. A morte, sempre esse peso aterrador, condicionaria em definitivo qualquer possibilidade existencial. É precisamente aqui que Kardec e a filosofia espírita se mostram particularmente úteis no combate ao pensamento e atitude fóbicos in-felizmente tão presentes na vida do homem contemporâneo. Estes são decorrentes do viver do homem numa atmosfera do «sem sentido», resultante de uma visão religiosa deturpada do mundo e da condição humana, uma visão a um só tempo redutora e catastrofista - o mito da queda e da natureza maligna do homem –, reforçada pelo niilismo emergente das concep-ções filosóficas que se lhe opuseram.

A fé racional é, assim, caminho de libertação da consciência, negação do absurdo e ao mesmo tempo atitude racional daquele que, empenha-do em descortinar as leis da vida integral, lhes descobre o sentido de forma a desenvolver um esquema de consciência integrador, direi trans-

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pessoal, de todas as dinâmicas da vida que desafi am o ser. A morte é consequentemente a porta de passagem para a renovação do ser desafi ado, ante circunstâncias e contingências diversas não fortuitas, a superar a horizontal da vida em direcção à vertical da existência plena, transpessoal, como ser imortal. É nesta encruzi-lhada – humanidade/divindade - que a consci-ência se decide, a fé resulta da natureza desta decisão.

A fé é antes de mais consciência consciente do seu lugar no mundo, espaço de refl exão de-safi ante da condição humana. Não é um dom gratuito acabado, que ou se tem ou não se tem, conforme é concebida pela religião tradicional, é adquirida no laboratório do tempo, da expe-riência e da intuição no entrecruzamento da dimensão divina e humana do homem na sua relação com o transcendente, com Deus.

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O mundo não se confi na à Terra, o mundo é, para a consciência imortal, o Universo com as suas infi nitas possibilidades de realização. Fé racional, a que enfrenta sem receio os desafi os do futuro e que ao mesmo tempo se recusa aos extremismos da fé sem norte, da fé sem auto-questionamento, exige uma permanente actu-alização dos seus postulados – não se coaduna com o modelo tradicional da auto-conservação a qualquer preço é, antes de mais, o lugar onde a ética se constrói e a moral se alicerça.

Este facto está bem patente na forma como a fi losofi a espírita refl ecte nos princípios da éti-ca e da moral sem fazer quaisquer concessões que pudessem induzir os seus adeptos à elabo-ração de fórmulas catecísticas do viver, como acontece na maioria das doutrinas morais de inspiração religiosa, indutoras de culpa, que reprimem mais do que educam, que oprimem mais do que libertam.

A fé racional inventa o homem, o homem in-venta-se heuristicamente na fé racional. Não somos apenas pequenas unidades de carbono dotadas de inteligência, somos consciências com um profundo sentido transpessoal e, des-ta forma, a fé, a fé racional bem entendido, é o sinal distintivo no homem desse sentido trans-pessoal original. Desde Platão que sabemos que o conhecimento só se completa na virtu-de. Só através desta última o acesso ao supre-mo bem é possível. A refl exão contemplativa, o auto-questionamento, a intervenção útil da consciência no mundo são as coordenadas essenciais ao desiderato da expansão da cons-ciência virtuosa na busca do melhor - e como fazê-lo sem a energia e a inspiração da fé?!

A D I M E N S Ã O T R A N S P E S S O A L D A F É …

...O mundo não se

confi na à Terra, o mundo é,

para a consciência imortal,

o Universo com as suas

infi nitas possibilidades de

realização...

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Diz o senso comum que a fé brilha medianamente em

tempo de calmaria. Depois, para uns, em tempo de crise

diminui, enquanto para outros aumenta. Que coisa estranha

é a fé: Jesus chegou a dizer que se a tivéssemos do tamanho

de um grão de mostarda, conseguiríamos mover uma

montanha... >>

Fé: Agente Universal Por Jorge Gomes

Fé: Agente Universal Por Jorge Gomes

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Movimentam-se pela interdição do raciocínio, do debate de ideias e de métodos. “Meu caro, é assim porque é”. E a hierarquia justifi ca-o. Quem aceita é boa pessoa, é fi el. Os outros são os infi éis. “Cuidado com eles!”.

Os exemplos na história, europeus, são vários, com protagonismo para as Cruzadas e a Inquisição. Hoje, ainda vemos tristes casos um pouco por todo o mundo.

A fé ganha-se?

“Não tenho culpa de não ter fé!”, resignado, diz al-guém. Bem, se uma ave nunca exercitar os músculos das asas quando está pronta para sair do ninho, não passará de uma respeitável galinha.

Fé, antes de tudo o resto, é convicção. E, desde que recomeçamos os caminhos de aprendizado neste plano terreno, nas várias faixas etárias, vamos estruturando crenças. Assim que apren-demos a lidar com a gravidade, passando a an-dar de pé, fi camos convictos de que cada vez cairemos menos. Quando surge a sede, guarda-mos a convicção imperturbável de que, beben-do água, a saciaremos.

Se nos alimentamos, estamos convictos de que o nosso sistema digestivo conseguirá, através de reacções químicas extraordinárias, lidar sem problemas com o pão ingerido, retirando-lhe nutrientes e alienando as sobras.

Quando conduzimos um automóvel, estamos convictos de que quando o semáforo passa de vermelho a verde poderemos passar um cruza-mento sem colisões... bem, quase sempre, na verdade. Isso apenas quer dizer que o conheci-mento de uma regra invariável agasalha excep-ções, sem que isso a invalide.

O que é então fé?

Não é uma convicção banal. Esta sofre uma me-tamorfose, evolui para uma verdade pessoal em que o ser ensaia um conhecimento e uma confi ança sobre o que uns chamam de regras da natureza e outros apelidam como preceitos divi-nos, na medida em que procedem da “inteligên-cia suprema, causa primária de todas as coisas”, ou seja, de Deus.

Porque essa luz com vários gradientes de ama-durecimento não é uma aquisição momentânea, ela pode tender para vários ângulos, deforman-do-se. É assim que se explica que haja as fés fundamentalistas. Nestes casos, podem servir para justifi car crimes quando não há razão de ser para eles. São necessariamente formas de fé cega.

F É : A G E N T E U N I V E R S A L

Adquirir fé dá grande

serenidade no piso da

consciência, que se quer

pacifi cada...criarmos

assim boas condições

para perceber sugestões

felizes vindas de quem

nos quer bem do outro

lado da vida...

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Quem procura encontra. Nem sempre quando quer, mas quando estiver pronta. Fé e trabalho ligam-se numa interdependência grande.

No Espiritismo, contrariamente a outros pontos de vista, defende-se que a fé se dá muito bem com a razão, não lhe tem qualquer fobia: “Fé inabalável é somente aquela capaz de enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”, diz Kar-dec. Por isso, ganhou corpo o dito “fé raciocinada”.

Isso porque a compreensão da vida que a doutrina espírita proporciona a quem a estuda de perto as-senta em estudos baseados em factos. A comunica-ção dos espíritos ou mediunidade, as vidas sucessi-vas, a lei de causa e efeito, a prática do bem e outras linhas de força desta fi losofi a de vida não são teo-rias tiradas do nada, mas janelas que se abrem com muito maior frequência do que outros pensam.

Esses fenómenos podem ser verifi cados a par e pas-so. De alguma forma, ocorrem com alguém em qua-se todas as famílias, embora não sejam assunto de conversa pública. Depois de verifi cados podem ser interpretados, através da colocação de hipóteses. A hipótese espírita, invariavelmente, é a que satis-faz o bom senso.

Ganha-se assim uma compreensão no contexto das experiências que dia a dia recolhemos e que têm em vista munir o ser de maior sabedoria e de crescentes patamares afectivos.

Intermitente?

Antes da luz eléctrica surgir, os nossos avós usa-vam em grande parte do país as lamparinas. E eram tão habituais que ia lesto o dito quando alguém se zangava: “Levas já uma lamparina!”. Queriam dizer bofetada — gente brava! —, pois tal choque entre matéria sólida até ardia, suponho. Mas a lamparina em si, no fundo, era algo parecido com um frasco que continha combustível líquido,

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Esses fenómenos podem ser verifi cados a par e pas-so. De alguma forma, ocorrem com alguém em qua-se todas as famílias, embora não sejam assunto de conversa pública. Depois de verifi cados podem ser interpretados, através da colocação de hipóteses. A hipótese espírita, invariavelmente, é a que satis-

Ganha-se assim uma compreensão no contexto das experiências que dia a dia recolhemos e que têm em vista munir o ser de maior sabedoria e de

Antes da luz eléctrica surgir, os nossos avós usa-vam em grande parte do país as lamparinas. E eram tão habituais que ia lesto o dito quando alguém se zangava: “Levas já uma lamparina!”. Queriam dizer bofetada — gente brava! —, pois tal choque

Mas a lamparina em si, no fundo, era algo parecido com um frasco que continha combustível líquido,

de onde saía um pavio. Quando o líquido infl a-mável desaparecia, a chama não alumiava nem de noite nem de dia, nem em cima nem por bai-xo do alqueire.

A fé é também como uma luz. E carece de um combustível específi co, a caridade.

Caridade é o amor em movimento. Caridade é o afecto genuíno dirigido a alguém, sem qualquer necessidade de reconhecimento de outrem.

Adquirir fé dá grande serenidade no piso da consciência, que se quer pacifi cada. Criam-se com ela condições para pensar com maior clare-za a fi m de gizar soluções para os problemas que nos testam, além de criarmos assim boas condi-ções para perceber sugestões felizes vindas de quem nos quer bem do outro lado da vida.

Essa convicção maior, a fé, vai-se adquirindo, pela compreensão progressiva das leis da na-tureza, ou divinas, que estimulam e guardam a evolução de todos e de cada um.

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“Se também sois humilhados,Lembrai-vos d´ Aquele Réu,Que foi à cruz pelo crimeDe abrir a visão do Céu” Casimiro Cunha(Xavier, 1998)

Por Ana Raquel Vieira

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“Se também sois humilhados,Lembrai-vos d´ Aquele Réu,Que foi à cruz pelo crimeDe abrir a visão do Céu” Casimiro Cunha(Xavier, 1998)

F É

O Mundo nunca mais foi o mesmo desde que um humilde carpinteiro da Galileia se deu como pe-nhor da sua mensagem à multidão que o queria silenciar para sempre, e pereceu suspenso num madeiro como criminoso comum. Porém, o apa-rato não teve o efeito que os seus verdugos de-sejavam… pois Jesus de Nazaré era O Justo pela excelência do seu exemplo, e a Lei não pune a tais. Em vez disso, os seus algozes “[…] apagam-se na memória dos tempos” e Ele “agiganta-se no suceder dos séculos” (Ângelis, 1998:63).

Mas, de que era feita tamanha renúncia?

De fé… infi nitamente de Fé. Só ela proporciona a lucidez necessária para anteveremos metas e caminhos para alcançá-las, e quando fi rme e raciocinada, confere uma inabalável segurança aos nossos passos, revitaliza e dota-nos de ou-tros tantos recursos que necessitamos para a longa jornada.

Será de natureza humana ou divina conforme a aplicação que o homem lhe der… aplique-a ele em prol do próximo e operar-se-ão prodígios que não mais são do que o desenvolvimento das capacidades que a humanidade possui em gérmen.

E quão robusta era a fé do Mestre, pois mesmo quando a oferenda da sua “[…]existência em holocausto no rumo da Vida Eterna” (Ângelis, 2006) se desenhou como única via para fazer os homens crer, Ele caminhou vigorosamente, qual exemplo sem mácula de homem de bem que “[…]aure na certeza da felicidade que o espera, a

força necessária” (Um Espírito Protector, 1863) para realizar sublimes tarefas.

Dos seus seguidores, por vezes, não se pôde dizer o mesmo, se Judas o traiu, Pedro negou-o, ainda que mais tarde se tenha entregue, também, aos algo-zes do Cristo… e a nossa fé, de que é feita?

Do receio de sermos forçados a mudar de hábitos ou está sob o jugo do orgulho que nos impede de “[…]reconhecer a existência de uma força supe-rior” (Kardec, 1964:302) perante a qual teríamos que nos curvar?

Como espíritas cremos que a nossa jornada terres-tre visa a libertação dos vícios e delitos que nos condicionam e atormentam, mas possuímos nós a fi rmeza de fé que não permite que nos desviemos da conduta recta nos momentos derradeiros?

Coragem espíritas, coragem para falarmos da nossa fé aos homens! Coloquemo-la acima dos interesses materiais e estaremos a traba-lhar não só pelo nosso futuro como também pelo das gerações vindouras, e suplantaremos, ao exemplo do Mestre, as perseguições e os ataques da ignorância com a sublime virtude da Caridade. Aí, o nosso gesto será luz, o Amor dissipará a sombra, e a beleza voltará a colorir a tela da História da Humanidade.

Não nos acovardemos diante dos obstácu-los que se erguem à nossa frente, eles são “[…]fonte estimuladora do crescimento espiri-tual” (Ângelis, 2005:208), razão única da nos-sa existência terrena e via para a perfeição.

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F É

E quão compensatório será esse percurso de redenção… pois que de consciência desperta “[…]as contingências do prazer fugaz e sem sentido” cederão “[…]lugar a necessidades legítimas […] responsáveis pela estruturação do ser profundo” (Ângelis, 2005). Os nossos valores éticos e aspirações elevar-se-ão, tor-nando-se, por isso, mais sólidos, e despertar-se-nos-á a responsabilidade e a sensibilidade de emoções, superando, esta última, antigas manifestações de inferioridade, como a raiva ou o azedume.

E a confi ança no Pai Celeste crescerá, porque compreendemos a causalidade dos aconteci-mentos, e não desanimaremos se as nossas realizações não forem louvadas porque nos sabemos, ainda, em débito.

Doar-nos-emos ao serviço do bem, solidários e sem o sentimento se impacientar pois esta-mos cientes de que tudo tem o seu momen-to para acontecer. E a paz será o corolário da nossa acção.

Por isso, não há como não responder ao apelo do Cristo “Busca primeiro o Reino de Deus e sua justiça” (Ângelis, 1994), ou fi car indiferen-te à sua extrema renúncia no Gólgota, amar-rado num traço vertical erguido para o céu simbolizando a fé, braços abertos qual eterno afago terno aos seus irmãos.

Sabemos que Jesus triunfou, pois de incom-preendido na Palestina e pelo povo de Israel passou a ser ouvido e a orientar condutas por

todo o mundo, mas sejamos nós exemplos vivos desse triunfo, quais apóstolos destemidos, doan-do-os diariamente à sua causa, cientes de que Ele jamais nos deixará sós.

BIBLIOGRAFIA:

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Livraria Espírita Alvorada, Salvador;

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Enriquecedores, Livraria Espírita Alvorada, Salvador;

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Natal, Livraria Espírita Alvorada, Salvador;

Ângelis, J., 2005, psicografi a de Divaldo Franco, Confl itos

Existênciais, Livraria Espírita Alvorada, Salvador;

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pelo Amor, Livraria Espírita Alvorada, Salvador

Cunha, C., 1998, psicografi a de Francisco Xavier, Antologia

Mediúnica do Natal, Federação Espírita Brasileira, Rio de

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Emmanuel, 1990, psicografi a de Francisco Xavier, Perante

Jesus, Editora André Luiz, São Paulo;

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Brasileira, Rio de Janeiro;

José, 1862, in Kardec, A., 1864, O Evangelho Segundo o

Espiritismo, Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro;

Kardec, A., 1864, O Evangelho Segundo o Espiritismo,

Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro;

Kardec, A., 1857, O Livro dos Espíritos, Federação Espírita

Brasileira, Rio de Janeiro;

Um Espírito Protector, 1863, in Kardec, A., 1864, O Evange-

lho Segundo o Espiritismo, Federação Espírita Brasileira,

Rio de Janeiro;

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Durante séculos a ciência foi condicionada pela re-ligião, mas o seu gradual crescimento granjeou-lhe liberdade e autonomia. Ciência e religião passaram a ser tidas como inconciliáveis, por as entenderem áreas de conhecimento paralelas, sem convergência de pontos de vista. As certezas de ambas levanta-vam muralhas de separação.

No ano de 1848 a Providência divina fez eclodir os-tensivamente, a partir de Hydesville, nos Estados Unidos da América, um surto de fenomenologia paranormal, velha como a humanidade, mas até aí nunca interpretada senão à luz fosca do preconcei-to religioso e da superstição. Manifestações desses fenómenos insólitos alastraram rapidamente pelo País e pelo mundo, continuando ainda algum tempo mal compreendidas. Tudo por certo assim perdura-ria, não fosse o amadurecimento cultural e intelec-tual da Humanidade, mais expressivo a partir do Ilu-minismo do século anterior, “o século das luzes”.

Tal amadurecimento incrementou o fl orescer do pensamento racional e científi co, que naturalmen-te se rebelou contra a asfi xia dogmática da Igreja, desautorizando-a com a abertura de largos espaços ao racionalismo. Este, aliado ao desencanto pela ce-gueira do totalitarismo doutrinário romano, ou afi m, e pelo seu historial de práticas odiosas, potenciou uma vaga de descrença e de fi losofi as materialistas. A torrente de “comunicação com os mortos”, afl ora-da em Hydesville e engrossando pelo mundo, che-gou também à “Cidade luz” e aos salões elegantes da sociedade parisiense, onde, mal compreendida, pouco passava de frívola diversão.

Até que em l855, dela teve conhecimento um res-peitado académico parisiense, aliás relutante em tomá-la a sério: o professor Hypolite Léon Dénizard Rivail. Instado por amigos que muito considerava, ele aquiesceu em presenciar uma sessão. Aí, rapida-mente compreendeu que o estranho fenómeno das “mesas girantes” merecia bem uma cuidada obser-vação e estudo.

tomá-la a sério: o professor Hypolite Léon Dénizard Rivail. Instado por amigos que muito considerava, ele aquiesceu em presenciar uma sessão. Aí, rapida-mente compreendeu que o estranho fenómeno das “mesas girantes” merecia bem uma cuidada obser-vação e estudo.

Ciência e Religião Incompatibilidade convencional entre fé e

razão – Evolução de ambas – Teorias e factos

- A tese, a antítese, a síntese – Novos para-

digmas – A questão que não é

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Da sua ampla e escrupulosa investigação, condu-zida com metodologia científi ca, resultou a obra monumental de codifi cação da doutrina espírita, a qual o renomado professor subscreveu modesta-mente com o pseudónimo “Allan Kardec”.

Assim, pela primeira vez a fenomenologia que veio a denominar-se mediúnica e espírita (termos intro-duzidos pelo próprio Codifi cador) foi criteriosamen-te examinada e fi cou despojada racionalmente de todas as conotações de mito e sobrenatural. As suas causas, leis e princípios foram estabelecidos, co-lhendo rapidamente adesões sem conta, por toda a parte. Colheram também hostilidade e sarcasmo de meios eclesiásticos e científi cos; mas não esmore-ceu o empenho fecundo de quantos os estudavam e analisavam seriamente, incluindo sumidades aca-démicas de inúmeros países.

A doutrina espírita, de consequências morais logi-camente decorrentes do seu conteúdo científi co e fi losófi co, elucida, sem moralismo puritano, quanto aos aspectos éticos do relacionamento das criatu-ras entre si e com o seu Criador.

Dentro do movimento espírita, vem-se levantando a questão de o Espiritismo SER ou NÃO SER religião, cada uma dessas tendências mencionando textos de Allan Kardec em defesa das suas posições.

Partindo do livro bíblico Génesis e de O Livro dos Es-píritos (parte fi nal da resposta ao quesito 540), po-demos fazer a colocação de que todos os seres, pelo acto da criação, fi camos separados do Criador, sendo porém “criados à sua imagem e semelhança”; isto é, programados com o germe da perfectibilidade ple-na, a fi m de evoluirmos ao longo de todos os reinos da natureza e nos religarmos progressivamente ao Criador. Isso, desde o simples átomo, donde parti-mos, até aos mais esplendorosos arcanjos, que tam-bém seremos um dia. (“Vós sois deuses”, afi ançou o Guia e Modelo da Humanidade - João 10.34).

No conhecido discurso de 1 de Novembro de 1868, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (Revista Es-pírita, Dezembro/1868), Kardec não afi rmou propria-mente que o Espiritismo não é religião. Explicou, sim, “por que é, pois, que não declaramos que o Espiritismo é uma religião?”: pela associação dessa palavra, no uso corrente, com a ideia de cerimónias de culto externo, fausto ritual, paramentos, hierarquias honorífi cas, etc. (tudo isso, acrescentamos, com a sua carga de mito-logia e folclore, respeitável em contexto próprio, mas indesejável bezerro de ouro tão alheio, outrora, às ori-gens do Cristianismo e sua religiosidade pura, quanto hoje, à tecedura doutrinal do “Cristianismo redivivo”, o Consolador prometido por Jesus para restabelecer a pureza dos seus ensinamentos – cf. “adorar em espírito e verdade”, João 4.24; e “lei de adoração”, O L. dos Espí-ritos, q. 649 e segs).

Contudo, recordemos: imediatamente antes da passa-gem citada, durante a mesma alocução, o Codifi cador discorrera sobre aspectos fi lológicos da palavra reli-gião, e a seguir afi rmava explicitamente: “…Sim! Sem dúvida, Senhores, no sentido fi losófi co o Espiritismo é uma religião, e disso nos gloriamos…”.

Mostrou-se, pois, bem elucidativa a intervenção de Kardec, ao expor como e porquê o Espiritismo é reli-gião (no sentido fi losófi co e fi lológico do termo); como e porquê o Espiritismo não é religião (no sentido popu-lar, degradado, do mesmo termo).

Notemos, ainda, algo de muito signifi cativo: O conceito de religião, aplicado ao Espiritismo, ultra-passa dialecticamente o férreo paradigma de Tertu-liano, credo quia absurdum (creio porque é absurdo), o paradigma da fé cega, inquestionável (e só questio-nada mais de mil anos depois, na Reforma, pelo prin-cípio luterano do livre exame). O Espiritismo não se deixou enlear nas malhas daquele paradigma esvaído e caduco. Eximindo-se à contradição entre a velha tese religião e a velha antítese ciência, confi gurou a sínte-se dum novo patamar qualitativo, a fé raciocinada. O

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Evangelho segundo o Espiritismo apresenta-a no seu capítulo I, como possante muralha apta a suster fi nal-mente o ímpeto materialista, e consagra-a no capítulo XIX, bem escorada na lógica dos factos e das leis da natureza. Só essa fé é inabalável, pois “pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da Humanida-de” (Allan Kardec). Além disso, dinâmica por natureza, ela aceita rejeitar algum ponto doutrinário seu, caso a ciência venha a provar que ele é erróneo (cfr. A Génese, capítulo 1º, nº 55).

Vemos, pois, que o Espiritismo refunde e enriquece o conceito de fé e religião, a partir de factos repetíveis, estudados com metodologia científi ca e despojados da aura de sobrenaturais. Experimentalmente, prova que a natureza, ou criação, abrange com suas leis não ape-nas o que nos mostra a percepção sensorial, mas mui-to mais do que isso. Contudo, não se detém aqui. Ao utilizar o rigor da metodologia científi ca para alcançar aquela síntese - a fé raciocinada - o mesmo Espiritismo amplia também os horizontes da ciência académica e fá-la rever o seu paradigma, espartilhado num materia-lismo inveterado, mecanicista. O aparecimento da dou-trina espírita, com os fenómenos incontestáveis que o paradigma científi co vigente jamais lograria explicar (ou negar), instigou numerosos cientistas a investigar em áreas que extrapolam da matéria sensível, designando os seus estudos, por exemplo, como METAPSÍQUICA (Charles Richet, em França), PARAPSICOLOGIA (Joseph e Louise Rhine, nos EUA), PSICOTRÓNICA (Bulgária e an-tigas URSS e Checoslováquia), (PARANORMOLOGIA, Pa-dre Andrea Resch, no Vaticano, Instituto de Latrão).

O critério de rigor de todos esses estudos acabou por vencer a relutância das academias, que muito tarda-ram mas, por fi m, se sentiram obrigadas a reconhe-cer naquelas disciplinas o lídimo carácter de ciência; e implicitamente, pois, um novo paradigma. A concluir, importa evidenciar a irrelevância da questão insubsis-tente de o Espiritismo ser ou não ser religião, quando está tão bem defi nido em que sentido sim, é religião, e em que sentido não o é.

O carácter não estático, mas dinâmico e de estudo contínuo subjacente à doutrina espírita, a sua dis-ponibilidade de adesão a dados novos da ciência (ainda que eventualmente contrários a algum ponto doutrinário seu), conferem-lhe uma equilibrada ín-dole de culto à verdade pela verdade, imune a ex-tremismo ou parcialidade. Ela de modo nenhum se concilia com a emotividade (sectária, perdoem-me) de, linear e apaixonadamente, se proclamar: Espiri-tismo é religião! ou o seu oposto: Espiritismo não é religião! O conteúdo dessas duas asserções, es-cusadamente antagónicas, é uma questão menor, limitada a acepções diferentes para a mesma pa-lavra. Mas não é uma questão de juízos, ideias ou princípios, que contivesse matéria para dividir os respectivos opinantes.

Kardec, “o bom-senso encarnado”, abordou com a habitual serenidade e lucidez o tema em causa: analisou, ponderou, concluiu, não o deixando como questão em aberto e menos ainda como um pomo de divisão – não o era e, evidentemente, não tem agora que passar a sê-lo. A sólida estrutura lógica da Codifi cação, de três vertentes que se reforçam e equilibram mutuamente, não sofre abalo com a natural diversidade de sensibilidade, formação, ou vocação dos espíritas. Essa diversidade poderia até, sem perigo, alimentar em cada um, uma tendên-cia predominante: ou para o aspecto religioso da Doutrina, ou para o científi co, ou para o fi losófi co. Também não iria constituir, por si, ameaça ao sem-pre desejável ideal de união e unifi cação, dentro do movimento espírita.

Esse ideal, todos temos a séria responsabilidade de o fomentar e cultivar, não só respeitando as nossas inevitáveis diferenças individuais, como até tirando delas o melhor partido possível, em consensos úteis e produtivos.

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A história médica sempre registou a existência de curas “milagrosas” ou pela fé, aparentemente anómalas, que têm sido relatadas ao longo dos tempos.

Quando os antropólogos decidiram colectar da-dos sobre rituais de cura e práticas de “ Medicina Natural”, em que a fé e a toma de produtos de origem vegetal, faziam parte do protocolo tera-pêutico, verifi caram que, destarte a importância dos produtos naturais, o papel da mente e a cren-ça em atingir um efeito de cura, tanto induzida como praticada, desempenhava uma acção ful-cral no atingir do objectivo: tratar a doença.

A fé, entendida como crença ou vontade fi rme em se atingirem objectivos desejados, mobiliza energia e recursos, torna a mente mais lúcida, permitindo uma visualização quase que obses-siva da meta vitoriosa que se quer alcançar e a forma de o conseguir com absoluta segurança, o que permite vencer obstáculos que pareciam in-transponíveis.

A vontade fi rme no bem, desencadeia pensamen-tos positivos, potencializando os campos magné-ticos que, por sua vez, produzem um aumento do padrão vibracional, o que permite que espíritos superiores possam auxiliar e orientar para que o processo de cura, acaso haja merecimento, se efectue ou se atenuem os sintomas.

Um indivíduo dotado de uma boa capacidade fl u-ídica pode, adjuvando uma boa crença do pacien-te, proporcionar curas que mais não são que leis naturais que agora se começam a explicar à luz do desenvolvimento da moderna investigação.

Fé e SaúdePor Francisco Ribeiro da Silva

“A Fé é humana e divina. Se todos os

encarnados se achassem bem convencidos da força que trazem em si e se quisessem pôr a vontade ao serviço

dessa força, seriam capazes de realizar o que

até hoje eles chamam de prodígios e que, não passam de um

desenvolvimento das faculdades humanas”

Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 19 nº 12

2 6 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

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Fé e SaúdePor Francisco Ribeiro da Silva

O emprego da imposição de mãos para a cura de doenças remonta ao antigo Egipto, regista-da em 1552 a.C., em um papiro que descreve a imposição de mãos como tratamento médico.Séculos antes da nossa era, na Grécia, os gre-gos utilizaram a imposição de mãos como for-ma de terapia, segundo Esculápio e Aristófanes. Referências Bíblicas, descrevendo a imposição de mãos como terapêutica, são imensas. Jesus Cristo afirmou ”Tudo o que eu faço, vós o pode-reis fazer e mais ainda”.

Franz Anton Mesmer 1778, assegurava que as curas por ele obtidas por imposição das mãos, eram devidas à existência e ao emprego de um fluido universal que ele chamou de “fluidum”. Asseverava que o “fluidum” era um fluido físico subtil, presente em todo o universo, o que per-mitia a comunicação entre os seres humanos e os demais organismos vivos e entre estes e a terra. Considerava Mesmer, que todos os corpos físicos, os animais as plantas e inclusivamen-te as pedras estavam saturadas desse fluido. Descobriu também a possibilidade de carregar de força magnética subtil a água. Além de um grande hipnotizador foi também o percursor do estudo das energias magnéticas subtis que de-terminam a cura.

Mais recentemente Grad, realizou ensaios du-plo cego para pesquisar a capacidade de absor-ção de energias transmitidas por curadores à água e como estas energias a modificavam.

Descobriu que o ângulo de enlace da molécula de água após a imposição das mãos do curador e por acção da bio energia, havia experimenta-do um desvio subtil, embora detectável.

O Dr. Emoto decidiu congelar água e fotografar os cristais que se formavam. Em um dos seus livros podemos ver como os cristais de água se alteram quando expostos a diferentes situa-

ções. Por exemplo: modificam-se de acordo com os vários tipos de música, palavras de carinho ou de raiva, fotografias, simples pa-lavras escritas em um papel de acordo com a intenção revelada pela palavra e por estas características atrás descritas, o Dr. Emoto verificou o poder de curar pela água.

A partir da sua experiência outros cientistas de-cidiram investigar o porquê dessas alterações e quais as propriedades ainda por descobrir.

Alguns dos cientistas mais corajosos como Jacques Benveniste, que tentou provar que a água tem memória e retém informação mes-mo quando já não está em contacto com o produto, foi ridicularizado pela classe cientí-fica. No entanto as suas fascinantes conclu-sões levaram outros cientistas a repetirem as suas experiências e a confirmarem os resul-tados.

Como é do conhecimento de todos o nosso corpo é composto por 75% a 80% de água, sendo que o nosso cérebro é formado por 90%. Os novos conceitos provam como o pensamento e a consciência afectam gran-demente a estrutura da água e, como esta, detêm um papel importante até no modo como o ADN se descodifica em novas formas de vida.

Como somos “água” podemos, de acordo com as descobertas científicas, com o poder da fé, da bio-energia e do magnetismo pro-duzir alterações a nível psicossomático e so-matopsíquico, influir nos diversos sistemas de controlo do organismo, neuronal, hormo-nal e energético(Chacras) e interagir com o meio que nos rodeia, a fim de alcançarmos a cura não só por nosso merecimento, como também porque a podemos concretizar por nós mesmos desde que tenhamos FÉ.

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 2 7

F É E S A Ú D E

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 2 9

N o t i c i á r i oAnote na sua Agenda!

>> Divaldo Franco e Raul Teixeira , estarão entre nós …

Ambos dispensam apresentações mas não deixaremos de frisar o quanto temos a aprender com os seus saberes que resultam da sua própria evolução e da sua experiência como indivíduos sociais e como médiuns ao serviço da doutrina espírita. Ambos têm desenvolvido, com uma extraordinária entrega e muito labor, um trabalho valioso de educação e apoio às comunidades onde residem habi-tualmente, assim como pelo mundo, deixando atrás de si o exemplo que ilumina caminhos e mostra direcções … Tome nota dos locais e das datas respectivas – reserve na sua agenda umas horas para partilhar com eles um mesmo ideal, que nos incentiva a ser melhores cada dia …

PROGR AMA >> de 12 de Novembro a 02 Dezembro

D i v a l d o F r a n c o R a u l T e i x e i r a

Data Local Hora Local Hora

12/11 Santarém - Assoc

Cultural Espirita 20h00

13/11 FEP (Sede) 20h00

14/11 Assoc. Esp. Leiria 20h00

15/11 Agueda - Assoc Esp

Consolação e Vida 20h30

16/11 Forum da Maia 9h30-18h

17/11 Braga - a confirmar 20h30

18/11 Coimbra -

Quinta das Janelas 20h30 S. Miguel, Açores - Univ. 20h00

19/11 Bragança - a confirmar 20h00 S. Miguel, Açores - Univ. 20h00

20/11 Terceira, Açores -

Hotel Angra Garden 20h00

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3 0 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

Data Local Hora Local Hora

21/11 Assoc. Esp. Viseu 9h30 - 18h Terceira, Açores

Hotel Angra Garden 20h00

22/11 Assoc. Comerciantes, Lisboa 17h00 Assoc. Comerciantes, Lisboa 17h00

23/11 Fac. Med. Dentária, Lisboa 9h30 - 18h Fac. Med.Dentária, Lisboa 9h30 - 18h

25/11 Funchal, Madeira

Centro Cult Esp 20h30

26/11 Funchal, Madeira

Centro Cult Esp 20h30

27/11 Caldas da Rainha

Hotel Cristal 20h30

28/11 Barreiro - Auditorio

Biblioteca Municipal 20h30

29/11 Portimão, Arena

Salão de Conferência 17h00

30/11 Portimão, Arena

Salão de Conferência 9h30 - 18h

01/12 Sines – Salão do Povo 20h30

02/12 Castro Verde

Cinema Municipal 20h30

D i v a l d o F r a n c o R a u l T e i x e i r a

NOTA: Agradecemos que os interessados se mantenham atentos, quer através do website da FEP

ou solicitando o envio dessa informação através do e-mail: [email protected]; poderá

ainda contactar os serviços administrativos da FEP, através do tel.: 214975754.

N O T I C I Á R I O

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N O T I C I Á R I O

Recomendação de Leitura “ Teias das Almas” Autor – Fernando Lobo dos Santos; Espírito - João +

Neste livro romanceado, constata-se a verdade relativa à pluralidade das existências; reproduzindo um excerto da introdução: “(…) cada reencarnação é um novo tear no qual tecemos a vivência que infl uenciará as seguintes. Cada nova etapa do labor de fi ação depende do pano tecido anteriormente. (…) Teares e fi os sempre estarão à nossa dispo-sição, cedidos gentil e graciosamente pelo Tecelão Mor, DEUS PAI, como dádivas do amor e misericórdia Divinas (…).Os direitos desta obra foram cedidos ao Grupo de Estudos Espíritas Allan Kardec, Coimbra.

>> I I Jornadas de Cultura Espír ita do Por to …

Decorreram num ambiente de harmonia e boa disposição, as II Jornadas de Cultura Espírita do Porto que tiveram lugar no Forum da Maia.

Dando cumprimento ao Programa, foram chamadas a cons-tituir a Mesa as Instituições membro das Uniões Espíritas da Região Porto (UERP), agora legalmente constituída. A cada re-presentante foi entregue um título de adesão, como elemento simbólico e marco cronológico desta União.

Ao longo do fi nal de semana decorreram as intervenções, ricas de conteúdo e subordinadas ao tema inesgotável e sempre ac-tual: “A Génese”.

Também os pequeninos imprimiram o seu toque de alegria às Jornadas, demonstrando que as sementes estão lançadas e que a colheita terá lugar…

>> VI I Congresso Nacional de Espir it ismo

Tema: Cultura e Espiritismo

Data e Local: Viseu, 4 e 5 de Outubro de 2009>> VI I Congresso Nacional de Espir it ismo

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D. I . J .Depar tamentoInfanto -Juvenil

“Para bem ensinar é preciso conhecimentos especiais, independentemente da ciência que se queira transmi-tir.” (1)Não é o Espiritismo também uma Ciência?Não é o Centro Espírita, também uma Escola?Não somos, nós espíritas, também educadores?

As palavras do professor Rivail, que retirámos do Dis-curso Pronunciado na distribuição de prémios de 14 de Agosto de 1834, 23 anos antes do surgimento da Doutrina Espírita, mostram-nos a sua refl exão sobre a Educação e os Educadores, sejam estes últimos os pais, os professores ou o cidadão. Atento às questões relacionadas com a formação intelectual e moral das crianças, o professor Rivail apresentou, em 1828, em Paris, um Plano para Melhoria da Educação Pública, na qualidade de director de escola da Academia de Paris e membro de diversas sociedades científi cas.

Considerando a Educação como “uma ciência particu-lar que deve ser estudada” propôs a criação de “uma escola teórica e prática de pedagogia como há escolas de direito e de medicina”. Entre os assuntos a serem estudados considerou fundamentais os seguintes:

» 1º Fisiologia moral do homem desde o seu nascimento;

» 2º Infl uência do físico sobre o moral e reciprocamente;

» 3º Estudo de todos os tipos de caracteres, como a medicina estuda os diversos temperamentos;

» 4º Estudo de diferentes naturezas de impressões e dos efeitos que elas podem ter segundo o carácter ou o temperamento moral; » 5º Estudo aprofundado de todas as qualidades morais, boas ou más, de todos os defeitos e de todos os vícios e de suas possíveis causas; » 6º Estudo dos meios próprios a prevenir ou reprimir cada vício e sua aplicação aos diferentes caracteres;

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 3 3

Docente há mais de 25 anos, sinto-me sem fôlego quan-do leio e releio esta proposta e penso como será fantásti-co ser professor de um qualquer nível de ensino quando existir uma Escola de Pedagogia que inclua no seu currí-culo esta diversidade de disciplinas. Dessa Escola sairão professores preparados para colaborar na formação de crianças e de jovens onde razão e coração se mantenham próximos, através do desenvolvimento em paralelo da inteligência e dos sentimentos. Em doze pontos, os seis primeiros referem-se aos aspectos da moral, da persona-lidade, dos sentimentos, das emoções, dos vícios…

Interrogo-me sobre o que será necessário ainda evoluir-mos para que este nível de estudos possa ser alcançado e qual teria sido o desenvolvimento que o professor Ri-vail daria a cada um destes estudos.

Com 24 anos de idade, o professor Rivail possuía o en-tusiasmo e a maturidade necessários para ver na educa-ção a importância fundamental da formação moral. “A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte de fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os do vício; de desenvolver a sua inteligência e de lhes dar instrução própria às suas necessidades; enfi m de formar o corpo e de lhe dar força e saúde. Numa palavra, a meta da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais.”

O trabalho que desenvolvemos da Educação Espírita pro-cura atingir esse objectivo: instruir com e para o coração, ensinar aprendendo, ensinar exemplifi cando, metodolo-gia que Jesus utilizou nos três anos em que incansavel-mente falou com os homens mostrando-lhes o que era necessário para que O seguissem. Jesus é e será sempre o nosso guia e Kardec, Seu enviado para nos chamar à refl exão sobre o verdadeiro signifi cado da existência ter-rena e das tarefas a que a nossa vida nos conduziu. As crianças e os jovens aguardam de cada um de nós esse despertar do espírito através do conhecimento da Dou-trina Consoladora e do Amor.

(1) Rivail, Textos Pedagógicos – Tradução de Dora Incontri, Edi-

tora Comenius, S. Paulo, 1ª Edição, 1998

» 7º Estudo do espírito humano, da sua marcha progressiva, dos meios apropriados para dar ideias justas; e, enfi m, os meios mais adequados para se colocar ao alcance dos diversos graus de inteligência;

» 8º Estudo e exame crítico de diversos métodos de ensino e sua aplicação às diferentes ciências;

» 9º Estudo da parte higiénica que se aplica à educação e dos meios adequados para desenvolver o corpo e fortifi car a saúde, sem perigo;

» 10º Seria preciso estudar com o máximo de detalhes as disposições mais vantajosas de uma casa de educação; sua organização interior; os meios de se evitar os abusos e as ocasiões de praticar o mal; os meios de aproveitar as vantagens que se podem tirar da reunião de um certo número de indivíduos; os meios de emulação que se podem empregar sem excitar paixões perigosas; enfi m, as qualidades que devem distinguir um bom director de escola;

» 11º Seria preciso ainda ler, estudar e comentar todas as obras que foram escritas sobre educação ou que podem ter alguma relação com o assunto, tais como as referentes às faculdades morais, às paixões, aos caracteres, à higiene; como em direito e em medicina se estudam e se comentam as obras e as doutrinas de diversos juristas e médicos;

» 12º Estudar-se-ia enfi m a educação nas suas relações com a religião, e os meios de combinar essas duas coisas, as mais importantes à feli- cidade do homem e da sociedade, de maneira que, fundamentadas uma na outra, elas se sirvam mutuamente de apoio.”

Page 34: Revista FEP 78

>> Directório// AÇORESAssociação Espírita Terceirense Canada da Luciana nº 8 A Santa Luzia; 9700-097 – Angra do HeroísmoTelm: 969882610 ou 918846163 E-mail: [email protected]

// ALGARVEAssociação Espírita de LagosRua Infante de Sagres, 50 – 1º8600-043 Lagos | Tel: 282762785Tel: 917636236e-mail: [email protected]

Centro Espírita Luz EternaRua Santana, Bloco D, r/c; 8700 - 416 – Olhão | Tel: 289714313e-mail: [email protected]

União Espírita do AlgarveRua Santana bloco D ; 8700-416 OlhãoTel. 289714313 e-mail: [email protected]

Associação Espírita de PortimãoApartado 450 Rua D. Carlos I, bloco H3, loja 46 ; 8500-607 Portimão Tel: 282483634

Centro Espírita Boa VontadeApto.2002; Gil Eanes 8501 - 902 – Portimão | Tel: 282411043

Associação Espírita de Quarteira “O Consolador”Rua da Abelheira, lote 928125-173 Quarteira | Tel. 289302630

// AVEIROAssociação Cultural de Auxilio e Esclarecimento “ O Nosso Lar” Rua Gago Coutinho, nº30 e 32Sta. Joana; 3810 - 269 Aveiro Tel: 914796991

Associação Espírita Alvorada Nova Rua de Anadia nº 28 A Vila Jovem | 3810-208 -Aveiro

Associação Espírita Flor da PazRua Alberto Souto, 40-1º; 3800 - 263 Aveiro | Tel: 234622319

Associação Espírita Luz e Paz Rua de Recreio Artístico, 9; Apto. 533; 3810-155 Aveiro | Tel: 919499024

Associação Espírita Consolação e VidaRua 15 de Agosto, 30; 3750-115 ÁguedaTel: 934325648

Associação Espírita Esperança e CaridadeRua das Figueiras, 68, Santa Maria da Feira, 4520-457 Rio Meão

Associação Espírita Maria de NazaréCovão – Aguieira Valongo do Vouga; 3750 - 802 – Águeda | Tel.918566140

Associação Cultural Porto de Abrigo Rua do Alqueidão nº 27 A, 3830-148 ÍlhavoTel. 234325704

Associação Cultural Cristã Espírita Porto de Carro, 3720 – 148 Oliveira de Azeméis | e-mail: [email protected]

Escola de Beneficência Caridade Espírita Rua Quinta da Vinha; 4520 - 619 São João de Ver | Tel. 912475972

Associação Cultural e Beneficente Mudança InteriorCasal - Cepelos, 3731-901 Vale de Cambra Tel: 256 403 021e-mail: [email protected]

// BRAGAAssociação Espírita Caminheiros do AmorRua José Justino Amorim, 32; 4710 – 390 Braga

Associação de Estudos Espirituais Messe de AmorRua das Oliveiras lote g loja 1 Gualtar; 4710 – 088 Braga

Associação Luz no CaminhoRua das Forças Armadas, 142; 4715-029 Braga | Tel: 253214581

// BRAGANÇAAssociação de Estudos Psíquicos – Espirituais de BragançaRua Prior do Crato, n.º 3 r/c Bairro São Sebastião Apartado n.º29; 5300-043 Bragança

// COIMBRAGrupo de Estudos Espíritas Allan KardecRua Cidade de Santos, 63 cave - Monte Formoso; 3000 – 112 CoimbraTel. 239 494 058 | Telm. 917 424 862 email: [email protected]

Associação Espírita do Paião Rua prof. José N. Gonçalves, n.º 36, Paião ; 3080-495 Paião | Tel: 262598565

Associação Espírita Cristã Isabel de Portugal Alveite Grande; 3350-201 Vila Nova de Poiares | Telm. 934431686 e-mail: [email protected]

// FIGUEIRA DA FOZAssociação Espírita da Figueira da FozRua Vasco da Gama 114-1163080-043 Figueira da FozTel/Fax: 233423644 e-mail: [email protected]

// GUARDAAssociação Espírita EgitanienseRua Pedro Alvares Cabral n.º 72 B; 6300-795 Guarda | Tel: 917401904

// LEIRIAAssociação Espírita de Leiria Rua Vale das Cervas, 135; Barosa; 2411-913 Leiria | Tel: 244815934

Associação Cultural EspíritaRua Eça de Queirós, n.º 5 – C ; 2500 - 279 Caldas da RainhaTel: 918766966

// LISBOAAss. de Beneficência Eduardo de MatosRua Marcelino de Mesquita n.º 15 ; 1900 – 323 Lisboa | Tel: 218471526

Associação de Beneficência FraternidadeCalçada de Santo António, 14 A, B; 1150-313 Lisboa | Tel: 213563062e-mail: [email protected]

Associação Espírita de LisboaRua Maestro Pedro Freitas Branco, 24ª R/c 1250-157 Lisboa

Solicitamos a todas as Casas Espíritas, Federadas ou não, que nos enviem e/ou confirmem os vossos contactos actualizados.

D I R E C T Ó R I O

3 4 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

Page 35: Revista FEP 78

D I R E C T Ó R I O

Associação Eurípedes BarsanulfoAv. 25 de Abril, 56 r/c Vila Fria; 2740-176 Porto Salvo | Tel. 214211979

Centro Espírita Amor e CaridadeRua de São Bento, n.º 23; 1200 - 815 – Lisboa | Tel: 213902197

Centro Espírita a Casa do Caminho Rua D. João de Castro, 49 A ; 1300 – 190 Lisboa | Tel. 213624913

Centro Espírita Perdão e CaridadeRua Presidente Arriaga, n.º 124 ; 1200-774 Lisboa | Tel: 213975219

Comunhão Espírita Cristã de Lisboa Calçada do Tojal n.º 95 s/cave; 1500 – 592 Lisboa | Tel. 217647441

Fraternidade Espírita Cristã Rua da Saudade n.º 8, 1º; 1100-583 Lisboa Tel. 218821043 Fax: 218821044 www.fec.pt | e-mail: [email protected]

Associação Cultural Espirita Fernando LacerdaRua da República, 116-r/c dto; 2670 - 471 LouresTel: 911009524 ou 219844127e-mail: [email protected]

Grupo Espírita BatuiraRua Marcos de Portugal, 12-A; 1495 - 091 Algés de CimaTel. 214 121 062 | Telm. 916 943 625www.geb-portugal.org e-mail: [email protected]

Fraternidade Espírita de PortugalApartado 26005; Ec Lapa;1201 – 801 Lapa

Ass. Fraterna Mensageiros do BemRua Eurico Rodrigues de Lima nº 2º B ; 2665 – 227 MalveiraTel: 965362855 ou 938531100e-mail: [email protected]

// MADEIRACentro Cultural Espírita do Funchal Caminho do Poço Barral, 111

São Martinho ; 9000-292 Funchal Tel: 966551213 ou 967948468

// PORTOAssociação Espírita Cristã Mensageiros da Caridade Rua do Almada n.º 30 – 1º frtº4050 - 030 Porto | Tel. 938350598

Associação Migalha de AmorRua Antero Quental, 8074200-069 Porto | Tel: 222082460 ou 225025555 | Fax. 225027788

Centro Espírita Caminheiros da LuzRua Pedro Hispano nº 968; 4250-364 Porto | Tel: 225374935

Centro Espírita Caridade por AmorRua da Picaria, 59, 1º F ; 4000-478 Porto Tel. 912160015 | e-mail: [email protected] www.ceca.web.pt

Núcleo Espírita CristãoRua de Santa Catarina, 1458 ; 4000 - 448 Porto | Tel/Fax: 225021190 e-mail: [email protected]

Núcleo Espírita Rosa dos Ventos Trav. Fonte da Muda, 264450-672 Leça da PalmeiraTel. 229952108 | Telm. 965 384 111e-mail: [email protected] www.nerv.pt.vu http://luzespirita.blogspot.com

Lar e CaridadeTravessa da Seara 110 r/c ; 4430-545 Oliveira do Douro V. N. Gaia

Comunhão Espírita CristãRua Bela Vista, 35 – Baguim do Monte; 4435 – 627 Rio Tinto | Tel. 964229101

Centro Espírita CristãoRua das Fragas, 267; 4505-602 Sânguedo Tel: 227451968

Centro Espírita Joanna de ÂngelisRua Padre Costa, 348 – 1º - sala 12; 4465 - 105 São Mamede de InfestaTel. 229712661 ou 933 509 108 |

Fax: 229722905e-mail: [email protected]

Lar Espírita EsperançaRua Soares dos Reis, 698 Hab.21; 4400 – 314 Vila Nova de GaiaTel: 227112529 e-mail: [email protected]

// SANTAREMAssociação Cultural Espírita de Santarém Rua Florentino Pereira Mota, 18-6º dto.2005-278 Santarém | Tel: 934 280 595 / 919 644 066 / 962 387 898;[email protected]

// SETUBALAssociação Espírita Luz e Amor Rua dos Bombeiros de Setúbal, 27 e 31 ; 2910-110 Setúbal e-mail: [email protected]

Núcleo Espírita O LemeBairro Correia n.º 4; 7520-111 SinesTel. 269632768

// VIANA do CASTELOAssociação de Beneficência Estrela de LibertaçãoPraça General Barbosa, 85, sala 8,9,10; 4900-347 Viana do CasteloTel: 258820666

Associação Paz e AmorRua Cidade do Recife, Lote 5/6, Apartado 113; 4900-379 Viana do CasteloTel: 258322842

// VILA REALCentro de Estudos Espirituais de Chaves Rua Cabanas, bloco 1, Edif. Sotto Mayor, loja 1, 5400 – 133 ChavesTel: 276264745

//VISEUAssociação Cultural EspiritualistaRua Allan Kardec n.º 1 Bairro da Amizade Estrada da Barbeita ; 3500 - 672 Rio da Loba | Tel: 232426515

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 3 5

Page 36: Revista FEP 78

Federação Espír i ta Por tuguesa

Praceta Casal de Cascais, Lote 4 r/c A, Alto da Damaia, 2720-090 AMADORA, Portugal

Tel> + 351 214975754 , Fax> + 351 214975777 , E-mail> [email protected]

www.feportuguesa.pt

Federação Espír i ta Por tuguesa

Praceta Casal de Cascais, Lote 4 r/c A, Alto da Damaia, 2720-090 AMADORA, Portugal

Tel> + 351 214975754 , Fax> + 351 214975777 , E-mail> [email protected]

www.feportuguesa.pt

>> XVI Congresso Espírita Nacional de Espanha 6, 7 e 8 de Dezembro, no Hotel Diamante Beach,

em Calpe - Alicante

Lema do Congresso:

“Espiritismo: passado, presente e futuro”

Para fazer a sua inscrição contacte:

Secretaría Técnica , Viajes Hispania S.A.

(Agencia Organizadora):

E-mail: [email protected]

Para mais informações, contacte:

Federação Espírita Espanhola:

E-mail: [email protected] | www.espiritismo.cc

N O T I C I Á R I O - E C O S I N T E R N A C I O N A I S