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A revista Oficial do I Festival de Estética e Arte Universidade Federal de Alagoas - Comunicação Social - Jornalismo - 2009

Revista FEstA

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Revista Oficial do I FEstA - Festival de Estética e Arte da Ufal.

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Page 1: Revista FEstA

A revista Oficial do I Festival de Estética e Arte

Universidade Federal de Alagoas - Comunicação Social - Jornalismo - 2009

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EditorialAulas de estética, novos modos de perceber, sentidos

aguçados, cabeças fervilhando, idéias, desafios, estilos, téc-nicas, a união desses elementos são fundamentais para en-tender o significado do FestA para nós.

Foram duas semanas de trabalho intenso e discussões que nos trouxeram bons frutos, como esta revista. Nesse ca-minho tivemos a oportunidade de passear por várias outras mídias, além da produção do festival, que por si só não é um produto de mídia, mas que acaba se tornando um meio de comunicação/ divulgação dos trabalhos produzidos pelos estudantes do curso de comunicação da UFAL.

A proposta de uma revista para o festival surgiu da necessidade de divulgar a produção dos estudantes em um meio impresso, tanto análises produzidas dentro da discipli-na, quanto matérias sobre os produtos midiáticos de destaque dentro do FEstA, junto a isso aproveitamos para entrevistar o professor Bispo, assim temos a visão de um lado oposto ao nosso, mas que nem por isso precisa ser distante. Fizemos uma arte homogênea que dialoga com o a divulgação do Festi-val, mantendo um estilo que remete a elementos de uma festa.

Foi como redescobrir os sentidos e perceber que pode-ríamos sentir ainda mais e melhor. Assim foi o nosso segundo ano no curso de Jornalismo diurno, na Universidade Federal de Alagoas. Muito desse processo se deve ao nosso professor Ronaldo Bispo, das disciplinas Estética e Estética da Comu-nicação, que nos despertou para algo novo (ainda indefinível). Agradecemos também a todos os estudantes que cooperaram com o festival – alunos de Jornalismo e Relações Públicas do 4º período diurno e noturno. Aos artistas que abrilhantaram e fizeram do I FEstA um verdadeiro espetáculo e a todos os que estiveram presentes no evento. A alma de um estudante de Comunicação Social sempre será preenchida com festa!

Expediente

Analises

Entrevista Entrevista realizada com o professor Dr. e IJ, Ronaldo Bispo dos Santos, que, além de uma das atrações que prometem animar o festival, é o guia de todo um ano de estudos acerca dos pres-supostos teóricos que fizeram o FEstA nascer.

Produtos Trabalhos que serão apresentados no I FEs-tA e foram produzidos para a disciplina Estética da Comunicação, ministrada pelo professor Dr. Ronaldo Bispo, da turma de comunicação social - Jornalismo diurno, 4° período.

Pag. 3 e 4

Atraçoes Apresentação das duas jovens bandas ala-goanas, João Ninguém e Coito Interrompido, que serão algumas das atrações do primeiro FEstA.

Pag. 6

Análises de produtos midiáticos realizadas para a disciplina Estética da comunicação, escol-hidas para representar a produção acadêmica dos alunos desenvolvida durante o ano de 2009.

Pag. 4 e 5

Pag. 7

Publicidade Virtual:Lívia VasconcelosIsabela Pedrosa

Yzza Albuquerque

Publicidade Impressa:Patrícia Pacífico

Laís PítaCristiane Torres

Arte:Ben-Hur Bernard

Arthur MouraMarco Fisher

Organização Geral:Juliana dos Anjos

Sarah MendesMorena Melo

Nathália Honci

Renata SaldanhaMarcel Henrique

Projeto Gráfico:Arthur Moura

Ben-Hur Bernard

Diagramação:Arthur MouraNathália Honci

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são em preto e branco, mas algumas delas foram revela-das em cores, para dar ênfase aos flashbacks (memórias dos personagens). Três ambientes foram usados e os ensaios du-raram 5 horas, durante 6 dias, sendo que a diagramação do folhetim custou 2 dias à equipe. Para Elaine foi uma grande experiência ser uma personagem da fotonovela, “Tínhamos que repetir diversas vezes as expressões e ser convincentes. Todos adoraram fazer a fotonovela”, conclui a estudante.

As antigas mídias causam muita nostalgia, espe-cialmente para quem presenciou seus apogeus. A velha fotonovela, companheira das vovós,

foi o produto midiático escolhido pelos estudantes Anyelle Cavalcante, Elaine Gonzaga, Roberta Batista, Fábio Souza e William Correia, do 4º período de Jor-nalismo diurno, para a conclusão da disciplina Esté-tica da Comunicação. A estória, que foi construída por eles, é uma referência aos dramalhões mexicanos. “Nos preocupamos bastante com as expressões dos rostos e com o formato da revista que vem com a sinopse, como era visto nas fotonovelas vendidas nas bancas de revistas”, comentou Elaine, que dá vida à mocinha. Marcas do Destino é o título da trama. Elaine interpreta uma rica garota, que acaba de chegar dos Estados Unidos, onde estudava e mantém um noivo. Ao voltar para o país, se apa-ixona pelo jardineiro (William) de sua residência, ambos tem um caso, mas a garota esconde o fato de todos, pois é mate-rialista e “prefere estar morta a ser pobre!”. Um misterioso assassinato ocorre dentro da casa e, à medida que os suspeitos são investigados, o drama é explorado pelos estudantes. As fotografias foram feitas por Anyelle e, em sua maioria, Alunos se divertem na produção de fotonovela

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FotonovelaJornal de radio

Os dramalhões das telenovelas convertidos em fotografias

Retratar um programa de rádio de uma forma diferente é o intuito de um dos produtos midiáticos apresen-tados pela turma de Jornalismo diurno. O grupo constituído por Isaac José, Rivângela Santana, Raphael Vascon-celos e Gabriela Moreira, pretende evidenciar o ambiente de uma difusora de rádio com um caráter mais satírico, ou mesmo com um marcante toque de humor. Serão transmitidas notícias verídicas só que, como já dito, com um caráter sarcástico. Tais notícias se destacam, justamente, por não apresentarem um conteúdo de alguma valia, e sim por ser algo que beira o cômico. Quando indagado sobre o real objetivo do produto, Isaac explanou acerca do que os levou a produzir essa rádio: “O intuito é exatamente mostrar como notícias absurdas são repassadas e tomam destaque nos jornais e progra-mas. Na verdade, vai ser mais pra ironizar com as notícias mesmo.” – afirma. O programa terá a duração de 10 minutos, tendo a criatividade como aspecto fundamental para o êxito do trabalho.

Nas ondas do cômico

Por Ben-hur Bernard

Por Marcel Henrique Leite

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Foi Passional

Foi Passional é uma produção independente, estimulada pelo meio acadêmico. Mayra Costa,

estudante de jornalismo, conta que, apesar de ter escrito o roteiro com base nas relações humanas, o filme não pre-tende se colocar como uma denúncia social ou política. “Não se trata de de-nuncia social ou política. É um filme sobre amor e não sobre crime. A mim faz pensar sobre as loucuras que faze-mos por amor, e se é certo alguém nos julgar quando estamos tomados por um instinto tão humano (confundido com animal)”, afirma a estudante. Mayra foi roteirista, cinegrafis-ta, diretora de fotografia e diretora geral. No elenco, contou com amigos

estudantes de Artes Cênicas da UFAL, Carol Damasceno, Larissa Fontes e Maurício Ebbers. Na técnica, foi uti-lizada uma câmera de mão sony HD. O roteiro foi montado como uma colcha de retalhos que foi se compondo aos poucos, com muitas nuances e difer-entes idéias que, juntas, funcionaram bem, para isso os amigos foram funda-mentais no processo criativo. A estudante é apaixonada por cinema, e nos falou sobre suas influências dentro dessa paixão passional: “Eu gosto do Lars Von Trier, do Todd Field, do Glau-ber Rocha e do Woody Alen. Mas acho que não peguei muito deles pra fazer Foi Passional. Talvez um pouco de Woody Allen e Almodóvar, mas nada intencional,

se acon-teceu, foi naturalmente por consumir muito das obras deles. Apesar de muitas escolas de c in -ema incentivarem a imitação por parte de quem está começando, eu não acho isso legal, temos que tentar inovar o máximo possível, dentro do bom senso”. Foi Passional nasceu da von-tade de tirar uma idéia do papel, de fazer arte mesmo com todos os empecilhos, e chega ao Festival de Estética e Artes para comprovar que existe produção cultural dentro da Universidade, apesar do su-cateamento do bloco de Comunicação.

Por Morena Melo

Lançado em 2007, considerado uma cinebiografia, Across the Universe, tem roteiro de Dick Clement e Ian La Fresnais, dirigido por Julie Taymor e pro-duzido por Matthew Gross, Jennifer Todd e Suzanne Todd. O filme conta a história de Jude (Jim Sturgess), jovem de Liverpool que vi-aja na década de 60 pela América à procura de seu pai e acaba se apaixonando por Lucy (Evan Rachel Wood). Quando o irmão de Lucy, Max (Joe Anderson), é chamado para lutar na Guerra do Vietnã, eles se envolvem em campanhas pela paz e movimentos de contra-cultura, indo da psicodelia aos pro-testos contra a Guerra do Vietnã.

Filme “Across the universe” de Julie Taymor

Por Juliana dos Anjos e Sarah Mendes “O cinema é uma arte antropofági-ca. Devorando os meios que o cercam (te-atro, literatura, pintura, fotografia...), ele criou sua própria linguagem e se firmou como a arte do séc. XX – a arte do homem moderno. Nenhum meio artístico, atual-mente, reflete tão claramente este homem e sua compreensão estética de ver o mundo.” (Layo Carvalho) Levando em conta o que dizia o estudioso Walter Benjamin, confirmamos essa teoria e percebemos o cinema como uma arte completa que aguça quase todos os sentidos do homem. “O cinema se revela assim, tam-bém desse ponto de vista, o objeto atual-mente mais importante daquela ciência da percepção que os gregos chamavam de es-

tética.” (Walter Benjamin) Existem alusões a artistas contem-porâneos aos Beatles, como a personagem JoJo que é uma referência a Jimi Hendrix – precursor do rock- Sadie que é uma referên-cia a Janis Joplin. As preferências dos can-tores podem ser observadas também, como, por exemplo, durante a canção “With a Little Help From My Friends” onde pode ser visto um grande pôster da atriz Brigitte Bardot, conhecida obsessão de John Lennon. Utilizando-se das mensagens de amor reproduzidas nas músicas dos Beatles, os produtores do musical procuraram apre-sentar o sentimento pacifista de forma intensa e os ideais que faziam milhares de jovens lu-tarem por um mundo melhor, por uma juven-tude menos alienada e mais determinada.

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Longa-metragem “A Onda”, de Dennis Gansel

A partir do momento em que se propõe analisar um produto fruto da indústria cultural e de todas as suas inter-faces há que se apoiar em filósofos como Marshall Mcluhan, Umberto Eco e Walter Benjamin. Pois bem, nas próximas linhas, tentarei desenhar uma análise fundamentada e crítica sobre o longa metragem A Onda, de Dennis Gansel. A história tem como pano de fundo uma escola alemã que propõe um mergulho no estudo teórico de dois tipos distintos de organizações políticas, o Anarquismo e a Autocracia. Acontece que professor Burt Ross mergulha fundo demais, a ponto de criar uma onda devastadora dentro da escola, e da cabeça dos alunos. Não conseguindo ater a aten-ção dos alunos com aulas tradicionais, o professor resolve adotar um modelo empírico. A partir do momento em que os alunos entram no jogo do professor Ross, a narrativa se faz um prato cheio para uma análise de cunho midiático: o uso dos meios de comunicação se faz presente na vida das personagens, e isso se comprova tanto no uso explícito meios de comunicação, quanto na escolha de um símbolo lingüístico e gestual. Isso se aplica perfeitamente à visão de Mcluhan sobre a relação dicotômica entre os meios de comunicação e o sistema educacional, os meios entraram na estrutura educacional e mudaram seu papel social através da interatividade. Ao indagar os alunos sobre a possibilidade de manutenção de um sistema autocrático na Alemanha atual, o professor recebeu respostas incisivas: certamente um regime autocrático não seria possível na Alemanha da época. Até que ponto as mensagens incutidas naqueles estudantes, através dos meios de comunicação de massa, seriam responsáveis por esse pensamento? O fato é que o homem moderno se sente livre demais para enxergar suas próprias amarras ao sistema, essa pseudoliberdade nos permite analisar que regimes como os do Apartheid na África do Sul, de Pinochet no Chile e o próprio nazismo da Alemanha de Hitler são impensáveis nos moldes modernos ‘democráticos’ e ‘livres’. Como deve-mos analisar, então, os traços totalitários do governo de George W. Bush, Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad? Se pararmos para refletir, existem eixos de convergência entre esses líderes contemporâneos e os autocratas inflamados do passado. Todos eles dominam a capacidade de fanatizar massas por causas racionais ou irracionis, valendo-se de métodos antidemocráticos. Aí vale a reflexão de que regimes autocráticos escancarados já não existem, mas tomaram novas formas. Podemos tomar A Onda como uma imensa metáfora construída pelos paradoxos da realidade pós-moderna. A falsa idéia de liberdade no regime democrático pode ser amplamente discutida e exemplificada com todo e qualquer movimento de massa iniciado por um líder carismático, projetando a idéia de fragilidade individual, para que o todo seja tido como uma força maior que justifique a necessidade do indivíduo de pertencer àquele grupo que pode, ou não, ter um ideal explícito. No caso do filme, a fragilidade individual foi o pilar para o regime autocrático, não existia ne-nhum tipo de ideal explícito. Atualmente estes tipos de liderança se valem dos meios de comunicação, como já refletimos anteriormente, e podem ser exemplificados pelos movimentos fundamentalistas religiosos (cristão, judaico, islâmico) que têm líderes, causas, além da união como força principal do grupo e de motivações que muitas vezes transcendem à convicção dos fiéis. A exemplo da Al Qaeda, cujo líder Osama Bin Laden diz lutar por uma causa, supostamente “santa” contra os “infiéis do mundo ocidental”. O fato é que a interatividade entre meios de comunicação e homem transcendeu de simples facilitadores da vida moderna, para construtores de moldes antropológicos e sociais. A Onda se torna por assim dizer, fazendo um paralelo da ‘arte pela arte’, um ‘produto midiático pela mídia’, em outras palavras A Onda, enquanto produto midiático que é, sugere interpretações dos fenômenos de massificação típicamente midiáticos, como se fizesse um alerta de si, para uma sociedade cada vez mais apática e acrítica.

Por Morena Melo

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Joao NinguémCoito Interrompido

A banda Coito Interrompido foi formada em 2004 e pas-sou quase 3 anos, dos seus 5

anos de existência, tocando apenas em estúdios, garagens, quartos e salas. Atualmente, a banda toca em eventos alternativos organizados por conta própria, em festas de amigos e em festivais como o FEstA. Coito Interrompido é com-posta por 4 integrantes - Emersom, 23, baixo/vocal; Eric, 25, vocal; Lu-cas, 23, guitarra e Felipe, 25, bate-ria. Os rapazes já haviam tocado em outras bandas, mas estavam parados há um tempo, e durante esse período as influências e criações próprias de cada integrante foi aumentando. Já a banda João Ninguém surgiu em 2005 e tem como inte-grantes oficiais Almir, 20, vocal; Mário, 20, guitarra; Mami, 21, guitarra; Eduardo, 23, bateria e Diego, 20, baixo. O estilo musical do grupo é o rock com influência de blues e funk. Eles o escolheram por considerar simples e eferves-cente. O que é perceptível no rep-ertório do conjunto, que é com-posto em sua maioria por músicas próprias, mas também por covers de suas bandas favoritas. O último festival que ambas participaram foi o III FUP (Festival Universitário da Primavera), em 2008, organizado pela UNCISAL. A Coito Interrompido, em janeiro deste ano, tocou no I Encontro Re-gional dos Estudantes de Engenha-

ria Ambiental, ocasião que aprecia-ram muito por ter gente de todo o Brasil e por provavelmente ter sido o maior público da banda. E, o con-junto João Ninguém, participou do FERALT - Festa do Rock Alternati-vo -, festival organizado por amigos da banda.

Sobre a importância de festivais como o FEstA para a de-mocratização da arte, da música e o escoamento da intensa produção artística existente em Maceió, Em-ersom Padilha – da Coito Interrom-pido - comenta que “a Universidade é um espaço que tem esse papel, esse

dever mesmo, de propiciar cresci-mento às pessoas e à comunidade em que está inserida, de fomentar cultura, ciência, arte, etc. Existe

muita produção artística aqui em Maceió, em todas as áreas, precisando só de incentivo para crescer. Na minha opinião, a ideia de ‘um festival realizado pela área de comunicação da UFAL’ é uma ideia que já passou do tempo de estar acontecendo”. Almir – da João Ninguém – compartilha da mesma ideia sobre a falta de in-centivo e acrescenta: “O público

vai para um festival mais disposto a descobrir qualquer coisa nova nas músicas. Ficamos muito feliz-es pelo convite para participar do FEstA, pela proposta interessante de agitação das cabeças artísticas dos alunos do COS”.

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À direita, ensaio da banda João Ninguém, e abaixo, da banda Coito Interrompido.

Por Juliana dos Anjos e Patrícia Pacífico

...a ideia de ‘um festival realizado pela área de co-municação da UFAL’ é uma ideia que já passou do tempo de estar aconte-

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Em uma entrevista com um caráter formal e ao mesmo tempo descontraído, IJ Abutre, uma das atrações do I FEstA, fala à Revista FEsta sobre diversos assuntos estético-musicais, por vezes assumin-do a condição de atração do festival, por vezes se pronunciando como o Professor Dr. Ronaldo Bispo, guia de todo um ano de estudos que serviram de base teórica para a produção do I FEstA.

Com IJ AbutrePor Nathalia Honci

FEstA - Sendo uma das atrações do I FEstA, faz-se necessário que se es-clareça à quem irá curtir o festival o que significa o termo “IJ”. Para definí-lo, em seu perfil no orkut, você usou termos como “pop filo-sofia, cognição estética e festas com cérebro e vísceras”. É a filosofia contemplativa que diferencia um IJ dos demais profissionais da área? Abutre - A concepção do Ideas Jockey surgiu quando eu morava em São Paulo e fazia o doutorado. Ocorreu-me que havia uma dis-tância muito grande entre o prazer proporcionado por uma aula ou palestra acadêmica e aquele experi-mentado em uma festa. Como meu objeto era a experiência estética e eu começava a aprofundar meu inter-esse em colecionar músicas, percebi

que era possível e necessário re-unir essas duas dimensões da vivência huma-

na. A filosofia e a diversão. Em tempos de impaciên-

cia e super-

ficialidade como o nosso, avalio que as idéias devem ser tão atraentes e prazerosas quanto músicas e ima-gens. O IJ é como um intercessor. FEstA - Que tipo de repertório, seja de músicas, imagens ou idéias, o IJ Abutre utilizará para animar o I FEstA? Abutre - Sou um colecionador compulsivo de música em mp3. Tive o privilégio de ouvir música boa em casa precocemente. Gosto desde repentistas até as coisas mais irritantes de uma vertente eletrôni-ca chamada illbient. Tenho tudo co-lecionado, na hora eu improviso e tento intuir o que vai cair bem para o publico. Isso quanto as músicas. Enquanto não desenvolvo melhor um modo de exibir idéias filosóficas durante as apresentações, costumo deixar rolando um longa metragem no telão. Gosto de exibir Godard, Lars Von Trier ou simplesmente algo que atraia pela beleza visual. FEstA - Deixando um pouco de lado o IJ Abutre, o que o Profes-sor Ronaldo Bispo espera desse festival, levando em consideração os ensinamentos que tiveram os

alunos acerca de conceitos como “reprodutibilidade

técnica” e “cultura de massa”?

Abutre - Estou

bem contente com a iniciativa. Min-ha expectativa é a melhor possível. Mesmo sabendo das dificuldades e limitações do curso, acompanho a evolução dos alunos ao longo do ano. É gratificante. Vivemos em um mundo midiatizado ao extremo, mas ainda saimos para nos divertir, sentir o cheiro e o calor das pessoas hic et nunc (aqui e agora), rsrsrs.

FEstA - O audiovisual consta em mais de 90% da programação do festival, alguns deles proporcio-nando divertimento, outros encan-tamento. Você concorda que essa será uma oportunidade para que tenhamos uma experiência empíri-ca daquilo que aborda Benjamin, Macluhan ou até Eco? Abutre - Sem dúvida. De Benjamin tiramos a lição de que precisamos rever nossos conceitos sobre arte se quisermos entender o que nos proporciona prazer estético contem-poraneamente. Com Mcluhan vimos que cada meio que surge cria um novo ambiente, um novo conjunto de possibilidades. E finalmente Eco vem para nos alertar que nem tudo é lixo na indústria cultural. Vocês alu-nos estão aprendendo a dominar as mídias que não param de se reinven-tar. Criadores e fruidores do FEstA certamente estarão colocando em prática as lições dos grandes mestres de nossa área de conhecimento.

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Programação I FEstA - Festival de Estética e Artes

15h 30 - Abertura15h 45 - Conta Outra (programa de rádio)

15h 55 - Waldete Pintosa - Uma crítica ao axé music (vídeo)16h 10 - Uma nova mídia (camisas)

16h 20 - Foi Passional - curta-metragem (vídeo)16h 30 - Apresentação de página na web

16h 40 - Apresentação de Cordel16h 50 - Atmosfera (vídeo)

17h 05 - Marcas do Destino (fotonovela)17h 20 - O Último Sorriso - curta-metragem (vídeo)

17h 35 - Câmera CoS - programa de TV (vídeo)17h 45 - Arte Documentada - documentário (vídeo)

18h 00 - Made In Latino (programa de rádio)18h 15 - Revista Guerreiros

18h 25 - Ácido Desoxirribonucleico (site)18h 35 - (Re) Rebordando o Bico Singeleza - Documentário (vídeo)

18h 45 - Notícias Principais (site)19h 00 - Okey - campanha publicitária (fotografia)

19h 10 - Fotolata - documentário (vídeo)19h 20 - Programa de Culinária (vídeo)

19h 40 - Folcampo - campanha publicitária (fotografia)19h 50 - Pessoas do Meu Brasil - documentário (vídeo)

20h 00 - Estética do Desespero (vídeo)20h 15 - Making Off de produção do FEstA

20h 25 - Show João Ninguém21h 10 - Show Coito Interrompido

21h 55 - Ij Abutre