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Amazonas Rural fortalece a economia do povo da floresta O Programa Amazonas Rural é a mais ousada iniciativa do governador Omar Aziz para proporcionar o desenvolvimento regional aos homens e mulheres que vivem no interior do Estado. Nesta edição registramos em Roraima a força da produção de morangos na Serra do Tepequém, onde a iniciativa do agricultor Eugênio Thomé, que foi secretário da Agricultura do Estado por quatro vezes e duas da cidade de Boa Vista, surpreende pela qualidade dos frutos alcançados em pouco mais de um ano, como podemos perceber na 1ª Festa do Morango.
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4 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))www. s e na r - am . o r g . b rAMAZONAS
O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.
CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL
weg
a
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 5 )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
))))))))))))))))))))))))Sumário
» ARTIGO 69 - Ulisses Girardi escreve sobre o
aproveitamento dos resíduos para adubo
» AGROPEC 70 - A feira Agropec ofereceu um show de vaquejada
» ARTIGO 82 - Presidente da FAS fala do manejo
sustentável do Pirarucu
» TEPEQUÉM 84 - A Serra do Tepequém em Roraima revela o
melhor morango do Norte
» ARTIGO 91 - Hiroshi Noda fala sobre conservação de
espécies amazônicas
» SUSTENTABILIDADE 92 - Resultados positivos na Rio+20
» ARTIGO 96 - Diretor do Musa escreve sobre a capacitação
e formação na Amazônia
» ARTIGO 98 - Secretário Eron Bezerra reflete sobre a
cimeira Rio+20
» ARTIGO 100 - Ivaneide Lima fala sobre grandes mulheres
do Brasil
» EFEMÉRIDE 101 - Os 40 anos do SEBRAE
» ENERGIA 102 - Geração de energia e gás no Amazonas
» REGISTRO 8 - O que acontece na região
» NOTAS 10 - Fique por dentro
» PROGRAMA 12 - Amazonas Rural dará impulso ao setor
primário
» FRUTICULTURA 20 - Produtores rurais foram ao Nordeste
conhecer a cultura da graviola
» EVENTO 31 - Programação especial comemora a 1ª
Semana do Produtor
» MINERAÇÃO 32 - Manaus tem distribuidor direto de calcário
» EMPREENDEDORES 38 - Programa Negócio Certo Rural muda a
realidade de propriedades no Amazonas
» ARTIGO 41 - Presidente do SENAR-AM fala da missão
da Instituição
» PESQUISA 46 - Estudo pretende comprovar a viabilidade
econômica do tambaqui
» BOVINOCULTURA 50 - Destaque no agronegócio brasileiro no cenário mundial
» PARCERIA 54 - A empresa Coca-Cola vai vender suco de
açaí para todo o Brasil
» PRÊMIO 58 - Premiados recebem a placa do Mérito
Cooperativista 2012
» EXPOBOCA 60 - Boca do Acre realiza a 1ª EXPOBOCA
» FEIRA 64 - XVII Fepagro incentiva a agricultura familiar
» ARTIGO 66 - Senador Valdir Raupp faz um panorama do
papel das usinas de Jirau e Santo Antônio
» ARTIGO 68 - Secretário de mineração fala sobre
reservas de sais de potássio
www. s e na r - am . o r g . b rAMAZONAS
O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.
CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL
weg
a
24AVICULTURAManaus é autossuficientena produção de ovos
42EXPOSIÇÃOApuí comemora bodasde prata da feiraagropecuária
34JI-PARANÁEmoção na 33ª EXPOJIPA
74DESPESCAManejo sustentável depirarucu no Médio Juruá
João RicardoDesigner Gráfico
Francisco AraújoFotógrafo
Ana Paula SenaJornalista
Ivaneide LimaProdutora
Mayara LimaJornalista
)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Bruno KellyFotógrafo
Rui de AlmeidaDesigner Gráfico
Epifânio LeãoPublicitário
Diárcara RibeiroJornalista
Rua Pará, 425, Sala 3 – Cj. VieiralvesN. Sa. das Graças – Fone: 92 3087-5370 CEP: 69053-575 – Manaus–Amazonas
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Diretor Executivo
Diretor de redação eJornalista Responsável
Editora
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Foto da Capa
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Distribuição
Periodicidade
Epifânio Leão Antonio XimenesMTB: 23.984 DRT-SP Diárcara Ribeiro Rui de Almeida
Ivaneide Lima Antonio XimenesDiárcara RibeiroMayara Lima
Ana Paula Sena Antonio XimenesBruno KellyFrancisco Araújo
Epifânio Leão
João Ricardo
Bruno Kelly
Imanam
Regional
Trimestral
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 7
EDITORIALAmazonas Rural fortalece a economia do povo da floresta
O Programa Amazonas Rural é a mais ousada iniciativa do governador Omar
Aziz para proporcionar o desenvolvimento regional aos homens e mulheres
que vivem no interior do Estado.
Linhas de crédito para a compra de equipamentos agrícolas, entrega de se-
mentes, assistência técnica, construção de estradas vicinais para auxiliar no
escoamento da produção, subsídios para a borracha, incentivo maior para
os produtores de malva e juta, instalação de agroindústrias para beneficiar
o açai em Carauari, Benjamin Constant, entre outras cidades do Amazonas
Profundo, fazem parte da estratégia para melhorar a qualidade de vida de
milhares de produtores rurais.
Na mesma direção, mas no âmbito de Manaus, os avicultores da capital e da
região metropolitana dão o exemplo de autonomia ao abastecerem a maior
cidade amazonense com ovos. Manaus é autossuficiente neste importante
alimento para a saúde da população.
Ainda falando de alimentos, mas, neste caso de peixes, pescadores da co-
munidade de São Raimundo, da Reserva Extrativista do Médio Juruá, ten-
do à frente o líder Manoel Cunha, que também é presidente do Conselho
Nacional dos Seringueiros, provam que é possível despescar pirarucu, com
base em manejo sustentável.
Agora, a força do Bacalhau da Amazônia, com sua unidade de beneficiamen-
to em Maraã, no Alto Solimões, é inegável, pela ousadia da proposta, que
tem tudo para ganhar o mundo, especialmente nos melhores restaurantes
do planeta, criando empregos para os ribeirinhos.
Além do pirarucu observamos que a piscicultura em tanques com o tamba-
qui, também apresenta bons resultados.
Nesta edição registramos em Roraima a força da produção de morangos na
Serra do Tepequém, onde a iniciativa do agricultor Eugênio Thomé, que foi
secretário da Agricultura do Estado por quatro vezes e duas da cidade de
Boa Vista, surpreende pela qualidade dos frutos alcançados em pouco mais
de um ano, como podemos perceber na 1ª Festa do Morango.
Ainda na tradição amazônica estivemos na 33ª Expojipa, em Ji-Paraná, neste
que é o maior avento agropecuário da região central de Rondônia, onde as-
sistimos uma bela homenagem a Ney Goes (faleceu em 2006), um dos mais
respeitados empresários da cultura sertaneja.
Com toda esta diversidade, podemos dizer que a nossa publicação está sor-
tida de novidades da Amazônia. Boa leitura.
Antonio XimenesJornalista Responsável
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8 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» REGISTRO DA FLORESTA
Foto: Bruno Kelly
Jacaré de 3,5 metros pego nas
redes dos pescadores em des-
pesca do pirarucu do Médio
Juruá.
» MEMÓRIAO Amazonas perdeu um dos
grandes líderes do agroextrati-
vismo, o Sr. Antonio Malveira
Gomes, de 51 anos, no dia
11/09. Um produtor rural que
com muito esforço e determi-
nação foi um dos fundadores
da Associação e Cooperativa
dos Produtores Agroextrativis-
tas da Colônia do Sardinha (As-
parc), localizada no município
de Lábrea.
» RESTAURANTE SUZURANPirarucu no misso com castanha
do Brasil, gelatina de tucupi e vi-
nagrete. Culinária japonesa da
floresta.
» AVENTURA NA SELVA DISCOVERY
O coronel Leite da Aeronáutica,
protagonista do programa "Desa-
fio em Dose Dupla", da Discovery
Chanel, fez uma conferência sobre
sobrevivência na selva, no dia 4 de
outubro no Dulcila da Ponta Ne-
gra. Na ocasião, 450 pessoas assis-
tiram o evento que foi direciona-
do para um público empresarial.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 9
Fotos: Divulgação/Ministério da Defesa » OPERAÇÃO AMAZÔNIAO Ministro da Defesa, Embaixador
Celso Amorim, acompanhou as
atividades que foram desenvolvi-
das na Operação Amazônia 2012.
Durante as atividades por inter-
médio da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, foram oferecidos
à população atendimentos mé-
dico, odontológico, psicológico,
orientação jurídica, vacinação,
corte de cabelo, orientação sobre
prestação do serviço militar, entre
outros serviços.
A Operação Amazônia 2012 teve
como objetivo adestrar as forças
conjuntas para missões de comba-
te, mas com relacionamento social
com os ribeirinhos.
» Almirante de Esquadra Max e Vice-Almirante Frade do 9º Distrito Naval, durante a operação em Iranduba
» Comandante do CMA, General de Exército Eduardo Villas Bôas
10 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» NOTAS
Foto: Divulgação
» CONGRESSOAconteceu em Manaus o 45º Con-
gresso Brasileiro de Fitopatologia,
no Studio 5 Centro de Convenções.
No evento foram ministradas pa-
lestras, mini-cursos, exposição de
pesquisas e debates, com pesqui-
sadores nacionais e estrangeiros. O
presidente da FAEA, Muni Lourenço,
participou da abertura do evento e
ressaltou, “O Agronegócio precisa
do estreito laço com a Fitopatologia
para continuarmos crescendo com
a produção de alimentos em nosso
país aliando com a sustentabilida-
de”. Atualmente se produz em 27%
do território brasileiro enquanto
61% são preservados.
» EXPORTAÇÃOAs exportações brasileiras de pro-
dutos do agronegócio somaram
US$ 62,568 bilhões no acumula-
do de janeiro a agosto deste ano,
crescimento de 1,8% em relação ao
mesmo período de 2011, quando os
embarques desse segmento rende-
ram US$ 61,488 bilhões. Com o re-
sultado, o setor ampliou para 39%
sua participação no total exportado
pelo Brasil, segundo dados divulga-
dos no dia 27/09 pela Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA). Em igual período de 2011, a
participação do setor nas exporta-
ções totais do país foi de 36,9%.
» OURO DO MADEIRA
A Cooperativa de Garimpeiros da
Amazônia (Cogam), do município de
Humaitá, efetuou a primeira venda
de ouro, extraído do Rio Madeira,
após a entidade ter recebido o li-
cenciamento ambiental e mineral.
A cooperativa comercializou cerca
de cinco quilos de ouro, ao preço de
481.103,15 R$, beneficiando direta-
mente 93 cooperados.
» AVICULTURAA veterinária Marlene Sala, partici-
pou durante os dias 12 a 14 de se-
tembro, do IX Curso de Atualização
em Avicultura para Postura Comer-
cial realizada na Unesp em Jabotica-
bal -- São Paulo.
» PESCAO Instituto de Proteção Ambiental
do Amazonas (IPAAM), comemora
os resultados do manejo de pesca
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 11
Foto: Divulgação SDS
no Lago Samaúma, localizado na Re-
serva Extrativista do Médio Juruá,
no rio Juruá, município de Carauari,
onde foram capturados pirarucus
e tambaquis manejados que soma-
ram mais de duas toneladas.
» MELHORAMENTO DA CITRICULTURA
A citricultura está consolidada
como uma importante atividade
econômica no Amazonas, ocupan-
do uma área com 4 mil hectares, a
produção se concentra nos muni-
cípios de Manaus, Rio Preto da Eva
Manacapuru, Itacoatiara, Careiro e
Iranduba. A atividade está em ex-
pansão e exigindo conhecimento
técnico. A Federação da Agricul-
tura e Pecuária do Estado do Ama-
zonas (FAEA), e Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE), conheceram in loco um
projeto, voltado para produção de
laranjas.
Desenvolvido na Fazenda Brejo do
Matão, Km 15 da BR, 174, o proje-
to consiste no ‘Plantio Direto’.
» PRÊMIO CLAUDIA 2012Secretária de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas (SDS), Nádia Ferreira,
tem se destacado por seus proje-
tos de conservação da floresta e
de desenvolvimento das comuni-
dades ribeirinhas e extrativistas.
A bióloga foi uma das finalistas
da categoria Políticas Públicas, do
Prêmio CLAUDIA 2012, da editora
Abril.
Segundo a revista, mais de 250
personalidades públicas foram in-
dicadas por opiniões de todo o
país para as cinco categorias do
prêmio.
» RESERVACriança sobre sementes de Muru-
muru, na reserva extrativista RE-
SEX, no médio Juruá. A região for-
nece óleos para a Natura.Foto: Bruno Kelly
Foto: Divulgação
12 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Programa
DESENVOLVIMENTOREGIONAL
REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Ana Paula Sena, Diárcara Ribeiro e Agecom
O PROGRAMA AMAZONAS RURAL VAI BENEFICIAR 78 MIL FAMÍLIAS NO INTERIOR DO ESTADO, E OS PRODUTORES RURAIS JÁ COMEMORAM OS RESULTADOS POSITIVOS[ [
Lançado pelo governador do Amazonas, Omar Aziz no
dia 25 de julho deste ano, o programa tem contribuído
para que agricultores ampliem a produção e a renda com
o abastecimento de feiras e mercados na capital e no in-
terior. De acordo com o governador o programa Amazo-
nas Rural dará um novo impulso à economia do Estado, a
partir do setor primário.
O programa investe no setor por meio do crédito, assis-
tência técnica e comercialização, alavancando a econo-
mia e gerando mais emprego e renda e fortalecendo as
agroindústrias, produtos como malva e juta, borracha,
castanha e óleos vegetais, dentre outros.
Omar Aziz explicou que o programa é um pacote de me-
didas para aumentar a produção, a fim de tornar o Ama-
zonas autossuficiente em alimentos e produtos agroflo-
restais, dinamizar a economia dos municípios, gerando
riqueza e oportunidades de emprego a partir da criação
de mais de 200 mil ocupações, além de estimular o de-
senvolvimento sustentável, por meio da consolidação de
culturas tradicionais, como peixe, fibras, borracha, frutas
regionais, manejo madeireiro e a pecuária. “Nosso obje-
tivo é alavancar a economia do Estado. O País passa por
dificuldades, e a economia não tem crescido no setor in-
dustrial. Cabe a nós criarmos oportunidades para gerar
emprego no campo”, afirmou o governador.
» INVESTIMENTOS
O programa tem investimentos previstos de R$ 1 bilhão,
dos quais R$ 100 milhões são estaduais, R$ 200 milhões
de parceiros públicos, como Ministério das Cidades e
Fundo da Amazônia, e o maior volume, cerca de R$ 700
milhões, da iniciativa privada, além de um pacote de R$
600 milhões em obras de infraestrutura no interior do Es-
tado, que inclui construção de estradas e vicinais, portos
e melhoria da infraestrutura das cidades. “Não é possível
que um pequeno agricultor ainda tenha que remar horas
para levar sua produção até a cidade”, disse Omar Aziz.
Segundo o governador, um dos principais eixos do Ama-
zonas Rural é o desenvolvimento do setor pesqueiro, com
a consolidação de cinco polos de aquicultura no Estado. A
meta é sair das atuais 15 mil toneladas de pescado/ano
para 100 mil. “Queremos fazer do Estado uma referência
na produção de peixe em cativeiro”, afirmou Omar Aziz.
» AGROINDÚSTRIA, EXTRATIVISMO E PECUÁRIA
O desenvolvimento da agroindústria é outra meta do
programa, com objetivo de gerar emprego e agregar va-
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 13
lor aos produtos, como o açaí, o pescado, frutas regio-
nais, produtos florestais e outras culturas tradicionais.
O Amazonas Rural prevê o estímulo à fruticultura com a
finalidade de garantir fornecimento para a agroindústria.
O extrativismo também será fortalecido, por meio do
incentivo à produção de fibra (juta e malva), com a fina-
lidade de tornar o Brasil autossuficiente. A meta é sair
dos atuais 12 mil toneladas por ano para 20 mil por ano,
em 2015. O mesmo deve acontecer com a borracha, cuja
meta é chegar em 2015 produzindo 5 mil toneladas por
ano. Hoje a produção é de 1 mil toneladas por ano, mo-
bilizando 9 mil seringueiros, distribuindo kits sangria,
abrindo novas estradas e construindo mil casas popula-
res para os trabalhadores.
No manejo florestal, a meta é atingir, até 2015, a produ-
ção de 400.000 m3 de madeira e implantar mil planos de
manejo simplificado para legalizar a produção e atender
serrarias e movelarias. Na pecuária, a meta é ampliar a
produção de leite de 1 milhão de litros por ano para 9 mi-
lhões de litros por ano, e o manejo do gado de uma para
três cabeças por hectare, com uso de tecnologia, além de
classificar o Amazonas como área livre de febre aftosa.
» PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS
O governador Omar Aziz também assinou o Termo de
Adesão do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA),
que vai beneficiar 685 famílias de 17 municípios, com
aquisição de aproximadamente 855 toneladas de ali-
mentos. O convênio é de R$ 2.429.000,00 e os alimen-
tos adquiridos dos produtores rurais serão doados a 34
entidades assistencialistas. Na segunda fase serão mais
19 municípios.
» ESCOAMENTO
O escoamento de produção também é uma ação do pro-
grama e já iniciou em quatro municípios da região metro-
politana e na zona rural de Manaus. As obras já iniciaram
» Governador do Amazonas, Omar Aziz, durante o lançamento do Programa Amazonas Rural, com a presença de secretários, políticos, representantes de entidades classistas e produtores
14 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
em Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Rio Preto da Eva,
Iranduba e assentamento Tarumã Mirim, no ramal Cris-
tiano de Paula. Só nessa primeira etapa estão sendo re-
vitalizados 627 km de vicinais, beneficiando um total de
4.573 famílias.
Para todo o ano de 2012, a Secretaria de Estado da Pro-
dução Rural (Sepror) prevê a recuperação de aproxima-
damente 1.500 km de vicinais em todo o Estado do Ama-
zonas, gerando 56 mil empregos.
São caminhões basculantes (caçambas), retroescavadei-
ras, pás-mecânicas, trator de esteira D6, rolos compacta-
dores e motoscraper trabalhando a todo vapor para levar
dignidade aos homens e mulheres do campo. “A meta do
governador Omar Aziz é tornar o Amazonas autossufi-
ciente na produção de alimentos e produtos agroflores-
tais, gerando riqueza e oportunidades de emprego aos
trabalhadores do campo”, ressaltou o secretário de pro-
dução rural do Amazonas, Eron Bezerra.
» FEIRAS
A produtora Terezinha Saraiva, 52, que mora em Iran-
duba (a 28 quilômetros de Manaus), produz hortaliças
(couve, cheiro verde, salsinha e pimentão) e relata que
há 20 anos cultiva esses produtos, recebe apoio na co-
mercialização dos seus produtos por meio do Programa
de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), realizado
por intermédio da Agência de Desenvolvimento Susten-
tável (ADS).
Terezinha Saraiva ainda revela que já comercializou
12.382 kg de hortaliças, totalizando renda de mais de
R$ 60 mil. A produtora ainda conta que teve mais opor-
tunidade de crescimento e melhorias na sua renda. “Um
dia pensei em desistir. Mas ao fazer parte dos incentivos
do Governo do Amazonas pude aumentar a minha pro-
dução, o que elevou minha autoestima e a vontade de
trabalhar”, explicou Terezinha, que também abastece o
comércio do município e da capital.
No ramal do Pupunhal, há 20 minutos da horta de Tere-
zinha Saraiva, mora o casal Antônio e Francisca Silva, que
desenvolve a agricultura familiar no cultivo de couve-flor,
feijão de metro, quiabo, cebolinha, pepino, alface e chei-
ro-verde. Toda a produção atende as feiras dos produto-
res regionais em Manaus.
De acordo com o presidente da ADS, Valdelino Cavalcan-
te, o objetivo do governo é sempre criar oportunidades
para população, com projetos que gerem renda para fa-
mílias. “Desta maneira todos os feirantes poderão ter um
lugar para vender com mais qualidade. Com o Amazonas
Rural as cadeias produtivas tradicionais são fomentadas,
a produtividade melhora, os produtores passam a ter
acesso ao crédito, um escoamento mais fácil, além de
garantir mercado e competitividade aos produtos, ofere-
cendo novas alternativas econômicas e mais oportunida-
de ao homem e a mulher do interior”, disse.
Programa
» Assinatura de seis projetos de leis, encaminhados à Assembleia Legislativa do Amazonas
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 15
» ORGÂNICO
No bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste de Manaus,
a horta dos agricultores Raimundo Silva e Walda Ferrei-
ra reúne hortaliças da agricultura orgânica. Eles relatam
que esse diferencial tem consolidado a clientela nas
feiras do Centro de Instrução de Guerra na Selva, que
acontece no Cigs, e da Economia Feminista e Solidária de
Produtos Regionais, no pátio do Cassino dos Suboficiais
e Sargentos da Guarnição de Aeronáutica (Cassam), am-
bas em Manaus, e junto aos moradores do bairro Colônia
Antônio Aleixo.
O cheiro verde e o couve-flor respondem pelo maior vo-
lume de produção para as feiras regionais. “Graças a Deus
que participamos desse projeto porque é uma força gran-
de para que possamos tirar nosso sustento. Só temos a
crescer com esses incentivos”, enfatizou Walda Ferreira.
Para Raimundo Silva os programas estaduais ajudam a
prosperar os negócios. Ele mantém a convicção de que
esse sucesso deve continuar com o Programa Amazonas
Rural. “Esses incentivos do Governo tiraram a gente da
pequena produção para algo em grande escala, e acre-
dito muito que o Amazonas Rural vai aumentar nossa
produtividade”.
» CAPACITAÇÃO
O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal
Sustentável do Amazonas (IDAM) prioriza os agricultores
familiares com assistência técnica e ações que vão desde
a capacitação até o auxílio na hora de escoar a produção,
por conta disso, muitas comunidades tem investido nas
plantações e atividades que geram renda e postos de tra-
balho na região, com o objetivo de levar o produto para
ser comercializado nas feiras e mercados do município.
De acordo com o presidente do IDAM, Edmar Visoli, é
muito importante nesse processo a capacitação dos pro-
fissionais, para que se consigam resultados positivos na
produção e colheita do produto. “Nem mesmo a distân-
cia impede que a gente chegue até os nossos agriculto-
res, o Governo do Estado prioriza atender da melhor for-
ma possível os protagonistas do setor primário, que são
os produtores rurais”, afirmou.
» CRÉDITO
Os produtores rurais do Estado afetados pela cheia des-
te ano receberam créditos, devido a perca das safras.
De acordo com a Secretaria Estadual de Produção Rural
» Governador entrega um Kit Sangria para um produtor rural no auditório da Universidade Federal do Amazonas
16 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
(SEPROR), mais de 30 mil pessoas já fizeram o pré-cadas-
tro para ter acesso ao crédito, e a estimativa é de que o
volume total chegue a R$ 150 milhões. O recurso é oriun-
do do Fundo Nacional do Norte (FNO) e tem o objetivo
de reestruturar as áreas produtivas com ações pós-en-
chente. O valor do empréstimo pode ser de até R$ 12
mil, com juros de 1% ao ano, prazo para pagamento de
até 10 anos e bônus de 40% para os que pagarem em dia.
Também foi apresentada uma segunda linha de crédito,
o “Mais Alimento”, com volume de negócios previstos em
R$ 30 milhões, com a finalidade de financiar a aquisição
de tratores para facilitar a mecanização dos solos, reduzir
o desmatamento e aumentar a produtividade. Serão dis-
ponibilizados 300 tratores para financiamento por meio
do Banco do Brasil e do Basa, com valor unitário de R$ 80
mil. O juro de 2% ao ano será subsidiado pelo Governo
do Estado, ou seja, o produtor só paga ao banco o valor
emprestado.
» LEIS APROVADAS
Seis projetos de Lei encaminhados pelo Governo do Ama-
zonas já foram votados e cinco aprovados por unanimi-
dade, em reunião Ordinária na Assembleia Legislativa do
Amazonas (ALEAM) no dia 21 de agosto deste ano.
Entre os projetos aprovados está o que dispõe sobre a
política geral de Produção Rural do Estado do Amazonas
(Projeto de Lei nº 181/2012, oriundo de Mensagem Go-
vernamental nº 61/2012); o que trata sobre a produção,
transporte interno, comercialização, armazenamento,
utilização, destino final de embalagens vazias, controle,
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus compo-
nentes e afins, no Estado do Amazonas (Projeto de Lei
nº 182/2012, oriundo de Mensagem Governamental nº
62/2012); e o que disciplina a atividade de aquicultura no
Amazonas (Projeto de Lei nº 183/2012, oriundo de Men-
sagem Governamental nº 63/2012).
O projeto de Lei que institui o programa de incentivo e
uso de insumos agropecuários, semoventes, máquinas
e equipamentos agrícolas (Proinsumos), também foi
aprovado por unanimidade. O Proinsumos tem a meta
de elevar a produção do Setor Primário, com a utilização
de corretivo de solos, fertilizantes, defensivos, sementes
e mudas, ração, medicamentos, vacinas, animais de pe-
queno e médio porte e máquinas e equipamentos agrí-
colas, agroindustriais, pesca artesanal e aquicultura. Pelo
projeto, os produtores individuais poderão obter finan-
ciamento máximo de até 200 salários mínimos ou de até
três vezes esse limite em se tratando de cooperativas e
Programa
» Estradas vicinais estão sendo construídas para melhorar a distribuição dos alimentos produzidos nas comunidades rurais
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 17
associações de produtores rurais. O prazo máximo para
pagamento é de 10 anos, com três anos de carência. Não
haverá juros ou correção monetária.
Também foi aprovado, por unanimidade, o projeto que
dispõe sobre a criação da Agência de Defesa Agrope-
cuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF) em
substituição à Comissão Executiva Permanente de Defe-
sa Sanitária Animal e Vegetal (CODESAV). A ADAF ficará
responsável por elaborar, coordenar e executar a política
de defesa agropecuária no Estado do Amazonas, promo-
ver a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na
agropecuária e garantir a identidade e segurança higiê-
nico-sanitária e tecnológica dos produtos agropecuários
finais e destinados aos consumidores.
A autarquia adquire autonomia administrativa e finan-
ceira e será vinculada à Secretaria de Produção Rural
(SEPROR). Sua estrutura organizacional será formada por
diretor-presidente; assessoria jurídica; chefia de gabinete;
assessoria técnica; departamentos de defesa agropecuá-
ria e florestal e administrativo, financeiro, comercialização
e fomento, além de gerências e coordenações das áreas.
A Lei que cria a ADAF, era uma das mais esperadas pelos
pecuaristas, segundo o presidente da FAEA, Muni Louren-
ço, a criação da Agência vai ajudar na luta para que o Esta-
do se torne área livre de Febre Aftosa. Para continuar pro-
duzindo sem que seja necessário abrir novas frentes, a Lei
dos Proinsumos será uma grande aliada. “Sem dúvida que
todas as Leis aprovadas vão ao encontro com as necessida-
des dos produtores rurais; como a criação da ADAF, que já
se fazia necessária, e a Lei de Proinsumos, com a utilização
de corretivo de solos e fertilizantes”, avaliou Lourenço.
Foi aprovado, ainda, o Projeto de Lei nº 186/2012, oriun-
do de Mensagem Governamental nº 66/2012, que dispõe
sobre a regularização fundiária das terras situadas em
domínio do Estado e que altera a Lei nº 2.754, de 29 de
outubro de 2012.
» Representantes das classes patronais, produtores e secretários, comemoram o lançamento do programa
18 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
A Sessão contou com a presença do secretário de Produ-
ção Rural do Amazonas, Eron Bezerra; do secretário de
Pesca e Aquicultura, Geraldo Bernardino; do presidente
do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Flores-
tal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), Edimar
Vizolli; do presidente da Federação da Agricultura do Es-
tado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço; do presidente
da Agência de Desenvolvimento Social (ADS), Valdelino
Cavalcante; do diretor presidente do Instituto de Terras
do Amazonas (ITEAM), Wagner Ferreira Santana, entre
outras autoridades e trabalhadores do setor rural.
» PLANO SAFRA PARA AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura familiar no Amazonas também ganhou re-
forço de cerca de R$ 135,6 milhões provenientes do Pla-
no Safra 2012/2013 do Governo Federal, lançado no dia
03 de setembro, pelo governador Omar Aziz e o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Os recursos
anunciados são destinados para financiamento de produ-
tores rurais, assistência técnica e para os programas de
compras de alimentos desenvolvidos pelos governos.
De acordo com o governador Omar Aziz, os recursos re-
forçam a política estadual de desenvolvimento do setor
primário. “Estamos avançando, e a médio e longo prazo
essa realidade irá mudar”, disse .
O governador também afirmou que os principais desafios
do setor são a regularização fundiária, assistência técnica
e o acesso ao crédito. “Hoje temos mais de 200 mil pes-
soas trabalhando na agricultura familiar no Amazonas.
É um contingente grande de pessoas que precisam de
assistência técnica, regularização fundiária, e recursos
para fazer investimentos necessários para que possam
ter uma qualidade de vida cada vez melhor”, ressaltou.
Outro ponto destacado pelo governador foi a infraestru-
tura, principalmente no que se refere às condições das
vicinais. “Não basta produzir se os produtores não têm
pra quem vender, não há preço de mercado e condições
para escoar a produção. Eu dei um prazo para que ano
que vem me apresentem o que avançou ou não e porque
não avançou. A gente lança um programa e ele tem que
sair do papel”, cobrou.
» VALORES
O valor liberado pelo Plano Safra no Amazonas é de R$
135.694.666,89. Desse recurso, R$ 100.000.000,00 (sen-
do R$ 50 milhões de investimentos e R$ 50 milhões de
custeio) são oriundos dos programas de Crédito Rural; R$
11.738.466,67 de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ATER); R$ 822.222,22 de Programa de Aquisição de Ali-
mentos (PAA); e R$ 23.133.978,00 de repasse do Fundo
Programa
» Produtora Teresinha Saraiva, na produção de hortaliças no município de Iranduba
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 19
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Apro-
ximadamente 61 mil famílias da agricultura familiar serão
beneficiadas com os recursos no Estado.
No geral, o Plano Safra 2012/2013 conta com recursos na
ordem de R$ 22,3 bilhões a serem aplicados em todo o
País. Um investimento recorde, segundo o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). A verba é para ampliar
a produção de alimentos, incrementar a produtividade e
melhorar a renda dos produtores.
Para o secretário de produção rural do Amazonas, Eron
Bezerra, o Plano Safra é fundamental para o fortaleci-
mento da agricultura familiar e está em consonância com
o Programa Amazonas Rural, lançado pelo governador
Omar Aziz. Segundo Eron, o Amazonas possui 94% dos
produtores rurais na agricultura familiar, que, por sua
vez, representa 83% do que é produzido no setor primá-
rio em todo Estado. ■
» Casal de produtores de banana, da comunidade José Lindoso, em Rio Preto da Eva, mostra orgulhoso, o fruto do seu trabalho
» A produtora rural, Walda Ferreira, produz hortaliças de agricultura orgânica no bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste de Manaus
20 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Fruticultura
AMAZONAS PARTICIPA DAFRUTAL
REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena
Em busca de novas tecnologias que possam ser adap-
tadas à realidade da região amazônica, 18 produtores
rurais do interior do Amazonas participaram da 19ª
Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e
Agroindústria de 2012 (Frutal 2012/ XIV Agroflores/ Ex-
pofood), realizada entre os dias 25 e 27 de setembro, no
Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A troca de
experiências entre os produtores é um incentivo dado
pelo Governo do Estado, por meio do Programa Amazo-
nas Rural, que tem como meta dar um novo impulso à
economia do Estado e tornar o Estado autosuficiente, a
partir do setor primário.
O produtor rural da comunidade Novo Remanso, per-
tencente ao município de Itacoatiara (a 177 quilômetros
de Manaus), Francisco Nobre, faz questão de destacar
que com o investimento de tecnologias no Amazonas é
possível obter resultados positivos. “É só avaliar os resul-
tados na economia do Estado do Ceará que com pouca
água e muita tecnologia de produção irrigada obteve
excelentes resultados, e o Amazonas com muita água
e pouca tecnologia ainda precisa avançar, por isso essas
visitas contribuem com o nosso Estado”, disse.
Enfrentando a maior seca da história, comparada à dos
anos 1915 e 1958, o Estado do Ceará já revela nova rea-
lidade no setor de fruticultura, floricultura e agroindús-
tria, devido às políticas sociais e soluções tecnológicas,
que foram adotadas para fortalecer a economia agrícola
regional e reduzir os riscos de perdas das safras.
Com o tema “Experiências Exitosas no Semiárido”, a Frutal
2012, desde 1994, vem incentivado os produtores rurais,
com a realização de encontros, debates, palestras, cursos
e exposições para capacitação dos produtores e oportuni-
dades de negócios para pequenos, médios e grandes em-
presários. Promovido pelo Instituto Frutal, o evento tem o
objetivo de ressaltar os esforços para melhorias no setor.
DEZOITO PRODUTORES DO ESTADO FORAM AO CEARÁ CONHECER A CULTURA DE GRAVIOLA[ [
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 21
Durante os quatro dias da Feira, os participantes pude-
ram visitar estandes de produtores de frutas, flores, su-
cos e polpas, além de terem a oportunidade de participar
de diversas atividades, divididas em cursos e palestras
técnicas, seminários técnicos e setoriais, paineis, mesas
redondas e oficinas.
» NOVAS TECNOLOGIAS
O presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, enfa-
tiza que não acontece a tragédia das secas anteriores,
devido às políticas sociais que vem sendo realizadas ao
longo dos anos. “O grande diferencial é que estamos
transformando a cultura do povo, fazendo com que cada
vez mais as famílias plantem. Em 400 anos de história,
essa é a primeira vez que o Ceará pode dizer que venceu
a seca”, comemorou.
Euvaldo Bringel, destaca ainda que este ano os cearenses
podem comemorar os resultados positivos que obtiveram
após os investimentos com tecnologia, durante o evento
foram apresentadas as 20 melhores experiências a mais de
600 produtores rurais de vários estados do Brasil. “Muitas
famílias tem uma qualidade de vida melhor, devido a no-
vas tecnologias e capacitação, que foram implantadas, por
isso expandimos essa ideia ao Brasil e ao mundo”, afirmou.
De acordo com o diretor técnico do Instituto Frutal, Eril-
do Pontes, desde o início do projeto, em 1994, o Ceará
exportava apenas U$ 8 milhões somente de frutas fres-
cas, e em 2011 passou para U$ 102 milhões de exporta-
ções. “A tecnologia era muito atrasada e o Instituto Frutal
surgiu para mudar essa realidade. Hoje produzimos, por
exemplo, melancia e melão sem sementes, para atender
a todos os públicos”, explicou.
» HISTÓRIA
A Frutal foi criada visando facilitar a vida do pequeno
agroinvestidor, trazendo dicas de novas técnicas de plan-
tio e manejo da terra, curso de capacitação, encontro de
negócios e feira. Desde a sua criação, o Ceará se tornou o
terceiro maior exportador de frutas do País. Atualmente,
o Porto do Pecém, localizado na região metropolitana de
Fortaleza, é o líder nacional na exportação de frutas.
» PRÊMIO SEREIA DE OURO
Devido à atuação na agroindústria e fruticultura e a di-
vulgação do trabalho do homem cearense no campo, o
empresário Euvaldo Bringel Olinda, pós-graduado em
Gestão Empresarial e engenheiro eletricista pela Universi-
dade Federal do Ceará (UFC) e presidente do Instituto de
Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal,
recebeu no dia 28 de setembro o prêmio Sereia de Ouro.
Criado pelo industrial Edson Queiroz em 1971, o prêmio
Sereia de Ouro tem como objetivo homenagear perso-
nalidades cearenses, ou não, que tenham contribuído de
alguma forma, com o desenvolvimento e a promoção do
Estado do Ceará.
» DISTRITO DE IRRIGAÇÃO
Para conhecer a região e a forma de organização dos
produtores, uso de tecnologia e gestão das atividades
da agricultura familiar do Estado do Ceará, o Governo do
» Produtores rurais do Amazonas durante visita ao projeto de irrigação no interior do Ceará
22 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Fruticultura
Estado do Amazonas por meio da Agência de Desenvol-
vimento Sustentável do Amazonas, (ADS) visitou com os
18 produtores vindos dos municípios de Rio Preto da Eva,
Novo Remanso, Iranduba e Manacapuru, diversas pro-
priedades com plantações de fruticultura que possuem
novas tecnologias.
Segundo o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, a
troca de experiência é muito importante para os produ-
tores do Amazonas, visto, que apesar da seca que eles en-
frentam, conseguiram fazer um excelente trabalho para
alavancar a economia do Estado, por meio de novas tec-
nologias e capacitação dos produtores rurais. “Queremos
incentivar o produtor rural do Amazonas e fazer com que
ao ver uma realidade bem diferente eles percebam que é
possível aumentar a produção na região”, descreveu.
Os produtores do Amazonas tiveram a oportunidade de co-
nhecer diversificação das culturas nas propriedades, localiza-
das no sertão do Ceará. “Fizemos questão de trazê-los a essa
região para ver de perto a tecnologia a serviço da produção
de frutas, onde cerca de 500 famílias já somam experiências
de sucesso na produção de graviola, coco, goiaba e mandio-
ca com sistema de mecanização e irrigação, dentre outros,
que está inclusive ajudando na prática sustentável da ativi-
dade”, enfatizou o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante.
São 110 quilômetros de canais de irrigação, distribuídos
em 8.500 hectares, na comunidade do Baixo Acaraú, si-
tuado na região norte do Ceará, distando 220 km de For-
taleza e 160 km do porto de Pecém, proporcionando a
toda a região abrangida pelo perímetro um crescimento
concreto, com geração de emprego e renda.
Para o produtor rural do município de Manacapuru, Ex-
pedito Santana de Souza, poder conhecer projetos como
esse é muito valido e gratificante. “A iniciativa de visitar
essas propriedades e esse projeto de irrigação foi ótima,
pois pudemos conhecer uma realidade diferente da que
enfrentamos no dia a dia no Amazonas, compartilhar as
experiências dos cearenses e implantar na nossa região
nos dará grandes resultados”, descreveu.
» EXPORTAÇÃO
De acordo com o engenheiro agrônomo do Ceará, Eliseu
Belfort Prata, que participa do projeto desde sua implan-
tação, o sistema de tecnologia, -- incluindo irrigação, ma-
nejo e mecanização --, tem uma posição privilegiada para
exportação de seus produtos. Podendo alcançar a Europa
ou Estados Unidos da América do Norte em sete dias de
navio ou 10 horas de avião. Para o mercado interno está
interligado com a malha rodoviária nacional por rodovias
asfaltadas. “O Perímetro foi implantado por iniciativa do
Ministério da Integração Nacional, o qual contou com a
parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BIRD), resultando na implantação de uma das mais mo-
dernas e funcionais obras de irrigação existente na Amé-
rica Latina e até mesmo do mundo, proporcionando as-
sim reais condições aos produtores nele instalados para
desenvolverem a prática do sistema produtivo irrigado
da melhor e mais produtiva forma possível”, afirmou.
» ORGANIZAÇÃO
Eliseu Belfort explica que o Perímetro do canal é ad-
ministrado pela organização de produtores de-
tentores de lotes, em uma forma colegiada,
fundamentado em um convênio de trans-
ferência de gestão, assinado entre o
DNOCS e o Distrito de Irrigação, o qual
estabelece normas, critérios,
direitos e deveres de
cada um. “Esta organi-
zação de produtores
responsável pela ad-
ministração,
operação e
manutenção
de toda infra-estru-
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 23
tura de irrigação de uso comum rece-
be o nome de Distrito de Irrigação do
Perímetro Baixo Acaraú e é uma or-
ganização civil de direito privado,
sem fins lucrativos”, explanou.
O produtor de graviola no Ceará, An-
tonio Soares, 30, herdou do pai, Rai-
mundo Soares, 59, a prática da fruti-
cultura, e afirma que durante muito
anos, não se conseguia produzir gran-
des quantidades da fruta, e após ser
implantado o projeto de irrigação, eles puderam ampliar
o negócio. “Devido a grande seca que acontece no Nor-
deste não conseguíamos cultivar grandes quantidades de
frutas e de boa qualidade. Hoje o cenário é outro”, come-
morou.
» PODA E POLINIZAÇÃO
Fazendo parte do mesmo projeto de tecnologia para pro-
dução irrigada, o produtor de graviolas, Itelmir Parnaíba,
também é um exemplo de como a irrigação transformou
a vida das famílias do Ceará, que além da irrigação, tam-
bém utilizam o método de poda das árvores e polinização
das flores do fruto. “A polinização manual da gravioleira é
uma condição indispensável para aumento da produtivi-
dade e da qualidade do fruto, constatamos que tivemos
um aumento superior a 60% no índice de ‘pegamento’ de
frutos em plantas polinizadas artificialmente”, explanou.
Eliseu Belfort ainda completa explicando que para a rea-
lização da polinização artificial (manual), deve-se coletar
botões florais no estádio feminino no
inicio da manhã, quando a parte mas-
culina já estará se abrindo e liberando
os grãos de pólen, que poderão ser
transferidos (polinização). “A poliniza-
ção manual deve ser feita com auxílio
de um pincel. Cada flor poderá render
pólen para polinizar de cinco a seis
outras flores. O período de melhor
resultado da polinização é das 6 às 10
horas da manhã, quando as flores es-
tiverem semiabertas”, esclareceu.
» SISTEMA PRODUTIVO
Segundo Eliseu Belfort, o sistema de produção e comer-
cialização é desenvolvido por meio de Associações de
Produtores, geralmente em número de 10 a 20 produ-
tores. “O Perímetro possui estrutura de apoio como gal-
pões construídos nos NH’s – Núcleos Habitacionais, que
são disponibilizados aos pequenos produtores, tendo
assim toda a estrutura de apoio à produção e comerciali-
zação”, concluiu.
O diretor de negócios agropecuários e pesqueiros da
ADS, Luis Otávio, afirmou que as visitas e experiências ad-
quiridas com os produtores do Ceará, são válidas para que
os produtores conheçam o profissionalismo na condução
das lavouras. “Essa realidade observada pode ser muito
positiva para a economia de diversos municípios do inte-
rior do Amazonas, por meio da implementação do Progra-
ma Amazonas Rural”, concluiu. ■
» O produtor e empresário Antônio Soares com o pai, Raimundo Soares e Eliseu Belfort na plantação de graviola
24 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Avicultura
MANAUSÉ AUTOSSUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE OVOS
REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Francisco Araújo
GRANJAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIARPRODUZEM MAIS DE 45 MILHÕES DE OVOS MENSALMENTE, ABASTECENDO A METRÓPOLE[ [
Com tradição familiar atravessando gerações, a produ-
ção avícola no Amazonas está passando por um processo
de transformação e se destacando pela competitividade
no mercado. A capital Manaus é a que possui maior pro-
dução de ovos do Estado, fornecedora para vários mu-
nicípios que ainda não são autosuficientes na produção.
A avicultura tem contribuído para melhorar a alimenta-
ção das pessoas e auxiliando como renda na economia
familiar. A qualidade do produto e os preços são pontos
primordiais do mercado, por isso a necessidade dos cuida-
dos técnicos realizados por veterinários, agregando valor
ao produto, e oferencendo o melhor para o consumidor.
Atualmente 20 mil pessoas trabalham na avicultura no
Amazonas. A Responsável Técnica (RT), veterinária, Mar-
lene Lourdes Sala, 46, administra seis granjas no Estado
e explica que sem a assistência por parte dos técnicos so-
bre os cuidados que as aves devem receber seria impossí-
vel a produção de ovos como ela é hoje. "Existe uma série
de legislações que regem o sistema de produção, tanto
para as granjas como para a sala de classificação de ovos,
que é o responsável técnico quem orienta os produtores
sobre essas regulamentações, garantindo um aumento
de qualidade e segurança", relatou.
MANAUSÉ AUTOSSUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE OVOS
26 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Avicultura
A Granja São Pedro, localizada na AM-010 e na BR 174,
km 3,5, produz ovos desde 1967, sendo a maior produ-
tora de ovos do Amazonas. O alcance dessa posição só
foi possível graças aos investimentos em tecnologia e
pessoal qualificado.
Com 400 funcionários e fabricando 600 mil ovos por dia,
distribuídos em 1.564 caixas, a granja é provida de 800
mil frangas alojadas em 54 galpões com dimensões de
150 m x 7,5 m e cada um possui 15.000 aves poedeiras
das linhagens Lohmann, HiSex na produção de ovos bran-
cos, das linhagens Isa Brown e Lohman Brown na produ-
ção de ovos marrons.
Luiz Mário Peixoto trabalha com o pai, Francisco Helder
Assis Peixoto, e herdou o amor pela profissão na adminis-
tração da Granja São Pedro, ele relata que até o esterco
das aves é aproveitado para a produção de adubo. "O pro-
duto é considerado por muitos produtores o melhor adu-
bo orgânico produzido no Estado. O segredo da grande
procura está nos elementos que compõe o adubo", disse.
O empresário revela que fornece ovos para o Programa
da Regionalização da Merenda Escolar (PREME), atra-
vés da Agência de Desenvolviemnto Sustentável (ADS),
como também para supermercados e feiras de Manaus.
"A expansão dos negócios aconteceu no sentido de aten-
der às necessidades da própria granja e a construção de
uma fábrica de ração que antes produzia somente ração
para as aves. A entrada de ovos provenientes de outros
Estados não é necessária, pois somente os granjeiros
» Funcionária da granja São Pedro selecionando e embalando os ovos, respeitando todas as normas de higiene padrão
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 27
instalados no Amazonas conseguem atender a demanda
local", afirma.
A granja, que também tem como responsável técnica a
veterinária Marlene Lourdes Sala, é a Miyamoto, situada
no km 38 da AM 010, e que tem como proprietários o
pai e os dois filhos, que dão continuidade nos negócios
da família.
Michio Miyamoto, 40, conta que produz de 12 a 13 mil
dúzias de ovos por dia, tem 65 funcionários em uma área
de 25 hectares com 260 mil aves. Para ele, que chegou
com a família de imigrantes japoneses, poder gerar ren-
da e emprego para os manauaras é muito gratificante.
"Quando chegamos nessa terra contamos com o apoio
de muitas pessoas, e essa é a maneira que podemos con-
tribuir", disse.
Outra granja de origem japonesa é a Nishiki, que desde
1980 produz ovos no Estado, localizada na Estrada do
Caldeirão, Km 4 de Iranduba, a empresa possui 25 funcio-
nários e produz 85 caixas de ovos por dia, o que contabi-
liza 30.600 ovos.
Com a produção totalmente tradicional o proprietário
Kazuyoshi Nishiki, 82, faz questão de coordenar o traba-
lho dos dois filhos na propriedade. Com muito vigor, seu
Nishiki também iniciou o plantio de hortaliças na granja
com estercos do frango. "Meus filhos assumiram a parte
administrativa da granja, pois a Legislação mudou muito
e eles estão mais capacitados para cuidar, por isso eu criei
» A qualidade do produto e o preço são os pontos primordiais do mercado consumidor
28 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Avicultura
minha horta e é onde passo maior parte dos meus dias",
descreveu.
» MODERNA
Quando a palavra é modernidade a Granja São Francisco,
localizada na Rodovia AM 010, km 61 Ramal Boa Espe-
rança, em Manacapuru, é um belo exemplo. Tendo como
fundador o empresário Lucinho Oliveira Rodrigues, pos-
sui como administradores o filho, Anderlúcio Monteiro
Rodrigues, 32, e a nora, Cleonice Rodrigues, 36, eles
reformaram e ampliaram a empresa, onde atuam há 18
anos.
Com 20 funcionários, 40 mil aves de postura alojadas em
80 hectares de terra, Anderlúcio enfatiza que a priorida-
de é produzir ovos de qualidade. "Nós investimos pen-
sando no nosso cliente e funcionários. O nosso objetivo
agora é adquirir nosso rótulo", disse.
» RAÇÃO
A veterinária Marlene Sala explica que todas as rações
fabricadas pelos produtores seguem orientação técnica
de profissionais, e o ingrediente das rações, na maior
parte, vem de fora do Estado, o que acaba encarecendo
bastante o custo do alimento para as aves. "Não temos
grandes problemas com doenças nos plantéis da região.
Os problemas que ainda temos são comuns também em
outros estados, como a diarréia e problema respiratório",
explicou.
» O empresário Luiz Mário Peixoto herdou a profissão do pai, Francisco Helder e, atualmente, administra a granja São Pedro
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 29
» VACINA
As aves seguem um plano de vacinação adequado para a
região e, preventivamente, são feitas pulverizações com
desinfetantes nos aviários, prevenindo o aparecimento
de doenças.
» AUTOSUFICIENTE
De acordo com a veterinária Marlene Sala, há 10 anos o
Amazonas é autosuficiente na produção de ovos, mas
mesmo assim o setor ainda enfrenta problemas com a
importação de ovos de outros estados, principalmente
Mato Grosso e São Paulo. "Isso ocorre devido ao nosso
custo de produção ser mais elevado", disse.
Ela ainda enfatiza que as granjas profissionais trabalham
em ritmo acelerado e compara a produção com a do Dis-
trito Industrial, tendo como única diferença que a avicul-
tura de postura trabalha com animais vivos e dependen-
tes do homem. "A galinha é uma máquina de produção
de ovos, mas não é uma máquina que, chegando no final
do expediente, desliga-se o botão e apaga-se as luzes. Na
indústria não se trabalha aos domingos e feriados, já a
galinha trabalha todos os dias e horas, por isso precisa
ser bem cuidada para estar saudável e produzir ovos de
qualidade à população", concluiu.
» COLORAÇÃO DOS OVOS
A cor da casca do ovo é uma característica genética liga-
da à raça da galinha, mas segundo a veterinária não há
diferença nutricional neles. As aves de plumagem branca
» A veterinária Marlene Sala faz periodicamente visitas às granjas, para dar orientação técnica aos funcionários e empresários
30 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Avicultura
colocam ovos brancos, enquanto as vermelhas (ou amar-
ronzadas) põem ovos nesses tons. "A origem do pigmen-
to não é conhecida, mas os cientistas acreditam que ele
provenha de células presentes no útero, órgão em que é
formada a casca, ao contrário do que muita gente pensa,
a cor da casca do ovo não tem nada a ver com a alimenta-
ção que a galinha consome. A dieta da ave só influencia a
coloração da gema", disse.
A médica veterinária, Marlene Sala, ainda destaca que do
ponto de vista nutricional, não há diferença entre os ovos
brancos e os vermelhos. Ambos são igualmente ricos em
proteínas, vitaminas e sais minerais e contêm por volta de
220 miligramas de colesterol. "A diferença de preço entre
eles -- os vermelhos são normalmente mais caros -- é de-
terminada pelo mercado, já que eles são mais procurados
pelos consumidores, que acreditam, erradamente, que os
ovos escuros têm mais vitaminas na gema", explanou.
» PRODUÇÃO
O Amazonas possui atualmente 80 avicultores e um plan-
tel de 2 milhões de aves, além de uma produção diária de
1,5 milhões de ovos, gerando em torno de 45 milhões de
ovos mensais, sem contar com 1.650 toneladas de adu-
bos por mês. ■ » Michio Miyamoto na sala de produção dos ovos da granja Miyamoto,
no Km 38 da AM 010
» A seleção dos ovos é feita minuciosamente com tecnologia para identificar possíveis rachaduras
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 31
Evento
1ª SEMANA DO PRODUTORCOMERCIAL RISADINHAA loja de produtos agropecuários, Comercial Risadinha,
realizou a I SEMANA DO PRODUTOR RURAL, durante os
dias 23 a 27 de julho, na sede da empresa.
A equipe da Comercial Risadinha e agrônomos das prin-
cipais empresas de agronegócio do País, realizaram con-
sultorias técnicas gratuitas sobre os temas: fruticultura,
horticultura, hidroponia, irrigação, pecuária, piscicultura
e avicultura familiar. ■
32 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Mineração
CALCÁRIO DA CHAVESATENDE REGIÃO
REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena
Tendo como distribuidor direto no Amazonas a Comer-
cial Risadinha, a empresa Gesso Chaves S/A Mineração
e Indústria atua no mercado do Ceará desde 1928, nos
setores de mineração -- gipsita, magnesita, calcário dolo-
mítico e calcário calcítico -- , além de operar no beneficia-
mento de minérios produzindo gessos industriais, gessos
para construção, óxido e carbonato de magnésio, cargas
industriais e corretivos de solo na agricultura, e cerâmica
técnica com isoladores elétricos e refratários.
A indústria também recebeu a visita dos produtores ru-
rais do Amazonas, onde participaram de uma palestra
sobre a utilização do calcário e gesso sobre técnicas para
um melhor aproveitamento do solo. De acordo com o
empresário Augusto Sala, todo o calcário utilizado por
produtores no Amazonas vem da Chaves e é vendido
pela Comercial Risadinha e por isso é importante eles ad-
quirirem conhecimento sobre a qualidade e produção do
material que eles compram”, disse.
COMERCIAL RISADINHA REPRESENTA NO ESTADO,EMPRESA DO CEARÁ QUE É REFERÊNCIA NACIONAL NA ÁREA[ [
» Zito de Oliveira, auxiliar de laboratório da Chaves
» Da esquerda para a direita, produtor rural, Edinilson Gomes, com empresário Germano Filho, presidente da ADS Valdelino Cavalcante e Augusto Sala no depósito de gesso da Chaves
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 33
» Empresa que iniciou a fabricação apenas com gesso, hoje possui quatro plantas industriais, laboratórios e está em sete estados do Brasil
A ideia de levar os produtores do Amazonas ao Ceará,
segundo Augusto Sala, surgiu durante um evento que
aconteceu no Comercial Risadinha, onde se comemorava
o dia do produtor rural, 28 de setembro. “Acreditamos
que a troca de experiência e capacitação dos produtores
rurais é a única defesa para se enfrentar os obstáculos do
dia a dia”, disse.
Passada de geração em geração, a empresa iniciou a
fabricação apenas com o gesso, e hoje já possui quatro
plantas industriais, laboratório e pontos de vendas em
sete estados do Brasil, distribuindo oito tipos de gessos,
três de calcário, e demais produtos, mantendo mais de
300 empregos diretos.
De acordo com o empresário Germano Frank Filho, ele
é a quarta geração na Chaves, e desde o ano 2000 deci-
diram se aperfeiçoar com o calcário mais fino e produzir
outros tipos de gesso para a construção. “Mantemos um
constante processo de aperfeiçoamento e incorporação
de técnicas industriais modernas, voltadas para o incen-
tivo da produtividade e da qualificação de seu produto e
de sua mão-de-obra”, afirmou.
O engenheiro agrônomo, Zé Maria, que orientou os pro-
dutores sobre técnicas de utilização do calcário e o gesso
no solo, levando em consideração o clima típico de cada
região, explica que para conseguir os melhores resulta-
dos de produção é preciso monitoramento e processos
de testes. “Esses processos de testes nós realizamos na
fábrica, fazemos uma série de ensaios em laboratório e
por isso conseguimos os melhores resultados do merca-
do”, explicou.
O empresário Augusto Sala, ainda garante que adquire
os produtos há mais de dez anos e faz questão de desta-
car que os produtos são de excelente qualidade. “Sem-
pre procuro oferecer aos clientes os melhores produ-
tos do mercado, apesar da logística ser muito difícil no
Amazonas e o frete ser muito alto, vale a pena revender
um produto que irá oferecer retorno ao consumidor”,
afirmou. ■
34 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Ji-Paraná
NEY GOESÉ HOMENAGEADO NA33ª EXPOJIPA 2012
REPORTAGEM e FOTOS: Antonio Ximenes
Ney Campos Goes foi presidente da Expojipa em 1981,
1987, 1988, 2000 e 2001. Apaixonado por rodeio foi aos
Estados Unidos para estudar a técnica de montaria em
touro e como organizar o evento que se transformou na
referência nacional da cultura sertaneja. No município de
Ji-Paraná, localizado na região central de Rondônia, ele
organizou as mais vibrantes exposições agropecuárias
deste Estado amazônico. Este ano a 33ª Expojipa fez uma
homenagem a Ney Goes, o peão/empresário/dirigente
que se dedicou integralmente à cultura sertaneja.
PRESIDENTE POR CINCO VEZES, O EX-DIRIGENTE, FALECIDO EM 2006,RECEBE HOMENAGEM PÓSTUMA NA ARENA DE RODEIO[ [
"O Ney vivia para o rodeio, ele sabia da importância his-
tórica da Expojipa", disse Elizabeth Rodriguez Goes, viúva
de Ney Goes, com quem viveu 26 anos e teve dois filhos:
Felícia Rodrigues Goes e Terêncio Rodrigues Goes.
» MEMÓRIA
Ney Goes (faleceu em 4 de março de 2006) está na me-
mória do povo de Ji-Paraná que aplaudiu em pé quando
seu nome foi mencionado na arena. "É uma emoção mui-
to grande perceber que o meu amigo continua nos cora-
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 35
ções dessas pessoas", disse Valdelino Cavalcante, empre-
sário/peão e presidente da Agência de Desenvolvimento
Sustentável (ADS), do Amazonas, que foi a Rondônia para
a homenagem de Ney Goes.
» EXEMPLO
O presidente da comissão organizadora da 33ª Expojipa,
Luiz Carlos Lyra, 52, disse que Ney Goes é um exemplo a
ser seguido, pela sua disciplina, responsabilidade, orga-
nização, amor ao rodeio e ao desenvolvimento regional.
"Foi um presidente respeitado pelos peões, fazendeiros
e a sociedade em geral. Está fazendo falta para o povo do
rodeio", comentou.
» CONFIANÇA
Na condição de juiz titular do rodeio profissional da 33ª
Expojipa, Tião Procópio, que é uma 'lenda viva' na cultura
de rodeio do Brasil, disse que Ney Goes tinha um carisma
arrebatador, com seu jeito simples, direto e firme de ser.
"As pessoas tinham confiança nele, porque ele cumpria o
que falava e porque amava o rodeio", comentou.
» EMOÇÃO
A entrada dos peões na arena com uma faixa onde se lia
a palavra Paz, com tochas de fogo iluminando a noite e a
figura de nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil,
emocionou as mais de 35 mil pessoas que estavam pre-
sentes na abertura oficial do rodeio profissional.
» Ney Campos Goes
36 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Ji-Paraná
Com o locutor de rodeio Marcus Vinicius falando o nome
de Ney Goes ao microfone, da importância dele para a
cultura sertaneja, a emoção percorreu o público nas ar-
quibandas, onde estavam muitos conhecidos de Ney
Goes, dos tempos de outras Expojipas.
» CAVALGADA MANTÉM TRADIÇÃO
A 33ª Expojipa manteve as características de abertura
da festa, com uma grande cavalgada que reuniu mais de
quatro mil cavaleiros, mulheres e crianças pelas princi-
pais ruas da cidade, tendo à frente o senador Acir Gur-
gacks (PDT-RO), um dos maiores incentivadores do even-
to em Ji-Paraná.
"A Expojipa é tradição, respeito ao povo trabalhador da
terra e mobilização pelo agronegócio e a cultura serta-
neja", disse o senador, que nesta edição teve um papel
determinante no apoio à divulgação do evento.
A 33ª Expojipa foi aberta oficialmente pelo vice-governa-
dor Airton Gurgacz, e durante oito dias (7 a 15 de julho)
recebeu mais de duzentas mil pessoas, no Parque de Ex-
posições Hermínio Victorelli.
» ATRAÇÕES
Além das atrações artísticas nacionais, como Hugo &
Tiago, Edson & Hudson, João Lucas & Marcelo, o evento
contou com estandes de representantes da agricultura
familiar, máquinas colheitadeiras, tratores e dezenas de
expositores de gado geneticamente evoluído.
Durante o evento foram sorteados cinco automóveis e
várias motos. O volume de negócios durante a 33ª Expo-
jipa superou as expectativas dos organizadores. ■
» Abertura do rodeio profissional com mensagem de paz levada pelos peões
» Senador Acir Gurgacz (PDT-RO) na abertura da tradicional cavalgada que dá início aos festejos
» Juiz titular do rodeio profissional, Tião Procópio, considerado uma "lenda viva" na cultura do rodeio do Brasil
» Rainha e princesa da 33ª Expojipa
» Elizabeth Goes e Valdelino Cavalcante
» Mais de 30 mil pessoas assistiram ao show de Edson & Hudson
» Luiz Carlos Lyra, presidente da comissão organizadora da 33ª Expojipa
38 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Empreendedores
EMPREENDEDORES DO
AGRONEGÓCIOREPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Divulgação FAEA - SENAR
O PROGRAMA NEGÓCIO CERTO RURAL NO AMAZONAS TEM COMO META PARA ESTE ANO ATENDER 550 PROPRIEDADES RURAIS, JÁ ESTÃO PREVISTAS 30 TURMAS[ [
Sair do amadorismo e transformar a propriedade rural
em um negócio lucrativo, por meio de ferramentas de
gestão. Os instrutores do Programa Negócio Certo Rural
realizam encontros presenciais, na qual o produtor rural
recebe consultoria tendo em foco a construção do plano
de negócio e a análise in loco da propriedade.
O curso está entre os mais procurados, e já está sendo
ministrado nas feiras. A produtora rural, Eliane Pinto, 40
anos, possui um sítio no município de Rio Preto da Eva,
localizado no ramal Manopolis, km 46, trabalha com hor-
taliças, e emprega na propriedade quatro pessoas, a pro-
dução é comercializada no Feirão da Sepror na Expoagro
em Manaus.
Segundo Eliana, sua produção de hortaliças não está
sendo bem sucedida devido a pragas. A jovem empreen-
dedora quer continuar no setor primário, possui planos
para construir uma granja, mais ainda não sabia por onde
começar.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 39
Ela foi uma das alunas do Programa Negócio Certo Ru-
ral, oferecido gratuitamente no auditório da Expoagro.
“Quero ter mais renda com minha propriedade. Com o
curso que realizei me ajudou muito, em como desenvol-
ver um plano de trabalho, a começar um novo investi-
mento com mais planejamento. Tive a oportunidade de
conhecer pessoas do mesmo ramo. Para mim foi muito
importante porque abriu meus horizontes ”, disse.
Segundo o superintendente do Serviço Nacional de Apren-
dizagem Rural (SENAR-AM), Aécio Filho, o curso já vem
sendo oferecido em comunidades rurais e nos municípios
do interior, a necessidade de oferecer na feira surgiu dos
próprios feirantes. “A necessidade surgiu porque eles en-
tenderam que agregando valor nas mercadorias, o serviço
melhora e consequentemente o lucro também. Durante
as aulas, eles aprendem também a calcular o quanto estão
investindo e o quanto estão ganhando financeiramente.
Os custos reais do próprio negócio”, avaliou.
» Alunos da comunidade aprendem a fazer o planejamento da propriedade rural, conhecendo os potenciais e as fraquezas, sobre a supervisão do instrutor capacitado pelo SENAR
40 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Empreendedores
Despertar o empreendedorismo é uma das metas, ava-
liou o diretor técnico, Maurício Aucar Seffair. “Sim, este é
o objetivo, fazer com que o produtor possa ver sua pro-
priedade como uma empresa, este desafio só é possível
para aqueles que têm um sonho. O SEBRAE/AM avalia o
programa como uma excelente oportunidade para quem
pretende realizar seu sonho na área rural, e os participan-
tes do NCR (Negócio Certo Rural) com uso das ferramen-
tas de capacitação e consultoria, utilizada em seu plane-
jamento e aplicado na prática, e o resultado aparece na
comercialização de seus produtos nas feiras organizadas
em seus municípios, por exemplo na cidade de Manaus
ocorre todo final de semana as feiras da Agricultura Fa-
miliar, com espaço para o agricultor comercializar sua
produção”.
Em 2010 e 2011 o curso foi oferecido para 44 turmas, be-
neficiando 766 propriedades rurais. Até o final deste ano já
estão previstas 30 turmas, atendendo 550 propriedades.
Na avaliação do presidente do SENAR-AM, Muni Lou-
renço, “o agronegócio de hoje exige profissionalismo e
administração eficiente, por isso a importância do Pro-
grama Negócio Certo Rural que proporciona esses co-
nhecimentos para o nosso produtor rural, que cada dia
mais é demandado a ter uma postura empreendedora”.
A capacitação dos donos das propriedades rurais e de
seus colaboradores prepara o homem do campo para a
competitividade do agronegócio. O programa vem sen-
do executado no Amazonas através de uma cooperação
entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-
quenas Empresas (SEBRAE). ■
» Muni Lourenço, presidente do SENAR-AM no
treinamento dos instrutores na sede da instituição
["O programa no AM trouxe excelentes oportunidades para o homem do campo, promovendo melhor sua atividade na propriedade, e para que ele tenha condições de avaliar oportunidades e buscar soluções que aumentem o lucro, gerem crescimento econômico, e bem estar para sua família."
Maurício Aucar Seffair
Artigo
SENAR-AM QUALIFICA MÃO DE OBRA PARA O SETOR PRIMÁRIO
L Lançado no Dia do Produtor Rural em julho deste ano, pelo Governo
do Estado do Amazonas, o Programa Amazonas Rural, pretende dar
impulso a economia a partir do setor primário. O programa consiste
em um pacote de medidas para aumentar a produção, a fim de tornar o Ama-
zonas autossuficiente em alimentos. Um dos obstáculos do campo é a falta
de mão de obra qualificada.
Para reverter esse cenário de qualificação rural, o Serviço Nacional de Apren-
dizagem Rural -- Regional Amazonas (SENAR-AM) está voltado ao longo dos
anos a formação de recursos humanos especializados na atividade agrossil-
viopastoril. Já foram milhares de produtores e produtoras rurais que recebe-
ram em sua comunidade, fazenda ou município, que tiveram acesso a orienta-
ção técnica qualificada, levando educação profissional e promoção social até
os amis distantes rincões do Amazonas.
Não há como imaginar hoje o campo amazonense sem o SENAR-AM, uma vez
que seus diversos projetos e programas de desenvolvimento rural estão for-
mando novas gerações de produtores rurais cada vez mais eficientes.
O SENAR-AM entende que os cursos contribuem para o desenvolvimento sus-
tentável e a conscientização da preservação ambiental, ao mesmo tempo em
que está formando mão de obra. A Instituição oferece um leque de cursos,
que são oferecidos gratuitamente, entre eles Olericultura Básica, Hidroponia,
Bovinocultura de Corte, Ovinocultura, Piscicultura, Operação e Manutenção
de Tratores Agrícolas, Artesanato Regional com Tratamento de Sementes,
corte e costura, entre outros.
São executados programas especiais, como: Negócio Certo Rural, que tem
como foco o empreendedorismo, destacando as mulheres, que são o pilar
da família; o Com Licença Vou a Luta; e Útero é Vida, que já são oferecidos
no Estado.
Para alcançar o objetivo de atender a educação rural, na qual é missão desta
Instituição, o SENAR-AM organiza e executa treinamentos e cursos práticos,
Muni LourençoPresidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas – FAEA
investindo diariamente no seu público
alvo.
42 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Os olhares estavam voltados para o centro da arena, a elegante Karina Aparecida Bissoli, 17 anos, foi eleita Rai-nha do Rodeio 2012. A felicidade veio para ela pela se-
» BELEZA NÃO BASTA
Exposição
XXV EXPOAPREPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro
LOCALIZADO NA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA, O MUNICÍPIO DE APUÍ (A 476 KMDE MANAUS) FOI TRANSFORMADO NA CAPITAL SERTANEJA DO SUL DO AMAZONAS.
ESTE ANO FOI COMEMORADO OS 25 ANOS DA EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA DA CIDADE (EXPOAP). A FESTA OCORREU ENTRE OS DIAS 30 DE AGOSTO A 2 DE SETEMBRO[ [
A abertura foi marcada com a tradicional cavalgada, à fren-
te a Rainha de Rodeio, as princesas e a comitiva da festa,
logo em seguida, cavalos, motos carros e caminhões per-
correram as principais ruas, a maioria caracterizada com
camisas das comitivas. Todas as noites contaram com
shows musicais, duplas sertanejas nacionais, como Cacio
e Marcos, e no encerramento, João Carreiro e Capataz, ar-
rastaram uma multidão para dançar.
No Parque de Exposições Dr. José Maia, foi possível notar
a reforma. Este ano o evento foi organizado pelo Sindica-
to Rural do Sul do Amazonas (SINDISUL), e contou com
novidades. “A feira foi preparada para comemorar os 25
anos da Expoap, vamos valorizar a agricultura familiar”,
disse o presidente do Sindicato e diretor da exposição,
Carlos Koch.
gunda vez, também foi eleita Rainha do Leite em outra festa.Filha de produtores rurais, o pai cria gado da raça Nelore, sempre ajudou a mãe no sitio. Karina diz que para ser eleita a rainha, não pode apenas ter beleza. “É preciso saber estralar o chicote, dançar bem a música sertaneja, tocar berrante e ter desenvoltura no desfile”, afirmou.O sonho da jovem é estudar medicina veterinária, por enquanto diz que os pais estão felizes pelos títulos de rainha. “Quero ser bem vista pelo povo que estou repre-sentando”, disse.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 43
A população de Apuí, que é basicamente constituída por
imigrantes do sul do Brasil (RS, SC, PR), mostrou que a
economia da cidade vem do setor primário. Além do
entretenimento a organização promoveu a 1ª Feira de
Produtos Rurais, na qual os visitantes puderam comprar
verduras, frutas e queijo. Animados, os produtores par-
ticiparam do 1º Concurso de Produtos da Agricultura
Familiar, concorrendo nas categorias: Maior Raiz de Ma-
caxeira; Maior Cacho de Banana; Maior Abóbora; Maior
Abacaxi e Cará mais pesado.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, ressaltou que
a Feira é uma oportunidade de mostrar a produção agro-
pecuária do município, que caminha com produtores cons-
cientes na preservação do meio ambiente. Lourenço, pa-
rabenizou ainda, o SINDISUL pela organização do evento.
Para o secretario de produção rural do município, Sérgio
Boza, as principais culturas do município, como café, mi-
lho, arroz, o cacau e a pecuária, estão em fase de cres-
cimento. “A exposição é a vitrine da nossa produção”. O
secretário conta que a festa começou de uma brincadei-
ra, hoje é uma das mais esperadas movimentando toda a
economia da cidade.
“Faço questão de participar todos os anos e trazer a fa-
mília. Apuí é uma cidade acolhedora”, disse a visitante
Zenira Sena, que veio a trabalho.
Mais de 70 mil reais em prêmios foram entregues nas cate-
gorias: Motojada, Prova do Laço, Concurso Leiteiro, Monta-
ria Profissional, Prova do Couro, e Baliza em Tambor.
» RODEIO
Depois da apresentação da comitiva e da preparação
dos peões no brete, era chegada a hora mais espera-
da, a montaria profissional em touro. Este ano concor-
rerem pelo prêmio 40 peões dos estados de Rondônia,
Acre, Mato Grosso do Sul, e dos municípios do Amazonas
como, Apuí, Km 180, Humaitá e Manaus.
» Abertura do rodeio profissional com a presença do presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM,
Muni Lourenço, na noite de sábado
» Cavalgada de abertura da XXV Expoap no sul do Amazonas
44 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» GENÉTICACom um rebanho estimado entre 180 mil cabeças de animais, e pecuaristas que acreditam no desenvolvimento em conciliação com preservação, a cidade vem se destacando no setor primá-rio. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM), ofereceu vários cursos para os produtores rurais em 2011, entre eles o de Inseminação Artificial, Bovinocultura de leite, Bovinocultura de Corte, e Piscicultura.
O de Inseminação artificial teve o objetivo de possibilitar a eles o melhoramento genético do rebanho, assegurando maior produtividade e maior renda à sua família. A força do setor foi representada no 10º Concurso Leiteiro, durante a feira.
Segundo o coordenador, Orlando Barbosa Junior, nove pro-dutores estavam participando, era tirado o leite e pesado três vezes ao dia. “O mais importante é o espirito de equipe e a demonstração que todos estão investindo no melhoramento genético visando o crescimento”. As vacas que participaram são mantidas no pasto e começaram a receber tratamento di-ferenciado uma semana antes do concurso.
Um dos alunos do curso de Inseminação ganhou em segundo lugar. Vencedor por sete vezes, Raimundo Vicente Bueno, 70 anos, fez questão de ressaltar que o curso de Inseminação Arti-
ficial oferecido pelo SENAR-AM, foi essencial para a atividade. “Para mim não poderia ter curso melhor”.
Com uma produção diária de 300 litros de leite, seu Bueno tem orgulho em dizer que participa e apoia os cursos, que além de qualificar só traz benefícios para o setor.
Um dos diferenciais da inseminação é a qualidade do sêmen utilizado. O pecuarista Raimundo Bueno fez questão de mos-trar a primeira fêmea nascida fruto do curso do SENAR-AM, chamada de Gisele, da raça GIR. “Ela é a mais linda, é neta do touro mais caro do Brasil”.
Resultado1° lugar: Produtor Adão Alves, ganhou com a vaca Jamanta da raça Holandesa, foram 60.715 kg de leite.2° lugar: Produtor Márcio Bueno (representando Raimundo Bueno), ganhou com a vaca Pinta Silva, da raça Holandesa, foram 56.345 kg de leite.3° lugar: Produtor José Alves, ganhou com a vaca Jaborandí, da raça Holandesa, foram 52.135 kg de leite.4° lugar: Produtora Simone Santos Rosa, ganhou com a vaca Juriti, da raça Holandesa, foram 48.440 kg de leite.5° lugar: Produtora Poliana da Silva Alves, ganhou com a vaca Ratinha da raça Jersey, foram 46.255 kg de leite.
A prova do laço contou com 65 participantes. A organi-
zadora, Sueli da Anunciação, 42 anos, garante que já faz
o rodeio no município desde 1998, mesmo assim o frio
na barriga é o mesmo. “Fico torcendo para tudo ocorrer
bem. Todos os anos, mesmo com a experiência, é como
se fosse uma estreia”, disse.
Um rodeio diferente, essa foi a proposta do SINDISUL, que
na terceira noite levou para arena mensagens de inclusão
social. Crianças soltaram faixas com os dizeres: “Não às
drogas”, “Paz no Trânsito”, “Produzir = Sobreviver”.
“Temos um índice na cidade e queremos colaborar na
conscientização dos jovens, contra a dependência quími-
ca e acidentes no trânsito”, afirmou Sueli.
» SHOW PIRO MUSICAL
A arquibancada lotada brincava com o locutor. E quem
brincou com a música foram os fogos de artifício, o show
‘Piro Musical’, embalado pelo sucesso, Eu quero tchu eu
quero tcha, obedecia os comandos do técnico em piro-
tecnia, Jonas Bacaria, 28 anos.
Segundo o técnico, nas quatro noites foram estouradas
200 bombas, de 3 a 6 polegadas. “Fico feliz em trazer
para o rodeio de Apuí o show musical embalado pela
música sertaneja. Foram quatro minutos de show e uma
cascata que dura em média um minuto”.
Os fogos vieram da China, e soltados pelos técnicos da
empresa Becaria Pirotecnia, de Ariquemes, município de
Rondônia. A empresa costuma fazer 150 shows pela re-
gião Norte por ano.
Exposição
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 45
» Os vencedores do concurso leiteiro investem em melhoria da qualidade genética dos rebanhos
» COMÉRCIO
Saudável, saborosa e refrescante, a água de coco caiu no
gosto dos consumidores da XXV EXPOAP. O sucesso gera
lucro no campo e garante oportunidades em toda a ca-
deia produtiva. A produtora Lucia Inês Mariotti, 55 anos,
que trabalha com o produto, está investindo também em
cocadas, óleos e até sabão.
“Comecei a fazer também outros produtos, assim não des-
perdiçamos a fruta. Meu objetivo agora é poder fazer um
curso para levar a água de coco para outros municípios”,
projetou Lucia Mariotti, que possui oito hectares em plena
produção e já prepara uma área para produzir mais. A pro-
priedade Santa Lucia, fica localizado no vicinal Morena, Km 4.
Quem também aproveitou a festa para ter uma renda
extra foi a comerciante Valdirene Constante de Souza. A
barraca Opção Feminina e Moda Coutry, levou o que está
em evidência, vestidos quadriculados, fivelas customiza-
das, botas, chapéus, bonés, blusas e bijuterias com mar-
cas consagradas fizeram a cabeça de quem passou pelo
local. Entre as novidades o chapéu dos cantores Daniel e
João Carreiro e Capataz.
Segundo a comerciante a procura pelas roupas começa
antes. “Antes da festa o movimento da loja fica mais in-
tenso, é uma boa oportunidade para vender”.
Para se ter uma ideia, botas que chegam a custar até R$
1.034,00 foi vendida durante a exposição. Entre os pro-
dutos os mais vendidos foram botas com couro de jacaré,
cobra e bucho. ■
» A comerciante, Valdirene de Souza, aproveita a data para aumentar as vendas de moda country
» Produtora de coco, Lucia Mariotti (de óculos) expõe os produtos na 1ª Feira de Produtos Rurais
» Presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM, Muni Lourenço, Zenira Sena e o presidente do Sindisul, Carlos Koch
46 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Pesquisa
TAMBAQUITEM MERCADO
REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro
A PESQUISA PRETENDE VERIFICAR A VIABILIDADE ECONÔMICA DO TAMBAQUIATÉ O SEGUNDO ANO DE CRIAÇÃO, AGREGANDO VALOR AO PRODUTO
E GERANDO MAIS OPÇÃO DE EMPREGO[ [Difícil encontrar quem não aprecia um peixe, seja assado,
cozido ou frito. O tambaqui (Colossoma macropomum),
possui grande valor no mercado pesqueiro. O Amazonas
importa o tambaqui produzido em Roraima e Rondônia,
pois a produção do Estado ainda não atende o consumo
local. O fator econômico também conta, isso porque o
peixe produzido em Rondônia tem um custo de produ-
ção menor do que o Amazonas.
Foi pensando nos diferentes nichos de mercado, que o
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Ama-
zônia (INPA), Alexandre Honczaryk, Mestre em Aquícultu-
ra, iniciou um novo estudo.
“Com a proibição da pesca, transporte e comercialização
oriundo da pesca do tambaqui em ambiente natural, ha-
verá uma demanda por um peixe maior, e consequente
valorização no mercado também. Mas acima de tudo, há
uma necessidade de que devemos obter diferentes pro-
dutos de um mesmo peixe, para assim agregar mais valor
e, quem sabe, remunerar muito bem quem no futuro vier
a produzir tambaqui de 6 kilos. A população que costuma
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 47
ir a restaurantes consumir bandas de 4 kilos, certamente
ficará satisfeita com a qualidade do peixe da piscicultura,
uma vez que o seu principal atributo será o frescor e sa-
bor da carne”, avaliou.
O pesquisador afirma que a criação do tambaqui tem po-
tencial promissor para a piscicultura sustentável da Ama-
zônia. “É um peixe que aceita proteína vegetal na ração
muito bem, convertendo de forma bastante eficiente em
carne quando criado sob boas condições de cultivo. Exce-
lente sabor, rápido crescimento, mercado que remunera
muito bem o produtor”.
A pesquisa tem como título “Viabilidade técnica e econô-
mica do cultivo do tambaqui até dois anos para aprovei-
tamento da hipófise para indução à desova hormonal, da
ova para produção de caviar, da pele para couro de peixe
e da carne para cortes gourmet”.
De acordo com Alexandre Honczaryk, “as possibilidades
são grandes em não só ter o peixe in natura para ser ven-
dido em uma feira, mas agregar valor a este produto,
dando oportunidade das pessoas terem mais opção do
que já está sendo feito hoje”, afirmou.
A pesquisa pretende verificar a viabilidade econômica do
tambaqui até o segundo ano de criação, agregando valor
ao produto e gerando mais opção de emprego, exempli-
fica o pesquisador. “Na biomassa final produzida, verifi-
ca-se a porcentagem que atinge a maturidade sexual e
destas retira-se sua hipófise para avaliação técnica e eco-
nômica na utilização para indução hormonal de outras
espécies de peixes. A hipófise é uma glândula que pro-
duz vários hormônios, entre eles as gonadotropinas, res-
ponsáveis pelo controle da reprodução. Uma vez limpa e
» Pesquisador Alexandre Honczaryk, Mestre em Aquícultura, iniciou os estudos que pretendem verificar a viabilidade econômica do Tambaqui
48 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
desidratada, pode ser utilizada novamente na indução de
outras espécies de peixes. Outra avaliação será a coleta
de ovas das fêmeas para o seu processamento e produ-
ção de caviar, avaliando suas características e aprovação
junto ao público consumidor. E por último será avaliada
a viabilidade zootécnica e econômica do processo da
criação de um peixe de maior porte, para disponibilizar
cortes especiais, e sua pele para o curtimento e transfor-
mação em couro”, argumenta.
» CONTRARIANDO AS ESTATÍSTICAS
Existem dados que mostram que o tambaqui é economi-
camente rentável até o primeiro ano. O ciclo de engorda
é de 12 meses, alcançando de 2 a 2,5 kilos em média com
conversões alimentares de 1,8 quando cultivado em bar-
ragens ou 1,5 em tanques escavados.
“A partir deste tamanho a conversão alimentar aumenta,
e até o momento não há estudos para comprovar o custo
benefício da criação pelo segundo ano, onde é possível
obter um peixe maior de até 5 kg e de melhor preço no
mercado consumidor. Ao final do segundo ano de culti-
vo, o tambaqui inicia sua maturação sexual, com a sínte-
se e acúmulo de hormônios gonadotrópicos na hipófise.
Contudo, sob condições de cativeiro o ciclo reprodutivo
natural do peixe pode tornar-se irregular, onde exempla-
res podem apresentar precocidade e outros atraso na
formação das gônadas. Uma vez atingida a maturação se-
xual, é possível realizar a coleta das hipófises”, explicou.
» EXECUÇÃO
A pesquisa está sendo desenvolvida na Fazenda Santo
Antônio II, localizada na estrada AM 240 Km 48, municí-
pio de Presidente Figueiredo. O apoio logístico contará
com a equipe da Fazenda para as atividades de coleta de
dados, além das Coordenações de Pesquisas em Aquicul-
tura (CPAQ) e Tecnologia de Alimentos (CPTA) do Institu-
to Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
O projeto já foi encaminhado para análise no edital universal
da Fapeam. O pesquisador está aguardando o resultado. ■
Pesquisa
» Tanques de criação de peixe na Coordenação de Pesquisas em Aquícultura do INPA
50 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Bovinocultura
BOI VERDE,PECUÁRIA DA
FLORESTA
REPORTAGEM: Mayara Lima FOTOS: Rogério Perin e divulgação SINDISUL
O ESTADO DO AMAZONAS VEM AVANÇANDO SIGNIFICATIVAMENTE NO SETOR DA PECUÁRIA COM RESPONSABILIDADE AMBIENTAL; FOI ASSINADA A LEI QUE CRIA A AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL (ADAF), COMO TAMBÉM O
DECRETO PARA REDUÇÃO DO ICMS, DA CARGA TRIBUTÁRIA DE 5% INCIDENTE SOBRE AS OPERAÇÕES REALIZADAS POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS DE ANIMAIS, PARA 1%[ [
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 51
Abovinocultura (criação de gado) é um dos prin-
cipais destaques do agronegócio brasileiro no
cenário mundial. De acordo com o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil é
detentor do segundo maior rebanho efetivo do mundo,
com cerca de 200 milhões de cabeças, sendo superado
pela Índia, mas esse país não utiliza a pecuária bovina
com fins comerciais. Além disso, desde 2004, assumiu a
liderança nas exportações, com um quinto do gado de
corte comercializado internacionalmente e vendas em
mais de 180 países.
O rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvi-
mento de dois segmentos lucrativos, as cadeias produ-
tivas da carne e leite. O valor bruto da produção desses
dois segmentos, estimado em R$ 67 bilhões, aliado a
presença da atividade em todos os estados brasileiros,
evidenciam a importância econômica e social da bovino-
cultura em nosso país.
Um fator que contribui para esse resultado é o clima tro-
pical. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental,
Rogério Perin, que atua em manejo de pastagens e inte-
gração lavoura-pecuária-floresta, afirma que “no Estado
do Amazonas a temperatura é elevada e praticamente
uniforme ao longo do ano. A luminosidade é alta e os pe-
ríodos secos são relativamente curtos e pouco severos.
Isto configura uma situação climática muito próxima da
ideal para a produção de pastagens, permitindo que esta
seja utilizada como base alimentar para a criação de ru-
minantes durante o ano todo. Em tese isso possibilita a
produção do chamado “boi verde”, produto atualmente
valorizado em mercados do primeiro mundo”.
Outro fator que colabora para a expansão do rebanho
bovino é a extensão territorial do Brasil. E no maior Es-
tado do país, o rebanho amazonense, estatisticamente,
poderia dobrar. “No Amazonas a pecuária é explorada
52 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Bovinocultura
em pastagens de várzea e de terra firme, estas últimas
quase que totalmente originárias de áreas de florestas.
Estatísticas atuais apontam em uma área superior a 1,8
milhões de hectares que, se adequadamente utilizados
possibilitariam mais do que dobrar o rebanho amazonen-
se", aponta o pesquisador, Perin.
Todo desenvolvimento da bovinocultura no Brasil só foi
possível por meio de investimentos em tecnologia e ca-
pacitação profissional; desenvolvimento de políticas pú-
blicas, que permitem que o animal seja rastreado do seu
nascimento até o abate; controle da sanidade animal e
a segurança alimentar. Aspectos que contribuíram para
que o País atendesse às exigências dos mercados rigoro-
sos e conquistasse espaço no cenário mundial.
O crescimento das atividades pecuaristas no Amazonas
é evidente. As expectativas, quanto ao seguimento, são
as melhores. “A partir do Programa Amazonas Rural, te-
remos condições de triplicar o nosso rebanho e ampliar
para todo o território do Amazonas o status de livre de
aftosa com vacinação, sendo importante destacar que
esse incremento de nossa pecuária não representará au-
mento de desmatamento, pois o crescimento está acon-
tecendo com tecnologia e utilizando as áreas já abertas”,
declarou o presidente da Federação de Agricultura, Pe-
cuária no Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e
Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), em
2011 foram assistidos 20.389 criadores com um rebanho
de 1.443.627 animais. Desse total de animais, 55% corres-
pondem à bovinocultura de corte, 29% bovinocultura mis-
ta, 11% bovinocultura de leite e 5% de bubalinocultura.
Dos criadores assistidos, destacam-se em número de
animais e produção, as aptidões e municípios a seguir:
bovinocultura de corte -- Boca do Acre, Apuí, Manicoré,
Parintins e Guajará; bovinocultura mista -- Boca do Acre,
Itacoatiara, Barreirinha e Parintins; bovinocultura de leite
-- Careiro da Várzea, Autazes e Apuí; bem como na buba-
linocultura -- Autazes, Itacoatiara, Parintins, Nhamundá e
Urucurituba. ■
» PROTEÍNA Um dos pratos mais comum na mesa do brasileiro é o famoso bife, arroz e feijão. Uma combinação de carboidratos e proteínas que garante a nutrição de todos. De acordo com a nutricionista, Jeanne Araújo dos Santos, o arroz, feijão e carne são alimentos ri-quíssimos em nutrientes, podem ser consumidos de diversas maneiras, mas quando consumidos juntos, tornam-se uma combinação perfeita. “Os nutrientes do arroz se completam com os nutrientes do feijão, sendo enriquecidos pela riqueza protéica da carne nesta refeição”, afirmou a nutricionista.
Rico em fibras, o arroz e o feijão fazem com que a glicose seja liberada gradativamente na corrente sanguínea retardando a fome e diminuindo a produ-ção excessiva de insulina. “Para uma dieta saudável e equilibrada, o arroz e o feijão podem ser conside-rados uma boa pedida. Lembrando que a escolha do produto de boa qualidade influencia na qualidade do alimento, o mesmo está diretamente ligado ao seu valor nutricional”, avaliou.
» Pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Rogério Perin, atua em manejo de pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta
54 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Parceria
QUER VENDER AÇAÍ
PARA TODO OBRASIL
REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena
A MULTINACIONAL COCA-COLA PRETENDE, ATÉ O SEGUNDO SEMESTRE
DO ANO DE 2013, VENDER SUCODE AÇAÍ EM CAIXINHA PARA TODO
O BRASIL[ [Uma parceria entre poder público, iniciativa privada e co-
munidade resulta no fortalecimento da cadeia produtiva
com base no desenvolvimento sustentável no Amazonas.
Seis agroindústrias de açaí beneficiado do Amazonas pro-
duzirão açaí para a multinacional Coca-Cola a partir do
segundo semestre de 2013, a empresa pretende vender
sucos em caixa da fruta para todo o Brasil, beneficiando o
produtor, que terá melhor qualidade de vida e o trabalho
mais valorizado.
O produtor Sebastião Amaral da Silva, 54, vê a parceria
como um grande benefício para a região, segundo ele,
desde que começou a extrair o açaí e vender à agroindús-
tria Açaí Tupã, em Carauari, sua vida melhorou, somente
na safra deste ano ele vendeu 12 toneladas de açaí à fá-
brica, gerando uma renda de R$ 10 mil. “Hoje tenho ou-
tra vida, já investi no meu negócio com equipamentos e
já vou expandir para a produção de abacaxi, laranja e ma-
» Representantes da multinacional Coca-Cola com produtores rurais, membros da FAS e dirigentes do Governo do Amazonas
racujá. Com a chegada da Coca-Cola esse número pode
dobrar e é isso que queremos”, festejou.
O pontapé inicial para a empreitada foi dado na segun-
da quinzena de agosto deste ano, quando representan-
tes da multinacional estiveram no Amazonas para visitar
agroindústrias instaladas em Benjamin Constant, Caraua-
ri, Manacapuru e Manaus e se reunir com os represen-
tantes do governo. “Os executivos da Coca-Cola ficaram
surpreendidos com as agroindústrias, sinalizaram e de-
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 55
monstraram total interesse em adquirir o açaí beneficia-
do para a elaboração de novos produtos da empresa”,
disse o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimen-
to Sustentável (ADS), Valdelino Cavalcante.
Ainda será agendada uma data para que os representan-
tes da Coca-Cola visitem a Agroindústria Fruistar, instala-
da em Humaitá. As visitas ocorreram entre uma segunda-
feira e uma quinta-feira da segunda quinzena de agosto,
nas quais os executivos da multinacional puderam conhe-
cer as agroindústrias e como é feito o processamento de
açaí no Amazonas. Os representantes da Coca-Cola tam-
bém puderam conhecer a capacidade produtiva de cada
agroindústria e a estrutura física dos empreendimentos
visitados.
Entre as agroindústrias visitadas estão Açaí Wotüra, em
Benjamin Constant, a Açaí Tupã, em Carauari, a Nat Fru-
tas, em Manacapuru e a Infrutas e Polpas da Amazônia,
instaladas na capital amazonense que terão que seguir
56 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Parceria
um padrão estabelecido pela Coca-Cola e enviar um re-
latório individual no qual constarão as adequações que
deverão ser realizadas para que o acordo seja fechado.
Sobre as adequações que precisam ser realizadas, o di-
retor-presidente da ADS salientou que não há nada que
possa impedir as empresas de atenderem as exigências
da Coca-Cola. “São pequenos ajustes na pasteurização,
por exemplo. Após tomarem as devidas providências,
haverá uma auditoria final para o início à compra da pró-
xima safra de açaí amazonense, que ocorre entre janeiro
e julho de cada ano”, comemorou Cavalcante.
Raimundo Menezes de Souza, 56, produz açaí há dois
anos e relata os benefícios que a agroindústria trouxe à
Benjamim Constant. “Essa fábrica é um sonho realizado e
muito esperado, já avançamos muito, mas ainda precisa-
mos de um melhor escoamento da produção, que espe-
ramos receber com novas estradas”, pontuou.Para o diretor da agroindústria Açaí Tupã, Samir Bastos Cha-
gas, a parceria com a Coca-Cola fará com que as empresas
gerem mais emprego e renda. “A produção que atualmente
é durante o dia poderá acontecer 24 horas”, afirmou.
A diretora administrativa da agroindústria Açaí Wotüra,
Maria Glacy Alencar de Oliveira, também afirma que com a
parceria a produção e a geração de emprego e renda tende
a crescer. “Além disso, estaremos contribuindo com a dimi-
nuição do desmatamento e queimadas na região”, frisou.
As agroindústrias já atendem o Programa de Regionaliza-
ção da Merenda Escolar (PREME) e mercado local, e com
a nova parceria os municípios beneficiados irão gerar
mais emprego e renda, através de uma parceria com o
Governo do Estado do Amazonas por meio da Agência de
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Secre-
taria de Estado de Produção Rural (Sepror), Secretária de
Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-
vel (SDS), o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário
e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam),
Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e
Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
» A PARCERIA
A parceria entre as beneficiadoras de polpa de frutas
amazonenses e a Coca-Cola deixou animados os represen-
tantes da Coca-Cola que estiveram no Estado. Segundo o
gerente de Aprovação de produtos da Coca-Cola a nível
» AGROINDÚSTRIAS A instalação de agroindústrias em território local é resultado de ações do governo do Amazonas para in-centivar políticas voltadas para o extrativismo, ativi-dade que é fonte de renda para milhares de famílias que residem no interior do Estado. Somente no ano passado a administração estadual, por meio da agên-cia de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), in-vestiu R$ 144 milhões na operacionalização de em-presas beneficiadora de frutas. “No que depender da Afeam para ajudar as agroindústrias nas adequa-ções, estaremos disponíveis, pois sabemos que o de-safio é grande, mas será recompensador”, afirmou o presidente da Afeam, Pedro Falabella. “Os investimentos continuam. O governador Omar Aziz continuará investindo no setor, pois empresas como essas beneficiam milhares de famílias no in-terior, com emprego e renda, além de desenvolver atividades que promovam a economia de forma sus-tentável e a inclusão social do homem da floresta”, ressaltou o diretor-presidente da ADS, Valdelino Cavalcante. Com o objetivo de melhorar a escoação do produto, o Governo do Amazonas irá viabilizar as estradas do Riozinho e do Gavião em Carauari, e possivelmente a Estrada do Umarizal e Perimetral Norte em Benja-mim Constant.
» Auditor da Coca-Cola, durante inspeção na agroindústria Açaí Tupã, no município de Carauari
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 57
nacional, que não teve o nome revelado, por exigência da
empresa, outras visitas deverão ser feitas às potenciais
fornecedoras de açaí beneficiado para que a parceria seja
concretizada. “Consideramos o açaí uma super fruta, essa
é a primeira visita de outras que ainda faremos na região.
Quem se preocupa com o meio ambiente e sustentabili-
dade com certeza investe em projetos como este. É só
questão de tempo para que esse processo se concretize,
porém é preciso pequenas adequações para que a Coca-
Cola possa homologar as Agroindústrias”, explicou.
Ele ainda considerou o projeto um dos mais desafiadores
da multinacional, mas garantiu que a empreitada será um
grande aprendizado para ele como profissional. “É nosso
objetivo levar o melhor produto ao consumidor e é isso
que vamos fazer. Com o mapeamento de toda a área para
saber a real potencialidade do açaí, iremos projetar o nú-
mero de vendas, fazer testes com o consumidor e saber
a real quantidade de produto que precisaremos”, frisou.
» MAPEAMENTO
Será realizado até a primeira quinzena de outubro deste
ano, um levantamento para diagnosticar o potencial pro-
dutivo do açaí na região, por meio do inventário. De acor-
do com o presidente do Idam, Edmar Vizolli, a parceria
com a Coca-Cola é um momento importante para inves-
tir de maneira correta. “Estaremos juntos fiscalizando o
mapeamento, para que se possa chegar ao número mais
próximo da realidade. Nosso desafio é fazer com que as
políticas públicas cheguem até os produtores”, afirmou.
Para o Superintendente Técnico-Científico da FAS, que
também coordena a implementação do Programa Bol-
sa Floresta nas unidades de conservação do Amazonas,
João Tezza, a parceria com a Coca-Cola é um trabalho
que todos os órgãos do governo precisam estar integra-
dos. “Vamos realizar juntos e com grande empenho este
projeto, temos uma grande riqueza e precisamos levar
em conta a cultura e conhecimento de cada região. Está
chegando uma nova visão ao interior é um dos maiores
desafios”, enfatizou. ■
» Visita técnica dos representantes da Coca-Cola e dos dirigentes do Amazonas na Agroindústria Açaí Wotüra, em Benjamim Constant
MÉRITO COOPERATIVISTA 2012REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro
A maior Comenda do Cooperativismo no Amazonas -- Mé-
rito Cooperativista 2012, Dr. Petrucio Pereira Magalhães,
foi entregue na noite do dia 05 de julho, ao presidente da
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-
nas (FAEA), Muni Lourenço, e à presidenta da Cooperativa
de Trabalho dos Enfermeiros de Urgência e Emergência do
Amazonas (COOPENURE), Hadelândia Milon de Oliveira.
Membro da Cooperativa dos Produtores de Leite do Mu-
nicípio de Autazes (COOPLEITE) e presidente da FAEA,
Muni Lourenço ressaltou durante seu discurso que se
sentiu honrado em receber o prêmio. “Este é um ano
muito importante para todos nós, tenho a plena con-
vicção que o cooperativismo é uma forma fundamental
para o desenvolvimento da classe agropecuária, e que no
Amazonas vem fazendo esse papel muito bem. A OCB-
SESCOOP/AM tem uma trajetória dentro da FAEA, e essa
parceria vem dando certo, unida em uma missão que é
desenvolver o Estado do Amazonas”, disse Lourenço,
emocionado durante seu discurso e agradecendo a todos
que contribuíram em sua vida profissional e familiar.
DURANTE O ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS O SISTEMA OCB-SESCOOP/AM ESTÁ REALIZANDO UMA SÉRIE DE EVENTOS EM ALUSÃO A DATA.
O MÉRITO COOPERATIVISTA FOI ENTREGUE À PRESIDENTA DA COOPENUREE AO PRESIDENTE DA FAEA
Prêmio
Criado em 2002, na gestão de José Merched Chaar, ex-
presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas
do Estado do Amazonas – OCB/AM, o Mérito Coopera-
tivista passou a chamar Petrucio Pereira de Magalhães,
em 2010. O prêmio é conferido anualmente a duas per-
sonalidades.
O presidente do Sistema OCB-SESCOOP/AM, Petrucio
Magalhães Júnior, avaliou. “Estamos felizes em poder-
mos homenagear líderes que contribuem para a constru-
ção de um mundo melhor. O Muni Lourenço, de fato tem
feito um trabalho no Amazonas reconhecidamente de
apoio de incentivo e contribuição para o fortalecimento
das cadeias produtivas, das organizações sociais das nos-
sas cooperativas e, portanto, nós do cooperativismo tí-
nhamos esse dever de homenageá-lo ao reconhecimento
de todo o trabalho e esforço pela FAEA”, concluindo que
espera-se que cada vez mais pessoas possam ter acesso
ao trabalho digno e a possibilidade de produzir com qua-
lidade e sustentabilidade.
Petrucio Jr. elogiou o trabalho da cooperada Hadelândia
Milon de Oliveira, que também recebeu o prêmio, dizen-
do que ela é um exemplo na liderança e que vem mos-
trando trabalho a frente da COOPENURE.
Há 12 anos em funcionamento a COOPENURE conta com
260 cooperados, todos com especialização em urgência
e emergência atuando em 6 unidades hospitalares em
Manaus. À frente das atividades a presidenta Hadelândia
Milon de Oliveira. “Estou na cooperativa há 2 anos, fize-
mos algumas mudanças, e estamos com várias frentes de
trabalho; para mim, receber esse prêmio no Ano Inter-
nacional das Cooperativas é emocionante, estou muito
lisonjeada de ter sido escolhida entre tantas pessoas”.
[ [
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 59
» PERFIL DOS GANHADORES Hadelândia Milon de Oliveira, presidenta da Coopera-tiva de Trabalho dos Enfermeiros de Urgência e Emer-gência do Amazonas – COOPENURE; Possui Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Uni-versidade Federal do Amazonas (UFAM), Especialização em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela Universidade Federal do Amazonas e Especialização em Enfermagem em Suporte-Avançado de Vida-Urgência e Emergência pela Universidade Federal do Amazonas.
Muni Lourenço Silva Jr. é pecuarista no município de Autazes, preside desde 15 de março de 2010, a Fede-ração da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-
Os convidados assistiram a uma palestra do presidente
da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Dr. Odacir
Klein, que tem uma trajetória no cooperativismo, inician-
do sua carreira como auxiliar no escritório de uma Coope-
rativa de pequenos agricultores. É formado em advoca-
cia, foi ministro e deputado federal do Rio Grande do Sul,
durante a palestra contou o papel do cooperativismo no
mundo. “O Ano Internacional do Cooperativismo é uma
comemoração para chamar a atenção para a importância
dessa pratica de solidariedade no mundo. O cooperati-
vismo atua nas mais diversas áreas, fazendo com que as
pessoas busquem soluções para seus problemas e se for-
taleçam, é uma forma de juntar as fragilidades de cada
um e transformar em força”, disse ainda que se sentiu
muito satisfeito em ter sido convidado para palestrar em
Manaus. ■
nas – FAEA, entidade que representa a classe patronal agropecuária do Estado. É um dos vice-presidentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, entidade máxima de representação do agronegócio brasileiro. É presidente, também, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Amazonas – SENAR-Amazo-nas. É membro de diversos colegiados representando o segmento agropecuário do Amazonas e recentemente assumiu a titularidade da representação das classes pro-dutoras da Amazônia Ocidental no Conselho de Admi-nistração da SUFRAMA.
» Presidente do Sistema OCB-SESCOOP/AM, Petrucio Magalhães Júnior
» Presidenta da Uniodonto, Daniele Magalhães, com a vencedora Hadelândia Milon de Oliveira
» Presidente da FAEA, Muni Lourenço, com o superintendente da CONAB-AM, Thomaz Meirelles
60 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
EXPOBOCA
MAIOR REBANHO DOAMAZONAS
REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro
O MUNICÍPIO DE BOCA DO ACRE REALIZOU A 1ª EXPOBOCA E INAUGUROU O PARQUE DE EXPOSIÇÃO. A FESTA CONTOU COM LEILÃO
DE ANIMAIS, FESTIVAL DO COSTELÃO E RODEIO PROFISSIONAL[ [O clima era de música sertaneja, rodeio, cavalgada, e o
tempo estava frio. Esse clima sulista era de um município
aqui no Estado do Amazonas. Estamos falando de Boca
do Acre (a 1.028 km de Manaus), que realizou a 1ª EXPO-
BOCA e inaugurou o Parque de Exposição Agropecuária.
A festa ocorreu durante os dias 8, 9 e 10 de junho.
Cavaleiros, amazonas e visitantes se reuniram em comi-
tivas, realizando a tradicional cavalgada. O desfile atraiu
olhares de muitos espectadores, durante a primeira noi-
te de evento.
A festa foi marcada por rodeios, cavalgada, shows mu-
sicais, exposição da agricultura familiar e extrativistas,
artesanato, pequenos negócios, exposição de máquinas
agrícolas e leilão de animais. De acordo com o presidente
do Sindicato Rural do município que realizou o evento,
Ildo Gardingo, a expectativa dos organizadores foi supe-
rada, “Foram movimentados cerca de R$ 5 milhões de
reais, a 1ª EXPOBOCA é o resultado da expressividade da
atividade rural desenvolvida no município”, afirmou.
Boca do Acre é referência em padrão genético e detentor
do maior rebanho do Estado do Amazonas, com 362 mil ca-
beças de gado, com o status de área livre de febre aftosa.
O produtor rural, Francisco Geraldino de Souza, 67 anos,
que planta limão, banana, açaí e outras culturas, realizou
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 61
um grande sonho. “Pude financiar meu primeiro cami-
nhão, graças a feira que me proporcionou a oportunidade
de fazer negócios com juros baixos. Financiei e vou pagar
em 10 anos”, afirmou o trabalhador que está comerciali-
zando as frutas no feirão montado dentro do Parque.
Segundo o gerente do Banco da Amazônia no município,
Salomão Alencar, até a segunda noite já foram movimen-
tados mais de um milhão de reais, “Foram quinhentos mil
em tratores e implementos agrícolas. Os resultados da
feira vão além dos três dias, com a EXPOBOCA nós am-
pliamos nossa rede de contatos”.
» INAUGURAÇÃO DO PARQUE
Durante a inauguração do Parque de Exposição do mu-
nicípio, várias autoridades do setor primário estiveram
presentes. O presidente da Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado do Amazonas, Muni Lourenço, afir-
mou que os pecuaristas da região investem fortemente
na melhoria do padrão genético dos animais, e que a 1ª
EXPOBOCA é o resultado do trabalho e esforço da classe.
"A inauguração do Parque é de fundamental importância
para o setor rural da região, um momento no qual todos
terão a oportunidade de realizar cursos, fazer negócios,
trocar informações, como também o entretenimento”.
» Solenidade de abertura e inauguração do Parque de Exposição Agropecuária do município de Boca do Acre
62 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
EXPOBOCA
O secretário da Produção Rural, Eron Bezerra, elogiou os
pecuaristas que fazem do rebanho de Boca do Acre refe-
rência em qualidade genética, dizendo ainda que, o Par-
que é um dos mais modernos do Estado. “A EXPOBOCA
vai trazer abertura de novos mercados”.
Com uma área total de 90 mil metros quadrados, e uma
área construída de aproximadamente 34 mil metros qua-
drados, estiveram expostos 140 bovinos e 300 ovinos.
Para a construção foram investidos R$ 2,4 milhões; o supe-
rintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, participou
da inauguração, a obra recebeu recursos da autarquia.
» RODEIO
Quarenta peões do Estado do Amazonas e Acre partici-
param do rodeio, a arquibancada lotada agitava, com ex-
pectativa, a cada montaria.
O empresário responsável pela Companhia, Dennys Fer-
reira, 37, disse que “a estrutura montada pela companhia
de rodeio aqui em Boca do Acre está dentro dos padrões
do rodeio que acontecem em todo Brasil”, avaliou.
O campeão foi João Souza, o ‘Carrapicho’, natural da ci-
dade de Nova Califórnia/RO, o 2º lugar ficou com Fábio
Soares e 3º lugar foi de João Possiano.
» SINDICATO
Durante a 1ª EXPOBOCA, o sindicato Rural, Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), e
o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM),
montaram um stand para atender produtores, pecuaris-
tas e os visitantes da Feira.
O Sindicato Rural de Boca do Acre comemorou na mesma
data um ano de sucesso. Um bolo de dois metros foi servido
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 63
durante o 3º Leilão Nelore das Fazendas Annasara e Simo-
nik. Foram leiloados 70 touros com genética selecionada.
Através do Sindicato já foram realizados diversos cursos
de capacitação do produtor e sua família. “Para se ter
uma ideia, 240 pessoas já realizaram cursos”, avaliou o
presidente do Sindicato, Ildo Gardingo, que junto com a
diretoria e patrocinadores, realizaram o Festival do Cos-
telão, no domingo, dia 10 de junho.
De acordo com presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM,
Muni Lourenço, o Sindicato do município é referência
para os demais. “São notórias as ações de fortalecimento
da classe através do Sindicato de Boca do Acre, capacita-
ção e orientação. Exemplo disso, foi a organização e arti-
culação da inauguração do Parque de Exposições Agro-
pecuárias”, afirmou. ■
» Produtor rural, Francisco Geraldino de Souza, financiou o seu primeiro caminhão para pagar em 10 anos, junto ao BASA
» Secretária de Esportes do Estado, Alexandra Campelo, e de chapéu, a gerente-técnica do SENAR, Eunice Cunha, com o restante da equipe e produtores da região
» Autoridades participaram da abertura do rodeio
» Leilão de animais de genética selecionada reuniu compradores da região sul do Estado
64 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Feira
XVII FEPAGROREPORTAGEM e FOTOS: Mayara Lima
OBJETIVO DA FEIRA É PROMOVER O INCENTIVO À AGRICULTURA FAMILIAR, FORTALECENDO O MERCADO INTERNO, POR MEIO DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COM
BAIXO CUSTO E A INCLUSÃO ECONÔMICA E SOCIAL DE FAMÍLIAS DE AGRICULTORES[ [Trabalhos voltados para a piscicultura, avicultura e oleri-
cultura, além de práticas de arborismo, foram destaque
na XVII Feira de Produtos da Agricultura Familiar – Fepa-
gro, realizada entre os dias 30 de agosto e 02 de setem-
bro, na sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas – IFAM, Zona Leste em Manaus.
Segundo a organização, cerca de 60.000 visitantes passa-
ram pelo local. Este ano 24 instituições participaram do
evento, foram cerca de 60 produtores familiares e artesa-
natos, representando mais de 10 associações.
O técnico agrícola, João Fernandes, que se formou em
2003 no Instituto, atua como apicultor e trabalha em uma
empresa de produtos e serviços apícolas. Ele integra a
Associação Rural Assistencial de Mulheres e Amigos da
Colônia Agrícola João Paulo do Puraquequara (ARAMA-
JA), que participa há quinze anos da feira. “Quando a Feira
se aproxima, aumentamos a produção dos animais, pois
há uma procura muito grande do público, às vezes antes
mesmo de acabar a Feira, os nossos produtos são todos
vendidos”, informou Fernandes.
Nesta edição a ARAMAJA ofereceu vários produtos resul-
tados da agricultura familiar, como frutas, verduras e hor-
taliças, mas os produtos apícolas são os mais procurados
pelo público.
Já a Associação da Comunidade Vila Nova, do município
de Iranduba, participou pela primeira vez da Feira. Com-
posta por 22 famílias, entre homens e mulheres que
trabalham com artesanato desde cerâmica a semente. A
associada, Rosaneide Rabelo da Silva, 53, percebeu a va-
lorização que seus produtos tiveram com a Fepagro. “Es-
tamos sendo mais vistos, isso é bom porque gera renda
para nossas famílias. Houve uma procura pelo nosso con-
tato para que os nossos produtos fossem vendidos por
encomendas”, declarou a artesã.
Para várias Associações e produtores, a Fepagro é uma
ótima oportunidade de empreendedorismo e negócios.
Além disso, oferece espaço para divulgação das ações de
órgão e instituições do setor primário e orientação para
os produtores. De acordo com os visitantes a Fepagro
proporcionou ao público produtos de qualidade, exposi-
ções, segurança, parque de diversões e atrações musicais.
O diretor do IFAM, Aldenir de Carvalho Caetano, explica
que o objetivo da Fepagro é promover o incentivo à agri-
cultura familiar, fortalecendo o mercado interno, por meio
da produção de alimentos com baixo custo e a inclusão
econômica e social de famílias de agricultores. Além dos
produtos da agricultura familiar e derivados do extrativis-
mo realizado pelas populações tradicionais e agricultores
familiares, são apresentados na feira, também produtos e
serviços de outras entidades afins, órgãos das administra-
ções públicas federal, estadual e municipal, organizações
sociais e não governamentais. O evento também visa pro-
mover o estreitamento das relações entre os agentes que » Produtores de mel aproveitam a feira para ter uma renda extra
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 65
atuam no gerenciamento, assistência técnica, produção e
consumo de produtos agrícolas e artesanais.
A Gerência de Educação Ambiental (GEAM) do Instituto
de Proteção Ambiental (IPAAM) participou com um estan-
de na Feira, divulgando e esclarecendo dúvidas a respeito
do Cadastro Ambiental Rural – CAR, para as pessoas que
visitaram o espaço. O foco era os produtores rurais, do-
cumento indispensável. Na oportunidade também foram
distribuídos materiais de divulgação do Cadastro.
No estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (MAPA), os visitantes puderam ter acesso a
publicações sobre produtos orgânicos, orientação ao con-
sumidor para comprar produtos certificados e esclareci-
mentos de dúvidas sobre cultivo de produtos orgânicos.
Entre os expositores estavam: Instituto de Desenvolvi-
mento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do
Amazonas (IDAM), Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado do Amazonas (FAEA), Superintendência Federal de
Pesca e Aquicultura de Amazonas (SFPA/AM), Universida-
de Nilton Lins, Faculdade Tahirih, Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Agência
de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Associação Rural
Assistencial de Mulheres e Amigos da Colônia Agrícola
João Paulo, Associação Agrícola Rural do Ramal do Pau
Rosa, Associação dos Produtores do Feirão da Sepror,
Cooperativa Agrofrutífera dos Produtores de Urucará, As-
sociação de Produtores do Ramal do Ipiranga, Associação
de Produtores do Brasileirinho, Associação de Moradores
e Agricultores da Comunidade do Uberê, Associação de
Produtores Orgânicos do Amazonas, e outros. ■
» HISTÓRICO Segundo o vice-presidente da comissão organizado-ra, professor António Ribeiro da Costa Neto, a Fepa-gro foi criada em 1995, com o objetivo de expor e divulgar à sociedade amazonense as tecnologias e as experiências nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão voltadas para a produção agropecuária e florestal em bases sustentáveis.
Tradicionalmente, a Fepagro é realizada no Campus Manaus Zona Leste, localizado na Avenida Cosme Ferreira, nº 8.045, Bairro do São José Operário. “A Feira promove o intercâmbio entre as Organizações Governamentais e Não Governamentais que contri-buem para o desenvolvimento do setor primário e, de modo especial, para o fortalecimento da agricul-tura familiar no Estado do Amazonas”, disse.
» Frutas e verduras foram vendidas a preço mais em conta para o consumidor que visitou a Feira da Agricultura Familiar de 30 de agosto a 2 de setembro
» A artesã, Rosaneide Rabelo, associada da comunidade Vila Nova do município de Iranduba, participou pela primeira vez da Feira
66 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Artigo
N osso País tem a felicidade de ocupar uma área imensa, um dos maiores
territórios nacionais do mundo. São dimensões verdadeiramente con-
tinentais, visto que tanto do extremo norte ao extremo sul quanto da
ponta leste à oeste do Brasil são mais de 4 mil quilômetros, um décimo da circun-
ferência terrestre!
Não é de admirar, portanto, que em toda essa vastidão territorial encontremos
tanta diversidade.
Diversidade de clima: do semiárido nordestino ao equatorial da bacia amazônica,
com índices pluviométricos de espantosos 2.000 mm ao ano e onde a população,
brincando, diz que no verão chove todo dia, e no inverno chove o dia todo.
Diversidade de relevo: das planícies dos Pampas Gaúchos à Serra do Mar, que se
estende por cerca de 1.500 km ao longo de nosso litoral.
Diversidade de vegetação e de vida animal, também conhecida como biodiversi-
dade: esta, tão variada que me seria difícil, e desnecessário, escolher exemplos.
E, por fim, diversidade social, econômica e cultural. Esse é o nosso Brasil, extenso,
diverso, multicultural e multifacetado. Na verdade, de certo modo, pode-se dizer
que não é um Brasil, mas vários “Brasis”, contidos nesta grande nação unida pela
língua portuguesa e por um governo central.
É muito bom viver num país assim. Por outro lado, nem toda diversidade, nem
toda diferença é desejável. Quando temos as mesmas oportunidades e nos tor-
namos diferentes por opção, por gosto ou escolha, isso é ótimo. Mas quando a
diferença está nas oportunidades, quando a diferença implica a impossibilidade
de alguns se tornarem plenamente realizados, então essa diferença não é boa.
Certamente é a esse tipo de diferença indesejável que se refere o que está inscul-
pido em nossa Constituição Federal, em seu terceiro artigo, que afirma ser obje-
tivo da República Federativa do Brasil “erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL: O PAPEL DAS USINAS DE JIRAU E SANTO ANTÔNIO
Não é por menos
que estamos
muito felizes com
obras como a
construção das
hidrelétricas de
Jirau e Santo
Antônio, em
Porto Velho,
capital do Estado
de Rondônia.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 67
Valdir RauppSenador da República pelo Estado de Rondônia e Presidente nacional do PMDB
Em nome das pessoas que me ele-
geram seu representante no Senado
Federal, quero expressar com toda a
clareza nossa satisfação e alegria por
essas duas obras que têm trazido de-
senvolvimento à nossa Região Norte.
São essas desigualdades regionais e sociais a que se refere a Carta Magna que
devemos combater. Especialmente nós, Senadores, que atuamos nesta Casa
onde os Estados estão representados em igualdade de forças, por três repre-
sentantes eleitos cada.
O Senado Federal certamente é a maior expressão desse desejo que temos
de que todo o País seja próspero; esse desejo de que todos os brasileiros e,
eventualmente, mesmo os estrangeiros que entre nós habitem tenham boas
oportunidades de uma vida bem sucedida, digna, feliz, independentemente
do Estado ou região em que estejam vivendo.
E quando falamos em prosperidade, quando falamos em igualdade de opor-
tunidades, é incontornável que mencionemos também o desenvolvimento
econômico, visto que este talvez seja o fator mais importante a impulsionar
todos os demais.
De fato, é o investimento econômico, é a oferta de emprego, é o aquecimento
da economia local o motor por trás do desenvolvimento de outros setores,
como a saúde, a educação, a cultura, etc.
E nesse sentido, é inquestionável a participação do Governo como promotor
de infraestrutura, como fomentador da economia nas regiões do País onde ela
porventura se encontrar fraca.
Não é por menos que estamos muito felizes com obras como a construção das
hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho, capital do estado de
Rondônia. São investimentos públicos que beneficiarão todo o Brasil, garantin-
do nossa segurança no bem mais precioso para o desenvolvimento econômico
– já que, sem energia, não adianta uma população empreendedora; sem ener-
gia, de nada valem industriais dispostos a produzir; sem recursos energéticos,
a indústria parará, e a falta de produtos só produzirá inflação.
As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio serão essenciais para o desenvolvi-
mento do Brasil como um todo. Entretanto, sua construção e futura operação
são de imenso valor para nossa região, trazendo emprego, capacitando fun-
cionários, atraindo profissionais qualificados, aquecendo o mercado local, etc.
São duas obras de grande porte, que muito estão contribuindo e ainda contri-
buirão por muito tempo para a diminuição da desigualdade regional em nossa
Nação tão vasta, tão variada em suas características naturais e culturais, mas
também tão desigual no que tange às oportunidades, especialmente entre o
Sul desenvolvido e o Norte desfavorecido.
68 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
UM SONHO QUE SE MATERIALIZA
O Estado do Amazonas trabalha para contribuir significativamente à
sustentabilidade da produção nacional de alimentos e de biocom-
bustíveis. Desde 2003, a partir de ações iniciadas na Assembleia
Legislativa do Amazonas temos estudado o aproveitamento das reservas de
sais de potássio – silvinita – localizadas nos rios Madeira e Amazonas, região
que se estende por cerca de 400 km e abrange 13 municípios do Amazonas.
Este minério é utilizado mundialmente na indústria de fertilizantes, na forma
do NPK, componente estratégico e insumo tecnológico para o aumento de
produtividade na agricultura. Por sinal, nos últimos 20 anos, o uso intensivo
deste produto na produção nacional de alimentos levou o Brasil ao relevante
patamar mundial que ocupa, saindo de uma produção de 68 milhões de tone-
ladas de grãos para os atuais 160 milhões de toneladas (dados da CONAB e
ANDA), crescimento superior a 7%, sem, contudo, necessitar de novas áreas
destinadas às atividades agrárias, o crescimento destas áreas neste período
foi de apenas 2,1%. O aumento do consumo de fertilizantes foi superior a
10%.
Neste contexto de sustentabilidade, empresas como a Potássio do Brasil,
que conta na constituição acionaria de experientes grupos empresariais ama-
zônicos, como o Grupo Simões e FOGÁS, acreditando neste potencial ama-
zonense, materializou no primeiro semestre de 2012 os resultados de suas
pesquisas nas regiões de Autazes e Itapiranga, ampliando em 40% as reservas
do Amazonas de sais de potássio conhecidas, podendo chegar até o final de
2012 ao patamar de meio bilhão de toneladas do minério, considerando nes-
te cálculo, as reservas de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara sob a responsa-
bilidade da PETROBRAS.
O Governo do Amazonas ampliou suas ações de fomento do Projeto Silvinita
com a criação da Secretaria de Estado de Mineração, Geodiversidade e Re-
cursos Hídricos em 2011. Concomitante e sinergicamente, a sinalização dada
pelo Governo Federal a partir do discurso da Presidenta Dilma Rousseff pro-
ferido em março de 2011 em Uberaba (MG), onde além de ressaltar o papel
estratégico das reservas de potássio do Amazonas, foi anunciada a explora-
ção destas reservas ao longo do seu Governo, materializou-se o alinhamento
de interesses estaduais, federais e das municipalidades quanto aos objetivos
a que este projeto se propõe: o desenvolvimento regional, a consolidação da
integração socioeconômica da Amazônia ao Brasil e a autossuficiência nacio-
nal quanto aos insumos fertilizantes.
Trabalhando para criar oportunidades, estamos formatando um Grupo de
Trabalho em parceria com a Secretaria de Planejamento e Investimentos
Daniel Borges NavaGeólogo, Mestre em Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia. Professor da Faculdade La Salle e atual Secretário de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Amazonas.
Estratégicos do Ministério do Pla-
nejamento, Orçamento e Gestão do
Governo Federal que atuará na siste-
matização e materialização do sonho
destes amazonenses e amazônidas,
particularmente aqueles que vivem
nestes municípios e vislumbram um
novo momento em nossa história,
que, quer construir marcos de parce-
rias publico privadas alicerçadas no
alcance social, econômico e ambiental
que o Projeto Silvinita proporcionará.
Artigo
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 69
Artigo
MATÉRIA-PRIMA VIRA LIXO
A política nacional de resíduos entrou em vigor no final de 2010. A lei
mostra uma maneira adequada para destinação dos resíduos sólidos
urbanos, entendendo que a indicação mais apropriada é a não gera-
ção, redução, reutilização, coleta seletiva, reciclagem e compostagem. Este
conceito é uma proposta inovadora baseada na disseminação de soluções
para o problema voltado ao lixo urbano.
Como brasileiro, ecologista e empresário ligado à reciclagem e com a res-
ponsabilidade de lutar para que tenhamos um futuro mais sustentável e com
melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras, gostaria de
fazer uma observação referente ao destino do lixo orgânico doméstico, eu
faço com a consciência de cidadão totalmente isento de interesse econômico
ou político.
Não podemos esquecer que dar o destino adequado aos resíduos orgânicos
domésticos não é enviá-los aos aterros, mas sim transformá-los em matéria-
prima para produção de fertilizantes orgânicos que podem ser um grande
aliado na recuperação de solos degradados, aumentando a produção de ali-
mentos, minimizando a fome do mundo e a pressão do desmatamento.
É claro que precisamos de políticas públicas para fortalecer o segmento de
compostagem, intensificando a coleta seletiva incluindo os catadores que já
desenvolvem um papel importante no tocante: a reciclagem.
A conscientização ambiental combinada com a vontade política poderá mu-
dar este panorama dando destino correto dos resíduos urbanos com sabedo-
ria e conhecimento dos envolvidos.
Ulisses GirardiDiretor Executivo das Empresasdo Grupo Visafértil
70 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
AGROPEC
AGROPEC,UM SHOWDE RODEIOE VAQUEJADA
REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena
Omunicípio Careiro Castanho (localizado a 102
quilômetros de Manaus) realizou no período
de 6 a 8 de agosto, a 8ª Feira Agropecuária e
de Agronegócios (Agropec – 2012), com o objetivo de
mostrar as potencialidades da região e realizar negócios.
Além de palco para a exibição da qualidade do rebanho
do Careiro Castanho, Manaquiri, Autazes e Careiro da
Várzea, o evento serviu, também, para a demonstração
dos resultados de práticas agrícolas desenvolvidos na re-
gião para fortalecer a produção de culturas.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 71
O evento contou com rodeios, onde 27 peões participa-
ram das montarias e 25 duplas de vaqueiros com a vaque-
jada. De acordo com o organizador da vaquejada, Francis-
co de Assis Alves de Souza, 52, conhecido apenas como
"Assis", há oito anos ele promove o esporte no Amazonas
com o objetivo de divulgar essa cultura a pessoas de di-
ferentes classes sociais. "Por ser um esporte tipicamen-
te do Nordeste, poucos o praticavam em Manaus, mas,
hoje, as pessoas já conhecem e procuram participar e
competir", disse.
Na vaquejada, dois vaqueiros a cavalo têm de perseguir
o animal (boi) até emparelhá-lo entre os cavalos e condu-
zi-lo ao objetivo (duas últimas faixas de cal do parque de
vaquejada), onde o animal deve ser derrubado.
Segundo Assis, para participar é preciso ter uma "apare-
lhada de cavalos" e um caminhão para o transporte dos
animais. "A coragem e a habilidade dos vaqueiros são
indispensáveis para que se alcance o objetivo da prova",
explicou.
72 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
O Rodeio foi uma das grandes atrações da Agropec, que
contou com peões de vários estados do Brasil e interior
do Amazonas. Leonardo Flores dos Santos, 29, veio de
Mato Grosso do Sul para participar, segundo ele a paixão
pelo esporte vem desde criança. "Eu faço questão de
participar dos rodeios no Amazonas, que está crescendo
muito. Eu já nasci com amor por rodeio, no momento em
que estou em cima de um boi é como se eu quisesse ven-
cer algo mais forte que eu", disse.
Para ganhar o rodeio é preciso que o peão permaneça
por até oito segundos sobre um animal (boi). A avaliação
é feita por dois árbitros cuja nota é de 0 a 50 cada; um
árbitro avalia o competidor e o outro avalia o animal, to-
talizando a pontuação de 0 a 100. O peão vencedor do
rodeio foi Willian Leandro, de Apuí, para ele, os oito se-
gundos em cima de um boi são indescritíveis. "Eu nasci
pra isso e amo o que faço, quando estou em cima de um
boi esqueço tudo, é muita adrenalina", descreveu.
» JUIZ E PEÃO
Manoel Nascimento dos Santos, 30, não montava em um
boi desde julho de 2006, quando sofreu um grave aciden-
te após uma montaria, desde então, se dedicou a ser juiz
de rodeio, tendo como professor e mestre Tião Procó-
pio, o mais premiado e respeitado juiz do Brasil. Mesmo
após todos esses anos, Manoelzinho, como é conhecido,
decidiu montar na Agropec, para homenagear o amigo
Carlinho Rondônia, -- considerado a revelação do rodeio
na região Norte e que se descata por onde passa --, mas,
que no momento enfrenta problemas de saúde e está
precisando de ajuda e incentivo. "Dificilmente voltarei a
montar novamente, pois agora me dedico a ser juiz de
rodeio; montei este ano para ajudar o amigo que está
precisando, e matar um pouco da saudade", afirmou.
» INCENTIVOS
A Feira aconteceu em parceria do Governo do Estado do
Amazonas com a Prefeitura Municipal do Careiro Cas-
tanho, e contou com o apoio da Agência de Desenvol-
vimento Sustentável do Amazonas (ADS) e com a parti-
cipação da Cia de Rodeio Pedro Arruda. De acordo com
o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, a expansão
das feiras agropecuárias regionais é mais um resultado
prático dos incentivos do programa Amazonas Rural às
atividades do setor primário no interior do Estado. "As
vantagens das políticas estaduais permitem uma série de
benefícios sobre essas atividades, que é o grande dife-
rencial dos eventos", destacou.
Para Pedro Arruda, poder contribuir com essa cultura que
há muito tempo esteve abandonada no Estado é muito
gratificante. "Faço por amor, amo o campo e os rodeios,
invisto em bois de qualidade. Preparo e treino o animal,
pois esses bois têm um estilo próprio, além de oferecer
a eles alimentação diferenciada, com suplementos", re-
latou. A Companhia oferece toda a infraestrutura para a
realização do rodeio, como arquibancadas, palco de luz,
locutores, show pirotécnico, médicos e segurança, além
de carretas para a transportar todo o equipamento.
» SHOWS
Na primeira noite, o evento teve como principais atrações
o concurso da 'Rainha Agropec Country', shows de rodeio
e musical com a dupla Zezé Di Camargo & Luciano, cantor
Mauro Mayck, Gang do Forró, Sedução do Forró. No dia
AGROPEC
» Princesas e Rainha do rodeio AGROPEC country, durante a premiação. O rodeio profissional contou com peões de vários estados do Brasil
» Após seis anos sem montar, Manoel Nascimento dos Santos homenageou o amigo e locutor, Carlinho Rondônia
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 73
07, Breno Marx e Rabo de Vaca, dia 08 Bagaceiros do For-
ró, Forró Gaiato, Leadro Leal e Forró Balancear, além da
Tenda Rock que agitou os quatro dias de evento durante
os intervalos dos shows com rock e música eletrônica.
» TURISMO
A cidade do Careiro Castanho, além das belezas naturais,
tem como destaque o cultivo do cupuaçu. A agricultura
e a pecuária são as principais atividades econômicas do
município, que tem uma população estimada em 30 mil
habitantes e faz divisa com os municípios de Careiro da
Várzea, Borba, Autazes e Manaquiri. Entre os atrativos tu-
rísticos naturais da região, os programas de ecoturismo
ganham destaque, que convidam a passeios para conhe-
cer os lagos da região. Os mais conhecidos são o Lago
Janauacá e o Lago do Juma. Na ilha do Careiro ainda tem
o Lago do Rei, onde fica a sede do município.
Outro atrativo ecológico são os passeios fluviais pelo Rio
Castanho, onde o Lago do Mamori -- grande lago de várzea
-- é conhecido pela diversidade de seus pássaros e peixes.
Os hotéis da região também oferecem programas como
a pesca esportiva do tucunaré. O ponto de partida dos
passeios ecológicos pode ser o porto de Araçá, onde é
possível alugar barcos e lanchas voadeiras.
» ECONOMIA
Sua produção agropecuária e baseada no cultivo de man-
dioca, batata doce, cana-de-açúcar, cacau, malva, milho
e abacaxi. Entre as culturas permanentes destacam-se o
abacate, banana, laranja e limão. A pecuária é represen-
tada principalmente por bovinos e suínos, com produção
de carne e de leite destinada ao consumo local. A pesca é
praticada de forma artesanal. ■
» Peões pedem a proteção de Deus e Nossa Senhora Aparecida, antes de montar em cima de touros, sobre os olhares da multidão que lota a arquibancada da arena de montaria
» Pedro Arruda, um dos grandes incentivadores dos rodeios no Brasil
74 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Despesca
PIRARUCUSUSTENTÁVEL
REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Bruno Kelly
MANEJO SUSTENTÁVEL DO PIRARUCU NO MÉDIO JURUÁ RESPEITA O EQUILÍBRIO DA NATUREZA E SE TORNA EXEMPLO[ [
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 75
Na Reserva Extrativista do Médio Juruá, a comunidade
do São Raimundo despescou mais de 134 pirarucus du-
rante três dias de trabalho no lago nativo Manariã. Oi-
tenta pessoas entre homens e mulheres trabalharam em
pé de igualdade na dura tarefa de despescá-los, retirar
as vísceras, transportá-los no gelo e vender a iguaria na
cidade de Carauari, município da calha do rio Juruá.
"Nós temos uma prática de respeito ao equilibrio da na-
tureza. Só despescamos peixes acima de 1,65. A gente
se organiza em mutirão para a pescaria porque tudo tem
que ser feito com muita rapidez e a máxima organização,
senão o peixe pode estragar", afirmou Manoel Cunha,
presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros e líder
da comunidade São Raimundo.
76 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Despesca
Após montarem acampamento na "boca do lago", junto
a um barranco de mais de dez metros, os pescadores ini-
ciam os preparativos para a pescaria. Redes são revisadas
para identificar buracos, facas são afiadas para retirar as
visceras do pescado, a alimentação é preparada para 80
pessoas e até um pequeno gerador de energia é instala-
do, tudo para a pescaria.
Ao anoitecer, os pescadores saem para lançar as redes no
lago. Trinta e cinco homens são divididos em equipes que
têm a responsabilidade de monitorar as malhadeiras. Os
pirarucus têm uma bexiga natatória modificada para
funcionar como um pulmão, e quando presos nas redes,
morrem afogados. Como os jacarés estão sempre à es-
preita, os pescadores têm que ser rápidos para retirá-los
da água.
"Logo que cai na rede, temos que tirar. Como ele é mui-
to grande e pesado, usamos a ‘paulada de misericordia’
na cabeça para trazê-lo para dentro da canoa", disse An-
tonio da Lima da Silva, 51, um dos lideres da equipe de
pescadores.
78 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Despesca
Habilidosos, os pescadores conseguem, em seis horas,
pescar 74 pirarucus. E esse número poderia até ser maior,
se Manoel Cunha não tivesse determinado a diminuição
do ritmo, com o objetivo de conseguir peixes maiores do
que um metro e sessenta.
"No ano passado despescamos 153 pirarucus, com uma
média de tamanho maior do que um metro e sessenta e
cinco, mas este ano eles estão menores, por isso, vamos
despescar menos e controlar ainda mais o tamanho de-
les", comentou Cunha. A decisão foi acatada por todos.
» CONTRA O TEMPO
Ao retornarem ao acampamento, os peixes foram esten-
didos em um trapiche montado especificamente para a
limpeza e medição. Equipes são montadas para pescar e
transportar os peixes. A carne do pirarucu não pode ficar
muito tempo exposta e a partir do momento em que ele
é retirado da água, inicia-se uma corrida contra o relógio
para manter as características da iguaria.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 79
Com afiadas facas, homens e mulheres iniciam a retirada
das vísceras. Em quatro horas todos os peixes são limpos.
"A gente está feliz porque ganha a mesma quantia que
os homens, é de igual para igual", disse Mariângela Lima
Paixão, 29, que recebeu mais de R$ 1,5 mil com a despes-
ca deste ano.
Segundo o pescador, José Luiz Bispo de Lima, 40, quando
a comitiva de pesca do São Raimundo chega em Carauari,
imediatamente, já tem compradores. "A gente é espe-
cializado em oferecer o que povo gosta: os restaurantes
compram o filé, mas as tripas e a ossada é o povão que
gosta".
» Manoel Cunha, líder da comunidade de São Raimundo e Rosi da Silva, chefe da Resex do Médio Juruá
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 81
» EXEMPLO DE MANEJO NA FLORESTA
Convidado pela comunidade do São Raimundo para
acompanhar a pescaria, o superintendente da Fundação
Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, acompanhou
todas as atividades do mutirão.
"A técnica deles na mobilização, preparativos, pesca,
limpeza e transporte é extraordinária. São pessoas que
estão revolucionando a geração de renda dentro da flo-
resta e, ao mesmo tempo, preservando uma espécie com
manejo adequado", disse.
A chefe da reserva extrativista do Médio Juruá, Rosi Ba-
tista da Silva, 49, participou da pescaria. Representante
do governo federal em uma área de mais de 253 mil hec-
tares, ela afirmou que quer estabelecer parcerias. "Go-
verno Federal e FAS têm muito a contribuir para a melho-
ra da qualidade de vida dos povos da floresta", disse Rosi.
» MERCADO
Praticamente todas as partes do pirarucu são comerciali-
zadas no interior do Amazonas. A procura é tanta, que os
pescadores dividem o peixe em várias partes. O quilo do
filé sai, em média, a R$ 8, mas também pode ser encon-
trado a R$ 9 e R$ 10. A ossada com cabeça custa R$ 4,50
o quilo; o couro com escamas vale R$ 7 o quilo e as vísce-
ras, muito apreciadas no Juruá, custam R$ 2,50 o quilo.
82 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Artigo
ACalha do Juruá é uma das regiões mais isoladas e empobrecidas do
Amazonas e do Brasil. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
está entre os menores do Estado (0,52 no Juruá versus 0,78 no Ama-
zonas). A navegação pelo Juruá é difícil, demorada e perigosa. Isso aumenta
os custos de transporte, o que torna os produtos menos valiosos para os pro-
dutores.
O outro lado dessa moeda é que a natureza tem uma riqueza excepcional: é
uma das regiões melhor conservadas de toda a Amazônia. Os lagos do Juruá
são muito fartos de peixe, jacaré, etc. A criação de Unidades de Conservação
(Reservas Extrativistas -- RESEX e Reservas de Desenvolvimento Sustentável
-- RDS) teve importante papel no controle da pesca predatória. Isso abriu o
caminho para o manejo pesqueiro.
O manejo do pirarucu começou em 2011, agora começa a ganhar escala no Ju-
ruá. A primeira despesca também ocorreu ano passado, em duas comunidades:
São Raimundo e Xibauazinho. Foram vendidos 246 peixes, apurado um valor
de R$ 97.548 para 38 famílias, cada qual recebendo R$ 2,5 mil por cerca de
uma semana de trabalho no ano (além do monitoramento dos lagos). Em 2012,
já são 17 comunidades participando do manejo, na RDS do Uacari e na RESEX
do Médio Juruá, com 40 e 18 ambiente de manejo (lagos, paranás e sacados),
respectivamente.
O sistema de manejo está funcionando bem. Tive a oportunidade de ver isso
de perto, no fim de agosto, na comunidade do São Raimundo. A pesca é feita
numa espécie de mutirão comunitário, no qual participam homens e mulheres,
pescando e limpando os peixes, respectivamente. Os peixes saem lacrados dos
lagos, com a contabilidade feita de forma muito transparente e honesta.
Os órgãos de controle ambiental estavam presentes, acompanhando tudo de
perto: IBAMA, ICMbio e CEUC. As organizações comunitárias e órgãos não go-
vernamentais também faziam sua parte: AMARU, ASPROC, FAS, IDAM e AMEC-
SARA. É raro ver uma ação inter-institucional tão bem articulada, cada qual
cumprindo seu papel, entorno de um objetivo comum: assegurar que o manejo
estava sendo bem feito e os resultados beneficiando ao máximo as comunida-
des envolvidas.
O MANEJO DO PIRARUCU AVANÇA NO JURUÁ
O sucesso do
manejo do
pirarucu no Juruá
é mérito de um
esforço multi-
institucional.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 83
Virgilio VianaPh.D. por Harvard; foi
Secretário de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas (2003-2008).
Atualmente é o Superintendente
Geral da Fundação Amazonas
Sustentável.
O futuro é promissor. O potencial de produção é muito maior do que o atu-
almente utilizado. Pode haver uma expansão significativa, com a inclusão
de mais lagos e comunidades. Esse aumento da produção deve ser gradual,
para manter a boa qualidade dos trabalhos, considerando as capacidades
das instituições de apoio e controle, para evitar desvios ou retrocessos.
Existem ainda desafios importantes. É necessário fortalecer os programas
de educação, pesquisa e inovação tecnológica. Educação para que fique
cada vez mais claro a base científica do manejo do pescado. Pesquisa e ino-
vação para melhorar a eficiência da cadeia produtiva, reduzindo custos e
melhorando a qualidade da produção.
A Fundação Amazonas Sustentável -- FAS tem orgulho de apoiar de forma
decisiva iniciativas como essa. Os investimentos do Programa Bolsa Flores-
ta Renda permitiram alavancar os investimentos de contagem dos peixes,
essenciais para a obtenção da licença ambiental. Além disso, apoiamos o
fortalecimento das associações de moradores, por meio do Bolsa Floresta
Associação. O sucesso dessa iniciativa reforça o conceito de que programas
de pagamento por serviços ambientais devem ir além da simples transfe-
rência de renda. É essencial uma abordagem holística, que inclua investi-
mentos em saúde, educação, organização social e geração de renda.
O sucesso do manejo do pirarucu no Juruá é mérito de um esforço mul-
tiinstitucional que envolve associações locais, governo federal, governo
estadual, prefeitura e organizações não governamentais: ao todo são dez
instituições.
O avanço do manejo de pirarucu no Juruá é mais uma evidência de que o ca-
minho da sustentabilidade é bom para as comunidades ribeirinhas. Ao invés
de vender peixe de forma ilegal, a R$ 4,00 o quilo, as comunidades conse-
guem o dobro do preço pelo pirarucu manejado. Ao contrário de verem os
lucros serem levados pelos pescadores de fora ou atravessadores, as pró-
prias comunidades ficam com os resultados econômicos dos lagos que elas
mesmas aprenderam a proteger e manejar. Ao invés de verem o peixe se
acabar, como em outras regiões do Amazonas, as comunidades podem ter a
certeza de que todos os anos poderão usufruir da despesca. Isso é susten-
tabilidade no seu conceito mais genuinamente amazônico.
84 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Tepequém
MELHOR MORANGO DO NORTE
REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Antonio Ximenes
A SERRA DO TEPEQUÉM EM RORAIMA SURPREENDEPELA QUALIDADE DA PRODUÇÃO DE MORANGOS[ [
A setecentos metros de altitude, na Serra do Tepequém, em
Roraima, planta-se e colhe-se o melhor morango do Norte
do Brasil. O clima com variações de até 14 graus centígra-
dos permite uma excelente adptação da fruta conferindo à
ela sabor, coloração e tamanho no mesmo padrão dos que
são produzidos nas mais tradicionais regiões do País.
"Nós viemos plantar morango aqui, porque acreditamos
na força da economia de Roraima e porque as condições
climáticas são ideais. Hoje estamos plantando em um
hectare e meio, mas a nossa proposta é a de transformar
o Tepequém no maior polo de produção de morango da
região. Vontade, apoio e tecnologia não faltam e o mer-
cado tem sido muito receptivo", disse o produtor rural
Eugênio Thomé, empreendedor tarimbado, que por seis
vezes esteve à frente das secretarias da Agricultura do
Estado de Roraima (quatro vezes) e do município de Boa
Vista (duas vezes), a capital.
» MULHER MORANGO
Dispostos a dar visibilidade a nova cultura agrícola do
Tepequém, os produtores rurais locais, tendo à frente
o empresário e procurador Federal Washington Pará,
promoveram a 1ª Festa do Morango, nos dias 3, 4 e 5 de
agosto. O evento reuniu mais de 1000 pessoas e contou
com a participação da "Mulher Morango", a artista Ellen
Cardoso, que com desenvoltura, charme e muita simpa-
tia fez com que os participantes aplaudissem sua perfor-
mance no palco montado no centro do vilarejo.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 85
» Princesa, Mulher Morango e a rainha da Festa do Morango foram os destaques do evento
"Eu vim de São Paulo para participar da festa e encontrei
um povo alegre, trabalhador e com muita vontade de ser
feliz com o cultivo e venda dos morangos, que é a minha
fruta preferida", disse.
» RAINHA
Com uma animada disputa pela coroa de rainha da Festa
do Morango, nove candidatas desfilaram para o público
que, ao final, conheceu a rainha do Morango, a bela mo-
rena Larisse Souza Silva. "É uma grande alegria ter sido
escolhida a vencedora, eu sou a pioneira de uma festa
que vai crescer muito", disse Larisse. Em segundo lugar,
86 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Tepequém
na condição de princesa, foi escolhida a jovem Aryane
Gondim.
» MISS
Com a presença da miss Roraima de 2011, Mel Anne, a
festa ganhou ainda mais em charme, elegância e beleza.
Coube a ela fazer as honras às jovens pretendentes à co-
roa de majestade do morango. "Em vim aqui para apoiar
uma festa que tem tudo para ser um marco na cultura
de Roraima".
» APOIO
Autoridades políticas também estiveram presentes na
Festa do Morango, foi o caso do ex-deputado federal e
atual presidente do Instituto de Terras de Roraima (Ite-
rama), Márcio Junqueira, que subiu a serra para parabe-
nizar seu amigo Eugênio Thomé pela produção de mo-
rangos em sua propriedade. "Thomé é um visionário, sua
iniciativa de fazer do Tepequém um polo de produção de
morango surpreendeu a todos, e o melhor, está dando
certo, disse ao governador Anchieta que o Tepequém vai
mudar profundamente com esta nova cultura agrícola,
que conta com o nosso total apoio", destacou.
Quem também compareceu ao evento na serra foi o en-
genheiro agrônomo Erwin Lima, diretor do Departamen-
» Eugênio Thomé, ao centro, de camisa listrada, com equipe da Secretaria de Agricultura de Roraima
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 87
to de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria
de Estado da Agricultura. Ele estava acompanhado por
uma equipe de mais de dez pessoas e foi representando
o secretário da Agricultura, Francisco Rodrigues. "Thomé
foi um dos mais vibrantes secretários da Agricultura do
Estado, e a nossa presença aqui é para prestigiar o forta-
lecimento da cultura do morango, que tem tudo para se
transformar em uma das mais rentáveis da região, pela
excelente aceitação que está tendo em Boa Vista", co-
mentou.
» CONSUMIDORAS
Na condição de consumidoras privilegiadas do morango
orgânico do Tepequém, a mãe Jane Lima Paixão e a sua
filha Jeane Lima Paixão tiveram a oportunidade de co-
lher no pé as frutas mais aprecidas da região. "Trouxe a
minha filha, porque ela gosta muito da vida ao ar livre
e esta é uma oportunidade dela comer algo saudável e,
que, dificilmente, se encontra em outras áreas do Esta-
do", disse Jane.
» Jeane Paixão e a mãe, Jane, apreciam a fruta no local de plantação
88 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Tepequém
Já a estudante de Administração, Jeane Paixão, comen-
tou que a fruta tem toda uma tradição que envolve um
ar romântico, pelo seu formato de coração. "Estou gos-
tando de participar da festa e de colher com as mãos os
morangos", disse.
Quem também aproveitou a ocasião para colher e comer
os morangos diretamente da terra foi a Miss Roraima de
2011, Mel Anne, ela não se conteve e foi até os túneis de
morango, onde eles são tratados, e, junto com a asses-
sora administrativa do Tribunal de Contas do Estado de
Roraima, Nathalia Rocha Lima, brindou aos particIpantes
da festa pelo sucesso da iniciativa inédita. "Temos que va-
lorizar os frutos da nossa terra", disse.
» COMITIVA
Uma comitiva de 22 pessoas de Manaus, dentre elas o
presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentavel
(ADS) do Amazonas, Valdelino Cavalcante, e o empresá-
rio do agronegócio, Augusto Sala, da Comercial Risadi-
nha, foram à Festa do Morango na serra do Tepequém.
"Não poderia deixar de participar de um momento
como este, principalmente por se tratar de uma inicia-
tiva do meu amigo Eugênio Thomé, um empreendedor
símbolo de Roraima, que tem se dedicado ao longo da
» Nathalia Rocha Lima e a amiga Mel Anne, Miss Roraima de 2011, comem a fruta diretamente do pé
vida em mudar a agricultura da região", disse Valdelino
Cavalcante.
Augusto Sala, por sua vez, destacou que o Tepequém
receberá toda a ajuda técnica e de insumos que for ne-
cessária para prosperar em sua cultura do morango."-
» Sistema de plantio do morango em tuneis de plástico que protegem a fruta do rigor do frio da serra do Tepequém
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 89
Nós precisamos de atividades corajosas e desbravadoras
como esta. Lá de Manaus vamos ajudar no que for neces-
sário ", salientou.
A Comercial Risadinha tem técnicos agrícolas, agrôno-
mos e outros profissionais do setor primário, que auxi-
liam os produtores no acompanhamento dos plantios de
praticamente todas as culturas cultivadas na Amazônia,
dentre elas a do morango.
» TURISMO
Além da cultura do morango, a serra do Tepequém é co-
nhecida pela beleza dos seus vales, montanhas e cachoei-
ras. Com paisagens espetaculares, que permitem aos tu-
ristas vislumbrarem a planície a centenas de quilômetros,
de uma altura superior a 800 metros em alguns lugares,
o Tepequém se destaca pelas águas límpidas, a fauna e
a flora de montanha. Os turistas procuram suas belezas
naturais, como um dos últimos refúgios da natureza into-
cada, no alto da serra de Roraima.
» Apreciadores do fruto compram diretamente da fonte sem atravessadores, o que reduz os custos para o consumidores
90 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Fruticultura
Para abrigar os turistas, um conjunto de pousadas rústi-
cas e outras mais sofisticadas, oferecem a infraestrutura
de hospedagem para aqueles que ainda acreditam, que
o melhor lugar para descansar e afastar o stress é jun-
to à natureza, de preferência próximo as nuvens, com
na serra do Tepequém, um paraíso, agora, com sabor de
morango. ■
» Público acompanha escolha da rainha da Festa do Morango no Tepequém
» Comitiva amazonense que foi à Festa do Morango, no Marco Zero da Linha do Equador
» A Mulher Morango, Ellen Cardoso, na companhia do organizador do evento, Washington Pará
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 91
Artigo
CONSERVAÇÃO E MELHORAMENTO GENÉTICOIN SITU DE ESPÉCIES HORTÍCOLAS AMAZÔNICAS
N a agricultura praticada pelos produtores da Amazônia Centro-Oci-
dental, as espécies hortícolas são cultivadas ou manejadas dentro
dos componentes dos sistemas agroflorestais tradicionais. Não ra-
ramente, a dispersão de sementes ocorre naturalmente, sem a intervenção
humana, mantendo ampla variabilidade genética das populações uma vez
que, nesses casos, o processo seletivo direcionando a evolução no sentido
da adaptação das espécies aos ambientes heterogêneos é mais relevante
do que aquele direcionado, exclusivamente, nas características agronômicas
valorizadas pelo consumo ou comercialização. O estoque de biodiversidade
disponível associado às formas de manejo dos ecossistemas praticados pe-
los agricultores tradicionais tem viabilizado a auto-suficiência e a sustenta-
bilidade da produção na agricultura familiar na Amazônia. Por outro lado, a
prática do compartilhamento intercomunitário dos recursos genéticos e as
formas de produção são expressões culturais dessas populações, podendo
se estabelecer uma relação recíproca de causa e efeito entre conservação da
Sociodiversidade e da Biodiversidade. Assim, o processo de conservação dos
recursos genéticos agrobiológicos in situ pelas populações tradicionais é de-
pendente do contexto social, cultural e ambiental vigente.
Na Amazônia, a domesticação e melhoramento de plantas vêm sendo, ainda
hoje, praticada pelos agricultores tradicionais e é uma herança cultural dos
seus antepassados. É uma atividade que faz parte do cotidiano e da organi-
zação social das famílias e das comunidades. O NERUA – Núcleo de Estudos
Rurais e Urbanos Amazônicos, grupo de pesquisa interinstitucional vinculado
à Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde do INPA, vem desenvolven-
do, na região do Alto Solimões, no Amazonas, um projeto de Melhoramento
Genético Vegetal in situ dentro do conceito do melhoramento participativo
de plantas enunciado por Cleveland e colaboradores, adotando-se, também,
como componente indissociável do manejo das plantas pelos agricultores tra-
dicionais da Amazônia, o processo de conservação dos Recursos Genéticos
Vegetais. Assim, o melhoramento participativo de plantas, quando o conhe-
cimento científico, compartilhado pelos melhoristas profissionais, é agrega-
do ao conhecimento tradicional, criam-se condições para geração de novos
produtos (variedades melhoradas) capazes de aumentar a renda monetária
das unidades familiares de produção sem causar distúrbios na organização
cultural, social e ambiental das comunidades.
A agricultura, em escala global, tem três grandes desafios a serem suplan-
tados: garantir a segurança alimentar, principalmente nos países periféricos,
onde o acesso ao alimento continua sendo, ainda hoje, um grave problema
nas camadas mais pobres da população; aumentar os níveis de sustentabili-
dade agrícola face ao processo gradual de deterioração ambiental e desace-
Dr. Hiroshi NodaNúcleo de Estudos Rurais e Urbanos AmazônicoCoordenação de Sociedade, Ambiente e SaúdeInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
lerar e estancar o processo de perda
da agrobiodiversidade. Portanto, é
extremamente importante que a So-
ciedade possa entender e valorizar o
importante papel que as populações
tradicionais e agricultores familiares,
não somente da Amazônia, mas de
qualquer localidade neste planeta,
desempenham na conservação dos
recursos genéticos vegetais e esse
reconhecimento, por certo, deverá
constituir o elemento chave na garan-
tia da segurança alimentar para toda a
humanidade.
92 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Sustentabilidade
O CORAÇÃO DA AMAZÔNIA NA
REPORTAGEM e FOTOS: Divulgação FAS
COM DEBATES SOBRE A FLORESTA AMAZÔNICA DURANTEA CONFERÊNCIA, RIBEIRINHOS CHAMAM A ATENÇÃO DO MUNDO
E APRESENTAM A REALIDADE DO AMAZONAS[ [Entre os dias 13 e 22 de junho, o mundo voltou o foco
para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-
mento Sustentável (Rio+20), realizada na cidade do Rio
de Janeiro. Reunindo 193 países e com uma proposta de
debate que ora favoreceu o multilateralismo e ora privi-
legiou a subjetividade, a Rio+20 trouxe para perto dife-
rentes públicos, que estiveram direta ou indiretamente
ligados aos debates e cartas propostas.
Se os argumentos dos chefes de estado traziam a consis-
tência das experiências no cadenciado desenvolvimento
social e científico de seus países, por outro lado, os deba-
tes evidenciaram suas firmes políticas de desenvolvimento
econômico, severamente rodeadas de vinculações indus-
triais e inundadas de questionamentos da sociedade civil.
O avanço mais significativo ganhava destaque em meio
às cúpulas e espaços criados para debate, no contorno
dessas discussões. Instituições de vários segmentos apre-
sentaram propostas e projetos com foco na sustentabili-
dade. Para o Amazonas, muitos olhos estavam voltados
à realidade local e a valorização das populações tradicio-
nais. Da vivência pura aos estandes, a dinâmica ribeirinha
era apresentada aos múltiplos espaços do encontro.
Como parte dessa proposta, uma iniciativa da Fundação
Amazonas Sustentável (FAS) fora decisiva para um êxito pa-
ralelo a qualquer discussão travada durante a Conferência.
Com um panorama completo de cada pedaço da sua lo-
calidade, 15 líderes comunitários de Unidades de Conser-
vação (UCs) do Estado puderam acompanhar de perto as
experiências e debates sobre as políticas internacionais
de conservação e sustentabilidade, e que influem dire-
ta e indiretamente na região onde vivem. Mais do que
acompanhar, ele participaram ativamente dos encontros,
que rodearam os temas de sua própria região.
A ideia de levá-los surgiu durante o VII Encontro de Li-
deranças das Unidades de Conservação do Programa
Bolsa Floresta (PBF), que ocorreu em maio. Na ocasião, o
superintendente geral da FAS, Virgílio Viana, levantou a
necessidade de chamar para perto dos debates aqueles
que dependiam diretamente deles.
Os encontros, aliás, servem de espaço para o alinha-
mento dos interesses comunitários e das políticas de
desenvolvimento traçadas pela Fundação, ocorrendo
três vezes ao ano. Os ribeirinhos se reúnem em Manaus,
» Os comunitários puderam compartilhar experiências na capital fluminense, com outros grupos de várias partes do Brasil
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 93
trazendo na bagagem suas opiniões, e voltam levando
planos para novos investimentos e potenciais melhorias
na qualidade de vida. Como espaço para debate, o oitavo
encontro teve como cenário a capital carioca. A dinâmica
recebeu novos elementos e a essência que já era provei-
tosa, ganhou firmeza.
"A Rio+20 é um marco histórico. Cruzamos nossos rios
para nos reunirmos em Manaus, e dessa vez foi bem di-
ferente. Agora o mundo pode ver a realidade da nossa
unidade de conservação. Depois da Rio+20, nossos en-
contros estão amadurecidos, ainda mais fortes", comen-
ta Edimar Pereira, líder comunitário da Reserva de De-
senvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira.
» EXPERIÊNCIA DO AMAZONAS NO RIO
De comunitários a pesquisadores, de instituições a socie-
dade civil. Os ribeirinhos reforçaram as cerca de 50 mil
pessoas que atravessaram a capital carioca, na busca de
atividades e iniciativas que servissem de resposta aos
amplos questionamentos sobre o futuro do chamado
desenvolvimento sustentável. A temática, aliás, avançou
significamente desde a Eco 92, conferência que há 20
anos revelou a responsabilidade internacional no declí-
nio da estabilidade dos ecossistemas globais.
Como preparação para integrar o notório batalhão da
Conferência, os líderes comunitários se interaram ainda
em Manaus, na sede da FAS. Com o evento tomando fô-
lego no Rio de Janeiro, no dia 13, a Fundação apresentou
algumas informações com intuito de incrementar a agen-
da de debates e exposições.
Na capital carioca, as realidades tiveram o decisivo con-
tato. Os comunitários puderam compartilhar ainda um
pouco da experiência local, aliada aos últimos avanços
e desafios das suas localidades. Para o Fundo Amazônia,
foram expoentes em um ciclo de palestras que envolveu
os projetos incentivados pelo Banco Nacional do Desen-
volvimento (BNDES) na região, como o os componentes
do Bolsa Floresta. Na Cúpula dos Povos, interagiram com
outros grupos de várias partes do Brasil.
Nos nove dias de Conferência, também foram apresenta-
dos a uma gama quase infinita de instituições. Cadastra-
das oficialmente no evento, quase 10 mil.
Arleílson Melo, líder da Reserva Extrativista (RESEX) do
Rio Gregório, comenta sobre o intercâmbio de experiên-
cias no evento. Para ele, a ação é uma importante ajuda
na luta diária pela conservação da sua moradia.
"A gente aprendeu novos conhecimentos. Vimos que
muitas instituições estão conosco, pra lutar para o meio
» Quinzes líderes comunitários de Unidades de Conservação do Amazonas puderam acompanhar os debates em prol do desenvolvimento sustenstável na maior conferência do clima
94 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
ambiente. Viemos aqui atrás de divulgar e receber aju-
da para nossa reserva. Queremos continuar lutando pela
floresta que conhecemos”, comenta.
Quando perguntado sobre a importância do debate, Ar-
leílson faz questão de afirmar o grau de conservação do
lugar onde reside. A Resex Rio Gregório conta com uma
área aproximada de 300.000 de hectares, e que freou os
grandes índices de desmatamento nos últimos anos.
“Nas nossas comunidades, a maior parte está conserva-
da, nossa floresta está inteira. Em nível de aquecimento
global, nós da Resex Rio Gregório temos muita coisa para
manter. Gostaria de saber por que o mundo não apresen-
ta um plano completo, direto, para parar de vez com esse
problema. Não para amenizar”, relata.
» O PROGRAMA BOLSA FLORESTA
O contato com essas instituições foi promissor. Os fru-
tos foram muito além dos elogios. Nas mochilas e malas
levadas para a capital carioca, o positivo exemplo trazido
do Amazonas. As 15 unidades de conservação represen-
tadas reduziram os incêndios florestais em 40%, em boa
parte graças aos investimentos anuais de R$ 1,4 mil por
família, potencializados pela iniciativa privada.
Segundo uma pesquisa realizada pela Action Pesquisas,
58% das famílias beneficiadas atesta que a vida melho-
rou. O total de 94% afirmou que deseja a continuidade do
Programa Bolsa Floresta, que se tornou referência inter-
nacional em estratégias de desenvolvimento sustentável.
O Programa atua nas esferas Familar, Renda, Social e As-
sociação e beneficia cerca de 35 mil pessoas nas unidades
de conservação, através do apoio direto pela conserva-
ção das florestas, ou de políticas de apoio ao desenvolvi-
mento social e das associações ribeirinhas.
O líder da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) do Juma, Doracy Paes, reforça o projeto de sus-
tentabilidade colocado em prática. Para ele, é preciso
avançar apresentando os avanços e principalmente, no
diálogo sobre os desafios.
"Temos dois Núcleos de Conservação e Sustentabilidade
(NCS), reforçando bastante a Educação. Morávamos em
um município onde a educação era muito carente. Com
ajuda dessas políticas, as coisas tem melhorado bastante.
Precisamos debatê-las”, comenta. ■
Sustentabilidade
» RIO+20 No Rio de Janeiro, comunitários participaram de uma apresentação do Fundo Amazônia, organizada pelos próprios diretores do Fundo exclusivamente para as Lideranças. Um documento foi entregue pelas lideranças comunitárias reivindicando atenção especial em pequenos projetos.
» Rodada de debate com líderes da floresta na Rio+20
96 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Foi apresentado pelos reitores das Universidades da região Norte ao Se-
nador João Capiberibe (AP), em audiência realizada no Senado em 28 de
agosto último, um programa de desenvolvimento acelerado da capaci-
dade de pesquisa e de formação a nível de pós graduação na Amazônia.
A proposta prevê a criação de uma Bolsa de fixação de pesquisadores na Ama-
zônia de R$ 3.000 mensais a ser paga durante os primeiros cinco anos, de con-
trato com uma instituição acadêmica ou de pesquisa na região.
Os reitores pensaram em um programa de dez anos, com uma meta de atrair
dez mil pesquisadores para a região. O custo anual varia de R$ 36 milhões nos
primeiros anos, para mil bolsistas, a R$ 180 milhões para cinco mil alguns anos
depois. Por outro lado o projeto apresentado ao Senador e ao Ministro da Ciên-
cia e Tecnologia M. A. Raupp, também presente na audiência, propõe também
ampliar as bolsas oferecidas a pesquisadores já em atuação na região o que
poderia acrescentar, estima-se, mais R$ 28 milhões anuais ao valor acima. Em
dez anos o investimento para este programa de bolsas seria de R$ 1,7 bilhões.
Obviamente deveria-se pensar também em equipar os laboratórios dos Institu-
tos e Universidades de modo que o sangue novo injetado no sistema de pesqui-
sas revigore braços e mentes empenhadas em agregar inteligência aos planos
de desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Equipar laboratórios pode corresponder em dez anos a um investimento equi-
valente ao mencionado para atrair e fixar os pesquisadores, mais R$ 1,7 bilhões
portanto.
O projeto é oportuno e mesmo imperativo ainda que o propósito de incentivar
a fixação de quadros técnicos especializados na região vem sendo reafirmado
há décadas, sem sucesso. Apesar de timidos progressos devidos principalmen-
te às Fundações de Apoio à Pesquisa Estaduais, hoje mal conseguimos equi-
librar o saldo negativo de jovens – em geral os mais talentosos – que deixam
a região em busca de melhores condições de trabalho em P&D. São poucos,
muito poucos, os laboratórios de excelência existentes na região. Pesquisado-
res do mais alto nível na classificação do CNPq atuantes na região, contam-se
ainda nos dedos.
Qual seria então, para além dos incentivos financeiros, o ingrediente neces-
sário para garantir a desejável fixação na região dos pesquisadores jovens ou
menos jovens? Arrisco algumas hipóteses:
1. Precisamos antes de mais nada de um projeto nacional de desenvolvimento
social e econômico para a Amazônia. O que existe hoje, o Plano de Aceleração
do Crescimento, o PAC trata a região Norte como os países centrais tratam o
Brasil: Fornecedor de grãos, minérios e energia.
2. Não há preocupação com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. E tan-
A GALINHA DOS OVOS DE OURO
Não faltam de fato boas razões para reclamar por mais investimentos na região, uma vez que é bem conhecido o potencial aplicativo da vasta biodiversidade.
Artigo
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 97
to menos com a ampliação do conhecimento científico e tecnologico necessá-
rios para promover a exploração da biodiversidade, microrganismos, toxinas e
produtos naturais inovadores.
3. Vejam-se por exemplo os projetos de mineração, construção de hidrelétri-
cas, portos, ferrovias, linhões que encontramos no PAC/Norte, aos quais se des-
tinam investimentos de mais de 200 bilhões de reais nos próximos dez anos.
Quanto destes recursos se destinam a P&D necessária para promover uma mu-
dança significativa na qualidade de vida da região?
4. O PAC parece desconhecer o PAS, Plano Amazônia Sustentável, desenhado
pelo Governo na mesma época.
5. Não faltam de fato boas razões para reclamar por mais investimentos em
C&T na região uma vez que é bem conhecido – e celebrado – o potencial aplica-
tivo da vasta biodiversidade e dos serviços ambientais que a floresta e as águas
oferecem.
6. Enquanto existir crédito abundante para plantar soja e criar gado na terra
desmatada e forem regateados os necessários investimentos em laboratórios
e indústrias de biotecnologia e microbiologia, micologia, botânica, ictiologia e
entomologia, o quadro de dependência e subordinação política da região Nor-
te ao poder do Centrosul, se perpetuará e não haverá bolsas e incentivos fi-
nanceiros que consigam fixar quadros técnicos e jovens talentos (como havia
dificuldade de fixá-los no Brasil até poucos anos atrás).
7. De pouco adiantará porém, pedir aos Institutos e universidades que se articu-
lem com boa vontade aos setores empresariais (existem?) para resolver as difi-
culdades que estes encontram ao tentar produzir industrialmente os processos
e os produtos inovativos desenvolvidos nos laboratórios. Para tanto dever-se-ia
pensar em criar na região empreendimentos de base tecnológica equipados
para realizar esta tradução/transferência dos processos e produtos dos labo-
ratórios para a indústria.
8. Cabe enfim observar que os conhecimentos existentes que posssam dar ori-
gem a produtos de interesse comercial são ainda muito escassos. Será preciso
muito trabalho de pesquisa e inventário para que as possibilidades aplicativas
se multipliquem até níveis capazes de mover a economia da região. Para tanto
os dez mil (ou mais) quadros técnicos de bom talento, empenhados em pesqui-
sas realizadas em laboratórios equipados são essenciais.
9. O que desconhecemos supera de muito o que conhecemos e não adianta,
como querem alguns ‘pragmáticos’, abrir a galinha dos ovos de ouro para dela
extrair o ouro. O tesouro se encontra na caminhada, floresta adentro. Cuidado,
porém! Precisamos de guias para entrar e sair da floresta com vida. Já sabemos
Obviamente deveria-se pensar também em equipar os laboratórios dos Institutos e Universidades, de modo que o sangue novo injetado no sistema de pesquisas revigore braços e mentes.
Ennio Candotti Diretor Geral do Museu da Amazônia
conversar com eles? Sem eles
não haverá tesouro, encontrare-
mos apenas galinhas. As bolsas
de fixação criativa deveriam ser
pensadas para eles também.
98 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Guerra na SelvaArtigo
Ahumanidade acaba de realizar a 3ª Conferência Mundial sobre meio am-
biente. Isso por si só já revela que esse assunto não frequentava a agenda
dos mandatários mundiais, especialmente dos chamados ricos – Estados
Unidos à frente – que sustentaram o crescimento econômico de seus países num
modelo produtivo altamente predatório e de consumismo irracional.
A 1ª Conferência sobre o Homem e o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972) foi marcada
pela contradição entre países ricos e pobres. Os primeiros, liderados pelos EUA e seu
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), defendendo o “crescimento zero”,
como forma de reduzir o impacto ambiental; os segundos (Brasil incluído) sustentan-
do a necessidade de crescer e se desenvolver para erradicar as mazelas sociais. A 2ª
Conferência, conhecida como Eco 92, pautou o conceito de desenvolvimento susten-
tável, a partir do relatório Brundtland, conhecido como Nosso Futuro Comum, embora
a legislação ambiental mundial tenha se orientado mais pelo Santuarismo do que pelo
Sustentabilismo ali preconizado. A 3ª Conferência, a Rio+20, foi aberta 40 anos depois
procurando encontrar respostas às mesmas contradições da 1ª Conferência.
Não há consenso sobre esse tema porque esse debate tem motivação ideológica e não
técnica. As principais correntes que polemizam esse assunto se orientam, como não po-
deria ser diferente, por concepções distintas, de acordo com o seu conteúdo de classe,
tanto no que diz respeito ao caráter finito ou infinito dos recursos naturais quanto ao
princípio da soberania nacional.
Para os produtivistas ou cornucopianos os recursos são infinitos e, no extremo, po-
derão ser substituídos por outro tipo de recurso natural ou sintético, razão pela qual
desprezam toda e qualquer ponderação de uso racional dos recursos naturais. Uma
avaliação mesmo que superficial dos estoques de recursos naturais dos ditos países ri-
cos não autoriza essas “certezas”. Embora se proclamem nacionalistas adotam padrões
econômicos – exportação de matéria prima bruta – que favorece o imperialismo e com-
promete a soberania nacional pela exaustão de recursos estratégicos.
Os santuaristas ou neomalthusianos alardeiam que os recursos naturais, além de fini-
tos, já se esgotaram. Sustentam que o planeta chegou ao limite e se aproxima perigo-
samente do colapso ambiental. Recuperam a cantilena malthusiana quanto a escassez
de alimentos e sugerem que os pobres continuem pobres e os ricos continuem ricos,
na medida em que não apresentam uma alternativa para equacionar a enorme discre-
pância de consumo que há entre ricos e pobres ou mesmo emergentes, como é o caso
dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Sua matriz ideológica é o Clube de
Roma (1968) que defende a teoria do “crescimento zero”. Dentre seus sócios honorá-
rios figuram personagens associados a movimentos de traição nacional e de servilismo
UMA EXPERIÊNCIA SUSTENTÁVEL NA RIO+20
O que não é discutível é o princípio da soberania nacional sobre a Amazônia.
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 99
]Eron BezerraEngenheiro Agrônomo, Professor da Universidade Federal do Amazonas, Secretário de Estado da Produção Rural e Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia.
“Bacalhau da Amazônia”, gerando
quase mil postos de trabalho, ver-
ticalização da produção, agregação
de valor a matéria prima regional
e elevação de padrão de renda de
homens e mulheres daquela região,
especialmente pescadores.
Foi essa experiência inédita no Brasil
que tanto encantou aos que parti-
ciparam da 3ª Conferencia Mundial
sobre meio ambiente, a chamada
Rio+20.
inconteste aos (des) mandos do chamado consenso de Washington e da pregação
neoliberal de Friedrich Hayek, entre os quais Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e
o rei Juan Carlos I (Espanha), o “ecologista” que foi flagrado matando elefantes na
Botswana. Precisa dizer mais? Aceitam “candidamente” a gestão compartilhada da
Amazônia, ou seja, a sua internacionalização.
Os sustentabilistas, baseados em larga fundamentação teórica, tem claro que os re-
cursos naturais são finitos, que não há ação antrópica ou natural que não provoque
impacto ambiental e que é perfeitamente possível, a um só tempo, usar, conser-
var e preservar os recursos naturais, desde que manejados em bases sustentáveis.
Epicuro (341-271 aC) já afirmava que “nada pode originar se do nada”, enquanto
Fausto de Goethe (1832) proclamava que “tudo que nasce deve morrer” e Marx,
na Introdução a dialética da natureza, conclui que “na natureza, como na socieda-
de, tudo está interligado, interconectado e interdependente”, sugerindo o caráter
finito dos recursos naturais e, também, a necessidade de sua permanente renova-
ção. E Marx é explícito ao afirmar que: “talvez passem ainda milhões de anos... e a
humanidade, cada vez mais amontoada em torno do equador, não encontrará nem
sequer ali o calor necessário para a vida... e a Terra, morta, convertida numa esfera
fria, como a lua, girará nas trevas mais profundas... em volta do Sol, também morto,
e sobre o qual, por fim, cairá...”. O debate, portanto, é como reduzir esse impacto e
conciliar a ação com o interesse popular, tendo presente à necessidade de alongar
o uso dos recursos naturais. Repudiamos toda e qualquer tentativa de se colocar
em discussão a soberania nacional sobre os seus recursos naturais, especialmente
a Amazônia.
» PREMISSA ZERO: SOBERANIA SOBRE A AMAZÔNIA
O que não é discutível é o princípio da soberania nacional sobre a Amazônia. Mas o
fato de termos presente que a questão ambiental é, lamentavelmente, usada como
instrumento geopolítico e não de real preocupação com a defesa dos recursos na-
turais, não nos autoriza a estimular o desmatamento irracional ou defender outras
aberrações similares sob o argumento de que os imperialistas já destruíram todos
os seus recursos e agora querem preservar os nossos. Ao contrário. Devemos tirar
proveito dessa questão, inclusive preservando grandes áreas como recurso estraté-
gico que somente nós podemos dispor.
E, ao mesmo tempo, desenvolver alternativas realmente sustentáveis como a ex-
periência que estamos desenvolvendo na Reserva de Desenvolvimento Sustentá-
vel de Mamirauá, no Alto Solimões. Ali, mais precisamente no município de Maraã,
Amazonas, estamos transformando o pirarucu oriundo de manejo sustentável em
100 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Artigo
JOSEFINA, UM EXEMPLO DE VIDA
N o final do século XIX, Josefina Álvares de Azevedo foi uma das pri-
meiras defensoras do voto feminino no Brasil. Avançada para a
época reivindicava para o sexo feminino um tipo de educação que
desenvolvesse sua capacidade para exercer não só a direção da família, mas
também os altos postos do Estado. Ela acreditava que sem esse direito, a
igualdade prometida pelo novo regime político não passava de utopia. Em 24
de fevereiro de 1932 o voto feminino é obtido.
A luta das mulheres por respeito, melhores condições de trabalho e direitos
iguais é permanente, no entanto, elas ainda enfrentam muitas barreiras no
mercado de trabalho. As brasileiras ganham, em média, 34% menos do que
os homens, sendo que a diferença da média global é de 22%.
No Amazonas, mulheres que trabalham na despesca do pirarucu, estão re-
escrevendo essa história. Elas estão felizes por ganharem a mesma quantia
que os homens -- “é de igual para igual”, diz Mariângela Lima Paixão, 29, da
Comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista do Médio Juruá, no Mu-
nicípio de Carauari.
Mas foi Josefina com seu exemplo que nos deixou seu importante legado.
Abriu-nos novos horizontes. A mulher que cuida da casa, dos filhos, do mari-
do, é também a mulher que trabalha fora, que faz faculdade, que administra
uma empresa, que traz e faz o pão.
No Programa Bolsa Floresta, da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), são
as mulheres que recebem o pagamento mensal. São elas que assumem o
compromisso com a educação, a conservação ambiental e o desenvolvimento
sustentável de suas famílias.
Desde Josefina, a luta das mulheres por melhores condições e direitos só se
acentuou e ganhou força, como prova disso, temos uma mulher como presi-
dente do país, Dilma Rousseff.
Não podemos esquecer que na luta pela equiparação dos salários com o dos
homens, redução da jornada de trabalho para 10h e tratamento digno, mu-
lheres fizeram greve em uma fábrica de Nova Iorque em 1857. Refugiadas na
fábrica, em resistência, 129 operárias tiveram suas vidas ceifadas pelo fogo da
intolerância. Por isso, que as conquistas sociais, econômicas e políticas estão
ainda distantes da igualdade. Nós, mulheres, precisamos estar permanente-
mente alertas na defesa dos nossos direitos, tanto na cidade como na floresta.
Ivaneide Lima da SilvaEngenheira Agrônoma
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 101
Efeméride
"NÓS CONSTRUIMOSUM NOVO BRASILA PARTIR DASPEQUENAS EMPRESAS.NESSES 40 ANOS, A SOCIEDADE TEM SE BENEFICIADO DOS NOSSOS SERVIÇOS."
Nelson RochaSuperintendente do SEBRAE-AM
PEQUENAS EMPRESAS
102 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Energia
EXPANSÃO DA GERAÇÃODE ENERGIA E DE GÁS NO
AMAZONAS
REPORTAGEM: AGECOM FOTOS: Alex Pazuello / AGECOM
Em seis meses Manaus passará a fazer parte do Sistema
Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica. O prazo,
que corresponde ao tempo que falta para o sistema elé-
trico da cidade ser ligado ao linhão de Tucuruí, foi dado
pelo ministro das Minas e Energia (MME), Edson Lobão,
que esteve na cidade no último dia 15 de outubro.
Na companhia do governador Omar Aziz e do senador
Eduardo Braga, Lobão visitou as obras da subestação do
Lechuga, na AM-010, onde deverá chegar o linhão, para,
em seguida, na Sede do Governo, assinar o contrato
da obra da nova estação termelétrica a gás Mauá 3. Na
mesma ocasião, na presença da presidente da Petrobras,
Maria das Graças Foster, foi assinado o contrato para a
realização de estudos de viabilidade técnica e econômica
que deverão permitir a expansão da exploração de gás
natural na Bacia do Solimões.
Somente para a expansão da rede de geração e distribui-
ção de energia, os investimentos devem chegar perto de
R$ 9 bilhões, segundo o MME. Desse total R$ 3,8 bilhões
estão sendo investidos no Linhão de Tucuruí, cujas obras
devem estar concluídas até o dia 31 de dezembro. No fim
do ano, também deverá ser concluída a subestação de
Lechuga, uma das maiores do Brasil, conforme informou
o ministro Edison Lobão.
Outra obra de grande porte no Amazonas é a construção
da nova termelétrica de Mauá, na qual está sendo inves-
tido R$ 1,1 bilhão, para a geração de mais de 600 Mega-
wats de energia. O início da operação da nova termoelé-
trica está previsto para o primeiro semestre de 2014. ■
Acompanhamento pedagógico
Higiene corporal e bucal
Alimentação Balanceada
Enfermagem
Acompanhamento nutricional
Atividades educacionais lúdicas e psicomotoras
Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 103
Acompanhamento pedagógico
Higiene corporal e bucal
Alimentação Balanceada
Enfermagem
Acompanhamento nutricional
Atividades educacionais lúdicas e psicomotoras