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JMmagazine 117 N ão se sabe ao certo a origem dessa técnica, tendo início há muitos séculos, através de di- ários, jornais e livros. Pode ter sido na Alemanha e então passada para a Inglaterra. Mas foi nos Estados Unidos que o scrapbook chegou há mais de cem anos e se tornou forte. Consta que Thomas Jefferson foi o primeiro americano famoso a fazer álbuns de recortes. Ele criava uma série de álbuns cheios de recortes de jor- nais que falavam sobre seu mandato, para referência futura. Desde aquela época as pessoas já colecionavam citações, poemas, elementos que representassem algum mo- mento especial ou pessoa querida. Os tempos mudaram, mas o que se sabe é que as razões continuam as mesmas. To- dos querem guardar boas recordações do que viveu. Isso é um fato. Além do jornalismo, uma das mi- nhas maiores paixões na vida é o scrap- booking. Então por que não unir o útil ao agradável? Foi assim que surgiu a ideia de fazer a reportagem e apresentar (para quem não conhece) esse imenso univer- so do papel. O artesanato ultrapassa as barreiras do hobby para se transformar em negócio profissional e muito lucrati- vo. Tanto que chega a movimentar R$50 bilhões (isso mesmo!) por ano no Brasil. Com a modernidade dos tempos, existem duas maneiras de se fazer scra- pbooking: digital e artesanal. A primeira opção é para quem não gosta de “sujar” as mãos com cola, nem de picar papel. Mas a preferência mesmo é pela segunda opção, tanto que as lojas especializadas estão crescendo pelo país, principalmen- te, no mundo virtual. As feiras também são excelentes opções de interação sobre o assun- to, como a Brazil Scrapbooking Show e Mega Artesanal, ambas realizadas uma vez por ano, em São Paulo. Para completar o calendário dos eventos de alto nível no país: Scrap Extrava- gance. No exterior, não dei- xe de conhecer a famosa CHA (Craft & Hobby Association). A decoração de álbuns de fotografias é apenas umas das vertentes da arte. Para começar uma página é preciso definir o layout, daí a complexidade da técnica que ajuda também na coordenação mo- tora, criatividade e raciocínio. Um projeto nunca fica igual ao outro, esse é o grande diferencial: a mesmice não tem vez! Por isso, a cada dia mais gente se apaixona pela arte. E não tem idade para começar. A arte de decorar álbuns de fotografias não só é capaz de contar histórias, como também de tornar possível reviver cada momento em detalhes. A principal matéria- prima do scrapbooking são as boas recordações que, aliadas à criatividade, técnica e produtos especializados, têm feito a arte se tornar um sucesso pelo mundo e, por aqui, o que não falta é gente talentosa para colocar em prática essa mania. POR BIA ADRIANO Amor através do papel! Scrapbooking: JMmagazine 159

Revista JM Magazine

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Matéria jornalística sobre a arte do scrapbooking e suas vertentes.

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Não se sabe ao certo a origem dessa técnica, tendo início há muitos séculos, através de di-ários, jornais e livros. Pode ter

sido na Alemanha e então passada para a Inglaterra. Mas foi nos Estados Unidos que o scrapbook chegou há mais de cem anos e se tornou forte. Consta que Thomas Jefferson foi o primeiro americano famoso a fazer álbuns de recortes. Ele criava uma série de álbuns cheios de recortes de jor-nais que falavam sobre seu mandato, para referência futura. Desde aquela época as pessoas já colecionavam citações, poemas, elementos que representassem algum mo-mento especial ou pessoa querida. Os tempos mudaram, mas o que se sabe é que as razões continuam as mesmas. To-dos querem guardar boas recordações do que viveu. Isso é um fato.

Além do jornalismo, uma das mi-nhas maiores paixões na vida é o scrap-booking. Então por que não unir o útil ao agradável? Foi assim que surgiu a ideia de fazer a reportagem e apresentar (para quem não conhece) esse imenso univer-

so do papel. O artesanato ultrapassa as barreiras do hobby para se transformar em negócio profissional e muito lucrati-vo. Tanto que chega a movimentar R$50 bilhões (isso mesmo!) por ano no Brasil.

Com a modernidade dos tempos, existem duas maneiras de se fazer scra-pbooking: digital e artesanal. A primeira opção é para quem não gosta de “sujar” as mãos com cola, nem de picar papel. Mas a preferência mesmo é pela segunda opção, tanto que as lojas especializadas estão crescendo pelo país, principalmen-te, no mundo virtual.

As feiras também são excelentes opções de interação sobre o assun-to, como a Brazil Scrapbooking Show e Mega Artesanal, ambas realizadas uma vez por ano, em São Paulo. Para completar o calendário dos eventos de alto nível no país: Scrap Extrava-gance. No exterior, não dei-

xe de conhecer a famosa CHA (Craft & Hobby Association).

A decoração de álbuns de fotografias é apenas umas das vertentes da arte. Para começar uma página é preciso definir o layout, daí a complexidade da técnica que ajuda também na coordenação mo-tora, criatividade e raciocínio. Um projeto nunca fica igual ao outro, esse é o grande diferencial: a mesmice não tem vez! Por isso, a cada dia mais gente se apaixona pela arte. E não tem idade para começar.

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opção, tanto que as lojas especializadas estão crescendo pelo país, principalmen-te, no mundo virtual.

As feiras também são excelentes opções de interação sobre o assun-to, como a Brazil Scrapbooking Show e Mega Artesanal, ambas realizadas uma vez por ano, em São Paulo. Para completar o calendário dos eventos de alto nível no país: Scrap Extrava-gance. No exterior, não dei-

pela arte. E não tem idade para começar.

de fazer a reportagem e apresentar (para quem não conhece) esse imenso univer-

pela arte. E não tem idade para começar.

A arte de decorar álbuns de fotografias não só é capaz de contar histórias, como também de tornar possível reviver cada momento em detalhes. A principal matéria-prima do scrapbooking são as boas recordações que, aliadas à criatividade, técnica e produtos especializados, têm feito a arte se tornar um sucesso pelo mundo e, por

aqui, o que não falta é gente talentosa para colocar em prática essa mania. P O R B I A A D R I A N O

Amor através do papel!Amor através do papel!Amor através do papel!Scrapbooking:

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S C R A P B O O K

Cada vez mais, as pessoas estão buscan-do inovação quando o assunto é festa. E para fugir dos produtos padronizados, o mercado artesanal vem ganhando espaço. O scrap-booking tem papel importante nesse cresci-mento. A personalização de festas, feita por scrappers, é uma boa aposta para aquelas mães que querem exclusividade para o ani-versário do filho. Desde as embalagens dos doces até as lembrancinhas, essa é a vanta-gem em contratar o serviço diferenciado e saber que em nenhuma loja irá encontrar a mesma estampa e layout da embalagem.

Scrapfesta

Falar de scrapbooking sem falar de Vlady é mais ou menos o mesmo ditado: Ir a Roma e não ver o Papa. Formado em artes plásticas pela Uni-versidade São Judas Tadeu, o artista é desenhista técnico de propaganda, calígrafo, vitrinista e um dos mais respeitados profissionais do ramo das ar-tes no país. Está sempre inovando e transformando simples pedaços de papel em verdadeiras obras de artes. Vale a pena conhecê-lo pessoalmente.

Vlady

Só para se ter uma ideia de que a arte virou coisa séria para os americanos, os chamados scraproom (espaço totalmente projetado para que a pessoa exerça a atividade em um local adequado, onde os materiais são bem guardados, ficando protegidos de crianças e animais domésticos) estão cada vez mais comuns entre eles. A sofisticação dos projetos arquitetônicos varia a cada orçamento e já existem até chalés/casas específicos para o propósito.

O assunto é tão vasto que se fôssemos aprofundar em técnicas (carimbos, costura, emboss), produtos (cricut, silhouette, cola, fi-tas, papéis, adesivos, chipboard, die cuts, ilhós, base de corte, crop a dile, gabaritos de marcação, guilhotinas, furadores, smash, etc) ou temas sobre o assunto teríamos que fazer uma JM Magazine especial. Aqui, foi só uma demonstração da dimensão desse uni-verso e também para quebrar alguns pré-conceitos estabelecidos (ser uma arte inacessível, apenas um hobby e sem utilidade).

De uma coisa você pode ter certeza: depois que você começa a fazer scrapbooking, não tem mais volta. Vai encarar esse desafio?

Scraproom

Raquel Corrêa Lóes Ribeiro Pagliaro, assessora de marketing “Descobri o scrapbooking por acaso na internet e fui pro-curar na cidade. Encontrei a Santussa, a partir daí ela me apre-sentou a Kátia e a Camila. Meu tempo é cronometrado. Só faço quando meu marido e fi lho estão dormindo, depois das 11 horas da noite. Diferente das outras pessoas que trabalham livres com a cria-ção, delimito o meu material antes de criar. Fiz o aniversário do meu fi lho, criei uma estampa personalizada, assim como to-dos os itens, desde os convites até a lembrancinha, tudo através do scrapbooking. Acho que é uma forma de eterni-zar os momen-tos bons.”

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Santussa Carvalho, administradora e calígrafa“Quando eu tinha 5 anos, meu pai era dono de uma papelaria e eu cresci atrás do balcão. Tinha uma paixão pelos furadores de papel e, com eles, criava convites e cartões. Quando minhas fi -lhas nasceram, comecei a fazer álbuns, mas sem as técnicas do scrapbooking. Só em 2005 quando fi z um curso com o Vlady foi que comecei a pesquisar sobre a arte e não parei mais. Participando de feiras, pude conhecer pes-soas e novos parceiros. No começo era muito difícil conseguir material e um dos cami-nhos foi investir no comércio local como oportunidade de negócio. Hoje o scrapbooking virou febre nacional. Como futura terapeuta ocupacional quero utilizar o scrap como instrumento terapêutico. O objetivo é unir a arte para ajudar as pessoas”

Camila Vilela Árabe, administradora e proprietária de loja de Scrapbooking“Conheci o Scrap em 2005, através da minha mãe,

porque morava sozinha e ela mandava os materiais para mim. Ao fi nal da faculdade, abandonei o scrapbooking pela difi culdade de encontrar materiais na cidade. Em

2009 comecei a fazei para valer, precisava viajar a São Paulo para comprar materiais. Foi a partir dessa neces-

sidade que resolvi abrir a loja, em 2011. Acredito que no futuro o scrapbooking ainda vai crescer,

pois só agora as pessoas estão tendo conhecimento do que é a arte,

através das feiras e cursos oferecidos pelo mercado”

Kátia Cristina da Silva, pedagoga, trabalha com tecnologia educacional“Em 2005 descobri o que era scrapbooking atra-vés de uma revista de artesanato. Fui procurar material na cidade e não encontrei. Em 2006, pesquisando na internet, descobri fórum, blogs e, em Uberaba, encontrei algumas pessoas, inclu-sive a Santussa. Gostei de fazer scrap porque já fazia artesanato e é uma forma de organizar suas memórias, sua história. O melhor que o scrap me trouxe foram as amizades. As pessoas são solidárias, enviam materiais umas para as outras, ensinam o que sabem, enfi m, esse encontro de pessoas legais passa a ser como uma terapia, um momento de conversas. O scrapbooking está em expansão na cidade, mais pessoas o têm procu-rado e experimentado.”

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Maria Paula Mendes, empresária “Sempre fui apaixonada por trabalhos manuais e desde a in-fância enfeitava meus cadernos e pastas escolares com recortes, fi tas de cetim, botões, viés que pegava no atelier de costura da minha tia Paula Luzes - modista famosa da época. Em 2005, vi alguns álbuns que a Ciça (Maria Cecília Palmério) fez e fi quei apaixo-nada. Em viagens que fi z aos Estados Unidos, onde o Scrap é muito for-te, adquiri alguns produtos. Em 2007 fi z um curso em uma loja especia-lizada em scrap em Miami e, em 2008, outro na famosa loja Michael`s, também em Miami. Estou sempre fazendo álbuns para presentear a famí-lia. É uma arte em que você se envolve e não tem vontade de parar.”

Maria Cecília Palmério Toubes“Sempre gostei de trabalhos manuais, e também de fotos. Conheci o scrapbook na internet há uns anos. Como aqui em Uberaba não tinha nada e nem as pessoas sabiam do que se tratava, fui pesquisan-do até encontrar em SP lojas e cursos. Fiz vários cursos e durante uns 5 anos fi z vários álbuns da minha família, e alguns para presentear amigos. É um hobby que precisa de tempo e dedicação. Exis-tem diversas técnicas (mosaico, furadores, carim-bos, molduras, costura etc), mas o que eu acho mais legal é montar um álbum inteiro como se fosse um livro de história (desta forma, você não precisa fi car explicando o que aconteceu, onde foi, quem estava. Tudo fi ca claro e fácil de entender, como se fosse realmente uma história), utilizando as diversas técnicas para que não fi que monótono, nem repetitivo, e trazendo a cada página uma sur-presa agradável. Ainda faço as capas dos cadernos do meu fi lho mais novo, e um ou outro presente (caixa, quadro ou mesmo uma página ou outra).”

O uberabense Daniel Adolfo Cecilio Pável é proprietário de

uma loja online de scrapbooking“Descobri o scrapbooking através da minha esposa, Fernanda, que faz por

hobby e comprava muito material pela internet, já que em Goiânia existe pou-ca variedade. Resolvi então abrir uma

loja de scrapbooking, que vende exclu-sivamente pela internet e entrega em todo

o Brasil. Como tenho a loja, preciso conhecer as ferramentas que vendo, então me “arrisco” fazendo

algumas coisas junto com minhas fi lhas!”

o que aconteceu, onde foi, quem estava. Tudo fi ca claro e fácil de entender, como se fosse realmente uma história), utilizando as diversas técnicas para que não fi que monótono, nem repetitivo, e trazendo a cada página uma sur-presa agradável. Ainda faço as capas dos cadernos do meu fi lho mais novo, e um ou outro presente (caixa, quadro ou mesmo uma página ou outra).” presa agradável. Ainda faço as capas dos cadernos do meu fi lho mais novo, e

Para começar a fazer a arte é pre-ciso apenas alguns materiais básicos como base de corte, estilete, papéis de scrapbooking, furadores, régua, cola acid free, adesivos, ilhós, fita banana. Enfim, a variedade de produtos é infi-nita devido a tantas técnicas (costura, patchwork, emboss, scrapbooking 3D). Além de tudo isso, existem no mercado nacional e internacional as máquinas de corte que ajudam as scrappers a agi-lizar a produção de suas peças.

Inciando os trabalhos...