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Setembro 2014 21ª edição Ano VIII Distribuição gratuita Venda Proibida Linha Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo www.sintetel.org [email protected] Sintetel se associa à União Geral dos Trabalhadores Sintetel e UGT Juntos e mais fortes MOBILIDADE URBANA O desafio de superar a mentalidade do transporte individual motorizado BRICS SINDICAL Centrais sindicais reivindicam dos BRICS compromissos com a classe trabalhadora ENTREVISTA Ricardo Patah, presidente da UGT, fala da parceria com o Sindicato

Revista Linha Direta 21ª Edição - Ano VIII

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Sintetel e UGT juntos e mais fortes.

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Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulowww.sintetel.org ● [email protected]

Sintetel se associa à União Geral dos Trabalhadores

Sintetel e UGT Juntos e mais fortes

MOBILIDADE URBANAO desafi o de superar a mentalidade do transporte individual motorizado

BRICS SINDICALCentrais sindicais reivindicam dos BRICS compromissos com a classe trabalhadora

ENTREVISTARicardo Patah, presidente da UGT, fala da parceria com o Sindicato

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2 Linha direta em revista

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índice

Entrevista “A UGT nasceu para valorizar o trabalhador como cidadão”Ricardo Patah, presidente da central sindical, fala sobre política e a entrada do Sintetel na entidade

CapaNovos rumosSintetel muda de central sindical para encarar os novos desafios das telecomunicações em sintonia com o setor de serviços

5

4 Editorial

8 Telecomunicações

11 Mulher

12 Trabalho

24 Cidades

26 Cultura

28 Aconteceu

33 Passatempo

editorias

Artigos32 Unidade de açãoArtigo de João Guilherme Vargas Netto

34 Quem conta um conto aumenta um ponto Artigo do Leitor

5

30

20

Social Necessária inclusãoFalta de informação leva a maioria das pessoas a enxergar a deficiência como barreira

20

18 TecnologiaCuidado, eles estão online Sites de compras fazem 174 vítimas a cada mil consumidores, revela pesquisa; especialista aponta os cuidados necessários

18

15 SindicalA voz e a vez dos trabalhadores Centrais sindicais reivindicam dos BRICS compromissos com a classe trabalhadora

15

30

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4 Linha direta em revista

DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz

Vice-Presidente: Cristiane do NascimentoDiretoria Executiva:Aurea Barrence, Fábio Oliveira da Silva, Gilberto Rodrigues Dourado, José Carlos Guicho,

José Clarismunde de O. Aguiar.Diretoria Secretário: Alcides Marin Salles, Cenise

Monteiro de Moraes, Leonardo Alves Ribeiro, Marcos Milanez Rodrigues, Maria Edna de Medeiros, Paulo dos

Santos e Welton José Araújo.Diretor de Aposentados: Osvaldo Rossato

Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e

Mauro Cava de Britto.

COORDENAÇÃO EDITORIALDiretor Responsável: Almir Munhoz

Jornalista Responsável: Marco Tirelli (MTb 23.187)Redação: Emilio Franco Jr. (MTb 63.311),

Marco Tirelli e Cindy AlvaresEstagiária: Laura Rachid

Diagramação: Agência Uni www.agenciauni.com

Fotos: Fabio Mendes, J.Amaro, Jonas Alves e Shutterstock

Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto e Paulo Rodrigues

Capa: DIZ Comunicação

Impressão: Gráfica Unisind Ltda. www.unisind.com.br

Distribuição: SintetelTiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral

Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de

São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 | Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899

www.sintetel.org [email protected]

SUBSEDES: ABC (11) 4123-8975

Bauru (14) 3103-2200Campinas (19) 3236-1080

Ribeirão Preto (16) 3610-3015Santos (13) 3225-2422

São José do Rio Preto (17) 3232-5560Vale do Paraíba (12) 3939-1620

O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede

Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a

opinião de seus autores.

editorial

Almir MunhozPresidente do Sindicato

expediente

Uma decisão importante to-mada pelos associados do Sindicato em conjunto com a nossa diretoria foi a saída

da entidade da central Força Sindical e a autorização para filiação à UGT – União Geral dos Trabalhadores.

Trataremos do tema na matéria de capa desta revista cujo título é “Novos Rumos”. Além disso, trazemos também uma entrevis-ta com Ricardo Patah, presidente da UGT, que fala da importância da entrada do Sintetel na central.

Quero deixar claro que saímos da Força Sindical pela porta da fren-te. Não temos quaisquer diferenças

Sintetel entra em uma nova fase

“Prezados, venho, na oportu-

nidade, cumprimentá-los e,

assim, agradecê-los pelo re-

cebimento da 19ª edição da

publicação “Linha Direta”.

Aproveito o momento para

parabenizá-los pelo belís-

simo trabalho. Peço-lhes,

gentilmente, que também

Mensagem do Leitor

como os companheiros. Ao contrá-rio, nós admiramos suas qualidades.Entretanto, optamos pela UGT por ser uma central voltada para o setor de ser-viços. Tal fato pesou, pois tem muito mais a ver com a nossa categoria.

O Sintetel continuará lado a lado com a Força Sindical, com as demais centrais e agora com a UGT na luta firme pela Pauta Trabalhista, que de-fende o fim do fator previdenciário, a correção da tabela do Imposto de Renda, a jornada de 40 horas sema-nais, entre outras reivindicações.

Além disso, o companheiro Ri-cardo Patah já declarou que não medirá esforços para que consiga-mos a tão sonhada regulamenta-ção da profissão de teleoperador. Vamos em frente!

transmitam as minhas con-

gratulações a todos os in-

tegrantes da equipe desta

edição, reportagem, foto-

grafia, projeto gráfico, dia-

gramação, arte e organiza-

ção deste projeto.

Atenciosamente,

Jair Tatto (PT) - Vereador SP

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Linha direta em revista 5 Linha direta em revista 5

Com a filiação do Sintetel à UGT (União Geral dos Trabalhadores), Linha Di-reta em Revista conversou

com Ricardo Patah, que é funda-dor e presidente da central sindical.

“A UGT nasceu para valorizar o trabalhador como cidadão”Ricardo Patah, presidente da central sindical, fala sobre política e a entrada do Sintetel na entidadePor MARCO TIRELLI

Patah defende um novo rumo para o sindicalismo brasileiro, incorpo-rando as ideias de cidadania, ética e inovação para agregar os excluí-dos do mercado de trabalho.

A UGT é, atualmente, a terceira maior central do Brasil e a maior no setor de serviços. “A tendên-cia, justamente por essa represen-tação maciça de comércio e ser-viços, será o de elevar nosso cres-cimento”. A maioria dos sindi-catos da UGT está no estado de

São Paulo, mas a central também tem grande representatividade em Santa Catarina, no Paraná e em Minas Gerais.

Graduado em Direito pela Univer-sidade São Judas Tadeu e em Admi-nistração pela Pontifícia Universi-dade Católica (PUC) de São Paulo, Patah também é o atual presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, entidade na qual atua desde 1991. A seguir, os principais trechos da entrevista:

entrevista

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6 Linha direta em revista

Linha Direta: Segundo o Dieese, a UGT é uma das centrais que mais cresce no País. A que o Sr. atribui isso?

Ricardo Patah: Nosso conceito de valorização do trabalhador do pon-to de vista da inclusão social e da cidadania tem trazido muitos sindi-catos para a UGT. A central valori-za todo sindicato independente do seu tamanho. Não temos o chama-do baixo clero. Os sindicatos têm a mesma condição e a mesma capaci-dade de nos ajudar a construir esse projeto da valorização do trabalho decente e da inclusão social.

A política que nós praticamos é a de desenvolvimento do Brasil, no senti-do de ter uma distribuição de renda adequada, um IDH melhor, saúde e educação de qualidade. Isso tem fei-to a diferença no meio sindical.

LD: Quais são os pilares que sus-tentam a UGT do ponto de vista programático?

RP: Primeiro, nós somos inde-pendentes em todos os senti-dos, inclusive do ponto de vis-ta político. Nós não somos uma central que um partido vai de-terminar o que devemos fazer. Nós usamos os partidos cujos dirigentes são filiados para que eles possam, no poder legislati-vo ou executivo, trabalhar a fa-

vor da classe trabalhadora. En-tão é o inverso. Nós é que usa-mos os partidos. Nós queremos que o sindicalista e o trabalha-dor participem das eleições não só votando, mas sendo votado. A maior parte dos 513 deputados é da área empresarial ou do agro-negócio, poucos têm a ver com a defesa do trabalhador. Queremos mudar esse panorama.

LD: De que forma a Central vê as eleições de 2014? RP: Nós precisamos iniciar um processo para capacitar os nossos dirigentes para que eles possam re-presentar os trabalhadores na As-sembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e assim por dian-

te. A maior parte das leis, que são elaboradas por meio dos projetos construídos na Câmara dos Depu-tados, são contra ou flexibilizam os direitos e os interesses dos traba-lhadores. Por exemplo, os comerci-ários no Brasil tiveram uma derrota absurda: a flexibilização do traba-lho. Para os comerciários, domingo é igual a qualquer dia. Infelizmente, não tivemos na época capacidade de fazer frente aos deputados para impedir uma situação dessas. A compreensão da importância da participação na política é funda-mental. Hoje não passamos de 50 de-putados, o que é muito pouco. Além disso, a formulação das necessidades do Brasil tem que passar pela cabe-ça dos trabalhadores. Temos que

entrevista

"A política que nós praticamos é a de desenvolvimento do Brasil"

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Linha direta em revista 7

participar para, aí sim, iniciar um processo de grandes mudanças em nosso País.

LD: Existe algum desafio es-pecífico nas telecomunicações?

RP: Nós temos uma situação muito grave nas telecomunicações. Deve-mos pressionar a ANATEL, que é a agência reguladora, para que nós te-nhamos uma telefonia de qualidade e com um preço que seja razoável. Por isso é importantíssimo a nossa participação. E agora nós contamos muito com o Sintetel para desenvol-ver um trabalho específico.

LD: De que forma a UGT pode contribuir com o Sintetel na luta pela regulamentação da profis-são de teleoperador?

RP: A UGT teve papel fundamen-tal na regulamentação da profis-são de comerciário. A regulamen-tação da profissão de teleopera-dor será uma das principais prio-ridades da central. Temos capaci-dade de articular junto ao Con-gresso Nacional e, em especial, com a presidenta Dilma. Nosso compromisso é fazer com que o Sintetel e todos os seus represen-tados tenham condições de expli-citar tanto no Congresso quanto com a presidenta da República, a necessidade e a importância dessa regulamentação.

Não podemos permitir essa insegu-rança que afeta os que trabalham nesse segmento. Essa juventude precisa estar cada vez mais próxi-ma ao movimento sindical e eu te-nho certeza absoluta que o Sinte-tel, na busca pela regulamentação, quer valorizar não só a profissão, mas a pessoa e o ser humano. Se nós tivermos gente que represen-te os trabalhadores lá no Congres-so vai ser muito mais fácil do que quando você não tem ninguém.

LD: E como se dá a relação da UGT com as demais centrais sindicais?

RP: É bastante positiva. Quando as bandeiras são comuns como a questão da redução da jornada e o fim do fator previdenciário, nós trabalhamos de forma con-junta. Um exemplo foi na ques-tão da política do salário míni-mo. Mas existem questões de in-teresses distintos, como é o caso do setor de comércio e de ser-viço. Muitas das nossas deman-das não eram colocadas da for-ma que deveriam ser.

Nós valorizamos a estrutura sindi-cal atual, somos a favor do imposto e da unicidade sindical. Não abri-mos mão desses pontos. Outras cen-trais não pensam como nós. A UGT é plural e é nesse aspecto que nos di-ferenciamos de outras centrais. Nós valorizamos a política, mas nós não deixamos que o partido político se intrometa nas questões internas da central. Essa talvez seja umas das diferenças, mas temos uma relação muito cordial.

LD: E como a UGT se articula internacionalmente?

RP: A UGT participa de todos os Fóruns internacionais. Somos filia-dos a CSI - Confederação Sindical Internacional -, que é a maior fe-deração internacional de sindica-tos. Lá temos cargos importantes. Temos uma participação na CSA, que é a Confederação Sindical das Américas. A CSI representa mais de 180 países e três centrais brasileiras são filiadas, UGT, Força e CUT. Na CSA também temos participação importante. Na UNI, na qual o pre-sidente do Sintetel, Almir Munhoz, é um dos vice-presidentes, temos também participação. O mundo globalizado necessita da participa-ção dos trabalhadores organizados. A UGT valoriza isso por demais.

Leia entrevista na íntegra no www.sintetel.org na aba publica-ções/entrevistas

"A regulamentação da profissão de teleoperador será uma das principais prioridades da central"

entrevista

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8 Linha direta em revista

“Se o Fundo de Universalização dos Serviços em Telecomunicações (FUST) fosse aplicado devidamente, o cenário do setor no Brasil seria expressivamente melhor”, analisa Almir Munhoz, presidente do Sintetel POR Cindy AlvAres

É possível democratizar as telecomunicações?

Passados 16 anos da privati-zação do Sistema Telebrás, na teoria, a telefonia bra-sileira ampliou o acesso ao

serviço à população. Porém, isso não significou competição entre as empresas por melhores serviços ou o devido retorno das receitas

teleComUniCações

arrecadadas para o próprio setor.O engenheiro de telecomunica-ções Eduardo Tude, presidente da empresa de consultoria Tele-co, disse ao site do Ipea que o crescimento recorde no uso ativo das linhas de telefonia móvel – que ultrapassou 270 milhões em 2014 – contribuiu com a expan-são do acesso à internet no país e consequente para o crescimento das telecomunicações.

No entanto, as concessionárias de telefonia fixa e móvel crescem em ritmo mais acelerado do que o número daqueles que têm aces-so aos seus serviços. A nona edi-ção da pesquisa TIC Domicílios, divulgada em junho pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), chama a atenção para

algumas desigualdades em deter-minadas classes sociais e regiões.

Metade da população brasileira ainda não tem acesso à internet, o que hoje interfere diretamente na formação de milhares de pes-soas, pois o uso das redes pro-move a interação no processo educativo e facilita a obtenção de informações.

Nas classes A e B, a proporção de casas com acesso à internet é de 98% e 80%, respectivamen-te, na classe C é de apenas 39%. Já nas classes D e E, o acesso à rede atinge apenas 8%. A de-sigualdade também é espacial: nas áreas urbanas, a proporção de lares conectados é de 48%, enquanto que nas rurais chega apenas a 15%.

8 Linha direta em revista

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É possível democratizar as telecomunicações?Ou seja, os mais pobres têm o aces-so à informação significativamente menor que os demais, o que só con-tribui para a desigualdade social. “O que se percebe é que, ao contrá-rio do que todos pensam, o Brasil não está cada vez mais conectado como um todo. A esperança é que esses indicadores chamem a atenção das empresas. Inclusive o governo tem de desenvolver políticas públi-cas efetivas para a diminuição des-sas diferenças.” analisa o coordena-dor da TIC Domicílios, Winston Oyadomari, em sua pesquisa.

Para as empresas, as leis restritivas dos municípios e a ausência do repasse do dinheiro arrecadado para o próprio setor dificultam a ampliação dos ser-viços nas áreas apontadas com baixo acesso à internet. Por outro lado, a jul-gar pelos lucros crescentes das compa-

nhias do setor, sobram recursos para realizar melhorias na infraestrutura. Parte do dinheiro, porém, segue dire-to para o exterior e engorda o caixa dos grandes grupos globais.

A universalização dos serviços de tele-comunicações ajudaria a engrenar os aspectos necessários. Um grande pas-so rumo ao ideário de acesso à comu-nicação para todos. Almir Munhoz, presidente do Sintetel, explica que o governo federal arrecada dinheiro do setor e tem como subsidiar tan-to ações que estimulem a atuação das empresas nessas regiões como tam-bém a conscientização das prefeitu-ras que interferem nesse processo.

“A telefonia no País é cara e os im-postos não são revertidos em in-vestimentos em infraestrutura para ampliar o serviço nas camadas mais

pobres da população e nem em for-mação profissional", esclarece Mu-nhoz. “Se os recursos recolhidos do setor, como o FUST [Fundo de Uni-versalizações dos Serviços em Teleco-municações (ver artigo na pag. 10), fossem devidamente aplicados, o ce-nário do setor no Brasil seria expres-sivamente melhor”, conclui.

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10 Linha direta em revista

Para onde vai o dinheiro do FUST?

o Fundo de Universaliza-ção dos Serviços de Tele-comunicações (FUST) é lei desde agosto de 2000

e foi criado para destinar recur-sos ao cumprimento das obriga-ções de universalização de servi-ços de telecomunicações.

Isso significa que as concessioná-rias de telefonia fixa de regime pú-blico precisam, com essa verba, ga-rantir o acesso de qualquer pessoa ou instituição ao serviço de teleco-municações, independente de sua localização e condição socioeco-nômica. As empresas também de-vem assegurar a utilização das te-lecomunicações em serviços essen-ciais de interesse público.

É importante ressaltar que cabe ao Ministério das Comunica-ções elaborar as políticas, as dire-trizes gerais e as prioridades que orientam as aplicações do FUST, bem como definir os programas, projetos e atividades financiados com recursos do Fundo.

São receitas do FUST, entre ou-tros, 50% dos recursos prove-nientes das vendas de outorgas de telecomunicações, ou seja, da venda do direito de prestar o ser-viço de telecom à população de

uma determinada área. A em-presa que pagar mais ao gover-no, desde que obedecidas as re-gras, passa a ter este direito.

Também fazem parte das receitas do FUST o preço cobrado nas trans-ferências de outorgas de serviços de telecomunicações e a contribuição de 1% sobre a receita operacional bruta dos serviços de telecomuni-cações. Trocando em miúdos, trata--se de enorme quantia. Até 2013 o montante acumulado já chegava a R$ 15,987 bilhões.

Em minha opinião esse dinhei-ro deveria promover o desenvol-vimento, o uso e a dissemina-ção das telecomunicações e da informática em todas as esco-las públicas e nos locais previs-tos pela Lei, além de financiar a formação profissional dos tra-balhadores do setor. O serviço de telecomunicações necessita de formação técnica para asse-gurar a qualidade do emprego e do serviço prestado.

Além, é claro, de ampliar e apri-morar as formas de acesso da po-pulação a serviços de saúde, com a implantação de recursos de teleco-municações nas instituições vincu-ladas ao Sistema Único de Saúde. Por diversas vezes nossa federa-ção, a FENATTEL, cobrou a uti-lização dos recursos do FUST para fomentar a universalização da banda larga. Infelizmente, nada foi feito. E o que é pior, nem houve uma explicação ofi-cial para justificar por que esse fundo está parado.

Mas os recursos do FUST têm sido acumulados para elevar o superávit primário com o obje-tivo de equilibrar as contas do governo federal. Portanto, a fun-ção do fundo foi desviada.

Quando se conseguir levar a banda larga a todas as Escolas e a todos os hospitais, quando se garantir acesso às telecomu-nicações para todos os brasilei-ros, quando todos tiverem acesso à internet, quando tivermos tra-balhadores treinados e formados de maneira adequada, então che-gará a hora de pensar em outros gastos, diferente do que ocorre atualmente.

Almir Munhoz PresidenTe dO sinTeTel

teleComUniCações

"Nossa Federação, a Fenattel, cobrou a utilização do FUST para fomentar a universalização da banda larga"

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Linha direta em revista 11

mUlher

a amamentação tem papel decisivo no crescimento e na nutrição do bebê. Além de conter as proteínas ne-

cessárias para um desenvolvimento saudável, o leite materno previne o bebê de doenças e infecções. Sem contar os benefícios para a mãe, como a perda de peso e a preven-ção de câncer de mama e ovário.

Entre as milhares de pesquisas rea-lizadas para descobrir os benefícios da amamentação está a do Institu-to Karolinska, localizado na Suécia. Os resultados mostram que bebês alimentados exclusivamente pelo leite materno por quatro meses de vida ou mais têm 37% menos chan-ces de desenvolverem asma.

E não é só doença que o leite mater-no impede, como explica a pedia-

A principal proteção do bebê

Entre os benefícios do leite materno estão a prevenção de diarreia e de doenças respiratórias e alérgicasPOR lAurA rAChid

tra e pneumologista Christine Ta-mar, chefe do Serviço de Pediatria do Complexo Hospitalar de Nite-rói (CHN), no estado do Rio de Ja-neiro. “Os nutrientes contidos no leite materno fortalecem a muscu-latura da face e da boca do bebê e previnem futuros problemas na fala e na oclusão dos dentes”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até os seis meses de vida o bebê deve ingerir apenas o leite materno, nada de bebidas e outros alimentos complementa-res, pois o sistema digestivo ain-da está em fase de amadurecimen-to. “Após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais”, ex-plica a pediatra.

Muitas mães acreditam que há ali-mentos que elas não devem ingerir para não afetar a qualidade do lei-te. Marie tem um ano e sete meses e é a primeira filha de Joana Ozi, 29 anos. A mãe conta que recebeu outra orientação do pediatra da fi-

lha “Há muitos mitos sobre esse as-sunto. O médico me aconselhou a comer normalmente”, revela.

Para a enfermeira Ludmila Sare, a alimentação materna deve focar na saúde e no bem estar. “A mulher que amamenta deve beber no míni-mo dois litros de água por dia e se possível ingerir derivados de milho, o que aumenta a produção de leite”.

LICENçA MATERNIDADEToda mulher que deu a luz e que contribui para a Previdência Social tem direito a quatro ou seis me-ses de afastamento do trabalho (de-pende da categoria). É o chamado período de licença maternidade.

A lei também garante que du-rante a gravidez e cinco meses após o parto a mãe não pode ser demitida.“A licença maternidade de seis meses é uma conquista do movimento sindical", lembra Ce-nise Monteiro, secretária da mu-lher do Sintetel. "Mamães, não es-queçam que nesses primeiros me-ses a aproximação com o bebê é muito importante", finaliza.

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12 Linha direta em revista

Por MArCO Tirelli

Casados há 35 anos, Goreti e Roque Martins trabalham juntos na mesma empresa há 23

24em uma manhã ensolarada e

quente no final de julho, a rotina se repete para Goreti e Roque. Acordam, colocam

o uniforme de trabalho e vão para a rua. Ou melhor, para baixo dela. O casal trabalha como cabistas de li-nhas telefônicas, ou seja, entram nas caixas subterrâneas. Uma das tarefas é fazer o processo de transferência entre cabos de papel para cabos plásticos.

Goreti e Roque moram em São José do Rio Preto há 14 anos e trabalham como cabistas na TEL, que é uma prestadora de serviços da Vivo/Telefônica. Mas a história deste casal começa bem longe de São Paulo, lá no Rio Grande do Sul. Goreti nasceu no município de Marau e Roque, em Passo Fun-do. Eles se conheceram no final dos anos 1970 e o amor os uniu. O casal constituiu uma grande famí-lia, são cinco filhos e nove netos.

Na vida profissional, Goreti foi a primeira a entrar para o setor de telecomunicações e foi dire-to para o escritório de serviço. Logo depois, Roque abandonou sua profissão de metalúrgico para acompanhar sua esposa, que já trabalhava na Gamboa Telecomu-nicações, no Rio Grande do Sul. A empresa prestava serviços para a antiga CRT – Companhia Rio-

horas de união

trabalho

grandense de Telecomunicações.

Quando Roque foi admitido na Gamboa, a empresa o colocou para trabalhar na classe L. “Eu comecei trabalhando na parte de lançamento de cabo, mas eu nem sabia o que era um cabo. Depois que aprendi, come-cei a trabalhar diretamente com ins-talação”, relembra Roque.

Roque e Goreti, no decorrer dos anos, passaram por diversos setores da em-presa até optarem pela função de ca-bista, que remunerava bem. Para Go-reti, a mudança não foi tão fácil. “Fui fazer os cursos necessários para a fun-ção porque tínhamos que aprender a soldar luva, emendar cabos, além de outras atividades. Na época, o pessoal

da empresa fiscalizava muito e como eu era uma mulher, piorou, né? Eles ficavam em cima de mim o tempo inteiro”, diverte-se Goreti.

Goreti relembra que o início foi muito difícil. "Agora não tem mais discriminação na empresa. Posso dizer que o pessoal me ad-mira, apesar de encontrar gente na rua que me xinga pra caram-ba porque acha que o serviço é para homem. Dizem até que é por causa de mulheres como eu que tem tantos homens desemprega-dos. Não tem nem o que falar em uma hora dessa, né?”.

Depois que eles saíram da Gamboa foram admitidos, já como cabistas,

horas de união24

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Linha direta em revista 13

horas de união

trabalho

na empresa espanhola ITETE, ain-da no Rio Grande do Sul. A em-presa, entretanto, passou a prestar serviços em São José do Rio Preto e foi assim que Roque e Goreti mu-daram para o estado de São Paulo.

Quando a ITETE perdeu o contra-to, em 2005, e retornou à Espanha, o casal recebeu proposta para ir com a empresa trabalhar no velho continente. Mas eles recusaram. “Se tivessem oferecido um valor maior creio que a gente teria ido. Como eu disse na época: ‘a quantidade de eu-ros que vocês estão oferecendo não vale o sacrifício de ficar longe da fa-mília, de ficar longe de todo mun-do’. Teria que ser uma coisa que va-lesse muito a pena”, recorda Gore-

ti. Foi por causa disso, que há nove anos o casal foi admitido na TEL.

HIsTóRIAs DO DIA A DIACerto dia Goreti e Roque estavam trabalhando em Santa Fé quando começou uma forte chuva. “Es-távamos com duas caixas subter-râneas abertas com cabo de pa-pel que não podia molhar de jei-to nenhum”, destaca Roque. Fa-zia muito calor e o suor escorria. “Bem na hora de terminar o servi-ço, quando íamos colocar a sílica gel para a emenda ficar sequinha, começou a chuva. A gente come-çou a ficar apavorado porque era um lugar de baixada e as caixas começaram a encher de água,” re-lembra Goreti.

Goreti lembra que, na época, além dela, trabalhavam Roque e os cole-gas Biro e Carlão. “Nós estávamos em uma caixa, o Biro e o Carlão em outra. A caixa em que eles tra-balhavam estava quase cheia d’água e o Roque pediu para que eu ficasse com o cabo nas costas que ele iria ajudar os colegas”, recorda.

De repente a caixa na qual estava Goreti começou a encher d’água e ela não sabia o que fazer. Já a cai-xa onde estavam os demais pegou fogo no gerador. “Aconteceu um monte de coisa, mas digamos as-sim, de tudo que aconteceu, não aconteceu nada com o cabo. A gen-te não deixou que o nosso serviço se perdesse”, orgulha-se.

Em resumo, o cabo não molhou. “Proteger o cabo é a nossa função. Se chegar a molhar tem que trocar tudo e o serviço está perdido”, expli-ca Roque, para quem trabalha em subterrâneo é complicado. “Se mo-lhar dá baixa isolação na emenda e nada mais funciona”, complementa.

Às vezes, Goreti e Roque são obriga-dos a conviver com companhias estra-nhas na caixa subterrânea, tais como aranhas, baratas, ratos e cobras. “É simples, nós não mexemos com eles e eles não mexem com a gente. Eu só me preocupo quando não encontro baratas, pois onde não há baratas é porque tem escorpião. Até prefiro en-contrar com elas”, diverte-se Roque.

VIVER E TRABALhAR JUNTOSAo serem perguntados sobre como é viver e trabalhar juntos, o casal tem a resposta na ponta da língua. “Não

horas de união

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só trabalhamos juntos na profissão, como também trabalhamos na igre-ja evangélica Quadrangular de Ja-guaré onde nós servimos a Deus. Então a gente é assim: servimos a Deus juntos, trabalhamos juntos, ficamos em casa juntos, dormimos juntos, ou seja, nós estamos sempre juntos”, explica Goreti.

Mas, às vezes, eles têm contratem-pos normais da convivência. “De vez em quando a gente discute, principalmente em relação ao tra-balho. Ele fala ‘faz assim’ e eu não quero fazer daquele jeito, quero fazer de outro”, afirma Goreti. Roque contemporiza: “o bom do negócio é que quando chegamos em casa os assuntos já estão todos certinhos e resolvidos”.

Mas nem só de trabalho vive o ca-sal. Nas horas vagas, como autênti-cos gaúchos, tomam chimarrão, as-sistem TV, mexem no jardim, fazem caminhadas, jantam em algum res-taurante, vão ao cinema ou simples-mente ficam jogando conversa fora.

Eles estão sempre viajando, pois co-brem toda a região de São José do Rio Preto, de Santa Fé, passando por Ara-raquara até Ribeirão Preto. “Quando saímos de férias não queremos viajar, queremos ficar em casa. Meu traba-lho é viajar, então ficar em casa é um lazer porque sempre estamos fora e fica difícil fazer coisas simples como um jantar”, encerra Goreti.

Para saber mais sobre a história do casal acesse: www.sintetel.org e as-sista pelo site o programa Ponto de Encontro edição número 22.

trabalho

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Linha direta em revista 15

A voz e a vez dos trabalhadores Centrais sindicais reivindicam dos BRICS compromissos com a classe trabalhadora

os chefes de Estado dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem anualmente para aumen-

tar suas participações nos rumos da política e economia do planeta, por meio, por exemplo, de parcerias co-merciais e investimentos em ener-gia e infraestrutura. Este ano, a VI Cúpula dos BRICS ocorreu em 15 e 16 de julho, em Fortaleza.

Na busca de ganhar espaço e co-locar as reivindicações dos tra-balhadores na agenda dos países envolvidos, foi realizado no mes-mo período o III Fórum BRICS Sindical. Composto pelas princi-pais centrais sindicais dos países do grupo, o fórum elaborou um documento solicitando aos co-mandantes mais compromissos com os trabalhadores.

O documento cita a necessidade de trabalhar com base nas normas e princípios da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT) para pro-moção do Trabalho Decente, para garantir um piso de proteção social e universal e a transição do trabalho da economia informal para a formal.As centrais querem participação ativa nos BRICS. Para o presidente da UGT, Ricardo Patah, que esteve

A voz e a vez dos

Por lAurA rAChid

sindiCal

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16 Linha direta em revista

no fórum, o grupo precisa de de-fensores dos direitos dos traba-lhadores e não apenas dos empre-sários. “O BRICS é um importan-te bloco na política e na econo-mia internacional, seu peso eco-nômico é inegável, a participação no PIB equivale à União Euro-peia. Por essa razão, é importan-te que os trabalhadores possuam também o mesmo grau de parti-cipação do empresariado”.

Patah observa ainda que é impor-tante mudar a realidade a qual os trabalhadores estão submetidos. “Diante da informalidade, da pre-cariedade e da má distribuição de renda, consequências do neolibe-ralismo na atividade econômica nos países dos BRICS, torna-se mais do que necessária a unidade do bloco, para que não venha a converter-se em algo meramente aduaneiro ou mercantilista como se viu reduzido o Mercosul”.

A presidente Dilma Rousseff afirmou aos sindicalistas que

É um grupo composto por Brasil, Rús-sia, Índia, China e África do Sul que visa ganhar espaço na política e na economia internacional por meio de parcerias multilaterais, como a criação do Novo Banco de Desenvolvimento.

Fundado em 2006, os países que compõem o BRICS se destacaram no cenário mundial devido ao rápi-do crescimento das suas econo-mias e, por isso, são denominados emergentes.

Dilma Rousseff se encontra com sindicalistas

Se os sindicalistas ganharem espaço no BRICS, o interesse do trabalhador tenderá a ganhar mais força não só no Brasil, mas nos demais países do gru-po. “A área empresarial já está instalada no bloco desde o começo. Eu imagino que na próxima reunião, que vai ocorrer em 2015, na Rússia, já teremos a agen-da definida e com certeza a UGT partici-pará de forma valorosa”, revela Patah.

Segundo o doutor em comunicação pela USP, Rovilson Britto, com a cria-

ção de Novo Banco de Desen-volvimento, os BRICS caminham para a quebra da dominação nor-te-americana e da união europeia perante as demais nações. “Essa criação e as outras alianças do grupo são boas para o Brasil pri-meiro porque o país fica mais for-te politicamente e segundo por-que passa a abrir e ter acesso à metade do mercado mundial [os BRICS representam 45% da po-pulação global]”, explica.

Principais centrais sindicais dos países-membros do BRICS querem participação no grupo

sindiCal

Mas o que é BrIcs?

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Linha direta em revista 17

Artigo

As vitórias dos BrICS sindicaisAquilo que não passava de um pró--memória esperto de um consultor das altas finanças acabou se trans-formando em uma realidade geopo-lítica de peso.

Os cinco países que constituem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, Chi-na e África do Sul, no acrônimo em inglês) já produzem, somados, em paridade de poder de compra, um PIB superior ao dos Estados Uni-dos ou da União Europeia: 20% do PIB mundial. Ocupam mais que um quarto da superfície terrestre e ne-les vivem mais de 40% da popula-ção mundial.

Os esforços coordenados desses países garantiram a realização em Fortaleza do 6º encontro dos BRICS, quando foi anunciada a criação do banco dos BRICS para enfrentar fi-nanceiramente o FMI, o Banco Mun-dial e a “troika” europeia.

Mas o que quero destacar é o en-contro sindical dos BRICS reunin-do cúpulas sindicais expressivas de cada país. Apesar da enorme diver-sidade sindical existente (como a expressão da diversidade entre os países e suas histórias), foi possí-vel realizar o encontro, que produziu um documento unitário onde se exi-ge o reconhecimento por parte dos governos dos direitos sindicais, a começar pelo direito de representa-ção oficial nas instituições comuns dos BRICS.

A presidente Dilma recebeu a dele-gação sindical (é a primeira vez que um chefe de Estado anfitrião rece-be uma delegação sindical e aca-ta oficialmente suas reivindicações) e, fortalecidos pelo sucesso, os diri-gentes já começaram a efetuar uma série de reuniões bilaterais, visando uma maior coordenação de suas ati-vidades.

Por JOãO GuilherMe vArGAs neTTOhaverá mudanças. “Na próxima reunião, acho que dará para vo-cês participarem. Assumo esse compromisso. Se os empresários podem fazer o seu fórum e apre-sentar propostas, os trabalhado-res também têm esse direito.”

NOVO BANCO DE DESENVOLVIMENTO (NBD)O encontro de 2014 teve um mar-co histórico nas relações interna-cionais: a criação de um banco voltado para financiamentos de projetos de infraestrutura e de-senvolvimento sustentável em países emergentes que não rece-bem crédito suficiente dos prin-cipais órgãos internacionais. A instituição recebeu o nome de Novo Banco de Desenvolvimen-to (NBD). Outra medida foi a criação de um fundo de reserva alternativo para ajudar o grupo, semelhante ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os BRICS querem maior repre-sentação nas instituições interna-cionais e solicitaram mudanças na governança do Banco Mundial e no FMI, mas até o momento não foram atendidos. “Essa demora faz com que façamos a nossa par-te e não fiquemos só reivindican-do”, afirmou Dilma.

A criação do banco é um ato de defesa própria em busca de me-nos dependência desses órgãos globais. O NBD será operado pelos países dos BRICS e a sede será em Xangai, na China. Com capital inicial de 50 bilhões de dólares (dividido igualmente en-

tre os cinco países), o NBD pode chegar a 100 bilhões de dólares. O primeiro presidente será in-diano e o Brasil ocupará a pre-sidência do Conselho de Admi-nistração.

Os sindicalistas que participa-ram do III Fórum BRICS Sin-dical também reivindicam par-

ticipação na administração do banco. “Consideramos que as centrais sindicais dos pa-íses deveriam estar represen-tadas nos diversos grupos de trabalho, inclusive no banco, de forma a garantir que a di-mensão da participação social nos BRICS seja fortalecida”, afirmaram os sindicalistas.

sindiCal

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18 Linha direta em revista

Nos postos de atendimento do Procon ou no site www.procon.sp.gov.br é pos-sível obter orientações de consumo e possibilidade de registro de reclama-ções contra fornecedores.Além disso, o selo “Evite esses sites” foi criado pelo órgão em 2011 para alertar o

consumidor sobre o alto risco de não receber o produto anunciado ou ter problemas após a compra on-line. São mais de 400 sites lis-tados. Para conhecer esses sites, acesse:sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php

teCnologia

Sites de compras fazem 174 vítimas a cada mil consumidores, revela pesquisa; especialista indica os cuidados necessários POR Cindy AlvAres

Cuidado, eles estão online

Praticidade, agilidade, baixos preços, promoções e varieda-des. Ao observar o lado posi-tivo, fazer compras pela in-

ternet é algo tentador. “Por que não economizar tempo e dinheiro?”, questiona a psicóloga Kelly Piffer, que há oito anos realiza compras pe-los meios eletrônicos.

A enfermeira Patrícia Linhares res-ponde: “Comprei uma roupa pela internet, nunca recebi e nem con-segui falar com alguém na empresa que pudesse me ajudar”. Ela conta que gastou R$ 80 em um vestido para usar no casamento da irmã.

Ficou sem dinheiro e sem a roupa.

“Vi no Facebook este modelo, que na loja estava por R$ 300. Era mui-ta diferença no valor e paguei o bo-leto no mesmo dia”, conta a enfer-meira, que comprou o vestido de uma empresa que não existe.

De acordo com a Pesquisa Sobre o Comportamento dos Usuários na Internet, realizada pelo Fecomér-cioSP, 17,4 % das pessoas que rea-lizaram compras pelos meios digi-tais já foram vítimas de crimes ele-trônicos. Clonagem de cartão de crédito/débito, uso indevido de

dados pessoais, desvio de dinhei-ro da conta bancária e o não re-cebimento do produto são alguns exemplos dos golpes aplicados.

Uma série de lojas populares am-pliou suas vendas e aderiu ao sis-tema de compra online, conhe-cido também por e-commerce.

O Reclame Aqui atua como canal de co-municação entre consumidores e em-presas de todo o País. A reputação das empresas é calculada de forma auto-matizada. Nela se pode analisar qual a situação em que se encontra a empresa pela qual será feita a compra e quais ti-pos de reclamações são mais recorren-tes. Inclusive é possível compartilhar

suas experiências e aguardar uma resposta da empresa. www.reclameaqui.com.br

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Linha direta em revista 19 Linha direta em revista 19

teCnologia

presas fantasmas e/ou não rece-beram seus produtos. Por isso, é preciso ficar atento a todos os detalhes antes de fechar negó-cio pelo internet. Desconfie, por exemplo, de preços muito dife-rentes dos da concorrência. “Não existe mágica”, conta Coelho.

Kelly Piffer encontrou diversos problemas nas compras reali-zadas pela internet, mas afirma que a comodidade de não preci-sar sair de casa, ter mais tempo para pesquisar e não deixar o ma-rido de mau humor por demorar no provador compensam. “Ge-ralmente procuro sites que tam-bém tenham lojas físicas ou que utilizem o pagseguro [sistema de pagamento online que garante o produto ou serviço entregue ou o dinheiro de volta”, alerta.

Os órgãos de defesa do consumi-dor aconselham a sempre buscar empresas que tenham maior soli-dez no mercado. Para saber sobre a “reputação” dessas empresas, di-versas ferramentas ficam à dispo-sição do consumidor. A Revista Linha Direta listou abaixo algu-mas dicas de como se prevenir.

O Idec - Instituto Brasileiro de De-fesa do Consumidor - é uma asso-ciação de consumidores sem fins lucrativos. É independente de em-presas, governos ou partidos políti-cos. Por meio do site, a associação publica notícias e informações para

que os consumidores se previnam ou solucionem proble-mas relacionados ao consumo. O instituto testa compa-rativamente, avalia produtos e serviços e orienta consu-midores em todo o Brasil.www.idec.org.br/

O site Consumidor é um serviço pú-blico para solução alternativa de conflitos de consumo via internet. Lá as empresas cadastradas se com-prometem a receber, analisar e res-ponder as reclamações de seus con-sumidores em até dez dias. Ele não

substitui o serviço prestado pelos Órgãos de Defesa do Consumidor, que continuam atendendo os consumidores por meio de seus canais tradicionais de atendimento.Para saber mais, acesse: www.consumidor.gov.br

Apesar de alguns consumidores enfrentarem problemas na aqui-sição online de determinados produtos ou serviços dessas lo-jas, o especialista em golpes digi-tais Afonso Coelho faz uma res-salva. “Problemas com as gran-des magazines são muito mais fáceis de serem revertidos pelos

órgãos de defesa do consumidor. Já com as empresas desconheci-das, muitas vezes de fachada, fica quase impossível o estorno de dinheiro de um produto não recebido”.

Entre as vítimas de crimes eletrô-nicos, 16,2% compraram de em-

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Novos rumosSintetel muda de central sindical para encarar os diversos desafios do setorPor eMiliO FrAnCO Jr.

mudanças nem sempre significam rompimen-to. Mudar de casa, por exemplo, nem sempre

é sinal de que há um problema com a antiga, muito pelo contrá-rio. Às vezes, isso ocorre porque, em determinado estágio da vida, faz mais sentido morar em outra vizinhança. Esta é uma analogia que cabe perfeitamente para os novos rumos definidos pelos as-sociados e pela direção do Sindi-cato em assembleia.

Depois de quase 20 anos filiado à Força Sindical, o Sintetel mudou de central e agora integra os quadros da UGT (União Geral dos Trabalha-dores). Entretanto, a direção do Sin-dicato fez questão de esclarecer que não ocorreu qualquer desentendi-mento político ou racha com a anti-ga parceira. “Após longa reflexão, op-tamos propor aos associados a mu-dança porque a UGT é mais voltada ao setor de serviços, o que nos torna muito mais próximos de seus obje-tivos”, explica Almir Munhoz, pre-sidente do Sintetel.

Durante o processo de desfilia-ção, a direção do Sindicato reafir-mou o bom relacionamento com a Força, agradeceu publicamente pelos anos de parceria e assegurou que as entidades continuarão jun-tas nas lutas comuns. Contudo, a direção estava convencida de que a UGT representa uma ampliação no poder reivindicatório do Sin-dicato. Isso porque 90% da cate-goria de telecomunicações está relacionada ao setor de serviços, justamente o foco da central. “Te-

mos certeza que tomamos uma sá-bia decisão e seremos assim ainda mais fortes”, completa Almir.

A UGTAnteriormente ao nascimento da UGT, ocorrido em 2007, comércio e serviços não tinham a capacidade de interlocução adequada. Os seto-res juntos representam mais de 65% do PIB (Produto Interno Bruto) e aproximadamente 70% da mão de

obra brasileira. Apesar de ter nas-cido para suprir essa deficiência, a central tem o objetivo de agregar os mais diversos sindicatos. A fi-losofia principal é de que divisio-nismo e desmembramentos atrapa-lham a conquista de avanços para o trabalhador. Outro ponto dentre as diretrizes da UGT que chamou a atenção da direção do Sintetel foi a preocupação em valorizar o empre-gado como cidadão.

CaPa

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Novos rumosSintetel muda de central sindical para encarar os diversos desafios do setor

Com o Sintetel, a UGT quer pressionar a Anatel a garantir bons serviços de telecomunicações

Ricardo Patah explica a linha programática da UGT, focada principalmente no setor de comércio e serviços

Para a central, não basta lutar pela redução da jornada de trabalho, por exemplo. É preciso contribuir com a formulação de políticas pú-blicas nas áreas de saúde, educa-ção e distribuição de renda. “A vinda do Sintetel enriquece muito a possibilidade de continuarmos construindo essa política que vai ao encontro de milhões de traba-lhadores”, afirma Ricardo Patah, presidente da UGT.

Atualmente, a UGT conta com 1517 entidades sindicais filia-das. São 1340 sindicatos de base validados no Ministério do Trabalho e Emprego, 120 sindicatos filiados ainda em processo de validação, 55 fe-derações nacionais, regionais e estaduais e duas confedera-ções nacionais. A representa-ção é de cerca de 4,5 milhões de trabalhadores.

O SINTETELO Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Esta-do de São Paulo é o maior do setor nas Américas. São 300 mil trabalhadores representados em três segmentos de telecom: ope-radoras, prestadoras e teleatendi-mento. Em 72 anos de existência, o Sintetel é pioneiro em diversas conquistas que foram importan-tes não só ao universo do trabalho

CaPa

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22 Linha direta em revista

como também para a qualidade de vida dos trabalhadores.

Foi o Sintetel, por exemplo, que conseguiu os 30 dias de férias, atual-mente assegurados a todos com car-teira assinada, quando as empresas concediam apenas 20. Outro avan-ço importante foi a conquista do abono de Natal em uma época na qual não existia 13º salário. O Sin-tetel esteve, ainda, na vanguarda do movimento pela redução da jorna-da de trabalho ao alcançar a dimi-nuição na carga horária das telefo-nistas de oito para seis horas diárias.

Neste novo casamento, portanto, não só a UGT tem a oferecer. Trata--se de uma via de mão dupla. E o presidente da central, Ricardo Pa-tah, sabe disso. “O Sintetel traz sua contribuição e, com certeza, vai me-lhorar nossa capacidade de atuação política”, diz. “Nós não queremos que o Sintetel seja apenas mais um grande sindicato, queremos que seja aquele que vai dar estrategicamente o caminho da nossa central”.

PAUTAS DAS CENTRAISA luta coletiva das centrais sindicais por mais direitos trabalhistas seguirá como bandeira do Sintetel. A UGT também apoia as reivindicações da chamada Pauta Trabalhista, que in-clui a diminuição da jornada de tra-balho para 40 horas semanais sem redução dos salários, fim do Fator Previdenciário, correção da Tabela do Imposto de Renda, entre outras importantes demandas.

Patah explica em que ponto a UGT se diferencia das demais centrais, mas

Estimados e caros amigos, bem-vindos,

A filiação do Sindicato dos Traba-lhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo (Sintetel) à UGT é destacada por todos os dirigentes da nossa central como um momento histórico. A entida-de, presidida pelo companheiro Almir Munhoz, é uma das mais im-portantes no movimento sindical brasileiro, pois seus atos e ações em defesa dos trabalhadores nas telecomunicações de São Paulo têm sido um exemplo para todos.

Por si só, o setor de telecomunica-ções já é emblemático, mas depois que o Brasil optou pela privatiza-ção das telefônicas, a luta dos di-rigentes da entidade para garantir direitos aos trabalhadores da cate-goria foi um marco em sua história.

É essa experiência de luta, garra e determinação que os companhei-ros do Sintetel estão trazendo para a UGT. Sei que vocês chegam para

somar, agregar e ajudar a cons-truir uma nova página do sindica-lismo brasileiro.

A UGT, que nesse mês de julho co-memora sete anos de existência, tendo como bandeira a prática de um sindicalismo ético, inovador e cidadão, sente-se mais fortalecida com a filiação do Sintetel.

Hoje, o Sintetel vem somar e tra-zer sua experiência para tornar mais forte a luta dos mais de oito milhões de trabalhadores, repre-sentados por 1.160 sindicatos e federações, que já estão na UGT empunhando a bandeira pela va-lorização do trabalho, por maior distribuição de renda e contra a informalização que ainda impera no mundo laboral brasileiro.

Unidos somos mais fortes. Unidos conquistamos mais.

Ricardo Patah,Presidente da União

Geral dos Trabalhadores.

Presidente do Sintetel, Almir Munhoz entrega abaixo-assinado pela regulamentação da profissão de teleoperador ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves

CaPa

Mensagem de boas-vindas!

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Linha direta em revista 23

UGT acredita que uma sociedade mais justa e com serviços melhores trará benefícios aos trabalhadores como um todo

Ricardo Patah explica para a diretoria do Sintetel a filosofia da UGT

ressalta a relação cordial entre as en-tidades. “Somos plural, valorizamos uma política, mas nós não deixamos que o partido político se intrometa nas nossas questões internas”.

É comum a sociedade não com-preender a estrutura sindical bra-sileira, que divide a representação trabalhista em sindicatos, federa-ções, confederações e centrais. Na base, os sindicatos são a represen-tação direta dos empregados jun-tos às empresas, enquanto, no topo, as centrais articulam politi-camente os interesses dos sindica-tos filiados junto ao poder públi-co e na formulação de políticas.

“O trabalhador precisa entender que ele não está sozinho, não basta

o sindicato lutar por melhores salá-rios e condições, é necessário uma luta política mais intensa para con-seguir sensibilizar as pessoas que fazem as leis”, explica Almir Mu-nhoz, que é um entusiasta da visão estratégica da UGT. “Os trabalha-dores também devem ser atendidos para ter melhor condições de vida, como transporte adequado e segu-rança. Antes os sindicatos só se pre-ocupavam com a questão salarial, mas atualmente a central e os sin-dicatos fazem um trabalho para de-senvolver a política do país”.

PAUTAS DO SINTETELUm tema que tem feito o Sintetel concentrar forças é a regulamenta-ção da profissão de teleoperador. Neste ano, o Sindicato entregou

CaPa

ao presidente da Câmara dos De-putados, Henrique Eduardo Alves, o abaixo-assinado colhido com mi-lhares de trabalhadores da categoria. No cálculo final, foram exatamente 132.839 assinaturas de apoio.

O presidente da Câmara tornou público aos parlamentares o apoio dele à aprovação do projeto lidera-do pelo Sindicato. Entretanto, o assunto ainda deve ser tratado por Comissões específicas no Congres-so e esse trâmite pode levar certo tempo. É na tentativa de acelerar todo esse processo que o presiden-te da UGT assegurou empenho para conversar com os deputados e com o poder executivo.

“Nosso compromisso é fazer com que o Sintetel e todos os seus re-presentados tenham condições de explicitar no Congresso e, princi-palmente com a presidenta da Re-pública, a necessidade e a impor-tância dessa regulamentação. Não podemos permitir essa inseguran-ça que afeta os que trabalham nes-se segmento”, disse Patah.

Afinados no discurso e na ação, o Sintetel e a UGT acreditam que têm muito a colaborar mutuamen-te. “Tenho certeza absoluta que esse casamento com o Sintetel vai enriquecer e ampliar a capacidade de sermos interlocutores do setor de serviços, comércio e telecomu-nicações”, afirma Patah. “O Sinte-tel tem a oferecer muito trabalho e a contribuição para organizar os trabalhadores no segmento de ser-viços. Teremos bastante empenho nesse sentido”, finaliza Almir.

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24 Linha direta em revista

Mobilidade é um dos principais problemas enfrentados pelos grandes centros urbanos. O desafio é superar a mentalidade do transporte individual motorizado

Cidades

POR Cindy AlvAres

Qualquer pessoa que pre-cise se movimentar em uma grande cidade bra-sileira durante os horá-

rios de pico sabe o quanto essa experiência pode ser frustran-te. Diversos fatores contribuem para o fluxo problemático de pessoas nos centros urbanos.

Na década de 1970, o número de habitantes nas zonas rural e urbana era quase equivalente. Atualmente, 85% da população mora na cidade. Para Ermínia Maricato, docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, esse desenvolvimento concentrado formou dois grandes vilões que precisam ser combatidos: mora-dias cada vez mais longe e sem acesso ao transporte e também os veículos particulares.

“O transporte individual trans-porta apenas um terço da po-

pulação, mas é responsável por ocupar 80% das ruas nos ho-rários de pico. Ele conduz, em média, duas pessoas por veícu-lo. Neste momento, mais do que nunca, o importante é priorizar o coletivo”, explica a urbanista.

As vias estão lotadas de carros e faltam atrativos para deixá-los em casa. De acordo com pesqui-sa Ibope, realizada em 2013, se houvesse diminuição no tempo de espera, mais linhas de ônibus, corredores exclusivos, tarifas menores e mais conforto, 61% dos paulistanos deixariam o car-ro e passariam a utilizar o trans-porte coletivo para trabalhar.

A pressão das ruas produziu uma cadeia de fatos novos, num ritmo inédito nas políticas públicas. O governo federal, por exemplo, passou de um gasto efetivo de R$ 2 bilhões em 2013, para uma previsão de investimentos de R$

Mudança de cultura50 bilhões até 2017, segundo o Ipea. Embora o investimento te-nha sido ampliado, para o pre-feito do Rio de Janeiro, Eduar-do Paes, o grande dilema é como diminuir o espaço que separa o conforto do automóvel da “vida de gado” do ônibus.

ExEMPLO A SER SEGUIDOEm Londres, na Inglaterra, o transporte coletivo é referência. O governo inibe de todas as for-mas o uso do transporte indivi-dual. Em 2003, instituiu a de-marcação de áreas onde ocor-riam congestionamentos cons-tantes. A partir daí, os donos de carros particulares que circulam nestas regiões entre 7h e 18h pas-saram a pagar uma taxa de 10 li-bras por dia. Entretanto, para o sistema de pedágio urbano fun-cionar efetivamente no Brasil, os meios de transporte alternativos deveriam atender a quantidade de usuários de forma adequada.

Mudança de cultura

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Linha direta em revista 25

Cidades

Há quem diga que comparar a in-fraestrutura do Brasil com qual-quer país europeu é injusto. Po-rém, outros países da América La-tina já estão à frente no quesito mobilidade. A capital do Chile, Santiago, conta com um trans-porte subterrâneo muito abran-gente. São 103 km de metrô por onde 2,3 milhões de passageiros se deslocam diariamente. Já o me-trô de São Paulo, o maior do Bra-sil, possui apenas 78,7 km para 4,6 milhões de usuários por dia.

Outro exemplo é o sistema BRT (trânsito rápido de ônibus, na si-gla em inglês) de Bogotá, capital colombiana, que transporta 1,8 milhão de passageiros por dia. Os ônibus articulados (com capaci-dade para 160 pessoas cada) cir-culam por corredores exclusivos. Desde a inauguração, em 2001, as viagens se tornaram cerca de 26% mais rápidas.

A Prefeitura de São Paulo também adotou o sistema e criou em sete meses 224 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus. Só essa mu-dança praticamente dobrou a ve-locidade dos coletivos, de 13 para 25 km por hora. Apesar de críticas no início, uma pesquisa Datafolha mostrou que 93% da população paulistana apoia a medida.

SOBRE DUAS RODAS Uma alternativa que, além de re-duzir o índice de poluição nas cidades, também contribui para desafogar o trânsito nas metró-poles é o incentivo ao uso de bi-cicletas. Copenhague, que conta

com mil quilômetros de ciclo-vias, é reconhecida desde 2011 como a cidade com melhor qua-lidade de vida do planeta. Para aplicar a “cultura da bicicleta” na capital da Dinamarca, foram necessários planejamento e anos de conscientização e estrutura-ção urbana. No início, a medida não contava com o apoio popu-lar nem da imprensa, exatamen-te como acontece em metrópoles como São Paulo.

Atualmente, em Copenhague, as bicicletas e seus condutores têm espaços garantidos em me-trôs, ônibus e ruas. Um terço da população pedala para o traba-

O transporte individual transporta apenas um terço da população, mas é responsável por ocupar 80% das ruas nos horários de pico.

lho, escola, universidade e para suas casas.

Uma pesquisa realizada pelo portal G1 revelou que, em relação à malha viária, as 26 capitais do Brasil pos-suem juntas apenas 1% de ciclovias. O Rio de Janeiro tem o maior núme-ro: são 361 km. Já Amsterdã, capital da Holanda que possui uma popula-ção menor que a “cidade maravilho-sa”, tem 400 km de ciclovias. Priorizar o que realmente precisa demanda tempo e ações. São Pau-lo – a cidade com a maior frota de carros do Brasil – enfrentará o de-safio de se adaptar aos 400 km de ciclovias previstas até o final de 2015, sendo que 150 serão instala-das ao lado dos novos corredores de ônibus. Além de melhorar a mo-bilidade, as grandes metrópoles do País buscam novos meios de se tor-narem mais agradáveis para viver. Agora, parte do desafio é tirar o pé do acelerador e seguir.

Mudança de cultura

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26 Linha direta em revista

Dono de uma po-derosa narrativa, O Lobo atrás da Porta, primeiro longa-metragem do diretor Fer-nando Coimbra, conta a história de um casal que tenta descobrir o

paradeiro de sua filha, sequestrada enquanto estava na escola. O filme se debruça nos depoimentos pres-tados pelos pais e por suspeitos ao delegado que in-vestiga o caso, em um jogo de mentiras, desejos e egoísmo que, por pura habilidade narrativa, prende e surpreende o espectador.

Patrono dasComunicações

TexTO dA FundAçãO nACiOnAl dO ÍndiO (FunAi) AdAPTAdO POr MArCO Tirelli

descendente de índios, Cân-dido Mariano nasceu em 5 de maio de 1865, no estado do Mato Grosso. Perdeu os

pais cedo e foi criado por um tio, cujo sobrenome, Rondon, adotou anos mais tarde. O título de mare-chal só veio quase um século depois. Apesar do vasto currículo como mi-litante da Escola Superior de Guerra nos tempos da proclamação da Repú-blica. A nós – que pertencemos a um sindicato de telecomunicações – in-teressa a sua história como Patrono das Comunicações no Brasil.

Em 1889, Rondon foi nomeado ajudante da Comissão de Cons-trução das Linhas Telegráficas de Cuiabá a Registro do Araguaia. Três anos depois, em 1892, assu-miu a chefia do distrito telegráfi-co de Mato Grosso e, desde então, chefiou várias comissões de insta-lação no interior do País.

Em 5 de maio comemora-se o Dia Nacional das Comunicações, uma homenagem a Marechal Rondon

dica de cultura Por eMiliO FrAnCO Jr.

FilmeO LObO ATRás DA PORTA

Esta pequena ani-mação brasileira, feita em desenho clássico e sem ne-nhuma fala, narra exclusivamente por meio de imagens e músicas a história de um menino que, sofrendo com a falta

do pai, deixa sua aldeia e descobre um universo fantásti-co, muito mais rico do que sua imaginação poderia supor. O filme surpreendeu ao vencer o maior Festival de anima-ção do mundo, realizado na França, e já aparece na lista de apostas de sites especializados como forte concorren-te ao Oscar de melhor animação em 2015.

O MENINO E O MUNDO

CUltUra

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REDESCOBRINDO O BRASILMarechal Rondon se destacou pela instalação de linhas telegrá-ficas que interligavam o Rio de Janeiro, São Paulo e Triângulo Mineiro a pontos mais distan-tes do País. Simultaneamente, fez levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botâ-nicos, etnográficos e linguísti-cos da região percorrida em suas andanças. Registrou novos rios, corrigiu o traçado de outros no mapa brasileiro e ainda entrou em contato com numerosas so-ciedades indígenas, sempre de forma pacífica. Incansável de-fensor dos índios, ficou famoso por sua frase: “Morrer, se preciso for; matar, nunca.”

Rondon também foi responsável pela chefia e organização da Ins-peção de Fronteiras, criada no Brasil em 1927 para estudar as

Tulipa Ruiz rapida-mente chamou a atenção de produ-tores e críticos mu-sicais. Um de seus grandes sucessos, Efêmera, que tam-bém é o nome de seu primeiro álbum, foi lançado em 2010.

Dois anos depois, apresentou ao público “Tudo Tanto”, álbum que manteve seu estilo de músicas simples que combinam perfeitamente com sua voz. Foi neste ano que Tulipa Ruiz venceu o prêmio Multishow de Música Brasi-leira na categoria melhor CD.

MúsicaTULIPA RUIz

Um dos principais nomes da chama-da nova MPB, Sil-va mescla ao es-tilo musical traços do indie rock e to-ques de pop dos anos 80. O primei-ro álbum do artis-ta, intitulado Clari-

dão, foi lançado em 2012 e, desde então, o cantor tem sido cada vez mais reconhecido pelo público e pela crítica. Em 2014, o segundo álbum, Vista para o Mar, confirmou o sucesso de seu estilo com o pú-blico. Entre suas músicas de destaque estão A Visi-ta e Falando Sério.

SILVA

condições de povoamento e se-gurança das áreas limítrofes. Ele chegou a percorrer cerca de 40 mil quilômetros do extremo nor-te do País ao Rio Grande do Sul, o que equivale a uma volta intei-ra no Planeta Terra!

RECONhECIMENTO NACIONAL E INTERNACIONALA repercussão da obra indigenis-ta de Rondon rendeu-lhe o con-vite para ser o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Ín-dios (SPI), criado em 1910 pelo governo brasileiro. Pela sua vas-ta contribuição ao conhecimen-to científico e pelo conjunto da obra, recebeu grandes condeco-

rações civis e militares, como o Prêmio Livingstone, da Socie-dade Geográfica de Nova York/EUA; a inscrição de seu nome em letras de ouro, na mesma So-ciedade, por ser o explorador que mais se destacou em terras tropicais; a indicação de 15 paí-ses ao Prêmio Nobel da Paz, em 1957; e os títulos de “Civilizador dos Sertões” e “Patrono das Co-municações no Brasil”.

Em 1955, o Congresso Nacional conferiu-lhe a patente de mare-chal. Já cego, faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958 com quase 93 anos de idade. Para homenagear Rondon, a sua data de aniversário passou a ser tam-bém o Dia Nacional das Comu-nicações. O antigo Território Fe-deral de Guaporé ainda recebeu o nome de Rondônia em sua ho-menagem.

Para homenagear Rondon, a sua data de aniversário passou a ser o Dia Nacional das Comunicações

CUltUra

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Mobilização na Alma Viva, pela solução de inúmeras irregularidades

Aprovação da Convenção Coletiva 2014/2015 das Prestadoras em Telecom com data-base em 1º de abril

aConteCeU

Festa do Teleoperador, realizada pelo Sintetel

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Assembleia de associados decide pela filiação do Sintetel à UGT - União Geral dos Trabalhadores

Teleatendimento - CCT/2015: Sintetel entrega Pauta de Reivindicações ao Sindicato Patronal

aConteCeU

Assembleias de composição de Pauta do setor de teleatendimento para a Convenção Coletiva 2015

Assembleias para composição de pauta de reivindicações para os Acordos Coletivos da GVT e da Claro, respectivamente

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Necessária inclusãoFalta de informação leva a maioria das pessoas a enxergar a deficiência como barreiraPOR lAurA rAChid

a entrada das pessoas com de-ficiência (visual, auditiva, motora, intelectual e men-tal) no mercado de trabalho

é uma das grandes barreiras que ain-da precisam ser quebradas. Dados da RAIS (Relação Anual de Infor-mações Sociais) de 2011 e divulgada pelo ministério do Trabalho e Em-prego apontam que do total de pes-soas com vínculo empregatício, os deficientes representam apenas 0,7%.

soCial

Para Carlos Aparício Clemente, coordenador do Espaço Cidada-nia (rede de voluntários que tra-balha a inclusão social de pes-soas com deficiência), o discur-so do patrão é o de que ele não consegue contratar porque não tem deficiente preparado. “Bas-ta olhar os números para saber-mos que não é bem assim. Mi-tos e preconceitos precisam ser derrubados. O trabalhador deve ser contratado pela sua compe-tência”, afirma.

Com muita persistência, Cle-mente é um dos principais res-ponsáveis pelo setor metalúrgi-co de Osasco e região ter atin-

gido a maior porcentagem do cumprimento da Lei de Cotas, 90%, enquanto a média brasilei-ra é de 26%. “Esses números só foram conquistados porque de-batemos a inclusão dos deficien-tes não só com as empresas, mas com escolas e outras entidades. Temos que lembrar que fazemos parte de um mesmo ciclo”, diz Clemente.

A Lei de Cotas existe há 23 anos e obriga toda empresa com cem ou mais funcionários a destinar de 2% a 5% dos cargos a pes-soas com deficiência ou reabi-litados. Se cumprida, a Lei ga-rantiria vaga para um milhão de

Necessária inclusão

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“Enxergo mudanças, mas é um trabalho de formiguinha. O importante é não parar de lutar”, diz Clemente

Animada, disposta e persistente. Assim é a auxiliar técnica da Vivo/Telefônica, do prédio da Vila Ma-riana, Ana Lúcia Ribeiro de Abreu, de 46 anos. Conhecida pelos co-legas de trabalho como Aninha ou marmota (ela conhece tanta gente que para não errar o nome apelida a todos de marmotinha), Ana en-trou na empresa há nove anos, por meio da Lei de Cotas.

“Nasci com uma má formação ge-nética nas pernas. Eu não andava, só engatinhava. Foi só depois de 13 cirurgias, aos 11 anos, que co-mecei a andar”, conta Aninha, que começou a estudar aos 15 e é a única de nove irmãos com ensino médio completo.

O trabalho na Vivo/Telefônica é seu

AnInhA dá o exemplo

soCial

descontração para os funcioná-rios”, revela.

Com o tempo e com a luta da Aninha, a empresa adaptou-se e hoje possui elevador especial e rampa na entra-da do refeitório. “Eu cobro. Sou da-quelas pessoas chatas que querem ver as coisas resolvidas”. A funcioná-ria acredita que quando a empresa contrata um deficiente, aos poucos os trabalhadores percebem que to-dos são iguais. “Quebra esse tabu de que deficiente é diferente”.

“Eu enxergo o trabalho profissional da Ana e sei que ela não vê sua de-ficiência como obstáculo. Aqui não temos diferença, o tratamento é o mesmo dos demais. Ela está aqui por competência”, afirma o gerente de seção, Fernando Garup Dalbo.

terceiro emprego. “Sempre acreditei no universo e pedia desafios. Entrei na empresa e fiquei meio espantada, achei que não conseguiria, mas virei a página. Atualmente, além de auxi-liar, faço parte da equipe de Clima da Diretoria, que é responsável por levar

trabalhadores deficientes, mas se-gundo dados da RAIS, das mais de 45 mil empresas que deveriam contratar deficientes, só cerca de 8% cumprem a cota. “Durante dez anos da sua criação, a Lei só existia no papel, as empresas não atendiam a exigência e o próprio ministério do Trabalho não fis-

ça a trabalhar, muitas vezes a em-presa não enxerga essa capacida-de, só quer cumprir a Lei, e o próprio deficiente perde a cren-ça de que tem potencial”, explica a psicóloga e coordenadora do PTE, Maria Aparecida Gomes.

Na busca de eliminar o preconcei-to e transformar o local de traba-lho em um campo mais inclusivo, a ONG Nurap (Núcleo de Apren-dizagem Profissional) faz pales-tras em diversas empresas inte-ressadas em contratar deficientes. “Mostramos que devemos olhar a capacidade profissional e não a deficiência. Tem empresa que acha que deficiente deve ganhar menos”, revela a coordenadora do Nurap, Rosemeire Andrade.

O elevador para deficiente físico facilita a acessibilidade da funcionária na empresa

calizava”, explica Carlos Aparí-cio. A primeira multa por des-cumprimento da Lei ocorreu em 2003, na região de Osasco.

SOLIDARIEDADEA AACD (Associação de Assistên-cia à Criança Deficiente) é uma associação sem fins lucrativos com sede em diversas regiões do Brasil que trata, reabilita e reinte-gra a pessoa com deficiência físi-ca na sociedade. Entre os diversos projetos da AACD está o Progra-ma Trabalho Eficiente (PTE), que busca incluir os pacientes da as-sociação no mercado de trabalho.

“Mostramos para o deficiente que ele é capaz de encontrar um emprego. Mas quando ele come-

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POR JOãO GuilherMe vArGAs neTTO, COnsulTOr sindiCAl

Artigo

a unidade de ação tem sido a chave das estratégias vito-riosas do movimento sin-dical brasileiro.

Em uma conjuntura duradoura fa-vorável em que o emprego e os ga-nhos reais de salários têm se man-tido, apesar das dificuldades do crescimento econômico, a estraté-gia de unidade de ação garantiu a maior eficácia às greves, mobiliza-ções, marchas e campanhas do mo-vimento sindical. O exemplo mais espetacular é o da política de valo-rização do salário mínimo.

Quando não conseguimos avançar isso se deve ou a uma correlação de forças extremamente negativa, ou à impossibilidade momentânea de realização da pauta, ou ao abando-no da unidade de ação estratégica.

Mas a unidade de ação tem que ser permanentemente garantida com inteligência pelos dirigentes e ati-

Unidadede ação

vistas do movimento; ela não é um bem adquirido para sempre.

Contra ela conspiram, além do individualismo voluntarista in-culcado pelo neoliberalismo e toda a ideologia patronal que busca a divisão, três ordens de fatores que merecem atenção.

O primeiro deles é a organiza-ção histórica da estrutura sindi-cal baseada em categorias profis-sionais e suas representações. A categoria, como instituição, ga-rante a unicidade sindical, mas separa os diversos setores a par-tir de suas experiências - às vezes corporativas-profissionais.

O segundo é a natural e demo-crática pluralidade partidária que faz com que o mesmo gru-po de trabalhadores e trabalha-doras, da ativa ou aposentados, participem da vida política e eleitoral com opções distintas,

algumas delas até mesmo em contradição com a pauta even-tual do movimento.

E o terceiro, é o pertencimen-to a uma central sindical. Nos-sa estrutura admite o pluralis-mo de cúpula combinado à uni-cidade de base, portanto, per-tencer ou não a uma dada cen-tral (ou ser independente delas) acrescenta um elemento poten-cialmente forte de separação na luta dos trabalhadores.

Contra a ideologia individua-lista, contra a limitação da ca-tegoria, contra a divisão políti-co-partidária e a divisão entre centrais, uma estratégia corre-ta de unidade de ação encontra sua força e sua razão de ser em uma pauta unitária, elaborada democraticamente pelo movi-mento e deve contar com o em-penho constante dos dirigentes e dos ativistas.

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curIosIdAde

Música “Oh! Minas Gerais” exaltava na-vio, e não o Estado brasileiro

“Oh! Minas Gerais / Quem te conhece / Não esquece jamais”. Mesmo não sendo o hino oficial de Minas Gerais, a cantiga, conheci-da além de suas fronteiras, é a mais popular homenagem musical ao Estado do sudeste brasileiro. A tradicional canção, no entanto, não foi criada com esse fim. A obra origi-nal não só é estrangeira como sua primeira versão tupiniquim foi feita para exaltar um navio incorporado à esquadra da Marinha Brasileira. No final do século 19, a valsa ita-liana “Vieni Sul Mar” chegou ao Brasil, tra-zida pelas companhias líricas estrangeiras que se apresentavam no País. A melodia serviu de base para o cantor boêmio cario-ca Eduardo das Neves compor uma versão da letra em português e glorificar a incor-poração do encouraçado Minas Geraes à esquadra da Marinha Brasileira, em 1910.

a passagem do Jack in the Box pelo Brasil

Antes da Era McDonald’s e Burger King, São Paulo teve outro fast-food americano que fez história. A lanchonete Jack in the Box foi fundada em San Diego, na Califór-nia, em 1951. A primeira loja paulistana é do início da década de 70.

Em 1988, o Jack in the Box vendeu to-dos os seus restaurantes à rede carioca Bob’s. O principal fator apontado para a saída do mercado foi o aumento da con-corrência no segmento.

Hoje, Jack in The Box possui 2.100 lojas espalhadas pelos Estados Unidos, em-prega quase 30 mil funcionários e aten-de cerca de 500 milhões de clientes por ano. No entanto, a rede preferiu não abrir franquias em nenhum outro país.

Fonte: BLOG DO CURIOSO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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2/ci. 3/dot — man — pen — ten — tse. 5/furar. 11/competência.

PassatemPo

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trabalhava como telefonista! Tinha um filho pequeno e morava longe. Tinha que deixar meu filho na casa

de minha mãe para ir trabalhar. A vida era muito corrida. Para ir à casa de minha mãe to-mava um ônibus. De lá, tomava o trem para chegar até a estação Luz! Naquele tempo, não tinha metrô! Eu tinha que andar da Luz até a Sete de Abril! Era uma correria! Um dia, ao sair de casa para fazer toda essa trajetória, percebi algo errado! Quando entrei no trem,

Artigo do leitor

QUEM CoNTA UM CoNTo, AUMENTA UM PoNTo

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As ideias contidas nesta página são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do Sintetel.

correndo como sempre, reparei que estava de chinelas havaianas, pois havia passado a manhã in-teira lavando roupas e quintal! Que desespero! Mas, sempre deixei um pouquinho no banco! Quem tem filho peque-no nunca sabe quando a emergên-cia vai surgir, comprei uma sapati-lha e rumei para meu trabalho. Es-tava já no meu posto e, entre uma ligação e outra, sempre dava tempo para conversas paralelas! Contei o fato para a minha colega do lado! Rimos e ainda mostrei a ela, toda orgulhosa do meu feito, a minha sapatilha nova! No horário de lanche, que era de quinze minutos, havia a tro-ca de pessoal, e lá fui eu para o meu lanche, três horas depois de ter entrado! Quando voltei, já es-tava em outro posto com outra companheira que, depois de al-gum tempo, veio com uma histó-ria que me deixou de boca aberta! Dizia ela que as telefonistas esta-vam tão loucas que vinham traba-lhar de chinelas havaianas de tan-

to que corriam para não perder o emprego! Que isso já estava viran-do neurose! E que se ela conheces-se essa pobrezinha iria lhe dizer que a vida não era só Telesp! Olhei para ela e disse: “pois é, mi-nha amiga, está falando com sua louca companheira de trabalho, só que graças a esse esquecimento de vir com os chinelos de lavar rou-pas, eu ganhei sapatos novos e es-tou muito feliz da minha vida com eles! Quanto a ser louca pelo traba-lho você está enganada, eu gosto do meu trabalho é que, na correria com filho, condução e, principalmente, responsabilidades, às vezes a mente cansa e nos prega uma peça dessas”.

Quando for criticar uma situação a gente tem que conhecer de verdade a história, para não cometer erros que possam magoar as pessoas do seu convívio! Aumentaram tanto a his-tória que esqueceram dos meus sapa-tos novos e da minha alegria em sa-ber que eu pude me apresentar digna-mente e no horário, cumprindo mais um dia da minha jornada!

Zilda Coelho

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