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Revista Locus Científico - anprotec.org.br · metodologia de avaliação de produtos para apoiar a decisão da transferência da tecnologia. Na sequência temos dois ... Não devem

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Revista Locus Científico

A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um

renomado Conselho Editorial.

ANPROTEC

EXPEDIENTE

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulga-ção da cultura do empreendedorismo inovador eartigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc".

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicosoriginais e trabalhos de revisão na área doEmpreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

DIAGRAMAÇÃOConsenso Editora Gráfica (48) 3028 2924

TIRAGEM5.000 exemplares

IMPRESSÃOGráfica Brasil - Uberlândia

CONSELHO EDITORIALAfrânio Craveiro (PADETEC)

Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB)

Cláudio Furtado Soares (UFV)

Conceição Vedovello (FAPESP)

Desirée M. Zouain (IPEN)

Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)

Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)

Jorge Audy (PUC/RS)

José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)

Josemar Xavier de Medeiros (UnB)

Luís Afonso Bermúdez (UnB)

Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

Maria Celeste Emerick (FIOCRUZ)

Marli Elizabeth Ritter dos Santos (PUC/RS)

Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)

Paulo Alvim (SEBRAE)

Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)

Roberto Sbragia (USP)

ANPROTEC

DIRETORIA:Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP

Gisa Bassalo – UFPA

Francilene Procópio Garcia – UFCG

Josealdo Tonholo – UFAL

Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC

Silvestre Labiak Junior – UFTPR

Sheila Oliveira Pires – Superintendente executiva

CONSELHO CONSULTIVOFernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia)José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi)Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB)

Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC)

Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ)

Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar)

Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI)

EQUIPE TÉCNICA ANPROTECCoordenação Unidade Administrativa e Financeira - Francisca Silva Aguiar

Coordenação Unidade Atendimento ao Associado - Kátia Sitta Fortini

Locus Científico - Uma revista ANPROTEC

Editor: [email protected]

ISSN - 1981-6790 - versão impressa

ISSN - 1981-6804 - versão digital

Associação Nacional de

Entidades Promotoras

de Empreendimentos Inovadores

CNPJ: 03.636.750/0001-42

Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C

Salas 208 a 211

Edifício Brasília Trade Center

Brasília - Distrito Federal

Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555

E-mail: [email protected]

LOCUS CIENTÍFICOSUMÁRIO

EDITORIAL

EDITORIAL

Josealdo Tonholo ............................................................................................................................................... 63

ARTIGOS ORIGINAIS

Propriedade intelectual e transferência de tecnologia (PI/TT)

Metodologia de Qualificação de Produtos – Caso Embrapa de avaliação e indicação da modalidade de

negócio para transferência de produtos

Product Qualification method - Evaluation and definition of business modality for transfer of

products – Embrapa’s Case

Denis Teixeira da Rocha, Thaisy Sluszz, Mariana Magalhães Campos ...................................................................... 64-73

Uso Intensivo de Tecnologias (PIT)

Análise de risco para empreendimentos inovadores

Risk analysis for innovative enterprises

Érika Serra, Luany Cardoso, Sérgio Mecena da Silva Filho ....................................................................................... 74-80

Método para promoção de spin off de projeto de pesquisa acadêmica de base tecnológica

Method for spin off research project based in technology from academy

Aline Pereira de Lima , Patrícia Andrade Leite ........................................................................................................ 81-88

Amigos inovadores,

Com felicidade apresentamos algumas modificações para melhor da revista Locus Científico. A partir da cooperação

técnica firmada entre a ANPROTEC e o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia – o FORTEC,

estamos abrindo o escopo de atuação da revista. A partir de agora, passamos a trabalhar em 5 áreas temáticas: a)Cultura

do Empreendedorismo e Inovação (CEI); b) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Uso Intensivo de Tecnologias

(PIT); c) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Desenvolvimento Local e Setorial (DLS); d) Habitats de Inovação

Sustentáveis (HIS); e) Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia (PI/TT). Em apoio à Editoria, nosso Conselho

recebe de braços abertos as colegas Celeste Emerick (FIOCRUZ) e Beth Ritter (PUC-RS), que agregam não só seus esforços,

mas acima de tudo aportam as suas competências em favor de uma revista de melhor qualidade, atendendo a um público

mais amplo e muito sintonizado com as questões da inovação.

Como não podia deixar de ser, já neste número estamos publicando o primeiro artigo da área de PI/TT. Para nossa

satisfação, o texto vem da Agência de Inovação Tecnológica da Embrapa, de Brasília, onde os autores apresentam uma

metodologia de avaliação de produtos para apoiar a decisão da transferência da tecnologia. Na sequência temos dois

trabalhos da equipe da Universidade Federal Fluminense. Um deles que propõe um método de análise de riscos de negócios

nascentes de alto valor agregado. O outro faz a proposição de uma metodologia para promover a criação de negócios de

base tecnológica como spin off de projetos desenvolvidos pelos pesquisadores das academia.

Boa leitura!

Josealdo Tonholo

Editor

[email protected]

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fotografias ou desenhos com cor (300 dpi/grayscale) com extensão tif/jpg,para atender ao padrão da Revista. As fotografias deverão ser preferencial-mente em preto e branco. Os autores devem ponderar sobre a efetivanecessidade de anexar fotografias, considerando a possível sazonalidade dasimagens e dos casos registrados.

Para figuras, gráficos, esquemas, tabelas, etc idênticos aos já publica-dos anteriormente na literatura, os autores devem providenciar a permis-são para publicação junto à empresa/sociedade científica que detenha ocopyright e enviar à editoria do Locus Científico junto com a versão final domanuscrito.

As TABELAS devem ser enviadas em editor tipo Word® ou equivalente,inseridas no texto. As tabelas devem ser numeradas em algarismos arábicos(Tabela 1, Tabela 2, etc), com legenda ANTECEDENDO a tabela.

As referências serão citadas no texto entre COLCHETES ( [SOBRENOME,ANO] ou [SOBRENOME e OUTRO-SOBRENOME, ANO] ou [SOBRENOME et al.,ANO] ), com sobrenomes do autores ou de até dois autores em letrasMAIÚSCULAS, SEGUIDAS DO ANO. Em caso de três ou mais autores, usarSOBRENOME do primeiro autor + “ et al.” . A lista de referências serácolocada no final do texto, em ordem alfabética por sobrenome de autor.Todas as referências citadas no texto devem compor a lista de referências.Não devem ser relacionadas nas referências itens que não tenham sidocitados no texto.

A seguir, devem ser colocadas as figuras e tabelas. No texto, apenasindicar a inserção de cada um(a).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASA lista de referências completas, por ordem alfabética de sobrenome do

autor, com apenas a inicial do nome, deve vir ao final do texto. Sua apresen-tação deve pautar-se, sempre que possível, pelas normas da ABNT (NBR6023, ago. 2002, ou mais atuais), como nos modelos apresentados a seguir:

SOBRENOME, N.; OUTROSOBRENOME, N2; TERCEIROSOBRENOME, N3;Título: subtítulo. Cidade: Editora, ano. (Coleção tal)

SOBRENOME, N. Título do capítulo. In: SOBRENOME, N. Título do livro.Cidade: Editora, ano. p.

SOBRENOME, N. Título da obra. Editora, ano. Título do capítulo. p.SOBRENOME, N. Título do artigo. Nome do Periódico, , v. (ano), n. , p.SOBRENOME, N.. Título: subtítulo. Cidade, ano. Disponível em: <http://

www.endereco_eletronico_completo.com.br>. Acessado em: Dia Mês Ano.Recomendamos fortemente que os proponentes:1- verifiquem exaustivamente a conexão entre a referência citada e o

texto em que é inserida [todas as referências citadas devem estarexplicitas no texto, entre colchetes];

2- avaliem a qualidade da referência e sua efetiva vinculação com oconteúdo a ser referenciado;

3- baseiem-se nos últimos textos publicados pela revista para dirimirdúvidas quanto às referências bibliográficas.

SUBMISSÃO DOS ARTIGOSOs manuscritos devem ser enviados para a Editoria do Locus Científico,

através do email [email protected], ou em mídia digital para a ANPRO-TEC no endereço abaixo.

Devem ser acompanhados de carta indicando:a) modalidade do artigo (artigo original, revisão ou educação);b) a área de interesse (CEI, PIT, DLS, HIS, PI/TT);c) o e-mail do autor principal, para correspondência.

MANUSCRITOS REVISADOSA Editoria reserva-se o direito de efetuar, quando necessário, pequenas

alterações nos manuscritos, de modo a adequá-los às normas da revista outornar seu estilo mais claro, respeitando, naturalmente, o conteúdo do traba-lho.

Qualquer que seja a natureza do manuscrito submetido, ele deve seroriginal quanto à metodologia, informação, interpretação ou crítica.

A qualificação do trabalho será atestada por no mínimo dois consultores“ad hoc”, de reconhecida atuação nas áreas, indicados pela Editoria.

Manuscritos aprovados e enviados aos autores para revisão devem retor-nar à Editoria dentro de prazo máximo de dois meses ou serão consideradosretirados da pauta da publicação.

RESENHAS DE LIVROSAutores de livros que desejem ver a resenha de seu livro publicada no

Locus Científico, devem enviar uma cópia do livro aos cuidados do Editor, noendereço da ANPROTEC. O Editor definirá um relator para providenciar aresenha do livro que poderá ser publicado no caso de ser considerado docu-mento relevante ao Movimento de Empreendedorismo Inovador. Somenteserão considerados livros que tenham responsabilidade editorial e ISBN.

COPYRIGHTAo submeter o artigo, o autor concorda automaticamente com a cessão

dos direitos de publicação em mídia impressa e/ou eletrônica para a ANPRO-TEC sem prejuízo dos direitos de propriedade intelectual dos autores. Aoreceber o aceite, o autor de contato providenciará a assinatura do documentode anuência e autorização de publicação (enviado pelo editor).

CUSTOS DE PUBLICAÇÃONão há encargos de publicação ou impressão para os autores.O autor de contato receberá 10 exemplares do número da revista em

que publicou. Caso haja interesse de um número maior de exemplares, estesserão cobrados do solicitante ao custo de R$ 10,00 (dez reais) cada, paralotes de 50 revistas. Há possibilidade de preparação de separatas especiais,com capa idêntica à da revista e o artigo completo, com ônus para o solicitan-te, sob consulta.

www.anprotec.org.br

Associação Nacional de Entidades Promotoras de EmpreendimentosInovadores

CGC: 03.636.750/0001-42Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C - Salas 209 a 211

Edifício Brasília Trade CenterBrasília - Distrito Federal

Cep 70.711-902PABX/fax: (0xx61) 3202-1555

E-mail: [email protected]: [email protected]

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LOCUS CIENTÍFICO

ARTIGO CIENTÍFICOPROPRIEDADE INTELECTUAL E TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA (PI/TT)

Metodologia de Qualificação de Produtos – Caso Embrapade avaliação e indicação da modalidade de negócio paratransferência de produtos

Product Qualification method - Evaluation and definition of businessmodality for transfer of products – Embrapa’s Case

Denis Teixeira da Rocha*1, Thaisy Sluszz1, Mariana Magalhães Campos2

1Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EmbrapaAssessoria de Inovação Tecnológica (AIT)Parque Estação Biológica - PqEB - Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 – Brasília-DF

2Embrapa Suínos e AvesBR 153 KM 110, Caixa Postal 21CEP 89.700-000 - Concórdia-SC

E-mails: [email protected] | [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Denis Teixeira da Rocha

Artigo submetido em 30 abril de 2009, aceito em 30 de junho de 2009

RESUMO

O maior desafio encontrado pelas ICTs atualmente é o eloentre a P&D e o mercado, ou seja, transformar o conhecimentogerado em tecnologias adotadas pelo sistema produtivo, con-solidando a inovação. Visando minimizar a distância e o tempopara transferência efetiva de uma tecnologia, a Embrapa de-senvolveu, com base em outras já existentes, a metodologia deQualificação de Produtos. O objetivo deste artigo é apresentaresta metodologia, suas características e aplicação associadaàs principais modalidades de transferência de tecnologia dis-poníveis para os produtos gerados nos processos de P&D dasICTs. Também se relata como esse processo tem possibilitadoa transferência destes produtos e sua efetiva introdução nomercado via incubação de empresas. Como resultado da apli-cação do método tem-se mais de 150 produtos qualificados,sendo 35 destes disponibilizados no Programa de incubaçãode agronegócios da Embrapa (PROETA), que já incubou 16empresas até o momento. A Qualificação de Produtos é adap-tável para diferentes tecnologias e para outras instituições,auxiliando e consolidando a gestão da inovação nas ICTs.

PALAVRAS-CHAVE:

ABSTRACT

The greatest challenge faced by the STIs (Science andTechnology Institutions) nowadays is the link between theR&D and the market that is, transforming acquired knowled-ge in technologies usable by the productive system, consoli-dating innovation. Seeking to minimize the distance and timelapse for the effective transfer of technology, Embrapa (Brazi-lian Agricultural Research Corporation) has developed, basedon existing methodologies, the Product Qualification method.The objective of this paper is to present that method, itscharacteristics and the application associated with the STI’R&D process. It also reports how that method has helped thetransfer of those products and their effective introduction inthe market by business incubation. As result of the applicati-on of the method there are over 150 qualified products, 35 ofwhich are available in the Embrapa agribusiness incubationprogram that has incubated 16 companies to the presentmoment. The Product Qualification is adaptable to differenttechnologies and for other institutions, helping and consoli-dating the management of innovation in the STIs.

KEYWORDS:

Rocha, D.T., Sluszz, T., Campos, M.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 64-73

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

• Inovação,• Transferência de tecnologia em agronegócio,• Incubação de empresas.

• Innovation,• Technology transfer and agribusiness,• Business incubation.

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INSTRUÇÕES PARA AUTORES

A Revista Locus Científico é a publicação oficial da Associação Nacional de

Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores-ANPROTEC. Seu es-

copo de ação engloba notícias, atualizações e destaques no setor de negócios

inovadores, incubadoras de empresas, parques tecnológicos, cultura empre-

endedora e habitats de inovação, além de uma sessão devotada à divulgação

de artigos técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial.

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultura do

empreendedorismo inovador e artigos inéditos referendados por revisores

“ad-hoc”.

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicos originais e trabalhos de

revisão, na área do Empreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

CONSELHO EDITORIAL• Afrânio Craveiro (PADETEC)

• Cláudio Furtado Soares (UFV)

• Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB)

• Conceição Vedovello (FAPESP)

• Desirée M. Zouain (IPEN)

• Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)

• Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

• Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)

• Jorge Audy (PUC/RS)

• José Carlos Assis Dornelas (Empreende)

• Josemar Xavier de Medeiros (UnB)

• Luís Afonso Bermúdez (UnB)

• Maria Celeste Emerick (FIOCRUZ)

• Marli Elizabeth Ritter dos Santos (PUC/RS)

• Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

• Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)

• Paulo Alvim (SEBRAE)

• Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)

• Roberto Sbragia (USP)

OBJETIVO E POLÍTICA EDITORIALSerão considerados para publicação no Locus Científico artigos técnicos

ou revisões, preferencialmente escritos em Português, abordando temas

relacionados ao Empreendedorismo Inovador, dentro de um dos temas:

a) Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI);

b) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Uso Intensivo de

Tecnologias (PIT);

c) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Desenvolvimento

Local e Setorial (DLS);

d) Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS)

e) Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia (PI/TT)

Artigos Originais: referem-se aos trabalhos inéditos de opinião ou pesqui-

sa (não podem ter sido publicados em revistas nem anais de congressos ou

similares, exceto quando houver convite do Editor). Devem seguir a forma

usual de apresentação, contendo introdução, desenvolvimento, considera-

ções, conclusões, referências bibliográficas, etc.

Artigos de Revisão: são destinados à apresentação do progresso, conten-

do uma visão crítica, com o objetivo principal de beneficiar clientela formada

por especialistas da área. O Editor do Locus poderá, eventualmente, convidar

pesquisadores qualificados para submeter artigo de revisão.

Artigos sobre Educação: refere-se a trabalhos de pesquisas relacionadas

ao ensino de Empreendedorismo e/ou de experiências inovadoras no ensino

nos níveis infantil, fundamental, médio, graduação e pós-graduação.

PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOSTodos os trabalhos deverão ser enviados pela forma digital, aos cuidados

do Editor do Locus Científico, através do e-mail [email protected]. Reco-

mendamos que os autores observem atentamente os últimos artigos publica-

dos, para verificar aderência ao conteúdo e formato solicitado. Caso neces-

sário, verifique a formação final na página da revista no Portal da Anprotec ou

solicite uma cópia impressa da revista à Secretaria.

O texto deve ser digitado em ARIAL 12 página A4, com espaço duplo,

utilizando somente Microsoft Word®. Deverão ter no máximo 25 páginas (no

formato acima), incluindo figuras, tabelas, esquemas, etc. Todas as páginas

devem ser numeradas, bem como as de figuras, tabelas, gráficos, esque-

mas, etc.

A primeira página deverá conter o título do trabalho em português e

inglês, nome, instituição, emails e endereços dos autores. Havendo autores

com diferentes endereços estes deverão se seguir imediatamente ao nome

de cada autor. Os autores devem ser agrupados por endereço. Indicar com

asterisco(*) o autor para correspondência, responsável pelo artigo, anotando

seu e-mail no rodapé desta página (um só e-mail). Deve ainda constar o

título em inglês e o resumo do trabalho em inglês e português (Abstract), com

no máximo 200 palavras cada, além da indicação de três palavras-chave em

português e também em inglês (Keywords).

Gráficos, quadros esquemas, fotografias, logomarcas, etc serão todos

considerados FIGURAS e deverão ter qualidade gráfica adequada (usar so-

mente fundo branco). Caso os arquivos de texto e imagens sejam grandes a

ponto de inviabilizar o envio pela Internet, deve ser enviado um CD, com

conteúdo completo do trabalho (ressaltamos que o tempo de trânsito postal

pode implicar em maior demora no processo editorial). As figuras devem ser

numeradas com algarismos arábicos (Figura 1, Figura 2, etc) e as legendas

serão postadas IMEDIATAMENTE ABAIXO das mesmas.

As figuras devem ser enviadas em arquivo eletrônico separado do texto

(a imagem aplicada no processador de texto não significa que o original está

copiado) e digitalizadas em alta resolução com extensão tif ou jpg. As figuras,

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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REIRA & KRUGLIANSKAS, 2005]. Além desse marco legal, em2005 foi publicada a Lei do Bem (Lei Federal nº11.196, de21/11/2005), alterada posteriormente (Lei Federal nº11.487,de 15/07/2007), para ampliar os incentivos à inovação. Emambas legislações são estabelecidos incentivos fiscais parainovação tecnológica, através da concessão de créditos fis-cais, deduções e procedimentos de amortização especial paraequipamentos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação(PD&I), para serem aplicados por empresas privadas queparticipem ou financiem projetos de PD&I desenvolvidos porICTs.

Nesse contexto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa), que ocupa posição de destaque no ce-nário de PD&I em agricultura tropical, possui um portfóliode tecnologias, produtos e serviços com grande potencialgerador de novos negócios tecnológicos, com vistas ao cum-primento de sua missão de “viabilizar soluções de PD&I paraa sustentabilidade da agricultura, em benefício da socieda-de brasileira”.

Nos seus 36 anos de existência, a Empresa gerou novosconhecimentos, tecnologias e serviços sendo capaz de ofer-tar para a sociedade brasileira e mundial, soluções tecnoló-gicas promotoras do desenvolvimento sustentável.

Como instrumento para promover, orientar e viabilizaras atividades de inovação no âmbito da Embrapa, esta criouem agosto de 2007, a Assessoria de Inovação Tecnológica(AIT), considerado o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT)da empresa. O NIT, como determinado na Lei de Inovação,tem o dever de zelar pela manutenção da política institucio-nal de estímulo à proteção das criações, licenciamento, ino-vação e outras formas de transferência de tecnologia. Nessesentido, esse núcleo deve avaliar o potencial de inovaçãodos conhecimentos gerados na instituição, com vistas a suaproteção e posterior disponibilização/transferência ao mer-cado, objetivando maximizar seus resultados para a socie-dade e para sua instituição geradora.

Dessa forma, entre as atribuições da AIT estão as relaci-onadas com a prospecção, proteção, qualificação e promo-ção de tecnologias, processos e outros intangíveis de titula-ridade da empresa, inclusive com vistas à respectiva inser-ção no mercado e o estabelecimento de parcerias de desen-volvimento técnico-científico e para transferência de tecno-logias.

Considerando o contexto apresentado, a AIT, baseadaem estudos e experiências de sucesso de outras instituições,desenvolveu uma metodologia de fácil aplicação e dissemi-nação, adaptada à Empresa, que permite a análise dos pro-dutos gerados nos seus processos de P&D e, a partir dessaanálise, a determinação da modalidade de disponibilização/transferência de tecnologia mais adequada para cada caso.

Nesse sentido, o objetivo desse artigo é apresentar aMetodologia de Qualificação de Produtos2 e as principais

Rocha, D.T., Sluszz, T., Campos, M.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 64-73

I. INTRODUÇÃONo mundo atual, uma das características mais impor-

tantes do novo padrão da economia é a absoluta relevânciados conhecimentos científicos e tecnológicos desenvolvidose utilizados. Os acessos a tais conhecimentos, assim como acapacidade de apreendê-los, acumulá-los e usá-los, são vis-tos como definidores do grau de competitividade e de de-senvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e indi-víduos [WILLCOX, 2004].

Nesse sentido, a literatura especializada e as políticasde ciência e tecnologia (C&T) têm enfatizado a necessidadede que as instituições de pesquisa não fiquem isoladas etratem de se vincular mais fortemente ao setor produtivo.Hoje já não se fala tanto em sistemas de C&T ou pesquisa edesenvolvimento (P&D), mas sim em sistemas de inovação[SCHAWRTZMAN, 2002].

Sistema de inovação refere-se ao conjunto de organiza-ções que contribuem para o desenvolvimento da capacida-de de inovação de um país, setor ou localidade. A idéia bá-sica do conceito é que o desempenho inovativo dependenão apenas do desempenho de empresas e organizações deensino e pesquisa, mas também de como elas interagementre si e com vários outros atores.

No Brasil, a transferência, para o setor produtivo deconhecimento e de tecnologias gerados em centros de pes-quisas e universidades assume papel fundamental dentroda estratégia de aumento da competitividade da indústriaem busca de novos mercados e da própria sobrevivência nomercado nacional e internacional. Assim, a interação de es-forços entre o setor produtivo e as Instituições de Ciência eTecnologia (ICTs1) têm sido reiteradamente apontada comoa mola mestra para a promoção do desenvolvimento cientí-fico, tecnológico e sócio-econômico do país.

Entretanto, o maior gargalo enfrentado no processo deP&D é justamente transformar conhecimentos em tecnolo-gias, produtos e serviços que, incorporados ao processo pro-dutivo, gerem benefícios para o público envolvido e se cons-tituam em inovações. Em muitos casos, os conhecimentos etecnologias gerados nas ICTs não chegam à sociedade ouquando são disponibilizados/transferidos, em muitos casos,isso se dá por meio de mecanismos inadequadas que redu-zem o potencial de obtenção de resultados para a socieda-de e para a instituição geradora.

Atento a essa situação, o Brasil promulgou a Lei de Ino-vação - Lei Federal nº10.973, de 2/12/2004 [BRASIL, 2004],que estabelece medidas de incentivos à inovação e à pes-quisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, tantono âmbito das empresas privadas, como principalmente emrelação às ICTs e aos seus empregados, com vistas à capaci-tação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvol-vimento industrial do país, promovendo, assim, maior inte-gração entre os setores científico e produtivo [MATIAS-PE-

1 ICT: órgão ou entidade da administração pública que tenha por missão insti-tucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada decaráter científico ou tecnológico.

2 Produto: todo conhecimento, tecnologia e serviço gerados pela Embrapa e parcei-ros, com valor para o cliente, disponibilizado em forma de cultivares, raças, estir-pes, linhagens, equipamentos, softwares, publicações, processos, entre outros.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CRUZ, C.H.B.; Versão Atualizada do Artigo A Universidade, a Empresa e a Pesquisa que o país precisa. Revista Humanidades, n.45 (2000), p. 15-29,.

ETZKOWITZ,H.; Research groups as ‘quasi-firms’: the invention of the entrepreneurial university. Research Policy, New York, v.32 (2003), 109-121.

HALMAN, J.I M.; HOFER, A.P., van VUUREN, W.. Platform-Driven Development of Product Families: Linking Theory with Practic.The Journal of Product Innovation Management, v. 20(2003) p. 149-162.

KOSTOFF, R.N.; BOYLAN, R.S., GENE R.; Disruptive technology roadmaps. Technological Forecasting & Social Change, v. 71(2004) p. 141–159.

LEONEL, S. G. Um Estudo do Processo de Planejamento Tecnológico de Uma Empresa Nascente: Alinhando Tecnologia, ProdutoE Mercado Com Foco Na Necessidade Do Cliente. 2007. 150 p. Tese (Pós-Graduação em Engenharia de Produção) –Departamento de Engenharia de Produção. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

LUIZ, S.L.., PULLIG, T.F.. Metodologia de Análise Quantitativa de Inovações: Ferramenta de Mensuração da Probabilidade deSucesso. – Departamento de engenharia de Produção. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008.

MACEDO, P.B.R.; ALBUQUERQUE. E.M.;. P&D e Tamanho da Empresa: Evidência Empírica sobra a Indústria Brasileira. Est. Econ.,São Paulo, v. 29, n. 3, p. 343-365, jul.-set. 1999.

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ULRICH, K.T, EPPINGER, S. D. Product design and development, New York: McGraw-Hill, 1995, 289 p. VERYZER Jr, R.W.. Discontinuous Innovation and the New Product Development Process. J Prod Innov Management. NY, New

York, v. 15 (1998) p. 304-321.

Para contornar este contratempo a dupla pesquisadoraembasou as suas conclusões referentes a estas últimas eta-pas na literatura existente.

A aplicação destas etapas segundo a metodologia daPesquisa Ação fica como sugestão para projetos futuros, paraque o impacto gerado nas demais etapas possa ser analisa-do e melhorias propostas.

7. CONCLUSÕESAtravés do presente artigo percebe-se que as universi-

dades são grandes agentes de transformação e produçãode conhecimento, que possuem destacado potencial de ge-ração de benefícios para a sociedade, produzindo soluçõesinovadoras, bem como movimentando a economia com apossível comercialização destas.

Dentre estas alternativas de transferência de tecnologiaestudadas, o caso de spin offs, muitas vezes desconhecidopor parte dos pesquisadores, mostra-se como uma oportu-nidade de potencializar o sucesso de tecnologias inovado-ras, visto que a maioria estrutura um mercado até entãoinexplorado.

O projeto final de Engenharia de Produção da UFF quedeu origem a este artigo pretende contribuir com este fe-nômeno de formação de spin offs acadêmicos, através dométodo apresentado no decorrer desta defesa, que temcomo objetivo facilitar e orientar a gestão de todo o pro-cesso de criação de um spin off, alinhando a tecnologiaderivada da pesquisa básica acadêmica às opções de atua-ção no mercado, através de produto inovador com poten-cial de sucesso.

Lima, A.P. e Leite, P.A.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 81-88

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

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modalidades de transferência de tecnologia disponíveis paraos produtos gerados nos processos de P&D das ICTs e comoesse processo tem possibilitado a transferência destes pro-dutos e sua efetiva introdução no mercado via incubaçãode empresas, consolidando a inovação tecnológica.

II. METODOLOGIA: QUALIFICAÇÃO DE PRODUTOSA Embrapa possui 39 Centros de Pesquisa e três de Ser-

viços3 presentes em 23 Estados da Federação. A partir daspesquisas desenvolvidas nesses centros, grande número deprodutos, passíveis ou não de proteção sob a forma de pa-tente, modelo de utilidade, desenho industrial, direitos au-torais, registro de marca, cultivar e software, indicação geo-gráfica e segredo industrial, são gerados para serem dispo-nibilizados/transferidos para a sociedade.

Para análise desses produtos gerados, a Embrapa utili-za-se da metodologia de Qualificação de Produtos, desen-volvida em 2008 e internalizada em suas Unidades, junto àsáreas de Negócios para Transferência de Tecnologia.

Diante da dificuldade e da inviabilidade de utilizaçãoprática e efetiva de modelos de análise conhecidos, de am-pla utilização em outros setores da economia (planos demarketing, de negócios e estudos de viabilidade técnica-eco-nômica-comercial e de impacto ambiental e social - EVTECI-AS), para os diversos produtos da Embrapa, buscou-se ummodelo de fácil aplicação e disseminação entre as Unidadesda Empresa, que permitisse uma análise criteriosa dessesprodutos.

Nesse contexto, a partir de estudos realizados pelo Ins-tituto Inovação, Universidade de Brasília (UnB) e Universida-des Federais de Minas Gerias (UFMG) e do Paraná (UFPR),desenvolveu-se a metodologia de Qualificação de Produtosadaptada às particularidades da Embrapa. Tal adaptação le-vou em consideração o processo técnico-operacional inter-no, desde a geração de conhecimento/tecnologia, a análisetécnica e mercadológica e os mecanismos adotados paradisponibilização/transferência ao mercado e à sociedade,além de estrutura organizacional e a ampla gama de produ-tos gerados nas mais diversas áreas do conhecimento. Damesma forma, tal metodologia pode ser adaptada para usoem qualquer ICTs, a partir de pequenos ajustes, que levemem consideração o respectivo processo organizacional.

A metodologia auxilia quanto à avaliação técnica dosprodutos desenvolvidos, ao respectivo potencial de merca-do e introdução no mercado via modalidade de transferên-cia mais adequada, visando maximizar a agregação de valoraos produtos e a amplitude do acesso ao mercado, otimi-zando os resultados para sociedade e para a instituição ge-radora. Além disso, a análise das informações levantadaspermite uma avaliação preliminar sobre o potencial de pro-tegibilidade do produto.

A metodologia de Qualificação pode ser utilizada paratodos os produtos gerados na Embrapa, independente da

natureza destes, pois dispõe de perguntas gerais que po-dem ser adequadas de acordo com as características especí-ficas de cada um. Essa Qualificação é instrumentada por umformulário para preenchimento pelos analistas da área denegócios/propriedade intelectual/transferência de tecnolo-gia das ICTs, juntamente com os pesquisadores responsá-veis pelos produtos. A participação efetiva dos pesquisado-res nesse processo é fundamental, visto que são eles os quemais entendem dos produtos desenvolvidos, os aspectostécnicos, área de aplicação e o estado da técnica a eles rela-cionados. Já o analista tem a função de introduzir a visão denegócios e mercado à análise do produto desenvolvido, par-tindo dos aspectos técnicos para então avaliar os mercadospotenciais, concorrentes, possíveis interessados e o valor doproduto para o mercado. Dessa forma, a atuação em con-junto é fundamental, visto que normalmente as ICTs geramtecnologias nas mais diversas áreas do conhecimento, en-quanto que suas áreas de negócios/transferência têm nú-mero restrito de funcionários com formação acadêmica quenão permite ou, no mínimo, dificulta a análise criteriosa detodas as tecnologias e, consequentemente, de suas possibi-lidades de mercado, caso não haja a participação efetiva daspessoas que participaram da pesquisa e desenvolvimento.

De uma forma geral, a metodologia de Qualificação deProdutos visa:

• avaliar, analisar e determinar os pontos importantespara introdução de um produto no mercado;

• identificar pontos fortes e pontos fracos do produtoqualificado;

• mostrar claramente o diferencial do produto, desta-cando o respectivo valor para o cliente;

• definir os mercados potenciais, a necessidade de in-vestimento para acabamento/desenvolvimento final,ou validação/certificação, ou para comercialização doproduto;

• identificar barreiras, dificuldades e oportunidadespara negociação;

• determinar o possível retorno esperado da comerci-alização.

Além disso, a partir dessa metodologia, associada aconhecimentos sobre as diversas modalidades de transfe-rência disponíveis para as tecnologias geradas pelas ICTs, épossível identificar a melhor modalidade para sua introdu-ção no mercado.

No formulário de Qualificação de Produtos (Anexo), queconsiste de um documento com diversas perguntas claras eobjetivas, são coletados dados relacionadas a três gruposde informações:

• Propriedade Intelectual: proteção; tratamento comosegredo; parcerias de P&D;

• Produto: descrição detalhada; área de aplicação; di-ferencial, pontos fortes e fracos com relação a ou-tros produtos, processos ou tecnologias existentes;e estágio de desenvolvimento;3 Até o final de 2010, dois novos Centros de Pesquisa da Embrapa devem ser

criados.

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5.6 Etapa 6: Formação do Plano de Negócios eTecnológicoO principal objetivo da etapa seis é promover a interio-

rização de toda informação obtida com as etapas de um aquatro, de maneira a organizar as atividades da empresa,tanto administrativas, como para produção do primeiro lotede produtos a serem comercializados. Para isso, são seqüen-ciadas tarefas para formação do Plano de Negócios e doPlano Tecnológico.

Inicialmente de elabora-se uma descrição geral da em-presa e deve-se realizar também, uma análise mercadológi-ca, com o intuito de quantificar a demanda pelo novo pro-duto, uma vez que isto é difícil de ser quantificado na etapa4. A seguir elabora-se a estrutura organizacional da empre-sa e o plano de marketing para penetração no mercado.

Neste momento deve ser elaborado o plano operacio-nal que define como deve ser a fabricação dos produtos,política de estoques o planejamento e controle da produ-ção e controle da qualidade.

Finalizando esta etapa tem-se o plano financeiro queconsiste na definição das despesas e receitas, com posterioranálise de viabilidade, payback e outros indicadores finan-ceiros.

Para avaliação do progresso gerado recomenda-se areaplicação da ferramenta de avaliação do potencial de su-cesso elaborada por Pullig [2008].

6. APLICAÇÃO DO MÉTODOSeguindo a metodologia de pesquisa-ação as macro-

etapas elaboradas foram aplicadas em um caso e a partirdesta experiência refinadas. O caso utilizado neste estudofoi de um laboratório de engenharia química da Universida-de Federal Fluminense que desenvolve pesquisas voltadaspara o mercado de energia, que no momento deste estudoencontrava-se em fase de pré-incubação na INITIA.

6.1 Etapa 1: Sensibilização e Diagnóstico InicialNeste momento foi feita uma apresentação aos pesqui-

sadores sobre o objetivo e a metodologia do estudo e umaanálise do material de registro da pesquisa existente para aavaliação dos sete pontos citados no item 5.1, assim comoaplicada a ferramenta de mensuração de probabilidade desucesso.

6.2 Etapa 2: Identificação de Oportunidades e Áreasde AplicaçãoA dupla pesquisadora realizou uma pesquisa explora-

tória acerca dos possíveis mercados, gerando um dossiê paraembasamento de toda a equipe pesquisadora. Foi realizadauma abordagem individual dos pesquisadores, orientada porum questionário com um objetivo de levantar as oportuni-dades e áreas de aplicação para a tecnologia em pesquisa.

Estas informações foram consolidadas em uma reuniãoe caracterizadas através da utilização da ferramenta de aná-lise de campo de força que explicita as forças restritivas e

indutivas. Como resultado final teve-se 4 oportunidades e 6áreas de aplicação.

6.3 Etapa 3: Priorização de Oportunidades e Áreas deAplicaçãoNesta etapa foi realizada a priorização das oportunida-

des e áreas de aplicação levantadas anteriormente, para talfoi utilizada como ferramenta a Matriz VAV (Viabilidade,Aplicabilidade e Vulnerabilidade).

Os critérios e a escala de pontuação foram ajustados deacordo com a necessidade do caso, ajustando os conceitosde viabilidade, aplicabilidade e vulnerabilidade à realidadede um spin off. Como resultado foram obtidas 3 áreas deaplicação relacionadas a uma mesma oportunidade.

A pós a definição das áreas de aplicação foi possívelesboçar uma primeira versão do TRM para orientar os tra-balhos de forma estratégica.

6.4 Etapa 4: Mapeamento das Expectativas dosPotenciais ClientesConhecendo as possíveis áreas de aplicação da tecnolo-

gia foi possível determinar quem seriam seus potenciais cli-entes e estruturar a abordagem com o objetivo de mapear aabertura destes à utilização da nova tecnologia, detalhar suasnecessidades não atendidas pelos produtos existentes e iden-tificar fatores críticos para o sucesso da nova tecnologia.

Esta abordagem foi realizada com a utilização de umaferramenta on-line para facilitar o preenchimento da pes-quisa estendendo a sua abrangência. Entretanto, devido aocurto espaço de tempo existente para a conclusão deste es-tudo a amostra obtida não se configura como estatistica-mente relevante, sendo aconselhável ao grupo de pesquisado laboratório que desse prosseguimento às abordagensantes da aplicação das etapas 5 e 6.

Para análise dos dados obtidos foram utilizadas ferra-mentas como o diagrama de competências que permite avisualização da distância do que é oferecido pela empresacom a expectativa do cliente face a fatores que compõe osobjetivos de desempenho, além de uma visão acerca da con-corrência. Cada organização conjuga diferentes atributos quetraduzem o objetivo. Os fatores devem atender os interes-ses da empresa e do mercado. No caso de um spin off aca-dêmico é possível fazer uma análise comparativa dos ansei-os do mercado com o que é atendido por produtos simila-res existentes no mercado já que o produto em desenvolvi-mento ainda não é conhecido do público.

Os dados obtidos possibilitaram um maior detalhamen-to do TRM esboçado anteriormente.

6.5 Etapas 5 e 6: Formação do Conceito do Produtoe Formação do Plano de Negócios e TecnológicoDevido ao extenso tempo necessário para desenvolver

as atividades da 5ª etapa e ao prazo existente para a finali-zação do projeto de fim de curso as etapas restantes (5 e 6)não foram aplicadas no caso pesquisado.

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• Mercado: mercado consumidor; concorrentes; pos-síveis empresas interessadas; barreiras à colocaçãono mercado.

A partir da análise das informações coletadas, é possí-vel definir a modalidade de disponibilização/transferênciamais adequada, considerando as diferentes opções normal-mente utilizadas pelas ICTs, entre elas: licenciamento, trans-ferência de know how, incubação de empresas, empresa depropósito específico (EPE) e parceria para PD&I.

No caso específico da Embrapa, a partir do uso dessametodologia objetiva-se desenvolver portfólios de produ-tos destinados a cada modalidade, criando a base para ge-ração de novos negócios que se traduzam em benefíciospara a sociedade e para a Empresa.

Importante destacar que a metodologia de qualifica-ção de produtos se adequa a análises de produtos finaliza-dos ou mesmo em fase de P&D. Essa característica reforça aaplicabilidade dessa metodologia, visto que em muitos ca-sos, particularmente pelos processos de P&D das ICTs, têm-se a geração de resultados intermediários (tecnologias), queainda não se traduzem em produtos prontos para disponi-bilização ao consumidor final. Dessa forma, tais tecnologiasnecessitam de desenvolvimento final, validação, inserção emprodutos ou mesmo ampliação da escala de bancada/labo-ratório para escala industrial (scale-up), podendo ser maisestratégico para a ICT formatar uma parceria de P&D parafins de sua disponibilização ao mercado.

Nos casos em que o produto demonstre, por essa aná-lise preliminar, potencial de protegibilidade, a avaliação de-finitiva para proteção deverá envolver uma análise detalha-da do produto associada ao levantamento do estado da téc-nica relacionado, em bancos de patentes e literatura técni-ca. Tal análise deve ser feita por pessoal especializado empropriedade intelectual, sempre com o auxílio do pesquisa-dor envolvido no desenvolvimento do produto. Importantedestacar que deve-se sempre respeitar as restrições de di-vulgação/disponibilização do produto até que a análise deprotegibilidade ou pedido de proteção, quando possível,esteja concluída.

Ademais, a metodologia de Qualificação serve comobase para desenvolvimento de outros modelos de análisemais elaborados, como planos de negócios e EVTECIAS, quepodem ser realizados conforme necessidade. Isso porque,em muitos casos, a análise por meio da metodologia deQualificação mostra-se suficiente para definir a modalidadede disponibilização/transferência e dá os subsídios necessá-rios para as negociações. Dessa forma, economiza-se tem-po e recursos na análise dos produtos e na definição da es-tratégia para transferência.

Já nos casos de produtos, em que a qualificação de-monstre elevado potencial de mercado ou importância es-tratégica para a ICT, os modelos de análise mais elaboradossão recomendados. Desta forma, a ICT pode concentrarmaiores esforços nos produtos que considere estratégicos

e, que por suas características, necessitem de uma análisemais criteriosa e embasada, enquanto acelera a disponibili-zação/transferência dos demais produtos, sem comprome-ter os resultados passíveis de serem alcançados nas duassituações.

III.MODALIDADES DE TRANSFERÊNCIA DETECNOLOGIA

Nessa seção serão as principais modalidades de negóci-os para transferência de tecnologia para os produtos gera-dos nos processos de P&D das ICTs, focando o tipo de pro-duto adequado a cada uma, suas características, vantagense desvantagens. Tais modalidades estão fundamentadas naspossibilitadas elencadas pela Lei de Inovação, com vistas aestimular o processo de inovação nas ICTs e promover mai-or aproximação destas com o setor privado.

De modo geral, a definição da modalidade mais ade-quada e, posteriormente, os meios para transferência efeti-va dependem de inúmeros fatores, entre eles: estágio dedesenvolvimento do produto (estágio de bancada/laborató-rio, protótipo, validação, etc.); existência de proteção e suanatureza (patente, modelo de utilidade, registro, marca, se-gredo de negócio, etc.); demanda e tipo de mercado; tipoda inovação (radical ou incremental); tipo de contrato detransferência (com ou sem exclusividade); facilidade de có-pia por terceiros; legislação aplicável ao produto; e investi-mentos para finalização ou colocação do produto no mer-cado.

Entre as modalidades possíveis segundo a Lei de Inova-ção estão: licenciamento/transferência de know how, incu-bação de empresas, EPE e parcerias de P&D.

• Licenciamento/transferência de know howConforme o Art. 6o da Lei de Inovação , “é facultado à

ICT celebrar contratos de transferência de tecnologia e de

licenciamento para outorga de direito de uso ou de explo-

ração de criação por ela desenvolvida”. Esta modalidade visaa transferência de tecnologias para exploração pelo setorprodutivo, assegurando uma compensação adequada à ICT,mediante participação percentual no resultado da comerci-alização. Dependendo do interesse, capacidade de explora-ção das tecnologias e das estratégias de mercado, estes con-tratos podem outorgar a exclusividade de transferência, eneste caso é necessária a publicação de edital.

No caso da Embrapa, enquadram-se nesta modalidadetecnologias protegidas sob patente, modelo de utilidade,registros de software, cultivar e marcas, ou ainda àquelasque possuam know how específico, inclusive linhagens, es-tirpes, genética animal, segredo industrial, cuja proteção sedá por meio de termos de sigilo.

O mercado potencial das tecnologias para esta modali-dade deve ser amplo, com demanda iminente, geralmentemuito competitivo, sendo o produto transferido viável téc-nica e comercialmente, visando a satisfação dos clientes fi-nais.

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tunidades e áreas de aplicação para a tecnologia em pesqui-sa. Entende-se como oportunidade como “forma pela quala tecnologia resultante das pesquisas será explorada de acor-do com suas potencialidades” e como áreas de aplicação“forma de atuação da tecnologia dentro da atividade eco-nômica do mercado relacionado”. Ex.: Uma oportunidadede exploração da tecnologia da programação em linguagenssão os simuladores e duas possíveis áreas de aplicação paraestes são treinamentos (em vôo, por exemplo) e entreteni-mento com os vídeos-game.

Neste momento deve ser feita uma pesquisa explorató-ria acerca dos possíveis mercados da tecnologia e um brains-torm, estruturado ou não, para levantamento das oportuni-dades e áreas de aplicação disponíveis. Estas devem ser rela-cionadas, uma vez que uma área de aplicação pode estarassociada a mais de uma oportunidade.

Com as informações levantadas na pesquisa explorató-ria é possível uma caracterização das oportunidades e áreasde aplicação para embasar e facilitar a etapa seguinte quese refere a priorização destas. Esta caracterização pode serrealizada através da utilização da Matriz SWOT que analisaas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do mercado.Ou através da ferramenta campo de forças que identifica asforças promotoras e restritivas do negócio.

5.3 Etapa 3: Priorização de Oportunidades e Áreasde AplicaçãoComo objetivo da terceira etapa tem-se a ordenação,

de acordo com critérios pré-determinados, e priorizaçãodas oportunidades e áreas de aplicação levantadas paraexploração da tecnologia em questão na 2ª etapa, apre-sentada anteriormente.

Esta etapa é importante uma vez que tendo recursoslimitados os pesquisadores não têm como desenvolver to-das as áreas de aplicação e oportunidades levantadas. Destaforma, para possibilitar um foco inicial ao novo spin off,potencializando as suas expectativas de sucesso, faz-se apriorização para guiar o desenvolvimento inicial. Posteri-ormente, com a tecnologia mais desenvolvida e o spin off

ganhado mercado é possível a expansão do negócio e odesenvolvimento de outras áreas de aplicação.

O primeiro passo é definir a ferramenta de priorizaçãomais adequada ao caso e adaptá-la para potencializar suautilização. Após este momento é feita a priorização dasoportunidades e áreas de aplicação, chegando-se à defini-ção destas.

De posse destas informações já é possível fazer um pre-enchimento primário do TRM de forma a orientar as próxi-mas etapas da pesquisa. Esta ferramenta atua como ummapa estratégico do desenvolvimento do spin off.

A aplicação do TRM permite um registro do roteiro dedesenvolvimento decidido ao longo da aplicação do méto-do. Esta deverá ser seguida posteriormente para a promo-ção do spin off, guiando os esforços da equipe desenvol-vedora.

5.4 Etapa 4: Mapeamento das Expectativas dosPotenciais ClientesNesta etapa é feito um mapeamento das expectativas

dos potenciais clientes das oportunidades e áreas de aplica-ção levantadas com a intenção de identificar a abertura domercado à nova tecnologia em questão.

De acordo com as oportunidades e áreas de aplicaçãodefinidas na etapa anterior é possível identificar quais seri-am os potencias clientes da nova tecnologia. Conhecendoas características básicas destes clientes e do acesso possí-vel defini-se qual a técnica de abordagem mais apropriadapara o caso e elabora-se a abordagem a estes. Devem serfeitas perguntas relacionadas a necessidades não atendidaspelos produtos existentes hoje no mercado, estas represen-tam lacunas a serem preenchidas pela nova tecnologia. So-bre a satisfação dos usuários de produtos similares, anseiosdos consumidores, abertura ao uso de novos produtos equanto estariam dispostos a investir para mudar de produ-to/tecnologia

Após a aplicação da abordagem é feita a compilação eanálise dos dados. As respostas obtidas possibilitam umcomplemento ao preenchimento do TRM realizado na ter-ceira etapa.

Atuam também, como orientação às etapas seguintes,uma vez sendo afirmadas como verdadeiras, de preferênciaestatisticamente, para estruturação interna e desenvolvimen-to do protótipo laboratorial e comercial.

5.5 Etapa 5: Formação do Conceito do ProdutoA 5ª etapa consiste na compilação e análise das infor-

mações obtidas anteriormente de modo a construir o con-ceito do produto, considerando o conceito de família deprodutos e plataforma tecnológica e o grau de inovação datecnologia, gerando o projeto industrial e o protótipo labo-ratorial (caso ainda não tenha sido desenvolvido) e merca-dológico contemplando ainda o registro da patente.

A metodologia utilizada para a construção do conceitodo produto baseia-se na metodologia de Ulrich e Eppin-ger[1995], somada a conhecimentos específicos a respeitode spin off.

Através das informações obtidas anteriormente são iden-tificados os problemas motivadores do desenvolvimento doproduto, definidos função, benefícios e objetivos deste e éfeito um alinhamento destes objetivos com o negócio defi-nido para a empresa que irá surgir com a nova tecnologia. Aseguir, com as definições da terceira etapa são explicitadasas partes interessadas e com os resultados da quarta etapasão definidas as necessidades dos usuários.

Esta etapa engloba ainda, a análise de produtos simila-res e, formulação e seleção do conceito do produto, com aposterior construção da arquitetura modular e construçãodo protótipo até a fase de proteção intelectual.

A 5ª etapa somada ao plano operacional da 6ª etapapode ser considerada análoga ao plano tecnológico citadopor Cheng [2007].

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A fabricação do produto final bem como sua comercia-lização são realizadas pela empresa que licencia a tecnolo-gia, e a Embrapa presta acompanhamento técnico quanto àprodução do produto, sendo um percentual dos resultadosda venda ou prestação de serviços com o produto objeto docontrato, repassado à Embrapa a título de royalties por estanegociação para remuneração dos investimentos realizados.

Um benefício desta modalidade é a flexibilidade da ne-gociação. As cláusulas contratuais são negociadas direta-mente entre as partes e não dependem de qualquer outrainstituição para sua assinatura como nos casos da incuba-ção ou na formação das empresas de propósito específico(EPEs). Além disso, a gestão é simples e de baixo custo paraas instituições envolvidas.

Uma das desvantagens desta modalidade é a dificulda-de de fiscalização e controle de qualidade dos produtos fi-nais vendidos pela empresa licenciada, com o risco da Em-brapa seja arguida por falha tecnológica atribuível a aspec-tos inerentes ao produto licenciado. Há também risco deimagem da ICT, pois, no caso da Embrapa, os produtos li-cenciados levam a marca “Tecnologia Embrapa” no produtofinal.

Outro risco identificado é frente aos royalties a serempagos à ICT, seja por dificuldades controle das vendas totaisou prestações de serviços para cálculo dos royalties devidoà ICT, ou mesmo quanto a não comercialização do produtopela licenciada. Isso reforça a importância da escolha de li-cenciados capazes de controlar a qualidade e certificaçãodo processo de produção e do produto final e que a confi-ança entre as partes seja mútua e constante para evitar pro-blemas no decorrer do licenciamento/transferência de know

how.

• Incubação de EmpresasIncentivo à incubação é dado pelo Art. 4o da Lei de Ino-

vação, que estabelece que as ICTs poderão compartilhar seuslaboratórios, equipamentos e demais instalações com mi-croempresas e empresas de pequeno porte em atividadesvoltadas à inovação tecnológica, para a consecução de ati-vidades de incubação, desde que não seja prejudicada a ati-vidade principal da ICT. Esse artigo 4o prevê ainda que aempresa pague para ICT pelo uso das instalações.

A modalidade de incubação de empresas, que se desti-na ao desenvolvimento final de um produto, é similar a delicenciamento, porém se diferencia pela realização inicial deum contrato de intenção de transferência com um empre-endedor (pessoa física) e este cria uma empresa para explo-rar comercialmente o produto, sendo celebrado, posterior-mente, um contrato de transferência com a empresa recémcriada.

A Embrapa dispõe de um programa de incubação deempresas, o PROETA - Programa de Apoio ao Desenvolvi-mento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuá-ria e à Transferência de Tecnologia. Nesse Programa, a incu-bação, que tem como foco empresas de base tecnológica,

se dá por meio de incubadoras parceiras, com a Embrapaprestando o suporte na transferência e utilização da tecno-logia, promovendo a capacitação dos empreendedores efornecendo a assistência técnica necessária.

Entre os benefícios de se iniciar uma nova empresa uti-lizando tecnologias da Embrapa, tem-se o fato do produtoter sido qualificado previamente para tal modalidade, per-mitindo ao empreendedor a exploração de produto viável,além de levar consigo a credibilidade da marca Embrapa noagronegócio, o que facilita a entrada e o desenvolvimentoda empresa nascente. Além destes, o auxílio técnico da Em-brapa e da gestão/administração da empresa por parte dasincubadoras parcerias são fundamentais para que a novaempresa ganhe experiência e se consolide para ser sustentá-vel a longo prazo no mercado.

Por outro lado, um dos entraves nesta modalidade é oalto risco da abertura de uma empresa para exploração deum único produto. Desta forma, este deve ser condizentecom a escala de uma empresa de pequeno ou médio porte,e o mercado ter demanda crescente ou constituir-se de ni-chos específicos de alto valor agregado.

• Empresa de Propósito Específico (EPE)A modalidade de transferência de tecnologia por meio

de EPE é mais complexa que as demais por se tratar da cria-ção de uma nova empresa, que organiza uma parceria pú-blico-privada. Essa nova empresa tem o objetivo de desen-volver projetos científicos ou tecnológicos, para obtençãode produtos ou processos inovadores, cujo sócio minoritá-rio é a iniciativa pública.

A União autoriza a criação através do Art 5º da Lei deInovação, porém não define, nem determina suas condiçõesde operacionalização4. A única informação neste sentido éa do Parágrafo Único do Artigo 5º, que diz que a proprieda-de intelectual sobre os produtos e processos obtidos a par-tir da EPE pertencerá às instituições detentoras do capitalsocial, na proporção da respectiva participação, ou seja, ainiciativa pública será sempre minoritária.

Para que instituições públicas possam ter capital socialem uma EPE, o Presidente da República deve autorizar suaparticipação através de Decreto específico.

A condição minoritária da iniciativa pública numa soci-edade é uma das desvantagens dessa modalidade. Outra é anecessidade de formação de uma nova estrutura jurídica eoperacional para nova empresa, cujos custos devem ser jus-tificados pela característica da tecnologia a ser desenvolvi-da, que necessita ser de grande potencial econômico demercado, envolva grandes investimentos, possua muitos ris-cos ou os resultados gerem benefícios econômicos e sociaisexpressivas à sociedade.

A grande vantagem é a independência da burocracia

4 Até o momento, nenhuma EPE foi criado nos moldes da Lei de Inovação, de-vido a entraves legais. Para concretização dessa modalidade, encontra-se emtramitação no Senado Federal, um projeto de Lei que visa regulamentar o Art.5º da referida Lei.

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• O tema central desta pesquisa focaliza em aconteci-mentos contemporâneos o que dificulta a formula-ção de proposições e hipóteses.

• Há escassez de um modelo teórico para o desenhoda solução a que se propõe este trabalho, de manei-ra que impede uma generalização analítica entre aos resultados empíricos e o modelo.

• A pesquisa ação possibilita o desenvolvimento da pes-quisa concomitantemente à ação empreendedora.

De maneira breve, a pesquisa-ação significa que à medi-da que ocorre a pesquisa teórica, o processo de mudançatambém acontece no caso estudado e este, por sua vez, pro-move contribuições teóricas.

Para cumprir com este objetivo, à metodologia da pes-quisa atribuiu-se a seguinte forma, dividida em dois blocos.No primeiro bloco, inicialmente definiu-se a temática da pes-quisa, com a respectiva definição de seu escopo, configura-do na construção de um método para promoção de spin offs

acadêmicos. Ainda nesta primeira fase, houve toda coleta defundamentação teórica de maneira que a dupla pesquisado-ra pudesse estar de posse do arcabouço teórico relativo aotema. Fechando este bloco, houve a especificação do méto-do do projeto (pesquisa-ação) e o convite ao laboratório,participante como “estudo de caso”.

No segundo bloco, elaborou-se de fato o método pro-posto com sua aplicação no caso do laboratório em conco-mitância, visto que a estratégia de pesquisa eleita foi a pes-quisa-ação.

Por este caráter da metodologia científica em uso, fo-ram definidas macro-etapas para o método de promoção despin offs proposto ao estudo. Na iminência de aplicação deuma macro-etapa, suas atividades, ferramentas e técnicas,resultados esperados e formatos de registro foram mais bemdetalhados e definidos. E seguidamente a ocorrência de cadamacro-etapa, o seu resultado é avaliado de acordo com umalista de verificação definida antecipadamente ao início doprocesso de intervenção e a etapa compilada em sua versãofinal, com ajustes observados durante a aplicação. Uma vezatendida esta lista de verificação, passa-se a próxima etapa,reiniciando este mesmo ciclo até a última macro-etapa.

5. MÉTODO PROPOSTOTendo identificado uma tecnologia com potencial de ex-

ploração advinda da pesquisa básica acadêmica inicia-se oprocesso de formação de um spin off. Espera-se ao final daaplicação do método um plano de estruturação da empresaconsiderando os elementos tecnologia, produto e mercado,que uma vez executado dá origem ao spin off.

O método proposto para promoção de spin offs acadê-micos de base tecnológica é estruturado em 6 etapas, sendocada uma delas, quando necessário, dividida em sub-etapas.Cada uma destas tem a Estrutura Analítica de Projeto (EAP)detalhada e para facilitar a compreensão do método foi ela-borado um “Dicionário EAP” que fornece explicações con-

ceituais acerca de cada tarefa sugerida na EAP. Junto com o“Dicionário EAP” o método também contém uma sessãode “Como fazer”, onde são sugeridos passos e ferramentasnecessários para a concretização das etapas.

É importante ressaltar que este método faz alusão aoesquema de Gênese de um Empreendimento Tecnológicoproposto por Cheng et al. [2007]. Este esquema propõe aanálise do processo de formação de spin off no momentoem que se inicia a pesquisa acadêmica. Para ele a gênese deum empreendimento tecnológico contempla 2 fases.

A primeira fase inicia-se com a pesquisa acadêmica, coma revisão da literatura e desenvolvimento do conceito datecnologia. No decorrer desta etapa as incertezas associa-das a tecnologia vão diminuindo. Neste momento, quasetoda a atenção é dispensada a vertente tecnológica, nãosendo mercado e produto alvo de dedicação por parte daequipe.

Como produtos da primeira fase são apresentados aconstrução do protótipo laboratorial, as possibilidades deaplicação e o resultado da pesquisa expresso sob a formade artigos, teses ou relatórios. E é este o ponto de partidapara a aplicação do método proposto neste artigo.

Na segunda fase proposta por Cheng, produto e mer-cado são trabalhados de acordo com as possibilidades datecnologia para que uma aplicação desta, aplicável ao mer-cado e viável economicamente, seja produzida.

Neste momento a equipe pesquisadora deve optar pelaárea de aplicação da tecnologia e mercado consumidor de-senvolvendo então o protótipo mercadológico. Como re-sultado desta fase tem-se o plano financeiro, o plano denegócios e o plano tecnológico para o desenvolvimento doproduto em escala industrial. Desta maneira, conclui-se queo presente método está alinhado ao 2° funil do esquemaproposto por Cheng. [CHENG et. al., 2007]

5.1 Etapa 1: Sensibilização e Diagnóstico InicialO objetivo da primeira etapa é a análise do estágio da

pesquisa para avaliar se esta se configura como um poten-cial spin off e divulgar aos pesquisadores os conceitos despin off e transferência tecnológica, incentivando-os a par-ticipar ativamente da aplicação do método.

A avaliação do ponto de maturidade da pesquisa deveser feita analisando os seguintes pontos: registros dos re-sultados da pesquisa, possibilidades de aplicação destas,protótipo laboratorial, definições de spin off, tomadoresde decisão, expectativas das partes e dificuldades iniciaisdo spin off. Estes pontos foram definidos com base no es-tudo de Leonel [2007] e adaptados pelas autoras.

Para complementar esta avaliação pode-se utilizar a fer-ramenta de avaliação do potencial de sucesso elaboradapor Pulig [2008]

5.2 Etapa 2: Identificação de Oportunidades e Áreas deAplicaçãoA segunda etapa visa à identificação de possíveis opor-

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pública, pois a estrutura da empresa é de caráter privado,não necessitando de licitações para compra de equipamen-tos, insumos, etc, segundo a Lei nº 8.666 de 21/06/1993,nem a submissão das finanças ao Tribunal de Contas daUnião (TCU). Outra vantagem é a captação de recursos parao desenvolvimento de tecnologias estratégicas que apresen-tam grande potencial inovativo, gerando valor à sociedade.

A Embrapa possui seis propostas para participação emEPEs, que estão sendo analisadas e em fase de elaboraçãode planos de negócio ou de negociação.

• Parceria para Pesquisa e DesenvolvimentoAs parcerias de P&D são amplamente conhecidas nas

ICTs, pois vários projetos para obtenção de inovações con-tam com a participação da iniciativa privada. Houve a regu-lamentação desta modalidade pelo Art. 9o da Lei da Inova-ção, que faculta à ICT celebrar acordos de parceria para re-alização de atividades conjuntas de pesquisa científica e tec-nológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou pro-cesso, com instituições públicas e privadas.

As empresas que participam destas parcerias se benefi-ciam pela Lei do Bem, e também pelo que discorre o Art. 19da Lei de Inovação, onde cita que a União irá promover eincentivar o desenvolvimento de inovações, mediante a con-cessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou deinfra-estrutura, a serem ajustados em convênios ou contra-tos específicos, destinados a apoiar atividades de P&D, paraatender às prioridades da política industrial e tecnológicanacional.

As tecnologias alvo desta modalidade são aquelas emfase de desenvolvimento ou que necessitam de testes apu-rados para adequação ao mercado, validação ou scale-up eque apenas a iniciativa privada consegue realizar por estarmais próxima do cliente final do produto e possuir experi-ência em fabricação em escala industrial e comercialização.

Quando as tecnologias envolvem soluções para umacadeia produtiva em geral ou para problemas técnicos es-pecíficos de difícil solução, é facultada a formação de con-sórcio ou a contratação de empresas especializadas, con-forme o Art. 20 da Lei de Inovação, que integra conheci-mentos e recursos, visando inovações em todos os elos dacadeia em questão.

Para formalização desta parceria é firmado um contra-to de Cooperação Técnico-Financeira, cujas cláusulas prevê-em propriedade intelectual, ações a serem realizadas porcada uma das partes, seus responsáveis e orçamentos rela-cionados. Quando da geração de produto passível de ex-ploração comercial é feito um novo contrato que define ascondições de tal exploração e a remuneração devida aosparceiros.

Nesta modalidade há o compartilhamento de estrutu-ra, expertise e riscos entre as instituições envolvidas, sendoadequada para desenvolvimento e finalização de produtosa serem explorados comercialmente, por permitir a conju-gação da capacidade técnica em P&D da ICT com a experti-

se de mercado da parceira privada.Pela característica dos resultados serem alcançados no

longo prazo, o risco do retorno financeiro estar aquém doesperado e a falta de cultura e recursos das empresas brasi-leiras em financiar P&D, ainda é difícil captar parceiros paraexplorar tecnologias inacabadas.

Independente da modalidade de disponibilização/trans-ferência do produto, a parceria entre iniciativa pública e pri-vada é essencial para o desenvolvimento de inovações. Iden-tificando a modalidade mais adequada para cada tecnolo-gia, há o aumento do potencial de retorno e de abrangên-cia dos produtos, bem como a valorização das instituiçõesenvolvidas, por meio de maior credibilidade e visibilidadepara todos os públicos envolvidos.

Para essa definição da modalidade mais adequada e queamplie o valor da tecnologia, é elaborado um parecer, ondeo analista de negócios faz considerações baseadas no for-mulário de Qualificação sobre as características da tecnolo-gia, do mercado e do potencial de inovação. Além disso,são determinadas algumas estratégias para efetiva transfe-rência, identificando ações e responsáveis.

A aplicação da metodologia resultou em mais de 150produtos qualificados, sendo que 35 deles foram considera-dos aptos para incubação de empresas e estão disponibiliza-dos no portfólio do PROETA, que é constantemente atualiza-do, a medida que mais produtos gerados pelos processos deP&D da Embrapa são qualificados e indicados para esta mo-dalidade.

Uma das ações posteriores à definição da modalidade éa elaboração de portfólios de produtos, que são elaboradospor modalidade de transferência, com informações essenci-ais para empresas e empreendedores interessados nos pro-dutos desenvolvidos pela Embrapa.

IV. PORTFÓLIO: TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS PARAINCUBAÇÃO DE EMPRESAS

Um exemplo prático de aplicação da metodologia deQualificação na Embrapa é o portfólio de produtos destina-dos à incubação de empresas, através do PROETA, que éfruto de uma parceria da Embrapa com o Banco Interameri-cano de Desenvolvimento (BID), através do Fundo Multila-teral de Investimento (FUMIN). O PROETA visa à promoçãodo agronegócio, mediante a transferência de tecnologiaspor meio da incubação de empresas. Nesse sentido, o Pro-grama tem como objetivos principais: transferir tecnologi-as, produtos e serviços gerados pela Embrapa para a inicia-tiva privada; contribuir para a criação de empresas de basetecnológica agropecuária; apoiar a disseminação de umacultura de inovação e empreendedorismo; e contribuir paraa geração de emprego e renda.

A transferência se dá por meio de parcerias com incuba-doras que irão auxiliar os empreendedores a estruturar seusnegócios. Dessa forma, os produtos gerados pela Embrapaque são qualificados e indicados para incubação são incluí-dos no portfólio do PROETA e disponibilizados para que os

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a maioria das empresas de fabricação depende de suas ca-pacidades em desenvolvimento de produto. Novos produ-tos radicais, ou descontínuos, têm um papel importantena construção da vantagem competitiva e podem contri-buir para o crescimento e rentabilidade de uma empresa.

A maioria dos esforços e processos de desenvolvimen-to de produto está focada em inovações incrementais, aopasso que a maioria da pesquisas sobre o processo de de-senvolvimento de um novo produto foca em produtos re-volucionários. [Veryzer, 1998]

Tendo em vista este ponto de divergência, pode-se clas-sificar o processo de desenvolvimento de produtos em con-tínuo, ou incremental, e descontínuo. Conseqüentemente,

o resultado deste desenvolvimento seriam produtos contí-nuos ou descontínuos.

Ademais à classificação dos produtos e seu processode desenvolvimento, o tipo de nível da inovação envolvidatambém pode ser classificado em Contínua; Comercialmen-te Descontínua; Tecnologicamente Descontínua e; Tecno-logicamente e Comercialmente Descontínua.

Para elaborar as etapas de organização interna do spin

off os tópicos de Plano de Negócios e Tecnológico sãoabordados. A metodologia para elaboração de um Planode Negócios, bastante disseminada e utilizada nos centrosde empreendedorismo e incubadoras, segue apresentadacom a descrição das etapas, na tabela a seguir.

Tabela 1: Etapas de Elaboração do Plano de Negócios

Descrição da Empresa Definição da natureza e das premissas do negócio, como missão, visão e valores. Além disso, análise

SWOT, definição dos objetivos estratégicos e outras definições de atuação, como abrangência, localização

geográfica, atendimento a exigências legais e definição de alianças estratégicas.

Estrutura Organizacional Definição da estrutura legal do negócio e desenho da estrutura organizacional do negócio, com o

organograma e a descrição de cargos.

Produtos e Serviços Descrição dos produtos e/ou serviços a serem comercializados, bem como de suas especificações e

requisitos técnicos. Identificação de potencial e vantagens competitivas. Busca por propriedade intelectual

da tecnologia e técnica a ser explorada.

Plano de Marketing Descrição do estágio do setor da economia, com suas características, limites e tendências. Cálculo do

tamanho e taxa de crescimento do setor. Identificação das principais características do mercado-alvo e

da concorrência. Definição das estratégias de marketing e de comercialização.

Plano Operacional Descrição do Fluxo Operacional, planejamento da Capacidade de Produção, definição de fornecedores e

terceirizados, elaboração de sistemas de gestão de estoque e inventário, qualidade, saúde e segurança,

ambiental e de informação e automação.

Plano Financeiro Cálculo do investimento inicial. Projeção de vendas, despesas, custos fixos e variáveis. Elaboração do

Fluxo de Caixa, cálculo do capital de giro necessário e análise dos indicadores financeiros.

Para Cheng et al. [2007] durante o planejamento inici-al de um spin off, ou empresa nascente de base tecnológi-ca, é necessário investigar profundamente as diversas pos-sibilidades de exploração industrial da tecnologia. Com isso,verifica-se que o plano de negócios tradicional não con-templa a avaliação detalhada da tecnologia a ser explora-da. Como preenchimento a esta lacuna, surge o Plano tec-nológico, resultante do Planejamento Tecnológico do spinoff, cuja função é identificar as opções de produtos a se-rem lançados no mercado com o uso da tecnologia. A prin-cipal função deste modelo de planejamento é o alinhamen-to entre as questões de tecnologia, produto e mercado(TPM) no momento de planejamento do negócio.

E por fim, para auxiliar nos registros das definiçõespara o surgimento do spin off, foi estudado o TechnologyRoad Map (TRM). O TRM é considerado como uma ferra-menta do processo de planejamento, que ajuda a identifi-car, selecionar e desenvolver tecnologias alternativas para

satisfazerem um determinado conjunto de necessidades oude produtos já definidos. Este é o processo mais comumem que o TRM é aplicado, quando é impulsionado pelomercado (market pull), isto é, pelas inovações tecnológi-cas necessárias para as empresas atenderem a mercadosfuturos, e não pela tecnologia em si mesma (technology

push), sendo este último a situação mais comum dos spin

offs acadêmicos.

4. METODOLOGIA DE PESQUISAComo o estudo se propõe a realizar o aprimoramento

às propostas de outros trabalhos para metodologia do pro-cesso de criação de spin offs e é de interesse proporcionara ação de criação de um spin off a partir dos resultados dapesquisa acadêmica de um caso real, a estratégia de pes-quisa adotada é a pesquisa-ação.

Questões favoreceram a escolha desta metodologia depesquisa e estão apresentadas a seguir.

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empreendedores interessados possam se inscrever nos editaisabertos pelas incubadoras parceiras em conjunto com a Em-brapa para participação no Programa. Após processo seletivoconjunto entre Embrapa e incubadora, os selecionados têmsuporte na transferência e utilização da tecnologia para abri-rem novas empresas de base tecnológica.

Um diferencial desse Programa é que todas as tecnolo-gias disponíveis foram previamente qualificadas, sendo suaindicação para essa modalidade de transferência baseadanuma análise criteriosa. Dessa forma, o empreendedor teminformações consistentes sobre a tecnologia, além do apoioda Embrapa e da incubadora, aumentando as chances desucesso no desenvolvimento do negócio baseado na tecno-logia qualificada.

As tecnologias qualificadas e inseridas no Portfólio doPROETA apresentam as seguintes informações: nome da tec-nologia; Unidade da Embrapa responsável pelo desenvolvi-mento; proteção intelectual (caso haja); descrição; pontosfortes; oportunidades; e, contato para informações. Visan-do dar maior divulgação a essas tecnologias e ao Programa,o portfólio encontra-se disponível também na internet, nosite http://www.embrapa.br/proeta.

O portfólio é dividido por produtos, processos, equipa-mentos e serviços, facilitando a consulta dos empreendedo-res. Algumas tecnologias podem ser complementares, ge-rando diversificação de produtos na mesma empresa incu-bada. Um dos exemplos é o ‘Aproveitamento agroindustrialde espécies nativas do Cerrado’, e as cultivares de amarantoe quinoa. Estas três tecnologias podem ser utilizadas poruma única empresa, ampliando sua gama de atuação e oatendimento a diferentes consumidores.

Já outras tecnologias possuem nicho de mercado parapúblicos específicos, como a farinha de berinjela, que é isenta

de glúten e possui demanda de pessoas celíacas. Outro exem-plo de tecnologia disponível para incubação é a produçãode mudas vegetais por micropropagação. Esta tecnologiafoi incubada pela empresa Panflora Multiplicação de Plan-tas Ltda, que já se encontra graduada, e pela empresa Bio-clone Produção de Mudas Ltda, ainda incubada.

V. CONCLUSÃOA metodologia de Qualificação de Produtos tem-se

mostrado uma ferramenta simples, de fácil disseminação eaplicação pelos profissionais das áreas de negócios da Em-brapa, com resultados consistentes para análise dos produ-tos gerados nos projetos de P&D.

A partir das informações levantadas por meio dessametodologia é possível determinar o diferencial do produ-to, destacando seu valor para o público de interesse e per-mitindo à Embrapa, traçar a melhor estratégia de ação paratransferência do produto. Dessa forma, ampliam-se as pos-sibilidades de retorno desses produtos, tanto para a Embra-pa quanto para seus parceiros e, até mesmo, para a socie-dade em geral.

Importante destacar também a possibilidade de adap-tação de tal metodologia para uso em outras ICTs, por meiode alguns simples ajustes, considerando os tipos de produ-tos e as respectivas estruturas técnicas e organizacionais.

Cabe ressaltar que a metodologia de Qualificação deProdutos é uma ferramenta para a gestão da inovação nasinstituições. Assim, para que um produto obtenha sucessono mercado, a transferência deve ser monitorada até a ado-ção efetiva pelo sistema produtivo, e posteriormente deforma continua, visando o feedback para a instituição, queirá retroalimentar a pesquisa e gerar novos produtos ino-vadores.

BRASIL, Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n° 10.973 de 02 de dezembro de 2004.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm>.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, Programa de apoio ao desenvolvimento de novas empresas de basetecnológica agropecuária e à transferência de tecnologia. Tecnologias disponíveis para incubação. Disponível em: <http://www.sct.embrapa.br/proeta>. Acesso em: 19 jun. 2009.

MATIAS-PEREIRA, J.; KRUGLIANSKAS, I. Gestão de Inovação: a Lei de Inovação Tecnológica como ferramenta de apoio às PolíticasIndustrial e Tecnológica do Brasil. RAE - eletrônica, v. 4, nº. 2, jul./dez. Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2005, p. 1-21.2005

SCHWARTZMAN, S. A pesquisa científica e o interesse público. Revista Brasileira de Inovação, n.2, 2002. p. 361-390.WILLCOX, L. C. B. Avaliação do desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia: o caso Instituto Oswaldo Cruz –

Fundação Oswaldo Cr.uz. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 2, 2004. p. 389-398.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARTIGO CIENTÍFICOPROPRIEDADE INTELECTUAL E TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA (PI/TT)

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Figura 1: Agentes Envolvidos no Estudo

está associado a um conjunto de atividades desenvolvidaspara comercialização do resultado de pesquisa e promo-ção da cooperação universidade-empresa.

As maneiras de TT são: (a) Desenvolvimento do produ-to na universidade por uma empresa já existente no mer-cado, (b) melhoria de um produto já lançado no mercadoatravés da pesquisa acadêmica e (c) a criação de uma em-presa pela equipe pesquisadora para comercializar os re-sultados obtidos; sendo este o objeto desta pesquisa.

Segundo Etzkowitz [2003], como empresas procura-ram fontes externas de P&D em resposta a crescente con-corrência internacional, as universidades se tornaram, re-conhecidamente, fornecedoras de P&D para a indústria. Ecomo tradicionais fontes de financiamento da investiga-ção não foram capazes de satisfazer as crescentes necessi-dades, a universidade adotou a indústria como patrocina-dora.

Para Shane [apud LEONEL 2007] um spin off acadêmi-co é uma nova empresa criada para explorar comercialmen-te um pedaço da propriedade intelectual gerada a partirdas pesquisas desenvolvidas na universidade.

3.2 Bloco II: Conceitos FerramentaisComo dito, este bloco tem como objetivo abordar os

conceitos principais necessários à construção das etapas ométodo proposto para promoção de spin offs.

Iniciando pelos conceitos de Plataforma Tecnológi-ca. Para McGrath [apud HALMAN, HOFER & VUUREN, 2003]a plataforma tecnológica é definida como “um conjuntode subsistemas e interfaces comuns, que formam uma es-trutura a partir da qual uma série de produtos relaciona-dos podem ser desenvolvidos e produzidos de forma efici-ente”, ou seja, a plataforma tecnológica seria um conjun-to de conhecimentos/ aplicativos que gerariam produtosrelacionados, como em uma estrutura modular, podendoser lançados separadamente ou não.

Diante do contexto atual que apresenta um mercadoextremamente competitivo, ávido por novidades e exigen-te, diversas empresas têm adotado o modelo de desenvol-vimento de produtos através de plataformas tecnológicascomo intuito de atenderem as expectativas dos clientes lan-çando diversos produtos competitivos em um curto espa-ço de tempo.

Seguindo a abordagem teórica para o ferramental dométodo, abordaram-se métodos de Gestão de Desenvolvi-mento de Produto. A competitividade de longo prazo para

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3. REFERENCIAL TEÓRICOO arcabouço teórico desta pesquisa aborda seis gran-

des áreas do conhecimento, divididas em dois blocos, demaneira a permear todo embasamento necessário ao en-tendimento do contexto e para a construção do método.O primeiro bloco aborda o Empreendedorismo Acadêmicoe a Transferência Tecnológica e o segundo, Plataforma Tec-nológica, Gestão de Desenvolvimento de Produto, Planosde Negócios e Tecnológico e o Technology Road Map.

3.1 Bloco I: Entendendo o cenárioPara entender o cenário pano de fundo deste estudo,

deve-se entender o que é empreendedorismo, e mais espe-cificamente no caso acadêmico. Empreendedorismo é a bus-ca incansável por oportunidades, independente dos recur-sos disponíveis.

Já o empreendedorismo acadêmico consiste na inser-ção deste comportamento no meio universitário, fato queocorre de diversas formas, côo incubadoras de empresas,spin offs, ensino de disciplinas voltadas para o tema.

A inserção do empreendedorismo no meio acadêmicose deu através da chamada 2ª Revolução Acadêmica, queinseriu no meio universitário a terceira missão, como men-cionado anteriormente.

Etzkowitz [2003] afirma ainda, que uma universidadeque possui uma cultura empreendedora olha para seus re-sultados de investigação acadêmica sob duas perspectivas:contribuições para a literatura através de publicações e umaótica empreendedora, segundo a qual estes resultados po-dem se traduzir em desenvolvimento social e econômicopara o meio no qual está inserido.

Com implicações deste novo cenário, alguns críticosargumentam que interesses financeiros na pesquisa podemdistorcer as decisões e ações de professores com relaçãoao problema de investigação e escolha do direcionamentoda pesquisa.

Sendo assim torna-se de fundamental importância umapostura ética das instituições universitárias acompanhan-do o processo de pesquisa e a geração de conhecimento ea transferência destes, de modo que a missão da institui-ção e da pesquisa básica acadêmica sejam respeitadas.

Seguindo a linha de entendimento sobre o cenário, atransferência tecnológica (TT) é o processo de migraçãodo conhecimento gerado em uma pesquisa para o merca-do com o objetivo de suprir uma necessidade / deficiênciaidentificada ou criada. O termo transferência tecnológica

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VII. ANEXO: FORMULÁRIO DE QUALIFICAÇÃO DE PRODUTOS

* As instruções para preenchimento de cada campo do formulário estão em itálico.

I. DADOS DA TECNOLOGIA

Título:Título geral da tecnologia

POSSÍVEIS PRODUTOS

1.2.

Determinar os prováveis produtos que podem ser originados da tecnologia.

DADOS DO PRODUTO 1Título:

Nome do provável produto a ser comercializado.

1. Dados do responsável pela P&D do produtoNome: ________________________________________ E-mail: ___________________________________________________

Telefone: _____________________________________ Unidade da Embrapa: _____________________________________Nome do contato principal da tecnologia

2. Descrição resumida do produto

Descrever de forma resumida, no máximo 20 linhas, as principais características do produto (indicar as principais

características do produto)

3. Palavras-chaveInformar as palavras-chaves em português e inglês, relacionadas ao presente produto.

II. DADOS PROPRIEDADE INTELECTUAL

4. O produto envolve alguma proteção

Patente. nº ____________________________________ Certificado de Adição. nº _______________________

Modelo de utilidade. nº _________________________ Registro cultivar. nº ____________________________

Registro de cultivar. nº __________________________ Registro de software. nº ________________________

Registro de marca. nº ___________________________ Outro. ________________________________________

4.1. Data de depósito do pedido: 00/00/0000Indicar as proteções relativas ao produto.

5. Estágio atual de desenvolvimento do produto

Projeto de Pesquisa: Em concepção Em andamento Finalizado

Protótipo Produção em escala laboratorial Planta Piloto

Testes in vivo Testes in vitro Testes pré-clínicos Testes clínicos

Outros. Especifique:_______________________________________________Indicar qual estágio a pesquisa está.

6. Segredo de propriedade intelectual

Sim Não (Publicado no INPI) Publicado sob a forma de artigo, resumo, congressos, etcIndicar se a proteção está publicada ou ainda em sigilo.

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do de um protótipo laboratorial resultante da pesquisa aca-dêmica básica. O resultado deste último fenômeno denomi-na-se, atualmente, spin off e configura-se no objeto de es-tudo desta pesquisa.

2. OBJETIVOS DO ESTUDO E QUESTÃO-ORIENTADORAO processo de transferência tecnológica pelas universi-

dades ao mercado através da geração de spin offs acadêmi-cos, ou seja, com o surgimento de uma empresa para co-mercializar o resultado de uma pesquisa básica não é, en-tretanto, significativo no Brasil.

Segundo COSTA & TORKOMIAN [2008], que apresen-tam os seguintes dados, em seu trabalho para analisar comose caracterizam as empresas criadas a partir de resultadosde pesquisas geradas em universidades: dos 33 casos de spin

offs avaliados no Brasil, pouco mais de 60% se localiza naregião sudeste do país; e também cerca de 60% possui comoano de fundação entre 2001 e 2005, mostrando que é real-mente um fenômeno recente no Brasil. E de acordo comLEONEL [2007], existe um reduzido número de iniciativasinstitucionais dedicadas à orientação de pesquisadores quedesejam se tornarem empreendedores, sobretudo no Brasil.

Entendendo o empreendedorismo tecnológico como umprocesso de transferência tecnológica e um importante agen-te de desenvolvimento social através da geração de empre-gos, fortalecimento da indústria nacional, movimentação daeconomia entre outros fatores, evidencia-se o fato de queseria interessante para as universidades e para o país se esteprocesso ocorresse com uma maior freqüência.

Com o objetivo de contribuir com este processo, esteestudo tem por objetivo a construção de uma metodologiade trabalho que facilite a geração de spin offs nas universi-dades brasileiras, partindo da seguinte questão orientado-ra: Como se deve gerir o processo de transferência tec-nológica de um protótipo resultante de uma pesquisabásica acadêmica para o mercado através da formaçãode um spin off?

Por esta transferência tecnológica para o mercado, en-tende-se que o resultado da pesquisa, vingando em um pro-tótipo, pode satisfazer uma necessidade determinada emum público-alvo.

Para responder a este questionamento este estudo iráse basear no caso de um Laboratório do Departamento deEngenharia Química da Escola de Engenharia da Universi-dade Federal Fluminense (UFF). Logo, a questão orientado-ra deste projeto se resume a: Como este grupo de pesqui-sadores-empreendedores deve gerir o processo de cria-ção do spin off para comercialização da tecnologia ge-rada pelas suas pesquisas?

Sendo assim, neste estudo a universidade é representa-da pelo grupo de pesquisadores-empreendedores, a tecno-logia voltada para o mercado de energia e o mercado con-sumidor pela área da atividade econômica identificada paraa exploração da tecnologia como pode ser visualizado naFigura 1.

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converter conhecimento em riqueza e desenvolvimento so-cial depende da ação de alguns agentes institucionais gera-dores e aplicadores de conhecimento. Os principais agentesque compõem um sistema nacional de geração e apropria-ção de conhecimento são empresas, universidades e o go-verno. [CRUZ, 2000]

As firmas envolvidas com Pesquisa & Desenvolvimento(P&D) formam um subconjunto muito restrito em países emdesenvolvimento comparativamente aos países desenvolvidos.[ALBUQUERQUE et al. apud Macedo & ALBUQUERQUE, 1999]E boa parte das atividades inovativas desenvolvidas em paí-ses em desenvolvimento se relaciona a reproduções e adap-tações de tecnologia estrangeira, sem investimentos em P&D.

As universidades são potenciais agentes de transforma-ção de conhecimento, de caráter tecnológico, em riqueza.Este potencial foi favorecido com a Primeira Revolução Aca-dêmica ocorrida nas universidades com a incorporação dapesquisa científica ao ensino, no final do século XIX nospaíses desenvolvidos.

As características do momento anterior a esta revolu-ção pressupunham um espírito de pesquisa educacional e apreservação e disseminação do conhecimento. Nesta épo-ca, novas missões impostas à universidade gerariam confli-to de interesses controversos.

Para [SLAUGHTER & LESLIE apud ETZKOWITZ, 2001], oempreendedorismo acadêmico ultrapassa e estende a pes-quisa acadêmica. No entanto, alguns pesquisadores vêem oempreendedorismo acadêmico como uma deformação dopropósito da Pesquisa Acadêmica.Etzkowitz [2001] argumen-ta que isso era uma concomitante característica de sua ori-gem e crescimento.

Atualmente, ocorre mais uma modificação no cenário,tida como a Segunda Revolução Acadêmica, que segue anova tendência das universidades para o Empreendedoris-mo Acadêmico e o Capitalismo do Conhecimento, incorpo-rando às atribuições tradicionais a “Terceira Missão”, dedesenvolvimento econômico e social. Dessa maneira, resul-tam-se como as atuais atribuições destas instituições: (1)Produção de Conhecimento; (2) Formação de Capital Hu-mano Qualificado e (3) Transformação de conhecimento emriqueza para a economia e sociedade.

Este novo contexto impõe uma nova mentalidade e ca-racterística aos pesquisadores acadêmicos. Isso desperta oempreendedorismo e o interesse por pesquisas acadêmicascom aplicações práticas e que gerem riqueza a partir de umatecnologia ou conhecimento derivados de pesquisa básica.[ETZKOWITZ, 2001]

Dentre as maneiras de transferência de tecnologia (TT)da universidade para os segmentos da atividade econômicaestão: (a) desenvolvimento de um produto concebido nauniversidade por uma empresa externa já existente no mer-cado; (b) melhoria, por intermédio do conhecimento acadê-mico, de produtos desenvolvidos fora da universidade e; (c)criação de uma nova empresa nascente de base tecnológica(ENBT), cujo produto principal de comercialização é deriva-

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

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7. Desenvolvimento em parceria (incluir também parceria interna)

7.1. Nome parceiro:

7.2. N° contrato:

As instituições relacionadas devem ter contribuído efetivamente para o desenvolvimento do produto. Indique, se

houver, o número de identificação do contrato que regula a parceria na Embrapa (idealmente, anexar uma cópia

deste contrato).

8. Campo de aplicação do produtoIndicar quais os possíveis campos de aplicação/utilização do produto.

9. Problema que o produto resolve

Apresentar os problemas do estado da técnica que o produto se propõe a resolver.

10. Estado atual da técnicaDescrever de forma resumida, o atual estado da técnica.

11. Diferencial do produto

Descrever de forma completa o diferencial do produto em relação aos seus similares/existentes/concorrentes.

12. Pontos fortes do produtoDeterminar, de forma clara e objetiva, quais os pontos fortes do produto em relação a concorrência.

13. Pontos fracos do produto

Determinar, de forma clara e objetiva, quais os pontos fracos do produto em relação a concorrência, a propriedade

intelectual, a técnica, ao funcionamento, etc.

14. Estimativa do custo de produção do produto

Apresentar uma estimativa do custo de produção na indústria deste produto, sendo média ou limites de custos.

III. DADOS DO MERCADO

15. Mercado consumidor/indústria-alvo do produtoIndicar os mercados ou indústrias/setores que poderiam ter interesse em utilizar este produto.

16. Competidores e tecnologias concorrentes/similares – descrição resumida

Verificar se há produtos similares no mercado e descrevê-los, apresentando também as principais vantagens desses,

se houve, em relação do produto da Embrapa – Tabela comparativa.

17. Empresas que poderiam se interessar pelo produto – listar nomes

Listar o nome de todas as empresas, por mercado, que possam se interessar em negociar o produto em questão.

(incluir concorrentes da Embrapa).

18. A tecnologia já foi apresentada a alguma empresa/empreendedor?

Sim Não

18.1. Em caso positivo: Qual (is)?Descrever o nome da empresa ou empreendedor.

ARTIGO CIENTÍFICOPROPRIEDADE INTELECTUAL E TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA (PI/TT)

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMAComo resultado da Revolução da Informação, após o

surgimento da Internet, o elemento conhecimento passoude insumo para a geração de riqueza a reconhecido como

LOCUS CIENTÍFICO

Método para promoção de spin off de projeto de pesquisaacadêmica de base tecnológicaMethod for spin off research project based in technology from academy

Aline Pereira de Lima1 e Patrícia Andrade Leite2,*

Departamento de Engenharia de Produção da Escola de EngenhariaUniversidade Federal FluminenseCampus da Praia Vermelha, Rua Passo da Pátria, 156 - São DomingosNiterói, RJ CEP: 24210-240

E-mails: [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Patrícia Andrade Leite

Artigo submetido em 30 abril de 2009, aceito em 30 de agosto de 2009

RESUMO

Com a Revolução da Informação, o elemento conheci-mento tornou-se o fator de definição da posição que umpaís, ou nação, ocupa na organização mundial do trabalho.Ademais, passou a ser o input principal para a geração deriqueza para a economia de um país, com alto valor agrega-do. Todavia, não é o bastante possuir criadores deste co-nhecimento, se o mesmo não for transferido para um seg-mento da atividade econômica em forma de produtos, ser-viços ou mesmo processos. É neste contexto que o presenteestudo apóia seus objetivos, com estudo sobre o fenômenode formação de spin offs acadêmicos, que são empresasnascentes de base tecnológica (ENBT) a partir de tecnologi-as resultantes de projetos de pesquisa realizados em cen-tros universitários e de pesquisa. De forma a contribuir coma discussão de transferência tecnológica do meio acadêmi-co para o mercado, este trabalho propõe um método para apromoção de spin offs que possibilita o direcionamentocompleto para a criação de uma nova empresa.

PALAVRAS-CHAVE:

• Pesquisa,• Tecnologia,• Spin Off,• Método.

ABSTRACT

In the Information Revolution, the knowledge elementhas become the defining factor of the position that a coun-try or nation is the worldwide organization of work. Mo-reover, it has been the main in put for the generation ofwealth for the economy of a country with high added va-lue. However, it is not quite have the creators of this know-ledge, if it is not transferred to a segment of economic acti-vity in the form of products, services or processes. It is inthis context that this study supports their goals, with studyon the phenomenon of the formation of academic spin offs,which are emerging technology-based companies from te-chnologies arising from research projects conducted at uni-versities and research centers. In order to contribute to thediscussion of technology transfer from academia to themarket, this paper proposes a method for the formation ofspin offs that enables the complete guide to the creation ofa new company.

KEYWORDS:

• Research,• Technology,• Spin Off,• Method.

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

Lima, A.P. e Leite, P.A.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 81-88

tal. A necessidade de ter criadores de conhecimento é regrafundamental para uma nação se desenvolver. [LANDES apudCRUZ, 2000]

A capacidade de uma nação de gerar conhecimento e

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18.2. Houve interesse por parte de alguma delas? Se sim, qual:

Determinar o interesse: em licenciar, em incubar, em formar nova empresa, em comprar, etc.

18.3. Se não houve interesse, qual o empecilho/problema citado/encontrado?Descrever o porquê da empresa/empreendedor não se interessar pelo produto: problemas na negociação, tempo,

técnica, custo, etc

19. Barreiras para entrada do produto no mercadoDescrever as barreiras existentes para entrada do produto no mercado potencial: fitossanitária, tributária,

concorrentes, legais, etc.

20. Próximas etapas para que o produto chegue ao mercadoDescrever o que deverá ser feito para completar o desenvolvimento do produto para ser comercializado no mercado

potencial.

Rocha D.T., Sluszz, T., Campos, M.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 64-7380

5. CONCLUSÃOA criação de um empreendimento inovador hoje em dia

no Brasil e no mundo requer a necessidade de ponderação eanálise de vários critérios tangíveis e intangíveis dos riscosenvolvidos no processo. Atualmente, o cenário vem se tor-nando cada vez mais favorável as idéias inovadoras porémpercebe-se a necessidade de uma maior capacitação dosempreendedores na elaboração de seu Plano de Negócio.

Nesse momento surge a importância das Incubadorasde Empresas nesse processo. Além de toda a capacitaçãonecessária para um melhor desenvolvimento de seu proje-to, o empreendedor obtém todo o respaudo necessário parao início de suas atividades como empresas.

Na Incubadora de Empresas da Universidade Federal Flu-minense, o processo de seleção de empreendimentos preo-cupa-se principalmente com os fatores intangíveis em rela-ção a análise da probabilidade de sucesso do negócio pro-posto pelo empreendedor. Assim sendo, a ferramenta deavaliação Pullig-Simone é fundamental nesse processo.

Desde o início da utilização da ferramenta, em julho de2009, pode-se observar uma facilidade na orientação tantodos empreendimentos aptos para serem incubados quantodos que necessitavam de uma atenção maior e se enqua-dravam no período de pré-incubação.

Conforme o estudo de todas as empresas que foram ava-liadas, pode-se observar uma necessidade de maiores investi-

mentos na área relativa aos cenários econômico-financeiros.De fato, a maior dificuldade, principalmente quando se tratade inovação está na existência de capital suficiente para lan-çamento de desenvolvimento de novos empreendimentos. Jápara as empresas já incubadas a deficiência maior está nacapacitação necessária para melhor identificação e estrutura-ção dos riscos envolvidos, sendo necessário realizar um mai-or investimento nesses quesitos apontados.

Para tal finalidade, a Incubadora de Empresas da UFFdeverá estabelecer um vínculo maior entre a equipe de Cap-tação de Recursos e a equipe de Seleção e Acompanhamen-to de empresas a fim de orientar e direcionar os investimen-tos necessários para tal empreendimento. A partir dos re-sultados observados na ferramenta de avaliação será neces-sário traçar uma estratégia específica referente a este fatora fim de minimizar os resultados negativos nas futuras rea-valiações das empresas. A existência de relatórios específi-cos e atualizados de cada empresa também será útil para aidentificação de necessidades específicas das empresas jáaprovadas no processo seletivo.

Além disso, o processo de seleção deverá abranger maisdetalhadamente os riscos envolvidos no empreendimento.Para tal, se faz necessária uma maior capacitação dos em-preendedores, seja durante o processo de desenvolvimentodo plano de ação ou mesmo durante o processo de incuba-ção.

ARRUDA, MAURO; VERMULM, ROBERTO; HOLANDA, SANDRA; Inovação Tecnológica no Brasil; A indústria me busca dacompetitividade global –– Anpei (associação nacional de P, D&E das empresas inovadoras. Brasil 2006

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ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80

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1. INTRODUÇÃOCom o aumento da competitividade entre as empresas

dos mais diversos setores da economia, torna-se cada vezmais necessária a existência de um pilar fundamental para asobrevivência da organização: a inovação. Pela teoria eco-nômica, a inovação diferencia-se da invenção pela sua apli-cação comercial. Quando uma invenção ocorre, resultadode uma atividade de pesquisa ou mesmo da experiência deum indivíduo, ela às vezes não entra no processo produtivo,mas quando uma invenção ultrapassa diversos estágios eatinge o processo produtivo a fim de ser comercializadaocorre a inovação. [Teixeira, 1983].

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIAS (PIT)

Análise de risco para empreendimentos inovadores

Risk analysis for innovative enterprises

Universidade Federal FluminenseLaboratório INITIA de Inovação e EmpreendedorismoOuteiro de São João Batista S/N – CentroCampus do Valonguinho.CEP: 24020-141 – Niterói – RJ – Brasil

E-mails: [email protected] | [email protected] | [email protected]

*autor de contato: Érika Serra

Artigo submetido em 30 abril de 2009, aceito em 30 de agosto de 2009

RESUMO

Este artigo apresenta a consolidação do processo sele-tivo da Incubadora de Empresas da UFF cujo processo seleti-vo se dá através da avaliação da probabilidade de risco desucesso da inovação por meio uma ferramenta, que se utili-za do Método de Análise Hierárquica (Analytic Hierarchy Pro-cess – AHP). O conjunto de avaliações foi consolidado como intuito de identificar os pontos críticos apresentados porempresas candidatas a incubação, a posteriori foi feita umaanálise identificando quais seriam os processos de incuba-ção críticos para dar suporte às empresas que iniciam seusprocessos de incubação.

ABSTRACT

ABSTRACT: This article presents the consolidation of theselection process Incubator Company of the UFF. This selecti-on process is done by assessing the probability of risk of suc-cessful innovation. The method used for implementation ofthis assessment is based on a tool which uses the multicrite-ria method with the choice Hierarchical Analysis Method(Analytic Hierarchy Process - AHP). The set of ratings was con-solidated in order to identify the critical points made by bi-dding the incubation, the post was an analysis identifyingwhat the critical processes of incubation to support the com-panies that start their process of incubation.

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80

PALAVRAS-CHAVE:

• Inovação,• Probabilidade de sucesso,• Avaliação.

KEYWORDS:

• Innovation,• Likelihood of success,• Evaluation.

Érika Serra*, Luany Cardoso, Sérgio Mecena da Silva Filho

Na definição do Manual de Oslo, uma inovação é “aimplementação de um produto (bem ou serviço) novo ousignificativamente melhorado, ou um processo, ou um novométodo de marketing, ou um novo método organizacionalnas práticas de negócios, na organização do local de traba-lho ou nas relações externas”.

É importante salientar que uma empresa pode realizardiversos tipos de mudanças entre os diferentes tipos de ino-vação que existem: de produto, de processo, de marketinge organizacionais.

Diversos estudos indicam que uma grande dificuldadedo empreendedor no Brasil, aliada a falta de formação e as

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Assim como nas empresas pré-incubadas, a área maisdeficiente deste grupo de empresas é a relacionada ao Ce-nário Econômico-Financeiro.

Após toda essa análise, pode-se estudar e enteder asáreas problemáticas. Porém, como o objetivo do estudo étraçar estratégias de acompanhamento das empresas, des-cartou-se o resultado das empresas não aprovadas no pro-cesso.

Logo, avaliando-se o Cenário Econômico-Financeiro comas características já citadas anteriormente neste artigo, sub-divide-se o critério nos seguintes itens:

• Acesso a Capital para Financiamento: analisa-se seos investimentos necessários para iniciar as ativida-des do projeto de inovação e posicioná-la no merca-do são de posse da organização ou são de fácil aces-so. Para que a inovação tenha alta probabilidade desucesso, deve-se possuir o capital semente para co-brir os custos iniciais e ter disponível um capital derisco para o seu desenvolvimento, sendo estes pro-venientes de diversificadas fontes de capital.

• Cenário Econômico: observa-se se as variáveis eco-nômicas é fator fundamental para o sucesso de qual-quer empreendimento. Sendo assim, o empreende-dor deve conhecer tais informações para que possatraçar estratégias de modo a potencializar os dadosfavoráveis e minimizar os obstáculos. De qualquermodo, a probabilidade de sucesso será maior quan-to melhor forem as condições de compra dos consu-midores, influenciadas principalmente por baixas ta-xas de juros, inflação e desemprego. Além disso, ummercado com fácil acesso ao crédito fica mais aque-cido e mais propenso ao posicionamento da inova-ção.

• Viabilidade Financeira: A constatação da viabilida-de financeira é fator fundamental para o sucesso dequalquer projeto, seja ele de inovação ou não. Osindicadores como o Valor Presente Líquido(VPL), Pay-back e Ponto de Equilíbrio devem indicar que o em-preendimento será financeiramente saudável, aumen-tando assim a probabilidade de seu sucesso.

• Riscos Envolvidos: Os riscos são inerentes a qual-quer empreendimento, seja ele inovador ou não. To-davia, cabe ao empreendedor identificá-los e mini-mizá-los ao máximo, a fim de que os impactos gera-dos, caso ocorram, sejam os menores possíveis. Paraas inovações, que na maioria dos casos exigem gran-des investimentos, os riscos são ainda mais críticos,exigindo um tratamento ainda mais detalhado. Des-ta forma, quanto mais incertas forem as informa-ções a respeito da inovação e sua visão de futuro,menores serão as chances de que esta seja bem su-cedida. Por outro lado, os projetos inovadores ten-dem a gerar altos benefícios, o que justifica os gran-des investimentos, mesmo que os riscos sejam altos.Sendo assim, as informações utilizadas para avalia-

ção de uma inovação devem ser respaldadas por fon-tes fidedignas para que seja possível controlar a maiorparte das variáveis envolvidas no processo e, conse-qüentemente, diminuir os riscos a este inerentes.

A partir da discriminação dos fatores analisados dentrodeste cenário, analisou-se a deficiência das empresas em cadagrupo e foi obtido o seguinte resultado (Figuras 6 a 8).

Figura 6: Análise dos subfatores das empresas não aprovadas

Figura 7: Análise dos subfatores das empresas pré-incubadas.

Figura 8: Análise dos subfatores das empresas incubadas.

Assim sendo, o acesso a capital para financiamentoé o principal problema enfrentado tanto pelas candidatasnão aprovadas quanto para as pré-incubadas. Já para as in-cubadas o maior problema identificado está na identifica-ção dos riscos envolvidos no empreendimento.

Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80

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jamento. Planejar pode ser definido de forma ampla como“decidir previamente o que deve ser feito”, ou mais restriti-vamente, como processo contínuo e sistemático da análisede oportunidades e ameaças (relativas ao ambiente exter-no) e pontos fracos e fortes (relativos ao ambiente interno),visando à determinação e consecução dos objetivos do em-preendimento.

De acordo com o SEBRAE, a inovação é uma atividadede risco! Sempre há uma possibilidade de insucesso, pois aempresa está trabalhando com novidades, ou seja, méto-dos ainda desconhecidos e incertos para o negócio.

No entanto é possível reduzir os riscos na execução dequalquer inovação.

I. Conhecer o mercado: realizar levantamento de de-mandas dos consumidores;

II. Constante confirmação da inovação: Acompanhar ecompreender os seus concorrentes, mas de formacorreta, a fim de não deixar para tomar iniciativastardiamente;

III. Exploração de sua capacidade existente: pensar noimpensável, romper barreiras, ir além;

IV. Ampliar consciência: ter visão das conseqüências;V. Ter uma equipe qualificada ou de conhecimentos;VI.Estar legalizado como as regulações e as regras tri-

butárias.

A figura 1 apresenta os fatores que obstruem as ativi-dades de inovação.

3. FERRAMENTA DE AVALIAÇÃOPara se criar uma inovação, é necessário analisar a pro-

babilidade de sucesso deste produto ou serviço. Dessa for-ma, em busca desse resultado dois alunos da UniversidadeFederal Fluminense em parceria com a Incubadora de Em-presas da UFF, desenvolveram uma ferramenta de avaliaçãoque hoje é utilizada pela incubadora no processo de seleçãode seus candidatos.

O processo de seleção de empresas tem como objetivosescolher, dentre as candidatas, aquelas de maior potencialde sucesso. Apesar de aparentemente simples, exige umconhecimento por parte do empreendedor de todo o seunegócio. Alguns fatores são variáveis fundamentais parainfluência no sucesso do candidato, são eles: público-alvo,recursos tecnológicos, cenário econômico-financeiro, legis-lação/regulamentação, organização interna, parceiros e for-necedores, ambiente competitivo e percepção de valor dainovação.

A análise de inovação envolve fatores qualitativos e in-tangíveis que são traduzidos em variáveis quantitativas. Paratanto, foi necessário o uso da metodologia de multicritériocomo ferramenta para a tomada de decisão e dentre as inú-meras, foi escolhida o Método de Análise Hierárquica (Analy-tic Hierarchy Process – AHP). O método baseia-se nas se-

Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80

incertezas econômicas, é a dificuldade de alavancar capital,principalmente na fase inicial dos projetos, quando a idéiaainda não saiu do papel ou se saiu, ainda não começou aproduzir resultado expressivo, em outras palavras, ainda nãoanalisou a viabilidade de sua idéia.

Segundo a Nbia- National Bussiness Incubator Associa-tion [Apud Bermudez e Morais: 1955], diz que dentre as 12razões-chaves para o insucesso dos empreendimentos são:

1- Inadequado plano de negócios!2- Inadequado plano de negócios!3- Inadequado plano de negócios!4- Insuficiente capital inicial stat-up do desenvolvimen-

to do empreendimento devido ao inadequado pla-no de negócios;

5- Erro quanto à estimativa de demanda do mercadode produtos e serviços;

6- Ausência de gerentes habilitados;7- Falha na seleção de consultores externos;8- Inabilidade de ter produtos ou serviços notáveis no

mercado;9- Excessiva dependência a um único mercado;10- Subestimação do capital necessário para o cresci-

mento do empreendimento;11- Planejamento otimista para a consolidação do em-

preendimento;12- Incapacidade de tomar decisões de bom senso na

hora certa.

No entanto, muitos questionamentos são feitos acercado tema: Qual impacto que determinado negócio causarána sociedade em que se situa? Qual o grau de novidade doempreendimento? Será que a novidade é viável economica-mente? Uma série de perguntas passa pela cabeça de quemtem uma idéia em mente. Perguntas essas, que são bastan-te difíceis de serem respondidas, uma vez que em se tratan-do de inovação as variáveis são muito intangíveis e de difícilmensuração.

Por este motivo, a Incubadora de Empresas da Universi-dade Federal Fluminense (UFF) desenvolveu em parceria comalunos da própria universidade uma ferramenta capaz deanalisar a probabilidade de sucesso de empreendimentosinovadores. Dessa forma, diversos fatores qualitativos e in-tangíveis são traduzidos em variáveis quantitativas.

Estudos realizados entre incubadoras indicam que umprocesso de incubação bem estruturado e gerenciado é oprimeiro passo para alcançar altas taxas de sucesso e de so-brevivência das empresas que passam por programas de in-cubação. É essencial ter um diferencial competitivo, utilizarTecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) permiteinteratividade, rapidez, acesso e intercâmbio, aspectos fun-damentais em um ambiente cada vez mais globalizado ecompetitivo.

2. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS E QUANTIFICAÇÃOA etapa inicial de qualquer empreendimento é o plane-

1 Newman, 1951, p.15, citado por Ednalva F.C. de Morais, 1997, p.38

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Tabela 2: Resultados referentes às empresas não selecionadas.

Figura 4: Análise em aranha das empresas pré-incubadas.

Neste grupo de empresas a área mais crítica identificada

foi o Cenário Econômico-Financeiro. Finalizando a análise, ini-

ciou-se a avaliação das empresas que hoje estão incubadas.

As empresas que se encontram nesse estágio, atualmen-te estão em fase de elaboração do Plano de Ação específicopara cada resultado gerado pela empresa. Nesse momento,a empresa é acompanhada por uma equipe onde de acordocom o Plano de Ação gerado são realizadas reavaliaçõesperiodicas através da ferramenta de avaliação. A partir des-tas avaliações são geradas estratégias de acompanhamentoespecíficas para cada empresa com o objetivo de suprir asnecessidades de cada uma delas, aumentando sua probabi-lidade de sucesso. Para este grupo resultado geral apresen-tado foi de 75,56% (Tabela 4 e figura 5).

Tabela 4: Resustados obtidos para as três empresasincubadas.

Público- Alvo 66,67%

Recursos Tecnológico 71,67%

Cenário Econômico-Financeiro 50,00%

Legislação/ Regulamentação 53,33%

Organização Interna 76,67%

Parceiros e Fornecedores 66,67%

Ambiente Competitivo 83,33%

Percepção de Valor da Inovação 75,56%

Probabilidade de Sucesso 68,45%

Figura 3: Análise em aranha das empresas não aprovadas.

De acordo com a observação do gráfico e da tabela aárea mais deficitária das empresas não aprovadas está rela-cionada aos Parceiros e aos Fornecedores.

Numa terceira etapa, foi avaliado o resultado das em-presas que atualmente se encontram em estágio de pré-in-cubação. As empresas que se encontram nesse estágio naincubadora estão em fase de adaptação de seus Planos deNegócios a fim de suprir as necessidades identificadas pelaferramenta em cada caso. A partir do resultado gerado pelaferramenta, a Incubadora gera um relatório para a empresapara que possam ser traçadas estratégias a fim de aumentara probabilidade de sucesso do empreendimento e minimi-zar o fator de risco identificado. Além disso, são realizadasreuniões de instrução para elaboração do Plano de Ação daempresa. Neste caso, obteve-se o seguinte resultado geral,56,38% (tabela 3 e figura 4)

Tabela 3: Resultados obtidos para os três projetos pré-incubados.

Público- Alvo 71,67%

Recursos Tecnológico 60,00%

Cenário Econômico-Financeiro 38,33%

Legislação/ Regulamentação 73,33%

Organização Interna 53,33%

Parceiros e Fornecedores 53,33%

Ambiente Competitivo 56,67%

Percepção de Valor da Inovação 68,89%

Probabilidade de Sucesso 56,38% Figura 5: Análise em aranha das três empresas incubadas.

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Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80

Público- Alvo 48,33%

Recursos Tecnológico 40,00%

Cenário Econômico-Financeiro 41,67%

Legislação/ Regulamentação 53,33%

Organização Interna 33,33%

Parceiros e Fornecedores 30,00%

Ambiente Competitivo 53,33%

Percepção de Valor da Inovação 50,00%

Probabilidade de Sucesso 38,35%

76

guintes etapas: Construção de hierarquia, Aquisição de da-dos ou Coleta de julgamentos de valor emitidos por especia-listas, Síntese dos dados obtidos dos julgamentos, calculan-do-se a prioridade de cada alternativa em relação ao focoprincipal; e a Análise da consistência do julgamento, identi-ficando o quanto o sistema de classificação utilizado é con-sistente na classificação das alternativas viáveis. Tudo isso,será representada por um número percentual propiciando atomada de decisão.

Baseada nessa metolodogia houve a construção deuma ferramenta que atendeu basicamente a necessidade daincubadora de empresas da UFF, chamada Pullig-Simone.

Ferramenta inovadora que busca agregar ao modelo antigode edital numa ferramenta onde os fatores pertinentes pos-sam ser analisados de forma consistente e fidedigna.

A ferramenta analisa oito fatores descritos a seguir:Público Alvo: Abrange o conhecimento do mercado a

ser atingido, bem como as características dos potenciais cli-entes;

Recursos Tecnológicos: Este fator contempla o nívelde tecnologia interno à empresa e/ou equipe desenvolvedo-ra da inovação, a capacidade de investimento e realizaçãode Pesquisa & Desenvolvimento para concretização da ino-vação, o grau de avanço tecnológico no mercado externo e

Figura 1: Fatores que obstruem as atividades de inovação, segundo o Manual de Oslo.

Relevante para:Inovações de Inovações de Inovações Inovações de

produto processo organizacionais Marketing

Fatores relativos ao custo:

Riscos percebidos como excessivos * * * *

Custo muito elevado * * * *

Carência de financiamento interno * * * *

Carência de financiamento de outras fontes fora da empresa: * * * *

Capital de Risco * * * *

Fontes públicas de finaciamento * * * *

Fatores relativos ao Conhecimento:

Potencial Inovador (P&D , desingner etc.) Insuficientes * * *

Carência pessoal qualificado:

No interior da empresa * * *

No mercado de trabalho * * *

Carência de informação sobre tecnologia * *

Carência de informação sobre os mercados * *

Deficiências na disponibilização de serviços externos * * * *

Dificuldades de encontrar parceiros para cooperação em:

Desenvolvimento de produto ou processo * *

Parceria em marketing *

Inflexibilidades organizacionais no interior da empresa:

Atitude do pessoal com relação a mudança * * * *

Atitude da gerência com relação as mudanças * * * *

Estrutura gerencial da empresa * * * *

Incapacidade de direcionar os funcionários para as atividades de* *

inovação em virtude de requisitos da produção

Fatores de mercado:

Demanda Incerta para bens ou serviços inovadores * *

Mercado potencial dominado pelas empresas estabelecidas * *

Fatores institucionais:

Carência de Infraestrutura * * *

Fragilidade dos direios de propriedade * *

Legislação, regulações, padrões, tributação * * *

Outras razões para não inovar:

Não necessidade de inovar decorrentes de inovações antigas * * * *

Não necessidade decorrente da falta de demanda por inovações * *

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Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80 77

Tabela 1: Resultados obtidos para as nove empresas queparticiparão da seleção

Público- Alvo 62,22%

Recursos Tecnológico 54,22%

Cenário Econômico-Financeiro 43,33%

Legislação/ Regulamentação 60,00%

Organização Interna 54,44%

Parceiros e Fornecedores 50,00%

Ambiente Competitivo 64,44%

Percepção de Valor da Inovação 64,82%

Probabilidade de Sucesso 54,40%

a velocidade das transformações tecnológicas e a capacida-de de proteger a inovação de cópias externas, o que se rela-ciona com a complexidade tecnológica da inovação ou seuconhecimento agregado, podendo ser protegida tambémpor meio de registro de patentes e marcas.

Cenário Econômico-Financeiro: Analisa se existem re-cursos suficientes e/ou fontes seguras de financiamento paradesenvolvimento e posicionamento da inovação no merca-do, além de considerar o cenário econômico do ambienteonde se pretende inserir o novo produto (contemplando nívelde inflação, desemprego, renda disponível, existência deagências de fomento, estruturas de apoio ao crédito e ou-tros) e a viabilidade financeira ou o tempo de retorno gera-do pela inovação.

Legislação/Regulamento: Análise da legislação vigen-te que deve contemplar a política fiscal, legislação sobre ocomércio nacional, leis trabalhistas, política cambial, nor-mas de regulamentação, proteção de mercado, restriçõesalfandegárias, entre outros fatores relacionados diretamen-te ao arcabouço legal vigente no local onde a inovação seráintroduzida.

Organização interna: Este fator verifica o nivel de de-senvolvimento interno da empresa responsável pela inova-ção. A existência de uma estrutura de gestão voltada ao novoproduto e de um modelo de negócio simplificado e coeren-te com as estratégias da empresa, bem como ações de ma-rketing bem definidas, é capaz de impulsionar a empresa aum rápido avanço, conquistando cada vez mais espaço nomercado.

Parceiros e Fornecedores: O fator avalia a sinergia en-tre o empreendedor, seus fornecedores e parceiros para olançamento da inovação.

Ambiente Competitivo: Entender o ambiente compe-tetitivo, no que diz respeito ao posicionamento dos concor-rentes e à existência de produtos substitutos , é de extremaimportância para rápida conquista de mercado.

Percepção de valor da inovação: O fator de configuraem avaliar o valor que o novo produto representa para oseu mercado-alvo, ou seja, seu sigificado para a sociedadecomo valor de consumo entregue.

4. APLICABILIDADE DA FERRAMENTAComo forma de ilustrar a aplicabilidade do instrumento

de avaliação desenvolvido, gerou-se um resultado com a con-solidação de todas as avaliações realizadas na ferramenta pelaIncubadora de Empresas no período de julho de 2008 a julhode 2009, perfazendo um número de nove avaliações.

Para consolidação dos dados foi realizada um levanta-mento de quais empresas participaram do processo de sele-ção da Incubadora no período avaliado. Ao todo fizeram par-te desta seleção as seguintes empresas: Bbágua, ISG, Hidro-gen, TradeClick, Peta5, Stairway, UraBrasil, Tuvalu e EloTech-nologies. A partir destas nove empresas gerou-se uma médiasimples de todos os quesitos que são avaliados pela ferra-menta e foi obtido o resultado de 54,40% (tabela e figura 1).

Figura 2: Análise aranha das nove empresas que participaram da selação.

Conforme a tabela anterior de um modo geral a partecrítica das empresas avaliadas encontram-se no Cenário Eco-nômico-Financeiro.

A partir deste levantamento inicial, as empresas foramseparadas de acordo com a situação atual e seu vínculo coma incubadora. Da amostra de nove empresas avaliadas, 3empresas foram incubadas, 3 pré incubadas e 3 não apro-vadas. Assim sendo, pode-se distinguir em Incubadas, Pré-Incubadas e as Não aprovadas no processo de seleção. Asempresas incubadas totalizam 3, assim como as outras ca-tegorias acima citadas.

Após essa divisão, o objetivo foi traçar as áreas maisdeficientes em cada grupo de empresas e a partir daí gerarpossíveis estratégias para minimizar esses resultados nospróximos processos seletivos.

Para iniciar a análise, foi estudado o grupo de empresasque não foi aprovado pelo processo de seleção. A metodo-logia de estudo foi a mesma utilizada para balizar o processocom todas as empresas. Fez-se uma média e a partir daíidentificada a área problemática. Com isso, foi obtido o re-sultado de 38,35% (tabela e figura 3).

Serra, E., Cardoso, L., Silva Filho, S.M.; Locus Científico, Vol. 03, n.03 (2009), pp 74-80