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Revista Metas e Emprego

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A Revista Metas e Emprego é um periódico com conteúdo jornalístico que surge para o mercado com o propósito de oferecer serviços de informações referentes à oportunidades de carreiras, visando o desenvolvimento humano. A publicação abordará temas do interesse de pessoas que buscam sucesso a partir de seu próprio negócio, assim como aquelas que desejam ingressar no mercado de trabalho. Seu público-alvo são jovens e adultos com idades de 16 a 40 anos - das classes sociais B e C.

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EDITORIAL

Debatemos muito sobre o que iríamos escrever no editorial desta primeira edição da revista METAS & EMPREGO. Depois de longas conversas, ficou praticamente impossível não deixar pistas do que poderá ser lido nas páginas seguintes. Sabemos que estamos diante de um público que, cada vez mais exigente, não abre mão das perspectivas de conquistar “um lugar ao sol”. E, por falar em conquistas, é justamente essa a nossa proposta. Pois não temos dúvidas de que a informação é a principal ferramenta para enfrentar desafios, promover a liberdade de realizar sonhos.

Nos últimos anos, o Estado vem apresentando um crescimento econômico acima da média nacional. Por isso, a qualificação profissional se torna indispensável, como meio de acesso às oportunidades que surgem. Essa aceleração do crescimento obriga o cidadão a buscar informações com a mesma velocidade ou, caso contrário, terá chances limitadas para ingressar no mercado de trabalho. METAS & EMPREGO surge com a pretensão de suprir essa necessidade. Ou seja, funcionará como uma espécie de “guia”, direcionando o cidadão e oferecendo-lhe melhores expectativas de futuro.

O periódico tem seu foco voltado para as oportunidades que surgem no Recife e Região Metropolitana. Seu principal objetivo é transmitir informações para jovens e adultos, para que possam ocupar todos os espaços existentes no “canteiro de obras” em que se transformou o estado. Temos no pólo de desenvolvimento de Suape o principal exemplo disso, mas os empreendimentos não se limitam apenas à implantação dos estaleiros. Na cidade de São Lourenço, por exemplo, está sendo construída a Arena Pernambuco, um dos cenários da Copa do Mundo de 2014. Já em Goiana, a Fiat anunciou a construção de uma fábrica. Projetos que, de acordo com o Governo do Estado, podem gerar cerca de 50 mil postos de trabalho até 2015.

Embora haja oportunidades de empregos, em todos os níveis, torna-se difícil conquistá-los se não estiver apto a desenvolver as atividades a que eles se destinam. Não adianta o crescimento desenfreado do Estado sem que a mão de obra acompanhe essa demanda. A importação de profissionais é paradoxal ao desenvolvimento. Dessa maneira, sua população vai ficando para trás. O crescimento só pode ser potencializado se ocorrer em harmonia com a população local, com ela também se desenvolvendo. Foi pensando nesse déficit que surgiu a ideia, a elaboração do projeto gráfico/editorial e a produção da revista. A cada entrevista, cada matéria, o nosso objetivo era único: acertar e acertar.

Das fontes, tentamos extrair o máximo para que, em seguida, as informações fossem transformadas em serviço de interesse público. Esperamos que ao final de cada texto o leitor se sinta contemplado. Pois é só através dele que teremos um feedback de que o nosso papel, como jornalistas, está sendo cumprido. Portanto, antes de começar a leitura, quero agradecer a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para o nascimento da METAS & EMPREGO.

Os editores

A revista METAS & EMPREGO foi desenvolvida por

Antony Chaves e Rogério França, alunos da Faculdade Joaquim

Nabuco - Recife, como Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de

Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo.

ORIENTADORARenata do Amaral

EDITORESAntony ChavesRogério França

REPORTAGEMAntony Chaves Rogério França

COLOBARADORESAnderson Bandeira

FOTOGRAFIAAntony Chaves Rogério França

PROJETO GRÁFICOAntony Chaves Rogério França

DADOS TÉCNICOSImpressão: Gráfica Nacional

Tiragem: 10 exemplaresTamanho: 21 x 29,7cm

Tipologia: Constantia, Corbel, Franklin Gothic Heavy e Garamond

Papel: Couché brilho 150g/m²Número de páginas: 32

As imagens publicadas foram produzidas pelos editores da revista, exceto as que estão

creditadas.

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SUMÁRIO

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16 MERCADO E OPORTUNIDADES A mulher como protagonista

22MERCADO E OPORTUNIDADESHomossexualidade: Um obstáculo para conseguir um emprego?

TECNOLOGIA Redes Sociais: Quando o perfil passa a ser o vilão 4

ENTREVISTA“Consirero-me um visionário”9

ARTIGO Geração Y

INVESTIMENTO O bê-á-bá da bolsa de valores

ARTIGO Viva o Prouni, Viva o Enem

VARIEDADES Uma ponte. Mais que um cartão postal

25EMPREENDEDORISMORumo ao próprio negócio

MERCADO E OPORTUNIDADES Vagas para temporários

12MERCADO E OPORTUNIDADESHora de escolher o futuro

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ompartilhar fotos e ideias, conversar com amigos, fazer comentários. Essas ações estão cada vez mais presentes C

no cotidiano das pessoas. Vive-se numa época em que se pode fazer tudo isso (e mais) sem sair de casa. Isso se tornou possível graças à chegada da internet, protagonista de uma revolução que parece não ter limites em suas repercussões. É justamente na internet que o mundo se depara com uma fase chamada pelos especialistas de Web 2.0, etapa caracterizada pelo surgimento e propagação das redes sociais online.

Segundo o escritor e publicitário

REDES SOCIAIS:

Quando o perfil passa a ser o vilão

André Telles, em seu livro A Revolução das Mídias Sociais (Editora M. Books, 2011), redes sociais são ambientes onde o foco é reunir pessoas, que podem expor seu perfil, incluindo dados como fotos pessoais, textos, mensangens e vídeos. Quem não tem um perfil no Orkut, Facebook ou Twitter e não entra pelo menos uma vez ao dia? Contudo, apesar de essas redes apresentarem facilidades de acesso e navegação, a exemplo da inscrição gratuita, é preciso estar atento às informações que são compartilhadas.

No segundo semestre deste ano, a empresa de recrutamento e seleção Robert Half realizou uma pesquisa com mais de 2,5 mil profissionais

Pesquisa aponta que aspectos

encontrados em perfis de redes sociais podem ser utilizados

como critério de eliminação de

um candidato no processo seletivo

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TECNOLOGIA

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das áreas de recursos humanos e de finanças do mundo. O estudo revelou que algumas empresas fazem monitoramento em redes sociais de perfis de candidatos à vagas de emprego. Para 44% dos profissionais brasileiros entrevistados, alguns aspectos encontrados em perfis de redes sociais podem ser utilizados como critério de eliminação de um candidato ainda no processo seletivo.

A farmacêutica Aline Souza, de 24 anos, levanta-se da cama às 7h. Seu “primeiro Pai Nosso”, como ela própria diz, é ligar o netbook, conectar a internet e entrar nas suas três páginas preferidas: Orkut, Facebook e Twitter. “Considero-me uma viciada em redes sociais”, afirma, sem tirar a atenção de seu netbook. Além do pequeno computador, Aline também usa um celular para ficar conectada durante todo o dia. “Fico online 24 horas por dia, domingo a domingo, inclusive no trabalho”. Mesmo com o fato de a farmacêutica passar um boa parte

“Durante um processo seletivo, algumas mentiras

expostas nos perfis podem ser descobertas pelo

recrutador’’

de seu dia navegando pelos sites, ela não abre mão da atenção antes de compartilhar alguma informação. “Não coloco nada que possa me comprometer ou prejudicar minha imagem”, diz.

De acordo com a diretora da Lucre Recursos Humanos, Lúcia Barros, as pessoas, principalmente aquelas que estão em busca do primeiro emprego, deveriam usar as redes sociais para expor informações que possam tornar um perfil mais atraente, como lugares onde estudaram, suas habilidades, função etc. Além disso, Lúcia enfatiza o fato do cuidado que as pessoas devem ter antes de compartilhar qualquer informação nos perfis das redes. “Durante um processo seletivo, algumas mentiras expostas nos perfis, a exemplo de cursos e experiências profissionais que nunca foram realizados, podem ser descobertas pelo recrutador. Isso acaba se tornando um aspecto negativo na hora de selecionar um canditado”, completa.

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ernambuco, nos últimos meses, vem mostrando bons índices econômi-cos. Novos postos de trabalho estão

foi baseada em entrevistas com 4,5 mil pessoas que estão trabalhando atualmente no Brasil, Argentina, Chile, México, Equador, Colômbia, Venezuela e Peru. O resultado mostrou que cerca de 20% dos brasileiros que estão participando da pesquisa são estagiários, registrando o maior índice entre esses países.

Em Pernambuco, esse cenário se repete. Alunos do ensino superior, técnico ou médio estão sendo constantemente encaminhados para o estágio. Para a coordenadora de estágio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) - empresa que tem por objetivo criar a ponte entre o estudante e o mercado de trabalho -, Sandra Claudino, a oferta de vagas para estágio vem aumentando consideravelmente nos últimos meses no Estado. “É fato que essas oportunidades estão atreladas ao momento de investimentos e crescimento em Pernambuco, com

PORTAS ABERTAS PARA O ESTÁGIO

O número de ofertas de estágio

está crescendo em Pernambuco e

em todo o Brasil. As empresas vêm

investindo no programa

Estagiando há mais de um ano, CÍNTHIA TORRES, 22 anos, destaca a importância do aprendiza-do que está adquirindo para o seu futuro profissional

Psurgindo para suprir a demanda de mão de obra local. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Estado criou 27.766 postos de trabalhos formais somente em setembro, superando a marca de 18.613 vagas no mês anterior.

Da mesma forma que cresce o número de contratações com carteira assinada, cresce também o número de contratos de estágios em Pernambuco e em escala nacional. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Stanton Chase Internacional, as empresas brasileiras estão cada vez mais investindo na formação de estagiários. A pesquisa

MERCADO E OPORTUNIDADES

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destaque para os empreendimentos do complexo industrial de Suape, no litoral sul”, completa.

Cínthia Maciel Torres, de 22 anos, é um exemplo de estagiária que está inserida nessa nova geração de oportunidades. Ela, que estagia há mais de um ano no Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, já garantiu a renovação do seu contrato por mais seis meses. Estudante do segundo ano de administração na Universidade de Pernambuco, a estagiária revela que está trabalhando na área que sempre quis: o departamento de recursos humanos. “Estou muito feliz e empolgada. Vou fazer tudo certo

para ser efetivada pela empresa, colocando em prática tudo que estou aprendendo na faculdade”, diz.

Além de Cínthia, outros estagiários também se esforçam para manter um bom desempenho dentro de uma empresa. A especialista em gestão de pessoas, Juliana Santana, destaca a importância de uma empresa ter um programa de estágio, principalmente por oferecer aos estudantes a oportunidade de colocarem em prática os conceitos que adquiriram no meio acadêmico. “Determinadas estratégias de uma corporação podem ser inovadas com a ajuda dos estagiários”, acrescenta.

CÍNTHIA no ambiente de

estágio

O sonho de todo estudante é estagiar em uma empresa que seja referência no mercado de trabalho. Para entrar como estagiário em uma “boa” organização, é preciso passar, na maioria dos casos, por um longo e desgastante processo seletivo, que pode durar até meses, devido à quantidade de etapas. Depois disso, vem a dúvida que talvez mais se infiltre na cabeça dos jovens: se eu for o escolhido ou a escolhida, como devo me comportar dentro da companhia? Essa pergunta tem sido levantada constantemente, principalmente por aqueles que pretendem seguir carreira dentro de uma corporação.

Para o coordendor de estágio da Faculdade Decisão, Rodrigo Tenório, alguns aspectos são importantes para se ter um desempenho adequado nas organizações. “Saber trabalhar sob pressão, dinamismo, bom relacionamento com pessoas e proatividade são os itens mais procurados pelas empresas”, afirma. Além disso, ele alerta que mentiras no currículo podem ser descobertas ainda no processo seletivo, principalmente através da solicitação de aplicações práticas. “Falar que tem inglês fluente, quando na verdade só possui escrita e fala técnica, é um dos erros mais cometidos pelos candidatos”, exemplifica.

Sou estagiário. E agora?“Saber trabalhar sob pressão, dinamismo, bom relacionamento com pessoas e proatividade são os itens mais procurados pelas empresas”, afirma Tenório

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ARTIGO

té um tempo atrás, hesitei em falar algo sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Contagiado pelas tantas críticas ao exame,

bolsa de estudo numa faculdade particular para cursar Letras, sua grande paixão. E a oportunidade veio através do Prouni (Programa Universidade Para Todos).

Agora, prestes a se formar, Divaneide comemora o suado emprego de professora que conseguiu na rede estadual de ensino pernambucano. Aquela menina humilde viu no processo uma verdadeira mudança de vida. “O Enem foi um degrau que enfrentei. Hoje sou muito grata a ele e ao Prouni”. Daí, tiramos o que venho defendendo desde o início. Antes de qualquer crítica mais severa que venha a comprometer a saúde do Enem, precisamos pensar no malefício que a extinção desse exame poderia causar a toda essa gente. Seria um retorno à falta de oportunidades verdadeiramente existentes. Seria um aborto aos sonhos de tantos jovens (e por que não adultos?) que enfrentam dores diversas e problemas cotidianos.

Vamos lá! Gritemos! Comemoremos sim! Viva o Enem! Viva o Prouni!

VIVA O ENEM, VIVA O PROUNI

Ahesitei para evitar que mais ofensas fossem desferidas sobre o processo.

Hoje, passados alguns dias da sua aplicação e das inúmeras condenações sobre mais uma fraude de vazamento das questões, agora no Ceará, eis que escrevo meus votos de “condolências” e defesa ao processo que, a meu ver, é sem dúvida um dos principais e mais importantes exames do País.

Isso ocorre não porque acho oportuno ser aqui contra todos os que o questionam, mas porque ele vem sim ajudando a mudar a história de muitos “Joões”, muitas “Marias”... Vamos lá. Antes que façamos qualquer crítica sobre a virilidade do processo, devemos pensar: o Enem é hoje responsável pela mudança sócio-econômica-cultural de muitas pessoas. Isso mesmo.

Que o diga a hoje professora de português Divaneide Ferreira, de 24 anos. Vinda de uma família humilde, ela realizou o exame em 2007. Com uma boa nota naquele ano, a professora conseguiu uma

Texto do jornalista Anderson Bandeira

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ENTREVISTA

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“Um destino traçado pela própria história”. É assim que Janguiê Diniz, fundador e acionista majoritário do

Grupo Ser Educacional, traduz sua própria trajetória. No decorrer da entrevista, feita por e-mail, ele revela à reportagem

de METAS & EMPREGO que se considera um visionário. Durante sua infância, já era um “empreendedor”, alguém que

sempre esteve à frente de seu tempo e de suas condições sociais. Isso fez com que ele nunca desistisse de seus sonhos,

encontrando forças e adquirindo conhecimento, principalmente nas dificuldades. Na entrevista que segue, Janguiê fala um

pouco sobre sua vida e apresenta algumas novidades sobre o grupo que mais cresce no país no campo educacional.

METAS & EMPREGO Ser filho de pais analfabetos e ter vivido uma infância sofrida, tendo que trabalhar precocemente como entregador de leite, engraxate e vender laranjas para ajudar no sustento da família foram ex-periências determinantes para tornar o senhor um vencedor?

JANGUIÊ DINIZ A minha história foi determinante no meu destino, mas não considero ter tido uma infância sofrida, apesar das dificuldades de uma família pobre vivendo em uma região pobre. Apesar de humildes e pouco escolarizados, meus pais criaram seus sete filhos com muita dignidade, são muito batalhadores e nunca deixaram faltar o básico. Meus primeiros “empreendimentos”, como vender laranja e ser engraxate, foram alternativas que encontrei para garantir o “supérfluo”, que nem sempre meus pais conseguiam nos proporcionar, como ir às matinês de cinema nos fins de semana. Tudo que conquistei foi fruto desse espírito

empreendedor que carrego desde a infância e que me ajudou a driblar as adversidades. Diante das dificuldades, em al-gum momento pensou em desis-tir de seus objetivos?

Nunca pensei em desistir. As dificul-dades nos fortalecem, ensinam-nos.

O seu investimento em educação

tem alguma relação com o fato de seus pais serem analfabetos, com a carência desse setor no País ou com a viabilidade que esse mercado apresenta?

Considero a educação como uma variável que possibilita a mobilidade social. Consegui ascender econômica

e socialmente através dos estudos. Meus pais sempre me estimularam a me dedicar à escola e cruzei fronteiras em busca do meu sonho de ser jurista. Nasci em Santana dos Garotes, uma cidade paraibana que até há pouco tempo não estava no mapa, muito menos no mapa da educação do País. Poder hoje estar à frente de uma instituição de ensino, uma fábrica de realizar sonhos para estudantes das tantas “Santanas dos Garotes”

espalhadas por nosso Nordeste, proporciona-me muita satisfação. As instituições de Ensino Superior públicas não têm capacidade para atender à demanda de estudantes e as instituições particulares passam a ser a alternativa. Ciente disso, o Governo Federal criou o Programa

Universidade para Todos (Prouni), que possibilita bolsas de estudos para jovens de famílias de baixa renda em faculdades particulares, em troca de isenção fiscal. Programas de financiamento também contribuem para que estudantes possam realizar o sonho de concluir uma uma graduação. Mesmo proporcionando

“Sucesso com rapidez torna qualquer pessoa alvo de

especulações”

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“ Sonhos têm limites?

Deixar de sonhar

é deixar de viver”

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mais oportunidades para os jovens ingressarem no ensino superior, ainda há muito a ser feito no Brasil. Atualmente apenas 12% dos jovens em idade universitária (18 a 24 anos) estão cursando uma graduação. A meta é atingir os 30%, revelando que ainda existe uma grande demanda reprimida, tornando o setor atrativo.

O senhor acreditava que investin-do em educação poderia con-quistar um patrimônio tão gran-dioso quanto o representado pelo Grupo Ser Educacional?

Considero-me um visionário e sempre fui ambicioso nos meus sonhos. Nada que construímos foi fruto do acaso. Foi resultado de muito planejamento. Desse “patrimônio tão grandioso”, o que considero o ativo mais valioso é nosso capital humano: 5 mil funcionários do Grupo Ser Educacional que tornam, dia após dia, possível todo nosso crescimento.

Apesar do sucesso, que teve como embrião a criação do Bureau Ju-rídico, em 1993, e a criação das faculdades, em 2003, podemos afirmar que o senhor realizou grandes conquistas em um curto espaço de tempo. Qual é o seg-redo de tanto sucesso?

Persistência. O segredo do sucesso é nunca desistir, aprender com os er-ros.

O Grupo Ser Educacional está se expandindo e suas faculdades já estão presentes em mais de cinco estados Brasileiros. Qual sua pretensão em nível nacional?

O Grupo Ser Educacional está entre as cinco maiores instituições de en-sino superior do Brasil e já é a maior do Norte/Nordeste. Nossa preten-são é continuar investindo na região, onde existe uma demanda reprimida, uma população que carece de opor-tunidades para estudar.

Recentemente, uma campanha publicitária de uma das instituições do grupo pôde ser vista em um amistoso da Alemanha contra o Brasil. O senhor pretende ultrapassar fronteiras internacionais?

Nossos objetivos no exterior são buscar parcerias com grandes universidades internacionais para proporcionar oportunidades de intercâmbio aos nossos alunos. Já as ações publicitárias nos jogos da seleção visam reforçar nossa marca junto ao público de nosso país.

Com o Brasil prestes a sedi-ar uma Copa do Mundo, em 2014, o Grupo Ser Educacional pretende fazer algum tipo de investimento visando o evento? Nossos investimentos visando a

Copa do Mundo já começaram e concentram-se, sobretudo, na formação de mão de obra para atender à demanda do evento. Criamos por exemplo um curso de pós-graduação em Marketing Esportivo.

Alcançar o sucesso com rapidez torna qualquer pessoa alvo de várias especulações. Em algum momento o senhor já se sentiu ofendido com comentários maldosos e quais deles o senhor considerou mais graves?

Uma pessoa pública deve aprender a lidar com a exposição e saber que não é possível ser unanimidade: algumas pessoas o admirarão, outras não. Desde que os comentários não sejam caluniosos, o melhor é relevar.

O senhor ostenta alguma preten-são político-partidária? Acredita que a experiência no ramo educa-cional seja uma porta de entrada para o meio político?

Apesar das muitas especulações, não tenho pretensões partidárias e nem pretendo tê-las.

Com tanto sucesso conquistado, o senhor já parou pra pensar em qual é o seu limite?

Sonhos têm limites? Deixar de sonhar é deixar de viver.

Page 12: Revista Metas e Emprego

que você vai ser quando você crescer? Essa é uma pergunta que nos acompa-

dúvida é um sentimento comum nessa fase, quando o quesito é a escolha da profissão, esperar que a família indique o rumo não é a melhor alternativa. Afinal, quem já não se deparou com as incertezas que antecedem os exames de vestibular? Que curso fazer e qual a segunda opção são perguntas clássicas. Não há uma fórmula mágica que indique a resposta a essas perguntas. O correto é que o adolescente seja acompanhado e orientado por um profissional habilitado para isso. Caso contrário, pode ser mais um a aumentar as estatísticas dos insatisfeitos com seu ofício. Para se ter ideia do quanto isso é preocupante, basta observar os dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta que 58% dos jovens interrompem o curso antes da conclusão e que 54% daqueles que se formam não trabalham na área. A jornalista Nathália Bormann, 23 anos, não teve orientação vocacional e lamenta não ter passado pela experiência. Ela confessa que houve momentos, durante o curso de Comunicação Social, em que se questionou sobre a sua escolha. “Na época, quando eu estava concluindo o

Um grande percentual de jovens interrompe o curso antes da conclusão e 54% daqueles que se formam não atuam na área

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL:

A psicopedagoga MARIA CLÉA atua há mais de 20 anos com orientação vocacional

Onha desde os primeiros anos de vida. Se a escolha da carreira a ser seguida for precoce, a criança passa a ser motivo de orgulho para os pais, que se encarregaram de nutrir o sonho ao longo de seu desenvolvimento. Ser médico, advogado ou engenheiro são opções que serão relembradas de maneira inesgotável até a adolescência, momento em que o jovem precisa se decidir. Já que a

MERCADO E OPORTUNIDADES

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Page 13: Revista Metas e Emprego

orientando em alguns quesitos que vão desde seu histórico familiar até suas virtudes e limitações. A psicopedagoga defende que o teste vocacional tradicional é algo muito milimetrado, razão pela qual caiu em desuso nos consultórios. Além de causar ansiedade, deixa o avaliado nervoso e estressado diante da bateria de testes. De uma maneira mais dinâmica, ela interage com a pessoa por meio de atividades lúdicas, acreditando que assim, no

ensino médio, o colégio em que eu estudava não disponibilizava o teste. Minha mãe queria que eu fizesse jornalismo, talvez pelo glamour da profissão. Na ocasião, eu também havia prestado vestibular para turismo, que era o curso que eu realmente queria, mas como não consegui aprovação, resolvi aceitar a sugestão dela. Hoje lamento não ter tido uma orientação antes de ter que decidir sobre a minha carreira profissional”, completa a jovem. Atuando há mais de 20 anos com orientação vocacional de jovens e adultos, a psicopedagoga Maria Cléa Guimarães acredita que a insatisfação é uma das consequências da falta de acompanhamento na hora de decidir que tipo de profissional se quer ser. Segundo ela, muitos estudantes, durante os vestibulares, utilizam critérios equivocados para escolha do curso. Entre eles, estão os que fazem a opção com base no número de concorrentes por vagas; os que, por pressão, aceitam as indicações da família; e os que ingressam num curso por ele ser a sensação do momento, por “estar na moda”. Essas são algumas razões que implicam, inclusive, na grande evasão em alguns cursos de graduação. Para ela, a orientação vocacional é fundamental, pois ajuda o jovem (ou até mesmo o adulto) a definir seus rumos, entender-se melhor com relação a si mesmo. “Quando a gente se entende melhor, fica mais fácil de escolher a carreira. É muito importante fazer esse autoconhecimento”, destaca a especialista.

Sua metodologia segue um padrão moderno. As técnicas são aplicadas em dez sessões que variam de acordo com cada candidato. Para ela, é fundamental conhecer o

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL: Hora de escolher o futuro

decorrer das sessões, o jovem passa a se conhecer melhor, fornecendo mais informações sobre si mesmo e seus interesses.

Outra etapa fundamental da orientação vocacional são as visitas do estudante a profissionais que atuam no mercado. “Eu oriento ao jovem que faça visitas a profissionais da área pretendida. Quando se visita o ambiente de trabalho, ele se sente mais à vontade para escolher o que quer ser”, completa Maria Cléa.

NATHÁLIA fez jornalismo para satisfazer o desejo de sua mãe

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INFLUÊNCIA - Para o publicitário Widio Joffre Aguiar, 28 anos, ter tido orientação vocacional foi muito importante para sua carreira. Durante o ensino médio, ele foi submetido a um teste vocacional, no qual respondeu a várias perguntas de um questionário. Antes dessa etapa, a escola havia realizado uma feira, uma espécie de exposição, com a presença de médicos, advogados, jornalistas, engenheiros e outros profissionais, que ficavam à disposição para dar esclarecimentos sobre as referidas profissões. “A feira foi interessante. Durante as duas etapas (feira e questionário) os resultados me direcionaram para o campo das artes, algo relacionado à pintura ou fotografia, por exemplo. Mas, mesmo com todo esse acompanhamento, eu não escapei da influência familiar”, lembra Joffre. Apesar de ser filho de empresários, não foram os seus pais

que quiseram interferir no seu rumo. A pressão ficou por conta de

um tio bem sucedido na área de informática que o convenceu a tentar o vestibular para Ciência da Computação. Ele diz que teve a sorte de ter sido reprovado. Com a pretensão de ingressar na faculdade, tentou outro vestibular. Dessa vez, para publicidade. Acreditava que poderia ser um bom diretor de arte. Concluído o curso, percebeu que suas expectativas não haviam sido correspondidas. Então, decidiu fazer uma pós-graduação em fotografia, interesse que foi despertado no decorrer de um estágio como repórter fotográfico. “Hoje, posso dizer que estou a caminho de minha realização. Fotografo para um jornal de Recife e estou feliz com minha profissão. Essa é a atividade que quero para o resto de minha vida”, finaliza.

Mesmo com orientação

vocacional, o fotógrafo WIDIO não se livrou da

pressão familiar

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Foto: Maurício Ferry

Page 15: Revista Metas e Emprego

ARTIGO

mbev, Schincariol, Coca-Cola, Wall Mart, Philips, Vale, Alcoa, Nestlé. O que essas empresas têm em comum? Além de serem de grande porte e privadas, essas organizações vêm investindo na

de 2010), quatro meses foram necessários para selecionar os candidatos. A companhia havia recebido mais de 60 mil inscrições para 35 postos. Comparando-se o número de inscritos para a quantidade de vagas, a média supera a concorrência existente durante a realização de vestibulares para o curso de medicina em qualquer faculdade brasileira.

Porém, não é somente nos exaustivos processos seletivos que os candidatos mais se esforçam. Já atuando nas empresas, os trainees passam por situações desafiadoras. Encarar as cobranças “opressoras” com tranqüilidade, prezar pela humildade, manter alta capacidade analítica e saber atuar nas diferentes áreas da empresa são apenas alguns dos pontos fundamentais de um bom comportamento dentro de companhia. Considerando o célebre trecho da obra Os sertões, de Euclides da Cunha, que diz que o nordestino é antes de tudo um forte, pode-se afirmar também que um trainee é, no mínimo, um nordestino.

Na mesma via do esforço também segue a satisfação. O programa de trainee oferece salários iniciais surpreendentes. Geralmente as empresas pagam mais de R$ 3 mil, sem contar os benefícios, que abrangem plano de saúde, seguro de vida, 14º salário, entre outros. É uma atração incontrolável.

Essa nova aposta das organizações reflete um importante passo no mercado de trabalho. Com o trainee, as empresas estão atraindo público da geração Y. É justamente essa geração que consegue dominar várias armas ao mesmo tempo, principalmente a munição da tecnologia. É imprescindível que as companhias andem de acordo com a vigência mercadológica atual. Lançar mão de um produto como o programa de trainee é crescimento na certa. Uma boa estratégia para qualquer empreendimento.

GERAÇÃO YAcapacitação de pessoas para ocuparem cargos de liderança dentro das instituições. É o programa de trainee. Na edição de 2010 do dicionário de inglês-português Longman, trainee significa estagiário ou estagiária. Mas, na prática, funciona como uma espécie de treinamento atribuído a jovens recém-formados ou próximos do término de um curso de graduação. No Brasil, a técnica tem sido aprovada

pelas empresas há mais de dez anos.

Com o mercado cada vez mais acirrado, os candidatos do programa precisam estar bem preparados para o embate e ascensão na vida profissional dentro das companhias. Formação acadêmica em uma faculdade conceituada, idiomas - principalmente o inglês e o espanhol - fluentes, disponibilidade para viajar, intercâmbio no exterior e domínio

de importantes ferramentas da tecnologia são detalhes indispensáveis que as empresas procuram nos jovens. Haja talento e investimento para uma formação desse nível.

E não para por aí. O processo seletivo é bastante rigoroso. As empresas parecem sugar todo o potencial do candidato durante as fases eliminatórias, avaliando até como os jovens agem trabalhando sob pressão. Na Ambev, por exemplo, de acordo com a gerência de desenvolvimento, em reportagem da revista Você S/A (edição de agosto

Texto de Antony Chaves, editor de METAS & EMPREGO

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Foto: Maurício Ferry

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A MULHER COMO

PROTAGONISTA

MERCADO E OPORTUNIDADES

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m um álbum lan-çado em 1981, o cantor e composi-tor Erasmo Carlos esbanja elogios ao sexo feminino na

história, por ser a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Comprovando o bom posicionamento das mulheres em relação aos homens, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, no Brasil, a média de escolaridade das mulheres é maior que a dos homens, embora estes ainda ganhem mais. Elas têm rendimento 22% inferior a eles quando ocupam a mesma função no ambiente de trabalho. Esses indicadores sociais apontam o quanto ainda há que se corrigir. A discriminação é vista como maior obstáculo quando a mulher ultrapassa os limites domésticos e tenta se inserir no campo profissional, principalmente nas atividades que, em tese, deveriam ser exercidas por homens. Apesar de ainda ser grande o percentual de mulheres que ganham seu sustento através de ofícios tradicionais (cabeleireira, costureira, cozi-nheira, professora), há aquelas que desafiam o preconceito, do qual ainda não estão totalmente livres, e aderem a atividades que estão muito acima da vaidade.

“Meu grande objetivo é conseguir trabalhar na minha especialidade. Mas, para isso, tenho que percorrer

vários caminhos”. Essas são palavras de Ranielle Ferreira de Oliveira, de 21 anos, natural de Nazaré da Mata, município modesto, cuja economia contrasta com o desenvolvimento de outras áreas de Pernambuco. A falta de perspectivas foi a principal razão que fez com que a jovem mudasse o seu endereço para São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, mais próximo da capital. Consciente do bom momento econômico e das oportunidades que o Estado oferece, Raniele decidiu se qualificar. “Quero fazer o curso de Direito, mas sei o quanto é difícil ingressar numa universidade federal. Por isso, resolvi ser técnica em solda industrial naval. Sei que o mercado absorve a maioria dos que fazem cursos nessa área”, afirma a aluna do Curso de Formação Profissional (CFP), no centro do Recife.

Com o curso previsto para acabar em dezembro, Ranielle recorda como seus colegas estranharam sua presença no início das aulas. Ela admite que se incomodou, mas encontrou forças para continuar, pois estava focada em seus objetivos. Embora seja ciente de que a atividade é diferente das que as mulheres costumam fazer, ela defende que profissões nascem

música “Mulher (sexo frágil)”. O “Tremendão” pontua qualidades e desmistifica o histórico rótulo de fragilidade da mulher. Ele traça um panorama do dia-a-dia vivido pela companheira, destacando todas as suas virtudes. Apesar dos elogios, a melodia apresenta uma heroína presa aos limites do próprio lar. Por fim, o compositor minimiza e finaliza assim: “Mulher! Mulher! Na escola em que foi ensinada, jamais tirei um 10. Sou forte, mas não chego aos seus pés”. Fatos indicam que já houve muito progresso. Atualmente, a mulher vem ocupando posição de destaque no cenário nacional. Basta fazer um retrospecto dos últimos dois anos e logo se terá argumentos suficientes para comprovar esse discurso. No dia 31 de outubro de 2010, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou o nome de Dilma Rousseff como a primeira mulher presidente do Brasil. Em 2011, a deputada Ana Arraes (PSB-PE) foi eleita ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Mais uma a entrar para

A MULHER COMO

PROTAGONISTAMédia de

escolaridade das mulheres é

maior que a dos homens. Mas, no

trabalho, elas têm remuneração

inferior

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E

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sem sexo, que essa divisão é uma questão cultural. “É complicado ser minoria. Estar entre as três alunas de uma sala onde a maioria é homem não é fácil. Eles acham que são os donos do conhecimento”, revela a estudante que se orgulha ao afirmar que foi o seu marido que a incentivou para ingressar no curso. Professor do CFP, Gilson Melo afirma ser comum que a presença de uma mulher nesse tipo curso cause estranhamento. Ele lembra que quando iniciou sua carreira também se surpreendeu ao ver ao seu lado uma professora operando os equipamentos de soldagem. Na ocasião, ela estava migrando para o curso de solda naval. “Hoje trato isso com naturalidade.

profissionais, isso é o resultado de uma evolução natural. Segundo ela, as mulheres vêm conquistando sua independência financeira e se tornando responsáveis por suas famílias. “Elas estudam, profissionalizam-se e, cada vez

mais, ganham espaço em um território profissional que antes era inacessível a elas”, explica Márcia. A especialista faz referências com base em pesquisas que indicam que as mulheres com condições menos favoráveis também estão

se inserindo no mercado de trabalho. Com isso, quebram um preconceito de que elas devem apenas cuidar da casa, dos filhos e do marido. “É a busca pela igualdade tanto dos direitos, quanto das tarefas do lar”, finaliza a coordenadora.

Mulheres são detalhistas e se concentram com mais facilidade. É justo que elas conquistem seu espaço. Ser professor me fez amadurecer e respeitar as pessoas e seus objetivos”, afirma Gilson, com a experiência de quem foi responsável

pelo recrutamento de quatro mulheres para trabalhar com solda industrial no Estaleiro Atlântico Sul. Para Márcia Marques, coordenadora de Recursos Humanos do Estaleiro Atlântico Sul, empreendimento onde atuam mais de oitocentas

Aos poucos, RANIELLE foi consquistando respeito entre os colegas do curso de solda naval

“Meu objetivo é conseguir trabalhar em minha

especialidade”

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star incluído nos números estatísticos que apontam o índi-ce de desemprego no País não é do interesse de ninguém.

a Câmara dos Diretores Lojistas (CDL) prevê que pelo menos 16 mil trabalhadores temporários sejam contratados para atender à demanda do comércio até o final do ano. Segundo uma pesquisa realizada pela Fecomércio, 83% das vagas são para vendedores. O restante fica dividido entre as funções de caixa, estoquista e embalador. Oportunidade para quem quer mostrar suas habilidades e, ao final de seu contrato temporário, ter o seu desempenho coroado por uma contratação. As pessoas que não têm qualquer experiência no ramo, por nunca terem trabalhado no comércio, não devem se desesperar. Wanessa Karla de Lima, de 26 anos, é uma prova de que há oportunidade para todos. Em setembro, ela conseguiu conquistar, sem experiência, uma vaga de vendedora. Foi contratada temporariamente por uma loja de eletrodomésticos do centro do Recife e está ciente de que não deve medir esforços para ser efetivada. “Sempre tive vontade de trabalhar no comércio. Queria testar o meu

VAGAS PARA temporários

Garantir as oportunidades significa fechar o ano com dinheiro no bolso

Poder se tornar independente financeiramente e bancar suas próprias contas é o sonho da maioria das pessoas. Quanto às chances de se dar bem, essas variam de acordo os investimentos feitos anteriormente. Estudar e se qualificar ainda é a melhor receita para “abraçar” as oportunidades que surgem e dar o pontapé inicial na carreira profissional. Para isso, os últimos meses do ano são considerados uma verdadeira porta de entrada para os que pretendem fechar o ano com “muito dinheiro no bolso” e saúde, claro! Dezembro é o mês em que as oportunidades de emprego se multiplicam. Próximo à chegada do Natal e Réveillon, o comércio se aquece e os lojistas são obrigados a ampliar seus quadros de pessoal. Para se ter ideia do que isso significa,

WANESSA, sem experiên-cia, conseguiu emprego

EDUARDO FRANÇA: De temporário à gerente de loja

lado de vendedora. Gosto de lidar com o público. Considero que essa seja uma das principais qualidades que um vendedor deve ter”, afirma Wanessa, que vê a atividade como uma espécie de promoção. Antes, ela só havia trabalhado como auxiliar de serviços gerais e passando jogo

MERCADO E OPORTUNIDADES

19

E

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de bicho, “ou seja”, sem carteira assinada. Para o gerente de uma loja de eletrodomésticos, Eduardo França, 35 anos, é nesse período que surgem os bons profissionais do comércio. Ele lembra que migrou da indústria para trabalhar como temporário no comércio há nove anos. Na ocasião, ocupou uma vaga como estoquista em uma loja de calçados e, graças ao seu desem-penho, conseguiu ser efetivado. “Quando eu estava nas ven-das provisoriamente, consegui bater metas que alguns ven-dedores antigos não conseguiram. Isso chamou a atenção do meu gerente. Antes de acabar meu contrato ele já demonstrou interesse em me efetivar”, revela Eduardo. Como gerente de loja, ele afirma que esse é o melhor momento para se recrutar profissionais . Seu discurso atesta o resultado da pesquisa da Fecomércio quando revela que 40%

dos temporários serão efetivados ao final do contrato. “Todo profissional, onde quer que se proponha trabalhar, deve dar o melhor de si. Dessa forma, é possível que através de um emprego temporário sua contratação seja efetivada” afirma Vanci Magalhães, diretora da JBV

Soluções em Recursos Humanos. Com experiência em recrutamento e seleção para todas as áreas do comércio, a consultora orienta ser imprescindível a apresentação de um currículo para qualquer emprego. Além disso, é importante que o candidato demonstre disposição, seja dinâmico e tenha disponibilidade.

A consultora VANCI MAGALHÃES diz ser imprescindível a apresentação de um currículo

O coordenador do Centro de Apoio Lojista da CDL Recife, Paulo Monteiro, afirma que há uma grande quantidade de vagas no comércio. Engana-se quem pensa que essas oportunidades se encerram no mês de dezembro. Nesse mês muitos contratos ainda são efetuados. “Ainda há uma grande quantidade de vagas,

mas para encarar qualquer uma delas é preciso muita disposição. Se for com moleza pode ficar certo que ao final do contrato será dispensado”, alerta Monteiro, lembrando que dezembro é o mês que vende quase o equivalente a soma dos outros meses do ano. Os candidatos

não devem se acomodar. O interessado deve distribuir currículos e demonstrar interesse. Além disso, ter comprometimento, vontade de permanecer na vaga e facilidade de se comunicar e se relacionar com pessoas. Estes requisitos, inevitavelmente, serão observados na postura de qualquer candidato.

“É importante que o candidato demonstre

disposição e seja dinâmico”

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Foto: Diego Nigro

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Não é por acaso. Nos últimos dois meses do ano é comum que as lojas e os centros comerciais de todas as capitais brasileiras fiquem intransitáveis. O famoso “ruge-ruge” de fim de ano toma conta das ruas. Isso não se deve, apenas, ao velho ditado de que brasileiro deixa tudo para última hora. Comprar roupa nova, reformar a casa ou escolher presentes, para a tradicional brincadeira de “amigo secreto” são tarefas que qualquer um gostaria de fazer, não só em dezembro, mas, durante todos os meses do ano. Infelizmente, na maioria das vezes, não sobra dinheiro para isso. Grande parte dos trabalhadores tem que esperar o fim de ano para realizar alguns desejos.

É no mês de dezembro que é pago ao trabalhador o décimo terceiro salário. Uma espécie de “gratificação natalina” que, por lei, deve ser paga pelos patrões. O valor somado entre os beneficiados é o principal responsável pelo aquecimento da economia nesse período do ano. Motivo de consumo e geração de emprego. Em 2011, o pagamento do décimo deve injetar cerca de R$ 118 bilhões na economia brasileira – aproximadamente 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativa do Departamento Intersindical e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor será distribuído entre os cerca de 80 milhões de brasileiros do mercado formal, beneficiários da previdência social e de pensão da União e dos estados e aposentados. O total do valor a ser pago aos trabalhadores aponta para um crescimento de 16%, se comparado

13ºao ano de 2010. A estimativa do Dieese leva em conta dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

aquece a economia

(Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Também foram consideradas informações da Pesquisa Nacional por Amostra.

IMPERATRIZ: uma das ruas mais movimentadas do Recife

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Foto: Diego Nigro

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os últimos anos, a mídia brasilei-ra, principalmen-te a televisão, tem veiculado com frequência

de um evento voltado ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, Travestis e Transexuais) na Região Metropolitana do Recife. Na ocasião, ele foi fotografado junto ao seu companheiro, assinou a autorização do uso de imagem e sua foto estava, nos dias seguintes, em alguns dos principais jornais da cidade. Alguns dias após o evento, ele recebeu a notícia, sem muitas explicações, de que a vaga não era mais dele. “Senti-me rejeitado e humilhado. O fato de eu não ser contratado não foi justificado. Mas tenho certeza que o motivo foi devido a essa foto. Infelizmente não tenho como provar que fui vítima de ato homofóbico”, lamenta. Assim como Luiz, outros homossexuais passam por situações semelhantes. O advogado Rhemo Guedes orienta que o primeiro passo para quem se sentiu vítima de qualquer tipo de preconceito é procurar a Justiça. Além disso, ele alerta que o ato homofóbico em ambiente de trabalho fere os princípios constitucionais. “A lei federal diz que é proibida a diferença de salário, exercícios de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”,

HOMOSSEXUALIDADE: Um obstáculo para conseguir emprego?

Ncenas que tratam da questão da homossexualidade, mais precisamente da homofobia. Seja através de novelas, filmes, comerciais ou telejornais, a discussão da orientação sexual está sendo cada vez mais levantada nas casas dos brasileiros. Além disso, os homossexuais têm obtido uma série de conquistas em relação a alguns direitos constitucionais, como a recente aprovação da união estável entre pessoas do mesmo sexo pelo Supremo Tribunal Federal. Somente agora o País começa a caminhar a favor do combate à homofobia. Contudo, um fato que ainda aparenta andar a passos lentos é quando se trata do mercado de trabalho. Será que ser gay interfere na hora de conseguir um emprego? As empresas discriminam profissionais homossexuais? Como se proteger desse tipo de abuso? Luiz de Freitas (nome fictício), de 22 anos, recebeu uma proposta de trabalho e estava com a contratação garantida. Na mesma época do convite, ele participou

Especialistas dizem que algumas empresas ainda possuem políticas e processos seletivos arcaicos, favorecendo o preconceito contra o homossexual

MERCADO E OPORTUNIDADES

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afirma. “A orientação sexual não deve

interferir em um processo de seleção. Deve-se priorizar o profissionalismo e o talento e não a vida pessoal”, diz a especialista em recrutamento e seleção Luiza Fernandes. Ela, que atua há seis anos na área, comenta que algumas corporações ainda possuem políticas e processos seletivos muito arcaicos, favorecendo a discriminação. Em alguns casos, segundo Luiza, gestores de empresas não aceitam determinada orientação sexual do candidato, resultando em sua eliminação ainda no processo seletivo.

HOMOSSEXUALIDADE: Um obstáculo para conseguir emprego?

Após participar de um evento LGBT, Luiz de Freitas (nome fictício) diz que perdeu a oportunidade de ser contratado por uma empresa

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DIREITOS HUMANOS - Em Recife, um exemplo de luta contra a discriminação é o movimento gay Leões do Norte. A organização não governamental, surgida em 2001, tem como principais objetivos a defesa e a promoção dos direitos humanos da população LGBT. A advogada Manoela Alves, presidenta da entidade, diz que casos de preconceito a homossexuais em ambiente de trabalho são bastante comuns em Pernambuco, principalmente quando a discriminação é voltada para travestis e transexuais, por

apresentarem com maior ênfase a “marca da homossexualidade”. “Como o mercado não tem o costume de absorver travestis ou transexuais, alguns procuram a prostituição como forma de emprego”, completa. Ela também diz que é mais comum encontrar homossexuais em profissões autônomas, onde o mercado é mais aberto, ou em cargos públicos, já que os editais de concursos não discriminam candidatos gays. Para Manoela, seria importante que as pessoas procurassem seus

direitos. “Nenhuma empresa vai justificar uma demissão por questões de homossexualidade, até porque ela estaria indo contra a lei”, salienta. Atualmente, não existem pesquisas que apontem a porcentagem de homossexuais que não conseguem emprego ou são demitidos por causa da sua orientação sexual. A presidenta da ong afirma que quando se têm estatísticas fica mais fácil para o governo adotar medidas a favor do combate à homofobia, tanto no campo empregatício, quanto em termos gerais.

MANOELA ALVES é atual presidente do movimento gay Leões do Norte, em Recife

OUTUBRO: O Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou que em Pernambuco aconteceram 18 assassinatos por homofobia somente em 2011 (até o mês de outubro). O Estado ficou em primeiro lugar em crimes do tipo no Brasil.

MARÇO :O deputado federal Jair Bolsonaro, conhecido por suas ofensas à comunidade LGBT, foi entrevistado pelo programa ‘‘CQC’’, da Rede Bandeirantes. No programa, ele afirmou que não participaria de uma parada gay. Segundo ele, o evento promove maus costumes.

ÚLTIMOS CASOS, DE REPERCUSSÃO NACIONAL, LIGADOS À HOMOFOBIA:

OUTUBRO : A Secretaria de Direitos Humanos (SDH) revelou que o serviço de Disque Diretos Humanos recebeu, de janeiro a setembro deste ano, 856 denúncias de casos de homofobia no Brasil. De acordo com a SDH, as ligações somaram mais de 2,4 mil violações aos direitos dos homossexuais.

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Foto: Andrea Rêgo Barros

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brir o próprio negócio, deixar de ser empregado e ter a expectativa de um futuro melhor é o desafio

de um amigo da família. Mesmo atuando como caminhoneiro, fazia “bicos” consertando motores de eletrodomésticos nos dias de folga. Desempregado, resolveu montar uma oficina no subúrbio de Casa Amarela, zona norte do Recife, onde passou a realizar serviços de motores e manutenção elétrica. “Espero que tudo dê certo. Tenho um filho e já não aguentava mais depender de meu pai para manter minhas despesas”, afirma Eduardo, com a expectativa de conquistar uma clientela e de faturar um valor semelhante ao salário de um motorista.

O personagem acima é um exemplo de como pensam as pessoas que, com o desespero causado pelo desemprego, buscam alternativas por meios equivocados. Fazer qualquer investimento requer, além do conhecimento referente ao mercado, muito tato para lidar com dinheiro. Eduardo, sem qualquer planejamento, é mais um que se encontra a mercê da sorte, segundo especialistas. Ele não estabeleceu um plano de negócios (radiografia que apresenta um diagnóstico de como será a empresa). Dessa maneira, fica

RUMO AO PRÓPRIO NEGÓCIO

de muitos brasileiros. Diante das históricas oscilações que a economia do País enfrenta, ter a certeza de que seu emprego não sofrerá ameaças é praticamente impossível. Por isso, é comum encontrar pessoas envolvidas com o desejo de trabalhar por conta própria. Montar uma oficina, costurar para fora ou abrir um salão de beleza estão entre as várias atividades que, dependendo de um bom planejamento, podem garantir não só a autonomia, mas o sustento de um profissional durante toda a vidade procurar emprego, o caminhoneiro Eduardo José Dias da Silva, de 35 anos, resolveu mudar de rumo. A ideia é o resultado das constantes visitas que fazia com o seu pai às instalações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), empresa onde trabalhava como eletricista. Na época, o contato com motores e eletricidade o estimulou a ajudar na oficina

Quem pensa que vontade e dinheiro são requisitos suficientes para abrir um negócio se engana

Desempregado, EDUARDO DIAS resolveu montar uma oficina sem qualquer orientação

EMPREENDEDORISMO

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Foto: Andrea Rêgo Barros

A

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difícil avaliar quais as suas chances de ter sucesso. Ele não buscou ajuda, nem participou de qualquer curso que o preparasse para um mercado que vai muito além da qualificação profissional.

“As pessoas precisam conhecer bem o ramo de atividade no qual pretendem trabalhar. Identificar-se com o negócio é fundamental”, diz a especialista em orientação empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

ETAPAS BÁSICAS PARA ABRIR UM NEGÓCIO

Conhecer o empreendi-mento: Entender o que é o serviço ou produto e saber o que vai oferecer.

Analisar a concorrên-cia: Quem são meus concor-rentes? Fazer uma leitura de mercado é importante.

Conhecer a clientela e o local da instalação do empreendimento: Quem vai comprar meu produto ou serviço? Será que estou no local certo? Como se relacionar com cliente? Via Internet ou porta a porta?

Empresas (Sebrae), Maria Conceição de Moraes. Com essas palavras, ela define um dos primeiros passos que um cidadão deve tomar antes de se “aventurar” em qualquer empreendimento, seja de pequeno ou de grande porte. Conceição afirma que existem algumas etapas básicas que servem como cuidados antes de abrir um negócio. São elas: entender mais sobre o empreendimento, analisar a concorrência e conhecer a clientela e o local da instalação do negócio (ver box ao lado).

Essas são informações básicas, mas que o caminhoneiro Eduardo desconhecia. O Sebrae, que atua no ramo há quase quarenta anos, oferece serviços de orientação empresarial, por meio de atendimento presencial gratuito. Além disso, a entidade ministra cursos, oficinas e palestras sobre o assunto. Segundo Conceição, um dos cursos mais importantes para quem quer se informar sobre como abrir seu próprio negócio é o Iniciando um Pequeno Grande Negócio (IPGN), curso voltado para o aprimoramento de conhecimentos conceituais e técnicos para o planejamento de um novo negócio.

Além do IPGN, ela destaca o Apreender e Empreender, em que são estudados conceitos básicos de como gerir um empreendimento.A especialista

Maria da Conceição (foto)

diz que as pessoas precisam conhecer

bem o ramo em que pretendem

atuar

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O QUE É UM EMPREENDEDOR INDIVIDUAL (EI)?

É a pessoa que trabalha por conta própria. Para ser um EI é necessário faturar no máximo R$ 36 mil por ano. Além disso, o EI não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular e precisa ter um empregado que receba salário mínimo ou o piso da categoria. (Fonte: Portal do Empreendedor)

A empresária Marileide Barbosa, de 54 anos, trabalha há mais de 15 anos com venda de refeições. Inicialmente, ela cozinhava em sua própria casa e vendia as “quentinhas” de almoço no centro do Recife. Na maior parte desse período, ela não procurou orientação de como se formalizar e passou por dificuldades para manter o negócio. Em 2010, ela foi informada, através de um amigo e pela TV, sobre a existência do Empreendedor

Individual (EI) (ver box abaixo). No mesmo ano, ela participou da Jornada Empreendedor Individual, evento oferecido pelo Sebrae . Na ocasião, Marileide se informou sobre como se formalizar e fez o seu cadastro como EI. Cadastrada, ela teve uma proposta de empréstimo aprovada, o que lhe abriu as portas para a expansão de um negócio que até então não tinha sucesso.

Atualmente, com a ajuda de um

consultor credenciado pelo Sebrae, ela saiu da categoria EI e se tornou empresária do restaurante e lanchonete Shekinah, localizado no bairro da Mustardinha, zona oeste do Recife. “Estou satisfeita com o trabalho que o Sebrae fez comigo. Estou aos poucos me descobrindo como profissional, sabendo dos meus direitos e deveres enquanto empresária”, comemora Marileide, sem parar seu serviço durante a entrevista.

De informal à empresária

SERVIÇO:

Para não correr riscos, MARILEIDE BARBOSA buscou orientação para abrir seu negócio. Hoje, já obtendo retorno, ela comemora o sucesso do seu restaurante

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Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasTelefone: 0800.570.0800Site: www.sebrae.com.br

Page 28: Revista Metas e Emprego

INVESTIMENTO

uem nunca ligou a televisão, logo de manhã cedo, e viu um repórter falando que a bolsa de Tóquio ou Nasdaq caiu em “tantos” por

uma “ponte” entre o investidor e a bolsa. O procedimento é semelhante à abertura de uma conta bancária. De início, são exigidos documentos de identidade, comprovante de residência e também um comprovante de conta corrente, de onde serão debitadas as taxas.

Para Elves, é preciso ter um perfil específico para investir na bolsa. “O investidor precisa ser moderado e agressivo. Caso contrário, poderá ter retornos insatisfatórios”, salienta.

De acordo a B&MFBovespa - principal bolsa do País - existem, atualmente, mais de 600 mil investidores brasileiros cadastrados na bolsa. O pernambucano Marcelo Moura, de 32 anos, está entre essas pessoas e investe há mais de três anos na Vale e na Petrobras. Marcelo acredita que, ao longo do investimento, poderá obter um rendimento considerável, ou seja, um bom retorno financeiro. “Comecei a aprender a mexer com a bolsa através de um amigo. No começo foi muito difícil. São muitos números e gráficos. Entendia nada. Hoje, depois de muitas pesquisas e conversas com consultores de corretoras, considero-me um expert no negócio”, completa.

CONHECIMENTO - Muitas pessoas sentem dificuldades antes mesmo de dar início a um investimento na bolsa de valores. Elves Magalhães diz que a participação em cursos, palestras e congressos são pontos importantes para que o investidor se dê bem com os números e as oscilações do dia-a-dia. “A linguagem adotada é bastante específica e requerem treinamentos e leituras adicionais”, diz. O especialista ainda ressalta que existem livros e revistas especializadas que também podem habilitar bons investidores.

Na Região Metropolitana do Recife, as opções de instituições que oferecem o curso de bolsa de valores são poucas. Esporadicamente, algumas consultorias vêm de outros estados brasileiros para fazer pequenas oficinas, de apenas alguns dias de duração, em hotéis.

Outra opção seria cursos em locais fixos. A instituição Fuctura Cursos, localizado no bairro do Espinheiro, zona norte de Recife, oferece módulos que se concluem em apenas 20 horas. O investimento é de R$ 350. Além disso, durante a realização do curso, o aluno é encaminhado para palestras e congressos sobre o tema.

Qcento? Ou falando que o índice da Bovespa despencou e que este não é momento para comprar ações? Parece complicado, não é? Mas, tudo isso se resume a uma realidade que está presente na vida de muitas pessoas: a bolsa de valores. Uma pesquisa rápida no Google talvez não ajude muito. Os primeiros links que aparecem trazem definições que exigem concentração e domínio de termos econômicos. Traduzindo num linguajar mais simples, o especialista em finanças, Elves Magalhães, diz que a bolsa é um local onde compradores e vendedores fazem negociações de ações, ou melhor, compram e vendem “pedaços” de empresas. Esses pedaços são distribuídos para investidores que, por sua vez, tornam-se donos da companhia.

Para comprar ações é necessário abrir conta em uma corretora de valores, local que funciona como

Muitos querem investir na bolsa, mas não sabem por onde começar

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O BÊ-Á-BÁ DA BOLSA

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Page 29: Revista Metas e Emprego

A tualmente, só se houve falar em desenvolvimento. Estaleiros, refinaria, fábrica e Arena da Copa estão entre os principais empreendimentos que o governo menciona, com orgulho, em seu discurso. É verdade que Pernambuco se encontra numa situação econômica bastante favorável, se comparado aos demais estados da Região Nordeste. Isso permite que seu povo prospere uma melhor condição de vida.

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. VARIEDADES

Mais que um cartão postal

JOSÉ ROSENDO já chegou a faturar até a R$ 2 mil por mês, com a pesca e a produção de barcos

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Essa análise se refere unicamente ao desenvolvimento macro, capaz de movimentar um grande volume de dinheiro e alavancar obras que podem ser vistas como uma espécie de vitrine para qualquer pessoa que almeja uma rápida projeção política. Em contrapartida, há aqueles empreendimentos que, mesmo sem proporcionarem tanta visibilidade, já ajudaram a manter muitas famílias.

Embora o início do texto apresente uma das principais veias do capitalismo - a industrialização e seus empreendimentos gigantescos -, destacamos também a história de dois homens que, a exemplo de vários, não têm terra, apoio do poder público, isenção de impostos ou qualquer outro incentivo de que o cidadão precisa para formalizar sua existência profissional. Eles estão entre as cem pessoas que integram a Associação dos Pescadores da Ponte do Limoeiro, coletivo instalado sob a ponte que liga o bairro do Brum ao de Santo Amaro, no Centro do Recife.

José Rosendo Xavier, 70 anos, ao invés de estar desfrutando de sua aposentadoria, prefere passar seus dias fabricando pequenos barcos embaixo de uma ponte. “Sinto-me feliz quando estou aqui. No período do inverno é fraco. Mas, durante o verão, já houve meses em que cheguei a faturar até R$ 2 mil , revezando entre a pesca e a produção de barcos. Foi daqui que tirei o sustento de minha família”, afirma o pescador, que não desligou a serra elétrica que usava para cortar uma tábua em momento algum da entrevista. Dali

ele só esteve ausente no início de sua vida adulta, quando trabalhou numa fábrica de vidros, na Rua da Aurora, no centro do Recife.

O local onde funciona a associação já deu abrigo a várias famílias de pescadores que, há alguns anos, faziam do lugar sua moradia. A comunidade era chamada de Vila dos Morcegos – nome que se deve ao fato dessas pessoas morarem em barracos “pendurados” embaixo da Ponte. Em 2004, a Prefeitura da Cidade do Recife retirou as famílias (cerca de 70 pessoas) do local. Mesmo com a desocupação, pescadores resolveram

Sob a PONTE DO LIMOEIRO, tem-se uma visão privilegiada do centro do Recife

dar continuidade à atividade da pesca e à fabricação de seus barcos.

O pescador Severino Quirino da Silva, 64 anos, acompanhou todas as mudanças que houve no local, já que a pesca sempre foi sua atividade. Ele afirma que já houve dias melhores. “Antes quase não havia poluição. Dava para faturar bem, o equivalente a três vezes mais se comparado ao que pescamos hoje. Só dependíamos da maré”, lamenta Quirino, fazendo questão de mostrar os esgotos que apontam para as águas escuras do Rio Capibaribe sob a forma de canhões.

SEVERINO QUIRINO acompanhou todas as mudanças que aconteceram na Ponte do Limeiro

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