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Márdila Uma brasiliense na terra do Oscar ISSN 2446-9300 ANO I • Nº 4 • NOVEMBRO 2015 Vela Escola a favor dos bons ventos Música A criatividade em forma de partituras Seca Prepare-se para o tempo das chuvas Cigarras Elas estão chegando, feche os ouvidos Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa PAI NEL A revista de Brasília "Rodrigo quer acertar. Deu umas derrapadas no início do governo. Talvez por falta de experiência." www.revistapainel.com.br

Revista painel 4

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A revista de Brasília

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MárdilaUma brasiliense na terra do Oscar

ISSN 2446-9300

ANO I • Nº 4 • NOVEMBRO 2015

VelaEscola a favor dos bons ventos

MúsicaA criatividade em forma de partituras

SecaPrepare-se para o tempo das chuvas

CigarrasElas estão chegando, feche os ouvidos

Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa

PAINELA revistade Brasília

"Rodrigo quer acertar. Deu umas derrapadas no início do governo. Talvez por falta de experiência."

www.revistapainel.com.br

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A vantagem de ser um franqueado Brazil Soccer Café, você estará inserido em um dos maiores mercados de franchising “o mercado de alimentação”, e ter a segurança de investir em um segmento

tradicional com baixo risco de investimento, além disso, você fará parte de uma rede de franquias que está sempre atenta às novas tendências do mercado, suporte contínuo, marketing, treinamentos, reciclagens, assessoria jurídica, assessoria �nanceira, consultoria de campo e criação de novos produtos.

Tudo isso para apoiar os nossos franqueados a obter excelência no resultado de sua franquia Brazil Soccer Café.

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Carta ao leitor

Edição André Gustavo Stumpf, editor; Luiz Recena Grassi, editor executivo I [email protected] I Repórteres Michelle Horovits, Marcus Lacerda I Colaboradores Armando Rollemberg, José Cruz, Lourenço Cazarré, Renato Riella, Reginaldo Albuquerque I Diagramação Carlos Roberto Ferreira I Capa foto: Angela Raymundo l Comercial Andressa Lantyer I Publicidade [email protected] l Diretora-geral Rafhaella Rodrigues I Telefones: (061) 3547.6732 e 3547.6733 I Razão Social: EDITORA RNR CAPITAL LTDA - ME – CNPJ: 06.239.807/0001-68 - SHN Q 2 Bl. E Sobrelojas 41 e 44 Kubistchek Plaza Hotel - Asa Norte - Brasília-DF – CEP: 70702-904.

Opiniões expostas nos artigos são de responsabilidade de quem os assina.

ENTREVISTAA presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, prevê dias difíceis para o governo Rollemberg.

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10 VELA: uma escola de campeões

16 ARTE: a criatividade brasiliense

20 BRINQUEDOS: um retorno à infância

9 ESPORTES: José Cruz: Estamos quebrados, mas somos um país olímpico!

12 CINEMA: o sucesso de Camila Márdila

14 MÚSICA: centro de excelência no Planalto Central

18 BALACOBACO: escolha a sua farra no mês

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GINÁSTICA: o verão está chegando

AUTOMÓVEIS: novos lançamentos

SAÚDE: a pílula cor-de-rosa

GATOS: a UnB está cheia de bichos de quatro patas

CRÔNICA: a verdade política

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Quem alguma vez na vida já se envolveu com obras sabe que os prazos nunca são respeitados e os orça-mentos costumam ser religiosamente ultrapassa-

dos. Pois é, aconteceu conosco. Mudamos de sede, para melhores e maiores instalações, e pagamos o preço usual. As instalações não foram realizadas no momento certo e tudo se demorou. A revista circula com atraso por causa desse problema.

Vida que segue. A presidente da Câmara Legislativa, deputada Celina Leão, que nos concedeu entrevista exclusi-va, solta o verbo, prevê tempos difíceis para o governo Rol-lemberg, que deverá, segundo ela, navegar em crônica falta de verbas. Ela participa ativamente das negociações com o Executivo. Pretende reduzir a taxa de sofrimento do cida-dão. Ela, que é meio goianiense, meio brasiliense, pilota uma carreira meteórica. Está no seu segundo mandato na Câmara Legislativa e já olha para uma possível candidatura a deputada federal.

PAINEL abre espaço para duas escolas muito bem-su-cedidas em Brasília. A primeira é a escola de vela do Iate Clube. Forma campeões há muito tempo. Desde os oito anos meninos e meninas aprendem nos frágeis Optimists a enfrentar as peculiaridades do vento no Lago Paranoá, que muda de direção com muita frequência. Aprendem a se de-fender de episódios perigosos, sabem desvirar o barco den-tro da água e ultrapassar as dificuldades. Tudo com calma e de maneira organizada.

A outra escola modelo é a de música. O prédio não está conservado de acordo com a formidável memória da insti-tuição, que preparou gente do mais alto gabarito, de que é exemplo Hamilton de Holanda, um carioca que adotou Brasília e ganhou o mundo. Trata-se de um centro de ensi-no de excelência que não recebe das autoridades a atenção que merece. Todos os anos organiza seu festival de música que, recebe visitantes e convidados de todo o país e do ex-terior. Vale a pena conhecer a saga de seus professores.

A UnB é um paraíso de gatos. Verdade. De quatro patas. Eles, aliás, costumam criar problemas por causa de pulgas. Os colunistas trazem informações importantes e crônicas deliciosas. Além disso, as cigarras chegaram. Tapem os ou-vidos. Boa leitura. Abraços.

AGS

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tradicional com baixo risco de investimento, além disso, você fará parte de uma rede de franquias que está sempre atenta às novas tendências do mercado, suporte contínuo, marketing, treinamentos, reciclagens, assessoria jurídica, assessoria �nanceira, consultoria de campo e criação de novos produtos.

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Entrevista

Uma loura veloz

Celina Leão tem pressa. Ainda não tem quarenta anos e já acumula impres-sionante quantidade de ações e tra-

balhos. Nascida em Goiânia, moradora de Brasília desde o ano 2000, casada, dois fi-lhos, fundou uma Organização não governa-mental na cidade para ajudar, defender e orientar a juventude. Chama-se Joia (Juventu-de Organizada pela Integração e Ação). Seu trabalho na base resultou no convite para assumir a Secretaria da Juventude no governo Roriz.

Em seguida, foi chefe de gabinete de uma das filhas do ex-governador, Jaqueline Roriz, e decidiu partir para sua carreira solo. Foi

eleita em 2010 para seu primeiro mandato de deputada distrital. Foi reeleita no ano passado e já assumiu a Presidência da Câmara Legislativa. Quase foi para o Tribunal de Contas do Distrito Federal.

Preferiu permanecer no seu atual car-go, depois de uma conversa pesso-al com o Altíssimo. Ela é evangélica.

Hoje no PDT, Celina acalenta seus sonhos. Sabe que a Câmara Legislativa não tem boa imagem junto à população. Trabalha para mudar essa situação desagradá-vel. E através de pesquisa desco-briu que o povo prefere que os de-

putados distritais exerçam mais a função de fiscalizar o governo do

que a de produzir leis. E ainda não so-nha com o cargo de governadora. Pre-

tende, no fim do atual mandato, se candida-tar à Câmara Federal. Com a palavra a loura, esperta e falante, que preside a Câmara Le-gislativa do Distrito Federal.

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Da condição feminina. Idealizadora de projetos sociais. Uma ativista em favor das mulheres. Batalhou para que as mulheres tivessem vez e voz na políti-ca. Sempre achou que o papel da mu-lher não pode ser só a figura que dá en-xoval ou faz o trabalho social. Deveria ser a protagonista das políticas públi-cas. Vivi isso na minha infância. Somos seis irmãos; se você pegar as fotos da minha mãe nas ruas, nas reuniões políticas dela, estou sempre na fren-te. Mostra que essa ativida-de estava no meu sangue.

PAINEL - Os irmãos não estão na política?Não. Meu irmão mais novo me ajuda nos bastidores, mas, não creio que ele tenha vocação para a vida pública. Ajuda como pode. Meus ir-mãos não quiseram seguir carreira política.

PAINEL – E por que a senhora faz política em Brasília e não em Goiás?Comecei a montar um projeto de juven-tude aqui e uma coisa liga a outra. Fui secretaria de Juventude do Distrito Fe-deral no governo Roriz. Iniciei três pro-gramas grandes. Depois fui chefe de ga-binete, durante dois anos, da deputada Jaqueline Roriz. Saí para cuidar dos nossos projetos sociais.

PAINEL - Este é o seu segundo mandato?É meu segundo mandato.

PAINEL - E já é presidente da Câ-mara. Foi rápido.Foi muito rápido. Eu trabalho muito. Tenho equipe que trabalha muito. E eu acredito muito em Deus. As pessoas

brincam comigo porque não fui pa-ra o Tribunal de Contas agora.

PAINEL - Houve de fato a opor-tunidade?Houve. Mas segui uma orientação que senti. As coisas para mim têm este sentido.

PAINEL - A senhora é evangélica?Sou da Comunidade das Nações, do pastor J. B. Carvalho. Apesar de as pessoas acharem que é muito rápida, minha vida sempre foi de muito trabalho e sacri-fício. Nada foi fácil. Minha equipe sempre fala isso. Fiquei assus-tada com a possibilida-de de assumir o Tribu-nal de Contas porque

as coisas fáceis não são para mim.

PAINEL - E por que não aceitou o convite?Busquei uma orientação em meus sentimentos. Busco orientação em Deus. A decisão de não aceitar me deu paz. Não era o momento de es-tar lá. Meus eleitores também pedi-ram para que eu permanecesse onde estou. Tenho responsabilidade com a cidade. Acho que posso contribuir muito com Brasília. Sou nova. Te-nho ideias e sonhos. Tempos atrás, se alguém afirmasse que eu seria presidente da Câmara ninguém iria acreditar. Trabalho para que os meus sonhos se materializem.

PAINEL – Quais são os princi-pais problemas que a senhora identifica na cidade?

PAINEL - Como foi sua trajetória? Nascida em Goiânia, tornou-se presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal.Nasci em Goiânia, mas minha vida sempre foi entre aquela cidade e Brasí-lia. Tenho fotos ainda pequena em Bra-sília. Meu pai é engenheiro e tinha uma empresa da área aqui. Mas minha mãe foi dar à luz em Goiânia, porque minha avó morava lá. Foi uma questão de dar à luz perto da mãe. Morei aqui até os sete anos. Voltei para Goiânia e depois re-tornei para cá. Minha vida tem sido as-sim. Um pé lá, outro cá.

PAINEL - Por que se decidiu por morar em Brasília?Minha mãe queria morar em Brasília. Quando meu pai encerrou o negócio que ele tinha em Goiânia, a mudança passou a ser viável. Estou desde 2000 em Brasília. Vivo aqui há quinze anos.

PAINEL – E como a política entrou na sua vida?Venho de uma família política. Minha mãe foi secretária de Estado em Goiás.

ACHO QUE POSSO

CONTRIBUIR MUITO COM

BRASÍLIA. SOU NOVA. TENHO

IDEIAS E SONHOS.

TRABALHO PARA QUE OS MEUS SONHOS SE

MATERIALIZEM.

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Entrevista

Brasília não pode conviver com o fos-so social que vivemos aqui. Precisa-mos enfrentar problemas como a questão fundiária. Brasília precisa se redescobrir. A vocação administrativa de Brasília não sustenta mais seu de-senvolvimento.

PAINEL - A senhora defende a in-dustrialização da cidade?Não com indústrias de maneira geral, mas indústrias de tecnologia limpa, in-dústria do conhecimento. Se pegarmos o exemplo do Vale do Silício, na Cali-fórnia, poderíamos aplicar algo seme-lhante aqui. Quem sabe energia limpa. Acho que temos que redescobrir voca-ções. Já conversei com o presidente da Fibra, Artur Jamal, para a gente criar aqui uma escola de aviação, porque há uma grande possibilidade de um porto seco, um porto conectado com aero-porto de cargas, em Planaltina. Mas, se fizermos esse porto sem preparação de mão de obra, vamos trazer gente quali-ficada de fora. Então, precisamos capa-citar o trabalhador daqui.

PAINEL – A senhora tem noção de que a Câmara Legislativa tem uma imagem muito ruim junto à popu-lação?Isso é uma constatação. Tinha certeza disso quando assumi a presidência. A população não acompanha o trabalho do parlamento diariamente. O que dá notícia em jornal são as pautas negati-vas. Quando a gente impede que algo ruim no DF aconteça não resulta em mídia favorável. Não sai nos jornais. Desde o início de nossa gestão estamos mudando isso. Estou falando sobre isso com base em pesquisas que realizamos. Nosso primeiro ato foi levar a Câmara para perto da população onde existia sentimento de que estávamos muito distante do povo. E que, depois de elei-to, o parlamentar se esquece do eleitor. Cada um vai para seu feudo político. Quis mostrar para a população que so-mos um poder independente. E que so-mos nós que dizemos não para o Poder Executivo.

PAINEL - Mas boa parte da legisla-ção aprovada aqui contém irregu-laridades ou é inconstitucional.A gente melhorou muito isso. Porque o papel das comissões é realmente fazer o exame detalhado de cada projeto. A Comissão de Constituição e Justiça jul-ga isso para a gente não sofrer o cons-trangimento de aprovar um texto que venha a ser considerado inconstitucio-nal. Mas já tivemos legislação que foi questionada pelo ministério público e nós ganhamos. Procuramos cumprir o rito constitucional. Melhoramos muito nesse quesito. O que acho mais bonito na ação da Câmara é defender o interesse do cidadão.

PAINEL – E a Câmara faz isso?Nós rejeitamos seis projetos do Execu-tivo que tinham impacto direto no bol-so das pessoas. E fomos discutir com o

governo para buscar outras formas de desenvolver o DF sem onerar ainda mais o contribuinte. Esse é o nosso pa-pel. Discutir com seriedade e autono-mia. Nós queremos que a cidade fun-cione bem. A gente conversa com fran-queza e abertamente com o governador.

PAINEL - Mas vocês andaram bri-gando?Aconteceu. Tenho críticas ao governa-dor e ao seu início de governo. Foi a roupagem que eles deram ao governo. A concentração de poder em poucas pessoas no passado foi muito alta. Não eram competentes. Se fossem, não estaríamos com os cofres públicos arrombados do jeito que estão. Não es-taríamos vivendo esse caos. As pessoas querem outro projeto, outro governo, outra maneira de governar.

PAINEL - Os cofres estão mesmo arrombados?Sim. Nós temos um déficit de recursos da ordem de três bilhões de reais. Va-mos ter problemas na folha de paga-mentos. Não tem de onde tirar o di-nheiro. Vamos ver atrasos ou outros problemas. Em Brasília, isso é uma tragédia. Não estamos falando de cida-des como o Rio de Janeiro ou São Pau-lo, que possuem outras atividades for-tes. Aqui cai o comércio como um to-do. Cai tudo. Então estamos tentando ajudar votando projetos que aumen-tem os recursos públicos, mas sem onerar o contribuinte. Essa matemáti-ca não é fácil.

PAINEL – A senhora já fez as pazes com o governador?Tenho uma relação de respeito com o governador. Ele também tem comigo. Até brinca que eu sou sim, sim; não, não. Relação sincera. Sentamos para os problemas da cidade. Tentar viabilizar que a gente saia da crise sem penalizar

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a população. A gente recusou o projeto de aumento do IPTU. Não era um pro-jeto de aumento. Era uma reavaliação das tabelas. Seria aumento de vinte por cento ao ano. Ninguém tem esse au-mento de salário. Nós dissemos que is-so não dá para aprovar. Eles fizeram outra proposta de dez por cento; agora, de cinco por cento. Esse é o papel da Câmara.

PAINEL - Então a senhora e ele es-tão de bem.Temos relação de respeito recíproco. Sei das boas intenções do Rodrigo. É um sujeito honesto que quer acertar. Deu umas derrapadas no início do go-verno. Talvez por falta de experiência. Mas me perguntaram sobre secretários que foram trocados. Ele está certo. Se a pessoa não corresponde à meta, deve mesmo ser trocada. Se a pessoa não consegue responder a meta, tem que sair. A cidade tem pressa.

PAINEL – Qual é sua formação pro-fissional?Sou administradora. Eu me formei no Ceub. O curso me ajuda muito aqui na Câmara. Criamos o projeto Câmara em movimento, a defensoria pública, melhoramos o processo de gestão, esta-mos dando transparência a todos os nossos atos. Abrimos todas as contas, que estão em on-line; todas as notícias, positivas ou negativas, estão no nosso site. Melhoramos cada vez mais. É uma reivindicação popular. Transparência.

PAINEL – O governador ainda não possui uma base parlamentar sóli-da?Não tem base fixa. Não está consolida-da. Mas a Câmara é muito sensível. Ti-vemos um projeto de urgência para ajudar um hospital de câncer. Se o pro-jeto não fosse votado naquela data, ele perderia verbas. Precisamos juntar 17

votos para aprová-lo. Conseguimos em tempo muito curto. Quando a causa é nobre, os deputados votam. O Rodrigo sempre terá o apoio da Casa quando a causa for para a cidade. Mas aumento de imposto é muito difícil para nós. O eleitor pede que a gente não vote a fa-vor de aumento de imposto.

PAINEL – Onde é sua principal ba-se eleitoral?Tive votos em todas as zonas eleitorais. As pessoas me reconheceram pelo tra-balho social que eu fiz. Tive 12.670 vo-tos. Mudei de partido, vim para o PDT. Não foi uma eleição cara. Quem votou em mim o fez porque reconheceu meu trabalho. O momento pede uma postu-ra diferente do parlamento. Temos, neste momento, a melhor avaliação da Câmara nos últimos anos.

PAINEL – O que o povo espera da Câmara Legislativa?Além dos projetos que inauguramos, descobri com a pesquisa algo que já desconfiava. Mais de 70% dos eleitores

não querem que a gente apenas produ-za leis. Eles querem que os deputados distritais fiscalizem a aplicação dos re-cursos públicos. Já abrimos uma CPI do transporte público, em que já con-seguimos detectar várias fraudes. Ago-ra vamos instalar a CPI da Saúde. Nós criamos também as visitas técnicas pa-ra avaliar o atendimento ao cidadão nas mais diversas áreas. Estamos tam-bém emponderando nossa ouvidoria, que tem a função de receber críticas e sugestões da população. Estamos lan-çando um número telefônico gratuito da CL para que as pessoas possam fazer críticas e sugestões.

PAINEL – A senhora vai ser candida-ta ao governo do Distrito Federal?Não. Muita água ainda vai passar de-baixo da ponte. Meu projeto é ser de-putada federal. Vamos esperar 2018. Só tenho uma certeza: deputada distrital não serei mais. Até lá já terei exercido dois mandatos. É uma boa experiência, somada à vivência na presidência da casa. Já dei a minha contribuição.

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Clima

DA REDAÇÃO

Mesmo com a seca no fim, os brasilienses ficam com o lega-do que o período acarretou.

São ambulatórios lotados, umidificado-res ligados no máximo, lencinhos de pa-pel na bolsa, água, creme, protetor la-bial, um kit contra a baixa umidade. De acordo com Diva Mesquista, coordena-dora da Escola Classe 2 do Riacho Fun-do 2, as crianças são as mais afetadas nesse período. “Muitos alunos recla-mam de sagramento no nariz, dores de cabeça e problemas respiratórios. Nós sempre aconselhamos que todos levem suas garrafinhas de água para manter a hidratação”, explica.

A pneumologista Séfora Almeida explica que os quadros virais são mais frequentes durante esta época por vá-rios fatores concomitantes. “O clima frio e seco que respiramos facilita o apa-recimento de doenças respiratórias co-mo asma, pneumonia, bronquite, rinite,

Legado da secagripes, sinusites, otites e faringites, entre outras. Por causa do frio, as pessoas ten-dem a se aglomerar em ambientes fe-chados, o que facilita a transmissão de vírus e bactérias”, diz a médica.

Outro fator proveniente da baixa umidade de ar, de acordo com a dra. Sé-fora, é a dificuldade de dispersão dos po-luentes. “Nesse período, por exemplo, é mais frequente a ocorrência de queima-das, intensificando a poluição atmosféri-ca e saturando o ar com partículas que podem induzir a reações alérgicas nas vias respiratórias. Tal fato, associado a baixas temperaturas, pode gerar ou agra-var um quadro inflamatório pulmonar.”

PrevisãoA meteorologista Ingrid Monteiro

Peixoto, do Instituto Nacional de Mete-orologia (Inmet), explica que, como não existe nenhum efeito sem causa, os bai-xos índices de umidade relativa do ar estão diretamente relacionados a uma situação de bloqueio atmosférico. “Esse

bloqueio é formado por uma massa de ar quente e seca, que atua sobre a Região Centro-Oeste.

No decorrer do inverno, essa massa de ar ganha força e se expande, chegan-do a influenciar cerca de 80% do país, ficando fora desse contexto apenas o sul da Região Sul e o extremo norte da Re-gião Norte.

A atuação desse sistema impede a formação das chuvas, contribuindo para elevação da temperatura e para baixar os índices de umidade relativa do ar, princi-palmente nas regiões Centro-Oeste, Su-deste e Nordeste. Ela destaca que as chu-vas vão começar em outubro e seguem até março. “Essa massa de ar quente e se-co se enfraquece e a volta da chuva vai amenizar a baixa umidade que atrapalha tanto a vida do brasiliense”, conta. Mas ela alerta sobre a possibilidade da atua-ção do fenômeno “El Niño” que está in-tenso e pode alterar todo o regime de chuvas em várias regiões do país e aca-bar com a alegria dos candangos.

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Esportes

Estamos quebrados, mas somos um país olímpico!

JOSÉ CRUZ

Jornalista há 35 anos em Brasília, onde trabalhou nas áreas de economia e política para jornais locais e sucursais gaúchas. Em 1988, cobriu os Jogos Olímpicos de Seul e, em 2000, os de Sidney. Há cinco anos, tem um blog no UOL [email protected]

Não são apenas os jornalistas “ranzinzas” que suspeitam de desvios de verbas públicas do

esporte, boa parte destinada ao merca-do dos grandes espetáculos. Agora, até o Tribunal de Contas da União (TCU) está com a pulga atrás da orelha quanto às aplicações do dinheiro oficial.

Em recente levantamento sobre o financiamento do setor, auditores do TCU estiveram no Ministério do Es-porte e vasculharam contas, documen-tos, contratos e liberações de verbas. No fim, escreveram, entre outros aler-tas: “O Ministério do Esporte demons-trou não ter capacidade operacional pa-ra o controle dos recursos por ele próprio repassados.“

Os auditores constataram mais: “... a crise de credibilidade das entidades es-portivas afasta patrocinadores, diante de casos de desvios de recursos ampla-mente noticiados pela mídia.’’

E...“...Dessa forma, constata-se que o

Sistema Nacional de Desporto consiste em sistema privado, dependente, no en-tanto, de recursos públicos para sua sub-sistência, contrariando o disposto na Lei nº 9.615/08, para a qual as entidades a serem beneficiadas com recursos públi-cos federais devem ter autonomia e via-bilidade financeiras.”

Novidade? Nenhuma! Desde 2003 é assim. Dinheiro farto para a elite do esporte, em detrimento da base, da ini-ciação. O resultado da ausência de po-líticas para o setor está, por exemplo, na inexpressiva participação do nosso atletismo no Campeonato Mundial de Pequim: apenas uma medalha de prata, com Fabiana Murer, no salto com vara.

A tal “fartura” é real. Chegamos ao exagero de termos atleta ganhando até R$ 80 mil por mês dos cofres públicos, entre bolsas, patrocínios e prêmios.

Mérito dos campeões, claro, até porque atleta tem prazo limitado para competir, precisa aproveitar enquanto a idade não chega.... Mas compete ao Estado financiar o alto rendimento do “negócio” esporte, quando a Constitui-ção determina, em seu artigo 217, que o dinheiro público para o setor deve ser aplicado “prioritariamente no desporto escolar”?

Com o Ministério do Esporte, cria-do em 2003, havia a expectativa de que teríamos uma “política nacional”. O tempo passou, vieram as Copas, Olim-píada e Paralimpíada, e a consequente necessidade de destinar dinheiro para a preparação das cidades e equipes. Hoje, os tempos são outros, e o dinhei-ro já não sai com tanta facilidade dian-te da gravíssima crise da economia.

Porém, ironicamente, o mesmo go-verno que arrocha as contas públicas vê-se obrigado a cumprir contratos a fim de receber os bilionários Jogos Olímpicos. Por exemplo, o governo concederá ao Comitê Olímpico Inter-nacional e entidades agregadas isen-ções fiscais na ordem de R$ 3 bilhões, na preparação dos Jogos Rio 2016, conforme revelou o portal Contas Abertas.

O que significa este dinheiro? É o equivalente ao orçamento do Ministé-rio do Esporte deste ano. Portanto, em plena recessão, deixaremos de arreca-dar R$ 3 bilhões, que viriam das opera-ções dos “senhores dos anéis”. Ou é as-sim ou não tem Olimpíada.

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Escola de velaEscola de vela

Apaixonados pelo ventoMICHELLE HOROVITS

Indomável, sem rumo certo, imprevi-sível. É assim que nosso vento é co-nhecido. Mas poucos sabem que esse

é o melhor para velejar. Segundo Edgar Rondini, vice-diretor do Iate Clube de Brasília, o vento em Brasília é super-rondado, ou seja, vem de várias dire-ções. “Quem aprende a velejar em Bra-sília veleja em qualquer lugar do mun-do.” A cidade que reuniu pessoas de to-das as partes do país para ser construí-da também trouxe apaixonados pela vela de vários cantos. Um dos lugares favoritos para o esporte em Brasília é o clássico Iate Clube. Criado com a cida-de em 1960, tem como patrono Jusceli-no Kubitschek, que se referia ao local como a “a sala de visitas da nova me-trópole”.

Espalhado por 150.000 metros qua-drados, o lugar possui treze quadras es-portivas, sete restaurantes, seis pisci-nas, academia, vinte churrasqueiras e 569 vagas para embarcações – a maior marina da orla do Paranoá. Com 16.742 frequentadores, entre titulares e dependentes, essa autêntica instituição brasiliense tem um orçamento anual aproximado de 36 milhões de reais. Pa-ra fazer parte do clube, deve-se esperar que algum associado queira vender um título ou, então, participar de um leilão com outros interessados. O diretor de esportes náuticos e segundo vice-co-modoro, Marcello Katalinic Dutra, lembra que o Iate Clube de Brasília é referência nacional na realização de grandes competições. “Nossa estrutura é sempre muito elogiada por pessoas de fora e oferece aos velejadores todas

as condições para a disputa de grandes regatas”, enfatiza.

Apesar de estar a 1.200km do mar, a capital possui a terceira maior frota de barcos do Brasil. A Raia Norte do Iate sedia disputas de diversas classes da vela e os velejadores representaram as cores do Clube no Brasil e mundo afora, for-talecendo cada vez mais a tradição náu-tica da instituição. Em 1971, os veleja-dores Cezar Castro e Mário Mendes co-meçaram a escola de Vela Optimista no Iate Clube de Brasília. Inicialmente, fo-ram construídos pelo funcionário To-maz cinco barcos para turma de aproxi-madamente dez alunos. Hoje a escola ainda existe e treina crianças, adultos e interessados pelo esporte. Para os curio-sos, ainda existe a aula experimental de vela, que pode ser feita em qualquer idade, com os barcos do clube.

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Foi nas águas do Lago Paranoá que a dupla de medalhistas olímpicos Lars e Torben Grael aprendeu a velejar. O iatismo é o esporte que trouxe mais medalhas olímpicas para o Brasil. Lars Grael começou a velejar em Brasília com apenas oito anos. Segundo o atle-ta, a cidade é um lugar maravilhoso pa-ra o esporte. “Meu pai era paraquedista do Exército e chegou a Brasília em 1970. Foi nessa época que eu e meu ir-mão começamos a velejar no Paranoá. É muito diferente velejar no mar e no lago. O mar exige mais força física. É outra preparação. Aqui no Lago, é pre-ciso ter uma relação séria com o vento, prestar atenção em como ele se com-porta”, conta. Para ele, a vela brasileira tem uma tradição clássica de medalhas olímpicas. Foram, ao todo, 17. “Agora é a vez da vela paraolímpica”, afirma o campeão. “É uma modalidade que está crescendo rápido e está representando o Brasil internacionalmente.”

Esporte democráticoPara Lars é importante democrati-

zar e popularizar a vela no país. Muita gente acha que a vela é esporte de rico, e isso afasta as pessoas e futuros atletas. É preciso mudar esse pensamento. É muito mais caro construir um estádio, mas ninguém pensa nisso. Temos grande parte da população perto do mar e de rios e mesmo assim o esporte sofre preconceito”, destaca. Ele explica que, depois de ser feito um curso, com aproximadamente 20 horas de aula, o aluno está apto para começar a velejar. Como requisitos básicos, o iniciante não precisa necessariamente saber na-dar, mas, se souber, ajuda a adquirir mais autoconfiança. “Qualquer pessoa pode praticar esse esporte e, mesmo começando do zero, adquirir bom de-sempenho. Outro benefício é o fato de o esporte não ter hora certa para come-çar ou parar. Uma criança de cinco

anos já tem condições para começar a “brincar”.

Para ele, é um esporte que ajuda a desenvolver desde cedo o raciocínio, pelo fato de o velejador ser obrigado a tomar decisões durante o percurso.” O contato com a natureza também é ou-tro fator importante para o atleta, pois o esporte é 100% ecológico. Na primei-ra fase do contato com a modalidade, qualquer embarcação é adequada para o iniciante. Numa fase posterior, a es-colha da classe é importante, e deve ser condicionada pela opção de seguirmos a via do rendimento desportivo ou do lazer. Para essa escolha, deve ser con-sultado o técnico do Clube responsável pela área.

As vantagens dessa prática vão além da questão física. “O iatismo traz benefícios também psicológicos para o atleta. O prazer de velejar é indescrití-vel e o esporte acaba virando uma filo-sofia de vida. Do ponto de vista quanti-tativo, o Brasil cresceu muito na moda-lidade, entretanto, o percentual é muito baixo, visto que possuímos tantos lo-cais apropriados para a vela”, conta.

Centenas de classesA Federação Internacional de Iatismo

(Isaf) reconhece 110 classes. Porém, apenas nove fazem parte das Olimpía-das. Todas elas seguem regras rígidas, que determinam medidas exatas para as velas e o casco, o número de tripu-lantes e, em alguns casos, até o limite de peso dos atletas. “Existe um biotipo ideal para cada classe. Quanto maior a vela, mais pesado deve ser o atleta, para fazer o contrapeso”, explica Grael.

Lars Grael veleja na classe Star e participou neste mês do Campeonato que ocorreu no Clube. Medalhista olímpico e um grande campeão na ve-la, Lars Grael também dedicou seu tempo a tentar melhorar a estrutura para o esporte no país e, por isso, é con-siderado um dos profissionais de maior credibilidade na área. Líder nato em todas as classes e clubes em que vele-jou, também foi membro do Conselho Fundador da Agência Mundial Anti-doping (WADA) e exerceu cargos pú-blicos, como o de secretário nacional de Esportes no governo FHC.

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Iate Clube de BrasíliaSetor de Clubes Esportivos Norte, trecho 2, conjunto 4, fone: 3329-8700. Para se tornar só-cio, o interessado deve consultar o mural de classificados do clube e verificar os preços dos títulos que estão à venda.

Lars aprendeu a velejar nas águas do Lago Paranoá

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Cinema

PAINEL: É seu segundo filme e você já recebeu o prêmio em Sundance e elogios da crítica. Como está sendo este momento pra você?Tá sendo algo bem peculiar da vida. Foi o segundo longa que fiz e o primei-ro estreando no cinema. O que tá sen-do mais incrível é que a personagem que eu faço no filme representa algu-mas questões sociais, políticas e afeti-vas na relação com a mãe que são bem polêmicas. Eu acho bem legal a discus-são que está gerando.

PAINEL: Qual foi a sua impressão sobre a personagem que você in-terpreta?A Jéssica é uma personagem que repre-senta muito a questão da mobilidade social, da educação como possibilidade de reverter um ciclo histórico em que a filha da empregada normalmente se tornaria outra empregada. Ela incomo-da porque tem um olhar de autoestima

Estrela d’alva

sobre si mesma. Ela acredita que tem opinião e força de vontade.

PAINEL: Você teve essa percepção antes ou depois do teste de elenco?Quando eu li o roteiro. Inclusive, a ce-na que eu fiz no teste é a quando ela descobre que a mãe mora no quartinho dos fundos na casa dos patrões. E esse é o grande problema. A Jéssica está indo para São Paulo estudar arquitetura e ela se depara com a mãe dormindo no mesmo quartinho há mais de 10 anos, naquele limite “você é da família, mas não senta junto para comer”. A mãe es-tá sempre em função da família e nun-ca foi vê-la depois. Para mim ficou muito marcante esse banho de água fria de saber as condições em que a mãe dela vivia.

PAINEL: A Anna Muylaert é famosa por dar liberdade aos seus atores. Você aproveitou essa liberdade?

A própria Anna fala que gosta de tra-balhar com atores-autores. Ainda que seja roteirista, ela tem pavor que a gen-te faça uma cena decoradamente. E eu me identifico muito com isso, desde o teste. Eu brinco que passei no teste exa-tamente porque eu não sei fazer teste de texto decoradão, eu me sinto muito mais à vontade com o improviso. Acho que nesse filme fica muito clara essa li-

MARCUS LACERDA

Anna Muylaert, diretora de Que horas ela volta?, precisava de uma atriz jovem para contracenar com Regina Casé. Para interpretar a filha de uma migrante pernambucana, esperava-se alguém mais “morena” pa-

ra o papel. Eis que, durante o teste, uma atriz brasiliense nívea conseguiu bar-rar o tal pré-requisito. Camila Márdila sentiu-se tocada pela personagem logo na primeira leitura do script e conseguiu imprimir ao papel uma secura que a diretora não havia visto nas outras candidatas. “Fico muito feliz que, nesse meu primeiro trabalho na tela, eu interprete uma personagem que abarca um discurso no qual eu me incluo”, explica Camila.

O filme entrou em cartaz no Brasil no fim do mês passado, depois de pas-sar pelos festivais de Berlim, Amsterdã, Seattle e Sundance. Neste último, Ca-mila ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante competindo com Nicole Kidman. A película é a aposta brasileira para o Oscar do ano que vem. A bra-siliense veio do teatro e possui uma interpretação sensível, profunda e de téc-nica sofisticada. Além de atuar em filmes, produz peças, encena e atua com seu coletivo Áreas e dá oficinas para outros atores.

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berdade que ela dá para o autor.

PAINEL: Você e Regina Casé simu-laram as conversas de telefone en-tre Jéssica e a mãe ao longo dos anos separadas. Como foi a experiên cia?Como eu e a Regina não nos conhecía-mos, nós aproveitamos para criar essa distância e entender a cena em que elas se encontram no aeroporto depois de tantos anos. Para a gente descobrir qual seria o tom da cena e desse reencontro, a Anna fez um roteirinho de dez anos de ligação e nós fomos nos falando [Camila e Regina] com um pano preto entre as duas. Nós fomos criando uma certa memória. No início, como se Jés-sica fosse pequenininha pedindo para a mãe voltar até adolescente, dizendo que ela nunca estava em casa. A Anna foi incorporando ao roteiro esses deta-lhes e sutilezas. Isso torna as cenas muito mais dinâmicas e respiradas.

PAINEL: Você vem de uma trajetó-ria do teatro e faz oficinas na área. Como está sendo dividir-se com o cinema?Eu tenho esse coletivo que tem uma sede no Rio e outra aqui em São Paulo. A gente escreve nossos projetos pró-prios, corre atrás de patrocínio. Eu também faço as vezes de produtora e a gente vai realizando os projetos na medida do possível. Aqui em São Paulo, eu já trouxe a oficina que dou com a Miwa Yanagizawa. E aí o cinema vai acontecendo enquanto vão surgin-do oportunidades.

PAINEL: Você já atuou com direção de arte e produção em audiovisual. Tem vontade de assumir esses pa-péis atrás das câmeras no cinema?Essas funções me ajudaram a entender o cinema quando eu fui fazer pela pri-meira vez os maiores projetos. Percebo

que foi essencial para mim essa noção do detrás das câmeras e do aparato to-do que a coisa envolve. Eu tenho muito interesse em exercer a função de prepa-radora de elenco, que é uma coisa que eu gosto muito de fazer e que já fiz em alguns curtas. Quanto à produção em si, eu penso só no teatro mesmo. Por-que é nos nossos projetos em que a gente tem que assumir mais funções de uma vez. Produzir cenário, produzir fi-gurino, enfim… Para o cinema, eu pre-firo me focar em ser atriz.

PAINEL: E Brasília? Como a cidade te influenciou? Você sente falta da-qui? Acha que o cenário poderia ser melhor?Brasília é um lugar que reúne gente de tudo quanto é canto, e você não tem tanto vício de sotaque quanto em ou-tros lugares onde há algumas coisas muito marcadas. Ser brasiliense me ajudou muito a pegar esse outro sota-que. Eu não saberia o que falar do ce-nário daí por já ter um tempo que saí. Mas eu gostaria muito de ir mais para aí com os trabalhos que eu tenho reali-

zado por aqui. O que eu acho é que fal-ta lugar em Brasília. Lugar para um tra-balho mais conceitual, não tem. É mui-to triste essa falta de incentivos e os problemas com o FAC. Mas não é só Brasília. A gente vê isso também no Rio e em São Paulo.

PAINEL: Você interpretou a poetisa Cora Coralina no filme do Renato Barbieri. Como foi a experiência?O filme é um documentário com al-guns trechos dramatizados. São ima-gens de arquivo e atrizes interpretando a Cora em diferentes idades. Eu ainda não assisti ao filme e não sei qual cir-cuito ele vai ocupar. Ele passou no Fin-ca, em Goiás Velho. Eu tô curiosa para ver o resultado. Eu não conhecia nada da Cora Coralina e no filme são peque-nos trechos em que a gente faz a Cora. Eu a faço com vinte e poucos anos. Fui atrás de mais materiais sobre ela. Tem umas partes no filme em que a gente recita as poesias dela e foi uma delícia essa parte de ficar estudando o poema. Achei muito fácil de se falar. Os poe-mas dela são muito orais.

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Escola de música

MICHELLE HOROVITS

Alunos se espalham pelos corre-dores e gramados. Escondido no beco está João Gaspar Barros.

Aos 17 anos, ele fecha os olhos para en-contrar o tom certo no contrabaixo. En-tre alunos que vão e vêm, fica envolvido com as próprias notas. Brasiliense e filho de pai músico amador, ele é um admira-dor da escola: “Fui influenciado pelo meu pai e busco estudar pelo menos três horas por dia depois da escola. Sempre treino pelos corredores. Temos grandes professores, além de escola conceituada e com reputação internacional”.

A música enraizada no cerradoCom o sonho de ser músico, o ra-

paz também se dedica ao estudo do bandolim no Clube do Choro e se divi-de entre o popular e o erudito. “Temos uma discoteca onde posso escutar muita música e levar para casa o disco que quiser, além de trocar experiência muito rica com alunos e professores. As melhores dicas às vezes estão nos bate-papos. É preciso ficar atento, tem sempre uma música nova em alguma sala”, diz.

Criada há 41 anos pelo maestro Levino de Alcântara, a Escola de Mú-sica foi concebida com o objetivo de atender o ensino profissionalizante de

música e formar técnicos em instru-mento e canto lírico.

Os 270 professores dão aulas de matérias básicas, canto e instrumentos para mais de 2,5 mil alunos nos diver-sos cursos oferecidos. Com uma área construída de cerca de 5.500 metros quadrados, a EMB possui 83 salas de aula, duas grandes salas de ensaio re-versíveis para apresentação de música de câmera e um teatro com 480 lugares.

A Escola oferece formação em to-dos os instrumentos de orquestra, pia-no, violão, canto lírico e música popu-lar, além da prática de conjunto, banda, orquestra e canto coral.

Gaspar se dedica três horas por dia ao contrabaixo

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HistóriaAtual diretor da escola, o maestro

Ayrton Pisco conta que o sonho de Le-vino era como o de JK. “Juscelino trou-xe o centro político para o Centro--Oeste. Levino sonhava tirar a rota cul-tural do Rio e de São Paulo. Um sonho muito mais complexo”. Em 1974, Levi-no cobrou favores políticos e conse-guiu inaugurar a Escola. Em 1980 inaugurou a Orquestra do Teatro Na-cional. Para ambos os projetos, procu-rou em vários lugares do mundo os melhores professores de música. “Ele acreditava que só traria a cultura para o Centro-Oeste com artistas de alta qualidade; quando cheguei, encontrei professores russos, chineses, ingleses, americanos, chilenos. Ele queria for-mar artistas de alto padrão”, conta.

O maestro faleceu em janeiro de 2014.

No início, os alunos aprendiam ins-trumentos típicos de orquestra, como violino, clarinete, trombone e contra-baixo, e o objetivo era formar músicos capazes de integrar sinfonias. Entre-tanto, em pouco tempo a música popu-lar encontrou seu caminho rumo à es-cola. Em 1978, a Sala de Concertos abrigou um show de Cartola, que mos-trou composições que já eram obras

primas, como Acontece, O mundo é um moinho, e As rosas não falam. Da plu-ralidade de sons, floresceram cantores de rock, como Cássia Eller, Zelia Dun-can e Ney Matogrosso. “Aqui é onde a guitarra encontra a viola de gamba”, re-sume o diretor da escola.

Um dos alunos famosos da escola é o músico Hamilton de Holanda. O no-me ajudou a capital a se tornar célebre no choro. Considerado um revolucio-nário do estilo musical, a fama do músi-co foi reverenciada pelo marcante Her-meto Paschoal, que declarou: “O futuro da música instrumental brasileira está nas mãos de Hamilton de Holanda.”

Guardiã da músicaMaria do Livramento está há 27

anos na Escola. A funcionária toma conta da instrumentoteca. Cercada com violas da gamba, pianos, violinos, pandeiros e contrabaixos, ela conta que viu muitos alunos crescerem. “Muitos alunos se tornaram professores. Che-guei aqui e eles eram garotos; hoje es-tão aqui dando aulas. Nunca aprendi a tocar nada, mas amo demais a música. Adoro escutar. Aqui fico atenta a tudo que eles tocam, tem de todo tipo, mas gosto mais de MPB”, conta a funcioná-ria, tranquila observando da pequena janela que dá para a salinha cheia de instrumentos. Ela ainda rebate: “Gosto demais da escola, mas algumas coisas me deixam muito triste. Muitos instru-mentos estão sucateados. A infraestru-tura está ruim, isso tudo dificulta o aprendizado dos alunos”, relata.

Sem reformas há mais de 40 anos, a estrutura da instituição pede socorro. Pisos arrancados, infiltração no teto, falta de isolamento acústico, entre ou-tros problemas, lideram a lista de quei-xas. Para se ter ideia, professores da es-cola se mobilizaram para repartir uma sala ampla em três ambientes. A modi-ficação foi feita em com material cha-

mado de drywall. Não há isolamento acústico. Durante as aulas, é possível ouvir os instrumentos de outra turma.

Problemas

O diretor Ayrton Pisco afirma que falta tudo na Escola, pois a Secretaria de Educação não tem estrutura para atender às demandas. “Imagina licitar uma harpa que custa 150 mil reais, as coisas aqui são caras. O custo do aluno da escola de música é quatro vezes maior do que o de uma escola pública comum. Queremos oferecer ensino de qualidade, ampliar vagas, mas, sem es-trutura, estamos fazendo milagre com o que temos. Tivemos uma procura de seis mil alunos este ano. Só entram mil por semestre”, relata.

Pisco ainda destaca que não dá para esperar as condições ideais. “Sempre fazemos do jeito que dá. Se não for as-sim, teremos que fechar”, reclama. O maestro sonha com uma filial da escola de música na Estrutural. “A escola tem que levar música e educação para quem precisa. Não podemos ficar confinados ao Plano. A população está sedenta de cultura e nós somos a torneira”, afirma. Pisco também tenta implantar música nos fins de semana, para que a escola, que é um espaço público cultural, seja mais bem aproveitada. “Estamos ten-tando implantar pequenos shows, cur-sos e espetáculos nos fins de semana, para atrair a comunidade e familiarizar o público com a música. Nossa escola é muito rica não pode ficar fechada”.Maestro Pisco luta para reestruturar a escola

Alunos podem utilizar a instrumentoteca

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Escola de arte

MARCUS LACERDA

Madalena Rodrigues considera--se uma compradora de arte bissexta. A obra de uma artista

que conheceu na internet chamou sua atenção para uma exposição numa ga-leria-café. Ludymilla Mendes é estu-dante de economia, trabalha no café do lugar e passou a interessar-se por arte depois desse emprego. Como os cami-nhos das duas se cruzaram?

Quando a artista plástica Thays Tyr lançou uma nova proposta na exposi-ção Geometrischen. Os quadros possuí-am dois preços, o valor real e um acres-cido para um “banco de arte”, que sub-sidiaria a compra de outros quadros por pessoas que não tivessem tanto di-nheiro. À medida que os quadros fos-sem comprados nessa nova modalida-de o preço dos remanescentes diminui-

Arte brasiliense transborda limitesria. Foi assim que Madalena pagou parte do quadro de Ludymilla. “Não sabia até hoje para onde havia ido o di-nheiro do meu subsídio”, observa Ma-dalena. “Foi muito legal participar des-sa experiência criativa e solidária”, diz

Ludymilla.A ideia surgiu de incômodos da ar-

tista. “As pessoas perguntam se meus quadros são caros. Muitas vezes elas se-quer vão a exposições porque não acham que aquilo seja para elas”, expli-

...na exposição de Thays Tyr, que manteve um “banco” para financiar...

Madalena Rodrigues pagou um pouco a mais pelo quadro...

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ca Thays. Hoje, graças às redes sociais, mais pessoas conhecem seu trabalho e o contato direto pelos seus perfis aca-bou por levá-la a abandonar o site pelo qual vendia as obras. “As pessoas gos-tam do seu trabalho e querem conhe-cer o seu ateliê”, conta.

Colocar preços em suas próprias obras é um problema para artistas. O galerista Fábio Almeida Prado diz que é comum artistas novos cobrarem va-lores praticamente irrisórios por suas obras, “Muitas vezes eles querem co-brar menos até que o custo que tiveram com material para a obra”, observa.

O galerista Bruno Bernardes é tam-bém impressor e pode ver o dilema do preço sob dois aspectos. “Se por um la-do você tem o preço de custo, há tam-bém o valor abstrato, formado por tempo do artista no mercado, trajetó-ria, lugares e pessoas com quem expôs”, explica.

Novos espaços e novas expressõesAs duas salas em subsolo da CLN

115 chamam atenção pela fachada. Um dia está de um jeito interessante, dias depois, de outro igualmente instigante. Alfinete, um espaço com dois ambien-tes, tem sido mais que um lugar para exposições. “Aqui é um lugar de convi-vência para passar um tempo e propi-ciar o esbarrão entre pessoas para tro-carem uma ideia”, explica Dalton Ca-

margos, o responsável. A cada nova atração, nova fachada é pintada.

As duas salas da Alfinete não se co-municam, o que permite que ao menos duas exposições sejam realizadas no lugar. Avesso a batismos, Dalton inspi-rou-se no ícone do GoogleMaps para batizar seu espaço. “As pessoas acham que é de alfinetada, para incomodar, ou então alfinete, porque a galeria é pe-quena. Cada dia alguém acha alguma coisa diferente”, conta.

Dedicada à arte contemporânea, a Alfinete expõe os mais diversos traba-lhos. O conceitual ganha espaço. Artis-tas têm oportunidade de mostrar expe-riências além do estético.

No desenvolvimento de conceitos e novas linguagens, artistas se obrigam a ser coerentes com a inspiração e a ideia que os apodera. Muitas vezes, o inte-resse comercial não acompanha este movimento. A artista Raquel Nava ex-põe há 10 anos e teve trabalhos mostra-dos na América Latina, Europa e Aus-trália. “Nos últimos três anos, consegui viver de arte vendendo o que faço”, conta Raquel.

Atualmente, a artista preferiu enve-redar por meios e mensagens menos comuns. Trabalhando a temática da morte, Raquel lança mão de material

de taxidermia, fotografia, instalação e outros suportes que vão além do usual. “É uma trajetória e tenho que seguir a minha tendência”, afirma Raquel.

MoMA e padariasFoi numa feira de artes no Rio de

Janeiro que a ideia surgiu: levar a arte produzida em Brasília para mais longe. Por que não os EUA? O MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York? Foi as-sim que surgiu o movimento #Quero-BSBnoMoMA, repercutido nas redes sociais. Os organizadores arrecadaram R$ 31 mil via crowdfunding.

Conseguido o capital e feitos os contatos, a mostra ocorreu no ano pas-sado e saiu no The New York Times e revistas nas Vice e Marie Claire. Outro projeto que está levando a arte brasi-liense para fora de estúdios e ateliês é o Arte Quentinha. Na iniciativa, quadros de artistas estampam sacos de pão. São trabalhos de 24 artistas escolhidos tan-to por voto popular quanto por cura-doria e convite dos idealizadores. Vota-ram 200 mil pessoas.

A votação gerou divulgação junto ao público. “O que a gente quer é trans-formar o contato com a arte num ato tão banal quanto comprar pão”, explica Henrique Rocha, um dos criadores da experiência. A divulgação começou com 16 padarias participando.

...que financiou o quadro de Ludymilla MendesDalton Camargos: espaço para experimentos

Raquel Nava opta pelo caminho conceitual

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Balacobaco

21 DE NOVEMBROMundo Racional - 40 anos do disco Tim Maia RacionalFesta com a banda Mundo Racional celebrando quatro décadas de uma obra-prima da música brasileira. No repertório, além dos sucessos do grande Síndico, outras pérolas de condôminos honrados como Jorge Ben Jor, João Bosco, Toni Tornado e Edu Lobo. Presença ainda do DJ Patife nas pick-ups. No Arena F.C (SCES trecho 03 lote 01), às 22h.

É o TchanA dupla antológica da música axé dos anos 90, Cumpadi Washington e Beto Jamaica, estão de volta. O furacão

baiano - sem Carla Perez - tocando no Centro Comunitário da UnB seus sucessos para as crianças que dançavam quando eles estavam na crista da onda. O evento ainda será palco de uma disputa de bambolê e a escolha das novas loira e morena do Tchan. Ingressos pelo link http://www.guicheweb.com.br/evento/2681.

22 DE NOVEMBROWorkshop de Newborn

Uma oficina de como se fotografar recém-nascidos (que aparentemente ganharam outro nome). Para profissionais ou para pais mais corujas. O curso ministrado por Deliana Braga acontecerá no SCS quadra 6, Ed. Carioca e custa R$ 790 (parceláveis em 3 vezes).

27 DE NOVEMBROÉ tudo nossoFesta nascida no interior de Goiás com proporções absurdas. A principal atração é o funkeiro carioca Mr Catra,

além de atração surpresa que será revelada no dia da festa. O palco da zoação vai ser o Estádio Nacional Mané Garrincha. Ingressos pelo site www.ingressorapido.com.br.

28 DE NOVEMBROParabattan - de irmãos para irmãoSeis DJs da cena brasiliense de música eletrônica sem unem em prol do parceiro DJ Battan, vítima de um acidente de carro em agosto. A renda da bilheteria do evento será revertida em contribuição para o tratamento do DJ. A festa será no Skina Hall (SIBS Qd. 3, Conj. A, Núcleo Bandeirante) e os ingressos custam R$ 15 (elas) e R$ 20 (eles).

Gerson King Combo

O padrinho da black music brasileira apresenta-se na cidade no Amsterdam Street (SCRN 211, Bloco D). Além dele, outra atração é o Almirante Shiva, banda brasiliense calcada na psicodelia o no rock sessentista. Ingressos antecipados no Balaio Café (SCRN 201, Bloco C).

Mamma Mia! sobre rodasMusical baseado em músicas do ABBA executado em patins pelo grupo de dança da academia Alta Rotação, da AABB. Ingresso à venda na academia e na BSB Musical (SCRN 712/713, Bloco D, lojas 42 e 48).

29 DE NOVEMBROPicnik Mini-festivalO evento de rua mais popular da cidade está de volta ao Parque Sarah Kubitschek. Arte, moda, gastronomia e o clima descontraído do evento

encontram a música do DJ canadense Mac de Marco. Das 13h às 23h no estacionamento 4 do Parque da Cidade.

Morrissey

O líder do The Smiths, banda inglesa que influenciou o rock oitentista, para na capital em sua turnê pela América do Sul. No repertório, músicas de sua carreira solo e os sucessos de sua antiga banda. No NET Live Brasília (SHTN Quadra 5), às 20h.

After MorrisseyFesta para os fãs do topete mais famoso do rock britânico depois do show do ídolo. A entrada custa R$ 15 e vai ser no La Ursa (SBN Qd 2, Bl. J lj. 5 a 8).

4 DE DEZEMBROMercado MundiCom uma programação intensa dedicada aos sabores do mundo e do Brasil, o Mercado Mundi contará com importadores fornecedores e produtores oferecendo o que há de melhor no ramo da alimentação. Com a participação de grandes chefs junto aos setores da indústria gastronômica, este evento será um momento único para descobrir as tendências e os novos conceitos em alimentação. Serão três dias de evento no IESB da Asa Sul (SGAS 613/614).

5 DE DEZEMBRODia Nacional do SambaO pessoal da ARUC celebra o mais brasileiro dos ritmos

Pé quenteCapa de nossa segunda edição o ator Juliano Cazarré ganhou novo prêmio. Foi no festival de Veneza com o filme "Boi Neon". Estrela desta edição, Camila Márdila também foi premiada no Sundance Festival dos Estados Unidos.

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com uma feijoada. Na Quadra da Aruc (Área Especial 08, Cruzeiro Velho) às 13h.

Diogo Nogueira, “Porta-voz da Alegria”

Jovem expressão do samba carioca, Diogo Nogueira está divulgando seu novo disco com um show alegre e vivo. O espetáculo vai ser na casa de shows Bamboa Brasil (Setor Hípico, Área Especial, Conjunto 22, Parte E). Ingressos no site https://www.bilheteriadigital.com.

6 DE DEZEMBRO

Samba das MeninasApós 2 eventos de sucesso e casa cheia, as ex integrantes do Grupo SaiaBamba se reunem mais uma vez para realizar a 3ª edição do projeto SAMBA DAS MENINAS com muita música boa e saudade dos velhos tempos. Quem comanda o som antes e depois do show é nossa querida amiga e DJ Paty Merenda. A entrada custa R$ 25 no Outro Calaf (SBS Quadra 2, bloco Q).

7 DE DEZEMBROLançamento do livro “Minha trilha sonora”O repórter Irlam Rocha Lima apresenta as memórias de suas quatro décadas como jornalista cultural. São 60 histórias que ocorreram com o

PALCO 117h – Alarmes18h – Almirante Shiva19h05 – Autoramas (RJ)21h15 – Alf + convidados22h45 – Os Paralamas do Sucesso0h50 – Dona Cislene2h30 – Raimundos

PALCO 217h30 – Nenhuma Ilha18h30 – Filhos de Mengele20h – Capital Inicial22h10 – Etno0h – Scalene1h25 – Plebe Rude

repórter do Correio Braziliense ao longo desses anos. No Clube do Choro, às 19h30.

10 DE DEZEMBROConcerto de GalaO coro sinfônico comunitário da UnB apresenta-se no auditório do Colégio Militar de Brasília às 20h em duas apresentações. No programa, a execução de “A criação”, de Joseph Haydn. A entrada é franca, com pedidos para doação de sacos de lixo de 100 litros para a creche Soldadinho de Chumbo.

11 DE DEZEMBROPalco Criolina

A festa Criolina é um patrimônio brasiliense já exportado para a Europa e outros cantos carentes desse

agito. Os DJs agora estão com uma proposta que é dar palco para a nova música que vem surgido fora das rádios. Nessa edição, Siba, Rios Voadores e Muntchako. Às 22h, no Arena F.C. (SCES trecho 3 lote 1).

Gal Costa “Estratosférica”

Acompanhada de músicos jovens, Gal Costa se reinventa no show de um disco novo em todos os aspectos. Apesar dos 50 anos de carreira, a cantora se reinventa em músicas que flertam com a nova música brasileira e até com o rock. Às 21h, no Centro de Convenções. Ingressos à venda no site www.ingressorapido.com.br.

12 DE DEZEMBRORealizeA tradicional festa dos calouros da Faculdade de Comunicação da UnB chega a sua 40ª edição recebendo Karol Conká, grande revelação do hip hop nacional. Os aniversariantes entre os dias 22/11 e 21/12 que juntarem 5 amigos para comprarem ingressos no stand da festa na entrada norte do ICC ganham uma cortesia. Se juntar 10 amigos, uma cortesia e uma garrafa de espumante. O local da festa é secreto e deve ser divulgado na página do evento no Facebook (procurar por “Realize Karol Conká”).

Porão do RockO festival mais tradicional de Brasília volta ao seu primeiro formato com apenas um dia de atrações. Apesar do tamanho menor, a variedade do Porão continua.

PALCO 318h – Dependência Pulmonar18h45 – Kankra19h30 – Regicídio20h15 – DFC

21h20 – Galinha Preta22h25 – Dark Avenger23h45 – Angra (SP)

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Brinquedos

DA REDAÇÃO

Para as crianças, brincar e jogar são modos de aprender e se de-senvolver. Não importa que não

saibam disso. Ao fazer essas atividades, elas vivem experiências fundamentais – isso é o que afirma o professor do Ins-tituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. “Daí por que se interessam em repeti-las e representá-las até cria-rem ou aceitarem regras que possibili-tem compartilhar com colegas e brin-car e jogar em espaços e tempos combi-nados”, explica.

O brinquedo é sempre o principal

acessório. Os primeiros brinquedos datam de 6.500 anos atrás, no Japão, quando as crianças brincavam com bolas de fibra de bambu. Há 3.000 anos se tem registro de piões feitos de argila e decorados, na Babilônia. No século XIII apareceram os soldadinhos de chumbo, porém só eram acessíveis às famílias nobres. Cinco séculos mais tarde, apareceram as caixas de música, criadas por relojoeiros suíços.

Já as tradicionais bonecas são muito antigas e místicas. Surgiram enquan-to figuras adoradas como deusas, há 40 mil anos, mas a primeira fábrica abriu apenas em 1413, na

Alemanha. Barbie, a boneca mais fa-mosa do mundo, foi criada em 1959, mas ainda hoje é das mais apetecíveis pelas crianças. O grande boom dos brinquedos aconteceu quando se des-cobriu o plástico. Mesmo assim, muitas famílias não podiam comprar brinque-dos para os filhos, como tal, utilizavam diversos tipos de materiais e construí-am os seus próprios brinquedos. No in-terior do país é comum crianças usa-rem espigas de milho como bonecas, bolas de meia como se fossem de fute-bol e os mais diversos produtos para brincar com o que têm na mão.

Brinquedo de guerraUm dos brinquedos que continuam

fazendo a alegria de crianças e adultos e ganha os céus azuis da capital no tempo de seca é a pipa. Acredita-se que a pri-meira pipa do mundo tenha surgido na China, 120 anos a.C., criada por um ge-neral chamado Han Hisin com o obje-tivo de medir a distância de um túnel a ser escavado no castelo imperial. Com o passar do tempo essas pipas foram utilizadas para fim militares e se torna-ram um arte popular.

No Japão, por volta do século XI, relatos indicam que as pipas eram em-pregadas pelos militares para levar mensagens secretas para os aliados. Nos países orientais, as pipas adquiri-

ram um forte significa-

O brincar de antes e o de agora

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do religioso e ritualístico, como atrati-vo de felicidade, sorte, nascimento, fertilidade e vitória. Exemplo disso são as pipas com pinturas de dragões, que atraem a prosperidade, ou uma tarta-ruga, que, explicam os japoneses, sig-nifica longa vida; e a coruja, represen-tando a sabedoria. No Brasil, estima-se que as pipas tenham chegado pelas mãos dos portugueses na época da co-lonização. Hoje, elas são conhecidas por diversos nomes, dependendo da região do país: arraia (Bahia), pipa (Rio de Janeiro), papagaio e pipa (São Paulo), pandorga (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), quadrado, ta-pioca, balde (Nordeste).

Rei da pipa

Aqui em Brasília temos as hábeis mãos de um rei. Ele se denomina assim por colocar talas de bambu e papéis de seda como súditos fiéis de seus desejos. O rei da pipa, como é conhecido o se-nhor Pedro Paulo Soares Assis, de 69 anos, mantém seu reinado intacto há mais de 40 anos nas ruas e nos céus da Ceilândia. O senhor falante e alegre nasceu nas favelas do Rio de Janeiro e hoje vive de pipa. Conseguiu comprar sua casa, formar seu filho e pagar um carro sempre vivendo das coloridas que enfeitam o céu. Depois que o pai mor-

reu, teve que ajudar a mãe a alimentar os oito irmãos. Já vendeu peixe, gram-po, balas e revistas em vagões de trem, picolés e calendários de bolso de casa em casa e trabalhou na fundação da Ponte Rio-Niterói — emprego que lhe custou a ponta de dois dedos da mão direita. Apaixonado por perseguir pi-pas e equilibrá-las no vento, o artesão, ao longo de todo esse tempo de muitas atividades diversificadas, nunca deixou de fazer pipas, para brincar e para ven-der. “A pipa é minha vida, minha histó-ria. Aprendi com minha tia, hoje as fa-ço de todo jeito. Aprendi a fazer disso um negócio e distribuir minha arte pe-lo mundo. Tenho pipa de fibra de car-bono, e faço algumas de até dois me-tros”, relata o rei.

Ele conta que em Ceilândia vende pipa o ano todo e que não existe idade para a brincadeira. “Tem muito adulto que compra pra soltar com o filho, mas se diverte mais que a criança”. De sua oficina saem modelos de todas as co-res, tamanhos e materiais. Tem a mais tradicional, de bambu e papel de seda, com preços que variam entre R$ 0,50 a R$ 3. É possível comprar o modelo de fibra de carbono e papel especial a R$ 5. O protótipo mais caro, vendido a R$ 100 era uma pipa amarela, de dois me-tros, confeccionada no material tecno-

lógico, com rabiola de cerca de seis metros, feita em tecido.

Todos os dias, o artesão acorda às 5h da manhã, faz o café e começa a produção, que chega a 300 pipas por dia. Leva cerca de três minutos para confeccionar os modelos mais simples. “Já fiz mais de 1 milhão de pipas”, con-tabiliza. As últimas que fiz foi para um evento da empresa Brookfield. “Muita gente compra como brinde, para enfei-tar festa, restaurante, ela é um brinque-do bem versátil”.

Tradição na torreO artesão Heraldo Rogério de An-

drade, 58 anos, faz brinquedos de ma-deira e em MDF. Seus produtos que fi-cam expostos na banca da torre são educativos e pedagógicos. Andrade se dedica à produção de brinquedos há dez anos. Faz carrinhos, trenzinho, ca-deirinha, pista de corrida, casinha de boneca, barcos, peão e tudo que a ima-ginação permitir. “Na infância nós fa-zíamos nossos brinquedos. Eu fazia carrinho, mané pelado e a gente mon-tava tudo. Nesse meu trabalho tento resgatar muito minhas raízes e esses brinquedos tradicionais. É algo que eu amo”, explica.

O senhor tranquilo e de voz calma aprendeu a moldar a madeira na Esco-la Parque da 508 Sul, nos antigos cur-sos de arte industrial. “Aprendi tudo que sei lá. Eu acho uma pena essas crianças pararem de brincar e desen-volver tato e criatividade com esses brinquedos tradicionais. Acredito que eles perdem as habilidades e a criativi-dade. Com uma pedra, um arame, qualquer coisa pode virar brinquedo; com tudo pronto, eles não têm como imaginar as possibilidades dos produ-tos que têm ao redor.

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academia

A ginástica que prepara o verãoDA REDAÇÃO

Faltam dois meses para o início do verão, mas as academias de gi-nástica já estão de olho na esta-

ção. E novas atividades físicas surgem para ajudar na missão de conquistar alunos e manter a animação para o pe-ríodo de calor.

Os amantes do tênis agora podem pensar que estão jogando na praia com o beach tennis. Na academia Clubecoat,

dá para fazer a modalidade em uma aula experimental. O sistema de pon-tuação é semelhante ao do tênis tradi-cional. Por ser uma atividade física completa e exigir esforço físico adicio-nal devido ao deslocamento na areia, o gasto energético médio durante um jo-go de Beach Tennis é alto. Estima- se que uma hora de prática consuma, em média, 600 calorias.

Os deslocamentos rápidos durante a disputa de um ponto ou a execução

de um golpe – que são movimentos de curta duração, alta intensidade e seme-lhantes àqueles realizados durante um treino de musculação – têm caracterís-ticas anaeróbias. Por outro lado, consi-derando a duração de um jogo, o Beach Tennis também é uma atividade física com características aeróbicas, assim como as corridas e caminhadas, que são atividades de baixa intensidade e longa duração.

O Beach Tennis, ou Tênis de Praia,

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movimentos específicos e direciona-dos. A segurança dos alunos é a base principal dessa atividade. Para inician-tes, é preciso apenas uma adaptação para aprender a se equilibrar e a se mo-vimentar.

SuperiogaPara entrar em forma e manter a si-

lhueta fininha, a academia Bodytech lança a modalidade superioga. O instru-tor e criador do método, Paulo Junquei-ra, explica que a proposta da nova mo-dalidade é trazer ainda mais consciência ao exercício para as pessoas que buscam um estilo mais dinâmico de exercício. “No Superioga, para obtermos uma per-feita execução do movimento, o aluno precisa se concentrar, principalmente porque o ritmo do movimento se dá pe-lo ritmo da respiração”, explica. Ele des-taca que a aula eleva a frequência cardí-aca a um nível aeróbico com picos no anaeróbico, o que promove o emagreci-mento e a elevação do nível de condicio-namento físico.

é um esporte que surgiu na província de Ravenna, na Itália, em 1997. O es-porte mistura o tênis tradicional e o vô-lei de praia e conta com mais de 500 mil praticantes espalhados pelo mundo e diversos torneios internacionais. No Brasil, é razoavelmente antigo. Era o es-porte da praia no Rio. Começou cha-mado de frescobol. Depois evoluiu e se transformou em algo mais elegante. O gerente da Clubecoat, Marcos Moraes, explica que a alternância de exercícios aeróbios e anaeróbios é o modelo mais indicado para promover adaptações no corpo e no metabolismo, e que isso me-lhora a saúde física de maneira mais rá-pida. “O jogo exige constantes mudan-ças de direção e improvisos de golpes e posicionamento; o Beach Tennis auxi-lia no desenvolvimento de habilidades físicas como: força, resistência, veloci-dade, agilidade, equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora”, explica.

Integração entre turmasSe faltar motivação, a academia

também criou um projeto de tardes à

beira da piscina para reforçar a integra-ção dos alunos, garante Marcos Mora-es, gerente da academia. “Isso estimula quem detesta malhar sozinho”, garante.

Fast trainingA aula de fast training da Academia

Unique pega carona na onda dos exer-cícios de curta duração e alta intensida-de. Em apenas meia hora, o aluno forta-lece glúteos, pernas, tronco e ombros, em um treino rápido, que utiliza vários aparelhos e a esteira. Os exercícios são usados para exercitar a capacidade car-diorrespiratória e para fortalecer a mus-culatura. A aula é curtinha, mas bastan-te puxada e intensa, exige demais do corpo – por isso chega a queimar, em média, de 700 a 800 calorias para ho-mem e 600 para mulher. “Infelizmente os homens gastam mais calorias, o me-tabolismo deles é mais acelerado”, co-menta a professora Fernanda Veloso. A aula de 30 minutos é realizada no horá-rio do almoço e atrai muitos empresá-rios e funcionários que escapam da ho-ra do intervalo para malhar. “É uma au-la que prepara para o verão e não gasta muito tempo, pois fadiga a musculatura e tem resultado rápido, com exercícios, aeróbicos e anaeróbicos”, explica.

O empresário Fernando Vidal aproveita o horário do almoço para treinar e manter a forma. Além da nova aula de fast training, corre durante os fins de semana e pratica tennis. “Traba-lho 10 horas por dia, minha agenda é apertada, mas sempre tento achar tem-po para me exercitar”, comenta.

SlacklineO objetivo da aula da Unique é se

equilibrar em cima de uma fita de nylon flexível. A aula extremamente desafiadora onde os alunos são orien-tados a desenvolverem as habilidades motoras do equilíbrio, da concentração e da consciência corporal executando

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Beachtenis ganha espaço no verão

Fernando Vidal aproveita a hora de almoço para treinar

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Grávidas

MICHELLE HOROVITS

Luiza Diener tem 30 anos e voca-ção para ser mãe. Após ter seu primeiro filho, o Benjamim, aos

25 anos, teve certeza que o segundo nasceria em casa, com um parto huma-nizado. Por essa razão, começou a pes-quisar sobre parto humanizado antes mesmo de engravidar de Constança.

A Sansa nasceu em 2013, no aparta-mento do casal. Na equipe, uma enfer-meira obstetra e uma parteira, além do total apoio do marido. Durante a gravi-dez, Luiza fez todo o acompanhamento que a mulher gestante deve ter, com um obstetra e um pré-natal rigoroso. Além disso, por ter optado pelo parto em ca-sa, fazia visitas regulares à parteira, que também oferece todo o apoio psicológi-co para a família antes do parto. “Gostei muito da experiência”.

Para Luiza, escolher cada detalhe do parto afastou muitas ansiedades e me-dos. “Sabia como seria, pois planejei tu-do e tive a liberdade de escolher cada detalhe”. Foi doloroso, mas muito tran-quilo”. Ela planeja mais um filho para o próximo ano.

“Foi uma experiência que facilitou

Normal, cesárea ou em casa?meu pós-parto, pois me deu mais segu-rança e esse fator emocional é impor-tante. Mesmo com tudo planejado e preparado, eu acho importante tam-bém ter um obstetra de sobreaviso, pa-ra um plano B, caso seja preciso.”

Nara Codo é chef de cozinha e pla-nejou o parto em casa, mas nem tudo saiu como o planejado. “Depois de mui-to tempo de trabalho de parto, o médi-co percebeu que ele não estava na posi-ção correta para nascer de parto natural e foi preciso fazer uma cesariana”, relata Codo. A mãe do saudável Raí, que hoje tem dois anos, tinha um plano B.

Parto idealPara a psicóloga Flávia Bússolo, a fu-

tura mãe idealiza como será o parto e muitas vezes a ocorrência do evento de forma totalmente diferente pode até acarretar uma depressão pós-parto. “Como profissional da psicologia, não acredito que exista um parto ideal. Acredito que a mulher tem o melhor parto quando segue um plano, faz um pré-natal que a oriente, até para lidar melhor com as possíveis intercorrências e mudanças de plano, pois isso minimi-za a chance de depressão pós-parto.”

Ela ainda ressalta que é realmente mais fácil para os médicos a cesariana e que os casos de abusos e agressões obs-tétricas ocorrem tanto na rede pública quanto na privada. “O trabalho da psi-cóloga nesse momento é o de passar se-gurança e amenizar ansiedades. E tam-bém ajudar a superar a possibilidade de não conseguir realizar um parto nor-mal”, conta.

Medo da dorO Brasil é o país recordista desse ti-

po de parto no mundo, com 52% feitos por cesarianas, enquanto o índice reco-mendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 15%. Na rede pri-vada, o índice sobe para 83%, chegan-do a mais de 90% em algumas materni-dades. A intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra.

De acordo com o estudo Nascer Bra-sil realizado pela Fiocruz, o medo da dor é um dos principais fatores para as futu-ras mães optarem pela cesariana. Cerca de 33% mulheres que já tiveram filhos aproveitam o procedimento para fazer a laqueadura das trompas. Mas a coorde-nadora do estudo, Maria do Carmo

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e posição verticalizada na hora de pa-rir. Juntos, esses procedimentos tor-nam o parto mais confortável e menos doloroso.

Para a Federação Brasileira das As-sociações das Associações de Gineco-logia e Obstetrícia, embora os partos hospitalares sejam mais seguros, em respeito aos direitos reprodutivos e ao princípio bioético da autonomia, a Ins-tituição defende que a escolha de onde e com quem parir é das mulheres.

No entanto a Federação alerta so-bre a importância de as mães serem in-formadas sobre os riscos e benefícios, baseados em evidência científica dos diversos tipos de partos e de onde o fi-lho vai nascer. Segundo o presidente da Federação, Etelvino de Souza, “é preci-so saber que, embora o risco absoluto seja baixo, o parto domiciliar está asso-ciado com o aumento de duas vezes de morte neonatal quando comparado ao parto hospitalar”.

“É importante, também, ser infor-mada que a opção do parto domiciliar é restrita às mulheres com gravidez de baixo risco e sem nenhum fator compli-cador para o parto vaginal. Além de ga-rantir que sejam asseguradas disponibi-lidade e acesso rápido a uma materni-dade com equipe médica completa em caso de complicações”, diz o médico.

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Leal, destaca que a cesárea é uma cirur-gia com riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Como muitos desses par-tos são realizados antes das 39 semanas recomendadas, muitas crianças nascem com problemas respiratórios ou preci-sam de cuidados na UTI.

Além de ser a causa de mais da me-tade das mortes de crianças no país, a prematuridade pode trazer uma série de riscos para o bebê, especialmente doenças respiratórias e dificuldade de mamar. Eles também deixam de se be-neficiar do contato com hormônios que são liberados apenas em certos es-tágios do trabalho de parto.

No Brasil, 11,7% dos bebês nasce-ram prematuros em 2010, segundo pesquisa da Unicef feita em conjunto com o governo federal. O índice, que coloca o Brasil na décima posição entre os países com maior prematuridade, é mais alto nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste – justamente as que têm mais cesarianas, o que pode indicar uma relação entre as duas situações.

Entre os fatores que levaram ao au-mento da realização de cesarianas es-tão a comodidade para pacientes e, principalmente, médicos, que podem marcar previamente os horários de nascimentos. A cesárea também possi-bilita aos hospitais programar anteci-

padamente a disponibilidade de leitos. E como a maioria dos partos é marcada com antecedência, muitas instituições não têm mais equipes de plantonistas para atender mulheres que optam pelo parto natural.

ModelosMuitas gestantes, mesmo com plano

de saúde, têm procurado o Sistema Úni-co de Saúde (SUS) para garantir o parto normal. No período de 2008 a 2012, 96.223 mulheres que possuem convênio médico realizaram o procedimento na rede pública. Segundo o estudo, esse fe-nômeno tem acontecido em virtude da dificuldade das gestantes em encontrar médicos na rede suplementar dispostos a realizar um parto normal.

A pesquisa também aponta que modelos de atenção ao parto e nasci-mento, que têm enfermeiras obstétri-cas e obstetrizes como líderes e res-ponsáveis primários pela realização de partos normais, aumentam as chances de partos espontâneos e diminuem as intervenções desnecessárias, sem com-prometer a saúde das mulheres e dos bebês. Este modelo de parto inclui as chamadas boas práticas obstétricas, como métodos não farmacológicos para alívio da dor, estímulo à movi-mentação, liberdade para se alimentar

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Medicina

A pílula rosa não parece ser tão rosa assim

REGINALDO ALBUQUERQUE

Médico endocrinologista, ex-professor da UnB (1967-1981), especialização na Universidade de Londres (1975-1979). Consultório na 915 Sul, Edificio Advance sala 37, telefone 8116.1210 e-mail: [email protected]

PAINEL - A revista de Brasília26

Sugerida como o viagra femini-no, a pílula rosa foi aprovada re-centemente pela Agência de

Controle de Medicamentos Americana (FDA). Estava em discussão há longo tempo e começará a ser vendida breve-mente. O medicamento estimula a libi-do das mulheres a longo prazo e não tem efeito imediato.

A base química é a flibanserina, uma substância desenvolvida para tra-tamentos de depressão. Durante os pri-meiros estudos clínicos, as mulheres

do grupo relataram um aumento do desejo sexual. O medicamento tem efeitos colaterais importantes, tais co-mo: desmaio, sonolência, pressão baixa e enjoos, além de interagir negativa-mente com o álcool.

Os grupos de emancipação femini-na fizeram uma grande pressão pela sua aprovação e disseram que havia um preconceito de gênero. “Porque não podemos ter um medicamento seme-lhante dos homens, como o viagra ?

É preciso lembrar que o Viagra atua

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PAINEL - A revista de Brasília 27PAINEL - A revista de Brasília 27

Como surgiuDesenvolvida originalmente como medi-camento para depressão, a flibanserina foi rejeitada pela FDA por ter mostrado pouca eficácia em testes clínicos. Mas um efeito colateral inusitado foi notado durante a fase de pesquisa: as mulheres que tomaram a droga começaram a ter experiências sexuais mais satisfatórias.

O que éAuxilia na cura do distúrbio do desejo sexual hipoativo (HSDD, na sigla em in-glês), de acordo com a Sprout Pharma-ceuticals. O distúrbio afetaria o córtex pré-frontal, responsável por tarefas do dia a dia, e as portadoras teriam proble-mas em deixá-lo mais inativo. Ou seja: lembrando o aniversário do afilhado, o relatório que precisa ser entregue ama-nhã e a consulta com o dentista, a mu-lher teria mais dificuldade em sentir pra-zer – o chamado circuito de recompensa do cérebro – e motivação sexual. Com a correta dose de neurotransmissores no cérebro, a usuária da droga ficaria mais aberta ao momento sexual e menos pre-ocupada com questões cotidianas.

O que não éNão é uma droga que, como o Viagra, “resolve” a questão imediatamente. O Viagra ajuda a aumentar o fluxo de san-gue em direção ao pênis, suprindo uma função biológica, enquanto a flibanseri-

na age, reequilibrando os neurotransmis-sores da parte frontal do cérebro.

O que fazDe acordo com Stephen Stahl, professor de psiquiatria da Universidade da Califór-nia associado com a Sprout Pharmaceuti-cals, a flibanserina trabalha corrigindo o desequilíbrio nos neurotransmissores ce-rebrais, aumentando a secreção de dopa-mina (que aumenta a excitação e o desejo sexual) e noradrenalina (que estimula a excitação e o orgasmo) e diminuindo a de serotonina (que, em excesso, inibe dese-jo e excitação e dificulta o orgasmo).

Funciona imediatamente?Ao contrário do Viagra, que é ingerido pe-los homens apenas quando se está pre-vendo uma relação sexual e funciona em poucas horas, a flibanserina deve ser to-mada diariamente. Os efeitos podem ser percebidos depois de quatro semanas de tratamento. De acordo com o laboratório, não há uma duração padrão do tratamen-to; ela deve ser definida pelo médico de referência.Desenvolvida originalmente como medi-camento para depressão, a flibanserina foi rejeitada pela FDA por ter mostrado pouca eficácia em testes clínicos. Mas um efeito colateral inusitado foi notado duran-te a fase de pesquisa: as mulheres que tomaram a droga começaram a ter expe-riên cias sexuais mais satisfatórias.

Tire suas dúvidas sobre o medicamentona ereção, permitindo o enchimento dos corpos cavernosos do pênis e não no cérebro, como a flibanserina.

AntidepressivoO comprimido, que era pesquisado

originalmente como um antidepressi-vo, age dosando o nível de alguns ele-mentos químicos no cérebro, como a serotonina e a dopamina.

Três testes clínicos com a flibanseri-na foram consistentes em resultados. As mulheres que participaram do estu-do tinham uma média de dois a três “eventos sexuais satisfatórios” por mês no início do estudo. Quando começa-ram a tomar a droga, o número de rela-tos desse tipo aumentou, mas apenas em um a mais por mês, comparando--se com o grupo de mulheres que to-mou um placebo.

Repercussões no BrasilConhecer a si mesma, aceitar o pró-

prio corpo e cuidar da autoestima in-fluenciam muito mais na libido e no prazer com sexo do que tomar uma pí-lula mágica. A opinião é das colunistas da  Folha Mariliz Pereira Jorge e Tati Bernardi, que debateram com a repór-ter especial Claudia Collucci a polêmi-ca em torno do “viagra” para mulheres.

Na transmissão ao vivo da TV Folha, o trio falou sobre a polêmica da droga, que tem muitos efeitos colaterais e, para surtir efeito (que não é garantido), preci-sa ser tomada por longo período.

Claudia ressaltou ainda que o com-primido não pode ser tomado na me-nopausa, justamente quando se sofre com a redução do desejo. “Meio orgas-mo por mês, podendo desmaiar, não podendo beber, sem tomar pílula?”, lis-

ta Mariliz. “Prefiro meia dose de uís-que”, brincou.

Tati disse que chamou sua atenção o fato de mulheres comemorando, em reportagens na TV, dizendo que “che-gou a nossa vez”. “Questões mais im-portantes, como a mulher conhecer seu corpo, se masturbar, ficam fora da pauta, ninguém fala sobre isso”, diz Claudia.

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Gatos

MARCUS LACERDA

Eles já nascem pobres, porém já nascem livres, inclusive da obri-gação do vestibular. Os gatos de

rua encontraram no campus da Uni-versidade de Brasília um ambiente propício para se estabelecerem. Pas-sam a maioria do tempo escondidos enquanto alunos, funcionários e professores vão e vêm ao longo do dia. Ao cair da noite, aparecem geralmente no ICC Sul e atrás da Prefeitura do Campus, próxima à Colina, onde os professores moram.

De acordo com o prefeito da uni-versidade, Marco Aurélio de Oliveira, os gatos em si não são um problema. “O problema são as pulgas que eles tra-zem”, explica o professor. De acordo com o engenheiro responsável pela Co-ordenadoria de Segurança do Trabalho da UnB, Thiago Mello, as pulgas po-dem permanecer por até dois anos em um cômodo. “Os gatos dormem nos forros das salas e acabam infestando os ambientes com pulgas”, aponta Thiago.

A medida tomada pela administra-ção do campus é conscientizar alunos e

Campus de gato

funcionários a não alimentarem os bi-chos. “A oferta de comida é o principal fator que propicia o aumento da popu-lação de gatos na UnB”, diz o prefeito. Segundo ele, a UnB sempre teve esse problema com a proliferação dos bi-chanos, mas apenas de 2013 para cá que isso tornou-se incômodo. A prefei-tura já acionou a Zoonoses três vezes este ano. “Nós não queremos tomar es-te tipo de atitude”, comenta o prefeito ciente da provável execução dos gatos.

O professor Evandro Perotto, do Desenho Industrial, tem acompanha-do a questão dos gatos com dedicação especial. Ele recolhe os animais, enca-minha-os para adoção e os esteriliza. Mais de 150 gatos já foram castrados em sua iniciativa. Segundo ele, um dos grandes fatores que aumentam a popu-lação de gatos na UnB é o abandono de animais na região do campus. “O as-pecto comunitário da universidade dá liberdade para as pessoas deixarem os gatos aqui”, explica o professor, que já se deparou com ninhadas inteiras abandonadas em caixas.

Segundo Evandro, os gatos mais novos e sociáveis são mais fáceis de se-

rem adotados. Aqueles que crescem já abandonados são ariscos e ferais. Mes-mos estes também são passíveis de cui-dados. “O que fazemos é esterelizá-los e devolvê-los ao ambiente em que fo-ram encontrados”, diz o professor.

Direitos animaisA bióloga Simone Lima, diretora

do grupo ProAnima, lista que os pre-ceitos de captura, esterilização e reco-locação são os do padrão internacional de cuidado com os animais. A castra-ção possui um papel elementar que vai além de conter a reprodução. “As fême-as não entram mais no cio e com isso não chamam outros machos para os grupos. E se o macho é castrado, ele não entra em um grupo para disputar uma fêmea”, explica a ativista. Nesse passo, a colônia declina naturalmente.

De acordo ainda com Simone Li-ma, a medida de proibir que se dê co-mida a animais abandonados constitui crueldade e vai contra a legislação bra-sileira vigente. “Pune-se as pessoas que oferecem comidas, mas quem são os responsáveis pelos contêineres de lixos abertos?”, aponta a bióloga, atentando para a higiene e transmissão de doen-ças aos animais. O grupo ProAnima estima que 30 mil animais vivam nas ruas do DF.

Do ponto de vista jurídico, um dos grandes avanços é o conceito do animal comunitário no lugar do animal de rua. Nesta perspectiva, a comunidade é res-ponsável pelo bicho e aciona os órgãos de cuidado aos animais quando é ne-cessária atenção a eles. De acordo com a diretora da ProAnima, cidades como Washington DC e Havana já trabalham com essa noção. “Trata-se de não cri-minalizar os animais por eles terem si-do abandonados”, considera a ativista.

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Professor Evandro e esposa já castraram mais de 150 gatos da UnB

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Brasil

ARMANDO S. ROLLEMBERG

Jornalista, ex-presidente da Fenaj, fundador do PT, da CUT e do bloco carnavalesco Pacotão. Aposentado, cria cabras e fabrica queijos

Travessia complicada

Vou direto ao ponto: para desanu-viar o ambiente político e criar as condições para a superação

da gravíssima crise em que nos encon-tramos, a melhor solução, a essa altura do campeonato, seria uma tríplice re-núncia. Isso mesmo. Para o bem do pa-ís e felicidade geral da Nação, Dilma Rousseff, Renan Calheiros e Eduardo Cunha deveriam renunciar aos postos de comando que hoje ocupam.

Digo isso levando em consideração não somente os aspectos político, eco-nômico e ético, que vergonhosamente marcam a atual encruzilhada brasileira, (já diante do súbito agravamento da si-tuação provocado pelo rebaixamento do Brasil pela agência de avaliação de risco Standart & Poor’s), mas também por estar convicto de que novas podri-dões, tão ou mais graves que as já es-cancaradas pela operação Lava-Jato, emergirão das novas fases das investi-gações coordenadas pelo juiz Sérgio Moro e pelo ministro Teori Zavaski.

Com a renúncia dos três, estaria aberto o caminho para o vice Michel Temer alinhavar um amplo pacto nacio-

nal que abrangesse as diversas correntes com assento nas duas Casas do Con-gresso, envolvesse as chamadas “forças produtivas” e aglutinasse, rapidamente, o apoio decisivo de significativa maioria da sociedade. Não que Temer seja meu modelo de político (longe disso!), mas por considerá-lo uma espécie de “mal menor”, na atual conjuntura.

NegociaçãoMediante a articulação desse pacto

emergencial, duas condicionantes bási-cas para o deslinde da crise – a credibi-lidade e a governabilidade – estariam recuperadas. Muitos ainda consideram difícil – ou mesmo improvável – que o acima prescrito venha a acontecer. Mas, convenhamos, a degringolada ge-ral parece irreversível. A tríplice renún-cia, então, pode surgir como solução para refrear a queda: seria um passo de-cisivo, uma verdadeira guinada, quem sabe com força suficiente para evitar a situação de caos, desordem e sofrimen-to que rapidamente se avizinha.

Mas faço aqui uma ressalva: para essa delicada costura acontecer sem maiores traumas, um compromisso, essencial, te-ria que ser previamente consensuado, constituindo-se numa espé cie de alicerce para esse acordo: a garantia de que as conquistas sociais dos últimos anos não sofreriam qualquer retrocesso (refiro--me a Bolsa Família, Pronatec, Fies, Ci-ência Sem Fron teiras, ProUni etc).

Numa segunda etapa, mas sem per-da de tempo, arrostando e superando inevitáveis reações dos setores privile-giados, o Congresso Nacional, embala-do – e acuado – pelo clamor da indig-nação cívica que domina o país, deveria (muito além da tal “Agenda Brasil” oportunisticamente sugerida por Re-nan), viabilizar, ainda durante a atual

Legislatura, a aprovação de um conjun-to de reformas, entre as quais destaco:• uma reforma nas regras da Previdên-

cia que garantisse o equilíbrio atua-rial do sistema para os próximos cem anos;

• uma reforma tributária baseada no princípio da justiça social, onerando de forma progressiva os mais ricos, em benefício dos assalariados e des-possuídos;

• uma reforma política, que reduzisse drasticamente o custo das campanhas eleitorais e limitasse a ação do poder econômico nos pleitos, favorecendo o debate de ideias e programas;

• uma reforma administrativa que trouxesse maior eficiência à máquina pública, privilegiasse o mérito pela competência e impedisse o mero aparelhismo;

• uma reforma no nosso modelo fede-rativo, de forma a recuperar a capaci-dade de investimento dos municípios e dos Estados, reduzindo o desmesu-rado poder hoje exercido pela União;

Além disso tudo, nosso parlamento deveria debater e aprovar políticas que, ao longo do tempo, emprestassem ne-cessária qualidade ao sistema educa-cional brasileiro, do ensino básico ao superior, estimulando, por essa via, o desenvolvimento da Ciência, da Tec-nologia e do Empreendedorismo.

Seguindo esse roteiro, transforma-ríamos o limão dessa crise numa sabo-rosa limonada, para orgulho da Nação.

Não custa nada sonhar. Se pensarmos e agirmos juntos,

pressionando nossos representantes, tudo isso pode deixar de soar como utopia ou mero devaneio, transfor-mando-se em concreta realidade.

Tomara.

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As cigarras de Brasília são pe-renes e sempre aparecem na mesma época do ano. No en-tanto, algumas espécies da América do Norte surgem em ciclos de números primos. “Esta é uma estratégia de so-brevivência na qual os preda-dores não têm como prever quando elas vão aparecer”, explica o professor.

As cigarras não fazem mal di-retamente ao ser humano. Em São Paulo, elas são conside-radas pragas em cafezais e afetam colheitas. “Não se sa-be se elas podem chegar a um número que possa danifi-car seriamente uma árvore”, pontua o biólogo. Àqueles que não gostam do zumbido da ci-garra, uma má notícia: “A úni-ca solução para se livrar de ci-garras é muito drástica e não vale a pena: cimentar tudo e impedir que elas saiam do chão”, prevê o biólogo.

Cigarras

O zumbido nosso de cada quadra

Quando as primeiras gotas chegam amenizando a seca, um alarme soa por toda a cidade. As cigarras começam a cantar e inundam o ar e os ouvidos com um barulho que chega a 50 decibéis, intensidade equivalente à de uma conversa-

ção próxima.O professor Paulo César Motta, do Departamento de Zoologia da UnB, é um

pesquisador de artrópodes e publicou um estudo sobre as cigarras do Plano Piloto em 2003. De acordo com suas estimativas, a população desses insetos na capital po-de chegar a mais de um milhão de zumbidores. “Contamos as árvores de algumas quadras e chegamos a este valor multiplicando pela média de indivíduos que acha-mos em cada planta”, explica o biólogo que identificou oito espécies diferentes de cigarras em Brasília.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, as cigarras não chegam a Brasília. Cigar-ras não migram. Elas saem de baixo da terra, onde pas-sam boa parte de seu ciclo de vida, que gira entre cinco e nove anos. Neste período, ela é uma pupa. Enterradas, as pupas alimentam-se da seiva ascendente das árvores. “Es-sa seiva é composta em mais de 90% de água. Uma hipóte-se para ela passar tanto tem-po na fase jovem é a escas-sez de nutrientes desse ali-mento”, pontua o professor Paulo Motta.

As pupas de cigarras usam patas dianteiras fortes para cavar seu caminho até o solo e depois subir por alguma superfície vertical, onde ela rompe a casca. O animal adulto é alado, apresenta órgão sexual e perde as patas potentes, que aca-bam servindo de agarre para as crianças, que fazem a carapa-ça da cigarra de broche.

É quando está nessa fase de mudança que a cigarra fica vulnerável. Este inse-to serve de alimento para diversos ani-mais entre pássaros, lagartos e até as trabalhadoras formigas, que atacam em bando as futuras cantoras. Cada espécie possui um canto diferente, em função das diferenças do formato de cada um dos tipos. “Se você treinar, pode identificar a espécie de uma”, conta o professor.

Uma vez adultas, as cigarras passam a ter sexo definido e os machos passam a cantar. Esse é o chamado de acasalamento geralmente feito em coro. “Dificilmente um macho isolado é capaz de atrair uma fêmea”, conta o cientista Paulo Motta. O som é produzido por um músculo na junção da última pata da cigarra, que bate no abdômen. A cavidade oca do inseto res-soa a batida rápida e transforma o batuque em canto enquanto o barulho varia com a respiração do bicho.

Quando estão voando, mui-tas vezes as cigarras adultas esguicham um líquido que cai sobre as pessoas. “Aquele líquido não é urina”, explica o professor. Segundo ele, trata-se de um excesso de seiva que o animal elimi-na sem passar pelo aparelho excretor.

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Page 31: Revista painel 4

PAINEL - A revista de Brasília 31

Política local

RENATO RIELLA

Jornalista e consultor de marketing empresarial e político.

Agefis não pode ser a-demo

A Agefis é uma agência de fiscalização, mas exerce mal a sua função, pois ocupações irregulares proliferam em áreas residenciais, comerciais e rurais do DF. Há quem chame esse órgão de Agência de Demolições (A-demo).

A gerente-geral da Agefis é Bruna Pinheiro. Ela atua com grande agressi-vidade, refugiada atrás de tratores. Lastreada em normas urbanas e em deci-sões judiciais, a Agefis é aplaudida e apedrejada em Vicente Pires, Ceilândia, Lago Sul e outros pontos do DF, onde as TVs obtêm imagens chocantes para seus noticiários.

O desafio do governo Rollemberg é apresentar à sociedade um plano de fiscalização efetivo, que impeça choques com a sociedade. Hoje, se alguém constatar uma invasão (seja onde for), liga para quem? Mobiliza qual órgão do governo? O DF precisa de uma verdadeira Agefis.

• No Governo do DF, são 24 secretarias. Há quase nada a cortar ou fundir. Uma possível reforma administrativa vai gerar resul-tados inexpressivos.

• Ruim, no GDF, é o nome de algumas secretarias, como “Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural”, “Economia e Desenvolvimento Sustentável”, “Gestão Administrativa e Desburocratização”, “Gestão do Território e Habitação”, “Infraestru-tura e Serviços Públicos” e “Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude”.

• Entrevista de Everardo Maciel no Correio Braziliense exprime o que se pensa na cidade: falta uma auditoria nas contas do DF. Fala-se em crise, em déficit, em buraco deixado pela gestão Agnelo, mas os números não batem. Qual é a verdade do orça-mento?

• Existe precipitada discussão sobre a eleição de governador, com quase dez candidatos já em campanha. Parece masoquis-mo, diante do quadro crítico das finanças no DF.

• Nas especulações, surge um novo nome para disputar o Buriti: Renato Rainha. O atual presidente do Tribunal de Contas do DF era candidato ao GDF em 2002, mas de forma surpreendente aceitou ser conselheiro do TCDF. Será que larga o cargo agora para se candidatar?

• O PSDB nomeou para presidente do partido no DF o deputado federal Izalci Lucas. Com isso, quatro grupos se afastam do partido, liderados por Raimundo Ribeiro, Maria Abadia, Luiz Pitiman e Márcio Machado. Izalci tentará recuperá-los até 2018.

• Nos últimos meses de 2015, o processo da Caixa de Pandora deve se movimentar no Tribunal de Justiça do DF. Uns e outros voltarão a ser notícia – péssima notícia.

• Já há movimento para a escolha do presidente da Câmara Legislativa no biênio 2017/2018. A deputada Celina Leão não pode se reeleger e o colega do mesmo partido (PDT), Joe Valle, surge como possível nome. Quem mais vai concorrer?

• As contas do GDF são nebulosas e preocupantes. Desde já, há preocupação com o pagamento do 13º salário. Pode ser o drama do fim do ano.

• Com tantos problemas, o governador Rodrigo Rollemberg engatou um “piloto automático” e vai levando. Creio que as coisas estão melhores do que ele esperava – pelo menos, ele demonstra isso no rosto quando vai às ruas.

TUDO

Nomeados - Hélio Prates da Silveira (1969-1974); Elmo Serejo Farias (1974-1979); Aimé Lamaison (1979-1982); José Or-nellas (1982-1985); Ronaldo Costa Couto (1985); José Aparecido de Oliveira (1985-1988); Joaquim Roriz (1988-1990); Wan-derley Vallim (1990-1991).Eleitos - Joaquim Roriz (1991-1994); Cristovam Buarque (1995-1998); Joaquim Roriz (1999-2006); Maria de Lourdes Abadia (2006); José Roberto Arruda (2007-2010); Paulo Octávio (2010); Wilson Lima (2010 – Interino); Rogério Rosso (2010 – eleito pela CLDF); Agnelo Queiroz (2011-2014); Rodrigo Rollemberg (2015...)

Governadores do DF

Page 32: Revista painel 4

PAINEL - A revista de Brasília32

Automóveis

Quando se fala em carros espor-tivos, geralmente se pensa num modelo baixo, com teto

conversível, linhas claramente aerodi-nâmicas, para duas pessoas, normal-mente com apenas duas portas. Mas, entre as principais marcas alemãs, suas respectivas divisões esportivas tratam de “apimentar” a linha com versões segmentadas, como se criassem uma grife dentro da própria casa. É o caso

Um SUV apimentadodos modelos S da Audi, segundo a fá-brica, “desenvolvidos para quem quer desfrutar ao máximo a esportividade evocada pela marca”.

E o SQ5, a versão “fortificada” do utilitário esportivo Q5 – o utilitário es-portivo/SUV intermediário da marca – está entre esses modelos especiais que não passam despercebidos pelo trânsito. Se não bastasse a imponência do tamanho do carro, chamam atenção os detalhes que compõem o pacote, co-mo as rodas com aro de 20 polegadas e as quatro saídas de escapamentos divi-didas em duas ponteiras duplas nas la-terais, detalhes que reforçam o aspecto agressivo do modelo.

Mas é com o movimento do pé di-reito que o motorista vai sentir a gran-de diferença. Apesar de mais de 4,5m de tamanho, quase 1,7m de altura e exatos 1.905kg de peso total, o acelera-dor despeja toda a saúde do motor tur-bo que pode levar o “carrão” a mais de

250km/h (sai de fábrica com velocida-de limitada eletronicamente), tudo à base de muito luxo, conforto e acaba-mento de primeira.

Como se não bastasse, ainda fazem parte do pacote detalhes como o gran-de teto solar panorâmico e o sistema de som da dinamarquesa Bang & Olufsen, equipamento capaz de reproduzir uma das mais perfeitas qualidades de som. Oferecido com quatros opções de cor, a versão avaliada é Azul Sepang, que por si só já desperta curiosidade. Para colocar uma joia como o Audi SQ5 na garagem é preciso desembolsar R$ 334.000,00.

Ficha técnicaMotor: 3.0 Turbo FSI, V6, 354cv de potênciaTração: Integral QuattroTransmissão: Tiptronic 8 velocidadesAceleração de 0 a 100km/h: 55,3sVelocidade máxima: 250km/h (limitada eletronicamente)

Audi SQ5

SAULO MORENO

Jornalista

Page 33: Revista painel 4

PAINEL - A revista de Brasília 33

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Picape com opção de preçoQue as picapes deixaram há muito

tempo de ser somente carro de traba-lho, isso todo mundo já sabe! Mas, passar a ter versões combinando op-ções de acabamento, motor, câmbio e tração, entre outros, foi a alternativa dos fabricantes para atender à crescen-te demanda de mercado pelo segmen-to, que se tornou um símbolo de sta-tus, segurança, esportividade, con-quista, poder etc.

A Toyota Hylux é um dos modelos com o maior nível de reputação. Para começar, carrega o alto grau de confia-bilidade da marca e, por conta disso, tem também um dos melhores valores de revenda. Aí, antes tradicionalmente equipada com motor diesel, passou a ser oferecida na opção Flex, combina-ção que, apesar de bem mais barata, mantém a imponência da categoria e, dependendo da aplicação, acaba pro-porcionando um uso mais racional.

A versão avaliada era uma SRV au-tomática, com tração 4 X 2. Em uso na cidade, é um carro imponente e até

Ficha técnicaMotor: VVT-i 2.7, 16V, 163cv de potência. Tração: 4X2, com diferencial traseiro com deslizamento limitado. Transmissão: automática de 4 velocidades. Suspensão: dianteira independente, com braços duplos triangulares, molas helicoidais e barra estabilizadora; traseira com eixo rígido e molas semielípticas de duplo estágio. Freios: dianteiros a discos ventilados com ABS, traseiros a tambor com LSPV (válvula proporcionadora sensível à carga) e ABS.

Toyota Hylux Flex

confortável, quando não está passando por pisos irregulares. Por se tratar de uma picape, com chassis e suspensão mais rígida, acaba “pulando” muito com as imperfeições do asfalto. Em re-lação ao consumo, é também de se es-perar: chega a fazer em torno de 7km/l, mas exige um pouco de controle no acelerador. Preço: R$ 105.900,00.

Já não bastam mais belas máqui-nas no show room pra chamar atenção do mer-cado. É preciso também promo-ver eventos exclu-sivos que atraiam não só possíveis clientes, como

um público seleto. Foi assim que a Eurobike, concessionária BMW em Brasília, apresentou o novo X6M, um belo modelo ex-clusivo capaz de chegar aos 280km/h. Equipado com motor V8 4.4 com 575 cavalos de potência, faz de 0 a 100km/h em 4,2s. Preço: R$ 529.950,00 não mais caro que outro destaque no sa-lão, o esportivo híbrido i8, que custa R$ 799.950,00. A propósi-to, o projeto Contempo Party, realizado em Sidney, Cingapura e Nova York, é um evento que reúne alta gastronomia e artes, com a apresentação e realização de pinturas, esculturas, per-formances e apresentação musical.

HarleyBMW Contempo PartyMarca a cada dia com mais seguidores no Brasil, a tradicional Harley-Davidson come-mora em 2015 os 50 anos de uma das mais importantes motocicletas de sua linha, a Elec-tra Glide. Pioneira no segmento Grand Touring, continua inspirando o lançamento de modelos em todo o mundo. Como principais característi-cas, privilegia a praticidade e o conforto em viagens de longa distância. Entre tantas evoluções, foi aprimorada pelo Projeto

RUSHMORE, que diminuiu turbulência em 20 por cen-to, melhorou o conforto com a criação de assentos

maiores e encosto mais al-to, e ganhou sistema de

navegação por satélite, além de software de

reconhecimento de voz, que permite controlar o som e o GPS usando a fala. Preço: R$ 89.120,00.

Page 34: Revista painel 4

PAINEL - A revista de Brasília34

Crônica

Só faltou combinar

LOURENÇO CAZARRÉ

Jornalista e escritor, autor de A fabulosa morte do professor de português e de Quem matou o professor de matemática?

PAINEL - A revista de Brasília34

- Te parece, elemento, que ela segurou a inflação o máximo que pôde só pra ver ela explodir depois da eleição?

- De jeito nenhum!- Pra fechar, eu te pergunto: tu, aboba-

do da enchente, por acaso imaginou que ela mandou os velhinhos do INSS se endividarem até o topete só porque queria ver o circo pegar fogo?

- Longe de mim!- Tu já te sentou?- Sentei. Numa cadeira da cozinha.- Pois te alevanta e vai pro sofá da sala

que a coisa que eu vou te dizer é mais dura que moirão de cerca.

Corri para a sala.- Anota na tua cardenetinha: a mulher

só fez essas estripulias todas porque tinha certeza absoluta de que ia per-der a eleição.

- Como assim, tio?- Tu acha, remelento, que ela ia fazer

todas aquelas loucuras se achasse que tinha uma chance, mesmo que mínima, de se reeleger?

- Pensando bem...- A verdade é que ela estava certíssima

de que perderia e teria de entregar o governo praquele guri que ela cha-mava, com nojo, de “candidato”.

- O...- Esse mesmo! Ela queria deixar uma

herança mais do que maldita pra ele. Sabia que em poucos meses de go-verno a popularidade do guri estaria voando mais baixo do que marreca choca.

- Mas onde falhou a estratégia dela, tio?

- Faltou – como diz o povo que gosta dessa bobagem chamada futebol – combinar com os eleitores.

Dias trás remeti para Canguçu (antiga Rincão do Tamanduá) uma maçaroca de revistas se-

manais e páginas políticas de grandes jornais, endereçada a meu tio Eleutério Guajuvira, marqueteiro político na-quela comarca gaúcha, para que ele me desvendasse os mistérios por trás de atual crise.

Conhecedor profundo dos mean-dros da política – afinal, já elegeu doze vereadores e três prefeitos –, ontem, ele me telefonou:- Tu tá sentado, guri?- Não.- Então te abanca que eu vou te fazer

uma revelação-bomba.- Diga lá, tio.- Tu pensa, nulidade – reconheço que o

tratamento que ele me dispensa às vezes é meio áspero –, que a nossa presidenta não bate bem da cachola?

- Longe disso!- Então, pra tu entendê bem a coisa, eu

vou usar o método socrático: per-gunta e resposta.

- Ótimo!- Me diz sinceramente, indivíduo, tu

acha que a mulher torrou 50 bilhões de reais em gasolina subsidiada só porque é mais esquentada que frigi-deira sem cabo?

- Nunca!- Tu acredita que ela abaixou a conta de

luz em 30 por cento só pra deixar a conta subir dez vezes mais depois por-que queria se prejudicar no futuro?

- Não!- Tu imaginou que ela deu aquela di-

nheirama pras montadoras só pra entupir as ruas de autos vagabundos?

- Jamais!

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