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Praia de Imbetiba - MacaéNorte-Fluminense - RJFoto: Raimundo Bandeira de Mello

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Claudio MendonçaDiretor Executivo da Fundação Cide (interino)

Revista de Economia Fluminense tem a missão de disseminarinformações resultantes de estudos, pesquisas, análises e reflexões,tendo sempre em vista contribuir para o desenvolvimento econômicoe social do Estado do Rio de Janeiro.

Publicada desde 2004, a revista vem se consolidando, com o apoiode seus colaboradores, como instrumento necessário à articulaçãoentre instituições governamentais, entidades do setor privado, uni-versidades e institutos de pesquisas interessados no conhecimentosistemático do nosso Estado.

Nesta sétima edição, destacam-se: o quadro econômico da nossaregião metropolitana; a importância da produção do etanol para oEstado do Rio de Janeiro; os investimentos no Norte e Noroestefluminenses, além de outros relevantes artigos, para que governantes,empresários, pesquisadores e estudantes conheçam a posição de nossoscolaboradores sobre temas importantes da economia fluminense e,dessa forma, mantenham-se atualizados nos debates que hojemovimentam os principais setores econômicos do Estado.

A preocupação com o êxito do Programa de Aceleração doCrescimento (PAC), no Rio de Janeiro, transparece em diversos artigos,com ênfase em setores estratégicos que receberão vultosos inves-timentos de efeito multiplicador. Empreendimentos que beneficiarãotoda a população e, simultaneamente, promoverão o desenvolvimentoeconômico, contribuindo para a realização do desejo da sociedadefluminense de viver em melhores condições e ter elevada a suaqualidade de vida.

Finalmente, agradecemos o apoio financeiro da Faperj, que viabilizouesta edição e a anterior, e esperamos continuar a oferecer uma pu-blicação de qualidade, com regularidade definida.

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A Revista de Economia Fluminense é um espaço de divulgação de informações e

análises sobre a realidade econômica e social do Estado do Rio de Janeiro.

Palácio Guanabara - Prédio Anexo,Rua Pinheiro Machado, s/nºLaranjeiras, 22231-901Rio de Janeiro, RJTel.: (21) 2299-5362Fax: (21) 2552-4283e-mail: [email protected]: http://www.cide.rj.gov.br

i n f o r m a ç ã o ,i n f o r m a ç ã o ,i n f o r m a ç ã o ,i n f o r m a ç ã o ,i n f o r m a ç ã o ,a c h a v e d e s u a d e c i s ã oa c h a v e d e s u a d e c i s ã oa c h a v e d e s u a d e c i s ã oa c h a v e d e s u a d e c i s ã oa c h a v e d e s u a d e c i s ã o

Apoio

As opiniões expressas nesta revista são deexclusiva responsabilidade dos autores.

Governo do Estado doRio de JaneiroGovernador: Sérgio Cabral

Secretaria de Estado dePlanejamento e Gestão -SEPLAGSecretário: Sérgio Ruy BarbosaGuerra Martins

Fundação CideFundação CideFundação CideFundação CideFundação CideCentro de Informaçõese Dados do Rio de Janeiro

Diretor Executivo (interino)Claudio Mendonça

Diretoria TécnicaMárcia Borja

Diretoria AdministrativaRonaldo Padilha

Conselho EditorialRenata La Rovere, SérgioBesserman, Waldir Peres eFloriano Peixoto

Coordenação TécnicaSeráfita Azeredo Ávila

RealizaçãoCobad - Coordenadoria de Basede Dados da Fundação Cide

Equipe TécnicaAna Cristina Andrade, Armando deSouza Filho, Carlos Quijada, Nadirde Almeida Nogueira e SeráfitaAzeredo Ávila

Jornalista ResponsávelFranklin Campos

RevisãoRoseane Luz

Projeto GráficoSandra Fioretti

DiagramaçãoGilvan Francisco da Silva

Apoio EditorialAna Maria Fiorani, Berta Ribeiro,Martha Helena Domingos Nunes eSandra Maria Borges de Freitas

Foto CapaRaimundo Bandeira de Mello

Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro.

Revista de Economia Fluminense. Rio de Janeiro:

Fundação CIDE, 2004- .

1. Rio de Janeiro (Estado) – Condições econômicas.

2. Rio de Janeiro (Estado) – Condições sociais. I. Funda-

ção CIDE. II. Título.

- 330.98153

FUNDAÇÃO CIDEFUNDAÇÃO CIDEFUNDAÇÃO CIDEFUNDAÇÃO CIDEFUNDAÇÃO CIDECentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de Janeiro

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Indicadores EconômicosIndustriais,de Índices de Preços,do Comércio,de Transporte e deComunicações,de Finanças Públicas edo Nível de EmpregoFormal - 2001/2007

Indicadores deIndicadores deIndicadores deIndicadores deIndicadores deDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoSustentável, paraSustentável, paraSustentável, paraSustentável, paraSustentável, paragestão ambiental degestão ambiental degestão ambiental degestão ambiental degestão ambiental derecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosNeise Ribeiro

EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

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18A escolha entreA escolha entreA escolha entreA escolha entreA escolha entrecustos econômicos ecustos econômicos ecustos econômicos ecustos econômicos ecustos econômicos ecustos ambientaiscustos ambientaiscustos ambientaiscustos ambientaiscustos ambientaisNelson Chalfun

DesconcentraçãoDesconcentraçãoDesconcentraçãoDesconcentraçãoDesconcentraçãoeconômica noeconômica noeconômica noeconômica noeconômica noEstado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deJaneiro:Janeiro:Janeiro:Janeiro:Janeiro: a força daa força daa força daa força daa força daeconomia do petróleoeconomia do petróleoeconomia do petróleoeconomia do petróleoeconomia do petróleoe suase suase suase suase suas deseconomiasdeseconomiasdeseconomiasdeseconomiasdeseconomiasde aglomeraçãode aglomeraçãode aglomeraçãode aglomeraçãode aglomeração

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O Estado do Rio deO Estado do Rio deO Estado do Rio deO Estado do Rio deO Estado do Rio deJaneiro, no contextoJaneiro, no contextoJaneiro, no contextoJaneiro, no contextoJaneiro, no contextode valorização nacio-de valorização nacio-de valorização nacio-de valorização nacio-de valorização nacio-nal e internacionalnal e internacionalnal e internacionalnal e internacionalnal e internacionaldo etanoldo etanoldo etanoldo etanoldo etanol

Estado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deEstado do Rio deJaneiro:Janeiro:Janeiro:Janeiro:Janeiro: trajetória etrajetória etrajetória etrajetória etrajetória eperspectivasperspectivasperspectivasperspectivasperspectivasMauro Osório da Silva

Conservação daConservação daConservação daConservação daConservação dabiodiversidade dabiodiversidade dabiodiversidade dabiodiversidade dabiodiversidade daMata AMata AMata AMata AMata Atlântica,tlântica,tlântica,tlântica,tlântica,no Estado dono Estado dono Estado dono Estado dono Estado doRio de Janeiro:Rio de Janeiro:Rio de Janeiro:Rio de Janeiro:Rio de Janeiro:condições atuais econdições atuais econdições atuais econdições atuais econdições atuais epropostas depropostas depropostas depropostas depropostas deestratégias e açõesestratégias e açõesestratégias e açõesestratégias e açõesestratégias e açõesMarta Bebianno Costa,Marcos Antonio Santos,Rachel Saldanha de Alencar,Antonio Carlos R. Cozzolino,Carlos Frederico D. Rocha,Helena G. Bergallo, MariaAlice S. Alves, Monique VanSluys, Mariella C. Uzêda,Elaine C. Fidalgo, Thomaz C. eCastro da Costa

Norte e NoroesteNorte e NoroesteNorte e NoroesteNorte e NoroesteNorte e Noroestefluminenses:fluminenses:fluminenses:fluminenses:fluminenses:grandes intervenções,grandes intervenções,grandes intervenções,grandes intervenções,grandes intervenções,fortes impactosfortes impactosfortes impactosfortes impactosfortes impactos

André Felipe Simões eDaniel Oberling

Fundação Cide:Fundação Cide:Fundação Cide:Fundação Cide:Fundação Cide:iniciativa pioneirainiciativa pioneirainiciativa pioneirainiciativa pioneirainiciativa pioneirana capacitação dena capacitação dena capacitação dena capacitação dena capacitação deservidoresservidoresservidoresservidoresservidores

56René Louis de Carvalho

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Armando de Souza Filho eCarlos I. C. Quijada

Romeu e Silva Neto,Jayme Freitas Barral Neto,William Souza Passos eRobson Santos Dias

Sum

ário

José Luis Viannada Cruz22

Estimativa prelimi-Estimativa prelimi-Estimativa prelimi-Estimativa prelimi-Estimativa prelimi-nar da Fundaçãonar da Fundaçãonar da Fundaçãonar da Fundaçãonar da FundaçãoCide indica que oCide indica que oCide indica que oCide indica que oCide indica que oPIBPIBPIBPIBPIB do Estado do do Estado do do Estado do do Estado do do Estado doRio de Janeiro teveRio de Janeiro teveRio de Janeiro teveRio de Janeiro teveRio de Janeiro tevecrescimento decrescimento decrescimento decrescimento decrescimento de3,3%, em 20073,3%, em 20073,3%, em 20073,3%, em 20073,3%, em 2007

Ana Cristina Andrade,Armando de Souza Filho eSeráfita Azeredo Ávila

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objetivo deste trabalho é apresentar a primeira etapa sobre Indicadoresde Desenvolvimento Sustentável (IDS) para municípios do Estado do Riode Janeiro. Como selecionar IDS aplicados à gestão ambiental de recursoshídricos, adaptando um marco conceitual reconhecido em metodologia

internacional e nacional. Pode servir de referência para a construção de IDS para os92 municípios do Estado.

Sua abrangência, nesta fase, inclui municípios de um dos pólos de desenvol-vimento do Estado, por ser, historicamente, uma região bem estudada e com infor-mações estatísticas, com suas implicações ambientais, econômicas, institucionais esociais. Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra-menta para tomadas de decisão na esfera municipal, orientando tanto o governocomo os empreendedores no seu planejamento.

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Neise Ribeiro*

Indicadores de DesenvolvimentoIndicadores de DesenvolvimentoIndicadores de DesenvolvimentoIndicadores de DesenvolvimentoIndicadores de DesenvolvimentoSustentável, para gestão ambientalSustentável, para gestão ambientalSustentável, para gestão ambientalSustentável, para gestão ambientalSustentável, para gestão ambiental

de recursos hídricosde recursos hídricosde recursos hídricosde recursos hídricosde recursos hídricos

Rio Paraíba do Sul,Campos dos

Goytacazes – RJ

Foto:Raimundo Bandeira

de Mello

* Engenheira Química e Ambiental. M. Sc. em Engenharia

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oFonte: RIBEIRO, 2005

IntroduçãoO conceito de desenvolvimento

sustentável, reconhecido internacional-mente e apresentado no relatório finalda Comissão Mundial Independentesobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento em 1987, recebeu o título Nos-so Futuro Comum: “um modelo dedesenvolvimento que permite às ge-rações presentes satisfazer as suas ne-cessidades sem que, com isso, po-nham em risco a possibilidade de asgerações futuras virem a satisfazer assuas próprias necessidades”. A partirde 1992, com a realização da Confe-rência das Nações Unidas para o MeioAmbiente e Desenvolvimento(Cnumad) no Rio de Janeiro, o pro-cesso de discussão sobre as questõesambientais e o desenvolvimento seaprofundou com a divulgação, em âm-bito internacional, do conceito de “de-senvolvimento sustentável”.

A Agenda 211 , um dos docu-mentos produzidos na Conferência,se traduz numa resposta à convoca-ção da Organização das Nações Uni-das (ONU) para que todos os paísespassassem a elaborar estratégias napromoção do desenvolvimento sus-tentável, com o objetivo de interrom-per e reverter os efeitos da degrada-ção ambiental. A proteção dos recur-sos hídricos, de oceanos, mares eáreas costeiras é destaque na Agenda21, principalmente em dois de seuscapítulos: 17 e 18. O capítulo 17 tra-ta da proteção dos oceanos e mares- incluindo os mares mediterrâneo esemimediterrâneo -, das áreas cos-teiras, além do desenvolvimento euso racional dos recursos vivos. Jáo capítulo 18 tem por objetivo a pro-

teção e o suprimento das fontes deágua potável.

Em seu capítulo 8, a Agenda 21 re-comenda a integração entre meio am-biente e desenvolvimento no âmbito daspolíticas, planejamento e gestão, bemcomo a utilização eficaz de instrumen-tos legais, econômicos, incentivos demercado e outros, além do estabeleci-mento de sistemas de contabilidadeambiental e econômica integrada. Ade-mais, aconselha que os países desen-volvam sistemas de acompanhamentoe avaliação do progresso em direçãoao desenvolvimento sustentável, pormeio da adoção de indicadores quemeçam as mudanças em todo espec-tro econômico, social e ambiental. Ocapítulo 40 aponta a necessidade de secriar Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável que venham fornecer ba-ses sólidas que auxiliem no processode tomadas de decisão em todos osníveis. Este capítulo afirma ser precisoelaborar IDS que contribuam para umasustentabilidade controlada de todos ossistemas integrados de meio ambientee desenvolvimento. Recomenda aospaíses, no âmbito nacional, e às organi-zações governamentais e não-governa-mentais, no âmbito internacional, quedesenvolvam o conceito de desenvol-vimento sustentável, a fim de identificaresses indicadores. (Agenda 21, 2001).

As iniciativas e projetos, com o in-tuito de definir Indicadores de Desen-volvimento Sustentável, estão sendoelaborados por organizações de for-ma abrangente e para distintas finalida-des de gestão, em âmbito de desen-volvimento local, regional e nacional.Os Indicadores de DesenvolvimentoSustentável são, presentemente, nãoapenas necessários, mas indispensáveispara fundamentar as tomadas de deci-são nas mais diversas esferas do go-verno e nas mais diversas áreas (RI-BEIRO, 2004).

Os indicadores condensam umaquantidade de dados bastante significa-tivos, em um conjunto central de ob-servações que permitem informar nos-sas decisões e a direção de nossasações (figura 1).

Aplicação na gestão ambientaldos recursos hídricos

A partir da segunda metade do sé-culo XX, a água, recurso natural não-renovável, tendo em vista o aumentoda densidade demográfica e o desen-volvimento econômico, teve seu usoe consumo aumentados qualitativa equantitativamente. Isto, coloca tambémem risco o abastecimento futuro, devi-do às atividades hoje desenvolvidas pelapopulação mundial. A pressãoprovocada pela demanda hídrica, pormúltiplos usos e usuários, originou

1 Documento produzido na Cnumad,convocando a harmonização dos esfor-ços no desenvolvimento dos indicado-res a nível nacional, regional e global,incluindo a incorporação de relatóriospúblicos e bases de dados atualizadas edisponíveis.

Figura 1 – Fluxograma: aplicação de indicadores

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o conflitos demandando ações para dis-ciplinar e otimizar o uso deste recursonatural imprescindível à vida na Terra.

O Brasil é um país reconhecido porsua dimensão física, que atinge núme-ros expressivos sob os mais variadoscritérios de análise. Com uma área deaproximadamente 8,5 milhões de qui-lômetros quadrados, ocupa a quintaposição mundial em termos de tama-nho, representando 47,7% do terri-tório sul-americano. Além da dimen-são, outras características marcantessão a diversidade de paisagens e a ri-queza em recursos naturais, o que in-clui significativa parcela das reservashídricas do planeta, com privilegiadaposição no mundo inteiro. A respon-sabilidade brasileira – do governo e dasociedade – com a conservação e pre-servação do meio ambiente torna-seobrigatória, a fim de garantir a qualida-de e quantidade dos recursos hídricosdo país e o seu múltiplo uso, assegu-rando às gerações presentes e futuraseste recurso natural não-renovável.

São instrumentos de gestão osmeios legais, as políticas nacionais, queapresentam diretrizes incorporandoprincípios, normas e padrões de ges-tão que, na maioria das vezes, são uni-versalmente aceitos e praticados emoutras partes do mundo. As políticasnacionais permitem que governo esociedade trabalhem juntos, dentro deuma mesma disciplina.

Em 8 de janeiro de 1997 é pro-mulgada a Lei nº 9.433, que institui aPolítica Nacional dos Recursos Hídricos(PNRH) e cria o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos(SNGRH). Trata-se de um dispositivolegal que representa o pilar central doarcabouço jurídico da gestão das águasno país, sendo a PNRH a resposta aosanseios da sociedade em ver solucio-nada a grave situação de poluição daságuas e de escassez deste recurso emnosso território. Este modelo brasilei-

ro de gestão de recursos hídricos apóia-se no modelo adotado pela França - epor outros países que a seguiram -,pioneira na aplicação da cobrança pelouso da água e na gestão participativa eintegrada dos recursos hídricos porbacia hidrográfica.

As ações de gestão do aproveita-mento da água tornaram-se prementesnão só pela necessidade da ação regula-dora do poder público, como tambémpela participação de segmentos sociaise da iniciativa privada. A gestão de recur-sos hídricos necessita do acompanha-mento de seus instrumentos de ges-tão, para que se tenha conhecimentode que as metas estão sendo atingidas ecomo instrumento de informação paraos usuários em geral.

Indicadores deDesenvolvimentoSustentável (IDS)

Um conceito de indicador de ple-na compreensão e aceitação geral ain-da não foi estabelecido. As discussõescontinuam a ocorrer e diversos auto-res e instituições definem indicadoresde diferentes formas. Em resumo, um

indicador pode ser conceituado comouma variável, um parâmetro, uma me-dida, uma estatística; para uma medi-ção, um valor, um instrumento demedição, um índice, um subíndice, umainformação. Gallopin (2003) conceituaque, em sentido mais amplo, um indi-cador é um sinal.

A aplicação de indicadores, em âm-bito nacional e internacional, é motivode discussão entre os especialistas. Asdiferenças entre os países – tamanho,nível de industrialização, cultura e mes-mo a heterogeneidade interna, princi-palmente de países continentais comoo Brasil – são importantes e represen-tam sérias restrições ao uso dos mes-mos indicadores, em âmbito nacionale internacional.

O monitoramento e a avaliação doprogresso em alcançar metas de políti-cas públicas podem ser efetuados porindicadores. Por exemplo, os indica-dores ambientais, quando utilizadosdentro de um marco organizador deindicadores para avaliar o desenvolvi-mento sustentável de países, são capa-zes de sinalizar o uso sustentável domeio ambiente e a gestão dos recur-sos naturais. Fornecem informaçõesválidas sobre a situação (status) dessesrecursos naturais, a taxa e a direção damudança, as questões prioritárias e aorientação para formular a revisão depolíticas públicas.

A utilização de indicadores é funda-mental para avaliar as ações na gestãoambiental de recursos hídricos e nocontrole da qualidade da água, servin-do de apoio e instrumento de gestãopara melhor se deliberar nos proces-sos de tomada de decisão, em distin-tos âmbitos decisórios. Os indicado-res podem ser aplicados em todos osníveis, desde decisões nacionais e in-ternacionais, até as locais e regionais.Cada etapa necessita de indicadoresespecíficos. Porém, seria oportunodestacar que, como outras ferramen-

A utilização deindicadores é funda-mental para avaliaras ações na gestãoambiental de recur-sos hídricos e nocontrole da qualida-de da água, servindode apoio e instru-mento de gestãopara melhor sedeliberar nos proces-sos de tomada dedecisão, em distintosâmbitos decisórios.

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otas de decisão, têm limitações que de-vem ser conhecidas e incluídas nas de-finições de uso dos indicadores.

MetodologiaO trabalho de construir Indicado-

res de Desenvolvimento Sustentávelfaz parte de um movimento internaci-onal liderado pela Comissão para oDesenvolvimento Sustentável (CDS),da Organização das Nações Unidas(ONU), que reuniu governos nacio-

nais, instituições acadêmicas, organiza-ções não-governamentais, organiza-ções do próprio sistema da ONU eespecialistas de todo o mundo. Estemovimento tem por objetivo concreti-zar as disposições dos capítulos 8 e 40da Agenda 21. Em 1996, a CDS publi-cou o documento “Indicadores deDesenvolvimento Sustentável: marcoe metodologias” (Indicadores dedesarrollo sostenible: marco ymetodologias), conhecido como o Li-vro Azul, em que apresenta um con-junto de 134 indicadores, posterior-mente reduzidos para 57, no ano2000. Este documento é o consensoentre diversas instituições e tem comometa aprimorar um conjunto de indi-cadores que possam ajudar no melhorentendimento das várias dimensões dodesenvolvimento sustentável e nascomplexas interações que ocorrementre essas dimensões. É o ponto departida e uma ferramenta flexível para

orientar os países que queiram desen-volver seus programas nacionais utili-zando indicadores, a fim de medir oprogresso em direção ao desenvolvi-mento sustentável.

A metodologia criada pela CDS eadotada por diversos países, para al-cançar o sucesso em suas metas dedesenvolvimento sustentável, conside-ra fundamental a contribuição de qua-tro esferas: institucional, social, econô-mica e ambiental (figura 2).

Marco conceitualA utilidade dos indicadores au-

menta significativamente, se organi-zados na forma de um marcoconceitual coerente, não apenascomo relação ou lista de elementos.O marco conceitual deve arranjar osIndicadores de DesenvolvimentoSustentável de forma integrada ousistêmica. (Gallopín, In: Ministério dela Salud y Medio Ambiente, 2005).Esta etapa é importante na seleçãode indicadores, pois não há um mar-co conceitual que possa ser aplica-do, igualmente, a todas as necessi-dades e que atenda a todos os inte-resses; o marco conceitual deve sersempre desenvolvido para cada casode elaboração de indicadores.

O marco conceitual, apresentadona tabela 1, está fundamentado na ori-entação da ONU, em âmbito interna-cional; e do IBGE, em sua elaboraçãodos Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável para o Brasil (IBGE, 2002e 2004). A dimensão ambientaldimensão ambientaldimensão ambientaldimensão ambientaldimensão ambientaldesses indicadores diz respeito ao usodos recursos naturais e à degradaçãoambiental, estando relacionada aosobjetivos de preservação e conserva-ção do meio ambiente, objetivos estesconsiderados fundamentais ao benefí-cio das gerações futuras (IBGE, 2004).A dimensão econômicadimensão econômicadimensão econômicadimensão econômicadimensão econômica trata dodesempenho macroeconômico e fi-nanceiro, assim como dos impactosno consumo de recursos materiais euso de energia primária (IBGE, 2004).A dimensão socialdimensão socialdimensão socialdimensão socialdimensão social corresponde,especialmente, aos objetivos ligados àsatisfação das necessidades humanas,melhoria da qualidade de vida e justiçasocial (IBGE, 2004). A dimensãodimensãodimensãodimensãodimensãoinstitucionalinstitucionalinstitucionalinstitucionalinstitucional diz respeito à orienta-ção política, capacidade e esforçodespendido para as mudançasrequeridas, tendo em vista uma efetivaimplementação do desenvolvimentosustentável. Deve-se mencionar queesta dimensão aborda temas de difícilmedição e carece de mais estudos parao seu aprimoramento (IBGE, 2004).

A elaboração dos Indicadores deDesenvolvimento Sustentável podeutilizar as bases de dados disponibiliza-das pela Companhia Estadual de Águase Esgotos (Cedae), Fundação Centrode Informações e Dados do Estadodo Rio de Janeiro (Cide), FundaçãoInstituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), Fundação Estadual deEngenharia de Meio Ambiente(Feema), Fundação Instituto Estadualde Florestas (IEF), Fundo Estadual deControle Ambiental (Fecam) e Fun-dação Superintendência Estadual deRios e Lagoas (Serla).

Os indicadores estão organizadosem fichas técnicas (item 4) que con-têm a descrição, sua justificativa, vín-culos com o capítulo da Agenda 21 eindicadores relacionados, acompanha-dos de tabelas e gráficos. Estas fichas

Figura 2 - As dimensões ambiental, social, econômica einstitucional dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

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são fundamentadas nas folhas demetodologia do “Livro Azul” da Orga-nização das Nações Unidas (ONU,1998), nas fichas técnicas desenvol-vidas pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE, 2002 e2004) e na folha de metodologia ela-borada para este trabalho (tabela 2).

A figura 3 ilustra, de formaesquemática, o processo de elabora-ção de indicadores.

A folha de metodologia é elabora-da para atender à construção dos In-dicadores de Desenvolvimento Sus-tentável, em âmbito local (tabela 2).Seu preenchimento tem diferentes

graus de simplicidade e está relaciona-do, principalmente, com a disponibili-dade das bases de dados. A ficha téc-nica é a folha de metodologia, já pre-enchida. A falta de preenchimento dealgum item desta ficha demonstra adificuldade de informação sobre umindicador selecionado.

Tabela 1 - Marco conceitual por dimensão e tema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

Tema

Água potável

Atmosfera

Saneamento

Biodiversidade

Dimensão ambiental

Dimensão econômica

Subtema

• Quantidade de água

• Qualidade da água

• Qualidade do ar

• Resíduos sólidos urbanos

• Ecossistema

• Extração anual deáguas subterrâneas e desuperfície

• Concentração depoluentes do ar em cen-tros urbanos

• Área protegida comoporcentual da área total

• Qualidade de águasinteriores

• Qualidade do ar emcentros urbanos

• Destinação final dolixo

• Áreas protegidas

• Consumo faturado deágua• Qualidade da águaem corpos d’água.• Qualidade da água deabastecimento

• Qualidade do ar emcentros urbanos

• Produção de resíduossólidos urbanos

• Áreas protegidas

Estruturaeconômica

Padrão de consu-mo e produção

• Desempenho econômico

• Uso de energia

• Produto InternoBruto (PIB)

• Consumo de energiaanual per capita

• Produto InternoBruto (PIB) per capita

• Consumo de energiaper capita

• Produto InternoBruto (PIB)

• Consumo de energiaelétrica, por classe deconsumidores

Dimensão social

População

Saúde

• Mudanças populacionais

• Fornecimento de saúde

• Taxa de crescimentoda população

• Imunização contradoenças infecciosasinfantis

• Taxa de crescimentoda população

• Imunização contradoenças infecciosasinfantis

• Taxa média geométricade crescimento anual

• Doses aplicadas deimunos contra doençasinfecciosas infantis

Dimensão institucional

Marcoinstitucional

Capacidadeinstitucional

• Implantação de estraté-gia de desenvolvimentosustentável

Infra-estrutura de comuni-cação

• Estratégia Nacional deDesenvolvimento Sus-tentável

•Linhas telefônicasprincipais

• Existência de Conse-lhos Municipais de MeioAmbiente

• Acesso a serviços detelefonia

• Existência de Secreta-ria Municipal de MeioAmbiente.• Existência deConselho Municipal deMeio Ambiente

• Terminais telefônicosinstalados e telefonespúblicos

ONU IBGE

Internacional NacionalLocal

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Fonte: RIBEIRO, 2005

1 .1 .1 .1 .1 . D i m e n s ã oD i m e n s ã oD i m e n s ã oD i m e n s ã oD i m e n s ã o Social Ambiental Econômica Institucional

2 .2 .2 .2 .2 . TTTTTe m ae m ae m ae m ae m aTitulo do tema identificado

3 .3 .3 .3 .3 . S u b t e m aS u b t e m aS u b t e m aS u b t e m aS u b t e m aTitulo do subtema identificado

4 .4 .4 .4 .4 . Nome do indicadorNome do indicadorNome do indicadorNome do indicadorNome do indicadorTitulo resumido do indicador

5 .5 .5 .5 .5 . T i poT ipoT ipoT ipoT ipoPosição em relação ao modelo PER

Pressão Estado Resposta

6 .6 .6 .6 .6 . Af inidade com o conceito de desenvolvimento sustentávelAf inidade com o conceito de desenvolvimento sustentávelAf inidade com o conceito de desenvolvimento sustentávelAf inidade com o conceito de desenvolvimento sustentávelAf inidade com o conceito de desenvolvimento sustentávelPosição em relação aos capítulos da Agenda 21

7 .7 .7 .7 .7 . D e s c r i ç ã oD e s c r i ç ã oD e s c r i ç ã oD e s c r i ç ã oD e s c r i ç ã oDefinição detalhada do indicador, base legal e objetivo a que se quer sinalizar pelo uso do indicador

8 .8 .8 .8 .8 . J u s t i f i c a t i v aJ u s t i f i c a t i v aJ u s t i f i c a t i v aJ u s t i f i c a t i v aJ u s t i f i c a t i v aDescrição de métodos de medição, bases de cálculo, todos os termos e conceitos envolvidos na descrição e construção doindicador

9. Unidade de medida9. Unidade de medida9. Unidade de medida9. Unidade de medida9. Unidade de medidaEspecificar as unidades de medida usadas na elaboração do indicador

10. Fontes de informação10. Fontes de informação10. Fontes de informação10. Fontes de informação10. Fontes de informaçãoInstituições geradoras de dados potenciais. Comentários sobre a qualidade e características dos dados

11.11.11.11.11. Inter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresIdentificar outros indicadores que auxiliem na interpretação do indicador

12. Inst i tuições que part ic iparam do desenvolvimento do indicador12. Inst i tuições que part ic iparam do desenvolvimento do indicador12. Inst i tuições que part ic iparam do desenvolvimento do indicador12. Inst i tuições que part ic iparam do desenvolvimento do indicador12. Inst i tuições que part ic iparam do desenvolvimento do indicadorIdentificar as instituições que participaram da elaboração do indicador, incluindo o responsável e informações para contato,como telefone e endereço eletrônico

13. Referências bibl iográf icas13. Referências bibl iográf icas13. Referências bibl iográf icas13. Referências bibl iográf icas13. Referências bibl iográf icasIndicar os documentos, estudos e artigos técnico-científicos que fundamentam a construção e escolha do indicador

Fichas técnicas

As fichas técnicas foram desenvol-vidas neste documento2, para os se-guintes indicadores:

• Consumo faturado de água(residencial)

• Qualidade da água em corposd’água, Demanda Bioquímica de Oxi-gênio (DBO)

• Qualidade do ar em centros ur-banos, dióxido de nitrogênio

• Áreas protegidas• Produto Interno Bruto (PIB)

• Taxa média geométrica de cres-cimento anual

• Existência de Secretaria Munici-pal de Meio Ambiente2 Os indicadores do marco conceitualconstam da monografia do Curso deGestão Ambiental de Bacias Hidro-gráficas. PPE da Coppe, 2007.

Fonte: RIBEIRO, 2005

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oFigura 3 – Fluxograma de construção de indicadores ambientais

Tabela 2 – Folha de metodologia para a construção de Indicadoresde Desenvolvimento Sustentável, em âmbito local

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JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: O acesso à água tratadaé premissa básica para a melhoria dascondições de conforto, saúde e higie-ne da população de uma região. É umindicador universal de desenvolvimen-to sustentável, porque o acesso a esteproduto é também fator de desenvol-vimento industrial e comercial. O for-necimento contínuo de água é essen-cial para que se alcance padrões míni-mos e os usuários possam utilizá-la parabeber, preparar alimentos e na própriahigiene. O volume mínimo necessáriopara satisfazer às necessidades huma-nas deve ser garantido à população.

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: Metro cúbico(m3) e porcentagem (%)

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação: Anuáriosestatísticos da Fundação Cide

Dados complementaresDados complementaresDados complementaresDados complementaresDados complementares: Consu-mo faturado de água, por categoria:comercial, industrial e pública.

Inter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadores• Doses aplicadas de imunos contradoenças infecciosas infantis, como apólio• Existência de Secretaria Municipal deMeio Ambiente• Taxa média geométrica de cresci-mento anual

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DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: Este indicador descreveos efeitos da qualidade da água e dadisponibilidade de água tratada na saú-de da população, sendo consideradoum indicador de estadoestadoestadoestadoestado. Ele permiteavaliar as políticas públicas de sanea-mento básico. É importante para o de-senvolvimento sustentável, pois conhe-cer a disponibilidade de água tratada,para satisfazer as necessidades huma-nas básicas, é essencial para a saúde dapopulação e o desenvolvimento eco-nômico. O consumo de água permiterelacionar a disponibilidade hídrica e opreço da mesma. São apresentados osdados relativos ao consumo faturadode água, por categoria: residencial, co-mercial, industrial e pública.

DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: Este indicador avaliaa qualidade da água dos corpos d’águaque os usuários dispõem para satisfa-zer às suas necessidades básicas, co-merciais e industriais, sendo conside-rado um indicador de estadoestadoestadoestadoestado. Sãoapresentados os dados relativos à De-manda Bioquímica de Oxigênio(DBO) e, como informação comple-mentar, os dados relativos a OxigênioDissolvido (OD). Este indicador éimportante para o desenvolvimentosustentável e para a gestão de recur-sos hídricos que integra a outorga, oabastecimento de água, o tratamentode esgotos domésticos, a disposiçãofinal do lixo, a irrigação, drenagem,energia, o uso industrial e o tratamen-to de seus efluentes, a navegação,auxiliando os tomadores de decisãonos processos deliberatórios.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: O monitoramentoda qualidade da água é uma ferramen-ta utilizada no controle da poluição damesma e dos conseqüentes riscos àsaúde da população, aos ecossistemase à biodiversidade. A caracterização daqualidade da água inclui parâmetrosquímicos, físico-químicos e biológicos.O desenvolvimento sustentável de-pende, fundamentalmente, da qualida-de da água disponível para atender àsnecessidades de todos os usuários. A Residencial

INDICADORConsumo faturado de águaConsumo faturado de águaConsumo faturado de águaConsumo faturado de águaConsumo faturado de água(residencial)(residencial)(residencial)(residencial)(residencial)

TEMA::::: Água potávelÁgua potávelÁgua potávelÁgua potávelÁgua potável

SUBTEMA: Qualidade da águaQualidade da águaQualidade da águaQualidade da águaQualidade da água

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21

Proteção da qualidade e dosrecursos de água doce

Consumo faturado de água, por categoria, segundo os municípios (%)Período: 2002 / 2004

Rio Bonito

Cachoeiras de Macacu

Tanguá

São João de Meriti

São Gonçalo

Nova Iguaçu

Niterói

Nilópolis

Magé

Itaboraí

Duque de Caxias

Belford Roxo

Rio de Janeiro

INDICADORDemanda Bioquímica deDemanda Bioquímica deDemanda Bioquímica deDemanda Bioquímica deDemanda Bioquímica deOxigênio (DBO)Oxigênio (DBO)Oxigênio (DBO)Oxigênio (DBO)Oxigênio (DBO)

TEMA: Água potável Água potável Água potável Água potável Água potável

SUBTEMA: Qualidade da águaQualidade da águaQualidade da águaQualidade da águaQualidade da águaem corpos d’águaem corpos d’águaem corpos d’águaem corpos d’águaem corpos d’água

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21Capítulo 18, da Agenda 21

Proteção da qualidade e dosrecursos de água doce

0 10 20 30 40 50 60 70

Comercial Industrial Pública

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Resolução no 357, do Conama, data-da de 17 de março de 2004, dispõesobre a classificação dos corpos d’ águae diretrizes ambientais para o seu enqua-dramento, bem como estabelece ascondições e padrões de lançamento deefluentes.

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: DemandaBioquímica de Oxigênio (DBO) mg/L

e Oxigênio Dissolvido (OD) mg/L

Fonte de informaçãoFonte de informaçãoFonte de informaçãoFonte de informaçãoFonte de informação: Este indi-cador pode ser construído de acordocom a disponibilidade de informações dasmedições na rede de monitoramento daqualidade da água, da Feema.

Dados complementaresDados complementaresDados complementaresDados complementaresDados complementares: Oxi-gênio Dissolvido (OD)

Fonte: Feema, 2006Es

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DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: Uma rede de moni-toramento da qualidade do ar mede aconcentração de poluentes atmosféri-cos: material particulado (partículas emsuspensão e partículas inaláveis), dióxidode enxofre (SO2), monóxido de car-bono (CO), óxidos de nitrogênio (NO,NO2 e NOx) e ozônio (O3). A rede écomposta por estações manuais, deoperação periódica; e automáticas, quetrabalham continuamente. Foi selecio-nado o dióxido de nitrogênio como re-

presentativo, por sua relação com a for-mação de chuva ácida.

Este indicador permite a organi-zação de dados da qualidade do ar,podendo ser usado na elaboração deplanos de emergência de controle daqualidade do mesmo e de inventári-os de emissões de poluentes do ar.Este indicador contribui para a infor-mação sobre a degradação da quali-dade atmosférica e as áreas de riscopara o acionamento dos planos de

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2000 2001 2002 2003 2004 2005Anos

DBO - Área Oeste

OD - Área Oeste

2000 2001 2002 2003 2004 2005Anos

2000 2001 2002 2003 2004 2005Anos

DBO - Área Leste e Canal Principal

OD - Área Leste e Canal Principal

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2000 2001 2002 2003 2004 2005Anos

GN000 GN0026 GN0042 GN0047 GN0064 GN0093 GN0306

INDICADORDióxido de nitrogênioDióxido de nitrogênioDióxido de nitrogênioDióxido de nitrogênioDióxido de nitrogênio

TEMA::::: AtmosferaAtmosferaAtmosferaAtmosferaAtmosfera

SUBTEMA::::: Qualidade do arQualidade do arQualidade do arQualidade do arQualidade do arem centros urbanosem centros urbanosem centros urbanosem centros urbanosem centros urbanos

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulo 9, da Agenda 21Capítulo 9, da Agenda 21Capítulo 9, da Agenda 21Capítulo 9, da Agenda 21Capítulo 9, da Agenda 21Proteção da atmosfera

Inter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadoresInter-relação com outros indicadores• Consumo faturado de água• Doses aplicadas de imunos contra do-enças infecciosas infantis, como a pólio• Existência de Secretaria Municipalde Meio Ambiente• Existência de Conselho Municipalde Meio Ambiente• Taxa média geométrica de cresci-mento anual

GN0020 GN0022 GN0025 GN0040 GN0043 GN0048 GN0050

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Obs.: No período de 2000 a 2005 não ocorreram ultrapassagens no padrão anualde NO2, que corresponde ao valor de 100mg/m³, segundo a Resolução nº 3 doConama (1990)

emergência. É considerado um indi-cador de estadoestadoestadoestadoestado.

É igualmente importante para odesenvolvimento sustentável, por for-necer a medida do estado do meioambiente – em termos de qualidadedo ar – e a medida indireta da exposi-ção da população à poluição do ar, emáreas urbanas.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: Mundialmente, a po-pulação urbana apresenta tendência parao crescimento, trazendo como con-seqüência o agravamento da poluiçãodo ar nos centros urbanos. Isto se dá,principalmente, pela contribuição dasemissões de poluentes, advindas dosetor de transporte e das indústrias. Éimportante conhecer a qualidade do arnos centros urbanos, a fim de estabe-lecer estratégias no controle da polui-ção, avaliar as estratégias estabelecidas,identificar o número da população ex-posta, acompanhar o cumprimento aospadrões de qualidade e de emissão depoluentes do ar, elaborar estudos decorrelação entre a qualidade do ar e osefeitos à saúde. Um ponto que mere-ce atenção é que os poluentes do ar

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DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: Este indicador infor-ma sobre as Unidades de Conservaçãode uso sustentável e de proteção inte-gral. É considerado um indicador derespostarespostarespostarespostaresposta. Trata-se de importante fer-ramenta para o desenvolvimento sus-tentável, por informar os benefícios so-bre a conservação e preservação dosrecursos naturais pelos governos e pelasociedade.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: As florestas têm fun-ções ecológicas, socioeconômicas eculturais. São fonte de recursos funda-mentais, inclusive, na conservação desolos, água, ar e diversidade biológica.

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: Quilôme-tro quadrado (km2) e porcentagem(%)

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação: Funda-ção Instituto Estadual de Florestas (IEF),do Estado do Rio de Janeiro; e Funda-ção Estadual de Engenharia do MeioAmbiente (Feema)

Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-dicadoresdicadoresdicadoresdicadoresdicadores•Existência de Secretaria Municipal deMeio Ambiente•Existência de Conselho Municipal deMeio Ambiente• Taxa média geométrica de cresci-mento anual

podem ter efeitos sinérgicos, o queaumenta as possibilidades de danos àsaúde pública. A Resolução nº 3 doConama, datada de 28 de junho de1990, que dispõe sobre os padrõesde qualidade do ar e os métodos deamostragem e medição, é o documen-to legal.

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: Microgra-ma por metro cúbico (µg/m3)

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação: Os da-dos sobre concentração de poluentesdo ar são os fornecidos pela rede demonitoração (manual e automática) daqualidade do ar, da Feema.

Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-dicadoresdicadoresdicadoresdicadoresdicadores

. Doses aplicadas de imunos con-tra doenças infecciosas infantis, comoa pólio

. Taxa média geométrica de cresci-mento anual

. Existência de Secretaria Municipalde Meio Ambiente

. . . . . Existência de Conselho Munici-pal de Meio Ambiente

INDICADORÁreas protegidasÁreas protegidasÁreas protegidasÁreas protegidasÁreas protegidas

TEMA::::: BiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidadeBiodiversidade

SUBTEMA::::: Ecossistema Ecossistema Ecossistema Ecossistema Ecossistema

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulos 11 e 15, da Agenda 21Capítulos 11 e 15, da Agenda 21Capítulos 11 e 15, da Agenda 21Capítulos 11 e 15, da Agenda 21Capítulos 11 e 15, da Agenda 21

Luta contra o desflorestamento /Conservação da diversidade biológica

Fonte: Feema, 2006

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Nova Iguaçu Centro Jacarepaguá

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Descrição: Descrição: Descrição: Descrição: Descrição: O Produto InternoBruto (PIB) per capita indica a rendamédia da população de um país ou ter-ritório e sua variação serve para mediro ritmo de crescimento econômico daregião estudada (IBGE, 2004), sendoum indicador de pressãopressãopressãopressãopressão.

A Fundação Cide “calculou, setora setor, o PIB a preços do ano anteri-or, dividindo-se os PIBs setoriais pelavariação dos respectivos índices depreço calculados a nível estadual. A suatotalização, incluindo a Imputação Fi-nanceira (soma dos PIBs setoriais),

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulo 2, da Agenda 21Capítulo 2, da Agenda 21Capítulo 2, da Agenda 21Capítulo 2, da Agenda 21Capítulo 2, da Agenda 21

Cooperação internacional paraacelerar o desenvolvimento sustentá-vel dos países em desenvolvimento

INDICADORProduto Interno Bruto (PIB)Produto Interno Bruto (PIB)Produto Interno Bruto (PIB)Produto Interno Bruto (PIB)Produto Interno Bruto (PIB)

TEMA::::: Estrutura econômica Estrutura econômica Estrutura econômica Estrutura econômica Estrutura econômica

SUBTEMA::::: Desempenho eco-Desempenho eco-Desempenho eco-Desempenho eco-Desempenho eco-nômiconômiconômiconômiconômico

resultou no PIB municipal a preço bá-sico, a preço do ano anterior. Final-mente, a divisão deste último valorpelo PIB municipal do ano anteriorforneceu a variação real do PIB, mu-nicípio a município” (Cide, 2004).

Este indicador é importante parao desenvolvimento sustentável, por-que reflete a evolução da produçãototal de bens e serviços. A partir desteindicador, pode-se relacionar o desen-volvimento econômico e o uso dosrecursos naturais.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: O crescimento daprodução de bens e serviços é umadeterminante básica no funcionamen-to da economia. Indica o ritmo de cres-cimento por habitante e a taxa de con-sumo de recursos. Não mede direta-mente o desenvolvimento sustentável,mas é uma medida significativa dos as-pectos econômicos (UN, 1998).

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: Em real(R$ 1,00)

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação: Anuá-rios estatísticos da Fundação Cide

Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-dicadoresdicadoresdicadoresdicadoresdicadores•Consumo faturado de água(residencial)•Qualidade da água em corpos d’água.Demanda Bioquímica de Oxigênio•Qualidade do ar em centros urbanos,dióxido de nitrogênio•Produção de resíduos sólidos urbanos•Áreas protegidas•Valores distribuídos dos royalties depetróleo e gás natural•Consumo de energia elétrica, porclasse de consumidor (residencial)•Taxa média geométrica de crescimen-to anual• Doses aplicadas de imunos con-tra doença infecciosa infantil,,,,, comoa pólio• Taxa de aprovação do ensino funda-mental• Relação entre as admissões e desli-gamentos• Existência de Secretaria Municipal deMeio Ambiente• Existência de Conselho Municipal deMeio Ambiente•Terminais telefônicos instalados e te-lefones públicos

Produto Interno Bruto em valores per capita (R$ 1,00), segundo os municípios, no período 2001 / 2003

2001

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 20.000

Rio Bonito

Cachoeiras de Macacu

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São João de Meriti

São Gonçalo

Nova Iguaçu

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Nilópolis

Magé

Itaboraí

Guapimirim

Duque de Caxias

Belford Roxo

Rio de Janeiro

2002 2003

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DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: A taxa média geomé-trica de crescimento anual da popula-ção, entre 1991 e 2000, foi calculadapela fórmula:

Este é um importante indicadorpara o desenvolvimento sustentável,porque permite avaliar o crescimentodemográfico e sua relação entre osfatores econômicos, sociais eambientais. É considerado um indica-dor de estadoestadoestadoestadoestado.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: A Agenda 21 apre-senta o crescimento demográfico comoimportante fator a ser avaliado em rela-ção ao desenvolvimento sustentável.

A variação da taxa de crescimentodemográfico é um fenômeno de mé-dio e longo prazo, de importância bá-sica para a formulação de políticas pú-blicas, nos âmbitos social, econômi-co, ambiental e institucional. A dinâ-mica do crescimento demográficopermite o melhor dimensionamentode demandas da população, deman-das estas de responsabilidade da ad-ministração pública. Está associada à

utilização dos recursos naturais, sen-do um importante indicador de sus-tentabilidade (IBGE, 2004).

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida: Porcenta-gem (%)

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação: Anuá-rios estatísticos da Fundação Cide

Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-Inter-relação com outros in-dicadoresdicadoresdicadoresdicadoresdicadores• Produto Interno Bruto• Doses aplicadas de imunos contra do-ença infecciosa infantil, como a pólio

Taxa média geográfica de crescimento anual, segundo os municípios (%)

Rio Bonito

Cachoeiras de Macacu

Tanguá

São João de Meriti

São Gonçalo

Nova Iguaçu

Niterói

Nilópolis

Magé

Itaboraí

Guapimirim

Duque de Caxias

Belford Roxo

Rio de Janeiro

1991-1996 1991-2000

Município de Macaé – RJ Foto: Raimundo Bandeira de Mello

INDICADORTTTTTaxa média geométrica de cres-axa média geométrica de cres-axa média geométrica de cres-axa média geométrica de cres-axa média geométrica de cres-cimento anualcimento anualcimento anualcimento anualcimento anual

TEMA::::: PPPPPopulaçãoopulaçãoopulaçãoopulaçãoopulação

SUBTEMA: : : : : Mudanças popula-Mudanças popula-Mudanças popula-Mudanças popula-Mudanças popula-cionaiscionaiscionaiscionaiscionais

Afinidade com o conceito de de-Afinidade com o conceito de de-Afinidade com o conceito de de-Afinidade com o conceito de de-Afinidade com o conceito de de-senvolvimento sustentávelsenvolvimento sustentávelsenvolvimento sustentávelsenvolvimento sustentávelsenvolvimento sustentávelCapítulo 5, da Agenda 21Capítulo 5, da Agenda 21Capítulo 5, da Agenda 21Capítulo 5, da Agenda 21Capítulo 5, da Agenda 21

Dinâmica demográfica e sustenta-bilidade

-0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

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DescriçãoDescriçãoDescriçãoDescriçãoDescrição: A administração pú-blica deve ter procedimentos políti-cos e administrativos de gestãoambiental, que se tornam possíveisapenas através de uma estruturaorganizacional que contemple a ques-tão ambiental. É considerado um in-dicador de respostarespostarespostarespostaresposta.

JustificativaJustificativaJustificativaJustificativaJustificativa: A estrutura de umaSecretaria Municipal de Meio Ambi-ente é fundamental para responderpelas questões ambientais na esferamunicipal, na criação de um Conse-lho Municipal de Meio Ambiente, naexecução das etapas de licenciamentopara atividades de impacto ambientallocal e para se capacitar a receberrecursos dos fundos nacionais demeio ambiente.

Unidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medidaUnidade de medida:Unitária

Fontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informaçãoFontes de informação:Consulta telefônica específica acada município

Inter-relação com ou-Inter-relação com ou-Inter-relação com ou-Inter-relação com ou-Inter-relação com ou-tros indicadorestros indicadorestros indicadorestros indicadorestros indicadores•Doses aplicadas de imunoscontra doenças infecciosas in-fantis, como a pólio•Taxa de aprovação do ensino funda-mental•Existência de Conselho Municipal de

Meio Ambiente

Comentários e reco-mendações• As orientações internacio-nais da OCDE e da ONU,bem como as nacionais, doIBGE, adotam instruções co-muns – o modelo PER (ajus-tado) e a folha de metodologia–, o que permite dar continui-dade ao processo de revisãoe atualização dos indicadores.• Uma metodologia unifor-me permite a comparaçãoentre as iniciativas dos países,o que possibilita a compara-ção entre iniciativas regionaise setoriais.

AgradecimentosÀs equipes técnicas da Feema e IEF; à Teresa Coni, assessora da Secretaria deEstado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur); ao Luis Antoniode Sant’Anna, do Cide, pela elaboração de gráficos e tabelas.

• Tomadores de decisão devem co-nhecer a aplicação dos indicadores.• A utilização de indicadores obriga aorganização de dados de qualidade ede controle ambiental pelos órgãoscompetentes.• O uso de indicadores obriga a orga-nização de dados administrativos delicenciamento ambiental e de aplica-ção de penalidades pelos órgãos com-petentes.

Referências bibliográficasCentro de Recursos Ambientais

(2002). Rumo a um desenvolvimento sus-tentável: indicadores ambientais (traduçãoAna Maria S. F. Teles), Série Cadernos deReferência Ambiental, vol. 9. Salvador.244 p. il.

FEEMA - Fundação Estadual de Enge-nharia do Meio Ambiente. (2006) Rela-tório Interno. Rio de Janeiro

IBGE - Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística. (2004) Indicadores dedesenvolvimento sustentável. Brasília

IEF - Fundação Instituto Estadual deFlorestas. (2006) Relatório interno. Riode Janeiro

QUIROGA M., R. (2001) Indicado-res de sostenibilidad ambiental y desarrollosostenible: estado del arte y perspectivas.Comisión Económica para América Lati-na y Caribe (Cepal). Santiago de Chile. Il.

RIBEIRO, N. V. (2005) Indicadoresambientais de qualidade do ar para o trans-porte urbano. Dissertação de Mestrado.Programa de Engenharia de Transporte(PET) da Coppe/UFRJ. Rio de Janeiro. 234p. il.

RIBEIRO, N. V. (2007) Indicadores dedesenvolvimento sustentável de âmbito lo-cal para a gestão de recursos hídricos.Monografia. Curso Gestão Ambiental deBacias Hidrográficas. Programa de Pla-nejamento Energético (PPE) da Coppe/UFRJ. Rio de Janeiro. 112 p. il.

Fonte: Cide, 2006

Secretaria deSecretaria deSecretaria deSecretaria deSecretaria deMeio AmbienteMeio AmbienteMeio AmbienteMeio AmbienteMeio Ambiente

SimSimSimSimSimSimSimSimSimSimSimSimSimSim

MunicípioMunicípioMunicípioMunicípioMunicípio

Rio de JaneiroBelford RoxoCachoeiras de MacacuDuque de CaxiasGuapimirimItaboraíMagéNilópolisNiteróiNova IguaçuSão GonçaloSão João de MeritiRio BonitoTanguá

INDICADORExistência de Secretaria Muni-Existência de Secretaria Muni-Existência de Secretaria Muni-Existência de Secretaria Muni-Existência de Secretaria Muni-cipal de Meio Ambientecipal de Meio Ambientecipal de Meio Ambientecipal de Meio Ambientecipal de Meio Ambiente

TEMA::::: Marco institucionalMarco institucionalMarco institucionalMarco institucionalMarco institucional

SUBTEMA::::: Implantação de es-Implantação de es-Implantação de es-Implantação de es-Implantação de es-tratégia de desenvolvimentotratégia de desenvolvimentotratégia de desenvolvimentotratégia de desenvolvimentotratégia de desenvolvimentosustentávelsustentávelsustentávelsustentávelsustentável

Afinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito deAfinidade com o conceito dedesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentávelCapítulo 8, da Agenda 21Capítulo 8, da Agenda 21Capítulo 8, da Agenda 21Capítulo 8, da Agenda 21Capítulo 8, da Agenda 21

Integração do meio ambiente e de-senvolvimento, nos processos de to-mada de decisão

Estação de barcas em Charitas, Niterói - RJFoto: Arquivo/Secom

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ive-se, atualmente, uma crise nas relações entre as formas de organiza-ção social da produção e do consumo e os ambientes físico-naturais davida, isto é, uma crise nas relações homem-natureza. Vive-se a contra-dição entre as leis econômicas da procura e da oferta e as leis ambientais

da natureza.O que acontecerá nos próximos dez anos? Haverá uma reversão no processo

natural de aquecimento global? Haverá uma reversão no processo natural de aspessoas encararem o aquecimento global? É bem provável que não, em virtude dainércia que caracteriza tais movimentos. Como o futuro não existe e as previsõescatastróficas fazem parte dos livros apocalípticos, “enquanto houver vida, haveráesperança”. Fala-se, até, no retorno da energia nuclear. Mad Max é um exemplo decomo “le monde va de lui même”.

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A escolha entre custosA escolha entre custosA escolha entre custosA escolha entre custosA escolha entre custoseconômicos e custos ambientaiseconômicos e custos ambientaiseconômicos e custos ambientaiseconômicos e custos ambientaiseconômicos e custos ambientais

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Macaé – RJ

Foto:Raimundo

Bandeira de Mello

Nelson Chalfun*

* Nelson Chalfun - IE/UFRJ

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COs custos ambientais da inérciaAs conseqüências do excessivo

abuso dos recursos naturais causamespanto e preocupação generalizada.Não há mais tempo hábil, nem necessi-dade, para o desenvolvimento de no-vas teorias e de novos modelos e técni-cas destinados a enfrentar a realidadeque esta geração já vive. Já sabemos detudo e dispomos de tudo para tentarresolver o problema.

Não estamos falando de desastresambientais pontuais, como ExxonValdez, Chernobyl ou Bophal. Estamosfalando de mudanças estruturais no am-biente do planeta, que espelham o riscode desaparição da vida. Este é o custoda inércia.

As manifestações da natureza nãose restringem a El Niño, La Niña, àsmonções, às cheias do Mississipi e doNilo, à seca do Nordeste brasileiro e atodas as tragédias naturais de carátercíclico (sic), que aprendemos nos livrosde Geografia. Hoje, a história é contadaao vivo e as manifestações maisesdrúxulas ocorrem no norte da Ingla-terra, no litoral de Santa Catarina, nasgeleiras e no Katrina – todas, com somdireto e a cores.

E o que temos feito? Bem, temosnos protegido das intempéries, recons-truímos o que foi perdido (com exce-ção das vidas) e realizamos congressos,seminários, reuniões de cúpula etc., paramastigar um pouco mais de tempo. Osricos culpam os pobres pelas queima-das e pelos rebanhos e plantações quese utilizam de extensas áreas produto-ras de metano; os pobres culpam osricos pela utilização excessiva detecnologias intensivas em geração deCO2 .Ou seja, neste compasso, nemdez, nem cem anos serão suficientespara mudar a consciência dos povos, afim de que possamos salvar o planeta.

Ah! Aprendem-se hoje, na pré-es-cola, os três “erres”: reduzir, reutilizar ereciclar. Menos mal...

Os custos econômicos doenfrentamento

A responsabilidade pela execuçãodas ações capazes de reverter, já, o atu-al quadro de caos ambiental é atribui-ção dos governos. Não há mais lugarpara fundações, benemerências,filantropias e outras iniciativas que sejampatrocinadas pelos interessados emlimpar a imagem de suas empresas – enão, o meio ambiente. Há na Bovespaum índice de sustentabilidade empre-sarial que agrega, exatamente, as em-

presas que potencialmente apresentamrisco ao meio ambiente. São admitidasaquelas que respeitam certosparâmetros julgados satisfatórios, cujacomprovação é feita em bases deamostragem. A Bolsa de Nova York vaimais além e exige documentação paracada item respondido no questionáriode avaliação. De qualquer forma,conhecemos a identidade jurídica dasfontes de poluição responsáveis pelaorigem dos problemas ambientais.Estão por aí extraindo, transformandoe queimando carvão e petróleo, desdea segunda metade do século XIX,época em que a Ecologia, um ramosocial da Biologia, surgia como ciência.

O conseqüente enfrentamentodesse problema, por parte dos gover-

nos, tem dois impactos bastante cla-ros, do ponto de vista econômico. Oprimeiro impacto verificado é a neces-sidade da redução da utilização de ener-gia na produção e no consumo final dedeterminados bens e serviços. O tra-dicional conceito de eficiência econô-mica (a produtividade marginal deter-mina o preço do fator) passa necessa-riamente a incorporar valores de natu-reza socioambiental, na definição dautilização dos processos produtivos eno uso dos fatores de produção (a pro-dutividade marginal social determina opreço do fator). Com isso, ser efici-ente, hoje, é ser parcimonioso como uso e com os resultados sociais dautilização dos recursos.

A proposta de redução do cres-cimento – dilema posto, na décadade 1970, pelo Clube de Roma –provocou a revolta dos países peri-féricos, uma vez que a responsabili-dade pela degradação ambiental ca-bia aos países centrais. Cerca de 40anos após, eis que estamos diantedo mesmo dilema.

Fatores fortuitos, não diretamenteassociados à questão ambiental, fazemcom que o Brasil venha se apresentan-do mais parcimonioso no uso dos re-cursos. Desnecessário dizer que osobjetivos macroeconômicos de esta-bilização vêm freando o ritmo do cres-cimento, desde meados da década de1990. Será que a busca de objetivosde qualidade ambiental teriam o mes-mo efeito no ritmo de desenvolvimen-to brasileiro?

A preocupação com a retomadado crescimento teve como resposta aelaboração do Plano de Aceleração doCrescimento (PAC). No caso especí-fico do setor de energia, o principal efei-to do PAC é viabilizar, por exemplo, obarateamento dos custos de constru-ção de novas plantas, com medidas dedesoneração fiscal (redução do PIS/Cofins), condições especiais de finan-

Os ricos culpam ospobres pelas queima-das e pelos rebanhose plantações que seutilizam de extensasáreas produtoras demetano; os pobresculpam os ricos pelautilização excessivade tecnologias inten-sivas em geração deCO2 .

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C ciamento do BNDES e a melhoria doprocesso de licenciamento ambiental.Mas é necessário cuidado redobradocom as medidas para agilizar o proces-so de licenciamento. Qualquer atitudeque represente descaso em relação aotema irá afetar o país.

Dados da Empresa de Pesquisa emEnergia (EPE) mostram que, em 2006,o crescimento do consumo energéticono Brasil foi de 3,8% – menor do queo aumento verificado em 2005, de4,6%. Já a projeção do aumento para2007 é de 5,3%, o que seria suficientepara atender a um crescimento entre4% e 5% do Produto Interno Bruto.

O setor industrial, que respondepor 44,45% de toda a energia comer-cializada no país, apresentou aumentodo consumo de 3,6%, em 2006.Dentre as razões para a queda do con-sumo, estão a menor atividade econô-mica e fatores climáticos. Além disso,a indústria eletrointensiva, a mais volta-

da para exportação, perdeu espaço nomercado internacional, devido ao câm-bio que a tornou menos competitiva.

Fatores fortuitos como os mencio-nados, porém, não podem servir deparâmetros para a conduta a ser adota-da, a fim de que seja reduzido o consu-mo de energia.

Esta redução deve ser compul-sória, o que demanda maior capaci-dade do poder público em diagnosti-car, regulamentar, acompanhar e ava-liar os resultados da implementaçãodo novo paradigma na produção eno consumo.

Para diminuir a emissão de CO2

do setor de transportes, nas cidades –a que mais cresce, em termos mundi-ais, embora o setor energético seja oque mais emite –, um sistema eficientedeve ser a prioridade.

Qual seria, então, o meio de trans-porte urbano a ser privilegiado, parauma cidade linear como o Rio de Janei-

ro? Um sistema integrado reunindoônibus, vans, trens, metrô, táxis e bar-cas deveria ser implantado? Ou um sis-tema que dê prioridade ao transporteindividual? Qual o impacto – na produ-ção, no consumo, nas finanças públi-cas, no emprego, na renda etc. – daopção feita por este ou aquele tipo detransporte? Que tipo de automóvel ouônibus produzir, movido a qual com-bustível? E qual seria o seu impacto nainfra-estrutura, qual o valor do IPVA,dos pedágios urbanos etc.?

O segundo impacto se dá no au-mento do custo associado às medidasde correção e recomposição do meioambiente.

Não podemos, de uma hora paraoutra, parar de produzir e consumir apauta do que se produz e se conso-me. Isto significa que talvez, duranteuns cinco ou dez anos, estaremos in-vestindo em novas tecnologias semque possamos utilizá-las, o que re-quer elevados volumes de financia-mento. Há, ainda, o r isco dainviabilidade prática na utilização de pro-dutos e processos que atualmente es-tejam em fase de finalização.

Outra linha de preocupação comos custos é a que se refere ao seqües-tro de carbono e sua disposição final(será final?) em minas de carvãodesativadas e em poços de petróleo jáexauridos, coleta de óleo vegetal e die-sel para posterior reciclagem etc.

A responsabilidade pelo ônus des-te aumento de custo irá forçosamentecriar um volumoso contencioso: de-verá ser bancada – internalizada, semrepasse aos preços – pela iniciativa pri-vada, a responsável pelas “externalida-des” negativas que se acumularam? Oua conta será dividida pela sociedade?

Assim, a preocupação do Estadodeverá estar voltada para que os cus-tos de cidadãos e de governos sejamos mais baixos possíveis, do ponto devista econômico.

Rede de energia elétrica utilizada no Noroeste-Fluminense

Foto: Raimundo Bandeira de Mello

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As prioridades fluminenses, nocampo do meio ambiente

Do ponto de vista dos governantes,qual o custo político em comandar esteprocesso de escolha? Um dos proble-mas do caos ambiental em países deConstituição federalista, como o Brasil,é que os governos subnacionais, natu-ralmente, se interessam pelas questõeslocais de emprego e renda, deixandoem segundo plano os aspectos de cará-ter estratégico nacional.

O Estado do Rio de Janeiro – res-ponsável por mais de 80% de toda aprodução nacional de petróleo e pormais de 45% da produção de gás na-tural – vem recebendo, desde mea-dos dos anos 1990, um volume cres-cente de recursos sob a forma deroyalties e participações especiais, de-correntes da exploração dessesinsumos na Bacia de Campos.

Estes recursos devem ser utiliza-dos na realização de ações que este-jam sintonizadas com os interesses de

Estes recursos(royalties eparticipaçõesespeciais) devem serutilizados narealização de açõesque estejamsintonizadas com osinteresses demelhoria dascondições ambientais– prevendo asubstituição dasatuais fontes deenergia nocivas,degradantes – eassociadas aodesenvolvimento denovas tecnologias deprodução eficientes,do ponto de vistaecológico.

melhoria das condições ambientais –prevendo a substituição das atuais fon-tes de energia nocivas, degradantes – eassociadas ao desenvolvimento de no-vas tecnologias de produção eficientes,do ponto de vista ecológico.

Em paralelo à extração dos recur-sos na Bacia de Campos, foram desco-bertas novas reservas na Bacia de San-tos, o que irá impactar também, demaneira positiva, as finanças do nossoEstado.

A exploração das reservas de óleoe gás que beneficiam financeiramenteo Estado do Rio de Janeiro deverá seencerrar daqui a cerca de 20 ou 30anos. Até lá, podem vir a ser desco-bertas novas jazidas, mas o desenvol-vimento de outras fontes de energialimpa deverá forçosamente ocorrer,provocando flutuações no preço doscombustíveis fósseis, o que torna difí-cil estimar-se o valor a ser recebidosob a forma de royalties e participa-ções especiais.

O Rio de Janeiro épioneiro na criação, na es-trutura da Secretaria de Es-tado do Ambiente (SEA),de uma superintendênciaexclusivamente dedicadaàs questões associadas àsmudanças climáticas e decarbono.

Este pioneirismopode ser ampliado, se oEstado passar a incorpo-rar às diretrizes estaduaisde cunho ambiental a im-plementação de progra-mas e projetos ambien-talmente sustentáveis, aserem incluídos nos PPA e Planos Di-retores municipais, prevendo a partici-pação dos recursos de royalties – en-quanto existirem! – atualmente recebi-dos pelos municípios do litoral nortedo Estado e, por ocasião da sua inclu-são no rol de recebedores, os municí-pios da Região Sul-Fluminense.

Foto: Raimundo Bandeira de Mello

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Brasil possui a maior cobertura florestal do planeta e, aliado à sua gran-de extensão territorial, abriga uma imensa diversidade biológica. Paraproteger este patrimônio, o Ministério do Meio Ambiente definiu áreas eações prioritárias para a conservação da biodiversidade dos Biomas Bra-

sileiros (MMA/SBF 2002). Estas áreas foram classificadas em quatro níveis de impor-tância biológica e passaram então a ser definidas as estratégias de conservação.

ConserConserConserConserConservação da biodiversidade davação da biodiversidade davação da biodiversidade davação da biodiversidade davação da biodiversidade daMata AMata AMata AMata AMata Atlântica, no Estado dotlântica, no Estado dotlântica, no Estado dotlântica, no Estado dotlântica, no Estado do

Rio de Janeiro: condições atuais eRio de Janeiro: condições atuais eRio de Janeiro: condições atuais eRio de Janeiro: condições atuais eRio de Janeiro: condições atuais epropostas de estratégias e açõespropostas de estratégias e açõespropostas de estratégias e açõespropostas de estratégias e açõespropostas de estratégias e ações

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Vista da MataAtlântica - RJ

Foto:Raimundo

Bandeira de Mello

Marta Bebianno Costa1, Marcos Antonio Santos¹, Rachel Saldanhade Alencar¹, Antonio Carlos R. Cozzolino¹, Carlos Frederico D. Ro-

cha2, Helena G. Bergallo², Maria Alice S. Alves2, Monique VanSluys², Mariella C. Uzêda3, Elaine C. Fidalgo4,

Thomaz C. e Castro da Costa5

1 Fundação Cide - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro; 2 Instituto Biomas e Departamento de Ecologia - UERJ, 3 Embrapa Agrobiologia e Instituto BioAtlântica; 4 Embrapa Solos; 5 Embrapa Milho e Sorgo.

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No projeto "Estratégias e Açõespara a Conservação da Biodiversidadeda Mata Atlântica no Estado do Rio deJaneiro"1, foi utilizada uma nova meto-dologia que prioriza a consolidação deterritórios sustentáveis, de forma amanter tanto a dinâmica dos processosecológicos, quanto o desenvolvimentosocioeconômico. Quatro iniciativasprincipais compõem esta metodologia:a) levantamento e mapeamento deespécies endêmicas e ameaçadas da

flora e fauna; b) levantamento emapeamento das característicassocioeconômicas, geomorfológicas edo uso do solo; c) definição de áreasprioritárias para a conservação e de di-retrizes do uso do solo; d) consolida-ção e disseminação das informaçõesgeográficas, biológicas, socioeconô-micas e geomorfológicas, em um bancode dados interativo.

Tendo em vista a diversidadesocioeconômica e ambiental do Estado,o projeto definiu nove regiões comcaracterísticas socioeconômicas,políticas e ambientais semelhantes(Figura 1), com vistas à proposição demedidas de conservação e manejodestinadas a dar suporte às ações doPoder Público.

...o território queabrange o Estado doRio de Janeiro, além daelevada biodiversidade,destaca-se pelotambém elevadoendemismo de diver-sos grupos animais evegetais, o que levou oMinistério do MeioAmbiente a considerarvárias de suas áreascomo de “ExtremaImportância Biológica.”

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ocoEmbora restrita a aproximadamen-

te 8% de sua cobertura original, a MataAtlântica é uma das áreas de maior con-centração de biodiversidade do mun-do e está sujeita a elevada pressãoantrópica, sendo considerada umhotspot (Meyer et al., 2000 e Galindo-Leal & Câmara, 2005). Sua conserva-ção depende de planejamento eordenamento territorial. Implementarcorredores de biodiversidade foi umdos mecanismos adotados, queresultou na proposição de trêscorredores: Nordeste, Central e Ser-ra do Mar (Aguiar et al., 2005; Pinto etal., 2006).

Quase que integralmente compre-endido dentro do Corredor da Serrado Mar, o território que abrange o Es-tado do Rio de Janeiro, além da eleva-da biodiversidade, destaca-se pelo tam-bém elevado endemismo de diversosgrupos animais e vegetais, o que levouo Ministério do Meio Ambiente a con-siderar várias de suas áreas como de"Extrema Importância Biológica" (MMA/SBF 2002).

O planejamento sustentável da pai-sagem, no contexto de corredores debiodiversidade, considera as relaçõesespaciais no uso do solo, a biodiversi-dade local e as dinâmicas dos fragmen-tos florestais, buscando sua compati-bilização com áreas urbanas, assenta-mentos rurais, áreas agrícolas, indus-triais e a infra-estrutura (Sanderson etal., 2003).

Esse tipo de planejamento depen-de da integração e disponibilidade deinformações, para a formação de umsólido alicerce voltado à informação dasociedade civil e à geração de políticaspúblicas bem fundamentadas.

Até recentemente, as estratégiasdesenvolvidas para a conservação daMata Atlântica baseavam-se apenas emelementos da fauna e flora, carecendode uma análise mais ampla e sistêmicado cenário atual.

Essas medidas visam consevar abiodiversidade da Mata Atlântica esubsidiar ações para a criação de co-nectividade entre remanescentes deflorestas, recomposição de áreas defloresta, proteção dos recursos hídri-cos e sua utilização racional.

Visam também contribuir comdados, para a efetiva implementação dasUnidades de Conservação (UCs) jáexistentes e o estabelecimento denovas, bem como subsidiar diretrizespara um apropriado uso do solo.

A análise do estado em que seencontram os remanescentes de MataAtlântica, no Rio de Janeiro, foi desenvol-vida em três vertentes: Pressão Antrópica– presente e prevista no curto ou médioprazo; Estado Físico e Biótico – situaçãoatual do ambiente e dos recursos naturais;e Capacidade Atual de Resposta –capacidade instalada para responder àspressões antrópicas e atuar na conser-vação dos recursos naturais e na pre-servação dos remanescentes de MataAtlântica. A partir da nova regionalizaçãoproposta e tomando como principalunidade de referência espacial oMunicípio, a análise dos dados se deude forma integrada, segundo um pro-cesso de síntese e agregação.

Os dados obtidos mostram que oEstado do Rio de Janeiro é, atualmen-te, coberto por vegetação em 20,3%de sua área, em uma paisagem consi-

1 Projeto coordenado pelo InstitutoBiomas, em parceria com a FundaçãoCide, Universidade do Estado do Rio deJaneiro, Embrapa Solos, Embrapa Milhoe Sorgo, Embrapa Agrobiologia e Insti-tuto BioAtlântica. Este projeto teve apoiodo Fundo de Parceria para EcossistemasCríticos – CEPF e da Aliança para a Con-servação da Mata Atlântica (Conserva-ção Internacional e SOS Mata Atlântica).Também prestaram apoio: FundaçãoCarlos Chagas de Amparo à Pesquisa doEstado do Rio de Janeiro (Faperj),Petrobras, Fundação Estadual de Enge-nharia do Meio Ambiente (Feema), Su-perintendência Estadual de Rios e Lago-as (Serla), Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama), Ministério do MeioAmbiente e Fundação Biodiversitas.

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Figura 1 - Mapa do Estado do Rio de Janeiro, definindo a nova regionalização utilizada no projeto. No quadro menor, asRegiões de Governo oficiais, atualmente em vigor.

deravelmente fragmentada (Figura 2).Os grandes fragmentos (>1.000 hec-tares) concentram-se na Região Sul eSerrana Central do Estado; mas a maio-ria dos fragmentos é de pequeno ta-manho (50 a 250 hectares) e está dis-persa no território do Estado (Fidalgoet al., 2007). O conhecimento bióticoconcentra-se em poucas regiões de fácilacesso. Existem extensas manchas desolos frágeis, sub-bacias com alto índi-ce de vulnerabilidade e grandes exten-sões de atividade pecuária pouco pro-dutiva e com grande êxodo rural. Mui-tas Unidades de Conservação do Esta-do não possuem plano de manejo ouconselho gestor, o que restringe aindamais a sua capacidade de conservação.Os dados também indicaram que asações de conservação não devem serimplementadas de forma homogêneapara o Estado, como um todo, ou combase apenas em aspectos biológicos.

A base de dados gerada pelo pro-

jeto, acrescida de outros dadoscedidos por pesquisadores einstituições – e suas respectivasanálises – foram levados a umworkshop. Ali, 110 especialistas dediferentes áreas propuseram estraté-gias e ações de conservação adequa-das a cada uma das nove regiões cria-das. Essas estratégias passaram entãoa ser discutidas, considerando-se a dis-tribuição dos fragmentos, a relevânciabiológica, a vulnerabilidade ambiental,o tipo de pressão antrópica na regiãoe o potencial de sucesso das açõespropostas. Tudo isso baseado namedida em que sociedade e governoestão respondendo às mudanças equestões ambientais.

Como exemplo, a Região Urba-no-Industrial (Figura 1) é caracterizadapor uma forte pressão urbana sobreos remanescentes florestais. Dessemodo, as principais estratégias propos-tas visam: a implementação de Unida-

des de Conservação nos poucos re-manescentes que se encontram forade áreas protegidas; o fortalecimentodas UCs já existentes, de forma areverter o quadro de invasão (no Riode Janeiro, por exemplo, a favelizaçãona Floresta da Tijuca); e a imple-mentação de mosaicos de UCs.

Na Região dos Lagos (Figura 1), oturismo é a grande fonte de pressão eacarreta degradação dos ambientescosteiros e marinhos. Devido à enormepressão de grileiros e grandes empre-endimentos para a construção de hotéise resorts nas restingas, parte das estra-tégias e ações visa, justamente, a prote-ção deste ecossistema. Nas regiões li-torâneas, foram propostas também es-tratégias e ações para os ambientes ma-rinhos, criando-se um corredor para aunião de ambos ecossistemas: marinhoe costeiro.

Já a Região do Pomba, Muriaé eItabapoana (Figura 1) é caracterizada

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Figura 2 - Mapa do Estado do Rio de Janeiro, mostrando os fragmentos florestais da Mata Atlântica, noano 2000

por um baixo Produto Interno Bruto(PIB) e êxodo da população; por so-los desertificados, agropecuária exten-siva e pouco produtiva; por pequenosremanescentes florestais (o maior tem1.000 hectares) e um profundo des-conhecimento sobre sua fauna e flora.Para esta região, as estratégias foramelaboradas no sentido de melhorar aconectividade entre os pequenos frag-mentos, através de atividades econô-micas que impliquem na melhoria darenda; aumentar a percepção ambiental

da população, por meio da educaçãoambiental; ampliar o conhecimento dabiodiversidade na região, além de en-volver a sociedade civil.

A opção metodológica do estudopropiciou o reconhecimento de que, àgrande heterogeneidade do Estado doRio de Janeiro – em termos de frag-mentação e geomorfologia – soma-se uma grande heterogeneidade socio-econômica e cultural, assim como dacapacidade instalada de resposta.Como decorrência, evidencia-se a ne-

cessidade de proposta de ações deconservação específicas para cada re-gião que, ao mostrarem-se condizen-tes com a realidade local, terão possi-bilidade de maior sucesso na proteçãodos remanescentes de Floresta Atlân-tica, no Estado.

Finalmente, a difusão da base dedados, através de uma página nainternet, vai se constituir em sólido ali-cerce de informação e direcionamento,para as ações assumidas pela socieda-de civil e pelo governo.

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as últimas décadas, mas principalmente a partir de meados dos anos1990, o Estado do Rio de Janeiro vem passando por transformações rele-vantes em sua dinâmica econômica regional. Tem-se observado, dentrevários fatores importantes, um significativo processo de desconcentração

industrial da região metropolitana rumo ao interior do Estado, principalmente emdireção aos pólos siderúrgicos, metal-mecânico e automobilístico, na Região do Mé-dio Paraíba; às indústrias naval (Niterói e Costa Verde), de confecções (Região Serra-na) e extrativista de petróleo e gás (Norte-Fluminense).

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1 Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento/Cefet-Campos e Isecensa; 2 Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvol-vimento/Cefet-Campos; 3 Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento/Cefet-Campos; 4 Mestrado em Geografia/UFRJ

Desconcentração econômica noDesconcentração econômica noDesconcentração econômica noDesconcentração econômica noDesconcentração econômica noEstado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:

a força da economia do petróleo ea força da economia do petróleo ea força da economia do petróleo ea força da economia do petróleo ea força da economia do petróleo esuas deseconomias de aglomeraçãosuas deseconomias de aglomeraçãosuas deseconomias de aglomeraçãosuas deseconomias de aglomeraçãosuas deseconomias de aglomeração

Romeu e Silva Neto1, Jayme Freitas Barral Neto2

William Souza Passos3, Robson Santos Dias4

Macaé - RJ

Foto:Raimundo

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açãoPretendemos aqui, inicialmente,

analisar este processo e o crescimen-to da dinâmica econômica no interiordo Estado, com ênfase especial emMacaé, por este município sediar osegmento upstream da indústria depetróleo e gás, principal indutor doreferido processo de desconcen-tração. Posteriormente, o artigo bus-ca discutir algumas contradiçõesadvindas do progresso no município,onde algumas deseconomias de aglo-meração começam a surgir ocasionan-do problemas, como urbanização ace-lerada e favelização, aumento dos ín-dices de violência e graves questõessócio-ambientais.

Por fim, o artigo visa também ana-lisar algumas perspectivas oriundastanto das ações locais dos governosmunicipal e estadual – com destaquepara os Fundos Municipais de financi-amento a empreendimentos indus-triais –, quanto das ações de âmbitonacional, com destaque para o Pro-grama de Aceleração do Crescimen-to (PAC). A partir dessas análises,observa-se que se reforça a tendên-cia de desconcentração industrial eeconômica em nossa região metro-politana, o que é positivo para o Esta-do. Mas, por outro lado, fica eviden-te que se faz necessário o desenvol-vimento de políticas públicas nos di-versos níveis governamentais, que vi-sem minimizar os impactos negativosdessa nova dinâmica no interior.

O processo dedesconcentração industrialno Estado do Rio de Janeiro

Nossa região metropolitana – so-bretudo os municípios do Rio de Ja-neiro e da Baixada Fluminense, comrecente destaque para o pólo gás-quí-mico –, historicamente tem exercidouma elevada centralidade no territóriofluminense, concentrando grande parte

dos investimentos, dos estabelecimen-tos e empregos industriais. Entretanto,esta região começa a experimentar umadiminuição de sua importância relativana economia estadual, em virtude docrescimento de importantes segmen-tos da indústria localizados no interiordo Estado.

A partir da análise da distribuição donúmero de estabelecimentos industri-ais nas últimas duas décadas, observa-se que de 1985 a 2005 a participaçãoda região metropolitana fluminense di-minuiu cerca de 20%, caindo de 78,1%para 62,6%, enquanto a do interior cres-ceu de 21,9% para 37,4%. (Gráfico 1)

Gráfico 1 – Evolução do número de estabelecimentos industriais na regiãometropolitana e no interior do Estado do Rio de Janeiro (1985/2005)

Fonte: Fundação Cide

Fonte: Fundação Cide

Fonte: Fundação Cide

Gráfico 2 – Evolução do número de empregos industriais, na região metropo-litana e no interior do Estado do Rio de Janeiro (1985/2005)

Gráfico 3 – Evolução da participação relativa da região metropolitana doEstado do Rio de Janeiro e do interior, no PIB industrial do Estado (1996/2004)

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No que se refere aos em-pregos industriais, fenômenosemelhante se observa, po-rém, em menores propor-ções. O estoque de empre-gos formais da região metro-politana caiu sua participação de76%, em 1985, para 66%,em 2005, enquanto a partici-pação do interior subiu de 24%para 34%.

Essa nova dinâmica no in-terior vem impactando direta-mente a distribuição de rique-za no Estado. Analisando-se,no período de 1996 a 2004,a evolução da participação daregião metropolitana no PIBestadual (tomando-se todos os seto-res conjuntamente), observa-se tam-bém uma redução considerável, de80% para 63%.

Neste mesmo período, se com-parado apenas o PIB industrial, verifi-ca-se que a sua participação relativa naregião metropolitana caiu de 66%, em1996, para 40%, em 2004. Ou seja,nestes últimos anos, o interior ultra-passou a região metropolitana na gera-ção da riqueza industrialmente produ-zida no Estado. (Gráfico 3)

Esta desconcentração industrialpode ser entendida como fruto de doisprocessos que vêm acontecendo si-multaneamente no Estado. O primei-ro, é reflexo do “esvaziamento eco-nômico” dos anos 1980 (Silva, 2004),quando se percebe um esgotamentoprodutivo da região metropolitana, oca-sionado por inúmeras deseconomiasurbanas (Natal, 2005; Osório da Silva,2006). Graves problemas urbanos,

como o crescente aumento da violên-cia, somados à alta do preço dos terre-nos e do valor da mão-de-obra – e,ainda, à falta de espaço físico para aexpansão de algumas atividades pro-dutivas – têm feito com que muitasempresas deixem de se instalar na re-gião metropolitana ou migrem paraoutros lugares, no interior ou mesmofora do Estado. 1

Em paralelo, como segundo pro-cesso, verifica-se que há um dinâmicocrescimento de pólos industriais locali-zados no próprio interior do Estado,dentre os quais se destacam os side-rúrgicos, metal-mecânico e automobi-lístico, na Região do Médio Paraíba; asindústrias naval, em Niterói e na CostaVerde; de confecções, na Região Ser-rana; e, principalmente, a extrativista depetróleo e gás, no Norte-Fluminense(Oliveira, 2003).

O grande indutor do processo deinteriorização da economia fluminense

tem sido, inquestionavelmente, o au-mento constante das atividadesextrativistas no Norte-Fluminense. Sil-va Neto (2006) afirma que as pers-pectivas de retomada no processo decrescimento econômico do Estadotêm se desenvolvido, basicamente,numa relação de alta dependência coma indústria do petróleo e gás situadana Bacia de Campos. Dados do Cidedemonstram que as atividades da in-dústria extrativista e de transformaçãoparticiparam, no ano de 2005, comcerca de 35% do PIB estadual – sen-do que a primeira vem apresentandodesempenho muito superior ao dasegunda (Gráfico 4).

Dentro desse contexto de fortale-cimento do setor extrativista na eco-nomia fluminense, o município deMacaé tem um grande destaque porconcentrar, em seu território, a maiorparte do segmento upstream da cadeiaprodutiva de petróleo e gás, do Estadoe do país. Entretanto, a presença desseaglomerado produtivo vem produzin-do profundas transformações naquelemunicípio ao engendrar, por um lado,potencialidades econômicas e, poroutro, graves problemas sociais, eco-nômicos e ambientais.

1 Isto tem acontecido, com mais clareza, na Cidade do Rio de Janeiro, já quealgumas cidades da região metropolitana, principalmente as da área de influênciados setores petroquímico e naval (respectivamente, Duque de Caxias e Niterói),têm sido escolhidas para abrigar expressivos investimentos industriais (Lahtermahere Costa, 2005).* O baixo crescimento das atividades extrativistas, em 2003, deveu-se a umadiminuição no ritmo da produção, em todo o primeiro semestre, para manutençãoe reparos das plataformas de petróleo na Bacia de Campos (Melo, 2004).

Gráfico 4 - Taxa de crescimento anual da indústria extrativista mineral e detransformação, no Estado do Rio de Janeiro (1997/2003)*

Fonte: Fundação Cide

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A indústria petrolífera emMacaé: crescimentoeconômico edeseconomias deaglomeração

O município de Macaése tornou, nos últimos 25anos, um dos principaismotores da economia nointerior fluminense. Isto,porque se transformou naprincipal unidade de apoiooffshore da indústria petrolí-fera do país. Na medida emque este setor é o principalresponsável pelo bom de-sempenho econômico doEstado do Rio de Janeiro,após meados da década de 1990, omunicípio tem ganhado, cada vezmais, destaque na rede urbana do in-terior fluminense, atraindo grandeslevas de imigrantes e engendrandonovas polarizações no norte do Esta-do. A população municipal sofreu umcrescimento vertiginoso, que trans-formou a pequena cidade interiorana,até então dedicada a atividades pri-márias, em uma cidade média, comeconomia de base industrial e de ser-viços para indústrias.

Tomando-se como objeto de aná-lise a evolução do estoque de empre-gos formais nos principais municípiosde cada região administrativa do Esta-do (Campos dos Goyta-cazes, na Região Norte;Petrópolis e Nova Friburgo,na Região Serrana; VoltaRedonda, no MédioParaíba; Itaperuna, no No-roeste-Fluminense; CaboFrio, na região das Baixa-das Litorâneas; e Angra dosReis, na Costa Verde), ob-serva-se que Macaé tor-nou-se um verdadeiropólo regional, evoluindo doquarto maior estoque de

empregos formais, em 1997, para oprimeiro, a partir de 2006. Ou seja, emdez anos, o município aumentou emquase 100% o seu estoque de empre-gos, enquanto Campos dos Goytacazes– que era o município, no interior, como maior número de empregos (1997)e principal pólo da Região Norte-Fluminense – aumentou em 23%, tam-bém influenciado pela dinâmica do pe-tróleo, em virtude do grande volumede royalties recebidos. Os outros mu-nicípios evoluíram em ritmo bem maislento e Volta Redonda perdeu empre-gos formais. (Gráfico 5)

Como ressalta Fauré (2005), aeconomia de Macaé tem se apresenta-do tão dinâmica, que os dados rapida-

mente caducam, o que muitas vezesimpossibilita uma análise econômica apartir de tendências passadas.

Evidentemente, tal aceleração criaum ambiente de franca euforia, tantopara as autoridades políticas quantopara a população em geral. Como alertaFauré (2005), o dinamismo econô-mico de Macaé deve ser analisado combastante cautela. De fato, o recentecrescimento trouxe enormespotencialidades, mas existem numero-sos gargalos, tanto aqueles advindosdos próprios impactos da formação doarranjo produtivo de petróleo e gás,quanto de problemas institucionais en-gendrados pela própria natureza da in-dústria extrativista.

Primeiramente, deve-se entender que o municí-pio faz parte de uma dasáreas mais atrasadas doCentro-Sul do Brasil. Comisso, a pujança econômicade Macaé, com toda a suapropaganda política, atraiu(e ainda atrai) grandes le-vas de imigrantes desqua-lificados, com a crença deque os empregos abun-dam no município. O pró-prio senso comum já che-

Fonte: Caged/MTE. Observatório Socioeconômico da Região Norte-Fluminense.Convênio Cefet, UENF, UFRRJ, Isecensa, Universo

Gráfico 5 - Variação anual do emprego formal em cidades médias,no Estado do Rio de Janeiro (1997/2007)

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Base da PBase da PBase da PBase da PBase da Petrobras, em Macaéetrobras, em Macaéetrobras, em Macaéetrobras, em Macaéetrobras, em Macaé

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gou a essa conclusão, ao observar aexpansão maciça de favelas ao redordo núcleo urbano. A insegurança fazparte do cotidiano dos macaenses –sentimento, este, aumentado com osensacionalismo da imprensa local. Masa insegurança tem seus motivos: emum ranking publicado pelo Ministérioda Saúde, referente a 2004, Macaé apa-rece como o terceiro município maisviolento do Estado do Rio de Janeiro eo 16º, no país.

Outro problema bastante patenteno município é a intensa degradaçãoambiental causada, principalmente, pelocrescimento desordenado da áreaurbana (Na figura 1, pode-se observareste acelerado crescimento nas últimasdécadas). Muitas favelas invadiram áre-as de mangue e restinga. É interessantesalientar que, em geral, a degradaçãonas áreas pobres colabora na própriapiora da qualidade de vida de seusmoradores. Bairros de população abas-tada e zonas industriais também têmuma participação bastante significativana degradação.

Nesse sentido, apesar da notóriaforça econômica gerada pelo arranjoprodutivo do petróleo e gás, existemmuitos problemas para o desenvolvi-mento local de Macaé, a partir somen-te da presença dessas empresas.

A cidade é apenas um dos pontosda rede produtiva da Petrobras. A partepresente no município é a mais “volátil”,pois se trata de um aglomerado ligado àatividade extrativista de petróleo e gás.Em outras palavras, o esgotamento dasreservas pode gerar um esvaziamentoeconômico local, com a migração dasempresas para outras regiões. Assim,cabe ao município aproveitar as oportu-nidades geradas agora, a fim de criar pos-sibilidades para o futuro.

Iniciativas locais e nacionais:novas perspectivas de cresci-mento econômico no interior

No sentido de gerar alternativas eco-nômicas futuras, algumas iniciativas têmsido elaboradas visando o desenvolvi-mento local. Recentemente, a PrefeituraMunicipal de Macaé, através de sua Se-cretaria de Indústria e Comércio, enviouprojeto de construção de um pólo in-dustrial no município, tendo por base te-órica os clusters. O objetivo é bem claro:transformar Macaé em pólo de desen-volvimento tecnológico, a partir da cria-ção de atributos territoriais específicos.

Além disso, a Prefeitura de Macaé– a exemplo da Prefeitura de Campos

dos Goytacazes, com o Fundecam, eda Prefeitura de Quissamã, com oQuissamã Empreendedor – criou oFundo de Desenvolvimento Econômi-co e Social de Macaé (Fundec). Trata-sede um fundo que financia empreendi-mentos industriais, a taxas de juros maisatraentes que as de mercado, visandoatrair mais empresas para o município ebuscando garantir um caminho alterna-tivo para o período pós-petróleo.

Em paralelo a essas iniciativas muni-cipais, alguns projetos nacionais, comoo PAC, têm trazido enormes perspecti-vas para a ampliação das atividades járealizadas no interior do Estado, particu-larmente, em Macaé e no Norte-Fluminense. Dentre as muitas medidasanunciadas pelo governo, investimen-tos para o fortalecimento da matrizenergética estão entre as principais.

Do total de R$ 503,9 bilhões eminfra-estrutura, mais de R$ 270 bi-lhões estão destinados ao setorenergético, ou seja, quase 55%. Des-tes recursos, a Região Sudeste rece-berá, até 2010, R$ 81 bilhões; e pou-co mais de R$ 100 bilhões serão des-tinados a projetos nacionais não-regionalizados e, portanto, espalhadospor vários pontos do território.

Como as atividades extrativistas naBacia de Campos correspondem amais de 80% da produção de petró-leo e a quase 45% da produção de gásno Brasil, boa parte desses investimen-

Fonte: Aerofotogrametria de 2001: mapa temático elaborado por Dias (2005)

Figura 1 - Mapa da evolução da área urbana de Macaé (1956/2001)

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Área urbana em 1956Área urbana em 1966Área urbana em 1976Área urbana em 1989Área urbana em 2001

Indústria naval

Foto:Raimundo

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tos será destinada ao apoio das ativida-des offshore, em Macaé.

A tabela 1 mostra alguns dos in-vestimentos em infra-estrutura ener-gética, na Região Sudeste, que pode-rão gerar impactos diretos no interiordo Estado do Rio de Janeiro e, maisespecificamente, em Macaé e na Re-gião Norte-Fluminense.

De acordo com a tabela acima, osinvestimentos em exploração e pro-dução de petróleo e gás serão realiza-dos, prioritariamente, nos campos deRoncador, Marlim Sul, Marlim Leste eJubarte, todos eles localizados na Baciade Campos.2 O Plangás, com R$ 25bilhões de investimentos, prevê um

Assim, tais investimentos tendema fazer com que o dinamismo econô-mico que tanto o interior, como Macaée a Região Norte-Fluminense vêmapresentando, se mantenha ainda pormais algum tempo.

Portanto, percebe-se que gran-des perspectivas de apoio e fortale-cimento às atividades extrativistas depetróleo, trazidas à tona pelo PAC,podem se articular com projetos lo-cais de desenvolvimento, que visamo fortalecimento da economia comoum todo, criando condições ideaispara a continuidade do processo dedesconcentração industrial na regiãometropolitana do Rio de Janeiro.

Do mesmo modo, é grande apossibilidade de que se agravem maisainda algumas das drásticas conse-qüências que esse tipo de cresci-mento traz, como um aumento con-sideravelmente maior da urbaniza-ção e favelização, da violência e dosgraves problemas sócio-ambientais.Assim, faz-se necessário o desen-volvimento de políticas públicas, nosdiversos níveis governamentais, quevisem minimizar os impactosnegativos dessa nova dinâmica nointerior do Estado.

Investimentos previstos pelo PAC (2007/ 2010), Valor dopara a Região Sudeste Investimento (R$)

Exploração e produção de petróleo e gás 93,4 bilhões

Plangás 25 bilhões

Ampliação da infra-estrutura de transporte e gás natural 7 bilhões

Ampliação da frota nacional de petroleiros 4,1 bilhões

Transmissão de energia elétrica 2,68 milhões

Referências bibliográficasCAGED Estabelecimento/MTE. Dis-

ponível em <http://cagedestabelecimento.caged.gov.br>. Acessado em 10/07/2007

CIDE - Centro de Informações e Da-dos do Estado do Rio de Janeiro. Disponí-vel em <http://www.cide.rj.gov.br>.Acessado em 15/07/2007

DIAS, Robson Santos; SILVA NETO,Romeu. Impactos de um setor de altoconteúdo tecnológico em regiões periféri-cas: o caso da Petrobras em Macaé-RJ. In:Anais do IX Simpósio Nacional de GeografiaUrbana. Manaus, 2005, CD-ROM

FAURÉ, Yves-A. A transformação daconfiguração produtiva de Macaé (RJ): umaproblemática de desenvolvimento local. In:FAURÉ, Yves-A; HASENCLEVER, Lia(Orgs). O desenvolvimento econômico localno Estado do Rio de Janeiro. Quatro estudosexploratórios: Campos, Itaguaí, Macaé e NovaFriburgo. Rio de Janeiro: E-Papers ServiçosEditoriais, 2003, p. 69-121

2 Além do investimento previsto até2010 (R$ 93,4 bilhões), o segmento deexploração e produção de petróleo egás receberá investimentos de cerca deR$ 100 bilhões, a partir de 2011.

LAHTERMAHER, Marta Franco; COS-TA, Flávia. Investimentos no Estado do Riode Janeiro: perspectivas para o período2005-2007. Revista de EconomiaFluminense, 20/12/2005, no 4. Disponívelem: <http://www.cide.rj.gov.br/revista eboletins/>. Acessado em 20/04/2006

MELO, Luiz Martins. EconomiaFluminense: crescimento e perspectivas.Revista de Economia Fluminense, 18/10/2004, no 2. Disponível em: <http://www.cide.rj.gov.br/revista e boletins/>.Acessado em: 20/04/2006

NATAL, J. (Org.) O Estado do Rio deJaneiro pós-1995: dinâmica econômica,rede urbana e questão social. Rio de Janei-ro: Pubblicati, 2005

OLIVEIRA, Floriano Godinho de.Reestruturação produtiva e regionalizaçãoda economia no território fluminense. Tesede Doutorado em Geografia. São Paulo:Universidade de São Paulo, 2003, 231 p.(mimeo)

OSÓRIO DA SILVA, M. A crise do Rio e

aumento superior a 6,3 milhões de m3/dia até 2008, na produção de gás naBacia de Campos; e depois, até 2010,mais 5,7 milhões de m3/dia.

Inserida nos investimentos de am-pliação da infra-estrutura de transportede gás natural, com R$ 7 bilhões, jáestá em implantação a ampliação dogasoduto Cabiúnas-Vitória-Cacimbas.Também inserida nos investimentospara transmissão de energia elétrica,com R$ 2,68 milhões, está sendo im-plantada a construção da linha de trans-missão Campos-Macaé.

Além disso, com o aumento da frotanacional de petroleiros, que prevê aconstrução de 42 novos navios detransporte marítimo – 15 deles serãoentregues até 2010 –, bem como acontratação de dois superpetroleiros, asatividades offshore terão um impulsoconsideravelmente maior.

Tabela 1 - Alguns investimentos previstos pelo PAC, para a Região Sudeste

Fonte: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – www.pac.gov.br

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suas especificidades. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/ publicacoes/serie_seminarios_de_pesquisa/tssp06_05_09.pdf- Acessado em 06 set 2006.

Programa de Aceleração do Crescimen-to. Disponível em <http://www.pac.gov.br>.Último acesso em 18/07/2007

SILVA, Robson Dias da. Rio de Janeiro:crescimento, transformações e sua impor-tância para a economia nacional (1930-2000). Dissertação de Mestrado sobreDesenvolvimento Econômico. Campinas:Instituto de Economia - Universidade Esta-dual de Campinas, 2004, 166p.

SILVA NETO, Romeu. Indústria e de-senvolvimento na Região Norte-Fluminense: crescimento econômico e oproblema da extrema heterogeneidadeeconômico-espacial no Estado do Rio deJaneiro. In: CARVALHO, Ailton Mota de;TOTTI, Maria Eugenia Ferreira (Orgs).Formação histórica e econômica do Norte-Fluminense. Rio de Janeiro: Garamond,2006, p. 225-274

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omo reação ao avanço da preocupação da comunidade científica inter-nacional e da sociedade como um todo, frente à questão das mudançasclimáticas globais, o consumo de etanol vem crescendo, de modo rele-vante e consistente, no Brasil e no mundo. Outro aspecto importante

que valoriza este energético renovável refere-se à sua viabilidade econômica frenteaos derivados de petróleo.

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O Estado do Rio de Janeiro,O Estado do Rio de Janeiro,O Estado do Rio de Janeiro,O Estado do Rio de Janeiro,O Estado do Rio de Janeiro,no conteno conteno conteno conteno contexto de valorizaçãoxto de valorizaçãoxto de valorizaçãoxto de valorizaçãoxto de valorização

nacional e internacionalnacional e internacionalnacional e internacionalnacional e internacionalnacional e internacionaldo etanoldo etanoldo etanoldo etanoldo etanol

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André Felipe Simões1 e Daniel Oberling2

1 D.Sc. Planejamento Energético e Ambiental (Programa de Planejamento Energético/Coppe/UFRJ); pesquisador do CentroClima/Coppe/UFRJ; e professor visitante do Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. E-mail: [email protected] M. Sc. em Planejamento Energético e Ambiental (Programa de Planejamento Energético/Coppe/UFRJ); e pesquisador doLaboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima/Coppe/UFRJ). E-mail: [email protected]

Produçãosucroalcooleira do

etanol – RJ

Foto:Raimundo

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Poucas vezes, nahistória brasileira,experimentou-se umconjunto de fatoresconvergentes favorá-veis à implantação deum projeto de desen-volvimento nacional,como no caso daexpansão da produçãode biocombustíveis,em especial, o etanol.

Cabe ressaltar que o Brasil é o prin-cipal exportador mundial de etanol. Alémdisso, é o país que possui as melhorescondições – dentre elas, a detenção dedomínio tecnológico em toda a cadeiade produção e uso do etanol – de su-prir, em curto prazo, grande parte da cres-cente demanda por este biocombustível.Concorrendo para a grandecompetitividade do produto em termosde exportações, menciona-se o vastopotencial para a expansão da produçãode cana-de-açúcar no país. Em todo esseprocesso, as regiões Norte e Noroes-te do Estado do Rio de Janeiro podemcontribuir decisivamente. A proximida-de com o litoral, a tradição da agroin-dústria sucroalcooleira norte-fluminense,a presença de terras propícias em regi-ões estratégicas, a oferta de insumo (nocaso, gás natural) para produção de fer-tilizantes usualmente empregados naprodução da cana-de-açúcar e a boa infra-estrutura de escoamento podem servantagens competitivas do Estado, emrelação a outra regiões do país. No en-tanto, para que tais vantagens passem depotencialidades a concretização deganhos – inclusive, no que tange ao as-pecto social, tal como a geração de em-pregos –, o governo e a iniciativa privadadevem realizar investimentos em tornode um planejamento voltado à expan-são da atividade, respeitando os critériosnecessários para um desenvolvimentoambientalmente amigável e socialmenteincludente. Considerando o exposto,torna-se essencial avaliar as perspecti-vas de inserção do Rio de Janeiro nocontexto de valorização nacional e in-ternacional da produção de etanol, quese constitui no objetivo principal do pre-sente trabalho.

Razões para a crescentevalorização nacional e mundialdo etanol

Poucas vezes, na história brasilei-ra, experimentou-se um conjunto de

fatores convergentes favoráveis à im-plantação de um projeto de desenvolvi-mento nacional, como no caso da ex-pansão da produção de biocom-bustíveis, em especial, o etanol.

De fato, o cenário atual aponta parauma retomada de valorização dosbiocombustíveis. Este quadro guardarelação com o crescente consenso dacomunidade científica em relação aoaquecimento do planeta, devido ao au-mento das emissões de poluentes pro-venientes da queima de combustíveisfósseis. Nesse sentido, um grande alia-do para os biocombustíveis – ou para a

valorização de tais energéticos – foi arecente publicação do 4º Relatório deAvaliação do IPCC (Painel Intergo-vernamental sobre Mudanças Climáti-cas Globais) (IPCC, GT 1, 2007). Talrelatório aponta, com 90% de proba-bilidade, que o ser humano é o princi-pal responsável pelas mudanças climáti-cas globais. Cabe assinalar, no entanto,que o etanol atualmente se beneficia daescalada dos preços do petróleo, mes-mo considerando-a circunstancial – emmédio prazo, tal escalada tende a ocor-rer como conseqüência da aproxima-ção do pico de produção de petróleo(Laherrere, J., 2002). Além disso, oacirramento de conflitos nos principais

países produtores, também vem con-tribuindo, direta ou indiretamente, naformulação das estratégias dos princi-pais países importadores de petróleo(como os Estados Unidos, por exem-plo). Muito mais do que as discussõessobre a finitude do petróleo e os inte-resses corporativos do poderio da in-dústria petrolífera no mundo, o uso doetanol vem se colocando como fatordecisivo na redefinição da matrizenergética, no âmbito da perspectivaeconômica dos combustíveis reno-váveis e ambientalmente limpos. Bus-ca, com isso, na maioria dos casos, aredução da dependência externa deenergia, com a introdução de fontesde energia mais limpas e economica-mente viáveis.

Nesse contexto, a safra 2006/2007 elevaria as exportações brasilei-ras de etanol a 3,3 milhões de metroscúbicos, consolidando a posição dopaís como principal exportador mun-dial do energético em questão (Única,2007; IADB, 2007). Cabe ressaltarque a supremacia do Brasil, no que tan-ge à exportação do etanol, deve-se aum conjunto de fatores, dentre os quaisé possível citar (JBIC, 2006; IADB,2007): o clima adequado ao plantio dacana-de-açúcar; a detenção de elevadoknow-how tecnológico; farta mão-de-obra a custos módicos (ou seja, a gera-ção de empregos é um inegável benefíciodecorrente da indústria sucroalcooleira,mas, por outro lado, a baixa qualidadedos empregos pode ser vista comoobstáculo ao desenvolvimento eqüita-tivo do país); e extensas áreas agricul-táveis para o plantio da cana. Com taiscaracterísticas, o álcool brasileiro pos-sui grande competitividade frente aosseus concorrentes diretos e aos pre-ços atuais do barril de petróleo. Mes-mo se estes preços caíssem para valo-res próximos a US$ 30 ou US$ 35, oálcool ainda seria um combustível com-petitivo. (CGEE, 2005)

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Caso as projeções do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to se confirmem, em 2017 o Brasilpoderá estar produzindo 38,7 milhõesde metros cúbicos de etanol. Nestecenário, no ano em questão o país es-taria consumindo 28,4 Mm3 e expor-tando 10,3 Mm3 (Mapa, 2007). Paraque esta projeção se confirme, é ab-solutamente essencial que se dê inícioa um processo de deslocamento daprodução de etanol para fora do Esta-do de São Paulo. Apesar de se tratar deum estado com condições para expan-dir sua produção, num cenário de gran-de expansão da demanda mundial portal energético precisará, inevitavelmen-te, da “ajuda” de outros estados brasi-leiros para fazer frente a esse quadro,pelo prisma da oferta. Ou seja, há ne-cessidade de uma interiorização da pro-

dução. Por outro lado, há também ne-cessidade de redução dos atualmenteelevados custos de transporte. De fato,tais aspectos constituem-se em gran-des desafios para que o Brasil se con-solide, definitivamente, como potênciana área dos biocombustíveis, exercen-do o papel de protagonista no contex-to de mitigação das emissões de gasesdo efeito estufa (GEE).3

Tanto no âmbito de deslocamentoda produção de etanol, quanto da ne-cessidade de redução dos custos as-sociados ao seu transporte, o Estadodo Rio de Janeiro pode, efetivamente,desempenhar papel importante. Arevitalização da produção de cana-de-

açúcar no Norte e Noroeste do Esta-do viria a contribuir, de forma relevan-te, para atingirmos os cenários proje-tados pelo Governo Federal. Além dis-so, com sua relativamente vasta exten-são de costa litorânea, se houver ex-pansão da logística para o transporte,no Rio de Janeiro – por exemplo, amodernização ou criação de portos –,delinear-se-á um quadro de reduçãodo custo total requerido para o escoa-mento (exportações) de parte da pro-dução nacional de etanol.

Mas, afinal, o Estado do Rio deJaneiro está preparado para desem-penhar este papel? Outras perguntasemergem, nesta esfera: qual o atualstatus da produção de etanol no Esta-do? Há perspectivas para a expansãodesta produção? Há obstáculos asso-ciados a um possível processo de

revitalização da produção decana-de-açúcar e etanol noNorte e Noroeste flumi-nenses? Há indicativos de pla-nos governamentais voltadosao escoamento/transportedesta produção? Os empre-gos gerados num cenário deexpansão da produção deetanol, no Estado, serão emnúmero expressivo? Que tipo

de emprego esse processo poderácriar? Rígidos requisitos ambientais naprodução de cana-de-açúcar (uma tí-pica preocupação do mercado euro-peu) podem ser atendidos pelo setorsucroalcooleiro fluminense? Tais ques-tões motivaram e nortearam a elabo-ração do presente trabalho.

O potencial de expansão daprodução mundial de etanol– Brasil e seus principaisconcorrentes

De uma forma geral, os paísescom boa competitividade mundial naprodução de etanol possuem deter-minadas características em comum,

quais sejam: capacidade de expansãoprodutiva, devido a grandes extensõesde terras propícias às culturasenergéticas; boa infra-estrutura de es-coamento da produção; elevados ní-veis de inovação tecnológica; e estímu-lo governamental – tanto no que serefere à introdução de misturas deetanol e/ou ETBE4 na gasolinaconsumida no mercado interno, quan-to no que tange ao desenvolvimentode mecanismos de estímulo à P&D.

Boa parte dos países com os mai-ores potenciais para expansão da pro-dução de etanol, a partir da cana-de-açúcar, encontra-se em processo dedesenvolvimento e localiza-se nos tró-picos (ou entre o Trópico de Capri-córnio e o Trópico de Câncer). Taispaíses costumam caracterizar-se porbaixo desenvolvimento tecnológico etênue infra-estrutura de escoamento.De certa forma, este panorama é ca-racterístico de nações situadas nas zo-nas tropicais da América Central, Áfri-3 Nesse contexto, há de se ressaltar queo setor de transportes – que tende,cada vez mais, a ser grande demandantedos biocombustíveis – respondeu por23% da emissão global de GEE, em 2005(IPCC, GT 1, 2007).4 Éter Etil Terc-Butílico é um compostoquímico resultante da reação entreetanol e isobutileno (47% e 53%, res-pectivamente). Assim como o etanol,tem a função de oxidante na combus-tão da gasolina – em substituição aoMTBE, que é derivado de combustívelfóssil –, tornando-a mais limpa e, parti-cularmente, diminuindo a emissão deCO. (Cortez, 2003)

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Fabricação doetanol

Foto:Raimundo

Bandeira deMello

Vista canavial

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oca, Ásia e América do Sul. O Brasil,por conta de robustez tecnológica eboa infra-estrutura de escoamento,foge a esse padrão.

Com pequena demanda internapor etanol, boa disponibilidade de ter-ras, proximidade ao mercado norte-americano e grande produtividade,5 ospaíses da América Central possuem al-guma relevância como exportadores doproduto. Em 2005, exportaram 391,4milhões de litros para os Estados Uni-dos, 50% a mais do que no ano ante-rior, ou seja, 256,2 milhões de litros(IADB, 2007). Deve-se ressaltar queeste valor corresponde a somente 50%da cota estipulada para exportação aosEstados Unidos, por tais países.

Já no continente africano, há po-tencial para o aparecimento de gran-des exportadores, como Moçam-bique, Nigéria e África do Sul. Cabeassinalar que Moçambique possuienorme potencial, por causa de suaextensa área agricultável – 36 Mha,sendo que o país utiliza somente 9%desta vasta extensão (IADB, 2007) –e dos baixos custos de produção deaçúcar (farta oferta de mão-de-obra, acustos reduzidos). Porém, mesmocom acordos de cooperação técnica,em médio prazo, a competitividade dospaíses da África e América Central éafetada pela frágil infra-estrutura detransporte, não se mostrando fortesconcorrentes às exportações brasilei-ras de etanol.

No que tange à produção do con-tinente asiático, os principais países sãoa China, com 3,65 bilhões de litros,em 2004; e Índia, com 1,8 bilhão delitros no mesmo ano (CGEE, 2005).Utilizando a cana-de-açúcar como ma-téria-prima, a Índia é o país asiático quepossui o maior potencial de produçãode etanol, devido às grandes exten-sões de áreas agricultáveis, além defarta matéria-prima. De acordo comas projeções do CGEE (2005), o país

poderá chegar a produzir, em 2025,2,34 bilhões de litros de etanol, sen-do que 1,2 bilhão seria destinado aomercado externo. Nesse contexto, aÍndia pode se tornar um importanteplayer internacional.

Quanto aos países da América do

Norte e Europa, estima-se que estes,dificilmente, tornar-se-ão grandes ex-portadores de etanol, por causa da pró-pria pujança de seus mercados inter-

nos. Muito provavelmente, tais merca-dos tendem a absorver praticamentetoda a produção estadunidense e eu-ropéia. Um outro aspecto a ser ressal-tado, refere-se à baixa competitividadedo etanol produzido em tais regiões,tendo em vista os reduzidos custos deprodução nos países tropicais.

Este último aspecto pode ser cons-tatado nos Estados Unidos, maior pro-dutor mundial de etanol. Em 2006, opaís produziu 19,9 bilhões de litros(IADB, 2007). No entanto, devido aosaltos custos de produção6 (Figura 1),tanto com matéria-prima7 quanto aoprocesso produtivo em si (balançoenergético8 bem menor do que o etanolda cana), o biocombustível produzidonos Estados Unidos depende forte-mente de subsídios,9 para competircom o etanol brasileiro em seu merca-do interno. Atualmente, o governo vemapostando na viabilidade da produçãode etanol a partir da hidrólise de mate-riais lignocelulósicos10 que, efetivamen-te, pode aumentar significativamente aprodutividade, diminuindo seus custos11

nos próximos cinco a dez anos. Noentanto, o aumento da conscientizaçãoda sociedade norte-americana, frenteaos problemas decorrentes da emis-são de gases do efeito estufa, tende afazer com que todo e qualquer incre-mento na produção de etanol seja ab-sorvido pelo mercado interno.

Quanto aos países daAmérica do Norte eEuropa, estima-seque estes, dificilmen-te, tornar-se-ãograndes exportado-res de etanol, porcausa da própriapujança de seusmercados internos.Muito provavelmente,tais mercados tendema absorver pratica-mente toda a produ-ção estadunidense eeuropéia.

5 Em 2004, El Salvador possuía uma produtividade média de 92,45 toneladas decana/ha (IADB, 2007). Já a produção brasileira foi de 84 toneladas de cana/ha(NAE, 2005).6 Em 2005, o etanol de milho (americano) teve um preço de venda de US$ 0,29/litro,frente aos US$ 0,22/litro do etanol brasileiro (IADB, 2007).7 Enquanto em 2006 o custo da parte agrícola da cana-de-açúcar foi, em média, de US$0,30/galão, o milho atingia US$ 0,53/galão, no processo dry milling (IADB, 2007).8 O etanol de milho, nos Estados Unidos, tem uma relação output/input de 1,4(NAE, 2005), enquanto que o etanol brasileiro tem 9,2 (Macedo, 2003).9 A taxa de importação do etanol brasileiro é de 2,5%, mais uma tarifa adicional deUS$ 0,54/galão (Cortez, 2003).10 Processo de ruptura de uma ligação química (no caso, a lignocelulose) pelo uso daágua. Nela, a lignocelulose seria convertida em açúcares que podem ser novamentefermentados e transformados em etanol. Isso abre espaço para a utilização de outrosmateriais na produção de etanol, como a madeira e resíduos da produção agrícola.11 Espera-se que até 2020, com a implantação da hidrólise de lignocelulósicos, oscustos de produção possam chegar a US$ 0,20/litro de etanol, nos Estados Unidos(NAE, 2005).

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Verificados alguns aspectos dosprincipais concorrentes na produção deetanol, pode-se constatar que a pro-dução brasileira caracteriza-se por im-portantes vantagens competitivas: oelevado grau tecnológico de sua indús-tria, refletido em grande produtividade;ampla disponibilidade de solo; e climafavorável. De acordo com CGEE(2005), ao longo dos últimos 30 anos,o desenvolvimento tecnológico levoua um expressivo aumento da produti-vidade na parte agrícola e industrial. Seanalisarmos a Tabela 1, notamos que aevolução tecnológica ocorreu em to-das as fases de produção. Este resulta-do pode ser retratado na produtivida-de: de 2.024 litros/ha, em 1975, para6 mil litros/ha, em 2006 (IADB,2007). No entanto, este aumentoocorreu, preponderantemente, emdois estados: São Paulo e Paraná. Jáoutras regiões tradicionais, como oEstado do Rio de Janeiro e estados doNordeste, não tiveram uma evoluçãocorrespondente. Em parte, isso podeser explicado pelos reduzidos investi-mentos em inovação direcionados aessas regiões.

Duas grandes vantagens competi-tivas do etanol produzido no Brasil re-ferem-se às grandes extensões de ter-ra com boa fertilidade e às condiçõesclimáticas. Segundo Macedo (2005),as áreas para agricultura e pastagemocupavam, em 2005, 297 milhões dehectares (35% da área total do Brasil).Destes, 227 Mha eram utilizados pelapecuária ou considerados terras degra-dadas. Os 70 Mha restantes destina-vam-se a cultivos agrícolas como a soja(21 Mha) e o milho (12 Mha). Aindasegundo Macedo (2005), enquantonos últimos dez anos a agricultura tevesua expansão centrada em áreas de pas-tagens degradadas, na Região Centro-Oeste (88,7%), nos últimos 25 anosa cana se expandiu, principalmente noCentro-Sul (94%), em torno de pro-

priedades já existentes e em substitui-ção a outras atividades que já haviamdesmatado o cerrado (geralmente,pastagens). Com 5,3 Mha em 2006,o cultivo da cana cresceu, entre 1993e 2003, cerca de 1,4 Mha (ou seja,49% de crescimento, em termos detaxa acumulada no período), sendo queSão Paulo respondia por 64% dessaárea. Isso dá indícios de que a expan-são da cana não vem provocando dire-tamente o desmatamento nas regiõesamazônica e pantaneira, até mesmopor ocupar áreas anteriormente degra-dadas. Por outro lado, a troca de cultu-ras para a alimentação vem ocorren-do, principalmente, no Estado de SãoPaulo, com a substituição do café e dalaranja por cana-de-açúcar, como podeser visto na Tabela 2.

Corroborando com o contextodescrito, o Gráfico 1 explicita quãocompetitivo é o etanol produzido noBrasil, frente aos competidoresinternacionais.

De certo modo, ainda há um gran-de potencial para a expansão da cana,sem desmatamento de áreas florestaisou substituição de plantações. Estima-

tivas da Embrapa (Macedo, 2005) in-dicam que, dentro das áreas degrada-das ainda existem, aproximadamente,100 Mha aptos à agricultura de cicloanual, bem como há potencial para aliberação de 20 Mha com o melhora-mento tecnológico da pecuária, a mai-oria, no bioma do cerrado. Em outroestudo, o CGEE (2005) estimou que,dos 361,5 Mha disponíveis para a agri-cultura, cerca de 121,8 Mha podemser aproveitados para a cana, com altae média produtividade. São áreas loca-lizadas, principalmente, nos estados deSão Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás,Minas Gerais e Pará, além de algumasfaixas próximas ao litoral do Rio de Ja-neiro e Rio Grande do Norte. Há, por-tanto, um potencial teórico de produ-ção, se tais áreas fossem utilizadas so-mente para a cana, cuja produção po-deria alcançar até 9 bilhões de tonela-das. No entanto, deve-se ressaltar quea expansão agrícola do cerrado precisaser criteriosamente planejada, consi-derando a conservação da biodi-versidade e dos recursos hídricos,bem como o impacto da mudança deculturas, evitando a repetição do pro-

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Tabela 1 - Variação de indicadores de produtividade da agroindústriacanavieira no Brasil (1975/2000)

Indicador Variação

Produtividade agrícola +33%

Teor médio de sacarose na cana +8%

Eficiência na conversão sacarose a etanol +14%

Produtividade na fermentação +130%

Conversão agroindustrial média +172%

Fonte: NAE, 2005

Tabela 2 - Evolução das áreas de lavoura em São Paulo: 1990 / 2004 (Mha)

1990 2004

Área total de lavouras 6,27 6,05

Cana 1,81 2,80

Café 0,57 0,22

Laranja 0,72 0,58

Outras 3,17 2,46

Fonte: Macedo, 2005

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cesso de destruição da Mata Atlânticano bioma do cerrado.

Panorama geral do etanol, noEstado do Rio de Janeiro

Conforme analisado anteriormen-te, o Brasil pode, em curto espaço detempo, tornar-se o grande fornece-dor mundial de etanol. E se aspectossocioambientais forem devidamenteincorporados a esse processo – o quenão é tarefa exatamente trivial, para so-ciedades e governos –, poderá haverimportante expansão de empregos demelhor qualidade e, ao mesmo tem-po, o país passará a capitanear amitigação da emissão global de GEE.Nesse contexto, há oportunidade parao Estado do Rio de Janeiro ter umganho socioambiental decorrente dapujança mundial dos biocombustíveise da estratégia de interiorização da pro-dução de cana. Para tanto, há necessi-dade de massivos investimentos vol-tados para a reativação e moderniza-ção da indústria sucroalcooleirafluminense, melhoria do seu sistemade escoamento e das condições detrabalho.

Em todo esse processo, as regi-ões Norte e Noroeste fluminensespodem contribuir, decisivamente, nãosó na produção de cana-de-açúcar eetanol, mas também de fertilizantesnitrogenados, importante insumo parao cultivo da cana-de-açúcar.

Os principais fertilizantes nitro-genados comercializados no Brasil sãoa amônia e seus derivados, tais comouréia, nitrato de amônio e soluções queutilizam essas duas substâncias. Cercade 60% desses fertilizantes são impor-tados. O gás natural é o principal insumopara a produção de amônia. E no atualcenário de instabilidade no suprimentode gás a partir da Bolívia, a decisão maiscoerente seria a utilização do gás natu-ral produzido internamente, no próprioNorte-Fluminense. Portanto, a possi-bilidade concreta de auto-suficiência naprodução de fertilizantes nitrogenados,dentro do contexto de expansão da pro-dução de etanol, constitui-se num im-portante diferencial do Estado do Riode Janeiro frente aos demais estadosda federação.

A maioria dos 200 municípios daszonas produtoras de cana-de-açúcar seconcentra no Estado de São Paulo. Noentanto, Campos dos Goytacazes ocu-pa o segundo lugar, no país. Ressalta-seque 93% da colheita de cana-de-açú-car, no Estado do Rio de Janeiro, é feitano Norte-Fluminense. Entretanto, en-tre 1970 e 2005, o número de usinasem atividade, no Estado, reduziu-se àmetade, denotando que o caso deCampos dos Goytacazes é pontual enão chega a fazer com que o Rio deJaneiro se destaque na produção naci-onal de cana-de-açúcar (a safra 2006/2007, no Estado, foi de 7,4 milhões

de toneladas, contra 475,7milhões de toneladas, noBrasil) ou de etanol, cujaprodução foi de 257,5 mi-lhões de litros na mesmasafra, contra 17,6 bilhõesde litros, em todo o país(Conab, 2006).

Este cenário, em vista daurgência de interiorizar a pro-dução nacional de etanol,aponta para a necessidadede que as regiões Norte e

Noroeste fluminenses recebam impor-tantes investimentos para a área de fer-tilizantes e para o aumento da produçãode etanol.

Nesse sentido, é meritória a anun-ciada intenção, do atual Governo doEstado, de implementar ações visandoo desenvolvimento do setor sucroal-cooleiro. Cabe ainda mencionar que aSecretaria de Agricultura, Pecuária, Pes-ca e Abastecimento do Estado (Seappa)formou, recentemente, um grupo detrabalho para a elaboração do Plano Di-retor de Agroenergia. Tal plano indica-rá quais iniciativas serão necessárias nasáreas de infra-estrutura, tecnologia, fi-nanciamento eincentivos fiscais,com o objetivode impulsionar osetor. Segundofontes oficiais, ameta é triplicar,até 2012, a pro-dução de cana-de-açúcar no Es-tado, que atual-mente está em torno de 5 milhões detoneladas/ano (Seappa, 2007).

Coteja-se, como fruto das indica-ções do Plano Diretor de Agroenergia,que os governos estadual e federal in-vistam, nos próximos quatro ou cincoanos, cerca de R$ 350 milhões paraaumentar a produção de cana-de-açúcare etanol no Estado do Rio de Janeiro

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oGráfico 1 – Custo de obtenção do litro de etanol - Safra 2004/2005

Fonte: Burnquist, 2006

Etanol de Cana (Brasil)

Etanol de Milho (EUA)

Etanol de Melaço (Austrália)

Etanol de Beterraba (UE)

Etanol de Celulose

0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60U S $U S $U S $U S $U S $

Campos dosGoytacazes é acidade do maiorpólo sucroalcooleirodo Estado do Rio deJaneiro

Foto:RaimundoBandeira de Mello

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(Seappa, 2007). O Norte e o Noro-este do Estado, por conta de toda ainfra-estrutura previamente instalada edisponibilidade de terras propícias, ten-dem a receber, praticamente, a totali-dade de tais investimentos. Cabe res-saltar que o Plano almeja auxiliar nosentido de que a produção interna deetanol responda, até 2012, por umquarto do consumo de álcool anidro(o que se mistura à gasolina) da popu-lação fluminense, além de objetivaratender à demanda total de álcoolhidratado (Seappa, 2007). Ou seja, umimportante benefício indireto podeadvir da expansão da produção noEstado: a redução da dependênciaenergética.

Além de apontar as iniciativas ne-cessárias voltadas à expansão da pro-dução de cana-de-açúcar no Estado doRio de Janeiro, o Plano Diretor deAgroenergia deve atentar, com base noprincípio da precaução contra prová-veis conflitos,12 para os possíveis pro-blemas socioambientais inerentes àexpansão da produção de cana, noEstado. Espera-se que o Plano Diretorbusque, antes de tudo, uma estratégiade aumento da produtividade atravésde desenvolvimento tecnológico. Emespecial, no que se refere ao aumentodo rendimento da cana plantada e dosprocessos industriais de produção deetanol, com a adoção de critérios quenorteiem um processo de expansãoque encerre a redução das desigualda-des sociais e respeito ao meio ambi-ente, mitigando os inevitáveis impactosdecorrentes de tal processo. Com isso,até certo ponto, a expansão da produ-ção poderia ocorrer de forma gradual,com uma menor demanda de áreaspara cultivo.

Além dos governos federal e muni-cipal, há outros agentes com capacida-de de fomentar a produção de etanolno Estado do Rio de Janeiro. De fato, éimprovável que apenas a ação governa-

mental seja suficiente em todo o pro-cesso. Nesse contexto, menciona-se aparceria público-privada (as chamadasPPP). Um exemplo relevante de tal par-ceria refere-se à construção do Portodo Açu, no Município de São João daBarra, no Norte-Fluminense. Evidente-mente, o porto tende a ser estratégicopara o escoamento e a logística da pro-dução de etanol na região. Há de seconsiderar, também, o fomento à ex-portação de etanol, por conta destaconstrução. Mesmo que o próprio Es-

tado seja o principal demandante, oPorto do Açu poderá viabilizar o escoa-mento para outros países, de exceden-tes futuros a serem produzidos no Esta-do, bem como de excedentes presen-tes e futuros produzidos nos estados deSão Paulo e da Região Centro-Oeste.

Outro exemplo de PPP, em Cam-pos dos Goytacazes, na Região Nor-te-Fluminense, é a criação da Biofábrica

– cujas obras estão sendo finalizadas –,voltada para a produção e desenvolvi-mento de mudas de cana-de-açúcar.

ConclusõesA ação local, com impacto global

em termos ambientais, faz do etanolum produto de extrema importânciapara a rápida resposta que o mundodeve dar às reduções de emissão dosgases do efeito estufa (GEE). Além dofoco ambiental, o etanol provoca, empaíses como o Brasil, importantes im-pactos socioeconômicos, como amelhoria da renda rural; a reconheci-da capacidade de distribuição dessesefeitos na cadeia produtiva sucroal-cooleira; geração de empregos emlarga escala; diminuição da dependên-cia externa de petróleo; e equilíbrioda balança comercial.

Fato é que já existe uma mobilizaçãointernacional para consolidar o etanolcomo primeira alternativa de combus-tível renovável limpo. Esta proposiçãoencontra-se na ordem do dia em vári-os países e conta, inclusive, com inte-resses e experiências do uso do álcoolem mistura. O 4º Relatório de Avalia-ção do IPCC (IPCC, GT 3, 2007)aponta, ele próprio, a importância doetanol como estratégia de mitigação dasemissões globais de GEE.

Conforme analisado no presenteestudo, a posição do Brasil é única. Afi-nal, não há outro país que alie tão amplopotencial: áreas cultiváveis para expan-são da cana-de-açúcar, sem prejudicar aprodução de alimentos ou intensificardesmatamentos (caso requisitos míni-mos de sustentabilidade sejam incorpo-rados ao processo); clima adequado;robustez tecnológica, tanto na confec-ção da matéria-prima, quanto na produ-

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Além dos governosfederal e municipal,há outros agentescom capacidade defomentar a produçãode etanol no Estadodo Rio de Janeiro.De fato, é improvávelque apenas a açãogovernamental sejasuficiente em todo oprocesso. Nessecontexto, menciona-se a parceria público-privada (as chamadasPPP).

12 À espera do assentamento prometido pelo Governo Federal, algumas famílias jáestão acampadas há mais de sete anos (O Globo Online, 2008).13 Atualmente, o Brasil tem os menores custos de produção de etanol – cerca de US$19 a US$ 26/barril. Com o preço do petróleo acima de US$ 35/barril, a competitividadedo álcool brasileiro está praticamente assegurada (IADB, 2007).

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ção,13 distribuição e uso do produto fi-nal (etanol); existência de avançadoscentros de pesquisas, na área deBioenergia; e boa infra-estrutura de es-coamento. Ou seja, o país pode, emcurto espaço de tempo, tornar-se ogrande fornecedor mundial de etanol.14

Considerando este cenário, o Es-tado do Rio de Janeiro pode benefici-ar-se, sobremaneira, além de contri-buir para o necessário processo de ex-pansão da infra-estrutura de escoamen-to da produção nacional – com a cons-trução do Porto do Açu – e deinteriorização da produção de cana-de-açúcar e etanol, pelo Brasil.

Reiterando as projeções iniciais dopresente trabalho, podemos anunciarque o Rio de Janeiro está se preparan-do para voltar a desempenhar papel re-levante no contexto da agroindústria dacana-de-açúcar. O resultado desse pro-cesso, inevitavelmente, há de se tradu-zir numa acentuada expansão da pro-dução de etanol. E se considerarmosos anunciados planos de novos inves-

timentos, a produção fluminense decana-de-açúcar, de fato, tende a triplicaraté 2012. Neste processo, não so-mente o papel do Governo será deci-sivo. Empresas privadas nacionais e in-vestidores internacionais tendem a ser,igualmente, atores influentes. Na ver-dade, há todo um contexto nacional einternacional de aumento da demandapor etanol que, por si só – “forças na-turais de mercado” –, tende a expan-dir a produção do biocombustível peloEstado do Rio de Janeiro. A expansão,no entanto, precisa ser devidamenteplanejada. Aspectos sociais e ambientaisnão podem “correr à margem” do pro-cesso de valorização mercadológicados biocombustíveis.

O Estado do Rio de Janeiro, de fato,reúne condições para expandir, consi-deravelmente, sua produção de etanol.Caso tal expansão se alicerce emtecnologia de última geração – em es-pecial, no que se refere à produção dacana-de-açúcar –, em cinco ou seisanos o Estado pode aproximar-se do

patamar de 1 bilhão de litros de etanol/ano.15 Já num cenário de médio alcan-ce, ou seja, cerca de dez anos, o “saltotecnológico” que o Estado e o país pre-cisarão dar, para atender à crescentedemanda nacional e internacional poretanol, inclina-se ao amplo domínio datécnica das hidrólises ácida e enzimática,processos que permitirão obter o pro-duto, também, a partir do bagaço e dapalha da cana-de-açúcar.

A provável revitalização do setorsucroalcooleiro, no Estado do Rio deJaneiro, pode ser uma oportunidadeímpar para que o aspecto socioam-biental seja devidamente cotejado, logo

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14 Na verdade, de biocombustíveis líqui-dos. Afinal, no que se refere aobiodiesel, o Brasil também detém ca-racterísticas especiais que o diferenciafrente aos potenciais competidores in-ternacionais. Mas, no caso do biodiesel,há de se considerar que, em cenário demédio e longo prazo (até 2030), a pró-pria demanda interna tende a requerertoda a produção (JBIC, 2006).15 Estimativa dos autores, baseada emanálise das metas do Plano Diretor deAgroenergia, aqui mencionado.

Produção do etanol,no Noroeste-Fluminense

Foto:RaimundoBandeira de Mello

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no estágio inicial desse processo. Oque, ao que tudo indica, não foi o queocorreu em estados da Região Cen-tro-Oeste e em São Paulo. Nessasregiões, a produção de tais gêneros –a despeito de alguns recentes avançosno que se refere à sustentabilidade daprodução de cana-de-açúcar – aindacaracteriza-se por elevada concentra-ção de terra (grandes latifúndios), altoemprego de queimadas no processode colheita da cana, amplo uso de fer-tilizantes agrícolas de toxidade não des-prezível e geração de empregos de baixaqualidade.16 Pois bem, como o Estadodo Rio de Janeiro ainda tem um longocaminho a trilhar, no que se refere àexpansão de sua produção de cana eetanol, determinadas ações poderiamcontribuir, de forma mais visível, para aefetiva promoção social e preservaçãodo meio ambiente.

Neste sentido poder-se-ia apoiar,através de estímulos e investimentosgovernamentais, pequenas e médiaspropriedades agrícolas interessadas em

participar do processo – e não somenteos grandes latifúndios –, além de esti-mular a introdução de inovaçõestecnológicas que possibilitem a redu-ção do uso de queimadas, bem comoutilizar fertilizantes agrícolas de primei-ra geração. Seria de suma importânciaa assistência técnica de órgãos e insti-tuições de pesquisa do Estado de SãoPaulo, atuantes no desenvolvimento dosetor agrícola, como o Instituto Agro-nômico de Campinas (IAC) e o Cen-tro de Pesquisas Meteorológicas e Cli-máticas Aplicadas à Agricultura(Cepagri), da Unicamp.

Uma outra relevante contribuiçãoque essas instituições paulistas poderi-am oferecer, seria conduzir estudosque propiciassem o aumento da pro-dutividade da cana-de-açúcar no Esta-do do Rio de Janeiro, aspecto que podeser visto como entrave tecnológico.Para se ter uma idéia mais precisa arespeito dessa questão, basta lembrarque, na safra 2006/2007, o rendimen-to médio da produção de cana-de-açú-car no Estado do Rio de Janeiro – queresponde por apenas 1,4% da produ-ção nacional (513 milhões de tonela-das, de acordo com o IBGE, 2007) –foi de 45.024 kg/hectare, enquantoque no Estado de São Paulo foi de81.004 kg/hectare (IBGE, 2007).

Um importante aspecto relaciona-do à expectativa de expansão da pro-dução de etanol no Brasil – e, maisespecificamente, no Estado do Rio deJaneiro – refere-se à demanda. Muitose comentou, ao longo do presentetrabalho, que estamos vivenciando umprocesso de valorização dos biocom-bustíveis e que o Brasil tende a desem-penhar papel fundamental nesse pro-cesso. Há de se ressaltar, porém, quepráticas protecionistas podem fazer

16 O regime de trabalho nas culturas decana, em geral, exige do trabalhador ocorte de 10 a 15 toneladas/dia, o quecorresponde a um ganho diário entreR$ 24 e R$ 36 (valores para maio de2007), obrigando esse trabalhador adesferir, a cada dia, milhares de golpesde facão e a carregar 800 feixes de 15quilos (NOVAES, 2007).

...o Rio de Janeiro estáse preparando paravoltar a desempenharpapel relevante nocontexto daagroindústria dacana-de-açúcar.

Plantação decana-de-açúcar

Foto:Raimundo

Bandeira deMello

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Os autores agradecem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na realização do presente trabalho.

com que a demanda por etanol consti-tua-se num importante “gargalo” – noqual a oferta existiria, mas a demandanem sempre estaria assegurada. Fatoé que diversos países da Europa e osEstados Unidos adotam, costumeira-mente, reserva de mercado para a agri-cultura nacional. De uma forma geral,pode-se dizer que a abertura do mer-cado em países desenvolvidos depen-de de negociações internacionais. Esti-ma-se, porém, que tais práticas prote-cionistas precisarão ser flexibilizadaspor uma razão central: limites da ofertados países desenvolvidos face às me-tas já acordadas. Ressaltando-se quetais metas referem-se à redução daemissão de GEE e à participação maisrelevante de energias renováveis, nasmatrizes energéticas nacionais (caso depaíses europeus, em especial).

Considerando as análises ineren-tes ao presente trabalho, avalia-se queo momento é absolutamente oportu-no para se criar condições internas, demodo a direcionar a “revolução bioener-gética”, ou seja, o processo de cres-cente valorização dos biocombustíveis,em benefício do desenvolvimento eco-nômico e social do Estado do Rio deJaneiro. Na verdade, a substituição doscombustíveis fósseis por biocombus-tíveis – que gera o subseqüente bene-fício da redução na emissão de GEE,especialmente no que se refere aoemprego de tais energéticos no setorde transportes – é apenas uma partedo desafio. A outra, consiste em trans-formar a revolução bioenergética emcurso numa forma de promover odesenvolvimento rural, tal como apontao pensador Ignacy Sachs (2007). Den-

tro desse contexto, urge mencionarque, caso a política de expansão da pro-dução de cana-de-açúcar e etanol, noEstado, não encerre um apoio aos pe-quenos agricultores e a minimização deimpactos ambientais, é bem provávelque a almejada revolução transforme-se em mais uma política concentradorade terras e riquezas. Assim, um impor-tante desafio seria, justamente, trans-formar os benefícios dessa revoluçãoem curso numa alavanca para o desen-volvimento eqüitativo da população ru-ral do Norte e Noroeste do Estado.

São Paulo: Unica, 2005. 237 p., cap. 6,p. 115-134.Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento, 2007. Acesso ao site http://agricultura.gov.brNOVAES, W,. Artigo publicado no jornalO Estado de SP: “Para chamar álcool com-bustível de limpo é necessário colocarmuita sujeira debaixo do tapete”. São Pau-lo, maio de 2007.Núcleo de Assuntos Estratégicos da Pre-sidência da República (NAE). CadernosNAE: processos estratégicos de longo pra-zo. Biocombustíveis. Brasília, v. 1, n. 2,233 p., janeiro de 2005.O Globo Online, 2008. Acesso ao sitehttp://oglobo.globo.com/Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A., 2007.Acesso ao site http://petrobras.com.brSACHS, I.. Integração dos agricultoresfamiliares e dos empreendedores de pe-queno porte na produção dosbiocombustíveis. Texto preparado parao workshop da Fundação Brasileira do De-senvolvimento Sustentável, Rio de Janei-ro, 26 e 27 de março de 2007.Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pes-ca e Abastecimento do Estado do Rio deJaneiro (Seaapi). Acesso ao site http://www.seaapi.rj.gov.brUnião da Agroindústria Canavieira de SãoPaulo (Única). Acesso ao site http://www.portalunica.com.br/portalunica/

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Norte e Noroeste fluminenses:Norte e Noroeste fluminenses:Norte e Noroeste fluminenses:Norte e Noroeste fluminenses:Norte e Noroeste fluminenses:grandes intergrandes intergrandes intergrandes intergrandes intervenções,venções,venções,venções,venções,

fortes impactosfortes impactosfortes impactosfortes impactosfortes impactos

presente artigo se propõe a chamar nossa atenção para alguns aspectosque devem ser levados em conta, ante as grandes intervenções econô-micas – em curso e anunciadas – nas frentes de ação governamental eempresarial, para o Norte e Noroeste fluminenses. Isto, a fim de evitar-

mos que aconteça o que já ocorreu em outras experiências semelhantes, conheci-das e avaliadas, que acabaram por criar, ao lado da geração de riquezas, passivosambientais e sociais, alguns difíceis de se reverter e capazes de comprometer ofuturo da sociedade (Araújo, 1997).

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José Luis Vianna da Cruz*

* Cientista Social; mestre e doutor em Planejamento Urbano e Regional, pelo IPPUR/UFRJ; professor e diretor do ESR-Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal Fluminense, em Campos dosGoytacazes (RJ).

Crescimentodesordenado no

Norte e Noroestefluminenses

Fotos:Raimundo

Bandeira de Mello

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talInicialmente, será abordada a dife-

renciação interna das duas regiões, ser-vindo como base para se avaliar osimpactos e desafios para o seu enfren-tamento, levando-se em consideraçãoas particularidades que distinguem osseus municípios. Em seguida, serãoapresentados os grandes empreendi-mentos em curso e previstos, bemcomo algumas ameaças que tais proje-tos podem trazer, tendo como refe-rência as condições herdadas e os re-cursos presentes nas duas regiões. Fi-nalmente, serão apontadas as deman-das que tais ações impõem, quando setem como parâmetro a possibilidadede um processo de forte crescimentoeconômico se traduzir em desenvolvi-mento, do ponto de vista ambiental,econômico, social e cultural.

Reconhecendo a pertinência da pro-posta do Cide e com o objetivo de con-tribuir para a discussão sobre areformulação da divisão regional do Es-tado do Rio de Janeiro – em decorrên-cia das mudanças socioespaciais promo-vidas pela dinâmica econômica recente–, o artigo terá como referência asdiferenciações produzidas por essadinâmica, em ambos os territórios.

O Noroeste-Fluminense foi cria-do em 1987, no Governo MoreiraFranco, pelo desmembramento daRegião Norte-Fluminense, após déca-das de reivindicação na busca da “inde-pendência”, mais particularmente, comrelação a Campos, que monopolizavaa atenção e os recursos da iniciativaprivada e dos governos estadual e fe-deral. No Censo Demográfico doIBGE, de 1991, contava com novemunicípios (atualmente, são 13). Osquatro municípios novos foram cria-dos a partir de distritos de municípiosjá existentes. Sua ocupação econômi-ca tradicional se deu pelo café,erradicado nas décadas de 1940 e1950, após a crise dos anos 1930; epela pecuária leiteira, principalmente, de

baixa rentabilidade. A região dispõe dealguma produção remanescente decafé; de comercialização de pedras or-namentais, em Santo Antonio de Pádua,um dos pólos microrregionais ali exis-tentes; e de uma estrutura significativade produção leiteira, industrial, de co-mércio e serviços, em Itaperuna, seuoutro pólo microrregional (Soffiati &Cruz; Cruz & Terra; CRUZ, diversos).

Sofre, desde os anos 1960, umaprofunda crise de emprego, pela au-sência de reconversão produtiva, pelabaixa rentabilidade da sua pecuária, pela

desertificação das suas terras, exauri-das pelos meios de produção do cafée pelo manejo da pecuária (fontes); e,desde os anos 1980, pela decadênciada agroindústria sucroalcooleira polari-zada por Campos, apesar de aindapossuir plantações de cana e unidadesindustriais em alguns municípios vizi-nhos. Na região, somente Pádua eItaperuna mantêm algum dinamismoeconômico – com a extração de pe-dras ornamentais, na primeira; e vestuá-

rio, laticínios e metal-mecânica, na se-gunda –, fortalecido pela estrutura decomércio e serviços decorrentes dacondição de pólos. No caso de Itape-runa, podemos acrescentar, mais re-centemente, o crescimento do setorde Saúde, em função da regionalizaçãodo Sistema Único, bem como do en-sino superior, fruto do vertiginoso pro-cesso de interiorização das unidadesparticulares. Na estrutura de empre-gos do setor público (órgãos federais,estaduais e municipais), aparece comum peso desproporcional. Alguns deseus municípios estão nas últimas co-locações do Índice de Desenvolvi-mento Humano Municipal (IDH-M)e do Índice de Qualidade dosMunicípios (IQM) do Estado do Riode Janeiro. A estagnação econômica,os níveis de pobreza e a falta deperspectivas de emprego dominam ocenário socioeconômico regional(Cruz, 2003).

O Norte-Fluminense é constituí-do por nove municípios, polarizadospor Campos dos Goytacazes e Macaé,sede das suas duas microrregiões.Herdeira de 400 anos de monoculturacanavieira, a região tem como pólo maisantigo o Município de Campos dosGoytacazes, que chegou a ser, na pri-meira metade do século XX, o segun-do maior produtor de cana do país,possuindo, ainda hoje, a maior área delavoura canavieira. Da mesma forma,na condição de pólo microrregional,Macaé tornou-se, desde a década de1970, sede do complexo extrativistapetrolífero. A decadência sofrida pelosetor açucareiro a partir dos anos 1960– interrompida no período do Pró-Ál-cool e aprofundada desde o final dosanos 1980 – provocou, em Campos,uma situação de estagnação, desem-prego (estima-se que foram perdidosmais de 20 mil postos de trabalho so-mente no setor) e pobreza, que veioagravar o tradicional quadro de concen-

Herdeira de 400anos de monoculturacanavieira, a regiãotem como pólo maisantigo o Municípiode Campos dosGoytacazes, quechegou a ser, naprimeira metade doséculo XX, osegundo maiorprodutor de cana dopaís, possuindo,ainda hoje, a maiorárea de lavouracanavieira.

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tração de renda decorrente de sua es-trutura econômica, até o surgimentodas condições para a sua superação,com o vertiginoso aumento das ren-das petrolíferas municipais (Grabois,1996).

A extração do petróleo adicionouroyalties aos orçamentos municipaisdesde 1985. Mas com o grande incre-mento da produção, a duplicação doporcentual de royalties (a partir de1998) e o acréscimo das participaçõesespeciais, o volume de recursos acres-cidos aos orçamentos municipais –particularmente, dos nove municípiosprodutores, dos quais cinco estão noNorte-Fluminense (nenhum no No-roeste) – transformou esses municípi-os em entes federativos milionários,com fantástica capacidade orçamentá-ria de investimento. Estes recursos têmsido utilizados, via de regra, de formacentralizada, o que vem gerandodescompasso no atendimento a de-mandas antigas e novas, decorrentesda pressão sobre a infra-estrutura ur-bana e a inclusão social dos segmentostradicionalmente excluídos, assimcomo dos contingentes atraídos pelasoportunidades geradas pela dinâmicaextrativista do petróleo. Em conse-qüência, ao mesmo tempo em que al-guns problemas são enfrentados, ou-tros persistem ou se agravam. Consti-tui-se um “centro”, composto pelosmunicípios que usufruem de rendas or-çamentárias milionárias e volumoso in-

vestimento em capitalfixo, e uma “periferia”sem recursos (Serra;Inforoyalties; BoletimPetróleo, Royalties &Região).

As localidades situ-adas na periferia dessesmunicípios ricos doNorte-Fluminense sãoduplamente penaliza-das. Em primeiro lugar,

pela decadência das atividades econô-micas históricas, ligadas às culturas dacana e do café, sem que tenha ocorri-do sua substituição por qualquer outraatividade econômica capaz de atenderà demanda por emprego; em segundolugar, pela capacidade de polarizaçãodos municípios ricos, que tornadesinteressante qualquer investimentofora deles.

Os municípios do Norte-Flumi-nense, beneficiados com as rendaspetrolíferas, possuem elevado poderde realização e atração de investimen-tos, a partir de fundos próprios de fo-mento. Ao mesmo tempo, a condiçãode commodity estratégica para a eco-nomia mundial – alcançada pelo etanol– e o aumento da demanda mundialpor açúcar, tendem a contemplar oNorte-Fluminense, pela tradição e dis-ponibilidade de terras e de recursos

para o plantio da cana. Mais ainda: al-guns municípios da região, principal-mente Campos e Quissamã, já se pre-param para o período pós-petróleo.As duas localidades desenvolvem ou-sados programas de industrialização,

Praia de Jurubatiba - Município deQuissamã – RJ

com recursos orçamentários própri-os, tendo em vista a tendência dos in-vestimentos, em capital fixo, da eco-nomia petrolífera se concentrarem –como já acontece – na faixa litorâneaque vai de Macaé a Maricá. Já Macaé,dado o poder de polarização do com-plexo petróleo-gás, encontra dificulda-des em implementar ações para umfuturo sem petróleo.

Com isso, chegamos a um crité-rio hoje decisivo para a segmentaçãoterritorial, no interior das duas regiões:entre os municípios “ricos”, em de-corrência das rendas petrolíferas, e osmunicípios “pobres”, destituídos derenda e penalizados pela herança his-tórica agravada pela polarização dos“ricos”.

Esta segmentação é decisiva, fren-te aos empreendimentos que se anun-ciam para a região, diferenciando osmunicípios em relação à sua capacida-de de atração, gestão e interlocuçãoante os investimentos voltados para ocrescimento econômico.

Municípios “pobres”Municípios “pobres”Municípios “pobres”Municípios “pobres”Municípios “pobres”(com herança socioeconômica proble-mática e sem capacidade de fomentodo desenvolvimento)

Noroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-Fluminense (to-dos): Itaperuna, Bom Jesus doItabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Na-tividade, Varre-Sai, Porciúncula, SantoAntonio de Pádua, Cambuci, Miracema,Itaocara, Aperibé e São José de Ubá.

Limite entre os municípios deAperibé e Itaocara

Pecuária desenvolvida no Noroeste-Fluminense

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tal Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense: Cardoso

Moreira, São Fidélis, São Francisco doItabapoana e Conceição de Macabu.

Municípios “Municípios “Municípios “Municípios “Municípios “ricos”ricos”ricos”ricos”ricos”(com herança socioeconômica proble-mática, porém auto-sustentáveis)

Noroeste-Fluminense:Noroeste-Fluminense:Noroeste-Fluminense:Noroeste-Fluminense:Noroeste-Fluminense: nenhum

Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense:Norte-Fluminense: Camposdos Goytacazes, São João da Barra,Macaé, Quissamã e Carapebus.

Acredita-se que esse recorte per-mita aquilatar a aptidão dos municípiosem se apropriar dos benefícios dosnovos projetos, através da capacidadede planejamento, de elaboração eimplementação de políticas públicas,com a utilização de recursos próprios.

As grandes intervenções aqui con-sideradas, pelas probabilidades de se-rem implementadas, são: o plantio ge-neralizado, em grande escala, deeucalipto para a produção de celulose

(Nordeste-Fluminense); a expansãogeneralizada, em larga escala, do plan-tio de cana, essencialmente para a pro-dução de etanol; a industrializaçãodiversificada, fomentada pelas adminis-trações municipais, principalmente emCampos e Quissamã (em Macaé, emmenor escala); a passagem de ummineroduto de grande capacidade, di-rigido ao porto que será construídoem São João da Barra, na divisa comCampos; a criação de um centro de

apoio offshore ao sis-tema de extração depetróleo, no litoral deCampos, na divisacom Quissamã; e aconstrução de um es-taleiro, em Quissamã,no outro lado da divi-sa com Campos, emfrente ao centro deapoio offshore(NETRAD, 2007).

Mesmo que as três últimas inter-venções não se realizem, apesar de reu-nirem indícios de que serão concretiza-das, as três primeiras já serão suficien-tes para produzir significativos e preo-

cupantes impactos, por sua generaliza-ção no espaço, seu porte e naturezaestratégica. Paralelo aos postos de tra-balho a serem criados, desde o mo-mento das obras de implantação, sãoigualmente esperados fortes impactos– tendo em vista o “desaparelhamento”da maioria dos municípios – sobre omeio ambiente; na estrutura fundiária;sobre a infra-estrutura urbana, pela ca-pacidade de atração de mão-de-obra;sobre a distribuição de renda e a inclu-são social.

É importante que se tenha uma per-cepção clara a respeito das condiçõesexistentes nos municípios, a partir das

diferenciações agrupadas na segmen-tação aqui proposta, para que se possadimensionar o passivo a ser corrigido.Deve-se também ter em mente asmedidas preventivas a serem tomadas,antes que o conjunto dessas interven-ções, nas duas regiões, se traduza noagravamento das condições negativasherdadas e no surgimento de novos eincontornáveis problemas. Finalmente,para que o crescimento econômicocumpra sua promessa de desenvolvi-mento, torna-se necessário que asoportunidades de trabalho e renda se-jam acessíveis, principalmente, à popu-lação local, nos seus mais diversosestratos, em condições dignas; e queos recursos agregados sejam alocadosnas prioridades públicas e sociais, ge-rando qualidade de vida, bem-estar esustentabilidade ambiental, econômica,social e cultural.

Os passivos herdados, bem comoaqueles gerados pelas novas condiçõesda economia regional do Norte e No-roeste fluminenses, se apresentam emquatro esferas: econômicaeconômicaeconômicaeconômicaeconômica: ausênciade postos de trabalho, para a demandaestocada e vegetativa da FT (Noroes-te-Fluminense); estoque de mão-de-obra ociosa, pela crise da agroindústriasucroalcooleira (Norte-Fluminense);concentração de terras, com grandesextensões ao lado de uma infinidadede minifúndios. AmbientalAmbientalAmbientalAmbientalAmbiental: deser-tificação das terras agrícolas e extinçãode 95% da cobertura vegetal de flo-

Plantação de eucalipto paraprodução de celulose

Centro de apoio offshore ao sistema de extraçãode petróleo - Macaé – RJ

Paralelo aos postos detrabalho a seremcriados, desde omomento das obras deimplantação, sãoigualmente esperadosfortes impactos –tendo em vista o“desaparelhamento”da maioria dosmunicípios – sobre omeio ambiente.

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restas (Noroeste-Fluminense). Urba-Urba-Urba-Urba-Urba-nanananana: defasagem da infra-estrutura, edu-cação e saúde; habitações deficientes.SocialSocialSocialSocialSocial: elevados índices de desigual-dade, concentração de renda, pobre-za, desemprego e exclusão, mormen-te no Noroeste-Fluminense (Cruz,2003).

Para enfrentar as ameaças presen-tes nestes grandes impactos, algunsparâmetros devem ser considerados.A diversidade dos aspectos abrangidospela herança de problemas e pelas in-tervenções já em curso aponta para anecessidade de um planejamento dodesenvolvimento regional – com visãoestratégica de curto, médio e longo pra-zos, integrada entre os níveis de go-verno e regiões, entre o rural e o urba-no – e intersetorial, entre as diversas

escalas da administração pública e asinstituições de controle social, entre oadministrativo, o econômico, o am-biental, o urbano, o social e o cultural(Albuquerque, 1997).

O poder de polarização e de con-centração dos complexos petrolífero,do etanol e do eucalipto coloca, naordem do dia, o desafio de uma eco-nomia complementar e flexível – mas,também, autônoma, diversificada e al-ternativa – em relação a esses com-plexos, com fortes segmentosvoltados para a população de baixarenda, para os micro e pequenos ne-gócios, apoiados por crédito de cará-ter popular, assistência técnica, jurídi-ca e institucional. Tanto o planejamen-to quanto a dinamização econômicadevem levar em consideração as dife-

renças históricas, estruturais econjunturais dos municípios localiza-dos nas duas regiões. Mas tambémdevem ter como horizonte uma eco-nomia pós-petróleo, articulada regio-nalmente, capaz de oferecer oportu-nidades aos moradores da região,particularmente aos segmentos popu-lares (Sen, 2000).

Finalmente, por que não utilizar osrecursos dos royalties para um planoregional de desenvolvimento, fomen-tando uma economia integrada e sus-tentável? No quadro atual, ou todostodostodostodostodosperdem ou todostodostodostodostodos ganham, pois osmunicípios mais favorecidos tendema ser o desaguadouro das mazelas dosmunicípios penalizados.

Na página seguinte, uma síntesedas reflexões aqui expressas.

Vista do RioParaíba do Sul, em

Campos dosGoytacazes – RJ

Foto:Raimundo

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Planejamento estratégico, integrado, intersetorial(empresas, sociedade, governos municipal,estadual e federal): recuperação e preservaçãoambiental, outras culturas, desconcentraçãofundiária, desconcentração urbanaPolíticas de inclusão social e econômica: rendamínima, infra-estrutura, economia popular,escolarização, qualificaçãoProtagonismo/controle social sobre recursos

Municípios“pobres”

Empreendimentospresentes/futuros

Oportunidades Ameaças Demandas

Noroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-Fluminense(todos): Itaperuna, Bom Jesusdo Itabapoana, Italva, Laje doMuriaé, Natividade, Varre-Sai, Porciúncula, Santo An-tonio de Pádua, Cambuci,Miracema, Itaocara, Aperibé,São José de Ubá

Euca l i p toEuca l i p toEuca l i p toEuca l i p toEuca l i p to

Etanol:Etanol:Etanol:Etanol:Etanol: Bom Jesus doItabapoana

Geração de trabalho e ren-da

Monocultura, destruiçãoambiental, concentração daterra, concentração darenda, exclusão social,ausência de planejamento

Planejamento (empresas, sociedade, governosmunicipal, estadual e federal): recuperação epreservação ambiental, outras culturas, outrasatividades econômicas, desconcentraçãofundiária, emprego/trabalho permanente

Políticas de inclusão social e econômica: rendamínima, infra-estrutura, economia popular,escolarização, qualificaçãoProtagonismo/controle social sobre recursos

Norte-FluminenseNorte-FluminenseNorte-FluminenseNorte-FluminenseNorte-FluminenseCardoso Moreira, SãoFidélis, São Francisco doItabapoana, Conceição deMacabu

E t a n o lE t a n o lE t a n o lE t a n o lE t a n o l Geração de trabalho e ren-da

Polarização em Campos,Macaé, Quissamã e São Joãoda Barra provoca emigraçãointensa, exclusão social eterritorial, concentração daterra; padrão “monocultural”

Noroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-FluminenseNoroeste-Fluminensenenhum nenhum nenhuma

Norte-FluminenseCampos dos Goytacazes,São João da Barra, Macaé,Quissamã, Carapebus

Petróleo, gás, etanol,infra-estrutura de logística,industrializaçãodiversificada, “novos”serviços

Geração de trabalho e ren-da, novos negócios, diver-sificação econômica, so-cial e cultural

Imigração intensa, estresseurbano, padrão “monocul-tural” e de “enclave”,concentração fundiária e derenda, “insustentabilidade”,exclusão social, fragilidadedo planejamento

Fonte: CRUZ, José Luis Vianna, 2007 (elaboração do autor)

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Municípios“ricos”

Empreendimentospresentes/futuros

Oportunidades Ameaças Demandas

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Estado do Rio de Janeiro apresentou, no período 1970/2005, a piorevolução econômica no cenário das unidades federativas, com uma per-da de participação relativa, no PIB nacional, em torno de 30% (IBGE).Da mesma forma, no que se refere ao emprego para a totalidade dos

setores primário, secundário e terciário, quando analisamos os dados da Rais/MTEque contabilizam os empregos formais – levando-se em conta a série mais longacom a mesma metodologia (1985/2006) –, novamente verificamos que nosso Esta-do apresenta o menor crescimento, entre todas as unidades da Federação: 26,2%,contra 71,6% em todo o Brasil.

Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:Estado do Rio de Janeiro:trajetória e perspectivastrajetória e perspectivastrajetória e perspectivastrajetória e perspectivastrajetória e perspectivas

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Mauro Osório da Silva1

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1 Economista, professor da UFRJ, autor do livro Rio nacional, Rio local: mitos e visões da crise carioca e fluminense(Editora Senac/Rio).

Vista AéreaCentro do

Rio de Janeiro

Foto:Rogério Santana

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Se examinarmos, na mesma es-tatística, somente a indústria de trans-formação, mais uma vez apresenta-mos o pior desempenho, com umaqueda do emprego formal em tornode 30%. Mesmo no setor de servi-ços, temos a segunda pior taxa de cres-cimento entre todas as unidades fede-rativas (42,4%), apenas superada porAlagoas (32,5%), contra um cresci-mento de 85,7%, no país.

Quando observamos a evoluçãodo emprego na administração pública,o Estado apresenta também um cres-cimento de apenas 18,7%, contra os75,6% relativos às unidades federati-vas. Isto se deve à prática que recor-rentemente vinha ocorrendo, de pou-cas realizações de concurso no setorpúblico estadual do Rio de Janeiro. NoDetran, por exemplo, em toda a suahistória, jamais houve um concursopúblico. Na área fazendária, até o atualGoverno, o último concurso tinhaacontecido na segunda metade dosanos 1980.2

A Cidade do Rio de Janeiro e suaárea de influência, o antigo Estado doRio, desenvolveram-se historicamen-te a partir do Porto e da base militaraqui instalada. No decorrer dos sécu-los XVII e XVIII, tendo em vista, inici-almente, o “ciclo da prata” na Américaespanhola – que, de acordo comCarlos Lessa,3 utilizava o Porto do Riocomo parte de seu processo delogística – e, posteriormente, o “ciclodo ouro”, a região se consolidariacomo um eixo de logística brasileiro.No século XIX, com a chegada daFamília Real e a modernização ocorri-da, o Rio de Janeiro então se estabili-zaria como eixo da “capitalidade” bra-sileira e referência externa do país.

Os conceitos de capitalidade e ci-dade-capital são desenvolvidos porGiulio Argan – arquiteto, historiadorda Arte e prefeito de Roma (1976-1979). Marly Silva da Motta, em seu

livro Rio de Janeiro: de cidade-capital aEstado da Guanabara,4 utilizando-se daformulação teórica de Argan, define ascidades-capitais “como lugar da políticae da cultura, como núcleo da sociabili-dade intelectual e da produção simbóli-ca, representando, cada uma à sua ma-neira, o papel de foco da civilização, nú-cleo da modernidade, teatro do podere lugar de memória”.

A história do Rio de Janeiro comoporto, fortificação militar, eixo delogística brasileiro, capital do país a partirde 1763, servindo como referêncianacional e internacional, faz com queseu dinamismo econômico esteja ex-

tremamente vinculado à lógica e traje-tória da economia brasileira.

De fato, o dinamismo econômicoda Cidade – ao menos, até os anos1960 – deriva de ser a região o centrodo poder, da cultura, das finanças e desediar tanto as empresas estatais cria-das no decorrer do século XX, comoboa parte das empresas privadas,nacionais e estrangeiras, que atuavamem território brasileiro.

No mesmo sentido, o antigo Es-tado do Rio (pós-ciclo cafeeiro) ti-nha seu dinamismo econômico deri-vado, por um lado, dos investimen-tos federais realizados naquela região– como os da Companhia Siderúrgi-ca Nacional, Fábrica Nacional deMotores, Companhia Nacional deÁlcalis e Refinaria Duque de Caxias– e, por outro, do mercado consu-midor carioca, de fundamental impor-tância, por exemplo, para o turismoe lazer, além das indústrias que seinstalaram em Petrópolis.

Acredito, assim, que a transferên-cia da capital para Brasília, em 1960,significa uma ruptura na trajetória e for-ma de crescimento econômico, nãosó da Cidade, mas de todo o Estado.

O economista Paul Krugman,5 aoestudar os rumos do desenvolvimen-to, aponta que em qualquer regiãoocorrem forças centrípetas, que esti-mulam o dinamismo econômico –como o mercado consumidor, a qua-lificação da mão-de-obra, concentra-ção de investimentos etc. – e tam-bém forças centrífugas, como a polui-ção, violência ou perda de centralidade

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A história do Riode Janeiro comoporto, fortificaçãomilitar, eixo delogística brasileiro,capital do país apartir de 1763,servindo comoreferência nacio-nal e internacional,faz com que seudinamismo econô-mico esteja extre-mamente vincula-do à lógica e traje-tória da economiabrasileira.

2 Em 2007, foi realizado um novo concurso, após mais de duas décadas, sendo queo Governo do Estado aponta uma ruptura com a situação anterior e afirma que,além do recém-realizado, isto passará a ser uma prática rotineira dentro das neces-sidades da área fazendária.3 LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brasis: uma reflexão em busca de auto-estima.Rio de Janeiro: Record, 2000.4 MOTTA, Marly Silva da. Rio de Janeiro: de cidade-capital a Estado da Guanabara.Rio de Janeiro: Alerj, 2001.5 KRUGMAN, Paul; FUJITA, Masahisa; VENABLES, Anthony J. Economia espacial:urbanização, prosperidade econômica e desenvolvimento humano no mundo. SãoPaulo: Futura, 2002.

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por algum motivo institucional. Segun-do Krugman, uma região pode passarpor um círculo virtuoso, no qual asforças centrípetas sejam mais impor-tantes do que as centrífugas e, então,ocorrer uma bifurcação, num deter-minado momento e por alguma ra-zão que pode, inclusive, ser um acasohistórico. Ou seja, as forças centrífu-gas tornam-se mais importantes.

Creio que, do ponto de vista eco-nômico, isto é o que acontece com anossa região, a partir do processo detransferência da capital e por carênciaou equívoco das estratégias de fomen-to ao desenvolvimento regional aqui de-senvolvidas desde os anos 1960.

No período de existência do Esta-do da Guanabara (1960 a 1975), aspolíticas de fomento ao desenvolvi-mento econômico restringiam-se à cri-ação de distritos industriais. Essa polí-tica baseou-se em uma tese defendi-da, à época, pela Federação Industrialcarioca, de que a Cidade do Rio deJaneiro estaria sofrendo um processode migração de indústrias para o antigo

Estado do Rio, pela falta de terrenosdisponíveis e infra-estrutura local ade-quada. A tese, levantada e abraçadapelos governos Carlos Lacerda (1960/1965), Negrão de Lima (1966/1971)e Chagas Freitas (1971/1975), nãolevava em consideração o fato de que,se a indústria do antigo Estado do Rioapresentava uma evolução positiva nosanos 1940, 1950 e início dos 1960,isto se devia, fundamentalmente, aosinvestimentos federais na Velha Pro-víncia, como aqueles relacionados àCSN, Reduc, Álcalis e FNM. Ou seja,não havia, significativamente, um movi-mento de indústrias migrando para oantigo Estado do Rio.6

Isto fez com que a política de distri-tos industriais viesse a fracassar. Umexemplo, são os dados fornecidos por

Frederico Robalinho de Barros:7 em1973, no bairro de Santa Cruz inteiro,onde se situava o maior distrito indus-trial projetado, existiam somente 15indústrias instaladas, o que significavaapenas 0,6% do total de estabeleci-mentos industriais existentes no entãoEstado da Guanabara.

Da mesma forma, se no governoda fusão havia uma série de iniciativasadministrativas que podiam ser aponta-das como basicamente corretas8 doponto de vista estratégico, ocorria tam-bém uma preocupação excessiva dogoverno com o setor agropecuário, queentão representava 1,72% do PIB es-tadual e, em 2005, 0,43% (Ipeadata).

Nos governos posteriores, a au-sência de estratégias concatenadas dedesenvolvimento econômico, no pla-

6 Sobre o assunto, ver SILVA, Mauro Osório da. Rio nacional, Rio local: mitos e visõesda crise carioca e fluminense. Rio de Janeiro: Editora Senac/Rio, 2005.7 BARROS, Frederico Robalinho de. Economia industrial do novo Estado do Rio deJaneiro. Rio de Janeiro: Apec/Ideg, 1975.8 Sobre o assunto, ver o livro sobre a fusão, publicado por Ana Maria Brasileiro, em1979, que traça um quadro positivo do processo aqui realizado. BRASILEIRO, AnaMaria. A fusão: análise de uma política pública. Série Estudos para Planejamento –21. Brasília: Ipea, 1979.

Terminal de cargasdo Porto do Rio de

Janeiro - RJ

Foto: Jorge Marinho

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vano regional, também se fez sentir. Mes-mo nos governos Marcelo Alencar,Garotinho e Rosinha, se algumas inici-ativas foram adotadas, faltou, no en-tanto, a consolidação de uma políticade encadeamentos, a partir daspotencialidades e investimentos atraí-dos, além de uma maior racionalidadeno que se refere às políticas de incen-tivos fiscais.

Tal e qual no âmbito econômico,existe na região uma precarização daestrutura administrativa que se refle-te, por exemplo, no fato de que oEstado apresentava, em 2006, umtotal de 9,4% de domicílios urbanossem acesso a abastecimento de água,contra 8,8% no Nordeste e deapenas 3% no Sudeste (IBGE/Síntesede Indicadores Sociais 2007). Ou nofato de apresentarmos, entre 1999 e2007, a menor taxa de crescimentoreal da receita de ICMS, entre todasas unidades federativas: 18,1%, con-tra um crescimento médio, para o totaldo país, de 49,2% (Ministério da Fa-zenda – Confaz).

Do ponto de vista dos indicado-res sociais, há uma enorme preca-rização em sua região metropolitana.Se fizermos uma análise comparativado ranking do Índice de Desenvolvi-mento Humano (IDH/Pnud) dos mu-nicípios das regiões metropolitanas deSão Paulo, Rio de Janeiro e Belo Ho-rizonte – para localidades com maisde 50 mil habitantes 9 –, verificare-mos que, em 1991 e 2000, encon-tram-se bem colocadas apenas as ci-dades de Niterói (na segunda posi-ção, nesses dois anos) e Rio de Janei-ro (sexta posição, em 1991, e quartaposição, em 2000). Após esses doismunicípios, a região metropolitanaaparece no ranking somente na 27ªposição, nos dois anos, através domunicípio de Nilópolis. Além disso,entre os oito últimos colocados noano de 2000, aparecem cinco muni-

cípios fluminenses: Magé, BelfordRoxo, Itaboraí, Queimados e Japeri.

Seguindo o mesmo critério de aná-lise, quando examinamos o desempe-nho das três regiões metropolitanasacima mencionadas, na esfera do ensi-no fundamental de 1ª a 4ª série – deacordo com estatística divulgada peloInep/MEC em 2007 –, podemosconstatar que os 12 piores desempe-nhos são, todos, infelizmente, de mu-nicípios da região metropolitanafluminense.

Esta mesma precarização e perdade oportunidades podem ser tambémapuradas no Estado do Rio de Janeiro,quando construímos um ranking daevolução do Índice de Desenvolvimen-to Infantil (IDI),10 entre 1999 e 2004,dos 92 municípios fluminenses. Ali ve-rificamos que, entre as localidades quepioraram sua posição, encontram-secinco dos dez municípios que mais vêmse beneficiando, proporcionalmente,do crescimento da receita deroyalties:11 São João da Barra, Casimirode Abreu, Campos dos Goytacazes,Quissamã e Silva Jardim. Além disso,ao analisarmos o resultado de Cam-pos – de acordo com dados do Inep,para os alunos de 1ª a 4ª série do en-sino fundamental –, constatamos queele obteve a última colocação, dentreos 92 municípios pesquisados.

A partir de 1995, alguns autoresapontam que o nosso Estado passou a

apresentar uma inflexão econômica.No entanto, quando analisamos a vari-ação da produção física da indústria detransformação, entre 1995 e 2007,verificamos que sofremos uma quedade 3,8%, contra um crescimento de30% em todo o Brasil (PIM-PF/IBGE).No mesmo sentido, ao examinarmosa variação do emprego formal no perí-odo 1995/2006, contávamos comapenas 25,5%, nos setores primário,secundário e terciário, contra um cres-cimento de 48% no país. Quanto àindústria de transformação, no mes-mo período, tivemos uma queda de6,3%, contra um crescimento de34,7% em todo o território nacional.Nos dois casos, o desempenho doEstado é o pior, entre todas as unida-des federativas (Rais/MTE).

9 A utilização, somente, de municípios com mais de 50 mil habitantes busca darmaior margem de comparabilidade. Isto, porque nas regiões metropolitanas de SãoPaulo e Belo Horizonte, ao contrário do Rio de Janeiro, existem diversos municípioscom número populacional bastante baixo.10 Este índice avalia os cuidados dispensados pelas famílias e a oferta de serviços deEducação e Saúde para crianças de até 6 anos, bem como para os pais. Nessesentido, leva em consideração os anos de estudo dos pais; se as gestantes compa-receram, pelo menos, a seis consultas antes do parto; se as crianças receberam avacina tetravalente e se estão matriculadas na pré-escola, no caso das que têmentre 4 e 6 anos (Unicef).11 A relação desses dez municípios foi feita a partir da organização de uma tabela, naqual verificamos o peso dos royalties no total das receitas públicas municipais, em2004. Neste ranking, Campos dos Goytacazes aparece em primeiro lugar, com areceita de royalties representando 69,8%; Rio das Ostras, 66,7%; São João daBarra, 59,3%; Carapebus, 56,5%; Quissamã, 55,6%; Macaé, 54,7%; Armação dosBúzios, 47,3%; Casimiro de Abreu, 46,3%; Cabo Frio, 43,4%; e Silva Jardim, 35,3%.

Linha de montagem da fábrica Peugeot CitröenMunicípio de Porto Real - RJ

Foto: Antonio Pinheiro

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va No momento atual, do ponto devista econômico, nossa região desfru-ta de uma situação particularmente oti-mista. Seja pelos investimentos previs-tos; seja pela retomada do crescimen-to e perspectivas favoráveis da econo-mia brasileira; seja pelo melhor relaci-onamento entre as esferasdo governo, no Estado, epor sinalizações que de-monstram estar, o Gover-no estadual vigente, dispos-to a enfrentar a particulardesestruturação que suamáquina pública vem so-frendo há décadas.

No entanto, é neces-sário que se consolide umaestratégia que defina comclareza as prioridades parao fomento ao desenvolvi-mento econômico-social,que leve em conta a histó-ria e potencialidades de cadauma das macrorregiões doEstado, a possibilidade degeração de empregos e avariável ambiental.

Nessa estratégia, é defundamental importância oexame – a partir dos princi-pais macroinvestimentosprevistos para o Estado e depotencialidades, como as existentes naárea de turismo e entretenimento – depossíveis políticas de encadeamento,que permitam um aproveitamento ple-no, em termos de geração de renda eemprego. No caso, por exemplo, dopólo petroquímico de Itaboraí/São Gon-çalo, faz-se necessário o desenho deta-lhado de políticas que permitam, de fato,atrair a terceira geração da indústria petro-química (plástico), com preservação emelhoria na área ambiental e nas condi-ções de vida da população que ali residaou venha a residir.

Além disso, é necessário que secrie uma ambiência mais favorável aos

negócios. Do ponto de vista tributário,deve-se estabelecer uma estratégia vi-sando a redução da carga tributária, ten-do em vista a desvantagem competitivado Estado em relação a outras unida-des federativas, em alguns setores deatividade econômica.

É preciso, ainda, consolidar umapolítica de simplificação da burocraciano relacionamento do setor privadocom o setor público, na região, e tam-bém fixar uma política de créditoobjetivando, principalmente, o fomen-to ao investimento nas micro e peque-nas empresas, a fim de minimizar adesvantagem comparativa em que nosencontramos em relação às demaisunidades federativas, particularmentenas regiões Sul e Sudeste.

Segundo dados obtidos junto aoGoverno do Estado, apesar de pos-suirmos um PIB que representa 11,5%do PIB nacional em 2005 (IBGE), te-

mos uma participação no crédito do país– através do BNDES –, para as micro epequenas empresas, em torno de2,5%. No Estado do Rio de Janeiroexiste uma agência de fomento chama-da Investe Rio. No entanto, esta agên-cia possuía, até recentemente, apenas

R$ 4 milhões de capital, oque a colocava em uma si-tuação de pouca capacidadede atuação e em desvanta-gem frente a outras agênci-as regionais, como o Bancode Desenvolvimento exis-tente em Minas Gerais, quepossui um valor próximo aR$ 800 milhões para aalavancagem de emprésti-mos.

Assim, como já vem fa-zendo o atual Governo doEstado, é necessário o de-senvolvimento de uma polí-tica que intensifique a impor-tância da Investe Rio e docapital para empréstimos ainvestimentos e, também,uma ampliação de sua arti-culação com o BNDES, ten-do em vista a política de de-senvolvimento industrial queo Governo Federal deverálançar, ainda no correr deste

ano, e que será realizada em articula-ção com os governos estaduais e suasagências de fomento.

Entendo, dessa forma, que é pre-ciso aproveitar o atual momento, coma consolidação de uma efetiva estraté-gia que construa uma articulação entreas lideranças dos setores público e pri-vado, das universidades e demais se-tores da sociedade civil. É importanteque o desenho dessa política leve emconsideração a nossa história, a gera-ção de reais benefícios sociais eambientais e busque estabelecergovernanças em cada uma das locali-dades fluminenses.

Pólo Gás-Químico – RJ Foto: Arquivo Secom

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Indústria naval do Estado do Rio de Janeiro

Foto: Raimundo Bandeira de Mello

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inflexão positiva que marcou a economia fluminense, na segunda meta-de da década de 1990, e a confirmação de uma evolução favorável demuitos de seus indicadores econômicos, nos últimos anos, foram essen-ciais para a criação de um ambiente mais otimista não só em relação às

perspectivas de desenvolvimento econômico do Estado, mas também pela rupturacom o sentimento de impotência e relativa descrença que se havia instalado em boaparte da sociedade fluminense, durante o período de crise da economia regional.

Fundação Cide: iniciativa pioneirana capacitação de servidores

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René Louis de Carvalho*

* Economista, Professor da UFRJ.

Capacitação dosfuncionários daFundação Cide

Foto:Paulo Botelho

Fundação CIDEFundação CIDEFundação CIDEFundação CIDEFundação CIDE

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Muitas iniciativas marcaram essanova fase, como a floração de estu-dos, análises e debates sobre a econo-mia estadual; a crescente importânciadas questões voltadas ao desenvolvi-mento econômico regional, na pautados governos estadual e municipais; aredinamização de órgãos e instânciaspúblicas voltados para a questão dodesenvolvimento; a criação e o fortale-cimento de grupos e instituições depesquisa sobre a economia e a socie-dade do Estado, nas universidades eorganizações da sociedade civil; e amultiplicação de publicações de maiorabrangência, profundidade e qualidade.

Esta evolução trouxe também no-vos desafios e responsabilidades paraos atores econômicos estaduais.Como transformar a inflexão econô-mica numa nova fase de desenvolvimen-to econômico consolidado? Como agirpara transformar as oportunidades aber-tas pela exploração de petróleo em di-namismo econômico generalizado dotecido econômico estadual? Comoconstruir uma inteligência coletiva capazde pensar a inserção da economia doEstado num mundo globalizado? Comotransformar o crescimento da econo-mia estadual numa efetiva melhoria dascondições de vida de sua população?Como construir estruturas e instituiçõesvoltadas ao desenvolvimento e umasólida cultura de desenvolvimento sus-tentável na sociedade?

Um dos componentes da respos-ta a esses desafios é a construção/am-pliação da massa crítica de técnicos,pesquisadores, órgãos e instituiçõesvoltados à reflexão, análise e planeja-mento do desenvolvimento da econo-mia do Estado e da região. Constru-ção pelo fato de que, durante muitosanos, dominou a crença de que o cres-cimento da economia da cidade e daregião não precisava ser pensado, poisestava automaticamente vinculado aocrescimento do país.

Com a mudança da capital, passoua mudar a forma de se pensar a eco-nomia do Estado. A região teria seudesenvolvimento determinado agorapor sua dinâmica, suas potencialidades,pela compreensão das vantagens e li-mites de sua inserção na economianacional. Esta nova forma de pensar –

com todas as dificuldades que marcamos começos – se desenvolveu, con-quistou espaços e visibilidade. Masmuitos de seus ganhos e conquistas seperderam, se dispersaram e/ou passa-ram a um segundo plano, a partir dacrise dos anos 1980 e da descrençanas possibilidades de desenvolvimen-to que ela acalentou e disseminou.

O tema do desenvolvimento per-deu espaço: equipes de pesquisa e re-flexão, depositárias da memória do pla-nejamento da economia do Estado, sedispersaram; estruturas institucionaisde importância estratégica, como aFundrem, foram desativadas; a reno-vação de estruturas e equipes foi inter-rompida, por falta de incentivos e es-paços nos governos, nas instituições ena sociedade.

Uma iniciativa pioneira daFundação Cide

Paralelamente, globalização, novastecnologias e reestruturação produtivaalteraram os conceitos de competiti-vidade e vantagens comparativas, bemcomo os mecanismos, oportunidadese opções do desenvolvimento. Tor-nou-se necessário não só reconstruirinstituições e definir projetos para odesenvolvimento do Estado, mas tam-bém atualizar, conhecer melhor as no-vas dinâmicas produtivas e as mais re-centes proposições e experiências dedesenvolvimento, para um melhoraproveitamento das oportunidadesoferecidas pelas diferentes conjunturaseconômicas e consolidação do proje-to estratégico de desenvolvimento doEstado.

A percepção das novas necessi-dades que se colocavam para o de-sempenho de suas funções, nessenovo contexto econômico, determi-nou uma busca na Fundação Cide.Percebeu-se que a disseminação dosestudos sobre a realidade do Estado eos caminhos de seu desenvolvimentonão tinha sido ainda transformada emum esforço sistemático de formação ecapacitação de gestores, técnicos epesquisadores. Inúmeros servidoresestaduais, especialmente aqueles vin-culados à Fundação Cide, às Secretari-as de Planejamento e de Desenvolvi-mento Econômico, concentram suasatividades no trabalho de pesquisa, di-vulgação, análise, levantamento de da-dos, produção de indicadores e elabo-ração de planos de desenvolvimentoregional, bem como os técnicos e ser-vidores do Estado. Em particular, os queestão voltados às ações de análise, pes-quisa, avaliação e planejamento do de-senvolvimento econômico, têm umanecessidade permanente e contínua decapacitação qualificada.

Por suas responsabilidades, pelanatureza de seu objeto de trabalho –

Com a mudança dacapital, passou amudar a forma de sepensar a economiado Estado. A regiãoteria seu desenvolvi-mento determinadoagora por sua dinâ-mica, suaspotencialidades,pela compreensãodas vantagens elimites de suainserção na econo-mia nacional.

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em processo consecutivo de mudan-ças –, pela própria organização do tra-balho que exige, ao mesmo tempo,especialização e polivalência, existe umanecessidade premente de capacitaçãoqualificada. Inclusive, para manter atuali-zadas suas ferramentas teóricas de aná-lise, observação e compreensão dosfenômenos econômicos que atingemo território e a população fluminense.Necessitam dessa constante atualiza-ção, em particular, sobre a evoluçãodas teorias do desenvolvimento regio-nal, as mais recentes experiências deinclusão social e sustentabilidadeambiental, o papel das inovações nodesenvolvimento. E de espaços e tem-pos institucionais que permitam umexame mais detido sobre suas práti-cas, a sistematização dos conhecimen-tos acumulados, a reflexão sobre osnovos desafios de aplicar novos co-nhecimentos à realidade.

A Fundação procurou duas impor-tantes parcerias para iniciar este proje-to: a UFRJ e a Faperj. A primeira, fun-dada pelo professor Carlos Lessa, pos-suía uma longa tradição em estudossobre a economia e a sociedadefluminenses. Dotada de um corpo deprofessores qualificados, a universida-de desenvolvia, a partir de seu grupode pesquisa sobre economia e socie-dade do Rio de Janeiro, um projeto depós-graduação em economiafluminense. Já a Faperj, é uma entidadeque está sempre sensível e atenta àsinovações que possam contribuir parao desenvolvimento do Estado. Assim,surgiu a proposta do curso.

A proposta acadêmicado curso

O Curso de Especialização em Eco-nomia e Sociedade do Rio de Janeiro édirigido a técnicos estaduais e munici-pais, pessoas que já desenvolvem ativi-dades de pesquisa, divulgação, análise,levantamento de dados, produção de

indicadores, elaboração de projetos eplanos de desenvolvimento regional,cujo universo de estudo é representa-do pelo conjunto de agentes que formaa economia do nosso Estado.

Ele parte de uma abordageminterdisciplinar, sem a qual o desenvol-vimento se tornaria apenas sinônimode crescimento econômico. O cursooptou por combinar a amplitude dostemas atinentes ao desenvolvimento,com uma forte articulação entre eles,mobilizando recursos e conhecimen-tos de Economia, Sociologia, CiênciaPolítica, Geografia, Direito, Planeja-mento Urbano e Ciências Ambientais,

para produzir respostas à questão decomo a sociedade se move economi-camente, de como se mobiliza e valo-riza o desenvolvimento. Esta opção foifacilitada pela abrangência de qualifica-ções do corpo docente do Instituto deEconomia e da própria UFRJ.

Articulado em torno de cinco gran-des blocos de trabalho, o curso visaconstruir, em seu primeiro bloco, acompreensão das determinantes dodesenvolvimento no mundo contem-porâneo, além de fornecer instrumen-tos básicos de ação sobre essa com-plexidade e fundamentados em trêseixos: teórico, histórico e instrumen-tal. Trata-se, em primeiro lugar, de com-preender as características do desen-

volvimento regional num mundoglobalizado, onde o Estado assumenovas funções; as regiões, novas dinâ-micas; e se renovam as teorias e prin-cipais experiências de enfrentamentodesses desafios. Em segundo lugar,procura-se disseminar, aprofundar, qua-lificar o conhecimento dos instrumen-tos técnicos indispensáveis ao desen-volvimento: as principais técnicas depesquisa em desenvolvimento regio-nal, aperfeiçoamento dos indicadores,análises de impacto e construção decenários. Em terceiro lugar, osensinamentos da história recente daeconomia do Estado: as lições que elanos fornece, a compreensão de ondeestamos partindo e o conhecimentode onde houve acertos e erros.

O segundo grande bloco parte dacontextualização da economiafluminense no cenário internacional,nacional e macrorregional, analisandosuas principais fontes de dinamismo epotencialidades, bem como seus pon-tos de estrangulamento. O dinamismoeconômico potencial propiciado pelosetor de energia, pela indústria de trans-formação, pela logística e pelos servi-ços e de como articulá-los num proje-to conjunto de desenvolvimento. Pro-cura responder às seguintes questões:como maximizar o dinamismo da ex-tração de petróleo para o resto da eco-nomia estadual? Que encadeamentosprodutivos é possível construir, a partirdos grandes investimentos no setorsiderúrgico? Como transformar nos-so potencial de pesquisa e a concen-tração de pesquisadores em atividadeseconômicas dinâmicas? Qual a impor-tância das telecomunicações, do turis-mo e da indústria cultural, como tam-bém do setor terciário superior, para odesenvolvimento do Estado? Qual oimpacto dos arranjos produtivos so-bre o desenvolvimento do Estado e opapel das grandes aglomerações indus-triais? O Estado já esgotou, efetivamen-

Como maximizar odinamismo daextração de petró-leo para o resto daeconomia estadual?Que encadeamentosprodutivos é possívelconstruir, a partirdos grandes investi-mentos no setorsiderúrgico?

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Pedágio Ponte Rio-NiteróiFotos: Ignácio Ferreira

te, as possibilidades de revitalização daagricultura e agroindústrias estaduais?

O terceiro grande bloco está vol-tado às dinâmicas espaciais, assimcomo à sustentabilidade ambiental esocial do desenvolvimento. Explora asnovas dinâmicas metropolitanas entreindústria e serviços, entre globalizaçãoe território; a reorganização da redeurbana fluminense; o crescimento daeconomia das cidades médias. Dá,ainda, uma atenção especial aos pe-quenos municípios que vêem reduzi-da a sua população e se esvaziam, apartir da crise das atividades tradicio-nais. E discute a reversão parcial daequação clássica: o desenvolvimentohumano não é apenas precedido pelodesenvolvimento econômico. Não setrata apenas de transformar o desen-volvimento em melhoria generalizadada vida da população? Emprego, ren-da, educação, saúde, saneamento,habitação, segurança são também fa-tores de desenvolvimento, condicio-nantes e realimentadores do cresci-mento econômico.

O quarto bloco retoma a questãoinstitucional: o Estado e a sociedadeno desenvolvimento do Estado. Cen-traliza nas questões da construção deuma cultura e de uma nova institucio-nalidade do desenvolvimento. Comoconsolidar, na sociedade fluminense –empresariado, movimentos sociais,órgãos públicos – uma moderna cul-tura desenvolvimentista: novos instru-mentos de ação pública, responsabili-dade social e espacial das empresas,articulação das diversas instâncias dedecisão, desenvolvimento de estrutu-ras regionais dotadas de meios de açãosobre o desenvolvimento.

O quinto e último bloco procuraarticular ensino e produção científica.

A função do curso é dupla: ampli-ar o conhecimento sobre a produçãocientífica voltada ao Estado, passando-a em revista, e utilizar ao máximo esse

conhecimento para a compreensão daação. E ao fazê-lo, solicitar um novomarco de questões que gerem novosestudos direcionados a novas questõese problemas. O curso vai gerar 25 es-tudos (dissertações) voltados aos diver-sos aspectos do desenvolvimento doEstado: do mercado de trabalho à eva-são escolar, dos possíveis encadeamen-tos dos novos investimentos siderúrgi-cos aos arranjos produtivos locais, daeconomia do petróleo às energias al-ternativas.

Curso de especializaçãoe formação contínua dosetor público

O escopo do curso não se limita auma turma ou a um único desenhotemático. Sua vocação é ser parte inte-grante de um programa de capacitaçãocontínua do setor público e da socieda-de civil, no Estado.

O desenvolvimento econômico éuma questão que envolve o estado, acapital – com sua região metropolitana- e o interior. E envolve também o se-tor público, em todas as suas formas,assim como a sociedade civil. Não é

O Curso de Especialização em Economia e Sociedade do Rio de Janeiroteve início em novembro de 2006, ainda na gestão do Dr. RanulfoVidigal na Fundação Cide. Retomou suas atividades em março de 2007,com integral apoio do novo diretor da Fundação, Dr. Luiz Rogério Ma-galhães. A responsabilidade acadêmica do curso é do Instituto de Eco-nomia da UFRJ, dirigido pelo professor João Sabóia. A gestão que deuorigem ao curso foi feita pelo Centro de Ciências Jurídicas e Econômicasda UFRJ, através de seu decano, professor Alcino Câmara Neto.

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uma responsabilidade focalizada, limi-tada apenas a certos responsáveis e ór-gãos. Trata-se de uma questão trans-versal, que implica numa cultura queperpassa a sociedade e suas institui-ções, embora tenha no setor públicoo seu principal responsável.

O esforço contínuo decapacitação não se limita – e não podese limitar – aos órgãos especializadosdo Estado. Precisa ser generalizadoao serviço público estadual, aos mu-nicípios, órgãos de controle, às insti-tuições da sociedade civil.

Na gestão moderna, os temasessenciais ao desenvolvimento huma-no são transversais: não há órgãos arre-cadadores e pagadores, os que cuidamda economia e os que cuidam do soci-al, os que poluem e os que fiscalizam,os que cuidam da gestão corrente e osque cuidam do crescimento. O desen-volvimento é essencial para a qualidadede vida. Mas segurança pública, educa-ção, saúde e saneamento são tambémessenciais para o crescimento.

A primeira turma do curso dá iní-cio, agora, à última seqüência de aulase começa a elaborar suas dissertações.A avaliação predominantemente posi-tiva da experiência coloca, na ordemdo dia, a preparação de sua continuida-de – uma segunda turma –, o apro-fundamento de temas, a introdução denovos conteúdos. E acima de tudo, fazavançar a discussão sobre um projetomais ambicioso e abrangente de for-mação e capacitação permanente, quecombine as dimensões latu e estritosenso da pós-graduação, através de ummestrado profissionalizante.

O desenvolvi-mento econômi-co é uma questãoque envolve oestado, a capital– com sua regiãometropolitana –e o interior.

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Estimativa preliminar daEstimativa preliminar daEstimativa preliminar daEstimativa preliminar daEstimativa preliminar daFundação Cide indica que Fundação Cide indica que Fundação Cide indica que Fundação Cide indica que Fundação Cide indica que PIBPIBPIBPIBPIB do Estado do Rio do Estado do Rio do Estado do Rio do Estado do Rio do Estado do Riode Janeiro teve crescimento de 3,3%, em 2007de Janeiro teve crescimento de 3,3%, em 2007de Janeiro teve crescimento de 3,3%, em 2007de Janeiro teve crescimento de 3,3%, em 2007de Janeiro teve crescimento de 3,3%, em 2007

Armando de Souza Filho e Carlos I. C. Quijada

Variaçãoanual(%)

ÍndicePreços de

2007(1,00 R$)

Preços cor-rentes

(1,00 R$)

Variaçãoanual(%)

ÍndicePreços de 2007

(1 000 R$)Preços correntes

(1 000 R$)

Ano

Produto real“per capita”PIB “per capita”Produto realPIB em valores absolutos

Estimativas

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Fontes:Fontes:Fontes:Fontes:Fontes: Diversas e Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – Fundação Cide.N o t a s :N o t a s :N o t a s :N o t a s :N o t a s : 1) Dados recalculados com base na Matriz Insumo – Produto de 1996; 2) Dados retificados em 30.04.08.

* Dados sujeitos à retificação.

1996 99 144 243 250 362 440 100,00 - 7 255,53 18 321,92 100,00 - -

1997 107 217 005 251 081 405 100,29 0,29 7 745,34 18 138,07 99,00 -1,00 7,83

1998 115 966 071 256 738 229 102,55 2,25 8 269,56 18 308,04 99,92 0,94 5,78

1999 129 790 046 260 346 594 103,99 1,41 9 136,23 18 326,43 100,02 0,10 10,37

2000 146 081 096 271 990 311 108,64 4,47 10 150,67 18 899,66 103,15 3,13 7,73

2001 167 640 759 284 560 341 113,66 4,62 11 498,86 19 518,64 106,53 3,28 9,69

2002 196 518 447 297 013 320 118,63 4,38 13 306,17 20 110,63 109,76 3,03 12,31

2003 225 587 140 294 853 172 117,77 -0,73 15 077,83 19 707,44 107,56 -2,00 15,63

2004 252 945 573 307 496 466 122,82 4,29 16 688,84 20 288,00 110,73 2,95 7,52

2005 282 481 526 316 328 590 126,56 3,05 18 612,24 20 842,37 112,64 1,72 8,56

2006* 311 580 594 327 414 191 131,00 3,50 19 066,87 20 035,79 115,08 2,17 6,57

2007* 338 172 369 338 172 369 135,30 3,29 21 461,56 21 461,56 117,34 1,96 5,08

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Variaçãoanual(%)

Deflatorimplícito

Produto Interno Bruto (PIB) a preço de mercadoEstado do Rio de Janeiro - 1996/2007

A primeira estimativa do ProdutoInterno Bruto (PIB) de 2007, do Esta-do do Rio de Janeiro, realizada pelaFundação Cide – ainda em caráter pre-liminar e com base nos setores querepresentam cerca de 80% da econo-mia –, indica que o mesmo alcançou ovalor total de R$ 338,2 bilhões, comcrescimento de 3,3% em relação aoano anterior, um pouco inferior aoobservado em 2006 (3,5%).

Essa redução da taxa tem como umadas principais causas o desempenho daIndústria Extrativa Mineral (petróleo e gásnatural), um dos setores mais impor-tantes da economia estadual (quase umquarto do valor adicionado total) e queapresentou queda de 2,4%. Tal fato,conforme a Pesquisa Industrial Mensalde Produção Física – Regional (IBGE),foi resultado das paralisações técnicas emplataformas de exploração.

Os setores com melhores desem-penhos foram a construção civil(+13,7%), o transporte ferroviário(+11,3%), o transporte rodoviário(+7,8%) e o comércio (+6,1%). Emrelação à Indústria de Transformação,cujo conjunto apresentou evoluçãode 3,2%, podem ser destacadas as

atividades de veículos automotores(+23,8%), borracha e plástico (+13,9%),metalurgia básica (+12,7%), perfumaria,sabões, detergentes e produtos de lim-peza (+10,7%), além de outros pro-dutos químicos (+8,9%). Já os pioresresultados ficaram com as atividades far-macêutica (-15,2%), têxtil (-10,4%) ede alimentos (-6,6%).

No tocante ao PIB per capita, ob-servou-se uma evolução de R$ 19,1 mil,em 2006, para R$ 21,5 mil, em 2007,o que representou um crescimentoreal de 2%.

Cabe registrar que as primeiras esti-mativas do IBGE para o PIB brasileiro, apreços de mercado, apontam um cres-cimento de 5,4%, em 2007, alcançan-do um valor total de R$ 2,7 trilhões. Emtermos de valor adicionado, a preçosbásicos, a agropecuária foi a atividade demaior crescimento no ano, com taxa de5,3%. O PIB per capita brasileiro atingiuR$ 13,5 mil, em 2007, com crescimen-to real de 4% em relação a 2006.

No mesmo período, o emprego for-mal no Estado cresceu 11,3%, expres-sos na criação de 118.525 novoscontratos de trabalho com carteira assi-nada, considerando-se apenas o univer-

so das empresas privadas. Os setoresque contribuíram para este expressivodesempenho foram a construção civil(+13,4%), os serviços (13%) e a in-dústria (+11,2%).

O comércio exterior fluminense tam-bém apresentou notável resultado. Noano de 2007, a balança comercial do Es-tado registrou saldo de US$ 4,7 bilhões,com destaque para as exportações quecontinuaram em expansão, com taxa de24,8% em comparação a 2006.

Merecem ainda registro os gran-des empreendimentos industriais, quejá estão em fase efetiva de implanta-ção no Estado, e que deverão produ-zir impactos expressivos no setor daIndústria de Transformação. Entreeles, pode-se mencionar o Comple-xo Petroquímico do Estado do Rio deJaneiro (Comperj), da Petrobras, noMunicípio de Itaboraí, com investi-mentos de R$ 15 bilhões, geração de1.700 empregos e entrada em ope-ração prevista para 2012; e a Com-panhia Siderúrgica do Atlântico (CSA),no Município do Rio de Janeiro, cominvestimentos de R$ 6 bilhões, gera-ção de 3.500 empregos e início daprodução previsto para 2009.

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8.218700651702681707623690686661725676717

8.025683638696659672645689670641663650720

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...

...

-4,4

2,21,1

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596.505

628.57360.13459.23863.35763.13562.14446.59748.60245.06445.24843.66645.69945.688

593.29946.48942.81344.53844.74245.04744.04543.87759.21757.46859.18458.28947.590

46.07244.92745.63759.093

29,5

32,19,6

25.423

31.566

31.5382.6572.8062.6832.7412.5772.4192.5692.5702.4842.5952.6772.760

32.6302.8122.7313.0043.0632.7102.5332.4672.5332.6412.6652.7532.719

2.9672.8052.817

...

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113,96117,45107,70118,84113,15115,98113,70117,70116,09109,75110,19108,88118,09

117,51109,87

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...

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3.595284242315258306291316324307320323309

4.088285273346307336337371409350395354324

362.........

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27,027,0

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102,9798,5593,46

102,77100,23107,73103,15104,37109,74105,30108,08103,9498,32

106,25101,5791,05

108,26106,80111,69104,61105,16111,12103,26117,97109,39104,08

108,0699,84

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6.890586519594571590592598603588532541576

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70.456

79.775

84.2047.1496.4437.1187.0737.2386.3657.0687.0246.9247.2877.0907.426

101.4378.5577.8278.7198.2958.5068.5088.7438.6678.2348.3168.1638.903

8.7538.169

...

...

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3.733.082329.797308.521303.687257.669306.891273.768321.455323.172314.494336.966312.001344.662

3.768.639304.617278.601304.682305.957256.077254.260277.574319.708370.467359.186366.238371.272

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107,61104,38

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109,74101,62

. . .

. . .

-7,4

8,16,5

Índice da produção física (2) (r)

(Base: média de 2002=100)Produtos selecionados Consumo

aparentede cimento

(mil t)

Consumode energia

elétrica(Gwh) (r)(5)

Consumode gás

encanado(mil m3) (r)

Consumo

de água

(mil m3)

Indústria extrativa mineral e de transformação Construçãocivil (r)

Serviços industriaisde utilidade pública

Indústriageral

(ponderaçãoIBGE)

Extrativa

mineral

Indústria de

transformação

Aço bruto

(mil t)

Petróleo

(mil m3) (3)

Gás natural

(106 m3) (4)

2004

2005

2006JanFevMar

AbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMar

AbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2008JanFevMar

Abr

Variações(%)

No mêsNo mês/mês do ano ant.

Acumulada

Período

Fontes: IBGE/DPE/Departamento de Indústria, IBS e Petrobras, ANP - Boletim Mensal de Produção submetido à ANP, em 29/7/04, Sind. Nac. Indústria de Cimento, Light, Ampla,CENF, CEG-Rio e Cedae.

Indicadores IndustriaisEstado do Rio de Janeiro - 2004/2008 Tabela 11111

Notas:

(1) Quando se tratar de índices, os valores anuais são médios.(2) Dados sujeitos a retificações.(3) Petróleo: óleo e condensado. Não inclui LGN (GLP e C5+).(4) O valor total da produção inclui os volumes de rejeição, queimas e perdas e consumopróprio de gás natural.(5) Aos dados da Light e Ampla foram agregados o consumo dos clientes do Mercado Livrede energia.(r) Dados retificados.(...) Dados não disponíveis.

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

Ind

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se

2004

2005JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2006JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2008JanFevMar

Variações (%)No mês

12 mesesNo ano

Período

Índices de PreçosBrasil e Estado do Rio de Janeiro - 2004/2008

311,876

330,488327,915329,241332,490334,170333,321331,823330,484327,887327,545329,529330,619330,835

336,182333,222333,030331,531331,607332,851335,067335,637337,011337,817340,541342,482343,384

353,265344.850345,652346,407346,878347,421348,328349,628354,495358,633361,308365,100370,485

374,139375,558378,194

1,1210,24

3,22

290,839

319,144304,984305,700306,707323,483323,949324,190324,067323,227323,340323,164323,536323,383

336,457324,333324,982324,878331,838338,543340,567340,668340,896341,979342,511342,893343,397

324,412344,074344,370346,913352,767356,736357,058357,147357,316357,644359,111359,802

...

...

...

...

0,194,934,78

335,986

367,628340,818340,818340,818376,564376,564376,564376,564376,564376,564376,564376,564376,564

398,625376,564376,564376,564392,728406,621407,780407,780407,780407,780407,780407,780407,780

391,542407,780407,780413,252425,962434,380434,891434,891434,891434,891434,891434,891

...

...

...

...

0,006,656,65

256,721

282,483277,761279,009280,764283,392284,205284,625284,410282,946283,144282,837283,485283,218

289,609284,872286,002285,821285,920287,625289,929290,104290,501292,388293,314293,979294,857

273,864296,037296,553296,912297,655298,306298,487298,641298,935299,507302,063303,267

...

...

...

...

0,403,162,85

274,794

291,381284,927286,336287,152290,070292,237292,299292,665291,828292,046293,089295,585298,339

301,783300,826300,883300,952302,021302,116300,698300,637301,168301,755302,678302,882304,781

285,657307,174308,412309,260309,257309,834310,758312,675313,655315,142315,719316,003317,840

320,487320,978322,758

0,835,232,39

2.405,793

2.562,4522.502,8702.515,3802.522,6802.549,6702.570,8302.568,2602.566,4602.569,2902.575,7102.584,4702.606,9522.616,857

2.682,5502.637,7922.657,3122.662,0952.672,2102.679,4302.670,5842.680,4652.687,9702.698,9912.708,1672.713,5842.721,996

2.770,8372.737,2392.745,9982.748,4702.744,0722.748,7372.758,9072.769,6672.780,7462.788,2542.796,6182.805,8472.825,488

...

...

...

0,703,803,80

Índices de PreçosÍndice Geral de

Preços-disponibilidadeinterna BR

Base: ago. 94 =100

Índice do custo da construção - RJBase: ago. 94 =100

Preços aoConsumidor

Média Mão-de-obra Materiais de construção IPC Total(2) IPCA Total(3)

Tabela 22222

Fontes: FGV - Fundação Getúlio Vargas e IBGE

(1) Média anual(2) Base ago. 94=100(3) Base dez. 93=100(...) Dados não disponíveis

Page 63: revista pm 7.0 web - Centro Estadual de Estatísticas ... · Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra- menta para tomadas de decisão na esfera municipal,

63

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Indicadores do ComércioEstado do Rio de Janeiro - 2002/2008

Índice dereceita nominal

de vendasno varejo RJ

Arrecadaçãodo ICMS do

comérciovarejista

Comercialização dehortigranjeiros,

cereais e pescado naCeasa - Grande Rio

Arrecadação doICMS do comércio

atacadista

Exportações Importações Constituição Extinção

91,38

100,76

110,77

120,39

128,81117,38111,53121,58122,16129,15119,02121,53126,22125,49129,08134,03188,55

140,49126,48119,48133,74129,12138,52130,56134,42140,68135,62142,06146,03209,21

146,37135,33148,83

10,0

11,313,4

Tabela 33333Comércio Varejista (r) Comércio Atacadista Comércio Exterior Registro de empresas

na Junta Comercial

(Base fixa 2003=100) (1) Em mil reais (Em mil t) (r) Em mil reais (FOB - 1000 US$) (Em unidades)

Índice devolume devendas novarejo RJ

107,38

100,00

106,84

111,25

118,01106,94102,01111,29112,14118,26109,91112,08116,41115,71118,65122,52170,18

125,22114,74108,06120,53116,55124,65117,06119,97124,65120,27125,60129,20181,31

127,83117,59129,24

9,9

7,29,1

Fontes: IBGE/Diretoria de Pesquisa/Departamento de Comércio e Serviços, Ceasa - Central de Abastecimento, Secex - Secretaria de Comércio Exterior, Jucerja - Junta Comercial do Estadodo Rio de Janeiro e SEF - Secretaria de Estado de Fazenda.Notas:(1) Quando se tratar de índices, os valores anuais são médios. A partir de 2000, os novos índices passaram a ser o Índice Nominal de Vendas do Varejo e o Índice de Volume de Vendas doVarejo.(r) Dados retificados

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

2002

2003

2004

2005

2006JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2008JanFevMar

Variações (%)No mês

No mês/mêsdo ano anterior

Acumulada

Período

888.867

830.901

941.650

1.127.690

1.320.777166.277101.08697.93086.95591.805

114.38199.213

112.291111.946106.885110.392121.614

1.452.701185.549112.535113.516114.625106.067136.174134.274113.503111.033110.295107.844107.285

204.755120.263105.332

9,4

0,53,7

1.729

1.756

1.697

1.673

1.786141130162139157147144152144149150172

1.815148132158146160150152162146151147162

159139152

9,7

-3,82,5

1.171.947

1.755.834

2.267.427

2.042.794

1.827.602193.930158.826162.767186.028168.745119.703113.582125.429138.009141.436145.323173.824

1.838.259170.892133.284138.187158.871138.498143.289157.618146.248152.502157.141168.745172.983

178.584167.684162.124

1,6

0,411,1

3.655.835

4.844.113

7.025.172

8.191.294

11.469.5741.150.835

636.029671.748807.657631.373842.059

1.217.2181.108.6621.384.0051.004.455

947.7491.067.784

14.315.694982.274798.903

1.152.3571.095.698

994.683883,.436

1.198.8571.338.6021.658.2111.421.5431.062.1381.728.992

1.089.065963.096762.800

-20,8

-33,8-1,5

5.346.947

4.896.005

6.321.265

6.691.941

7.270.810592.487576.048629.426404.922514.336605.493712.466639.579681.246746.987648.973518.847

9.566.501655.430646.997650.313699.815791.278713.415963.466739.490884.526

1.032.256929.088860.827

1.163.864810.098718.249

-11,3

10,434,0

27.530

30.135

25.276

27.590

25.9361.8181.8812.1721.7702.4822.0252.2822.7542.2672.4852.1351.865

29.3212.0991.6732.3851.8922.6972.3492.5413.3382.7602.9682.4672.152

2.5482.1732.621

20,6

9,919,2

7.972

6.499

7.158

6.820

7.110502413522429561483618751581697663890

7.885639423627488617628642697708789707920

750585670

14,5

6,918,7

63

Ind

icad

ore

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Fontes: ANP - Boletim Mensal de Produção submetido à ANP em 30/07/04, Infraero, Companhia Docas, MRS Logística SA, RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A, Ferrovia Centro Atlântica (FCA), SuperVia,Flumitrens, Opportrans, Barcas S.A, SMTU, Telemar e Secretaria de Estado de Fazenda.Notas: (1) Total anual.

(2) Abrangência: Portos de Sepetiba, Forno, Niterói, Angra dos Reis e Rio de Janeiro. Em 1999, o Porto de Forno foi municipalizado. Série mensal interrompida em 2003. A partir de 2004,os totais anuais são fornecidos pela ANTAQ.(3) Abrangência: Movimentação de cargas com origem e destino no Estado do Rio de Janeiro. Em 2000 e 2001, a FCA mostra movimentação só na origem.Até setembro de 1999, os dados eram enviados pela RFFSA. A partir de 2000, os dados passaram a ser enviados pela MRS Logística S.A. e pela FCA.A partir de 2003, são apresentados apenas os dados da MRS Logística S.A.(4) Abrangência: Ramais - Deodoro, Santa Cruz, Japeri, Belford Roxo, Gramacho e Vila Inhomirim.(5) Abrangência: Município do Rio de Janeiro(6) Abrangência: Linhas Rio-Niterói, Rio-Paquetá, Rio-Ribeira, Mangaratiba-Abraão e Abraão-Angra(7) Até 2006, a fonte dos dados foi o Demonstrativo de Controle de Produtos (DCP). A partir de 2007, a fonte é o Sistema de Informação de Movimentação de Produtos (SIMP).As vendas de B2 - mistura de 98% de óleo diesel e 2% de biodiesel puro (B100) – nos anos de 2005, 2006 e 2007, que anteriormente eram apresentadas separadamente, foram incluídas nas vendasde óleo diesel (FCA).A partir de janeiro de 2008, é obrigatória a mistura de 2% de biodiesel puro (B100) ao óleo diesel. As vendas de óleo diesel incluem também as vendas de óleo diesel com mistura de biodiesel puro(B100) superior a 2%, cujo percentual não é obrigatório.Informações preliminares que poderão sofrer ajustes nas próximas atualizações.(8) Total de passageiros, embarcados e desembarcados, nos aeroportos do Rio de Janeiro administrados pela Infraero.(r) Dados retificados (...) Dados não disponíveis

2005

2006JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2008JanFevMarAbr

Variações (%)No mês

No mês/mêsdo ano anterior

Acumulada

Indicadores de Transporte e de ComunicaçõesEstado do Rio de Janeiro - 2005-2008

97.892

105.9067.9877.3258.8797.8249.0858.5348.994

10.0199.1209.5739.0919.475

119.0359.1768.012

10.3829.082

10.4509.894

10.54111.1249.829

10.8319.8409.872

10.0499.023

10.34110.318

-0,2

13,68,4

129.091

135.21210.46110.05511.71510.25911.90310.78811.11812.47611.37811.89311.36411.804

150.10411.05610.52113.33611.84213.40512.34813.10513.81812.32513.83412.16412.349

12.23911.81412.75512.625

-1,0

6,65,7

18.297

19.7541.6531.4761.5741.5541.6671.4491.5891.7981.6661.7311.7641.833

22.2771.7631.6271.9191.7202.0281.7721.8571.9631.8422.1271.8321.826

2.0131.7031.950

...

14,5

1,66,7

770.936

821.749....................................

791.322....................................

...

...

...

...

...

...-3,7

12.660

12.8501.2331.0231.1141.0691.0821.0131.0641.0261.0231.0801.0001.121

14.0631.1711.0651.1471.1181.1301.1421.1261.0831.1101.3311.2691.372

1.3291.1711.303

...

11,3

13,712,4

2.188.716

2.185.277178.798163.396190.527164.852183.428179.635181.546192.821185.287187.855184.623192.508

2.355.463186.082173.574203.222186.168193.658190.533199.972211.148193.454212.418202.491202.742

192.141180.730

...

...

-5,9

4,13,7

96,91

106,03104,9297,62

101,7580,7477,79

105,95109,53111,94119,31107,66142,92112,22

108,32 105,60115,64102,41110,83115,47103,66103,3398,41

112,08112,09110,05110,32

122,90114,47

...

...

-6,9

-1,07,3

Tabela 44444Transporte

marítimo (2)Transporte

ferroviário(3)Transporte

urbano

Carga transportada(mil t) Passageiros transportados(r) Passageiros

transportados(mil)

Consumo deóleo diesel

(m3)

Índice deArrecadação

do ICMS

Transporteaéreo (8)(r)

Total (mil) Trens sub.(r)(mil) (4)

Metrô(mil) (5)

Barcas(mil) (6)

Ônibus Mun.RJ (mil)

Transporterodoviário (7)

Comunicações

Total Exportada Importada

80.770

92.879....................................

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

70.532

83.157....................................

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

10.238

9.723....................................

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

84.868

90.0326.9575.7516.6896.8857.3207.6708.1778.4218.1238.3637.9787.698

100.1687.4107.0548.1227.9868.4868.1688.9689.1398.2309.2728.5838.749

...

...

...

...

1,9

13,711,3

1.016.216

1.082.621....................................

1.082.738....................................

...

...

...

...

...

...0,0

Período

...

...15,0

...

...17,9

...

...-5,0

Cargatransportada(mil TU)(r)

Page 65: revista pm 7.0 web - Centro Estadual de Estatísticas ... · Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra- menta para tomadas de decisão na esfera municipal,

65

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(R$ 1.000)

Fontes: Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).

Notas:(1) Valores apurados com base na data do recolhimento e não do repasse financeiro.(2) A partir de 2007, os valores já estão descontados da parcela destinada à Fundeb (18%).(3) Inclui recursos do FPM/FPE/IPI-EXP./LC87/96, Complementação da União e ICMS. Valores do Estado emunicípios. A partir de 2007, passou a denominar-se Fundeb, incluindo o nível médio de ensino.(...) Dados não disponíveis

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

ArrecadaçãoICMS (1) FPM (2) FPE (2) IPI-EXP (2)

10.273.461

11.105.389

12.867.900

13.396.582

14.804.973 1.314.284 1.076.847 1.100.750 1.042.952 1.159.611 1.186.907 1.221.351 1.233.337 1.330.125 1.350.755 1.347.920 1.440.134

15.671.2881.420.9801.231.4781.197.1371.250.7011.239.5701.185.4741.223.6361.220.6051.373.4131.444.4051.560.4401.323.448

1.526.5821.463.537

-4,1

18,812,7

551.639

570.467

630.001

778.177

866.38678.53067.54264.44372.51479.58377.44969.41470.21465.21059.04373.43389.011

78.78384.31368.57481.98287.82489.71869.77373.62275.818

...84.115

...

101.683...

29,1

101.399

118.793

188.630

214.387

267.23121.27218.00218.29721.16718.69221.72120.77521.40027.56723.27923.42231.637

348.08425.81625.00422.84126.01425.89927.58428.24627.91534.59833.72333.24037.205

30.926...

-16,9

19,8

1.728.255

1.883.379

2.161.834

2.275.927

2.476.349217.707158.924205.040180.141200.764194.295207.271210.143205.947229.615213.603252.899

...

...

...

...

...236.557236.965225.984

...

...

...

...

...

...

Período

Indicadores de Finanças PúblicasEstado do Rio de Janeiro - 2002/2008

Transferências

FUNDEF (3)

271.055

281.980

310.820

389.005

430.52239.37433.86531.99436.02039.53138.47134.47234.87732.40429.36536.16743.982

489.01239.13142.05434.20440.89543.84544.79034.83336.75437.85135.81541.99356.847

50.105...

-11,9

28,0

2002

2003

2004

2005

2006JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFev

Variações (%)No mês

No mês/mês doano anteriorAcumulada

Tabela 55555

65

Ind

icad

ore

s Ec

on

ôm

ico

sRe

vist

a de

Eco

nom

ia F

lum

inen

se

Page 66: revista pm 7.0 web - Centro Estadual de Estatísticas ... · Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra- menta para tomadas de decisão na esfera municipal,

66

Revi

sta

de E

cono

mia

Flu

min

ense

950.034

817.854

804.725

822.785

896.056

931.24986.66570.35687.71269.80780.43377.30175.35984.35771.72575.07971.11881.337

1.023.99493.97677.72290.69580.35987.77884.56490.13391.95878.40785.80979.85682.737

102.64491.581

-10,8

17,813,1

470.858

403.167

395.228

399.153

438.128

468.07840.51334.63144.75135.85241.73238.97938.94544.03035.13136.33934.97042.205

512.41044.23439.88545.72043.47844.06342.18044.08547.18340.79641.78238.67440.330

46.24546.043

-0,4

15,49,7

267.951

250.670

242.805

271.762

295.272

288.99922.26720.64822.69122.77223.72621.94622.99923.92123.75125.41529.83929.024

315.59423.80121.50725.41224.49724.72225.53025.01526.07826.34427.29433.90931.285

26.10324.342

-6,7

13,211,3

99.500

84.800

77.996

83.007

82.891

101.050 8.750 7.476 8.530 7.626 9.032 8.269 8.469 8.771 9.784 9.561 8.225 6.557

114.6339.1227.0179.4459.2109.023

10.5109.877

12.03310.26410.54610.0617.525

13.08311.458

-12,4

63,352,1

1.009.454

890.500

863.169

930.432

1.017.185

1.047.25888.87184.33689.23588.10092.13781.55086.12390.76086.28687.89690.84581.119

1.065.78394.16586.942

101.39499.94595.92897.55198.870

100.93499.047

102.264101.308

87.435

102.461101.869

-0,6

17,212,8

122.181

106.982

100.828

113.631

115.083

119.970 9.689 9.407 9.297

10.420 11.076 9.604

10.769 10.732 10.162 10.822 9.952 8.040

133.39810.9569.576

12.22211.46612.42911.04611.26411.05811.93112.77311.0677.610

13.09212.596

-3,8

31,525,1

122.757

98.131

94.916

94.646

102.605

104.893 8.892 8.449 9.608 8.122 8.802 9.829 8.377 9.188 8.472 9.517 8.020 7.617

119.05810.1958.964

10.0768.872

10.53610.09510.59710.4338.886

10.9649.7669.674

11.14311.375

2,1

26,917,5

96.025

86.213

78.256

83.658

80.251

84.3416.3745.8877.5396.1156.8906.9937.1577.2096.9947.4507.6548.079

101.3968.2296.6958.7067.0427.6108.555

12.1348.9226.9148.6989.7268.165

9.4958.583

-9,6

28,221,1

248.529

220.746

225.600

235.230

259.007

261.88628.68120.78025.10419.20022.45420.87319.99822.75620.03819.35719.78922.856

280.48030.52521.54825.40620.27524.68422.90922.48624.47121.18122.22820.87523.892

35.12724.913

-29,1

15,615,3

509.567

437.092

430.501

447.819

507.400

525.10847.29746.18847.57346.68345.39040.46242.76446.02341.89541.40742.26337.163

593.83549.44348.19553.56554.02849.01449.47551.92350.99649.84951.00145.67640.670

49.39452.790

6,9

9,54,7

Total Indústria Construção civil Comércio Serviços

DesligadoDesligadoAdmitido Admitido DesligadoAdmitido DesligadoAdmitido DesligadoAdmitido

Fontes: Ministério do Trabalho e Emprego.

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

Indicadores do Nível de Emprego FormalEstado do Rio de Janeiro - 2001/ 2008

2001

2002

2003

2004

2005

2006JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2007JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2008JanFev

Variações (%)No mês

No mês/mêsdo ano anterior

Acumulada

Período

Tabela 66666Agropecuária/Outros

Admitido

11.865

9.597

10.725

10.098

16.065

12.0512.205

609710518555627882

1.1741.0902.416

685580

10.650793630787692885825831949630

2.137815676

634667

5,2

5,9-8,6

10.255

10.956

11.039

14.213

16.539

12.131868617

1.144599

2.9131.2691.1221.313

694691566335

8.523843647750744740990791769659650595345

789683

-13,4

5,6-1,2

Desligado

66

Ind

icad

ore

s Ec

on

ôm

ico

sRe

vist

a de

Eco

nom

ia F

lum

inen

se

Page 67: revista pm 7.0 web - Centro Estadual de Estatísticas ... · Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra- menta para tomadas de decisão na esfera municipal,

67

Revi

sta

de E

cono

mia

Flu

min

ense

Page 68: revista pm 7.0 web - Centro Estadual de Estatísticas ... · Apresenta um conjunto de indicadores que pode ser aplicado como ferra- menta para tomadas de decisão na esfera municipal,