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Sumário
PRÊMIO FRÁTER CRISTINO GEMEN DE EDUCAÇÃO CATÓLICA .............................................................. 1
AFETIVIDADE E SEXUALIDADE: UMA QUESTÃO DE ESCOLHA ............................................................... 2
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA: CONHECENDO O LEGISLATIVO ......................................................... 8
FEIRA DE TROCAS: TROCAR É MAIS DIVERTIDO QUE COMPRAR! ........................................................ 14
JOGAR JUNTOS: AS PRIMEIRAS NOÇÕES DE COOPERATIVIDADE ......................................................... 18
BULLYING NA ESCOLA: REDE DE INTRIGAS ............................................................................................. 24
MULHERES DE MINAS ....................................................................................................................................... 32
PROJETO MINAS GERAIS .................................................................................................................................. 40
PROJETO SIMULAÇÃO INTERNA DAS NAÇÕES UNIDAS DO COLÉGIO PADRE EUSTÁQUIO - SINU-CPE ......................................................................................................................................................................... 46
SEMENTES DA NATUREZA ............................................................................................................................... 51
1
PRÊMIO FRÁTER CRISTINO GEMEN DE EDUCAÇÃO CATÓLICA
Fiel ao seu princípio de valorizar e divulgar as boas iniciativas que qualificam a gestão e as práticas
educativas nas escolas, os Colégios Arnaldo, Nossa Senhora das Dores, Padre Eustáquio, Santa Rita e
São Francisco constituindo uma Rede de Colaboração representada por seus Diretores (GT de Diretores
da ANEC MG) e pelas Coordenadoras Pedagógicas (GT Pedagógico ANEC MG), ao reconhecerem a
existência de inúmeras iniciativas ousadas, criativas, eficazes e de sucesso desenvolvidas por seus
professores criaram o Concurso PRÊMIO FRÁTER CRISTINO GEMEN DE EDUCAÇÃO
CATÓLICA que possibilita o fortalecimento da presença da Escola Católica no cenário da educação
belorizontina por meio da apresentação e partilha de práticas pedagógicas em forma de Projetos.
Após a apresentação de mais de 30 projetos, foram selecionados os 10 melhores dos quais foram
premiados na Festa do Educador do dia 3 de outubro de 2014.
Nessa revista temos a compilação desses 10 melhores projetos que foram destaques no ano letivo de
2014 entre as escolas participantes do PRÊMIO FRÁTER CRISTINO GEMEN DE EDUCAÇÃO
CATÓLICA.
2
AFETIVIDADE E SEXUALIDADE: UMA QUESTÃO DE ESCOLHA
Suelen Martins1
Introdução
Atualmente, a demanda pela discussão sobre os aspectos relativos à afetividade e à sexualidade,
principalmente entre o público adolescente, vem crescendo. Muitos são os desafios relacionados ao
debate sobre esse tema dentro e fora das instituições escolares. Nota-se também que a inserção, a
democratização de novas tecnologias digitais e o consequente uso de redes sociais vêm modificando o
olhar do sujeito sobre a relação deste com sua sexualidade.
A partir desse contexto, o projeto Afetividade e sexualidade: uma questão de escolha apresenta-
se como uma proposta para debater questões emergenciais e delicadas sobre o tema afetividade e
sexualidade junto aos alunos de 1ª série do Ensino Médio, do Colégio Arnaldo, unidade Funcionários,
durantes os anos de 2013 e 2014. O intento do projeto é trabalhar esse assunto a partir do ponto de vista
da escolha pessoal, sem apelar para julgamentos clichês que circulam na sociedade. Para tanto, foram
necessárias ações de sensibilização da comunidade interna e externa ao colégio em que a atividade foi
aplicada.
Do ponto de vista metodológico, a primeira etapa do trabalho consistiu de exibição de filmes e
leituras paradidáticas sobre o despertar da sexualidade, logo em seguida, procedeu-se a apresentação de
palestras que tinham como intuito nutrir os alunos de mais conhecimentos prévios sobre o tema a partir
do viés de vários campos do conhecimento científico, já que não se pretendia tomar como pressuposto
conhecimento de senso comum. Por fim, os alunos geraram produtos, a fim de compartilhar as
descobertas feitas com o desenvolvimento do trabalho.
Do ponto de vista teórico, para o desenvolvimento do trabalho, contou-se com as reflexões sobre
sexualidade e transversalidade, de Faccioli e Ribeiro (1999), sexualidade e mídia, de Pelúcio (2012), e
discurso das mídias, Charaudeau (2006).
Este projeto tem como meta a discussão sobre a vivência da afetividade e da sexualidade. A
partir das várias abordagens possíveis, com essa empreitada, buscou-se suscitar, no adolescente, mais do
que tudo, uma reflexão sobre a sexualidade enquanto escolha. Não é o objetivo do projeto colocar
1Mestre em Estudo de Linguagens no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), especialista
em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS) e graduada em Letras -
Português/Inglês pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Leciona a disciplina Língua Portuguesa, para
alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, do Colégio Arnaldo, unidade Funcionário, desde 2009.
3
questões relativas à afetividade e à sexualidade como certas ou erradas, como calcadas em dogmas
religiosos, por se acreditar no livre-arbítrio que rege todas as questões da vida.
O projeto em questão justifica-se por ser alicerçado na concepção de que a sexualidade é um
aspecto natural do ser humano, sendo despertado comumente na adolescência. Vê-se também que os
estímulos externos (contexto social, mídia, etc.) e internos (biológicos) têm despertado, em nosso
alunado, cada vez mais cedo, o florescimento da sexualidade. Nesse sentido, o projeto é importante,
pois, a partir dele, os alunos são levados à reflexão, possibilitando, inclusive, o avanço de seu
conhecimento de senso comum para o científico, o que ajuda no confronto com esta nova faceta da vida,
a adolescência.
Descrição da experiência
A atividade foi realizada no Colégio Arnaldo, unidade Funcionários, localizado na região Centro-
Sul da capital mineira, Belo Horizonte. O Colégio Arnaldo é uma instituição de ensino que vem atuando
no cenário da educação mineira desde 1912 e essa escola tem como proposta pedagógica a formação
científica, humana e cristã do indivíduo. Além disso, o colégio tem como metas a construção do
conhecimento, da autonomia, das habilidades e das competências fundamentais do ser humano,
interagindo cultura, ciência, arte, tecnologia e humanismo.
Os estudantes envolvidos no projeto são alunos de duas turmas da 1ª série do Ensino Médio, com
aproximadamente 40 alunos, na faixa etária entre 14 e 15 anos. A maioria desses alunos está na
instituição desde os primeiros anos da formação básica e estão habituados a participarem de projetos
institucionais tendo o carisma da instituição como norte para o desenvolvimento das atividades. Eles
têm grande habilidade com tecnologias digitais até porque podem ser considerados nativos digitais.
O projeto tem vigência em 2013 e 2014 e, no que concerne ao projeto desenvolvido em 2013,
foram propostas quatro etapas. Em primeiro lugar, foi preciso haver identificação, por parte da equipe de
professores de diferentes disciplinas, dos conteúdos que contribuem para um trabalho sistemático sobre
o tema. Logo em seguida, depois da definição de tarefas no grupo de profissionais da educação, foi
crucial a apresentação da proposta para a comunidade interna (escola) e comunidade externa (pais). Em
segundo lugar, foi proposto aos alunos que eles assistissem a filmes que retratam a adolescência, o
despertar para a sexualidade e para a orientação sexual, por exemplo, Billy Elliot, de Stephen Daldry,
Brokeback Mountain, de Ang Lee, Chocolate, de Lasse Hallström. Além disso, foram sugeridas leituras
paradidáticas com abordagem sobre a sexualidade, a saber, O despertar da primavera, de Frank
Wedekind, O jovem Torless, de Robert Musil.
4
Logo em seguida, procedeu-se o ciclo de palestras que versaram sobre sexualidade, em
diferentes áreas do conhecimento científico, sob a perspectiva de professores da escola e de especialistas
convidados pela instituição. O evento ocorreu durante uma semana, em horários previamente
estabelecidos e foram sugeridos os seguintes assuntos: a) Os sentidos do amor; b) Sexualidade feminina
nos diários de escritoras; c) Sexualidade e mídia; d) A adolescência como encontro com a sexualidade;
e) Bioquímica do amor. A seguir imagens das palestras.
Figura 1 – Organização e fotos do ciclo de palestras sobre sexualidade
(Fonte: Setor de Comunicação Social do Colégio Arnaldo)
O último passo adotado em 2013 foi a confecção de uma revista eletrônica. Os alunos
confeccionaram revistas (Luv e Acaso) divulgadas em meio eletrônico (site do colégio), sobre os
assuntos que mais lhes chamaram a atenção no desenvolvimento das palestras. O lançamento da revista
foi na Mostra de Arte 2013 como mostra a imagem a seguir.
5
Figura 2 – Mostra de Arte 2013
(Fonte: Setor de Comunicação Social do Colégio Arnaldo)
A partir das observações e dos resultados obtidos em 2013, notou-se a necessidade de ampliar as
discussões sobre um dos temas propostos: as relações afetivo-sexuais retratadas na mídia. A intenção do
projeto desenvolvido em 2014 foi delimitar mais o assunto e trabalhar com a exposição da sexualidade
na mídia, em específico, nas redes sociais.
Figura 3 – Página do Facebook do Projeto Afetividade e Sexualidade
(Fonte: https://www.facebook.com/projetoaesarnaldo2014?ref=bookmarks. Data de acesso: 20/10/2014)
O desenvolvimento do projeto em 2014 foi composto por quatro etapas. A primeira parte do
projeto é exatamente igual àquela do ano de 2013. Em segundo lugar, foi promovida uma sessão
comentada do filme Confiar, de David Schwimmer, na sala multimeios do colégio. Essa foi uma grande
oportunidade de os adolescentes ouvirem uns aos outros, trocar experiências e refletir sobre questões a
respeito de pedofilia, de relacionamentos afetivos construídos em redes sociais, de exposição de
imagens íntimas em redes sociais. Foi sugerida também a leitura do livro O Efeito Lolita: a sexualização
das adolescentes pela mídia, e o que podemos fazer diante disso, de Meenakshi Gigi Durham.
6
Em terceiro lugar, os alunos assistiram a palestras sobre exposição da sexualidade na mídia sob a
perspectiva de especialistas no assunto convidados pela instituição. O evento ocorreu em dois dias, em
horários previamente estabelecidos, e foram sugeridos os seguintes assuntos: a) Exposição da imagem
(fotos e vídeos íntimos) nas redes sociais; b) O que está por trás dos fakes?; c) Novas formas de
relacionamentos afetivos e sexuais construídos nas redes sociais; d) Pedofília nas redes sociais; e) Os
direitos de quem tem as imagens íntimas expostas nas redes sociais.
Em quarto lugar, os alunos confeccionaram documentários sobre a exposição da sexualidade do
jovem na mídia, especificamente nas redes sociais, como Facebook e Whatsapp. Foi criada uma
comunidade – Projeto Afetividade e Sexualidade – no Facebook para a publicação dos documentários.
O lançamento dos documentários ocorreu no espaço multimeios para alunos do 9º ano e do Ensino
Médio.
Avaliação dos resultados
A relevância do projeto deu-se, porque, finda as atividades, percebeu-se que os alunos
desenvolveram senso crítico sobre as questões relativas ao encontro com a afetividade e a sexualidade
enquanto processos naturais da vivência humana. Os estudantes adquiriram maior consciência no que
concerne ao respeito para com o próprio corpo e o do outro. Ficou evidente para o adolescente que a
experiência com a sexualidade é compartilhada e, portanto, deve ser fruto da vontade, do respeito e do
cuidado com o próximo. Questões relativas ao gênero ficaram claras e mais do que nunca a sexualidade
foi entendida como uma escolha do indivíduo. Como os alunos trabalharam em grupo, os laços de
amizade se fortaleceram e os estudantes tiveram que lidar com alegrias e frustrações provenientes do
trabalho laborioso de produção de revista eletrônica, de QR Code para acessar as revistas Luv e Acaso
em Smartphone, e de documentários. Viu-se que os estudantes mais habilidosos em tecnologias digitais
foram solidários com aqueles menos hábeis, o que reforçou a importância do trabalho em equipe para a
efetivação de tarefa. No que condiz com o ganho em Língua Portuguesa, notou-se que os alunos, sendo
desafiados a produzirem textos de diferentes gêneros, ficaram mais proficientes na língua materna.
Considerações finais
Com o desenvolvimento do projeto, pode-se perceber que o colégio pode atuar como espaço da
dúvida e também do esclarecimento em relação à afetividade e à sexualidade, independentemente do
fato de a instituição ter ou não carisma confessional. As trocas de experiências entre alunos, professores
e palestrantes acabaram por fomentar a proposta pedagógica voltada para a formação humana, científica
e cultural do indivíduo e por suscitar a necessidade de socializar conhecimento. Os resultados obtidos
7
incentivaram a equipe pedagógica a estender a realização do projeto para os anos seguintes, como
atividade típica da 1ª série do Ensino Médio, sempre mobilizando os alunos a apresentarem produtos
diferentes em que possam disseminar os conhecimentos adquiridos e exercitarem as habilidades
linguísticas, discursivas e textuais obtidas em aulas de Língua Portuguesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, Ana Maria Faccioli de; RIBEIRO, Cláudia. Sexualidade(s) e infância(s): a sexualidade como um tema transversal. Campinas: UNICAMP; São Paulo: Moderna, 1999.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006.
FELIPE, Jane. Infância, gênero e sexualidade. Educação & Realidade, Porto Alegre, RS , v.25, n.1 , p.115-131, jan./jun. 2000.
PELÚCIO, Larissa [et al.] (organizadores). Olhares plurais para o cotidiano: gênero, sexualidade e mídia. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
REVISTA FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre: PUC-RS, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social,1994.
WOLTON, Dominique. Internet, e depois?: uma teoria crítica das novas mídias. Porto Alegre: Sulina, 2003.
8
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA: CONHECENDO O LEGISLATIVO
Wilher de Freitas Guimarães2
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo aplicar o conhecimento, contextualizar os conteúdos estudados em sala de aula e fomentar um aprendizado significativo, contínuo e de descobertas. A ideia foi potencializar situações escolares de aprendizagem onde o conhecimento fosse trabalhado de maneira integrada e possibilitar aos alunos vivências em situações mais amplas relacionadas ao assunto de estudo do grupo. A atividade pedagógica esteve ancorada no princípio de que é preciso valorizar o educando como ser livre, ativo, político e social. Capaz de despertar a curiosidade e o desejo pelo objeto estudado em função de suas potencialidades, aptidões e estímulos, na lógica da comunidade de investigação. O foco da atividade foi o aprendizado dos alunos, como seres curiosos e de iniciativa; capazes de se expressarem como sujeitos historicamente situados. O processo de aprendizagem foi significativo nas aulas de história, sobretudo a compreensão sobre a democracia brasileira e seu funcionamento, em oposição à mera exposição didática conceitual por vezes desvinculada da realidade do aluno. O projeto fomentou, ainda, o aprendizado por descoberta e o interesse dos alunos pela política. Haja vista que os alunos puderam levantar hipóteses e problematizar o conteúdo. O que se observou foi que, os educandos demonstraram muita empolgação e interesse em aprender, nas aulas de História, sobre o processo político realizado na Casa do Legislativo e sobre a democracia, seja na Grécia antiga e no Brasil atual.
Palavras- chave: Educação. Cidadania. Aprendizagem. História.
Introdução
Esse projeto foi fruto de inquietações advindas da minha formação acadêmica e trajetória
profissional como professor de Humanas e Suas Tecnologias em escolas públicas e particulares de Belo
Horizonte. Nessa área, o sentido da aprendizagem, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais é
“estruturar um currículo em que o estudo das ciências e o das humanidades sejam complementares e
não excludentes” (BRASIL,1998). Busca-se, com isso, uma síntese entre humanismo, ciência e
tecnologia que implique a superação do paradigma positivista. Nesse modelo o conhecimento tende a
ser tomado como algo dado e valor inquestionável, a ser transmitido aos alunos sem problematização e
contextualização. Nesse paradigma, de acordo com Silva, “os saberes dominantes selecionados no
currículo se concentram apenas em questões técnicas e em exposições didáticas meramente conceituais
desvinculadas do todo social” (SILVA,1999). O que contraria na forma e na essência uma propedêutica
2 Mestre em Educação pela PUC Minas. Área de concentração: Currículo. Licenciado em História e Filosofia pela PUC Minas.
Trabalho desenvolvido no Colégio Arnaldo Funcionários em Belo Horizonte, Minas Gerais.
9
formação científica mais crítica e, sabidamente, mais adequada à formação integral do ser humano, tal
qual explicitada nos valores educacionais do Colégio Arnaldo. E, mais, as orientações para o estudo da
História nas quais o passado é problematizado a partir da realidade presente e próxima dos educandos.
Somado a isso, o projeto nasceu da busca de novas ferramentas de aprendizagem. Nesse sentido,
algumas perguntas foram norteadoras: como trabalhar o conteúdo rompendo com a mera reprodução?
Como motivar os alunos a aprenderem? Quais estratégias podem ser utilizadas para romper com o fazer
pelo fazer docente? Como estimular a aprendizagem? Como desenvolver a autonomia nos alunos? Essas
indagações conduziram-me à construção e realização de um trabalho de campo para as séries iniciais do
Ensino Fundamental II. O trabalho tomou como ponto de partida os conteúdos curriculares de Ciências,
Geografia e História que são trabalhados na 3ª etapa, a saber: Meio Ambiente, Mapas e a Produção
Cultural Grega. Assim, em parceria com as ações de educação legislativa desenvolvidas pela Escola do
Legislativo mineiro para o público jovem os alunos fizeram uma visita monitorada à ALMG.
Os objetivos do trabalho, de forma mais pontual, tendo em vista uma concepção de Escola
Integrada e de Educação para a cidadania, que propõe formar o aluno no sentido amplo: crítico, criativo,
capaz de reconstruir e transformar a informação em conhecimento por meio do desenvolvimento de
habilidades e competências, foram: articular em campo os conteúdos\conceitos desenvolvidos em sala
de aula; promover o entrosamento social de forma sadia e educativa tendo como foco os conteúdos
atitudinais e conceituais; conhecer os projetos da Assembleia de Minas Gerais relacionados à questão
ambiental e a Constituição Brasileira e Mineira com vista à ampliação do conceito de cidadania; aplicar
conceitos, realizar pesquisas, produzir textos e mapas; sensibilizar os alunos quanto à compreensão do
que é cidadania e como funciona o Poder Legislativo e Executivo na esfera Estadual; desenvolver as
habilidades de identificação, relação, comparação e aplicação de conceitos e integrar e articular os
diversos campos do saber. O público alvo foi os alunos do Ensino Fundamental II (6º ano), manhã e
tarde, haja vista que o conteúdo sobre a Grécia Antiga está em sintonia com o que se pretendia.
Faz-se necessário salientar que a prática partiu do pressuposto segundo o qual, “o trabalho de
campo para não ser somente um empirismo, deve articular-se a formação teórica que é, ela também,
indispensável” (LACOSTE, 1985). E, segundo Souza et al. (2008), por meio do trabalho de campo é
possível desenvolver as habilidades de observar, descrever, interpretar fenômenos naturais e sócios
espaciais nos alunos, inferindo na boa formação (...).
Vale ressaltar que epistemologicamente, de acordo com Santos, o principal papel do professor,
na promoção de uma aprendizagem significativa é desafiar os conceitos já aprendidos, para que eles se
reconstruam mais ampliados e consistentes (...). Nesse sentido, o projeto foi um facilitador na de
10
construção dessa perspectiva. Pois coube ao professor responsável pela atividade, como o apoio da
coordenação de projetos da escola, Maria do Socorro, organizar, selecionar e coordenar as situações de
aprendizagem, adaptando as intervenções pedagógicas às características individuais dos alunos, para
desenvolver suas capacidades e habilidades intelectuais e atitudinais. Para tanto, o trabalho
desenvolvido levou em conta os seguintes passos: 1 - Estudo da produção cultural grega e seu legado
para as civilizações ocidentais: no caso, a democracia (Sala de aula); 2 - Entrevista com os pais sobre o
que eles pensam da democracia brasileira (Para-casa); 3 - Estudo do material preparatório para a visita
monitorada à ALMG (Sala de informática da Escola); 4 - Acesso ao site da ALMG (Laboratório de
Informática); 5 - Visita programada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Atividade de campo); 6
- Leitura e discussão de artigos da Constituição Federal e Mineira em sala; 7- Leitura do material
fornecido pela ALMG sobre o Legislativo (Sala de aula); 8 - Produção legendada do mapa de Minas
Gerais com suas reservas naturais (Trabalho em grupos); 9 - Montagem de um grande painel com o
mapa de Minas Gerais, retratando situações do cotidiano mineiro que contradizem as garantias sociais
asseguradas na Constituição Brasileira e de Minas Gerais. (Trabalho em grupos); 10 - Produção de
textos sobre o funcionamento da democracia brasileira. (Trabalho individual);11 - Jogo da Cidadania
(Atividade em grupos) e 12 - Avaliação.
O processo conduzido
Os estudantes começaram a visita pelo Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira
(Imagem 1), que, de acordo com Alexandra Martins, responsável pelas visitas orientadas, “é um dos
lugares mais importantes da Casa”, pois é onde são realizadas muitas solenidades oficiais, inclusive
manifestações políticas populares e culturais de caráter coletivo. Nesse espaço os alunos subiram na
Tribuna do Povo e vivenciaram a experiência da liberdade de expressão e opinião, consubstanciadas na
Constituição Federal. Cada aluno pôde expressar suas ideias em relação aos temas como meio ambiente
e política brasileira. Foi um momento significativo no entendimento do exercício prático do que é
cidadania. No mesmo espaço os alunos foram instigados a explicitarem o significado dos símbolos da
bandeira de Minas Gerais: da linguagem escrita à figura geométrica. Para tanto foi utilizada a técnica do
“Brainstorming”3. A técnica permitiu aos alunos entenderem como as bandeiras são símbolos fortes de
comunicação, capazes de representar ideias, ideais e mesmo paixões coletivas. Atividade que contribuiu
significativamente para o aumento do sentimento de comunidade e identidade lugar dos alunos.
3 Um dos objetivos do Brainstorming é a solução de problemas. É um modo dinâmico para se originar muitas ideias e então definir qual é a melhor para se resolver um determinado problema.
11
Imagem 1: Visita ao Espaço Democrático José Aparecido.
À esquerda a Tribuna do Povo.
Em seguida, as crianças foram em direção ao Plenário, onde lhes foi explicado: o processo de discussão
e aprovação de um projeto de lei, a diferença entre o poder Executivo e Legislativo e como funcionam
as reuniões dos deputados durante a votação de um projeto de interesse da sociedade, na casa do povo.
Lá, os alunos, também participaram da simulação de uma Reunião Ordinária, conduzida pela Escola do
Legislativo (Imagens 2 e 3).
Imagens 1 e 2: Simulação de um Projeto de Lei.
Na sequência da visita monitorada, os alunos foram aos gabinetes dos deputados que conversaram e
responderam, descontraidamente, todas as perguntas, curiosidades, sugestões e críticas dos alunos. Esse
contato corpo-a-corpo com os deputados quebrou o distanciamento entre o representante do povo e o
cidadão. Na sequência, os alunos conheceram as instalações da TV Assembleia, onde entenderam como
são feitos os programas educativos e jornalísticos e, assistiram a um vídeo sobre os grandes interesses
12
do Estado e do cidadão. Por fim, os alunos receberam “o Jogo da Cidadania” que foi, posteriormente,
trabalhado em sala de aula.
Conclusão
Nas palavras de um deles: "passei a gostar mais de política. Depois dessa visita entendi mais
sobre isso", afirmou o aluno Humberto Luís, de 13 anos. Afirmação que corrobora com o pensamento de
que é preciso dar voz ao aluno para que ele se expresse e se exponha com vista à construção de saberes
que combinem com a formação humana para a participação e reflexão.
De fato, foram os gregos que deixaram para o Ocidente o legado da democracia; sistema político
que tomou contornos históricos diferenciados em cada sociedade e que, no Brasil, chegou tardiamente
com o advento da República e a adoção dos princípios liberais.
No caso de Minas Gerais, os alunos puderam conhecer “in loco”, à luz da teoria política, um
pouco do funcionamento da democracia brasileira, da construção da cidadania e do funcionamento da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, tendo como tema gerador, articulado com outras disciplinas, a
discussão histórica feita em sala de aula sobre a polis grega e a democracia brasileira atual.
Com efeito, é preciso estimular os alunos a pensarem o real com toda sua riqueza, mutabilidade
e complexidade. Nas palavras de Ramos de Oliveira, “o formalismo escolar pode afastar
irremediavelmente o aluno da possibilidade de conhecer a realidade para transformá-la”
(RAMOS,1994). Por conseguinte, se faz necessário, assumir práticas de ensino e experiências
pedagógicas que desenvolvam a reflexão, a autonomia e a criatividade dos alunos.
Nesse sentido, parece inegável a pertinência de se desenvolver ações efetivas no ambiente
escolar e fora dele que estimulem os alunos a desenvolverem a capacidade de pensar e tomar decisões
fundadas no entendimento, na compreensão e na capacidade de serem consequentes nas suas escolhas.
À guisa da conclusão, o trabalho só foi possível em decorrência do envolvimento, interesse,
apoio e participação direta e indireta de vários profissionais que, a sua maneira, contribuem para a
educação e formação humana integral de nossos alunos.
13
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC, SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> Acesso em: 13 de abril. 2012.
DOS SANTOS, Júlio César Furtado. O papel do professor na promoção da aprendizagem significativa. Disponível em: http://www.famema.br/ensino/capacdoc/docs/papelprofessorpromocaoaprendizagemsi gnificativa.pdf > Acesso em: 21/04/2014.
LACOSTE, Y. A Pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos. São Paulo, AGB/SP, n.11, 1-23, agosto de 1985.
MINAS GERAIS. Escola do Legislativo. Belo Horizonte, ALMG, 2014. Disponível em: <
http://www.almg.gov.br/home/index.html> Acesso em: 20/04/2014.
RAMOS, Newton de Oliveira. A escola, esse mundo estranho: teoria crítica e educação. São Carlos: Vozes, 1994.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
SOUZA, C. J. O; Faria, F. S. R.; Neves, M. P. Trabalho de campo, por que fazê-lo? Reflexões à luz de documentos legais e de práticas acadêmicas com as geociências. Anais VII Simpósio Nacional de Geomorfologia. Belo Horizonte.
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FEIRA DE TROCAS: TROCAR É MAIS DIVERTIDO QUE COMPRAR!
Amanda Martins de Miranda Pinna4
Cláudia Mara Gonçalves5
Mércia Kelly S. Pereira Ataíde6
Narayana Palhares Napoli7
Introdução
As turmas do 4º ano do Colégio Padre Eustáquio realizaram uma Feira de Trocas. O assunto foi abordado nas disciplinas de
Língua Portuguesa, Matemática e História, fazendo parte de atividades como Roda literária, Interpretação de textos e
Problemas matemáticos, além de propiciar momentos de discussão sobre os valores propagados na sociedade moderna, como
consumismo e sustentabilidade.
O trabalho teve como principais objetivos:
- Refletir sobre a onda de consumismo que cada vez atinge mais as crianças, promovendo uma maior consciência quanto ao
consumo;
- Estimular o senso de comunidade e colocar em prática conceitos de economia solidária e de consumo colaborativo;
- Resgatar a importância das brincadeiras e da interação entre as crianças, mostrando que é possível um brincar diferente, que
independe do consumo e da compra de novos objetos;
- Trabalhar o reaproveitamento e a vida sustentável;
- Criar nos alunos uma cultura de consumo consciente, apresentando-lhes as consequências do consumismo no âmbito social,
ambiental e econômico;
- Promover um ambiente pedagógico propício ao desenvolvimento de atitudes empreendedoras, formando sujeitos de
mudança.
Desenvolvimento
Surgidas no Canadá, nos anos 1980, essas feiras se baseiam em princípios da economia solidária: substituir o lucro, a
acumulação e a competição pela solidariedade e pela cooperação; valorizar o trabalho, o saber e a criatividade humana, e não
o capital e sua propriedade; buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza.
4 Graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas); especialização em Tecnologia Educacional e em Psicopedagogia, ambas pela Faculdade Pitágoras. Atua como educadora há 11 anos. Atualmente leciona para o 4º ano do Ensino Fundamental no Colégio Padre Eustáquio. 5 Graduada em Pedagogia pela Universidade Castelo Branco; especialização em Educação Sustentável pela Fundação Getúlio Vargas. Atua como educadora há 27 anos. Atualmente leciona Matemática e Ciências para o 4º ano do Ensino Fundamental no Colégio Padre Eustáquio. 6 Graduada em Pedagogia com Ênfase em Supervisão Pedagógica pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Atua como educadora há 27 anos. Atualmente leciona para o 4º ano do Ensino Fundamental no Colégio Padre Eustáquio. 7 Graduada em Pedagogia com Ênfase em Ensino Religioso pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas); especialização em Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Atua como educadora há 16 anos. Atualmente leciona para o projeto MenteInovadora e para o 4º ano do Ensino Fundamental no Colégio Padre Eustáquio.
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Ações realizadas:
1) Discussões e debates em sala
- Exibição de vídeos com informações e reportagem sobre a prática do escambo e a história do dinheiro;
- Discussão sobre valores como o consumismo e o egoísmo;
- Discussão acerca do quanto se gasta de recursos naturais para que cada produto seja feito;
- Reflexão sobre como o ato da troca permite prolongar a vida útil do que foi trocado, uma vez que poderia ser simplesmente
descartado;
- Registro sobre as conclusões da turma.
2) A proposta da Feira de Trocas
- Conversa com os alunos sobre o trabalho a ser realizado, buscando desenvolver a consciência de que a questão da troca não
envolve vantagem ou desvantagem. É uma feira de troca, e não de descarte;
- Relacionamento a gentileza entre a proposta da Feira;
- Discussão sobre o que poderia ser trazido pelos alunos, a organização do local das trocas e outros aspectos importantes
relacionados à proposta.
3) Pesquisa de campo
No momento do recreio, os alunos do 4º ano realizaram entrevistas com alunos de outras turmas, professores e funcionários.
As perguntas mais frequentes foram “Você sabe o que é uma feira de troca?”, “Como as pessoas adquiriam as coisas antes da
invenção do dinheiro?” e “Qual a sua opinião sobre as feiras de troca?”
Em sala, os alunos partilharam e discutiram as opiniões e respostas dadas.
4) Confecção de cartazes
Os alunos confeccionaram cartazes, anunciando a feira de trocas e divulgando curiosidades sobre o assunto. Foi um momento
para fixar as características desse gênero textual informativo.
5) Oficina de problemas
Os alunos produziram e resolveram problemas matemáticos, em grupo, com a temática da proposta (escambo, dinheiro,
trocas, compras).
6) Ciranda literária
- Leitura dos títulos ! "A troca”, “Bia Hezel”; “Eu preciso tanto”, de Shirley Souza; e “Pedro compra tudo”, de Maria de
Lourdes Coelho;
- Roda de leitura, discussão e reflexão sobre o consumismo e nossas reais necessidades;
- Escrita de sinopse;
- Confecção de fantoches.
Relato do trabalho:
Tudo começou após a leitura de um texto com algumas dicas sobre como você pode ajudar o meio ambiente. Uma das dicas
incentivava as crianças a trocar os objetos que não usavam mais. Pronto! Estava dado o pontapé inicial para o projeto das
trocas.
16
Com muito interesse no assunto, as professoras buscaram textos, vídeos e reportagens que falavam sobre o início da prática
da troca e também um pouco sobre a história do dinheiro. Depois promoveram debates sobre consumo consciente e
consumismo. As turmas conheceram o escambo e descobriram que até hoje existem lugares em que ainda adotam essa
prática.
Durante o recreio, os alunos realizaram entrevistas a fim de saber se os colegas já tinham ouvido falar em feira de trocas,
escambo e consumo consciente. Problemas matemáticos envolvendo trocas e sistema monetário também empolgaram as
turmas nas oficinas de matemática.
Para divulgar o projeto, as turmas produziram cartazes bem coloridos, informando sobre a Feira de Trocas e divulgando
informações interessantes e curiosas sobre o assunto. Depois de muito trabalho, pesquisa e envolvimento, finalmente o
grande dia chegou: o Dia da Feira de Trocas.
Com muito entusiasmo, os alunos levaram vários brinquedos, livros, CDs, DVDs e outros objetos para fazerem as trocas. A
meninada deu conta do recado! Muita negociação e conversa permearam as trocas feitas pelas crianças.
Além dos alunos e professoras do 4º ano, o evento contou com a presença de coordenadores, da bibliotecária e da diretora do
colégio.
Ao final da Feira, os alunos reuniram seus objetos trocados e compartilharam a experiência com os colegas.
Conclusão:
A Feira de Trocas, promovida pelos alunos e pela equipe do 4º ano do Ensino Fundamental, repercutiu por toda a
comunidade escolar. Alunos de outras turmas queriam também realizar trocas ou conhecer e desenvolver o projeto.
Percebemos que, alguns dias após a culminância do projeto, ainda havia alunos realizando trocas de brinquedos, livros, CDs,
entre outros objetos, ampliando as atividades. Fomentando a formação cidadã e a importância de se consumir
conscientemente, os alunos levaram para casa esse aprendizado, ampliando conhecimento e atitudes empreendedoras.
Pudemos perceber a satisfação das crianças ao realizar o trabalho e o retorno positivo das famílias que, através de relatos,
mostraram mudanças de atitude das crianças em relação a pedidos de presente no Dia das Crianças e no Natal.
Assim, espera-se alcançar o objetivo de formar atitudes críticas em relação ao consumo e à propaganda viabilizada em
televisão e internet, bem como uma reflexão da necessidade da compra.
O projeto desenvolvido foi reconhecido e publicado no caderno Guri, do jornal Estado de Minas, em 23 de novembro de
2013.
Realizar o trabalho foi muito gratificante, pois proporcionou para as crianças e professoras um aprendizado mais
significativo. Quanto mais cedo tratarmos com as crianças o assunto consumismo, mais chances teremos de mudar a postura
dos cidadãos em relação ao consumo. As crianças ficam mais críticas em relação às propagandas e mais atentas no momento
de adquirir alguns produtos. O consumo consciente atinge não só as crianças, mas também famílias, vizinhos e amigos. Tanto
aprendizado construído e vivido, com certeza ficará na memória das crianças, fazendo com que suas atitudes sejam cada vez
mais conscientes em prol de um mundo melhor.
17
Referências: HETZEL, Bia. A troca. 2. ed. Rio de Janeiro: Manati, 2011.
COELHO, Maria de Lourdes. Pedro compra tudo e Aninha dá recados. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
SOUZA, Shirley. Eu preciso tanto! – Col. Sinto Tudo Isso e Mais Um Pouco. 1. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2009.
Como organizar uma feira de trocas? Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_408616.shtml. Acesso em: 01 jun. 2013.
História do dinheiro. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Ifp_fqTnJ20. Acesso em: 05 mai. 2013.
Mercearia escambo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_T2dsONbVo4. Acesso em: 05 mai. 2013.
Feira de Trocas – Instituto Alana. Disponível em: http://mobilizacao.alana.org.br. Acesso em: 01 jun. 2013.
Feira de trocas solidária. Disponível em: http://itcpfgv.org.br/servicos/feira-de-trocas-solidarias. Acesso em: 3 jun. 2013.
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_408616.shtml. Acesso em: 3 jun. 2013.
ANEXO
18
JOGAR JUNTOS: AS PRIMEIRAS NOÇÕES DE COOPERATIVIDADE
Letícia de Souza Guerra¹
Sarah Terra Rodrigues²
INTRODUÇÃO
Não se pode mais conceber um projeto de desenvolvimento independente das pessoas às
quais ele se destina. A visão meramente instrumental do desenvolvimento precisa ceder lugar
a uma visão mais humana que conceda primazia às pessoas e à construção coletiva. Quando
isso ocorrer, o papel construtivo, constitutivo e criativo da cultura dos povos certamente
dará uma contribuição mais relevante em direção a uma economia com face mais humana.
(Jorge Werthein – Representante da UNESCO no Brasil)
Pensando desta forma, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2012 o Ano
Internacional das Cooperativas, como reconhecimento do papel fundamental das cooperativas na
promoção do desenvolvimento socioeconômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Com o intuito de desenvolver o tema escolhido pela UNESCO e o exemplo das cooperativas, em
consonância com as ideias apresentadas por Brotto (2001) – de que ninguém joga ou vive sozinho, que
ninguém joga ou vive tão bem em oposição e competição contra outros, como se jogasse ou vivesse em
sinergia e cooperação com todos –, elaboramos um projeto pautado nos jogos cooperativos como
atividade pedagógica a ser desenvolvida com os alunos do 1º período da Educação Infantil.
Na Educação Infantil, o brincar é parte integrante das linguagens desenvolvidas e trabalhadas
com as crianças. Entre as diversas brincadeiras, temos os jogos, que são uma importante ferramenta para
aprendizagem de conceitos, regras e integração social. Pensando nessa perspectiva e associando ao tema
de reflexão proposto pela UNESCO em 2012, criamos essa iniciativa sobre jogos cooperativos.
Os jogos cooperativos são atividades em que os jogadores devem se unir com o intuito de
alcançar um único objetivo ou enfrentar um desafio comum. Além de contribuir para o desenvolvimento
das relações humanas, pautadas na cooperação e no trabalho em equipe, essa metodologia de ensino,
através de jogos cooperativos, favorece a socialização entre os membros de um grupo, bem como a
convivência harmônica e o respeito às diferenças individuais.
São jogos com uma estrutura alternativa em que os participantes jogam com o outro e não
contra o outro. Joga-se para superar desafios e não para derrotar os outros; joga-se por gostar do jogo e
pelo prazer de jogar. São jogos em que o esforço cooperativo é necessário para se atingir um objetivo
comum e não para fins mutuamente exclusivos.
19
O projeto teve como objetivos gerais:
• Despertar nas crianças a sensibilidade interpessoal, a atitude cooperativa, a integração social e a
valorização do trabalho em equipe;
• Saber lidar com as emoções de forma equilibrada, enfrentando os desafios e a realidade do mundo
competitivo;
• Vivenciar o cuidado e o respeito pelo outro;
Além desses, outros objetivos específicos foram elencados para o desenvolvimento das
aprendizagens propostas:
• Aprender a valorizar e a utilizar o trabalho em equipe como estratégia para alcançar objetivos e
enfrentar desafios;
• Escutar e respeitar a opinião de outras pessoas;
• Considerar e respeitar a opinião do grupo, participando da tomada de decisão e a acatando de
forma democrática;
• Respeitar as diferenças individuais;
• Saber ouvir;
• Preocupar-se com o outro;
• Demonstrar-se solidário e cauteloso, preocupando-se consigo mesmo e com o outro;
• Desenvolver atitudes como compartilhar, unir-se ao outro e ter confiança em si e nos colegas;
• Promover a interação que possibilite ao grupo funcionar efetivamente: revezando, encorajando,
ouvindo, ajudando, classificando, checando a compreensão, sondando e investigando;
• Aprender jogos e conceitos relacionados a regras, objetivos e limites;
• Utilizar o diálogo como estratégia importante no desenvolvimento do trabalho em equipe;
• Transcender as aprendizagens adquiridas no projeto, de forma a compreender que a cooperação é
fundamental em diversas situações cotidianas;
• Conhecer e diferenciar, a partir de suas características, os jogos cooperativos e os jogos
competitivos;
• Criar e construir um jogo com a turma que contemple a proposta de um jogo cooperativo.
O presente projeto elegeu como público-alvo os alunos das turmas de 1º período (na faixa etária de
4 anos), familiares, professores e equipe pedagógica.
20
DESENVOLVIMENTO
O projeto foi desenvolvido durante aproximadamente cinco meses. Por meio de uma sequência
didática, pensamos em jogos que pudessem oportunizar o alcance dos objetivos propostos. A cada aula,
apresentávamos o jogo, as regras, o objetivo e o material necessário. As crianças jogavam com o auxílio
e a intervenção das professoras que registraram esse momento por meio de fotos. Após a partida,
reuníamos as crianças para que pudessem relatar suas opiniões. Foram realizados os seguintes jogos:
BOLA NO AR
Objetivo do jogo: Manter a bola no ar durante o maior tempo possível.
Desenvolvimento: Soltar a bola no alto e orientar o grupo para que
juntos mantenham a bola no ar durante o maior tempo possível.
JOGO DOS BALÕES
Objetivo do jogo: Manter os balões no ar.
Desenvolvimento: O jogo deve ser iniciado com um número reduzido de alunos e com o dobro de
balões. As crianças precisam manter os balões no ar, sem cair: Percebendo a dificuldade, devem pedir
ajuda aos colegas que aguardam para entrar na brincadeira. A entrada desses colegas deve ser gradual,
até que todos os balões permaneçam no ar. A atividade deve ser realizada ao som de uma música
animada.
ACERTANDO O LÁPIS
Objetivo: Acertar o lápis no gargalo da garrafa.
Desenvolvimento: As crianças posicionam-se em pé, formando um
círculo. Cada uma terá em mãos a ponta de um barbante que estará
unido por um lápis a outros barbantes. O grupo de crianças deve colocar
esse lápis dentro de uma garrafa que estará no centro do círculo. Os
jogadores devem movimentar apenas a ponta do barbante que tem em
mãos.
21
LENÇOL MÁGICO
Objetivo: Acertar a bola no buraco que está no centro do tecido.
Desenvolvimento: Todos seguram o tecido bem esticado. Solta-se a
bola e juntos devem balançar o lençol até que a bola caia pelo buraco
no centro.
Variação: As crianças devem manter a bola em cima do tecido, sem
deixá-la cair pelo buraco.
CABO DA PAZ
Objetivo: Estourar o saquinho dentro do espaço delimitado.
Desenvolvimento: Fazer um círculo no chão. Colocar as tampinhas
dentro do saquinho e prender aos dois pedaços de corda. Dividir os
alunos em dois grupos. Eles devem puxar a corda até estourar o
saquinho. Para vencer o jogo, as tampinhas precisam cair dentro do
círculo no chão.
ARTE COLETIVA
Objetivo: Realizar um desenho coletivo, sendo que cada criança deverá fazer
uma parte.
Desenvolvimento: A professora inicia o desenho com um círculo no meio da
cartolina. Na sequência, cada criança faz um pedaço do desenho a partir do
último registro.
CENTOPEIA MALUCA
Objetivo: Atravessar a centopeia pela ponte.
Desenvolvimento: As crianças vestem a roupa de centopeia, encaixando
a própria cabeça em cada um dos buracos do tecido. Depois começam a
caminhar para atravessar a ponte imaginária. Elas devem alcançar o
outro lado sem desmanchar a centopeia.
22
CORRIDA DOS PÉS
Objetivo: Percorrer a distância marcada com os pés amarrados.
Desenvolvimento: As crianças serão amarradas pelos pés em pequenos
grupos. Elas deverão percorrer a distância marcada sem se soltar. O
grupo que chegar primeiro será o vencedor.
Ao longo do projeto, após a realização de cada jogo, sugeríamos às crianças que fizessem
desenhos sobre essas brincadeiras. Dessa forma, cada uma delas poderia registrar suas percepções
acerca das atividades propostas. Observávamos, também que os jogos tornaram-se momentos
aguardados com ansiedade pelos alunos, além das atividades agregarem muito significado. Os desenhos
produzidos tinham muita semelhança com o real e demonstravam como as crianças estavam envolvidas
no projeto.
Logo, os jogos começaram a fazer parte do cotidiano das crianças. Pediam para repeti-los
durante o recreio e em outros momentos da rotina. Notávamos que elas criavam brincadeiras que
envolviam a cooperação e o trabalho em equipe, em diversas partes da aula.
Contamos com a participação e a colaboração de outras professoras na confecção e na realização
dos jogos, o que despertou o interesse do grupo, pois percebiam que muitas pessoas da Educação
Infantil estavam envolvidas e participando do projeto.
Ao final dos jogos, depois de reunir os registros, os desenhos e as fotos, cada turma organizou
um portfólio sobre o projeto. Os desenhos ganharam animação e, junto com algumas fotos, fizeram
parte de uma apresentação digital. Esses materiais, além dos jogos confeccionados, foram expostos na
Mostra Cultural, evento realizado anualmente na Escola para divulgação do trabalho pedagógico
realizado. Na oportunidade, os pais puderam conhecer os jogos e observar os resultados adquiridos pelo
projeto.
CONCLUSÃO
Ao longo de todo o projeto, estivemos atentas ao interesse, ao envolvimento e à participação dos
alunos, avaliando e registrando suas opiniões, conquistas, dificuldades, superações e mudanças de
atitude. Observamos que os grupos tornaram-se mais unidos e cooperativos. A interação e a socialização
entre as crianças estavam cada vez melhores. Elas se sentiam mais seguras com o apoio dos colegas. O
trabalho em equipe foi percebido em diversas situações do cotidiano. Em alguns momentos,
deparavamos com crianças ajudando outros colegas com dificuldades pedagógicas, em situações
corriqueiras.
23
Compartilhar, dividir e emprestar tornaram-se ações mais simples e menos conflituosas. A
dificuldade em lidar com os sentimentos de ganhar e perder foi reduzida de forma significativa.
Nas documentações que fizemos durante todo o desenvolvimento do projeto, pudemos registrar
algumas falas das crianças:
“É difícil se equilibrar! Para dar certo, tem que andar todo mundo junto. Se abraçarmos o colega, fica mais
fácil” (Comentário feito durante a atividade “Corrida dos pés”)
“Colocamos o lápis na garrafa juntos, como se fosse uma família. Não podia puxar mais que o colega. Tinha
que ser igual” (Comentário feito durante a atividade “Acertando o lápis”)
Arquivamos, também, diversos depoimentos dos pais a respeito do encantamento com a
iniciativa e com os resultados satisfatórios que perceberam após a realização da proposta.
O projeto foi um sucesso, sendo posteriormente fonte de inspiração para as demais turmas da
Educação Infantil. Em 2013 e em 2014, as crianças tiveram a oportunidade de realizar alguns jogos e
adquirir as primeiras noções de cooperatividade através de brincadeiras. Essas atividades foram
fundamentais, sobretudo no período de adaptação. Nesse momento, tornam-se imprescindíveis a criação
e o fortalecimento de vínculos com o novo grupo que estará junto durante o ano letivo.
O uso dos jogos cooperativos também tornou-se uma dinâmica importante como recurso na
reunião de pais, promovendo maior integração do grupo e conhecimento sobre as vivências das crianças
na escola. Além disso, o projeto foi destaque e amplamente divulgado por meio de um livro³ com os
demais trabalhos desenvolvidos na instituição no ano de 2012, em consonância com o tema das
cooperativas.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 1998.
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos nas Organizações. SESC-SP: 2001.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – COLÉGIO PADRE EUSTÁQUIO, 2012.
Publicações sobre Cooperativas Disponível em: http://www.peaunesco.com.br. Acesso em: 27 mai. 2014.
Publicações sobre o tema e sugestões de jogos: Disponível em: http://www.jogoscooperativos.com.br. Acesso em: 27 mai. 2014. __________ ³ O projeto foi publicado no livro “Cooperando com a sustentabilidade da saúde e da paz”, Cooperating with the sustainnability of health and peace. / organização de Maria Esperança de Paula e versão de Carla Regina Martins Lott Vitarelli. – Belo Horizonte: Associação dos Irmãos de Nossa Senhora – Colégio Padre Eustáquio, 2013.
24
BULLYING NA ESCOLA: REDE DE INTRIGAS
Juliana Wardil Vasconcelos8
Michellyne Marcatti Perpétuo9
O QUE É BULLYING?
Casos de agressões e violência nas escolas entre alunos do Ensino Médio demonstram uma
realidade assustadora que muitos desconhecem ou não percebem (Anexo I). Daí surge o termo
mundialmente conhecido como bullying, sem equivalente na língua portuguesa, que é definido como
um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas contra uma pessoa ou grupos, também
chamados de tribos. É um conceito específico e bem definido, para não se confundir com outras
formas de violência.
Sendo um problema mundial, as consequências afetam todos, mas a vítima é a mais
prejudicada, pois poderá padecer os efeitos do seu sofrimento silencioso por um bom tempo de sua
vida, podendo desenvolver atitude de insegurança, tornando-se uma pessoa apática e indefensa aos
ataques externos.
Quanto ao agressor, reproduz em suas futuras relações o modelo que acredita dar bons
resultados: o de mandar pela força e agressão. Age sozinho ou em grupo, é uma pessoa que é
fechada à afetividade e tende à delinquência e à criminalidade.
Há um terceiro elemento envolvido neste tipo de relação que são os espectadores. São alunos
que adotam a lei do silêncio: testemunham tudo, mas não tomam partido. Não ficam do lado da vítima
por medo de serem alvo do ataque.
Outra forma dessa agressão tem crescido assustadoramente no meio dos adolescentes é o
cyberbullying. Pouco se fala sobre o assunto nas mídias, mas acontece com muita frequência na
internet. Os sites de ódio, as comunidades preconceituosas do Orkut, Facebook, os blogs com
mensagens negativas sobre uma pessoa ou um determinado grupo tem deixado muita gente infeliz.
Como evitar tudo isso? Não deve ser fácil, mas uma boa dica é não fazer parte dessa galera de jeito
nenhum. Também, a família e escola devem compartilhar de uma parceria em que o diálogo, a
orientação, a educação e a afetividade sejam praticados para desenvolver relações de respeito mútuo.
8 Pedagoga pelo Unicentro Newton Paiva. Professora da Educação Infantil na Rede Particular e Professora do 1º Ano do 1º Ciclo na Rede Pública de BH. 9 Pedagoga pelo Unicentro Newton Paiva. Pós-graduada em Educação Infantil e Educação com Ênfase na Ação Pedagógica pelo Centro de
Pesquisas Educacionais de MG. Professora da Educação Infantil na Rede Particular de BH.
25
Profissional:
Professor Antonio Clemente – licenciado em Português/Inglês e suas Literaturas pela Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras de Belo Horizonte – FAFI e com especialização em Língua Inglesa
(ESOL) pela Miami Dade College – Estados Unidos da América – é professor de Língua Inglesa no
Ensino Fundamental II, 9º ano e Médio, 1ª série, do Colégio Nossa Senhora das Dores. Também
trabalha com inglês no Ensino Médio, 1ª, 2ª e 3ª série do Colégio Pio XII, em Belo Horizonte.
Objetivo:
O objetivo foi desenvolver um projeto sobre o fenômeno bullying, no colégio Nossa Senhora das
Dores, que ajudasse alunos vítimas e agressores, a refletir sobre suas atitudes, facilitar a convivência
e a tolerância entre os alunos, promovendo a inclusão social e a coexistência respeitosa entre os
mesmos.
Além disso, desenvolver a habilidade da escrita em inglês sobre um tema proposto.
Público alvo:
O projeto Bullying na escola partiu da necessidade de a escola tentar solucionar algumas
relações de conflito entre alunos do Ensino Médio que estavam sendo alvos de deboche e até de
ameaças pelas redes sociais, principalmente pelo Facebook.
Descrição do projeto:
1º MOMENTO: Sensibilização (Brain Storm) (1 aula)
Os alunos foram divididos em seis (6) grupos, e colocados em círculo. Em seguida, foi
distribuído para cada grupo, o poema “Poem on Bullying – we all bleed red” de Anthony Kisley, retirado
26
de www.pupiline.net (Poema sobre o bullying – todos temos sangue vermelho – Anexo II). Os alunos
tiveram 10 minutos para leitura e compreensão do texto.
Essa leitura foi um pretexto para se introduzir o tema bullying e despertar, nos alunos, o
interesse por um assunto atual. O texto apresenta um vocabulário novo, rico e específico, que também
foi trabalhado para ampliar o conhecimento dos alunos em língua inglesa.
Ao final, os grupos expuseram suas ideias sobre o tema proposto através de discussões, e
conclusão final.
2º MOMENTO: Sala multe meios (1 aula)
Os alunos assistiram fragmentos de filmes com a temática do bullying: Meninas malvadas
(Mean Girls, Mark Waters, USA/2004), Escritores da liberdade (Freedom Writers, Richard
LaGravenese, USA/2007) e Duelo de titãs (Remember the titans, Broz Yakin, USA/2000). Após a
apresentação, os alunos comentaram, opinaram, e discutiram sobre os temas abordados nos filmes,
orientados por mim, relacionando-os com o seu cotidiano escolar ou familiar. Nesse momento do
projeto, o tema cyberbullying foi apresentado, fazendo uma relação com o filme Meninas malvadas.
Em seguida, os alunos conceituaram sobre inclusão e exclusão social.
3º MOMENTO: Sala de aula (1aula)
Apresentei, aos alunos, os trabalhos que seriam elaborados em inglês/português, para
exposição nas áreas sociais da escola e a criação de um blog, também bilíngue, no laboratório de
informática do colégio. Em seguida, foram feitos os sorteios dos trabalhos entre os seis grupos e a
explicação dos mesmos. A distribuição ficou da seguinte forma: três grupos ficaram com os trabalhos
para exposição na escola e os outros três, com a criação do blog.
Os trabalhos com seus detalhes de confecção, seguem-se abaixo:
1- Confeccionar cartazes com ilustrações e uma frase de efeito, bilíngue, que coíba a prática do
bullying no ambiente escolar.
2- Criar um folder com 12 regras, bilíngue, que sinalize normas de conduta para a convivência sadia
com os colegas em sala e em áreas sociais da escola. O folder deverá ser ilustrado e em cores.
3- Fazer um banner com mensagem de efeito, também bilíngue, com ilustrações.
27
4º MOMENTO: Laboratório de Informática (1 aula)
Os grupos sorteados para a criação do blog tiveram o suporte técnico de um profissional de
informática.
1ª PARTE (Criação do Blog)
Foi criado um blog no blogger da GOOGLE, em inglês, no qual os alunos criaram um site
contra a prática do bullying. A palavra bulling teve que ser usada, obrigatoriamente, no título desse site
com ilustrações alusivas ao tema. Para desenvolver o blog, os seguintes passos foram seguidos:
� Criar uma conta no GOOGLE.
� Acessar o site no www.blogger.com.
� Clicar em novo blog.
� Escolher o nome do site, endereço e interface do mesmo.
� Iniciar postagem e, em seguida, digitar o texto de apresentação do site, em inglês.
� Ilustrar com fotos ou imagens.
Depois das explicações e a criação dos blogs, as partes que se seguem foram explicadas por
mim, ainda no laboratório, para serem desenvolvidas pelos grupos nos seus sites.
28
2ª PARTE (Criação da situação-problema)
Criar, no blog, uma situação-problema de bullying, fictícia ou não, de uma vitima que escreve
para expor seu problema e pedir ajuda ao site. Esse texto, em inglês, teve no mínimo oito linhas. Os
alunos não puderam usar nomes de pessoas conhecidas como, professores, colegas ou pessoas
públicas.
3ª PARTE (Criação da solução para situação-problema)
Sugerir uma solução, em inglês, para a situação-problema apresentada. Ela, também, teve que
ter no mínimo oito linhas e obedecer às regras de anonimato das pessoas envolvidas.
Ao concluir o trabalho, os grupos apresentaram os textos que foram corrigidos antes de serem
postados no site. Segue-se um dos blogs criados:
n0bully1ng.blogspot.com.br
ENCERRAMENTO DO PROJETO
Os alunos assistiram à apresentação de uma peça teatral da Escola Municipal Anne Frank, de
Belo Horizonte, que retrata a vida da famosa menina judia, Anne Frank, que escreveu um diário
quando estava confinada em sua casa, em Amsterdam, que mostrou os horrores do nazismo.
Houve, também, a leitura de uma redação que abordou o bullying, escrita pela aluna Lívia
Fernanda de Souza Mendes, de 14 anos, da escola mencionada, que foi premiada em primeiro lugar
em um concurso nacional de redação sobre Anne Frank. A redação foi matéria do programa
Fantástico, em 16/6/2013 da Rede Globo de Televisão e da revista AMAE Educando nº 397, agosto de
2013.
Em seguida, foi aberto um debate, entre os alunos e convidados, sobre o tema bullying.
Em homenagem a escola convidada para fechar o projeto, um grupo de alunas do 1º ano,
apresentou a canção Change your life da banda Little Mix, com o tema bullying.
29
Resultados:
O projeto trouxe bons resultados na prática: diminuíram muitos os conflitos, brigas e exposições
chulas nas redes sociais. Alguns alunos, que queriam sair da escola pelo incômodo dos conflitos,
mudaram de ideia e continuam estudando e se relacionando melhor com seus antigos agressores.
Por outro lado, também, os agressores reconheceram seus erros e se desculparam com seus
alvos de agressão.
Anexo I
30
Anexo II
31
32
MULHERES DE MINAS Anne Elba Pinto Sena Ramos10
Cristiane de Morais Dias Duarte11 Décius Moreira Caldeira12
Gisele Lucchesi13
Introdução
No ano de 2014, a UNESCO está estimulando a ampliação do conhecimento a respeito da Agricultura Familiar e
sua importância da conscientização para a alimentação do mundo, bem como sua contribuição para o combate à
fome e à miséria no planeta. O Colégio Padre Eustáquio, como escola participante da rede PEA/UNESCO, ao
longo do corrente ano, teve ponto culminante das discussões, pesquisas e aprendizados sobre este tema na edição
da Mostra Cultural realizada em agosto de 2014, quando os diversos trabalhos desenvolvidos foram apresentados.
O 7º ano apresentou o projeto Mulheres de Minas que foi conduzido pelos professores de Língua Portuguesa,
Artes e História e pela supervisora pedagógica da série. Esse foi desenvolvido com todas as turmas do 7º Ano,
com idade entre 11 e 13 anos, dos turnos matutino e vespertino e com a colaboração do corpo discente.
Iniciando as atividades e contextualizando o tema na primeira etapa do ano letivo foi proposto um trabalho
interdisciplinar de Português e História, em que os alunos envolveram-se na leitura do livro “Joana d’Arc e suas
Batalhas”, da editora da Cia das Letras. O objetivo inicial era ampliar o conhecimento sobre a “Santa Guerreira” e
o contexto histórico em que ela viveu: a Idade Média. No tocante à Língua Portuguesa, em particular, havia o
interesse em apresentar aos alunos o conhecimento sobre uma obra literária que fosse necessariamente uma
biografia, gênero textual trabalhado no dado momento.
10
Licenciatura e Bacharelado em Letras, Profª Língua Portuguesa do Colégio Padre Eustáquio 11
Bacharelado em Relações Públicas, Pós em Psicopedagogia, graduanda em pedagogia. Supervisora do Colégio Padre Eustáquio 12
Licenciatura em História e Bacharelando em Direito. Professor de História do Colégio Padre Eustáquio 13
Licenciatura em Belas Artes. Professora de Artes do Colégio Padre Eustáquio
Livro paradidático Joana D’arc
33
Desenvolvimento
Cientes de que a sociedade medieval apresentou, de forma destacada, uma organização rural a partir das muitas
famílias que produziam essencialmente para sua subsistência, os professores envolvidos entenderam que era plena
a coerência entre o livro paradidático proposto e a parceria com a proposta do PEA/UNESCO que se pretendia
cumprir. Salienta-se ainda que a personagem central do livro foi agricultora em sua infância e adolescência, antes
de envolver-se nas muitas aventuras e desventuras que a consagrar. Havia, portanto, a certeza de que a leitura
instigante sobre a vida de Joana d’Arc garantiria um conhecimento mais amplo a respeito da vida rural de
trabalhadores de outro continente e de outra época. Desta forma, o 7º Ano poderia estabelecer conexões,
comparações e diferenciações entre o modelo da agricultura familiar que hoje se pratica no Brasil e aquele
praticado na Idade Média, permitindo aos alunos perceberem a importância e a presença do cultivo de alimentos
pela humanidade e ao longo da história.
(Agricultura Familiar nos tempos de Joana D’Arc – Projeto de Português e História – 7º ANO
34
Após a leitura do paradidático, foram apresentadas aos alunos imagens da Igreja da Santa Joana d’Arc, localizada
em Rouen, no Norte da França, para que as mesmas pudessem servir de inspiração ao trabalho que seria
ministrado. O tema central do trabalho seria a vida da personagem Joana d’Arc, relacionando a vida da santa
guerreira às mulheres de Minas Gerais, que hoje também se valem da sua força e sabedoria para lidar com
ambiente da agricultura familiar
http://meusplanosdeviagem.wordpress.com/2012/11/30/rouen-a-capital-da-normandia/
O objetivo inicial do trabalho foi ampliado quando a equipe do 7º ano foi convidada pela supervisora da série
a conhecer, primeiro por meio de um documentário do GNT e depois “in loco”, a comunidade de Noiva do
Cordeiro, localizada no município de Belo Vale.
Trata-se de uma comunidade organizada por mulheres que, contra tudo e contra todos, estabeleceram uma
organização comunitária que cultiva produtos diversos para consumo próprio e para venda em Belo
Horizonte. A organização comunitária surgiu como uma necessidade de sobrevivência e resistência de suas
mulheres contra o preconceito que sofriam na região em que estão inseridas.
35
O nome do distrito, segundo o blog oficial de seus moradores, “14surgiu quando o pastor Anísio Pereira, entre
as décadas de 1940 e 1950, casou-se com Delina Fernandes, uma das netas de Dona Senhorinha. Ele fundou
no vilarejo a Igreja Evangélica Noiva do Cordeiro que também foi implantada nas cidades de Montes Claros e
Desterro de Entre Rios”.
Os homens de Noiva do Cordeiro, em regra e por necessidade, não passam a semana junto de suas esposas,
irmãs ou mães. A baixa oferta de trabalho na região de Belo Vale obriga os muitos maridos, pais e irmãos a se
deslocarem para a capital nos dias de semana com o objetivo de obterem renda para o sustento de suas
famílias.
Casa mãe- sede da comunidade Noiva do Cordeiro.
Soma-se à ausência dos homens na comunidade o fato de que Noiva do Cordeiro ter surgido como uma unidade
evangélica formada pelo pastor Anísio. Fundamentalista em suas posições, o pastor formou um núcleo familiar
fechado em si mesmo, que pouco se envolvia com a “grande Belo Vale”. Acrescenta-se ainda que Noiva do
Cordeiro é isolada também por sua posição geográfica. O acesso à comunidade se dá por meio de uma estrada de
terra de 17 km. Todos esses fatores, em conjunto, acrescido de um machismo secular e atávico, levaram as
moradoras dessa comunidade a sofrerem um preconceito descomunal, a serem tachadas de “prostitutas” na região
14
Informação retirada do site http://noivadocordeiro.zip.net/historia/
36
em que vivem e a terem negados esses direitos essenciais para uma vida digna. Viviam apenas para os seus
maridos, com orgulho e raça de Minas.
Agricultura Familiar em Noiva do Cordeiro
37
Ao conhecerem de perto a realidade de Noiva do Cordeiro, a canção “Mulheres de Atenas” de Chico Buarque
veio à tona, naturalmente.
Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas, cadenas
(...)
Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito, nem qualidade Têm medo apenas Não tem sonhos, só tem presságios O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas
(...)
As mulheres cantadas nos versos de Chico Buarque “não têm gosto nem vontade, nem defeito nem qualidade, têm
medo apenas”. As moradoras de Noiva do Cordeiro não são Helenas submissas, pelo contrário, apresentam
vocação para a luta e para a batalha, têm alma guerreira, alma de Joana d’Arc. Não são mulheres de Atenas. São
mulheres de Minas.
No ano de 2005, a comunidade conseguiu eleger uma vereadora em Belo Vale com o intuito de defender seus
interesses junto ao município. A Associação Grupamento Noiva do Cordeiro foi formalizada e aquelas mulheres
que sofriam com o preconceito e a miséria há dezenas de anos conseguiram inverter as circunstâncias
desfavoráveis de suas vidas.
Uma equipe do Jornal Estado de Minas fez a primeira reportagem sobre Noiva do Cordeiro em meados dos anos
2000. Em seguida, houve a produção de um documentário do GNT e muitas outras reportagens em diversos
veículos trouxeram Noiva do Cordeiro para o mundo.
Atualmente, a Associação vive de suas plantações e dos animais que cria. São cerca de 80 famílias vivendo de
maneira solidária, comunitária, democrática e exemplar. Em Noiva do Cordeiro não existe o conceito de
propriedade e privacidade restritas. A cozinha é comunitária. A sala de TV é única. Os espaços de convivência
são absolutamente coletivos. Os casais têm seu universo particular limitado ao seu quarto e nada mais. As
mulheres plantam, colhem, criam, lavam, cozinham, cuidam dos filhos de toda a comunidade. Nada realizam para
si próprias, mas para todos, sempre se dedicando ao outro. Sempre com um olhar e cuidado de quem quer
partilhar e dividir o fruto de seu trabalho e amor. São inúmeras “mãezinhas” como elas se chamam. São Helenas
Agricultura familiar em Noiva do Cordeiro
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quando cuidam de seus homens. São Joanas quando enfrentam as adversidades do mundo. São exemplos
conhecidos e apresentados aos alunos.
A Mostra Cultural do Colégio Padre Eustáquio ocorreu em agosto de 2014. Com o objetivo de compartilhar as
experiências vividas com a comunidade escolar, 7º ano produziu, a partir das experiências advindas da visita à
comunidade de Belo Vale e das discussões propostas em sala de aula, mandalas que tiveram a Agricultura
Familiar e as mulheres de Noiva do Cordeiro como tema principal.
Durante as aulas, os alunos foram convidados a retratar em círculos de madeira e com grãos de vários alimentos, a
beleza e a riqueza do que eles vivenciaram na comunidade visitada, bem como expor a importância da terra no
cumprimento do gerar da vida.
A atividade consistia em transpor para as mandalas o que havia de mais significativo no trabalho que vinha sendo
desenvolvido: a importância do partilhar.
Confecção das Mandalas pelos alunos do 7º ano
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Considerações Finais
O resultado deste projeto participou do Prêmio Fráter Cristino Gemen e para alegria de todos recebeu menção
honrosa, ficando classificado em 8º lugar entre os 39 trabalhos participantes desse prêmio.
Percebemos que os breves e intensos momentos que os alunos puderam desfrutar junto à comunidade de
Noiva do Cordeiro puderam despertar os sentimentos que perpassam não só o que é particular à organização
de uma comunidade rural que sobrevive da agricultura familiar, mas também dos sentimentos que ali são
semeados diariamente entre aquelas tantas mulheres que exalam simplicidade e amor ao próximo nos seus
afazeres.
Todos os momentos de convívio com a comunidade, reuniões, colheitas ou o simples fato de tomarem um
café juntas transformam-se num ato sublime de partilha de sentimentos e esperança de dias melhores. E é
justamente essa esperança de dias melhores, juntamente com os preceitos que envolvem a vida comunitária
que nortearam não só a visita, há o desejo de que os alunos repassem esses valores de respeito ao próximo, do
acolhimento do outro e, principalmente, do fazer em conjunto para o bem de todos.
Os alunos puderam compreender de maneira profunda a forma como se dá a luta cotidiana de mulheres junto
à lavoura em um trabalho exaustivo, mas produzido de forma serena por mulheres que nada possuem de
“falena” como diziam seus críticos. Os alunos puderam ainda apreender a importância da terra, a beleza das
plantações, a delicadeza dos grãos e a luta por igualdade e liberdade de “lindas sirenas, morenas” e loiras de
mãos e almas calejadas pelo trabalho e pelo preconceito.
Conseguimos alcançar em nosso trabalho um objetivo muito mais amplo que foi inicialmente almejado.
Fizemos com que os alunos se mirassem no exemplo dessas mulheres de Minas. Mulheres vestidas e armadas
de garra, serenidade, força e ternura. Todas elas agricultoras, bruxas, guerreiras e santas.
Referencial teórico
ROBINS, Phil . Joana D’arc e Suas Batalhas. Coleção Mortos de Fama. Pag. 208. Ed.Companhia das Letras, São Paulo, 2010. Site: Noiva do Cordeiro, http://noivadocordeiro.zip.net/. 23.10.2014 BUARQUE, Chico. Meus Carros Amigos: Mulheres de Atenas. Universal, 1976. GNT. Filme conta a história de superação das mulheres de Noivas do Cordeiro. Publicado em 01/02/2013 às 17h28
Terra de Minas - TV Globo Terra de Minas mostra história da comunidade Terra de Minas – Noiva do Cordeiro. Publicado em 23/11/2013.
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PROJETO MINAS GERAIS
Karla Avelar dos Santos15 Rosmari Gomes da Silva16
INTRODUÇÃO
A proposta de abordagem da História de Minas Gerais permite ao aluno perceber-se como parte
integrante e agente de informações e conhecimentos de suas vivências. Ampliando o espaço de inserção
na realidade, sem perder de vista suas referências primárias.
Minas Gerais é um Estado relevante em seus aspectos históricos, culturais, sociais e ambientais. Neste
cenário surgiu a proposta da criação de um projeto interdisciplinar, durante o segundo trimestre de 2013,
envolvendo os conteúdos das disciplinas Geografia, História, Língua Portuguesa, Informática, Música,
Arte e Educação Religiosa, denominado “Minas Gerais”.
Neste sentido, o projeto objetivou aprofundar e consolidar os conhecimentos dos discentes do Colégio
Santa Rita de Cássia sobre a história, o ambiente, a cultura e as personalidades mineiras e as
manifestações culturais. Permitir aos alunos conhecerem melhor a realidade em que vivem; tomarem
consciência da sua própria existência, de seus determinantes políticos, econômicos e culturais, bem
como iniciarem suas percepções a respeito da complexidade da vida humana no tempo e no espaço.
Alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I do Colégio Santa Rita de Cássia participaram ativamente do
projeto, totalizando cinquenta e seis alunos. Durante a realização do projeto, no segundo trimestre do
ano de 2013, os alunos conheceram mais sobre o seu estado, a partir do contato com a sua história,
mapas, religião, músicas, culinária, poesias, arte e manifestações culturais.
15 Graduada em Pedagogia pela Universidade de Itaúna e pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Professora há quatorze anos. Atualmente é professora do 4º ano do Ensino Fundamental I, nas disciplinas de Língua Portuguesa, Ciências, Arte e Educação Religiosa, no Colégio Santa Rita de Cássia, em Belo Horizonte – Minas Gerais.
16 Graduada em Normal Superior pela Universidade Estadual de Montes Claros e pós-graduada em Matemática pela Universidade de Brasília. Professora há trinta e um anos. Atualmente é professora do 4º ano do Ensino Fundamental I, nas disciplinas de Matemática, Geografia, História e Educação Religiosa, no Colégio Santa Rita de Cássia, em Belo Horizonte – Minas Gerais.
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Muitas atividades foram desenvolvidas no decorrer do trimestre nas diversas disciplinas, mas duas
mereceram destaque: 1ª) o Trabalho de Campo “A Cidade histórica de Sabará” e 2ª) a Exposição “Minas
Gerais: quem te conhece não esquece jamais”.
Na primeira, em 07 de agosto de 2013, os alunos passaram a tarde visitando a cidade histórica para
enriquecer os estudos realizados em sala de aula sobre Minas Gerais. Eles conheceram o Museu do
Ouro, Casa de Intendência e de Fundição do Ouro, no mesmo prédio, onde puderam observar objetos,
utensílios e móveis da época do Ciclo do Ouro. Visitaram as Igrejas: Nossa Senhora do Carmo,
contendo várias obras do mestre Aleijadinho; Nossa Senhora do Rosário, templo inacabado dos
escravos, importante testemunho dos métodos construtivos da época.
A segunda atividade foi uma apresentação de todos os trabalhos desenvolvidos durante o projeto. De
fogão à lenha, pinturas, livros de poesia a namoradeiras... os alunos fizeram de tudo um pouco. O
resultado foi fantástico! Em um dia determinado, os pais foram convidados e compareceram à escola
para apreciarem a exposição, assistirem às apresentações preparadas pelas turmas Amizade e Verdade
(duas turmas de 4º ano) e também para saborearem as delícias da comida mineira.
Figura 1: Apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Durante as aulas de Português os alunos desenvolveram poesias. Foi realizado um estudo sobre o que é
poesia, versos e estrofes. Pesquisaram também poemas mineiros, dos poetas Carlos Drummond de
Andrade e Adélia Prado, resultando em um livro de poesias.
Desenvolvemos a inclusão de um aluno com deficiência visual, chegando ao resultado da poesia em
Braille, transcrita em Português.
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Figura 2: Apresentação da poesia “Ser mineiro” de Carlos Drummond de Andrade.
Nas aulas de informática foram trabalhadas a digitação e formatação desses poemas, construindo sua
edição, pesquisas de regiões, mapas e vídeos sobre as cidades históricas de Minas Gerais.
A Música é um fenômeno universal, que está presente na história de todos os povos e civilizações, em
todo o globo, desde a pré-história. E, desde os primórdios, a Música faz parte do dia a dia das
comunidades, se manifestando de diferentes maneiras, em ritos, festas e celebrações das mais diversas.
A professora de música oportunizou aos alunos explorarem, construírem e aumentarem o conhecimento
sobre as músicas mineiras, apresentando os compositores, desenvolvendo habilidades de voz e
instrumental.
Em Arte foi desenvolvido todo o cenário da exposição. Os alunos realizaram trabalhos artísticos,
conhecendo a produção de outras pessoas e culturas. Eles puderam compreender a diversidade de
valores que orientam tanto o seu próprio modo de pensar e agir quanto o da sociedade em que vivem.
Pintaram telas, camisas com paisagens de Minas Gerais, namoradeiras, ilustraram o livro de poesia,
estandartes, desenhos de igrejas, dobraduras com as manifestações folclóricas, maria fumaça com
objetos recicláveis, músicas e poemas.
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Figura 3: Pintura de namoradeiras e telas.
Nas aulas de Geografia e História os alunos conheceram e refletiram sobre os principais aspectos da
história do estado em que vivem, por meio de pesquisas, imagens, mapas, cartões postais, trabalhos em
grupo, textos, entrevistas e pinturas. Pesquisaram sobre a formação do povo mineiro e sua cultura.
Produziram textos e reproduziram paisagens das cidades mineiras. Desenvolveram habilidades de leitura
e de interpretação de diferentes linguagens usadas nos estudos e de consultar diferentes fontes de
informação, de analisar e sintetizar dados.
Já em Educação Religiosa aprenderam a valorizar a história de seu povo. Respeitar e preservar o
patrimônio histórico. Perceberam que temos um passado, um presente e um futuro comuns que exigem
de nós ações responsáveis e conscientes. As atividades realizadas possibilitaram o trabalho com noções
de convivência e com atitudes focadas em: respeitar diferentes opiniões, saber ouvir, socializar
informações, assumir responsabilidades e valorizar as experiências dos mais velhos.
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Figura 4: Apresentação da folia de reis.
Dentre os vários resultados observados, destacam-se:
- desenvolvimento da oralidade;
- olhar crítico sobre as injustiças sociais;
- trabalho com a inclusão;
- criatividade;
- importância da Arte para a formação da personalidade;
- benefícios de uma postura positiva em relação à vida e aos problemas;
- reconhecimento de diferentes fontes para o conhecimento histórico;
- reconhecimento e valorização do estado de Minas Gerais;
- desenvolvimento de uma atitude de curiosidade;
- capacidade de criticar diferentes tipos de cultura;
- autonomia, cooperação e o sentido de co-responsabilidade nos processos de desenvolvimentos
individuais e coletivos.
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CONCLUSÃO
Apreciar o crescimento dos alunos (crianças) em relação ao trabalho de pesquisa, investigações,
produções de texto e desenvolvimento das habilidades de leitura, arte, interpretação e oralidade nos faz
acreditar, a cada dia, que educar é uma importante missão.
Foram momentos marcantes para a história de cada aluno, pais e demais profissionais envolvidos.
Assim, o conhecimento escolar deve ser fruto de uma prática constante interdisciplinar, mas que
preserve o saber e o fazer científicos que caracterizam cada disciplina.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Carlos Drummond. Poemas. Disponível em http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/minas_gerais.html, acesso em 05/08/2013.
CAMPOS, Helena Guimarães e FARIA, Ricardo de Moura. História de Minas Gerais – 4º ou 5º ano. São Paulo: Editora Atual, 2011.
CAMPOS, Helena Guimarães e SOARES, Débora Crispim. Geografia de Minas Gerais. São Paulo: Atual Editora, 2011.
CUNHA, Fernando e FRESSATO, Soleni Biscouto. Aprender Juntos. São Paulo: Edições SM LTD, 2013. CUNHA, Fernando e FRESSATO, Soleni Biscouto. Criar e Aprender. São Paulo: Editora FTD, 2007.
RAMA, Ângela e PAULA, Marcelo Moraes. Projeto Prosa. São Paulo: Editora Saraiva, 2011.
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PROJETO SIMULAÇÃO INTERNA DAS NAÇÕES UNIDAS DO COLÉGIO PADRE EUSTÁQUIO - SINU-CPE
Cássio Francisco de Lima17
INTRODUÇÃO:
Na atualidade vários projetos de simulações internacionais se fazem presentes em instituições de ensino,
como a MINIONU da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, entre outras que envolvem os
alunos de diversos segmentos e graduações.
O professor de Geografia da 3ª Série do
Ensino Médio do Colégio Padre Eustáquio,
Cássio Francisco de Lima, (foto1), em
parceria com os demais professores e da
direção, coordenação e supervisão,
desenvolveu um projeto de simulação,
denominado Simulação Interna das Nações
Unidas do Colégio Padre Eustáquio18 –
SINU-CPE. O seu grande diferencial é a
capacidade interdisciplinar e transdisciplinar, já que todas as matérias trabalhadas na 3ª Série foram
envolvidas. Além disso, através das atividades elaboradas, como as diversificadas, foram
confeccionados os guias de estudo, utilizados pelos próprios alunos, ou seja, o processo de avaliação é
todo o percurso e a simulação é a apresentação de todo um trabalho que é feito durante a etapa letiva.
Essa simulação é um projeto totalmente integrado e articulado entre professores, alunos, coordenação,
direção, repercutindo numa escola viva, em que todos se interagem e os resultados, tanto acadêmicos
como na preparação para a vida desses alunos, são extremamente satisfatórios. Tornou-se um projeto
institucional e já se apresenta no seu terceiro ano consecutivo.
17 Professor de Geografia da 3ª Série do Ensino Médio do Colégio Padre Eustáquio; Mestre em Educação e Doutorando em Geografia e Tratamento da Informação Espacial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 18 A partir de agora a Simulação Interna das Nações Unidas do Colégio Padre Eustáquio será mencionada como SINU-CPE.
Foto 1: Coordenador do projeto, Cássio Francisco de Lima, e o Secretário Geral da 2ª Edição da SINU-CPE, o aluno Diego Baião.
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METODOLOGIA:
A SINU-CPE começa ser preparada, um ano antes do seu acontecimento. São feitas várias reuniões
entre a equipe pedagógica e a coordenação do projeto, enfatizando quais serão os temas trabalhados,
bem como as tarefas que serão realizadas pelos professores com os alunos, visando à temática proposta.
Os temas são definidos de acordo com os conteúdos trabalhados na 3ª série do Ensino Médio, além das
temáticas da Campanha da Fraternidade e o da PEA/UNESCO. Sendo assim, nas reuniões que
antecedem o ano da SINU, os professores já realizam todos os seus planejamentos integrados, com um
horizonte comum, a SINU-CPE. Nessa integração fica evidente o aspecto interdisciplinar, pois cada
comitê instituido integra todas as diciplinas. O trabalho é intesno nessas integrações, pois cada professor
expõe como sua disciplina irá trabalhar aquela temática em suas aulas. Essa metodologia é inteiramente
enriquecedora, pois trabalha com o aluno as várias abordagens, nos mais diversos pontos de vista,
promovendo um conhecimento integrador e não fragmentado, facilitando-o trafegar pelas várias áreas
do conhecimento. Todos os trabalhos realizados são avaliados e considerados como a matéria prima dos
guias de estudo, utilizados pelos alunos durante a simulação. Outro fator de extrema importância é o
vinculo que se trava entre dos alunos e escola, pois a cada ano os ex-alunos que participaram no ano
anterior, são convidados a voltarem como Diretores Gerais, já que adquiriram experiência, com os
alunos do Grêmio Estudantil daquele ano, em que são Diretores Assistentes, responsáveis por conduzir
os debates.
Essa metodologia alimenta sempre a simulação, já que o retorno desses ex-alunos é bem significativo,
fazendo com que haja a necessidade de uma seleção, pois a demanda é sempre grande, pois querem
participar da SINU. Todas as divisões dos
comitês, bem como a distribuição dos alunos
entre os países, são organizadas pelo Grêmio
Estudantil do Colégio Padre Eustáquio, com o
auxilio do coordenador do projeto, o prof.
Cássio Francisco de Lima. Existe, ainda, um
comitê de imprensa, orientada pela área de
Linguagens, reponsável por produzir um jornal
diário dos acontecimentos das sessões.
Com o passar dos anos percebemos como a simulação está se fazendo presente na vida desses alunos,
com depoimentos de que a SINU permitiu uma maior desinibição daqueles alunos que eram
extremamente tímidos, favorecendo-os na universidade, no mercado de trabalho. E, inclusive, na
escolha de suas futuras profissões.
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Planejamento
Como em qualquer tipo de evento, o primeiro passo é o planejamento. Durante o ano, várias reuniões
são destinadas à organização do mesmo, estipulando as datas no calendário letivo e os convidados que
irão abrir e encerrar a simulação. Buscamos sempre trazer um representante da esfera acadêmica, com
exepriências na área de Relações Internacionais, e outro da área Política, para desenvolver a consciência
crítica dos alunos com relação aos temas abordados nos comitês. As palestras são agendadas
previamente com os convidados, pois por se tratarem de representações importantes para a nossa
sociedade, apresentam agendas comprometidas durante todo o ano. No ano de 2011, foi realizada a 1ª
SINU CPE e contamos com a participação ilustre do vereador de Belo Horizonte, Sr. Fábio Caldeira,
foto 3, hoje atual Ouvidor Geral do Estado, que apresentou para os alunos a temática “América Latina:
desafios políticos e econômicos em um mundo cada vez mais globalizado”.
O encerramento em 2012 foi realizado pelo ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Patrus Ananias, com a temática “Participação
Política da Juventude e Democracia Participativa” foto 4.
Foto3: Palestra do então Vereador de Belo Horizonte, Fábio Caldeira, na abertura da SINU 2011.
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O segundo passo é buscar apoio institucional, que durante esses três anos de SINU, foi algo de extrema
dedicação por parte da Direção do Colégio Padre Eustáquio. Todo o material impresso, como banners de
divulgação, placas de identificação dos comitês e das delegações, os jornais produzidos, bem como os
coffe breaks entre outros requisistos para o bom andamento da simulação, foram custeados e fornecidos
pela instituição, não gerando nenhuma despesa extra para os alunos.
Como terceira e última etapa, para discutir os temas abordados em cada comitê, os alunos fazem uma
pesquisa em relação ao posicionamento oficial dos países representados, possibilitando escrever os
princípios de política externa a serem apresentados ao início das atividades. Além disso, a pesquisa
precisa apreender a política interna, forma de governo e especificidades culturais, criando assim maior
realismo na argumentação e justificativas do posicionamento das delegações.
Prática
Os cargos de Secretário Geral, diretores de comitês e assistentes são ocupados pelos organizadores do
evento, Grêmio Estudantil e Ex-Alunos do Colégio Padre Eustáquio. Os demais participantes, alunos da
3ª Série do Ensino Médio, atuam como delegados de países.
A SINU é dividida em
"Administrativo" e "Acadêmico". O
setor acadêmico, representado pelos
professores, é responsável pela
análise de projetos de comitês,
recrutamento de diretores e pelo bom
andamento das discussões durante as
sessões dentro dos comitês e pela
avaliação da participação dos alunos:
Foto4: Ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do
governo do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, Patrus Ananias.
Foto5: Alunos do Colégio Padre Eustáquio durante a SINU-CPE.
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o administrativo é responsável por toda a parte administrativa do modelo, composto pela direção,
coordenação e supervisão do Colégio Padre Eustáquio, o que inclui patrocinios, a disponibilidade do
lugar onde será realizado o evento, suporte "material" para os comitês (como cópias de documentos,
água, etc). Uma boa Simulação trabalha de forma integrada, o Administratvo e Acadêmico, garantindo o
bom andamento e o sucesso do evento.
Resultados Obtidos:
As delegações criadas são habilitadas para exprimir as opiniões nos debates de países que estejam
participando dos comitês reais das organizações internacionais do modelo em questão. Nesse momento,
para defender seus objetivos os delegados formulam discursos, muitas vezes de improviso, sempre de
acordo com os procedimentos parlamentares. Para isso, é necessária a prática do diálogo, da tomada de
decisões em conjunto e o pensamento estratégico. A defesa de ideais diferentes em questões de política
e externa, além da adoção de outras normas culturais para a argumentação, transforma-se em uma
oportunidade de compreender a visão de mundo do outro. Ao final, os delegados se juntam para
produzir uma resolução que atenda os padrões das Nações Unidas ou da organização em questão. Com a
resolução acabada, ela é levada à votação no plenário competente, podendo ser aprovada ou não. Essa só
acontece nos último dia do debate.
Os resultados para os alunos são inúmeros: desenvolve a socialização entre as salas, já que as turmas são
misturadas, desfazendo a zona de conforto de realizar trabalhos apenas com o amigo ou conhecido,
desenvolve a oralidade, já que os debates exigem a participação do aluno ao defender as ideias do seu
país; desenvolve a escrita, já que jornais são produzidos diariamente, com a supervisão da área de
Linguagens, orientando os alunos quanto a escrita formal, obedecendo às normas cultas da linguagem;
desenvolve uma maior percepção de mundo, inserindo-se num universo, muitas vezes distante, do
cotidiano desses alunos, mas de extrema importância para a sua formação acadêmica; torna o aluno um
agente ativo do seu aprendizado, aprofundando o conhecimento entre todas as áreas, transformando o
ambiente acadêmico, dinâmico, uma escola viva e principalmente inclusiva, onde todos os alunos
participam, respeitando as particularidades de cada um.
REFERÊNCIAS
51
BRASIL, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
FONSECA Jr., Gelson. A Legitimidade e Outras Questões Internacionais. 2ªa Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998. GONÇALVES, Williams. Relações Internacionais. Coleção Passo a Passo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5.ed. Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
MACHADO, José Nilson. Educação: Projetos e Valores. São Paulo. Escrituras Editora, 2000. (Coleção ensaios transversais)
MACHADO,L.M. e SILVA, C.S.B. da. Nova LDB. Trajetória para a cidadania?. São Paulo: Arte & Ciência, 1998.
MADEIRA, Ana Isabel. A importância do diagnostico da situação na elaboração do projecto educativo de escola. IN: Inovação. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, vol. 8, nºs 1 e 2, 1995.
MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. (orgs) Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez Editora, 1994.
OLIVEIRA, Odete Maria (org.). Relações Internacionais – grandes desafios. 2ª Ed. Ijuí/RS: Unijuí, 1999. PORTELA,Adélia Luiza e ATTA, Dilza Maria Andrade. A Dimensão Pedagógica da Gestão da Educação. In:RODRIGUES Maristela e BRAGA Ana Catarina (orgs.) Guia de Consulta para o Programa de Apoio aos Secretários Municipais de Educação – PRASEM II Brasília: FUNDESCOLA/MEC, 1999. p. 77 a 114.
VASCONCELLOS, Celso S. Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e político-pedagógico.São Paulo: Libertad, 2002.
SEMENTES DA NATUREZA
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Flávia Romeu Fernandes Carvalho19
INTRODUÇÃO
O projeto Sementes da Natureza foi realizado em 2013, no Colégio Padre Eustáquio, com
crianças do Maternal III, na faixa etária de 3 ou 4 anos. A turma era composta por 15 crianças – seis
meninas e nove meninos – e uma professora regente.
As crianças envolvidas neste trabalho mostravam-se muito curiosas, fazendo perguntas a todo o
momento. Apesar de ainda serem muito pequenas e de terem especificidades em seu desenvolvimento,
já manifestavam, desde cedo, seus desejos, opiniões e ideias que precisavam ser considerados. Elas
estavam atentas a tudo ao redor e muitos foram os temas pelos quais se interessavam.
Tudo começou durante as idas da turma ao parquinho da escola. Frequentemente, as crianças
encontravam pelo chão algo que algumas diziam ser “frutinhas” e outras, “sementes”. Essas “bolinhas”
que caíam das árvores estavam presentes nas brincadeiras, usadas para o faz-de-conta com panelinhas,
carrinhos, caminhões, eram levadas para a sala em seus bolsos do uniforme. As “bolinhas” encontradas
tornaram-se objeto de interesse das crianças que, entusiasmadas com a possibilidade de investigá-las,
queriam descobrir se eram sementes ou frutas.
OBJETIVOS
• Demonstrar curiosidade pelo mundo natural, formulando perguntas, buscando soluções,
manifestando opiniões e confrontando ideias;
• Explorar o ambiente natural com atitudes de preservação do meio ambiente;
• Conhecer diferentes tipos de sementes e estabelecer comparações quanto ao tamanho, à cor
e à quantidade;
• Perceber que a semente dá origem a uma nova planta;
• Ingerir novas frutas, adotando hábitos de alimentação saudável.
DESENVOLVIMENTO
19
Graduada em Pedagogia pela UFMG; pós-graduada em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Professora do 1º período da Educação Infantil no Colégio Padre Eustáquio.
53
Ao longo do trabalho, foram realizadas várias atividades articuladas também às novas
expectativas de investigação das crianças, que surgiram após as primeiras descobertas.
RODA DE CONVERSA
Durante o parquinho, começamos a observar as brincadeiras e escutar as conversas das crianças
sobre as “bolinhas” que encontravam no local. Tiramos algumas fotos e fizemos anotações sobre as
percepções até a oportunidade de levar o tema para a roda.
PRIMEIRAS HIPÓTESES DAS CRIANÇAS
Realizamos uma roda de conversa para escutar as crianças e levantar as hipóteses sobre o que
queriam saber a respeito das “bolinhas” presentes nas brincadeiras no parquinho. A ideia inicial não era
realizar um projeto, apenas responder à curiosidade sobre “o que eram aquelas “bolinhas” encontradas:
“frutas” ou “sementes”?
Ao considerar os conhecimentos prévios das crianças em relação às sementes, tínhamos como
intenção tornar significativa a aprendizagem. Conforme o RCEI (1998), no processo de aprendizagem,
as crianças estabelecem relações entre os conhecimentos que já possuem e os novos conteúdos, o que
possibilita a realização de novas aprendizagens.
ONDE PESQUISAR?
“Essas bolinhas são
sementes, que a
gente planta para
nascer árvores.”
“As bolinhas grandes
são frutas e as pequenas
são sementes, porque
sementes são
pequenas.”
“Quando a bolinha é
mole, é fruta. Quando
aperta e é dura, é
porque é semente.”
“Essas bolinhas são
frutas, porque as
sementes ficam dentro
das frutas.”
54
Para coletar dados e encontrar respostas à pergunta sobre “o que eram aquelas bolinhas?”,
perguntamos onde poderíamos procurar e, a partir do conhecimento prévio, uma das crianças sugeriu a
ida à biblioteca da escola e outra, a deolhar nos livros da sala. Assim o fizemos.
Nas pesquisas, com a mediação da professora, encontramos dois livros de literatura infantil
relacionados ao tema: “A viagem da Sementinha” e “João e o Pé de Feijão”. As crianças participaram da
leitura dessas histórias com muito interesse.
VISITA AO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS
Para ampliar as possibilidades de investigação, visitamos o Laboratório de Ciências do Colégio,
um espaço novo para essas crianças, com oportunidades de observação e conclusões concretas sobre o
que queriam descobrir. Essa visita também foi uma oportunidade de troca e interação entre os
funcionários da escola, como forma de complementar os saberes.
A professora de Ciências abriu uma das “bolinhas” e explicou para as crianças que, por fora, era
um fruto que protegia a semente que estava lá dentro e que, um dia, essa semente poderia virar uma
nova planta. Ela explicou que esse fruto não era gostoso para comer e que as frutas que comemos
também protegem as sementes. A partir desse momento, as crianças compreenderam que aquelas
“bolinhas” não poderiam ir à boca, mesmos em momentos de brincadeiras com panelinhas.
AMPLIANDO SABERES
Após essa descoberta no laboratório, percebemos que a curiosidade das crianças em relação ao
tema aumentou. Elas começaram a fazer observações durante o lanche a respeito das frutas que comiam;
passaram a levar mais frutas para comer na escola e continuavam fazendo perguntas sobre o tema. Foi
quando surgiu a pergunta: “quais frutas têm sementes?”. Percebemos a oportunidade de ampliar esses
saberes e fazer desse tema um projeto.
LISTA DE FRUTAS
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Ao instigá-las com a nova pergunta, organizamos uma lista de frutas que as crianças gostariam
de investigar as suas sementes.
PESQUISA E INVESTIGAÇÃO
Para descobrir se nas frutas havia sementes, as crianças levaram para casa o nome de uma fruta
para ser investigada, com o auxílio da família. Assim, elas comeram a fruta, coletaram as sementes e
confeccionaram um cartaz (imagens, fotos e as sementes) para mostrar aos colegas em sala. Essa
proposta, após relato de algumas famílias, incentivou algumas crianças a experimentar frutas que nunca
haviam comido. Na escola, as crianças apresentaram o cartaz com as sementes da fruta pesquisada,
falaram em roda sobre o gosto da fruta e sobre suas descobertas, além de fazer o exercício de escutar a
apresentação dos colegas. Em seguida, realizamos a comparação entre as características de todas as
sementes, como cor e tamanho. Relacionamos alguns conceitos matemáticos (exemplo: a melancia tem
mais sementes e a laranja tem menos; o abacate tem a semente maior que a uva) e exploramos as letras
iniciais do nome de cada fruta, comparando-as (exemplo: melancia, melão, maçã e mamão começam
com a mesma letra).
As pesquisas ficaram expostas durante um tempo na sala e serviram de recurso para outras
explorações, como o trabalho com o nome das frutas, comparações com novas sementes e a própria
exploração das crianças entre uma atividade e outra.
NOVAS DESCOBERTAS
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Durante as apresentações das pesquisas, as crianças começaram a estabelecer algumas relações
entre as frutas e suas sementes. Passaram a perceber que havia algumas sementes que nós comíamos,
como a da banana e a do morango, e outras que não podíamos comer, como a da laranja e melancia.
Questionadas sobre esse ponto, uma das crianças concluiu que, se engolisse a semente da laranja,
poderia nascer uma árvore em nossa barriga. Assim, surgiu para o grupo uma nova pergunta de
investigação: “se engolir uma semente, pode nascer uma árvore em nossa barriga?”.
Para encontrar essa resposta, resolvemos plantar feijões, como na história de “João e o Pé de
Feijão”. Após plantarmos os feijões, fizemos uma lista (professora como escriba) com tudo o que uma
planta precisa para crescer – água, terra e sol. Ao longo dos dias, as crianças tiveram a oportunidade de
observar o crescimento dos feijões. Em uma roda de conversa, elas concluíram que, se engolissem uma
semente, não nasceria uma árvore, pois na barriga tem água, mas não tem terra nem sol.
PESQUISA DE CAMPO
Para ampliar as descobertas, realizamos uma visita orientada ao Mercado Central de Belo
Horizonte. Lá elas passaram pelos armazéns e conheceram as sementes que comemos, como o milho,
feijão, amendoim. Fomos às barracas de frutas exóticas, compramos algumas delas para experimentar na
escola e observar suas sementes. Nessa situação, as crianças tiveram a oportunidade de ampliar o
vocabulário, conhecendo o nome de novas frutas. Por fim, passamos pelo setor do artesanato para
comprar algumas sementes que, posteriormente, seriam utilizadas na confecção de mandalas.
CULINÁRIAS E DESENHOS DE OBSERVAÇÃO
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Aproveitando o interesse pelo tema, vivenciamos momentos de culinária e degustação para a
experimentação de novos sucos e frutas. Foram atividades de aprendizagem e partilha entre o grupo, que
possibilitaram a aquisição de hábitos de alimentação mais saudáveis. Também realizamos desenhos de
observação do maracujá.
ARTE COM SEMENTES
Confeccionamos mandalas explorando, além das sementes, novos saberes motores e
matemáticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto possibilitou a organização sistematizada de um trabalho de investigação que partiu
do interesse e da curiosidade das crianças envolvidas. Através das atividades planejadas, dos registros
escritos e fotográficos, observações do processo e, principalmente, do que as crianças diziam, foi
possível avaliar como elas relacionam suas aprendizagens para avançar no processo de construção do
conhecimento.
Estruturar um projeto contextualizando às intenções pedagógicas, de acordo com a faixa etária,
considerando as múltiplas linguagens a serem desenvolvidas a partir de um tema de interesse das
crianças, foi bastante desafiador. O exercício de escuta, do que os pequenos investigadores se
interessavam em conhecer, elaboravam sobre o processo ou questionavam facilitou a articulação com os
diferentes eixos e linguagens, além do trabalho com novas habilidades.
Documentar essa prática permitiu a professora aprimorar o papel como mediadora, exercitando
uma escuta mais atenta e um olhar sensível aos alunos, suas descobertas e aprendizagens,
proporcionando a concretização de uma prática mais significativa.
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Todo o trabalho foi apresentado aos pais e à comunidade escolar em uma exposição institucional.
Nesse evento, foi possível perceber um novo olhar da comunidade em relação ao trabalho pedagógico
com as crianças dessa faixa etária, em que elas foram protagonistas do próprio processo de
aprendizagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, DF: MAEC, 1998. EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. GANDINI, Lella; GOLDHABER, Jeanne. Duas reflexões sobre documentação. In: GANDINI, Lella; EDWARDS, Carolyn. Bambini: a abordagem italiana à educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002, p.150-169. RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e Terra, 2012.