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Revista Previsão nº 7

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GESTÃO RESISTIR, LUTAR, AVANÇAR SEMPRE [2011- 2014]

Valmir Braz de Souza Coordenação Geral

Fátima Regina da Silva Diretora da Secretaria-Geral

Elaine de Abreu Borges Diretora da Secretaria-Geral

Valéria Freitas Pamplona Diretora do Depto. Administrativo e Financeiro

Osvaldo Vicente Diretor do Depto. Administrativo e Financeiro

Luiz Fernando Machado Diretor do Depto. de Política e Organização de Base

Ana Maria Pereira VieiraDiretora do Depto. de Política e Organização de Base

Luciano Wolffenbüttel Veras Diretor do Depto. de Formação Sindical e Estudos Sócio-Econômicos

Fernando Domingos da Silveira Diretor do Depto. de Formação Sindical e Estudos Sócio-Econômicos

Janete Marlene Meneghel Diretora do Depto. de Comunicação

Marco Carlos Kohls Diretor do Depto. de Comunicação

Vera Lúcia da Silva Santos Diretora do Depto. Jurídico

Rosemeri Nagela de Jesus Diretora do Depto. Jurídico

Rosi Massignani Diretora do Depto. de Aposentados e Pensionistas

Clarice Ana PozzoDiretora do Depto. de Aposentados e Pensionistas

Maria Nilza Oliveira Diretora do Depto. de Política de Seguridade e Saúde do Trabalhador

Jane da Rosa Defrein Lindner Diretora do Depto. de Política de Seguridade e Saúde do Trabalhador

Teresinha Maria da Silva Diretora do Depto. Sócio-Cultural e Esportivo

Terezinha Ivonete de Medeiros Diretora do Depto. Sócio-Cultural e Esportivo

Márcio Roberto Fortes Diretor do Depto. de Relações Intersindicais e Relações de Trabalho

Giulio Césare da Silva Tártaro Diretor do Depto. de Relações Intersindicais e Relações de Trabalho

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agosto 2014 | Previsão | 3

Expediente

Redes sociais

www.sindprevs-sc.org.br

Fale com o Sindicato

Previsão é a revista do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Federal no Estado de Santa Catarina.

Edição, textos, editoração e fotos: Rosangela Bion de Assis (Mtb 00390/SC JP); Marcela Cornelli (Mtb 00921/SC JP) e Clarissa Peixoto (Mtb 0003609/SC JP)Projeto gráfico: Cristiane Cardoso Ilustrações e logotipo: Frank Maia Capa: Frank MaiaTiragem: 6.000 exemplares

Rua: Angelo La Porta, 85, Centro 88020-600 - Florianópolis - SCFone/Fax: (48) 3224-7899Atendimento externo: das 9h às 18hAtendimento Jurídico: segunda, terça, quinta e sexta-feira das 9h às 18hPlantão advogados: segundas e terças, das 9h às 12h e das 13h às 18hE-mail: [email protected] jurídico: [email protected]

Twitter: @sindprevsFacebook: Sindprevs Santa Catarina

Editorial

Agosto é mês de debater os ru-mos da imprensa sindical, no 2º Seminário Unificado, organizado pelo Fórum de Comunicação da Classe Trabalhadora, do qual o Sindprevs/SC é uma das entidades fundadoras e um de seus princi-pais apoiadores.

Pela segunda vez, o Fórum reu-nirá (esta edição da revista foi fechada às vésperas da sua reali-zação) mais de 150 pessoas, entre jornalistas, comunicadores e dire-tores de entidades sindicais para debater um tema fundamental na luta de classes. É grande o desafio dos que se alinham no combate aos monopólios da comunicação que determinam o que pensamos, o que vestimos, o que comemos, como nos expressamos, em que acreditamos. Não é pouco.

Nessa guerra, entidades sindi-

cais e jornalistas construíram e es-tão fortalecendo o Fórum para que seja um espaço aberto, de debates profundos sobre as estratégias de enfretamento e também de resgate da importância social do trabalho jornalístico, tão precarizado nos vários espaços da profissão.

Agosto também é mês de com-parecer às urnas sindicais nos dias 20 e 21 (nesse último, para os ser-vidores do HF). A chapa Renovar, Unir e Avançar, única inscrita para concorrer à direção do Sindprevs/SC para o triênio 2014/2017, está apresentando suas propostas e sua composição.

Os servidores estão diante do grupo que vai apontar os rumos do Sindprevs/SC para os próximos três anos. Num tempo em que os meios de comunicação sufocam os trabalhadores com mensagens individualistas, saídas fáceis e propostas segmentadas, a eleição sindical aponta para as reivindica-ções coletivas e para a organiza-ção unificada.

Os servidores não podem su-bestimar a importância desse pro-cesso eleitoral. Todas as instâncias que envolvam a entidade que or-ganiza os movimentos de resistên-cia e conquista dos servidores são preciosas para os trabalhadores.

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10Enfrentar a violência de gê-nero deve ser um compro-misso de toda sociedade.

Xereba: luta pela unidade da classe precisa ser retomada12

Sumário

06

09

Violência contra mulheres e meninas

Todo maldito santo dia

Sempre presente na história do Sindprevs/SC, Xereba se-gue firme na luta para trans-formar o mundo.

Livro de contos questiona os problemas do mundo do trabalho na sociedade capi-talista.

Cotas sim! Por quê?As cotas nas universidades e nos serviços públi-

cos fazem parte das políticas de ações afirmativas dos grupos sociais e/ou étnicos que foram histori-camente excluídos. No Brasil, os africanos escravi-zados e as sociedades indígenas foram as ‘vítimas

preferenciais’, aponta o professor da Universidade Federal de Pernambuco, José Bento Rosa da Silva.

“A população negra ficou excluída de todas as políticas que pudessem levá-la a um processo de

igualdade. Por isso, se exige a reparação e direitos fundamentais como saúde, educação e habitação, que lhes foram negados. As cotas são parte desta reparação”, diz Maria de Lourdes Mina, Lurdinha, militante do Movimento Negro Unificado (MNU).

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Crônica Palestina nº 194

18 Última Página

Agenda

Agosto

Veja no sítio do sindpreVs/sCwww.sindprevs.org.br,

informação de qualidade sobre servidores públicos, País, América Latina e Mundo

14

6, 7 e 8 | 2º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, na Escola Sul, Ponta das Canas, Florianópolis.

20 | Eleição da nova diretoria do Sindprevs/SC para o triênio 2014-2017.

20 e 21 | Eleição da nova diretoria do Sindprevs/SC no Hospital Florianópolis.

Outubro

17 | Posse da nova diretoria do Sindprevs/SC para o triênio 2014/2017.

Tali Feld relata momentos em Gaza e a ofensiva con-tra o povo palestino.

Em Florianópolis, pa-lestinos recebem apoio contra ataques à Gaza.

16 Notas | Jurídico

PCCS/MS: Justiça do Trabalho libera recursos para pagamento das Requisições de Pequeno Valor (RPV).

Cotas sim! Por quê?

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6 | Previsão | agosto 2014

Capa

por Marcela Cornellijornalista do Sindprevs/[email protected]

“M

Cotas sim! Por quê?

oro em uma comunidade pobre do Maciço do Morro da Cruz, trabalhava em uma rede de su-permercados e, quando meu filho mais velho tinha 9 anos, voltei a

estudar. Com as cotas pude entrar na universidade. Ao pedir as contas do meu emprego fui questiona-da: ‘mas você já não tinha um emprego?’, ‘o que está fazendo agora?’ Agora não carrego mais caixas. Vivo de bolsa. Sou estudante. Até para meu marido não foi fácil explicar que eu não iria mais trabalhar, iria estu-dar. Esta é a difícil condição da mulher, negra e pobre na nossa sociedade”, conta Luciana de Freitas Silveira estudante cotista de Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), militante do Movi-mento Negro Unificado (MNU) e do 4P - Poder para o Povo Preto/UFSC. A história de Luciana se repete

Brasil afora. Com a instituição das cotas nas univer-sidades em 2003, um passo importante para grandes mudanças foi dado.

“As cotas estão dentro de um projeto maior: as po-líticas de ações afirmativas. Quem precisa se afirmar? Os grupos sociais e/ou étnicos que foram historica-mente excluídos, em virtude do processo de moderni-zação da sociedade que é excludente, como apontam estudos. No caso brasileiro, os africanos escravizados e as sociedades indígenas foram as ‘vítimas preferen-ciais’, pois durante muito tempo foram vistos pelos colonizadores e seus descendentes como seres infe-riores intelectual e fisicamente”, aponta o professor da Universidade Federal de Pernambuco, José Bento Rosa da Silva.

“As cotas étnicas nas universidades são reivindi-cações que remontam a década de 40 e 50. É bom

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lembrar que outros países já estabeleceram cotas, como os EUA, a partir da luta pelos direitos civis dos negros nos anos 60. E o que foi a criação do Estado de Israel em 1948? Uma espécie de reparação pelo que os judeus so-freram no decorrer da segunda guerra mundial. Portanto, temos precedentes de ações afirmativas, de ações repara-doras. As cotas são isso também na história contemporâ-nea”, resume o professor José Bento.

“Os negros foram expropriados e sequestrados para trabalhar em outras nações. A população negra ficou ex-cluída de todas as políticas que pudesse levá-la a um pro-cesso de igualdade. Por isso, se exige a reparação e direi-tos fundamentais como saúde, educação e habitação, que lhes foram negados nestes anos de história. As cotas são parte desta reparação”, diz Maria de Lourdes Mina, Lurdi-nha, militante do Movimento Negro Unificado (MNU).

Lurdinha lem-bra que 52,8% da população brasileira é ne-gra e que as co-tas vão atender cerca de 12% desta população. “Uma parcela ínfima. As cotas vêm para mini-mizar a desigual-

dade e promover parte da equidade. Vamos ter um país que promove a igualdade e discute com a sociedade as desigualdades existentes”.

“Um amigo me disse outro dia que antes, ao andar pela UFSC, não avistava negros. Estamos nos vendo mais den-tro da universidade. É o negro se empoderando na univer-sidade e isso assusta porque não se tem um debate mais profundo, ou por desconhecimento ou por medo. Quando me apresento como cotista, há um silêncio na sala. Nin-guém quer debater a importância disso, nem o professor, nem os demais alunos. Ainda há muito preconceito racial que é estrutural no meio acadêmico”, opina Luciana.

“Os estudantes cotistas sofrem com o preconceito, principalmente em algumas regiões mais conservadoras do Estado”, diz Ticiane Caldas de Abreu, estudante cotista do curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Ticiane trabalha em um projeto em vá-rias regiões de Santa Catarina que tem o objetivo de aju-dar os alunos cotistas pedagógica e psicologicamente. Ela também acredita nas cotas como forma de reparação dos

“Estamos nos vendo mais dentro da universidade. É o negro se empoderando...”

Bento, professor da UFPE.

Lurdinha é integrante do MNU.

Ticiane e Luciana, estudantes cotistas da Udesc e da UFSC, respectivamente.

Lalau é representante do Sinergia no movimento negro.

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anos de desigualdade racial e so-cial. “Na sociedade brasileira, a de-sigualdade social também tem cor, por isso, não podemos abandonar o discurso de raça no conceito de desigualdade social”.

“Como manter o sistema de me-ritocracia, se não fomos tratados de forma igual? Quando o negro foi liberto, não lhe foi dado qualquer condição de trabalho. Como os ne-gros eram considerados mercado-rias, a lei os tratou como mercado-rias. Mesmo libertos, trabalhavam em troco de comida e não tinham acesso à educação”, reforça Wilson Martins Lalau, representante do Si-nergia.

Historicamente, o Movimento Ne-gro Unificado defende a reparação. “A África foi espoliada. Os europeus usurparam do povo africano peças de arte e diamantes que dariam para matar a fome do Continente. Os re-flexos desta usurpação e do racismo pelos povos ocidentais europeus na África deixaram marcas até hoje. O que se vê nas grandes cidades é que a maior vítima de crimes, violência e das ações da polícia é a população negra, bem como a que tem menos acesso à saúde, educação de quali-dade e, consequentemente, aos me-lhores empregos”, diz Lalau.

“Até então qual era o papel do ne-gro na sociedade? O lugar do negro era no chão de fábrica, na cozinha. Sempre fomos vistos na condição de empregados e agora estamos nas universidades”, reforça Lurdinha.

No entanto, para Lalau, apesar do sistema de cotas aprovados, o Brasil não tem uma política de fato de combate ao racismo. Exemplo disso é a Lei 10.639 que institui o ensino sobre a história da África nas escolas e até então não foi im-plementada. “Enquanto não houver

um ensino que comece a trabalhar estas questões na educação do país, não vamos avançar mais”. Na sua opinião, quando os movimen-tos tentam se organizar para lutar, a exemplo também do movimento indígena, há uma forte criminaliza-ção dos mesmos por parte dos go-vernos, o que impede também que a lute avance.

Cotas no serviço público também são formas de reparação

Além das cotas nas universida-des, foi aprovada neste ano a lei que institui cotas nos serviços públicos. Para Lurdinha, as cotas nos serviços públicos são um avanço apesar de serem restritas ao executivo, dei-xando o legislativo e o judiciário de fora. “Ainda há muito pelo que lu-tar”. Já o professor José Bento, lem-bra que estes grupos não entrarão sem concurso público, “mas será um concurso dentro da sua especificida-de, dentro do pressuposto de tratar diferentemente os diferentes, até porque, os diferentes geralmente são tratados como desiguais, social-mente falando. Então as cotas visam suprimir as desigualdades, não as diferenças humanas”.

No Estado de Santa Catarina andamos a passos lentos

Em Santa Catarina, não há uma política para a população negra. Há poucas oportunidades para as crianças pobres e negras. Em Florianópolis, cinco colégios que atendiam a esta parcela da popula-ção foram fechados, a exemplo do Celso Ramos e do Antonieta. “Fo-ram fechados de forma intencional, impossibilitando estas crianças que ali estudavam de acessar a educa-ção pública”, diz Lurdinha. Ela lem-bra que os movimentos sociais e sindicais defendem outras bandei-ras além das cotas, como o fim da violência policial e o genocídio da população negra e indígena no país e a titulação das terras das comuni-dades quilombolas. “É um enfrenta-mento direto com os latifundiários, com o agronegócio, com grandes empreiteiras que querem as terras para construir grandes empreendi-mentos”.

“Só vamos mudar esta realidade através da educação. Quem hoje no país tem uma educação mais crítica, que compreenda as rela-ções de poder, que debata outro modelo de sociedade? Sem uma educação com senso crítico da so-ciedade em que vivemos, não se pode fazer mudanças profundas”, reflete Lurdinha.

O professor José Bento também avalia que solução está na educação. “É preciso educar para outras ma-neiras de conceber e ver o mundo. O modelo ocidental, capitalista não dá conta das nossas diversidades. É preciso elaborar outras epistemolo-gias, outras maneiras de conhecer e conceber a sociedade e a vida do ser humano. Isso pode se fazer com políticas macro e micro, ou seja, nos sindicatos, associações, entidades de classe, movimentos sociais, etc.”, finaliza.

“O modelo ocidental,

capitalista não dá conta das nossas

diversidades”

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Resenha

Todo maldito santo dia

SPor Giuliano Quase

escritor, fanzineiro e professor da rede pública em Curitiba

Pontos de vendado livro,

em FlorianóPolis:

• sebo elemental(calçadão João

Pinto, 207, centro)

• livraria livros & livros (UFsc)

e-mail do aUtor:labUtadoPaUlino

@gmail.com

empre que inicio a tessitura de uma resenha, me preocupo em não desapontar a leitura dos livros de ficção dos escritores contemporâneos. Comentar,

por mínimo que seja, é difícil. Paulino Júnior, por exemplo, mostra-se

um grande escritor em sua obra de estreia Todo maldito santo dia, lançada com o apoio do edital Elisabete Anderle da Funda-ção Catarinense de Cultura. O conjunto dos contos prova o olhar atento e questionador para os problemas do mundo do trabalho na sociedade capitalista, com muita acidez e ironia.

A realidade apresenta pontas para ligar a ficção: os contos fogem a qualquer realis-mo mágico. O realismo de Paulino é calcado na dialética do concreto. A vida, para repetir um poeta, está retratada sem mistificação. Na selva urbana, por exemplo, assassinos com fórum privilegiado são absolvidos de seus crimes. Personagens que necessitam de remédio para trabalhar. Zumbis narra-dores: dopados, anestesiados. Pedófilos. A alienação é um problema no universo nar-rativo do contista que me leva a deduzir, numa primeira instância, que o narrador está “cotado” à prisão dos aplausos.

As linhas tortas do escritor apresentam um mundo cão. Sem plumas. Explico: as in-vestigações discursivas contestam o mundo administrado e vigiado. Tem voz ativa. Plu-rissignifica todas as nossas indignações.

O mundo do trabalho, “dos horários embrutecidos / pelos carrascos ponteiros do relógio” – pra não esquecer A ditadura do relógio de George Woodcock via Garo-tos Podres – percorre in infinitum a servi-dão moderna. Os universos perturbados

por uma normalidade não tão normal têm seus terrores nas entrelinhas. A moderna escravização cheira hambúrguer. Perder seu dedo num trampo de fast-food, ser uma mercadoria na sociedade do espetáculo, en-golir coisas contra a sua vontade são regras sem exceções. Tudo parece estar à venda. E nada fica na efemeridade terrível da mo-dernidade. Resta-nos o vazio ensacado em forma de amargura, tristeza, solidão nes-ta constelação plástica das videoaulas, da competitividade, das trapaças, enfim, disso que podemos nomear de um mundo admi-nistrado por uma “consciência de vitrine”. Maldito mundo disciplinado.

Assim são os vinte contos de Paulino Jú-nior.

Grosso modo, no bojo de uma apresenta-ção, nota-se a ausência do que poderíamos chamar de “realidade orgânica”, ausência esta que faz perder a personalidade. E é por esse viés que caminham os personagens dos contos. Um deles, o capitalismo o trans-formou em coisa.

A “consciência de vitrine”, para retomar-mos o conceito, condiciona o sujeito a ser mais um empregado, onde, alegoricamen-te, a empresa pode ser a cidade, o estado, o país. A placa de “funcionário do mês” é mero deboche.

Paulo Leminski intitulou um de seus livros de Distraídos venceremos. Em um mundo distópico e, paradoxalmente, muito real como o dos contos de Paulino Júnior, podemos apreender que distraídos não ven-ceremos, seremos esmagados. Torturados. Vilipendiados pelo tempo perdido onde os personagens escravizados atuam no palco de suas ficções sociais: “o grotesco mais su-til da farsa”.

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Gênero

“Apor Clarissa Peixotojornalista do Sindprevs/[email protected]

s desigualdades de gênero refletem em muitas formas de violência con-tra as mulheres. Em pleno século XXI, ainda vivemos uma situação em que a mulher não é dona do próprio corpo”. As palavras são da presidenta do Con-

selho Municipal de Diretos da Mulher (Comdim) de Florianópolis, Kelly Vieira e sintetizam a condição das mulheres brasileiras na atualidade.

Embora haja avanços, como a sanção da Lei Maria da Penha (n. 11.340) em 2006, que prevê punição para agressores, a violência contra mulheres e meni-nas ainda é um problema de grande proporção. Dados do mapa da violência 2014 demonstram que, nas últi-mas três décadas, o número de homicídios dolosos de mulheres cresceu 111%. Quando tratamos do recorte geracional, a situação é mais grave. No Brasil, a cada quatro horas uma mulher com menos de 30 anos é assassinada.

Um estudo mais detalhado desses dados nos mostra que a violência contra a mulher, mesmo sendo um pro-blema que perpassa todas as classes sociais, tende a se aprofundar em medida da vulnerabilidade em que es-

tão submetidos determinados grupos. Segundo infor-mações do Repositório do Conhecimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)1, no mundo do trabalho, uma mulher negra pode receber até 60% me-nos que um homem branco. Essa é também uma forma de violência de gênero e preconceito racial.

Para as mulheres LBT (lésbicas, bissexuais e tran-sexuais), a chamada LBTfobia – sentimento de ódio por mulheres que visibilizam uma orientação sexual diferente dos padrões heteronormativos – tem mos-trado que a agressão obedece uma escala de ódio e preconceito.

De acordo com Kelly, a agressão física, que muitas vezes leva a morte, é a forma mais visível da violên-cia, mas não é a única. “Há muitas formas de agressão, como a violência psicológica que destrói a autoestima ou mesmo a violência institucional, que constrói so-cialmente estereótipos sobre a mulher", aponta.

Estrutura estatal para enfrentar a violênciaPara Kelly, o enfrentamento à violência contra mu-

lheres tem que ser encarado como uma responsabili-dade do estado. “É necessário que se criem estruturas

Violência contramulheres e meninas

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agosto 2014 | Previsão | 11

integradas, que não somente sejam punitivas, mas que deem a essa mulher segurança para denunciar e pers-pectivas para evitar a revitimização”, reforça.

Em Florianópolis, a estrutura para o atendimento à vítima de violência ainda encontra lacunas. Embo-ra haja um empenho do movimento de mulheres na reivindicação e elaboração de propostas, o sistema de atendimento ainda não comporta todas as condições necessárias para o acolhimento integral de mulheres vítimas da violência.

O município dispõe do Centro de Referência de Aten-dimento à Mulher em Situação de Violência (CREMV), no bairro Agronômica. O CREMV faz o acolhimento da mulher vítima de violência, com atendimento de psicó-logos e assistentes sociais, além da orientação jurídica, quando é do desejo da mulher. Em Santa Catarina, apenas dois muni-cípios contam com essa estrutura. Além de Florianópolis, há um cen-tro também em Dionísio Cerqueira. As Casas Abrigo são apenas três, nas cidades de Joinville, Blumenau e Criciúma. Ainda pesa sobre Santa Catarina a dificuldade em obter da-dos sobre a violência de gênero, o que diminui a possibi-lidade de propor medidas condizentes com a realidade das mulheres.

O ideal é que os municípios disponham de estruturas mais definitivas, como a casa abrigo, local que atende de forma integral a mulher, com estrutura para receber crianças e segurança para as vítimas. "O Estado precisa se ocupar em garantir à mulher condições de mudar a sua própria condição. Isso é o que chamamos equida-de. Pensar especificamente a mulher não é isolá-la, mas dar condições àquelas que ao longo da história foram discriminadas e relegadas à vida privada", ressalta Clair Castilhos, secretária executiva da Rede Nacional Femi-

nista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.

Origens da opressão de gêneroPara enfrentar esse problema, é necessário entender

como o preconceito se constitui a partir das relações de poder. Friedrich Engels, pensador marxista, autor da obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, aponta que a primeira opressão de classe é aquela que determinou os papéis sociais de homens e mulheres. “O primeiro antagonismo de classe que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na mono-gamia e a primeira opressão de classe coincide com a opressão do sexo feminino pelo sexo masculino. A monogamia foi um grande progresso histórico, mas, ao

mesmo tempo, ela abre, ao lado da escravatura e da propriedade privada, a época que dura ainda hoje, onde cada passo para fren-te é ao mesmo tempo um relativo passo atrás, o bem-estar e o pro-gresso de uns se realizam através da infelicidade e do recalcamento de outros”2. Engels permanece

atual para explicar a opressão de gênero que coloca à margem da sociedade mulheres e meninas.

Segundo Clair Castilhos, a origem da opressão às mulheres está relacionada ao pensamento patriarcal dominante em nossa sociedade. "O patriarcado, ex-pressão usada para definir uma visão de mundo cal-cada no masculino, sempre coloca a mulher como um complemento do homem. Esse pensamento dá origem aos preconceitos e discriminações, validados pelas diferentes culturas, ciências e religiões em todos os tempos. Ligado fortemente ao conceito de propriedade privada, a mulher foi considerada também enquanto objeto de posse", explica.

Notas1O Perfil da Discriminação no

Mercado de Trabalho: Homens Negros, Mulheres Brancas e Mulheres Negras, de Sergei Suarez Dillon Soares. Dispo-nível em <http://repositorio.ipea.gov.

br/bitstream/11058/2295/1/TD_769.pdf>

2A origem da família, da proprieda-de privada e do Estado,

de Frederich Engels.

Enfrentar a violência contra as mulheres e as meninas é um dever do Estado e uma responsabilidade cidadã.

Denuncie a violência domésticaA Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SPM), oferece

um serviço chamado Central de Atendimento à Mulher: Ligue 180, com o objetivo de receber denúncias ou relatos de violência, reclamações sobre os serviços da rede e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quan-do necessário.

Fonte: Observatório de Gênero

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Opor Rosangela Bion de Assisjornalista do Sindprevs/SC [email protected]

Xereba: a luta pela unidade da classe precisa ser retomada

Perfil

primeiro filho de Olin-dina Luci Machado nasceu em outubro de 1950 e recebeu o nome Luiz Fernando Macha-do. Nasceu no mês em

que, 38 anos depois, nasceria o Sin-dicato que ajudou a criar e fortale-cer. Dona Olindina viu cedo que o filho não seguiria os passos do pai nem do irmão, militares, que tinha nascido para questionar: “não adian-ta querer mudar o pensamento dele, ele tem argumentos”. O exemplo da mãe guerreira, trabalhadora da Ca-san, o inspirou mais forte.

Luiz Fernando, ainda menino, virou Xereba. Na infância, a rua foi

espaço de brincadeiras, do futebol com os amigos; na adolescência, as ruas foram palco dos primeiros en-frentamentos. Durante a ditadura militar, Xereba, então com 14 anos, já participava das manifestações na Rio Branco, começando em frente ao Quartel da Polícia Militar e subindo até o Batalhão da Praça dos Bombei-ros. Época de fugir da repressão, se esconder na casa do Bulcão Viana com outros colegas do Grupo Escolar São José.

Em 1972, assim que começou a trabalhar no antigo Inamps, Xere-ba foi convidado por Orlando Silva para cuidar da parte Esportiva do Clube dos Previdenciários. Como di-

retor, ajudou a organizar campeonatos de futebol e confraternizações reu-nindo trabalhadores do Iapas, Iapi e INPS e Iap-tec de várias cidades do estado. Começam ali os contatos com a base que o acompanhariam por toda vida.

Durante a Novem-brada, em Florianópolis, Xereba não perdeu as manifestações em fren-te ao Palácio do Gover-nador, na Praça XV de Novembro. Trabalhador, ele esperava o fim da jornada para engrossar os protestos, para jogar uma quantidade enorme de bolinhas de gude e

impedir o avanço da cavalaria mon-tada contra o povo. Naquele tempo, a Catedral Metropolitana era o refú-gio que protegia os jovens da ação violenta da polícia.

Antes do Sindicato surgirFoi Luis Fernando Silva e Ademir

Rosa que convidaram Xereba para fazer parte da primeira diretoria da Acaseps, que seria eleita com 90% dos votos, em 1983. A sede da Aca-seps funcionava no prédio da 7 de Setembro. De lá saíam os panfletos mimeografados que chamavam os servidores para as primeiras greves realizadas em 1983, 1984 e 1985. Jovens servidores trouxeram para os sindicatos o clima de mobiliza-ção contra a ditadura militar, de luta contra o arrocho salarial e a falta de liberdade.

Ao lado de Reinaldo Machado, Eli-sabete Constantino, Cleuzinha, Ade-mir Rosa, Elídia, Odilon Silva, Cásia, Hélio e Luis Fernando Silva, Xereba ajudou a organizar as primeiras pa-ralisações dos servidores da Saúde e da Previdência, na década de 80, e também fez parte da criação da Cen-tral Única dos Trabalhadores (CUT) e da Fenasps. Mesmo proibidos de se organizar em sindicatos, os servido-res públicos atuaram intensamente na criação desses instrumentos de luta da classe trabalhadora, que nas décadas seguintes cumpriram um importante papel. “Foram anos in-tensos para o movimento sindical, movimento negro, sem terra e sem

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agosto 2014 | Previsão | 13

tetos. Aprendi muito com Ademir Rosa, me fortaleci como pessoa e me posicionei na luta pelo socialis-mo”.

Casado com Helena Alencar Ma-chado, pai das gêmeas Cyntia e Cris-tiane, nascidas em 1978, e do Ricar-do, nascido em 1985, Luiz Fernando era Diretor de Base do Sindprevs/SC, recém criado após a Constituição de 1988, foi uma das vítimas da dis-ponibilidade imposta por Collor de Mello. Em 1990, ao lado do Osvaldo Vicente, Valéria, Toninho, Osni Lima, Valmir Braz e muitos outros servi-dores, Xereba fez parte da comissão estadual e nacional que negociou a situação de mais de 300 mil servi-dores demitidos ou colocados em disponibilidade. A primeira vitória foi a regulamentação do Regime Ju-rídico Único (RJU) mas ainda foram necessários quase três anos de mo-bilizações para reverter a situação da maior parte dos atingidos. Foram momentos duros, que levaram a saú-de e até a vida de trabalhadores.

Em 1997, Xereba começou a or-ganizar um grupo de oposição a di-reção que estava a frente do Sindpre-vs/SC. Fortalecido pela saída de nove membros da diretoria, esse grupo se apresentou como opção eleitoral em 1999. A chapa “Mudar para Lutar” retomou a participação dos servido-res na Fenasps e nas demais instân-cias dos trabalhadores. Um mês após a posse, uma delegação de quase 200 servidores do INSS e Ministério da Saúde participa do Confenasps em Guarapari/ES. Dois membros de Santa Catarina são eleitos para a di-reção da Federação. Nesse Congres-so ainda é aprovado o apoio à candi-datura de Luis Inácio. “Trabalhamos tanto para eleger um governo que pensávamos que seria de esquerda, mas ele fez alianças de todo tipo e es-queceu o compromisso com aqueles que o elegeram.”

De 1999 a 2014, Xereba foi Di-retor do Sindprevs/SC, nesse perí-

odo ajudou a organizar oito greves, totalizando 524 dias de paralisação, incontáveis dias de mobilização, ca-ravanas a Brasília, cursos de forma-ção, assembleias e plenárias. Quase sempre como Diretor de Política e Organização de Base, ele avalia que o movimento sindical atualmente não tem mais a unidade que foi constru-ída do fim da ditadura até 2005. “O servidor se acomodou com o capital”.

Nessa caminhada alguns compa-nheiros o surpreenderam. “Eu não esperava o crescimento político da Verinha. A conheci em 1999 e foi uma grata surpresa. Na Fenasps, no movimento negro, substituindo o Valmir na Coordenação e durante a greve do Ministério da Saúde em 2012, ela demonstrou maturidade e politização. “Naquela greve não houve ganho financeiro, só ganhos políticos, mas naqueles 59 dias a classe demonstrou unidade e surgi-ram novas lideranças.”

Movimento isoladoComo uma lembrança marcante

dos tempos de ação conjunta, Xereba cita a greve contra a Reforma da Pre-vidência do governo Lula, em 2003. A Coordenação dos Federais agluti-nou todos que lutaram contra a re-tirada de direitos. “Aqui em Florianó-polis realizamos um seminário que discutiu os modelos de Previdência na América Latina. Lembro do apoio fundamental do Índio Aymoré e do Marcos Lenzi na organização desse evento que reuniu trabalhadores de toda base dos federais.”

Para Luiz Fernando a greve de 2009 significou uma ruptura, “mui-tos passaram a fazer sindicalismo de escritório, servidores públicos per-deram o respeito por si mesmos e passaram a ser escravos das chefias. Entre nós não pode haver ódio no coração. As lideranças do passado criaram centrais sindicais, unifica-ram a classe trabalhadora e hoje isso não está mais acontecendo.

Eu ouvia minha mãe falando sobre como a nossa luta era importante para todos os trabalhadores. Hoje somos culpados pelo isolamento dos sindicatos em relação aos movi-mentos sociais e populares.”

Xereba não faz parte da chapa inscrita para concorrer à direção do Sindprevs/SC para o triênio 2014/2017, mas já adianta que não está saindo da militância polí-tica. Após 42 anos de trabalho re-presentativo ele está consciente de que seu papel extrapola a atuação sindical. “Ainda vou fazer muita coisa. O pessoal que está chegando precisa respeitar muito essa enti-dade e tem pela frente um grande desafio: reconstruir a unidade da classe trabalhadora”.

Acima, na sede da 7 de Setembro. No meio, com a mãe, Olindina, Ricardo, o pai e Dona Helena. Na última, durante a greve de 2012.

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Artigo

Crônica Palestina nº 194*

ATali Feld GleiserDiretora geral do Portal Desacato.info e co-fundadora da Cooperativa de Produção em Comunicação e Cultura (CpCC)[email protected]

pós a triste partida da “minha” cidade de Beit Ommar cheguei a Je-rusalém com a emoção como bagagem. Em poucas horas me encon-

traria com meus amigos de Ta’ayush (Convivência en árabe), uma ONG que se dedica a dar apoio legal e humano a camponeses das colinas do sul de Hebron, atacados per-manentemente por colonos judeus que destroem plantações, arrancam oliveiras, os agridem verbal e fisica-mente para roubar as suas terras.

Na rodoviária, aonde chego após uma longa viagem sem “incidentes” a não ser o humilhante posto de controle de Belém, encontro um lu-gar para deixar a minha mala para dar uma volta, mas estou de muito mal humor. Não quero estar ali, não quero ver essas pessoas que andam pela vida como se não fosse com elas, alheias à vida real. Mudo de planos (desde que cheguei não fiz

outra coisa do que mudar planos, e assim – não – vive o povo na Pales-tina) e sento para esperar que meu amigo Guy me ligue.

Chegam meus amigos israelenses e conversamos como velhos amigos e coincidimos em nossa concepção de vida e em muitas histórias. Guy

me conta que sente a obrigação de fazer o que faz por uma questão de justiça e porque talvez não te-ria mais ninguém para ocupar seu lugar. Me consta que a sua vida se desenvolve em torno de suas ativi-dades 24 horas por dia. Esse é o úni-co jeito que tem de se manter sadio mentalmente.

Caminhamos um pouco e che-gamos ao Jardim de Rosas Wohl. Me dá raiva, não tinha visto rosas mais lindas, com exceção de Rama-la. Essas flores do apartheid que só alguns podem (podemos) desfru-tar. Vejo a cara de um palestino em cada rosa, as pétalas suplicam que o mundo não seja indiferente às batidas do exército de Ocupação de

Israel, aos assassinatos de crianças e civis, à impunidade de colonos ju-deus terroristas. Em um ato de soli-dariedade, não tiro nem sequer uma foto (os que me conhecem sabem o que isto significa). Fugimos horrori-zados e sentamos para conversar no parque enquanto nos acompanham alguns corvos e o pôr-do-sol.

Chego ao kibutz à uma da manhã, exausta, com um peso nos ombros que só aumenta.

Em Jerusalém ocupada recru-descem os protestos. Também na Cisjordânia e cidades palestinas dentro de Israel, o que se conhece como a Palestina histórica. Aumen-tam os ataques racistas a árabes. Nem os manifestantes antiviolência se liberam dos nazisionistas.

Uma dor se instalou no meu cor-po desde que cheguei à “minha cida-de” de Beit Ommar ao sentir o que é a (não) vida cotidiana. Impossível que tudo isso não fique impregnado nas entranhas. Como conseguem sobreviver com essa pressão? Eles vivem num estresse permanente: saem para a rua sem saber se volta-rão, se serão presos pelos soldados ou se encontrarão fechado o acesso às cidades.

Na segunda-feira, quase não consigo me mexer. Mesmo assim, continuo trabalhando. Na terça, converso com a minha gente em Beit Ommar, a situação piora. As Forças de Ocupação nem só apare-cem à noite e atacam as pessoas,

“Eles vivem num estresse permanente: saem para a rua sem saber se voltarão”

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Tali é de origem judaica

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agora também atacam durante o dia: gases lacrimogêneos e balas de borracha. O mais provável, que se acaba confirmando, é que eu não possa retornar mais. E isto acaba com qualquer vontade de ficar no Oriente Médio. Não suporto a ideia de ficar “sepultada” no kibutz. Não quero desfrutar de bens que a ou-tros pertencem, como a água que é roubada dos aqüíferos palestinos.

Começa o brutal bombardeio a Gaza. A indiferença de quase todos os “líderes” mundiais ao sofrimento palestino (não é a primeira vez) dá uma raiva e indignação indescrití-veis. As redes sociais não param de denunciar o que acontece. A Améri-ca Latinha dá um exemplo de soli-dariedade.

Tocam as sirenes de alarme no sul Israel. Vários foguetes são lança-dos de Gaza e chegam cada vez mais longe, apesar da sua precariedade.

Volto a falar com meus amigos

Muro do apartheid, Belém, Cisjordânia Ocupada

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Partida

palestinos e, com muita dor, chega-mos à conclusão de que é melhor partir.

O aeroporto é um pesadelo, mas nada que se compare com outras histórias, como a da minha amiga escritora Lina Meruane, de origem chileno-palestina, que sofreu humilhações de épocas da ditadura.

Já refugiada temporariamente no País Basco não paro de partici-par em manifestações, dou entre-vistas e palestras sobre a minha experiência na Palestina. Publico artigos no blog, uso o twitter sem parar. É a forma de continuar nes-sa terra de pessoas hospitaleiras, que dão o que não têm e ainda agradecem quando as pessoas divulgam no mundo como são as suas (não) vidas cotidianas e a sua luta. E assim começo o meu retor-no a Palestina. Agora faltam os quase cinco milhões de refugiados

palestinos que não podem fazê-lo.Palestina fazia parte de mim,

agora eu faço parte da Palestina.

*194 É a resolução da ONU que no seu artigo 11 pede o retorno dos refugiados palestinos.

Outras crônicas palestinas em:losotrosjudios.com

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Jurídico Curtas

Leia mais no sitedo Sindprevs/SC, em Jurídico

Leia a íntegra do relatório no site do Sindprevs/SC em Últimas Notícias, Todas as notícias, INSS (17/07/2014)

Relatório do TCU aponta falhas e problemas na gestão do INSS

No mês de julho, a Justiça do Trabalho liberou recursos para o pagamento das chamadas Requi-sições de Pequeno Valor (RPV), de até 60 salários mínimos aos servidores do Ministério da Saúde, referente ao PCCS. Os demais valo-res, acima de 60 salários mínimos, serão pagos através de precatórios judiciais ainda em 2014.

Essa execução incluiu 3.147 servidores, mas ainda não con-templou uma parcela de servi-dores redistribuídos para outros órgãos e outros estados. O De-partamento Jurídico do Sindpre-vs/SC já apresentou os cálculos desses redistribuídos e aguarda a execução judicial dos valores.

Esse processo foi ajuizado em 1990, são mais de 24 anos de tramitação na justiça e mui-ta luta dos servidores para che-gar a esse pagamento de 2014. A direção do Sindprevs/SC avalia que os servidores estão colhendo os frutos merecidos de um con-junto de esforços e mobilizações, no entanto, mais empenho ainda será necessário para que sejam reconhecidos judicialmente os di-reitos do conjunto dos trabalha-dores incluídos pelo Sindicato.

PCCS/MS

O Superintendente Regional Sul do INSS em exercício, Gilsi-nei José Cargnin, volta o orien-tar os Gerentes Executivos a “abonar o ponto de servidores que participarão de congres-sos e seminários promovidos por entidade sindical a que estejam filiados, desde que a notificação ocorra com ante-cedência mínima de 5 dias, a liberação não apresente preju-ízo ao funcionamento eficaz da administração da unidade e a participação seja formalmente comprovada pela entidade sin-dical”. No mesmo Memorando Circular nº 10/2014, de 25 de

julho, a administração “auto-riza a dispensa de ponto para os servidores que constam da declaração emitida pelo Sind-prevs/SC em 25 de junho de 2014 referente à participação no 8º Congresso Estadual do Sindprevs/SC que aconteceu entre os dias 28 e 31 de maio de 2014.”

Com esse documento, o Sin-dicato espera resolver as dúvi-das que ainda possam existir em relação a dispensa dos ser-vidores não só em relação ao Congresso do Sindicato, mas nas atividades sindicais dire-cionadas aos trabalhadores.

INSS oficializa liberação para o Congresso do Sindprevs/SC

O Tribunal de Contas da União realizou auditoria no INSS para verificar a alocação de servidores nos seus postos de atendimen-to. O relatório de 42 páginas apontou que a lotação ideal definida pelo INSS não reflete a capacidade produtiva das APSs; dispari-dade de eficiências entre as Gerências e Agências da Previdência Social; concentração excessiva de servidores na área meio, gerên-cias executivas, e em grandes centros urbanos; risco de desconti-nuidade do serviço, pois um percentual importante dos servidores já preencheu as condições para a aposentadoria; que a atividade primordial do INSS, que é concessão de benefícios, é realizada por um número reduzido de servidores; que a avaliação de desempe-nho individual não representa a contribuição do servidor para o alcance dos objetivos da organização. Ou seja, o relatório reflete tudo o que a Fenasps vem denunciando nas mesas de negociação há muitos anos.

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Geap

Leia mais no sitedo Sindprevs/SC, em Geap

Compensação horário dos jogos

PCCS/INSSFenasps participa de reuniãoda Mesa Setorial do MS

Devido a cobrança dos órgãos, a Assessoria Jurídica do Sind-prevs/SC ajuizou dois processos buscando a não compensação das horas que os servidores não puderam trabalhar devido a re-alização dos jogos da seleção brasileira na Copa. A ação dos servidores do MS recebeu como nº 5023945-22.2014.404.7200, e a ação dos servidores da Anvi-sa recebeu o número 5024210-24.2014.404.7200.

O processo do MS ainda não teve decisão sobre o pedido de antecipação de tutela.

Representantes da Fenasps participaram, no dia 17 de julho, de Reunião da Mesa Setorial do Ministério da Saúde (MS) que tratou da insalubridade, ponto eletrônico, compensação das ho-ras dos jogos da Copa e outras horas, Geap, IVª Conferência Na-cional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, Mandado de Injunção 880, ON 16, e Carreira da Previdência, Saúde e Trabalho, entre outros temas.

A Coordenação de Gestão de Pessoas informou que o Datasus está criando um sistema próprio de ponto eletrônico para o MS que permitirá que o servidor re-gistre duas vezes e não quatro. Atualmente as rotinas nos Núcle-os Estaduais não estão padroni-zadas, gerando conflitos entre os servidores.

As entidades nacionais que compõem a Bancada Sindical na Mesa Setorial questionaram a compensação das horas dos jo-gos do Brasil no período da copa, devido a obrigatoriedade de sair as 12h30min, e também a com-pensação das horas da greve de 2012. As entidades defenderam novamente que seja cobrada so-

mente a reposição de serviços não realizados durante a greve. Mais uma vez, essa demanda fi-cou de ser levada ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão.

Na audiência pública sobre o PL 555, o relator, Senador Amaury Teixeira e o Senador Paulo Paim demonstraram inte-resse em acolher as propostas apresentadas pelas entidades. A Mesa Setorial convocará o GT de Saúde do Trabalhador para afu-nilar as propostas que serão en-caminhadas ao relator do projeto que dispõe sobre a concessão de aposentadoria especial ao servi-dor público.

Conforme definido no pla-nejamento estratégico da Mesa Setorial, está em discussão uma proposta de carreira para os ser-vidores dos Ministérios da Saúde/Funasa, Ministério do Trabalho e Ministério da Previdência Social. A proposta desenhada pelo Gru-po de Trabalho da Carreira já foi discutida com a Secretaria Execu-tiva do Ministério da Saúde. O GT de Carreira deverá ser convocado na primeira quinzena de agosto.

Fonte: Fenasps

Jurídico

O juiz determinou que o INSS realize a atualização dos valores, mas no dia 3 de junho, o INSS pe-diu mais 60 dias de prazo para apresentar os novos cálculos.

A direção do Sindprevs/SC pediu uma audiência com o Pro-curador Chefe da Procuradoria Geral da União, Marcelo da Silva Freitas, para tratar do processo do PCCS dos servidores do INSS, mas ele não aceitou reunir-se com o Sindicato e alegou “ser mais pertinente o seu trato pe-rante o M.M. juízo trabalhista”.

O Sindicato, diante disso, aguardará a apresentação dos valores pelo INSS para posterior providências.

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Última página

Não ao genocídio de inocentes

Veja mais imagens do Ato pelo povo Palestino no site do Sindprevs/SC em: Galeria de Fotos

Dia 23 de julho, a Comunidade Palestina de Florianópolis

recebeu a solidariedade dos

catarinenses em ato realizado contra o genocídio de seu povo, promovido

por Israel.Leia matéria sobre este tema, nesta edição, na pág 14

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