7
ANO 34 • N 304 MAIO 2O12 PUBLICAçãO DA ASSOCIAçãO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN REGIME AUTOMOTIVO 2 FASE a

Revista Showroom

Embed Size (px)

DESCRIPTION

matéria na revista showroom sobre o projeto cies

Citation preview

Page 1: Revista Showroom

Ano 34 • n• 304

MAIo 2o12

Pu

blI

cAçã

o d

A A

ss

ocI

Açã

o b

rA

sIl

eIr

A d

e d

Istr

Ibu

Ido

res

vo

lks

wA

gen

regIMe AutoMotIvo2 FAsea

Page 2: Revista Showroom

3 recAdoA mensagem do Conselho Editorial.

5 cArtAsO que dizem sobre Showroom.

6 QueM esteve eM IstAMbul.Destaques da XVI Cenassobrav, a convenção da Rede VW.

10 genteO médico Roberto Kikawa, que percorre o Brasil com uma carreta-ambulatório, atendendo pessoas carentes. Desde 2009, através do batizado Projeto CIES (Centro de Integração de Educação e Saúde) já beneficiou mais de 77 mil e 400 pessoas nas 37 cidades visitadas. Com uma equipe capacitada de cerca de três mil profissionais, já realizou 236 mil procedimentos.

16 InovAçãoAo menos 7% dos veículos vendidos no mundo em 2023 serão elétricos. Os híbridos ganharão espaço após 2018 e os ‘puros elétricos’ entre 2025 e 2030.

18 tecHMAnIAOs testes em laboratórios e em pistas de provas da indústria automobilística, segundo o jornalista Fernando Calmon.

19 tIPor onde vai a tecnologia da informação.

20 AdMInIstrAçãoTodos os consultores advertem, mas ainda há empresários que são pegos de surpresa pelas mudanças do mercado, justamente por não terem os recursos necessários para enfrentá-las.

24 cAPA“A indústria brasileira não irá sobreviver sem uma mudança da atual carga tributária e inviabilizará um potencial de mercado de automóveis que poderia ser o dobro do volume de hoje já em 2018.” Esta é a visão consensual dos líderes do setor automobilístico, que até aplaudiram a Medida Provisória 563 e o decreto 7716, mas ainda esperam soluções que não sejam paliativas.

30 A PAsseIoA Bolívia é uma bela opção de turismo para quem quer neve, paisagens incríveis e muita história para contar. Nem mesmo o “soroche” - mal de altitude, causado pela falta de adaptação do organismo à hipóxia (diminuição das taxas de oxigênio) - é impedimento para visitar o país, um destino que surpreende até mesmo os mais exigentes turistas.

37 FreIo soltoA opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel Leite.

38 FAlA sérIo!O novo tom da crônica de Maria Regina Cyrino Corrêa.

39 QuAndo A bolA rolA...O comentário de Marcelo Allendes sobre o que acontece nos gramados, quadras, piscinas...e em outros espaços também.

40 novIdAdesO que há de novo em eletrônicos, periféricos de informática e outras utilidades.

41 lIvros & AFInsNossas dicas para a sua biblioteca, cedeteca, devedeteca e pinacoteca.

42 vInHos & vIdeIrAsA opinião abalizada de Arthur Azevedo, diretor executivo da ABS – Associação Brasileira de Sommeliers – SP e editor da revista WineStyle e do site www.artwine.com.br

cAP

A

4

A P

As

seI

o

gen

te

Page 3: Revista Showroom

10

OPor tHAIs MArtIns

roberto KiKawa“eXIste uMA áFrIcA A céu Aberto eM são PAulo”

Foto

s: d

IvIl

gA

ção

gastroenterologista Roberto Kikawa aprendeu sua primeira especialidade médica (primeiros-socorros) ainda pequeno, como integrante de um grupo de escoteiros que o ensinou a “cuidar de pessoas”. Anos depois, acompanhou a evolução de um câncer de seu pai. A partir daí, comprometeu-se a ser um médico que prima pela qualidade do atendimento. Cursou medicina em Londrina (PR) e, em São Paulo, tornou-se cirurgião-geral. Porém, um tremor nas mãos o impediu de seguir este caminho. Foi então que no Hospital Sírio-Libanês voltou ao cuidado de pacientes sem perspectiva de cura e à endoscopia. Hoje, é mestre pela Universidade de São Paulo e professor-titular do centro universitário. É também diretor do hospital São Camilo e está à frente do serviço de endoscopia de outros quatro hospitais. Percorrendo a periferia paulistana, teve a ideia de inaugurar um sistema móvel para exames preventivos. Em busca de patrocínio, falava em renúncia fiscal e responsabilidade social, mas o argumento que efetivamente levou o seu projeto de vida e de carreira adiante foi a fé. Desde 2009, o Projeto CIES (Centro de Integração de Educação e Saúde) já beneficiou mais de 77 mil e 400 pessoas nas 37 cidades visitadas. Com uma equipe capacitada de cerca de três mil profissionais, já foram realizados 236 mil procedimentos. “Além de qualidade no trabalho, é preciso ter o DNA do amor para participar, ou seja, dar atenção ao paciente”, diz Kikawa.A Carreta da Saúde foi o destaque social da premiação da Ernest & Young deste ano por seu pioneirismo e atuação social, depois de ter conquistado o prêmio Empreendedor Social 2010 pela Fundação Schwab e Folha de São Paulo. O Projeto CIES recebeu o título de utilidade pública em abril de 2011.

Page 4: Revista Showroom

`11

s H

o w

r o

o M

Page 5: Revista Showroom

12

privando o paciente terminal do convívio com a sua família.

Como chegou à ideia de montar uma carreta para atender às pessoas?O maior número de pessoas sem acesso a saúde e prevenção está nas regiões periféricas, com vulnerabilidade mais alta. Pensando em estruturas que facilitassem o acesso, me lembrei de algo que tinha visto na França. Fiz um estágio lá e, nas folgas, tinha contato com Médicos Sem Fronteiras. Eles desenvolviam contêineres com uma estrutura fantástica para levar para a África, a lugares de alta vulnerabilidade social. Na época, aquilo me tocou. O centro móvel é essencial porque, apesar de o custo da construção de um centro móvel ou fixo ser parecido, sempre haverá problemas de manutenção do centro fixo devido à ociosidade. Certa vez fiz atendimento em uma favela do Jardim Pantanal, na divisa entre São Paulo e Guarulhos. Quando cheguei lá vi ratos que andavam pelas palafitas que os moradores matavam para comer. Eu não sabia nem como ia falar de prevenção e saúde pública. Como dizer que só pode tomar água potável e andar calçado se eles não têm acesso à água, se não têm chinelos para usar? Quer dizer, já temos uma África a céu aberto em

São Paulo. Era preciso fazer algo aqui mesmo.

Como foi tirar a ideia do papel e colocá-la em prática?Tudo começou porque uma amiga me apresentou ao presidente da Olympus para retribuir um favor. No dia montei algumas imagens de como o projeto seria, de forma bem simples mesmo. Imaginei a Carreta e coloquei nela a marca da Olympus. O presidente achou bonito e me levou a Washington para mostrar o projeto ao presidente internacional. Saí de lá com um milhão de dólares em equipamentos. Só não sabia como iria fazer a carreta para abrigar aquilo.A ideia do “Transformer” - a logística da Carreta dividida em várias salas que abrem para os dois lados - eu tive no avião. O engenheiro que desenvolveria o projeto estava ao meu lado e ajudou a criar o desenho ali mesmo.

Que bacana, o universo começava a conspirar a favor...Pois é, e em 2005 foi criada a Associação Beneficente Ebenézer, uma OSCIP (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público) com a missão de se tornar agente de mudança para o desenvolvimento de um modelo de gestão autossustentável e replicável de saúde, integrada à educação e à comunidade, por meio de parcerias público-

Revista Showroom: Quem é Roberto Kikawa?Roberto Kikawa: Sou médico gastroenterologista, professor da Faculdade São Camilo, trabalho no Hospital São Camilo, mas minha grande missão é me dedicar ao Projeto CIES, que leva saúde e tratamento de qualidade às comunidades de baixa renda no Brasil. Ainda estudante de medicina, decidi implantar no Brasil um programa bastante conhecido no exterior, o Hospice Care, que visa atender aos pacientes em estado terminal de forma mais humana e também amparar a família por meio do alívio da dor e do seu sofrimento. Na época da morte do meu pai, o professor Dr. Mitio Ono junto com sua esposa, a Dra. Megumi Oto, ambos da National Cancer Center de Tóquio e voluntários do Hospice Care, foram responsáveis por ajudarem minha família a conviver e a entender melhor a partida do meu pai. São médicos que não tratam apenas o corpo, mas a mente e o espírito.A partir desta filosofia, atendi voluntariamente por 12 anos mais de 25 famílias no norte do Paraná e na região metropolitana de São Paulo. Com o tempo, este trabalho tornou-se restrito a um pequeno grupo, pois não existiam condições estruturais e financeiras. A experiência permitiu evidenciar a necessidade de implantação desta concepção a populações carentes, uma vez que os pacientes crônicos e terminais

ocupam leitos hospitalares por longo período, muitas vezes sem tratamento definido e adequado,

A cArretA dA sAúde do cIes é uM verdAdeIro HosPItAl sobre rodAs.

Page 6: Revista Showroom

locomoção, alcançando regiões montanhosas ou serranas, e pode, até mesmo, ser utilizada como veículo para transporte de pacientes a hospitais, pois possui equipamentos para serviços de emergência.

Já o Box da Saúde está sendo lançado agora...Sim. O Box é uma estrutura do tipo container, facilmente transportada por um caminhão, um catamarã ou uma jangada, a fim de servir a população que mora no Alto da Bacia Amazônica, por exemplo. Com ele podem ser realizados atendimentos em um máximo de quatro especialidades, tem uma sala de Raio-X, uma de ecocardiograma e ultrassonografia com banheiro e a recepção. Também possui um sistema de ar condicionado e gerador de energia para emergências, pontos de luz, água da torneira e bueiros, enfim, autonomia para se adequar a qualquer espaço, incluindo praças públicas.

E qual é o investimento disso tudo?Os projetos sempre tiveram o apoio de empresas para que pudessem sair do 13

s H

o w

r o

o M

privadas (PPP’s), diferindo dos modelos atuais, cujo conceito de assistencialismo continua sendo o alicerce principal, altamente dependente de verbas públicas.Somos uma OSCIP formada por amigos, pequenos empresários e profissionais, entre médicos, advogados e contadores, que se uniram em torno da ideia de que a Carreta seria viável. Além do apoio da Olympus, tivemos também a participação de outras empresas, como a Philips e a Engemet, que estão conosco até hoje.Um dos objetivos da Associação Ebenézer foi desenvolver o projeto denominado CIES – Centro Integrado de Educação e Saúde, através da implantação de unidades móveis. A primeira foi a Carreta da Saúde (2009), depois criamos a Van da Saúde (2011) e agora estamos lançando o Box da Saúde. O CIES passou a ser o carro-chefe da Ebenézer.

Como foi a ampliação desse atendimento com a inclusão da Van e do Box da Saúde?A Carreta da Saúde do CIES é um verdadeiro hospital sobre rodas. Com 15 metros de comprimento e dotada de um sistema automatizado que permite a abertura das laterais, atingindo uma área de aproximadamente 100 m², o centro médico móvel possui quatro salas de atendimento climatizadas e com equipamentos de diagnósticos de alta tecnologia, áreas de esterilização, bem como duas amplas áreas de espera, banheiros e elevador para pessoas com dificuldade de locomoção. Possui capacidade de nove mil atendimentos por mês, em 10 diferentes especialidades médicas.

Desta forma é possível desafogar o SUS...Exato, principalmente nos exames

médicos como endoscopia digestiva, colonoscopia, cirurgia de catarata, exames cardiológicos e diversos tipos de ultrassonografia. Inicialmente tínhamos a intenção de multiplicar a ideia, mas no começo não foi tão simples. Antes era preciso procurar as cidades para apresentar o projeto. Com os prêmios e uma maior divulgação, já somos procurados por municípios. Houve um boom de chamadas, o que nos pressiona para pensarmos em desenvolver mais ideias. Nossa equipe está em constante crescimento e hoje já temos uma consultoria no Rio de Janeiro e estamos montando uma no Vale do Paraíba, em São Paulo. Já criamos locais de apoio fixo em várias cidades.

A Van da Saúde veio auxiliar nos atendimentos a partir de 2011... Sim, a ideia surgiu após uma conversa com o secretário de saúde carioca. Embarquei no aeroporto Santos-Dumont agoniado, pois não sabia como levar a Carreta a lugares como as favelas do Rio de Janeiro. Fiquei pensando nisso durante o voo e, quando cheguei em Congonhas, falei para o engenheiro que me acompanhava: “Vamos fazer uma van equipada!”. Sua capacidade de atendimento vai até duas especialidades médicas e não possui sistema de água e energia autônomo. Porém, tem maior facilidade de

Page 7: Revista Showroom

14

papel. Para que sejam mantidos e sustentados, precisamos de parceiros que nos acompanhem, como a própria Olympus, Philips, Engemet, Brasil Insurance e Abe, Costa, Guimarães e Rocha Neto Advogados.Os custos variam de acordo com o tipo da ação, do número de pessoas atendidas, das especialidades médicas e do tempo da ação. Nosso valor médio por procedimento era de R$ 30 em 2010; R$ 13,84 em 2011 e, em 2012, estamos conseguindo chegar a R$ 3.É importante ressaltar que à minha exceção e à exceção dos membros do Conselho, todos os profissionais que trabalham no CIES são remunerados. Nossa visão é ser um negócio social, o chamado setor dois e meio, em que temos os objetivos de uma ONG com a estrutura de uma empresa.

Quais são suas histórias mais marcantes?Temos muitas histórias, mas a que mais me marcou foi a de um senhor que tinha problemas de catarata e saiu da Carreta enxergando. Ele estava há uns três, quatro anos, na fila de espera para fazer a cirurgia. Ele foi até a Carreta e com uma pequena incisão, que agendamos com antecedência, saiu enxergando. Lembro que este senhor chorava de emoção durante o procedimento e tínhamos que pedir para ele parar para completarmos a cirurgia. Foi muito gratificante.

Sua iniciativa já lhe rendeu muitos prêmios. O que isto significa para o médico Roberto Kikawa?Além do reconhecimento com os prêmios, conseguimos maior visibilidade e alcançamos cidades que não conheciam nosso serviço. Já o prêmio de Utilidade Pública foi importante para que a Carreta da Saúde e os demais projetos da Associação pudessem se valer dos benefícios da declaração e serem convocados pelo poder público para prestar atendimento em diversas cidades com muito menos burocracia.

Conte um pouco sobre o interesse do exterior no projeto CIES...Em recente visita à China no Fórum Econômico Mundial, representantes do país ficaram bastante interessados em replicar a Carreta em diversas cidades. Porém, em países com uma cultura tão diferente é necessária uma série de pesquisas aprofundadas para entender como funciona a saúde local, como se dá o acesso dos pacientes, além de considerar importantes fatores culturais. Quais serão seus próximos passos?Nosso sonho é que o projeto possa ser replicado para várias comunidades, não só no Brasil, mas também em outros países que necessitam deste tipo de atendimento. Queremos também resgatar o objetivo de ser médico na essência, de ter as condições necessárias para fazer uma medicina de alto padrão a toda e qualquer população, principalmente àquelas com risco de vulnerabilidade social mais alto, que se encontram nas regiões periféricas. Não queremos utilizar a tecnologia para substituir o toque do médico, mas sim utilizar estas ferramentas como auxiliares para que o médico possa ter mais tempo para atender o paciente, para ouvi-lo, e realmente fazer uma medicina muito mais humanizada.

nosso sonHo é Que o Projeto PossA ser rePlIcAdo PArA várIAs coMunIdAdes, não só no brAsIl, MAs tAMbéM eM outros PAíses Que necessItAM deste tIPo de AtendIMento.