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REVISTA SP SINDLOC Ano XX – Edição 177 - 2016 Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo Presidente do Sebrae quer estimular políticas de incentivo para PMEs A Olimpíada do Rio de Janeiro pode sinalizar oportunidade de negócios para as locadoras Locação de curto prazo e turismo de lazer impulsionam o setor em 2016 Crescimento acelerado

REVISTA SINDLOCSP · país, o que impulsionaria a demanda pelo rent a car. E, justamente para adequar seu orçamento à atual realidade econômica, não serão poucos os motoristas

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SPSINDLOCAno XX – Edição 177 - 2016Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo

Presidente do Sebrae quer estimular políticas de incentivo para PMEs

A Olimpíada do Rio de Janeiro pode sinalizar oportunidade de negócios para as locadoras

Locação de curto prazo e turismo de lazer impulsionam o setor em 2016

Crescimento acelerado

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Depois de um 2015 pautado por obstáculos e desafios, o novo ano começou com o Fundo Mo-netário Internacional (FMI) ampliando ainda mais as projeções negativas para o Brasil. Se-gundo o órgão, o PIB do país deve sofrer uma redução de 3,5% em 2016, com desempenho

aquém da região da América Latina. Para 2017, a tendência é de crescimento zero, em vez dos 2,3% esperados anteriormente.

No decorrer deste ano, certamente continuaremos a conviver também com a crise política e um governo comprovadamente incapaz de reverter este cenário. Motivo para lamentar? Sinceramente, não. A turbulência está aí, deve perdurar e, como diz a velha máxima, está na hora de vendermos os nossos lenços enquanto os outros choram.

E não são poucos os lenços que as locadoras de automóveis podem tirar das suas gavetas. Na-turalmente, em meio a oscilações sem fim que afetam o mercado de consumo e, em larga escala, o segmento automotivo, é necessário estarmos cada vez mais vigilantes sobre os custos e agirmos com conservadorismo no momento de avaliar possíveis novos investimentos, mas sem prejudicar a qualida-de dos serviços prestados nem perder de vista as oportunidades que estão ao nosso alcance.

O incremento do turismo doméstico diante do ao internacional, em razão da valorização do dólar, pode servir de estímulo para a realização de viagens intermunicipais ou limitadas a uma região do país, o que impulsionaria a demanda pelo rent a car. E, justamente para adequar seu orçamento à atual realidade econômica, não serão poucos os motoristas que vão adiar o plano de fazer uma ampla revisão nos seus veículos próprios e recorrer a um carro reserva de locadora para desfrutar as férias ou um feriado.

O movimento do mercado de seminovos, cujo volume de vendas em 2015 superou em 33% o re-sultado do ano anterior – em contrapartida à estagnação dos modelos zero-quilômetro –, também sinaliza as estratégias que devemos traçar para rentabilizar nossa atividade.

Para o segmento corporativo, a terceirização desponta como alternativa natural ao excessivo peso financeiro de manter uma frota própria, além de dispensar a necessidade de alocar um alto capital para a aquisição de veículos. Sem gastos com depreciação, emplacamento, licenciamento, manuten-ção e seguro, entre outros itens, as empresas terão, de fato, condições para investir tempo e recursos efetivamente em sua atividade-fim.

Temos faca, queijo e mais alguns bons ingredientes nas mãos para fazer de 2016 um ano de opor-tunidades e boas parcerias. É hora de pensar em programas de fidelidade, negociação de descontos com as montadoras, programas de qualificação da equipe – afinal, treinar um novo time custa caro até mesmo para o relógio. Nós, do Sindloc-SP, faremos questão de dar vazão a todas essas ideias e tendências. E, da minha parte, vou pôr em prática uma simpatia de sucesso que me indicaram: acor-dar cedo, partir para a empresa e trabalhar incansavelmente.

CHORO? VAMOS É VENDER NOSSOS LENÇOS!

ELADIO PANIAGUA JUNIORPresidente do Sindloc-SP

A Revista Sindloc SP é uma publicação mensal do Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo, distribuída gratuitamente a empresas do setor, indústria automobilística, indústria do turismo, executivos financeiros e jornalistas.

Foto de capa: Istock

Presidente: Eladio Paniagua JuniorVice-presidente: Luiz Carlos de Carvalho Pinto LangDiretoria: Jeronimo Muzetti, José Mario de Souza, Luiz Cabral, Paulo Miguel - Flavio Gerdulo, Luis Godas, Marcelo Fernandes, Paulo Bonilha Jr e Paulo Gaba JrProdução Editorial: Scritta – www.scritta.com.brCoordenação geral: Luiz CabralCoordenação editorial: Leandro LuizeRedação: Bete Hoppe, Júlia Arbex e Leandro LuizeDireção de Arte: Ana Vasconcelos – Eco Soluções em Conteúdo – www.ecoeditorial.com.brDiagramação: Graziele Tomé – Eco Soluções em Conteúdo – www.ecoeditorial.com.br

EXPEDIENTE

EDITORIAL

Revisão: Júlio YamamotoJornalista Responsável: Paulo Piratininga - MTPS 17.095 - [email protected]ão: Gráfica RevelaçãoTiragem: 5 mil exemplaresCirculação: distribuição eletrônica para 7 mil leitores cadastradosEndereço: Praça Ramos de Azevedo, 209 – cj. 22 e 23Telefone: (11) 3123-3131E-mail: [email protected]

É permitida a reprodução total ou parcial das reportagens, desde que citada a fonte.

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Istoc

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Os Jogos Olímpicos no Brasil representam importante janela de oportunidade para o setor

OPORTUNIDADE18

SUMÁRIOIst

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Conheça as melhores alternativas para substituir a frota, mesmo em meio às dificuldades atuais da economia

GESTÃO14

O Sindloc-SP trabalha para ampliar a representatividade no estado com a criação das delegacias regionais

06 SETOR

Com previsão de estagnação e um 2016 repleto de desafios para a indústria automotiva, locadoras podem se consolidar como canais estratégicos de distribuição

20 CENÁRIO

Cenário de incertezas retrai a oferta de crédito e exige reavaliação de opções para financiar projetos de expansão

16 MERCADO

Obter visibilidade é pouco. O momento é de usar a internet para cativar clientes e viabilizar mais negócios

22 TECNOLOGIA

Guilherme Afif Domingos ressalta a importância de mais incentivo empreendedores

08 PINGUE-PONGUEFim de ano surpreendente anima locadoras, e empresários já projetam reforço de investimentos

TENDÊNCIA10

Istoc

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Projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-tomotores (Anfavea) apontam estabilidade na produção de veículos em 2016, com ligeiro aumento de 0,5%, em comparação com 2015. Para as exportações, a entidade prevê crescimento de 8,1%. “Acre-ditamos que em 2016 haverá um aumento das exportações, oca-sionado pelo esforço das empresas em expandir negócios externos em um momento cambial oportuno. Também por causa do câmbio, projetamos redução da participação dos importados, que tendem a ser substituídos por produtos nacionais. Esses fatores, aliados a es-tabilidade do contexto macroeconômico, maior número de dias úteis e expectativa de lançamentos, nos levam a crer em aumento da pro-dução neste ano, mesmo com alguma retração do licenciamento”, analisa Luiz Moan, presidente da Anfavea, que projeta a queda 7,5% nos licenciamentos neste ano, em relação a 2015.

CRESCIMENTO

PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE CARROS

Balanço da Federação Nacional das Associações dos Re-vendedores de Veículos Automotores (Fenauto) revela que foram vendidos 13.360.306 veículos seminovos em 2015, apenas 3.011 a mais do que no ano anterior, que registrou 13.357.295 unidades comercializadas. No atual cenário econômico, em que vários setores estão passando por difi-culdades, essa estabilidade pode ser considerada positiva. O destaque em 2015 foi o bom desempenho do segmento de seminovos com até três anos de uso, que apresentou um crescimento de 33%: 4.035.316 contra 3.019.558 em 2014. O presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, não ar-risca previsões sobre o comportamento do mercado neste início de ano, por causa do momento econômico delicado.

SEMINOVOS

ESTABILIDADE POSITIVA

Até 29 de fevereiro, os contribuintes podem aderir a programas para parcelar dívidas com o governo pau-lista: o Programa Especial de Parcelamento (PEP), que permite quitar débitos com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em até 120 meses; e o Programa de Parcelamento de Débitos (PPD), que possibilita pagar os impostos sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e o de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), entre outros tributos, em até 24 vezes. O prazo anterior era 15 de dezembro de 2015. Mantêm-se os mesmos critérios para a adesão, lembrando que o fato gerador do débito deve ter ocor-rido até 31 de dezembro de 2014. Segundo a secretaria estadual da Fazenda, o contribuinte que aderiu ao PEP em 2015, mas não conseguiu saldar à vista ou não pa-gou a primeira parcela até 21 de dezembro, poderá ade-rir de novo e beneficiar-se do programa normalmente.

TRIBUTOS

NOVO PRAZO PARA PARCELAR DÉBITOS

NOTAS

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dades mais prementes dos empresários e disseminar conhe-cimento para ajudá-los a transpor os obstáculos e acelerar seus negócios.

O PODER DO CONHECIMENTOQuanto mais preparado o empresário estiver, mais chances

terá de ver sua locadora prosperar. O fortalecimento da empresa associada fortalece o sindicato, aumentando suas possibilidades de conquistar mais benefícios para todo o setor.

Também faz parte da função do delegado apoiar as iniciativas que o Sindloc-SP da capital realiza em sua região, além de organi-zar ações de relacionamento com as autoridades locais.

Animado com a criação das delegacias regionais, “um projeto antigo”, Paniagua acredita que com o crescimento da represen-tatividade do Sindloc-SP no estado vai aumentar a visibilidade da entidade. “Será uma oportunidade para mostrar às instituições públicas e privadas e à sociedade em geral a importância da loca-ção de veículos para a economia do estado e do país, o que per-mitirá mais avanços para todo o setor”, avalia. l

Em agosto do ano passado, durante a tradicional Festa do Peão de Barretos, o Sindloc-SP elegeu pela primeira vez um delegado regional. O escolhido para representar a enti-

dade foi Jerônimo Muzetti, o Jerominho, como é carinhosamente tratado pelos colegas. Ele é sócio da locadora Panorama Veículo, diretor do sindicato e está 28 anos na presidência do rodeio mais famoso do país. Este foi o primeiro passo de um amplo planeja-mento do sindicato para implementar delegacias regionais em outras cidades estratégicas ainda neste ano. “Fatiamos o estado em macrorregiões e devemos anunciar os novos delegados em breve”, adianta o presidente Eladio Paniagua Junior.

A iniciativa objetiva ampliar a representatividade da entidade em todo o estado, estreitar os laços com os empresários locais, aproximar as locadoras das principais montadoras e fornecedo-ras do setor e manter atualizados os locadores sobre as novida-des do mercado, as questões jurídicas e macroeconômicas e as ações do sindicato.

Como representantes do Sindloc-SP, os delegados têm a missão de mapear o potencial da região, detectar as necessi-

SINAL VERDE PARA AS DELEGACIAS REGIONAIS

SETOR

O Sindloc-SP estreita laços com empresários locais e amplia a representatividade no estado

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QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS PARA QUE AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EMPREENDAM EM CENÁRIOS DIFÍCEIS?

Cada vez mais está difícil para o dono de um pequeno negócio conse-guir crédito, de modo a manter capital de giro e aumentar investimentos. O Brasil tem um dos sistemas financeiros mais concentrados do mundo. Hoje, em duas redes públicas e três privadas concentram-se quase 90% das ope-rações, voltadas especialmente para as pessoas físicas e o financiamento do consumo. O pequeno empresário tem imensa dificuldade em lidar com esse contexto. Talvez seja esse o nosso

Ex-ministro da extinta Secretaria da Micro e Pequena Empresa, o atual presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, continua a lutar por políticas públicas de incentivo aos empreendedores de pequeno porte, com menos burocracia e menor carga tributária. Nesta entrevista exclusiva, ele reconhece que o Brasil avançou, mas ainda há muito trabalho a fazer.

SEM MEDO DE CRESCER

grande desafio. Para reverter a situação, estamos trabalhando com o BNDES na criação de uma linha de crédito com juros bem mais baixos que os praticados pelo mercado. O objetivo é pulverizar os empréstimos e viabilizar uma sensível diminuição do custo do capital de giro, atualmente entre 4% e 6%.

QUAL É A RECEITA PARA RENTABILIZAR E DAR SOBREVIDA AOS NEGÓCIOS?

Uma das dicas é analisar cuidadosa-mente a planilha de custos da empresa, de forma a não repassá-los aos clientes. Nesse aspecto, vale buscar uma renego-ciação com os fornecedores para reduzir

PINGUE-PONGUE

o preço de insumos e fazer a compra de matéria-prima por meio de cooperativas ou centrais de negócios, que podem redu-zir bastante os custos da empresa. Outra recomendação é trabalhar com estratégias de fidelização do cliente, para que o con-sumidor não apenas adquira ou usufrua esporadicamente produtos ou serviços, mas que a compra se torne um hábito.

COMO AS NOVAS EXIGÊNCIAS DO CONVÊNIO 93 DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA (CONFAZ), EM VIGOR DESDE 1º DE JANEIRO, IMPACTAM AS PMEs?

Desde o início deste ano, os donos de pequenos negócios que vendem a

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SEM MEDO DE CRESCER

outros estados estão sendo os res-ponsáveis pelo cálculo da diferença entre as alíquotas cobradas no estado de origem e na unidade de destino do produto. Essa medida obriga o em-presário a se cadastrar no Fisco do estado para o qual está vendendo, ou seja, ele é obrigado a se registrar em até 27 secretarias de Fazenda. Isso pode inviabilizar milhões de pequenos negócios. Desde a criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, há quase dez anos, temos trabalhado para des-burocratizar e reduzir a carga tributária.

Vamos continuar fazendo isso. Estive com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para pedir a revisão dessa determinação. Ele comprometeu-se a convocar uma reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Con-faz) para reverter esse quadro.

QUAL É A EXPECTATIVA PARA REDU-ZIR A CARGA BUROCRÁTICA E FACILI-TAR A VIDA DOS EMPRESÁRIOS?

Um dos pontos críticos da burocracia é o excesso de tempo que os empreende-dores gastam para abrir ou encerrar uma empresa. Mas já estamos revertendo esse quadro. Em dezembro do ano passado, implantamos em Brasília a Redesimples, que propicia a abertura de uma empresa em até cinco dias e o encerramento, em um dia, tudo de forma on- line. A ideia é expandir o sistema por todo o Brasil. Conseguimos isso graças à última revisão da Lei Geral, que possibilitou a criação de um cadastro único, a dispensa da certidão negativa para o encerramento de empresa, a desvinculação de processos, como o Ha-bite-se do ato de abertura, e a permissão de alvará de funcionamento sem vistoria prévia para empresas que não exerçam atividades de risco.

EM QUE PÉ ESTÁ A APROVAÇÃO DO PROJETO CRESCER SEM MEDO?

No fim do ano passado, o projeto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e já está pronto para ser votado no Plenário. Acredito que deverá ser aprovado ainda no primeiro semestre deste ano. Além da ampliação dos tetos de faturamento para os microempreendedores individuais (MEI), de R$ 60 mil para R$ 90 mil, e para as micro e pequenas empresas, de R$ 3,6

milhões para R$ 14,4 milhões, o Crescer sem Medo também propõe a aplicação de uma progressão de alíquota como a já praticada no Imposto de Renda de Pessoa Física. Ou seja, quando uma empresa ex-ceder o limite de faturamento da sua faixa, a nova alíquota será aplicada somente no

montante ultrapassado. O projeto também prevê a criação da Empresa Simples de Crédito (ESC), determinando que as em-presas poderão emprestar dinheiro aos pequenos negócios de sua cidade.

COMO O SENHOR QUALIFICA AS PO-LÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO AOS PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓCIOS?

Nos últimos anos, o ambiente de negó-cios melhorou muito no Brasil. Tivemos muitos avanços após a criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que estabelece um tratamento diferenciado, com menos tributos e menos burocracia para o empreendedor de pequeno porte no país. Mas ainda temos muito o que fazer. O trabalho no Sebrae está focado na elaboração de políticas públicas para os micro e pequenos empresários. Hoje, as políticas estão voltadas para as grandes empresas, mas quem gera emprego e renda no Brasil são as pequenas.

QUAL É O CONSELHO AO EMPREEN-DEDOR QUE PRETENDE EXPANDIR SEU NEGÓCIO?

Nunca vai existir um momento ideal para abrir um novo negócio ou expandir a empresa. Sempre haverá setores em dificuldade e outros que estão muito bem. O que vai assegurar mais chance de crescimento não é a época em que ele foi criado nem mesmo a área de atuação, e, sim, o planejamento envolvido antes da abertura da empresa. l

“Hoje, as políticas estão voltadas para as grandes empresas, mas quem gera emprego e renda no Brasil são as pequenas”

QUEM: Guilherme Afif DomingosIDADE: 72 anosDETALHE: paulistano formado em administração, geriu a Indiana Seguros, candidatou-se à Presidência da República em 1989, foi ministro da extinta Secretaria da Micro e Pequena Empresa e, desde outubro de 2015, é presidente do Sebrae nacional

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Marinheiros de primeira viagem no aluguel de carros, pessoas em busca de um veículo re-serva ou de olho em um automóvel para se

deslocar de São Paulo ao Ceará. Essas cenas inusita-das não foram parte de nenhuma peça de marketing, mas realidade no setor de locação no último mês de 2015. Com o verdadeiro boom nas reservas no fim de ano e impulsionado pela alta do dólar, o segmento rent

SINAL ABERTO PARA BONS NEGÓCIOSLocadoras celebram resultados surpreendentes no fim do ano e já planejam novos investimentos para garantir um 2016 promissor

TENDÊNCIAIst

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SINAL ABERTO PARA BONS NEGÓCIOS

“Se tivéssemos o dobro da frota disponível no período, conseguiríamos locar todos os veículos e ainda haveria uma demanda excedente”ELADIO PANIAGUA JUNIOR, SINDLOC-SP E POINT RENT A CAR

a car promete bons resultados para 2016, principalmente nos feriados.

“Se tivéssemos o dobro da frota disponível no período, conseguiría-mos locar todos os veículos e ainda haveria uma demanda excedente”, comenta Eladio Paniagua Junior, presidente do Sindloc-SP e diretor da Point Rent a Car.

Com o dólar na casa dos R$ 4 e sem previsão de sair dela, as via-gens domésticas ganharam força e as vendas de destinos nacionais já ultrapassaram as de internacionais nas grandes agências e operadoras. Segundo estudo conduzido pelo Mi-nistério do Turismo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, 78% dos entrevistados revelaram a intenção de arrumar as malas rumo às cida-des brasileiras, o maior índice nos últimos cinco anos. Bom para as lo-

cadoras, que começam a encontrar novos nichos e consumidores.

“Nesta estação, várias pessoas estão alugando o carro pela primeira vez, justamente à procura de alter-nativas para uma viagem mais cur-ta, independente e adequada ao seu orçamento”, avalia Renato Franklin, presidente da Movida. Essa afirma-ção é referendada pelos indicadores do ministério em relação ao Sudes-te, para onde o interesse de viajar cresceu 59,8% - o maior aumento percentual entre todas as regiões do país. “Estamos ajudando a des-mitificar a visão de que o aluguel de veículos é caro”, pontua.

Baseada em São José dos Cam-pos, a Mabb Locadora detectou aumento de 60% nas reservas em dezembro na comparação com o mesmo período de 2014, o melhor desempenho nos últimos sete anos. “Boa parte desse incremento foi determinada pelo turismo regional, ainda mais por estarmos na porta de entrada para o Litoral Norte”, explica o empresário Jarbas dos Santos. Famílias do Vale do Paraí-ba fecharam negócio para viajar de carro rumo a destinos do Centro-O-este e até do Nordeste, evitando

“Foram numerosos os casos de clientes que utilizaram nossa frota para rodar o Brasil afora”FELIPE DOMINGUES, DA YES RENT A CAR

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TENDÊNCIA

recorrer ao avião ou às excursões rodoviárias. “Com o 13º salário em mãos, mas acesso restrito a crédito, a escolha do consumidor foi alocar essa receita para o aluguel do car-ro”, acrescenta.

Outro exemplo emblemático pode ser presenciado na franquia da Yes Rent a Car de Santo André, coman-dada por Felipe Domingues. Ao re-ceber férias coletivas antecipadas, sem planejamento nem recursos para uma viagem mais longa, o funcionário de uma montadora não hesitou em procurar a locadora e, então, sair do ABC Paulista em dire-ção a Juazeiro do Norte (CE). “Foram numerosos os casos de clientes que utilizaram nossa frota para rodar o Brasil afora, tanto da classe B como também da C”, revela.

Clientes na região de Araçatuba, por sua vez, decidiram poupar gas-

tos com viagem para curtir a cidade e os arredores em família, garan-tindo mais reservas para a Toque-tão Ltda., franqueada da Localiza. “O rent a car cresceu 25% em volume em relação aos meses anteriores”, relata o diretor João Toquetão.

POTENCIAL DO SETOR NA MIRAEssa perspectiva positiva vem

despertando o olhar da maior ope-radora de turismo do Brasil. Ao constituir, no início do ano passado, uma equipe exclusivamente para prospectar locadoras e incorpo-rá-las à sua extensa rede de dis-tribuição, a CVC já vislumbrava a demanda latente por aluguel de ve-ículos. “Até então, só tínhamos uma interessante performance na loca-ção para a Flórida, mas a partir daí, e diante do contexto econômico, a operação nacional nesse segmento

aumentou 25% em 2015, enquanto a internacional retraiu”, destaca Ri-cardo Kaiser, gerente sênior de lo-cação de carros.

Para este ano, a CVC planeja im-pulsionar a divulgação de roteiros temáticos que estimulem o uso do automóvel e facilitar o acesso de agentes de viagem e do público final ao serviço. Um dos primeiros pas-sos já foi dado por meio da parce-ria inédita com a inglesa Travelport, principal plataforma de comércio de viagens do mundo.

O acordo prevê o fornecimento de duas ferramentas de TI para dina-mizar a consulta às locadoras par-ceiras da operadora, com mais de 32 mil pontos para retirada de car-ros no Brasil e no mundo. As solu-ções possibilitam visualizar e com-parar em tela os preços praticados, em determinado destino de viagem e período, por categoria de veículo. “Hoje, 70% dos pacotes que comer-cializamos são personalizados, o que assegura mais liberdade, segu-rança e preços mais vantajosos ao cliente”, observa Kaiser.

TERCEIRIZAÇÃOO setor também aposta nos be-

nefícios da terceirização de frotas para elevar a carteira de clientes corporativos. “Momentos de crise são oportunos para as empresas descobrirem que, com a venda da frota própria, podem obter capital de giro barato, além de outras van-tagens financeiras e operacionais”, conta o presidente da Maestro, Fa-bio Lewkowicz.

“De posse de vários estudos que desenvolvemos para atestar essas vantagens junto às empresas, ob-

“A operação nacional neste segmento aumentou 25% em 2015”RICARDO KAISER, DA CVC

“Com o 13º salário em mãos, mas acesso restrito a crédito, a escolha do consumidor foi alocar essa receita para o aluguel do carro”JARBAS DOS SANTOS, DA MABB LOCADORA

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consumidores jovens sem automóvel próprio, o que vai ao encontro das no-vas soluções de mobilidade.

Entre os empresários, moder-nização e ampliação de frota são palavras de ordem para absorver a procura em datas comemorativas do ano e eventos como a Olimpíada (ver reportagem na página 18 desta edição). “A oportunidade está lan-çada”, conclui Eladio Paniagua Ju-nior. Se as montadoras e o mercado financeiro colaborarem, teremos uma ampla estrada a percorrer. A máxima tire o s da crise, definitiva-mente, saiu da cartola. l

tivemos muitos novos contratos, e o faturamento anual subiu 10% em 2015”, acrescenta.

A projeção da locadora é encerrar 2016 com 20% de crescimento e di-versificar as fontes de receita com o aumento da frota de caminhões para 150 a 200 veículos. “Teremos um ano desafiador com o maior número de empresas em recupera-ção judicial e os bancos em alerta. A combinação entre qualidade na prestação de serviços e fator pre-ço, além da maior flexibilidade nas renegociações contratuais, darão o tom a este ano”, acredita.

“Somente 10% da frota corporati-va no Brasil é terceirizada, em con-traposição a uma margem de 50% a 70% em países mais maduros. Há um largo mercado a explorar, espe-cialmente com a restrição de capital para as empresas em meio à crise”, declara Franklin, da Movida. “Mas, para alcançar êxito nessa missão, a evolução permanente no nível de serviço é essencial, visando à plena eficiência operacional sem perder de vista as margens de lucro. De-vemos ainda estreitar vínculos com as montadoras para a obtenção de condições de compra e financia-mento mais atraentes”, pondera.

“A combinação entre qualidade na prestação de serviços e fator preço dará o tom a este ano”FABIO LEWKOWICZ, DA MAESTRO

“O rent a car cresceu 25% em volume em relação aos meses anteriores”JOÃO TOQUETÃO, DA TOQUETÃO LTDA.

PLANOS E ESTRATÉGIASO setor promete um amplo es-

forço de vendas para cativar em-presas, atento a áreas da economia menos afetadas pelas turbulências – tecnologia da informação, teleco-municações e automação, na região atendida pela Mabb Locadora , além de serviços e sucroalcooleiro, na base de atuação da Toquetão Ltda.

O otimismo é estimulado por novos públicos. “Recebemos clientes que optam pelo aluguel para evitar custos e desgastes extras com seu veículo, seja por alguma avaria, documenta-ção desatualizada, seja por necessi-dade de revisão. Eles querem férias com um carro reserva e sem dor de cabeça, mas são exigentes, o que re-quer uma frota realmente diversifica-da em modelos, cores e estilos”, diz Felipe Domingues, da Yes Rent a Car. A Movida vê aumentar sua fatia de

“Estamos ajudando a desmitificar a visão de que o aluguel de veículos é caro”RENATO FRANKLIN, DA MOVIDA

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GESTÃO

Apesar das dificuldades conjunturais, existem saídas para a substituição dos veículos sem causar impactos para as locadoras

EM TEMPOS DE TURBULÊNCIAS, RENOVAR OU NÃO RENOVAR?

Em um cenário de turbulên-cia econômica e pautado pela contenção de gastos, boas es-

tratégias são cada vez mais prepon-derantes para sobreviver nesse uni-verso de incertezas. Por causa disso, fica a questão: qual é a melhor hora para trocar os carros com o investi-mento mais racional possível?

“As empre-sas de vários s e g m e n t o s têm deixado de usar seu capital para comprar ve-ículos pró-prios. Agora, elas fazem negócios com

locadoras especializadas, a fim de re-duzir seus custos e endividamentos”, explica Rudi Garcia Marques, diretor operacional da Personal Car Auto.

Para renovar a frota, no entanto, ainda é preciso estudar o mercado para não sair perdendo. “Não vende-mos mais os veículos usados com a mesma rapidez de antes. Além disso, 90% desses carros são comerciali-zados com financiamento, e, hoje, quem tem capital compra o veículo zero-quilômetro na montadora, pois os preços estão mais atrativos quan-do comparados com os de períodos anteriores”, diz Luiz Carlos Maga-lhães, diretor da Control Fleet. O dire-tor operacional da Personal Car Auto acredita que a empresa só deve re-

novar sua frota após fazer uma pro-gramação anual, avaliar o mercado e conversar com as principais monta-doras para conseguir descontos e re-passá-los aos futuros compradores.

Para ambos os profissionais, a em-presa consegue perceber que com-pensa mais trocar a frota do que fazer manutenção quando a curva dos gas-tos com conserto começa a pesar no valor do aluguel do carro. “Geralmente, no rent a car, é preciso trocar o carro

a cada 12 me-ses de uso. E, caso você não tenha um ve-ículo novo, o co n co r re n t e tem. É preciso ficar atento. Na terceiriza-ção, levamos

mais em conta os quilômetros rodados na hora de fazer a substituição”, explica Magalhães. De acordo com Marques, depois que o carro tem mais de 60 mil quilômetros rodados, sua manutenção encarece. “A partir daí, o veículo co-meça a apresentar problemas com o câmbio, embreagem e suspensão, e a manutenção, muitas vezes, não com-pensa. Além disso, esses fatores difi-cultam a venda para pessoa física”.

Portanto, deve-se pôr na balança, além dos gastos com manutenção, a questão da qualidade do serviço ofer-tado, representada por um carro segu-ro e em excelentes condições de uso. É preciso também estar atento às osci-lações do mercado de compra e venda de veículos seminovos e à depreciação de cada modelo. Não se levam em con-sideração, assim, apenas os quilôme-tros rodados nem os meses de uso. l

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Luiz Carlos Magalhães, diretor da Control Fleet

Rudi Garcia Marques, diretor operacional da Personal Car Auto

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Maior rigor dos bancos e taxas elevadas comprometem captação de financiamentos

MERCADO

novos investimentos, pelo menos neste início de ano. “Existe um temor muito grande com a situação de liquidez geral da economia. Mas as taxas impostas pelos bancos estão ultra-passando os limites do bom senso”, critica o vice-presidente do Sindloc-SP, Luiz Lang.

ALTERNATIVASO dirigente entende que, diante de uma

inflação em torno dos 10%, seria aceitável que os bancos levassem em conta um spre-ad de 5% e aplicassem juros anuais de cerca de 15% na concessão do financiamento. “No entanto, o que estamos vendo são taxas de 25%, absolutamente impraticáveis”, ressalta.

Segundo ele, a saída de algumas empresas do mercado, decorrente das turbulências econômicas, abriria espaço para outras loca-doras ampliarem suas frotas e absorverem clientes da concorrência. “Nosso setor con-tinua a apresentar demanda, que tende a se tornar ainda mais evidente quando o aluguel de veículos e a terceirização de frotas corpo-rativas despontam como alternativas mais econômicas. Mas a perspectiva geral sobre o Brasil fez aumentar em demasia o grau de exigências, mesmo por parte dos braços fi-nanceiros das montadoras”, observa.

Alguns bancos privados mantêm taxas de juros até mais atraentes na comparação com as instituições ligadas à indústria. Po-rém, uma série de outros entraves é criada, e as locadoras precisam atender a um excesso de garantias. Por isso, Lang aconselha a não recorrer às agências bancárias para pleitear empréstimos. "As agências estão mais sus-cetíveis à crise e não se arriscam a liberar recursos que tenham, em sua visão, um mí-nimo de risco. O caminho passa por rastre-ar setores especiais ligados à concessão de créditos nos bancos, em vez de se apostar na tática tradicional de estreitar relações com os gerentes", adverte. l

CRÉDITO SEM CRÉDITO?

Após o expressivo aumento de 5% em 2014, a procura das empresas brasi-leiras por financiamentos bancários

diminuiu 1,9% em 2015, o que representou o pior resultado dos últimos três anos, de acor-do com o Indicador Serasa Experian de De-manda de Empresas por Crédito.

Esses indicadores, porém, distorcem a re-alidade, pois nada mais são do que uma es-tatística das empresas que, a duras penas, conseguiram fazer captação de recursos. A realidade é que uma quantidade expressiva de empresas não consegue sequer acessar o crédito – por não conseguirem cumprir todas as exigências atuais ou por não suportarem as taxas de juros fora da realidade.

No momento em que a Federação Nacional da Distribuição de Ve-ículos Automotores (Fenabrave) anuncia uma queda de 21,2% no número de emplacamentos de automóveis de janeiro a novembro, esse cenário representa um duro golpe nas intenções de vendas da indústria automobilística.

Diante do mau momento da economia brasileira, aumentou substan-cialmente o rigor das instituições bancárias sobre a oferta de financia-mentos. Na maioria dos casos, as portas fechadas ao crédito obrigam as empresas a repensar modelos de expansão ou mesmo estancar

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Luiz Carlos Lang, vice-presidente do Sindloc-SP

REVISTA SINDLOC 18

OPORTUNIDADE

para as locadoras de veículos paulistas. E a menos de 200 dias da abertura, ain-da há tempo para acelerar os negócios de olho no evento.

O estímulo que os 18 dias podem tra-zer às viagens de carro de curta duração, nas quais os turistas buscam capitalizar ao máximo a estada e desbravar outras regiões e atrativos turísticos do país, também deve ser levado em conside-ração. “E o turista estrangeiro, em geral, quer um carro novo de padrão médio para cima, compacto, automático, com ar-condicionado, enfim, está mais preo-cupado com conforto do que com o pre-ço”, avalia Herbert Viana Andrade, diretor de marketing da Localiza, locadora oficial dos Jogos Olímpicos. “Ter atendentes que

falem inglês de nível de negó-cio e fugir da prática recor-rente de infla-cionar os pre-ços também é fundamental.”

Mas ele avisa que é preciso

A Cidade Maravilhosa deve “bom-bar” de turistas durante os Jo-gos Olímpicos de 2016 – só para

cobrir o evento são esperados 25 mil profissionais, um quarto dos turistas estrangeiros que visitaram Londres na edição de 2012. “Por necessidade con-tratual do Comitê Olímpico Internacional (COI), consta que serão ocupados apro-ximadamente 45 mil a 50 mil quartos”,

diz o presiden-te da Brazi-lian Incoming Travel Organi-zation (BITO), Salvador Sa-ladino. E com a ajuda da alta do dólar, espe-ra-se um gran-

de fluxo de público no desembarque do Aeroporto Internacional Tom Jobim.

Essa demanda por ocupação hotelei-ra, que certamente deverá ser absorvida por mercados como São Paulo, além da realização de algumas competições em solo paulista e em outras quatro capi-tais, sinalizam uma oportunidade extra

JOGUE O JOGOA Olimpíada no Rio pode ajudar as locadoras a captar clientes e a incrementar os negócios

cautela para aumentar a frota somen-te mirando o evento, pois investimen-to para pequena temporada, sazonal, requer um bom planejamento. Como a maioria dos estrangeiros já vem com a reserva de carro definida, ele aconselha a explorar o turista doméstico. Para ca-tivá-lo,, a dica de Herbert Viana é focar na qualidade do serviço, ou seja, carro em boas condições, atendimento capaz de elucidar dúvidas e preço justo.

PARCERIAO presidente

da ABAV na-cional, Edmar Bull, acredita na parceria saudável en-tre locadoras e agências de viagem. “Inten-sificar projetos de capacitação, com foco na ampliação das atividades, diversifica-ção de negócios e expansão da matriz de serviço do agente de viagens, é uma das metas prioritárias da nossa gestão. Quem quiser ganhar competitividade e sustentabilidade no mercado não pode mais concentrar o seu canal de distribui-ção no aéreo e na hospedagem. A loca-ção de veículos, dentro da gama de aces-sórios (ancillary services) que podem ser inseridos nos roteiros de viagem, é uma excelente alternativa”, analisa.

“Vamos incentivar fortemente essa prática junto aos nossos associados e, para isso, já temos prevista a apresen-tação de um especialista no tema em nossa primeira reunião do Conselho de Presidentes do ano. A Copa do Mun-do trouxe inúmeras oportunidades nesse sentido, especialmente para as agências que atuam nos segmentos corporativo e de receptivo, e estamos certos de que os Jogos Olímpicos, nes-te ano, serão outro grande momento para que as agências possam poten-cializar seus ganhos.” l

Istoc

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Edmar Bull, presidente da ABAV

Herbert Viana Andrade, diretor de marketing da Localiza

Salvador Saladino presidente da BITO

REVISTA SINDLOC 20

MARCHA A RÉ NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVAOs indicadores desse segmento ainda continuam em rota desanimadora

CENÁRIO

Se as previsões dos especialistas para 2016 se concretizarem, o setor automotivo brasileiro vai

amargar quatro anos seguidos de per-das nas vendas, fato que não ocorria nos últimos 60 anos.

Infelizmente, tudo leva a crer que eles estão certos. O relatório do Fun-do Monetário Internacional (FMI) pre-vê que o crescimento da economia

A entidade prevê que os licenciamen-tos de autoveículos em 2016 devem cair 7,5% na comparação com 2015. O comportamento do mercado em janei-ro parece corroborar a projeção negati-va da Anfavea. O movimento fraco nas concessionárias, com média de vendas diárias abaixo de 8 mil carros, sinaliza que a comercialização de veículos deve cair em torno de 36% em relação ao mesmo mês do ano passado. Há que se considerar o bom desempenho de janeiro de 2015, o melhor mês do ano, por causa da corrida às lojas para apro-veitar as derradeiras unidades com descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Istoc

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do país será de -3,5% neste ano e a sua retomada, anteriormente previs-ta para outubro de 2017, foi adiada para 2018.

E os indicadores da indústria auto-mobilística neste início de ano seguem na mesma rota desanimadora do fim de 2015, quando o setor fechou as vendas no patamar mais baixo em oito anos: foram vendidos 2,57 milhões de veícu-los (carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus), o que representa uma retração de 26,6% em relação às 3,5 milhões de unidades negociadas em 2014, de acordo com balanço da Asso-ciação Nacional dos Fabricantes de Veí-culos Automotores (Anfavea).

REVISTA SINDLOC 21

LINHAS DE MONTAGEM PARADASDuas das grandes montadoras nacio-

nais, a General Motors (GM) e a Fiat, já haviam considerado que os emplaca-mentos em 2016 poderiam somar em torno de 2 milhões de unidades, qua-se o mesmo total registrado em 2006 (1,93 milhão), o que representaria um retrocesso de uma década.

Em janeiro, a Fiat, líder em vendas no Brasil, decidiu dar mais 20 dias de fé-rias coletivas aos trabalhadores de seu parque industrial em Betim, no estado de Minas Gerais. A partir do Carnaval, no início de fevereiro, param por três semanas as linhas de montagem da GM em Gravataí (RS), de onde sai o car-ro mais vendido do país atualmente, o Onix, e da Ford em Camaçari (BA), que já havia anunciado o encerramento do terceiro turno de trabalho para março.

Vale lembrar que as férias de fim de ano já haviam sido estendidas em de-zembro pela maioria das fábricas, ex-ceto as três citadas – a Mitsubishi, por exemplo, concedeu cinco semanas de folga aos funcionários.

E as montadoras continuaram com o pé no freio na volta ao batente em 2016. A GM vai manter suspensos até março os 750 operários que deveriam ter retor-nado ao trabalho na fábrica do ABC em janeiro. A Caoa, que monta os utilitários esportivos e os VUCs (Veículos Urbanos

de Carga) da Hyundai em Anápolis (Goi-ás), adotou a semana reduzida em um dia de produção, que ficou parada um mês no fim do ano. E a Volkswagen, a montadora mais atingida pela crise au-tomotiva no país, suspendeu o contrato de 1.200 trabalhadores.

Nos últimos dois anos, quase 30 mil funcionários das montadoras perderam o emprego no Brasil. E o número pode aumentar: a Ford ainda não divulgou o número de trabalhadores que aderiram ao Programa de Demissões Voluntário (PDV), e a GM ainda negocia alternativas para não demitir cerca de 2 mil operários que ficarão ociosos com o fim do turno da noite em sua linha de montagem na Bahia, programado para março.

Não há indícios que haja mudança nesse cenário. A renda do brasileiro encolheu. Falta dinheiro, não só pelo desemprego, mas pela alta do custo de vida. Os únicos indicadores que cresce-ram foram os juros e a inadimplência, o que dificulta conseguir empréstimo bancário. Mesmo quem tem acesso ao crédito está cauteloso em contrair dívi-das de longo prazo neste momento de turbulência e indefinições político-eco-nômicas.

CÂMBIOVendas ladeira abaixo, demissões,

montadoras paradas, falta de dinhei-

ro. Difícil manter o otimismo nesse cenário. Reflexo da crise, a desva-lorização do real também teve um lado positivo. A alta do dólar, que ul-trapassou a barreira dos R$ 4 e deve se manter alto em 2016, aumentou a competitividade dos produtos brasi-leiros no mercado internacional.

Na análise de Marcelo Cioffi, sócio da PwC, feita para o jornal Valor Eco-nômico em dezembro, a retração do mercado doméstico será amenizada pelo avanço das exportações, que de-vem aumentar em 100 mil veículos.

Luiz Moan, presidente da Associa-ção Nacional dos Fabricantes de Ve-ículos Automotores (Anfavea), prevê um crescimento nas exportações em torno de 8,1%, o que pode salvar a produção da indústria automobilísti-ca brasileira em 2016. “Também em razão do câmbio, projetamos redu-ção da participação dos importados. Esses dois fatores, aliados àestabi-lidade do contexto macroeconômi-co, ao maior número de dias úteis e a expectativa de lançamentos, nos levam a crer que vai haver aumento da produção neste ano, mesmo com alguma retração do licenciamento”, avalia. É esperar para conferir.

OPORTUNIDADE PARA AS LOCADORASEsses números podem parecer de-

salentadores à primeira vista, mas apontam um caminho promissor para as locadoras de veículos, que podem se consolidar como um canal de dis-tribuição cada vez mais estratégico para as montadoras. “A retração nas vendas de carros zero-quilômetro aos consumidores finais e a tendên-cia de ampliação dos investimentos das empresas na terceirização de frotas nos revelam um panorama positivo. Podemos ser aliados ainda mais importantes da indústria auto-mobilística”, ressalta o presidente do Sindloc-SP, Eladio Paniagua Junior. l

"Também em função do câmbio, projetamos redução da participação dos importados. Esses dois fatores, aliados a uma estabilidade do contexto macroeconômico, maior número de dias úteis e expectativa de lançamentos, nos levam a crer em aumento da produção neste ano..."

LUIZ MOANPresidente da Anfavea

REVISTA SINDLOC 22

TECNOLOGIA

ACELERE SEUS NEGÓCIOS COM A INTERNET Saiba como usar o universo web para garantir visibilidade à sua empresa e conquistar clientes

3. MOBILEJá tem site? Então, o próximo passo é fazer

com que seu conteúdo seja adaptado para smartphones e tablets, quase sempre os pri-meiros canais utilizados para consulta de in-formações.

4. APLICATIVOS“É importante também que a locadora te-

nha seu próprio aplicativo, tanto para o dispo-sitivo Android quanto para o iOS, pois é mais um meio para que os consumidores analisem sua frota e os preços, façam reserva online e saibam quais as localizações de suas lojas”, explica Gritsch.

5. RESERVA COMPARTILHADA Outra maneira de conquistar espaço é fazer

parceria com empresas que consolidam várias locadoras dentro de um único portal de reser-va de carros, como é o caso da Decolar.

6. REDES SOCIAISNos dias de hoje, a empresa precisa ter con-

ta no Facebook e Twitter, sempre interligados no website, para divulgar seu negócio. Porém, Gritsch acredita que essas mídias só trazem benefícios se as locadoras souberem usá-las efetivamente. “Não basta simplesmente estar nessas redes sociais. É preciso movimentar e acompanhar cada uma delas. Algum de seus carros está na promoção?”, pontua. Há em-presas que não acompanham suas páginas na internet e, muitas vezes, desconhecem recla-mações do cliente que devem ser respondidas instantaneamente. “A rede social pode ser es-tratégica não só para conferir visibilidade, mas também para captar clientes e ampliar os ne-gócios”, considera Alberto Antonio.

7. ANÚNCIO NO GOOGLEPara isso, o empresário precisa ter o websi-

te e contratar uma empresa especialista em SEO, ou seja, fazendo com que seu site esteja bem posicionado ou que tenha propaganda no site de busca. “Essa ferramenta é a que mais dá retorno e a mais cara que existe, mas é um investimento válido, pois as grandes lo-cadoras estão no topo da lista”, comenta. l

Recursos como softwares já são reali-dade em muitas locadoras, represen-tando um instrumento fundamental

para garantir pleno controle da frota e das atividades cotidianas. Os investimentos na área de TI, vêm ganhando impulso nos úl-timos três anos, mas podem se tornar ain-da mais necessários em tempos de crise. Os consultores Alberto Antonio, diretor da Henji Informática, e Julian Gritsch, diretor da EuroIT Tecnologia, apresentam algumas recomendações para dinamizar a gestão e o relacionamento com os consumidores.

1. WEBSITEHá muitas locadoras que, até hoje, não

possuem site próprio. Por isso, para come-çar seu negócio, o diretor da EuroIT Tec-nologia sugere criar um website moderno, contendo informações institucionais, locali-zação e contato e a disponibilidade dos seus carros. “Além disso, é fundamental ter uma ferramenta de reserva on-line. Dessa forma, o cliente consegue visualizar os veículos disponíveis e os preços.”

2. SOFTWARE DE GESTÃOPara o diretor da Henji, uma locadora precisa ter um software moderno

e completo, para que os administradores da empresa consigam acessar o sistema de qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de estar no escritório para monitorar funcionários tampouco o acesso de usuários. “Principalmente neste momento de incertezas econômicas, um progra-ma bem desenvolvido contribui para a redução de custos, pois o próprio cliente tem condições de fazer a pesquisa e reservar o carro, otimizando o tempo do profissional que o atenderia”, avalia.

ALBERTO ANTONIODiretor da Henji Informática

JULIAN GRITSCHDiretor da EuroIT Tecnologia

Job: 2015-Fiat-Varejo-Junho -- Empresa: Leo Burnett -- Arquivo: 35487-006-Fiat-ADP-AnNovaStrada2016-Frente-Sindloc-21x28_pag001.pdfRegistro: 169953 -- Data: 09:56:17 30/06/2015