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nº 10 Novembro 2010 2 Boinas REVISTA Veteranos – 10 de Julho Fuzileiros – 10 de Junho Separata Festas de Natal na Associação e Delegações 5.ª eSQUADRILHA De SUBMARINOS pÁG. 5 FUZILeIROS De ANGOLA NO RUMO CeRTO pÁG. 30

REVISTA - associacaofuzileiros.ptassociacaofuzileiros.pt/pdf/Desembarque_10.pdf · Sumário Ficha Técnica editorial: Cmte. Lhano Preto. ... Homenagem ao combatente Max Mine.....33

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nº 10Novembro 2010

2 Boinas

R E V I S TA

Veteranos – 10 de Julho

Fuzileiros – 10 de Junho

SeparataFestas de Natalna Associaçãoe Delegações

5.ª eSQUADRILHA De SUBMARINOS pÁG. 5

FUZILeIROS De ANGOLA NO RUMO CeRTO pÁG. 30

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Associação de Fuzileiros | 2010

EditorialEscrevam! .................................................................................3

ComunicadosComunicado da Direcção .........................................................4A propósito das declarações de António Lobo Antunes ..........4

AssociadosOs submarinos da 5.º Esquadrilha ...........................................5

António Ribeiro RamosO direito de dizer .....................................................................6

Carla Marques PintoIsto e muito mais...  .................................................................9

Francisco SerranoHistória de um soldado português que partiu

sozinho para a guerra .........................................................10 José Lopes Henriques

CCFA Marinha na 5th Operational Mentor

and Liaison Team – Garrison ...............................................11Homenagem ao CMG FZE Benjamim Lopes de Abreu ...........12Juramento de Bandeira ..........................................................13Fuzileiros na Arrábida ............................................................13

DelegaçõesDelegação do Algarve .............................................................14Dia grande para fuzileiros de Juromenha/Elvas .....................15Delegação do Porto ................................................................16Delegação de Gaia .................................................................17

ConvíviosDFE 10 (Angola 1971/73) .......................................................1713.º Encontro/Convívio da Companhia

n.º 2 FZ – Guiné 1972/74 ....................................................18Ao Comandante Almeida Viegas: a homenagem

sobre a lealdade e o respeito .............................................18Escola de 94 ...........................................................................19Escola de Maio de 1986 .........................................................19Sessão de fados ......................................................................20DFE N.º 13 – Guiné 1968-70 ..................................................20DFE1 Moçambique (64/66) e CF3 Guiné (63/65) ...................21Encontros Fuzos 88 ................................................................21Encontro/Convívio do DFE N.º 2 – Angola 1965/67 ...............221º Encontro dos Escolas da Marinha dos concelhos

de Santiago do Cacém e de Sines .......................................23

ÍNDICe

Sumário

Ficha TécnicaDirector e Responsável editorial: Cmte. Lhano Preto. Director-Adjunto: Marques Pinto. paginação: Paulo Teixeira. Redacção: Editor, Serafim Lobato. Colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos; Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro.Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó; Telf. 21 255 98 90; E-mail: [email protected] www.tipografialobao.ptpropriedade e edição: Associação de Fuzileiros, Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro; Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156; e-mail: [email protected]; Site: www.associacaofuzileiros.pt

EventosAssociação participa no 10 de Junho em Faro e Lisboa .........24Aniversário em Igreja Nova ....................................................25Despedida de fuzileiros que foram para o Afeganistão..........25Juramento de Bandeira e Entrega de Boinas .........................26

Salpicos de VidaSPM 0468 Nº 4 .......................................................................27

As nossas armasMG - Metralhadora de Fuzileiros (Parte-2) ............................28

Mendonça NetoCooperação Militar

Escola de Fuzileiros de Angola no rumo certo .......................30Iniciativa Mar Aberto 2010 ....................................................31

PoesiaNau Quinhentista ...................................................................31

DesportoSecção de Tiro em crescimento .............................................32

In Perpetuam MemoriamHomenagem ao combatente Max Mine ................................33

Notícia RelevantePresidente da Associação condecorado com a Grã-Cruz da

Ordem Militar de Aviz .........................................................35————

Ofertas & Donativos ...............................................................34Novos sócios ..........................................................................35

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Associação de Fuzileiros | 2010

Editorial

Se é verdade que nos últimos tempos temos melhorado muito e já não nos tem faltado matéria para fazer O De-sembarque, o que é facto é que ainda são quase sempre os mesmos a elaborar os trabalhos.

No último número, solicitei a todos que se empenhassem em escrever algo sobre um assunto importante para os Fu-zileiros, a Associação, o que está a ser feito nas Delegações, os encontros extraordinários entre amigos, mesmo que só seja um almoço, etc. Tudo serve, desde que venha acompa-nhado de um pequeno texto e de uma ou duas fotos com alguma qualidade. Pensem como é fácil no último caso, já que podem enviar tudo por e-mail para a Associação e ape-nas é preciso descrever onde, quando e o que aconteceu!

Hoje levanto outro desafio: aos sócios que queiram saber alguma coisa sobre a Associação, as Delegações, que quei-ram contactar com outros camaradas que, não vêem há

longos anos, ou até dizer alguma coisa sobre a Revista (o que acham que está bem, o que consideram que deve ser alterado, o que gostariam que fosse incluído), porque não escrever uma carta ao director? Como sabem, poderemos dar informações do paradeiro dos nossos sócios desde que estes autorizem, mas daqueles que não vemos há algum tempo poderemos colocar uma foto na revista, do pró-prio, daquele que queremos contactar ou até uma foto do passado, para ser divulgado pelo País ou pelo estrangeiro. Tudo o que foi dito aparecerá numa secção designada por Cartas ao Director.

Deixo-vos o repto.

Tenho a noção que alguma coisa foi feita e continua a sê-lo mas, muito há para fazer.

“Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre”

Um abraço a todos.

Lhano Pretopresidente da Associação de Fuzileiros

eSCRevAM!

BAR DA ASSOCIAÇÃOO nosso ponto de encontro

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Associação de Fuzileiros | 2010

Comunicados

COMUNICADO DA DIReCÇÃO

A pROpÓSITO DAS DeCLARAÇõeS De ANTÓNIO LOBO ANTUNeS

Após a realização da reunião da As-sembleia-Geral do passado dia 1 de Maio, à Direcção da Associação de Fu-zileiros cabe o gosto e a obrigação de informar o seguinte:1. A Assembleia-Geral decorreu – após almoço com os camaradas dos grupos originários do Porto, Gaia e Juromenha, futuras delegações da As-sociação – com alto sentido de correc-ção e aprumo, apanágio aliás dos Fu-zileiros e num ambiente de saudáveis amizade e camaradagem mas com uma clara vertente de responsabilida-de, plasmada nas diversas interven-ções construtivas dos nossos Sócios;2. Após exposições e esclarecimentos pormenorizados da Direcção, a cargo dos respectivos Presidente, Capitão de Mar-e-Guerra Lhano Preto, Vice-Presidente Dr. Marques Pinto e Te-soureiro Dr. António Augusto, foram aprovados por unanimidade e acla-mação – o que se considera excep-cional na generalidade de quaisquer assembleias-gerais:2.1. O Relatório de Actividades e Contas/2009 (incluindo o parecer do Conselho Fiscal, relatado pelo seu Presidente, Capitão de Mar-e-Guerra Cardoso Moniz);2.2. O texto da proposta do novo Es-tatuto da Associação;2.3. O texto da proposta do novo Re-gulamento Geral Interno;

2.4. O texto de um voto de louvor ao Vice-Presidente, proposto por vinte e um sócios (tendo como primeiro subs-critor o sócio n.º 161, Mário Manso) pelo seu trabalho como relator dos projectos de Estatuto e Regulamento Geral Interno.Após dados por encerrados os traba-lhos da Assembleia pelo Presidente da Mesa, Almirante Leiria Pinto, e a convite prévio do Presidente da Direc-ção, os associados tiveram o privilégio de assistir a três palestras: - Duas sobre a temática da pirataria no Golfo de Adem - importante via marítima que liga o Mar Vermelho ao Mar da Arábia pelo apertado estreito de Bab-el-Mandeb, na extensa faixa de costa também conhecida pelo “Cor-no de África” – a primeira conduzida pelo 1.º Sargento Fuzileiro, Almeida,

que integrou o grupo do pelotão de abordagem (PELBORD) do Batalhão de Fuzileiros n.º 1, embarcado na Fra-gata Côrte-Real, NRP que cumpriu a missão de navio chefe na SNMG 1, e a segunda em que foi orador o nos-so sócio aderente, Comandante da Marinha Mercante, António Ribeiro Ramos que comandou grandes navios petroleiros no problemático corredor marítimo;- E a última da autoria do nosso sócio n.º 95, Sargento-Mor Talhadas, rela-tando com impressionante realismo, uma operação do Destacamento de Fuzileiros n.º 12, na Guiné (1970/71) ao tempo da Guerra Colonial, em que ele próprio participou.3. – A Direcção congratula-se com a forma altamente dignificante com decorreu a nossa Assembleia-Geral e sente-se muito recompensada do seu trabalho pela postura, intervenção responsável e demonstração de grati-dão dos nossos sócios, aqui declaran-do que, neste ambiente de camarada-gem e compreensão é um privilégio integrar os Órgãos Sociais da Associa-ção de Fuzileiros, cada vez mais se vi-vendo a nossa máxima.

A Direcção

A Associação de Fuzileiros de Portugal vem assistindo, com perplexidade, à polémica que o escritor António Lobo Antunes lançou no País acusando os combatentes da Guerra Colonial, no-meadamente, na frente de Angola (tendo tido o “privilégio” de se acu-sar a si próprio) – e pasme-se!! tendo participado na guerra na condição, essa sim, privilegiada de médico – de procedimentos e práticas que as For-ças Armadas e os seus combatentes jamais tiveram e que, por maioria de razão, um Médico nunca deveria ter.Assim sendo, as afirmações que Lobo Antunes proferiu aos microfones da Rádio Renascença traduzem-se em puras inverdades do escritor, não se sabendo com que ínvias intenções, que ofenderam todos os combaten-

tes, conscientes que estão de terem feito a guerra mais “ética” e menos desumanizada da história do século XX, ofensa que consideramos se es-tende a todos os portugueses, aos povos dos PALOPs que com estes tam-bém fizeram a guerra nas trincheiras do lado de lá e, também, do lado de cá e, por fim, a Portugal.Não constituindo a Associação de Fu-zileiros instituição apenas de Comba-tentes é óbvio que esta força da Mari-nha de Guerra Portuguesa participou, com honra, na guerra do ex-ultramar e em situações particularmente difí-ceis como compete a uma Força Mi-litar Especial.Não tendo nós legitimidade de nos arvorarmos em representantes de to-

dos os Combatentes – estamos com todas as posições e reacções que as várias Associações de Combatentes e, designadamente, a respectiva Liga vêm assumindo – temo-la, certamen-te, para gritar a repulsa dos Fuzileiros Combatentes de Portugal pelo que foi dito por um escritor e por um médico – que terá feito, por certo, o juramen-to de Hipócrates – e que tendo subido alto no panorama literário português, ora sofreu um trambolhão maior do que a rampa que transpôs e que o haverá de marcar para a vida, porque – creia Sr. Dr. Lobo Antunes – os Com-batentes não esquecerão.O escritor, o médico e o militar que terá sido, só tem de pedir desculpa a Portugal.

vista geral da Assembleia

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Associação de Fuzileiros | 2010

Associados

OS SUBMARINOS DA 5.” eSQUADRILHA

No dia 2 de Agosto passado chegou ao Tejo o primeiro submarino da 5ª Esquadrilha, o N.R.P. “Tridente”. Foi com muito júbilo, e com alguma emoção até, que foi finalmente recebido na sua Pátria. O processo tem sido árduo e muito polémico e por isso, permitam-me que aqui deixe, hoje, algumas considerações a propósito. Em primeiro lugar, impõe-se a consciência de que Portugal é uma nação cuja superfície marítima é 18 vezes superior à da sua superfície terrestre, que enfrenta o oceano Atlântico Norte em toda a sua extensão marítima e que possui a maior Zona Económica Exclusiva de todas as nações que compõem a actual União Europeia, o que lhe confere direitos importantes, mas também responsabilidades acrescidas no que diz respeito ao Mar. Além disto, o país encontra-se em fase de extensão da sua área marítima dos 1800 milhões de quilómetros quadrados para os 4000 milhões. Esta pretensa expansão marítima ocorre numa altura em que muitas outras nações manifestam idêntico interesse quanto à expansão das suas ZEEs, razão porque Portugal nunca poderia demarcar-se agora, sob pena de poder vir a perder, a breve prazo, a oportunidade com que se depara. Acresce a isto, que Portugal se tornou um país com meios relevantes de exploração submarina que nos colocam, sem qualquer exagero, entre os mais capazes do mundo. Em 2008 foi inclusivamente adquirido um ROV (Remotely Operated Vehicle) com capacidade para atingir os 6000 metros e para operar àquela profundidade com missões diversas. Deste modo, o trabalho altamente meritório que tem vindo a ser desenvolvido não só pelos Laboratórios do Estado, onde se inclui o do nosso Instituto Hidrográfico com todos os seus notáveis meios humanos e materiais, mas também pelos Laboratórios Associados, Universidades e Centros de Investigação, conduz-nos facilmente à noção de que Portugal dispõe das capacidades humanas e materiais de que precisa, e que é importante apoiá-las e protegê-las.Os recursos vivos, minerais e ener-géticos com origem tanto no Mar como no solo e no subsolo marítimo, são ainda incalculáveis e podem até, no que diz respeito à biodiversidade, ter aplicação em novos compostos bioactivos a ser usados na medicina, na farmacêutica e na indústria. Ora, é óbvio que a riqueza tem que ser guardada, mesmo em tempo de paz, em paralelo com um conjunto de outras preocupações complementares de protecção do nosso espaço, como o combate

à poluição, ao tráfico de droga, à emigração clandestina, ao terrorismo, ou ainda ao controle de tráfego, ou ao SAR (Search and Rescue), para além das missões e dos compromissos especificamente militares. Porque é impensável que fique de algum modo defendido o espaço que se deixa livremente em aberto. É preciso ter a consciência de que há missões que são exclusivamente nossas, porque simplesmente ninguém as cumprirá por nós.No dia 17 de Junho de 1910, foi assinado o contrato para a aquisição do primeiro submersível português. O “Espadarte”. Tratava-se de uma arma que se encontrava na altura ainda em desenvolvimento, tendo sido Portugal um dos primeiros países a possuí-la. O submarino viria porém a reafirmar mundialmente a sua importância vital como arma eficaz e dissuasiva, sobretudo devido a um argumento de peso excepcional. A furtividade. Trata-se de um meio discreto e consideravelmente autónomo, que pode escapar até mesmo ao controlo por meio de satélites, tornando-se muito difícil conhecer-lhe a posição exacta num determinado momento. Por mais poderosa que seja a força naval de superfície que se lhe oponha, a presença de um único submarino influencia profundamente toda a estratégia contrária porque constitui uma ameaça séria permanente, que pode limitar-lhe drasticamente a iniciativa. Ora se a esquadra Portuguesa fosse privada da componente submarina, aquela teria de ser consideravelmente reforçada com unidades de combate modernas, de superfície, o que, para além de se incorrer de igual modo em custos elevados de aquisição, as capacidades da esquadra ficariam sempre limitadas. Inversamente, dispondo-

se da componente submarina, pode conseguir-se um poder naval equivalente, com um menor número de unidades na esquadra. Deve notar-se ainda a capacidade do submarino para a recolha de informação (intelligence) e para controlo do mar, sendo ainda um excelente meio para projectar poder, permitindo a infiltração ou recolha de forças especiais, com um efeito de surpresa e com um nível de êxito praticamente inigualáveis. As Forças Especiais da Marinha, ficariam assim, sem submarinos, privadas também de algumas capacidades operacionais relevantes, capazes de as colocarem ao mais alto nível. E ainda, para além de tudo isto, deve notar-se que o intercâmbio entre as nações com componente submarina nas respectivas esquadras se perde irremediavelmente para os países que a não possuem. Verifica-se hoje em muitas nações um relevante interesse estratégico pelo submarino. Serve como exemplo referir que o presidente Lula da Silva anunciou em 2008 que o Brasil vai construir um submarino de propulsão nuclear com o objectivo de proteger os seus gigantescos campos petrolíferos descobertos ao largo, e que este submarino, previsto para entrar em serviço perto de 2025, deverá ser seguido pela construção de outros cinco.Por todas estas razões, a “5ª Esquadrilha” de submarinos deve ser encarada como um objectivo nacional porque, para além do contributo que prestará para um redimensionamento equilibrado da esquadra, será também, seguramente, uma garantia para a protecção eficaz dos nossos recursos no Mar.

António Ribeiro Ramos Sócio Simpatizante nº 1053

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Associação de Fuzileiros | 2010

Associados

O DIReITO De DIZeRAs primeiras palavrasAproveitaremos esta oportunidade que surgiu em resposta a um desa-fio de “O Desembarque”, revista da Associação de Fuzileiros de Portugal, de que sou Sócia Descendente e onde o meu Pai - personalidade conheci-da em alguma Armada Portuguesa e já por ela agraciado com importante condecoração, sempre no seu estilo de vida de oferecer aos outros aquilo que tem - exerce funções de direcção, para lançar uma reflexão, necessa-riamente pessoal, um olhar, sobre as vicissitudes com que se deparam os jovens advogados e aqueles que op-taram pela área das humanidades, já que admitimos que muitos dos nos-sos consórcios mais novos ou os seus filhos e netos poderão desenhar car-reiras nas lides destes saberes.Estas crónicas, agora necessariamen-te adaptadas e actualizadas, já foram dadas à estampa, há poucos anos, no Jornal “on line” regional, “Setúbal na Rede” onde se presume ainda per-manecem em arquivo, de divulgação limitada.Convém esclarecer que a utilização, no texto, da 3ª pessoa verbal, não sig-nifica que escrevamos em nome de qualquer grupo ou instituição, mas tem a ver com um jeito de família que nos ficou de, porventura por exces-siva modéstia, não se dizer “eu” mas “nós”.Dito isto, pretendemos desde já subli-nhar que estas despretensiosas cró-nicas cuja rubrica será sempre sujeita ao título «O Direito de Dizer» serão também subtituladas e que, sendo da exclusiva responsabilidade pessoal da autora, terão um encadeamento lógi-co e serão publicadas sempre que a direcção da Revista da Associação de Fuzileiros, “O Desembarque”, o en-tenda útil e integrável no adequado tempo e no respectivo espaço. E antes de tentarmos penetrar na te-mática, objecto de uma deontologia, quiçá cada vez menos praticada, senão sentida, digam-me os Fuzileiros deste País como se atingem os princípios éticos e deontológicos que o meu Pai

toda a vida revelou e diz ter recolhido, também na sua “Escola Mãe” – a Es-cola de Fuzileiros? Pode ser que a vos-sa resposta e o vosso Exemplo sirvam a todos os que vivem nesta sociedade cada vez mais individualista e, por ve-zes tão cruel, e também àqueles que percorrem os caminhos de uma pro-fissão tão nobre e indispensável como de complexa verticalidade e nobreza, como é a da Advocacia.

ministração da justiça; e do seu dever supremo de a servir…Queremos falar de Direitos Humanos, Liberdades e Garantias e do nosso dever mais nobre e importante para com a Comunidade e para com a Jus-tiça, enquanto advogados, qual seja o de Protestar, ou o de combater contra as suas violações e arbitrariedades.Queremos expressar estados de alma, partilhar experiências, preocupações e inquietações sobre a nossa Lei Pro-cessual Penal e o actual estado do sis-tema judicial em Portugal, preocupa-ções sentidas por dezenas de jovens colegas que abraçaram a profissão, conscientes de que se envolveram, também, numa missão e pelo Povo que nos parece sedento de rápida e eficaz justiça.O projecto que, com a suficiente hu-mildade, pretendemos defender tem a ver com olhares razoavelmente crí-ticos, porventura mesmo polémicos, sujeitos à genérica temática de “O Direito de Dizer” e com abordagens subetemáticas nas áreas que acima referenciámos, a começar pelos jus-tificados sobressaltos de quem, da deontologia e da ética, tem profundas preocupações, cujas consequências não serão alheias às pessoas de todos os dias mas, sobretudo, às camadas que sistematicamente procuram um órgão de comunicação social, na es-pecífica rubrica “o Direito” que a to-dos nós diz respeito.Um duplo objectivo se procurará al-cançar com os textos que se publi-carão: dar o “direito de perceber” ao cidadão comum, não versado nas coisas do Direito e facultar, aos muito jovens Advogados mas sobretudo aos Estagiários, com ligações à grande Fa-mília dos Fuzileiros, a possibilidade de concatenarem pequenos dossiers que possam ser úteis e ajudar às suas sau-dáveis inquietações.Esclarecido fica, porém, que não te-mos a pretensão de ensinar nada a ninguém mas, exclusivamente, a de partilhar os problemas profissionais íntimos que se nos vão colocando e, as mais das vezes, angustiando.

vista geral da AssembleiaCarla Marques Pinto (Advogada) E-mail: [email protected] Sócia Descendente n.º 1870

Queremos falar de Direitos Humanos, Liberdades e

Garantias e do nosso dever mais nobre e importante para com a Comunidade

e para com a Justiça

Digam-nos, já que os tempos são tão conturbados e as dúvidas em toda a cadeia da Justiça são, para o cidadão comum, quiçá para todos nós, cada vez maiores.Abordaremos temas no âmbito da ética e dos deveres deontológicos da advocacia como profissão de interes-se público; do advogado como parti-cipante activo e imprescindível na ad-

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Associação de Fuzileiros | 2010

Associados

A dimensão dos textos será, tanto quanto possível normalizada depen-dendo, embora, da importância e complexidade dos subtemas. E procu-rar-se-á estabelecer o compromisso entre não aborrecer e, simultanea-mente, não nos afastarmos, em de-masia, de algum rigor técnico, aquele que as nossas capacidades lhe conse-guirem imprimir. Garantimos o esfor-ço de asparmos o que considerarmos não ser original se é que, neste mun-do moderno e ocidental de literacia, alguma coisa pode ser ainda absolu-tamente original.Estas explicações impunham-se para quem vem começando a percorrer, devagar, “devagarinho”, estas veredas da comunicação, por respeito a quem vem tendo o “desplante” de nos desa-fiar e aos próprios Leitores que terão a paciência de nos ler.

em jeito de introdução para umas notas soltas de deontologiaÉ hábito e quase lugar-comum as “In-troduções” incluírem a “fotossíntese” do que se vai desenvolver ao longo das páginas indexadas. Há mesmo quem diga que lidas a introdução e as conclusões é quase quanto basta para avaliar a tarefa.Porque esperamos dar à estampa al-gumas conclusões, lá muito para o fim, gostaríamos que os nossos leito-res não se ficassem por aqui pelo que aí vão indiciadas, a talho de foice, as ideias que perpassarão, as metodo-logias que se procurarão utilizar e, porventura, as nossas incomodidades que, ao que cremos, serão as mesmas que muitos dos jovens connosco par-tilharão e, quiçá, outros tantos menos jovens gostariam de viver também connosco, se a tranquilidade da vida, a exigir posturas “politicamente cor-rectas”, ainda pudesse conceder-lhes a liberdade de protestar.Desta vez, na Profissão das Liberda-des, não “pediremos às palavras o silêncio necessário”. Pelo contrário, lançaremos gritos de liberdade mes-

Mas que Lei é esta que os nossos Juízes, presumíveis operários quali-ficados da Justiça, não conseguem aplicar de forma tão evoluída assim, consentindo que os cidadãos, pre-ventivamente atirados para as nos-sas deficientíssimas prisões, por lá se quedem – sem saberem “o quem, o como e o quando” – tendo de supor-tar ainda, as mais das vezes, o ónus da prova, como já acontecia antes do 25 de Abril de 74 e que o Dr. Francisco Salgado Zenha já criticava, por esta mesma razão e também por a prisão preventiva ainda se alargar até aos seis meses! Tomáramo-la nós? (!) Não cremos.Cumpre-nos aqui uma palavra às víti-mas – às verdadeiras vítimas – peran-te quemnos inclinamos penalizados

mas, também, “às vítimas das vítimas” a quem este Estado de tão “laico” tei-ma em não proteger, quer por falta de coragem do Poder Legislativo que teme encarar de frente a mudança drástica da lei e a sua inadaptabilida-de aos operadores da justiça que te-mos, isto é, ao povo que somos, quer por inabilidade ou conveniência dos políticos que ainda não souberam dar estrutura eficaz aos respectivos ser-viços de apoio, nomeadamente tam-bém, às áreas de reinserção e guarda, que bem podiam minimizar as taxas de criminalidade e reincidência, o que o mesmo é dizer, que bem se pode-ria diminuir o número de vítimas, de quaisquer naturezas.Não será, porventura, despiciendo perguntarmo-nos se ao Advogado – de tantos e diversos deveres a que está obrigado, ética, deontológica e disciplinarmente – também caberá minimizar o número e o sofrimento das vítimas. (?) E porque não? Cremos que, para além de outras acções ou omissões, apenas o bom senso pode-rá constituir partilha e contributo.Mas apetece-nos dizer que o Estado, a Administração, as Magistraturas e as Polícias – quantas vezes aparentando teias de cumplicidades desnecessá-rias, tal é o desequilíbrio das “armas” – bem deveriam chegar para solucio-nar o problema das vítimas.Ao Advogado que lhe bastem os pro-blemas dos arguidos, muitas vezes, vítimas dos sistemas, da Sociedade e das Famílias e, quando não deles próprios e da “Madrasta da Roda da Vida” que, na ferocidade desta nova civilização global, veloz, alucinante-mente veloz, mas também realmente virtual, tudo corrói, tritura, corrompe e, com muita frequência, destrói.Ponto final na Vítima do lado do Advogado.Vamos ao método e, depois, às ideias.Começaremos por abordar, nas nos-sas “Notas Soltas de Deontologia” caindo, obviamente, em alguns luga-

Continua na pág. seguinte >>

mo que sejam tidos como o esboço de uma voz a exigir que o nosso Juiz de Instrução Criminal passe a chamar-se, como em França, JUÍZ DAS LIBERDA-DES para, ao menos, ter a designação e retratar o purismo da Lei, nos seus conceitos mais edílicos, desta mesma Lei que o Professor Jorge Figueiredo Dias defende ser das mais evoluídas e avançadas, senão do Mundo, pelo menos da Europa!

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Associação de Fuzileiros | 2010

Fecharemos assim o ciclo das nossas “Notas Soltas de Deontologia” a pro-jectar algumas ideias que mesmo que não sejam puramente originais fujam, pelo menos, dos temas clássicos e re-dondos que se constroem facilmente por muitas citações de doutíssimas personalidades mas que nos retiram a possibilidade de pensar, de ter opi-nião própria e também de arriscar o debate menos cómodo.

Cumpre-nos aqui uma palavra às vítimas – às

verdadeiras vítimas – perante quem nos

inclinamos penalizados mas, também, “às vítimas das vítimas” a quem este

Estado de tão “laico” teima em não proteger.

res comuns, a origem etimológica da palavra e a sua definição confessando que hesitámos alguma coisa, sobretu-do por pensarmos que a maioria dos leitores não terão formação jurídica e porque esses muitos não estarão eventualmente interessados em re-flectir com mais ou menos profundi-dade nestas “coisas” das éticas e das deontologias.

societário (não se confunda…) que se transporta, curiosamente, ao longo dos tempos, para uma actividade cada vez mais actual e necessária para os cidadãos, como também imprescin-dível no Mundo das mais modernas democracias.

Passaremos, com alguma superficia-lidade, pelos, “deveres deontológicos gerais” apenas para citar exemplos, entendidos por alguns como específi-cos da profissão de advogado mas cuja especificidade se poderá questionar à luz de valores éticos de superior hie-rarquia. E também por isso passare-mos em revista o interesse público da profissão para ressalvar, com clareza, que Justiça sem Advogados – estas es-pinhas cada vez mais consistentemen-te cravadas em conhecidas cumplici-dades – de facto, só se poderá conce-ber no antigo Reino de Bokassa.

Por isso mesmo o Advogado é co-mummente tido, nos quadros jurí-dicos institucionais dos países mais avançados, não apenas como agente auxiliar mas como “participante acti-vo e imprescindível” na administração da Justiça. Mas porque assim é há que falar um pouco no dever de servir a Justiça, o que temos visto fazer, mes-mo a Estagiários, com pundonor, dig-nidade, espírito de sacrifício, grande humanidade e alguma competência pesem embora algumas críticas des-garradas e sempre injustas quando se tenta generalizar.

Enquadraremos a disciplina do Esta-tuto da Ordem dos Advogados preci-samente para tentarmos abordar fór-mulas eficazes de “protestar” lutando contra as violações de direitos huma-nos, que o mesmo é dizer, pugnar pe-los direitos, liberdades e garantias.

E como tais Direitos – especificamente contidos na “Declaração Universal dos Direitos do Homem” e pilar básico do Estado de Direito – só se atingem em alguma da sua plenitude quando exis-tem no “terreno” e não só no papel, isto é, quando o Estado directamen-te ou por delegação garantir o acesso paritário à Justiça a todos os cidadãos – abordar-se-á o tema “A Advocacia e o acesso à Justiça».

Desta vez, na Profissão das Liberdades, não “pediremos

às palavras o silêncio necessário”. Pelo contrário,

lançaremos gritos de liberdade mesmo que sejam tidos como o esboço de uma voz a exigir que o nosso Juiz

de Instrução Criminal passe a chamar-se, como em França,

JUÍZ DAS LIBERDADES.

O DIReITO De DIZeR

>> Continuação da pág. anterior

Associados

De qualquer forma reflectimos, tam-bém, no sentido de que este esboço poderia vir, amanhã, a ser lido por um filho nosso, jovem caloiro de “qual-quer coisa” (e hoje há-as tantas e para tantos gostos!) que por certo não per-doaria à mãe que esta não tivesse co-meçado pelo princípio… E reflectimos, sobretudo, porque se nos suscitam dúvidas sobre se haverá deontologias específicas ou, ao contrário, uma úni-ca Deontologia, “Ciência da Vida”, na qual a multidisciplinaridade se cruza e projecta em Códigos particulares, ex-certos adaptados da disciplina geral.

E cá temos a origem da palavra e a de-finição que também não faz mal ne-nhum conhecer.

O Advogado surgirá, no seu breve en-quadramento histórico, como perfil das mais velhas profissões do mundo

De toda esta procura, uma ideia para nós simples e linear, nos fica com re-lativa clareza: a de que a Deontologia pouco se ensina, vai-se aprendendo mas, sobretudo, é ciência empírica de formação de berço e também que nela se prefere uma nota de dez valo-res em teoria, suportada por valores intrínsecos de honestidade, honra, lealdade, solidariedade e dignidade – os valores dos Fuzileiros – aos vedetis-mos académicos despidos de valores e princípios e, quando não, do mais elementar rasgo de humanismo.

Se por aqui conseguirmos atrair os nossos leitores em geral e, em es-pecial, os Fuzileiros de Portugal e do Mundo, então talvez nos aproxime-mos dos objectivos que nos traçámos sendo bastante provável que valha a pena…

Com amizade e com o grito “fuzi-leiro uma vez fuzileiro para sem-pre”, até ao próximo número de “O Desembarque”…

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Associados

ISTO e MUITO MAIS...

Camaradas Fuzileiros, de todas as classes.

Sou CAB. CM na situação de reforma. Entrei para a “Briosa” em Janeiro de 1971.

Nesse tempo tinha orgulho, e porque não também vaidade, por ser mari-nheiro: a Marinha representava a nos-sa segunda família, perfilava-se como uma escola que formava, psíquica e intelectualmente homens. Essas vir-tudes de tal forma me tocaram que, trinta e nove anos depois, continuo sentindo nos meus ombros o peso honroso do “Alcache”. Guardo com os cuidados devidos as minhas pri-meiras fardas: branca e azul, aquelas que então faziam parte do fardamen-to oficial da Armada, sendo portan-to, usadas no Corpo de Marinheiros, situado no grupo nº 2 de Escolas, no Alfeite. Ali, paredes-meias com o cor-po de Marinheiros existia a Secção de Adidos que se integrava na Força de Fuzileiros do Continente local onde, em 1972, tive a minha primeira abor-dagem com os “Fuzos”. Dado que na Força de Fuzileiros eram formadas as Companhias e os Destacamentos com destino à “Guerra Colonial” que de-corria em força em Angola, Moçambi-que e Guiné.

Sobre esses terríveis teatros de guer-ra os Fuzileiros têm inúmeras histó-rias para contar. Mas, os fogueiros também: Quando se encontravam a bordo das Lanchas de Desembarque transportavam para as operações os fuzileiros. Especialmente na Guiné, mas não só, as lanchas foram navios fundamentais no transporte, recolha e abastecimento desses destemidos fuzileiros. E não só: também as unida-des do Exército e da própria popula-ção civil quantas vezes deixadas à sua sorte, coragem e expe riência. Para lhes prestar o apoio possível, muitos marinheiros das guarnições das lan-chas também perderam a vida.

Escrevo isto agora como recordação e memória a preservar para os actuais Fuzileiros que procuram com orgu-

lho e dignidade honrar o carácter da Classe.

Nos anos 60 e 70 do século passado, muitos tornaram-se fuzileiros sem que para tanto fossem voluntários: Na recruta, os mancebos eram obrigados a rumar à casa mãe dos “Fuzos”, a Es-cola de Fuzileiros, em Vale do Zebro.

Muitos não tiveram possibilidade de escolha noutras especialidades. Uma vez habilitado com a formação exigen-te de fuzileiro, só era possível desistir passando à reserva. Mas nunca antes de cumprir uma ou duas comissões, portanto, quando já eram profundos conhecedores das justiças e injustiças da guerra.

Altamente disciplinados na sua hie-rarquia, faziam da camaradagem um elo de suporte e escola a respeitar. Hoje esses antigos “Fuzos” continuam a honrar os camaradas mortos, assim como a venerar as muitas histórias vi-vidas, boas e más e todos aqueles que as incidências da guerra alguma vez juntou em qualquer parte de África e do Mundo. Arrastam na sua mística e no sentimento de sua alma a patente: “fuzileiro uma vez, fuzileiro para sem-pre”. Exibem a sua boina azul ferrete, com âncora sabre e palmas, o símbolo do sacrifício que só os mais abnega-dos e resistentes conseguem. Revêem nela pedaços de matéria própria da sua condição humana e muitos são os que decretam que a boina os acompa-nhe na derradeira transformação.

Defenderam, com honra e sangue, a Bandeira Nacional nos Continentes para onde a guerra os levou. Com eles a Pátria nunca foi fraca, mesmo quan-do era fraca a razão da contínua exis-tência da guerra.

No “25 de Abril de 1974” escolheram o rumo certo porque, no seu espírito de homens disciplinados, conheciam como poucos, o valor da vida e da li-berdade como sentimentos que eno-brecem a condição humana.A Associação de Fuzileiros, situa da no Barreiro, ali perto da “casa mãe”, vem sendo um local privilegiado de conví-

vio e promotora de eventos que apro-ximam distâncias, homens e necessi-dades comuns. Tem a virtude de ser a única no seio da Armada que engloba as três classes.

Criaram “O DESEMBARQUE” como re-vista. Nesta, é frequente aparecerem historias revivendo o passado que permanece vivo no mais profundo da alma de quem as viveu. Mas igual-mente há testemunhos de fuzileiros do presente e essa simbiose ajuda a manter bem viva a tradição da glo-riosa Marinha, na especialidade de Fuzileiro.

Havendo ansiedade na leitura das esperadas notícias, a revista contém sempre alguma informação que nos aproxima, cada um a seu modo, ou de todos os modos, além de nos preen-cher espaços que a saudade criou na amizade cimentada através do tempo e do mundo.

Permitam-me enaltecer os dirigentes associativos, pelas mais-valias que, ul-timamente, introduziram na Associa-ção. Todos os esforços que consigam estreitar a Marinha em todas as suas vertentes acrescentam elos à mística em que as instituições históricas se apoiam e por isso a Pátria sente-se e faz sentido.

Francisco Serrano Associado

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Associados

HISTÓRIA De UM SOLDADO pORTUGUêSQUe pARTIU SOZINHO pARA A GUeRRA

Não pensem os leitores, que a his-tória que nos vão contar, tem a ver com a rábula do nosso saudoso, talentoso, Actor e Humorista, Raul Solnado, quando foi para a Guerra de 1918. Aquela que vamos ouvir, é contada por um Alentejano, ex-Militar do Exército Português, e que começa assim:Chamo-me José Joaquim Pinhei-ro, natural do Cercal do Alentejo. Em 1973 tinha eu 21 anos de ida-de quando assentei praça na CICA (Companhia de Instrução de Con-dutores de Auto), na Figueira da Foz.Em Abril de 1974, fui mobilizado para África. Meteram-me uma guia de marcha nas mãos, embar-caram-me num avião que rumou à Guiné-Bissau. Á saída do Aeroporto de Bissalanca, deparei com uma si-tuação tão caricatural, que me dei-xou perplexo, e com vontade de me refugiar no capim que ficava logo ai a uns metros à frente, e recusar a aproximação do protagonista, um militar que gritava, e pulava de braços abertos, correndo direito a

mim como um desvairado, abra-çando-me com tanta força, que por pouco não me partia as costelas, deixando-me em dificuldade de lhe responder à pergunta que me fa-zia repetidas vezes; “És tu que me vens render?” “Sooou!….eeeeu!…sooou!....”Recuperados daquela caricata situ-ação, lá seguimos num jipe até ao Quartel de Adidos de Brá, passan-do eu a partir dali, a ser o condutor do 2º Comandante, que por sinal e meu azar, era um tanto ou quanto macambúzio.Decorridos seis meses, porque a guerra no entanto já tinha aca-bado, embarcaram-me no Navio Uige, carregado de tropa, mas sem que eu conhecesse um único mili-tar, e ainda em pleno alto mar, um sargento fez o meu espólio, e quan-do à chegada do Navio a Lisboa, eu já tinha passado à disponibilidade, era um paisano.Sabendo eu, que os meus conter-râneos que serviram a tropa, todos os anos participam em encontros e almoços de convívio, e eu, como fui sozinho para a guerra, e regressei

sozinho, sinto-me um pouco des-consolado, por ninguém se lem-brar de mim.

E o José Joaquim Pinheiro, ao con-fidenciar comigo, esta sua passa-gem pelo Exército, em nome da comissão, convidei-o para o 1º Encontro das Escolas da Marinha, dos concelhos de Santiago do Ca-cém e de Sines, que se realizou no passado dia 12 de Junho de 2010, no Restaurante do Ex-Fuzileiro Fir-mino Silva, na Sonega.

Instado a comentar como se sen-tiu, e como foi recebido por todos os “Escolas da Marinha”, disse:

Foi um dia muito feliz para mim, que jamais irei esquecer. A manei-ra como fui recebido por todos os Escolas da Marinha, como de ou-tro “Escola” se tratasse, demonstra bem a amizade e a camaradagem que reina na Marinha, o que muito me sensibilizou. Parabéns a todos que me receberam, e depositaram toda a confiança, para integrar o grupo de “Escolas”, para futuros eventos. O meu muito obrigado.

José Lopes Henriques CFR

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José Lopes Henriques CFR

A MARINHA NA 5TH OpeRATIONAL MeNTOR AND LIAISON TeAM - GARRISON

CCF

Encontram-se presentemente em missão no Teatro de Operações (TO) do Afeganistão, quatro Forças Nacio-nais Destacadas (FND). Uma delas, a 5th Operational Mentor and Liaison Team – Garrison (5ª OMLT-G), cons-tituída por onze militares dos três ra-mos das Forças Armadas Portuguesas, integra cinco militares da Marinha (3 Oficiais e 1 Sargento FZ e 1 Sargento TF) que desempenham as seguintes funções: Deputy Commander and Exe-cutive Officer Mentor, Logistics Men-tor, Communications Mentor, Cate-ring Mentor e Nato Communications Centre Operator.

De uma forma genérica, a missão da 5ªOMLT-G é: “Treinar, ensinar e servir de mentor… a uma unidade de Guar-nição do Afghan National Army (ANA), conduzir a ligação e o Comando e Con-trolo (C2) e, quando solicitado, apoiar o planeamento e o seu emprego ope-racional, de forma a facilitar o desen-volvimento de um ANA competente, profissional e auto-suficiente”.

O aprontamento conjunto da 5ª OMLT-G decorreu no Regimento de Infantaria nº 13, em Vila Real, e iniciou-se em meados de Dezembro de 2009.

Ultrapassado o período de apronta-mento, a unidade partiu no dia 23 de

Março de Lisboa num C-130 da FAP com destino a Cabul, onde aterrou em 25 de Março.O período de ambientação foi propor-cionado pela 4ªOMLT-G. E a cerimó-nia de transferência ocorreu a 12 de Abril. A última fase de aprontamento, já efectuada no TO, foi da responsabi-lidade da ISAF (Comando Nato no Afeganistão). Tendo como objectivo o treino e a in-tegração de um Exército Nacional Afe-gão, o trabalho da missão é uma ac-ção de longo prazo, uma “maratona” que procura dar um alicerce de per-manência a um corpo armado estatal permanente para o Afeganistão, que tem muitas etnias e particularidades culturais, sociais e religiosas. É de facto uma prova de fundo, que não se esgota no final do ciclo de cada OMLT e que só a resistência e a perse-verança de mentores e mentorados, permite que os objectivos propostos, e com frequência revistos, possam ser atingidos. Diariamente os elementos da 5ª OMLT-G deslocam-se de Camp Warehouse para Pol-e-Charki (onde está localizada a Guarnição) para, em conjunto com os seus mentorados, continuar o trabalho produzido pelas equipas anteriores, tentar melhorar

procedimentos e rotinas, de que é feita a vida de uma unidade. Tudo de forma a, na sequência de objectivos superiormente estabelecidos contri-buir para “treinar, ensinar …unidades do Afghan National Army (ANA), ….de forma a facilitar o desenvolvimento de um ANA (Forças Armadas Nacio-nais) competente, profissional e auto-suficiente”.

Além desta “maratona” diária, os elementos da 5ª OMLT-G, após o re-gresso, e efectuada a reunião diária de avaliação do trabalho efectuado e perspectivas para o (s) dia (s) seguin-te (s), documentos e trabalhos em curso.

Apesar de estar no Afeganistão, terra sem mar, o pessoal da Armada assina-lou o Dia da Marinha.

Assim, não havendo lugar a cerimó-nias oficiais, deixámos esse privilégio para o pessoal que está em Portugal, juntámos a Família Naval presente no Afeganistão e efectuámos uma foto para mais tarde recordarmos a exem-plo do já realizado aquando da cele-bração do Dia do Corpo de Fuzileiros.

Com a colaboração do Corpo de Fuzileiros

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No transacto dia 9 de Março decorreu na Escola de Fuzileiros uma cerimónia singela no aparato, mas profunda no significado: o descerramento da placa toponímica da, até então designada “Pista de Lodo”, em homenagem ao CMG FZE Benjamim Lopes de Abreu.

Foi assim, na presença do Comandan-te do Corpo de Fuzileiros, Contra-Al-mirante Cortes Picciochi, do Coman-dante da Escola de Fuzileiros, dos Comandantes das Forças e Unidades de Fuzileiros, dos demais oficiais, sar-

Abreu que, com as seguintes palavras: “Para que se perpetue o seu exemplo e a sua memória vai ser descerrada a placa toponímica que dá o seu nome a esta praça da Escola de Fuzileiros”; se prestou uma merecida homena-gem a este ilustre Fuzileiro Especial e, simultaneamente, se baptizou, ao fim de 49 anos, a famosa “Pista de Lodo” da Escola de Fuzileiros.

Com a colaboração do Corpo de Fuzileiros

gentos e praças a prestar serviço no Corpo de Fuzileiros e dos familiares e amigos do Comandante Lopes de

HOMeNAGeM AO CMG FZe BeNjAMIM LOpeS De ABReU

CCF

O Comandante Benjamim Lopes de Abreu, natural da Freguesia de Chãos, Ferreira do Zêzere, Santarém, nasceu em 11 de Março de 1945, tendo sido incorporado a 24 de Fe-vereiro de 1967 na Reserva Naval na Classe de Fuzileiros.

Frequentou os Cursos de Forma-ção de Oficiais de Reserva Naval (CFORN), obtendo a classificação final de “Cota de Mérito”, Curso de Fuzileiro Especial da Escola de Fuzi-leiros em 1967. Fez parte do Desta-camento de Fuzileiros Especiais Nº

12 na Guiné de 1967 a 1969, como 4º Oficial. Fez também parte do Des-tacamento de Fuzileiros Especiais Nº 22 de Novembro de 1970 a Dezem-bro de 1971 tendo participado na Operação Mar Verde, realizada na Republica da Guiné-Conacri. Foi co-locado posteriormente no Centro de Operações Especiais de Bolama.

Da sua Folha de Serviços constam numerosos Louvores e Condecora-ções atribuídas pelas mais altas en-tidades do Estado, nomeadamente, a Cruz de Guerra de 2ª Classe, a Cruz

de Guerra de 3ª Classe, a Militar de Serviços Distintos com Palma e as Medalhas Militares Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas com as Legendas “Gui-né 1967-71” e “Guiné 1972-73”.

O Capitão-de-Mar-e-Guerra FZE Benjamim Lopes de Abreu foi casado com a Sr.ª D. Maria Odete Spencer Salomão de Abreu.

Faleceu a 08 de Janeiro de 1997, na estrada nacional Algarve-Lisboa.

CMG FZe BeNjAMIM LOpeS De ABReU

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No dia 15 de Outubro realizou-se na Escola de Fuzileiros uma cerimónia de Juramento de Bandeira e Imposição de Boinas.Foram entregues as boinas a 20 novos Fuzileiros que se juntaram aos muitos espalhados por todo o Portugal e pelos qua-tro cantos do mundo, ficando assim ligados à grande família “FUZA”.Estiveram em parada ainda a 2ª e a 3ª edição 2010, do Curso de Formação de Praças.

CCF

Fuzileiros colaboraram, no Verão passado, na pre-venção de incêndios na Arrábida, numa acção co-ordenada com o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal. A solicitação do Go-

vernador Civil Distrital, patrulhas de Fuzileiros per-corre a Serra da Arrábida e Mata da Machada numa missão que visou a prevenção de incêndios naque-la área protegida.

FUZILeIROS NA ARRÁBIDA

jURAMeNTO De BANDeIRA

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O Clube Escolamizade, com sede so-cial em Albufeira, foi convidado pela paróquia local e pela Câmara Munici-pal de Albufeira para estar represen-tado respectivamente, nas Festa da Nossa Senhora da Orada realizada no passado dia 16 de Agosto, e na Festa do Pescador de Albufeira, que teve lu-gar nos dias 03, 04 e 05 de Setembro do corrente ano.

Considerando a Direcção deste Clu-be ser oportuna a sua representação, reforçando assim os laços de amiza-de à comunidade local, divulgando, por este intermédio, não só o clube mas também a Marinha e, ao mesmo tempo, tendo tomado conhecimen-to da existência nesta região de um numeroso grupo de Fuzileiros, com uma vontade em se constituírem De-legação dessa Associação, a eles foi endereçado um convite para marca-rem presença, O que eles fizeram com agrado.

Dos referidos eventos, poderemos re-alçar a nossa presença na missa e pro-cissão no mar, onde esteve presente o Presidente da República e esposa, tendo o Clube Escolamizade desfilado com o seu guião e o grupo de Fuzilei-ros, devidamente uniformizado, com o símbolo da Associação de Fuzileiros, respectiva boina e cordão vermelho.

Na Festa do Pescador foi disponibili-zado ao Clube Escolamizade um es-paço/stand para exposição e venda de comes e bebes por onde passaram

Delegações

DeLeGAÇÃO DO ALGARve

alguns milhares de visitantes, tendo estado patentes os guiões do Clube e

da Associação de Fuzileiros bem como materiais para venda e divulgação.

CEA

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Delegações

DIA GRANDe pARA FUZILeIROS De jUROMeNHA/eLvAS

No passado dia 5 de Junho, os Fuzilei-ros de Juromenha e Elvas cumpriram mais uma jornada de sucesso rece-bendo com grande nível, galhardia e a sua habitual hospitalidade, a Direc-ção da Associação e os Comandante do Corpo e Imediato da Escola de Fuzileiros.Com chegada a Juromenha cerca das 10:30h, as comitivas do Comandante do Corpo e do Presidente da Associa-ção de Fuzileiros foram recebidas pela organização local dos Fuzos, trocan-do-se cumprimentos e, de seguida, embarcaram em autocarro, cedido

pela Câmara Municipal do Alandroal, rumo a Olivença.Nesta cidade carregada de história, de Portugal e de Espanha, foi o grupo, de cerca de 50 Fuzileiros, recebido pelo respectivo Alcaide da cidade tendo – com o acompanhamento de respon-sável turístico e investigador histórico – visitado o Museu Etnográfico insta-lado no Castelo e a sua torre de me-nagem, bem como as igrejas e capelas reveladoras da importante arte sacra, de predominante estilo barroco, e ainda a porta da Câmara Municipal (Ayuntamiento) de Olivença com as

armas da Coroa de Portugal, a esfera armilar e a cruz de Cristo a encimá-la, que os portugueses legaram à antiga praça-forte militar que ali fundaram.

De regresso a Juromenha foram o Membros dos Órgãos Sociais da Asso-ciação e os Comandos do Corpo e da Escola de Fuzileiros obsequiados com belíssimo almoço que teve, também, as presenças do Presidente da Junta de Freguesia de Juromenha (também em representação do Presidente da Câmara Municipal do Alandroal que não pôde comparecer por razões de doença de familiar) e do Presidente da Câmara Municipal de Elvas.

Este encontro, à volta da mesa, refor-çou o testemunho do grande nível de organização e de solidariedade dos Fuzileiros de Juromenha/Elvas, sendo justo destacar os camaradas que os li-deram, Licínio e Infante.

No final do almoço trocaram-se dis-cursos mais ou menos formais com intervenções, nomeadamente, do camarada Licínio, do Comandante do Corpo de Fuzileiros, do Presidente da Associação e do Presidente da Câ-mara Municipal de Elvas e, também, significativas lembranças de entre as quais uma bonita boina, esculpida em mármore, da autoria da escultora, Sr.ª D. Elisabete Pernas (irmã de um ca-marada nosso) que os nossos cama-radas de Juromenha/Elvas ofertaram aos seus convidados.

Para encerrar este importante evento fica a projecção de uma Delegação re-gional da Associação de Fuzileiros, o reconhecimento da Direcção e a gra-tidão de todos quantos tiveram o pri-vilégio de serem convidados de honra dos Fuzileiros de Juromenha.

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Realizou-se no passado dia 17 de Abril, a sessão comemorativa do 8.º aniversário da Delegação de Fuzileiros do Porto, que constou de um almoço, que teve lugar, como já vem sendo ha-bitual, no restaurante Flor do Paraíso.

Mais uma vez, tivemos a honra de receber o Almirante Cortes Picciochi, Comandante do Corpo de Fuzileiros, que também representava o almiran-te CEMA.

O almirante Picciochi fez questão de estar presente, apesar de ter nesse dia um compromisso na Escola de Fuzileiros.

Fez ainda uma visita ainda a nossa sede

No almoço, esteve também o Coman-dante da Base de Fuzileiros, Coman-dante Ova Correia, e o Comandante Mendes dos Santos, Comandante da Zona Marítima do Norte.

Nas suas alocuções, o Almirante Pic-ciochi e o Comandante Lhano Preto elogiaram o trabalho desenvolvido pela delegação.

Foi dada posse à nova Direcção da De-legação de Fuzileiros do Porto, pelo Com. Lhano Preto.

DeLeGAÇÃO DO pORTO

10 de junhoNa inauguração ao Monumento dos ex-combatentes, no dia 10 de Junho, em Vila do Conde, esteve uma dele-gação do Núcleo do Porto, a represen-tar a Associação de Fuzileiros. Os Fu-zileiros presentes, foram muito bem recebidos pelo simpático Presidente da Associação dos ex-combatentes de Vila do Conde, Sr. Nascimento. Os ex-combatentes e particularmen-te os Vilacondenses, devem-se or-gulhar pelo bonito memorial, agora inaugurado. Para além do Militar, encontra-se uma mulher, que repre-senta a mãe, namorada ou esposa do militar, que ao ler um aerograma do seu amado, deixa que o olhar cheio de saudade se perca no rio e no mar, por onde viu o seu ente querido par-tir para longe da sua Terra Natal a fim de ir lutar ao serviço da Pátria. Os mortos naquelas guerras, que des-cansem em paz e os vivos que nun-ca os esqueçam e muito menos se envergonhem!

Sardinhada de S. joãoRealizou-se no passado dia 19 de Ju-nho, a sardinhada anual do Núcleo de Fuzileiros do Porto. Além das tra-dicionais sardinhas, não faltaram as febras e o entrecosto, bem como os

imprescindíveis líquidos, que refres-caram as gargantas das várias dezenas de presentes. Foi mais um lindo dia passado em família, onde a camara-dagem e a alegria estiveram presentes desde o início até ao final do evento. Estão de parabéns os filhos da Escola que, desde manhã cedo trabalharam para que tudo estivesse pronto a ho-ras, com especial destaque para o Ví-tor, o Coelho, o Cocas, o Pereirinha e o Augusto.

Dia do FuzileiroA delegação de Fuzileiros do Porto alugou um autocarro para que os Fi-lhos da Escola se deslocassem à Esco-la de Fuzileiros de Vale do Zebro para comemorar o Dia do Fuzileiro.A esta iniciativa, associaram-se cerca de seis dezenas de Fuzos, tendo alguns sido acompanhados por familiares. À hora marcada, 4 horas da manhã, lá estavam os resistentes para dar início a mais uma jornada de convívio e de recordação. A chegada à Escola de Fu-zileiros traz-nos sempre à memória os tempos passados naquela casa e to-das as vivências resultantes da nossa passagem por essa “Casa Mítica” de Vale de Zebro. ConvívioUm grupo de Fuzos do Norte reuniu-se para um almoço convívio a convite do Fillho da Escola Salazar Ribeiro.Como Salazar Ribeiro é de outra época de fuzos, isto veio provar que a diferença geracional não é uma barreira para os Fuzileiros. Foi mais um dia de alegre convívio entre Filhos da Escola, e respectivas famílias

Delegações

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Delegações/Convívios

DeLeGAÇÃO De GAIA

O grupo de Fuzileiros de Gaia, que se perfila para ser uma Delegação da As-sociação de Fuzileiros, organizou uma sardinhada no dia 19 de Junho onde estiveram muitos filhos da escola com suas famílias constituindo um número muito próximo de um Destacamento, unidades a que alguns dos presentes pertenceram, nas suas comissões em África.

Embora ainda não estando estatuta-riamente reconhecida, este conjunto de Fuzileiros vai já dando vida à estru-tura que foram colocando de pé com uma visível entreajuda entre os seus membros.

Com toda a disponibilidade e empe-nho, tem-se vindo a representar em alguns eventos e convívios nomeada-mente, na Assembleia Eleitoral, As-sembleia Geral, na Batalha, Jurome-

nha, em Faro, e ainda representando a Associação de Fuzileiros numa mis-sa pelos Combatentes em Arcozelo. Também, a convite da Escola de 88, fizeram-se representar no convívio le-vado a efeito em Recarei/Penafiel com uma delegação de cinco elementos de onde vieram muito bem impressiona-dos com uma dinâmica e espírito de camaradagem, de fazer inveja.

No dia do Fuzileiro, foi também muito expressiva a sua representação com 78 elementos, entre fuzileiros e fami-liares, com um espírito de corpo bem ao estilo da arma a que muito se orgu-lham pertencer.

Para comemorar 39 anos da parti-da para Angola, reuniram-se os ele-mentos do Destacamento nº10 de

Fuzileiros Especiais, seus familiares e amigos.

DFe 10 (ANGOLA 1971/73)

A cerimónia realizou-se às 10.00 ho-ras, com concentração na Escola de Fuzileiros, à porta d’armas.Seguiu-se uma missa, celebrada na Ca-pela da Escola, pelo Capelão Coman-dante Licínio, sufragando as almas da-queles que já partiram, mormente a dos que não regressaram vivos, sem esquecer os que conviveram com a unidade, como é o caso do tenente Piteira.Na Associação de Fuzileiros foi servi-do um magnífico almoço, com igua-rias diversas, prolongando-se o conví-vio até para lá das 1730 horas. Como corolário da satisfação dos convivas, desde logo ficou marcado o próximo na Associação de Fuzileiros para o se-gundo sábado de Setembro de 2011.

Cardoso Moniz

MM

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No dia 29 de Maio de 2010 esta-va solicitado para dois encontros/convívio de duas unidades nas quais cumpri missões na Guiné. Como é habitual, estou presente nos convívios organizados por ca-maradas das unidades de fuzilei-ros em que servi. Porém, por coincidência de da-tas, só podia estar presente, como é óbvio, num deles. Fui, pois confrontado com um dilema de difícil solução: em qual devia participar? Longe das exigências

13.º eNCONTRO/CONvÍvIO DA COMpANHIA N.º 2 FZ – GUINé 1972/74

sível deixar cair “o Comando” ainda que, um Cabo, Marinheiro, ou mesmo com o Grumete mais antigo, tomariam conta da “unidade” com galhardia e, sobretu-do, com o sentido de solidariedade que é apanágio dos Fuzileiros.Senti-me de corpo e alma envolvido nos propósitos dos organizadores e antes da hora marcada lá estava para um reconhe-cimento da zona. A mesa estava bonita e com bom nível de sólidos e de líquidos. No decurso do nosso convívio os nomes do Silva, do João, do Eduardo e de mui-tos outros camaradas foram aludidos e pronunciados com nostalgia e saudade.

Curiosamente o Victor “deser-tor” destas lides voltou às fileiras, tendo-se decidido não o levar ao “livro de ocorrências”.Nas cercanias da Lourinhã, o Val-dásis conduziu de forma exem-plar o “grupo de combate”. Feito o assalto, o “in” rendeu-se sem resistência, o que mostra o respeito que ainda existe pelos Fuzileiros. Por fim, houve batuque na sanza-la improvisada para o efeito, abri-

Convívios

O comandante Almeida Viegas, que foi o primeiro Presidente da Direcção da Associação, foi homenageado no pas-sado dia 15 de Julho por um grupo de associados e amigos, que foram seus subordinados ou com ele conviveram em unidades ao longo da vida, por ini-ciativa do camarada Pires da Silva.Assim, a homenagem efectuou-se na sede da Associação, que juntou num almoço, além dos amigos e autor da iniciativa, vários elementos de todos os seus órgãos sociais, bem como os seus camaradas de armas, Joaquim Moreira e Cunha e Silva.Pires da Silva fez questão de enaltecer o papel desempenhado na sua vida pelo comandante Almeida Viegas, que foi seu superior de comando num período complicado da sua vida, há mais de 30 anos, no período de tran-sição para a democracia, no pós 25 de Abril. O homenageado foi presenteado com um livro da autoria de Pires da Silva e uma boina de fuzileiro em escultura, da autoria da artista Elisabete Pernas.

AO COMANDANTe ALMeIDA vIeGAS: A HOMeNAGeM SOBRe A LeALDADe e O ReSpeITO

Manuel Pires da Silva

da vida militar, também aqui havia que decidir. Ponderada a situação, e em cons-ciência - após um telefonema de um dos organizadores, que me tocou de forma especial (“então já não temos o Comt., nem o Imediato, e o Oficial Alves Ferreira também já nos deixou; será que nem um Sargento vamos ter para nos ‘comandar’ neste dia tão especial, para quantos que-rem fazer mais um ‘assalto’ de amizade e de camaradagem?”) e ao tomar conhe-cimento que não havia confirmação de qualquer graduado, mesmo ao nível de Sargento, - fui obrigado a optar pelo en-contro da Comp.ª N.º 2 FZ. Não era pos-

lhantado por um conjunto musical em que o merengue não faltou.

Um percalço de última hora foi ultrapas-sado, depois de algumas recusas: o “Pina” foi indigitado para comandar os destinos da “unidade” que terá como missão “con-quistar” Vila Real no próximo ano.

Já em contagem decrescente, louvaram-se os organizadores, não tendo os “con-decorados” conseguido disfarçar a sua alegria já que algumas “medalhas” os de-nunciavam nas suas camisas.

Para o ano recomenda-se o camuflado.

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EscoLa De 94

Convívios

Em cerimonial de convívio reuniram-se, na Escola de Fuzileiros, os “Filhos da Escola” de 1985.

Passados que são vinte e cinco anos foi visível o “vírus” que continua a contagiar esta classe de tropas espe-ciais. Rever os seus camaradas e ho-menagear os Veteranos cujos nomes estão perpetuados no monumento aos fuzileiros mortos em combate, falar das peripécias passadas como se ontem tivessem acontecido e a vivên-cia de um dia especial foram a marca da camaradagem, da amizade e da so-lidariedade que tocou profundamen-te todos os que participaram.

A deposição da coroa de flores no Mo-numento e o grito «Do mar p’rá terra, desembarcar ao assalto” selou o pro-fundo respeito que os camaradas “fi-lhos da escola” de 85 revelaram pelos que deram a vida honrando esta gran-de Família que são os FUZILEIROS.

A Direcção da AFZ e O Desembarque agradecem-vos.

MM

Uma parte significativa de Fuzos des-ta Escola juntaram-se mais uma vez para alimentar a honra que sentem na conquista da boina azul ferrete que orgulhosamente ganharam um dia, na força da sua juventude.

É assim, com um espírito de corpo muito vincado, que anos após ano se vão encontrando.

Mais uma vez ocorreu este encontro/convívio, este ano, em Lavra, Mato-sinhos, com a presença de quase 70 camaradas que, mesmo com tempo chuvoso, disseram presente, alguns deles pela primeira vez. Foi o caso do José Castanheiro que apareceu com toda a família, camarada este que, no seu tempo, era um extraordinário exe-cutante da conhecida pista de lodo.

Todos se comprometeram a estar pre-sentes, no próximo ano, em Arraiolos local do próximo “assalto”.

EscoLa De MAIO De 1986

Em razão do mau tempo não foi pos-sível a realização das actividades desportivas que faziam e, espere-mos, continuarão a fazer parte do programa.

Para a próxima contem com gente mais velha para vos questionar, por-

que não se fizeram ainda, sócios da nossa/vossa Associação de Fuzileiros.

A Direcção que esteve bem represen-tada e “O Desembarque” enviam-vos um abraço amigo.

MM

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Convívios

Em 24 de Abril p.p. os Fuzileiros Espe-ciais do DFE 13 e Famílias realizaram o seu Encontro Anual que teve lugar em Vila Viçosa, este ano organizado tam-bém de forma muito competente pelo FZE Joaquim Bôto e com o importante apoio da Direcção de Transportes.

O Encontro iniciou-se com a celebra-ção de missa na Igreja Nossa Senhora da Conceição, tendo sido evocados os Fuzileiros do DFE já falecidos (quatro em campanha) seguindo-se o almoço num restaurante local em ambiente de forte camaradagem e amizade, recordando-se as peripécias dos 21 meses na Guiné.

O Comandante do DFE, Almirante Vieira Matias, na sua alocução, após sentidamente referir os já falecidos, realçou o comportamento que todos tiveram em ambiente operacional e em condições de vida com grande exigência, demonstrando elevado es-pírito de missão, de unidade e sentido do dever.

No Louvor conferido no final da co-missão (24 Janeiro 1970) pelo Coman-dante-Chefe das Forças Armadas da Guiné é referido:

“O DFE 13 desenvolveu notável acti-vidade operacional obtendo 32 con-

DFe N.º 13 - GUINé 1968-70

tactos de fogo dos quais resultaram 42 inimigos mortos confirmados e 43 capturados. Merece destacado realce a muito im-portante intervenção desta unidade na operação “Grande Colheita” em que foi apreendida tão elevada quan-tidade de material ao inimigo que constituiu para este um rude golpe no seu sistema de reabastecimento. Destacamento de Fuzileiros Especiais altamente disciplinado, de inexcedível aprumo, revelando grande espírito de unidade, sempre mostrou, graças à categoria do seu Comandante e res-tantes graduados e ao valor dos seus componentes, notáveis qualidades de eficiência em combate, sentido de manobra no terreno, agressividade, abnegação e espírito de sacrifício.Cumpro o dever de justiça de louvar o DFE 13, verdadeira Unidade de eli-te que de forma tão brilhante soube prestigiar na Guiné as notáveis tradi-ções da Marinha e das Forças Arma-das Portuguesas.”

No passado dia 29 de Maio, foi orga-nizada no salão da Associação de Fu-zileiros, no Barreiro, uma apreciada e contagiante sessão de fados, na qual participaram vários fadistas, alguns já com nome no meio e com can-tantes espontâneos provenientes da assistência.

A sessão foi iniciativa de uma comis-são organizadora e nela participaram cerca de 100 pessoas. O número de inscritos foi tão elevado, que, face à capacidade do salão, se tiveram de li-mitar as entradas. Mas a festa, essa, entrou pela madrugada dentro...

Para o brilhantismo do evento, a co-missão tem de agradecer ao camara-da Flávio, o Guitarra, pelo empenho que teve em contactar os fadistas, ho-mens e mulheres, que participaram a custo zero.

Igualmente, a comissão tem o gos-to de destacar o nome do camarada António Francisco, por nós conhecido como o Xico Enfermeiro, que se pron-

tificou a ajudar monetariamente a noite de fados, doando, em primeiro lugar uma tranche de 500 euros, ten-do reforçado, no início do ano com mais um cheque de 250 euros para que esta actividade cultural e lúdica possa prosseguir.

É justo lembrar um dos camaradas da comissão, Manuel Pires da Silva, que,

sem poder estar presente, doou 100 euros para a festividade.A alegria do acto foi patente e, assim, a comissão está a planear uma nova iniciativa.Cantarei até que a voz me doa.Saudações fadistas

MM

SeSSÃO De FADOS

Cunha BrazãoCMG FZE (Ref)

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Embora a redacção não tenha tido a informação desejada sobre estes grandes encontros que gostaríamos de realçar neste número, não poderíamos deixar de assinalar o dia 23 de Outubro 2010, já que estas duas unidades fizeram

questão de realizar o seu convívio no restaurante da As-sociação. A todos os que disseram presente e àqueles que não puderam abraçar os amigos, deixamos os desejos de muitos encontros com muita saúde.

eNCONTROS FUZOS 88

Alimentado pelo espírito de camara-dagem que a Marinha semeou em to-dos nós, a incorporação de candidatos a Fuzileiros que assentou praça em Fevereiro de 1988 tem comemorado este feito, todos os anos, juntando em vários locais do País, os Filhos da Esco-la espalhados de Norte a Sul.

Inicialmente, em Fevereiro de 1990, o objectivo era reunir o pessoal da 1ª Turma mas, como aderiram muito poucos, alterou-se a metodologia pas-sando a juntar-se, pelo menos uma vez por ano, o máximo de camaradas desta incorporação.

Os convívios contaram sempre com a presença de significativo número de “Filhos da Escola”, principalmente da 2ª escola de 88 que, munidos do mes-

mo espírito de camaradagem os têm, ano a ano, engrandecido. Graças ao esforço e dedicação de to-dos o evento “FUZOS 88” tem cresci-do, contando sempre com camaradas que participam pela primeira vez. O facto de haver data e horário fixos (jantar no último Sábado do mês de Fevereiro) tem ajudado muito na di-vulgação destes encontros de amiza-de, camaradagem e solidariedade que vêm contando com o entusiasmo de todos. Em 2008, e porque se celebrou a sim-bólica data de vinte anos de ingresso na Escola de Fuzileiros realizou-se o tradicional encontro nessa Unidade visitando-se o Museu do Fuzileiro e terminando o encontro com um almo-

ço na Escola Mãe, com cerca de cem pessoas, constituindo este um marco histórico dos encontros FUZOS 88.

Em 2010 o convívio realizou-se em Recarei (perto de Penafiel) organiza-do pelo camarada Vicente (738288) e teve a presença de mais de 50 pessoas.

A título de divulgação: Já se sabe que o próximo evento será no Sul (Algarve) no dia 26 de Fevereiro e que em 2012 será no Norte, no dia 25 de Fevereiro.

O próximo encontro será no Algarve, no dia 26 de Fevereiro de 2011 organizado pelo Lima (729788) e demais camara-das Algarvios. Tel – 962918796; E-mail: [email protected].

Convívios

DFe1 MOÇAMBIQUe (64/66) e CF3 GUINé (63/65)

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Convívios

eNCONTRO/CONvÍvIO DO DFe N.º 2 – ANGOLA 1965/67

Como vem sendo hábito, os elemen-tos do Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 2 – Angola 1965/1967 se reuniram-se, desta vez em Sanfins do Douro. A “operação” correu muito bem, pese embora o facto de o “grupo de com-bate” estar, este ano, um pouco des-falcado. O respectivo Comandante e o 3.º Oficial continuam com uma invejá-vel assiduidade. Por razões de saúde,

ao Imediato não foi possível partilhar deste momento tão especial e que ano após ano permite o recarregar das baterias da amizade.

Aos que definitivamente nos deixa-ram foi dispensado o silêncio de to-dos, apenas se ouvindo os decibéis do toque magistral, entoado pelo instru-mento musical do camarada Gonçal-ves que, mesmo em recuperação de

uma intervenção cirúrgica, fez ques-tão de estar presente.

Para todos quantos participaram e para todos os outros que não pude-ram estar, fica o grande abraço do Afonso Brandão e o agradecimento da Associação de Fuzileiros e de “O Desembarque”.

AB

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Convívios

1º eNCONTRO DOS EscoLas Da MaRINHa DOS CONCeLHOS De SANTIAGO DO CACéM e De SINeS

SONEGA, Freguesia do Cercal do Alen-tejo, recebeu no passado dia 12 de Ju-nho de 2010, um grupo de “Escolas da Marinha”, dos Concelhos de Santiago do Cacém e de Sines, o seu primeiro encontro.

Feitas as apresentações, e após de terem assinado o livro de presenças, pousaram para uma fotografia da pra-xe, que irá perpetuar este 1º convívio. Aproveitaram os presentes para re-cordar as suas peripécias e aventuras ocorridas durante o tempo que per-maneceram na Marinha.

O CFR. Lopes Henriques, porta-voz da comissão organizadora do evento, deu as boas - vindas a todos os pre-sentes, agradecendo ainda a presen-ça do Sr. CFR. Amado de Matos, e do Sr. Joaquim Pinheiro, que se sentiram particularmente honrados, ao serem convidados para fazerem parte do primeiro grupo de associados e para futuros projectos. Realçou ainda a ini-ciativa da comissão organizadora des-te evento, indicando dois objectivos a atingir num futuro próximo.

primeiro objectivo

Divulgar, identificar e convidar, atra-vés de cada um dos presentes, mais elementos destes dois concelhos, de forma a marcarem presença já no próximo encontro, que se perspectiva que venha acontecer, antes do fim do ano corrente, já com a presença dos “Escolas” de mais um concelho, o de Odemira.

Segundo objectivo

Criar um grupo de trabalho, para pro-ceder ao recenseamento dos “Esco-las” dos concelhos, atrás referidos, pelo método de uma ficha individual criada para o efeito.

Seguidamente, o ex - Marinheiro Fo-gueiro/CM António Janeiro, fez a lei-tura da ordem do dia ao Restaurante, recriando um ritual diário e matinal, nas unidades de Marinha e Unidades de Fuzileiros, exortando ao despensei-ro, a distribuição da ração de combate e seus suplementos de acordo com o planeamento estabelecido pela co-missão organizadora do evento.

Seguidamente ouviram-se, por meio de CD, o toque de Silêncio, por in-tenção aos marinheiros e fuzileiros mortos, Hino da Marinha, Marcha dos Fuzileiros e marcha da Marinha res-pectivamente, que todos cantaram e aplaudiram efusivamente.

O almoço culminou com alguns can-tares e brindes, demonstração da ale-gria e de satisfação, por se terem en-contrado. Despediram-se com o abra-ço fraterno, agradecendo a maneira exemplar como foram recebidos, no Restaurante do ex-Fuzileiro Firmino Silva.

A Comissão:

CFR. José Lopes Henriques Ex – MARº.FOG./CM. António Ja-neiro Tm. 919 490 053 Ex-Fuzileiro Firmino Silva – Tm. 269 906 130

Contactos: pelos telemóveis atrás anunciados, através do E-mail joselh@netvisão.pt ou ainda pelo Tm. 918 909 240

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Eventos

ASSOCIAÇÃO pARTICIpA NO 10 De jUNHOeM FARO e LISBOA

No 10 de Junho, a Associação de Fu-zileiros participou nas cerimónias co-memorativas do Dia de Portugal e do Combatente, que se realizaram em Faro e em Lisboa (Belém).Como é sabido, as comemorações ofi-ciais ocorreram em Faro, sob a presi-dência de S. Ex.ª o Presidente da Re-pública, tendo o seu ponto alto com a parada militar e com o desfile das forças em parada, comandadas pelo Comandante do Corpo de Fuzileiros, C/Almt. Cortes Picciochi, tendo desfi-lado, também, os antigos combaten-tes integrados em representações das suas associações.

A Associação de Fuzileiros foi repre-sentada pelo seu Presidente, Comt. Lhano Preto (que ocupou lugar na tribuna, a convite da Presidência da República) e por 16 sócios, em coluna de 12 com os restantes a fecharem a formatura de Combatentes.

É de realçar a postura e o aprumo da nossa representação o que proporcio-nou várias referências, nomeadamen-te, de oficiais generais e, porventura, teve como consequência que o Se-cretário da Associação, Sargento-Mor Egas Soares, fosse entrevistado por uma Estação de Televisão.

Em Lisboa tiveram também lugar as comemorações do Dia do Combaten-te, junto ao Monumento dos Comba-tentes, em Belém.

As cerimónias foram presididas pelo Vice-Almirante Vidal de Abreu que discursou, tendo sido homenageado a título póstumo, o 2.º Tenente Oliveira e Carmo, detentor da Ordem Militar da Torre Espada, falecido em combate ao comando da LF “Veja”, nas águas de Diu, no dia 18 de Dezembro de 1961, quando da invasão do então Estado Português da Índia. A viúva deste Ofi-cial da Marinha de Guerra, considera-do herói nacional, proferiu, também, breve mas significativo e tocante dis-curso dirigido, sobretudo, às mulhe-res e às mães dos Combatentes.

Seguidamente, representantes de vá-rias entidades depositaram coroas de flores no Monumento homenagean-do os mortos em combate, designa-damente, a Liga e as Associações de Combatentes, cabendo aqui destacar o nosso Sócio Honorário, Comandan-te Alpoim Calvão, que depositou co-roa em nome dos galardoados com a Ordem Militar da Torre Espada.

A Associação de Fuzileiros fez-se re-presentar pelo seu Vice-Presidente, Dr. Marques Pinto (que integrou os convidados de honra) e por uma de-legação constituída por 10 sócios que desfilaram com igual postura e apru-mo atrás do nosso porta-guião, segui-dos de cerca de 40 sócios. Ouviu-se, no final, o “Grito do Fuzileiro”.

A nossa tenda - com uma exposição e a consequente venda dos nossos ar-tigos, boinas e símbolos – deu, tam-bém, visibilidade à Associação e aos Fuzileiros de Portugal.

A Direcção

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Eventos

Na freguesia da Igreja Nova, no dia 08 de Agosto, festejou-se o primeiro aniversário do monumento aos com-batentes. A memória ali erguida, no ano passado, esteve a cargo do mui-to prestigiado presidente da Junta, de cuja dinâmica fica, também, um acolhedor espaço enriquecido pelo testemunho, perpetuando o sacrifício

dos combatentes. O Domingos Jano-ta é também, um Fuzileiro de eleição que tem ajudado de várias formas, a sua Associação de Fuzileiros. Uma bonita moldura humana deu um es-pecial enlevo à cerimónia. Para além do capelão, que deu a missa na igreja paroquial, esteve uma força que pres-tou as honras militares, bem como,

oficiais em representação do quartel situado no Concelho. Outros organis-mos estiveram também presentes, nomeadamente: Liga dos Combaten-tes e Câmara Municipal de Mafra.A Associação de Fuzileiros agradece o convite, feito pela Junta de Freguesia da Igreja Nova, na pessoa do seu Pre-sidente, nosso consócio, e amigo.

ANIveRSÁRIO eM IGRejA NOvA

Mário Manso

No dia 27 de Setembro de 2010, uma delegação da Associação de Fuzileiros composta pelos seguintes elementos: Egas Soares, Pires da Silva, José Pinto, José Coisinhas, António Couto, Emídio Ribeiro e Jaime Azevedo, deslocou-se ao aeroporto de Figo Maduro, a fim de apresentar cumprimentos de despedida a um grupo de Fuzileiros, que em missão de serviço, seguiram para o Afeganistão.Depois de o Comandante do grupo fazer a nossa apresentação, falou o Egas Soares, afirmando que era uma honra para os Fuzileiros e para a Pá-tria, levarmos bem longe o nome do nosso Pais e que no seu regresso, es-taríamos para os abraçar com Honra e Glória pelo dever cumprido, tendo de seguida oferecido aos mesmos uma pequena recordação da Associação de Fuzileiros.

Egas Soares

DeSpeDIDA De FUZILeIROS QUe FORAM pARA O AFeGANISTÃO

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Eventos

jURAMeNTO De BANDeIRA e eNTReGA De BOINASDia 09 de Abril estive na nossa casa mãe. Tive o privilégio de fazer parte das muitas centenas de humanos, que deram brilho a um dia muito especial vivido na Escola de Fuzileiros. Foi uma data em cheio: Dia do Corpo de Fuzi-leiros, comemoração da data alusiva ao aniversário do DAE, juramento de bandeira, e Imposição de boinas.

Esteve presente Sua Ex. o Almirante CEMA e outras altas patentes da Ma-rinha, bem como outras individuali-dades do Distrito nomeadamente, o senhor Presidente da Câmara do Bar-reiro e presidentes de Juntas. Como sempre, fomos muito bem recebidos e senti-me mais uma vez em casa, aquela onde também cresci, e me ajudou a ser o homem que hoje sou, passados que são, 48 anos de pela pri-meira vez lá ter entrado.

Desde as Praças aos Senhores Almi-rantes, todos tiveram palavras de simpatia para com, os que neste dia representavam a Associação, de todos nós Fuzileiros, bem como, de quem connosco simpatiza.

O facto de estarmos com o pino da As-sociação de Fuzileiros foi, certamente determinante, para uma mais fácil abordagem por bombordo. Podermos olhar-nos com consideração, respeito e gratidão, é reconfortante e facilita o carregamento das baterias, ainda que, já muito calcinadas pelo tempo.Realço aqui, a forma afável, com que, um ainda jovem CMG envolveu uma equipa de quatro veteranos, que no seu todo totalizavam vinte e oito anos de guerra, aludindo com frequência aos valores com que os Fuzileiros têm contribuído “através dos tempos” para o bom nome da Marinha. São estas pequenas coisas, despedi-das de qualquer protagonismo, e uma sinceridade, que não oferece dúvidas, que nos alimentam a alma. A simpatia e o respeito transbordava, concluí-mos, que é já, uma herança que mui-

to nos honra, cujos valores lhe foram transmitidos pelo seu pai, também da nossa briosa, que no tempo da guer-ra colonial, colaborou pontualmente com os Fuzileiros, reparando os seus aparelhos de comunicações. Como se costuma dizer filho de peixe sabe na-dar. Por ironia do destino, é hoje res-ponsável desse departamento.

O meu muito obrigado, por terem contribuído mais uma vez, para o for-talecimento dos elos da corrente que a todos liga. E acreditem, que os Fu-zileiros, não foram, não são, e nunca serão ingratos.

Para todos um abraço deste vosso amigo Fuzileiro.

Dois Fuzos ladeados por dois Páras dá PARAFUZOS

Em amena cavaqueira com um jovem Comandante, falando dos feitos dos Fuzileiros

Mário Manso

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Salpicos de Vida

De facto o então Comodoro Ferrer Caeiro, tinha uma personalidade ím-par e um conjunto de qualidades mi-litares e humanas que o destacavam como chefe, sobretudo em teatro de guerra. Era extremamente exigente com os comandos subordinados e consigo mesmo, mas compreendia como ninguém as dificuldades que as diversas unidades encontravam, e protegia sempre os “seus” comandan-tes. Por outro lado conhecia bem as realidades operacionais e não era raro vê-lo embarcado ou, de quando em vez, em operações com os Destaca-mentos de Fuzileiros. Assim conquis-tava sem dúvida a admiração dos ofi-ciais, sargentos e praças que com ele serviam, e o respeito dos seus iguais e superiores.

A história que vos conto passou-se em Julho de 1967, na operação “Per-seu”, quando o Cmte do DFE 4 resol-veu convidar o Comodoro para fazer uma operação connosco, afim de ele avaliar “in loco” as dificuldades por que passavam os DFE’s. Como suce-dia sempre, o Cmte chamou-me para me participar a sua intenção, ao que eu retorqui com rispidez e profundo desagrado, pois achava um risco enor-me levarmos um “velho” (tinha cerca de 50 anos) para o mato. Nada ganhei com a minha reacção pois a decisão já estava tomada. Assim sugeri que es-colhêssemos um terreno aberto para evitar emboscadas a curta distancia o que iria minimizar os riscos para o Co-modoro. Escolhemos assim uma mata aberta no rio Cacheu e combinámos exaustivamente todos os detalhes da operação. O Cmte mandou-me então escolher três homens que seriam res-ponsáveis pela segurança do Como-doro, pelo transporte das suas coisas e pela sua protecção em qualquer si-tuação. Assim fiz, e lembro-me de ter escolhido entre eles o “Tolinhas”. Dei-lhes a ordem de, ao 1º tiro, caírem em cima do Comodoro e de o taparem

com os seus corpos, nunca o deixando levantar-se do chão.

Embarcámos depois na LFG Hidra, sob o comando do então 1º Ten. Isaias Gomes Teixeira, a caminho do Rio Cacheu e, passado algum tempo, fizemos a bordo o usual briefing da operação para que o pessoal ficasse a

Cerca das 7h da manhã a frente do DFE 4 teve o 1º contacto de fogo com o IN, ao que se seguiram mais três ou quatro, que foram resolvidos sem problemas de maior.

No fim da operação, e já relaxados e seguros junto ao ponto de reembar-que, perguntei ao Tolinhas como se tinham passado as coisas nos con-tactos de fogo? E aí sucedeu o ines-perado perante o relato do Tolinhas. Contou ele com um ar muito convicto: Sr. Imediato quando ouvimos os tiros cumprimos as suas ordens, caímos os três em cima do Sr. Comodoro e nem

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saber todos os pormenores que pre-víamos poderiam suceder após o de-sembarque. Aí mesmo aconteceu o 1º episódio com o CDMG, após o Cmte e o Imediato terem falado o Comodoro tomou a palavra e disse com ar sole-ne: “ No mato o Imediato é o Chico e portanto eu sou o Chiquinho. Serei o grumete mais marreta do Destaca-mento”. O pessoal só quis ouvir isto, pois de imediato se começaram a ou-vir as “bocas” de “Chiquinho” a torto e a direito, para delicia dos grumetes e, porque não, alegria do Comodoro.

Cerca das 3h da manhã desembarcá-mos e iniciámos a operação, não sem algum desconforto por corrermos o risco de levar connosco o nosso chefe máximo. O Comodoro ia na zona de menos risco, no meio do Destacamen-to, junto do Comandante e bem pro-tegido pelos três destemidos “fuzos” escolhidos por mim.

o deixámos mexer, embora ele gri-tasse com força “deixem-me levantar que eu quero correr atrás deles” e eu respondi-lhe “não o podemos deixar ir porque o Chico disse para não o dei-xarmos sequer mexer...”

Escusado será dizer que nos rimos a bom rir ao imaginarmos o ridículo da cena: o Comodoro no chão com três grumetes matulões em cima invocan-do uma ordem de um simples 2º te-nente para que não o largassem. Claro que o Comodoro, depois disto saber, riu muitas vezes com o seu famoso gargalhar por esta ridícula cena acon-tecida no meio do mato, e na com-panhia dos Fuzos de quem ele tanto gostava.

Episódios como este, ficaram retidos para sempre nos nossos espíritos, e só podiam ter acontecido na Guiné da-quele tempo e com o Comodoro Fer-rer Caeiro de tão saudosa memória.

O DFe4, na sua comissão na Guiné de 1965 a 1967, serviu provavelmente sob o melhor comando de Marinha durante toda a guerra do Ultramar. Como Cmte da Defesa Marítima exercia o cargo o saudoso Comodoro Fran-cisco Ferrer Caeiro, o 2º Cmte era o CMG António júlio Malheiro do vale, o CeM o CFG Mário Dias Martins e o Sub CeM o CTN Adriano de Carvalho.Todos eles Marinheiros da pesada.

Francisco Rosado CMG

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As nossas armas

MG - MeTRALHADORA De FUZILeIROS (pARTe-2)O surgimento da MG3Em 1958 e a pedido das Forças Armadas Alemãs, a fábrica Rheinmetall começou a produzir a primeira variante da MG42 dis-pondo de uma câmara 7,62 NATO, sendo então designada por MG1. Pouco tempo depois, a metralhadora foi melhorada ten-do recebido um cano com alma cromada e miras devidamente calibradas para a munição 7,62x51mm; este modelo rece-beu a designação de MG1A1 (também co-nhecida por metralhadora MG42/58).A MG1A2 (MG42/59) foi alvo de outros melhoramentos que incluíam uma culatra mais pesada (950 g contra 550 g), janela de ejecção mais comprida, tendo ainda sido adaptada para poder disparar quer fi-tas de elos contínuos tipo DM1, quer me-diante fitas de elos descartáveis tipo M13 ou DM6. Verificaram-se ainda outros me-lhoramentos adicionais, nomeadamente no aparelho de pontaria, bipé e culatra que resultaram no modelo MG1A3.Simultaneamente, as metralhadoras MG42 sobreviventes do tempo da guerra, em calibre 7,92mm e que permaneciam ao serviço, viram as suas câmaras recon-vertidas para disparar munições de cali-bre 7.62x51mm NATO, tendo este modelo recebido a designação de MG2.Em 1968 dá-se a apresentação e produ-ção da MG3 pelo fabricante Rheinmetal. Como aspecto relevante e em compara-ção com a MG1A3, a MG3 incluía uma sistema de alimentação melhorado o qual retinha as fitas de munições sobre a placa de alimentação quando a tampa de ali-mentação era levantada, uma nova alça de mira para tiro anti-aéreo e uma nova caixa de munições. Não obstante estas melhorias, a MG3 continuava a partilhar muitos dos componentes com a MG42 original e suas variantes.

Descrição geralA MG3 é uma metralhadora automática de calibre 7.62x51mm NATO, de tiro ten-so, arrefecida a ar, travamento do cano por roletes e alimentada por fita ou tam-bor de munições. O cano é móvel, com curto recuo e funciona por acção indirec-ta dos gases provenientes da queima da pólvora. A arma dispara a partir da posi-ção de culatra à retaguarda (como a maio-ria das metralhadoras sujeitas a grande aquecimento). A alimentação da MG3 é feita pelo lado esquerdo da mesa de alimentação, me-diante introdução de fitas de elos contí-nuos tipo DM1 com capacidade para 50 munições ou mediante fitas de elos des-cartáveis tipo M13 ou DM6. Pode ainda ser alimentada por tambor construído em material sintético e fabricado pela Heck-

Culatra móvel, faz as operações de intro-dução e extracção das munições e ejecção dos invólucros.Mecanismo de alimentação, efectua a alimentação da arma.punho e caixa dos mecanismos de dispa-rar, inclui entre outros o gatilho, armador e selector de tiro/segurança.Manobrador da culatra, serve para pu-xar a culatra à retaguarda, carregando a arma.Coronha e amortecedor da culatra, fun-ções de amortecimento e impulsão da culatra móvel.Acessórios e sobresselentes, bipé, bandoleira, cano de reserva, bolsa de acessórios.

FuncionamentoCom a arma carregada (culatra à reta-guarda e retida pelo armador) e selector de tiro na posição de “Fogo”, ao premir o gatilho, este último actua sobre o arma-dor baixando-o e dá-se a libertação da culatra, a qual é impulsionada para a fren-te pela acção da mola recuperadora. A culatra no seu trajecto para a frente, arrasta uma munição que esteja sobre a placa de alimentação, introduzindo-a na câmara. Ainda neste movimento, as garras do extractor prendem o bocel da munição. Após a culatra ter entrado completamen-te na câmara (canhão de travamento), um par de roletes existentes na cabeça da culatra ressaltam dos seus alojamentos e encaixam-se nas respectivas reentrân-cias existentes no canhão de travamento, ficando assim completo o travamento da culatra. O movimento dos roletes de tra-vamento permite que o porta-percutor possa ir à frente e assim percutir a escor-va da munição.Após o tiro partir, a acção dos gases obriga a culatra a recuar. Este movimento é auxi-liado pelo recuo do cano induzido pela ac-ção dos gases, que entretanto alcançaram a boca do cano. Aí actuam sobre o bloco de retorno de gases (também denomina-do Impulsionador de Recuo) gerando uma tal força que obrigam o cano a recuar, re-forçando assim o movimento de recuo ini-ciado pelo tiro, comprimindo a cabeça do

Culatra móvel, faz as operações de intro-dução e extracção das munições e ejecção dos invólucros.Mecanismo de alimentação, efectua a alimentação da arma.punho e caixa dos mecanismos de dispa-

ler & Koch. A parte posterior do tambor é translúcida e serve para controlar o número de munições exis ten tes no seu interior. Durante a realização de fogo sustentado (longos períodos de tempo) o cano deve ser mudado frequentemente. Com pessoal treinado, a troca do cano pode ser efectuada em menos de 6 segundos, sendo contudo necessária uma pega para manusear o cano quente (originalmente era em Amianto). Quando usada em posições fixas, a MG3 pode operar como metralhadora pesada mediante o uso de um tripé denominado Feldlafette, o qual dispõe dum periscópio com mira para bater alvos a partir duma posição abrigada.Dentro de certos limites, é possível regu-lar a cadência de tiro mediante afinação do aperto imposto ao oculta-chamas (o ritmo de fogo máximo, 1200tpm, ob-tém-se com o oculta-chamas totalmente enroscado). A MG3 e suas variantes encontram-se ao serviço das Forças Armadas de mais de 30 países. As licenças de produção des-ta metralhadora foram adquiridas pela Itália, Espanha (MG42/59), Paquistão (MG1A3), Grécia, Irão, Sudão, Ex. Jugos-lávia e Turquia.

partes principaisManga, em forma de tubo de secção qua-drada com orifícios para auxiliar a ventila-ção do cano.Dispositivo de mudança do cano, forma-do pela alavanca e fecho.Recuperador do cano, serve como amor-tecedor de recuo e para levar o cano à sua posição normal depois de efectuado o disparo.Aparelho de pontaria, constituído por uma alça aberta tipo “v” com cursor e graduada em hectómetros; ponto de mira tipo poste rebatível.Cano e regulador de gases, na parte an-terior o cano tem roscado o canhão de travamento o qual é responsável pelo travamento e destravamento do cano; o regulador de gases tem como função con-trolar o ritmo de fogo cíclico.

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Associação de Fuzileiros | 2010

As nossas armas

recuperador do cano, seus compressores e molas. Por sua vez, a culatra é obrigada a recuar ainda mais e os seus roletes são forçados a entrar na cabeça da culatra por inter-médio das rampas existentes no canhão de travamento provocando a retracção do porta percutor, afastando este último do contacto com a escorva já percutida. Simultaneamente, a garra do extractor ar-rasta consigo o invólucro. Logo que a culatra se separa do canhão de travamento, o amortecedor do cano ac-tua sobre ele, levando-o de novo à frente, de encontro à guia do cano. A culatra continua o seu movimento para a retaguarda, comprimindo a mola recu-peradora, até que a manga do perno de alimentação atinja a cabeça do compres-sor do amortecer da culatra, amortecen-do assim, o choque por intermédio da mola do amortecedor. Esta pancada leva a manga do perno de alimentação à frente, que se transmite ao impulsionador do ejector, que actuando neste último, empurra o bocel do cartu-cho que, preso pela garra do extractor, o faz rodar e libertar o invólucro, obrigan-do-o a sair pela janela de ejecção. Continuando-se a premir o gatilho, por acção da mola do seu amortecedor e tam-bém pela mola recuperadora, a culatra é projectada para a frente, levando nova munição ao passar pela placa de alimen-tação e o ciclo repete-se. Esta explicação sobre o ciclo de funcio-namento da MG3 está um pouco sucinta, uma vez que não se abordou o importan-te trabalho dos componentes existentes na tampa de alimentação, mas dá para se ter uma noção da complexidade de ac-ções que ocorrem num único disparo, da-qui se depreende e compreende que não é fácil conceber uma metralhadora como a MG3, a qual é capaz de repetir 20 vezes este complexo ciclo num único segundo.

Numa metralhadora não podem existir elos fracos, será então esta uma das ra-zões do seu alto custo? Certamente que sim.

do que o 5,56 NATO verá o seu emprego direccionado para o apoio de combate, como arma principal de veículos milita-res e como arma secundária de carros de combate. Para os finais de 2011, as For-ças Armadas Alemãs têm prevista a subs-tituição da MG3 por outra metralhadora de uso polivalente (modelo ainda nos segredos dos Deuses), sendo que 2012 verá surgir a sucessora duma já longa fa-mília de metralhadoras de uso polivalen-te, cujas origens contam com mais de 70 anos de existência.

Mendonça Neto Sarg. Fz

Actualidade e futuro

A metralhadora MG3 continua a ser usada como arma secundária nos mais sofistica-dos carros de combate de fabrico alemão (p.ex. Leopard 2, PzH 2000, Marder) e como arma principal de diversos veículos ligeiros/não blindados (p.ex. ATF Dingo, Cerval, Jankel-Fox) bem como por tropas de infantaria mediante uso de bipés e tri-pés. Contudo, e atendendo aos actuais padrões da infantaria, estas armas são consideradas como demasiado pesadas para os tipos de cenários actuais, sendo assim preteridas por outras metralha-doras mais ligeiras, nas quais se inclui a nova H&K MG4 em calibre 5,56 NATO ao serviço das Forças Armadas Alemãs e Es-panholas, entre outras. Daqui se conclui rapidamente que qualquer metralhadora ligeira dispondo dum calibre mais eleva-

variantes mais importantes (da MG42 à MG3)MG1: Variante da MG42, reconfigura-da para disparar munições 7.62x51mm NATO. MG1A1 (MG42/58): Idêntica à MG1, mas dispondo de um aparelho de pon-taria devidamente calibrado para a nova munição. MG1A2 (MG42/59): Variante da MG1A1; apresentava uma janela de ejecção mais comprida e culatra móvel mais pesada. MG1A3: Variante da MG1A2; melhora-mentos dos componentes principais. MG1A4: Variante da MG1; preparada para reparo veicular. MG1A5: Variante da MG1A3; conversão da MG1A3 na MG1A4 standard. MG2: Designação dada a todas as MG42s do tempo da II Grande Guerra reconverti-das ao calibre 7.62x51mm NATO. MG3: Variante da MG1A3; melhorada com alça de mira anti-aérea. MG3e: Variante MG3; modelo com peso reduzido (menos 1.3 kg), entrou ao servi-ço nos finais dos anos 70. MG3A1: Variante MG3; preparada para operar com reparo veicular.Agradecemos a contribuição dos camara-das, com textos e fotos (se possível) sobre a MG42, destacando a sua prestimosa co-laboração, nas acções de combate duran-te a Guerra Colonial.

Características da MG3Calibre ....................................7.62mm Comprimento Total ...............1225mm Comprimento do Cano ............565mm Peso com bipé .......................... 11.5kg Peso com tripé .......................... 27.5kg Velocidade à Boca ..................820 m/s Alimentação: Fitas 50 mun. ou tambor 100 mun. (fitas DM6/M13) Alcance Máximo Efectivo: (com tripé) ................................1200m (com bipé) ..................................800m Ritmo de Fogo ..................... 1150 tpm (+/-150)

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Associação de Fuzileiros | 2010

Cooperação Militar

eSCOLA De FUZILeIROS De ANGOLA NO RUMO CeRTOEm Junho de 1993, no quadro da rees-truturação da Força de Fuzileiros Navais de Angola (FFNA), seguem para Portu-gal 30 militares da Marinha de Guerra Angolana (MGA) acompanhados pelo capitão-de-mar-e-guerra fuzileiro Noé Rodrigues João Magalhães, comandan-te da FFNA e pelo capitão-de-fragata fuzileiro Bamba Zifua Castro, coman-dante da Escola de Fuzileiros Navais (EFN).Estes dois oficiais superiores frequen-taram, então, um estágio na Escola de Fuzileiros enquanto os restantes 28 militares, frequentaram o designado “Curso Zero de Fuzileiros”.Com o regresso destes militares a An-gola foram criadas na Ilha de S. João da Cazanga, nas proximidades de Luanda, condições que, embora bastante pre-cárias, foram consideradas capazes de acolher a instalação da EFN e de servir de ponto de apoio ao arranque da for-mação de Fuzileiros em Angola, objec-tivo que a Marinha perseguia. Neste contexto, em 15 de Novembro de 1993 teve início o 1º Curso de For-mação de Praças da classe de Fuzileiros que terminou a 25 de Março de 1994. Dada a importância do acontecimen-to, esta data é considerada um marco decisivo para os Fuzileiros Angolanos e passou a ser assinalada como o dia da Escola de Fuzileiros que, todos os anos, se comemora com a devida pompa.A EFN funcionou na Ilha da Cazanga, então propriedade da Igreja Católica, até 2003 sendo, após um longo proces-so que conduziu à devolução da área ao seu proprietário, transferida para a vila do Ambriz em Julho do mesmo ano.Com o andar inexorável do tempo as chefias dos fuzileiros mudaram natu-ralmente. Assim, o comandante Noé Magalhães, promovido a contra-almi-rante, passou a desempenhar funções na estrutura superior da MGA deixan-do o comando da FFNA ao, entretanto promovido, capitão-de-mar-e-guerra Bamba Castro, oficial que agora se mantém à frente dos destinos dos Fu-zileiros Angolanos.Mas a semente do “Curso Zero” parece ter dado bons frutos porque, dos ofi-ciais e sargentos que o frequentaram, muitos continuam em posições de re-levo na estrutura actual. Refiro, apenas como exemplo, o capitão-de-fragata António Panguila, actual Comandante da Base de Fuzileiros, do capitão-de-

fragata Casimiro Gomes que recente-mente assumiu o importante cargo de 2º Comandante da Base Naval de Luan-da e muitos outros que certamente me perdoarão de não os enumerar aqui.

Mas, voltando à EFN, importante será dizer que, desde a sua fundação até à presente data, já ali foram ministrados 14 cursos de Formação Básica Militar, 13 cursos de Formação de Praças Fuzi-leiros, 7 cursos de Formação de Oficiais Fuzileiros e 7 cursos de Formação de Sargentos Fuzileiros.

No seu historial de formação podem contabilizar-se 126 oficiais, 208 sargen-tos e 2161 praças. Nestes números se incluem elementos da Polícia Marítima (PM), da Unidade Especial de Guarda Presidencial (UGP), da 101ª Unidade de Tanques e contingentes militares das Marinhas da República Democrá-tica do Congo, República do Congo Brazaville e da República da Namíbia, no âmbito dos acordos de cooperação militar já existentes.

À semelhança da sua congénere em Portugal, à EFN incumbe, também, a missão de ministrar a recruta a todos os militares que ingressam na Marinha. A última recruta, que terminou a 7 de Agosto de 2009, foi ministrada a 400 re-crutas dos quais 40 do sexo feminino.

Em Setembro do mesmo ano iniciou-se um curso de fuzileiros para sargentos e praças que veio a terminar em Maio deste ano, contribuindo assim com mais 22 sargentos e 198 praças para o contingente FZ.

Sob o comando do Comandante Lou-renço Vaz Gonçalves, recentemente promovido ao posto de capitão-de-mar-e-guerra, que comanda a Unidade desde Setembro de 2006, a Escola de Fuzileiros prepara-se agora para en-frentar novos desafios, estando previs-to para breve ministrar formação bási-ca a um contingente de 750 recrutas.

O desenvolvimento da EFN, natural-mente refreado entre 2003 e 2005, período em que se processou a transi-ção da Ilha da Cazanga para o Ambriz, tem evoluído de forma sustentada com o apoio da assessoria portuguesa, sempre bem acolhida e respeitada. Na rea lidade esta parceria tem dado bons resultados, como bem pôde constatar quem teve oportunidade de assistir às cerimónias de encerramento dos cur-sos onde sobressaiu o brio e a vontade de fazer bem e bem servir. Também as opiniões positivas dos oficiais que co-mandam os militares formados na EFN e que integram as diversas unidades do dispositivo da Força de Fuzileiros Navais, corroboram esta opinião.

É, ainda, de saudar o esforço que o comando da EFN tem vindo a fazer ao promover, a par da melhoria contínua das técnicas de formação dos seus for-madores, a sua melhoria técnica com recurso a acções de formação de âm-bito interno, assessoradas ou não, ou frequentando cursos em outros esta-belecimentos de ensino militares na-cionais ou em Portugal.

Neste último aspecto tenho que dei-xar aqui o frequente lamento dos Fu-zileiros angolanos que se queixam das raras oportunidades que têm de fazer cursos em Portugal.

Acontece que, não raras vezes, embora previstos, acabam por não se concreti-zar porque, à última hora, falta sempre qualquer coisa que o impede e é pena.

Agradável de constatar é, também, o incentivo que o comando dá aos seus militares que procuram melhorar as habilitações académicas. Dentro das possibilidades existentes na vila do Ambriz, e no correcto entendimento de que o futuro da organização e do país passa necessariamente pela edu-cação e pela formação, vários militares, principalmente praças e sargentos, fre-quentam a escola secundária.

Sob o lema “BUSCAR O SABER PARA VENCER” a Escola de Fuzileiros de An-gola, apesar dos inúmeros escolhos que no dia a dia tem de ultrapassar, está a navegar no rumo certo, formando fuzi-leiros com escola, gingões e orgulhosos da boina que envergam.

Luanda, 9 de Agosto de 2010

Uma colaboração da Cooperação Técnico-Militar com Angola

– Projecto 8 - Marinha

Benjamim Correia Assessor

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Cooperação Militar

Poesia

No dia 28 de Julho de 2010 teve início mais uma iniciativa Mar Aberto.

Esta iniciativa tinha como objectivo dar o contributo para a promoção de sinergias entre a presença de meio naval e as direcções técnicas dos projectos de Marinha inseridos nos programas de quadro da Cooperação Técnico-Militar (CTM) com a Repúbli-ca de Cabo Verde. O Corpo de Fuzilei-ros participou nesta iniciativa com um Oficial, três Sargentos e nove Praças, em apoio da cooperação Técnico-Mili-tar da Marinha com a Guarda Costeira da República de Cabo Verde Projecto 4 e a Companhia de Fuzileiros, Projec-to 5.

No âmbito do Projecto 4, a Força de Fuzileiros ministrou aulas práticas e aulas teóricas em acções de Boarding no arco nocturno e diurno, em vários

tipos de ameaça, sendo a mais sim-ples uma abordagem para garantir se-gurança à equipa de vistoria com cola-boração da guarnição, e a mais difícil e mais elaborada a abordagem a um navio que se suspeita de narcotráfico sem que a guarnição seja cooperante. Ainda no âmbito do Projecto 4 os mili-tares cabo-verdianos puderam experi-mentar o armamento português.

No âmbito do Projecto 5, com a Com-panhia de Fuzileiros, foi feito um em-barque nos botes a partir da rede de abordagem do navio e um desem-barque na Ilha da Brava na aldeia da Furna.

No âmbito da operação Mar Aberto foram efectuados desembarques ad-ministrativos, onde foram desembar-cados militares, ministros e material na Ilha da Brava, na aldeia da Furna.

INICIATIvA MAR ABeRTO 2010

Desafiando muitas vezes até maremotos, Por extensos e perigosos oceanos ignotos... Rompia a frágil e lendária Caravela. De aguçada quilha, qual espada de fino gume, Deslizando sob escaldante sol, ou no negrume, Resguardada entre as pregas da procela!

Sempre que os fortes ventos sopravam das marés, Logo o sábio Capitão, lá da ponte ou do convés, Gritava com vigor ao vigilante Marinheiro: - “Arreia-me essa vela Latina e a Redonda, Para que esta medonha e traiçoeira onda, Não apague de nossos olhos este luzeiro!”

Num doce rosto bem lavado de menina, Corpo esbelto, gesto leve, mas traquina, era assim, toda afoita a Caravela. Com a destreza e ar altivo de gaivota, Seguia com vigor a traçada rota, vogando sobre as ondas, airosa e bela!

Em seu ventre ocultava marinheiros, Humanistas, rufiões e aventureiros... em busca de novas Terras ou novo Mar, Mas se nas curvas ardilosas do caminho, Lhe surgia algum escolho, ou mau vizinho, Ficava em perigo o são regresso ao doce Lar!

Quando a façanha resultava em vitória, Assim virava mais uma página de Glória, Deste nosso portentoso Historial... Vinha o delírio e o encanto do regresso, Carregada de ouro, de pimenta e de sucesso... era a entrada triunfante em portugal!

NAU QUINHeNTISTA Alfredo Guedes Aveiro

Janeiro 2004

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SeCÇÃO De TIRO eM CReSCIMeNTO

Desporto

Com o ano desportivo a mais de meio, a Secção de Tiro tem vindo a ganhar dimensão, tanto quanto a sócios par-ticipantes, como a nível de participa-ção em competições.

Com atiradores a participar em várias modalidades distintas - tiro dinâmico em pistola, pistola sport 9 mm, cara-bina de cano articulado e pistola de ar comprimido - a nossa Associação se-gue em bom rumo.

Durante o presente ano, já partici-pámos em várias provas nacionais, destacando-se o Campeonato Regio-nal Sul de Tiro Dinâmico, realizado em Tavira, onde nos classificámos em 2º lugar por equipas na Divisão de Modified.

É também de salientar o 2º lugar obti-do pelo sócio Luís Miguel, em carabi-na de cano articulado, na prova da As-sociação Regional de Tiro do Sul que se realizou no Montijo.

No passado dia 18 de Julho, realizou-se em Belas / Lisboa mais um Cam-peonato Nacional de Tiro Dinâmico, prova esta com um nível de dificulda-de acima da média e com um elevado número de participantes vindos de todo o País.

Apesar dos resultados da nossa equi-pa não terem sido os esperados, os

atiradores mostraram evolução e ele-vado espírito de desportivismo e ca-maradagem, num saudável ambiente de convívio entre atiradores .Com as competições de tiro dinâmico praticamente concluídas, é altura de começar a pensar no ano desportivo de 2011 cujo treino e o tempo que se rouba à família é indispensável para obter bons resultados.

O nosso obrigado a todosNo segundo semestre do ano predo-minam as provas de Ar Comprimido. Com cerca de doze atiradores a com-petir, temos esperança de obter bons resultados provenientes da sua dedi-cação e da vontade persistente em le-var longe o nome da nossa Associação na área do tiro desportivo.

Secção de pedestrianismo / MontanhaTêm sido muitos os sócios que têm vindo a requerer a Carta de Campista e a Carta de Montanheiro para prati-carem campismo e montanhismo de forma mais segura e com outras re-galias. Os portadores dos respectivos documentos, ao praticar as suas mo-dalidades de eleição, são abrangidos por um seguro e ficam com acesso

aos Parques de Campismo da Federa-ção de Campismo e Montanhismo de Portugal onde são privilegiados com preços abaixo dos praticados em par-ques de acesso geral.

No que se refere a actividades organi-zadas pela Secção Desportiva da AFZ., gostaríamos de vir a ter uma maior participação por parte dos sócios, lamentando-se terem sido canceladas algumas actividades devido ao baixo número de participantes inscritos.

Se pretendes receber informa-ções das actividades, envia o teu e-mail com o nº de sócio para: [email protected]

Área de formaçãoVai-se realizar no próximo dia 4 de Dezembro em Lisboa mais um exame de acesso à Federação Portuguesa de Tiro. Este acesso destina-se a todos os sócios da AFZ que pretendam iniciar-se no tiro desportivo ou de recreio.

A preparação para o exame será dada pela AFZ na sua sede e os interessa-dos em participar deveram contactar a Secção desportiva via e-mail, até dia 15 de Novembro de 2010.

Saudações desportivas,

Espada Pereira

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33In Perpetuam Memoriam

HOMeNAGeM AO COMBATeNTe MAX MINeO ANTIGO DFe 12 GRITOU pReSeNTe eM FRATeL

O antigo Destacamento de Fuzileiros Es-peciais nº 12, que esteve em serviço na Guiné, entre Janeiro de 1970 e Dezembro de 1971, prestou, no passado domingo, no Fratel, Vila Velha de Ródão, homena-gem ao marinheiro telegrafista fuzileiro especial Ulisses Pereira Correia, por oca-sião do 40º aniversário da sua morte em combate no Sambuiá, naquela antiga pro-víncia portuguesa.Quando em Março passado, o pessoal do antigo DFE 12 comemorou os 40 anos da sua chegada à Guiné, ficou decidido no encontro então havido, que, no dia 24 de Outubro, precisamente o dia do pas-samento do Ulisses, que ficou conheci-do entre nós, como o “Max Mine”, seria prestada uma homenagem condigna, que não foi possível efectuar anteriormente, em estreita ligação com familiares mais próximos que, entretanto, viemos a sa-ber que existiam e foram contactados, ao longo dos últimos dois/três anos, por vários camaradas da unidade. Foi nomea-da, então, uma Comissão Organizadora, a mesma que levou a efeito o encontro de Março.O Max morreu, precisamente, num do-mingo, dia 24, e a homenagem teve lu-gar, igualmente, num domingo, 40 anos depois. Foi o único morto em combate do DFE 12, no rol de mais de meia cen-tena de refregas guerreiras, algumas de envergadura inusitadas, que a unidade se envolveu ou foi envolvida no Território Operacional da Guiné. Ulisses, na ocasião da sua morte, era marinheiro e tinha o número 1681/67.Deste modo, a Comissão Organizadora do evento, desde então encontrou-se com o seu irmão mais velho, José, e com um primo, coronel Faia Correia, para pro-curar “abrir caminho” a um evento que estivesse de acordo com os sentimentos familiares. Até, porque, para a família, embora já tivessem decorridos 40 anos, a morte do “Max Mine” continuava fresca na sua consciência e na sua vida. O pai do Max Mine, que ainda é vivo, aproxima-se dos 100 anos.

O Ulisses era o mais novo de um conjunto de cinco irmãos, que estão todos vivos. Todos eles ficaram muito marcados pelo desaparecimento do irmão. Em conjunto, e sempre atendendo à vontade da família, foi-lhes pedido um programa, que eles elaboraram e nos transmitiram.Como do programa elaborado, constava uma missa, contactamos o capelão dos fuzileiros, que nos comunicou que, nesse dia, estaria em missão religiosa em Fáti-ma, já estabelecida há tempos, de que era o coordenador e não poderia faltar. Nesse sentido, um nosso camarada solicitou a um antigo capelão militar, que, amavel-mente, se prontificou a celebrar a missa e, assim nos acompanhou nesse e nos restantes actos previstos. Depois da missa, seguiu-se uma romagem ao cemitério do Fratel, onde repousam os restos mortais do nosso amigo e camara-da Max Mine. Foi uma homenagem comovente e muito sentida, não só por nós, os presentes do DFE, mas também por alguns antigos fu-zileiros e marinheiros que o conheciam e fizeram questão de estar presentes, mas, essencialmente, pela família e por uma parte muito significativa da população do Fratel, em particular com aqueles que com ele mais conviveram. Ali foi colocada uma lápide, que perpe-tuará a ligação camaradil do DFE12 à memória do falecido até ao desapareci-mento do seu último combatente, cujos dizeres se assemelhavam a uma lápide que ficou, na antiga base naval dos fuzilei-ros, em Ganturé, à entrada do abrigo da secção em que ele estava integrado: “ Ao Max Mine/o melhor de todos nós/mortos em combate em Sambuiá/Ulisses Pereira Correia/ DFE 12-24/10/70”. A estes actos fez questão de estar pre-sente o almirante Cortes Picciochi, co-mandante do Corpo de Fuzileiros, que fez questão de estar presente em detrimen-tos de outras solicitações. A missa teve a participação de um coro feminino local e teve a intervenção nas

leituras das passagens dos livros bíblicos do comandante e do imediato do DFE 12, respectivamente, comandante Mendes Fernandes e o doutor João Costa Ruas, e do irmão José, do Max Mine.

No cemitério, em nome do antigo DFE 12, falou o sargento-mor José Maria Lopes Leal, que foi o último membro do Desta-camento que seguiu a carreira militar a passar à reserva. Na altura do falecimen-to do Max Mine, era grumete FZE com o nº 860/69.

Leal frisou que a missão da unidade era, justamente, a missão operacional ofensi-va. “O Destacamento de Fuzileiros Espe-ciais nº 12 era uma unidade de elite da Marinha de Guerra Portuguesa. E como unidade especial, que era, desenvolvia acções de guerra de acordo com as di-rectrizes político-militares da época em que se vivia. A nossa unidade, naquele dia, á semelhança de muitos outros, tinha a dura missão de perseguir, desalojar e aniquilar os guerrilheiros que combatiam sob a égide do movimento independen-tista, PAIGC”.

“Nós sabíamos, estávamos em combate, e num combate, há sempre dois lados”, explicou, precisando: “naquele dia, tra-tava-se de um numeroso grupo de guer-rilheiros, muito combativos, excepcional-mente bem armados para a época e bem organizados”.

Foi um confronto de gigantes, num local mítico, que a guerrilha procurava manter a todo o custo, pois era zona, quase obri-gatória, de cambança de material logístico e humano do Senegal – ali tão perto dois a três quilómetros - para o interior do TO. O local era mítico para o pessoal fuzileiro – a estrada de Sambuiá, “o cemitério de fuzileiros”. O DFE aguentou um combate, quase corpo a corpo. No final da refrega, do nosso lado, registamos uma baixa. O nosso Max Mine. Uma morte chorada por homens duros, cuja vivência ficou, para sempre, na memória do DFE 12.

A finalizar, transcreve-se o comentário do então comandante do COP 3 (região onde o DFE 12 estava sedeado sob o seu comando operacional) sobre a acção exe-cutada, nesse dia, pelo DFE 12 com a de-signação “Carpa”, que foi enviada para o Comandante-Chefe: “Acção bem execu-tada. O comportamento do destacamen-to e muito especialmente o do grupo de assalto, comandado pelo 2º ten. Rua, que seguia em 1º escalão, foi de modo a confirmar a opinião já tida por este comando. Só uma unidade com elevado espírito de agressividade e grande pre-paração se poderia aguentar com tal IN, até à chegada do apoio aéreo”.

Serafim Lobato

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34 In Perpetuam Memoriam

Manuel Matias Isaac Cardoso Antínio Cardoso eduardo Antunes Manuel Cascalheira

Falecimentos: António Cavaqueiro Magno, josé Maria Gonçalves, Alexandre Bexiga Galdêncio, Maximino vicente

Desde o último número da revista tivemos a triste notícia que mais cinco sócios partiram do nosso convívio. Soubemos ainda que mais quatro camaradas não sócios faleceram.A todas as famílias enlutadas apresentamos os nossos sentidos pêsames

A gratidão fica sempre bemÀs vezes esquecemo-nos daqueles que, no dia-a-dia, nos dão preciosas, simples, discretas e fundamentais ajudas. Não fica mal recordá-los. Escrever sobre o que parece banal, mas é de uma imensa gratidão. Hoje, nesta coluna, vou recordar.Começo pela D. Manuela Parreira, nossa sócia aderente. Ela ao longo dos anos, juntamente com outras senhoras – Ma-nuela Ribeiro, Emília Manso e Elisa Ri-beiro – realiza o controlo das senhas e outras vendas nos dias de Encontros Na-cionais da Associação. Pois agora, numa primeira fase brindou-nos com aventais e babetes, depois toalhas para decorar as mesas. Ultimamente, modelou capas protectoras para o nosso guião e exposi-tor de fotografias.

Depois um agradecimento ao camarada Matos, um filho da Escola dos anos 80, que ofertou um quadro que reporta um desembarque de bote. Agora, ofertou à Associação 500 sacos legendados com o logotipo e outros dizeres. Tudo obra da sua imaginação.

Uma palavra para o Óscar Barradas, pro-pagandista da Associação. Profissional-mente, tendo que percorrer todo o país tem sido um homem que cumpre a mis-são de divulgar a Associação de que é só-cio. Mas mais: está sempre pronto para colaborar em eventos onde os fuzileiros possam estar representados, como foi o caso do Forte de Elvas e, está sem-pre pronto para contribuir com apoios monetários.

Novamente o agradecimento para uma mulher. Neste caso, a dona Helena do

Moledo que, no ano passado, ofereceu duas peças para serem rifadas, um delas uma linda peça em ouro, que era o pri-meiro prémio. Depois do sorteio, verifi-cou que “saiu à casa”.Pois, este ano foi de novo rifada, tendo recaído o número ganhador ao sócio An-tónio SantosÀ Dona Helena do Moledo agradecemos o solidário gesto que teve para com a Associação Fuzileiros que rendeu perto de 1.200,00 €. São exemplos que sur-gem de sócios aderentes, que deixarão certamente, marcas em algumas consci-ências, algumas das quais, não deixarão de se confrontar com a necessidade de preencher a proposta de aderência à As-sociação de Fuzileiros.

A todos os que se disponibilizaram para que a rubrica ofertas e donativos conti-nue de boa saúde, sendo solidários com a dádiva em euros (de que se dá conta na listagem) e ainda a quantos nos aju-dam através da publicidade na Revista o Desembarque, alguns deles, como seja o caso do comandante Cardoso Moniz, Domingos Janota, (o Pedras) o Carlos Ferreira (o Almada) ou o Baldomero Talaia (Bruma) têm continuadamente e desde a primeira hora em que foram convidados, a colaborar.

Não esquecer por último, o nosso asso-ciado António Luís, que nos presenteou com um trabalho da sua área profissio-nal, que consta de um expositor com quatro áreas para implantação de foto-grafias, suportando quarenta e oito em A4. Obrigado pelo rigor técnico colocado na sua feitura.

Mário Manso

OFeRTAS & DONATIvOS

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Notícia Relevante

pReSIDeNTe DA ASSOCIAÇÃO CONDeCORADO COM A GRÃ-CRUZ DA ORDeM MILITAR De AvIZ

Em reunião de direcção do pp. dia 26 de Maio foi aprovada – por proposta do Vice-Presidente – moção de lou-vor, por aclamação, ao Presidente, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Francisco Lhano Preto, por ter sido distinguido, por Sua Excelência o Presidente da República, com a Grã-Cruz da antiga Ordem Militar de Avis, no dia da Mari-nha, cuja cerimónia decorreu a 23 de Maio/2010, em Faro.

A distinção foi considerada, pela Di-recção da AFZ, um facto relevante que não só prestigia o Comandante Lhano Preto mas toda a Associação de Fuzi-leiros como instituição, devendo ser divulgado no respectivo site e na pró-xima revista O Desembarque.

A Grã-Cruz desta Ordem Honorífica é o seu grau mais elevado anteceden-do-lhe cavaleiro, oficial, comendador e grande-oficial.

Tanto quanto é possível recuar no tempo a antiga Ordem Militar de Avis terá sido criada por D. Afonso Hen-

riques, em data posterior à conquis-ta de Évora em 1166, por Geraldo o «Sem-Pavor», entre os anos 1174-1175. Após algumas vicissitudes a que não foi estranho o poder de Castela, cerca de 1223-24, sob o mestrado de Fernão Rodrigues Monteiro passou a ser conhecida como Ordem Militar de Avis.

Foi reformada pela Rainha D. Ma-ria I em 1789. Sofreu nova reforma em 1894 e foi extinta, conjuntamente com as restantes ordens honoríficas da Monarquia, pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.

Foi novamente restabelecida como ordem honorífica, em 1918.

A Ordem Militar de Avis é destinada a premiar altos serviços militares, sen-do exclusivamente reservada a ofi-ciais das Forças Armadas e da Guar-da Nacional Republicana e, ainda, a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares.

NOvOS SÓCIOS

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Associação de Fuzileiros | 2010