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Consultoria digital Guia online ajuda empresário a encontrar o financiamento exato para o negócio PRODUÇÃO LIMPA 3 O ‘Plus’ da Moda Produção e venda de peças em tamanhos maiores conquistam plena ascensão no mercado nacional Revista da Indústria do Vestuário ENTREVISTA DIRETOR COMERCIAL DA LUPO FALA SOBRE INVESTIMENTO DA EMPRESA NA ÁREA ESPORTIVA Jul/Ago/Set – 2012 Conferência Rio+20 coloca sustentabilidade em pauta e revela desempenho da indústria do vestuário

Revista Vestir nº03

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Revista Vestir nº03 Publicação do Sindivestuário

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Page 1: Revista Vestir nº03

Consultoriadigital

Guia online ajuda

empresário a encontrar

o financiamento exato

para o negócio

ProduçãolimPa

3

O ‘Plus’ da Moda

Produção e venda de peças em

tamanhos maiores conquistam plena

ascensão no mercado nacional

Revistada Indústriado Vestuário

EntrEvista Diretor comercial Da luPo fala sobre investimento Da emPresa na área esPortiva

Jul/Ago/Set – 2012

Conferência Rio+20 coloca sustentabilidade em pauta e revela desempenho da indústria do vestuário

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Page 3: Revista Vestir nº03

Revista Vestir 3

Números do mercado de moda plus size mostramgrande crescimento do seguimento

12 Próxima ESTaÇÃO

4 EDiTOriaLOs destaques da edição e do setor

5 PaLaVra DO PrESiDENTERonald Masijah explica tópicosimportantes de documento entregueà Secretaria da Fazenda

6 ENTrEViSTaDiretor comercial da Lupo, Valquírio Cabral Júnior, fala sobre investimento da empresa na área esportiva

21 CONjuNTura

26 HiSTória

Conheça mais sobre as diversaslinhas de crédito existentes edisponíveis aos empresários

Uma homenagem do Sindicatoao Dia do Alfaiate, comemoradono dia 6 de setembro

28 FuxiCOPrincipais notícias e lançamentos do segmento industrial

29 Na rEDENovidades mais relevantes da internet

30 CONTExTOHaroldo Silva, executivo doSindivestuário, aborda o potenciala ser explorado no setor

32 TrabaLHOE juSTiÇaA advogada do Sindicato, Maria Thereza Pugliesi, explica tudo o que é necessário para contratar um aprendiz

34 agENDaPrograme-se para os próximoseventos, dentro e fora do Brasil

10 POr DENTrO DO SiNDiCaTONotícias e informesinstitucionais do Sindivestuário

Conferência Rio+20 coloca sustentabilidadeda indústria do vestuário em pauta

16 CaPa: iNOVaÇÃO

SUMÁRIO

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SuStentabilidade, mercado e eSporte

No mês de juNho, os holo-fotes do mundo se voltaram para o Brasil. Isso porque aconteceu no País, a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável. A despeito das expectativas e resultados da reunião, o tema susten-tabilidade está em pauta. Portanto, preparamos uma matéria de capa que dá um panorama de como a indústria de confecção tem atuado nesse quesi-to. Saiba o que já tem sido feito por al-guns empresários e marcas brasileiras do setor e conheça resultados positi-vos dessas belas iniciativas.

Recentemente, um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde apontou que o percentual da popula-ção de brasileiros acima do peso é de 48,5%. E paralelamente a essa consta-tação, outro dado econômico chama a atenção: este grupo movimentou cer-

4 Revista Vestir

ca de R$ 5,2 bilhões no varejo de rou-pas, em 2011, de acordo com estudos realizados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI). São estes alguns motivos que justificam o gran-de crescimento do mercado de moda plus size, tema na nossa matéria da editoria ‘Próxima Estação’.

Aproveitando o gancho dos aconte-cimentos esportivos recentes e aque-les que ainda acontecerão no Brasil, ouvimos Valquírio Cabral Júnior, diretor comercial da Lupo, empresa brasileira que tem investido muito na área de con-fecções de roupas esportivas. E acom-panhe ainda, texto sobre as diversas linhas de crédito disponíveis aos em-presários; detalhes sobre documento entregue pelo Sindicato e representan-tes do setor à Secretaria da Fazenda e nossa homenagem ao Dia do Alfaiate, comemorado dia 6 de setembro.

REVISTA VESTIR é uma publicação trimestral do Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuário). O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião do Sindivestuário.JoRnAlISTA RESponSáVEl Roberto Souza (Mtb 11.408) EdIToR-ExEcuTIVo Fábio Berklian EdIToR-chEfE Hélio Perazzolo

EdIToR dE ARTE Daniel Canton EdIToR Rodrigo Moraes SubEdIToRA Tatiana Piva REpoRTAgEm Marina Panham e Samantha Cerquetani

pRoJETo EdIToRIAl Fábio Berklian pRoJETo gRáfIco Rogério Macadura/StartUP Comunicação pRodução EdIToRIAl Priscila

Hernandez dESIgnERS Felipe Santiago, Leonardo Fial e Luiz Fernando Almeida conTATo comERcIAl [email protected] conSElho

EdIToRIAl Haroldo Silva e Maria Thereza Pugliesi TIRAgEm 5.000 exemplares foTo dE cApA Germano Felipe/Natural Cotton Colors

Rua Cayowaá, 228, Perdizes | São Paulo - SP | CEP: 05018-000 11 3875-5627 / 3875-6296 | [email protected] www.rspress.com.br

Três importantes áreas são temas de matérias

diretorias - Triênio 2010 / 2013

Sindivest Sindicato da Indústria do Vestuário Feminino e Infanto Juvenil de São Paulo e RegiãoRonald Moris Masijah – Presidente; Stéfanos Anastassiadis – Vice-Presidente; Maurice Marcel Zelazny – Diretor-Secretário; Joseph Davidowicz – Suplente de Diretoria; Sidney Knobloch – Suplente de Diretoria; Oscar Dominguez – Suplente de Diretoria; Dorival Carlos Cecconello – Conselho Fiscal; Luiz Jaime; Zaborowsky – Conselho Fiscal; Haylton de Souza Farias Filho – Conselho Fiscal; Mario Perel – Suplente do Cons. Fiscal; Eliana Penna Moreira – Suplente do Cons. Fiscal; Juliana Saicali Dominguez – Suplente do Cons. Fiscal; Haroldo Silva, Diretor

Sindiroupas Sindicato da Indústria do Vestuário Masculino no Estado de São PauloHeitor Alves Filho – Presidente; Max Paul Cassius – Vice-Presidente; Carlos Ernesto Abdalla – Diretor Secretário; Heitor Alves Netto – Suplente de Diretoria; Wilson Ricci – Suplente de Diretoria; José Alberto Sarue – Suplente de Diretoria; Francesco D`Anello – Conselho Fiscal; Rubens Alberto Cohen – Conselho Fiscal; Renato André Cassius – Conselho Fiscal; Humberto Pascuini – Suplente de Conselho Fiscal; Osvaldo Zaguis – Suplente do Conselho Fiscal; Antonio Valter Trombeta – Suplente do Conselho Fiscal

Sindicamisas Sindicato da Indústria de Camisas para Homem e Roupas Brancas de São PauloNelson Abbud João – Presidente; Antonio do Nascimento Dias Poças – Vice Presidente; Heitor Alves Netto – 1º Secretário; Adriana Dib Cury Silveira – 1ª Tesoureira; Ronaldo Ferratoni Alves – Conselho Fiscal; Déborah Abbud João – Conselho Fiscal; Rodney Abbud João – Conselho Fiscal; Roberto da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Vera Lúcia da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Wady João Cury – Suplente Conselho Fiscal

Rua mario Amaral, nº 172, 2º andar, paraíso - São paulo-Sp Tel.: 11 3889-2273

Editorial

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Revista Vestir 5

Palavra do PrEsidEntE

em prol dacompetitividade

em maio de 2003, no primeiro mandato de Geraldo Alckmin, o Go-verno do estado de São Paulo reduziu o ICMS para o setor têxtil e do ves-tuário de 18% para 12%. Depois de uma nova batalha, em 2010, a redu-ção passou de 12% para 7%. Naquela ocasião, a medida foi boa porque era o que precisávamos para ‘tomar um fôlego’ e, então, conseguir competir com as indústrias de fora do estado. Hoje, as empresas estão novamente com forte tendência a sair de São Paulo porque os custos de fabrica-ção, mão de obra e tributários pau-listas voltaram a ser muito maiores. Para piorar, ainda temos o ‘assédio’ da mercadoria importada e de baixo custo vindas da China.

Com o intuito de achar melhores es-tratégias de competitividade, o Sindi-vestuário e outros sindicatos patronais e dos trabalhadores de confecções do estado de São Paulo, elaboraram um documento conjunto para dialogar com o Governo. Este foi entregue há cerca de três meses à Secretaria da Fazenda e, inclusive, já foram feitas algumas reuniões com representantes técnicos das entidades com o Governo. Nesse documento há oito pontos, mas três são extremamente relevantes.

Um deles é que a medida que bai-xou as taxas de ICMS vence este ano e até agora não se sabe o que vai acontecer depois. O primeiro pedido é que o Governo mantenha o ICMS em 7% e que a medida torne-se perma-nente ou que, pelo menos, seja manti-da por mais 20 anos. O que seria um tempo razoável para garantir seguran-ça ao empresário que for se instalar no estado de São Paulo.

Ronald masijahpresidente do Sindicato do Vestuário (Sindivestuário)

Quando o varejo compra merca-dorias de outro estado, ganha um crédito referente ao ICMS. Como o interestadual é de 12%, esse crédito é maior do que se comprarem dentro de São Paulo. Então, nosso segundo pedido é que o Governo aumente em cinco pontos porcentuais o crédi-to de ICMS dos varejistas paulistas para compras de mercadorias feitas no próprio estado.

E o terceiro ponto importantíssimo é que somos um setor intensivo de mão de obra. Esta representa, depen-dendo do tipo de roupa fabricada, de 45% a 65% do preço do produto final. Se, matéria-prima de tecidos e energia elétrica geram créditos de ICMS, por-que a mão de obra, que é um dos insu-mos mais importantes no setor de con-fecções, não gera? Solicitamos que o Governo considere essa reivindicação, pois acreditamos que isso reduziria significativamente o preço do produto para o consumidor final.

O setor já deu demonstrações evi-dentes (com dados da própria Fazenda Paulista) de que atender nossos plei-tos aumenta a arrecadação ano após ano. Toda indústria vai sonhar em se instalar em São Paulo, até em função das facilidades de mão de obra produ-tiva e de logística na região.

No geral, estamos esperançosos em relação aos resultados desse diálogo com a Secretaria. Nossa expectativa tem de ser boa, pois os números já mostraram que a indústria paulista não está em um bom momento. Pou-cos lugares estão conseguindo com-petir com a indústria chinesa e, São Paulo, ainda tem de competir com os outros estados do País.

documento elaborado por sindicatos patronais edos trabalhadores é entregue à secretaria da Fazenda

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6 Revista Vestir

EntrEvistaTendência

Empresa Lupo investe em roupas para a prática esportiva e aproveita eventos que vão acontecerno Brasil para criar novas coleções

ConfeCçãoesportivaem foCo

O itaLianO HEnriquE LupO é O prOtagOnista dE uma História dE su-cEssO. Aos 11 anos, ele desembar-cou com a família no porto de Santos, mais precisamente no dia 12 de maio de 1888. Em 1902, com o aprendizado de relojoeiro que o pai Teodoro exer-cia na Itália, ele montou seu primeiro negócio no Brasil: uma relojoaria no centro de Araraquara, interior de São Paulo. Quase 20 anos depois, por conta de duas pequenas máquinas colocadas em sua própria residência, Lupo passava a industrializar os produ-tos que o ajudariam a obter sucesso no mercado de confecção nacional: as meias. Nessa época, ele fabricava apenas dois modelos masculinos de algodão. Em 1921 acontecia, então, a inauguração da fábrica de Meias Ara-raquara (nome fantasia) e ali começa-va a história da empresa Lupo.

Nos anos seguintes, a empresa despontou como maior fabricante de meias masculinas do País e, em 1960,

expandia para o mercado feminino. Quem não se recorda da campanha pu-blicitária da ‘meia da loba’, em 1988? Ainda nos anos 1980, a marca lançou as meias esportivas e, na década de 1990, uma linha de cuecas. Em 1994, foram abertas as lojas e franquias da marca nos shoppings de todo territó-rio nacional. E mais recentemente (em 2010), foi lançada a linha voltada à prática esportiva.

Hoje, a Lupo possui mais de 17 mil produtos para diferentes públicos, sendo 2 mil modelos de lingeries, 215 franquias no Brasil e América do Sul, quatros lojas próprias e sua marca está presente em mais de 40 mil pon-tos de venda. Exporta seus produtos para mais de 30 países em todos os continentes e cresceu nos últimos 10 anos uma média de 19,9% ao ano — em 2001, faturou R$103 milhões e, em 2011, R$ 630 milhões.

Na empresa há mais de 30 anos, o diretor comercial da Lupo, Valquírio Cabral Júnior, fala à Revista Vestir

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por tatiana piva | Fotos Lupo/divulgação

sobre a história da empresa de con-fecção que tem orgulho de ser brasi-leira e sobre o investimento feito na área esportiva visando eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no País.

Revista Vestir - Em 2011, a empresa completou 90 anos e segue rumo ao centenário. Quais são as principais estratégias para conseguir se ‘manter viva’ nestes anos todos?Valquírio Cabral Júnior - A maior evo-lução da Lupo começou no final dos anos 1980 e deve-se, principalmente, à diversificação de produtos. O forte da empresa sempre foram as meias, que representavam 98% da nossa produ-ção. Mas com a abertura para as im-portações no País, que quebrou as barreiras para os produtos que vem da China, a Lupo teve de acompanhar as evoluções do mercado brasileiro, até porque a concorrência foi muito for-te. Então a grande diferença da Lupo foi começar a tratar meias e cuecas como produtos diferenciados e não commodities, como itens de primeira necessidade. Passamos a considerá--los produtos diferenciados, colocan-do conceitos de novas cores e como artigos de moda, complementos do vestuário. Foi quando aconteceu a inauguração da nossa primeira loja em shopping center e a marca deu uma grande guinada. Com isso, pude-mos nos aproximar mais do consumi-dor final e passamos a fazer uma co-municação direta com eles.

Vestir – Desde 2010, a Lupo tem in-vestido mais na área esportiva e até criou a marca Lupo Sport. Por que isso aconteceu?Cabral - A Lupo sempre existiu no esporte como mídia. Há muito tem-po patrocinamos clubes, fazemos di-vulgações em estádios. Usávamos o esporte como mídia, mas percebemos que o mercado de roupas esportivas

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8 Revista Vestir

EntrEvistaTendência

estava crescendo. Os brasileiros se preocupam com saúde, fazem corri-das, caminhadas, academia. E o País representa o segundo maior mercado de roupas esportivas no mundo. En-tão, vimos que havia uma brecha nes-te setor que era totalmente dominado pelas grandes marcas internacionais. A Lupo já tinha uma ligação com este mercado porque patrocinava times de futebol, basquete, voleibol há muito anos. Sentimos que tínhamos con-dição de entrar nele, especialmente com produtos diferenciados, não só lifestyle, mas para a prática esportiva mesmo. Ajudando atletas e pessoas que praticam esporte a terem uma melhor performance em suas ativida-des. Sentimos que havia essa preocu-pação com o corpo, até por conta do crescimento das academias no Brasil. Fomos investindo e hoje nossos pro-dutos estão em mais de 40 mil pontos de vendas. Foi uma decisão acertada, pois em apenas dois anos, o segmen-to representa 4% do faturamento da empresa e queremos avançar mais. Por isso vamos inaugurar lojas e fran-quias novas, especializadas somente em artigos esportivos. A primeira foi em agosto, em Araraquara. Na mesma

cidade onde foi fundada a primeira fá-brica da Lupo. Em São Paulo estamos fazendo parcerias com academias e serão inauguradas mais oito lojas. E a grande novidade foi a abertura de uma loja Lupo Sport, na Oscar Freire, também em agosto.

Vestir - Na última Copa do Mundo vo-cês investiram em produtos temáti-cos. Estão preparando alguma coisa especial para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, que vão acon-tecer no Brasil?Cabral - Claro! A Copa será o maior evento da história do País, afinal, des-de 1950 o Brasil não sediava o evento. Em seguida teremos as Olimpíadas. O mais importante é o clima que vai to-mar conta até 2016. Só pelo evento já é um motivo para a Lupo lançar novos produtos e aproveitar este momento especial que o País está vivendo. Esta-mos pensando em produtos especiais e eles já estão sendo desenvolvidos, mas ainda não podemos anunciar. Até o final do ano poderemos falar mais so-bre este assunto. O que posso adian-tar é que serão coleções alusivas à Copa. Porque acreditamos que seja um bom momento, no qual as pessoas

Empresa brasileira possui atualmente mais de 17 mil produ-tos para diferentes pú-blicos, sendo 2 mil lin-geries, 215 franquias no País e na América do Sul, quatros lojas próprias e sua marca está presente em mais de 40 mil pontos de venda. Exporta suas peças para mais de 30 países em todos os continentes e cresceu 19,9% ao ano na última década.

LupO Em númErOs

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estão consumindo mais, estão mais preocupadas com saúde, esporte. É uma somatória de oportunidades.

Vestir - A Lupo está fazendo inserções e patrocínios importantes na área es-portiva? Isso se deve a estes eventos?Cabral - Sim, temos feito um investi-mento pesado nisso. Entre 2010 e 2012 nossa verba mais que dobrou. Entre estes investimentos estão inser-ções em novelas e contratação de fa-mosos para expor os produtos da mar-ca. As conversas sobre o patrocínio do Divino Futebol Clube, da Avenida Brasil, exibida na Rede Globo, surgiram no fi-nal do ano passado. A história da nove-la tinha o time de futebol como pano de fundo. A Lupo faz material para mais de 30 times de futebol, entre eles Por-tuguesa, Guarani, São Caetano e ou-tras equipes que disputam série A e B do Campeonato Brasileiro. Então tinha tudo a ver, fizemos a aposta e está sendo um sucesso, e tem gerado mui-to resultado para a empresa, acima do que nós esperávamos.

Vestir - Além de terem contratado Neymar como garoto propaganda...Cabral - Pois é. Ele não poderia fazer propaganda só da Lupo Sport por con-ta do seu contrato com a Nike, então resolvemos contratá-lo como garoto propaganda da marca Lupo. Estamos usando sua figura especialmente para divulgações de cuecas e meias mas-culinas. A imagem dele é excelente. Atualmente é o maior craque do Brasil, é jovem, com um futuro promissor, não tem rejeição de públicos, todo mundo gosta dele, desde santistas até corintianos, são paulinos, palmei-renses. O garoto tem uma estrela e, por isso, acreditamos que se identifi-ca com a marca. Além de ter a famí-lia, o pai sempre junto dele, Neymar não vive em balada, não se vê notícias dele que possam prejudicar a nossa marca. Ele é um vencedor.

Vestir - Acredita que estes eventos es-portivos deixarão algum legado para o País?

Cabral - O Brasil está recebendo um investimento considerável em infraes-trutura, aeroportos, estradas, sanea-mentos, transportes, metrô. Muitas dessas coisas estavam ou ainda estão vergonhosas, como a situação dos ae-roportos. Estávamos precisando des-sas obras e por muitos anos ainda va-mos aproveitar tudo isso. Acredito que só por conta deste investimento, estes eventos esportivos já seriam importan-tes e deixariam um legado para o País. Se ainda formos campeões, ou formos bem nas competições, melhor ainda.

Vestir - A sustentabilidade no universo empresarial tornou-se uma questão de sobrevivência. Como tem sido a atua-ção da Lupo nesse quesito?Cabral - Temos diversos projetos de sustentabilidade. Nos processos de tin- gimento do algodão utilizamos en-zimas que diminuem o consumo de água. Além disso, toda a água usada no resfriamento das nossas máquinas é coletada em tanques e depois reu-tilizada. A empresa tem o objetivo de cortar ou reaproveitar de 30% a 40% da água que utilizamos hoje no pro-cesso de tinturaria, o que representa quase 3 milhões de litros de água por dia. No final de 2006, eliminamos to-das as sacolas plásticas das nossas lojas, quando nem sequer havia lei que determinasse isso [a medida tem ge-rado divergências e, em São Paulo, foi suspensa a decisão no final do mês de junho]. Desde então, só temos sacolas de papel reciclável em todas as lojas. Os resíduos de matérias-primas usa-das pela Lupo são totalmente recicla-dos e há um trabalho de reflorestamen-to que visa contribuir com a natureza. Acreditamos que quando se trata de ações sustentáveis, alguém ou algu-mas empresas devem se posicionar e começar a fazer alguma coisa. En-gajados nisso, estivemos atentos ao Rio + 20 e, apesar de as decisões não terem sido aquelas que esperávamos, estamos felizes com as melhorias. Independentemente de tratados, con-tratos, leis e medidas, a Lupo sempre se preocupou com isso.

só a cOpa dO mundO já é um mOtivO para a LupO Lançar nOvOs prOdutOs E aprOvEitar EstE mOmEntO EspEciaL quE O BrasiL Está vivEndO. EstamOs pEnsandO Em prOdutOs EspEciais E ELEs já EstãO sEndO dEsEnvOLvidOs...

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10 Revista Vestir

Por dentro do SIndIcatoNotícias

O presidente dO sindi-vestuáriO, Ronald Masijah, e o diretor-executivo, Haroldo Silva, foram recebidos pela presidente do Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo, dona Lu Alckmin, no encerramento da Campanha do Agasalho, no dia 5 de ju-lho, no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, eles comunicaram o resultado final da arrecadação de roupas para a Campanha do Agasalho, coordenado pela primeira-dama.

Ronald Masijah informou que foram entregues nos depósitos do Fundo de Solidariedade, no bairro da Água Branca, 61 caixas que, somadas, ren-deram mais de quatro toneladas de roupas em boas condições de uso, par-tes delas novas. O presidente do Sindi-vestuário informou a primeira-dama do Estado que houve um grande empenho e envolvimento do empresariado do se-tor na Campanha, destacando o traba-lho do diretor do Sindivestuário, Marcel Zelazny, no processo de arrecadação e armazenamento das doações em local apropriado em sua própria fábrica.

O diretor-executivo, Haroldo Silva, reforçou que todos estavam focados na qualidade dos produtos arreca-dados, ou seja, roupas novas ou em muito boas condições de uso, como solicitou dona Lu Alckmin no lança-mento da Campanha.

Ao ser informada sobre o volume e a qualidade das peças arrecadadas, a primeira-dama mostrou-se visivelmen-te emocionada. E juntando as mãos em forma de oração, disse: “foi uma grande benção o que vocês consegui-ram. Só temos a agradecer”.

Os dirigentes do Sindivestuário entregaram também a ela um quadro com miniaturas de peças de vestuário, elaborado pelo coordenador de Marketing do Sindivestuário, Bruno Ribas, que também esteve no encontro. “Estou muito feliz com a visita e com tudo que vocês nos relataram como resultado da Campanha. Muito obrigado pela dedicação e esforço nesta empreitada”, disse a presidente do Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo, ao final do encontro.

Sindicato entrega roupaS à campanha do agaSalho

Resultado final da arrecadação para a campanha, é anunciado no dia 5 de julho pordona Lu Alckmin

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Revista Vestir 11

itu é apreSentada aoSempreSárioS do SetornO final dO mês de maiO, o prefeito de Itu — cidade localizada a 100 km de São Paulo, Herculano Passos e o secretário mu-nicipal de Apoio ao Emprego e Incen-tivo ao Desenvolvimento Empresarial, José Rubens Nunes Gomes, estiveram na sede do Sindivestuário, na capital, para apresentar a diretores e empre-sários do setor, o programa “Pense Grande Invista em Itu”, um conjunto de iniciativas do governo municipal que visa atrair investimentos para o município, por meio de incentivos e benefícios fiscais.

O prefeito ituano foi recebido pelo presidente do Sindivestuário Ronald Masijah, pelo diretor executivo, Haroldo Silva, e outros representan-tes da categoria e destacou que sua administração procurou desenvolver leis modernas, de incentivo à insta-lação de grandes investimentos no município, com a intenção do de-senvolvimento do parque industrial, inclusive com a destinação de uma área de 1 milhão de metros quadra-dos junto a região do Pirapitingui, que será um condomínio empresarial por meio de uma PPP (Parceria Públi-co Privada).

Depois da exibição de um vídeo institucional sobre o projeto, o pre-feito Herculano afirmou que Itu é uma das melhores possibilidades de investimentos em todo o País. Em seguida, prefeito e secretário foram questionados sobre diversos pontos dessas leis de incentivo e os benefí-cios que as empresas poderão contar caso venham se instalar na cidade.

No final do encontro, Ronald Masijah agradeceu a exposição, dizendo que foi esclarecedor e animador conhecer ainda mais sobre as melhores opções de investimento em Itu e garantiu que as informações serão levadas a todo o setor da indústria do vestuário de todo o País.

Representantes do Sindivestuário recebem prefeito de Itu

fotos divulgação sindivestuário / reprodução Google maps

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Produção e venda de peçasem tamanhos maiores conquistam plena ascensãono mercado nacional

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Próxima estaçãomoda

PlusOda MOda

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Revista Vestir 13

Por Tatiana Vieira | Fotos Divulgação Raquel Quinderé / RS Press Arquivo

ATé Pouco TemPo ATRáS, acompanhar a moda era um privilégio de quem usava manequim, no máximo, número 42. Quem andasse pelas ruas e encontrasse ‘gordinhas’ vestidas com as tendências vigentes, provavel-mente se surpreenderia. Porém, o que antes poderia ser uma raridade, hoje é uma realidade. Esse cenário não está somente nas ruas, com as mulheres que usam roupas de tamanho GG de-monstrando conhecimento e bom gos-to na escolha do visual. Nas passare-las, nos eventos de moda e até mesmo nas campanhas de publicidade, o con-ceito “plus size” ganha destaque cres-cente. Sinal de que o mercado está em alta e aberto para quem tem a ousadia e tino para investir. Os caminhos são vários, mas é importante um estudo aprofundado sobre o público consumi-dor para atendê-lo com a qualidade e o primor necessários.

Um exemplo de cliente que busca estar sempre na moda e valoriza as marcas que já trabalham com este novo conceito é a cabeleireira Ana Amália Brandão, 43. Elogiada por mui-tos como “exemplo de elegância”, Ana, que veste manequim 48 / 50, diz que já enfrentou muita dificuldade para encontrar peças de bom caimento e que acompanhassem as tendências. “Sempre encontrava roupas mais ‘se-nhoris’. Como gostava de peças mais ‘jovens’, às vezes saía deprimida das lojas”, relembra. A cabeleireira conta que tinha que visitar várias boutiques até encontrar alguma peça diferen-te que lhe servisse: “Hoje a gente já conta com algumas marcas exclusi-vas que desenvolvem roupas bonitas e atuais para as gordinhas. E também encontramos em algumas lojas mais tradicionais, setores específicos para os tamanhos 44 a 58, o que é muito bem visto por nós, consumidoras des-ses tipos de peças”.

Mas não é qualquer empresário que está apto para conquistar a simpatia do público GG. Marcelo Prado, Diretor do Instituto de Estudos e Marketing Indus-trial (IEMI), alerta para a importância de uma avaliação do mercado e do

perfil dos consumidores antes de fa-zer qualquer investida. “O industrial do ramo do vestuário não deve se lançar desesperadamente nesta empreitada, como se tivesse descoberto uma mina de ouro. Ele precisa estudar o caso, pesquisar quem são, o que pensam, que medidas vestem e o que desejam os compradores finais da marca”, ob-serva. De acordo com o especialista, o momento é oportuno para se fazer o investimento, mas é importante um planejamento estratégico minucioso.

TrajetóriaO termo plus size (em uma tradu-

ção simples, “tamanho maior”), surgiu nos Estados Unidos há cerca de três décadas. A necessidade de inserir o conceito no universo da moda veio da constatação de que grande parcela da população americana estava acima do peso. E esta tendência foi acompa-nhada pelo restante do mundo ao lon-go dos anos. Cada vez mais, pesquisas apontam o aumento da taxa de pesso-as obesas. O que, consequentemente, altera os padrões antropométricos.

Um levantamento divulgado este ano pelo Ministério da Saúde revela que o percentual da população de bra-sileiros acima do peso é de 48,5%. Pa-ralelamente a essa constatação, outro dado econômico chamou a atenção dos industriais do vestuário: o mesmo grupo movimentou cerca de R$ 5,2 bilhões no varejo de roupas (somente na linha adulta), em 2011, de acordo com estudos realizados pelo IEMI. “Na linha masculina, estamos falando de 4% do mercado total e, na linha femi-nina, de 2,5%”, destaca o especialista Marcelo Prado.

Quem já fez o investimento, garante que vale a pena. A diretora Executiva e de Desenvolvimento de Produtos de uma grife especializada em lingerie, Alessandra Zegaib, relata que já traba-lha com a criação de peças em tama-nhos maiores há quatro anos. “Dentro de nossa própria fábrica descobrimos esta carência que existia no merca-do. Tínhamos colaboradoras mais gor-dinhas que se queixavam de nunca

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14 Revista Vestir

Próxima estaçãomoda

Quem faz uso de tais criações reco-nhece a importância do preparo dos profissionais. Ana Amália, defensora convicta da moda plus size, diz que o resgate da autoestima está associado a “você se sentir bem com o que ves-te”. E, nesse quesito, ganha pontos o estilista e empresário que sabem ofe-recer aquilo que o consumidor busca para valorizar a sua imagem. “Eu acho importante que, ao se vestir, a pessoa busque maneiras diferentes de desta-car o que mais gosta no corpo, como, por exemplo, o colo ou a cintura”, su-gere a cabeleireira Ana. E ela não está errada. A estilista Raquel admite que o processo de criação segue exata-mente essa ideia. “Existem vários tipos de gordinhas: aquelas que têm muito busto, as que têm pouco; as que têm muito bumbum ou uma cintura bem definida, por exemplo. A partir dos di-ferentes perfis, nós desenvolvemos a peça de maneira a destacar o que o cliente tem de mais bonito”, salienta.

Apesar de todas estratégias diferen-ciadas que garantem a qualidade das roupas em tamanhos maiores, Alessan-dra ressalta que tudo isso não significa fugir da moda. Ao contrário, a criação segue as “tendências mundiais, mas com características específicas”, diz. A especialista dá o exemplo da criação de peças íntimas para o público plus size: “nos sutiãs, usamos alças apro-priadas e apostamos em laterais que abracem o corpo da cliente, modelan-do e tirando as ‘gordurinhas’ na região abaixo da axila. Reforços internos são colocados para uma maior susten-tação do seio e, nas calças, temos o cuidado para usar elásticos leves que não deformam o corpo, além da opção por recortes apropriados para ajudar na redução de medidas”, explica.

Alessandra acrescenta que, nem por isso, a lingerie tamanho maior per-de sensualidade. “Nós desenvolvemos peças para o público plus size que vão desde o básico ao sensual, exatamen-te como uma lingerie em tamanhos pequenos. Nosso foco é sempre seguir tendências, respeitando todas as bele-zas”, salienta.

encontrar uma lingerie bonita em ta-manho maior. Assim, iniciamos as pes-quisas e passamos a atender este ni-cho”, ressalta. A especialista em Moda e Marketing destaca que foi necessá-rio um estudo muito detalhado, apesar da marca já trabalhar com o mercado Maternity e Shapewear, a produção de lingerie plus size é mais trabalhosa e requer cuidados específicos.

Visão diferenciadaEstar na moda não quer dizer, ne-

cessariamente, seguir um padrão único de se vestir. Hoje, este univer-so de criação está tão democrático que já encontramos peças e modelos para todos os gostos e estilos. Com o segmento plus size não é diferente. As mais de 70 marcas vigentes des-tinadas ao público GG têm seu estilo particular de criação e já oferecem diversas opções para seus consumido-res, que vão desde o clássico, ao aven-tureiro ou sofisticado.

E, nesse caso, a responsabilidade maior fica por conta dos designers dos produtos. Quem cria os modelos deve ter um “pensamento diferencia-do”, conforme classifica Alessandra Zegaib. “Os estilistas que trabalham com as peças plus size precisam ser os melhores em criação. O mercado exige conhecimento e habilidades es-peciais, que inclui a leitura clara das necessidades do público que veste ta-manhos maiores”, defende.

Raquel Quinderé, estilista formada pela Universidade Federal do Ceará e que trabalha com este segmento há sete meses, confirma a opinião de Alessandra. “Um desafio muito grande que enfrentei foi trazer uma mudança conceitual. Quando iniciei o trabalho com plus size, percebi que as peças voltadas às ‘gordinhas’ seguiam um mesmo padrão, não variavam muito. Então, investi em uma criação ‘de dentro pra fora’, buscando ousar para que os usuários sejam convidados a fazer o mesmo”. A designer de roupas completa que procura investir em ten-dências, mas sempre apostando nas cores e na “brasilidade”.

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IdentidadeConquistar o público que aprecia a

moda GG requer também criar uma pro-ximidade com o mesmo, seja através da criação de campanhas específicas para este consumidor, da participação em feiras e eventos de moda voltados para esse nicho ou mesmo estando presente nas redes sociais, convidando o cliente a opinar e a dar sugestões. “A partir do momento em que você de-senvolve um produto para um público específico, é preciso ir além para que ele seja bem aceito no mercado. Para tanto, é necessário desenvolver servi-ços específicos e uma comunicação dirigida ao cliente para criar uma iden-tidade com a marca e com as linhas de produto desenvolvidas para ele”, reco-menda Prado.

Algumas empresas já têm aposta-do nessa investida. Campanhas com slogans do tipo “Especial para Você”, “Moda para quem não tem medo do espelho” ou “Comemore as curvas e a volúpia” estão, cada vez mais, ga-

nhando destaque no universo publici-tário. O resultado é um consumidor com a autoestima elevada, que, con-sequentemente, quer estar na moda.

E a cabeleireira Ana Amália assina embaixo quando o assunto é resgatar a autovalorização. “Acredito que o pri-meiro passo para nos sentirmos bem conosco e com as outras pessoas é aprender a nos aceitar e nos amar. To-das temos belezas que, às vezes, ficam escondidas atrás do preconceito que criamos em torno de nós mesmas”.

Segundo Raquel, o segredo princi-pal para quem quer se dar bem com o segmento plus size é apenas um: “É proibido proibir”. Para ela, tudo pode ser perfeitamente adequado. “Se o mercado olhar a consumidora com mais carinho e as marcas desenvol-verem um trabalho psicológico com as clientes para que elas conheçam o seu corpo e acreditem em suas bele-zas, certamente inauguraremos uma nova fase promissora na indústria da moda”, resume.

o meRcADo exige conhecimenTo e hAbiliDADeS eSPeciAiS, Que inclui A leiTuRA clARA DAS neceSSiDADeS Do Público Que VeSTe TAmAnhoS mAioReS

Acima, a cabeleireira Ana Amália Brandão veste manequim 48/50 eé considerada por muitos comoexemplo de elegância. À direita, croqui da marca da estilista Raquel Quinderé

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inovaçÃoCAPA

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Por Marina Panham

Conferência Rio+20 coloca sustentabilidade em pauta e

revela desempenho da indústria nacional, inclusive dos setores

de confecção e têxtil

O óRGãO aMeRiCaNO que monitora a emissão de poluentes no mundo, Environmental Protection Agency, revelou que a indústria têxtil está entre as quatro que mais conso-mem recursos naturais, como água e combustíveis fósseis. Frente este dado, como reduzir o consumo de ener-gia, água, matéria-prima, substâncias tóxicas e gerar menos resíduos?

Há 20 anos, a Eco 92 – Conferên-cia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento –, con-solidou o conceito de desenvolvimento econômico baseado na ética e respeito à natureza por meio da ‘Carta da Terra’. Em 2012, a realização da Conferência das Nações Unidas (ONU) para o De-senvolvimento Sustentável – Rio+20, entre os dias 13 e 22 de junho, colocou o mesmo tema em discussão.

A Confederação Nacional da Indús-tria (CNI) apresentou relatórios so-bre 16 setores da indústria brasileira – inclusive o têxtil e de confecção, no Encontro da Indústria para a Sus-tentabilidade, que aconteceu duran-te a Rio+20, no dia 14 de junho. O do-cumento ‘Têxtil e Confecção: Inovar, Desenvolver e Sustentar’, oferece al-ternativas viáveis de contribuição des-ses segmentos para o desenvolvimen-to sustentável pois, de acordo com o texto, “a sustentabilidade industrial tem sido foco das discussões sobre a temática que envolve questões não apenas ambientais, mas também que visam a geração de lucro e condições favoráveis às indústrias”.

Nesse relatório, foram analisadas as principais linhas de ação que deverão ser enfatizadas por políticas públicas e iniciativas empresariais para elevar a competitividade baseada em diferen-ciação sustentável e responsabilidade. A indústria têxtil brasileira, segundo o documento, é a quinta maior do mun-do e a quarta maior em confecção. Além disso, o Brasil é o segundo maior produtor de denim e o terceiro na pro-dução de malhas. No relatório, consta ainda que o Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológica do Senai/

CETIQT realizou levantamento sobre ações sustentáveis empreendidas por pequenas, médias e grandes empresas têxteis nacionais e descobriu padrões de comportamento distintos. Por con-ta da estrutura industrial das grandes empresas, voltada para a produção em massa, houve predominância de melhorias de processo, como o cum-primento de regulamentos interna-cionais e a realização de programas ambientais para a comunidade. Já as empresas de pequeno porte, devido à escassez de recursos, se concentram no desenvolvimento de novos produtos com atributos sustentáveis.

Foram apresentados os sete veto-res mais importantes para o futuro da cadeia têxtil e de confecção no documento apresentado na Conferên-cia Rio+20. São eles: integração da informação com sistemas de radiofre-quência e sistemas integrados de da-dos do consumidor ao projeto; novas tecnologias de projeto e de produção, com novas fibras, funcionalidades e sustentabilidade; gestão de ciclo de vida, com capacitação para atender consumidores mais exigentes quanto aos impactos na natureza; gestão inte-grada de cadeias de suprimento, com projetos compartilhados e engenharia de ciclo de vida de produtos; liderança do design, que assume papel estratégi-co nas oportunidades de criação de va-lor; e integração com outras cadeias, com valorização crescente do uso dos têxteis técnicos em outras indústrias. O guia concluiu que novas fibras e no-vas tecnologias estão na base de uma produção sustentável no setor.

Seguindo o viés de iniciativas de certificação e autorregulação desen-volvidas pelo setor, o documento apre-sentado na Conferência citou o convê-nio entre a Associação Brasileira da

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o diretor de Meio Ambiente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Eduardo San Martin.

Outro documento que também pode auxiliar a indústria têxtil e de confec-ção a neutralizar os impactos ambien-tais e integrar o conceito de produção mais limpa à gestão é o ”Guia Técnico Ambiental da Indústria Têxtil – Série P+L”. O guia foi publicado em 2009 pela Câmara Ambiental da Indústria Têxtil e integrado por representantes da Companhia de Tecnologia de Sane-amento Ambiental (Cetesb) e do Sin-dicato das Indústrias Têxteis do Estado de São Paulo (Sinditêxtil). A iniciativa pretende orientar os empresários do setor a adotarem práticas e medidas que aprimorem a produtividade e a ra-cionalização do consumo de matérias--primas e de recursos naturais. Pro-dução mais limpa (P+L), segundo o guia, significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, com o intuito de aumen-tar a eficiência no uso de matérias-pri-mas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados.

Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e a Agência Brasileira de Desenvolvi-mento Industrial (ABDI), na criação do Programa Brasileiro de Autorregu-lamentação de Roupas Profissionais, Militares, Escolares e Vestimentas – Selo Qual, para criar, normalizar e implementar a certificação de roupas profissionais no País. Por meio de três níveis de certificação (Bronze, Prata e Ouro) com caráter evolutivo, o Selo Qual “atesta que o fabricante do pro-duto não utiliza mão de obra informal em seu estabelecimento, que a empre-sa atende às normas ambientais – não descartando resíduos que causem po-luição ao meio ambiente, além de ser socialmente responsável”.

Na Conferência Rio+20, a Federa-ção das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das In-dústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também apresentaram um do-cumento sobre o desenvolvimento sus-tentável da indústria nacional chama-do “A Desigualdade é Insustentável”. O documento, entregue à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, “contribui com as ações em prol do de-senvolvimento sustentável”, ressaltou

Plantação e processo industrialdo algodão colorido utilizado pela Natural Cotton Colors na confecçãode seus produtos

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De acordo com esse documento, “o setor têxtil brasileiro investe uma mé-dia de US$ 1 bilhão por ano para man-ter seus parques sempre atualizados, com tecnologia de ponta, respeitando as leis ambientais e investindo em profissionais capacitados”. Segundo San Martin – que na época da elabo-ração do Guia P+L era coordenador de Meio Ambiente do Sinditêxtil-SP –, o setor têxtil e de confecção é pioneiro na aplicação das medidas de P+L, com foco na redução do consumo de ener-gia e água, e na diminuição de resídu-os e emissões de poluentes gasosos. Além disso, destacou San Martin, “o investimento do setor em inovações tecnológicas e medidas de P+L nas úl-timas décadas gerou avanços na ges-tão ambiental, econômica e social”.

Para o diretor de Meio Ambiente do Ciesp, o setor tem contribuído na redução de custos operacionais e na obtenção de ganhos ambientais e so- ciais, porém, ainda há desafios a se-rem enfrentados como: dar continuida-de à melhoria da geração de dados do setor para auxiliar na tomada de deci-são; obter incentivos governamentais para avançar nas práticas sustentá-

veis, considerando o porte da empre-sa; e revisar a matriz de energia caso a caso, a fim de adotar a geração de energia limpa e renovável.

De João Pessoa para o mundo“Nosso produto já nasce sustentá-

vel, literalmente”, afirmou a coorde-nadora do Grupo Natural Cotton Color, Francisca Vieira. A cooperativa de João Pessoa (PB) que confecciona moda masculina, feminina, infantil, acessó-rios, calçados e decoração, utiliza al-godão colorido originário de semente desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Naturalmente colorido (verde, mar-rom e bege), o algodão evita proces-sos químicos de tingimento – agressi-vos ao meio ambiente - e economiza 70% de água.

A matéria-prima é cultivada por pe-quenos produtores rurais para incen-tivar a agricultura familiar, observa Francisca. Pesticidas, agrotóxicos e fertilizantes não são utilizados nas plantações. Além disso, o Grupo ca-pacita a mão de obra, que geralmente é integrada por rendeiras e artesãos das regiões mais pobres do semiári-

Acima, presidente Dilma Rousseff discursa durante cerimônia de abertura da Conferência Rio+20. À direita, painel de abertura do Encontro da Indústria para a Sustentabilidade

PRODUziR UMa COleçãO sUsteNtável eM UM aNO e esqUeCeR O assUNtO NO aNO seGUiNte NãO é UM tRabalhO sUsteNtável. O eMPReGO Da sUsteNtabiliDaDe Na iNDústRia têxtil e Na De CONFeCçãO Deve seR CONtíNUO

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vel e qualidade internacional. Durante o Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado em Manaus (AM), entre os dias 22 e 24 de março, Metsavaht de-clarou que “a busca por valores susten-táveis é uma tendência irreversível”.

Por meio do Instituto-e, criado por Metsavaht em 2007, a Osklen divulga a importância da responsabilidade com o meio ambiente e com a comunidade. Outro projeto lançado pelo estilista para contribuir com o desenvolvimento sustentável da indústria de confecção nacional foi o e-fabrics. A iniciativa ma-peia as matérias-primas sustentáveis que podem ser utilizadas na indústria têxtil e na cadeia produtiva da moda.

Inspirada no Instituto-e e na Agen-da 21, documento resultante da Con-ferência Eco 92, a nova coleção da Osklen para o inverno 2012, chamada A21, foi desenvolvida com pele de pi-rarucu e salmão, seda, algodão orgâni-co e lona eco.

No dia 14 de junho, durante mesa-re--donda na São Paulo Fashion Week – Inverno 2012, o Instituto-e, em parce-ria com o Ministério do Meio Ambiente da Itália, lançou outro projeto susten-tável inovador para a indústria, o Tra-ces. Fruto de cooperação ítalo-brasi-leira, a iniciativa calcula o consumo de carbono e impactos socioambien-tais de e-fabrics.

do nordestino. Francisca revelou que o Grupo não utiliza nada industriali-zado como adereços. As rendas, por exemplo, são feitas à mão e tingidas com cascas de caju, gengibre, uru-cum e açafrão.

Para Francisca, muitos utilizam a sustentabilidade como estratégia de marketing. “Produzir uma coleção sustentável em um ano e esquecer o assunto no ano seguinte não é um trabalho sustentável. O emprego da sustentabilidade na indústria têxtil e na de confecção deve ser contínuo.” Para ela, essa é a única forma de a moda brasileira se firmar no cenário in-ternacional. E isto se confirma com a participação do Grupo Natural Cotton Color na feira internacional de moda Who’s Next Prêt à Porter, que acon-teceu em Paris (França), entre os dias 30 de junho e 3 de julho. Na ocasião, o grupo paraibano apresentou uma linha de alto verão em cores fortes, como amarelo e laranja, com apliques de or-ganza e seda pura tingida naturalmen-te com açafrão e urucum.

Luxo sustentávelLuxo sustentável é a aposta da grife

carioca Osklen. Fundada pelo estilista Oskar Metsavaht, em 1989, a marca investe em produtos com lifestyle bra-sileiro, com design original, sustentá-

Bolsas da marca Osklen,produzidas com couro depirarucu e juta da Amazônia

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conjunturainvestimento

Guia online da ABIT ajuda o empresário a encontrar o financiamento exato para o seu negócio

pretende basicamente “facilitar a vida do empresário”. E ele cita, em especial, o empreendedor de peque-no porte. “Sabemos que são empre-sários e não dispõem de muito tempo para pesquisar as linhas de crédito disponíveis. Por isso, criamos essa plataforma facilitadora de consulta. Lá ele pode encontrar créditos espe-cíficos para investimentos diversos: aquisição de máquinas e equipamen-tos, construção civil, inovação e tec-nologia, dentre outras finalidades. Quem pretende investir em um novo negócio também encontra algumas opções de financiamento”, explica.

Concorrência e investimentoA indústria têxtil e de confecções

no Brasil tem uma importância singu-lar na economia nacional: representa 3,5% do PIB nacional, foi classificada como a segunda maior empregadora da indústria de transformação do País (em 2010 foram registrados 1,7 mi-lhão de empregados) e situa-se como o quinto maior parque industrial têxtil e o quarto maior de confecções do mun-do. Por todos esses fatores, demanda uma atenção especial do governo e também das associações representati-vas, no sentido de trabalhar o fomento à competitividade e ao crescimento dos negócios dentro e fora do País.

DIferenTemenTe DA re-AlIDADe BrAsIleIrA nas dé-cadas passadas, hoje a oferta de cré-dito para investimentos é abundante. Diversos agentes financeiros do País apresentam uma gama de oportunida-des de empréstimos destinados àque-le que quer fazer o seu empreendi-mento crescer. Mas, apesar de todas as facilidades, um entrave que muitos proprietários de empresas costumam enfrentar está na própria oferta varia-da e, consequentemente, a escolha pela linha de fomento ideal. Um peri-go comum está na sedução exercida por gerentes de bancos que podem indicar um financiamento inadequado a sua realidade e condições.

Com o objetivo de sanar este pro-blema e assessorar o empresário na definição do crédito certeiro para o seu investimento, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), em parceria com o Ministério de Desenvolvimento In-dústria e Comércio Exterior (MDIC), criou o ‘Guia Online Linhas de Cré-dito’, uma ferramenta digital de consulta e simulação que reúne pra-ticamente todas as opções de finan-ciamento disponíveis no País para empresários do setor.

Fernando Pimentel, Diretor Superin-tendente da ABIT, explica que o guia

Consultoriadigital

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Por Tatiana Vieira | foto shutterstock

Atualmente, a concorrência com o produto importado ilegalmente é um dos obstáculos enfrentados pelo setor. “Os grandes compradores for-çam a redução dos preços e, muitas vezes, optam por produtos que vêm de fora exatamente por ter benefícios como esse”, explica Pimentel. E os pro-prietários de pequenas e médias em-presas costumam ser os mais afeta-dos por este problema, pois precisam investir em seu negócio para compe-tir com a concorrência estrangeira. Muitas vezes, sem dispor do capital necessário. Sem contar as maiores dificuldades encontradas no pedido e aprovação de crédito.

Nesse aspecto, de acordo com o superintendente da Agência de Fo-

mento Paulista, Gilberto Fiorante, o proprietário de um negócio de peque-no e médio porte enfrenta, normal-mente, duas principais dificuldades: “A prestação de informações refe-rentes às demonstrações financei-ras da empresa, que deve espelhar a sua real situação, e as garantias que precisa oferecer para a operação de financiamento”. Apesar destas barreiras, já existem instituições fi-nanceiras que dispõem de fundos de apoios, pontua Fiorante.

Em relação ao Guia da ABIT, o di-retor superintendente da instituição, Fernando Pimentel, explica que quan-do o usuário não encontra determi-nada linha de crédito especial a qual teve conhecimento, ele pode entrar

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conjunturainvestimento

em contato com a entidade e solicitar a inclusão na base de dados digital. “Este é também o grande diferencial da nossa plataforma: ela é dinâmica. Permite a interação e a contribuição do usuário”, diz.

DesafiosQuestionado se o momento atual

é oportuno para que o empresário busque o apoio de um financiamen-to, Pimentel defende que “quem está na indústria e quer permanecer no mercado, precisa investir constante-mente”. Ele explica que a alta taxa de juros no Brasil pode inibir os em-preendedores a buscar o suporte de uma instituição financeira, e que, an-tes e após fazer a opção pelo crédito ideal, é recomendável avaliar o quadro

da empresa e ponderar sobre todas as decisões. “O empresário precisa equacionar a dívida e o patrimônio da empresa. É necessário analisar tam-bém em quanto tempo virá o retorno esperado. Avalia-se a projeção da de-manda, o feedback do investimento, a expectativa do consumidor e o mais importante: o custo e o ônus de não investir.” E reforça: “Investimento não envolve somente o capital, mas também pensar em inovação, qualida-de, marketing e produto”.

Para o superintendente da Agência de Fomento Paulista, Gilberto Fiorante, após a obtenção do empréstimo, é fundamental que o empresário busque a governança nos processos produti-vos e econômicos do negócio. “A bus-ca da eficiência deve ser permanente, incluindo as boas práticas ambientais e a maximização dos resultados finan-ceiros. Os compromissos devem ser honrados pontualmente para que não haja interrupção junto ao mercado de oferta de crédito”, finaliza.

em cada opção de pagamento. Para encontrar a linha de crédito ideal para cada negócio, o usuário precisa efetuar um cadastro inicial. Feita a inscrição, ele já está apto a realizar suas pesquisas. Usando filtros distintos, é possível indicar o agente de crédito (para aqueles que já são clientes de algum banco e pretendem fazer o empréstimo no mesmo), o valor mínimo do finan-ciamento ou o porte da empresa. Também dá para fazer a busca digitando uma palavra-chave como, “capital de giro”, “exportação”, “abertura”, entre outros. As linhas oferecidas têm destinações varia-das. A única restrição é que sejam empresários. Os financiamentos não contemplam os profissionais autônomos.

Como uTIlIzAr o GuIA lInhAs De CréDITo?

Por meio do acesso ao guia (www.abit.org.br/linhasdefomento), o visi-tante pode fazer diversas pesquisas e comparar taxas de juros, carência e demais condições e exigências dos vários agentes financeiros do País que oferecem o crédito. Junta-mente com as ferramentas de con-sulta, há um glossário com a expli-cação de todos os termos técnicos. Assim, o empresário não terá difi-culdade para identificar e selecionar a linha de fomento que irá atender bem a sua demanda. Outro suporte que a página oferece é o acesso aos links de simuladores online. Ao indicar o valor do financiamento, a ferramenta calcula, automaticamen-te, as alternativas quanto ao número de parcelas e os valores cobrados – com a indicação dos juros incidido

As linhas oferecidas têm destinações variadas, atendendo tanto quem deseja expandir o seu negócio, como os interessados em abrir uma nova empresa

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Históriaalfaiate

Alfaiates são homenageadospor meio do resgate da história de diferentes profissionais

A máquinA de costurA é a sua principal parceira. E com mais alguns poucos e até obsoletos objetos como tesoura, régua e linhas, o alfaia-te exerce a arte de criar e costurar pe-ças de roupa de forma artesanal e sob medida. Em 6 de setembro, é comemo-rado o dia desse tão antigo e impor-tante profissional. Portanto, a Revista Vestir resolveu fazer uma homenagem à profissão que tem forte ligação com o início do Sindivestuário.

Um alfaiate é um costureiro exclusi-vo. Mas antes de coser qualquer peça masculina ou feminina, ele analisa o corpo, o gosto e várias outras carac-terísticas do seu cliente para, então, elaborar a melhor peça.

Maestrosda roupa

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Por tatiana Piva | Fotos Arquivo Vicente Farina

Na década de 1960, o Brasil viveu o auge dessa profissão. Os homens mais famosos e ricos costumavam ad-quirir suas roupas somente em alfaia-tarias. Segundo dados da Associação dos Alfaiates e Camiseiros do Estado de São Paulo (AACESP), em 1970 havia mais de 5 mil alfaiates em São Paulo. Um dos mais importantes, sem dúvida, foi Vicente Buonocuore Farina (1899–1991).

Filho de imigrantes italianos que moravam na região do Brás, Farina, como era conhecido, tornou-se alfaia-te por acaso. Segundo relata sua neta Sandra Maria Calamita Lucchesi, auto-ra da biografia “Eu...alfaiate?”, como castigo para uma de suas traquina-gens, a mãe Immaculada Buonocuore Farina, resolveu tirar o garoto da es-cola e colocá-lo para trabalhar. Muito rígida, ela andou pelas ruas da região batendo de porta em porta nos esta-belecimentos e arrumou o primeiro emprego do filho na Alfaiataria Petrillo, quando ele tinha apenas 11 anos.

Durante os anos seguintes, Farina foi aprendendo e cresceu na hierarquia das alfaiatarias por onde passou. Ocu-pou funções de aprendiz de alfaiate, calceiro, oficial de paletó e mestre-al-faiate. Até que conseguiu alugar uma pequena sala e deu início ao seu pró-prio negócio. Apesar da falta de conhe-cimento acadêmico, Farina criou méto-dos tão precisos para a confecção de roupas de luxo que ganhou diversos prêmios. Ajudou a criar o Curso de Costura do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (SENAI), em São Paulo, a implantar o Curso Superior de Alfaiate, na Universidade do Paraná, e foi ainda um dos fundadores da União dos Alfaiates.

“O sucesso foi consequência de um escopo de vida baseado em elegância e perfeição. E isso o levou a ser um dos maiores profissionais da época”, diz sua neta.

Início do SindicatoNo dia 3 de janeiro de 1936, Vicente

Farina, assinou a ficha de inscrição

número 2 do Sindicato de Roupas Masculinas do Estado de São Paulo. A ficha número 1 foi perdida ao longo do tempo. Por isso, hoje ele é consi-derado o primeiro profissional a dar início ao Sindivest/Sindiroupas, enti-dades que mais tarde dariam origem ao Sindivestuário, união destes com o Sindicamisas.

Além dos legados deixados por seu avô, Sandra também se recorda dos relatos que ele fazia de momentos difíceis sobre a profissão. As justifi-cativas para a perda de espaço dos alfaiates foram o surgimento do prêt--à-porter (roupas prontas para vestir). Tais acontecimentos influenciaram tanto, que hoje são apenas 500 profis-sionais no estado de São Paulo, segun-do a AACESP.

Porém, de uns cinco anos para cá, parece que a profissão voltou a ‘ficar na moda’. Tanto que algumas alfaiatarias chegaram a abrir lojas em shoppings das grandes capitais. Como é o caso da Alfaiataria Paramount. “Desenvol-vemos contato direto com os alfaia-tes, quando, em 1990, fizemos tecela-gens de pura lã. Hoje grandes marcas usam nossos tecidos”, conta orgulho-so Fuad Mattar, dono da Paramount Têxteis. Outra prova que reafirma a importância desse profissional e o seu retorno como referência no mercado é que outras grandes marcas também incluíram a alfaiataria em suas cole-ções. João Camargo, 37 anos, abriu a Camargo Alfaiataria há sete e assume ser alfaiate sem qualquer preconceito. “Somos grandes ‘consultores de ima-gem’. Desde que abri minha loja venho trabalhando no resgate dos conceitos de elegância e saúde. O homem de hoje está voltando a se preocupar com o bem-estar. E é exatamente este novo comportamento que contribui para a volta dos alfaiates”, defende Camargo e confessa algumas de suas maiores estratégias: Saber ouvir os clien- tes para assim conseguir descobrir uma identidade da sua marca e criar suas peças. “Alfaiate é tradição, nun-ca cairá de moda!”

nA décAdA de 1970, hAViA mAisde 5 mil AlFAiAtes no estAdo de são PAulo, hojesão 500

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FuxicoMercado

Reciclagem cuRiosidade

o convênio fiRmado en-tre o Governo do Estado da Paraíba, por meio da Fundação de Apoio à Pes-quisa (Fapesq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), resultou na criação de um software de contro-le de produção, análise de custos e eficiência pessoal, voltado para a in-dústria têxtil.

O programa, desenvolvido pela em-presa Campina Tec, contribui para agilidade administrativa, identifica-ção do real custo da matéria-prima e da mão de obra no produto, moni-

com o objeti-vo de reverter o des-perdício de 90% dos re-talhos pelas indústrias têxteis e de confecção do País, o Sinditêxtil-SP lançou, em parceria com o Sindivestuário um movimento que quer chamar a atenção dos empresários paulista-nos para a destinação correta dos restos da produção. Com o nome de “Retalho Fashion”, o projeto começa com o cadastro das empre-sas. A partir daí, entra o trabalho de parce-ria do Sindicato e da prefeitura de São Paulo, que organiza a coleta seletiva dos restos de roupas para que sejam encaminhados às indús-trias que usam o retalho como matéria-prima. Outros setores indus-triais do Brasil já estão avançados em termos de reciclagem, de acor-do com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Conforme levan-tamento da entidade, 98% das embalagens de alumínio e 95% das embalagens de agrotó-xicos são reaproveita-das no País.

PesquisadoRa da Univer-sidade Central Saint Martins de Arte, em Londres, Suzanne Lee, re-solveu inovar na criação de roupas, de uma maneira bem curiosa. A designer de moda desenvolveu um tecido a partir de bactérias e fun-gos. O experimento é simples: ela mistura microorganismos em uma cuba com chá verde e com muito açúcar. Ao consumir o açúcar, as bactérias produzem um tecido de celulose que leva de duas a três se-manas para criar fibras.

A camada de celulose que se for-ma na superfície do chá possui es-pessura de 1,5 cm e pode ser mol-dada no formato da roupa. Após ser retirada da cuba, a fibra passa por um processo de secagem e torna-se mais fina, pronta para ser tingida e costurada.

Coleta seletiva de retalhos

software benefiCiaa indústria têxtil

designer de moda desenvolve teCido de baCtérias e fungos

toramento da produtividade, elimina-ção dos erros no processo e individu-alização da produção. Com isso, se pretende colaborar para um melhor controle administrativo e financeiro, beneficiando tanto os proprietários, quanto os empregados, já que, com a individuação da produção, é possível remunerar melhor o operário de alta produtividade, oferecendo-lhe algum tipo de bonificação.

O software também calcula custos de aviamentos, criação, controle de qualidade e demais gastos da produ-ção. Além disso, possibilita a prática de descontos e financiamento, o que pode resultar em uma melhor capaci-dade competitiva no mercado.

tecnologia

Um problema deste tecido — que a pesquisadora diz já estar estudan-do para saná-lo — é a sua alta absorvência. Ao contato com a água, o material pode apresentar um as-pecto de ‘esponja encharcada’. Ela deseja desen-volver um mol-de para que as bactérias já produzam a fibra no f o r m a t o dese j ado para a rou-pa, dispen-sando a costura.

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Na redeNotícias

O bOOm das redes sO-ciais tem ganhado tanta força, que o modelo de interatividade tem sido adaptado aos mais diversos segmen-tos. E a moda não fica de fora. No Brasil, a rede social Fashion.me, que integra estudantes, profissionais e empresários do mundo fashion, foi criada quase como uma brincadeira e hoje virou um case. Após um ano na rede, a página já contava com 160 mil usuários cadastrados e, atualmente, registra mais de 500 mil visitantes mensais.

O funcionamento da página baseia-se em algumas ferramentas interes-santes: os usuários podem criar e compartilhar suas produções a partir de peças que estão disponíveis na página ou por pesquisas na internet. A partir daí, começa a interação com os membros do seu grupo de amigos. Os usuários trocam opiniões, fazem contatos e exercitam a criatividade. Também é possível adicionar marcas favoritas e criar uma rede de contatos a partir dos interesses em moda.

CresCe visita mensalao Fashion.me

cOm uma OperaçãO seme-lhante ao “Maps”, o Google criou um novo aplicativo que permite o inter-câmbio do chefe com o funcionário que trabalha nas ruas. Através do Google Maps Coordinate, será possí-vel acompanhar toda a rota do repre-sentante da empresa, verificando os locais em que ele visitou, inclusive, o tempo de visita. Para isso, o funcio-nário deverá ter um aplicativo especí-fico instalado no Android.

O Google informou que o aplicati-

GooGle Cria app que FaCilita a interaçãoentre representante e empresa

vo terá configurações avançadas e uma delas é a possibilidade de inter-rupção do serviço ao fim da jornada de trabalho do funcionário. Para o funcionário, este novo aplicativo será um importante aliado para o controle de locais visitados e o mapeamento das regiões de maior captação de negócios. O aplicativo estará dispo-nível, inicialmente, apenas para a plataforma Android, mas a empresa já anunciou que estuda o desenvolvi-mento de versões para o iOS.

cOnexãO

rede sOciaL

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CONTEXTODebate

A indústriA nAcovA dos leões

Dessa vez, faço uma introdução diferente para chamar a atenção para um tema bem conhecido da indústria brasileira. Sucesso dos anos 1980, o grupo Legião Urbana cantou e encan-tou uma geração com várias músicas. Sem dúvida, uma delas foi “Daniel na Cova dos Leões1”; que não tem rela-ção objetiva com a passagem bíblica. Um dos versos mais belos da letra diz: “Tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir usar os remos”. Mas qual a relação disso com a indústria?

Não é de hoje que se sabe que o Brasil é um País caro para se produ-zir e que tem inúmeras ineficiências, sobretudo na infraestrutura e na buro-cracia. Tudo isso (e mais um pouco) chamamos de Custo Brasil. Temos uma carga tributária que alcança 36% do PIB (do mesmo tamanho dos tri-butos pagos pelos ingleses, sem que os serviços possam ser comparados). Nossa energia elétrica, a despeito de ser gerada, basicamente, por hidre-létricas, é das mais caras do mundo.

Nossa legislação trabalhista é da dé-cada de 1940, sem avanços significa-tivos. O custo de capital para empre-sas é 46,5% ao ano, mesmo com a Taxa de Juros Básica em baixa.

Diante disso, resta aos empresários e trabalhadores serem muito compe-tentes e criativos para superar a falta de competitividade sistêmica do País. Mundo afora, a disputa por mercados é intensa. O Brasil ainda tem um mer-cado consumidor dinâmico, já que os dados do comércio varejista ainda são favoráveis. No acumulado de janeiro a maio de 2012 o comércio de tecidos, vestuário e calçados cresceu 1,2%, no Brasil. É verdade que bem menos do que os 6,86% de idêntico período do ano anterior.

Outros sinais começam a preocupar a todos e dão conta do novo momento pelo qual o País passa; não tão aus-picioso como foi no passado recente. A última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), relativa a maio de 2012, mostra que as horas trabalhadas na produção do vestuário são apenas 85% do que foram na mé-dia de 2006. Com isso, a indústria do setor faz ajustes constantes, contudo não consegue aproveitar seu potencial.

Cada mês que passa, a indústria do vestuário usa menos sua capacidade instalada. Desafortunadamente, assis-timos — mais não sem alertar e intera-

1 Para ver e ouvir:http://bit.ly/1307Cg

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gir com as autoridades competentes, destacando caminhos alternativos — ao desmonte do setor que é o segun-do maior empregador da indústria de transformação.

Objetivamente, o gráfico a seguir mostra que existe enorme capacida-de ociosa no setor. Desde março de 2012, a utilização da capacidade ins-talada cai no segmento de vestuário. Os dados revelam que o setor usava 83,1% do seu potencial produtivo; em maio usou apenas 82,2%. A indústria têxtil — fornecedora e que, por isso, também sofre com a concorrência as-simétrica do produto acabado que en-tra no Brasil — estagnou sua produção em apenas 81,9% de sua capacidade.

É importante dizer que usar aquém da capacidade produtiva significa des-perdiçar recursos. Ainda que involun-tariamente, o empresário fica com o “freio de mão puxado”. Dito de outro modo, sem novo investimento, nova contratação ou modernização tecno-lógica, o que poderia fazê-lo produzir mais. Porém, o mais preocupante é que em períodos seguintes, esse mes-mo empresário buscará ajustar sua ca-pacidade produtiva à nova realidade, a de um mercado estagnado. Essa aco-modação ocorrerá, via de regra, por meio da desmobilização do investimen-to (de forma paulatina, deixar de ser industrial e passar a ser comerciante é um dos caminhos mais conhecidos) e, mais grave do ponto de vista social, com redução de pessoal.

Esse é o instante de retomar o iní-cio do artigo. O Brasil comete o mes-mo erro que a banda Legião Urbana frisou na música dos anos 1980. In-sistimos em sermos barco a motor e – ainda assim – usar remos. A indús-tria aqui instalada é a quinta maior do mundo, mesmo diante de tantas mazelas concorrenciais patrocinadas pelo ambiente pouco favorável aos ne-gócios. O potencial do vestuário bra-sileiro é enorme, já que a cadeia de suprimentos está totalmente presente em nosso território. Poucos são os paí-ses que ainda têm todos os elos desse segmento industrial presentes e com capacidade de suprir o mercado do-méstico e até mesmo exportar.

Enquanto os empresários retardam seus investimentos e ajustam para baixo suas expectativas de produção, aumentamos a compra de produtos do vestuário vindos do exterior, sobretudo da Ásia. Pensando bem, talvez o artigo devesse ter o título de “A indústria na cova dos tigres”, uma vez que é para lá (Ásia) que vai o emprego e o investi-mento que poderia ser feito aqui.

Está mais do que no momento de ligarmos os motores da indústria de transformação brasileira, sobretudo dos segmentos que geram mais pos-tos de trabalho. Teremos de passar pelo desmonte da indústria como fize-ram alguns países que hoje têm taxas de desemprego de 25% para iniciar-mos um plano de recuperação? Ainda há tempo. Mas, não muito.

Nível de Utilização da Capacidade Instalada - Têxtil e Vestuário

Haroldo Silva Diretor-executivo do Sindivestuário e prof. da UniÍ[email protected]

Por Haroldo silva | Fotos shutterstock e Divulgação

81,1

jan

Fonte: CNI Elaboração: Sindivestuário-SP Têxteis Vestuário

fev mar

Utilização da Capacidade Instalada - 2012

abr mai

80,6

82,0 82,181,9

82,4

81,982,2

83,1

82,7

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32 Revista Vestir

Trabalho e JusTiça Artigo

Ao proibir o trabalho aos meno-res de 16 anos, a Constituição Federal de 1988 ressalvou a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. No Brasil, a aprendizagem é regu-lada pela Consolidação das Leis do Tra-balho – CLT, e passou por um processo de modernização com a promulgação das Leis nºs. 10.097/00, 11.180/05 e 11.788/08.

O que é o contrato de aprendizagem?É um contrato de trabalho espe-

cial, ajustado por escrito e de prazo determinado, com duração máxima, em regra, de dois anos. O emprega-dor se compromete, nesse contra-to, a assegurar ao jovem com idade entre 14 e 24 anos (não se aplica o limite de 24 anos para o jovem com deficiência), inscrito em programa de aprendizagem, uma formação técnico profissional metódica, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. O aprendiz, por sua vez, se compromete a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação (art. 428 da CLT).

Quais são os estabelecimentos obriga-dos a contratar aprendizes?

Os estabelecimentos de qualquer natureza, que tenham pelo menos sete empregados, são obrigados a contratar aprendizes, de acordo com o percentu-al exigido por lei (art. 429 da CLT). É facultativa a contratação de aprendi-zes pelas microempresas (ME), empre-sas de pequeno porte (EPP), inclusive as que fazem parte do Sistema Integra-do de Pagamento de Impostos e Con-

Contrato deaprendizagem

tribuições, denominado “SIMPLES” (art. 11 da Lei nº 9.841/97).t. 429 (§ 1º A, do art. 429).

Na vigência do contrato de aprendiza-gem, a empresa pode alterar a moda-lidade desse contrato para prazo inde-terminado?

Não, pois o contrato de aprendiza-gem é de natureza especial, cujo ob-jetivo principal é a formação profissio-nal do aprendiz. Quando o contrato de aprendizagem chegar ao seu termo fi-nal, o jovem poderá ser contratado por prazo indeterminado.

Qual é a cota de aprendizes a serem contratados?

A cota está fixada entre 5%, no mí-nimo, e 15%, no máximo, por estabe-lecimento, calculada sobre o total de empregados cujas funções demandem formação profissional. As frações de unidade darão lugar à admissão de um aprendiz (art. 429, caput e § 1º da CLT).

Quais as funções que não devem ser consideradas para efeito de cálculo da cota de aprendizes?

São excluídas da base de cálculo da cota de aprendizagem as seguin-tes funções: 1) as funções que exijam formação de nível técnico ou superior e os cargos de direção, de gerência ou de confiança (art. 10, § 1º, do Decreto nº 5.598/05); 2) os empre-gados em regime de trabalho tempo-rário, instituído pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1973 (art. 12, do De-creto nº 5.598/05); 3) os aprendizes já contratados.

A íntegra do Manualda Aprendizagem encontra-se no sitewww.sindicatosp.com.br. No caso de dúvidas, entre em contato: jurí[email protected] (11) 3889-2277

o que é preciso saber para contratar o aprendiz

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por Maria Thereza pugliesi | Foto Divulgação

Como ficam os contratos de aprendiza-gem quando há redução no quadro de pessoal da empresa?

Os aprendizes não podem ser de-mitidos em razão da redução do qua-dro de pessoal, pois os contratos de aprendizagem em vigor se vinculam ao número de empregados existente no momento do cálculo da cota. Portan-to, a redução do quadro de pessoal só gerará efeitos no futuro.

Qual deve ser o salário do aprendiz?A lei garante ao aprendiz o direito

ao salário mínimo-hora, observando-se, caso exista, o piso estadual. No en-tanto, o contrato de aprendizagem, a convenção ou o acordo coletivo da categoria poderá garantir ao aprendiz um salário maior que o mínimo. A alí-quota do FGTS nesta contratação será de 2%, devendo ser recolhida pelo Có-digo nº 7 da Caixa Econômica Federal (art. 24, parágrafo único, do Decreto nº 5.598/05).

Qual é a jornada de trabalho permitida para o aprendiz?

A jornada de trabalho legalmente permitida é de: 1) seis horas diárias, no máximo, para os que ainda não con-cluíram o ensino fundamental, compu-tadas as horas destinadas às ativida-des teóricas e práticas, cuja proporção deverá estar prevista no contrato (art. 432, caput, da CLT); 2) oito horas diá-rias, no máximo, para os que conclu-íram o ensino fundamental, computa-das as horas destinadas às atividades teóricas e práticas (art. 432, § 1º, da CLT), cuja proporção deverá estar prevista no contrato. Não é, portanto, possível uma jornada diária de oito ho-ras somente com atividades práticas. Em qualquer caso, a compensação e a prorrogação da jornada são proibidas.

O aprendiz também tem direito ao vale-transporte?

Sim, é assegurado o vale-transporte para o deslocamento residência-em-presa e vice-versa ou residência-ins-tituição formadora e vice-versa (art. 27 do Decreto nº 5.598/05). Caso,

Maria Thereza PugliesiAdvogada do Sindivestuáriojurí[email protected]

no mesmo dia, o aprendiz tenha que se deslocar para empresa e para ins-tituição formadora, devem ser forneci-dos vales-transportes suficientes para todo o percurso.

Aos aprendizes são assegurados in-tegralmente as vantagens e/ou be-nefícios concedidos aos demais em-pregados da empresa constantes dos acordos ou convenções coletivas?

Apenas quando houver previsão expressa nas convenções ou acor-dos coletivos (art. 26 do Decreto nº 5.598/05). Outra hipótese é a con-cessão dos benefícios e vantagens por liberalidade do empregador.

Durante as folgas das atividades teó-ricas, pode o aprendiz cumprir jornada integral na empresa?

Sim, desde que a referida hipótese esteja expressamente prevista no pro-grama de aprendizagem e que não seja ultrapassada a jornada prevista no art. 432, caput e § 1º, da CLT, que é de seis ou oito horas, conforme o caso.

As férias do aprendiz com idade infe-rior a 18 anos deverão sempre coinci-dir com as férias escolares?

Sim (art. 136, § 2º, da CLT).

Como proceder em caso de concessão de férias coletivas?

Mesmo nessa hipótese, o aprendiz com idade inferior a 18 anos não perde o direito de ter as suas férias coincidi-das com as da escola regular, devendo gozar as férias coletivas a título de li-cença remunerada.

A rescisão do contrato de trabalho do aprendiz deve ser assistida (homolo-gada)?

Sim, desde que os contratos tenham duração superior a um ano (art. 477, § 1º, da CLT). Caso seja menor de 18 anos, a quitação das verbas rescisórias pelo aprendiz deverá ser assistida pelo seu representante legal (art. 439 da CLT). Se legalmente emancipado, nos termos do Código Civil, poderá ele pró-prio dar quitação dos valores pagos.

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Tranoi, que significa “entre nós”, é uma feira seletiva de vestuário com foco em marcas. Conta com a pre-sença de aproximadamente 450 dos melhores e mais influentes designers mundiais, instalações artísticas, expo-sições e todo tipo de ações relaciona-das à moda.

Data: 01/10/2012 a 31/10/2012Local: Avenue Montaigne, La Bourse eCarrousel du Louvre – Paris – FrançaTemporada: 2012Site: www.tranoi.com

A Feira Internacional do Setor Infan-to-Juvenil Bebê (FIT) é considerada a mais importante do ramo na América do Sul. Reunindo grandes marcas, o evento antecipa as novidades e ten-dências para as próximas estações. É a única realizada em duas edições: prima-vera-verão e outono-inverno.

Data: 25/11/2012 - 28/11/2012Local: Expo Center Norte – São Paulo-SPTemporada: 2012Site: www.fit016.com.br

Evento atraiu cerca de 10 mil visitan-tes em sua última edição. A Semana da Moda Mineira é um salão de ne-gócios de moda focado no lançamento das coleções de alto verão de empre-sas da cadeia produtiva e de fornece-dores do setor na região da Zona da Mata, de Minas Gerais. Chega a sua 6ª edição consolidada como uma das principais do calendário nacional da moda. Para isso, reúne desfiles das me-lhores marcas e estilistas mineiros, com showroom de negócios, além de uma agenda de eventos paralelos, como palestras e debates em torno de temas relevantes para o segmen-to. Participam da Semana da Moda Mineira cerca de 700 empresas que fazem parte do polo da moda de Ubá e região. A programação inclui desfi-les, encontros de negócios, palestras e debates.

Data: 05/09/2012 a 07/09/2012Local: Pavilhão de Exposições do Horto Florestal – Ubá-MGTemporada: 2012Site: www.semanadamodamineira.com.br

Um dos maiores sucessos dentre os eventos promovidos pelo Sebrae (Ser-viço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas), a proposta da Feira do Empreendedor é propiciar um am-biente favorável para oportunidades de negócio, oferecendo aos empreende-dores a possibilidade de adquirir equi-pamentos ou abrir negócios com bai-xo investimento inicial. Atualmente, o evento é realizado ao longo do ano em vários estados brasileiros. Cada edição é projetada de acordo com a cultura e a dinâmica da economia local.

Data: 25/10/2012 a 28/10/2012Local: Expo Center Norte – São Paulo-SPTemporada: 2012Site: www.sebrae.com.br/customiza-do/feira-do-empreendedor

Feira doempreendedor

6ª Semana damoda mineira

Tranoi – 2ª edição

40ª FiT 0/16

AGENDANovos Negócios

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