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Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

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Cinema Alternativo: Por amor à sétima arte, cinéfilos organizam-se em produções coletivas. A edição traz ainda destaque sobre as mobilizações de jovens pela educomunicação no Nordeste, e um novo jeito de fazer captação de recursos para aquele seu projeto que tá na cabeça, o Catarse. Mais+ União Homoafetiva Mídias Livres! Galera Repórter entrevista a esgrimista Karina Lakerbai Encontro Positivo

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Sexo e Saúde

Associação Imagem ComunitáriaBelo Horizonte (MG)

www.aic.org.br

Universidade Popular – Belém (PA)www.unipop.org.br

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

www.soudeatitude.org.br

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

www.avalanchemissoes.org

Casa da Juventude Pe. BurnierGoiânia (GO)

www.casadajuventude.org.br

Centro de Refererência Integralde Adolescentes – Salvador (BA)

blogdocria.blogspot.com

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

www.cipo.org.br Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ)

ocidadaonline.blogspot.com

Movimento de Intercâmbiode Adolescentes de Lavras

Lavras (MG)

Gira Solidário Campo Grande (MS)

www.girasolidario.org.br

Instituto de Estudos SocioeconômicosBrasília (DF)

www.chamadacontrapobreza.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos

da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br

Agência Fotec – Natal (RN)

Projeto Juventude, Educaçãoe Comunicação Alternativa

Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – RioBranco (AC)

ujsacre.blogspot.com

Grupo Cultural EntrefaceBelo Horizonte (MG)

gcentreface.blogspot.com

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

grupomakunaimarr.blogspot.com

Taba - Campinas (SP)www.espacotaba.org.br

Veja quem faz a Virapelo Brasil

Apôitcha - Lucena (PB)www.apoitcha.org

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Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 03

Copie sem moderação! Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“Uma superprodução hollywoodiana não é barata. Dezenas de

milhões de dólares são gastos com filmes que ganharão espaço nas

principais salas de cinemas do mundo todo. Só nos EUA, conforme

levantaram os nossos virajovens, cada produção custa em média 60 milhões de

dólares, um valor fora da realidade dos amantes da sétima arte e coletivos que se

formam com o objetivo de produzir cinema alternativo. Na nossa reportagem de

capa Câmera na mão, você confere experiências de pessoas apaixonadas pela

telona, que com pouco recurso abordam realidades diferentes das tratadas pelos

grandes produtores de cinema.

Nesta edição, você também fica por dentro das primeiras

conclusões de uma pesquisa realizada por um grupo da Universidade

de Fortaleza (Unifor) sobre as produções midiáticas dos jovens

da capital cearense, e passa a saber como pode

conseguir recursos financeiros para viabilizar

um projeto engavetado por falta de

grana. Boa leitura!

AViração é um uma organização nãogovernamental (ONG), de educomunicação,

sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNICEF), da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo deComunicação e Educação da Universidade deSão Paulo e da Agência de Notícias dos Direitosda Infância (ANDI). Além de produzir a revista,oferece cursos e oficinas de capacitação emcomunicação popular feita para jovens, porjovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 22 Estados, que reúnem representantes deescolas públicas e particulares, projetos emovimentos sociais. Entre os prêmiosconquistados nesses oito anos, estão PrêmioDon Mario Pasini Comunicatore, em Roma(Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedidopela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking daAndi, a Viração é a primeira entre as revistasvoltadas para jovens. Participe você tambémdesse projeto. Veja, ao lado, nossos contatosnos Estados.

Paulo Pereira de lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovens em 22 Estadosbrasileiros e no distrito FederalBelém (PA) - [email protected]

Belo Horizonte (MG) - [email protected]

Boa Vista (RR) - [email protected]

Brasília (DF) - [email protected]

Campinas (SP) - [email protected]

Campo Grande (MS) - [email protected]

Curitiba (PR) - [email protected]

Fortaleza (CE) - [email protected]

Goiânia (GO) - [email protected]

João Pessoa (PB) - [email protected]

Lavras (MG) - [email protected]

Lima Duarte (MG) - [email protected]

Maceió (AL) - [email protected]

Manaus (AM) - [email protected]

Natal (RN) - [email protected]

Porto Velho (RO) - [email protected]

Recife (PE) - [email protected]

Rio Branco (AC) - [email protected]

Rio de Janeiro (RJ) - [email protected]

Sabará (MG) - [email protected]

Salvador (BA) - [email protected]

S. Gabriel da Cachoeira - [email protected]

São Luís (MA) - [email protected]

São Paulo (SP) - [email protected]

Serra do Navio (AP) - [email protected]

Teresina (PI) - [email protected]

Vitória (ES) – [email protected]

Quem somos

Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação01305-100 - São Paulo - SPTel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

HoRáRio dE atEndimEnto

Das 9h às 13h e das 14h às 18h

E-mail da REdação E assinatuRa

[email protected]@viracao.org

at endiment o ao l eit o r

Com 12 edições anuais, a Revista

Viração é publicada mensalmente em

São Paulo (SP) pela ONG Viração

Educomunicação, filiada ao Sindicato

das Empresas Proprietárias de Jornais

e Revistas de São Paulo (Sindjore).

Produção coletiva

Associazione Jangada

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10

Sempre na ViraManda vê . . . . . . . . . . . . . 06De Olho no Eca . . . . . . . . 09Imagens que Viram . . . . . 12No Escurinho . . . . . . . . . . 30Que Figura . . . . . . . . . . . . 31Parada Social . . . . . . . . . 32Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33Rango da Terrinha . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Preço da assinatura anualAssinatura Nova R$ 58,00Renovação R$ 48,00De colaboração R$ 70,00Exterior US$ 75,00

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Jovens comunicadoresPesquisa da Universidade de Fortaleza investigaproduções em comunicação da juventude cearense

26 Viração WorldConheça a rede de jovens voluntários do conhecimento da

Fundação Mondo Digitale, na Itália

24 Financiamento colaborativoSite divulga projetos criativos com o objetivo dearrecadar fundos para transformá-los em realidade

8 1° EnformaeVirajovens do Nordeste organizam encontropara debater mídias alternativas em Natal (RN)

18

14 Com tudo na EsgrimaKarina Lakerbai, a primeira do ranking da

seleção brasileira de esgrima, fala sobre

o esporte ao Galera Repórter

28 Marcando presençaSaiba o que rolou nas coberturas dos adolescentese jovens da PCU, Agência Jovem e Pira na Notícia

16 Cidade idealConfira o que os jovens de Belém (PA) pensam sobre

a relação entre juventude e cidade

22 Finalmente no arSite da Agência Jovem de Notícias estreia em

grande estilo, com coberturas em São Paulo e

lançamentos em Estados do Norte e Nordeste

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho PedagógicoAlexsandro Santos, Aparecida Jurado,Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Direção ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeAleska Drychan, Ana Paula Marques,Bruno Ferreira, Douglas Lima, Elisangela Nunes,Eric Silva, Evelyn Araripe, Gisella Hiche,Manuela Ribeiro, Sâmia Pereira, Sonia Reginae Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Padilha

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino),Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas(Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (NiltonLopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel),Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto),Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros),Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão

(Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiroe Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona),Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (CláudiaFabiana), Pernambuco (Maria CamilaFlorêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz),

Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande

do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia(Luciano Henrique da Costa), Roraima(Cleidionice Gonçalves) e São Paulo (AnaLuíza Vastag, Dam iso Faustino, SâmiaPereira e Virgílio Paulo).

ColaboradoresAntônio Martins, Clarissa Barbosa,Dedê Paiva, Heloísa Sato, Lentini,Márcio Baraldi, Natália Forcat,

Novaes e Sérgio Rizzo .

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

Desenvolvimento do SiteOrlando Libardi

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação e [email protected]@viracao.org

Fazendo cinemaConfira como é a produção dos chamados filmesalternativos no Brasil e as dificuldades que enfrentamos cinéfilos para fazer cinema com poucos recursos

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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o queachou de nossas reportagens e seções. Suassugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta,1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo(SP) ou para o e-mail: [email protected] -Aguardamos sua colaboração!

Ponto G

@jessicabalbino,via Twitter:

@viracao, rola umanotinha no site?

E-mail

Sou Daniel e participo da Vira. Estiverecentemente disponibilizando edições da

revista para a Rede de Projetos onde trabalho. Mesurpreendi, pois antes de disponibilizar o material

para as crianças fui conversar com nosso Diretor, Pe.Xavier. Nem precisei mostrar muito o material. Logoreconheceu o nome e já foi me falando que conhecia

algumas pessoas que apostaram na ideia desde oinício. Estamos com as revistas circulando na

Rede Aica, aqui no Espírito Santo.

Daniel Santos Libardi

Perdeu algumaedição da Vira?Não esquenta!

Agora você pode acessar,de graça, as edições anterioresda revista na internet:www.issuu.com/viracao

Parceiros de Conteúdo

Para garantir aigualdade entre os gênerosna linguagem da Vira, ondese lê “o jovem” ou “osjovens”, leia-se também“a jovem” ou “as jovens”,assim como outrossubstantivos com variaçãode masculino e feminino.

@tvovo, via Twitter:

Olá pessoal, enviamos ume-mail para vocês, pois

gostaríamos de participar daRevista @viracao, Esperamos

resposta. Valeu!

Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é

http://twitter.com/viracao

Resposta: Ficamos muitofelizes em saber que a Vira está

presente em novos lugares,informando pessoas diversas com o

conteúdo produzido por nossosConselhos Virajovens e colaboradores.Contamos com o apoio de todos na

multiplicação do nossotrabalho!

@tjesperandio,via Twitter:

Ótimo artigo da Revista@viracao sobre Banda Largae a situação da conexão via

internet no Brasil.

Resposta:

A Viração e a AgênciaJovem de Notícias estão deportas abertas para quem

quiser colaborar! Por e-mail,combinaremos as

participações!

Na nossa última edição (n° 73),deixamos passar um erro ortográfico na matériaPor um bem coletivo. O título do box, que era paraser O que é Segurança Humana? ficou sem a “ç” napalavra “segurança”. Pedimos desculpas pelo erro.

Ops! Erramos!

Fale com a gente!

Venho agradecer aRevista Viração que me foi

enviada e, com certeza, será útilao nosso acervo. Atenciosamente,

Rosangela Pimenta Souza -Casa de Cultura Biblioteca

Resposta: Que bom quegostou da nossa reportagem!A edição n° 72 da Viração, que

aborda a questão da Banda Larga,está disponível também na internet.

Confira: http://www.issuu.com/viracao/docs/edicao_72

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Page 6: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estadose no Distrito Federal ([email protected] e [email protected])

Gabriela TalpoCamargo, 20 anos,

São Paulo (SP)

“Eu concordo. Acho que cada um temdireito de ficar com quem quiser e

oficializar isso. Se é desejo das duaspessoas, não é porque gosta do

mesmo sexo que é diferente.Pra mim dá exatamente

no mesmo.”

Henrique Proença,20 anos, Curitiba (PR)

"Minha posição é favorável.Não é questão de achar a

homossexualidade certa ou errada,é questão de dar o direito deescolha a todos os cidadãos

de uma nação."

Vivemos um novo momento no País, no qual a sociedadeparou para acompanhar a discussão da união homoafetivapelo Supremo Tribunal Federal (STF), após anos de luta doMovimento LGBT. Não se trata propriamente da aprovaçãodo casamento gay, mas da garantia de direitos que antescontemplavam apenas casais heterossexuais. Pessoas quemantém relação estável com outras do mesmo sexo terão

Manda Vê

Você concorda com oreconhecimento daunião homoafetiva?

direito à herança, plano de saúde e pensão alimentícia.Trata-se de um reconhecimento familiar, embora fora dosmoldes tradicionais.

Os Virajovens de Curitiba e São Paulo foram saber aopinião das pessoas sobre essa questão, que ainda émotivo de polêmica e discordância para alguns setoresda sociedade. Confira alguns depoimentos:

Juliana Cordeiro e Kevin Machado, do Virajovem Curitiba

(PR), e Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*

06 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

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Page 7: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

Natalia A. Bonfim,

34 anos, Curitiba (PR)

“Acho que o casamento civil é umdireito dos homossexuais, já que

antes da sua orientação sexual, elessão cidadãos. Portanto, devem ter

direitos como qualquer outrocidadão.”

Lucas Alonso deAbreu, 21 anos, São

Paulo (SP)

“Concordo, porque não vejo nadade ruim ou errado quanto

a isso. Se duas pessoas queremficar juntas ninguémdeveria ter o poder

de impedir.”

Mariana Castilho, 21anos, São Paulo (SP)

“Por mais que ache que isso devesseser um processo de aceitação natural,tanto das leis, quanto das religiões, jáque todos são livres pra fazer o quequiserem desde que não interfira no

bem comum, acho super válidoque o STF tenha reconhecido

a união homoafetiva.”

Murillo de Carvalho, 17anos, Osasco (SP)

"Num mundo onde tanta gente estáperdida, tanta gente busca tentar ser feliz,

acredito que aqueles que conseguiramencontrar o caminho para tal devam seguirpor ele e não olhar mais para trás. Sou afavor da união homoafetiva no Brasil e

da liberdade na busca da felicidade,afinal, o mínimo é fazer

valer a pena."

No mundo, ainda há discrepâncias na questão daunião homoafetiva. Países como Argentina e EUA

reconhecem oficialmente a união, embora esteúltimo apresente restrições em alguns de seus

estados, especialmente os da região central. Por outro lado,há países, como a Uganda, que criminalizam ahomossexualidade, e chegam a condenar à morte pessoasque se relacionam com outras do mesmo sexo.

Não é de hoje

Thiago Oliveira, 19anos, Curitiba (PR)

“Isso é palhaçada, porque se existehomem e mulher é porque Deus quis

que fosse homem e mulher secasando. Eu não tenho nadacontra, sabe, mas eu acho

que atrapalha muito onosso País.”

Melanie Zettel, 21 anos,Curitiba (PR)

“Infelizmente, a homofobia ainda é algomuito forte, mas acredito que com a tomada

de posição do STF, as coisas possam sermudadas. É um passo a mais rumo à liberdade.

Assim, as futuras gerações poderãocompartilhar um mundo livre, de respeito às

pessoas e cheio de alegria, onde nem corde pele e muito menos opção sexual

sejam sinônimosde repressão.”

Você concorda com oreconhecimento daunião homoafetiva?

O portal do governo dos EUA lançou hácerca de seis meses um espaço de diálogocom o público LGBT do país, chamado

President Obama and LGBT Community(Presidente Obama e a Comunidade LGBT).

O mais bacana nessa aproximação é oItGetsBetter.org. No site da Casa Branca, trata-se dedepoimentos em vídeo do presidente, vice e secretários degoverno sobre a questão do preconceito ao público LGBT.Mas essa é uma iniciativa dos grandes empresários do país,que apresentam alguns depoimentos de funcionárioshomossexuais, incentivando a juventude LGBT.

FazParte

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Page 8: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

08 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Eram nove de Maceió e quatro de Recife parados na estrada

porque o ônibus quebrou. Vinham mais dois de Fortaleza e

em Natal mesmo havia mais uma galera recepcionando os

que vinham de fora e ajeitando os últimos detalhes do 1º Encontro

Nordestino de (In)Formação em Mídias Alternativas e

Educomunicação (Enformae), que aconteceu entre os dias 1° e 3

de junho, em Natal (RN) e foi idealizado pela galera que faz parte

da Articulação Viração Nordeste (AVN), rede de conselhos

Virajovens na região.

Os cordéis de abertura, já de cara, mostraram que debater

comunicação não precisa ser chato e tenso. Eles foram seguidos

por muitos momentos especiais de escuta, fala, trocas e

construções, como a palestra Educomunicação: por um

direito humano à comunicação garantido e exercido. O

Professor Ismar Soares de Oliveira, coordenador do

Núcleo de Comunicação e Educação e da Licenciatura em

Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP),

tratou de vários aspectos históricos e batalhas para

conquistar na formalização do curso de

Educomunicação.

Daí pra frente, foi só alegria! Círculos de debates,

mostras e várias oficinas transformaram teoria em

práticas educomunicativas. Alcindo Costa veio de

Fortaleza. Com 17 anos, o estudante do Ensino Médio

está se preparando para lançar, em julho deste ano, a Revista

Conectad@s, que terá 5000 exemplares pagos por uma loja. Muito

agitado, Alcindo explicou para os jovens repórteres de Maceió que

sua motivação para vir para Natal foi, primeiro para fazer parte da

Viração e segundo, por ser apaixonado por Educomunicação. “Eu

acredito na educomunicação como política”.

Articulacao eAprendizado

~,

Alessandro Muniz, do Virajovem de Natal (RN), Walisson Oliveira, Elaine Cecília e Thais Magalhães, do Virajovem Maceió (AL)*

Jovens do Nordeste puxam debate sobre

Comunicação e Educação

Essa galerinha estava em Natal também por outra razão. Durante

o Enformae aconteceu o 1° Encontro Nordestino da Viração, que

reuniu 18 adolescentes e jovens de quatro Estados da Região. Neste

primeiro encontro, foram discutidos os objetivos, metas e estratégias

da AVN, além de permitir que os adolescentes e jovens se conheçam

e criem laços que fortalecerão as articulações futuras.

Libny Freire, mestranda do Programa de Pós-Graduação em

Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN) e colaboradora do evento espera que “o Encontro se torne

um evento fixo no calendário acadêmico e que nele possamos

sempre dialogar sobre as formas de interação entre o ensino e sua

prática, ir além do velho chavão emissor-receptor e ver os

estudantes e nós mesmos como agentes produtores”.

O blog do 1° Enformae é http://enformae.blogspot.com.

Lá é possível saber sobre a programação, convidados e

outros debates que rolaram durante o encontro.

V

Mesa de abertura do1º Enformae

Fotos: Renato Souza/Fotec

*Integrantes dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e noDistrito Federal ([email protected] e [email protected])

enformae_74:Layout 1 22/6/2011 13:56 Page 16

Page 9: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

V

IvoSousa De olho no ECA

Denise Conselheiro e Equipe do Portal Pró-Menino*

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação

Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e

Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).

Mais do que uma legislação específica, que

consagrou crianças e adolescentes como

sujeitos de direitos e fortaleceu o

protagonismo infantojuvenil, o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), que completa 21 anos no dia 13 de

julho, é uma garantia expressa dos direitos dessa

parcela da população. O Estatuto traz determinações

específicas sobre seus direitos sociais, econômicos e

culturais, principalmente sobre o direito à educação.

O artigo 54 do ECA estabelece que o ensino

gratuito é dever do Estado e prevê as condições em

que ele deve ser assegurado. Mas, na prática, a falta de

acesso à educação é uma das violações mais comuns,

e as denúncias de ausência de vagas e de problemas de

infraestrutura pipocam por todo o País sempre que um

novo ano letivo começa. Porém, os problemas não se

restringem a isso. A qualidade do ensino, ou melhor, a

falta dela, é um tema que tem sido cada dia mais

recorrente. Discussões sobre a aprovação automática,

aumento progressivo da jornada e o contra-turno

escolar estão cada dia mais presentes no dia-a-dia de

formuladores de políticas públicas, educadores,

professores e toda a comunidade escolar.

No entanto, para garantir a integralidade dos

direitos de crianças e adolescentes, a escola deveria

também ser pensada como um ambiente de

aprendizagem para além da educação formal,

respeitando os valores culturais, artísticos e históricos

de cada um dos alunos. É essencial que essa

perspectiva seja considerada sempre que uma nova

proposta ou solução para resolver os problemas da

qualidade do ensino estiver sendo analisada, para não

correr o risco de minimizar o papel da escola na

formação e no desenvolvimento do indivíduo.

Diversas situações aparentemente pontuais podem representar

uma ameaça grave aos direitos sociais, econômicos e culturais de

crianças e adolescentes, mesmo dentro do ambiente escolar. A

negação da emissão de um documento comprovando a matrícula de

um aluno, por exemplo, pode ameaçar frontalmente seu direito à

cultura. Tal documento é essencial para a conquista de benefícios

como o passe escolar, sem o qual o jovem não consegue ter acesso

a fontes de cultura fora da unidade de ensino, como cinema, teatro

e exposições, entre outros.

Mais uma vez, trata-se de uma concepção antiquada de ensino,

que o restringe apenas à educação formal, dentro dos muros

escolares. Se souber ou estiver sendo vítima de um caso desses,

denuncie. Ainda que para isso tenha que recorrer a outras

instituições como o Conselho Tutelar ou Delegacias de Ensino.

Lentini

Além dos muros da escola

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 09

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Page 10: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

10 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Alessandra Oliveira, Ana Beatriz Sabóia, Alana Vale, Jonathan Monteiros, Thais Manoela Buarque,

do Projeto Juventude e Comunicação (Jucom) da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Eu tambEm

quero falarPesquisa da Universidade de Fortaleza constata que os jovens

não querem só acessar comunicação, querem também produzir

Mídias Livres

Blogs, sites, jornais, revistas, programas de rádio e

vídeos. Você já parou para pensar no tanto de

informação que a juventude está produzindo? E o que

os jovens expressam nessas produções? A pesquisa

realizada por estudantes e professores da Universidade de

Fortaleza (Unifor) responderá a essas perguntas, mapeando

a produção em comunicação da juventude da cidade.

Uma das primeiras descobertas do Projeto de Pesquisa

em Juventude e Comunicação (Jucom) pode ser uma

surpresa para muita gente: a política é um dos temas mais

discutidos nos produtos de comunicação feitos pelos

jovens de Fortaleza. “A política está na

nossa vida todos os dias, todas

as horas e em todos os locais,

inclusive nesse espaço que a

gente está. Tudo é política,

então não tem como a gente

viver sem isso”, afirma Paulo

Luiz da Silva, participante do

grupo de comunicadores Entreter.

“O Entreter me fez ter a visão

de que nós podemos mudar,

podemos fazer, podemos

revolucionar a sociedade. Nós,

jovens, podemos ter essa força”,

reflete Rose Soares sobre como

escrever para o portal do grupo contribuiu para construir

uma visão mais crítica e participativa do mundo, apesar de

política não ser seu assunto predileto. “Mudei bastante

também a forma de ver, de pensar, de ouvir. Eu era muito

tímida, muito na minha, muito discreta. Hoje em dia eu falo

o que penso”, completa.

Outros entrevistados pelo Jucom também falaram da

mudança de comportamento após começarem a produzir

mídia. Os produtos são como desabafos que gritam: “chega

de silêncio, queremos falar, queremos ser ouvidos e

queremos fazer outra mídia!”

A mídia é outro assunto recorrente nas produções

juvenis. “A gente trabalha colocando a nossa opinião sobre

todo tipo de publicidade do Brasil,

do mundo e principalmente aqui

do Ceará”, explica Márcio

Martins, membro do blog O

Galinheiro.com.

“Nos tornamos pessoas mais

críticas, olhamos a publicidade

de outra maneira, vimos como

ela se comporta”, reforça

Márcio, que acredita que

produzir comunicação não é

apenas falar sobre um

assunto, mas também refletir

e formar opinião.

“Parece bem óbvio quando

você já sabe, mas era algo que eu não tinha parado para

pensar”, avalia Ana Beatriz Sabóia, uma das estudantes da

Unifor, que está fazendo as primeiras avaliações. Ela tem

constatado que a juventude está aprendendo, e muito,

sobre todos os assuntos que trata ao escrever para um

blog, fazer um programa de rádio ou produzir um vídeo.

i

Jucom

Equipe do Jucom produz pesquisasobre Comunicação e Juventude

midias_livres_74:Layout 1 22/6/2011 13:50 Page 6

Page 11: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

Para participar ou saber mais

é só enviar um e-mail para

[email protected],

ou acesse: jucom.tumblr.com

Outro fator importante é o de que nenhum dos jovens

entrevistados se reconhece na grande mídia. “Sinto que os

meios (de comunicação) querem me manipular mais do que

acrescentar algo”, diz Marcus Vinícius de Castro, do portal

Entreter. Já Werberte Barbosa, membro do blog Abafah, afirma

que se reconhece na mídia que ele mesmo produz “porque faço

parte de um blog e represento o meu segmento que é o público

LGBT”. A diversidade sexual é um assunto debatido em muitos

produtos de comunicação registrados pelo Jucom.

Uma grande surpresa para o Jucom foi constatar que os

temas debatidos pelos jovens não são os mesmos

escolhidos pela grande mídia ao falar sobre juventude. Os

debates sobre política, sexualidade, lazer e as análises de

mídia feitas pelos grupos pesquisados mostram como

muitos estudiosos, meios de comunicação e governo não

entendem o que querem os jovens.

“Foi a primeira vez que vi jovens da minha idade produzirem

um trabalho assim, se empenhando em fazer um site e se

dedicarem intensamente”, diz Ana Beatriz sobre o início da

pesquisa de campo, deixando claro que nem todos os jovens da

sociedade estão participando deste processo. Para descobrir

quem são, do que gostam e de qual classe social pertencem, o

Jucom está fazendo o levantamento do perfil socioeconômico

dos jovens de cada grupo. Serão 100 entrevistados, no total.

Também será pesquisado o veículo de comunicação

escolhido pelos grupos e os dados parciais comprovam que a

internet é o principal espaço escolhido pela juventude para

comunicar suas ideias. “Hoje em dia, o principal meio de

comunicação é a internet”, explica Renato Ociel, que usa a

internet para ficar informado e para postar informações no seu

blog sobre moda.

Apesar do grande uso

da internet, o Jucom já

cadastrou experiências de

produção de jornais

estudantis, programas

para rádios comunitárias,

revista impressa e

audiovisuais. O objetivo

do projeto é catalogar o

maior número possível de

produtos para que se

tenha uma visão geral da

produção na cidade

de Fortaleza.

Em 2012,

os pesquisadores

pretendem entregar à sociedade civil e governo a

sistematização dos dados dos grupos, os produtos de

comunicação, seus conteúdos e o perfil socioeconômico dos

jovens comunicadores para que possam ser (re)formuladas

as políticas públicas de comunicação que devem levar

em conta os gostos, as reclamações e os sonhos dos

jovens que falam e nem sempre são ouvidos. Mas

suas vozes já estão ficando altas demais para

serem ignoradas.

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 11

Juco

m

Werberte Barbosa,do Blog Abafah

V

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V

Em um mundo tão caótico,pouco paramos paraobservar a Divina Arte.

O Céu exige elevação paraser admirado, nem que sejasomente a elevação dos olhosdo Homem. E, talvez, seja esteo primeiro passo paraengrandecermos nossoespírito: reconhecer queestamos todos abrigadosdebaixo de uma das maisvaliosas obras do universoque, apesar de vistadiariamente, sempre semodifica a cada exposição epermanece bela mesmo comsuas transformações.

12 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

IMAGENS QUE VIRAM

Textos e fotos: Maria Camila Florêncio,

do Virajovem Recife (PE)*, Bruno Ferreira

e Elisângela Nunes, da Redação

Contemplaro céu

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em22 Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Deito no chão...

Olho para o céu,

Ele parece querer brincar comigo.

Encanto-me com suas nuvens...

Transcendo.

Vou me perdendo no seu Azul

Sinto-me pássaro livre

Logo volto para o chão e coloco outras c

ores para somar a beleza

Para contrariar o Azul e as nuvens branquinhas,

Que insistem em pegar meu olhar e passear por ai...

(Elis Lua)

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Foi com os pais atletas que a jovem bielo-russa Karina Lakerbai, de22 anos, aprendeu a gostar de esgrima e, hoje, é a primeira doranking da seleção brasileira. Karina coleciona vitórias em

competições internacionais, jogando com o sabre, uma das três armasda esgrima. Nascida em Belarus após dois anos do acidente nuclear dausina de Chernobyl, na Ucrânia, Karina foi uma criança de saúde frágil,consequência do episódio no país vizinho.

Há 16 anos no Brasil, dedica-se ao esporte desde os 12. Destra, teveque aprender a jogar como canhota após ter deslocado o ombro direitoem uma competição e, mesmo assim, conseguiu vitórias. O pai, AlkhasLakerbai, é o treinador da equipe e, com a filha, procura dialogarapenas em russo durante os treinos. Além de atleta, Karina é cientistasocial e atua na Viração como voluntária desde o ano passado. Aproximidade com os jovens da Agência Jovem de Notícias rendeu umpapo descontraído sobre seu desempenho como atleta e a situação daesgrima no Brasil. Confira a seguir.

Quem te influenciou a fazer esgrima?Karina Lakerbai: Meu pai é o técnico da seleção e ele me

influenciou. Eu fazia ginástica artística, com a minha mãe (ex-ginasta daseleção soviética) e ela me expulsou, porque não tinha um biotipo

adequado e eu me machucava muito. Aí ela me disse para fazeresgrima com meu pai, e eu fui. Eu não gostava da esgrima em si,mas gostava da turma, que já conhecia, mas depois fui aprendendoa gostar. Eu não gostava, porque não entendia muito bem o sentidode ficar cutucando os outros, mas você percebe que é muito maisdo que isso. É uma questão de estratégia, você tem de pensar o queo outro vai fazer, antecipar o que você vai fazer. É bem legal!

Você compete com sabre, mas você já tentou jogar com as outrasarmas? É obrigatório saber jogar com as outras armas?

Comecei com o sabre, porque meu pai foi sabrista, então fuilevada para o esporte e para a arma por ele. Mas realmente gostodo sabre. As outras armas não tenho vontade de experimentar,porque no jogo elas têm outro sentido, mas não é obrigatório saberas três. Então, você usa a que você quiser, se tiver interesse podeaprender a usar duas armas, mas normalmente para o altorendimento você faz uma só, senão confunde.

Você teve de se reinventar para aprender a jogar como canhota?A esgrima tem muita estratégia. Então, ainda que o braço não

seja aquele, tem o complemento da cabeça. Não comecei do zero. Do zero foi só a parte física. Mas depois, nos Jogos Sul-Americanos,eu desloquei o braço esquerdo, em abril ou maio do ano passado.

Aleska Drychan, Ingrid Cordeiro, Mariana Rosário, Letícia Cardenuto, Larissa Domingues, Caroline Leonardo, Doralice Odila e EvelynAraripe, da Agência Jovem de Notícias (SP), e Bruno Ferreira, da Redação

RepórterGalera

Karina Lakerbai, aos 12 anos,começa a praticar esgrimacontando com o apoio do pai,Alkhas Lakerbai, técnico daseleção brasileira.

2001

Passa a liderar o ranking daseleção brasileira, após oafastamento de Élora Patarroda seleção, a melhor esgrimistaaté então.

2005

Linha do Tempo

Esgrimista da seleção brasileira teve de aprender a competir comocanhota após deslocamento de ombro em competição

14 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

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Em dezembro do ano anterior eu tinha operado e não podia ter competido,mesmo jogando com o braço esquerdo. Competi, mas desloquei o outrobraço. Fiquei um ano sem jogar com o direito, eu não sabia se ele estavabom, os médicos não me deixavam jogar. Mas era uma equipe inteira quedependia de mim, o salário delas por um ano dependia daquele jogo, e agente ganhou o bronze nos Jogos Sul-Americanos.

Depois de ter deslocado os dois braços, de todos os contratemposna sua carreira, você acha que se tornou uma esgrimista melhorpreparada?

Um psicólogo do esporte me disse que quando você precisa aprendera lidar com um problema que atropela tudo o que você está fazendo,você aprende a pensar de uma forma diferente, a lidar com suas própriaslimitações e a pensar um pouco além. Com certeza, ter deslocado obraço e jogado com o esquerdo fez com que eu tivesse que reconsiderare pensar demais sobre a minha estratégia de jogo. Eu tinha que pensardireitinho como ia ter de fazer, coisa que antes eu não fazia muito bemquando eu jogava só com o braço direito. E quando voltei a jogar com obraço direito, passei a ter o dobro da estratégia de antes, então issotudo me ajudou bastante.

A esgrima é um esporte que exige muito?Qualquer esporte quer ter todas as horas do dia para você dividir

entre o preparo físico e o técnico. Você vai à musculação de manhã e àesgrima à tarde ou à noite. Mas a diferença entre ginástica, vôlei e aesgrima, é que a ginástica e o vôlei têm patrocinadores, dá pra ter umbom salário, você pode fazer disso uma profissão, tem uma equipepreparada para você. Na esgrima não. A esgrima é um esporte poucoconhecido no Brasil. A gente não tinha nenhum patrocinador, masagora veio a Petrobrás. A partir do ano passado, a esgrima começoua ser vista como profissão. A partir desse ano, os melhores atletastêm um salário legal, e eles podem se dedicar só a isso sem morrer

de fome.

Como funcionamas regras da esgrima? Hácategorias?

Em nível nacional, a gente temcategorias. Nos jogos, competimos juntos esó nos dividimos na hora da premiação. As categorias se definem poridade: até 15, 17 e 21 anos. Passou de 21, você é adulto até os 50 anos;e depois dos 50, você é veterano. As regras: espada, que é o mais fácil,vale o corpo todo, você realmente tem de dar estocadas no adversário ea arma é mais pesada. Tem um aparelho atrás que acende umas luzes.Quem toca, acende a luz de quem foi tocado. Na espada, se os doisforem tocados ao mesmo tempo, acendem as duas luzes, e o ponto é

dos dois. Mas no florete e no sabre não é assim. Tem prioridade deataque, prioridade no recuo. Se você está atacando e o outro indopara trás e ambos se tocam, quem está atacando ganha o ponto,porque ele tem a prioridade. Quem está indo para trás tem de sedefender, não há outra opção. É por aí.

No Brasil, o que falta para a esgrima ser um esportereconhecido ou ser melhor para os atletas?

É difícil falar, porque a gente está realmente numanova etapa com patrocinador. Agora eu nem tenho doque reclamar, porque a gente ganha salário. Ah, uma

coisa que eu teria do que reclamar, mas que tambémmudou é que os técnicos não recebiam salário

quando viajavam com a seleção. Elesperdiam de 10 a 15 dias que eles

podiam receber aqui no Brasil.Ainda que as viagens fossempagas, eles estão trabalhando.Mas agora sim, recebemnormalmente pelo patrocínioda Petrobrás. É como sefosse uma bolsa, não temoscarteira assinada, mas ostécnicos têm. E eu achei

isso muito legal, algoinovador, realmente.

Karina participa de suaprimeira competiçãointernacional, o Pan-Americano Juvenil, econquista o primeiro lugar.

2007

A esgrimista compete comocanhota no CampeonatoSul-Americano, por causado deslocamento do ombrodireito, e sai vencedora.

2009

V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estadose no Distrito Federal ([email protected] e [email protected]) Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 15

“A esgrima começou a ser vista como profissãono Brasil. A partir desse ano, os melhoresatletas têm um salário legal, e eles podem sededicar só a isso sem morrer de fome.”

Karina Lakerbai

Evelyn Araripe

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16 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Modeloideal

Alex Pamplona, Gerley de Oliveira da Costa, Jaqueline Monteiro, Uriel Nobre da Costa, José Ronaldo Batista Trindade,

Priscila Alves Nogueira, Aline Kelly, Lidia Santos Gonçalves, Jefferson de Jesus, Elisabeth Cunha, Amanda Santos,

Jayra Gleds Santana, Mailson Santos e Rafael Almeida, do Virajovem Belém (PA)*

Em 2010, por meio do estudo organizado pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulado Juventude ePolíticas Sociais no Brasil, foram apontados dados

alarmantes sobre a juventude brasileira e sua inserção noconjunto da sociedade. Segundo o estudo, há 51 milhões dejovens brasileiros, de 15 a 19 anos, quase um terço dapopulação brasileira. Dos que se encontram na faixa dos 15 aos17, apenas 48% estão matriculados no Ensino Médio.

Com o objetivo de articular e promover um amplo processode mobilização, participação, discussão e proposição depolíticas públicas com a participação de adolescentes e jovens,a campanha Que cidade Queremos Para Viver, coordenada peloInstituto Universidade Popular (Unipop), por meio do ProgramaJuventude, Participação e Autonomia (JPA), foi lançada em 28 demaio na sede da Unipop, com a presença de 120 pessoas dafaixa etária de 14 a 25 anos, representantes de váriosmunicípios da Região Metropolitana de Belém.

A ação é feita em parceria com diversas organizações dejuventude, entre elas a Viração Educomunicação, Pastoral daJuventude, Movimento República de Emaús, Centro de Defesa daCriança e do Adolescente, Fórum DCA, Rede Juventude e MeioAmbiente, Rede Ecumênica de Juventude, GT Juventude do

Fórum da Amazônia Oriental. “A ideia é, apartir das propostas construídas pela juventude paraense, garantirum documento que seja mais um subsídio para a construção doprograma de governo do Estado e municípios na gestão de 2012 a2016”, explica Augusto Ramos, coordenador do JPA.

O universitário Rafael Silva, de 23 anos, membro do Núcleo deComunicação Popular da Unipop, diz que a juventude pobre vive

Campanha estimula adolescentes e jovens de Belém (PA) a

refletirem sobre a condição da juventude no contexto da cidade

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 17

V

um dilema: “Equilibrar acesso, retorno, permanência e conclusão doEnsino Médio e Superior, buscando as novas competências ehabilidades exigidas pelo mercado ou largar os estudos e buscartrabalho com a responsabilidade de cuidar da família, com umsalário mais baixo”.

Como os adolescentes e jovens enfrentam tudo isso? É aquestão que o JPA, a partir de um diálogo democrático com osjovens envolvidos no programa, busca responder tendo comoprincipal meio estimular o protagonismo juvenil.

Na opinião de Lídia Santos, de 21 anos, a sociedade não garantemuitas alternativas, pois desestimula projetos, cria insegurança,induz à acomodação. Ela diz que para mudar essa lógica, “serianecessária uma escola diferente da que temos, que fosse inclusiva,democrática, estimuladora da participação, que criasseoportunidades para que todos e todas descobrissem seus talentos ecriatividade, muitas vezes embotados pela luta do cotidiano, abrindoperspectivas de desejar mais do que a sociedade quer lhe oferecer”.

A jovem entende que a sociedade exalta a juventude eoferece-lhe muitas ilusões de consumo e de realizaçãopessoal. “Parece apresentar muitas oportunidades, masefetivamente oferece aos jovens uma péssima escola,poucos empregos e remuneração injusta. Mesmo assim, hájovens que apostam na qualificação profissional, outros queainda buscam a solidariedade e os valores espirituais oureagem indignados à falta de honestidade na vida pública”,diz, sentindo-se pertencente a este grupo.

A mídia é um dos setores que sofre fortes críticas dajuventude engajada no processo de construção da campanhaQue Cidade Queremos para Viver. É consenso entre os jovensafirmações como: “Infelizmente, a mídia vende uma imagemruim da juventude, quase sempre associada à violência,envolvimento com drogas, apáticos à participação, seminteresse pela vida política do País”. Por isso, os própriosjovens questionam se ser jovem se resume a essa condição.“Onde ficam as boas práticas de trabalhos desenvolvidos pornós e os nossos projetos?”, questiona o estudante Jeffersonde Jesus, de 15 anos.

Por essa razão, todos eles são unânimes em dizer que épreciso que a sociedade saiba que há muita coisa boa sendodesenvolvida por grupos de jovens, potencializando de formacriativa seu protagonismo por meio de participação coletiva.Esses grupos querem se unir a outros, formando uma grandecorrente, estimulando a juventude de todos os cantos dacidade a dizer à sociedade e aos governantes “Que cidadeQueremos Para Viver”.

Jovens debatem suas realidades e propõemalternativas durante o lançamento dacampanha Que Cidade Queremos para Viver

Fotos: Virajovem Belém

(PA)

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal ([email protected])

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Amantes da sétima arte contam suas experiências na produção

de cinema alternativo

Capa

Vinícius Gallon, do Virajovem Curitiba (PR), Francisco Rones, do Virajovem Fortaleza (CE)*, Bruno Ferreira e Eric Silva, da

Redação.

CÂMERA NA MÃO

PopularidadeEm Curitiba, o cinema alternativo é bastante popular:

praticamente toda a produção local é independente, tem umorçamento baixíssimo e muitas dificuldades de distribuição. Oestudante de cinema da Faculdade de Artes do Paraná (FAP)Gustavo Ulisse esboça o cenário atual do que anda se fazendoem cinema na capital do Estado.

“Aparentemente, o cinema paranaense está passando porum período de transição entre o que era há alguns anos e oque pode vir a se tornar no futuro. Essa divisão é bem marcadapela fundação da CINETVPR, que é o curso de cinemaadministrado pela FAP. Com o passar do tempo, alguns gruposde alunos do curso começaram a apresentar seus primeiros

“Filme alternativo? Fale com ela sobre a laranjamecânica e os 21 gramas de tomates verdes fritosque estão na geladeira assassina! O que eu fiz para

merecer isto?” Essa frase, do blog Cena Underground, já dáuma breve noção do que se entende por cinema alternativo,né? De qualquer forma, o desafio de abordar o assuntocomeça logo na definição desse termo.

Alguns estudiosos da área dizem que se trata de umaforma de produção independente, com baixo custo deprodução, desconhecida do grande público e, muitas vezes,com pouca bilheteria. Aí, surge O Fabuloso Destino deAmélie Poulain, e joga essa teoria por água abaixo. Outrosnem perdem tempo refletindo sobre o tema e dizem logoque cinema alternativo é aquele tipo de filme feito pra galeraindie que usa camisa xadrez.

Há também quem renegue este rótulo, argumentandoque um nicho menor não implica uma alternativanecessariamente, mas apenas umasegmentação de mercado. Talvez o único ponto de convergência que sefaz entre os mais diversos olharessobre esse gênero é o fato de ser umaalternativa ao que háde mais industrial e hollywoodianonas salas decinema.

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trabalhos e se inserir dentro do cenário de produção local.Atualmente, alunos e egressos do curso produziram e estãoproduzindo através de editais e leis de incentivo. Algunspossuem filmes e, por eles, receberam prêmios. Existem atémesmo novas produtoras administradas por eles”, conta.

Gustavo ressalta ainda que a criação do curso não é umcaso isolado. Paralelamente a isso também houve olançamento de longas-metragens de ficção, como Estômago,Corpos Celestes, O Sal da Terra e Mystérios. Para 2012, doislongas estão previstos para serem lançados. Circular,realizado por meio do edital de baixo orçamento doMinistério da Cultura e concebido por alunos e ex-alunos daCINETVPR, e Gastronomia Urbana, feito através do prêmio deum milhão de reais do Estado.

Um bom exemplo de iniciativa que soube aproveitar ascaracterísticas mais populares do cinema alternativo foi aprodução do filme Morgue Story – Sangue, Baiacu eQuadrinhos, do diretor de teatro e cinema Paulo Biscaia Filho.O longa de 78 minutos teve ótima recepção da crítica, e suaestrutura foi comparada às produções de Quentin Tarantino.

“A produção daqui não é nenhuma maravilha. Estamosfora do eixo, existem pouca política pública e incentivofinanceiro para a área. Por outro lado, nos grandes centros,como Rio e São Paulo, a concorrência é muito maior. Então,temos que aproveitar o que temos a nosso alcance”, relata o diretor.

A título de comparação, os EUA, país que detém 80% do“PIB mundial do cinema”, produz a cada anoaproximadamente 250 filmes, com um gasto médio de 60milhões de dólares por título, enquanto o Brasil gasta este

Produção do curta metragem Bem Intocado,de Thelmo Corrêa

mesmo valor, equivalente a 150milhões de reais, nas 30 produçõesque faz em média por ano. MasMorgue Story custou apenas140 mil reais.

Além de espaços comerciais, quemisturam na bilheteria filmesalternativos e blockbusters, como o Cineplax Batel e o UnibancoArteplax, ambos localizados em umbairro de luxo de Curitiba, existemespaços públicos que tambémvalorizam o cinema independente. É o caso do centro cultural Paço da Liberdade.

De acordo com o responsável pelaárea de cinema do local, o jornalista e curador Nikola Matevski, aprogramação não procura se fecharem um segmento específico deprodução cinematográfica, mas apostana diversidade de repertórios para criarum ambiente propício à formação depensamento crítico sobre cinema.

“Considero o recorte de cinemaalternativo muito vago, mas no que

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Arquivo: Thelmo Corrêa

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Capa

cabe à Mostravídeo ou outras programações do Paço daLiberdade percebidas como alternativas, considero apresença e resposta do público muito positivas. Porém, comfrequência, as pessoas abandonam as sessões. Não vejoisso como problema porque o cinema não serve,necessariamente, para agradar. É preciso apostar nadiversidade e deixar que cada filme encontre o seu público”,argumenta Nikola.

Outra possibilidade de ter acesso a filmes alternativos éatravés de um movimento que cresce em todo o Brasil, odos Cineclubes, que segundo dados de 2010 do ConselhoNacional de Cineclubes, são 464 registrados e espalhadospelo País.

Tom Lisboa é artista visual, pesquisador de cinema efundou um Cineclube bastante conhecido em Curitiba, oContramão. “Inicialmente, ele foi criado para que meusalunos pudessem ver na íntegra alguns filmes citados emsala de aula. No entanto, eles estavam liberados paratrazer seus próprios convidados. Com isso, suas sessõesforam ficando cada vez mais frequentadas. Posteriormente,o Contramão deixou de ser exclusivo dos alunos e, hoje,contamos com pessoas de todas as idades e profissões”,conta.

Ele ainda acrescenta as vantagens de assistir filmes noscineclubes: “A vantagem é justamente a falta de interessecomercial. No Contramão não cobro ingresso e aindacontextualizo questões importantes do filme que seráexibido. Até o momento não apresentei nenhuma grandeprodução, pois elas foram feitas para as massas e este tipode filme não precisa de cineclube”.

ComplicaçõesFazer cinema em nosso país é bastante complicado, por

isso, muitas pessoas se unem para produzir filmes emcoletivos formados, muitas vezes, em razão da grandedificuldade de conseguir verba. Todos se ajudam paraconseguir materiais, atores, locações. Tudo pelo amor àsétima arte.

O incentivo à produção cultural é bem baixa, ainda maisna área de produção cinematográfica. Claro que existemeditais do Ministério da Cultura, mas ainda são poucodivulgados e têm características e temáticas pré-estabelecidas, o que limita o campo de criação.

O cineasta Thelmo Corrêa, de 32 anos, um cinéfilo comsonho de fazer cinema, é participante do movimentoCinemaSoco, um sonhoque, graças ao avanço

20 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

das tecnologias, agora é uma realidade. "O CinemaSoco é umainiciativa de amigos, pessoas inteligentes, críticas, pensantes,que ansiavam por um espaço para produzir textos, fotos,performances, vídeos. É um coletivo de ideias, aberto a todos.Encontramos na internet esse espaço democrático, quepossíbilita a troca, o debate, a miscigenação das ideias. Ali asideias fazem sexo. Nosso objetivo sempre foi tirar osparticipantes da apatia, da afasia, movimentar, criar para noslibertarmos de nós mesmos", explica.

Nem todos os cineastas querem ou conseguem umaprodutora para seus filmes, mas sempre há outras alternativaspara que o cinema feito de forma independente continue vivo."Existem alternativas, coletivos, amigos que se unem por umideal, cada um dá o que pode, pega-se emprestadoequipamento. Novos modelos para criar um cinemaindependente estão sempre surgindo, acredito que esteprocesso de procura é o mais saudável para a criatividade docinema independente brasileiro", afirma o cineasta.

Além de ter pouco incentivo do governo na produçãoindependente cinematográfica, as iniciativas que existem sãoprecárias. "As políticas públicas de fomento são uma chacota,o artista não tem responsabilidade com o retorno financeiroda sua produção artística", revela. E outro grande problema,segundo Thelmo, é a arte como produto da indústria cultural,e o cinema independente como uma mercadoria maisatrativa, algo mais interessante para o mercado. "A arteenquanto mercadoria, não passa de um sub-produto, e paranossa tristeza, dificilmente o cinema independente conseguefugir desse padrão mercadológico", lamenta o cineasta.

Produção do curta Por que te Convém,de Thelmo Corrêa

Arquivo: Thelmo Corrêa

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V

Pila

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Produção CearenseEm Fortaleza (CE), funciona a ONG e Ponto de Cultura

Academia de Ciência e Artes (Acartes), que desde 2002desenvolve na cidade um trabalho de formação voltadopara a cultura, na qual exploram diversas linguagens,como a audiovisual. Desde 2004, a Acartes produziu 20filmes, dos quais 18 são curtas-metragens. Em abril desteano, o Ponto de Cultura lançou seu primeiro longa-metragem, o filme Poço da Pedra, adaptação da obra deGeraldo Damasceno, um dos diretores da Academia.

“Este é um trabalho que envolveu pessoas de quatroPontos de Cultura, entre atores e técnicos. O legal dessaprodução é que 80 por cento do elenco e equipe técnicaforam capacitados pela gente. Foram formadas nasoficinas da Acartes durante quatro anos, que resultou naprodução desse longa”, explica Geraldo.

A proposta do filme é fazer uma releitura do contextopolítico do Estado do Ceará, por meio de locais epersonagens fictícios, como é o caso do distrito Poço daPedra, que faz parte também da cidade Itaimbé da Serra,idealizada pelo autor.

Geraldo Damasceno explica que o Cinema Brasileiropassou por uma crise no final do governo Collor, com ofinal Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilmes). Mas poroutro lado, as ONGs e instituições que trabalham comaudiovisual se apropriaram das tecnologias digitais, queainda é um fenômeno muito novo, historicamente.

“Há uma extensa produção de audiovisual de váriossegmentos da sociedade, como Pontos de Cultura, gruposindígenas, quilombolas, muita gente boa fazendoprodução audiovisual. Isso coloca outra possibilidade àpopulação brasileira. É muito importante que escritoreslocais possam escrever as suas histórias e que elaspossam ser contadas através da linguagem doaudiovisual. Está nascendo um novo movimento de redescoberta do Brasil”, analisa o diretor.

Apesar dos desafios existentes em qualquer produção,Geraldo mostra-se otimista e acredita que as principaisdificuldades já foram superadas, como o acesso aequipamentos necessários à produção e espaçosadequados para as gravações. “A maquinaria para produzircinema ainda é muito cara para ser adquirida. Então, a gente começou a fabricar a nossa própria maquinaria. A cidade cenográfica, na qual produzimos esse longa-metragem, foi construída por nós”, diz.

Mas para o diretor da Acartes, o “grande gargalo” dasproduções audiovisuais alternativas ainda é a exibição. “A gente está produzindo muita coisa legal, mas ainda nãotemos acesso às televisões e às salas de exibição. O Cinemade Rua acabou. A gente tem hoje as salas que estão nosprincipais centros, mas estes espaços são dominados pelasgrandes distribuidoras, notadamente internacionais. Nãosobra espaço para a produção audiovisual brasileira. Penso

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados e no Distrito Federal ([email protected] e [email protected])

que um gargalo a ser superado é encontrarmos um sistemaalternativo de distribuição”.

Aos grupos que desejam produzir cinema alternativo,Geraldo Damasceno dá a dica:

“É necessário formar grupos de estudo e criar parceriasentre os diversos Pontos de Cultura. Um que saca mais deroteiro, outro mais de produção, outro é mais diretor. Dessaforma, a gente pode trocar experiências e, de certa forma,todos os grupos serão beneficiados e todos nós resolvermosos nossos problemas e os gargalos de produção.”

Para a produção de Poço da Pedra, a Acartes alugou umespaço no município cearense de Itaitinga. Em uma área de10 mil metros quadrados, foram construídas 14 locações etambém um espaço para estudos. Diretores e atores podempassar um período hospedados em um alojamento comcapacidade para 50 pessoas, para estudar seus textos.

Cenas do filme Poço da Pedra, da Acartes

Conheça mais sobre a Acartes, CinemaSoco e oCineclube Contramão nos links:

http://cinemasoco.com.br/http://academiadecinema.blogspot.com/www.sintomnizado.com.br/contramao.htm

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 21

Divulgação: Acartes

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Evelyn Araripe, da Agência Jovem de Notícias

22 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Agência Jovem de Notícias ganha site e amplia o

canal de comunicação entre adolescentes e jovens

Em 2005, um grupo de adolescentes e jovens dediferentes cantos do Brasil se esbarrou no mesmo lugar:o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). Com

poucas coisas na bagagem, uma barraca, um colchonete emuitos sonhos e ideias na cabeça, eles estavam ali paradescobrir que “um outro mundo é possível”. E elesdescobriram colocando a mão na massa.

Unida, essa galera formou a primeira Agência Jovem deNotícias, encabeçada pela Viração com o apoio do Ministériodo Desenvolvimento Social e Combate à Fome e de outrasorganizações do País que trabalham com juventude,educação e comunicação. Naqueles dias em Porto Alegre,surgiram textos criativos, inteligentes e com uma caratotalmente jovem. De repente, deu para ver que a melhormaneira de conversar com jovens é colocar também jovenspara falar com eles. A repercussão foi apaixonante.

Nos anos que se seguiram, muitos eventos e ações peloBrasil ganharam a cobertura da Agência Jovem de Notícias.Deste mesmo jeito: adolescentes e jovens com muitas ideiase sonhos precisando de um espaço para se expressar. Todoo conteúdo produzido nessas coberturas ia, em partes, paraa Viração ou para blogs e sites com temática jovem.

Hoje, já são mais de 50 coberturas educomunicativas deeventos nacionais e internacionais feitas pela Agência Joveme, o melhor, um site recém nascido para divulgar e repercutiresse trabalho. Desde o final de maio, a Agência Jovem de

Notícias tem endereço fixo na internet e é permanente.Notícia fresca todo dia.

O agenciajovem.org surgiu para compartilhar notíciasproduzidas por adolescentes e jovens a partir dos núcleosregionais, Conselhos Jovens da Viração, escolas e centrosde produção de comunicação popular e juvenil dasorganizações parceiras da Vira. É mais um espaço paraos jovens se expressarem e trocarem informações compessoas em toda a web.

A vantagem é que, além de um espaço totalmentededicado para a publicação de notícias da e para a juventude,os internautas podem conversar em diferentes linguagens.O site da Agência tem espaço para textos, imagens, áudiose vídeos. Ou seja, para o jovem se expressar da maneira quemais lhe agrada.

Rumo ao desconhecidoQuando se fala em cobertura educomunicativa de eventos

e ações, provavelmente, muita gente pergunta: “Afinal decontas, o que é uma cobertura educomunicativa?!”. AAgência Jovem de Notícias não se limita a apenas reuniralguns jovens e levá-los para acompanhar um evento e, nasequência, produzir textos, imagens e vídeos em umalinguagem mais descolada. Ela vai muito além.

Toda semana, por exemplo, 40 jovens se reúnem na sededa Viração, em São Paulo, para participar de formações em

Notíciafresca

todo dia

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educomunicacação. Além de entrarem em contato coma produção de conteúdos jornalísticos, eles participam deoficinas sobre mídias alternativas, juventude, sexualidade,segurança pública, educação entre pares, meio-ambientee muitas outras temáticas que os levam a debater, discutire pensar em novas alternativas, ou como no Fórum Social,pensar que “um outro mundo é possível”.

Em uma cobertura recente, da Teia Regional, que reuniudezenas de pontos de cultura da Grande São Paulo na cidadede Embu das Artes, a midiadora Clarissa Barbosa, do siteOutras Palavras, que convidou e ajudou a organizar acobertura da Agência Jovem de Notícias por lá, resumiubem o trabalho dos participantes em uma carta deagradecimento que escreveu:

“Agradeço à equipe de educadores da Viração queprontamente prepararam os jovens, organizaram osmeios, elaboraram abordagens de comunicação, os métodos,criaram os elos e envolveramaqueles adolescentes em umcontexto novo e desconhecido aeles até então.”

E fazer coberturas para aAgência Jovem é isto mesmo:caminhar rumo ao novo edesconhecido. “Eu nunca imagineique aqueles jovens pudessembrilhar tanto quanto brilharam.A cada dia, as pessoas maisinusitadas me paravam na ruapara fazer nada mais nadamenos do que elogiar”,completa Clarissa.

Agências RegionaisA Agência Jovem de Notícias (AJN) é uma iniciativacolaborativa e em fase de expansão. Assim como aViração, ela conta com a participação dejovens e organizações parceiras de22 estados do Brasil e do DistritoFederal. A maioria trabalha comquestões relacionadas à infância ejuventude ou com educomunicação.Em Fortaleza, por exemplo, nossaorganização parceira desde o começo,a Catavento Comunicação e Educação,criou o núcleo regional da AJN. Conheçao site da Agência Jovem da Catavento:www.agenciajovemdenoticias.org

LançamentosAos pouquinhos, a Agência Jovem de Notícias vaiganhando espaço pelo Brasil. As cidades deManaus (AM) e Natal (RN), saíram na frente e jápromoveram o lançamento da Agência por lá.Na capital amazonense, o lançamento rolou no

final de maio, durante o5° Encontro Nacional deAdolescentes e JovensVivendo com HIV/Aids.Já em Natal, o 1° Encontro

Nordestino de (In)Formaçãoem Mídias Alternativas eEducomunicação (Enformae),promovido pela ArticulaçãoViração Nordeste (AVN), queaconteceu no começo dejunho, teve um momentoespecial para divulgação elançamento do site.E mais lançamentos estãoprevistos para os próximos

meses. Quer saber quando? Acompanhe a AgênciaJovem de Notícias: www.agenciajovem.org

Agência Jovem de Notícias

é lançada durante o

1° Enformae, em Natal (RN)

Apresentação cultural durante a Teia

Regional, em Embu das Artes (SP)

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Sylara Silvério/Fotec

Agência Jovem

de Notícias

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Muitas são as pessoas que querememplacar um projeto bacana. Jovensde espírito aventureiro sonham em

conhecer o mundo para fazer registros desuas viagens. Mas ideias como essas ficam,na maioria das vezes, apenas no campo dosonho por um motivo importante: falta degrana. Com o objetivo de tornar possível aconcretização de projetos criativos emdiversas áreas, Diego Reeberg e Luís OtávioRibeiro lançaram em janeiro deste ano oCatarse (catarse.me), site pioneiro emfinanciamento colaborativo de projetoscriativos no Brasil.

Quem tem um projeto criativo, oinscreve no site, dizendo o prazo queprecisa para arrecadar a quantia. Aspessoas que visitarem a página podemcontribuir com o projeto a partir de 10reais, mas tudo funciona na base da troca.As pessoas que contribuem devem receberrecompensas pelas doações, que ficam acritério do autor do projeto, e variam deacordo com o valor doado. Tudo parecebem simples, mas se o projeto não atingirsua meta, o dinheiro dos contribuintes serádevolvido, e o projeto não poderá serviabilizado pelo fundo.

“Até agora a gente já recebeu, nessesseis meses, mais de 400 projetos e 41 entraram no site. Isso ocorre umpouco porque a gente quer que entremapenas projetos bacanas nos quaissentimos que a pessoa está preparadapara conseguir captar o valor. É umprocesso não muito fácil e exige que apessoa tenha uma boa rede de contatos e uma atitude empreendedora para tal”,explica Diego Reeberg, de 23 anos, sócio-fundador do Catarse.

Sâmia Pereira, do Virajovem São Paulo (SP)*, e Bruno Ferreira, da Redação

Projetos criativos, que por falta de grana não saiam do papel, agora podem ser

divulgados e financiados de forma colaborativa

Desde janeiro, o site já captou 187 mil reais. Os responsáveis peloCatarse ficam com cinco por cento do valor que o fundo arrecada, eentre quatro e seis por cento ficam para o MoIP, um parceiro queoperacionaliza o pagamento via internet.

Quando alguém apoia um projeto, faz a doação por meio de boleto,transferência bancária ou cartão de crédito. Todo o dinheiro caiem uma conta do Catarse no MoIP. Caso o projeto sejabem-sucedido, o valor é transferido, já descontadas astaxas, para uma conta MoIP do dono do projeto, e delá ele saca para a sua conta bancária.

“Se o projeto não for bem-sucedido,primeiramente oferecemos créditos noCatarse para que o doador possaapoiar outro projeto. Caso ele prefirater o dinheiro de volta, realizamos umestorno para a sua conta bancária ouna fatura do seu cartão de crédito”,explica Diego.

Cidade para PessoasA jornalista Natália

Garcia, de 27 anos,conseguiu mais de 25 milreais para realizar o sonhode visitar algumas cidades domundo que tiveram projetos deplanejamento urbano com o objetivode deixá-las melhores para aspessoas. O projeto, chamado Cidadepara Pessoas, foi idealizado quandoNatália resolveu trocar o carro pelabike, na cidade de São Paulo.

“Minha relação com o espaço público setransformou. Em vez de me proteger dele, eupassei a ocupá-lo e, consequentemente, a querercuidar dele. Comecei, então, a estudarplanejamento urbano por conta própria econheci o trabalho do arquiteto dinamarquês JanGehl, urbanista que ficou famoso no mundo por ter

Vai se catar!catarse_74:Layout 1 22/6/2011 13:08 Page 14

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se especializado em adaptar as cidades paraas pessoas. Todas as cidades que eu vouvisitar tiveram consultoria dele ou sãoconsideradas por ele bons exemplos deplanejamento urbano”, diz Natália.

Até o fechamento desta edição, Natáliaainda estava na primeira cidade do seu

roteiro: Copenhagen, na Dinamarca.Todas as passagens para as seis

primeiras cidades já estãocompradas, uma forma deseguir a risca o roteiro que elamesma elaborou. Além dacidade dinamarquesa, outras11 serão visitadas, sendo que

a maioria é europeia. A jornalista tomou

conhecimento do Catarseao realizar umareportagem sobre o crowdfunding (eminglês, financiamentocolaborativo). Depois dedivulgar seu projeto nosite, em pouco mais dedois meses teve a verba

liberada para dar início àviagem. “O orçamento foi

feito para um ano deviagem contando com

outros patrocínios que nãofecharam. Então, os 25 mil

reais dão para os 6 primeiros meses de viagem. Para

os seis meses seguintes, euprovavelmente vou fazer um

crowdfunding parte dois ou vou buscarnovos patrocinadores”.

São Paulo PolifônicaOutro projeto bem-sucedido financiado pelo

Catarse foi o São Paulo Polifônica, de CecíliaCussioli e Letícia Arcoverde, estudantes deJornalismo da Universidade Federal de SantaCatarina (UFSC), que conseguiu arrecadar um milreais a mais do que a dupla havia pedido.O projeto é o primeiro trabalho de conclusão decurso financiado pelo site. Trata-se de umareportagem multimídia sobre os sons, ruídos evozes da maior cidade da América Latina.

Cecília conta que a ideia do projeto surgiu nosegundo semestre de 2010 e parte do cronogramaera passar seis semanas produzindo reportagensem São Paulo.

“Já estávamos na cidade gravando quandodescobrimos o Catarse por acidente, pesquisandosobre crowdfunding na internet. Começamos asegui-los no twitter e o Diego, um dos fundadores,entrou em contato com a gente perguntando senão estávamos interessadas em colocar o projetono site. Foi ótimo, porque além de termosconseguido financiá-lo, usamos a colaboração paraavançar mais uma etapa dele.”

Para a quase jornalista, a maior satisfaçãonesse processo não foi o financiamento, mas sima divulgação do seu projeto. “É muito motivadorvocê ver pessoas que não te conhecem,acreditarem em uma ideia e que doam umapequena quantia para que ela se realize. O Catarse nos ajudou a ver que existem pessoasque gostaram do SPofilônica e que estão dispostasa colaborar”.

A jornalista Natália Garcia, autora doCidade para Pessoas

Em Copenhagen, Natália investiga a relação das pessoas com a cidade

Fotos: Arquivo Pessoal

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal ([email protected])

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Paulo Lima, de Denno (Itália)

Fundação Mondo Digitale, na Itália, desenvolve projetos que

favorecem o diálogo entre as gerações por meio da internet

No Ano Europeu do Voluntário, a Fundação Mondo Digitale, com sedeem Roma e parceira da Viração, encontrou um jeito diferente einovador para participar dessa parada: construindo uma Rede de

Voluntários do Conhecimento.Na verdade, essa rede já existe e é formada por adolescentes e jovens

estudantes que estão, por exemplo, ensinando adultos e idosos aconhecerem e navegarem na internet por meio do projeto Nonni su Internet(Avós na Internet).

Em nove anos de projeto, mais de cinco mil estudantes do EnsinoFundamental e Médio, que atuam como tutores, formaram cerca de nove milidosos em 200 escolas das regiões de Lazio, Abruzzo, Umbria,Marche, Lombardia e Piemonte, que aderiam à iniciativa. Osestudantes contaram com o apoio e acompanhamento de 650professores no total.

Outro projeto que está virando é o Telemouse, tambémpromovido pela Mondo Digitale, prefeitura de Roma e aTelecom Itália. Neste caso, as aulas de informáticaministradas pelos estudantes acontecem não só nasescolas, mas também nos Centros para Idosos. Osnúmeros surpreendem: em apenas dois anos de projetoforam realizados 120 cursos gratuitos de 30 horas paratrês mil idosos. Quem ensinou toda essa galera dachamada Terceira Idade a navegar na Rede foram 1800estudantes entre 12 e 20 anos, acompanhados por 150 professores.

Graças ao financiamento da Telecom, foi possível instituir um prêmioem maio para valorizar ainda mais a ação voluntária dos estudantes: oPrêmio Telemouse 3.0 – Voluntários do Conhecimento.As duas estudantes premiadas com uma bolsa de estudo de 1500 e 500euros foram, respectivamente: Valentina Mura Balzoni, estudante do

Instituto L. Pirelli, e EgzonaBaxhak, do Liceu CientíficoF. D'Assisi.

Os organizadores dainiciativa dizem que o objetivodo concurso é promover o papeleducativo da escola naformação da cidadania ativaentre as novas gerações e criaruma rede de jovens voluntáriosdo conhecimento,

comprometidos com a partilha de experiências e competências,para acelerar o processo de realização de uma sociedade doconhecimento de todos e para todos.

“Esses jovens voluntários estão doando aos mais idososo que têm de melhor: suas qualidades humanas, seusconhecimentos e sua generosidade. É isso o que está na base deum voluntário do conhecimento”, diz Alfonso Molina, diretorcientífico da Fundação Mondo Digitale.

Como bem ressalta Alfonso, projetos como Nonni su Internete Telemouse estão contribuindo para o diálogo entre as váriasgerações. Se você está interessado em desenvolver algoparecido em sua escola, entre em contato com a Vira.

Conheça Nonni su Internete outros projetos daFundação Mondo Digitale:www.mondodigitale.org

Voluntarios doconhecimento

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26 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Estudantes voluntários do conhecimentoem ação nas escolas de Roma

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Valentina leva a primeira ediçãodo Prêmio Telemouse 3.0

País: ItáliaCapital: RomaPopulação: 59,9 milhõesLíngua oficial: Italiano

Fund

ação

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do D

igit

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Omês de maio foi intenso para osadolescentes e jovenscomunicadores, que participam da

Plataforma dos Centros Urbanos, daAgência Jovem de Notícias e do ProjetoPira na Notícia, que atuam em São Paulo.Muitos eventos, formações, coberturas.Entre as produções realizadas nesseperíodo selecionamos alguns textos para compartilharcom os leitores da Vira. As coberturas completas podemser acessadas em www.agenciajovem.org

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28 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Adolescentes e jovens comunicadores realizam

diversas coberturas colaborativas em São Paulo

Em diferenteslugares

Alisson Rodrigues, Ayrton de Souza, Carlos Henrique Barbosa, Carlos Henrique

Lima, Elisângela Alexandra, Gutierrez de Jesus, Joabe Yuri Machado, Mariana Cano,

Nair Moraes, Nayara Lima, Tamires Ribeiro, da Plataforma dos Centros Urbanos.

São Paulo com a juventudeEm 2011 estão rolando muitos espaços de conversas sobre, com e pela juventude, Brasil afora. São Paulo não está foradesse diálogo. Por aqui aconteceu no dia 21 de maio o Seminário São Paulo pela Juventude, que reuniu representantesde diversos movimentos juvenis da cidade, dos poderes executivo e legislativo. A atividade foi realizada pela CâmaraMunicipal em parceria com movimentos e organizações de jovens. Veja o que rolou por lá.

A coordenadora executiva da Ação Educativa, Maria Virgínia Freitas, membro da comissão organizadora do evento, falou darelevância desse momento em que acontece a atividade. “Tem uma importância imensa a gente realizar esse seminário agora, pois

estamos no início da organização da 2ª Conferência Nacional de Juventude enós temos o desafio de fazer um processo amplo e participativo”.

Para debater o papel do Estado na garantia dos direitos da juventude,compuseram a primeira mesa do seminário a secretária-adjunta de juventude,Ângela Guimarães, o coordenador municipal de Juventude, João Gabriel Oshiro,e o presidente da Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos da Criança,do Adolescente e da Juventude, o vereador Alfredinho. “Em 2005 a genteinaugurou uma nova institucionalidade no Estado Brasileiro, com a criação daSecretaria Nacional de Juventude, do Conjuve e de uma série de políticas eprogramas para esse segmento. Até então, a gente tinha apenas ações muitopontuais e dispersas em alguns ministérios, com pouco orçamento, semintersetorialidade e sem instrumento de participação e controle social”,analisou Ângela Guimarães.

Pira na notícia é um projetorealizado por alguns dos jovens queparticipam da Agência Jovem deNotícias, recebe apoio do ProgramaValorização de Iniciativas Culturais(VAI). Iniciou em abril de 2011.

O Seminário rolou no Plenário da

Câmara Municipal de São Paulo

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Para mim, Embu das Artes antes da chegada era uma incógnita. Ok, “das Artes”, mas que tipo de arte?Quem faz essa arte? Eu tô indo pra Teia de cultura, mas… que cultura? Quem vai estar lá? Ondea gente vai dormir?… Tantas perguntas. Nenhuma resposta.

Oito horas da manhã de sexta-feira (20/05). “P*, tô atrasada”, pensei enquanto estava no metrô, comosempre lotado. Chegada. Chegadas. Lanche. Ônibus. Música. Sol… Me disseram que ia fazer frio, droga!

No celular: “Bom Dia! Embu parece uma cidade cinematográfica, rs. Acompanhe a cobertura emwww.agenciajovem.org. Beijo”, foi a primeira mensagem que mandei para um amigo que não pôde vir ea resposta, dentre outras linhas, foi “Que lindo. Curte muito!”. Me senti privilegiada. Artesanato.Roupas. Comida. PESSOAS. “Que rico fazer parte disso!”, pensei.

Solzinho bom, conversa tranquila e um monte de coisa pra fazer. “Não vamos deixar acumular matéria!”.Ok, lá vamos nós, escrever… “O excelentíssimo fulano-de-tal analisa que a Teia é uma ótima oportunidade para

se construir conhecimento”. Clica aqui. Põe imagem. Seu textofoi publicado com sucesso. Ver postagem. “Que lindo! É comoum filho!” e eu no meio de tudo!

O “Que rico fazer parte disso!” me acometeu novamente…Tanta gente por aí sem nem saber que isso tá rolando e euaqui, protagonizando do meu jeito. Tanta gente em tantosoutros mundinhos privados e eu aqui, aprendendo nessemundão de culturas, não mais ou menos nobres que a minha,mas também culturas.

“O grande espírito que está em mim saúda o grande espíritoque está em você”, isso resume o meu respeito e admiraçãopelo que aconteceu em Embu e acredito que esse seja osentimento que permeou todos os presentes.

Participaram também dessa cobertura: Aleska Drychan, Douglas Lima, Felipe B. Lopes, Felipe de Camargo,Gabriela Santana Domingos e Mauri Dias de Sales, adolescentes comunicadores, Elisangela Nunes e EvelynAraripe, da Redação, e Clarissa Barbosa, do Outras Palavras.

Verônica Mendonça da Silva, 19 anos, participou da cobertura do evento. Confira o depoimento dela:

Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 29

Uma das conversas mais intensas do Congresso foi com a professorae escritora Camille Paglia. Ela é uma feminista homossexual assumida queadmira o prazer erótico e se considera uma estudante da ideia dosadomasoquismo. Toda a trajetória acadêmica de Camille Paglia sempre foi rodeadapelo preconceito e dúvidas por parte dos outros, porque desde que se assumiu homossexual,na época de graduação, criou-se receio dos estudantes próximos e seus professores, mas ela sempre superou tudo isso:“Derroto meus inimigos com conhecimento, com minha performance”, comenta. A sua tese de doutorado foi bem polêmica epioneira, pois trata da relação entre as pessoas, sexualidade e arte, numa linguagem considerada por ela mesma forte e direta.

Sobre o jornalismo cultural, Camille Paglia afirma que ele é muito importante, principalmente para os jovens, por isso,esse gênero de jornalismo tem a função de informar os acontecimentos culturais, mas principalmente contar as históriasdas pessoas que produzem arte e compõem a cultura.

Participaram também: Adrielly dos Santos, Alisson Rodrigues, Amanda Martins, Doralice Silva, Felipe Eduardo, Joabe YuriMachado, Karina Santos Araújo, Leonardo Belo da Silva, Luana Cruz, Nadia Santos, Renata Freitas e Sâmia Pereira.

Eric Silva e Mariana Rosário

Teia deculturasEntre os dias 20e 22 de maio, a cidadede Embu das Artes foipalco da 1ª TeiaRegional Oeste, quereuniu todos os pontose pontões decultura da regiãoe contou comdiversos debates,oficinas eapresentaçõesculturais.

Jornalismo e culturaA galera da PCU e da Agência Jovem de Notícias também marcoupresença no 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, queaconteceu entre os dias 17 e 21 de maio, no Sesc Vila Mariana, emSão Paulo. O evento reuniu além de acadêmicos e jornalistas, artistase cineastas para debater a cultura e seus possíveis caminhos.

Escritora Camille Paglia em

entrevista durante o Congresso

Jovens combinam cobertura da

Teia, em Embu das Artes (SP)

Fotos: Agência Jovem

de Notícias

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1 Revista Viração • Ano 7 • Edição 52

Sérgio Rizzo*, crítico de cinema

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No escurinhoHistória do Cinema - Parte 5

A cada edição, Sérgio Rizzo traz em capítulos umpouco da história cinematográfica. Umaoportunidade para colecionar e conhecer asdiferentes fases que ajudaram a tornar o escurinhoda sala de cinema um espaço apreciado por muitos

30 Revista Viração • Ano 9 • Edição 73

Surgido no início dos anos 1940, ainda durante a SegundaGuerra Mundial, o neorrealismo italiano exerceu influênciasignificativa sobre a produção cinematográfica de vários

outros países na segunda metade do século 20. Sua premissabásica era debruçar-se sobre a realidade de forma não estilizada.Dessa forma, o movimento contribuiu de maneira decisiva paraalterar os padrões de verossimilhança da ficção no cinema,fazendo com que ela separecesse, para oespectador, muito próximada realidade.

Filmagens em locações– com emprego recorrentede atores não-profissionais– e o uso de pequenosdramas do cotidiano daclasse trabalhadoracaracterizam essa parcelamais politizada daprodução italiana doperíodo, voltada para oretrato do país e de suagente. Frequentemente, a guerra e suas consequênciaseram o objeto central ou pano de fundo das histórias. Obsessão(1942) e A Terra Treme (1947), ambos de Luchino Visconti, sãoimportantes marcos.

Os dois filmes mais populares do neorrealismo italiano, noentanto, viriam a ser Roma, Cidade Aberta (1945), de RobertoRossellini, e Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica.Ambos tiveram a colaboração do principal ideólogo domovimento, o roteirista Cesare Zavattini. Rossellini dirigiutambém Paisá (1946) e Alemanha, Ano Zero (1947), entre outrosclássicos. Diversos cineastas italianos de imenso prestígiocomeçaram a trabalhar no período neorrealista, comoMichelangelo Antonioni e Federico Fellini.

Divulgação

“Desejo ser sempre e antes de tudoum contemporâneo, porque o cinemasó alcança expressão artística quandoexplica o significado dos dramascoletivos de seu tempo.”Cesare Zavattini

“Na base do neorrealismo há, primeiramente,uma atitude moral de humildade cristã.”Roberto Rossellini

“O sentido real de meus filmes é aprocura da solidariedade humana, aluta contra o egoísmo e a indiferença.”Vittorio De Sica

“O cinema é a arte em que o homem sereconhece da maneira mais imediata:um espelho no qual deveríamos tercoragem para descobrir nossa alma.”Federico Fellini

Na tela, um paíse sua gente

* www.sergiorizzo.com.br

Cena do filme A TerraTreme, de 1947

Roma, Cidade Aberta,filme de 1945

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 74 31

Nealla Machado, do Virajovem Campo Grande (MS)*

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Que Figura!

A vida e trajetória da estilista, mãe e ativista Zuzu Angel

Avida da mineira Zuleika Angel Jones, conhecida como ZuzuAngel, foi marcada pela dor intensa da perda de um filho,apesar das glórias alcançadas com seus trabalhos de

moda. Nascida em Curvelo, no interior de Minas Gerais, quandocriança mudou-se com a família para Belo Horizonte e maistarde, quando adolescente, foi para a Bahia, sendosignificativamente influenciada pela cultura e pelas coresalegres do Estado no estilo das suas criações.

Zuzu desprezava o rótulo de estilista, apesarde criar para moças de famílias influentes dasociedade carioca da época. Desde os anos 60,acreditava no valor da moda nacional. Suascriações abordavam o tropicalismo brasileirocom estampas de chita, vestidos inspirados emMaria Bonita e Lampião, estampas de anjinhossobrevoando as nuvens, pássaros e florais.

Sua maior luta pessoal, porém, começou como sequestro político de seu filho Stuart AngelJones, estudante de Economia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e ativista do MovimentoRevolucionário Oito de Outubro (MR-8). O jovemdesapareceu depois de ter sido preso em 14 dejunho de 1971 por agentes do Centro deInformações e Segurança da Aeronáutica (CISA).

Zuzu denunciou incansavelmente as torturas,a morte e ocultação do cadáver de seu filho, tantono Brasil como no exterior, considerando o fato deque Stuart também tinha cidadania estadunidense.

Depois do episódio, Zuzu passou a usar suamoda como forma de protestar contra o autoritarismoe a covardia dos militares que mataram seu filho. Anjos,crucifixos, tanques de guerra, pássaros engaiolados, solatrás de grades, jipes e quépis eram algumas dasrepresentações que tiveram espaço em seus trabalhos.

Vítima de um acidente automobilístico, Zuzu morre em14 de abril de 1976, mas já havia deixado com Chico Buarqueum documento que afirmava: "Se eu aparecer morta, poracidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos domeu amado filho".

Uma de suas duas filha, a jornalista Hildegard Angel, foi aidealizadora do Instituto Zuzu Angel de Moda do Rio de Janeiro,entidade civil sem fins lucrativos, que tem por objetivo chamar aatenção para a criação e produção de moda na cultura brasileira,fundado em outubro de 1993.

“Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho."

Zuzu Angel

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados

e no Distrito Federal ([email protected])

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Da Redação

No ano em que a descoberta da aids completa 30 anos,

Manaus, capital amazonense, sediou o 5° Encontro Nacional

de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids. Jovens de

todo o País passaram quatro dias, de 26 a 29 de maio, na cidade

debatendo temas importantes para

suas vidas, suas ações, sua saúde,

seus relacionamentos e mais do que

isso, trocando experiência e

convivendo uns com os outros.

O evento de Manaus foi uma

oportunidade dos jovens participantes

se articularem e fortalecerem

a rede nacional de

adolescentes e jovens

que vivem com HIV/aids,

que existe desde 2008. A

ideia é garantir um espaço

para a troca de

experiências sobre formas

de combate ao HIV com

familiares, profissionais e

lideranças comunitárias de

todas as regiões do Brasil.

Para Gabriela Ferraz, uma

das jovens participantes do

evento, o Encontro foi uma

oportunidade para conhecer

histórias e ampliar seus conhecimentos sobre o assunto. “Foi a

primeira vez que eu participei de um evento nacional de

adolescentes e jovens com HIV/aids. Ouvi várias histórias e relatos

mostrando a força de pessoas que lidam com o preconceito.

Aprendi muito sobre prevenção e proteção. Foi muito legal”.

“Posso dizer que tive as melhores impressões dessa juventude.

São cheios de energia, amizade e carinho uns com os outros. Senti

Parada Social

32 Revista Viração • Ano 9 • Edição 74

Juventude discute HIV/aids em evento realizado em Manaus

os jovens como uma grande família que, mesmo com suas

diferenças, sabem amar uns aos outros e colaborar para uma

melhoria de vida. Essa juventude consciente me encheu de alegria

e espero que tenham uma vida longa e feliz sem copiar os erros

que muitos de nós, adultos, difundimos em nossa sociedade

atual”, opina Hilton Oliveira, um dos

coordenadores do Encontro.

Em 5 de junho de 1981, a doença foi

descoberta em Atlanta, nos EUA, a partir de

cinco jovens homossexuais que manifestavam

os sintomas de uma pneumonia. Desde então, a

doença vitimou cerca de 30 milhões de pessoas

no mundo inteiro. Em junho, várias agências das

Nações Unidas, entre elas Unicef e Unaids,

divulgaram um estudo afirmando que

41% das novas infecções no mundo são

entre jovens, totalizando cinco milhões

de pessoas, em 2009; as adolescentes são as mais vulneráveis.

Em 20 anos, houve um aumento de 65% no número de

municípios brasileiros que apresenta casos da doença entre

jovens com a faixa etária entre 13 e 19 anos, segundo

informações do Ministério da Saúde. Em 1991, eram 151

municípios brasileiros que apresentavam ao menos um caso de

aids entre jovens nessa mesma faixa etária.

REGIÃO SUL – 4,2REGIÃO NORTE – 3,1REGIÃO SUDESTE – 2,7REGIÃO CENTRO-OESTE – 2,6REGIÃO NORDESTE – 1,9

CASOS DE AIDS POR REGIÃO DOBRASIL A CADA 100 HABITANTES

Jovens participantes compartilhamexperiências durante o Encontro

Lilia

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mão

V

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Page 33: Revista Viração - Edição 74 - Julho/2011

Cláudia Maria Pereira Ferraz, do Virajovem São Gabrielda Cachoeira (AM)* e Bruno Ferreira, da Redação

A Sífilis é uma doença grave?

Quando não diagnosticada e tratadaadequadamente, a sífilis pode trazer gravesconsequências para a saúde, pois podecomprometer o coração e sistema nervoso,entre outros órgãos. Pode provocar cegueira,demência, paralisia, problemas cardíacos e,no caso da sífilis congênita (transmitida damãe para o feto durante a gestação), háuma taxa de mortalidade de 40%, ou seja,de cada 100 crianças que nascem com sífiliscongênita, 40 morrem.

Quais os sintomas da Sífilis?

A sífilis é conhecida como a grandeimitadora, pois pode camuflar váriasdoenças. Os sinais e sintomas variamconforme a fase da doença: na fase primária,em 95% dos casos apresenta ferida nosórfãos genitais. Na fase secundária, os sinaismais frequentes são manchas de pele quelembram rubéola, manchas nas palmas eplantas acompanhadas de febre, dor decabeça, dores articulares e ínguas pelocorpo, mas pode haver lesões na boca,no ânus, no pênis e até mesmo queda decabelos pode estar associada à sífilissecundária. Na fase terciária, que ocorreanos depois da fase primária, as lesões depele são mais destrutivas e mais localizadas,há gomas e nódulos, e é onde ocorre commais frequência o comprometimento dosórgãos internos.

O que fazer quandoesses sintomasaparecem?

Procurar um serviçode saúde. Nunca tentartomar remédios porconta própria, poispode mascarar ossinais e sintomase dificultar oreconhecimentoda doença peloprofissional de saúde.

A sífilistem cura?

Sim, a sífilis temcura, mas para quese obtenha a cura énecessário que otratamento seja adequado para a faseda doença e que seja feito um acompanhamentocom exames de sangue, que pode levar um ano oumais. Portanto, é fundamental seguir asorientações médicas e comparecer nos retornosapós o tratamento.

Qual parte do corpo a Sífilis atinge?

A sífilis é uma doença sistêmica, ou seja,pode comprometer vários órgãos, sendo que apele, o coração, os grandes vasos, o sistemanervoso, o fígado, os ossos e os olhos são osmais frequentemente acometidos. No caso daslesões cutâneas, embora qualquer parte possaser comprometida, são muito frequentes aslesões nos órgãos genitais, no ânus, na boca,nas palmas e plantas.

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Sexo e Saúde

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Os virajovens de de São Gabriel da Cachoeira (AM) foram saber da galera quaisas dúvidas sobre sexo para esta edição. E surgiram muitas perguntas sobre aSífilis, uma doença sexualmente transmissível. As dúvidas foram

respondidas pelo Dr. Herculano Alencar, do Centro de Referência eTreinamento DST/Aids de São Paulo. Confira:

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Bruno Ferreira e Evelyn Araripe, da Redação

A origem do Barreado é disputada entre três cidades paranaenses

V

Rango da terrinha

Há mais de dois séculos, o Barreado é uma das iguarias mais tradicionais do litoralparanaense. O prato é um cozido de carne com temperos variados que desmanchadevido ao longo tempo de cozimento. O nome vem da expressão “barrear”. A panela

onde a carne é cozida é vedada com um pirão de farinha de mandioca, impedindo que ovapor escape e o cozido não seque depressa.

Antigamente, para a preparação do Barreado, era necessário fazer um buraco no chão, ondea panela ficava enterrada sob uma fogueira. A origem da sua preparação vem dos tropeiros queviajavam durante longos períodos e faziam apenas uma refeição por dia, a base de carne bemtemperada, para dar sabor e retardar o apodrecimento durante as expedições. Até hoje, ascidades de Antonina, Paranaguá e Morretes disputam a origem e o modo de preparo desteprato, ícone da culinária do Paraná. Confira a versão de Morretes da receita.

Tradicionaldo Paraná

Modo de preparo:Primeiro, corte a carne em cubos de

cinco centímetros. O bacon também deveser cortado em cubos, mas menores, de umcentímetro. Depois, bata a cebola e o alhono liquidificador com um litro de água. Emuma panela, coloque a carne e o bacon jácortados, cebola e alho triturados, além desal, cominho, pimenta e água.

Depois vem a hora de barrear, ou seja,de vedar a tampa da panela. Em umrecipiente, adicione farinha de mandioca,farinha de trigo e um pouco de água.Misture tudo com as mãos até virar umapasta, que deverá ser espalhada pela tampacom as mãos molhadas.

Deixe a panela em fogo alto até ferver.Depois, abaixe o fogo e deixe cozinhar porcerca de oito horas. Bonsacompanhamentos para o prato sãobanana, arroz branco e farinhade

mandioca.

Ingredientes:5 kg de músculo1 1/2 kg de cebola200 gramas de bacon100 gramas de sal20 gramas de cominho50 gramas de alho5 gramas de pimenta do reino3 litros de água500 gramas de farinha de mandioca100 gramas de farinha de trigo

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A Agência Jovem de Notícias nasceu em

janeiro de 2005 durante o Fórum Social

Mundial, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Em 2011, a Agência ganhou um site. Nele, qualquer adolescente e jovem

interessado em escrever, falar, fotografar, opinar e filmar pode participar

falando do seu dia-a-dia, de sua comunidade, escola, gostos, preferências!

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Escreva, participe, opine, faça a sua notícia com a gente.

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