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EUTRO À TERRA Nº5 1º semestre de 2010 ano 3 ISSN: 16475496 Revista Técnico-Científica |Nº5| Junho de 2010 http://www.neutroaterra.blogspot.com A revista Neutro à Terra volta A revista Neutro à Terra volta novamente à vossa presença, com novos e interessantes artigos na área da Engenharia Electrotécnica em que nos propomos intervir. Nesta edição da revista merecem Nesta edição da revista merecem particular destaque os assuntos relacionados com as instalações eléctricas, a domótica, a utilização eficiente da energia eléctrica, particularmente no caso da força particularmente no caso da força motriz, as telecomunicações e as energias renováveis. Doutor Beleza Carvalho Instalações Máquinas Telecomunicações Segurança Energias Domótica Eficiência Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas Eléctricas Pág.7 Eléctricas Pág. 21 Pág. 35 Pág. 41 Renováveis Pág. 45 Pág.51 Energética Pág. 63

RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

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EUTRO À TERRA

Nº5  1º semestre de 2010  ano 3  ISSN: 1647‐5496  

Revista Técnico-Científica |Nº5| Junho de 2010

http://www.neutroaterra.blogspot.com

“A revista Neutro à Terra voltaA revista Neutro à Terra voltanovamente à vossa presença, comnovos e interessantes artigos naárea da Engenharia Electrotécnicaem que nos propomos intervir.Nesta edição da revista merecemNesta edição da revista merecemparticular destaque os assuntosrelacionados com as instalaçõeseléctricas, a domótica, a utilizaçãoeficiente da energia eléctrica,particularmente no caso da forçaparticularmente no caso da forçamotriz, as telecomunicações e asenergias renováveis.

Doutor Beleza Carvalho

Instalações Máquinas  Telecomunicações Segurança Energias Domótica Eficiência

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas

EléctricasPág.7

EléctricasPág. 21 Pág. 35 Pág. 41

RenováveisPág. 45 Pág.51

EnergéticaPág. 63

Page 2: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

EDITORIAL

Doutor José António Beleza CarvalhoInstituto Superior de Engenharia do Porto

RR

A 07| Fases de Realização e Tipos de Projectos de Instalações EléctricasEngº Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da SilvaEngº António Augusto Araújo GomesInstituto Superior de Engenharia do Porto

15| Técnicas de Manutenção em Linhas de Transmissão de Energia

ARTIGOS TÉCNICOS

À T

ER | ç g

Arlindo FranciscoHugo SousaDoutora  Teresa Alexandra Ferreira Mourão Pinto NogueiraInstituto Superior de Engenharia do Porto

21| Accionamentos Eficientes de Força Motriz. Nova ClassificaçãoDoutor José António Beleza CarvalhoEngº Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do Porto

EU

TR

O

29| Detecção de Avarias em Motores Assíncronos de InduçãoEngº António Manuel Luzano de Quadros FloresDoutor José António Beleza CarvalhoInstituto Superior de Engenharia do Porto

35| Fibra Óptica: Novas Auto‐estradas das TelecomunicaçõesEngº Sérgio Filipe Carvalho RamosEngº Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do PortoE 41| Sistemas de Controlo de AcessoEngº António Augusto Araújo GomesInstituto Superior de Engenharia do Porto

45| Dimensionamento de Centrais Fotovoltaícas para a Micro ProduçãoEngº Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do Porto

51| A Criação de Valor no Binómio: “Casa Inteligente / Consumidor”Engº António Manuel Luzano de Quadros FloresInstituto Superior de Engenharia do Porto

63| Optimização Energética em Novos AscensoresEngº José Jacinto FerreiraEngº Miguel Leichsenring FrancoSchmitt ‐ Elevadores, Lda

FICHA TÉCNICA DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho

SUB‐DIRECTORES: Engº António Augusto Araújo GomesEngº Roque Filipe Mesquita BrandãoEngº Sérgio Filipe Carvalho Ramos

PROPRIEDADE: Área de Máquinas e Instalações EléctricasDepartamento de Engenharia ElectrotécnicaInstituto Superior de Engenharia do Porto

CONTACTOS: [email protected] ; [email protected]

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL:  ISSN: 1647‐5496 

Page 3: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

EDITORIAL

Caros leitores

A revista “Neutro à Terra” volta novamente à vossa presença com novos e interessantes artigos na área da EngenhariaA revista Neutro à Terra volta novamente à vossa presença, com novos e interessantes artigos na área da Engenharia

Electrotécnica em que nos propomos intervir. Nesta edição da revista merecem particular destaque os assuntos relacionados

com as instalações eléctricas, a domótica, a utilização eficiente da energia eléctrica, particularmente no caso da força motriz, as

telecomunicações e as energias renováveis.

A elaboração de um projecto de instalações eléctricas é uma actividade complexa e exigente, não só pela diversidade de áreas

que estão envolvidas, mas também pelo número de intervenientes no mesmo. As Instruções para a Elaboração de Projectos de

Obras, anexas à portaria no 701‐H/2008, de 29 de Julho, ao sistematizarem a sua abordagem introduziram no processo um

mecanismo de regulação que constitui uma mais valia sensível para a actividade de projectista Nesta publicação apresenta semecanismo de regulação que constitui uma mais‐valia sensível para a actividade de projectista. Nesta publicação, apresenta‐se

um artigo que faz uma incursão nos aspectos das Instruções para a Elaboração, e revêem‐se alguns princípios formais da

estruturação do projecto de licenciamento.

Outro assunto de grande interesse apresentado nesta publicação tem a ver com a manutenção das linhas de transporte e

distribuição de energia eléctrica. Indicadores como o tempo e número de intervenções para restabelecer as condições normais

de funcionamento são reveladores da qualidade de serviço prestado por essas empresas que, no caso de incumprimento das

regras estabelecidas no Regulamento da Qualidade de Serviço, podem implicar em elevados prejuízos. No artigo que é

apresentado descreve se a aplicação de duas técnicas modernas na manutenção das linhas eléctricas que além deapresentado descreve‐se a aplicação de duas técnicas modernas na manutenção das linhas eléctricas que, além de

incrementarem a segurança e a fiabilidade do sistema eléctrico, garantem uma melhoria dos dados quantitativos fornecidos às

equipas de manutenção.

Nos últimos anos, muitos fabricantes de motores investiram fortemente na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos

com o objectivo de colocarem no mercado motores mais eficientes. A União Europeia, através do organismo EU MEPS

(European Minimum Energy Performance Standard) definiu um novo regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência

dos motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado europeu. O novo regime abrange motores de indução trifásica até

375 kW de elo idade simples Entrará em i or em três fases a partir de meados de 2011 Nesta p bli a ão apresenta se m375 kW, de velocidade simples. Entrará em vigor em três fases a partir de meados de 2011. Nesta publicação, apresenta‐se um

artigo que aborda a nova classificação que será adoptada para os equipamentos de força motriz.

Outro importante assunto apresentado nesta publicação tem a ver com a automatização das instalações habitacionais ou

domésticas. Neste sector, cada vez mais, são colocadas exigências em termos de conforto na utilização dos equipamentos

eléctricos e uma utilização cada vez mais eficiente da energia eléctrica, impondo a necessidade de edifícios “inteligentes”. O

artigo que é apresentado refere um estudo desenvolvido com o objectivo entender a criação de valor no binómio casa

inteligente/consumidor, esperando contribuir para um novo equilíbrio procura/oferta de forma que uma casa inteligente fique

í l i l tacessível a mais lares portugueses.

Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, pode‐se ainda encontrar outros artigos relacionados com assuntos

reconhecidamente importantes e actuais, como o dimensionamento de centrais fotovoltaicas para microprodução, um artigo

sobre sistemas de controlo de acessos e um artigo sobre a importância da fibra óptica nas actuais infra‐estruturas de

telecomunicações, quer em edifícios, quer nas urbanizações. Também o artigo sobre optimização energética em ascensores,

iniciado na publicação anterior, tem aqui a sua continuação.

Nesta publicação dá‐se também destaque à terceira edição das Jornadas Electrotécnicas de Máquinas e Instalações Eléctricas,

d di 29 30 d Ab il d 2010 C t d C d ISEP E t t t ti i ã dque decorreram nos dias 29 e 30 de Abril de 2010 no Centro de Congressos do ISEP. Este evento contou com a participação de

diversas empresas ligadas às áreas das máquinas eléctricas, sistemas electromecânicos, energias renováveis, veículos eléctricos,

segurança, domótica, luminotecnia e infra‐estruturas de telecomunicações. Foi organizado pelo Departamento de Engenharia

Electrotécnica do ISEP, com os habituais colaboradores desta revista a terem um papel preponderante.

Estando certo que esta edição da revista “Neutro à Terra” vai novamente satisfazer as expectativas dos nossos leitores,

apresento os meus cordiais cumprimentos.

h d 20 0

3|

Porto, Junho de 2010

José António Beleza Carvalho

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EVENTOS

JORNADAS ELECTROTÉCNICAS DE MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

O ISEP tem uma longa e positiva tradição na formação superior da Engenharia, constituindo uma marca de prestígio

consolidada em Portugal e reconhecimento no âmbito internacional Com forte tradição na formação de engenheirosconsolidada em Portugal e reconhecimento no âmbito internacional. Com forte tradição na formação de engenheiros

electrotécnicos, o Departamento de Engenharia Electrotécnica (DEE) contribui para o desenvolvimento da excelência técnica e

científica, através da formação sólida de profissionais que actuam nesta área e na aposta numa forte ligação às indústrias e ao

meio empresarial.

No sentido de promover mais um fórum de contacto e motivado

pelo sucesso obtido nos eventos anteriores, este ano o DEE

repetiu as Jornadas Electrotécnicas de Máquinas e Instalaçõesrepetiu as Jornadas Electrotécnicas de Máquinas e Instalações

Eléctricas, na sua terceira edição. O evento ocorreu nos dias 29 e

30 de Abril de 2010 no Centro de Congressos do ISEP e contou

com a participação de diversas empresas ligadas às áreas das

máquinas eléctricas, sistemas electromecânicos, energias

renováveis, veículos eléctricos, segurança, domótica, luminotecnia

e infra estruturas de telecomunicaçõese infra‐estruturas de telecomunicações.

No primeiro dia do evento foram apresentadas as comunicações

das empresas: Energaia, Adene, Vestas, TÜV Rheinland, Goosun,

Efacec, Sew‐Eurodrive, EMEF, ABB, Schmitt–Elevadores, Anacom,

Amisfera e a Televés. No segundo dia ocorreram as apresentações

das empresas: Only, Schréder, Lutron, Batalhão de Sapadores

Bombeiros Síncrono Longo Plano Spectrolux OHM E AstratecBombeiros, Síncrono, Longo Plano, Spectrolux, OHM‐E, Astratec,

Efacec, Legrand, Schneider Electric, APMI e Casais Energia.

Estiveram presentes personagens com um curriculum relevante

na área da engenharia electrotécnica.

O evento contou com a apresentação do Eng.º Vilela Pinto, que entre outras actividades diferenciadas na sociedade, é autor de

bibliografia relevante e reconhecida na área das instalações eléctricas. Esteve também presente o Professor Doutor Borges

G i i d d U i id d d A i h id l b lh á d i ã d i

|4

Gouveia, eminente docente da Universidade de Aveiro, reconhecido pelo seu trabalho na área da inovação e das energias

renováveis. Maciel Barbosa (Ordem Engenheiros), António Augusto Sequeira Correia (ANET), Paulo Calau (Agência para a

Energia), Nuno Francisco Costa (EFACEC) e Jorge Miranda (Autoridade Nacional de Comunicações) foram outros dos nossos

oradores convidados.

Page 5: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

EVENTOS

Para além das usuais comunicações, a 3ª edição das Jornadas Electrotécnicas proporcionou aos convidados a visita a uma vasta

exposição e demonstração de equipamento, com oportunidade para apresentação das soluções inovadoras, inseridas nos

coffee‐breaks.

Através da apresentação de comunicações orais e a exposição de

equipamentos, o evento proporcionou a troca de conhecimento e

experiência de profissionais da engenharia electrotécnica como

empresários, técnicos, professores, investigadores e alunos. Com o

objectivo de promover a divulgação de temas relacionados com as

Máquinas e Instalações Eléctricas, devidamente enquadrados na

problemática actual das energias renováveis e a utilização racional

de energia, foram discutidos assuntos relacionados com política

energética, sistemas electromecânicos, segurança e domótica,

luminotecnia, veículos eléctricos e infra‐estruturas de

telecomunicações.

Deste modo, os dois dias do evento serviram para ajudar a compreender os últimos avanços tecnológicos, mas serviu

igualmente para relembrar mais‐valias das parcerias académicas‐empresariais para o desenvolvimento de soluções

inovadoras.

Em virtude do interesse desta temática, alvo de um rápido desenvolvimento e de necessidade de constante inovação, o DEE

disponibiliza a informação apresentada no evento em: www.dee.isep.ipp.pt/~see/jornadas2010

Patrocinadores:

5|

Contamos convosco na quarta edição das Jornadas Electrotécnicas.

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EVENTOS

O que os profissionais procuram:

mais conhecimento, mais inovação.

|6

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ARTIGO TÉCNICO Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva; António  Augusto Araújo GomesInstituto Superior de Engenharia do Porto

FASES DE REALIZAÇÃO E TIPOS DE PROJECTOS DE INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

1 INTRODUÇÃO

A realização do projecto eléctrico de uma instalação requer,

além do domínio técnico dos assuntos particulares que a

esta digam respeito, sistematização na sua abordagem e

‐ Decreto‐Lei nº 517/80, de 31 de Outubro ‐ Estabelece

normas a observar na elaboração dos projectos das

instalações eléctricas de serviço particular

‐ Decreto Regulamentar nº 31/83, de 18 de Abril ‐ Aprova

o Estatuto do Técnico Responsável por Instalações

programação, necessária tanto no faseamento da sua

concepção como na elaboração processual dos seus

documentos.

Neste sentido a publicação da portaria nº 701‐H/2008, de 29

de Julho, através do seu anexo I ‐ Instruções para a

Elaboração de Projectos de Obras ‐ representa um salto

Eléctricas de Serviço Particular

‐ Portaria nº 344/89, de 13 de Maio ‐ Altera os artigos

19.º e 20.º do Decreto‐Lei n.º 26 852 de 30 de Julho de

1936. Revoga a Portaria n.º 24/80 de 9 de Janeiro

‐ Decreto‐Lei nº 272/92, de 3 de Dezembro ‐ Estabelece

normas relativas às associações inspectoras de

qualitativo significativo no processo de realização do

projecto, visando uma concepção de mais elevada qualidade

do mesmo, ao definir a metodologia a seguir na sua

elaboração, com discriminação das suas fases, seus

conteúdos e objectivos.

Embora a portaria se destine expressamente a projectos de

instalações eléctricas

‐ Decreto‐Lei nº 315/95, de 28 de Novembro ‐ Regula a

instalação e o funcionamento dos recintos de

espectáculos e divertimentos públicos e estabelece o

regime jurídico dos espectáculos de natureza artística

‐ Decreto‐Lei nº 59/99, de 2 Março ‐ Estabelece o regime

obras públicas e uma vez que a caracterização das obras

particulares se rege, de um modo geral, pelas regras das

obras públicas, a transposição dos seus princípios para

aquele tipo de obras representa uma mais‐valia significativa

para o projectista e para a consequente melhoria do projecto

electrotécnico.

do contrato administrativo de empreitada de obras

públicas.

‐ Decreto‐Lei nº 555/99, de 16 de Dezembro (com as

alterações subsequentes)‐ Estabelece o regime jurídico

da urbanização e da edificação

‐ Portaria nº 454/2001, de 5 de Maio ‐ Aprova o novo

Este artigo faz uma ligeira incursão nos aspectos das

Instruções para a Elaboração e revêem‐se alguns princípios

formais da estruturação do projecto de licenciamento.

2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

contrato‐tipo de concessão de distribuição de energia

eléctrica em baixa tensão

‐ Portaria nº 1110/2001, de 19 de Setembro ‐ Determina

quais os elementos que devem instruir os pedidos de

informação prévia, de licenciamento e de autorização

referentes a todos os tipos de operações urbanísticas

‐ Decreto‐Lei nº 26 852, de 30 de Julho de 1936 – Aprova

o Regulamento de Licenças para Instalações Eléctricas

‐ Portaria nº 401/76, de 6 de Julho ‐ Estabelece as normas

a que deverão obedecer os projectos destinados a

instruírem os pedidos de licença de instalações eléctricas

de serviço público

‐ Decreto‐Lei n.º 5/2004, de 6 de Janeiro ‐ Aprova a

orgânica das direcções regionais da economia

‐ Portaria nº 193/2005, de 17 de Fevereiro ‐ Actualiza a

relação das disposições legais e regulamentares a

observar pelos técnicos responsáveis dos projectos de

obras e a sua execução

7|

‐ Decreto‐Lei nº 446/76, de 5 de Junho ‐ Dá nova redacção

a alguns artigos do Regulamento de Licenças para

Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto‐Lei n.º

26852 de 30 de Julho de 1936

‐ Decreto‐Lei nº 229/2006, de 24 de Novembro ‐ Altera o

Decreto Regulamentar n.º 31/83 de 18 de Abril, que

aprova o Estatuto do Técnico Responsável por

Instalações Eléctricas de Serviço Particular, e derroga

Page 8: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

parcialmente o disposto na alínea e) do n.º 3 do artigo

3.º do Decreto‐Lei n.º 5/2004, de 6 de Janeiro

‐ Dono da Obra – pessoa colectiva ou individual que

promove o projecto ou obra

‐ Decreto‐Lei nº 101/2007, de 2 de Abril ‐ Simplifica o

licenciamento de instalações eléctricas, quer de serviço

público quer de serviço particular, alterando os

Decretos‐Lei n.os 26 852, de 30 de Julho de 1936,

517/80, de 31 de Outubro, e 272/92, de 3 de Dezembro

‐ Lei nº 60/2007, de 4 de Setembro ‐ Procede à sexta

Os donos de obra podem classificar‐se em dois tipos:

donos de obra pública e de obra particular

Os donos de obra pública são as entidades que se

encontram sujeitas ao Regime Jurídico de Obras Públicas,

conforme define o art.º 3.º do Decreto‐Lei n.º 59/99, de

2 de Março. Alguns donos de obra pública encontram‐se

alteração ao Decreto ‐Lei n.º 555/99, de 16 de

Dezembro, que estabelece o regime jurídico da

urbanização e edificação

‐ Decreto‐Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro ‐ Aprova o

Código dos Contratos Públicos, que estabelece a

disciplina aplicável à contratação pública e o regime

sujeitos ao Regime de Licenciamento Urbano (Decreto‐

Lei n.º 555/99 de 16 de Dezembro)

Os donos de obra particular encontram‐se sujeitos, nas

operações de licenciamento de urbanizações e de

edificações, às disposições do Decreto‐Lei n.º 555/99 de

16 de Dezembro

substantivo dos contratos públicos que revistam a

natureza de contrato administrativo

‐ Portaria nº 232/2008, de 11 de Março ‐ Determina quais

os elementos que devem instruir os pedidos de

informação prévia, de licenciamento e de autorização

referentes a todos os tipos de operações urbanísticas, e

‐ Estudo prévio ‐ o documento elaborado pelo Projectista,

depois da aprovação do programa base, visando a opção

pela solução que melhor se ajuste ao programa,

essencialmente no que respeita à concepção geral da

obra

‐ Peças do projecto ‐ os documentos, escritos ou

revoga a Portaria n.º 1110/2001 de 19 de Setembro

‐ Portaria nº 701‐H/2008, de 29 de Julho ‐ Aprova o

conteúdo obrigatório do programa e do projecto de

execução, bem como os procedimentos e normas a

adoptar na elaboração e faseamento de projectos de

obras públicas, designados «Instruções para a elaboração

desenhados que caracterizam as diferentes partes de um

projecto

‐ Programa base ‐ o documento elaborado pelo

Projectista a partir do programa preliminar resultando da

particularização deste, visando a verificação da

viabilidade da obra e do estudo de soluções alternativas,

de projectos de obras», e a classificação de obras por

categorias

3 DEFINIÇÕES

‐ Anteprojecto ou Projecto Base ‐ o documento a elaborar

o qual, depois de aprovado pelo Dono da Obra, serve de

base ao desenvolvimento das fases ulteriores do

projecto

‐ Programa preliminar ‐ o documento fornecido pelo

Dono da Obra ao Projectista para definição dos

objectivos, características orgânicas e funcionais e

pelo Projectista, correspondente ao desenvolvimento do

Estudo prévio aprovado pelo Dono da Obra, destinado a

estabelecer, em definitivo, as bases a que deve obedecer

a continuação do estudo sob a forma de Projecto de

execução.

(Ao Projecto Base também se dá o nome de Projecto de

condicionamentos financeiros da obra, bem como dos

respectivos custos e prazos de execução a observar

‐ Projecto ‐ o conjunto de documentos escritos e

desenhados que definem e caracterizam a concepção

funcional, estética e construtiva de uma obra,

compreendendo, designadamente, o projecto de

|8

Licenciamento, pois nesta fase o projectista prepara as

peças escritas e as peças desenhadas para entregar o

projecto para aprovação).

arquitectura e projectos de engenharia.

‐ Projecto de execução ‐ o documento elaborado pelo

Projectista, a partir do estudo prévio ou do anteprojecto

aprovado pelo Dono da Obra, destinado a facultar todos

Page 9: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

e) Dados básicos relativos às exigências de comportamento,

funcionamento, exploração e conservação da obra,

os elementos necessários à definição rigorosa dos trabalhos

a executar

tendo em atenção as disposições regulamentares;

f) Estimativa de custo e respectivo limite dos desvios e,

eventualmente, indicações relativas ao financiamento do

empreendimento;

g) Indicação geral dos prazos para a elaboração do projecto

e para a execução da obra.

Telas finais ‐ o conjunto de desenhos finais do projecto,

integrando as rectificações e alterações introduzidas no

decurso da obra e que traduzem o que foi efectivamente

construído

4 FASES DO PROJECTO

‐ Programa Base

O Programa base é apresentado de forma a proporcionar ao

Dono da Obra a compreensão clara das soluções propostas

pelo Projectista, com base nas indicações expressas no

programa preliminar, incluindo:

A realização do Projecto deve seguir um cronograma

específico, caracterizado pela definição de etapas sucessivas,

em número dependente da importância e complexidade da

obra, de pormenorização crescente e tendente à fixação

definitiva das soluções, culminando na elaboração do

a) Esquema da obra e programação das diversas operações

a realizar, quando aplicável;

b) Definição dos critérios gerais de dimensionamento das

diferentes partes constitutivas da obra;

c) Peças escritas e desenhadas e outros elementos

informativos necessários para o perfeito esclarecimento

Projecto de Licenciamento e no de Execução.

Estas fases podem ser enumeradas do modo seguinte de

acordo com a portaria citada:

‐ Programa Base

‐ Estudo Prévio

do Programa Base, no todo ou em qualquer das suas

partes, incluindo as que porventura se justifiquem para

definir as alternativas de solução propostas pelo

Projectista e avaliar a sua viabilidade, em função das

condições de espaço, técnicas, de custos e de prazos;

d) Estimativa geral do custo da obra, tomando em conta os

‐ Anteprojecto (Projecto Base ou Projecto de

Licenciamento)

‐ Projecto de Execução

Estas seguem‐se cronologicamente às especificações

fornecidas pelo Dono da Obra ao Projectista e traduzidas no

Programa Preliminar.

encargos mais significativos com a sua realização e

análise comparativa dos custos de manutenção e

consumos da obra nas soluções propostas;

e) Informação sobre a necessidade de obtenção de

elementos topográficos, geológicos, geotécnicos,

hidrológicos, climáticos, características da componente

Como características que estas fases devem conter, incluem‐

se as seguintes:

‐ Programa preliminar

O Programa preliminar contém, além de elementos

específicos constantes da legislação e regulamentação

acústica do ambiente, redes de infra‐estruturas ou de

qualquer outra natureza que interessem à elaboração do

projecto, bem como sobre a realização de estudos em

modelos, ensaios, maquetes, trabalhos de investigação e

quaisquer outras actividades ou formalidades que

podem ser exigidas, quer para a elaboração do projecto,

aplicável, os seguintes elementos, podendo alguns destes

ser dispensados consoante a obra a projectar:

a) Objectivos da obra;

b) Características gerais da obra;

c) Dados sobre a localização do empreendimento;

d) Elementos topográficos, cartográficos e geotécnicos,

9|

quer para a execução da obra.levantamento das construções existentes e das redes de

infra‐estruturas locais, coberto vegetal, características

ambientais e outros eventualmente disponíveis, a

escalas convenientes;

Page 10: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

‐ Estudo Prévio

1‐ O Estudo prévio desenvolve as soluções aprovadas no

técnicas e funcionais dos materiais, elementos de

construção, sistemas e equipamentos;

Programa Base, sendo constituído por peças escritas e

desenhadas e por outros elementos informativos, de

modo a possibilitar ao Dono da Obra a fácil apreciação

das soluções propostas pelo Projectista e o seu confronto

com os elementos constantes naquele.

2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o

b) Avaliação das quantidades de trabalho a realizar por

grandes itens e respectivos mapas;

c) Estimativa de custo actualizada;

d) Peças desenhadas a escalas convenientes e outros

elementos gráficos que explicitem a localização da

obra, a planimetria e a altimetria das suas diferentes

Estudo prévio contém, para cada uma das soluções

alternativas apresentadas à aprovação do Dono da Obra,

e sem prejuízo dos elementos constantes da

regulamentação aplicável, os elementos seguintes:

a) Memória descritiva e justificativa, incluindo capítulos

respeitantes a cada um dos objectivos relevantes do

partes componentes e o seu dimensionamento bem

como os esquemas de princípio detalhados para cada

uma das Instalações Técnicas, garantindo a sua

compatibilidade;

e) Identificação de locais técnicos, centrais interiores e

exteriores, bem como mapa de espaços técnicos

estudo prévio;

b) Elementos gráficos elucidativos sob a forma de

plantas, alçados, cortes, perfis, esquemas de

princípio e outros elementos, em escala apropriada;

c) Dimensionamento aproximado e características

principais dos elementos fundamentais da obra;

verticais e horizontais para instalação de

equipamentos terminais e redes.

f) Os elementos de estudo que serviram de base às

opções tomadas, de preferência constituindo anexos

ou volumes individualizados identificados nas

memórias;

d) Estimativa do custo da obra e do seu prazo de

execução.

‐ Anteprojecto ou Projecto base (Projecto para

Licenciamento)

1‐ O Anteprojecto, ou Projecto base, desenvolve a solução

g) Programa geral dos trabalhos.

‐ Projecto de execução

1‐ O Projecto de execução desenvolve o Projecto base

aprovado, sendo constituído por um conjunto

coordenado das informações escritas e desenhadas de

do Estudo prévio aprovado, sendo constituído por peças

escritas e desenhadas e outros elementos de natureza

informativa que permitam a conveniente definição e

dimensionamento da obra, bem como o esclarecimento

do modo da sua execução.

2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o

fácil e inequívoca interpretação por parte das entidades

intervenientes na execução da obra, obedecendo ao

disposto na legislação e regulamentação aplicável.

2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o

Projecto de execução inclui, além de outros elementos

constantes de regulamentação aplicável, as seguintes

anteprojecto deve conter, para além dos elementos

constantes da regulamentação aplicável os seguintes:

a) Memórias descritivas e justificativas da solução

adoptada, incluindo capítulos especialmente

destinados a cada um dos objectivos especificados

para o anteprojecto, onde figuram designadamente

peças:

a) Memória descritiva e justificativa, incluindo a

disposição e descrição geral da obra, evidenciando

quando aplicável a justificação da implantação da

obra e da sua integração nos condicionamentos

locais existentes ou planeados; descrição genérica da

|10

descrições da solução orgânica, funcional e estética

da obra, dos sistemas e dos processos de construção

previstos para a sua execução e das características

solução adoptada com vista à satisfação das

disposições legais e regulamentares em vigor;

indicação das características dos materiais, dos

Page 11: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

6) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo C cuja

potência a alimentar pela rede seja superior a 50 kVA;

elementos da construção, dos sistemas,

equipamentos e redes associadas às Instalações

7) Redes particulares de distribuição de energia eléctrica

em baixa tensão e respectivas instalações de iluminação

exterior.

A pormenorização e alcance de cada fase variará de acordo

com as características particulares associadas ao tipo de

Técnicas;

b) Cálculos relativos às diferentes partes da obra

apresentados de modo a definirem, pelo menos, os

elementos referidos na regulamentação aplicável a

cada tipo de obra e a justificarem as soluções

adoptadas;

empreendimento a projectar. Assim, teremos

sucessivamente:

‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas em Edifícios

‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de Comunicação

em Edifícios

‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de Aquecimento,

c) Medições e mapas de quantidade de trabalhos,

dando a indicação da natureza e da quantidade dos

trabalhos necessários para a execução da obra;

d) Orçamento baseado nas quantidades e qualidades

de trabalho constantes das medições;

e) Peças desenhadas de acordo com o estabelecido

ventilação e ar condicionado (AVAC)

‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de transporte de

pessoas e cargas

‐ Sistemas de Segurança Integrada

‐ Produção, transformação, transporte e distribuição de

Energia Eléctrica

para cada tipo de obra na regulamentação aplicável,

devendo conter as indicações numéricas

indispensáveis e a representação de todos os

pormenores necessários à perfeita compreensão,

implantação e execução da obra;

f) Condições técnicas, gerais e especiais, do caderno de

‐ Redes de comunicações

Para cada tipo de instalação enunciada se procede à

pormenorização dos objectivos a alcançar em cada uma das

fases do projecto cuja satisfação será levada à consideração

do Dono da Obra para aprovação.

encargos.

Caso a instalação não careça de projecto, do Estudo Prévio

passar‐se‐á directamente para o Projecto de Execução.

O anexo I do Decreto‐Lei nº 517/80, de 31 de Outubro, na

Exemplificando com a primeira das obras consideradas,

teremos, como elementos especiais das diversas fases, os

seguintes:

‐ Programa Preliminar

redacção actual do Decreto‐Lei nº 101/2007, de 2 de Abril,

lista as instalações eléctricas que carecem de projecto:

1) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo A;

2) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo B;

3) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo C

situadas em recintos públicos ou privados destinados a

a) Identificação de aspectos específicos do edifício ou zonas

do edifício, em termos de energia eléctrica, ambiente,

utilização, segurança e outros e ligações a redes ou

sistemas exteriores.

b) Condicionamentos à localização dos equipamentos e das

instalações necessárias ao seu funcionamento.

espectáculos ou outras diversões, incluindo‐se,

nomeadamente, teatros, cinemas, praças de touros,

casinos, circos, clubes, discotecas, piscinas públicas,

associações recreativas ou desportivas, campos de

desporto, casas de jogo, autódromos e outros recintos

de diversão;

11|

c) Identificação dos níveis de qualidade, disponibilidade,

redundância e autonomia pretendidos.

d) Condicionamentos a nível de manutenção, exploração e

expansão.

4) Instalações eléctricas estabelecidas em locais sujeitos a

risco de explosão;

5) Instalações de parques de campismo e portos de recreio

(marinas);

Page 12: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

‐ Programa Base

a) Identificação das diferentes instalações e equipamentos

d) Caracterização das instalações e equipamentos

principais.

a considerar e suas configurações gerais justificadas a

partir dos condicionamentos e imposições do Programa

Preliminar.

b) Bases de dimensionamento consideradas para as

diferentes instalações e equipamentos.

c) Discriminação e justificação das necessidades em termos

e) Dimensionamentos dos equipamentos e redes principais

das instalações.

f) Enumeração dos principais artigos que constituem o

mapa de quantidades de trabalho, dividido nos principais

capítulos constituintes das instalações e equipamentos,

de forma a permitir a elaboração da estimativa do custo

de energia eléctrica, segurança e outras.

d) Interligações com outras especialidades e respectivas

condições ou exigências.

‐ Estudo Prévio

a) Representação gráfica geral das instalações e

preliminar da obra.

g) Justificação dos níveis de conforto luminotécnico, de

segurança e outros, bem como de produção e consumo

de energia eléctrica que suportem a solução proposta;

h) Verificação do cumprimento das regulamentações

técnicas aplicáveis.

equipamentos em concordância com o desenvolvimento

das outras especialidades e com a definição das

condições regulamentares de segurança, sob a forma de

plantas e outros elementos, a escala apropriada.

b) Esquemas de princípio necessários à definição

esquemática da concepção dos sistemas e redes que

‐ Projecto de Execução

a) Memória descritiva e justificativa, incluindo a análise

prospectiva de desempenhos, descrevendo e

justificando as soluções projectadas, tendo em atenção o

Anteprojecto aprovado e as disposições legais em vigor.

integram as instalações e equipamentos e da sua

interligação espacial e funcional.

c) Caracterização genérica das instalações e equipamentos

principais.

d) Pré‐dimensionamento dos equipamentos e das redes

principais das instalações.

b) Condições técnicas, gerais e especiais, especificando as

condições de execução ou montagem e as características

técnicas das instalações e equipamentos previstos.

c) Planta geral dos locais servidos pelas instalações e

equipamentos, em escala apropriada, quando não

definida em regulamento aplicável, contendo os

e) Condições de ligação às redes de energia eléctrica

(produção, consumo) e outras, de funcionamento e

utilização das instalações e equipamentos e da sua

eventual expansão.

‐ Anteprojecto (Projecto Base, Projecto de

elementos de referência e de orientação necessários à

fácil localização das instalações e equipamentos.

d) Plantas em escala apropriada, quando não definida em

regulamento aplicável, com o traçado e constituição das

redes e localização dos equipamentos, com a indicação

dos elementos indispensáveis à sua conveniente

Licenciamento)

a) Plantas, em escalas apropriadas, onde se indiquem os

traçados das redes principais das diversas instalações,

com indicação da localização aproximada dos

equipamentos.

b) Cortes, esquemas e diagramas, sempre que isso seja

apreciação.

e) Alçados e cortes dos edifícios ou partes dos edifícios,

sempre que isso seja necessário à boa compreensão do

projecto, a escala apropriada, quando não definida em

regulamento aplicável.

f) Pormenores necessários à definição detalhada e boa

|12

necessário à boa compreensão da solução proposta.

c) Esquemas de princípio das instalações e da sua

interligação espacial e funcional.

execução das instalações e equipamentos projectados, a

escalas apropriadas quando não definidas em

regulamento aplicável.

Page 13: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

elaboração das peças de alteração do projecto

necessárias à respectiva correcção e à integral e

g) Esquemas de princípio das instalações e da sua

interligação espacial e funcional, quando necessárias à

correcta caracterização dos trabalhos a executar no

âmbito da referida correcção;

b) Apreciação de documentos de ordem técnica

apresentados pelo empreiteiro ou Dono da Obra,

incluindo, quando apropriado, a sua compatibilidade

com o projecto;

sua perfeita compreensão.

h) Dimensionamento das instalações e dos equipamentos,

incluindo os cálculos necessários para o efeito.

i) Medições e mapas de quantidade de trabalhos, divididos

nos diversos capítulos constituintes da obra.

j) Orçamento de projecto da obra.

c) Proceder, concluída a execução da obra, à

elaboração das Telas Finais a ela respeitantes,

verificando a conformidade das mesmas com o

projecto de execução e das eventuais alterações nele

introduzidas, de acordo com as informações

fornecidas pelo Dono da Obra.

Além das fases enunciadas, há uma outra não menos

importante que é a Assistência Técnica, prestada e solicitada

pelo Projectista ao Dono da Obra. Esta é requerida antes e

durante a execução da obra:

1‐ Na fase do procedimento de formação do contrato, e até

5 ELABORAÇÃO DO PROJECTO DE LICENCIAMENTO

O projecto de licenciamento é um documento técnico

destinado a instruir um pedido de licença de

estabelecimento de uma instalação eléctrica, por ex. uma

à adjudicação da obra, a Assistência técnica do

Projectista ao Dono da Obra compreende as actividades

seguintes:

a) Esclarecimento de dúvidas relativas ao projecto

durante a preparação do processo do concurso para

adjudicação da empreitada ou fornecimento;

linha aérea de alta tensão com mais de 1000 m de extensão,

ou a fazer parte, na qualidade de projecto de engenharia de

especialidade, de um projecto de arquitectura de uma obra

que careça de licença municipal de construção, como por ex.

um prédio de habitações e escritórios.

O projecto pode ainda ser de obra que não careça de licença

b) Prestação de informações e esclarecimentos

solicitados por candidatos a concorrentes, sob a

forma escrita e exclusivamente por intermédio do

Dono da Obra, sobre problemas relativos à

interpretação das peças escritas e desenhadas do

projecto;

municipal1 ou de estabelecimento2 . De todos os modos é

um documento apresentado a aprovação.

Daí a sua constituição ser objecto de legislação específica

pois tratando‐se de um documento a ser sujeito a apreciação

técnica e à análise da observância do disposto nos

Regulamentos de Segurança aplicáveis a sua forma necessita

c) Prestação do apoio ao Dono da Obra na apreciação e

comparação das condições da qualidade das soluções

técnicas das propostas de molde a permitir a sua

correcta ponderação por aquele, incluindo a

apreciação de compatibilidade com o projecto de

execução, constante do caderno de encargos, de

ser adequada à transmissão da informação requerida e

organizada de tal maneira que a consulta seja fácil,

elucidativa, tanto quanto possível exaustiva e inequívoca.

A estrutura básica do projecto é composta de uma parte

preliminar e de um corpo, constituído este por uma parte

textual e uma outra de desenhos.

variantes ou alterações que sejam apresentadas;

2‐ Durante a execução da obra, a assistência técnica

compreende:

a) Esclarecimento de dúvidas de interpretação de

informações complementares relativas a

ambiguidades ou omissões do projecto, bem como

13|

1 As obras que não carecem de concessão de licença administrativa, passada pela Câmara Municipal respectiva, são as referidas no DL nº 555,Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, art. 6º, com as alterações introduzidas pelo DL n.º 177/2001, de 4/06 e Lei n.º 60/2007, de 04/092 As instalações eléctricas que não carecem de licença de estabelecimento são as referidas nos arts. 9º, 27º e 28º do DL nº 26 852, de 30 deJulho de 1936, com as alterações introduzidas pelos DL nº 446/76, de 05/06 e DL nº 101/2007, de 02/04

Page 14: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

À parte textual dá‐se o nome de Peças Escritas e ao conjunto

de desenhos, plantas, alçados, cortes, perfis, diagramas,

observância dos regulamentos em vigor e às regras inerentes

à boa técnica de execução dos diversos trabalhos.

outras representações gráficas o de Peças Desenhadas.

‐ Corpo do Projecto

Como partes em que o projecto se divide podemos

considerar as seguintes:

‐ Memória descritiva e justificativa

Especiais ‐ Definição de modo exaustivo e tão completo

quanto possível de todos os componentes da instalação e

dos trabalhos relativos à sua implantação.

‐ Medições e Orçamento

Determinação, com o rigor possível, das quantidades dos

‐ Caderno de encargos

‐ Medições e orçamento

‐ Peças desenhadas

‐ Memória Descritiva e Justificativa

A ó i d iti j tifi ti d j t d t

materiais a empregar e dos trabalhos a realizar e atribuição

dos valores correspondentes à instalação de cada unidade de

material e execução de cada espécie de trabalho.

‐ Peças Desenhadas

Conjunto de esquemas eléctricos e outros desenhos relativos

A memória descritiva e justificativa do projecto deve conter

todos os elementos e esclarecimentos necessários para

darem uma ideia perfeita da natureza, importância, função e

características das instalações e do equipamento.

‐ Caderno de Encargos (CE)

à obra em questão feitos a escalas convenientes e

permitindo a perfeita compreensão dos pormenores,

estabelecimento e localização da instalação.

No entanto, a forma final a dar ao Projecto de Licenciamento

não necessita ter todos estes componentes, pelo menos ao

Condições Jurídicas e administrativas

CE

Gerais

Condições Técnicas

E i i

seu nível mais pormenorizado.

6 CONCLUSÕES

A existência de um projecto, deve conferir, por si só, uma

garantia de qualidade, segurança e funcionalidade das

Especiais

Condições Jurídicas e Administrativas ‐ Condições que a

entidade compradora, o Adjudicante, formaliza à entidade

fornecedora, o Adjudicatário, relativa a aspectos tais como

cauções, garantias, obrigações, prazos, facturação e

instalações, assim como a diminuição dos custos de

execução e exploração das mesmas, uma vez que o técnico

tem de ter a consciência de que o exercício da sua profissão

o obriga não só a cumprir a lei, o preceituado nos

Regulamentos de Segurança, como também, dominar o

estado da arte no âmbito das Instalações Eléctricas.

condições de pagamento, seguros, cessões, incumprimentos

e penalidades.

Condições Técnicas:

Gerais ‐ Referência ao objecto e extensão da empreitada,

contemplando o fornecimento e montagem de todos os

O projecto é uma actividade complexa e exigente pela

diversidade das suas áreas e número de intervenientes no

mesmo.

As Instruções para a Elaboração de Projectos de Obras,

anexas à portaria nº 701‐H/2008, de 29 de Julho, ao

sistematizarem a sua abordagem introduziram no processo

|14

p g

materiais e equipamentos eléctricos, e às condições que

devem reger as tarefas a realizar no que diz respeito à

um mecanismo de regulação que constitui uma mais‐valia

sensível para a actividade de projectista.

Page 15: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO Arlindo Francisco, Hugo Miguel Sousa, Teresa Alexandra F. M. Pinto NogueiraInstituto Superior de Engenharia do Porto

TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

RESUMO

A manutenção das linhas de transporte e distribuição de

energia eléctrica é um serviço fundamental prestado pelas

empresas de transporte e distribuição. A aplicação de

trabalhos de manutenção. Os dados fornecidos por

oscilógrafos dependem de complexas análises que podem

levar horas ou mesmo dias, e geralmente não possuem a

precisão adequada para as equipas de campo.

Assim sendo, para a melhoria da segurança e o aumento da

técnicas eficientes na actividade de manutenção das linhas,

define a qualidade de serviço prestado pelas empresas.

Indicadores como o tempo e número de intervenções para

restabelecer as condições normais de funcionamento, são

reveladores da qualidade de serviço prestado por essas

empresas que, no caso de incumprimento das regras

fiabilidade do sistema eléctrico, é imprescindível o

desenvolvimento de soluções que melhorem os dados

quantitativos fornecidos às equipas de manutenção, tanto

correctiva como preventiva. Este trabalho apresenta e

analisa os benefícios de duas técnicas modernas de

manutenção em linhas de transmissão que vêm ao encontro

estabelecidas no Regulamento da Qualidade de Serviço,

podem implicar em elevados prejuízos.

A disponibilidade de informação apropriada ao pessoal

técnico torna‐se essencial e contribui para uma maior

eficácia dos serviços de manutenção, tanto ao nível da

manutenção correctiva como na manutenção preventiva.

das necessidades expostas.

A primeira técnica descrita, aplicada nos serviços de

manutenção correctiva, é a localização de falhas em linhas

transmissão através do princípio das ondas viajantes.

Trata‐se de uma configuração simples, capaz de localizar

defeitos fase‐terra e identificar as secções afectadas com

Este trabalho descreve a aplicação de duas técnicas

modernas na manutenção das linhas eléctricas que, além de

incrementarem a segurança e a fiabilidade do sistema

eléctrico, garantem uma melhoria dos dados quantitativos

fornecidos às equipas de manutenção .

grande precisão e rapidez, trazendo assim informação

preciosa para os serviços de manutenção correctiva.

A segunda tecnologia apresentada é a detecção de corrosão

nos condutores em linhas de transmissão aéreas, com

aplicação nas actividades de manutenção preventiva. O

sistema pode funcionar com a linha activa e efectua o

1 INTRODUÇÃO

A segurança e fiabilidade do sistema eléctrico estão

fortemente relacionadas com o bom funcionamento das

linhas de transmissão.

Enquanto as centrais de produção, subestações primárias e

diagnóstico das condições de corrosão dos cabos

condutores, incluindo as partes internas, permitindo desta

forma que as equipas de manutenção actuem

preventivamente evitando acidentes e a interrupção do

fornecimento de energia. Esta técnica tem uma aplicação

intensiva em ambientes agressivos como zonas litorais ou

de distribuição possuem controlo e monitorização com

tecnologias avançadas, como sistemas computadorizados e

SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition), a

protecção principal e as informações para manutenção das

linhas de transmissão são baseadas nos dados fornecidos por

relés ou oscilógrafos.

com incidência de chuva ácida (zonas industriais).

2 LOCALIZADOR DE DEFEITOS POR ONDAS VIAJANTES

2.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

15|

Apesar de estes dispositivos serem extremamente fiáveis e

eficientes no âmbito da protecção, os relés apenas fornecem

informações qualitativas, e dificilmente fornecem

informações quantitativas relevantes para a execução dos

Na ocorrência duma falha numa linha de transmissão radial,

surge um surto de corrente induzindo ondas

electromagnéticas que se propagam nas três fases por toda

extensão da linha.

Page 16: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

A localização do ponto de defeito consiste em detectar a

diferença de tempo que essas ondas viajantes levam para

e antecipando as acções a tomar (“the aware home”).

chegar aos seus extremos.

Este princípio está representado na figura 1.

a) TIPOS DE CASAS INTELIGENTES

De facto, há problemas com a conceptualização da “casa

b) AS FUNÇÕES DA CASA INTELIGENTE

Actualmente as habitações podem estar equipadas com

sistemas que associam diversas funcionalidades nas áreas de

segurança, conforto, gestão de energia e comunicações.

Funcionalidades principais: detecção de incêndio, intrusão,

inteligente”! Parece haver pouca concordância sobre como

uma casa inteligente deve ser e sobre que tecnologias ela

deve incorporar.

fuga de água ou gás, avisos, comandos e controlo remotos,

“Anything, Anytime, Anywere”.

As capacidades da domótica podem ser um auxiliar precioso

para contornar as dificuldades temporárias ou permanentes,

físicas ou mentais do ser humano. Além disso, estes sistemas

permitem facilitar as tarefas a idosos que assim vêem

minimizados algumas limitações a que estão expostos.

O comprimento da linha L e a velocidade de propagação do

Figura 1 – Principio das ondas viajantes

Figura 2 – Visão geral de um localizador de defeitos por ondas viajantes

surto v fazem parte dos aspectos construtivos da linha, são

valores conhecidos. Medindo a diferença de tempo entre a

chegada das ondas aos pontos A (início da linha) e B (final da

linha) é possível calcular a localização exacta da falha,

através do cálculo do valor de X:

Pela análise da equação (1), concluímos que a precisão da

medida de tempo está directamente relacionada com a

localização exacta da falha. Por isso, os sistemas de

localização de defeitos por ondas viajantes utilizam as

informações de tempo dos satélites do GPS para manter a

(1)

2.2 LOCALIZAÇÃO POR SISTEMA GPS

Um localizador de defeitos por ondas viajantes basicamente

precisão necessária dos seus contadores e sincronizar os

relógios das estações locais.

Assim, cada estação local de um sistema localizador de

defeitos por ondas viajantes recebe dados dos satélites para

a sincronização dos seus contadores, através de uma antena

e receptor GPS. Ao utilizar o GPS é possível manter uma

|16

é composto por um ou mais pares de estações locais,

sensores de campo magnético e antenas GPS (Global

Positioning System) ligados entre si e com a estação

principal, conforme mostra a fig. 2.

contagem de tempo de alta definição com imprecisão menor

que 1μs, permitindo uma localização de defeitos com

incerteza menor que 300 metros, mesmo em linhas com

compensação série.

Page 17: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Também na estação local, um processador de sinais recebe

as informações dos sensores de campo magnético instalados

nas fases. Na ocorrência de uma falha, armazena‐se o valor

dos contadores e envia‐se um sinal de informação para a

estação principal.

Nesse momento, a estação principal confirma o sinal de

informação da estação local e armazena os dados do surto,

com os quais o software de análise fará o cálculo da

As bobines Z e Z’ estão interligadas em forma de ponte de

indutâncias como mostra a figura 3, na bobine Z é colocada

uma amostra do cabo original funcionando esta como

distância. Este software de análise também deve ter em

consideração as deformações da onda de surto durante a sua

propagação para melhorar a precisão do cálculo.

Para isso, é comum que se execute um processo de

compensação dessa distorção que é baseado na correcção da

forma de onda do surto recebida das estações locais.

Figura 3 – Princípio de funcionamento do detector de corrosão

referência.

Aos terminais da ponte surge uma tensão de

desbalanceamento cujo a magnitude dessa tensão é

directamente proporcional à secção do cabo condutor

avaliado, já que quanto pior o estado de corrosão do

mesmo, menor será sua condutividade. Consequentemente,

No final do processo, a estação principal indica a distância e

o ponto de referência mais próximo do defeito, bem como a

oscilografia da corrente de sequência zero da falha, através

da qual é possível identificar o tipo de defeito.

3 DETECTOR DE CORROSÃO EM CABOS CONDUTORES

menor será a corrente Foucault e maior será a tensão de

desbalanceamento nos terminais da ponte de indutâncias.

Numa situação em que o cabo se encontre em estado de

corrosão é ainda possível avaliar qual a tensão mecânica que

o condutor pode suportar. Para tal é incorporada uma

câmara com sensor CCD (charged coupled device) que faz o

3.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O funcionamento do detector de corrosão em cabos

condutores é relativamente simples, baseando‐se no

princípio das correntes de Foucault e numa ponte de

registo da imagem para que seja avaliada pelo conjunto dos

dados guardados no sistema.

Através de uma recta ajustada de forma empírica, a qual

depende apenas do material usado (aço ou alumínio),

obtém‐se a percentagem remanescente da secção original

do cabo. Com este dado definido, consegue‐se estimar

indutâncias.

As correntes de Foucault são um fenómeno eléctrico que

ocorre quando um campo magnético variável intercepta um

material condutor fixo ou vice‐versa. O movimento relativo

causa uma corrente de circulação no condutor, que segundo

a Lei de Lenz gera um campo magnético que se opõe ao

também através de forma empírica a tensão mecânica

máxima suportável pelo cabo.

O procedimento de avaliação das condições do condutor é

mostrado na figura 4.

3.2 IMPLEMENTAÇÃO UTILIZANDO UM CARRINHO DE LINHA VIVA

efeito do campo aplicado. Quanto maior for a condutividade

do condutor, mais forte for o campo magnético aplicado ou

mais rápido for o movimento relativo, maior será a corrente

gerada e consequentemente maior o campo que se opõe.

Conforme mostra o esquema da figura 3, ao aplicar um

campo magnético paralelo ao condutor que possui uma

17|

Para executar a inspecção da linha de transmissão, o circuito

mostrado na figura 3 é montando sobre um carrinho de linha

activa, que pode utilizar tanto auto propulsão como ser

velocidade v conhecida, é gerada uma corrente de Foucault

marginal ao condutor, que induz um campo magnético

oposto ao aplicado e que pode ser medido utilizando uma

bobina activa Z’.

Page 18: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Além disso, a câmara CCD é posicionada próxima da bobine

activa para registar visualmente as condições do condutor.

Os detalhes do sistema podem ser vistos na figura 5.

O peso do equipamento é de 50 kg e a velocidade

aproximada de 10 m/min, sendo o ângulo máximo de

catenária suportado de 20º.

Na versão com auto‐propulsão, são adicionados 20 kg devido

às baterias que conseguem realizar até 1000 m de inspecção

deslocado por um técnico devidamente treinado para o

serviço em linha activa. As bobines são implementadas

sem recarregar.

Após percorrer a linha, o equipamento emite um relatório

completo e referenciado com as condições do condutor, que

associado às gravações da câmara CCD, identifica as secções

críticas dos condutores. Para cabos ACSR é possível,

inclusive, detectar separadamente a condição dos fios de

Figura 4 – Procedimento para estimar quantitativamente o estado de corrosão de um condutor

através de acopladores indutivos do tipo bipartido que

suportam bitolas entre 160 e 810 mm2.

alumínio e dos fios de aço que compõem o mesmo.

Um exemplo deste relatório pode ser visto na figura 6.

Figura 5 – Detalhes construtivos do sistema detector de corrosão

|18Figura 6 – Informações fornecidas pelo sistema detector de corrosão 

Page 19: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

os enormes transtornos que uma ocorrência deste tipo pode

trazer. Também permite que as equipas de manutenção

4 APLICAÇÕES NO ÂMBITO DA MANUTENÇÃO

tenham tempo hábil para se preparar e mobilizar recursos

para resolver o problema da maneira mais eficiente possível.

Além disso, ao identificar secções específicas da linha com

alto índice de corrosão mas sem perigo de rompimento,

torna‐se possível abordar o problema de forma preditiva,

estudando soluções como substituição dos condutores por

4.1 MANUTENÇÃO CORRECTIVA

As aplicações no âmbito da manutenção correctiva do

localizador de defeitos por ondas viajantes são imediatas.

Com uma configuração simples o sistema é capaz de localizar

curto‐circuitos defeitos fase‐terra e identificar as secções

cabos resistentes à corrosão ou aplicação de produtos anti‐

corrosão em novos cabos do mesmo tipo, de forma a realizar

uma intervenção programada no sistema para a solução do

problema.

5 CONCLUSÕES

afectadas com grande precisão e rapidez. Com uma incerteza

menor que 300 metros, o defeito fica restrito a dois vãos na

maior parte das linhas de transmissão existentes.

Isso significa que a fonte do defeito pode ser localizada com

maior rapidez, muitas vezes numa simples inspecção visual a

partir do solo. Essa informação mais precisa facilita o

A localização de defeitos por ondas viajantes e a detecção de

corrosão são duas técnicas que pretendem disponibilizar

informações quantitativas às equipas de manutenção.

Apesar de os seus princípios já serem conhecidos há muito

tempo, apenas recentemente, através do desenvolvimento

trabalho das equipas de campo, principalmente em áreas

sujeitas a alagamento, regiões montanhosas ou de selva, já

que é possível identificar antes mesmo da saída das equipas

para o campo o melhor local de acesso ao ponto de defeito.

Além de auxiliar na localização dum ponto de defeito que

causou o desligamento da linha, o sistema também pode

de novos materiais e uso de sistemas modernos como o GPS,

foi possível desenvolver equipamentos que gerassem

informações precisas sobre defeitos que ocorrem numa linha

de transmissão.

O resultado é imediato na área de manutenção, já que uma

localização precisa de defeitos traz uma maior eficácia,

identificar fontes de defeitos intermitentes. Como as ondas

viajantes são geradas sempre que há um transitório na linha,

ocorrências de difícil localização como defeitos fase‐terra

causados por falhas em isoladores, presença de vegetação

ou excrementos de pássaros podem ser restritas a uma área

delimitada e estudada detalhadamente em menor tempo,

reduzindo o tempo no deslocamento da equipa e na

identificação do defeito, permitindo a identificação de fontes

intermitentes, um maior tempo para a solução do problema

e a programação na realização dos serviços.

Isso traz benefícios directos tanto para as concessionárias

como para as populações, já que a energia não distribuída

gerando economia de tempo e recursos para as

concessionárias.

4.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA

O detector de corrosão em cabos condutores tem aplicação

engloba duas parcelas: o lucro cessante, que é o prejuízo da

companhia pela energia não facturada e o custo social, o que

a sociedade em geral perde quando há falta de energia.

Apesar de em Portugal não existir um estudo relacionado

com as quebras de energia, em países como o Brasil alguns

estudos apontam que o custo social é da ordem de 35 a 50

voltada para a manutenção preventiva. Ao realizar uma

inspecção aos condutores, é possível obter informações

valiosas sobre o estado de conservação dos cabos.

Através dos dados fornecidos pelo equipamento, como

secção de condutor remanescente e tensão mecânica

suportável, torna‐se relativamente fácil recalcular a carga

19|

vezes o preço médio do kWh facturado, para regiões menos

industrializadas, e de 50 a 100 vezes, para regiões mais

industrializadas.

máxima do sistema. Desta forma, através da restrição

temporária da corrente máxima da linha para valores abaixo

do nominal, evita‐se um possível rompimento do condutor e

Page 20: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Por isso, embora os equipamentos tradicionais se

demonstrem eficazes no âmbito da protecção, torna‐se

necessária a aplicação de novas técnicas e equipamentos

para disponibilizar informações quantitativas às equipas de

manutenção, de forma a manter um sistema eléctrico seguro

e confiável.

Bibliografia

[1] Regulamento da Qualidade de Serviço, ERSE – Entidade

Reguladora dos Serviços Energéticos, Março 2006

[2] Motta, S. e Colosimo, E., Impactos da Manutenção e dos

Custos da não Confiabilidade de Equipamentos sobre as

Receitas de Serviços de Transmissão de Energia Eléctrica.

Anais do XVII SNPTEE ‐ Seminário Nacional de Produção e

Transmissão de Energia Eléctrica

[3] Relatório do Comitê Nacional Brasileiro nº B2 da CIGRÉ –

Conference Internationale dês Grands Réseaux

Electrique a Haute Tension, Belo Horizonte, Outubro

2003

[4] REN – Rede Energética Nacional, disponível em

www.ren.pt

[5] Esmo ‐ 95 Proceedings, The Seventh International

Conference on Transmission and Distribution

Construction and Live Line Maintenance, October 29‐

November 3, International Conference on Transmission

and Distribution Construction and Live Line

Maintenance, 1995, Ohio

[6] Documento técnico elaborado pelo Departamento de

Gestão e Economia da Universidade da Madeira

publicado em:

http://www.uma.pt/sbudria/Blackout_project_Jan09.pdf

|20

Imagem adaptada de: www.siemens.com

Page 21: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO José António Beleza Carvalho, Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do Porto

ACCIONAMENTOS EFICIENTES DE FORÇA‐MOTRIZ. NOVA CLASSIFICAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Os motores eléctricos, particularmente o motor assíncrono

de indução, são o tipo de máquina mais utilizada na indústria

em virtude da sua grande versatilidade, gama de potências,

Os motores foram classificados de acordo com o seu

rendimento:

‐ EFF1 – Motores de alto rendimento;

‐ EFF2 – Motores de rendimento aumentado;

‐ EFF3 – Motores sem qualquer requisito especial.

robustez, duração, reduzida manutenção, baixa poluição,

facilidade de produção e custos de aquisição relativamente

baixos. Como qualquer máquina, o motor eléctrico,

responsável pela conversão de energia eléctrica em

mecânica, apresenta perdas. O rendimento (ou eficiência) é

definido como sendo a razão entre a potência de saída (ao

No seguimento da directiva "Eco‐design Directive

(2005/32/CE) “ publicada em 2005 para Produtos que

consomem energia (EUP), a Comissão Europeia aprovou em

Julho de 2009 um regulamento de aplicação dos requisitos

de concepção ecológica para os motores eléctricos, com

nível do veio de saída do accionamento) e a potência

eléctrica absorvida à entrada.

A produção de energia mecânica, através da utilização de

motores eléctricos, absorve cerca de 60% da energia

eléctrica consumida no sector industrial do nosso País, da

qual apenas metade é energia útil. Este sector é, pois, um

efeitos a partir de meados de 2011, dando aos fabricantes de

cerca de 2 anos para garantir que seus produtos cumprem a

referida directiva. O lote 11 da Directiva EUP (Energy Using

Products) descreve as orientações de design, a

compatibilidade ambiental, o impacte ambiental e o

consumo de energia de máquinas / motores eléctricos

daqueles em que é preciso tentar fazer economias,

prioritariamente. Os sistemas de accionamentos têm que ser

abordados como um todo, já que a existência de um

componente de baixo rendimento influencia drasticamente

o rendimento global.

O êxito neste domínio depende, em primeiro lugar, da

rotativos de alto rendimento. A directiva abrange os motores

de 2, 4 e 6 pólos, na gama de potências de 0,75 a 375 kW.

Neste âmbito, os motores passam a ser classificados por:

‐ IE1 (igual a EFF2) – com utilização proibida;

‐ IE2 (igual a EFF1) – com utilização obrigatória;

‐ IE3 (igual a Premium) – com utilização voluntária;

melhor adequação da potência do motor à da máquina que

ele acciona. Quando o regime de funcionamento é muito

variável para permitir este ajustamento, pode‐se equipar o

motor com um conversor electrónico de variação de

velocidade. Outra possibilidade é a utilização dos motores “

de perdas reduzidas”, de “alto rendimento”, ou “elevada

‐ IE4 (ainda não aplicável a accionamentos assíncronos).

2 CARACTERÍSTICAS DOS MOTORES DE ELEVADA EFICIÊNCIA

A eficiência dos motores está associada a uma redução das

suas perdas, que é conseguida à custa, quer da utilização de

eficiência”, que permitem economias energéticas

consideráveis.

Nos últimos anos, muitos fabricantes de motores investiram

fortemente na pesquisa e desenvolvimento de novos

produtos com o objectivo de colocarem no mercado

motores mais eficientes. O acordo voluntário obtido em

materiais construtivos de melhor qualidade e com melhores

acabamentos, quer por alteração das suas características

dimensionais. Estas perdas são devidas aos diversos

elementos que estão presentes na conversão

electromecânica de energia e podem ser divididas em quatro

tipos:

21|

1999 entre a CEMEP (Associação Europeia de Fabricantes de

Motores Eléctricos) e a Comissão Europeia sobre o

rendimento de motores de 2 e 4 pólos, na gama de

potências 1,1 a 90 kW, foi revisto em 2004.

‐ Perdas eléctricas;

‐ Perdas magnéticas;

‐ Perdas mecânicas;

‐ Perdas parasitas.

Page 22: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

As melhorias típicas que são efectuadas a nível construtivo

da máquina podem ser visualizadas na Figura 1 e são

As perdas eléctricas são provocadas pela resistência não nula

dos condutores das bobines que ao serem percorridos pela

resumidas na seguinte tabela:corrente provocam perdas caloríficas. As perdas magnéticas

ocorrem nas lâminas de ferro do estator e do rotor devido à

histerese e às correntes de Foucault. As perdas mecânicas

são provocadas pela rotação das peças móveis, ventilação e

atrito do ar. As perdas parasitas são devidas a fugas e

irregularidades de fluxo e, também, distribuição de corrente

Alteração Efectuada Efeito produzido

Tratamento térmico do rotor

Redução da resistência

Tab. 1 – Resumo das alterações nos motores de elevada eficiência

não uniforme.

Para melhorar a eficiência dos motores eléctricos, os

construtores aumentaram a massa de materiais activos

(cobre e ferro) de forma a diminuir as induções, as

densidades de corrente e, assim, reduzir as perdas no cobre

e no ferro. Utilizam‐se chapas magnéticas de perdas mais

Uso de ferro laminado por camada

Redução das perdas no ferro

Melhoria do circuito magnético

Redução das perdas no ferro

Redução das bobines do circuito indutor

Redução das perdas por efeito de Joule

Melhor qualidade dosreduzidas, entalhes especiais em certos casos e reformulou‐

se a parte mecânica, com especial incidência sobre a

ventilação, para reduzir a potência absorvida por esta e

diminuir o nível de ruído. Daí resulta, para idêntica

dimensão, um aumento de peso da ordem de 15%, e de

preço da ordem de 20 a 25%.

Melhor qualidade dos rolamentos

Redução das perdas mecânicas

Maior quantidade de cobreDiminuição de perdas e do calor gerado

Redução do entre‐ferroDiminuição das perdas parasitas

Rotor mais largo Reactância de fugas menorContudo, a melhoria da eficiência, compreendida entre 2 e

4,5%, e do cosφ, permite amortizar rapidamente este

aumento de preço.

g g

Sistema de ventilação melhorado

Diminuição de ruídos e da temperatura

|22Figura 1 – Alterações nos motores para obter elevada eficiência [WEG]

Page 23: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

1,1 a 90 kW de potência nominal, 50 ou 60 Hz, com 2 e 4

pólos magnéticos, seriam classificados de acordo com os

Apesar de este tipo de motores possuir uma eficiência

melhorada, quando inseridos num sistema, a eficiência total

valores dos respectivos rendimentos.

As classes de rendimento estabelecidas foram as seguintes:

‐ EFF1: Motores de elevado rendimento;

‐ EFF2: Motores de rendimento melhorado;

‐ EFF3: Motores de rendimento normal.

do mesmo sistema depende de todos os outros

componentes que o compõem. Por este motivo, não se deve

apenas investir na compra de um motor de elevada

eficiência, quando existirem problemas de eficiência nos

outros componentes do sistema.

No acordo CE/CEMEP ficou ainda estabelecido que as

vendas, na União Europeia, de motores EFF3 diminuiriam

para metade até 2003.

Este objectivo foi alcançado e a venda de motores EFF3

terminou pouco tempo depois.

Todos os fabricantes que assinaram este acordo ficaram

3 CLASSIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Na Europa a classificação dos motores de corrente alternada

de baixa tensão, foi estabelecida em 1998 com o acordo

voluntário dos principais fabricantes de motores Europeus.

De uma forma resumida, o acordo estabelecido entre a

autorizados a colocar a etiqueta de eficiência nos motores e

em toda a documentação que os acompanhe, o que tornou

mais fácil a identificação da classe do motor.

Comissão Europeia (CE) e o Comité Europeu de Fabricantes

de Máquinas Eléctricas e de equipamentos e sistemas de

Electrónica de Potência (CEMEP) definia que os motores de

Figura 2 – Classes de eficiência de motores [SEW‐Eurodrive]

23|Figura 3 – Etiquetas de eficiência dos motores

Page 24: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Com base no acordo voluntário anteriormente referido, foi

também criada uma base de dados europeia EuroDEEM, que

equipamentos de força‐motriz. Este novo regime abrange os

motores de indução trifásicos, de velocidade simples, até

foi elaborada pelo centro de pesquisa da Comissão Europeia

(CE/JRC), com o objectivo de reunir num só suporte as

informações mais importantes sobre os motores eléctricos

disponíveis no mercado. A tabela 2 apresenta os valores

limite para a eficiência dos motores, estabelecidos no acordo

com a CEMEP com base na norma CEI 60034‐2.

375 kW. Entrará em vigor em três fases a partir de meados

de 2011. Sob este novo regime os fabricantes são obrigados

a apresentar a classe e valores de eficiência do motor na

respectiva chapa de características e na documentação do

produto, que deve indicar claramente o método de teste

usado na determinação da eficiência.

kWEFF3

2 e 4 pólosηn (%)

EFF22 e 4 pólosηn (%)

EFF12 pólosηn (%)

EFF14 pólosηn (%)

1,11,52,2

<76,2<78,5<81,0

≥76,2≥78,5≥81,0

≥82,2≥84,1≥85,6

≥83,8≥85,0≥86,4

Tabela 2 – Definição das diversas classes de eficiência. Standard de 1996

34

<82,6<84,2

≥82,6≥84,2

≥86,7≥87,6

≥87,4≥88,3

5,57,5

<85,7<87,0

≥85,7≥87,0

≥88,6≥89,5

≥89,3≥90,1

1115

<88,4<89,4

≥88,4≥89,4

≥90,5≥91,3

≥91,0≥91,8

18,5 <90,0 ≥90,0 ≥91,8 ≥92,2

2230

<90,5<91,4

≥90,5≥91,4

≥92,2≥92,9

≥92,6≥93,2

3745

<92,0<92,5

≥92,0≥92,5

≥93,3≥93,7

≥93,6≥93,9

5575

<93,0<93 6

≥93,0≥93 6

≥94,0≥94 6

≥94,2≥94 7

4 NOVAS NORMAS PARA CLASSIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

75 <93,6 ≥93,6 ≥94,6 ≥94,7

90 <93,9 ≥93,9 ≥95,0 ≥95,0

A União Europeia, através do organismo EU MEPS (European

Minimum Energy Performance Standard), definiu um novo

regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência dos

motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado

europeu. O objectivo visa reduzir o consumo de energia e

outros impactos ambientais negativos de produtos que

|24

consomem energia eléctrica. Ao mesmo tempo, pretende‐se

melhorar a uma escala global o nível de harmonização

regulamentar em assuntos relacionados com a eficiência emFigura 4 – Chapa de características de motor ABB, de acordo com as 

novas normas

Page 25: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

comparáveis se forem medidos utilizando o mesmo método.

A norma CEI/EN 60034‐30:2008 define três classes de

O organismo EU MEPS baseia‐se em duas normas CEI. A

norma CEI/EN 600034‐2‐1, disponível desde Setembro de

eficiência IE (International Eficiency) para motores

assíncronos de indução trifásicos, rotor em gaiola de esquilo,

e velocidade simples:

‐ IE1: Eficiência Standard (EFF2 do antigo sistema Europeu

de classificação)

‐ IE2: Eficiência Elevada (EFF1 do antigo sistema Europeu

2007, introduz novas regras relativas aos métodos de teste

que devem ser usados na determinação das perdas e da

eficiência dos motores eléctricos.

A norma CEI/EN 600034‐30,disponível desde Outubro de

2008, especifica as classes de eficiência que devem ser

adoptadas.

de classificação e idêntica à EPAct nos EUA para motores

de 60Hz)

‐ IE3: Eficiência Premium (idêntica ao "NEMA Premium"

nos E.U.A. para motores de 60Hz)

‐ IE4: futuramente o nível de eficiência superior a IE3

Os níveis de eficiência definidos na norma CEI/EN 60034‐

A norma CEI/EN 600034‐2‐1:2007 define duas formas de

determinar a eficiência dos motores eléctricos, o método

directo e os métodos indirectos. A norma especifica os

seguintes parâmetros para determinar a eficiência pelo

método indirecto:

‐ Temperatura de referência;

30:2008 baseiam‐se em métodos de ensaio especificados na

norma CEI/EN 600034‐2‐1:2007.

Comparando com as anteriores classes de rendimento

Europeias, definidas pelo acordo CEMEP (norma CEI/EN

60034‐2:1996), o leque foi ampliado.

‐ Três opções para determinar as perdas adicionais em

carga: medição, estimativas e cálculo matemático.

Os valores de eficiência resultantes diferem daqueles

obtidos sob o padrão anterior de teste baseados na norma

CEI/EN 60034‐2:1996.

Deve‐se notar que os valores de eficiência só são

25|

Figura 5 – Novas classes de eficiência de motores [SEW‐Eurodrive]

Page 26: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

A norma CEI/EN 60034‐30 abrange quase todos os motores

(por exemplo: motores standard, motores para ambientes

‐ Motores feitos exclusivamente para funcionarem

imersos em líquidos.

perigosos, motores para embarcações e marinas, motores

usados como freio), nomeadamente:

‐ Motores de velocidade simples, trifásicos, 50 Hz e 60 Hz

‐ Motores de 2, 4 ou 6 pólos

‐ Motores com potência nominal entre 0,75 ‐ 375 kW

‐ Motores de tensão nominal até 1000 V

‐ Motores totalmente integrados em máquinas que não

podem ser testados separadamente da máquina (por

exemplo, bombas, ventiladores ou compressores).

‐ Motores especificamente concebidos para funcionarem

a altitudes superiores a 1000 metros. Onde as

temperaturas do ar possam ultrapassar os 40 °C. Em

‐ Motores do tipo Duty S1 (funcionamento em contínuo)

ou S3 (funcionamento intermitente ou periódico) com

um factor de duração cíclica nominal de 80 porcento ou

superior.

Os motores que estão excluídos das normas CEI/EN 60034‐30

são os seguintes:

temperaturas máximas superiores a 400 °C. Onde a

temperatura ambiente for inferior a ‐15 °C (qualquer

motor) ou inferior a 0 °C (motores refrigerados a ar).

Onde a temperatura da água de arrefecimento na

entrada de um produto é inferior a 5 °C ou superior a 25

°C. Em atmosferas potencialmente explosivas, tal como

‐ Motores feitos exclusivamente para funcionarem como

conversores.

definido na Directiva 94/9/CE.

IE Classes – 4 pole

Figura 6 – Novas classes IE de eficiência de motores eléctricos

|26

Page 27: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

5 CONSIDERAÇÕES FINAISNa tabela 3 apresenta‐se os valores limite para a eficiência

dos motores com base na norma CEI 60034‐30:2008,e CEI/EN

A produção de energia mecânica, através

da utilização de motores eléctricos,

absorve cerca de 60% da energia eléctrica

consumida no sector industrial do nosso

País, da qual apenas metade é energia

útil. Este sector é, pois, um daqueles em

600034‐2‐1.

Tabela 3– Definição das diversas classes de eficiênciaNormas CEI 60034‐30:2008,e CEI/EN 600034‐2‐1 [ABB]

que é preciso tentar fazer economias,

prioritariamente. Os sistemas de

accionamentos electromecânicos têm que

ser abordados como um todo, já que a

existência de um componente de baixo

rendimento influencia drasticamente o

rendimento global. Os pontos

fundamentais em que se deve intervir são

os seguintes:

‐ Dimensionar correctamente os

equipamentos de força motriz,

fazendo os motores funcionar com

cargas da ordem dos 70 a 80%.

‐ Adaptar a velocidade do motor às

necessidades do processo, utilizando

sempre que necessário dispositivos

electrónicos de variação de

velocidade.

‐ Atender às necessidades de

manutenção dos motores, que são

essencialmente a limpeza da carcaça,

a fim de reduzir a temperatura, e

nalguns casos a lubrificação dos

rolamentos.

‐ Utilizar os novos motores de “alto

rendimento”, que já provaram a sua

competitividade apesar do seu custo

superior, devendo‐se ponderar

sempre que necessário a sua

utilização.

27|

Figura 7 – Variação do rendimento com a potência. [SEW‐Eurodrive]

Page 28: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

A União Europeia, através do organismo EU MEPS (European

Minimum Energy Performance Standard) definiu um novo

A implementação das novas normas em cada estado

membro de EU será realizada em três fases:

regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência dos

motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado

europeu. O novo regime abrange motores de indução

trifásicos até 375 kW, de velocidade simples. Entrará em

vigor em três fases a partir de meados de 2011. Sob este

novo regime os fabricantes são obrigados a apresentar os

‐ Fase 1: até 16 de Julho de 2011. Todos os motores

devem satisfazer o nível de eficiência IE2;

‐ Fase 2: até 1 de Janeiro de 2015. Todos os motores com

uma potência nominal entre 7,5 ‐ 375 kW devem

satisfazer o nível de eficiência IE3 ou o nível IE2 se

equipados com um variador electrónico de velocidade;

valores IE (International Eficiency) classe de eficiência nas

placas do motor e na documentação do produto.

O organismo EU MEPS assenta em duas normas CEI. A norma

CEI/EN 600034‐2‐1, disponível desde Setembro de 2007,

introduz novas regras relativas aos métodos de teste que

devem ser usados na determinação das perdas e da

‐ Fase 3: até 1 de Janeiro de 2017. Todos os motores com

uma potência nominal entre 0,75‐375 kW devem

satisfazer o nível de eficiência IE3 ou o nível IE2 se

equipados com um variador electrónico de velocidade.

Bibliografia

eficiência dos motores eléctricos. A norma CEI/EN 600034‐

30,disponível desde Outubro de 2008, especifica as classes

de eficiência que devem ser adoptadas. De acordo com estas

normas os motores passam a ser classificados por:

‐ IE1 (equivalente a EFF2 na norma CEI/EN 600034‐2:1996)

– com utilização proibida;

[1] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO,

Eficiência Energética em Equipamentos de Força Motriz.

Jornadas Luso‐Brasileiras de Ensino e Tecnologia em

Engenharia. ISEP, Porto, Fevereiro de 2009.

[2] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO, R. F.,

‐ IE2 (equivalente a EFF1 na norma CEI/EN 600034‐2:1996)

– com utilização obrigatória;

‐ IE3 (Premium) – com utilização voluntária;

‐ IE4 (ainda não aplicável a accionamentos assíncronos).

Os motores de eficiência (IE1) não podem ser colocados no

mercado europeu a partir de 16 de Junho de 2011. Até

Efficient Use of Electrical Energy in Industrial

Installations. 4TH European Congress Economics and

Management of Energy in Industry. Porto, Novembro de

2007.

[3] CARLOS GASPAR, Eficiência Energética na Industria‐

ADENE, Cursos de Utilização Racional de Energia, 2004.

aquela data todos os novos motores em avaliação na Europa

terão de cumprir a eficiência IE2.

As regras não se aplicam fora da Europa. Por isso, será

possível que os fabricantes produzam motores com

eficiência IE1 para os mercados que não exijam estes

requisitos mínimos de eficiência.

[4] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO, R. F.

Eficiência Energética em Equipamentos de Força‐Motriz.

Revista Neutro à Terra Nº 3, Abril de 2009.

[5] ABB, Low Voltage Industrial Performance Motors.

Catálogo ABB 2009.

[6] WEG, Catálogo de Motores Eléctricos, disponível em

A conformidade com os padrões de eficiência exigidos é

verificada por ensaios. Cabe a cada estado membro da UE a

vigilância relativa aos procedimentos de verificação e

implementação das normas.

http://www.weg.com.br/

|28

Page 29: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO António Manuel Luzano de Quadros Flores, José António Beleza CarvalhoInstituto Superior de Engenharia do Porto

DETECÇÃO DE AVARIAS EM MOTORES ASSÍNCRONOS DE INDUÇÃO

RESUMO

O motor assíncrono de indução é, de facto, a máquina

actualmente preferida para a grande maioria dos

accionamentos, graças à sua fiabilidade, robustez e baixo

2 CASO EM QUE A AVARIA PROVOCA PARAGEM DO MOTOR

Quando a avaria leva à paragem do motor o diagnóstico

deve atender às especificidades de acessibilidade e

dimensão numa primeira fase.

custo. Dado que ocupa um lugar preponderante no processo

produtivo têm‐se desenvolvido diversos métodos de detecção

de avarias que permitem diagnosticar qualquer tipo de

defeito e quantificar o seu grau de severidade.

1 INTRODUÇÃO

Não é demais lembrar, que o primeiro passo numa situação

de paragem de um motor, deve iniciar não, pela análise do

motor, como parece lógico, mas pela análise das grandezas

de alimentação do mesmo e do bom estado das protecções

eléctricas, fusíveis e relé térmico.

De seguida devem ser levados a cabo testes eléctricos e

Quando se aborda a temática do diagnóstico de avarias dos

motores de indução não podemos deixar de ter presente

que a forma de tratar o assunto está intimamente ligada à

dimensão da máquina, à sua localização e à função que

desempenha no processo em que está inserida.

mecânicos fundamentais:

‐ Verificação dos valores das resistências dos

enrolamentos que deverão apresentar valores

semelhantes nas três fases; medição da resistência de

isolamento entre enrolamentos e entre os enrolamentos

Assim, como é óbvio, os custos de paragem de um motor de

grande dimensão podem justificar a existência dos meios de

diagnóstico mais sofisticados, no sentido de evitar a

interrupção de serviço.

Por outro lado, motores de menor dimensão podem

também desempenhar um papel tal que a sua interrupção

e a carcaça da máquina.

Os resultados destes testes podem dar indicações úteis

relativamente à existência de curto‐circuitos entre

espiras e entre espiras e a massa. Além disso, testa

também a possibilidade do circuito eléctrico de um

enrolamento estar interrompido.

pode ter custos elevadíssimos de reinicialização do processo,

como por exemplo, no caso de linhas de produção em que o

processo inclui accionamentos que estão relacionados com a

formação e solidifição da alma condutora dos cabos

eléctricos. Se houver uma paragem súbita o metal solidifica

ao longo do processo sendo necessário desmontar todo um

‐ No caso do veio do rotor estar acessível, rodá‐lo para

verificar se existe atrito anormal ou demasiada prisão,

analisando‐se assim, se o rotor atrita no estator, se a

carga oferece demasiado binário resistivo e se os

rolamentos estão gripados.

sistema complexo levando à perda de produção de várias

horas ou dias.

A acessibilidade pode ser o factor determinante na

estratégia de diagnóstico, como é o caso de ventiladores em

condutas, bombas submersíveis ou máquinas em ambientes

perigosos.

Além dos testes acima descritos, não é de desprezar a

verificação da existência de “cheiro a queimado” junto ao

motor que pode indiciar um sobreaquecimento da máquina

com consequente deteriorização dos isolamentos

nomeadamente dos vernizes utilizados.

29|

O método de diagnóstico a implementar depende também

do facto da máquina ter parado por avaria ou continuar em

funcionamento.

Page 30: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

figura de Lissajou em forma de circunferência dada pelas

componentes do vector de Park simplificadas:

3 CASO EM QUE A AVARIA NÃO PROVOCA PARAGEM DO MOTOR

(3)

(4)

Sendo iM o valor máximo da corrente por fase (A), ω a

A avaria que não obriga à paragem do motor pode

manifestar‐se de diversas formas como aumento de

temperatura, perda de potência, binário ou velocidade

oscilantes, aumento de consumo, ruído, vibração, etc..

Nesse caso, os métodos indirectos de diagnóstico podem ser

úteis na identificação do tipo de avaria podendo mesmo

frequência angular (rad/s) e t a variável tempo (s).

A representação XY das componentes do Vector de Park

permite detectar a existência de espiras em curto‐circuito

nos enrolamentos do estator (Fig. 1).

Este método de diagnóstico “on‐line” baseia‐se no

aparecimento de uma forma elíptica da representação XY

constituir um meio de acompanhamento da sua evolução,

controlando o nível de severidade até ser possível uma

interrupção programada para reparação.

Para esse efeito, têm sido desenvolvidos vários métodos que

recorrem à monitorização de diversas grandezas associadas

ao funcionamento do motor, como por exemplo, a

das componentes do Vector de Park da corrente do motor,

cujo alongamento elíptico é proporcional ao grau de

severidade da avaria e a orientação do eixo maior está

associada à fase avariada [1].

É de referir que a representação das componentes do vector

de Park da corrente de alimentação do motor sem avaria

intensidade de corrente de alimentação, o fluxo magnético,

as vibrações, o ruído, o binário, a velocidade e a

temperatura.

Seguidamente serão apresentados alguns métodos de

diagnóstico mais utilizados na pesquisa de avarias eléctricas

no estator e no rotor, assim como de avarias mecânicas no

(Fig. 1 – esquerda), não é uma circunferência perfeita devido

à existência de harmónicos na rede.

rotor, nos rolamentos e na carga mecânica acoplada.

3.1 DIAGNÓSTICO DE AVARIAS ELÉCTRICAS

3.1.1 AVARIAS NO ESTATOR

A detecção de espiras em curto‐circuito nos enrolamentos

do estator pode ser feita por análise das correntes de

alimentação do motor representadas a duas dimensões a

partir da mudança de referencial do sistema trifásico para o

sistema de coordenadas P Q através da transformada de

Park.Figura  1‐ Vector de Park da corrente de alimentação de um motor: 

sem avaria (esquerda) e com curto‐circuito de 18 espiras do estator (direita) [1]

3.1.2 AVARIAS NO ROTOR

3.1.2.1 MÉTODO DAS COMPONENTES ESPECTRAIS DA CORRENTE

A detecção de barras do rotor partidas ou fissuradas pode

As componentes do vector de Park iD e iQ podem ser obtidas

das correntes de alimentação i1, i2 e i3 a partir das seguintes

expressões:

(1)

estator (direita) [1]

|30

ser feita através da inspecção das componentes espectrais

da corrente absorvida pelo motor [2] nas seguintes

frequências:

(5)

(2)

No caso de um sistema de alimentação ideal com cargas

equilibradas, obtêm‐se a representação no plano XY de uma

Page 31: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Sendo fSB a frequência (Hz) das bandas laterais resultantes da

avaria no rotor, s o deslizamento (%) e f a frequência da

tensão de alimentação (50 Hz).

Na Figura 2 é fácil identificar o aparecimento de bandas

laterais que surgem nas frequências características

correspondentes à ruptura de espiras (“barras”) do circuito

rotórico.

3.2 DIAGNÓSTICO DE AVARIAS MECÂNICAS

3.2.1 DEFEITO DE ALINHAMENTO

Figura 4 – Detecção de defeito no circuito rotórico através da medição do fluxo magnético: espectro de frequências do campo 

magnético de fugas [3]

O defeito de alinhamento do rotor traduz‐se no facto da

folga entre o rotor e o estator (“entreferro”) não ser

constante ao longo de toda a periferia do rotor, originando

variações da relutância do circuito magnético com a rotação

do rotor e consequente formação de harmónicos na força

3.1.2.2 MÉTODO DAS COMPONENTES ESPECTRAIS DO FLUXO DE FUGAS

A aquisição de dados do campo magnético de fugas com

Figura 2 – Espectro de frequências da corrente absorvida pelo motor mostrando claramente a existência de bandas laterais que 

indiciam uma avaria nas barras do rotor [2]

magnetomotriz.

Daí resulta o aparecimento de frequências típicas deste

fenómeno no espectro do fluxo de fugas do motor, como

evidencia a Figura 5, que servem de meio de diagnóstico

deste defeito [4].

vista à análise do seu espectro pode ser feita facilmente

colocando sensores de campo magnético no exterior da

máquina como mostra a Figura 3.

O defeito devido a barras do rotor defeituosas também pode

Figura 3 – Detecção de defeito no circuito rotórico através da medição do fluxo magnético: motor com transdutor de fluxo 

magnético [3]

31|

ser detectado por identificação de determinadas frequências

no espectro do campo magnético de fugas medido no

exterior da máquina (Figura 4) [3]

Figura 5 – Detecção de defeito de alinhamento do rotor: defeito de alinhamento longitudinal (figura esquerda em cima); 

desalinhamento axial (figura direita em cima); espectro de frequências da corrente de alimentação revelando o defeito de alinhamento do rotor, excentricidade estática (“SE”) (figura em 

baixo )[4].

Page 32: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

3.2.2 DEFEITOS NOS ROLAMENTOS conhece a sua composição em funcionamento normal [6].

Sendo os rolamentos a causa referenciada que provoca

maior taxa de avarias no motor de indução, têm‐se

desenvolvido diversas técnicas de detecção deste tipo de

defeito recorrendo a diferentes métodos de análise espectral

da corrente de alimentação e de vibrações mecânicas.

Os defeitos nos rolamentos podem ser detectados a partir da

análise do espectro de frequências da corrente do motor

como evidencia a Figura 6.

Também neste caso surgem novas frequências que

evidenciam a existência de defeito nos rolamentos assim

como o seu nível de severidade [5].Figura 7 – Utilização de acelerómetros para aquisição de dados de 

vibração de um ventilador [6]

Figura 8 – Amplitude das componentes espectrais do binário (Nm) para o caso do mesmo ventilador  [6]

A monitorização do valor eficaz da corrente de alimentação

do motor de um elevador pode fornecer indicações úteis

relativamente a variações de carga que indiciam a existência

de defeitos nas partes mecânicas accionadas.

O caso apresentado na Figura 9 e 10 ilustra a detecção de um

defeito existente nos dentes da roda dentada de um redutorFigura 6 – Avarias nos rolamentos e sua detecção: defeito no anel interior (figura esquerda em cima); defeito no anel exterior (figura direita em cima); decomposição em frequências da corrente de

3.2.3 DEFEITOS NA CARGA ACCIONADA

A Figura 7 apresenta o caso da aplicação de acelarómetros

do tipo “sem fim” [7].direita em cima); decomposição em frequências da corrente de 

alimentação do motor mostrando o espectro no caso de um motor saudável e no caso de existir um defeito nos rolamentos  (figura em 

baixo) [5].

|32

para aquisição de dados de vibração de um ventilador.

A análise das componentes espectrais de vibração e de

binário (Figura 8 ) pode ser um meio complementar de apoio

ao diagnóstico de um sistema electromecânico do qual se

Figura 9 – Detecção de defeitos nas rodas dentadas do redutor de um elevador: motor de elevador com redutor de velocidade 

acoplado (esquerda); roda dentada do redutor (direita) com dente defeituoso [7]

Page 33: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Bibliografia

[1] A. J. Marques Cardoso, S. M. A. Cruz, D. S. B. Fonseca,

"Inter‐turn stator winding fault diagnosis in three‐phase

induction motors, by Park's vector approach", IEEE

Transactions on Energy Conversion, vol. 14, pp. 595‐598,

1999.

[2] G G A t C J V hi E R G l "A t

4 CONCLUSÕES

Apesar do motor de indução ser considerado uma máquina

robusta e muito fiável está sujeito a diversos tipos de avarias

[2] G. G. Acosta, C. J. Verucchi, E. R. Gelso, "A current

monitoring system for diagnosing electrical failures in

induction motors", Mechanical Systems and Signal

Processing, vol. 20, pp. 953‐965, 2006.

[3] A. Yazidi, H. Henao, G. A. Capolino, "Broken rotor bars

fault detection in squirrel cage induction machines", IEEE

I t ti l C f El t i M hi d

Figura 10 – Valor eficaz da corrente de alimentação do motor [7]

causadas principalmente pelo envelhecimento, desgaste e

fadiga mecânica dos materiais.

Dado o seu importante papel, muitos trabalhos de

investigação têm sido feitos oferecendo metodologias para

um diagnóstico cada vez mais eficiente.

A aplicação destas técnicas em ambiente fabril tem as suas

International Conference on Electric Machines and

Drives, 2005, pp. 741‐747.

[4] L. Xiaodong, W. Qing, S. Nandi, "Performance analysis of

a three‐phase induction machine with inclined static

eccentricity", IEEE Transactions on Industry Applications,

vol. 43, pp. 531‐541, 2007.

[5] M Bl dt P G j B R i G R t i "M d l flimitações devido a diversos factores, como por exemplo, a

existência de poluição harmónica proveniente de outras

máquinas e a falta de registos históricos das componentes

espectrais.

As ferramentas de diagnóstico apresentadas não são

invasivas e podem ser aplicadas durante o funcionamento

[5] M. Blodt, P. Granjon, B. Raison, G. Rostaing, "Models for

bearing damage detection in induction motors using

stator current monitoring," IEEE International

Symposium on Industrial Electronics, 2004, pp. 383‐388

vol. 1.

[6] E. Wiedenbrug, D. Doan, "Comparison of duct‐mounted

vibration and instantaneous airgap torque signals fornormal, contribuindo para uma manutenção preventiva

eficiente através da monitorização regular do motor.

Além disso, se criteriosamente utilizadas, constituem uma

mais‐valia, melhorando a eficiência da equipa de

manutenção e minimizando os custos de indisponibilidade e

de interrupção.

vibration and instantaneous airgap torque signals for

predictive maintenance of vane axial fans", International

Conference on Measurement and Control, 2004, pp. 209‐

213.

[7] A. Q. Flores, A. J. M. Cardoso, J. B. Carvalho, "The

induction motor as a mechanical fault sensor in elevator

systems " apresentado na conferência “11CHLIE” 11ªAssim, para além da sua função principal de fornecer energia

mecânica à carga, o motor de indução pode desempenhar

um segundo papel, como transdutor eficaz e

permanentemente ligado, ajudando a detectar avarias no

seu interior e também na carga mecânica a ele acoplada.

systems apresentado na conferência 11CHLIE , 11ª.

Conferencia Hispano‐Lusa de Ingeniería Eléctrica,

Saragoça, Espana, 2009.

33|

Page 34: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

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Page 35: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO Sérgio Filipe Carvalho Ramos , Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do Porto

FIBRA ÓPTICA: NOVAS AUTO‐ESTRADAS DE TELECOMUNICAÇÕES EM URBANIZAÇÕES

RESUMO

“…O Manual ITUR define as condições de elaboração de

projectos e construção da rede de tubagem e redes de cabos

em urbanizações, garantindo a segurança de pessoas e bens

Este novo enquadramento regulamentar que estabelece as

regras para o projecto, instalação, e exploração das

instalações, reveste‐se como um elemento promotor das

novas mudanças verificadas ao nível das técnicas e

tecnologias de telecomunicações.

e a defesa do interesse publico.

As regras técnicas de projecto e instalação das ITUR devem

ser entendidas como objectivos mínimos a cumprir, podendo

os intervenientes prever outras soluções, desde que

devidamente justificadas, tendo sempre em vista soluções

tecnicamente mais evoluídas.”

Com efeito, uma das especificações da 1ª edição do Manual

ITUR – PRIVADA será a da obrigação de instalação de

cablagem de Par de Cobre (PC), Cabo Coaxial (CC) e Fibra

Óptica (FO), proporcionando num futuro próximo a oferta de

serviços de nova geração a velocidades de transmissão e

larguras de banda cada vez maiores.

1 INTRODUÇÃO

A 1ª edição do Manual ITUR (Infra‐estruturas de

Telecomunicações em Urbanizações), na qual o

Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto

Em particular, a fibra óptica constitui já hoje, um pilar basilar

na revolução das tecnologias de telecomunicações que

entrarão, naturalmente, pelas nossas casas.

O presente artigo visa, sucintamente, expor e reflectir sobre

a importância da fibra óptica nas infra‐estruturas de

telecomunicações em urbanizações.

Superior de Engenharia do Porto teve uma participação

activa como consultor externo, foi extraordinariamente

inovador tanto em conceitos de infra‐estrutura como de

equipamentos e respectivas especificações. A defesa dos

interesses dos consumidores de comunicações electrónicas

que passa por infra‐estruturas de telecomunicações

2 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO

Decorrente do crescimento económico verificado em

meados da década de 80 do século passado, o que

promoveu um aumento galopante ao nível da construção em

modernas, fiáveis e adaptadas aos serviços dos operadores

públicos foi devidamente salvaguardada.

A 1ª Edição do Manual ITUR constitui a concretização de um

desejo há muito esperado pois, até então, havia um vazio

legal no que se refere ao projecto e execução deste tipo de

instalações que eram, essencialmente, baseados no

Portugal, foram fixadas as regras básicas, com o objectivo de

dotar os edifícios de infra‐estruturas de telecomunicações,

designadamente telefone, telex e dados, com acesso através

de redes físicas, mediante a publicação do DL 146/87 –

Instalações Telefónicas de Assinante (ITA). Ao abrigo do

disposto no n.º 1 do artigo 1.º do DL 146/87 o Decreto

conhecimento empírico armazenado ao longo dos anos pelos

projectistas, instaladores e pelo operador que actuava em

regime de monopólio, a Portugal Telecom, detentora da

exploração das infra‐estruturas de telecomunicações em

urbanizações. Esta nova legislação veio, assim, impor regras

claramente definidas para as infra‐estruturas de

Regulamentar n.º 25/87, de 8 de Abril, vem aprovar e

publicar o Regulamento de Instalações Telefónicas de

Assinante (RITA), que estabeleceu as condições técnicas a

que deveriam obedecer os projectos, as instalações e a

conservação das infra‐estruturas de telecomunicações, bem

como os procedimentos legais a seguir para a elaboração de

35|

telecomunicações em loteamentos quer sejam de âmbito

privado ou público.

projectos e solicitação de vistorias às instalações executadas.

O Regulamento RITA esteve em vigor durante 13 anos!

Page 36: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

O desenvolvimento das actividades económicas, os avanços

tecnológicos, assim como as novas exigências emergentes do

Os diversos operadores têm tido um papel meritório no que

respeita aos grandes investimentos realizados no

estabelecimento de medidas legislativas que determinaram

a liberalização do sector das telecomunicações em Portugal,

impuseram a necessidade de formular novas regras para a

instalação das infra‐estruturas de telecomunicações em

edifícios, bem como para as actividades de certificação das

instalações e avaliação de conformidade de infra‐estruturas,

estabelecimento de infra‐estruturas de forma a dar uma

resposta cabal às necessidades de operacionalidade e de

inovação de serviços aos consumidores empresariais e

domésticos.

Os diversos operadores têm seguido uma estratégia de

propor e fornecer aos seus clientes “pacotes” de serviços de

materiais e equipamentos.

Em Abril de 2000 foi publicado o DL 59/2000, o qual

estabeleceu o regime ITED e respectivas ligações às redes

públicas de telecomunicações, assim como o regime de

actividade de certificação das instalações e avaliação de

conformidade de materiais e equipamentos. Relativamente

telecomunicações. A oferta desses serviços (“Triple Play”),

disponibiliza numa única plataforma:

‐ Telefone (voz);

‐ Internet de banda larga (dados);

‐ “vídeo on demand” e Televisão

Do ponto de vista económico, estes serviços disponibilizados

às infra‐estruturas de telecomunicações em urbanizações

nada foi feito, continuando a elaboração dos projectos com

base na informação, não oficial, de regras de boa prática

fornecidas pela Portugal Telecom.

O rápido desenvolvimento e crescimento do “mundo” das

comunicações electrónicas e o aparecimento de novos

pelos operadores poderão ser vantajosos na medida em que

os clientes, tendencialmente, pagarão menos pelo conjunto

de todos os serviços do que pagariam por eles em separado.

Assim, e para que estes serviços possam chegar ao

consumidor final, é necessário criar e dotar as infra‐

estruturas de telecomunicações que suportem tais serviços.

produtos e serviços, cada vez mais inovadores e com

maiores larguras de banda, impôs a necessidade imperiosa

de preparar e dotar os edifícios com infra‐estruturas capazes

de satisfazer essas novas exigências.

Após 5 anos da edição do Manual ITED, é publicada a 2ª

edição desse mesmo Manual acompanhado, desta feita, da

Dada a crescente tendência dos operadores chegarem aos

diversos clientes em fibra óptica a extensão desta tecnologia

entrará pelas nossas casas de forma a dinamizar e

proporcionar cada vez melhores serviços de

telecomunicações.

1ª edição do Manual ITUR, decorrentes do novo

enquadramento criado pelo DL 123/1009 com as alterações

conferidas na redacção do DL 258/2009.

Foi, assim, dado um passo importante e há muito reclamado,

no estabelecimento de regras claras e precisas para a

elaboração do projecto e execução da nova geração de infra‐

4 ITUR – CARACTERIZAÇÃO

Ao abrigo do definido no Artigo 28º do DL 123/2009 as infra‐

estruturas de Telecomunicações em Urbanizações são,

genericamente, constituídas por:

1. Espaços para a instalação de tubagem, cabos, caixas e

estruturas de telecomunicações.

3 PARA QUÊ NOVAS INFRA‐ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES?

Vivenciamos uma época de uma autêntica “revolução

tecnológica” ao nível da oferta de novos serviços de

câmaras de visita, armários para repartidores e para

instalação de equipamentos e outros dispositivos;

2. Rede de tubagens ou tubagem para a instalação dos

diversos cabos, equipamentos e outros dispositivos,

incluindo, nomeadamente, armários de

telecomunicações, caixas e câmaras de visita;

|36

telecomunicações, subsequentes da ávida procura por cada

vez maiores larguras de banda.

3. Cablagem, nomeadamente, em par de cobre, em cabo

coaxial e em fibra óptica para ligação às redes públicas

de comunicações;

Page 37: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

4. Sistemas de cablagem do tipo A;

5. Instalações eléctricas de suporte a equipamentos e

A bainha tem um índice de refracção superior ao do núcleo,

impedindo desta forma a fuga da luz para o exterior por um

sistema de terra;

6. Sistemas de cablagem para uso exclusivo do loteamento,

urbanização ou conjunto de edifícios, nomeadamente

domótica, videoportaria e sistemas de segurança.

Nas ITUR há a distinguir claramente dois tipos de infra‐

estruturas de Telecomunicações em Loteamentos:

mecanismo que pode ser descrito, em primeira

aproximação, como a reflexão total na superfície de

separação. A bainha é revestida com um polímero para

proteger a fibra de eventuais danos.

A utilização da FO apresenta claramente várias vantagens em

comparação com a utilização dos cabos metálicos,

‐ As ITUR Públicas, situadas em áreas públicas, as quais são

obrigatoriamente constituídas por tubagem;

‐ As ITUR Privadas, situadas em conjuntos de edifícios, as

quais são constituídas por tubagem e cablagem.

Nos loteamentos de iniciativa pública (infra‐estrutura de

acesso de comunicações electrónicas a um conjunto de

designadamente:

‐ Grande Capacidade de Transmissão: um sistema de

transmissão por FO pode apresentar uma largura de

banda na ordem das centenas de GHz, o que é

equivalente a mais de 6.000.000 canais telefónicos

convencionais;

edifícios integrando um domínio municipal – Artigo 31º do

DL 123/2009) são basicamente projectados e executados

rede de tubagem e caixas de passagem para a instalação

futura das respectivas cablagens pelos diversos operadores

de telecomunicações, bem como a instalação de caixas de

visita multi‐operadores (CVM), cabendo aos respectivos

‐ Longas Distâncias de Transmissão: permite enviar sinais

(luminosos) a algumas dezenas de quilómetros sem

necessidade de regeneração de sinal. Apresentam, pois,

níveis de atenuação muito baixos, normalmente 10.000

vezes inferior aos cabos de par de cobre;

‐ Imunidade: apresentam imunidade total às

municípios a gestão e conservação dessas infra‐estruturas.

Nos loteamentos de natureza Privada (ITUR que integram

conjuntos de edifícios de acesso restrito – Artigo 32º do DL

123/2009) são detidas em compropriedade por todos os

proprietários cabendo‐lhes a si, ou à respectiva

administração, a sua gestão e conservação. Estas infra‐

interferências electromagnéticas, o que significa que os

dados não serão corrompidos durante a transmissão;

‐ Segurança: as FO não irradiam qualquer sinal para o

ambiente exterior (no seu modo de funcionamento

normal). Apresentam, assim, imunidade a qualquer

tentativa de intrusão. Do ponto de vista da

estruturas além de serem constituídas por redes de tubagem

e caixas de visita são ainda constituídas por um Armário de

Telecomunicações de Urbanização (ATU) que faz a fronteira

entre a entrada dos operadores e a rede ITUR e de cablagem

associada às três tecnologias exigidas: Par de Cobre, Cabo

Coaxial e Fibra Óptica.

Compatibilidade Electromagnética (CEM) não causam

perturbação nos equipamentos electrónicos

circundantes.

‐ Leves e Compactos: os cabos de FO apresentam um

volume e peso mais baixo que os cabos de comunicações

em cobre. A título ilustrativo, um cabo composto por 864

5 MANUAL ITUR – FIBRA ÓPTICA – NOVO PARADIGMA

De uma forma sucinta, uma fibra óptica (FO) é constituída

por um fio muito fino de material transparente,

normalmente de vidro (por vezes de material plástico), que

fibras apresenta um diâmetro aproximado de uma cabo

de 100 pares de cobre.

Não obstante todas estas valências a FO apresenta, ainda

assim, algumas desvantagens, designadamente:

‐ Necessidade de Pessoal Especializado: ao nível da

instalação, operação e manutenção de cablagens de FO

37|

transmite luz a longa distância.

A fibra tem um núcleo central, onde a luz é “guiada”,

revestido de uma, ou mais, bainhas transparentes.

são necessários técnicos especializados, designadamente

no que se refere aos aspectos relacionados com a junção,

terminação e ensaio;

Page 38: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

‐ Custo Equipamento de Transmissão: o custo associado à

conversão do sinal óptico em eléctrico, e vice‐versa,

O aumento crescente entre os requisitos de aplicações e as

capacidades técnicas (por exemplos dos computadores)

apresenta ainda um custo relativamente elevado quando

comparado com a transmissão do mesmo sinal num par

de cobre. No entanto, e dada a vulgarização da utilização

desta tecnologia, os custos poderão baixar

consideravelmente;

‐ Vulnerabilidade: devido à grande capacidade de

fomentam a utilização de maiores larguras de banda.

Assim, o investimento por parte dos operadores na

instalação de redes de fibra óptica (tipicamente em

configuração FTTH – “Fiber To The Home”), a par com a

devida dotação interior dos edifícios, ao nível da recepção e

transmissão de sinal, conduz a que, ao nível dos serviços de

transmissão que as FO apresentam, existe a tendência

para incluir muita informação numa única fibra. Deste

modo, o risco de acontecer uma catástrofe e a

consequente perda de grandes quantidades de

informação é bastante elevado.

O tipo de fibra óptica a utilizar é, obrigatoriamente,

telecomunicações, sejam disponibilizadas larguras de banda

cada vez mais elevadas o que contribui, seguramente, para o

desenvolvimento da economia, da difusão da informação e,

naturalmente, da formação das pessoas do país pelo fácil

acesso à informação e conhecimento que lhe são

disponibilizados.

Monomodo, em que o diâmetro do núcleo é diminuído cerca

de 5 vezes menos, comparadas com as fibras Multimodo, o

número de modos que poderão ser guiados e conduzidos

pela fibra será de um, daí a sua denominação de

Monomodo.

A largura de banda nesta fibra é fortemente dominada pela

A 1ª Edição das Prescrições e Especificações Técnicas de

Infra‐estruturas de Telecomunicações em Urbanizações

(Privada) obriga a que cada fracção seja servida por duas

fibras.

Com efeito, as fibras ópticas permitidas (tipo Monomodo –

OS1 e OS2) deverão cumprir o emanado na norma EN60793‐

dispersão cromática da mesma.

As fibras do tipo Monomodo estão especialmente

vocacionadas para operarem com débitos binários da ordem

das dezenas a centenas de Gbit/s, com atenuações que

permitem o envio de sinais a largas dezenas de quilómetros

prescindindo regeneração de sinal intermédio.

2‐50:2004.

Todos os cabos de fibra óptica deverão igualmente cumprir

os requisitos da norma EN 60794‐1‐1.

O projecto técnico das instalações ITUR tem como objectivo

primordial definir a arquitectura da rede (tubagens e/ou

cablagem) bem como os seus percursos, definindo e

O aumento da procura por serviços com cada vez maiores

caracterizando o sistema de cablagem (quando aplicável), as

tubagens, equipamentos e os materiais a utilizar, bem como

o seu dimensionamento, com a devida clareza, para não

suscitar dúvidas aos técnicos instaladores.

O Armário de Telecomunicações de Urbanizações (ATU) é o

ponto de interligação das redes públicas de comunicações

Figura 1 – Exemplo de uma fibra óptica Monomodo

larguras de banda invoca a necessidade de infra‐estruturas

adequadas.

A fibra óptica surge como resposta aos sistemas de

comunicação electrónica pois oferece, por fibra, uma largura

de banda na ordem das centenas de GHz, o que equivale a

mais de 6 milhões de canais telefónicos convencionais. Daí

electrónicas, com as redes de cabos da ITUR privada, sendo,

ainda, o ponto interligação com a rede colectiva dos edifícios

no ATE, ou CEMU, no caso de moradias, caso não exista uma

rede privada.

O ATU deve ser um espaço que possa albergar as três

tecnologias de telecomunicações previstas no manual ITUR

|38

as vantagens competitivas que os operadores poderão advir

com a utilização das infra‐estruturas de fibra óptica.

(PC, CC e FO).

Page 39: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Para cada uma das tecnologias deverá existir um Repartidor

de Urbanização (RU) individual, constituído por dois

esquemas da rede de tubagem e cablagem, quadros de

dimensionamento, cálculos de níveis de sinal, esquemas

primários por tecnologia, cujo dimensionamento e instalação

é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos

das ITUR à rede pública de comunicações electrónicas, e por

um secundário por tecnologia, onde se inicia a rede de cabos

da ITUR.

Repartidor de Urbanização de Fibra Óptica (RU‐FO):

de instalação eléctrica e terras das infra‐estruturas,

análise das especificidades das ligações às infra‐

estruturas de telecomunicações das empresas de

comunicações electrónicas.

A colocação de cablagem PC, CC e FO é inovadora, no caso

das ITUR privada. No caso específico da instalação de

l lé d l é l‐ Primário, cujo dimensionamento e instalação é da

responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos

da ITUR à rede pública de comunicações electrónicas.

Poderá ser constituído, por exemplo, por um painel de

adaptadores do tipo SC/APC;

‐ Secundário, onde se inicia a rede de cabos de fibras

tecnologia em FO, além de requer pessoal técnico altamente

especializado requer, igualmente, a realização de ensaios de

carácter obrigatório, designadamente:

‐ Atenuação (Perdas de Inserção);

‐ Comprimento.

Para a medida destes parâmetros deverão ser efectuados os

i iópticas da ITUR. A rede deve obedecer à topologia em

estrela com recurso, por exemplo, a cabos multi‐fibras.

As fibras são terminadas em conectores SC/APC ligados

em painéis de adaptadores.

Como o ATU pode conter equipamentos activos, há a

necessidade de existirem circuitos de alimentação eléctrica,

ensaios seguintes:

‐ Ensaio de perdas totais;

‐ Ensaios de reflectometria, quando considerado

adequado.

Os ensaios deverão ser efectuados desde o RU‐FO do ATE

inferior de cada edifício.

nomeadamente 2 circuitos de 230 VAC, com 3 tomadas cada,

protegidos por disjuntor diferencial com um valor de

sensibilidade não superior a 300 mA e ligados ao circuito de

terra do ATU.

O barramento geral de terra do ATU deverá ter capacidade

para ligar, pelo menos 10 condutores de terra.

6 CONCLUSOES

A elaboração deste artigo pretende contribuir, embora de

uma forma lisonjeira, para o enriquecimento do

conhecimento das potencialidades da instalação de fibra

ó ti I f t t d T l i õEm concordância com o consagrado no Art. 39 do DL

258/2009 o projecto técnico ITUR deve incluir

obrigatoriamente os seguintes elementos:

1. Informação identificadora do projectista ITUR que

assume a responsabilidade pelo projecto;

2. Identificação da operação de loteamento, obra de

óptica nas Infra‐estruturas de Telecomunicações em

Urbanizações à luz do novo contexto legislativo criado pela

1ª Edição do Manual ITUR, não dispensado, naturalmente,

uma consulta detalhada e rigorosa do documento integral.

[ ] / d d á d úbl

Bibliografia

urbanização, ou conjunto de edifícios a que se destina,

nomeadamente da sua finalidade;

3. Memória descritiva;

4. Medições e mapas de quantidade de trabalhos, dando a

indicação da natureza e quantidade dos trabalhos

necessários para a execução da obra;

[1] Decreto‐Lei n.º123/2009 de 21 de Maio, Diário da República, 1ª

Série‐N.º98‐21 de Maio de 2009.

[2] Decreto‐Lei n.º258/2009 de 25 de Setembro, Diário da

República, 1ª Série‐N.º187‐25 de Setembro de 2009.

[3] Manual ITED, Prescrições e Especificações Técnicas das Infra‐

estruturas de Telecomunicações em Edifícios, 2ª Edição,

Novembro de 2009.

39|

5. Orçamento baseado na espécie e quantidade de

trabalhos constantes das medições;

6. Outros elementos estruturantes do projecto,

nomeadamente fichas técnicas, plantas topográficas,

[4] Manual ITUR, Infra‐estruturas de Telecomunicações em

Loteamentos Urbanizações e Conjuntos de Edifícios, 1ª Edição,

Novembro de 2009.

Page 40: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S
Page 41: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO António Augusto Araújo GomesInstituto Superior de Engenharia do Porto

SISTEMAS DE CONTROLO DE ACESSO

RESUMO

A segurança, o conforto, a funcionalidade e a fiabilidade dos

sistemas que integram as instalações são aspectos

fundamentais na qualidade de vida das pessoas.

3 PRINCIPAIS VANTAGENS

Os sistemas de controlo de acessos são, cada vez mais, um

elemento facilitador da gestão dos espaços essenciais à

dinâmica funcional das instalações e um meio imprescindível

de controlo da actividade nas organizações.

O presente artigo aborda a temática do controlo de acessos,

no que se refere, essencialmente, aos aspectos técnicos e

Imagem adaptada de: www.boydelectronics.co.uk

As principais vantagens de um sistema de controlo de

acessos são:

‐ Segurança

‐ Fiabilidade

‐ Conforto

‐ Flexibilidade

tecnológicos dos mesmos.

1 INTRODUÇÃO

Os sistemas de controlo de acesso visam a permissão de

acesso, em função de parâmetros pré‐ajustados, tais como,

‐ Integração

4 CONSTITUIÇÃO GERAL DO SISTEMA

A figura 1, mostra a arquitectura geral de um sistema de

controlo de acessos:

locais de acessos, horários de acesso,....

A sua base de funcionamento é a permissão de acesso

apenas a utilizadores autorizados.

O sistema de controlo de acessos pode ser interligado a

sistemas de gestão técnica centralizada, sistemas

automáticos de detecção de intrusão e sistemas de vídeo

vigilância, integrando e complementando o funcionamento

destes sistemas.

2 FUNÇÕES PRINCIPAIS

As funções principais de um sistema de controlo de acessos

Gestão Técnica Centralizada

Trincos Eléctricos

Leitores

Sensores Automáticos

Software de Gestão

são:

‐ Definição de áreas de acesso;

‐ Definição de direitos de acesso por área;

‐ Definição de horários de acesso;

‐ Definição de percursos de acesso;

‐ Seguimento e localização;

Unidade de Controlo Sinalização

Outros Outputs

Botões Manuais

Contactos

Outros Inputs

41|

‐ Registo automático de entradas e saídas;

‐ Alarme em caso de entrada forçada em zonas com

acesso condicionado.

Alimentação da Rede

Alimentação de Socorro

Figura 1 – Constituição geral de sistema de controlo de acessos

Page 42: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

4.3 CONTACTOS4.1 UNIDADE DE CONTROLO

São os elementos de informação do estado do sistema.

Podem ser de dois tipos:

‐ Magnéticos;

‐ Mecânicos.

4.4 BOTÕES MANUAIS

A Unidade de Controlo é o “cérebro” do sistema. É neste

equipamento que são ligados todos os periféricos (leitores,

sensores, botões, trincos eléctricos,…) e a partir do qual

sairá, ou não, uma ordem de abertura, dependendo das

definições de acessos e da validade dos dados recebidos

pelos elementos periféricos.

São utilizados normalmente como elementos de saída,

quando não se justifique a utilização de leitores nos dois

lados das portas.

Estes botões quando pressionados, actuam um contacto que

vai gerar o pedido de abertura à central de controlo de

Os sistemas de controlo de acessos dividem‐se em dois

grupos principais:

‐ Sistemas em Rede;

‐ Sistemas Stand Alone.

acessos.

4.5 CARTÕES

São utilizados em alguns dos sistemas anteriormente

referidos. Para esses sistemas, os cartões são as chaves do

4.2 LEITORES

São o meio de interacção do utilizador com o sistema.

Podem ser de diversos tipos:

‐ Teclado;

‐ BandaMagnética;

sistema.‐ Proximidade;

‐ Códigos de barras;

‐ Ópticos;

‐ Biométricos (leitura da íris, impressão digital)

Podem ainda combinar duas ou mais das tecnologias acima

referidas.

|42

Imagem: www.engineeringnews.co.za Imagem adaptada de: www.siemens.com

Page 43: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS4.6 TRINCOS ELÉCTRICOS

Este artigo visou abordar aspectos técnicos, tecnológicos e

conceptuais, dos sistemas de controlo de acessos.

Os sistemas de controlo de acesso são sistemas

tecnologicamente maduros e que cada vez mais são uma

realidade nas instalações, potenciando uma mais eficaz

São as fechaduras do sistema. Permitem, para utilizadores

autorizados, a abertura das portas e o acesso aos espaços.

4.7 ALIMENTAÇÃO DO SISTEMA

A alimentação de energia eléctrica do sistema em condições

gestão dos espaços e dos utentes desses mesmos espaços,

de uma forma segura, simples, fiável e económica.

Em instalações com sistemas de controlo de acessos, a

alteração das condições de acesso de um utilizador, é

realizada de uma forma simples, rápida, cómoda e

normais de funcionamento deverá ser realizada através da

rede de energia eléctrica devendo para o efeito ser prevista

uma alimentação vinda do Quadro Eléctrico da instalação.

O sistema deverá ainda ter uma alimentação própria de

socorro que garanta o seu funcionamento em caso de falha

da alimentação normal da rede.

económica, contrariamente às instalações tradicionais.

4.8 SOFTWARES DE GESTÃO

Destinam‐se, essencialmente, a controlar e gerir a totalidade

do sistema de controlo de acessos a partir de um ou

diversos postos.

Através de interfaces gráficas, o utilizador, gere de uma

forma simples e intuitiva a totalidade do(s) sistema(s).

Para além da gestão e supervisão de funcionamento dos

sistemas que recebe, permitem a geração de relatórios com

os eventos recebidos pelo sistema, tornando‐se numa

ferramenta muito útil para gestores e responsáveis de

empresas e entidades.

4.9 GESTÃO TÉCNICA CENTRALIZADA

A Gestão Centralizada consiste na integração dos diversos

sistemas existentes numa instalação para que o seu

comando, controlo e operação possam ser realizados de uma

forma centralizada num sistema de gestão.

A gestão centralizada normalmente só é utilizada em

instalações grandes e complexas, de forma a facilitar o

comando, controlo e operação dos diversos sistemas.

43|

Imagem adaptada de: www.siemens.com (Jin Mao Tower )

Page 44: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

DIVULGAÇÃO

LABORATÓRIO DE SISTEMAS DE ENERGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICAI S E PINSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

O Laboratório de Sistemas de Energia (LSE) é uma instalação de apoio ao ensino e aos trabalhos de investigação e

desenvolvimento no âmbito do curso de Engenharia Electrotécnica do Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto

Superior de Engenharia do Porto.

Esta infra‐estrutura é utilizada por uma equipa constituída por docentes, técnicos e alunos da área dos Sistemas Eléctricos de

Energia, que dispõem de equipamento técnico e laboratorial que proporciona a simulação dos diversos efeitos eléctricos e

electrónicos, o que constitui uma contribuição decisiva para a tão necessária preparação prática dos estudantes.

O LSE é constituído por equipamento que incorpora inovação tecnológica e funcionalidades avançadas, incluindo analisadores

de energia, kits de células de combustível e painéis fotovoltaicos, bancadas experimentais, simuladores de defeitos e outros

equipamentos de monitorização de energia em redes eléctricas.

TRABALHOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE SISTEMAS DE ENERGIA

Medição da resistência de Terra

Simulação da Compensação do Factor de Potência num Sistema de

Energia

Simulação no Simulink de um Sistema Trifásico com Cargas RL e RC

Manobras de Ligação de Alternadores num SEE sem Interrupção de

Serviço

Pilha de combustível

Utilização de Contactores no arranque Estrela‐Triângulo e Inversão do

seu sentido marcha

Simulação computacional da colocação em serviço de uma linha de

transporte que alimenta uma carga indutiva

Doutora Teresa Alexandra NogueiraDirectora Laboratório Sistemas Energia

Observação das componentes harmónicas da onda de corrente

Verificação experimental e computacional do efeito Ferranti

Ensaio de uma linha de transporte: Curto‐circuito simétrico trifásico e

Curto‐circuito assimétrico: bifásico e monofásico

Simulação da geração de energia eléctrica em rede isolada

Simulação em MatLab‐Simulink de Fenómenos Transitórios em

|44|44

Circuitos Eléctricos

Page 45: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO Roque Filipe Mesquita BrandãoInstituto Superior de Engenharia do Porto

DIMENSIONAMENTO DE CENTRAIS FOTOVOLTAICAS PARA A MICROPRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Desde que foi publicado o Decreto‐Lei nº 363/2007 de 2 de

Novembro, que tem por objecto estabelecer o regime

jurídico aplicável à produção de electricidade por intermédio

Considerando que os painéis fotovoltaicos, por si só, já

possuem rendimentos bastante baixos, a optimização do

rendimento das instalações é um factor que assume uma

importância extrema. Para apoio dos projectistas, existem

diversos softwares de simulação que dão uma ajuda

de unidades de microprodução, este tipo de instalações de

pequena potência tem aumentado muito em Portugal. Dos

diversos tipos de energia renovável previstos no referido

Decreto‐Lei, tem sido a energia solar a que mais tem

motivado os utilizadores a instalarem centrais de

microprodução. A este facto não é com certeza alheia a tarifa

importante sobre a viabilidade técnica e económica dos

projectos. No entanto é necessário também ter

conhecimento sobre dois factores importantes que

influenciam o rendimento dos painéis fotovoltaicos,

nomeadamente a temperatura e os sombreamentos.

Nos módulos cristalinos o efeito da temperatura faz‐se sentir

aplicável à energia produzida através desta fonte de energia,

à qual é aplicável 100% da tarifa de referência.

A tabela 1 apresenta as instalações e as diversas potências

de centrais de microprodução com origem em fontes

renováveis registadas e instaladas desde a saída do Decreto‐

Lei.

com mais intensidade do que nos módulos de silício amorfo.

A temperatura tem um efeito importante sobre a tensão do

módulo, não se fazendo sentir muito sobre a corrente. Ao

haver redução do valor da tensão continuando o valor da

corrente quase inalterado, a potência do módulo diminui.

[ ]Tabela 1 ‐ Instalações de microprodução [Fonte: www.renovaveisnahora.pt]

Dos valores apresentados na tabela anterior, mais de 90%

são referentes a centrais fotovoltaicas, por esse motivo o

elevado número de instalações justifica a importância do

correcto dimensionamento das mesmas.

No número anterior da revista Neutro à Terra foi feita uma

Como se pode ver na figura 1, a tensão baixa muito com o

aumento da temperatura. O factor de variação da tensão

com a temperatura é uma das características que deve ser

indicada na ficha de características dos painéis fotovoltaicos

e que por isso não deve ser descurada.

abordagem aos equipamentos que se devem usar no

dimensionamento de uma central fotovoltaica, neste artigo

será feito um exemplo prático de aplicação da metodologia

de dimensionamento.

2 FACTORES QUE INFLUENCIAM O RENDIMENTO DAS CENTRAIS

.

45|

Quando se pretende dimensionar uma central fotovoltaica é

necessário ter em consideração diversos factores que podem

influenciar o rendimento das instalações. Figura 1 ‐ Efeito da temperatura na curva I‐V

Page 46: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

O aumento da temperatura pode ser responsável também

pelo aparecimento de falhas e degradação dos módulos,

devido à dilatação dos materiais.

.

Devido à constituição física dos módulos fotovoltaicos, o

Fazendo uma simulação do efeito do sombreamento nas

curvas I‐V e P‐V e determinando o ponto de máxima

potência é possível ter uma ideia do efeito que

Figura 2 ‐ Termografia de um módulo fotovoltaico

Figura 4 ‐Módulo destruído

sombreamento é também um problema importante. Os

módulos fotovoltaicos são constituídos por um certo número

de células em série, normalmente 60 ou 72. Como cada

célula gera um valor de corrente de cerca de 7 A e uma

tensão de 0,5 V, ao serem colocadas em série produzem‐se

módulos com uma corrente igual à corrente de uma célula e

sombreamento tem nos módulos. A figura 5 mostra as

referidas curvas num painel sem sombras e a figura 6 mostra

o desempenho do mesmo painel com cerca de 60% de área

sombreada.

um valor de tensão resultante da soma da tensão de cada

célula. Quando uma célula está sombreada, a fonte de

corrente extingue‐se e comporta‐se como uma resistência

que é atravessada pela corrente produzida pelas outras

células, ficando sujeita a uma tensão inversa e provocando

aquecimento que eleva a temperatura para valores que

nalguns casos destroem a célula.

Figura 3 ‐ Efeito da sombra nas células

Figura 5 ‐ Curva IV e P‐V num módulo sem sombra

Este fenómeno também acontece na interligação entre

painéis, sendo a serie de módulos limitada em corrente pelo

módulo que tem menor valor de corrente e em tensão pelo

menor valor de tensão das “strings” ligadas em paralelo.

Se os terminais do módulo estiverem ligados, a potência

Figura 3 ‐ Efeito da sombra nas células

|46

produzida pelas células sem sombra é dissipada na célula

sombreada criando “hot‐spots” que podem levar à

destruição do módulo.

Figura 6 ‐ Curva IV e P‐V num módulo sem sombreado

Page 47: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

rede e por isso o sistema fica isolado e sem possibilidade de

ser utilizado.

3 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO

Para instalações ligadas à rede, é necessária a instalação de

um inversor de rede que esteja certificado.

No site www.renovaveisnahora.pt está disponível uma lista

com mais de 160 inversores certificados, por isso aconselha‐

se a utilização de um desses equipamentos.

Para este exemplo vai ser usado o inversor da marca SMA,

Para se fazer um correcto dimensionamento de uma central

de microprodução fotovoltaica com ligação à rede eléctrica,

é necessário seguir uma série de etapas, enumeradas de

seguida:

1‐ Análise das condições de terreno e de instalação;

2‐ Escolha do inversor;

modelo SB 3800/V, com uma potência de saída AC de

3680W e um rendimento de 95,6%.

3‐ Escolha dos painéis

Existem inúmeros fabricantes de painéis fotovoltaicos

disponíveis no mercado, o que levou a um considerável

abaixamento do preço dos mesmos. No entanto o preço não

3‐ Escolha dos painéis;

4‐ Determinar o número de módulos e a potência dos 

painéis;

5‐ Determinar o número de módulos por fileira;

6‐ Determinar o número mínimo de módulos por fileira;

7‐ Definir o número de fileiras em paralelo;

deve ser o factor principal de escolha dos painéis pois,

factores que têm a ver com a qualidade de fabricação, as

garantias de potência e a certificação dos painéis por

entidades reconhecidas são aspectos mais importantes que

o preço por Wp.

Neste caso serão usados painéis de silício monocristalino de

8‐ Apresentar a configuração do sistema;

A potência da central será de 3,68 kWp.

1‐ Análise das condições de terreno e de instalação

A visita ao local de instalação é um factor preponderante

para uma correcta instalação da central. Uma análise cuidada

220 Wp ou de 230 Wp, fabricados pela empresa Goosun, que

estão certificados segundo as normas europeias e

internacionais IEC/EN 61215 e cumprem os requisitos da

classe de protecção II.

Estes módulos garantem uma potência nominal mínima de

90% a 10 anos e 80% a 25 anos.

do local de instalação permite verificar se poderão existir

sombreamentos aos painéis, permite definir a estrutura de

suporte mais adequada e também a configuração da central,

nomeadamente em termos de número de fileiras de painéis

e a sua orientação. Aquando da simulação do sistema, alguns

dados necessários introduzir no simulador, são obtidos pela

Se os módulos estiverem colocados num local com as

condições ideais é possível obter deles a sua máxima

potência, no entanto como na realidade isso não se verifica e

porque também existem perdas nos equipamentos,

nomeadamente no inversor (4,4%) e nos próprios painéis

que têm uma tolerância de ±3 %, é aconselhável instalar uma

visita ao local, por isso é imprescindível a correcta avaliação

das condições de instalação.

2‐ Escolha do inversor

O inversor é o equipamento que converte a energia contínua

produzida pelos painéis, em energia alternada com

características similares à da rede eléctrica. É um

potência superior a 3680 kW. No entanto é preciso verificar

qual a máxima potência DC suportada pelo inversor.

Consultando as características do inversor escolhido, o valor

indicado é de 4040W.

equipamento que possui, geralmente, um rendimento

elevado e que desempenha um papel fundamental em todo

o sistema.

Se o inversor não funcionar, a energia não é injectada na

47|

Figura 7 ‐ Características do inversor SMA

Page 48: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Este é um valor a ter em atenção pois com valores de

potência de entrada superiores, o inversor desligar‐se‐á.

O limite máximo da tensão de circuito aberto do módulo é

atingido quando a temperatura é muito baixa (‐ 10 ºC).

4‐ Determinar o número de módulos e a potência dos

painéis

No ponto 2 indicou‐se que se iriam utilizar painéis com

220Wp ou 230Wp.

Considerando a potência máxima DC do inversor (4040 W) e

fazendo a divisão dessa potência pela potência dos painéis

Nessa situação se o inversor sair de serviço, a tensão de

circuito aberto será demasiado elevada para se poder voltar

a ligar o sistema sem que daí advenham danos para o

inversor. Esta tensão deve ser menor do que a tensão DC

máxima admissível do inversor. Limitando o número de

módulos por fileira consegue‐se obter um valor de tensão de

conclui‐se: circuito aberto calculado pela associação em serie dos

diversos módulos, que não seja demasiado elevada.

A fórmula seguinte permite calcular a tensão de circuito

aberto para uma temperatura de ‐10 oC, a partir da tensão

do circuito aberto do módulo obtida nas condições de

referência STC.

Tabela 2 ‐ Cálculo do número de módulos

Como se pode verificar, o número de módulos de 230Wp é

17 que é um número que não se pode distribuir

equilibradamente pelas fileiras.

(1)

Verificando as especificações técnicas dos módulos

escolhidos para este projecto, verifica‐se que a o coeficiente

térmico dado pelo fabricante (ΔU) é ‐0,33%/oC e que Vca(STC)

Como o inversor não permite ligação de fileiras com número

de painéis diferentes, ou seja com valor de tensão diferentes

nas fileiras, é necessário reduzir para 16 o número de painéis

de 230Wp, dado que 18 painéis de 230Wp levariam a uma

potência DC de entrada superior a 4040W.

vale 35,8 V. Aplicando a equação anterior obtém‐se,

(2)

O número máximo de módulos por fileira (NMm) é então

obtido através da relação entre a tensão máxima admitidaTabela 3 ‐ Comparação entre o número de módulos

pelo inversor (VMi) e a tensão máxima de circuito aberto (‐

10oC), obtendo‐se:

(3)

O resultado obtido informa que deveremos colocar por

p ç

Como é possível concluir a instalação de 18 módulos de

220Wp cada é a melhor solução.

5‐ Determinar o número de módulos por fileira

O número de módulos fotovoltaicos a colocar em cada fileira

é limitado pela tensão DC máxima admissível para a ligação

fileira, no máximo 10 módulos fotovoltaicos em série.

De relembrar que todos os valores necessários ao cálculo são

obtidos através das especificações técnicas dadas pelos

fabricantes dos equipamentos.

6‐ Determinar o número mínimo de módulos por fileira

No verão verificam‐se elevados níveis de radiação e estima‐

|48

de módulos em série e pela tensão máxima à entrada do

inversor.

se que os módulos colocados nos telhados podem estar

sujeitos a temperaturas que poderão atingir os 70 oC.

Page 49: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

A configuração do sistema será:Nessas condições o sistema fotovoltaico terá uma tensão aos

seus terminais inferior àquela que se verifica nas condições Tabela 4 ‐ Configuração final do sistema

de referência STC. Se a tensão do sistema fotovoltaico descer

para valores abaixo da tensão MPP mínima do inversor (Vmi),

a eficiência global do sistema ficará condicionada, podendo

provocar a saída de serviço do inversor. Para evitar este

problema, deve‐se calcular o número mínimo de módulos

ligados em série numa fileira.

O esquema da configuração do sistema é apresentado na

figura seguinte.

Analisando as características do inversor verifica‐se que Vmi =

200 V e a tensão na máxima potência dos painéis, dada pelo

fabricante dos painéis, é Vmp = 28,1 V.

(4)

Deste modo o número mínimo de módulos (Nmm) por fileira

é calculado pela relação entre Vmi e Vmp(70ºC)

(5)

7‐ Definir o número de fileiras em paralelo

O número de fileiras em paralelo está limitado pelo número

de entradas do inversor. No caso do inversor escolhido o

valor é 3. No entanto é necessário verificar se a corrente

máxima do sistema fotovoltaico ultrapassa o limite máximo

Apesar de estruturalmente existirem 3 fileiras elas estão

ligadas de forma a que apenas existam 2 fileiras em paralelo.

A colocação das 3 fileiras deveu‐se à falta de espaço no local

de instalação para colocar os 9 módulos seguidos.

da corrente de entrada do inversor (20 A).

O número máximo de fileiras (NMf) deverá ser calculado

através da seguinte fórmula.

(6)

Figura 8 ‐ Esquema de ligação

4 CONCLUSÕES

Neste artigo foi apresentado um exemplo de

dimensionamento de uma central de microprodução

fotovoltaica para ligação à rede eléctrica. Falta ainda definir

8‐ Apresentar a configuração do sistema

Após o cálculo de todos os valores anteriormente

apresentados é necessário fazer um resumo e apresentar a

configuração final do sistema.

‐ Número máximo de módulos por fileira: 10

49|

todo o cálculo das cablagens DC e protecções que o sistema

deverá possuir, mas que não fazia parte daquilo que era

pretendido neste artigo. Podendo ser abordado esse tema

numa próxima edição da Revista Neutro à Terra.

‐ Número mínimo de módulos por fileira: 8

‐ Número de fileiras em paralelo: 2

‐ Total de módulos: 18

Page 50: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S
Page 51: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO António Manuel Luzano de Quadros FloresInstituto Superior de Engenharia do Porto

A CRIAÇÃO DE VALOR NO BINÓMIO: “CASA INTELIGENTE” / CONSUMIDOR

RESUMO

Este trabalho tem como objectivo entender a criação de valor

no binómio casa inteligente/consumidor, esperando assim

contribuir para um novo equilíbrio procura/oferta tendente a

Tentamos permanentemente ajustá‐la à nossa maneira de

estar, de modo a ser cada vez mais confortável, mais segura

e mais agradável.

Tornamo‐la mais inteligente, preparando‐a para assumir

novas funcionalidades: “how far you go with your smart

que uma casa inteligente fique acessível a mais lares

portugueses.

O método utilizado baseou‐se na pesquisa do mercado

português de sistemas de domótica e posteriormente no

estudo das motivações do consumidor recorrendo ao método

quantitativo de análise de inquéritos.

home depends on your lifestyle, budget and tastes” [01].

Esses são os limites actuais: “lifestyle, budget and tastes”! A

tecnologia deixou de ser o limite! Agora o limite está em nós.

Tecnicamente, os sistemas evoluíram e proliferaram. Hoje

em dia, a oferta é diversa e o consumidor, que

anteriormente tinha que aceitar o que o mercado lhe

Do cruzamento do conhecimento dos sistemas

disponibilizados para casas inteligentes e das motivações dos

consumidores poderá resultar uma melhor aproximação à

solução que conduz à satisfação do consumidor.

Neste estudo concluiu‐se que, actualmente, em Portugal,

estão disponíveis sistemas domóticos capazes de satisfazer

disponibilizava, agora tem de fazer opções e seleccionar uma

solução com a qual terá de conviver. A lógica do mercado

inverteu‐se nos últimos anos: anteriormente a oferta era

escassa e por isso produzia‐se para stock, agora a lógica de

mercado passou a ser comandada pela procura.

Estudar os diferentes sistemas de domótica para casas

as necessidades e motivações dos diferentes consumidores.

Assim, os sistemas baseados no protocolo EIB com excelentes

características enquadram‐se no segmento mais exigente e

com maior investimento.

O protocolo X10 oferecendo uma elevada flexibilidade a

baixo custo, disponibilizando pequenos kits de inicialização

inteligentes é pensar num cliente exigente, criativo e que

procura na tecnologia a concretização dos seus sonhos: uma

casa segura, confortável e atractiva. Neste contexto, para

que os clientes de casas inteligentes sintam a satisfação que

as tecnologias lhes podem oferecer, sondamos os seus

interesses e motivações e decidimos cruzá‐los com a oferta

acessíveis e facilitando a sua instalação, dado utilizarem a

rede eléctrica para comunicação e interligação, parece dar

resposta ao segmento de mercado de menor investimento

nesta área.

O segmento intermédio encontra uma resposta diversificada

nas soluções oferecidas baseados em sistemas proprietários

de sistemas domóticos existentes em Portugal.

2 O CONCEITO DE CASA INTELIGENTE

Diversas empresas promovem, em termos de marketing, o

nome de "casa inteligente", quando apenas utilizam alguns

desenhados para responder às exigências mais comuns dos

consumidores.

1 INTRODUÇÃO

A casa, a nossa habitação, é um pouco de nós, pois nela

automatismos isolados, sem qualquer possibilidade de

integração ou expansão.

O resultado provoca a desconfiança e saturação entre os

clientes particulares ou profissionais, ainda à procura de

elementos de referência numa tecnologia que ainda não

conhecem. [08]

51|

passamos grande parte da nossa vida.

Por isso, ela é algo de muito delicado e reflecte um pouco da

nossa personalidade.

Quando se aborda o tema das casas inteligentes tem‐se

normalmente o cuidado de definir previamente esse

conceito.

Page 52: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Dado a designação de “casa inteligente” ter um termo

controverso, resultam normalmente definições, no mínimo,

Um ponto de partida poderá ser a sistematização de Gann

(1999) referida por Harper [04] que consiste na distinção

curiosas.

Senão, vejamos:

‐ Franco [03] afirma que “uma casa inteligente deve ser

como um mordomo invisível, capaz de observar, tomar

decisões e actuar sobre o meio envolvente”.

‐ Segundo Roseta [12] “talvez a melhor casa do futuro seja

entre casas que simplesmente contêm aparelhos

inteligentes e aquelas que permitem computação interactiva

dentro e para fora da casa.

Assim mantendo a atenção na funcionalidade disponível

para o utilizador podemos identificar cinco tipos de casa

inteligentes:

aquela que for capaz de transmitir uma lição de

harmonia entre memória e sonho, que a faça resistir à

prova do tempo que passa. Mas há também que abrir as

portas à imaginação criadora e construtora do homem,

capaz de fazer do seu habitat um mundo maravilhoso e

mágico, onde ao alcance de um botão podem estar as

‐ Contains intelligent objects: Contém dispositivos e

electrodomésticos que funcionam de um modo

inteligente.

‐ Contains intelligent, communicating objects: Contém

dispositivos inteligentes que comunicam entre si,

trocando informação e aumentando assim a sua

mais diversas possibilidades de realizar as suas

aspirações”.

‐ Soares [14] considera que “a “Casa do Futuro” deve ser o

espaço por excelência da vida moderna, onde a família

no seu todo, e cada membro do agregado familiar em

particular (crianças, jovens, adultos e idosos), encontra

funcionalidade.

‐ Connected home: A casa tem uma rede interna

interligada com a rede externa, permitindo o controle

interactivo dos sistemas, e o acesso aos serviços e à

informação, quer de dentro, quer do exterior.

‐ Learning home: Os padrões de utilização são gravados e

as diversas instalações especiais úteis e necessárias ao

seu “contacto com o mundo”. A “Casa do Futuro” deve

também estar preparada para permitir o acesso fácil a

todos os cidadãos, incluindo os deficientes”.

‐ No “Logar Digital Conectado los PCs y otros equipos

electrónicos de consumo trabajan de forma conjunta

os dados acumulados são usados para antecipar as

necessidades dos utilizadores. Por exemplo, a casa que

aprende padrões da utilização do aquecimento e da

iluminação (“the adaptative home”).

‐ Alert home: As actividades das pessoas e dos objectos

são constantemente monitoradas alertando e

para ofrecer contenido digital en todos los lugares de la

casa. La gestión de este contenido se realiza de forma

fácil y cómoda, con los distintos dispositivos en red y

desde cualquier lugar de la casa”. [06]

Em termos de conclusão, Oliveira [11] acrescenta que se

perspectiva que “a «Casa do Futuro» vai reinventar a função

antecipando as acções a tomar (“the aware home”).

b) AS FUNÇÕES DA CASA INTELIGENTE

Actualmente as habitações podem estar equipadas com

sistemas que associam diversas funcionalidades nas áreas de

do habitáculo doméstico e as sociabilidades individuais ou

colectivas à sua volta”!

a) TIPOS DE CASAS INTELIGENTES

De facto, há problemas com a conceptualização da “casa

segurança, conforto, gestão de energia e comunicações.

Funcionalidades principais: detecção de incêndio, intrusão,

fuga de água ou gás, avisos, comandos e controlo remotos,

“Anything, Anytime, Anywere”.

As capacidades da domótica podem ser um auxiliar precioso

para contornar as dificuldades temporárias ou permanentes,

|52

inteligente”! Parece haver pouca concordância sobre como

uma casa inteligente deve ser e sobre que tecnologias ela

deve incorporar.

físicas ou mentais do ser humano. Além disso, estes sistemas

permitem facilitar as tarefas a idosos que assim vêem

minimizados algumas limitações a que estão expostos.

Page 53: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

consumidores, os sistemas analisados neste estudo foram

apenas aqueles que têm tido uma representação mais

3 A OFERTA

notória nas feiras internacionais em Portugal. Analisaremos

os protocolos X10 e EIB e os sistemas proprietários Vivimat,

Domus, Simon, Hometronic e Cardio.

1) Protocolo X10 : “This is something that's been around for

a long time. It’s fought long and hard to earn some of its

a) A OFERTA DE SISTEMAS PARA CASAS INTELIGENTES

“Various industry groups and technology companies have

tried (and mainly failed) to come up with next‐generation

protocols to help automate a home”. (2003) [01]

improvements in reliability, and has a definite place in

your home. A real purist may object to some of the

potential problems with it, but unless money is no object

to you, you can’t beat the affordability and practical

flexibility of X10”. [05] A tecnologia X10 usa a rede

eléctrica como meio de comunicação entre os vários

Existem vários estudos que referem protocolos que

tecnicamente parecem ser interessantes, mas que na prática

não são implementados, não estando assim disponíveis no

mercado. Por exemplo um estudo científico [03] ressalta o

particular interesse das redes tipo CEBus [02] que permitem

o transporte de dados através de redes eléctricas

dispositivos. Este é um aspecto chave desta tecnologia e

é a sua maior vantagem face a outras soluções, pois

permite o seu uso em casas já existentes. Os dispositivos

podem ser ligados directamente nas tomadas e serem

usados para ligar ou desligar equipamentos, lâmpadas

ou regular a sua intensidade luminosa. O grande sucesso

convencionais podendo operar em redes wireless.

Relativamente a esse protocolo Briere refere que nos anos

90, “a bunch of companies grouped together with a standard

called CEBus (or Consumer Electronics Bus), which was

designed to be a replacement of X10 and other in‐home

communications protocols. There was a lot of fanfare, but at

deste sistema reside no seu baixo custo, flexibilidade e

na sua facilidade de instalação. Dado que a patente

deste protocolo já expirou há alguns anos, diversos

fabricantes contribuíram para a existência no mercado

de uma elevada variedade de dispositivos que

contemplam as mais variadas funcionalidades Para evitar

the end of the day, we never saw any products hit the

market that used the CEBus Home Plug & Play standard”!

[01] (2003)

Do mesmo modo, a tecnologia DomoBus corresponde a um

desenvolvimento académico, não existindo produtos

comerciais disponíveis. [13] Este protocolo foi desenvolvido

que os sinais actuem os dispositivos das habitações

vizinhas existem filtros que bloqueiam a passagem

destes para fora da sua rede de energia. Quando é

necessário vencer distâncias consideráveis estão

também disponíveis módulos que repetem e amplificam

os sinais. O X‐10 é de momento a tecnologia mais

com o objectivo de servir de ferramenta didáctica e permitir

o desenvolvimento e avaliação de novas funcionalidades

sem restrições dos produtos comerciais [10]. Além disso,

diversos protocolos de comunicação constam de

publicações técnicas e científicas estando implementadas no

mercado americano com sucesso (homologadas pelo

acessível para a realização de uma instalação domótica

não muito complexa.

2) Protocolo EIB: Este protocolo, tal como o X10, baseia‐se

numa arquitectura descentralisada sendo considerado

de elevada fiabilidade. Possibilita a execução de

qualquer projecto graças à enorme diversidade de

American National Standards Institute ‐ ANSI). Porém,

devido a não serem conformes com os standards CE, não

penetram no nosso mercado.

b) A OFERTA EM PORTUGAL

53|

equipamentos que os seus associados disponibilizam.

Pode usar diferentes meios de comunicação: bus de 2

condutores, rede eléctrica ou rádio frequência.

Para que, de facto, este estudo tenha alguma realidade

prática relativamente ao mercado, no qual participamos

como stakeholders, quer como técnicos, quer como

Page 54: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Este sistema permite que um único par entrançado seja

usado para alimentar um dispositivo e para comunicar

O telecontrolo via teclado do telefone permite, quer

actuar qualquer dispositivo, quer saber qual é o seu

com ele. Este protocolo conduz normalmente a soluções

de investimento relativamente elevado.

3) Sistema proprietário Vivimat: O sistema domótico

VIVIMAT, é um sistema centralizado que pode ser

ampliado com a introdução de módulos adicionais

interligados por um bus de comunicação. Ajusta‐se às

estado. O sistema pode ser acedido remotamente por

computador via linha telefónica.

6) Sistema proprietário Hometronic: O sistema Hometronic

usa a radio‐frequência para a comunicação entre a

central e os vários sensores e actuadores espalhados

pela casa. As suas acções podem ser activadas

necessidades de todo o tipo de casas de nova

construção. Permite o controlo e manutenção local e

remota através de teclado, computador, painel de

visualização, telefone, WAP e Internet.

4) Sistema proprietário Domus/Inteligente: Este sistema

baseia‐se num ecrã táctil que incorpora o processamento

localmente, automaticamente através da central, por

telefone ou por Internet.

7) Sistema proprietário Cardio. O sistema CARDIO dispõe de

uma sonda no ecrã táctil que permite o controle da

temperatura da habitação e pode ser remotamente

controlado por telefone. Além disso, permite controlar

da informação. A este painel é ligado um cabo bifilar ao

qual estão ligados em anel os “módulos de sensor”. Em

cada divisão da casa é instalado um destes módulos que

incorpora como entradas um receptor de

infravermelhos, um sensor de movimento, um sensor se

luminosidade e um sensor de temperatura e como saídas

qualquer dispositivo X10, injectando sinais na rede

eléctrica através da interface X10.

De modo a evidenciar as potencialidades oferecidas por

todos estes sistemas organizaram‐se na tabela 1 as suas

características, nas seguintes áreas: campo de aplicação do

um emissor de infravermelhos, dois contactos secos para

controlo de iluminação e um outro para controlo de

aquecimento. As persianas são controladas por módulos

centralizados num quadro próprio (com uma ligação bus

ao painel táctil). Pode ser controlado por painel táctil,

SMS e a visualização do estado do sistema pode ser feita

sistema domótico, expansibilidade, capacidade de

interligação com outros sistemas, rapidez de resposta,

facilidade e versatilidade de utilização, interfaces de controlo

e custo global para uma vivenda modelo.

4 A PROCURA

na televisão. As suas limitações são a impossibilidade de

regulação da intensidade luminosa.

5) Sistema proprietário Simon: O sistema SIMON VIS é um

sistema semi‐centralizado radial. Tem uma unidade

central de processamento, “módulo de controlo” que

interliga com os módulos de saída e entrada. Em cada

a) COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

De acordo com a perspectiva da tomada de decisão, a

adesão a um sistema inteligente para a sua habitação

resulta, primeiramente, da percepção do consumidor de que

piso de uma habitação cada interruptor liga ao módulo

de entrada (situado num quadro parcial) através de um

par de condutores. Do mesmo modo, cada lâmpada é

alimentada a partir do módulo de saídas. Como o

controlo é feito por software qualquer saída pode ser

temporizada. O sistema inclui a possibilidade de cada

existe uma necessidade, em seguida, da transição, por uma

série de etapas, em direcção a um processo racional da

satisfação dessa necessidade. Entre essas etapas estão o

reconhecimento do problema, a busca, a avaliação de

alternativas, a escolha e a avaliação pós‐aquisição. A

perspectiva experimental sobre o comportamento do

|54

botão de pressão poder ter duas funcionalidades

distintas: uma com toque curto e outra com toque longo.

consumidor sugere que, em alguns casos, os consumidores

não fazem as suas compras de acordo com um processo de

tomada de decisão estritamente racional.

Page 55: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Assim, as pessoas podem adquirir uma casa inteligente para

expressar a terceiros certas ideias e significados a respeito

Em vez disso, às vezes, as pessoas compram produtos e

serviços apenas para se divertirem, para criarem fantasias ou

de si mesmas [09].

Mais do que nunca a nossa casa revelará os nossos valores, o

nosso conceito de vida e a nossa relação com a família e com

o mundo.

No futuro poderemos afirmar: "Mostra‐me a tua casa, dir‐

te‐ei quem és”. [08]

obterem emoções e sentimentos.

Deste modo, tornar a casa inteligente pode constituir, para o

consumidor, um meio de este sentir prazer ao ter controlo

sobre as variáveis da sua habitação, ou apenas satisfazer a

sua necessidade de reconhecimento e valorização pela

sociedade.

X10 EIB VIVIMAT DOMUS-INT SIMON OMTRONIC CARDIO

- - DINITEL JG SIMON HONEYWELL SECANT

- - E P E G USA

P P P P P P P

S S S S S S S

SISTEMA:

Fabricante:

Apartamentos

LocalizaçãoOrigem

Assistência

Tabela 1 – Características dos sistemas domóticos analisados

S S S S S S S

S S S S S S S

N S N S S N N

N N N S S N N

S S S S S S S

S N N N N S N

N - N N N N N

- N N N N S S

256 12.000 48 IN + 56 OUT ILIMITADO 128IN+128OUT 100 200

N N N ILIMITADO N S 160Lamp+40plugOutras Limitações

InterligaçãoEIB

X10

Expansibilidade

Nr. Max de enderços

Existente

Apartamentos

Vivendas

Edifícios

Indústria

Construção

Aplicação

Nova

S N N DIFÍCIL DIFÍCIL S N

Rapidez 1 seg 0 0 0 0 0 0

ELEVADO MÉDIA EXCELENTE ELEVADA ELEVADA EXCELENTE S

ELEVADO MÉDIA BAIXA ELEVADA MÉDIA EXCELENTE S

ELEVADO ELEVADA ELEVADA ELEVADA MÉDIA EXCELENTE S

S N N N N N N

Voz S S S N N S N

Teclas S N S S S N S

SMS N N S S N N N

WAP S N N S N N N

Expansibilidade futura

Telefone

Versatilidade

Eficácia

Por voz

Tempo de resposta a 1 ordem

Utilização

Facilidade

Recebe imagens S N S N N N N

Local S S S N S N S

Lig. telefone S N S N N N S

Internet S N S S N N S

Macros S S S 7 /ROOM S S 50

Nr. de timers ELEVADO S ILIMITADO 7 /ROOM 128 ILIMITADO ILIMITADO

S ILIMITADO S N S S S

Infravermelhos S S N S S N S

Rádio-freq. S S N N N S N

B tõ S S S N N S N

PC

Módulo programável

Relógio despertad. com timers

Telecomando

Controlo

Botões S S S N N S N

Táctil S S S S N N S

A cores N S S N N N N

Diagomal (mm) 130 120 120 135 N N 120

Resolução MÉDIA ELEVADA MÉDIA MÉDIA N N MÉDIA

N N S S N N N

Regulação S S S N S S S

Cenários S S S S S S S

2.000 7.000 4.000 3.500 7.500 3.000 5.000

5.000 20.000 7.000 70.000 15.000 6.000 15.000

Valor mínimo aprox. €

Valor max. aprox. €

Iluminação

Ecran

WI-FI

55|

5.709 7.112 5.700 4.629 5948

13.700 9.628 6.480

Orçamento globalPreços (€) para vivenda média

com 3 pisos

Page 56: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

b) METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO 2.1)Bloco B ‐ Consideramos neste bloco as dimensões

satisfação e insatisfação do cliente.

Pretendendo conhecer a opinião dos consumidores

relativamente às casas inteligentes, optamos por um estudo

quantitativo, (questionário por inquérito), que nos permitiu

obter um número significativo de respostas, que admitimos

constituírem uma base aceitável para extrapolação de

resultados, sendo os seus resultados apenas aproximados.

2.1.1) “Se tem uma casa inteligente, está satisfeito?”

Destaca‐se a satisfação da maioria dos clientes

utilizadores de uma casa inteligente. A insatisfação é

apresenta somente por um utilizador que a atribui à

incompetência do fornecedor inicial como

O critério de selecção da população alvo baseou‐se na

escolha de profissionais de classe média e alta.

Assim o inquérito foi enviado via e‐mail, para endereços

colectivos, estimando‐se que terão chegado a cerca de 4000

pessoas de diversas partes do país.

Foram recebidos 90 inquéritos no período de uma semana.

responsável pelo facto.

2.1.2) “Se tem uma casa inteligente, o que mais o satisfaz”?

Das funções típicas domóticas, são a rega automática

e a detecção de intrusão as mais significativas na

satisfação dos utilizadores inquiridos, seguidas da

Seguidamente apresentam‐se os resultados dos inquéritos,

1) Bloco A: A questão inicial tenta captar qual é o conceito

que o inquirido já tem (ou não) de casa inteligente:

”Que ideia tem de uma casa inteligente”?

detecção de fuga de gás e de incêndio e do facto de

poderem controlar as persianas, iluminação e

alarmes através do computador.

Das funções domóticas apresentadas pelos inquiridos

são elegidas as funções que proporcionam conforto e

comodidade e aquelas que facilitam as rotinas

Da análise das respostas constata‐se que uma casa

inteligente é sobretudo uma casa que apresenta

automatismos, que gere da melhor forma os seus

recursos energéticos e ecológicos, que é programada,

que pode ser comandada à distância, que tem

domésticas.

2.2) “Se tem uma casa inteligente, que funções inteligentes

tem na sua habitação?

A rega automática e a detecção de intrusão são as

funções que existem em maior número nas casas

componentes electrónicos que auxiliam a gestão de

tarefas domésticas e, tudo isto, para melhorar a

qualidade de vida dos seus utilizadores. Registaram‐se

expressões curiosas que retractam uma casa inteligente

em várias perspectivas: “casa prática”, “gere de forma

eficiente” “casa com vida própria”, “tem memória, noção

inteligentes da população que diz possuir este tipo de

habitação. Também elas foram as mais representativas

na satisfação dos utilizadores. Seguem‐se as funções de

controlo de persianas, de iluminação e de alarmes

através do computador, de detecção de incêndio e de

gás. São também estas, as funções eleitas como as que

temporal, há interligação com o utilizador”, “permite

poupar tempo, ganhar segurança e economia de

energia”, “resolve os problemas de quem a habita” e

“melhora a qualidade de vida”, entre outras. Porém,

paralelamente, há expressões reveladoras de dúvidas, de

preocupações e até de desânimo: “sujeita a avarias”,

mais os satisfazem, com excepção da protecção contra

electrocussão que eventualmente não é conhecida por

muita gente. Parece‐nos que temos aqui uma relação

entre a satisfação do cliente e as funções procuradas

para instalar na sua casa.

Das funções apresentadas pelos inquiridos é o

|56

“não sei se é de confiança”, “pouco funcional”, “se tudo

funcionar é óptimo”, “até tudo funcionar, dá mais

trabalho que uma casa normal”.

aquecimento central a função mais comum nas casas

inteligentes.

Page 57: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Parece‐nos que há um certo consenso nas respostas dos

nossos inquiridos, ou seja, os que possuem uma casa

2.3) “Se tem uma casa inteligente, quais são as dificuldades

com que se depara no seu dia a dia”?

inteligente dizem que estão satisfeitos e que não

apresentam dificuldades relevantes. Os que conhecem

utilizadores de casas inteligentes confirmam esta

opinião. Os inquiridos retractam‐na, mais uma vez, como

uma casa “fantástica” e que dá “prazer”. As experiências

são “boas e más”, mas “os problemas resolvem‐se”. Eis a

A maioria dos inquiridos afirmam que as dificuldades não

são relevantes. Apresentam de facto algumas

dificuldades, mas eventualmente ultrapassam‐nas com

facilidade. Este resultado parece‐nos significativo na

medida em que a maioria dos utilizadores de casas

inteligentes desta amostra afirma estar satisfeito com a

razão por que se sentem satisfeitos os seus donos.

4) Bloco D: Este bloco é referente à valorização que o

inquirido atribui a uma série de funções domóticas

típicas apresentadas no inquérito.

A marca triangular (Fig.1), relativa a cada função,

sua casa.

Constata‐se, porém, uma preocupação do consumidor

relativamente à fiabilidade do sistema eléctrico. Como já

foi referido anteriormente neste estudo, existem

sistemas que centralizam o processamento numa única

unidade correndo o risco, em caso de avaria ou de erro

representa o valor médio das valorizações que os

respondentes lhe atribuíram numa escala de 0 a 100%.

De modo a conhecer a dispersão das respectivas

valorizações atribuídas, determinou‐se o desvio padrão

de cada função e assinalou‐se no gráfico a

correspondente variação, para mais e para menos,

fatal do software, de deixarem os seus habitantes às

escuras, mas já há sistemas que funcionam em paralelo

com a instalação eléctrica tradicional sem nada

perturbarem o seu funcionamento.

3) Bloco C: Seguidamente pretende‐se detectar qual é a

relativamente ao valor médio. Assim, o traço vertical

assinalado para cada função representa a variação da

valorização atribuída correspondente a dois terços da

amostra.

Segundo o gráfico apresentado, praticamente todas as

funções domóticas apresentam uma valorização média

imagem que as pessoas captam de quem tem uma casa

inteligente..

3.1) “Se conhece alguém que tenha uma casa inteligente,

como é que a descreve”?

Segundo as opiniões recebidas a casa inteligente é

superior a 50%.

É de destacar que as funções de segurança (detecção de

intrusão, detecção de gás, detecção de inundação e

detecção de incêndio) são aquelas que apresentam um

valor médio na ordem dos 80% e com um desvio padrão

apertado, o que quer dizer que cerca de dois terços da

sobretudo confortável e segura. É programada, tem rega

automática e detecção de movimento. Mas também é

importante verificar que os “amigos” dos utilizadores de

uma casa inteligente ficam com a ideia de que ela é, por

um lado “espectacular”, “ boa e útil” e “tem tudo o que

é necessário para se sentirem bem” e reconhecem que

amostra se situam nesta faixa. Recorde‐se que estas

funções foram ditas pelos utilizadores de casas

inteligentes como as que os satisfazem mais e verificou‐

se, por sua vez, que são ainda as mesmas funções as que

se encontram em maior número nas casas inteligentes,

ou seja, parece confirmar‐se que as funções relativas à

ela é “atractiva perante os amigos”; por outro lado, é

“complexa”, “complicada quando não está o dono” e

“fica aquém da propaganda”. Estas duas facetas poderão

ser uma consequência do sucesso do sistema

implementado ou da limitada capacidade do instalador.

57|

segurança, que os respondentes dizem ter instaladas,

são as mesmas que eles valorizam mais, e também as

que mais satisfação lhes dão.

3.2) “Se conhece alguém que tenha uma casa inteligente,

qual é a experiência que os moradores dessa casa têm”?

A experiência dos moradores das casas inteligentes é

francamente positiva.

Page 58: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Como o consumidor valoriza as funções domóticas

125

75

100

Valo

rização 0 a

0

25

50

D.In

t

D.P

o

D.ex t

D. g

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D.ág

u

D.fo

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D.Q

.

Alarm

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Telec

Telec

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Reg

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100%

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Escu

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C

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ça

com

and

os

a

Figura 1 – Nível de valorização das funções domóticas por parte do consumidor

5) Bloco E ‐ A questão seguinte pretende que os inquiridos,

após a reflexão anterior, possam manifestar o interesse

em incluir as funções domóticas referidas, na sua

habitação actual.

“Se decidisse tornar a sua casa inteligente, que

29

3234

39

46

42

41

25

21

1211 10

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Nr. to

tal de

interessad

os

modificações faria na sua casa actual”?

6) Bloco F: Este bloco diz respeito ao nível de investimento

(em euros) que o consumidor está disposto a aplicar com

vista à satisfação das necessidades que entretanto lhe

foram estimuladas. Transcrição de algumas das observações mais relevantes:

0

5

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000

Investimento disponível (€)

Figura 2 – Percepção de valor de um sistema domótico

Na figura 2 apresenta‐se o número total de interessados

(acumulado) para cada nível de investimento.

7) No fim do inquérito, sobre a designação de observações,

permitiu‐se que as pessoas manifestassem livremente as

suas opiniões e os seus receios sobre este tema tão

“Acho que a designação de “casa inteligente” não passou e

precisa de ser repensada!!!”

“As pessoas estão pouco informadas sobre o que é uma casa

inteligente. Além disso, esta expressão assusta muita gente

|58

polémico das casas inteligentes. pelo automatismo que ela envolve e pelo investimento que

se imagina que ela carece.

Page 59: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Para este patamar de “esforço económico”, como se pode

concluir da análise do resumo das fichas técnicas de cada

Penso que há necessidade de desmistificar este assunto para

que as pessoas compreendam que se pode ter algo

sistema analisado, estes teriam várias soluções possíveis:

‐ Sistema Cardio

‐ Simon Vis

‐ Domus

‐ Vivimat

‐ Omtronic

inteligente na casa por pouco por pouco dinheiro e de forma

simplificada, que se usa da mesma maneira como qualquer

aparelho eléctrico.”

“Julgo que ainda estamos na fase de mercado em que reinam

os improvisadores e as soluções dirigidas a quem tem muito

‐ X10.

Estes sistemas, com excepção do X10, são todos sistemas

centralizados e proprietários.

Além disso, qualquer deles oferece possivelmente melhores

características e fiabilidade que o X10.

Portanto, para a faixa de investimento dos 5.000 euros o

dinheiro. A tecnologia está mais que madura, acho eu, logo

há espaço para quem não seja ganancioso e perceba do

tema.”

“Todos os contributos nesta área são de facto importantes,

ainda mais se tivermos em consideração o ritmo de vida que

consumidor tem uma grande oferta de sistemas de

domótica.

A fase seguinte deveria ser uma análise detalhada de cada

característica para determinar qual seria a solução que

melhor “integraria cada sistema domótico com o seu dono”,

resultando daí, concerteza, uma maximização da sua

a maioria da população leva. Parece‐me fundamental

democratizar o acesso a, pelo menos, algumas das

funcionalidades que tornam uma casa numa Casa

Inteligente”

5 O CRUZAMENTO DA OFERTA COM A PROCURA

satisfação pós‐venda.

Dado os interesses e motivações de cada um serem

diferentes, a ponderação de cada especificação é um factor

pessoal e consequentemente a “melhor solução” dependerá

de critérios subjectivos.

Se analisarmos o caso, de um nível de investimento

Há que reconhecer que a maior parte das soluções

domóticas que o mercado apresenta estão algo fora do

alcance da maioria dos portugueses. O mesmo não acontece

nos Estados Unidos ou noutros países da Europa onde o

poder de compra é bem superior ao nosso.

disponível inferior, por exemplo 1500 euros, já teríamos

cerca de 34 consumidores nesse grupo.

Assim, se segmentarmos a procura em três faixas, podem daí

resultar três tipos de soluções que satisfazem a maior parte

dos inquiridos procurados:

a) Sistema de 5.000 euros para 21 respondentes

Os interesses que o consumidor manifestou relativamente às

casas inteligentes foram essencialmente os seguintes:

‐ Na área da segurança: detecção de intrusão no interior

da casa, com detectores de movimento; detecção de

incêndio, de inundação e de fuga de gás.

‐ Na área do conforto: controlar persianas, iluminação e

b) Sistema de 1.500 euros para 13 respondentes

c) Sistema de 500 euros para 7 respondentes

Para satisfazer o grupo representativo dos “13” inquiridos

que disponibilizariam um investimento de 1.500 euros para

terem a sua casa mais inteligente, poderia considerar‐se um

sistema híbrido em que se proporia uma central de intrusão

alarmes através do computador; ligar, desligar e

controlar o aquecimento central; ligar ou desligar o

fogão através do telefone; rega automática dos jardins.

Claro está que a selecção de qualquer solução domótica está

intrinsecamente associada ao nível de investimento

59|

inteligente que acumularia funções de comunicação e

controlo bidireccional, associada a uma aplicação criteriosa

do sistema X10 que permitiria um escalonamento

progressivo à medida do interesse do consumidor.

disponível. Como se pode inferir da análise do gráfico do

”número total de interessados por cada nível de

investimento” vinte e um dos inquiridos estão dispostos a

investir 5.000 euros para tornar a sua casa inteligente”.

Page 60: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Assim, os alarmes técnicos seriam geridos pela central de

intrusão e o conforto ficaria a cargo do sistema X10. A rega

ser solucionados pela aplicação de um

repetidor/amplificador, disponibilizado por diversos

automática ficaria, opcionalmente, isolada com um

controlador dedicado, dado estes terem elevada fiabilidade

e serem de baixo custo, evitando‐se assim, o perigo de

inundação provocado pela baixa fiabilidade do sistema X10.

Relativamente ao terceiro grupo que apenas disponibilizava

500€ o mercado também oferece um sistema domótico que

fabricantes de dispositivos X10.

6 CONCLUSÕES

“Se a introdução da concorrência teve o mérito de fazer

passar o consumidor de Utilizador a Cliente, a prática de

pode ser escalonado em várias fases, sendo mesmo possível

aplicá‐lo apenas numa única sala: sistema X10. De modo a

tornar este produto mais acessível, a cadeia de valor que

inclui todos os processos desde a produção, distribuição,

retalho, instalação e cliente, foi reduzido apenas a 2 níveis:

Produtor e consumidor.

criação de valor para o cliente, tem como efeito fazer

passar o consumidor de Cliente a Amigo”. [07]

As casas inteligentes, quando instaladas com sucesso,

proporcionam aos seus utilizadores a satisfação como

clientes e todo o prazer que a tecnologia actual lhes pode

Dado o sistema X10 ser muito fácil de instalar o nível técnico

do “instalador” pode ser abolido, podendo incluir‐se este

sistema no sector “faça você mesmo” e ser a sua instalação

encarada como um trabalho de bricolage.

Assim, para o grupo dos “investidores dos 500 euros”, o

sistema X10 tem kits económicos, que vão desde um sistema

oferecer. Daí lhes advém a verdadeira percepção de valor da

domótica.

Compreender as motivações dos consumidores, no âmbito

da casa inteligente e o processo de consumo, proporciona

uma série de vantagens. Entre elas destacam‐se o auxílio aos

gestores nas suas decisões, o fornecimento de uma base de

compacto de detecção de intrusão telecomandado com

telecomando de rádio frequência compatível com os sinais

X10 e que avisa telefonicamente o dono em caso de intrusão

(a Portugal Telecom comercializa este produto), até kits de

automação, que incluem um módulo X10 para controlar

electrodomésticos, um módulo X0 de casquilho para

conhecimento a partir da qual os pesquisadores de

marketing podem analisar os consumidores e, ainda, o

auxílio ao consumidor na tomada de melhores decisões de

compra.

Acresce ainda que, num mercado tecnológico cada vez mais

exigente, a lógica da relação Fornecedor‐Cliente mudou,

intercalar no circuito eléctrico do candeeiro junto à lâmpada,

um receptor de rádio frequência que injecta o sinal de X10

na rede e um telecomando de rádio frequência que pode

controlar os referidos módulos que recebem o sinal X10 pela

rede eléctrica.

É de referir a grande vantagem desse sistema em ser fácil de

estando a ser substituída por uma relação Amigo‐Amigo

como resultado de uma relação de cooperação “win‐win”.

Relativamente à casa inteligente, corre um certo misticismo

como sendo “muito cara” e só para quem “percebe muito de

computadores”, necessitando quase de um técnico

permanentemente ao seu lado. É necessário clarificar este

incluir posteriormente, mais funcionalidades, pois apenas é

necessário ligar mais módulos às tomadas; estes passam a

estar interligados pela rede eléctrica e a responder de

acordo com o código com o qual foram programados por

simples selecção de uma letra e de um número em dois

selectores, por meio de uma chave de fenda. Quando a

conceito. Actualmente as casas inteligentes são, de facto,

muito caras para clientes exigentes e que estão dispostos a

investir nelas para concretizar os seus desejos mais

sofisticados. No entanto, mostrou‐se que o mercado

também oferece outros sistemas fiáveis, mais económicos,

ou seja, permite que o cliente vá comprando os

|60

instalação atingir uma dimensão maior, quer pelo número de

módulos ligados, quer pelas distâncias que os sinais têm que

vencer, todos os problemas de falha de comunicação podem

equipamentos à sua medida e vá lentamente construindo a

sua casa inteligente por partes.

Page 61: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Acresce ainda, que também a tecnologia dos equipamentos

foi amadurecendo ao longo do tempo. Hoje em dia, tal como Bibliografia

se liga a televisão, as aparelhagens de som, ou outras por

telecomando, também, com a mesma facilidade, pega‐se no

mesmo comando e “clica‐se” na tecla de levantar a persiana,

acender a luz ou qualquer outra função que o cliente

imaginou. Parece‐nos, deste modo, que os sistemas das

casas inteligentes estão disponíveis para todas as “bolsas” e

[01] BRIERE, Danny e HURLEY, Pat, “Smart Homes for

Dummies”, Wiley Publishing, Inc., 2003

[02] CEBus – Consumer Electronics Bus (EIA‐600),

http://www.cebus.org.

[03] FRANCO, Ivan, “A Casa do Futuro Interactiva”, Cap.

“S A t d S tid Mú l d Cpreparados para finalmente entrarem na casa do

consumidor comum. Esta ainda não é uma realidade da

esmagadora maioria dos lares portugueses.

Apesar das limitações deste trabalho, pelo facto de se ter

baseado numa amostra relativamente limitada, parece

“Sensores e Actuadores: os Sentidos e Músculos da Casa

Inteligente”, 2003

[04] HARPER, Richard,”Inside the Smart Home”, Springer‐

Verlag London Limited, 2003, PAG. 299, 229

[05] JACKSON, Andy, “Integrating the smart home with its

owner”, Integratorpo, 2003

[06] JUNESTRAND St f “H Di it l C t d ” Elpoder concluir‐se que, actualmente, existem todas as

condições para um perfeito encontro da oferta com a

procura no domínio da domótica, constituindo assim o seu

conhecimento uma nítida vantagem para todos os players:

para os consumidores na medida em que estes poderão

usufrir da tecnologia “à sua medida” e para todos os outros

[06] JUNESTRAND, Stefan, “Hogar Digital Conectado”, El

SIMO TCI, feria internacional de informática, multimedia

y comunicaciones.

[07] MICHEL, H.,”Criação de valor para o cliente”, Monitor,

2003.

[08] MOTA, José Augusto, “Casas inteligentes”, Centro

Atlâ ti Ld 2003também, dado existir, actualmente, um potencial elevado de

oportunidades de negócio.

A constante subida dos preços dos imóveis, e a crescente

dificuldade em vender as casas e os apartamentos novos,

associada à presente crise económica, originaram um

Atlântico Lda, 2003

[09] MOWEN, John C. e MINOR, Michael S.,

“Comportamento do Consumidor”, Pearson Education,

2003

[10] NUNES, Renato, "DomoBus ‐ A New Approach to Home

Automation", 8CLEEE"‐

[11] OLIVEIRA José Manuel Paquete “A Casa do Futuroexcesso de construção que dificilmente o mercado

português absorverá. Estes factores levaram a que os

construtores recorram cada vez mais à Domótica como

factor diferenciador, sendo já vulgar verem‐se “outdoors”

aliciando os consumidores para as “Casas de Sonho

Inteligentes”.

[11] OLIVEIRA, José Manuel Paquete, “A Casa do Futuro

Interactiva”, Cap. "Estar em Casa, Estar no Mundo", 2003

[12] ROSETA, Helena, “A Casa do Futuro Interactiva”, Cap.

"CASA DO FUTURO", 2003

[13] SANTOS, José Armando, “Meios para melhorar a

qualidade de vida e a autonomia de pessoas com

necessidades especiais” Tese de Mestrado daEspero com este trabalho ter contribuído para desmistificar

o conceito de casa inteligente e faço votos que a sua leitura

sirva de estímulo para que mais alguns lares portugueses

beneficiem da magia e das maravilhas que a tecnologia

actual nos oferece.

necessidades especiais , Tese de Mestrado da

Universidade Técnica de Lisboa – Instituto superior

Técnico, 2004

[14] SOARES, Francisco Sousa, “A Casa do Futuro

Interactiva”, Cap. "CASA DO FUTURO", 2003

61|

Page 62: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S
Page 63: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO José Jacinto Ferreira, Miguel Leichsenring FrancoSchmitt ‐ Elevadores

OPTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA EM NOVOS ASCENSORES

1 ENQUADRAMENTO

De acordo com um estudo da S.A.F.E – “Agência Suíça para a

Utilização Eficiente da Energia”, realizado em 2005, os

ascensores podem representar uma parte significativa do

Para o estudo de optimização energética na fase de

desenvolvimento de novos ascensores desenvolveu‐se um

modelo de simulação que permitiu analisar diversos cenários

e apresentar soluções a ter em conta na fase de definição de

um novo ascensor.

consumo de energia num edifício (o consumo energético de

um ascensor poder representar em média 5% do consumo

total de energia de um edifício de escritórios). Na Suíça

estima‐se que o somatório do consumo de energia dos cerca

de 150.000 ascensores instalados represente cerca de 0,5%

do total de 280 GWh de consumo energético do país.

2.1 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ACCIONAMENTO

ELECTROMECÂNICO E A SUA MODELIZAÇÃO

Segundo Palma (2008) as partes móveis dos accionamentos

envolvem quase sempre fenómenos complexos, quer pela

A redução do consumo de energia nos edifícios poderá ser

obtida através da melhoria das características construtivas,

reduzindo dessa forma as necessidades energéticas, através

de medidas de gestão da procura, no sentido de reduzir os

consumos na utilização e através do recurso a equipamentos

energeticamente mais eficientes.

multiplicidade dos seus detalhes, quer pela sua própria

natureza, muitas vezes, não linear.

Contudo, como o objectivo da modelação é a utilização em

sistemas de controlo onde intervêm diversos outros

subsistemas, com destaque para os eléctricos, os

electrónicos e os mecânicos, procuram‐se modelos

No preâmbulo da Directiva 2005/32/CE de 06 de Julho de

2005 – “EuP – Energy Using Products” (Requisitos de

concepção ecológica dos produtos que consomem energia)1

refere‐se que “a melhoria da eficiência energética – de que

uma das opções disponíveis consiste na utilização final mais

eficiente da electricidade – é considerada um contributo

matemáticos tão simples quanto possível para cada um

deles.

Para muitos dos sistemas electromecânicos que se pretende

modelizar pode‐se considerar simplificadamente a seguinte

equação de comportamento dinâmico, baseada na lei

fundamental da dinâmica para um sistema rotativo:

importante para a realização dos objectivos de redução das

emissões de gases com efeito de estufa na Comunidade.”

Daí que seja importante estudar também a optimização

energética em novos ascensores.

2 DESENVOLVIMENTO DO MODELO EMMATLAB‐SIMULINK

(1)

Onde Tm representa o binário motor (expresso em Nm), Tr o

binário resistente (expresso em Nm), J o momento de inércia

do sistema (expresso em kgm2) e a aceleração angular

dt

dwJTT rm

dt

dw

De acordo com a Directiva 2005/32/CE de 06 de Julho acima

referida, “deverá actuar‐se na fase de concepção do

produto, já que é aí que a poluição originada no seu ciclo de

vida é determinada e que a maior parte dos custos surgem”.

(rad.s‐2).

O momento de inércia será calculado a partir de:

[2]

(2)

.d d d

T F v J m a v J m r rdt dt dt

2J m r

63|

1 Esta directiva cria um quadro de definição dos requisitos comunitários de concepção ecológica dos produtos consumidores de energia com oobjectivo de garantir a livre circulação destes produtos nos mercado interno. Prevê ainda a definição de requisitos a observar pelos produtosconsumidores de energia abrangidos por medidas de execução, com vista à sua colocação no mercado e/ou colocação em serviço. Contribuipara o desenvolvimento sustentável, na medida em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do ambiente, e permite aomesmo tempo aumentar a segurança do fornecimento de energia

Page 64: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Ainda segundo Palma (2008), um sistema de accionamento

electromecânico de velocidade variável, que permite o

Onde m representa a massa suportada pela roda de tracção

e r o raio da roda de tracção da máquina.

ajuste de velocidade, de posição ou de binário, dentro de

certas gamas de variação, é constituído por diversos

componentes:

1. Fonte de energia eléctrica;

2. Conversor estático de potência;

3. Máquina eléctrica, incluindo a transmissão;

A potência mecânica do sistema será obtida a partir de:

(3)

Sendo a velocidade linear v, dada por:

vF

TTvFP

4. Sistema mecânico movido, ou carga;

5. Órgãos electrónicos de controlo e de comando do

conversor.

2.2 O MODELO DO ASCENSOR EMMATLAB‐SIMULINK

(4)

Como sob o ponto de vista electrotécnico todo o sistema de

accionamento electromecânico está subordinado ao motor

eléctrico ter‐se‐á de reduzir as diferentes grandezas

mecânicas envolvidas ao eixo motor. Nessa redução utiliza‐

rv

Na concepção do modelo simulink separou‐se cada um dos

componentes do sistema, eléctrico e mecânico (elevador),

para uma maior facilidade de parametrização e

interpretação de resultados, conforme as figuras 2 e 3.

Foram ainda concentrados todos os outputs das grandezas

mecânicas consideradas, num mesmo bloco (caixa redutora),

se o Princípio da Conservação da Energia.

A energia cinética é dada por:

(5)

Então para o todo o sistema será válida a seguinte relação:

2

2

1 JEc

que simula o acoplamento mecânico com o motor eléctrico.

As grandezas eléctricas de monitorização são retiradas do

próprio bloco variador/motor (AC2).

Desta forma, o modelo foi dividido em três blocos principais

– Bloco Mecânico, Bloco Eléctrico e Blocos de medições de

grandezas eléctricas e mecânicas ‐, que por sua vez se

(6)

As equações [1] a [6] foram então transpostas para o modelo

emMatlab‐Simulink.

Apresenta‐se na figura 1 o modelo de base do ascensor

222

211

222

21121 2

1

2

1 JJJJEcEc

subdividem em outros blocos secundários, conforme a

seguir se descreve.

eléctrico com roda de aderência e máquina com redutor.

|64

Figura 1 – Modelo de base do ascensor eléctrico com roda de aderência e máquina com redutor

Page 65: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Figura 2 – Diagrama geral de blocos do ascensor com variação de velocidade PWM

65|

Figura 3 – Diagrama geral de blocos do ascensor – Arranque directo

Page 66: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Figura 4 – Diagrama geral de blocos do ascensor – Modelo mecânico

Na janela de parametrização da cabine do ascensor são

introduzidas as massas do conjunto cabine/contrapeso. O

bloco simulink faz a soma das massas da carga e da cabine e

finalmente subtrai a massa do contrapeso2. Se o resultado

for positivo o sistema vai criar um binário resistente positivo

na subida da cabine e negativo na descida da mesma,

2.2.1 BLOCO MECÂNICO (ASCENSOR)

O bloco mecânico foi dividido em três sub‐blocos,

correspondentes a cada um dos componentes mecânicos do

sistema:

1. A cabine do ascensor;

conforme tabela 1. Considerou‐se ainda o rendimento da

cabine, que representa as perdas por atrito das roçadeiras da

cabina nas guias, eventuais oscilações dos cabos, etc.

2. A roda de tracção;

3. A caixa redutora.

2.2.1.1 CABINE DO ASCENSOR

A cabina do ascensor pode ser modelizada a partir do

seguinte conjunto de sub‐blocos:

|66

2É prática na indústria de ascensores que o contrapeso seja dimensionado para contrabalançar a massa da cabina + 50% da carga nominal dacabina. Assim, para uma cabina com uma carga útil de 630 kg e um peso próprio de 850 kg, o contrapeso terá de ter uma massa de 1165 kg.Procurar‐se‐á através de uma análise de cenários verificar se esta é a solução óptima em termos de consumo energético.

Figura 5 – Diagrama de blocos Simulink da cabine Figura 6 – Janela de parametrização da cabine/contrapeso

Page 67: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Tabela 1 – Sentido do binário resistente em função do movimento da cabine e das massas

Binário Resistente

Movimento da Cabine

Massas (kg)

(Carga+Cabine) > Contrapeso (Carga+Cabine) < Contrapeso

Subida positivo negativo

Como já foi dito anteriormente, outro dos inputs é a massa

resultante do sistema cabine/contrapeso, responsável por

parte do momento de inércia do sistema que influenciará o

binário transitório (arranques/paragens) e pelo binário

O output deste bloco será a massa resultante do sistema

cabine/contrapeso responsável pela força vertical do sistema

(peso), que poderá ser positiva ou negativa e será um dos

inputs do bloco da roda de tracção.

Descida negativo positivo

permanente, quando a cabina atinge a velocidade nominal.

No bloco simulink da roda de tracção será calculado o binário

resistente permanente referido ao seu eixo, bem como o

momento de inércia resultante da carga total do sistema

cabine/contrapeso, sendo este referido também ao mesmo

eixo. Estas duas grandezas associadas ao rendimento da roda

2.2.1.2 RODA DE TRACÇÃO

A roda de tracção da máquina elevadora pode ser

modelizada a partir do conjunto de sub‐blocos indicados na

figura 7.

de tracção e ao seu raio, integrarão um bus de dados de

output, que será um dos inputs do bloco da caixa redutora.

Na janela de parametrização, são introduzidos os dados

relativos à roda de tracção, nomeadamente o momento de

inércia, o rendimento e o raio da roda de tracção.

67|

Figura 7 ‐ Diagrama de blocos Simulink da roda de tracção

Page 68: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

2.2.1.3 CAIXA REDUTORA

A caixa redutora da máquina elevadora pode ser modelizada

a partir do conjunto de sub‐blocos, indicados na figura 9,

para a situação de variação de velocidade e arranque

directo.

Na modelização do arranque directo, o motor roda sempre

no mesmo sentido de tal forma que para distinguir a subida

da descida da cabine, foi necessário implementar algumas

modificações para que o bloco identificasse ambas as

situações, conforme indicado na figura 10.Figura 8 – Janela de parametrização da roda de tracção

Figura 9 ‐ Diagrama de blocos Simulink da caixa redutora com variador de velocidade

|68

Figura 6 – Janela de parametrização da cabine/contrapeso

Figura 10 ‐ Diagrama de blocos Simulink da caixa redutora para o arranque directo

Page 69: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

quer à descida. Pretende‐se simular uma viagem completa

da cabina3.

O input de dados do bloco simulink da caixa redutora divide‐

se pelo bus de dados proveniente da roda de tracção, pelos

O Tempo de arranque/paragem foi definido com o sendo de

um segundo.

parâmetros introduzidos pelo utilizador, tais como o

momento de inércia, rendimento e a relação da caixa

redutora e finalmente pela velocidade de rotação (rad/s) no

veio do motor (rotação efectiva do motor) e pelo Setpoint de

velocidade. A velocidade de rotação vai permitir o cálculo do

binário transitório, bem como a potência solicitada e a

velocidade linear da cabine.

De referir ainda que o Setpoint de velocidade neste bloco

tem uma actuação indirecta, permitindo unicamente definir

o sentido do binário resistente. Os outputs deste bloco são o

binário resistente, referido ao veio do motor, que será o

input mecânico do motor de indução, que por sua vez vai Figura 12 – Setpoint de velocidade do motor com variação de velocidade

2.2.2 BLOCO ELÉCTRICO

Este bloco é constituído por dois sub‐blocos:

2.2.2.1 FONTE DE ALIMENTAÇÃO

gerar a velocidade de rotação que serve de input ao mesmo

bloco. São ainda outputs, a potência solicitada pelo sistema e

a velocidade linear da cabine, sendo estas duas grandezas só

para monitorização, não tendo por isso qualquer

interferência com o sistema.

velocidade

Este bloco estabelece as condições da rede eléctrica (400V

AC 50Hz), conforme os parâmetros introduzidos na janela de

parametrização.

2.2.1.4 SETPOINT DE VELOCIDADE DO MOTOR

Através desta função define‐se a curva de aceleração,

desaceleração e velocidade nominal da carga, quer à subida

Figura 11 – Janela de parametrização da caixa redutora

Figura 13 – Janela de parametrização da fonte de alimentação (input de dados pelo utilizador)

69|

( p p )

3 Viagem com a cabina em vazio, em sentido descendente e ascendente, vencendo todo o curso, isto é, a cabina deve ser movimentada entre ospisos extremos do edifício.

Page 70: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Optou‐se por adoptar o binário resistente como input

mecânico. Como num elevador a velocidade é imposta, o

2.2.2.2 BLOCO SIMULINK AC2

que vai variar no sistema é o binário resistente que depende

da carga total e poderá variar em cada viagem do elevador.

O bloco AC2 vai gerar a velocidade de rotação que serve de

input ao bloco da caixa redutora, que é velocidade real do

sistema. A velocidade real depende de todas as grandezas

mecânicas e eléctricas do sistema, bem como do Setpoint de

O bloco AC2 incorpora dois equipamentos, o variador de

frequência e o motor de indução e ainda inputs e outputs,

que servem para controlar e monitorizar o sistema.

Relativamente aos inputs de controle, faz‐se referência ao

Setpoint de velocidade que foi já indicado na figura 12, que

vai servir de base à aceleração/desaceleração do sistema,

velocidade. Existem ainda vários outputs de controlo ou

meramente indicativos e para monitorização do sistema.

Na janela de parametrização do motor assíncrono, são

introduzidos todos os dados que caracterizam a máquina,

eléctricos e mecânicos. Foram considerados os parâmetros

recolhidos do ascensor real estudado.

bem como à sua velocidade permanente e ainda o binário

resistente, gerado pelo sistema mecânico (output da caixa

redutora).

O bloco AC2 permite ainda escolher o input mecânico, que

poderia ser a velocidade de rotação ou binário resistente.

|70

Figura 14 – Janela de parametrização do motor de indução trifásico

Page 71: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Na janela de parametrização do conversor e

barramento DC, indicada na figura 15, faz‐se especial

referência à capacidade do barramento que é a

responsável pelo filtro dos harmónicos e consequente

estabilização de correntes, e à frequência de

comutação do chopper.

Quanto mais elevada for esta frequência de

comutação, mais precisa será a onda gerada pelo

conversor e consequente maior será a estabilidade

mecânica do sistema.

No bloco de parametrização do controlador, indicado

na figura 16, será definida a forma como irá actuar o

variador no motor, ou seja, a rapidez de resposta a

alterações de velocidade provocadas pelo binário

resistente e Setpoint de velocidade. De referir o

controlador PI, a tensão no barramento DC, a

aceleração e a desaceleração do motor, os limites de

output de frequência e a relação tensão/frequência.Figura 16 – Janela de parametrização do controlador do sistema 

variador/motor

2.2.3 BLOCOS DE MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉCTRICAS E

MECÂNICAS

Para efectuar medições aplicaram‐se blocos do tipo

scope (visualização de outputs) na caixa redutora,

com os seguintes agrupamentos de variáveis:

SCOPE 1

‐ Velocidade linear da cabine (m/s)

SCOPE 2

‐ Binário resistente / binário electromagnético

(N.m)

‐ Binário transitório (arranque/paragem do

sistema) (N.m)

‐ Potência do sistema mecânico (W)

SCOPE 3

‐ Corrente no estátor (A)

‐ Velocidade parametrizada/real (rpm)

71|

‐ Binário electromagnético (N.m)

SCOPE 4

‐ Corrente RMS absorvida pelo conjunto

variador/motor/sistema mecânico (A)

Figura 15 – Janela de parametrização do conversor e barramento DC

Page 72: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

ii. Para ascensores com máquina sem redutor e

suspensão central, o rendimento da caixa do

3 VALIDAÇÃO DO SIMULADOR

ascensor será de aproximadamente 85% e o

rendimento da máquina (apenas motor) será de

aproximadamente 100%, pelo que o rendimento

global do sistema será de aproximadamente 85%;

Conclusão: O ascensor com suspensão central (e com

máquina gearless só consome 60% da energia (quociente

O ascensor que serviu de base para a modelização em

Simulink e para as respectivas medições, é o ascensor

número 3 de uma bateria dupla de ascensores produzidos e

instalados em 2007 no Alfena Trade Center, em Alfena –

Ermesinde.

O ascensor seleccionado é um ascensor eléctrico com roda

entre 0,5/0,85) do ascensor com suspensão lateral;

b. Recurso a roçadeiras ou rodas que gerem menos atrito

nas guias;

c. Recurso a cabinas executadas em materiais mais leves,

isto é, cabinas menos pesadas, que implicarão

contrapesos com menor massa;

de aderência, com casa de máquinas em cima na vertical,

sobre a caixa. A escolha deste tipo de ascensor resulta da lei

actualmente em vigor (DL 163/2006 de 08.08), que

determina que os ascensores a instalar tenham de ser

dimensionados para uma carga de pelo menos 630 kg / 8

pessoas, por forma a garantir o acesso a pessoas com

d. Recurso a um número reduzido de rodas de desvio. Cada

uma destas deverá ter uma baixa inércia;

2. Optimização do peso do contrapeso. De acordo com

dados da indústria, o grau de ocupação normal médio da

cabina representa apenas 20% da carga nominal.

mobilidade reduzida (resulta da imposição das dimensões da

cabina que deverá ter no mínimo uma largura de 1,1 m e

uma profundidade de 1,4 m).

Os dados medidos e os simulados vão de encontro às

mesmas conclusões, com a excepção do modo de frenagem

do motor, dado que nas medições não se verifica a

Contudo, os contrapesos estão dimensionados para uma

ocupação média da cabina de 50% da carga nominal.

Uma optimização para cargas mais pequenas, levaria a

um melhor balanceamento, e logo a uma poupança da

energia necessária;

reinjecção de energia na rede (uma vez que o variador de

frequência utilizado na realidade não o permite).

4 HIPÓTESES DE OPTIMIZAÇÃO

4.1 NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS ASCENSORES:

3. Recurso a máquinas gearless (sem redutor) ou então a

máquinas de indução com elevado rendimento;

4. Aplicação do motor linear. Contudo, o estado da arte

ainda não corresponde actualmente aos graus de

exigência em termos de segurança e perfomance

1. Aplicação de soluções construtivas mecânicas que

permitam reduzir o consumo de energia:

a. Cabinas suspensas ao centro da cabina, pois reduzem o

atrito gerado sobre as guias. De acordo com um artigo

publicado por Küntscher em 2006, intitulado “Sistemas

pretendidos;

5. Aplicação de um sistema de reinjecção de energia. Para

além da redução do consumo energético directo, este

sistema reduz a emissão de calor para a casa de

máquinas (elimina‐se a energia calorífica libertada na

de Ascensores que poupam energia” em que se

comparam diferentes soluções de tracção, será possível

fazer a seguinte avaliação energética de ascensores:

i. Para ascensores com máquina com redutor e

suspensão lateral, o rendimento da caixa do ascensor

será de aproximadamente 70% e o rendimento da

|72

resistência regenerativa) reduzindo os custos com a

instalação de um sistema de climatização da casa de

máquinas;

máquina (motor + redutor) também será de

aproximadamente 70%, pelo que o rendimento

global do sistema será de aproximadamente 50%;

Page 73: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

4.2 DIMENSIONAMENTO E PROJECTO DE EDIFÍCIOS6. Utilização de cabos de suspensão com diâmetros

inferiores, bem como formas de gornes nas rodas de

Também será possível intervir na fase de projecto de novos

edifícios, apresentando informações sobre os consumos

energéticos de ascensores aos projectistas.

Actualmente a escolha do tipo (essencialmente o sistema de

tracção, a carga nominal e a velocidade) e da quantidade de

ascensores para um dado edifício é feita por recurso a

tracção que possibilitem a sua aplicação. Esta solução

permite a aplicação de diâmetros de rodas de tensão

menores, que requerem momentos menores (mas

motores com um número de rotações mais elevado);

7. Instalação de ascensores com uma carga nominal

modernos programas de cálculo de tráfego, que se baseiam

em critérios de qualidade de serviço que se pretende

garantir.

De acordo, por exemplo, com a Norma Portuguesa NP4267 –

“Critérios de escolha de ascensores a instalar em edifícios

não destinados a habitação”, deverão ser utilizados os

inferior, naturalmente tendo em atenção as imposições

legais: a NP EN 81‐70:2003 indica que um ascensor de

450 kg é adequado para o transporte de pessoas em

cadeiras de rodas. Contudo o Decreto‐Lei 163/2006

obriga à instalação de ascensores com um mínimo de

630 kg;

seguintes parâmetros (que serão calculados através de

modelos matemáticos igualmente definidos na mesma

norma) para a aferição dos critérios de qualidade de serviço:

‐ A duração máxima do percurso teórico (TD), ou seja o

tempo de percurso teórico entre pisos extremos.

8. Recurso a velocidades nominais inferiores: v=0,4 a 0,63

m/s. Muitas das vezes, principalmente em edifícios de

habitação com um número de pisos reduzido, os

ascensores têm velocidades de 1,0 m/s, o que implica a

instalação de máquinas mais potentes, quando uma

‐ O Intervalo máximo no piso principal (I), ou seja, o

tempo médio entre as partidas sucessivas da mesma

cabina do piso principal;

‐ A capacidade de transporte (C5), que representa a

percentagem da população do edifício acima do piso

principal que pode ser transportada em 5 minutos pela

velocidade inferior seria mais do que suficiente;

9. Verificação contínua da qualidade da montagem,

nomeadamente a colocação das guias – evitar

desaprumos e prisões nas guias, bem como a

parametrização do variador de frequência e optimização

bateria de ascensores;

o projectista dimensiona, então os ascensores em função

dos valores obtidos pelo cálculo, por comparação com

critérios tabelados (por exemplo a TD deverá ser de 20

segundos, no máximo, para que a qualidade do serviço possa

das curvas de andamento;

10. Instalação de sistemas centralizados de gestão de tráfego

informatizados que realizem uma avaliação automática

do padrão de tráfego. Este sistema de gestão de tráfego

disponibilizará então o(s) ascensor(es) necessário(s),

ser considerada excelente), sem ter em conta a eficiência

energética dos mesmos.

Perante a instalação cada vez maior de ascensores, mesmo

em edifícios com baixo número de pisos (para facilitar a

mobilidade de pessoas com mobilidade reduzida), dever‐se‐

á ter um cuidado especial no seu planeamento (projecto),

optimizando o número de manobras a realizar pelos

ascensores e distribuindo os passageiros a transportar

pelos diferentes ascensores existentes no edifício.

11. Incorporar o Estado da Arte de Componentes analisados

no artigo anterior sobre optimização energética de

73|

para se obter uma boa solução, quer do ponto de vista

técnico, legal4 e económico, quer do ponto de vista

energético.

ascensores

Page 74: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

contrapeso assume um peso de 78% de 1165 kg, que é a

solução inicialmente estudada).

A partir do simulador apresentado também no artigo

anterior, deverá ser possível obter informação sobre os

Os 910 kg correspondem à situação em que não há consumo

de energia à subida na manobra com a cabina vazia5.

Para cenários com e sem reinjecção de energia, a eficiência

torna‐se efectiva para massas do contrapeso superiores a

73% e inferiores a 100% da massa do contrapeso de

referência.

consumos energéticos das diferentes soluções estudadas e

incorporá‐las nos estudos de tráfego a realizar. Igualmente

deverão ser elaboradas tabelas com informação sobre o

desempenho energético das diferentes soluções oferecidas,

que deverão ser disponibilizadas aos projectistas.

A melhor solução ocorre quando o contrapeso pesa 910 kg.

Contudo, esta solução implicará a aplicação de uma máquina

mais potente do que a que seria necessária na solução base

(1165 kg).

Se fosse possível reaproveitar toda a energia nas manobras

que o permitem, o contrapeso poderia assumir qualquer

5 RESULTADOS

1. Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o

consumo energético

Para a verificação do impacto de diferentes massas do

massa acima dos 50% (ou seja 582,5 kg). Para este cenário a

solução óptima passaria por um contrapeso com uma massa

de 1165 kg, porque implicaria uma máquina de menor

potência.

Se fosse possível reaproveitar toda a energia nas manobras

que o permitem, o contrapeso poderia assumir qualquer

contrapeso sobre o consumo energético estudaram‐se 3

cenários:

a. cenário ideal ‐ 100% da energia é reinjectada;

b. cenário real ‐ 30% da energia é reinjectada;

c. cenário real ‐ não existe reinjecção.

Tomou‐se como base o ascensor de 630 kg a que

massa acima dos 50% (ou seja 582,5 kg).

Para este cenário a solução óptima passaria por um

contrapeso com uma massa de 1165 kg, porque implicaria

uma máquina de menor potência.

corresponde uma cabina com 850 kg de peso e um

contrapeso com 1165 kg. Utilizou‐se a manobra de

referência indicada na norma VDI 4707.

A solução óptima da massa do contrapeso ocorre, para todos

os cenários considerados, aos 910 kg (ou seja quando o

Tabela 2 Resultados: Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético

Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida

0,0 kg 0% 34,16 Wh -28,41 Wh 23,10 Wh -18,10 Wh 12,17 Wh -7,58 Wh 4,55 Wh 0,00 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 1,35 Wh 3,11 Wh 0,00 Wh 4,45 Wh -7,02 Wh 11,59 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh157,5 kg 25% 40,20 Wh -33,81 Wh 29,06 Wh -23,71 Wh 18,06 Wh -13,29 Wh 10,30 Wh -5,76 Wh 8,07 Wh -0,57 Wh 7,19 Wh -2,70 Wh 5,84 Wh -1,37 Wh -1,26 Wh 5,73 Wh -3,57 Wh 8,07 Wh315,0 kg 50% 46,28 Wh -34,64 Wh 35,06 Wh -29,24 Wh 24,00 Wh -18,95 Wh 16,19 Wh -11,49 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh 13,05 Wh -8,45 Wh 11,70 Wh -7,13 Wh 4,56 Wh -0,10 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh472,5 kg 75% 52,40 Wh -39,29 Wh 41,11 Wh -34,58 Wh 29,96 Wh -24,55 Wh 22,10 Wh -17,16 Wh 19,85 Wh -15,00 Wh 18,96 Wh -14,15 Wh 17,59 Wh -12,84 Wh 10,41 Wh -5,87 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh630,0 kg 100% 58,57 Wh -50,72 Wh 47,20 Wh -34,28 Wh 35,97 Wh -30,07 Wh 28,07 Wh -22,78 Wh 25,79 Wh -20,65 Wh 24,89 Wh -19,80 Wh 23,52 Wh -18,50 Wh 16,30 Wh -11,59 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh

39,008 Wh -31,741 Wh 27,885 Wh -22,545 Wh 16,899 Wh -12,129 Wh 9,195 Wh -4,593 Wh 6,914 Wh -1,487 Wh 6,031 Wh -1,514 Wh 4,681 Wh -0,181 Wh -2,389 Wh 6,917 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh

Id l 100%

1102kg 1165 kg

Média ponderada VDI 4707

Contrapeso 78% (b) Contrapeso 95% Contrapeso 100% (c)

0kg 291,25kg 582,5kg 790kg 850kg 873,75kg 910kg

Carga Energia da Manobra de Referência em Função da Massa do Contrapeso

Massa %

Contrapeso 0% Contrapeso 25% Contrapeso 50% Contrapeso 68% (a)Contrapeso=Cabine

73%Contrapeso 75%

Tabela 2 ‐ Resultados: Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético

4 Existem normas que definem determinados requisitos mínimos que têm de ser cumpridos pelos ascensores, por exemplo em termos decapacidade de carga. Assim, desde Fevereiro de 2007, todos os novos ascensores devem obedecer à nova legislação (DL163/2006), que regulaas acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida Esta norma obriga à instalação de ascensores com uma cabina mínima de

Ideal - 100% Reinjecção

100,00%

6,917 Wh 9,257 Wh

421,39% 301,23% 182,56% 99,33% 74,69% 65,15% 50,57% 74,72%

Sem Reinjecção 39,008 Wh 27,885 Wh 16,899 Wh 9,195 Wh 6,914 Wh 6,031 Wh 4,681 Wh

7,848 Wh

375,69% 269,12% 168,96% 99,59% 82,42% 71,06% 58,95% 79,00% 100,00%

100,00%

30% Reinjecção 29,486 Wh 21,122 Wh 13,260 Wh 7,817 Wh 6,468 Wh 5,577 Wh 4,627 Wh 6,201 Wh

4,528 Wh 4,562 Wh

159,31% 117,06% 104,57% 100,87% 118,98% 99,02% 98,65% 99,27%

7,267 Wh 5,340 Wh 4,770 Wh 4,601 Wh 5,428 Wh 4,517 Wh 4,500 Wh

|74

as acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida. Esta norma obriga à instalação de ascensores com uma cabina mínima de1.100mmx1.400mm (largura x profundidade), a que corresponde uma carga nominal mínima de 8 pessoas‐630 kg. Para unidades de saúde,como hospitais existem outras normas portuguesas que sugerem a instalação de ascensores monta‐camas para uma carga nominal de 21pessoas ‐ 1.600 kg.5 Como se verá adiante, esta solução não poderá ser adoptada, por não cumprir os requisitos de aderência impostos pela norma NP EN 81‐1:2000.

Page 75: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Energia da manobra de referência em função da massa do contrapeso

19,000 Wh

24,000 Wh

29,000 Wh

34,000 Wh

39,000 Wh

44,000 Wh

erg

ia d

a M

anobra

de R

efe

rência

4,000 Wh

9,000 Wh

14,000 Wh

0kg

291,2

5kg

582,5

kg

790kg

850kg

873,7

5kg

910kg

1102kg

1165 k

g

Massa do Contrapeso

Ene

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

2. Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o

consumo energético:

Tomou‐se por base um ascensor idêntico ao utilizado para

Figura 17 – Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético

Local da casa das máquinas: Em cima na vertical, sobre a caixaCarga nominal: 630 Kg / 8 PessoasCurso: 20 79 m

validar o modelo em Matlab‐Simulink, com as características

ao lado indicadas.

Verificou‐se que não é suficiente analisar apenas o impacto

que implicará a redução da massa da cabina, de per se.

Ter‐se‐á de ter em conta também as recomendações em

termos de aderência na roda de tracção da máquina,

Curso: 20,79 mVelocidade nominal: 1,0 m/s VVVFTipo de Suspensão: 1:1Diâmetro dos cabos 8 mmDiâmetro da roda de tracção: 400 mmAbraçamento: 165 ºTipo de gorne: em UÂngulo do gorne: 25 ºÂngulo do gorne subtalhado: 90,88 ºRelação diâmetro cabo vs diâmetro roda de tracção: 50Diâmetro da roda de desvio: 320 mm

indicadas pela norma NP EN 81‐1:2000 – Anexo M6.

Com base nestas duas premissas foram obtidos os resultados

indicados na tabela 3.

Contrapeso Peso Mínimo Peso do Quantidade Diferença face% da carga nominal Cabina Contrapeso Cabos à solução base

da cabina (kg) (kg) (kg)

Tabela 3: Resultados: Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o consumo energético

( g) ( g) ( g)100 1750 2380 7 201590 1550 2117 6 155280 1400 1904 6 118970 1250 1691 6 82660 1050 1428 5 36350 900 1215 5 040 800 1052 4 -26330 1050 1239 5 17420 1300 1426 6 611

75|

10 1500 1563 6 9480 1750 1750 7 1385

6 O Anexo M desta norma, descreve a metodologia a seguir para calcular a aderência dos cabos na roda de tracção, tendo em conta o curso, ocarregamento da cabina, a desaceleração motivada por uma paragem de emergência, o tipo de gorne, o ângulo do gorne, o coeficiente deatrito, o diâmetro da roda de tracção, o diâmetro da roda de desvio, o ângulo do gorne subtalhado, etc.

Page 76: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Peso Mínimo da Cabina

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

nim

o d

a ca

bin

a (k

g)

0

200

400

600

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Contrapeso (% da carga nominal)

Pes

o m

ín

Ou seja com a optimização do peso da cabina, conseguir‐se‐á

não só uma redução do consumo energético, mas também

uma redução no custo dos materiais a aplicar.

Pode‐se concluir, que o ponto que permitirá optimizar o

peso da cabina e o consumo energético do ascensor ocorre,

quando a cabina pesar 800 kg e o contrapeso 1052 kg.

Ou seja dever‐se‐á adoptar uma solução em que o

Figura 18 – Peso mínimo da cabina

3. Suspensão lateral vs suspensão central

Pretendeu‐se avaliar o impacto que o tipo de suspensão da

cabina tem sobre o consumo energético.

Viu‐se no ponto 4.1, que num estudo publicado por

contrapeso compense o peso da cabina + 40% da carga

nominal da mesma, e não a solução utilizada presentemente

nos ascensores produzidos maioritariamente pela indústria,

que prevê um contrapeso que compensa o peso da cabina +

50% da carga nominal da mesma (pesando a cabina 900 kg e

o contrapeso 1215 kg).

Küntscher (2006), o rendimento da caixa do ascensor será de

aproximadamente 70%, quando a cabina é suspensa

lateralmente e de aproximadamente 85%, quando a cabina é

suspensa centralmente.

Recorrendo ao simulador desenvolvido verificou‐se que a

Para um ascensor com um contrapeso que compense o peso

da cabina + 40% da carga nominal da cabina, o consumo

energético será de 6,917 Wh para uma manobra de

referência, em vez de 9,257 Wh, na solução adoptada

actualmente. Ou seja, conseguir‐se‐á uma redução de

aproximadamente 26 % no consumo de energia.

solução da suspensão central, por permitir uma redução do

atrito nas guias, implicou uma poupança de 16% em termos

energéticos em relação à solução da suspensão lateral da

cabina, para o ascensor de 630 kg estudado, pelo que se

recomenda a sua adopção.

Com esta solução seria igualmente possível poupar 263 kg de

aço, em todo o sistema (cabina e contrapeso). Acresce ainda

o facto de acordo com a norma EN81:2000 – Anexo M, ser

possível para esta solução aplicar 4 cabos de 8mm2 em vez

dos 5 cabos de 8 mm2 que são normalmente aplicados.

|76

Page 77: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Tabela 4 ‐ Resultados: suspensão lateral vs suspensão central

Energia da Manobra de Referência em Função da

Subida Descida Subida Descida

0,0 kg 0% -11,76 Wh 16,47 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh157 5 kg 25% -4 80 Wh 9 33 Wh -3 57 Wh 8 07 Wh

Suspensão lateral Suspensão Central

CargaEnergia da Manobra de Referência em Função da

Suspensão da Cabine

Massa %70% 85%

157,5 kg 25% 4,80 Wh 9,33 Wh -3,57 Wh 8,07 Wh315,0 kg 50% 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh472,5 kg 75% 9,33 Wh -4,80 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh630,0 kg 100% 16,47 Wh -11,76 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh

-6,166 Wh 10,775 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh

Ideal - 100% Reinjecção

30% R i j ã 8 925 Wh 7 848 Wh

Média ponderada com base na

VDI 4707

4,610 Wh 4,562 Wh101,05% 100,00%

0 000 Wh 10 775 Wh 0 000 Wh 9 257 Wh

100,00%Sem Reinjecção

30% Reinjecção 8,925 Wh

9,257 Wh116,40%

10,775 Wh

7,848 Wh113,72% 100,00%

Energia da Manobra de Referência em Função da Suspensão da Cabine

9,000 Wh

10,000 Wh

11,000 Wh

12,000 Wh

Refe

rência

Tabela 3: Resultados: Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o consumo energético4,000 Wh

5,000 Wh

6,000 Wh

7,000 Wh

8,000 Wh

,

Suspensão Suspensão

Energ

ia d

a M

anobra

de

lateral Central

Tipo de Suspensão

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

Figura 19 – Suspensão lateral vs suspensão central

77|

Page 78: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

comparação a uma velocidade nominal de v = 1,0 m/s,

conseguir‐se‐á uma redução de 46% no consumo energético

4. Impacto da redução da velocidade linear do ascensor no

consumo energético:

se a velocidade for reduzida para v= 0,4 m/s, ceteris paribus.

Na tabela 4 é possível verificar a poupança que se conseguirá

obter mediante a redução da velocidade.

Se fosse possível a reinjecção de toda a energia gerada

durante a manobra de referência, não se verificariam

variações no consumo energético, com a variação da

Mantendo todas as características técnicas do ascensor, com

excepção da velocidade (o que implicou uma mudança na

relação da caixa redutora, mantendo o mesmo diâmetro da

roda de tracção), verifica‐se que quanto menor for a

velocidade nominal do ascensor (ou seja, a velocidade linear

velocidade linear da cabina.da cabina), menor é o consumo energético. Assim, e por

Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida

1m/s

Carga Energia da Manobra de Referência em Função da Velocidade Linear da Cabine

Massa %

Velocidade Linear da Cabine

0,4m/s 0,5m/s 0,63m/s 0,8m/s

Tabela 5 ‐ Resultados: Impacto da redução da velocidade linear no consumo energético

0,0 kg 0% -2,30 Wh 6,78 Wh -3,41 Wh 7,90 Wh -4,87 Wh 9,39 Wh -6,82 Wh 11,38 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh157,5 kg 25% -0,04 Wh 4,50 Wh -0,60 Wh 5,06 Wh -1,33 Wh 5,80 Wh -2,31 Wh 6,79 Wh -3,57 Wh 8,07 Wh315,0 kg 50% 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh472,5 kg 75% 4,50 Wh -0,04 Wh 5,06 Wh -0,60 Wh 5,80 Wh -1,33 Wh 6,79 Wh -2,31 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh630,0 kg 100% 6,78 Wh -2,30 Wh 7,90 Wh -3,41 Wh 9,39 Wh -4,87 Wh 11,38 Wh -6,82 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh

-0,487 Wh 4,958 Wh -1,154 Wh 5,634 Wh -2,030 Wh 6,523 Wh -3,200 Wh 7,720 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh

Ideal - 100% Reinjecção

100,00%

4,471 Wh 4,480 Wh 4,493 Wh

Média ponderada com base na

VDI 4707

4,562 Wh

98,01% 98,20% 98,50% 99,08%

4,520 Wh

0 000 Wh 4 958 Wh 0 000 Wh 5 634 Wh 0 000 Wh 6 523 Wh 0 000 Wh 7 720 Wh 0 000 Wh 9 257 Wh75,36% 86,13%

9,257 Wh

53,56% 60,86% 70,47% 83,39%

7,720 Wh

100,00%

Sem Reinjecção 4,958 Wh 5,634 Wh 6,523 Wh

100,00%

30% Reinjecção 4,812 Wh 5,287 Wh 5,914 Wh 6,760 Wh 7,848 Wh

61,31% 67,37%

Energia da Manobra de Referência em Função da Velocidade Linear da Cabine

5 500 Wh6,000 Wh6,500 Wh

7,000 Wh7,500 Wh8,000 Wh8,500 Wh

9,000 Wh9,500 Wh

da M

anobra

de R

efe

rência

4,000 Wh4,500 Wh

5,000 Wh5,500 Wh

0,4

m/s

0,5

m/s

0,6

3m

/s

0,8

m/s

1m

/s

Velocidade da Cabine

Energ

ia d

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

|78

Figura 20 – Impacto da redução da velocidade do ascensor sobre o consumo energético

Em edifícios residenciais com curso reduzido, recomenda‐se, por isso, a instalação de ascensores com velocidade reduzida.

Page 79: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

5. Recomenda‐se que o consumo energético dos

ascensores seja considerado também no âmbito do

6 CONCLUSÕES

Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização

dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de

Abril. Dessa forma existiria desde logo uma maior

atenção na fase de projecto por parte dos projectistas

relativamente à aplicação de ascensores eficientes

energeticamente, para que pudessem ver aprovado o

1. A concepção de ascensores eficientes em termos de

energia contribuirá para um menor impacto ambiental;

2. Para se atingir o objectivo universal de utilização racional

de energia (eléctrica) num edifício, não se deverá

analisar apenas a eficiência energética, mas também o

balanço energético. Assim, no caso dos ascensores,

seu projecto.

[1] ALMEIDA, Aníbal, PATRÃO, Carlos, FONSECA, Paula,

MOURA, Pedro – Manual de boas práticas de eficiência

dever‐se‐á ter em conta, para além do período de

operação, também o fabrico e a manutenção dos

mesmos, o fornecimento de matérias‐primas, bem como

a sua reciclagem: a análise do ciclo de vida do produto.

3. Verificou‐se que a temática da eficiência energética é

ainda pouco explorada pela indústria de ascensores, seja

Bibliografia

energética. Lisboa, ISR – Departamento de Engenharia

Electrotécnica e de Computadores Universidade de

Coimbra e BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável, 2005.

[2] BARNEY, Gina – Elevator Traffic Handbook – Theory and

Practice. Nova Iorque, Spon Press, 2003. ISBN 0‐415‐

através da incorporação nos ascensores das novas

tecnologias já disponíveis em outras aplicações, seja

através da divulgação de informação relevante em

termos do desempenho energético dos equipamentos

comercializados. Existem ainda muito poucos estudos

realizados neste âmbito na Europa, com uma notável

27476‐I.

[3] BOLLA, Mario – Verbesserung der Energieeffizienz von

Aufzügen und Förderanlagen durch Entwicklung eines

Neuartigen Frequenzumformers – Jahresbericht 2007.

Seftigen, Bundesamt für Energie, Suiça, 2007.

[4] CASTANHEIRA, Luís; BORGES GOUVEIA, Joaquim –

excepção da Suiça que tem vindo a patrocinar, através

de uma organização estatal (a SAFE ‐ Swiss Agency for

Efficient Energy Use), vários estudos sobre a eficiência

energética de ascensores;

4. Verificam‐se diversas barreiras à adopção de ascensores

eficientes em termos energéticos:

Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Porto, Spi – Sociedade Portuguesa de Inovação, 2004.

ISBN 972‐8589‐45‐X.

[5] CÓIAS, Vítor; FERNANDES, Susana – Reabilitação

Energética dos Edifícios: Porquê? Oz – Diagnóstico

Levantamento e Controlo de Qualidade em Estruturas e

a) O Comprador e o utilizador do ascensor não têm

interesses coincidentes: Na grande maioria das

situações, o ascensor não é fornecido directamente

ao cliente final, mas a uma empreiteiro geral que o

incorpora no edifício. Este orienta‐se

fundamentalmente pelo preço de aquisição do

Fundações, Lda, 2006.

[6] KÜNTSCHER, Dietmar – Energiesparende Aufzugsysteme

– Lift‐Report nº2 – Ano 32, 2006.

[7] FITZGERALD, A.; KINGSLEY, Charles; UMANS, Stephen –

Electric Machinery. Nova Iorque, McGraw Hill, 2003.

ISBN 0‐07‐123010‐6.

É

ascensor e não pelos custos de energia eléctrica e de

operação que este venha a provocar no futuro, que

será sempre suportado pelo utilizador

b) Em edifícios existentes, ocorre uma grande

resistência à incorporação de novos componentes

que possam por em causa a operação e a

79|

[8] FRANCHI, C. – Acionamentos Eléctricos. Editora Érica,

Ltda, 2007. ISBN 978‐85‐365‐0149‐9.

disponibilidade dos ascensores existentes. Em novos

edifícios é mais fácil incorporar as novas tecnologias.

Pelo que se recomenda uma sensibilização do cliente

final bem como de projectistas.

Page 80: RevistaNeutroATerra_N5_2010-1S

ARTIGO TÉCNICO

Directivas, Leis e NormasBibliografia (Cont.)

[1] DIRECTIVA 1995/16/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho de 29 de Junho de 1995 – Directiva Ascensores.

Jornal Oficial das Comunidades Europeias.

[2] DIRECTIVA 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho de 16 de Dezembro de 2002 – EPB – Energy

[9] GAMBOA, José – Ascensores e Elevadores. Lisboa, Rei

dos Livros, 2005. ISBN 972‐51‐1007‐2.

[10]JANOVSKY, Lumomír – Elevator Mechanical Design. 3ª

Edição. Mobile USA, Elevator World, Inc., 1999. ISBN 1‐

886‐536‐26‐0.

Performance of Buildings – Desempenho Energético de

Edifícios. Jornal Oficial das Comunidades Europeias.

[3] DIRECTIVA 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho de 06 de Julho de 2005 – EuP – Energy Using

Products – Requisitos de Concepção Ecológica dos

Produtos que Consomem Energia. Jornal Oficial das

[11]MATIAS, José – Máquinas Eléctricas. 5ª Edição. Lisboa,

Didáctica Editora, 2005. ISBN 972‐650‐124‐5.

[12]MEIRELES, Vitor – Circuitos Eléctricos. 3ª Edição revista.

Lisboa, Lidel – Edições Técnicas, Lda, 2005. ISBN 972‐757‐

386‐X.

[13]NIPKOW, Jürg, SCHALCHER, Max – Energy consumption

Comunidades Europeias.

[4] DECRETO‐LEI nº 513/70 de 24 de Setembro.

[5] DECRETO‐LEI nº 295/98 de 22 de Setembro

[6] DECRETO‐LEI nº 78/2006 de 04 de Abril.

[7] DECRETO‐LEI nº 79/2006 de 04 de Abril.

[8] DECRETO‐LEI nº 80/2006 de 04 de Abril.

and efficiency potentials of lifts – Zurique. ‐ SAFE – Swiss

Agency for Efficient Energy Use, 2005.

[14]NIPKOW, Jürg – Elektrizitätsverbrauch und Einspar‐

Potenziale bei Aufzügen – Bundesamt für Energie, 2005.

[15]PALMA, João – Accionamentos Electromecânicos de

Velocidade Variável. 2ª Edição. Lisboa, Fundação

[9] DECRETO‐LEI nº 176/2008 de 26 de Agosto.

[10]NORMA PORTUGUESA NP 2058:1993 de Abril de 1993.

Instituto Português da Qualidade.

[11]NORMA PORTUGUESA NP 4267:1994 de Maio de 1994.

Instituto Português da Qualidade.

[12]NORMA PORTUGUESA NP 3661:1989 de Agosto 1989.

Calouste Gulbenkian – Serviço de Educação e Bolsas,

2008. ISBN 978‐972‐31‐0839‐2.

[16]PAIVA, J. Sucena – Redes de Energia Eléctrica – Uma

Análise Sistémica. Lisboa, IST Press, 2005. ISBN 972‐8469‐

34‐9.

[17]RODRIGUES, José; MATIAS, José – Máquinas Eléctricas –

Instituto Português da Qualidade.

[13]NORMA PORTUGUESA NP EN 81‐1:2000 – Regras de

Segurança para o Fabrico e Instalação de Elevadores –

Parte 1: Ascensores Eléctricos. Fevereiro de 2001.

Instituto Português da Qualidade.

[14]NORMA PORTUGUESA NP EN 81‐2:2000 – Regras de

Transformadores. Lisboa, Didáctica Editora, 2005. ISBN

972‐650‐183‐0.

Segurança para o Fabrico e Instalação de Elevadores –

Parte 2: Ascensores Hidráulicos. Fevereiro de 2001.

Instituto Português da Qualidade.

[15]NORMA SUIÇA SIA 380/4:2006 – Electricity in Buildings

(2006), Swiss Society of Engineers and Architects (SIA).

[16]NORMA ALEMÃ VDI 4707:2009 – Ascensores – Eficiência

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Energética (2009), Verein Deutscher Ingenieure (VDI)

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CURIOSIDADECURIOSIDADE

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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

António Augusto Araújo Gomes ([email protected])

Mestre (pré‐bolonha) em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto.Doutorando na Área Científica de Sistemas Eléctricos de Energia (UTAD).Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 1999.Coordenador de Obras na CERBERUS ‐ Engenharia de Segurança, entre 1997 e 1999.Prestação, para diversas empresas, de serviços de projecto de instalações eléctricas,telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio àInvestigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio àDecisão), do ISEP, desde 1999.

António Manuel Luzano de Quadros Flores ([email protected])

Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de ProduçãoTransporte e Distribuição de Energia pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;"M.B.A." em Gestão na Escola de Gestão do Porto da Universidade do Porto.Aluno de doutoramento na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 19993Desenvolveu actividade profissional na SOLIDAL no controlo de qualidade e manutenção naDesenvolveu actividade profissional na SOLIDAL no controlo de qualidade e manutenção, naEFACEC na área comercial de exportação de máquinas eléctricas, na British United Shoe Machineryna área de manutenção, na ALCATEL‐Austrália na área de manutenção, na ELECTROEXPRESS, emSidney, na área de manutenção e instalações eléctricas.Bolseiro da F.C.T., Fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2008.

Arlindo Ferreira Francisco ([email protected])

Finalista do curso de Engenharia Electrotécnica, área Científica de Sistemas Eléctricos de Energia,no Instituto Superior Engenharia do Porto.C l b d G h P l (Fáb i d C S i á i Alb iColaborador na empresa Grohe‐Portugal (Fábrica de Componentes Sanitários em Albergaria‐a‐Velha) desde 1998, desempenhando funções na área da Manutenção e Projectos Especiais.Larga experiência na área de Automação e Controlo.Recentemente a desenvolver projecto sobre Gestão de Energia.

Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva ([email protected])

Licenciado em Engenharia Electrotécnica, em 1979, pela Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto, opção de Produção, Transporte e Distribuição de Energia.Diploma de Estudos Avançados em Informática e Electrónica Industrial pela Universidade doMinho. Mestre em Ciências na área da Electrónica Industrial.Professor Adjunto Equiparado do ISEP, leccionando na área da Teoria da Electricidade e InstalaçõesEléctricas.

HugoMiguel Ferreira de Sousa ([email protected])

Finalista do curso de Engenharia Electrotécnica, Sistemas Eléctricos de Energia, no institutosuperior de Engenharia do Porto.A desempenhar funções como Técnico de Manutenção Industrial, na empresa Socitrel – SociedadeIndustrial de Trefilaria S.A., desde 1997.,

José António Beleza Carvalho ([email protected])

Nasceu no Porto em 1959. Obteve o grau de B.Sc em engenharia electrotécnica no InstitutoSuperior de Engenharia do Porto, em 1986, e o grau de M.Sc e Ph.D. em engenharia electrotécnicana especialidade de sistemas de energia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em1993 e 1999, respectivamente.

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Actualmente, é Professor Coordenador no Departamento de Engenharia Electrotécnica doInstituto Superior de Engenharia do Porto, desempenhando as funções de Director doDepartamento.

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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

José Jacinto Gonçalves Ferreira ([email protected])Engenheiro Electrotécnico na Área de Sistemas Eléctricos de Energia, pelo Instituto Superior deEngenharia do Porto.Chefe de Serviço Após‐Venda na Schmitt ‐ Elevadores, Lda

Miguel Leichsenring Franco (m.franco@schmitt‐elevadores.com)Miguel Leichsenring Franco, licenciado em Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos deEnergia, pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto.Master in Business Administration (MBA) com especialização em Marketing pela UniversidadeCatólica Portuguesa – Lisboa.Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa –Porto.Administrador da Schmitt‐Elevadores LdaAdministrador da Schmitt‐Elevadores, Lda.

Roque Filipe Mesquita Brandão ([email protected])

Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Eléctricosde Energia, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.Aluno de doutoramento em Engenharia Electrotécnica e de Computadores na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto.Investigador do INESC Porto, Laboratório Associado. Bolseiro da FCT.Desde 2001 é do ente no Departamento de En enharia Ele troté ni a do Instit to S perior deDesde 2001 é docente no Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto Superior deEngenharia do Porto.Consultor técnico de alguns organismos públicos na área da electrotecnia.

Sérgio Filipe Carvalho Ramos ([email protected])

Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Eléctricosde Energia, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.Aluno de doutoramento em Engenharia Electrotécnica e de Computadores no Instituto SuperiorTécnico de Lisboa.Docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica do curso de Sistemas Eléctricos deEnergia do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 2001.Prestação, para diversas empresas, de serviços de projecto de instalações eléctricas,telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio àDecisão), do ISEP, desde 2002.

Teresa Alexandra Ferreira Mourão Pinto Nogueira ([email protected])

Licenciatura e mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, área científica deSistemas de Energia, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.Doutoramento em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Universidade de Trás‐os‐Montes e Alto Douro.Docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica, curso de Sistemas Eléctricos de Energiado ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto. Investigadora no GECAD – Grupo deInvestigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão, desde 2003.O percurso profissional inclui o dimensionamento e projecto de transformadores de distribuição –EFACEC, empresa fabril de máquinas eléctricas.Subdirectora no Departamento de Engenharia Electrotécnica no ISEP.

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